Desenvolvimento Moral Na Adolescência - Artigo

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    Documento produzido em 28-08-2006

    DESENVOLVIMENTO MORAL NA ADOLESCNCIA

    (2006)

    Pedro Miguel Lopes de SousaEnfermeiro nos Hospitais da Universidade de Coimbra e mestrando em Psicologia Pedaggica, na

    Faculdade de Psicologia e Cincias da Educao da Universidade de Coimbra

    Contactos:[email protected]

    +351 93 4618213

    RESUMO

    A sociedade debate-se diariamente com a necessidade de julgar os outros, sendo constantes

    as aluses a conceitos como moralidade e desenvolvimento moral. Neste trabalho ir-se- analisar

    o processo do desenvolvimento moral, concedendo especial relevo s transformaes ocorridas

    na adolescncia.

    Neste mbito, salientam-se os estudos de Piaget (1973) que desenvolveu um modelo terico

    explicativo do desenvolvimento moral baseado no respeito e compreenso das regras do jogo dos

    berlindes e, posteriormente, a teoria de Kohlberg (1981) que, apesar de ser alvo de crticas,constitui um dos contributos mais vlidos e completos no que concerne a esta temtica.

    Palavras-chave:desenvolvimento moral, adolescncia, Piaget, Kohlberg, estdios

    A adolescncia caracteriza-se por ser um perodo de construo de valores sociais e de

    interesse por problemas ticos e ideolgicos. O adolescente aspira perfeio moral e expressaum grande altrusmo o que frequentemente origina revoltas por descobrir que a sociedade no se

    coaduna com os valores que defende. O facto de possuir novas capacidades cognitivas de

    reflexo e abstraco ir-lhe- permitir elaborar mentalmente hipteses, debater ideias e

    confrontar opinies, construindo uma teoria prpria da realidade. O adolescente confronta os seus

    prprios valores com os valores do mundo adulto, na tentativa de alcanar a to desejada

    autonomia. Para tal ajuza regras e convenes sociais, o que o leva, por vezes, a acat-las e, por

    outras, a desobedec-las (Kohlberg, 1981). Isto levanta a questo: de que modo se processa o

    desenvolvimento moral?

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    A moralidade tem sido estudada por vrios psiclogos, quer do ponto de vista afectivo

    (Psicanlise), quer do ponto de vista comportamental (behaviorismo, teoria de aprendizagem

    social), como do ponto de vista cognitivista (Piaget e Kohlberg).

    Piaget (1973), ao analisar o desenvolvimento moral, colocou em relevo a importncia dos

    pares no processo de socializao, defendendo que a relao de obedincia da criana com o

    adulto favorece o desenvolvimento de uma moral heternoma. atravs da cooperao entre

    pares que a criana tornar-se- capaz de uma moral autnoma. Isto porque, por mais que o adulto

    procure compreender o ponto de vista da criana e procure estabelecer uma comunicao de igual

    para igual, as relaes entre eles permanecem hierarquizadas, propiciando apenas o respeito

    unilateral da criana para com o adulto. As relaes entre crianas, ao contrrio, propiciariam a

    descentrao (cada um tornar-se- capaz de se colocar no lugar do outro) e surgiriam os

    sentimentos de reciprocidade e de respeito mtuo, elementos indispensveis para a autonomia

    (Camino & Moraes, 2003).A teoria do julgamento moral de Kohlberg (1981) nica pelo facto de postular uma

    sequncia universal, da qual os estdios mais altos (5 e 6) constituem o designado pensamento

    ps-convencional. Ao contrrio da maior parte das explicaes sociais e psicolgicas, que

    considerariam a internalizao de valores da sociedade como o ponto terminal do

    desenvolvimento moral (perspectivas de Durkheim, Freud e do behaviorismo), para Kohlberg a

    maturidade moral seria atingida quando o indivduo fosse capaz de entender que a justia

    diferente da lei, que algumas leis existentes poderiam ser moralmente erradas e deveriam ser

    modificadas. Todo indivduo seria potencialmente capaz de transcender os valores da cultura emque foi socializado, ao invs de incorpor-los passivamente (Biaggio, 1997).

    Assim sendo, neste trabalho procurar-se- analisar o modo como se desenvolve a moralidade

    no ser humano, concedendo particular ateno adolescncia.

    1. DESENVOLVIMENTO MORAL

    Ao falar-se em desenvolvimento moral est a assumir-se que existem nveis de moralidade

    mais elevados que outros, tendo por base determinados critrios tericos. Isso implica a existncia

    de nveis de conhecimento e de aco situados a distncias diferentes de um suposto ideal de

    bondade (Loureno, 1992).

    Os estudos sobre desenvolvimento moral tm-se debruado sobre a construo de modelos

    tericos destinados a explicar, de forma adequada, os processos que orientam a adopo de

    valores individuais nas diversas esferas da actividade humana. Desde o surgimento da psicologia

    cientfica, diversos investigadores abordaram esta temtica enfatizando aspectos especficos e

    focalizando campos diferentes de aplicao resultantes do estudo do desenvolvimento moral

    (Martins & Branco, 2001).

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    1.1. Perspectiva Piagetiana

    A dimenso moral da obra de Jean Piaget acabaria por evoluir para um campo prprio em

    1932, quando procurou conhecer as etapas pelas quais passariam as crianas no processo de

    compreenso do comportamento moral. Piaget veio opor-se ao postulado empirista que defendia

    o desenvolvimento moral como o resultado da interiorizao de valores e regras sociais

    exteriores ao sujeito. Para este autor, o desenvolvimento moral seria um processo de construo

    que ocorreria no interior do indivduo.

    Com efeito, ele cr que as relaes de constrangimento (controlo exterior) no favorecem

    o desenvolvimento moral, porque impedem o desenvolvimento da autonomia (controlo interno).

    (Kamii & Devries, 1970, p.47). As regras exteriores tornar-se-iam regras da criana s quando as

    adoptasse e as construsse em liberdade; contudo, a maioria aprenderia as regras scio-morais por

    obedincia aos adultos, detentores da autoridade. Kamii e Devries justificavam esta situao com

    o facto da criana desejar receber um elogio ou evitar uma punio. J quando a criana regula

    voluntariamente o seu comportamento, sem presses externas coercivas, f-lo para obter

    benefcios (como a conquista de confiana) mais amplos que os benefcios imediatos de fuga a

    castigos. O sujeito construiria a sua regra moral quando fosse capaz de sacrificar certos

    benefcios imediatos para promover a relao com outras crianas ou um adulto.

