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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA – CCET INSTITUTO DE QUÍMICA DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE COLETA E AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE HPAs NA ATMOSFERA DE ESTACIONAMENTOS FECHADOS, NO MUNICÍPIO DE NATAL/RN. ALYSON DE SOUZA MELO Natal/RN Junho-2016.

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE COLETA E AVALIAÇÃO … · realizados no laboratório com a naftalina comercial como fonte de naftaleno, um HPA, uma vez que essas substâncias apresentam

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA – CCET INSTITUTO DE QUÍMICA

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE COLETA E AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE HPAs NA ATMOSFERA DE ESTACIONAMENTOS

FECHADOS, NO MUNICÍPIO DE NATAL/RN.

ALYSON DE SOUZA MELO

Natal/RN Junho-2016.

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ALYSON DE SOUZA MELO

AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE HPAS NA ATMOSFERA DE

ESTACIONAMENTOS COM ALTA ROTATIVIDADE DE VEÍCULOS E BAIXA

CIRCULAÇÃO DE AR, NO MUNICÍPIO DE NATAL/RN

Trabalho de conclusão de curso apresentado como parte integrante dos requisitos necessários para a obtenção do grau de bacharel em Química do Petróleo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Orientador: Profº Dr. Jailson Vieira de Melo

Natal/RN Junho-2016.

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Catalogação da Publicação na Fonte Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Instituto de Química - IQ

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ALYSON DE SOUZA MELO

Avaliação da presença de HPAs na atmosfera de estacionamentos com

alta rotatividade de veículos e baixa circulação de ar, no município de

Natal/RN

Trabalho de Conclusão de Curso de graduação apresentado ao Instituto

de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como

requisito necessário para a obtenção do título de Bacharel (a) em Química

do Petróleo.

Aprovado em: ____ de _______ de 2016.

__________________________________________

Dr. Jailson Vieira de Melo

Orientador - UFRN

__________________________________________

Dr. Alcides de Oliveira Wanderley Neto

UFRN

__________________________________________

Dr. Henrique Eduardo Bezerra da Silva

UFRN

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelas conquistas, por meu filho Miguel, por minha

família, por minha esposa e amigos.

Ao meu orientador, Professor Jailson, pela dedicação e grande ajuda no

decorrer do trabalho, que sempre esteve disposto e não mediu esforços para

tornar esse trabalho possível.

Ao técnico do Laboratório da Central Analítica Espesctroscopia UV e VIS,

Joadir. Sua ajuda foi de grande importância, valeu mesmo!

Aos amigos Etemístocles, Andreia, Marcel, Clenildo, Anna Paula, entre

outros que se fizeram presentes e me ajudaram no decorrer do curso. Muito

obrigado!

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Dedicatória:

Dedico esse trabalho ao meu filho Miguel e a minha família. Sem vocês não sou nada

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RESUMO

Os HPAs (Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos) são compostos

considerados poluentes orgânicos persistentes, que recebem uma grande

atenção devido ao seu grande potencial carcinogênico e mutagênico. Estes

compostos são originados de várias formas, como queima de carvão, erupções

vulcânicas, obtenção de alumínio, até fumaça de cigarro. Porém, a maior

produção dessas substâncias vem dos veículos de combustão interna, a partir

da queima dos combustíveis fósseis, principalmente em atmosferas pobre em

oxigênio. Com o grande crescimento da frota de veículos em todo o país torna

significativa a ocupação de locais abertos, públicos ou privados que possam

servir como estacionamentos. Como forma de contornar esse problema, usa-se

como estacionamentos locais fechados com circulação de ar reduzida em

subsolos, principalmente de prédios comerciais. A carência de oxigênio nesses

ambientes leva a produção de diversos poluentes, dente eles os HPAs.

Portanto, este trabalho teve como objetivo desenvolver um sistema de coleta

desses poluentes que fosse, ao mesmo tempo eficiente. O sistema

desenvolvido foi adaptado a um automóvel. Os HPAs foram coletados em 2

locais com características diferentes. O local 1 foi a garagem de um edifício

que abriga diversos consultórios e clínicas médicas. O local 2 foi o

estacionamento de um grande shopping de Natal. A coleta foi feita com a

injeção de ar da atmosfera em estudo, diretamente em um tubo contendo

clorofórmio, durante uma hora em um fluxo de 4,6 L/h. Ensaios iniciais foram

realizados no laboratório com a naftalina comercial como fonte de naftaleno,

um HPA, uma vez que essas substâncias apresentam semelhança em suas

propriedades. As técnicas usadas para caracterização foi a absorção molecular

e a espectrofluorimetria, Os resultados obtidos através das duas técnicas

espectroscópicas mostraram que as duas amostras coletadas apresentavam

HPAs em sua composição.

PALAVRAS-CHAVE: Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos - HPAs,

fluorescência molecular, absorção Molecular, poluição atmosférica.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 3. 1 - ESTRUTURA DOS 16 HPAS CONSIDERADOS PRIORITÁRIO PELA USEPA

........................................................................................................ 18

FIGURA 3. 2 – ESQUEMA DA FORMAÇÃO DOS HPAS FORMADOS DE FORMA PIROLÍTICA.

........................................................................................................ 19

FIGURA 3. 3 - TRANSPORTE E TRANSFORMAÇÕES FÍSICAS DOS HPAS ..................... 21

FIGURA 3. 4 - DIAGRAMA DE NÍVEIS DE ENERGIA. FENÔMENOS QUE PODEM OCORRER

COM A ENERGIA APÓS SUA ABSORÇÃO ................................................. 29

FIGURA 3. 5 - ESPECTROS DE FLUORESCÊNCIA MOLECULAR DE HPAS. ................... 30

FIGURA 3. 6 - ESPECTRO DE EMISSÃO DE 280 A 550 NM, COM EXCITAÇÃO EM 282NM.

