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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL DESEMPENHO DE NOVILHOS ALIMENTADOS COM DIETA SUPLEMENTAR EM PASTOS DE CAPIM- MOMBAÇA ITÂNIA MARIA MEDEIROS DE ARAÚJO MACAÍBA /RN - BRASIL Fevereiro/2014

DESEMPENHO DE NOVILHOS ALIMENTADOS COM … · Mistura Mineral Múltipla ... mistura mineral múltipla, suplemento concentrado, valor nutritivo . 9 ... stem ratio. The highest values

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL

DESEMPENHO DE NOVILHOS ALIMENTADOS COM

DIETA SUPLEMENTAR EM PASTOS DE CAPIM-

MOMBAÇA

ITÂNIA MARIA MEDEIROS DE ARAÚJO

MACAÍBA /RN - BRASIL

Fevereiro/2014

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ITÂNIA MARIA MEDEIROS DE ARAÚJO

DESEMPENHO DE NOVILHOS ALIMENTADOS COM DIETA SUPLEMENTAR

EM PASTOS DE CAPIM-MOMBAÇA

Orientador: Prof. Dr. Gelson dos Santos Difante

MACAÍBA /RN - BRASIL

Fevereiro/2014

Dissertação apresentada à

Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, Campus

Macaíba, como parte das

exigências para a obtenção do

título de Mestre em Produção

Animal.

2

Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da Publicação na Fonte.

Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias Campus Macaíba

Biblioteca Setorial Professor Rodolfo Helinski

Araújo, Itânia Maria Medeiros de. Desempenho de novilhos alimentados com dieta suplementar em pastos de capim-mombaça / Itânia Maria Medeiros de Araújo. - Macaíba, RN, 2014.

45 f.

Orientador (a): Prof. Dr. Gelson dos Santos Difante. Dissertação (Mestrado em Produção Animal). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias Campus Macaíba. Programa de Pós- Graduação em Produção Animal. 1. Bezerros Desmamados - Dissertação. 2. Massa de Forragem - Dissertação. 3. Mistura Mineral Múltipla - Dissertação. 4. Suplemento Concentrado – Dissertação. 5. Valor Nutritivo – Dissertação. I. Difante, Gelson dos Santos. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias Campus Macaíba. IV. Título. RN/UFRN/BSPRH CDU: 636.3

3

4

Aos meus pais que eu tanto amo, pelo

incentivo, compreensão e apoio que

sempre me deram para que eu

chegasse até aqui.

5

“Sábio é o ser humano que tem

coragem de ir diante do espelho da

sua alma para reconhecer seus erros e

fracassos e utilizá-los para plantar as

mais belas sementes no terreno de

sua inteligência”.

Augusto Cury

6

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por me amar tanto a ponto de permitir que eu concluísse

mais uma etapa da minha vida com saúde e em paz, ele é o maior exemplo de força e

perseverança, e não me deixou desanimar diante das dificuldades encontradas ao longo

dessa jornada.

Agradeço com todo o meu amor, carinho, admiração e respeito, aos meus pais Agostinho

Gomes de Araújo e Mariana Medeiros de Araújo, pois eles me deram a vida, educação e

sabedoria para enfrentar os obstáculos encontrados ao longo do caminho e não me

deixaram pensar em desistir em nenhum momento.

Às minhas irmãs Itamara Sara Medeiros de Araújo e Ivânia Fabiane Medeiros de Araújo,

do fundo do meu coração pelo amor, apoio e incentivo em todos os momentos.

Em especial ao meu orientador, o Professor Gelson dos Santos Difante, pelo

conhecimento, amizade, ajuda, confiança e incentivo para que eu chegasse até aqui. Enfim,

pelo tempo de convivência.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte e ao Programa de Pós-Graduação em

Produção Animal, pelos ensinamentos e pela contribuição na minha formação.

À CAPES pela concessão da bolsa de estudos.

À Embrapa Gado de Corte, pela oportunidade de realização do experimento e pela

concessão de recursos físicos, financeiros e mão-de-obra.

À Doutora Valéria Pacheco Batista Euclides por ter me dado a oportunidade de conduzir o

experimento de dissertação na Embrapa, pela orientação, ajuda e ensinamentos para que eu

desenvolvesse este trabalho.

À Doutora Denise Baptaglin Montagner, pela ajuda, compreensão e educação dispensada

sempre que solicitada.

Ao Professor Luciano Patto Novaes, por ter aceitado contribuir para a escrita deste

trabalho.

Aos funcionários da Embrapa Gado de Corte: Agnelson, Seu José Lobo, Benício, Seu

Valter, Amâncio, Clodoaldo, Seu Rubens, José Carlos, Seu Gilson, Marcelo Pascoal, Boa

Ventura, Jean, Seu Valdir, Ramon, Seu Ênio, Richard, Joelcio, Dimas, Carlos Alberto

(Beto) e Zanoni, pela convivência, amizade e ajuda nos trabalhos de campo.

Aos estagiários e bolsistas: Gustavo, Alysson, Karoline, Nayana, Carol, Joilson e Lawra,

pela ajuda na realização do experimento e pelo acolhimento e amizade nesses meses de

convivência.

Ao amigo-irmão Marcos Difante, pela amizade e ajuda no experimento.

Aos moradores da “República do Sucrilho” em Campo Grande: Marcos Vinícios e

Vinícius Okamura, pela convivência diária e amizade e por terem me acolhido tão bem.

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Aos amigos nordestinos: Jeskarlândia, Thyago e Raphael por terem feito eu me sentir um

pouco mais perto de casa quando estava longe dos meus.

Aos bolsistas da Agroescola: Alexandra, Carol, Elen, Matheus, Rafael, Giovani e Felipe

pela amizade e ajuda no experimento.

Aos amigos da graduação, em especial Joelma, Themístocles, Flávio, Pedro, Rafael,

Maurício, Ana e Apauliana, que mesmo distantes fisicamente sempre me apoiaram e me

incentivaram a lutar pelos meus ideais.

Aos colegas do Programa de Pós-Graduação em Produção Animal, pela convivência e

amizade nesses dois anos.

Aos professores do Mestrado em Produção Animal, por todo o conhecimento adquirido.

Aos integrantes do Grupo de Estudos em Forragicultura (GEFOR), em especial Leonardo,

Nathália, Emmanuel, Gabriela, Mariana, João Neto, Márcio e Luiz Eduardo, que estiveram

ao meu lado compartilhando todos os momentos difíceis, felizes e tristes nesse tempo em

que estivemos juntos.

Aos meus verdadeiros amigos, que em muitos momentos me fizeram levantar a cabeça e

mostraram que eu era capaz de superar os dias difíceis e acreditaram no meu sucesso.

E enfim, a todas as pessoas importantes e especiais da minha vida, que me ouviram quando

eu precisei, estiveram ao meu lado durante cada minuto que passou, sejam eles em dias

felizes ou tristes, turbulentos ou calmos, frios ou quentes, comemorativos ou em dias que

estávamos comemorando apenas o dom da vida dado por Deus, mas que estavam sempre

ali torcendo por mim.

Muito Obrigada!

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DESEMPENHO DE NOVILHOS ALIMENTADOS COM DIETA SUPLEMENTAR

EM PASTOS DE CAPIM-MOMBAÇA

ARAÚJO, I.M.M. DESEMPENHO DE NOVILHOS ALIMENTADOS COM DIETA

SUPLEMENTAR EM PASTOS DE CAPIM-MOMBAÇA. 2014. 45 f. Dissertação

(Mestrado em Produção Animal: Forragicultura e Pastagens) – Universidade Federal do

Rio Grande do Norte (UFRN), Macaíba-RN, 2014.

RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de suplementos na recria de

bovinos em pastos de Panicum maximum cv. Mombaça na época seca. Utilizou-se o

delineamento experimental de blocos ao acaso, com três tratamentos e três repetições. Os

tratamentos constituíram-se de: sal mineral à vontade; mistura múltipla (MM), fornecida a

0,2% do peso vivo (PV); e, suplemento concentrado (SC), fornecido a 0,7% do PV. Foram

utilizados 36 bezerros desmamados, com idade média de oito meses e peso médio inicial

de 192 kg. Mensalmente, os pastos foram amostrados para as estimativas de altura, massa

de forragem (MF), massa de forragem verde (MFV), massa de lâmina foliar (MLF),

porcentagens de folha (PF), colmo (PC) e morto (PM), relação folha:colmo (RFC) e

folha:não folha, oferta de forragem e taxa de acúmulo de forragem (TAF), sendo os dados

agrupados em quatro períodos. Os animais foram pesados a cada 28 dias e a produção

animal foi avaliada quanto ao ganho médio diário (GMD) e ganho de peso vivo por área

(GPV). A quantidade de suplemento foi ajustada a cada pesagem. Não houve diferença

entre períodos para a massa de forragem e relação folha:colmo. Os maiores valores para

massa de forragem verde, massa de lâmina foliar e porcentagem de colmo foram

observados no primeiro período de avaliação. A altura do dossel e a oferta de forragem não

diferiram entre os tratamentos. A porcentagem de material morto foi maior nos últimos

períodos de avaliação. A relação folha:não folha e a porcentagem de lâmina foliar foram

maiores no segundo período. O GMD foi de 250, 460 e 770 g/animal/dia, respectivamente,

para sal, MM e SC. O maior GPV foi observado no tratamento SC. Os teores de PB,

DIVMO, FDN e LDA nas lâminas foliares, colmo e material morto não diferiram entre os

tratamentos. Independente do uso de suplementos, é possível manter o ganho de peso dos

animais durante a estação seca, desde que a taxa de lotação seja ajustada de forma

adequada.