    Por sua vez, a punio implicaria trs tipos de consequncias. A primeira seria o clculo de

    riscos, visto que, aps uma punio, a criana tentaria evitar ser descoberta novamente ou

    decidiria estoicamente por antecipao, compensando o castigo com o prazer obtido. Uma

    segunda consequncia seria a conformidade cega, visto este comportamento acarretar segurana e

    respeitabilidade. Contudo, estas crianas limitam-se a obedecer, evitando tomar decises. Por

    ltimo, a punio poder levar revolta, envolvendo comportamentos que podero ser

    identificados com delinquncia. Apesar de se assemelharem aos actos autnomos, estas condutas

    so distintas por se basearem na recusa do conformismo.

    Kamii (1984) defende, tambm, que os comportamentos punitivos constituir-se-iam como

    reforos da heteronomia das crianas, impedindo-as de se desenvolverem em autonomia.Contudo, apesar de serem preferveis, as recompensas assumiriam um efeito muito semelhante,

    na medida em que a autonomia construir-se-ia com a reduo do poder adulto e o incentivo

    construo de valores morais prprios.

    Piaget defendia, ainda, que quando uma criana cooperasse autonomamente com outra

    sentiria uma necessidade intrnseca de ser leal, com o intuito de perpetuar a confiana mtua.

    Seria movido pelo desejo de ser aceite pelos outros e pela convico de que seria til tratar os

    outros da forma como gostaria de ser tratada. Para Kamii e Devries (1970) esta atitude de

    cooperao exigiria a descentrao e a cooperao interindividual. Num estdio inicial marcadopelo egocentrismo, o indivduo no se aperceberia da existncia de opinies divergentes das suas.

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    Posteriormente, ir-se-ia apercebendo destas opinies, mas ainda no conseguiria recusar a um

    desejo imediato.

    Segundo os estudos desenvolvidos por Piaget, parecem existir duas morais distintas nas

    crianas: autonomia e heteronomia. Desta forma, defendeu que no se poderia falar em estdios

    morais mas sim em fases caracterizadas pela heteronomia e pela autonomia. Esta distino

    pretende elucidar que possvel encontrar elementos da autonomia moral numa criana

    predominantemente heternoma e vice-versa (Piaget, 1973).

    Azevedo (1994) analisa, tambm, a obra de Piaget no que respeita ao domnio do

    desenvolvimento moral. Segundo ele, Piaget defenderia a existncia de estdios apenas em

    sentido lato, e no em sentido estrito como ocorreria na rea do desenvolvimento cognitivo. Isto

    suceder-se-ia porque o desenvolvimento nesta rea seria um contnuo sem roturas, ainda que um

    contnuo no linear, e visto no existirem estruturas definidoras do conjunto da vida psicolgica

    no que concerne prtica de diferentes conjuntos de regras ou conscincia destas (embora osdiferentes tipos de regras apresentem continuidade funcional e diferena de estrutura).

    A moralidade heternomapredominaria em indivduos at aos 8-9 anos, caracterizando-

    se pelo constrangimento, obedincia e respeito unilateral da criana para com o adulto. Assim,

    parece predominar o dever exterior e a obedincia a adultos, de modo a evitar o castigo. Esta fase

    ser marcada pelo egocentrismo, sendo uma diferenciao entre o eu e o meio social (Piaget,

    1973).

    Para Loureno (1992), este egocentrismo intelectual e moral relaciona-se com a dificuldade

    que a criana parece sentir em distinguir o ponto de vista prprio e o ponto de vista do outro.Piaget consideraria que, para a criana, as regras impostas pelos adultos seriam sagradas e

    imutveis. Relativamente avaliao moral das transgresses, a criana orientar-se-ia pelo

    resultado material das aces, ignorando as circunstncias em que decorreu o acto. Isto , no

    seria capaz de discernir o objectivo do subjectivo, prevalecendo o realismo moral e a

    responsabilidade objectiva.

    Por outro lado, refere ainda que o castigo justo seria a sano expiatria, para crianas com

    idade inferior aos seis anos. Estas defendiam que o culpado deveria ser reconduzido obedincia

    atravs da coao, aplicao de um castigo doloroso, retaliatrio e arbitrrio, por no serelacionar com a transgresso cometida (Loureno, 1992). Piaget referiu inclusivamente que,

    perante uma punio com uma sano expiatria, a criana no reincidiria em virtude de ter

    experienciado o peso da correco aplicada pela autoridade do adulto (Piaget, 1973).

    J quanto moralidade autnoma, esta predominaria em crianas com mais de 9-11 anos,

    constituindo-se no respeito mtuo e na intercooperao entre crianas e destas com o adulto. A

    criana afastar-se-ia, ento, do egocentrismo, baseando as suas relaes na igualdade,

    reciprocidade e acordo (Loureno, 1992).

    Ao libertar-se dos constrangimentos exercidos pela autoridade adulta, ir julgar de modomais autnomo e vai experimentar a necessidade de tratar os outros como gostaria de ser tratado.

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    Por outro lado, Loureno refere que a criana ir considerar as regras como o produto de um

    consentimento mtuo, necessrio a um bom entendimento. Desta forma, perde-se o cariz sagrado

    das regras, que passam a ser algo resultante de um acordo de vontades. Esta fase , tambm,

    caracterizada pela codificao de regras, sendo j admitida a possibilidade de modificao das

    regras consoante as necessidades e o contexto situacional.

    Relativamente avaliao da transgresso, a criana j ir julgar a aco com base na

    inteno (responsabilidade subjectiva) e no s pelas consequncias materiais. Nesta altura, a

    mentira tanto mais grave quanto mais verosmil for, e mentir a um colega bastante mais grave

    do que mentir a um adulto. Isto, porque a mentira prejudica a reciprocidade e o acordo mtuo.

    (Alves, 2002, p.72).

    Este autor salienta que o sentido de justia ir-se- afastando da autoridade adulta, havendo

    aproximao ao conceito de igualdade. Da mesma forma, assistir-se- a uma prevalncia da

    justia distributiva sobre a retributiva, com o desenvolvimento da sano por reciprocidade. Acriana estaria ligada aos seus semelhantes por um vnculo de solidariedade, sendo levada a

    assumir os seus actos. Assim, existiria uma relao entre o acto sancionado e a sano, pelo que a

    criana consideraria estas sanes mais justas e eficazes.

    Piaget defende que seria importante oferecer ao indivduo liberdade para optar e decidir,

    pois assim poderia cooperar voluntariamente com os outros, construindo um sistema moral de

    valores e convices. A autonomia um poder que no se conquista seno de dentro e que no

    se exerce seno no seio da cooperao. (Piaget, 1932, p.299 in Kamii & Devries, 1970, p.50).

