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INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DA PARAIBA - FESP CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO THIAGO PALMEIRA FERNANDES REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO DO DIREITO NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS DO MERCOSUL CABEDELO-PB 2016

INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DA PARAIBA - FESP … · A Venezuela entrou no bloco só em 2006. Ademais fazem parte do Mercosul, o Chile, Equador, Colômbia, Peru e Bolívia, como

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INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DA PARAIBA - FESP CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

THIAGO PALMEIRA FERNANDES

REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO DO DIREITO NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS DO MERCOSUL

CABEDELO-PB 2016

THIAGO PALMEIRA FERNANDES

REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO DO DIREITO NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS DO MERCOSUL

Trabalho de Conclusão do Curso, em forma de Artigo científico apresentado à Coordenação do Curso de Bacharelado em Direito, pela Faculdade de Ensino Superior da Paraíba - FESP como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito. Área: Direito Internacional

Orientador: Prof. Dr. Antônio Germano Ramalho

CABEDELO-PB

2016

THIAGO PALMEIRA FERNANDES

REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO DO DIREITO NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS DO MERCOSUL

Artigo Científico apresentado à Banca

Examinadora de Artigos Científicos da Faculdade

de Ensino Superior da Paraíba - FESP, como

exigência para obtenção do grau de Bacharel em

Direito.

APROVADO EM _____/_________ DE 2016

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________

Prof. Dr. Antônio Germano Ramalho

MEMBRO – FESP

___________________________________________________

Prof. Esp. Alexandre Cavalcanti Andrade de Araújo

MEMBRO - FESP

___________________________________________________

Prof. Ma. Francisca Luciana de Andrade Borges Rodrigues

MEMBRO - FESP

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus.

Agradeço também a minha família, meus pais, irmãos, colegas de curso e

mestres, que tive ao longo de minha vida acadêmica, por me propiciarem momentos

de extrema felicidade, aprendizagem e conhecimento, durante todos os dias deste

curso que ora concluo.

SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇOES INICIAIS......................................................................... 6

2 MERCOSUL................................................................................................... 8

3 CONCEPÇÕES JURÍDICO-INSTITUCIONAL DO MERCOSUL................... 10

3.1 O PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO.................................................. 13

4 A LIMITAÇÃO DA INDEPENDENCIA ESTATAL DEVIDO A

CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS.............................................................. 16

4.1 AS NORMAS QUE REGEM O FUNCIONAMENTO INTERNO

DO MERCOSUL............................................................................................ 17

4.2 AS NORMAS QUE DETERMINAM REGRAS DE CONDUTA....................... 19

5 A LIMITAÇÃO DA INDEPENDENCIA ESTATAL DEVIDO A EXIGENCIA

DE ENTRADA EM VIGOR SIMULTANEAMENTE..................................... 21

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 24

REFERÊNCIAS............................................................................................. 26

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REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO DO DIREITO NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS DO MERCOSUL

THIAGO PALMEIRA FERNANDES ANTÔNIO GERMANO RAMALHO**

RESUMO

O presente artigo busca apresentar o sistema de harmonização da legislação nos Estados-membros do Mercosul, levando em conta a sua repercussão na prática das relações internacionais nas áreas comerciais, ambientais, tributárias, politicas, entre outras. O propósito de constituir blocos econômicos nasce da necessidade de satisfazer aos interesses particulares que, resultantes da globalização, ultrapassam os limites dos Estados nacionais e a formação de grandes espaços econômicos para a concorrência entre os países. Destaca-se que este evento não teve impacto somente nos Estados, mas igualmente nas empresas que começaram a realizar fusões e megafusões como meio de satisfazer e sobreviver ao mercado mundial. Sendo assim, se a globalização econômica é, a princípio, um fato sem volta que causa impacto não somente na ordem econômica e social, mas também da jurídica é imprescindível analisar a harmonização das leis para a segurança jurídica e a redução das divergências que existem entre os ordenamentos jurídicos, além de expor a relação das regras comunitárias do Mercosul e seus Estados-membros, já que não há primazia destas sobre as normas nacionais, com ênfase no ordenamento jurídico brasileiro. O Mercosul, apenas se converterá em um real “Mercado Comum”, após realizadas as necessárias e indispensáveis mudanças constitucionais e estruturais nos cinco Estados-membros, o que viabilizará a vigência de um Direito Comum entre eles. Palavras-chave: Mercosul. Relações Internacionais. Harmonização Legislativa.

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Diante da globalização que é um sistema que visa à integração dos Estados

com efeitos financeiros, sociais, culturais, políticos, como também jurídicos em

proporção global, despontam os blocos econômicos com a finalidade de ampliar o

mercado consumidor, fortalecendo-o e tornando-o mais competitivo. Resultante

deste processo constituiu-se o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) que é uma

organização intergovernamental fundada a partir do Tratado de Assunção de 1991,

formada pela Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e em 2012 a Venezuela. Para que

as transações oriundas das propostas do Mercosul sejam legitimas é preciso que

Aluno concluinte do Curso de Bacharelado em Direito da Fesp Faculdades, semestre 2016.1. e-mail: [email protected] **Doutor em Educação e Mestre em Direito, Professor da Fesp Faculdades, atuou como orientador desse TCC.

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exista uma harmonização jurídica entre os países membros, em todas as suas

áreas.

O Mercosul tem como finalidade principal a busca da competitividade mundial,

através da liberdade comercial no âmbito da região Sul Americana. Entretanto, um

dos obstáculos da efetiva atividade do Mercosul e da formação de um real “Mercado

Comum”, é a falta de um órgão supranacional que viabilize a existência de um

Direito Comum entre os membros, até porque, as determinações provenientes de

suas instituições continuam sob a análise de cada Estado-membro. Contudo, a

propensão mundial, é a constituição de um Direito Comunitário, considerado uma

ferramenta de integração, contendo as estruturas de organização comunitária e as

regras que conduzem sua operação.

O Protocolo de Ouro Preto instituiu as bases do Mercosul em seu art. 42

estabelecendo que “as normas emanadas dos órgãos do Mercosul terão caráter

obrigatório e deverão, quando necessário, ser incorporadas aos ordenamentos

jurídicos nacionais mediante os procedimentos previstos pela legislação de cada

país” (BRASIL, 1996). Porém, os Estados-membros analisam as regras antes de

aprova-las. No caso do Brasil, por exemplo, as regras decorrentes do Mercosul que

correspondem a encargos financeiros ou obrigações para o patrimônio nacional tem

quer ser matéria de aprovação pelo Congresso Nacional. Igualmente, as regras que

estendem e alteram as estruturas do Mercosul.

