Defesa Pessoal 1 - A Arte de Evitar o Risco

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    Defesa PessoaA Arte de evitar o risco

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    Um desejo secreto...................................................................................................... 3

    Introduo ..................................................................................................................... 4

    A Defesa Pessoal ......................................................................................................... 4

    O Risco ......................................................................................................................... 5

    O Tringulo do Risco ................................................................................................. 5

    Os elementos do tringulo ......................................................................................... 6

    O Conflito ...................................................................................................................... 6

    A Pirmide do Conflito ............................................................................................... 6

    Nveis de Alerta ............................................................................................................ 7

    Cdigo Branco .......................................................................................................... 7

    Cdigo Amarelo ........................................................................................................ 8

    Cdigo Laranja .......................................................................................................... 8

    Cdigo Vermelho ...................................................................................................... 8

    Esquema Geral ............................................................................................................. 9

    Aumentar a segurana .................................................................................................. 9

    Evitar o perigo............................................................................................................. 10

    Tomar conscincia do perigo .................................................................................. 10

    A Percepo............................................................................................................ 11

    Os Esquemas Mentais ............................................................................................ 12

    A Ateno ............................................................................................................... 12

    Locais de risco acrescido ........................................................................................ 13

    Precaues de segurana .......................................................................................... 13

    Nos deslocamentos dirios (apeado) ...................................................................... 14

    Ao fazer exerccio ................................................................................................... 14

    Ao utilizar a viatura .................................................................................................. 14

    Nas caixas automticas (ATMs) ............................................................................. 15

    Em locais de diverso ............................................................................................. 15

    Em casa .................................................................................................................. 16

    Indivduos perigosos ................................................................................................... 16

    A escolha das vtimas ................................................................................................. 17

    Sinais de que foi selecionado como vtima .............................................................. 18

    Vtimas mais provveis ........................................................................................... 19

    Uma vtima difcil ..................................................................................................... 19

    Quando no possvel evitar o risco ........................................................................ 19

    Submisso, assertividade, agressividade. ............................................................... 20

    Ego e orgulho, o inimigo interno. ............................................................................. 21

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    Criando uma barreira .............................................................................................. 22

    Quando no restam alternativas ................................................................................. 23

    Medo, um aleado ancestral e um inimigo moderno ................................................. 23

    Como funciona o medo ........................................................................................... 24

    A reao de fuga ou luta ......................................................................................... 25

    A ao da adrenalina ........................................................................................... 26

    Interpretar os efeitos da adrenalina...................................................................... 26

    O confronto eminente ................................................................................................. 27

    Quando lutar inevitvel ......................................................................................... 28

    Lutar pela sobrevivncia ...................................................................................... 28

    Determinao ...................................................................................................... 28

    Regras para sobreviver ao confronto ................................................................... 29

    Durante o confronto ............................................................................................. 29

    Mltiplos atacantes .............................................................................................. 30

    Aps o confronto.................................................................................................. 30

    Enquadramento legal .................................................................................................. 31

    Atos ilcitos .............................................................................................................. 31

    Excluso de ilicitude ................................................................................................ 31

    Legitima defesa ....................................................................................................... 31

    Requisitos necessrios legtima defesa ............................................................ 31

    Excesso de legtima defesa ................................................................................. 32

    Estados astnicos ................................................................................................ 32

    Eplogo ....................................................................................................................... 33

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    Ainda jovem iniciara-se na aprendizagem das Artes Marciais, porqu? no sabia ao

    certo.

    Talvez influenciado pelos filmes, talvez por histrias de lutadores invencveis, talvez por

    fascnio pela Cultura Oriental. No sabia ao certo, mas tambm no era importante

    saber porqu.

    Durante anos treinou com afinco, experimentou vrios estilos e sistemas at que atingiu

    uma elevada compreenso e mestria na Arte. Participou em torneios e eventos e ganhou

    muitos ttulos. Era reconhecido pelos seus pares como um grande lutador e uma pessoa

    equilibrada e sensata.

    Os ensinamentos que aprendera refletiam-se na sua forma de ser. Calmo e sereno sem

    propenso para a violncia, a luta e o confronto ficavam confinados ao Dojo, fora dele

    era amvel e simptico.

    No era pessoa de procurar confuso. Jamais, fora do treino ou da competio se tinha

    envolvido em confrontos fsicos, uma ou outra escaramua enquanto muito jovem, coisa

    de criana nada mais.

    No entanto, no seu ntimo, bem calado l no fundo, naquele recanto sombrio que todos

    temos dentro de ns ansiava pelo derradeiro teste sua mestria, uma situao real fora

    do ambiente controlado onde sempre lutou e onde raramente foi derrotado, uma

    situao de verdadeiro risco sem rbitros ou juzes.

    A sua formao, contudo, impedia-o de sair por a e provocar uma situao. Esse desejo

    secreto era quase inconsciente e dificilmente admitido, mas existia e ansiava por se

    libertar.

    Um dia, calmamente sentado numa esplanada de caf viu surgir a sua oportunidade.

    Um sujeito, visivelmente embriagado, entrou na esplanada e de forma grosseira foi

    admoestando os presentes com improprios e grosserias. Muitos dos presentes,

    incomodados com a situao ou simplesmente seguindo o bom senso pagaram e

    abandonaram o local evitando assim os problemas que poderiam vir a surgir. Outros

    porm, por se encontrarem numa rea mais distante, simplesmente ignoraram o homem

    como se nada se passasse. Ele manteve-se atento, iria esperar at que o individuo

    chegasse perto de si e tinha decidido que nem iria embora nem iria ignorar as

    provocaes, iria dar-lhe uma lio.

    O individuo continuou a avanar de mesa em mesa sempre importunando os presentes

    e, quando estava prestes a chegar a sua e ele j se preparava para se levantar e por

    cobro situao, um empregado chegou e ps a mo por cima do ombro do individuo,

    no de forma agressiva, antes amistosa:

    -Ento? O que que se passa consigo?.. Esteve nos copos! Venha l comigo, vamos

    sentar e beber um caf para acalmar isso pago eu.E o homem acedeu e a situao acalmou-se, sem que fosse preciso violncia.Agora, coloque-se no lugar da nossa personagem principal olhe bem paradentro desi, olhe mais uma vez ainda, procure bem No existe o mesmo desejo secreto dentrode si?

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    A histria no passa de fico e somente um exerccio de imaginao para tentarcoloc-lo em contacto com o seu ntimo. Talvez voc nunca tenha pensado nisso, outalvez julgue que a pergunta no faz sequer sentido porque no detm osconhecimentos ou a mestria que o personagem supostamente detinha e que lhe

    permitiriam aparentemente dar o merecido ao individuo.No importa o quanto voc sabe (ou julga saber) para a questo levantada irrelevante.O importante que tente perceber como gostaria que a histria acabasse, com oindividuo a ser posto na ordem como provavelmente merecia, ou se a abordagem noviolenta do empregado fez mais sentido para si.No tenha pressa, pense nisto durante uns minutos e seguimos depoisAgora que j olhou para dentro de si e provavelmente j sabe a resposta provvel quetenha ficado algo surpreendido consigo mesmo. O mais provvel que tenhaconcordado com a forma como o empregado do caf resolveu a situao mas, nofundo bem calado l no fundo, naquele recanto sombrio que todos temos dentro dens, tambm voc, que sempre foi contra a violncia, desejou que o protagonista danossa histria desse ao individuo a lio que este merecia (SER QUE MERECIA?)

    Se ficou surpreendido com a resposta que encontrou, no se preocupe, no se passanada de estranho consigo. Esse desejo que julgava no existir ou que ainda agorapretende negar fruto de muitos anos de educao ou se preferir condicionamento.Fomos educados de forma a repudiar a violncia (pelo menos a maioria de ns), foi-nosdito que nada se resolve pancada, levaram-nos a adotar comportamentos civilizadose socialmente aceites, disseram-nos que o tempo da barbrie acabou muito e poroutro lado encheram-nos a cabea de lendas e mitos, (TV, Cinema, Banda Desenhada,

    Jogos de Vdeo, Literatura, etc.) deram-nos heris violentos para idolatrar, (Rambos,John Maclanes, 00 setes e afins) todos Role Models (exemplos a seguir) que nolevam desaforo para casa e, se necessrio for enfrentam um exrcito sozinhos, vencem,salvam o mundo e ainda ficam com a mida no fim. Portanto, depois de tantos anos aviver nesta dicotomia somente natural que existam dentro de si sentimentos antguos,por um lado a noo de que a violncia nada resolve, por outro a viso cinematogrficae deturpada que a torna to apelativa.Ao contrrio do que comum pensar, a violncia de facto pode resolver um problemao nico seno que cria sempre pelo menos dois ou trs novos.Esta contradio levou em grande medida a conceitos errados do que Defesa Pessoal.A maioria de ns v a mesma como o ato de nos defendermos fisicamente contra um

    agressor e, uma vez que somos os agredidos temos todo o direito de recorrer violncia para nos mantermos a salvo. justo e admissvel que assim seja se apenasnos estvamos a defender e no fomos os responsveis por criar a situao. (SERQUE NO FOMOS?).Este um erro muito comum, Defesa Pessoal muito mais do que o confronto fsico, um conjunto de medidas e comportamentos que preciso conhecer e adotar na vidaquotidiana. uma forma de ser e de estar, a ARTE DE EVITAR O RISCO.

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    O que o risco? De onde vem? Quem est exposto a ele?A resposta tudo e todos. Qualquer situao pode tornar-se potencialmente perigosa,qualquer local pode ser perigoso, e acima de tudo, TODOS, MESMO TODOSESTAMOS EXPOSTOS AO RISCO!

