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1 Acadêmico (a) de Engenharia Civil, da Universidade Paranaense, Campus Toledo. E-mail: [email protected] 2 Prof.(a) MSc., Orientadora do curso de Engenharia Civil, da Universidade Paranaense, Campus Toledo. E-mail: [email protected] 1 GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL UNIVERSIDADE PARANAENSE, CAMPUS DE TOLEDO/PR TRABALHO FINAL DE CURSO - TFC DESENVOLVIMENTO DE UM CHECKLIST PARA CONFERÊNCIA DA EXECUÇÃO DE SERVIÇOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Andressa Raquel Radetzki 1 Patrícia Cristina Steffen² RESUMO O objetivo deste trabalho é apresentar como o controle de qualidade é fundamental em um modelo de gestão, o qual demonstra conformidade ao longo dos seus procedimentos até chegar ao seu produto final, bem como conceituar e especificar os serviços que compõem uma obra, criar um checklist para conferência dos serviços executados e classificá-lo por etapas da obra de fácil entendimento. O grande desafio deve ser manter o ritmo planejado sem perder a qualidade e estabelecer a sequência de atividades num fluxo contínuo, sem perder o foco, adquirindo, desta forma, o domínio sobre os mesmos. O checklist foi feito com base nas normas vigentes para que os serviços sejam executados a partir dele, com auxílio de instruções e treinamentos para os funcionários, os quais devem obter o conhecimento da melhor maneira a se executar os serviços. As normas utilizadas para elaboração do checklist de conferência são as normas de execução de alvenaria, com critérios a serem conferidos do início da execução até o final, na parte do acabamento. Desta forma, o resultado encontrado é um checklist elaborado com o auxílio das normas para, então, utilizá-lo dentro das obras da construção civil. Palavras-chave: Controle de qualidade; Gestão; Planejamento. ABSTRACT The objective of this paper is to present how quality control is fundamental in a management model, which demonstrates conformity throughout its procedures until reaching its final product, as well as conceptualize and specify the services that make up a work, create a checklist to check the services performed and to classify it by stages of the work of easy understanding. The great challenge must be to maintain the rhythm planned without losing quality and to establish the sequence of activities in a continuous flow, without losing the focus, acquiring, in this way, mastery over them. The checklist was based on current standards for the services to run from it, with instructions and training for employees, who must obtain the knowledge of the best way to perform the services. The standards used for the preparation of the conference checklist are the rules for the execution of masonry, with criteria to be checked from the beginning of the execution until the end, in the part of the finish. In this way, the result found is a checklist elaborated with the aid of the norms and, then, to use it within the construction works. Keywords: Quality control; Management; Planning.

DESENVOLVIMENTO DE UM CHECKLIST PARA ......modelo de gestão, o qual demonstra conformidade ao longo dos seus procedimentos até chegar ao seu produto final, bem como conceituar e

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1Acadêmico (a) de Engenharia Civil, da Universidade Paranaense, Campus Toledo. E-mail:

[email protected] 2 Prof.(a) MSc., Orientadora do curso de Engenharia Civil, da Universidade Paranaense, Campus

Toledo. E-mail: [email protected]

1

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL UNIVERSIDADE PARANAENSE, CAMPUS DE TOLEDO/PR

TRABALHO FINAL DE CURSO - TFC

DESENVOLVIMENTO DE UM CHECKLIST PARA CONFERÊNCIA DA

EXECUÇÃO DE SERVIÇOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Andressa Raquel Radetzki1

Patrícia Cristina Steffen²

RESUMO

O objetivo deste trabalho é apresentar como o controle de qualidade é fundamental em um

modelo de gestão, o qual demonstra conformidade ao longo dos seus procedimentos até chegar

ao seu produto final, bem como conceituar e especificar os serviços que compõem uma obra,

criar um checklist para conferência dos serviços executados e classificá-lo por etapas da obra

de fácil entendimento. O grande desafio deve ser manter o ritmo planejado sem perder a

qualidade e estabelecer a sequência de atividades num fluxo contínuo, sem perder o foco,

adquirindo, desta forma, o domínio sobre os mesmos. O checklist foi feito com base nas normas

vigentes para que os serviços sejam executados a partir dele, com auxílio de instruções e

treinamentos para os funcionários, os quais devem obter o conhecimento da melhor maneira a

se executar os serviços. As normas utilizadas para elaboração do checklist de conferência são

as normas de execução de alvenaria, com critérios a serem conferidos do início da execução até

o final, na parte do acabamento. Desta forma, o resultado encontrado é um checklist elaborado

com o auxílio das normas para, então, utilizá-lo dentro das obras da construção civil.

