Upload
rui-henriques
View
11
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 44
FACULDADE CATLICA DE ADMINISTRAO E ECONOMIA CDE CENTRO DE DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL
PS GRADUAO
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE
Estudo de casos sobre estratgia para competitividade em pequenas e mdias empresas do setor moveleiro da regio metropolitana de Curitiba.
CURITIBA MARO 2003
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 45
JORGE UESU - MARKETING MARCO AURLIO OLIVEIRA ABBONZIO GESTO INDUSTRIAL
NAOTAKE FUKUSHIMA MARKETING
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE
Estudo de casos sobre estratgia para competitividade em pequenas e mdias empresas do setor moveleiro da regio metropolitana de Curitiba.
Trabalho de ps-graduao apresentado para o Curso de ps Graduao FAE Faculdade Catlica de Administrao e Economia / CDE Centro de Desenvolvimento Empresarial. Orientador: Claudio Santana Shimoyama
CURITIBA MARO 2003
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 46
SUMRIO LISTA DE TABELAS ........................................................................................ ii LISTA DE GRFICOS........................................................................................ ii RESUMO............................................................................................................. iii 1. INTRODUO ............................................................................................... 1 2. FUNDAMENTAO TERICA..................................................................... 7
2.1. Competitividade ....................................................................................... 7
2.2. Design para a Competitividade................................................................ 17
2.3. Design e Inovao ................................................................................... 37
3. METODOLOGIA ............................................................................................. 43 4. ESTUDO DE CASO........................................................................................ 47
4.1. Indstria Moveleira................................................................................... 47 4.2. Os Produtos ............................................................................................. 54
5. CONCLUSO ................................................................................................. 74 REFERNCIAS .................................................................................................. 76 APNDICES ....................................................................................................... 79 ANEXOS ............................................................................................................. 83
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 47
LISTA DE TABELAS 1. INSTITUIES PROMOTORAS DO DESIGN ................................................
...................................................................................................................... 30
2. OBJETIVOS DAS POLTICAS PARA O DESIGN............................................
...................................................................................................................... 36
3. RELAO DAS REAS E INOVAO ...........................................................
...................................................................................................................... 42
4. CRIAO PARAN EM NMEROS................................................................
...................................................................................................................... 44
5. DIMENSOES MAPA POLAR DO DESIGN/INOVAO ..................................
...................................................................................................................... 45
6. PLOS MOVELEIROS NO BRAISL E CARACTERSTICAS DA
FORMAO INDUSTRIAL............................................................................... 49
7. PLOS MOVELEIROS DE 1997-1998 ............................................................ 50
8. FATORES DE SUCESSO NA COMERCIALIZAO DO PRODUTO
1997 1998 ...................................................................................................... 52
LISTA DE GRFICOS
1. CRESCIMENTO DE PROGRAMAS DE PROMOO DO DESIGN
NO MUNDO ...................................................................................................... 25
2. MAPA POLAR DO DESIGN/INOVAO......................................................... 46
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 48
RESUMO A qualidade e a produtividade que sempre foram fatores primordiais para as
empresas passaram a ter tambm a inovao tecnolgica, com destaque para o
design, como fator diferencial decisivo. O presente projeto traz estudos de caso,
onde se comprova que investimento em inovao de produto pode melhorar a
competitividade de pequenas empresas. apresentado o design como uma
ferramenta estratgica para alcanar a inovao, em busca de vantagens
competitivas. Conceitos de competitividade, onde as diversas vises do referncias
para demonstrar que quando se utilizam estratgias de diferenciao pelo design,
outras vantagens podem ser obtidas alm das de eficincia, produtividade, preo e
qualidade. O design, mesmo com as diversas interpretaes e modismos mostrado
como fator decisivo para a busca de diferenciao e competitividade. As empresas
participaram do Programa Criao Paran e foram selecionados 4 produtos de
empresas diferentes que demonstraram, pelas suas estratgias, fatores que
contribuiram para o sucesso comercial dos seus produtos. As anlises da inter-
relao entre os diversos aspectos do desenvolvimento de produtos, como:
planejamento, estratgia, marketing, qualidade e produo; demonstram que o
design contribui para as decises utilizando solues criativas e funcionais. Fica
comprovado que mesmo sendo uma ferramenta que deve ser utilizada para as
decises estratgicas das organizaes, o design se desenvolve de forma
multidisciplinar, com o trabalho de todas reas integradas.