    A maioria de ns vive a sua vida de forma calma e tranquila. Somos pessoasequilibradas, conscientes das normas leis e regras de conduta socialmente aceites.Portanto a violncia algo que felizmente se encontra distante das nossas vidas evivemos sem nos preocupar muito com a mesma. Por vezes vimos algo terrvel nateleviso ou jornais (algum foi barbaramente assassinado ou algum desapareceu esuspeita-se de rapto, algum foi violado ou agredido por um grupo de delinquentes, paradar somente alguns exemplos) e ficamos chocados: -como possvel algum fazer istoa outro ser humano?mas rapidamente voltamos s nossas rotinas e esquecemos oque se passou, no foi connosco (ainda que por vezes tenha ocorrido muito perto dens).No foi, pelo menos dessa vez, mas consegue garantir que nunca aconteceria consigo?De certeza?No, no pode, por muito que queira impossvel prever o futuro, demasiadocomplicado. Portanto assuma que existem riscos que no possvel controlar (se bemque podem ser evitados), assuma que no vive numa redoma de vidro que o protege detudo, assuma que algumas coisas fogem ao seu controlo, e o mais importante assumaque NO PODE S ACONTECER AOS OUTROS, at porque aos olhos dos restantes,ns somos os outros.Isto no significa que tenha que viver em constante medo (pelo contrrio), significa simque tal como tantas outras coisas que gostaramos que no existissem (doena, fome,morte, etc.) devemos aceitar a existncia da violncia e procurar a melhor forma de aevitar e/ou lidar com a mesma.

    O tringulo do risco existe sobre diversas denominaes (Crime Triangle a maiscomum internacionalmente). Na sua essncia encontra-se a necessidade imperiosa deos trs elementos que constituem as suas vertentes terem de estar simultaneamentepresentes para que uma situao de risco se torne violenta ou chegue a ocorrer.Os elementos da trade so:

    VTIMA AGRESSOR OPORTUNIDADE

    Da mesma forma que um tringulo s o se tiver trs lados (e no o poder ser s comdois) se um dos elementos referidos for retirado, o risco desaparece.

    No existe uma hierarquia entre eles, todos esto interrelacionados e assumem amesma importncia.

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    O agressor procura a satisfao de uma necessidade, pelo que pode termotivaes diversas (econmicas ou emocionais)

    A vtima um alvo, um recurso que pode providenciar ao agressor osmeios para a satisfao das suas necessidades.

    A oportunidade coloca na frmula o local, a ocasio ou as circunstnciasem que a situao pode ocorrer.

    Nota: estes elementos sero analisados em maior detalhe posteriormente.

    O conflito define-se como uma tenso que envolve pessoas ou grupos quando existemtendncias ou interesses incompatveis.Quando est perante algum que por algum motivo o pretende privar do que seu pordireito (um bem, ou algo mais precioso como a sua vida) est numa situao de conflito.A maioria de ns no pensa em como que estas situaes podem ser resolvidas (parano dizer que nem pensa sequer nestas situaes) e quando confrontado com asmesmas no faz a menor ideia do que fazer ou como se comportar.Sempre que um ser humano no sabe o que fazer em determinada situao tem doiscaminhos possveis: Pode procurar respostas ou deixar ao acaso ficando exposto acircunstncias que no controla e portanto dependente do destino ou da vontadealheia.A ignorncia no foi certamente o que nos fez progredir na longa marcha evolutiva quenos transformou na espcie dominante no nosso planeta.Somos uma espcie inteligente, dotada de um crebro prodigioso e com a capacidadede aprender e de imaginar solues. Assim, se estivermos dispostos a isso, podemosencontrar formas de resolver os nossos conflitos, quer seja evitando-os, tentandodiminuir a sua intensidade ou por fim naqueles casos em que se tornou de todoimpossvel evitar que o desfecho do mesmo se tornasse violento, lutando.

    Os conflitos seguem um esquema piramidal onde existem vrios patamaresorganizados segundo uma hierarquia. Quanto mais prximo nos encontrarmos da basemais seguros estaremos. No topo da mesma iremos encontrar os conflitos que noforam possveis evitar e por conseguinte com maior risco de se tornarem violentos.Se conseguirmos EVITAR as situaes de risco que esto na origem dos conflitos ouque podem resultar nos mesmos, estaremos a atuar preventivamente retirando dafrmula do tringulo do risco ou ns prprios enquanto potenciais vtimas, ou nocriando a oportunidade para que o conflito venha a ocorrer (evitando locais, situaes,

    indivduos ou comportamentos potencialmente perigosos).Os trs patamares principais so:

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    1. EVITAR2. DISSUADIR3. AGIR

    Nota: estes patamares sero analisados em pormenor mais frente.

    Um risco ou situao de conflito s pode ser evitado se por um lado se tiverconhecimento do mesmo e se por outro se estiver alerta para detetar os seus sinais.Na agitao que a nossa vida se tornou, sempre com pressa, sempre a correr, sempre

    atrasados, sempre preocupados ou ocupados com algo, fcil deixar passar sinais queseriam importantes e muitas vezes determinantes para a nossa segurana.Passamos a maioria do nosso tempo em CDIGO BRANCO ou completamentedesconectados, em modo OFF e depois, quando surge algo inesperado e queachamos ser uma ameaa passamos diretamente para o VERMELHO ou modo decombate.No deve ser assim, no tem de ser assim. Cdigo branco algo que devemos erradicardo nosso comportamento, Cdigo Vermelho um nvel onde devemos entrar somentequando necessrio e s permanecer nesse estado enquanto estritamente necessrio.Os diferentes nveis de alerta so definidos por:

    CDIGO VERMELHO CDIGO LARANJA CDIGO AMARELA CDIGO BRANCO

    (inconsciente do risco, no atento a sinais)

    Este cdigo aplica-se nas situaes em que os indivduos se encontram completamente

    alheados da simples existncia de riscos.Esse alheamento torna-os propensos a tornarem-se potenciais vtimas de um agressorque, ao detet-los nesse estado de alerta v a uma excelente oportunidade para levara cabo as suas intenes.Neste estado no ver um ataque a ser preparado pelo que no o poder evitar e asua reao ser provavelmente de pnico.Este estado pode ser induzido por mecanismos distintos como a DISTRAO ouPREOCUPAO ou pelo simples facto de no ter o mnimo conhecimento dassituaes de risco, ou seja, por no ter desenvolvido a PERCEPO DO RISCO. Olcool ou as drogas podem tambm induzir este nvel de alerta por alterarem apercepo.

    Este nvel deve ser sempre evitado.Nota: DISTRAO, PREOCUPAO e PERCEPO DO RISCOsero analisados em pormenor mais frente.

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    (consciente do risco, atento a sinais)

    Uma vez em Cdigo Amarelo significa que tem conhecimento dos riscos e que porconseguinte estar alerta para potenciais ameaas. Este estado de alerta a base da

    sua segurana.No existe ainda uma situao de risco especfico por isso pode estar relaxado e calmomas com ateno ao que se passa em seu redor, atento a locais, situaes ou indivduosque possam representar perigo.Esta atitude afastar a maioria dos potenciais agressores uma vez que estes tendem aescolher vtimas em cdigo branco.Em caso de ataque a sua reao ser mais rpida e eficaz porque no ser apanhadototalmente de surpresa.Este nvel de alerta est diretamente relacionado com o primeiro patamar da pirmidedo conflito (Evitar) e por esse motivo que o mesmo se encontra pintado a amarelo.

    Nota: locais, situaes e indivduos perigosossero analisados em pormenor mais frente.

    (risco presente, ateno redobrada)

    um nvel intermdio, se for ameaado estar pronto para reagir.Em Cdigo Laranja j existe uma ameaa especfica, logo, algo foi detetado e porconseguinte preciso redobrar a ateno e ficar preparado para o que possa vir asuceder. tambm altura de determinar estratgias para fazer face ameaa, tendo noentanto o cuidado de no fazer algo que precipite ou leve a um desfecho violento.Quando nos encontramos no patamar Dissuadir da Pirmide do Conflito este o nvelde alerta a adotar.

    (violncia eminente, ateno total)

    o ltimo nvel de alerta o que significa que a violncia iminente e muitoprovavelmente inevitvel.Quando chegado a este extremo toda a sua ateno deve estar focada na situao queest a viver para que possa reagir a qualquer movimento ameaador. um nvel dealerta esgotante devido ao stress que estas situaes extremas acarretam.Como fcil de perceber este o nvel de alerta no topo da pirmide. Uma vez aqui aReao de Fuga ou Luta ser provavelmente ativada.

    Nota: Reao de Fuga ou Luta analisado em pormenor mais frente.

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    O Esquema Geral representagraficamente os conceitos que foramapresentados. Todos eles estorelacionados entre si, agindo e

    interagindo uns com os outros. A vtimadeve procurar evitar as situaes ou oslocais onde pode surgir umaoportunidade para que um agressorfaa algo contra ela. Para isso elaprecisa encontrar-se em nvel de alertaadequado (Cdigo Amarelo).So inmeras as relaes que sepodem influir.Por exemplo ao ser detetada umaameaa, a vtima pode fazerdesaparecer a oportunidade e desfazero tringulo do risco simplesmente

    mudando de caminho.Compreender o esquema geral compreender a dinmica por detrs do risco e doconflito e em simultneo entender como agindo sobre um dos fatores estaremos a agirsobre todos os outros.

    Ainda que no o queiramos admitir, sabemos que o mundo um local violento. O crimeexiste sob muitas formas e a violncia uma constante do comportamento humano

    desde o incio dos tempos. Sabemos isto e no entanto muitos preferem deixar Sortea sua segurana.Claro que temos a Lei e a Justia ou as Foras de Segurana para zelar pelo bem-estare segurana do cidado, mas a Lei um cdigo, um conjunto de regras que nos conferedireitos e deveres e que estipula o que ns enquanto sociedade admitimos como corretoe aceitvel. Contamos que todos se regam por esse cdigo e caso no o faam,confiamos que a Justia e as Foras de Segurana ponham cobro situao e forcemaqueles que ultrapassaram a fronteira imposta a pagar um preo pelos seus atos.Lei, Ordem e Segurana so fundamentais, mas como todos sabemos, todos os dias, atoda a hora, a todo o momento, existe quem esteja a transpor a fronteira delineada. Pormuito eficientes e eficazes que sejam as foras de segurana de todo impossvel que

    consigam evitar ou deter todos os conflitos ou aes fora da Lei.Confiar a sua segurana exclusivamente aos agentes referidos um erro perigoso. omesmo que no se ter absolutamente cuidado nenhum com a sua sade, nodescansando, no tendo cuidados de higiene, no tendo cuidado com a alimentaoetc. e depois confiar que basta ir ao mdico e este pode resolver tudo.Tal como todos os restantes aspetos da vida, tambm a segurana tem que comearpor si, tem que tomar essa responsabilidade nas suas mos e, como ver mais frenteisso no significa que ter que se transformar num heri invencvel e violento paraconseguir manter-se seguro.Aumentar a segurana est ao alcance de todos desde que se saiba como.

