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Trabalho realizado por:
Cátia Vanessa Oliveira Cardoso Maria Cristina Marques Rodrigues Maria Raquel Mateus Dias Licenciatura em Sandra Cristina Topête Cunha Matemática Sandra de Jesus Assunção Nabiça Vera Filipa Pinheiro Teixeira Antunes
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ÍÍNNDDIICCEE
IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO .............................................................................................................................................................................................................................................................. 33
ÁÁRREEAASS CCUURRRRIICCUULLAARREESS NNÃÃOO DDIISSCCIIPPLLIINNAARREESS:: .......................................................................................................................................................... 66
FFOORRMMAAÇÇÃÃOO CCÍÍVVIICCAA .................................................................................................................................................................................................................. 77
EESSTTUUDDOO AACCOOMMPPAANNHHAADDOO ................................................................................................................................................................................................ 88
ÁÁRREEAA PPRROOJJEECCTTOO .......................................................................................................................................................................................................................... 99
EEDDUUCCAAÇÇÃÃOO MMOORRAALL EE RREELLIIGGIIOOSSAA .............................................................................................................................................................................................. 1100
EENNTTRREEVVIISSTTAASS::
AA UUMMAA PPRROOFFEESSSSOORRAA CCOOOORRDDEENNAADDOORRAA DDAA ÁÁRREEAA DDEE EESSTTUUDDOO AACCOOMMPPAANNHHAADDOO ........................ 1133
AA UUMMAA PPRROOFFEESSSSOORRAA DDEE EE..MM..RR..CC.. EE DDEE FFOORRMMAAÇÇÃÃOO CCÍÍVVIICCAA ................................................................................ 1144
AA UUMMAA PPSSIICCÓÓLLOOGGAA .................................................................................................................................................................................................................. 1155
TTRRAATTAAMMEENNTTOO DDEE DDAADDOOSS RREESSUULLTTAANNTTEESS DDOO IINNQQUUÉÉRRIITTOO RREEAALLIIZZAADDOO NNUUMMAA EESSCCOOLLAA BBÁÁSSIICCAA ....1166
TTEEOORRIIAA DDEE KKOOHHLLBBEERRGG:: UUMMAA TTEEOORRIIAA DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTIISSTTAA ...................................................................................................... 2233
DDIILLEEMMAA DDEE HHEEIINNZZ EE DDOO FFAARRMMAACCÊÊUUTTIICCOO .............................................................................................................................................. 2255
TTRRAATTAAMMEENNTTOOSS DDOOSS DDAADDOOSS RREESSUULLTTAANNTTEESS DDOO DDIILLEEMMAA DDEE HHEEIINNZZ EE DDOO
FFAARRMMAACCÊÊUUTTIICCOO ............................................................................................................................................................................................................................ 2266
CCOONNCCLLUUSSÃÃOO EE AAPPRREECCIIAAÇÇÃÃOO DDOO TTRRAABBAALLHHOO................................................................................................................................................................ 2288
AALLTTEERRAAÇÇÕÕEESS RREEAALLIIZZAADDAASS AAOO PPRROOJJEECCTTOO DDEE TTRRAABBAALLHHOO ........................................................................................................................ 2299
BBIIBBLLIIOOGGRRAAFFIIAA ............................................................................................................................................................................................................................................................ 3300
AANNEEXXOOSS .............................................................................................................................................................................................................................................................................. 3311
3
IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO
“Só é educativa a relação que faz crescer o educando para uma maior
autonomia “
(Aires Gameiro)
“Por que não lançar-se à tarefa de ajudar a criança a tomar toda a confusão
que já existe na sua mente, retirá-la daí, olhá-la, examina-la, dar-lhe algumas voltas e
pô-la em ordem?
Por que não podem os educadores aprender a destinar parte do seu tempo a
ajudar as crianças a compreender a desconcertante variedade de crenças e atitudes
que saturam a nossa vida moderna e decidir quais lhe pareçam a eles que convém?
Não é este o caminho que conduz aos valores, a valores claros e pessoais?”
(L. Raths)
Valor vem do latim “valore”, o que significa aquilo que vale alguma coisa e tem
merecimento, este será um determinante de um comportamento humano, tanto da sua
conduta como das suas atitudes, ocupando a parte central da personalidade do
indivíduo, uma vez que a natureza do ser humano implica a estruturação do ser e das
suas relações a partir de quadros de valores, sem os quais teríamos dificuldade em
definir os grupos sociais , as comunidades e a própria humanidade. Temos que a
transmissão de valores ético-morais é uma das finalidades intrínsecas de qualquer
projecto educativo.
A escola representa o convívio no espaço público, em cuja direcção os valores e
as regras devem evoluir. A instituição escolar representa, melhor dizendo “ a transição
entre o espaço privado (a família) e o espaço público (sociedade como um todo com
suas exigências de cidadania). A escola é também um espaço relacional de convivência,
de cooperação e de resolução de conflitos. Educar é transformar, potencializar, trabalhar
tanto a inteligência quanto a moral para que o Homem saiba, através da moral, o que
fazer da inteligência. Educar é desenvolver o sentido da responsabilidade pessoal e
4
formar para a cidadania. É receber os conhecimentos (a memória) de uma comunidade ,
interpretar o quotidiano e projectar o futuro pessoal e social. Tudo isto acontece não de
uma forma neutra mas inserido numa tradição viva de valores que confira identidade
própria a qualquer projecto educativo.
A formação para a cidadania aliada ao desenvolvimento da própria
personalidade são dois eixos estruturantes da Lei de Bases do Sistema Educativo
português. (Lei nº46/86, de 14 de Outubro)
“O sistema educativo responde às necessidades resultantes da realidade social,
contribuindo para o desenvolvimento pleno e harmonioso da personalidade dos
indivíduos, incentivando a formação de cidadãos livres, responsáveis autónomos e
solidários e valorizando a dimensão humana do trabalho”(LBSE , nº4 do art.2ª).
