Upload
others
View
1
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL E INDICADORES
SOCIAIS: UM ESTUDO DO BANCO COMUNITÁRIO DE
DESENVOLVIMENTO JARDIM BOTÂNICO
SILVA, Almir Cléydison Joaquim da1
LIMA, Ana Flávia de2
RAPOSO, Jaciara Gomes3
FARIA, Maurício Sardá de4
SILVA, Beatriz Batinga e5
RESUMO
Ao longo das ultimas décadas, o nível de desenvolvimento das nações tem sido
analisado, em geral, em termos monetários, através do Produto Interno Bruto - PIB. No
entanto, muitas indagações passaram a fazer parte de discussões referentes a
desenvolvimento e crescimento econômico. A partir daí, surgem diversos indicadores
sociais que tentam analisar o desenvolvimento além dos dados puramente monetários,
com preocupação em questões referentes ao bem estar social, felicidade e qualidade de
vida da população. É neste contexto que a FIB – Felicidade Interna Bruta, emerge
enquanto indicador social, entendendo-se que o desenvolvimento deve promover a
felicidade coletiva. A FIB passa a ser utilizada no Butão, pequeno país da Ásia, onde as
políticas publicas visam a felicidade da nação e estão ligadas ao bem estar, prazer e ao
empoderamento de povos e comunidades, podendo ser desvendada através de seus
moradores no que tange ao fortalecimento de suas histórias, costumes, identidades e na
melhoria coletiva da qualidade de vida. Nesta perspectiva, temos como objetivo analisar
a comunidade São Rafael, localizada em João Pessoa-PB, assim como medir os índices
de bem estar de seus moradores a partir da Felicidade Interna Bruta – FIB. Esta
comunidade implantou recentemente o Banco Comunitário de Desenvolvimento Jardim
Botânico, enquanto tecnologia social propulsora do desenvolvimento de comunidades
socialmente vulneráveis. Essa experiência têm contribuído na reflexão dos problemas e
1 Graduando em Ciências Econômicas na UFPB.
2 Graduanda em Gestão Pública na UFPB.
3 Mestranda do MPGOA/UFPB e Economista pela UFPB.
4 Doutor em Sociologia Política pela UFSC e professor do Departamento de Tecnologia e Gestão.
5 Graduanda em Ciências Econômicas na UFPB.
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
anseios coletivos, entendendo-se que esta melhoria está intimamente vinculada à visão
de desenvolvimento local, baseado na solidariedade, sustentabilidade e cooperação. A
pesquisa utiliza-se de abordagens qualitativas e quantitativas. Com o uso de pesquisas
estruturadas, através da aplicação de questionários da FIB adaptados para a comunidade
em estudo, além de pesquisas semiestruturadas com moradores e lideranças
comunitárias, são avaliados quatro indicadores (economia, cultura, meio ambiente e boa
governança), distribuídos em nove dimensões (bem estar psicológico, uso do tempo,
vitalidade comunitária, diversidade cultural, saúde, educação, diversidade e resiliência
ecológica, padrão de vida e boa governança). Percebe-se que, quando comparada com
outros indicadores convencionais, como o PIB, verificasse que a FIB apresenta uma
proposta mais ampla e profunda para medir o desenvolvimento de uma localidade.
PALAVRAS-CHAVE: Indicadores Sociais. Felicidade Interna Bruta. Economia
Solidária. Bancos Comunitários.
ABSTRACT
Throughout the last decades, the development level of the nations has been analyzed, in
general, monetary wise, through GDP (Gross Domestic Product). However, a lot of
indagations has become part of the discussions referring to the development and
economic growth. From there, numerous social indicators emerge and try to analyze the
development besides of solely using monetary data, with worries due to questions
referring to the social welfare, happiness and life quality of the population. In this
context the GDH (Gross Domestic Happiness) emerges as a social indicator, being
understood that the development must promote coletive happiness. GDH is then used in
Butão, a small country in Asia, where the politics aim the nation’s happiness and
relates itself to welfare, pleasure and empowerment of people and communities, being
able to be unfolded through its residents regarding the strengthening of their stories,
behavior, identities and collective improvement of life quality. In this perspective, we
have as an objective analyzing the community of São Rafael, located in João Pessoa-
PB, as well as measuring the welfare indication of its habitants through the GDH (Gross
Domestic Happiness). This community recently implemmented the Communitary
Development Bank Jardim Botânico as a social technology which propels the
development of the socially vulnerable communities. This experience has contributed to
the contemplation of the collective problems and yearnings, understanding that this
improvement is closely tied to the vision of local development, based on solidarity,
sustainability and cooperation. The research makes use of qualitative and quantitative
approaches.With the use of estructured research, through the application of GDH
questionnaires adapted to the subjected communities, as well as semiestructured polls
with habitants and communitary leaders, four indicators are rated (economy, culture,
enviroment and good governance), distributed in nine dimensions (psychological well-
being, use of time, communitary vitality, cultural diversity, health, education, ecologic
diversity and resilience, life patterns and great governance).It is noted that, when
compared to another conventional indicators, such as GNP, it is seen that the GDH
presents a broader and more profound proposal to measure the development of a place.
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
Key words: Social Indicators, Gross Domestic Happiness, Solidary Economy,
Communitary Banks.
INTRODUÇÃO
A primeira experiência de desenvolvimento territorial, emancipação e
organização comunitária a partir de Banco Comunitário de Desenvolvimento (BCD)
com moedas sociais no país ocorreu no final da década de noventa, com a metodologia
desenvolvida pelo Banco Palmas, no Conjunto Palmeiras em Fortaleza-CE. A partir daí,
registram-se grandes avanços no campo das finanças solidárias enquanto referencial no
desenvolvimento de comunidades vulneráveis tanto social como economicamente. Um
grande avanço na área de abrangência da Economia Solidária foi a criação, em 2003, da
Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), vinculada ao Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE); e o reconhecimento dos BCD e das moedas sociais por
parte do Banco Central do Brasil, assim como da criação da Rede Brasileira de Bancos
Comunitários.
O reconhecimento das finanças solidárias enquanto instrumento referencial
no desenvolvimento territorial legitima as importantes tecnologias sociais que têm
contribuído na reflexão dos problemas e anseios coletivos, entendendo-se que esta
melhoria está intimamente vinculada à visão de desenvolvimento local, baseado na
solidariedade, sustentabilidade e cooperação.
Desta forma, este trabalho analisa o processo de desenvolvimento territorial
a partir da implantação do Banco Comunitário de Desenvolvimento Jardim Botânico e
da utilização de uma moeda social, a Orquídea, na Comunidade São Rafael, na cidade
de João Pessoa-PB, medindo-se os índices de bem estar de seus moradores a partir da
Felicidade Interna Bruta – FIB.
O processo de implantação, gestão e execução das atividades do Banco
Comunitário de Desenvolvimento Jardim Botânico, com a utilização da moeda social
Orquídea na comunidade São Rafael, em João Pessoa-PB, tem sido acompanhada e
orientada pela Incubadora de Empreendimentos Solidários – INCUBES/UFPB, assim
como por instituições da própria comunidade, como o Centro Popular de Cultura e
Comunicação – CPCC.