........................................................................................................ 30

FIGURA 4. 1 - SISTEMA UTILIZADO PARA OS PRIMEIROS ENSAIOS NO LABORATÓRIO. .. 33

FIGURA 4. 2 -SISTEMA 2 UTILIZADO PARA PRÉ-CONCENTRAÇÃO DA NAFTALINA EM

CLOROFÓRMIO. .................................................................................. 33

FIGURA 4. 3 - SISTEMA USADO PARA AS COLETAS NO CAMPO. (1) BATERIA, (2)

CONVERSOR 12-220 V, (3) CÉLULA E (4) BOMBA DE COLETA DE AR. ....... 34

FIGURA 5. 1 - ESPECTRO DE EMISSÃO DO NAFTALENO. ........................................... 36

FIGURA 5. 2 - ESPECTRO DO NAFTALENO EM FUNÇÃO DO TEMPO NO LABORATÓRIO. . 37

FIGURA 5. 3 - ESPECTROS DE EXCITAÇÃO E EMISSÃO OBTIDOS APÓS 30 MIN DE

INJEÇÃO DE VAPORES DE NAFTALENO AO CLOROFÓRMIO. ...................... 37

FIGURA 5. 4 - ESPECTROS DAS AMOSTRAS 1 E 2 EXCITADOS NO COMPRIMENTO DE

ONDA DE 276NM. ............................................................................... 39

FIGURA 5. 5 - ESPECTROS DE ABSORÇÃO MOLECULAR DAS AMOSTRAS NA REGIÃO DO

ULTRAVIOLETA. .................................................................................. 40

FIGURA 5. 6 - ESPECTRO DO ABSORÇÃO DAS AMOSTRAS 1 E 2, JUNTAMENTE COM O

NAFTALENO. ...................................................................................... 41

FIGURA 5. 7 - ESPECTROS DE EXCITAÇÃO DAS AMOSTRAS 1 E 2. ............................. 42

FIGURA 5. 8 - ESPECTRO DE EMISSÃO DAS AMOSTRAS DOS LOCAIS 1 E 2, COM

EXCITAÇÃO EM 288NM ........................................................................ 43

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LISTA DE TABELAS

TABELA 3. 1 – MASSA MOLAR E PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DOS HPAS

PRIORITÁRIOS .................................................................................... 20

TABELA 3. 2 – NOME, FÓRMULA MOLECULAR, MASSA MOLECULAR, ABREVIATURA E

FÓRMULA ESTRUTURAL DOS 16 HPAS PRIORITÁRIOS. ........................... 23

TABELA 3. 3 - CLASSIFICAÇÃO DE 18 HPAS, QUANTO Á CARCINOGENECIDADE E FATOR

DE TOXICIDADE EQUIVALENTE (TEF). ................................................... 26

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LISTA DE ABREVIAÇÕES, SIGLAS E SÍMBOLOS

Ace Acenafteno

Acy Acenaftileno

Ant Antraceno

B((g,h,i)P Benzo(g,h,i)perileno

BaA Benzo(a)antraceno

BaP Benzo(a)pireno

BbF Benzo(b)fluoranteno

BkF Benzo(k)fluoranteno

Chr Criseno

Cs Solubilidade em água

DB(a,h)A Dibenzo(a,h)perileno

DNA Ácido desoxirribonucleico

Flt Fluoranteno

Flu Fluoreno

HPA Hidrocarboneto policíclico aromático

I(c,d)P Indeno(1,2,3-c,d)pireno

IUPAC União Internacional de Química Pura e Aplicada

Kow Coeficiente de partição octanol-água

M.M. Massa molar

Nap Naftaleno

NHPA Hidrocarboneto Políciclico Aromático Nitrado

nm Nanometro

p Pressão de vapor

P.E. Ponto de ebulição

P.F. Ponto de fusão

Phe Fenantreno

POP Poluentes Orgânicos Persistentes

Pyr Pireno

USEPA Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13

2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 15

2.1. Gerais: ............................................................................................................ 15

2.2. Específicos: .................................................................................................... 15

3. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 16

3.1. Poluição Atmosférica ...................................................................................... 16

3.2. Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs) ........................................... 17

3.2.1. Processo de formação dos HPAs por fontes pirolíticas .......................... 19

Fonte: (Andrade, et al., 1996) ................................................................................ 19

3.2.2. Propriedades Físico-Química dos HPAs ................................................. 19

3.2.3. Processos físicos e transporte dos HPAs ............................................... 21

3.2.4. Origem dos HPAs ................................................................................... 24

3.2.5. Efeitos dos HPAs na saúde .................................................................... 24

3.2.6. Exposição aos HPAs ............................................................................... 27

3.3. Fluorescência Molecular ................................................................................ 27

4. METODOLOGIA ................................................................................................... 31

4.1. Seleção dos locais de coleta .......................................................................... 31

4.2. Descrição preliminar do trabalho .................................................................... 31

4.3. Montagem do sistema de coleta e testes preliminares no laboratório ........... 32

4.4. Obtenção dos espectros de fluorescência ..................................................... 33

4.5. Sistema de coleta de amostras no campo ..................................................... 34

4.6. Coleta das amostras ...................................................................................... 35

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 36

5.1. Obtenção do espectro de emissão da naftalina ............................................. 36

5.2. Estudo da pré-concentração de vapores de naftaleno em clorofórmio. ......... 37

5.3. Espectros de emissão amostra 1 e amostra 2 ............................................... 38

5.4. Espectros de absorção molecular das amostras na região do ultravioleta .... 39

5.5. Espectro de absorção do naftaleno. ............................................................... 41

Fonte: Autor, 2016. ................................................................................................... 41

5.6. Espectro de excitação das amostras 1 e 2. ................................................... 42

5.7. Espectro de emissão das amostras 1 e 2, com excitação em 288nm. .......... 43

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6. Conclusões .......................................................................................................... 44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 45

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1. INTRODUÇÃO

Entende-se como poluente atmosférico qualquer forma de matéria ou energia

com intensidade e quantidade, concentração, tempo ou características em

desacordo com os níveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar:

impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde; inconveniente ao bem estar público; danoso

aos materiais, à fauna e flora; prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade

e as atividades normais da comunidade (CONAMA, 1990)

Compostos químicos são emitidos em grandes quantidades, diariamente em

áreas urbanas, sejam elas por indústria, emissões veiculares ou outras formas

decorrentes da atividade humana. Cerca de 3000 compostos são emitidos de forma

antropogênica já foram identificados na atmosfera o que serve de alerta e fator de

preocupação devido ao seu impacto ambiental e sobretudo à saúde de animais e

humanos (GUARIEIRO, et al., 2011).

Nas últimas décadas, em função dos resultados de políticas de distribuição de

renda, facilidade na aquisição de crédito, incentivos à aquisição de automóveis e,

sobretudo, a má qualidade do transporte coletivo, a frota brasileira cresceu de forma

assustadora. Este fator, aliado à falta de planejamento das médias e grandes

cidades tem causado alguns problemas como grandes engarrafamentos nos

horários de maior movimento e a falta de estacionamentos públicos.

Essa carência de vagas nas ruas tem induzido à adaptação de lugares

fechados ou a criação de grandes estacionamentos com pouca ventilação que,

propiciam à formação e acúmulo de substâncias tóxicas em virtude da queima

incompleta dos combustíveis. As substâncias geradas no processo de combustão

dependem de fatores como o tipo de combustível e a quantidade de oxigênio

presente no ambiente da queima.

