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Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1 DESENVOLVIMENTO LOCAL: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE CAPANEMA SUDOESTE DO PARANÁ [email protected] APRESENTACAO ORAL-Desenvolvimento Rural, Territorial e regional SHEILA BRANDAO BRANDAO 1 ; OSNI GIANE FERRAZ 2 . 1.CPDA/UFRRJ, FRANCISCO BELTRÃO - PR - BRASIL; 2.AGÊNCIA DELTA, FRANCISCO BELTRÃO - PR - BRASIL. Desenvolvimento Local: Um estudo de caso no Município de Capanema Sudoeste do Paraná Local development: A study of case in the City of Southwestern Capanema of the Paraná Grupo de Pesquisa: Desenvolvimento Rural, Territorial e Regional Resumo O presente artigo é parte dos resultados do Plano Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável de Capanema, realizamos uma discussão teórica sobre os principais conceitos, na sequência escolhemos alguns temas que consideramos relevantes para essa artigo e analisamos os dados coletados na pesquisa de campo realizada. Palavras-chaves: Desenvolvimento Local, Politícas públicas, Êxodo Rural. Abstract The present article is part of the results of the Municipal Plan of Sustainable Agricultural Development of Capanema, carries through a theoretical quarrel on the main concepts, in the sequência we choose some subjects that we consider excellent for this article and we analyze the data collected in the carried through research of field. Key Words: Local development, public politics and agricultural exodus. No seguinte artigo iremos analisar a cidade de Capanema situada no sudoeste do estado do Paraná, visualizaremos alguns pontos importantes para o desenvolvimento rural do município, pois essa temática é bastante ampla. Escolhemos a questão do acesso ao financiamento rural –Pronaf, bem como algumas questões de infra estrutura e acessos a serviços públicos. Outro ponto que na pesquisa nos chamou atenção é a questão do êxodo rural no município que iremos discutir. O artigo está organizado da seguinte maneira, primeira parte discussão dos conceitos que serão utilizados como Desenvolvimento local, Políticas Públicas, Agricultura Familiar e entre outros. Na segunda parte iremos apresentar o município de Capanema e suas características. E na terceira parte iremos apresentar a pesquisa de campo realizada no município onde entrevistamos um total de 105 pessoas, destes 58 homens e 45 mulheres, que foram realizadas em 22 comunidades rurais do município. E para finalizar a conclusão. Não é fácil se formular uma definição do conceito de desenvolvimento. E por isso muitas vezes se tem considerado nível de produção e nível de rendimento como conceitos chaves para se definir desenvolvimento. Uma conseqüência problemática disso é a omissão

Desenvolvimento Local: Um estudo de caso no Município de ... · ... a formação de redes entre organismos e instituições locais e uma ... para o desenvolvimento ... por desenvolvimento

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DESENVOLVIMENTO LOCAL: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍP IO DE CAPANEMA SUDOESTE DO PARANÁ

[email protected]

APRESENTACAO ORAL-Desenvolvimento Rural, Territorial e regional SHEILA BRANDAO BRANDAO1; OSNI GIANE FERRAZ2.

1.CPDA/UFRRJ, FRANCISCO BELTRÃO - PR - BRASIL; 2.AGÊNCIA DELTA, FRANCISCO BELTRÃO - PR - BRASIL.

Desenvolvimento Local: Um estudo de caso no Município de Capanema

Sudoeste do Paraná Local development: A study of case in the City of Southwestern

Capanema of the Paraná

Grupo de Pesquisa: Desenvolvimento Rural, Territorial e Regional

Resumo O presente artigo é parte dos resultados do Plano Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável de Capanema, realizamos uma discussão teórica sobre os principais conceitos, na sequência escolhemos alguns temas que consideramos relevantes para essa artigo e analisamos os dados coletados na pesquisa de campo realizada. Palavras-chaves: Desenvolvimento Local, Politícas públicas, Êxodo Rural. Abstract The present article is part of the results of the Municipal Plan of Sustainable Agricultural Development of Capanema, carries through a theoretical quarrel on the main concepts, in the sequência we choose some subjects that we consider excellent for this article and we analyze the data collected in the carried through research of field. Key Words: Local development, public politics and agricultural exodus.

No seguinte artigo iremos analisar a cidade de Capanema situada no sudoeste do estado do Paraná, visualizaremos alguns pontos importantes para o desenvolvimento rural do município, pois essa temática é bastante ampla. Escolhemos a questão do acesso ao financiamento rural –Pronaf, bem como algumas questões de infra estrutura e acessos a serviços públicos. Outro ponto que na pesquisa nos chamou atenção é a questão do êxodo rural no município que iremos discutir. O artigo está organizado da seguinte maneira, primeira parte discussão dos conceitos que serão utilizados como Desenvolvimento local, Políticas Públicas, Agricultura Familiar e entre outros. Na segunda parte iremos apresentar o município de Capanema e suas características. E na terceira parte iremos apresentar a pesquisa de campo realizada no município onde entrevistamos um total de 105 pessoas, destes 58 homens e 45 mulheres, que foram realizadas em 22 comunidades rurais do município. E para finalizar a conclusão.

Não é fácil se formular uma definição do conceito de desenvolvimento. E por isso muitas vezes se tem considerado nível de produção e nível de rendimento como conceitos chaves para se definir desenvolvimento. Uma conseqüência problemática disso é a omissão

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da idéia original de desenvolvimento. Na realidade, o conceito de desenvolvimento foi sendo construído paulatinamente através da história, mas durante muito tempo restringiu-se à área da Economia.

Desde os pioneiros da moderna Economia do Desenvolvimento o desenvolvimento econômico tem sido analisado como um processo inter-relacionado de crescimento e mudança estrutural. Os trabalhos desenvolvidos durante o período de afirmação desta nova corrente de pensamento (estruturalismo) mostravam que o crescimento econômico era indispensável para gerar a mudança estrutural e que esta, por sua vez, criava melhores condições para sustentar o crescimento contínuo do rendimento. No entanto, também cedo se verificou um estreitamento do objeto de estudo nos trabalhos que iam sendo produzidos, de tal modo que o desenvolvimento econômico acabou por ser tratado virtualmente como crescimento econômico.

Dentre os teóricos mais recentes que discutem a questão do desenvolvimento, merece destaque o economista indiano Amartya Sen, que recebeu o Prêmio Nobel de Economia em 1998. Em seu livro “Desenvolvimento como Liberdade”, de 2000, apresenta uma definição de desenvolvimento diferenciada da versão amplamente aceita (sinônimo de crescimento econômico), afirmando que desenvolvimento vem a ser a remoção dos vários tipos de restrições que limitam as escolhas e oportunidades das pessoas. Para o mesmo, as realizações das pessoas vão depender das oportunidades econômicas, das liberdades políticas, dos poderes sociais, da saúde e da educação e dos incentivos às suas ações. Para Sen, o desenvolvimento está estreitamente ligado a idéia de liberdade. A concepção de desenvolvimento deve envolver a eliminação das restrições que limitam as escolhas e as oportunidades das pessoas. Ou seja, "o desenvolvimento consiste na eliminação de privações de liberdade que limitam as escolhas e as oportunidades das pessoas de exercer ponderadamente sua condição de agente”. (Sen, 2000, p.10). As realizações de cada pessoa dependerão das oportunidades econômicas, das liberdades econômicas, da saúde e da educação,e dos estímulos e incentivos à sua ação. Essa definição difere fortemente de outras perspectivas tradicionais que, de forma limitada, associavam desenvolvimento somente com crescimento de produção, da renda, com o desenvolvimento tecnológico, ou mesmo somente com o desenvolvimento industrial. Para Sen a expansão da liberdade não é só o fim, mas também o meio de se atingir o desenvolvimento. E o mesmo acredita que as diferentes espécies de liberdades reforçam-se mutuamente.

