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Desafios e perspectivas para a comercialização de produtos de base agroecológica - O caso do município de Pelotas/RS Challenges and perspectives for the organic products trading – The Pelotas/RS municipality case FINATTO, Roberto Antônio 1, CORRÊA, Walquiria Kruger 2 1 Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC, Florianópolis/SC, Brasil, [email protected]; 2 Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC, Florianópolis/SC, Brasil, [email protected] RESUMO: A agricultura de base agroecológica vem ganhando maior visibilidade nos últimos anos. Porém, os produtos cultivados neste sistema de produção oriundos da agricultura familiar enfrentam problemas no processo de comercialização. Diante disso, o objetivo deste artigo é caracterizar e analisar a comercialização dos produtos de base agroecológica no município de Pelotas/RS. O método da pesquisa abrangeu a identificação dos principais meios e espaços de comercialização, análise da oferta com pesquisa de preços dos produtos disponíveis e, a realização de entrevistas com os agricultores e agentes envolvidos diretamente no processo. Constatou-se que, os preços dos produtos das feiras convencionais, comparativamente aos da ecológica, não apresentam grandes disparidades, os agricultores têm dificuldade em manter a estabilidade da produção e ela se destina, principalmente, ao mercado varejista, à venda direta ao consumidor e, sobretudo, ao mercado institucional. Conclui-se que, apesar dos desafios a serem superados, a produção de base agroecológica apresenta possibilidades de expansão no município. PALAVRAS-CHAVE: Comercialização; mercado; produtos de base agroecológica. ABSTRACT: The organic agriculture has been receiving more visibility in the last years. However, the organic products from family farms face problems with trading. Therefore, the aim of this study is to characterize and analyse the organic products trading in Pelotas/RS municipality. The methodology included the main trading types and space identification, supply analysis with price research of available products and interviews with the farmers and agents directly involved in the process. It was found that the prices of products from the conventional market do not present big differences compared to those from the eco market. The farmers have difficulty in keeping a stable production and it is mainly destined to the retail market, direct sales to consumers and especially to the institutional market. It is concluded that, despite the challenges still to be overcome, the organic production has possibilities to expand in the municipality. KEY WORDS: Trading; market; organic products. Revista Brasileira de Agroecologia Rev. Bras. de Agroecologia, Porto Alegre, 5(1):95-105 (2010) ISSN: 1980-9735 Correspondências para: [email protected] Aceito para publicação em 26/02/2010

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Desafios e perspectivas para a comercialização de produtos de baseagroecológica - O caso do município de Pelotas/RS

Challenges and perspectives for the organic products trading – The Pelotas/RSmunicipality case

FINATTO, Roberto Antônio 1, CORRÊA, Walquiria Kruger 2

1 Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC, Florianópolis/SC, Brasil, [email protected]; 2

Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC, Florianópolis/SC, Brasil, [email protected]

RESUMO: A agricultura de base agroecológica vem ganhando maior visibilidade nos últimos anos.Porém, os produtos cultivados neste sistema de produção oriundos da agricultura familiar enfrentamproblemas no processo de comercialização. Diante disso, o objetivo deste artigo é caracterizar e analisara comercialização dos produtos de base agroecológica no município de Pelotas/RS. O método dapesquisa abrangeu a identificação dos principais meios e espaços de comercialização, análise da ofertacom pesquisa de preços dos produtos disponíveis e, a realização de entrevistas com os agricultores eagentes envolvidos diretamente no processo. Constatou-se que, os preços dos produtos das feirasconvencionais, comparativamente aos da ecológica, não apresentam grandes disparidades, osagricultores têm dificuldade em manter a estabilidade da produção e ela se destina, principalmente, aomercado varejista, à venda direta ao consumidor e, sobretudo, ao mercado institucional. Conclui-se que,apesar dos desafios a serem superados, a produção de base agroecológica apresenta possibilidades deexpansão no município.

PALAVRAS-CHAVE: Comercialização; mercado; produtos de base agroecológica.

ABSTRACT: The organic agriculture has been receiving more visibility in the last years. However, theorganic products from family farms face problems with trading. Therefore, the aim of this study is tocharacterize and analyse the organic products trading in Pelotas/RS municipality. The methodologyincluded the main trading types and space identification, supply analysis with price research of availableproducts and interviews with the farmers and agents directly involved in the process. It was found that theprices of products from the conventional market do not present big differences compared to those fromthe eco market. The farmers have difficulty in keeping a stable production and it is mainly destined to theretail market, direct sales to consumers and especially to the institutional market. It is concluded that,despite the challenges still to be overcome, the organic production has possibilities to expand in themunicipality.

