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entre as tematicas desenvolvimento rural, ,u,;te"tabilidade e ordenamento territorialtraz uma multidimensional e interdisciplinar sobre que permitem novas formas de reflexao sobre os do desenvolvimento levando em conta a da sustentabilidade nei senti do mais amplo do bem como do ordenamento territorial como inclusiva e de racional da , oc:iedlade, Estas tematicas sao objeto de estudo central muitos,dos pesquisadores que assinam os artigos compiiem este volume, Ao trazer abordagens destas tematicas, a procura 'st i,mu·lar a com 0 proposito de !XE,lor'aciio e da dos ion,hecilt,entos que, se tomados separadamente"nao sao i ap,aZl!s de abarcar a logica das suas forma, ainda que relacionados a realidade fisi, ca e tecnica de Brasil, Espanha e os traba,lhos apresentados nessa ,bl)rdam remas que ultrapassam fronteiras nacionais, a " que focalizam questiies amplas e abrangentes iehnil)nclda,s as formas de organizalao do uso,da terra referencia para 0 desenvolvimento sustentavel. DESE VO-LV' IMENTO RURAL, S US T NTABILIDADE E O RD AMENTO TERRITORIAL

DESE VO-LV'IMENTO RURAL, SUST NTABILIDADE E ORD … · Desenvolvi mento rural, ... ao de ecossistemas e paisagens. ... Trata-se de um conceito Simples e intuitivo mas com implicac;6es

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articula~aa entre as tematicas desenvolvimento rural,

, u,;te"tabilidade e ordenamento territorialtraz uma

&bl~rdlaqem multidimensional e interdisciplinar sobre

que permitem novas formas de reflexao sobre os

~an'inl'os do desenvolvimento levando em conta a

~ u,!stiio da sustentabilidade nei senti do mais amplo do

bem como do ordenamento territorial como

~strategiia inclusiva e de organiza~ao racional da

,oc:iedlade, Estas tematicas sao objeto de estudo central

muitos,dos pesquisadores que assinam os artigos

compiiem este volume, Ao trazer abordagens

lnt,erc,on<!ctlld~,s destas tematicas, a publica~ao procura

' st i,mu·lar a sistematiza~ao com 0 proposito de

!XE,lor'aciio e apropria~ao da combina~ao dos

ion,hecilt,entos que, se tomados separadamente"nao sao

iap,aZl!s de abarcar a logica das suas inter-rela~iies,

forma, ainda que relacionados a realidade

,ocioe,co"o~nic,a, fisi,ca e tecnica de Brasil, Espanha e

~or'tuclal. os traba,lhos apresentados nessa edi~ao

, bl)rdam remas que ultrapassam fronteiras nacionais, a "

que focalizam questiies amplas e abrangentes

iehnil)nclda,s as formas de organizalao do uso,da terra

referencia para 0 desenvolvimento sustentavel.

DESE VO-LV'IMENTO RURAL, SUST NTABILIDADE E ORD AMENTO TERRITORIAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VJ(;OSA

Reitara: Nilda de Fatima Ferrei ra Soares

CE NTRO DE CIEN CIAS AG RARIAS

Diretor: Sergio H. Brommonschenkel

DEPARTAME NTO DE ECONOMIA RURAL

Chefe: Bricio dos Sa ntos Reis

© 2011, Programa de Pos-G radua,ao em Extensao Rural

Universidade Federa l de Vi~osa

Impressao:

Grafica Suprema

Tiragem: 1.000 exemplares

Capa, projeto grilfico e diag ra ma~ao;

Carlos Joaquim Einloft

Pedidos:

www.assentamentos.com.br

Ficha cataJografica pre parada peJa Se~ao de CataJoga~ao

e Classifica~ao da Biblioteca Central da UFV

Desenvolvi mento rura l, sustentabilidade e ordenamento territoria l /Jose Ambrosio Ferreira Neto, Carlos Joaqu im Einloft, Renata Luiz Gon<;al­ves. - Visconde do Rio Branco, MG: Suprema, 2011.

284p. ; 23cm .

Inclui bibliografia.

ISBN: 978.85.60249.99-2

1. Desenvo lvimento rural. 2. RecurSDS natura is. 3. Sistemas de infor­

ma~ao geografica. I. Ferreira Neto, Jose Ambrosio, 1963-. II Einloft, Carlos

Joaquim, 1974-. III. Gon~a lves, Renato Lu iz, 1981-. IV. Un iversidade Fede­

ral de Vic;osa. Departamento de Economia Rura l.

COD 22. ed. 307.1412

lODOS as DIREITOS RESERVADOS E proibida a reprodu!;.3o, total ou parcial, de qualquer forma ou

por qualquer meio. A vio la~ao dos direitos do au tor (Lei n!! 9.610/98) e crime estabelecido pelo art. 184 do C6digo Penal.

Desenvolvlmen to rural, Sustentabilidade e Ordenamento territorial

Dinamica e servi~os da paisagem no Nordeste de Portugal

RESUMO

Joao C. Azevedo

Joao P. Castro

Helena Pinheiro

Cesa r Moreira

Simone Magalhaes

Carlos Loureiro

Paulo M. Fernand es

Neste trabalho sao abordados as se rv i ~os de ecossistema relevantes a escala da pai­

sagem num contexto de tra nsformac;ao do territ6r io. 0 principa l objetivo e avaliar as

efeitos potenciais das aJterac;oes da paisagem no servic;o de regulac;ao de pe rturbac;oes

(fogo) proporc ionado pel 05 sistemas ecolagicos na regiao do Nordeste de Portugal (Tras­

os-Montes). Discute-se a co nceito de se rvic;o de ecoss istema explorando as aspetos que

mais co ntribu iram pa ra a popul arizac;aa desta abordagem e para a sua aplicaC;ao em

politicas e prilticas de gestao e conservac;ao de ecoss istemas e paisagens. Sao desta­

cados os servic;os cujo enquadramento e exclusivo au apenas integralmente abordavel

a escala da paisagem, aqui designados par servic;os de paisagem, nomeadamente as

servic;os de regu lac;ao do fogo. Descrevem-se os processos de alterac;ao da paisagem em

curso na regiao do Nordeste de Portugal com base nos casas das freguesias de Franc;a e

Deilao onde nos ultimos 50 anos se verifica u uma reduc;ao acentuada da area agricola

e uma expansao das areas fio restai s, em bora com efeitos opostos na estrutura dessas

paisagens. Anal isa-se, neste contexto, a forma como estas a ltera~6es afetam a regulac;ao

do fogo com base em resultados de t rabalhos de modelac;ao e sirnu lac;ao do comporta­

menta do fogo conduzidos nas mesmas freguesias. Verificou-se que a pa isagem tende

a acumular e a aumentar a conti nuidade espacial de combustivel ao longo do tempo a

que e correspond ida pel a aumento do ri sco de incendio na paisagem, favo recendo a

ocorrencia de fogos de maior intens idade em areas ma is extensas. No fi nal, discute-se a

pape l da gestio em pa isagens cultu ra is em rapida t ra nsforma<;aa e no fornecimento de

servic;os, nomeadamente de paisagem.