    No entanto, a liberdade absoluta no seria desejada, de modo que apresentar-se-iaimpossvel, em algum momento, evitar a coero dos adultos, para que as crianas respeitassem

    regras inevitveis. Desta forma, os adultos exerceriam presso sobre elas atravs de sanes que

    podiam ser expiatrias ou sanes por reciprocidade. As primeiras caracterizam-se pela coero e

    pela arbitrariedade entre sano e acto sancionado, pelo que a criana s alteraria o seu

    comportamento para evitar a punio. J as sanes por reciprocidade caracterizar-se-iam pela

    existncia de uma coero mnima e pela relao lgica com o acto sancionado. Assim, a

    mudana de comportamento seria entendida pela criana e no imposta externamente. Dentro

    destas sanes, Piaget distingue as seguintes: Excluir a criana do grupo social. () Deixar odano engendrar as suas consequncias materiais, naturais ou lgicas. () Privar a criana de uma

    coisa que tenha estragado. () Fazer criana o que ela fez. () Encorajar a criana a reparar.

    () Repreender a criana sem outra punio. (Kamii & Devries, 1970, p.53-54).

    Em sociedades ocidentais, o desenvolvimento do pensamento autnomo em crianas de 11-

    13 anos considerado desejvel. No entanto, isso levanta problemas pois todas as regras podem

    ser contestadas (quer num jogo, quer na escola, quer na famlia).

    Como Piaget considerava a moralidade como algo intimamente relacionado com o respeito

    pelas normas e regras, serviu-se de um jogo (le jeu des billes) para analisar o respeito que ascrianas possuam pelas normas. Piaget (1973) distinguiu estdios de desenvolvimento referentes

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    prtica das regras e estdios referentes conscincia das regras. Metodologicamente, primeiro

    levaria a criana a explicar-lhe o jogo do berlinde, depois, enquanto jogava o berlinde com ela, ia

    questionando as regras, perguntando quando e como surgiram ou se poderiam ser alteradas.

    Para professores e psiclogos, o interesse destas concluses no reside no contexto do jogo

    dos berlindes mas a um nvel mais generalizado. de referir que o estudo foi executado numa

    sociedade democrtica (Sua francesa), onde o pensamento relativo (autnomo) mais

    valorizado que o absoluto. Sutherland (1996) levanta a dvida se numa sociedade autoritria os

    resultados seriam idnticos ou no.

    Relativamente prtica das regras, sujeitos com cerca de 2-3 anos limitavam-se a

    manipular os objectos exercitando os hbitos motores regras motoras. O estdio puramente

    motor e individual corresponderia fase em que a criana manipula os berlindes segundo os seus

    prprios desejos e hbitos motores, de acordo com esquemas ritualizados, sem quaisquer regras

    colectivas (Piaget, 1973/1997).

    Segundo Loureno (1992), com 4-6 anos j aplicariam regras de modo egocntrico,

    querendo ganhar e nunca perder. Por sua vez, Azevedo (1994) afirma que o estdio egocntrico

    comea entre os dois e os cinco anos, quando a criana recebe as primeiras regras codificadas. A

    criana, nesta fase, ora jogaria sozinha sem se preocupar com parceiros ora jogaria com outros

    sem codificao das regras e sem unificao de procedimentos, de modo que todos pudessem

    ganhar o mesmo jogo. O egocentrismo manifestar-se-ia nesta fase na imitao dos outros e no

    uso individual dos exemplos recebidos.

    Numa fase posterior (fase da cooperao nascente), entre os 7-10 anos, as crianascumpririam regras, tornando-se o jogo social e havendo codificao de vontades (Loureno,

    1992). Para Piaget (1973), o estdio de cooperao incipienteiniciar-se-ia com o aparecimento

    da preocupao de controlo mtuo e de unificao das regras. Embora os parceiros chegassem a

    um acordo na prtica, o conjunto das regras seria, ainda, flutuante e explicado de forma

    contraditria pelos vrios jogadores.

    Por ltimo, aps os 11-12 anos, as crianas j teriam um conhecimento exacto das regras a

    seguir e das suas variaes possveis. A partir desta fase, os procedimentos do jogo estariam

    fixos e o cdigo das regras seria conhecido por todos (Azevedo, 1994). Na fase da codificaodas regras, os parceiros apresentariam perspectivas consistentes, acordando as regras a cumprir

    antes do jogo moralidade autnoma (Piaget, 1973/1997).

    Relativamente conscincia das regras, existiriam trs concepes diferentes. Na fase da

    regra motora, as regras seriam percebidas como um ritual individual e motor, sem o carcter de

    obrigatoriedade. Azevedo refere que Primeiro, aparece o estdio das regras no coercivas,

    correspondendo ao estdio prtico motor e individual. Estas regras apresentam-se inicialmente

    como meramente motoras e posteriormente como exemplos interessantes mas no obrigatrios,

    at porque so recebidas sem tomada de conscincia. (1994, p.2-3).

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    Na fase da regra coerciva (6-10 anos), Loureno (1992) refere que as regras j seriam

    consideradas como sagradas e imutveis, encaradas como emanao da vontade e poder do

    adulto. Da mesma forma Azevedo refere que em Segundo, surge o estdio das regras sagradas

    e intocveis, correspondendo ao apogeu do estdio prtico egocntrico (que comea entre os dois

    e os cinco anos) e prolongando-se na primeira parte do estdio da cooperao (que vai at cercados nove ou dez anos). As regras teriam origem no adulto e possuindo uma essncia eterna; por

    isso no podem ser modificadas sem transgresso. (1994, p.3).

    Por ltimo, na fase da regra racional, a regra seria compreendida na sua essncia como

    resultante de um acordo de vontades, havendo respeito mtuo ou recproco. Azevedo refere que

    Terceiro, surge o estdio das regras vistas como leis derivadas do consentimento mtuo,

    correspondendo segunda parte do estdio prtico da cooperao (a partir de cerca dos nove ou

    dez anos) e ao estdio de codificao das regras.Agora, as regras devem ser respeitadas em nome

    da lealdade, mas podem ser alteradas por acordo generalizado. (1994, p.3).Assim, parece haver uma correlao entre os quatro estdios prticos de observncia das

    regras e os trs estdios relativos tomada de conscincia das regras, embora essa correlao seja

    moderada. A regra colectiva comea por ser externa e sagrada e posteriormente interioriza-se,

    passando a ser considerada fruto do consentimento mtuo e da conscincia autnoma.

