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Paolla Clayr de Arruda 1 Cecília Umbelina Roza 2 Resumo O urbanismo e o planejamento urbano têm sido enfoques presentes na vida contemporânea das cidades, auxiliando na possível diminuição dos problemas enfrentados por essas cidades, principalmente as grandes, com o caos da rede urbana no que tange ao ambiental e social. É nesse contexto que Marcelo Lopes de Souza insere suas afirmações. Entretanto, o livro não inicia descrevendo o desenvolvimento urbano, e sim, com o “abecedalho” do urbano, devido a impossibilidade de compreender a cidade sem saber onde, quando e em quais condições a mesma surgiu. O objetivo deste estudo é indicar essas condições, que são apenas algumas a serem consideradas para o pensamento e execução do planejamento urbano, social e ambientalmente preparado. Palavras-chave: Desenvolvimento Urbano, Planejamento das Cidades, ABC do Desenvolvimento Urbano. 1 Graduanda em Arquitetura e Urbanismo pelo Instituto Federal Fluminense, cursando seqüencial em Empreendedorismo e Inovação pela Universidade Federal Fluminense. Email: clayr_arruda@hotmail. com 2 Pós-Graduanda em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça pela Universidade Federal do Espírito Santo e Bacharel em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense. Email: cecilia_roza@ hotmail.com Desenvolvimento urbano em meio à tecnologia e inovação www.revistacontemporaneos.com.br 1

Desenvolvimento urbano em meio à tecnologia e inovação · urbanas. “Com seu ... Nesse contexto de caos urbano, surgem teorias de urbanização de cidades, como as Gardens City

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Paolla Clayr de Arruda1

Cecília Umbelina Roza2

ResumoO urbanismo e o planejamento urbano têm sido enfoques presentes na vida contemporânea das cidades, auxiliando na possível diminuição dos problemas enfrentados por essas cidades, principalmente as grandes, com o caos da rede urbana no que tange ao ambiental e social. É nesse contexto que Marcelo Lopes de Souza insere suas afirmações. Entretanto, o livro não inicia descrevendo o desenvolvimento urbano, e sim, com o “abecedalho” do urbano, devido a impossibilidade de compreender a cidade sem saber onde, quando e em quais condições a mesma surgiu. O objetivo deste estudo é indicar essas condições, que são apenas algumas a serem consideradas para o pensamento e execução do planejamento urbano, social e ambientalmente preparado.

Palavras-chave: Desenvolvimento Urbano, Planejamento das Cidades, ABC do Desenvolvimento Urbano.

1 Graduanda em Arquitetura e Urbanismo pelo Instituto Federal Fluminense, cursando seqüencial em Empreendedorismo e Inovação pela Universidade Federal Fluminense. Email: [email protected] Pós-Graduanda em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça pela Universidade Federal do Espírito Santo e Bacharel em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense. Email: [email protected]

Desenvolvimento urbano em meio à tecnologia e inovação

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Urban development through technology and innovation

AbstractUrbanization and urban planning approaches have been present in the lives of contemporary cities, helping to decrease the possible problems faced by these cities, especially large ones, with the chaos of urban network in relation to environmental and social. In this context, Marcelo Lopes de Souza enters their claims. However, the book does not start describing urban development, and yes, the “abecedalho” of the city, due to inability to understand the city not knowing where, when and under what conditions it arose. The aim of this study is to indicate these conditions, which are just a few to consider for thought and execution of urban planning, social and environmentally prepared. Keywords: Urban Development Planning of Cities, ABC Urban Development.

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“ABC do Desenvolvimento Urbano” (Bertrand Brasil, 2010, 190 p.), escrito pelo professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Marcelo Lopes de Souza, traz a discussão do que faz da cidade uma cidade.

A cidade é um objeto complexo e difícil de definir. Além do mais, as cidades atuam como assentamentos humanos intensamente diversificados, se diferenciando dos assentamentos rurais, como as aldeias e os povoados.

A tecnologia e ciências aplicadas à inovação dos meios de produção provocam discussões e dilemas quando relativizado ao aspecto social da cidade.

No século XVIII, a Revolução Industrial provocou o êxodo da população do campo para as cidades, gerando enormes concentrações urbanas. “Com seu aparecimento, as grandes cidades explodem ou se congestionam, o campo se despovoa, as províncias são violadas no âmago de sua intimidade” (CORBUSIER, 2008, p. 9). Novas classes sociais se formaram: a burguesia industrial e a classe operária assalariada.