PALAVRAS CHAVE: bezerros desmamados, massa de forragem, mistura mineral

múltipla, suplemento concentrado, valor nutritivo

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PERFORMANCE OF STEERS FED A SUPPLEMENTAL DIET IN A MOMBAÇA

GRASS PASTURE

ARAÚJO, I.M.M. PERFORMANCE OF STEERS FED A SUPPLEMENTAL DIET IN A

MOMBAÇA GRASS PASTURE. 2014. 45 f. Dissertation (Master Science Degree in

Animal Production: Forage and Pasture) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(UFRN), Macaíba-RN, 2014.

ABSTRACT: The objective of this work was to evaluate the effect of supplements feeding

on growth of calves grazing a Panicum maximum cv. Mombaça pasture during the dry

season. The experimental design was a randomized blocks with three treatments and three

replications. The treatments were: mineral salt ad libidum; multiple mixture (MM) fed at

0.2% of live weight (PV); and, concentrate feed (SC) fed at 0.7% of PV. Thirty six

weaned calves averaging eight months and 192 kg of initial live weight were utilized. The

masses and pasture components, nutritive value and rate of forage growth were evaluated.

Animal performance was measured as average daily gain (ADG) and live weight gain

(LWG). The supplemental feeding was adjusted after weighing. There was no difference

between periods for forage mass and leaf: stem ratio. The highest values for forage green

mass, leaf blades mass and stem percentage were observed in the first trial period. The

canopy height and the available forage on offer did not differ among treatments. The

percentage of dead was higher for the last periods of evaluation. The leaf: stem ratio and

the leaf percentage were greater in the second period. There was significant difference

(p<0,05) among treatments for the ADG and were 250, 460 and 770 g/day for salt, MM

and SC, respectively. The biggest LWG was observed in the treatment SC. contents of PB,

DIVMO, NDF and LDA on leaf blades, thatched roofs and dead material dead not differ

among treatments. The highest GPV was observed in the SC treatment. The contents of

PB, DIVMO, NDF and LDA for leaf blades stem and dead material did not differ among

treatments. Independent of the use supplements , it is possible to keep steers gaining

weight, during dry season, since the stocking rate is appropriately adjusted.

KEYWORDS : concentrate supplement, herbage mass, multiple mineral mixture, nutritive

value, weaned calves

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SUMÁRIO

1. REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................................11

1.1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................15

2. DESEMPENHO DE NOVILHOS ALIMENTADOS COM DIETA

SUPLEMENTAR EM PASTOS DE CAPIM-

MOMBAÇA.........................................................................................................................18

2.1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................21

2.2 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................22

2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................25

2.4 CONCLUSÕES..............................................................................................................29

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................30

4. Figuras e Tabelas .............................................................................................................33

4.1. Figura 1 - Balanço hídrico mensal durante o período de janeiro a dezembro de 2013

..............................................................................................................................................33

4.2. Figura 2 - Precipitação pluvial mensal e temperaturas máxima, média e mínima,

durante o período de janeiro a dezembro de 2013............................................................... 33

4.3. Figura 3 – Peso vivo médio (kg) e ganho médio diário (GMD) durante o período

experimental em pastos de capim-mombaça durante a seca ...............................................34

4.4. Tabela 1 - Proporção dos ingredientes nos suplementos e no sal mineral, expressa na

base da matéria natural.........................................................................................................34

4.5. Tabela 2 – Médias, seus erros-padrão (EPM) e nível de significância (P) para massa de

forragem (MF), massa de forragem verde (MFV), massa de lâmina foliar (MLF), altura do

dossel, percentagem de folha (PF), de colmo (PC), de material morto (PM), relação folha:

colmo (RFC), relação folha:não folha (RFNF), taxa de acúmulo de forragem (TAF) e

oferta de forragem (OF) em pastos de capim-mombaça na época seca...............................35

4.6. Tabela 3- Médias, seus erros-padrão (EPM) e nível de significância (P) para os teores

de proteína bruta (PB), digestibilidade in vitro da matéria orgânica (DIMO), fibra em

detergente neutro (FDN) e lignina em detergente ácido (LDA) para as frações de lâminas

foliares e colmos em pastos de capim-mombaça durante a seca..........................................36

4.7. Tabela 4 - Médias, seus erros-padrão (EPM) e nível de significância (P) para ganho

médio diário (GMD) e ganho por área (GPV) em pastos de capim-mombaça durante a

seca.......................................................................................................................................36

5. ANEXO I: REGRAS PARA SUBMISSÃO NA PESQUISA AGROPECUÁRIA

BRASILEIRA......................................................................................................................37

11

1. REFERENCIAL TEÓRICO

A pecuária de corte é uma atividade de grande importância econômica, seja para o

abastecimento interno ou para a exportação, sendo a sua inserção no mercado internacional

dependente da constância de oferta e uniformidade na qualidade da carne (Goes et al.,

2005). Diante dos avanços, melhorias nos índices zootécnicos e econômicos se fazem

necessários para garantir sua competitividade e consequente permanência como

empreendimento economicamente atraente (Euclides Filho e Euclides, 2010). Nessas

condições, um dos principais componentes do sistema de produção é a alimentação e, em

especial, as pastagens, base alimentar da produção de ruminantes.

O manejo das plantas forrageiras tropicais deve fundamentar-se no controle e no

planejamento cuidadoso do uso da pastagem de modo a possibilitar a estruturação de um

ambiente de pastejo adequado e que possibilite aos animais ingestão ótima de nutrientes

(Carvalho, 2005).

Entre as forrageiras tropicais utilizadas em pastejo merecem destaque as da espécie

Panicum maximum, pois caracterizam-se por apresentar produtividade e qualidade

elevadas, além da adaptação a diferentes condições edafoclimáticas. É uma espécie

bastante utilizada pelos pecuaristas por apresentar elevado acúmulo de biomassa entre as

forrageiras tropicais propagadas por sementes, abundante produção de folhas e

aceitabilidade pelos animais (Jank et al., 2010). Apesar do grande potencial de produção,

são menos flexíveis ao manejo que plantas do gênero Brachiaria, pois apresentam

limitações e/ou dificuldades ao serem manejadas sob lotação contínua, prevalecendo o seu

uso sob pastejo rotacionado (Da Silva, 2004).

Dentre as cultivares de Panicum maximum destaca-se o capim-mombaça,

caracterizado por apresentar elevado potencial de produção, alto valor nutritivo e

resistência média à cigarrinha das pastagens (Jank, 2010). De maneira geral, esta cultivar é

manejada na época das águas sob lotação rotacionada, adotando-se como meta de pré

pastejo o momento em que o dossel intercepta 95% IL, o equivalente a uma altura de 90

cm e resíduo pós pastejo variando entre 30 e 50 cm (Carnevalli et al., 2006; Euclides et al.,

2012).

Experimentos realizados com capim-mombaça (Uebele, 2002, Carnevalli, 2006)

utilizando níveis de interceptação de luz como meta de pré-pastejo demonstraram que a

sobreposição entre as condições ótimas para produção eficiente de massa seca e obtenção

de bom valor nutritivo da forragem pode ser alcançada. Assim, pastejos iniciados com 95%

12

de interceptação de luz pelo dossel forrageiro resultaram em maiores proporções de folhas

e menores proporções de colmos e material morto na massa de forragem em pré-pastejo.

Em sistemas mantidos sob lotação intermitente, a interrupção da rebrotação ou do período

de descanso quando o dossel intercepta 95% da luz incidente tem-se mostrado efetivo em

controlar o desenvolvimento e acúmulo de colmos, assim como a manutenção de estruturas

do pasto favoráveis ao acúmulo de forragem de qualidade (Barbosa et al. 2007; Da Silva e

Nascimento Jr., 2007).

No entanto, como todas as gramíneas tropicais, a cultivar Mombaça possui um

comportamento estacional de produção. Durante o período seco, há decréscimos nas taxas

de crescimento, ocasionando mudanças na composição bromatológica à medida que ocorre

o processo de maturação fisiológica, observando-se aumentos da parede celular e dos

teores de lignina (Minson, 1990; Van Soest, 1994). Estes fatores afetam diretamente o

consumo de forragem e provocam um padrão sazonal do ganho de peso vivo animal,

havendo reduções na concentração de nutrientes, em especial proteína e minerais. Segundo

Poppi & McLennan (1995), as flutuações estacionais na quantidade e qualidade das

pastagens resultam na elevada idade ao abate dos animais.

A digestibilidade da dieta, o nível de ingestão, e, consequentemente, o desempenho

dos animais são claramente influenciados pela maturidade da forragem disponível

(Hodgson, 1994). Euclides et al. (2008), avaliaram o capim-mombaça sob pastejo e

observaram que o os teores de proteína bruta decresceram de 10,6% para 8,0 do período

das águas para o seco.

Assim, a adoção de tecnologias como a suplementação alimentar torna-se

necessária, uma vez que pode ser considerada como opção para o suprimento de nutrientes

limitantes e aumento da eficiência de utilização das pastagens, promovendo um maior

desempenho animal (Poppi e McLennan, 1995). Entretanto, para que a suplementação seja

adequada a cada sistema de produção torna-se necessário o entendimento dos efeitos do

seu uso, bem como a estratégia de sua utilização sobre a eficiência do sistema como um

todo. Segundo Euclides e Medeiros (2005), os suplementos mais utilizados no Brasil

podem ser divididos em três grupos: sal mineral com ureia, mistura mineral múltipla ou sal

proteinado e suplementação concentrada.

