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Leonardo Nascimento dos Santos Desenvolvimento de um Multi-Organizador Flexível de Espaços Virtuais Manaus Março de 2009

Desenvolvimento de um Multi-Organizador Flexível de Espaços Virtuais (MOrFEU)

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Leonardo Nascimento dos Santos (leonardo.n.santos at gmail.com)"Desenvolvimento de um Multi-Organizador Flexível de Espaços Virtuais" (MOrFEU)Março, 2009Orientador: Alberto Nogueira de Castro Jr.Co-Orientador: Crediné Silva de MenezesObs.: Arquivo de Instalação do Protótipo como Módulo do Moodle incluído nos anexos do pdf.ResumoO trabalho e a aprendizagem construídos individual e coletivamente tomaram novo e determinante impulso a partir da disseminação das ferramentas de software que atualmente compõem os ambientes virtuais baseados na Web. Após um período de reconhecimento e apropriação desses recursos, o trabalho, o ensino, a aprendizagem e as relações sociais como um todo passam a apresentar demandas que os ambientes virtuais ainda não conseguem atender, em parte devido à conformação desses ambientes a certos aspectos funcionais mantidos principalmente por tradição. Uma estratégia possível para tratar esse problema é a concepção e desenvolvimento de ambientes flexíveis para apoiar a realização de atividades cooperativas, propiciando aos usuários uma melhor sintonia entre ferramentas de apoio e os objetivos e os perfis dos participantes de uma determinada atividade. O trabalho aqui descrito faz parte de um esforço multi-institucional de pesquisa no tema, onde, a partir dos elementos conceituais que definem uma abordagem de inovadora simplicidade à concepção e desenvolvimento de ambientes virtuais, é relatada a organização, modelagem e implementação de uma instância desse tipo de ambiente. O protótipo resultante, atualmente em plena utilização na UFAM, foi construído utilizando o Moodle como plataforma de desenvolvimento e avaliação.Palavras-chave: Ambientes Virtuais Colaborativos; Flexibilidade em Software;CSCW/CSCL; Desenvolvimento de Software; Moodle.AbstractWork and learning built individually and in groups took a new and definitive impulse frompopularization of software tools that currently compose web-based virtual environments.After a time of reckoning and appropriation of these resources, work, teaching, learning andsocial relations started to demand that virtual environments cannot yet answer, partially due toneed of conformation by some of these environments to certain functional aspects maintainedmainly by tradition. A possible strategy to deal with this problem is to devise and to developflexible environments to support cooperative activities, given users a better balance betweensupporting tools and goals and profiles of participants in a specific activity. This work is partof a multi-institutional effort on the area where, from conceptual elements defining aninnovative and simple approach to development of virtual environments, it is reported theorganization, modeling and implementation of an instance of this kind of environment. Theresulting prototype, currently in use at UFAM, was built using Moodle as development andevaluation platform.Keywords: Collaborative Virtual Environments; Software Flexibility; CSCW/CSCL;Software Development; Moodle.

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Leonardo Nascimento dos Santos

Desenvolvimento de um Multi-Organizador Flexvel de Espaos Virtuais

Manaus Maro de 2009

Leonardo Nascimento dos Santos

Desenvolvimento de um Multi-Organizador Flexvel de Espaos VirtuaisDissertao de mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Informtica da Universidade Federal do Amazonas, como requisito para obteno do ttulo de Mestre em Informtica

Orientador: Professor Dr. Alberto Nogueira de Castro Jnior

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

Manaus Maro de 2009

Dissertao de Mestrado sob o ttulo Desenvolvimento de um MultiOrganizador Flexvel de Espaos Virtuais, defendida por Leonardo Nascimento dos Santos e aprovada em 31 de maro de 2009, em Manaus, Estado do Amazonas, pela banca examinadora constituda por:

Prof. Dr. Alberto Nogueira de Castro Jnior Universidade Federal do Amazonas Orientador

Prof. Dr. Credin Silva de Menezes Universidade Federal do Esprito Santo Co-orientador

Prof. Dr. Jos Francisco de Magalhes Netto Universidade Federal do Amazonas

Prof. Dr. Davidson Cury Universidade Federal do Esprito Santo

A Deus, o meu Senhor.

AgradecimentosAntes de tudo agradeo a Deus, porque ele quem me d fora para adquirir riquezas, e que me amou antes mesmo de eu ter f Nele, sempre me abenoando e realizando os desejos do meu corao, preparando meu caminho para sua obra. Queria agradecer aos meus pais que sempre me deram as condies ideais para que eu me dedicasse aos estudos, alm de terem me dado o exemplo de carter a ser seguido. Obrigado dona Suely e seu Lcio! Obrigado a meus irmos por sempre acreditarem em mim. Ao meu irmo Leandro por ter me influenciado grandemente a fazer um curso de computao, vendo-o fazer seus primeiros cdigos em Pascal, e a minha irm Letcia, que est agora iniciando o seu curso de graduao em computao. Queria agradecer a minha futura esposa Adrienne, que conheci na metade do meu curso de graduao e que j me viu na batalha e agonia do curso de graduao e agora no curso de mestrado. Esta que no me deixa esmorecer, sempre querendo que eu d o meu melhor. Aos amigos... Foram tantas pessoas que eu encontrei nessa jornada at hoje. Desde aqueles amigos de escola, depois os do curso tcnico no ensino mdio, e aqueles da faculdade. Mas amigos so aqueles que nos conhecem verdadeiramente e ainda sim gostam de ns. Tenho uma lista no muito grande deles: Fbio, Harry, Edley, Ren, Andrey e Eli. O leo e o perfume alegram o corao; assim o doce conselho do homem para o seu amigo (Pv 27.9). Mas a lista muito maior daqueles que caminham e caminharam comigo, que tenho medo de esquecer algum na minha fraqueza de memria, mas no me interpretem mal. Queria agradecer ao meu orientador, professor Alberto, que sempre acreditou em mim, fazendo-me crescer sempre no momento da dificuldade. E ao professor Credin pela genial idia que permeia este trabalho. Agradeo tambm FAPEAM pela bolsa de estudos, que possibilitou uma dedicao integral a este curso. Obrigado a todos!

O que foi ser, e o que se fez, se far novamente; no h nada novo debaixo do sol. Ser que existe alguma coisa da qual se possa dizer: V! Isto novo? No! J existiu em pocas anteriores nossa. Eclesiastes 1:9-10.

ResumoO trabalho e a aprendizagem construdos individual e coletivamente tomaram novo e determinante impulso a partir da disseminao das ferramentas de software que atualmente compem os ambientes virtuais baseados na Web. Aps um perodo de reconhecimento e apropriao desses recursos, o trabalho, o ensino, a aprendizagem e as relaes sociais como um todo passam a apresentar demandas que os ambientes virtuais ainda no conseguem atender, em parte devido conformao desses ambientes a certos aspectos funcionais mantidos principalmente por tradio. Uma estratgia possvel para tratar esse problema a concepo e desenvolvimento de ambientes flexveis para apoiar a realizao de atividades cooperativas, propiciando aos usurios uma melhor sintonia entre ferramentas de apoio e os objetivos e os perfis dos participantes de uma determinada atividade. O trabalho aqui descrito faz parte de um esforo multi-institucional de pesquisa no tema, onde, a partir dos elementos conceituais que definem uma abordagem de inovadora simplicidade concepo e desenvolvimento de ambientes virtuais, relatada a organizao, modelagem e implementao de uma instncia desse tipo de ambiente. O prottipo resultante, atualmente em plena utilizao na UFAM, foi construdo utilizando o Moodle como plataforma de desenvolvimento e avaliao.

Palavras-chave:

Ambientes

Virtuais

Colaborativos;

Flexibilidade

em

Software;

CSCW/CSCL; Desenvolvimento de Software; Moodle.

AbstractWork and learning built individually and in groups took a new and definitive impulse from popularization of software tools that currently compose web-based virtual environments. After a time of reckoning and appropriation of these resources, work, teaching, learning and social relations started to demand that virtual environments cannot yet answer, partially due to need of conformation by some of these environments to certain functional aspects maintained mainly by tradition. A possible strategy to deal with this problem is to devise and to develop flexible environments to support cooperative activities, given users a better balance between supporting tools and goals and profiles of participants in a specific activity. This work is part of a multi-institutional effort on the area where, from conceptual elements defining an innovative and simple approach to development of virtual environments, it is reported the organization, modeling and implementation of an instance of this kind of environment. The resulting prototype, currently in use at UFAM, was built using Moodle as development and evaluation platform.

Keywords: Collaborative Virtual Environments; Software Flexibility; CSCW/CSCL; Software Development; Moodle.

Sumrio

Lista de Figuras .......................................................................................................................xi Lista de Quadros....................................................................................................................xiii Lista de Siglas ........................................................................................................................xiv 1 Introduo .........................................................................................................................1 1.1 1.2 1.3 2 Objetivos ........................................................................................................3 Metodologia ...................................................................................................3 Organizao do Trabalho ...............................................................................4

Ambientes Virtuais e a Organizao dos Espaos de Trabalho...................................6 2.1 2.1.1 2.1.2 2.2 2.3 Trabalho apoiado pelo computador................................................................6 Colaborao/Cooperao......................................................................8 Groupware, CSCW e CSCL .................................................................9 Ambientes Virtuais Um Breve Survey ......................................................12 Ambientes de Trabalho e Conhecimento .....................................................15

3

Uma nova proposta para Organizao dos Espaos Virtuais ....................................17 3.1 3.2 3.3 Em busca de uma concepo inovadora.......................................................17 MOrFEU Modelagem conceitual..............................................................19 Requisitos No-Funcionais ..........................................................................22

4

Implementando o MOrFEU-UFAM .............................................................................24 4.1 4.2 4.3 Utilizando o Moodle como Plataforma de Desenvolvimento ......................24 Reusando o Cdigo do Moodle....................................................................26 Detalhes e Caractersticas da Implementao de um Mdulo .....................26

4.4 4.5 4.5.1 4.5.2 4.6 5

Funcionalidades do Prottipo.......................................................................30 Superclasses de Veculos de Comunicao..................................................37 Superclasse Listagem..........................................................................38 Superclasse Codificao .....................................................................41 O Prottipo em Funcionamento ...................................................................43

Discusso .........................................................................................................................45 5.1 5.1.1 5.1.2 5.1.3 5.1.4 5.1.5 5.2 5.2.1 5.2.2 5.2.3 5.2.4 Validao Conceitual ...................................................................................45 Cenrio A: Projeto de Aprendizagem.................................................45 Cenrio B: Investigao em Grupo.....................................................48 Cenrio C: Controvrsia Acadmica ..................................................49 Cenrio D: Jigsaw...............................................................................51 Sntese dos Cenrios ...........................................................................53 Avaliao do Prottipo.................................................................................53 Funcionamento do Mdulo do Moodle ..............................................53 Funcionalidades Comuns a Outros Ambientes...................................55 A Flexibilidade no Prottipo ..............................................................56 Prximos Passos .................................................................................58

6

Concluso ........................................................................................................................59 6.1 6.2 Contribuies do Trabalho ...........................................................................59 Trabalhos Futuros.........................................................................................60

Referncias Bibliogrficas .....................................................................................................64 APNDICE I: Diagrama de Navegao...............................................................................69 APNDICE II: Esquemas das Configuraes dos Veculos...............................................73