É muito comum em economia identificar desigualdade econômica com desigualdade de renda e muitas vezes tratá-las com sendo a mesma coisa. Mas Sen (2000) adverte que é imprescindível captar a distinção entre as mesmas. E salienta também que “empiricamente a relação entre desigualdade de renda e desigualdade em outros espaços relevantes pode ser muito distante e contingente devido às várias influências econômicas – além da renda – que afetam as desigualdades de vantagens individuais e liberdades substantivas”.(p.132) . Para ele, desigualdade de renda pode ser muito diferente de desigualdade em diversos outros espaços tal como bem-estar, liberdade e diferentes aspectos de qualidade de vida (incluindo saúde). O mesmo vale para as realizações agregativas, o que pode ser verificado, por exemplo, no caso em que “um ranking das sociedades com base na renda média pode diferir de um ranking baseado nas condições médias de saúde”. (p.116)

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Uma das proposições de Sen é que a definição de desenvolvimento econômico deve incluir a dimensão da segurança econômica a qual está ligada aos direitos democráticos e às liberdades. Deve-se focar mais na qualidade de vida e nas liberdades concretas do que no rendimento e na riqueza. Para o mesmo, deve-se compreender que o funcionamento da democracia e dos direitos políticos pode ser um instrumento de prevenção da fome e de outros problemas econômicos. E o processo de elaboração de políticas públicas requer que se considere fatores como as heterogeneidades pessoais, diversidades ambientais, variações no clima social, diferenças de perspectivas relativas e distribuições na família.

Uma nova Economia do Desenvolvimento tem vindo a ser construída, combinando o retorno à herança do “velho” estruturalismo com contribuições trazidas da renovação do pensamento institucionalista. Os economistas da Nova Economia Institucional procuram estabelecer uma relação direta entre mudança institucional e desenvolvimento econômico. Douglass North em seu trabalho intitulado Institutions, Institutional Change and Economic Performance, de 1992 afirma que as instituições ocupam um lugar central na análise do processo de desenvolvimento econômico, porque definem o ambiente em que funciona a economia e facilitam a interação entre os indivíduos, e porque a mudança institucional define o modo como a sociedade evolui no tempo. Dado que a mudança institucional é determinada por um processo de “ajustamentos marginais no complexo de regras, normas e imposição que formam a estrutura institucional” (North, 1990: 83), ela deve ser entendida como um processo incremental sobre uma estrutura institucional estável. Para John Toye o desenvolvimento aparece “redefinido como crescimento econômico mais mudança institucional adequada” (Toye, 1995: 61).

Um conceito mais recente de desenvolvimento e mais restrito é o de desenvolvimento local, que corresponde à noção de desenvolvimento humano trabalhado pela ONU, o qual refere-se à satisfação de um conjunto de requisitos de bem-estar e qualidade de vida (o que pode ser definido como sinônimo de cidadania). A primeira dimensão substantiva do desenvolvimento local refere-se à capacidade efetiva de participação da cidadania no que podemos chamar de “governo local”, onde existe uma separação entre governantes e governados. Separação que, para os grandes grupos econômicos e políticos na medida em que estes formam uma verdadeira oligarquia; porém, essa separação é perniciosa para o cidadão. Essa separação é produzida exatamente por aqueles grupos, como uma forma de dominação e para evitar que a democracia seja, realmente, o governo de todos. No estudo de desenvolvimento local algumas formas de coordenação das relações sociais e das atividades produtivas têm emergido como promotoras do desenvolvimento local. Defende-se que a mobilização dos atores locais, a formação de redes entre organismos e instituições locais e uma maior cooperação entre empresas situadas em um mesmo território, são instrumentos que têm possibilitado aos territórios novas formas de inserção produtiva e uma atenuação das desigualdades sociais. Reconhece-se dentro desta abordagem que uma dosagem apropriada entre o Estado e o mercado é necessária à promoção do desenvolvimento.

De outra forma, pode-se dizer que, para os teóricos do desenvolvimento local, a elaboração de uma teoria do desenvolvimento exige que se considere os ensinamentos da história econômica e a diversidade das configurações exógenas e endógenas; também

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deve-se considerar as formas intermediárias de coordenação, que atuam entre o Estado e o mercado. Elas representam os organismos e as instituições locais cuja atuação tenham uma finalidade produtiva ou de regulação social num determinado território, a saber: o tecido empresarial, o poder público local e as representações da sociedade civil.

Em matéria de teorias, o que se verifica hoje é uma convergência entre duas concepções que antes eram dicotômicas e se defrontaram por muito tempo na economia do desenvolvimento. Nem planificação autoritária nem generalização das vantagens do livre mercado. Assim, o que interessa para os territórios é encontrar uma forma híbrida entre intervenções públicas pontuais (e satisfatórias) e ajustamentos descentralizados que sejam o resultado das pressões competitivas, normais em tempos de globalização. (SANTOS, 2007)

Na década de 1950, Albert Hirschmann publicou sua obra “Estratégia do Desenvolvimento Econômico”, onde elaborou sua teoria sobre o desenvolvimento econômico apontando para uma concepção de desenvolvimento mais complexa, que não sendo transdisciplinar é, pelo menos, interdisciplinar. Nesse trabalho sugere ser o conhecimento transdisciplinar como via para explicar como acontece o desenvolvimento econômico em países subdesenvolvidos.

Deve-se notar que até a década de 1920, a Economia Clássica adotava como ideário de desenvolvimento o receituário recomendado para a América Latina proveniente da Europa Acreditava-se que desenvolver era possível pela condição natural de cada país (a natureza propiciava ambiente para isso) ou pela junção de investimentos com a aplicação de um modelo de ação que tivesse dado certo em países do Primeiro Mundo.

É nesse contexto que, a partir de 1920, Hirschmann começa a traçar sua teoria de desenvolvimento ampliando e contestando os estudos de outros pensadores. Conhecedor de perto da realidade dos países do Terceiro Mundo, compreendeu que seguir determinadas prescrições não levaria o país ao desenvolvimento idealizado porque lhe faltavam as condições propícias ao cumprimento do receituário. Assim, inconformado com a importação e aplicação de prescrições doutrinárias econômicas convencionais para o desenvolvimento econômico, insistiu que as estratégias para o desenvolvimento econômico dos países subdesenvolvidos teriam de ser formuladas levando em consideração as circunstâncias locais. Contribuiu assim para a ampliação da concepção de desenvolvimento econômico, que passou a sinalizar um caminho, se não para a ação transdisciplinar, pelo menos para a interdisciplinar.