1. INTRODU<;:AO

Servic;os de ecossistema sa o os benefic ios que as socied ades obtem dos ecoss istemas

atraves de fun~6es ou processos parti cu lares a eles associ ados (Costanza et aI., 1997;

Hassan et al., 2005). Trata-se de um conceito Simp les e intuitivo mas com imp licac;6es

signi ficativas na abordagem aos sistemas naturais e sem i-naturals e na definic;ao de poli­

ti cas ambientais, de gestao de recursos, conservac;ao da biodiversidade e ordenamento ~';-;;,;.---------------------

158

Dmamica e servl~os da paisagem no Nordeste de Portuga l

do territaria (de Groot, 1987). A ideia de servi,o (bens e servi,os, nalguma tipologias)

esta intima mente ligada ao conceito de valor e essa e, efetivamente, a origem e a jus­

ti ficac;ao para a seu desenvolvimento. Os serv i~os de ecossistema tem a sua origem na

economia eco logica, ambiental ou dos recursos natu ra is onde a va lorat;,:ao da natureza

(e dos seus servi~os) e urn componente central. 0 co nce ito de se rvic;a de ecassistema

desenvolve-se a parti r de meados dos anos 60 com urn cresci menta exponencial nas

decadas mais recen tes (de Groot et aI., 2002). Em 1997 foi apresentada uma estimanva

do valor e do capital natural dos ecossistemas a esca la mundial (Costanza et aI., 1997) e

multi plicam-se esfor~os para a avaliac;ao, va lo ra~ao e mon itoriza<;ao de urn numero cres­

cente de servic;os e dos ecossistemas que os gera m (Pe reira et aI., 2009) . A abordagem

aoS ecossistemas basea da nos se us servic;os tern atu al mente como proposito principa l a

con duc;ao de analises economicas comparativas au outras.

A classificaC;ao dos servic;os tem como papel fac ilitar a valorac;ao e monito riza~ao dos

ecossistemas com base na discretizac;ao das fu nc;6es e processos particulares dos ecos­

sistemas que, indlvidualmente au em conj unro, sao responsaveis pela oferta de bens

ou se rvi~os. Costanza et al. (1997) util izou na sua anal ise de va lor e capital natura l dos

ecossistemas uma ti pologia si mplifi cada de bens e servic;os com base em 17 fu n~6es . de

Groot et al. (2002) expandiu 0 numero de fu nc;5es para 23, repa rtidas par 4 classes: re­

gulac;ao, hab itat, produc;ao e informac;ao. Os servic;os resultam de processos eco16gicos

e componentes particulares dos ecossistemas, classificados de acordo com fu n~6es. A

tipologia do M illenium Ecosystem Assessment (MEA) e, porem a mais genera lizada. Nes­

ta, os servic;os de ecossistema sao organ izados em servic;os de suporte, de prod w;ao e de

regu l a~ao e ainda se rvi~os culturais (Hassan et aI., 200S; Pereira et aI., 2009). Os se rvic;os

de su porte dizem respe ita aos se rvic;os dos ecossistemas necessa rios a oferta dos res tan­

tes se rvic;os e incluem processos base como a form ac;ao de so lo, ci rculac;:ao de nutrien­

tes e suporte de biodiversidade, entre outros. Os servic;os de produc;ao di zem respeito

a produc;ao de bens como al imentos, agua, madeira, lenha, fibras, cogumelos, plantas

med ici nais ou outros. Os servic;os de regu lac;ao incluem as beneficios resultantes dos

processos de regulac;ao desempenhados pelos ecossistemas, nomeadamente da com­

posi<;ao da atmosfera, do clima, da qual idade e regularidade da agua, de perturba,6es

e ca tastrofes, entre outros. Os servic;os cu Jtu rais sao os benefic ios nao materiais obtidos

dos ecossistemas in cl uindo atividades de recreio e ed u ca~ao bem como de apreciaC;ao

estetica e emocionais proporcionadas par esses ecossistemas.

Uma abordagem aos sistemas naturais e semi-natu ra is tendo como base os servic;os

ce ecossistema apresenta uma serie de vantagens em relac;ao a outras, sobre tudo de

ordem pratica, que pe rmitem explicar 0 sucesso do usa destes se rvi~os em va l o ra~ao,

gestao e mon itor izac;ao dos ecossis temas. Em prime iro lugar, pe rmite atribu ir va lor aos

ecossistemas e aos seus servic;os. Qualque r ecoss isterna, mesmo nao produzindo bens

com va lor de mercado, tern va lor que res ulta do valor dos servic;os que proporciona. Essa

definic;ao e fe ita com base nas necessidades e expectativas das sociedades humanas e

nao em conceitos exotericos, ambiguos e de difici l concec;ao pDr parte da sociedade em

159

-Desenvolvimento rural. Sustentabili dade e Ord enamento territorial

geral mas tambem de decisores, planeadores e gestores de recursos naturais. E urn con­

ceito totalmente antropocentrico e por isso fac ilmente compreens fve l pela sociedade 0

que faci li ta a comunicac;ao entre decisores, gestores, produtores e utilizadores dcs servi­

