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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ZOOTECNIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS MILENA FÉLIX Desenvolvimento de hidroxiapatita contendo prata via precipitação e imersão: avaliação do efeito antimicrobiano PIRASSUNUNGA 2015

Desenvolvimento de hidroxiapatita contendo prata via ... · “Celebrai com júbilo ao Senhor, todas as terras.Servi ao Senhor com alegria; e entrai diante dele com canto. Sabei que

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ZOOTECNIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS

MILENA FÉLIX

Desenvolvimento de hidroxiapatita contendo prata via

precipitação e imersão: avaliação do efeito antimicrobiano

PIRASSUNUNGA

2015

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MILENA FÉLIX

Desenvolvimento de hidroxiapatita contendo prata via precipitação

e imersão: avaliação do efeito antimicrobiano

PIRASSUNUNGA

2015

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós–

Graduação da Universidade de São Paulo como parte dos

requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ciência e

Engenharia de Materiais.

Área de Concentração: Desenvolvimento, caracterização

e aplicação de materiais voltados à agroindústria.

Orientador: Profa. Dra. Eliana Cristina da Silva Rigo

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Milena Félix Desenvolvimento de hidroxiapatita contendo prata via precipitação e imersão: avaliação do efeito antimicrobiano

Aprovado em: _____________________________________________

Banca Examinadora

Prof. Dr. __________________________________________________

Instituição: ____________________Assinatura: __________________

Prof. Dr. __________________________________________________

Instituição: ____________________Assinatura: __________________

Prof. Dr. __________________________________________________

Instituição: ____________________Assinatura: __________________

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de

Pós–Graduação da Universidade de São Paulo como

parte dos requisitos para a obtenção do título de

Mestre em Ciência e Engenharia de Materiais.

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Serviço de Biblioteca e Informação da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos

da Universidade de São Paulo

“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – o autor”

Félix, Milena

F316d Desenvolvimento de hidroxiapatia contendo prata via

precipitação e imersão: avaliação do efeito

antimicrobiano / Milena Félix. –- Pirassununga, 2015.

67 f.

Dissertação (Mestrado) -- Faculdade de Zootecnia e

Engenharia de Alimentos – Universidade de São Paulo.

Departamento de Ciências Básicas.

Área de Concentração: Engenharia e Ciências de

Materiais.

Orientadora: Profa. Dra. Eliana Cristina da Silva

Rigo.

1. Hidroxiapatita 2. Precipitação 3. Imersão

4. Prata 5. Efeito antimicrobiano. I. Título.

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À minha família, Aos meus pais que me deram a vida e me ensinaram o sentido e

significado do respeito ao próximo, da solidariedade, dignidade, da

humildade, do valor das próprias conquistas e acima de tudo o valor

de uma família. A vocês que se doaram por inteiro para que eu

pudesse realizar os meus sonhos, eu lhes a devo minha eterna

gratidão. Muito obrigado pela educação valiosa, pela presença e

apoio constante em todos os momentos da minha vida, pela

compreensão e amor concedido. Vocês são exemplo de caráter,

honestidade, esforço, trabalho e do amor incondicional! Amo vocês

com toda a força deste sentimento, o amor infinito que sinto por

vocês jamais poderá ser traduzido por palavras.

Ao meu filho Pedro,o qual também me ensinou o significado de

amor incondicional e da doação, dedico este trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter estado ao meu lado e permitir que eu concluísse mais um objetivo, me dando forças e me sustentando, iluminando meu caminhar, me dando sabedoria através do Espírito Santo. A Ti Senhor toda honra e toda glória.

Ao meu filho Pedro, que foi o maior presente de Deus pra mim, por ser meu companheiro, meu amigo, meu amor. Pedro sinônimo de amor incondicional.

Agradeço meus pais que me ensinaram os valores e princípios da vida, que me apoiaram, ajudaram e me deram toda a força ao longo da minha vida.

Aos meus irmãos e amigos Rodrigo, Ricardo, Renato e Mirela que sempre estiveram junto a mim, sempre me incentivaram, torceram por mim, me apoiaram, eu agradeço de todo coração. Eu amo vocês meus irmãos.

A minha Vó Olga, que já não se encontra em nosso meio, eu agradeço por toda ajuda. Me incentivou muito nos estudos, em minha vida pessoal, sempre esteve ao meu lado em todos os momentos, torcendo e orando por mim.

Agradeço minha orientadora Eliana Rigo por toda ajuda, paciência, compreensão durante este período. Além de ser uma excelente orientadora é uma verdadeira amiga. Tenho certeza que os laços afetivos que nos envolveram ficarão pra sempre. Muito obrigada minha amiga, mãe, orientadora, professora e doutora Lica.

Agradeço minha diretora Juliana Gomes da Costa Hanna que acreditou em mim, permitiu que eu pudesse cursar este mestrado, me incentivou e me incentiva sempre a estudar e a buscar novos conhecimentos. Ju muito obrigada.

Aos meus amigos irmãos em Cristo: Douglas, Jack, Gerson, Vânia, Mayara, anjos que foram enviados por Deus para me ajudarem e me trazerem forças e me apoiarem em um dos momentos mais difíceis da minha vida, muito obrigada.

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“Celebrai com júbilo ao Senhor, todas as terras. Servi ao Senhor com alegria; e entrai diante

dele com canto. Sabei que o Senhor é Deus; foi ele que nos fez, e não nós a nós mesmos;

somos povos seu e ovelhas do seu pasto. Entrai pelas portas dele com gratidão, e em seus

átrios com louvor, louvai-o, e bendizei o seu nome. Porque o Senhor é bom, e eterna a sua

misericórdia; e sua verdade dura de geração em geração”

Salmo 100

Bíblia Sagrada

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RESUMO

SANTOS, M.F. Desenvolvimento de hidroxiapatita contendo prata via precipitação e imersão:

avaliação do efeito antimicrobiano. 2015. 67 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Zootecnia e

Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2015.

A utilização de substitutos ósseos para recuperação da função perdida é uma constante busca dentro da área médica. Por isso os biomateriais têm recebido uma atenção muito grande por parte da comunidade científica, dentre eles os materiais a base de fosfato de cálcio. A hidroxiapatita, Ca10 (PO4)6(OH)2, tem sido muito estudada, pois além de representar a constituição da massa dos ossos naturais e dentes em 30 a 70%, possui propriedades de bioatividade e osteocondutividade, favorecendo e auxiliando o crescimento do tecido ósseo.Em contrapartida, infecções bacterianas podem surgir após o implante ocasionando a perda da funcionalidade a curto e médio prazo. Várias alternativas estão sendo testadas, geralmente associadas ao uso de antibióticos convencionais incorporados aos biomateriais. Uma alternativa a tais antibióticos seria a utilização de metais que possuem propriedades antibacterianas. A prata (Ag) é conhecida como um metal bactericida e por isso ganhou lugar de destaque dentre os estudos como um aliado importante no controle das infecções pós-cirúrgicas. Este trabalho teve como objetivo sintetizar, caracterizar e avaliar o efeito antimicrobiano da adição de íons de prata em hidroxiapatita. Foram obtidos pós de hidroxiapatita contendo prata (HAAg), nas concentrações de 0,1M; 0,01M e 0,001M pelo método de precipitação em temperatura ambiente e por imersão do pó de hidroxiapatita em soluções aquosas. As fases cristalinas e os grupamentos iônicos foram analisados para cada condição por técnicas de difração de raios X (DRX) e espectroscopia no infravermelho (IV) respectivamente. As informações sobre a morfologia e identificação de elementos químicos foi realizado pela técnica de microscopia eletrônica de varredura com espectroscopia de energia dispersiva (MEV EDS). As avaliações antimicrobianas foram realizadas por ensaios qualitativos e quantitativos, o ensaio qualitativo utilizou o teste de halo de difusão em disco para Staphylococcus aureus e Escherichia coli e o ensaio quantitativo utilizou contagem de bactérias para as cepas de Staphylococcus aureus. Os resultados de DRX e IV indicaram que independentemente do método de obtenção da HAAg foi possível observar a

presença de prata metálica caracterizada pelos picos em 2=38,1º e 44,3º nas amostras HAAg0,1Im, HAAg0,1Pr e HAAg0,01Pr. Observou-se também a presença

de AgO, correspondente ao pico em 2=37,5º nas amostras de HAAg0,01Pr e HAAg0,001Pr. Nos espectros de IV estão presentes as bandas que caracterizam a fase HA, referentes aos grupamentos PO4

3-, OH- e CO32-. Analisados em conjunto os

ensaios qualitativos e quantitativos, as amostras HAAg0,01Im e HAAg0,001Im sintetizadas por imersão indicaram os melhores resultados para o ensaio de disco difusão, por apresentarem formação de halo inibição do crescimento bacteriano para a bactéria S. aureus. Para os ensaios quantitativos as amostras obtidas por precipitação com concentrações 0,1M e 0,01M de prata apresentaram melhor resultado por inibirem o crescimento bacteriano para as cepas S. aureus.

Palavras-chave: Hidroxiapatita, Precipitação, Imersão, Prata, Efeito antimicrobiano.

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ABSTRACT

SANTOS, M.F. Desenvolvimento de hidroxiapatita contendo prata via precipitação e imersão:

avaliação do efeito antimicrobiano. 2015. 67 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Zootecnia e

Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2015.

The use of bone substitutes for recovery of lost function is a constant search within

the medical field. So biomaterials have received a very large attention from the

scientific community, including the materials the basis of calcium phosphate.

Hydroxyapatite, Ca10(PO4)6(OH)2, has been studied as apart from representing the

natural constitution of the mass of bones and teeth in 30 to 70 % , has properties of

bioactivity and osteoconductivity , encouraging and assisting the growth of bone

tissue. In contrast, bacterial infections can arise after implantation causing the loss of

functionality in the short and medium term. Several alternatives are being tested,

usually associated with the use of conventional antibiotics incorporated into

biomaterials. An alternative would be to use antibiotics such metals that possess

antibacterial properties. Silver (Ag) is known as a bactericidal metal and so gained a

prominent place among the studies as an important ally in the control of post-

surgical infections. This study aimed to synthesize, characterize and evaluate the

antimicrobial effect of adding silver ions into hydroxyapatite. Were obtained

hydroxyapatite powders containing silver (Haag) at concentrations 0,1M; 0,01M and

0,001M by the precipitation method at room temperature and by immersion the

hydroxyapatite powder in aqueous solutions of AgNO3. The crystalline phases and

the ionic groups were analyzed for each condition by techniques of X-ray diffraction

(XRD) and infrared spectroscopy (IR) respectively. The information on the

morphology and identification of chemical elements was performed by the technique

of scanning electron microscopy with energy dispersive spectroscopy (SEM EDS).

The antimicrobial evaluations were carried out by qualitative and quantitative assays,

the assay used a qualitative diffusion halo disk test for Staphylococcus aureus,

Escherichia coli and quantitative assay employed bacteria count for Staphylococcus

aureus strains. The results of XRD and IR indicated that regardless of the method of

obtaining Haag was possible to observe the presence of metallic silver characterized

by peaks in 2=38,1º and 44,3º in HAAg0,1Im samples, HAAg0,1Pr and

HAAg0,01Pr. It also observed the presence of AgO, corresponding to the peak in

2=37,5º in samples HAAg0,01Pr and HAAg0,001Pr. In the IR spectra are present

bands that characterize the HA phase, referring to groups PO43-, OH- and CO3

2-.

Taken together qualitative and quantitative assays, and HAAg0,01Im HAAg0,001Im

synthesized by soaking samples showed the best results for the disk diffusion test by

presenting halo formation bacterial growth inhibition for S. aureus. For quantitative

assays, the samples obtained by precipitation with concentrations 0,1M and 0,01M

silver showed better results by inhibiting bacterial growth for Staphylococcus aureus

strains.

Keywords: Hydroxyapatite, Precipitation, Immersion, Silver, Antimicrobial effect.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Rede cristalina da hidroxiapatita.............................................................................14

Figura 2 – Esquema ilustrativo do fenômeno de difração de raios X (Lei de Bragg).............. 33

Figura3 – Espectro de DRX da HA sintetizada e da HAAg obtidas via imersão

comconcentrações 0,1M; 0,01M e 0,001M de prata.................................................................41

Figura 4 – Espectro de DRX da HA sintetizada e da HAAg obtidas via precipitação com

concentrações 0,1M; 0,01M e 0,001M de prata....................................................................... 42

Figura 5 – Espectro de DRX da HA sintetizada e da HAAg obtidas via precipitação e imersão

com concentrações 0,1M de prata.............................................................................................44

Figura 6 – Espectro de DRX da HA sintetizada e da HAAg obtidas via precipitação e imersão

com concentrações 0,01M de prata...........................................................................................45

Figura 7 – Espectro de DRX da HA sintetizada e da HAAg obtidas via precipitação e imersão

com concentrações 0,001M de prata.........................................................................................46

Figura 8 – Espectro de infravermelho da HA sintetizada e HAAg obtidas via imersão com

concentrações de 0,1M; 0,01 e 0,001M de prata......................................................................47

Figura 9 – Espectro de infravermelho da HA sintetizada e HAAg obtidas via precipitação com

concentrações de 0,1M; 0,01 e 0,001M de prata......................................................................47

Figura 10 – Espectro de EDS das amostras de HAAg obtidas via precipitação e imersão com

concentrações de 0,1M; 0,01 e 0,001M de AgNO3..................................................................49

Figura 11 – Espectro de EDS da amostras de HAAg obtida via imersão com concentração de

0,1M de AgNO3........................................................................................................................49

Figura 12 – Espectro de EDS da amostras de HAAg obtida via precipitação com

concentração de 0,1M de AgNO3.............................................................................................51

Figura 13 – Imagem da placa de Petri com cepas de Staphylococcus aureus..........................51

Figura 14 – Imagem da placa de Petri com cepas de Escherichia coli.....................................52

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Aplicações clínicas envolvendo as classes dos materiais sintéticos utilizados no

corpo humano............................................................................................................................08

Tabela 2 – Classificação das biocerâmicas..............................................................................11

Tabela 3 – Tipos, fórmulas e relação Ca/P dos fosfatos de cálcio...........................................12

Tabela 4 – Formas de HA empregadas na medicina e odontologia.........................................15

Tabela 5 - Contagens de Staphylococcus aureus após 24 horas de contato com as amostras

dos diferentes tratamentos. Inoculo inicial = 7,2 x 102 UFC (log contagem = 2,86) e 7,2 x 105

UFC (log contagem = 5,86)......................................................................................................53

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 5

2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O TECIDO ÓSSEO ....................................... 5

2.2 BIOMATERIAIS ....................................................................................................... 7

2.2.1 Biocerâmicas ..................................................................................................... 10

2.2.2 Hidroxiapatita ..................................................................................................... 13

2.2.2.1 Fosfatos de Cálcio como Trocadores Iônicos .............................................. 16

2.2.3 Método de obtenção da hidroxiapatita via precipitação química. ........................ 17

2.3 COMPLICAÇÕES DOS MATERIAIS IMPLANTÁVEIS ........................................... 20

2.3.1 Infecções cirúrgicas em próteses articulares ...................................................... 20

2.3.2 Adesão bacteriana aos biomateriais e formação de biofilmes ............................ 22

2.4 PROPRIEDADES GERAIS DA PRATA .................................................................. 23

2.5 HIDROXIAPATITA CONTENDO PRATA ............................................................... 25

3. OBJETIVOS ................................................................................................................. 30

3.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 30

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................. 30

4. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 31

4.1 PRECIPITAÇÃO DA HIDROXIAPATITA ................................................................ 31

4.2 PRECIPITAÇÃO DA HIDROXIAPATITA COM PRATA .......................................... 31

4.3 IMERSÃO DO PÓ DE HIDROXIAPATITA EM SOLUÇÃO AQUOSA DE NITRATO

DE PRATA ....................................................................................................................... 32

4.4 CARACTERIZAÇÃO .............................................................................................. 32

4.4.1 Difração de raios X (DRX) .................................................................................. 32

4.4.2 Espectroscopia no Infravermelho com Transformada de Fourier (IV) ................. 34

4.4.3 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)com Espectroscopia de Raios X por

Energia Dispersiva (EDS) ............................................................................................. 35

4.5 AVALIAÇÃO IN VITRO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA .................................. 37

4.5.1 Teste de disco difusão em ágar ......................................................................... 38

4.5.2 Contagem bacteriana total ................................................................................. 39

4.5.2.1 Preparo das suspensões bacterianas ......................................................... 39

4.5.2.2 Ensaio de contagem bacteriana total .......................................................... 40

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................. 41

5.1 CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS ................................................................. 41

5.1.1 Difratometria de raios X ...................................................................................... 41

5.1.2 Espectroscopia de absorção na região do infravermelho ................................... 46

5.1.3 Microscopia eletrônica de varredura e espectroscopia de raios X por energia

dispersiva ..................................................................................................................... 48

5.2 AVALIAÇÕES IN VITRO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA ................................ 50

5.2.1 Análise qualitativa usando o teste de difusão em Agar ....................................... 50

5.2.2 Teste microbiológico .......................................................................................... 52

6. CONCLUSÕES ............................................................................................................ 55

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 57

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1. INTRODUÇÃO

O tecido ósseo tem capacidade de regeneração mediante produção de novo

tecido com a mesma organização estrutural original. No entanto, esta capacidade

regenerativa é limitada pelo tamanho da lesão.A necessidade de correção de

pequenos ou grandes defeitos ósseos tem se tornado bastante rotineira na área

ortopédica e odontológica nos últimos anos. Na área ortopédica as principais causas

estão relacionadas ao aumento do número de acidentes automobilísticos e ao

aumento da expectativa de vida da população mundial. A osteoartrose de quadril e

joelho é a condição clínica mais frequente para indicação de cirurgia de artroplastia

de substituição da articulação com uso de próteses. Na área odontológica, a

implantodontia vem ganhando espaço, pois as pessoas cada vez mais buscam uma

melhor qualidade de vida ou uma melhora na estética e autoestima (BELLOTI, 2009;

KUABARA et al., 2000).