APNCIDE III: Configuraes das Classes de Veculos de Comunicao: Frum, Blog, Chat, Cdigo Haskell e Cdigo Prolog .................................................................................77

Lista de Figuras

Figura 1. Modelo de colaborao 3C de Fuks. Fonte (Fuks et al, 2002). ..................................9 Figura 2. Taxonomia espao-tempo de Ellis para groupware. Adaptado de (Ellis et al, 1991). ..................................................................................................................................................10 Figura 3. Classificao de Groupware de acordo com aspectos tecnolgicos. Adaptado de (vila, 1999).............................................................................................................................10 Figura 4. Artefato de Conhecimento em um Ambiente de Trabalho com Conhecimento. Adaptado de (Anttila, 2006). ....................................................................................................16 Figura 5. Esquema Conceitual de Dados do MOrFEU. ...........................................................19 Figura 6. Esquema de Dados do prottipo do MOrFEU-UFAM. ............................................30 Figura 7. Esquema do Banco de Dados do MOrFEU-UFAM..................................................33 Figura 8. Diagrama de Navegao do prottipo construdo do MOrFEU-UFAM...................34 Figura 9. Esquema de Dados de um Veculo Listagem............................................................39 Figura 10. Esquema de Dados de um Veculo da Classe Blog. ...............................................39 Figura 11. Diagrama de Navegao da Superclasse de Veculo Listagem. Em azul esto as pginas que j existiam e foram reutilizadas............................................................................40 Figura 12. Esquema de Dados de um Veculo Codificao. ....................................................43 Figura 13. Diagrama de Navegao da Superclasse de Veculo Codificao. Em azul esto as pginas que j existiam e foram reutilizadas............................................................................43 Figura 14. Algumas pginas do prottipo funcionando: Meus Artigos (a); Meus Grupos (b); Meus Veculos (c); A Criao de um Novo Veculo (d); Editando as Configuraes de um

xi

Veculo Blog (e); Visualizando o Veculo Blog (f); Vendo as Verses de um Artigo (g); Vendo as Diferenas entre duas Verses de um Artigo (h)......................................................44 Figura 15. Processo de desenvolvimento de Projetos de Aprendizagem. Fonte: (Monteiro, 2006).........................................................................................................................................46 Figura 16. Modelagem do Veculo de Comunicao para Projetos de Aprendizagem. Uma classe especializada que pode ser instanciada para suportar a construo de Projetos de Aprendizagem especficos........................................................................................................47 Figura 17. Modelagem do Veculo de Comunicao para o Jigsaw. Sub-veculos de cada etapa compe o veculo principal, que por sua vez so compostos por outros sub-veculos. Os veculos Explorao, Relato e Integrao podem ter mais de uma instncia, uma para cada grupo.........................................................................................................................................52 Figura 18. Um Frum para a Controvrsia Acadmica implementado no prottipo do MOrFEU-UFAM. Em destaque nas elipses azuis, os links para responder aparecem apenas para os trs tpicos principais, em destaque com os retngulos vermelhos. ............................58 Figura 19. Uma pgina no Diagrama de Navegao. ...............................................................70 Figura 20. Links no diagrama de navegao.............................................................................71 Figura 21. Incluso no Diagrama de Navegao......................................................................71 Figura 22. Redirecionamento no Diagrama de Navegao. .....................................................72 Figura 23. Links de stios no Diagrama de Navegao.............................................................72

xii

Lista de Quadros

Quadro 1. Quantidade de vezes que os ambientes foram avaliados ou comparados na literatura entre os anos de 1997 at 2004. Dados colhidos de (Itmazi, 2005). As clulas em branco indicam que o ambiente no foi levado em considerao na contagem...................................14 Quadro 2. Configuraes em XML de Veculos Listagem. Em azul e itlico, as descries, e em vermelho e tachado, o que no foi implementado. .............................................................41 Quadro 3. Os seis estgios da Investigao em Grupo e um esboo de suas principais atividades. Fonte: (Silva et al, 2002)........................................................................................49 Quadro 4. Estgios do mtodo de aprendizagem cooperativa Controvrsia Acadmica. Fonte: (Mendona et al, 2002).............................................................................................................50 Quadro 5. Estgios do mtodo de aprendizagem cooperativa Jigsaw. Fonte: (Pereira et al, 2002).........................................................................................................................................52 Quadro 6. Esquema das configuraes de veculos de comunicao da superclasse Listagem, feito em XMLSchema. .............................................................................................................75 Quadro 7. Esquema das configuraes de veculos de comunicao da superclasse Codificao, feito em XMLSchema .........................................................................................76 Quadro 8. Configurao das classes de veculos Frum e Blog...............................................77 Quadro 9. Configurao da classe de veculos Chat. ...............................................................78 Quadro 10. Configurao das classes de veculos Cdigo Haskell e Cdigo Prolog. .............78

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Lista de Siglas

AVA CASE CMS CMS CSCL CSCW HTML LCMS LMS MOrFEU PHP RSS SGBD UFAM UML UPI WYSIWYG XML

Ambiente Virtual de Aprendizagem Computer-Aided Software Engineering Content Management System Course Management System Computer-supported Cooperative Learning Computer-supported Cooperative Work HyperText Modeling Language Learning Content Management System Learning Management System Multi-Organizador Flexvel de Espaos virtUais Hypertext Preprocessor Really Simple Syndication Sistema Gerenciador de Banco de Dados Universidade Federal do Amazonas Unified Modeling Language Unidade de Produo Intelectual What You See Is What You Get eXtensible Markup Language

xiv

1 Introduo

O surgimento da Internet e, mais tarde, da Web provocou uma verdadeira revoluo na organizao e desenvolvimento das atividades humanas, notadamente aquelas realizadas de forma colaborativa (Berners-Lee, 2000). Inicialmente partiu-se das conquistas tecnolgicas para oferecer ferramentas que pudessem ser usadas no apoio a atividades intelectuais, com nfase nas formas de trabalho de grupos com maior visibilidade. Hoje, busca-se identificar e apoiar as formas de trabalho diferenciadas de cada comunidade. Em um primeiro instante as atividades foram transportadas para o espao virtual sob o condicionamento das ferramentas de comunicao, onde o compartilhamento das produes tambm ocorria atravs de tais ferramentas. Naquela fase, a produo coletiva foi socializada atravs dos programas de transferncia de arquivos. Para cada atividade os usurios precisavam utilizar diferentes ferramentas. O momento seguinte foi marcado pelo surgimento de ambientes voltados para a organizao das produes coletivas, facilitando o compartilhamento e propiciando a integrao de pessoas, documentos e interaes. Assim surgiram os Wikis e os Blogs, onde os artefatos so diretamente integrados s ferramentas de gerncia de reviso e de controle de verses. Entretanto, h ainda muitas situaes trazidas por esse novo paradigma, que precisam ser exploradas e adequadamente incorporadas aos ambientes virtuais. Diferentes grupos realizam suas atividades usando diferentes formas de organizao e essas formas diferenciadas podem ser determinantes para a qualidade de suas produes. As formas de organizao podem variar de atividade para atividade e podem ser criadas e modificadas sob medida para um dado empreendimento.

Black et al (2007) afirma que ambientes virtuais existentes no mercado so muito parecidos e padronizados, com apenas micro-detalhes diferenciando-os. E ainda, que os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) so essencialmente produtos padronizados desenvolvidos para suporte de atividades no padronizadas, com diferentes reas de contedo, filosofias e estilos de ensino. Portanto, observa-se um movimento de padronizao dos ambientes, mas o mesmo no est acontecendo com as atividades realizadas dentro desses ambientes, pelo contrrio, as atividades esto cada vez mais se diversificando. Mesmo em atividades especficas, frequentemente v-se que os ambientes disponveis no mercado no so adequados. Tomando a rea de ensino de computao, pode-se citar exemplos como o relatado em (Almeida Neto, 2007), que props um ambiente para autoria de programas, e em (Rling et al, 2008), que discute as diversas formas de utilizar as ferramentas especficas existentes para ensino e aprendizagem de computao dentro de ambientes virtuais, mas deixa claro que isso no possvel ainda. Num contexto mais amplo de ensino e aprendizagem, o exemplo de (Mendona et al, 2003) discute como o mtodo de aprendizagem colaborativa Controvrsia Acadmica pode fazer uso das ferramentas de um ambiente virtual, verificando que os ambientes tradicionais no suportam o tipo de frum necessrio para tal. Situao similar relatada por (Menezes et al, 2008), que indica a inadequao de ambientes virtuais tradicionais para a arquitetura pedaggica chamada Projeto de Aprendizagem (Fagundes et al, 1999). Em casos como os dos exemplos citados, a modificao de um ambiente existente mostrou-se invivel por diferentes fatores, provocando o desenvolvimento de vrias ferramentas e ambientes virtuais especficos, o que evidencia tratar-se de um problema recorrente. Chegamos ento a um momento onde a produo de ambientes precisa deixar de ser centrada na tecnologia e deve voltar-se para as particularidades de grupos e tarefas. Uma 2

estratgia possvel a concepo e desenvolvimento de ambientes flexveis para apoiar a realizao de atividades cooperativas, propiciando aos usurios uma melhor sintonia entre ferramentas de apoio e os objetivos e o perfis dos participantes de uma determinada atividade. O trabalho aqui descrito faz parte de um esforo multi-institucional de pesquisa no tema onde, a partir dos elementos conceituais que definem uma nova abordagem concepo e desenvolvimento de ambientes virtuais, relata a organizao, modelagem e implementao de uma instncia desse tipo de ambiente, atualmente em plena utilizao na UFAM. Tal ambiente virtual recebe o nome de MOrFEU, um acrnimo para Multi-Organizador Flexvel de Espaos virtUais. 1.1 Objetivos O objetivo geral do trabalho foi a concepo de um ambiente virtual segundo um paradigma diferenciado para a organizao da produo intelectual de seus usurios. Foram objetivos especficos deste trabalho: A partir das limitaes j registradas na literatura ou observadas em situaes reais de uso, proceder a elicitao de requisitos para ambientes a serem desenvolvidos segundo o paradigma proposto; Desenvolver, segundo o paradigma discutido, uma modelagem conceitual para o MOrFEU; Construir uma verso inicial para o MOrFEU, utilizando o Moodle

(Dougiamas&Taylor, 2003) como plataforma de desenvolvimento; 1.2 Avaliar a adequao conceitual da ferramenta desenvolvida; Metodologia O trabalho foi desenvolvido atravs de um conjunto de procedimentos e estratgias prprias rea conforme segue: 3

a) Levantamento Bibliogrfico na etapa inicial da investigao, alm da reviso realizada em trabalhos da literatura relacionada, buscando contextualizar

adequadamente a proposta, duas outras atividades merecem destaque: 1. Anlise de ambientes virtuais onde, de acordo com a disponibilidade de acesso aos ambientes, foram observadas suas ferramentas constituintes e metforas de utilizao. 2. Elicitao de experincias no uso e desenvolvimento de ambientes virtuais a partir de relatos e cenrios de situaes reais de uso, foram definidas estratgias para o desenvolvimento do projeto, especialmente aquelas relacionadas ao desenvolvimento de software. b) Registro de aspectos conceituais do MOrFEU a partir de relatos e decises de projeto definidas por um grupo de pesquisa interinstitucional, alguns pressupostos conceituais do MOrFEU foram listados. c) Explorao do Moodle para definio do esquema de implementao a ser utilizado no projeto. d) Modelagem do ambiente a partir dos requisitos definidos pela experincia (item a.1) e pressupostos conceituais (item b). e) Implementao prototipagem do ambiente, aplicando as estratgias definidas no item (c). f) Testes para validao conceitual.