KEY WORDS: Trading; market; organic products.

Revista Brasileira de AgroecologiaRev. Bras. de Agroecologia, Porto Alegre, 5(1):95-105 (2010)ISSN: 1980-9735

Correspondências para: [email protected] para publicação em 26/02/2010

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Introdução

A agricultura de base agroecológica1

caracteriza-se pelo uso de técnicas ecológicasrelacionadas à adubação, fertilização, manejo dosolo e da produção. Para tanto, leva-se em contaas características específicas de cadaagroecossistema onde as atividades sedesenvolvem. Entre os princípios da agricultura debase agroecológica, pode-se citar oaproveitamento dos resíduos orgânicos geradosna unidade produtiva, a eliminação do uso deagrotóxicos e, a minimização da dependênciaexterna por meio da substituição de insumosartificiais por processos biológicos naturais.Sobressaem ainda, benefícios como a valorizaçãodo “saber fazer” tradicional do agricultor e do seumodo de vida.

Este sistema de produção vem ganhandovisibilidade nos últimos anos. Contribuem paraisso, o discurso político, acadêmico e publicitárioda sustentabilidade, assim como, os benefíciosambientais e para a saúde humana dos alimentoscultivados em sistemas de base agroecológica.Ainda, o incentivo das políticas públicas, dasorganizações não governamentais, dascooperativas, associações e entidades religiosas éfundamental para promover e fortalecer aexpansão da agricultura de base agroecológica nocampo brasileiro.

No Brasil, de acordo com dados doMINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA EABASTECIMENTO (2006)2, a produção orgânica3

ocupa 800.000 hectares e envolve cerca de15.000 produtores. A Região Sul do país possui omaior número de produtores, contando com10.200 agricultores numa área de 120.000 ha. Aregião Centro-Oeste detém a maior área com520.000 ha, sendo trabalhada por apenas 750produtores.

O sistema de produção orgânico no Brasilabsorve basicamente dois tipos de produtores. Deum lado, os agricultores familiares, representando90% do total, sendo estes responsáveis por cerca

de 70% da produção nacional, de outro, osagricultores empresariais que totalizam 10% dosprodutores orgânicos (CAMARGO FILHO et al.,2004). Entre as principais vantagens da adoçãodo sistema orgânico por agricultores familiares,pode-se destacar: a menor escala de produção, adiversificação produtiva, o envolvimento direto dafamília na gestão da unidade e na produção dosalimentos, menor dependência de insumosexternos, possibilidade na eliminação no uso deagrotóxicos e os menores custos com a produção(HESPANHOL, 2008).

Diante disso, o objetivo deste artigo écaracterizar e analisar a comercialização dosprodutos de base agroecológica no município dePelotas/RS. O interesse maior é dar ênfase àsquestões empíricas, evidenciando os principaismeios, estratégias e dificuldades para acomercialização dos produtos.

O interesse em analisar a problemática dacomercialização em Pelotas deve-se ao fato deque, o município está inserido nas redes dearticulação e fomento à agroecologia por meio deorganizações específicas, como cooperativas eassociações de agricultores familiares. Omunicípio é sede destas organizações atuantesna região sul do Rio Grande do Sul, centralizandoencontros e reuniões voltadas à agroecologia,com o intuito de articular os agentes localizadosnos demais municípios da região. Além disso,Pelotas conta com 339.934 hab. (IBGE, 2009),representando o principal mercado consumidorpara os produtos de base agroecológica nocontexto regional.

Método da PesquisaA pesquisa teve caráter qualitativo e foi

executada com a realização das seguintes etapas:revisão teórica sobre o mercado e acomercialização de produtos orgânicos, pesquisade campo com o intuito de evidenciar a realidadeempírica e, finalmente, a sistematização,

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descrição e análise do material coletado.A pesquisa de campo foi realizada no mês de

maio de 2009. Neste período, foram realizadas 15entrevistas - baseadas em roteiros semi-estruturados - com informantes qualificados4 ecom alguns agricultores de base agroecológica5.Considerou-se como “informantes qualificados” osrepresentantes das entidades de fomento àagroecologia no município, os agrônomos etécnicos agrícolas que desenvolvem trabalhos deextensão com os agricultores e, os agricultorespioneiros nas atividades agroecológicas nomunicípio. Foram entrevistados cinco informantesqualificados que permitiram traçar consideraçõesamplas sobre a realidade da produção e dacomercialização em Pelotas.