Materiais avançados para aplicações biomédicas são considerados um dos

mais importantes desafios na área da ciência e engenharia dos materiais. Dentre os

materiais utilizados para a substituição e regeneração da estrutura óssea

enquadram-se a classe de materiais denominados biomateriais na qual se destaca a

hidroxiapatita–HA (Ca10(PO4)6(OH)2), devido à similaridade química e estrutural com

a fase mineral presente nos ossos e dentes (GUASTALDI; APARECIDA, 2010). Esta

cerâmica é um dos materiais mais biocompatíveis conhecidos, favorecendo o

crescimento ósseo para os locais em que ela se encontra (osteocondutora),

estabelecendo ligações com o tecido ósseo (bioativo), permitindo a proliferação de

fibroblastos, osteoblastos e outras células ósseas, sendo que as células não se

distinguem entre a hidroxiapatita e a superfície óssea, o que indica grande

similaridade química superficial (LEGEROS, 2002; FRANCO et al., 2001). Ela

também possui a capacidade de trocar íons com o meio fisiológico levando ao

equilíbrio entre implante e osso. A superfície da hidroxiapatita permite a interação de

ligações do tipo dipolo, fazendo com que moléculas de água e também, proteínas e

colágeno sejam adsorvidas na superfície induzindo a regeneração tecidual

(VOLKMER et al., 2007).

Um grande número de técnicas tem sido desenvolvido para a obtenção do pó

de hidroxiapatita, sendo um dos métodos mais utilizados a técnica da precipitação

via úmida. A partir dos diferentes pós é possível obter diversas morfologias e

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formatos de materiais, de denso até materiais extremamente porosos, os quais

incluem técnicas de processamentos cerâmicos tradicionais e avançadas como:

prensagem, colagem de barbotina, gel casting, injeção, tape-casting, sol-gel, etc.

(COSTA et al., 2009).

Para o sucesso clínico do implante envolvendo os biomateriais é necessário

que haja uma boa osteointegração (uma união estável e funcional entre o osso e a

superfície do material implantado) e que esteja associada à resistênciamecânica

necessária para o desempenho de funções desuporte (GUTIERRES et al., 2006).

É sabido que dentre as complicações em procedimentos cirúrgicos pode

ocorrer infecções. Contudo, entre as infecções associadas a dispositivos médicos

implantáveis a ocorrência em próteses ortopédicas é considerada uma das com

maiores riscos, pois acarreta intervenções cirúrgicas repetidas, perda do implante e

dependendo da severidade da infecção pode levar o paciente ao óbito (BERTUCCI

et al., 2010).

Este é um sério problema que tem exigido desenvolvimentos constantes de

materiais com características e propriedades capazes de corrigirem e substituírem

os defeitos ósseos com elevados índices de sucesso, favorecendo assim uma

melhora na expectativa e qualidade de vida dos pacientes. Isso se deve ao trabalho

multidisciplinar de diversas áreas como Medicina, Odontologia, Física, Química,

Biologia e Engenharia.

A longa sobrevivência destes substitutos ósseos também está relacionada

com a prevenção e o combate eficaz de infecções bacterianas no pós-operatório. O

implante funciona como um corpo estranho, modificando o microambiente local, o

que facilita a contaminação bacteriana por via direta ou hematogênica, formando um

biofilme em toda a sua superfície. A infecção torna-se resistente aos mecanismos de

defesa do paciente e à ação de antimicrobianos, e na maioria das vezes é

necessária a sua remoção para a cura. A adesão bacteriana aos biomateriais e a

formação de biofilmes ocorre em duas fases distintas: inicialmente pela atração

física entre o microorganismoe o implante (fase reversível), nesta o crescimento do

biofilme pode ser inibido por meio de agentes antimicrobianos, e posteriormente em

uma segunda fase, caracterizada pela interação celular e molecular com a superfície

do biomaterial (fase irreversível) (CERCA et al., 2005; BUCKLEY et al., 2010;

BERTUCCI; TEDRUS, 2010). Nesta segunda fase, ocorre a produção de uma matriz

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de polissacarídeo, tornando as bactérias vinculadas umas as outras e ligadas às

superfícies para o desenvolvimento das colônias (MACK et al., 2006).

Como forma de prevenir as possíveis infecções associadas às cirurgias para

colocação de implantes, médicos, enfermeiros e o próprio hospital devem seguir

uma série de recomendações, procedimentos e normas, dentre elas: o menor tempo

de internação do paciente no pré-operatório, o controle do ar no centro cirúrgico e a

administração de antimicrobianos antes e após os procedimentos (LIMA; OLIVEIRA,

2010).

Uma estratégia usual para tratar e prevenir as infecções associadas àalguns

casos de implantes biomédicos é a utilização de antibióticos de maneira controlada

antes e após os procedimentos cirúrgicos (PEERSMAN et al., 2001) com o objetivo

de administrar altas doses locais sem exceder a toxicidade sistêmica dos

medicamentos (MOREIRA, 1997; LEACH; WILSON, 1992).Entretanto, quando a

profilaxia com os antimicrobianos específicos não for realizada corretamente poderá

acarretar ao aparecimento de cepas bacterianas resistentes às drogas, e isto tem

despertado o desenvolvimento de biomateriaiscom agentes bacterianos, tais como a

prata e zinco, que apresentam ampla atividade e baixa incidência de resistência,

incluindo as bactérias envolvidas nas infecções de implantes biomédicos (ANDO et

al., 2009; BOSE; TARAFDER, 2012).

O efeito antimicrobiano da prata é reconhecido há muitos anos, na antiguidade,

a mesma era utilizada no tratamento de queimaduras e como agente quimioterápico

contra patologias provocadas por bactérias, como a Staphylococcus

aureus(MOSER; PEREIMA; PEREIMA, 2013). O poder antimicrobiano da prata tem

sido relacionado aos seus variados mecanismos de ação. A prata interfere no

metabolismo bacteriano, pode romper a parede da célula bacteriana e ligar-se ao

seu DNA (ácido desoxirribonucléico), inibindo assim a replicação e a possibilidade

de desenvolver resistência (BAI et al., 2011). As cepas bacterianas mais comuns

associadas às infecções de implantes estão incluídas na lista de patógenos as quais

a prata pode eliminar (JEONGet al., 2006; LOK, 2006).

Neste sentido, a fim de obterem-se materiais com elevada biocompatibilidade e

propriedades antimicrobianas diversas propostas de incorporação de prata aos

biomateriais, tal como na hidroxiapatita, vêm sendo descritas na literatura (CIOBANU

et al., 2011; STANIC et al., 2011; JEONG et al., 2006).

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Diversos grupos de pesquisas têm voltado sua atenção para o

desenvolvimento de fosfatos de cálcio dopados com metais que possuem

funcionalidades biológicas específicas para aplicações como enxertos ósseos.

Dessa forma, o presente trabalho propõe a obtenção de hidroxiapatitas contendo

prata pelo método de precipitação em solução aquosa contendo AgNO3 e por

imersão do pó após o processo de precipitação em soluções aquosas contendo

AgNO3, visando a utilização como um material bioativo com características

antimicrobianas.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O TECIDO ÓSSEO

O tecido ósseo é uma forma especializada de tecido conjuntivo constituído

por células e por uma matriz extracelular calcificada, a matriz óssea. A matriz

ósseatem 50% de seu peso composto por matéria inorgânica. Os íons mais

encontrados são o fosfato e o cálcio que formam cristais com estrutura de

hidroxiapatita. A porção orgânica damatriz ósseaé composta por 95% de fibras

colágenas e por pequena quantidade de proteoglicanoseglicoproteínas.Aassociação

de hidroxiapatita com fibras colágenas é responsável pela dureza e resistência do

tecido ósseo. Quando se remove o cálcio dessa associação o osso mantém sua

forma, mas fica tão flexível quanto umtendão. E quando se remove o colágeno, ele

também mantém a forma, mas fica tão quebradiço que dificilmente pode ser

manipulado sem se partir (JUDAS et al., 2012; JUNQUEIRA, 2008).

O tecido ósseo funciona como suporte para as partes moles do corpo; protege

órgãos vitais; aloja e protege amedula óssea; proporciona apoio aosmúsculos

esqueléticos, transformando suas contrações em movimentos úteis, e constitui um

sistemade alavancas que amplia as forças geradas pela contração muscular. Além

dessas funções, os ossos funcionam como depósitos decálcio,fosfatoe outrosíons,

armazenando-os ou liberando-os de maneira controlada, para manter constante a

concentração desses importantes íons nos líquidos corporais (JUDAS et al., 2012;

JUNQUEIRA, 2008; KATCHBURIAN, 1999).

Apesar de seu aspecto inerte, o tecido ósseo participa de um contínuo e

dinâmico processo de remodelamento, isto para formar e manter suas propriedades

mecânicas e capacidades metabólicas. Os ossos quando lesados têm capacidade

regenerativa, isto é, o processo de reparação óssea é efetuado através da formação

de osso novo e não pela formação de tecido fibroso (JUNQUEIRA, 2008).

As células presentes no tecido ósseo são praticamente quatro tipos: as

células osteogênicas ou osteoprogenitoras, osteoblastos, osteócitos e os

osteoclastos (MOTA et al., 2008; KIERSZENBAUM, 2008; KATCHBURIAN, 1999).

As células osteogênicas localizam-se na camada celular interna do periósteo

(bainha resistente de tecido conjuntivo que reveste a superfície do osso) e no

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endósteo (membrana que reveste a cavidade medular). Essas são as únicas células

ósseas que passam por divisão celular. Suas “células filhas” se desenvolvem em

osteoblastos, as quais são células formadoras de osso, ou seja, sintetizam e

secretam matriz óssea orgânica como fibras colágenas, proteoglicanas e

osteocalcina e iniciam a calcificação (JUNQUEIRA, 2008; MOTA et al., 2008).

Os osteócitos são células maduras e são as principais células do tecido

ósseo, derivam dos osteoblastos, porém não apresentam a função de secretar

componentes da matriz. Sua função, no entanto, é de manter as atividades diárias

do tecido ósseo, tais como a troca de nutrientes e metabólicos com o sangue

(JUNQUEIRA, 2008; MOTA et al., 2008).

Os osteoclastos são células grandes multinucleadas (podem conter até mais

de 50 núcleos) que ficam no endósteo. Sua função é absorver o tecido ósseo e pelo

processo de fagocitose, englobam pequenas partículas da matriz óssea e dos

cristais, dissolvendo-os e liberando os produtos no sangue (JUNQUEIRA, 2008;

VÄÄNÄNEN et al., 2000).

O osso não é completamente compacto, pois hápequenos espaços entre seus

componentes rígidos. Alguns espaços formam canais para os vasos sanguíneos que

suprem as células ósseas com nutrientes. Outros espaços constituem áreas de

armazenamento para a matriz óssea. Pode-se dizer que existe dois tipos de ossos:

osso primário (imaturo ou osteóide) e osso secundário (maduro ou lamelar). O osso

primário é imaturo e o primeiro a se formar durante o desenvolvimento fetal e

durante a recuperação óssea. É rico em osteócitos e em feixes de colágenos não

modelados, os quais mais tarde serão substituídos como osso secundário, que é

osso maduro com uma matriz mais calcificada sendo, portanto, mais forte que o

primário (JUNQUEIRA, 2008; MOTA et al., 2008).

O processo de formação óssea é chamado de osteogênese ou ossificação e é

dividido em dois: intramembranosa e endocondral. Na ossificação intramembranosa

o tecido ósseo é formado diretamente no tecido conjuntivo primário, como ocorre

com os ossos chatos do crânio. Na ossificação endocondral, o tecido ósseo substitui

uma cartilagem preexistente, que é molde ou primórdio do futuro osso

(KIERSZENBAUM; TRES, 2012; NIJWEID, 2002).

A osteogênese é a formação do tecido ósseo pela transferência ou

recolocação de osteoblastos viáveis, que atuam sintetizando o osso em novos sítios.

Na osteocondução, inicialmente é formado um material como uma malha onde vão

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crescer vasos e osteoblastos que migram das regiões de osteotomia ou fratura

óssea. A osteocondução é principalmente ativa em traumas ósseos. Já, na

osteoindução, células não esqueléticas desmineralizadas são diferenciadas em

células mineralizadas e estruturadas através de estímulos indutivos (hormônios)

(KIERSZENBAUM; TRES, 2012).

A fratura é um tipo de patologia óssea que estimula a formação do tecido

ósseo. Quando o osso é fraturado, inúmeros vasos sanguíneos são lesados,

formando na região um coágulo, chamado hematoma de fratura. Logo após,

fibroblastos e células osteogênicas próximas ao periósteo migram em direção à área

lesada. Essas células são suportadas por uma malha de capilares e fibroblastos,

constituindo a matriz de colágeno para o início da formação do tecido ósseo, o calo

ósseo. Com o passar do tempo, a atividade de osteocondução é intensificada, o calo

ósseo é substituído e reabsorvido pelos osteoclastos, de grande atividade

lisossômica, formando o osso esponjoso (GERSTENFELD et al., 2003a).

Dependendo do tipo e da extensão da lesão no tecido ósseo a regeneração

do mesmo fica comprometida, sendo necessária a utilização de substitutos, os quais

são denominados de biomateriais, os quais devem apresentar propriedades físicas e

biológicas compatíveis com os tecidos vivos hospedeiros, de modo a estimular uma

resposta adequada dos mesmos (GUASTALDI; APARECIDA, 2010; KAWACHI et

al., 2000).

