DESDOBRAMENTOS DA ENTRADA DA VENEZUELA NO MERCOSUL

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    DESDOBRAMENTOS DA ENTRADA DA VENEZUELA NO MERCOSUL

    Luciano Wexell Severo*

    Resumo

    Durante muitas dcadas, a Amrica do Sulpermaneceu sem um projeto prprio. H alguns anos,como resultado da ascenso de governos

    progressistas, desenvolvimentistas e populares, a

    situao tornou-se favorvel construo de umadinmica integradora, sustentada na cooperao, nasolidariedade, na complementaridade, e pela busca dodesenvolvimento econmico e da desconstruo dasgrandes assimetrias regionais. Mesmo com osimportantes avanos da UNASUL e as novasiniciativas que ela potencializa, continua sendofundamental afirmar o papel do Mercosul como

    projeto de unio regional e, principalmente, comoestratgia para o desenvolvimento dos pases sul-americanos. Contudo, mais do que os interesses docomrcio, o bloco deve representar uma propostacomum de desenvolvimento. Neste ponto, um dostemas mais relevantes exatamente a recente entradada Venezuela no MERCOSUL, assim como ointeresse de incorporar a Bolvia e o Equador.

    Palavras-chave: Integrao, MERCOSUL,Venezuela .

    Resmen

    Durante muchas dcadas, Amrica del Surpermaneci sin un proyecto propio. Hace algunosaos, como resultado de la asuncin de gobiernos

    progresistas, desarrollistas y populares, la situacinse torn favorable a la construccin de una dinmicaintegradora, sustentada en la cooperacin,solidaridad, complementariedad, y por la bsquedadel desarrollo econmico y la deconstruccin de lasgrandes asimetras regionales. Mismo con losavances de UNASUR y las nuevas iniciativas questa potencializa, contina siendo fundamentalafirmar el papel del MERCOSUR como proyecto deunin regional y, principalmente, como estrategia

    para el desarrollo de los pases sudamericanos.Asimismo, ms que los intereses comerciales, el

    bloque debe presentar una propuesta comn de

    desarrollo. En este sentido, uno de los temas msrelevantes es la reciente entrada de Venezuela en elMERCOSUR, as como el inters de incorporar aBolivia y Ecuador.

    Palabras-clave: Integracin, MERCOSUR,Venezuela.

    * Economista formado pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo (PUC/SP). Mestre e Doutorando doPrograma de Economia Poltica Internacional (PEPI) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). ProfessorVisitante da Universidade Federal da Integrao Latino-Americana (UNILA). Entre 2004 e 2005, foi consultor noBanco de Comrcio Exterior da Venezuela (Bancoex). De 2005 a 2007, foi assessor do Ministrio de Indstrias

    Bsicas e Minerao da Venezuela (Mibam). Entre 2008 e 2012, exerceu a funo de diretor-executivo da Cmarade Comrcio e Indstria Brasil-Venezuela no Rio de Janeiro.E-mail: [email protected]

    Revista Orbis Latina, vol.2, n1, janeiro-dezembro de 2012. ISSN 2237-6976

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    Introduo

    possvel afirmar, de maneira geral,

    que por volta de 2003 houve uma inflexona orientao poltica dos governos daAmrica do Sul. As principais medidasestiveram associadas com a busca dadesconstruo das assimetrias regionais,com a insero internacional mais soberanae com a ampliao da participao decomponentes sociais. Naquele mesmo ano ogoverno brasileiro anunciou o Programa deSubstituio Competitiva de Importaes(PSCI) e meses depois foi criado o Fundo deConvergncia Estrutural do Mercosul

    (FOCEM). O esforo integrador ganhou umpatamar mais elevado e inclusive contou at2012 com o Embaixador Samuel PinheiroGuimares na funo de Alto Representante-Geral do Mercosul.

    Foram intensificados os Acordos deComplementao Econmica entre os pasesmembros do Mercosul e os da ComunidadeAndina de Naes (CAN), promovendo osurgimento da Comunidade Sul-Americanade Naes (CASA), que foi criada na IIICpula de Presidentes Sul- Americanos, emCuzco, 2004. Posteriormente, durante a ICpula Energtica Sul-Americana, na IlhaMargarita, Venezuela, em 2007, ainstituio foi renomeada de Unio de

    Naes Sul-Americanas (UNASUL). Estanasceu com o objetivo de ser um organismoamplo, capaz de promover a integrao noapenas do comrcio, mas tambm deinfraestrutura, finanas, comunicao,transportes, matriz energtica, sistemaeducacional, sade, estratgias cientficas etecnolgicas, tendo como membros atotalidade dos pases do subcontinente.

    Entre as principais conquistas daUNASUL podemos citar a criao dosConselhos de Defesa Sul-Americano,Energtico da Amrica do Sul, e deInfraestrutura e Planejamento, alm do

    projeto de Nova Arquitetura FinanceiraRegional (NAFR), que resultou naaproximao entre os Bancos Centrais, naconstituio do Banco do Sul e em esforos

    para conformar um mercado regional dettulos pblicos. Alm disso, em 2010, naReunio de Chefes de Estados da Unasul,em Buenos Aires, os presidentes sul-americanos anunciaram a criao da

    Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC). Onascimento da instituio ocorreu em 2011,

    em Caracas, coincidindo com acomemorao do bicentenrio da declaraode independncia venezuelana.

    Nota-se, portanto, que apesar daAmrica do Sul ter permanecido durantemuitos anos sem um projeto prprio, naltima dcada, como resultado da ascensode governos progressistas,desenvolvimentistas, populares ouintegracionistas, a situao tornou-sefavorvel construo de uma dinmicaintegradora, sustentada na cooperao, na

    solidariedade, na complementaridade, e pelabusca do desenvolvimento econmico e dadesconstruo das grandes assimetrias.Mesmo com os importantes avanos daUNASUL e as novas iniciativas que ela

    potencializa, continua sendo fundamentalafirmar o papel do Mercosul como projetode unio regional e, principalmente, comoestratgia para o desenvolvimento dos pasessul-americanos. Contudo, mais do que osinteresses do comrcio, o bloco deverepresentar uma proposta comum dedesenvolvimento. Neste ponto, atualmenteum dos temas mais relevantes exatamentea entrada da Venezuela no MERCOSUL.

    O bloco chega ao Caribe

    Os procedimentos formais para oingresso da Venezuela no bloco regionaliniciaram h muitos anos. Desde 2006, os

    pases membros discutiram exaustivamenteessa medida. Ao fim, os parlamentos deArgentina, Brasil e Uruguai ratificaram a

    proposta com ampla margem de aprovao.

    A efetiva entrada da Venezuela, no entanto,estava sendo impedida h quase cinco anospelos parlamentares do Paraguai. A posturagerou inmeros constrangimentos e gravesatrasos ao processo de integrao regional.

