UNIVERSIDADE F A N P . R M , 2011....BRASILEIRA DO CURSO JURÍDICO ... atividades de educação, cultura, social, profissional, religiosa, econômica, ambiental e política, na defesa

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ –UNIFAP.

NÚCLEO DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

BRASILEIRA DO CURSO JURÍDICO – NDHCB.

PROF. ROBERTO MORAES.

MARÇO, 2011.

LEGALIZAÇÃO DAS COMUNIDADES AFRO-

AMERÍNDIAS: ESTATUTO SOCIAL.

1. MOTIVAÇÃO PARA O REGISTRO

Fato afirmado por cinco sacerdotes, que reflete no

índice elevado de 71% que não tem registro como

pessoa jurídica, nem Estatuto Social que

legitimasse as suas reivindicações, em contraste

com apenas dois sacerdotes que equivale a 29%,

cujas Comunidades estão regulares (Gráfico 02),

assim podendo representar seus associados e

promover as medidas administrativas e judiciais

para proteção da religiosidade, dos seus direitos

transindividuais coletivos inerentes contra o

Racismo Religioso.


Torna-se imprescindível a regularização

jurídica para que as Comunidades saiam

da clandestinidade, existam não só de fato,

mas de direito no mundo jurídico,

adquiram personalidade jurídica e assim

possam sair da invisibilidade social,

conquistando o direito de dialogar com o

Poder Público e firmar convênios e outras

formas de subvenção, para bem

desempenhar seus objetivos estatutários.


Tem-se o fortalecimento institucional pela

regularização jurídica das Comunidades, que

passam a existir para o mundo jurídico e social,

saindo da informalidade, da marginalidade, da

existência de fato, que as deixam desprotegidas e

dificulta, prejudica e até inviabiliza a busca de

providências judiciais para os casos de

intolerância e de acesso a recursos

governamentais para o desenvolvimento de

projetos sociais, visando o cumprimento de sua

função de responsabilidade sócio-ambiental.


o Estatuto Social das Comunidades, a ser

enviado para registro, deve ser amplo e

conter como objetivo da associação o de

defender e trabalhar pela cultura da paz,

pela solidariedade entre as pessoas, o valor

da vida, da família, das liberdades civis,

dos direitos humanos, da economia

solidária e do meio ambiente e combate a

todas as formas de racismo.


Permitir a defesa dos direitos destas contra os

ataques históricos aos seus valores, teologia, liturgia,

locais sagrados e demais componentes de sua

ritualística, promovendo este, a garantia de

continuidade histórica, com proteção ao seu

patrimônio material e imaterial, suas tradições,

costumes e valor social local com fortalecimento da

identidade religiosa das Comunidades, na cidade

onde se situam e servir como limite à autoridade

sacerdotal, como regulador da vida comunitária,

para coibir os conflitos internos e dar as diretrizes de

gestão para crises internas.

PRINCIPAIS ASPECTOS DO ESTATUTO SOCIAL

1. Do Objetivo.

Apoiar e desenvolver ações paradefesa, elevação e manutenção daqualidade de vida do ser humano comatividades de educação, cultura, social,profissional, religiosa, econômica,ambiental e política, na defesa dosvalores civilizatórios afro-ameríndios ede inclusão e combate a todas as formasde discriminação e preconceito.


Para consecução do seu objetivo, a Associação daComunidade Tradicional Afro-Ameríndia poderá sugerir,promover, elaborar, colaborar, coordenar, executar,gerenciar e acompanhar ações e projetos visando:

I. Implementação de ações que contribuam para mantervivo as memórias, tradições culturais, populares, usos ecostumes, e valores ancestrais da diversidade culturalbrasileira;

II. Promoção da arte, da cultura, defesa e conservação dopatrimônio artístico, cultural material e imaterial religiosoda Religião de Matriz Afro-Ameríndia e suasComunidades Tradicionais;

III. Promoção de intercâmbio com entidades científicas,organizações Governamentais Municipal, Estadual eFederal e Não Governamentais para elaboração, criação,execução ou


gerenciamento de centros educacionais, de núcleosassistenciais e orientação social e sexual, educacional, deamparo às crianças, idosos, adolescentes, a cultura, aomeio ambiente e a religiosidade Afro-Ameríndia;

IV. Assegurar os direitos de pessoas portadoras denecessidades especiais, dos direitos da criança, da mulher,do homem e assessoria jurídica e combate a todos os tiposde discriminação sexual, étnica, de gênero, social ereligiosa;

V. Divulgação das atividades diretamente e indiretamenterelacionadas à Comunidade Tradicional Religiosa, dosprojetos, das atividades desenvolvidas pelos associados, dacomunidade negra e da sociedade em geral, por meio dejornal informativo, folder, internet ou através de quaisqueroutros meios de comunicação disponíveis;


