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CÂMARA DOS DEPUTADOS
DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO
NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES
TEXTO COM REDAÇÃO FINAL
COMISSÃO ESPECIAL - LEI DA ANISTIAEVENTO: Audiência Pública N°: 0660/08 DATA: 14/05/2008INÍCIO: 14h44min TÉRMINO: 16h48min DURAÇÃO: 02h04minTEMPO DE GRAVAÇÃO: 02h04min PÁGINAS: 43 QUARTOS: 25
DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃOCHARLES NOBRE PEROBA – Gerente de Relações Institucionais da Gerência-Executiva deRecursos Humanos da PETROBRAS.JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA – Gerente da Divisão de Relações e ConciliaçõesTrabalhistas do Banco do Brasil.ALBERTO DE MELLO MATOS – Superintendente-Executivo da Diretoria de Gestão de Pessoase representante da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT.
SUMÁRIO: Esclarecimentos sobre os processos de anistia em andamento nas instituiçõespúblicas brasileiras.
OBSERVAÇÕESHouve exibição de imagens.Houve intervenções fora do microfone. Inaudíveis.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão Especial - Lei da AnistiaNúmero: 0660/08 Data: 14/05/2008
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O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - Estão abertos os trabalhos
da 6ª reunião da Comissão Especial Lei da Anistia.
Convido para fazer parte da Mesa o Sr. Charles Nobre Peroba, Gerente de
Relações Institucionais da Agência Executiva de Recursos Humanos da
PETROBRAS, representando nesta oportunidade o Presidente da empresa, Sr. José
Sérgio Gabrielli; o Sr. José Doralvino Nunes de Sena, Gerente de Relações e
Conciliações Trabalhistas do Banco do Brasil, representando o Presidente da
instituição, Sr. Antônio Francisco de Lima Neto; o Sr. Alberto de Mello Mattos,
Superintendente-Executivo da Diretoria de Gestão de Pessoas da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos, representando o Presidente da empresa, Sr.
Carlos Henrique Almeida Custódio.
Tendo em vista a distribuição antecipada de cópias da ata da 5ª reunião,
indago da necessidade de sua leitura.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Sr. Presidente, peço dispensa
da leitura.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - Dispensada a leitura da
ata.
Consulto os Srs. Deputados sobre se há alguma retificação a fazer no texto
da ata. (Pausa.)
Não havendo, em discussão a ata. (Pausa.)
Encerrada a discussão, em votação a ata.
Os Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovada.
Com esta audiência pública, o nosso objetivo é o de ouvir, dos representantes
da PETROBRAS, do Banco do Brasil e da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos, exposição a respeito dos processos de anistia: como estão sendo
encaminhados e que providências ou iniciativas estão sendo tomadas no sentido de
fazer com que a lei seja cumprida.
Passo a palavra ao Sr. Charles Nobre Peroba, representante da
PETROBRAS, para que faça a sua exposição, no tempo de até 20 minutos.
O SR. CHARLES NOBRE PEROBA - Boa-tarde.
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Sr. Presidente, Deputado Daniel Almeida, demais membros da Mesa,
senhoras e senhores, é com muita honra que transmito a satisfação do Presidente
José Sérgio Gabrielli com o convite feito a S.Sa. e à PETROBRAS. Vou, em seu
nome, expor aqui dados sobre as providências e os encaminhamentos, enfim, como
a PETROBRAS percebe esses processos de anistia dos últimos anos, fruto
obviamente de muita luta e da participação democrática do povo brasileiro.
Este é um momento riquíssimo que o País vive. Obviamente, a PETROBRAS,
fazendo parte deste momento, tem extremo interesse — e para isso tem-se
empenhado profundamente — em dar vazão às decisões das comissões de anistia
constituídas no Brasil.
Preparei uma pequena apresentação para tentar mostrar a V.Exas. esses
procedimentos e o posicionamento da PETROBRAS.
(Segue-se exibição de imagens.)
Inicialmente, a PETROBRAS tem dito claramente a todas as comissões que é
de seu interesse atender às suas decisões. É interesse da PETROBRAS,
obviamente dentro da segurança jurídica necessária e do conforto necessário, tanto
para os membros das comissões quanto para os possíveis anistiados, que esses
processos sejam levados a cabo de modo satisfatório, que realmente sejam
atendidos esses pleitos.
Esta é uma apresentação padrão que fazemos com relação aos nossos
processos de anistia. Entretanto, algumas assistências, algumas pessoas não têm
conhecimento mais profundo. Portanto, trabalhamos desse modo.
Estes são os 3 normativos legais que albergam as decisões e as
implementações da PETROBRAS com relação à anistia: a Lei nº 8.878, conhecida
de todos aqui, que trata de um período específico da história do Brasil; a Lei nº
10.559, que regulamenta o art. 8º do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias; e a Lei nº 10.790, de 2004, voltada para movimentos reivindicatórios na
PETROBRAS, do período de 10 de setembro de 2004 a 1º de setembro de 2006.
Então, essas são as 3 legislações que, como disse, albergam as decisões e
as implementações da PETROBRAS no que diz respeito aos processos de anistia.
Não vou entrar neste detalhe porque todos conhecem com profundidade,
inclusive, os aspectos legais da Lei nº 8.878.
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Também esse é o movimento que foi dado ao longo do tempo, desde a sua
publicação. A Lei nº 8.878 também é um resumo desse andamento. Foi publicada
em 1994, sendo que em 1998 ocorreu a concessão de anistia que efetivamente não
foi realizada. Em 2000 isso foi anulado.
Em 2004, com base no Decreto nº 5.115, constituiu-se uma comissão para
viabilizar essas anistias. Naquele momento, no Grupo PETROBRAS de modo geral,
muito mais especificamente em 2 de suas empresas — a PETROMISA e a
INTERBRÁS —, 1.230 requerimentos de anistia foram deferidos. Na PETROBRAS,
desse montante de requerimentos deferidos, houve 1.041 novas admissões. Ou
seja, dos 1.230 anistiados pela Comissão Especial Interministerial, 1.041 retornaram
ao trabalho. Os outros, por algum motivo — ou não desejaram mais retornar, ou não
aceitaram as condições do momento; isso foi documentado, obviamente —, ficaram
de fora da companhia, até porque alguns já exerciam, inclusive, outras atividades, e
não era interessante para eles retornar à PETROBRAS naquele momento.
Em junho de 2006, momento crítico que vivenciamos — a PETROBRAS
demostrou o seu empenho —, 519 requerimentos foram questionados e reavaliados.
A PETROBRAS constituiu uma subcomissão setorial e reavaliou os requerimentos,
um a um, argumentando os motivos daquela anistia. E a Comissão Especial
Interministerial homologou aquela decisão.
É bom deixar claro, embora também seja do conhecimento de V.Exas., que a
PETROBRAS apenas implementa as decisões das comissões. Ela não tem
ingerência nas comissões. Portanto, naquele momento, nós corríamos grande risco,
porque 519 trabalhadores que tinham voltado ao trabalho já há algum tempo
poderiam perder de novo o emprego, trazendo prejuízos graves para a própria
PETROBRAS, em função de como seria tratada a ambiência organizacional.
Então, com muito empenho, num curto espaço de tempo — 60 dias —,
reanalisamos os 519 processos que a CEI nos enviou e os fundamentamos, para
que decidisse sobre a manutenção da anistia daqueles trabalhadores.
Em novembro de 2006, um novo decreto foi editado para reanalisar alguns
processos que deram entrada na Comissão Especial Interministerial. Naquele
momento, alguns demitidos no período citado tiveram a oportunidade de requerer
novamente a anistia, e os processos foram novamente montados, com o maior
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aprofundamento da tese que fundamentava a anistia ou não, com o enquadramento
no dispositivo legal. Isso também foi feito pela PETROBRAS. Nós reconstituímos
1.317 processos e os enviamos à CEI. Estamos até o momento aguardando que a
Comissão Especial Interministerial julgue os processos.
Dentre esses processos, em vários, na nossa análise preliminar, obviamente
— a decisão final é da CEI —, está garantido o direito à anistia para aqueles
trabalhadores. E a PETROBRAS já mostrou claramente, tanto para a Comissão de
Anistia quanto para os órgãos de governo competentes, o seu interesse de resolver
isso o mais rapidamente possível.
A PETROBRAS está num momento de crescimento muito grande, requerendo
mão-de-obra especializada. Muitos desses trabalhadores representam mão-de-obra
especializada na indústria do petróleo e da petroquímica. E, por conta disso, é
necessário que se resolvam o mais rapidamente possível essas questões, esses
processos, na Comissão Especial Interministerial.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Sr. Charles, pela
oportunidade, pergunto a V.Sa.: os arquivos do serviço de informações da
PETROBRAS estão abertos para a pessoa obter dados e fazer o seu pedido?
O SR. CHARLES NOBRE PEROBA - Todos os processos da Comissão
Especial Interministerial estão na Comissão, não estão na PETROBRAS. Nós já
enviamos todos eles à Comissão.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Tudo foi enviado para a
Comissão?
O SR. CHARLES NOBRE PEROBA - Para a Comissão Especial
Interministerial do Ministério do Planejamento.
A celeridade desses processos, obviamente, tem de estar balizada também,
como disse, na segurança jurídica da decisão, do ato administrativo de concessão
da anistia, tendo em vista que não podemos correr o risco de revogar, futuramente,
essas anistias, criando mais problemas.
A sabedoria da Comissão Especial Interministerial está na agilidade em
resolver esses problemas, atendendo à necessidade das pessoas e das empresas,
no caso da PETROBRAS também, porque isso cria grandes impactos
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organizacionais, tanto para planejamento de recursos humanos quanto para a
ambiência organizacional.
A PETROBRAS, como disse, tem um planejamento de contratação de
recursos humanos para 2012 já definido, o que impacta obviamente as anistias,
porque essas vagas serão consumidas, vamos dizer assim, pelos anistiados. Se nós
não obtivermos essa solução num tempo hábil, poderemos ter problemas de
planejamento efetivo de recursos humanos, porque são pessoas, em sua grande
maioria, com especialidades, que exercem atividades específicas em determinados
locais. E não podemos correr o risco de admitir, por exemplo, uma quantidade de
técnicos de operação da área petroquímica, se existe a possibilidade de preencher
essas vagas com os anistiados.
A PETROBRAS gostaria que isso fosse resolvido o mais rapidamente
possível, para não gerar problemas de ambiência, porque há uma cobrança interna
dos sindicatos de petroleiros e das categorias pertinentes para que isso seja
resolvido. Isso vai acumulando também dificuldades na ambiência organizacional.
Como disse, 1.317 processos já foram analisados internamente,
fundamentados e enviados à Comissão Especial Interministerial.
Estes são os números relativos às anistias já concedidas, no caso da
INTERBRÁS e da PETROMISA, no período de 1990 a 1992: retornaram ao trabalho
1.041 servidores. E com o esforço gigantesco da PETROBRAS, vale ressaltar. A
grande maioria desses servidores passou muito tempo fora do mercado de trabalho.
A PETROBRAS teve de trabalhar muito na formação e na capacitação dessas
pessoas. Para se ter uma idéia, o pessoal da área administrativa da INTERBRÁS
operava, em 1990, sem computador. Então, foi feito um esforço considerável para
dar treinamento a essas pessoas, adequando-as à nova realidade do mercado e às
novas necessidades da própria companhia.
Esses são os 1.317 processos em análise na CEI. Como disse, todos foram
analisados pela PETROBRAS e enviados à CEI, para que decida sobre eles. Desse
grupo, obviamente há alguns com mais clareza de atendimento dos requisitos legais
e que talvez sejam do conhecimento da Casa: no que se refere ao pessoal do Grupo
Petroflex e Nitriflex, voltado para a área de petroquímica, já foi muito bem
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fundamentado o pedido de anistia. Mas, como disse anteriormente, cabe à CEI
decidir, e à PETROBRAS, cumprir.
