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O modo de produção capitalista: A estrutura econômica e a superestrutura jurídico-política 1

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O modo de produção capitalista:A estrutura econômica e a superestrutura jurídico-política

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Diferença entre a produção mercantil e a produção capitalista

M – D – M • Produção mercantil simples

D – M – D’ • Produção capitalista

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Características da produção mercantil simples

•A produção mercantil simples se assentava sobre dois pilares: a) o trabalho pessoal; b) e o fato de artesãos e camponeses nela envolvidos serem os proprietários dos meios de produção

•Esse tipo de produção destinava-se basicamente a um mercado restrito, no qual o produtor conhecia as necessidades do comprador

•O produtor não tinha na posse do dinheiro o seu objetivo central

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Motor da mudança da produção mercantil simples para a produção capitalista

“O desenvolvimento do comércio, a partir do século XIII, vai contribuir para alterar significamente a produção mercantil simples. A pouco e pouco, com a crescente intervenção dos comerciantes, os mercados locais perderão sua importância, serão diversificados e estendidos e, nalguns casos, substituídos por outros, graças à ampliação das rotas comerciais”. (Netto e Braz, p. 81)

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Rota comercial da Liga Hanseática

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Alguns fatores históricos que precipitam a crise do feudalismo

• A crise do feudalismo abre-se no século XIV e culmina, em termos históricos, no final do século XVIII, sendo a Revolução Francesa o marco do seu ocaso.

• Fatores da crise:• Florescimento do mercado, que faz com quem, devido ao

enfraquecimento dos laços de dependência pessoal, outras mediações mercantis ocupem o lugar das antigas relações

Esgotamento das terras e ausência de recursos para recuperá-las

A Peste Negra, que dizimou ¼ da população européia A partir dos fatores acima, a luta de classes entre os

antagonistas fundamentais – senhor feudal e servo – pôs em um estágio de acerbo conflito

Do ponto de vista político, ocorre uma centralização do poder, que encontra sua expressão maior na formação do Estado absolutista

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Cruzadas e Renascimento Comercial

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Sistema Agrícola Feudal

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A Grande Fome (1315-1317)Quando Deus viu que o mundo era demasiado orgulhoso,Ele enviou uma escassez na Terra, e a tornou áspera.Um alqueire de trigo foi à quatro xelins ou mais,Do que os homens possam ter tido um quarto antes ....E então pálido ficou quem ria tão alto,E dóceis se tornaram quem antes era tão orgulhoso.Um homem de coração pode sangrar para ouvir o gritoDos pobres homens que saiu, "Ai! Para fome eu morro ...!"

—Poema de Eduardo II, d.c. 1321.

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Peste Negra

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Revoltas camponesas

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Novos laços de dependência

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O Estatuto Inglês dos Trabalhadores, decretado em 1351, na Inglaterra, pelo rei Eduardo III, rezava que:

"Dado que uma grande parte do povo, e especialmente dos trabalhadores e servidores, morreu ultimamente da peste, e muitos, vendo as necessidades dos senhores e a grande escassez de serviçais, não querem servir sem receber salários excessivos, preferindo outros mendiga no ócio a ganhar a vida pelo seu trabalho; nós, considerando os graves incômodos que podem sobrevir especialmente a falta de lavradores de tais trabalhadores, depois de ter deliberado e tratado com o seu conselho unânime, ordenávamos: Que cada homem e mulher do nosso reino da Inglaterra, de qualquer condição que seja, livre ou servo, apto de corpo e com menos de 60 anos, que não viva do comércio nem exerça qualquer ofício, nem possua de próprio com que possa viver, nem terra própria em cujo cultivo se posso ocupar, nem sirva qualquer outros, se for convocado para trabalhar num serviço que lhe seja adequado, considerada a sua condição, será obrigado a servir aquele que assim o convoca; e levara apenas o soldo, pagamento, remuneração ou salário que era costume serem dados no lugar onde era obrigado a servir no vigésimo ano do nosso reinado em Inglaterra (isto é, em 1347), ou nos cinco dos seis anos comuns anteriores... E se qualquer homem ou mulher, sendo assim convocado para servir, não o fizer... Será imediatamente preso"

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O Estado absolutistaSegundo Netto e Braz, “O Estado absolutista

representou a resposta dos senhores à rebeldia dos servos: seu caráter de classe mostrou-se óbvio – foi um notável reforço para combater as mobilizações camponesas. No entanto, esse instrumento repressivo a serviço da nobreza fundiária se constituiu reduzindo o poder dos nobres tomados singularmente; na verdade, concentrando o poder político nas mãos de um deles /.../ diminuiu a capacidade interventiva de cada um dos senhores feudais” (p. 72).

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O Estado absolutista

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Base da transformação da produção mercantil em produção propriamente capitalista: o processo de acumulação primitiva

• Acumulação Primitiva = Processo de formação das classes sociais fundamentais do capitalismo: burguesia e proletariado

• Métodos da Acumulação Primitiva:Cercamentos de terrasLegislação sanguináriaDeslocamento de massas de trabalhadores para as

cidades, a serem explorados pelos donos das manufaturas

Roubo dos bens da igrejaPilhagem das riquezas minerais e naturais das

colônias

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Lucro – o objetivo da produção capitalista•Diferença entre a fórmula M D M e a

fórmula D M D’;•A fórmula M D M expressa uma

relação em que o objetivo é vender para comprar, próprio ao produtor mercantil simples;

•A D M D’ expressa uma relação em que o objetivo é comprar para vender, próprio do produtor capitalista. Isto é, o que ele visa com a produção de mercadorias é obter mais dinheiro.