Ainda, foram realizadas visitas nas unidadesde produção de base agroecológica e,principalmente, nos locais de comercialização dosprodutos, como as feiras-livres, pontos decomercialização em cooperativas e nossupermercados de Pelotas, para análise da ofertae dos preços dos produtos disponíveis.

Visando caracterizar e analisar acomercialização da produção proveniente daagricultura familiar no município de Pelotas, foramidentificados os principais meios decomercialização dos produtos no município, onível de satisfação dos agricultores aocomercializarem seus produtos e as possibilidadesde expandir a produção.

A inexistência de dados quantitativos, tanto daquantidade de produtos comercializados noscanais de comercialização, como dos preçoscobrados pelos mesmos, limitaram a realização deuma análise mais aprofundada sobre aproblemática em tela.

Mercado e comercialização de produtos debase agroecológica: algumas considerações

O mercado para os produtos orgânicosencontra-se em crescente expansão em nívelmundial. De acordo com Campanhola e Valarini

(2001) existem cinco razões para o aumento dademanda por estes produtos: a preocupação dosconsumidores com a saúde e a importância daalimentação saudável; influência do movimentoambientalista organizado, por meio de ONGs que,criam espaços e incentivam a produção e oconsumo; a “influência de seitas religiosas, comoa Igreja Messiânica, que defendem o equilíbrioespiritual do homem por meio da ingestão dealimentos saudáveis e produzidos em harmoniacom a natureza” (CAMPANHOLA E VALARINI,2001, p.72 e 73); a importância das açõesexecutadas por grupos organizados contra amoderna agricultura e, finalmente, a “utilização deferramentas de “marketing” pelas grandes redesde supermercados, por influência dos paísesdesenvolvidos, que teriam induzido demandas porprodutos orgânicos em determinados grupos deconsumidores” (CAMPANHOLA E VALARINI,2001, p.73).

A ampliação do mercado é um elementofundamental para a expansão do sistema daprodução de base agroecológica. Pode-se afirmarque, é “justamente o mercado que contribui parareorganizar o sistema produtivo e acena com aperspectiva de maior espaço para os produtosorgânicos” (BRANDENBURG, 2004, p. 273).

Entretanto, apesar do aumento significativo daárea cultivada com agricultura de baseagroecológica no Brasil, ainda é difícil estabelecercomparações entre o volume comercializado deprodutos agrícolas oriundos da agriculturaconvencional com os de base agroecológica,principalmente, pela superioridade quantitativa daprodução convencional. Sobre as disputas depreços entre estes produtos, Darolt (2001)destaca que a concorrência entre os preços dosalimentos orgânicos e convencionais é injusta,pois este último sistema de produção nãocontabiliza os custos ambientais na formação dospreços, enquanto que o sistema orgânico

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interioriza os custos. Além disso, o sistemaagrícola é guiado pela agricultura convencional,obrigando a agricultura ecológica a se adaptar aosistema predominante.

Mesmo diante desta concorrência injustacaracterizada pelo autor anteriormente citado, aagricultura de base agroecológica conquistouimportantes mercados, seja para exportação ouem mercados locais e regionais. Entre osprincipais produtos orgânicos brasileirosexportados, pode-se citar o café, o cacau,castanha de caju, o azeite de dendê, óleo depalma e palmito, guaraná, arroz, soja e as frutascítricas (CAMARGO FILHO W. P. et al. 2004).Quanto à produção para o mercado interno, ela édiversificada e tem como principais destinos “[...]os grandes e pequenos varejistas (lojas deprodutos naturais, restaurantes e supermercados),associações ou unidades processadoras edistribuidoras, e venda direta (feiras livres e cestasem domicílio)” (CAMARGO FILHO W. P. et al.2004, p. 59 e 60).

No intuito de favorecer a comercialização dosprodutos orgânicos procedentes da agriculturafamiliar, as associações e cooperativasdesempenham função fundamental. Além defacilitarem a inserção dos agricultores nosmercados locais e regionais, elas prestamassistência técnica e oportunizam a realização decursos, contribuindo para a permanência dosagricultores naquele sistema e para o aumento naoferta dos produtos.

