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1 DEGRAVAÇÃO DA REUNIÃO DO COMITÊ MUNICIPAL DE MUDANÇA DO CLIMA E ECOECONOMIA DE 06 DE OUTUBRO DE 2015 Laura Ceneviva: ...do Comitê de Mudança do Clima e Ecoeconomia, a 43ª reunião desde a sua criação. Nós... eu me surpreendi hoje, pelo baixo quórum, porque muitas pessoas estão interessadas na informação que vai ser hoje trazida pela Doutora Chou, mas de todo jeito, vamos, com esse atraso já é suficiente, vamos dar início. Pergunto aos senhores, no primeiro ponto de pauta, se... nós enviamos a ata previamente, pergunto aos Senhores membros se alguém tem algum reparo a fazer à ata. Não? Sem reparos então, a ata é considerada aprovada. Aproveito para dizer que nós estamos pretendendo mudar o formato da ata, de fazê-la uma coisa mais sumária, bastante mais sumária, e encaminhar anexa a degravação dela, porque assim facilita a consulta das pessoas. Outra coisa. Nós temos informes gerais, vários, imagino que os Senhores também. No entanto, algumas pessoas já apontaram pra mim a necessidade de se retirar antes. Então eu pergunto se alguém se opõe a que a gente... Doutora Chou também está fazendo um sinal. Tranquilo, sem problema. Então vamos ter uma troca de computador, e aí antes de passar o segundo ponto da pauta então, enquanto é ajustado ali o computador, vamos fazer alguns informes, e antes disso o Secretário Romildo... Pode ir? Então vamos aos informes. Pergunto aos Senhores, quem tem informe pra fazer? Não? Eu tenho... Ah, então Flávia, da Secretaria de Relações Internacionais. Flávia: Eu queria só comunicar que entre os dias 12 e 14 de novembro vai acontecer a 20ª Cúpula de Mercocidades em São Paulo, Secretaria de Relações Internacionais é quem está organizando. E entre as mesas, uma delas vai ser pra debater a questão do meio ambiente na América Latina. Quem tiver nomes ou temas pra sugerir, eu deixo o meu contato com a Laura, e vai ser um prazer poder receber as contribuições de todos. Laura Ceneviva: Obrigada, Flávia. Mais alguém? Não? Eu vou anotar... vou falar, fazer os meus informes. O primeiro deles é só pra observar que ontem fui publicado no site da Convenção do Clima o esboço do Acordo de Paris. Ele estava no cronograma, a divulgação do documento para os países conhecerem e saberem se posicionar. É muito interessante a gente dar uma olhada, eu mesma peguei só ontem à noite, é longo, o formato de decisão é diferente do nosso, e tudo mais, mas é bastante interessante de se olhar. Isso se liga também a questão da declaração do Brasil, a contribuição como é que é? (incompreensível). Que eu acho que depois a gente vai ter que discutir isso aqui no município, de um modo mais preciso, a partir, principalmente, da reformulação da questão de energia que a gente vai ter no Brasil, pra atender aquilo que está lá. Outra coisa, outro informe é o informe de que o Ministério das Cidades recebeu um aporte a fundo perdido, de seis milhões de dólares, dedicado ao Programa de Mobilidade Urbana de Baixo Carbono em Grandes Cidades. O objetivo do Programa é o desenvolvimento de conhecimento e ferramentas que promovam a inclusão da redução de gases de efeito estufa nos projetos de transporte urbano de grandes cidades. Tem vários componentes o Programa, inclusive proposta de marco normativo, desenvolvimento de software pra fazer conta de emissão relacionada a transporte coletivo urbano, desenvolvimento de projeto piloto, e capacitação e disseminação de conhecimentos. Esse Programa de Mobilidade Urbana de Baixo Carbono em Grandes Cidades, ele está disponível na internet, ele foi assinado em abril, se não me engano, mas a operação do Programa foi assinada quinta-feira passada. Eles fizeram uma parceria com Instituto Energia e Meio Ambiente para execução desse Programa. O Instituto Energia e Meio Ambiente foi parceiro da Prefeitura de São Paulo e Secretaria de Transportes na elaboração do Plano de Mobilidade. Então isso, provavelmente, vai gerar uma série de trabalhos aqui nas cidades, na cidade de São

DEGRAVAÇÃO DA REUNIÃO DO COMITÊ MUNICIPAL DE … · No entanto, algumas pessoas já apontaram pra mim ... eu mesma peguei só ontem à noite, ... software pra fazer conta de emissão

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DEGRAVAÇÃO DA REUNIÃO DO COMITÊ MUNICIPAL DE MUDANÇA DO CLIMA E ECOECONOMIA

DE 06 DE OUTUBRO DE 2015

Laura Ceneviva: ...do Comitê de Mudança do Clima e Ecoeconomia, a 43ª reunião desde a sua criação. Nós... eu me surpreendi hoje, pelo baixo quórum, porque muitas pessoas estão interessadas na informação que vai ser hoje trazida pela Doutora Chou, mas de todo jeito, vamos, com esse atraso já é suficiente, vamos dar início. Pergunto aos senhores, no primeiro ponto de pauta, se... nós enviamos a ata previamente, pergunto aos Senhores membros se alguém tem algum reparo a fazer à ata. Não? Sem reparos então, a ata é considerada aprovada. Aproveito para dizer que nós estamos pretendendo mudar o formato da ata, de fazê-la uma coisa mais sumária, bastante mais sumária, e encaminhar anexa a degravação dela, porque assim facilita a consulta das pessoas. Outra coisa. Nós temos informes gerais, vários, imagino que os Senhores também. No entanto, algumas pessoas já apontaram pra mim a necessidade de se retirar antes. Então eu pergunto se alguém se opõe a que a gente... Doutora Chou também está fazendo um sinal. Tranquilo, sem problema. Então vamos ter uma troca de computador, e aí antes de passar o segundo ponto da pauta então, enquanto é ajustado ali o computador, vamos fazer alguns informes, e antes disso o Secretário Romildo... Pode ir? Então vamos aos informes. Pergunto aos Senhores, quem tem informe pra fazer? Não? Eu tenho... Ah, então Flávia, da Secretaria de Relações Internacionais.

Flávia: Eu queria só comunicar que entre os dias 12 e 14 de novembro vai acontecer a 20ª Cúpula de Mercocidades em São Paulo, Secretaria de Relações Internacionais é quem está organizando. E entre as mesas, uma delas vai ser pra debater a questão do meio ambiente na América Latina. Quem tiver nomes ou temas pra sugerir, eu deixo o meu contato com a Laura, e vai ser um prazer poder receber as contribuições de todos.

Laura Ceneviva: Obrigada, Flávia. Mais alguém? Não? Eu vou anotar... vou falar, fazer os meus informes. O primeiro deles é só pra observar que ontem fui publicado no site da Convenção do Clima o esboço do Acordo de Paris. Ele estava no cronograma, a divulgação do documento para os países conhecerem e saberem se posicionar. É muito interessante a gente dar uma olhada, eu mesma peguei só ontem à noite, é longo, o formato de decisão é diferente do nosso, e tudo mais, mas é bastante interessante de se olhar. Isso se liga também a questão da declaração do Brasil, a contribuição como é que é? (incompreensível). Que eu acho que depois a gente vai ter que discutir isso aqui no município, de um modo mais preciso, a partir, principalmente, da reformulação da questão de energia que a gente vai ter no Brasil, pra atender aquilo que está lá. Outra coisa, outro informe é o informe de que o Ministério das Cidades recebeu um aporte a fundo perdido, de seis milhões de dólares, dedicado ao Programa de Mobilidade Urbana de Baixo Carbono em Grandes Cidades. O objetivo do Programa é o desenvolvimento de conhecimento e ferramentas que promovam a inclusão da redução de gases de efeito estufa nos projetos de transporte urbano de grandes cidades. Tem vários componentes o Programa, inclusive proposta de marco normativo, desenvolvimento de software pra fazer conta de emissão relacionada a transporte coletivo urbano, desenvolvimento de projeto piloto, e capacitação e disseminação de conhecimentos. Esse Programa de Mobilidade Urbana de Baixo Carbono em Grandes Cidades, ele está disponível na internet, ele foi assinado em abril, se não me engano, mas a operação do Programa foi assinada quinta-feira passada. Eles fizeram uma parceria com Instituto Energia e Meio Ambiente para execução desse Programa. O Instituto Energia e Meio Ambiente foi parceiro da Prefeitura de São Paulo e Secretaria de Transportes na elaboração do Plano de Mobilidade. Então isso, provavelmente, vai gerar uma série de trabalhos aqui nas cidades, na cidade de São

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Paulo, mas não apenas em São Paulo. Imagino que muitas instituições possam se envolver nesse tipo de atividade. Chou, consertado aí o computador? Então antes de passar a palavra para a Doutora Chou, eu ia pedir para o Francisco Maciel, que é Diretor do Consórcio dos Municípios da Região Oeste, aqui da região metropolitana de São Paulo, fazer o último informe, porque ele participou de um evento bastante interessante... Francisco, você pode vir aqui no microfone fazer o informe? Obrigada.

Francisco Maciel: Bom dia a todos. O evento em questão foi o Fórum Latino Americano do Carbono, para América Latina e Caribe, patrocinado por várias agências, vários braços da ONU, que aconteceu na CEPAL, no Chile, faz duas semanas atrás. Foi um evento, um dos eventos oficiais preparatórios para COP, com a diferença, eu não sei quantos aqui já tiveram oportunidade de passar numa COP, na COP você tem aquele mar de gente, que na verdade está ali meio que pra entender o que está acontecendo, meio que pra influenciar as discussões, e etc. E esse evento em específico, era um evento fechado, de poucas pessoas, duzentas e cinquenta pessoas, pessoas que foram, na verdade, chamadas a dedo em relação as discussões, a gente particularmente estava lá pra discutir o papel das associações de municípios dentro de possibilidades de plataformas de baixo carbono. Então assim, isso está disponível na internet, como Fórum de Carbono para América Latina, no Caribe, qualquer uma dessas... UNEP, o UNFCCC, mesmo CEPAL, vai trazer todas as palestras que foram dadas, é interessante que se olhe, porque como foi um ambiente de duzentas e cinquenta pessoas, que ficaram praticamente imersas discutindo questões que, de alguma maneira, vão ser discutidas diplomaticamente na COP 21, creio que seja de interesse de todo mundo. E uma das grandes, mais importantes observações que foram feitas lá, é que agora houve uma inversão. Quer dizer, a gente teve a oportunidade de perguntar para o Doutor John Quinlan, que é um dos membros do Executive Board, qual que é a expectativa em relação a COP 21. Obviamente é o acordo, e aí eu tive a oportunidade de perguntar numa plenária: e se o acordo não sair? E a resposta deles é: “a gente não trabalha com essa perspectiva.” Quer dizer, não tem plano de contingência no ambiente do UNFCCC. Porém, existe o entendimento de que existe um processo, que agora é o processo principal do qual todos nós participamos, que é um processo bottom up. Então quer dizer, vem dos municípios, vem das discussões setoriais, e é isso que, no caso ali, ficou claro que vai ser uma diferença, quer saia acordo, quer não saia. Então é esse o informe. Muito obrigado.

Laura Ceneviva: Obrigada, Francisco. Alguém lembrou de mais alguma coisa pra referir? Sim.

Érica Ferraz de Campos: Sou Érica Ferraz de Campos, do CBCS, Conselho Brasileiro de Construção Sustentável. Então eu queria contar uma iniciativa que a gente está desenvolvendo. Tem uma proposta da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano de cota ambiental para o município de São Paulo. Então o CBCS está discutindo isso, a gente iniciou alguns trabalhos entre os nossos Coordenadores e Conselheiros. Nosso Simpósio anual, agora no dia 22 de setembro, a gente montou um painel para debater o assunto, chamamos parte da equipe técnica, alguns especialistas pra discutir como tornar essa ideia, essa proposta, que ela seja efetiva, e que ela traga outros benefícios ambientais. Agora ela está muito trabalhada na questão da vegetação e da drenagem, microclima, mas que ela possa também incorporar outros quesitos, questão de água, questão de eficiência energética, metas pra CO2, a gente pode até ver por esse viés. Então comunicar o grupo desse trabalho. A gente vem evoluindo, conversando com outros agentes, pra criar uma proposta pra ser apresentada pra Prefeitura.