Esta é a Lei nº 10.790, uma lei mais simples com relação à sua interpretação.
Entretanto, ela envolve o pessoal que participou...
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Sr. Charles, pela
oportunidade, permita-me interrompê-lo. Naquele quadro que V.Sa. mostrou, sobre
as anistias deferidas, por que só estão registradas 2 anistias para a PETROBRAS?
O SR. CHARLES NOBRE PEROBA - Pode voltar lá, por favor?
Das deferidas?
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Está aí: PETROBRAS, 5
somente. Por quê?
O SR. CHARLES NOBRE PEROBA - Esses são os processos em análise
com base na Lei nº 8.878. Da PETROBRAS propriamente dita, são números muito
baixos porque esse é um grupo do período do Plano Collor, basicamente oriundo de
empresas extintas ou liquidadas. Da BR Distribuidora, da PETROBRAS Distribuidora
e de outras empresas que ainda existem, são requerimentos que provavelmente —
obviamente é uma hipótese — não terão fundamentação por anistia. É uma
hipótese, não estou afirmando isso. Mas, fundamentalmente, esses processos são
de empresas do Sistema PETROBRAS e não da própria PETROBRAS; são relativos
a demissões em empresas do grupo, por extinção ou liquidação.
Estes são os anistiados da Lei nº 10.790. Foram 112 demissões, da
PETROBRAS. Nós tivemos mais 600 demissões indeferidas. Mas o indeferimento foi
dado pelo fato de não serem empregados da PETROBRAS e, sim, da PETROMISA,
que requereram anistia com base nessa lei. E a Comissão entendeu que não
caberia para aquele caso, porque essa lei é específica para empregados da
PETROBRAS.
A Lei nº 10.559, também de conhecimento geral, atinge profundamente a
PETROBRAS. Nós temos quase 1.500 anistiados com base na Lei nº 10.559, que já
estão recebendo por meio do Ministério da Justiça, do Estado brasileiro. A
PETROBRAS já atende à legislação com relação a esse aspecto, ou seja, fornece
os dados adequados para o enquadramento, no tempo devido, desses anistiados.
Em outras palavras: são requeridas à PETROBRAS informações sobre
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remuneração, alteração de plano de cargos e salários. E ela, no tempo adequado,
fornece essas informações, para que o Estado brasileiro faça o devido pagamento a
esses anistiados, porque eles não causam impacto na folha de pagamentos da
PETROBRAS, mas obviamente no caixa da União.
Mas nós temos uma pendência em relação a esses anistiados, ou
trabalhadores que não foram anistiados: um grupo de trabalhadores — a maioria é
— que participou da greve de 1983, que atingiu tanto a refinaria da Bahia quanto a
refinaria de Paulínia, em São Paulo; a refinaria de Mataripe, na Bahia, e a de
Paulínia, em São Paulo. Nós temos remanescentes dessa greve: 60 trabalhadores
de Mataripe e 30 trabalhadores de São Paulo. Albergados pela lei, há mais 30 no
Rio de Janeiro, remanescentes da greve de 1964.
Isso também tem um impacto considerável na PETROBRAS, em função da
ambiência organizacional. A PETROBRAS já apresentou à Comissão de Anistia do
Ministério da Justiça documentos comprobatórios daquele período. Os trabalhadores
foram demitidos em 1983. A grande maioria retornou ao trabalho em 1985, mas
foram readmitidos com prejuízos claros.
Esse processo está fartamente documentado na Comissão, que certamente
pode disponibilizar isso para esta Casa. Os documentos que a PETROBRAS
apresentou identificam como se deu o processo naquele período. Obviamente, quem
faz juízo de valor é a Comissão. A PETROBRAS apenas apresentou o que tinha, e
tem, nos seus arquivos.
(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - Vamos esperar o término
da exposição. Depois, permitirei a participação de todos.
Anote a pergunta, para que seja feita no momento seguinte.
O SR. CHARLES NOBRE PEROBA - Eu não vou me estender nos detalhes
da leitura — vou deixar esta apresentação com a Comissão. Mas farei um resumo
dos documentos apresentados. É um dossiê oficial que foi entregue à Comissão do
Ministério da Justiça. Mas tem de ficar claro isso, porque é uma pendência.
Na verdade, esse é o compromisso que a PETROBRAS assumiu, e assume
publicamente mais uma vez, de atender imediatamente as decisões das comissões
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de Anistia. Tem feito isso, volto a dizer, de modo muito claro. Não tem colocado
dificuldades para esse procedimento.
Mas uma necessidade nós temos de deixar clara: de segurança jurídica do
ato administrativo de anistia. Vivenciamos, em 2006 — como disse antes —, a
demissão de 519 trabalhadores, depois de terem sido anistiados. Isso criou um
problema interno considerável.
Então, a nossa necessidade é de segurança do ato da Comissão, para que
não seja questionado posteriormente, e de agilidade, porque isso impacta os
processos de recursos humanos da companhia.
A sabedoria da Comissão, obviamente, vai estar na mediação da agilidade e
da segurança. Isso não é apenas para o bem da PETROBRAS, mas também para o
conforto dos próprios anistiados. Quem vivenciou, e vivencia, um processo de
perseguição política, e hoje é anistiado, sabe muito bem que viver de sobressalto,
permanentemente, não é o mais adequado.
Então, queremos enfatizar que a PETROBRAS gostaria de contribuir para
isso acontecesse o mais rapidamente possível. Entretanto, gostaria também que
isso se desse de forma segura, para que não fosse questionado posteriormente.
Eram essas as minhas palavras. Estamos à disposição para o debate.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Sr. Presidente, pela
oportunidade, queria requerer ao Sr. Charles que enviasse a esta Comissão a
comprovação do envio da documentação de arquivo de informações da
PETROBRAS à CEI.
Eu quero a comprovação do envio desses documentos.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - V.Exa. será atendido.
A Comissão já faz o requerimento e espera que a PETROBRAS encaminhe a
informação no mais breve tempo possível.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Espero que o material que
fez parte da exposição do convidado seja disponibilizado para a Comissão.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - V.Exa será atendido.
Agradecemos ao Sr. Charles Nobre Peroba e convidamos o Sr. José
Doralvino Nunes de Sena para falar em nome do Banco do Brasil.
O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - Boa-tarde a todos.
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Gostaria, em nome do Dr. Lima Neto, Presidente do Banco do Brasil, e em
nome do Banco do Brasil, de cumprimentar todos os presentes, bem como o
Deputado Daniel Almeida, que preside os trabalhos.
Inicialmente, eu gostaria de fazer um histórico da importante relação do
Banco do Brasil — essa empresa que neste ano está completando 200 anos — com
este País, até porque o motivo do convite que nos foi formulado é discutir anistia,
que tem muito a ver com essa relação de que vou falar agora.
O Banco do Brasil, não só por ser uma empresa de 200 anos, mas também
por ser uma empresa que atua em todo o território nacional com o seu quadro de
funcionários, acabou tendo relação muito grande com a sociedade. Nesse sentido,
sempre foi comum no Banco do Brasil o relacionamento dos funcionários com os
movimentos sociais, políticos e sindicais. Isso faz parte da história do banco e do
País. Inclusive, inúmeros direitos que temos hoje originaram-se de relações
trabalhistas internas do Banco do Brasil, inicialmente. Poderia citar a gratificação de
Natal, o décimo terceiro salário, entre outros.
Acabamos observando, a partir disso, que todos os processos de exceção
que aconteceram na história brasileira afetaram funcionários do Banco do Brasil,
pela sua atuação política na vanguarda histórica deste País. Mais recentemente, no
golpe militar de 1964.
O que ocorre com a nossa relação com a comissão de anistia e com o objeto
da convocação desta Comissão, para que viéssemos aqui apresentar dados sobre
anistia e retorno de colegas afetados pelo golpe no Banco do Brasil?
A partir da legislação posta, é preciso dividir os fatos por períodos. No
primeiro período, na década de 80, após a primeira legislação de anistia, os
funcionários afastados e que tinham o abrigo da lei puderam retornar ao banco. As
negociações começaram a ser feitas no Banco do Brasil, e esses colegas
retornaram na carreira administrativa, no posto inicial novamente; isso na década de
80. Havia um processo de interlocução da empresa, por meio das áreas
responsáveis pela relação trabalhista, com as reivindicações dos anistiados, na
década de 80.
Na década de 90, em 1994, o marco foi a constituição de um grupo de
trabalho, composto por representantes do Banco do Brasil e dos anistiados, para
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que algumas reivindicações apresentadas pudessem ser tratadas e sistematizadas,
a fim de que o banco pudesse atendê-las. Esse processo ficou inconcluso, digamos
assim, ou sem maiores avanços, até que a legislação de anistia subseqüente
trouxesse mais luz sobre essa questão e a definisse claramente.
É preciso ressaltar que no Banco do Brasil, salvo melhor juízo ou uma
indicação que eu não saiba, todos os funcionários foram reintegrados.
O que ocorre aí, nas características que o banco tem, diferentes da
PETROBRAS...
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Pela oportunidade, pergunto
a V.Sa.: a Comissão de Anistia não está liberando alguns processos do Banco do
Brasil por que há resistência ou por que a CESIN, a Comissão Especial de Inquérito,
está colocando algum obstáculo?
O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - A CESIN — Comissão
Especial de Inquérito, graças a Deus, não existe mais no Banco do Brasil. O que
existe hoje é um setor que cuida das relações trabalhistas de forma aberta e
democrática. Nesse sentido, toda e qualquer reivindicação da ACI; toda e qualquer
reivindicação das associações de anistiados, ou dos anistiados, ou dos
“anistiandos”...
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - A atual administração não
reconhece que a CESIN cometeu esses exageros?
O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - O que ocorre é o seguinte: o
que aconteceu no Banco do Brasil naquele momento está sendo discutido hoje na
Comissão de Anistia, e toda e qualquer informação necessária para subsidiar esse
processo o Banco do Brasil está fornecendo, inclusive os arquivos daquela época...
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Os arquivos da CESIN estão
com o Banco do Brasil ou com a Comissão de Anistia?
O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - Os arquivos estão com o
Banco do Brasil. E toda aquela informação solicitada...
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Se alguém precisar de
informação, está liberada?
O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - Está liberada. Assim tem sido
feito. Toda e qualquer informação solicitada pela Comissão Especial Interministerial
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foi fornecida tempestivamente. Participamos até mesmo das discussões, abordando
paradigmas necessários para a conclusão dos processos de anistia.
Mas, como dizia, de 1994 até 2003, esse processo de informações e de
reconstituição da carreira dos colegas ficou inconcluso. Nós assumimos essa área
na metade do ano, em maio de 2003. A partir do momento em que assumimos a
área de relações trabalhistas do Banco do Brasil; a partir de reivindicações da
Associação de Anistiados, por decisão da direção do banco, nós ficamos
encarregados de fazer esse relacionamento direto com as associações de
anistiados, com os anistiados e “anistiandos”, e com o Ministério da Justiça e a
Comissão Especial Interministerial de Anistia. E, a partir de então, nós
estabelecemos um método no qual, para todo e qualquer processo de anistia que
esteja tramitando na Comissão, fornecemos os documentos que se façam
necessários...
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Então, Sr. Sena, eu posso
admitir que o Banco do Brasil tem atendido a todas as solicitações da Comissão de
Anistia com presteza?
O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - Certamente.
Veja bem: nós temos acompanhado, atualmente — e tenho aqui a relação —,
142 processos sistematizados que estão em discussão na Comissão de Anistia.