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
Os acompanhamentos, pesquisas e estudos da INCUBES junto à
comunidade São Rafael tem buscado uma reflexão das atividades realizadas, seja a
partir do estudo de outras experiências espalhas pelo Brasil, seja através da participação
em reuniões do conselho gestor do banco, realização de entrevistas e pesquisas
estruturadas e semiestruturadas, e dentre outras.
A pesquisa apresenta características qualitativas e quantitativas. Com o uso
de pesquisas estruturadas, através da aplicação de questionários da FIB adaptados para a
comunidade em estudo, e entrevistas semiestruturadas com moradores e lideranças
comunitárias, onde são avaliados quatro indicadores (economia, cultura, meio ambiente
e boa governança), distribuídos em nove dimensões (bem estar psicológico, uso do
tempo, vitalidade comunitária, diversidade cultural, saúde, educação, diversidade e
resiliência ecológica, padrão de vida e boa governança). Para tanto, a seguir será
apresentada uma reflexão sobre os Bancos Comunitários de Desenvolvimento enquanto
ferramenta do desenvolvimento territorial, Felicidade Interna Bruta, a comunidade São
Rafael e o Banco Comunitário de Desenvolvimento Jardim Botânico e uma análise
preliminar a partir dos dados da pesquisa FIB na comunidade.
FELICIDADE INTERNA BRUTA
A felicidade tem-se constituído, ao longo do tempo, enquanto um conceito
que associa subjetividade e simplicidade. É difícil encontrarmos uma unificação
conceitual e caracterização específica para o termo Felicidade. Por apresentar uma
característica subjetiva, a felicidade também está intimamente ligada à situação de bem-
estar individual e/ou coletiva, em que a formação do individuo, suas crenças, valores,
culturas e o meio em que vive contribuem para o alcance do que seja a felicidade para
cada pessoa.
Apesar desta peculiaridade, a felicidade continua sendo algo desejado e
procurado por todos. A Felicidade Interna Bruta – FIB apresenta-se enquanto um novo
indicador social na medida em que busca explicar aspectos da realidade social abstratos,
utilizando-se de dados quantitativos e qualitativos.
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
Lustosa e Melo (2010) resumem as limitações que o PIB apresenta para
medir o desenvolvimento, indicando que
Um grupo de economistas e cientistas liderado por Joseph Stiglitz,
ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2001, acreditam que o
Produto Interno Bruto (PIB) é uma ferramenta limitada para medir o
progresso das sociedades, uma vez que não consegue mensurar, com
eficácia, o bem-estar social de uma nação por meio dos resultados
desejados em todas as suas políticas implementadas para tal fim. Ao
resumir toda a atividade econômica, o PIB não faz distinção entre
itens que são “custos” e itens que são “benefícios”. (LUSTOSA E
MELO, 2010, p. 36)
O período do milagre econômico6 brasileiro, de 1968 a 1973, é um bom
exemplo histórico de que crescimento econômico não reflete, necessariamente, em
desenvolvimento. Isso pode ser evidenciado por uma frase muito utilizada pelos
dirigentes do período, em que “a economia ia bem, mas o povo ia mal”. (LACERDA,
2013, p. 125).
De acordo com Dowbor (2008), é necessário construirmos novos
indicadores que objetivem a qualidade de vida da sociedade, assim como destaca a
importância da participação do individuo na busca do bem-estar, como se pode ver
Grande parte do nosso sentimento de impotência frente às dinâmicas
econômicas vem do fato que simplesmente não temos instrumentos
para saber qual a contribuição das diversas atividades para o nosso
bem-estar. O clamor quase histérico da mídia por alguns pontos
percentuais suplementares de crescimento do PIB age sobre a angústia
generalizada do desemprego, e tira o nosso foco do objetivo principal
que é a qualidade de vida da sociedade, deixando as pessoas confusas
e mal informadas. Pessoas desinformadas, naturalmente, não
participam. Não há democracia econômica sem informação adequada
sobre as dinâmicas e os resultados que realmente importam. A
construção de novos indicadores de riqueza é um eixo particularmente
importante neste sentido. (DOWBOR, 2008. p. 20)
Dada a necessidade da criação de outras metodologias que englobem o
desenvolvimento social e econômico como meta principal, outros países estão adotando
métodos diferentes dos convencionais, a exemplo do Índice de Progresso Genuíno no
6 Ver mais em GREMAUD, Amaury Patrick; VASCONCELOS, Marco Antonio Sandoval de; TONETO
JR, Rudnei. Da Crise ao Milagre (1960-1973). In: Economia brasileira contemporânea. 4. ed. São
Paulo: Atlas, 2002, p. 384-409.
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
Canadá
7, do World Database of Happyness na Holanda
8, do Happy Index Planet na
Europa9, do Índice de Desenvolvimento Humano da Organização das Nações Unidas
10,
e dentre outros.
É neste contexto que a FIB11
surge enquanto indicador social, entendendo-se
que o desenvolvimento deve promover a felicidade coletiva, assim como a noção de que
o principal objetivo de uma sociedade deve está voltado para a combinação do
desenvolvimento material com o bem-estar psicológico, vitalidade comunitária,
educação, saúde, segurança e dentre outros aspectos do viver bem. Ao acrescentar um
conjunto de variáveis que descreve e analisa a verdadeira situação de uma população,
esses indicadores permitem a formulação, planejamento e a aplicação de políticas
públicas direcionadas especificamente para determinado aspecto da sociedade, com a
finalidade de se alcançar um grau satisfatório de bem-estar do conjunto da população.
Em 1972 o rei Jigme Syngie Wangchuck, em seu discurso de coroação,
propôs prioridades voltadas para a felicidade como forma de garantir o desenvolvimento
do país. Logo, a felicidade das pessoas passou a ser a meta diretriz do desenvolvimento
e seu reinado serviu como um cenário de preparação para a introdução de novas
políticas de descentralização. Foi só com o seu sucessor, o rei Jigme Khesar Namgyel
Wangchuck, que a FIB se torna uma política pública no Butão, e é utilizada pelo
Governo como propulsora das políticas públicas, objetivando melhorias nos aspectos
sociais, econômicos e ambientais.. (SILVA, p.42, 2011).
7 O Índice de Progresso Genuíno (Genuine Progress Indicador) mensura o crescimento econômico de um
país, considerando o bem-estar de seus habitantes e incluindo informações sobre o meio ambiente. Ver
mais em: <http://genuineprogress.net/genuine-progress-indicator/>. 8 O Banco de dados Mundial da Felicidade (World Database of Happyness) fornece informações sobre o
grau de felicidade em diversos países, medindo a felicidade a partir de métodos variados, reunindo uma
visão geral de publicações científicas sobre felicidade. Ver mais em: <
http://worlddatabaseofhappiness.eur.nl/>. 9 O Índice Planeta Feliz (Happy Planet Index) considera medidas de expectativa de vida (saúde),
satisfação com a vida (bem-estar e felicidade) e uma “pegada ecológica” (meio ambiente). Ver mais em:
< http://www.happyplanetindex.org/>. 10
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) considera dados sobre expectativa de vida ao nascer,
educação e PIB per capita. É também uma medida comparativa que classifica os países pelo grau de
desenvolvimento humano. Ver mais em:< http://www.pnud.org.br/IDH/DH.aspx>. 11
A FIB foi desenvolvida pelo Centro de Estudos do Butão, fundado pelo Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento – PNUD. Suas pesquisas são voltadas para economia, história, religião, cultura,
sociedade, política, meio ambiente e outros aspectos da vida. Ver mais em:
<http://www.bhutanstudies.org.bt/>.