Laura Ceneviva: Obrigada, Érica. É superimportante saber desse avanço, que é uma pauta até que o Hamilton fez, propôs. Bom, mais alguém? Eu vou pedir... até dizer aos Senhores, se alguém lembrar de algum outro informe, quando a gente terminar o próximo ponto de pauta, voltaremos a isso, porque algumas pessoas vão precisar se ausentar antes da hora. Então a

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gente vai passar para ordem do dia, que é a apresentação sobre cenários futuros da mudança do clima na região sudeste do Brasil, e da Doutora Chou Sin Chan, do INPE, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Então Doutora Chou, a palavra está com você. Estamos ansiosos pra ouvir o que você tem a dizer. Vou pedir para desligar a luz pra gente poder enxergar melhor. Então pegue o microfone, porque a reunião ela é gravada...

Chou Sin Chan: Então, bom dia a todos. E obrigada, Laura, pelo convite, pela oportunidade de eu poder apresentar o trabalho que fizemos lá no INPE. Esse é um trabalho... bom, tem os agradecimentos ao Ministério, MCTI, que faz parte do INPE, foi um trabalho apoiado principalmente pelo MCTI, que é a instituição que tem a responsabilidade e gerar a 3ª comunicação nacional para o UNFCCC. Então teve esse apoio. Também teve o apoio da Secretaria de Assuntos Estratégicos, complementou o apoio do MCTI. Tudo via PNUD. E também tem os agradecimentos aos pesquisadores ingleses e japoneses, que forneceram os dados para ajudar a gerar essas simulações em resolução mais alta. E não é um trabalho de uma pessoa, é um trabalho de uma equipe. Geração de cenários, essas simulações são muito pesadas, e então foi realmente convocado uma força tarefa, porque os Ministérios pediam essas simulações com uma certa urgência. Tudo preparado lá no passado, em 2014. Então eu vou dar uma ideia do que a gente gerou em termos de resultados. Bom, inicialmente aqui eu coloquei só um pouquinho de exemplos sobre fenômenos que a gente tem sentido aqui no Brasil, isso aqui é um exemplo, Catarina, identificada também como furação. O primeiro fenômeno identificado como furação aqui no Brasil. Isso em 2004. Tivemos esse evento da região serrana do Rio de Janeiro, cerca de mil mortos, quinhentos desaparecidos, é um dos maiores desastres que aconteceu aqui no Brasil. Depois, em 2013, novamente na mesma região, deslizamento, houve mortes, mil e quatrocentos desabrigados. Então tem uma pergunta... Esses eventos, eventos extremos, estão acontecendo de forma cada vez mais frequentes, essa é a percepção em geral. Então coloquei esse anúncio, um evento antigo, em 2010, aqui em São Paulo, um verão de São Paulo, em que somente dois dias do verão... dois dias do verão... somente em dois dias não aconteceu chuva. Todos os outros dias do verão choveu, choveu, choveu. Talvez alguns lembrem... Talvez tenham esquecido, porque hoje estamos sofrendo uma seca, então já esqueceram que acontece esses alagamentos todos os dias. E há estudos desse tipo. Esse aqui é uma espécie de indicador de extremos. Chuva anual acima de dez milímetros, e isso aqui é a medida, observação de uma estação aqui em São Paulo, não me lembro qual, mostrando aos poucos... uma variação grande em períodos de pouca chuva, muita chuva, e isso aumentando com o passar dos anos. Esse eixo aqui é ano. Essa mancha... essa área aqui em vermelho são regiões que tem apresentado tendência de aumento de chuva acima de dez milímetros por dia. Dez milímetros por dia é uma chuva moderada, não é uma chuva forte, mas é uma chuva. Molha-se. Aqui tem uns exemplos de projeções, que foram produzidas... isso faz... em 2009 que produzimos essas projeções para essa região metropolitana aqui de São Paulo. E onde está vermelho é indicação de que, as projeções indicando aumento da frequência de chuva de mais de dez milímetros. Então mais dias com chuvas acima de dez milímetros. E uma tendência de aumento. Nas projeções, isso já está sendo observado nas medições.

Laura Ceneviva: Só para gente já ir aproveitando ali no slide anterior. Mostrar ali, 2020, 2030, perto de São Paulo tem uma perspectiva de aumento de chuva, ali na região... na Cantareira.

Chou Sin Chan: Isso. Mais dias com chuva acima de dez milímetros.

Laura Ceneviva: E depois isso se afasta e vem vindo uma seca entre cinquenta, sessenta. É isso?

Chou Sin Chan: Não, continua... Enquanto a cor é tom avermelhado, é que há um aumento. Sempre aumento. Quando for pra... se tivesse cor azulada, seria redução do número de dias

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com chuvas acima de dez milímetros. Então aumentando a frequência de chuvas acima de dez milímetros. Isso que esse indicador está mostrando.

(fala sem microfone)

Chou Sin Chan: Não.

Laura Ceneviva: Espera um pouquinho. Fala no microfone. Pega aqui, Érica. Porque precisa gravar.

Maria de Fátima: Não, eu só estava perguntando: é aumento de chuvas que são intensas, acima de dez milímetros. Não intensas, mas dez milímetros. Mas o total anual não necessariamente sobe.

Chou Sin Chan: Não, não. Não necessariamente sobe. Está indicando é que eventos com chuvas acima de dez milímetros estão se tornando mais frequentes. Isso conta número de dias em que há chuvas acima de dez milímetros. Isso não quer dizer que o total seja, porque pode acontecer uma redução. Mas as chuvas extremas, em geral, os indicadores mostram que os eventos extremos estão ficando mais intensos. Obrigada. Aqui é um exemplo de seca. Então a ideia é tentar mostrar que existem extremos. Então não é sempre aumento de chuva, mas há períodos de muita chuva, períodos de seca. Então esses extremos começarem a acontecer com mais frequência. Bom, esse aqui também é uma observação, são outros indicadores de extremos. Esse aqui se chama noites frias, porque a temperatura mínima, percentil noventa. Então está pegando as temperaturas altas das temperaturas mínimas do dia. Então são temperaturas mínimas que geralmente acontecem ou à noite ou de manhã. Então são as temperaturas al... noites quentes, pode-se traduzir assim. Então a tendência, aqui são os anos... uma tendência... aqui são duas estações, São Paulo e em Campinas, mostrando essa tendência de aumentar. E também cada vez que aparecem esses picos cada vez maiores, significa o que? Que esses extremos estão ficando cada vez mais extremos. Pode estar subindo. É uma tendência essa subida. Mas há extremos. É mínimos e máximos, cada vez amplos. Aqui é uma redução de noites frias. Isso aí é observação. E as observações aqui nessa região de São Paulo mostram claras tendências. Tendências que o pessoal já aplica testes significantes. Há uma significância. Então é uma tendência significativa. Então quando a gente está falando assim desses extremos, extremos estarem mudando, isso é sinal de que há uma mudança no clima. Então aqui é uma definição sobre mudança climática global, que é uma mudança no estado do clima, então a gente... E essa mudança pode ser em termos de mudanças no valor médio, as temperaturas médias estarem mudando, as chuvas... o valor médio das chuvas estarem mudando, e também a mudança nessa variabilidade. Então esses máximos e mínimos estarem mudando. Temperaturas cada vez mais quentes, quando deveriam ser mais frias. Então essa variabilidade, estarem mudando. Isso também caracteriza uma mudança climática. E no caso a gente está tratando mais dessas de origem antrópica. Pode ser de diferentes pontos de mudança. Mas a gente está colocando ênfase aqui nas de origem antrópica. Então pra gente fazer a modelagem dessas mudanças climáticas, é preciso de um modelo que tenha vários componentes do sistema climático. Então tem que ter oceano, uma superfície, é uma superfície à parte dos rios, tem que ter também a atmosfera, a parte mais alta da estratosfera. E os modelos seguem equações, leis da física. Então são equações de conservação de massa, energia, momento. E a ideia é prever temperatura, vento, pressão, umidade. Então inclui-se vários processos. Processos de radiação, nuvem, tem que ter a topografia, o oceano, a evaporação, a chuva. E tudo é um sistema acoplado. Está tudo funcionando, operando simultaneamente, junto, interagindo tudo. Os modelos a gente trata, geralmente, em formas de caixa. Nem sempre. Tem formulações diferentes. Mas as formas em caixas é mais fácil de compreender. E essas caixinhas, cada valor dentro dessa caixa, assume um único valor. Então digamos, se a gente tem essas caixinhas aqui, o globo é dividido em

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formas de caixas, tem um único valor dentro dessa caixa, em qualquer ponto dessa caixa tem o mesmo valor, é como se fosse um pixel. Então conforme essas caixinhas são menores, a gente consegue representar com mais detalhe. É que nem uma tela, uma tela de televisão que tenha mais pixel, é uma tela com maior detalhamento. Então é como a granularidade. Então a ideia é que quanto menor essa caixinha de grade, melhor a gente consegue representar os detalhes, seja da atmosfera, seja da superfície. Isso eu estou abordando porque a gente vai chegar naquelas simulações de alta resolução. Então, quando a gente está trabalhando com estudos de impacto, geralmente os problemas de impacto são problemas locais, de escala local. E os modelos globais, geralmente eles usam uma resolução, os modelos globais climáticos, que tratam todo globo, tem uma resolução de aproximadamente duzentos quilômetros, alguns mais altos, cem quilômetros. Mas quando a gente está tratando de alguns problemas de impacto, geralmente esses problemas são de escala local. Digamos, uma cultura de café. Então a gente não pega uma área duzentos por duzentos, geralmente é uma área menor. Então pra estudo de impacto, em geral, impactos, vulnerabilidade, e adaptação em geral, procura-se trabalhar com malhas mais finas. E aí entram os modelos, chamados modelos regionais, que é como se fizesse um zoom, trabalha-se com um pixel menor, então faz-se um zoom na região de interesse onde se quer trabalhar com mais detalhe. O modelo global dá os fenômenos bem... da escala global. Digamos, El Niño. El Niño é um sinal bem... que pega o globo inteiro, e tem uma duração muito longa. Mas você quer olhar os impactos numa região menor. Então a gente trata com modelo regionais, coloca todo poder computacional, fazer um zoom sobre a região de interesse. Não há necessidade de trabalhar com tanto detalhe no Japão, no outro lado do mundo. Então aí entra o papel desses modelos de alta resolução. Mas há uma dependência entre esses modelos, porque o clima que é gerado pelo modelo global, que é mais grosseiro, que é mais suavizado, ele é passado para o modelo regional. Então isso aqui é um exemplo, tem o globo todo em azul, modelo global, vai tratar, gerar todos... os campos de temperatura, evento, em todo globo, vem o regional, que vai dar um detalhamento sobre uma região de interesse, e depois pode-se colocar ainda um segundo modelo. Aí a gente já não pode chamar de mesoescala regional, mas uma malha ainda mais fina sobre a região onde tem ainda mais interesse. E esse detalhamento tem mais a ver com a necessidade, não é simplesmente porque você tem um supercomputador, mas porque talvez o seu problema requer um detalhamento que numa resolução regional é possível que não consiga perceber. Então esses exemplos do tipo, um vale, um rio. Quer se olhar umas mudanças dentro da calha de um rio, de um vale. Se trabalhar com vinte quilômetros, ou quarenta quilômetros, não se consegue enxergar um vale. Muitas vezes é somente um planalto, ou uma planície. Então dessa forma, uma planície não consegue ver a circulação que tem dentro desse vale, não se consegue acumular a chuva que as vezes fica presa dentro do vale. Aí nesse momento sim, aí se trata com uma resolução mais alta, porque o problema está pedindo um detalhamento, não simplesmente porque é possível rodar alto, mas porque o problema requer. Então, na medida do possível, pode se trabalhar com modelo global, ele está dando as tendências das mudanças climáticas. Mas se o problema vai começar a entrar numa escala muito pequena, que é necessária aquele detalhamento, então a gente usa essa resolução. Aí eu coloquei aqui um pouquinho de terminologia, só pra gente distinguir um pouquinho. Então o que a gente faz aqui nessas simulações, as mudanças climáticas, a gente chama de projeções. É diferente daquilo que a gente produz no dia a dia, aquelas previsões de tempo, ou mesmo de clima, pra alguns meses. Nas projeções existem já algumas condições de contorno. Então já é imposto um cenário. Então estamos supondo um cenário de aumento de CO2 numa determinada taxa. Aumento de gases de efeito estufa numa determinada taxa. Aquilo já está sendo imposto. Então o que a gente está produzindo não é exatamente uma previsão, mas uma projeção, a gente usa termo, porque estamos tratando de algo que já tem uma condição, um cenário proposto. Bom, aqui, esses são os cenários do IPCC, do último, são quatro, se chama RCP, são níveis... na realidade aqui está dado como forçante radiativa, que é uma mudança no balanço de radiação na Terra. Então essa mudança pode ser um aumento em 8.5 watts por metro

