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ELIO FREITAS MAGNUS DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA PARA ENSAIOS DE EMI CONDUZIDA DE BAIXO CUSTO PORTO ALEGRE 2001

DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA PARA ENSAIOS …fdosreis/ftp/Tese/Dissertacao.pdf · perturbações radioelétricas e imunidade Parte 2 – Métodos de medição. ANSI C63.12

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ELIO FREITAS MAGNUS

DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA

PARA ENSAIOS DE EMI CONDUZIDA

DE BAIXO CUSTO

PORTO ALEGRE

2001

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA

DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

EM ENGENHARIA ELÉTRICA

DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA

PARA ENSAIOS DE EMI CONDUZIDA

DE BAIXO CUSTO

Dissertação submetida à

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

como parte dos requisitos para a

obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica.

ELIO FREITAS MAGNUS

Porto Alegre, dezembro de 2001.

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DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA

PARA ENSAIOS DE EMI CONDUZIDA

DE BAIXO CUSTO

ELIO FREITAS MAGNUS

‘Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do Título de Mestre em

Engenharia Elétrica, Area de concentração em Eletrônica de Potência, e aprovada em

sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Pontifícia

Universidade Católica do Rio Grande do Sul.’

___________________________________

Fernando Soares dos Reis, Dr.Eng.

_______________________________

______________________________

______________________________

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Resumo da Dissertação apresentada à PUCRS como parte dos requisitos necessários

para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica.

DESENVOLVIMENTO DE UMAFERRAMENTA PARA ENSAIOS DE EMI CONDUZIDA

DE BAIXO CUSTO

Elio Freitas Magnus

Dezembro / 2001

Orientador: Fernando Soares dos Reis, Doutor.

Área de Concentração: Eletrônica de Potência.

Palavras-chave: EMC, EMI,

Número de Páginas: 101.

RESUMO: Este trabalho apresenta uma ferramenta de baixo custo para realização de

ensaios de EMI Conduzida destinada a pré-conformidade. Tal ferramenta foi

desenvolvida para ser executada em um microcomputador, onde os instrumentos de

medição são simulados de acordo com as especificações da Norma IEC CISPR 16-1. O

princípio de funcionamento do sistema para o ensaio de EMI Conduzida, baseado na

Norma CISPR 16-2, com a ferramenta proposta, consiste na aquisição e processamento

de uma amostra da corrente de entrada do equipamento em ensaio utilizando uma

ponteira de corrente e um osciloscópio digital que possua um meio de transferência de

dados. Os dados da amostra da corrente, adquiridos com o auxílio da ponteira e o

osciloscópio, são levados para a ferramenta de simulação. Os resultados fornecidos pela

ferramenta são os valores da interferência em dB/µV para a faixa de freqüência

escolhida, validados com auxílio de uma Rede Artificial, cuja construção foi detalhada.

A ferramenta proposta permite ainda simular a corrente de entrada para os conversores

(Elevador, Redutor, Zeta, Sepic e Redutor-elevador), operando como pré-reguladores de

fator de potência, possibilitando determinar a EMI conduzida antes de construir um

protótipo, contribuindo para a redução do tempo de desenvolvimento e o custo de um

produto, além de seu caráter didático.

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Abstract of Dissertation presented to PUCRS as a partial fulfillment of therequirements for the degree of Master in Electrical Engineering.

DEVELOPMENT OF THE LOW COST TOOL FORCONDUCTED EMI TEST

Elio Freitas Magnus

December / 2001

Advisor: Fernando Soares dos Reis, Doctor.

Area of Concentration: Power Electronic.

Keywords: EMC, EMI.

Number of Pages: 101.

ABSTRACT: This work present a tool of low cost for EMI Conducted tests destined to

precompliance. Such tool was developed to run under a microcomputer, where the

measurement instruments are simulated in accordance with the specifications of the

CISPR 16-1 standard.. The operation principle of the system for EMI Conducted test,

based in the CISPR 16-2 standard, with the proposed tool, consist in the acquisition and

processing of an input current sample of the equipment under test using a current probe

and a digital scope that has a path of data transference. The data of current sample

obtained with the current probe and the oscilloscope are carried to the simulation tool.

The results determined by the tool are the values of the interference in dB/µV for

selected frequency band, it was validated with an Artificial Network, which

construction was detailed. A proposed tool allows also to simulate the input current for

the converters (Boost, Buck, Zeta, Sepic, and Buck-Boost) operating as a basic power

factor pre-regulator, possibilitying to determinate the Conducted EMI before building a

prototype, it contribute to reduce the time and cost of the product development, besides

the didactic feature.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 13

2 COMPATIBILIDADE ELETROMAGNÉTICA. ............................................. 20

2.1 INTRODUÇÃO. ...................................................................................................... 20

2.2 ASPECTOS GERAIS................................................................................................ 20

2.3 HISTÓRICO DA EMI. ............................................................................................ 22

2.4 A MARCAÇÃO CE. ............................................................................................... 23

2.5 CERTIFICAÇÃO..................................................................................................... 24

2.6 A NORMALIZAÇÃO............................................................................................... 25

2.7 ÓRGÃOS REGULAMENTADORES. .......................................................................... 25

2.8 DEFINIÇÕES. ........................................................................................................ 27

2.8.1 Termos básicos. .......................................................................................... 27

2.8.2 Termos combinados.................................................................................... 28

2.8.3 Termos interrelacionados........................................................................... 28

2.8.4 Relação entre nível de emissão e imunidade.............................................. 29

2.9 INTERFERÊNCIAS ELETROMAGNÉTICAS................................................................ 30

2.10 SUSCEPTIBILIDADE ELETROMAGNÉTICA. ......................................................... 31

2.11 A EMC E A ELETRÔNICA DE POTÊNCIA........................................................... 31

2.12 PRINCIPAIS NORMAS SOBRE EMC.................................................................... 33

2.12.1 Limites para EMI estabelecidos nas principais normas. ........................... 35

2.13 RESUMO. ......................................................................................................... 40

3 ENSAIOS............................................................................................................... 41

3.1 INTRODUÇÃO. ...................................................................................................... 41

3.2 OS EQUIPAMENTOS DE MEDIDA............................................................................ 41

3.2.1 Receptor para medição de quase-pico. ...................................................... 42

3.2.2 Rede Artificial............................................................................................. 42

3.2.3 Microcomputador. ...................................................................................... 44

3.2.4 Instrumentos auxiliares importantes. ......................................................... 44

3.2.5 Dispositivos auxiliares. .............................................................................. 45

3.3 CONFIGURAÇÃO DO SISTEMA DE ENSAIO PARA MEDIÇÃO DE EMISSÕES

CONDUZIDAS................................................................................................................ 45

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3.4 DISPOSIÇÃO DO EQUIPAMENTO EM ENSAIO. ......................................................... 47

3.5 VALIDAÇÃO E EXECUÇÃO. ................................................................................... 48

3.6 RESUMO. ............................................................................................................. 50

4 FERRAMENTA ALTERNATIVA PARA ENSAIO DE EMI CONDUZIDA 51

4.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 51

4.2 A SIMULAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO. ............................................... 51

4.2.1 Circuito e modelo da Rede Artificial.......................................................... 52

4.2.2 Receptor de EMI......................................................................................... 55

4.3 MEIOS PARA OBTER OS DADOS PARA SIMULAÇÃO................................................ 65

4.3.1 Os dados para simulação. .......................................................................... 65

4.3.2 Ensaio para aquisição de dados reais da corrente em um equipamento. .. 66

4.3.3 Dados obtidos através de simulação. ......................................................... 67

4.4 O FUNCIONAMENTO DO SOFTWARE. .................................................................... 72

4.5 RESUMO. ............................................................................................................. 80

5 COMPROVAÇÃO EXPERIMENTAL DA FERRAMENTA PROPOSTA. . 81

5.1 INTRODUÇÃO. ...................................................................................................... 81

5.2 LEVANTAMENTO DA INTERFERÊNCIA BÁSICA DO LOCAL DE ENSAIO. ................... 81

5.3 COMPARAÇÃO DE RESULTADOS DE UM SINAL CONHECIDO. ................................. 83

5.4 COMPROVAÇÃO ATRAVÉS DE ENSAIO DE UM CONVERSOR ELEVADOR. ............... 84

5.4.1 Ensaio no Laboratório. .............................................................................. 84

5.4.2 Ensaio utilizando a ferramenta proposta. .................................................. 86

5.4.3 Simulação do Conversor Elevador através da ferramenta proposta. ........ 86

5.4.4 Comparação entre os resultados obtidos. .................................................. 87

5.5 CONSTRUÇÃO DE UMA REDE ARTIFICIAL. ........................................................... 88

5.5.1 A construção do indutor. ............................................................................ 89

5.5.2 O gabinete................................................................................................... 91

5.5.3 A validação da Rede Artificial.................................................................... 92

5.6 RESUMO. ............................................................................................................. 93

6 CONCLUSÕES DO TRABALHO...................................................................... 95

6.1 INTRODUÇÃO. ...................................................................................................... 95

6.2 AS NORMAS......................................................................................................... 96

6.3 A FERRAMENTA PROPOSTA.................................................................................. 96

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6.4 LIMITAÇÕES......................................................................................................... 97

6.5 SUGESTÕES PARA OUTROS TRABALHOS. .............................................................. 97

6.5.1 Susceptibilidade.......................................................................................... 97

6.5.2 Analisador de espectro de baixo custo. ...................................................... 97

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. .............................................................. 98

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ciclo de desenvolvimento típico de um produto........................................... 16

Figura 2 – Módulos básicos do software. ....................................................................... 17

Figura 3 – Categorias básicas da EMC........................................................................... 20

Figura 4 - Compatibilidade entre dois micro computadores. ......................................... 21

Figura 5 – A marcação CE. ............................................................................................ 23

Figura 6 – Marcas de conformidade. .............................................................................. 24

Figura 7 – Faixas de cobertura regulamentadas para EMI irradiada. ............................ 26

Figura 8 – Faixas de cobertura regulamentadas para EMI conduzida........................... 26

Figura 10 – Nível de compatibilidade. ........................................................................... 30

Figura 12 – Limites para as interferências conduzidas pela VDE 0871......................... 36

Figura 13 – Limites para as interferências conduzidas pela FCC 15. ............................ 36

Figura 14 – Limites da NBR IEC CISPR 11 para EMI conduzida. ............................... 37

Figura 15 – Limites da IEC CISPR 14 nos terminais de alimentação............................ 38

Figura 16 – Limites da IEC CISPR 14 nos terminais de carga. ..................................... 38

Figura 17 – Limites da IEC CISPR 22 para a EMI conduzida....................................... 39

Figura 18 – Esquema de uma Rede Artificial................................................................. 43

Figura 19 – Circuito equivalente de um indutor............................................................. 44

Figura 23 – Esquema da Rede Artificial sem filtro. ....................................................... 52

Figura 24 – Esquema da rede com simplificação dos capacitores. ................................ 53

Figura 25 – Rede Artificial com um lado apenas. .......................................................... 53

Figura 26 – Rede Artificial simplificada. ....................................................................... 54

Figura 27 – Circuito equivalente da Rede Artificial....................................................... 55

Figura 28 – Forma de onda didática da corrente de entrada de um equipamento. ......... 55

Figura 29 – Representação de um sinal nos domínios do tempo e freqüência. .............. 57

Figura 33 – Resposta de um indicador de quase-pico. ................................................... 65

Figura 34 – Conversor Elevador..................................................................................... 68

Figura 35 – Etapas da corrente em um período de alta freqüência................................. 69

Figura 36- Conversor Redutor. ....................................................................................... 71

Figura 37 – Conversor Zeta. ........................................................................................... 71

Figura 38 – Conversor Sepic. ......................................................................................... 72

Figura 39 – Conversor Redutor-elevador ....................................................................... 72

Figura 41 – Tela de confirmação de configuração. ........................................................ 74

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Figura 43 – Tela gráfica com o resultado da EMI Conduzida........................................ 76

Figura 44 – Analisador de Espectro para ensaios de EMC. ........................................... 82

Figura 45 – Validação do ambiente de ensaio. ............................................................... 82

Figura 48 – Conversor elevador e ponteira de corrente.................................................. 85

Figura 52 – Detalhe da montagem do indutor L1........................................................... 89

Figura 53 – Esquema de colocação dos resistores no indutor. ....................................... 90

Figura 54 – Detalhe da colocação dos resistores. ........................................................... 90

Figura 55 – Gabinete sugerido pela Norma.................................................................... 91

Figura 56 – Rede Artificial montada em gabinete de microcomputador. ...................... 91

Figura 57 – Impedância da Rede Artificial de acordo com a Norma. ............................ 92

Figura 58 – Esquema de montagem da validação da Rede Artificial............................. 92

Figura 59 – Comprovação da Rede Artificial construída. .............................................. 93

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Especificação para o filtro da tensão interferente......................................... 18

Tabela 2 – Órgãos regulamentadores. ............................................................................ 27

Tabela 3 – Exemplos de aplicações de conversores de potência.................................... 32

Tabela 4 – Faixas de freqüências.................................................................................... 42

Tabela 5 – Especificações do receptor de quase-pico pela IEC CISPR 16-1................. 42

Tabela 6 – Padronização de cores para isolação de condutores em equipamentos. ....... 66

Tabela 7 – Comparação entre Analisador de Espectro e a Ferramenta proposta. .......... 84

Tabela 8 – EMI Real e obtida por simulação para Conversor Elevador. ....................... 87

Tabela 9 – Lista de componentes para a Rede Artificial. ............................................... 88

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LISTA DE NORMAS

IEC 61.000-1-1 – Aplicação e interpretação de termos e definições

consideradas básicos para a EMC.

IEC 61.000-6-3 – Recomendações para a emissão de equipamentos elétricos

e eletrônicos utilizados em ambientes residenciais,

comerciais e indústrias de pequeno porte.

IEC 61.000-4-7 – Ensaios e técnicas de medição - harmônicos e inter-

harmônicos.

IEC 60.555-2 – Distúrbios em sistemas elétricos causados por

equipamentos eletrodomésticos e similares (Harmônicos).

IEC 61.000-3-2 – Harmônicos de corrente.

IEC 61.000-3-3 – Flutuações de tensão e flicker.

NBR CISPR 11 – Norma brasileira harmonizada com a norma CISPR 11 –

Equipamentos eletromédicos.

IEC CISPR 12 – Veículos, barcos e equipamentos que utilizam faíscas

como meio ignição.

IEC CISPR 13 – Equipamentos de som, televisores e receptores de rádio.

IEC CISPR 14 – Ferramentas elétricas operados a motor utilizadas em

ambiente doméstico.

IEC CISPR 15 – Dispositivos utilizados em iluminação e similares.

IEC CISPR 16-1 – Métodos e especificação de equipamentos para medição de

perturbações radioelétricas e imunidade Parte 1 –

Equipamentos de medição.

IEC CISPR 16-2 – Métodos e especificação de equipamentos para medição de

perturbações radioelétricas e imunidade Parte 2 – Métodos

de medição.

ANSI C63.12 – Limites para Compatibilidade Eletromagnética –

Recomendação Prática.

NBR 12304 – Limites e métodos de medição de radioperturbação em

equipamento para tecnologia da informação.

VDE 0871 – Métodos de medidas e limites máximos para EMI geradas

por equipamentos industriais, científicos e eletromédicos.

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1 INTRODUÇÃO

Em função de um jogo da final do campeonato de futebol, você está

confortavelmente sentado em frente ao televisor; seu time está no ataque quando alguém

liga um liqüidificador antigo e imediatamente aparece um ruído no som e uma faixa de

chuvisco exatamente sobre o atacante. Certamente a sua reação seria similar a de uma

pessoa assistindo o último capítulo da novela preferida e um vizinho aciona uma

furadeira.

Estes fatos apresentados, identificados como chuviscos, distorção da imagem ou

perda de cor são degradações ocorridas por interferência eletromagnética (EMI).

A nível de radio freqüência (RF), a coexistência de todos os tipos de

telecomunicações, que utilizam o espectro eletromagnético para transportar

informações, criou um problema conhecido como compatibilidade eletromagnética

(EMC), por exemplo uma emissora interferindo em outra através de harmônicos. A

solução deste problema está num compromisso, onde os serviços de telecomunicações

devem permitir um certo grau de interferência, mas as emissões interferentes não podem

passar a um certo nível, envolvendo medidas para limitar ou suprimir a energia

interferente.

O compromisso apresentado como solução do problema, possui uma limitação

bastante significativa, a limitação econômica. Utilizando-se um transmissor com um

baixo nível de interferência seria possível transmitir um sinal com menor potência, pois

com pouca interferência um sinal pode ser mais facilmente identificado, no entanto o

problema está no custo da supressão da interferência, que é muito alto.

Alternativamente, o que é feito é utilizar um transmissor de alta potência, que causa o

uso ineficiente do espectro eletromagnético, mas com um baixo custo de supressão de

interferências. Esta solução alternativa resolve o problema de quem está transmitindo,

mas causa um enorme problema aos outros sistemas que compartilham do mesmo

espectro eletromagnético. Isso deu origem a necessidade de encontrar uma ponderação

entre um nível de interferência tolerável e um custo praticável, através de um balanço

econômico.