Importante é discutir que, nesse período em que tivemos essa relação direta e
próxima com a Comissão do Ministério da Justiça, existiu uma polêmica, de certa
forma, quanto aos critérios que orientavam a recomposição da carreira desses
colegas e à forma como eles poderiam ter o seu direito resguardado, respeitando-se
a lei. Ou seja, quando se concede uma anistia, cessam-se determinadas atitudes e
se tenta reconstituir a carreira do funcionário. Aliás, diga-se de passagem, há 6
meses, o último funcionário anistiado do banco se aposentou. Hoje, todos estão
aposentados. E tanto os anistiados quanto os “anistiandos” estão discutindo isto: a
recomposição da sua carreira como se na ativa estivessem, e não tivesse ocorrido a
interrupção...
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - A Comissão de Anistia
convocou o BB para explicar o quadro de carreira?
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O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - Eu estou aqui para prestar
informações que subsidiem V.Exas.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Não à nossa Comissão. A
Comissão de Anistia do Ministério da Justiça convocou o BB para explicar o quadro
de carreira?
O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - Eles nos chamaram para
inúmeras reuniões para discutir os paradigmas que poderiam ser utilizados para a
recomposição dos direitos deles. E, nessas discussões, apresentamos tecnicamente
a montagem do quadro de carreira, como estava a situação dos funcionários
anistiados e como seria, na nossa visão técnica, a recomposição da carreira desse
colega, para que, aposentando-se, ele tivesse a sua vida profissional reconstituída
pela anistia como se na ativa estivesse.
Discutimos, com a Comissão de Anistia, em vários momentos, paradigmas
que poderiam materializar a vontade do legislador, quando foi feita a legislação da
anistia. Chegamos a vários consensos. Fornecemos e produzimos, inclusive, no
Banco do Brasil, documentos e tabelas no sentido de dar essa segurança, para que
as decisões recompusessem, como eu disse, a carreira específica daquele colega
anistiado, como se na ativa estivesse e não tivesse sido atingido pelo ato de
exceção.
Nesse sentido, mantivemos contato com a Comissão de Anistia e fizemos o
atendimento dessas solicitações. Fizemos esses debate sempre com este norte, ou
seja, cumprir a vontade do legislador e fazer com que a carreira do colega fosse
recomposta, para que não tivesse prejuízos profissionais.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Quando foi isso?
O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - Desde 2003, meus
assessores, alguns técnicos e eu fizemos inúmeras visitas — até nem sei precisar
quantas. Quanto aos processos que temos lá, sobre os quais foram solicitados...
(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)
O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - Inclusive, ontem, uma
assessora minha esteve reunida.
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Então, da parte do Banco do Brasil, eu aqui declaro sem medo de errar que
todas os documentos sobre a evolução dos processos nós temos fornecido para a
Comissão de Anistia.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Pela oportunidade, gostaria
de pedir que V.Sa. encaminhasse à nossa Comissão comprovação de que houve
essa reunião entre os representantes do Banco do Brasil e a Comissão de Anistia.
Porque a informação que nós temos é a de que entre a atual direção da Comissão
de Anistia e o Banco do Brasil não está havendo esse entrosamento.
O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - Se não está havendo, talvez
seja por outros motivos.
Num passado recente, nós nos reunimos com a Comissão de Anistia,
discutimos a composição de paradigmas técnicos, obedecendo ao nosso quadro de
carreira — porque o Banco do Brasil tem um quadro de carreira constituído há
muitos anos; esse quadro de carreira evoluiu no tempo. E nós prestamos
informações técnicas. Além disso, tentamos imaginar como seria a recomposição da
carreira do funcionário, se na ativa estiveste e não tivesse sido atingido por um ato
de exceção.
Chegamos a um consenso, num determinado momento — depois eu posso
precisar as datas, que estão no meu relatório —, com a Comissão de Anistia, quanto
a essa recomposição. Fornecemos os documentos. Depois de um tempo, a
Comissão de Anistia passou a discutir uma nova metodologia. De novo nos
reunimos, discutimos uma nova metodologia.
Inclusive, vamos deixar bem claro como funciona a discussão lá e o que nos
foi solicitado. A perspectiva era a de que os paradigmas seriam dos pares.
Imaginamos um funcionário que tenha entrado no banco numa determinada data.
Ele foi atingido por um ato de exceção e não teve a sua carreira normal concluída.
Então, como se construiu a primeira idéia de paradigma? Seria assim: os seus
pares. Quais funcionários entraram com ele no mesmo ano e se aposentaram?
Porque não adianta também considerar a situação de um funcionário que trabalhou
por 1 mês, 1 ano ou 2 anos porque haverá uma distorção muito grande nessa régua.
Construímos conjuntamente essa filosofia de paradigmas, pegando os pares
e vendo todos aqueles que se aposentaram, para recompor, digamos assim, um
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senso que pudesse ser aplicado a esse funcionário e que não o colocasse em
desvantagem em relação àquele que entrou no mesmo ano, no mesmo concurso.
Isso foi feito. E vou ser bem claro: recompor carreiras de funcionários que
entraram nas décadas de 50 e 60 não é um trabalho fácil. Mas o Banco do Brasil
teve todo interesse; usou toda a sua máquina administrativa nesse sentido e
conseguiu construir, para cada funcionário cujos dados nos foram solicitados pela
Comissão de Anistia, a recomposição da carreira, com esse critério objetivo e
técnico baseado no quadro de carreira do banco e, ao mesmo tempo, também
levando em conta as mudanças que o quadro de carreira teve.
Temos de dizer que esse critério foi construído em consenso com a Comissão
de Anistia, naquele momento, de acordo com a demanda da Comissão de Anistia. O
Banco do Brasil tem um quadro de carreira diferente hoje. Se formos analisar grosso
modo se um funcionário que entrou no banco pode ser presidente, vamos responder
que pode. Nada impede que ele chegue à presidência do banco.
Então, nós trabalhamos com esse critério, construído juntamente com a
Comissão de Anistia, no sentido de ter uma sustentação técnica, baseada em fatos
concretos, reais, defensáveis, inclusive publicamente, e que não caracterizassem
nenhum privilégio, nenhum tratamento diferenciado aos colegas que entraram no
mesmo ano e no mesmo concurso. Esses trabalhos demandaram grande esforço de
nossa parte, inclusive de reconstituição histórica da carreira desses outros colegas.
E conseguimos produzir esse material.
O que aconteceu de lá para cá? Esse material foi constituído, foi
disponibilizado, cargo a cargo, funcionário a funcionário, para a Comissão de Anistia,
e outras polêmicas foram levantadas pela Comissão de Anistia, à época, e que até
agora estão sem solução — não obtivemos resposta conclusiva da atual Comissão
porque não deliberamos. Nós fornecemos aquilo que nos é demandado.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Sr. Sena, eu queria que V.Sa.
encaminhasse a esta Comissão essas dúvidas que estão pendentes com a
Comissão de Anistia, para tentarmos encontrar uma solução.
E, aproveitando a interrupção, pergunto: depois que a Comissão de Anistia
concede a anistia, de que forma o Banco do Brasil trata aqueles benefícios que a
pessoa perdeu durante o tempo em que esteve afastada?
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O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - O Banco do Brasil faz a
recomposição conforme a decisão, em todos os aspectos. Tem os aspectos relativos
à nossa caixa de assistência ou de previdência; e eles são cumpridos. Quanto a isso
não há dúvida.
Mas, já que eu falei em caixa de previdência, informo que uma grande polêmica está
sobrevivendo dessa discussão com a gestão passada da Comissão de Anistia, em
relação aos anistiados do Banco do Brasil. É uma polêmica que envolve a PREVI e
é inconclusa. Foi-nos colocado em determinado momento para discussão entre o
critério técnico, quando apresentamos essa evolução entre os pares, que para
aquele valor resultante que tivesse ali para decisão da comissão de concessão da
anistia fosse abatido o valor da aposentadoria da PREVI.
Na época estranhamos o fato, porque a PREVI é uma relação, digamos
assim, privada entre o funcionário e um fundo de pensão, não tem uma relação
direta com a anistia em si. O papel da anistia, salvo melhor juízo, pelo menos no
meu entender, se presta a outra coisa. A PREVI tem outra relação. Foi dito que
deveríamos, no cálculo apresentado, abater o valor da PREVI. Colocamos duas
questões: a primeira é que estávamos ali representando o Banco do Brasil e não a
PREVI. Não poderíamos assumir posições em relação à PREVI que é uma relação
privada com aquele funcionário, embora a PREVI pertença aos funcionários e ao
banco, mas a relação que existe é de associado e de associação. Dissemos que não
poderíamos nos manifestar a respeito disso.
E segundo, entrando no mérito, no nosso entender, o que estava se
discutindo ali era a questão da anistia e do quadro de carreira que ele tinha, ou seja,
o valor que ele deveria receber independente da PREVI. Porque se fosse assim, se
essa pessoa tivesse um outro seguro, um PGBL de outra empresa, isso teria que ser
abatido da anistia também. Parece um caso análogo de alguém bater no carro do
outro e perguntar para o outro: “Tem seguro do teu carro?” “Tenho.” Então, estou
desobrigado de pagar alguma coisa. Nesse sentido, levantamos a polêmica naquele
momento porque, no nosso modo de entender, o que se discutia ali eram critérios
técnicos a respeito da data que o funcionário entrou no banco, da sua carreira ser
recomposta, da relação de paradigma salarial, de quadro, de carreira ou de função,
que ele teria com os seus pares. Ou seja, se não houvesse o ato de exceção, que
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ele não fosse tirado do banco e da sua possibilidade, que a anistia não fosse só
política, a anistia tinha que ser profissional também. Nesse sentido, colaboramos
para fornecer esses dados para a Comissão.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - À vontade, pela ordem.
O SR. DEPUTADO TARCÍSIO ZIMMERMANN - A idéia, se eu entendi bem, é
que no entender do banco o anistiado não tem automaticamente o direito à PREVI.
É isso? Ele só terá direito se fizer a opção e as contribuições, é isso?
O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - Não seria isso. O que
estamos discutindo aqui, Deputado, é que uma coisa é a relação que ele tem com a
PREVI. Como disse, o último funcionário do banco anistiado se aposentou agora, ele
tem a PREVI e tem a composição do seu salário pela PREVI. Acontece que, paralelo
a esse processo, a sua volta para o banco, ele trabalhar e se aposentar, ocorreu um
fato. A anistia tem que ter uma contraprestação em relação àquele avanço na
carreira que ele não teve. Esse avanço está em discussão, a relação com a PREVI
e a CASSI foi mantida. Agora o que queria se fazer era que nós, nas informações,
abatêssemos no valor que fosse calculado como paradigma...
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Sena, a pergunta do
Deputado é clara, fácil de entender. É que a contribuição da PREVI é paritária, é do
banco e do funcionário. O que ele quer saber é se quando dá a anistia o banco
compensa aquela parte que ele não pagou pelo período que estava afastado, essa é
a dúvida do Deputado.
O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - Não, nesse sentido não.
Nesse sentido da contribuição que é feita lá, não. Até porque a anistia corre à parte
e tem outro tipo de classificação. Inclusive existe o recolhimento da CASSI para o
salário do funcionário; na anistia não existe a cobrança da CASSI, embora ele
mantenha o direito ao acesso ao serviço da CASSI.
