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I Simpósio Paulista de Bubalinocultura - Jaboticabal - 1999 Prof. Dr. André Mendes Jorge - UNESP-FMVZ-Botucatu 1 DESEMPENHO EM CONFINAMENTO E CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA EM BUBALINOS Prof. Dr. André Mendes Jorge Depto. Produção e Exploração Animal Unesp-FMVZ-Caixa Postal 560 18618-000 Botucatu – SP [email protected] Bolsista Pesquisador do CNPq Algumas previsões feitas no passado em relação ao problema demográfico e à produção de alimentos parecem aproximar-se cada vez mais da realidade. A população da terra deverá chegar a um nível crítico tal que qualquer decréscimo no nível de produção de alimento provocará tremendas tragédias. Portanto, a grande arma do terceiro milênio será o ‘alimento’(CAIELLI, 1986)”. INTRODUÇÃO Das espécies animais produtoras de carne para consumo humano, o búfalo figura como alternativa na disponibilidade de nutrientes de alto valor biológico. Segundo o FNP (1998), o Brasil possuía em 1995 um rebanho de 1,64 milhão de cabeças, sendo que deste total 65,8%; 6,7%; 6%; 13,3% e 8,2% localizavam-se nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, respectivamente. A criação tem apresentado um incremento substancial, principalmente nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul do país. Serão apresentadas informações de diversas fontes e/ou estimativas com razoável grau de fundamentação e bom senso obtidas junto à técnicos e Instituições de Pesquisa e Empresas. DESEMPENHO EM CONFINAMENTO A pecuária de corte vem passando por uma reestruturação em que, atualmente, eficiência e competitividade em sistemas de produção sustentados são as metas do setor. Ao se buscar eficiência de uma sistema de produção de carne, a quantidade de alimentos consumida por quilograma de ganho é, sem dúvida, um dos aspectos que merece ser avaliado e conhecido (EUCLIDES FILHO et al, 1997).

DESEMPENHO EM CONFINAMENTO E … · rendimento e composição da carcaça, entre outras, assumem grande importância. O confinamento é uma das tecnologias empregadas para aumento

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I Simpósio Paulista de Bubalinocultura - Jaboticabal - 1999Prof. Dr. André Mendes Jorge - UNESP-FMVZ-Botucatu

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DESEMPENHO EM CONFINAMENTO E CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA EM BUBALINOS

Prof. Dr. André Mendes JorgeDepto. Produção e Exploração Animal

Unesp-FMVZ-Caixa Postal 56018618-000 Botucatu – SP

[email protected] Pesquisador do CNPq

“Algumas previsões feitas no passado em relação ao problema demográfico e à

produção de alimentos parecem aproximar-se cada vez mais da realidade. A população da

terra deverá chegar a um nível crítico tal que qualquer decréscimo no nível de produção

de alimento provocará tremendas tragédias. Portanto, a grande arma do terceiro milênio

será o ‘alimento’(CAIELLI, 1986)”.

INTRODUÇÃO

Das espécies animais produtoras de carne para consumo humano, o búfalo figura

como alternativa na disponibilidade de nutrientes de alto valor biológico.

Segundo o FNP (1998), o Brasil possuía em 1995 um rebanho de 1,64 milhão de

cabeças, sendo que deste total 65,8%; 6,7%; 6%; 13,3% e 8,2% localizavam-se nas regiões

Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, respectivamente. A criação tem apresentado

um incremento substancial, principalmente nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul do país.

Serão apresentadas informações de diversas fontes e/ou estimativas com razoável

grau de fundamentação e bom senso obtidas junto à técnicos e Instituições de Pesquisa e

Empresas.

DESEMPENHO EM CONFINAMENTO

A pecuária de corte vem passando por uma reestruturação em que, atualmente,

eficiência e competitividade em sistemas de produção sustentados são as metas do setor.

Ao se buscar eficiência de uma sistema de produção de carne, a quantidade de alimentos

consumida por quilograma de ganho é, sem dúvida, um dos aspectos que merece ser

avaliado e conhecido (EUCLIDES FILHO et al, 1997).

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No Brasil, a demanda crescente e as dificuldades em se obter proteína de origem

animal a baixos custos e curto prazo têm motivado a classe produtora a investir na criação

de búfalos com vistas ao abate.

Atualmente, o que se busca em bovídeos de corte são animais capazes de direcionar

grande quantidade de energia alimentar para a produção de carne comercializável e, para

tal, devem apresentar grande potencial para ganho de peso, boa relação músculo:osso e

proporção adequada de gordura corporal.

Nesse contexto, características como eficiência alimentar, qualidade de carcaça,

rendimento e composição da carcaça, entre outras, assumem grande importância.

O confinamento é uma das tecnologias empregadas para aumento dos índices de

produtividade da pecuária de corte. Utilizando rações balanceadas, conseguem-se maior

ganho diário de peso e redução da idade de abate, com reflexos positivos sobre a qualidade

das carcaças e sobre a oferta de carne na entressafra.

