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GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL E INDICADORES SOCIAIS: UM ESTUDO DO BANCO COMUNITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO JARDIM BOTÂNICO SILVA, Almir Cléydison Joaquim da 1 [email protected] LIMA, Ana Flávia de 2 [email protected] RAPOSO, Jaciara Gomes 3 [email protected] FARIA, Maurício Sardá de 4 [email protected] SILVA, Beatriz Batinga e 5 [email protected] RESUMO Ao longo das ultimas décadas, o nível de desenvolvimento das nações tem sido analisado, em geral, em termos monetários, através do Produto Interno Bruto - PIB. No entanto, muitas indagações passaram a fazer parte de discussões referentes a desenvolvimento e crescimento econômico. A partir daí, surgem diversos indicadores sociais que tentam analisar o desenvolvimento além dos dados puramente monetários, com preocupação em questões referentes ao bem estar social, felicidade e qualidade de vida da população. É neste contexto que a FIB Felicidade Interna Bruta, emerge enquanto indicador social, entendendo-se que o desenvolvimento deve promover a felicidade coletiva. A FIB passa a ser utilizada no Butão, pequeno país da Ásia, onde as políticas publicas visam a felicidade da nação e estão ligadas ao bem estar, prazer e ao empoderamento de povos e comunidades, podendo ser desvendada através de seus moradores no que tange ao fortalecimento de suas histórias, costumes, identidades e na melhoria coletiva da qualidade de vida. Nesta perspectiva, temos como objetivo analisar a comunidade São Rafael, localizada em João Pessoa-PB, assim como medir os índices de bem estar de seus moradores a partir da Felicidade Interna Bruta FIB. Esta comunidade implantou recentemente o Banco Comunitário de Desenvolvimento Jardim Botânico, enquanto tecnologia social propulsora do desenvolvimento de comunidades socialmente vulneráveis. Essa experiência têm contribuído na reflexão dos problemas e 1 Graduando em Ciências Econômicas na UFPB. 2 Graduanda em Gestão Pública na UFPB. 3 Mestranda do MPGOA/UFPB e Economista pela UFPB. 4 Doutor em Sociologia Política pela UFSC e professor do Departamento de Tecnologia e Gestão. 5 Graduanda em Ciências Econômicas na UFPB.

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GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO

SOCIOECONÔMICO

DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL E INDICADORES

SOCIAIS: UM ESTUDO DO BANCO COMUNITÁRIO DE

DESENVOLVIMENTO JARDIM BOTÂNICO

SILVA, Almir Cléydison Joaquim da1

[email protected]

LIMA, Ana Flávia de2

[email protected]

RAPOSO, Jaciara Gomes3

[email protected]

FARIA, Maurício Sardá de4

[email protected]

SILVA, Beatriz Batinga e5

[email protected]

RESUMO

Ao longo das ultimas décadas, o nível de desenvolvimento das nações tem sido

analisado, em geral, em termos monetários, através do Produto Interno Bruto - PIB. No

entanto, muitas indagações passaram a fazer parte de discussões referentes a

desenvolvimento e crescimento econômico. A partir daí, surgem diversos indicadores

sociais que tentam analisar o desenvolvimento além dos dados puramente monetários,

com preocupação em questões referentes ao bem estar social, felicidade e qualidade de

vida da população. É neste contexto que a FIB – Felicidade Interna Bruta, emerge

enquanto indicador social, entendendo-se que o desenvolvimento deve promover a

felicidade coletiva. A FIB passa a ser utilizada no Butão, pequeno país da Ásia, onde as

políticas publicas visam a felicidade da nação e estão ligadas ao bem estar, prazer e ao

empoderamento de povos e comunidades, podendo ser desvendada através de seus

moradores no que tange ao fortalecimento de suas histórias, costumes, identidades e na

melhoria coletiva da qualidade de vida. Nesta perspectiva, temos como objetivo analisar

a comunidade São Rafael, localizada em João Pessoa-PB, assim como medir os índices

de bem estar de seus moradores a partir da Felicidade Interna Bruta – FIB. Esta

comunidade implantou recentemente o Banco Comunitário de Desenvolvimento Jardim

Botânico, enquanto tecnologia social propulsora do desenvolvimento de comunidades

socialmente vulneráveis. Essa experiência têm contribuído na reflexão dos problemas e

1 Graduando em Ciências Econômicas na UFPB.

2 Graduanda em Gestão Pública na UFPB.

3 Mestranda do MPGOA/UFPB e Economista pela UFPB.

4 Doutor em Sociologia Política pela UFSC e professor do Departamento de Tecnologia e Gestão.

5 Graduanda em Ciências Econômicas na UFPB.

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GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO

SOCIOECONÔMICO

anseios coletivos, entendendo-se que esta melhoria está intimamente vinculada à visão

de desenvolvimento local, baseado na solidariedade, sustentabilidade e cooperação. A

pesquisa utiliza-se de abordagens qualitativas e quantitativas. Com o uso de pesquisas

estruturadas, através da aplicação de questionários da FIB adaptados para a comunidade

em estudo, além de pesquisas semiestruturadas com moradores e lideranças

comunitárias, são avaliados quatro indicadores (economia, cultura, meio ambiente e boa

governança), distribuídos em nove dimensões (bem estar psicológico, uso do tempo,

vitalidade comunitária, diversidade cultural, saúde, educação, diversidade e resiliência

ecológica, padrão de vida e boa governança). Percebe-se que, quando comparada com

outros indicadores convencionais, como o PIB, verificasse que a FIB apresenta uma

proposta mais ampla e profunda para medir o desenvolvimento de uma localidade.

PALAVRAS-CHAVE: Indicadores Sociais. Felicidade Interna Bruta. Economia

Solidária. Bancos Comunitários.

ABSTRACT

Throughout the last decades, the development level of the nations has been analyzed, in

general, monetary wise, through GDP (Gross Domestic Product). However, a lot of

indagations has become part of the discussions referring to the development and

economic growth. From there, numerous social indicators emerge and try to analyze the

development besides of solely using monetary data, with worries due to questions

referring to the social welfare, happiness and life quality of the population. In this

context the GDH (Gross Domestic Happiness) emerges as a social indicator, being

understood that the development must promote coletive happiness. GDH is then used in

Butão, a small country in Asia, where the politics aim the nation’s happiness and

relates itself to welfare, pleasure and empowerment of people and communities, being

able to be unfolded through its residents regarding the strengthening of their stories,

behavior, identities and collective improvement of life quality. In this perspective, we

have as an objective analyzing the community of São Rafael, located in João Pessoa-

PB, as well as measuring the welfare indication of its habitants through the GDH (Gross

Domestic Happiness). This community recently implemmented the Communitary

Development Bank Jardim Botânico as a social technology which propels the

development of the socially vulnerable communities. This experience has contributed to

the contemplation of the collective problems and yearnings, understanding that this

improvement is closely tied to the vision of local development, based on solidarity,

sustainability and cooperation. The research makes use of qualitative and quantitative

approaches.With the use of estructured research, through the application of GDH

questionnaires adapted to the subjected communities, as well as semiestructured polls

with habitants and communitary leaders, four indicators are rated (economy, culture,

enviroment and good governance), distributed in nine dimensions (psychological well-

being, use of time, communitary vitality, cultural diversity, health, education, ecologic

diversity and resilience, life patterns and great governance).It is noted that, when

compared to another conventional indicators, such as GNP, it is seen that the GDH

presents a broader and more profound proposal to measure the development of a place.