Para Hirschmann, pensar em desenvolvimento econômico, na forma como atualmente é definido, leva à constatação de que a elaboração deste conceito não é possível ser feita a partir de um único ramo do saber. A Economia não consegue, por si só, dar conta de toda a complexidade que envolve o tema. Explicar como uma nação pode se desenvolver requer interação entre diversos conhecimentos e, ainda, a compreensão de que a própria atitude de quem busca este tipo de conhecimento não pode ser disciplinar. (SANTOS, 2007) .

Para especificar o que entendemos por desenvolvimento regional, salientamos inicialmente, com base em Becker e Wittmann (2003), que este se refere a um processo de mudanças relativo a aspectos sociais e econômicos que ocorrem em determinado espaço e

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tempo. E que é um processo de mudança multifacetado. Esse é um consenso mínimo entre teóricos e pesquisadores das mais divergentes correntes ideológicas recentes. Porém, lembramos que os citados autores, as proporções da importância de cada fator ainda são desconhecidas e vão continuar sendo objetos de controvérsia. Definir quais variáveis devem ser efetivamente consideradas na análise e quais podem ser descartadas ou relativizadas, é uma questão bem mais complexa e específica de cada caso, isto é, dificilmente será generalizável.

Como os processos de desenvolvimento se diferenciam entre si (visto que abordam aspectos específicos, porque envolvem diferentes atores e agentes em múltiplos contextos e tempos diferentes), toda análise, por mais abrangente que seja, será sempre apenas uma contribuição parcial e exclusiva e poderá ser uma resposta aceitável, mas não suficiente. O processo de avaliação ou análise de processos de desenvolvimento regional pode ser feito pelas mais diversas formas e abordagens. Considera-se aqui, sobretudo, a possibilidade de uma avaliação normativa que busca comprovar a efetividade de Planos, Projetos,e Políticas públicas, tendo como foco os objetivos dessa intervenção. Para isso os instrumentos metodológicos para o estudo de processos de desenvolvimento regional se baseiam na análise de indicadores socioeconômicos de determinada região ou regiões, os são confrontados com parâmetros pré-estabelecidos. (BECKER e WITTMANN , 2003).

No Brasil, as duas últimas décadas foram marcadas por um “boom” das análises de políticas públicas que, impulsionadas pela transição democrática, voltaram-se para a identificação e análise das instituições, regras e modelos que regem a sua elaboração, implementação e avaliação.

O processo de (re) valorização do campo analítico das políticas públicas pode ser atribuído, tanto na linguagem teórica quanto prática, a uma série de fatores como: a) a adoção de políticas de ajuste fiscal que, buscando equacionar a crise do endividamento externo no início da década de 1980, trouxeram para a agenda pública questões como a descentralização, a participação, a transparência e a redefinição da parceria público-privado; b) a difusão internacional da idéia de reforma do aparelho de Estado a partir da qual elementos como arranjos institucionais e eficiência de políticas e programas adquiriram centralidade na agenda de pesquisa; c) a percepção da ausência, nos países de chamada democracia recente, de arranjos institucionais adequados ao desenho de políticas públicas, o que serviu para fortalecer os estudos sobre políticas.

Igualmente, contribuíram para a emergência desse campo temático, os desafios e resultados das políticas públicas no contexto recente, na medida em que a formulação e implementação das mesmas envolvem fatores que irão contribuir para a consecução (ou não) dos objetivos propostos pela política e o entendimento de que a gestão compartilhada da formulação e implementação das políticas públicas contribui para o desenvolvimento da democracia (Souza, 2006).

Uma primeira aproximação ao tema se trata da definição do que são políticas públicas. Para fins desde estudo as mesmas serão entendidas como resultado das mediações realizadas entre Estado e sociedade, as quais são implementadas por meio de um projeto de governo composto por programas, projetos e ações que buscam responder determinadas demandas e interesses específicos da sociedade (Jobert e Muller, 1987).

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O estudo das políticas públicas depende do ponto de vista do analista e do recorte metodológico adotado, que podem ser orientados por, no mínimo, quatro perspectivas analíticas: a) análise dos determinantes de uma política, isto é, o mapeamento dos fatores estruturais, comportamentais; internacionais e domésticos, etc. que incidem sobre a política; b) análise das relações entre tipos de políticas ou resultados de políticas com a natureza do regime político; c) estudos sobre o conteúdo de uma dada política, isto é, como um problema específico determina como as soluções serão escolhidas; d) estudos dos impactos de uma política, os quais se concentram nos resultados de “sucesso” de uma política, considerando indicadores de mudança social e progresso (Capella, 2007).

Nesta perspectiva, este artigo toma como orientação geral a busca dos referenciais estruturais e comportamentais, assim como também as idéias, crenças e conhecimentos que incidiram sobre a questão do desenvolvimento local do município de Capanema.

De um modo geral, no campo de análise das políticas públicas, a interpretação desses referenciais se dá por meio dois padrões de ação pública: a) top down; b) bottom up. O modelo top down visualiza uma clara separação entre o universo político e o mundo administrativo. Assim a política é um processo linear que se inicia com o estabelecimento das metas; definição de objetivos, competências e estratégias de execução; especificação da quantidade suficiente de recursos humanos qualificados, materiais e financeiros; acessibilidade à informação e capacidade de exercer autoridade e, termina com a análise do seu impacto. Assim sucesso e fracasso das políticas públicas são sempre de responsabilidade do executor que tendo as recebido de políticos devem, seguindo critérios operacionais e impessoais, pô-las em prática.

O modelo bottom-up, por sua vez, busca indissociar as fases de formulação e implementação, visto que embora a decisão tenha sido tomada no nível central de governo a operacionalização do programa pode enfrentar inúmeros obstáculos no âmbito prático, tais como: a) a complexidade e incerteza na execução, provocados pela ação conjunta de várias organizações sobre uma mesma política pública; b) o fato dos atores (políticos e burocratas), buscando evitar bloqueios desnecessários ao desenvolvimento do programa, envolverem-se em constantes processos de negociações que podem alterar o programa, tornar sua execução mais lenta e, em muitos casos, fazer com que os resultados não correspondam ao inicialmente previsto; c) a indiferenciação entre atores políticos e técnicos que, não sendo nem neutros nem passivos, podem facilitar e/ou inviabilizar o processo. De tal modo que os arranjos e conteúdos são continuamente reformulados, emendados e transformados1 (Capella, idem).

Sendo a Agricultura Familiar o público escolhido para a realização da pesquisa, cabe aqui trazer uma definição da mesma. O termo Agricultura Familiar foi definido pelo

1 Para Grindle apud Capella (idem) a grande contribuição do modelo bottom up está em rejeitar o pressuposto de que implementação de políticas públicas é apenas uma questão administrativa, visto que durante essa fase várias situações não antecipadas na fase de formulação costumam ocorrer, afetando e distorcendo os objetivos das políticas propostas, como por exemplo: baixa capacidade institucional da agência implementadora; boicotes e resistências de setores afetados negativamente pela política; pressão de grupos sobre servidores públicos como forma de fazer valer seus interesses, entre outros.