Investir em genética é também uma importante alternativa para se obter proveito da

atividade, buscando animais que sejam ao mesmo tempo adaptados às condições de meio,

precoces na reprodução, bons ganhadores de peso e que tenham boas características de

carcaça. A adoção de cruzamentos entre animais de diferentes raças bubalinas tem sido

apontada como uma das melhores alternativas para obtenção de animais produtivos e

adaptados aos trópicos.

O conhecimento sobre a eficiência nutritiva, o desempenho, a composição corporal

e as características da carcaça, é importante para subsidiar a melhoria da produção e da

produtividade das diferentes raças bubalinas.

• Ganho de peso, consumo e conversão alimentar

As provas de ganho de peso realizadas pela Secretaria de Agricultura e

Abastecimento e pela Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu, do Estado

de São Paulo, citadas por FIGUEIREDO (1979), revelaram que o búfalo ganhou mais peso

que os zebuínos, chegando a diferença a 30 %.

VELLOSO et al. (1994), comparando a conversão de alimentos de zebuínos e

bubalinos, concluíram que, em idênticas condições de alimentação e manejo, os bubalinos

da raça Mediterrâneo obtiveram 1,0 kg de ganho de peso vivo com 7,92 kg de alimento,

enquanto os animais da raça Nelore requereram 9,84 kg. Os bubalinos ganharam, em

média, 20 % a mais de peso (1,027 kg/dia), que os zebuínos (0,808 kg/dia); mas para isso,

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consumiram, diariamente, 10 % a mais de matéria seca (2,06 % do peso vivo (PV)), contra

1,88 % do PV dos zebuínos. Neste trabalho vale ressaltar a maior precocidade dos

bubalinos, que atingiram peso de frigorífico de 442,5 kg, aos 22 meses de idade, enquanto

os zebuínos já estavam com 28 meses, quando atingiram 450 kg PV.

No Quadro 1 são apresentados alguns resultados de ganho de peso, consumo de

matéria seca e consumo de fibra detergente neutro (FDN) e conversão alimentar de

bubalinos em regime de confinamento.

RESENDE et al. (1994) testando rações com diferentes níveis de fibra detergente

neutro (FDN) na alimentação de zebuínos, taurinos e bubalinos em confinamento não

observaram diferenças entre os grupos genéticos Nelore, Holandês e Búfalo quanto à

ingestão de FDN e de FDN digestível. A média de ingestão de FDN, para os grupos

genéticos, foi de 57,1 g/kg0,75 ou de 1,3% PV do animal. Os autores observaram que o

aumento contínuo na ingestão de energia pelos animais, à medida que reduziu o teor de

FDN da ração, ao passo que a ingestão de FDN manteve-se constante, confirma que,

possivelmente, os animais não atingiram capacidade máxima de ingestão de energia,

ficando a ingestão regulada pelo controle físico.

Como nas condições de Brasil a maioria das rações utilizadas em confinamento

apresentam teores elevados de FDN, variando entre 51,9 e 58,7%, e dado a esse fato,

ocorre limitação na ingestão de energia, podendo, por conseguinte, reduzir a taxa de ganho

de peso dos animais . Desta forma RESENDE et al. (1995) sugere que pesquisas devem

utillizar níveis mais amplos de FDN nas rações, visando detectar até que ponto o nível de

FDN da ração influencia a ingestão voluntária de MS, em condições de clima tropical.

ROSALES RODRIGUES et al. (1996) estudando o consumo de animais nelores,

holandeses e bubalinos mediterrâneos alimentados com rações contendo 12,5; 25,0; 37,5 e

50,0% de concentrado não encontraram diferenças entre grupos genéticos, no consumo de

matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína digestível (PD), FDN e fibra

detergente ácido (FDA), em g/kg0,75, e de energia digestível, em kcal/kg0,75.

JORGE et al. (1997) trabalhando com diversos grupos genéticos abatidos em

diferentes estádios de maturidade fisiológica, observaram que, em idênticas condições de

alimentação e manejo, os búfalos mostraram potencial para ganho de peso e de carcaça,

bem como conversão alimentar semelhantes a bovinos da raça Nelore e a mestiços

europeu-zebu.

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QUADRO 1 - Ganho médio diário de peso vivo (GMD), consumo e conversão alimentar (CA) de bubalinos em regime de confinamento

PROPORÇÃO VOLUMOSO : CONCENTRADO

PARÂMETRO RAÇA 87,5:12,5 75:25 67,5:32,5 65:35 60:40 55:45 50:50REFERÊNCIA

BIBLIOGRÁFICA

GMD1/MediterrâneoMurrahMediterrâneo

---------

1,01,2---

---------

1,2------

---------

1,2------

------1,3

MOLETTA et al. (1994)SILVA et al. (1997)JORGE et al. (1997)

CMS3/ (kg/dia)

CMS3/ (% PV)

CMSD4/ (kg/dia)

CMSD4/ (% PV)

CFDN5/ (kg/dia)

CFDN5/ (% PV)

CFDND6/ (kg/dia)

CFDND6/ (% PV)

CEB2a (Mcal/dia)