É relevante destacar que o alcance das finalidades do Mercosul depende

substancialmente que suas determinações sejam realmente atendidas pelos

Estados-membros e, para isso, é imprescindível que exista um célere e eficiente

sistema de harmonização jurídica do direito internacional para o nacional, o que na

realidade não vem acontecendo devido as incompatibilidades constitucionais dos

países membros.

Essas incompatibilidades acarretam, para os Estados-membros, grandes

inseguranças no que diz respeito ao futuro das questões jurídico-institucionais. A

ausência da supranacionalidade ocasiona instabilidade jurídica e inconstância em

razão de uma não interpretação e cumprimento homogêneo das regras e acarreta

ausência de confiança externa devido ao risco real ao princípio fundamental do

direito internacional, o pacta sunt servanda (“os pactos devem ser respeitados" ou

"os acordos devem ser cumpridos") (art.26 Dec. nº 7.030/09).

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2 MERCOSUL

O sistema de integração entre os Estados-membros do Mercosul começou

por meio do Tratado de Assunção de 1991 (Decreto 350/91), com a finalidade de

obter um Mercado Comum do Sul, superando duas etapas do processo de

globalização - zona de livre comércio e união aduaneira, no decorrer desse período

de mudança. A partir de então os Estados-membros reputaram que o aumento das

extensões de seus mercados nacionais por meio da integração indicava condição

essencial para agilizar seus avanços financeiros baseado na justiça social, através

da utilização mais eficiente dos recursos disponíveis, a defesa do meio ambiente, o

aprimoramento das inter-relações físicas, a sistematização de políticas

macroeconômicas da suplementação das diversas áreas da economia, baseado nos

princípios de flexibilidade e proporcionalidade.

Para o Tratado de Assunção o mercado comum almejado importa na

disponibilidade plena de bens, serviços e fatores produtivos entre os Estados-

membros, através da extinção de qualquer impedimento ao comércio entre eles,

sejam impedimentos tarifários ou não; na estipulação de uma taxa externa comum e

a adesão de uma política comercial comum referente a outros Estados e a

administração de apreciações em centros econômico-comerciais locais e mundiais;

na administração de políticas de comércio exterior, agrícola, industrial, fiscal,

monetária, cambial e de capitais, de serviços, alfandegária, de transportes e

comunicações e outras que se estabelece entre os Estados-membros, com o

objetivo de garantir situações apropriadas de concorrência entre os Estados-

membros, além do comprometimento dos Estados-membros de harmonizar suas

leis, nos âmbitos convenientes, para conseguir a consolidação do sistema de

integração (art. 1º DECRETO 350/91).

Atualmente, as delimitações físicas dos Estados-membros de blocos

econômicos não são mais obstáculos impeditivos dos efeitos de atos jurídicos

executados nas correlações recíprocas internacionais entre os Estados e seus

particulares. Porém, há a necessidade de órgãos competentes para solucionar

eventuais conflitos entre os Estados, no caso do Mercosul preferiu-se uma decisão

arbitral no lugar de uma alternativa diretamente judicial. Entre os mecanismos que

dão apoio ao incentivo comercial estão o Tribunal Arbitral do Mercosul e os Tribunais

Arbitrais Privados. Com a escolha de meios alternativos para resolução dos conflitos

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comerciais no Mercosul foi preciso criar um órgão judicial supranacional para julgar

os conflitos decorrentes de lides na esfera das cortes arbitrais, assegurando assim a

segurança jurídica das ligações que existem.

A globalização acarretou como estratégia para fortificar os Estados diante da

conjuntura financeira, cultural e social a integração regional, dessa forma,

despontaram os denominados blocos regionais, objetivando intensificar as ligações

políticas e financeiras entre os países. No ano de 1991 a Argentina, Brasil, Paraguai

e Uruguai assinaram o Tratado de Assunção, dando início ao Mercado Comum do

Sul (MERCOSUL) diminuindo os obstáculos para o transito de bens, capitais e

cidadãos. A Venezuela entrou no bloco só em 2006. Ademais fazem parte do

Mercosul, o Chile, Equador, Colômbia, Peru e Bolívia, como Estados coligados.

O Protocolo de Ouro Preto estabelece a formação institucional do

MERCOSUL, determinando que este é formado por: Conselho do Mercado Comum

(CMC); Grupo Mercado Comum (GMC); Comissão de Comércio do Mercosul (CCM);

Comissão Parlamentar Conjunta (CPC); Foro Consultivo Econômico Social; e a

Secretaria Administrativa (SAM) (art. 1 DECRETO 1.901/96). Ademais, com este

protocolo adicional foi concedida personalidade jurídica de direito internacional,

possibilitando que esse bloco tenha vínculos e firme compromisso com os demais

Estados e blocos.

O Mercosul passar por uma evolução na integração, iniciou-se somente como

uma Zona de Preferência Tarifária, onde tinha o objetivo apenas de assegurar níveis

tarifários para o grupo de Estados que fizessem parte dessa espécie de mercado,

depois transformou-se em uma Zona de Livre Comércio, onde os Estados

associados diminuíam ou extinguiam as dificuldades alfandegarias que incidiam na

permuta de produtos e o ultimo estagio da integração uma União Aduaneira,

transformando-se em uma esfera de comércio autônomo, com taxas únicas para

exportação comum. Assim, os Estados-membros, abriram o mercado interno entre

eles, regulamentando o seu comércio de bens com nações externas, operando

como um bloco econômico em formação (ROCHA, 2016).

3 CONCEPÇÕES JURÍDICA-INSTITUCIONAL DO MERCOSUL.

A normatização no Mercosul e a introdução pelos Estados-membros não é

realizada de modo concomitante pelos participantes do bloco. Assim, as regras

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procedentes do Mercosul precisam de outorga legitima de cada Estado-membro

para só depois começarem a vigorar.