    No entanto, com o golpe de Estadoexecutado em Assuno contra o presidenteFernando Lugo, no ms de junho de 2012,os presidentes dos demais pases membrosdo MERCOSUL, reunidos na Argentina,optaram pela suspenso do Paraguai e pelaincluso da Venezuela no bloco. Destaforma, no dia 31 de julho, reunidos no Riode Janeiro, Cristina Fernndez de Kirchner

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    (Argentina), Dilma Rousseff (Brasil), JosPepe Mujica (Uruguai) e Hugo Chvez(Venezuela) formalizaram a ampliao doMERCOSUL.

    O ingresso do pas caribenhoaumenta o PIB do bloco para cerca de US$3,2 trilhes, alcanando 75% do total daAmrica do Sul. Por sua vez, a populaodos pases membros aumenta para 272milhes, para 70% do total da regio. OMERCOSUL se estabelece como um dosmais importantes produtores mundiais deenergia, alimentos e produtosmanufaturados. A Venezuela possuivantagens, relacionadas com as suasimensas reservas de minerais, gua potvel e

    biodiversidade, que lhe projetam umcrescente papel no cenrio mundial. Almdisso, o pas caribenho tem uma localizaogeogrfica especial, relativamente muitomais inserida nos fluxos internacionais docomrcio do Hemisfrio Norte.

    Como fruto da crise internacional eda queda dos preos do petrleo, a economiavenezuelana terminou 2010 com o quartomaior PIB da Amrica do Sul, atrs deBrasil, Argentina e Colmbia. Em 2009,havia acumulado o segundo maior PIB,somente abaixo do Brasil. A sua populao

    venezuelana, fsica e culturalmente muitoparecida com a brasileira, se aproxima dos29 milhes, distribudos ao longo de umterritrio de 916 mil km2. O pas conta comas riquezas em torno da Cordilheira dosAndes, da bacia do Orinoco e da FlorestaAmaznica, na fronteira com a regio Nortedo Brasil.

    Segundo relatrio anual daOrganizao dos Pases Exportadores dePetrleo (OPEP), divulgado em julho de2011, a Venezuela chegou ao fim de 2010com uma reserva comprovada de mais de250 bilhes de barris, superando a ArbiaSaudita. As reservas venezuelanastriplicaram nos ltimos cinco anos ealcanaram quase 20% do total mundial. Oresultado est relacionado com as recentesdescobertas e certificaes da FaixaPetrolfera do Orinoco. Desde 2010,empresas multinacionais tambm vmdescobrindo imensos campos de gs naFaixa Gasfera do Caribe venezuelano. OInforme Estatstico de Energia Mundial2011, da British Petroleum, aponta que o

    pas detm a oitava maior reserva de gs doplaneta. As recentes descobertas fortalecem

    a iniciativa de constituir uma Organizaodos Pases Exportadores de Gs (OPEG) eimpulsionam as articulaes para aconstruo do Gasoduto do Sul, que

    conectaria o subcontinente desde aVenezuela at a Argentina.No norte venezuelano, as maiores

    concentraes minerais so de nquel,carvo, zinco, prata, cobre, cromo, chumboe areias siliciosas. Ao sul, as jazidas selocalizam na estratgica regio Guayana,rea industrial onde esto as empresas

    bsicas da holdingCorporacin Venezolanade Guayana (CVG). Esta regio banhada

    pelos rios Orinoco e Caron, distante cercade 600 quilmetros da fronteira com oBrasil. Em torno do eixo que liga as cidadesde Puerto Ordz e Santa Elena de Uairnesto concentradas principalmente asreservas de bauxita, mineral de ferro,diamantes, ouro, barita, caulim e mangans.De acordo com o Ministrio de IndstriasBsicas e Minerao da Venezuela(MIBAM), tambm existem registros, aindaque com pouca certificao e indefinidaquantificao, de minerais como grafite,titnio, cobalto, platina, tungstnio,mercrio, dolomita, magnesita, estanho,fluorita, mica, vandio, bentonita, cianita,

    bismuto, nibio e asbesto, entre outros. Hampla margem para a atuao de empresassul-americanas no pas, na explorao e no

    processamento desses insumos.

    Integrao, Siembra del petrleo eeconomia produtiva

    A atividade petroleira na Venezuelateve incio durante a segunda dcada dosculo passado, no Lago de Maracaibo, noestado de Zulia. Desde ento, o petrleo setransformou no principal elementodinamizador da economia do pas e nomotor das transformaes polticas e sociais.De acordo com o economista e poetavenezuelano Orlando Araujo (2006, p. 24),

    El surgimiento de la economa petrolerahacia la tercera dcada del siglo XXcoincidi, entre dos guerras mundiales,internacionalmente con la crisis msviolenta que ha sacudido al sistemacapitalista en lo que va del siglo; y,nacionalmente, con la debilidad secular de

    la economa agrcola heredada del sigloXIX. El petrleo apareci, as, como una

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    insercin brusca y providencial, como eltoque mgico de un hada favorable, comoun regalo de Dios, man del fondo de latierra para una tribu hambrienta justo a

    tiempo y en la vecindad de un desastreeconmico mundial.

    Na pauta de exportao daVenezuela, o petrleo cresceu de 0,9% em1908 para 76,6% em 1928. As exportaesde caf encolheram de 72,3% para 13,7%,enquanto as de cacau caram de 10,1% para4,4%. Em 1948, as vendas de petrleo e seusderivados j estavam no patamar atual,impressionantes 95,9% de toda a exportaovenezuelana. O crescente acesso a

    petrodlares e a permanente facilidade paraimportar desestimularam o desenvolvimentode outras atividades produtivas internas,como a minerao de ouro e ferro e aagricultura. As vendas de caf e cacauseguiram caindo at chegar a 2,0% e 1,4%do total, respectivamente. Entre 1928 e1970, durante mais de quatro dcadas, o pasocupou a posio de maior exportador de

    petrleo do mundo.Alm de representar um divisor de

    guas na histria venezuelana, a dinmicado petrleo estabeleceu como uma das

    principais caractersticas da economia dopas a sobrevalorizao da moeda nacional,o Bolvar. Como afirmamos, ao longo dedcadas este processo induziu asimportaes e restringiu as exportaes,desestimulando as atividades produtivasinternas. Este quadro explica a relativafragilidade da indstria e da agricultura daVenezuela. Analisando a poltica econmicavenezuelana, nota-se que o grande desafiohistrico, repetidamente fracassado, temsido aplicar de forma eficiente os recursos

    petrolferos em um processo dediversificao produtiva. A essa poltica sedeu o nome de Semear o petrleo81.