CED2b (Mcal/dia)

Mediterrâneo

Mediterrâneo

Mediterrâneo

Mediterrâneo

Mediterrâneo

Mediterrâneo

Mediterrâneo

Mediterrâneo

Mediterrâneo

Mediterrâneo

5,75

1,63

3,10

0,88

4,30

1,20

2,40

0,70

22,2

11,7

7,11

2,01

4,03

1,14

4,60

1,30

2,30

0,70

27,8

15,7

8,27

2,32

5,01

1,41

4,60

1,30

2,50

0,70

32,1

19,2

----

----

----

----

----

----

----

----

--------

----

----

----

----

----

----

----

----

--------

----

----

----

----

----

----

----

----

--------

9,03

2,41

5,54

1,48

4,50

1,20

2,30

0,60

35,0

21,0

RESENDE et al. (1994)

RESENDE et al. (1995)

ROSALES RODRIGUES et al. (1996)

CMS3/ (kg/dia)

CMS3/ (% PVZ) Mediterrâneo----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

9,61

2,36 JORGE et al. (1997)

CA7/

MediterrâneoMurrahMediterrâeno

---------

6,307,20---

---------

---7,4---

---------

---7,1---

------7,5

MOLETTA et al. (1994)SILVA et al. (1997)JORGE et al. (1997)

1/ GMD = Ganho médio diário de peso vivo (kg/dia).2a/ CEB = Consumo de energia bruta. 2b/ CED = Consumo de energia digestível. 3/ CMS = Consumo de matéria seca.4/ CMSD = Consumo de matéria seca digestível. 5/ CFDN = Consumo de fibra detergente neutro. 6/ CFDND = Consumo de fibra detergente neutro digestível..7/ CA = Conversão alimentar (kg matéria seca ingerida/kg de ganho de peso).

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• Características Quantitativas da Carcaça

As pesquisas sobre as características das carcaças de bubalinos criados em diferentes

condições de manejo e alimentação são ainda escassas e os resultados, às vezes, contraditórios.

• Rendimento de Carcaça, de Cortes Primários e de Cortes Comerciais

A estimativa do rendimento da carcaça e dos cortes primários e comerciais, por ocasião

do abate, é de suma importância para complementar a avaliação do desempenho do animal

durante o seu desenvolvimento.

Basicamente, no Brasil a carcaça é dividida em: dianteiro, contendo cinco costelas, que

compreende a paleta e o acém completos; costilhar ou ponta de agulha; e o traseiro especial ou

serrote, que compreende o coxão e a alcatra completa.

O rendimento de carcaça de animais de diferentes raças sofre influência direta dos pesos

da cabeça, couro e trato gastrintestinal. Tal fato tem sido observado por diversos autores e

segundo JORGE (1993) os mais baixos rendimentos de carcaça verificados nos bubalinos é uma

conseqüência, principalmente, dos maiores pesos de couro e cabeça, apresentados por esses

animais, o que chega a acarretar uma diferença de até 5% no rendimento de carcaça a favor dos

bovinos. No Quadro 2 são apresentados alguns resultados de rendimento de carcaça de

bubalinos e bovinos.

Segundo BERG e BUTTERFIELD (1976), em condições normais, e independentemente

da raça, o animal apresenta tendência de equilíbrio entre os quartos dianteiro e traseiro. Estes

autores inferiram, também, que o sexo dos animais pode ter algum efeito sobre o balanço do

dianteiro e traseiro. Machos inteiros, quando atingem certa idade, apresentam o dimorfismo

sexual característico, ocasionando maior desenvolvimento do quarto dianteiro (cabeça, pescoço,

acém e peito).

Em termos econômicos é desejável maior rendimento do traseiro especial em relação aos

outros cortes, uma vez que nele se encontram as partes nobres da carcaça, que têm maior valor

no mercado.

A avaliação do rendimento do corte serrote ou traseiro especial, e de seus componentes

bem como do costilhar ou ponta de agulha é de grande utilidade uma vez que esses cortes são

utilizados em grande parte pelos frigoríficos e açougues na comercialização.

No Quadro 3 são apresentados alguns resultados de rendimentos de cortes primários da

carcaça de bubalinos e de bovinos. Os bubalinos apresentam resultados satisfatórios e podem até

mesmo superar os bovinos em rendimentos de determinados cortes primários, o que contribui

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em muito para desmistificar a espécie e esclarecer o setor produtivo quanto ao seu real potencial

de produção.

JORGE et al. (1997) trabalhando com bovinos e bubalinos abatidos em diferentes

estádios de maturidade fisiológica (peso de abate) observaram que os bubalinos apresentaram

menor rendimento de dianteiro e maior de traseiro total em conseqüência de sua maior

proporção de ponta-de-agulha, uma vez que eles não diferiram dos bovinos quanto ao

rendimento de traseiro especial.