1.3

Organizao do Trabalho No Captulo 2 busca-se situar a proposta atravs de um levantamento sobre como

atividades relacionadas ao trabalho e aprendizagem, especialmente as que envolvem colaborao, so desenvolvidas fazendo-se uso de ambientes virtuais. A seguir, no Captulo 3, 4

discute-se como possvel tornar esses espaos virtuais mais acessveis atravs de uma maneira inovadora, onde se apresenta o MOrFEU, atravs de alguns elementos do seu arcabouo conceitual. No Captulo 4 so descritos os detalhes de implementao do prottipo do MOrFEU na UFAM e suas funcionalidades. No Captulo 5 so discutidos alguns testes para validao conceitual do ambiente implementado, seguido das concluses, no Captulo 6.

5

2 Ambientes Virtuais e a Organizao dos Espaos de Trabalho

Desde seu surgimento, o computador tem sido utilizado como ferramenta de trabalho para automao de processos, passando tambm, em certo momento, a ter papel determinante na comunicao entre indivduos e at na organizao do trabalho. Mais recentemente, ambientes virtuais acessveis atravs da Web tm sido desenvolvidos para apoiar a interao entre membros de uma comunidade e as construes coletivas. Neste captulo fazemos uma breve discusso sobre esse panorama, tendo sempre como foco de interesse os ambientes para apoio ao trabalho ou aprendizagem realizados de forma coletiva. 2.1 Trabalho apoiado pelo computador

Segundo Galbraith (1977 apud Lyytinen & Ngwenyama, 1992, p.2), uma viso tradicional de trabalho que embasava (e ainda embasa) muito da pesquisa em computao e sistemas de informao fundada numa teoria de trabalho mecanicista, que sugere que o trabalho pode ser dividido em uma seqncia de tarefas caracterizadas somente em termos de sua incerteza e da necessidade de informao para a tomada de decises. Em um artigo discutindo questes relacionadas reengenharia do trabalho e das organizaes num contexto onde o computador e vrias tecnologias relacionadas j se faziam presentes, Michael Hammer (1990) sustenta que pesados investimentos em Tecnologia da Informao frequentemente produzem resultados desanimadores devido ao fato de que as organizaes tendem a usar a tecnologia para mecanizar antigas formas de trabalho, deixando os processos existentes intactos, usando computadores simplesmente para torn-los mais velozes. Segundo Hammer, comum que o trabalho seja organizado como uma seqncia de tarefas separadas e que sejam empregados complexos mecanismos para monitorar seu

progresso. Apesar de que os sistemas para impor controle e disciplina sobre aqueles que de fato realizam o trabalho terem sido criados no perodo imediatamente posterior 2. Guerra, tal arranjo remonta Revoluo Industrial, onde devido escassez de pessoal com habilidades para o trabalho gerencial, uma forte hierarquia era necessria e os sistemas de controle conduziam informao para o topo da hierarquia para os poucos que supostamente saberiam o que fazer com ela. Se por um lado Hammer ilustrava que bancos de dados compartilhados e redes de computadores possibilitavam diferentes tipos de informao a uma pessoa e que sistemas especialistas poderiam ajudar pessoas com experincia limitada a tomar decises bem fundamentadas, caracterizando um cenrio de confronto a noes centenrias sobre o trabalho, a importncia das ferramentas de comunicao num contexto de apoio deciso havia sido ressaltada na dcada anterior (Turoff&Hiltz, 1982), inclusive trazendo uma preocupao com a possibilidade de que uma excessiva ou inadequada estruturao dessa comunicao viesse a prejudicar a interao entre os membros de um grupo, uma vez que Muitas empresas que passaram a usar computadores em sua comunicao pensam neles [apenas] como um correio eletrnico que prov uma simulao automatizada de memorandos internos, servindo apenas para estabelecer canais de comunicao mais rpidos e baratos. Essas empresas no esto preocupadas que possam existir melhores modos de comunicar ou, especificamente, se o computador possibilitaria novas formas de comunicao. A integrao de grupos de trabalho geograficamente dispersos foi apenas uma das possibilidades trazidas pelas ferramentas de comunicao, ajudando a tornar mais explcita a natureza multidimensional e a riqueza social na articulao dos processos de trabalho, caractersticas antes negligenciadas no desenvolvimento de aplicaes da Tecnologia da Informao situao que mudaria significativamente a partir de meados da dcada de oitenta (Lyytinen & Ngwenyama, 1992). 7

2.1.1

Colaborao/Cooperao Existem pelo menos trs pontos de vista com relao aos conceitos de colaborao e

cooperao. Um diz respeito que colaborao tem o mesmo sentido de cooperao; um segundo ponto de vista diz que colaborao mais geral que cooperao; e o terceiro, que cooperao mais geral que colaborao. Dois autores no fazem distino entre os dois conceitos. Ferreira (1986, p. 38 apud Maada&Tijiboy, 1998) define colaborao como trabalho em comum com uma ou mais pessoas; cooperao; auxlio; contribuio. E ainda, Kaye (1991, p. 20 apud Maada&Tijiboy, 1998) acredita que:[...] colaborar (co-labore) significa trabalhar junto, que implica no conceito de objetivos compartilhados e uma inteno explcita de somar algo - criar alguma coisa nova ou diferente atravs da colaborao, se contrapondo a uma simples troca de informao ou passar instrues.

No entanto, para Maada&Tijiboy (1998), que compartilha as idias de Piaget (1973 apud Maada&Tijiboy, 1998) e Vygotsky (1987 apud Maada&Tijiboy, 1998), o conceito de cooperao mais complexo, pois pressupe a interao e a colaborao, de forma que perceberam que:[...] a diferena fundamental entre ambos conceitos reside no fato de que para haver colaborao um indivduo deve interagir com o outro, existindo ajuda - mtua ou unilateral. Para existir cooperao deve haver, interao, colaborao, mas tambm objetivos comuns, atividades e aes conjuntas e coordenadas.

O terceiro ponto de vista o de Fuks et al (2002) que, baseado em (Ellis et al, 1991), acredita que o conceito de colaborao mais geral e abrange os conceitos 3C de comunicao, coordenao e cooperao. A Figura 1 apresenta de modo esquemtico os conceitos 3C as relaes entre si. Neste trabalho, adota-se a viso de Maada&Tijiboy (1998): sendo a cooperao um conceito mais complexo e estando inclusos os conceitos de colaborao e interao, sendo necessrios para se haver cooperao.

8

Figura 1. Modelo de colaborao 3C de Fuks. Fonte (Fuks et al, 2002).

2.1.2

Groupware, CSCW e CSCL Os sistemas groupware so aplicaes que do suporte a grupos. (Ellis et al, 1991)

define os groupware como sistemas de computao que apiam grupos de pessoas que tomam parte em uma tarefa (ou meta) em comum e que provm uma interface para um ambiente compartilhado. Na Figura 2 apresentada a taxonomia espao-tempo de Ellis et al (1991). Ainda existe outras definies para o termo, que segundo (Johnson-Lenz&Johnson-Lenz, 1981 apud Penichet et al, 2007) a definio original : um processo intencional de grupos mais o software para dar suporte a eles.

9

Mesmo Tempo Mesmo Espao Espaos Diferentes Interao Face a Face Interao Sncrona Distribuda

Tempos Diferentes Interao Assncrona Interao Assncrona Distribuda

Figura 2. Taxonomia espao-tempo de Ellis para groupware. Adaptado de (Ellis et al, 1991).Por tecnologia

Por nvel de automatizao

Por espaotempo

Por manejo da informao

Por propsito da aplicao

Por tipo de tecnologia

Fluxo de documentos

Interao sncrona

Compartilhament o de informao

Propsito Geral

Sistemas de mensagem por computador Editores multiusurios

Automatizao de processos

Interao Assncrona

Sistemas Cooperativos

Propsito especfico

Automatizao de tarefas

Distribuio Sncrona

Sistemas Concorrentes

Sistemas para suporte de deciso em grupo Sistemas de reunies eletrnicas Agentes inteligentes

Ferramentas Flexveis para trabalho em grupo

Sistemas de coordenao

Groupware de servio

Aplicaes colaborativas baseadas na Internet

Figura 3. Classificao de Groupware de acordo com aspectos tecnolgicos. Adaptado de (vila, 1999). 10

vila (1999) classifica os groupware em diversas categorias e em diversos ngulos, que primeiramente divide em tipo de tecnologia e propsito do grupo. A Figura 3 mostra um quadro de classificao das aplicaes groupware de acordo com a tecnologia. Por sua vez, CSCW (Computer-supported Cooperative Work) o estudo de como as pessoas utilizam a tecnologia, com relao a hardware e software, para trabalhar juntas em tempo e espao compartilhados, segundo (Rama&Bishop, 2006). H ainda outros autores com outras definies sobre o que a rea de CSCW estuda, tal como em (Schmidt&Bannon, 1992), que afirma que CSCW uma rea de pesquisa destinada explorao e descoberta dos requisitos de suporte organizao do trabalho cooperativo. Portanto, a diferena entre CSCW e groupware que CSCW descreve a pesquisa e groupware descreve a tecnologia (Grudin, 1994 apud Schmidt&Bannon, 1992). Observa-se que os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) so groupwares que compartilham a classificao de vila (1999). Eles so estudados pela rea de pesquisa chamada de CSCL (Computer-supported Cooperative Learning), uma derivao do termo CSCW. No entanto, para esses h ainda outras nomenclaturas e classificaes, que foram exploradas por (Watson&Watson, 2007), que define LMS, CMS e LCMS. Assim, um Learning Management System (LMS) um framework que cuida de todos os aspectos do processo de aprendizagem (Watson&Watson, 2007), no se limitando apenas ao ambiente, mas tambm cuida das atividades e processos realizados nesse ambiente. No entanto, LMS um termo muito utilizado na literatura para se referir a AVAs em geral. E um Course Management System (CMS) um ambiente que prov o instrutor com um conjunto de ferramentas e um framework que permite a criao relativamente fcil de contedos de cursos online e o subseqente ensino e gerncia do curso incluindo as interaes dos estudantes do curso (EDUCAUSE Evolving Technologies Committee, 2003, p.1 apud Watson&Watson, 2007). Por fim, um Learning Content Management System (LCMS) um sistema usado para 11

criar, armazenar, montar e entregar contedo personalizado de e-Learning na forma de objetos de aprendizagem (Oakes, 2002, p. 73 apud Watson&Watson, 2007). Aqui, entende-se por e-Learning (aprendizagem eletrnica), como a aprendizagem realizada atravs de tecnologias digitais. 2.2 Ambientes Virtuais Um Breve Survey Existem vrios ambientes virtuais baseados na Web. E os AVAs so os mais abundantes nesse meio. Itmazi (2005) afirma que o mercado de AVAs no ano de 2005 possua pelo menos 200 produtos. Em (Ctedra Unesco de Educacin a Distancia, 2009) h uma lista com 116 nomes de AVAs e links para suas pginas oficiais. (EduTools, 2009a) e (EduTools, 2009b) trazem outras listas de AVAs (muitos dos presentes na lista anterior), diferenciando por verses, o primeiro com AVAs mais antigos e o segundo com mais recentes, e dando acesso a comentrios feitos sobre algumas categorias de caractersticas, possibilitando uma comparao entre os ambientes. Muitos desses produtos surgiram ao longo dos anos e se desenvolveram, tornando-se populares e ganhando sempre novas verses. No entanto, outros so apenas citados, mas no houve um real desenvolvimento destes ambientes. Dois histricos sobre o desenvolvimento de AVAs baseados na web podem ser encontrados em (Wikipedia, 2009) e (Moodle.org, 2009a). Baseado nestas duas listas e no surgimento de outros AVAs que se tem conhecimento, principalmente no cenrio nacional, elaborou-se a seguinte lista, indicando o ano da apario da primeira verso do dado ambiente. Nesta lista foram omitidos vrios ambientes, deixando apenas aqueles com maior popularidade:

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1995: BSCW 1 , TopClass 2 ; 1997: WebCT 3 , Blackboard 4 ; 1999: LON-CAPA 5 ; 2000: Claroline 6 , ILIAS 7 , AmCorA (Menezes et al, 2000), AulaNet (Fuks, 2000), eProinfo (Ministrio da Educao, 2000);

2002: Moodle 8 (Dougiamas&Taylor, 2003), dotLRN 9 , ATutor 10 , Fle3 11 ; 2003: TelEduc (Rocha, 2003); 2004: Sakai 12 ; 2005: AMADIS (Monteiro et al, 2005); 2006: COFALE (Chieu, 2006), ACAI (Lima, 2006); 2007: TIDI-Ae (Beder et al, 2007), Amadeus 13 ; Itmazi (2005) apresenta um estudo sobre 58 trabalhos de comparaes de AVAs para

e-Learning, encontrados em sua biblioteca e na Internet at princpios de 2005, visando escolha de um para a implementao do seu prottipo. Se um ambiente faz parte de um trabalho de comparao com outros ambientes, quer dizer que ele popular e est sendo utilizado pela comunidade ou possui caractersticas interessantes levadas em considerao na comparao. Assim, elaborou-se o Quadro 1 para mostrar a evoluo de popularidade em

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http://www.bscw.de/ http://www.wbtsystems.com/ 3 http://www.webct.com/ 4 http://www.blackboard.com/ 5 http://www.lon-capa.org/ 6 http://www.claroline.net/ 7 http://www.ilias.de/ 8 http://moodle.org/ 9 http://dotlrn.org/ 10 http://www.atutor.ca/ 11 http://fle3.uiah.fi/ 12 http://sakaiproject.org/ 13 http://amadeus.cin.ufpe.br/

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trabalhos de comparao de AVAs. Neste quadro s foram apresentados os AVAs com um bom nmero de comparaes, pois havia muitos AVAs que foram comparados apenas pouqussimas vezes.Ambientes Virtuais WebCT Blackboard TopClass ILIAS ATutor dotLRN Moodle Claroline Fle3 LON-CAPA 1997-1998 4 trab. 4 2 3 1999 3 trab. 3 2 2 2000 6 trab. 3 5 2 Ano 2001 7 trab. 7 7 1 2002 10 trab. 10 6 0 2003 18 trab. 10 11 2 5 5 4 8 4 3 3 2004 8 trab. 4 4 0 3 3 2 5 1 0 0

Quadro 1. Quantidade de vezes que os ambientes foram avaliados ou comparados na literatura entre os anos de 1997 at 2004. Dados colhidos de (Itmazi, 2005). As clulas em branco indicam que o ambiente no foi levado em considerao na contagem.

Observa-se no Quadro 1 a popularidade do WebCT e do Blackboard, estando sempre entre os mais citados em trabalhos de comparao de AVAs, que, por serem software comerciais, tiveram um bom investimento nos seus desenvolvimentos. Mas observa-se nos ltimos anos analisados por (Itmazi, 2005) uma crescente recorrncia para o Moodle. O stio (Google Directory, 2009) traz um lista de produtos para criao de cursos na Web, ordenados por sua popularidade em links de pginas Web, e em primeiro lugar encontra-se o Moodle, seguido pelo WebCT e o Blackboard. O stio (Moodle.org, 2009b) traz estatsticas a respeito da utilizao do Moodle, que j conta com quase de trinta milhes de usurios cadastrados em cerca de cinqenta mil stios registrados em 208 pases. Black et al (2007) discute o que pode ser feito para aumentar as chances de escolha de um AVA, demonstrando quais caractersticas devem ser levadas em considerao, como compatibilidade, vantagem relativa, capacidade de ser testado, complexidade e satisfao do usurio. No entanto, ele ressalta essas caractersticas por concluir que os AVAs existentes no mercado so muito parecidos e padronizados, com apenas micro-detalhes diferenciando-os. E 14

ainda que os LMSs so essencialmente produtos padronizados desenvolvidos para suporte de atividades no padronizadas, com diferentes reas de contedo, filosofias e estilos de ensino. Portanto, observa-se este movimento de padronizao dos ambientes, mas no isto o que est acontecendo com as atividades realizadas dentro desses ambientes, pelo contrrio, as atividades esto cada vez mais se diversificando. Assim, o que se espera de um ambiente virtual de uso geral que ele seja adequado para todos esses tipos de atividades, sendo flexvel o suficiente para tal. 2.3 Ambientes de Trabalho e Conhecimento O trabalho e a aprendizagem colaborativos necessitam do compartilhamento de estruturas conceituais para a incorporao de um conceito j existente ou a criao de um novo conhecimento. Anttila (2006) destaca os requisitos bsicos para um ambiente de trabalho colaborativo com conhecimento intenso (collaborative knowledge-intensive work), seguindo os modelos da Web 2.0 (tambm chamada de Web Social) (OReilly, 2005), utilizando algumas de suas ferramentas: agregadores, fruns, wikis, blogs e arquivos. Mas o interessante que o conhecimento tratado como uma unidade, um artefato de conhecimento (ver Figura 4). Isto se reflete da necessidade de unificao das unidades que compem o conhecimento. E demonstra que as ferramentas de interao e comunicao compem uma parte importante no desenvolvimento deste conhecimento, e seus produtos no podem ser vistos separadamente.

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Resultados (blog): Resultado final ou iterao que ser Idias Chave (wiki): Importantes recursos de conhecimento escolhidos baseados em conversao

Participantes colaboram no processo para criar novo conhecimento

Artefato de Conhecimento

=

Conversao (fruns): Mensagens, documentos, ilustraes, etc. Influncia (agregador): Fonte de informao, especialistas externos, etc. Reflexo (blog): Idias, eventos freqentados, comentrio de fontes, etc.

Figura 4. Artefato de Conhecimento em um Ambiente de Trabalho com Conhecimento. Adaptado de (Anttila, 2006).

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3 Uma nova proposta para Organizao dos Espaos Virtuais

Para se obter uma real inovao no uso dos ambientes virtuais preciso pens-los de forma diferenciada. Muitas das ferramentas de comunicao disponveis nesses ambientes foram construdas de acordo com uma concepo definida historicamente. Ou seja, o surgimento de novas ferramentas na Web frequentemente est associado a ferramentas j existentes, de forma que um ambiente virtual se torna um agregador dessas ferramentas, nem sempre adequando-se aos requisitos para a realizao de uma dada atividade. Este captulo descreve a busca por uma abordagem mais flexvel, apresentando um modelo conceitual para tal paradigma. 3.1 Em busca de uma concepo inovadora Atividades relacionadas com o trabalho, os negcios, o lazer, a filantropia, a aprendizagem e outras, podem ocorrer em ambientes virtuais. Embora visem diferentes objetivos, todas elas requerem facilidades para autoria cooperativa, aquisio e socializao de conhecimento. A Internet est povoada por ferramentas de comunicao e interao que so implementadas pela maioria dos sistemas de ambientes virtuais usados por diferentes grupos de desenvolvimento de software, sejam eles CMS (Content Management System) ou LMS (Learning Management System), alm de sistemas de relacionamentos, entre outros. Das ferramentas usuais podemos citar: fruns, e-mails, chats, murais, wikis, blogs, FAQs, organizadores de fotos, organizadores de msicas, webfolios, etc. Em geral, cada ambiente permite a configurao de uso para um elenco restrito de ferramentas, de estrutura 17

predefinida, com pequenas facilidades de configuraes. A hiptese que seguimos que as ferramentas hoje disponveis ainda seguem os modelos surgidos historicamente e baseados nas possibilidades disponveis na Web quando foram criadas. Essas ferramentas foram construdas buscando modelar as necessidades de grupos e atividades estereotipadas, e em situaes reais de uso, especialmente onde estratgias pedaggicas mais recentes so aplicadas (Nevado et al, 2007), tm se mostrado cada vez mais inadequadas. sabido que quando uma nova idia surge para ferramentas dessa natureza, ela, em geral, implementada em ferramentas especficas, independente dos ambientes virtuais integrados, e para que possamos us-las nesses ambientes necessrio aguardarmos a implementao por uma equipe de programao. Por outro lado, medida que uma ferramenta dessas ganha popularidade, seus idealizadores tendem a potencializ-la como sistema independente, incorporando facilidades presentes nos ambientes integrados mais populares. Podemos citar como exemplo o caso dos sistemas para produo de blogs, uma ferramenta bastante conhecida hoje, muito usada por profissionais ou amadores de diferentes ramos. medida que o uso do blog foi se popularizando, foram sendo incorporados outros recursos tais como fruns, marcadores e enquetes. Por outro lado, os ambientes integrados buscam a incorporao dessas novas ferramentas, como podemos observar em ambientes virtuais de aprendizagem como o Moodle, ou ambientes gerenciadores de contedo como o Drupal 14 , que incorporaram blogs. Isso semelhante ao que ocorre com ferramentas tais como wikis, fruns, RSS e outros. Nesse contexto, participamos de um esforo de investigao para identificao e modelagem de elementos bsicos das atividades intelectuais individuais e coletivas realizadas em ambientes virtuais, que permitam a construo de ferramentas flexveis que possam ser facilmente integradas aos perfis dos participantes e s caractersticas de atividades especficas.

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http://drupal.org/

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Como catalisador para essa investigao, em (Menezes et al, 2008) foi proposta a concepo e implementao de um ambiente virtual flexvel para organizao das interaes de pessoas, de suas bibliotecas digitais (multimiditicas) e de suas produes individuais e coletivas, inclusive as resultantes de interaes, de maneira tal que resgate os aspectos singulares de cada indivduo, promovendo caractersticas adaptativas ao ambiente. Tais produes sero posteriormente, objeto de gesto do conhecimento e devero receber suporte inteligente de agentes de software dedicados. Esse mundo virtual foi denominado MOrFEU, um acrnimo para Multi-Organizador Flexvel de Espaos virtUais. 3.2 MOrFEU Modelagem conceitual A concepo primordial do sistema o suporte autoria, publicao e socializao das produes intelectuais. Ao invs de colocar o foco no uso de ferramentas, dentro de um determinado contexto, teremos como base a manifestao dos sujeitos atravs do que chamaremos de Unidade de Produo Intelectual (UPI). A Figura 5 apresenta os elementos bsicos da estrutura conceitual inicial, proposta para o ambiente.