    81 A expresso foi apresentada pelo intelectualvenezuelano Arturo Uslar Pietri, em 1936. A

    proposta era convertir la riqueza transitoria delpetrleo en riqueza permanente de la nacin. Para oadvogado venezuelano Ramn Crazut (2006), se tratada poltica orientada a destinar el grueso de losrecursos financieros obtenidos con la explotacin dehidrocarburos hacia inversiones verdaderamentereproductivas que contribuyan para la diversificacin

    de la produccin y las exportaciones, y nosindependicen de la relativa monoproduccin y

    Atualmente, mais de 95% dasexportaes venezuelanas estoconcentradas no cdigo 27 da NomenclaturaComum do Mercosul (NCM), que inclui

    combustveis minerais, leos minerais eprodutos da sua destilao, matriasbetuminosas e ceras minerais. Quase 80%das vendas tm como destino poucos pases,como Estados Unidos, China, ndia,Singapura, Equador, Espanha, Holanda ealgumas ilhas do Caribe. O Brasil, por suavez, representa menos de 1% dasexportaes venezuelanas de petrleo.

    Para um pas petroleiro que pretendeavanar pelos caminhos do desenvolvimentoeconmico, o controle da taxa de cmbiotem sido crucial. Aps a fuga de capitaisresultantes do golpe de Estado de 2002 e dasabotagem dos gerentes da PDVSA no finaldo mesmo ano, a partir de 2003 a Venezuelaadotou o cmbio fixo, estabelecendo a taxaem Bs. 1600 por dlar. Um ano depois,

    passou para Bs. 1920 e em 2005 subiu paraBs. 2150. Em 2007, com a eliminao detrs zeros do Bolvar, a taxa oficial ficou emBs. 2,15. Atravs da Comisso deAdministrao de Divisas (Cadivi), ogoverno aumentou o controle sobre osdlares, privilegiando as importaes de

    produtos prioritrios, como alimentos,medicamentos, bens de capital, tecnologia,remessas familiares, transaes diplomticase gastos governamentais. Os produtosconsiderados no prioritrios no contamcom acesso garantido aos dlares da Cadivi,sendo importados muitas vezes atravs deoutros mecanismos com taxas que chegavama Bs. 8,5 por dlar. Ainda assim, os dadosdo MDIC demonstram que o comrcio

    binacional aumentou 430% entre 2003 e2010. At hoje, mais de 60% dasexportaes brasileiras para a Venezuela sode produtos prioritrios.

    Durante a crise internacional de2009, o pas vizinho sentiu a forte queda dos

    preos do petrleo. Depois de dois anos semmexer no cmbio, o governo anunciou acriao de duas taxas: uma a Bs. 2,60 para aimportao de produtos prioritrios eoutra a Bs. 4,30 para as demais compras. Por

    monoexportacin de hidrocarburos, situacin queimprime a nuestra economa una elevadavulnerabilidad, dado el carcter agotable de ese

    recurso extractivo y sus continuas fluctuaciones deprecios.

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    um lado a medida teve o impacto de conter ainflao, por outro ampliou a quantidade derecursos disposio do governo: cada

    petrodlar para uso do governo foi

    convertido a Bs. 4,30, potencializando oimpacto positivo sobre os cofres pblicos.Em 2010, optou-se por eliminar o cmbioduplo e foi determinada uma taxa nica, aBs. 4,30. O xito das iniciativas dependercada vez mais da efetividade de medidascomplementares, como a ampliao docrdito, o aumento dos salrios reais, oestmulo produo nacional e a eficinciada CADIVI.

    No esforo de semear o petrleona Venezuela, os principais mecanismosutilizados para transcender a economiarentista e promover a diversificaoeconmica foram, entre outros: 1) o resgateda PDVSA para o controle estatal, j quedesde sua criao em 1976 a empresafuncionou como um estado dentro doEstado. Esta primeira ao possibilitou emgrande medida a aplicao das demais; 2) ocontrole de cmbio, de capitais e de preos,que tm sido eficientes para frear adeteriorao da moeda nacional e as fugasde capital, seja atravs da especulaointernacional com o Bolvar, de remessas de

    lucros ao exterior ou de importaessuprfluas; 3) a nacionalizao viapagamento de indenizaes de empresasestratgicas dos setores de comunicaes,eletricidade, alimentao e construo, almde instituies financeiras; e 4) a reforma daLei do Banco Central da Venezuela, queestabeleceu um teto anual para as reservasinternacionais; os valores que superem oteto determinado devem ser transferidos

    para o Fundo de Desenvolvimento NacionalFONDEN, cujo objetivo financiar setorescomo indstrias pesadas, indstrias detransformao, agricultura, petroqumica,gs, infra-estrutura, transportes e habitao,entre outros. Desde sua criao, em 2005,foram repassados somente pela PDVSA aoFONDEN cerca de 21,8 bilhes de dlares(Chvez, 2009, p.23).

    Os ltimos anos tm representadograndes progressos no processo deintegrao binacional e o Brasil vemcontribuindo com o esforo da Venezuela.Avanam acordos entre rgosvenezuelanos e brasileiros, como a Caixa

    Econmica Federal (CEF), a EmpresaBrasileira de Pesquisa Agropecuria

    (EMBRAPA), Agncia Brasileira deDesenvolvimento Industrial (ABDI),Associao Brasileira de Indstria deMquinas e Equipamentos (ABIMAQ),

    Superintendncia da Zona Franca deManaus (SUFRAMA), Instituto Nacional deMetrologia, Qualidade e Tecnologia(INMETRO), Instituto do Corao(INCOR), entre outros. Em 2010, os

    presidentes Lula e Chvez anunciaram ainteno de criar linhas de cooperao doInstituto de Pesquisa Econmica Aplicada(IPEA) com instituies venezuelanas. Oministro Samuel Pinheiro Guimares, entoresponsvel pela Secretaria de AssuntosEstratgicos (SAE), estrutura qual o IPEAestava subordinado, teve importante

    participao neste acordo. O Institutoinaugurou o seu primeiro escritrio derepresentao no exterior, com sede noMinistrio de Energia e Petrleo daVenezuela (MENPET) e da PDVSA. Nestemomento, h tcnicos e especialistas

    brasileiros selecionados para contribuir como planejamento territorial para odesenvolvimento das regies da FaixaPetrolfera do Orinoco, certificada comomaior reserva de petrleo do mundo, e darea Gasfera do estado Sucre.

    O IPEA tem potencializado as aesdas instituies brasileiras que se encontramna Venezuela, promovendo reunies eatividades com executivos, tcnicos eautoridades venezuelanas. So os casos dosMinistrios de Transportes, Planejamento eFinanas, Indstrias Bsicas e Minerao eTecnologia e Indstrias Intermedirias.Alm disso, do Banco Central da Venezuela(BCV), Fundo de Desenvolvimento

    Nacional (Fonden), Comisso deAdministrao de Divisas (CADIVI),Instituto Nacional de Geologia e Minerao(INGEOMIN), Servio Nacional Integradode Administrao Aduaneira e Tributria(SENIAT) e Banco de Comrcio Exterior(BANCOEX), ademais de Universidades eoutras instituies do Estado. Alm do apoionas regies de petrleo da Faixa do Orinocoe de gs no estado Sucre, o Instituto tem

    participado ativamente das articulaes parao fortalecimento do chamado EixoAmazonas-Orinoco, entre o norte do Brasil eo sul da Venezuela. Apesar de a regio norteapresentar um dos maiores ndices de

    crescimento econmico e populacional dopas, h uma dbil integrao com o restante

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    do Brasil. Desta forma, os dois lados dafronteira se concentram os estados commenores ndices de DesenvolvimentoHumano (IDH) de ambos os pases.