Palavras-chave: Controle de qualidade; Gestão; Planejamento.

ABSTRACT

The objective of this paper is to present how quality control is fundamental in a management

model, which demonstrates conformity throughout its procedures until reaching its final

product, as well as conceptualize and specify the services that make up a work, create a checklist

to check the services performed and to classify it by stages of the work of easy understanding.

The great challenge must be to maintain the rhythm planned without losing quality and to

establish the sequence of activities in a continuous flow, without losing the focus, acquiring, in

this way, mastery over them. The checklist was based on current standards for the services to

run from it, with instructions and training for employees, who must obtain the knowledge of

the best way to perform the services. The standards used for the preparation of the conference

checklist are the rules for the execution of masonry, with criteria to be checked from the

beginning of the execution until the end, in the part of the finish. In this way, the result found

is a checklist elaborated with the aid of the norms and, then, to use it within the construction

works.

Keywords: Quality control; Management; Planning.

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1 INTRODUÇÃO

A indústria da construção civil vem apresentando alterações significantes em seus

métodos construtivos. Há um avanço na concorrência, sendo necessário cada vez mais

especialização da mão-de-obra e um excelente gerenciamento, acrescendo, assim, a importância

do planejamento e das novas tecnologias para a execução dos serviços com mais qualidade e

produtividade (SILVA, 2011).

Mas entender um planejamento como um todo envolve decisões, o estabelecimento de

metas e a definição de recursos necessários para conseguir atingi-lo. É importante deixar claro

e lembrar das seguintes palavras: processo, metas e recursos.

De acordo com Varalla (2003), o processo envolve uma quantidade de atividades, como:

definir pessoas envolvidas e suas respectivas responsabilidades; coletar informações a serem

utilizadas; o nível de detalhe que se deseja atingir; métodos para executar o planejamento; e

prazos para a realização do mesmo. O autor reflete ainda que metas são para definir de que

maneira chegar a determinadas fases do projeto, ou seja, o início do planejamento e o processo

de produção e recebimento dos materiais na obra, de acordo com os recursos (ferramentas,

técnicos, etc.) da empresa.

Ainda assim, nem com a elaboração de um bom planejamento, é capaz de garantir a

qualidade, produtividade e a entrega de uma obra dentro do prazo, além das dificuldades de

conseguir exercer os processos burocráticos determinados pelas leis trabalhistas e as Normas

Regulamentadoras (LAFETÁ, 2013).

É comum observar a não utilização de métodos normatizados de execução nas obras de

construção civil, em especial obras de pequeno porte. Os problemas que podem surgir são

diversos, no entanto, observa-se que há um abismo entre o planejamento da obra e sua execução.

Em boa parte dessas obras, o problema só é apontado no decorrer da execução ou no final da

mesma e, com a aplicação de um checklist, os problemas e erros possíveis na execução de uma

obra podem ser amenizados ou mesmo evitados.

Deste modo, havendo um checklist de obra que contenha quesitos práticos, que resuma,

em poucas palavras, aquilo que o responsável almeja, e que siga as normas, a tendência é que

os erros diminuam e o planejamento comece a funcionar.

Incorporado a isso, existe o fator “comunicação”, que, muitas vezes, é falho. O

responsável técnico faz solicitações informais ao mestre de obras, que, por vezes, não entende

o que foi solicitado, outras vezes prefere executar segundo suas próprias técnicas e

conhecimento, e, com isso, atrasa as obras ou executa-as de maneira errada, acarretando em

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problemas que podem ser identificados durante ou após a obra ser entregue.