2.2 BIOMATERIAIS

Um biomaterial foi inicialmente definido como sendo "um material não vivo,

usado como dispositivo médico, projetado para interagir com sistemas biológicos"

(WILLIANS, 1987).A definição do termo biomaterial foi aprimorada ao longo dos

anos, principalmente após a segunda Conferência Consenso sobre Definições em

Biomateriais, realizada em Chester no ano de 1991 (GUTIERRES et al., 2005), e

mais recentemente pode ser melhor definida como toda a substância (exceto

fármacos – drogas) ou combinação de substâncias, de origem sintética ou natural

que durante um período indeterminado de tempo é empregado como um todo ou

parte integrante de um sistema para tratamento, ampliação ou substituição de

quaisquer tecidos, órgãos ou funções corporais (BLACK, 1999).

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Outra propriedade complementar e essencial para a ciência dos biomateriais

é a biocompatibilidade, que pode ser definida como a capacidade do material ter

uma respostaapropriada numa aplicação específica, minimizando reações alérgicas,

inflamatórias outóxicas, quando em contato com os tecidos vivos ou fluidos

orgânicos. A biocompatibilidade compreende as interações dos tecidos humanos e

fluidos, incluindo sangue, com um implante ou material. As interações podem ser da

ação do material nocorpo ou do meio fisiológico sobre o material (RATNER et al.,

2004, WILLIANS, 1987). Além disso, o material deve ser biofuncional, ou seja, deve

ser capaz de exercer a função que lhe é incumbida como se fosse próprio do

organismo (RATNER et al., 2004; PARK, 2007).

Os biomateriais podem ser de origem natural: autógenos ou autólogos -

quando são transferidos de um local para outro no próprio paciente, os alógenos ou

homólogos - quando retirado de outra pessoa (origem humana) e os xenógenos ou

heterólogos – origem animal, principalmente bovina, e de origem sintética: metais,

cerâmicas, polímeros e compósitos (VALLET-REGI, 2001; PARK, 2007).

Na Tabela 1 estão descritas algumas aplicações clínicas envolvendo os

biomateriais de origem sintética.

Tabela 1 – Aplicações clínicas envolvendo as classes dos materiais sintéticos utilizados no

corpo humano.

Biomaterial Aplicações

Polímeros

(Polietileno, Poliéster, Poliuretano, PMMA

(polimetil-metacrilato), Silicone).

Suturas, vasos sanguíneos, maxilofacial (nariz,

orelha, maxilar, mandíbula, dente), cimento,

tendão artificial, oftalmologia.

Metais e Ligas

(Aço inoxidável, Titânio e suas ligas, liga

cobalto-cromo).

Fixação ortopédica (parafusos, pinos, placas,

fios, hastes), implantes dentários.

Cerâmicos

(Alumina, Zircônia, Carbono, Fosfatos de

Cálcio, Porcelana e Vidros Bioativos).

Ossos, juntas, dentes, válvulas, tendões, vasos

sanguíneos e traquéias artificiais.

Compósitos

(Fibra de carbono-resina termofixa, Fibra de

carbono-termoplástico, Carbono-carbono,

Fosfato de cálcio-colágeno).

Válvula cardíaca artificial, implantes de junta de

joelho.

Fonte: Adaptado de Kawachiet al., (2000).

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De acordo com a resposta induzida ao meio biológico, os biomateriais podem

ser classificados em bioinertes, biotoleráveis, biorreabsorvíveis e bioativos

(GUASTALDI; APARECIDA, 2010).

Materiais bioinertes: tolerados pelo organismo, porém a formação do

envoltório fibroso é mínima. De acordo com a Conferência da Sociedade

Européia para Biomateriais, realizada em 1986 na Inglaterra, o termo

bioinerte não é adequado, visto que todo material induz algum tipo de

resposta do tecido hospedeiro, mesmo que mínima, portanto este termo

deve ser evitado (KAWACHI et al., 2000). Os mais utilizados são:

alumina, zircônia, titânio e ligas de titânio.

Materiais biotoleráveis: são tolerados pelo organismo, sendo isolados

dos tecidos adjacentes por formação de camada envoltória de tecido

fibroso. A espessura da camada é inversamente proporcional à

tolerabilidade dos tecidos ao material. São representantes deste grupo

quase todos os polímeros sintéticos, assim como a grande maioria dos

metais (aço inoxidável e ligas de cobalto-cromo).

Materiais bioativos: ocorrem ligações de natureza química entre material

e tecido ósseo (osteointegração), em função da similaridade química

entre estes materiais e a parte mineral óssea. Os tecidos ósseos se

ligam a estes materiais, permitindo a osteocondução através do

recobrimento por células ósseas. Os principais materiais desta classe

são os biovidros e vitrocerâmicas, fosfatos de cálcio, hidroxiapatita.

Materiais biorreabsorvíveis: materiais que após certo período de tempo

acabam sendo degradados, solubilizados ou fagocitados pelo

organismo. Esta característica os torna interessantes, pois, não há

necessidade de realização de outra cirurgia para retirada ou substituição

do material. Como exemplos desta classe de materiais encontram-se o

fosfato de cálcio (TCP) e o ácido polilático.

Para o sucesso clínico é necessário que uma boa osteointegração, esteja

associada àresistênciamecânica necessária para o desempenho de funções de

suporte. No sentido de potencializar as suas propriedades mecânicas e físico-

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químicas, podem combinar-sediferentes tipos de materiais que se complementam

entre si (GUTIERRES et al., 2006).

2.2.1 Biocerâmicas

A utilização de cerâmicas como biomateriais iniciou quando Dreesman, em

1894, relatou a utilização de gesso (CaSO4.1/2H2O) como um possível substituto

para ossos. Porém, devido a sua baixa resistência mecânica e devido ao fato de ser

completamente reabsorvido pelo organismo, seu uso tornou-se inviável para

implantes ósseos (KAWACHI et al., 2000).

O início da utilização mais intensa de materiais cerâmicos como um

biomaterial se deu na década de 70. A primeira biocerâmica muito utilizada nesta

época foi a alumina densa (α-Al2O3), por se apresentar bioinerte. Este material vem

sendo utilizado até os dias de hoje devido a sua biocompatibilidade e elevada

resistência mecânica em próteses ortopédicas que substituem o osso ou parte dele.

Alguns exemplos de aplicação da alumina são: próteses para substituição da cabeça

de fêmur e a substituição de dentes por dentes artificiais implantáveis. Outras

cerâmicas, tais como, zircônia (ZrO2), dióxido de titânio (TiO2), os fosfatos de cálcio

e as vitrocerâmicas, têm seu uso bastante difundido(KAWACHI et al., 2000; HENCH;

WILSON, 1993).

Com o número de materiais cerâmicos utilizados como biomateriais é elevado

tem-se procurado classificá-los de acordo com os aspectos envolvidos na interação

com os tecidos vivos (KAWACHI et al., 2000; HENCH, 1991). De acordo com Larry

Hench, as cerâmicas são agrupadas em 4 classes, conforme descrito na tabela 2

abaixo:

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Tabela 2 – Classificação das biocerâmicas

Tipo de Biocerâmica Interações com os tecidos Exemplos

Inertes Não há interações Alumina

Porosas Ocorre crescimento de tecido

através dos poros

Aluminatos e hidroxiapatita

porosos

Bioativas Forte ligação na interface osso -

implante

Biovidros, hidroxiapatita e

vitrocerâmicas.

Biorreabsorvíveis São degradas e substituídas

pelos tecidos

Gesso e fosfato tricálcico

Fonte:Kawachiet al (2000).

As biocerâmicas são utilizadas tanto na forma isolada quanto como

recobrimento de próteses metálicas ou na associação com materiais poliméricos,

exemplo do colágeno. São empregadas na forma densa e na forma porosa,

conforme descrito na Tabela 2. É sabido que o aumento da porosidade diminui a

resistência mecânica do material isoladamente, porém a existência de poros com

dimensões adequadas pode favorecer o crescimento de tecidos através deles,

fazendo com que ocorra um entrelaçamento do tecido com o implante, aumentando

assim a resistência do material in vivo (KAWACHI et al., 2000; VALLET-REGÍ, 2010).

Kawachi e Andrade compararam a resposta ao implante de cilindros

cerâmicos densos e porosos de hidroxiapatita em fêmures de ratos Wistar,

observando que os cilindros densos apresentaram a formação de uma cápsula

fibrosa ao redor do material, isolando-o do tecido hospedeiro e que foi lentamente

regredindo entre 8 e 24 semanas após o implante; entretanto os cilindros porosos

permitiu a invasão de tecido ósseo através de toda a extensão da cerâmica

implantada, formando um forte entrelaçamento entre o implante de hidroxiapatita e o

tecido (KAWACHI et al., 2000).

Dentre as biocerâmicas, os fosfatos de cálcio apresentam-se hoje como os

principais materiais estudados e empregados como biomaterial para a reposição e

regeneração do tecido ósseo, pois apresentam como principais características:

semelhança com a fase mineral de ossos, dentes e tecidos calcificados; excelente

biocompatibilidade; bioatividade; ausência de toxicidade; taxas de degradação

variáveis; osteocondutividade (indicam o caminho para o crescimento ósseo,

fazendo que ocorra sobre a superfície ou através dos poros) (GUASTALDI;

APARECIDA, 2010; VALLETI-REGÍ, 2010).

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Uma forma de classificar os fosfatos de cálcio é através da razão molar entre

os átomos de cálcio e fósforo (Ca/P), a qual permite avaliar o seu grau de

solubilidade em água. Os fosfatos de cálcio com elevada razão Ca/P são

precipitados em meio básico, enquanto que os de baixo valor para esta razão são

precipitados em meio ácido. As fases a serem obtidas irão depender do método e

parâmetros envolvidos (KAWACHI et al., 2000).

A estequiometria da hidroxiapatita possui grande significância, uma vez que

leves desequilíbrios na relação Ca/P podem levar à formação de outras fases que

afetam a interação do material com os tecidos biológicos. Por exemplo, se a relação

Ca/P for menor do que 1,67 podem surgir após o processamento fases como alfa-

fosfato tricálcico (TCP) ou o beta-fosfato tricálcico (TCP); se a relação Ca/P for

maior do que 1,67, o óxido de cálcio pode estar presente juntamente com a fase

hidroxiapatita (BONAN et al., 2014).

Ressalta-se que nem todos os compostos de CaP são úteis para implantação

no corpo, principalmente os compostos com uma razão Ca/P menor que 1 devido à

sua alta solubilidade ( BEST et al., 2008).

Esta é uma das propriedades mais importantes e exploradas e que pode

predizer seu comportamento in vivo. Quanto maior a relação Ca/P menor será a sua

solubilidade (GUASTALDI; APARECIDA, 2010; LEGEROS, 2002).

Na Tabela 3 estão relacionados os diversos fosfatos de cálcio com suas

fórmulas químicas e a razão Ca/P.

Tabela 3 –Tipos, fórmulas e relação Ca/P dos fosfatos de cálcio.

Tipo Fórmula Ca/P

Fosfato tetracálcico (TTCP) Ca4O(PO4)2 2,0

Hidroxiapatita (HA)

Fosfato de cálcio amorfo (ACP)

Ca10(PO4)6(OH)2

Ca10-xH2x(PO4)6(OH)2 1,67

Fosfato tricálcico (TCP) Ca3(PO4)2 1,50

Fosfato octacálcico (OCP) Ca8H2(PO4)6.5H2O 1,33

Fosfato dicálcicodihidratado

(DCPD) CaHPO4.2H4O 1,0

Fosfato dicálcico (DCP) CaHPO4 1,0

Pirofosfato de cálcio (CPP) Ca2P2O7 1,0

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Pirofosfato de cálcio dihidratado

(CPPD) Ca2P2O7.2H2O 1,0

Fosfato heptacálcico (HCP) Ca7(P5O16)2 0,7

Fosfato dihidrógenotetracálcico

(TDHP) Ca4H2P6O20 0,67

Fosfato

monocálcicomonohidratado

(MCPM)

Ca(H2O4)2.H2O 0,5

Metafosfato de cálcio (CMP) Ca(PO3)2 0,5

Fonte: Costa et al. (2009)

Dentre os fosfatos de cálcio, devido à similaridade química e estrutural com a

fase mineral presente em ossos e dentes, a hidroxiapatita é o principal material de

escolha para a reposição do tecido ósseo em aplicações médicas, ortopédicas e

odontológicas, como recobrimento ou materiais densos (GUASTALDI; APARECIDA,

2010; HENCH; WILSON, 1993; LEGEROS 1991).

2.2.2 Hidroxiapatita

A hidroxiapatita é o constituinte mineral natural encontrado nos ossos e

dentes (LEGEROS, 1991). A hidroxiapatitas sintética possui propriedades de

biocompatibilidade e osteointegração, o que a torna substituta do osso humano em

implantes e próteses, daí o grande interesse em sua produção (COSTA et al., 2009).

Apresenta fórmula química Ca5(PO4)3OH, podendo ser escrita também como

Ca10(PO4)6(OH)2, mostrando que há duas unidades na célula unitária.

Quanto a estrutura cristalina, a hidroxiapatitapertence ao sistema hexagonal,

do grupo espacial P63/m (caracterizado por um eixo C de 6 unidades perpendiculares

a 3 eixos equivalentes mantendo um triângulo de 120°), com dimensões de célula

unitária cristalina a = b = 9,43 Å, c = 6,88 Å, α = β = 90º e = 60º. Os átomos de

cálcio estão localizados em sítios não equivalentes, sendo 4 no sítio I (Ca1) e 6 no

sítio II (Ca2), e os íons OH- ocupam os denominados sítios canais (GUASTALDI;

APARECIDA, 2000). A Figura 1 representa a rede cristalina da hidroxiapatita.

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Figura 1 – Rede cristalina da hidroxiapatita

Fonte: Costa et al. (2009)

A estrutura cristalina da hidroxiapatita lhe permite a realização de

substituições catiônicas e aniônicas. Os íons Ca2+ podem ser substituídos por um

grande número de íons metálicos, tais como: K+, Na+, Ag+, Mg2+, Mn2+, Cu2+, ZN2+,

entre outros. Vale lembrar que essas substituições podem alterar acristalinidade, os

parâmetros de rede, as dimensões dos cristais, a textura superficial, a estabilidade e

a solubilidade da estrutura da hidroxiapatita, que por sua vez, alteram a degradação

e o comportamento in vivo (GUASTALDI; APARECIDA, 2010; COSTA et al., 2009).

A literatura aborda que existem dois tipos de substituições de carbonatos a

primeira substituição e do CO32- por OH- (tipo A) e CO3

2- por PO43- (tipo B), nos dois

casos as substituições podem influenciar nos parâmetros de rede do material. As

carboapatitas são estudadas como promissoras para aplicações em enxertos e

suportes ósseos (LALA et al., 2013).

As aplicações da hidroxiapatitas estendem-se desde a ortopedia e

traumatologia, sendo utilizada como recobrimento de próteses metálicas para

promover a ligação interfacial entre o material implantado e o tecido vivo, em

tumores músculo-esquelético sendo usada como suporte de ação prolongada onde

há introdução de drogas anticancerígenas permitindo uma liberação gradual da

mesma no organismo, entre outras aplicações. Na odontologia, nos casos

dedoenças periodontais, para correções buco-maxilofaciais, implantes dentários,

preenchimento de cavidades císticas ou mesmo aumentos de rebordo alveolar,pinos

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de titânio recobertos com hidroxiapatita são usados no implante para a substituição

da raiz, além outras aplicações (COSTA et al., 2009).

As aplicações da hidroxiapatita sintética não se restringem à área biomédica,

devido à sua grande afinidade por proteínas, a HA tem sido aplicada como

adsorvente em cromatografia líquida. A capacidade de adsorção da HA está

relacionada à estrutura do poro e à natureza físico-química da superfície do sólido

(COSTA et al., 2009)..

A Tabela 4 traz exemplos das formas dehidroxiapatita e suas aplicações.

