Deixar de Amar(...) e Reconquistar Esse Amor

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  • 8/4/2019 Deixar de Amar(...) e Reconquistar Esse Amor

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    A chave para consertar meu casa-mento foi aprender a ver meu maridocomo o Salvador o via.

    N O M E N O D I V U L G A D O

    De acordo com os padres do mundo fcil apaixo-nar-se. Infelizmente, deixar de amar algum, podeser igualmente fcil. Porm, apaixonar-se nova-

    mente pela mesma pessoa depois de t-la esquecido, extremamente difcil. As pessoas no voltam a amar; elasreconquistam o amor. E essa pode ser uma jornada longae rdua, mas extremamente recompensadora. Sei dissopor experincia prpria.

    Pai Celestial, no sei o que fazer! Sara batendo a portada casa, depois de uma discusso particularmente violentacom meu marido. Era novembro e fazia muito frio. No

    estava com sapatos nem casaco, mas estava to zangadaque mal percebera. Nosso casamento no tinha problemasquanto a maus-tratos, mas parecia que brigvamos otempo todoou pelo menos sempre que ele estava emcasa, o que no acontecia com muita freqncia. Ele ficavaat tarde no trabalho quase todos os dias e parecia quepassava o resto de seu tempo no campo de golfe. Eu nopodia culp-lo. Era to horrvel para ele ficar em casa comoo era para mim. Ento l estava eu, no frio, vestindo ape-nas uma camiseta e calas jeans, extravasando minha des-graa ao Pai Celestial. medida que orava, percebi que no

    amava mais o meu marido. Nem sequer gostava dele.

    Parecia que tinha duas opes: Eu poderia deix-lo epedir o divrcio ou, poderia ficar e continuar a sentir-memiservel. Nenhuma das opes pareciam muito convida-tivas. Se eu fosse embora, meu casamento fracassaria eperderia a esperana de ter uma famlia eterna. Eu obriga-

    ria meus filhos a sofrer devido minha deciso e eles pas-sariam a infncia vivendo apenas com um dos pais.

    Por outro lado, se eu ficasse, estaria ignorando o fatode que o nosso casamento estava indo a pique de qual-quer maneira. Eu no teria uma famlia eterna, porquecertamente no estvamos rumando para o reino celestial.Estaria forando meus filhos a viverem em um lar infeliz,porque a me e o pai no gostavam um do outro e malpodiam se olhar, sem ficarem ofendidos.

    Pai Celestial, orei, nenhuma opo boa. Por favor,diz-me o que fazer.

    Foi quando um novo pensamento veio-me mente. Aescolha certa que eu havia ignorado. Eu poderia ficar, amaro Mark (o nome foi mudado) e ser feliz. Isso pareceu umaescolha muito melhor. Embora eu no tivesse a mnimaidia de como eu conseguiria isso, o pensamento de verminha famlia feliz outra vez, fez com que eu sentisse quepoderia dar meia volta e retornar para casa.

    Durante as semanas seguintes tentei voltara amar oMark, mas s encontrei frustrao. Todo meu esforoparecia dar em nada. Tentei ser mais amvel para com ele.Mas quando lhe preparei um jantar delicioso que sabia

    iria gostar, ele chegou tarde. Quando lhe fazia pequenas

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    coisas que, eu acreditava, demonstravam meuamor, ele no percebia, e isso me irritavaainda mais. Apesar de todo o meu empenho,ele no passava pela milagrosa transformaoque eu esperava. Trs semanas depois, estava

    ainda mais pronta a desistir do que nunca.Voltei-me ao Pai Celestial em orao.

    Envergonho-me por dizer que no foi umaorao das mais humildes. No vai funcionar,informei a Ele. Mark idiota demais. Noposso am-lo se ele no se dispe a me ajudarum pouco. Eu tentei, mas no adiantou!

    No podes ajudar-me? Pedi. No podesfazer com que ele seja um pouco mais gentil?No podes simplesmente dar um jeito nele?