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GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO

SOCIOECONÔMICO

Key words: Social Indicators, Gross Domestic Happiness, Solidary Economy,

Communitary Banks.

INTRODUÇÃO

A primeira experiência de desenvolvimento territorial, emancipação e

organização comunitária a partir de Banco Comunitário de Desenvolvimento (BCD)

com moedas sociais no país ocorreu no final da década de noventa, com a metodologia

desenvolvida pelo Banco Palmas, no Conjunto Palmeiras em Fortaleza-CE. A partir daí,

registram-se grandes avanços no campo das finanças solidárias enquanto referencial no

desenvolvimento de comunidades vulneráveis tanto social como economicamente. Um

grande avanço na área de abrangência da Economia Solidária foi a criação, em 2003, da

Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), vinculada ao Ministério do

Trabalho e Emprego (MTE); e o reconhecimento dos BCD e das moedas sociais por

parte do Banco Central do Brasil, assim como da criação da Rede Brasileira de Bancos

Comunitários.

O reconhecimento das finanças solidárias enquanto instrumento referencial

no desenvolvimento territorial legitima as importantes tecnologias sociais que têm

contribuído na reflexão dos problemas e anseios coletivos, entendendo-se que esta

melhoria está intimamente vinculada à visão de desenvolvimento local, baseado na

solidariedade, sustentabilidade e cooperação.

Desta forma, este trabalho analisa o processo de desenvolvimento territorial

a partir da implantação do Banco Comunitário de Desenvolvimento Jardim Botânico e

da utilização de uma moeda social, a Orquídea, na Comunidade São Rafael, na cidade

de João Pessoa-PB, medindo-se os índices de bem estar de seus moradores a partir da

Felicidade Interna Bruta – FIB.

O processo de implantação, gestão e execução das atividades do Banco

Comunitário de Desenvolvimento Jardim Botânico, com a utilização da moeda social

Orquídea na comunidade São Rafael, em João Pessoa-PB, tem sido acompanhada e

orientada pela Incubadora de Empreendimentos Solidários – INCUBES/UFPB, assim

como por instituições da própria comunidade, como o Centro Popular de Cultura e

Comunicação – CPCC.

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GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO

SOCIOECONÔMICO

Os acompanhamentos, pesquisas e estudos da INCUBES junto à

comunidade São Rafael tem buscado uma reflexão das atividades realizadas, seja a

partir do estudo de outras experiências espalhas pelo Brasil, seja através da participação

em reuniões do conselho gestor do banco, realização de entrevistas e pesquisas

estruturadas e semiestruturadas, e dentre outras.

A pesquisa apresenta características qualitativas e quantitativas. Com o uso

de pesquisas estruturadas, através da aplicação de questionários da FIB adaptados para a

comunidade em estudo, e entrevistas semiestruturadas com moradores e lideranças

comunitárias, onde são avaliados quatro indicadores (economia, cultura, meio ambiente

e boa governança), distribuídos em nove dimensões (bem estar psicológico, uso do

tempo, vitalidade comunitária, diversidade cultural, saúde, educação, diversidade e

resiliência ecológica, padrão de vida e boa governança). Para tanto, a seguir será

apresentada uma reflexão sobre os Bancos Comunitários de Desenvolvimento enquanto

ferramenta do desenvolvimento territorial, Felicidade Interna Bruta, a comunidade São

Rafael e o Banco Comunitário de Desenvolvimento Jardim Botânico e uma análise

preliminar a partir dos dados da pesquisa FIB na comunidade.

FELICIDADE INTERNA BRUTA

A felicidade tem-se constituído, ao longo do tempo, enquanto um conceito

que associa subjetividade e simplicidade. É difícil encontrarmos uma unificação

conceitual e caracterização específica para o termo Felicidade. Por apresentar uma

característica subjetiva, a felicidade também está intimamente ligada à situação de bem-

estar individual e/ou coletiva, em que a formação do individuo, suas crenças, valores,

culturas e o meio em que vive contribuem para o alcance do que seja a felicidade para

cada pessoa.

Apesar desta peculiaridade, a felicidade continua sendo algo desejado e

procurado por todos. A Felicidade Interna Bruta – FIB apresenta-se enquanto um novo

indicador social na medida em que busca explicar aspectos da realidade social abstratos,

utilizando-se de dados quantitativos e qualitativos.

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GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO

SOCIOECONÔMICO

Lustosa e Melo (2010) resumem as limitações que o PIB apresenta para

medir o desenvolvimento, indicando que

Um grupo de economistas e cientistas liderado por Joseph Stiglitz,

ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2001, acreditam que o

Produto Interno Bruto (PIB) é uma ferramenta limitada para medir o

progresso das sociedades, uma vez que não consegue mensurar, com

eficácia, o bem-estar social de uma nação por meio dos resultados

desejados em todas as suas políticas implementadas para tal fim. Ao

resumir toda a atividade econômica, o PIB não faz distinção entre

itens que são “custos” e itens que são “benefícios”. (LUSTOSA E

MELO, 2010, p. 36)

O período do milagre econômico6 brasileiro, de 1968 a 1973, é um bom

exemplo histórico de que crescimento econômico não reflete, necessariamente, em

desenvolvimento. Isso pode ser evidenciado por uma frase muito utilizada pelos

dirigentes do período, em que “a economia ia bem, mas o povo ia mal”. (LACERDA,

2013, p. 125).

De acordo com Dowbor (2008), é necessário construirmos novos

indicadores que objetivem a qualidade de vida da sociedade, assim como destaca a

importância da participação do individuo na busca do bem-estar, como se pode ver

Grande parte do nosso sentimento de impotência frente às dinâmicas

econômicas vem do fato que simplesmente não temos instrumentos

para saber qual a contribuição das diversas atividades para o nosso

bem-estar. O clamor quase histérico da mídia por alguns pontos

percentuais suplementares de crescimento do PIB age sobre a angústia

generalizada do desemprego, e tira o nosso foco do objetivo principal

que é a qualidade de vida da sociedade, deixando as pessoas confusas

e mal informadas. Pessoas desinformadas, naturalmente, não

participam. Não há democracia econômica sem informação adequada

sobre as dinâmicas e os resultados que realmente importam. A

construção de novos indicadores de riqueza é um eixo particularmente

importante neste sentido. (DOWBOR, 2008. p. 20)

Dada a necessidade da criação de outras metodologias que englobem o

desenvolvimento social e econômico como meta principal, outros países estão adotando

métodos diferentes dos convencionais, a exemplo do Índice de Progresso Genuíno no

6 Ver mais em GREMAUD, Amaury Patrick; VASCONCELOS, Marco Antonio Sandoval de; TONETO

JR, Rudnei. Da Crise ao Milagre (1960-1973). In: Economia brasileira contemporânea. 4. ed. São

Paulo: Atlas, 2002, p. 384-409.