    Sendo a Amaznia uma pea chaveno processo de integrao da Amrica doSul, faz-se necessrio considerar as

    possibilidades de ampliar os trabalhos emtorno do eixo o Amazonas-Orinoco. Almdas maiores reservas de petrleo do mundose encontrarem exatamente nesta regio,tambm esto concentradas neste eixo asempresas bsicas e as principais jazidas de

    bauxita, minrio de ferro, ouro e diamantesda Venezuela. Nos ltimos anos tm sidograndes os avanos na infraestrutura deenergia (conexo da Represa de Guri com aslinhas da Eletronorte) e comunicaes (fibratica de Caracas at Boa Vista e Manaus).Por esta rea passaria o mega-projeto deGasoduto do Sul, obra fundamental paragarantir a soberania energtica sul-americana. Atualmente o Grupo FronteirioBinacional est trabalhando na articulaodas cadeias produtivas (Plo Industrial deManaus e Zona Franca de Puerto Ordz, naVenezuela), no aumento do intercmbiocomercial das duas regies e nofortalecimento da infraestrutura desde

    Manaus e Boa Vista at Puerto Ordaz eCiudad Bolvar, passando por Pacaraima eSanta Elena de Uairn. Ganha fora a ideiade que a Venezuela entrar no Mercosulatravs do norte do Brasil.

    Nos ltimos anos os governos doBrasil e da Venezuela, assim como asadministraes de Roraima e do estadovenezuelano de Bolvar, vm promovendoiniciativas para dinamizar as relaescomerciais, intensificar os fluxos deinvestimento e promover a integrao

    produtiva do norte brasileiro com o sulvenezuelano. Existem grandes

    possibilidades, especialmente nos setores demetal-mecnica, agroindstria,

    petroqumica, automotor e farmacutico. Emnovembro de 2010 e agosto de 2011, oMinistrio das Relaes Exteriores (MRE),o Ministrio do Desenvolvimento, Indstriae Comrcio Exterior (MDIC) e o IPEA,entre outros rgos brasileiros evenezuelanos, realizaram em Manaus eCaracas, respectivamente, Seminrios paradebater a integrao das regies Norte do

    Brasil e Sul da Venezuela.As relaes entre o Brasil e a

    Venezuela alcanaram um momentoespecial e um nvel bastante elevado, queabrem inmeras perspectivas que seroainda mais favorveis com a entrada do pas

    no Mercosul. Poucos pases contam comtantas importantes agncias brasileirasestabelecidas em suas capitais e principaiscidades. Alm dos avanos da ampla alianado setor pblico, foi intensificada a agendade projetos que envolvem empresas privadas

    brasileiras no pas vizinho. Os principaiscasos so das empresas Odebrecht, OAS,Camargo Corra, Andrade Gutierrez,Queiroz Galvo, Braskem, AMBEV,Gerdau, Alcicla, Petrobras e Eletrobras,entre outras. A seguir, sero apresentadasconsideraes sobre o estreitamento dasrelaes binacionais e a consequenteimportncia do ingresso da Venezuela ao

    bloco desde trs reas: comrcio, indstria einfraestrutura.

    Complementao comercial

    De acordo com os dados estatsticosdivulgados pelo MDIC, o comrcio

    binacional tem crescido a elevadas taxas nosltimos anos. As exportaes brasileiras

    para a Venezuela mantiveram-se em um

    patamar relativamente baixo desde os anosoitenta at 2003. Como resultados doelevado crescimento da economiavenezuelana e da deciso poltica de tratar oBrasil como um parceiro comercial

    preferencial, as vendas brasileiras para opas vizinho aumentaram bastante. Em 2003,as exportaes do Brasil chegaram a US$600 milhes. J em 2008, este valor haviasido multiplicado por nove, superando osUS$ 5,2 bilhes. Em 2009, mesmo com adiminuio das exportaes como reflexo dacrise internacional, as vendas brasileiras

    para a Venezuela alcanaram US$ 3,6bilhes, sendo cinco vezes maior do que em2003. Em 2010, foram de US$ 3,8 bilhes.

    Em 2003, as exportaes brasileiraspara a Venezuela representavam somente0,8% das vendas brasileiras para o mundo.Em agosto de 2010, esse percentual foi de1,5%. Em 2009, o Brasil j era o segundomaior exportador de automveis e autopeas

    para a Venezuela, o terceiro maiorexportador de eletro-eletrnicos, dealimentos e de mquinas e equipamentos e o

    sexto de produtos farmacuticos. Existe,contudo, uma grande assimetria nestas

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    relaes comerciais: h um expressivosupervit em favor do Brasil.

    Por sua vez, as importaesbrasileiras com origem na Venezuela foram

    elevadas, em torno dos US$ 970 milhes,at o estouro da crise da dvida externa, em1982. O patamar de compras foi retomado einclusive brevemente superado no final dosanos noventa, quando chegou a US$ 1

    bilho. Nos anos 2000, as importaesforam diminuindo at chegar ao mnimo deUS$ 200 milhes em 2004. At 2009 estemontante evoluiu paulatinamente, sendomultiplicado por dois e alcanando os US$600 milhes. Em 2010 e 2011 as compras

    brasileiras apresentam seu nvel maiselevado. Em 2010, o Brasil importou US$832 milhes e durante o primeiro semestrede 2011 j foram comprados mais de US$610 milhes, o maior resultado desde o ano2000.

    Observemos, ainda, a chamadacobertura comercial, entendida como oresultado da diviso das exportaes pelasimportaes. A cobertura demonstra o graude assimetria nas relaes comerciais:quanto mais prxima de 1, mais simtricas;quanto mais distante de 1, menos simtricas.Este valor era de 8,7 em 2005, crescendo

    para 13,7 em 2007 e 9,6 em 2008. Ou seja,para cada dlar gasto pelo Brasil naimportao de produtos venezuelanos, aVenezuela gastava cerca de 10 dlares nacompra de produtos brasileiros. Em janeirode 2009, a cobertura chegou aimpressionantes 17,5.