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 49
1. INTRODUO
Atualmente conseguir desenvolver aes que aumentem a competitividade a
chave para sobrevivncia no mercado. O cenrio da empresa hoje de diminuio
progressiva das margens de lucros e grande presso de empresas estrangeiras. Os
estudos apontam para crescente complexidade para alcanar esta competitividade.
(Coletnea CNI, 1996).
No entanto a realidade das micro e pequenas empresas muitas vezes no ter
tempo para elaborao de estratgias muito complexas que permitam passo a passo
caminhar para desenvolver a sua capacidade competitiva.
A reviso bibliogrfica demonstrou que vrios autores tm apontado o design
associado inovao como uma das ferramentas para enfrentar os desafios atuais.
Em um ambiente de competitividade cada vez mais acirrado esta ferramenta oferece
um caminho muito promissor ao criar diferenciao de produtos e proporcionar um
caminho para a competitividade.
Segundo o guru do management Tom Peters, "Todos ns estamos em uma busca
frentica por novas vantagens competitivas...o terreno mais frtil para o surgimento
dessas novas vantagens est no design" (Peters, 1995). O professor Robert Hayes
da Universidade de Harvard tambm considerava em 1981 essa tendncia: "h 15
anos as empresas competiam pelo preo. Hoje em dia na qualidade. Amanh, no
design."
At recentemente o papel do design no era compreendido plenamente. Os
empresrios no conseguiam diferenciar o "Estilo" (styling) e Design. Estilo tem a ver
como o comprador v e sente o produto, uma caracterstica essencialmente
esttica, que conferida pelo design, porm a atividade do design mais
abrangente. Ela proporciona o planejamento de todo o conjunto de caractersticas
(features) que afetam tanto a aparncia como o funcionamento do produto em
termos das exigncias do cliente. O design de um produto tem a ver com: forma,
desempenho, durabilidade, confiabilidade, facilidade e estilo. (Kotler, 1999).
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 50
Esta falta de distino est claramente desfeita e o entendimento de que o design
deve ser parte integrante da estratgia de uma empresa. Segundo Cludio Freitas
de Magalhes, no seu trabalho para o SENAI do Rio de Janeiro, recomenda que
"Design deve ser utilizado a partir do nvel mais alto das organizaes, ou seja, deve
ser encarado como uma ferramenta estratgica. O design deve ser ento uma
ferramenta para atingir os objetivos das organizaes atravs da adequao entre
suas capacidades e o seu ambiente de atuao". Ele recomenda tambm que: "O
design pode ser utilizado como um processo de catalizao, sintetizao e
materializao de conhecimentos e informaes em produtos e servios. Num
processo de design eficaz, deve-se procurar antecipar os problemas e enfocar as
oportunidades a partir da anlise das necessidades do beneficirio do produto (ou
seja, o consumidor, o usurio, o fabricante e a sociedade), tomando-se os
concorrentes como referncia." Nesta direo Kotler sabiamente explica o que um
bom design: "Para a empresa, um produto com bom design aquele que fcil de
fabricar e entregar. Para o cliente, aquele que agrada esteticamente, fcil de
abrir, instalar, utilizar, consertar e descartar." (Kotler, 2000).
Neste cenrio o Centro de Design do Paran, inspirado em um programa de
incentivo da indstria escocesa, colocou em prtica um programa que aposta no
desenvolvimento das indstrias que se baseia no desenvolvimento de novos
produtos. Baseada principalmente na estratgia de diferenciao no produto para
criar vantagens competitivas.
O presente trabalho apresenta o estudo de casos de 4 indstrias situadas na regio
metropolitana de Curitiba que participaram do programa Criao Paran e colocaram
em prtica a estratgia da utilizao da inovao atravs do design para o aumento
de competitividade dentro do setor moveleiro.
1.1. IMPORTNCIA DO TEMA
A exposio do Criao Paran realizada em 2002 teve uma grande repercusso e
mostrou que as empresas paranaenses tm um grande potencial para
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 51
desenvolvimento de novos produtos de qualidade. Colocando o Estado em
evidencia, em uma reportagem especial na revistas ARC design (n 27, 2002), uma
revista especializada de circulao nacional. Foi destaque tambm em imprensa
direcionada para empresrios como em Gazeta Mercantil (relao de reportagem
anexo 4). At o momento, em maro de 2003, trs produtos participantes ganharam
prmios na rea.