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Estado2, como sendo os agricultores que: a) detém área menor do que quatro módulos fiscais (unidade-padrão para todo o território brasileiro); b) utilizam predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu empreendimento; c) possuem renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento; d) administram o estabelecimento ou empreendimento com auxílio de pessoas da família (http://www.mda.gov.br/portal/ Pesquisado em Novembro de 2008). É um conceito muito discutido na academia, por ser muito amplo permitindo fazer várias análises diferentes. Porém, existem algumas generalidades do conceito que permitem dar atributos comuns.

Para o presente trabalho iremos fazer uso da definição de Lamarche (1993): A exploração familiar tal como a concebemos, corresponde a uma unidade de produção agrícola onde propriedade e trabalho estão intimamente ligados à família. A interdependência desses três fatores no funcionamento da exploração engendra necessariamente noções mais abstratas e complexas, tais como a transmissão do patrimônio e a sua reprodução (Lamarche, 1993, p.15).

Utilizamos essa definição por acreditarmos que ela defina bem o público alvo desse trabalho. 2. Sobre Capanema

Capanema situa-se na região Sudoeste do Estado do Paraná, composta de 37 municípios e detém 4,9% da população do Estado, essa região vem acumulando a taxa negativa de crescimento por mais de 20 anos. Tem cidades de importância na região como Francisco Beltrão e Pato Branco.

O município de Capanema esta á 604 Km de Curitiba a capital do estado, 695 Km de Porto de Paranaguá e 101 Km da cidade de Francisco Beltrão. Sua área total é de 415,021 Km², está localizado na altitude 350 metros e sua latitude é de 25° 35' 00'' Sul e longitude de 53° 33' 00'' W GR2. Está localizada no Terceiro Planalto Paranaense.

A região onde o município está localizado faz fronteira a norte com o rio Iguaçu, ao sul com o Estado de Santa Catarina e a oeste com a República da Argentina (pela foz do rio Iguaçu) (IPARDES, 2010).

A historiografia da cidade de Capanema tem início nas batalhas entre os governos do Brasil e Argentina pela porção de terra que hoje compreende o Sudoeste do Estado do Paraná e Oeste do Estado de Santa Catarina, então conhecido como região de Palmas. Esta batalha somente chegou ao fim pela decisão, em 5 de fevereiro de 1885, do presidente norte-americano Grover Cleveland, de apoiar o governo brasileiro.

Em 1938, com a política de colonização do interior do país pelo então presidente Getúlio Vargas, foi dado início à chamada “Marcha para o Oeste”. Este programa visava a colonização da região Centro-Oeste do país, aumentando suas áreas de plantio e agropecuária, conjuntamente com o mapeamento desta região e aumento populacional nos terrenos de fronteira com outros países.

Este movimento de interiorização, cujo qual teve inicio efetivo em 1943, através da Expedição Roncador-Xingu, foi um grande sucesso para o governo do Estado Novo.

2 Lei 11.326/06.

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Devido ao sucesso da Expedição na região Centro-Oeste do país, o então presidente resolve aumentar a área de abrangência de sua política de colonização e, no mesmo ano, cria a Colônia Agrícola Nacional General Osório (Cango), que tem por meta principal a colonização da faixa de 60 Km a Leste das fronteiras com a Argentina e Paraguai, em área não inferior a 300 mil hectares.

Os incentivos aos que chegavam à região eram extremamente favoráveis e ímpares dentre as colonizadoras, incluindo o recebimento de 10 a 20 alqueires por família, casa, ferramentas, sementes, assistência dentária e médico-hospitalar. A região prosperava cada vez mais, trazendo famílias aventureiras e reservando uma porção de terra para os reservistas ex-agricultores. As terras inseridas na área de abrangência da Cango eram conhecidas como as glebas Missões e Chopim:

“Essas Glebas compreendiam parte dos municípios de Capanema,Pérola do Oeste, Santo Antônio, Barracão, Francisco Beltrão, Dois Vizinhos, Planalto e totalmente os de Ampére, Realeza e Verê”. (CAPANEMA, Aspectos históricos da. Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esporte. 2005).

No final da década de 1940, com a procura de famílias para povoar a região, foi sentido necessário a criação de um município entre as localidades do Sudoeste e do Oeste - é válido salientar que a ligação entre estas regiões era efetuada através de um trecho da Rodovia 25, trecho este também conhecido como Estrada do Colono.

Para tanto, foi realizado um levantamento aerofotogramétrico da região para decidir qual a melhor localidade para implantação da cidade. Após a decisão do local, foi iniciada a demarcação do território da cidade por agrimensores. O nome do futuro município foi dado em homenagem ao advogado Barão de Capanema, considerado como um ícone no conflito entre Brasil e Argentina pela região de Palmas.

A morfologia do distrito sede de Capanema é bastante incomum dentre as demais da região, pois respalda suas justificativas em quesitos ecológicos e geográficos. Primeiramente, entendeu-se que o ponto principal de referência para a demarcação da cidade deveria ser o espigão do divisor das bacias hidrográficas dos rios Siemens, a Leste, e Santo Antônio, a Oeste. Neste espigão estava alocada a Rodovia 25 e hoje estão alocadas as Avenidas Brasil e Independência. Como a cidade fora criada seguindo o sentido Norte-Sul, sua planta inicial segue a forma de um retângulo, com maior lado no segmento supracitado, e menor lado no sentido Leste-Oeste, concluindo em uma planta com a menor diferenciação hipsométrica possível.

O marco inicial do piqueteamento e levantamento territorial está localizado na esquina da Avenida Espírito Santo e Rua Padre Cirilo e o retângulo está traçado pela Avenida Espírito Santo e ruas Tamoios, Território do Acre e Guarani. Terminada esta primeira fase, foram planejadas áreas de crescimento para a cidade, nos sentidos Leste e Sul, novamente levando em consideração a geografia local. Concluindo a morfologia da cidade, sua forma possui duas intervenções que, como o resto do plano, seguem o quesito ecológico e geográfico de decisão.

Estas intervenções se apresentam na forma de duas entradas a 8 Leste da cidade, onde estão alocadas duas nascentes de água e córregos. O agrimensor dedicou esta porção

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do terreno à faixa de preservação permanente, parques lineares e chácaras, decisão muito incomum para a época.

Apesar de não haver população no futuro terreno destinado a abrigar a sede de Capanema, com a “Marcha para o Oeste” e suas conseqüências, incluindo a Cango, o mesmo foi desmembrado de Clevelândia e elevado a município em 14 de Novembro de 1951, pela Lei Estadual de número 790/51 que, conjuntamente com Capanema, elevam Cascavel, Toledo e outras cidades. A efetiva instalação de Capanema como município ocorreu em 14 de Dezembro de 1952.

Com a implantação do município, os primeiros pioneiros começaram a se instalar em Capanema. Como na cidade ainda não havia edificações, a sede do município se localizava no distrito de Pérola do Oeste, mais desenvolvido. O crescimento inicial da cidade ocorreu ao Sul, com vasta procura para instalação de famílias provindas dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Com o crescimento da procura, se dirigiram para a região empresas colonizadoras, conjuntamente com posseiros. Com a presença destes atores, o cenário da região se tornou cada vez mais violento, culminando na revolta dos posseiros, iniciada dia 10 de Outubro de 1957. A revolução trouxe diversos problemas à região, inclusive à Capanema. Como a região não aparentava ser segura, serviu somente de ponto de parada para as famílias aventureiras que preferiam a região Oeste do estado que o então tumultuado Sudoeste.