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
A partir da experiência desenvolvida pelo Butão com a FIB, o mesmo tem
sido referenciado como modelo na construção de novas metodologias para medir o
desenvolvimento de um país ou de uma comunidade, inspirando diversos locais e
instituições a construir, replicar e difundir essa metodologia.
No Brasil, a disseminação ocorre por meio do Instituto Visão Futuro12
, por
intermédio da antropóloga Susan Andrews, com ações iniciais nos municípios de
Angatuba e Itapetininga, no interior de São Paulo. De acordo com Silva (2011), a FIB
também tem ganhado amplo espaço de aceitação, pois “além de instituições sociais,
públicas e de ensino, empresas privadas aderem ao novo conceito, a Icatu Seguros e a
Natura são um exemplo”. (SILVA, 2011, p.50-51).
A FIB é formada por nove dimensões (bem estar psicológico, uso do tempo,
vitalidade comunitária, diversidade cultural, saúde, educação, diversidade e resiliência
ecológica, padrão de vida e boa governança), sendo consideradas fundamentais para o
alcance da qualidade de vida, do bem estar e da felicidade coletiva.
Analisando as dimensões, verifica-se que:
1) Pela dimensão do bem estar psicológico é possível analisar questões
referentes ao equilíbrio emocional, espiritualidade e fatores psicológicos que cada
indivíduo tem em relação a sua própria vida, uma vez que se as pessoas não estão bem
psicologicamente isso se refletirá em outros aspectos da vida cotidiana.
2) Na dimensão padrão de vida é avaliado a segurança e controle financeiro,
a renda individual e familiar, a propriedade habitacional e se participa de algum
programa de redistribuição de renda do governo. Esta dimensão reflete à base material
de bem-estar o no nível de consumo do indivíduo.
3) O uso do tempo aborda questões relacionadas ao tempo dedicado ao
lazer, as atividades que gostam e a socialização com familiares, amigos e com os
vizinhos. O domínio do uso do tempo apresenta uma boa contribuição para o alcance da
qualidade de vida, uma vez que a avaliação se dá com o tempo gasto com atividades
fora do ambiente de trabalho, o que pode aumentar os níveis de felicidade.
12
O Instituto Visão Futuro tem objetivado a disseminação de uma nova visão voltada para o
desenvolvimento integral do ser humano. Ver mais em:
<http://www.visaofuturo.org.br/podervisao/objetivos.html>.
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
4) Pela vitalidade comunitária é possível verificar a sensação de
pertencimento na comunidade, a participação em festividades e reuniões comunitárias, a
segurança e as relações de apoio social e confiança entre as pessoas. Esta dimensão
avalia o convívio e participação dentro da comunidade, bem como sua relação e
percepção quanto à comunidade. Incluiu-se questões referentes ao conhecimento e
utilização dos serviços do Banco Comunitário de Desenvolvimento Jardim Botânico e
da moeda social Orquídea.
5) A diversidade cultural está relacionada as festividades e tradições locais,
habilidades artístico/cultural, assim como trás a percepção de alguns valores e princípios
da vida. Em que a qualidade de vida é, também, pensada através do fortalecimento de
suas histórias, costumes, saberes e identidades.
6) Na dimensão da saúde é analisado a percepção do indivíduo quanto a sua
saúde, satisfação com os serviços de saúde na comunidade, a prática de exercícios
físicos e o consumo de bebidas alcoólicas e de cigarro. Acreditasse que o estado de
saúde da população, também, afeta os níveis de felicidade.
7) Para a educação considera-se a percepção da qualidade do ensino e sua
perspectiva do grau mais alto de educação que gostariam de concluir, além disso, os
aspectos de conhecimento popular, costumes e saberes também são inclusos nessa
dimensão.
8) A Diversidade e a Resiliência Ecológica avalia os principais problemas
enfrentados pela comunidade, como lixo, poluição do ar, habitação, reciclagem, como
também respeito as diferenças políticas, religiosas, de gênero, etnia e econômicas.
9) E por fim, tem-se a boa governança que apresenta a percepção da
população no que diz respeito a avaliação do governo, políticos, corrupção, fontes de
informação política e ao envolvimento dos eleitores nas decisões e processos políticos.
Nas dimensões da FIB o senso de propósito comum está presente, o que tem
permitido que qualquer pessoa, independentemente do seu nível de escolaridade, possa
acompanhar e monitorar os seus dirigentes no que diz respeito ao cumprimento das
metas propostas.
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
BANCOS COMUNITÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO ENQUANTO
FERRAMENTA DO DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL
A vulnerabilidade social e a carência de políticas públicas de inclusão,
especialmente as de cunho financeiro, dá espaço para o crescimento da economia
solidária pelo Brasil.
Dois desafios, em geral, são encontrados nos ambientes propícios as práticas
de economia solidárias: o primeiro decorre da dificuldade de acesso ao sistema
financeiro, tanto para acesso a empréstimos, como para quaisquer tipos de
movimentações (pagamento de conta de energia, recebimento do bolsa família, e dentre
outros), uma vez que em comunidades empobrecidas não existem bancos
convencionais, bancos comerciais privados e/ou públicos; o segundo consiste no
desenvolvimento de laços de confiança mútua entre os praticantes da economia
solidária, a fim de gerar a visão de dar e receber ajuda, tendo em vista que vivemos em
ambientes que nos condicionam concorrência, principalmente dos que partilham do
mesmo rumo de atividade. (SINGER, 2013, p. 35).
Desta forma, os Bancos Comunitários de Desenvolvimento (BCD), incluso
no campo das finanças solidárias13
, assumem importantes papeis enquanto instrumento
de política pública da economia solidária, uma vez que esta organização comunitária
passa a se articular para a superação dos desafios, contribuindo para a melhoria da
qualidade de vida dos indivíduos de comunidades excluídas do sistema financeiro
tradicional.
De acordo com a definição da Rede Brasileira de Bancos Comunitários
(2006), os bancos comunitários de desenvolvimento são serviços financeiros solidários
em rede de natureza associativa e comunitária, voltados para a geração de trabalho e
renda na perspectiva da reorganização das economias locais, tendo por base os
princípios da Economia Solidária. Tem como objetivo dinamizar as economias locais,
13
Finanças solidárias está voltada para a criação de ferramentas financeiras que promovem o
desenvolvimento integrados de territórios. Ver mais em BANCO PALMAS 15 anos: resistindo e
inovando/ núcleo de economia solidária – NESOL-USP e Instituto Palmas. São Paulo: A9 Editora, 2013.