A queima de combustíveis à base de hidrocarbonetos em uma atmosfera rica

em oxigênio leva à formação de gás carbônico (CO2) e água. Em atmosferas pobres

em oxigênio os subprodutos podem ser aldeídos, ácidos carboxílicos, monóxido de

carbono, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), dentre outras substâncias

(GUARIEIRO, et al., 2011)

.

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Inúmeros trabalhos presentes na literatura, inclusive de autores brasileiros,

abordam este assunto, mostrando a grande relevância do tema. Devido o seu grau

de toxicidade, substâncias como formaldeído e acetaldeído são bastante estudadas

em ambientes onde ocorre a queima de combustíveis na ausência de uma boa

circulação de ar, porém, os HPAS são menos estudados, apesar de ser uma classe

que vem requerendo bastante atenção devido o seu grande poder mutagênico e/ou

carcinogênico e estarem presentes em locais em que a população costuma a

freqüentar diariamente, além de trabalhadores, como os que fazem a segurança dos

locais, que passam o dia no ambiente (SILVA JÚNIOR, 2009; GUARIEIRO, et al.,

2011; Anjos, 2012).

Existem mais de 100 compostos são reconhecidos pela União Internacional de

Química Pura e Aplicada (IUPAC), dentre eles 16 são considerados prioritários no

monitoramento pela USEPA – Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos,

por poderem reagir, de forma direta ou através da metabolização do composto com

o DNA, modificando-o (Anjos, 2012). Os ambientes alvos deste trabalho são os

estacionamentos de grande circulação de veículos e baixa circulação de ar, como os

de grandes shoppings, supermercados, hospitais, locais esses que além de propiciar

a formação dos compostos também os armazenam, pelo fato dos compostos

formados serem poluentes orgânicos persistentes (POP) (Bezerra, 2010).

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2. OBJETIVOS

2.1. Gerais:

Avaliar a presença de HPAs em atmosferas estacionamentos com grande

rotatividade de veículos e pouca circulação de ar.

2.2. Específicos:

1) Identificar dentro da cidade do Natal estacionamentos com pouca

ventilação onde circule um grande número de veículos.

2) Desenvolver uma metodologia para coleta das amostras.

3) Analisar, por espectrofluorimetria e espectrofotometria no UV-Vis, as

amostras coletadas no sentido identificar a presença dos HPAs.

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3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1. Poluição Atmosférica

A urbanização das cidades e o aumento do consumo de combustível pelo

grande crescimento da frota de veículos vêm a cada dia poluindo mais nosso

planeta, até na cidade do Natal, há décadas chamada de “ar mais puro das

Américas” o mesmo problema acontece, com uma frota de veículos que aumentou

90% na última década, manter a qualidade do ar boa é, sem dúvida, um grande

desafio (DETRAN-RN, 2016).

Com a falta de planejamento ao crescente aumento da frota nas cidades, Com

uma crescente demanda, as vagas nas ruas não são suficientes, a solução

normalmente adotada para suprir essa demanda de vagas é a criação de

estacionamentos em ambientes fechados, com pouca ventilação, e em grande parte

em subsolos, o que diminui ainda mais a circulação do ar, essa ação contribui

significativamente para a produção de locais com atmosfera pobre em oxigênio

(Jachic, 2002).

A baixa circulação do ar combinado com o processo de combustão dos

combustíveis dos veículos favorecem a formação e acúmulo de substâncias tóxicas

conhecidas e prejudiciais ao homem e ao meio ambiente, como o CO, CO2, NOx,

SOx, O3, material particulado, ácidos carboxílicos, etc. Na ausência parcial ou

completa de oxigênio, outros compostos são formados, como aldeídos (formaldeídos

e acetaldeídos) e os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) (GUARIEIRO,

et al., 2011).

Podendo ser originados a partir de fontes naturais ou atividade antropogênicas,

os HPAs podem ser encontrados presentes ubíquos no ambiente, contaminando

água, ar e solo. E por ser um composto orgânico de difícil degradação, uma vez

depositado em um local, ele pode permanecer durante anos.

Os HPAs são compostos de grande importância ambiental e toxicológicas,

estando relacionados a problemas como o aparecimento de tumores e câncer em

diversos órgãos do corpo. O fato dessa classe de compostos não terem suas

emissões regulamentadas pelos órgãos brasileiros não caracteriza que os

compostos não são nocíveis à saúde, e sim que o Brasil deve ter um maior

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monitoramento sobre compostos dessa importância. Além de estabelecer um

mínimo tolerável de exposição, de forma a tornar esse problema menor.

3.2. Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs)

Os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs) são compostos formados

apenas por carbonos e hidrogênio constituídos de dois ou mais anéis aromáticos

condensados, podendo apresentar-se na forma heterogênea, em que possuem

heteroátomos formando os compostos nitrogenados (NHPAs) e os oxigenados.

Os HPAs apresentam mais de 100 compostos considerados poluentes

orgânicos identificados (Moura, 2009). Estudos constataram seus efeitos prejudiciais

desde 1775, onde nos primeiros estudos, foi descoberto por Percival Pott, que certos

compostos podiam originar câncer, e posteriormente, em 1953 estudou os efeitos do

cigarro na saúde descobriram ser a causa primária do câncer de pulmão, analisando

a composição da fumaça do cigarro, foi constatado vários HPAs presentes, o

composto mais cancerígeno da família é o Benzo[a]pireno (Moura, 2009).

Entre os compostos identificados, 16 são considerados poluentes orgânicos

prioritários pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA) como

carcinogênico e/ou mutagênico. A figura 3.1 apresenta os 16 compostos

identificados pela USEPA como prioritários no monitoramento (Moura, 2009).

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Figura 3. 1 - Estrutura dos 16 HPAs considerados prioritário pela USEPA

Fonte: (Moura, 2009)

Os HPAs são originados principalmente pela queima incompleta de

combustíveis fósseis, ocasionado pela deficiência ou falta de oxigênio na atmosfera.

Os HPAs podem ser transportados a grandes distâncias adsorvidos em material

particulado fino ou por meio aquoso, por esse motivo e por apresentar difícil

degradação é um composto ubíquo, podendo ser encontrado contaminando a água,

solo e ar.

Pelo fato de serem altamente lipossolúveis são rapidamente absorvidos pelo

tecido adiposo e outros órgãos, uma vez absorvidos, o organismo tenta eliminá-los,

metabolizando-os, o que nesse processo torna a molécula reativa com possibilidade

de reagir com o DNA (Anjos, 2012).

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3.2.1. Processo de formação dos HPAs por fontes pirolíticas

As principais emissões lançadas na atmosfera são decorrentes de processos

de combustão incompleta a elevadas temperaturas. A formação pelo processo

pirolítico é bastante variável e complexa, que depende de vários fatores como

pressão e temperatura. O esquema de formação mais aceito é o de polimerização

via radicais livres, que ocorre em várias etapas até chegar ao composto

propriamente dito (Andrade, et al., 1996). A figura 3.2 apresenta um esquema que

mostra a formação dos HPAs pela via pirolítica.