O sal mineral com ureia é utilizado quando o objetivo da suplementação é manter o

peso dos animais durante a época seca, sendo indicado para todas as categorias animais,

com exceção dos bezerros com menos de quatro meses.

13

A mistura mineral múltipla tem o objetivo de estimular o consumo da forragem e

melhorar a sua digestibilidade, não possuindo efeito de suplementação direta,

demonstrando, portanto, um efeito aditivo e não substitutivo (Euclides, 2000). O seu uso

deverá ser feito quando o objetivo do sistema passa a ser o ganho de peso moderado, em

torno de 250 g. As misturas múltiplas devem complementar os macro e microminerais das

pastagens e suplementar proteína e energia, sendo recomendada para animais em

crescimento. O seu consumo deve situar-se em torno de 0,1 a 0,2 % do PV. No caso de

suplementação de bezerros, a percentagem de sal comum deve ser menor quando

comparado a outras categorias. Assim, se mantem o mesmo consumo da mistura por quilo

de PV.

Ruas et al. (2000) verificaram o efeito da suplementação proteica, durante a época de

verão, sobre o consumo de forragem e variação no ganho de peso e no escore da condição

corporal de vacas Nelore mantidas em pasto. Foram observados maiores valores de

consumo de matéria seca do pasto quando houve aumento na ingestão de suplementação

proteica pelos animais. A média de ganho de peso dos animais variou de 350 a 620g/dia

para os animais não suplementados e os que recebiam 2 kg/dia de suplemento com 40,8%

de PB, respectivamente.

A suplementação concentrada é utilizada quando ganhos de peso entre 500 e 900

g/dia são almejados, devendo ser fornecido uma quantidade de suplemento entre 0,6 e

1,0% do peso vivo. Este tipo de suplementação pode ser fornecido para qualquer categoria

de animais do rebanho de corte, no entanto tem se tornado mais vantajoso quando utilizado

para animais em recria ou em acabamento. Quando estiver sendo utilizada para animais em

recria no período seco e caso os animais venham a continuar nas pastagens na época das

águas, o suplemento deve ser balanceado para ganho igual ou inferior àquele esperado

durante o período das águas subsequente (Euclides et al., 2001).

O uso de suplementos ricos em proteínas visa aumentar o consumo e digestibilidade

de forragem de baixa qualidade. Já os suplementos que possuem altos níveis de energia

tendem a diminuir o consumo de forragem, podendo reduzir a sua digestibilidade (Moore

et al., 1999). Os efeitos associativos positivos, onde a suplementação com grãos propicia

aumento no consumo de matéria seca e/ou na digestão da forragem, ocorrem devido ao

suprimento de nutrientes limitantes, que estão presentes no suplemento, mas não na

forragem. Já os negativos, onde a suplementação diminui o consumo e/ou a digestão da

forragem, ocorrem frequentemente e pode causar uma baixa eficiência de utilização dos

suplementos (Dixon e Stockdale, 1999).

14

De maneira geral, pode haver três efeitos de interação entre o consumo de forragem e

o consumo de suplemento. O aditivo, no qual o consumo de forragem é constante em

diferentes níveis de suplementação e ocorre adição no consumo total no mesmo nível em

que o suplemento é fornecido. Efeito combinado, em que o consumo total aumenta, porém

há redução do consumo de forragem. Efeito substitutivo, quando o consumo total é

constante, porém o consumo de forragem diminui na mesma proporção que aumenta o

consumo de suplemento (Moore,1980).

O coeficiente de substituição (unidade variada na ingestão de forragem por unidade

de suplemento ingerido) é modificado de acordo com o tipo de suplemento, com o tempo

de alimentação e com a quantidade e qualidade da forragem. Quando é feita a utilização de

forragem de baixa qualidade, o consumo desta é baixo, portanto, esse não é reduzido

significativamente quando o concentrado é fornecido, podendo, neste caso, haver o efeito

aditivo. Se a forrageira é de alta qualidade, o fornecimento de concentrado pode promover

redução na ingestão de forragem que é substituída pelo consumo do suplemento (Euclides,

2000).

A suplementação alimentar de bovinos em pastejo pode alterar as características

estruturais da pastagem. Isto se deve ao efeito substitutivo que o suplemento pode ter sobre

a ingestão de forragem, ou seja, o animal deixa de consumir a forragem pela ingestão de

suplemento (Minson, 1990, Moore et al., 1999). Garcia (2005) observou efeito substitutivo

em Brachiaria decumbens pastejada por animais cruzados e recebendo suplemento

energético proteico.

Diante do exposto, a suplementação poderá promover maior velocidade de ganho

de peso ao animal, fazendo com que a criação se torne mais eficiente e como

consequência, disponibilize maior capital de giro na propriedade (Gonçalves Mateus,

2011).

15

1.2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BARBOSA, R.A.; NASCIMENTO JR., D; EUCLIDES, V.P.B.; DA SILVA, S.C.;

ZIMMER, A.H.; TORRES JÚNIOR, R.A.A. Capim-tanzânia submetido a

combinações entre intensidade e frequência de pastejo. Pesquisa Agropecuária

Brasileira, v.42, n.3, p.329-340, 2007.

CARNEVALLI, R.A.; DA SILVA, S.C.; OLIVEIRA, A.A.; UEBELE, M.C.; BUENO,

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DA SILVA, S.C. Fundamentos para o manejo do pastejo de plantas forrageiras dos gêneros

Brachiaria e Panicum. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO ESTRATÉGICO DA

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decumbens submetidos a diferentes regimes alimentares. Revista Brasileira de

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HODGSON, J.; CLARK, D.A.; MITCHELL, R.J. Foraging behavior in grazing animals

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18

2. DESEMPENHO DE NOVILHOS ALIMENTADOS COM DIETA

SUPLEMENTAR EM PASTOS DE CAPIM-MOMBAÇA

Trabalho a ser submetido à revista:

PESQUISA AGROPECUÁRIA BRASILEIRA

Página Eletrônica:

seer.sct.embrapa.br/index.php/pab

ISSN: 1678-3921

19

Desempenho de novilhos alimentados com dieta suplementar em pastos de capim- 1

mombaça¹ 2

Itânia Maria Medeiros de Araújo²*, Gelson dos Santos Difante², Valéria Pacheco 3

Batista Euclides³, Denise Baptaglin Montagner³ 4

1Parte da dissertação da primeira autora. Trabalho financiado com recursos da Embrapa Gado de Corte 5

2 Programa de Pós-Graduação em Produção Animal. *[email protected] 6

3 Pesquisadora Embrapa Gado de Corte. E-mail; 7

[email protected];[email protected] 8 9 Resumo - O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de suplementos na recria de bovinos 10

em pastos de capim-mombaça na época seca. Utilizou-se delineamento de blocos ao acaso, 11

com três tratamentos (sal à vontade; mistura múltipla (MM), a 0,2% do peso vivo (PV); e, 12

suplemento concentrado (SC), a 0,7% do PV) e três repetições. Foram utilizados 36 13

bezerros desmamados, com oito meses e peso inicial de 192 kg. Foram avaliados as massas 14

e os componentes da forragem, o valor nutritivo, o ganho médio diário (GMD) e ganho de 15

peso vivo (GPV) por área. Não houve diferença entre períodos para a massa de forragem e 16

relação folha:colmo. As maiores massas de forragem verde e lâmina foliar, e porcentagem 17

de colmo foram observadas no primeiro período. A relação folha:não folha e a 18

porcentagem de lâmina foliar foram maiores no segundo período. O GMD foi de 250, 460 19

e 770 g/animal/dia respectivamente para sal, MM e SC. Os teores de PB, DIVMO, FDN e 20

LDA nos componentes morfológicos não diferiram entre os tratamentos. Independente do 21

uso de suplementos, é possível manter o ganho de peso dos animais durante a estação seca, 22

desde que a taxa de lotação seja ajustada de forma adequada. 23

24

Termos de indexação: bezerros desmamados, massa de forragem, mistura mineral múltipla, 25

suplemento concentrado, valor nutritivo 26

20

Performance cattle fed a supplemental diet in a mombaça grass pasture 27

Abstract - The objective of this work was to evaluate the effect of supplements on the 28

rearing of cattle grazing Mombaça grass the dry season. We used a randomized block 29

design with three treatments (salt, multiple mixture (MM), 0.2 % of live weight (LW), and 30

concentrated supplement (SC), to 0.7 % ) and three repetitions . 36 weaned calves were 31

used, eight months and initial weight of 192 kg. The masses and the components of forage 32

nutritive value and animal performance as the average daily gain (ADG) and body weight 33

(GPV) were evaluated. There was no difference between the periods of herbage mass and 34

leaf: stem ratio. The highest values for green herbage mass and leaf blade, and percentages 35

of stem were observed in the first period. The leaf: non-leaf and leaf percentage were 36

higher in the second period. There were differences among treatments for ADG (250.460 37

and 770 g / day for salt, MM and SC, respectively). The contents of PB, DIVMO, NDF and 38

LDA in morphological components did not differ between treatments. Independent of the 39

use supplements , it is possible to keep steers gaining weight, during dry season, since the 40

stocking rate is appropriately adjusted. 41

Index Terms: concentrate supplement, herbage mass, multiple mineral mixture, nutritive 42

value, weaned calves 43

21

Introdução 44

A produção de ruminantes no Brasil caracteriza-se por utilizar as pastagens como 45

principal forma de alimentação, estando o país situado entre os maiores produtores de 46

carne bovina no mundo. As gramíneas do gênero Panicum desempenham importante papel 47

na produção de carne a pasto, ocupando proporções significativas das áreas de pastagens 48

cultivadas nas regiões tropicais (Herling et al., 2000). 49

As forrageiras tropicais apresentam menores taxas de crescimento no período seco, 50

devido às baixas temperaturas noturnas e umidade, menor pluviosidade e fotoperíodo mais 51

curto (Valle, 2001). Semelhante ao que ocorre com outras gramíneas tropicais, a produção 52

animal em pastos de Panicum maximum cv. Mombaça é reduzida significativamente na 53