Percebe-se que um dos grandes desafios para o progresso da integração dos

membros do Mercosul se refere aos diversos dispositivos constitucionais que

compõem a ordem jurídica interna dos Estados-membros para introduzir as regras

determinadas pelas entidades jurídicas do Mercosul. Além disso, no que diz respeito

ao procedimento de solução de conflito, predomina no Mercosul o padrão

intergovernamental e a falta do direito comunitário na esfera jurídica do bloco.

Para assegurar a efetividade das normas e o avanço da integração, o

Mercosul tem dois caminhos de elaboração de regras, o primeiro é a realização de

acordos internacionais entre os Estados-membros formando assim o direito

precedente do Mercosul e a elaboração de regras pelos órgãos competentes para

decidir, que constituem o direito derivado do Mercosul.

Dessa forma conclui-se que a legislação do Mercosul é constituída por regras

originarias e derivadas, onde a primeira são os tratados, acordos e os protocolos,

regidos pelo Direito Internacional Público e entram em vigor de acordo com os

preceitos constitucionais de cada Estado-membro e a segunda são regras

regimentares, decorrentes de decisões superiores, isto é, tem o papel de tornar

legitimo os princípios abstratos estabelecidos nas regras originarias, são elas as

decisões, resoluções e as diretivas (VASCONCELOS, 2009, p.43).

O Protocolo de Ouro Preto em seu artigo 42 determina um critério para a

introdução das regras de natureza obrigatória, deixando evidente que a aspiração

dos países foi a de formar um complexo de direito que seria complementado pelas

normas internas e onde o emprego, entretanto, não foi espontâneo.

O Protocolo de Ouro Preto mesmo sendo elemento integrante do Tratado de

Assunção, que tem validade integral precisa de aprovação legislativa na esfera

nacional, devido a sua introdução no ordenamento jurídico nacional dos Estados-

membros. Consequentemente, o modo de introduzir uma regra do Mercosul e

coloca-la em vigor nos Estados-membros obedece ao respectivo ordenamento

jurídico interno e do caráter e abrangência da regra.

Os mecanismos de introdução das regras nos ordenamentos jurídicos

internos não são concomitantes, na maioria dos Estados-membros os seus

Congressos ratificam os Tratados através de Lei e depois o Executivo o aprova, no

Brasil em determinados casos os Tratados são outorgados pelo Legislativo e depois

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o Executivo elabora o Ato Legislativo autorizando o Instrumento de Ratificação. Após

esse procedimento o Presidente da República institui o Decreto de Promulgação que

é publicado no Diário Oficial, só então o Tratado começa a gerar efeitos

internamente. Pode ainda haver regras do Mercosul empregadas apenas em

determinados Estados-membros.

Assim, a ausência de uma efetiva eficiência das regras produzidas no

Mercosul tem restringido a confiança do bloco. Conforme Herz e Hoffmann (2015, p.

211), uma análise estabelece que 149 deliberações outorgadas pelo Conselho do

Mercado Comum, 70% não foram introduzidas em ordenamentos internos.

Além disso, Herz e Hoffmann (2015, p. 153) afirmam que:

[...] Esse alto índice de não-internalização das normas do Mercosul provoca um ciclo vicioso, pois à medida que os Estados-partes percebem que podem tomar decisões sem se comprometer a cumpri-las, o processo de integração torna-se fictício, a integração não sai do papel e não se torna realidade. Como há pouco controle e não são previstas sanções no caso do não cumprimento da internalização, o problema nem se torna público. Uma das razões apontadas para o baixo índice de internalização das normas é o fato de a integração ser promovida pelos executivos e chancelarias dos Estados-partes, sem consulta à sociedade e aos legislativos.

O que colabora para a ausência de credibilidade jurídica no bloco, que é uma

das maiores reivindicações da área privada, que anseia em ver garantida a devida

homogeneidade e coerência jurídica ao emprego das regras do Mercosul nos

Estados-membros. O procedimento de introdução das regras derivadas do Mercosul

pelos Estados-membros é multifacetado, intrincando que se alcance a total

eficiência.

Ademais, há outra grande dificuldade na harmonização da legislação que é a

distinção nos níveis de primazia do direito interno empregado pelos Estados-

membros no que diz respeito aos Tratados produzidos na esfera do Mercosul.

A Constituição da Argentina (art. 75, 22) determina que os Tratados

Internacionais realizados com os outros Estados e com Organismos Internacionais,

tem hierarquia superior às leis nacionais:

Artigo 75.- O Congresso: 22. Para aprovar ou rejeitar os tratados celebrados com outras nações e organizações internacionais, e concordatas com a Santa Sé. Tratados e concordatas têm precedência hierárquica sobre as leis ( ARGENTINA, 1994).

Igualmente ocorre no Paraguai onde predomina à superioridade dos Tratados

Internacionais sobre as leis nacionais, sua Constituição no artigo 141 determina que

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os Tratados Internacionais em vigor e outorgados por lei e no Congresso, constituem

elemento da legislação interna, dessa forma, na hierarquia legislativa interna, o

Tratado tem hierarquia superior à lei nacional

Artigo 141 - TRATADO INTERNACIONAL devidamente negociado tratados internacionais, adotadas por lei pelo Congresso e cujos instrumentos de ratificação foram trocadas ou depositados , fazem parte dos regulamentos legais nacionais com a hierarquia determinada pelo artigo 137 ( PARAGUAI, 1992).

Quanto à Venezuela, a sua Constituição no artigo 153 determina a

predominância das regras de integração, estabelecendo que estas são vistas como

componente do ordenamento jurídico venezuelano e assim tem execução direta e

prioritariamente sobre a lei nacional:

Artigo 153. A República é promover e incentivar a integração da América Latina e do Caribe, a fim de avançar para a criação de uma comunidade de nações, defendendo os interesses económicos, sociais, culturais, políticos e ambientais na região. A República pode concluir tratados internacionais e coordenar esforços para promover o desenvolvimento comum das nossas nações, e para garantir o bem-estar dos povos e a segurança colectiva dos seus habitantes. pode alocar para esses fins, a República de organizações supranacionais, mediante tratados, o exercício das competências necessárias para realizar estes processos de integração. Dentro das políticas de integração e união com a América Latina e Caribe, o estatuto privilegiado República para as relações com a América Latina, que se esforça para fazer uma política comum em toda a nossa América Latina. As regras adoptadas no âmbito de acordos de integração será considerado parte integrante da ordem jurídica existente e direito interno direto e preferencial (Nosso toque) aplicativo (VENEZUELA, 1999).