Tabela 4 – Formas de HA empregadas na medicina e odontologia

Usos Formas

Matriz ou suporte para crescimento ósseo Grãos, porosa

Osso artificial Grãos, densa, porosa.

Cimento ósseo Pó com PMMA

Articulações artificiais Metal revestido com HA

Próteses vasculares Densa

Próteses traqueais Porosa ou densa

Terminais pericutâneos Densa

Sistema de liberação densa Densa ou pó

Fonte: Costa et al. (2009)

Apesar das vantagens apresentadas pela HA, a sua lenta biodegradação lhe

confere uma desvantagem. Estudos efetuados por longos períodos de tempo têm

mostrado que a HA começa a ser reabsorvida gradualmente após 4 a 5 anos de

implantação. A reabsorção é uma característica desejada para biomateriais nos

quais o processo de degradação é concomitante com a reposição do osso em

formação (GUASTALDI; APARECIDA, 2010).

Como método de obtenção das hidroxiapatita, várias técnicas estão sendo

desenvolvidas para a síntese do pó devido a sua crescente utilização, tais como

precipitação via úmida, sol-gel, técnica hidrotermal, técnica de emulsão múltipla,

deposição biomimética, eletrodeposição, etc. (COSTA et al., 2009).

O método de síntese adotado para a obtenção de hidroxiapatita ou o seu

tratamento posterior podelevar ao aparecimento ou não de outras fases de

compostos de fosfato de cálcio. Quando presentes podem ser detectadas através da

técnica de caracterização por difratometria de raios X. Normalmente estas fases

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apresentam-se em quantidades pequenas (ao redor de 5%). Alguns compostos

devem ser evitados, pois, possuem propriedades extremamente diferentes da

hidroxiapatita, podendo comprometer a osteocondução ou ainda comprometer a

integridade e eficiência mecânica do material em função de sua solubilização, como

no caso do surgimento de pirofosfato de cálcio ou metafosfato de cálcio (COSTA et

al., 2009).

2.2.2.1 Fosfatos de Cálcio como Trocadores Iônicos

Segundo Legeros et al. (1984), cátions com raios iônicos maiores que o do

cálcio podem ser incluídos na estrutura da apatita com mais facilidade do que

aqueles com raios iônicos menores. Como resultado teremos uma expansão dos

parâmetros de rede a e c, e com aumento do volume da célula unitária. Já a

substituição do cátion cálcio por um cátion menor, como exemplo podemos citar o

cobre (raio iônico igual a 0,68 Å), teremos como resultado dessa troca uma

contração dos parâmetros a e c, e como consequência a diminuição do volume da

célula unitária (Vc).

A rede cristalina da hidroxiapatita permite as substituições catiônicas e

aniônicas isomorfas com grande simplicidade (AFSHAR et al., 2003). O cátion Ca2+

pode ser trocado por metais tais como o chumbo (Pb2+), cádmio (Cd2+), cobre (Cu2+),

zinco (Zn2+), estrôncio (Sr2+), cobalto (Co2+), ferro (Fe2+), manganês (Mn2+), prata

(Ag+). Os grupos fosfatos e hidroxilas, negativos, podem ser trocados por carbonatos

(CO32-), silicatos (SiO4

2-), flúor (F-), cloro (Cl-), etc. (MAVROPOULOS, 1999). Dentre

as propriedades dos fosfatos de cálcio que são abalados através de substituintes

são: parâmetros de rede (dimensões dos eixos a e c), tamanhos e forma do cristal,

tensão cristalina, cristalinidade, propriedades espectrais de absorçãono

infravermelho e estabilidade térmica (AOKI, 1999). Quando as trocas estão

presentes ao mesmo tempo, elas podem ter aditivos, sinergia ou efeitos opostos às

propriedades cristalinas das apatitas (MAVROPOULOS et al., 2005).

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2.2.3 Método de obtenção da hidroxiapatita via precipitação química.

O método de precipitação química ou via úmida é uma das metodologias mais

utilizadas para obtenção de HA. Esta técnica é caracterizada pelo baixo custo,

principalmente em relação aos reagentes, e pela simplicidade do método de

preparação, porém, a maioria dos procedimentos sintéticos pode levar a formação

de produtos não estequiométricos e mistura de fases. Isto se deve à presença de

vacâncias e substituições iônicas na rede, tais como carbonatos, hidrogeno-fosfatos,

potássio, sódio, nitrato e cloreto (RIGO; GEHRKE; CARBONARI, 2007).

Os processos de precipitação consistem na adição de grupos fosfatos em

suspensões que contenham íons cálcio, podem partir de diferentes reagentes. A

reação de neutralização que utiliza como reagentes o hidróxido de cálcio - Ca(OH2)

e o ácido ortofosfórico - H3PO4, apresenta maior potencial para produção de

hidroxiapatita uma vez que se tem apenas água como subproduto (RIGO; GEHRKE;

CARBONARI, 2007).

Os métodos de precipitação apresentam variáveis tais como, pH, temperatura

de obtenção, concentração molar dos reagentes, taxa de adição de reagentes,

tempo de agitação, tempo de envelhecimento e temperatura de calcinação. O tempo

de envelhecimento e a cinética de reação são variáveis críticas para a pureza e

características cristalográficas do material obtido (ANGELESCU; UNGUREANU;

ANGHELINA, 2011;RIGO; GEHRKE; CARBONARI, 2007).

A composição dos reagentes trata da pureza do material, que pode

apresentar ou não íons não esperados na rede, além de diferenças nas

características morfológicas e cristalográficas. A taxa na qual os reagentes são

adicionados, ou seja, o tempo de gotejamento influencia na taxa de nucleação dos

cristais (KOUTSOPOULOS, 2002). A velocidade de gotejamento está diretamente

relacionada à cinética da reação, a adição lenta de íons fosfato proporciona menor

taxa de nucleação e maior taxa de crescimento, o que implica na obtenção de

partículas maiores; pelo contrário, altas taxas de adição de reagentes permite a

formação de maior número de núcleos, mas sem que haja tempo suficiente para

crescimento de grão (RIGO; GEHRKE; CARBONARI, 2007).

A formação de um sólido envolve precipitação a partir de uma solução e

cristalização, esses dois processos ocorrem simultaneamente se o precipitado é

cristalino, por outro lado, se o sólido obtido não é cristalino, a razão com a qual tais

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etapas acontecem determinam a cristalinidade do material. Esta razão pode ser

controlada pela variação da saturação da solução e pelo tempo médio de

cristalização, que tem como parâmetros a temperatura e a taxa de gotejamento

(TADIC; PETERS; EPPLE; 2002).

A temperatura na qual a precipitação se processa tem grande importância na

fase obtida e na conversão de uma em outra. O tamanho da partícula e a morfologia

também são influenciados pela temperatura. Temperaturas mais altas permitem a

obtenção de pós mais cristalinos (RIGO; GEHRKE; CARBONARI, 2007).

Durante o envelhecimento os cristais formados estão sujeitos a um processo

de dissolução e recristalização, no qual os cristais menores desaparecem em

detrimento dos maiores, os quais crescem mais rapidamente; em consequência

disto o número total de cristais diminui assim como a área superficial específica

(KOUTSOPOULOS, 2002). O crescimento das partículas durante o envelhecimento

comprova que a precipitação continua mesmo após o gotejamento de todo o volume

de ácido (SAERI et al., 2003).

A calcinação do pó obtido pode alterar a fase presente no sólido, pois cada

uma das fases dos fosfatos de cálcio apresenta diferentes estabilidades térmicas e

propriedades físicas. Uma pequena variação na razão Ca/P do pó sintetizado resulta

numa grande variação das proporções das fases formadas após a calcinação

(RAYNAUD, 2002).

De acordo com Saeri et al. (2003), HA foi obtida mediante a adição de uma

solução de H3PO4 (0,3M) em uma suspensão de Ca(OH2) (0,5M) a uma taxa de 2

gotas/s a 40ºC em pH=7.5, mantido constante por meio da adição de hidróxido de

amônio. Em seguida, o material obtido foi lavado com água destilada e a ele foi

adicionado 1mmol/l de ácido fosfórico, esta solução foi envelhecida por uma noite. O

pó sintetizado foi sinterizado a 850ºC e a 1200ºC e posteriormente caracterizado por

microscopia eletrônica de varredura, onde observaram que a morfologia e o

tamanho de partícula foram alterados em cada etapa do processo de obtenção e as

propriedades de sinterização afetadas significativamente. As partículas

apresentaram morfologia achatada e alongada com escala nanométrica, porém as

amostras com maior tempo de envelhecimento exibiram partículas maiores. Além

disso, as nanopartículas tenderam a formar aglomerados. Também foi observado

que o tempo de envelhecimento e a cinética de precipitação foram determinantes

para a pureza do material e suas características cristalográficas. Além disso, quanto

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maior a temperatura de calcinação mais cristalina era a amostra, o que foi dado pela

diferença de intensidade dos picos no difratograma de raiosX.

Landi et al. (2004) obtiveram hidroxiapatitas carbonatada mediante a reação

de neutralização de Ca(OH)2e H3PO4. Uma suspensão de Ca(OH)2 foi aquecida a

40ºC e dióxido de carbono (CO2) foi borbulhado sobre esta suspensão

concomitantemente ao gotejamento de uma solução de H3PO4 por um período de 4

horas. Em seguida, o sistema foi agitado por 2 horas, envelhecido por um dia a

temperatura ambiente, lavado e desaglomerado. O processo de obtenção teve como

variáveis o fluxo de CO2, a taxa de adição de H3PO4, a concentração da solução e a

temperatura de síntese. O aumento no fluxo de dióxido de carbono levou a formação

de hidroxiapatitas carbonatada com substituição dos grupos OH; o aumento da taxa

de adição de ácido fosfórico provocou a menor incorporação de carbonato na

estrutura da HA, principalmente sobre os grupos fosfato, por outro lado, a diminuição

desta taxa propiciou a substituição de grupos fosfatos por grupos HPO42-,

característicos da hidroxiapatita deficiente em cálcio. Além disso, houve um aumento

na cristalinidade e no tamanho de partícula com o aumento da temperatura de

síntese, em detrimento da quantidade de carbonato presente na amostra. Por meio

dos difratogramas de raios X foi observado que a cristalinidade da hidroxiapatitas

carbonatada é menor que da HA pura. Nos espectros de espectroscopia no

infravermelho foram perceptíveis bandas relativas aos grupos carbonatos e fosfatos.

Afsharet al. (2003) prepararam hidroxiapatita a partir de suspensão de

Ca(OH)2(0,5M) a qual foi aquecida por 1 hora em 40ºC e agitada constantemente, e

sobre ela foi adicionada H3PO4(0,3M) a uma taxa de 2 gotas/s. O pH foi controlado

por meio da adição deNH4OH. O precipitado foi envelhecido por um período de um

dia na solução mãe, na qual decantou. O estudo do material obtido apresentou como

resultados partículas com forma de bastão de escala nanométrica mediante a

análise das micrografias. A quantidade de íons cálcio presente no material diminuiu

com a diminuição do pH durante a precipitação, o que foi concluído por meio de

cálculos envolvendo difração de raios X.

Uma solução de H3PO4(0,06M) foi adicionada a uma taxa de 4mL/min a uma

solução de Ca(OH)2(0,1M) para a obtenção de fosfatos de cálcio por Kumaret al.

(2004). Foram feitas pequenas inclusões de carbonato de cálcio para se obter

apatita carbonatada. Estudou-se o efeito da temperatura de precipitação, usando

40°C, 80°C e 100°C. Durante a adição dos reagentes o pH foi mantido constante em

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7,4. A suspensão foi agitada por 2 horas e envelhecida por mais 15 horas. Mediante

difração de raios X observou-se a formação de HA como fase majoritária e pequena

quantidade de beta-fosfato tricálcio (β-TCP) em todas as temperaturas de

precipitação. Com o aumento da temperatura de reação houve um aumento na

cristalinidade da HA e uma diminuição na substituição de grupos carbonato na

estrutura da apatita. Por microscopia eletrônica de transmissão foi possível observar

que as partículas obtidas a 40°C apresentavam forma acicular, diferentemente

daquelas obtidas a 100°C cuja forma era esferoidal.

2.3 COMPLICAÇÕES DOS MATERIAIS IMPLANTÁVEIS

2.3.1 Infecções cirúrgicas em próteses articulares

O implante de próteses articulares, principalmente de quadril e joelho, vem se

tornando cada vez mais frequente. A osteoartrose é a condição clínica mais

frequente para a indicação da cirurgia de artroplastia de substituição da articulação

com uso de próteses. Ela apresenta uma condição clínica progressiva, evoluindo

com limitação e incapacidade funcional devido à dor, diminuição da amplitude de

movimento, rigidez e, consequentemente, fraqueza muscular (MOTA, 2010).

A indicação das artroplastias é mais freqüente em pacientes com idade entre

65 e 79 anos. Em razão da tendência do aumento significativo da longevidade na

população mundial nas últimas décadas, verifica-se aumento crescente da demanda

deste tratamento cirúrgico, com objetivo de melhorar a dor e a mobilidade articular e

a função dos pacientes nas suas atividades de vida diária. Na população geral, os

adultos acima de 30 anos têm a doença sintomática na articulação do joelho

(BELLOTI, 2009).

Apesar de todos os esforços e melhorias de algumas questões técnicas

relacionadas aos procedimentos cirúrgicos e aos materiais a serem implantados,

sabe-se que complicações podem ocorrer. Dentre essas complicações, a infecção

da prótese é considerada a mais devastadora, acarretando internações prolongadas,

intervenções cirúrgicas repetidas, perda do implante e até o óbito do paciente,

dependendo do tipo e grau da infecção (BERTUCCI; TEDRUS, 2010; LIMA;

OLIVEIRA, 2010).

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O desenvolvimento da infecção no local da prótese pode ocorrer basicamente

de três maneiras (MORAES et al., 2013; BERTUCCI; TEDRUS, 2010; LIMA;

OLIVEIRA, 2010):

Por implantação direta do microrganismo no implante ou nos tecidos

durante o processo cirúrgico, por microrganismos presentes na pele do

paciente ou da equipe cirúrgica ou por patógenos presentes na sala

cirúrgica;

Por disseminação hematogênica: presença de germes na boca, trato

respiratório, urinário, pele e tecido celular subcutâneo ou

gastrointestinal;

Por reativação de uma infecção latente.

As infecções ainda podem ser divididas em estágios, de acordo com o seu

grau de manifestação (ERCOLE; CHIANCA, 2002):

Estágio I: caracterizada pela infecção superficial, ocorre entre três e seis

meses após a implantação da prótese. Resultado da contaminação

direta no ato cirúrgico;

Estágio II: caracterizada por infecção superficial ou profunda ocorre

entre seis meses a dois anos após a cirurgia. Resultado ainda da

contaminação direta.

Estágio III: caracterizado por infecções profundas que ocorrem

tardiamente, após dois anos de cirurgia. São decorrentes da

disseminação hematogênica.

As bactérias mais comumente encontradas em infecções associadas a

próteses ortopédicas são o Staphylococcus aureus e o Staphylococcus epidermidis,

representando a classe das bactérias gram-positivas. As infecções causadas por

bacilos gram-negativos, tais como Escherichia coli e por fungos como Candida sp

vêm sendo relatadas com maior frequência em todo o mundo (LIMA; OLIVEIRA,

2010).

Estudos in vitro mostraram que S. epidermidis adere preferencialmente à

superfície de polímeros, enquanto S. aureus à superfície metálica (GRISTINA;

NAYLOR; MYRVIK, 1990).

A avaliação pré-operatória dos pacientes para cirurgias de colocação de

próteses é de extrema importância na prevenção de infecções pós-operatórias. Além

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deste cuidado são também recomendados: internação próxima ao ato cirúrgico,

limpeza e esterilização de todos os instrumentos que serão utilizados na cirurgia,

manutenção das condições adequadas do centro cirúrgico, administração adequada

de antibióticos (antibiótico profilaxia) iniciada antes do processo cirúrgico, menor

tempo cirúrgico possível e com técnica adequada, entre outros (LIMA; OLIVEIRA,

2010).

