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 1 Os museus brasileiros frente aos desafios ambientais contemporâneos: o papel da educação não formal e da divulgação científica   Denise Coelho Studar t Museu da Vida, COC, Fiocruz Palavras-chave: museus, sustentabilidade ambiental, educação não formal, divulgação científica Introdução A Assembléia Geral das Nações Unidas declarou 2010 o “Ano Internacional da Biodiversidade”, encorajando os Estados Membros e outros atores a tirar vantagem do Ano para aumentar a conscientização da importância da biodiversidade, por meio de ações promocionais a níveis local, regional e internacional. Ao mesmo tempo em que a humanidade entra no século XXI usufruindo de suas novas conquistas tecnológicas, vários são os desafios e problemas a serem enfrentados, principalmente no que diz respeito à conservação do meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável. A questão climática, já em 1992, foi reconhecida como uma preocupação comum a todos os países participantes da II Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (conhecida como “Rio 92”), que teve como principal tema a discussão sobre o desenvolvimento sustentável e formas de reverter o processo de degradação ambiental. Qual o papel dos museus nesse cenário de desafios socioambientais? Os museus vêm atuando de forma cada vez mais ativa na divulgação e discussão de assuntos relevantes para a sociedade, propiciando também uma maior inclusão cultural. Devido à sua forte atuação por meio da educação não formal e da divulgação científica, os museus vêm atingindo um público cada vez mais amplo e diversificado. Esses espaços culturais têm um importante papel a cumprir junto à sociedade, no sentido de propiciar o desenvolvimento de uma postura crítica acerca das questões relativas à sustentabilidade do planeta e estimular u ma consciência ecológica e solidária global.

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Os museus brasileiros frente aos desafios ambientais contemporâneos:o papel da educação não formal e da divulgação científica 

 Denise Coelho Studart Museu da Vida, COC, Fiocruz

Palavras-chave: museus, sustentabilidade ambiental, educação não formal, divulgação científica

Introdução

A Assembléia Geral das Nações Unidas declarou 2010 o “Ano Internacional da

Biodiversidade”, encorajando os Estados Membros e outros atores a tirar vantagem do

Ano para aumentar a conscientização da importância da biodiversidade, por meio de

ações promocionais a níveis local, regional e internacional. Ao mesmo tempo em que ahumanidade entra no século XXI usufruindo de suas novas conquistas tecnológicas,

vários são os desafios e problemas a serem enfrentados, principalmente no que diz

respeito à conservação do meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável.

A questão climática, já em 1992, foi reconhecida como uma preocupação

comum a todos os países participantes da II Conferência das Nações Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento (conhecida como “Rio 92”), que teve como principal

tema a discussão sobre o desenvolvimento sustentável e formas de reverter o processo

de degradação ambiental.

Qual o papel dos museus nesse cenário de desafios socioambientais? Os museus

vêm atuando de forma cada vez mais ativa na divulgação e discussão de assuntos

relevantes para a sociedade, propiciando também uma maior inclusão cultural. Devido à

sua forte atuação por meio da educação não formal e da divulgação científica, os

museus vêm atingindo um público cada vez mais amplo e diversificado. Esses espaços

culturais têm um importante papel a cumprir junto à sociedade, no sentido de propiciar

o desenvolvimento de uma postura crítica acerca das questões relativas à

sustentabilidade do planeta e estimular uma consciência ecológica e solidária global.

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Simpósio Museus, Biodiversidade e Sustentabilidade Ambiental

Em Junho de 2010, aconteceu no Rio de Janeiro, o Simpósio Museus,

Biodiversidade e Sustentabilidade Ambiental, organizado pelo Museu da

Vida/COC/Fiocruz e Instituto Brasileiro de Museus/IBRAM, com o apoio do CNPq e

colaboração da Associação Brasileira de Museologia/ABM e do Museu Histórico

Nacional, onde o evento foi realizado1. O Simpósio reuniu palestrantes internacionais

da França e dos Estados Unidos, bem como especialistas de diferentes estados

brasileiros (Amapá, Brasília, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São

Paulo), a fim de proporcionar um debate a partir de diferentes realidades, pontos-de-

vista e abordagens.