<;:05, melhora ndo 0 re lacionamento entre ambos, 0 que e decisivo para a implementat;ao

de programas de gestao sustentavel dcs recursos. Dutra consequencia relevante resul ta

do facto de tal abordagem pressupor uma concer;ao e analise holfstica dcs ecossistemas

de acordo com a qual as beneficios obtidos pelas sociedades dependern da existencia

do ecossistema como urn todD (superior a soma das partes que 0 comp6e) e do qual

nao podem ser dissociados, apesar de, para efeitos de analise, se recor rer a disseca!,;ao

de fun~6es, processos e servit;:os. Oessa forma, torna-se mais natural e, eventualmente,

mais efetivo, suportar em termos eticos, socials e econo micos a gestao sustentada dos

ecossistemas e a conservac;:ao da biod iversidade. Torna tambem mais concreta a avalia­

~ao do estado dos ecossistemas e dos efeitos da sua degrada~ao nas sociedades a partir

dos servi~os prestados e do seu valor. Os serv i~os de ecossistema sao atualmente uma

area de investiga~ao e desenvolvimento em rapida expansao e a adesao aos conceitos

e processos de avalia~ao dos servi!,;os (Millenium Ecosystem Assessment, por exemplo)

por parte tanto da comunidade cientifi ca, como das QNGs, das instituir;6es governamen­

tais e da industria (f1orestat nomeadamente) tern side massiva.

2. SERV I<;:OS DE PAISAGEM - 0 CASO DA REGUlA<;:AO DO FOGO

A escala da pa isagem esta frequentemente presente na conceptualiza~ao de servir;os

de ecossistema. Determinadas funr;6es e processos responsaveis pela oferta de servir;os

particu lares sao apenas concebfveis considerando uma escala espacial mais ampla e ter­

ritorios ecologicamente heterogeneos. Urn caso evidente e 0 do servir;o cu ltural de apre­

cia~ao estetica de uma paisagem que depende de uma area consideravel e heterogenea,

pelo menos em relac;:ao a um fator ambiental, para a sua oferta. Os processos e servh;:os

hidralegicos Ipor exemplo, pradu,ao de agua, regula,ao da qualidade e da regularidade

da agua e conservat;ao do solo) sao abordados necessa ria mente a escala do ecossistema

mas sao apenas integralmente explicados e, por conseguinte, tratados como servic;:os, con­

siderando 0 resu ltado desses processos ao nfvel de bacias hidrograficas, de var ias ordens,

onde habitual mente varios ecossistemas interagem. Qutros servic;:os de ecossistema que

dependem da escala da paisagem sao os servic;:os de regula!,;ao de perturbac;:oes. Embora

os processos responsaveis pela regulat;:ao de perturbac;:6es possam ser analisados a escala

do ecossistema, eles dependem de processos que ocorrem a escalas espaciais mais am­

plas que inc!uem areas heterogeneas, habitu al mente designadas par paisagens (Forman,

1995). Par esse motiv~, a esca la da paisagem e essen cia I para abordar a regulat;:ao de pro­

cessos como cheias, pragas florestais ou fogo (Coulson and Tchakerian, 2011).

Apesa r da esca la e do conceito de paisagem estarem presentes na ana lise dos servi­

c;:os de ecossistema, eta raramente e considerada de forma implfcita . Algumas excec;:6es

recent es tem vindo a destaca r a papel das paisagens enquanto sistemas na abordagem

160

DiniHntca e servi<;os dJ paisagem no Nordest e de Portugal

de processos, funt;:6es, servit;:os e valor. A paisagem e a entidade natural de integrac;:ao

de aspetos biofisicos e socioeconomicos e, por esse motiv~, a sistema a considerar em

planeamento e gestao do territer io IMatthews and Selman, 2006; Selman et aI., 2006;

5wanwick, 2009). A paisagem apresenta condi t;:6es para assegurar 0 papel de conceito/

esca!a uniftcadora de interesses de especial istas de d iversas areas cientiftcas e proprie­

tarios e/ou uti lizadores na definic;:ao de cenarios e politicas de desenvolvimento multi ­

funeional a eseala loeallTermorshuizen and Opdam, 2009; Willemen et aI., 2010).

Considera -se frequentemente que a paisagem tem um papel determinante na regu ­

la,ao do regime do fogo, prestando dessa forma um servi,o Ibenefieio) a comunidade

Ide Guenn i et aI., 2005). A dimensao da s areas cons umidas par urn fogo, a periodieida­

de com que ocorre e a sua intensidade (Iibertac;:ao de energia) ou severidade (impacto

ecologico) deftnem a reg ime do fogo. 0 regime do fogo, e por conseguinte a sua regu­

la~ao, esta relacionado com a combustibilidade de cada ecossistema particular, funt;:ao

da carga e arranjo estrutural do combustivel, mas em grande medida com a composic;:ao

(tipos e proport;:6es dos ecossistemas presentes) e configurac;:ao da paisagem (numeros,

dimensoes, formas e arranjo espacial desses ecossistemas) que afetam a comportamen­

to espacial do fogo. Q efeito da estrutura da paisagem no fogo e tao importante que a

modelac;:ao do seu comportamento considera necessaria mente esta perspetiva (FARSITE

e FlamMap, por exemplo; ver detalhes ad iante). 0 fogo, por seu lado, altera a eompo­

si,ao e configura,ao da paisagem IViedma et aI., 2006; Moreira et aI., 2011) . Paisagens

humanizadas (culturais) apresentam um padrao espadal de usos do solo muito diversi­

fi cado e de baixa resolut;:ao que cond iciona a progressao do fogo (Figura 1). Por outro

lado, paisagens cultura is sao caracter izadas par elevados numeros de ign ic;:6es. Contudo,

a dimensao das areas ardidas e frequentemente pequena, em media, dadas as condi ­

~5es da paisagem para a ocorrencia de fogos de grande escala serem limitadas.

Alterac;::6es na paisagem podem resultar na modificac;:ao do regime de fogo com efei ­

tos nos servic;:os prestados (Moreira et ai., 2011) . As alterac;:6es em curso nas paisagens

de regi6es de montanha em Portugal tem efeitos potencia is nesses servil.;os, nomeada­

mente ao nivel da biodiversidade, do valor cenico da paisagem e da regulal.;ao de per­

turba,6es IAguiar et aI. , 2009). 0 servi,o de regu la,ao do fogo podera ser severa mente

afetado nessas pa isagens. Considerando, adicionalmente, os efeitos potenciais das al­

tera,6es climaticas Imodifica,6es nos padr6es de precipita,ao e de temperatura), as

transforma<;oes do uso e coberto do solo em curso poderao ter efeitos muito re levantes

neste servi,o Ide Guenni et aI., 2005).