Desta forma, pretende-se conferir os serviços de execução da alvenaria de uma obra,

mostrando que, quando executados, seguindo as Normas Brasileiras Regulamentadoras, visa

evitar retrabalhos e propõe melhorias, gerando uma redução nos custos do empreendimento e

um retorno positivo ao empreendedor.

Por isso, o presente trabalho procura desenvolver um checklist para conferência dos

serviços de alvenaria de uma obra na construção civil, indicando se o mesmo foi executado

conforme suas respectivas normas. O checklist, quando feito, é fundamental em um modelo de

gestão, pois visa uma maior conformidade ao longo dos procedimentos e no produto final.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 PROJETO, PLANEJAMENTO E CONTROLE DE OBRAS

Há importância de um bom planejamento antes de começar a executar, visto que, para

Polito (2015), a etapa para começar um processo de gestão é o planejamento. Na mesma esteira,

Goldman (2004), afirma que a organização é o primeiro passo necessário para se obter um bom

planejamento e controle de obras.

Dessa forma, Vargas (2009) explica que o planejamento tem a responsabilidade de

detalhar o que será realizado pelo projeto e acrescenta ainda que o projeto se destina a atingir

objetivos claros e definidos, com uma sequência clara e lógica de eventos de um

empreendimento não repetitivo.

Como o gerenciamento de um projeto é eficaz, Limmer (2017) assegura que, por meio

de mecanismos de controle, permite-se uma vigilância contínua, e que o gerenciamento

possibilita precipitar decisões que garantam, em um percurso desejado, a execução do projeto.

Segundo Kerzner (2006), além dos projetos serem considerados em uma empresa

atividades exclusivas, é um empreendimento com objetivo definido, que necessita de recursos

e opera sob pressões de qualidade, custos e prazos.

Assim, a programação de um projeto e seu planejamento conduzem ao controle de obras,

pois o mesmo permite avaliar a qualidade do que foi programado e planejado. O planejamento

e o controle de obras não se tornam complementares um sem o outro, pois podem ser

considerados como atividades vinculadas a uma situação de carência de recursos e a maneira

de utilizá-los (LIMMER, 2017).

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Corroborando com Limmer (2017), Mattos (2010) também afirma que não existe

planejamento sem controle de obras, os dois são inseparáveis. Complementa informando que o

controle de qualidade é a verificação dos parâmetros contratuais e técnicos se os mesmos foram

observados.

O controle aponta as diferenças que podem ser encontradas na comparação com o

acompanhamento contínuo da execução, das atividades realizadas com as previstas no

planejamento e aponta a maneira de como prosseguir após essa análise (FILHO; ANDRADE,

2010, apud PIRES, 2014).

Por isso a importância do controle junto ao planejamento, uma vez que, de acordo com

Limmer (2017), é que o planejamento antecipa as decisões da obra e o controle é conhecer e

corrigir as etapas da obra nas quais podem acarretar a desvios em relação ao planejado.

Segundo Marino (2006), para conseguir e usar o conhecimento necessário para a

organização de uma empresa, precisam ser feitas as coisas corretas, no tempo correto e de baixo

custo, pois a qualidade representa a maneira de gestão de organizações. Sob esta ótica, Miranda

(1994) afirma que, para satisfazer as demandas finais dos consumidores, as organizações

precisam gerar produtos e serviços de qualidade.

Existe ainda um grande desafio no setor da construção civil, ligado à gestão das

organizações e autoridades no âmbito brasileiro. Na proporção em que a necessidade de

estabelecer métodos possibilite o crescimento da competitividade das indústrias na construção

civil, o governo federal brasileiro estabeleceu o “Programa Brasileiro de Qualidade e

Produtividade no Habitat” (PBQP-H), que foi criado em 1991, mas só em 1998 foi utilizado na

construção civil (BALDINI, 2015).

O PBQP-H é um entre vários programas de gestão que pode ser implantado em empresas

da construção civil. Tem como objetivo geral apoiar a modernização, proporcionar a qualidade

e a produtividade no setor da construção civil, visando o crescimento da competitividade dos

bens e serviços produzidos (PBQP-H, 2015).