Os principais objetivos do Simpósio foram:

  Debater o papel dos museus frente aos desafios ambientais que se apresentam no século 21 eformas de atuação criativas e responsáveis diante deste novo cenário;

  Propiciar o diálogo com a sociedade, no que se refere à produção de conhecimentoscientíficos e culturais, favorecendo a educação ambiental e a valorização da cultura e domeio ambiente;

  Discutir questões nas áreas da comunicação museal e da divulgação científica e cultural,com o objetivo de ampliar o conhecimento e o debate sobre as problemáticassocioambientais e temas relacionados ao meio ambiente, à biodiversidade e aodesenvolvimento sustentável;

  Apresentar soluções expográficas e arquitetônicas ambientalmente sustentáveis e aplicáveisem espaços museais;

  Promover uma reflexão sobre o patrimônio natural e sua conservação/preservação.

A programação incluiu temas como “paisagem cultural e patrimônio natural”;

conservação da biodiversidade e conhecimentos tradicionais” ; “museus e

sustentabilidade ambiental”; “projetos museológicos, arquitetura verde e

sustentabilidade”; “espaços museais, educação e biodiversidade” e “museus, mídias,

meio ambiente e divulgação científica”.

O museólogo Marcio Rangel, do Museu de Astronomia e Ciências Afins, em seu

documento-síntese sobre o Simpósio, chamou a atenção para algumas questões

importantes levantadas durante o evento, entre elas:

“Não basta ao museu abordar em suas exposições assuntos relacionados aodesenvolvimento sustentável e à biodiversidade. Estes devem ser instituiçõessustentáveis em suas ações: uso de materiais sustentáveis em suas exposições; fontes deenergia alternativas; uso racional da água; licitações sustentáveis (instrução normativanº 1/2010); gestão adequada dos resíduos gerados; sensibilização e capacitação dosfuncionários, qualidade de vida no ambiente de trabalho.” (Rangel, 2010)

1 Organizadores do Simpósio: Denise Studart, Mario Chagas e Claudia Storino. 

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Tereza Scheiner, palestrante no encontro, enfatizou a importância da abordagem

ambiental na formação e capacitação de diferentes profissionais que atuam nos museus:

“antes de museus verdes é necessário a formação de profissionais ‘verdes’”, isto é, que

saibam trabalhar com a questão da sustentabilidade e da educação ambiental (Scheiner,2010).

A Ministra de Estado de Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira, presente na

Mesa de Abertura, falou sobre a biodiversidade e de como este conhecimento deve estar

disponível para toda a sociedade, mencionando que os espaços museais estão entre os

locais mais sensíveis para esta função:

“O museu é também uma porta para a inclusão social. A extensão da chamada rede decapilaridade associada aos museus é impressionante, sendo possível a divulgação do

conhecimento da biodiversidade, bem como a sensibilização para o comportamento dosbrasileiros em torno da cidadania ambiental.” (Teixeira, 2010)

Ao final do evento, foi sugerida a criação de uma rede de museus que tenha por

objetivo a discussão da sustentabilidade e da biodiversidade. Esta rede, que ganhou o

nome de Rede MuSA – Rede de Museus e Sustentabilidade Ambiental, está em fase de

estruturação.

O Museu da Vida e as atividades em torno da biodiversidade

O Museu da Vida, ligado a Casa de Oswaldo Cruz, Fiocruz, vem realizando

diversas atividades em torno da biodiversidade (Massarani, 2010). Entre elas, é possível

citar a exposição “Evolução e Natureza Tropical”, inaugurada em maio de 2010, onde

foram percorridos dois caminhos, segundo a curadora, Luisa Massarani: o de Charles

Darwin e o de Alfred Wallace. Atrelada à exposição, foram concebidas uma série de

atividades educativas e lúdicas, bem como uma peça de teatro sobre Alfred Wallace.

O público de todas as faixas etárias pôde, segunda a curadora da exposição, participar

de atividades lúdicas, como o jogo com os tentilhões, pássaros encontrados por Charles

Darwin nas Ilhas Galápagos, que chamaram a atenção do naturalista por terem bicos

diferenciados, conforme a ilha em que habitavam e a comida (tipo de sementes)

disponível.