No Estado de São Paulo, MATTOS et al. (1990) trabalhando com búfalos Mediterrâneo

e bovinos Nelore em diversos sistemas de criação obteve os resultados de desempenho

apresentados no Quadro 4. Os búfalos Mediterrâneo mostraram-se bastante precoces, chegando

a atingir peso de abate aos 24 meses em pastagens exclusivas e quando confinados aos 14

meses, conseguiram praticamente atingir este mesmo peso de abate aos 18 meses. Por outro

lado, bovinos Nelore, nascidos na mesma estação de nascimento que os búfalos (10 semestre),

para atingirem peso de abate aos 24 meses necessitaram ficar em confinamento a partir dos 16

meses (oito meses confinados).

O produto comercializado pelo produtor é a carcaça, que no frigorífico é desdobrada em

cortes primários, porém, para atingir o consumidor devem ser desdobrados nos diversos cortes

comerciais por ele utilizados.

No Quadro 5 são apresentados resultados de algumas pesquisas sobre rendimento de

cortes comerciais do traseiro especial de bubalinos e de bovinos.

FRANZOLIN et al (1998) observaram que o nível de energia ingerida por bubalinos em

confinamento não influenciou no rendimento dos cortes secundários ou comerciais da carcaça,

obtendo valores de rendimento médios de 3,46; 1,58; 5,04; 1,53; 4,18 e 5,88% para alcatra,

picanha, contra-filé, filé mignon, coxão duro e coxão mole, respectivamente.

• Proporções de Músculos, Tecido Adiposo e Ossos da Carcaça

Na comparação de grupos genéticos, de fontes e de níveis nutricionais, é de grande

interesse o conhecimento da composição física da carcaça.

BERG e BUTTERFIELD (1976) mostraram que, após a desmama, o crescimento dos

ossos desacelera-se, enquanto o muscular se dá em taxa relativamente alta (rápida),

desacelerando-se em estágio mais avançado do desenvolvimento, ocasionando aumento da

proporção de músculos para ossos à medida que o peso vivo aumenta. A proporção de tecido

adiposo é pequena por ocasião do nascimento. Sua taxa de crescimento aumenta à medida que o

animal se desenvolve. Em animais excessivamente terminados, sua quantidade pode ser maior

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que a de músculos. A raça, o sexo e o nível nutricional têm influência sobre a idade e o peso em

que ocorre a aceleração ou desaceleração no crescimento de cada tecido.

Animais em estágio avançado de engorda apresentam crescimento muscular menos

intenso em relação ao tecido adiposo. Este fato, associado ao custo energético da deposição de

gordura e ao alto custo de manutenção do animal pesado, resulta numa eficiência biológica

muito baixa em relação ao crescimento muscular.

HANKINS e HOWE (1946) descreveram uma técnica de amostragem da carcaça,

retirando-se uma seção da 9a à 11a costelas (seção HH) desenvolveram equações que permitem

boa estimativa da composição da carcaça. Esta técnica é utilizada, atualmente, pela maioria dos

pesquisadores norte-americanos e adotada em alguns trabalhos de pesquisa no Brasil.

No Quadro 6 são apresentados valores de composição física da carcaça de bubalinos.

• Comprimento, espessura de gordura subcutâneo e musculosidade

Para se estimar o rendimento de cortes comerciais , bem como as proporções de

músculos e de tecido adiposo na carcaça, têm sido amplamente utilizados a área transversal do

músculo Longissimus dorsi, a espessura de gordura sobre a 12a costela e a gordura perirrenal.

Entretanto, Luchiari Filho em 1986, citado por LANNA (1988), afirmou que há indicações de

que esses parâmetros de uso corrente fornecem estimativas com precisão pouco superiores

àquelas obtidas por meio de equação de regressão em função apenas do peso corporal vazio ou

do peso da carcaça, desde que o animal tenha tido ritmo normal de crescimento, em balanço

positivo de energia.

PERON et al. (1995) verificaram que, a área de olho de lombo, tomada isoladamente,

apresenta baixa correlação com a proporção de músculos na carcaça, confirmando observação

anterior de BERG e BUTTERFIELD (1976).

O comprimento da carcaça de bovídeos, quando expressa por 100 kg de peso de carcaça

ou quando o abate se dá a um peso constante, dá uma idéia de compacidade do animal.

Segundo COLE et al. (1962), encorre-se em erros ao se comparar animais precoces e

tardios, a um mesmo peso vivo, pois, nos primeiros o acúmulo de gordura subcutânea será bem

mais acentuado, enquanto os últimos apresentarão menor quantidade absoluta de gordura

subcutânea e baixa variabilidade em sua espessura.