Ao longo dos séculos XIX e XX, o processo de urbanização se acelerou e as cidades cresceram bastante. Muitas se transformaram em verdadeiros aglomerados urbanos, onde

perderam seus limites, formando imensas regiões metropolitanas, como Tóquio, no Japão, e a Grande São Paulo, no Brasil.

As migrações internas brasileiras, sobretudo do campo para a cidade, ou mesmo dos pequenos municípios para as cidades maiores, ocorreram em grande proporção e de modo extremamente acelerado e concentrado, do ponto de vista espacial, para a Região Sudeste, especialmente em direção a São Paulo – reflexo do crescimento industrial, econômico e social desigual entre as regiões. (VIEIRA, 2009)

Figura 1: Capa do livro

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A mobilização social, a arquitetura urbana e a pólis fundiram-se diante da perda da liberdade. O sentimento da perda da liberdade promovida pela corrida capitalista do interesse privado e dos prazeres imediatos sobre o domínio público e a satisfação individual é percebido facilmente. Desprovida, a cidade tem sido considerada apenas como valor de troca e circulação de produção. O mesmo acontece com a maneira de ver as edificações, inclusive as que habitamos, com a valorização imobiliária e a não-funcionalidade do uso.

Com o aumento da população, os problemas urbanos, ambientais e sociais também agravaram. O alto número populacional exigia novos espaços para moradias, que não foram pensados anteriormente. Sem habitação, a aglomeração de pessoas em pequenos espaços sem saneamento básico trouxe doenças, segregação social desses novos trabalhadores industriais e problemas ambientais, como a poluição das águas, visto que não havia um sistema de tratamento do lixo e esgoto.

Nesse contexto de caos urbano, surgem teorias de urbanização de cidades, como as Gardens City e as New Towns, e a aplicação destas no planejamento e organização dos espaços, visando ordenar os fatores que dão sentido a cidade.

Assim,

Figura 2: Comunidade de Paraisópolis, São Paulo: conseqüência da rápida urbanização

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muito da teoria urbana desenvolvida nos últimos 50 anos tem sido incapaz de interligar a teoria econômico/ecológica subjacente das cidades aos padrões espaciais que são observados atualmente. O mais importante, contudo, é o impacto dessa mudança de perspectiva sobre a compreensão das cidades para as atividades de planejamento e gestão. (BARCELLOS; BARCELLOS, 2004, p. 141)

Muitas vezes, a área de influência da cidade pode ou não ir além dos limites territoriais da unidade político-administrativa local do qual ela é sede. Entretanto, quando isso acontece, ou seja, quando ela polariza economicamente o seu entorno imediato, sua área de influência sobre as cidades vizinhas torna-se digna de apresentação.

Para entendermos a influência das cidades e da hierarquia existente, o autor volta na história do urbanismo, onde apresenta o período e a causa do surgimento das cidades.

É sabido que, segundo Carlos (2005), os primeiros indícios de cidades datam 8 mil a.C., uma das primeiras cidades foi Jericó, com a concentração de povos nômades em uma área, quando o homem torna-se mais sedentário, abandonando as barracas e trocando-a por casas de barro, rocha e ramos, situadas em locais ribeirinhos com água abundante, pastos perenes e pesca fácil, denominadas aldeias.

O que distingue a cidade da aldeia não é a extensão, nem o tamanho, mas a presença de uma alma da cidade, (...) a coleção de casas aldeã, cada uma com a sua própria história, converte-se num todo conjugado. E este conjugado vive, respira, cresce, adquire um rosto peculiar, uma forma e uma história internas. (GOITIA, 1992)

As cidades necessitavam da produção excedente do interlânde para sobreviverem, tendo tal fator como principal renda do território. Esse sistema, muito facilmente percebido nas cidades medievais, permaneceu até o período da Revolução Industrial, no século XVIII, que trouxe novas formas de pensar e viver na sociedade estabelecida.

É relevante saber que o aparecimento e a proliferação das cidades pelo período antigo, como na Mesopotâmia, vale do Nilo, China e na América das civilizações pré-

Figura 3: Gravura da Idade Média - Produção de

Excedente Agrícola

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colombianas, teve relação não só com as inovações técnicas que permitiram a agricultura e a formação de excedentes alimentares, mas também com mudanças culturais e políticas capazes de alterar a ordem social em geral.

Presentemente, com a urbanização crescente e súbita do campo, em âmbitos econômico, material e cultural, é possível dizer que, de certa maneira, a cidade “está em toda parte”, deixando para trás a oposição campo/cidade em sua versão mais rígida.

Além de uma cidade no território nacional, há a formação e identificação das redes urbanas, na qualidade de centros de difusão, atuando como suportes para a disseminação de bens e idéias, na hierarquia urbana, onde cidades maiores influenciam cidades menores, até chegar ao campo.