2.3.2 Adesão bacteriana aos biomateriais e formação de biofilmes

A maioria dos casos de contaminação ocorre durante a colocação das

próteses, por contato direto do biomaterial com o meio externo ou com tecidos

colonizados, tal como a pele. Os aspectos biofísicos da superfície do biomaterial e a

concentração bacteriana são fatores determinantes para a adesão definitiva do

microrganismo (EROCOLE; CHIANCA, 2002).

Segundo Costerton et al. (1999) biofilmes são "comunidades estruturadas de

células bacterianas encerradas em uma matriz polimérica auto-montada e aderente

a uma superfície inerte ou viva". Estes tipos de superfícies estão freqüentemente

presentes em próteses e sobre estas os biofilmes podem crescer lentamente e

serem resistentes a respostas celulares e imunes. Este autor realizou, ainda,

estudos envolvendo dispositivos ortopédicos relacionados às infecções em um

modelo animal que confirmaram o lento crescimento de S. aureus e E. coli. Dentre

os fatores que contribuem para a velocidade da formação de biofilmes pode-se citar

o número e tipo de células presentes no líquido ao qual a superfície está exposta, a

taxa de fluxo deste líquido através da superfície, as propriedades físico-químicas da

superfície, a composição nutricional e temperatura do ambiente.

Pode-se dizer que a adesão bacteriana ocorre em duas fases distintas

(TRAMPUZ; WIDMER, 2006; MORAES et al., 2013; BERTUCCI; TEDRUS, 2010):

Fase reversível: marcada por forças físicas, entre o germe e o implante.

A atração sofre o efeito de forças de “longas distâncias” descritas como

forças mútuas (em função da energia livre e da distância) e “curtas

distâncias” como forças de Wan der Walls. Como ainda nesta fase não

houve a interação molecular do microrganismo com o biomaterial, não

há formação de biofilmes e, portanto, medidas físicas como lavagem,

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defesas do hospedeiro e a administração de antimicrobianos são

capazes de evitar a evolução para a infecção.

Fase irreversível: caracterizada pela interação celular e molecular do

microrganismo com a superfície do biomaterial ou proteínas adsorvidas

a ela, como o colágeno, por exemplo. As reações moleculares presentes

permitem uma adesão firme da bactéria à superfície do implante,

formando uma matriz extracelular conhecida como biofilme.

Uma vez formada as microcolônias, a propagação das bactérias sobre o

biomaterial se inicia e a adesão vai ficando cada vez mais forte e com isso a

infecção vai se tornando crônica e resistente. A retirada do implante, neste caso, é a

única opção para o controle eficaz da infecção (TRAMPUZ; WIDMER, 2006;

MORAES et al., 2013).

2.4 PROPRIEDADES GERAIS DA PRATA

O efeito antimicrobiano da prata é conhecido há muitos anos, na antiguidade,

a mesma era utilizada no tratamento de queimaduras ecomo agente quimioterápico

contra patologias provocadas por bactérias, como a Staphylococcus aureus. Após a

descoberta da penicilina, ouso da prata como agente bactericida diminuiu

consideravelmente. Porém, com a seleção de cepas resistentes a antibióticos, a

pratavoltou a despertar interesse na comunidade científica em virtude do

desenvolvimento de novos antimicrobianos (CHOPRA, 2007).

Moyer et al (1965) foram provavelmente os primeiros a abordarem o uso

tópico da prata no cuidado de feridas desenvolvendo um tratamento eficaz contra

queimaduras infectadas utilizando-se de um creme a base de nitrato de prata a

0,5%. Seus estudos concluíram que o mesmo era eficaz contra Staphylococcus

aureus, Pseudomonas aeruginosa e Streptococcus hemolyticus sem causar

resistência por conta da prata.

As propriedades antibacterianas da prata em baixas concentrações em uma

ampla gama de patógenos, incluindo a cepas bacterianas comuns envolvidas em

infecções associadas aos implantes, bem como a ausência de toxicidade para as

células de mamíferos, são bem conhecidas (SONDI, 2004).

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O cátion de prata ou o íon carregado positivamente (Ag+) é ativo contra uma

grande variedade de patógenos bacterianos, fungos e vírus. O poder antimicrobiano

da prata tem sido relacionado aos seus variados mecanismos de ação. A prata

interfere no metabolismo bacteriano, pode romper a parede da célula bacteriana e

ligar-se ao seu DNA. Os íons de prata reagem com as proteínas (enzimas) através

da combinação de grupos SH (sulfidrilos), conduzindo à inativação das mesmas.

Como resultado o DNA das bactérias perde sua capacidade de replicação e as

proteínas bacterianas tornam-se inativadas, levando a morte dos microrganismos

(BAI et al., 2011; MORONES et al., 2005, FENG et al., 2000). O mecanismo de ação

da prata é sempre o mesmo, independente de sua forma de apresentação. No

entanto, se ela estiver na forma elementar, precisa sofrer um processo de oxidação

a fim de que seja transformada em um composto de óxido de prata e íons de prata,

que conferem o efeito antimicrobiano. Um dos benefícios da forma elementar é de

poder proporcionar um maior reservatório de prata disponível na cobertura,

permitindo um potencial de liberação por um tempo ampliado.

Conforme já dito anteriormente os íons de prata são um potente

antimicrobiano e eles se tornam disponíveis quando a prata está presente em uma

solução ou quando a prata elementar entra em contato com o oxigênio, que pode ser

do ar ou do fluido corpóreo. Ela sofre um processo de oxidação para formar óxido de

prata (Ag2O) que em dissolução no fluido se dissocia liberando os íons Ag+

(SYSTAGENIX, 2011).

Embora a prata apresente propriedades antimicrobianas, ela pode ser tóxica

às células humanas se a concentração ultrapassar um limiar (CHEN et al., 2006). O

resultado é uma descoloração grisácea (argíria ou argisore) na pele, unhas e

mucosas. A prata é absorvida pelo corpo e permanece no sangue até se depositar

nas membranas das mucosas, formando uma película acinzentada (SYSTAGENIX,

2013).

Feng et al. (2000) o efeito antimicrobiano dos íons de prata na Escherichia

Coli (bacilos gram-negativo) e no Staphylococcus aureus (gram-positivo). As

bactérias foram cultivadas a 37ºC, em meio LB (Luria Bertani), em agitação rotativa

por 16 horas. Após, 10 m/mL de AgNO3 foi adicionado ao meio. O cultivo

permaneceu por 4-12 horas. Uma amostra desta cultura foi centrifugada e lavada

com água destilada e a biomassa foi analisada por microscopia eletrônica de

transmissão (TEM). Os autores concluíram que a prata é capaz de fazer com que os

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respectivos microrganismos percam sua capacidade de replicação, inativando as

proteínas bacterianas.

Com o objetivo de diminuir e prevenir as infecções associadas aos implantes

com biomateriais, vários estudos têm sido realizados a fim de se desenvolver um

material que apresente as propriedades de um biomaterial (bioatividade,

biocompatibilidade, osteoindução e osteocondutividade) aliadas às propriedades

antimicrobianas. Assim surgem os estudos e desenvolvimento da biocerâmica

hidroxiapatita com adição de prata.

2.5 HIDROXIAPATITA CONTENDO PRATA

Vários autores têm descrito a associação de diferentes formas de HA com a

prata (na forma iônica ou elementar) e avaliado seu efeito contra diversas bactérias,

como Staphylococcus aureus e Escherichia coli.

Kolmas e colaboradores (2014) realizaram um estudo cujo foco era analisar a

atividade antimicrobiana, através do ensaio microbiológico de contagem de

bactérias, da HA com concentrações de 0,1% a 10% em peso de prata. Relataram

que mesmo um teor tão baixo de prata como 0,2% em peso, inibe eficazmente o

crescimento da K. pneumoniae e C. krusei. Em contraste, a atividade antimicrobiana

contra E. coli e a B. Subtilis requereu um teor de 0,5% em peso de prata. Afirmaram

que o crescimento de S. aureus e S. epidermidis é claramente inibida com um teor

de prata de 1% em peso. A fim de determinarem o teor de prata ótima, realizaram

estudo de citotoxicidade in vitro em osteoblastos humanos, células tronco humanas

e fibroblastos de rato. Em células tronco humanas mostraram que HA contendo

0,3% em peso de prata não tem efeito negativo sobre o crescimento destas células

ao longo de 7 dias de cultura, enquanto que um teor de 0,7% em peso de prata inibe

ligeiramente o seu crescimento. Uma concentração de 8,3% em peso de prata

apresenta efeito citotóxico significativo para as células tronco humanas. Utilizando

osteoblastos nos ensaios in vitro têm demonstrado que um teor de 6% em peso de

prata inibe significativamente o crescimento destas células e leva algumas à morte,

enquanto que concentrações de 2 a 4% em peso de prata representaram o conteúdo

que permitem um bom equilíbrio entre a atividade antimicrobiana e a atividade

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citotóxica. Nos estudos in vitro com células de rato foi confirmada toxicidade baixa

para HA com prata em concentrações até 4,3% em peso.

Dubnikaet al. (2013) avaliaram as propriedades físicas e antimicrobianas da

HA com prata, em concentrações de 0,1 a 5% em peso de prata, obtidas por

precipitação química, porém, com precursores diferentes.No primeiro processo, A,

os precursores foram Ca(OH)2, H3PO4 e AgNO3e no segundo processo, B, os

precursores foram Ca(NO3)2.4H2O, AgNO3, NH4OH e NH42HPO4. Os pós obtidos

foram caracterizadas por difração de raios X, onde os autores concluíram que as

amostras preparadas pelo método A continham três fases, ou seja, HA, prata e óxido

de prata, enquanto preparadas pelo método B continham duas fases, ou seja, HA e

óxido de prata. As amostras preparadas pelos processos A e B foram colocadas em

simulado de fluido corporal para medir a cinética de liberação de prata. A taxa de

liberação foi medida após 1, 24 e 50 horas das amostras em contato com o fluido.

Observaram que a quantidade de prata liberada pelas amostras obtidas pelo

processo A era duas vezes menor do que a quantidade liberada pelas amostras

obtidas pelo processo B. Esta diferença na quantidade de prata liberada pode ser

explicada pelo fato de existir nas amostras do processo A o óxido de prata e prata

metálica e nas amostras do processo B apenas o óxido de prata e a solubilidade do

óxido de prata em soluções aquosas ser maior do que a prata metálica. No ensaio

antimicrobiano de contagem de bactérias, utilizando cepas bacterianas de

Staphylococcus epidermidis e Pseudomonas aeruginosa, os resultados mostraram-

se positivos para ambas as amostras.

Na literatura encontram-se descritos vários métodos utilizados para dopar

aHA com Ag ou íons de prata, tais como: por precipitação (OH et al., 2004a; CHUNG

et al., 2005; RIGO et al., 2010; BRAJENDRA et al., 2011), por troca iônica (FENG et

al., 1998; CHOI et al., 2004; OH et al., 2004), nanopartículas (RAMESHBABU et al.,

2007; DIAZ et al., 2009; BERA et al., 2009;LARA et al., 2011), entre outras técnicas

(KATAKAM et al., 2003; SHIMAZAKE et al., 2010; OHTSUKI et al., 2010).

Rigoet al. (2010) obtiveram a HA nasconcentrações 0,01M; 0,05M e 0,1M de

prata via precipitação química. As amostras foram analisadas utilizando-se as

técnicas de difração de raios X (DRX), microscopia eletrônica de varredura (MEV) e

o efeito bactericida foi avaliado mediante o método de difusão em disco com cultura

de Staphylococcus aureus. As amostras com as três concentrações de prata

apresentaram a fase HA como fase majoritária. Os resultados do ensaio de difusão

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em disco mostraram que as três amostras de HA com Ag inibiram o crescimento das

bactérias.

Feng et al. (1998) utilizaram a imersão de substratos recobertos com HA em

soluções de AgNO3para promovera troca iônica entre os íons de Ag e Ca da

hidroxiapatita. As concentrações de prata utilizadas no estudo variaram de 20 a 100

ppm. O efeito bactericida para estas concentrações foi comprovado para quatro

microrganismos: E. coli, P. aeruginosa, S. aureus e S. epidermidis. Utilizando a

mesma metodologia de imersão para incorporar prata na HA, Lee et al. (2006), com

concentrações de 0,4 M de AgNO3, também verificaram através do ensaio in vitro de

contagem de bactérias o efeito bactericida em microrganismo E. coli.

Kim et al. (1998) avaliaram o efeito antimicrobiano de íons metálicos (Ag+,

Cu2+ e Zn2+) incorporados na HA pelo método de precipitação química.Foram

utilizados como reagentes 0,3M H3PO4 e 0,5M Ca(OH2) e AgNO3 nas concentrações

(0,001M; 0,01M e 0,0001M). O pH foi monitorado durante a reação permanecendo

em 9,1o que possibilitou a obtenção da HA estequiométrica com relação Ca/P igual

a 1,67. O precipitado foi filtrado e seco a temperatura de 120°C. Após seco, HA foi

passada em almofariz para obtenção de um pó fino. As amostras foram

caracterizadas por difratometria de raios X onde demonstrou a presença de HA e

nitrato apatita (este com o íon metálico que substituiu a HA). O ensaio

antimicrobiano de contagem de bactérias foi realizado para E. coli e mostrou

efetividade apenas para os íons de Ag, nas três concentrações ensaiadas (0,001M;

0,01M e 0,0001M). Verificou-se também que as maiores concentrações de Ag+

mostraram uma maior eficiência em relação ao efeito antimicrobiano.

Oh, Park e Jeong (2004) avaliaram o efeito antimicrobiano da hidroxiapatita

dopada com prata pelo método de co-precipitação, utilizando a etapa da lavagem do

precipitado em uma amostra e a outra sem a lavagem. Como reagentes foram

utilizadas soluções de 0,1M de Ca(NO3)24H2O com AgNO3 mantendo a relação

Ag/Ca entre 0,01 e 0,15 e outra solução de 0,1M (NH4)2HPO4. O pH foi mantido em

10 e o volume da solução de (NH4)2HPO4 foi preparado de modo que a relação Ca/P

ficasse entre 1,5 e 2,0. A temperatura da reação foi de 80°C, mantida sob agitação e

fervida após a precipitação. O precipitado foi separado e seco a temperatura de

90°C e posteriormente calcinado a 900°C por uma hora. O material foi caracterizado

por difratometria de raios X. Os resultados mostraram que quando adicionados 5 %

de Ag pelo método de co-precipitação sob relação estequiométrica de Ca/P=1,67,

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obtinham fases diferentes após o tratamento térmico, dependendo da lavagem dos

precipitados. A lavagem do precipitado resultou em hidroxiapatita com baixas

concentrações de prata, a mesma foi seriamente perdida permanecendo em 0,1%.

Pelo contrário, o precipitado não lavado continha muito mais prata,

aproximadamente 1,4%. O precipitado não lavado resultou também na presença da

fase beta fosfato tricálcico (β – TCP), fase esta que favorece a perdada capacidade

de troca iônica. Em relação ao efeito antimicrobiano concluíram que quanto maior a

porcentagem de prata incorporada maior o efeito inibitório sobre E. coli e S. aureus.

Rameshbabu e colaboradores (2006) obtiveram hidroxiapatita com

nanopartículas de prata utilizando como reagentes Ca(OH)2, (NH4)2HPO4 e AgNO3

na precipitação por microondas. Nas condições estudadas eles obtiveram HA, β-

TCP e prata metálica quando as amostras foram tratadas termicamente a 900°C,

porém o efeito da substituição da Ag na HA foi baixo comparado a outros valores da

literatura, mas isso não afetou o processo de lixiviação das amostras de HA com a

Ag quanto ao seu efeito bactericida.