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GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO

SOCIOECONÔMICO

Canadá

7, do World Database of Happyness na Holanda

8, do Happy Index Planet na

Europa9, do Índice de Desenvolvimento Humano da Organização das Nações Unidas

10,

e dentre outros.

É neste contexto que a FIB11

surge enquanto indicador social, entendendo-se

que o desenvolvimento deve promover a felicidade coletiva, assim como a noção de que

o principal objetivo de uma sociedade deve está voltado para a combinação do

desenvolvimento material com o bem-estar psicológico, vitalidade comunitária,

educação, saúde, segurança e dentre outros aspectos do viver bem. Ao acrescentar um

conjunto de variáveis que descreve e analisa a verdadeira situação de uma população,

esses indicadores permitem a formulação, planejamento e a aplicação de políticas

públicas direcionadas especificamente para determinado aspecto da sociedade, com a

finalidade de se alcançar um grau satisfatório de bem-estar do conjunto da população.

Em 1972 o rei Jigme Syngie Wangchuck, em seu discurso de coroação,

propôs prioridades voltadas para a felicidade como forma de garantir o desenvolvimento

do país. Logo, a felicidade das pessoas passou a ser a meta diretriz do desenvolvimento

e seu reinado serviu como um cenário de preparação para a introdução de novas

políticas de descentralização. Foi só com o seu sucessor, o rei Jigme Khesar Namgyel

Wangchuck, que a FIB se torna uma política pública no Butão, e é utilizada pelo

Governo como propulsora das políticas públicas, objetivando melhorias nos aspectos

sociais, econômicos e ambientais.. (SILVA, p.42, 2011).

7 O Índice de Progresso Genuíno (Genuine Progress Indicador) mensura o crescimento econômico de um

país, considerando o bem-estar de seus habitantes e incluindo informações sobre o meio ambiente. Ver

mais em: <http://genuineprogress.net/genuine-progress-indicator/>. 8 O Banco de dados Mundial da Felicidade (World Database of Happyness) fornece informações sobre o

grau de felicidade em diversos países, medindo a felicidade a partir de métodos variados, reunindo uma

visão geral de publicações científicas sobre felicidade. Ver mais em: <

http://worlddatabaseofhappiness.eur.nl/>. 9 O Índice Planeta Feliz (Happy Planet Index) considera medidas de expectativa de vida (saúde),

satisfação com a vida (bem-estar e felicidade) e uma “pegada ecológica” (meio ambiente). Ver mais em:

< http://www.happyplanetindex.org/>. 10

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) considera dados sobre expectativa de vida ao nascer,

educação e PIB per capita. É também uma medida comparativa que classifica os países pelo grau de

desenvolvimento humano. Ver mais em:< http://www.pnud.org.br/IDH/DH.aspx>. 11

A FIB foi desenvolvida pelo Centro de Estudos do Butão, fundado pelo Programa das Nações Unidas

para o Desenvolvimento – PNUD. Suas pesquisas são voltadas para economia, história, religião, cultura,

sociedade, política, meio ambiente e outros aspectos da vida. Ver mais em:

<http://www.bhutanstudies.org.bt/>.

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GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO

SOCIOECONÔMICO

A partir da experiência desenvolvida pelo Butão com a FIB, o mesmo tem

sido referenciado como modelo na construção de novas metodologias para medir o

desenvolvimento de um país ou de uma comunidade, inspirando diversos locais e

instituições a construir, replicar e difundir essa metodologia.

No Brasil, a disseminação ocorre por meio do Instituto Visão Futuro12

, por

intermédio da antropóloga Susan Andrews, com ações iniciais nos municípios de

Angatuba e Itapetininga, no interior de São Paulo. De acordo com Silva (2011), a FIB

também tem ganhado amplo espaço de aceitação, pois “além de instituições sociais,

públicas e de ensino, empresas privadas aderem ao novo conceito, a Icatu Seguros e a

Natura são um exemplo”. (SILVA, 2011, p.50-51).

A FIB é formada por nove dimensões (bem estar psicológico, uso do tempo,

vitalidade comunitária, diversidade cultural, saúde, educação, diversidade e resiliência

ecológica, padrão de vida e boa governança), sendo consideradas fundamentais para o

alcance da qualidade de vida, do bem estar e da felicidade coletiva.

Analisando as dimensões, verifica-se que:

1) Pela dimensão do bem estar psicológico é possível analisar questões

referentes ao equilíbrio emocional, espiritualidade e fatores psicológicos que cada

indivíduo tem em relação a sua própria vida, uma vez que se as pessoas não estão bem

psicologicamente isso se refletirá em outros aspectos da vida cotidiana.

2) Na dimensão padrão de vida é avaliado a segurança e controle financeiro,

a renda individual e familiar, a propriedade habitacional e se participa de algum

programa de redistribuição de renda do governo. Esta dimensão reflete à base material

de bem-estar o no nível de consumo do indivíduo.

3) O uso do tempo aborda questões relacionadas ao tempo dedicado ao

lazer, as atividades que gostam e a socialização com familiares, amigos e com os

vizinhos. O domínio do uso do tempo apresenta uma boa contribuição para o alcance da

qualidade de vida, uma vez que a avaliação se dá com o tempo gasto com atividades

fora do ambiente de trabalho, o que pode aumentar os níveis de felicidade.

12

O Instituto Visão Futuro tem objetivado a disseminação de uma nova visão voltada para o

desenvolvimento integral do ser humano. Ver mais em:

<http://www.visaofuturo.org.br/podervisao/objetivos.html>.

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SOCIOECONÔMICO

4) Pela vitalidade comunitária é possível verificar a sensação de

pertencimento na comunidade, a participação em festividades e reuniões comunitárias, a

segurança e as relações de apoio social e confiança entre as pessoas. Esta dimensão

avalia o convívio e participação dentro da comunidade, bem como sua relação e

percepção quanto à comunidade. Incluiu-se questões referentes ao conhecimento e

utilização dos serviços do Banco Comunitário de Desenvolvimento Jardim Botânico e

da moeda social Orquídea.

5) A diversidade cultural está relacionada as festividades e tradições locais,

habilidades artístico/cultural, assim como trás a percepção de alguns valores e princípios

da vida. Em que a qualidade de vida é, também, pensada através do fortalecimento de

suas histórias, costumes, saberes e identidades.

6) Na dimensão da saúde é analisado a percepção do indivíduo quanto a sua

saúde, satisfação com os serviços de saúde na comunidade, a prática de exercícios

físicos e o consumo de bebidas alcoólicas e de cigarro. Acreditasse que o estado de

saúde da população, também, afeta os níveis de felicidade.

7) Para a educação considera-se a percepção da qualidade do ensino e sua

perspectiva do grau mais alto de educação que gostariam de concluir, além disso, os

aspectos de conhecimento popular, costumes e saberes também são inclusos nessa

dimensão.