No caso do município de Pelotas, a criação deuma associação dos agricultores de produtos debase agroecológica, foi fundamental para viabilizara produção e impulsionar sua expansão nomunicípio.

O Município de Pelotas: caracterização egênese da produção de base agroecológica

Pelotas possui uma área territorial de 1.609Km² e a população totalizou 339.934 habitantesno ano de 2007 (IBGE, 2009). A população

residente no meio rural do município correspondea 4,92% dos habitantes, em contraste com os95,08% do espaço urbano (ITEPA, 2008). Omunicípio possui 3.603 estabelecimentosagropecuários, destacando-se a produção depêssego nas lavouras permanentes, com 3.000hectares, e o arroz com 8.100 hectares, comolavoura temporária (IBGE, 2009).

A produção de base agroecológica, nomunicípio de Pelotas, teve início em 1984, mas nadécada de 1970 já se faziam questionamentossobre a viabilidade do modelo da RevoluçãoVerde. A partir dos anos 80 começaram osincentivos para alterar o sistema de produção emalgumas unidades produtivas, sendo esta tarefaassumida pela Pastoral Rural (ligada à Diocese daIgreja Católica) e pelo Centro de Apoio aoPequeno Agricultor – CAPA, da Igreja Evangélicade Confissão Luterana no Brasil - IECLB.

As ações da Pastoral Rural para incentivar aadoção do sistema de produção de baseagroecológica, notabilizaram-se pela organizaçãode cursos de formação, visitas a centros deagricultura ecológica e implantação deexperiências locais, com trabalhos de referênciaem unidades familiares do município. Costa(2006) destaca que, no início da década de 1990,estreitaram-se as relações entre a Pastoral Rurale o Centro de Agricultura Ecológica de Ipê6,localizado na serra gaúcha. Esta aproximaçãopermitiu a aquisição de conhecimento pelosagricultores e técnicos de Pelotas que, puderamver in loco a experiência da agroecologia naregião serrana, onde o sistema já estavaconsolidado.

Além disso, um importante convênio foi firmadoentre a Pastoral Rural de Pelotas e o Centro deApoio ao Pequeno Agricultor – CAPA, de SãoLourenço do Sul. Como resultado das diversasiniciativas, em 1995, constitui-se a AssociaçãoRegional de Produtores Agroecológicos da RegiãoSul – ARPA-SUL. Nesse contexto, a assistência

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técnica na produção orgânica era efetuada pelaPastoral Rural e pelo CAPA. Segundo Costa(2006), embora se tenha optado pela criação deuma associação, ao invés de uma cooperativa,devido às facilidades no gerenciamento, havia aperspectiva de consolidar a iniciativa “em termosde organização, produção e comércio, para acriação de uma cooperativa” (COSTA, 2006, p.50).

Assim, com a consolidação da iniciativa eorganização dos agricultores envolvidos, surgiu anecessidade de transformar a associação emcooperativa. De acordo com os entrevistados, aprincipal vantagem dessa alteração seria apossibilidade de comercializar os produtos para osprogramas institucionais, já que, a associação, porquestões burocráticas, não poderia acessar estemercado. Entretanto, surgiram conflitos edivergências internas entre os agricultores sobre anecessidade desta mudança.

Após várias discussões foram criadas trêsentidades. Além da Associação Regional deProdutores Agroecologistas da Região Sul -ARPA-SUL, surgiu a Cooperativa de PequenosAgricultores Agroecologistas da Região Sul Ltda. -ARPASUL e a Cooperativa Sul-Ecológica deAgricultores Familiares Ltda. Estas organizaçõescentralizam as atividades relacionadas à produçãode base agroecológica no município de Pelotas.

Além das organizações citadas, tambémcontribuem para o desenvolvimento da produçãoalguns grupos de pesquisa e extensão vinculadosà Universidade Federal de Pelotas - UFPel (tantodas ciências agrárias quanto das ciênciashumanas/sociais), e a Empresa Brasileira dePesquisa Agropecuária – EMBRAPA ClimaTemperado, que desenvolve pesquisasrelacionadas à produção de base agroecológica eatividades de extensão com os agricultoresfamiliares.