O SR. DEPUTADO FERNANDO LOPES - É exatamente nessa direção. Veja
só. Aí há dois componentes. Uma coisa é a relação do anistiado com a PREVI. O
banco não pode, vamos dizer assim, tomar nenhuma iniciativa, porque seria a
contribuição do associado. Existe a contribuição patronal. Recompor a história,
progressão funcional pressupõe também o banco aportar os mesmos recursos que
ele aportaria normalmente, independente de qualquer requerimento, se o funcionário
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estivesse em atividade. O banco não pode destacar a parte do funcionário, mas o
aporte devido pelo banco, os valores que o banco teria aportado na ocasião, se ele
tivesse se mantido no emprego, são, na minha avaliação, tipo piloto automático. É
isso que estou supondo que o banco não está fazendo. Está entendendo que a
decisão da anistia não só não lhe permite separar a parte do funcionário, a
contribuição do funcionário para a PREVI, porque é outra relação, quanto o banco
também não coloca a parte dele.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Até porque se o funcionário
estivesse trabalhando a contribuição seria constante.
O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - Dessa forma a gente analisa
da seguinte maneira: analisando a Lei de Anistia, o que ocorre? A Lei de Anistia vai
fornecer ao funcionário anistiado uma contraprestação, que vai se dar nessa
diferença, nesse cálculo do salário que ele tem direito. E isso ele vai receber não do
banco nem da PREVI, vai ser diretamente do Tesouro. É outro tipo de relação.
Acho que o grande problema hoje em dia que está ocorrendo, que está
empacando a resolução das concessões de anistia dentro do Ministério da Justiça,
na CEI, é essa confusão entre o que é banco, PREVI e anistia. Na verdade, essa
relação da PREVI com o banco e essa relação funcionário/banco/PREVI já foi
resolvida naquele processo. O que falta é a resolução e aplicação da lei para que se
estabeleça essa contrapartida do Tesouro em relação ao que está previsto na lei.
Isso é outro valor.
O grande problema talvez seja esse. Criar uma confusão entre PREVI, o que
é responsabilidade do Tesouro e que possa estabelecer de repente... Digamos
assim, se vai confundir uma coisa com a outra, vai se abrir argumento para daquele
valor que for a contrapartida do Tesouro em relação à anistia do funcionário possa
ser abatida o valor da PREVI, porque é uma partida dobrada, se tem crédito tem
débito.
O SR. DEPUTADO TARCÍSIO ZIMMERMANN - Vamos lá. Vamos tentar
esclarecer isso, porque isso vale para todas as empresas. O trabalhador trabalhava
há 5 anos no Banco do Brasil, ele foi demitido num processo político. Depois de 25
anos ele é reintegrado. Durante 5 anos ele contribuiu com a previdência
complementar da PREVI. Durante os 25 anos que ele foi afastado ele não contribuiu,
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mas ele retorna agora, trabalha mais 2 anos e se aposenta. Quero saber o que
acontece no caso do direito à PREVI dele.
O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - Objetivamente, todos os
funcionários do banco que retornaram tiveram a recomposição do seu direito da
PREVI e esse período que ficou em aberto foi recomposto na anistia de forma que
quando eles se aposentaram... Até porque o cálculo previdenciário leva em conta o
tempo de contribuição e se não teve prejuízo na aposentadoria dele. Mas como a
maioria dessas aposentadorias aconteceu nas décadas de 80 e 90, as pessoas
quando retornaram, e eu falei isso no início da minha intervenção, para o banco
retornaram na base da pirâmide, tiveram aposentadorias e perderam essa
recomposição da curva salarial. O que aconteceu nesse processo todo? Eles se
aposentaram, mantiveram o direito à PREVI, têm um salário da Previdência oficial,
têm a complementação da PREVI, mas o que acontece? Faltou a recomposição da
sua curva salarial para que ele pudesse ter direito à complementação da anistia.
O SR. DEPUTADO TARCÍSIO ZIMMERMANN - Concretamente o que o
senhor está me respondendo é que ele tinha 5 anos de contribuição antes da anistia,
e teve, digamos, no meu exemplo hipotético, mais 2 anos de contribuição depois da
anistia. E ele vai ter somente 7 anos de contribuição à PREVI. Portanto, a curva
dele, ele recebia, digamos, 5 mil reais, ele não vai ter a complementação dos três
até os cinco, é isso?
O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - A PREVI tem um modo de
complementação da aposentadoria que funciona da seguinte maneira: a pessoa
calcula o salário nessa época até 1998, calcula a média salarial do último ano,
calculava quanto a Previdência oficial pagava e a PREVI complementava 30/30 avos
do que faltava para esse valor, nesse caso seria 7/30 avos. O banco não, o banco
complementou esses outros 23/30 avos. O cara se aposentou, mas o que aconteceu
com ele? Ele teve só 2 anos de carreira, ele não teve os 30 anos de carreira. O que
faltou? Ele conseguiu o direito à PREVI, ele não teve prejuízo na sua aposentadoria
em relação àquele salário com que se aposentou, mas faltou o quê? Faltou anistia
profissional, a composição dele como se inativo estivesse e se aposentasse como
seus pares. É isso o que fez falta.
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Vamos dar um exemplo hipotético para ficar mais claro. A pessoa se
aposentou, digamos, com valor de dois, e segundo os cálculos teria que se
aposentar com cinco. Portanto faltam esses três, os quais estão sendo discutidos no
Ministério. De acordo com a Lei da Anistia, os valores teriam que ser pagos pelo
Tesouro. O que está sendo discutido? Calculamos esse valor, mas a
responsabilidade por pagá-los, em prestação continuada, conforme previsto em lei, é
do Tesouro. O cálculo foi feito, o paradigma foi estabelecido, o critério foi
estabelecido. Entretanto, não há publicação nem despachado. O pior é que desses
cinco que a pessoa teria direito a receber, querem descontar os dois que a PREVI
paga, como se isso fosse uma espécie de abatimento. No meu humilde modo de
ver, quanto mais se separa a discussão da PREVI da discussão da concessão da
anistia, melhor e mais clara se torna a compreensão.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Sr. Presidente, eu queria
indagar ao Sena qual tem sido a atitude do Banco do Brasil em relação aos
perseguidos políticos?
O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - Quanto à atitude, posso
responder pela minha gestão, que iniciou em 2003. Estamos respondendo pelas
relações trabalhistas do Banco do Brasil, e nossa relação é de respeito à legislação
e atendimento ao indivíduo e às instituições que os representam.
Estamos totalmente dispostos a atender, a qualquer momento, a qualquer
demanda, até porque nossa área trata das relações trabalhistas como um todo, não
só dos anistiados mas também das relações funcionais. Temos uma relação de
negociação permanente, e na medida do possível estamos atendendo qualquer
reivindicação que nos chega, em respeito à lei.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Queria requerer ao
Presidente que os dados do relatório de S.Sa. fossem encaminhados a esta
Comissão, bem como a afirmação de que existe o cálculo de um pretenso direito da
PREVI que deveria ser cumprido mas o Tesouro não o está fazendo.
O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - V.Exa. poderia repetir? Não
entendi a última parte.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - V.Sa. afirmou que chega a
fazer o cálculo, mas que a responsabilidade não é da PREVI e sim do Tesouro.
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O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - Essa é uma interpretação da
lei.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Sim, V.Sa. disse que faz o
cálculo, mas a PREVI não tem essa responsabilidade. Houve aquele exemplo dos
7/30 avos da diferença. V.Sa. tem o cálculo, mas a PREVI não tem a
responsabilidade, o responsável é o Tesouro.
O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - Até porque é o que está
sendo discutido na Comissão.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Então, eu gostaria que V.Sa.
nos encaminhasse isso também.
O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - Está certo.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - V.Exa. será atendido,
nobre Relator. O Banco do Brasil encaminhará a esta Comissão os relatórios
enviados à CEI, mais essas informações da PREVI.
Agradeço ao José Doralvino a participação e concedo a palavra ao Sr. Alberto
de Mello Mattos.
Antes, eu gostaria de fazer um apelo. Eu sei que, pela oportunidade, o debate
flui e em alguns momentos esclarece o assunto, mas apelo aos Deputados e ao
Relator no sentido de assegurarmos os 20 minutos ao expositor. Logo após haverá o
debate seguindo as inscrições, dando prioridade, naturalmente, ao Relator.
O SR. ALBERTO DE MELLO MATTOS - Boa-tarde, Deputado Daniel
Almeida, em nome de quem cumprimento os demais representantes da Mesa. Em
nome do Presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Dr. Carlos
Henrique Custódio, vou procurar, nos 20 minutos, prestar os esclarecimentos
necessários em relação às 4 modalidades de anistia levadas a cabo na referida
empresa.
Primeiramente, é importante dizer que em todas as 4 modalidades as
decisões com relação ao mérito do anistiado, se anistiado ou não, se dão fora do
ambiente da empresa. Uma modalidade insere-se no Ministério da Justiça, outra no
Ministério do Planejamento e duas no Ministério das Comunicações.
Por decisão interna da empresa, a direção atual resolveu que todos esses
processos têm prioridade de tratamento, e para isso foi criada uma bolsa de vagas.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão Especial - Lei da AnistiaNúmero: 0660/08 Data: 14/05/2008
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Como todos sabem, a empresa está sujeita a um limite de vagas no DEST, e foram
reservadas vagas específicas para atendimento a essas situações junto aos
anistiados, de forma a evitar que exista alguma protelação no processo de
readmissão dos empregados.
A primeira modalidade é a anistia constitucional da Lei nº 10.559, de 2002,
que tem sido preferida pela maior parte dos anistiados em relação à indenização
paga pelo Tesouro Nacional. Se não me engano, houve apenas um caso de
empregado interessado em retornar aos quadros da empresa. Já respondemos a 1
mil 239 diligências da Comissão da Paz. Recentemente houve casos em pesquisa,
isso porque é preciso recolher a documentação junto às diretorias regionais e os
processos são muito antigos. Então, há 197 diligências em andamento, algumas das
quais ainda com o objetivo de esclarecer dúvidas com relação à própria Comissão
— muito poucas, por sinal, vinte e três —, e as demais em processo de pesquisa de
documentação.
A segunda modalidade de anistia, que é dirigida aos dirigentes sindicais,
refere-se às demissões ocorridas no período entre outubro de 1988 e março de
1993. Houve 254 requerimentos e 77 anistiados. Foram indeferidos cento e dois pela
Comissão do Ministério das Comunicações e setenta e cinco estão em análise. A
empresa já investiu 25 milhões nessas 77 anistias processadas. Nessa modalidade,
a maior parte retorna à empresa. Existe uma modalidade de reintegração, ou seja,
no período de inexecução contratual há uma recomposição salarial e todo o período
de atraso é pago ao empregado.
A terceira modalidade é a da Lei nº 11.282, de 2006, conhecida internamente
como Lei Paulo Rocha II. Até o momento, houve 1 mil e 8 requerimentos, 495 foram
anistiados, 272 indeferidos e 241 se encontram em análise na Comissão Especial de
Anistia do Ministério das Comunicações. Havia uma dúvida em relação à
modalidade, ou seja, se valia para a frente ou se também retroagia. Na última
audiência pública que se realizou aqui, o representante do Ministério das
Comunicações consultou o Ministério sobre as dúvidas que surgiram, e a data a
partir da qual se passou a contar para o pagamento do período de inexecução
contratual foi estabelecida pelo Ministério como sendo a data em que o empregado
deu entrada ao requerimento.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão Especial - Lei da AnistiaNúmero: 0660/08 Data: 14/05/2008
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Somente em relação a isso, dos 341 casos que já haviam sido pagos
anteriormente, 339 casos tiveram a situação na carteira funcional alterada na
condição de empregado anistiado para reintegrado, e 2 casos estão em
operacionalização. A esse pessoal sobre o qual havia essa dúvida de entendimento
foram pagas as diferenças em 301 casos. Estão em operacionalização 40 casos,
entre os quais se incluem esses dois em processo de operacionalização do registro
na carteira funcional do empregado.