Figura 3. 2 – Esquema da formação dos HPAs originados de forma pirolítica.

Fonte: (Andrade, et al., 1996)

3.2.2. Propriedades Físico-Química dos HPAs

Os sistemas de duplas ligações conjugadas presentes nos HPAs são o que

determina suas propriedades físico-químicas. São molécuas altamente hidrofóbicas,

apresentam altas temperaturas de ebulição e fusão e comumente baixa pressão de

vapor.

Os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos podem ser divididos em dois

grupos, de acordo com a sua massa molar, compostos com dois ou três anéis

aromáticos são considerados de baixa massa molar, já os HPAs com quatro ou mais

anéis aromáticos condensados, como o fluoranteno, pireno, benzo(a)antraceno,

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criseno, benzo(b)fluoranteno, benzo(k)fluoranteno, benzo(a)pireno, indeno(1,2,3-

cd)pireno, dibenzo(ah)antraceno e benzo(g,h,i)perileno são considerados de alta

massa molar. Os sistemas de duplas ligações conjugadas juntamente com o arranjo

em que os anéis estão presentes nos HPAs são o que determina suas propriedades

físico-químicas (Moura, 2009).

Tabela 3. 1 – Massa molar e propriedades físico-químicas dos HPAs prioritários

HPA Nº de

anéis M.M

P.F

(ºC)

P.E

(ºC)

Cs

(mg L-1)

Log

Kow

P

(Torr a 20ºC)

Naftaleno 2 128 80 218 30 3,37 4,9 x 10-2

Acenaftileno 3 152 92 265 3,93 4,07 2,1 x 10-2

Acenafteno 3 154 96 279 3,47 4,33 2,0 x 10-2

Fluoreno 3 166 116 293 1,98 4,18 1,3 x 10-2

Fenantreno 3 178 101 340 1,29 4,46 6,8 x 10-4

Antraceno 3 178 216 340 7,0 x 10-2 4,45 1.9 x 10-4

Fluoranteno 4 202 111 - 2,6 x 10-1 5,33 6,0 x 10-6

Pireno 4 202 149 360 1,4 x 10-1 5,32 6,8 x 10-7

Benzo(a)antraceno 4 228 158 400 1,4 x 10-2 5,61 5,0 x 10-9

Criseno 4 228 255 - 2,0 x 10-3 5,61 6,3 x 10-7

Benzo(b)fluoranteno 5 252 167 - 1,2 x 10-3 6,57 5,0 x 10-7

Benzo(k)fluoranteno 5 252 217 480 5,5 x 10-4 6,84 5,0 x 10-7

Benzo(a)pireno 5 252 179 496 3,8 x 10-3 6,04 5,0 x 10-7

Indeno(1,2,3-

cd)pireno

6 276 163 - 6,2 x 10-2 7,66 1,0 x 10-10

Dibenzo(ah)antraceno 5 278 262 - 5,0 x 10-3 5,97 1,0 x 10-10

Benzo(g,h,i)perileno 6 276 222 - 2,6 x 10-4 7,23 1,0 x 10-10

M.M. = massa molar; P.F. = ponto de fusão; P.E. = ponto de ebulição; Cs= solubilidade em água;

Kowcoeficiente de partição octanol-água; p = pressão de vapor

Fonte: (Ferreira, 2010)

A massa molar dos HPAs estão diretamente relacionadas com a sua

estabilidade a reações de óxido-redução de forma que a estabilidade cresce

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conforme a massa molar, assim como a linearidade dos compostos está relacionada

com a solubilidade de forma que um composto linear, de forma que por exemplo, o

antraceno, que possui cadeia linear é em torno de 20 vezes menos insolúvel que o

fenantreno que não é linear, com a mesma massa molar.

3.2.3. Processos físicos e transporte dos HPAs

Em função da semi volatilidade de alguns HPAs, juntamente com sua difícil

degradação, os HPAs se fazem ubíquos no ambiente, de forma a estar presente no

solo, água, ar e até alimentos. Além dos mais voláteis poderem se deslocar na forma

de vapor, os com menor volatilidade podem viajar longas distâncias adsorvidos em

material particulado HPAs com 2 ou 3 anéis, estão em grande parte na forma de

vapor, enquanto os de 4 anéis possui semi volatilidade e os de 5 ou mais anéis não

tendem a volatilizar e são transportados adsorvidos em algum material (CARUSO, S.

F.; ALABRURDA, J., 2008).

Podem também ser transportado em meios aquáticos, sendo depositado

posteriormente nos sedimentos, ficando acumulado em certos animais marinhos que

são incapazes de metabolizá-los ou também, degradados por certos tipos de algas

(CARUSO, S. F.; ALABRURDA, J., 2008).

A figura 3.3 mostra um esquema dos locais em que os HPAs podem ser

encontrados depositados, assim como onde ocorrem suas transformações físicas.

Figura 3. 3 - Transporte e transformações físicas dos HPAs

Fonte: (Moura, 2009)

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Os HPAs com suas respectivas fórmulas moleculares com suas respectivas

fórmulas moleculares e estruturais dos 16 HPAs de maior importância ambiental são

mostrados na tabela 3.2 (Moura, 2009).

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Tabela 3. 2 – Nome, fórmula molecular, massa molecular, abreviatura e

fórmula estrutural dos 16 HPAs prioritários.

HPAs Fórmula molecular Massa

molecular Abreviatura Estrutura

Naftaleno C10H8 128 Nap

Acenaftileno C12H8 152 Acy

Acenafteno C12H10 154 Ace

Fluoreno C13H10 166 Flu

Fenantreno C14H10 178 Phe

Antraceno C14H10 178 Ant

Fluoranteno C16H10 202 Flt

Pireno C16H10 202 Pyr

Benzo(a)antraceno C18H12 228 BaA

Criseno C18H12 228 Chr

Benzo(b)fluoranteno C20H12 252 BbF

Benzo(k)fluoranteno C20H12 252 BkF

Benzo(a)pireno C20H12 252 BaP

Indeno(1,2,3-c,d)pireno C22H12 276 I(c,d)P

Dibenzo(a,h)perileno C22H14 278 DB(a,h)A

Benzo(g,h,i)perileno C22H12 276 B((g,h,i)P

Fonte: (Moura, 2009).