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
promover o desenvolvimento do território e fortalecer a organização comunitária a
partir da oferta de serviços financeiros.
Como forma de otimizar as ações e propostas dos BCD, são criadas moedas
sociais de circulação local, com delimitação em seu próprio território. Estimulam o
consumo local, possibilitando que a riqueza gerada em determinado território possa
circular entre as suas intermediações, nas mercearias, nas lojas, nas feiras, e entre os
pequenos empreendimentos, aumentando o poder de comercialização, estratégia para
incentivar o consumo local. A moeda social tem lastro em Real (R$), em que cada
moeda social emitida encontra-se no banco comunitário seu valor expresso em real.
A COMUNIDADE SÃO RAFAEL E O BANCO COMUNITÁRIO DE
DESENVOLVIMENTO JARDIM BOTÂNICO
A comunidade do São Rafael está inserida no bairro do Castelo Branco III, é
limitada pela bacia do Rio Jaguaribe, pela BR 230 e pela Avenida Dom Pedro II, no
município de João Pessoa-PB. É uma área classificada como invadida/barreira, sopé, de
encosta, e sujeita a inundação, sendo do ponto de vista social vulnerável. Em 2013, a
Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura Municipal de João Pessoa contabilizou
1.430 pessoas residindo na comunidade, destas 692 do sexo masculino e 738 do sexo
feminino. (LUCENA, 2013).
FIGURA 1 – Vista aérea da comunidade São Rafael.
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
Fonte: Acervo do CPCC.
A organização comunitária do São Rafael tem dado atenção para a melhoria
do bairro, que através do Centro Popular de Cultura e Comunicação – CPCC14
buscam o
desenvolvimento local e sustentável da comunidade, possuindo assim uma ação
intersetorial de atividades. A proposta de um BCD deu-se como forma de fomentar e
reorganizar as relações econômicas locais. As discussões e formações para implantação
do Banco Comunitário tiveram início em 2011, contando com o apoio da Incubadora de
Empreendimentos Solidários - INCUBES/UFPB e da Incubadora Tecnológica de
Economia Solidária - ITES/UFBA15
, evidenciando a importância da presença de
parceiros externos que acompanhem e auxiliem estas iniciativas. Em 2012 foi criado o
Conselho Gestor do Banco, com representação de moradores, comerciantes e
instituições sociais da comunidade.
Em votação realizada na comunidade, foi escolhido “Jardim Botânico”
como o nome do banco e “Orquídea” para o nome da moeda social para circulação na
comunidade. Já para os nomes e imagens das moedas foi realizado um concurso na
Escola Estadual de Ensino Fundamental São Rafael, em que as moedas carregam
desenhos feitos por crianças de alguns pontos da comunidade. O lançamento da moeda
Orquídea aconteceu no II Encontro Nordestino de Incubadoras de Economia Solidária,
em 2012. Já a inauguração do Banco Comunitário de Desenvolvimento Jardim Botânico
– BCDJB ocorreu em abril de 2013, com sede na comunidade São Rafael. A partir da
iniciativa de criação do Banco, a comunidade tem melhor se organizado e com o apoio
do BCD tem ganhado visibilidade, agregando novos parceiros e abrindo espaço para
novos projetos implantados na comunidade, a exemplo do banco de alimentos, quintais
solidários, cursos e atividades educacionais, projeto de reciclagem com catadores, e
dentre outros.
14
O CPCC foi fundado em 2005 com o objetivo de estimular o desenvolvimento sociocultural da
Comunidade São Rafael atua com a Rádio Comunitária Voz Popular, o grupo produtivo da Padaria
Comunitária e com o Banco Comunitário de Desenvolvimento Jardim Botânico. 15
A INCUBES desenvolve um trabalho de incubação territorial, em parceria com a ITES, que é a
responsável pela execução e difusão dos Bancos Comunitários na região Nordeste da Rede Brasileira de
BCD, por meio de editais da Secretaria Nacional de Economia Solidária – SENAES.
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
METODOLOGIA
A coleta dos dados deu-se com a aplicação de questionários desenvolvidos
pelo Centro de Estudos do Butão e adaptados para a comunidade São Rafael,
considerando sua diversidade organizacional e cultural. O questionário abrange questões
fechadas e abertas, com a inclusão de perguntas relacionadas ao Banco Comunitário de
Desenvolvimento Jardim Botânico e da utilização da moeda social Orquídea, buscando
caracterizar as nove dimensões da Felicidade Interna Bruta.
A aplicação dos questionários16
ocorreu no período compreendido de
setembro a novembro de 2013, por meio de entrevista oral e com o propósito inicial de
atingir todas as residências da comunidade. No entanto, diversas casas encontraram-se
fechadas, sendo justificado pelo horário de trabalho, estudo e/ou compromissos externos
dos moradores. Por conta disso, o estudo preliminar trás uma amostra de 130
questionários. Conforme a tabela 1, as maiores amostras de entrevistados referem-se às
ruas de maior extensão territorial. Destaca-se ainda que as respostas dos questionários
foram trabalhadas e analisadas no software estatístico SPSS 17.0
TABELA 1 – Número absoluto e relativo dos entrevistados, distribuídos por rua. RUA FREQUÊNCIA %
Arquivista Jonathas Carecas 58 44,6
Rio Amazonas 26 20,0
Casas Novas 7 5,4
23 de Agosto 1 0,8
Beija Flor 10 7,7
Rio Paraíba 3 2,3
Vila da Saudade 8 6,2
Vila do Sossego 1 0,8
Rio Tocantins 10 7,7
Liberdade 2 1,5
Ipiranga 2 1,5
Não Informado 2 1,5
TOTAL 130 100,0
Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.
16
Os questionários foram aplicados na comunidade por alunos da INCUBES, coordenador e agentes de
crédito do BCDJB e por moradores da própria comunidade, representados pelo CPCC. Vale destacar que
inicialmente os questionários foram discutidos entre a equipe e testados com alguns moradores da
comunidade, objetivando adaptações de perguntas, vocabulário e da estratégia das entrevistas.
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
ANÁLISE PRELIMINAR:
1 – Bem estar Psicológico:
Para análise do bem estar psicológico, optou-se por indagar os
entrevistados, tanto ao inicio quanto ao fim da pesquisa, sobre uma autoavaliação de sua
felicidade e, em seguida qual o seu grau. Verificou-se, pela tabela 2, que 93,1% dos
entrevistados julgavam-se felizes no início da pesquisa, já ao final da pesquisa
verificou-se que esse número caiu para 89,2%. A colocação da pergunta ao inicio e ao
fim da pesquisa teve como propósito de verificar se, após responder ao questionário da
FIB, a analise dos diversos aspectos da vida contribuiria para mudança da avaliação de
felicidade. Percebe-se que o número de pessoas que não informaram aumentou de 3,1%
para 6,2%, o que pode ter deixado as pessoas com dúvidas, ao final da pesquisa, sobre a
autoavaliação de felicidade.