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu art. 5 §2

por sua vez determina que os Tratados Internacionais têm hierarquia equivalente a

legislação federal, subordinados então ao controle constitucional, significando assim

que é hierarquicamente inferior a Constituição. Sendo assim, é possível revogar um

Tratado posteriormente por lei, independente da obrigatoriedade de cumpri-lo no

âmbito internacional. É aplicada a teoria monista que considera a existência de

apenas uma ordem jurídica, conforme Casella e Accioly (2012, p. 227): “em princípio

o direito é um só, quer se apresente nas relações de um Estado quer se apresente

nas relações internacionais”.

O Uruguai, da mesma forma que o Brasil, tem uma divergência jurídica

alusivas aos problemas que poderiam ocorrer entre uma norma derivada do

Mercosul e uma legislação interna. Assim, regimenta-se pelo preceito jurídico de Lei

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Posterior, isto é, o Tratado Internacional pode ser alterado depois por uma regra

interna.

Percebe-se então que os países Argentina, Paraguai e Venezuela

estabelecem que os Tratados têm hierarquia superior à legislação interna, em

contrapartida o Brasil e o Uruguai determinam que os Tratados Internacionais têm

hierarquia igual a legislação interna.

3.1 O PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO

Quanto a legitimidade jurídica do Mercosul, um enfoque a ser destacado

refere-se ao processo de tomada de decisão no bloco, que fomentam dois pontos

relevantes: a característica da intergovernamentabilidade (processos de mera

cooperação internacional) e a falta do direito comunitário no bloco econômico, no

sentido de não ter uma relação jurídica direta entre os Estados e seus cidadãos.

Identifica-se que a característica da intergovernamentabilidade predominante

na estrutura do Mercosul deixa o processo de tomada de decisão uma tarefa

obscuro e demorado. Conforme o atributo da intergovernamentabilidade, as

deliberações entre os Estados-membros devem ser decididas por unanimidade, para

então serem ratificadas.

Ademais, em determinadas situações, as condescendências realizadas no

decorrer do processo de negociação, objetivando à aprovação da regra,

compreende-se, determinadas vezes, em textos inconsistentes ou imprecisos, em

prol do nível técnico e jurídico dos dispositivos negociados na esfera do Mercosul.

A característica da intergovernamentabilidade obsta a tomada de decisão e

por consequência interrompe o progresso da integração regional. Isso ocorre em

razão dos interesses particulares tem prioridade sobre o interesse do Mercosul de

forma geral.

A supranacionalidade contribuiu bastante para o processo de globalização

Europeu, considerando que a finalidade do bloco era igualmente o de atingir um real

mercado comum, etapa avançada da integração, que assegure a liberação de

transito de indivíduos, serviços e finanças.

Realmente, o progresso e eficácia do mercado comum europeu provocou

uma reciprocidade financeira, política e jurídica gradativa, não apenas dos Estados-

membros, mas igualmente dos indivíduos, que são impactados de forma indireta

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pelo progressivo e intransigente avanço do plano do mercado comum. Assim, a

necessidade se impeliu e impulsionou os Estados-membros a conferir aos órgãos

institucionais determinados poderes pertinentes a supremacia estatal, principalmente

no que diz respeito a questões ligadas ao desempenho do mercado comum.

Como o sistema atualmente utilizado não apresentou qualquer ineficácia, a

formação de um órgão supranacional não é adequada, pelo menos agora. A

formação de um Tribunal do Mercosul poderia acarretar alterações em vários níveis

nas Constituições dos Estados-membros.

O Brasil, por sua vez, não adotou nenhuma previsão em relação à

supranacionalidade das regras do Mercosul. Declarando ser princípio da República a

soberania, e como preceito de suas relações internacionais a soberania nacional e a

não-intervenção, afasta-se da concepção de uma centralização política de qualquer

caráter. Subordinando-se os tratados internacionais ao controle de

constitucionalidade, rejeita a concepção de que regras internacionais possam

prevalecer dentro do ordenamento jurídico brasileiro.

Outro fator importante é a ausência do Direito Comunitário no Mercosul,

podendo ser reconhecido pela ausência de uma relação jurídica direta entre o

Estado e seus cidadãos, consiste em um ordenamento jurídico único em seu gênero,

consequência do processo de globalização europeu. Seus atributos são a

supremacia sobre as regras regionais dos Estados-membros, a efetividade e a auto

executabilidade nos seus territórios. A efetividade direta possibilita aos cidadãos

requererem aos órgãos Judiciários a outorga de direitos e deveres determinados no

conteúdo de um Tratado.

As regras oriundas do Direito Comunitário definem-se como regras de

natureza supranacional, já que não precisam de internalização nos Estados-

membros. Além disso, não há muita informação a respeito das regras do Mercosul

pelos cidadãos, resultando na dificuldade em pleitear os direitos.

Considerando que os magistrados nacionais são as autoridades fundamentais

para a efetivação do direito de integração, os tribunais nacionais são convertidos

como instância de interpretação e da aplicação do direito do Mercosul.

Quanto a harmonização da legislação do Mercosul, este sistema apenas

ocorrerá através da formação de uma Corte Permanente de Arbitragem, uma vez

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que ela determinará um único entendimento no que se refere aos tratados, decisões

e resoluções.

Ademais, em relação à supranacionalidade, Almeida (2010, p. 63) afirma ser

precoce qualquer transição supranacional regional. Aconselha-se que ao invés da

adesão do Direito Comunitário com fundamento na formação do Mercosul, haja uma

padronização jurídica dos Estados-membros do bloco, ou seja:

[...] De fato, o processo de uniformização do Direito no Mercosul, requisito indispensável do mercado comum, poderia ocorrer ainda antes que se possa avançar decisivamente no caminho de uma institucionalidade mais elaborada, facilitando as atividades econômicas e antecipando, de certa forma, o surgimento de um direito comunitário no espaço territorial comum.

Logo, existiria dessa maneira a viabilidade do Poder Judiciário de cada

Estado-membro prossiga a atividade de padronização e formação de um Direito

comum e harmônico dentro do Mercosul.

4 A LIMITAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA ESTATAL DEVIDO A CLASSIFICAÇÃO

DAS NORMAS

O Mercosul se desenvolve através de técnicas de expansão e de

aprofundamento. Mudanças recentes originaram novos órgãos, buscando diminuir

as desigualdades regionais e munir com maior eficácia o processo de globalização.