Além disso, há a modalidade prevista na anistia Collor, a Lei nº 8.878, de
1994, que é coordenada pelo Ministério do Planejamento. Recebemos 1.027
requerimentos, 725 casos já foram anistiados, e já estão na CEI as informações dos
outros 473 casos.
Então, Sr. Presidente, é basicamente essa a situação que temos na Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos. Há um entendimento e há um esforço interno no
que se refere à criação de vagas; como eu disse, não há óbice do ponto de vista
orçamentário e de criação de vagas. Nós removemos esse óbice logo no início. O
funcionário é lotado na própria localidade de onde foi desligado, de forma a não ser
prejudicado.
Sr. Presidente, estou à disposição para os esclarecimentos necessários.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - Passamos aos debates.
Como o Deputado Arnaldo Faria de Sá se retirou momentaneamente,
concedo a palavra ao Deputado Tarcísio Zimmermann, pelo tempo de até 3 minutos.
O SR. DEPUTADO TARCÍSIO ZIMMERMANN - Quero agradecer ao caro
Deputado Daniel Almeida a presença do José Doralvino, do Banco do Brasil, do
Charles, da PETROBRAS, e do Alberto, dos Correios e Telégrafos.
Infelizmente, não pude ouvir a explanação do Charles, mas recebi várias
informações de que, em relação à PETROBRAS, há uma situação bastante
tranqüila, não há nenhum tipo de indefinição nas relações, uma vez concedida a
anistia. Os problemas estão muito mais vinculados à Comissão de Anistia do
Ministério da Justiça do que propriamente à empresa PETROBRAS.
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Esse também é o caso do Banco do Brasil. Nós não temos recebido, por parte
dos que pleiteiam anistia no Banco do Brasil, qualquer tipo de manifestação crítica
em relação ao comportamento de sua direção.
Creio que quando fiz aquela interpelação, talvez um pouco dura ou mais
direta, eu a fiz no sentido de tentar compreender o mecanismo. E gostaria que os
senhores me corrigissem se eu não tiver entendido direito, bem como os
representantes dos Correios e da PETROBRAS falassem a respeito da
aposentadoria complementar.
Entendi que os fundos de previdência complementar estão complementando
as aposentadorias apenas relativamente ao período de efetiva contribuição.
Remanesceria uma demanda junto ao Tesouro para a complementação dos outros
períodos, para a complementação do período em que não houve contribuição, que
corresponde ao período de concessão da própria anistia. Gostaria que isso fosse
esclarecido.
No caso dos Correios, já tivemos aqui várias audiências, algumas delas muito
ásperas. Talvez até por insegurança jurídica da própria instituição quanto à
aplicação do direito da anistia, tivemos algumas situações bastante dramáticas em
audiências públicas realizadas nas Comissões da Casa.
Gostaria de pedir a V.Sa. que nos pudesse esclarecer alguns pontos. Um dos
problemas que nos era apontado era o de que, na reintegração — e, aí,
provavelmente, estamos falando de Plano Collor, de Lei Paulo Rocha I e Paulo
Rocha II —, a readmissão não era feita com a matrícula original: havia uma nova
matrícula, como se houvesse um período de interrupção, algo, digamos, como se o
funcionário tivesse saído da empresa e depois retornado, quando, na verdade,
tratava-se de uma situação de anistia, de reintegração.
Gostaria de que V.Sa. nos pudesse esclarecer como isso está sendo
resolvido, porque isso, na verdade, faz parte, simbolicamente, da recuperação ou
não de um vínculo suprimido de forma não-legal. Nesse sentido, a reintegração sob
a matrícula antiga é a recomposição da própria história funcional do trabalhador dos
Correios.
Outro ponto, este bastante constrangedor, foi que recebemos várias
denúncias de que, na reintegração, os Correios estavam propondo aos funcionários
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reintegrados que eles abrissem mão de 50% ou, enfim, de uma parcela dos direitos
devidos para ter o pagamento agilizado. Do contrário, eles teriam de entrar numa fila
sem perspectivas.
Pergunto se essa prática, aqui muito criticada, ainda permanece.
Tenho ainda algumas outras preocupações mais pontuais. No caso dos
Correios, tenho perguntas da Associação Nacional dos Anistiados Políticos da ECT.
Há, por exemplo, o caso de uma pensionista que teve sua anistia reconhecida, mas
a empresa estaria se negando a fornecer-lhe assistência médica. Dou exemplos de
perguntas. “Por que a ECT protela ao máximo prestar as informações requeridas por
entidades oficiais de representação dos anistiados, ultrapassando várias vezes o
prazo de 60 dias?”; “por que a ECT não aplica todos os benefícios diretos aos
anistiados que retornaram aos quadros da empresa e estão na ativa, como, por
exemplo, a aplicação do percentual de anuênio para cada ano de trabalho em que o
anistiado ficou afastado?”, que seria, logicamente, a recomposição plena dos
direitos.
Essas são as questões que gostaria de ver respondidas. Se isso não for
possível agora, proponho-me a encaminhar as perguntas da Associação Nacional
dos Anistiados Políticos da ECT para que sejam respondidas para a Comissão o
mais breve possível.
Quero deixar como questão mais geral que V.Sas. nos possam esclarecer
esse tema. Se possível, gostaria que nos adiantassem alguma sugestão de como
superar o problema da não-plenitude da complementação.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - Agradecemos a
participação ao Deputado Tarcísio Zimmermann.
Propomos que mais 2 Deputados teçam suas considerações antes de
devolvermos a palavra aos membros da Mesa.
Com a palavra o Deputado Fernando Lopes.
O SR. DEPUTADO FERNANDO LOPES - Sr. Presidente, sigo a mesma linha
do Deputado Tarcísio Zimmermann, porque me parece que, por vezes, há alegações
de que a legislação, as leis aprovadas não são explícitas, são omissas, e,
especialmente em matéria previdenciária complementar, quando não há um
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comando, o funcionário ou setor responsável fica com receito de comprometer
recursos com algo que possivelmente não estaria expressamente previsto na
legislação.
Essa é a minha impressão, e gostaria de saber se seria de fato uma das
motivações, ainda que não a única, para que não haja a quitação dos direitos
devidos tanto no campo previdenciário, mesmo que complementar, quanto no que
se refere a essas outras vantagens típicas da progressão funcional. Ou melhor, não
da progressão funcional, que não é o caso do anuênio. A progressão funcional é
aceita pelos órgãos porque está expressa, mas aquilo que está associado ao tempo
de permanência na empresa, os adicionais por tempo de serviço, como não está
expresso na lei, costuma não ser considerado pelo órgão empregador.
Faço essa pergunta porque uma das propostas que podem sair desta
Comissão pode ser exatamente a de fazer reparos, acréscimos e modificações na
legislação para explicitar o que for necessário para dar guarida ao atendimento
dessas reivindicações, que são justas na essência e contempladas em tese, mas
que, na hora de consultar a redação da lei, podem não estar expressamente
acolhidas.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - Com a palavra o Deputado
Chico Abreu.
O SR. DEPUTADO CHICO ABREU - Sr. Presidente, meus cumprimentos a
V.Exa. pelo intenso trabalho que vem sendo feito nas últimas semanas, quando
temos ouvido os representantes das empresas e dos órgãos diretamente envolvidos
na questão da anistia.
Pergunto aos 3 representantes presentes, para ter uma noção em termos de
grandeza, quantos servidores, desde que foi aprovada a primeira lei de anistia até
hoje, requereram anistia aos Correios, à PETROBRAS e ao Banco do Brasil,
quantos já foram contemplados e quantos ainda não foram contemplados?
Esta Comissão foi instituída para trabalhar até 30 de novembro, quando
devemos apresentar uma conclusão sobre o assunto. Precisamos ter uma noção
clara de quanto já se fez e de quanto falta fazer.
Obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - Obrigado, Deputado.
O Sr. Adelino, da ASTAP do Rio de Janeiro, solicita fazer uma indagação.
Fazendo uma concessão, passo a palavra ao Sr. Adelino.
O SR. ADELINO - Sr. Presidente e demais componentes da Mesa, gostaria
de perguntar ao Charles, companheiro da PETROBRAS que vi se reportar a 30
anistiandos de 1964, se esses anistiandos são de todo o País ou se de algum
Estado específico. Pergunto isso porque, somente em minha entidade, temos entre
90 e 100 anistiandos de 1964. Fiquei, portanto, confuso com a afirmação de
somarem 30 os anistiandos de 1964 que ainda não resolveram o problema. Gostaria
de saber do Charles sobre essa questão, se é do Estado da Bahia, de São Paulo, ou
no âmbito nacional. Repito: somente no Rio de Janeiro, são quase 100 funcionários
nessa situação.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - Com a palavra o Sr.
Charles, fazendo um apelo para que S.Sa. se mantenha no tempo de até 5 minutos,
se possível.
O SR. CHARLES NOBRE PEROBA - O Deputado Tarcísio Zimmermann
perguntou sobre o fundo de previdência complementar, perguntou se a contribuição
para os fundos ocorre no momento do anistia, se é reconstituído, ou se apenas
ocorre a efetiva contribuição a partir do momento da anistia.
A esse respeito, é bom deixar claro que depende do dispositivo legal. Se for
um instituto de reintegração, sem dúvida nenhuma tudo é recomposto,
independentemente do período em que o funcionário esteve trabalhando ou não. É
tudo recomposto. No caso da PETROBRAS, tivemos integração pela Lei nº 10.790.
O outro instituto de readmissão ocorreu nas outras duas leis, de nºs 8.878 e
10.559, esta em casos bem específicos. É bom deixar claro que a Lei nº 10.559
recompõe para a prestação continuada. Em alguns casos, ocorreu um novo contrato
e, nesse caso, o anistiado tinha a prestação continuada e um novo contrato. Então,
ele assumiu, a partir daquele momento, como se fosse uma readmissão.
Então, são casos bem específicos. Por conta disso, quando a lei é clara com
relação à reintegração, há uma recomposição sem nenhum questionamento de
todos os direitos daquele trabalhador.
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(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)
O SR. CHARLES NOBRE PEROBA - Não, da Lei nº 10.559 não, não é
reintegração. A Lei nº 10.559 recompõe várias legislações anteriores à Constituição
Federal de 1988. Então, tem que ver caso a caso.
Se formos observar a de 1979 — que me parece que abrange o maior
número de anistiados —, seria uma readmissão. Entretanto, a prestação continuada,
que foi regulamentada posteriormente, é como se na ativa estivesse. Então, você
teria, a partir dali, todos os direitos postos. Só que o Tesouro Nacional é o
responsável por esse pagamento.
A PETROBRAS faz todo o cálculo do salário como se na ativa estivesse e
recompõe, inclusive, plano de cargo e salário.
Estamos agora, neste momento, fazendo uma reavaliação de 1.436 cargos,
entre anistiados e pensionistas, para um novo plano de cargo da PETROBRAS.
Então, a gente deve concluir isso até o final desse mês. É um caso bem específico
porque tem que ser constituído um a um, isto é, depende do local onde a pessoa
trabalhava, o período e de vários aspectos. Então, por isso, devemos terminar isso
no final desse mês.
Iniciamos no início de abril, e temos 60 dias para concluir esse trabalho. Até
porque temos outros trabalhos de reconstituição nos processos de anistia.
Então, recapitulando, quando é o instituto da reintegração, recompõe tudo,
inclusive contribuição efetiva da PETROBRAS para o fundo de pensão; quando é
readmissão, isso não ocorre, porque a definição é que a partir daquele momento é
que você recupera seu vínculo com o empregador.
A pergunta do Deputado Fernando Lopes sobre o motivo dessa dificuldade de
se fazer as concessões, se é falta de clareza da legislação, eu creio que nem
sempre há falta de clareza, talvez seja interpretação mesmo.