A escola , na época actual , continua a ser um espaço central das referências
valorativas da cultura e da sociedade e tem por tarefa primordial a formação de pessoas
na sua totalidade e a plena maturidade das suas potencialidades. A educação é
“processo, método e acção que permite o desenvolvimento das faculdades físicas ,
intelectuais e morais do ser humano”.Educar implica eleger como meta principal a
construção de uma pessoa autêntica e íntegra. Não se educa em abstracto a pessoa
concreta , inserida num tradição viva , que necessita de aprender a interpretar de modo
crítico , os saberes , as tradições , os valores que a sociedade lhe apresenta.
Neste sentido a educação moral irá trabalhar com duas realidades essências: o
bem e o mal, o que é bom e o que é mal na formação do carácter. O educando é livre
para estudar, para aprender, para conhecer, competindo ao processo de educação
coordenar o ensino, levando o educando a conquistar plena consciência de si mesmo,
com liberdade. Liberdade que é acompanhada de responsabilidade, pois a regra áurea da
moral é fazer ao próximo o que se queira também que ele nos faça.
Segundo Allan Kardec a educação moral consiste na “arte de formar caracteres e
quando esta arte for conhecida, cumprida e aplicada , o homem ocasionará no mundo
hábitos de ordem e de providência para si mesmo e para os seus de respeito por tudo o
que for respeitável , hábitos que lhe permitirão atravessar, menos penosamente , os
maus inevitáveis”.
A educação moral é um aspecto que não pode ser esquecido na prática educativa
das escolas. Tanto os pais como os professores são educadores morais. Mesmo que
muitos deles não estejam atentos para o facto de que, as suas actividades diárias,
influenciam na educação moral de seus alunos, eles estão, continuamente a contribuir
5
para a constituição de sua sociabilidade, de sua educação moral. A questão moral está,
portanto, vinculada à educação.
De acordo com o modelo de educação moral proposto por Kohlberg, é de
defender que o processo de interiorização de valores não passa apenas por uma
elucidação dos seus conteúdos, mas também por oportunidades para os vivenciar. É,
pois, necessário que a escola crie um clima que consinta essas oportunidades. Um clima
que deverá ser criado quer no contexto da aula quer no da comunidade escolar no seu
conjunto.
Face a todos estes dados decidimos direccionar o nosso estudo para disciplinas,
leccionadas actualmente nas nossas escolas, que tenham importante contributo para o
desenvolvimento moral dos nossos adolescentes. Estamos a falar das disciplinas de
Educação Moral Religiosa, de Formação Cívica, de Área Projecto e de Estudo
Acompanhado, ao fim ao cabo , de todo o suporte de uma educação moral no actual
sistema educativo. Estas disciplinas vêm focar aspectos essenciais para um melhor
desenvolvimento moral, aspectos esses que vão sendo desvendados ao longo deste
trabalho.
6
ÁÁRREEAASS CCUURRRRIICCUULLAARREESS NNÃÃOO DDIISSCCIIPPLLIINNAARREESS
A designação adoptada pelo Decreto-Lei 6/2001 de “Áreas Curriculares mas não
disciplinares” procura salientar que elas fazem parte integrante do currículo obrigatório
para todos os alunos, mas não são disciplinas no sentido em que não partem da
definição prévia de um programa, conhecimentos e métodos específicos, características
próprias de uma disciplina ou grupo de disciplinas.
Para além do carácter não disciplinar, estas áreas assumem uma natureza
transversal e integradora, são transversais no sentido em que atravessam todas as
disciplinas e áreas do currículo: são integradoras porque se constituem como espaços de
integração de saberes diversos.
CARGA HORÁRIA SEMANAL DAS ÁREAS CURRICULARES NÃO
DISCIPLINARES
“ No que diz respeito às áreas curriculares não disciplinares, sem prejuízo da
possibilidade de se desenvolverem modalidades diversas de integração, por regra, no 2º
e 3º ciclo, tanto à Área de Projecto como ao Estudo Acompanhado deverá corresponder
um bloco de 90 minutos, sendo um tempo de 45 minutos atribuído à Formação Cívica.”
(Artigo 5º. do Decreto-Lei nº6/2001, de 18 Janeiro)
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FFOORRMMAAÇÇÃÃOO CCÍÍVVIICCAA
O QUE É A FORMAÇÃO CÍVICA?
“A Formação Cívica é um espaço privilegiado para o desenvolvimento da
educação para a cidadania, constituindo um espaço de diálogo e reflexão sobre
experiências vividas e preocupações sentidas pelos alunos e sobre questões relativas à
sua participação, individual e colectiva na vida da turma, da escola e da comunidade.”
(Artigo 5º.3.c) do Decreto-Lei nº6/2001, de 18 Janeiro)
De acordo com a própria definição de Formação Cívica, está totalmente afastada
a ideia de uma formação cívica, fundamentalmente académica, baseada numa disciplina,
no sentido escrito e tradicional do termo, está posta de lado a perspectiva de ensino de
uns quantos princípios de civilidade, assente num programa geral, em aulas expositivas
e exclusivamente, em livros e fichas de trabalho, em favor de uma perspectiva mais
aberta de formação, de aprendizagem pela vivência e por experiências de vida
organizadas “civicamente” na escola.
PRINCIPAIS OBJECTIVOS DA DISCIPLINA DE FORMAÇÃO CÍVICA:
Intensificar o papel do Director de Turma como orientador educativo na
formação cívica;
Detectar interesses e necessidades dos alunos, fomentando situações de
diálogo e reflexão sobre experiências vividas e preocupações sentidas pelos alunos;
Promover o desenvolvimento da auto-estima, de regras de convivência e de
respeito mútuo que contribuam para a formação de cidadãos autónomos, participativos,
tolerantes e civicamente responsáveis;
Proporcionar momentos de reflexão sobre a vida da turma, da escola e da
comunidade, bem como os princípios democráticos que orientam o seu funcionamento;
Proporcionar situações de expressão de opinião e de tomada de decisão com
respeito pelos valores da liberdade e da democracia.
Nos 2º e 3º ciclos, o tempo no horário dos alunos destinado a este fim será
atribuído, em princípio, ao Director de Turma.
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EESSTTUUDDOO AACCOOMMPPAANNHHAADDOO
O QUE É O ESTUDO ACOMPANHADO?