    Paradoxalmente, o respeito mstico da regra acompanhado pelo conhecimento rudimentar e

    pela aplicao imperfeita do seu contedo enquanto o respeito relativizado e racional da regra

    acompanhado pela sua aplicao cuidada e efectiva (Loureno, 1992; Azevedo, 1994).

    Em suma, a teoria piagetiana possui inegvel valor sendo ainda hoje uma referncia no queconcerne ao desenvolvimento moral. Teve o mrito de ser suportada por vrias investigaes

    empricas, quer por Piaget quer pelos seus seguidores. Relativamente ao perodo da adolescncia,

    Piaget defendia que o estdio predominante seria o da autonomia, pelo que os adolescentes, ao

    ingressarem no perodo das operaes formais, tornar-se-iam capazes de construir os seus

    prprios juzos e raciocinar moralmente de forma autnoma. As regras, para o adolescente,

    deixariam de ser impostas e exteriores, havendo compreenso da relatividade das normas.

    1.2.

    Perspectiva de Kohlberg

    A semente inicial de Piaget seria colhida por Lawrence Kohlberg, que elaborou a teoria do

    desenvolvimento moral, constituda por seis estdios. Tanto Piaget como Kohlberg vo beber a

    Kant a noo de moralidade pr e ps-convencional (Sutherland, 1996). Ambos defenderam que

    a conscincia moral no se encontraria no sentimento (como Rousseau afirmava), mas na razo.

    Defenderam a tese da gnese gradativa da conscincia moral e da possibilidade de educ-la. A

    psicognese da moralidade infantil residiria no afastamento gradual da conscincia infantil da

    heteronomia moral, das regras do grupo, em direco autonomia.

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    Depois de Piaget, Kohlberg seria o investigador () mais importante da moralidade:

    retoma e aperfeioa o modelo piagetiano, aperfeioa o aparato metodolgico, elabora programas

    de educao moral para escolas e universidades e fundamenta filosoficamente sua teoria

    psicolgica e moral. (Martins, 2005, p.1).

    Kohlberg props modos de interferir na passagem de um estdio para outro, ou seja, de se

    possibilitar que as pessoas desenvolvam a capacidade de fazer julgamentos morais. Uma das suas

    propostas foi a criao, dentro das escolas, da comunidade justa, que faria uso da vida comum

    (portanto, da dimenso social) da sala de aula para a promoo do desenvolvimento moral. A

    comunidade justa seria uma comunidade democrtica, cuja instituio central seria a assembleia

    geral na qual seriam apresentados os assuntos relacionados com a vida e disciplina na escola, os

    quais seriam discutidos e decididos por meio de votao de alunos e professores, tendo os votos

    igual valor (Kohlberg, 1981; Martins, 2005).

    Para que tal fosse possvel, Kohlberg refere que seria necessrio desenvolver as virtudesindispensveis vida comum: solidariedade, confiana, responsabilidade colectiva e

    participao. Ao adoptarem esses valores como expectativas compartilhadas, os grupos deixam

    de ser associaes pragmticas para se transformarem em comunidades cujos membros se regem

    por objectivos educacionais individuais e valorizam a vida comum como um fim em si.

    Kohlberg e os seus colaboradores reuniram provas empricas por todo o mundo, tentando

    comprovar a existncia de estdios de desenvolvimento moral. Consideraram que o todo seria

    mais relevante que as partes e que no seria possvel ultrapassar qualquer subestdio, tendo os

    jovens de passar por todos sistematicamente. Defenderam, igualmente, que o nvel ps-convencional alcanado pelos 20-25 anos seria aquele em que passaria a maior parte da sua vida,

    em termos morais. No entanto, semelhana do que defende Piaget, seria possvel retroceder

    para um estdio mais primitivo (Sutherland, 1996).

    Martins (2005) refere que Kohlberg ter conduzido estudos longitudinais nos Estados

    Unidos, na Turquia e Israel, tendo acompanhado os sujeitos da pesquisa durante 15 anos.

    Concluiu que o desenvolvimento moral completo pressupunha que o indivduo tivesse alcanado

    o ltimo estdio do desenvolvimento cognitivo, isto , o estdio do pensamento formal, com o

    domnio das estruturas lgico-matemticas. Contudo, essa condio no seria suficiente para quefosse capaz de tecer julgamentos morais no nvel ps-convencional.

    Os instrumentos utilizados nas suas pesquisas foram os dilemas morais, para os quais os

    sujeitos sugeriam uma soluo, justificando racionalmente sua escolha; a entrevista clnica,

    (dilogos com argumentaes e contra-argumentaes); e vdeos que permitiram analisar a

    mmica e os gestos dos sujeitos participantes (Kohlberg, 1981).

    Para o estabelecimento dos seis estdios e para o diagnstico do desenvolvimento moral,

    Kohlberg considerou trs pontos. Primeiro, o valor moral defendido, representado pelo contedo

    intrnseco dos argumentos apresentados (punio, lei, vida, liberdade, justia, papis afectivos e

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    autoridade). Segundo, a justificativa dos julgamentos (estrutura e coerncia da argumentao). Por

    ltimo, a orientao scio-moral consciente do sujeito.

    Assim, Kohlberg Perguntou s crianas pequenas se correcto roubar quando se est com

    fome. Perguntou aos adolescentes e aos adultos se a eutansia deveria ser permitida. Um dos

    dilemas clebres envolve uma esposa que est muito doente e a precisar de medicamentos,

    contudo a farmcia est fechada. Ser correcto o marido arrombar a loja? (Sutherland, 1996,

    p.262). Com esta questo procurava, de um modo geral, saber o que a justia. Para tal baseou-

    se nas respostas dadas e construiu um sistema de seis estdios que se distribuem por trs nveis.

    Desta forma, Kohlberg defende um conceito hierrquico de desenvolvimento moral, que culmina

    no estdio final do pensamento abstracto, equivalente ao perodo das operaes formais de

    Piaget. A justia, de um prisma filosfico, valorizada como a maior virtude, alcanada quando

    se atinge o estdio de autonomia moral.

    Como foi referido anteriormente, Kohlberg desenvolveu inmeros estudos sobre o

    desenvolvimento do pensamento moral. Desses estudos, surge a distino de trs nveis de

    desenvolvimento moral: nvel pr-convencional, convencional e ps-convencional (Alves, 2002;

    Kohlberg, 1981; Loureno, 1992).