A elaboração das normas do Mercosul, está em ininterrupta aceleração, com um

extenso acervo regimental.

Na verdade, várias regras procedentes das instituições do Mercado Comum

são elaboradas, aprimorando a estrutura do direito derivado, sem contudo serem

introduzidas através do processo legislativo costumeiro nas ordens jurídicas

nacionais. Estas regras do direito derivado do Mercosul, na teoria não beneficiam o

pressuposto da aplicação instantânea, como é o caso da maioria dos Estado da

União Europeia, as normas começam a vigorar no ordenamento nacional sem

passar por procedimentos estabelecidos na Constituição para inclusão dos tratados

internacionais e do Mercosul. A realidade constitucional que vigora para a introdução

dos tratados é empregada somente para a inclusão na legislação brasileira, das

regras de direito derivado do Mercosul que requerem a inserção. Estas são

categorizadas na classe de resoluções recomendações e decisões de uma

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organização internacional, podendo o Poder Legislativo incorpora-la ou ainda o

Executivo através de decretos e atos administrativos.

A função dos Estados-membros na implantação ou realização do direito da

incorporação do Mercosul é de grande importância, já que têm responsabilidade

subsidiária, pois deixam seu aparelho político-administrativo ao serviço do bloco

para implementar os deveres oriundos do direito da integração. A União Europeia

preferiu não formar uma administração comunitária com a função de executar o

direito legitimado pelas instituições do bloco, entendeu ser melhor empregar o

dispositivo político-administrativo dos Estados-membros para a realização de seus

deveres comunitários. Da mesma maneira o direito da incorporação do Mercosul,

onde igualmente não há um real papel executivo, não existindo nenhuma

subordinação entre os nacionais dos Estados-membros e os órgãos deliberativos do

Mercosul. As deliberações exercidas pelos órgãos do Mercosul na verdade são

compulsórias para os Estados-membros, que as executam através dos respectivos

órgãos nacionais. Tal situação ocorre em razão do princípio da lealdade comunitária

ou da cooperação fiel entre as instituições comunitárias e os Estados-membros

igualmente estabelecida no art. 38 do Protocolo de Ouro Preto (POP), que determina

a utilização das medidas necessárias para assegurar a eficiência do direito da

integração (ALMEIDA, 2010, p.156).

É relevante destacar que o papel de execução do direito de integração dos

Estados-membros é fundamentado em dois preceitos essenciais, o primeiro é o da

independência institucional, que baseia-se na viabilidade do Estado estabelecer os

serviços necessários para a realização do direito comunitário e o outro é o da

independência procedimental dos Estados-membros, onde de acordo com o art. 43

do Protocolo de Ouro Preto as regras do bloco são compulsórias e, se for preciso,

serão introduzidas as legislações nacionais através de procedimentos estabelecidos

nesta.

Assim, os Estados-membros do Mercosul devem seguir os preceitos de seu

ordenamento jurídico para estabelecer os órgãos competentes e os procedimentos

empregados para a efetivação do direito oriundo do bloco (ALMEIDA, 2010). Os

Estados-membros têm, assim, um dever de realizar ou implementar o direito do

Mercosul, impondo sua independência procedimental e institucional.

Acontece que a independência configura-se limitada em razão de

deliberações do próprio direito do bloco, que age tanto para classificar as regras que

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são subordinadas ao mecanismo constitucional de incorporação, como para

simplificar a entrada em vigor e assegurar a consonância na execução do direito

derivado.

Assim, se os Estados têm autonomia para estabelecer o procedimento de

inserção ou realização do direito comunitário, selecionando os métodos e os

processos determinados por seu direito nacional, esta autonomia deve ser adequada

com as conveniências de uma execução homogênea do direito comunitário. Nesse

sentido, o direito oriundo do Mercosul pode ser dividido em duas conjunturas: uma

onde há regras dotadas de uma natureza funcional ou administrativa, alusivas as

atividades internas do Mercosul e outra onde há aquelas que determinam normas de

conduta aos Estados-membros, gerando consequências na ordem jurídica nacional.

4.1 AS NORMAS QUE REGEM O FUNCIONAMENTO INTERNO DO MERCOSUL

Não há necessidade de incorporar aos ordenamentos jurídicos nacionais as

regras munidas de natureza funcional ou administrativa que dizem respeito ao

exercício interno do Mercosul. Tais regras começam a vigorar na data de sua

anuência do órgão deliberativo do Mercosul ou, então na data estabelecida no

próprio contexto da norma.

A grande parte das normas legitimadas no núcleo do Mercosul fazem parte

dessa classe, isto é, objetiva a regulamentação das particularidades internas do

bloco. Consequentemente, uma parte relevante das normas formam

simples declarações de propósitos, listas diversificadas ou até outros objetos

diferentes que não possibilitam a classificação, onde sua eficiência é restrita a

perspectiva interna, dispensando assim a introdução as legislações nacionais dos

Estados-membros.

A discordância frequente relacionada à classificação de uma regra oriunda do

Mercosul na classe das que versam sobre o funcionamento interno ou

organizacional do Mercosul estar exatamente na falta de clareza em relação ao teor

da norma, que tem a possibilidade de transcender o plano interno e regulamentar

enfoques externos ao bloco, precisando dessa forma de incorporar aos

ordenamentos jurídicos nacionais.

A decisão do Conselho do Mercado Comum - CMC n. 23/00, entretanto, não

foi introduzida aos ordenamentos jurídicos nacionais sob o argumento de regimentar

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apenas particularidades da organização e do desempenho do Mercosul, mas a

citada decisão foi além da mera normalização interna do Mercosul, pois estipulou um

rol dos casos nos quais não existiria necessidade de introdução aos ordenamentos

jurídicos nacionais, somando-as ao art. 42 do Protocolo de Ouro Preto (POP)

(MEDEIROS, 2009). Sendo assim, a disposição fundamental da decisão CMC n.

23/00, que é o seu art. 5º, não tem compatibilidade com o que determina o art. 42 do

POP, o que altera o procedimento determinado pelo Protocolo de Ouro Preto e

ultrapassa seu papel de normatizar. Acontece que um volume cada vez maior de

normas tem sido legitimado, ultimamente, com o mesmo aspecto, onde se dispensa

a introdução.