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quadrado, 6.0, 4.5, 2.6. Cada uma dessas forçantes, cada uma dessas mudanças no balanço radioativo da Terra significa um aumento. Então tem um aumento aqui desse balanço, dessa forçante. Isso tem uma relação com o aumento da temperatura, com aumento da emissão dos gases, efeito estufa. Tem aqui uma comparação com os cenários anteriores. 8.5 é o que tem uma alta emissão. 2.6 é bem otimista, ele começa alto e depois tem uma diminuição. O 4.5 é o relativamente otimista. Esse é mediano, e esse é o pessimista. Então ficou simplesmente quatro nessas projeções. Quando a gente faz essas projeções existe uma cadeia de incertezas, sempre tem que ser levada em consideração, deve ser sempre mencionado, porque a gente está trabalhando com várias incertezas. Incertezas que partem desde os cenários de emissão, quando se supõe como que deve ser a taxa de aumento dessas emissões, ou das concentrações de gases, efeito estufa, há uma... são suposições, a gente não sabe qual deles deve acontecer. São suposições, consideradas plausíveis, mas não se sabe qual caminho que vai ser tomado. Essas emissões vão gerar concentrações, então tem seus cálculos pra chegar as concentrações, que alimentam os modelos. Muitos modelos eles recebem essas concentrações, e resolvem. O modelo global, primeiro, que tem... os modelos não são perfeitos, não há um modelo perfeito, nenhum modelo vai gerar uma simulação perfeita, tem algumas suposições também dentro desses modelos. Aí entra um detalhamento do regional, que também tem suas suposições, simplificações. E depois, os resultados desses modelos regionais entram em outros modelos. Modelos de impacto... modelos de impacto considerados como se fossem modelos de cultura, modelos de energia, recursos hídricos. Então são outros modelos que vão dar mais ao sinal do impacto em setores, diferentes setores. Então tem uma cadeia aqui de incertezas, que vão propagando. Há sempre uma questão: “ah, será que com tantas incertezas a gente vai chegar a algum resultado plausível, e tal?” Então todas essas etapas aqui, passa-se por avaliações. Então cada um tem o seu grau de erro, mas eles conseguem, em geral, capturar algum sinal. Então são todos submetidos a avaliações. Mas a gente nunca vai ter a coisa perfeita. Isso faz parte. Aqui tem um pouco de exemplo das projeções do último relatório, no cenário 2.6, 8.5. Esse é o aquecimento. O aquecimento sobre os continentes é o aquecimento mais forte. Esse cenário então é bem mais forte. Esse aqui é a mudança entre um período do futuro e a diferença de um... com o período do presente. Esse aqui é em relação a chuva. Então onde está amarelo são regiões de redução, e onde está em verde são regiões que indica aumento. Isso é global. São vários modelos. Nesse IPCC, aí cinco... entraram em torno de quarenta e seis modelos globais, quase o dobro do relatório anterior. Essas aqui são as projeções a partir de quarenta e dois modelos globais. Então a incerteza te dá... se utiliza essa ideia da incerteza das projeções. A gente não pega somente um único valor, pega-se em geral um Range. Então aqui está tratando algo como se fosse o Range inferior das mudanças, um Range superior das mudanças. E esse Range, aqui é tratado como um percentil. Percentil vinte e cinco, então começa com vinte, cinquenta, cinquenta, e o setenta e cinco. Se você supor uma distribuição normal, o cinquenta e cinco está na região onde estão os mais frequentes. Então geralmente mostra assim, um linear inferior... linear inferior. Então existem modelos que sugerem, por exemplo, esse sinal aqui amarelo, é redução de chuva. Então alguns modelos indicam redução de chuva nessa região, alguns modelos vão indicar aumento de chuva, então ele é desde redução até aumento, e os mais frequentes estão aqui nesse meio. Então há regiões com aumento e regiões com redução. Então essa é uma forma de incluir informação de incerteza nessas projeções, não tratando um único valor, mas um intervalo de valor. E aí é projeção para os anos 2016 a 35, 46 a 65, 81 a 100. Vocês vão ver que os resultados nunca fixam o ano, porque não existe mais essa coisa de calendário do ano. Existe algo em torno. Porque você está olhando sempre a informação na forma de média, você não olha mais a data, que dia que vai acontecer uma determinada mudança. Não há mais uma data. Pega-se um intervalo temporal, aqui é um intervalo no caso de vinte anos, pega-se um intervalo temporal e trabalha-se sempre com a estatística. Nesse período, nesse período tem uma tendência tal, tem uma média tal, a frequência tal, de ocorrer tal evento. Mas nunca se diz, em nenhum local, no relatório, ou

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nesses trabalhos, mudanças climáticas se aponta o ano ou a data, horário em que a coisa acontece. Não tratamos mais assim, mas sempre na propriedade estatística dos dados. Então por isso que tem assim, em termos de percentis, porque são várias simulações, entre as quarenta e duas simulações, esse é um linear considerado inferior, percentil vinte e cinco, setenta e cinco, e esse é o mediano. Então, lá no INPE, com esse compromisso de apoiar o Ministério na geração de cenário de mudanças climáticas, então foi gerado... geramos para a segunda comunicação, e essa vez foi para a terceira comunicação. Então a gente usou dois modelos globais, um modelo inglês, do HadGem, o HadGem, que é do Hadley Centre, um modelo inglês, do MIROC, chamado MIROC, e usamos dois níveis de emissão, dois cenários de emissão, 4.5 é considerado otimista. 2.6 é muito otimista. 4.5 ainda é otimista, então estamos num cenário inferior. E 8.5 é o pessimista. Aqui tem... esses dois modelos também tem características um pouco opostas. HadGem um pouquinho também mais com um lado pessimista, talvez, mais sensível às mudanças. E MIROC menos sensível. E aqui eu comparo um pouquinho o tamanho da grade. Então por exemplo, modelos globais que tem mais ou menos duzentos quilômetros, digamos que isso tudo aqui seja uma única informação de um modelo global, e o que foi feito aqui, foi tratado como uma resolução de vinte quilômetros. Então dez vezes por dez, e numa caixa do modelo global, geramos cem... dividimos em cem formações menores. Mas a gente trata numa região bem menor. A gente cobriu dessa vez, isso foi uma demanda do Ministério, a gente estendeu a área, que era só América do Sul, estendemos também pra América Central. Então foi essa região que foi rodada. O modelo, modelo seguindo também os modelos de mudanças climáticas. Essa versão, comparada com a versão anterior que a gente fez, do R4, com emissão dos relatórios R4, a gente também fez mudanças no modelo. Então o modelo sofreu evolução, mudou alguns esquemas dentro, que está em verde foram as mudanças, e também aumentamos o resolução. Do R4 para o R5, os modelos globais ganharam, em geral, ganharam não só mudanças, como também resolução, também aumentaram a resolução. A gente também seguiu isso. Aqui é um exemplo um pouco de avaliação. A gente sempre faz isso, pega o modelo que a gente tem, verifica como que ele simula o clima atual, pra dar uma certa confiança, porque ele consegue capturar o clima. Então aqui é um exemplo, isso aqui é chuva, nas quatro estações do ano, verão, considerado verão, outono, inverno e primavera. Então verão a gente tem essa banda de máximo de chuva na parte central do país, inverno a gente tem essa área assim sem chuva, pouquíssima chuva, sem chuva nessa parte central, e essas outras regiões com chuva. Então isso aqui é observação. Isso foi o modelo regional caminhando ao modelo global HadGem, pra toda essa área, América Central e América do Sul. Então esse padrão, ele não é perfeito, ele não é igualzinho, os modelos não conseguem fazer esse... ser iguaizinhos. Mas tem erros aceitáveis, e tem um padrão climatológico, essa coisa de reduzir a chuva no meio, e voltar as chuvas agora na primavera. Então ele tem um padrão aceitável de produzir o clima. Reproduzir o clima atual. E esse foi com o MIROC. O MIROC, um modelo japonês. O modelo japonês, a gente acabou gerando muita chuva aqui no oceano, é assim que respondeu, temperatura de superfície do mar dele acabou gerando mais chuva sobre o oceano. Se eu voltar aqui rapidinho, com o modelo inglês a gente gera menos chuva aqui no oceano. Eu sei que vocês estão olhando mais São Paulo, mas é que a gente tem que olhar tudo quando a gente olha. Então no meu olhar... no olhar da gente, primeiro é geral. O padrão é geral. Então ele... com o MIROC ele gera mais chuva, mas dá pra notar esse padrão, digamos, chuva sobre o interior do continente, máximo no verão, mínimo no inverno, a transição, a posição das bandas na oscilação dessa banda de chuva. Então em geral, a gente aceita. Então a gente rodou, por exemplo, isso aqui, a gente rodou o regional, alinhado o modelo global HadGem, com esse nível de emissão 4.5, com 8.5, depois o MIROC, 4.5, e com o MIROC 8.5. E tem a simulação... a gente fez desde 61, foi até 2100. E aqui está dividido em três pedações do futuro, então de 11 a 40, 41 a 70, 71 a... isso aqui seria até 100. E a gente... na verdade a gente roda, para, tem que tirar os dados do computador, porque não tem espaço suficiente, e depois que tira os dados, olha, vê se está tudo normal, e tal, e depois continua a rodada. Então vai assim até o final, 2100. Mas a gente