Essa estruturação é bem explicada pelo autor Marcelo Lopes de Souza (2010) que exemplifica as condições, demonstradas de forma clara, onde podemos subtrair o conhecimento e entender o funcionamento geral do organismo cidade.

A centralidade de determinada cidade é definida por sua capacidade de ofertar bens e serviços para outros centros urbanos, estabelecendo a área de influência, de natureza econômica, seja pelo apelo tecnológico, turístico, comercial ou institucional traduzido na cidade influente.

Esses fatores são capazes de trabalhar a economia do território, sendo fatores de aglomeração, tanto de população como dos problemas urbanos, e o “maior problema é a ocupação humana espontânea, sem planejamento e obediência às legislações ambiental e urbana”, como aponta Gomes (2009, p. 152).

É nesse momento que o autor usa um capítulo do seu livro para refletir a cidade vista por dentro, com olhar sobre a organização interna da cidade, vista como a chave para alcançar os processos sociais que se envolvem na dinâmica da produção do espaço, capaz de decifrar a cidade como entidade sócio-espacial complexa enquanto produto social.

Figura 4: Desenho de Le Corbusier, executado no pós Segunda Guerra.

“O desastre contemporâneo ou a liberdade da organização

espacial?”

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Como início desse raciocínio, apresenta-se a cidade com seus diferentes tipos de espaços, definidos pelos usos e atividades predominantes, representados no plano de zoneamento municipal.

A existência desse zoneamento, feito muitas vezes sem o conhecimento devido sobre urbanismo ou que aconteceram espontaneamente, podem delimitar os conflitos sociais urbanos, chamada segregação espacial, seja por parâmetros de renda familiar, cultural-lingüístico ou grupo étnico. Tais fatores influem sobre a valorização do espaço utilizado, inclusive sobre seu uso e função, seja habitacional ou comercial, trazendo a diferenciação em matéria de condições de qualidade de vida, em aspectos materiais ou imateriais, como prestígio e poder.

Surgem os dois tipos claros de segregação: a induzida e a auto-segregação. A primeira trata-se das pessoas que não “escolhem” viver aqui ou ali, sendo forçadas a tal escolha, devido à proximidade ao centro urbano e não condição de grandes deslocamentos. A segunda trata-se das pessoas que optam pelo distanciamento do aglomerado urbano, por ter se tornado desagradável, vista como ameaçadora pela violência e caos social.

Figura 5: Adensamento Urbano em Belo Horizonte

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Com o território urbano funcionando intensamente, surgem modelos de organização interna, mas em geral o modelo gráfico não condiz com o real, devido às peculiaridades locais. “As cidades brasileiras começaram a apresentar altas taxas de urbanização, enquanto a legislação e os instrumentos urbanísticos estavam defasados em relação às demandas” (QUINTO JR., 2003, p. 187).

Para alguns, uma cidade “desenvolve-se” ao crescer, ao se expandir, conhecendo a modernização do seu espaço e dos transportes, tendo que ser embelezadas e remodeladas, se esquecendo dos custos sociais e ambientais.

O conceito de planejamento no Brasil é baseado em fatores quantitativos e, por isso, condicionado apenas às variáveis econômicas como o gráfico adiante apresenta. A partir do conhecimento da população em números e onde está a maioria é permitido, no país, saber as políticas a serem aplicadas, como medida paliativa ou emergencial, e não preventiva. Assim, esse índice numérico tem se tornado núcleo de análise das condições de desenvolvimento, erroneamente.

O autor faz a seguinte pergunta: o que é, no entanto, o desenvolvimento econômico? A resposta é que a sua essência é o crescimento econômico combinado com a modernização

Figura 6: Densidade Demográfica no Brasil

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tecnológica, mas que reconhecer o sistema político, os valores e padrões culturais além da organização espacial são fundamentais para o desenvolvimento urbano adequado.

O cidadão, ícone principal do movimento da pólis, também está perdido e sendo substituído pela imagem do contribuinte e do consumidor. Nessa condição de contribuinte ou consumidor de serviços, por exemplo, é que se reivindica a preservação da qualidade de vida.

As novas tipologias espaciais e as cidades, úteis a todos, substituíram as fortalezas, claustros, castelos, torres e igrejas medievais promovendo os lugares da comunicação, da linguagem, da conversa, das festas, da troca de experiências e do compartilhamento do início de um objetivo comuns a todos os cidadãos: a cidade é o desenvolvimento da ágora grega, não a extensão do domínio privado. Multiplicam-se, através da arquitetura e do urbanismo, as instituições e os espaços públicos, como os grandes pórticos onde todos se encontravam.