Os Estados-membros, através dos seus representantes, categorizarão as

normas conforme o seu teor. O Estado estabelece de forma facultativa, se a norma

participa da classe daquelas que se limitam ao desempenho interno ou das que

determinam normas de comportamentos aos Estados-membros, gerando

consequências para a ordem jurídica nacional. Caso a deliberação do governo

fundamentada, existe a possibilidade de afastar a introdução de uma norma que

deveria ser introduzida (MEDEIROS, 2009).

A decisão CMC nº 45/07, sobre a “Revogação da normativa Mercosul relativa

ao sistema de intercâmbio de informação de segurança do Mercosul (SISME)” , é um

exemplo da livre opção dos Estados-membros no que se refere à necessidade de

introdução de uma norma do Mercosul, pois determina no art. 4, que somente

precisa ser introduzida a ordem jurídica da República da Argentina, ficando ou

outros Estados-membros do Mercosul dispensados do dever de incorporar.

Ocorrerá a falta de incorporação igualmente quando houver uma regra

nacional que aprecie, de fora similar, a regra do Mercosul já legitimada, como bem

determina o art.5 do Conselho do Mercado Comum - CMC 23/00:

Art. 5 As normas emanadas dos órgãos do MERCOSUL não necessitarão de medidas internas para a sua incorporação, nos termos do artigo 42 do Protocolo de Ouro Preto, quando: a) os Estados Partes entendam, conjuntamente, que o conteúdo da norma trata de assuntos relacionados ao funcionamento interno do MERCOSUL. Este entendimento será explicitado no texto da norma com a seguinte frase: "Esta norma (Diretiva, Resolução ou Decisão) não necessita ser incorporada ao ordenamento jurídico dos Estados Partes, por regulamentar aspectos da organização ou do funcionamento do MERCOSUL". Estas normas entrarão em vigor a partir de a sua aprovação. b) o conteúdo da norma estiver contemplado na legislação nacional do Estado Parte. Neste caso a Coordenação Nacional realizará a notificação

19

prevista no Artigo 40 (i) nos termos do Artigo 2 desta Resolução, indicando a norma nacional já existente que contenha o conteúdo na norma MERCOSUL em questão. Esta comunicação se realizará dentro do prazo previsto para a incorporação da norma. A SAM comunicará este fato aos demais Estados Partes.

Além disso, se um Estado-membro reputar que não será preciso utilizar um

ato formal de introdução para o emprego de uma norma oriunda do Mercosul em seu

território nacional, este tem que fazer uma notificação à Secretaria do Mercosul,

dentro do prazo estipulado para a introdução da norma, conforme art. 11 do CMC nº

20/02. Após a realização da notificação, a regra do Mercosul será reputada como

introduzida a ordem jurídica do respectivo Estado-membro.

4.2 AS NORMAS QUE DETERMINAM REGRAS DE CONDUTA

As normas que determinam regras de conduta aos Estados-membros e que

geram consequências no ordenamento interno são, por decorrência lógica,

subordinadas ao procedimento de introdução determinado pelo direito interno dos

Estados-membros.

O art. 42, do Protocolo de Ouro Preto estabelece que o direito oriundo do

Mercosul tem que, se preciso, ser introduzidos as ordens jurídicas nacionais através

dos procedimentos determinados pela lei de cada país. É de competência dos

Estados-membros a atividade de detectar quais as situações em que uma norma,

por seu caráter e teor, intenta introdução por determinados Estados-membros.

Sendo assim, no texto da norma tem que apresentar a seguinte citação, de acordo

com o Art. 12, de decisão CMC n. 20/02: “Esta norma apenas precisa ser

incorporada à ordem jurídica do (Estado membro). A incorporação ocorrerá até

(data)”. Com intuito de aprimorar o sistema de introdução da norma do Mercosul no

ordenamento jurídico nacional, a decisão CMC n. 20/02 estabelece ainda que o

projeto de norma do Mercosul, que ainda não estiver em vigor, será subordinado a

analises internas nos Estados-membros, com o objetivo de que estes possam, em

sessenta dias, corroborar sua adequação técnica e jurídica e determinar os

mecanismos e o prazo apropriado para sua introdução aos ordenamentos jurídicos

nacionais. Ao mencionar a respeito de um prazo para a introdução, a falta de sua

estipulação transforma o processo arbitrário, pois a morosidade do Estado na

20

adesão da norma interna já poderia ser considerada capaz de retardar o calendário

de validade da mesma (DECISÃO CMC n. 20/02)

Dessa forma, afirma-se que os Estados-membros têm uma dupla condição de

veto, onde a primeira ocorre no decorrer da adesão da norma, que deve ser

realizada através de procedimento de consenso e a segunda, ao introduzir no

ordenamento interno a regra oriunda do Mercosul em questão. Após encerradas as

análises internas e resolvido o texto definitivo da norma, poderá esta ser

subordinada ao órgão deliberativo do Mercosul, designando também os órgãos

internos dos Estados-membros competentes, os mecanismos e o prazo

imprescindível para garantir sua introdução. Depois que o órgão deliberativo

determinar sobre do texto da norma que precisa de introdução, a incorporação

poderá ser realizada somente depois da comunicação por escrito dos Estados-

membros ao aludido órgão, onde estes deverão esclarecer se há condições de

introduzir a norma através de ato do poder executivo ou por aprovação do

Congresso Nacional.

Da mesma forma que acontece na Europa comunitária, onde existe a

possibilidade de a norma oriunda a ser inserida tenha seu texto alterado pela medida

de internalização de um Estado-membro, ou seja, o decreto que introduz a norma do

Mercosul não reproduz seu teor, ocasionando certas alterações ao texto primário.

Sendo assim, o Estado-membro incorpora de forma incorreta a norma do Mercosul.

Esta situação tem ocorrido frequentemente, embora seja vedada pelo que determina

o Protocolo de Ouro Preto, onde é reiterada a obrigatoriedade das normas

empregadas na esfera do Mercosul, como também o art. 7, da decisão CMC n.º

20/02. Ademais, o art. 9, da decisão mencionada estabelece que quando várias

normas do Mercosul tenham que ser inseridas na ordem jurídica interna de um

Estado-membro através de atos de órgão interno competente, é viável a introdução

por um único ato interno.