O administrador tem que ter segurança do ato administrativo. Esse ato pode
ser questionado junto a diversos órgãos de controle. Se existe legislação com
possibilidade de interpretação diferente, teremos problemas. Obviamente, teremos
que identificar onde teremos esses problemas, para garantir que não tenhamos
lacunas ou interpretações divergentes.
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Como abordei na nossa intervenção inicial, para nós, da PETROBRAS, é
fundamental não termos divergência e termos segurança no ato administrativo, para
não sermos questionados e trazermos desconforto para a organização e desconforto
para o próprio anistiado. Então, a gente tem esse cuidado de não transmitir essa
insegurança.
Quanto à pergunta do Deputado Chico Abreu, no tocante a quantos
servidores requereram anistia, temos que fazer um levantamento preciso, porque o
requerimento não necessariamente significa a concessão da anistia.
Tivemos pedidos de anistia, requerimentos de anistia. Só da Lei nº 10.790,
que é a chamada Lei Zica, tivemos 20.800 pedidos de anistia, envolvendo 12.793
empregados. Concluímos esse trabalho em meados do ano passado.
Em alguns momentos estamos operacionalizando um ou outro caso, mas são
anistias generalizadas; não só demissão, aumento por mérito e outras formas.
Da Lei nº 8.878, só da PETROMISA e INTERBRÁS, tivemos 1.041 anistiados
que voltaram ao trabalho. Esses dados estão nessa apresentação disponível para a
Comissão. O colega Adelino falou sobre o número que foi aqui lançado.
Obviamente, a PETROBRAS não tem domínio desse número. Esse número é da
Comissão. A Comissão é que tem essa informação, porque é ela que recebe os
requerimentos. Isso aí são negociações, conversas com as diversas organizações.
Nós temos alguns dados, e eles não são precisos — o colega Adelino diz que é
entre cem e alguma coisa. Esses dados não são precisos, porque as pessoas às
vezes não informam às suas entidades. E a PETROBRAS não tem controle disso.
Nós sabemos precisamente que temos 55 anistiandos da greve de 1983, na Bahia, e
cinco de 1964, também na Bahia. Temos mais trinta em São Paulo. No Rio de
Janeiro, a informação que nós tínhamos, parece-me que não é precisa, era de 30
pessoas. Nós temos agora, segundo informação do colega, mais de cem.
Então, esses dados, é bom esclarecer, não são dados da PETROBRAS, são
dados da Comissão. Portanto, nós estamos lançando informações colhidas perante
os colegas e também as entidades de representação.
O SR. ALBERTO DE MELLO MATTOS - Com licença, Sr. Presidente. Vou
tentar esclarecer com relação ao fundo de pensão. Vou tentar contribuir para a
discussão, para a formação do entendimento. No caso dos Correios, só caberia essa
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questão do fundo de pensão na anistia constitucional Paulo Rocha I, porque ela
retroage. Nosso fundo de pensão foi criado em 1983 e ele tem a parte do
empregado e a parte da empresa. A parte da patrocinadora, quando o empregado
se desliga, fica lá, porque o fundo é mutualista, ou seja, aquela sobra vai para os
outros participantes. Numa situação em que você reconhece o direito do empregado,
vai reconhecer aquela situação de reintegração, ou seja, você tem que recompor
toda a situação do funcionário desde o momento em que foi anulado o ato de
desligamento. E aí vem a discussão em relação à reserva. A maior parte dos
funcionários, no caso dos Correios, no ato do desligamento tirou sua reserva do
fundo. Então, para você religá-lo ao fundo teria que haver uma discussão de que
esta reserva, ao longo do tempo, que é a parte do empregado, fosse recomposta
nesse processo.
Nós não tivemos casos desse tipo e nem até o momento reivindicação, mas a
anistia constitucional, como eu disse, é, hoje, comandada pelo Ministério da Justiça.
Eu acredito que talvez a solução do problema caminhe por essa discussão. Como
eu recomponho a reserva de um fundo que é mutualista? Quer dizer, hoje as
empresas estão migrando para um plano de contribuição definida, porque aí sim a
reserva do empregado está lá, é dele, a parte da empresa e a parte do empregado.
Mas nesses planos e nessas situações, pelo fator mutualista, o patrimônio, de certa
forma, se confunde. Então, seria um caso a se pensar.
Com relação à assistência médica, que foi mencionada aqui nesse
expediente, a priori, é lógico, nós vamos ter que analisar lá, mas pelo o que eu vi,
trata-se da anistia constitucional. Na anistia constitucional ao empregado é oferecida
a possibilidade de readmissão ou de indenização. E tudo isso comandado pelo
Ministério da Justiça. A assistência médica que a empresa oferece pressupõe, pelo
menos no entendimento atual, o vínculo. Então, na negociação que a Comissão,
liderada pelo Ministério da Justiça, leva a cabo, esse fator, assistência médica,
deveria ser considerado, mas não o foi, pelo que está visto aqui. Ou seja, está claro
no documento anexo que a modalidade foi indenização e prestação mensal, pelo ato
publicado pelo Ministro Tarso Genro.
Deixa eu ver se me lembro de todas as questões. Com relação a anuênio, nós
temos, exceto a situação da anistia Collor, em todos eles a gente recompõe a
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situação funcional e o anuênio é considerado a partir da data de desligamento do
empregado. Então, essa questão não procede, exceto no que se refere à anistia
Collor, porque aí a modalidade é readmissão.
Quanto à pergunta sobre a quantidade, dei os detalhes um a um, mas o total
seriam 3.725 requerimentos, envolvendo as 4 modalidades. Eu dividiria esse número
em 2 partes, porque 1.436 são anistias constitucionais, requerimentos dirigidos ao
Ministério da Justiça, e não sabemos exatamente, não temos domínio sobre em
quantos casos foram feitos acordos. Ou seja, restariam 2.389 requerimentos, sob a
égide do Ministério do Planejamento e da ECT, e 1.300 servidores já foram
anistiados. Não sei se responde o número. Tenho detalhado por anistia.
A outra pergunta foi com relação à matrícula. Quanto à matrícula, temos 2
situações. No caso da anistia Collor, tenho uma nova matrícula, mas, no caso das
outras anistias, busco a matrícula original do empregado. Então, só há essas 2
situações para entendermos que pode haver casos, sim, em que há uma nova
matrícula quando a modalidade da anistia foi outra.
Não sei se está faltando responder a alguma pergunta. Acho que tem a
questão de prazo, sobre a qual expliquei que havia um entendimento com relação à
Paulo Rocha 2. Nós, a princípio, até o momento daquela audiência áspera, como
V.Sa. falou, havia entendimento de que essa modalidade era anistia, ou seja, era a
mesma coisa da anistia Collor. Mas, a partir da discussão, o representante do
Ministério das Comunicações, que estava aqui, levou o assunto ao Ministro e houve
um parecer da área jurídica. Aí mudou essa situação, e nós corrigimos, inclusive, a
aplicação dela para os empregados atrasados. Acredito que respondi a todas as
perguntas.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - Pois não, nobre Relator. O
Relator não pôde fazer as indagações no momento oportuno, então gostaríamos de
passar a palavra a S.Exa., que ainda é oportuno o momento.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Quero perguntar ao Sr.
Alberto com que base que os Correios tem... Pois não.
O SR. ADELINO - A informação do representante da ECT não bate com os
dados, inclusive da matrícula. Isso está muito flagrante aqui. Sou anistiado
constitucional da Lei nº 10.559, de 2002, minha matrícula é 131, a antiga era 127. E
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tem mais coisas aqui que comprovadamente não estão sendo aplicadas pela
empresa.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - O que queria perguntar ao
Alberto é o seguinte: com que base a empresa tem obrigado os anistiados a
assinarem acordos para receber menos do que tem direito?
Inclusive, tenho um acordo aqui comigo, dos anistiados da Lei nº 8.632, de
1993, em que a cláusula de pagamento é de 50% dos valores apurados a título de
parcelas de natureza salarial; 50% de valores a título de indenização de
vale-alimentação e vale-refeição. Apurar o líquido mediante total de valores
apurados, a título de INSS. Para um líquido de até 50 mil, pagar 40% na primeira
parcela e dividir o restante em 2 parcelas; para um líquido superior a 50 mil e até
100 mil, 40% da primeira parcela e o restante em 3 parcelas; para um líquido maior
que 100 mil, pagar 40% da parcela e o restante em 5 parcelas.
A primeira parcela será paga com o salário, e as demais nos meses
subsequentes. Com que base os Correios fazem um acordo para pagar menos do
que a lei determina ao anistiado?
O SR. ALBERTO DE MELLO MATTOS - Sr. Deputado, para esclarecer, na
verdade, houve uma decisão tomada pelas diretorias passadas dos Correios, um
entendimento da nossa área jurídica de que havia uma prescrição de direito de 5
anos. A partir disso foram propostos acordos, realmente foram propostos; foram
firmados 77 acordos; 4 pessoas não aceitaram o acordo e 4 ingressaram na Justiça.
As decisões de primeira instância, segundo a empresa, na época, entendeu, deram
provimento ao entendimento da empresa.
Deputado, estou explicando a V.Exa. que o processo de decisão foi assim,
com essa base.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Foi com base na diretoria
anterior que se tomou essa decisão de não se cumprir a lei e pagar menos do que
ele teria direito?
O SR. ALBERTO DE MELLO MATTOS - Foi com base nesse entendimento
jurídico que a diretoria tomou a decisão.
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O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Sr. Presidente, requeiro que
esse entendimento jurídico e todos esses acordos sejam enviados à Comissão,
porque isso é ilegal. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - O pedido de V.Exa. será
atendido.
Fica formulado o requerimento à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.
Passamos a palavra ao Sr. José Nunes de Sena.
O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - Com relação à questão dos
números, levantada pelo Deputado Chico Abreu, não tenho aqui precisamente
quantos requereram, desde 1979, anistia ao banco. Mas posso afirmar que todos os
processos, com a cobertura da anistia, da lei, foram reintegrados ao banco. Mas na
época, na década de 80, foi feita uma espécie de reintegração, readmissão, porque
a pessoa voltou para a base. Um exemplo hipotético: a pessoa saiu como gerente
de uma agência e retornou como escriturário comum.
Volto a dizer que o Banco do Brasil tem várias características diferentes das
da PETROBRAS e dos Correios. A primeira delas é que esses funcionários
retornaram e se aposentaram. O último deles se aposentou há 6 meses. A maioria
se aposentou na década de 90, inclusive antes que as outras leis fossem
publicadas, com exceção de um funcionário do Rio Grande do Sul, que se
aposentou no final do ano passado. Então, criaram uma característica especial. Não
temos problemas do Plano Collor, não temos outros enquadramentos que outras
empresas têm.
O que ocorreu com praticamente todos os funcionários que, com a cobertura
de 1979, foram reintegrados, readmitidos nessa condição? Eles se aposentaram na
década de 80 e na década de 90. De lá para cá, o que existe, o que remanesce são:
36 funcionários com revisão do seu processo de aposentadoria especial, sendo que
12 faleceram antes que fosse resolvido o problema. Eles estavam esperando a
resolução dos processos julgados naquela metodologia que acordamos com a
Comissão anterior.
Há 19 julgados. Há 9 julgados e publicados com aquela metodologia. Há 18
falecidos, esperando essa publicação, esse julgamento. Há remanescendo
requerentes por tempo de serviço, aposentadoria especial, e outros casos. Há 78
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casos que estão esperando avaliação, e nós estamos acompanhando-os. Já
remetemos os paradigmas e a metodologia que discutimos. A pedido da própria
Comissão, identificamos 10 casos de maiores de 80 anos e com patologias graves.
Esperamos que esses casos sejam resolvidos, porque é muito triste, dói muito saber
que a única lista que cresce é a de falecido. As outras não crescem.