O balanço econômico foi estudado e testado nas últimas décadas por comissões,

como o Comitê Internacional Especialista em Perturbações Radioelétricas (CISPR),

dando origem a várias normas que estabelecem níveis toleráveis de EMI.

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Os serviços de telecomunicações não são os únicos que convivem com os

problemas da EMC. Os equipamentos eletrônicos de todos os tipos são susceptíveis às

interferências externas. Este fenômeno cresce cada vez mais, tanto pela invasão de

produtos eletrônicos na vida diária, como pela diminuição da imunidade dos

equipamentos modernos que utilizam gabinetes plásticos e microprocessadores.

Quanto aos aparelhos eletrônicos, além de susceptíveis, também são potenciais

geradores de EMI, principalmente EMI conduzida, cujo meio de propagação é através

da rede elétrica.

Com a necessidade de medidas regulamentares para proteger e assegurar a EMC

dos equipamentos, alguns governos impuseram medidas restritivas às propriedades

eletromagnéticas de alguns tipos de produtos. Estas medidas foram vistas como métodos

de protecionismo, além de utilizarem técnicas inadequadas e permitirem que diferentes

normas fossem aplicadas aos produtos importados.

A Comunidade Européia deu o primeiro passo para o reconhecimento da

necessidade de medidas relativas a EMC e ao mesmo tempo eliminar as barreiras

protecionistas para o comércio, adotando em 1989, uma diretiva para harmonizar as leis

dos estados membros com relação a EMC, através da Comissão Européia para a

Compatibilidade Eletromagnética [1].

Como conseqüência, o Comitê Europeu para Normalização Eletrotécnica

(CENELEC) foi encarregado de produzir novas normas num período de dois anos,

enquanto o processo normal para gerar uma norma internacional leva no mínimo 5 anos.

Existem países que possuem suas próprias normas ou diretivas, como por

exemplo a Alemanha com as norma da União Eletrotécnica Alemã (VDE), os Estados

Unidos com as regras da Comissão Federal de Comunicações (FCC), na Comunidade

Européia as normas da CENELEC e no Brasil as normas da Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT). No âmbito internacional temos as normas da Comissão

Eletrotécnica Internacional (CEI), que são normas harmonizadas com base nas normas

CISPR.

Uma norma está harmonizada quando os limites exigidos para a conformidade e

os métodos de ensaios descritos são os mesmos estabelecidos por uma norma

reconhecida internacionalmente, com exceção apenas dos itens referentes a limites que

são influenciados pelas condições climáticas de uma determinada região. Quando uma

norma harmonizada é utilizada, os resultados obtidos são reconhecidos por todos os

países. Uma norma harmonizada é facilmente identificada, pois mantém o nome da

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norma original, acrescido da sigla do órgão que a harmonizou. Como exemplo,

podemos citar a norma internacional IEC CISPR 16 [6,7], que foi harmonizada a partir

da norma CISPR 16 e ainda a norma brasileira NBR IEC 601-1, que foi harmonizada a

partir da norma internacional IEC 601-1 [8].

Até este ponto foram tratados dos problemas e soluções de equipamentos ou

sistemas dando enfoque pelo lado dos usuários. O fabricante também tem problemas

quando seu produto precisa atender às exigências de uma norma ou diretiva no que se

refere a EMC, além disso os instrumentos necessários para executar os ensaios são de

alto custo e existem poucos laboratórios capacitados. Tudo isso eleva o custo do

produto, pois o fabricante terá que repetir os ensaios sempre que alterar o projeto para

atender a Norma específica, até que o produto esteja de dentro dos limites exigidos.

As etapas ou ciclos de desenvolvimento de um produto são inúmeras, desde o

projeto inicial até a colocação no mercado, Figura 1. Poder avaliar o desempenho do

produto ainda na fase de projeto, sob o ponto de vista da EMI, pode levar o projetista a

economizar muito tempo, levando-se em conta que atualmente se ele quiser saber se o

produto atende a uma determinada norma técnica ou diretiva, terá que construir um

protótipo e realizar ensaios em um laboratório capacitado. Se o produto não atende aos

limites impostos pela norma, o projetista terá que retornar ao projeto, revisar e corrigir

para depois retornar ao laboratório. Por outro lado, no ensaio de adequação de um

equipamento, para que atenda à norma correspondente, se o equipamento for reprovado

o problema será mais grave ainda, pois provavelmente o fabricante terá que alterar a

linha de montagem de seu produto. E ainda o custo dos ensaios em um laboratório

credenciado é muito alto, e será cobrado a cada ensaio.

No atual momento os fabricantes brasileiros estão enfrentando uma barreira

técnica imposta pela Argentina, cujo principal objetivo, além do comercial, é impedir a

entrada de produtos estrangeiros de baixa qualidade, provenientes principalmente da

Ásia. Assim os fabricantes que queiram exportar seus produtos para a Argentina, devem

possuir certificação, isto é, seus produtos devem atender às exigências das normas

técnicas internacionais pertinentes ( Norma Mercosul ou IEC).

Desta forma os fabricantes brasileiros estão passando pelo mesmo problema que

os fabricantes europeus enfrentaram na década passada, o problema das barreiras

técnicas, contando com apenas um laboratório capacitado para realizar ensaios relativos

a EMC, com reconhecimento junto a Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaios

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16

(RBLE), O Laboratório CIENTEC, localizado em Gravataí, cidade localizada na região

metropolitana de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul.

Viável Passa Passa PassaPassa

Reprojetar Reprojetar ReprojetarReprojetar

Pesquisainicial

Projeto naprancheta

Protótipo noLaboratório

Inícioda produção

Produçãocomercial

Sim Sim Sim Sim

Não NãoNão NãoNão

CICLO DE DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO

Sim

Figura 1 – Ciclo de desenvolvimento típico de um produto.

O custo de montagem de um laboratório para ensaios de EMC é muito alto,

inviável para a maioria dos fabricantes de produtos eletrônicos. Desta forma, o ideal

seria dispor de um meio de fazer uma pré-análise do produto, a um baixo custo, para

verificar se o produto atende ou não a uma determinada Norma. Assim, o produto só

seria levado ao laboratório para a realização dos ensaios finais para certificação, após a

adequação, se este estiver fora dos limites exigidos pela norma pertinente.

O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma ferramenta

computacional amigável para determinação da EMI conduzida de modo diferencial,

executada em ambiente PC, com algoritmo otimizado, com tempo de execução

relativamente pequeno se levarmos em conta os cálculos envolvidos, capaz de analisar o

nível de interferência gerado por um determinado produto antes que este seja enviado a

um laboratório credenciado, útil tanto na indústria como na pesquisa, implicando na

economia de tempo e dinheiro, para novos projetos, aperfeiçoamento e busca de

qualidade. Está ferramenta é capaz de capturar dados obtidos através de osciloscópio

digital ou processar dados obtidos em simulações executados pelo próprio programa,

fornecendo uma saída gráfica dos resultados obtidos, ou seja dos níveis de EMI

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conduzida, (em dB/µV), segundo a norma internacional IEC CISPR 16 [6]. O resultado

obtido é equivalente ao de um ensaio de EMI Conduzida, considerando que esse

resultado será indicativo e associado a ele teremos um grau de incerteza.

Para um melhor entendimento da lógica de funcionamento, a ferramenta

computacional será apresentada em módulos básicos, cujo esquema está apresentado na

Figura 2 e que representam etapas bem definidas na execução do programa.

INICIALIZAÇÃO

AQUISIÇÃO DEDADOS EXTERNOS

SIMULAÇÃO DE CIRCUITOSPRÉ-REGULADORES DE

FATOR DE POTÊNCIA

CÁLCULO DOSCOEFICIENTES DE FOURIER

CÁLCULO DA TENSÃOINTERFERENTE

SIMULAÇÃO DO EQUIPAMENTO DE MEDIÇÃO (RECEPTOR DE EMI)

Figura 2 – Módulos básicos do software.

Os módulos básicos são:

a) Aquisição de dados – etapa onde os dados da forma de onda da corrente de entrada

de um equipamento são adquiridos com o auxílio de uma ponteira de corrente e um

osciloscópio digital, sendo armazenados em um vetor de pontos;

b) Cálculo dos coeficientes de Fourier – nesta etapa são calculados os coeficientes An

e Bn da corrente de entrada, a partir do vetor que contém os dados adquiridos. Os

coeficientes são obtidos através do método numérico da Transformada Rápida de

Fourier (FFT) e armazenados em dois outros vetores;

c) Cálculo da tensão interferente – neste bloco os coeficientes de Fourier da corrente

de entrada são utilizados para a determinação da tensão interferente que esta

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corrente irá gerar na Rede Artificial. Esta tensão sofre a ação de um filtro com

largura de banda também especificada pela norma CISPR 16-1, cujos valores estão

indicados na Tabela 1. A tensão interferente é obtida aplicando-se a Transformada

Rápida Inversa de Fourier (IFFT) nos coeficientes filtrados;

BANDAS DO ESPECTRO A B C e D

FREQÜÊNCIA INICIAL 9 kHz 0,15 MHz 30 MHz

FREQÜÊNCIA FINAL 150kHz 30 MHz 1 GHz

LARGURA DE BANDA 220 Hz 9 kHz 120 kHz

Tabela 1 – Especificação para o filtro da tensão interferente.

d) Simulação do equipamento medição (Receptor de EMI) – nesta etapa, a tensão

interferente é aplicada em uma rotina que simula um circuito demodulador, cuja

função é extrair a envoltória da tensão interferente para uma determinada

freqüência. Após esta etapa, a tensão demodulada é aplicada nas rotinas que

simulam os circuitos detector e indicador do valor da interferência em dB/µV;

e) Simulação de circuitos pré-reguladores de fator de potência (PFP) – esta parte do

programa tem como função simular algumas topologias clássicas de conversores

operando como PFP [5]. A simulação dos conversores: Redutor, Elevador, Sepic e

Zeta, [5], foi incorporada ao programa para possibilitar o estudo de seus

comportamentos frente a EMI conduzida, antes da construção de um protótipo. Esta

rotina possibilita variar alguns parâmetros do conversor, conforme a necessidade do

projeto a ser desenvolvido e fornecendo os coeficientes de Fourier, que serão

necessários para a simulação da EMI conduzida pela rotina principal.

Além da ferramenta computacional, que é o tópico principal deste trabalho,

também são ressaltados aspectos importantes da EMC, como histórico, definições, as

principais normas pertinentes, os itens que estão ligados ao trabalho e ainda a origem da

marcação CE. Serão mostrados procedimentos de ensaio, de acordo com a norma

internacional IEC CISPR 16-1[6], bem como a execução prática de um ensaio de EMI

conduzida em um laboratório com a descrição dos principais equipamentos envolvidos.

Entre as amostras ensaiadas no laboratório estão conversores que são simulados

no programa como circuitos Pré-reguladores de Fator de Potência (PFP’s), utilizando a

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mesma configuração, isto é, com a mesma tensão de entrada, mesma potência e mesma

freqüência de operação do conversor. Ao final os resultados práticos são confrontados

com os resultados obtidos com o programa desenvolvido e também com resultados de

ensaios realizados em laboratório, utilizando equipamentos especificados pelo critérios

da Norma CISPR 16-1, comprovando a validade da ferramenta proposta para a

realização de ensaios de pré-análise para conformidade de um produto.

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2 COMPATIBILIDADE ELETROMAGNÉTICA.

2.1 Introdução.

Para melhor situar o objetivo deste trabalho dentro do universo científico e

tecnológico, este capítulo apresenta pontos relevantes da EMC, um breve histórico da

EMI, a certificação de produtos, aspectos da normalização, a marcação CE, marcas de

conformidade, termos básicos, definições e ainda, na Figura 3 está um organograma

que mostra o resumo das categorias básicas da EMC, ressaltando a emissão conduzida

como ponto principal deste trabalho. Estes pontos são expostos de forma objetiva e

sintetizada, procurando facilitar a interação com o assunto tratado, dando enfoque a

EMI conduzida e concluindo com as principais Normas envolvidas, além dos limites de

interferência exigidos pelas Normas mais expressivas em vigor no momento.

COMPATIBILIDADE ELETROMAGNÉTICA

EMISSÃO SUSCEPTIBILIDADE

CONDUZIDA IRRADIADA CONDUZIDA IRRADIADAELETROSTÁTICA

HARMÔNICOS FLUTUAÇOES DE TENSÃO RADIO-INTEFERÊNCIA

Figura 3 – Categorias básicas da EMC.

2.2 Aspectos gerais

Em um ambiente doméstico, quando um eletrodoméstico interfere em outro,

como uma batedeira gerando chuvisco no televisor ou o mau contato em um interruptor

provocando interferência no rádio, temos exemplos bastante comuns de EMC. Por

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definição [2], a EMC é a característica que equipamentos, dispositivos ou sistemas

possuem de não interferirem ou serem interferidos, quando localizados em um

determinado ambiente. Um ambiente pode ser um equipamento, uma sala, uma fábrica,

uma região ou território. Na Figura 4 está um exemplo de compatibilidade entre dois

microcomputadores, onde estão indicadas tanto a interferência conduzida que pode

haver através do cabo de alimentação como a interferência irradiada que pode se

propagar por ondas eletromagnéticas.

Quando há um problema de EMC em um ambiente, caracterizado pela

degradação no funcionamento de um equipamento, dizemos que o equipamento está

sendo interferido, ou está sob a ação de uma EMI. Podemos com toda certeza dizer que

um ou mais de um equipamentos neste ambiente, não atende aos requisitos apresentados

pelas normas pertinentes em relação a EMI.

A EMI é um problema sério e uma forma crescente de poluição ambiental. Seus

efeitos podem ser pequenos, como um ruído perturbador em um receptor de rádio,

citado no início do capítulo, ou como um risco de acidente com uma aeronave ao ser

interferida quando em procedimento de aterrissagem, ou ainda o risco de falha de

equipamentos de sustentação de vida que mantém um paciente vivo durante uma

cirurgia.

InterferênciaConduzida

InterferênciaIrradiada

Emissão Imunidade

Figura 4 - Compatibilidade entre dois micro computadores.

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2.3 Histórico da EMI.

A origem da EMI [14] está ligada ao final da Segunda guerra mundial, mais

precisamente nas explosões das duas bombas nucleares no Japão. Após as explosões as

comunicações de rádio nas regiões próximas ficaram interrompidas por várias horas

devido a EMI. Até então, este efeito não havia sido observado em uma escala tão

grande. Alguns anos depois, fabricantes de equipamentos eletro-eletrônicos e cientistas

trabalharam na pesquisa dos efeitos da EMI no funcionamento de equipamentos de

natureza elétrica. Eles descobriram que a EMI pode afetar o funcionamento de

equipamentos eletro-eletrônicos, dependendo apenas da intensidade da interferência e

da imunidade do aparelho a ela.

Em 1970, devido a necessidade da criação de um órgão fiscalizador que

controla-se as emissões eletromagnéticas, surgiu a FCC nos Estados Unidos, sendo um

dos primeiros órgãos criado com esse objetivo.

Em 1971 e 1972, no auge da guerra do Vietnã, os Estados Unidos montaram

potentes transmissores de rádio, cujo sinal modulado era apenas ruído, com a finalidade

de impedir a comunicação do inimigo via transmissões de rádio.

No início da década de 1980, o ônibus espacial Colúmbia entrava em órbita para

instalar um satélite de comunicação, que em caso de guerra, bombardearão o território

inimigo com EMI, impedindo as suas comunicações.

Em 1989, a Comunidade Européia (CE) deu o primeiro passo para o

reconhecimento da necessidade de medidas relativas a EMC, adotando, uma diretiva

para harmonizar as leis dos estados membros com relação a EMC, através da Comissão

Européia [1].

Em 1994, a União Européia (UE) e a Associação Européia de Livre Comércio

(AELC) juntaram-se para criar a Área Econômica Européia (AEE)

A UE efetiva em janeiro de 1996, o uso da marcação CE, para a livre

comercialização de produtos nos países que integram a Área Econômica Européia. O

objetivo da implantação de tal marcação, que deve ser estampada nos produtos, foi

qualificar e identificar produtos que atendam as exigências das normas ou diretivas

quanto emissão e imunidade eletromagnética além dos requisitos essenciais para a

segurança dos usuários [3].

Em 2000, o INMETRO implantou no Brasil um cronograma de certificações

compulsórias [3] para garantir a segurança dos produtos comercializados no país.

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2.4 A marcação CE.

É importante inicialmente ressaltar que a marcação CE é apenas um símbolo e

não deve ser associada a nenhuma sigla, mesmo que na sua origem francesa signifique

Comunidade Européia.

A marcação CE estampada em um produto indica que o fabricante declarou

publicamente que está atendendo as normas ou diretivas pertinentes. Ao fazer isto, o

fabricante está responsabilizando-se a responder judicialmente quando esta declaração

não for verdadeira, isto é, quando o seu produto não atender ao que foi declarado. Em

outras palavras, a marcação CE representa o antigo “Fio de bigode”. A marcação CE

está apresentada na Figura 5.