VI. O desenvolvimento da noção deComunidade, onde todos e todas sãoimportantes para a perpetuação da tradiçãoe acolhidos nas suas particularidades eespecificidades, sem distinções epreconceitos de qualquer natureza;

VII. Projetos nas áreas de saúde, meioambiente, informática, segurança, defesasocial, comunicação social de massa,inclusão social, treinamento,profissionalização e qualificação continuadados membros da religião, educação sexual,defesa de direitos e turismo;


VIII. Promover o registro perante as entidades representativasda religião afro-ameríndia na localidade em que se situa asede e excepcionalmente nas entidades de âmbito nacional;

IX. Promover a realização de projetos sociais para aintegração da vizinhança externa a Comunidade, comoinstrumento positivo de combate a discriminação, aopreconceito e ao racismo religioso;

X. Desenvolver política interna de responsabilidade sócio-ambiental envolvendo seus membros e a comunidade davizinhança externa.

A dedicação às atividades acima descritas, previstas,configuram-se mediante a execução direta de ações, projetos,programas, planos de ação e por meio de doação de recursosfísicos, humanos e financeiros, ou ainda, pela prestação deserviços intermediários de apoio a outras organizações semfins lucrativos, as organizações dos poderes públicos eprivados, que atuem em áreas afins ou similares.


2. Objetivos Religiosos.

I. Proteger, promover e divulgar a teologia e a liturgia dareligião de matriz afro-ameríndia;

II. Defender a liberdade religiosa em toda a suapluralidade, promovendo ações contra a discriminação,preconceito, intolerância, perseguição e desqualificaçãodos valores religiosos;

III. Praticar a caridade evangélica combatendo as doutrinasque fomentam o ódio entre as religiões;

IV. Difundir as instruções de combate a intolerânciareligiosa, promovendo a pluralidade religiosa, o diálogointer-religioso e o ecumenismo;

V. Auxiliar na constituição, organização, gerenciamento edesenvolvimento espiritual de todos que, espontaneamentea procurar ou necessitar, sem discriminação de cor, sexo,raça, credo, situação política, econômica, social ou sexual;



VI. Combater as formas de xenofobia, homofobia eoutras práticas atentatórias contra os direitoshumanos das minorias;

VII. Defesa dos valores civilizatórios afro-ameríndios e amazônidas;

VIII. Promover com responsabilidade e caridade odesenvolvimento espiritual, a instrução e formaçãosacerdotal dos seus associados, para habilitá-los aabrirem novas Comunidades Tradicionais Afro-Ameríndias;

IX. Acompanhar e presidir a organização eabertura das Comunidades Tradicionais Afro-Ameríndias oriundas de seus filhos graduadoscomo sacerdotes;



X. Promover o atendimento de caridade aos maisnecessitados como parte cotidiana da formaçãohumanista, espiritual e moral dos filhos–de-santoassociados;

XI. Aplicação das normas regulamentares emigualdade para todos, sem distinção de qualquernatureza, a mesma lei para todos;

XII. Trabalhar para o fortalecimento da cidadaniados membros da religião de matriz afro-ameríndia;

XIII. Promover a inscrição desde o noviciado, deseus filhos-de-santo como contribuintes autônomos,na previdência social;



XIV. Incentivar os membros a fazeremaposentadoria complementar;

XV. Agir para que se cumpram as determinaçõeslegais a favor da afro-religiosidade, tomando senecessário as medidas judiciais para que sejamcumpridas;

XVI. Promover a formação ética e comportamentaldos seus membros para conduzir-se de formaelibada, educada, coerente, verdadeira, que reflita asvirtudes da religião de matriz afro-ameríndia,proporcionando o fortalecimento e a mudança dopadrão do valor ético da religião;



XVII. Educar seus membros para a simplicidade,relações humanas harmoniosas, convivênciasigualitárias, correção moral, perpetuação datradição, para o culto da ancestralidade, oespírito comunitário, a partilha solidária, comconfiança, dignidade e respeito;

XVIII. Educar seus membros para a uma visãonão dicotômica com o meio ambiente, umaconvivência harmônica com a natureza, para apreservação e evitar o desperdício, de acordo como valor ambiental da religião de matriz afro-ameríndia;

XIX. Ensinar que os Orixás estão relacionados àsmanifestações da natureza, e que são vibraçõesde Deus, princípios irradiadores da SupremaInteligência;



XX. Combater como organização religiosa todas asformas de racismo;

XXI. Desenvolver projetos de inclusão e cidadania;

XXII. Defender e trabalhar pela cultura da paz, pelasolidariedade entre as pessoas, o valor da vida, dafamília, das liberdades civis, dos direitos humanos,da economia solidária e do meio ambiente;