3_ AlTE RA<;:AO DA PAISAG EM EM TRAs-oS-M ONTES

Na reg iao do Nordeste Transmontano, que corresponde, grosse modo, ao distrito de

Braganc;::a, tem-se observado varios epis6dios de emigrac;:ao desde a inicio do Seculo xx.

Emigra c;:ao massiva para 0 Brasil entre 1900 e 1930 e para Franc;::a nos finais dos anos 50,

a par de migrac;::6es para as ex-col6nias portuguesas em Africa, causa ram uma redU(;ao

161

Desenvo lvimento rural, Su stentabil idade e Ordenamento terri t or ial

Figura 1. Em pa isagens rurais a complexidade do padrao e da dinamica interna afetam 0 comportamento do fogo e 0 seu regime. Sao Juliao de Palacios, Bragan~a, Portugal.

significativa na popular;ao local, principalmente entre as gerar;6es maisjovens. As causas

deste abandono sao diversas estando geralmente associadas ao subdesenvolvimento

desta regiao do interior, a insustentabilidade do aumento da popular;ao desde finais do

seculo XIX conducente a redur;ao da produtividade e degradar;ao dos sistemas natura is

(Aguiar et aI., 2009) e ao apelo das economias em rapido crescimento do Novo Mundo

e do Velho Continente no pas-guerra. Eventos como a f1orestar;ao dos baldios 1 a partir

dos anos 30 terao acelerado estes processos demograficos. A escassez de solos agr fcolas

de qualidade, 0 acidentado do terreno e os reduzidos perfodos de crescimento das cul­

turas derivados do clima impediram a industrializar;ao da agricultura contribuindo para

o despovoamento da regiao. Mais recentemente, fluxos internos para 0 litoral, onde se

situam as principais centros urbanos, industriais e comerciais do pais, e do meio rural

para os centros urbanos da regiao, onde a oferta de trabalho e condir;6es de vida e, ape­

sar de limitada, maior, aceleraram a processo geral de abandono.

No infcio do Seculo XXI os indices demograticos apontam para uma muito reduzida

densidade populacional e elevado envelhecimento das popular;6es rurais residen tes no

Nordeste (INE, 2011). Ao despovoamento correspondeu 0 abandono da atividade agr;-

1 Baldios sao areas comunitarias geridas localmente e com expressao significativa nas montanhas do Norte de

Portugal. 'i';4~."': ----------------------

162

Dinamica e servi~os da paisagem no Nordeste de Portugal

cola, com infcio nas areas marginais, e a substituic;ao das culturas temporarias por cultu­

ras permanentes. Estas alterac;6es, com efeitos ma is marcados na paisagem nos ultimos

60 anos, afetam 0 seu padrao e funcionamento com efeitos potenciais sabre os servir;os

de ecossistema e paisagem.

A evoluc;ao da paisagem na regiao do Nordeste de Portuga l encontra-se estudada de

forma detalhada nas fregues ias de Fran,a (Moreira et aI., 2008; Azevedo et aI., 2011)

e Deilao (Moreira et aI. , 2008; Pinheiro, 2009; Magalhaes, 2011; Pi nheiro et aI., 2011)

(Figura 2). Fran,a (5700ha) e uma fregues ia tipicamente de montanha com vastas areas

a elevada altitude (acima de 1000m; maximo 1481m) e vales profundos e encaixados.

A precipitac;ao med ia anual e superior a 1200mm (maximo 1600mm) e a temperatura

media anual infe rior a 8QC. Nesta freguesia dominam as cond ic;6es bioftsicas do macic;o

montanhoso da Serra de Montesinho, fortemente condicionantes da atividade agrfcola

(solos escassos e dispersos, relevo compJexo, condic;6es cl imaticas extremas e perfodo

de crescimento vegetativo muito curto). A populaC;ao, repartida par 3 nucleos urbanos, e

de 239 habitantes (4.2 hab./km ' ) (INE, 2011). Esta fregues ia tem vindo a perder popu la­

,ao desde 1960 quando registava 834 residentes. Na ultima decada (2001-2011) perdeu

36 habitantes (13%) (INE, 2011) .

A freguesia de Deilao (4200ha) loca liza-se numa regiao planaltica entre os 600 e os

900m (maximo 958m) de altitude de relevo ondu lado intercalado par vales encaixados.

A precipitar;ao media anual e de 732m m e a temperatura media anual de 12,2°C. Em

Deilao as condic;6es do relevo, dos solos e do clima sao menDs extremas que em Franc;a,

apesar de marcadamente continenta is . Nos tres nucleos urbanos que constituem a fre­

guesia, residem 168 habitantes (4 hab./km2). menos 51 hab itantes que em 2001 (23%)

(INE, 2011). As duas freguesias integram 0 Parque Natu ra l de Montesinho (PNM) e a

Rede Natura 2000 (Uniao Europeia) (Figura 2).

"

Freguesia de Fran~a

\

, o

Freguesia de Deiliio

" / " J\

Figura 2. Localiza~ao das freguesias de Fran~a e Deilao em Portugal. A area sombreada representa 0 Sitio Montesinho/Nogueira (PTCON0002) da Rede Natura 2000.

163

--Desenvolv imento rural, Sustentabilidade e Qrdenamento terr itoria l

o estuda das altera,6es do usa do solo entre 1958 e 2005/06, com base em fa ­

tointerpreta!,;ao de fotografia aerea historica e atual, revelou altera~5e5 significativas

na composic;ao e configurac;ao da paisagem destas freguesias. Observou-se em ambos

as cases urn decrescimo acentuado da area agricola no perfodo em estudo (Figura

3). Em Fran,a esta classe passou de 1174ha (22% da fregues ia) em 1958 pa ra 260ha

(5%) em 2005 (redu,ao de 77%). A estas altera,6es corresponde uma taxa de aban­

dono de 19,5ha/ano. Em Deilao a area agricola decresceu de 2228ha (53% da area da

freguesia) pa ra 1525ha (37%) no mesmo periodo (redu,ao de 32%; 14,6 ha/ano) . As

fiarestas aumentaram de expressao. No casa de Fran,a, de 741ha (14% da freguesia)

em 1958 para 1118ha (21%) em 2005 e em Deilao de 33ha em 1958 para 1354ha em

2006 (32% da area da freguesia) apesar de se ter observado urn maximo absoluto em

1992 com 1635ha de floresta. As areas de mates aumentaram ligeiramente em Fran!,;a

(de 47% para 52.5% da freguesia) e decresceram de forma marcada em Deilao (46%

para 30%).