8) A Diversidade e a Resiliência Ecológica avalia os principais problemas

enfrentados pela comunidade, como lixo, poluição do ar, habitação, reciclagem, como

também respeito as diferenças políticas, religiosas, de gênero, etnia e econômicas.

9) E por fim, tem-se a boa governança que apresenta a percepção da

população no que diz respeito a avaliação do governo, políticos, corrupção, fontes de

informação política e ao envolvimento dos eleitores nas decisões e processos políticos.

Nas dimensões da FIB o senso de propósito comum está presente, o que tem

permitido que qualquer pessoa, independentemente do seu nível de escolaridade, possa

acompanhar e monitorar os seus dirigentes no que diz respeito ao cumprimento das

metas propostas.

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SOCIOECONÔMICO

BANCOS COMUNITÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO ENQUANTO

FERRAMENTA DO DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL

A vulnerabilidade social e a carência de políticas públicas de inclusão,

especialmente as de cunho financeiro, dá espaço para o crescimento da economia

solidária pelo Brasil.

Dois desafios, em geral, são encontrados nos ambientes propícios as práticas

de economia solidárias: o primeiro decorre da dificuldade de acesso ao sistema

financeiro, tanto para acesso a empréstimos, como para quaisquer tipos de

movimentações (pagamento de conta de energia, recebimento do bolsa família, e dentre

outros), uma vez que em comunidades empobrecidas não existem bancos

convencionais, bancos comerciais privados e/ou públicos; o segundo consiste no

desenvolvimento de laços de confiança mútua entre os praticantes da economia

solidária, a fim de gerar a visão de dar e receber ajuda, tendo em vista que vivemos em

ambientes que nos condicionam concorrência, principalmente dos que partilham do

mesmo rumo de atividade. (SINGER, 2013, p. 35).

Desta forma, os Bancos Comunitários de Desenvolvimento (BCD), incluso

no campo das finanças solidárias13

, assumem importantes papeis enquanto instrumento

de política pública da economia solidária, uma vez que esta organização comunitária

passa a se articular para a superação dos desafios, contribuindo para a melhoria da

qualidade de vida dos indivíduos de comunidades excluídas do sistema financeiro

tradicional.

De acordo com a definição da Rede Brasileira de Bancos Comunitários

(2006), os bancos comunitários de desenvolvimento são serviços financeiros solidários

em rede de natureza associativa e comunitária, voltados para a geração de trabalho e

renda na perspectiva da reorganização das economias locais, tendo por base os

princípios da Economia Solidária. Tem como objetivo dinamizar as economias locais,

13

Finanças solidárias está voltada para a criação de ferramentas financeiras que promovem o

desenvolvimento integrados de territórios. Ver mais em BANCO PALMAS 15 anos: resistindo e

inovando/ núcleo de economia solidária – NESOL-USP e Instituto Palmas. São Paulo: A9 Editora, 2013.

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SOCIOECONÔMICO

promover o desenvolvimento do território e fortalecer a organização comunitária a

partir da oferta de serviços financeiros.

Como forma de otimizar as ações e propostas dos BCD, são criadas moedas

sociais de circulação local, com delimitação em seu próprio território. Estimulam o

consumo local, possibilitando que a riqueza gerada em determinado território possa

circular entre as suas intermediações, nas mercearias, nas lojas, nas feiras, e entre os

pequenos empreendimentos, aumentando o poder de comercialização, estratégia para

incentivar o consumo local. A moeda social tem lastro em Real (R$), em que cada

moeda social emitida encontra-se no banco comunitário seu valor expresso em real.

A COMUNIDADE SÃO RAFAEL E O BANCO COMUNITÁRIO DE

DESENVOLVIMENTO JARDIM BOTÂNICO

A comunidade do São Rafael está inserida no bairro do Castelo Branco III, é

limitada pela bacia do Rio Jaguaribe, pela BR 230 e pela Avenida Dom Pedro II, no

município de João Pessoa-PB. É uma área classificada como invadida/barreira, sopé, de

encosta, e sujeita a inundação, sendo do ponto de vista social vulnerável. Em 2013, a

Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura Municipal de João Pessoa contabilizou

1.430 pessoas residindo na comunidade, destas 692 do sexo masculino e 738 do sexo

feminino. (LUCENA, 2013).

FIGURA 1 – Vista aérea da comunidade São Rafael.

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GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO

SOCIOECONÔMICO

Fonte: Acervo do CPCC.

A organização comunitária do São Rafael tem dado atenção para a melhoria

do bairro, que através do Centro Popular de Cultura e Comunicação – CPCC14

buscam o

desenvolvimento local e sustentável da comunidade, possuindo assim uma ação

intersetorial de atividades. A proposta de um BCD deu-se como forma de fomentar e

reorganizar as relações econômicas locais. As discussões e formações para implantação

do Banco Comunitário tiveram início em 2011, contando com o apoio da Incubadora de

Empreendimentos Solidários - INCUBES/UFPB e da Incubadora Tecnológica de

Economia Solidária - ITES/UFBA15

, evidenciando a importância da presença de

parceiros externos que acompanhem e auxiliem estas iniciativas. Em 2012 foi criado o

Conselho Gestor do Banco, com representação de moradores, comerciantes e

instituições sociais da comunidade.

Em votação realizada na comunidade, foi escolhido “Jardim Botânico”

como o nome do banco e “Orquídea” para o nome da moeda social para circulação na

comunidade. Já para os nomes e imagens das moedas foi realizado um concurso na

Escola Estadual de Ensino Fundamental São Rafael, em que as moedas carregam

desenhos feitos por crianças de alguns pontos da comunidade. O lançamento da moeda

Orquídea aconteceu no II Encontro Nordestino de Incubadoras de Economia Solidária,

em 2012. Já a inauguração do Banco Comunitário de Desenvolvimento Jardim Botânico

– BCDJB ocorreu em abril de 2013, com sede na comunidade São Rafael. A partir da

iniciativa de criação do Banco, a comunidade tem melhor se organizado e com o apoio

do BCD tem ganhado visibilidade, agregando novos parceiros e abrindo espaço para

novos projetos implantados na comunidade, a exemplo do banco de alimentos, quintais

solidários, cursos e atividades educacionais, projeto de reciclagem com catadores, e

dentre outros.

14

O CPCC foi fundado em 2005 com o objetivo de estimular o desenvolvimento sociocultural da

Comunidade São Rafael atua com a Rádio Comunitária Voz Popular, o grupo produtivo da Padaria

Comunitária e com o Banco Comunitário de Desenvolvimento Jardim Botânico. 15

A INCUBES desenvolve um trabalho de incubação territorial, em parceria com a ITES, que é a

responsável pela execução e difusão dos Bancos Comunitários na região Nordeste da Rede Brasileira de

BCD, por meio de editais da Secretaria Nacional de Economia Solidária – SENAES.

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GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO

SOCIOECONÔMICO

METODOLOGIA

A coleta dos dados deu-se com a aplicação de questionários desenvolvidos

pelo Centro de Estudos do Butão e adaptados para a comunidade São Rafael,

considerando sua diversidade organizacional e cultural. O questionário abrange questões

fechadas e abertas, com a inclusão de perguntas relacionadas ao Banco Comunitário de

Desenvolvimento Jardim Botânico e da utilização da moeda social Orquídea, buscando

caracterizar as nove dimensões da Felicidade Interna Bruta.