Ampliando seu propósito no ano de 2000, passou a incluir as áreas de saneamento e

infraestrutura urbana, tornando-se, então, o “Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade

na Construção do Habitat”, refletindo melhor o espaço de atuação (PBQP-H, 2015).

Dessa forma, para uma empresa da construção civil é importante o sistema de gestão de

qualidade nas obras para controlar os serviços executados, evitando que gere custos

desnecessários com retrabalhos, para o controle da perda de materiais e tempo, promovendo

satisfação do cliente e melhoria na imagem da empresa, complementa TONETTO (2016).

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2.2 IMPORTÂNCIA DAS NORMAS TÉCNICAS

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) trata que as normas são

documentos criados e aprovados por uma organização reconhecida, que fornece para o uso de

qualquer pessoa, em que constam regras, atributos para atividades ou resultados, visando obter

ordem em um dado assunto, por isso é de suma importância utilizá-las (ABNT, 2014).

As normas são preceitos a serem seguidos para padronizar e propor um padrão de

qualidade. Segui-las é importante para não existir divergências e a padronização ajuda na

conferência de trabalhos ou pesquisas do mesmo assunto (IESLA, 2013).

Com a competitividade e a globalização das empresas, não tem como não pensar nos

processos produtivos sem o emprego de uma padronização mínima. Por isso, o uso das normas

técnicas é importante, representa aos consumidores uma garantia de respeito à referências de

qualidade mínima. Para produtores, reflete o controle dos produtos e processos, crescendo a

produtividade e melhorando a qualidade que vai auxiliar na movimentação de tecnologias,

ajudando o comércio internacional. As normas ainda garantem benefícios a sociedade, já que

as mesmas asseguram a preservação das fontes de recursos naturais, por exemplo

(NAKAMURA, 2003).

A ABNT complementa que as normas garantem serviços de forma desejável e tudo a

um custo econômico, os quais são a segurança, qualidade, competência, eficiência e o respeito

com o meio ambiente (ABNT, 2014).

Com isso, o empreendimento que utiliza as normas da ABNT só tem a acrescentar e ter

benefícios. Com a utilização, proporciona-se melhoramento e inovações nos produtos, serviços

e processos, tornando-se um diferencial, buscando novos consumidores, aumentando a

competitividade da empresa e trazendo vantagens (SEBRAE, 2015).

3 METODOLOGIA

Para realizar este trabalho, foram utilizadas referências bibliográficas como livros,

artigos e as normas vigentes, que são a base, para, então, a partir do conhecimento das mesmas,

identificar se há erros presentes nas obras na etapa de execução de alvenaria, que, de certa

forma, apareceram por falta de cuidado, e, por muitas vezes, executarem da maneira como

acham que é o correto sem dar ouvido ao responsável ou por não terem conhecimento das

normas.

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O checklist contará com data da vistoria, endereço da obra, nome do proprietário e nome

do responsável técnico, pois os mesmos assinarão no final mostrando estarem de acordo com a

conferência feita na obra. O checklist constará quesitos a serem respondidos referente à

execução da alvenaria e seu revestimento de acordo com as normas, sendo essas:

• NBR 8.545/1984 – Execução de alvenaria sem função estrutural de tijolos e

blocos cerâmicos – Procedimento.

• NBR 7.200/1998 – Execução de revestimento de paredes e tetos de argamassa

inorgânicas – Procedimento.

• NBR 13.749/1996 – Execução de revestimento de paredes e tetos de argamassa

inorgânicas – Especificações.

Essas normas têm como objetivo assegurar situações exigíveis para execução e

conferência de alvenaria e revestimento. Além disso, o checklist será dividido da seguinte

maneira: cada item conferido contém quesitos a serem respondidos se está sendo executado o

serviço de acordo com as normas, com um espaço para observações se possíveis erros

encontrados e, ao final, o anexo das fotos dos serviços conferidos.

