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Organizadores: Simone Santos Oliveira Sergio Portella
Rio de Janeiro
2016
MÓDULO IV
Desenvolver metodologia dos círculos de resiliencia para comunidade do GNDR. Primeiros socorros, Primeiros Cuidados Psicossocias (PCP).
METODOLOGIA PARA GESTÃO DO RISCO DE DESASTRE
Neste módulo apresentaremos uma orientação para gestão do risco de
desastre proposta pela a Rede Global de Organizações da Sociedade Civil para
Redução de Desastres (GNDR1) que é uma grande rede internacional que
congrega organizações que trabalham para a melhoria da vida das pessoas
afetadas por desastres.
Essa rede desenvolveu o Programa Frontline para facilitar a auto
organização das comunidades. Frontline (Linha da frente): é um programa que
contribui para que o povo local se organize para identificar as ameaças que
enfrentam. Baseado no fato de que bilhões de pessoas em todo o mundo na
linha de frente dos desastres enfrentam a realidade cotidiana de múltiplas
ameaças, com impacto sobre suas vidas e meios de subsistência. Muitas
experiências são pouco conhecidas ou documentadas. Frontline busca reunir e
compartilhar o conhecimento para ser usado em diferentes níveis e tem por
objetivos:
• capturar o conhecimento local de todas as ameaças,
cotidianas e extraordinárias;
• coletar dados que podem ser analisados por idade, gênero e
outros indicadores socioeconômicos;
• fornecer informações locais para políticas, planos e projetos
nacionais e globais;
• monitorar localmente o desenvolvimento das metas pós 2015
dos marcos internacionais, como o de Sendai;
• apoiar e reforçar a ação local e seus aprendizados.
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GNDR- Global Network of Civil Society Organization for Disaster Reduction
Para iniciar esse processo de gestão local dos riscos de desastres, em um
bairro, uma comunidade, ou região, precisamos ter:
� organização e participação dos moradores;
� saber conselhos práticos para reduzir o risco de desastre
� conhecer as ameaças, vulnerabilidades, riscos, capacidades,
emergências e desastres
Para tanto precisamos responder as seguintes questões:
Ameaças: Quais as ameaças enfrentadas em sua comunidade?
Consequências: Quais os impactos dessas ameaças na comunidade?
Ações: Quais as capacidades da comunidade para o enfrentamento?
Obstáculos: Quais fatores estão fora de seu controle e impedem ações?
RISCO E RESILIÊNCIA
Quando confrontados com ameaças, diariamente e de grandes proporções,
como as comunidades protegem e fortalecem suas vidas e seus meios de
subsistência?
O diagrama do CICLO DA RESILIÊNCIA evidencia as inter-relações entre as
ameaças que a comunidade enfrenta, as ações que as comunidades empregam
para construir sua própria resiliência, os fatores de risco subjacentes que criam
barreiras para ações, e o desenvolvimento de caminhos que modificam a forma
como as ameaças são vivenciadas pela comunidade.
O que é resiliência?
Resiliência comunitária é a habilidade de pessoas e comunidades vulneráveis
de proteger e alterar suas vidas, meios de subsistência e bens quando sujeitos
a ameaças de todos os tipos.
COMUNIDADE - Grupos de pessoas conectadas por uma governança ou sistemas organizacionais formais ou informais em vilas, municípios, cidades e metrópoles.
AMEAÇAS - Comunidades confrontam uma grande diversidade de ameaças. Na América do Sul as comunidades são confrontadas com enchentes, tempestades, criminalidade, secas, deslizamentos, terremotos, incêndios, acidentes de tráfego, doenças, períodos de frio e alcoolismo e uso de drogas, como suas principais ameaças.
DIVERSAS AMEAÇAS NATURAIS - Ameaças não só resultam de perigos naturais, mas também de origens ambientais, sociais, econômicas e políticas.
AÇÕES: O ANEL DA RESILIÊNCIA - As comunidades são frequentemente as primeiras – e, muitas vezes, únicas - a responder a muitas dessas ameaças e elas empregam diferentes ações para se proteger desses perigos. Por exemplo, quando confrontados repetidamente com a seca no meio rural e fome, um agricultor deve: 1) diminuir o risco vendendo seus bens para alimentar a família; 2) adaptar-se utilizando mais plantas resistentes a seca; 3) modificar seus meios de subsistência, alterando-os na direção de formas alternativas de renda.