Tabela 2 – Autoavaliação de felicidade – inicio e fim da pesquisa. Julga-se Feliz Frequência %
Inicio da pesquisa
Sim 121 93,1
Não 5 3,8
Não informado 4 3,1
TOTAL 130 100,0
Ao fim da pesquisa
Sim 116 89,2
Não 6 4,6
Não informado 8 6,2
TOTAL 130 100,0
Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.
Com relação ao grau de felicidade, verifica-se pelo gráfico 1 que as pessoas
que se consideravam não muito feliz e feliz diminuíram, quando comparado os
resultados do início e do fim da pesquisa, de 3,1% para 2,3% e de 14,6% para 10,0%,
respectivamente. Enquanto que houve um aumento para as pessoas que se consideravam
muito feliz e as que não informaram, de 80% para 82,3% e de 2,3% para 5,4%. Quando
questionadas, algumas pessoas que se consideram felizes ou muito felizes relacionavam
este sentimento ao convívio familiar, as relações de amizade construídas na comunidade
e por gostarem de onde moram. Já as pessoas que se consideravam não muito felizes
relacionavam a problemas de segurança, drogas e poluição.
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
Gráfico 1 – Grau de Felicidade
Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.
Com relação à religião, verificou-se que a maior participação entre os
entrevistados são de católicos (56,9%), seguido de evangélicos (31,5%), os que não têm
(6,2%), não informaram (3,1%), outros (1,5%) e religião afro descendente (0,8%).
Destes, 70% costumam frequentar espaços religiosos e 85,4% encontra-se com amigos e
familiares com frequência.
Analisando a perda de sono com preocupações, 52,3% dos entrevistados as
vezes perdem o sono, 23,8% sempre, 17,7% nunca, 3,8% diariamente e 2,3% não
responderam. Relacionando a perda de sono com o sentimento de cansaço ou estresse,
verificou-se que das pessoas que nunca perdem sono com preocupações, 60,9% às vezes
se sentem cansadas ou estressadas. Já as que sempre perdem o sono com preocupações,
71% às vezes se sentem cansadas ou estressadas. Alguns atribuem a perda de sono ao
estresse e cansaço com as preocupações diárias, a problemas familiares e a dificuldades
financeiras.
2 – Padrão de Vida:
Em relação ao padrão de vida da comunidade, verifica-se que a situação
financeira tem melhorado ao longo do tempo. Em que 66,2% consideram que a situação
financeira da família melhorou, 26,9% indicam que permaneceu a mesma coisa, 4% diz
que diminuiu e 2,3% não informaram. Relacionando este resultado com a renda atual da
família, verifica-se pela tabela 3 que as pessoas que indicaram que a situação financeira
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
da família melhorou, 44,2% tem um renda entre 1 e 2 salários mínimos e apenas 1,2%
possui um renda inferior a 1 salário mínimo. As pessoas que avaliaram que a situação
financeira da família permaneceu a mesma coisa, 60% possuem uma renda de 1 salário
mínimo e 11,4% inferior a 1 salário mínimo. Já os que indicaram que situação
financeira da família diminuiu, 66,7% possui um renda familiar entre 1 e 2 salários
mínimos e 16,7% possuem uma renda de 1 salário mínimo e inferior ao mesmo.
Tabela 3 – Relação da situação financeira da família nos últimos anos com a renda
atual da família. Renda atual da família Total
Inferior a
1 salário
mínimo
1 salário
mínimo
Entre 1 e
2 salários
mínimos
Entre 2 e
3 salários
mínimos
Acima de
3 salários
mínimos
Situação
financeira da
família nos
últimos anos
Melhorou 1
(1,2%)
23
(26,7%)
38
(44,2%)
22
(25,6%)
2
(2,3%)
86
(100%)
Permaneceu
a mesma
coisa
4
(11,4%)
21
(60%)
10
(28,6%)
0
(0%)
0
(0%)
35
(100%)
Diminuiu 1
(16,7%)
1
(16,7%)
4
(66,7%)
0
(0%)
0
(0%)
6
(100%)
Total 6
(4,7%)
45
(35,4%)
52
(40,9%)
22
(17,3%)
2
(1,6%)
127
(100%)
Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.
Já pelo gráfico 2, ver-se que há uma predominância na renda familiar que
varia entre 1 e 2 salários mínimos (40%), seguido de uma renda de 1 salário mínimo
(34,6%) e entre 2 e 3 salários mínimos (16,9%). O que indica dizer que outros membros
da família também têm buscado fontes de renda, além dos benefícios advindos das
esferas de governo, em que 50% indicam que recebem. Quando questionados sobre
quais benefícios recebem, muitos indicaram bolsa família e aposentadoria. Verificou-se
também que 70,8% consideram que a renda familiar é suficiente para manter as
necessidades cotidianas, 25,4% consideraram ser insuficiente, 1,5% mais que suficiente
e 2,3% não informaram. Além disso, os resultados indicam que a população consegue
se equilibrar financeiramente, uma vez que controlam o orçamento familiar e poupam
algum dinheiro, 68,5% e 53,1%, respectivamente.
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
Ainda no que diz respeito ao padrão de vida, 80,8% das pessoas moram em
habitações próprias, 13,1% não e 3,1% não informaram. Dos que não moram em
residências próprias, 72% estão em situação de aluguel.
Gráfico 2 – Renda atual familiar
Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.
3 – Uso do tempo:
Nesta dimensão, a amostra da população do São Rafael induziu que seus
moradores não usam seu tempo, em uma semana, com atividades que gostam. Pelo
gráfico 3, verifica-se apenas 6,9% usam toto o tempo com atividades que gotam, 20,8%
a maioria do tempo, 26,2% parte do tempo e 43,1% usam pouco tempo ou nunca usam
com atividades que gostam.
Além disso, ao término de um dia, 48,5% das pessoas dizem ter realizado as
atividades que tinham a intenção de realizar, enquanto que 46,9% avaliam que não
conseguem. Quando questionadas, relacionam este fato a má administração do tempo,
por problemas de saúde e excesso de atividades de casa.
Em questões de múltipla escolha sobre como utilizam o tempo de lazer na
comunidade, 31,5% utilizam como amigos, 22,5% com vizinhos, 54,6% com a família,
9,2% na praça e 17,7% indicaram outros.
Gráfico 3 – Tempo utilizado com a realização de atividades que gostam.
Referência: semana
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.
4 – Vitalidade Comunitária:
Verifica-se que o sentimento de pertencimento da comunidade está presente
ente os moradores, em que 82,3% se sentem parte da comunidade, 14,6% não se sentem
parte e 3,1% não responderam. Essa sensação de pertencimento apresenta-se de regular
a forte, 30,8% e 30%, respectivamente.
Quando indagados sobre o Banco Comunitário de Desenvolvimento Jardim
Botânico, 61,5% declararam que conhecem, 35,4% não conhecem e 3,1% não
informaram. Relacionando o sentimento de pertencimento com o conhecimento do
Banco, observa-se na tabela 4 que das pessoas que se sentem partem da comunidade,
66,4% conhecem o banco comunitário. Já com relação às pessoas que não se sentem
parte da comunidade, 47,4% conhecem.