A aplicação dos questionários16

ocorreu no período compreendido de

setembro a novembro de 2013, por meio de entrevista oral e com o propósito inicial de

atingir todas as residências da comunidade. No entanto, diversas casas encontraram-se

fechadas, sendo justificado pelo horário de trabalho, estudo e/ou compromissos externos

dos moradores. Por conta disso, o estudo preliminar trás uma amostra de 130

questionários. Conforme a tabela 1, as maiores amostras de entrevistados referem-se às

ruas de maior extensão territorial. Destaca-se ainda que as respostas dos questionários

foram trabalhadas e analisadas no software estatístico SPSS 17.0

TABELA 1 – Número absoluto e relativo dos entrevistados, distribuídos por rua. RUA FREQUÊNCIA %

Arquivista Jonathas Carecas 58 44,6

Rio Amazonas 26 20,0

Casas Novas 7 5,4

23 de Agosto 1 0,8

Beija Flor 10 7,7

Rio Paraíba 3 2,3

Vila da Saudade 8 6,2

Vila do Sossego 1 0,8

Rio Tocantins 10 7,7

Liberdade 2 1,5

Ipiranga 2 1,5

Não Informado 2 1,5

TOTAL 130 100,0

Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.

16

Os questionários foram aplicados na comunidade por alunos da INCUBES, coordenador e agentes de

crédito do BCDJB e por moradores da própria comunidade, representados pelo CPCC. Vale destacar que

inicialmente os questionários foram discutidos entre a equipe e testados com alguns moradores da

comunidade, objetivando adaptações de perguntas, vocabulário e da estratégia das entrevistas.

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GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO

SOCIOECONÔMICO

ANÁLISE PRELIMINAR:

1 – Bem estar Psicológico:

Para análise do bem estar psicológico, optou-se por indagar os

entrevistados, tanto ao inicio quanto ao fim da pesquisa, sobre uma autoavaliação de sua

felicidade e, em seguida qual o seu grau. Verificou-se, pela tabela 2, que 93,1% dos

entrevistados julgavam-se felizes no início da pesquisa, já ao final da pesquisa

verificou-se que esse número caiu para 89,2%. A colocação da pergunta ao inicio e ao

fim da pesquisa teve como propósito de verificar se, após responder ao questionário da

FIB, a analise dos diversos aspectos da vida contribuiria para mudança da avaliação de

felicidade. Percebe-se que o número de pessoas que não informaram aumentou de 3,1%

para 6,2%, o que pode ter deixado as pessoas com dúvidas, ao final da pesquisa, sobre a

autoavaliação de felicidade.

Tabela 2 – Autoavaliação de felicidade – inicio e fim da pesquisa. Julga-se Feliz Frequência %

Inicio da pesquisa

Sim 121 93,1

Não 5 3,8

Não informado 4 3,1

TOTAL 130 100,0

Ao fim da pesquisa

Sim 116 89,2

Não 6 4,6

Não informado 8 6,2

TOTAL 130 100,0

Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.

Com relação ao grau de felicidade, verifica-se pelo gráfico 1 que as pessoas

que se consideravam não muito feliz e feliz diminuíram, quando comparado os

resultados do início e do fim da pesquisa, de 3,1% para 2,3% e de 14,6% para 10,0%,

respectivamente. Enquanto que houve um aumento para as pessoas que se consideravam

muito feliz e as que não informaram, de 80% para 82,3% e de 2,3% para 5,4%. Quando

questionadas, algumas pessoas que se consideram felizes ou muito felizes relacionavam

este sentimento ao convívio familiar, as relações de amizade construídas na comunidade

e por gostarem de onde moram. Já as pessoas que se consideravam não muito felizes

relacionavam a problemas de segurança, drogas e poluição.

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SOCIOECONÔMICO

Gráfico 1 – Grau de Felicidade

Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.

Com relação à religião, verificou-se que a maior participação entre os

entrevistados são de católicos (56,9%), seguido de evangélicos (31,5%), os que não têm

(6,2%), não informaram (3,1%), outros (1,5%) e religião afro descendente (0,8%).

Destes, 70% costumam frequentar espaços religiosos e 85,4% encontra-se com amigos e

familiares com frequência.

Analisando a perda de sono com preocupações, 52,3% dos entrevistados as

vezes perdem o sono, 23,8% sempre, 17,7% nunca, 3,8% diariamente e 2,3% não

responderam. Relacionando a perda de sono com o sentimento de cansaço ou estresse,

verificou-se que das pessoas que nunca perdem sono com preocupações, 60,9% às vezes

se sentem cansadas ou estressadas. Já as que sempre perdem o sono com preocupações,

71% às vezes se sentem cansadas ou estressadas. Alguns atribuem a perda de sono ao

estresse e cansaço com as preocupações diárias, a problemas familiares e a dificuldades

financeiras.

2 – Padrão de Vida:

Em relação ao padrão de vida da comunidade, verifica-se que a situação

financeira tem melhorado ao longo do tempo. Em que 66,2% consideram que a situação

financeira da família melhorou, 26,9% indicam que permaneceu a mesma coisa, 4% diz

que diminuiu e 2,3% não informaram. Relacionando este resultado com a renda atual da

família, verifica-se pela tabela 3 que as pessoas que indicaram que a situação financeira

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GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO

SOCIOECONÔMICO

da família melhorou, 44,2% tem um renda entre 1 e 2 salários mínimos e apenas 1,2%

possui um renda inferior a 1 salário mínimo. As pessoas que avaliaram que a situação

financeira da família permaneceu a mesma coisa, 60% possuem uma renda de 1 salário

mínimo e 11,4% inferior a 1 salário mínimo. Já os que indicaram que situação

financeira da família diminuiu, 66,7% possui um renda familiar entre 1 e 2 salários

mínimos e 16,7% possuem uma renda de 1 salário mínimo e inferior ao mesmo.

Tabela 3 – Relação da situação financeira da família nos últimos anos com a renda

atual da família. Renda atual da família Total

Inferior a

1 salário

mínimo

1 salário

mínimo

Entre 1 e

2 salários

mínimos

Entre 2 e

3 salários

mínimos

Acima de

3 salários

mínimos

Situação

financeira da

família nos

últimos anos

Melhorou 1

(1,2%)

23

(26,7%)

38

(44,2%)

22

(25,6%)

2

(2,3%)

86

(100%)

Permaneceu

a mesma

coisa

4

(11,4%)

21

(60%)

10

(28,6%)

0

(0%)

0

(0%)

35

(100%)

Diminuiu 1

(16,7%)

1

(16,7%)

4

(66,7%)

0

(0%)

0

(0%)

6

(100%)

Total 6

(4,7%)

45

(35,4%)

52

(40,9%)

22

(17,3%)

2

(1,6%)

127

(100%)

Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.