A capacidade das comunidades de absorver, adaptar e transformar em resposta as ameaças está ilustrado pelo ‘anel de resiliência’, o qual as protege das ameaças que enfrentam.
DESENVOLVIMENTO - Quando o desenvolvimento é inclusivo e visa o benefício da sociedade, os riscos não são exacerbados. Entretanto, muitas trajetórias de desenvolvimento nacionais e globais estão arquitetadas para o benefício de interesses particulares, aumentando as ameaças vivenciadas por porções marginalizadas da população.
FATORES DE RISCO SUBJACENTES - Ameaças são frequentemente resultantes de fatores de risco subjacentes, por exemplo, gestão deficiente da urbanização, gestão ineficiente de terras, leis ineficazes ou ruins de planejamento e volatilidade dos preços (inflação, por exemplo).
PASSOS QUE DEVEMOS SEGUIR PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO COMUNITÁRIO DE REDUÇÃO DE RISCOS
Vamos agora apresentar os passos contidos na Cartilha de Formação do
Projeto de Prevenção e Mitigação do Risco de Inundações do Município de San
Martín (Argentina) elaborados pelo CISP (Comitato Internazionale per lo
Sviluppo Dei Popoli), com base nas orientações do Frontline.
1 PASSO - Estabelecer compromissos de trabalho
O compromisso é o primeiro passo. Comprometer-se implica em assumir
responsabilidades, que ajudam a construir a confiança e solidariedade
entre vizinhos.
2 PASSO - Identificar e registrar ameaças, vulnerabilidades e recursos
Neste passo é importante Identificar o que a comunidade conhece sobre os
riscos de desastres, as áreas de risco, as vulnerabilidades e os recursos
disponíveis. Em reuniões comunitárias realize as seguintes atividades de
maneira participativa:
1. Registre as ameaças que podem afetar o normal funcionamento do bairro e os elementos que podem ser afetados, como lojas comerciais, restaurantes, quadras de esporte, centros de saúde, escolas, clubes, praças e serviços básicos (água, esgoto, energia elétrica e comunicação).
EXEMPLO: Matriz de registro de ameaças e vulnerabilidade TIPOS DE AMEAÇA
LUGARES CRÍTICOS
TIPOS DE VULNERABILIDADE
FREQUÊNCIA
Inundação Xxxxx X casas de 1 pavimento/ Y casas de 2 pavimentos/ etc.
no verão
Deslizamento Xxxxx no verão
2. Registre os recursos com que se pode contar no bairro, para serem mobilizados caso ocorra uma emergência, como nas zonas seguras de inundação e deslizamentos, alarmes de evacuação, médicos, bombeiros, polícia, rotas de evacuação, hotéis, escolas, dentre outros.
EXEMPLO: Matriz de registro de recursos TIPO DE RECURSO QUANTIDADE OBSERVAÇÃO Médicos 2 Dr. Mário de Sá; Dra
Lúcia Guimarães Abrigo 1 Escola da Ponte Xxxxx
3 PASSO - Elaborar o mapa de riscos e recursos
Para iniciar o exercício deverá ser obtido um mapa do bairro impresso (ou
mesmo desenhar) e realizar as seguintes atividades:
1. Marcar com sinais as instituições e os locais com que se pode contar (centros de saúde, restaurantes/cantinas, escolas, clubes, lugares de reunião, praças); 2. Marcar também os serviços existentes (ruas asfaltadas, pontos de ônibus, semáforos, postes de luz, bueiros e etc); 3. Marcar de verde os recursos com que se pode contar, por exemplo: zonas seguras, rotas de evacuação, pontos de alarme, policia, bombeiros, hospitais, e outros; 4. Marcar de vermelho as ameaças, por exemplo: zonas inundáveis ou que podem deslizar, aterros de lixo, córregos contaminados, presença de pragas, pontes quebradas, parques com pouca iluminação, presença de fábricas, casas mal construídas e outros. 5. Realizar um plenário de validação do mapa de riscos e recursos, com a finalidade de contemplar as sugestões e opiniões de todos. O mapa tem que ser atualizado a cada certo período, já que, a comunidade vai conhecendo mais sobre as principais ameaças e vulnerabilidades e, assim, o mapa pode ser atualizado constantemente. 6. Expor o mapa de riscos e recursos em os principais lugares de reunião e concentração de pessoas do bairro, como hospitais, restaurantes/cantinas, escolas e praças.