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quer, já está fazendo essas análises, pra... porque se não muita coisa... ou então dilui toda informação. Então a gente quebra em trinta anos. Isso aqui a mudança da temperatura em relação ao período atual, 61 a 90. Então onde é vermelho, é sinal de aumento de temperatura. Isso a gente... isso aqui é só pra junho, julho, agosto. Então eu coloquei aqui uma espécie de resumo. Aqui tem, por exemplo, se eu pego, dessas quatro figuras, eu procuro o valor inferior, e depois, pra cada pixel, procurei o valor inferior, procurei o valor superior. Porque diferente no IPCC, tinham quarenta e dois modelos, aqui a gente só fez quatro simulações. É pouco, é pobre, não dá pra gente fazer aquela estatística percentil assim. Mas a ideia é tentar traduzir em termos de Range, intervalo da possibilidade da mudança. Então a gente pegou de cada pixel o valor inferior da mudança, onde tivesse um valor menor, e qual valor maior. Independente do modelo escolhido, independente do cenário escolhido. Porque a gente não sabe qual dos modelos que vai funcionar, e a gente também não sabe qual dos cenários que vai acontecer. Então a ideia foi colocar tudo junto. Então nessa coluna, que tem para o futuro, nessa coluna são as mudanças inferiores. Valores menores de mudança. Seja negativas ou positivas. Valores inferiores. E nessa coluna os valores superiores a mudança. Esse aqui é pra verão. Então foi feito pra verão, outono, inverno e primavera. Então resumindo, assim, tem aquecimento pra todo continente. Isso é uma resposta do cenário de emissão, aumento dos gases efeito estufa. O máximo aquecimento que deu nessas simulações foi nessa parte central do país, pegando sudeste, e conforme chega no final do século, isso se expandiu para o norte também. Então os mínimos estão ainda nessa parte central, mas os máximos acabam expandindo também para o norte. E tem máximas que chega a oito graus, para o final do século. Nas outras estações as conclusões são bem semelhantes. Então, e aí é sempre assim, aumento em algumas regiões diferentes, aumento. Mas o aumento é bem... aqui nessa região norte aqui, começa no final do século, o aumento da temperatura começa a ficar cada vez mais forte. Começa na parte central, e depois se expande nessa parte norte. Aqui é mudança... não, essa aqui é a temperatura ao longo dos anos, até 2100, então 61 até 2100, pra região norte. Primeiro pra região norte, nordeste, e sul, sudeste. Então isso aqui é o presente. Aqui tem quatro linhas, que são as quatro rodadas, então o que é mais fino é 4.5, mais grosso é 8.5. Tem uma linha preta, que é observação. Então o modelo, em geral, ele está um pouco frio que a observação. Mas a ideia é olhar essa tendência, a tendência de aumento de temperatura. E outro sinal que eu aponto, é que assim, quando se notar, com o passar dos anos essa variação vai ficando cada vez mais amplificada. Então ele começa com uma variação de um tamanho, quando olho no final do século a amplitude dessa variação vai ficando maior. Isso significa que está havendo uma tendência de aumento, mas essa variabilidade está ficando cada vez maior. Então esse é o tipo de sinal que eu costumo apontar nesses gráficos. E a mesma coisa pra chuva. Chuva tem quatro simulações para os períodos do futuro. Onde está em amarelo é redução da chuva, e onde está em azul é aumento da chuva, em relação ao clima atual. Então a mesma coisa, foi tomado em cada pixel, tomou-se a mudança mais negativa, mais negativo o sinal inferior, e o valor positivo. Então é o intervalo da mudança. Eu fiz um resumo. O resumo, eu vou dizer... O resumo é assim, o que faz, em geral, há uma redução das chuvas nessa parte central do país... Então há uma redução nessa parte central, isso é uma diferença entre cenários anteriores que a gente tinha gerado na época do R4, que a redução das chuvas ficava mais concentrada na região da Amazônia e sul do nordeste. Dessa fez essas simulações geraram redução mais na região centro oeste e sudeste, e com o passar dos anos sim, a coisa vai ampliando e vai chegando na região da Amazônia. Há algumas regiões aqui do nordeste, norte e nordeste, que há várias simulações que indicam que na parte norte há aumento de chuva, mas só nessa parte norte e nordeste, mas a parte sul também sofre redução. E essa parte sul do Brasil, mais extremo sul, pegando norte da Argentina, é uma região em que há aumento de chuva. Isso tem uma concordância com vários modelos, essa posição desse aumento de chuva. E com o passar dos anos, essa redução de aumento de chuva se expandi. Então chega a essa parte sul de São Paulo. Então alguns cenários essa área de aumento de chuva se expandi e alcança São Paulo. Outros cenários, não alcançam São Paulo. Então tem um

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Range. A ideia era mostrar que nessa região tem um Range entre... alguns cenários indicam redução das chuvas, e outras simulações indicam aumento de chuva. Bom, daí aqui eu coloquei... nessas rodadas agora a gente, motivado por um trabalho que foi feito na época do R4, aqueles cenários, houve um trabalho de megacidades, região metropolitana pra São Paulo, algumas outras cidades. Então estávamos trabalhando com os dados que a gente fez simulação de quarenta quilômetros, ou então de modelos globais, pra estudos de problemas de megacidade. Então, devido a esse trabalho, a gente sentiu que havia uma necessidade de aumentar o detalhamento, e então aumentamos a resolução do modelo. Aqui pra comparar o que a gente tinha antes. Na época daquele trabalho de megacidade que foi feito pra São Paulo, a malha era desse tamanho, 40 quilômetros. 40 por 40. Hoje a gente gerou de vinte por vinte. Então se olhar aqui nessa região de São Paulo, 40 por 40 pegaria quase que duas caixas já pegaria todo município de São Paulo. Então perde-se um pouco de detalhamento. Se quiser separar um pouco mais as regiões, é difícil com 40 por 40, é uma única informação. Com 20 por 20 já começa a aparecer... se distingue um pouquinho. Isso aqui é topografia da região. Então o que é marrom é mais alto, o que é verde, lá embaixo, então a gente está lá no litoral. Mas você vê que com 20 quilômetros, é difícil de capturar bem o recorte do litoral. Então se quiser trabalhar alguma coisa com recorte de litoral, há uma certa dificuldade nesse tamanho de caixa. Nessa região aqui, por exemplo, até ainda está no planalto, com 600 metros. Então veio... a gente desenvolveu essa versão do modelo pra 5 quilômetros. 5 quilômetros é uma versão diferente... quer dizer, tem uma opção diferente, que a gente tem aquilo que a gente chama que (incompreensível). Então nessa resolução começa a aparecer, começa a aparecer essa serra. O Cantareira já começa a aparecer aqui, a gente consegue perceber melhor o litoral. Então o litoral começa a aparecer. E a gente usou essa simulação também pra apoiar um projeto nosso pra Santos. Com 20 quilômetros, o litoral não estava aparecendo muito bem. Então a ideia do aumento da resolução, a gente aumenta porque o problema está pedindo detalhamento, mas não porque se pode aumentar. Porque o custo computacional é alto. Então a gente consegue olhar melhor essas serras que estão em torno do município, nessa resolução de 5 quilômetros. Quando a gente estava trabalhando, por exemplo, problemas do Vale do Paraíba, o rio Paraíba, no de 20 quilômetros o rio não aparece a calha, não aparece como vale, porque isso aqui é tudo plano. Já em 5 quilômetros, aparece bem a calha do rio Paraíba, então a gente consegue já trabalhar um pouco melhor modelos que requer o vento, umidade, temperatura dentro daquela região, alguns modelos hidrológicos, pedem essas variáveis. Então a gente consegue fornecer melhor com essa versão do modelo. Então aqui tem um pouco de avaliação. Isso aqui é uma observação, chamada Semof, 8 quilômetros. Isso aqui foi simulação de 20 quilômetros, e a chuva de verão médio, para o verão, e esse aqui é com 5 quilômetros, já usando esses modelos do IPCC. E parecia que o modelo tinha algum erro nessa região do litoral, ou daqui das montanhas, porque observação não tem. Mas como a gente é aqui da região, a gente sabe que nessa região do litoral tem algum problema nesses dados observacionais, porque a gente sabe que lá, pelo menos nós em Cachoeira estamos mais pertos de Ubatuba, e é uma região de máximo de chuva. E esses dados observacionais não tem esse sinal de máximo, que deveria estar presente. Aí é estranho de falar, mas o modelo consegue capturar melhor esse padrão, que é de máximo de chuva no litoral. A gente olhou... Então há uma dificuldade pra avaliar. Isso aqui é um trabalho de um aluno da Unicamp, é chuva. Então mostra essas cores mais escuras, são regiões máximo de chuva. Então aqui mostra bem que o litoral tem o máximo de chuva, e vai subindo aqui, tem o mínimo. Coisa que aquela observação não mostra. Então quando a gente entra em resolução alta, existe uma dificuldade, validar essas simulações. Porque em geral os dados disponíveis são grosseiros, tem poucos dados. Esse trabalho é um trabalho de tese. Então o rapaz garimpou mesmo dados que não estavam numa malha regular, não estavam numa área disponível. E eu nem consigo colocar na mesma grade. Outra coisa assim, por exemplo, isso aqui é um dado de temperatura de 50 quilômetro, é grosseiro. Isso aqui é temperatura. Então com essa versão do modelo em cinco quilômetros a gente consegue capturar melhor a serra do Mar, a serra da

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Mantiqueira. Então quer dizer, na realidade isso aqui é temperatura, mas a gente consegue ver, reflete essas temperaturas mínimas na posição da serra, que não aparece nem nesses dados de observação. Então há uma dificuldade em validar as simulações. Aqui é um pouquinho de projeção já. O futuro, o que indica aqui, há uma redução... isso aqui é chuva. A rodada que a gente fez já com o RCP 8.5, essa rodada já terminou. E até 2040, nesse período aqui de trinta anos... então por exemplo, essa aqui é chuva que foi simulada e essa é a chuva do presente. Então essa é a diferença entre esses dois climas. E esse valor aqui em vermelho está indicando redução de chuva no período do verão. Isso aqui é uma única simulação, uma única rodada. A gente está fazendo mais rodadas. Mas uma primeira rodada, um primeiro resultado que a gente tem, é esse. Alinhado HadGem com 8.5. Então é interessado também olhar rodado com MIROC. O MIROC, modelo que faz o regional produzir um pouquinho mais de chuva. Então é um outro cenário. Isso aqui é para o inverno. Inverno também tem uma redução, mas é menor, porque chove menos no inverno. Aqui tem um pouquinho de avaliação do ciclo anual, isso aqui é observação, isso aqui é o 5 quilômetros. Os 5 quilômetros sempre gerando mais chuva. Em geral o que a gente consegue fazer é capturar as chuvas mais fortes. Aqui é município de São Paulo, esse aqui que é a avaliação. Então tem uma mudança um pouquinho aqui no ciclo. Essa mudança é arrastada pelo modelo global HadGem, que está alinhado, que faz um pouco dessa mudança aqui nesse ciclo. E os valores no período chuvoso, de alta resolução ele captura melhor. No período seco, ele acaba chovendo mais do que a outra versão. Então ele tende a chover um pouco mais. Agora, baseado nessas observações que a gente tem nas limitações. Aqui é o ciclo anual... aqui são os meses do ano. Está fraquinho, está difícil de ler. Mas vai de janeiro até dezembro, e aqui é o ciclo da precipitação. Então o modelo que tem o mínimo nessa época do ano, deveria ser um pouco mais pra cá. Mas o que ele indica, assim, esse vermelho é o final do século. O que ele indica é uma redução forte de chuva no período chuvoso, no verão, tem uma redução de chuva, e no período de inverno não tem essa redução, não aparece claro. E até tem um pouquinho de aumento. Mas não é clara essa redução. Mas a redução de chuva é forte no período do verão, nessas simulações. Aqui tem um pouco do que a gente faz, distribuição de frequência. A gente quer olhar se ele está capturando os máximos. Em geral, as médias a gente não se importa tanto, mas a gente está querendo ver se os extremos estão sendo capturados quando a gente trabalha com resolução mais alta. Então aqui tem uma avaliação. Isso aqui é o que tem de observação, esse mais escuro. Esse lilás aqui é o de 20, que é a resolução mais grosseira, e esse azul claro é o de 5 quilômetros. Então nessas estações aqui no município, em geral, vocês vão notar que essa curva azul clara fica no meio entre os dois. Então ele está melhor do que o vinte, mas ele ainda não alcança a observação, ele não reproduz exatamente observação. Mas ele procura se aproximar. Então geralmente ele consegue aproximar mais. Esse aqui é o de 5. Então o 5 está tentando... a ideia é que ele faça o papel de aproximar um pouquinho mais a observação no extremo. Esse aqui... eu coloquei em escala Log pra poder destacar os valores extremos. Isso aqui é frequência. Os valores extremos de chuva tem uma frequência muito baixa em relação as chuvas fracas ou moderadas. Então a gente põe numa escala logarítmica aqui pra poder realçar essa baixa frequência, pra realçar os eventos extremos. Aqui continuando uma avaliação. São várias estações que a Luana conseguiu capturar. Isso aqui já pegando região metropolitana. Então em algumas regiões não fica muito bem, mas em geral, ele não é pior do que o de 20. Ele sempre tenta se aproximar. Então isso aqui é o presente. Então comparado com o futuro, no futuro essa linha vermelha, o que está querendo indicar, é que aparecem valores... essa escala aqui são chuvas mais fortes, pra direita. Então no futuro começam aparecer eventos, apesar de poucos frequentes, porque esse valor está mais baixo, mas começam aparecer valores bem mais extremos, de chuvas fortes. Então é aquilo que a Fátima comentou, o total de chuvas, no gráfico anterior havia uma redução... deixa eu voltar aqui rapidinho... essa cor amarela aqui, laranja, significa uma redução no total de chuva da estação. Total da chuva. Então há uma redução. Só que existe esse gráfico aqui... esse gráfico aqui que mostra em todos esses pontos, esse vermelho mais pegando valores mais extremos