JORGE et al. (1997) trabalharam com diversos grupos genéticos de bovídeos abatidos

em diferentes categorias (estágios de maturidade fisiológica). Os valores de comprimento de

carcaça (COMPCAR), espessura de gordura subcutânea (ESPGOR) e área de olho de lombo

(AOL), expressos em termos absolutos ou por 100 kg de peso corporal vazio (% PVZ), são

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apresentados no Quadro 7 para os animais dos quatro grupos genéticos. Os autores observaram

que animais mestiços dos grupos bimestiço (BM) e F1 Holandês-Nelore (HN) apresentaram

maiores comprimento de carcaça (COMPCAR), em valores absolutos, que animais Nelore (NE)

e búfalos Mediterrâneo (BUF), que diferiram entre si. Entretanto, os animais NE e BUF das

categorias AL-1 e AL-2 foram abatidos com peso vivo 50 kg inferior aos animais de categorias

correspondentes dos demais grupos genéticos. Quando o COMPCAR foi ajustado para % PVZ,

animais NE apresentaram maior COMPCAR que animais HN e BUF, enquanto animais BM não

diferiram dos demais. Os bubalinos apresentaram maior espessura de gordura subcutânea

(ESPGOR), expressa em valores absolutos e em % PVZ que os bovinos, que não diferiram entre

si. Animais HN apresentaram maior área de olho de lombo (AOL), expressa em valores

absolutos, que animais NE e BUF, enquanto animais BM não diferiram dos demais. Quando se

ajustou a AOL para % PVZ, o grupo HN, embora apresentasse os valores numéricos mais

elevados, não diferiu dos demais grupos genéticos.

No Quadro 8 comparando-se as categorias quanto às variáveis COMPCAR, ESPGOR e

AOL, expressas em valores absolutos, JORGE et al. (1997) verificaram para os animais AL-1 e

AL-2 os maiores valores. Valores numéricos mais elevados foram observados em animais AR

que em animais AB, embora nem sempre atingindo nível de significância, o que indica, que

animais maiores apresentaram valores mais elevados. Quando os valores foram ajustados para

100 kg PVZ, verificaram-se em animais AL-2 menor COMPCAR que animais AB, AR e AL-1.

Isso indica que animais AL-2 apresentaram carcaças mais compactas, em conseqüência do

maior desenvolvimento dos seus tecidos moles, especialmente do adiposo e, em menor escala,

do tecido muscular. Quanto à AOL, por 100 kg de PVZ, verificaram-se tendência contínua de

decréscimo nos animais AL-1 e AL-2 em relação aos AB e AR. Isto em razão de os animais AL-

1 e AL-2 terem, em relação às outras categorias, maior parte do seu peso corporal vazio

representado por gordura. O aumento dos valores de ESPGOR, ajustados para 100 kg de PVZ,

em animais mais pesados (AL-1 e AL-2) confirma as observações de BERG e BUTTERFIELD

(1976) de que a redução da AOL e do COMPCAR ajustados para 100 kg de peso corporal vazio

estaria relacionada ao maior crescimento relativo dos tecidos adiposos nos animais mais

pesados.

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JORGE et al. (1997) trabalhando com diversos grupos genéticos de bovídeos abatidos

em diferentes categorias (estágios de maturidade fisiológica) determinaram as correlações

obtidas entre peso corporal vazio de abate, peso vivo de abate, peso de carcaça, espessura de

gordura subcutânea e área de olho de lombo, e as proporções de músculos, tecido adiposo e

ossos, assim como a relação músculo:osso na carcaça, que são apresentadas no Quadro 9.

As correlações entre proporção de músculos e peso corporal vazio de abate (PCVZA),

peso vivo de abate (PVA) e peso de carcaça (PCAR) apresentaram valores negativos, atingindo

a significância para PCVZA (P<0,01) e para PVA (P<0,05). Segundo BERG e BUTTERFIELD

(1976), em fases mais avançadas da vida do animal, a proporção de músculos tende a decrescer

com a aceleração do tecido adiposo que possui crescimento mais tardio que os tecidos ósseo e

muscular.

No estudo de JORGE et al. (1997), os animais submetidos à alimentação ad libitum

foram abatidos antes de atingirem alto grau de deposição de gordura. Desta forma a proporção

de músculos permaneceu sempre alta, o que explica as baixas correlações observadas entre a

proporção de músculos e os pesos de carcaça, peso vivo e peso corporal vazio de abate.

As correlações entre PCVZA, PVA e PCAR e a proporção de ossos mostraram-se

significativas, indicando relação negativa e estreita entre a proporção de ossos e as várias

medidas de peso. Estes resultados reforçam as observações de BERG e BUTTERFIELD (1976)

e PERON et al. (1995), de que o tecido ósseo tem o seu maior desenvolvimento em idade

precoce do animal.

As correlações positivas observadas entre a relação músculo:osso (RELMO) e PCVZA,

PVA e PCAR, coincidem com as observações de BERG e BUTTERFIELD (1976) e estão de

acordo com as encontradas por PERON et al. (1995), e são uma conseqüência da desaceleração

mais precoce do crescimento ósseo em relação ao muscular, à medida que o peso do animal se

eleva (a relação aumenta com o aumento do peso)..

A espessura de gordura subcutânea (ESPGOR) apresentou correlação negativa com as

proporções de músculos e ossos e reflete, basicamente, o desenvolvimento mais tardio do tecido

adiposo que ocorre com intensidade máxima após a desaceleração dos tecidos ósseo e muscular.

Estes resultados estão de acordo com os observados por PERON et al. (1995), que encontraram

correlações de - 0,36 e - 0,67, entre ESPGOR e proporções de músculos e de ossos,

respectivamente.