4 PASSO - Definição de ações para o Plano de Ação
Mediante análises participativas, em reuniões comunitárias e com
participação de técnicos da Defesa Civil ou Governo local, realize as seguintes
atividades:
1. Definir ações que estejam ao alcance da organização do bairro e da participação comunitária para evitar a ocorrência de um evento ou, reduzir seus efeitos se o evento ocorrer.
EXEMPLO: Matriz de redução de riscos TIPO DE RESPONSAVEL PELA LOCAIS FREQUENCIA
VULNERABILIDADE GESTÃO CRÍTICOS
2. Definir ações de preparação para a resposta, como a capacitação de brigadas de emergência, sinalização de zonas seguras e rotas de fuga, implementação de sistemas de alerta e de precaução, dentre outras. Desenvolver essa atividade em acordo com os técnicos da Defesa Civil ou Governo local, em oficinas participativas com a comunidade.
EXEMPLO: Matriz de ações de preparação para a resposta ATIVIDADE RESPOSÁVEL
PELA GESTÃO LOCAIS CRÍTICOS FREQUENCIA
5 PASSO - Elaboração do Plano de Ação para redução de riscos
Com base no mapa, que visualmente identifica nossos principais problemas e a
informação gerada nas oficinas participativas da comunidade, elaborar um Plano de
Ação de acordo com formato do Plano para Redução de Riscos aqui apresentado.
Elaborado o plano, é necessário realizar comissões de gestão e que se realizem
reuniões mensais para informar os resultados preliminares.
ALGUNS CONSELHOS PRÁTICOS PARA REDUZIR O RISCO
COMO REDUZIR O RISCO DE INUNDAÇÃO E/OU DESLIZAMENTO EM
NOSSOS BAIRROS?
� Não construir, comprar, ou alugar edificações em zonas tradicionalmente inundáveis, ou com risco de deslizamento, como por exemplo beira de rios ou sopés dos morros
� Construir corredores verdes nas margens dos rios, com espaços verdes e de proteção e promover o reflorestamento dos morros com espécies vegetais que ajudam a conter deslizamentos.
� Limpar periodicamente a remoção de arbustos caídos sobre o rio ou qualquer material arrastado pela correnteza, para evitar um represamento da água.
� Limpar as valas das próprias casas e cuidar dos bairros, a água da chuva não pode circular se suas vias estão tapadas por lixo, encharcando o solo ou inundando áreas. Se valas, drenos, escoadouros e bueiros não estão em boas condições ligar para o serviço municipal para que os limpe.
� Não deixar resíduos grandes perto das valas e córregos, ou acumulados em encostas já que ocorre risco de que enxurradas os leve e tampe os drenos.
� Varrer e juntar as folhas das árvores que estejam ao redor de sua casa. � Solicitar ao Comitê de Emergências da sua localidade informação sobre
o desenho dos planos de evacuação e processos de capacitação.
COMO PREPARAR-SE PARA UMA POSSIVEL INUNDAÇÃO E/OU DESLIZAMENTO
� Identificar e sinalizar os locais mais altos, seguros de deslizamentos e perto do bairro, para chegar se esses locais em caso de inundação. � Identificar e sinalizar as rotas de evacuação mais seguras, para se chegar até lá. � Estabelecer entre vizinhos um mecanismo de alerta para avisar a todos diante da emergência (alarme, apito, mensagens por celular etc) � Guardar os documentos pessoais das pessoas da família em um lugar alto em uma bolsa plástica para evitar que estraguem com a água. � Ter pronto em casa um estojo com medicamentos básicos que são utilizados na família. � Manter reserva de água potável e alimentos não perecíveis em épocas de chuva. � Elaborar um calendário de datas, em que tenham ocorrido emergências.
O QUE FAZER QUANDO É ANUNCIADO O ALERTA
� Trabalhar sempre acompanhado. Não é aconselhável se esgotar. Descanse quando necessário.
� É fundamental não colocar o lixo na rua. � Seguir e respeitar as instruções dos avisos das emissoras de rádio, tv
municipais ou serviços meteorológicos. � Desconectar a energia elétrica no quadro de energia dos disjuntores. � Deslocar-se com cuidado ao lugar que anteriormente foi estabelecido
como seguro. � Para evitar contaminações e envenenamentos, colocar os produtos
tóxicos (inseticidas) em lugares altos na casa, fora do alcance da água. � Tapar de maneira mais hermética possível as latrinas para evitar
posteriormente contaminação fecal. � Colocar os objetos de valor, livros, documentos, em lugares altos, para
evitar que sejam alcançados pela água. � Não deixar crianças e idosos ou doentes ou deficientes físicos sozinhos:
ajude-os na evacuação. � Ao efetuar um resgate, usar uma corda como medida de segurança. � Levar consigo somente o necessário: rádios, lanterna com pilhas novas,
alimentos básicos, água e cobertores. � É importante manter-se sempre informado com o rádio. � Na medida do possível organizar-se com seus vizinhos para a vigilância
das casas evacuadas.