Esse é um problema sério, uma coisa a se pensar. Muitas vezes acontecem
casos como o ocorrido recentemente no Rio de Janeiro, de uma pessoa que faleceu
e não tinha sequer sucessão. Saiu um pagamento para ele, está depositado no
Banco do Brasil, e não tem quem faça a sucessão desse dinheiro. Nossa
preocupação é com a celeridade do processo.
Não tenho ainda todos os dados daqueles de 1979 para cá. Prometo
garimpá-los e passá-los à Comissão, a fim de acompanhar o trabalho que
realizamos em conjunto, muitas vezes, com a própria Comissão de Anistia.
Com relação à discussão de tentar separar, uma coisa é uma coisa, outra
coisa é outra coisa. Vamos começar pelo princípio, já que há muitas trevas no
assunto.
O que ocorre? Como todos os funcionários do Banco do Brasil voltaram nas
décadas de 80 e 90 e se aposentaram antes que a legislação, citada aqui, fosse
publicada, ocorreu o seguinte problema: como se complementa a vida profissional
da pessoa, ou seja, a anistia política chega à vida profissional como se na ativa
estivesse? Como se faz essa recomposição?
Lembro que a lei estabelece, com relação à responsabilidade, tanto o art. 8º
da DCT quanto as legislações posteriores, que a previsão dessa reparação
econômica em prestação mensal deverá ficar à custa do Tesouro. Calculamos esse
paradigma para saber o que falta para a anistia política obter a anistia profissional do
funcionário atingido pela exceção. Então, é interessante trabalharmos com essa
linha de raciocínio para evitarmos a contaminação de um problema por outro.
Os funcionários retornaram ao banco nas décadas de 80 e 90. Quando isso
ocorreu, ficou na sua vida previdenciária, na PREVI, previdência privada dos
funcionários do Banco do Brasil, um período em aberto, o qual poderia, digamos,
impactar a sua aposentadoria, aqueles alvos de não contribuição. O banco cobriu
esse período. Quando o funcionário se aposentou, por conta disso, não teve prejuízo
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão Especial - Lei da AnistiaNúmero: 0660/08 Data: 14/05/2008
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na sua aposentadoria. O que ocorreu foi o seguinte: não deu tempo, até ele se
aposentar, de a anistia política atingir sua vida profissional. O que a lei prevê nesse
caso? Que haja um paradigma, não um alvo, alvo seria previdenciário, uma
reparação econômica ou prestação mensal desse efeito de exceção na sua vida
profissional. Agora, a lei não é específica a ponto de anunciar que, por exemplo, o
Doralvino receberá 2, 3, 4 mil reais. Ela prevê critérios. O critério fundamental que
norteia esse processo é como se na ativa estivesse.
Por isso que construímos com os seus pares um tipo de paradigma que
poderia levar a pessoa a materializar a vontade do legislador, como se na ativa
estivesse. Fizemos os cálculos e os entregamos à Comissão de Anistia. A cada
pessoa que nos solicitou, nós dissemos quanto seria. Foi um trabalho difícil, um
trabalho custoso, mas um trabalho técnico e um trabalho com base no quadro de
carreira e nos paradigmas que citei. Isso daria o quê? Daria o que está previsto na
lei, ou seja, reparação econômica com prestação mensal, a fim de que a anistia
política atinja a vida profissional daquele sujeito. Foi isso que fizemos.
Uma vez que todos estão aposentados, esse valor não tem mais uma relação
previdenciária profissional com o banco. Reportando-se ao que está na lei, tem uma
relação com o Tesouro. Damos segurança técnica e jurídica àquilo que nos foi
solicitado, entregamos a encomenda para que a Comissão decida com bases
técnicas seguras, ou seja, quanto seria para cada funcionário. Esse foi o processo
de constituição.
Se transformarmos isso num benefício previdenciário da PREVI, estaremos
retirando do âmbito da lei e trazendo uma relação profissional que ele tem com o
banco e com a PREVI. Não sei se é o caso. Se a Comissão assim entender, é uma
discussão que V.Exas. terão de avaliar internamente. Trazemos aqui as informações
técnicas para subsidiar esta Comissão na decisão política. Em nosso entender
técnico, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Justamente por ter ––
entre aspas –– “essa confusão” entre o que é PREVI, o que é Lei da Anistia, o que é
essa reparação econômica e prestação mensal, que deve ser paga pelo Tesouro. É
justamente essa confusão que está evitando que concluamos os 78 processos do
Banco do Brasil, que lá estão esperando, com cálculos, com informações técnicas,
para serem julgados e publicados. Aliás, alguns deles já foram julgados há mais de 2
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anos –– alguns, há 3 anos ––, mas até hoje não foram publicados. Esta é a situação
e esta é a nossa humilde visão técnica a respeito da matéria, mas a decisão e a
avaliação política cabem a V.Exas..
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - Passamos a palavra ao
Relator, Deputado Arnaldo Faria de Sá.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Sr. Presidente, quero
ressaltar a importância das contribuições trazidas aqui pelo Sr. Charles, em nome da
PETROBRAS; pelo Sr. Doralvino, em nome do Banco do Brasil; e pelo Sr. Alberto,
em nome dos Correios, mas quero fazer também um protesto. Eles vieram aqui
representando os presidentes das empresas, mas o que me choca é que nem os
ofícios os presidentes dessas empresas assinaram para encaminhá-los para cá. No
caso do representante da PETROBRAS, o Chefe de Gabinete, o Américo Trípoli, é
quem indica o seu representante; no caso do Banco do Brasil, há um simples e-mail
assinado pelo Chefe da Assessoria Parlamentar, Renato Pedretti Andrade; e, no
caso dos Correios, também há um simples e-mail assinado pelo assessor
parlamentar. Se os Parlamentares desta Comissão essas empresas tratam desta
maneira, imagina como tratam os anistiados. (Palmas. Apoiado.)
Então, solicito a V.Exa. que envie um ofício de protesto à PETROBRAS, aos
Correios e ao Banco do Brasil, com respeito aos depoentes que aqui estiveram, que
trouxeram dados importantes, mas é uma essa falta de respeito não apenas com a
Casa, mas com todos os anistiados aqui presentes. (Muito bem. Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - O Deputado Zimmermann
quer fazer uma ponderação?
O SR. DEPUTADO TARCÍSIO ZIMMERMANN - Na verdade, meu caro
Presidente e Deputado Arnaldo Faria de Sá, neste caso vale o adágio de que cada
coisa é uma coisa. Quando formulei requerimento convidando diversas autoridades
para comparecerem a esta Comissão, fiz questão de convidar os Presidentes,
porque esse é o procedimento: convidamos as autoridades máximas. Mas sinto-me
plenamente satisfeito com a presença das pessoas que vieram aqui.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Eu ressalvei.
O SR. DEPUTADO TARCÍSIO ZIMMERMANN - É só o meu ponto de vista,
Deputado.
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O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Ressalvei. Aceitei os 3. Não
estou discutindo sobre os 3, eu os aceitei. Mas os ofícios encaminhados deveriam
ser assinados pelos presidentes do Banco do Brasil, dos Correios e da
PETROBRAS. É só isso que estou falando.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - Relator, vamos garantir a
palavra ao Deputado.
O SR. DEPUTADO TARCÍSIO ZIMMERMANN - Concluindo essa minha
posição, sinto-me completamente satisfeito com as contribuições.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Eu também.
O SR. DEPUTADO TARCÍSIO ZIMMERMANN - Não me prendo a questões
formais, porque elas, na verdade, não revelam a essência dos problemas. A
essência dos problemas está, de fato, com essas pessoas que vieram aqui. Elas são
as portadoras, inclusive, do conhecimento e da principal possibilidade de solução
das pendências que temos. E foi assim. Não foi a presença do Presidente dos
Correios, que esteve aqui nas outras audiências públicas, que resultou em avanços
importantes para a compreensão dos problemas relacionados à Lei de Anistia.
Além desse registro, tenho outra questão a formular: se entendi bem, Sr. José
Doralvino, no caso do Banco do Brasil, houve a reintegração de anistiados antes da
promulgação da Lei de Anistia?
O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - Na anistia de 1979 houve o
abrigo, para que...
O SR. DEPUTADO TARCÍSIO ZIMMERMANN - Certo, mas depois houve
uma nova?
O SR. JOSÉ DORALVINONUNES DE SENA - Houve novas leis que
evoluíram.
O SR. DEPUTADO TARCÍSIO ZIMMERMANN - Houve nova Lei de Anistia,
mais recente, que, na verdade, regulamentou de forma mais abrangente, mais...
O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - Sim.
O SR. DEPUTADO TARCÍSIO ZIMMERMANN - Na verdade, ali ainda
existem problemas a serem resolvidos em relação àqueles que foram reintegrados
com base nas leis anteriores, que tiveram direitos novos reconhecidos em leis
posteriores. E daí remanescem problemas.
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O SR. JOSÉ DORALVINO NUNES DE SENA - Sim. É nesse sentido a
discussão na Comissão. É isso que remanesce, e o fórum é lá.
O SR. DEPUTADO TARCÍSIO ZIMMERMANN - Está bem. É essa a minha
conclusão.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - Deputado Fernando Lopes.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Sr. Presidente, só pela
oportunidade.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - Sim.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Quero esclarecer que os 3
depoentes que estiveram aqui foram suficientes para mim, não tenho nada a obstar
ao que falaram. Apenas falei da falta de respeito com a Comissão. Eles deveriam vir
com os ofícios assinados pelos Presidentes da PETROBRAS, dos Correios e do
Banco do Brasil. É só isso que estou dizendo. Eles, presidentes, nem precisariam vir
aqui, porque não servem para nada, mas pelo menos poderiam mandar um ofício.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - Deputado Fernando Lopes.
O SR. DEPUTADO FERNANDO LOPES - Sr. Presidente, entendo a posição
do Deputado Tarcísio Zimmermann de que efetivamente quem conhece esta matéria
não são os presidentes, pelo conjunto de responsabilidades e afazeres, mas as
pessoas que estão aqui presentes. De qualquer forma, acho que isso dá uma idéia,
de certa forma, do alheamento da direção maior dessas instituições com a questão
dos anistiados. E aí, embora eu me preocupe com o principal, ou seja, em recolher
as informações aqui prestadas, que nos ajudam a construir entendimento melhor,
tenho uma preocupação. Agora mesmo, serão expedidos ofícios em atenção às
solicitações feitas. Quanto a esses ofícios, ainda que os presidentes encaminhem a
matéria esclarecida –– segundo eles, vão solicitar aos órgãos próprios ––, entendo
que o esclarecimento, a informação deve vir por meio do presidente, para que
amanhã ninguém possa alegar que ele não sabia que não era bem aquilo. Pelo
menos a resposta de um pedido de esclarecimento deve vir — e acho que isso deve
ser expresso, porque a informação está sendo solicitada ao Presidente. Quem ele
escolherá para responder é problema dele, mas a responsabilidade pela resposta
formal deve ser dele. (Palmas.) Se ele não vier, em respeito à Comissão, deve ser
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feita notificação extrajudicial aos titulares que não procederem dessa maneira.
Porque, que diabo! Recebemos uma informação sem desconfiar de ninguém. Mas o
entendimento que vale é o que se consolida em cima. Porque senão perde-se a
base de raciocínio. Aqui estamos discutindo fatos, com conhecimento. Os senhores
são um arquivo de todas essas questões polêmicas. Quando pedimos informações,
pedimos à instituição, que é representada, para todos os fins, pelo seu titular. Se
acontecer isso no Tribunal de Contas, aquela corte notificará formalmente os
dirigentes solicitados a prestar informação. Deveríamos especificar no próprio ofício
que ele deverá ser respondido pela Presidência. O esclarecimento solicitado deve
ser prestado pela gerência, pela superintendência executiva, pela diretoria de gestão
de pessoas dos Correios, ou de onde for. Pelo menos ele vai ler: “Diabos, estão me
perguntando alguma coisa”. Em alguns casos, pode essa correspondência ter
chegado lá e, provavelmente, a secretária, vendo que era da Câmara, passou para o
assessor parlamentar, e o Presidente nem sabe do que se está tratando aqui. É só
um resguardo.