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    Como vimos da anlise da pirmide do conflito, na base da mesma est o patamarEVITAR.Evitar o perigo a principal estratgia onde deve assentar a sua segurana. No importase voc um grande lutador e se julga que capaz de enfrentar qualquer agressor ou

    qualquer situao.Lembre-se que ningum invencvel. Para a sua segurana fundamental que emqualquer situao assuma trs pressupostos:

    O agressor pode ter capacidades superiores s suas; O agressor pode estar armado; O agressor pode no estar sozinho.

    Ao assumir estes trs pressupostos fcil entender porque prefervel evitar osconflitos, o risco simplesmente DEMASIADO GRANDE!Alm disso tambm preciso compreender que a situao pode ter repercussesfuturas. Voc pode ser ferido com maior ou menor gravidade ou na pior das hipteses,

    ser morto ou pode ter que ferir ou matar algum. Da podero advir consequnciaslegais (morais e psicolgicas). Existe ainda a possibilidade de represlias contra si,contra o seu patrimnio ou contra aqueles que lhe so queridos. Alm disso, no podesaber se do outro lado do conflito no est um individuo vingativo que a partir da tercomo principal misso na vida complicar a sua.So tantos os fatores em causa, que a melhor opo sem dvida evitar tanto quantopossvel toda e qualquer situao de risco.

    O primeiro passo para evitar uma armadilha saber da sua existncia.

    Como nos podemos defender do que nem sequer sabemos que existe ou que umaameaa?A resposta simples, no podemos. Para detetarmos uma ameaa temos primeiro deestar conscientes de que ela existe, sem essa conscincia nada pode ser feito.O conhecimento d-nos a capacidade de antever as situaes, de elaborar planos ouestratgias. Permite-nos arranjar formas de evitar o risco ou de lidar com ele de formaadequada de maneira a menorizar as suas consequncias.J estamos muito longe dos nossos antepassados smios que somente podiam reagirinstintivamente ao perigo. Aps milhes de anos de evoluo desenvolvemos umcrebro capaz de aprender com a experiencia e dotado da capacidade de raciocnio que

    permite antever (at certo ponto) o resultado das nossas aes no futuro.Milhes de seres humanos vivendo centenas de milhes de situaes de perigo criaramuma experincia vastssima de como sobreviver s mesmas. As melhores foram sendotransmitidas de gerao em gerao o que permitiu que tenhamos sobrevivido enquantoespcie onde tantas outras se extinguiram. Somos o resultado dessa experincia, desseconhecimento e das melhores estratgias.Os tempos mudam constantemente, e com eles mudam os riscos a que estamosexpostos. Hoje pouco provvel que sejamos atacados por um predador selvagem,pelo menos a grande maioria de ns que vive nos aglomerados urbanos. Claro quealguns ainda esto potencialmente expostos a essas feras, mas a maioria j no est. fcil compreender isto se tentarmos saber quantos seres humanos so vtimas

    anualmente a nvel global de ataques de animais. Esses ataques, especialmente se

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    forem mortais, so raros o que j no pode ser dito em relao ao nmero de pessoasque morre anualmente vtimas de crime ou de violncia.Portanto, atualmente a ameaa no reside nas outras espcies, a principal ameaa parao Homem o prprio Homem, o maior e mais terrvel de todos os predadores.Vivemos literalmente rodeados de predadores, cruzamo-nos com eles todos os dias e

    contudo sabemos to pouco sobre os mesmos.Na era de informao em que vivemos, basta ligar a televiso ou pesquisar na Internete facilmente encontramos um documentrio que nos ensine tudo o que h a saber sobreum qualquer longnquo predador existente numa savana ou montanha distante ondenenhum ou quase nenhum humano ps o p.Ficamos a saber os seus rituais de reproduo de caa ou de sobrevivncia. Ficamos asaber que estratgias utiliza para selecionar as suas presas, como faz para se aproximardelas, como as ataca, que sinais exibe antes do ataque, etc. Se estivermos com atenoficaremos a saber a melhor forma de, se algum dia por qualquer motivo os nossoscaminhos se cruzarem com esse predador, reagir de forma adequada a essa ameaa.Curiosamente muito mais difcil encontrar informao que nos ajude a lidar com o

    predador humano. provvel que voc saiba mais sobre a forma como um leo atacado que sobre a forma que um individuo violento o far.Fazer perguntas e procurar respostas sobre quais so os perigos a que estamosexpostos, que locais oferecem maior probabilidade de risco ou como se comportam osindivduos propensos violncia a sua primeira linha de defesa.

    A forma como vemos o mundo depende da percepo que temos do mesmo. Arealidade no igual para todos, perante o mesmo cenrio no vimos todos a mesmacoisa e para a mesma situao no respondemos todos da mesma maneira. O que parauns uma situao de perigo, para outros no e para outros ainda no significaabsolutamente nada.A percepo uma funo cerebral que atribui significado s coisas e toda a informaoque os nossos sentidos enviam ao crebro organizada pela mesma.Antes de mais preciso selecionar o que importante (ou se julga ser). A informao tanta que impossvel ser toda processada. Pense durante um momento em todos ossons, todos os cheiros, todas as cores, movimentos, sensaes (frio, calor, presso,etc.) todos os estmulos que possa imaginar e a que est constantemente exposto ecompreender a imensidade de informao que o crebro est a receber a cadamomento. Sem um mecanismo eficiente para gerir tudo isto provavelmente bloquearia(todos sabemos o que acontece aos nossos computadores quando lhes exigimosdemais, bloqueiam), portanto o primeiro passo do processo SELECIONAR ainformao.A seleo efetuada pelo mecanismo que conhecemos como ATENO (mais frenteser desenvolvido).Aps a informao ter sido selecionada ir ser ORGANIZADA e posteriormenteINTERPRETADA.A diferena referida no incio (no temos todos a mesma percepo) agora mais fcilde entender. No selecionamos todos os mesmos estmulos (a ateno de cada umpode estar direcionada para aspetos diversos), no organizamos a informao damesma forma (isso depende essencialmente do conhecimento prvio que temos de umassunto) e por ltimo, a interpretao que fazemos pode ser totalmente diferente (a

    cultura, valores, crenas, expectativas de cada pessoa tornam a interpretaosubjetiva).

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    Portanto a nossa percepo pode simultaneamente colocar-nos em risco ou retirar-nosdo mesmo dependendo dos estmulos que seleciona ou da interpretao que faz dassituaes. No se esquea que a percepo a forma como cada um v o mundo.Ao estudar sobre situaes de risco estar a educar a sua percepo e a melhorar osseus ESQUEMAS MENTAIS

    O que isto dos esquemas mentais?No so mais do que ficheiros ou pastas (em sentido figurado) onde a informaoselecionada organizada para ficar disponvel para interpretao.Quanto mais elaborados forem estes esquemas, maior ou melhor ser o seuconhecimento acerca de um assunto.Quando nos deparamos com algo novo criamos uma nova pasta (este processo temo nome de ACOMODAO), quando obtemos mais conhecimentos sobre algocolocamos essa informao numa pasta j existente (ASSIMILAO).Estes esquemas mentais so a nossa base de dados (encontram-se disponveis na

    memoria de longa durao) e a eles que recorremos quando pretendemos resolverdeterminada questo. Se a informao necessria no existir no arquivo ficamos semferramentas para lidar com o problema.Para podermos lidar convenientemente com situaes de risco precisamos antes demais de melhorar os esquemas mentais que esto associados a esse assunto,aumentando o conhecimento que temos sobre as situaes de risco e identificando amelhor forma de fazer frente s mesmas.Isso conseguido atravs do estudo e do treino.

    Como j foi referido a ateno desempenha um papel importantssimo na percepo econsequentemente na nossa segurana.A ateno filtra a informao, descartando ou inibindo a que consideradadesnecessria, permitindo assim que nos foquemos nos aspetos mais relevantes oumais teis. Uma boa forma de compreender a ateno imagin-la como o foco de luzde uma lanterna. Se estiver num ambiente escuro e apontar a sua lanterna para algoessa coisa tornar-se- visvel (ou percetvel) enquanto o resto no. A ateno faz omesmo, torna percetvel (ou visvel) aquilo sobre onde incide e tal como o foco dalanterna, se no apontar para o stio certo, no ver o que importante.A ateno atrada para o que possa representar perigo, para informao que sejafamiliar ou a que se atribui importncia, para o que proporciona prazer ou recompensa

    ou ainda para coisas fora do comum, novas ou interessantes.Isto significa que aquilo a que se d ateno difere de indivduo para indivduo.

    A ateno seletiva e como tal, tanto pode ser atrada por estmulos que podemcomprometer a nossa segurana como fazer com que se ignorem importantes sinais dealarme.

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    Para alm da ignorncia do risco existem dois mecanismos que podem fazer com quea ateno se disperse:

    Preocupao Distrao

    O primeiro surge de estmulos internos como pensamentos, ideias, etc. O segundo estrelacionado com estmulos externos, por exemplo o executar de uma tarefa. Ambospodem impedir uma percepo adequada do que se est a passar ao nosso redor.Em defesa pessoal fundamental saber direcionar a ateno para os aspetos ouestmulos corretos.Como j foi referido para alm destes mecanismos a sua ateno e consequentementea sua segurana podem ser comprometidos pela ingesto de lcool ou de drogas.A ateno deve estar focada em trs aspetos:

    1. Nos locais de risco acrescido;2. No comportamento das pessoas;3. No seu prprio comportamento.

    Antes de mais importante referir que qualquer local pode ser potencialmente perigoso.Basta pensar que muitos crimes de agresso e ainda mais de violao acontecemdentro da prpria casa das vtimas, o local onde supostamente deveriam estar maisseguras. Os locais referidos de seguida so considerados de risco acrescido pelo factoa ocorrerem situaes violentas com mais frequncia:

    Locais isolados mas prximo dos locais onde as pessoas andam regularmente. Ruas desertas prximo de atraces tursticas. Ruas que ligam ATMs e bares. Wcs pblicos. Parques de estacionamento em especial a horas tardias ou muito cedo. Parques ou jardins em horrios pouco frequentados. Locais de jogging ou caminhos isolados. Locais frequentados por muitos jovens (especialmente do sexo masculino)

    onde exista consumo de lcool associado. Qualquer local onde esteja sozinho e longe de socorro.