Sabemos que a comunidade está mobilizada quando os
moradores:
1. Estão cientes de suas vulnerabilidades e de suas potencialidades de ação; 2. São motivados a agir frente aos riscos e vulnerabilidades; 3. Possuem conhecimento prático para decidir as ações de enfrentamento; 4. Agem a partir de seus próprios recursos e capacidades; 5. Participam na tomada de decisões de todos os processos e etapas que os envolvem; 6. Procuram assistência e cooperação quando necessário.
Fonte: CEPED UFSC, 2012. 16 p.
Se você é um mobilizador:
Deve contribuir para a integração do grupo, fomentando a troca de
conhecimento entre os diversos atores, fortalecendo a capacidade de ação da
comunidade. Para isso apresentamos aqui uma ferramenta - MAPA FALADO-
que pode ajudar no processo participativo de elaboração do diagnóstico,
facilitando o levantamento e análise das informações locais para a construção
de um planejamento e monitoramento de ações em RRD. Utilizamos como
referência o material produzido pelo Internacional de Educação do Brasil (IEB),
elaborado para o Diagnóstico Rural Participativo (DRP).
O que é o Mapa Falado?
O mapa falado é uma ferramenta de representação gráfica de uma situação
problematizada de uma realidade comunitária. É elaborado coletivamente por
um grupo de pessoas na identificação de problemas e propostas de soluções
para os mesmos, de uma determinada localidade. Durante sua confecção, está
em debate tudo aquilo que tem representação no espaço como rios, matas,
casas, escolas, fábricas, entre outros.
Para quê fazer um Mapa Falado?
O Mapa Falado é uma espécie de diagnóstico participativo da situação geral
(características ecológicas, infraestrutura de serviços, localização das
moradias, existência de instituições – igrejas, ongs, etc) e das situações
específicas (saúde, saneamento, trabalho) da comunidade. Além disso, a
percepção da comunidade para esses problemas fica clara nesse mapa, bem
como propostas de soluções muitas vezes também brotam da própria
comunidade.
Como fazer um Mapa Falado?
Uma vez escolhido o local adequado, reúne-se todo o grupo ao redor desse
espaço. Após apresentações, descontrações e explicações, inicia-se o exercício
pedindo que alguém do grupo desenhe o lugar que está sendo estudado, de
forma que ele “caiba” naquele espaço. Às vezes, as pessoas não têm muita
intimidade com mapas e, para facilitar, pode-se propor a imaginação do que é
visto por um pássaro da região. É interessante deixar a pessoa começar por
onde ela quiser. Isso é importante para não atrapalhar a sua lógica e o seu
raciocínio. Mais relevante será manter a atenção de todos naquele que se
dispôs a começar o desenho. À medida que os componentes da realidade vão
sendo lembrados, procura-se representá-los utilizando materiais disponíveis no
local.
O mapa é construído com elementos móveis disponíveis no local e/ou
disponibilizados pela moderação: folhas, flores, pedras, sementes, barbante,
giz colorido, entre outros, são alguns dos recursos utilizados para representar
os componentes da realidade. Essa mobilidade permite que as modificações
possam ser feitas a qualquer momento, sem prejudicar a visualização do
diagrama por parte do grupo.
A cada novo componente representado, deve-se “explorar” o conhecimento
do grupo a respeito. Por exemplo, quando se tratar da representação de um
rio, deve-se questionar - a todos - sobre o seu uso, a qualidade da água e outras
questões relacionadas. As informações expressadas verbalmente são muito
importantes, mais do que o produto final, e por isso é fundamental que sejam
bem registradas.
Pode-se começar fazendo as seguintes questões para o grupo:
Quais os problemas ambientais da comunidade? E em volta dela?
Quais as causas desses problemas?
Existem atitudes das pessoas que frequentam que ajudam a aumentar o
problema?
O que poderia ser feito para melhorar o ambiente?
Qual o melhor jeito de por em prática essa melhoria?