Sendo o método mais comum para obter hidroxiapatita com prata, a

precipitação em solução aquosa foi estudada por Chung et al. (2005), Rigo et al.

(2010) e Brajendra et al. (2011). A precipitação pode ser realizada por metodologias

em que se diferem a ordem de adição dos reagentes, podendo ser: método direto

que consiste em uma solução contendo cátions de cálcio que é adicionada

lentamente a uma solução contendo ânions fosfato e o método indireto/inverso que é

caracterizada pela adição, lentamente, de uma solução contendo ânions fosfatos em

uma solução contendo cátions cálcio (ASSADA et al., 1998).

Embora a prata apresente propriedade antimicrobiana, ela pode ser tóxica

para células humanas se a concentração utilizada exceder um determinado limite.

Bai e colaboradores (2011) avaliaram o efeito antimicrobiano através do ensaio in

vitro para S. aureus e a citotoxicidade de recobrimentos de hidroxiapatita dopada

com nanopartículas de prata sobre superfície de titânio foi avaliada in vitro utilizando

cultura de células humanas de osteoblastos. O recobrimento foi realizado pela

técnica IBDA (Ion beam assisted deposition). Os autores utilizaram concentrações

de Ag de 1, 3 e 6.5% em peso e o estudo sobre o efeito antimicrobiano mostraram

inibição de bactérias S. aureus, principalmente nas maiores concentrações de Ag.

Porém nos ensaios de citotoxicidade demonstraram que as amostras com 6,5 % em

peso de Ag tem um efeito negativo sobre o a resposta das células de osteoblastos,

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29

proliferação e apoptose bem como um efeito negativo na produção de proteína e de

osteocalcina. Notaram que as amostras com 3% em peso de Ag ou menos

apresentaram citotoxicidade mínima, isto é, sugerem que a concentração de prata

de 1 a 3% em peso em revestimentos pode ser favorável.

É possível notar que dentre os estudos apresentados até agora a utilização

da HA com prata apresenta resultados positivos com relação às propriedades

antimicrobianas e dependendo da quantidade de prata incorporada não há toxidade

para as células humanas.

Independente do método de obtenção da hidroxiapatita com a prata, o

objetivo é único: obter um biomaterial que apresente propriedades antimicrobianas

adequadas aos microrganismos mais comuns relatados em infecções associadas

aos implantes de biomateriais e que não apresente toxicidade para as células

humanas.

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30

3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi obter hidroxiapatitas contendo

prata pelos métodos de imersão e precipitação química.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Obtenção e caracterização do pó de HA sintética por precipitação química.

Obtenção e caracterização do pó de HA impregnada com prata nas

concentrações 0,1M; 0,01M e 0,001M obtidas pelos métodos de

precipitação química e imersão.

Avaliar a atividade antibacteriana in vitro dos materiais obtidos.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 PRECIPITAÇÃO DA HIDROXIAPATITA

Obteve-se a hidroxiapatita por precipitação química a temperatura ambiente,

utilizando a reação entre ácido fosfórico e hidróxido de cálcio, ambos com grau

analítico de alta pureza. Usando agitação constante 300 mL de solução 0,5M de

H3PO4 foi gotejada lentamente em 500 mL da solução0,5M de Ca(OH)2. Após o

gotejamento, a solução continuou sob agitação constante por 6 horas. Em seguida,

a suspensão foi filtrada usando papel filtro (Qualy) com poros de 14µm, o precipitado

lavado duas vezes com água destilada a fim de remover o excesso de quaisquer

íons ou contaminantes, e seco em estufa a 100°C por 24 h. O sólido obtido foi

desaglomerado em almofariz de ágata, passado por uma peneira granulométrica

com abertura de 0,180 mm. Finalmente, o pó foi calcinado a 800°C por 3 horascom

taxa de aquecimento de 15 °C/min.

4.2 PRECIPITAÇÃO DA HIDROXIAPATITA COM PRATA

A hidroxiapatita com prata foi obtida por precipitação química mediante a

reação entre ácido fosfórico e uma solução aquosa de nitrato de prata e hidróxido de

cálcioem temperatura ambiente. Adicionou-se Ca(OH)2 na concentração de 0,5M em

soluções de AgNO3 com três concentrações 0,1M – HAAg0,1Pr; 0,01M –

HAAg0,01Pr e 0,001M – HAAg0,001Pr, após completa homogeneização iniciou-se o

gotejamento da solução de H3PO4 na concentração de 0,5M sob agitação constante.

Após o gotejamento, a suspensão foi mantida sob agitação constante por 6h. Em

seguida o material foi filtrado e seco em estufa a 100ºC por 24h. O sólido foi

desaglomerado em almofariz da ágata e o pó foi calcinado a 800ºC por 3h com taxa

de aquecimento de 15 °C/min.

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4.3 IMERSÃO DO PÓ DE HIDROXIAPATITA EM SOLUÇÃO AQUOSA DE

NITRATO DE PRATA

O pó obtido no item 4.1 foi imerso em uma solução de AgNO3 com

concentrações de 0,1M – HAAg0,1Im; 0,01M – HAAg0,01Im e 0,001M –

HAAg0,001Im. As suspensões em temperatura ambiente foram mantidassob

agitação por 30 minutos e em seguida filtradas, os precipitados foram secos em

estufa a 100ºC por 24horas. Os sólidos foram desaglomerados em almofariz de

ágata e calcinados a 800ºC por 3h com taxa de aquecimento de 15 °C/min.

4.4 CARACTERIZAÇÃO

Os pós obtidos em 4.1; 4.2 e 4.3 foram caracterizados por difração de raios X

(DRX) com o objetivo de identificar as fases cristalinas, por espectrofotometria no

infravermelho com transformada de Fourier por transmitância para avaliação dos

grupamentos iônicos presentes e por microscopia eletrônica de varredura (MEV)

para analisar a morfologia.

4.4.1 Difração de raios X (DRX)

O princípio da técnica consiste na interação de dois feixes de raiosX

coerentes, ou seja, procedentes de uma fonte, que incide sobre a amostra. Devido à

proximidade do comprimento de onda de raios X e as distâncias interplanaresde um

cristal, este último atua como grade de difração. Dependendo do ângulo de

incidência, diferentes planos refletem os raios iniciais que já tem uma diferença de

fase. Estes dois feixes refletidos permitem caracterizar a distância interplanar e,

como os planos são numerosos, o quadro total vai caracterizar a estrutura cristalina

do composto.A difração de raios X ocorre segundo a Lei de Bragg (Equação A), a

qual estabelece a relação entre o ângulo de difração e a distância entre os planos

que a originaram (característicos para cada fase cristalina) (CALLISTER, 2008;

CULLITY, 2001):

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nλ = 2dsen θ (A)

Onde,

n: número inteiro

λ: comprimento de onda dos raios X incidentes

d: distância interplanar

θ: ângulo de difração

Figura 2 – Esquema ilustrativo do fenômeno de difração de raios X (Lei de Bragg)

Fonte:Callister (2008).

As intensidades obtidas em ângulos 2representadas através dos picos nos

difratogramas, correspondem à difração do feixe incidente por um determinado

conjunto de planos do cristal, que possuem mesma distância interplanar, cada qual

com índices de Muller hkl (reflexões hkl). O padrão difratométrico representa uma

coleção de perfis de reflexões (difrações) individuais (ou picos difratados), cada qual

com sua altura, área integrada, posição angular, largura e caudas que decaem

gradualmente à medida que se distanciam da posição da altura máxima do pico. A

intensidade integrada é proporcional à intensidade de Bragg, Ihkl (CALLISTER,

2008).

As informações obtidas de cada pico são a intensidade, a posição angular

(2ou distância interplanar (d) e o perfil. Cada composto cristalino apresenta

padrão difratométrico característico, permitindo a sua identificação através das

posições angulares e intensidades relativas dos picos difratados. A identificação das

substâncias cristalinas é obtida através da comparação do difratogramas com

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padrões difratométricos de fases individuais disposnibilizadospelo JCPDS – Joint

Committee of Powder Diffraction Standards, sendo possível também calcular os

parâmetros de cela unitária, avaliar o grau de cristalinidade, bem como quantificar

fases presentes (CALLISTER, 2008).

Estes dados permitem computar os parâmetros da rede cristalina e identificar

o composto através de uma base de dados. Essa técnica é às vezes chamada de

difratometria de pó, já que não precisa de monocristais para o refinamento da

estrutura, mas apenas o produto triturado.

Todos os pós obtidos foram caracterizados por DRX usando difratômetro

Rigaku Miniflex600 situado no Laboratório Multiusuário de Caracterização de

Materiais (MultiMat)da USP - FZEA. Foram adotados parâmetros de varreduras de

10° a 50° (2θ) e passo de 0,033° a cada segundo, com o objetivo de identificar as

fases cristalinas.

4.4.2 Espectroscopia no Infravermelho com Transformada de Fourier (IV)

Neste trabalho a espectroscopia no infravermelho foi empregada para

detectar as frequências das vibrações das ligações químicas no sólido dando

informações complementares à técnica de difração de raios X.

A chamada radiação infravermelha corresponde à parte do espectro

eletromagnético situada entre as regiões do visível e das microondas. A banda

espectral mais utilizada corresponde ao infravermelho médio que cobre o número de

onda de 200 a 4.000 cm-1.

Na técnica de espectroscopia no infravermelho irradia-se a amostra com luz

infravermelha, de tal forma, que algumas das moléculas ou agrupamentos atômicos

presentes na amostra vibrem ou oscilem e consequentemente certa energia

luminosa é absorvida pela amostra. O comprimento de onda da energia absorvida

depende do tipo de molécula ou agrupamento atômico. Deste modo, gera-se um

espectro de infravermelho quando cada grupo funcional da amostra absorve energia

incidente com um determinado comprimento de onda.

O espectrofotômetro de infravermelho de transformada de Fourier contém

uma fonte, um interferômetro e um detector. O interferômetro processa todas as

frequências da radiação infravermelha simultaneamente. O interferograma resultante

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é processado matematicamente empregando-se um algoritmo de transformada de

Fourier. O resultado dessa transformação é o espectro de infravermelho da amostra.

Quando a radiação infravermelha incide sobre a superfície de uma amostra

ocorre alguns dos seguintes eventos: absorção, reflexão, ou penetração superficial

seguida de dispersão difusa. Este último fenômeno é conhecido como

reflectânciadifusae é esta radiação dispersada que se mede na técnica de

reflectância difusa. Esta técnica é especialmente adequada para obtenção de

informações sobre a superfície de um material (poucos m de profundidade) além de

não ser necessária nenhuma preparação especial da amostra.

Todas as amostras de pós foram examinadas em um espectrofotômetro de

infravermelho com transformada de Fourier FTIR PerkinElmer modelo SpectrumOne.

Os espectros foram coletados na faixa de 4.000 à400 cm-1, com número de 32

scans. Os ensaios foram realizados no Laboratório de Tecnologia de Alimentos da

FZEA – USP.

4.4.3 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)com Espectroscopia de

Raios X por Energia Dispersiva (EDS)

O MEV é um aparelho que pode fornecer rapidamente informações sobre a

morfologia e identificação de elementos químicos de uma amostra sólida. Sua

utilização é comum em biologia, odontologia, farmácia, engenharia, química,

metalurgia, física, medicina e geologia.

O MEV é um dos mais versáteis instrumentos disponíveis para a observação

e análise de características microestruturais de objetos sólidos. A principal razão de

sua utilidade é a alta resolução que pode ser obtida quando as amostras são

observadas; valores da ordem de 2 a 5 nanômetros são geralmente apresentados

por instrumentos comerciais, enquanto instrumentos de pesquisa avançada são

capazes de alcançar uma resolução melhor que 1nm. Outra característica

importante do MEV é a aparência tridimensional da imagem das amostras, resultado

direto da grande profundidade de campo. Permite, também, o exame em pequenos

aumentos e com grande profundidade de foco, o que é extremamente útil, pois a

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imagem eletrônica complementa a informação dada pela imagem óptica (DEDAVID;

GOMES; MACHADO, 2007).

O princípio de um microscópio eletrônico de varredura (MEV) consiste em

utilizar um feixe de elétrons de pequeno diâmetro para explorar a superfície da

amostra, ponto a ponto, por linhas sucessivas e transmitir o sinal do detector a uma

tela catódica cuja varredura está perfeitamente sincronizada com aquela do feixe

incidente. Por um sistema de bobinas de deflexão, o feixe pode ser guiado de modo

a varrer a superfície da amostra segundo uma malha retangular. O sinal de imagem

resulta da interação do feixe incidente com a superfície da amostra. O feixe

interagindo com a amostra produz elétrons e fótons que podem ser coletadas por

detectores adequados e convertidas em um sinal de vídeo.

Quando o feixe primário incide na amostra, parte dos elétrons difunde-se e

constitui um volume de interação. Neste volume, os elétrons e as ondas

eletromagnéticas produzidos são utilizados para formar as imagens ou para efetuar

análises físico-químicas.

Para serem detectadas, as partículas e/ou os raios eletromagnéticos

resultantes da interação do feixe eletrônico com a amostra devem retornar à

superfície da amostra e assim atingirem o detector. A profundidade máxima de

detecção, portanto, a resolução espacial, depende da energia com que estas

partículas ou raios atingem o detector, ou são capturadas pelo mesmo. Por exemplo:

elétrons retroespalhados possuem maior energia do que os elétrons secundários,

assim, o detector de elétrons retroespalhados irá operar na faixa de energia maior e

o de elétrons secundários na faixa menor. A imagem formada a partir do sinal

captado na varredura eletrônica de uma superfície pode apresentar diferentes

características, uma vez que a imagem resulta da amplificação de um sinal obtido de

uma interação entre o feixe eletrônico e o material da amostra. Diferentes sinais

podem ser emitidos pela amostra.

O EDS (energy dispersive x-ray detector) é um acessório essencial no estudo

de caracterização microscópica de materiais. Quando o feixe de elétrons incide

sobre a amostra, os elétrons externos dos átomos e os íons constituintes são

excitados, mudando de níveis energéticos. Ao retornarem para a sua posição inicial,

liberam a energia adquirida a qual é emitida em comprimento de onda no espectro

de raios-x. Um detector instalado na câmara de vácuo do MEV mede a energia

associada a esse elétron. Como os elétrons de um determinado átomo possuem

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energias distintas, é possível, no ponto de incidência do feixe, determinar quais

elementos químicos estão presentes naquele local. O equipamento ainda permite o

mapeamento da distribuição dos elementos químicos, gerando mapas

composicionais de elementos desejados (GOLDSTEIN, 2003).

Todas as amostras de pós foram examinadas em um microscópio eletrônico

de varredura marca HITACHI modelo TM3000 com tensão de aceleração 15Kv.s

ensaios foram realizados no Laboratório de Tecnologia de Alimentos da FZEA –

USP.