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3.2.4. Origem dos HPAs

As fontes de HPAs podem ocorrer de várias formas, tanto de forma natural

como as antropogênicas. As fontes ambientais são limitadas e pode ser citada

erupções vulcânicas, queima espontânea de florestas, e emissões de algumas

plantas, sendo liberado concentrações em níveis pouco nocível. Já os HPAs

emitidos por fontes antropogênicas são inúmeras e representam o principal processo

de emissão. A queima de carvão, fumaça de cigarro, calefação e fotocopiadoras

(Andrade, et al., 1996; Anjos, 2012).

Os HPAs podem ser também emitidos como fontes antropogênicas por vias

tecnológicas, que podem ser móveis ou estacionárias. Na fonte móvel destaca-se a

emissão pela queima incompleta de combustíveis fósseis e de biomassa, em

motores de combustão interna utilizados por uma crescente frota de veículos que

são utilizados no transporte de cargas e passageiros, onde os HPAs liberados são

liberados na atmosfera. As fontes estacionárias estão associadas a fontes pontuais,

como atividades domésticas, geração de energia elétrica e calor e como principais

fontes estacionárias industriais está a produção do alumínio, gaseificação do coque,

exaustão de plantas de incineração de rejeitos (Andrade, et al., 1996; Anjos, 2012).

3.2.5. Efeitos dos HPAs na saúde

O grande interesse em estudar os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos está

diretamente relacionado ao fato deles serem potencialmente carcinogênicos e

mutagênicos (CARUSO, S. F.; ALABRURDA, J., 2008).

As primeiras publicações tratando sobre a carcinogenecidade dos compostos

são datadas de 1775, em que Percival Pott relaciona a exposição à fuligem ao

aparecimento de câncer nos profissionais limpadores de chaminés na época (Luz,

2010).

Uma vez absorvido, o organismo começa a tentar metabolizá-lo de forma a

eliminar os HPAs. Na metabolização, formam epóxidos e, posteriormente é formado

compostos poliidroxilados (compostos mais solúveis), que são eliminados mais

facilmente pela urina. Nessa metabolização, são formados compostos intermediários

capazes de reagir com a guanina do DNA, e assim modificar as células de forma a

fazerem se replicar com erro, resultando assim na tumoração (Andrade, et al., 1996).

Os HPAs de baixo peso molecular possuem características menos

carcinogênicas, enquanto as frações mais pesadas, possuem um maior potencial

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(Souza, 2006). O Benzo(a)pireno, devido o seu grau de carcinogênico, tem sido

tradicionalmente usado como marcador de nível de exposição humana aos HPAs

totais presentes no ar. Porém, foram descobertos novos compostos, com maior

potencial, como é o caso do dibenzo[a,h]antraceno e do dibenzo(a,1)pireno, que

podem serem respectivamente de 5 a 100 vezes mais cancerígenos que o

benzo(a)pireno (Castro, 2010).

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Tabela 3. 3 - Classificação de 18 HPAs, quanto á carcinogenecidade e fator de

toxicidade equivalente (TEF).

Composto Abreviatur

a

USEPA 1 IARC 2 TEF 3

Naftaleno Naph C * 2B 0,001

Acenaftileno Aci D * não

avaliad

o

0,001

Acenafteno Ace não avaliado 3 0,001

Fluoreno Fl D * 3 0,001

Antraceno Ant D * 3 0,01

Fenantreno Phe D * 3 0,001

Fluoranteno Ft D * 3 0,001

Pireno Pyr D * 3 0,001

Benz[a]antraceno B[a]A B2 * 2B 0,1

Criseno Chr B2 * 2B 0,1

Benzo[b]fluoranteno B[b]F B2 * 2B 0,1

Benzo[k]fluoranteno B[k]F B2 * 2B 0,1

Benzo[a]pireno B[a]P B2 * 1 1

Dibenz[a,h]antraceno DB[a,h]A B2 * 2A 5

Indeno[1,2,3-

cd]pireno

InP B2 * 2B 0,1

Benzo[g,h,i]perileno B[g,h,i]P D * 3 0,01

Benzo[j]fluoranteno B[j]F não avaliado 2B 0,1

Dibenzo[a,l]pireno DB[a,l]P não avaliado 2A 100

Adaptado: (Castro, 2010).

1(US-EPA, 2005; US-EPA, 1990, ): Grupo A – cancerígeno para os humanos; Grupo B –

provavelmente cancerígeno para os humanos (B1 – baseado em evidências carcinogénicas limitadas

no homem e suficientes em animais; B2 – baseado em evidências carcinogénicas suficientes em

animais); Grupo C – possivelmente cancerígeno para os humanos; Grupo D – não classificável como

cancerígeno para os humanos (Apud Castro,2010)..

2(IARC, 1983; IARC, 2002; IARC, 2008; IARC, 2010): Grupo 1 – cancerígeno para os humanos;

Grupo 2A – provavelmente cancerígeno para os humanos; Grupo 2B – possivelmente cancerígeno

para os humanos; Grupo 3 – não classificável como cancerígeno para humanos (Apud Castro,2010).

3 (Nisbet e Lagoy, 1992; Pufulete et al., 2004; Okona-Mensah et al., 2005) Fator de toxicidade

equivalente, estimada tendo como base o benzo[a]pireno (Apud Castro,2010).

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Estudos evidenciaram que trabalhos ligados a atividades como metalúrgica,

construção e manutenção de estradas estão sujeitos a um aumento do risco de

desenvolver câncer em especial no pulmão, pele e bexiga (Castro, 2010). Levando

para o estudo, trabalhar em estacionamentos fechados e com pouca circulação de

ar, também eleva o risco, pelo fato de ter HPAs presentes.

3.2.6. Exposição aos HPAs

As formas de exposição aos HPAs podem ser múltiplas, decorrente da

ubiqüidade dos mesmos, pela grande facilidade de serem transportados e serem

adsorvidos nas superfícies. Os humanos estão sujeitos à inalação de ar poluído,

ingestão de água contaminada ou alimentos. A inalação mesmo que passiva da

fumaça de cigarro ou manuseio de matérias primas que contenham esses

compostos (Moura, 2009).

A exposição por alimento pode ocorrer pela contaminação do mesmo seja pela

forma de confecção, conservação e/ou armazenamento dos alimentos, podendo

ocorrer pelo meio ambiente (ar, solo ou água contaminados) ou durante o

processamento, como etapas de defumação, ou em processos que utiliza elevadas

temperaturas. Alguns que em seu processo de fabricação gerou ou adquiriu HPAs

são: óleos vegetais, margarinas, maionese, café, etc (CARUSO, S. F.;

ALABRURDA, J., 2008). Os HPAs podem também estar presentes em peixes (que

podem bioacumular por não conseguir metabolizá-los) e folhas de vegetais

(espinafre, alface, etc) (Moura, 2009; Castro, 2010).

Por apresentarem características lipofílicas, os HPAs uma vez presente no

organismo, tendem a se acumular nos tecidos lipídicos de plantas e animais. Nas

plantas, se acumulam principalmente em sua superfície (CARUSO, S. F.;

ALABRURDA, J., 2008).