“ O Estudo Acompanhado visa essencialmente promover a apropriação, pelos
alunos, de métodos de estudo, de trabalho e de organização, assim como o
desenvolvimento de atitudes e capacidades que favoreçam uma crescente autonomia na
realização das suas próprias aprendizagens. Trata-se de desenvolver a capacidade de
aprender a aprender, de acordo com o pressuposto de que aprender, por exemplo a
consultar diversas fontes de informação, a elaborar sínteses ou a organizar trabalhos
originais constitui um objectivo a assumir explicitamente pela escola e em
correspondência com tarefas que nela se realizam.” In Reorganização Curricular do Ensino Básico
(Decreto-Lei nº6/2001 de 18 de Janeiro)
PRINCIPAIS OBJECTIVOS DA DISCIPLINA DE ESTUDO ACOMPANHADO:
Criação de hábitos pessoais de estudo e de organização pessoal (aprender a
consultar diversas fontes de informação, a elaborar uma síntese ou um trabalho original,
a estudar sozinho ou num pequeno grupo...);
Diferenciação, adequação e flexibilidade de práticas de acordo com as
diferenças entre os alunos, o seu grau de autonomia e a sua evolução;
Capacidade de organização pessoal, curiosidade intelectual, autonomia nas
próprias aprendizagens, predisposição para reflectir, iniciativa pessoal, sentido de
responsabilidade, estratégias de resolução de problemas, pesquisa e utilização de
diversas fontes de informação...;
Área transversal a desenvolver em articulação com as restantes e tirando o
maior partido da liberdade de actuação dos professores e alunos.
Área de Projecto Nos 2º e 3º ciclos, o tempo no horário dos alunos destinado a este fim será
atribuído, a equipas de dois professores da própria turma, preferencialmente
de áreas científicas diferentes.
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ÁÁRREEAA PPRROOJJEECCTTOO
O QUE É A ÁREA PROJECTO?
“A Área de Projecto visa a concepção, realização e avaliação de projectos,
através da articulação de saberes de diversas áreas curriculares, em torno de problemas
ou temas de pesquisa ou de intervenção, de acordo com as necessidades e interesses dos
alunos.” (Artigo 5º.3.a) do Decreto-Lei nº6/2001, de 18 Janeiro)
Reforça-se, assim, na linha do que já tem vindo a ser feito por muitos
professores e escolas e do que foi a experiência da Área-Escola, a necessidade de criar
um espaço e tempo curriculares em que a estrita lógica disciplinar do currículo seja
ultrapassada, apelando-se à pesquisa e/ou intervenção a partir de situações concretas,
reais, não académicas.
Espera-se, desse modo, atribuir maior significado à aprendizagem escolar,
mobilizando conhecimentos adquiridos, promovendo novas aprendizagens, criando
motivação para outras a realizar.
PRINCIPAIS OBJECTIVOS DA DISCIPLINA DE ÁREA DE PROJECTO:
Consagrar no currículo um espaço para o desenvolvimento de projectos de
natureza interdisciplinar que sustentem e apoiem o trabalho desenvolvido nas diferentes
disciplinas.
Dar ao aluno a oportunidade de desempenhar um papel activo no currículo,
valorizando os seus conhecimentos e iniciativas, incentivando-o a demonstrar a sua
criatividade.
Procurar esbater fronteiras entre a Escola e a Comunidade, possibilitando a
integração do currículo de componentes locais e regionais.
Incentivar a adopção de estruturas de trabalho em equipa entre professores de
diferentes áreas disciplinares e de diferentes ciclos.
Nos 2º e 3º ciclos, o tempo no horário dos alunos destinado a este fim
será atribuído, a equipas de dois professores da própria turma,
preferencialmente de áreas científicas diferentes.
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EEDDUUCCAAÇÇÃÃOO MMOORRAALL EE RREELLIIGGIIOOSSAA
O nº5 do artº5º do Decreto-Lei nº6/2001, de 18 de Janeiro, determina que a
disciplina de Educação Moral e Religiosa (EMR), nos termos da lei, "é uma disciplina
curricular de oferta obrigatória pelas escolas e de frequência facultativa para os
alunos, tanto no ensino básico como no secundário."
"No acto de matrícula ou da sua renovação, os encarregados de educação ou
os alunos, se maiores de 16 anos, deverão indicar de forma expressa se pretendem
frequentar a disciplina de EMR", indicando também a respectiva Confissão (desde
que autorizada para esse efeito).
O próprio decreto-lei n.º 6 /2001, fala sempre de EMR - Educação Moral e
Religiosa - para abranger, em igualdade de circunstâncias, a variedade das confissões
religiosas.
Cabe à escola organizar a ocupação pedagógica mais adequada para os alunos
que não estão inscritos, enquanto decorre a aula de EMRC para os que a frequentam.
Nos termos do disposto no Decreto-Lei nº323/83, de 5 de Julho, a definição das
competências específicas bem como dos programas e manuais para a disciplina de
E.M.R.C. compete à Igreja Católica, através dos seus órgãos complementares.
O QUE É A E.M.R.C.?
A disciplina de E.M.R.C. no espaço escolar promove dois objectivos
fundamentais: possibilita a abertura a valores positivos – atitude de integração
fundamental para o diálogo entre fé e cultura; contribui para o discernimento dos
valores que dignificam o ser humano e também para aqueles que o ameaçam.
A Igreja, reconhecendo a autonomia do Estado, presta um serviço aos pais,
únicos responsáveis pela escolha do projecto educativo que deverá fazer desabrochar e
amadurecer os seus educandos, e aos alunos, estando presente na escola através desta
disciplina de natureza curricular, com o mesmo rigor e exigência das demais disciplinas;
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está, também, convicta do seu direito a contribuir, no quadro de uma sociedade
democrática, livre e pluralista para a formação integral da pessoa humana, dado que a
E.M.R.C. é uma forma de serviço da Igreja à cultura e à própria sociedade.
A importância da disciplina de E.M.R.C. no espaço escolar baseia-se no facto da
problemática religiosa levantar questões essenciais da existência humana e oferecer
grelhas de leitura em profundidade para essa mesma existência. O facto religioso e
moral apresenta-se como portador de respostas sobre o sentido último da realidade,
contribuindo para a formação da consciência num itinerário progressivo e evolutivo de
passagem da heteronomia para a autonomia. Assim, o adolescente/jovem, responsável e
livre nas suas escolhas éticas, vai assumindo valores e princípios morais com validade
universal, preparando-se para assumir o seu papel e o seu compromisso na sociedade ao
serviço dos outros.
COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS DA EDUCAÇÃO MORAL E RELIGIOSA
CATÓLICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA:
As competências gerais da educação básica, na disciplina de E.M.R.C., são
operacionalizadas em ordem a que o aluno seja capaz de:
Reconhecer-se na sua dignidade como ser único e singular, capaz de fazer opções
assertivas e de assumir a responsabilidade dos seus actos;
Saber estar consigo e gostar de si como ser em desenvolvimento;
Assumir a sexualidade integrando-a na construção do seu projecto de realização
humana;
Fundamentar a priorização dos valores e dar razões das escolhas pessoais;
Respeitar, valorizar e relacionar-se com os outros na sua diversidade de seres,
culturas e formas de estar;
Valorizar a cooperação e agir na sociedade de forma criativa, fraterna e solidária;
Conhecer o mundo e apreciá-lo;
Saber julgar criteriosamente a realidade;
Reconhecer e promover o valor do património histórico, ecológico, cultural e
humano;
12
Compreender a importância da dimensão religiosa como parte integrante do
indivíduo e da sociedade;
Reconhecer a originalidade do Cristianismo e valorizar o contributo da Igreja
Católica na construção da pessoa e da sociedade;
Entender de forma consciente a proposta da Mensagem Cristã.
FINALIDADES DA EDUCAÇÃO MORAL E RELIGIOSA CATÓLICA NO ENSINO
SECUNDÁRIO:
O programa de E.M.R.C. do Ensino Secundário(10º, 11º e 12º anos) foi
articulado com o programa elaborado para o 3º ciclo do Ensino Básico. Considerando as
características próprias dos alunos do ensino secundário, as finalidades da disciplina de
E.M.R.C. são:
Sensibilizar o aluno para os problemas humanos e sociais , de modo a empenhar-
se, cada vez mais, na construção de uma sociedade justa e na construção de Reino de
Deus, permitindo, assim, realizar a sua opção vocacional de uma maneira concreta e
séria;
Abrir pistas ao aluno que lhe possibilite ter uma visão cristã da pessoa humana,
da história e do Mundo, bem como da sua situação pessoal, social e cultural concreta.;
Promover a capacidade de relações interpessoais para que o aluno saiba praticar o
diálogo e procurar soluções consensuais para os conflitos;
Proporcionar ao aluno uma compreensão do fenómeno religioso como
enriquecimento da pessoa humana, como força para o desenvolvimento da sua
personalidade, como motor para a realização da sua liberdade;
Habilitar o aluno para tomar decisões pessoais, livres e responsáveis, de modo a
poder fazer as escolhas éticas coerentes com a sua decisão e a poder assumir um
compromisso de vida no Mundo e na Igreja;
Criar as condições necessárias para que o aluno possa assumir o seu existir como
relação pessoal com Deus e possa chegar a uma fé querida, aceite e vivenciada
comunitariamente;
Permitir ao aluno a elaboração de uma síntese reflectida e coerente da totalidade
da Mensagem Cristã, de modo a conseguir uma verdadeira integração entre Fé e
Cultura.
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EENNTTRREEVVIISSTTAA AA UUMMAA PPRROOFFEESSSSOORRAA CCOOOORRDDEENNAADDOORRAA
DDAA ÁÁRREEAA DDEE EESSTTUUDDOO AACCOOMMPPAANNHHAADDOO
Segundo esta Coordenadora de Área de Estudo Acompanhado, docente da
disciplina de História, é bastante difícil cativar os alunos nestas disciplinas curriculares,
mas não disciplinares, em especial os de 7.º, 8.º e 9.º ano, uma vez que já tiveram dois
anos de estudo acompanhado. Assim, optaram por abordar esta disciplina no 5.º e 6.º
anos de uma forma mais teórica e no 7.º, 8.º e 9.º anos de uma forma mais prática.
Na opinião desta coordenadora, a disciplina que mais contribui para a formação
moral do indivíduo é a formação cívica. No entanto, não considera que estas disciplinas
sejam suficientes para a formação moral do indivíduo.
Em relação à existência de informação para os professores leccionarem estas
disciplinas, esta coordenadora considera que não é suficiente, pois existe uma enorme
falta de livros de apoio e uma grande falta de motivação por parte dos professores para
frequentarem acções de formação profissional.
A coordenadora referiu também que estava de acordo com a nova reforma do
ensino, apesar de considerar que se houvesse uma Maior interdisciplinaridade estas
disciplinas poderiam ser inseridas nas restantes.
Relativamente à disciplina de Desenvolvimento Pessoal e Social, tudo falhou,
uma vez que obrigava a custos elevados. Finalmente, referiu que a disciplina de
Educação Moral e Religiosa Católica deve ser opcional, na medida em que estamos num
estado laico.
14
EENNTTRREEVVIISSTTAA AA UUMMAA PPRROOFFEESSSSOORRAA DDEE EEDDUUCCAAÇÇÃÃOO
MMOORRAALL EE RREELLIIGGIIOOSSAA CCAATTÓÓLLIICCAA QQUUEE LLEECCCCIIOONNAA
TTAAMMBBÉÉMM FFOORRMMAAÇÇÃÃOO CCÍÍVVIICCAA
Da entrevista realizada a esta professora, pudemos depreender que estas
disciplinas, quando bem planificadas e organizadas com sucesso, contribuem bastante
para a formação moral do indivíduo. Primeiro, aprende-se bastante acerca da vivência
comunitária e em grupo. Os alunos desenvolvem bastante o seu sentido crítico, algo que
ainda não possuem, adquirindo também valores essenciais para a vivência social.
Contudo, estes não são suficientes.
Na opinião da entrevistada, ainda não há informação suficiente para estas
disciplinas serem leccionadas, o que obriga a um grande esforço por parte dos
professores, dada a necessidade de um grande trabalho de investigação e planificação.
Esta professora concorda com a nova reforma do ensino. No entanto, considera
que as medidas empreendidas deveriam ser avaliadas, de forma a verificar a sua
eficácia.
No que concerne à disciplina de Desenvolvimento Pessoal e Social, a
entrevistada considera igualmente que falhou devido aos elevados custos associados.