    Quase que imediatamente ouvi a clara res-

    posta: D um jeito emsi mesma!

    Eu no sou o problema, pensei. Estavasegura disso. Comecei a pensar em todos osdefeitos terrveis que Mark tinha que nopodiam ser ignorados e, definitivamente, lresidia o problema.

    Ouvi, novamente, em minha mente con-turbada: D um jeito em si mesma.

    Certo, orei com mais humildade, naquelemomento: Mas eu no sei como. Por favor,guia-me. Por favor, diz-me o que fazer.

    Orava todos os dias, implorando para queo Senhor me guiasse. Ajoelhei-me em mui-tas longas oraes, em que dizia a Ele oquanto isso era importante para mim, ten-tando convenc-Lo a me ajudar, mas nadaparecia acontecer.

    A inspirao finalmente chegou pelo nosso

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    Parecia que

    tinha duas

    opes: Eu

    poderia deix-lo

    e pedir o divrcio

    ou, poderia ficare continuar a sentir-

    me miservel.

    Nenhuma das opes

    pareciam muito con-

    vidativas. O Senhor,

    ento, deu-me uma

    terceira escolha.

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    professor de Doutrina do Evangelho.Durante a aula lemos Morni 7:4748: Masa caridade o puro amor de Cristo (...).Portanto, meus amados irmos, rogai aoPai, com toda a energia de vosso corao,que sejais cheios desse amor que ele con-cedeu a todos os que so verdadeirosseguidores de seu Filho, Jesus Cristo.

    Discutimos o que significa caridade. Ela o amor que Jesus Cristo tem por todos ns.Aprendi que o Salvador sabe o que existe debom em cada um. Ele consegue encontrar

    algo digno de amar em toda pessoa.O professor voltou a citar-nos a escritura.O versculo 48 diz que a caridade um domdo Pai que concedido a vocs. A caridadeno algo que vocs prprios desenvolvem.Ela precisa ser-lhes dada. Assim, existe umvizinho que os deixa irritados ou algum dequem no gostam. Qual o problema? Oproblema que vocs no tm caridade, opuro amor de Cristo, por esse vizinho.Como podem obt-lo? Precisam orar ao Pai

    com toda a energia de vosso corao epedir-Lhe que faa com que sintam caridadepara com aquela pessoa. Precisam pedir paraenxergar a pessoa atravs dos olhos do Salvador, para quepossam v-la como algum bom e digno de amor.

    Essa era a minha resposta. Se eu pudesse ver o Mark daperspectiva do Salvador, eu no poderia deixar de am-lo.Parecia algo to fcil de se fazer, muito mais fcil do quequalquer coisa que tentara antes. Apenas pediria caridade,Deus a concederia para mim e isso resolveria meu pro-blema. Mas eu deveria saber que o Pai Celestial exigiria

    pelo menos um pouco de esforo de minha parte.Ajoelhei-me em orao naquela noite e pedi que sen-

    tisse caridade por meu marido. Pedi para sentir uma por-o do amor que Jesus Cristo sentia pelo Mark, para ver ascoisas boas que o Senhor via nele. Ento veio-me, comclareza, mente, que eu j sabia quais eram as coisas boasque havia no Mark e que eu deveria enumer-las. Penseilongamente. No me concentrava em coisas boas hmuito tempo. Finalmente disse: Ele estava bem arru-mado hoje. Lembrei-me de uma outra coisa: Ele leva olixo para fora quando eu peo. Uma outra: Ele trabalha

    arduamente. Outra: Ele cuida bem das crianas. Outra.

    No conseguia pensar em mais nada.Na noite seguinte, antes de dormir, pedi

    por caridade e fui novamente inspirada adizer coisas boas a respeito do Mark. Foidifcil. Eu no estava acostumada a concen-trar-me no positivo. Estava acostumada acatalogar todos os seus defeitos para queeu pudesse corrigi-los.