Quando um produto possui a marcação CE, as autoridades competentes dos

países membros da AEE assumem que todos os requisitos essenciais das normas ou

diretivas aplicáveis foram atendidos. Caso tenha sido publicada uma diretiva ou norma

aplicável ao produto e este não apresentar a marcação CE, sua comercialização é

interditada.

Figura 5 – A marcação CE.

Embora a marcação CE permita a entrada de um produto no mercado europeu,

ela não garante a qualidade deste produto, mas apenas os requisitos essenciais de

segurança em relação ao usuário. A qualidade de um produto só pode ser garantida se

este possuir uma marca de conformidade emitida por órgão legalmente capacitado para

tal ato. No Brasil o órgão que controla a certificação é o Instituto Nacional de

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Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), através do Sistema

Brasileiro de Certificação (SBC).

2.5 Certificação.

Certificação é o procedimento pelo qual um organismo certificador, também

chamado de terceira parte, dá uma garantia escrita de que um produto ou sistema está

em conformidade com requisitos especificados, após serem feitos ensaios exigidos pelas

normas pertinentes em um laboratório credenciado para tal finalidade. Esta garantia é

fornecida através de uma marca registrada, que indica que um produto ou sistema

cumpre as exigências de uma norma específica ou diretiva.

A seguir, na Figura 6, podemos observar a etiqueta de um produto com algumas

marcas de conformidade, como por exemplo a marca dos Estados Unidos (UL), a marca

do Canadá (CSA), a marca da Alemanha (VDE) e a marca CE, entre outras. Além das

marcas de conformidade, também está indicado a norma que o produto atende, a norma

internacional IEC 60950 [9], cujo escopo é a segurança de equipamentos ligados à

tecnologia de informação, ou seja, qualquer equipamento que é utilizado para

processamento de informações, como por exemplo: microcomputador, impressora, fax ,

copiadora e outros equipamentos conectados aos que foram citados.

Figura 6 – Marcas de conformidade.

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2.6 A normalização.

A normalização é o processo de estabelecer e aplicar regras a fim de abordar

ordenadamente uma atividade específica, com a participação de todos os interessados,

levando em conta as condições funcionais e as exigências de segurança. Seus objetivos

são apresentados a seguir:

a) Proporcionar uma maior troca de informações entre clientes e fornecedores,

com vistas a garantir a confiabilidade nas relações comerciais;

b) Padronizar para haver uma compatibilidade entre produtos;

c) Garantir os direitos do consumidor através da garantia da qualidade;

d) Garantir a segurança do usuário através da conformidade com as Normas;

e) Eliminar barreiras comerciais com adoção de critérios únicos.

Os principais órgãos responsáveis pela normalização são:

a) A nível internacional, a Organização Internacional de Normalização (ISO),

a Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC), entre outras;

b) A nível regional, estão o Comitê Mercosul de Normalização CMN, a

comissão Pan-americana de Normas Técnicas (COPANT), o Comitê

Europeu de Normalização (CEN), entre outros;

c) A nível nacional, estão a Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT), o Instituto Argentino de Normalização (IRAM), o Instituto de

Normalização Nacional Americano (ANSI), o Instituto de Normalização

Britânico (BSI), entre outros;

d) A nível de empresa, estão as normas da Ford, General Motors, Fiat, entre

outras.

2.7 Órgãos regulamentadores.

Os órgãos regulamentadores tem como função controlar a aplicação das normas

pertinentes em uma determinada área de abrangência ou país. Cabe a estes órgãos

publicar portarias, nas quais estão definidas as regras de fiscalização e controle das

marcas ostentadas nos produtos. Um resumo apresentando os principais órgãos pode ser

visto na Tabela 2.

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Na Figura 7 estão apresentados as principais faixas do espectro em relação a

interferência irradiada e na Figura 8 em relação a interferência conduzida, identificando

os órgãos regulamentadores.

10-100GHz10-100Hz 1-10kHz 0,1-1MHz 1-10MHz0,1-1kHz 10-100kHz 10-100MHz 0,1-1GHz 1-10GHz

VCCI(30MHz-1GHz)

EN e CISPR(9kHz-1GHz)

EMI IRRADIADA

FCC(30MHz-40GHz)

Normas militares(30 Hz-40 GHz)

Figura 7 – Faixas de cobertura regulamentadas para EMI irradiada.

10-100Hz 1-10kHz 0,1-1MHz 1-10MHz0,1-1kHz 10-100kHz 10-100MHz

Normas militares(30 Hz-10 MHz)

VCCI(150kHz-30MHz)

EN e CISPR(9kHz-30MHz)

FCC(450kHz-30MHz)

EMI CONDUZIDA

Figura 8 – Faixas de cobertura regulamentadas para EMI conduzida.

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SIGLA SIGNIFICADOREGIÃO DE

ABRANGÊNCIA

CENELEC Comitê Europeu de Normalização Eletrotécnica Comunidade Européia

VCCI Conselho de Controle Voluntário para Interferência Japão

VDE União Eletrotécnica Alemã Alemanha

FCC Comissão Federal de Comunicações Estados Unidos

CISPR Comitê Internacional Especial de Perturbações

Radioelétricas

Abrangência

Internacional

Tabela 2 – Órgãos regulamentadores.

2.8 Definições.

Os termos e definições sobre EMC podem ser divididos em três grupos, os quais

serão apresentados a seguir, sendo considerados de fundamental importância para a

interpretação com melhor entendimento, principalmente quando o objetivo for

aplicações práticas ligadas ao desenvolvimento e avaliação de sistemas

eletromagneticamente compatíveis [2].

2.8.1 Termos básicos.

O primeiro grupo é formado por termos básicos, que são:

a) Meio Eletromagnético – é a totalidade de fenômenos eletromagnéticos

existentes em um dado local;

b) Distúrbio Eletromagnético – é qualquer fenômeno eletromagnético que pode

degradar a performance de um dispositivo, equipamento ou sistema;

c) Interferência eletromagnética (EMI)– é a degradação na performance de um

dispositivo, equipamento ou sistema causada por distúrbios

eletromagnéticos;

d) Compatibilidade eletromagnética (EMC) – é a característica apresentada por

um equipamento ou sistema, de operar satisfatoriamente em um meio

eletromagnético sem ser interferido e sem introduzir indesejáveis distúrbios

neste ambiente;

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e) Emissão (eletromagnética) – é o fenômeno pelo qual a energia

eletromagnética emana de uma fonte;

f) Degradação (de performance) – é uma falha indesejável na performance

operacional de um dispositivo, equipamento ou sistema;

g) Rádio Interferência – é a degradação na recepção de um sinal recebido,

causado por um distúrbio eletromagnético que tem componentes dentro do

espectro de rádio-freqüência;

h) Imunidade (a um distúrbio) – é a característica de um dispositivo,

equipamento ou sistema de operar sem degradação na presença de um

distúrbio eletromagnético;

i) Susceptibilidade (eletromagnética) – é a falta de proteção de um dispositivo,

equipamento ou sistema para operar sem degradação, na presença de um

distúrbio eletromagnético. É o oposto de imunidade;

2.8.2 Termos combinados.

O segundo grupo é formado por termos combinados que são:

a) Nível de emissão (de uma fonte de distúrbio) – é o nível de um dado

distúrbio eletromagnético emitido por um dispositivo, equipamento ou

sistema, medido através de algum método;

b) Limite de emissão (de uma fonte de distúrbio) – é o nível máximo de

emissão admissível para um dispositivo, equipamento ou sistema;

c) Nível de imunidade – é o nível de um dado distúrbio eletromagnético,

incidente de alguma forma em um dispositivo, equipamento ou sistema, sem

ocorrer nenhum grau de degradação no funcionamento;

d) Limite de imunidade – é o nível mínimo de imunidade requerido para um

dispositivo, equipamento ou sistema;

2.8.3 Termos interrelacionados.

O terceiro grupo é formado por termos interrelacionados que são:

a) Margem de emissão – é a razão entre o nível de compatibilidade

eletromagnética e o limite de emissão;

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b) Margem de imunidade – é a razão entre o limite de imunidade e o nível de

compatibilidade eletromagnética;

c) Margem de compatibilidade (eletromagnética) – é a razão entre o limite de

imunidade e o limite de emissão.

2.8.4 Relação entre nível de emissão e imunidade.

A Figura 9 apresenta a combinação de níveis de emissão e imunidade e seus

limites associados como função de uma variável independente, como por exemplo a

freqüência. Os níveis apresentados são apenas ilustrativos [2], e servem para

caracterizar que o nível de emissão de um equipamento deve ser sempre mais baixo do

que o limite máximo permitido e o seu nível de imunidade de ser sempre mais alto que

o limite mínimo de imunidade requerido.

Nível de imunidade

Limite de imunidade

Limite de emissão

Nível de emissão

Variável independente

Nível de

distúrbio

Margem de projeto do equipamento

Figura 9 – Limites e níveis de emissão e imunidade.

Na seqüência, a Figura 10 apresenta o nível de compatibilidade que está

localizado entre os limites de emissão e imunidade da Figura 9. A linha pontilhada

indica um possível nível de emissão e imunidade. O nível de compatibilidade está

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indicado pela linha que está entre os limites de emissão e imunidade. Estes limites

indicam os extremos da margem de compatibilidade.

Na margem de compatibilidade não são aceitos que os valores obtidos invadam

esta área, tanto para os níveis de emissão, quanto para os níveis de imunidade de um

equipamento sob ensaio, isto é, equipamento que esteja sendo avaliado em relação a

uma norma.

Nível de imunidade

Limite de imunidade

Limite de emissão

Nível de emissão

Variável independente

Nível de

distúrbio

Nível decompatibilidadeMargem de imunidade

Margem de emissão

Margem decompatibilidade

Figura 10 – Nível de compatibilidade.

2.9 Interferências eletromagnéticas.

As Emissões eletromagnéticas são interferências causadas por um equipamento,

dispositivo ou sistema, as quais são divididas em dois tipos, de acordo com o meio de

propagação:

a) interferências irradiadas;

b) interferências conduzidas.

As interferências irradiadas são as que se propagam através de campos

eletromagnéticos, enquanto as interferências conduzidas propagam-se por cabos de

alimentação ou por interligações físicas entre equipamentos, dispositivos ou sistemas.

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Para exemplificar as interferências irradiadas, temos os harmônicos gerados por uma

emissora de rádio, os quais causam interferência em outras emissoras de rádio. No caso

das interferências conduzidas, podemos citar os distúrbios gerados por um equipamento

de potência acionado por tiristores.

A EMI conduzida é o ponto principal deste trabalho, portanto será dada uma

ênfase maior neste assunto, principalmente quanto às normas envolvidas.

2.10 Susceptibilidade eletromagnética.

A susceptibilidade eletromagnética é a falta de proteção contra EMI, apresentada

por um determinado equipamento, quando submetido a um ambiente que apresenta

fenômenos eletromagnéticos, tais como:

a) Interferências irradiadas;

b) Interferências conduzidas;

c) Interferências eletrostáticas.

2.11 A EMC e a Eletrônica de Potência.

Nos últimos anos, a EMC tornou-se um tópico muito importante no campo da

Eletrônica de Potência. Os problemas causados pela interferência de ruídos

eletromagnéticos atingem um espectro de freqüências muito grande, o qual pode ir

desde alguns ciclos da rede de alimentação até às freqüências de comunicações

extremamente altas.

Como atualmente a maioria dos equipamentos eletro-eletrônicos utilizam

conversores, CA-CC ou CC-CC, o estudo da EMI na Eletrônica de Potência é

plenamente justificável e necessário. As interferências eletromagnéticas geradas por um

conversor, podem comprometer o funcionamento de outros equipamentos que estiverem

conectados à rede de alimentação ou outro meio de propagação.

Do ponto de vista da Eletrônica de Potência, a Emissão conduzida é de grande

relevância, podendo interferir diretamente na qualidade de energia e consequentemente

em outros equipamentos que estão conectados a mesma rede de alimentação.

A influência da EMI injetada na rede de alimentação CA por conversores de

potência, como por exemplo fontes chaveadas, deve ser levada em consideração. Isto

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porque os conversores devem atender às normas e regulamentações internacionais de

EMI, as quais limitam a geração de ruído conduzido e irradiado.

As emissões conduzidas por estes equipamentos ocupam uma faixa que vai de

20kHz, um pouco acima da faixa audível, até próximo a 30MHz, dependendo da

freqüência do conversor e da tecnologia utilizada. Os circuitos conversores da maioria

das fontes de alimentação dos equipamentos domésticos, comerciais e industriais

trabalham em freqüências fixas entre 20kHz e 150kHz, embora hajam casos em que

estes circuitos trabalham em freqüências mais baixas. Nas freqüências mais altas

operam conversores especiais que utilizam tecnologias mais avançadas especialmente

concebidas para reduzir as perdas de comutação. Na Tabela 3 estão apresentados alguns

exemplos de conversores utilizados comercialmente, com freqüências de operações e

funções respectivamente.

EQUIPAMENTO FREQÜÊNCIA FUNÇÃO

Fonte chaveada 20 – 100 kHz Suprir energia à carga

Reator eletrônico 20 – 50 kHz Alimentar lâmpada de descarga

UPS 2 – 20 kHz Fornecimento de energia ininterrupta

Inversores 2 – 20 kHz Acionamento de máquinas elétricas

Tabela 3 – Exemplos de aplicações de conversores de potência.

Um outro ponto muito importante tem sido a redução do tempo de

desenvolvimento de novos produtos, pois hoje o tempo de vida de um produto no

mercado é muito curto, principalmente devido a rápida evolução tecnológica. Tendo isto

em mente, é importante minimizar os problemas causados pela EMI, porque o principal

problema no desenvolvimento de um novo produto, não é somente o teste e reteste em

Laboratório credenciado para atender os limites de EMI. Certamente isto pode ser caro

com o custo de um Laboratório chegando a quase U$ 1500 por dia. Mas este custo pode

se tornar insignificante quando comparado com o impacto do atraso da entrada de um

produto no mercado [12].

Assim, desde a fase inicial do desenvolvimento de um produto, deve-se utilizar a

tecnologia mais adequada para o projeto e assim minimizar as interferências, levando

em conta os limites máximos estabelecidos pelas Normas para cada tipo de produto. As

tecnologias existentes no âmbito internacional, possibilitam o desenvolvimento de bons

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projetos, mas não existem receitas prontas, isto é, cada equipamento tem a sua

peculiaridade e nem sempre a tecnologia utilizada em um equipamento funciona em

outro com os mesmos resultados, exigindo desde pequenos ajustes em bobinas até a

escolha de outro tipo de conversor mais adequado.

Para ilustrar o que foi exposto sobre a utilização e aplicação de novas

tecnologias, na Figura 11 está o circuito de um reator eletrônico para lâmpadas

fluorescentes com correção de fator de potência [11]. O circuito além apresentar uma

baixa distorção harmônica para a rede, também fornece uma tensão quase senoidal para

a carga, neste caso, a lâmpada fluorescente.

Figura 11 – Reator eletrônico com corrente quase senoidal e alto fator de potência.

2.12 Principais normas sobre EMC

Nesta parte do trabalho, veremos as principais normas internacionais existentes

sobre o assunto em questão, ou seja EMC, além dos limites apresentados para a EMI

pelas normas mais relevantes e os principais órgãos regulamentadores e suas faixas de

abrangência. Na seqüência será dada uma atenção especial à norma IEC CISPR 16-1,

que especifica os principais requisitos para os equipamentos que devem ser utilizados

nos ensaios de EMI.

As principais normas, cujo o escopo está relacionado com o assunto tratado

estão apresentados a seguir:

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IEC 61.000-1-1 Aplicação e interpretação de termos e definições

consideradas básicos para a EMC.

IEC 61.000-6-3 – Recomendações para a emissão de equipamentos elétricos

e eletrônicos utilizados em ambientes residenciais,

comerciais e indústrias de pequeno porte.

IEC 60.555-2 – Distúrbios em sistemas elétricos causados por

equipamentos eletrodomésticos e similares (Harmônicos)

IEC 61.000-3-2 – Harmônicos de corrente.

IEC 61.000-3-3 – Flutuações de tensão e flicker.

NBR CISPR 11 – Norma brasileira harmonizada com a norma CISPR 11 –

Equipamentos eletromédicos.

IEC CISPR 12 – Veículos, barcos e equipamentos que utilizam faíscas

como meio ignição.

IEC CISPR 13 – Equipamentos de som, televisores e receptores de rádio.

IEC CISPR 14 – Ferramentas elétricas operados a motor utilizadas em

ambiente doméstico.

IEC CISPR 15 – Dispositivos utilizados em iluminação e similares.

IEC CISPR 16-1 – Métodos e especificação de equipamentos para medição

de perturbações radioelétricas e imunidade

Parte 1 – Equipamentos de medição.

IEC CISPR 16-2 – Métodos e especificação de equipamentos para medição

de perturbações radioelétricas e imunidade

Parte 2 – Métodos de medição.

ANSI C63.12 – Limites para Compatibilidade Eletromagnética –

Recomendação Prática.

NBR 12304 – Limites e métodos de medição de radioperturbação em

equipamento para tecnologia da informação.

VDE 0871 – Métodos de medidas e limites máximos para EMI geradas

por equipamentos industriais, científicos e eletromédicos.