3.3. Fluorescência Molecular

A fluorescência molecular um processo de fotoluminescência em que átomos

ou moléculas após serem excitadas, relaxam voltando ao seu estado fundamental

liberando parte de seu excesso de energia na forma de fótons. É uma técnica que

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28

parte de um fenômeno simples e sensível que oferece grandes vantagens em

relação a outras técnicas.

Os HPAs, por possuírem cadeias conjugadas devido à condensação dos anéis

aromáticos, apresentam fluorescência em regiões bastante próximas quando

excitados na região do ultravioleta.

Uma molécula quando excitada eletronicamente tende a perder o excesso de

energia e voltar ao seu estado de menor energia. Essa perda de energia pode

ocorrer de duas importantes formas: relaxação não-radiativa e emissão fluorescente.

A relaxação radiativa pode ocorrer de duas formas: relaxação vibracional e

conversão interna que resultam em um pequeno aumento da temperatura do meio.

O processo de fluorescência ocorre em molécula que possuem em sua

estrutura duplas ligações conjugadas, que tornem a estrutura da molécula rígida que

não favoreça os processos de relaxação vibracional e conversão interna, dessa

forma, a fluorescência molecular é um fenômeno que ocorre em poucas moléculas.

Os HPAs possuem as características necessárias para fluorescer, trabalhos

utilizando a técnica de fluorescência molecular foram realizados nos trabalhos com

HPAs em águas produzidas por (Bezerra, 2010) e (Santos, 2010), com obtenção de

espectros com bandas em comprimentos de ondas próximos. A figura 3.4 apresenta

um diagrama de energia mostrando os processos que ocorrem após uma molécula

absorver radiação.

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Figura 3. 4 - Diagrama de níveis de energia. Fenômenos que podem ocorrer com a

energia após sua absorção

(Skoog D. A.; West D. M.; Holler F. J.; Crouch S. R., 8ª Ed.)

Segundo (Skoog D. A.; West D. M.; Holler F. J.; Crouch S. R., 8ª Ed.), a

fluorescência molecular é medida excitando-se a amostra no comprimento de onda

de absorção e medindo-se a emissão a um comprimento de onda mais alto

denominado comprimento de onda de fluorescência. No trabalho de Santos, foi

obtido o espectro de emissão na região de 300 a 450, o resultado é mostrado na

figura a seguir (Santos, 2010).

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Figura 3. 5 - Espectros de fluorescência molecular de HPAs.

Fonte: (Santos, 2010)

Bezerra, também obteve espectros de emissão dos HPAs, em seu trabalho

realizado com água produzida. Os espectros obtidos são mostrados na figura a

seguir (Bezerra, 2010).

Figura 3. 6 - Espectro de emissão de 280 a 550 nm, com excitação em 282nm.

Fonte: (Bezerra, 2010)

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4. METODOLOGIA

4.1. Materiais e reagentes

Os materiais e reagentes utilizados foram:

Tubo de ensaio

Kitassato

Erlenmeyer

Dessecador

Tubos de vidro

Borbulhador de vidro

Bomba de ar

Aquecedor

Medidor de vazão de película de sabão

Clorofórmio Vetec 99,8%

Naftaleno (naftalina comercial)

Gelo

4.2. Seleção dos locais de coleta

Uma avaliação prévia foi feita, através de simples visitas, em diversos

ambientes possíveis de serem usados como objeto deste estudo. Em alguns locais

constatou-se uma atmosfera bastante insalubre, com um grande tráfego de veículos

e pouca ou nenhuma ventilação, inclusive, com pessoas trabalhado o dia inteiro no

ambiente. Entre os ambientes visitados foi feita uma seleção levando-se em

consideração as características quanto à rotatividade de veículos e ventilação.

4.3. Descrição preliminar do trabalho

Normalmente, a presença de poluentes no ar se encontra em concentrações

baixas, de modo que seriam necessárias técnicas de alta sensibilidade para

identificá-los e quantificá-los na forma gasosa. Alem do mais, haveria a necessidade

de equipamentos específicos que permitissem tanto a coleta quanto a análise nestas

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condições. Uma forma mais acessível de análise é fazendo-se uma pré-

concentração do analito em um solvente líquido apropriado. Duas características

essenciais do solvente é o ponto de ebulição elevado para evitar sua evaporação

durante a injeção do ar e a elevada solubilidade do analito no mesmo. Dependendo

da concentração do analito no ar, a pré-concentração pode necessitar de bastante

tempo. Como o estudo foi realizado em ambientes privados, havia a necessidade de

se desenvolver um sistema que fosse eficiente, prático e, sobretudo, discreto, de

modo a permitir a coleta sem ser percebido. Portanto, imaginamos um sistema que

fosse adaptado a um automóvel e alimentado diretamente pela bateria.

Como não dispúnhamos de cromatógrafos para o estudo, nesta etapa do

trabalho usamos a espectrometria de fluorescência molecular como técnica para

avaliar a presença de HPAs, uma vez que estas espécies apresentam elevados

níveis de fluorescência, normalmente, numa região comum do espectro. Nesta etapa

do trabalho não foi possível fazer quantificação dos HPAs, apenas constatação da

sua presença.

4.4. Montagem do sistema de coleta e testes preliminares no laboratório

Nesta etapa usou-se a naftalina comercial como fonte de naftaleno. Os ensaios

consistiram em estudos de pré-concentração de vapores de naftaleno em

clorofórmio. Para tanto, colocou-se naftalina em pó dentro de um erlenmeyer e

acoplou-se a um kitassato contendo um tubo com o solvente (clorofórmio Vetec

99,8%), através de um tubo de vidro. O kitassato foi acoplado a um dessecador sob

vácuo, seguindo o esquema mostrado na Figura 4.1. Ao abrir a válvula do

dessecador vapores de naftalina eram sugados de aprisionados no solvente. Os

tempos de amostragem foram de 5, 10,20 e 30 minutos. Terminado o tempo de

borbulhamento, as amostras foram analisadas por espectrometria de fluorescência

molecular. Posteriormente, o dessecador foi substituído por um compressor de

nebulizador, usado de forma invertida para fazer o vácuo.

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Figura 4. 1 - Sistema utilizado para os primeiros ensaios no laboratório.

Fonte: Autor, 2016

Por verificar pouca eficiência dos sistemas usados anteriormente na pré-

concentração da naftalina, desenvolveu-se outro método, mostrado na figura 4.2.

Neste caso a naftalina foi fundida num kitassato, com auxílio de um aquecedor com

o intuito de se aumentar sua pressão de vapor. O vapor gerado é conduzido até o

recipiente contendo clorofórmio, com auxílio do ar injetado por uma bomba de fluxo.