Em 1969, com a implantação do programa AI-5 pela ditadura militar, o município de Capanema, situado na fronteira, passa a integrar o grupo de municípios considerados dentro da área de segurança nacional e, para tanto, teve, até o ano de 1986, seus prefeitos eleitos pelo chefe de estado, o Presidente da República.

“Em 1969, foi nomeado para Prefeito de Capanema o Sr. Emilio Simplicio Weber e outros sucessivamente, até o ano de 1986, quando o Sr. Armandio Guerra foi eleito através do voto popular, assim o município de Capanema deixa de ser área de segurança nacional”. (CAPANEMA, histórico do município da. Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esporte. 2005).

No mesmo ano em que as eleições voltaram a ser decididas pelo pleito eleitoral popular, uma das principais fontes de renda da população, a Estrada do Colono é fechada por ordem judicial. A estrada, antes utilizada como ponto de ligação entre o Sul do país e a região Oeste do estado do Paraná, se tornou ilegal para trafegabilidade de quaisquer veículos e pessoas. Apesar das diversas movimentações populares e dos governos dos municípios lindeiros à estrada, a mesma continua interditada por legislação federal. Com o veto do trecho rodoviário, a população de Capanema sofreu drástica queda populacional, de 28 para 18 mil habitantes.

“A Estrada do Colono desde seu fechamento é polêmica na história do município de Capanema. Segundo pioneiros, a estrada é mais antiga do que o próprio Parque Nacional do Iguaçu, a qual corta. [...] Teria sido aberta no início do século passado para a passagem de tropas gaúchas. Encurtada em aproximadamente 120 quilômetros a distância entre os Municípios de Serranópolis do

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Iguaçu a Capanema”. (CAPANEMA, Aspectos históricos de. Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esporte. 2005).

Apesar de contar com diversos golpes contra seu desenvolvimento, Capanema se destacou na maneira em que contornou estas situações adversas, se apresentando como uma cidade pró ativa. Um grande exemplo disto é a implementação da Feira do Melado, evento bienal que, agora em 2010, sediara sua décima sexta edição. Iniciada após a cidade ter sido declinada por grandes empresas a se instalarem em suas terras, a população local decidiu se organizar e realizar estas feiras, aproveitando a agroindústria e o chamariz para o turismo local.

1.1 Dinâmica Populacional

O último recenseamento feito pelo IBGE no Município de Capanema foi no ano de 2000, tendo sido encontrados 18.239 habitantes, dos quais 9.311 residentes na área urbana (51,05%) e 8.928 na área rural (48,95%). O quadro 01 evidencia a evolução da taxa de urbanização, principalmente entre o período 1970 – 1980, quando há maior fluxo de investimentos na mecanização agrícola no Estado, resultando no período inicial do êxodo rural e na emigração desta população para o meio urbano e para outras regiões do Estado e do Brasil. Quadro 01 – Evolução da população.

Ano População Urbana

População Rural

Total

1970 3.746 17.971 21.717 1980 7.724 18.055 25.779 1991 7.936 11.432 19.368 1996 8.339 10.119 18.448 2000 9.311 8.928 18.239 2009 - - 18.681

Fonte: IPEADATA . acesso 26/02/2010. A tendência verificada torna-se mais clara nos períodos subseqüentes, onde a

população total de Capanema passa de 25.779 habitantes em 1980 para 18.239 em 2000, uma redução de 29,25% no período. O grau de urbanização apresentou um sentido inverso no mesmo período, cresceu 20,54%.

Gráficos 01- Demográficos comparativos:

Evolução da População

19.368 18.389 18.239 18.103 18.681

1991 1996 2000 2007 20090

5000

10000

15000

20000

25000

1 2 3 4 5

Ano

População

Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010,

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Fonte: IBGE (2010) 1.2 Indicadores De Desenvolvimento

O Índice de Desenvolvimento Humano – IDH – foi criado pela Organização das Nações Unidas – ONU - no início da década de noventa e tem sido calculado anualmente para diversos países com o intuito de servir como base empírica dos Relatórios de Desenvolvimento Humano, responsáveis por monitorar o processo de desenvolvimento mundial ao longo da década de noventa (PNUD, 2004).

Países com IDH até 0,499 são considerados de desenvolvimento humano baixo; com índices entre 0,500 e 0,799 são considerados de desenvolvimento humano médio; e com índices maiores que 0,800 são considerados de desenvolvimento humano alto. O Brasil, conforme o Censo de 2000 (IBGE), apresentou o IDH com o índice de 0,766. O Estado do Paraná apresentou o IDH com índice de 0,787 e Capanema com 0,803. Esses índices se mantêm muito próximos da média nacional. Entretanto, ainda está num nível de desenvolvimento considerado mediano, o que exige diretrizes de intervenção que venham a promover a melhoria na qualidade de vida da população (Tabela 02). Tabela 02 – Índice IDH e sua evolução em Capanema.

Ano 1970 1980 1991 2000

IDH 0,426 0,632 0,636 0,803 Fonte: PNUD - ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASIL

Quanto a outros indicadores sociais, de modo geral, nota-se relativo equilíbrio nessa mesorregião. No âmbito estadual, o melhor desempenho está associado à realização das políticas públicas voltadas à educação. Em grande parte dos municípios, a taxa de escolarização, nos níveis fundamentais e pré-escolares, encontra-se acima da média do estado. Embora os municípios da Mesorregião, onde Capanema se insere, tenham apresentado avanços nesse setor, estes não foram suficientes para alterar o quadro educacional e aproximar seus indicadores da média estadual, isso se deve principalmente a baixa freqüência escolar (IPARDES, 2009).

Dos 37 municípios da mesorregião Sudoeste, seis apresentam IDH-M em posição acima da média do Estado (0,787). A variação entre o patamar máximo e mínimo do IDH-M, na mesorregião é bastante expressiva. No entanto, não só nenhum município desta região está presente entre as 40 últimas posições do ranking estadual, como também a maioria deles situa-se numa posição intermediária do ranking. A mesorregião sudoeste apresenta o Índice de IDH-M menor que do Paraná e do Brasil como pode ser observado:

Tabela 03: Índice de desenvolvimento humano municipal (IDH-M), longevidade, anos de estudo e renda per capita, mesorregião Sudoeste, Paraná, Brasil – 1991.

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IDH-M

LONGEVIDADE (ANOS)

ANOS DE ESTUDOS

RENDA FAMILIAR PER CAPITA – SM

Mesorregião Sudoeste

0,617 66,4 3,7 0,73

Paraná 0,760 64,7 4,8 1,29

Brasil 0,742 63,3 4,9 1,31 Fonte: IPARDES (2009)

Outra forma de evidenciar, de modo mais direto, o grau de desigualdade, está na mensuração de famílias pobres a partir da taxa de pobreza (percentual de famílias com renda familiar mensal per capita até ½ salário mínimo, em relação ao número total de famílias residentes na mesorregião). A mesorregião concentra aproximadamente 6% do total de famílias pobres do Estado e seu indicador de pobreza é igual a 25,6% o município de Capanema no ano de 1991 apresentava um indicador de pobreza de 62,05%. (IPARDES,2009). 2 Crédito Rural: O Pronaf em Capanema

O Brasil é constituído por uma sociedade com um dos maiores índices de desigualdade social e econômica do mundo e isso é um resultado do próprio processo de crescimento econômico, cujo modelo tem essa característica altamente concentradora, conforme se verifica na história econômica do país.