Já pelo gráfico 2, ver-se que há uma predominância na renda familiar que

varia entre 1 e 2 salários mínimos (40%), seguido de uma renda de 1 salário mínimo

(34,6%) e entre 2 e 3 salários mínimos (16,9%). O que indica dizer que outros membros

da família também têm buscado fontes de renda, além dos benefícios advindos das

esferas de governo, em que 50% indicam que recebem. Quando questionados sobre

quais benefícios recebem, muitos indicaram bolsa família e aposentadoria. Verificou-se

também que 70,8% consideram que a renda familiar é suficiente para manter as

necessidades cotidianas, 25,4% consideraram ser insuficiente, 1,5% mais que suficiente

e 2,3% não informaram. Além disso, os resultados indicam que a população consegue

se equilibrar financeiramente, uma vez que controlam o orçamento familiar e poupam

algum dinheiro, 68,5% e 53,1%, respectivamente.

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SOCIOECONÔMICO

Ainda no que diz respeito ao padrão de vida, 80,8% das pessoas moram em

habitações próprias, 13,1% não e 3,1% não informaram. Dos que não moram em

residências próprias, 72% estão em situação de aluguel.

Gráfico 2 – Renda atual familiar

Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.

3 – Uso do tempo:

Nesta dimensão, a amostra da população do São Rafael induziu que seus

moradores não usam seu tempo, em uma semana, com atividades que gostam. Pelo

gráfico 3, verifica-se apenas 6,9% usam toto o tempo com atividades que gotam, 20,8%

a maioria do tempo, 26,2% parte do tempo e 43,1% usam pouco tempo ou nunca usam

com atividades que gostam.

Além disso, ao término de um dia, 48,5% das pessoas dizem ter realizado as

atividades que tinham a intenção de realizar, enquanto que 46,9% avaliam que não

conseguem. Quando questionadas, relacionam este fato a má administração do tempo,

por problemas de saúde e excesso de atividades de casa.

Em questões de múltipla escolha sobre como utilizam o tempo de lazer na

comunidade, 31,5% utilizam como amigos, 22,5% com vizinhos, 54,6% com a família,

9,2% na praça e 17,7% indicaram outros.

Gráfico 3 – Tempo utilizado com a realização de atividades que gostam.

Referência: semana

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SOCIOECONÔMICO

Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.

4 – Vitalidade Comunitária:

Verifica-se que o sentimento de pertencimento da comunidade está presente

ente os moradores, em que 82,3% se sentem parte da comunidade, 14,6% não se sentem

parte e 3,1% não responderam. Essa sensação de pertencimento apresenta-se de regular

a forte, 30,8% e 30%, respectivamente.

Quando indagados sobre o Banco Comunitário de Desenvolvimento Jardim

Botânico, 61,5% declararam que conhecem, 35,4% não conhecem e 3,1% não

informaram. Relacionando o sentimento de pertencimento com o conhecimento do

Banco, observa-se na tabela 4 que das pessoas que se sentem partem da comunidade,

66,4% conhecem o banco comunitário. Já com relação às pessoas que não se sentem

parte da comunidade, 47,4% conhecem.

Tabela 4 – Relação de pertencimento da comunidade e conhecimento do BCDJB Conhece o Banco Comunitário

Jardim Botânico? Total

Sim Não

Sente-se parte da

comunidade?

Sim 71

(66,4%)

36

(33,6%)

107

(100%)

Não 9

(47,4%)

10

(52,6%)

19

(100%)

Total 80

(63,5%)

46

(36,5)

126

(100%)

Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.

Com relação à moeda social Orquídea, a mesma já foi utilizada por 16,2%

dos moradores da amostra, enquanto que 80,8% ainda não utilizou e 3,1% não

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SOCIOECONÔMICO

informaram. Já os demais serviços do banco, apenas 7,7% dos entrevistados já haviam

utilizado algum serviço do banco, 86,2% não utilizaram e 6,2% não informaram. Pela

tabela 5, verifica-se que tanto as pessoas que conhecem o banco comunitário quanto as

que não o conhecem, acham que o mesmo trará benefícios para comunidade,

respectivamente, 95,9% e 90,5%.

Tabela 5 – Relação de conhecimento do BCD com os possíveis benefícios do mesmo O Banco Comunitário trará

benefícios para a comunidade? Total

Sim Não

Conhece o Banco

Comunitário?

Sim 71

(95,9%)

3

(4,1%)

74

(100%)

Não 38

(90,5%)

4

(9,5%)

42

(100%)

Total 109

(94%)

7

(6%)

116

(100%)

Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.

Quando questionados sobre a segurança na comunidade São Rafael, 50% se

sentem seguros em morar na comunidade, 18,5% bastante seguro, 14,6% inseguros,

13,8% pouco seguro e 3,1% não informaram. Quanto aos apoios disponíveis quando

precisa, verificou-se que na maior parte do tempo são encontrados para ir ao médico

(64,6%), quando enfrenta problemas pessoais (48,5%), quando necessitam de ajuda para

realizar atividades diárias quando está doente (56,2%) e pelo amor e afeto que recebem

(63,8%), sendo oferecidos, muitas vezes, pelo cônjuge, filhos, amigos e vizinhos,

mostrando o quanto a comunidade é solidária. Já, 68,5 dos entrevistados afirmaram que

raramente participam de festividades, reuniões sociais e atividades comunitárias na

comunidade. O que também é confirmado pela baixa participação em organizações

comunitárias (15,4%). Das pessoas que participam de organizações comunitárias, 52,6%

se sentem representados pela associação de moradores, enquanto que os não participam,

40,7% se sentem representados.

5 – Diversidade Cultural:

Dentre as festividades locais consideradas como sendo as mais importantes

pelos moradores, destacam-se a festa do dia crianças e do dia das mães, o primeiro café

da manhã solidário do ano na comunidade, carnaval com blocos, desfile cívico da

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SOCIOECONÔMICO

Escola São Rafael, natal solidário, festividades da igreja e São João, além disso, alguns

também consideram como eventos importantes as palestras feitas na comunidade. Vale

destacar que muitas destas atividades são organizadas pelo Banco Comunitário em

parceria com o CPCC.

A realização de atividades artísticas, culturais, musicais e esportiva é

realizada por 20% da população em estudo, enquanto que 75,4% não realizam nenhuma

e 4,6 não informaram. Entre as atividades que são realizadas, destacam-se artes

marciais, artesanato, caminhada, ciclismo, confecção de materiais carnavalescos,

participação no coral da igreja, teatro, corrida, dança, fisioterapia para idosos, futebol,

futsal, judô, vôlei, academia e pesca.

Quando perguntados sobre alguns valores e princípios da vida, verificou-se

pelo gráfico 4 que grande parte das respostas manteve-se em um grau de muito

importante, apresentando os melhores resultados para casa própria (90,8%),

responsabilidade (89,9%) e honestidade (88,4%). As respostas de importante

priorizaram a riqueza (26,2%), segurança financeira (20,7%) e as amizades (20%).

Enquanto que as não importantes estavam à riqueza (13,1%), amizades (6,2%) e a

segurança financeira (6,2%).

Gráfico 4 – Valores e principios da vida

Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.