Figura 5. Esquema Conceitual de Dados do MOrFEU.

Uma UPI tem a forma de uma mensagem que se deseja registrar. Ela tem autor(es), um ttulo e um corpo. Os autores podem ser tanto pessoas quanto grupos. A reviso de uma UPI produz sempre uma nova verso da mesma, mantendo intacta a verso anterior. Isto permite a gerncia de verses. O suporte publicao de UPIs o que se denominou de 19

Veculo de Comunicao. Assim, as UPIs so sempre socializadas e publicadas atravs dos Veculos de Comunicao, que so responsveis tambm pela interao entre as pessoas. Cada usurio do ambiente pode escrever inmeras UPIs, as quais podem ser ou no socializadas. As UPIs no socializadas ficam automaticamente na coleo de UPIs privadas, que um veculo de comunicao bsico do ambiente. As produes podem ser organizadas de diferentes maneiras pelo autor, sendo a ordenao padro por ordem cronolgica (o mais recente est no topo da pilha). Neste sentido, a organizao bsica lembra a caixa de produes de um escritor, na qual as pginas produzidas vo sendo empilhadas. As UPIs podem ser socializadas atravs de um ou mais veculos de comunicao. Para socializao, o veculo de comunicao bsico a coletnea de UPIs socializadas, por autor. Cada autor tem o seu veculo individual de socializao. As UPIs podem fazer referncias a outros elementos do ambiente. Estas referncias podem ser a arquivos digitais presentes na coleo de mdias, a outras UPIs ou a veculos de comunicao. Estas referncias devem ser apresentadas como links e deve-se ter uma listagem destas referncias em cada UPI. O Ambiente deve prover suporte criao e edio de Veculos de Comunicao. Existe uma organizao de Veculos de Comunicao, em forma de Superclasse, Especializao e Instncia. Por exemplo, um jornal uma classe geral de veculo (ou uma Superclasse), o jornal a Folha de So Paulo uma especializao da classe Jornal (ou uma Classe) e um exemplar da Folha, de 20 de janeiro de 2008, uma instncia (ou um Veculo). Todo e qualquer suporte interao modelado atravs do conceito de Veculo de Comunicao. Na concepo do MOrFEU, os chats, os fruns, o correio eletrnico, os murais e outros, so modelados como veculos de comunicao. Mensagens enviadas a um frum, a um correio eletrnico, a um chat, etc., so UPIs que tambm estaro disponveis na coletnea de publicaes individuais, acessveis diretamente por este veculo. Um dado veculo possui 20

periodicidade e sua publicao pode estar condicionada ou no anlise de revisores. O formato de exibio de UPIs e de veculos ser definido por templates (inicialmente atravs de CSS) com idias baseadas no ambiente MAMBO 15 e congneres. Os veculos possuem configuraes que moldam suas caractersticas, e estas configuraes so passveis de modificaes a qualquer momento. Cada superclasse de veculo responsvel por definir seu conjunto de configuraes possveis, que sero repassadas aos seus herdeiros, suas especializaes e instncias. Inicialmente, podem existir configuraes de permisses de visualizao e navegao, de permisses de publicao, de permisses de modificao de configuraes, de modos de apresentao (que pode estar agregado ao modelo de templates). Um veculo pode fazer o papel de agregador, de forma a centralizar o conhecimento, tendo funo semelhante ao artefato de conhecimento de (Anttila, 2006), ilustrado na Figura 4. Isto feito atravs da relao de sub-veculo entre veculos. Como as superclasses de veculos modelam todos os veculos herdeiros, esta deve definir as caractersticas e configuraes de quais tipos e como os veculos sero agregados nos veculos herdeiros. J o papel da classe de veculos servir de modelo inicial para a agregao dos veculos, j que as caractersticas de um veculo podem ser modificadas a qualquer momento, seguindo as regras impostas pela sua superclasse. Desta forma, um veculo pode possuir sub-veculos diferentes dos definidos pela sua classe, como um modelo. Assim, as superclasses de veculos tm como papel definir os limites dos veculos herdeiros, assim como seu funcionamento e navegao. As classes faro papel de modelo para os veculos herdeiros, um molde inicial para os veculos instanciados nesta classe. E os veculos devem ter a capacidade de se modificar a qualquer instante, seguindo sempre as definies de sua superclasse.

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http://mambo-foundation.org/

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O sistema pode dar suporte tambm s colees de mdias, onde podem ser organizados arquivos digitais em diferentes formatos e que podem ser referenciados e utilizados pelas UPIs. Os usurios do ambiente podem se organizar em grupos. Os grupos, por sua vez, so organizados hierarquicamente, com cada grupo com o seu grupo-pai, seguindo a idia de Menezes et al (2000). Os nveis de visibilidade das produes e das mdias so: privado, grupos selecionados, meus grupos, usurios cadastrados e todos os usurios da Web. 3.3 Requisitos No-Funcionais Uma vez que a Seo 3.2 apresentou algumas funcionalidades da proposta, enumeramos a seguir alguns requisitos no-funcionais j identificados. a) Usabilidade: pode ser definida como a capacidade de uma ferramenta ser usada facilmente e eficientemente por humanos (Shackel, 1991, p.24 apud Hornbk, 2006), ou a efetividade, a eficincia e a satisfao com que usurios especficos podem alcanar metas em ambientes particulares (ISO, 1998, p.2 apud Hornbk, 2006). As possibilidades de organizao e visualizao das UPIs de cada indivduo e dos grupos a que pertence necessitam contar com recursos de manipulao adequados simplicidade e naturalidade da proposta; b) Aceitao e Adoo: necessrio que o MOrFEU tenha uma estratgia de desenvolvimento com diferentes etapas de avaliao formativa que permita-lhe ter uma boa aceitao e adoo como ambiente virtual de uso geral na Web. Uma discusso mais aprofundada sobre o que pode ser feito para que se aumentem as possibilidades de isso acontecer pode ser encontrado em (Black et al, 2007); c) Suportabilidade: este requisito se refere s estratgias de desenvolvimento, suporte e manuteno do ambiente, iniciando-se por um bom conjunto de recursos facilitador

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(bibliotecas de componentes, tecnologias, etc) por parte dos desenvolvedores, incluindo adaptabilidade a diferentes plataformas e personalizao.

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4 Implementando o MOrFEU-UFAM

A construo de ambientes virtuais baseados na Web para apoiar o trabalho ou a aprendizagem colaborativa evidentemente uma tarefa rdua. E para construir um prottipo que agregue as funcionalidades que se deseja, necessrio ter muitas das funcionalidades bsicas de um sistema Web. Mesmo considerando-se a construo de um AVA com tcnicas de Engenharia de Software baseadas em componentes, onde so agregadas todas as vantagens do mtodo, a exemplo do que ocorreu no desenvolvimento do TIDIA-Ae (Beder et al, 2007), o processo pode se tornar muito complexo. Se por um lado o desenvolvimento de todas as funcionalidades de um ambiente virtual, que envolve a construo dos servios mais simples at a composio de intricados mdulos, proporciona autonomia ao desenvolvedor, por outro lado a manuteno e integrao do grande nmero de servios requer uma enorme quantidade de tempo e esforo. De fato, a participao do autor no desenvolvimento de novas funcionalidades para um ambiente virtual, o AmCorA (Menezes et al, 2000), confirmou que a maior parte do tempo e esforo foi aplicado em administrar servios bsicos do sistema como o de correio eletrnico, de banco de dados, do servidor Web, de cadastro e atualizao de usurios, etc. 4.1 Utilizando o Moodle como Plataforma de Desenvolvimento Os relatos na literatura relacionada e a experincia pessoal no desenvolvimento de ambientes virtuais baseados na Web motivaram a busca por uma abordagem orientada ao reuso que, alm da economia de tempo e esforo, incorporasse confiabilidade no que diz respeito ao funcionamento dos servios bsicos (grandes demandantes para o desenvolvedor). Aps um levantamento em diferentes plataformas que pudessem viabilizar nossa estratgia,

adotamos o Moodle, principalmente por ser um projeto de software consolidado, desenvolvido em cdigo livre, com uma grande e ativa comunidade de desenvolvedores. E a associao da grande comunidade de desenvolvedores, a grande comunidade de usurios (quase trinta milhes cadastrados (Moodle.org, 2009b)) e as vrias verses lanadas trouxe um grande grau de confiabilidade para que se fizesse uso do Moodle como ponto inicial de reuso de cdigo. A partir de uma experincia anterior na modificao e extenso das funcionalidades do Moodle (Santos et al, 2007), definiu-se as possveis estratgias de desenvolvimento, onde o maior desafio seria reusar a maior quantidade possvel de cdigo sem que isto alterasse as caractersticas pretendidas para o MOrFEU, ou seja, que no herdasse caractersticas indesejveis do Moodle, como a estrutura de cursos, grupos e ferramentas de comunicao. Essas ltimas caractersticas citadas so indesejveis pelo fato de no se adequarem a arquitetura proposta do MOrFEU. Porque o Moodle centrado em cursos, que so os espaos compartilhados onde as atividades so organizadas e disponibilizadas, sendo que as outras unidades dependem da definio destes. Como os grupos, que so sub-organizaes das pessoas de um curso, e a partir da verso 1.9 o Moodle ganhou a funcionalidade de groupings, que so agrupamentos de grupos. Por sua vez, as ferramentas de comunicao e interao (como Frum, Wiki, Chat, Entrega de Atividades, Calendrio) so altamente dependentes da estrutura de Cursos+Grupos+Groupings definida, ou seja, elas s existem dentro desta organizao do Moodle. Por exemplo, um frum pode ser definido para todos os grupos de um grouping definido dentro de um curso, de forma que as pessoas de cada grupo desse grouping possua seu espao reservado nesse frum. Assim, um reuso dessas partes do cdigo do Moodle implicaria em replicar toda essa estrutura organizacional, o que acarretaria na descaracterizao do conceito do MOrFEU em

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relao ao seu prottipo. No entanto, ainda sim, desejou-se reutilizar mximo possvel de cdigos do Moodle. 4.2 Reusando o Cdigo do Moodle O Moodle formado por um ncleo principal constitudo pelo gerenciamento de usurios, de cursos, de grupos e do prprio sistema. E possui uma srie de bibliotecas com os mais diversos procedimentos e funes para apoiar toda a construo do sistema. E os componentes que podem ser separados e adicionados so de dois tipos, blocos (blocks) e mdulos (mods). Alterar o ncleo do sistema no uma boa opo, pois este est sempre sendo em desenvolvido e atualizado, devido ao processo de evoluo natural do Moodle. Os blocos, por sua vez, so elementos da pgina de cursos no Moodle, porm o MOrFEU se baseia em uma estrutura diferenciada, o que implica que desenvolver um bloco no seria adequado, tampouco. Outra opo seria utilizar as bibliotecas e criar todo o sistema, no entanto, construir um mdulo traria mais vantagens. Alm disso, ainda seria possvel aproveitar uma parte do ncleo do sistema, o gerenciamento de usurios e o gerenciamento do sistema. Isto no interferiria no processo de desenvolvimento do ncleo do Moodle, podendo este mdulo ser instalado em verses posteriores do Moodle. 4.3 Detalhes e Caractersticas da Implementao de um Mdulo Quando se criou o mdulo para o prottipo do MOrFEU-UFAM, o seu cdigo-fonte ficou no diretrio morfeu dentro do diretrio mod do Moodle. Esse diretrio contm alguns elementos principais de interao com o sistema do Moodle:

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O arquivo version.php, contendo: o nmero da verso deste mdulo; a verso do Moodle compatvel com este mdulo; e a freqncia com que o script cron.php 16 ir ser executado para este mdulo.