Acho válida a ressalva do Deputado Zimmermann, mas vale também a
preocupação do Deputado Arnaldo Faria de Sá. Se não vierem, que seja feita uma
notificação extrajudicial, que então eles vêm. Não custa nada. O assunto merece. Do
contrário, ficaremos trocando idéias entre nós, mas aqueles a quem cabe decidir se
vão mudar, se vão acatá-las ou não estão nem aí para o que estamos tratando aqui.
De qualquer maneira, acho que foram muito proveitosas as presenças dos 3, pois
traçaram um panorama correto, adequado, tranqüilo da questão e dos problemas
que subsistem. Mas estamos aqui para discutir como solucionaremos os problemas.
Se cada um pudesse solucioná-los nas suas áreas, já teriam solucionado. Não
podem.
Então, como queremos avançar, teremos, de certa forma, que pegar um
pouquinho do tempo de quem pode buscar alguma solução. E que eles nos
dediquem tempo, até porque também estamos dedicando parte do nosso tempo
para tratar desse conjunto de questões setorizadas, cada uma com suas
particularidades. Cada um dos Deputados tem uma porção de afazeres, mas
estamos aqui nos dedicando. Não custa nada também os dirigentes darem um
pouco de atenção. (Palmas.)
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O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Sr. Presidente, eu só queria
deixar bem claro que as exposições do Sr. Doralvino, do Sr. Charles e do Sr. Alberto
foram extremamente importantes. Na verdade, se precisarmos de algum dado
complementar dos Correios, do BB, ou da PETROBRAS é a eles que temos que nos
dirigir. Inclusive já pedi que os dados dos relatórios dos 3 fossem entregues à
Comissão.
Mas, na verdade, o que eu quero demonstrar é que há um pouco caso muito
grande de quem está na cúpula como se o anistiado fosse descartável, não valesse
nada, não prestasse, não servisse para nada. Então, em respeito a eles é que
demonstrei minha posição. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - A Presidência da
Comissão levará em conta essas observações feitas pelos nobres Deputados.
Estamos numa fase inicial dos trabalhos desta Comissão, com o cuidado e a
atenção para ouvir e receber as contribuições de diversos segmentos da sociedade
civil, das entidades organizadas, de cidadãos que se dirigem a esta Comissão, dos
diversos Parlamentares e das instâncias do Poder Público, do Governo e das
empresas que têm responsabilidade nisso. Temos absoluta tranqüilidade nessa
condução, mas a Comissão tem atribuições, responsabilidade, um Regimento a ser
cumprido e uma satisfação a dar a esta Casa e à Nação.
Não é um problema dos anistiados e dos anistiandos. É um problema da
Nação, é uma dívida. Há um conjunto de leis e normas que precisam ser cumpridas.
E é inaceitável que façamos leis, e que essas leis não sejam cumpridas. É até
constrangedor que tenhamos necessidade de fazer uma Comissão Especial para
acompanhar o cumprimento de leis. (Palmas.) Mas infelizmente esta é a realidade,
que não é específica dos anistiandos.
Não queremos que chegue um momento em que só tenha gente na lista de
falecidos. Não temos muito tempo, e já houve um tempo razoável para que esses
problemas fossem encaminhados satisfatoriamente.
Vamos ter absoluta tranqüilidade, serenidade, respeito com todos os que
estão debatendo esse assunto, mas não devemos ter nenhuma vacilação em
relação às nossas responsabilidades e à cobrança que devemos fazer a cada um
que tem responsabilidade com esse tema.
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Neste momento, estamos numa fase de receber as diversas contribuições e é
muito importante que elas cheguem, para que possamos fazer, com base nelas,
uma avaliação. Acho que, no momento adequado e oportuno, deveremos fazer
inclusive um balanço mais cuidadoso sobre a dimensão da responsabilidade que
cada uma das instituições e dos órgãos dedicou ao trabalho desta Comissão. Mas
vamos fazer isso com tranqüilidade. Acho que estamos indo bem, as coisas estão
funcionando, e a Comissão está numa fase ainda inicial.
Pela ordem, Deputado Tarcísio Zimmermann.
O SR. DEPUTADO TARCÍSIO ZIMMERMANN - Não quero polemizar sobre
um tema que não julgo seja essencial, mas acho que é uma questão de relações
que queremos construir.
Estava aqui revendo a ata da reunião da semana passada, em que ouvimos
aqui representantes dos Ministérios. Fiz isso porque tenho interesse em que sejam
constituídas as subcomissões, para que possamos iniciar um processo de
interlocução mais de trabalho com os diferentes órgãos, buscando solucionar
pendências que nos chegam. Inclusive, quero que V.Exa. nos esclareça sobre a
constituição das subcomissões.
E vejo aqui, na pág. 2 da ata, o item 6, que diz:
Ofício nº 146, de 2008, do Chefe da Assessoria Parlamentar do Ministério do
Planejamento, Sr. Luiz Gonzaga Baião, informando que o Sr. Duvanier Paiva
Ferreira, Secretário de Recursos Humanos daquele Ministério, participará da reunião
de audiência pública deste colegiado. O convite era para o Sr. Ministro Paulo
Bernardo.
Ofício nº 462, de 2008, do Chefe da Assessoria Parlamentar do Ministério da
Justiça, Sr. Marcelo Dalmás Torelly, informando que o Presidente da Comissão de
Anistia, no âmbito daquele Ministério, Dr. Paulo Abrão Pires Junior, participará da
reunião de audiência pública deste colegiado, e o convidado era o Sr. Ministro Tarso
Genro.
Quero relativizar esse aspecto até para não se constituir um ambiente que
não me parece produtivo nas relações que vamos estabelecer. Tenho plena
convicção de que, para os efeitos legais, as informações e as ações tomadas pelo
Sr. Alberto, no caso dos Correios, pelo Sr. Charles, no caso da PETROBRAS, e pelo
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Sr. José Nunes de Sena, no caso do Banco do Brasil, corresponderão sempre a
responsabilidades institucionais daquelas empresas que os representam. É disso
que nós estamos falando.
Então, não quero polemizar mais sobre este tema, mas eu sou um Deputado
do PT, lutei muito para constituir esta Comissão, entendo todas as nossas angústias
e todas as mágoas que remanescem num processo muito duro, muito longo, muito,
às vezes, grave de indefinições para a solução desses problemas. Mas é notório —
há que se registrar isso — o novo tempo que vivemos nesta questão, os novos
ânimos que temos por parte das autoridades públicas do País, no sentido inclusive
de que este tema não passe a ser mais só um tema da nossa angústia. Quem viu os
depoimentos da semana passada verificou isto. Todos os interlocutores presentes
diziam e exprimiam sua própria angústia pelas dificuldades que a complexidade do
tema impõe.
Então, há notoriamente uma boa vontade para a solução dos problemas. E
quero que fique registrado este ambiente como sendo um ambiente construtivo, em
que eu me coloco como um co-construtor dessas soluções.
Queria que V.Exa. pudesse retomar esse tema das subcomissões porque,
nesta condição de co-construtor, eu gostaria muito de botar a mão na massa,
eventualmente, para, além das nossas reuniões de audiência pública, ter reuniões
de trabalhos.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - Deputado Arnaldo.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Sr. Presidente, quero lembrar
ao Deputado Tarcísio Zimmermann que eu já havia notado isso em relação à ata de
que S.Exa. está falando, mas, em relação a Ministro, eu não posso tomar a posição
que eu tomei em relação a presidente de economia. Ministro tem de ser convocado,
Ministro, quando convidado, não é obrigado a respeitar. Lamentavelmente sabemos
que os Ministros, neste caso da anistia, têm muito a dever aos anistiados.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - Respondendo a questão
de ordem do Deputado Tarcísio Zimmermann, há uma decisão desta Comissão,
combinada com o Relator, no sentido de instituir sub-relatorias. A idéia que
construímos é que seriam 4 sub-relatorias: uma trataria de temas relacionados a
anistiados e anistiando políticos; uma outra trataria das questões relacionadas ao
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Plano Collor, principalmente; uma terceira relacionada ao militares, em que temos
identificado um conjunto razoável de problemas; e uma quarta que abordasse a
questão das empresas e tem também dos sindicalistas, um conjunto de situações
que mereciam também um tratamento e um acompanhamento.
Nossa intenção era anunciar os nomes dos Deputados que ocuparão essa
função de sub-relator. Conversava há pouco com o Deputado Arnaldo Faria de Sá e
vimos que há pequenos ajustes a fazer. Já foram travadas as conversas, mas ainda
não temos uma definição completa.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Sr. Presidente, se o Fernando
Lopes concordar, nós podemos fechar isso já.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - Eu falei com o Fernando
Lopes ainda há pouco que alguns têm encontrado dificuldade de se dedicar, é o
caso do Fernando Lopes, a essa sub-relatoria com o empenho, a dedicação e o
tempo disponível que essa questão merece.
Quero sugerir que façamos isso na próxima reunião, que anunciemos o nome
de cada uma dessas sub-relatorias e já comecemos a trabalhar. De antemão já tem
alguns acertos.
O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ - Uma delas seria a do Tarcísio
Zimmermann.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - Quanto ao Deputado
Tarcísio Zimmermann, já acertamos que será o Sub-Relator para a área militar. Mas
faremos isso na próxima sessão.
Quero agradecer aos Srs. Charles Nobre, José Doralvino e Alberto Mello,
representantes da PETROBRAS, do Banco do Brasil e da Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos, a contribuição que trazem a esta Comissão levantando dados
e reforçar o pedido para que providenciem o encaminhamento das solicitações
aprovadas nesta Comissão.
(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - Pois não. Ligue o
microfone e se identifique, por favor.
(Não identificado) - Nessa solicitação aos Correios, também gostaria que
V.Exa. incluísse na pauta de pedidos o pessoal anistiado pelo Ministério das
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Comunicações, em número de 207, cuja Comissão é presidida pelo Sr. Ezequiel.
Esse pessoal até hoje não foi indenizado pelo período retroativo. Há um imbróglio
jurídico em que os Correios dizem que não cabe a eles pagarem, porque a
comissão, pela Lei 10.559, de 2002, pediu o processo de volta e caberia de alguma
forma ao Ministério das Comunicações. Eles passam para o Ministério das
Comunicações, que chuta para o Ministério da Justiça.
Então, esse é um grupo que até agora ainda não recebeu a parte
indenizatória devida pelos Correios.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Daniel Almeida) - A Presidência acata a
sugestão de V.Sa. e solicita aos Correios que encaminhe a esta Comissão essa
relação.
Gostaria de encerrar a presente reunião, antes convocando outra para o
próximo dia 28 — a próxima semana tem um feriado, seria prejuízo marcarmos
reunião para o dia 21 — às 14h, com seguinte ordem do dia: ouvir a ABAP —
Associação Brasileira de Anistiados Políticos; a COBAP — Confederação Brasileira
dos Aposentados e Pensionistas, que não teve oportunidade de ser ouvida na
reunião que tratou deste assunto; a ANAPECT — Associação Nacional de
Anistiados Políticos dos Correios; e um representante dos sindicalistas anistiandos,
cujo nome formularemos posteriormente.
Nada mais havendo a tratar, está encerrada a presente reunião.