Abordar e estudar este tema poder apontar caminhos para potencializar as
oportunidades que as indstrias tm ao adotar a estratgia da inovao atravs do
design, criando diferenciao no produto e desenvolvendo sua competitividade.
1.2. CARTER DA PESQUISA Nossa pesquisa foi exploratria como um estudo de caso pois a investigao no
tinha um cunho estatstico e se dirigia a um universo pequeno. Foi voltada no
procedimento como e razes porque de casos concretos, dentro das suas
dinmicas. Os casos estudados foram recentes e observaram, dentro do contexto
real, o comportamento de empresas em relao s mudanas ocorridas no mercado,
num ambiente repleto de informaes, referncias e altamente competitivo.
Esta abordagem abriu a oportunidade de nos aproximarmos de fontes muito atuais e
vivas. O desenvolvimento de produtos e seu sucesso comercial dependem de
infinitas variveis e sendo assim muito complexo. Para conseguir um rico material de
dados decidiu-se focar um dos setores de maior relevncia para o Estado e pegar
empresas que fornecessem dados reais e por outro lado tivessem sido destaque por
conquistar algum prmio.
Pesquisar a realidade local concreta em comparao com referncias internacionais
possibilita gerar conhecimentos de aplicao imediata.
1.3. HIPTESES DO TRABALHO
Hiptese bsica
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 52
O investimento em design e inovao de produto pode melhorar a competitividade
da empresa.
Hiptese secundria: O design como fator de inovao, em certas circunstncias, uma prioridade no
investimento para a busca da competitividade mesmo para mdias e pequenas
empresas.
O design oferece uma forma diferente de desenvolver produtos.
Que est se criando a conscincia de que no mais vivel continuar a prtica de
copiar produtos no mercado atual em empresas j estabelecidas.
1.4. OBJETIVOS
Tomando como base os conceitos apresentados na pesquisa pretendeu-se
comprovar que investimento em inovao de produto pode melhorar a
competitividade de pequenas empresas.
Objetivo Geral Demonstrar o papel do design como ferramenta para a inovao de produtos,
gerando vantagens competitivas.
Objetivos Especficos Comprovar que a estratgia de inovao, tendo o design como ferramenta pode
proporciona empresa melhores condies de competitividade.
Averiguar o momento da inovao dentro da organizao.
1.5. DELIMITAO DO PROBLEMA
Para delimitar o universo da pesquisa foram selecionadas 4 empresas participantes
do programa Criao Paran. Para possibilitar um estudo aprofundado foram
selecionados produtos de um setor que tivesse levantamentos de informaes
consistentes e que fosse considerado importante dentro da economia paranaense.
Por estas razes foi selecionado o setor moveleiro. Entre estes produtos foram
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 53
escolhidos os que apresentaram uma boa performance em termos de inovao e
que tiveram bom destaque como: racionalizao produtiva, novas matrias-primas,
produtividade, processos e prmios. E, principalmente, empresas que utilizaram o
design como ferramenta para o desenvolvimento de novos produtos.
1.6. REVISO DA LITERATURA
A inovao pode acontecer em momentos e reas distintas numa organizao,
podendo ser a misso ou parte do processo. O design auxilia principalmente na
inovao dos produtos, em forma de processo de produo e mesmo na forma de
organizao.
A literatura sobre o tema design e inovao no Brasil, apesar de recentes livros de
Administrao de Marketing dedicarem cada vez mais espao ao assunto,
encontrada com mais freqncia em revistas e sites especializados. Uma fonte
importante nesta rea so as instituies ligadas s associaes e/ou federaes de
indstrias.
Em pases onde o investimento em design alto a literatura bem abundante. Onde
se encontram vrios estudos de casos e apresentaes de experincias concretas.
J em 1998, Tom Peters provoca os adeptos metodologia convencional de
pesquisa de mercado para desenvolvimento de novos produtos, dedicando um
captulo inteiro para o design como oportunidade de inovao no seu livro O Crculo
da Inovao. Em uma citao, ele apresenta a tarefa do designer como agente da
inovao utilizando-se da palavra de Dewys Lasdon: "Nossa tarefa dar ao cliente...
aquilo que ele nunca sonhou precisar."