    Estar consciente do risco somente uma das vertentes que permitem evitar o perigo.

    Como vimos a ateno desempenha um papel fundamental mas ainda assim, estaratento e ter conhecimento de nada servem se associado ao conhecimento no houverum comportamento correspondente. Se estou atento e deteto uma ameaa mas depoisno fao absolutamente nada para a evitar, resulta exatamente no mesmo do que noter detetado nada.De seguida apresenta-se uma lista de comportamentos ou procedimentos que deveadotar em situaes ou locais de risco acrescido.

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    Mantenha-se em Cdigo Amarelo. Ao caminhar mantenha-se atento ao que se passa ao seu redor, no apenas

    sua frente. Procure ver o que se encontra do outro lado da esquina antes de dobrar a

    mesma. Se algum lhe parece suspeito mantenha uma distncia segura e observe

    especialmente onde se encontram as mos do mesmo. Mude de trajeto. No caminhe distrado (por exemplo manuseando um mp3, telemvel, etc.). Caminhe pelo centro da calada. No exiba objetos de valor. Carregue sacos de compras ou pessoais do lado de dentro da calada. Evite caminhar sozinho por locais isolados, mal iluminados ou desconhecidos. No transmita a sensao de que est desorientado, desatento ou perdido. No pare para dar indicaes nem se aproxime de carros para o mesmo efeito.

    Se acha que est a ser seguido dirija-se para um local com muita gente esegurana. Entre em lojas e verifique se tambm entram, ou se ficam do lado defora espera que saia.

    Mude de direo ou passe para o outro lado da rua se tem a sensao de queest a ir de encontro a uma situao perigosa.

    Mantenha-se longe de quem lhe parecer perigoso. Tenha um telemvel consigo (pode ser uma ferramenta muito til para pedir

    auxilio).

    Mantenha-se em Cdigo Amarelo. Evite locais isolados, pouco frequentados ou mal iluminados. Se possvel analise previamente o percurso que pretende utilizar (utilizando um

    mapa por exemplo), de modo a identificar reas de risco potencial. No transporte valores desnecessrios. No evidencie objetos valiosos. Se possvel no faa exerccio sozinho. No use auscultadores, ou pelo menos use s um. Evite os carros estacionados. Tenha um telemvel consigo (pode ser uma ferramenta muito til para pedir

    auxilio).

    Mantenha-se em Cdigo Amarelo. Observe atentamente as imediaes da viatura. Veja se algo lhe parece

    suspeito. Se estiver um desconhecido encostado ao carro ou a mexer no mesmo no se

    aproxime. Tenha ateno a carrinhas estacionadas ao lado do seu veculo emespecial do lado do condutor. Se for o caso entre pelo outro lado ou no seaproxime.

    No abra as portas estando longe da mesma. Entre e tranque de imediato as portas.

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    No permanea dentro da viatura com a mesma parada, arranque de imediato. No deixe quaisquer objetos visveis na viatura, nem exiba o contedo da

    bagageira. Escolha bem a sua rota. As ruas principais e bem iluminadas so mais seguras

    que os pequenos becos. Se for atacado e tentarem arrast-lo para fora, o cinto de segurana no vai

    impedir que isso acontea e vai diminuir a sua capacidade de movimentao ede defesa. Se no consegue arrancar com o carro ou fechar a porta prefervelsair e lutar ou fugir.

    Ao parar num sinal tenha ateno aos vendedores e, no abra os vidros. Sefor possvel pare na faixa central.

    Se o agressor lhe retirar as chaves do carro esquea o mesmo como meio defuga. No lute para recuperar as chaves e arranje outro meio para fugir.

    Se suspeita de algo, encoste ao carro sua direita impedindo que algum entrepor esse lado.

    No pare para prestar socorro (a menos que tenha de facto presenciado oacidente). Alerte os meios de socorro ou as autoridades se assim o entender. Antes de abrandar nas lombas verifique se existe algo suspeito. Deixe espao

    para o carro da frente, caso este pare e tente bloque-lo ter espao paramanobrar e passar ao lado.

    No abastea a viatura noite especialmente em locais remotos e isolados. Se ao chegar ao carro detetar um furo ou outra avaria por exemplo, tenha

    cuidado com os ajudantes muito prestveis (podem ter sido os prprios aprovocar a avaria como estratgia de aproximao.

    Em caso de sofrer uma batida no saia imediatamente do carro. Observeprimeiro quem est no outro. Se lhe parecer suspeito chame as autoridades.

    Mantenha-se em Cdigo Amarelo. Nunca use ATMs noite. Evite ir sozinho. Escolha uma caixa em locais pblicos e com segurana. Esteja vigilante a quem se aproxime e observe bem antes de se dirigir mquina. No exiba os valores levantados. No saia do ATM distrado dando somente ateno por exemplo ao extrato ou

    consulta de movimentos.

    Especialmente noite fique atento atitude dos restantes indivduos. Afaste-se ou abandone os locais onde surjam conflitos, ainda que no seja nada

    consigo. No abandone sacos, carteiras, malas, casacos, etc. em locais sem guarda. No toque em nada que parea abandonado. No transmita a sensao de que est desatento.

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    Feche portas e janelas e coloque trancas. No tenha a TV, rdio ou outro aparelho semelhante com o volume to alto que

    o impea de ouvir seja o que for. Principalmente durante uma festa, feche a porta do quarto chave (muitas

    situaes de violao ocorrem durante estas ocasies e so levadas a cabo porconhecidos ou familiares. Com o barulho possvel que ningum oua ou seaperceba do que se passa).

    Nunca abra a porta a estranhos, mesmo que sejam crianas principalmente sefor um grupo.

    Espreite pelo visor da porta ou com a corrente colocada ou espreite por umajanela de forma a ver quem .

    Verifique a identificao de qualquer funcionrio de qualquer servio. Senecessrio confirme com a agncia que os enviou.

    No deixe que se movimentem livremente pela casa. Acompanhe-os sempre.

    No permita que deixem a porta aberta.

    Para alm dos locais que foram referidos devemos tambm focar a nossa ateno nocomportamento das outras pessoas.Convm ter presente que os seres humanos (e os animais) partilham diferentesinformaes entre si tornando o ato de comunicar uma atividade essencial para a vidaem sociedade.O processo de comunicao consiste na transmisso de informao entre um emissore um recetor que descodifica (interpreta) uma determinada mensagem. Este processo essencialmente no-verbal (7% da interpretao feita atravs das palavras; 38%

    diretamente pela voz; 55% pela linguagem corporal).Atravs do comportamento possvel identificar potenciais agressores ou indivduosconflituosos.No entanto tenha presente que muitos dos predadores humanos aprenderam adissimular as suas intenes, pelo que no ser to fcil reconhec-los. Felizmente, amaior parte dos agressores com que a maioria das vezes seremos confrontados sofceis de identificar. Todos ns conseguimos identificar rapidamente aquele individuoque procura confuso assim que o vemos num bar: - braos afastados do corpo comose transportasse dois meles debaixo deles, forma de danar agressiva no respeitandoningum em volta (encontres constantes), reao impulsiva quando algum seaproxima ou lhe toca, etc.Se so fceis de detetar, so fceis de evitar mas, quantas vezes acabou por ficar frentea frente com um destes apesar de j o ter detetado h horas?

    Alguns dos indivduos que deve procurar evitar evidenciam as seguintes caractersticas: Evidentemente alcoolizados ou sob o efeito de drogas. Visivelmente nervosos ou impacientes (agitados). Que demonstrem agressividade.

    Para sua segurana entenda que existem diferentes tipos de agressores e que cada tipoter motivaes diferentes pelo que tender a escolher vtimas diferentes, mas, SEMPRE UMA ESCOLHA, e voc pode interferir nesse processo diminuindo ouaumentando as hipteses de ser escolhido.

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    Lembre-se dos predadores selvagens que tm de caar para sobreviver. Que presasprocuram, as fortes saudveis e atentas ou as mais fracas, isoladas ou desatentas? Sebem que em desespero podem tentar atacar as primeiras as suas hipteses de sucessoso demasiado reduzidas e na maioria das vezes o dispndio de energia to grande

    que o esforo no compensa. portanto sobre as presas mais fceis que recaem as atenes pois a recompensa maior e os riscos (de ser ferido) so menores.O predador humano demonstra o mesmo tipo de comportamento. Ele procura umavtima fcil, que lhe d pouco trabalho e que lhe proporcione o maior ganho pelo menoresforo com o mnimo de risco.Anos atrs tive a oportunidade de conviver com muitos dos chefes da guerrilhaTimorense. Homens que lutaram dcadas contra um invasor muito mais forte esobreviveram. Um dos motivos para o terem conseguido foi o facto de escolheremcriteriosamente os seus alvos. Contaram-me que se viam um grupo disciplinado, atento,bem organizado, deixavam-se estar escondidos e no entravam em conflito. Por outrolado se viam um grupo disperso, pouco concentrado nas suas aes, visivelmentecansado ou demonstrando qualquer sinal de desleixo atacavam.No vivemos (felizmente) o mesmo tipo de situao que esses homens viveram mas,os que desenvolvem uma atividade predatria, agem do mesmo modo.Por predador humano devemos entender o Assaltante, Agressor, Criminoso, Violador,Assassino, etc. e por muito diferentes que sejam, as suas motivaes resumem-se aduas:

    ECONMICAS EMOCIONAIS

    Quando a motivao econmica usam a violncia ou a intimidao para obter recursose procuram essencialmente dinheiro ou bens.Atuam sempre pela fora (isso no significa que atuem sempre de emboscada) mas nogeral limitam-se ao roubo ou ao furto. Uma vez conseguido o seu intento no tomammais aes que coloquem em risco a sua integridade fsica (no entanto existe sempre orisco de tomarem aes mais srias no caso de no quererem ser identificados).Pode resumir-se a sua ao da seguinte forma: eles tm uma necessidade: voc temum recurso (dinheiro ou objeto): se a necessidade for satisfeita no causam maisproblemas (no geral querem desaparecer o mais rpido possvel).Um agressor com motivaes de origem financeira tende a escolher vtimas queproporcionem a maior recompensa ao mais baixo risco. Isto significa que no irescolher algum forte, atento ou acompanhado.As vtimas preferenciais sero mulheres, idosos ou homens mais pequenos ou fracos.Tambm indivduos que paream distrados, cansados, inseguros ou isolados, ou sob oefeito de lcool ou drogas constituem alvos prioritrios.Quantas mais caractersticas destas algum apresentar maior ser a probabilidade deser escolhido como alvo.Quando a motivao emocional, no esto interessados nos seus bens mas em si. Asua integridade fsica corre enorme risco.Incluem-se neste grupo: Violadores, assassinos, assassinos em srie, indivduos ougrupos violentos e jovens procura de estatuto na hierarquia do grupo.Os bens no lhes interessam. Tudo o que querem fazer-lhe mal e o que os move

    alguma espcie de prazer.