Finalmente, considera que a “sua disciplina” não deve ser opcional, de forma
que se tenha Educação Moral e Religiosa Católica ou não se tenha nenhuma aula. “Se
houvesse alternativa entre Educação Moral e Religiosa Católica e Desenvolvimento
Pessoal e Social concordaria plenamente, mas o que acontece é que muitos alunos não
escolhem Educação Moral e Religiosa Católica porque assim têm menos uma
disciplina, e na hora de Educação Moral e Religiosa Católica têm uma hora livre”.
15
EENNTTRREEVVIISSTTAA AA UUMMAA PPSSIICCÓÓLLOOGGAA
Desta entrevista, concluímos que, no caso do ensino secundário, as áreas
curriculares de formação cívica e estudo acompanhado não existem, existe apenas área
de projecto, leccionada no 12.º ano e com uma carga horária de 4:30 horas. Esta
disciplina é orientada por dois professores e usa a integração de saberes e de
competências. É uma preparação para o ensino superior. Existe também a disciplina de
E.M.R.C. que é facultativa, e na esmagadora maioria dos casos não é escolhida pelos
alunos.
Relativamente à importância destas disciplinas para a formação moral do
indivíduo, a entrevistada considerou que as escolas não se devem desresponsabilizar por
ensinar determinados valores, uma vez que cada vez mais os alunos passam grande
parte do seu tempo na escola e cada vez menos em casa. Nesse sentido a escola vem
tentando promover determinadas iniciativas.
Não faz sentido, na sua opinião, existir uma disciplina única de educação moral,
pois considera que esta responsabilidade deve ser partilhada por todos os professores
nas suas áreas, deve haver transdisciplinaridade.
A entrevistada revelou desconhecer a existência de informação suficiente para a
leccionação das disciplinas, mostrando-se de acordo com a reforma do ensino
secundário.
Finalmente, mostrou-se de acordo com o facto de a disciplina de Educação
Moral e Religião Católica ser opcional, uma vez que “os alunos têm o direito de
escolher “. A disciplina apenas deveria ser obrigatória se existissem outras opções,
como por exemplo Desenvolvimento Pessoal e Social.
16
TTRRAATTAAMMEENNTTOO DDOOSS DDAADDOOSS RREESSUULLTTAANNTTEESS DDOO
IINNQQUUÉÉRRIITTOO RREEAALLIIZZAADDOO NNUUMMAA EESSCCOOLLAA BBÁÁSSIICCAA
Foram realizados 20 inquéritos a alunos de 7ºano,20 inquérito a alunos do 8ºano
e 20 inquéritos a alunos do 9ºano donde obtivemos os seguintes resultados.
“1. Achas que a disciplina de formação Cívica é importante para o teu
desenvolvimento pessoal e social?”
10%
90%
simnão
Como se pode observar no gráfico acima representado, a grande maioria dos alunos(de
7º, 8º e 9º anos), é de opinião que a formação cívica não é importante para o seu
desenvolvimento pessoal e social.
17
“2. Nesta pergunta assinala com uma cruz as opções que consideras mais
exactas. O que fazes nas aulas de:”
ESTUDO ACOMPANHADO
02468
1012141618
7º ano 8º ano 9º ano
Gráfico 1
Aprendo a estudar
Tiro dúvidas com os professores
Aprendo Novos métodos de estudo
Faço os trabalhos de casa
Outros
18
FORMAÇÃO CÍVICA
02468
1012141618
7º ano 8º ano 9º ano
Gráfico 2
Ajuda-me a "crescer" como cidadão
Discuto com colegas e professores experiências e situações vividas nasociedadeTorno-me mais activo nas minhas intervenções dentro e fora da escola
Aprendo a relacionar-me melhor com os outros
19
ÁREA PROJECTO
02468
1012141618
7º ano 8º ano 9º ano
Gráfico 3
Elaboro trabalhos de investigação/projecto
Faço pesquisas nas diferentes áreas disciplinares
Realizo trabalhos em que relaciono as diferentes áreas estudadas
Com maior facilidade construo as minhas aprendizagens
Analisando o Gráfico 1, referente às tarefas realizadas na disciplina de Estudo
Acompanhado, conclui-se que para os alunos do 7º e 8º anos esta aula serve
essencialmente para a realização dos trabalhos de casa, enquanto que no 9º ano os
alunos a usam, não só para a realização dos trabalhos de casa, mas também para tirar
dúvidas com os professores.
Analisando agora o Gráfico 2, referente à disciplina de Formação Cívica,
conclui-se que no 7º ano os alunos têm esta disciplina essencialmente para aprenderem
a relacionar-se melhor com as outras pessoas; para os alunos de 8º ano esta aula é
dedicada à discussão, com colegas e professores, de experiências e situações vividas na
20
sociedade; no 9º ano, com a ajuda desta disciplina, os alunos tornam-se mais activos nas
suas intervenções dentro e fora da escola.
Finalmente analisando o Gráfico 3, referente à disciplina de Área Projecto,
conclui-se que para os alunos do 7º, 8º e 9º anos a disciplina serve essencialmente para a
elaboração de trabalhos de investigação/projecto.
“3. Consideras que são necessárias três disciplinas, ou pensas que apenas uma
seria suficiente para tratar das áreas acima referenciadas?”
20%
80%
as três disciplinasapenas uma disciplina
Podemos assim constatar que maioritariamente os alunos inquiridos acham que
apenas uma disciplina na área de formação moral e social seria suficiente.
21
“4. Já frequentaste a disciplina de Desenvolvimento Pessoal e Social?
0%
100%
simnão
“4.2. Escolheste Desenvolvimento Pessoal e Social porque:”
93%
5%2%
não é lecionada na escolaprefere em relação a EMRCnão é católico
No que diz respeito à disciplina de DPS constatámos que, na amostra de
alunos a que tivemos acesso, existe uma ausência total de frequência. A principal razão
apontada é o facto de não ser leccionada na escola. Por outro lado continua a ser uma
escolha muito solicitada pois não sendo esta disciplina leccionada os alunos ficam com
mais tempo livre no horário para actividades extra-curriculares. Apenas 5% dos
inquiridos escolhe DPS pois a prefere em relação a EMRC, e por fim 2% escolhe DPS
pois não são católicos e vêem em DPS a alternativa a EMRC.