Em Fran<;a houve urna te ndencia para a substitui<;ao das areas agrfcolas par mates

nurn curto es pa<;o de tempo. As flore stac;oes fcram feitas sobretudo em areas de matos

exceto no perlodo mais recente em que ocuparam tam bem areas agricolas. Transi~oes

entre areas de matos e f10resta foram muito irregulares devido a ocorrencia de fogos e

posterior refloresta~ao. Em Deilao as areas agricolas abandonadas foram ocupadas por

matos au par florestas. As florestas expandiram-se, no entanta, sabretudo a custa das

areas de matos. As flaresta<;:oes na area tiveram lugar principalmente entre 1980 e 1992

e entre 1992 e 2006.

As propor<;:6es das grandes classes de usa e coberto do solo na paisagem variaram

de forma distinta nas duas freguesias. Em Fran<;:a, a paisagem fai dominada por mates

desde 0 infcio do periodo em analise veriftcando-se mesmo um refor~o no final desse pe­

riodo. Com a quase desaparecimento da agricultura e aumento das f1orestas, a pa isagem

e atualmente ocupada sobretudo par areas de matas e florestas que representam urn

tota l de 73% da area da freguesia. No caso de Deilao, a desequilibrio verificado em 1958

foi anulado observando-se em 2006 urn equi libria das tres principais classes (F igura 3).

A analise da configura~ao baseada em metricas (Tabela 1) indica uma redu<;:aa da

heterageneidade da paisagem em Fra n-;a e urn aumento em Deilao ao lango do periodo

estudado. Em Fran~a decresceu 0 numero de manchas e a metrica LP! (percenta gem da

paisagem ocupada pela mancha de maior dimensao entre tadas as classes de uso do

solo). As metricas de or la e forma das manchas apresentaram va\ores iniclais e finais

praticamente iguais apesar da forte varia<;:ao observada entre 1958 e 1993, periodo de

marcada transi<;:ao de areas agricolas para matos. A diversidade e equitabilidade de­

cresceram. Metricas calculadas ao nivel das classes individuais (nao apresentadas neste

trabalho) indicaram que fiorestas e areas de matos se tornaram mais agregadas criando

menos unidades mas de maior dimensao enquanto as areas de agricultura se tornaram

muito fragmentadas e localizadas nas proximidades de areas urbanas e solos mais fe- rteis

(Azevedo et aI., 2011). 1;r~;;.;r. - ------ - --- - ------ - - --

164

Dinamica e servi1;os da paisagem no Nordeste de Portugal

60

• • • SO

• •

40 Franl;a

~ - ..... - Area Agricola

• 30 e • Area de Malos

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1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

Ano

Figura 3. Va ria(,:ao das prineipais classes de uso/ coberto do solo entre 1958 e 2005/ 6 nas freguesias de Franr;a e Deilao. Adaptado de Azevedo et al. (2011) e Pinheiro (2009) .

Em Deilao abservou-se um au mente nos indices de diversidade e equitabilidade

(Tabela 1). Observou-se tambem urn aumento acentuado do numero de manchas, da

extensao de arias e a dimjnui~ao de LPI. As areas floresta l e de matos aumentaram em

nurnero de manchas enquanta que na area agricola se registou urn dirninui-;ao. Aumen­

tou ainda a area media das manchas e as orlas da classe floresta l diminuindo no caso da

classe agricola e matos. 0 Indice LPI decresceu acentuadam ente na area agricola e de

matos e aumentou na area de floresta.

As altera<;:6es registadas em Fran<;:a estao em concordancia com as tend€mcias ob­

servadas noutras partes da Europa (Zomeni et aI., 2008). Par seu lado, as altera,6es

165

po

Desenvolvtmeoto rural, Suste nlabilidade e Ordena mento terri to rial

em curso em Dei lao tern sido observadas em pa isagens inicialmente simplificadas par

dominancia da atividade agricola (Aranzabal et aI. , 2008).

4. EFEITOS DA AlTERA<;:AO DA PAISAGEM NOS SE RVI<;:OS DE REG U­l A<;:AO DO FOGO

o se rv i ~o de regulac,:ao de perturbac;5es como 0 fogo e essencialmente urn servic;o da

paisage m. A al te rac;ao da composic,:ao e configura c;ao da paisa gem, atraves da alterac;ao de

condi c;oes de combustibilidade das unidades que a comp5e e das re lar;,:5es espaciais entre

essas unidades, afeta 0 comportamento do fogo . as efe itos da alterac;ao da paisagem no

com portamento potencial do fogo fcram estudados nas freguesias de Franc;a (Azevedo et

aI., 2011) e Deilao (Magalh aes, 2011) com recurso a modela,ao e simula,ao com base nas

cond i,oes do coberto vegetal nas duas areas entre 1958 e 2005/06. Fixando as parame­

tros meteoro16gicos e do terreno entre datas foi possivel avaliar 0 efeito da alterac;:a o da

composil;ao e configural;ao da paisagem na dimensao das areas ardidas e na intensidade

potencia l do fogo ao longo do periodo no qual se estudaram as alteral;oes na paisagem.

Ta bela 1. Metricas da paisagem avali adas entre 1958 e 2005/6 pa ra as freguesias de Fra n~a e Deilao com base numa cla ss ifica~ao generica do uso e coberto do solo. Metricas caJculadas com FRAGSTATS (McGariga l and Marks, 1995). Adaptado de Azevedo et al. (2011) e Pinheiro (2009).