Tabela 4 – Relação de pertencimento da comunidade e conhecimento do BCDJB Conhece o Banco Comunitário
Jardim Botânico? Total
Sim Não
Sente-se parte da
comunidade?
Sim 71
(66,4%)
36
(33,6%)
107
(100%)
Não 9
(47,4%)
10
(52,6%)
19
(100%)
Total 80
(63,5%)
46
(36,5)
126
(100%)
Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.
Com relação à moeda social Orquídea, a mesma já foi utilizada por 16,2%
dos moradores da amostra, enquanto que 80,8% ainda não utilizou e 3,1% não
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
informaram. Já os demais serviços do banco, apenas 7,7% dos entrevistados já haviam
utilizado algum serviço do banco, 86,2% não utilizaram e 6,2% não informaram. Pela
tabela 5, verifica-se que tanto as pessoas que conhecem o banco comunitário quanto as
que não o conhecem, acham que o mesmo trará benefícios para comunidade,
respectivamente, 95,9% e 90,5%.
Tabela 5 – Relação de conhecimento do BCD com os possíveis benefícios do mesmo O Banco Comunitário trará
benefícios para a comunidade? Total
Sim Não
Conhece o Banco
Comunitário?
Sim 71
(95,9%)
3
(4,1%)
74
(100%)
Não 38
(90,5%)
4
(9,5%)
42
(100%)
Total 109
(94%)
7
(6%)
116
(100%)
Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.
Quando questionados sobre a segurança na comunidade São Rafael, 50% se
sentem seguros em morar na comunidade, 18,5% bastante seguro, 14,6% inseguros,
13,8% pouco seguro e 3,1% não informaram. Quanto aos apoios disponíveis quando
precisa, verificou-se que na maior parte do tempo são encontrados para ir ao médico
(64,6%), quando enfrenta problemas pessoais (48,5%), quando necessitam de ajuda para
realizar atividades diárias quando está doente (56,2%) e pelo amor e afeto que recebem
(63,8%), sendo oferecidos, muitas vezes, pelo cônjuge, filhos, amigos e vizinhos,
mostrando o quanto a comunidade é solidária. Já, 68,5 dos entrevistados afirmaram que
raramente participam de festividades, reuniões sociais e atividades comunitárias na
comunidade. O que também é confirmado pela baixa participação em organizações
comunitárias (15,4%). Das pessoas que participam de organizações comunitárias, 52,6%
se sentem representados pela associação de moradores, enquanto que os não participam,
40,7% se sentem representados.
5 – Diversidade Cultural:
Dentre as festividades locais consideradas como sendo as mais importantes
pelos moradores, destacam-se a festa do dia crianças e do dia das mães, o primeiro café
da manhã solidário do ano na comunidade, carnaval com blocos, desfile cívico da
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
Escola São Rafael, natal solidário, festividades da igreja e São João, além disso, alguns
também consideram como eventos importantes as palestras feitas na comunidade. Vale
destacar que muitas destas atividades são organizadas pelo Banco Comunitário em
parceria com o CPCC.
A realização de atividades artísticas, culturais, musicais e esportiva é
realizada por 20% da população em estudo, enquanto que 75,4% não realizam nenhuma
e 4,6 não informaram. Entre as atividades que são realizadas, destacam-se artes
marciais, artesanato, caminhada, ciclismo, confecção de materiais carnavalescos,
participação no coral da igreja, teatro, corrida, dança, fisioterapia para idosos, futebol,
futsal, judô, vôlei, academia e pesca.
Quando perguntados sobre alguns valores e princípios da vida, verificou-se
pelo gráfico 4 que grande parte das respostas manteve-se em um grau de muito
importante, apresentando os melhores resultados para casa própria (90,8%),
responsabilidade (89,9%) e honestidade (88,4%). As respostas de importante
priorizaram a riqueza (26,2%), segurança financeira (20,7%) e as amizades (20%).
Enquanto que as não importantes estavam à riqueza (13,1%), amizades (6,2%) e a
segurança financeira (6,2%).
Gráfico 4 – Valores e principios da vida
Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
E pelo gráfico 5, demonstra-se a relação de atividades entre homens e
mulheres na comunidade, 90,8% das pessoas indicam que os homens devem ajudar nas
tarefas de casa, 88,5% afirmam que as mulheres conseguem conciliar o trabalho
doméstico com o trabalho fora de casa e 67,7% discordam que um homem deva ganhar
mais do que a mulher, assim como 81,5% concordam que as mulheres são mais
adequadas para o trabalho doméstico do que os homens. Esses resultados mostram o
avanço e a quebra de paradigmas relacionados às mulheres.
Gráfico 5 – Relação de atividade entre homens e mulheres
Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.
6 – Saúde:
Fazendo uma autoavaliação sobre sua saúde, 33,1% consideram sua saúde
boa, 29,2% regular/fraca, 17,7% excelente, 15,4% muito boa e 4,6% não informaram.
As pessoas que fumam correspondem a 15,4%, sendo que 83,3% destas fumam
diariamente, 5,6% com certa freqüência e 11,1% raramente fumam. Relacionando as
pessoas que fumam ou não com a autoavaliação de saúde, verifica-se pela tabela 6 que
das pessoas que fumam, 50% consideram sua saúde regular/fraca e dentre as pessoas
que não fumam, 36% consideram sua saúde boa.
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
Tabela 6 – Relação das pessoas que fumam ou não com a autoavaliação de saúde.
Sua saúde é? Total
Excelente Muito boa Boa Regular/fraca
Fuma?
Sim 2
(10%)
2
(10%)
6
(30%)
10
(50%)
20
(100%)
Não 20
(20%)
17
(17%)
36
(36%)
27
(27%)
100
(100%)
Total 22
(18,3%)
19
(15,8%)
42
(35%)
37
(30,8%)
120
(100%)
Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.
As pessoas que consideram consumir bebidas alcoólicas correspondem a
56,9%, em que destas 52,8% bebem ocasionalmente em comemorações, 40,3% em fins
de semana e 4,2% diariamente. Sendo que 51,8% nunca se sentem intoxicado ou
embriagado, durante os últimos doze meses. As práticas de exercícios diariamente são
feitas por 20% da população, 73,8% não fazem e 5,4% não informaram. E com relação
a satisfação com os serviços de saúde local, 76,9% estão satisfeitos com a limpeza do
local de saúde, 71,5% consideram os funcionários simpáticos e 58,5% estão satisfeitos
com o diagnóstico, indicação de tratamento e medicação recebida na Unidade de Saúde
da Família da comunidade.
7 – Educação:
Com relação à educação, 4,6% dos entrevistados estudam na Escola São
Rafael, 0,8% na EBE17
, 66,2% não estudam, 20% estudam fora da comunidade e 8,5%
não informaram. Relacionado onde as pessoas que estudam e a satisfação com a
qualidade do ensino, percebe-se pela tabela 7 que todos estão satisfeitos com a
qualidade do ensino ofertado, sendo que os que estudam na Escola São Rafael
apresentam a maior satisfação (80%), seguido dos que não estudam (66,2%) e dos que
estudam fora da comunidade (64,7%).
17
Entidade Beneficiente Evangélica da comunidade São Rafael.