A área de olho de lombo (AOL) é utilizada como indicador de musculosidade, em

sistemas de classificação de carcaça. Entretanto, a AOL não apresentou correlação significativa

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com a proporção de músculos da carcaça. Este resultado coincide com o de BERG e

BUTTERFIELD (1976), que afirmam que a área de olho de lombo apresenta baixa correlação

com a proporção total de músculos, o que também ficou evidenciado no trabalho de PERON et

al. (1995), que encontraram correlação de 0,12 entre os dois parâmetros.

Observou-se correlação positiva entre AOL e a relação músculo:osso, o que concorda

com BERG e BUTTERFIELD (1976), que afirmam que a área de olho de lombo, apesar de não

ser bom indicador da proporção de músculos na carcaça, dá idéia segura sobre a relação

músculo:osso. A AOL fornece, ainda, informação sobre a proporção de ossos na carcaça, como

revela a correlação negativa entre AOL e a proporção de ossos. Estes resultados coincidem com

os de PERON et al. (1995), que encontraram correlações de 0,65 e -0,63, entre a AOL e a

RELMO e a proporção de ossos, respectivamente.

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QUADRO 2 - Rendimento de carcaça de bubalinos e bovinos de diferentes grupos genéticos (em % peso vivo)

Bubalinos Grupos genéticos de bovinos ReferênciaParâmetro

JAF MED MUR Mest NEL HOL HN ½ HZ ¾ HZ 5/8 HZ BM ABE CHAZebuMest. Bibliográfica

RCQuente1 52,1 ---- 51,4 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- VILLARES et al. (1981)

RCQuente1

RCFria2

----

----

54,6

53,2

----

----

----

----

59,7

58,7

55,6

54,8

----

----

56,9

56,8

56,5

55,6

56,6

55,6

----

----

----

----

----

----

----

----LORENZONI (1984)

RCQuente1 ---- 48,6 ---- ---- 54,5 ---- ---- ---- ---- ---- ---- 51,0 51,0 ---- MOLETTA et al. (1987)

RCQuente1 ---- 53,1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 57,9 ---- MÜLLER et al. (1994)

RCQuente1

RCFria2

52,5

51,4

52,6

51,4

----

----

----

----58,3

57,2

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----GAZZETTA et al. (1995)

RCFria2 ---- ---- ---- 49,4 56,9 ---- 53,8 ---- ---- ---- 53,2 ---- ---- ---- JORGE et al. (1997)

RCQuente1

RCFria2

----

----

52,4

52,1

----

----

----

----56,8

56,3

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----MATTOS et al. (1997)

RCQuente1

RCFria2

----

----

51,3

50,3

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----

----FRANZOLIN et al. (1998)

1 kg de carcaça quente (ao abate) / kg peso vivo x 1002 kg de carcaça resfriada / kg peso vivo x 100

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QUADRO 3 - Rendimento de cortes primários da carcaça de animais de diferentes grupos genéticos

CORTES PRIMÁRIOS (%) Referência

GRUPO GENÉTICO DIANTEIROTRASEIRO

ESPECIALCOXÃO

ALCATRA

COMPLETA

PONTA DE

AGULHA

TRASEIRO

TOTAL Bibliográfica

JAFARABADI

MEDITERRÂNEO

MURRAH

38,1

38,8

38,6

46,3

46,5

46,2

----

----

----

----

----

----

15,6

14,7

15,2

61,9

61,2

61,4

BENTO et al. (1994)

JAFARABADI

MEDITERRÂNEO

NELORE

38,3

38,0

39,3

46,9

47,0

46,3

----

----

----

----

----

----

14,8

15,0

14,4

61,7

62,0

60,7GAZZETTA et al. (1995)

MEDITERRÂNEO

NELORE

38,1

41,4

46,7

46,8

----

----

----

----

15,2

11,8

61,9

58,6MATTOS et al. (1997)

MEDITERRÂNEO

NELORE

F1 HOLANDÊS-NELORE

BIMESTIÇO1

40,1

41,9

42,9

42,0

47,1

47,9

46,1

46,9

26,5

27,8

26,9

27,1

20,6

20,0

19,2

19,9

12,8

10,2

11,0

11,0

59,9

58,1

57,1

57,9

JORGE et al. (1997)

MEDITERRÂNEO 38,7 47,4 32,4 15,0 14,1 61,5 FRANZOLIN et al. (1998)

1 BIMESTIÇO = ¼ Fleckvieh x 5/16 Angus x 7/16 Nelore

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QUADRO 4 - Desempenho de bubalinos Mediterrâneo e bovinos Nelore em pastagens de capim colonião (Panicum maximum, Jacq.) segundo osistema de criação

GRUPO GENÉTICO MEDITERRÂNE NELORE MEDITERRÂNE NELORE MEDITERRÂNE NELORE

Idade (anos) 1,5 1,5 2 2 4 4

SEXO MACHO MACHO MACHO MACHO FÊMEA MACHO

Período de Confinamento(meses)