Ano 1958 1968 1978 1992-3 2005·6

Freguesia de Franr;a

Numero de M anchas (numero) 835 905 754 765 751

LPI (%) 23,9 14,6 19,1 14,9 15,7

Densidade de a rias (m/ lOOhaJ 166,1 170,3 168,3 164,5 166,6

rndice de Forma (sem unidades ) 30,4 31,2 30,8 30,1 30,5

indice de Diversidade de Shannon (s/ unidadesJ 1,3509 1,3477 1,3256 1,3662 1,3364

rndice de Diversidade de Simpson (s/unidades) 0,6880 0,6864 0,6607 0.6550 0,6551

indice de Equitabilidade de Shannon (s/unidades) 0,7540 0,7522 0,7398 0,7021 0,6868

indice de Equitabi lidade de Simpson (s/unidad es ) 0,8256 0,8237 0,7929 0,7770 0,7643

Freguesia de Oeilao

Numero de M anchas (mimero) 56 99 106 146 131

lPII%) 48,9 39,4 32,1 26.6 24,7

Densidade de Orlas (m/lOOha) 67,6 68,4 n ,5 76,3 73,3

Ind ice de Forma (s/un idades) 10,9 12,5 13,4 13,9 13,3

ind ice de Diversi dade de Shannon (s/unidades) 0,7512 0,9845 1,097 1,0997 1,1237

indice de Dive rsidade de Simpson (s/unidades) 0,5085 0,5948 0,6533 0,6544 0,6682

indice de Equ itabi lidade de Shannon (s/unidadesJ 0,5419 0,7101 0,7913 0,7933 0,8106

indice de Equitabili dade de Simpson (s/unidades) 0,678 0,7931 0,8711 0,8725 0,8909

LPI: percentagem da area ocupada pela mancha de maior dimensao. fndice de forma uti lizado: l SI (McGa-rigal and Marks, 1995).

166

Dinamica e se rvi~os da paisagem no Nordeste de Portugal

Azevedo et al. (2011) utiliza ram como ferramentas de modela,:;o FARSITE e FlamMap

enquanto Magalhaes (2011) utilizou FlamMap. FlamMap 3.0 (Finney, 2006) permitiu anali­

sar espacialmente 0 comportamento potencial do fogo na totalidade da area de estudo em

cada uma das datas em consideral;ao, produzindo mapas de intensidade da frente de fogo,

velocidade de propaga,ao au comprim ento da chama. FARSITE (Finney, 1998) permitiu si­

mular de forma espacia lmente explicita a progressao do fogo no terreno a partir de ignic;6es

num conjunto de locais selecionados ao acaso e em perfodos de tempo determinados.

Os resultados de FlamMap indicaram que, ao lango do periodo analisado, as areas

de Perigo de Incendio mais elevado (EXTREMO: Intensid ade da Frente de Fogo>10000

kW/ m) aumentaram consideravelmente nas duas freguesias (Figura 4). No entanto, em

Franc;a este aumento foi ma is pronuncia do. Para alem do aumento da area total desta

""" """ I """ """

_ 1500 t

"""

~ it 7-

£

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i '""I 'L '""

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J 'I , ~

"'" ,~ , l D7S 1993 '"'' "'" ,- "'" ,~,

"'" '"' '"' • EXTREMa • ElEVAOO _ MOOERAOO SAI)(Q 0

Figura 4. Area (ha) por cia sse ~e Perigo de Incendio com base na Intensidade da Frente de Fogo (IFF) ent re 1958 e. 2005/2006 nas f~~gues las de Fra~-;a (E squerdaJ e Deilao (Di rei ta ). Resu ltados de simula-;oes em FAR. SITE (Finney, 1998) dasslficados nas segUintes Classes de Perigo de Incendio (Alexander and l anoville, 1989): BAIXO · IFF < 500kW/m; MODERADO - IFF de 500 a 2000 kW/m; ELEVADa· IFF de 2000 a 10000kW/m ' EX-TREMa · IFF >10000 kW/ m. '

" .. "" 1993 "'"

• EXTREMO

-ElEVADO

_ MOOERAOO

_ BAI XO

o

Figura 5. Area media (hal por cl asse de Perigo de Incendio com base na Intensidade da Frente de Fogo (I FF) entre 1958 e. 2005/2006 nas freguesias de Fra n ~a. Resultados de simular;5es em FARSITE (Finney, 1998) . Ver legenda da Figura 4 para detalhes sobre a cJass ifica~ao utilizada.

167

Desenvolvimento rural, Sustentabilidade e Ordenamento territorial

cia sse, verificou-se ainda um aumento da dimensao media das suas areas individuais nas

duas freguesias (Figura 5; Figura 6).

As simula~5es efetuadas com FARSITE indicaram que, de acordo com as condi~6es da

paisagem de Fran<;a entre 1958 e 2005, houve uma tendencia para as fogos se propaga­

rem de forma cada vez mais rapida nas horas in iciais apes a igni~ao. Isto foi particula r­

mente evidente para as primeiras duas horas do fogo.

1958 1968

1992 2006

1980

Im .. nsidade da fr eme de fogo (J.:W m)

o 0·500

500 2000 _ 2000- 4000

_ 4000_ 10000

_ > 10000

Figura 6. Evolu~ao do perigo de incendio na freguesia de Deilao entre 1958 e 2006 com base na Intensidade da Frente de Fogo. Resultados de simu la~6es em FAR51TE (Finney, 1998).

400.00

350M

30000

~ I .,,'" g 25000

I 0 2.30

1.1 2 eOO

~ ' 00 00 I· m 1-30

1

~~ • , 00

~ "''''''

r"" . 030

100.00

5000

III 000 1958 "'" 1978 1993 2005

'eo Figura 7. Contribui~ao media de cada intervalo de tempo para a area ardida durante perfodo inicial de tres horas na f regues ia de Fran~a entre 1958 e 2005. Resultados de s i mula~6es em FlamMap (Finney, 2006) com

base em 20 repeti~6e s.

168

Dinamica e se rvi~os da paisagem no Nordeste de Portugal

Os resultados simplificados aqui apresentados indicam que as modifica~6es sofridas

pel a paisagem ao longo dos ultimos 50 anos favoreceram a surgimento de fogos ma is

intensos e em areas progressivamente maiores. Estas varia<;5es devem-se sobretudo as

altera~6es no uso e coberto do solo descritas inicialmente, simultaneamente em termos

de composi~ao e arranjo espacial. A ocorrencia de igni<;6es nas paisagens de Fran~a e

Deilao tem associada uma probabilidade elevada de resultar em fogos catastreficos.