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
Tabela 7 – Relação de onde as pessoas estudam e a satisfação com a qualidade do
ensino.
Satisfação com a qualidade do ensino que o entrevistado
e/ou seus filhos recebem. Total
Satisfeito Não muito
satisfeito
Neutro Insatisfeito Não sabe
Onde
estuda?
Escola São
Rafael
4
(80%)
1
(20%)
0
(0%)
0
(0%)
0
(0%)
5
(100%)
EBE 0
(0%)
0
(0%)
0
(0%)
0
(0%)
1
(100%)
1
(100%)
Não estuda 43
(66,2%)
4
(6,2%)
3
(4,6%)
2
(3,1%)
13
(20%)
65
(100%)
Outros/Fora
da
comunidade
11
(64,7%)
3
(17,6%)
1
(5,9%)
1
(5,9%)
1
(5,9%)
17
(100%)
Total 58
(65,9%)
8
(9,1%)
4
(4,5%)
3
(3,4%)
15
(17%)
88
(100%)
Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.
Observando o nível de educação que desejam concluir, verifica-se que
26,9% gostariam de obter uma graduação, 20% não desejam nenhum nível, 16,2% curso
técnico, 12,3% ensino médio, 8,5% ensino fundamental, 6,9% especialização, 2,3%
alfabetização e 6,9 não informaram. Quando perguntado sobre o nome de seus bisavós,
80% não sabiam e apenas 23,1% dos entrevistados já contaram histórias populares para
seus filhos. Grande maioria dos entrevistados (83,1%) sabem como tratar pequenas
doenças, como tosse, dor de cabeça e diarréia, em que destes, 19,2% utilizam-se de
plantas medicinais, mostrando que os conhecimentos e saberes populares estão
presentes na memória da população.
Com relação aos hábitos alimentares, 75,4% dos entrevistados avaliam ter
uma alimentação saudável, em que destes, 73,8% consomem frutas e verduras e 53,1%
ainda as consomem com uma periodicidade diária. As refeições diárias da população
correspondem a mais de três refeições por dia (57,7%), três refeições por dia (30%),
menos de três refeições por dia (5,4%) e não responderam (6,2%).
8 – Diversidade e Resiliência Ecológica:
Os moradores da comunidade São Rafael apresentam um bom
conhecimentos sobre os aspectos ecológicos presentes no entorno da comunidade. Com
relação ao Jardim Botânico, 74,6% dos entrevistados o conhecem 46,9% demonstram
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
certo conhecimento sobre os animais da Mata do Buraquinho, os mais citados são a
preguiça, sagüim, cobra, jacaré e macaco. Quando questionados sobre a importância do
Rio Jaguaribe, 43,1% dos entrevistados consideram importante, 53,1% não acha
importante e 3,8% não informaram. As justificativas para não considerarem o rio
importante estão relacionadas, em grande maioria, ao fato da poluição e das enchentes,
já os que consideram importante atribuem o fato a importância histórica, por ser um
ponto de lazer e referência para comunidade.
Fazendo uma avaliação de quais são os principais problemas enfrentados
pela comunidade, verifica-se pelo gráfico 6 que o tráfico de drogas (57,7%) é apontado
como sendo o principal problema da comunidade, seguido do lixo urbano (14,6%) e de
problemas relacionados a habitação (12,3%).
Gráfico 6 – Avaliação dos principais problemas da comunidade.
Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.
Quando questionados sobre a reutilização de vidros, latas e plásticos, 51,5%
avaliam nunca reciclarem, 21,5% as vezes, 13,1% sempre, 10,8% quase nunca e 3,1%
não informaram. Questionados sobre o porquê, os que reciclaram justifica que ajuda na
fonte de renda da família e ao meio ambiente, enquanto que os que não reciclam não
souberam informar. Já ao destino do óleo de cozinha usado, 58,5% dos entrevistados
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
jogam no esgoto, 3,1% para coleta seletiva, 1,5% destina para a produção de sabão,
33,1% indicam outras formas de destino e 3,8% não informaram.
No que diz respeito a diversidade e as diferenças políticas, religiosas,
gênero, etnia e econômicas, 85,4% avaliam que respeitam, 8,5% não respeitam e 6,2%
não informaram.
9 – Boa Governança:
Compreendendo a governança como a articulação e a cooperação entre
políticos, lideranças comunitárias e a comunidade como um todo, o conhecimento e a
organização comunitária são essenciais para um bom diálogo das demandas locais e a
busca de melhores condições sociais.
Quando questionados sobre o nome dos candidatos políticos do município,
verificou-se que 29,2% sabem, 67,7 não sabem e 3,1% não informaram. Com relação ao
nome dos partidos políticos os valores ficaram bem próximos do nome dos candidatos,
24,6% sabem, 70,8% não sabem e 4,6% não informaram. A maior fonte de informação
política é a televisão (66,9%), seguido da rádio AM/FM (11,5%), da rádio comunitária
(9,2%), jornal/folhetos (2,3%), internet (1,5%), diálogos (0,8%), outros (1,5%) e os que
não informaram (6,2%). Quando perguntados se lembravam em quem votou para
vereador na ultima eleição, 46,9% lembravam, 48,5% não lembram e 4,6% não
informaram. Das pessoas que lembram, 74,6% nunca acompanharam o que o seu
vereador faz no Legislativo Municipal. Já com relação à visita de políticos na
comunidade para conversar e conhecer os problemas locais, 68,2% afirmaram nunca
receberem visitas, 23,1% pouco freqüente, 1,5% constantemente e 6,2% não
responderam.
Avaliando o governo local nos últimos doze meses, verifica-se pela gráfico
7 que o combate a corrupção (66,4%) apresenta o pior desempenho, seguido da criação
de novos empregos (31,5%). As respostas para excelente registraram baixas
porcentagens para todas as categorias analisadas. Para as respostas tidas como regular,
registram-se os melhores desempenhos para o atendimento à educação (42,3%), criação
de novos empregos (39,2%) e melhoria dos serviços de saúde (35,4%).
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
Gráfico 7 – Avaliação do governo local
Fonte: Pesquisa de Campo, São Rafael, set./nov. 2013. Elaboração própria a partir do SPSS.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pela dimensão do bem estar psicológico, percebe-se que os resultados são
positivos, induzindo a uma comunidade em equilíbrio, na qual a espiritualidade e o
equilíbrio emocional são fundamentais para as relações sociais estabelecidas na
comunidade. Além disso, a comunidade apresentou elevado grau de felicidade. Logo,
não existe nenhum indicador avaliado que deve ser considerado como ponto de atenção
estratégico. Pela dimensão do padrão de vida, os resultados têm induzido que houve
uma melhoria na situação financeira, apresentando uma renda familiar suficiente para
manter as necessidades básicas, grande parte da população consideram-se equilibrados
financeiramente, controlando o orçamento e poupando algum dinheiro mensalmente
para situações de emergência. Além disso, 80,8% possuem casa própria, o que
proporciona uma maior estabilidade para os moradores do São Rafael.
A dimensão do uso do tempo mostrou que a população não tem conseguido
administrar bem o uso de seu tempo, no que diz respeito a suas decisões, a execução das
atividades em um dia e ao uso do tempo para a realização das atividades que gostam.