Após o término de injeção a amostra foi analisada por espectrofluorimetria.

Figura 4. 2 - Sistema 2 utilizado para pré-concentração da naftalina em clorofórmio.

Fonte: Autor, 2016

4.5. Obtenção dos espectros de fluorescência

As análises de fluorescência foram realizadas em um espectrofluorímetro

Shimadzu, modelo RF-5301PC no formato de excitação e emissão. Como os HPAs

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apresentam uma banda de fluorescência em torno de 330 nm, este comprimento de

onda foi usado para obtenção dos espectros de excitação, varrendo-se a faixa de

220 a cerca de 300 nm. Inicialmente, adicionou-se um pouco de naftalina a uma

porção de clorofórmio e obteve-se o espectro. Devido à elevada fluorescência desta

solução, a mesma foi diluída até níveis de concentração que permitissem a obtenção

de um bom espectro que servisse de referência para o trabalho.

4.6. Sistema de coleta de amostras no campo

O sistema usado na coleta foi adaptado no automóvel seguido a ilustração

apresentada na Figura 4.2. Um conversor de tensão de 12 para 220 V, indicado pelo

número (2) na figura abaixo foi ligado à bateria (1). Este conversor foi usado para

alimentar a bomba (4). Essa bomba tinha a função de sugar o ar da atmosfera e

injetar na célula (3) contendo o solvente.

Figura 4. 3 - Sistema usado para as coletas no campo. (1) bateria, (2) conversor 12-

220 V, (3) célula e (4) bomba de coleta de ar.

Fonte: Autor, 2016

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35

4.7. Coleta das amostras

A coleta foi feita de forma bem simples. Colocava-se o automóvel adaptado

dentro do estacionamento e acionava-se uma chave localizada no conversor de

tensão (2) para ligar a bomba (4). A célula (3) era composta de um tubo de vidro

com cerca de 3 cm de diâmetro contendo 25 mL de clorofórmio. Esse tubo era

mantido numa caixa térmica com gelo para minimizar a perda do solvente. Um

borbulhador conectado à bomba, através de um tubo de vidro, foi introduzido no

solvente permitindo a transferência dos HPAs. O tempo de borbulhamento do ar no

solvente foi de uma hora e o branco foi coletado numa região da cidade onde a

presença desses poluentes era mínima. As amostras foram coletadas em 2 pontos

além do branco. O ponto 1 refere-se a um estacionamento localizado no subsolo de

um edifício de consultórios e clínicas médicas. O ponto 2 foi o estacionamento de

um shopping da cidade. Após a coleta, as amostras foram transferidas para balões

volumétricos e mantidas sob refrigeração até chegar ao laboratório. As análises

foram feitas em seguida. Análises repetidas alguns dias após a coleta, com as

amostras mantidas em refrigerador, não apresentaram alterações nos resultados.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Obtenção do espectro de emissão da naftalina

Inicialmente foi realizado um espectro de emissão do naftaleno, obtendo o

espectro da figura 5.1.

Figura 5. 1 - Espectro de emissão do naftaleno.

Fonte: Autor, 2016

Como não dispúnhamos de padrões de HPAs, utilizamos como material de

referência a naftalina comercial, uma excelente fonte de naftaleno. A amostra foi

preparada segundo o procedimento descrito no item 4.4 Inicialmente, obtivemos o

espectro de excitação, onde observamos que a transição eletrônica que produz a

maior intensidade de emissão ocorre em 240 nm. Portanto, os espectros de emissão

do naftaleno foram obtidos excitando-se em 240 nm e varrendo-se a faixa de

emissão a partir de 320 nm. Vários trabalhos da literatura mostram que os espectros

de emissão de vários HPAs apresentam bastante semelhança (Bezerra, 2010;

Santos, 2010). O espectro obtido na Figura 5.1 está de acordo com aqueles

apresentados na literatura e apresentados nas Figuras 3.4 e 3.5.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

320 370 420 470

Inte

nsid

ade

Comprimento de onda (nm)

Espectro de emissão da naftalina

Naftalina

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5.2. Estudo da pré-concentração de vapores de naftaleno em clorofórmio.

Após o espectro de emissão do naftaleno, analisou a absorção dos vapores

da naftalina em função do tempo de injeção.

Figura 5. 2 - Espectro do naftaleno em função do tempo no laboratório.

Figura 5. 3 - Espectros de excitação e emissão obtidos após 30 min de injeção de

vapores de naftaleno ao clorofórmio.

Fonte: Autor, 2016.

0

20

40

60

80

100

120

300 325 350 375 400 425 450 475

Inte

nsid

ade

Comprimento de onda (nm)

Branco

Naftaleno 5 min

Naftaleno 10 min

Naftaleno 20 min

Naftaleno 30 min

0

50

100

150

200

250

200 250 300 350 400 450

Inte

nsid

ade

Comprimento de onda (nm)

Expectro de excitação x emissão do naftaleno

Excitação donaftaleno

Emissão donaftaleno

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Os resultados obtidos a partir dos espectros de fluorescência das soluções

obtidas através da injeção de vapores do naftaleno utilizando o esquema da figura

4.1 apontaram uma baixa eficiência no método de pré-concentração, ou seja, os

espectros das amostras, praticamente, não diferiam daquele apresentado pelo

branco.. Em princípio, a interpretação dada foi que a pressão de vapor da naftalina

sólida era muito baixa, de modo que a concentração de naftaleno na forma gasosa

era ínfima. Partindo desse princípio, desenvolveu-se o sistema mostrado na figura

4.2. Os resultados dos espectros após diferentes tempos de pré-concentração do

naftaleno está apresentados na Figura 5.2. Os espectros obtidos são semelhantes

ao apresentado na figura 5.1 e mostram um crescimento na intensidade de

fluorescência com o aumento to tempo de injeção do vapor de naftalina, indicando

uma maior eficiência do sistema utilizado. Os resultados iniciais teve como objetivo

principal a caracterização do naftaleno no sentido de comparação desses resultados

com os resultados obtidos com as amostras de campo. Os espectros da Figura 5.2

foram obtidos excitando-se em 250 nm. Após a última etapa de injeção do naftaleno

(30 minutos), obteve-se um espectro de excitação no sentido de se identificar o

melhor comprimento de onda para excitar, onde se determinou o comprimento de

onda 275 como sendo mais adequado. Em seguida obteve-se um novo espectro de

emissão com excitação em 275 nm, obtendo-se um resultado com maior eficiência

quântica, como mostra a Figura 5.3.

5.3. Espectros de emissão amostra 1 e amostra 2

Após as coletas nos dois locais escolhidos, foram realizadas análise de

emissão no comprimento de onda 276nm, que foi escolhido pelo espectro de

excitação realizado anteriormente com a amostra 1.