    Como existe a compreenso de que oavano do processo de integrao sul-americana depende da desconstruo dasassimetrias entre os pases e da consequentecomplementao das cadeias produtivasregionais, desde 2003, o Itamaraty temcontribudo de forma decisiva para enfrentaresse cenrio desfavorvel. Naquele ano ogoverno brasileiro adotou o Programa deSubstituio Competitiva de Importaes(PSCI)82. Este plano tinha como objetivo

    82 Samuel Pinheiro Guimares (2008) afirma que acompreenso brasileira com as necessidades derecuperao e fortalecimento industrial de seusvizinhos nos levou negociao do Mecanismo deAdaptao Competitiva com a Argentina, aosesforos de estabelecimento de cadeias produtivas

    regionais e execuo do PSCI. O objetivo deste tentar contribuir para a reduo dos extremos e

    impulsionar o comrcio entre o Brasil e osdemais pases sul-americanos, substituindo,sempre que possvel e a preoscompetitivos, as importaes brasileiras de

    terceiros mercados por importaesprovenientes dos vizinhos do Sul. Entre assuas principais aes, podemos citar olanamento de Guia Como Exportar para oBrasil; a criao de grupo de trabalhointegrado por ANVISA, INMETRO, MDIC,Banco do Brasil, SEBRAE e outrasinstituies; o financiamento de pesquisasde mercado para produtos exportveis dos

    pases sul-americanos para o Brasil; estudospara identificao da oferta exportvel daAmrica do Sul vis--vis a demanda

    brasileira; e rodas de negcios bilaterais.Em 2008, o governo brasileiro,

    atravs do Ministrio do Desenvolvimento,Indstria e Comrcio Exterior (MDIC)anunciou a criao da Poltica deDesenvolvimento Produtivo (PDP), umacontinuao da Poltica Industrial,Tecnolgica e de Comrcio Exterior(PITCE), de 2004. A iniciativa buscava,entre outros pontos, promover a integrao

    produtiva e estimular as compras brasileirasda Amrica do Sul. Segundo o plano de aoda PDP, os grandes desafios seriam apoiar a

    integrao de cadeias produtivas, estimular aexportao de pases latino-americanos parao Brasil, apoiar o financiamento e acapitalizao de empresas latino-americanase promover a integrao da infraestruturalogstica e energtica83. Alm disso, nosltimos anos, nasceram ou ganharam novoimpulso estruturas orientadas integraoque tomam em conta as grandes assimetrias.

    Neste mbito, surgiram a UNASUL, oFundo de Convergncia Estrutural(FOCEM) e, mais recentemente, o Banco doSul. Alm disso, o BNDES tem assumido

    participao relevante no financiamento daintegrao regional.

    Graas a esses e outros esforos, em2010 a cobertura comercial entre o Brasil e a

    crnicos dficits comerciais bilaterais, quase todosfavorveis ao Brasil.83 http://www.mdic.gov.br/pdp. A PDP tem comoobjetivo coordenar as polticas pblicas e as aes dogoverno brasileiro para incentivar as atividadesindustriais. Busca adotar mecanismos de apoio aofortalecimento da estrutura produtiva, atravs da

    estreita coordenao entre os entes pblicos, semdesestimar a importncia do setor privado.

    Revista Orbis Latina, vol.2, n1, janeiro-dezembro de 2012. ISSN 2237-6976

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    Venezuela foi de 4,6. At agosto de 2011, oresultado caiu ainda mais, para 2,7. Semdvida, apesar de ainda estar longe dasituao ideal, atualmente a relao muito

    menos desequilibrada. Na lista deimportaes brasileiras, 20% dos atuaisprodutos sequer constavam na pauta em2008 e hoje representam 20% do total. Almdisso, aumentaram muito as compras de

    produtos qumicos, polietileno, amonaco,cimentos, laminados de ferro e de alumnio.Destaca-se que as importaes das regiesSul e Centro-Oeste do Brasil com origem naVenezuela mais do que triplicaram e quecerca de 70% do comrcio binacional vemocorrendo a partir de cinco estados: SoPaulo (via portos de Santos e SoSebastio), Rio Grande do Sul (Porto Alegree Rio Grande), Par (Belm e Munguba),Paran (Paranagu) e Minas Gerais (atravsde portos dos estados vizinhos). Mais de70% das exportaes foram realizadas pelosmesmos cinco estados. Tambm possvelverificar que mais de 75% das importaesforam realizadas pelos estados do RioGrande do Sul, So Paulo, Bahia, EspritoSanto e Distrito Federal.

    Atravs da identificao de produtosvenezuelanos com maiores vantagens

    comparativas, ser possvel aumentar aindamais as compras brasileiras. As principaisoportunidades esto claramenteconcentradas em cinco setores:

    petroqumica, ferro, alumnio, energia efertilizantes. Apesar das elevadasimportaes brasileiras de naftas daVenezuela (quase 40% do total), coque de

    petrleo e hulhas (20%), leo diesel,metanol e fertilizantes nitrogenados (cercade 10%), o Brasil compra pouco daVenezuela no setor de Combustveis elubrificantes minerais e produtos conexos.Especialmente nesta rea, h um imenso

    potencial para a complementao e aintegrao energtica sul-americana e doMercosul. Este setor concentra produtoscomo hulha, coque, carvo, petrleo ederivados, gs e eletricidade. Em 2008, aocontrrio dos demais pases da regio, queno geral so todos compradores daVenezuela, o Brasil importou 85% de forada Amrica do Sul e somente 1% daVenezuela. Em 2009, o Brasil importou doresto do mundo US$ 19,9 bilhes em

    petrleo e derivados, sendo que menos de

    2% foram comprados da Venezuela. Essequadro continua vigente at 2011.

    Como mais de 90% das exportaesvenezuelanas so de petrleo e derivados,

    fica evidente que a forma de promover adesconstruo das atuais assimetrias eequilibrar a balana comercial binacional

    promover as importaes brasileiras deprodutos petrolferos da Venezuela. Aziguezagueante ideia de formar uma parceriaentre a Petrobras e a PDVSA para aconstruo da Refinaria Abreu e Lima, emPernambuco, poderia solucionar estaequao. A iniciativa ainda indefinida

    poderia abrir diversas possibilidades decomplementao comercial e produtiva. Porum lado, aumentariam as importaes

    brasileiras, j que a metade dos 230 milbarris dirios a serem refinados emPernambuco vir dos poos venezuelanos.Em um ano seriam 115 mil barris de

    petrleo. Multiplicados por 365 dias enovamente multiplicados por hipotticosUS$ 71 por barril (o preo atual est emtorno de US$ 100), seriam importados US$3 bilhes. Por outro lado, aumentariam asexportaes brasileiras de bens e serviosrelacionados com a indstria do petrleo

    para a Venezuela. Ou seja, o comrcio

    binacional daria um grande salto. Noentanto, alm do aumento das transaescomerciais, a refinaria estimularia um maiorequilbrio na balana, possibilitando aampliao do Convnio de CrditosRecprocos (CCR) e do Sistema de MoedasLocais (SML)84 e a utilizao de recursos

    para outros financiamentos e investimentosprodutivos, sejam na Venezuela ou nasregies Norte e Nordeste do Brasil.