O checklist é aplicado do início da execução da alvenaria até o seu acabamento, cada

item serve para conferir a obra no todo, por exemplo: a conferência do prumo, nível e planeza

da alvenaria é feita em todas as paredes e não para cada parede um checklist de conferência.

Também, a empresa que utilizar do checklist deverá passar um treinamento para a equipe

que construirá, informando os mesmos a respeito das normas para execução dos serviços, da

maneira como executar, a forma que será aplicado o checklist e as variações que são aceitas na

conferência.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O resultado do checklist inicia com o preenchimento dos dados, seguido dos itens a

serem analisados e respondidos referente à conferência de execução da alvenaria. Desta

maneira, o primeiro item é a verificação da locação do assentamento dos blocos cerâmicos, que

deve ser conferida antes do levantamento da alvenaria e no final, os quais devem estar de acordo

com as dimensões que constam no projeto.

Seguindo, tem-se a verificação das juntas: se são por juntas de amarração ou a prumo.

As juntas de amarração, de acordo com a norma, são uma forma de assentamento dos elementos

cerâmicos na qual as juntas verticais são descontínuas, como ilustra a Figura 1. As juntas a

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prumo são uma forma de assentamento dos elementos cerâmicos nas quais as juntas verticais

são contínuas, como ilustra a Figura 2. Para melhor compreensão, as juntas são a argamassa de

assentamento que dá aderência entre os tijolos cerâmicos, fazendo com que os mesmos não se

desprendam, mantendo o alinhamento, nível e prumo da alvenaria.

Figuras 1 - Juntas de amarração

Fonte: Autor (2018)

Figura 2 - Junta a prumo

Fonte: Autor (2018)

Seguindo a NBR 8.545/1984, a execução da alvenaria deve iniciar pelos cantos

principais e por ligações de outros elementos da edificação (pilares e vigas). Junto a isso, deve-

se levantar as paredes com prumo para o alinhamento vertical da alvenaria, nivelamento para o

alinhamento horizontal da alvenaria e manter a planeza da superfície periodicamente durante a

execução da alvenaria, não havendo diferença maior que 5 mm.

A argamassa para o assentamento deve ter consistência para resistir o peso que os tijolos

exercem, ser de textura plástica e manter o assentamento alinhado. O traço escolhido é de

acordo com as características dos matérias disponíveis na região e as juntas de argamassa não

podem ultrapassar 10 mm e nem conter vazios, se houver alvenaria aparente, as juntas devem

ser frisadas.

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A alvenaria não pode servir de apoio direto para as lajes. A Figura 3 mostra a execução

da cinta de amarração (respaldo) em concreto armado sobre as paredes que recebem as cargas

e sob as lajes.

Figura 3 - Execução da cinta de amarração sobre a alvenaria

Fonte: Eddy HG (2012)

Para as obras com estrutura de concreto armado, a norma preconiza que a alvenaria deve

parar abaixo das vigas e lajes, após 7 dias, ser feito o travamento ou encunhamento entre a

estrutura e a alvenaria. Alguns exemplos da execução do encunhamento são executados com

tijolos cerâmicos, (Figura 4), ou argamassa com aditivo expansor, (Figuras 5).

Figura 4 - Encunhamento com tijolos cerâmicos

Fonte: Autor (2018)

Figura 5 - Encunhamento com argamassa expansiva

Fonte: Autor (2018)

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Mediante essas observações, ao levantar as paredes, tem-se os vãos das esquadrias para

executar e atender as medidas e localizações que as mesmas constam no projeto, em que são

necessárias folgas para a colocação do batente e o preenchimento das folgas com argamassa de

cimento e areia.

Na execução dos vão das esquadrias, necessita-se fazer as vergas e contravergas, as

quais devem exceder a largura do vão 20 cm de cada lado e 10 cm de altura no mínimo; quando

houver vãos próximos e com a mesma altura, recomenda-se executar uma única verga sobre os

mesmo; se o vão ultrapassar de 2,40 m necessita-se de uma viga no lugar da verga. Na Figura

6, ilustra-se onde deve ser executado as vergas e contravergas nos vãos.