A Federao das Indstrias da Bahia publicou coletneas de Henry Benavides
Puerto e Cludio Freitas de Magalhes, apresentando o design como ferramenta de
inovao. Nestes estudos apresentada a importncia do design como ferramenta,
num contexto de desenvolvimento de novos produtos e de planejamento estratgico.
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 54
Tom Kelly em 2001 ao analisar mais de mil experincias ligadas s empresas de
sucesso apresenta uma das tendncias atuais ligadas ao design e inovao: "A
maior tendncia distinta que observamos o reconhecimento cada vez maior da
inovao como o ponto central das estratgias e iniciativas corporativas". O livro Arte
da Inovao trata, na sua essncia, do design como ferramenta de inovao.
Os trabalhos publicados pelo Design Innovation Group, da Open University na
Inglaterra, sobre os impactos comerciais do design um estudo de caso sobre
vrias empresas que esto tentado se diferenciar pelo uso do design e inovao.
1.7. METODOLOGIA
Primeiramente foram analisadas as definies de inovao, utilizadas no INPI, Finep
e SEBRAE entre outros, confrontando com as levantadas nas bibliografias, para
focar e definir a abrangncia da pesquisa nas empresas. As anlises foram focadas
na inter-relao entre os diversos aspectos do desenvolvimento de produtos, como:
planejamento, estratgia, marketing, qualidade e produo; estabelecendo um
paralelo das influncias que o design exerce sobre estes, os benefcios e limitaes.
O estudo iniciou-se com a seleo dos produtos e seguido com as entrevistas com
os empresrios e designers envolvidos diretamente com o desenvolvimento destes
produtos. Nesta etapa foi focalizado o ponto de vista do design como uma
ferramenta para inovao e como isso auxilia no desenvolvimento da
competitividade. E, finalmente, foram analisados os dados para conferncia das
hipteses levantadas no projeto para elaborao do estudo de caso.
As dificuldades foram grandes, principalmente quanto s entrevistas com os donos
das empresas que tinham agendas ocupadas, mas o resultado foi compensador pela
qualidade das informaes levantadas. Conseguiu-se com este trabalho chegar
muito prximo do pensamento estratgico das empresas e com material muito rico
em detalhes, que auxiliaram na elaborao de estratgias que visam incrementar a
competitividade nas pequenas e mdias empresas.
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 55
2. FUNDAMENTAO TERICA 2.1. Competitividade
A competitividade poderia ser definida como a capacidade de uma indstria (ou
empresa) produzir mercadorias com padres de qualidade especficos, requeridos
por mercados determinados, utilizando recursos em nveis iguais ou inferiores aos
que prevalecem em indstrias semelhantes no resto do mundo, durante um certo
perodo de tempo. Lia Haguenauer (1989)
2.1.1. Conceitos de competitividade No comparativo com as dcadas anteriores a CNI (1996) constata que no incio dos
anos 90, a indstria brasileira, antes protegida pelo modelo de substituio de
importaes, se depara com o crescimento da liberalizao da economia nacional,
num contexto crescente de internacionalizao da produo - a chamada
Globalizao, levando a uma alterao dramtica nos nveis de competitividade.
No entanto, apesar desse termo ser bastante difundido nas anlises e discursos
atuais, a controvrsia em torno do conceito de competitividade ainda no
consenso entre estudiosos, tanto no Brasil como no exterior. As diferenas resultam
de bases tericas, percepes e ideologias diversas e tm implicaes sobre a
avaliao da indstria e sobre as propostas de polticas formuladas. Dentro deste
contexto, estabelecer procedimentos metodolgicos significa, inicialmente, identificar
os conceitos aos objetivos do trabalho.
Conceito de Desempenho A noo mais geral, consenso entre grande parte dos autores, associa
competitividade ao desempenho das exportaes de um pas. Avalia a
competitividade atravs de seus efeitos sobre o comrcio externo: so competitivas
as indstrias que ampliam sua participao na oferta internacional de determinados
produtos. A vantagem deste conceito est na facilidade de construo de
indicadores, argumento utilizado, por exemplo, por Gonalves (1987) na anlise das
exportaes brasileiras. ainda o conceito mais amplo de competitividade,
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 56
abrangendo no s as condies de produo como todos os fatores que inibem ou
ampliam as exportaes de produtos e/ou pases especficos, como as polticas
cambial e comercial, a eficincia dos canais de comercializao e dos sistemas de
financiamento, acordos internacionais (entre pases ou empresas), estratgias de
firmas transnacionais, etc.