XXI. Desenvolver projetos de inclusão e cidadania;

XXII. Defender e trabalhar pela cultura da paz, pelasolidariedade entre as pessoas, o valor da vida, dafamília, das liberdades civis, dos direitos humanos,da economia solidária e do meio ambiente;

XXIII. Promover a instrução e o compromisso com oEvangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, Pai Oxalá;



XXIV. Agir por todos os meios disponíveis paraque seus associados tenham uma vida afetiva,emocional, sexual e espiritual feliz esatisfatória, independentemente das escolhas eorientação sexual de cada um, e que aprendama administrar a própria vida, definindo um diaespecifico para cuidar da vida pessoal dos seusmembros, para que sempre possam estar bem;

XXV. Promover o esclarecimento público deque a religião afro-ameríndia é missão espíritae não seita;

XXVI. Construir os Terreiros em chão detabatinga ou terra batida ou pisada, não ofazendo quando impossível sua concretização;


2. Objetivos Religiosos. XXVII. Incentivar os seus membros a estudarem,buscando qualificação profissional, desenvolvimentopessoal e formação universitária e colocação nomercado de trabalho;

XXVIII. Incentivar seus membros a participarem deencontros, seminários, conferências e todo e qualquerevento que se relacione direta ou indiretamente coma religiosidade afro;

XXIX. Promover o acolhimento dos interessados eassistência presente nas atividades e cerimônias daComunidade, a fim de desenvolver a cultura do bemacolher dos adeptos e simpatizantes;

XXX. Trabalhar com ética para a proteção dosFundamentos da Religião, combatendo a banalizaçãoe publicidade indevida, restringindo-os aos filhos-de-santo e aos limites internos da Comunidade;



XXXI. Promover a sistematização da liturgia diária, incluindo

os pontos das entidades, rezas, procedimentos litúrgicos das

cerimônias e dos rituais, para garantir a efetiva participação,

envolvimentos e aprendizagem dos filhos-de-santo, com

fortalecimento da identidade religiosa, da fé e espírito de

comunidade, não podendo ser exigido dos médiuns aquilo que

não for ensinado, sendo dever do zelador ensinar os

fundamentos e rotinas diárias da Religião;

XXXII. Combater com rigor o uso indevido do nome do pai-de-

santo e dos filhos-de-santo por terceiros, pessoa física ou

jurídica, adotando as medidas reparatórias e legais cabíveis;

XXXIII. Promover a defesa e valorização do valor ambiental da

religião de matriz afro-ameríndia;



XXXIV. Zelar pela correta forma de apresentação ritualística, seja

de vestimenta, como dos procedimentos litúrgicos específicos;

XXXV. Promover a utilização dos meios de comunicação social de

massa, para a defesa e o fortalecimento da religião de matriz afro-

ameríndia;

XXXVI. Promover o diálogo inter-religioso e ecumênico, com

outras Comunidades em geral e a sociedade civil, para a construção

da paz e do exercício e respeito à diversidade religiosa e cultural do

povo brasileiro;

XXXVII. Promover nas atividades profissionais, empresariais e

comunitárias de seus membros, formas de políticas afirmativas de

aumento de oportunidades, a partir do próprio segmento social,

observando-se a capacitação continuada e a competência

multifuncional;



XXXVIII. Promover a compreensão do segmento afro-

religioso como uma única religião, com origens comuns,

ritos diversos e teologias que se complementam,

abrangendo as de tradição africana e ameríndias, não se

excluindo nenhuma destas em suas atividades, ações e

projetos;

XXXIX. Promover as medidas necessárias para a obtenção

da certificação como Entidade de Utilidade Pública;

XL. Promover a regularização fundiária da Comunidade

Afro-Ameríndia e das que desta se originarem, objetivando

a continuidade de sua existência histórica, após a morte de

seu zelador, pai–de-santo responsável pela condução

espiritual desta;



XLI. Requerer aos órgãos competentes o

tombamento como patrimônio histórico a

Comunidade Afro-Ameríndia, como forma de

legitimação e proteção da sucessividade,

objetivando preservar, como tradicionais, as

formas de expressão, os modos de criar, fazer e

viver desta;

XLII. Preservar e manter as tradições ancestrais

da religião de matriz afro-ameríndia.

A entidade poderá celebrar convênios ou

contratos com entidades públicas ou privadas,

nacionais ou estrangeiras, na forma da Lei,

objetivando a consecução de seus objetivos.