Em relação às normas oriundas do Mercosul que não necessitam de outorga

legislativa, seguirão um trâmite estabelecido, determinado por seu anexo e pelo

ordenamento jurídico interno dos Estados-membros, de acordo com a decisão CMC

n. 22/04. No que diz respeito ao procedimento estabelecido pelo Mercosul, a

inserção deve acontecer no prazo de três meses, como bem determina o art. 1 da

mencionada decisão, onde anexo é denominado “Lineamientos para el

21

procedimiento de entrada en vigor de las normas MERCOSUR que no requieren

tratamiento legislativo” (MERCOSUR/CMC/DEC. Nº 22/04).

5 A LIMITAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA ESTATAL DEVIDO A EXIGÊNCIA DE

ENTRADA EM VIGOR SIMULTANEAMENTE

De acordo com a prescrição do direito do Mercosul, os Estado-membros e

especialmente, conforme o seu direito nacional, estabelecerão quais as normas que

devem seguir o procedimento de incorporação no ordenamento jurídico nacional. A

independência procedimental configura-se, dessa forma, restrita. O efeito é que as

normas oriundas do Mercosul, aderida pelos órgãos deliberativos, que não versem

somente da atividade interna do Mercosul, devem seguir um processo complexo de

inserção interna, onde o prazo é passível de divergência de acordo com o Estado-

membro.

Devido a discordância na entrada em vigor das normas do Mercosul, o

Protocolo de Ouro Preto (Decreto nº 1.901/96) determinou no art. 40, um

procedimento de entrada em simultânea das regras do Mercosul.

Artigo 40 A fim de garantir a vigência simultânea nos Estados Partes das normas emanadas dos órgãos do Mercosul previstos no Artigo 2 deste Protocolo, deverá ser observado o seguinte procedimento: i) uma vez aprovada a norma, os Estado Partes adotarão as medidas necessárias para a sua incorporação ao ordenamento jurídico nacional e comunicarão as mesmas à Secretaria Administrativa do Mercosul; ii) quando todos os Estados Partes tiverem informado sua incorporação aos respectivos ordenamentos jurídicos internos, a Secretaria Administrativa do Mercosul comunicará o fato a cada Estado Parte; iii) as normas entrarão em vigor simultaneamente nos Estados Partes 30 dias após a data da comunicação efetuada pela Secretaria Administrativa do Mercosul, nos termos do item anterior. Com esse objetivo, os Estados Partes, dentro do prazo acima, darão publicidade do início da vigência das referidas normas por intermédio de seus respectivos diários oficiais (BRASIL, 1996).

Determinando o processo para a norma entrar em vigor concomitantemente a

norma do Mercosul, o Protocolo de Ouro Preto afasta, mesmo que teoricamente

toda possibilidade de conceder aplicabilidade instantânea ao direito oriundo do bloco

nos ordenamentos jurídicos internos. Assim, os Estados devem seguir o

procedimento determinado, empregando as medidas indispensáveis para a inserção

da norma derivada, objetivando assegurar a vigência concomitantemente da norma

nos Estados-membros. Como a obrigatoriedade de introdução não representa regra

22

no direito da integração do Mercosul e sim o oposto, é factível afirmar que, havendo

dubiedade, reputa-se que a norma oriunda do Mercosul determina de aplicabilidade

instantânea.

As dubiedades que despontarem sobre a aplicabilidade instantânea de

determinadas normas que não necessitam de inserção foram referidas, de modo

contrário pela jurisprudência dos tribunais do Mercosul. Com base no IV laudo

arbitral do Tribunal Arbitral Ad Hoc do Mercosul (TAHM), o Tribunal assegurou que a

natureza intergovernamental dos órgãos deliberativos do Mercosul já era satisfatória

para afastar a aplicação direta e instantânea das normas oriundas dos Estados-

membros. De acordo com o TAHM, as consequências do direito comunitário –

soberania, efeito direto e aplicação instantânea– seriam vinculadas de forma direta

ao caráter da organização de incorporação, tanto a intergovernamental como a

supranacional. O Tribunal sustentou ainda que não haveria uma norma do Mercosul

ou de seus Estados-membros que permitisse a aplicação instantânea da norma

oriunda dos órgãos comuns. Ademais, afirma o Tribunal que a aplicação instantânea

normativa do Mercosul não seria coadunável com o sistema constitucional de

determinados Estados-membros (GLITZ,2010)

Esta justificativa reputa-se claramente contestável, conforme o direito oriundo

do Mercosul, a entrada em vigor concomitante das normas resultantes do bloco deve

seguir certas fases: (I) a introdução das normas aos ordenamentos jurídicos

internos, ocorrerá de acordo com a prática vigente nos Estados-membros; (II) todos

os Estados deverão comunicar a internalização da norma à Secretaria do Mercosul;

(III) após o recebimento da comunicação, a norma começará a vigorar em trinta dias

para todos os Estados, estes que por sua vez devem informar, através de

divulgação em jornais oficiais, a data que começa efetivamente a vigorar a norma.

Vale destacar que esta citada obrigatoriedade da publicação da data em que a lei

começa a vigorar até então não foi executada por nenhum Estado-membro

(ALMEIDA, 2010).

Conforme o determinado no art. 40 do Decreto nº 1.901/96, a falta de

informação de um Estado-membro a respeito da adesão de um procedimento de

introdução de norma à Secretaria, já é satisfatório para impossibilitar sua vigência.

Dessa forma, percebe-se que a comunicação acerca da introdução da norma é

procedimento imprescindível.

23

A CMC nº 22/04 determina um mecanismo próprio para as normas oriundas

do Mercosul que não precisam de outorga legislativa. Nessa situação, a

promulgação da norma em jornais oficiais tem que acontecer no prazo de quarenta e

cinco dias e não mais em trinta dias. Quando um Estado-membro não realizar os

procedimentos necessários para garantir a introdução de norma, este fato já torna a

norma inaplicável na esfera do Mercosul. É exatamente a promulgação da norma em

jornal oficial que dá a ela a vigência nos ordenamentos jurídicos internos.