época seca. Há uma diminuição no valor nutritivo da forragem com o avançar do processo 54

de maturação, como resultado de um aumento na porcentagem de material morto e de 55

carboidratos insolúveis presentes na parede celular e uma diminuição na concentração de 56

proteína bruta e na digestibilidade (Minson, 1990; Johnson et al., 1998; Pereira, 2002). 57

Euclides et al. (2008), trabalhando com capim-mombaça, encontraram média de 58

ganho de peso diário de 590 g, no período chuvoso, e 130 g para o período seco. Contudo, 59

novilhos nesta pastagem foram capazes de produzir ganhos em torno de 750 g/novilho/dia 60

durante o mês de outubro, quando a forragem era de melhor qualidade. No entanto, o 61

declínio no valor nutritivo associado à maturidade da forragem resultou em ganhos médios 62

abaixo deste valor. De acordo com Brâncio et al (2003), o conteúdo de proteína bruta e a 63

digestibilidade in vitro da matéria orgânica do capim-mombaça foram maiores no início da 64

época chuvosa, quando houve intenso crescimento da forragem, decrescendo à medida que 65

a planta amadureceu. 66

Diante disso, o uso de tecnologias como a suplementação alimentar surge como 67

alternativa efetiva e importante para acelerar o ganho de peso animal e potencializar a 68

utilização dos recursos forrageiros disponíveis (Euclides et al, 2009). 69

A utilização de suplementos proteicos tem sido feita para diminuir a perda de peso 70

ou aumentar a produção animal durante os períodos críticos (Euclides et al, 1998). Em 71

consequência da suplementação, há aumento no consumo do pasto, proporcionando 72

acréscimos no consumo de energia pelo animal. A intensidade da resposta de um 73

suplemento proteico dependerá da qualidade e da disponibilidade da forragem, podendo o 74

incremento no ganho de peso não ser devido apenas ao maior consumo de forragem, mas 75

22

devido às mudanças na digestibilidade ou na eficiência de utilização dos nutrientes 76

(Malafaia et al, 2003). 77

De maneira semelhante ao que ocorre com a proteína, o fornecimento de um 78

suplemento energético para animais mantidos em pastos, pode promover um aumento no 79

ganho de peso vivo e na condição corporal, mas, na maioria das vezes, diminui a ingestão 80

de forragem e a digestibilidade. Baixos níveis de suplementação energética podem 81

aumentar os valores desses parâmetros (Caton e Dhuyvetter, 1997). 82

A deficiência energética, quando comparada à deficiência protéica, pode ser mais 83

limitante para a produção animal durante o período seco. Contudo, é difícil dissociar 84

completamente esta deficiência daquela, uma vez que a deficiência protéica tem efeito 85

negativo sobre a digestibilidade de nutrientes e o consumo de energia (Euclides et al, 86

1998). 87

O uso estratégico da suplementação deverá ser adotado tendo como base o objetivo 88

do sistema de produção e uma prévia análise econômica, devendo a escolha ser adequada a 89

cada categoria animal. A suplementação de animais em pasto deve complementar o valor 90

nutritivo da forragem, atendendo às suas exigências nutricionais, a fim de se alcançar o 91

desempenho desejado (Euclides e Medeiros, 2005). 92

Diante disso, objetivou-se avaliar o efeito de suplementos na recria de bovinos em 93

pastos de Panicum maximum cv. Mombaça na época seca. 94

95

Material e Métodos 96

O experimento foi realizado na Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande, MS 97

(20°27’ S e 54º37’ W, a 530 m de altitude), de maio a outubro de 2013. Os 15 primeiros 98

dias foram utilizados como período de adaptação dos animais ao suplemento. 99

O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo AW, tropical 100

chuvoso de savana, com período seco definido de maio a setembro. Durante o período 101

experimental, a precipitação pluvial, a temperatura mínima, média e máxima mensal 102

(Figura 1) foram registradas. Para o cálculo do balanço hídrico, foram utilizadas a 103

temperatura média e a precipitação mensal acumulada. A capacidade de armazenamento de 104

água do solo (CAD) utilizada foi de 75 mm (Figura 2). 105

O solo da área experimental é classificado como Latossolo Vermelho Distrófico 106

(Embrapa, 1999), cuja análise química apresentou os seguintes resultados: 5,8 de pH em 107

CaCl2; 67% de saturação por bases; 3,9 g kg‑1 de matéria orgânica; 6,03 mg dm‑3 P 108

23

(Mehlich1); e 0,36 mg dm‑3 K (Mehlich

1). Foram utilizados 450 kg/ha da fórmula 0-20-20, 109

aplicado a lanço, em novembro de 2012. Nos meses de dezembro de 2012, janeiro e 110

fevereiro de 2013, foram parcelados 150 kg/ha de nitrogênio, na forma de ureia (50 kg/ha 111

em cada aplicação). 112

Os pastos de capim-mombaça (P. maximum cv. Mombaça) foram estabelecidos em 113

janeiro de 2008 (Blocos I e II) e novembro de 2010 (Bloco III) e vem sendo manejados sob 114

pastejo desde então. Durante o período chuvoso antecedente ao início do experimento, os 115

pastos foram manejados sob lotação rotacionada com uma condição de pós-pastejo de 45 116

cm (Fonseca, 2013 fase de redação). 117

A área experimental possui 13,5 ha, dividida em três blocos. Cada bloco foi 118

subdividido em três módulos de 1,5 ha, e estes em seis piquetes de 0,25 ha cada, sendo 119

cinco destes manejados sob lotação contínua e um era fechado ao pastejo. Utilizou-se o 120

delineamento experimental de blocos ao acaso, com três tratamentos e três repetições. Os 121

tratamentos avaliados foram: sal mineral à vontade, mistura múltipla (MM), fornecida a 122

0,2% do peso vivo (PV); e suplemento concentrado (SC), fornecido a 0,7% do PV. Os 123

suplementos eram fornecidos diariamente às oito horas da manhã, sendo a quantidade 124

ajustada a cada pesagem. Utilizou-se o programa Embrapa Invernada para o cálculo da 125

composição dos suplementos (Barioni, 2011). A proporção dos ingredientes e a 126

composição química dos suplementos estão apresentadas na Tabela 1. 127

Foram utilizados 36 bezerros desmamados, cruzados (Nelore, Senepol e Caracu), 128

oriundos do plantel da EMBRAPA - Gado de Corte, com aproximadamente oito meses de 129

idade e peso médio inicial de 192 kg. Esses foram distribuídos aleatoriamente nas unidades 130

experimentais (média do lote com mesmo peso). Os animais permaneceram no mesmo 131

módulo durante o período seco. O método de pastejo foi o de lotação contínua, com 132

lotação fixa, utilizando-se quatro bezerros desmamados por piquete (1,25 ha). 133

A altura do pasto foi medida a cada 28 dias utilizando-se uma régua de um metro, 134

graduada em centímetros, em 40 pontos aleatórios por piquete. A altura do dossel em cada 135

ponto correspondeu à altura média da curvatura das folhas superiores em torno da régua 136

A massa de forragem foi estimada a cada 28 dias mediante o corte rente ao solo de 137

nove áreas representativas por piquete. Para isso foi utilizado um quadrado de 1 m². Cada 138

amostra foi dividida em duas subamostras: uma foi secada e pesada, e a outra foi separada 139

em folha (lâmina foliar), colmo (colmo + bainha) e material morto, e foram secas e 140

pesadas. A proporção de cada componente foi utilizada para as estimativas das relações 141

24

folha:colmo (RFC) e folha:não folha (colmo + material morto; RFNF) e da massa de 142

lâmina foliar (MLF). 143

As amostras dos componentes morfológicos foram moídas e posteriormente 144

analisadas para se estimarem os teores proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro 145

(FDN), digestibilidade in vitro da matéria orgânica (DIVMO) e lignina em detergente 146

ácido (LDA), utilizando-se o sistema de Espectrofotometria de Reflectância no 147

Infravermelho Proximal (NIRS), de acordo com os procedimentos de Marten et al. (1985). 148

Para a estimativa do acúmulo de forragem, um piquete por módulo (0,25 ha) foi 149

fechado ao pastejo, a cada 28 dias, evitando-se assim o uso das gaiolas de exclusão. No dia 150

1 o piquete foi amostrado, tomando-se os valores de altura do dossel e massa de forragem, 151

da mesma forma descrita acima, e no dia 28 o procedimento foi repetido no mesmo piquete 152

e este foi aberto ao pastejo. O piquete seguinte foi amostrado da mesma forma, assim, 153

sucessivamente. O acúmulo de forragem (kg de MS/ha) foi obtido pela diferença entre as 154

massas de forragem no dia 28 e no dia 1. As taxas de acúmulo (kg ha-1

. dia de MS) foram 155

calculadas dividindo-se o acúmulo de forragem pelo número de dias entre as amostragens. 156