A norma IEC 61.000-6-3 é genérica e apresenta as recomendações para a

emissão de equipamentos elétricos e eletrônicos utilizados em ambientes residenciais,

comerciais e indústrias de pequeno porte, para os quais não exista norma dedicada ao

equipamento ou família de equipamentos. Equipamentos emissores de energia

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35

eletromagnética utilizados em rádio-comunicações estão excluídos desta norma. Ela

apresenta recomendações para a faixa de 0Hz até 400GHz, mas só deve ser aplicada

quando não houver Norma específica.

A ANSI C63.12 tem como propósito é propor limites para referência, que podem

ser aplicados de modo geral. Os limites apresentados são recomendações, não sendo

específicos, podendo ser ajustados para determinadas circunstâncias.

A IEC CISPR 16-1 apresenta as características e a performance necessárias aos

equipamentos destinados para medição de perturbações radioelétricas. Todas as outras

normas sobre EMC são referenciadas à norma IEC CISPR 16-1, pois o método de

ensaio e os equipamentos de medida a serem utilizados devem ter características que

possibilitem garantir a repetibilidade de um determinado ensaio em diferentes lugares,

preservando-se as condições básicas necessárias para sua realização.

2.12.1 Limites para EMI estabelecidos nas principais normas.

Conforme já foi falado anteriormente, as Normas CISPR 16-1 [6] e CISPR 16-2

[7], apresentam apenas as especificações e parâmetros dos equipamentos de medição, o

método de ensaio, disposição dos equipamentos e amostras de ensaio e a área de

ensaio. No entanto, estas Normas não trazem limites para a avaliação de conformidade.

Quando é necessário avaliar uma amostra em relação a EMI, deve-se recorrer a Norma

específica que apresenta os limites para o equipamento.

As Normas que apresentam os limites para EMI, embora estes limites sejam

bastante próximos, variam de acordo com a aplicação ou o ambiente de utilização. Na

Figura 12, estão apresentados os limites de EMI de acordo com a Norma Alemã VDE

0871, identificando a sua utilização em equipamentos de acordo com a classe destes. A

diferença entre os limites de interferência dos equipamentos de classe A e classe B estão

bem caracterizados na figura citada no presente parágrafo.

Os equipamentos de classe A são de uso mais restrito, utilizam-se de uma

distância de proteção de 30m, aplicados em áreas industriais, onde suas interferências

não comprometem o desempenho de outros equipamentos. Os equipamentos de classe

B são de uso menos restrito, com uma distância de proteção de 10m, aplicáveis a

equipamentos de uso doméstico. Como o uso de equipamentos de classe B é cada vez

maior e o seu espaço físico é dividido com outros equipamentos, a interferência gerada

por eles tem que ser bem mais limitada.

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36

100

90

80

70

60

50

40

300.01 0.15 0.5 1 10 30

60

48

91

79

69.5

57.566

54

MHz

Valor limiteClasses A

Valor limiteclasse B

dBµV

Figura 12 – Limites para as interferências conduzidas pela VDE 0871.

Os limites da Norma FCC 15, estão na Figura 13. Nota-se que os limites

exigidos iniciam em 450kHz estendendo-se até 30MHz. As classes A e B também

possuem limites distintos.

MHz

100

90

80

70

60

50

40

300.01 0.1 1 10 301.60.45

Valor limiteclasse A

Valor limiteclasse B

70

60

48

dBµV

Figura 13 – Limites para as interferências conduzidas pela FCC 15.

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Para os equipamentos ligados à área médica, os limites de EMI, bem como os

ensaios aplicáveis estão contidos na Norma NBR IEC CISPR 11 [10] , os quais podem

ser observados na Figura 14. Também existe distinção entre as classes A e B. Como

exemplo de equipamentos de classe B estão os que fazem parte de uma Unidade de

Tratamento Intensivo (UTI) e Centro Cirúrgico.

0.15 0.5 30 MHz

100

90

80

70

60

50

40

300.9 5 10

73

6066

79

56

Valor limite

Quase-pico (classe A)

Quase-pico (classe B)

dBµV

Figura 14 – Limites da NBR IEC CISPR 11 para EMI conduzida.

A Norma CISPR 14 [15] apresenta limites para os valores de quase-pico e valor

eficaz, cujos limites estão na Figura 15. O equipamento primeiramente pode ser

avaliado quanto ao limite de quase-pico, se atender está conforme, caso contrário deve

ser avaliado quanto ao valor eficaz, sendo obrigatório atender a este limite. Esta Norma

também especifica limites para EMI quando um equipamento é conectado a outro que

atuará como carga.

Um exemplo de aplicação da Norma CISPR 14 é o Sistema de Alimentação

Ininterrupta (SAI ou UPS), cuja saída supri um outro equipamento e deve fornecer

energia à carga com baixo nível de interferência, isto é, dentro dos limites que estão

apresentados na Figura 16. Além disso este equipamento deve atender aos requisitos da

Norma IEC CISPR 22 [16] no lado em que vai conectado a rede de alimentação, por ser

um equipamento que é classificado como de tecnologia de informação [9].

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38

0.15 0.5 30 MHz

100

90

80

70

60

50

40

300.9 5 10

60

50

5966

56

46

Valor limiteQuase-pico

Eficaz

dBµV

Figura 15 – Limites da IEC CISPR 14 nos terminais de alimentação.

0.15 0.5 30 MHz

100

90

80

70

60

50

40

300.9 5 10

74

647080

Valor limite

Quase-pico

EficazdBµV

Figura 16 – Limites da IEC CISPR 14 nos terminais de carga.

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A Norma IEC CISPR 22 [16], apresenta os limites para os equipamentos

identificados como sendo de Tecnologia de Informação, ou seja, equipamentos que são

utilizados em transações comerciais, planejamento e desenvolvimento. Como exemplo

podemos citar alguns equipamentos bastante conhecidos:

– Microcomputadores;

– Impressoras;

– Caixas eletrônicos;

– Máquinas copiadores;

– Telefones;

– Aparelhos de fax.

Os equipamentos que direta ou indiretamente estão associados aos que foram

citados, também são enquadrados nesta Norma.

Na Figura 17 estão apresentados os limites para a Norma IEC CISPR 22, os

quais são os mesmos estabelecidos para a Norma IEC CISPR 11, cujos limites foram

apresentados na Figura 14.

0.15 0.5 30 MHz

100

90

80

70

60

50

40

300.9 5 10

73

6066

79

56

Valor limite

Quase-pico (classe A)

Quase-pico (classe B)

dBµV

Figura 17 – Limites da IEC CISPR 22 para a EMI conduzida.

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2.13 Resumo.

Neste capítulo o assunto principal tratado foi a EMC. Inicialmente foram

apresentados os aspectos gerais com objetivo de situar o leitor com relação ao problema

da EMC dentro de um contexto familiar ao nosso convívio. Na seqüência, um histórico

com fatos cronológicos a respeito da EMI que culmina com o advento da Certificação

de produtos e o seu reconhecimento através das marcas de conformidade, graças ao

empenho da Comunidade Européia e seguido por outras nações, não esquecendo que os

Estados Unidos e a Alemanha já estavam neste caminho de forma voluntária através do

FCC e da VDE respectivamente.

O grande beneficiado com a normalização e a certificação foi o consumidor,

embora os fabricantes que buscaram a certificação também saíram ganhando pelo fato

de oferecerem um produto melhor que o da concorrência, visto que o consumidor

passou a se tornar exigente.

Finalizando este capítulo, estão as principais normas sobre EMC, termos e

definições e os limites que devem ser atendidos numa avaliação de conformidade, para

os principais produtos de consumo no campo eletro-eletrônico.

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41

3 ENSAIOS.

3.1 Introdução.

Para a execução de um ensaio previsto em Norma técnica é necessário a

utilização de um procedimento padrão, onde são transcritos os pontos da norma que

serão aplicados em um ensaio específico, já que as Normas geralmente abrangem

diversos ensaios e diversas situações. Como exemplo, pode-se citar a Norma IEC-

CISPR 16-1 [6], que trata tanto de ensaios de emissão como de imunidade, além de

apresentar a especificação do Receptor de EMI e da Rede Artificial. A partir desta

Norma cria-se um procedimento para medir a emissão de um equipamento e outro

procedimento para avaliar a susceptibilidade, cujas situações são diferentes. Assim o

principal objetivo de um procedimento, além de ajudar a garantir a repetibilidade de um

ensaio, é facilitar o trabalho do operador que terá como preocupação apenas seguir os

passos que foram previamente interpretados da Norma.

Neste capítulo serão apresentados: os equipamentos necessários para realização

de um ensaio de EMI conduzida, as especificações para estes equipamentos, o ambiente

de ensaio e a disposição dos equipamentos. Estes pontos norteiam este trabalho e são

necessários para um procedimento de ensaio de EMI conduzida, e a conseqüente

validação do trabalho.

3.2 Os equipamentos de medida.

A especificação dos equipamentos de medida depende da freqüência de

operação. Cada faixa de freqüência deve ser analisada atendendo à características

específicas. As faixas de freqüência que devem ser cobertas por um equipamento de

medidas estão divididas conforme a Tabela 4. No caso das interferências conduzidas, as

principais Normas específicas exigem apenas as faixas A e B, ou seja, de 9kHz a

30MHz.

Os principais equipamentos para a realização de um ensaio de EMI conduzida

estão enumerados a seguir. Na seqüência serão apresentadas as especificações básicas

que os equipamentos devem atender.

– Receptor de EMI para medição de quase-pico;

– Rede Artificial (LISN – Line Impedance Stabilization Network);

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– Microcomputador;

– Outros dispositivos, como: mesa, cabos, plano de referência aterrado, etc.

FAIXA FREQÜÊNCIA

A 9 a 150 kHz

B 0.15 a 30 MHz

C 30 a 300 MHz

D 300 a 1000 MHz

Tabela 4 – Faixas de freqüências.

3.2.1 Receptor para medição de quase-pico.

Para cada uma das faixas citadas na Tabela 4, os receptores de quase-pico devem

atender as seguintes especificações:

Faixas de freqüênciaCaracterísticas

A B C e D

LARGURA DE BANDA 220 Hz 9 kHz 120 kHz

Constante de tempo de carga (τ1) 45 ms 1 ms 1 ms

Constante de tempo de descarga (τ2) 500 ms 160 ms 550 ms

Constante de tempo mecânica (τm) 160 ms 160 ms 100 ms

Tabela 5 – Especificações do receptor de quase-pico pela IEC CISPR 16-1.

3.2.2 Rede Artificial.

A Rede Artificial é necessária para que o sinal interferente seja aplicado a uma

impedância conhecida nos terminais de alimentação do equipamento sob teste, isolar o

circuito de ensaio das interferências provindas da rede de alimentação e acoplar a tensão

interferente ao receptor.

Na Rede Artificial, a impedância medida entre o terra e cada terminal do

equipamento sob teste, deve manter-se invariável, independente da carga que está

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43

conectada em seus terminais, inclusive um curto-circuito, com o receptor de medida

conectado ou uma resistência equivalente.

Numa Rede Artificial há três terminais: o terminal principal para ligação ao

sistema de alimentação (fonte), o terminal de equipamento para conexão ao

equipamento em ensaio e o terminal de saída de distúrbios para conexão ao

equipamento de medição (Receptor de EMI).

Receptor deEMI

4 µF 8 µF

5 Ω1 kΩ

250 nF250 µH 50 µH

Ao equipamentoem ensaio

Ao equipamentoem ensaio

T

4 µF

8 µF

5 Ω 1 kΩ

250 nF250 µH 50 µH

50 Ω

10 Ω

10 Ω

Fase da redede alimentação

Neutro da redede alimentação

C2

L2 L1

R1 R3R2

C3C1

R2

C2

L2 L1

R1

C1

R4R3

C3

Figura 18 – Esquema de uma Rede Artificial.

Na Figura 18 está representado um esquema de uma Rede Artificial de acordo

com a norma CISPR 16-1 [6], onde também são fornecidas especificações mais

detalhadas para a sua construção, como por exemplo a montagem do indutor de 50 µH,

que não é nada trivial, uma vez que o mesmo deve ser um indutor de 50 µH para

freqüências entre 9 kHz e 30 MHz o que torna-se difícil de obter devido às

capacitâncias parasitas e ao efeito pelicular. Como se sabe um indutor pode ser

modelado pelo circuito equivalente da Figura 19. Assim a medida que a freqüência

aumenta, aumenta os valores da resistência parasita (Rp) e da capacitância parasita (Cp)

tornam-se significativos.

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44

Rp

L

Cp

Figura 19 – Circuito equivalente de um indutor.

A última versão da Norma recomenda valores como o diâmetro do núcleo, o

espaçamento entre as espiras, o número de espiras, o diâmetro do condutor e os

resistores que devem ser colocados entre determinadas espiras para evitar ressonâncias

internas no indutor. Se estas recomendações não forem seguidas, provavelmente a rede

não atenderá aos parâmetros especificados pela Norma.

3.2.3 Microcomputador.

Atualmente com a grande demanda de ensaios de EMC em um laboratório, faz-

se necessário que o sistema de medição seja automatizado. Os equipamentos de

medição podem ser comandados por software, facilitando a aquisição de dados e a

alteração automática das configurações das faixas de freqüências a serem ensaiadas,

bem como o controle do tempo de amostragem. Utilizando o microcomputador, o

operador deverá apenas conectar o equipamento a ser ensaiado conforme as exigências

da Norma e executar um software devidamente validado, que siga os passos exigidos

pela norma. Finalmente é só esperar o relatório de ensaio, que pode ser gerado

automaticamente.

3.2.4 Instrumentos auxiliares importantes.

Além dos equipamentos e instrumentos de medição citados, outros instrumentos

auxiliares também são necessários. Estes instrumentos são:

– Voltímetro – Utilizado para monitorar a tensão de alimentação, que é

utilizada para suprir o equipamento em ensaio;

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– Termômetro – Serve para monitorar a temperatura no ambiente de ensaio;

Estes instrumentos são muito importantes para que seja possível repetir um

ensaio o mais fielmente possível, quando houver dúvida, ou contestação por partes

interessadas.

3.2.5 Dispositivos auxiliares.

Não somente os equipamentos de medição são necessários para a realização de

um ensaio. Os dispositivos auxiliares para a montagem do ensaio também são

importantes e estão descritos a seguir:

– Uma sala onde o nível de ruído no ambiente seja no mínimo 6 dB abaixo dos

limites estabelecidos pelas normas aplicáveis aos equipamentos que serão

ensaiados;

– Mesa de material não condutivo com 80 cm de altura com área suficiente

para a configuração do ensaio;

– Um plano de referência de terra, com características condutivas e dimensões

mínimas de 2 m por 2 m;

– Cabos adequados para conexão entre equipamentos;

– Condutor sólido em forma de chapa, cuja relação entre o comprimento e a

largura é no máximo de 5 para 1, para conexão entre a Rede Artificial e o

plano de referência. Como exemplo, se a parte traseira da Rede Artificial

ficar a 40 cm do plano de referência de terra, tal condutor deverá ter uma

largura mínima de 8 cm;

– Filtro opcional para rede de alimentação com elevado nível de ruído.

– Variador de tensão para executar o ensaio dentro das faixas de tensões

especificadas pelo fabricante.

3.3 Configuração do sistema de ensaio para medição de emissões conduzidas.

Para medição de EMI conduzida o equipamento em ensaio é conectado à rede de

alimentação através da Rede Artificial. O terminal da Rede Artificial destinado para

saída de distúrbios é conectado ao equipamento medição (Receptor de EMI). Na Figura

20 está um esquema básico das conexões que são necessárias entre os equipamentos. No

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46

caso de equipamentos com alimentação trifásica são utilizadas mais de uma Rede

Artificial, uma para cada fase e enquanto o equipamento de medição está conectado em

uma das redes artificiais, terminações de 50Ω são conectadas nas saídas das outras

redes.

Receptorde

EMI

Equipamentoem ensaio

Fontede

Alimentação

RedeArtificial

F

N

F N

Figura 20 – Esquema básico de conexões dos equipamentos de ensaio.

Filtro

RedeArtificial

Filtro

RedeArtificial

Receptor de

EMI

FiltroFiltro

RedeArtificial

Equipamento em ensaio

80 cm

Cargade 50Ω

Cargade 50Ω

Cargade 50Ω

30 a 40 cm

L1 L2 L3 N

RedeArtificial

Figura 21 – Configuração de ensaio.

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Analisando a Figura 21, observa-se de forma esquemática os pontos citados no

parágrafo anterior, com exceção dos filtros colocados entre a rede de alimentação e a

Rede Artificial. Tais filtros são opcionais, devendo ser utilizado quando o nível de ruído

nos terminais da rede alimentação possam interferir nas medições. Uma forma de

verificar esta interferência é fazer uma medição com o equipamento sob ensaio

desligado, mas conectado a rede. Se os níveis não estiverem de acordo com as

exigências da norma CISPR 16-2 [7], então será necessário o uso dos filtros.