Desta forma, a mesma necessita de uma atenção especial. Como ponto positivo,
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
verificou-se que a utilização do tempo com lazer é priorizada com familiares, amigos e
vizinhos. Na dimensão da vitalidade comunitária, verificou-se que a comunidade São
Rafael apresenta uma boa organização comunitária, necessitando de um maior
envolvimento de seus moradores. O sentimento de pertencimento está presente entre os
moradores. Destaca-se que 61,5% dos moradores conhecem o Banco Comunitário de
Desenvolvimento Jardim Botânico, entretanto, os dados apresentaram uma baixa
utilização da moeda social Orquídea e dos demais serviços do BCD, apontando para a
necessidade de ações estratégicas para os moradores. Verificou-se também que tanto as
pessoas que conhecem o banco quanto as que não conhecem acreditam nas
possibilidades e benefícios que o BCD proporcionará para o desenvolvimento da
comunidade. Destaca-se também a solidariedade presente em seus moradores através de
simples gestos de ajuda ao próximo e dos apoios disponíveis.
A dimensão da diversidade cultural apontou que muitos moradores
conhecem as festividades da comunidade, no entanto a realização de atividades culturais
apresenta uma baixa proporção. As priorizações dos princípios da vida evidenciam os
valores culturais e o modo de vida da comunidade. Grande parte das respostas manteve-
se em um grau de muito importante, com destaque para casa própria e responsabilidade.
O principio da riqueza ficou como não importante, gerando reflexões se realmente a
acumulação de bens materiais é fundamental para atingir bons níveis de felicidade.
Na dimensão da saúde os entrevistados apresentaram-se satisfeitos com os
serviços de saúde local, diagnóstico e medicação recebida. Consideram sua saúde boa e
uma pequena parcela da população fuma, entretanto, mais da metade consome ou já
consumiu bebidas alcoólicas. Alerta-se para as práticas de exercícios físicos, que são
feitas por apenas 20% da população. A dimensão da educação necessita de uma atenção
especial, tanto pela alta proporção de pessoas que não estudam quanto pela alta
proporção de pessoas que se deslocam para outros bairros para estudar. A primeira é
evidenciada pelo desejo das pessoas em continuar estudando, em diversos níveis e
modalidades de ensino. Já a segunda é justificada pelo fato de na localidade a oferta do
ensino público ser restrito ao ensino fundamental, portanto, para continuarem seus
estudo no ensino médio e até mesmo no ensino fundamental procuram as escolas
públicas de bairros próximos a comunidade.
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
Pela diversidade e resiliência ecológica verifica-se que a dimensão apresenta
bons resultados para o conhecimento da diversidade ecológica do entorno da
comunidade. Chama-se a atenção o problema do tráfico de drogas, seguido do lixo
urbano e de problemas relacionados à habitação, necessitando de uma atenção especial.
E por fim, a dimensão da boa governança destaca a boa organização local que tem
buscado novas possibilidades de desenvolvimento local e de diálogo dos principais
problemas enfrentados pela comunidade, no entanto, falta uma maior inserção do poder
público local e dos políticos. Na avaliação do governo, os moradores apontaram a
corrupção como tendo o pior desempenho, seguido da criação de novos empregos.
Em que pese se tratar de uma comunidade pobre de João Pessoa, de forma
geral, 88,5% dos entrevistados se sentem bem na comunidade, por conta da vizinhança,
das amizades ali construídas e pelo local ser calmo. No entanto, quando questionados
sobre oportunidade de mudança, 87,69% indicam que se tivessem oportunidade se
mudariam para outro lugar, 12,30% não se mudariam e 1,5% não informaram. Muitos
dos que indicam que se mudariam relacionam o fato, em sua maioria, aos problemas
analisados na dimensão da diversidade e resiliência ecológica.
REFERÊNCIAS
BANCO PALMAS 15 anos: resistindo e inovando/ Núcleo de Economia Solidária –
NESOL-USP e Instituto Palmas – São Paulo: A9 Editora, 2013.
DOWBOR, Ladislau. Democracia Econômica: alternativas de gestão social.
Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2008.
FRANÇA FILHO, G. e SILVA JUNIOR, J. Bancos Comunitários de Desenvolvimento.
In.: Dicionário Internacional da Outra Economia. São Paulo: Almedina, 2009.
________________ e _______________. Incubação de Redes Locais de Economia
Solidária: lições e aprendizados a partir da experiência do Projeto Eco-Luzia e da
Metodologia da ITES/UFBA. Revista Organização e Sociedade. Salvador, v.16, n. 51,
p. 725-747, out./dez. 2009.
GREMAUD, Amaury Patrick; VASCONCELOS, Marco Antonio Sandoval de;
TONETO JR, Rudnei. Da Crise ao Milagre (1960-1973). In: Economia brasileira
contemporânea. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002, p. 384-409.
GT 6. INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO
LACERDA, Antônio Corrêa de; BOCCHI, João Ildebrando; REGO, José Márcio;
BORGES, Maria Angélica; MARQUES, Rosa Maria, Economia brasileira. 5. ed. São
Paulo: Saraiva, 2013.
LUCENA, Sarah Araújo de. A implantação de um Banco Comunitário de
desenvolvimento: um estudo de caso sobre o processo organizativo comunitário. 2013,
192 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Gestão em Organizações Aprendentes) -
UFPB, João Pessoa, 2013.
LUSTOSA, Alberto Elias; MELO, Lucelena Fátima de. Felicidade Interna Bruta (FIB)
– Índice Sustentável. In: SEPLAN. Conjuntura Econômica Goiana: boletim
trimestral. Goiana, n. 14, abr./jun., 2010. Disponível em: < http://www.seplan.go.gov.br/sepin/down/Conjuntura14.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2014.
MELO NETO, J. J. e MAGALHÃES, S. Bancos Comunitários. In.: Mercado de
Trabalho, Conjuntura e Análise. Brasília: IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada, n. 41, nov. 2009. p. 59-64.
______ ______. Bairros Pobres, Ricas Soluções: Banco Palmas, ponto a ponto.
Fortaleza: Expressão Gráfica, 2008.
SILVA, Fabiana Santos da. Felicidade Interna Bruta (FIB) em Serra Grande, Bahia.
2011, 143 f. Dissertação de Mestrado – IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, Serra
Grande, 2011.
SINGER, Paul. Introdução à Economia Solidária. 1 ed. São Paulo: Editora Fundação
Perseu Abramo, 2002.
______. Finanças Solidárias e Moeda Social. In: Perspectivas e desafios para a
inclusão financeira no Brasil: visão de diferentes autores. Brasília: Banco Central do
Brasil, 2009. P. 69-78.
VANÍCOLA, Cássia Regina. “Índice de Felicidade Interna, o Produto Interno Bruto
das Nações e outros Indicadores Quantitativos: um estudo sobre as suas relações”.
Disponível em:
<http://www.aedb.br/seget/artigos08/323_Indice%20de%20Felicidade%20Interna_SEG
eT.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2014.