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    Neste caso as vtimas podem ser muito diferenciadas, dependendo da preferncia dosagressores.Ainda assim a maioria dos aspetos referenciados anteriormente so vlidos. importante lembrar que nem todos os agressores, independentemente da suamotivao, agem de forma impulsiva ou surgindo inesperadamente de trs de uma

    rvore ou esquina. Alguns iro tentar aproximar-se de si de forma cordial e amigvelprocurando dessa forma ultrapassar as suas defesas naturais. O objetivo ser faz-loacreditar que no uma ameaa e avaliar se so uma vtima conveniente (esteprocesso muita vezes referenciado pelo nome de Entrevista).A primeira impresso que criamos acerca de algum difcil de alterar, se rotulamosum estranho que se dirigiu a ns como simptico e agradvel, torna-se depois difcil v-lo como algum perigoso.Essa primeira impresso pode comprometer a sua segurana uma vez que ela estrelacionada com o esteretipo ou preconceito.Tendemos a catalogar os outros em funo de crenas muitas vezes errneas ouinfundadas. Para a sua segurana tenha presente o seguinte:

    No espere que o agressor corresponda aos esteretipos criados. Feio no sinnimo de mau e bonito no o mesmo que bom. Voc no pode julgar pelas aparncias, um agressor (em especial os movidos

    pelo prazer) no ser detetvel dessa forma. Um agressor sabe que voc ter mais cuidado se for abordado por algum com

    mau aspeto, e que baixar a guarda se o sujeito for bem-parecido e educado. Apesar da maioria dos agressores serem homens, no assuma que nunca

    poder ser uma mulher. A vida real no um filme onde voc consegue quase sempre saber quem so

    os bons e quem so os maus.

    No necessrio ser um especialista para conseguir avaliar se est a ser escolhidocomo potencial vtima. Os sinais so fceis de detetar, basta estar atento.Alguns dos indcios so os seguintes:

    Algum olha para si atentamente, estudando-o. Os membros de um grupo olham para si, trocam algumas palavras ou gestos

    entre eles e comeam a movimentar-se. Indivduos que se movem de forma a cortar-lhe o caminho ou que tentam cerc-

    lo. Algum que procura estabelecer contacto olhos-nos-olhos. Algum que insiste em aproximar-se de si.

    Estes sinais nunca devem ser ignorados. Nunca ignore a sua intuio de que algo noest certo.Voc pode no compreender exatamente o qu mas muitas vezes pressente que algono bate certo.Isso resulta de pequenos indcios, pedaos dispersos de informao que ainda no setornaram claros, algo como peas de um puzzle que comeam a encaixar-se umas nasoutras mas que ainda no deixam perceber a imagem final. Pode ser a expresso demedo na cara de outra pessoa num local onde acabou de entrar, pode ser aquelecomportamento desajustado das circunstncias ou local, pode ser o facto de algum

    estar de gabardine numa estao de servio num quente dia de vero, enfim, pode ser

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    muita coisa. Oua a sua intuio pois ela pode salv-lo, e se afinal no for nada, nadase perdeu.

    Se todos somos potenciais vtimas, existem contudo grupos de risco mais elevado:

    Crianas. Idosos. Mulheres. Quem aparente uma capacidade fsica dbil. Pessoas sobrecarregadas (com compras, crianas ao seu cuidado, etc.).

    Compreendendo a forma como ou porqu um agressor escolhe as suas vtimas,podemos adotar um conjunto de comportamentos ou medidas que levem diminuiodo nosso potencial de vtima.

    Desencoraje o agressor no parecendo uma vtima fcil. Tenha o cuidado de transmitir uma atitude confiante. Lembre-se que a sua

    linguagem corporal transmite muita informao acerca de si. No esteja distrado, permanea com um nvel de ateno adequado. Procure no sair sozinho em especial noite. Tente no atrair demasiado as atenes para si. Exibir jias ou objetos caros em

    pblico, produzir-se excessivamente ou ter um comportamento extravagantepode no lhe trazer a ateno pretendida mas a indesejada.

    Mantenha-se em boa forma. Mantenha em mente que um individuo solitrio, metido consigo prprio,

    cabisbaixo, aparentando alheamento do que se passa em seu redor tem maiorprobabilidade de ser selecionado.

    Evitando os locais referenciados como de risco acrescido. Evitando os indivduos que apresentem comportamentos estranhos. Analisando e estando consciente do seu prprio comportamento.

    Ao seguir estes procedimentos, estar a anular cerca de 80% das hipteses de se verenvolvido em situaes de risco. Provavelmente nunca saber sequer quantas j evitou.Ter noo de ter evitado uma ou outra que se tornaram um pouco mais evidentes masa maioria das vezes no chegou a pressentir nada, mas pode estar certo que o seucomportamento e atitude corretos afastaram mais do que uma vez potenciais

    agressores.

    Infelizmente nem todas as situaes de risco podem ser evitadas. Em algumassituaes, por algum motivo voc no pode simplesmente afastar-se do perigo. Outrasvezes, independentemente da sua vontade e esforo, os problemas vo encontr-lo,quer queira ou no.Quando no se conseguiu evitar uma situao de risco mas esta no evolui ainda parao confronto fsico possvel tentar resolver a mesma sem recorrer violncia.Isto significa que j existe uma ameaa especfica, pelo que o seu nvel de alerta devej ter sido adequado s exigncias (deve encontrar-se em Cdigo Laranja e est no

    patamar DISSUADIR).

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    O tringulo est completo, existe um agressor, voc (a vtima), e uma oportunidade paraque a violncia surja.Chegados aqui importante analisar o risco. A violncia inevitvel ou ainda possvelresolver a questo sem o seu recurso? Se sim qual a melhor forma de sair da situaode forma rpida e segura?

    Reagir intempestivamente pode piorar a situao e fazer eclodir a violncia. Nesta faseo seu comportamento a pea-chave. Passar diretamente a Cdigo Vermelho no conveniente (a menos que o ataque seja eminente). Se a situao for um assalto, o maisseguro ser dar ao agressor o que ele pretende. Se os motivos forem emocionais,vamos ver se possvel acalmar a situao.Ao analisar a situao deve ter em conta algumas questes acerca do agressor:

    Qual a sua capacidade fsica aparente ( maior ou menor, mais forte ou menos,etc.)?

    Qual o grau de confiana que evidencia? Indicia ter alguma arma (ou esta evidente)? Est sozinho (pelo menos aparentemente)? Tem alguma reputao perigosa?

    Outros aspetos a analisar tm a ver com o meio envolvente: Para onde posso fugir se for necessrio? Qual o caminho para um local seguro? Existe algum que me possa ajudar? Tenho algo (ou existe no local) que possa servir de arma improvisada? Existem cmaras de vigilncia por perto?

    Estes fatores so importantes para que possa delinear a sua estratgia.

    Um confronto como uma pea de teatro onde cada um desempenha um papel.A existncia do mau (agressor) fora a que exista uma vtima assustada, ou um contraagressor. Este o elenco mais provvel e um desses papis que o agressor esperaver desempenhado por quem contracena consigo.Se v uma vtima submissa que aparenta medo e incapacidade de reagir, sabe que temo caminho livre para fazer o que quiser. Se v desempenhar um papel de contraagressor, o mais provvel que a situao se v complicando progressivamente umavez que ambos agem de forma agressiva.Estes so os extremos opostos, mas existe uma outra possibilidade, o comportamento

    assertivo.Ser assertivo mostrar fora e presena sem confrontar ou sem intimidar. Vocpretende mostrar-se calmo, seguro e confiante e fazer passar a mensagem de que noquer partir para a violncia mas que se a situao assim o exigir est pronto para o quevier.Esta atitude pode dissuadir o agressor e levando-o a achar que no vale a pena e queser melhor ir incomodar outro.No entanto isto s resulta se deixar uma sada ao agressor. Se o conduz a um pontoonde ele acha que j no pode recuar ou que se o fizer ir perder a face ou a reputao,o melhor preparar-se para a luta pois ele no se vai retirar.Um aspeto interessante que muitas vezes a violncia vem com indicaes de como

    pode ser resolvida:

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    - ou pra com isso ou vamos ter problemas; - melhor ir-se embora antes que eume chateie (etc.)A soluo est l, clara: - ento porque no aceitamos e tudo fica resolvido?Porque preferimos desempenhar o papel de contra agressor. Porque achamos quetemos de agir assim e porque receamos como iremos ser vistos pelos outros se

    retirarmos sem dar luta.