Neste contexto e, no caso específico dos países da América Latina, essas características vão adquirir quase a força de uma tarefa: repensar a noção de desenvolvimento que era entendida como sinônimo de industrialização e modernização, ambas portadoras de avanços materiais e transformações nas relações sociais, diante de uma realidade em que se tornara nítida a incapacidade do modelo baseado na substituição de importações para solucionar os problemas da pobreza e da desigualdade social (Maluf, 2000). Sendo historicamente a região do Vale do Ribeira uma região onde há muita pobreza e miséria, que podem ser observados pelos indicadores sociais e econômicos, as políticas públicas é uma das principais fontes de renda, pois a região é extremamente agrícola e assim sensível economicamente a qualquer alteração que possa comprometer a safra.

Ressalta-se que, desde o início do séc. XX, diversas políticas públicas foram implementadas com o propósito de garantir às regiões mais pobres recursos necessários ao seu crescimento e á melhoria das condições sociais. Todavia, após várias décadas, estudos avaliativos mostrou que essas políticas de desenvolvimento regional, principalmente aquelas implantadas no período 1950 a 1970 não geraram resultados satisfatórios.

Já no tocante às políticas implementadas nas décadas de 1980/90, destaca-se os estudos de LOUREIRO (2009), que afirma que uma possível explicação para a não obtenção de resultados satisfatórios com a implementação das diversas políticas de desenvolvimento ao longo dessas duas décadas deve-se ao fato de que, o Estado brasileiro ao elaborar políticas de desenvolvimento faz com base no modelo econômico-liberal,

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considerando as sucessivas variações com as quais, de tempos em tempos, o mesmo se apresenta como novo. E, segundo ela, é através desse modelo que apresenta poucas virtualidades, que o Brasil tem buscado seu próprio desenvolvimento e buscado estendê-lo às suas regiões.

Para a mesma autora “o país não pode continuar tomando para si, de forma pouco crítica, as grandes linhas de desenvolvimento formuladas pelos países hegemônicos ou concebidos por eles para serem adotados pelos países periféricos”.(p.166). Ou seja, avalia que se tem revelado problemática essa adoção de modelos teóricos vindos de fora. Mas explica que esse caráter problemático não é simplesmente pelo fato de terem sido formulados por estrangeiros, ou que as pessoas que os formularam não sejam intelectuais competentes. Mas sim pelo fato de que eles analisam a realidade dos países periféricos do ponto de vista de onde a vislumbram, ou seja, pela ótica dos países centrais. Assim, com raras exceções, não conseguem visualizar os problemas a partir do lugar de quem os vivencia. Lembra que o Brasil tem elementos da sua formação histórico-cultural que lhes são inerentes. Assim, por exemplo, a experiência como colônia não foi vivenciada pelos países hegemônicos e isso já é um elemento que os torna distinto dos demais países, o que obriga a uma procura distinta de caminhos para o desenvolvimento. Isso porque “o sistema colonial estratificou de forma extremamente desigual as classes sociais e desenvolveu mecanismos de interação entre elas; estabeleceu uma economia muito dependente do exterior, pouco diversificada (...) com uma distribuição de renda altamente concentrada”(p.167).

Referindo-se às falhas das políticas de desenvolvimento regional, e buscando inserir nessa discussão uma associação entre inovação e desenvolvimento regional, GALVÃO (2004), afirma que, isso se deve ao fato de que o país pouco mobilizou até aqui de nossa competência técnico-científica em favor do desenvolvimento regional brasileiro. Para o mesmo,

“as políticas regionais vigentes no Brasil lidaram e ainda lidam de forma esporádica e tênue com as questões relacionadas à inovação, refletindo uma despreocupação com o fenômeno no passado próximo. Ainda se enxerga a inovação como uma espécie de sucedâneo conceitual da tecnologia, repetindo-se o erro clássico de acreditar que qualquer forma de apoio no complexo terreno dos sistemas técnico-científicos seja autojustificável e suficiente para encetar processos de desenvolvimento”. (p.31)

Contudo, o autor esclarece que não é seu propósito afirmar que a capacitação tecnológica e o apoio a processos inovativos bastem como solução para as dificuldades do desenvolvimento regional do Brasil. Pelo contrário, saliente que tem clareza de que a resposta aos desafios do desenvolvimento regional brasileiro encontram-se, também, em outros planos, tais como: na reforma agrária, na criação de sistemas de financiamento (adequados), na provisão de bens públicos, enfim, em outros instrumentos de geração de renda e melhoria do bem estar econômico, inclusão social e redução das desigualdades regionais.

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Em suma, as tentativas de superação dos desequilíbrios regionais são de longas data e as falhas dessas políticas são apontadas por diversas autores, onde se destaca aqueles que atribuem a adoção de modelos copiados de outros países e outros que apontam, dentre outros motivos, a não consideração do apoio aos processos inovativos.

A partir dos anos de 2000 de forma mais expressiva foram criados vários programas que buscam a diminuição das desigualdades regional o PRONAF que foi criado em 1996, com a função de Financiamento rural para a os agricultores familiares, importante política pública a essa classe trabalhadora, possibilitando a atuação e a permanência do agricultor no campo; Nos últimos anos, o Brasil vem tentado avançar na redução das desigualdades sociais e regionais. Na tentativa de enfrentar o desafio de melhorar a qualidade de vida dos brasileiros que vivem nas regiões mais carentes.

Como podemos observar em 11 anos, o PRONAF se tornou em uma alternativa concreta para diversos segmentos da agricultura familiar no Brasil, no Paraná e em Capanema. A evolução do PRONAF nas últimas safras agrícolas esteve fortemente atrelada à disponibilidade de crédito em suas diferentes modalidades, que passou a ser a principal linha do Programa. Nos últimos cinco anos foram promovidos diferentes arranjos institucionais que ampliaram a capilaridade deste tipo de política pública tanto nacional como regionalmente, verificando-se um aumento de contratos efetuados, do volume de recursos utilizados e das principais categorias de agricultores beneficiados.