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de chuva, então começa a aparecer chuvas mais extremas, chuvas de maior intensidade, que não aparecia antes, mas chuvas de maior intensidade estão aparecendo, apesar do total de chuva no período estar reduzindo. Então assim, chove poucas vezes, mas quando chove, chove bem. Temperatura a mesma coisa. A gente tem aqui já o presente produzindo, os dois modelos. Em geral o modelo está capturando melhor seja a sazonalidade da chuva ou da temperatura em termos de verão. Está capturando melhor. E aqui a projeção, o aumento de projeção. Essa é a temperatura atual, e aqui o ciclo ao longo do ano da temperatura no final do século. Então... o que mais que eu tenho? Essa aqui é uma avaliação da... eu botei isso aqui meio fora de ordem. Isso aqui é uma avaliação também... isso aqui é o de 5 quilômetros, é o azulzinho claro, a observação, e isso aqui é o de 20. Então aqui é pra mostrar que essa distribuição normal, ele captura melhor o de alta resolução. Então esse azul claro sempre se aproxima melhor da curva de observação do que esse lilás. A gente faz sempre essa conferência pra gente ver se (incompreensível) está fazendo o papel dele. Essas quatro curvas é o sinal de mudança climática do modelo. É a resposta modelo por causa do aumento do CO2. Então isso aqui é o sinal de mudança climática, porque isso aqui é distribuição, é estatística do presente, em preto. E a estatística de trinta anos, de 11 a 40, 41 a 70, e 71 a 100. Então o fato dessa curva de distribuição, que é estatística dessa variável de temperatura, estar mudando, é uma forma de você representar a mudança climática. Se essa curva ficasse no mesmo lugar, então a distribuição, a estatística não mudou. Então não há uma mudança climática. Qualquer mudança nesse formato, nessa curva do presente, significa uma mudança climática. Poderia ter acontecido... o que está acontecendo é que está indo pra escala de temperatura mais alta. Cada vez mais altas. Isso aqui são temperaturas mais altas, aqui temperaturas mais baixas. Então está acontecendo em mover pra escalas de temperaturas mais altas. Podia acontecer da curva ser um pouquinho, digamos, mais achatada, e mais larga. Então poderia estar capturando temperaturas mais baixas e temperaturas mais altas. Ou então o pico ficar bem mais centradinho no valor médio, e diminui essa amplitude. Mas o que acontece, devido ao aumento de CO2, é essa curva ir cada vez mais pra direita. Quer dizer, está alcançando temperaturas cada vez mais altas. Mas está abrindo mais. Se notar, ele é mais aberto do que esse pretinho. O que significa que a amplitude térmica entre mínima e máxima temperatura está ficando maior, essa diferença. Porque ficou mais gordinho. Isso aqui é um outro sinal, ele está ficando mais amplo, uma amplitude térmica maior do que esse período atual. Alguns exemplos de trabalhos, impactos que a gente está fazendo. Isso aqui é relacionado com a vegetação. Então a gente incluiu agora uma nova versão do modelo, isso não está nessas simulações que eu mostrei, mas em novas a gente está incluindo, o que a gente chama de vegetação dinâmica. É que a vegetação, você mudando durante cem anos, reduzindo uma quantidade de chuva, ou mudando a faixa de temperatura, alguns biomas já não suportam aquela mudança de redução de chuva, ou de entrar em outra faixa de temperatura, e começa a ser substituído por outro tipo de vegetação. Então isso a gente chama de modo de vegetação dinâmica. Isso foi incluído na versão agora atual, não estava naquelas simulações, mas o que indicam é a redução, uma redução dessa floresta tropical. Isso aqui é uma área de cerrado, e muita pastagem. A pastagem predominando sobre vários biomas nativos. Isso até o final do século, a coisa aumenta. Bom, isso aqui é um exemplo, usando alta resolução pra bacia. Então aqui a bacia do Rio Paraíba. E quando a gente olha essas manchas, as manchas são as mudanças... isso aqui é o atual, a gente chama de período histórico, e aí as mudanças. Aí a gente coloca essa mancha pra indicar o Range, os valores que podem acontecer, valores mínimos e máximos. E aí a gente faz essa mancha, que é onde estão as possibilidades de mudanças. Aqui é na chuva. Isso aqui é um modelo hidrológico, então tem vasão, tem umidade de vapor, transpiração. E outro motivo da gente estar trabalhando com 5 quilômetros foi por causa de... por exemplo, café. O café ele... o café brasileiro é plantado em regiões de altitude, nas encostas. Então quando a gente está numa resolução mais baixa, num pixel mais grosseiro, essa topografia não consegue ficar muito alta. Então quando a gente começa a diminuir o tamanho do pixel, você consegue capturar esses picos, e os vales. Então a gente

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está usando essa versão pra trabalhar, está inserido um modelo de cultura de café, pra ver quanto que essa variação da temperatura, ou da chuva, nessas regiões de montanha pode estar afetando a produtividade do café. Só pra ter uma ideia, assim. E tem um trabalho que a gente está propondo, tem um módulo na literatura que trata um pouco melhor da energia em área urbana. Isso é uma proposta, tem um colega que está submetendo como proposta de pós Doc, pra inserir isso no modelo regional. Então a gente já tem esse tratamento de alta resolução, mas a cidade não está muito bem tratada. A gente gera um sinal de aumento de temperatura, mas poderia ser mais sensível se a gente colocasse esse módulo que trata melhor a parte de energia em áreas urbanas. Então isso está sendo algo proposto, e pode se tratar outros problemas melhores. Aqui é um exemplo também de um trabalho, mas isso aqui não tem, isso aqui a ideia, estou querendo mostrar alguns exemplos de problemas que podem começar a ser abordados porque está se trabalhando com uma resolução mais alta. Então você consegue começar a municipalizar um pouco mais o problema. Aqui é um exemplo de trabalho do pessoal da Fiocruz, então está relacionando áreas de enchente com áreas em que há lixo. A área aqui em verde é área de muito lixo. E aí esses pinguinhos são focos de leptospirose. Então a ideia é estar usando esse trabalho pra também começar a detalhar, pegar indicadores de vulnerabilidade. Aí associa qualidade, condições sanitárias com índices de... riscos de vulnerabilidade a enchente, então há um cruzamento. Mas você consegue fazer melhor esse cruzamento quando você tem o detalhamento maior. Então é um tempo de exemplo. Tem vários outros que podem ser usados pra trabalhar. Coisa de mobilidade urbana. Então sobrepõe uma malha de estradas e rodovias. Então aqui são exemplos do que a gente pode fazer com os dados. Aqui eu coloquei, pulei, (incompreensível), mas era pra ter colocado esse primeiro. Então foi gerado um conjunto de dados muito grande, com a resolução de vinte quilômetros, pegando continente América do Sul e Central, esses dados estão disponíveis, o tamanho dos dados são esses, mas é claro... em geral, os usuários usam somente temperatura, principalmente chuva. Então... ah, para o de 5 quilômetros, essa é a área que a gente cobre, na realidade não é só o município São Paulo, a gente cobre uma área que pega o sul de Minas, todo estado de São Paulo e todo estado do Rio de Janeiro. Porque a gente tinha... porque tudo começou com problemas de pedir estudos de megacidades, então a gente pegou essas três maiores cidades do país. Política do INPE, os dados são de acesso livre, então quem quiser os dados, a gente disponibiliza. E bom, acho que é isso. Obrigada.

Laura Ceneviva: Ok. Obrigada. Obrigado Doutora Chou. Peço a você que tome assento, porque eu acho que vamos abrir a sessão de perguntas. Eu vou pedir... acende a luz, por favor... Então as inscrições... o Senhor já se inscreveu, Hamilton. Então Dirceu, por favor.

Dirceu: Dirceu, da Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos. Parabéns, professora Chou. É claro que fiquei muito interessado pelo seu trabalho, tendo em vista que o nosso assunto aqui é questão dos mananciais, a questão dos recursos hídricos, principalmente na região metropolitana de São Paulo. Então fico bastante interessado no estudo de vocês. E gostaria de ter, inclusive, acesso a esses estudos se for possível. Realmente o seu estudo, acho que demonstra um pouco o que está acontecendo ultimamente aqui na região metropolitana. Esses eventos extremos estão ocorrendo com certa frequência. Nós tivemos uma seca aqui na região metropolitana, em 2002, 2004, mais um evento chuvoso em 2010, 2011, e novamente nós estamos enfrentando, novamente, um período seco. A minha pergunta é a seguinte: até que ponto essa correlação dessa mudança que está ocorrendo pode ser atribuída a atividade humana? Qual o peso, nesse modelo matemático que vocês colocam, qual o peso da questão antrópica? Outra questão aqui que achei interessante, que a sua constatação de que o verão está ficando cada vez menos chuvoso e o inverno mais chuvoso. Não sei se essa é uma contestação que pode ser projetada para o futuro, mas é exatamente mais ou menos o que aconteceu esse ano, digamos, quando o inverno foi mais chuvoso, e o nosso período de verão, que é fevereiro, choveu muito pouco aqui na região metropolitana. Mas a questão que eu

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quero colocar: qual o peso, principalmente o peso da atividade humana, nessa mudança climática? Se existe, de um a dez, qual seria a culpa da atividade humana nessa mudança climática? Muito obrigado.

Chou Sin Chan: Então, quando a gente faz essas simulações, o que realmente distingue, são os níveis das concentrações de gases e efeito estufa. Então naquele cenário, supõe-se cenários de origem antrópica, tem uma parte que é de uso do solo, mas antrópico. Então quando a gente compara, tem um modelo no presente, então usando o nível de CO2 atual, e depois coloca o nível de CO2 dos cenários IPCC, que supõe que aqueles níveis são de origem antrópica. Não há uma medição assim, local, a gente não impõe mais do que está sendo emitido em São Paulo. Não é uma coisa nesse nível. Aqueles níveis de CO2 é um nível... não é... que é de um lugar ou outro, é um nível global. Na verdade é como um sinal de fundo. Não há concentração menor do que aquele. Alguns locais podem ter emissão, o nosso modelo não está recebendo as emissões atuais, não tem essas emissões atuais, tem as emissões do cenário. Então do cenário supõe algo que é global, que é um sinal de fundo. É do tipo, se você tentar medir no meio do nada, na Antártica, ou lá no Havaí, onde não chega essa emissão diretamente, você não vai encontrar em lugar nenhum no mundo uma concentração de CO2, CO2 equivalente que a gente chama, mais baixa do que aquilo. É o sinal de fundo. Se você estiver em São Paulo, provavelmente você tem um pico maior. Mas o que a gente põe nesse cenário é o sinal de fundo, é o valor global. E no IPCC ele supõe que aquilo é de origem antrópica. Mas aquela antrópica global.

Laura Ceneviva: Eu gostaria até de acrescentar, não sei se é isso...

(fala sem microfone)

Chou Sin Chan: Então, nesses cenários, como eu disse, foi rodado somente uma possibilidade, que é essa combinação usando o modelo inglês com o cenário 8.5, que é mais negativo, que tem maior nível de CO2. O modelo HadGem, para o regional, ele é mais sensível a essas mudanças, ele reduz mais. Eu acho que se a gente estiver aninhando também a outro modelo, como o modelo japonês, que é uma outra opção que a gente tem, ele não reduziria tanto a chuva, ele reduz menos. Tem redução, mas reduz menos. Então o que a gente gerou de cenários, o que pouco que a gente tem, pelo de vinte quilômetros que tem, todos eles mostra uma redução. Mas usando o membro japonês, isso é mais aliviado. Então é tudo cenário, possibilidade. Se houver alguma mudança de política de CO2, ou se a gente estivesse simulando somente com modelos que são mais úmidos, provavelmente a gente ia gerar mais chuva, mas em geral o HadGem como modelo, ele tem geralmente reduzido. Ele é um dos membros que tende a reduzir a chuva. Então eu respondo mais baseado no que a gente gerou. Nessa alta resolução, a gente só gerou um membro. Por isso que a gente continua rodando. A gente está rodando com o 4.5, que é um sinal um pouco mais positivo, pra não levantar tanto... e também a gente vai passar também a alimentar com outro modelo, primeiro japonês, que ele coloca um pouquinho mais de água. Mas a gente meio que começou com o linear superior. Então a gente pode estar buscando o linear inferior também. (incompreensível). Se vai acontecer, nenhum deles a gente tem certeza, mas que são possibilidades. Acho que a gente está trabalhando assim, com possibilidades.

Laura Ceneviva: Tem percentual de possibilidade? Qual possibilidade mais, qual possibilidade menos?