Conceito de Eficincia Autores de outra corrente, como Tauile (1988), vem a competitividade como uma
caracterstica estrutural, conceituando-a como: a capacidade de um pas em produzir
determinados bens igualando ou superando os nveis de eficincia observveis em
outras economias. O crescimento das exportaes seria uma provvel conseqncia
da competitividade, no sua expresso. Em relao competitividade no
desempenho, um conceito potencial e geralmente restrito s condies de
produo.
Conceito de Preo e Qualidade Uma forma de avaliar a competitividade, segundo este conceito proposto, consiste
na anlise dos diferenciais entre preos internacionais e de um pas especfico.
Seriam competitivas as indstrias cujos preos se situassem abaixo dos vigentes no
comrcio internacional, associando-se implicitamente a noo de eficincia a nveis
de preos.
Porm, a relao eficincia/preo baixo contestada por Arajo Jr (1982), pois
considera que a verdadeira insero competitiva no mercado internacional a que
se d a preos crescentes de exportaes, significando desenvolvimento tecnolgico
e eficincia crescente, em contraposio a exportaes a preos decrescentes,
determinados por incentivos ou baixos salrios. Esta contradio na interpretao do
significado de um mesmo indicador com relao competitividade explicita um ponto
no considerado na sua mensurao atravs da comparao de preos: a variao
na qualidade.
No Brasil, a qualidade dos produtos exportados muitas vezes superior dos
destinados ao mercado interno. Em pesquisa realizada pela FUNCEX (1988),
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 57
quando o mesmo produtor informa ambos os preos (importao e exportao), no
se pode garantir a homogeneidade do produto quanto qualidade, o que invalidaria
concluses baseadas nos diferenciais de preos obtidos.
Conceito de Tecnologia No Brasil, Ferraz (1989), em estudo recente relativo indstria nacional, se
posiciona tambm dentro desta viso e avana no sentido da avaliao mais
sistematizada do desempenho tecnolgico. Conceitua competitividade de uma
empresa como sua capacidade de definir e implementar normas tecnolgicas de
funcionamento de um mercado, ou seja, de perceber oportunidades, introduzir,
difundir e se apropriar dos ganhos auferidos pelo progresso tcnico . Prope a
avaliao desta capacidade a partir das seguintes funes tecnolgicas: sistema
de pesquisa e desenvolvimento, de qualidade industrial, de automao de base
microeletrnica (inovaes incorporadas aos bens de capital) e de infra-estrutura
tecnolgica (servios tcnicos especializados).
Produtividade Existe consenso entre a maioria dos autores que o aumento de produtividade em
determinada indstria de um pas em relao mesma indstria nos pases
concorrentes est positivamente correlacionado com aumento de competitividade.
A medida mais usual se refere produtividade do trabalho e sua expresso mais
simples, dada pela relao valor da transformao industrial/pessoal ocupado.
Esta medida, embora incorpore de maneira geral as condies de eficincia na
produo, tem grandes limitaes no levando em conta variaes na composio
da produo, o nmero de horas trabalhadas por empregado, problemas relativos a
preos embutidos no valor, entre outros, que se tornam mais graves na comparao
internacional. Haguenauer (1989) considera que em relao s atividades industriais
especficas (vrios autores comparam, por exemplo, montadoras de veculos nos
EUA e no Japo), costuma-se medir a relao entre produo, em unidades fsicas,
e homens/hora trabalhadas, apesar de persistirem problemas quanto
comparabilidade internacional em relao organizao industrial (nvel de
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 58
integrao vertical e diversificao das empresas) e qualidade dos produtos
considerados.
O conceito de competitividade assume assim uma diferenciao segundo a empresa
e o conjunto da indstria de um pas. Retomando a idia do progresso tcnico como
elemento central na eficincia produtiva, Nelson (1981) considera duas formas
bsicas de difuso do progresso tcnico na economia: atravs do crescimento da
empresa que adota a inovao caso em que aumentaria a competitividade da
empresa, permanecendo o resto da indstria na tecnologia antiga, aumentando a
heterogeneidade industrial; e atravs da difuso entre indstrias caso em que se
reduz a distncia entre a mdia e a best practice, aumentando a competitividade de
todo o setor.