A cidade é, sobretudo, contacto, regulação, intercâmbio e comunicação. A convicção de que a população pode expandir infinitamente os espaços do assentamento humano é a primeira forma, geograficamente falando, de neutralizar o valor de qualquer espaço. (SENNET, 1991)

A eficiência na gestão de recursos públicos que viabilizem as intervenções urbanas é meio, e não fim, da ação política. O fim está exatamente na construção do espaço da cidade como local da liberdade, do diálogo, realização e do aprimoramento do indivíduo.

A definição de cidade vai além do espaço físico, e o caos da qualidade de vida perpassa a questão ambiental. A cidade é um espaço ético. Desenvolver esse conceito é o propósito inicial do modelo a ser implantado e que tem a educação das pessoas para o agir ético dentro de uma sociedade como vértice. Fisicamente, acreditamos habitar em cidades; espiritualmente, moramos em não-cidades, espaços privados onde estamos, além de tudo, “privados” de liberdade.

A falta de planejamento é um problema real, e o autor usa os últimos capítulos para “quebrar as desculpas” para o não planejamento territorial nacional e apresentar a estratégia da reforma urbana, a fim de obter um desenvolvimento urbano mais autêntico, não afirmando ser esta a única saída, mas o primeiro passo.

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Fontes das Imagens

Figura 1: LIVRARIA NOBEL. Capa do Livro ABC do Desenvolvimento Urbano. Formato jpg. Disponível em: <http://www.livrarianobel.com.br/ch/prod/8180/175/0/abc-do-desenvolvimentourbano.aspx>. Acesso em 8 de outubro de 2011.

Figura 2: SITE JULIO Battisti. Comunidade de Paraisópolis. Formato jpg. Disponível em: <http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/arlindojunior//geografia028_clip_image002.jpg>. Acesso em 10 de outubro de 2011.

Figura 3: SITE História Jaraguá. Gravura da Idade Média. Formato jpg. Disponível em: <http://historiajaragua.blogspot.com/2011_03_01_archive.html>. Acesso em 9 de outubro de 2011.

Figura 4: BLOG NUANCES. Desenho de Le Corbusier. Formato jpg. Disponível em: <nuances-oslugaresdaarquitectura.blogspot.com>. Acesso em 10 de outubro de 2011.

Figura 5: SITE LEONARDO MATOS. Adensamento Urbano. Formato jpg. Disponível em: <http://leonardomattos.com.br/tag/ocupacao-de-solo/>. Acesso em 9 de outubro de 2011.

Figura 6: IBGE Teen. Densidade Demográfica. Formato jpg. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/ibgeteen /pesquisas/demograficas.html>. Acesso em 9 de outubro de 2011.

Referências Bibliográficas

BARCELLOS, Paulo F. BARCELLOS, Luiz F. Planejamento urbano sob perspectiva sistêmica: considerações sobre a função social da propriedade e a preocupação ambiental. Revista FAE. Curitiba: Vol. 7, n° 1, jan./jun. de 2004. p. 129 – 144. Disponível em: <http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_da_fae/fae_v7_n1/rev_fae_v7_n1_10_paulo.pdf>. Acesso em 10 de outubro de 2011.

CORBUSIER, Le. Planejamento Urbano. Tradução de Lúcio Gomes Machado. São Paulo: Perspectiva, 2008, 200 p.

GOITIA, F. C. Breve História do Urbanismo. Lisboa: Editorial Presença, 1992.

GOMES, Maria Laura Monnerat. Ocupação Urbana de Rio das Ostras: Elementos

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Definidores e os Impactos nos Recursos Hídricos. Boletim do Observatório Ambiental Alberto Ribeiro Lamego. Vol. 3, n° 2, jul./dez. de 2009. p. 145 – 161.

QUINTO JR., Luiz de Pinedo. Nova Legislação Urbana e os Velhos Fantasmas. In Revista Estudos Avançados. n 17. 2003. p. 187 – 196. Disponível em: <http://www.scielo.br /pdf/ea/v17n47/a11v1747.pdf >. Acesso em 3 de março de 2011.

SENNETT, Richard. La conciencia del Ojo. Barcelona: Ediciones Versal, 1991.

VIEIRA, Ana Maria. Direito de quem?. Revista Diversa - UFMG. Ano 8, n° 17, ago/2009. Disponível em: <http://www.ufmg.br/diversa/17/index.php/populacoes/direito-de-quem>. Acesso em 10 de outubro de 2011.

Recebido em setembro de 2011Aprovado em setembro de 2011.

Arte: Nízea Coelho.

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