As formas de comercialização dos produtos debase agroecológica: desafios e perspectivas

A permanência dos agricultores no sistema de

produção com base na agroecologia estárelacionada com a viabilidade de comercializaçãodos produtos. Em grande parte dos casos dedesistência ou retorno para o sistema deprodução convencional, a principal causaconstatada, é a dificuldade na venda dosprodutos. Esta percepção é compartilhada pormuitos agricultores, técnicos e representantes dasorganizações do município. De acordo com uminformante, “uma das coisas fundamentais paraagricultor é a comercialização, e hoje a genteenxerga que os grupos que estão na cooperativae que tem acompanhamento técnico, conseguemchegar mais fácil ao mercado” (Informante A,2009).

Assim, as cooperativas e a associaçãodesempenham papel fundamental para facilitar oacesso aos mercados. Todos os agricultoresentrevistados estão ligados em alguma dascooperativas ou na associação. Na visão dospróprios agricultores, “se hoje a agricultura familiarnão se organizar em forma de grupo, associação,cooperativa é muito difícil conseguir sobreviver[...]” (Agricultor B, 2009). Ou ainda, “a grandedificuldade é organizar essa rede decomercialização [...]. Então a gente vê que setivesse onde o agricultor vender seu produto, se omercado fosse garantido o produtor plantaria semmedo” (Informante B, 2009).

As opções de comercialização no município dePelotas restringem-se a mercados locaisespecíficos. A produção tem como principaisdestinos o Programa de Aquisição de Alimentos –PAA do governo federal (07 dos entrevistadosdestinam sua produção) e as feiras-livres domunicípio (05 agricultores declararam ser a feira oprincipal meio de comercialização). A entrega emrestaurantes e a domicílio é praticada por apenasum agricultor. Essa situação, apesar de viabilizara reprodução econômica de algumas famílias combase na produção de base agroecológica,demonstra a necessidade de novos e seguros

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espaços de comercialização.O Programa de Aquisição de Alimentos do

governo federal foi criado pela Lei nº. 10.696, de02 de julho de 2003 (regulamentado pelo Decretonº. 6.447, de 07 de maio de 2008). Este programatem a “finalidade de incentivar a agriculturafamiliar, compreendendo ações vinculadas àdistribuição de produtos agropecuários parapessoas em situação de insegurança alimentar e àformação de estoques estratégicos” (CONAB,2009). O PAA é coordenado pelo Ministério doDesenvolvimento Social e Combate à Fome econta com o apoio de vários ministérios e diversosórgãos institucionais que operam no planoestadual e municipal. De acordo com informaçõesda Companhia Nacional de Abastecimento –CONAB7, “o PAA apóia o agricultor familiar comdificuldades de participar do mercado, auxiliando-onuma das etapas mais difíceis do processoprodutivo: a comercialização” (CONAB, 2009).

O referido programa representa o principalmeio de comercialização dos produtos de baseagroecológica, não apenas do município dePelotas, mas também dos demais municípios doRio Grande do Sul assistidos pelas entidades quetêm sede em Pelotas. Na tabela 01, pode-seobservar o valor total (em reais) dos produtosorgânicos vendidos pelas duas cooperativas dePelotas para o programa PAA.

Entretanto, apesar da importância do PAA, énotável a preocupação dos agricultores e técnicossobre a instabilidade deste mercado. Comodestaca um entrevistado “o PAA [...] é umapolítica do governo, se troca, sai fora, isso é ummedo que a gente tem. Então, é preciso buscar eaprender com outros mercados, tem outrasexigências, tem outros preços, é tudo diferente”(Informante A, 2009).

Com a possibilidade de término do contratocom o Programa de Aquisição de Alimentos,muitos agricultores terão dificuldades paracomercializar sua produção. A demora ou atrasonas renovações contratuais pode ocasionar aperda da produção ou a venda no mercadoconvencional. Um entrevistado sintetiza essasituação ao afirmar, “[...] agora terminou o projetoFome Zero com a CONAB, então o pessoalcomercializa como pode, o pessoal produz alfaceorgânica e vende como convencional e pra quempagar mais [...]” (Informante B, 2009).