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As “Trilhas ecológicas”, realizadas no campus da Fiocruz, visam despertar o

interesse pela flora e fauna da Mata Atlântica e de outros biomas, presentes em

Manguinhos, que possui uma enorme área verde:

“sua flora é composta por mais de cem espécies de plantas, incluindo espécies nativas,exóticas e oriundas de outras unidades territoriais do Brasil. Sua fauna conta,

atualmente, com mais de 20 espécies de pássaros (das 40 aves mais comuns do Rio deJaneiro, encontramos 14 no campus da Fiocruz), além de répteis, mamíferos, anfíbios eum abundante número de insetos. Destaque-se que cerca de 270.000 metros quadradosda área do campus são constituídos por um sítio arqueológico e um núcleo arquitetônicohistórico de grande relevância nacional, tombado pelo Instituto do Patrimônio Históricoe Artístico Nacional (IPHAN). A atividade consiste em realizar caminhadas pordiferentes percursos nas trilhas existentes no campus. Os visitantes têm a oportunidadede observar flores, pássaros, insetos e outros animais de diversas espécies.” (Massarani,2010)

Outra atividade recém inaugurada pela Coordenação do Museu da Vida é o

“Jardim das Borboletas”, uma área de 84m2, onde o visitante pode interagir com quatro

espécies de borboletas, de diversas cores e tamanhos, em diferentes etapas de seu ciclo

de vida, que começa no ovo, passa pelo estágio larval, depois pelo casulo, para só então

atingir a fase adulta. Além das borboletas, o espaço abriga uma série de plantas e flores

criteriosamente escolhidas por fornecerem o alimento ideal às espécies do Jardim.

Nas palavras da Coordenadora do Museu, o objetivo é “que o tema não se

encerre quando o Ano Internacional da Biodiversidade finalizar. Ao contrário:

consideramos o marco mundial como uma oportunidade para colocar o tema ainda mais

presente nas atividades do Museu da Vida e torná-lo, definitivamente, parte de nossa

agenda.” (Massarani, 2010)

Museus que trabalham com a temática ambiental no Brasil

Uma pesquisa exploratória realizada pela autora em 2009 no Cadastro Nacional

de Museus (CNM) do Sistema Brasileiro de Museus (SBM), criado pelo Instituto

Brasileiro de Museus/Ibram – Ministério da Cultura, teve por objetivo investigar os

museus que tratam da temática ambiental no Brasil (Studart, 2010)2

.Como metodologia foram utilizadas seis “palavras-chave” relacionadas a temas

ambientais na “busca” por instituições no Cadastro Nacional de Museus:  

2 Esta pesquisa foi realizada com o apoio da museóloga Catarina Lúcia Faria, em 2009, quando estávamostrabalhando na elaboração do plano museológico do Museu do Meio Ambiente, no Rio de Janeiro. 

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meio ambiente; patrimônio natural; ecomuseus; ecologia; natureza; e desenvolvimento

sustentável.

Foram identificadas nessa investigação 36 instituições que abordam o tema

(região Sudeste (n=15); Sul (n=10); Nordeste (n=6); Norte (n=3); Centro-Oeste (n=2)),

mas é possível que este número ainda possa ser ampliado, em futuras pesquisas aoCadastro.

A maioria das instituições identificadas na busca ao CNM é de natureza pública

e está localizada na Região Sudeste, que engloba os estados de São Paulo (SP), Rio de

Janeiro (RJ), Minas Gerais (MG) e Espírito Santo (ES). No entanto, o Estado com o

maior número de museus identificados que abordam questões ambientais foi Santa

Catarina (SC). Segue abaixo o mapeamento por região, de acordo com a pesquisa.

- Região Sudeste

Em junho de 2009 a consulta ao Cadastro de Museus constata que 15 instituições do

Sudeste mencionam aspectos ambientais em sua missão: cinco museus em Minas

Gerais, cinco no Rio de Janeiro, quatro em São Paulo, e um no Espírito Santo.

  Museu Histórico de Ciências – Belo Horizonte, MG  Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef – Viçosa, MG  Museu de Ciências Morfológicas da UFMG – Belo Horizonte, MG  Museu Histórico-Cultural do Parque Nacional da Serra do Cipó – Jaboticatubas, MG  Museu de Ecologia – Nanuque, MG  Ecomuseu da Ilha Grande/Museu do Cárcere, Uerj – Angra dos Reis, RJ 

Museu Oceanográfico do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira – Arraial doCabo, RJ  Museu do Mel – Nova Friburgo, RJ  Museu do Futuro – Teresópolis, RJ  Museu do Meio Ambiente/JBRJ – Rio de Janeiro, RJ  Casa da Ecologia, Instituto Pau-Brasil de História Natural – Arujá, SP  Museu de História Natural – Campinas, SP  Museu Botânico Dr. João Barbosa Rodrigues – São Paulo, SP  Museu da Vida Marinha – Ubatuba, SP  Museu de Biologia Professor Mello Leitão – Santa Tereza, ES