Recomendações gerais para o uso da ferramenta • Assegurar bom nível de participação, considerando a diversidade social existente, a fim de garantir a presença de diferentes visões e atores (jovens, idosos, homens, mulheres, grupos formais, informais, públicos, privados etc.). • Manter postura investigativa e problematizadora, buscando clarear e aprofundar as informações e o debate. • Zelar para que o diagrama mantenha-se compreensível para as pessoas durante as discussões do grupo. A utilização de elementos móveis, ao invés de riscos sobre um papel, favorece que o desenho vá sendo construído e corrigido, sem dificuldades. • Fazer sempre perguntas abertas, ou seja, que permitam qualquer resposta e não determinem opções para quem está respondendo. • Evitar perguntas indutivas, isto é, que conduzam as pessoas para uma determinada resposta. • Atentar para a ordem ou sequencia na qual as pessoas vão inserindo elementos no diagrama e/ou nas discussões. • Ter pelo menos dois relatores, a fim de garantir um bom registro do debate feito pelo grupo. • Na construção dos diagramas, procurar utilizar materiais disponíveis no local. • Em caso de opiniões conflitantes, registrar, investigar, sem buscar uma definição absoluta. • Evitar fazer correções no diagrama, mantendo-o fiel à elaboração do grupo. • Registrar o resultado final, ou seja, o diagrama na forma como ele foi finalizado pelo grupo. • Fotografar o processo de construção do diagrama e o produto final.
Fique atento para:
• Falar menos. Escutar mais. • Manter postura discreta e observadora de forma a facilitar a livre expressão das pessoas do grupo.
O diagrama em si (mapa falado) é o mediador da discussão e, portanto, deve
ser mantido limpo, de forma compreensível aos participantes. Ele é um recurso
importante para manter a atenção das pessoas em torno das discussões. Ao
final, é interessante convidar o grupo a olhar de longe para o desenho e
perguntar: “o que podemos ver?”. É importante também reproduzir o
diagrama em papel e isso deve ser feito, de preferência, pelos participantes.
Esse registro poderá servir para utilização posterior, em uma restituição ou
como memória, e para a própria sistematização das informações coletadas.
As diversas possibilidades do Mapa Falado
Evolução Histórica: através da pergunta “sempre foi assim?”, pode-se captar informações sobre o passado e sua evolução a partir da descrição de determinado aspecto ou do mapa como um todo. Identificação de cenários futuros: por meio da pergunta “como estará este desenho daqui a ‘X’ anos?” pode-se perceber tendências e por meio da pergunta “como queremos que este desenho esteja daqui a ‘X’ anos?” pode-se identificar sonhos e projetos, individuais e coletivos. Percepção de bem-estar: de forma indireta, pode-se captar como o grupo percebe, por exemplo, as “pessoas de sucesso” daquela determinada sociedade. Dependendo da escala do mapa, ao se localizar a casa de uma pessoa, podem surgir comentários sobre sua condição de vida ou sobre sua inserção social. Identificação de valores: a ordem como os aspectos da realidade vão sendo discutidos pelo grupo pode ser também indicativo dos valores que as pessoas atribuem a eles. Identificação de infra-estrutura: é possível, de forma rápida e eficiente, identificar a infraestrutura existente no local estudado (exemplo: escolas, estradas, postos de saúde e outros), bem como, colocar em discussão a qualidade dos serviços prestados. Estratificação de ambientes: o mapa falado permite a identificação de ambientes distintos dentro de um mesmo espaço geográfico como, por exemplo, regiões mais secas e mais úmidas de um município.
Referências Bibliográficas
CEPED. Mobilização comunitária e comunicação de risco para a redução de riscos de
desastres. Texto: Juliana Frandalozo Alves dos Santos. - Florianópolis: CEPED/UFSC, 2012. 16 p. Disponível em: http://www.ceped.ufsc.br/wp-content/uploads/2014/10/mobilizacao_comunitaria_e_comunicao_de_risco_0.pdf GNDR. Everyday disasters and everyday heroes: how Frontline finds out from local
people what threats they face. Global Network of Civil Society Organisations for Disaster Reduction, March, 2015. Disponível em: http://www.gndr.org/programmes/frontline-programme.html IEB. Ferramentas de Diálogo: qualificando o uso das técnicas de Diagnóstico Rural
Participativo. Texto: Andréa Alice da Cunha Faria; Paulo Sérgio Ferreira Neto. Instituto
Internacional de Educação do Brasil (IEB). Brasília: Ministério do Meio Ambiente,
2006.76 p. Disponível em: www.iieb.org.br/index.php/download_file/870/268/.