4.5 AVALIAÇÃO IN VITRO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA

Uma grande variedade de métodos pode ser empregada para medir a

atividade in vitro de microrganismos contra os agentes antimicrobianos. Uma

variedade de métodos é encontrada para esse efeito e como não são todos

baseados no mesmo princípio, os resultados obtidos serão também profundamente

influenciados, não só pelo método escolhido, mas também pelos microrganismos

utilizados para realizar o teste, e pelo grau de solubilidade de cada agente

anitmicrobiano (VANDEN; BERGHE et al., 1991). Os principais métodos

microbiológicos de detecção de atividade antimicrobiana encontrados na literatura

podem ser classificados em três tipos: ensaios bioautográficos, de difusão e de

diluição (RIOS et al., 1988). Os ensaios bioautográficos são aqueles que empregam

placas de cromatografia de camada fina (CCF) para a análise. Os compostos

separados por CCF são colocados por contato em placas de ágar previamente

inoculadas com o microrganismo teste. Zonas de inibição de crescimento microbiano

indicam a presença de substâncias antimicrobianas (RIOS et al., 1988). Ensaios de

diluição são ensaios quantitativos e aqueles nos quais as substâncias a serem

testadas são adicionados a um meio de cultura líquido, previamente inoculado com o

microrganismo teste. Após incubação, o crescimento do microrganismo é

determinado pela leitura visual direta ou turbidimétrica pelo uso de

espectrofotômetro em comprimento de onda apropriado (VANDEN; BERGHE et al.,

1991). Os ensaios de difusão são métodos qualitativos, nos quais o efeito pode ser

graduado. Fundamentam-se na difusão da substância a ser ensaiada em um meio

de cultura sólido e inoculado com o microrganismo. A partir da difusão ocorre o

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aparecimento de um halo, no qual não há crescimento do microrganismo,

denominado halo de inibição. Diferentes tipos de reservatórios podem ser

empregados incluindo discos de papel, cilindros de porcelana ou de aço inoxidável e

poços feitos no meio de cultura (VANDEN; BERGHE et al., 1991). A substância a ser

testada é colocada em contato com o meio de cultura inoculado, e a maneira como

se processa esse contato define os diferentes métodos de difusão, dentre eles,

método do disco difusão, método dos cilindros e método de poços (RIOS et al.,

1988).

Podemos ainda dizer, em outras, palavras que os métodos utilizados para a

determinação da atividade antibacteriana podem ser divididos em dois grupos, os

qualitativos e os quantitativos. Entre os testes qualitativos, destacam-se o método de

disco-difusão que foi idealizado por Bauer et al. (1966), e desde então é um dos

métodos mais utilizados nos laboratórios de microbiologia clínica para testar a

suscetibilidade aos antimicrobianos (SEJAS et al., 2003). O princípio original deste

método baseia-se na difusão, através do ágar, de um antimicrobiano impregnado em

um disco de papel filtro que leva à formação de um halo de inibição do crescimento

bacteriano.

Em relação aos testes quantitativos, destaca-se a contagem bacteriana total,

em que é estimado o número de unidades formadoras de colônias de bactérias por

mililitros de solução (UFC/mL). Existem vários métodos disponíveis para

determinação das UFC/mL e entre estes a contagem bacteriana em placa é

considerada o método referência. A contagem das bactérias usando esse método

considera apenas as células viáveis, enquanto outras técnicas contam o número de

bactérias tanto mortas como vivas (CERCA, 2005).

4.5.1 Teste de disco difusão em ágar

Para o teste de disco-difusão em ágar utilizou-se meio de cultura Agar

Mueller-Hintone cepas Staphylococcus aureus (ATCC 25923) e Escherichia coli

(ATTC 25922). Os microorganismos foram incubados em meio TSB

(TryptoneSoyaBroth) por 18 horas sob agitação de 100 rpm à 37ºC. Posteriormente,

as suspensões de bactérias foram centrifugadas por 10 minutos a 3.500 rpm e os

sedimentos lavados por 3 vezes com PBS (Tampão salino-fosfato pH 7,4). Os

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sedimentos finais obtidos foram ressuspendidos em PBS e diluídos para obtenção

da turbidez equivalente a 0,5 da escala McFarland (1,5 x 108 UFC/mL). O

plaqueamento foi realizado pelo método Spread Plate no qual 280 μL de cada

suspensão de bactérias foram inoculados em placa de 150 mm contendo ágar

Mueller-Hinton para crescimento dos micro-organismos. Em seguida, as pastilhas de

HAAg obtidas pelo método de precipitação química e imersãoforam aplicadas sobre

as superfícies semeadas. O antibiótico gentamicina (10 μg) foi utilizado como

controle positivo. As placas foram incubadas em aerobiose, a 37ºC por 24 horas, e

após este período foram realizadas as medidas dos halos de inibição de crescimento

e o registro das imagens fotográficas.Os ensaios foram realizados no Laboratório

Química Biológica (LBQ) do Departamento de Ciências Básicas, Faculdade de

Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo.

4.5.2 Contagem bacteriana total

Avaliou-se a atividade antibacteriana das amostras de hidroxiapatita com

prata, obtidas pelos métodos de precipitação química e imersão, a frente de duas

quantidades distintas (1,0 x 103 UFC/mL e 1,0 x 106 UFC/mL) de Staphylococcus

aureus (ATC 6538). 100 mg de cada amostra foi transferida assepticamente, em

triplicata, para tubos de ensaio 13x100mm, previamente esterilizados. Este ensaio

foi realizado na Universidade Federal do ABC.

4.5.2.1 Preparo das suspensões bacterianas

Transferiu-se uma alçada de uma cepa liofilizada de Staphylococcus aureus

(ATCC 6538) para 10mL de caldo triptona de soja (TSB), seguido de incubação a

37ºC por 24 horas, para reativação da mesma. Após incubação, transferiram-se

20µL desta cultura para outro tubo contendo 10mL de TSB, com incubação a 37ºC

por 24 horas. Transferiram-se 20µL desta última cultura para 10mL de TSB, com

incubação a 37ºC/24h. Centrifugou-se esta cultura (5000 rpm/5min), desprezou-se o

sobrenadante e ressuspenderam-se as células decantadas em um volume de

solução salina 0,85% estéril até se obter uma suspensão com concentração

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estimada de 1,0 x 108 UFC/mL, de acordo com turbidez 0,5 da escala de McFarland.

Realizaram-se diluições seriadas (1:10), em solução salina, até se obter uma

suspensão com concentração teórica estimada de 1,0 x 106 UFC/mL. A partir da

suspensão de 1,0 x 106 UFC/mL, realizaram-se diluições seriadas (1:10) em solução

salina, até se obter a concentração teórica de 1,0 x 103 UFC/mL. Obteve-se a

concentração real das suspensões 103 e 106, diluindo-se as mesmas (1:10) até 10-2

e 10-5, respectivamente. Semeou-se 1mL de cada diluição das duas suspensões em

placas de Petri, adicionaram-se 20mL de ágar triptona de soja (TSA),

homogeneizou-se cuidadosamente e incubou-se a 37°C por 48 horas.

4.5.2.2 Ensaio de contagem bacteriana total

Adicionou-se um volume de 200µL de cada suspensão (103 e 106) aos tubos

contendo as diferentes amostras, homogeneizou-se com auxílio de agitador

tipoorbital (vortex) por 15 segundos. Transferiram-se os tubos para estufa

bacteriológica à temperatura de 37°C, deixando-se os mesmos na posição

horizontal, de maneira a aumentar a superfície de contato entre o inóculo e o

material em estudo, por 24 horas. Após esse período, adicionou-se um volume de

5mL de solução salina estéril a cada tubo, homogenizou-se em vortex por 15

segundos e realizaram-se as diluições seriadas (1:10) até diluição 10-3 para o teste

com a suspensão mais concentrada (106) e até diluição 10-1 para o teste com a

suspensão menos concentrada (103). Transferiu-se 1mL de cada diluição, incluindo

aquela adicionada de 5mL de solução salina (menor diluição) para placas de Petri

estéreis. Adicionaram-se 20mL de TSA a cada placa e homogeneizou-se

cuidadosamente. Incubaram-se as placas a 37°C por 48 horas. Após incubação,

realizaram-se as contagens, expressando-se os resultados em unidades formadoras

de colônias (UFC)/mL.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS

5.1.1 Difratometria de raios X

Os padrões DRX dos pós de HA e HAAg resultantes apresentados

nasFiguras 3 e 4nos permitem observar que independente do método de obtenção

da HAAg há presença de prata metálica caracterizada pelos picos em 2θ=38,1° e

44,3°. Nota-se a formação de óxido de prata nas amostras obtidas por precipitação

HAAg0,01Pr e HAAg0,001Pr identificada pelo pico 2θ=37,5°.É possível ainda notar

que quanto maior a concentração de prata maior os picos correspondentes.

Adicionalmente observou-se que os picos assinalados no difratograma para a HA

correspondem à ficha padrão de difração JPCDS 09-0432 (Joint Commitee on

Powder Diffraction Standards). Não sendo observados picos relacionados às fases

β-TPC e CaO, correspondentes às fichas padrão de difração 09-0169 e 37-1497,

respectivamente.

25 30 35 40 45 50

Ag

Ag

Un

idad

es A

rbit

rári

as (

u.a

)

2

HAAg 0,1Im

HAAg0,01Im

HAAg0,001Im

HA

Figura 3 – Espectro de DRX da HA sintetizada e da HAAg obtidas via imersão com

concentrações 0,1M; 0,01M e 0,001M de prata.

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25 30 35 40 45 50

AgO

AgAgO

Ag

Un

idad

es A

rbit

rári

as (

u.a

)

2

HAAg0,1Pr

HAAg0,01Pr

HAAg0,001Pr

HA

Ag

Figura 4 – Espectro de DRX da HA sintetizada e da HAAg obtidas via precipitação com

concentrações 0,1M; 0,01M e 0,001M de prata.

Katakam et al. (2003) utilizaram hidroxiapatitas comercial e óxido de prata

(Ag2O). Concentrações de 5 e 10% em mol de óxido de prata foram espalhados

homogeneamente sobre a HA e as misturas compactadas sob uma pressão de

80Mpa. As amostras foram aquecidas em forno microondas doméstico e irradiadas

durante 3 horas. Observaram a formação de prata metálica nas amostras, através

do ensaio de difratometria de raios X, devido a decomposição do Ag2Onas amostras

de HAAg.

Diaz et al. (2009) observaram resultado semelhante quando sintetizaram HA

pelo método de sol gel e posteriormente incorporaram nanopartículas de prata.

Ohtsuki e colaboradores (2010) realizaram a caracterização das amostras de

HA obtidas pelo método hidrotermal e imersas em solução de nanopartículas de

prata através da espectroscopia de raios X e observaram também a presença de

prata metálica caracterizada pelo pico 2θ =38,1°.

Chung e colaboradores (2005) utilizaram a técnica sol-gel em baixa

temperatura e através do resultado do DRX não evidenciaram a presença de prata

metálica, mas sim de Ag2O devido à atração eletrostática com HA.

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Miranda et al. (2010) estudaram e caracterizaram nanopartículas de prata

incorporadas a uma matriz de HA, a qual foi obtida pelo método sol gel e

posteriormente adicionada a uma solução contendo AgNO3 a fim de se obter HA/nAg

com 1% em peso de prata metálica. O padrão DRX para as amostras resultou na

presença de Ag metálica caracterizada pelos picos 2θ =38,1° e 44,3°.

Rameshbabu e colaboradores (2006) obtiveram hidroxiapatita com

nanopartículas de prata utilizando como reagentes Ca(OH)2, (NH4)2HPO4 e AgNO3

na precipitação por microondas. Nas condições estudadas eles obtiveram HA, β-

TCP e prata metálica quando as amostras foram tratadas termicamente a 900°C,

porém o efeito da substituição da Ag na HA foi baixo comparado a outros valores da

literatura, porém isso não afetou o processo de lixiviação das amostras de HA com a

Ag.

Dubnika et al. (2013) analisaram suas amostras de HA com prata obtidas por

precipitação química, porém com precursores diferentes e com concentração de 0,1

a 5% em peso de prata. No primeiro processo, A, os precursores foram Ca(OH)2,

H3PO4 e AgNO3e no segundo processo, B, os precursores foram Ca(NO3)2.4H2O,

AgNO3, NH4OH e NH4.2HPO4. Os pós obtidos foram caracterizadas por difração de

raios X, onde os autores concluíram que a composição das fases dependem do

modo de preparo e da quantidade de prata adicionada. Pelos resultados

demonstrou-se que amostras preparadas pelo método A continham três fases, ou

seja, HA, prata e óxido de prata, enquanto as preparadas pelo método B continham

duas fases, ou seja, HA e óxido de prata. Nos resultados dos difratogramas os picos

de Ag metálica foram observados no 2= 38,2º e 44,4º e o AgO no pico referente ao

237,5º. Semelhante ocorre com as amostras de HAAg0,01Pr e HAAg0,001Pr

deste trabalho, onde a processo de obtenção também é precipitação química e os

precursores são os mesmos, diferenciando apenas na concentração de AgNO3

utilizada.

Rajendran e colaboradores (2014)realizam um estudo para verificar a

estabilidade de fase da HA e HA com 10, 20 e 30% prata em peso e posteriormente

calcinadas a 1200ºC. A HAp foi obtida através da reação dos reagentes nitrato

tetrahidratado de cálcio [Ca(NO3)2.4H2O] e di hidrogênio ortofosfato de amônio

[(NH4)H2PO4]. As amostras de HA com prata foram obtidas utilizando o pó de HA

previamente sintetizado misturado com as diferentes concentrações de prata e

posteriormente calcinadas. Através da caracterização das amostras pela técnica

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44

DRX os autores identificaram a presença de prata metálica pelos picos no

difratogramano2=38,2º e 44,4º. Não evidenciaram a presença de outras fases

secundárias, tais como fosfato tricálcico.

Através da Figura 5 é possível verificar o resultado do ensaio de DRX

realizado para amostras com concentrações 0,1M de AgNO3 obtidas pelo método de

precipitação química e imersão, HAAg0,1Pr e HAAg0,1Im, respectivamente. Vê-se a

presença de Ag metálica caracterizada pelos picos em 2θ =38,1° e 44,3°. Os picos

referentes à prata são maiores na amostra obtida via precipitação química

comparados aos picos da amostra obtida por imersão. Não foi notada a presença de

outras fases, tais como β-TCP e CaO.

25 30 35 40 45 50

Ag

Ag

Unid

ade

s A

rbitrá

ria

s (

u.a

)

2

HAAg 0,1Im

HAAg 0,1Pr

HA

Ag

Figura 5 – Espectro de DRX da HA sintetizada e da HAAg obtidas via precipitação e imersão com

concentrações 0,1M de prata.

Nos espectros de DRX da Figura 6 é possível verificar o resultado do ensaio

realizado para amostras com concentrações 0,01M de AgNO3 obtidas pelo método

de precipitação química e imersão, HAAg0,01Pr e HAAg0,01Im, respectivamente.

Vê-se a presença de Ag metálica caracterizada pelos picos em 2θ =38,1° e 44,3°

apenas para as amostras obtidas por precipitação. Nota-se também a presença de

AgO nas amostras HAAg0,01Pr no pico 2θ =37,5°. Os picos referentes à prata são

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45

menores comparados aos picos da Figura 4, pois, a concentração de prata é menor.

Também podemos notar que não houve a formação de fases β-TCP e CaO.

25 30 35 40 45 50

Ag

AgO

Un

ida

des

Arb

itrá

rias

(u

.a)

2

HAAg 0,01Im

HAAg 0,01Pr

HA

Ag

Figura 6 – Espectro de DRX da HA sintetizada e da HAAg obtidas via precipitação e imersão com

concentrações 0,01M de prata.

Nos espectros de DRX da Figura 7 comparou-se as amostras obtidas pelo

método de precipitação e imersão com concentração 0,001M de AgNO3, sendo

caracterizadas como HAAg0,001Pr e HAAg0,001Im, respectivamente. Pelos

resultados não notou-se a presença da prata metálica em nenhuma das amostras.

Vê-se apenas a presença doAgO caracterizado pelo pico em 2θ =37,5°para as

amostras obtidas por precipitação.

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46

25 30 35 40 45 50

Un

idad

es A

rbit

rári

as (

u.a

)

2

HAAg 0,001Im

HAAg 0,001Pr

HA

AgO

Figura 7 – Espectro de DRX da HA sintetizada e da HAAg obtidas via precipitação e imersão com

concentrações 0,001M de prata.