    Logo percebi que teria de mencionarcoisas boas a respeito dele toda noitedurante algum tempo e decidi que seriainfinitamente mais fcil se eu prestasse

    ateno nelas durante o dia. No diaseguinte observei cuidadosamente e des-cobri 10 coisas boas a respeito deleumnovo recorde! Isso tornou-se a minhameta: 10 coisas boas antes de ir para acama. Nos bons dias era fcil. Mas nos diasruins, as trs ltimas giravam em torno de:O cabelo dele parecia estar em ordemou Gostei da cala jeans que ele vestiu.Mas cumpri a meta todas as noites.

    Depois de algum tempo comecei a for-

    ar-me a mencionar 10 coisas positivas cadavez que tinha um pensamento negativo.Com essa vantagem, no me prendia aos

    defeitos do Mark com muita freqncia.Lentamente algo maravilhoso estava acontecendo.

    Primeiro, comecei a ver que Mark no era aquele grandeidiota que eu pensava ser. Ele tinha muitas caractersticasmaravilhosas que eu negligenciara ou esquecera. Segundo,por eu ter deixado de censur-lo, Mark comeou a mudarmuitos dos maus hbitos de que eu reclamava h tantotempo. To logo parei de sentir que tinha de ser respons-

    vel por suas aes, ele comeou a assumir a responsabili-dade. Passei a apreciar o tempo que ficava com Mark eesse tempo aumentou, porque ele parou de trabalhar tan-tas horas.

    Nosso relacionamento progredira muito, mas aindahavia um problema: no sentia amor pelo Mark.Simplesmente no sentia nada. Eu ansiava por aquele sen-timento de ligao, aquele sentimento de que pertenca-mos um ao outro. Vinha orando havia cinco meses agora,pedindo para sentir o amor que Cristo sentia por ele.Supliquei a Deus com mais intensidade ainda, para que

    fizesse com que eu o amasse. Estou feliz com nosso

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    S

    e eu pudesse ver o

    Mark da perspec-tiva do Salvador,

    eu no poderia deixar de

    am-lo. Parecia algo to

    fcil de se fazer. Mas eu

    deveria saber que o Pai

    Celestial exigiria pelo

    menos um pouco de

    esforo de minha parte.

    As pessoas no voltam a

    amar; elas reconquistam

    o amor.

    ESQ

    UERDA:DETALHEDECRISTO

    EO

    JOVEM

    PRNCIPERICO,DEHEINRIC

    HHOFMANN,CORTESIADEC.HARRISONCONROYCO.,REPRODU

    O

    PROIBIDA.

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    progresso, disse a Ele. Nossa famlia est muito maisunida do que jamais esteve. Se isso o melhor que possoter, ficarei satisfeita. Mas se simplesmente pudesse amar oMark, mesmo que s um pouco, essa seria a melhor bn-o que eu poderia receber.

    Lembro-me vividamente do momento em que aquelabno foi-me concedida. Estvamos envolvidos comalguns passatempos na casa de meus pais, certa noite. Euolhei para o Mark, do outro lado da mesa e,repentinamente, do nada, o sentimentode amor mais forte, mais vibrante,mais intenso que jamais sentira,

    atingiu-me com uma energiaquase que fsica. Meusolhos encheram-se delgrimas, e senti-medominada pela forade meus sentimen-tos. L, sentado minha frente, estavao meu companheiro

    eterno, a quem eu amava mais do que meras palavras pode-riam expressar. Seu valor infinito era tal que eu no conse-guia acreditar que o negligenciara. Senti um pouco do queo Salvador sentia pelo meu Mark, e foi maravilhoso.

    J se passaram vrios anos desde aquela noite especial,e a lembrana dela ainda traz lgrimas aos meus olhos. assustador pensar que quase desisti, que quase perdi essaexperincia.

    Meu casamento vai muito bem agora no perfeito, mas muito, muito bom.

    Recuso-me a deixar que o amorescorregue novamente. Fao

    um esforo consciente, acada dia, para nutrir meuamor pelo Mark. E sinto

    uma profunda gratidopor um Pai Celestialpaciente e amoroso,por ter-me ajudado adar um jeito em mimmesma. I