A oferta de forragem foi calculada utilizando a massa de forragem (kg/ha) dividida 157

pelo total de peso corporal (kg de PC/ha). 158

Durante o período experimental, os animais foram tratados com ectocida pour-on, 159

conforme a necessidade de controle de carrapatos e mosca-dos-chifres. Todos os piquetes 160

foram providos de bebedouros de concreto com acesso livre a água potável e cochos 161

plásticos para o fornecimento do suplemento e sal mineral. 162

Os animais foram pesados a cada 28 dias (período). Os pesos foram obtidos após 163

um jejum de alimento e de água de 16 horas. O ganho de peso médio diário foi calculado 164

pela diferença do peso dos animais, no início e final de cada período, dividida pelo número 165

de dias entre pesagens. O ganho de peso animal (GP) por hectare (kg/ha de PC produzido) 166

foi obtido multiplicando-se o ganho médio diário dos animais pelo número de animais 167

mantidos em cada módulo. 168

Os dados foram agrupados por períodos da seguinte maneira: Jun/Jul (24/06/2013 a 169

23/07/2013); Jul/Ago (24/07/2013 a 21/08/2013); Ago/Set (22/08/2013 a 17/09/2013); 170

Set/Out (18/09/2013 a 10/10/13). 171

A análise estatística foi realizada com uso de modelo matemático contendo o efeito 172

aleatório de bloco, e os efeitos fixos de suplemento e período, bem como suas respectivas 173

interações. Para todas as análises, foi usado o procedimento Proc Mixed disponível no SAS 174

Institute (1996). As médias foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. 175

25

Resultados e Discussão 176

177

Não houve interação entre tratamentos e períodos para a massa de forragem (MF; 178

p=0,3448), massa de forragem verde (MFV; p=0,4645), massa de lâmina foliar (MLF; 179

p=0,2091), altura do dossel (p=0,0578), percentagem de folha (PF; p=0,9645), colmo (PC; 180

p=0,7321) e material morto (PM; p=0,6860), relações folha:colmo (RFC; p=0,9989) e 181

folha:não folha (RFNF; p=0,9166), taxa de acúmulo de forragem (TAF; p=0,5101) e oferta 182

de forragem (OF; p=0,2716). No entanto, foram observadas alterações significativas ao 183

longo do período para as variáveis associadas à estrutura do dossel (Tabela 2). Essas 184

alterações provavelmente foram consequência da mudança nas condições climáticas 185

(Figuras 1), o que influenciou o fluxo de tecidos nas plantas. 186

Durante o período seco, as massas de forragem (p>0,05), as variáveis associadas 187

aos componentes estruturais do pasto (p>0,05) e as variáveis associadas ao valor nutritivo 188

da forragem (p>0,05) foram semelhantes para os pastos utilizados nos diferentes 189

tratamentos (Tabelas 2 e 3). Assegurou-se, desta forma, que as diferenças em ganho de 190

peso médio diário (GMD) fossem consequência da suplementação. 191

Foram observadas as maiores MFV e MLF nos primeiros períodos (Jun/Jul e 192

Jul/Ago) de avaliação, decrescendo à medida que o período experimental avançou (Tabela 193

2). Na primeira avaliação, cerca de 44,4 % da massa de forragem era constituída de MFV, 194

sendo esta a fração mais procurada pelos animais em pastejo, no entanto, na última, esta 195

percentagem estava em torno de 25,0 %, o que pode estar relacionado com a diminuição do 196

crescimento e o consumo pelos animais. Euclides et al. (2008) verificaram uma variação na 197

disponibilidade de massa de forragem verde de 660 a 1350 kg ha-1 em quatro anos de 198

avaliação em pastos de capim-mombaça na época seca. 199

No início do período experimental os pastos tinham 43 cm de altura e 4210 kg ha-1

200

de massa de forragem (Tabela 2). Não houve diferença entre os períodos para a MF. A 201

altura média do dossel comprova a estagnação do crescimento do pasto na época seca, uma 202

vez que no período das águas antecedente ao experimento os pastos foram manejados sob 203

lotação rotacionada com uma condição de pós pastejo de 45 cm (Fonseca, 2013 fase de 204

redação). A massa de forragem, massa de forragem verde e massa de lâmina foliar 205

decresceram do início ao fim do experimento, com médias de 3790, 1385 e 848 kg.ha-¹. 206

Foram observados decréscimos nas porcentagens de lâmina foliar (PF) e de colmo 207

(PC), e acréscimo na porcentagem de material morto (PM), chegando a 76% da massa 208

total. Essa variação nos componentes morfológicos está relacionada não só à baixa taxa de 209

26

rebrotação e à senescência natural das gramíneas, acelerada pelo déficit hídrico durante 210

esta época do ano (Figuras 1 e 2), mas também ao processo de pastejo, uma vez que a dieta 211

dos animais é constituída principalmente por folhas (Euclides, 2000; Brâncio et al, 2003; 212

Trindade et al, 2007). 213

A RFC não apresentou diferença entre os períodos (p>0,05), no entanto foram 214

observados valores acima de 1,0, sendo esta ferramenta considerada de grande importância 215

para o manejo das plantas forrageiras, uma vez que valores inferiores a esse implicam em 216

redução na quantidade e qualidade da forragem produzida (Brâncio et al., 2003). A RFNF 217

foi superior no período de Jul/Ago, quando também foi superior a porcentagem de folhas 218

(Tabela 2), diminuindo à medida que aumentou a percentagem de material morto. 219

A menor TAF foi observada no segundo período (Jul/Ago). Uma formação de 220

geada na região, ocorrida entre os dias 24 e 26 de julho pode explicar esta redução brusca 221

no acúmulo de forragem (Tabela 2). Por outro lado, o aumento da TAF no último período 222

de avaliação poderia ser explicado por 106 mm de precipitação (Figura 2). 223

A oferta de forragem (%) foi maior no primeiro período (Jun/Jul) e sua média foi de 224

16,3%, ficando acima do recomendado por Hodgson (1990) que sugeriu que a oferta de 225

forragem deve ser de três a quatro vezes o valor do consumo estimado pelos animais em 226

pastejo (2,5% do PV). A OF decresceu do início até o final do período experimental, de 227

forma semelhante ao observado para a massa de forragem, devido ao consumo pelos 228

animais em pastejo e pelo baixo acúmulo de forragem observado nesta época do ano. 229

Quanto às variáveis associadas ao valor nutritivo da lâmina foliar e do colmo, não 230

foi observada interação (p>0,05) entre suplementos e períodos (Tabela 3). Também, não 231

houve diferença entre os tratamentos com médias de 11,0; 60,6; 74,9 e 3,6 para folha, 5,1; 232

51,5; 77,2 e 4,8 para o colmo, respectivamente para os teores de proteína bruta (PB), 233

digestibilidade in vitro da matéria orgânica (DIVMO), fibra em detergente neutro (FDN) e 234

lignina em detergente ácido (LDA). 235

Os teores de PB e DIVMO nas lâminas foliares foram maiores no último período de 236

avaliação (Set/Out), consequência das primeiras chuvas (Figuras 1 e 2), promovendo assim 237

a rebrota do pasto e a elevação nos teores de PB. Os teores de FDN e LDA apresentaram 238

menores valores neste período. Independente do uso de suplemento, a PB da lâmina foliar 239

ficou acima de 7%, valor estipulado por Minson (1990) como sendo o mínimo necessário 240

para um adequado desenvolvimento dos microrganismos ruminais. 241

Desta forma, o teor de PB provavelmente não foi o fator limitante para a produção 242

animal. Santana et al. (2013), avaliando pastos de capim-tanzânia adubados com diferentes 243

27

níveis de adubação nitrogenada, observaram valores de 12,5, 67,1, 68,8 e 4,5 para PB, 244

DIVMO, FDN e LDA, respectivamente quando utilizado 300kg N/ha/ano. 245

Moraes et al. (2006), avaliando o capim-mombaça submetido a pastejo por novilhos 246

suplementados com diferentes níveis de proteína no período de transição seca/águas, 247

observaram teores de 14, 3, 66,3 e 6,2 % para PB, FDN e LDA , respectivamente. 248

Foram observados maiores valores de PB e DIVMO para o colmo no último 249

período (Set/Out) de avaliação. Os teores de PB durante todo o período de avaliação 250

situaram-se abaixo do nível crítico, menor que 7%, podendo ter acarretado limitação no 251

consumo dos animais em pastejo, já que a proporção de folhas diminuiu no decorrer do 252

período experimental, aumentando as proporções de colmo e material morto. Os teores de 253

FDN não diferiram entre os períodos (p=0,1270), com média e erro-padrão de 77,3±0,26% 254

(Tabela 3). 255

Não houve interação (P>0,05) e efeito entre os períodos para os teores de proteína 256

bruta (PB; p=0,1882), digestibilidade in vitro da matéria orgânica (DIVMO; p=0,0937), 257

fibra em detergente neutro (FDN; p=0,1072) e lignina em detergente ácido (LDA; 258

p=0,2113) no material morto, com médias e erros‑padrão de 3,7±0,1%, 36,3±0,7%, 259