Chou Sin Chan: Então, não sei. Em geral, nos cenários de resolução baixa, que nosso de cinco não está pronto, ele tem uma redução. Mas a gente está em São Paulo, a gente está meio que numa região em divisa entre a área em que tem um aumento e a área que tem uma redução mais forte. Quando isso desloca um pouquinho pra cima, para o sul, aí muda completamente.

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Essa região meio que aborda mesmo. Então aí pode acrescentar um pouco essa incerteza, porque você não está no meio, onde está reduzindo, está realmente na borda. Isso cria mais uma dificuldade.

Laura Ceneviva: Nós estamos inscritos o Hamilton, a Priscila, da Fiesp, Maria de Fátima. Então vamos... acho que... o que vocês acham, vamos fazer em bloco, até pra ajudar o processo de resposta? Ah, desculpa Hamilton, esqueci de falar. O Secretário Adjunto, Romildo Campelo, pediu desculpa, mas ele foi chamado, precisou... foi à Câmara Municipal, precisou sair.

Hamilton Leite: Bom dia a todos, meu nome é Hamilton Leite, eu sou do SECOVI São Paulo. Eu queria mais fazer um comentário, parabenizando aí pelo trabalho, o INPE eu acho que é um dos órgãos que a gente tem de excelência no país. Olhando esse trabalho, a gente tem impressão que está num país do primeiro mundo, não é? Mas aí a hora que a gente precisa passar pra um trabalho de excelência desse pra políticas públicas, e planejamento de longo prazo, infelizmente a gente não vê nada sério acontecendo. A gente vê muita gente apagando incêndio, parecendo que não sabia o que ia acontecer. Então eu queria saber se a senhora tem notícias de órgãos do estado, ou prefeituras, que estejam usando esses dados pra fazer trabalho de planejamento de longo prazo? Ou órgãos, ou grupos da sociedade civil, enfim, se a Senhora tem notícia. Porque isso também não é novo. Quantos anos a Senhora está fazendo um trabalho desse?

Chou Sin Chan: Comecei em 2008. 2006, 08.

Hamilton Leite: Então, isso não é novidade. E outra coisa, o seguinte, não deu pra ver muito bem lá, mas qual seria o aumento de temperatura no cenário mais pessimista lá, o 8.5 de temperatura, na região metropolitana de São Paulo?

Chou Sin Chan: Tenho que olhar direito.

Hamilton Leite: Quantos graus médio, mais ou menos?

Chou Sin Chan: Não lembro. Deve ser uns quatro, cinco. Porque o máximo ficou mais na parte central. Deve ser uns quatro, cinco. Eu teria que checar. Eu não olhei com muito detalhe. Mas está disponível.

Hamilton Leite: Que segundo o IPCC é um aumento muito perigoso, nessa base aí de quatro graus a gente já entra num cenário bem preocupante, não é?

Chou Sin Chan: É. O IPCC ele se preocupa com dois graus global. É média global. Porque, bom, dali não tem mais volta. Mas é que quatro graus eu acho que não tem, não existe estudo pra saber se a gente vai ter volta ou não. Não sei, não conheço. Mas respondendo a parte de trabalho, de políticas públicas, a gente tem apoiado o Ministério do Meio Ambiente, eles estão com um plano nacional de adaptação, estão trabalhando nesse plano, eles estão já com os dados também. Tem a prefeitura, de certa forma, nos contatou, o Distrito Federal também, estava buscando essas informações. Teve muito contato assim, de universidades. Que eu acho que é interessante, porque a gente gerou um conjunto grande, e as universidades estão usando o trabalho pra fazer esses estudos de impacto, e aí ajudar a nortear essas políticas. Porque aí eu acho que começa a sair da nossa parte de trabalho pra entrar em setores mais específicos. Mas vários setores já pegaram. O pessoal da Fiocruz, então eles estão fazendo trabalho já também a nível nacional. Não sei se a demanda foi do MMA. Ministério dos Transportes também...

(fala sem microfone)

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Chou Sin Chan: Eu não tive contato. Diretamente, não. Mas os dados estão disponíveis. Eles podem contatar grupos, podem contatar ONGs. Então, na verdade existem grupos assim, ONGs também usando os dados, a gente só pede que dê o crédito, mas tem grupos assim, o (incompreensível), que eu acho que é um grupo de estudo... meio ONG, eu acho, que é. Então tem os grupos. Eu não tenho controle mais, porque a ideia é que o dado já está distribuído, a gente já publicou alguma coisa, como que foi feito as rodadas, fizemos a nossa primeira análise, uma pequena consistência. E os dados ficaram distribuídos. Então é interessante que seja usado, não diretamente por um... pra quem vai tomar decisão, mas eu acho que é interessante que seja tratado antes por grupos que tenham um pouco mais habilidade de usar os dados. Porque tem que ser levado em consideração essas limitações, essas incertezas, tem que traduzir aquilo antes, porque a gente jogou um monte de número. É preciso traduzir, dar Range. Lembrar que são possibilidades, não é uma previsão, não é uma coisa assim. São possibilidades. Procura-se fazer, cada um tentando fazer o melhor que pode. Eu acho que é interessante que tenha antes um diretor aí de setores mais especializado, que eu acho que já faz o nosso métier.

Laura Ceneviva: Priscila, da Fiesp.

Priscila: Bom dia a todos, eu sou Priscila, da Fiesp. Eu já até tive o prazer de vê-la anteriormente, em algum evento da CNI, se eu não estou enganada, Confederação Nacional das Indústrias, Doutora. Parabenizo, novamente, pela apresentação, muito objetiva. E eu acho que temos e não temos ideia do quão complexo é fazer uma simulação de tantos dados, de tantas emissões e quadriláteros, enfim, com diversas variáveis, pra se chegar ao mínimo de uma projeção com uma incerteza considerável, aceitável, de certa forma. A minha pergunta é no sentido da COP 21. Nós estamos acompanhando a apresentação das INDCs, até o momento, não sei se você chegou a avaliar se todas foram apresentadas, mas com base no que se propõe até o momento de redução nos países, o que se vê falar é que não seria suficiente pra evitar o aquecimento dos dois graus, o aumento dos dois graus. Como que ficaria isso dentro dessa simulação? Se nós realmente não conseguirmos reduzir, o que de fato está sendo apresentado até o momento, em relação ao comprometimento de cada país, como que ficaria esse modelo? Aí se roda novamente com a questão que foi... com o volume apresentado, a quantidade apresentada de redução? Como que o IPCC trata essa questão? Mais uma curiosidade.

Chou Sin Chan: Por isso que tem esses quatro cenários. Então se a gente não faz nada, provavelmente a gente está indo para o caminho do 8.5. Então aquele deve ser mais o caminho plausível...

Priscila: Mas mesmo com a quantidade apresentada? Porque teríamos certa redução, não é? Não é esperada, não sei, até o momento, mas aí teria alguma notícia boa: ah tá, não vamos aumentar dois, vamos aumentar menos?

Chou Sin Chan: Mas a redução vai depender das políticas do governo. Políticas em geral. Aqui a gente põe: supondo que não seja feito nada, ou supondo que alguma coisa seja feita, e supondo que se discuta uma tecnologia nova de energia. Então essas são as linhas. E aí, cada país vai escolher qual caminho a tomar. Mas isso não é um país só, isso é uma coisa muito mais global. Porque como eu disse, esses cenários, eles supõem valores globais. Em todo lugar do mundo, não há valor menor do que esse nível de concentração. É o mínimo do mínimo. Se você pegar uma área urbana, provavelmente que vai botar mais alto que aquilo. Então esse é o mínimo do mínimo, (incompreensível). Em geral, assim, o comentário que as vezes eu faço, acho que não é pra esse público, mas assim, quando foi feito aqueles cenários na época do AR 4, havia um cenário que muitos trabalham A1 B. Que era o mediano. O mediano, o nível de concentração de CO2 equivalente é mais ou menos quatrocentos e setenta e cinco, estava em

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mais ou menos em 2025, 2030. Naqueles cenários. Só que esse valor de quatrocentos e setenta e cinco CO2 equivalente foi atingido em 2011. Então aqueles cenários A1 B, que eram medianos, na realidade estava até otimista. Foi alcançado. Então quando você o tracinho daqueles níveis de CO2 dos cenários AE 4, quando veio do ARS 5, há um salto, quando chega 2011, porque esperava-se que no A1 B um valor de CO2 equivalente mais baixo, e a gente já atingiu... era pra se esperar em 2025, num cenário moderado, nem pessimista, nem otimista. No moderado estava, mais ou menos, 25 a 30. E foi medido em 2011. Então pelo menos uns dez anos antes. Então esse cenário dá um salto assim e continua. A mensagem é, isso são cenários, pode ser até otimista, ou pior dos cenários, dependendo do que é feito. Mas tudo depende de política pública, e não só de um país, uma coisa mais global mesmo.

Laura Ceneviva: A próxima inscrita é a Maria de Fátima. E eu queria fazer um comentário, Doutora Chou, entre tempo. Que nós que estamos aqui, que somos município, que temos também a universidade, temos instituições profissionais, enfim, representação de classe, mas particularmente nos municípios, os governos locais, eles tem que se ver com os impactos, não é? Vai chover menos, vai chover mais, e nós temos que nos virar com pouco. Então, dentro das perguntas que os colegas estão aqui apresentando, eu já adianto a minha, que é: que perspectiva que a gente tem. Por exemplo, eu particularmente, até ouvindo a professora Mônica Porto falar de projeto hidráulico, que foi começando até com o que o Dirceu falou, quer dizer, as séries históricas nossas, elas não são suficientes para o nosso dimensionamento. Ou a questão da operação do tráfego na cidade, você tem uma expectativa de obstrução de via por inundação, esse tipo de coisa. Há possibilidade da gente, por exemplo, aplicar essa ferramenta pra tentar definir algum padrão de impacto aqui, pra esses objetivos da adaptação? E a pergunta, por exemplo, se o Brasil está fazendo um plano nacional de adaptação, ele definiu, a priori, certo ou errado, uma opção de cenário pra fazer adaptação. É claro que é possível também você fazer adaptação pensando no melhor e no pior. Você diz: a adaptação vai ocorrer assim ou assado, dentro desta banda de possibilidades de ocorrência. Mas enfim, a minha pergunta, antes de abrir pra Maria de Fátima, é nesse sentido de tentar orientar, ou de imaginar até uma busca de alguma ferramenta de ação mais concreta pra nós. Ou por exemplo, a provisão habitacional deve priorizar o assentamento no leste ou no oeste? Esse tipo de coisa, entendeu?

Chou Sin Chan: Então, políticas de plano de adaptação nacional, eu acho que o MMA trata uma coisa muito macro do país. Prefeitura tem problemas muito mais locais, a escala é outra... e pra eles, eles nem estão preocupados com cinco quilômetros, eles pegaram. Mas eles tem uma responsabilidade muito mais nacional. E vocês estão com uma responsabilidade muito mais local, bem mais pontuais. Ferramentas existem algumas, e aí, como eu disse, eu acho que os grupos setoriais, é interessante que eles tratem, porque cada um deve usar voltado para a sua aplicação, e deve usar levando em consideração sempre que estamos trabalhando com incertezas. São possibilidades. Aí cada grupo tem sua forma de tratar suas ferramentas, que levam em consideração, muitas vezes, o custo, o benefício, o risco que está associado. Então aí nessa hora, eu acho que tem que usar mais um pessoal mais especializado nesse tipo de tratamento. Usar essas informações, que eu acho que... usar o que tiver possível, não se ater somente a esses dados que a gente gerou, talvez buscar mais... buscar o que tiver de possível, pra lidar com o problema que vocês estão enfrentando, seja da parte de recursos hídricos, ou construção de uma ponte, ou de uma via, uma estrada. É uma coisa muito local. Mas eu acho que deve ser levado em consideração, porque existem tendências: ah, essa região é baixa, a tendência aqui é de chover. Não vai mais chover. Tem um risco de chover, mas é pequeno, mas é mais de não chover. Então eu acho que cada setor vai ter que usar esse senso de o que é custo, o que é benefício, e usar esses dados. Eu acho que deve-se usar a maior quantidade possível de informação. Eu não lido diretamente com esse tipo de ferramenta, mas eu sei que tem muitos grupos usando muitas ferramentas do tipo de decisão. Usa esses dados, combina

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com decisão. São tipos de modelos, talvez, muitas vezes combinados com (incompreensível) essas ferramentas, plataformas, que ajudam mais a tomar decisão. Junta vários elementos que não são diferentes dos tipos de dados que a gente lida. Mas eu acho que é válido. E na realidade, eu acho muito importante que vocês estejam se preocupando em incluir esse tipo de informação na agenda. Eu estava comentando que a gente estava fazendo esse trabalho também, um projeto da FAPESP pra Santos. Mas quando a gente chegou na prefeitura de Santos, o tema não estava na agenda, de jeito nenhum. E a gente tenta, aos poucos, que isso comece a entrar na agenda, tipo plano de construção, plano... Lá era Subir a Praia, Proteção da Praia, coisas assim. Mas construir sem pensar que pode haver um aumento do nível do mar, não é o problema aqui, mas lá fazer qualquer construção sem levar em consideração que pode haver mais tempestades acontecendo, então tem que fortificar um pouco mais a construção. Então aí eu acho que é importante que a gente está começando a influenciar. Eu acho importante esse tipo de reunião aqui, que vocês estão tentando incluir isso na agenda. E aos poucos a gente influenciando e fazendo parte da política pública. Mas eu acho que é um trabalho mesmo aos poucos. De um dia para o outro a gente não consegue convencer, não.