22
“5. Achas que a disciplina de EMRC deveria ser obrigatória?
0%
100%
simnão
“6. Na disciplina de EMRC, abordas que assuntos?
15%
35% 50%apenas religião
temas que ajudam no dia-a-diaambas
Verificámos ainda a opinião generalizada de que a EMRC não deve ser
obrigatória. Já no que se refere aos conteúdos abordados nesta disciplina existe uma
maior homogeneidade havendo 15% dos alunos que dizem falar apenas de temas
relacionados com a religião, 35% dos alunos dizem abordar temas que ajudam no dia-a-
dia enquanto que os restantes, sendo a maioria, confessam abordar ambos os temas
anteriormente mencionados.
23
AA TTEEOORRIIAA DDEE KKOOHHLLBBEERRGG::
UUMMAA TTEEOORRIIAA DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTIISSTTAA
Lawrence Kohlberg, trabalhando inicialmente na universidade de Chicago e
mais recentemente em Harvard, revolucionou a nossa compreensão do desenvolvimento
moral. Descobriu que as pessoas não podem ser agrupadas em compartimentos
definidos com rótulos simplistas: «este grupo é honesto», «este grupo aldraba», ou «este
grupo é reverente». Pelo contrário, descobriu que o carácter moral se desenvolve. E esta
ideia, de que o crescimento moral se faz de acordo com uma sequência de
desenvolvimento, fez-nos rever completamente os nossos pressupostos básicos.
Kohlberg identificou seis estádios de desenvolvimento moral, cada um diferente
dos demais. Chegou à caracterização dos estádios estudando o sistema de pensamento
que as pessoas utilizam de facto ao lidarem com questões morais. Pedindo a pessoas
com diferentes antecedentes sócio-culturais e de diferentes idades para responderem a
problemas que envolviam dilemas morais, descobriu que as suas respostas se inseriam
em seis sistemas de julgamento diferentes, nos quais baseou as suas seis categorias.
Kohlberg agrupou os vários estádios consoante o nível do desenvolvimento
moral de cada um. Temos assim o pré-convencional, o convencional e o pós-
convencional.
O nível pré-convencional é o nível da maioria das crianças antes dos nove anos.
O nível convencional é o nível alcançado pelos adolescentes e adultos. O nível pós-
convencional é alcançado apenas por uma maioria de adultos, geralmente após a idade
dos 20-25 anos.
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CARACTERIZAÇÃO DOS VÁRIOS ESTÁDIOS
ESTÁDIO 1: Orientação pela obediência e punição. Deferência egocêntrica face ao poder
e á autoridade.
ESTÁDIO 2: Estádio da individualidade instrumental. Orientação egoísta. A acção
correcta é aquela que satisfaz as necessidades do indivíduo e apenas ocasionalmente dos
outros. Igualitarismo radical.
ESTÁDIO 3: Orientação bom rapaz, linda menina. Orientação para a aprovação e para
agradar aos outros. Conformidade aos estereótipos sociais.
ESTÁDIO 4: Orientação para a manutenção da ordem e da autoridade. Respeito pela
autoridade e as expectativas que a sociedade deposita em nós.
ESTÁDIO 5: Orientação contratual legalista. O dever é definido em termos de contrato.
Deferência para com o bem-estar dos outros e pelo cumprimento dos contratos.
ESTÁDIO 6: Orientação pelos princípios éticos. A acção é conforme a princípios
universais. Primado da consciência individual e pelo cumprimento do dever.
Vamos então colocar um dilema de Kohlberg a indivíduos entre os 12 e os
18 anos e tentar perceber em que estádio de desenvolvimento moral se encontram:
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DDIILLEEMMAA DDEE HHEEIINNZZ EE DDOO FFAARRMMAACCÊÊUUTTIICCOO
Numa cidade da Europa, uma mulher estava a morrer de cancro. Um
medicamento descoberto recentemente por um farmacêutico dessa cidade podia salvar-
lhe a vida. A descoberta desse medicamento tinha custado muito dinheiro ao
farmacêutico, que agora pedia dez vezes mais por uma pequena porção desse remédio.
Henrique (Heinz), o marido da mulher que estava a morrer, foi ter com as pessoas suas
conhecidas para lhe emprestarem o dinheiro e, assim, poder comprar o medicamento.
Apenas conseguiu juntar metade do dinheiro pedido pelo farmacêutico. Foi ter, então,
com ele, contou-lhe que a sua mulher estava a morrer e pediu-lhe para lhe vender o
medicamento mais barato. Em alternativa, pediu-lhe para o deixar levar o medicamento,
pagando-lhe mais tarde a metade do dinheiro que ainda faltava. O farmacêutico
respondeu que não, que tinha descoberto o medicamento e que queria ganhar dinheiro
com a sua descoberta. Henrique, que tinha feito tudo ao seu alcance para comprar o
medicamento, ficou desesperado e estava a pensar assaltar a farmácia e roubar o
medicamento para a sua mulher.
PERGUNTAS EM RELAÇÃO AO DILEMA:
Deve ou não Henrique assaltar a farmácia e roubar o medicamento? PORQUÊ?
Se Henrique não gostar da mulher devia roubar ou não o medicamento?
PORQUÊ?
Se a pessoa que estava a morrer não fosse a mulher, mas um desconhecido, devia
ou não Henrique roubar o medicamento? PORQUÊ?
Como deve Henrique roubar o medicamento, sabendo que por lei é proibido
roubar? (Isto se o sujeito defende que Henrique deve roubar)
É importante que as pessoas façam tudo o que podem para salvar a vida de
alguém? PORQUÊ?
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TTRRAATTAAMMEENNTTOO DDOOSS DDAADDOOSS RREESSUULLTTAANNTTEESS DDOO DDIILLEEMMAA
DDEE HHEEIINNZZ::
Gráfico 1
0%5%
10%15%20%25%30%
1 2 3 4 5 6Estádios
Distribuição dos inquiridos dos 12 aos 14 anos
Gráfico 2
0%10%20%30%40%50%60%70%
1 2 3 4 5 6
Estádios
Distribuição dos inquiridos dos 15 aos 18 anos
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Analisando o gráfico 1 verificamos que os inquiridos, adolescentes entre os 12 e
14 anos, se situam maioritariamente nos estádios 2 e 3, ou seja, segundo Kohlberg o seu
nível de desenvolvimento moral oscila entre o nível pré-convencional e o convencional.