3.4 Disposição do equipamento em ensaio.

Dispondo-se das condições necessárias, tais como: equipamentos, dispositivos

auxiliares e ambiente adequado, cujas especificações já foram apresentadas nos itens

anteriores, faz-se necessário organizar a área de ensaio, juntamente com a amostra que

será testada, respeitando as condições especificadas pela Norma IEC CISPR 16-2 [7].

Uma descrição detalhada da montagem do ensaio está apresentada nos seguintes

itens:

– Inicialmente o plano de referência de terra deve estar na posição vertical, a

40 cm atrás da mesa especificada anteriormente;

– Se a mesa for relativamente grande o plano de referência de terra pode ser

encostado na parte posterior da mesa;

– O equipamento a ser ensaiado é colocado sobre a mesa de forma que sua

traseira fique a 40 cm do plano de referência;

– Todas as outras superfícies do equipamento a ser ensaiado devem estar no

mínimo a 80 cm de distância de outros equipamentos ou aparelhos com

superfícies metálicas;

– Se os cabos utilizados para interconexões possuírem um comprimento maior

que 80 cm, devem então serem dobrados em forma de serpentina, com elos

com comprimento entre 30 e 40 cm, sem cruzar o cabo.

– O cabo de conexão entre o equipamento a ser ensaiado e a Rede Artificial

deve ser mantido a no mínimo 40 cm do plano de referência de terra;

– A conexão entre a saída da Rede Artificial e o equipamento de medição

(receptor de EMI) deve ser feita por um cabo blindado;

– Conectar a Rede Artificial ao variador de tensão;

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Na seqüência, a Figura 22 ilustra uma montagem de ensaio sugerida pela Norma.

Tal montagem é indicada para um equipamento que independente de ser aterrado ou não

e que em uso normal é utilizado sobre uma mesa.

Superfície Condutora

Equipamento emensaio

LISN

Receptor

80 cm80

cm

40cm

Figura 22 – Configuração de um sistema de ensaio.

Para outros tipos de equipamentos que normalmente não são utilizados sobre

uma mesa, a configuração do ensaio sofre algumas alterações, tais como a altura da

mesa e a posição do plano de referência de terra.

Executando-se a configuração descrita e possuindo os equipamentos indicados

devidamente calibrados, basta saber operar o medidor e avaliar os resultados para

conseguir realizar o ensaio corretamente.

3.5 Validação e execução.

Após a conclusão da montagem descrita no item anterior, segue-se os seguintes

passos para a execução do ensaio:

– Ajustar a tensão do variador para obter a tensão nominal na entrada do

equipamento em ensaio;

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– Anotar os dados relativos a temperatura do ambiente de ensaio e a tensão que

foi ajustada no variador de tensão;

– Manter o equipamento em ensaio desligado, e realizar a medição do ruído

existente no ambiente de ensaio;

– Se a medição for 20dBµ inferior ao limite estabelecido pela Norma

pertinente ao equipamento em ensaio, então o ensaio pode ser conduzido

sem problemas;

– Se valor do ruído interferente máximo presente no ambiente de ensaio for

6dBµ menor que o valor limite estabelecido, o valor deverá ser anotado e o

ensaio prosseguido;

– Mas se o ruído ambiente for superior aos limites citados nos dois itens

anteriores, então o ensaio deve ser abortado e deverão ser tomadas medidas

para minimizar o ruído, como por exemplo a inserção de um filtro entre a

fonte de alimentação e a rede artificial;

– Assim o equipamento em ensaio é ligado as medições iniciadas, respeitando

as especificações de cada faixa de freqüência;

– O período de amostragem é de no mínimo 15 segundos, ou seja,

aproximadamente 900 períodos da freqüência de rede, sendo esta 60 Hz;

– Os dados obtidos devem ser devidamente registrados.

– O ensaio é repetido com a tensão de alimentação igual a 0,9 e 1,1 vezes a

tensão nominal para determinar o pior caso, isto é, o maior valor da

interferência gerada pelo equipamento em ensaio.

– O ensaio deve ser repetido para os limites inferior e superior de alimentação

do equipamento em ensaio.

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50

3.6 Resumo.

As informações fornecidas neste capítulo são suficientes para a montagem de um

laboratório para ensaios de adequação de um produto, mais especificamente para

ensaios de EMI conduzida, que é o tema principal deste trabalho. Inicialmente foram

apresentadas as faixas de freqüência, frisando que para EMI conduzida os ensaios

limitam-se as faixas A e B. Na seqüência foram citados os principais equipamentos e as

especificações que eles devem atender, fechando com disposição destes em um

ambiente de ensaio e uma seqüência de passos para a sua execução. Com os resultados

obtidos é possível avaliar a qualidade do produto quanto aos ensaios de EMI conduzida.

Se os resultados forem muito próximos aos limites, é importante que o fabricante

trabalhe no projeto para dar um pouco de folga, já que os componentes utilizados

possuem tolerâncias que podem afetar o resultado final do ensaio.

Para a certificação deste produto é necessário um Laboratório Credenciado por

órgão reconhecido internacionalmente, que atenda os critérios de sistema da qualidade e

possua equipamentos rastreados aos padrões internacionais de medidas.

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51

4 FERRAMENTA ALTERNATIVA PARA ENSAIO DE EMI CONDUZIDA

4.1 Introdução

Nos capítulos anteriores foram apresentadas informações sobre EMC, enfocando

os caminhos que um produto deve percorrer para estar em conformidade com uma

Norma pertinente, não só buscando de forma expontânea a garantia da qualidade mas

atendendo às necessidades de um mercado cada vez mais exigente.

Neste capítulo serão descritos todos os passos dados para a obtenção de uma

ferramenta original alternativa para medição de EMI proposta por este trabalho, os

equipamentos que fazem parte do sistema de medição de EMI serão tratados a nível de

software e o seu modelamento matemático será obtido.

4.2 A simulação dos equipamentos de medição.

Os principais equipamentos necessários para a execução de um ensaio de EMI

conduzida são a Rede Artificial e o Receptor de EMI, os quais foram apresentados no

capítulo anterior e cujos modelos serão apresentadas na seqüência deste capítulo.

A obtenção de modelos matemáticos que descrevam fielmente o comportamento

do Receptor de EMI são fundamentais para a simulação destes equipamentos, pois

descrevem suas características físicas. Assim, estes equipamentos serão analisados a

partir de suas funções dentro do sistema de medição das interferências conduzidas.

Quando um modelo é aplicado para representar um determinado sistema,

existem dois pontos principais a serem considerados:

– A necessidade dos resultados obtidos aproximarem-se de um sistema ideal;

– O tempo de simulação que é dispensado para a obtenção dos resultados.

Se o modelo aplicado for muito inflexível, o tempo de simulação de um sistema

pode ser inviável. Por isso é importante que os modelos sejam simples, mas respeitando

a necessidade de um resultado tão preciso quanto possível. Assim, o que norteia um

bom modelo é o comprometimento entre o que é necessário e o que pode ser feito para

que se obtenha um resultado satisfatório no menor tempo possível.

Na seqüência serão apresentados os diferentes blocos que compõem o sistema de

medição bem como os modelos adotados para sua representação:

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– Rede Artificial;

– Receptor de EMI.

4.2.1 Circuito e modelo da Rede Artificial

Na Figura 18 foi apresentado o esquema de uma Rede Artificial, o qual foi

sugerido pela Norma CISPR 16-1 [6]. No esquema desta figura está incluído um filtro

que foi citado no capítulo anterior.

Para obter o modelo da Rede Artificial, parte-se do esquema fornecido pela

Norma, porém sem o filtro. O filtro não será levado em consideração, uma vez que as

suas funções principais são de fazer com que a EMI gerada pelo equipamento em ensaio

seja desviada para a Rede Artificial e bloquear as componentes de alta freqüência

provindas da rede alimentação, deixando passar a componente de 60 Hz. Na Figura 23

está o esquema da Rede Artificial sem o filtro.

Conector parao Receptor

de EMI

8 µF

5ΩΩΩΩ 1 kΩΩΩΩ

250 nF50 µH

Ao equipamentoem ensaio

Conector paraa terminação

de 50ΩΩΩΩ

T

8 µF

5ΩΩΩΩ 1 kΩΩΩΩ

250 nF50 µH

Ao fase da redede alimentaçãoou filtro

Ao neutro da redede alimentaçãoou filtro

Ao equipamentoem ensaio

Figura 23 – Esquema da Rede Artificial sem filtro.

O Receptor de EMI e a terminação são trocados de posição dependendo se a

medição é efetuada na fase ou no neutro da rede de alimentação. Na prática a Rede

Artificial pode possuir uma chave que comuta o Receptor de EMI da fase para o neutro

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53

e vice-versa, mas nada impede que se troque de posição o cabo de conexão que interliga

a Rede Artificial com o Receptor de EMI.

As cargas determinadas pelas impedâncias da terminação e do Receptor de EMI,

são representadas pelos resistores de 50 Ω. Acima de 9 kHz, os capacitores podem ser

representados por um curto-circuito, conforme mostrado na Figura 24.

O esquema pode ser simplificado para o circuito da Figura 25, pelo fato de que:

– O objetivo é analisar a interferência gerada por um equipamento em ensaio;

– A Rede Artificial é simétrica em relação ao terra;

– A medição é realizada em um lado da Rede Artificial de cada vez.

Impedância do Receptorde EMI

8 µF

5ΩΩΩΩ1 kΩΩΩΩ

250 nF

L1 50 µH

Ao equipamentoem ensaio

Impedância da

terminação

T

8 µF

5ΩΩΩΩ 1 kΩΩΩΩ

250 nF

L1 50 µH

Ao fase da redede alimentaçãoou filtro

Ao neutro da redede alimentaçãoou filtro

Ao equipamentoem ensaio

C1 C2

C1 C2

50ΩΩΩΩ

50ΩΩΩΩ

R1R3 R5

Figura 24 – Esquema da rede com simplificação dos capacitores.

R1 R3

L1

Aoequipamento

em ensaio

Terra

C1 C2

R5

Fase ouNeutro

Figura 25 – Rede Artificial com um lado apenas.

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54

A associação entre os resistores R3 e R5 é representada pelo resistor R2. O valor

do resistor R2 se fosse calculado ficaria aproximadamente 5 % inferior. Na prática, os

valores dos componentes deste circuito estão estabelecidos na Norma CISPR 16-1 [6],

já considerando as características que os componentes assumem no circuito da Rede

Artificial, cujos valores nominais são:

L1 = 50 µH

R1 = 5 Ω

R2 = 50 Ω

Desta forma, o circuito simplificado fica equivalente ao da Figura 26.

R1

L1

R2

Ig(t)

Figura 26 – Rede Artificial simplificada.

Finalmente na Figura 27 está o circuito simplificado que representa a Rede

Artificial. Neste circuito, quando circula a componente de alta freqüência da corrente de

entrada do equipamento em ensaio (corrente interferente Igint(t)), obtém-se a tensão

interferente (Uint(t)) nos terminais de saída da Rede Artificial. A corrente (Igint(t))

representa a corrente que circula nos terminais de alimentação do equipamento em

ensaio, a qual está didaticamente ilustrada na Figura 28. A tensão (Uint(t)) será tratada

no item que é dedicado ao Receptor de EMI, neste capítulo.

Aplicando-se as leis básicas de circuitos elétricos ao circuito da Rede Artificial

apresentado na Figura 27, obtém-se a seguinte equação diferencial:

int1int

int2

1int

2

1 gg

IRdt

dILU

RR

dtdU

RL +=

++

(1)

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55

A equação (1) foi apresentada originalmente por Albach [4] e detalhada por Dos

Reis [5] para descrever o comportamento da Rede Artificial.

R1

L1R2

Igint (t)

Uint(t)

Figura 27 – Circuito equivalente da Rede Artificial.

-0,4

-0,3

-0,2

-0,1

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,00 1,60 3,20 4,80 6,40 8,00 9,60 11,20 12,80 14,40 16,00t(ms)

I(A)

Figura 28 – Forma de onda didática da corrente de entrada de um equipamento.

4.2.2 Receptor de EMI.

O receptor de EMI é o equipamento fundamental para os ensaios de avaliação da

interferência eletromagnética gerada por um determinado equipamento. Sua

característica mais importante é ser capaz de selecionar determinadas freqüências com

uma largura de banda que atenda às especificações da Tabela 5.

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56

Nesta etapa serão descritos as principais características da ferramenta proposta

neste trabalho, onde uma amostra da corrente de entrada de um equipamento é

processada para obter-se a interferência conduzida gerada pelo equipamento em ensaio.

O método utilizado como ferramenta para este trabalho está fundamentado nos

trabalhos de Albach [4] e Dos Reis [5], nos quais são apresentadas as características

fundamentais que os equipamentos de medição devem possuir, segundo a Norma

CISPR 16-1[6] .

O Receptor de EMI é composto de quatro circuitos bem distintos, os quais serão

descritos neste tópico. Estas etapas estão interligadas de forma consecutiva, conforme

seqüência apresentada a seguir:

– Filtro de entrada;

– Circuito demodulador;

– Detector de quase-pico;

– Indicador eletromecânico do nível de interferência.

4.2.2.1 Filtro de entrada.

A tensão interferente (Uint(t)), obtida através dos terminais de saída da Rede

Artificial, é aplicada ao Receptor de EMI, onde é filtrada com um filtro de largura de

banda adequada para cada faixa de freqüências, de acordo com a Tabela 5. Neste

trabalho serão utilizados os valores das faixas de freqüências A e B, cujas larguras de

banda de 220 Hz e 9000 Hz são correspondentes às faixas de freqüências de 9 kHz a

150 kHz e de 150 kHz a 1000 kHz respectivamente.

Para um melhor entendimento do processo de funcionamento do filtro de

entrada, seu estudo será apresentado na seguinte seqüência de tópicos:

– O processo de medição de EMI conduzida é fundamentado na análise da

corrente de entrada do equipamento ensaiado, pois é a corrente que revela o

comportamento do equipamento como carga do sistema de alimentação,

possibilitando avaliar o nível de interferência que introduz na rede elétrica;

– A corrente em função do tempo, definida como (Igint(t)), é decomposta em

uma soma finita de termos, utilizando-se a série de Fourier [18], que serão

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limitados pela máxima freqüência desejada para análise. Desta forma, para

analisar a corrente de um equipamento nas freqüências inferiores a 150 kHz

será necessário obter os termos da série de Fourier até o harmônico de

número 2.500, ou seja:

500.260

150max ===HzkHz

ff

nred

sendo, n o número do harmônico múltiplo inteiro da freqüência de rede ( fred )

e fmax a freqüência máxima a ser analisada.

– Através da decomposição do sinal no domínio do tempo, em série de

Fourier, obtém-se o sinal no domínio freqüência (Figura 29);

A

t

f

Domínio do tempo

Domíniofreqüência

Figura 29 – Representação de um sinal nos domínios do tempo e freqüência.

– A decomposição da corrente (Igint(t)) em termos da série de Fourier pode ser

expressada pela seguinte expressão:

t n senb + t n a + 2a = (t)Ig nn

=1n

o

τπ

τπcosint

(2)

Onde,

f 2 = =

redπωπτω

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sendo ω a freqüência angular da rede de alimentação em radianos por

segundo e τ o intervalo de tempo de um semi período da rede;

– Os coeficientes an e bn podem ser calculados de acordo com as expressões:

dt tn (t)Ig 2 = ao

I

=1in ω

τ

τ

cosint∫∑ (3)

dt tn sen(t)Ig 2 = bo

I

=1in ω

τ

τ

int∫∑ (4)

Onde, I representa o i-ésimo período de comutação de alta freqüência contido

em um semi-período da freqüência de rede, ou seja:

f 2f = I

red

s

– A corrente de entrada é decomposta em termos da série de Fourier para

tornar possível a seleção dos harmônicos de cada faixa de freqüência e assim

recompor o sinal interferente (Uint(t)), além da correlação entre a tensão

interferente (Uint(t)) e a corrente (Igint(t)), simulando a Rede Artificial.