76,9±0,2%, e 5,7±0,06%, respectivamente. 260

Não foi observado efeito de interação entre tratamento e período (p=0,1489) para o 261

ganho médio diário (GMD). Os animais suplementados com concentrado apresentaram 262

maior ganho médio diário (GMD) do que aqueles com sal e MM. Também, o GMD dos 263

animais suplementados com MM foi maior do que os suplementados com sal mineral à 264

vontade (Tabela 4). Neste caso, observou-se que, o ganho de peso vivo por área (GPV) foi 265

superior quando os animais foram suplementados com SC, intermediário para MM e 266

inferior quando receberam sal mineral. 267

No entanto, quando se comparou o desempenho dos animais suplementados com 268

MM observou-se que o ganho médio diário (GMD) de 460 g/dia foi maior do que o GMD 269

de 380 g/dia observado por Moreira et al. (2008), quando avaliaram o efeito da 270

suplementação protéica sobre o desempenho de bezerros desmamados em pastos de capim-271

mombaça no inverno. Zanetti et al. (2000), trabalhando com bezerros desmamados em 272

pastos de Brachiaria decumbens, observaram ganho médio diário de 86 g/animal/dia para 273

animais suplementados com sal proteinado sem ureia, 207 g/animal/dia para aqueles 274

suplementados com ureia e perda de 96 g/dia naqueles que recebiam somente o sal 275

mineral. 276

28

Independentemente do período de avaliação, os animais suplementados com sal 277

obtiveram os menores valores de GMD. Houve decréscimo no ganho médio diário apenas 278

do período de Jul/Ago para os períodos seguintes. No entanto, não houve decréscimo no 279

peso vivo médio dos animais. Animais suplementados com sal mineral na primeira seca 280

após a desmama chegaram ao final do período com 217 kg de PV, enquanto àqueles que 281

receberam MM e SC pesaram, respectivamente, 237 e 277 kg de PV (Figura 3). 282

O incremento de peso na primeira seca após desmama depende do objetivo do 283

sistema de produção. Quanto mais precoce for o abate, mais peso os animais devem 284

acumular na primeira seca, para que alcance o peso de abate no tempo preconizado pelo 285

sistema adotado. 286

Euclides et al. (1998) avaliando diferentes regimes alimentares de novilhos mantidos 287

em pastos de B. decumbens, observaram que os animais suplementados com concentrado 288

nos períodos críticos de dois anos seguidos, apresentaram ganhos de peso satisfatórios, 289

alcançando valores superiores a 1 kg/animal/dia no primeiro período, enquanto que os 290

animais não-suplementados apresentaram ganhos de apenas 0,320 kg/animal/dia no 291

primeiro ano, perdendo peso no segundo ano. Os autores observaram ainda que a 292

suplementação com concentrado durante o período seco foi capaz de reduzir a idade de 293

abate dos animais de 5 a 13 meses. 294

O GMD foi diferente entre os períodos experimentais (p<0,0001), sendo observado 295

o maior ganho no segundo período (Jul/Ago), o menor, no primeiro (Jun/Jul) e ganhos 296

intermediários nos demais (Figura 3). Os menores valores de ganho de peso observados 297

para os três tratamentos no primeiro período podem ser atribuídos ao estresse pós 298

desmama, tendo em vista que nessa fase os animais geralmente apresentam perda de peso e 299

maior susceptibilidade à ocorrência de doenças (Haddad e Mendes, 2010). Em decorrência 300

disso, os animais foram infestados por carrapatos, onde após serem tratados, a infestação 301

diminuiu e os animais passaram a ganhar peso novamente. 302

O efeito do GMD distinto para cada tratamento (Tabela 4) pode ser observado no 303

incremento de ganho de peso vivo dos animais durante o período experimental (Figura 3). 304

Moreira et. al (2008), avaliando o efeito da suplementação protéica sobre o desempenho de 305

bezerros desmamados em pastos de capim-mombaça no inverno, observaram valores 306

médios de 233 kg de PV ao final do período. Os animais avaliados tinham o mesmo peso 307

vivo médio inicial dos animais deste experimento. 308

Foram observadas diferenças (p=0,001) entre os períodos para a taxa de lotação (TL) 309

com médias de 1,37; 1,38; 1,57 e 1,63 UA/ha para o primeiro, segundo, terceiro e quarto 310

29

períodos, respectivamente. Os tratamentos apresentaram médias de 1,41, 1,45 e 1,60 311

UA/ha para o sal, MM e SC ao final do período seco. Como o número de animais foi o 312

mesmo em cada tratamento, quatro animais, as diferenças observadas foram consequência 313

do GMD alcançado. Com relação aos tratamentos, o SC apresentou maiores valores de TL. 314

Os valores de TL observados são semelhantes aos encontrados por Euclides et al. (2008), 315

que observaram variações nas taxas de lotação de 3,5 para 1,4 UA/ha, nas épocas chuvosa 316

e seca, respectivamente. 317

318

Conclusões 319

- A utilização de MM e SC promovem incrementos no ganho de peso de novilhos mantidos 320

em pastos de capim-mombaça, porém pode-se utilizar apenas o sal mineral para a 321

mantença dos animais. 322

- Independente do uso de suplementos, a cultivar Mombaça mostra-se como uma 323

alternativa adequada para a utilização na época seca, desde que sejam feitos ajustes nas 324

taxas de lotação. 325

326

Agradecimentos 327

À Embrapa Gado de Corte, pelo financiamento e colaboração na condução do 328

experimento, e a CAPES, pela concessão de bolsa de estudos. 329

30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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de proteína em suplementos para novilhos mestiços em pastejo durante o período de 401

transição seca/águas. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 35, n. 5, p. 2135-2143, 402

2006. 403

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novilhos consumindo suplemento mineral proteinado convencional ou com uréia. 420

Revista Brasileira de Zootecnia, v.29, n.3, p.935-939, 2000. 421

33

422 Figura 1 - Precipitação pluvial mensal e temperaturas máxima, média e mínima, durante o 423

período de janeiro a dezembro de 2013. 424

Figura 2 - Balanço hídrico mensal durante o período de janeiro a dezembro de 2013. 425

426 427

0

5

10

15

20

25

30

35

0

50

100

150

200

250

300

Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Tem

per

atu

ras

(°C

)

Pre

cip

ita

ção

(m

m/m

ês)

Precipitação

(mm/mês)

Temperatura

mínima (°C)

Temperatura

média (°C)

Temperatura

máxima (°C)

-150

-100

-50

0

50

100

150

Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Lâm

ina

de

água

(mm

)

Deficiência Excesso

34

428 429 430

Figura 3 – Peso vivo médio (kg) e ganho médio diário (GMD) durante o período 431

experimental em pastos de capim-mombaça durante a seca 432

Tabela 1 - Proporção dos ingredientes nos suplementos e no sal mineral, expresso na 433

baseada matéria natural. 434

Tratamento

Componente SAL MM SC

Farelo de Soja 45 % _ 28,0 31,8

Uréia _ 8,0 1,3

Milho Grão _ 52,0 58,2

Foscromo¹ 100 7,0 8,7

Cloreto de Sódio _ 5,0 -

Composição Química (%)

MS - 92,2 89,5

PB - 43,6 24,1

FDN - 7,2 8,6

NDT - 53,6 75,9

EE - 2,4 3,1

435 ¹ Composição: Cloreto de sódio (sal comum) (32,4%); Enxofre ventilado (flor de enxofre); Fosfato 436 bicálcico; Carbo amino fosfoquelato de cobalto; Carbo amino fosfoquelato de cobre; Carbo amino 437 fosfoquelato de cromo; Carbo amino fosfoquelato de enxofre; Carbo amino fosfoquelato de ferro; 438 Carbo amino fosfoquelato de manganês; Carbo amino fosfoquelato de selênio; Carbo amino 439 fosfoquelato de zinco; Iodato de cálcio; Caulim (máx. 2%) 440

35

Tabela 2 – Médias, seus erros-padrão (EPM) e nível de significância (P) para massa de 441

forragem (MF), massa de forragem verde (MFV), massa de lâmina foliar 442

(MLF), altura do dossel, percentagem de folha (PF), de colmo (PC), de 443

material morto (PM), relação folha: colmo (RFC), relação folha:não folha 444

(RFNF), taxa de acúmulo de forragem (TAF) e oferta de forragem (OF) em 445

pastos de capim-mombaça na época seca. 446

Variáveis

Períodos

EPM P Jun/Jul Jul/Ago Ago/Set Set/Out

MF (kg/ha) 4210 3330 3800 3810 216 0,0714

MFV (kg/ha) 1870ª 1690a 1030b 950b 116 0,0001

MLF (kg/ha) 1030ª 1130a 670b 560b 54 0,0001

Altura (cm) 43b 47a 43b 44ab 1,1 0,0165

PF (%) 24,8b 34,3a 17,6c 14,4c 1,5 0,0001

PC (%) 19,8ª 16,0a 9,2b 10,1b 1,4 0,0001

PM (%) 55,4b 49,7b 73,2ª 75,5a 1,8 0,0001

RFC 1,3 2,3 1,9 1,5 0,3 0,0529

RFNF 0,3b 0,5a 0,2b 0,2b 0,03 0,0001

TAF 6,5ª -16,8b 3,7ª 20,9a 5,2 0,0009

OF (%) 19,6ª 15,3b 15,6b 14,9b 1,0 0,013 Médias seguidas por letras distintas na linha diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). 447

36

Tabela 3- Médias, seus erros-padrão (EPM) e nível de significância (P) para os teores de 448

proteína bruta (PB), digestibilidade in vitro da matéria orgânica (DIMO), fibra 449

em detergente neutro (FDN) e lignina em detergente ácido (LDA) para as 450

frações de lâminas foliares e colmos em pastos de capim-mombaça durante a 451

seca. 452

Períodos

Variáveis Lâmina Foliar

EPM P Jun/Jul Jul/Ago Ago/Set Set/Out

PB 9,6c 9,3c 11,7b 13,4a 0,36 0,0001

DIVMO 53,5c 55,1c 63,0b 70,7a 1,25 0,0001

FDN 76,2a 76,3a 74,2ab 72,9b 0,38 0,0001

LDA 3,8a 3,8ab 3,5ab 3,3b 0,10 0,0001

Colmo

EPM P Jun/Jul Jul/Ago Ago/Set Set/Out

PB 4,3c 4,2c 5,5b 6,8a 0,27 0,0001

DIVMO 48,0c 49,1bc 52,5ab 56,0a 0,89 0,0001

LDA 4,9a 4,9a 4,8ab 4,5b 0,08 0,0001 Médias seguidas por letras distintas na linha diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). 453