Além do PAA, as feiras-livres (figura 01)representam outra fundamental forma decomercialização da produção. A primeira feira deprodutos de base agroecológica de Pelotas e daregião sul do estado foi realizada no mês denovembro de 1995. O objetivo da criação da feirafoi garantir um mercado específico para osprodutos cultivados no sistema de base

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agroecológica, diminuir a distância entre osprodutores e os consumidores e assegurar retornofinanceiro para os agricultores, já que, sem afigura do atravessador a remuneração peloproduto tende a ser maior.

Quanto ao número de feiras-livres realizadasem Pelotas, houve uma expansão considerável.Atualmente, existem quatro pontos de feirasrealizadas semanalmente. As feiras sãoorganizadas pelos próprios agricultores, eles sãoresponsáveis pelo transporte dos produtos emontagem das bancas. Sobre a logística dotransporte um agricultor esclarece: “[...] de cadamunicípio parte um caminhão, ou um outro carroque vai fazendo a coleta nas propriedades atéchegar à feira, de cada localidade, de cada grupovem um carro trazendo a produção” (Agricultor C,2009).

O preço cobrado pelos produtoscomercializados na feira-livre ecológica épraticamente o mesmo daquele encontrado nafeira convencional, favorecendo o acesso da

população de menor poder aquisitivo. Merecedestaque, a estabilidade dos preços cobrados nafeira ecológica, enquanto que, os produtosconvencionais sofrem oscilações constantes,motivados principalmente pela concorrência.Assim, “se os feirantes das feiras convencionaisatuam sob uma lógica tipicamente concorrencial[...], cada qual com seus equipamentos eutensílios, os feirantes ecológicos trabalham combase em princípios associativos” (SACCO DOSANJOS et al., 2005, p.145).

A realização da feira-livre favorece oenvolvimento dos agricultores com a produçãoorgânica e o comprometimento de oferecer umproduto de qualidade para o consumidor, a fim deatender seus interesses enquanto cliente. Comoaponta um entrevistado, “as pessoas que estão nafeira têm mais compromisso com a cooperativa, aquestão da organização da produção,planejamento” (Informante qualificado A, 2009).

Entretanto, a feira-livre dificulta a participaçãodos agricultores que se localizam fisicamente

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mais distantes da cidade de Pelotas. Odeslocamento a grandes distâncias, além de exigirmaiores gastos econômicos, pode estragar algunsprodutos, principalmente as hortaliças, exigentesde maiores cuidados no transporte. Essa situaçãofica evidente quando um agricultor fala sobre asdificuldades para participar da feira, “[...] como aprodução era pouca, às vezes faltava, e tinha adespesa do pessoal que vinha com o frete, nãotinha muito retorno. Então tinha que ter outra coisapra manter a propriedade” (Agricultor G, 2009).Essa situação acarreta, em alguns casos, oabandono das atividades de base agroecológica ea retomada do sistema agrícola convencional.

Em virtude de algumas dificuldadesencontradas nos meios comuns decomercialização dos produtos orgânicos nomunicípio, como as feiras-livres e os programasinstitucionais (demora na renovação doscontratos, grandes deslocamentos até a feira-livre,entre outros) há agricultores que utilizam outrasformas. Uma das estratégias é evidenciada nodepoimento de um agricultor ao fazer seguinteafirmação: “produto ecológico eu estouentregando como convencional, num restaurante[...] pra não estragar. Todo mundo leva, o produtoé bom, tem qualidade, não perco pra ninguém”(Agricultor A, 2009). Essa situação reforça anecessidade de melhor articulação entre osagricultores familiares e o mercado. Mesmo sendocultivado com técnicas orgânicas, o produto acabasendo direcionado para o mercado convencionaldevido às dificuldades existentes nacomercialização dos produtos.

Em relação aos supermercados, elesrepresentam um importante espaço de venda deprodutos de base agroecológica no município.Diante disso, tenderiam a ser um meio para osagricultores familiares comercializarem seusprodutos. Entretanto, o processo decomercialização em supermercados é complexo,pois eles “exigem garantia de entrega de produtospredeterminados, e em quantidades estipuladas,

durante a vigência do contrato” (CAMPANHOLA EVALARINI, 2001, p.83).

Estas exigências acabam dificultando apermanência, ou, excluindo o agricultor familiardaquele espaço. De acordo com um entrevistado,“[...] a gente já tentou trabalhar com ossupermercados, mas como se trabalha direto como clima, fica suscetível à geada, a chuva, aestiagem e, por isso, então não tem umaconstância de produção, não tem umaestabilidade” (Agricultor C, 2009). Outro agricultorreforça, “[...] de repente dá um contratempo e agente não tem aonde buscar pra abastecer. Se dáum contratempo [...] tu fica sem produto, aí só promês que vem ou no outro” (Agricultor G, 2009).