Figura 6 - Execução da verga e contraverga em vãos

Fonte: Autor (2018)

Após a elevação das paredes com os cuidados do nível, prumo e vãos a serem

considerados, inicia-se com a limpeza da superfície da alvenaria e então o emprego do chapisco,

emboço ou massa única e o reboco seguidos da NBR 7200/1998.

Argamassa de chapisco deve ser de consistência fluida ao ser aplicada, possibilitando

uma penetração da pasta de cimento na base que será revestida e aumentando a aderência da

interface. Deve-se ter os devidos cuidados ao fazer o lançamento do chapisco para que o mesmo

não cubra completamente a base. Em regiões onde o clima é muito quente e seco, deve-se

manter a superfície do chapisco protegida por ventos e raios solares, mantendo, no mínimo, 12h

a superfície úmida.

Podem ser adicionados aditivos no chapisco para uma melhor aderência, mas, para seu

emprego, devem-se seguir recomendações técnicas e comprovadas por meio de ensaios

laboratoriais, credenciado pelo INMETRO. A Figura 7 apresenta uma parede recebendo o

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lançamento do chapisco.

Figura 7 - Alvenaria recebendo o acabamento em chapisco

Fonte: Editora (Blog do Moretto) (2017)

Para o emboço, devem ser atendidas espessuras que constam no projeto arquitetônico e

estar de acordo com a NBR 13.749/1996 as seguintes exigências: sarrafeado, com a aplicação

posterior de reboco; desempenado ou sarrafeado, com a aplicação posterior de revestimento

com placas cerâmicas; e desempenado, camurçado ou chapiscado, quando o emboço for apenas

uma única camada de revestimento. A seguir, na Figura 08, uma imagem da superfície

recebendo o lançamento do emboço.

Figura 8 - Alvenaria recebendo o acabamento de emboço

Fonte: Siote (2016)

Através de pontos dispostos de forma que a distância entre eles seja compatível com o

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tamanho da régua a ser utilizada para fazer o sarrafeado, será determinado o plano de

revestimento. Nestes pontos, serão fixadas taliscas planas de material cerâmico com a mesma

argamassa que será empregada no revestimento.

Entre as taliscas, faz-se o preenchimento de faixas com argamassa, que, com a passagem

da régua, será regularizada, estabelecendo as guias ou mestras. Após o endurecimento das guias

ou mestras que servirão de apoio para a régua fazer o sarrafeado, é feito o preenchimento da

superfície a ser revestida, seguido disso, retira-se as taliscas ou mestras e faz-se o

preenchimento do vazio.

Estando a argamassa com consistência adequada e a área total da superfície preenchida,

retira-se o excesso de argamassa e regulariza-se a superfície com a passagem da régua. Se

permanecerem vazios, faz-se o preenchimento dos mesmos e passa-se a régua para regularizar

novamente, até obter uma superfície plana e homogênea. A imagem a seguir exemplifica o

método a ser executado, Figura 09.

Figura 9 - Alvenaria recebendo o acabamento de reboco

Fonte: Fabrício Rossi (2015)

Para execução do reboco, a NBR 7200/1998 diz que devem ser atendidas as espessuras

conforme conste no projeto do revestimento e seguida das exigências estabelecidas pela NBR

13749/’1996, o que pode ser observado no Quadro 10.

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Quadro 10 - Espessura para os revestimentos

REVESTIMENTO ESPESSURA (mm)

Paredes internas 5 < e < 20

Paredes externas 20 < e < 30

Tetos internos e externos e < 20

Fonte: Autor (2018)

O acabamento da superfície reboca pode ser:

• Desempenado: é o alisamento da superfície após o sarrafeado com a passagem

da desempenadeira;

• Camurçado: é o alisamento da superfície desempenada com o uso de uma

esponja ou desempenadeira apropriada;

• Raspado: é a execução da superfície sarrafeada com o uso de uma ferramenta

dentada;

• Chapiscado: é a execução do acabamento sobre o emboço ou base de

revestimento com o lançamento de argamassa fluida, com o auxílio de uma

peneira de malha quadrada com 4,8 mm de abertura aproximadamente ou algum

equipamento apropriado;

• Lavado: é por meio da execução da superfície sarrafeada com argamassa,

juntamente com o agregado apropriado, fazendo então a lavagem com jato de

água; e

• Imitações por travertina: é a execução da superfície recém desempenada com

lançamento da mesma argamassa de acabamento mais fluida. Esperar o

momento certo para então alisar a superfície, conservando parte dos sulcos ou

cavidades existentes por conta do lançamento da argamassa, obtendo, então, o

aspecto de mármore travertino.