    Loureno refere mesmo que A existncia destes nveis distintos foi encontrada em sujeitos

    de culturas muito diferenciadas () (1992, p.88). Estes nveis assumem-se como trs modos

    diferentes que o sujeito encontra para se relacionar com as regras morais e as expectativas da

    sociedade, possuindo um carcter universal.

    Amoralidade pr-convencional, seria a correspondente moralidade heternoma de Piaget,

    reflectindo o nvel moral dos sujeitos que encaram as regras como exteriores a si, reduzindo a

    justia e a moralidade como () um conjunto de normas externas, a que se obedece para evitar o

    castigo ou ento para satisfazer desejos e interesses concretos e individualistas. (Loureno, 1992,

    p.90).

    Segundo Kohlberg (1981) este nvel englobaria crianas com menos de 9 anos, alguns

    adolescentes e adultos, incluindo uma percentagem significativa de delinquentes e criminosos. O

    sujeito, para classificar a aco em boa ou m, justa ou injusta, ponderaria as consequnciasfsicas e materiais, o poder de quem dita as normas de conduta, bem como os seus interesses.

    Desta forma, o indivduo colocar-se-ia de fora, no interiorizando ou assimilando a norma

    moral. A lei surgiria como algo imposto por uma fora superior, sendo forada. A obedincia

    justificava-se com o intuito de evitar a punio (Colby & Kohlberg, 1987, in Alves, 2002).

    A moralidade convencional refere-se aos sujeitos que j interiorizaram as normas e as

    expectativas sociais, sendo que () o justo e o injusto j no se confundem com o que leva

    recompensa ou ao castigo, antes se definindo pela sua conformidade s normas sociais e morais

    vigentes. (Loureno, 1992, p. 91). Neste nvel haveria uma orientao para uma moralidade

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    interpessoal, ou seja, uma tendncia para a aco de modo a que o sujeito conquiste o respeito,

    estima e considerao dos outros.

    Tal como Kohlberg (1981) refere, neste nvel do desenvolvimento moral, os sujeitos

    possuiriam uma perspectiva scio-moral de algum que vive em sociedade e que sujeita os seus

    interesses e as suas necessidades individuais s necessidades do grupo.

    Alves refere que () a pertena a este nvel significa que os indivduos so j capazes de

    fazer a distino entre moralidade e conveno social, privilegiando, no entanto, a moralidade

    como um sistema de regras e papeis socialmente partilhados (2002, p.74).

    Desta forma, ficam patentes diferentes orientaes no que concerne moralidade

    caracterstica deste estdio. O primeiro caso orientar-se-ia para o meio interpessoal, para um

    esteretipo social, enquanto que o segundo indivduo, apesar de tambm haver uma orientao

    interpessoal, preocupar-se-ia em deixar transparecer uma boa imagem de si. J o terceiro caso

    denotaria uma orientao para a ordem, imparcialidade e consistncia do sistema social.

    De acordo com Alves (2002) a definio do bem e do mal contemplaria, alm da obedincia

    a regras e autoridade (temendo as consequncias imediatas dos actos), a inteno de conquistar o

    respeito, a estima, a considerao da famlia/grupo, procurando agir de modo a ser bem visto

    aos olhos dos outros.

    Todavia, a tnica comum parece residir no facto de se considerar o sujeito em causa (Heinz)

    como um membro da sociedade, defendendo que a sua aco se deve reger pelas normas sociais e

    pelas expectativas partilhadas. Segundo Kohlberg (1981), o indivduo experimentaria,

    relativamente s expectativas sociais e ordem, um sentimento de lealdade, esforando-se por

    mant-las e procurando identificar-se com pessoas e grupos que as mantenham.

    Em suma, neste nvel j haveria interiorizao das normas e expectativas sociais, sendo que

    o indivduo se sentir membro da sociedade, partilhando as suas opinies e assumindo a lei como

    elaborada por e para toda a gente (Colby & Kohlberg, 1987, in Alves, 2002).

    O terceiro nvel seria de designado de nvel ps-convencional, ou da autonomia e dos

    princpios morais. Apenas seria alcanado por uma fraco mnima e geralmente aps os 20-25

    anos, () para quem o valor moral das aces depende menos da sua conformidade s normas

    morais e sociais vigentes e mais da sua conformidade a princpios ticos universais, tais como

    direito vida, liberdade ou justia. (Loureno, 1992, p.92).

    Desta forma, seria o nvel moral de um indivduo que compreende as normas na sua

    relatividade, como regras de aco cuja finalidade seria garantir o respeito por esses princpios em

    determinados contextos. O mesmo autor refere que quando isso no fosse possvel, as leis

    deveriam ser transformadas e at desobedecidas. Isto , a manuteno da sociedade est para a

    moralidade convencional assim como a sua transformao est para a moralidade ps-

    convencional. (Loureno, 1992, p.93).

    Tal como Kohlberg (1981) referia, neste nvel o indivduo procuraria conceber as normas

    morais como manifestaes imperfeitas de algo que se assumiria como um absoluto moral, pelo

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    que todas as pessoas dever-se-iam reger por elas em quaisquer circunstncias. Esta perspectiva

    seria a de um indivduo que se comprometera com os princpios morais que deveriam suportar

    uma sociedade boa e justa. Esta sociedade seria descabida se no estivesse ao servio dos direitos

    individuais fundamentais, isto , reversveis, prescritivos e universais. Estes aspectos seriam

    cruciais na medida em que o indivduo sentir-se-ia compulsivamente obrigado a respeit-los, nopor imposio externa, mas por auto-imposio.

    Analisando estes dados, verifica-se uma orientao para o relativismo legal e para a sua

    subordinao a imperativos morais. Alves (2002) refere que a perspectiva de nvel ps-

    convencional estabelece uma distino entre indivduo e leis, havendo inteno de salvaguardar os

    princpios morais que precedem a sociedade e lhe conferem uma dimenso de justia e bondade.

    Alm dos trs nveis de moralidade que foram analisados, a teoria de Kohlberg aponta para a

    existncia de seis estdios de desenvolvimento moral. Desta forma, procuraram-se delinear as

    etapas do juzo moral na adolescncia, atravs do desenvolvimento de um modelo de identificao

    dos estdios do pensamento moral (Claes, 1990, in Alves, 2002).

    Cada nvel de moralidade comportaria dois estdios diferentes, correspondendo o segundo

    estdio a uma fase moral e cognitivamente mais avanada e complexa que o anterior. Do ponto de

    vista moral seria mais avanado por se aproximar da perspectiva moral-racional-universal-ideal.

    Cognitivamente mais complexo que o anterior, no sentido em que diferencia e integra

    perspectivas de um ponto de vista cada vez mais geral e abstracto. (Loureno, 1992, p.94).