Tabela 4 - Médias, seus erros-padrão (EPM) e nível de significância (P) para ganho médio 454

diário (GMD) e ganho por área (GPV) em pastos de capim-mombaça durante a 455

seca 456

Variáveis Tratamentos

EPM P SAL MM SC

GMD (g/animal/dia) 0,250c 0,460b 0,770ª 0,04 0,0001

GPV (kg/ha) 75c 110b 185ª 12,3 0,0011

Médias seguidas por letras distintas na linha diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). 457

37

Anexo I: Normas para submissão à revista Pesquisa Agropecuária Brasileira Disponível em:

(http://seer.sct.embrapa.br/index.php/pab/about/submissions#authorGuidelines)

Diretrizes para Autores Escopo e política editorial

A revista Pesquisa Agropecuária Brasileira (PAB) é uma publicação mensal da Embrapa,

que edita e publica trabalhos técnico-científicos originais, em português, espanhol ou

inglês, resultantes de pesquisas de interesse agropecuário. A principal forma de

contribuição é o Artigo, mas a PAB também publica Notas Científicas e Revisões a convite

do Editor.

Forma e preparação de manuscritos

Os trabalhos enviados à PAB devem ser inéditos (não terem dados – tabelas e

figuras – publicadas parcial ou integralmente em nenhum outro veículo de divulgação

técnico-científica, como boletins institucionais, anais de eventos, comunicados técnicos,

notas científicas etc.) e não podem ter sido encaminhados simultaneamente a outro

periódico científico ou técnico. Dados publicados na forma de resumos, com mais de 250

palavras, não devem ser incluídos no trabalho.

- São considerados, para publicação, os seguintes tipos de trabalho: Artigos Científicos,

Notas Científicas e Artigos de Revisão, este último a convite do Editor.

- Os trabalhos publicados na PAB são agrupados em áreas técnicas, cujas principais são:

Entomologia, Fisiologia Vegetal, Fitopatologia, Fitotecnia, Fruticultura, Genética,

Microbiologia, Nutrição Mineral, Solos e Zootecnia.

- O texto deve ser digitado no editor de texto Microsoft Word, em espaço duplo, fonte

Times New Roman, corpo 12, folha formato A4, com margens de 2,5 cm e com páginas e

linhas numeradas.

Organização do Artigo Científico

A ordenação do artigo deve ser feita da seguinte forma:

- Artigos em português - Título, autoria, endereços institucionais e eletrônicos, Resumo,

Termos para indexação, título em inglês, Abstract, Index terms, Introdução, Material e

Métodos, Resultados e Discussão, Conclusões, Agradecimentos, Referências, tabelas e

figuras.

- Artigos em inglês - Título, autoria, endereços institucionais e eletrônicos, Abstract, Index

terms, título em português, Resumo, Termos para indexação, Introduction, Materials and

38

Methods, Results and Discussion, C onclusions, Acknowledgements, References, tables,

figures.

- Artigos em espanhol - Título, autoria, endereços institucionais e eletrônicos, Resumen,

Términos para indexación; título em inglês, Abstract, Index terms, Introducción,

Materiales y Métodos, Resultados y Discusión, C onclusiones, Agradecimientos,

Referencias, cuadros e figuras.

- O título, o resumo e os termos para indexação devem ser vertidos fielmente para o inglês,

no caso de artigos redigidos em português e espanhol, e para o português, no caso de

artigos redigidos em inglês.

- O artigo científico deve ter, no máximo, 20 páginas, incluindo-se as ilustrações (tabelas e

figuras), que devem ser limitadas a seis, sempre que possível.

Título

- Deve representar o conteúdo e o objetivo do trabalho e ter no máximo 15 palavras,

incluindo-se os artigos, as preposições e as conjunções.

- Deve ser grafado em letras minúsculas, exceto a letra inicial, e em negrito.

- Deve ser iniciado com palavras chaves e não com palavras como “efeito” ou “influência”.

- Não deve conter nome científico, exceto de espécies pouco conhecidas; neste caso,

apresentar somente o nome binário.

- Não deve conter subtítulo, abreviações, fórmulas e símbolos.

- As palavras do título devem facilitar a recuperação do artigo por índices desenvolvidos

por bases de dados que catalogam a literatura.

Nomes dos autores

- Grafar os nomes dos autores com letra inicial maiúscula, por extenso, separados por

vírgula; os dois últimos são separados pela conjunção “e”, “y” ou “and”, no caso de artigo

em português, espanhol ou em inglês, respectivamente.

- O último sobrenome de cada autor deve ser seguido de um número em algarismo arábico,

em forma de expoente, entre parênteses, correspondente à chamada de endereço do autor.

Endereço dos autores

- São apresentados abaixo dos nomes dos autores, o nome e o endereço postal completos

da instituição e o endereço eletrônico dos autores, indicados pelo número em algarismo

arábico, entre parênteses, em forma de expoente.

- Devem ser agrupados pelo endereço da instituição.

39

- Os endereços eletrônicos de autores da mesma instituição devem ser separados por

vírgula.

Resumo

- O termo Resumo deve ser grafado em letras minúsculas, exceto a letra inicial, na margem

esquerda, e separado do texto por travessão.

- Deve conter, no máximo, 200 palavras, incluindo números, preposições, conjunções e

artigos.

- Deve ser elaborado em frases curtas e conter o objetivo, o material e os métodos, os

resultados e a conclusão.

- Não deve conter citações bibliográficas nem abreviaturas.

- O final do texto deve conter a principal conclusão, com o verbo no presente do indicativo.

Termos para indexação

- A expressão Termos para indexação, seguida de dois-pontos, deve ser grafada em letras

minúsculas, exceto a letra inicial.

- Os termos devem ser separados por vírgula e iniciados com letra minúscula.

- Devem ser no mínimo três e no máximo seis, considerando-se que um termo pode possuir

duas ou mais palavras.

- Não devem conter palavras que componham o título.

- Devem conter o nome científico (só o nome binário) da espécie estudada.

- Devem, preferencialmente, ser termos contidos no AGROVOC: Multilingual Agricultural

Thesaurus ou no Índice de Assuntos da base SciELO .

Introdução

- A palavra Introdução deve ser centralizada e grafada com letras minúsculas, exceto a

letra inicial, e em negrito.

- Deve apresentar a justificativa para a realização do trabalho, situar a importância do

problema científico a ser solucionado e estabelecer sua relação com outros trabalhos

publicados sobre o assunto.

- O último parágrafo deve expressar o objetivo de forma coerente com o descrito no início

do Resumo.

Material e Métodos

- A expressão Material e Métodos deve ser centralizada e grafada em negrito; os termos

Material e Métodos devem ser grafados com letras minúsculas, exceto as letras iniciais.

- Deve ser organizado, de preferência, em ordem cronológica.

40

- Deve apresentar a descrição do local, a data e o delineamento do experimento, e indicar

os tratamentos, o número de repetições e o tamanho da unidade experimental.

- Deve conter a descrição detalhada dos tratamentos e variáveis.

- Deve-se evitar o uso de abreviações ou as siglas.

- Os materiais e os métodos devem ser descritos de modo que outro pesquisador possa

repetir o experimento.

- Devem ser evitados detalhes supérfluos e extensas descrições de técnicas de uso corrente.

- Deve conter informação sobre os métodos estatísticos e as transformações de dados.

- Deve-se evitar o uso de subtítulos; quando indispensáveis, grafa-los em negrito, com

letras minúsculas, exceto a letra inicial, na margem esquerda da página.

Resultados e Discussão

- A expressão Resultados e Discussão deve ser centralizada e grafada em negrito, com

letras minúsculas, exceto a letra inicial.

- Todos os dados apresentados em tabelas ou figuras devem ser discutidos.

- As tabelas e figuras são citadas seqüencialmente.

- Os dados das tabelas e figuras não devem ser repetidos no texto, mas discutidos em

relação aos apresentados por outros autores.

- Evitar o uso de nomes de variáveis e tratamentos abreviados.

- Dados não apresentados não podem ser discutidos.

- Não deve conter afirmações que não possam ser sustentadas pelos dados obtidos no

próprio trabalho ou por outros trabalhos citados.

- As chamadas às tabelas ou às figuras devem ser feitas no final da primeira oração do

texto em questão; se as demais sentenças do parágrafo referirem-se à mesma tabela ou

figura, não é necessária nova chamada.

- Não apresentar os mesmos dados em tabelas e em figuras.

- As novas descobertas devem ser confrontadas com o conhecimento anteriormente obtido.

Conclusões

- O termo Conclusões deve ser centralizado e grafado em negrito, com letras minúsculas,

exceto a letra inicial.

- Devem ser apresentadas em frases curtas, sem comentários adicionais, com o verbo no

presente do indicativo.

- Devem ser elaboradas com base no objetivo do trabalho.

- Não podem consistir no resumo dos resultados.

- Devem apresentar as novas descobertas da pesquisa.

41

- Devem ser numeradas e no máximo cinco.

Agradecimentos

- A palavra Agradecimentos deve ser centralizada e grafada em negrito, com letras

minúsculas, exceto a letra inicial.

- Devem ser breves e diretos, iniciando-se com “Ao, Aos, À ou Às” (pessoas ou

instituições).