O arquivo mod.html, que deve conter um formulrio de adio de novas instncias deste mdulos a um curso. Mas no caso do MOrFEU, ele no tem instncias nos cursos, pois no tem ligao alguma com os cursos do Moodle. Portanto, este arquivo contm apenas uma mensagem dizendo que o MOrFEU j est instalado.

O diretrio db, que contm dois elementos principais: um script mysql.sql, com instrues para o SGBD que so executadas no momento da instalao do mdulo (para MOrFEU foi definido apenas as instrues para o MySQL 17 , mas o Moodle ainda d suporte para PostgreSQL 18 , Oracle 19 e MS SQLServer 20 ); e o script upgrade.php que define procedimentos que devem ser adotados quando h uma modificao na verso do mdulo. E para instalar ou atualizar um mdulo basta acessar num navegador Web o endereo http://domnio.../moodle/admin/index.php.

O diretrio lang, que possui arquivos com as strings em vrias lnguas para o suporte multilnge do Moodle. Inicialmente, o MOrFEU s d suporte para o ingls, que o padro, e o portugus brasileiro.

O arquivo lib.php, que a biblioteca de funes do mdulo. Neste script est contido o procedimento morfeu_cron, que executado quando chamado pelo script cron.php.

O script cron.php executado periodicamente executando tarefas do sistema e de mdulos instalados, como, por exemplo, backups, envio de e-mails e processamento de estatsticas. 17 http://www.mysql.com/ 18 http://www.postgresql.org/ 19 http://www.oracle.com/ 20 http://www.microsoft.com/sqlserver/

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Deste modo, o MOrFEU agrega caractersticas importantes que incrementam sua robustez, como: uma instalao e atualizao simples, o que facilita sua evoluo; funciona com vrios tipos de SGBDs; funciona em vrias lnguas; e pode realizar tarefas de autogerenciamento, como backups. Alm disso, o MOrFEU faz uso de funcionalidades e bibliotecas do ncleo do Moodle: Incluindo o script config.php encontrado no diretrio raiz do Moodle (utilizando a funo do PHP require_once, por exemplo), automaticamente so includas as bibliotecas-padro do Moodle, a varivel $CFG com as definies de configurao do sistema, a sesso iniciada e o banco de dados conectado. Possui funes de abstrao de passagem de parmetros de entrada nas pginas, podendo estes serem parmetros obrigatrios (required_param) ou parmetros opcionais (optional_param), que possuem um valor padro se no estiver definido. E no importa o mtodo de envio destes parmetros, se GET ou POST. Em uma pgina pode ser obrigatrio o login do usurio. Desta maneira, pode-se aproveitar todo o gerenciamento de usurios do Moodle: login, logout, registro de novos usurios, perfil do usurio (dados e informaes fornecidas pelo prprio usurio), etc. E a varivel de sesso $USER contm os dados do usurio logado que est acessando aquela pgina. O Moodle possui um sistema de temas de apresentao. Para utilizar estes temas, basta incluir um cabealho no incio da pgina e toda a pgina fica com o tema que foi configurado para o Moodle. H a possibilidade, tambm, de um rodap da pgina. Nesse cabealho que pode ser acrescentado, h um lugar para os links de navegao, que so definidos a cada pgina. H um sistema de log, de registro de informaes de utilizao do sistema, e para utiliz-lo basta fazer a chamada do procedimento add_to_log. 28

Quando se est trabalhando com formulrio HTML que possui um campo de texto textarea possvel fazer uso de um editor de HTML do tipo WYSIWYG. Desta maneira, o usurio pode editar textos com formatao, abstraindo a marcao HTML atribuda a este texto. Ou seja, o usurio pode dar cor ao texto, mudar o tipo e o tamanho da fonte, desenhar tabelas, inserir figuras, etc.

No Moodle, associado a cada curso h um gerenciador de arquivos e diretrios. Como se pode ver na Figura 5, desejvel esse tipo de gerenciamento de arquivos, com a biblioteca de mdias. Logo, tentou-se aproveitar mais esta parte do Moodle. Para tal, o MOrFEU ficou associado a um curso, definido no arquivo de configuraes, para que se pudesse utilizar os arquivos deste curso. Outro problema era que somente os tutores do curso podem navegar, inserir ou alterar os arquivos, ento foi preciso trocar o papel de novos membros do curso para tutores. Assim, todos os usurios do MOrFEU poderiam gerenciar os arquivos. Porm, ainda resta um pequeno problema que no afeta tanto o prottipo, mas deve ser corrigido em verses posteriores: todos manipulam um mesmo diretrio de arquivos.

Como foi dito, quando se faz a incluso do arquivo config.php, feita tambm a conexo com o banco de dados. E h uma camada de abstrao do banco de dados que permite fazer consultas e alteraes no banco, sem levar em conta qual SGBD se est usando. Assim, foram utilizados da arquitetura do Moodle apenas a infra-estrutura, o

gerenciamento de usurio e o gerenciamento de arquivos de um curso. No entanto, este ltimo deve ser retirado em verses posteriores, j que ele no atender todos os requisitos para esta funcionalidade no MOrFEU.

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4.4

Funcionalidades do Prottipo Depois de descritas as vantagens e detalhes de como o MOrFEU foi desenvolvido

como um mdulo do Moodle, passamos a descrever como e quais idias iniciais foram implementadas no prottipo. Aqui, descreve-se a evoluo e pequenas alteraes que foram realizadas naquele modelo inicial (ver Figura 5), representando apenas o que foi implementado na verso corrente do prottipo.

Figura 6. Esquema de Dados do prottipo do MOrFEU-UFAM.

A Figura 6 representa o Diagrama de Dados em Diagrama de Classes UML. Comparando com a modelagem inicial (Figura 5), h algumas pequenas mudanas, mas as unidades principais de dados continuam: Pessoas, Grupos, UPIs e Veculos de Comunicao. Aqui, as UPIs so chamadas Artigos. Isto se refere ao incio da construo do prottipo, quando este item possua o nome de Artigo. No entanto, mais tarde, adotou-se o nome de Unidade de Produo Intelectual (UPI), por ser uma denominao mais adequada. Porm, como o prottipo j estava em grande parte implementado, manteve-se este nome. Assim, o item com nome Artigo possui a mesma semntica do item anteriormente denominado UPI. Isso ser retificado em verses posteriores. As unidades Pessoa e Grupo, nesta modelagem, participam em uma generalizao, ambas so subclasses de Agente. Isto porque um grupo deve ser tratado como uma unidade 30

dentro de um ambiente virtual, agindo de forma particular, assim como uma pessoa (Stahl, 2005). Esta generalizao ainda pode agregar outro tipo de agente, um agente artificial, ou agente de software, que pode atuar em conjunto com as pessoas e grupos, auxiliando-os e trabalhando na gesto de conhecimento. No entanto, neste prottipo, no foi implementado nenhum agente deste tipo, ressaltando que isto foi apenas preparado para uma futura interveno nesta direo. Assim, um autor de um Artigo pode ser um Grupo ou uma Pessoa. O Artigo um texto com marcaes HTML para representar as formataes. Agregado a um artigo esto suas verses, que sempre editada por uma Pessoa, gerando uma nova verso. Os arquivos digitais no esto representados nesta modelagem, pois foi utilizado o gerenciamento de arquivos do Moodle, e este muito limitado, como j foi dito na seo 4.3 Detalhes e Caractersticas da Implementao. Todo Veculo precisa de uma descrio, que pode ser feita por um Artigo. Desta maneira foi definido um tipo de artigo especial, o Artigo Descritor, que representa um Veculo. Os autores deste artigo sero, conseqentemente, os autores do Veculo. Como todo Veculo formado por artigos que so publicados em resposta a outros artigos, este Artigo Descritor o primeiro artigo a ser publicado e uma exceo a esta regra. Assim, evidente que os artigos publicados em um veculo compem uma rvore, com o Artigo Descritor como sua raiz. Para os Veculos e as Classes de Veculos, foi adotado um esquema diferente do apresentado no esquema conceitual, mas pretende-se obter o mesmo resultado. Cada veculo est associado a uma Superclasse de Veculo. Esta contm o esquema de configuraes de um veculo desta classe e o esquema das opes que um artigo publicado num veculo deste tipo pode ter. Essas configuraes so todas feitas em XML.

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Uma Classe de Veculo um tipo de veculo pr-definido. Mas propositadamente no est associada diretamente a um Veculo. Isto para manter a flexibilidade. Tomar-se- um exemplo para melhor entendimento deste ponto. Como ser visto a seguir, est definida a Superclasse de Veculos Listagem, que modela ferramentas como Frum, Blog e Chat. Suponha agora um veculo que foi inicialmente criado como um Frum, ento ele parte da Classe de Veculos Frum, que tambm est definida. Ento, decide-se tornar este veculo em um Chat que organizado de forma parecida com um Frum, hierarquicamente. A partir da, este veculo deixa de pertencer Classe de Veculos Frum, passando a fazer parte de uma outra Classe de Veculos, que ainda no est definida. As configuraes feitas em XML permitem este tipo de flexibilidade, e ainda mais, permitem uma flexibilidade de mudana de Super Classes de Veculos, mas mantendo a estrutura dos artigos publicados neste veculo. Na Figura 7, est a traduo do esquema de dados em diagrama de classes para um esquema de banco de dados relacional, que tipo de banco de dados que o Moodle trabalha. Este esquema foi feito com o auxlio do DBDesigner 21 e feito especificamente para MySQL. A maioria das tradues feita de forma direta, assim como descrito na literatura. Mas alguns detalhes so importante notar: A tabela mdl_user representa a classe Pessoa, e j existente no Moodle. Nela no foram descritos todos seus campos, apenas os mais importantes. A relao morfeu_agent no real, na implementao, ela uma view que agrega todas as informaes de pessoas e de grupos. O campo name o nome de grupo ou o de usurio, e idem para description. O campo fullname o nome completo do usurio (firstname+lastname) ou o caminho completo da hierarquia do grupo, todos os grupos desde seu grupo raiz at ele, separados por barra. H ainda o campo agenttype que descreve qual o tipo de agente a que se refere, 1 se pessoa e 2 se grupo.21

http://www.fabforce.net/dbdesigner4/

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Figura 7. Esquema do Banco de Dados do MOrFEU-UFAM.

H uma tabela separada de morfeu_article, a tabela morfeu_article_search. Isto acontece porque todas as tabelas, com exceo desta, so do tipo InnoDB, que permite integridade referencial no MySQL, e esta do tipo MyISAM. Este ltimo tipo de tabela permite consultas do tipo full text, ou seja, consultas por palavras-chaves, como 33

numa mquina de busca. A tabela morfeu_article_search guarda, ento, o texto puro, sem as marcaes HTML do artigo, permitindo assim que seja feita uma pesquisa de artigos.