    Consideramos que existem duasmedidas principais para a integraoindustrialista que dependem especialmentedo Brasil. So elas a promoo de polticasem prol do prprio crescimento edesenvolvimento econmico brasileiro e, aomesmo tempo, a execuo destas polticasde maneira associada a uma estratgia dearticulao com as cadeias produtivas dos

    pases da Amrica do Sul e do Mercosul.Desta forma, o Brasil poderia garantir aosvizinhos no somente um grande mercadoconsumidor, que lhes permitisse obterimportantes ganhos de escala, mas tambmestimular o incremento do valor agregado

    84 Recomendamos ver PINTO & SEVERO (2010).

    Revista Orbis Latina, vol.2, n1, janeiro-dezembro de 2012. ISSN 2237-6976

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    desses produtos, a criao e expanso dedemanda nesses pases e a ruptura com ohistrico ciclo de exportaes de produtos

    primrios. Seguindo esta estrategia, os

    pases sul-americanos poderiam desenvolveruma ampla cadeia de suprimentos para ofornecimento seguro e rpido de insumosindustriais ao Brasil, associando a sua

    produo interna expanso da estruturaprodutiva brasileira. Essa integrao poderiachegar a reduzir de forma considervel avulnerabilidade externa dos pases. A ideiade criar um mercado interno regional tem afinalidade de aumentar o coeficiente deimportaes recprocas da regio (desvio decomrcio), reduzir a dependncia de moedasconversveis e ampliar a margem deautonomia dos pases perifricos.

    Quando se toma em conta ocomrcio da Venezuela com o Mercosul,vale apontar que em 2010, cerca de 80% dosanimais vivos e produtos do reino animalque o pas vizinho adquiriu tiveram origemdentro do bloco. No caso de leos animaisou vegetais, esse percentual chegou a 33%.Em madeira e carvo vegetal, a 23%,enquanto plstico e suas manufaturassuperaram os 20%. A Venezuela tambmimportou de Argentina, Brasil, Paraguai e

    Uruguai quase 15% dos metais comuns,produtos das indstrias alimentares ebebidas, produtos das indstrias qumicas ouconexas e materiais de transporte. No hdvida de que o ingresso definitivo ao bloco

    permitir incrementar ainda mais ointercmbio com os quatro pases, nesses eem outros setores. De acordo com dados doInstituto Nacional de Estatsticas (INE),atualmente as principais importaesvenezuelanas do mundo so de mquinas eaparelhos eltricos (33% do total) e produtosdas indstrias qumicas (18%). Esses bensde maior valor agregado tm sidoadquiridos, sobretudo, nos Estados Unidos,China e Alemanha. Mas possvel que, jem um primeiro momento, no mbito doacordo regional, Argentina e Brasilconsigam ampliar a sua participao.

    A estimativa que a entrada daVenezuela no MERCOSUL incremente ocomrcio intra-bloco em cerca de 20%.Alm disso, como o pas caribenho acumularesultados comerciais negativos comArgentina, Brasil e Paraguai, aumentariam

    as possibilidades para a utilizao doConvnio de Pagamentos e Crditos

    Recprocos (CCR) da ALADI e do Sistemade Moedas Locais (SML). Essesmecanismos poderiam promover o comrciointra-bloco com menos utilizao de dlares,

    estimulando a criao de infraestruturaregional e servindo de garantia paraimportadores e exportadores. Entre 2006 e2010 as importaes venezuelanas comorigem nos pases do Mercosul tiveram umaumento sutil: as compras do Uruguaicresceram de 0,2% para 0,9% do total; as daArgentina, de 2,1% para 2,6%; e do Brasil,de 9,7% para 10%. As importaesvenezuelanas do Paraguai se mantiveram

    baixas, em torno de 0,3%.

    Integrao das cadeias produtivas

    Nos ltimos anos, a Venezuela nosomente desenhou e ps em prticainiciativas para semear o petrleo, comoinclusive tornou-se um dos pases do mundoque mais investiu entre os anos 2005 e 2008,antes da crise internacional que afetou emcheio os preos do petrleo. A participaoda Formao Bruta de Capital Fixo (FBKF)no PIB, a chamada taxa de investimento daeconomia, chegou perto dos 30%. Segundoa CEPAL, a mdia latino-americana no

    perodo foi de somente 20%. Apesar domenor ritmo da execuo, h diversas obrasde grande porte em plena marcha: novasrefinarias de petrleo, fbricas de cimento,de laminao de alumnio, de papel ecelulose, siderrgicas para a produo deaos navais, especiais e inoxidvel, fbricasde tubos petroleiros, de trilhos e vages, deconcentrao de mineral de ferro, produtoslinha branca, carros e tratores, processadorasde leite, serrarias de madeira e planosagrcolas. Ao mesmo tempo, h mega-

    projetos na rea de infra-estrutura: portos,aeroportos, pontes, linhas de metr,ferrovias, estradas, termoeltricas,hidreltricas, gasodutos, redes de fibraptica, redes de distribuio de gua, entreoutros.

    Essas iniciativas esto distribudasgeograficamente por todos os estados, com oobjetivo de desconcentrar a populao quevive essencialmente no litoral caribenho. Asnovas empresas so financiadas tanto porcapitais pblicos quanto privados, tanto devenezuelanos quanto de estrangeiros

    (especialmente de China, ndia, Rssia,Bielorssia, Ir e Cuba, mas tambm

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    Estados Unidos e Japo, entre outros). Namaioria dessas iniciativas, o Estadoconserva pelo menos 51% da participaoacionria. Apesar da queda do preo do

    petrleo, o governo tem reafirmado seucompromisso pela continuidade de algumasdessas obras, assim como pela manutenodos programas sociais, do baixo ndice dedesemprego e do rendimento salarial dostrabalhadores.

    No caso das relaes com o Brasil,avanam diversos projetos. A maioria dessasiniciativas conta com financiamentos doBNDES associados prestao de serviostcnicos e de engenharia de empresas

    brasileiras, assim como com a exportao debens produzidos no Brasil. O Estatuto dobanco, em seu artigo 9, determina que oapoio a investimentos diretos no exteriordeve beneficiar exclusivamente empresas decapital nacional (Alem e Cavalcanti, 2005,

    p.71). Assim, o BNDES concede crditosaos pases vizinhos com a condio de queeles contratem empresas brasileiras pararealizarem as obras. Os financiamentos seestendem s importaes de insumos e bensindustriais brasileiros, fazendo com quecerca de 60% do que usado nas obras seja

    produzido no Brasil85. Os emprstimos para

    o desenvolvimento da estrutura produtivados pases da regio so compensados nombito do CCR, o que representa umaimportante forma de garantia para o governoe as empresas ao praticamente eliminar osriscos de no pagamento.