    Numa situao de confronto enfrentamos quase sempre pelo menos dois inimigos, um(ou mais) est nossa frente, o outro dentro de ns.Por vezes, bem mais perigoso o ultimo do que o que est nossa frente. Talvez oindivduo que est a nossa frente tenha somente perdido a cabea momentaneamentee agora pretende apenas uma sada honrosa da situao. S que o inimigo dentro desi (e provavelmente dentro dele tambm) no o quer deixar ir e no lhe quer permitiressa sada. Esse inimigo o ego ou o orgulho e leva-nos quase sempre por caminhosarriscados. A necessidade de ter a ltima palavra, a ideia de que homem que homem

    no leva desaforo para casa, o medo de ser visto como um cobarde, so tudomanifestaes de um ego insuflado disposto a pr-nos em risco para ser nutrido.Imagine o seguinte cenrio:Uma qualquer selva ou savana milhes de anos atrs, um tigre dente de sabre e umbando de primatas pr-humanos.Nesse tempo remoto o risco era servir de almoo, a recompensa era no o ser, nadamais havia fora destes extremos.Agora imagine um dos elementos do bando de primatas a recolher algum alimento umpouco afastado do restante grupo. Eis que de repente surge o nosso vilo um possantetigre dentes de sabre disposto a garantir o seu jantar. Qual acha que teria sido o papeldesempenhado por cada um dos elementos em cena? O tigre teria tentado tudo o quepudesse para apanhar o primata, este teria feito tudo o que pudesse para se pr a salvofugindo o mais rapidamente que conseguisse para a segurana do topo de uma rvore.E os amigos os restantes primatas do bando? Esses teriam fugido da mesma formaque o primeiro.Uma vez em segurana tudo voltaria ao normal, o tigre iria procurar o almoo noutrolugar (que remdio) e os primatas voltariam ao que estavam a fazer ou a qualquer outraocupao (escapmos desta, venha a prxima).O que no aconteceria de certeza seria o seguinte:- Esto p, acobardaste-te? No vales nada, s um medricas, ai se fosse comigopodes ter a certeza que partia o focinho ao tigre!Isto foi milhes de anos atrs quando ainda ramos apenas mais um elo na cadeiaalimentar e ainda estvamos longe de atingir o topo. Nessa altura no tnhamos dvidas;o que era preciso era sobreviver; no havia orgulho ou ego a intrometer-se no caminho.Milhes de anos mais tarde, providos de um crebro prodigioso comeamos acomplicar o que era simples.No ceda ao ego. Se tem uma forma de sair de uma situao de risco de forma pacficaaproveite-a. No pense no que os seus amigos vo dizer (pode ter a certeza que algumlhe dirai se fosse comigo). Quando algum lhe diz isso, porque no foi com elee falar sem estar de facto envolvido na situao fcil.No ligue tambm s provocaes do agressor, por dois motivos: em primeiro lugarporque pode estar a tentar arrast-lo para uma situao em que quase de certeza ele

    est em vantagem; em segundo lugar porque pode estar somente a representar um

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    papel (lembre-se que o ego no o afeta s a si, ele tambm sente que tem uma imagema preservar).Muitas vezes a prpria vtima que faz despoletar a violncia. comum algum aosentir-se ameaado responder com um empurro ou um estalo e isso pode abrir a portapara a violncia desenfreada. Tente evitar este comportamento, tomando medidas:

    adote uma posio defensiva (mas no deguarda), no se deixe arrastar para aviolncia, mantenha-se calmo, estude ocomportamento do seu oponente, procuresadas para a situao, e prepare-se paraagir, se vier a ser necessrio.

    A manuteno do seu espao pessoal vital. Se deixar um estranho ou um agressorinvadir o seu espao a sua segurana

    estar em risco. A uma distncia curta(considero curta a distancia a partir da qualo agressor no ter que fazer umdeslocamento para o agredir ou agarrar) as

    suas hipteses de reagir atempadamente so diminutas (pelo menos a um ataqueefetuado de forma determinada).Isto deve-se ao facto de que a reao sempre mais lenta do que a ao (a nica formade poder lidar com este problema aumentando a distncia para obter mais tempo deresposta).Criar uma barreira como construir uma vedao ou cerca volta da sua casa. Se elano existir batero diretamente porta; quando existe mantm uma distncia da casa equem for bem-intencionado s entrar se for convidado; ou pulada intencionalmentepor quem no a pretende respeitar e tem ms intenes (derrubar esta barreira umtrabalho que o agressor ter que fazer e mais uma vez, ao aperceber-se da suaexistncia poder optar por procurar algum que simplesmente no a tenha).As tentativas para fazer desaparecer a barreira podem tomar forma violenta ouamistosa, mas o intuito ser sempre chegar to perto de si quanto possvel (no conteapenas com ataques em raiva vindos de fora de distncia; esses so os mais fceis delidar).Caso seja possvel, pode criar esta barreira interpondo algo entre si e o agressor: umamesa, uma cadeira, um caixote de lixo, um poste de eletricidade, outra pessoa oupessoas, qualquer coisa que obrigue o agressor a movimentar-se e que no permitaque estreite rapidamente a distncia entre si e ele.Se no for possvel interpor um objeto, poder ainda criar uma barreira com o seu corpo.Essa barreira ser efetuada com os seus braos mas tendo o cuidado de no a tornarameaadora ou desafiadora (a tradicional posio de guarda de boxe no recomendada pois pode ser vista como um convite para a luta).Basicamente coloque os seus braos nos espao entre si e o oponente, pouco esticadose evitando tocar no mesmo (o objetivo que este no toque em si).Disfarce tanto quanto possvel falando com as mos. Recue um pouco um dos seusps para trs de forma a no ficar posicionado completamente de frente para o seuoponente (o p a deslocar da sua escolha, como se sentir mais confortvel).

    A sua mo da frente deve controlar a distncia do agressor, a de trs fica preparadapara defender/atacar se for necessrio.

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    Mantenha a barreira e preserve o seu espao pessoal, s assim conseguir assegurarum tempo e capacidade de resposta adequado.Se algum tentar continuadamente invadir o seu espao prepare-se para o defender (oupara fugir se tiver a oportunidade). O comportamento de algum que no procura oconfronto ser conceder outra pessoa o espao que esta necessita (se sente que

    incomodou o outro naturalmente aceitar a indicao para se afastar um pouco); ocomportamento de algum com ms intenes revela-se pela tentativa constante deviolar esse espao (mesmo quando j se tornou evidente e explcito que est aincomodar).Mais uma vez, e isto extremamente importante, NO DEIXE QUE INVADAM O SEUESPAO!.

    Apesar dos esforos para impedir que a situao entre numa espiral irreversvel queconduza inevitavelmente violncia, voc tem de estar consciente que essapossibilidade est sempre presente.

    Prepare por isso um plano de ao, retire se for possvel, no faa ameaas e prepare-se para a eventualidade de ter de lutar ou fugir (entre em cdigo vermelho).Existem sinais que tornam evidente que a violncia est eminente. Observe o seuoponente e procure pelos seguintes indcios (esteja atento se os mesmos no estopresentes em si).

    Olhar fixo e intenso. Testa baixa (cabea inclinada para baixo e para os lados). Alteraes no tom ou volume da voz. Olhos muito abertos ou muito cerrados. Incapacidade para permanecer quieto.

    Tiques nervosos como cerrar os punhos ou morder os lbios. Tentativas constantes de violar o espao pessoal ou de agarrar. Frases muitos curtas (geralmente reduzidas a uma s expresso).

    Estes sinais evidenciam que o individuo j se encontra fortemente influenciado pelosefeitos da adrenalina ou seja a REAO DE LUTA OU FUGA j foi ativada.Compreender esta reao e os seus efeitos muito importante. Para o percebermostemos que saber um pouco sobre o nosso crebro e sobre o MEDO.

    O que o medo? Em que consiste? Para que serve?

    O medo hoje muitas vezes visto como falta de coragem ou de bravura mas, o medooriginal era algo muito diferente.Existem trs conceitos que geralmente se misturam e confundem, medo, ansiedadee fobia(esta uma discusso em aberto e longe de ser consensual).Tentarei explicar a diferena entre eles recorrendo a um exemplo.Imagine-se no topo de um arranha-cus. A maioria da espcie humana tem medo dealturas por isso muito provvel que voc tambm sofra desse medo. Mas ser medoo que est a sentir? Temos medo da altura ou temos medo da queda? que se o medo da queda e se estamos no topo do edifcio significa que ainda no camos, portanto oque sentimos no o que est acontecer mas sim o que pode vir a acontecer e as suasconsequncias e isso ansiedade, a anteviso de um mal. Quando a ansiedade se

    torna incontrolvel impedindo-nos, usando o exemplo, de subir a qualquer local altoainda que no exista nenhum risco, entramos no campo da fobia.

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    O medo um mecanismo de sobrevivncia que desempenhou um papel determinantena evoluo e preservao do ser humano enquanto espcie e que no racional (omesmo mecanismo est presente nos animais irracionais).O que este mecanismo faz desencadear de forma quase automtica um conjunto dealteraes no organismo que o deixam preparado para fazer face a uma ameaa

    eminente. Sem ele provavelmente no teramos sobrevivido e estaramos extintos (ouseramos muito diferentes do que somos).Lembra-se da histria do tigre dentes de sabre e do primata? O medo foi o que manteveo ltimo a salvo. Os aspetos negativos hoje conotados ao medo ainda no tinhamsurgido e este servia ainda um nico propsito, preparar o organismo para fugir ou lutare isto tudo o que continua a fazer, o problema ser mal compreendido.Sculos de desinformao levaram a uma compreenso errada do nosso velho aleado,a observao das alteraes exteriores (as manifestaes do medo) foram malcompreendidas e o medo comeou a ganhar a sua m reputao (de cobardia).Felizmente os avanos tecnolgicos permitem hoje estudar com rigor este mecanismoe finalmente compreender os seus efeitos e o seu porqu, mas a conotao que ganhou

    difcil de ser alterada.

    Vamos voltar a histria do primata no exatomomento em que os seus sentidos detetaram aameaa (o tigre). Em milsimos de segundo osom, a imagem, movimento ou uma conjugao devrios estmulos enviado para uma estrutura nocrebro conhecida por Tlamo (1); este envia ainformao para a Amgdala(2) que tem a funo

    de descodificar as emoes e conseguedeterminar possveis ameaas com base nasmemrias de situaes de medo vividasanteriormente.Ela ento informa o Hipotlamo(3) para dar inicia reao de fuga ou luta e uma reao emcadeia ocorre dando ao primata as capacidadesnecessrias para se por a salvo.

    Este circuito conhecido por Caminho Baixo rpido mas desordenado e do gnerodisparo primeiro e pergunto depois e tem como nico objetivo desencadear umaresposta fisiolgica o mais rapidamente possvel.