– Para o estudo do método, considera-se que a corrente de entrada dos

equipamentos que serão ensaiados possuem simetria de onda. Assim, a

corrente de entrada genérica pode ser descrita conforme a equação (5), pois

ao assume o valor zero;

( )tn senb + tn a = (t)I nnn

gintωωcos

1∑

=(5)

– Como a tensão interferente (Uint(t)) e a corrente (Igint(t)) são correlacionadas

pela equação diferencial que representa a Rede Artificial, apresentada na

equação (1), a tensão (Uint(t)) pode ser representada pela série de Fourier da

equação (6);

( )tn send + tn c = (t) U nnn

int ωωcos1

∑∞

=

(6)

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– Os valores dos coeficientes cn e dn [4,5] são obtidos da equação (1) e estão

apresentados nas seguintes equações:

)b x + a x( x1 = c n1n2

3n (7)

)b x + a x(- x1 = d n2n1

3n (8)

Onde:

Ln = x1 ω

RR + 1 +

Rx = x

RR + 1 R +

Rx = x

2

12

2

12

3

2

11

2

21

2

– Aplicando-se as equações (7) e (8) na equação (6) obtém-se a tensão

interferente (Uint(t)) simulando a Rede Artificial;

– Finalmente, para obter a tensão interferente (Uint(t)) para uma determinada

freqüência (fo), que é múltiplo inteiro da freqüência de rede, é necessário

selecionar a faixa de freqüência a ser medida, aplicando-se um filtro cuja

banda passante é especificada pela Norma IEC CISPR 16, como pode ser

visto na Tabela 5;

– Assim, a série de Fourier que representa a tensão interferente (Uint(t)) em

uma freqüência (fo) está descrita na equação (9);

( ) tn send + tn c = (t)U nn

1-h+n

1+h-n=nint

o

o

ωωcos∑ (9)

– Quando a freqüência a ser medida for inferior a 150 kHz (faixa de 9 kHz a

150 kHz), o valor de h é igual a 2 e para um valor de freqüência igual ou

maior que 150 kHz (faixa de 150 kHz a 1MHZ), o valor de h será igual a 90;

– Para exemplificar, considerando a freqüência a ser medida igual a 12.000

Hz, obtida pelo produto entre o harmônico de ordem 200 e freqüência de

rede igual a 60 Hz, aplicando-se a largura de banda da faixa A da Tabela 5,

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60

ou seja 220 Hz, a tensão interferente (Uint(t)) será recomposta pelos

harmônicos que estão na faixa de freqüências entre 11.890 Hz e 12.110 Hz,

ou seja 12.000 Hz ±110Hz, ilustrada na Figura 30;

Freqüência (Hz)

Amplitude

12000 12060 121201194011880

220 Hz

11820

Janela com largurade banda de 220 Hz

Harmônicon = 202

(202 x 60 Hz)

Figura 30 – Exemplo de seleção de harmônicos.

– O processo descrito no item anterior é aplicado sobre toda a faixa de

freqüência que será analisada, deslocando-se como se fosse uma janela

centralizada sobre o harmônico da freqüência em questão. Os harmônicos

selecionados são utilizados na recomposição da tensão interferente filtrada

para a largura de banda especificada. A tensão interferente será aplicada ao

circuito demodulador, cuja descrição será apresentada em item destinado a

explanação deste circuito;

– A janela citada no item anterior é deslocada, por convenção para a direita,

avançando para o harmônico de ordem n + h, ou seja:

2022200 =+=+ hn

– Como a janela avança um harmônico para a direita, obviamente deve rejeitar

o harmônico do extremo esquerdo, passando por todos os harmônicos em

ordem crescente e obtendo a tensão interferente na largura de banda filtrada

de forma seletiva ao longo de toda a faixa.

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61

4.2.2.2 Circuito demodulador.

Este circuito é responsável pela demodulação de baixa freqüência da tensão

interferente (Uint(t)), em uma determinada freqüência fo. A função deste circuito é

extrair a envoltória da tensão interferente, que foi obtida do filtro de entrada para uma

determinada freqüência na faixa analisada . Na Figura 31 está apresentado o circuito

simplificado do demodulador, cujo funcionamento será descrito na seqüência, bem

como a apresentação de suas equações.

R1D

R2D

Uint (t) UD(t)CD

UCD(t)

D

Figura 31 – Circuito demodulador.

O circuito demodulador possui duas etapas distintas de funcionamento que

dependem diretamente do diodo D, as quais são:

– Quando a tensão interferente Uint(t) é maior que a tensão sobre o capacitor

UCD(t), o diodo D conduz, carregando o capacitor CD com a tensão Uint(t).

– Quando a tensão interferente Uint(t) é menor que a tensão UCD(t), o diodo D

fica bloqueado e o capacitor CD descarrega-se através dos resistores R1D e

R2D.

A tensão de saída UD(t) será a tensão sobre o resistor R2D, obtida através do

divisor resistivo formado por R1D e R2D, nas duas etapas apresentadas. Esta tensão será

aplicada a circuito Detector de Quasi-pico, que será apresentado no próximo item.

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Das etapas descritas resultam as seguintes equações para UD(t):

(t)U < (t)U p/ e )t(U R + R

R

(t)U > (t)U p/ (t)U R + R

R

= (t)U

CDintt-t -

oCD2D1D

2D

CDintint2D1D

2D

D

D

o

τ

(10)

Onde to representa o intervalo de tempo no qual a tensão interferente Uint(t) é menor

que a tensão UCD(t) no capacitor CD e τD = (R1D + R2D).CD. Para uma demodulação

conveniente, o valor atribuído para τD é igual a um milisegundo.

4.2.2.3 Detector de quase-pico.

Após a tensão interferente Uint(t) ser filtrada e demodulada, deve passar através

do circuito detector de quase-pico, cuja versão simplificada está apresentada na Figura

32. Este circuito atende satisfatoriamente às necessidades deste trabalho.

R1W

R2WUD (t) UW(t)CW

D

Figura 32 – Detector de quase-pico.

O detector de quase-pico avalia sinais de acordo com a sua taxa de repetição,

sendo uma forma de medir o fator de perturbação destes sinais.

O funcionamento do circuito do detector de quase-pico está detalhado nos

seguintes itens:

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– O sinal de saída do demodulador UD(t) é aplicado a entrada do detector de

quase-pico;

– Quando tensão UD(t) é maior que a tensão de saída do circuito Detector de

Quasi-pico UW(t), o diodo D conduz, mas se a tensão UD(t) é menor, o diodo

D não conduz e o capacitor CW descarrega-se pelo resistor R2W;

– Nos intervalos de condução e bloqueio do diodo D, a tensão de saída UW(t) é

descrita pela seguinte equação diferencial:

(t)U < (t)U p/ 0 = (t)U 1 +

dt(t)dU

(t)U > (t)U p/ (t)U 1 - 1 = (t)U

1 + dt

(t)Ud

wDw2

w

wDD21

w1

w

τ

τττ(11)

sendo a constantes de tempo de carga:

C R + RR R = w

2w1w

2w1w1

×τ (12)

e a constantes de tempo de descarga:

C R = w2w2τ (13)

– Os valores das constantes τ1 e τ2 encontram-se na Tabela 5;

– Utiliza-se solução numérica para obter a tensão de saída UW(t) por ser mais

simples e aplicável para a simulação;

– Assim, substituindo-se as derivadas por pequenos incrementos discretos na

equação (11), obtém-se:

∆∆

∆∆

0 = (t)U 1 +

t(t)U

(t)U 1 - 1 = (t)U

1 + t(t)U

w2

w

D21

w1

w

τ

τττ(14)

Como ∆Uw(t) = Uw(t + ∆t) - Uw(t); tem-se:

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64

∆∆

∆∆

(t) U < (t) U p/ U t - 1 = t) + (t U

(t) U > (t) U p/ t U 1 - 1 + (t) U

t - 1 = )t + (t U

wDw2

w

wDD21

w1

w

τ

τττ(15)

– Se a tensão interferente Uint(t) não possui nenhum tipo de modulação, seu

envelope será uma tensão contínua e o receptor de EMI indicará o valor

eficaz da tensão Uint(t). Desta forma deve ser satisfeita a condição:

×

τττ

12

1

2D1D

2D

2W1W

2W

2D1D

2D

- + 1

21 =

R+ RR

21 =

R + RR

R + RR

(16)

4.2.2.4 Indicador eletromecânico do nível de interferência

Atualmente os receptores de EMI comerciais empregam tecnologia digital, com

recursos avançados e apresentação sofisticada dos resultados. No entanto, as

especificações técnicas que os receptores devem atender, tais como largura de banda e

constantes de tempo, continuam as mesmas que eram utilizadas para avaliar o grau de

perturbações nas comunicações militares, em uma época em que os recursos

tecnológicos não deixavam outra opção.

Como pode ser visto na Figura 33, a saída do indicador eletromecânico do valor

de quase-pico normalmente apresenta uma tensão contínua com um determinado ripple.

O valor tomado para a tensão UW(t) é o valor médio, dado pela seguinte

expressão:

dt (t) U 1 = U wom

m

∫τ

τ(16)

Onde τm é dado na Tabela 5.

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65

Resposta do detector deQuase-pico

Valor médiodo detector

de quase-pico

Valorde

pico

t

Figura 33 – Resposta de um indicador de quase-pico.

4.3 Meios para obter os dados para simulação.

Nos itens anteriores foram apresentados os circuitos que compõem um sistema

de medição de EMI conduzida. A partir deste ponto será descrito como a ferramenta

proposta neste trabalho simula o sistema completo de medição de EMI (Receptor de

EMI e Rede Artificial).

Os passos que serão seguidos para a apresentação desta ferramenta, serão

semelhantes aos que foram utilizados na apresentação dos circuitos que compõem o

sistema de medição, isto é, na seqüência natural de utilização.

Como para a operação da ferramenta proposta por este trabalho são necessários

os dados referentes ao sinal interferente, é necessário obter uma amostra da corrente de

entrada do equipamento a partir da qual a EMI conduzida será avaliada.

4.3.1 Os dados para simulação.

Os dados para processamento no software podem ser obtidos por captura da

forma de onda real através de um osciloscópio digital e uma ponteira sensora de

corrente. Além desta forma de obter dados, foi acrescentada ao software a possibilidade

de simular a corrente de entrada dos principais conversores utilizados como pré-

reguladores de fator de potência utilizando a metodologia de projeto descrita por Albach

[4] e Dos Reis [5].

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Estes circuitos simulam a corrente de entrada com base em dados que são

fornecidos pelo usuário, como a tensão de entrada e a potência do conversor.

4.3.2 Ensaio para aquisição de dados reais da corrente em um equipamento.

Os dados de um equipamento submetido a um ensaio de EMI conduzida através

da ferramenta proposta devem ser obtidos com o auxílio de uma ponteira de corrente

juntamente com um osciloscópio digital. Os dados da corrente de um período deverão

ser gravados em disco flexível, opção comum nos atuais osciloscópios digitais.

Os dados gravados no disquete devem estar em formato de planilha, para que

possam ser recuperados pelo software, que reconhece os dados automaticamente.

Na prática a captura dos dados é executada através do ensaio que é realizado da

seguinte forma:

– Inicialmente os condutores de entrada do equipamento devem estar

acessíveis, isto é, deve ser possível conectar a ponteira de corrente em

qualquer um dos dois condutores de forma independente;

– Recomenda-se construir um dispositivo de adaptação que separe os

condutores, obedecendo a padronização internacional de cores para a

isolação dos condutores em equipamentos, citada por exemplo na Norma

IEC 60601-1[8] e na Norma IEC 60950[9]. Esta padronização está resumida

na Tabela 6;

CONDUTOR COR UTILIZADA NA ISOLAÇÃO DE CONDUTORES

Terra Verde ou verde e amarelo

Neutro Azul

Fase Qualquer outra cor exceto as cores azul, verde ou verde e amarelo

Tabela 6 – Padronização de cores para isolação de condutores em equipamentos.

– Coloca-se a ponteira de corrente em um dos condutores de alimentação e no

osciloscópio;

– O equipamento em ensaio deve ser posicionado na situação mais próxima do

modo normal de utilização;

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67

– Ajustar o osciloscópio para enquadrar um período da freqüência de rede de

alimentação, ou seja 60Hz;

– A amostra de corrente é congelada e transferida para um disco flexível num

arquivo de pontos em formato de tabela;

– Desta forma os dados reais de um ensaio estarão prontos para serem

processados através da ferramenta proposta.

4.3.3 Dados obtidos através de simulação.

Como já foi citado anteriormente, outra forma de obter-se os dados relativos a

corrente de entrada seria por simulação dos conversores utilizados como pré-

reguladores de fator de potência.

Estes circuitos simulam a corrente de entrada com base em dados que são

fornecidos pelo usuário, como a tensão de entrada, tensão de saída, freqüência de

operação e a potência do conversor.

A grande vantagem de poder simular os conversores está no fato de possibilitar o

estudo do comportamento destes circuitos frente a EMI conduzida, antes da construção

de um protótipo.

Os conversores fornecidos no software como opções de simulação de dados para

avaliação da EMI conduzida são topologias clássicas operando como PFP [5]. Estas

topologias são:

– Elevador;

– Redutor;

– Sepic;

– Zeta;

– Redutor-elevador.

Para demonstrar o processo de simulação da corrente de entrada dos

conversores, os componentes que compõem o circuito, de forma geral serão

considerados como ideais.

O estudo será feito com o conversor Elevador, cujo circuito está apresentado na

Figura 34. Na seqüência serão apresentadas as etapas de funcionamento pertinentes a

este circuito, que possibilitarão o equacionamento da corrente de entrada.

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68

A primeira etapa de funcionamento inicia-se quando o transistor entra em

condução e a corrente ig (t) cresce linearmente.

Nesta etapa o diodo D está bloqueado e a tensão sobre o diodo é a própria tensão

de saída (V) e a corrente de entrada é descrita pela equação (17).

)t(i + L

)t-(t (t)v = (t)i

dt(t)i d

L = (t)v

1ig1ig

g

gg

(17)

Onde, t1i é o instante de tempo inicial.

R

+

Vg+

V

-

+

Ve

-

D

Ig Id

C

-

L

Figura 34 – Conversor Elevador.

A Segunda etapa de funcionamento inicia quando o transistor entra em bloqueio

e o diodo D é diretamente polarizado.

Nesta etapa a tensão sobre o transistor é igual a tensão de saída e a corrente

sobre o diodo é igual a corrente de entrada ig (t) que é representada pela equação (18).

)t(i + )t-(t L

) V - (t)v ( = (t)i = (t)i 2ig2i

gdg

(18)

Onde, t2i caracteriza o instante de tempo onde o transistor é bloqueado.

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69

Como a corrente ig (t2i) representa a corrente no instante em que o transistor é

bloqueado, então substituindo-se a equação (17) na equação (18), a corrente na segunda

etapa de funcionamento do conversor fica:

)t(i + L

)t-t( (t)v + )t-(t L

) V - (t)v ( = (t)i = (t)i 1ig

1i2ig2i

gdg

(19)

A terceira e última etapa inicia quando o diodo D entra em bloqueio, ocorrendo

quando a corrente id(t) se anula, caracterizando o modo de condução descontínuo que

pode ser observado na Figura 35, bem as etapas descritas anteriormente.

t bloqt cond

T

máx

ig

ig

Figura 35 – Etapas da corrente em um período de alta freqüência.

Com as etapas de funcionamento bem caracterizadas, é possível obter os

coeficientes an e bn., e conhecer o espectro harmônico da corrente de entrada ig (t).

Aplicando as equações das etapas do conversor na equação (3) obtém-se an, que está

apresentado na equação (20) e aplicando as mesmas equações da corrente do conversor

na equação (4) obtém-se bn, que está apresentado na equação (21).

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70

) tn Ln

V + tn Ln

)t(v -

tn L n

V - )t(v + tn sen)t(i -

)t - t( LV + )t - t(

L)t(v + )t(i tn sen(

n2 = a

2i1i1ig

3i1ig

1i1ig

3i2i1i3i1ig

1ig3i

I

=1in

ωω

ωω

ωω

ω

ωωτ

coscos

cos

(20)

) tn senLn

V + tn senLn

)t(v -

tn sen Ln

V - )t(v + tn )t(i +

)t - t( LV + )t - t(

L)t(v + )t( i tn - (

n2 = b

2i1i1ig

3i1ig

1i1ig

3i2i1i3i1ig

1ig3i

I

1=in

ωω

ωω

ωω

ω

ωωτ

cos

cos

(21)

Nas equações (20) e (21), observa-se que a variável L é fundamental para que

seja possível obter os harmônicos. O valor de L depende do modo de condução que será

utilizado, assim para o modo de condução contínua do Conversor Elevador será

utilizada a equação (22).

δ x m

2g

P 2T V = L

(22)

Onde: Vg é a tensão de entrada;

T é o período de comutação em alta freqüência;

P é a potência do conversor;

δmáx, mostrado na equação (23), é a relação entre o ripple de corrente (∆i) e a corrente

média de entrada (igmed(t)), que é obtida através da equação (24):

∆(t) ii =

g med

δ max (23)

dt (t)i T1 = (t) i g

t

tg

4i

1i

med ∫ (24)

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71

Para garantir a operação do Conversor Elevador em modo contínuo, (δmáx) deverá ser

inferior a dois:

2 < x máδ (25)

Os demais conversores básicos como o Redutor que está na Figura 36, o Zeta na Figura

37, o Sepic na Figura 38 e conversor Redutor-elevador na Figura 39, foram bem

detalhados por Dos Reis [5], seguindo basicamente o mesmo princípio apresentado para

obter-se o espectro harmônico para o conversor Elevador.

R

+

Vg+

V

-

+

Ve

-

D

Ig

Id

C

-

L

Figura 36- Conversor Redutor.

+

Vg +

Ve

-

Ig

-

R+

V

-

D

Id

C2

L2

L1

C1

Figura 37 – Conversor Zeta.

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72

+

Vg +

Ve

-

Ig

-

R+

V

-

Id

C2

L1C1

L2

D

Figura 38 – Conversor Sepic.

R

+

Vg -

V

+

+

Ve

-

D

Ig Id

C

-

L

Figura 39 – Conversor Redutor-elevador

4.4 O funcionamento do software.

O software foi desenvolvido na linguagem de programação Pascal, com auxílio

da Ferramenta de Desenvolvimento Delphi Enterprise e bibliografia específica [20],

para possibilitar a construção da ferramenta proposta de forma mais amigável.