Fran<;a e um caso extremo em termos de condi<;5es bioffsicas e de historia de ocu­

pa~ao do te rritorio. 0 padrao da paisagem de Deilao aproximou-se, no entanto, con­

sideravelmente do de Fran,a no periodo estudado, sendo igualmente de prever nesta

freguesia a ocorrencia de eventos catastroficos mantendo-se 0 modelo de transi~ao do

uso do solo observado nas ultimas decadas (Magalhaes, 2011). Dutra forma de abordar

os resultados obtidos e considerar que 0 efeito de regu la<;ao do fogo na paisagem foi

gradualmente reduzido ao longo do perfodo estudado, atraves das altera~5es observa­

das na paisagem.

5. CON5IDERAI;OES FINAlS: PAPEL DA GESTAO NO FORNECIMENTO DE SERVII;OS EM PAISAGENS CULTURAIS EM TRANSFORMAI;AO

o conceito de servi~o de ecossistema/paisagem e independente do grau de naturalida­

de dos ecossistemas/pa isagens considerados. As paisagens culturais oferecem um conjun­

to de servi~os de elevado valor que incluem principalmente servi ~os de aprovisionamento

(alimentos, madeira, fibra, agua, etc.) mas tambem servi~os unicos que so paisagens huma­

nizadas podem oferecer tais como a aprecia<;ao estetica da paisagem, particularmente no

caso de paisagens hist6ricas. A oferta de servi~os de paisagem e afetada pelas altera<;6es

da composi<;ao e configura<;:ao na paisagem resultantes de altera~6es de necessidades e in­

teresses dos proprietarios/usufruidores diretos a que, por sua vez, e fun~ao das condi~5es

socioeconomicas desse sistema e de outros funcionando a escalas mais amplas.

As altera~6es em curso nas freguesias de Fran<;:a e Deilao resultaram sobretudo do des­

povoamento destas areas, por motivos diversos, com efeitos no abandono da atividade

agricultura e da pastorfcia em areas marginais e a substitui~ao de culturas temporarias por

cu lturas perenes e de baixa manuten~ao como a fio resta ou os pomares de castanheiro.

Apesar do ba lan~o destas altera<;:6es nos servi~os de ecossistema e de paisagem ainda

estar por realizar, sao previsfveis determinadas tendencias de modifica~5es. Preveem-se

naturais redu~5es nos servir;os de produr;ao de alimentos. A diversidade genetica sofrera

perdas que podem ser significativas uma vez que 0 despovoamento abandona parte ou a

tota lidade das ra<;:as e cultivares desenvolvidas loca lmente e uti lizadas para fins alimenta­

res, medicinais, artfsticos e outros. Para lela mente, desaparecera 0 conhecimento e a cultu­

ra do uso desta biodiversidade (Frazao-Moreira et aI., 2007). A diversidade de ecossistemas

sera tambem reduzida por eliminar;ao de muitos tipos de agroecossistemas na paisagem e

dominancia de mates e fioresta. Os efeitos sobre a diversidade de especies podem ser mis­

tos com a favorecimento das especies da fauna de maior porte e das especies associadas a

169

Desenvolvlln ento rural, Sustentabi lidade e Ordenamento terr ito r ial

habitats sem perturba,ces e a degrada,ao de condi,ces de habitat de especies associa das

a paisagens perturbadas e muito heterogeneas (Aguiar et aI., 2009). Pode esperar-se ainda

que a qualidade e a regularidade da oferta de agua superficial aumentem mas diminuira a

sua quantidade ao nivel das bacias hidrograficas. Os servi-;os de regula-;ao da composi-;ao

da atmosfera e do clima at raves da fixa~ao de dioxido de ca rbona pe[a paisagem au men·

tam de importancia (Pinheiro et aI., 2011). Pelo exposto nas seCl;6es anteriores, 0 servi~o

de regula~ao do fogo pela paisagem sofrera efeitos consideraveis com a evoluc;:ao da paisa·

gem para condi~6es que favorecem fogos de grande dimensao e intensidade.

Neste contexto, algumas quest5es relevantes podem ser colocadas. A primeira e a

da definic;:ao dos servic;:os que no futuro se pretende que estas paisagens assegurem.

Esta e uma questao central em planeamento e gestao da paisagem (Swanwick, 2009). E particularmente relevante em modelos de governa ~ao descentralizados e participativos,

da base para 0 tapa (bottom-up) na medida em que permite deftnir um sistema de refe­

rencia com base nas necessidades e interesses dos agentes envolvidos diretamente na

pa isagem (Termorshuizen and Opdam, 2009). No entante, nesta e noutras areas prate·

gidas e classificadas do pais, a modele de governac;:ao e essencialmente top·down. Pelo

estatuto de conservac;:ao e pelos objetivos do ordenamento em vigor na area protegida

em que as areas de estudo se situam (ICN, 2007a, b), 0 pri ncipal servic;:o que se espera

garanti r e a do suporte de biodiversid ade, a todos as niveis.

o modelo de conservac;:a o preconizado para uma area protegida da categoria Par·

que Natural subentende, no entanto, a manuten~ao de niveis elevados de perturba~ao

de origem antropica nos ecossistemas e na pa isagem e a cl ass ifi ca~ao destas areas de

acordo com a Directiva s Aves e Habitats (Rede Natura 2000) nao impede que estes n[veis

de perturbac;:a o se mantenham. Nos instrumentos de planeamento e ordenamento em

vigor preconiza-se um model a de desenvolvimento sustentave l baseado na conserva·

C;ao e nas atividades econ6micas compativeis, gera lmente as desenvolvidas de forma

tradicional au com baixo nivel de impacto. Desta forma, a conservac;ao nao e servic;:o

exclusive da area e outres se rvic;:os podem/devem se r equacionad os no ambito do de·

senvolvimento desta regiao (Tabe la 2).

Os servic;:os referidos assentam em tres pilares fundamentais: biodiversidade, rique·

za paisagistica1 e comunidades humanas). Como resultado das alterac;:oes em curso as

servi,os de ecossistema e paisagem podem ser co mprometidos pelo despovoamento/

abandono, principalmente at raves de perdas de biodiversidade (ao nlve l genetico, es·

peciftco e da paisagem), do patrimonio cultural (sobretudo imateria l) e de altera,ces

1 "A riqueza natura l e paisagistica do macic;:o montanhoso Montezinho-Coroa e os val iosos elementos cultu rais

das comun idades humanas que ali se estabelecera m justificam que urgentemente se iniciem acc;:6es com vis­

ta a sa lvaguarda do patrimonio e a anima~ao socio-cu ltural das popu lac;:6es." (Preambu lo do Decreto-Lei n.!!