No município de Capanema temos a evolução do acesso podemos observar na tabela abaixo: Tabela 07: Evolução do Pronaf em Capanema. ANO SAFRA CUSTEIO INVESTIMENTO Contrato Montante R$ Contrato Montante R$

1999/2000 707 818.447,02 451 660.659,90 2000/2001 1.295 2.371.772,08 221 1.808.535,79 2001/2002 1.672 3.754.112,12 154 1.343.734,66 2002/2003 1.521 3.733.364,23 203 625.912,60 2003/2004

1.733 6.484.721,82 257 2.264.752,93

2004/2005 1.911 8.027.651,39 229 1.811.449,16

2005/2006 1.316 3.766.764,28 124 745.026,80

2006/2007 1.147 5.921.675,59 61 557.645,85

2007/2008 1559 7.64.697,14 110 978.906,30 2008/2009 1086 7.340.509,12 145 2.331.952,87 2009/2010* 778 4.715.051,37 29 547.504,47 Fonte: www.Pronaf.gov.br (2009) * FONTE: BACEN (Somente Exigibilidade Bancária), BANCOOB, BANSICREDI, BASA, BB, BN E BNDES. Dados atualizados até BACEN: Até 06/2009; BANCOOB Até 10/2009; BANCO COOPERATIVO SICREDI: Até

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10/2009; BASA: Até 09/2009; BB: Até 09/2009; BN: Até 10/2009 e BNDES: Até 07/2006 - Ultimos 3 meses sujeitos á alterações. Data da Impressão: 20/11/2009 14:27:00. Analisando a tabela acima, podemos observar que o acesso ao Financiamento de Crédito Rural, o Pronaf, é consideravelmente bom, quando comparamos com outros municípios da região do Sudoeste, pois se tem uma entrada de R$ 9.672.461,99 e 1.231 contratos, o que seria quase metade da arrecadação fiscal do município.

Nas entrevistas realizadas podemos observar as seguintes informações sobre o crédito rural; Gráfico 01. Quando perguntamos se a família possui acesso ao crédito tivemos 57 % dos entrevistados que responderam positivamente, já 42% não possuem acesso; o que confirma os dados da tabela acima. Gráfico 01- Acesso ao Crédito Rural. Devido a ser um número alto de famílias de agricultores que não acessam o crédito, indagamos os motivos pelos quais não acessavam e tivemos 29,52%% que responderam que não necessitam de crédito, já 1,90% dizem ser por motivos legais estão impossibilitados que acessar essa política, 3,80% dizem não saberem como acessar e 11,42% responderam outros motivos, como por exemplo, o medo de fazer uma dívida onde muitos dos que responderam não necessitam de crédito também relataram esse sentimento. Notamos que em um caso como esse o que falta é informação a esses agricultores e seus familiares, pois diferentemente de alguns anos atrás onde o crédito agrícola era algo de difícil acesso e bem mais rigoroso na forma de cobrar esse empréstimo. Gráfico 02 – Se não acessa o crédito agrícola, qual o motivo?

Já dos 57% que acessam o crédito rural, perguntamos onde esses agricultores acessam a maioria com 26% dos entrevistados acessam nos bancos, 15% acessa em Cooperativa de Crédito e 10% acessam na Cooperativa e no banco simultaneamente. Gráfico 03 – Se acessa o Crédito Rural, onde?

Sua Familía tem acesso ao Crédito rural?

57%

42%

1%

sim

não

N/S N/R

Se não acessa, qual o motivo?

2,85%

15,23%

11,42%35,23%

1,90%3,80%

29,52%

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Não necessita

Não sabe como acessar

Motivos legais

acessa

outros motivos

N/S N/R

Missing System

Percent

Frequency

Se sim onde acessa?

15%

26%

10%

40%

5% 4%

Cooperativa de crédito

bancos

cooperativas e bancos

Não acessa

N/S N/R

Missing System

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3 Breve caracterização da amostra coletada Da amostra coletada em nossa pesquisa de campo, observamos que a renda familiar mensal podemos observar no gráfico 05- abaixo. Dos agricultores entrevistados temos 3,80% não possuem renda mensal, já 46,66% ganham até 1 salário mínimo, de 1 à 3 salários mínimos temos 39,04% dos agricultores, de 3 à 6 salários mínimos temos 8,57%, mais de 6 salários mínimos temos 1,90%. Gráfico 05- Renda Familiar Mensal.

Quando perguntamos qual a relação com terra, podemos observar no (gráfico 06) abaixo que a maioria 68,57% é proprietários da terra, já 21,90% são arrendatários e 6,66% empregados e 2,85% parceiros.

Gráfico 06- Relação com a terra.

O tamanho das propriedades com 84,76% possui uma área de menos de 10

alqueires de terra. Agricultores que possuem menos de 20 alqueires são 10,47%, com menos de 30 alqueires são 1,90%. Acima de 31 alqueires são 2,85%. Através do gráfico abaixo com esses dados notamos que as propriedades são de maneira geral pequenas, e na maioria agricultores familiares. Gráfico 07 – Área de terra das propriedades.

84,76%

10,47% 1,90% 2,85%

100%

0

20

40

60

80

100

120

Menos de10

alqueires

Menos de20

alqueires

Menos de30

alqueires

Mais de 31alqueires

Total

Área da Propriedade

Frequency

Percent

3,80%

46,66%

39,04%

8,57%

1,90%

100%

0 20 40 60 80 100 120

Sem renda

Até 1 salário mínimo

de 1 à 3 salários

de 3 à 6 salários

de 6 à 10 salários

Total

Renda Mensal

Percent

Frequency

100%

6,66%

2,85%

21,90%

68,57%

0 20 40 60 80 100 120

Proprietário

Arrendatário

Parceiro

Empregado

Total

Percent

Frequency

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Infra Estrutura Perguntamos (Gráfico 08), se havia necessidade de habitação rural um total de

36,19% disse que sim tinham necessidade e 59,04% não tem necessidade de habitação e 3,80% NS/NR. Como podemos observar na maioria dos agricultores de Capanema possuem habitação rural, sendo que as organizações da agricultura familiar como a Cresol e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, vem conseguindo via os programas federais construir e reformar moradias, o que é uma boa alternativa a esses agricultores, por ser o meio de financiamentos mais acessíveis. Gráfico 08- Há necessidade de Habitação Rural.

Quando perguntamos aos entrevistados como eles avaliam o transporte escolar 53,33% dizem estar bom, 20% dizem estar regular e 12,38% dizem estar ruim e 9,52% não sabem ou não responderam, notamos que de maneira geral o transporte escolar está bom no município de Capanema para metade da amostra. Gráfico 9 – Qualidade do transporte escolar. Perguntamos se os agricultores (as) têm dificuldade de se locomover para a cidade de suas propriedades 77,14% dizem não tem essa dificuldade e apenas 22,85% possuem essa dificuldade, ou por não possuírem um meio transporte, ou porque não possuem na comunidade em que vivem um ônibus de linha, dificultando assim essa locomoção. Mais analisamos como um ótimo índice 77,14%, possuir essa liberdade de poder ir a vir ao meio rural sem problemas. Gráfico 10 – Dificuldade em se locomover para a cidade.

36,19%

59,04%

3,80%

0,95%

0 10 20 30 40 50 60 70

Sim

não

N/S N/R

Missing System

O Sr.(a) tem necessidade de habitação rural?

Percent

Frequency

4,76%

53,33%

20%

12,38% 9,52%

0

10

20

30

40

50

60

ótimo bom regular ruim N/S N/R

Como o Sr.(a) avalia o transporte escolar?

Frequency

Percent

22,85%

77,14%

0

20

40

60

80

100

sim não

O Sr.(a) tem dificuldade em se locomover para a c idade?

Frequency

Percent

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Pedimos se os mesmo possuíam água suficiente na propriedade e tivemos 81,90% dos agricultores tem água suficiente e apenas 18, 09% ainda não possuem água nesse total se encaixa as pessoas que em épocas de secas tem problemas com água. Gráfico 11- Serviço de água.