Laura Ceneviva: Maria de Fátima.

Maria de Fátima: Eu sou professora Maria de Fátima, da Universidade de São Paulo. Primeiro queria agradecer a Chou pelo seminário, acho que foi muito bom. E eu queria fazer uma pergunta, mas primeiro vou fazer uma observação. A gente usou cenários globais pra questão de poluição do ar, voltado pra olhar bem formação de poluentes, e o principal efeito é no ozônio, por conta da variação de temperatura. E uma das coisas que a gente tentou fazer, acho que é até interessante como exemplo assim, de uma coisa mais local. A gente tem as condições de contorno, as condições mais globais, e aí considerou também alguns cenários de emissão urbana. Então por exemplo, vamos considerar que a frota agora diminua, ou aumente. Coisas locais. E a gente observa que... mas não pra tantos anos. Até 2050 só. Aí a gente percebe que o efeito local, ele é muito grande, é muito sensível. E há também esse efeito da temperatura. Então é alguma coisa que também a gente tenta fazer assim, mais localmente. É curioso. Porque, claro, o ozônio, até mais natural, porque com o efeito, aumenta a temperatura, acaba tendo eventos de aumento de ozônio. Mesmo com controle da frota, porque aí você controla NOX, mas continua tendo os DOCs, e aí tem mais... Então é bem interessante esse tipo de ferramenta. Quer dizer, você parte do global, aí vai para o local, e se conseguir colocar as questões locais, você consegue fazer essas representações. E acho assim, muito importante. E tem uma coisa, assim, apesar de você estar falando de todas essas incertezas, mas a tendência ela é nítida. Tanto é nítida que assim, se a gente pensar há dez anos já se mencionava a questão de aumento de vento extremo. E acaba que a gente observa isso. Quer dizer, é claro que fala assim: existe uma incerteza. Existe, mas a gente como população já percebe também essa modificação, que coincide com as previsões que já eram feitas no começo, quando se tinha modelos muito mais simples, e já mostrava tendência. É claro que o número não é o mesmo exatamente, o impacto não é o mesmo, mas esse comportamento médio a gente observa. A questão da diminuição... E tem um lado importante, assim, quando vai pra essa escala menor, que é o impacto também da urbanização. O crescimento da cidade, ele também tem um efeito. Então você fala assim: “bom, mas o efeito de um é maior do que do outro. Vai se somando. Mas aumenta a cidade, aumenta a urbanização, aumenta a cobertura... assim, diminui a cobertura vegetal, aumenta o concreto, tudo isso são coisas que são superinteressantes de estudar. Não é tão simples, mas que tem que considerar esse local. Mas assim, a pergunta que eu ia fazer, assim, era uma pergunta a respeito dos copoluentes. Se nesse cenário está tratando melhor essa questão da presença das partículas, incluindo as partículas finas, ou não, e cenários pra esses outros compostos?

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Chou Sin Chan: Então, o modelo que a gente trabalha não tem essa... não tem todas essas espécies. Não tem. O que a gente trabalha é colocar o CO2 equivalente. O modelo nosso não tem todos os gases efeito estufa. O que é feito no IPCC é colocar todos os efeitos, o efeito dos principais gases, mas isso a nível global. Os principais gases, o efeito deles, e é colocado num CO2 equivalente. Porque o CO2, todos os modelos têm. Então o efeito é colocado no CO2 equivalente. A gente sempre trabalha assim. Então realmente aqui não tem. E essa ideia dos cenários, eu acho que é algo que pode ser acrescentado. Então usando simulações, pode-se acrescentar um aumento da... o crescimento urbano, isso que você colocou de mudança de frota. Existem alguns... fazendo trabalho do tipo mudança, mudança na cobertura vegetal, que impactos isso pode trazer em termos também de resposta temperatura. Então têm vários outros cenários. Porque o que a gente colocou nessas simulações são cenários globais. IPCC, aquela coisa que é média para o mundo todo. E aquele, o de fundo, é o mínimo. Dali você não consegue menos do que aquilo. Está já difundido em todo globo aquele nível de concentração, CO2 equivalente. Então, além disso, impõe essas emissões locais de cada cidade. Então isso são... como a professora falou, são trabalhos que eu acho que tem muito cenários, de muitas coisas que podem ser colocadas em cima.

Laura Ceneviva: Isso que a Fátima falou, eu particularmente entendo muito, muito interessante. Talvez seja o caminho. Porque também ligado ao que você falou no início. As vezes a gente pensa que se a gente, como município, vamos dizer assim, diminui a emissão, aqui vai ficar melhor. Não vai. Porque o problema é planetário, não é? Mas a Fátima aventou uma hipótese, por exemplo, em que possa, ainda que a situação planetária continue na tendência dela, aquilo possa ter um rebatimento diferenciado nesse universo nosso. Então são...

(fala sem microfone)

Laura Ceneviva: Sim. Ou pior, claro. Claro. Eu digo, existe uma variabilidade que pode ser aferível até. No caso, por exemplo, parece bastante fácil de imaginar isso, ligado a frota. Mas existem outras questões. Por exemplo, uma pergunta que eu faço: você que avaliou as situações tão já na escala regional de Brasil, o impacto das florestas... porque essa é uma questão para o município, por exemplo, a manutenção da floresta, seja ao norte, seja ao sul. Que impacto... isso é perceptível? Afeta a curva da tendência?

Chou Sin Chan: O que a gente notou, realmente perda de bioma, cerrado e floresta, e pastagem. Porque o aumento que a gente está simulando ali está muito alto, 8 graus, e aquilo dali, pra essas florestas... enfim, 8 graus em média.

Laura Ceneviva: No local é muito mais.

Chou Sin Chan: É muito alto. Então o bioma sofre, começa a morrer, e sobrepõe outros biomas, que foi pastagem. É porque o modelo é simples, tem poucos tipos de bioma. Então aí a competição entre os biomas foi que a pastagem acaba dominando, porque tem condições de ter mais que mais favoráveis. Então isso, o MMA ficou assustado. Mas é que nesse nível de aumento, de temperatura e de redução de chuva, a floresta tropical, Mata Atlântica talvez sinta também, a floresta tropical sofre muito. Então vai deteriorar a condição de sobrevivência desse tipo de floresta. Porque precisa de muito mais chuva.

Laura Ceneviva: Do ponto de vista de microclima, de relações de microclima, e os cenários, existe algum trabalho já corrente? Isto é...

Chou Sin Chan: Foi feito um trabalho muito simples com eucalipto, mas eu acho que precisa ser revisitado aquele trabalho.

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Laura Ceneviva: Bom, pergunto se alguém tem mais alguma questão a apresentar... Ronaldo Tonobom. Espera um pouquinho, Ronaldo. Eu acho que não está ligado.

Ronaldo Tonobom: Não é exatamente uma pergunta, mas é uma observação. Nós estamos iniciando, o município, sob coordenação do Secretário Vicente Trevas, da Secretaria de Relações Internacionais e Federativas, mas sob coordenação, basicamente, da Emplasa, ou o PDUI, que é uma exigência legal do Estatuto da Metrópole, e a gente está iniciando, junto com a Emplasa e os municípios vizinhos, o plano de desenvolvimento urbano integrado da região metropolitana de São Paulo. E me alertou essa apresentação, a preocupação de que o conjunto de dados colocados, quer dizer, há uma tendência de que a Emplasa considera o PAM, que é o Plano de Ações Metropolitanas, como o conteúdo do PDUI, e na verdade implica em muito mais, implica na definição de macro zoneamento metropolitano, e uma série de ações importantes, e que não esteja sendo levado em consideração esse tipo de dado, de informação, como determinante, principalmente pra esse macro zoneamento, mas para as demais políticas integradas de desenvolvimento pra região metropolitana, sem levar isso em consideração. Então até vou conversar com o Vicente Trevas, pra ver se a gente leva essa demanda para o grupo, que está começando o trabalho agora, começando um desenvolvimento interno, mas vai abrir pra discussão pros municípios vizinhos, e alertar os municípios da região metropolitana pra ter essa... pra considerar esses dados dessa modelagem na definição das diretrizes do plano de desenvolvimento urbano integrado da região metropolitana. Eu acho fundamental, e nesse momento, mais que nunca.

Laura Ceneviva: Obrigada. Muito bem lembrado, o plano metropolitano. Vocês chegaram a ser contatos pela Emplasa.

Chou Sin Chan: Eu pessoalmente, não. Mas pode ter algum grupo. Eu não sei.

Laura Ceneviva: Francisco.

Francisco: Ronaldo, até corroborando com o que você está falando, a Emplasa está num toque de caixa em relação ao PDUI. A primeira reunião operacional vai ser agora no dia 19, e a meta deles é entregar a primeira versão do que seria esse plano metropolitano no meio do ano que vem. Isso pra tentar... eu acho impossível, inclusive falei isso pra eles, mas isso pra tentar se blindar do processo político do ano que vem. Essa é a tentativa deles. A proposta nossa, no COS, foi que a gente conseguisse fechar, junto com a Emplasa, o diagnóstico no ano que vem, e fizemos o plano no ano de 2017, porque dá tempo, tranquilamente, porque você tem que entregar em janeiro de 2018. Então a gente teria 2017 todo pra fazer o plano, com diagnóstico em mãos. Mas aí tem uma decisão política, acho que também não nos cabe aqui ficar comentando isso. Agora, infelizmente eu queria fazer um comentário até em relação a colocação do Hamilton, mas ele saiu. Mas eu acho que é importante colocar. Quando ele fala assim: ah, o governo não está fazendo nada. Eu como representante de governo, hoje em dia, eu me sinto um pouco incomodado com isso, porque eu estou aqui. Se eu não estivesse... ah, se o governo não estivesse fazendo nada, eu não estaria aqui. Eu não estou aqui porque eu quero, eu estou aqui porque eu tenho aprovação, e tenho reverberação dentro do governo pra estar aqui, assim como a Laura, assim como este Comitê. Este Comitê é a contraprova de que está se fazendo alguma coisa. Agora, a complexidade do assunto, ela exige decantação. Até porque assim, por exemplo, na instituição a qual eu dirijo, nós lidamos com todos os assuntos, saúde, educação, etc. Porque a gente não pega esse assunto diante de todos e prioriza a participação desses, sendo que todos nós trabalhamos com equipes curtas, com recursos limitadíssimos. Como a gente faz isso? Bom, é na base na emoção, na base de acreditar que o assunto é importante e na base de muito trabalho. Isso não é simples. A gente precisa da participação de figuras como o próprio Hamilton pra formular essas políticas. Até porque se a gente formular de cima pra baixo, o que a gente vai ouvir é que está ruim. Se depender de

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(incompreensível) sempre vai estar ruim. Então assim, eu queria conclamar um pouco até em relação ao formato desse Comitê, esse Comitê é importantíssimo porque a gente tem que participar. Existe um instrumento atual, porque assim, sempre que eu ouço isso, estou ficando cada vez mais velho, eu vou lembrando de certas coisas. Há vinte anos atrás era meia dúzia de pessoas que lidavam sob qualquer aspecto de mudanças climáticas que se falasse. Era a mesma (incompreensível). Passava na mão dessa meia dúzia (trecho incompreensível). Muito bem. Hoje essa coisa expandiu, e cada vez se descobre, conhece novos aspectos. Isso é ótimo. Tem novos instrumentos. Então especificamente nesse instrumento, nessa questão que você falou da adaptação, eu acabei de descobrir, porque a gente acabou de fechar um acordo por conta disso, tem um instrumento que chama mapa de vulnerabilidade. Um instrumento super novo, super pouco aplicável, mas que ajuda no sentido da gente começar a conceituar a adaptação. Porque se não fica que nem a professora colocou, a questão de vamos pegar cenários, vamos começar a trabalhar diretamente com isso. Mas quais são as vulnerabilidades? O mapa de vulnerabilidade, o índice de vulnerabilidade. E essa ferramenta, novamente, se a gente for aplicar, eu estou tentando aplicar na minha região, mas o ideal é que a gente aplicasse na região metropolitana como um todo. Porque a diferença de Osasco pra São Paulo é uma rua. Daqui pra lá é Osasco, daqui pra lá é São Paulo. Gestores diferentes, mas a população é a mesma. Ela trabalha desse lado da rua, do outro lado, mora de um lado, mora do outro. Então eu acho que eu falei demais. Obrigado.