- Devem conter o motivo do agradecimento.

Referências

- A palavra Referências deve ser centralizada e grafada em negrito, com letras minúsculas,

exceto a letra inicial.

- Devem ser de fontes atuais e de periódicos: pelo menos 70% das referências devem ser

dos últimos 10 anos e 70% de artigos de periódicos.

- Devem ser normalizadas de acordo com a NBR 6023 da ABNT, com as adaptações

descritas a seguir.

- Devem ser apresentadas em ordem alfabética dos nomes dos autores, separados por ponto

e vírgula, sem numeração.

- Devem apresentar os nomes de todos os autores da obra.

- Devem conter os títulos das obras ou dos periódicos grafados em negrito.

- Devem conter somente a obra consultada, no caso de citação de citação.

- Todas as referências devem registrar uma data de publicação, mesmo que aproximada.

- Devem ser trinta, no máximo.

Exemplos:

- Artigos de Anais de Eventos (aceitos apenas trabalhos completos)

AHRENS, S. A fauna silvestre e o manejo sustentável de ecossistemas florestais. In:

SIMPÓSIO LATINO-AMERICANO SOBRE MANEJO FLORESTAL, 3., 2004, Santa

Maria. Anais. Santa Maria: UFSM, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal,

2004. p.153-162.

- Artigos de periódicos

SANTOS, M.A. dos; NIC OLÁS, M.F.; HUNGRIA, M. Identificação de QTL associados à

simbiose entre Bradyrhizobium japonicum, B.elkanii e soja. Pesquisa Agropecuária

Brasileira, v.41, p.67-75, 2006.

- Capítulos de livros

AZEVEDO, D.M.P. de; NÓBREGA, L.B. da; LIMA, E.F.; BATISTA, F.A.S.;

BELTRÃO, N.E. de M. Manejo cultural. In: AZEVEDO, D.M.P.; LIMA, E.F. (Ed.). O

42

agronegócio da mamona no Brasil. Campina Grande: Embrapa Algodão; Brasília:

Embrapa Informação Tecnológica, 2001. p.121-160.

- Livros

OTSUBO, A.A.; LORENZI, J.O. Cultivo da mandioca na Região Centro-Sul do Brasil.

Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste; Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e

Fruticultura, 2004. 116p. (Embrapa Agropecuária Oeste. Sistemas de produção, 6).

- Teses

HAMADA, E. Desenvolvimento fenológico do trigo (cultivar IAC 24 - Tucuruí),

comportamento espectral e utilização de imagens NOAA-AVHRR. 2000. 152p. Tese

(Doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

- Fontes eletrônicas

EMBRAPA AGROPEC UÁRIA OESTE. Avaliação dos impactos econômicos, sociais e

ambientais da pesquisa da Embrapa Agropecuária Oeste: relatório do ano de 2003.

Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2004. 97p. (Embrapa Agropecuária Oeste.

Documentos, 66). Disponível em: Acesso em: 18 abr. 2006.

Citações

- Não são aceitas citações de resumos, comunicação pessoal, documentos no prelo ou

qualquer outra fonte, cujos dados não tenham sido publicados. - A autocitação deve ser

evitada. - Devem ser normalizadas de acordo com a NBR 10520 da ABNT, com as

adaptações descritas a seguir.

- Redação das citações dentro de parênteses

- Citação com um autor: sobrenome grafado com a primeira letra maiúscula, seguido de

vírgula e ano de publicação.

- Citação com dois autores: sobrenomes grafados com a primeira letra maiúscula,

separados pelo "e" comercial (&), seguidos de vírgula e ano de publicação.

- Citação com mais de dois autores: sobrenome do primeiro autor grafado com a primeira

letra maiúscula, seguido da expressão et al., em fonte normal, vírgula e ano de publicação.

- Citação de mais de uma obra: deve obedecer à ordem cronológica e em seguida à ordem

alfabética dos autores.

- Citação de mais de uma obra dos mesmos autores: os nomes destes não devem ser

repetidos; colocar os anos de publicação separados por vírgula.

- Citação de citação: sobrenome do autor e ano de publicação do documento original,

seguido da expressão “citado por” e da citação da obra consultada.

43

- Deve ser evitada a citação de citação, pois há risco de erro de interpretação; no caso de

uso de citação de citação, somente a obra consultada deve constar da lista de referências.

- Redação das citações fora de parênteses

- Citações com os nomes dos autores incluídos na sentença: seguem as orientações

anteriores, com os anos de publicação entre parênteses; são separadas por vírgula.

Fórmulas, expressões e equações matemáticas

- Devem ser iniciadas à margem esquerda da página e apresentar tamanho padronizado da

fonte Times New Roman.

- Não devem apresentar letras em itálico ou negrito, à exceção de símbolos escritos

convencionalmente em itálico.

Tabelas

- As tabelas devem ser numeradas seqüencialmente, com algarismo arábico, e apresentadas

em folhas separadas, no final do texto, após as referências.

- Devem ser auto-explicativas.

- Seus elementos essenciais são: título, cabeçalho, corpo (colunas e linhas) e coluna

indicadora dos tratamentos ou das variáveis.

- Os elementos complementares são: notas-de-rodapé e fontes bibliográficas.

- O título, com ponto no final, deve ser precedido da palavra Tabela, em negrito; deve ser

claro, conciso e completo; deve incluir o nome (vulgar ou científico) da espécie e das

variáveis dependentes.

- No cabeçalho, os nomes das variáveis que representam o conteúdo de cada coluna devem

ser grafados por extenso; se isso não for possível, explicar o significado das abreviaturas

no título ou nas notas de rodapé.

- Todas as unidades de medida devem ser apresentadas segundo o Sistema Internacional de

Unidades.

- Nas colunas de dados, os valores numéricos devem ser alinhados pelo último algarismo.

- Nenhuma célula (cruzamento de linha com coluna) deve ficar vazia no corpo da tabela;

dados não apresentados devem ser representados por hífen, com uma nota de rodapé

explicativa.

- Na comparação de médias de tratamentos são utilizadas, no corpo da tabela, na coluna ou

na linha, à direita do dado, letras minúsculas ou maiúsculas, com a indicação em nota de

rodapé do teste utilizado e a probabilidade.

- Devem ser usados fios horizontais para separar o cabeçalho do título, e do corpo; usá-los

ainda na base da tabela, para separar o conteúdo dos elementos complementares. Fios

44

horizontais adicionais podem ser usados dentro do cabeçalho e do corpo; não usar fios

verticais.

- As tabelas devem ser editadas em arquivo Word, usando os recursos do menu Tabela; não

fazer espaçamento utilizando a barra de espaço do teclado, mas o recurso recuo do menu

Formatar Parágrafo.

- Notas de rodapé das tabelas

- Notas de fonte: indicam a origem dos dados que constam da tabela; as fontes devem

constar nas referências.

- Notas de chamada: são informações de caráter específico sobre partes da tabela, para

conceituar dados. São indicadas em algarismo arábico, na forma de expoente, entre

parênteses, à direita da palavra ou do número, no título, no cabeçalho, no corpo ou na

coluna indicadora. São apresentadas de forma contínua, sem mudança de linha, separadas

por ponto.

- Para indicação de significância estatística, são utilizadas, no corpo da tabela, na forma de

expoente, à direita do dado, as chamadas ns (não significativo); * e ** (significativo a 5 e

1% de probabilidade, respectivamente).

Figuras

- São consideradas figuras: gráficos, desenhos, mapas e fotografias usados para ilustrar o

texto.

- Só devem acompanhar o texto quando forem absolutamente necessárias à documentação

dos fatos descritos.

- O título da figura, sem negrito, deve ser precedido da palavra Figura, do número em

algarismo arábico, e do ponto, em negrito.

- Devem ser auto-explicativas.

- A legenda (chave das convenções adotadas) deve ser incluída no corpo da figura, no

título, ou entre a figura e o título.

- Nos gráficos, as designações das variáveis dos eixos X e Y devem ter iniciais maiúsculas,

e devem ser seguidas das unidades entre parênteses.

- Figuras não-originais devem conter, após o título, a fonte de onde foram extraídas; as

fontes devem ser referenciadas.

- O crédito para o autor de fotografias é obrigatório, como também é obrigatório o crédito

para o autor de desenhos e gráficos que tenham exigido ação criativa em sua elaboração. -

As unidades, a fonte (Times New Roman) e o corpo das letras em todas as figuras devem

ser padronizados.

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- Os pontos das curvas devem ser representados por marcadores contrastantes, como:

círculo, quadrado, triângulo ou losango (cheios ou vazios).

- Os números que representam as grandezas e respectivas marcas devem ficar fora do

quadrante.

- As curvas devem ser identificadas na própria figura, evitando o excesso de informações

que comprometa o entendimento do gráfico.

- Devem ser elaboradas de forma a apresentar qualidade necessária à boa reprodução

gráfica e medir 8,5 ou 17,5 cm de largura.

- Devem ser gravadas nos programas Word, Excel ou C orel Draw, para possibilitar a

edição em possíveis correções.

- Usar fios com, no mínimo, 3/4 ponto de espessura.

- No caso de gráfico de barras e colunas, usar escala de cinza (exemplo: 0, 25, 50, 75 e

100%, para cinco variáveis).

- Não usar negrito nas figuras.

- As figuras na forma de fotografias devem ter resolução de, no mínimo, 300 dpi e ser

gravadas em arquivos extensão TIF, separados do arquivo do texto.

- Evitar usar cores nas figuras; as fotografias, porém, podem ser coloridas.