Condies gerais de produo No documento da Confederao Nacional da Indstria (CNI, 1988), a
competitividade vista como uma estratgia a ser buscada para a indstria
brasileira. A competitividade entendida como promoo de maior eficincia e
produtividade pode ser observada atravs de dois grupos de indicadores: medida
de insero no mercado mundial crescimento das exportaes, participao
relativa no volume do comrcio mundial, etc.; medida de eficincia na utilizao de
recursos produtividade de mo-de-obra, retorno de capital, indicadores de
crescimento e nvel de atividade, investimento em tecnologia.
Pode-se ver que, embora conceitue competitividade a partir das condies de
produo, sugere sua medida tanto atravs de indicadores de eficincia produtiva
como de desempenho externo. Alm dos indicadores mencionados, analisada uma
ampla gama de fatores, desde a evoluo dos investimentos e do PIB per capita, at
o sistema educacional, a distribuio de renda, a infra-estrutura econmica, o
sistema de financiamento, a poltica comercial, etc. Em termos de proposta poltica,
o documento preconiza maior liberalizao do comrcio externo, a busca de uma
agressiva insero internacional competitiva e a reduo do papel do Estado na
economia, ao mesmo tempo em que advoga polticas tecnolgica e fiscal ativas.
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 59
2.1.2. Padres de competitividade Em nvel internacional, a consolidao das tecnologias da informao, bem como a
intensificao do processo de globalizao, estabelecem um novo padro de
competitividade. Segundo anlise da Confederao Nacional da Indstria (CNI),
entre as principais caractersticas associadas a tais transformaes incluem-se:
a) maior liberao do comrcio mundial resultante das menores barreiras tarifrias
impostas pela OMC (Organizao Mundial do Comrcio);
b) acelerao dos processos de integrao e da competio entre empresas, pases e
regies do mundo;
c) maior importncia conferida aos processos de inovao tanto tcnicas quanto
organizacionais;
d) acelerao da reduo do ciclo de vida dos produtos;
e) progressiva substituio dos sistemas de produo em massa e relacionadas s
economias de escala pelos sistemas flexveis de produo, os quais privilegiam as
economias de escopo e o atendimento de hbitos de consumo diversificados e
personalizados;
f) as mudanas de nfase na estratgia de gesto das empresas, deixando de incluir
apenas a preocupao com mudanas tecnolgicas radicais, escalas e custos para
privilegiar o desenvolvimento de produtos que assegurem maior qualidade, reflitam
cultura, respeitem a individualidade e possuam alto valor agregado.
Em sntese, houve uma grande mudana nos fatores-chaves para a competitividade.
A nova gerao de consumidores passou a valorizar a qualidade dos produtos, em
detrimento da predominncia do preo como fator decisivo para a deciso de
compra. O cenrio econmico mundial, antes dominado pelas economias de
produo em escala deram espao a crescente importncia das economias
orientadas ao produto, com nfase na qualidade e desempenho superiores.
2.1.3. Foras que determinam a atratividade dos segmentos
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 60
Em artigo publicado na Harvard Business Review, em 1996, Michael Porter sustenta
que a empresa conquista nveis de rentabilidade superiores mdia do setor
atravs da prtica de preos altos ou de custos mais baixos do que seus rivais.
Com esse simples enunciado Porter qualifica o processo de competio que se
intensificou de forma drstica nas ltimas dcadas, em todas a partes do globo. Ele
afirma que a competio no somente enfrentar os outros participantes do setor,
mas tambm est arraigada na economia subjacente e algumas foras competitivas
vo bem alm, incluindo-se os clientes, fornecedores, os entrantes em potencial e os
produtos substitutos. A potncia coletiva determina, em ltima instncia, as
perspectivas de lucro do setor. Essa potncia varia de intensa, em setores como
pneus e siderurgia, em que nenhuma empresa aufere retornos espetaculares sobre
o investimento, a moderada, em setores como servios e equipamentos para a
exportao de petrleo e bebidas no-alcolicas, onde h espao para retornos
muito elevados. E quanto mais fracas as foras em termos coletivos, maiores as
oportunidades para o desempenho superior.