Laura Ceneviva: Obrigada, Francisco.

Chou Sin Chan: Só comentando, eu acho que é isso aí, eu acho que tem que cruzar com outras informações. Então cada setor... Eu acho que é assim que trabalha mesmo, tem que cruzar com as outras informações todas que a gente está gerando. Essas informações é só mais um em todo conjunto.

Laura Ceneviva: Nós temos procurado, e a razão do convite a você foi essa, buscar fontes de informação e de possibilidades pra qualificar o subsídio técnico a disposição do município de São Paulo no caso. Claro que todas as instituições, aqui presentes, estão também interessadas nesse processo de qualificação. E no caso particular dos cenários da mudança do clima, é um assunto megaestratosférico. Eu não entendo nada. E você, a hora que vejo as hipóteses apresentadas, você começa a associar as informações que você vê com o domínio de informação que você tem. Mas isso é insuficiente, a gente precisa se apropriar e nós, vamos dizer, sublimarmos até os cenários hipotéticos a você, seriam enraizados no nosso concreto. O que nós vamos fazer? Porque na hora de decidir o investimento, investimento é aqui e agora. E aí, o que a gente faz? Eu acho que, pelo menos é a minha expectativa, continuar essa conversa, procurando alguma coisa mais concreta e passível de aplicação aqui, para o município de São Paulo. Não sei algumas da... fala Dirceu.

Dirceu: Eu não gostei de alongar essa história. Já que o nosso colega coloca a questão do planejamento, é uma questão... falando rapidamente. Quer dizer, nós moramos num país extremamente carente de uma série de coisas. Você imaginou um assunto como o abastecimento público, por exemplo, em uma obra, por exemplo, são obras que é de difícil amadurecimento, você tem que levar dez, vinte anos pra amadurecer uma alternativa de abastecimento. Se imaginou há vinte anos atrás, que o governo do estado iria aplicar alguns bilhões de reais pra captar água do Ribeira, ou do Jurumirim, ou do Baixo Tietê, simplesmente a sociedade não ia admitir uma coisa dessa, porque naquele momento a demanda maior era da saúde, segurança e educação logicamente. Então é bastante... É complicado. É muito fácil dizer: faltou planejamento. Isso é um discurso fácil, eu acho. Não que não tenha que planejar. Eu acho que esses instrumentos são excelentes pra planejador. Mas muitas vezes um país como o nosso, que nós estamos vivendo, não é um país rico... se fosse no Japão, está sobrando dinheiro, então você investe vinte bilhões de dólares pra fazer uma coisa que vai surgir,

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amadurecer daqui há vinte anos. Mas aqui não é o caso. Então tem essas dificuldades. Não estou aqui pra defender nada não, mas eu acho que simplesmente dizer: por que não se investiu há vinte anos atrás na captação do Ribeira? Com dados que você mesmo coloca, que são dados, são projeções estimadas, e que podem ocorrer ou podem não ocorrer, infelizmente está ocorrendo, mas poderia... a gente poderia estar aqui numa situação de plena água nos mananciais, certo? Isso não ocorreu. Mas é uma coisa assim, eu acho complicado de reduzir a questão falar: faltou planejamento. Não estou aqui defendendo nada não, mas eu acho que a dificuldade é muito grande, num país carente de muitas coisas. Então direcionar esse dinheiro há vinte anos atrás, um valor imenso, eu acho... é bastante complicado. Infelizmente, não estamos nessa situação. Mas eu acho que é instrumento como o seu é excelente pra municiar o governante a planejar o futuro. Obrigado.

Laura Ceneviva: Obrigada. Nós vamos encerrar esse ponto de pauta. Tem inscrita, para o fim, a Mônica Borba, que é a atual Diretora aqui da UMAPAZ.

Mônica Borba: Bom dia a todos. Mônica Borba, Diretora aqui da UMAPAZ. Nesse cenário de incertezas que nós vivemos cada vez mais, e a nossa baixa consciência sócio ambiental sobre o que a gente deve fazer, em relação a área educacional que eu quero falar especificamente. Nós não estamos preparados pra todos os esses eventos que estamos vivendo, e que iremos viver. Essa que é a realidade. É por isso que a gente nem consegue imaginar como planejar, porque a gente não tem isso dentro de nós. A gente viveu muito tempo a estabilidade, é muito difícil viver nessa perspectiva. E eu queria colocar que a gente está desenvolvendo o programa municipal de educação ambiental, a Secretaria do Verde, junto com a Secretaria de Educação, nós estamos nos reunindo, a gente já tem a lei no nosso município, estamos implantando agora um órgão gestor, com Comitê assessor, onde várias Secretarias, as ONGs estarão convidadas a participar de um ciclo de palestras e reuniões preparatórios para as Conferências, Préonferências de Educação Ambiental, que ocorrerão no início do próximo ano, na perspectiva da gente disseminar os valores da educação pra sustentabilidade. Então eu, assim, deixaria um convite, na próxima reunião do CADES, que se não me engano é dia 21, nós vamos estar apresentando esse programa que a gente está desenvolvendo, e a ideia é que a gente tenha uma ampla participação, não só da Secretaria de Educação, mas de todas as Secretarias, porque somos todos nós que estamos carentes de parar, discutir, e rever os valores que nos orientam. Então eu queria deixar esse convite aqui para o dia 21, e em breve aí muitas Secretarias vão estar recebendo os convites. E é muito importante essa discussão de que valores nós vamos ter pra orientar o nosso desenvolvimento. Obrigada.

Laura Ceneviva: Obrigada, Mônica. Doutora Chou, muito obrigada pela sua apresentação. Eu acho que, pra mim pelo menos, é muito complexo, eu preciso ruminar, e até tentar digerir, porque de fato é muito complexo. Mas espero poder voltar a ter um trato, na busca, exatamente dessa qualificação para o processo decisório nosso no recorte do município. De fato, muito obrigada pela sua presença hoje.

Chou Sin Chan: Eu que agradeço. Como eu disse, é uma oportunidade da gente apresentar o que fizemos. Deu muito trabalho pra ficar só conosco, esse monte de dados, esse monte de informação. Então a ideia é essa, os dados estão disponíveis, quem quiser usar. Agora, a dificuldade... não se sinta mal. Na realidade, muitas pessoas da nossa área não estão acostumadas a lidar com esses dados. Então a restrição, eu comentei: ah, não tem calendário. As pessoas querem calendário, querem saber em que ano as coisas vão mudar. Isso não existe. Mas isso até no nosso meio há uma dificuldade. Então esses dados não devem ser usados diretamente para um tomador de decisão. Isso precisa ser tratado antes, e então grupos tem que começar a aprender a usar esse tipo de dado. Porque é diferente. Não é um dado como a previsão de tempo. Realmente é um dado que precisa ser manipulado de forma diferente. Bom, aqui fica o meu agradecimento a todos, assim, bastante pergunta, então fico contente.

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Então houve um interesse. Eu espero que usem. Mas qualquer coisa, assim, o meu contato está aí, estou à disposição para tirar dúvidas. Não há problema. Porque realmente é um assunto novo. A forma de usar é muito nova, pra muita gente. Então eu me coloco à disposição, caso precisem tirar algumas dúvidas, usar os dados, estão disponíveis. Obrigada.

Laura Ceneviva: Muito obrigada. Bom, voltando então, só pra fazer a varredura total dos nossos pontos de pauta, pergunto, houve alguns acréscimos de informes, o do plano metropolitano, o do plano de educação ambiental. Alguém lembrou de mais algum informe a fazer? Não? Bom, o ponto de sugestão pra inclusão nesta pauta, alguém teria alguma coisa ainda? Não? E sugestão de inclusão em outras pautas? Professor Ortega tem uma. Você é um informe, não é? Então professor Ortega. Por favor, fala no microfone.

Ortega: Eu trabalho com outras perspectivas de desenvolvimento da biosfera. E a perspectiva filosófica é muito importante. A gente não vai sair dessa situação de crise se não mudar a filosofia, se não ver como posicionar-se no mundo de outra maneira, e ajudar os outros a posicionar-se também de outra maneira. Então o que predomina hoje é a filosofia da dominação, dos outros e da natureza. E por isso estamos como estamos. O que é necessário é outra abordagem filosófica. A filosofia do respeito pelos demais, da colaboração, e do convívio com a natureza. Isso implica modificar os modos de produção, de consumo e de reciclagem dos materiais. Então discutir a filosofia do processo atual, que é basicamente um processo econômico, e confrontar essa filosofia com a filosofia do decrescimento, é muito importante para esse tipo de discussão.

Laura Ceneviva: Obrigada, professor Ortega. Lembrando, particularmente à Doutora Chou, não sei se conhece, o professor Ortega é do laboratório de engenharia de alimentos da Unicamp, ele trouxe já aqui para o Comitê algumas reflexões acerca do processo de produção de alimentos e os seus impactos, e tudo mais. Bom, pra finalizar, você, por favor. Eu sei que ele tem um informe a fazer. Por favor, diz o seu nome, e ligado a que instituição você é.

Diego Cazais: Bom dia, obrigado pelo espaço. Meu nome é Diego Cazais, eu faço parte da AVAZ, que é organização mundial de mobilização, online e offline. E no âmbito de São Paulo e outras capitais globais, como Paris, Londres e Berlim, estamos organizando junto com a coalisão uma grande mobilização para o dia 29 de novembro, que vai ser antes da COP 21. Aqui em São Paulo já existem outras organizações que assinam um chamado pra ação, junto com o Instituto Sócio Ambiental, o próprio Greenpeace, Engaja Mundo, algumas organizações de coletivos locais. E eu queria, na verdade, fazer um convite pra todas as Secretarias e organizações que estão aqui, pra gente se unir pra essa mobilização, vai ser na Paulista, no domingo do dia 29, às duas horas da tarde. Eu trouxe até uns panfletos, se me permitirem eu posso deixar aqui na UMAPAZ. E abrir também um espaço pra diálogo, porque em Paris, Berlim e Londres, o que tem funcionado nessas mobilizações é interface com várias Secretarias e o governo local e as instituições locais, junto com a sociedade, pra de fato criar algo bonito, e que tenha impacto político nas decisões dos nossos líderes locais, governamentais e federais. A gente sabe que a COP 21 é um momento de esperança, e que muitas pessoas, na verdade, não tem esperança assim, mas que vai marcar o início de uma grande jornada de mobilização da sociedade civil em prol dessas políticas públicas que a gente tem falado aqui, pra, de fato, mudar nossas cidades, diminuir os impactos climáticos e adaptar a sociedade humana pra um novo século que vem por aí. Então queria deixar aqui, vou deixar o meu contato lá na frente, alguns panfletos, e estou aqui até o final da reunião pra gente conversar um pouco mais sobre isso. Obrigado.

Laura Ceneviva: Obrigada, Diego. Então o informe da movimentação do dia 29 de novembro. Bom, alguém mais tem alguma sugestão, algum informe? Não? Então Senhores, muito

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obrigada pela presença. Está encerrada esta reunião de hoje. E voltamos mês que vem, tá bem? Obrigada, até logo.