    Apresentaremos a seguir alguns dosprincipais projetos produtivos atualmenteexecutados por empresas brasileiras naVenezuela. Contam com recursos doBNDES e tambm do Estado venezuelano. o caso da construo da Siderrgica

    Nacional no estado Bolvar, que fazfronteira com Roraima. O financiamento

    brasileiro ascende a US$ 865 milhes e aobra realizada pela construtora AndradeGutierrez. A mesma empresa estconstruindo desde 2008 o Estaleiro Norte-Oriental no estratgico estado Sucre, onde

    85 Em clara contradio com essa poltica, o BNDEStem utilizado recursos pblicos para financiar ofortalecimento de empresas estrangeiras estabelecidasno Brasil. So os casos da Anglo American,Carrefour, Enron, Fiat, Brenco, Cargill, Renault,

    Nippon Steel, Kimberly Clark, TIM, GVT Holland eJetBlue (Lopes, 2009).

    h imensas reservas de gs natural. O valorfinanciado pelo Brasil chega a US$ 635milhes. Ser o primeiro estaleirovenezuelano, com capacidade de atender

    parte das necessidades que a explorao depetrleo no Atlntico requer, inclusive nacosta ocidental da frica. Atualmente, noRio de Janeiro, o Estaleiro da Ilha (EISA)est produzindo dez petroleiros para aPDVSA.

    Ao mesmo tempo, a Braskem vemtrabalhando na criao das empresasPolipropileno del Sur (Propilsur) ePolietilenos de America (Polimerica) em

    parceria com a estatal Petroqumica deVenezuela (Pequiven). Enquanto se estimaque a Propilsur produza 455 mil toneladasde polipropileno, a Polimrica produziria 1,3milho de toneladas de eteno e 1,1 milhode toneladas de polietileno. Por sua vez, aPetrobras continua participando de um

    projeto de explorao de petrleo no campoCarabobo da Faixa Petrolfera do Orinoco.Em 2007, a Gerdau adquiriu a terceira maior

    produtora de ao da Venezuela, aSiderrgica Zuliana (Sizuca), na fronteiracom a Colmbia. No mesmo ano, o grupoUltra comprou uma fbrica de produtosqumicos da empresa norte-americana Arch

    Chemicals. Em setembro de 2011, aComisso de Energia e Minas daAssembleia Nacional da Venezuela aprovoua criao de uma empresa mista entre aPDVSA e a Odebrecht para a explorao decinco campos de petrleo tambm em Zulia.As atuais iniciativas na rea do petrleo daFaixa do Orinoco incluem a construo derefinarias, expanso de gasodutos e estmulos indstrias conexas, como fbricas devlvulas, sondas petroleiras e estaleiros.

    Em maio de 2011, o IPEA publicouuma nota tcnica em conjunto com oMinistrio de Cincia, Tecnologia eIndstrias Intermedirias do pas vizinho. Otrabalho aborda as possibilidades decooperao produtiva entre as regies Nortedo Brasil e Sul da Venezuela86. A proposta

    promover estudos que busquem a integraodas cadeias industriais para odesenvolvimento das reas de fronteira, nos

    86 Regio Norte do Brasil e Sul da Venezuela:Esforo binacional para a Integrao das cadeias

    produtivas, no site

    http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/110511_relat_brasilvenezuela_integraprodutivas.pdf

    Revista Orbis Latina, vol.2, n1, janeiro-dezembro de 2012. ISSN 2237-6976

    http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/110511_relat_brasilvenezuela_integraprodutivas.pdfhttp://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/110511_relat_brasilvenezuela_integraprodutivas.pdfhttp://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/110511_relat_brasilvenezuela_integraprodutivas.pdfhttp://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/110511_relat_brasilvenezuela_integraprodutivas.pdf
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    setores de metal-mecnica, agroindstria evidro. Alm disso, houve consenso quanto importncia de reativar a cooperao entreas zonas francas de Manaus e de Puerto

    Ordz. As instituies tambm consideraramoportuno estudar a complementaridade nossetores de fertilizantes, alimentao,automotriz, construo civil, higiene

    pessoal, petroqumico, farmacutico eturstico.

    O referido trabalho apresenta cincoiniciativas que conduziriam a uma maiorcomplementao produtiva. A primeira setrata de aes conjuntas para ampliar a

    produo de coque e enxofre na FaixaPetrolfera do Orinoco. Uma maior ofertadesses insumos garantiria a satisfao domercado venezuelano e geraria excedentesexportveis ao Brasil e aos demais pases doMercosul. A segunda proposta prev umaaproximao entre o Servio Geolgico doBrasil (CPRM) e o Instituto Nacional deGeologia e Minerao da Venezuela(Ingeomin). Existem oportunidades naextrao de ouro e minerais no metlicos,alm de potenciais indstrias de cimento,cermica e vidros ao longo dos 850quilmetros que ligam Puerto Ordz a BoaVista. A terceira ao faz referncia

    produo de fertilizantes. Apesar de aVenezuela contar com grandes reservas defosfato, ainda exporta muito pouco para oBrasil, que importa a metade do queconsome. Uma das propostas prev aexportao venezuelana de fosfatados,nitrogenados e sais potssicos para o norte eo centro-oeste brasileiro, e at os demais

    pases do Mercosul, atravs de transportehidrovirio. Por outro lado, existe a

    possibilidade de participao do Brasil emprojetos venezuelanos de explorao defosfato. O quarto ponto apresentado oapoio brasileiro ao setor de habitao, comoportunidades de participao de empresas

    brasileiras na construo de casas e naproduo de insumos para a construo civildo programa Vivenda Venezuela. Por fim,no quinto ponto se argumenta que odesenvolvimento produtivo venezuelano

    pode ter maior relao com a cadeiaindustrial brasileira, assumindo um papel desubministrador de matrias primas, insumose inclusive produtos terminados. Ganhamrelevncia os projetos do Ministrio de

    Indstrias Bsicas e Minerao daVenezuela (Mibam), que podem contar com

    o apoio tcnico, participao acionria oufinanciamento do Brasil.

    Em paralelo, tem avanado acooperao brasileira nas reas agrcola e

    pecuria, liderada pelo trabalho da Embrapa.Em 2008, a instituio instalou um escritriona Venezuela como forma de potencializar aaliana binacional. Desde ento socrescentes intercmbios entre especialistas

    brasileiros e venezuelanos, com o objetivode promover uma maior cooperao nosetor. A principal meta transferirtecnologia brasileira para o Instituto

    Nacional de Pesquisas Agrcolas (INIA). Osprincipais projetos esto relacionados comuma maior e melhor produo de gros,especialmente de soja. Neste sentido, aEmbrapa Soja est apoiando o projeto dedesenvolvimento agrrio Jos Incio deAbreu e Lima, no estado Anzotegui. Aempresa brasileira Odebrecht foi contratada

    para construir a infraestrutura para o cultivode 35 mil hectares de soja irrigada. Alm dainfraestrutura de irrigao, sero erguidosarmazns e fbricas para processamento deleo de soja e de rao animal. Os acordostambm contemplam a capacitao detcnicos e produtores venezuelanos, para omanejo de plantas e sementes e preparao

    do solo, por meio de consultorias eassistncia tcnica. Atravs da EmbrapaGado de Corte e da Embrapa Sunos e Aves,o Brasil tambm presta apoio em atividadesrelacionadas com a pecuria, incluindo areproduo de aves, sunos, bovinos,caprinos e ovinos, assim como a programasnacionais de controle sanitrio e decertificao de produtos de origem animal.Alm disso, a Venezuela tem requeridomaterial gentico, auxlio para a construode granjas, equipamentos e ferramentas paradiagnstico e controle de doenas queafetam a produo e a reproduo pecuria,

    bem como a sade pblica.