    Este caminho ainda hoje continua ativo e funcional, mas a evoluo do nosso crebrolevou criao de um outro conhecido por Caminho Alto, mais lento mas maispreciso ao nvel da interpretao. Este visa confirmar se de facto se est perante umaameaa real ou se falso alarme.Ambos so ativados em simultneo mas percorrem estruturas diferentes dentro docrebro antes da ativar a resposta biolgica de fuga ou luta .Este caminho envolve o Crtex Sensorial e portanto s pode ter sido desenvolvido apso surgimento do NEO-CORTEX, a camada mais moderna do nosso crebro e aquelaque nos distingue dos restantes animais dotando-nos de uma inteligncia superior e darazo.O seu surgimento permitiu ainda o desenvolvimento da conscincia e do raciocnio

    lgico ou argumentativo e que passssemos a ter conscincia do presente, do passadoe das consequncias futuras das aes.

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    Para alm do Neo-cortex o nosso crebro tem ainda mais duascamadas o CREBRO LMBICO que corresponde faseintermdia no desenvolvimento do crebro (comum a todos osmamferos e responsvel pelas nossas respostas emocionais) e oCREBRO RPTILIANO(ou Complexo R) que o mais primitivo

    e assegura o controlo das funes vitais como o batimentocardaco, respirao, digesto, a regulao da temperaturacorporal ou o equilbrio (altamente fivel mas tambm rgido ecompulsivo, o crebro dos Instintos e da ao e apenas temconscincia do momento presente).

    Tal como no caminho baixo o estmulo enviado para oTlamo(1) mas neste caminho este envia a informaopara o Crtex Sensorial(2) que a interpreta de forma aatribuir-lhe um significado.O Crtex Sensorial envia essa informao para oHipocampo(3) para este estabelecer um contexto.

    O Hipocampo determina se de facto existe uma ameaaou se foi falso alarme.Caso determine que foi falso alarme d ordem Amgdala(4) para avisar o Hipotlamo(5) para cessara resposta de fuga ou luta que j tinha sido ativada pelocaminho baixo.Este caminho mais racional e portanto menos instintivoe mais demorado.

    Um exemplo para perceber os dois caminhos em funcionamento:Voc est em casa calmamente deitado na sua cama e de repente ouve um barulho.Fica em sobressalto, sente o corao a bater mais forte, a respirao a tornar-se

    ofegante e os seus sentidos entram em alerta total. E tudo isto se passou num nicoinstante. O barulho desencadeou atravs do caminho baixo a reao de fuga ou luta porser possvel que exista uma ameaa (talvez algum tenha entrado em casa pararoubar).Agora os seus sentidos esto procura de indcios que confirmem se de facto algumentrou em casa. Se assim for deve ouvir passos ou outros rudos; os segundos vo-sepassando e nada acontece; por isso atravs do caminho alto enviada uma mensagempara desligar o sistema e voltar calma.

    Ambos os caminhos do mecanismo do medo levam ao hipotlamo e este controla aresposta de sobrevivncia conhecida por Reao de fuga ou luta.Esta resposta consiste num conjunto de alteraes fisiolgicas que tm como objetivodeixar o individuo pronto para enfrentar o perigo ou fugir do mesmo.Para desencadear esta ao o hipotlamo envia um impulso nervoso para as glndulassuprarrenais (ao qual est ligado atravs do sistema nervoso) e estas libertam umtransmissor qumico na corrente sangunea, a Adrenalina. Ao chegar aos diversosrgos esta vai despoletar diferentes reaes em cada um deles.

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    Ao chegar aos diferentes rgos a adrenalina provoca as seguintes reaes:

    Libertao na corrente sangunea do glicognio armazenado na forma de

    glicose para fornecer energia aos msculos.

    Aumento da capacidade pulmonar por vasodilatao de forma a melhoraro fornecimento de oxignio necessrio para o funcionamento muscular.

    Acelerao do ritmo cardaco de forma a fazer chegar o oxignio e aenergia de forma mais rpida aos msculos.

    Diminuio da atividade deste aparelho para que a energia sejadisponibilizada para outras funes mais importantes no momento.

    Aumento da capacidade muscular por vasodilatao de forma a torn-losmais capazes de absorver a energia de que necessitam para funcionar.

    Foi por ao da adrenalina que ao ouvir o rudo comeou a sentir as alteraes que

    foram descritas no exemplo (em sobressalto, sente o corao a bater mais forte, arespirao a tornar-se ofegante e os seus sentidos esto em alerta total)

    Ao interpretar corretamente os efeitos vai perceber que afinal voc no o cobarde quejulga ser ou que o levaram a crer que . No cobardia ou medo (como entendidocomummente) apenas o seu corpo a reagir da forma que foi programado para o fazer.Compreenda isto e descobrir uma fora e um poder que no julgava ter. A libertaodo medo reside na sua compreenso.

    provvel que antes de agir sinta as pernas (ou outros membros) a tremer. Isso no medo a reao natural dos msculos ao serem inundados de sangue carregado deenergia (os sistemas considerados no vitais foram desligados ou a sua atividade foireduzida ao mnimo e tudo se concentra nos principais grupos muscularespredominantes para a ao).Controle este sintoma contraindo e descontraindo a musculatura ou esfregando osdedos dos ps contra o sapato. No feche as mos energicamente pois pode levar auma escalada na confrontao. Opte por algo pouco visvel.

    Isto acontece porque algumas reas do crebro (associadas ao processamento da fala)no so vitais e como j foi referido so desativadas para poupar energia.

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    Se no conseguir controlar este sintoma prefervel manter-se em silncio tentandocomunicar predominantemente atravs da linguagem corporal.

    O efeito viso de tnel consiste na diminuio do campo visual. A viso perifria

    fortemente afetada devido ao excesso de concentrao.Para combater este problema lembre-se de procurar constantemente por outrasameaas mudando o seu foco de ateno constantemente.No possvel evitar ou recuperar do surgimento deste efeito. Por isso deve estarconsciente do mesmo e dos procedimentos a tomar.

    Em situaes de stress a coordenao motora fina tende a ficar comprometida o quenos torna incapazes de realizar movimentos complicados ou que exijam grande preciso(movimentos executados por pequenos msculos).Por este motivo as tcnicas a aplicar em defesa pessoal devem ser simples e basearem-

    se na ao dos grandes grupos musculares que exigem menor controlo cerebral.

    Nuseas; mos suadas; calafrios; pelos eriados Esvaziamento dos intestinos ou bexiga

    Os ltimos dois efeitos so mais uma vez devidos ao desligar de sistemas consideradosno fundamentais. A eliminao de comida no digerida ou de fezes ou urina foi numpassado longnquo algo de til. Hoje mal aceite socialmente, mas do ponto de vistaestritamente biolgico o aliviar de carga desnecessria faz sentido.

    Voc j percebeu que no vai ser possvel evitar a violncia, no houve forma dedemover o agressor das suas intenes. Restam-lhe agora poucas alternativas quepassam pela resposta de luta ou fuga.Mais uma vez as hipteses em aberto so o resultado de milhes de anos de evoluoe exposio ao perigo. Fugir ou Lutar so as mais bvias mas existem ainda aImobilizaoe o Desmaio.Comecemos pelo fim. Desmaiar uma resposta para no ter que lidar com uma dorprevisivelmente muito intensa. Na atualidade, desmaiar durante uma situao de riscono uma boa ideia (mas acontece).

    A imobilizao tambm deve ser evitada, se entendida como o congelamento ou aincapacidade de agir perante o perigo. Ficar imvel surgiu pelo facto de para algunspredadores, somente um animal que corre ser uma presa e tambm pelo facto de nemtodos os predadores serem dotados de uma boa viso pelo que ficar imvel diminua apossibilidade de ser detetado (ainda hoje caadores ou militares utilizam esta medidaquando pretendem no ser detetados).Lutar deve ser a ltima opo e fugir sempre prefervel desde que as circunstncias opermitam. Existe no entanto como j referi, uma presso social para que no se vire acara luta.Curiosamente a mesma sociedade recrimina depois o uso de violncia. Liberte-se dessapresso, no se coloque em riscos desnecessrios por achar que no pode recuar. Uma

    ajuda pode residir no conhecimento que a luta (e aqui refiro-me a luta real onde a

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    sobrevivncia pode estar em jogo e no luta desportiva) tem repercusses (legais,psicolgicas ou fsicas) que podem mudar toda a sua vida.Fugir portanto a melhor estratgia e a mais segura. Lembre-se, a espcie humanachegou at aqui no por dar luta a todos os tigres dente de sabre ou qualquer predadorque se atravessou no seu caminho. Chegamos aqui porque desenvolvemos formas de

    evitar os riscos e quando no os podemos evitar FUGIMOS TO RPIDO QUANTOPOSSIVEL! No descarte uma estratgia de sucesso comprovado.

    Quando lutar absolutamente inevitvel preciso compreender como se passa defacto.O mais provvel que a luta dure cerca de trs segundos (o tempo de algum desferirum ataque violento, determinado e certeiro). Quando ela dura mais do que isso e seprolonga para l dos dez segundos a probabilidade que acabe no cho (voc deveevitar que isso acontea).O tempo do duelo de cavalheiros acabou h algumas geraes atrs (no espere um

    convite formal para a luta e que lhe deem tempo para tirar o casaco e arregaar asmangas).Os ataques furtivos so os mais comuns. O agressor tentar chegar o mais perto desi que conseguir e ento atacar com toda a fora procurando coloc-lo fora de combatede imediato. por isso que criar uma barreira (como j foi abordado) fundamental.Uma vez que a maioria da populao mundial dextra (usa maioritariamente a modireita) o ataque mais comum ser um soco desferido com essa mo ao rosto (asegunda opo ser ao estmago). Como tambm a maioria da populao no temtreino especfico, o mais provvel que esse soco no seja um prodgio de tcnica(provavelmente ser uma padeirada um golpe circular aberto pouco preciso masviolento).Em 80% dos casos o ataque ser precedido de um agarrar (ou de uma tentativa paratal) pelo colarinho, pelo ombro ou do pulso (tenha o cuidado de no concentrar toda asua ateno no agarre, o maior risco reside no ataque subsequente).No assuma que s ser atacado pela frente ou por apenas um oponente, pois umataque pode surgir de qualquer direo.