3. Direitos do Associado:

I. Gozar de todos os benefícios e vantagens que a

Associação da Comunidade Tradicional Afro-

Ameríndia Terreiro de venha a oferecer;

II. Votar e ser votado para os Cargos da Diretoria

e/ou do Conselho Fiscal;

III. Participar das reuniões da Assembléia Geral,

discutindo e votando os assuntos que nela se

tratarem;

IV. Amplo acesso as informações administrativas,

social, religiosa e financeira referentes à Associação;



V. Solicitar afastamento da Associação, a

qualquer tempo que lhe convier;

VI. Receber os procedimentos litúrgicos

indispensáveis ao desenvolvimento

mediúnico sem qualquer ônus para estes, a

não serem os necessários materiais para a

execução dos mesmos;

VII. Receber sua carteira de identidade de

membro da religião afro-ameríndia,

indicando a Comunidade Tradicional a que

pertence;



VIII. Direito de mobilidade dos seus registros no

prontuário mediúnico, por meio de translado em cópia dos

documentos e registros constantes, visados pelo zelador;

IX. Ampla defesa e contraditório em processo

administrativo por violação das regras do presente

Estatuto;

X. Receber ao ser inscrito cópia do Estatuto, Regimento

Interno, Resoluções e demais documentos referentes a

normas, comportamento e liturgia indispensáveis para sua

vida em comunidade;

XI. Receber o médium o ensino de todos os fundamentos

e da rotina cotidiana da Religião.


4. Deveres do Associado:

I. Observar as obrigações legais e estatutárias, bem como,

as deliberações regularmente tomadas pela Diretoria e pela

Assembléia Geral;

II. Respeitar os compromissos assumidos para com a

Comunidade Afro-Ameríndia;

III. Contribuir ativamente com a Associação, para

consecução de seus objetivos, de acordo com sua

capacidade: moral, espiritual, financeira ou material;

IV. Zelar e contribuir por todos os meios ao seu alcance,

para o bom nome e para o progresso da Comunidade,

cabendo aos mais velhos socializar os conhecimentos para

os mais novos;



V. Promover sem qualquer restrição a sua

identidade como afro-religioso, professar e

divulgar sua religião em sua atividade civil,

combatendo as discriminações e intolerâncias,

ensinando o verdadeiro significado e sentido da

religiosidade afro-ameríndia que professa;

VI. Contribuir financeiramente com sua

anuidade para a manutenção das atividades e

compromissos da Associação;

VII. Participar dos movimentos e atividades

em prol da defesa, divulgação e promoção da

Religião e da Comunidade Tradicional;



VIII. Não se comportar com incontinência pública e de

forma escandalosa, embriaguez ou toxicomania habituais,

ferindo a ética social e religiosa e a imagem condizente

para membros de uma Comunidade Tradicional Afro-

Ameríndia e o prestígio da religião na Comunidade civil, e

não revelar ou denegrir as tradições e segredos litúrgicos

da raiz ancestral, sob pena de responder civil e

criminalmente pelos danos materiais e morais causados

aos valores coletivos desta;

IX. Zelar pelo devido cumprimento das normas

estabelecidas neste Estatuto;

X. Buscar nos estudos a qualificação continuada para o

trabalho e a vida em comunidade;



XI. Em suas atividades profissionais, empresariais e

comunitárias dar preferência aos membros da religião afro-

ameríndia para ocuparem empregos, cargos de liderança e

chefias, como forma de política afirmativa de aumento de

oportunidades, a partir do próprio segmento social,

observando-se a capacitação continuada e a competência

multifuncional do candidato;

XII. Manter comportamento na Comunidade Religiosa de

forma discreta, preservando sua intimidade, individualidade,

vida pessoal, familiar, de trabalho, financeira, projetos,

planos futuros, de orientação sexual, para evitarem-se

constrangimentos, manipulações e conflitos, restringindo sua

conduta aos assuntos e aspectos estritamente referentes ao

desenvolvimento espiritual e a vida em comunidade;



XIII. Cultivar a humildade, a

simplicidade, a caridade no viver

comunitário, sendo vedado a pratica

de qualquer comportamento que

constranja ou humilhe o próximo;

XIV. Zelar pela preservação e

manutenção das tradições ancestrais

da religião de matriz afro-ameríndia.



Ao ser aceito e entrar na

Comunidade Religiosa, o novo

adepto associado, assinará

Termo de Compromisso de

Confidencialidade, aos atos

internos da vida da

Comunidade.


5. Órgãos Sociais.

Assembléia Geral dos Associados é o órgão

supremo da Associação da Comunidade Tradicional

Afro-Ameríndia e, dentro dos limites legais e deste

Estatuto, poderá tomar todas e qualquer decisão de

interesse para a sociedade e suas deliberações

vinculam todos ainda que ausentes ou discordantes.

Reunir-se-á geral e ordinariamente, uma vez por

ano, no decorrer do 1º trimestre e,

extraordinariamente, sempre que for julgado

conveniente e necessário.

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