    Infraestrutura de Norte a Sul eConsideraes Finais

    Nos prximos anos sero realizadasas grandes intervenes de engenharia quetornaro vivel o aproveitamento dasimensas oportunidades de interconexo dainfraestrutura da Amrica do Sul. Nestesentido, fundamental a conexo das bacias

    do rio Orinoco, do Amazonas e do Prata,interligando a Venezuela, ao Brasil,

    Revista Orbis Latina, vol.2, n1, janeiro-dezembro de 2012. ISSN 2237-6976

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    Paraguai, Uruguai e Argentina.Um navegante sul-americano poder,

    assim, iniciar a sua jornada no delta do rioOrinoco, na Venezuela. Depois de percorrer

    mais de 1200 quilmetros desde o Atlntico,passando pela cidade de Puerto Ordz,chegaria ao chamado canal do rioCasiquiare. Este possui 330 quilmetros,grande parte plenamente navegvel, queligam os rios Orinoco e Negro, j nafronteira brasileira com a Venezuela e aColmbia. O Casiquiare conectanaturalmente as bacias hidrogrficas doOrinoco e do Amazonas. Mais 1200quilmetros a leste e o viajante estar emManaus, onde o rio Negro se encontra com orio Solimes e muda de nome para sechamar Amazonas. Porm, como se sabe,cerca de 300 quilmetros antes de chegar aManaus, o rio Negro tocado pelo rioBranco, que percorre mais de 500quilmetros desde a cidade de Boa Vista, aapenas 200 quilmetros da fronteira com aVenezuela. Este quadro revela as imensas

    possibilidades de incrementar o comrciopelo corredor que vai desde a Venezuela atManaus, via rodoviria e hidroviria.

    No entanto, alm da possibilidade decontar no futuro com uma conexo entre os

    rios Orinoco e Amazonas (via Casiquiare),existem condies muito menos complexase de curto prazo. Entre Caracas e Boa Vista,a infraestrutura de transporte terrestre,apesar de persistirem alguns trmitesaduaneiros inconvenientes, encontra-se em

    bom estado e permite obter custoscompetitivos nas duas direes. Depois dechegar por rodovia at Boa Vista, os

    produtos vindos da Venezuela poderiamseguir por via fluvial at as cidades de PortoVelho (Rondnia) e Rio Branco (Acre),atravs dos rios Branco, Negro, Amazonas eMadeira, desde Itacoatiara. As operaes

    poderiam garantir o abastecimento deprodutos desde o Amazonas at o Mercosul.O transporte pela via fluvial tornaria muitomais barato os custos e aumentaria muito acompetitividade de alguns bens frente sofertas do Sudeste brasileiro, que sotransportadas por dois mil quilmetros, oumais, de rodovias desde as costas do oceanoAtlntico. No entanto, a realizao dessa

    proposta depende fundamentalmente dosvolumes de carga, que devem ser grandes o

    suficiente para garantir as economias deescala.

    De modo geral, nos ltimos anoshouve inmeros avanos. O Brasil, atravsdo BNDES, financiou a integrao do nortee do sul da Venezuela. O territrio

    venezuelano cortado literalmente ao meiopelo Rio Orinoco. At 2006 existia somenteuma ponte que ligava um lado do pas aooutro. A associao binacional garantiu aconstruo da segunda ponte e a terceira jest em estgio avanado de edificao.Vrias das principais empresas brasileiras deengenharia esto instaladas no pas vizinho,

    prestando servios na construo de pontes,estradas, metrs, represas, redes dedistribuio dgua, etc. A Venezuela teminvestido pesado nos setores de energia,transportes e comunicao.

    Atualmente o BNDES financia US$943 milhes das obras de construo eampliao da Linha 5 do Metr de Caracas.O projeto executado pela Odebrecht

    beneficiar cerca de 100 mil passageiros pordia e inclui a instalao de seis novasestaes em um trajeto de 7,5 quilmetros.Alm disso, o banco libera US$ 121 milhes

    para a construo da Hidreltrica LaVueltosa pela Alstom e US$ 1,3 bilho paraa Camargo Corra executar o mega-projetoTuy 4, de irrigao e distribuio de gua.

    No mbito da integrao energtica, desde2001, a cidade de Boa Vista deixou de usarenergia termoeltrica e passou a recebereletricidade atravs do chamado Linho,que se estende por 600 quilmetros desde asusinas hidreltricas do rio Caron, prximoao Orinoco. Anualmente a Eletronorte,subsidiria da Eletrobras, importa daVenezuela cerca de US$ 30 milhes emenergia eltrica. Outro resultado destacooperao na rea de infraestrutura foi achegada, em 2009, da fibra tica ao sul daVenezuela e a Boa Vista. Em 2011, o

    benefcio foi estendido cidade de Manaus,que fica quase 800 quilmetros mais aosul87.

    Certamente, as possibilidades dearticulao do norte do Brasil com o sul daVenezuela so imensas e transcendem as

    87 Recomendamos a leitura do Relatrio de PesquisaA integrao de infraestrutura Brasil-Venezuela: aIIRSA (Integrao da Infraestrutura Regional Sul-Americana) e o eixo Amaznia-Orinoco, disponvelno site

    http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/110511_relat_brasilvenezuela_integrinfrestrutura.pdf

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    http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/110511_relat_brasilvenezuela_integrinfrestrutura.pdfhttp://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/110511_relat_brasilvenezuela_integrinfrestrutura.pdfhttp://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/110511_relat_brasilvenezuela_integrinfrestrutura.pdfhttp://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/110511_relat_brasilvenezuela_integrinfrestrutura.pdf
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    reas de indstria, infraestrutura e comrcio.H espaos para a cooperao em outrosmbitos, como o turstico, o tecnolgico, oacadmico, o cultural e o de polticas

    sociais. Com o passar dos anos, a criao e aexpanso da rede de infraestruturapermitiro que o pas caribenho reforce osseus vnculos com o Cone Sul.

    Sabe-se que o futuro no estplenamente na mo dos homens. Mas, aindaassim, existem suficientes demonstraes deque o planejamento racional e a interveno

    humana podem alterar destinos no espao eno tempo. No nosso entendimento, cabe aos

    pensadores e executores de polticaspblicas contriburem com a discusso sobreo futuro do MERCOSUL e da integraosul-americana. Nos prximos anos, fundamental transcender a tica meramentecomercial, fortalecer as iniciativas sociais eampliar o nmero de membros do blocoregional.

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    Recebido em 02/08/2012

    Aprovado em 11/08/2012

    Revista Orbis Latina, vol.2, n1, janeiro-dezembro de 2012. ISSN 2237-6976