Educação ambiental, divulgação de conhecimento sobre fauna, flora e ecossistemas

foram aspectos citados na missão do Museu de História Natural, Museu Botânico Dr.João Barbosa Rodrigues, Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef, Museu da Vida

Marinha, Museu do Meio Ambiente/JBRJ, bem como do Museu do Mel, que assim a

descreve: “Estimular a conscientização sobre a importância das abelhas, do mel e dos

ecossistemas associados, promovendo a defesa do meio ambiente e o desenvolvimento

sustentável.”

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Pesquisa e divulgação da biologia para preservação da saúde humana e ambiental

são mencionadas pelo Museu de Biologia Professor Mello Leitão e pelo Museu de

Ciências Morfológicas da UFMG, como aspectos integrantes de sua missão, e o último

especifica:“Ampliar e difundir o conhecimento da estrutura e funcionamento do organismo

humano e, a partir desse conhecimento, incentivar a promoção da saúde e a preservação

da vida – humana e ambiental – com qualidade; contribuir para conscientizar o homem

de sua inserção na natureza a ser preservada; promover o diálogo, o debate e a reflexão

sobre questões relacionadas à vida, tanto através do apoio ao ensino formal de

ciências/biologia, quanto através da educação não formal e da difusão científica,

voltadas para a comunidade em geral, inclusive cidadãos com alguma forma de

limitação (pessoas com deficiências).” (Cadastro Nacional de Museus, 2010)

Na missão do Museu Histórico de Ciências, encontramos como finalidade, além

da preservação da memória da instituição, a pesquisa e divulgação do patrimônio

natural, objetivo também indicado na missão do Museu Oceanográfico do Instituto de

Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira e do Museu Histórico-Cultural do Parque

Nacional da Serra do Cipó.

“O Museu Histórico-Cultural do Parque Nacional da Serra do Cipó foi criado com o

objetivo imediato de reunir, pesquisar e divulgar bens materiais que documentem a

apropriação e utilização dos recursos naturais, nativos e introduzidos, da Serra do Cipó

e do entorno, as técnicas regionais, o patrimônio cultural imaterial baseado nos recursos

naturais, em seus componentes físicos (objetos), espacial e ecológica (implantação e

utilização) e mental, a história humana da Serra do Cipó e de seu entorno e a história

das unidades de conservação da natureza da região.”

(Cadastro Nacional de Museus, 2010)

Divulgação da ecologia e da importância do desenvolvimento sustentável

aparece na missão do Museu de Ecologia e do Museu do Futuro, bem como da Casa da

Ecologia/Instituto Pau-Brasil de História Natural, que registra: “Promover a

conservação da biodiversidade, o desenvolvimento sustentável, a melhoria da qualidade

de vida da população por meio de pesquisa em meio ambiente e de ações em educação

ambiental.”

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- Região Sul

Segunda região com maior incidência de museus que mencionam em sua missão

aspectos relacionados ao meio ambiente, a Região Sul abriga seis museus em Santa

Catarina, três no Rio Grande do Sul e um no Paraná.

  Museu de Ecologia Fritz Müller – Blumenau, SC  Museu da Água Gunther Buhr – Blumenau, SC  Museu Oceanográfico do Vale do Itajaí, SC  Museu de História Natural de Florianópolis – Florianópolis, SC  Ecomuseu Laboratório Interativo de Educação Ambiental – Chapecó, SC  Ecomuseu Univali – Porto Belo, SC  Museu Zoobotânico Augusto Ruschi – Passo Fundo, RS  Museu Irmão Paschoal Pasa – Passo Fundo, RS  Museu da Natureza (Colégio Santa Joana d’Arc) – Rio Grande, RS  Ecomuseu de Itaipu – Foz do Iguaçu, PR

De modo geral os museus dessa região promovem a pesquisa, a educação e a

divulgação do conhecimento científico para a transformação da sociedade eproteção/valorização do meio ambiente, como se constata na informação fornecida pelo

Museu Zoobotânico Augusto Ruschi: “Manter coleções representativas do patrimônio

natural, colaborando na formação continuada e integrando o conhecimento com a

comunidade para a busca de uma educação integral.”