Assim, a falta de estrutura técnica adequadanas propriedades contribui para impedir um ritmoconstante de produção. Pode-se citar comoexemplo, a inexistência de sistemas de irrigaçãona maioria das unidades produtivas, ocasionandoperdas significativas na produção em períodos deestiagem.

Diante disso, os produtos de baseagroecológica cultivados pelos agricultores domunicípio não estão disponíveis em nenhumsupermercado da cidade. Os produtoscomercializados nestes locais são oriundos deoutros municípios ou outras unidades dafederação. Os preços cobrados nossupermercados são muito superiores aosencontrados nas feiras-livres. Alguns produtoscomo o milho verde, possui o preço três vezesmaior no supermercado comparativamente à feira-livre.

Entretanto, apesar das dificuldadesapresentadas, quando questionados sobre o nívelde satisfação com a produção orgânica, a maiorparte dos agricultores (11 entrevistados) declarouestar satisfeito e 02 afirmaram estarem muitosatisfeitos. Diante disso e do que foi exposto,constata-se o significativo potencial para aampliação da produção e comercialização dos

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produtos de base agroecológica no município.Porém, algumas ações precisam ser executadasobjetivando facilitar o acesso aos mercados pelosagricultores. Um agricultor fala,

“o que falta pra coisa “deslanchar” mais é termercado garantido, o preço, a gente já tem. Algunsprogramas do governo federal que acho que sãobons, o PAA, por exemplo, a dificuldade muitasvezes é a questão burocrática, prestação de contas,mais os intervalos de um projeto pro outro, já que osprojetos tem validade de um ano” (Agricultor B,2009).

Entre as dificuldades a serem superadas, podecitar a dificuldade de acesso aos financiamentosdiante do despreparo das agências de crédito ematender os financiamentos requeridos pelosagricultores (como o PRONAF Agroecologia, porexemplo). Ainda, as exigências burocráticas quedificultam e atrasam a execução dos programasinstitucionais, prejudicam a fluidez das vendas e,muitas vezes, inviabilizam a aquisição definanciamentos.

Não menos importante é o comprometimentodos agricultores com as cooperativas e aassociação. Isso certamente favorecerá amanutenção no ritmo da produção ajustado àsdemandas do mercado consumidor, sempreconsiderando as limitações da unidade produtiva,condições do solo, tamanho de área produtiva,mão-de-obra disponível e insumos alternativosdisponíveis.

Considerações finaisO objetivo deste artigo foi caracterizar e

analisar a comercialização dos produtos de baseagroecológica no município de Pelotas/RS.Estudos e análises particulares poderiam serfeitos em relação à dinâmica de cada entidadeatuante no município, pois elas possuem dinâmicade gestão própria e conflitos inerentes ao seufuncionamento. A partir disso, abrem-se novas

possibilidades de pesquisas para investigar commaior profundidade a problemática apresentada.

Ao analisar os desafios relacionados àprodução e comercialização dos produtos de baseagroecológica, buscou-se evidenciar osproblemas que afligem os agricultores familiares,bem como, as contradições encontradas noprocesso. Se o mercado para estes produtosencontra-se em expansão, cabemquestionamentos sobre as dificuldades que osagricultores familiares encontram para seinserirem nos circuitos de comercialização.

Assim, poderão ser formuladas algumasperguntas: para facilitar o acesso ao mercadotenderia a agricultura familiar a especializar-se emdeterminados produtos, possibilitando ocumprimento de contratos maiores e maior retornoeconômico? Ou ainda, alguns agricultorespoderiam tomar o espaço de outros, tornando-seespecializados e competitivos, enquanto queoutros seriam excluídos do sistema de produçãode base agroecológica? Como possibilitar maiorinserção nos mercados sem alterar a lógicafamiliar na gestão e produção da unidadeprodutiva? Questões como essas refletem osmuitos desafios a serem superados na produçãode base agroecológica no município.

Deve-se reconhecer a importância da atuaçãodas cooperativas na inserção dos produtos daagricultura familiar em determinados mercados.Entretanto, elas não eliminam problemas naprodução e na comercialização.