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SOCIOECONÔMICO

E pelo gráfico 5, demonstra-se a relação de atividades entre homens e

mulheres na comunidade, 90,8% das pessoas indicam que os homens devem ajudar nas

tarefas de casa, 88,5% afirmam que as mulheres conseguem conciliar o trabalho

doméstico com o trabalho fora de casa e 67,7% discordam que um homem deva ganhar

mais do que a mulher, assim como 81,5% concordam que as mulheres são mais

adequadas para o trabalho doméstico do que os homens. Esses resultados mostram o

avanço e a quebra de paradigmas relacionados às mulheres.

Gráfico 5 – Relação de atividade entre homens e mulheres

Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.

6 – Saúde:

Fazendo uma autoavaliação sobre sua saúde, 33,1% consideram sua saúde

boa, 29,2% regular/fraca, 17,7% excelente, 15,4% muito boa e 4,6% não informaram.

As pessoas que fumam correspondem a 15,4%, sendo que 83,3% destas fumam

diariamente, 5,6% com certa freqüência e 11,1% raramente fumam. Relacionando as

pessoas que fumam ou não com a autoavaliação de saúde, verifica-se pela tabela 6 que

das pessoas que fumam, 50% consideram sua saúde regular/fraca e dentre as pessoas

que não fumam, 36% consideram sua saúde boa.

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GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO

SOCIOECONÔMICO

Tabela 6 – Relação das pessoas que fumam ou não com a autoavaliação de saúde.

Sua saúde é? Total

Excelente Muito boa Boa Regular/fraca

Fuma?

Sim 2

(10%)

2

(10%)

6

(30%)

10

(50%)

20

(100%)

Não 20

(20%)

17

(17%)

36

(36%)

27

(27%)

100

(100%)

Total 22

(18,3%)

19

(15,8%)

42

(35%)

37

(30,8%)

120

(100%)

Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.

As pessoas que consideram consumir bebidas alcoólicas correspondem a

56,9%, em que destas 52,8% bebem ocasionalmente em comemorações, 40,3% em fins

de semana e 4,2% diariamente. Sendo que 51,8% nunca se sentem intoxicado ou

embriagado, durante os últimos doze meses. As práticas de exercícios diariamente são

feitas por 20% da população, 73,8% não fazem e 5,4% não informaram. E com relação

a satisfação com os serviços de saúde local, 76,9% estão satisfeitos com a limpeza do

local de saúde, 71,5% consideram os funcionários simpáticos e 58,5% estão satisfeitos

com o diagnóstico, indicação de tratamento e medicação recebida na Unidade de Saúde

da Família da comunidade.

7 – Educação:

Com relação à educação, 4,6% dos entrevistados estudam na Escola São

Rafael, 0,8% na EBE17

, 66,2% não estudam, 20% estudam fora da comunidade e 8,5%

não informaram. Relacionado onde as pessoas que estudam e a satisfação com a

qualidade do ensino, percebe-se pela tabela 7 que todos estão satisfeitos com a

qualidade do ensino ofertado, sendo que os que estudam na Escola São Rafael

apresentam a maior satisfação (80%), seguido dos que não estudam (66,2%) e dos que

estudam fora da comunidade (64,7%).

17

Entidade Beneficiente Evangélica da comunidade São Rafael.

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GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO

SOCIOECONÔMICO

Tabela 7 – Relação de onde as pessoas estudam e a satisfação com a qualidade do

ensino.

Satisfação com a qualidade do ensino que o entrevistado

e/ou seus filhos recebem. Total

Satisfeito Não muito

satisfeito

Neutro Insatisfeito Não sabe

Onde

estuda?

Escola São

Rafael

4

(80%)

1

(20%)

0

(0%)

0

(0%)

0

(0%)

5

(100%)

EBE 0

(0%)

0

(0%)

0

(0%)

0

(0%)

1

(100%)

1

(100%)

Não estuda 43

(66,2%)

4

(6,2%)

3

(4,6%)

2

(3,1%)

13

(20%)

65

(100%)

Outros/Fora

da

comunidade

11

(64,7%)

3

(17,6%)

1

(5,9%)

1

(5,9%)

1

(5,9%)

17

(100%)

Total 58

(65,9%)

8

(9,1%)

4

(4,5%)

3

(3,4%)

15

(17%)

88

(100%)

Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.

Observando o nível de educação que desejam concluir, verifica-se que

26,9% gostariam de obter uma graduação, 20% não desejam nenhum nível, 16,2% curso

técnico, 12,3% ensino médio, 8,5% ensino fundamental, 6,9% especialização, 2,3%

alfabetização e 6,9 não informaram. Quando perguntado sobre o nome de seus bisavós,

80% não sabiam e apenas 23,1% dos entrevistados já contaram histórias populares para

seus filhos. Grande maioria dos entrevistados (83,1%) sabem como tratar pequenas

doenças, como tosse, dor de cabeça e diarréia, em que destes, 19,2% utilizam-se de

plantas medicinais, mostrando que os conhecimentos e saberes populares estão

presentes na memória da população.

Com relação aos hábitos alimentares, 75,4% dos entrevistados avaliam ter

uma alimentação saudável, em que destes, 73,8% consomem frutas e verduras e 53,1%

ainda as consomem com uma periodicidade diária. As refeições diárias da população

correspondem a mais de três refeições por dia (57,7%), três refeições por dia (30%),

menos de três refeições por dia (5,4%) e não responderam (6,2%).

8 – Diversidade e Resiliência Ecológica:

Os moradores da comunidade São Rafael apresentam um bom

conhecimentos sobre os aspectos ecológicos presentes no entorno da comunidade. Com

relação ao Jardim Botânico, 74,6% dos entrevistados o conhecem 46,9% demonstram

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SOCIOECONÔMICO

certo conhecimento sobre os animais da Mata do Buraquinho, os mais citados são a

preguiça, sagüim, cobra, jacaré e macaco. Quando questionados sobre a importância do

Rio Jaguaribe, 43,1% dos entrevistados consideram importante, 53,1% não acha

importante e 3,8% não informaram. As justificativas para não considerarem o rio

importante estão relacionadas, em grande maioria, ao fato da poluição e das enchentes,

já os que consideram importante atribuem o fato a importância histórica, por ser um

ponto de lazer e referência para comunidade.

Fazendo uma avaliação de quais são os principais problemas enfrentados

pela comunidade, verifica-se pelo gráfico 6 que o tráfico de drogas (57,7%) é apontado

como sendo o principal problema da comunidade, seguido do lixo urbano (14,6%) e de

problemas relacionados a habitação (12,3%).

Gráfico 6 – Avaliação dos principais problemas da comunidade.

Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.

Quando questionados sobre a reutilização de vidros, latas e plásticos, 51,5%

avaliam nunca reciclarem, 21,5% as vezes, 13,1% sempre, 10,8% quase nunca e 3,1%

não informaram. Questionados sobre o porquê, os que reciclaram justifica que ajuda na

fonte de renda da família e ao meio ambiente, enquanto que os que não reciclam não

souberam informar. Já ao destino do óleo de cozinha usado, 58,5% dos entrevistados

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GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO

SOCIOECONÔMICO

jogam no esgoto, 3,1% para coleta seletiva, 1,5% destina para a produção de sabão,

33,1% indicam outras formas de destino e 3,8% não informaram.