Figura 8. Diagrama de Navegao do prottipo construdo do MOrFEU-UFAM.

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Mas a questo mais importante desta traduo recaia sobre os Veculos. Uma Superclasse de Veculo a unidade responsvel pelo funcionamento do veculo. Ela necessita definir como um veculo ser exibido, quais as regras de publicao de artigos, quem responsvel por essa publicao, etc. Assim sendo, as Superclasses de Veculos foram implementadas como scripts PHP. Cada Superclasse representada por um arquivo com o seu nome. Por exemplo, a superclasse Listagem possui um arquivo listing.php (escrito em ingls para manter o padro da implementao). Este script uma biblioteca de funes, e precisa implementar uma funo que vai ser chamada no momento de se visualizar o veculo. Deve implementar tambm as outras pginas de sua navegao. Todas as pginas sero referenciadas a uma s, mas deveram ser passados parmetros para determinar qual a pgina que se est querendo acessar. Na Figura 8, tem-se diagrama de navegao do prottipo construdo do MOrFEU. Para melhor entendimento, ele est dividido em sees: Usurios, Grupos, Artigos e Veculos. No foi utilizada uma notao usual para diagramas de navegao de pginas dinmicas na Web, como WebML (Ceri et al, 2000) ou UWE (Hennicker&Koch, 2001). Isto se deve ao fato de que esses modelos citados no atendem a uma necessidade de representao desse diagrama, quando desenvolvendo o prottipo. Desejava-se uma representao em mais baixo nvel, representando quais as informaes de formulrios e/ou de links que trafegam de uma pgina para outra e qual o processamento realizado em cada pgina. O WebML e UWE so modelos de mais alto nvel, e possuem at ferramentas CASE para gerao automtica de cdigo, mas no seria possvel ser feito devido ao fato de grande parte do processamento das informaes no prottipo do MOrFEU fica a cargo do script de criao da pgina, em oposio ao que ocorre no WebML e UWE, que modelam o processamento das informaes como sendo feito em sua maior parte pelo Sistema Gerenciador de Banco de Dados (SGBD).

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Neste diagrama de navegao, as caixas representam as pginas, divididas em trs partes: a primeira parte contm o nome da pgina; a segunda parte descreve o contedo da pgina; e a terceira parte descreve o processamento realizado por essa pgina. As setas representam a passagem de uma pgina para outra, podendo ser atravs de links ou formulrios, no h diferena no diagrama. Acompanhadas dos links, esto as informaes que so passadas de uma pgina para outra. As setas pontilhadas so redirecionamentos instantneos de pgina. As linhas com losango na ponta representam incluses de pginas, a pgina do lado do losango inclui a outra pgina, em PHP so funes como include e require. Alguns caracteres tm funes especiais nesse diagrama: os colchetes representam condies, ou seja, o link s aparece ou uma operao realizada, se a condio for satisfeita; o pipe | indica uma disjuno, um ou; e a vrgula indica uma conjuno, um e. Por fim, um crculo cheio pintado de preto indica um ou exclusivo. Maiores detalhes podem ser encontradas no Anexo A: Diagrama de Navegao. No diagrama da Figura 8 ainda existe uma observao especial sobre o Cabealho, que ele est presente em todas as pginas do MOrFEU. Os Cabealhos de Grupo, Artigo e Veculo esto presentes nas respectivas pginas de suas sees. As pginas da seo Usurio so cpias das pginas das pginas de usurios do Moodle. Mas a pgina de visualizar informaes do usurio foi acrescida com informaes sobre a produo de Artigos do usurio e os Grupos que este participa. Os Grupos so organizados de forma hierrquica. No entanto, no existe apenas um grupo raiz, mas podem existir vrios deles. No momento que um usurio vira membro de um subgrupo, ele tambm vira membro de todos os grupos ancestrais deste. Neste prottipo, no foram desenvolvidas funcionalidades avanadas de gerenciamento de participantes do grupo, como adicionar ou remover vrios participantes ao mesmo tempo, nem h papis de coordenao envolvidos no grupo, todos tm a mesma autonomia. O que h 36

uma listagem de participantes daquele grupo. Cada pessoa responsvel por participar ou deixar de participar de qualquer grupo. Os Artigos podem ser de pessoas ou de grupos. Existem funcionalidades de criar um novo Artigo, editar um Artigo, gerenciar autores e gerenciar verses, com uma ferramenta de verificar diferenas. Como o SGBD d suporte, h possibilidade de se fazer uma busca por palavras-chave de artigos. Se no houvesse este suporte, seria preciso implementar um sistema de busca para se obter esta funcionalidade. Os Veculos so tratados de forma diferenciada. Existem funcionalidades como criar um novo veculo, editar informaes e configuraes, exibir uma listagem de veculos disponveis, que podem ser de pessoa ou de grupo. Mas o principal acontece quando se visualiza um veculo, sendo toda navegao e regras definidas pela superclasse de veculo. Isto vai ser ser abordado mais detalhadamente na prxima seo. 4.5 Superclasses de Veculos de Comunicao Nesta seo, sero detalhadas as duas Superclasses de Veculos desenvolvidas. Essas superclasses so scripts PHP dentro do diretrio morfeu/vehicles/superclass. Cada script desse tipo uma biblioteca de funes, com a obrigao de implementar apenas uma funo, a funo principal de visualizar o veculo, que chamada na pgina Visualizar Veculo (ver Diagrama de Navegao na Figura 8). Esta pgina passa alguns parmetros para esta funo, mas esta funo pode tomar qualquer parmetro de entrada da pgina acessando variveis de ambiente do PHP, como $_POST e $_GET. A pgina de uma Superclasse apenas uma, a pgina Visualizar Veculo, mas podem ser enviados parmetros que fazem a diferenciao lgica de pginas. Ou seja, quando certo parmetro enviado para a pgina Visualizar Veculo, quer dizer que o destino uma certa pgina daquela Superclasse. Veremos, a seguir, que a Superclasse Codificao funciona desta maneira. 37

As configuraes de cada veculo se encontram em formato XML. E cada Superclasse manipula esta configurao como lhe convier. Atualmente, no est sendo verificado se o estilo do XML utilizado para estas configuraes est de acordo como especificado pela sua Superclasse. 4.5.1 Superclasse Listagem Esta foi a primeira Superclasse criada, com objetivo de generalizar ferramentas bem semelhantes em sua estrutura e que existem em muitos ambientes virtuais e na Web em geral. So elas o Frum, o Blog e o Chat. So ferramentas de comunicao, indispensveis para trabalho ou aprendizagem colaborativos baseados em ambientes virtuais na Web. A estrutura desses trs, se modelados como Artigos do MOrFEU bem semelhante e simples: Artigos que respondem a Artigos, formando uma rvore de Artigos. E claro, o artigo raiz desta rvore o Artigo Descritor do Veculo. A Figura 9 representa esta estrutura. No h limites para esta estrutura, mas as ferramentas que ela representa necessitam de alguns limites: Um Frum comum, levando em considerao apenas uma discusso, atua sem limites no nmero de nveis da rvore ou do nmero de artigos por nvel. Ou seja, a mesma estrutura descrita na Figura 9. Mas um Blog um pouco diferente. Seu autor do Blog publica suas mensagens e estas mensagens so alvo de comentrios das outras pessoas. Assim sendo, sua estrutura possui nmero limitado de nveis de resposta, como demonstrado na Figura 10. O Blog ainda tem outra caracterstica diferente do Frum, as mensagens mais recentes aparecem no topo da pgina. Um Chat, no entanto, possui uma estrutura mais solta, no dependendo da estrutura de ligaes de resposta. Ele depende da data e da hora em que foram publicados os Artigos. Assim, ele pode possuir dois tipos de estrutura: todos os artigos respondendo 38

ao artigo descritor; ou cada artigo respondendo ao ltimo artigo publicado. Mas qualquer outra estrutura ainda pode ser reorganizada pelo momento em que foram publicados os artigos.

Figura 9. Esquema de Dados de um Veculo Listagem.

Figura 10. Esquema de Dados de um Veculo da Classe Blog.

Observa-se que esses tipos de ferramentas baseiam-se apenas na resposta direta de outros artigos j publicados. Logo, ter-se- um diagrama de navegao simples, apresentado na Figura 11. Mas a idia principal era generalizar esses tipos de ferramentas, de forma a torn-las mais flexveis, sendo este ltimo o objetivo geral do MOrFEU. Ento a Superclasse Listagem no se resume a estas trs ferramentas, ou a essas trs Classes de Veculos. Assim, foram definidas configuraes que possibilitassem esta flexibilidade. Entre elas esto configuraes de quantidade de nveis de resposta, forma de ordenao dos artigos, permisses de 39

publicao e dinmica da pgina. O Quadro 2 apresenta um esquema XML das configuraes de veculos da superclasse Listagem. Este no est muito formal para efeitos de melhor compreenso. Para maiores detalhamentos, ver Quadro 6 no Apndice II.

Figura 11. Diagrama de Navegao da Superclasse de Veculo Listagem. Em azul esto as pginas que j existiam e foram reutilizadas.

Assim, um chat pode virar um frum, um frum pode ser usado de forma sncrona (tendo a estrutura de organizao das mensagens, mas para ser utilizado como um chat), e outras muitas possibilidades. Um exemplo disso a definio de um Frum para um mtodo de aprendizagem colaborativa chamado Controvrsia Acadmica (Mendona et al, 2003). Naquele trabalho, h a necessidade de se definir um Frum que possua, para cada tema a ser discutido, trs tpicos, Concordo, Discordo e Depende. Para fazer isso no MOrFEU, basta criar um Veculo da Classe Frum com o tema a ser discutido. Cria-se ento, no nvel 1, trs respostas, Concordo, Discordo e Depende. A partir deste momento, basta alterar as configuraes para que somente haja respostas a partir do nvel 2 da rvore de Artigos. Idealmente, este tipo de procedimento que se acabou de ser descrito poderia vir vinculado Classe de Veculo, para que seja realizado no momento de criao do Veculo.

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{tree | date} tree: formato de rvore; date: ordenado pela data de publicao. {ASC | DESC} ASC: do menor para o maior; DESC: do maior para o menor. {indented | flat} indented: imprime de forma tabulada, formando a rvore; flat: todos so impressos no mesmo nvel (mais a esquerda na pgina). {yes | no} O novo artigo que ser publicado deve ser necessariamente novo? {yes | no} O artigo pode ser editado? {yes | no} O artigo pode ser removido? Ou seja, pode ser despublicado? {author | all | none} Quem pode visualizar o veculo? {yes | no} A pgina do veculo tem o header do Moodle? {no | N} Qual a taxa de atualizao da pgina (em segundos)? [STRING] CSS especfico para o veculo. * {author | all | none} Quem pode publicar? {all | N | fromN | untilN | fromNuntilM} Em que nvel esse algum pode publicar?

Quadro 2. Configuraes em XML de Veculos Listagem. Em azul e itlico, as descries, e em vermelho e tachado, o que no foi implementado.