4 4 - 8 - -

Peso Vivo ao Abate (kg) 485,4 373,0 501,8 489,9 607,2 397,8Peso Carcaça Fria (kg) 248,7 193,5 244,8 272,8 332,4 219,8

Rend. Carcaça Fria (%) 52,2 56,3 48,7 55,3 55,3 55,2

DIANTEIRO (%) 37,4 46,1 38,4 42,4 34,9 41,2

TRASEIRO TOTAL (%) 47,2 40,6 46,8 44,2 46,3 47,1

PONTA DE AGULHA (%) 15,4 13,3 14,8 13,4 18,8 11,7

Cabeça (%) 3,5 2,6 3,2 2,5 3,1 2,8

Couro (%) 13,1 11,4 12,2 11,1 9,4 10,3

fonte: Adaptado de MATTOS et al. (1990).

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QUADRO 5 - Rendimento de cortes comerciais do traseiro especial de bubalinos Mediterrâneo e bovinos Nelore (em %)

GRUPO GENÉTICO MEDIT.1 NELORE1 MEDIT.2 NELORE2 MEDIT.1 NELORE1 MEDIT.1 NELORE1

Idade ao Abate (meses) 18 18 20 20 24 24 48 48

SEXO MACHO MACHO MACHO MACHO MACHO MACHO FÊMEA MACHO

Período de Confinamento(meses)

4 4 4 4 - 8 - -

Peso Vivo ao Abate (kg) 485,4 373,0 478,4 363,8 501,8 489,9 607,2 397,8

CONTRA-FILÉ 6,8 6,5 7,0 6,4 5,2 5,5 4,6 5,9

FILÉ MIGNON 1,8 1,6 1,7 1,6 1,8 1,6 1,6 1,9

ALCATRA 5,2 4,5 5,2 4,4 5,2 4,3 4,5 4,7

PATINHO 3,9 3,8 4,0 3,8 3,6 3,4 3,6 3,8

COXÃO MOLE 5,8 6,8 6,0 6,9 5,8 6,1 4,6 7,1

COXÃO DURO 4,6 4,1 4,7 4,2 4,3 3,9 4,1 4,1

LAGARTO 2,0 2,0 2,0 1,9 1,5 1,6 1,5 1,9

CAPA E ABA 0,7 0,9 0,7 0,9 0,5 0,7 0,5 0,7

MÚSCULO DO TRASEIRO 3,3 2,9 3,4 3,0 3,1 2,8 2,7 3,5

CARNE DO TRASEIRO ESPECIAL 34,1 33,1 46,7 46,8 31,0 29,9 27,7 33,6fonte: 1 Adaptado de MATTOS et al. (1990) 2 Adaptado de JORGE et al (1997)

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QUADRO 6 - Composição física da carcaça (músculos, tecido adiposo e osssos) de bubalinos

GRUPO GENÉTICOIDADE

(meses)S1 TRATAMENTO

EXPERIMENTAL

PV

ABATE (kg)

MÚSCULOS

(%)

GORDURA

(%)

OSSOS

(%) Referência

JAFARABADI

MURRAH

16

19

MACHO

CONFINAMENTO

120 dias (P.G.P.)

449,5

406,5

75,9

76,9

4,7

5,0

19,4

18,1VILLARES et al. (1981)

MEDITERRÂNEO

NELORE

CHAROLÊSABERDEEN-ANGUS1

± 24

M

A

C

H

O

CONFINAMENTO

por 112 dias

DIETA com 11% PB3

± 415

57,9

55,7

65,0

58,5

16,3

25,1

14,5

21,9

25,7

19,1

20,5

19,6

MOLETTA et al. (1987)

MEDITERRÂNEO ± 24MACHO

Pastagem cultivadaPast. Nativa + 2 h

Cultivada± 450 59,5 21,4 19,1 MÜLLER et al. (1994)

MEDITERRÂNEO

NELORE

F1 HOLANDÊS-

NELORE

BIMESTIÇO2

± 24

M

A

C

H

O

CONFINAMENTO

Relação4 V : C

50 : 50

450 - 500

450 - 500

500 - 550

500 - 550

55,9

60,3

63,2

62,2

27,6

24,4

19,5

21,6

16,5

15,3

17,3

16,2

JORGE et al. (1997)

1 S = sexo2 BIMESTIÇO = ¼ Fleckvieh x 5/16 Angus x 7/16 Nelore3 PB = proteína bruta4 Relação V : C = volumoso : concentrado

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QUADRO 7 - Características quantitativas da carcaça de animais por grupo genético1

Grupos genético3

NE BM HN BUFParâmetros2 Valor absolutoCOMPCAR (m) 1,34 b 1,42 a 1,44 a 1,30 cESPGOR (mm) 2,54 b 2,46 b 2,03 b 5,90 aAOL (cm2) 46,23 b 51,19 ab 55,30 a 43,95 bParâmetros2 % Peso corporal vazio4

COMPCAR (m) 0,39 a 0,38 ab 0,37 b 0,36 bESPGOR (mm) 0,67 b 0,60 b 0,48 b 1,53 aAOL (cm2) 13,13 a 13,69 a 13,85 a 12,19 a1 Valores seguidos pela mesma letra, na mesma linha, não diferem (P>0,05) pelo teste de Tukey.