5.1.2 Espectroscopia de absorção na região do infravermelho

Nos espectros de absorção no infravermelho (Figura 8 e 9) estão presentes

as bandas que caracterizam a fase HA; em 582cm-1, 617cm-1, 655cm-1

(apresentando um triplete), 964cm-1, 1084cm-1 e 1180 cm-1 (apresentando um

duplete nas regiões de 1080 a 1200cm-1) tem-se os picos referentes ao grupamento

PO43

-, os picos 872cm-1 e 3574cm-1, referentes ao grupamento OH-. As bandas em

1411cm-1 e 1451cm-1 representam vibrações moleculares do grupo CO32-, o que

indica a presença deste grupo na fase, sendo, portanto, hidroxiapatitas carbonatada,

devido à substituição iônica do carbonato, na estrutura da HA. Nota-se também

picos em 1637cm-1 e 2047cm-1 que se referem à H2O. O método de precipitação de

HA em meio aquoso, quando realizado sem controle de atmosfera de síntese,

favorece aincorporação do CO32- à estrutura da HA (BOANINI et al., 2010 e

DRIESSENS et al., 1990), tal incorporação ocorreu e é evidenciada pela presença

das bandas de absorção nos intervalos descritos acima.

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47

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

OH-

H2O

CO32-

PO43-

Re

flectâ

ncia

(%

)

Número de onda (cm1-)

HAAg0,1Im

HAAg0,01Im

HAAg0,001Im

HA

PO43-

Figura 8– Espectro de infravermelho da HA sintetizada e HAAg obtidas via imersão com

concentrações de 0,1M; 0,01 e 0,001M de AgNO3.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Re

fle

ctâ

nc

ia (

%)

Número de onda (cm1-)

HAAg0,1Pr

HAAg0,01Pr

HAAg0,001Pr

HA

PO43-

PO43-

CO32-

H2O

OH-

Figura 9– Espectro de infravermelho da HA sintetizada e HAAg obtidas via precipitação com

concentrações de 0,1M; 0,01 e 0,001M de AgNO3

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Landi et al. (2004) obtiveram hidroxiapatitas carbonatada mediante a reação

de neutralização de hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) e ácido fosfórico (H3PO4). Uma

suspensão de Ca(OH)2 foi aquecida a 40ºC e dióxido de carbono (CO2) foi

borbulhado sobre esta suspensão, concomitantemente ao gotejamento de uma

solução de H3PO4, por um período de 4 horas. O aumento no fluxo de dióxido de

carbono levou à formação de hidroxiapatitas carbonatada com substituição dos

grupos OH; o aumento da taxa de adição de ácido fosfórico provocou a menor

incorporação de carbonato na estrutura da HA, principalmente sobre os grupos

fosfato. Por outro lado, a diminuição desta taxa propiciou a substituição de grupos

fosfatos por grupos HPO42-, característicos da hidroxiapatitadeficiente em cálcio.

Volkmer et al. (2007) ao medirem a influência do tempo de indução nas

propriedades da hidroxiapatita porosa obtida por gel casting de espuma observaram

espectros de absorção no infravermelho muito semelhantes, caracterizando a

hidroxiapatita.

Segundo Aoki (1991), a presença de grupos CO3-2 e HPO4

-2 indicariam uma

hidroxiapatita não estequiométrica, ou seja, com razão Ca/P <1,67.

Pela técnica de caracterização pelo infravermelho não se observou nenhuma

diferença nas amostras analisadas, ou seja, não observamos alterações nos

grupamentos iônicos comparando as amostras de HAAg com a HA, independente do

processo de obtenção: imersão ou precipitação.

5.1.3 Microscopia eletrônica de varredura e espectroscopia de raios X por

energia dispersiva

Nas micrografias das amostras sintetizadas (Figura10) observam-se a

presença da prata para as HAAg obtidas pelos métodos de imersão e precipitação

química, as quais aparecem como pontos brilhantes. Podemos notar também nas

imagens que quanto maior a concentração de prata utilizada maior a quantidade de

pontos brilhantes, independente do método de obtenção da HAAg.

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Figura 10– Espectro de EDS das amostras deHAAg obtidas via precipitação e imersão com

concentrações de 0,1M; 0,01 e 0,001M de AgNO3.

A análise por EDS dessas superfícies permitiu, ainda, identificar os elementos

constituintes de forma semi-quantitativa (Figuras 11 e 12). É possível notar os picos

altos de Ca, P e O que são os principais elementos que compõe a hidroxiapatita

além do pico Ag, assim sendo, não há dúvidas de que os pontos brilhantes são a

prata. A pequena quantidade identificada do elemento carbono é devido à utilização

de fita de carbono na preparação das amostras.

Figura 11– Espectro de EDS da amostras deHAAg obtida via imersão com concentração de 0,1M; de

AgNO3, caracterizadas por HAAg0,1Im

HAAg0,1Im HAAg0,01Im HAAg0,001Im

HAAg0,01Pr HAAg0,001Pr HAAg0,1Pr

HAAg0,1Im

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Figura 12– Espectro de EDS da amostras deHAAg obtida via precipitação com concentração de

0,1M; de AgNO3, caracterizadas por HAAg0,1Pr

5.2 AVALIAÇÕES IN VITRO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA

5.2.1 Análise qualitativa usando o teste de difusão em Agar

Os resultados do teste de difusão em ágar para os discos preparados, com os

microorganismos Staphylococcus aureus e Escherichia coli são mostrados nas

Figuras13 e 14, respectivamente. Observa-se na placa de Petri com a cepa S.

aureus halos de inibição circulares ao redor dos discos de HAAg0,1Im; HAAg0,01 e

um pequeno halo ao redor do disco HAAg0,1Pr e ausência de halo nos discos de HA

e demais discos de HAAg. Na placa de Petri com a cepa E. colinão se observa a

formação de halos de inibição para nenhum dos discos de HAAg e HA. Houve

crescimento uniforme das bactérias no restante da placa que não entrou em contato

com os materiais. Ainda podemos notar, para a bactéria S. aureus, que o disco da

amostra HAAg com concentração de 0,01M deAg obtida pelo processo de imersão

(HAAg0,01Im) possui halo ligeiramente menor comparado com o halo formado para

o disco de HAAg com concentração 0,1M obtido também por imersão (HAAg0,1Im).

Os halos formados para os discos das amostras de HAAg obtidas por imersão para

as concentrações de Ag 0,1M e 0,01M são maiores do que o halo formado para o

disco da amostra de HAAg com concentração 0,1M de Ag obtida por precipitação.

Esta diferença sugere que a prata esteja na superfície das amostras obtidas por

imersão enquanto que nas amostras obtidas pelo processo de precipitação química

a prata esteja não somente a superfície da HA, mas também esteja contida na

estrutura da mesma. Outro fato pelo qual houve a formação de pequeno halo no

HAAg0,1Pr

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disco de HAAg0,1Pr pode se dever ao fato da mobilidade limitada dos íons prata

sobre o meio sólido do ágar, que sendo baixa indica ser um dos fatores limitantes

para a formação de halos maiores. A atividade antibacteriana de compostos HAAg,

semelhantes ao obtido no presente estudo, tem sido atribuída à liberação de Ag+ no

meio (CHEN et al., 2008; SIMON; ALBON; SIMON, 2008). Sabe-se que os íons e

compostos a base de prata podem destruir as membranas e as paredes celulares

das bactérias afetando seu crescimento (FURR et al., 1994; JUNG et al., 2008).

Figura 13– Imagem da placa de Petri com cepas de Staphylococcus aureus

Figura 14– Imagem da placa de Petri com cepas de Escherichia coli

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Os resultados exibiram melhor efeito antibacteriano para a bactéria Gram-

positiva (S. aureus) quando comparada a Gram-negativa (E. coli). Diferentes cepas

bacterianas aderem de forma diferente uma vez que apresentam características

físico-químicas distintas. A interação de íons de prata com membranas biológicas

resulta em produção de espécies reativas de oxigênio, que danificam a membrana

da célula (DIBROV et al., 2002; DRAGIEVA et al., 1999; RUSSELL et al., 1996). Os

íons de Ag+ podem ainda reagir com várias proteínas no espaço citossomal,

ribossomal e dos ácidos nucléicos, impedindo assim a replicação e a tradução

causando a morte celular da bactéria(KIM et al., 1998; KLASEN, 2000). Estes

resultados possivelmente estejam relacionados com a espessura da parede celular

das bactérias Gram negativas, pois essas possuem natureza mais complexa da

parede celular, ou seja, possuem uma membrana externa a mais, constituída de

lipossacarídeos. Sendo assim as bactérias Gram negativas são mais resistentes à

ação de antibióticos, que não são capazes de cruzar efetivamente esta barreira

lipídica (ROCHA, 2011).

Embora os resultados de difusão em ágar demonstrem a atividade

antibacteriana dos materiais, não obtemos informações sobre o número de bactérias

afetadas. Além disso, o fato das colônias não crescerem ao redor dos materiais não

esclarece se as bactérias foram mortas ou estão apenas inibidas de crescer. Para tal

realizamos o ensaio microbiológico, um experimento quantitativo, utilizando

suspensões bacterianas para a avaliação da atividade antibacteriana.

5.2.2 Teste microbiológico

Os dados apresentados na Tabela 5 demonstraram que todos os tratamentos

contendo prata, tanto em menor concentração quanto na maior, exerceram ação

bactericida quando no ensaio realizado com a menor quantidade de células de S.

aureus (7,2 x 102 UFC).

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Tabela 5 - Contagens de Staphylococcus aureus após 24 horas de contato com as amostras

dos diferentes tratamentos. Inoculo inicial = 7,2 x 102 UFC (log contagem = 2,86) e 7,2 x 105

UFC (log contagem = 5,86).

Amostras

Inoculo inicial = 7,2 x 102 UFC (log

contagem = 2,86)

7,2 x 105 UFC (log contagem =

5,86)

Contagem de S.

aureus (UFC)

Log contagens

de S. aureus

Contagem de

S. aureus

(UFC)

Log contagens

de S. aureus

HA 100% a 2,0 x 104 4,30 7,5 x 10

4 5,88

HA 100% b 6,4 x 104 4,81 6,25 x 10

4 5,80

HA 100% c 5,2 x 104 4,72 4,8 x 10

5 5,68

HA 0,001Pra 3,0 x 102 2,48 8,0 x 105 5,90

HA 0,001Pr b ND (< 25)* - 6,75 x 105 5,83

HA 0,001Pr c ND (< 25) - 1,9 x 106 6,28

HA 0,001Im a ND (< 25) - 4,1 x 106 6,61

HA 0,001Im b ND (< 25) - 2,0 x 106 6,30

HA 0,001Im c ND (< 25) - 6,3 x 106 6,80

HA 0,01Pr a ND (< 25) - ND (< 25)* -

HA 0,01Pr b ND (< 25) - ND (< 25) -

HA 0,01Pr c ND (< 25) - ND (< 25) -

HA 0,01Im a ND (< 25) - 7,0 X 102 2,85

HA 0,01Im b ND (< 25) - 2,3 X 102 2,36

HA 0,01Im c ND (< 25) - 2,5 X 102 2,40

HA 0,1Im a ND (< 25) - ND (< 25) -

HA 0,1Im b ND (< 25) - ND (< 25) -

HA 0,1Im c ND (< 25) - ND (< 25) -

HA 0,1Pr a ND (< 25) - ND (< 25) -

HA 0,1Pr b ND (< 25) - ND (< 25) -

HA 0,1Pr c ND (< 25) - ND (< 25) -

* ND = não detectado (abaixo do limite de detecção)

Pode-se verificar também através dos dados da Tabela 1 que as amostras

obtidas por precipitação e imersa com 0,001M de prata não exerceram atividade

antibacteriana. Dentre as amostras produzidas com 0,01M de prata, as obtidas pelo

processo de precipitação apresentaram forte ação bactericida, uma vez que as

contagens de S. aureus foram inferiores a 25 UFC. As amostras obtidas por imersão

apresentaram log UFC entre 2,36 e 2,85, com uma redução de aproximadamente

três ciclos logarítmicos (1000 reduções).Para as amostras correspondentes aos três

diferentes tratamentos contendo 0,1M de prata, as contagens de S. aureus foram

inferiores a 25 UFC, indicando elevada ação bactericida.

Quando comparamos os resultados dos ensaios qualitativos (teste de difusão

em Agar) com os resultados dos ensaios quantitativos (ensaio microbiológico de

contagem de bactérias) podemos observar que a ação bactericida, no ensaio de

contagem de bactérias, das amostras obtidas por precipitação com concentrações

0,1M e 0,01M de Ag é maior quando comparada com as amostras obtidas por

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imersão nas mesmas concentrações de Ag. Já no ensaio qualitativo, temos a

formação dos maiores halos de difusão para as amostras de HAAg obtidas por

imersão nas concentrações 0,1M e 0,01M. Isto pode ser explicado pelo fato das

amostras de HAAg utilizadas no ensaio de contagem de bactérias estarem na forma

de pó, e com isso a superfície de contato com os microorganismos é maior, e ser um

meio líquido, permitindo a mobilidade da prata não só da superfície da HA mas

também da Ag que está na estrutura da mesma. Já no ensaio de disco de difusão

em Agar, as amostras são utilizadas na forma de pastilhas e o meio é sólido, ou

seja, a superfície de contato da HAAg com o microorganismo é menor e a

mobilidade da Ag da HA também é menor, neste caso somente a Ag mais superficial

das amostras reage com o microorganismo, que são os casos das amostras obtidas

por imersão nas concentrações 0,1M e 0,01M de Ag.

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6. CONCLUSÕES

As hidroxiapatitas dopadas com prata obtidas pelos métodos de precipitação

química e imersãocom concentrações de 0,1M; 0,01M e 0,001M de AgNO3

mostraram através dos difratogramas de raios X a presença da prata metálica

identificada pelos picos em 238,1º e 44,3º. Nas amostras obtidas por precipitação

com concentrações 0,01M e 0,001M de AgNO3 pode-se observar a formação da fase

AgO caracterizada pelo pico em 237,5º.

As análises no espectrômetro de infravermelho mostraram a presença das

principais bandas vibracionais para as a hidroxiapatita, concluindo que independente

do método de obtenção das amostras de HAAg não há alterações significativas na

estrutura da HA.

Pelas técnicas de caracterização de MEV e EDS permitiu, ainda, identificar os

elementos constituintes de forma semi-quantitativa (Figuras 10 e 11). É possível

notar os picos altos de Ca, P e O que são os principais elementos que compõe a

hidroxiapatita além do pico Ag, assim sendo, não há dúvidas de que os pontos

brilhantes são a prata.

Neste estudo as avaliações quantitativas in vitro da atividade antibacteriana

mostraram que as hidroxiapatitas com prata nas concentrações 0,1M e 0,01M de

AgNO3 obtidas tanto pela precipitação química quanto por imersão, possuem uma

ação antimicrobiana para bactérias Gram-positivas, Staphylococcus aureus. No

entanto as amostras obtidas por precipitação foram mais eficientes para estas

concentrações de prata. Analisados em conjunto as amostras HAAg0,1Pr,

HAAg0,01Im e HAAg0,001Im mostram os melhores resultados, por apresentarem

inibição do crescimento bacteriano em diferentes concentrações.

As avaliações qualitativas da atividade antimicrobiana mostraram a formação

dos halos de difusão apenas para as cepas S. aureus e ao redor dos discos das

amostras obtidas por imersão com concentrações de 0,1M e 0,01M. Notou-se um

pequeno halo ao redor do disco da amostra HAAg com 0,1M de AgNO3 obtida por

precipitação. Para as cepas E. coli não houve formação de halo no ensaio de teste

de difusão, portanto nenhuma amostra mostrou-se com efeito antimicrobiano para

esta bactéria da classe Gram positiva.

Considerando a princípio os efeitos antibacterianos aliados a metodologia

simples e de baixo custo envolvido na produção destes materiais sintetizados, tanto

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por precipitação química quanto por imersão, sugere-se que hidroxiapatitas

contendo entre 0,1 e 0,01M de prata podem ser mais favoráveis para o

desenvolvimento proposto visando futuras aplicações biomédicas.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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