Mesmo assim, a certeza de que ascaracterísticas da agricultura familiar seapresentam compatíveis com a produção de baseagroecológica, reforça a necessidade de políticaspúblicas que visem agregar os interesses comunsdos agricultores e, amparar a criação de uma redede comercialização voltada às especificidades daprodução agrícola familiar.

Acredita-se ser esta uma iniciativa fundamentalpara fortalecer a agricultura familiar e criar

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possibilidades para sua permanência no campo,permitindo a geração de renda e a manutenção daunidade produtiva por meio da produção ecomercialização dos produtos de baseagroecológica.

Notas1 O sistema de produção agroecológico (ou

sustentável) é marcado por um conjunto complexode práticas e relações, estendendo suaspreocupações para aspectos ambientais, sociais,econômicos, culturais, entre outros. O termo“produção de base agroecológica” apresenta-semais apropriado à realidade estudada, pois aomesmo tempo em que dá visibilidade ao sistemade produção agrícola desenvolvido com base naagroecologia, ressalva seu potencial desustentabilidade.

2 Disponível em HESPANHOL, 2008, p.131.

3 As informações oficiais disponíveis sobre ossistemas de produção agrícola alternativo utilizam,de modo geral, o termo “produção orgânica” paradesignar o conjunto destes sistemas produtivos.Por isso, mesmo considerando que o termo“produção de base agroecológica” seja maisindicado para o presente estudo, adotou-setambém o termo orgânico especialmente quandomencionado na bibliografia citada.

4 Begnis et al. (2007) escrevem com base emPatton (2002) que, “as entrevistas cominformantes qualificados permitem avançar nacompreensão de temas ausentes ou nãorevelados com a aplicação de outras técnicas, emespecial o sentimento coletivo, percepções eestratégias comuns ao grupo de agentesenvolvidos. Informantes qualificados sãoentendidos como aqueles que têm umaqualificação específica, seja pela vivência, sejapelo conhecimento sobre a temática” (Begnis et al,2007, p.315).

5 Há dificuldade na definição do número totalde produtores orgânicos no município de Pelotas,pois os dados cadastrais das cooperativas e daassociação encontram-se desatualizados e ocorrecontinuamente a entrada e/ou saída deagricultores nas entidades. Com base nostrabalhos de campo, estima-se haver 70 a 90famílias envolvidas no sistema de produçãoorgânico atualmente.

6 O Centro de Agricultura Ecológica de Ipêsurgiu no ano de 1985 (quando então sedenominava “Projeto Vacaria”) com o objetivo dedemonstrar a viabilidade da produção orgânicanuma propriedade de 70 hectares no atualmunicípio de Ipê/RS. Com a expansão dasatividades e o êxito conquistado pelo projetoVacaria surgiram, posteriormente, diversosnúcleos de agricultura orgânica no município.Diante disso, no ano de 1991, o Projeto Vacariapassou a denominar-se Centro de AgriculturaEcológica Ipê buscando oferecer assessoria aestes grupos de produção orgânica que seformaram em municípios da serra e do litoral nortedo estado (CENTRO DE AGRICULTURAECOLÓGICA IPÊ, 2009).

7 A CONAB é uma “empresa pública,vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento - Mapa, criada por DecretoPresidencial e autorizada pela Lei nº 8.029, de 12de abril de 1990, tendo iniciado suas atividadesem 1º de Janeiro de 1991. É a empresa oficial doGoverno Federal, encarregada de gerir aspolíticas agrícolas e de abastecimento, visandoassegurar o atendimento das necessidadesbásicas da sociedade, preservando e estimulandoos mecanismos de mercado” (CONAB, 2009). Emrelação ao PAA, a referida companhia éresponsável “pela logística do recebimento,armazenamento e distribuição dos donativos”(CONAB, 2009).

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Agradecimentos

Os autores agradecem aos agricultores e aosinformantes qualificados do município de Pelotaspela disposição em contribuir com a presentepesquisa. Também, ao Programa de Pós-Graduação em Geografia, da UniversidadeFederal de Santa Catarina e, ao Laboratório deEstudos Agrários e Ambientais/LEAA, daUniversidade Federal de Pelotas, pelo auxílionecessário à realização do trabalho de campo e, aCAPES, pela concessão da bolsa de mestrado aoprimeiro autor.

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