4.5.2

Superclasse Codificao Esta Superclasse define ferramentas como AAEP (Almeida Neto, 2007), ou seja,

interpretadores on-line de cdigos-fontes. No caso do AAEP, ele era um ambiente virtual separado, tendo que lidar com todas as preocupaes anteriormente citadas: usurios, banco de dados, etc. Ainda tinha que lidar com o controle de verses, onde utilizava um sistema separado, e com ferramentas de consulta de diferenas, quando utilizava o comando diff do Linux.

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Tirando vantagem da arquitetura do MOrFEU de resposta de artigos num veculo e de que j existe o controle de verses, s restou desenvolver o interpretador, que foi feito reutilizando parte do cdigo do AAEP. Dessa forma, foi desenvolvido um interpretador para a linguagem Haskell utilizando o Hugs 22 , mas h ainda possibilidades de se fazer interpretadores para outras linguagens. Dessa forma, foi feito um interpretador para a linguagem Prolog, utilizando-se GProlog 23 , mas o funcionamento deste ltimo no ficou muito bom. Na Figura 12, mostrado como a estrutura do MOrFEU utilizada em um Veculo do tipo Codificao. No nvel 0 est o Artigo Descritor com a descrio do problema a ser resolvido. No nvel 1, ficam os cdigos-fontes das respostas desenvolvidas. E no nvel 2, ficam guardadas as tentativas de se executar o script desenvolvido, que o AAEP no guardava. Alm disso, foi utilizado o Geshi 24 para colorizao dos cdigos-fontes, que d suporte para colorizao de cdigos em diversas linguagens de programao. O Diagrama de Navegao mostrado a seguir na Figura 13. Tm-se basicamente cinco funcionalidades: criar uma nova soluo, editar uma soluo existente, executar uma soluo e ver as verses e suas diferenas. Nas configuraes, so definidas a linguagem e o interpretador. Alm disso, existem dois modos de visualizao das solues: no primeiro, somente so visualizadas as respostas do prprio usurio; e no outro modo, so visualizadas as respostas de todos os usurios. O Quadro 7, no Apndice II, mostra o esquema de configuraes. Outro exemplo de como toda a arquitetura flexvel este: inicialmente, criado um veculo do tipo Codificao para resoluo de um problema, de forma individual, com cada aluno fazendo seu cdigo de forma individual. Aps isto, este veculo transformado num22 23

http://www.haskell.org/hugs/ http://www.gprolog.org/ 24 http://qbnz.com/highlighter/

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veculo da Superclasse Listagem, para que haja uma discusso ou comentrios dos cdigos e execues que haviam sido desenvolvidos.

Figura 12. Esquema de Dados de um Veculo Codificao.

Figura 13. Diagrama de Navegao da Superclasse de Veculo Codificao. Em azul esto as pginas que j existiam e foram reutilizadas.

4.6

O Prottipo em Funcionamento O prottipo est funcional no endereo , e

facilmente instalvel em um Moodle de verso 1.9 ou superior. A seguir, na Figura 14, so mostradas algumas de suas pginas funcionando.

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(a) (b)

(c)

(d)

(e) (f)

(h) (g)

Figura 14. Algumas pginas do prottipo funcionando: Meus Artigos (a); Meus Grupos (b); Meus Veculos (c); A Criao de um Novo Veculo (d); Editando as Configuraes de um Veculo Blog (e); Visualizando o Veculo Blog (f); Vendo as Verses de um Artigo (g); Vendo as Diferenas entre duas Verses de um Artigo (h).

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5 Discusso

Neste captulo, discutimos alguns elementos relacionados validao conceitual da proposta e do prottipo construdo. Uma vez que os pressupostos sobre os quais o MOrFEU foi concebido foram propostos a partir de uma longa experincia em situaes reais de uso de AVAs, e seu arcabouo terico ainda est sendo desenvolvido, buscamos obter subsdios para o processo de refinamento das idias, caracterizando um processo de desenvolvimento em espiral. 5.1 Validao Conceitual Nesta etapa, fazemos uma avaliao das capacidades do MOrFEU, apresentando cenrios que demonstram a necessidade das caractersticas de flexibilidade propostas. No entanto, no se trata de cenrios de uso especfico, a maioria deles so mtodos de ensino cooperativo inicialmente desenvolvidos para ambientes presenciais e desejava-se aplic-los em ambiente virtuais, enfrentando assim dificuldades adicionais. O primeiro cenrio, descrito a seguir, um mtodo desenvolvido exclusivamente para uso em ambientes virtuais e com recursos de informtica, porm no teve sucesso completo em sua aplicao, possivelmente por no dispor de um ambiente virtual adequado no qual fosse inserido. 5.1.1 Cenrio A: Projeto de Aprendizagem Este cenrio j foi discutido em outro trabalho sobre o MOrFEU, em um frum nacional (Menezes et al, 2008). Trata-se da arquitetura pedaggica chamada Projeto de Aprendizagem (Fagundes et al, 1999), descrito por Carvalho et al (2005) do seguinte modo:

A sistematizao desta arquitetura compreende o lanamento de problemas e formulaes a partir de suas "Certezas Provisrias" e Dvidas Temporrias. Em termos de metodologia, o primeiro passo selecionar uma curiosidade, que para fins didticos, denomina-se de Questo de Investigao. A seguir feito um inventrio dos conhecimentos (sistemas nocionais, ou conceituais dos aprendizes) sobre a questo. Esse conhecimento pode ser classificado em dvidas e certezas. As certezas para as quais no se conhea os fundamentos que a sustentem so denominadas de provisrias. As dvidas so sempre temporrias. O processo de investigao consiste no esclarecimento das dvidas e na validao das certezas.

Figura 15. Processo de desenvolvimento de Projetos de Aprendizagem. Fonte: (Monteiro, 2006).

As dificuldades em trabalhar projetos de aprendizagem em ambientes virtuais tradicionais levou os autores criao de um ambiente virtual especfico, o AMADIS (Fagundes et al, 2006), (Monteiro, 2006) e (Monteiro et al, 2005). Modelando suas caractersticas no MOrFEU, toda a produo relacionada com o desenvolvimento de um projeto pode ser estruturada a partir da composio de UPIs. Cada pgina de produo do projeto uma UPI, que possuir verses gerenciadas pelo ambiente. Os comentrios dos professores, as sugestes de colegas, as discusses entre os protagonistas de um projeto de aprendizagem, so modelados atravs de UPIs. Na Figura 15 apresenta-se o fluxo de autorias e interaes, necessrio para o desenvolvimento de um projeto de 46

aprendizagem. Em cada nodo da figura, podemos observar uma nova situao de autoria. No MOrFEU, todas estas manifestaes so registradas atravs de uma UPI, que pode estar respondendo a uma outra. Neste sentido, tem-se uma classe especializada do veculo Projeto de Aprendizagem, e o projeto de cada grupo de investigao uma instncia desta Classe. Na Figura 16, apresenta-se a modelagem de um veculo de comunicao capaz de organizar a autoria cooperativa do stio de um grupo de trabalho desenvolvendo projetos de aprendizagem. Desta forma, um Projeto de Aprendizagem concebido como um veculo de comunicao, de construo cooperativa, composto por sub-veculos: Desenvolvimento do Projeto, Dirio de Bordo, Frum de Orientao e Livro de Visitas. No caso do sub-veculo Desenvolvimento do Projeto, podemos observar que ele possui uma coleo de UPIs, onde cada uma delas pode referenciar outras do mesmo conjunto e podem receber comentrios atravs de novas UPIs.

Figura 16. Modelagem do Veculo de Comunicao para Projetos de Aprendizagem. Uma classe especializada que pode ser instanciada para suportar a construo de Projetos de Aprendizagem especficos.

Portanto, o mtodo de Projetos de Aprendizagem pode ser modelado dentro da arquitetura do MOrFEU. Ressaltamos a unificao do conhecimento em um nico artefato, 47

assim como sugerido por (Anttila, 2006) (ver a Seo 2.3 Ambientes de Trabalho e Conhecimento). No entanto, vale mencionar que este cenrio no pode ainda ser implementado na verso apresentada do prottipo, j que o prottipo no possui implementadas algumas caractersticas como a referncia a outras UPIs, somente possui a relao de resposta, alm de no conseguir agregar sub-veculos para formar um nico artefato. 5.1.2 Cenrio B: Investigao em Grupo Investigao em Grupo um mtodo de aprendizagem cooperativa utilizado em sala de aula, no qualos estudantes trabalham colaborativamente em pequenos grupos para examinar, experimentar e compreender temas centrais de estudo. A Investigao em Grupo projetada para lidar com todas as habilidades dos estudantes e experincias relevantes ao processo de aprendizagem. Esse mtodo proporciona meios para que os educadores conduzam o ensino e a aprendizagem na escola que diferem significativamente da instruo tradicional (Silva et al, 2002)

Este mtodo composto de seis estgios, assim como descrito no Quadro 3, e importante mencionar que possui vrias similaridades com o mtodo de Projetos de Aprendizagem. Aps uma reflexo sobre essas similaridades, consideramos que Projetos de Aprendizagem um mtodo mais geral que Investigao em Grupo, e portanto, as estratgias propostas para o primeiro so perfeitamente aplicveis tambm para o segundo. importante ressaltar que este mtodo foi proposto inicialmente para aplicao em ambiente presencial e que se deseja aplic-lo em um ambiente virtual, e que o Projeto de Aprendizagem parece j ter sido criado para ser utilizado com apoio de recursos de informtica e a Internet.

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Estgios da Investigao em Grupo (1) Identificao do tema de pesquisa e organizao dos alunos em grupos; Pesquisa de fontes bibliogrficas, proposio de tpicos e lista de sugestes; Associao em grupos de acordo com o tpico de pesquisa escolhido; Composio dos grupos heterognea e baseada em interesses; Professor auxilia na aquisio de informaes e facilita a organizao. (2) Planejamento das tarefas de aprendizagem em grupo; Planejamento em conjunto do que deve ser estudado e como deve ser estudado; Diviso de tarefas entre os componentes do grupo; Determinao dos objetivos da investigao em grupo. (3) Execuo da investigao pelo grupo; Coleta de informaes, anlise de dados, e formao de concluses; Cada membro do grupo contribui para o esforo do grupo; Troca, discusso, esclarecimento e sntese de idias. (4) Preparao do relatrio final; Determinao da mensagem essencial de seus projetos pelos membros do grupo; Planejamento do relatrio e das apresentaes pelos membros do grupo; Comisso de orientao formada pelos representantes de cada grupo para coordenao dos planos para a apresentao. (5) Apresentao do relatrio final; Apresentao realizada para toda a classe de formas variadas; Envolvimento da audincia ativamente em parte da apresentao; Avaliao da clareza e os recursos da apresentao pela audincia de acordo com os critrios determinados previamente por toda a classe. (6) Avaliao dos projetos. Troca de informaes sobre o tema, sobre o trabalho e sobre experincias; Colaborao na avaliao da aprendizagem dos estudantes pelos professores e alunos.

Quadro 3. Os seis estgios da Investigao em Grupo e um esboo de suas principais atividades. Fonte: (Silva et al, 2002)

5.1.3

Cenrio C: Controvrsia Acadmica O mtodo de aprendizagem cooperativa Controvrsia Acadmica (Johson et al, 1999)

consiste em debater temas polmicos, em um primeiro instante, defendendo uma posio favorvel, em um s