A interpretação dos elementos representativos da natureza e do desenvolvimento

sociocultural da região aparece especificamente na missão do Ecomuseu de Itaipu.

O Ecomuseu Laboratório Interativo de Educação Ambiental desenvolve o Programa

de Educação Ambiental da Prefeitura de Chapecó, através de projetos que envolvem

entidades sociais e ambientalistas e escolas das redes pública e privada, visando a

melhor qualidade de vida para os cidadãos.

- Região Nordeste

Na consulta ao CNM seis instituições foram encontradas na Região Nordeste, três

no Ceará, duas em Pernambuco e uma na Bahia.

  Museu de Ciências Naturais e de História Barra do Jardim – Jardim, CE

  Museu Natural do Mangue – Fortaleza, CE  Ecomuseu de Maranguape – Maranguape, CE  Museu do Sertão – Petrolina, PE  Espaço Ciência/Museu de Ciência – Olinda, PE  Museu ao Céu Aberto da Tartaruga Marinha – Mata de São João, BA

A missão do Museu do Sertão, bem como a do Museu do Mangue, a do Ecomuseu

de Maranguape, e a do Museu de Ciências Naturais e de História Barra do Jardim se

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resume principalmente em preservar a memória local, de seu povo, seus costumes e sua

relação com o meio ambiente.

No caso do Museu a Céu Aberto da Tartaruga Marinha, a missão está voltada para a

relação do homem com os processos de extinção e recuperação das tartarugas marinhas,

e seu acervo conta, por meio da exposição, como o homem vem-se relacionando com atartaruga marinha e a natureza no litoral brasileiro. 

E a do Espaço Ciência é estimular a curiosidade científica e popularizar este

conhecimento, visando ao respeito à natureza.

- Região Norte

Apenas três museus foram identificados na Região Norte no CNM: no Pará, em

Roraima e no Amapá.

  Ecomuseu da Amazônia – Belém, PA  Museu Integrado de Roraima – Boa Vista, RR  Centro de Pesquisas Museológicas/Museu Sacaca – Macapá, AP

A missão do Ecomuseu da Amazônia, que se situa no Distrito de Icoaraci e se

estende até a região dos Tapajós e áreas históricas da grande Belém, é assim informada:

“Integrar os diversos segmentos da sociedade com o inteiro ambiente, a partir da

conscientização e valorização da sua história e do seu patrimônio natural e cultural.”

De forma semelhante, a missão do Museu Integrado de Roraima é ampla e diz

respeito a proteção, conservação, pesquisa, educação e divulgação do patrimônio

cultural e natural de Roraima.

A missão do Centro de Pesquisas Museológicas/Museu Sacaca tem o foco na

promoção e geração de conhecimentos visando à valorização e ao uso consciente do

patrimônio ambiental: gerar, promover e divulgar conhecimentos científicos e

tecnológicos para a conservação do meio ambiente e o desenvolvimento dos recursos

naturais em benefício da população amapaense.

- Região Centro-OesteNo Centro-Oeste localizamos duas instituições, ambas referindo como missão

principal a educação ambiental.

  Museu Ambiental da Companhia de Polícia Militar Ambiental – Brasília, DF  Museu de História Natural e Casa de Memória Kadiwéu – Bonito, MS

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Criado em 2003 com o objetivo de transmitir informações inerentes às atividades

desenvolvidas pela Companhia de Polícia Militar Ambiental, o primeiro visa, através de

ações educativas, conscientizar crianças e adolescentes das escolas públicas e privadas

quanto à importância de preservar o meio ambiente.

Instituição de natureza privada, o Museu de História Natural e Casa de Memória

Kadiwéu tem como objetivo integrar estudos e pesquisas interdisciplinares voltados

para a reconstrução da memória histórica e sociocultural, a educação ambiental, bem

como promover a discussão de meios para a preservação e conservação do meio

ambiente, reafirmando o trabalho de turismo ecológico.

Considerações finais

Os resultados da referida pesquisa demonstram que já existe no Brasil umnúmero significativo de instituições que têm em sua missão aspectos relacionados a

preservação do meio ambiente, educação ambiental e divulgação do patrimônio natural

e da biodiversidade.