2 COMPCAR = Comprimento de carcaça; ESPGOR = Espessura de gordura subcutânea; AOL = Área de olho de lombo.3 NE = Nelore; BM = Bimestiço; HN = F1 Holandês-Nelore; BUF = Búfalo.4 % PVZ = % do peso corporal vazio.Fonte: Adaptado de JORGE et al. (1997).

QUADRO 8 - Características quantitativas da carcaça de animais por categoria1

Categoria3

AB AR AL-1 AL-2Parâmetros2 Valor absolutoCOMPCAR (m) 1,33 c 1,37 b 1,39 ab 1,41 aESPGOR (mm) 1,00 b 2,48 b 4,39 a 5,06 aAOL (cm2) 44,75 b 48,07 ab 50,79 ab 53,06 aParâmetros2 % Peso corporal vazio4

COMPCAR (m) 0,45 a 0,40 b 0,34 c 0,31 dESPGOR (mm) 0,33 b 0,74 a 1,09 a 1,13 aAOL (cm2) 14,92 a 13,98 ab 12,20 bc 11,78 c1 Valores seguidos pela mesma letra, na mesma linha, não diferem (P>0,05) pelo teste de Tukey.

2 COMPCAR = Comprimento de carcaça; ESPGOR = Espessura de gordura subcutânea; AOL = Área deolho de lombo.

3 AB = Abate inicial; AR = Alimentação restrita; AL-1 = peso de abate de 450 kg (NE e BUF) e 500 kg (BMe HN); AL-2 = peso de abate de 500 kg (NE e BUF) e 550 kg (BM e HN).

4 % PVZ = % do peso corporal vazio.Fonte: Adaptado de JORGE et al. (1997).

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QUADRO 9 - Correlações entre parâmetros físicos da carcaça de bovinos e bubalinos1

Parâmetros2 PCVZA PVA PCAR ESPGOR AOLMúsculo - 0,32 ** - 0,25 * - 0,19 ns - 0,73 ** 0,11 nsTecido Adiposo 0,53 ** 0,45 ** 0,42 ** 0,75 ** 0,03 nsOssos - 0,71 ** - 0,64 ** - 0,60 ** - 0,50 ** - 0,26 *RELMO 0,57 ** 0,54 ** 0,64 ** 0,10 ns 0,33 **1 * (P<0,05). ** (P<0,01). ns Não-significativo.2 PCVZA = Peso corporal vazio de abate; PVA = Peso vivo de abate; PCAR = Peso da carcaça; ESPGOR =

Espessura de gordura subcutânea; AOL = Área de olho de lombo (L. dorsi); RELMO = Relaçãomúsculo:osso.

Fonte: Adaptado de JORGE et al. (1997).

• Valor nutritivo da carne bubalina

A carne de búfalo é um produto de qualidade assim como a carne bovina,

apresentando característicias ligeiramente diferentes desta, sendo ela diferenciada com

dificuldade ou até mesmo sendo com ela confundida quando exposta à comparação em

testes de degustação.

Apesar de dificilmente distinguida da carne bovina, ela apresenta algumas

características próprias que, em alguns casos, confirmam as semelhanças expressas na

aparência e que, em outros casos, contudo, expressam a sua superioridade, levando à

preferência por ela dos consumidores mais exigentes.

CRIPE (1996) relatou que a carne bubalina contém 40 % menos colesterol, 55 %

menos calorias, 11 % mais proteínas e 10 % minerais do que a bovina, sendo, portanto,

mais indicada para a saúde humana. No entanto, torna-se mister ampliar o volume de

informações com animais criados sob as condições brasileiras.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A criação de bubalinos em regiões onde os bovinos não apresentam índices

zootécnicos satisfatórios é uma alternativa para a pecuária brasileira, quer seja de corte ou

de leite, através do fornecimento de proteína de excelente qualidade à população, trazendo

desta forma benefícios econômicos, mas principalmente sociais.

Diante dos resultados apresentados e tendo em vista um mercado em constante

expansão para seus produtos diferenciados, com um consumidor cada dia mais exigente e

esclarecido, nos atrevemos a dizer que, hoje o búfalo não é mais “potencial” e sim uma

realidade que deve ser encarada de frente através do desenvolvimento de estratégias de

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marketing de campanha publicitária maciça, para tornar os produtos de búfalos conhecidos

no mercado consumidor.

Gostaria de encerrar prestando uma homenagem, tomando como nossa as palavras

do Sr. Wanderley Bernardes, um grande incentivador da bubalinocultura brasileira e de

nossas pesquisas científicas:

“O búfalo tem, especialmente no Brasil, uma caminhada irreversível e, quem não

acompanhar seu desenvolvimento, ficará às margens de uma das mais promissoras

atividades econômicas no segmento da pecuária em nossa terra.”

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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