No que diz respeito a diversidade e as diferenças políticas, religiosas,

gênero, etnia e econômicas, 85,4% avaliam que respeitam, 8,5% não respeitam e 6,2%

não informaram.

9 – Boa Governança:

Compreendendo a governança como a articulação e a cooperação entre

políticos, lideranças comunitárias e a comunidade como um todo, o conhecimento e a

organização comunitária são essenciais para um bom diálogo das demandas locais e a

busca de melhores condições sociais.

Quando questionados sobre o nome dos candidatos políticos do município,

verificou-se que 29,2% sabem, 67,7 não sabem e 3,1% não informaram. Com relação ao

nome dos partidos políticos os valores ficaram bem próximos do nome dos candidatos,

24,6% sabem, 70,8% não sabem e 4,6% não informaram. A maior fonte de informação

política é a televisão (66,9%), seguido da rádio AM/FM (11,5%), da rádio comunitária

(9,2%), jornal/folhetos (2,3%), internet (1,5%), diálogos (0,8%), outros (1,5%) e os que

não informaram (6,2%). Quando perguntados se lembravam em quem votou para

vereador na ultima eleição, 46,9% lembravam, 48,5% não lembram e 4,6% não

informaram. Das pessoas que lembram, 74,6% nunca acompanharam o que o seu

vereador faz no Legislativo Municipal. Já com relação à visita de políticos na

comunidade para conversar e conhecer os problemas locais, 68,2% afirmaram nunca

receberem visitas, 23,1% pouco freqüente, 1,5% constantemente e 6,2% não

responderam.

Avaliando o governo local nos últimos doze meses, verifica-se pela gráfico

7 que o combate a corrupção (66,4%) apresenta o pior desempenho, seguido da criação

de novos empregos (31,5%). As respostas para excelente registraram baixas

porcentagens para todas as categorias analisadas. Para as respostas tidas como regular,

registram-se os melhores desempenhos para o atendimento à educação (42,3%), criação

de novos empregos (39,2%) e melhoria dos serviços de saúde (35,4%).

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GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO

SOCIOECONÔMICO

Gráfico 7 – Avaliação do governo local

Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pela dimensão do bem estar psicológico, percebe-se que os resultados são

positivos, induzindo a uma comunidade em equilíbrio, na qual a espiritualidade e o

equilíbrio emocional são fundamentais para as relações sociais estabelecidas na

comunidade. Além disso, a comunidade apresentou elevado grau de felicidade. Logo,

não existe nenhum indicador avaliado que deve ser considerado como ponto de atenção

estratégico. Pela dimensão do padrão de vida, os resultados têm induzido que houve

uma melhoria na situação financeira, apresentando uma renda familiar suficiente para

manter as necessidades básicas, grande parte da população consideram-se equilibrados

financeiramente, controlando o orçamento e poupando algum dinheiro mensalmente

para situações de emergência. Além disso, 80,8% possuem casa própria, o que

proporciona uma maior estabilidade para os moradores do São Rafael.

A dimensão do uso do tempo mostrou que a população não tem conseguido

administrar bem o uso de seu tempo, no que diz respeito a suas decisões, a execução das

atividades em um dia e ao uso do tempo para a realização das atividades que gostam.

Desta forma, a mesma necessita de uma atenção especial. Como ponto positivo,

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SOCIOECONÔMICO

verificou-se que a utilização do tempo com lazer é priorizada com familiares, amigos e

vizinhos. Na dimensão da vitalidade comunitária, verificou-se que a comunidade São

Rafael apresenta uma boa organização comunitária, necessitando de um maior

envolvimento de seus moradores. O sentimento de pertencimento está presente entre os

moradores. Destaca-se que 61,5% dos moradores conhecem o Banco Comunitário de

Desenvolvimento Jardim Botânico, entretanto, os dados apresentaram uma baixa

utilização da moeda social Orquídea e dos demais serviços do BCD, apontando para a

necessidade de ações estratégicas para os moradores. Verificou-se também que tanto as

pessoas que conhecem o banco quanto as que não conhecem acreditam nas

possibilidades e benefícios que o BCD proporcionará para o desenvolvimento da

comunidade. Destaca-se também a solidariedade presente em seus moradores através de

simples gestos de ajuda ao próximo e dos apoios disponíveis.

A dimensão da diversidade cultural apontou que muitos moradores

conhecem as festividades da comunidade, no entanto a realização de atividades culturais

apresenta uma baixa proporção. As priorizações dos princípios da vida evidenciam os

valores culturais e o modo de vida da comunidade. Grande parte das respostas manteve-

se em um grau de muito importante, com destaque para casa própria e responsabilidade.

O principio da riqueza ficou como não importante, gerando reflexões se realmente a

acumulação de bens materiais é fundamental para atingir bons níveis de felicidade.

Na dimensão da saúde os entrevistados apresentaram-se satisfeitos com os

serviços de saúde local, diagnóstico e medicação recebida. Consideram sua saúde boa e

uma pequena parcela da população fuma, entretanto, mais da metade consome ou já

consumiu bebidas alcoólicas. Alerta-se para as práticas de exercícios físicos, que são

feitas por apenas 20% da população. A dimensão da educação necessita de uma atenção

especial, tanto pela alta proporção de pessoas que não estudam quanto pela alta

proporção de pessoas que se deslocam para outros bairros para estudar. A primeira é

evidenciada pelo desejo das pessoas em continuar estudando, em diversos níveis e

modalidades de ensino. Já a segunda é justificada pelo fato de na localidade a oferta do

ensino público ser restrito ao ensino fundamental, portanto, para continuarem seus

estudo no ensino médio e até mesmo no ensino fundamental procuram as escolas

públicas de bairros próximos a comunidade.

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SOCIOECONÔMICO

Pela diversidade e resiliência ecológica verifica-se que a dimensão apresenta

bons resultados para o conhecimento da diversidade ecológica do entorno da

comunidade. Chama-se a atenção o problema do tráfico de drogas, seguido do lixo

urbano e de problemas relacionados à habitação, necessitando de uma atenção especial.

E por fim, a dimensão da boa governança destaca a boa organização local que tem

buscado novas possibilidades de desenvolvimento local e de diálogo dos principais

problemas enfrentados pela comunidade, no entanto, falta uma maior inserção do poder

público local e dos políticos. Na avaliação do governo, os moradores apontaram a

corrupção como tendo o pior desempenho, seguido da criação de novos empregos.

Em que pese se tratar de uma comunidade pobre de João Pessoa, de forma

geral, 88,5% dos entrevistados se sentem bem na comunidade, por conta da vizinhança,

das amizades ali construídas e pelo local ser calmo. No entanto, quando questionados

sobre oportunidade de mudança, 87,69% indicam que se tivessem oportunidade se

mudariam para outro lugar, 12,30% não se mudariam e 1,5% não informaram. Muitos

dos que indicam que se mudariam relacionam o fato, em sua maioria, aos problemas

analisados na dimensão da diversidade e resiliência ecológica.

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