    Seguidamente, ir-se-o analisar as caractersticas fundamentais de cada um dos seis estdios deKohlberg.

    Estdio 1: a moral do castigo

    A orientao moral subjacente direccionar-se-ia para a obedincia e para a punio. () a

    justia e a moralidade consistem em obedecer aos mais velhos, por um lado (), e em evitar o

    castigo, por outro (). (Loureno, 1992, p.95).

    Sutherland refere que este estdio seria caracterizado pelo pensamento pr-moral, onde o

    comportamento seria uma mera resposta aos estmulos. As decises seriam tomadas em termos de

    obedincia a uma autoridade exterior absoluta (literalismo moral), havendo correspondncia com

    o primeiro estdio piagetiano. No se consideram as outras pessoas no seu pleno direito: apenas

    como figuras de autoridade. Por exemplo, uma criana pra de gritar para evitar que lhe batam.

    (1996, p.263). Ou seja, tratar-se-ia de um estdio de moralidade heternoma, onde o indivduo

    preocupar-se-ia em respeitar e obedecer aos detentores do poder.

    De acordo com Alves (2002), este estdio, inserido no nvel pr-convencional, caracterizar-

    se-ia pela defesa dos interesses concretos centrados na pessoa. Numa reciprocidade latente, o

    castigo deve-se a uma m aco, e esta tanto mais grave, tanto mais merecedora de castigo,

    quanto maior for o dano causado (Loureno, 1998, in Alves, 2002, p.79). Assim, este estdio

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    definir-se-ia pela obedincia e por decises morais baseadas em formas de poder simples, fsicas e

    materiais. O comportamento seria regido pela inteno de evitar uma punio fsica severa de um

    poder superior.

    Loureno refere que () os valores morais so entendidos como se fossem propriedades

    fsicas das aces, nada tendo a ver com as intenes com que foram praticadas (realismo moral e

    responsabilidade objectiva). (1992, p.95).

    O dever basear-se-ia nas necessidades externas e objectivas, sendo que a transgresso moral

    conduziria ao castigo, encarado como uma reaco automtica violao (sanes expiatrias e

    justia imanente). A perspectiva moral predominante seria o egocentrismo, mais fsico que

    psicolgico, e a nvel cognitivo estaria presente o pensamento pr-operatrio, centrado,

    irreversvel e figurativo.

    Estdio 2: a moral do interesse

    Apesar de se situar no mesmo nvel, este estdio traduziria um considervel progresso no

    mbito das transformaes ocorridas nas capacidades cognitivas e na assumpo de papis (Alves,

    2002). Neste estdio, as aces so consideradas justas e correctas quando so um instrumento

    que permite satisfazer desejos, interesses e necessidades do prprio e, porventura, do outro,

    embora entendido do ponto de vista individualista e concreto. (Loureno, 1992, p.98).

    Assim, a justia e a moralidade seriam questes de pura troca, orientando-se por

    preocupaes hedonistas e pragmticas. Isto , os valores morais no residiram nas aces mas

    nas consequncias, segundo uma perspectiva de lucro. Desta forma, seria essencial proceder

    satisfao mxima das necessidades e desejos individuais, minimizando as suas consequncias

    negativas. A orientao seria de ndole materialista, na medida em que as discusses morais

    expressar-se-iam de modo fsico e instrumental (Kohlberg, 1981).

    No que concerne a este aspecto, Sutherland refere que o indivduo possui conscincia do

    outro, podendo cooperar com eles, somente numa base de negociao. A incidncia generalizada

    sobre os bens desejveis. Se cooperar com os outros um meio de os obter, eu f-lo-ei. (1996,

    p.263).

    Relativamente perspectiva scio-moral, os indivduos j distinguiriam as perspectivas em

    confronto, coordenando-as, contudo, de modo individualista e concreto, pelo que no haveria uma

    verdadeira regra moral mas sim de prudncia (Tisak & Turiel, 1984, in Loureno, 1992). As

    operaes de justia formuladas por sujeitos deste estdio so tambm prova de uma orientao

    moral calculista, instrumental, pragmtica, hedonista e individualista. (Loureno, 1992, p.99).

    Estdio 3: a moral do corao

    Este seria o primeiro estdio de moralidade convencional, notoriamente interpessoal erelacional, sendo que o indivduo reger-se-ia por normas e convenes sociais. A perspectiva

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    adoptada seria a de uma terceira pessoa, relacional e afectiva, dirigindo-se o comportamento

    adaptao ao grupo, de modo que a aco seria boa se fosse aceite pelos colegas. Incide-se

    mais sobre a solidariedade do grupo. A pessoa est agora consciente das outras no grupo de

    colegas e preocupa-se com a opinio delas no que diz respeito sua pessoa. (Sutherland, 1996,

    p.263).

    Loureno afirma que as intenes seriam, ento, o critrio principal de juzo moral, pelo que

    a competncia de julgar as aces morais de modo emptico, imaginando como gostaria de ser

    tratado, seria um aspecto essencial. Isto , as pessoas deste estdio passam a ser capazes de

    utilizar a regra de ouro, ou a regra que manda tratar ou outros como ns prprios gostaramos de

    ser tratados se estivssemos no lugar deles. (1992, p.101).

    Relativamente dimenso scio-moral, os indivduos distinguiriam perspectivas e se

    estivessem em conflito coorden-las-iam do ponto de vista de uma terceira pessoa, procurando

    ultrapassar a mera satisfao de interesses. Tal coordenao seria de ndole relacional, afectiva ealtrusta, de pessoas decentes que saberiam o seu lugar na sociedade.

    Estdio 4: a moral da lei

    Este seria o segundo estdio do nvel convencional, tambm caracterizado por uma

    moralidade interpessoal. A diferena relativamente ao estdio anterior residiria, na opinio de

    Loureno, no facto de estar () orientado para a perspectiva de uma terceira pessoa que adopta

    um ponto de vista mais geral e racional e menos relacional. (1992, 103). Ou seja, a tendncia

    seria a assumpo da norma e da lei como critrios ltimos de justia e de moralidade, desde que

    no fossem impostas de modo autocrtico, revelando orientao para a manuteno do sistema

    social, dos deveres e dos direitos institucionais.

    Sutherland refere que O comportamento destina-se a estar em conformidade com a lei,

    independentemente de serem as leis do pas ou as regras da escola. Isto implica uma identificao

    com a estrutura da sociedade que cria a ordem. A pessoa est agora consciente do seu prprio

    comportamento moral em termos da sociedade e precisa de o justificar. (1996, p.263).