    Lutar pela sua sobrevivncia ou pela manuteno da sua integridade fsica (ou deoutros) no tem nada a ver com qualquer outra luta. No vo existir rbitros ou juzes

    para controlar a luta. No existiro regras ou golpes ilegais nem cdigos de condutaou tica. No conte com nenhuma espcie de clemncia da parte do agressor. Ele vaifazer e utilizar tudo o que tiver disponvel para o deixar fora de combate, incluindo armas(improvisadas ou no). Outra grande diferena que no h medalhas para distribuirnem se ganha por pontos.Ganhar alis algo muito relativo. O seu objetivo ser criar uma oportunidade para quepossa rapidamente e de forma segura colocar-se a salvo.

    Acontea o que acontecer, NADA EST ACABADO AT QUE ESTEJA ACABADO! Istosignifica que ou j est a salvo ou ento est inanimado no cho.

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    Numa luta a determinao fundamental, mais do que a tcnica e a fora o empenhoe a vontade de sobreviver que ditam o resultado. Desistir pode significar a morte ouleses graves.No foi por sua culpa que o confronto comeou (assumindo que fez todos os possveispara o evitar nem que est a lutar devido ao ego) portanto no se sinta culpado;

    deixaram-no sem sada portanto lute com determinao. Isto um problema para muitagente. Os bloqueios e a averso violncia to grande que simplesmente noconseguem a determinao necessria para agredir seja quem for ainda que a sua vidadependa disso.Se a sua repulsa em agredir algum for to forte que o paralise tente colocar o seguintepensamento na sua cabea:Se eu no d eter es ta pessoa el a acab ar com igo e de s egu ida ir fazer m al a

    todos os que me so queridos.

    Colocar as coisas nesta perspetiva pode dar-lhe a determinao necessria parasobreviver.

    Voc precisa de estar em Cdigo Vermelho. No v para o cho. Ainda que seja capaz de controlar o seu agressor existe o

    risco de que surjam outros que o ataquem enquanto nessa posiodesvantajosa.

    Se involuntariamente acabar no cho procure levantar-se o mais rpido possvel. No tente imobilizar o oponente. Mova-se. Parado ser um saco de pancada, especialmente se for atacado por

    mais do que um agressor. No se empenhe em demasia com um oponente. Longas trocas de golpes levam

    ao cansao e/ou desateno. Ataque com deciso e retire logo que possvel. Mantenha-se atento ao que se passa ao seu redor, pois podem surgir mais

    agressores. Se for agarrado deve contra-atacar. No procure somente libertar-se. Se se vir cercado, ataque ferozmente tudo o que se aproximar de si. Se possvel

    tente dirigir-se para um dos flancos ou procure alinhar os agressores. Fuja assim que tiver uma oportunidade.

    Quando o confronto se tornou fsico e portanto violento voc no pode estar a pensar

    em tudo o que pode acontecer posteriormente. Agora a sua estratgia simples,SOBREVIVER ao confronto. Toda a sua ateno, todos os seus recursos, toda a suaenergia tm que estar em sintonia e focados nesse objetivo.Para sobreviver precisar de efetuar aes defensivas e ofensivas. Isto significa queprovavelmente ter que agredir o seu agressor. Se se mantiver exclusivamente nadefensiva as suas hipteses sero muito reduzidas.Defensivamente voc pode evitar ou bloquear o golpe ou atacar preventivamente(retirando a iniciativa ao oponente).A sua principal preocupao ser a de impedir que este o agrida e para isso poder terde o atacar antes que ele o ataque a si. Esta opo s deve ser tomada quando todasas hipteses de resoluo do conflito falharam, incluindo a fuga. No havendo outra

    hiptese e sendo inequvoco que ir ser atacado a sua ao justificada.

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    Tambm possvel que tenha que agir em contra-ataque reagindo a um ataque doagressor. Nesta situao a sua principal preocupao dever ser a de evitar o golpe ese possvel criar uma oportunidade para neutralizar a ameaa ou criar condies paraa fuga.Se esta surgir no hesite; se puder fugir fuja (podem existir situaes que o impeam

    de fugir como por exemplo a existncia de outros cuja segurana dependa de si e queno consigam fugir). Se no poder fugir mas tem oportunidade de acabar com a ameaaneutralizando o seu agressor no a desperdice (pode no ter outra).Importa referir que neutralizar o agressor significa criar as condies para que este noseja mais uma ameaa e isso pode tomar vrias formas (desde simplesmente afast-lode si e mant-lo longe, passando por provocar-lhe danos fsicos mais ou menos gravesou no extremo provocando a sua morte). O uso de fora necessrio ter quecorresponder ao exigido e ser adaptado a cada situao.Assim que o agressor deixar de ser uma ameaa efetiva controle as suas aes.Continuar a atac-lo quando este j estiver indefeso pode ter implicaes legais contrasi. O que comeou por ser o seu direito legtimo de se defender pode alterar-se

    rapidamente e voc pode passar a ser o agressor invertendo-se os papis. Lembre-seque o ego, o orgulho, e nestes casos a fria ou a raiva podem for-lo para l donecessrio e admissvel. No se deixe controlar pelas suas emoes.

    Por muito que tenha visto filmes onde o heri luta (e vence) contra vinte ou trintaadversrios a realidade muito diferente.Na realidade no possvel lutar eficazmente contra mais do que um agressor de cadavez, mas isso no significa que apesar da desvantagem numrica no tenha nenhumachance. possvel lutar contra vrios oponentes ainda que seja com um de cada vez,mas no espere que eles se coloquem em fila espera da sua vez (contudo

    exatamente isso que deve procurar fazer). Fique de p e movimente-se para quesomente um de cada vez o consiga atacar. Essa a sua melhor estratgia defensiva(algo como o jogo do trs em linha).Atacar preventivamente um dos elementos do grupo de forma determinada pode resultar(especialmente se for o lder) e talvez faa os outros desistir.

    Verifique se necessita de cuidados mdicos.Se neutralizou o seu agressor e este deixou de ser uma ameaa verifique se este precisade cuidados mdicos (por difcil que lhe possa parecer fazer isso e ainda que no tenhadado nada mais do que merecido, este auxlio importante at para o caso de conflitoslegais que possam surgir. Voc ser visto de forma diferente em tribunal se tentarsocorrer o seu agressor).Comunique o sucedido as autoridades pois, nada impede o agressor de apresentarqueixa contra si e contar a histria que bem entender.Se as autoridades comparecerem no local, colabore com as mesmas. Mostre-se calmoe cooperativo. Compreenda que os agentes acabados de chegar no tm forma desaber o que se passou, se o vm agressivo e agitado vo consider-lo uma ameaa epodero tomar medidas preventivas contra si.Seja educado, responda s questes que lhe colocarem mas sem se perder emexplicaes muito longas (mais tarde no se lembrar do que disse).

    No invente, atualmente as probabilidades de o sucedido ter sido filmado por algumacmara de segurana ou por um transeunte com um simples telemvel so muitograndes. Se tiver dvidas pea apoio jurdico.

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    Cada pas tem o seu enquadramento legal no que diz respeito ao conceito de LEGTIMADEFESA. Alm disso, a legislao pode ser alterada pelo que convm procurar manter-se atualizado sobre a mesma (consulte um advogado se necessitar de aconselhamentoou informe-se junto das autoridades).

    Como vimos, a evoluo dotou-nos de mecanismos, respostas biolgicas eficientes evrias estratgias para fazer face ao perigo. Hoje vivemos em sociedade e issodetermina em grande parte as nossas aes. A sociedade impe um conjunto de regras,normas e leis aos cidados para que estes possam viver em harmonia, mas,infelizmente estas regras no so seguidas por todos. Ao tomar a opo de LUTAR, importante que tenha o conhecimento do que lhe permito por lei.

    So atos ilcitos as agresses cometidas sobre terceiros. A Lei pune quem comete essasagresses que vo desde a injria verbal passando pela ofensa integridade fsica, at

    ao homicdio.Os cidados no devem tomar como responsabilidade sua a aplicao do poderpunitivo. Esse poder pertence ao Estado, que o exerce atravs das suas foras policiaise militares, de forma a evitar abusos e injustias de terceiros sobre os cidadosinocentes.

    Considera-se excluso de ilicitude quando a ordem jurdica no pune certos atos, quepoderiam ser tomados como agresses e que como tais, punveis por Lei.Esses atos tm que se enquadrar em determinados pressupostos e requisitos para queno sejam considerados ilcitos (artigos 31 a 33 do Cdigo Penal)

    Constitui legtima defesa o facto praticado como meio necessrio para repelir aagresso atual e ilcita de interesses juridicamente protegidos do agente ou de terceiros (artigo 32 do Cdigo Penal).

    Para que uma ao no seja ilcita e possa ser considerada como de legtima defesatm que ser observados os seguintes requisitos.

    Significa que a agresso (violncia fsica, verbal, psicolgica ou espiritual) tem de estara acontecer ou iminente e essa agresso de tal modo intensa que deve ser repelida.Atos desenvolvidos A posteriori ficam fora da excluso de ilicitude.

    Tem que se estar perante uma agresso que pretende violar direitos pessoais oupatrimoniais do indivduo ou de terceiros. Direitos esses, que so legalmente protegidospela ordem jurdica.

    A atuao s lcita se para proteger um direito consignado pela ordem jurdica comoa vida, a honra, a sade, etc.

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    Quando uma agresso iminente e no existe qualquer fora de segurana que possaconter essa agresso, lcito atuar de forma a repelir essa mesma agresso pelosprprios meios.

    A atuao deve ser proporcional agresso sofrida. O excesso de legtima defesa ilegal e no exclui a ilicitude.

    Perturbao, medo ou susto so considerados estados astnicos.Quando a defesa efetuada sob qualquer um destes estados de presso emocional oupsicolgica, ainda que desproporcional, poder no ser considerada ilcita. Os estadosastnicos so considerados como atenuantes.

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    Temos o direito de nos proteger. A nossa vida demasiado preciosa para que nos sejatirada. Nenhum bem material suficientemente valioso que justifique morrer por ele.A sua segurana no depende da sua habilidade para lutar mas sim da sua capacidadepara evitar os conflitos ou de procurar uma sada no violenta para a resoluo dos

    mesmos.Esteja consciente dos riscos e ponha em prtica as medidas preventivas referidas nestelivro (e outras que certamente conhecer). Esteja atento e controle o seucomportamento, ver que vale a pena.A sua segurana depende essencialmente de si, no ignore que o risco existe. Noacontece s aos outros, quem sabe quando um predador pode estar de olho em si?