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73

O software inicializa com uma tela geral que pode ser vista na Figura 40, onde o

usuário possui dois caminhos a seguir para simular a EMI conduzida:

– Importar dados externos, isto é, os dados obtidos através de um osciloscópio,

cujo procedimento foi citado anteriormente;

– Escolher um dos conversores disponibilizados pela ferramenta.

Quando o usuário opta por simular um dos conversores apresentados, basta

seleciona-lo clicando na aba do menu de fichas.

Ao selecionar o conversor, a janela apresenta campos com valores sugeridos,

que poderão ser alterados pelo usuário, dentro de faixas pré-estabelecidas. Além de

poder alterar e fornecer os dados de entrada e de saída para o conversor desejado, o

usuário pode escolher a freqüência e o modo de condução em que o conversor operará.

Os valores dos campos que forem alterados ou aceitos serão processados quando

for clicado no ícone “OK”, apresentando uma outra tela com a configuração e os valores

que o programa utilizará. Esta segunda tela é de confirmação, apresentada na Figura 41,

a qual possibilita ao usuário retornar quando algum dos dados visualizados não estiver

correto, basta clicar no ícone “Retornar” e corrigi-lo.

Figura 40 – Tela principal do software.

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74

Se o usuário estiver de acordo com a configuração basta clicar no ícone

“Calcular harmônicos”. Neste ponto o programa calcula os harmônicos da corrente de

entrada do conversor selecionado, utilizando as equações pertinentes ao conversor, cujo

processo para obtenção foi apresentado anteriormente através do conversor Elevador.

Figura 41 – Tela de confirmação de configuração.

Após alguns segundos de processamento, que dependem da velocidade do

microcomputador utilizado, o usuário poderá visualizar a forma de onda da corrente

simulada, escolhendo na aba “f(t)” do menu de fichas.

Quando o programa sinalizar a conclusão do cálculo dos harmônicos, os dados

estarão prontos para serem simulados. O usuário deverá mover o mouse para o menu

superior e clicar no item “Simular” , escolher a opção “EMI” e na seqüência selecionar

entre a banda A ou banda B. Se for escolhida a opção “Banda B”, o usuário deverá optar

pela “Faixa 1” ou pela “Faixa 2”. Ver detalhe na Figura 42.

As bandas e faixas estão melhor explicadas na seqüência:

– A “Banda A” é a opção para o cálculo da EMI Conduzida na faixa de

freqüências que inicia em 9 kHz e estende-se até 150 kHz;

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75

– A “Banda B” é a opção para o cálculo da EMI Conduzida cuja faixa de

freqüências inicia em 150 kHz e estende-se até 1000 kHz;

– A “Faixa 1” é a opção para o cálculo da EMI Conduzida em uma subdivisão

da “Banda B”, abrangendo a faixa de freqüências que inicia em 150 kHz e

estende-se até 500 kHz;

– A “Faixa 2” é a opção para o cálculo da EMI Conduzida em uma subdivisão

da “Banda B”, abrangendo a faixa de freqüências que inicia em 500 kHz e

estende-se até 1000 kHz;

Figura 42 – Detalhe das opções para simulação da EMI Conduzida.

Se o usuário desejar obter o resultado das três faixas de freqüência em uma única

janela, basta selecionar as faixas na seqüência, isto é, acionar o processamento da

segunda faixa após o término do processamento da primeira faixa e acionar a terceira

faixa após o término da segunda faixa.

Após a escolha da faixa de freqüência desejada pelo usuário, confirmado com

um clique sobre ela, o programa inicia o processamento da EMI Conduzida, exibindo o

gráfico a medida que a interferência é calculada, Figura 43.

Observa-se que na tela de apresentação gráfica aparecem três figuras, das quais,

uma representa a EMI Conduzida gerada pelo equipamento em ensaio e as outras duas

representam o limite de interferência permitido pela Norma Alemã VDE 0871, para

equipamentos de classe A e B.

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76

Figura 43 – Tela gráfica com o resultado da EMI Conduzida.

O processamento da EMI Conduzida é uma das etapas mais importantes do

programa, cuja descrição com partes das rotinas e subrotinas está apresentada nos

próximos itens:

– Quando a rotina principal do programa recebe o comando de processar a

EMI Conduzida, uma subrotina é acionada para tal processamento;

– A subrotina responsável pelo cálculo da EMI Conduzida é apresentada a

seguir:

... Procedure Calcula_emi;

Begin

Inicializar_Var;

While

(Num_armonico <= Num_arm_max)

do

begin

:

:

:

:

:

:

Subrotina para calcular EMI

Conduzida;

Início da subrotina;

Inicializa variáveis;

Laço principal;

Condição para executar o

processamento;

Início;

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77

Calcula_UN;

Calculo_Final;

Num_armonico := Num_armonico + incremento;

end;

end;

:

:

:

:

Calcula tensão interferente;

Simula interface de saída;

Incrementa harmônico;

Fim do laço principal;

Fim da subrotina.

– Após a inicialização das variáveis, a subrotina que calcula a EMI Conduzida

aciona o cálculo da tensão interferente;

– A subrotina “Calcula_UN”, primeiramente seleciona o harmônico de

referência.

– A partir do harmônico de referência, são escolhidos os outros harmônicos

filtrados de acordo com especificação da largura de banda indicada na

Tabela 1.

– Os coeficientes X1, X2 e X3 são utilizados para simular a Rede Artificial, os

quais são multiplicados com os harmônicos e então colocados nos vetores

“UN_Real[ki]” e “UN_Imag[ki] “ ;

– Estes dois vetores contém apenas os coeficientes que correspondem aos

harmônicos em estudo, dois quais será extraída a tensão interferente, através

da transformada inversa de Fourier “ifft(Amostras, UN_Real, UN_Imag,

Itt_Out, Imag_Out)”;

– O subrotina utilizada para execução da Transformada de Fourier,

transformada direta e inversa, é de domínio público, obtida na Rede Mundial

de Computadores, no endereço: http://www.intersrv.com/~dcross/fft.html;

... Procedure Calcula_UN;

Begin

m := 1;

ki := Trunc(Num_armonico-Ko);

While (m <= (2*ko)) do

Begin

X1 := ki*WLN;

X2 := (ki*ki*WLN2R)+RDR;

X3 := (ki*ki*WLN2R2)+DRR2;

:

:

:

:

Calcula tensão interferente;

Início;

Referência para harmônico;

Simulação da rede artificial;

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78

UN_Real[ki] :=(X2/X3)*An[ki]+

(X1/X3)*Bn[ki];

UN_Imag[ki] := -(X1/X3)*An[ki]+

(X2/X3)*Bn[ki];

ki := ki + 1;

m := m + 1;

end;

m := 1;

ifft(Amostras, UN_Real, UN_Imag,

Itt_Out, Imag_Out);

While (i <= (amostras-1)) do

Begin

UN[i] := Itt_Out[i];

Calcula_Demodulador;

Calcula_incremento;

i := i + 1;

Calcula_quase-pico;

end;

end;

:

:

:

:

:

Variável para transformada

rápida inversa de Fourier;

Variável para transformada

rápida inversa de Fourier;

Chamada para a subrotina

da Transformada inversa

rápida de Fourier;

Tensão interferente filtrada;

Simulação do demodulador

Incremento de tempo;

Simula medidor de quase-

pico;

– A tensão interferente armazenada no vetor “UN[i]” é aplicada ponto a ponto

na subrotina que simula o circuito demodulador, “Calcula_Demodulador” e

no circuito medidor de quase-pico “Calcula_quase-pico”, onde é acumulado

o somatório da tensão “UW” na variável “integral” ;

... Procedure Calcula_Demodulador;

begin

UD := UDk * Exp(-((TT-tk)/TALd));

if(UN[i] >= UCD)then

begin

UD := R12D * UN[i];

UDk := UD;

tk := TT;

: Simula o circuito

demodulador.

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79

end

else

begin

UD := R12D * UCD;

UDk := UD;

tk := TT;

end;

UCD := UD/R12D;

end;

– Após todos os pontos do vetor da tensão interferente serem processados, o

software passa para a subrotina “Calculo_Final”, onde o valor da

interferência é obtido em dB/µV.

... Procedure Calcula_Incremento;

begin

dT := (1.0/Varial1.Fr_fft)/amostras;

TT := TT + dT;

end;

: Calcula o incremento de

tempo utilizado.

... Procedure Calcula_quase-pico;

begin

UWA := UW;

UW := ((dT*((1.0/TAL1)- (1.0/TAL2)))*UD)+

(UWA*(1.0-(dT/TAL1)));

UWI := UW;

if (UD < UWA) Then

UW := UWA * (1-(dt/TAL2));

if (UD < UWI) Then

UW := UWA * (1-(dt/TAL2));

Integral := Integral + UW;

end;

:

:

Simula o circuito medidor

de quase-pico;

Armazena somatório da

tensão UW;

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... Procedure Calculo_Final;

begin

Fq[j]:= Num_armonico * Fr_fft;

Integral := Fr_fft * dT * Integral;

dB[j] :=20 * log10(Integral*1000000.0);

j := j + 1;

end;

:

:

:

Calcula a tensão interferente

em db/µV.

Integra a tensão interferente.

Transforma em db/µV.

– Quando a subrotina “Calculo_Final” é concluída, significa que um

harmônico selecionado foi processado;

– No menu de configurações, a variável “erro” pode ser ajustada para uma

menor ou maior aproximação do valor real da simulação, além de possibilitar

o aumento do incremento do número dos harmônicos, possibilitando uma

simulação de menor precisão e mais rápida;

– O tempo de processamento depende da variável “erro”, pois se a precisão

desejada for muito grande, o número de iterações que serão realizadas nas

rotinas que simulam os circuitos demodulador e o detector de quase-pico

serão muitas;

– A subrotina “Calcula_UN” incrementa a variável “Num_armonico”,

deslocando a janela do filtro em mais um harmônico;

– O processo é repetido até que a variável “Num_armonico” seja igual ao

número máximo de harmônicos desejados;

– O resultado da simulação é apresentado a medida que é calculado.

4.5 Resumo.

Neste capítulo foram apresentados os equipamentos e circuitos que fazem parte

do sistema de medição de EMI Conduzida A Rede Artificial e o Receptor de EMI foram

tratados a nível de modelamento matemático com detalhamento dos circuitos e atapas,

levando em conta os aspectos necessários para o processo de simulação.

Após o estudo dos modelos foram apresentados os meios para a obtenção dos

dados necessários para a simulação e o funcionamento da ferramenta proposta por este

trabalho.

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5 COMPROVAÇÃO EXPERIMENTAL DA FERRAMENTA PROPOSTA.

5.1 Introdução.

Este capítulo é dedicado a comprovação experimental da ferramenta

desenvolvida para a realização de ensaios de EMI Conduzida de baixo custo, destinados

para a pré-conformidade.

Os ensaios práticos para a comprovação da ferramenta proposta foram realizados

no LABELO (Laboratório Especializado em Eletro-eletrônica), pertencente a PUCRS,

credenciado pelo INMETRO para calibração de instrumentos de medição e para ensaios

em equipamentos eletro-eletrônicos. O LABELO possui ambiente com temperatura e

umidade controladas e os instrumentos rastreados aos padrões do INMETRO.

Os resultados obtidos com a ferramenta proposta serão comparados com os

resultados de ensaios executados em um sistema montado de acordo com a Norma

CISPR 16-2 [7], com equipamentos especificados pela Norma CISPR 16-1 [6].

O processo de validação da ferramenta proposta será composto pelas seguintes

etapas:

– Levantamento da interferência básica do local de ensaio;

– Comparação de resultados de um sinal conhecido;

– Comprovação através de ensaio de um Conversor Elevador;

Para possibilitar a comprovação, além de dispor do Analisador de Espectro do

LABELO, foi necessário construir uma Rede Artificial, que é uma aportação deste

trabalho. A construção desta Rede Artificial será apresentada detalhadamente no final

deste capítulo, juntamente os resultados de sua validação.

5.2 Levantamento da interferência básica do local de ensaio.

Antes de iniciar o ensaio em uma amostra, deve-se verificar o nível de ruído no

local de ensaio. Esta verificação é feita com auxílio do Analisador de Espectro, que esta

apresentado na Figura 44, da Rede Artificial, cujo construção esta detalhada no final

deste capítulo e de uma carga resistiva com potência aproximadamente igual a do

equipamento que será ensaiado. Neste trabalho foi utilizada uma lâmpada para

verificação. Nos resultados da Figura 45, pode-se observar que o ambiente possui

interferência, cujo valor mais alto está em torno de 55 dB/µV, mas está abaixo dos

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valores permitidos pela Norma. Tal interferência está na faixa de freqüências mais

baixas, provenientes de harmônicos de baixa freqüência presentes no sistema da rede de

alimentação. Este resultado indica que é possível realizar ensaios neste local.

Figura 44 – Analisador de Espectro para ensaios de EMC.

Figura 45 – Validação do ambiente de ensaio.

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5.3 Comparação de resultados de um sinal conhecido.

Após a validação do ambiente de ensaio, cujo processo foi apresentado no item

anterior, são iniciados os ensaios de validação da ferramenta desenvolvida neste

trabalho.

Inicialmente um gerador sinais com uma freqüência em torno de 21 kHz foi

conectado à Rede Artificial que já estava devidamente conectada ao Analisador de

Espectro (específico para ensaios de EMC). Neste caso a Rede Artificial funcionou

como carga do gerador de sinais e o resultado obtido no Analisador de Espectro está na

Figura 46. O espectro de freqüências analisado foi limitado entre 9 kHz e 45 kHz. As

configurações do detetor de EMI do Analisador de Espectro e disposição da Rede

Artificial foram mantidas como se fossem para um ensaio de EMI conduzida normal.

Figura 46 – Medição de um sinal conhecido com um medidor de EMI.

Após a realização da medição com o Analisador de Espectro, o sinal do gerador

foi capturado com o auxílio do osciloscópio e transferido para a ferramenta proposta,

onde o sinal obtido foi simulado nas condições e configurações necessárias para um

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ensaio de pré-conformidade. O resultado obtido na simulação está apresentado na

Figura 47 e a comparação entre os resultados apresentados na Tabela 7 comprovam a

equivalência entre Analisador de Espectro e a ferramenta proposta.

Figura 47 – Medição de um sinal conhecido com a ferramenta proposta.

MÉTODO NORMA FERRAMENTA PROPOSTA

RESULTADO 76,8 dB/µV 77 dB/µV

Tabela 7 – Comparação entre Analisador de Espectro e a Ferramenta proposta.

5.4 Comprovação através de ensaio de um Conversor Elevador.

5.4.1 Ensaio no Laboratório.

Utilizando o processo de ensaio descrito anteriormente para validação do

ambiente, a lâmpada de ensaio foi substituída por uma montagem didática de um

Conversor Elevador. O Conversor Elevador, cuja montagem pode ser vista na Figura

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48, foi alimentado pela Rede Artificial, cuja saída foi ligada ao Analisador de Espectro e

que foi configurado para analisar a faixa de freqüências entre 9 kHz e 150 kHz, de

acordo com os dados da Tabela 4 e da Tabela 5 (especificações estabelecidas pela

Norma CISPR 16-1 [6]).

Figura 48 – Conversor elevador e ponteira de corrente.

O resultado do ensaio realizado no Conversor Elevador está na Figura 49.

Figura 49 – Ensaio do Conversor Elevador.

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5.4.2 Ensaio utilizando a ferramenta proposta.

Após o término do ensaio com os equipamentos exigidos pela Norma IEC

CISPR 16-1, o Conversor Elevador foi ligado nas mesmas condições e com o auxílio da

ponteira de corrente ligada ao osciloscópio. Foi obtida uma amostra da corrente de

entrada do Conversor em ensaio. A amostra de corrente foi simulada na ferramenta

proposta e o resultado obtido para a EMI conduzida está apresentado na Figura 50.

Figura 50 – EMI obtida na ferramenta proposta para o Conversor Elevador.

5.4.3 Simulação do Conversor Elevador através da ferramenta proposta.

A corrente de entrada do Conversor Elevador também foi simulada em módulo

específico acrescentado à ferramenta para torná-la, não somente útil para a realização de

ensaios, mas também para a realização de projetos.

Os resultados da EMI Conduzida gerada pelo Conversor simulado estão

apresentados na Figura 51.

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Figura 51 – EMI obtida a partir da corrente Conversor Elevador simulado.

5.4.4 Comparação entre os resultados obtidos.

A comprovação experimental da ferramenta proposta mais uma vez fica

evidente, principalmente se for observado a comparação estabelecida na Tabela 8 para

os resultados obtidos.

INTERFERÊNCIA CONDUZIDA GERADA POR UM

CONVERSOR ELEVADOR (dB/µµµµV)FREQÜÊNCIA

(kHz) MÉTODO DA

NORMA

FERRAMENTA

PROPOSTA

SIMULAÇÃO DO

CONVERSOR

30 115,2 113,2 113,9

60 116,4 115,5 113,3

90 111,6 111,2 110,6

120 109,3 109,3 105,4

150 - 103,4 95,8

Tabela 8 – EMI Real e obtida por simulação para Conversor Elevador.