Por outro lado, nenhum dos inquiridos atingiu um estádio superior ao 4º.
No gráfico 2, verificamos que os adolescentes entre os 15 e os 18 anos,
atingiram maioritariamente o estádio 3 e uma pequena percentagem alcançou o estádio
5, ou seja, segundo kohlberg o seu desenvolvimento moral já atingiu o nível
convencional e uma minoria alcançou o primeiro patamar do pós-convencional.
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CCOONNCCLLUUSSÃÃOO EE AAPPRREECCIIAAÇÇÃÃOO
DDOO TTRRAABBAALLHHOO
No que diz respeito às disciplinas curriculares mas não disciplinares, verificou-
se que, apesar da falta de material de apoio pedagógico, estão a ser leccionadas com
algum sucesso.
Quanto à formação dos professores, ela existe, embora estes não estejam muito
receptivos, talvez devido à saturação induzida pelas constantes reformas curriculares.
Por sua vez, constatámos que os alunos se encontram receptivos a estas novas
disciplinas. No entanto, esta receptividade é maior no 2º ciclo, sendo posteriormente
consideradas repetitivas.
Em relação a Educação Moral e Religiosa Católica, conclui-se que cerca de
metade da população estudantil não frequenta a disciplina, uns por considerarem que,
tendo catequese, a disciplina não é necessária, outros porque preferem ter mais tempo
livre. No entanto, consideramos que o Estado deveria oferecer soluções para preencher
esta lacuna no horário. A disciplina de Desenvolvimento Pessoal e Social consta no
boletim de matrícula, apesar de não ser leccionada, sendo por isso maioritariamente
escolhida pelos alunos.
Na nossa opinião, estas disciplinas são bastante importantes para o
desenvolvimento moral e social de cada indivíduo, já que ajudam os alunos a saberem
respeitar os colegas, a trabalharem em grupo e a ganharem consciência das suas
dificuldades e limitações, trabalho este que deveria funcionar como um complemento à
educação recebida em casa.
No entanto, e tendo em conta a perspectiva de desenvolvimento moral de
Kohlberg, consideramos a estratégia que envolve todos os professores, em cada aula ou
fora dela, aquela que melhor poderá potenciar o desenvolvimento moral dos alunos.
Este trabalho surpreendeu-nos, uma vez que na prática estas disciplinas
funcionam melhor do que esperávamos. No entanto, ainda que haja reformas, estas são
de curta duração o que leva a que se percam ideias interessantes.
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AALLTTEERRAAÇÇÕÕEESS RREEAALLIIZZAADDAASS AAOO PPRROOJJEECCTTOO DDEE
TTRRAABBAALLHHOO
Devido a entraves burocráticos, não nos foi possível realizar os inquéritos aos
alunos da Escola Básica do 2º e 3º ciclos Eugénio de Castro em Coimbra, decidimos
então realizá-los numa Escola em Castelo Branco.
Depois de termos visitado a Escola Secundária Infanta Dona Maria, em
Coimbra, tomámos conhecimento que esta nova reforma curricular não atingirá o
secundário, ao contrário do que nós pensávamos. Esta reforma só se aplica a alunos
que frequentem o 2º e 3º ciclos, sendo aplicada de uma forma gradual. Neste momento
está em vigor só até ao 8º ano de escolaridade.
Por opção da Escola de Castelo Branco que visitámos, o 9º ano já foi atingido
pela reforma curricular.
No que diz respeito aos testes que realizámos acerca do desenvolvimento moral
dos adolescentes, fizemos uma pequena alteração na população que realizou o teste, na
medida em que optámos por fazer o teste também a alunos do secundário (em vez de
fazermos só a alunos dos 2º/3º ciclos), na perspectiva de uma melhor avaliação dos
testes.
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BBIIBBLLIIOOGGRRAAFFIIAA SPRINTHALL e SPRINTHALL (1993), Psicologia Educacional, Lisboa, McGraw-Hill;
MARQUES, RAMIRO (2002), Valores éticos e Cidadania na Escola, Lisboa,
Editorial Presença;
SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ (1992), Sempre
Mais - E.M.R.C. – 7º ano de escolaridade – Guia Pedagógico do Professor, Coimbra,
Gráfica de Coimbra, L.da;
SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ (1993), Uma
Aposta na Vida – E.M.R.C. – 10º ano de escolaridade – Guia Pedagógico do Professor,
Torres Novas, Gráfica Almondina;
LOURENÇO, ORLANDO MARTINS (2002), Psicologia de Desenvolvimento
Moral, Coimbra, Almedina;
SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ (2003),
Competências Essenciais e Metodologia da E.M.R.C. na Educação Básica, Torres
Novas, Gráfica Almondina;
ABRANTES, PAULO (Maio de 2001), Reorganização Curricular no Ensino
Básico: princípios, medidas e implicações, Ministério da Educação – Departamento de
Educação Básica;
RANGEL, MANUEL, Áreas Curriculares não disciplinares, Porto Editora.
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32
FORMAÇÃO CÍVICA
COMPETÊNCIAS A DESENVOLVER:
● Desenvolver atitudes de cidadania;
● Respeitar a diversidade cultural, religiosa, sexual ou outras;
● Utilizar os saberes científicos e tecnológicos para compreender a
realidade natural e sócio-cultural e abordar situações e
problemas do quotidiano;
● Propor situações de intervenção;
● Desenvolver o sentido crítico perante si e o mundo;
● Promover o uso correcto da Língua Portuguesa e a apropriação de
alguns fundamentos da Cultura Portuguesa.
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ESCOLA BÁSICA DOS 2º E 3º CICLOS DE EUGÉNIO DE CASTRO
ÁREA DE PROJECTO 2002/2003
COMPETÊNCIAS a desenvolver pelo aluno.