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Figura 5. 4 - Espectros das amostras 1 e 2 excitados no comprimento de onda de

276nm.

Fonte: Autor, 2016

A figura 5.4 refere-se aos espectros do branco e das amostras 1 e 2. Uma

avaliação inicial dos resultados apontou resultados contraditórios em relação ao

esperado. Aparentemente, o ambiente onde se coletou a amostra 1 era bem mais

insalubre que o da amostra 2, pois se trata de um local fechado, praticamente sem

ventilação e com grande fluxo de automóveis. Os espectros de emissão foram

obtidos com excitação em 276 nm. Apesar de a fluorescência ocorrer na mesma

região da emissão observada para o naftaleno, indicando a presença dos HPAs em

ambos os ambiente, esperava-se que a fluorescência da amostra 1 fosse mais

intensa que da amostra 2, o que não ocorreu, como mostra a Figura 5.3. Como o

experimento foi realizado nas mesmas condições empregadas para as amostras

obtidas nas primeiras coletas, resolveu-se fazer estudos complementares, no

sentido de esclarecer essas dúvidas.

5.4. Espectros de absorção molecular das amostras na região do ultravioleta

A análise de absorção molecular foi realizada com objetivo tentar esclarecer os

problemas observados no item anterior. Como já conhecido da literatura, os HPAs

0

50

100

150

200

250

320 370 420 470

Inte

nsid

ade

Comprimento de onda (mm)

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apresentam absorção na região do ultravioleta (CARUSO, S. F.; ALABRURDA, J.,

2008). Portanto, resolveu-se usar esta técnica como uma forma complementar para

tentar esclarecer os problemas observados no item anterior.

Figura 5. 5 - Espectros de absorção molecular das amostras na região do

ultravioleta.

Fonte: Autor, 2016.

A Figura 5.5 mostra os espectros obtidos para as amostras 1 e 2. Os

resultados obtidos mostraram o contrário do observado para a fluorescência. A

amostra do ponto 1 apresentou intensidade de absorção bem superior à observada

para a amostra 2. Em princípio suspeitou-se de erros experimentais, porém

sucessivas repetições da análise com as duas técnicas mostraram os mesmos

resultados. Apesar das duas amostras apresentarem duas bandas de absorção

entre 220 a 300 nm, é possível observar que os comprimentos de onda de máxima

absorção são diferentes para cada uma. Esse resultado indica que o material

coletado é HPA, porém se trata de compostos diferentes, portanto, que devem

fluorescer também de forma diferente.

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5.5. Espectro de absorção do naftaleno.

Como estudo complementar fez-se também o espectro de absorção do

naftaleno no sentido de compará-lo com aqueles obtidos a partir das duas amostras.

A figura 5.6 mostra os espectros do naftaleno juntamente com aqueles obtidos para

a amostra 1 e 2. Do mesmo modo que se observou semelhança na região de

fluorescência das amostras em relação ao naftaleno, também foi observado no

espectro de absorção, Figura 4. Esses resultados reforçam a idéia de que o material

coletado se trata realmente de HPAs.

Figura 5. 6 - Espectro de absorção das amostras 1 e 2, juntamente com o naftaleno.

Fonte: Autor, 2016.

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5.6. Espectro de excitação das amostras 1 e 2.

Posteriormente foi realizado os espectros de excitação das duas amostras

coletadas, apresentado na figura 5.7.

Figura 5. 7 - espectros de excitação das amostras 1 e 2.

Fonte: Autor, 2016.

Partindo do princípio que se tratava de HPAs diferentes em cada amostra,

indicado tanto pelos resultados de fluorescência quanto de absorção molecular,

resolveu-se fazer o espectro de excitação das duas amostras. Os espectros

apresentados na Figura 5.7 mostram que as amostras realmente são diferentes. A

amostra 1 apresenta duas bandas de excitação bem definidas, sendo a primeira em

torno de 265 nm e a segunda em 290 nm. O espectro da amostra 2 apresenta

emissão sob a forma de uma banda larga que se estende de 250 a 295 com máximo

de excitação em 288 nm. A partir desse resultado foi possível entender porque a

intensidade de emissão no espectro de missão do local 1 ter apresentado uma

banda com intensidade muito menor que o local 2 no espectro de emissão.

0

50

100

150

200

250

220 230 240 250 260 270 280 290 300

Inte

nsid

ade

Comprimento de onda (nm)

Local 1

Local 2

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5.7. Espectro de emissão das amostras 1 e 2, com excitação em 285 (local 2)

e 290nm (local 1).

Com base no resultado do espectro de excitação das duas amostras foi

realizado novos espectros de emissão que é apresentado na figura 5.8

Figura 5. 8 - Espectro de emissão das amostras dos locais 1 e 2, com excitação em 288nm

Os espectros de excitação mostrados na figura 5.7 mostram que as duas

amostras apresentam maior intensidade de emissão quando excitado em 290 e 285

nm para as amostras 1 e 2, respectivamente. A figura 7.7 mostra os espectros de

emissão obtidos nos respectivos comprimentos de onda de excitação de maior

eficiência. Comparando-se com os espectros apresentados na figura 5.4 que são

diferentes em intensidade, os espectros da Figura 5.8 são muito semelhantes. Esse

comportamento ocorre porque as intensidades de emissão nos espectros de

excitação são iguais para as duas amostras 1 e 2 quando excitadas em 290 e 285,

respectivamente

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

320 345 370 395 420 445 470 495

Inte

nsid

ade

Comprimento de onda (nm)

Branco

Local 1

Local 2

Fonte: Autor,

2016.

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6. CONCLUSÕES

A partir da avaliação dos resultados conclui-se que:

O sistema desenvolvido apresenta promissor para coleta dos HPAs e também

outros poluentes gasosos presentes na atmosfera.

As propriedades espectroscópicas do naftaleno serviram como um bom

padrão de comparação com os HPAs presentes nas amostras.

Apesar dos HPAs terem sido coletados em ambientes com características

semelhantes, ou seja, estacionamentos com pouca ventilação, os espectros de

absorção e fluorescência mostram que se trata de amostras com estruturas

diferentes.

Apesar do trabalho está no início, os resultados obtidos já forneceram

informações importantes em relação ao direcionamento das próximas etapas.

Perspectivas para trabalhos futuros

Fazer um estudo sistemático em cada local de coleta, ou seja, coletar em

horários diferentes no sentido de avaliar a dinâmica de recuperação da

atmosfera.

Incluir outros locais de coleta com características semelhantes.

Usar a cromatografia como uma técnica analítica que permita tanto a

identificação como a quantificação dos HPAs em cada ambiente.

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