Um resumo dos principais objetivos (missão) encontrados no trabalho das

instituições museológicas brasileiras identificadas no estudo segue abaixo:

  divulgação de conhecimentos sobre fauna, flora e ecossistemas  divulgação da ecologia 

divulgar a importância do desenvolvimento sustentável  pesquisa e divulgação da biologia para preservação da saúde humana e

ambiental  pesquisa e divulgação do patrimônio natural  pesquisa e divulgação do conhecimento científico para transformação da

sociedade e seu meio ambiente.  gerar, promover e divulgar conhecimentos científicos e tecnológicos para a

conservação do meio ambiente e o desenvolvimento dos recursos naturaisem benefício da população

  educação ambiental  preservação ambiental  preservar a memória local, de seu povo, seus costumes e sua relação com o

meio ambiente.  proteção, conservação, pesquisa, educação e divulgação do patrimônio

cultural e natural  estimular a curiosidade científica e popularizar este conhecimento, visando o

respeito à natureza.  integrar os diversos segmentos da sociedade local com o meio ambiente, a

partir da conscientização e valorização da sua história e do seu patrimônionatural e cultural

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  mostrar a relação do homem com os processos de extinção e recuperação dasespécies

Este estudo mostra que a educação e a divulgação constam da missão da maioria

dos museus que trabalham com a questão ambiental no Brasil, identificados na

pesquisa. De fato, as instituições museológicas, como espaços de educação não formal e

de divulgação científica, não podem ficar alheios à discussão da sustentabilidade

ambiental, pois são locais privilegiados para o debate dos problemas contemporâneos,

bem como para a valorização do rico patrimônio natural local e global.

Referências

CADASTRO NACIONAL DE MUSEUS – Sistema Brasileiro de Museus (Ibram / Ministério da Cultura)http://www.museus.gov.br/sbm/cnm_conhecaosmuseus.htm 

MASSARANI, Luisa (2010).   De olho na biodiversidade: iniciativas do Museu da Vida no anointernacional sobre o tema. Simpósio Museus, Biodiversidade e Sustentabilidade Ambiental. Rio deJaneiro, 10 de junho de 2010. (Áudio da palestra e Apresentação) Disponíveis em:http://www.museologia.org.br/simposio/index.php?option=com_content&view=article&id=32&Itemid=43 acesso em novembro de 2010http://www.museologia.org.br/simposio/index.php?option=com_content&view=article&id=27&Itemid=38  acesso em novembro de 2010

RANGEL, Marcio (2010) Síntese e pontos relevantes do Simpósio Museus, Biodiversidade eSustentabilidade Ambiental. Simpósio Museus, Biodiversidade e Sustentabilidade Ambiental. Rio deJaneiro, 10 de junho de 2010. (Texto) Disponível emhttp://www.museologia.org.br/simposio/index.php?option=com_content&view=article&id=33&Itemid=59 acesso em novembro de 2010

SCHEINER, Tereza (2010). Formação em Museologia e Meio Ambiente. Simpósio Museus,Biodiversidade e Sustentabilidade Ambiental. Rio de Janeiro, 8 de junho de 2010. (Áudio da palestra)Disponível em http://www.museologia.org.br/simposio/index.php?option=com_content&view=article&id=32&Itemid=43 acesso em novembro de 2010

SIMPÓSIO MUSEUS, BIODIVERSIDADE E SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL, realizado no Riode Janeiro, 8-11 de Junho de 2010. Organizadores: Denise Studart, Mario Chagas e Claudia Storino.Realização: Museu da Vida/COC/Fiocruz e Instituto Brasileiro de Museus/Ibram. Apoio: CNPq.Disponível em www.museologia.org.br/simposio , “Áudio das Palestras” e “Apresentações (Slides)” 

STUDART, Denise (2010). Um panorama dos museus que trabalham com a questão ambiental no

 Brasil. Simpósio Museus, Biodiversidade e Sustentabilidade Ambiental. Rio de Janeiro, 8 de junho de2010. (Apresentação slide) Disponível emhttp://www.museologia.org.br/simposio/index.php?option=com_content&view=article&id=27&Itemid=38  acesso em novembro de 2010

TEIXEIRA, Izabella (2010).   Mesa de Abertura. Simpósio Museus, Biodiversidade e SustentabilidadeAmbiental. Rio de Janeiro, 8 de junho de 2010. (Áudio da palestra) Disponível emhttp://www.museologia.org.br/simposio/index.php?option=com_content&view=article&id=32&Itemid=43 acesso em novembro de 2010