    O indivduo procura respeitar os compromissos estabelecidos de forma a manter a

    consistncia do seu sistema interior. Alves acrescenta que outros princpios orientadores seriam a

    imparcialidade e a consistncia do sistema social, havendo preocupao em coordenar as

    perspectivas sociais, legais e morais, apelando razo institucional. O indivduo preocupar-se-ia

    com a () igualdade dos cidados perante a lei e manifestam ainda preocupaes de justia

    processual, isto , defendem a existncia de procedimentos que permitam uma aplicao imparcial

    da lei e da justia. (Alves, 2002, p.85).

    Relativamente s operaes de justia, Loureno (1992) refere que estes indivduos

    denotariam uma preocupao at ento inexistente, sendo todos iguais perante a lei (igualdade),

    compreendendo que os deveres implicam direitos e os direitos implicam deveres (reciprocidade),

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    e, relativamente universalidade para manuteno da integridade e da consistncia do sistema,

    condenar-se-iam os desvios lei.

    Estdio 5: a moral do relativismo da lei

    Este seria o primeiro estdio do nvel de moralidade ps-convencional, sendo constitudo

    por uma minoria de sujeitos com idades superiores aos 20-25 anos Loureno, 1992). Segundo

    Kohlberg (1981), a ideia aqui predominante seria a da relatividade das normas, isto , os

    indivduos vo-se apercebendo que as normas seriam regras de aco que, esporadicamente,

    entrariam em conflito com os princpios morais que definiriam o ponto de vista moral. Outra

    manifestao importante neste estdio seria a orientao para o contrato social e para o bem

    comum.

    Loureno refere que () comeam a intuirque a maior parte das leis e dos valores so

    relativos a determinados grupos e que h valores e direitos tais como a vida e a liberdade que so

    no-relativos e, portanto, que devem ser protegidos em qualquer sociedade, seja qual for a opinio

    da maioria. (1992, p.107).

    Sutherland (1996) refere que o pensamento moral centrar-se-ia, agora, na negociao entre o

    sujeito e os que exercem autoridade sobre ele, como, por ex., entre professor e aluno. Por sua vez,

    Hersch (1988, in Alves, 2002) insiste na premissa que os contratos no so intrinsecamente bons

    nem maus, a no ser que impliquem a abolio de direitos humanos bsicos como a vida e a

    liberdade.

    No que concerne perspectiva scio-moral adoptada neste estdio, esta tende a ser a de

    algum que se coloca antes da sociedade, considerando que esta s far sentido se assegurar os

    direitos fundamentais do ser humano. Desta forma, () em caso de conflito de interesses,

    comea a haver o apelo a uma terceira pessoa racional-universal que adopta o ponto de vista

    moral. Por isso, a perspectiva destes sujeitos mais de transformao da sociedade que da sua

    manuteno. (Loureno, 1992, p.108). Este autor refere que as operaes de justia so

    formuladas a partir dos direitos fundamentais do Homem, entendendo-se que s existir igualdade

    se as pessoas forem iguais em direitos.

    Em suma, os indivduos apresentariam uma tendncia para manifestar uma orientao moral

    voltada para a relatividade das normas e para a universalidade dos princpios, pensando em termos

    do que seria o maior bem para o maior nmero de pessoas, coordenando diferentes perspectivas

    de acordo como ponto de vista moral e formulando operaes de justia com preocupao pela

    igualdade, equidade e reciprocidade.

    Estdio 6: a moral da razo universal

    Este seria o ltimo estdio da teoria original de Kohlberg, no entanto, na parte final da suavida, viria a abandonar este estdio enquanto realidade emprica, mantendo-o como ideal supremo

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    de desenvolvimento moral (Colby & Kohlberg, 1987, in Loureno, 1992). Desta forma, este

    estdio deixou de ser atribudo a indivduos de nvel ps-convencional superior que passaram a

    ser includos, globalmente no estdio 5.

    No entanto, Loureno (1992) refere que neste estdio existiria () uma conscincia clara

    da universalidade, normatividade e reversibilidadedos princpios ticos. Esta seria, talvez, adiferena substancial relativamente ao estdio anterior, onde a autonomia moral dos sujeitos

    poderia no ser completa, orientando-se mais para o princpio da utilidade social que para o

    princpio da justia.

    Neste sexto estdio, os princpios ticos seriam afirmados categoricamente, havendo uma

    orientao mais deontolgica e processualista, pelo que o princpio de justia ir-se- sobrepor ao

    princpio do maior bem para o maior nmero. Se assim no fosse, poder-se-ia defender que seria

    lcito sacrificar uma vida para salvar muitas vidas, o que constituiria uma clara violao do

    princpio de justia ou do tratamento igualitrio de todas as pessoas. Os indivduos quealcanassem o sexto estdio seriam capazes de atingir os pressupostos metaticos. A orientao

    predominante direccionada () para os princpios ticos universais, prescritivos e reversveis,

    ou seja, orientado para o ponto de vista moral. (Loureno, 1992, p.110).

    Kohlberg (1981) defende que uma caracterstica importante ser a tentativa de

    balanceamento ideal ou uma aplicao de segunda ordem da regra de ouro, na medida em que j

    no se procura um vencedor mas sim uma posio vitoriosa. O sujeito sentir-se-ia

    compulsivamente coagido a agir moralmente, no por influncias externas ou divinas, mas por

    livre escolha e auto-imposio.No mbito da perspectiva scio-moral, () a de um ponto de vista moral que todos os

    seres humanos devem tomar uns para os outros como pessoas autnomas, livres e iguais, havendo

    procedimentos que asseguram a honestidade, imparcialidade e reversibilidade na tomada de

    perspectiva. (Colby & Kohlberg, 1987, in Alves, 2002, p.88).

    Loureno refere, ainda, que os indivduos seriam capazes de hierarquizar as perspectivas em

    confronto de acordo com a perspectiva de um ser-moral-racional que regular-se-ia pelo imperativo

    categrico, pelo vu de ignorncia, ou pela situao de comunicao ideal. Para este autor, no

    mbito das operaes de justia, estas seriam coordenadas () por igualdade, reciprocidade,equidade, universalidade e tomada de perspectiva com vista salvaguarda dos direitos humanos

    fundamentais, ou seja, considerao da pessoa como fim, no como meio (1992, p.113).