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Diferença entre a busca do lucro operada pelo capital comercial (mercantil) e pelo capital industrial (propriamente capitalista)

D M D⁺

D M D’

Circulação mercantil

Circulação capitalista

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O direito capitalista moderno•Inicia seu curso na esfera da circulação,

estabelecendo a igualdade formal e a liberdade das vontades entre os contratantes.

•Finaliza seu trajeto na espera da produção. Capitalista e proletário se encontra na circulação enquanto livres contratantes. A igualdade formal encobre e legitima a desigualdade real que se reproduz ampliadamente.

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As instituições legislativas, jurídicas e políticas, no capitalismo, deve garantir a reprodução do capital criando as bases para a salvaguarda de três direitos

•Direito à propriedade privada dos meios de produção

•Direito à compra e venda da força de trabalho enquanto mercadoria

•Direito à acumulação privada da riqueza socialmente produzida

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A diferença da circulação comercial e capitalista: o lucro e a mais-valia•Ao compararmos as fórmulas D – M – D⁺ e

D – M – D’, notamos que há uma diferença qualitativa.

•Enquanto na fórmula D – M – D⁺ verifica-se um acréscimo de valor ocorrido na esfera da circulação, a fórmula D – M – D’ expressa um acréscimo de valor ocorrido na esfera da produção.

•Faz-se, portanto, necessário analisarmos as características da fórmula D – M – D’.

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A fórmula D – M – D’ apresenta as seguintes características:

• D representa o dinheiro investido na compra de M para dar acesso ao mundo da produção

• M representa as mercadorias compradas pelo capitalista para colocar em movimento o processo produtivo. São elas: máquinas, matérias (primas e brutas), instalações e força de trabalho

• Ao se colocar em movimento M, temos inserido P, que representa a atuação da força de trabalho (FT) nas matérias e instrumentos de trabalho

• O resultado da atuação de FT sobre os componentes constantes de M dá origem à M⁺

• Caso M⁺ seja realizado na esfera da circulação, temos D’, como final da equação.

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Nas palavras de José Paulo Netto e Marcelo Braz:

• “Ora, ao capitalista interessa, assim como ao comerciante, o lucro. O lucro do capitalista, porém, não se deve a diferença entre preços de compra e preços de venda, ocorrentes na esfera da circulação: o lucro capitalista provém dos processos ocorrentes na esfera da produção, provém de um acréscimo de valor, cristalizado em M’ e realizado quanto o capitalista obtém D’.”

(in: Netto e Braz. Economia Política: uma introdução crítica, p. 97)

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O lucro capitalista•“Aqui [em D’], de fato, está contido o

lucro do capitalista, mas D’ possui uma natureza inteiramente distinta de D⁺: em D’ se concretiza a forma típica que o excedente econômico adquire no MPC – excedente apropriado pelo capitalista, fonte de seu lucro e que se denomina mais-valia”.

(Netto e Braz, op. cit., p. 98)

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Capital: uma relação social•Na fórmula D – M – D’, D é capital sob a

forma de dinheiro.•Porém, dinheiro em si não é capital.•Dinheiro apenas se converte em capital

quando compra força de trabalho e outras mercadorias, para, através destas adquirir novas mercadorias, que, ao serem vendidas, acrescentaram, em tese, uma soma de dinheiro superior à inicialmente investida

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Capital: uma relação social (cont.)•Capital não é, portanto, uma coisa, ou um

objeto. •Não se resume ao dinheiro, ou às

máquinas, ou às instalações, aos materiais etc.

•Capital só existe na medida em que subordina a força de trabalho. Ou seja: “o capital, mesmo que se expresse através de coisas (dinheiro, objetos, mercadorias etc.), é sempre uma relação social.” (p. 98).

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“o capital, mesmo que se expresse através de coisas (dinheiro, objetos, mercadorias etc.), é sempre uma relação social.” (Netto e Braz, op. cit., p. 98).

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A partir da fórmula D – M – D’, temos, portanto, que:

D•Com D (capital sob a forma de dinheiro)

que se inicia o processo de produção capitalista

M•O capitalista com D compra M •Isto é, um conjunto de mercadorias para

dar curso ao processo de produção P

P•O processo de produção P se conclui

quando está pronta a mercadoria que o capitalista pretende vender M’

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A partir da fórmula D – M – D’, temos, portanto, que:

M’•M’ foi portanto criada a partir da atuação da força de

trabalho (FT)•Quando essa mercadoria (M’) é vendida, ou seja, quando

ela se realiza, o capitalista obtém D’

D’ •D’ é, portanto, a recuperação do valor investido, acrescido da mais-valia

Lucro do capitalist

a•O lucro sob a sua forma capitalista é a realização da

venda da mercadoria acrescida de valor no processo de trabalho capitalista

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Composição orgânica do capital e valor total da mercadoria:

• q = c• v

Composição orgânica do

capital

• c + v + mValor total da mercadoria

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A exploração do trabalho

•m’ = m

v