Indagamos sobre a qualidade da educação e tivemos o seguinte resultado 6,66% consideram ótimo, 60,95% acham bom, 22,85% regular já 0,95% acha que esta péssimo e 8,57% não sabem e/ou não responderam. Um índice interessante em nossa analise. Gráfico 12 – Qualidade dos serviços públicos Educação. Fomos buscar informações sobre o êxodo rural no município de Capanema, e então fizemos a seguinte pergunta aos entrevistados: Se nos últimos 10 anos teve algum membro da família que mudou para a cidade? E encontramos as seguintes respostas 63,80% disseram sim e 32,38 % não tiveram parentes que se mudou para a cidade notamos é o índice de pessoas que mudaram é relevante. Gráfico 13- Saída do meio rural. Perguntamos então aos que mudaram para a cidade, a idade dessas pessoas na mudança, te encontramos que de 16 -24 35,23% se mudaram para cidade, de 25 à 60 anos 28,57% , observamos com essa informação que a mudança ocorre mais entre os jovens no meio rural. Gráfico 14- Idade de quem se mudou?

81,90%

18,09%

0

20

40

60

80

100

Sim Não

O serviço de água atende bem as suas necessidades?

Frequency

Percent

6,66%

60,95%

22,85%

0,95%

8,57%

0

10

20

30

40

50

60

70

ótimo bom regular péssimo N/R N/S

Educação

Frequency

Percent

63,80%

32,38%

2,85% 0,95%

010203040506070

sim não N/S N/R Missing System

Nos últimos 10 anos teve algum membro da familia que se mudou para a cidade?

Frequency

Percent

Se sim, qual a idade de quem se mudou?

0,95%

9,52%

25,71%

28,57%

35,23%

0 5 10 15 20 25 30 35 40

de 16 à 24

de 25 à 60

N/S N/R

Não mudou

Missing System

Percent

Frequency

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Indagamos ainda sobre o destino da mudança e temos que 16,19% se mudaram para Capanema mesmo, 9,52% para São Paulo, 10, 47% se mudou para algum município da região, e os demais locais segue no gráfico mais inclui estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Mato Grosso entre outros. Gráfico 27- Destino de quem mudou. Indagamos ainda os motivos que levaram essas pessoas a saírem do meio rural e como resposta 36,19% para trabalhar como empregado, 18,09% para estudar e trabalhar, 3,80% para estudar, 1,90% para montar seu negócio próprio. Gráfico 14- Qual o motivo da mudança? Conclusão: A partir do trabalho exposto observamos que o município de Capanema possui boas condições de bem estar social no meio rural, pois os agricultores possuem água, transporte escolar e transporte de linha em bom estado para seus usuários. Os agricultores estão acessando o Pronaf e não possui um alto índice de inadimplência o que nos mostra que as atividades produtivas como leite, grãos e a criação de animais estão em movimento sendo poucas as propriedades que não acessam o pronaf estando assim estagnadas em seus sistemas produtivos. Observamos assim que o meio rural de Capanema possui um movimento produtivo interessante e uma boa qualidade de vida, pois as pessoas possuem acesso as políticas

16,19%

9,52%2,85%

2,85%

2,85%

3,80%6,66%

0,95%

10,47%

2,85%0,95%

1,90%

28,57%9,52%

0 5 10 15 20 25 30

capanema

SP

CTBA

Foz do Iguaçu

MT

RS

SC

EUA

REGIÃO

MG

GO

Outros

N/S N/R

Não mudou

Se mudou para onde?

Percent

Frequency

3,80%

36,19%1,90%

18,09%

0,95%

29,52%

9,52%

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Estudo

empregado

negocio próprio

estudo/trabalho

estudo/negocio próprio

N/S N/R

Não mudou

Qual o motivo da mudança?

Percent

Frequency

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públicas e existe uma organização social por parte dos agricultores que estão organizados em associações, cooperativas e sindicatos. Notamos, no entanto que mesmo Capanema sendo um município onde os agricultores possuem qualidade de vida no meio, possuem acesso as políticas públicas e acesso a serviços públicos de qualidade, ainda não é suficiente para estagnar e/ou diminuir o êxodo rural existe onde num universo de 105 questionários temos um total de 63,80% pessoas que tenham familiares que nos últimos 10 anos saíram do meio rural e desses a 55,55% são jovens entre 16 e 24 anos, na idade produtiva entre 25 e 60 anos temos 44,44% de pessoas que saíram do meio. Sendo assim observamos que qualidade de vida não é suficiente para manter as pessoas no campo, consideramos a renda familiar mensal uma questão central, pois dos entrevistados 46,66% ganham até um salário mínimo por mês e de 1 a 3 salários temos 39,04% .

A renda familiar mensal é baixa se considerarmos que cada família tenha uma média de quatro membros, afirmamos isso porque 36,19% das pessoas que saíram do campo para trabalhar como empregado na cidade e 18,09% saíram com a finalidade de estudar e trabalhar nas cidades, ou seja, então, é necessário pensarmos uma forma de aumentar a renda familiar mensal para que o jovem não necessite ir para cidade para ter seu dinheiro, mais que possa ter a opção de dar continuidade ao trabalho da propriedade de forma digna com qualidade e um resultado econômico satisfatório para sua reprodução. Bibliografia: BECKER ,D.F.;WITTMANN, M.L. (orgs.). Desenvolvimento Regional:abordagens interdisciplinares.Santa Cruz do Sul, EUNISC, 2003. BRANDÃO. S. Cooperativismo De Crédito Rural: A Cresol De Cerro Azul No Vale Do Ribeira – PR.2010.Dissertação de Mestrado. UFRRJ/CPDA. CAPELLA, A.C.N. O processo de agenda-setting na reforma da administração pública (1995-2002). Tese de doutorado (Universidade Federal de São Carlos, Centro de Educação e Ciências Humanas), 2004. FERREIRA.F. Construções e reconstruções das políticas públicas na região do Baixo Amazonas, estado do Pará (2003-2008): uma análise a partir do Plano BR-163 Sustentável.2009. Projeto de Dissertação. UFRRJ/CPDA. GALVÃO, A.C.F. Política de desenvolvimento regional e inovação: Lições da experiência européia. Rio de Janeiro, Garamond, 2004. JOBERT, B.; MULLER, P. L’Etat en action. Paris: PUF, 1987. LAMARCHE, H. (coord.) et al. A agricultura familiar . São Paulo: Unicamp, 1993. LOUREIRO, V.R. A Amazônia no século XXI: novas formas de desenvolvimento. São Paulo, editora Empório do Livro, 2009. MALUF, R.S. Atribuindo sentido(s) à noção de desenvolvimento econômico. Estudos Sociedade e Agricultura. Rio de Janeiro, nº. 15, outubro de 2000, p.p. 53-86. NORTH. D. Institutions, Institutional Change and Economic Performance, de 1992. ROMANO, J.O Política nas políticas: um olhar sobre os estudos na agricultura brasileira. Tese de doutorado (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto de Ciências Humanas e Sociais), 2007. SANTOS, Leidminar C. Percepção Transdisciplinar na estratégia do desenvolvimento econômico de Hirschmann. Porto Algre, 2007. Disponível em

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