355/79 de 30 de Agost o, relativo a cria~ao do Parque Natural de Montesinho). 3 "A insti t uit;ao de um parque natu ral capaz de mobil izar as populat;oes, levan do-as a participar na pracura de

soluc;:6es, na pesquisa de formas de relant;amento das suas economias trad icionais e da dignificac;:ao da sua

cultura, apresenta-se como 0 processo mais acon selhado" (Preambu lo do Decreto-l ei n.Q 355/ 79 de 30 de

Agosto, relativo a uiac;:ao do Parque Natural de M ontesinho) .

170

Din5mlCa e servi c;:os da paLsagem no Nordeste de Por tugal

na paisagem conducentes a alterac;:a o do regime do fogo. A presenc;a humana e, assim,

fu ndamenta l para assegurar as servic;os que atua lmente se esperam desta paisagem . No

entanto, esta presen<;a tem vindo a ser reduzida desde os anos 60 do secu lo passado e

as perspetivas de manutenc;:ao sao reduzidas. Apesar disso, 0 ordenamento e gestao da

area protegida (com urn horizonte temporal de algumas decadas) continua a assentar

no padrao paisagfstico dos anos 70, com base no qual foi estabelecida, e nos niveis de

povoamento existentes antes desse perfodo.

As solu~6es para este paradoxa nao sao lineares. Consideramos duas possiveis al­

ternativas extremas para a futura gestao destes territorios: i) al tera~ao dos objetivos da

area protegida e ii) altera,ao da gestao da area protegida. A altera,a o dos objetivos per­

mitir ia assumir e enquadrar as alterac;:6es em cu rsa no planeamento e gestao da area.

Permitiria rever, de forma mais realistica, os servic;os esperados para as ecossistemas e

da paisagem desta area, preferencialmente com a participac;ao dos utilizadores locais.

Permitiria tambem assumir inevitaveis efeitos negativos nalguns servic;os relevantes

pa ra a sociedade, nomeadamente as cultu ra is. Esta alternativa levaria, eventua l mente,

a reclassificac;ao da area com possiveis impactos negativos na economia e demografia

locais. A segunda alternativa consiste em mod ificar a gestae da area utilizando modelos

e praticas que substituam a presenc;a humana. Trata-se de definir praticas que imitem,

em intensidade, area e canfigurac;:ao, perturbac;6es antropicas. Ao nivel de alguns ecas­

sis temas, particula rme nte dos agroecassistemas, naa ha substituic;6es possiveis. No en·

tanto, ao nrvel de outros ecossistemas e da paisagem, e passivel, quer atraves de meios

Tabela 2. Principais servic;:os de ecossist ema/paisagem nos terr ito ries de Fra nl;a e Deila o. Ad aptado de (Aguiar et aI., 2009) com base nas cla ss ificac;:6es de (Hassan et aI., 2005) e (Pereira et aI. , 2009).

C lassifica~ao Servi~o de ecossistema/paisagem

ProdUl; ao de alimentos (incluindo cogumelos, cal;a e pesca)

ProduI;50 Produ~ao de mater iais lenhosos

Produ~ao de alimentos an imais

Predu~ao de agua

Regulac,:ao dimatica

Regu lac,:a o Regula~ao da composic,:ao da atmosfera

Regula<;ao de processos hidrol6gicos

Regu lac,:ao do fogo

Atividades de recreac;:ao e tu rismo

Cult ural M anutenc;:ao do saber ecologico tradicional

Apreciac;:ao visual, espir itua l, emocional

Forma~a o e retenc,:ao do so lo

Suporte Cicio de nu trientes

Sequest ra de ca rbono

Refugio de biod iversidade

171

Desenvolvi mento rural, Sustentabilidade e Ordenamento territorial

medinicos quer do fogo, mimetizar urn conju nto de pe r tu rba~oes com urn resultado

que se pode aproximar da estrutura da paisagem humanizada, da mesma forma que se

gerem areas naturai s tendo como referencia regimes naturais de perturba<;ao (DeLong

and Tanner, 1996; Pe rera et aI. , 2004). Esta alte rnativa carece, no entanto, de senti do

(porque manter uma paisagem com caracteristicas de paisagem cu ltural nao sendo, de

facto, humanizada?). Par outro lad 0, a manuten<;ao deste tipo de praticas para garantir

as resultados desejaveis tem encargos previsivelrnente muito elevadas a que par si 56 inviabil iza ria a util izac;aa de urn modelo inteiramente assente nesta alternativa.

Considera-se, contudo, de forma mais realista, que possa existir sempre algum nivel

de presenc;:a humana neste terr it6rio (ligado ao turismo au por via de regresso ao cam­

po das pessoas, par exemplo). Considera-se, por outro lado, que alterac;:5es na gestao

atual dos ecossistemas e da paisagem a par duma presenc;:a humana residual paderaa

justificar e permitir manter a car.kter humanizado da paisagem (nao 0 dos anos 70 mas

algo mais parecida com a situac;aa atual) e os servic;:os associados. Neste contexto, serao

prioritarias medidas que contribuam para 0 aumento do servic;o de regulac;ao do fogo.

Para qu e tal acontec;:a, terao que ser feitas modificac;6es importantes quer ao nfvel

dos objetivos e paradigma quer das medidas a adotar na gestao dos ecossistemas e da

paisagem. Atividades com inte rferencia na estrutura des ecossistemas e da pai sagem

devem, individual mente au de forma combinada, contrib ui r para a manute nc;:ao da he­

terogeneidade na paisagem que garanta a servic;o de regulac;ao de perturbac;6es, nome­

adamente nas areas do planeamento e ordenamento florestal, ordenamento cinegetico

e aquicola e do planeamento da preven~ao e combate aos fogos Oorestais. 0 fogo, en­

quanta ferramenta de gestao, devera sempre te r um papel fundamental a desempenhar

na cr iac;:ao e manutenc;:ao de heterogene idade na paisagem que, de outra forma, tendera

para a total homogeneiza,ao (Morei ra et aI., 2011).

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