O Mercosul não conseguiu efetivamente aplicar o dispositivo do art. 40 do

POP na Argentina, isso porque o direito derivado, depois de sua integração ao

direito nacional, apenas começa a viger a partir da data estabelecida pelo ato de

incorporação. Sendo assim, conforme Trindade (2007, p.172) há então a

inviabilidade de seguir efetivamente o estabelecido no art. 40, já que este preceitua

não somente a obrigatoriedade da entrada em vigor da norma oriunda do Mercosul

no âmbito nacional de um Estado-membro à sua integração nos ordenamentos

jurídicos internos, como também exige uma introdução dupla, onde a primeira teria

natureza suspensiva. Ademais, qualquer dessas condições teriam dificuldades em

serem admitidas pelo ordenamento brasileiro para promulgação e vigor da norma

internamente.

Na prática, o fato de necessitar esperar o comunicado da Secretaria para a

norma começar a vigorar institui, uma nova fase de adaptação que abrangeria, o

prazo de espera do comunicado, uma nova promulgação estipulando a data a partir

da qual a norma seria obrigatória. Conclui-se, assim, que o procedimento

determinado pelo artigo 40 do POP institui uma utopia jurídica nos Estados-

membros do Mercosul, levando em consideração que os métodos de inserção

nacional não prenunciam o procedimento da vigência concomitante, não havendo,

atualmente, procedimentos práticos que possibilitem esperar o comunicado da

Secretaria do Mercosul para que a norma comece a vigorar nos Estados-membros.

Dessa forma, acontece frequentemente situações onde uma norma inserida no

direito interno de um país e, assim, em vigor, não tenha utilidade nos demais, na

hipótese deste último não ter empregado os procedimentos necessários para sua

introdução ao direito nacional (ROCHA, 2014).

A realidade apresenta que a vigência de uma norma oriunda do Mercosul nos

Estados-membros só depende de sua adequada inserção ao direito nacional e não

da execução do procedimento determinado no artigo 40 do POP. Mesmo com as

24

dificuldades nacionais de cumprir o citado mecanismo, da mesma forma que a

adequação dos sistemas internos de incorporação, o método determinado no art. 40

do POP não representa uma conditio sine qua non de vigência das normas do

Mercosul (XAVIER,2010). Consequentemente, há um procedimento próprio no

conteúdo de cada norma do direito derivado sobre a sua entrada em vigor. Vários

exemplos corroboram a questão de que as normas do Mercosul geram condições

distintas para entra em vigência nos ordenamentos jurídicos internos ao estipular um

prazo peculiar para sua inserção às ordens jurídicas internas. Há, também a decisão

CMC nº 34/08, referente às “transações comerciais em moedas locais”, que

estabelecem um procedimento claramente distinto, apresentando uma efetiva

contradição aos dispositivos do Protocolo de Ouro Preto.

Assim, percebe-se que as normas mencionadas foram empregadas depois do

surgimento do Protocolo de Ouro Preto, afastando, dessa maneira, a definição de

vigência concomitante, que foi determinado a princípio pelo mesmo.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Integralizar para progredir consiste no ponto primordial da colaboração entre

os povos, entretanto o método e as condições jurídicas para isso dependem da base

cultural-formativo das sociedades.

O presente artigo não teve a intenção de exaurir todo o assunto, mas sim de

expor considerações acerca do processo de harmonização do direito nas relações

internacionais do Mercosul. Diante da temática proposta, tem-se que a

supranacionalidade fundamenta-se em requisito do Direito Comunitário, existente na

União Europeia, porém inexistente no Mercosul que designa-se intergovernamental.

Esse sistema adotado pelo Mercosul poderá formar-se de maneira mais eficiente por

meio do emprego da supranacionalidade, já que adotaria uma homogeneidade de

compreensão e aplicabilidade do Direito nos Estados-membros.

No que se refere ao Brasil, quanto a incorporação de normas, as normas

oriundas do Mercosul, já publicadas em jornais oficiais com a data de sua vigência,

são normas que não necessitam de autorização legislativa para serem empregadas

e gerarem consequências nos ordenamentos internos. Inicialmente um dos primeiros

obstáculos é em relação a outorga constitucional para a delegação de competências

para instituição de um órgão de caráter supranacional. Ademais, o Brasil já teria

25

definido, a questão da aplicabilidade da norma interna concomitantemente com a

norma externa, pois utilizaria todos os preceitos que conduzem e definem o Direito

Comunitário.

Desse modo, a real efetivação da integração dos Estados-membros do

Mercosul enfrenta alguns obstáculos a serem ultrapassados. É preciso que os

membros compreendam a necessidade de uma emenda constitucional,

principalmente, Brasil e Uruguai, que possibilite a transferência de poderes a órgãos

supraestatais, pois apenas dessa maneira o Mercosul poderá verdadeiramente

aproveitar os benefícios que uma real composição proporciona, com isonomia,

estabilidade, justiça e confiança.

REFLECTIONS ON THE PROCESS OF LAW MATCHING IN INTERNATIONAL

RELATIONS MERCOSUR

ABSTRACT

This article seeks to present the matching system of legislation in the Member States of Mercosur, taking into account its impact on the practice of international relations in the commercial, environmental, tax, political, among others. The purpose of constituting economic blocks is born from the need to satisfy the special interests that result from globalization, beyond the limits of national states and the formation of large economic spaces for competition between countries. It is noteworthy that this event had no impact only in the States but also in companies began to realize mergers and mega-mergers as a means to meet and survive in the world market. Thus, the economic globalization is, in principle, a fact of no return which impacts not only in economic and social order, but also the legal is essential to analyze the harmonization of laws for legal certainty and the reduction of differences that exist between legal systems, in addition to exposing the relationship of Community rules of Mercosur and its Member States, since there is no primacy over these national standards, with emphasis on the Brazilian legal system. MERCOSUR only be turned into a real "common market" after made the necessary and indispensable constitutional and structural changes in five Member States, which will enable the life of a common law between them. Keywords: Mercosur. International Relations. Legislative Harmonization.

26

REFERÊNCIAS

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28

XAVIER, Alberto. Direito tributário internacional do Brasil. Rio de Janeiro: Forense, 2010.

29

F362r Fernandes Thiago Palmeira. Reflexões sobre o processo de harmonização do direito nas relações

internacionais do Mercosul l. / Thiago Palmeira Fernandes. – Cabedelo, 2016.

28f. Orientador: Profº. Dr. Antônio Germano Ramalho. Artigo Científico (Graduação em Direito).Faculdades de Ensino Superior

da Paraíba – FESP

1. Mercosul. 2. Relações Internacionais. 3. Harmonização Legislativa.

I. Título

BC/Fesp CDU: 341.9 (043)