A – COMPETÊNCIAS GERAIS (a privilegiar) 1 - Mobilizar saberes culturais, científicos e tecnológicos. 2 - Usar adequadamente linguagens das diferentes áreas do saber. 3 - Usar correctamente a língua portuguesa para comunicar de forma adequada e para estruturar o pensamento próprio 6 - Pesquisar, seleccionar e organizar informação para a transformar em conhecimento mobilizável. 7 - Adoptar estratégias adequadas à resolução de problemas e à tomada de decisões. 8 - Realizar actividades de forma autónoma, responsável e criativa. 9 - Cooperar com outros em tarefas e projectos comuns. (numeração de acordo com o “Currículo Nacional do Ensino Básico – Comp. Essenciais”)
B - COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS (em articulação com as gerais). 1 - Identifica e articula saberes e conhecimentos para compreender uma situação ou problema. 2 - Utiliza formas de comunicação diversificada, adequando linguagens e técnicas aos contextos e necessidades. 3 - Usa a língua portuguesa no respeito de regras do seu funcionamento. 6 - Utiliza técnicas simples de investigação:
- identifica problemas e planifica o trabalho; - recolhe, selecciona, organiza e trata diferentes tipos. de informação; - elabora trabalhos simples; - auto-avalia e ajusta os seus métodos de trabalho aos objectivos; - avalia o trabalho realizado pelo grupo e pela turma.
- Comunica o conhecimento resultante da interpretação da informação, utilizando formas diversificadas.
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7 - Identifica situações problemáticas em termos de levantamento de questões. - Propõe situações de intervenção, individual e/ou colectiva, que constituam tomadas de decisão face a um problema em contexto. 8 - Responsabiliza-se por realizar integralmente uma tarefa. 9 - Participa em actividades de grupo, respeitando normas e critérios de actuação, de convivência e de trabalho.
C – OPERACIONALIZAÇÃO 1 - Apoiar a abordagem de conteúdos da área do saber em situações e problemas. - Promover actividades dirigidas à observação e questionamento da realidade e à integração de saberes. - Organizar actividades cooperativas de aprendizagem. - Promover a realização de projectos que impliquem o uso de diferentes linguagens. 2 - Organizar o trabalho com base em materiais e recursos em que são utilizadas linguagens específicas.
- Rentabilizar as potencialidades das tecnologias de informação e de comunicação no
uso adequado de diferentes linguagens.
- Promover a realização de projectos que impliquem o uso de diferentes linguagens.
3 – Promover, em todas as situações, o uso correcto da língua portuguesa.
6 - Apoiar a pesquisa, selecção e tratamento de informação. - Promover o recurso a fontes de informação diversa e das tecnologias de informação e comunicação. - Promover a auto e a hetero-avaliação periódica como elemento regulador do trabalho e numa perspectiva de aperfeiçoamento.
7 - Promover actividades que permitam ao aluno fazer escolhas, confrontar pontos de vista e resolver problemas. 8 - Apoiar o aluno na organização da sua aprendizagem e na construção da sua autonomia, valorizando a responsabilização e estimulando a criatividade. 9 - Acompanhar a realização cooperativa de projectos. - Apoiar o aluno na interacção com os outros. - Propiciar situações de aprendizagem conducentes à promoção da auto-estima e da auto-confiança. - Promover a utilização de recursos diversificados adequados a formas de trabalho
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Entrevista 1. Nas disciplinas de Formação Cívica, Estudo Acompanhado e Área de
Projecto, quais as estratégias que usa para cativar os alunos, dado que estas
disciplinas são curriculares, mas não disciplinares?
2. Em que medida é que estas disciplinas contribuem para a formação moral
do indivíduo? São suficientes?
3. Acha que há formação/informação suficiente para os professores
leccionarem estas disciplinas de forma a que elas tenham sucesso?
4. Concorda com esta reforma?
5. Antigamente havia a hipótese de escolha entre EMRC e DPS, isto
teóricamente, porque na prática este projecto só funcionou em
determinadas escolas, as chamadas escolas – piloto, o que pensa que
falhou?
6. Concorda que a disciplina de EMRC deve ser opcional?
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Agradecemos que colabores connosco, e respondas a este
inquérito o mais sincero possível, uma vez que se destina a dados
estatísticos, para um trabalho de investigação, no âmbito da
disciplina de Psicologia Educacional I.
Este inquérito é anónimo e confidencial.
Idade____ Ano_____ 1.Achas que a disciplina de Formação Cívica é importante para o teu desenvolvimento pessoal e social? Sim Não 2. Nesta pergunta assinala com uma cruz as opções que consideras mais exactas. O que fazes nas aulas de:
Estudo Acompanhado
Aprendo a estudar..................................................................................................... Tiro dúvidas com os professores.............................................................................. Aprendo novos métodos de estudo/trabalho............................................................. Faço os trabalhos de casa..........................................................................................
Formação Cívica
Ajuda-me a “crescer” como cidadão................................................................... ...... Discuto com colegas e professores experiências e situações vividas na sociedade.. Torno-me mais activo nas minhas intervenções dentro e fora da escola................... Aprendo a relacionar-me melhor com os outros........................................................
Área de Projecto
Elaboro trabalhos de investigação/projectos............................................................. Faço pesquisas nas diferentes áreas disciplinares..................................................... Realizo trabalhos em que relaciono as diferentes áreas estudadas........................... Com maior facilidade construo as minhas aprendizagens........................................
3. Consideras que são necessárias três disciplinas, ou pensas que apenas uma seria suficiente para tratar das áreas acima referenciadas?
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4. Já frequentaste a disciplina de Desenvolvimento Pessoal e Social? Sim Não 4.1.Se respondeste sim, achaste que a disciplina foi importante? Porquê? 4.2.Escolheste Desenvolvimento Pessoal e Social porque: Não é leccionada na tua escola......................................................................... A preferes em relação a Educação Moral Religiosa e Católica...................... És de uma religião que não é católica .............................................................. 5.Achas que a disciplina de EMRC deveria ser obrigatória? Sim Não . Porquê? 6.Nesta pergunta, responde só no caso de frequentares EMRC. Na disciplina de EMRC, abordas que assuntos?
Apenas religião........................................................................................................ Temas que te ajudam no teu dia-a-dia..................................................................... Ambas as opções anteriores.....................................................................................
Obrigada pela tua colaboração!