Conforme a execução de cada etapa dos revestimentos, deve-se manter e conferir o

nível, prumo e a planeza da superfície como feito no levantamento da alvenaria.

As variações a serem consideras são de acordo com a norma e o critério que a empresa

adotar. Sendo assim, no Quadro 11, tem-se o resultado do checklist para conferência da

execução de serviços na construção civil.

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Quadro 11 - Checklist para conferência da execução de alvenaria e revestimentos

Fonte: Autor (2018)

s n n/a

Obs: As variações a serem consideradas na espessura do acabamento é de no máximo 5 mm ou de

acordo com os critérios da empresa.

Obs: As variações a serem consideradas são de acordo com as normas e/ou de acordo com os

critérios que a empresa adotar.

9. Encunhamento

10. Medidas das esquadrias

3. Juntas a prumo ( ≤ 10 mm)

2. Juntas de amarração ( ≤ 10 mm)

5. Prumo ( ≤ 5 mm)

8. Cinta de amarração

1. Locação de assentamento

4. Argamassa para assentamento

16. Reboco

13. Verga e contra-verga

12. Folga para batente

6. Planeza da superfície ( ≤ 5 mm)

7. Nivelamento ( ≤ 5 mm)

14. Chapisco

11. Localização das esquadrias

Execução de revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas - NBR 7.200/1998

15. Emboço/massa única

Execução de revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas - NBR 13.749/1996

17. Espessuras do chapisco, emboço

e reboco

Checklist para conferência da execução de serviços na construção civil

Observações

Endereço da obra:

Data:

Proprietário:

Engenheiro responsável:

Execução de alvenaria sem função estrutural de tijolos e blocos cerâmicos - NBR 8.545/1984

ConformeItens analisados

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5 CONCLUSÃO

A pesquisa realizada teve como objetivo desenvolver um checklist para conferência dos

serviços de alvenaria de uma obra na construção civil, que deve ser aplicado no início do serviço

até o final, indicando se os mesmos foram executados conforme suas respectivas normas, se os

mesmos não estiverem em conformidade serão corrigidos para que, no final, não ocorram os

retrabalhos.

Diante disso, nota-se que é de suma importância a implantação de um sistema de

qualidade, pois aumenta a cada dia a exigência dos consumidores em adquirir produtos e

serviços de garantia.

Dentre os problemas que são enfrentados pelas empresas, um dos principais é a mão de

obra, a desqualificação da mesma na construção civil. Além disso, há inúmeras empresas

aderindo ao uso da mão de obra especializada e uma gestão de qualidade pelo fato da

concorrência, por isso, no decorrer do trabalho, foi visto que um bom planejamento e controle

de obras são de grande importância.

Ao utilizar as normas para execução de alvenaria e revestimento que foram o ponto

principal para elaboração do checklist, as mesmas vão servir para garantir padronização e

propor um padrão de qualidade, por isso segui-las é importante para não existir divergências.

Diante disso, a utilização das demais normas referentes a outras etapas da obra, como

por exemplo: fundações, cobertura, lajes e etc., pode ser feita em estudos futuros para dar

continuidade ao checklist de conferência, tornando-o completo.

Por fim, espera-se que o checklist, quando aplicado, traga melhorias para os serviços

executados, que forneça à empresa a vantagem de melhorar a imagem da mesma com serviços

de qualidade, evitando os retrabalhos, perca de materiais e tempo, promovendo, desta forma, a

satisfação dos clientes.

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