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5.5 Construção de uma Rede Artificial.

A Rede Artificial, cuja construção será apresentada, é do tipo simétrica

comutável, isto é, o usuário poderá utiliza-la para realiza medições tanto na fase como

no neutro, apenas trocando de posição uma chave. O exemplo apresentado possui como

principal característica uma impedância de 50 Ω em paralelo com um indutor de 50 µH

associado em série com uma resistência de 5 Ω.

O esquema desta Rede Artificial foi apresentado na Figura 18 do capítulo 3,

onde foi mostrado suas características e aplicação. Os componentes necessários para a

construção da Rede Artificial estão listados na Tabela 9.

COMPONENTE VALOR

R1 5 Ω

R2 10 Ω

R3 1 000 Ω

R4 50 Ω

R5 50 Ω (impedância de entrada do instrumento de medição)

C1 8 µF

C2 4 µF

C3 0,25 µF

L1 50 µF

L2 250 µF

Tabela 9 – Lista de componentes para a Rede Artificial.

A impedância da Rede Artificial é definida pelos componentes: L1, C1, R1, R4 e

R5. E os componentes L2, C2 e R2 provém isolação de espúrios da rede de alimentação,

sendo opcional, quando rede de alimentação do local de medição for adequada.

Para os capacitores de maior valor foram adquiridos capacitores para corrente

alternada utilizados em motores, atendendo as necessidades com baixo custo.

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5.5.1 A construção do indutor.

O indutor L1 consiste de uma bobina com 35 espiras, formando uma única

camada com fio esmaltado, cujo diâmetro é de 6 mm. O passo da bobina é de 8 mm,

enrolado em um núcleo de material isolante com 130mm ou 5 polegadas.

O diâmetro do fio é de dimensão considerável para minimizar a componente

resistiva do indutor. Entretanto, na bobina construída foi utilizado um fio com 4 mm de

diâmetro, pois a corrente dos equipamentos que serão ensaiados é inferior a 5 A.

O núcleo foi construído com cano de PVC comercial de 150 mm com um

comprimento de 280 mm. A redução do diâmetro foi conseguida com um corte

longitudinal, retirando uma faixa de 63 mm. Internamente foi colocado um tubo de PVC

de 75 mm de diâmetro e o espaço entre o cano externo e o interno foi preenchido com

poliuretano expandido para dar rigidez mecânica, Figura 52.

Figura 52 – Detalhe da montagem do indutor L1.

O controle do passo do enrolamento do indutor foi feito colocando-se uma

“linha de pesca” de aproximadamente 4 mm de diâmetro entre cada espira.

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Para suprimir ressonâncias internas no indutor, resistores de 430 Ω ± 10 % são

conectados entre as espiras: 4 e 8, 12 e 16, 20 e 24, 26 e 32 conforme Figura 53 e

detalhe na Figura 54.

Figura 53 – Esquema de colocação dos resistores no indutor.

Figura 54 – Detalhe da colocação dos resistores.

Para o conseguir o resistor de 430 Ω, que não é comercial, foram associados em

paralelo 1 resistor de 470 Ω com 1 resistor de 4700 Ω.

A fixação dos resistores à bobina foi feita raspando-se o esmalte do fio nas

espiras indicadas pelo esquema da Figura 53. Após a soldagem foi aplicado cola térmica

para fornecer estabilidade mecânica destes componentes.

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5.5.2 O gabinete.

O indutor e os outros componentes da Rede Artificial devem ser montados em

um gabinete metálico. Quando for necessário, a base e laterais pode ser perfuradas para

permitir a dissipação de calor. As dimensões sugeridas pela Norma são 360 x 300 x 180

mm, Figura 55. Na prática foi utilizado um gabinete de microcomputador, com

dimensões de 380 x 320 x 180 mm, mostrado na Figura 56.

Conector para oequipamento de medição

Tomada de alimentação parao equipamento em ensaio

Figura 55 – Gabinete sugerido pela Norma.

Figura 56 – Rede Artificial montada em gabinete de microcomputador.

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5.5.3 A validação da Rede Artificial.

A Norma determina que a Rede Artificial tenha uma impedância com

comportamento equivalente ao apresentado na Figura 57, com uma tolerância de ±20 %.

50 Ω // ( 50µH + 5Ω )

kHz

10

10000

Ω5,4

50

Impedância docircuito equivalente

20

80

150

300

800

7,3

21

33

43

49

50 µH

5 Ω

50 Ω

Freqüência em MHz

Impe

dânc

ia

A tolerância máxima é de ± 20 %

Rede Artificial Fre. Imp.

Figura 57 – Impedância da Rede Artificial de acordo com a Norma.

A validação da Rede Artificial montada, foi realizada com o auxílio de um

gerador de sinais e um instrumento de medição de nível de sinais, além de uma

terminação padrão de 50 Ω. O esquema da validação está na Figura 58.

Geradorde sinais

RedeArtificial Medidor

de sinais

Terminaçãode 50 ohms

Figura 58 – Esquema de montagem da validação da Rede Artificial.

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Para executar a validação o gerador de sinais foi ajustado para a freqüência de 9

kHz e foi medida a atenuação causada pela Rede Artificial. O processo foi repetido para

outras freqüências, avaliando-se a faixa de freqüência em que o equipamento será

utilizado. Com os resultados obtidos foi montado o gráfico da Figura 59.

VALIDAÇÃO DA REDE ARTIFICIAL

0

1 0

20

30

40

50

60

70

1 0 1 00 1 000F R E Q Ü Ê N C I A ( k H z )

Ohm

s

NormaFaseNeutroZminZmax

Figura 59 – Comprovação da Rede Artificial construída.

Os resultados obtidos para a Rede Artificial, demonstram que a impedância está

fora dos valores especificados pela Norma para as freqüências inferiores a 20 kHz. Estes

resultados não inviabilizam a sua utilização, pois os equipamentos que serão ensaiados

operam em freqüências superiores a 20 kHz, onde a Rede Artificial atende

perfeitamente bem.

5.6 Resumo.

O principal ponto deste capítulo foi a comprovação prática da ferramenta

proposta, realizada por meio de comparação direta entre os resultados obtidos para a

EMI em um ensaio real e a EMI obtida por simulação dos equipamentos de ensaio

(Receptor de EMI e Rede Artificial).

Para que o ensaio real pudesse ser realizado foi necessário a construção da Rede

Artificial, cujos detalhes estão minuciosamente apresentados no final deste capítulo,

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bem como a sua validação, para o qual foram utilizados equipamentos calibrados pelo

INMETRO.

Os resultados foram apresentados graficamente e em tabela para comparação

dos valores. Tais resultados reforçam as comprovações feitas por Albach [4] e por Dos

Reis [5] e indiscutivelmente demonstram a viabilidade da ferramenta para ensaios de

pré-conformidade.

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6 CONCLUSÕES DO TRABALHO.

6.1 Introdução.

A coexistência de todos os tipos de equipamentos de telecomunicações, que

utilizam o espectro eletromagnético para transportar informações, criou um problema

conhecido como Compatibilidade Eletromagnética (EMC), cuja solução de tal problema

resulta em um compromisso, onde os serviços de telecomunicações devem tolerar um

certo grau de interferência. Porém as emissões interferentes geradas por diversor

equipamentos, não podem ultrapassar um certo nível, envolvendo assim medidas para

limitar ou suprimir a energia interferente.

A necessidade de encontrar uma solução que ponderasse entre um nível de

interferência tolerável e um custo praticável, deu origem a várias Normas que

estabeleceram níveis toleráveis de EMI nas últimas décadas. Tais Normas foram

elaboradas por comissões, como o Comitê Internacional Especialista em Perturbações

Radioelétricas (CISPR).

As soluções encontradas para os serviços de telecomunicações também se

encaixam aos equipamentos eletrônicos, os quais são mais susceptíveis às interferências

externas, bem como também interferem em um determinado meio.

O fenômeno da EMC cresce cada vez mais, tanto pela invasão de produtos

eletrônicos na vida diária, como devido a diminuição da imunidade dos equipamentos

modernos que utilizam gabinetes plásticos e microprocessadores.

Quanto aos aparelhos eletrônicos, além de susceptíveis, também são potenciais

geradores de EMI, principalmente EMI conduzida, cujo meio de propagação é dá-se

através da rede elétrica.

A Comunidade Européia deu o primeiro passo para o reconhecimento da

necessidade de medidas relativas a EMC e ao mesmo tempo eliminar as barreiras

protecionistas para o comércio através de uma diretiva em 1989.

Quando um produto precisa atender às exigências de uma Norma ou Diretiva no

que se refere a EMC, terá que ser levado a um laboratório para executar os ensaios, que

são de alto custo e existem poucos laboratórios capacitados. Se o produto não estiver

conforme, os ensaios terão que ser repetidos, após adequações para atender a Norma.

Pelo fato de os ensaios terem que ser repetidos inúmeras vezes, já que o processo

de adequação é baseado na tentativa e erro e ainda devido ao elevado custo de

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montagem de um laboratório de ensaios de EMC, justifica-se plenamente o

desenvolvimento da ferramenta apresentada neste trabalho.

6.2 As Normas.

Dentre as principais Normas citadas no segundo capítulo deste trabalho estão:

– a Norma IEC/CISPR 16-1 que especifica os equipamentos de medição que

devem ser utilizados nos ensaios;

– a Norma IEC/CISPR 16-2 na qual estão os métodos de ensaio para EMC;

– a Norma IEC/CISPR 11 que trata de limites e métodos de medição para

distúrbios eletromagnéticos em equipamentos eletromédicos;

– e muitas outras Normas que apresentam limites específicos para

determinados equipamentos de acordo com a aplicação e o ambiente de

utilização.

Atualmente as Normas do Comitê CISPR são referências para Normas que são

harmonizadas por outros países.

6.3 A ferramenta proposta.

A ferramenta computacional desenvolvida no presente trabalho permite a

determinação da EMI conduzida de modo diferencial, de forma simples e a um custo

muito reduzido, executada em ambiente PC, amigável, com algoritmo otimizado, com

tempo de execução relativamente pequeno se levarmos em conta os cálculos envolvidos,

capaz de analisar o desempenho relativo a EMI gerada por um produto antes que este

seja enviado a um laboratório credenciado, útil tanto na indústria como na pesquisa,

implicando na economia de tempo e dinheiro, para projetos, aperfeiçoamento e busca de

qualidade. Está ferramenta é capaz de capturar dados obtidos através de osciloscópio

digital ou processar dados obtidos em simulações executados pelo próprio programa,

fornecendo uma saída gráfica dos resultados obtidos, ou seja dos níveis de EMI

conduzida, (em dB/µV), segundo a norma internacional IEC CISPR 16 [6]. O resultado

obtido é equivalente ao de um ensaio de EMI Conduzida, considerando que esse

resultado será indicativo e associado a ele teremos um grau de incerteza.

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O modelo proposto por Albach [4] para simular os instrumentos de medida

especificados pela norma CISPR 16 [6], apresenta as características essenciais que os

equipamentos devem possuir.

Este modelo foi uma das ferramentas utilizadas neste trabalho, juntamente com a

FFT. Assim podemos resumir o medidor de EMI nas seguintes etapas:

– Tratamento da corrente de entrada utilizando a FFT para obter o espectro

deste sinal no domínio freqüência;

– Determinação da tensão interferente para cada banda a partir do espectro de

freqüências;

– Demodulação da tensão interferente;

– Circuito Detector de quase-pico aplicado na tensão interferente demodulada.

Os resultados da Tabela 8, demonstram claramente a viabilidade da ferramenta

para ensaios de EMI conduzida destinado para pré-conformidade.

6.4 Limitações.

A principal limitação da ferramenta proposta está na aquisição de dados através

do osciloscópio, pois estes só armazenam blocos de dados com 10.000 pontos

6.5 Sugestões para outros trabalhos.

6.5.1 Susceptibilidade.

Construir uma fonte geradora de interferências, que podem ser obtidas a partir de

níveis de distúrbios pré-determinados com o auxílio da FFT inversa e um conversor

D/A, com o objetivo de avaliar a susceptibilidade de equipamentos às interferências

conduzidas.

6.5.2 Analisador de espectro de baixo custo.

Construir um dispositivo para aquisição de dados, com taxa de amostragem

compatível com as necessidades de análise de sinais desejados e tempo de amostragem

mais longos, isto é, superiores a 10.000 pontos.

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7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

[1] WILLIAMS, TIM., EMC for product designers. 2 ed. Great Britain : Newnes,

1996.

[2] IEC 61000-1-1, Electromagnetic compatibility (EMC) – Application and

interpretation of fundamental definitions and terms, 1 ed., Apr. 1992.

[3] REDE METROLÓGICA RS, Certificação de produtos: guia prático. 1 ed.

Porto Alegre, Metrópole, 2000.

[4] ALBACH, M., “Conducted Interference Voltage of ac-dc converters”, IEEE

Power Electronics Specialist Conference, pp. 203 - 212, 1986.

[5] DOS REIS, F. S., 1995, Estudio y Criterios de Minimizacion y Evaluacion de

las Interferencias Eletromagneticas conducidas en los convertidores ca –

cc. Tese de D.Sc., Universidade Politécnica de Madri, Espanha.

[6] IEC CISPR 16-1, Specification for radio disturbance and immunity

measuring apparatus and methods – Part 1: Radio disturbance and

immunity measuring apparatus, 2 ed., Oct.1999.

[7] IEC CISPR 16-2, Specification for radio disturbance and immunity

measuring apparatus and methods – Part 2: Methods of measurement of

disturbances and immunity, 1.1 ed., Aug.1999.

[8] NBR IEC 601-1, Segurança de aparelhos eletromédicos – Parte 1, 1 ed, 1995.

[9] IEC 60950, Safety for apparatus of information tecnology

[10] NBR-IEC/CISPR 11, Limites e métodos de medição de características de

perturbação eletromagnética em radiofreqüência de equipamentos

industriais, científicos e médicos, 1 ed, Ago.1995.

[11] DOS REIS, F. S., BACCO, A., MAGNUS, E. F., et al., “Reator eletrônico para

lâmpadas fluorecentes com corrente quase senoidal e alto fator de potência”, VI

Congreso Internacional de Ingenieria Electronica, Electrica y de Sistemas -

INTERCON 99, pp 156-159, AGOSTO 16 - 20, 1999 Lima-Peru.

[12] DOS REIS, F. S., SEBASTIÁN, J. and UCEDA, J., 1995, “Determination of

Power Factor Preregulators Conducted EMI“, EPE 95, pp. 259-264, 1995.

[13] Ataide, M. V. and Pomílio, J. A.: "Single-phase Shunt Active Filter: Output Filter

and Control Loop Design Procedures Considering EMC Standarts": COPEB 97,

pp. 676-681.

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[14] Capelli, A., 2000, “EMI–Electromagnetic Interference”, Revista Saber

Eletrônica, n. 333 (Out), pp. 10-14.

[15] IEC CISPR 14, Limits and methods of measurement of radio disturbance

characteristics of electric motor-operated and thermal appliances for

household and similar purpouses, electric tools and electric apparatus, 3 ed -

amendment 1, Aug.1996.

[16] IEC CISPR 22, Limits and methods of measurement of radio interference

characteristics of information technology equipment, amendment 1, Aug.2000.

[17] CARLSON, A. BRUCE. Communication Systems. Tokio : McGraw-Hill, 1975.

[18] SCHWARTZ, MISCHA. Transmissão de Informação, Modulação e Ruído. 2

ed. Rio de Janeiro : Guanabara Dois, 1979.

[19] HAMMING, R. W., Numerical Methods for Scientists and Engeneers, 2 ed,

New York : Dover, 1986.

[20] SWAN, TOM, Delphi 4: bíblia do programador; tradução Adriana Kramer . –

São Paulo : Berkeley Brasil, 1999.

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ANEXO 1

SíMBOLOS

an Coeficiente da série de Fourier.

bn Coeficiente da série de Fourier.

Cp Capacitância parasita.

β Grau de descontinuidade.

δ Ripple relativo.

∆i Ripple de corrente.

δmáx Valor máximo de δ.

f Freqüência de comutação.

fmáx Freqüência máxima de operação.

fmín Freqüência mínima de operação.

fo Freqüência de medição.

fred Freqüência da rede de alimentação.

i Corrente de saída.

id Corrente no diodo.

ig Corrente de entrada.

Ig int Corrente interferente.

ig máx Corrente máxima de entrada.

ig med Valor médio da corrente de entrada em um período de

comutação.

n Ordem dos harmônicos.

nT Relação de transformação entre o secundário e o primário

do transformador.

ω Oscilação da rede.

P Potência do conversor.

P Potência do conversor.

Pnom Potência nominal.

R Resistência de carga.

Rp Resistência parasita.

t Tempo.

T Período de comutação.

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Tbloq Tempo em que o transistor está bloqueado.

τ Período da rede de alimentação.

tcond Tempo de condução do transistor.

Uint Tensão interferente.

Unom EMI nominal em volts.

V Tensão de saída.

vc Tensão no capacitor C.

vd Tensão no diodo.

ve Tensão de entrada.

Vg Valor máximo da tensão de entrada.

vg Tensão de entrada.

Vg nom Tensão máxima de entrada nominal.