    Em suma, a sequncia de estdios proposta por Kohlberg afigura-se como um dos

    instrumentos mais fidedignos para identificar as mudanas ocorridas no domnio moral durante a

    adolescncia (Simes, 2002). Isto est patente na passagem do nvel pr-convencional (estdio 1 e

    2), caracterstico da infncia, para o nvel convencional (estdio 3 e 4), aparentemente

    caracterstico da adolescncia. Por ltimo, aps os 20-25 anos, atinge-se o nvel ps-convencional,

    prprio da idade adulta.

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    1.3. Observaes Crticas

    Apesar de serem contributos meritrios e impares no que concerne compreenso do

    desenvolvimento moral, tanto a perspectiva piagetiana como a teoria de Kohlberg foram alvo de

    crticas. Piaget teve o grande mrito de trazer conceitos inovadores e de ter procedido a vrias

    experincias que deram um enorme suporte emprico sua tese. No entanto, a dvida que surge

    reside no facto de ser ou no lcito reduzir a moralidade e o desenvolvimento moral a um conjunto

    de regras, to simples como o jogo dos berlindes. A ttulo de exemplo pode citar-se Schaffer

    (1989, in Sutherland, 1996) que critica Piaget por no considerar a componente social. Certo que

    o conceito de moralidade do ser humano envolve, em grande parte, o modo como respeitamos,

    compreendemos ou transformamos as normas sociais, mas no ser esta perspectiva demasiado

    reducionista, simplista e racional?

    J a teoria de Kohlberg, apesar de seguir as ideias de Jean Piaget, foi alvo de diversas

    crticas, sendo, todavia, inegvel o valor e mrito que possui. No mbito metodolgico, as crticas

    so apontadas ao facto de se aferir o nvel de raciocnio moral de um indivduo com base num

    conjunto de dilemas de origem intuitiva, sem que fosse apresentado um grau de inter-relao

    muito elevado (Kurtines & Greif, 1984, in Alves, 2002). O processo de avaliao utilizado por

    Kohlberg foi criticado, apresentado como pouco fivel, enquanto o mtodo clnico da entrevista

    foi rotulado como sendo subjectivo. A validade da escala foi igualmente colocada em causa, uma

    vez que a invarincia da sequncia no pode ser adequadamente comprovada com base na amostra

    de Kohlberg. (Alves, 2002. p.114).Os dilemas morais so, ainda, classificados como intuitivos e pouco realistas sob diversos

    aspectos. Damon (1977, in Alves, 2002) viria a estabelecer uma sequncia de justia positiva com

    seis fases, descrevendo o raciocnio infantil quanto partilha, imparcialidade e justia

    distributiva.

    Turiel (1983, in Alves, 2002) foi outro crtico da teoria de Kohlberg por esta no abranger

    as diversas formas como as crianas aprendem a discernir regras e convenes sociais das regras

    morais aplicadas aos princpios de justia, verdade e correco. Segundo este autor, as crianas

    seriam capazes de fazer esta distino desde os 4 anos de idade, concluindo que elas consider-las-iam mais vinculativas que as convenes.

    Por sua vez Gilligan (1982, in Loureno, 1992) recorda o facto da populao inicial do

    estudo de Kohlberg ser unicamente do sexo masculino, pelo que as inferncias apontadas

    possuiriam uma tendncia notria para a moralidade masculina. Esta autora realizou um estudo

    longitudinal com mulheres grvidas que se debatiam com o dilema de abortar ou deixar evoluir a

    gravidez. As suas concluses apontaram para uma perspectiva de justia diferente da de Kohlberg,

    mais centrada na responsabilidade e mais centrada no impacto do comportamento nos reais

    sentimentos das pessoas.

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    problemas ticos e ideolgicos. O adolescente aspiraria a perfeio moral, expressando um

    grande altrusmo, o que frequentemente originaria revoltas por descobrir que a sociedade no se

    coaduna com os valores que defende.

    Piaget defendia que o adolescente se encontrava na fase de autonomia, por construir juzos

    independentes, no aceitando valores interiorizados a partir de pais e adultos. Parece haver

    correspondncia com o estdio das operaes formais. Constata-se uma racionalizao dos

    problemas morais a um nvel mais abstracto, compreendendo a relatividade das regras. As regras

    dos berlindes so alterveis e concebidas pelos prprios jogadores. A punio deveria ser

    adequada infraco e s circunstncias.

    Lawrence Kohlberg, tendo por base o modelo piagetiano, realizou diversos estudos nesta

    rea, apresentando dilemas morais a indivduos que entrevistava. Atravs da anlise das respostas

    obtidas, concluiu que o carcter moral desenvolver-se-ia ao longo de seis estdios especficos,

    independentemente da cultura. Seria uma abordagem cognitivo-desenvolvimentista que procuroudefinir o modo como o ser humano encara as normas e princpios que devem reger a conduta

    interpessoal (pensamento moral), e pelo modo como os pem em prtica (aco moral).

    Kohlberg (1981) apontou seis estdios de desenvolvimento moral, agrupados em trs

    nveis. Segundo este autor no possvel enquadrar adolescncia num nico nvel de

    desenvolvimento moral e, muito menos, num nico estdio. Contudo, o nvel pr-convencional

    parece ser caracterstico da infncia (estdio 1 e 2) e o nvel convencional seria prprio dos

    adolescentes (estdio 3 e 4). No estdio 3 haveria preocupao em manter a confiana

    interpessoal e a aprovao social, manifestando uma orientao moral para o bom rapaz ou aboa rapariga o que revelaria a adopo da regra de ourode tratar os outros como gostaria de ser

    tratado. J os indivduos do estdio 4 defenderiam que os interesses individuais s seriam

    legtimos se fossem consistentes com a manuteno global do sistema scio-moral. Haveria

    orientao para o respeito pela lei socialmente aceite, sendo critrio de justia e moralidade

    (Simes, 2002).

    Todavia, apesar de ser consensual e inegvel o valor dos contributos fornecidos por Piaget e

    Kohlberg para o esclarecimento desta temtica, foram vrias as vozes que se insurgiram, tecendo

    crticas s suas teorias. A teoria de Kohlberg foi a mais atingida, sendo vrios os autores quecriticaram as suas opes metodolgicas, afirmando haver uma ntida discrepncia entre o juzo

    moral e a aco moral que foi descurada por Kohlberg. Por outro lado, o etnocentrismo e a

    aplicabilidade universal foram, tambm, questes levantadas, ao que Kohlberg respondeu com

    inmeros estudos interculturais.

    Em suma, muito j foi feito, debatido e investigado no domnio moral do ser humano.

    Contudo, muito ainda h a fazer, indagar e pesquisar para que haja uma cabal compreenso desta

    temtica

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