Porter considera que o estado de competio num setor depende de 5 foras
bsicas:
a) Ameaa de rivalidade intensa no segmento: um segmento no atraente se j
possui concorrentes poderosos, agressivos ou em grande nmero. ainda menos
atraente se for estvel ou estiver em declnio, se os acrscimos capacidade
produtiva ocorrerem em grandes incrementos, se os custos fixos forem altos, se as
barreiras sada forem grandes ou se os concorrentes possurem grande interesse
em permanecer nesse segmento. Essas condies levaro a freqentes guerras de
preo, batalhas na campo da propaganda e lanamento de produtos o que tornar
a competio onerosa.
b) Ameaa de novos concorrentes: a atratividade de um segmento varia conforme se
configuram as barreiras entrada e sada desse segmento. O segmento mais
atraente aquele em que as barreiras entrada so grandes e as barreiras s sadas
so pequenas. Poucas empresas novas conseguem entrar no setor e as empresas de
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 61
fraco desempenho saem dele facilmente. Quando tanto as barreiras entrada
quanto s de sada so grandes, o potencial de lucro elevado, mas as empresas
enfrentam riscos maiores, uma vez que as empresas de desempenho insatisfatrio
permanecem no setor e continuam a luta. Quando tanto as barreiras a entrada
quanto s de sada so pequenas, as empresas entram e saem do setor facilmente e
os retornos so estveis e baixos. O pior caso quando as duas barreiras so
grandes. Nesse caso, as empresas entram nos perodos bons, mas acham difcil sair
nos perodos difceis. O resultado capacidade excessiva e ganhos reduzidos para
todos.
c) Ameaa de produtos substitutos: um segmento no atraente quando h
substitutos reais ou potenciais para o produto. Os substitutos limitam os preos e
os lucros de um segmento. A empresa tem de monitorar as tendncias de preos
atentamente. Se houver avanos tecnolgicos ou aumento de concorrentes nesses
setores substitutos, os preos e os lucros no segmento tendem a cair.
d) Ameaa de barganha crescente dos compradores: um segmento no atraente se
os compradores possurem um poder de barganha grande ou em crescimento. Os
compradores tentaro forar a queda dos preos, exigiro mais qualidade e opes
de servios e colocaro os concorrentes uns contra os outros tudo isso custa da
lucratividade da empresa vendedora. O poder de barganha dos compradores cresce
a medida que eles se organizam e se concentram mais, quando o produto no
diferenciado, quando os custos de mudana dos compradores so baixos, quando os
compradores so sensveis a preo devido a margem de lucros baixa ou quando os
compradores podem integrar estgios anteriores da cadeia produtiva. Para se
proteger, as empresas devem selecionar compradores que possuam uma menor
capacidade de negociao e de mudana de fornecedor. A melhor defesa consiste
no desenvolvimento de ofertas superiores, que no possam ser rejeitadas por
compradores de peso.
e) Ameaa do poder de barganha cada vez maior dos fornecedores: um segmento
no atraente se os fornecedores da empresa puderem elevar os preos ou reduzir
as quantidades fornecidas. Os fornecedores tendem a ser poderosos se estiverem
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 62
concentrados ou organizados, se houver poucos substitutos, se o produto fornecido
for um material importante, se os custos para mudana de fornecedor forem altos e
se os fornecedores puderem se integrar em estgios posteriores da cadeia produtiva.
As melhores defesas so construir relaes com os fornecedores em que todas as
partes saiam ganhando e arranjar vrias fontes de fornecimento.
Independentemente da potncia coletiva, a empresa deve ter como objetivo
encontrar uma posio na qual seja capaz de melhor se defender contra estas foras
ou de influenci-las ao seu favor. A potncia coletiva destas foras talvez seja
aparente para todos os antagonistas, mas para enfrent-las a empresa deve analisar
as fontes de cada uma. O conhecimento dessas fontes da presso competitiva
constitui-se nos pilares da agenda estratgica para a ao. Elas realam os pontos
fortes e os pontos fracos mais importantes da empresa, inspiram seu
posicionamento no setor e identificam os pontos em que as tendncias setoriais so
mais significativas, em termos de oportunidades ou ameaas.
2.1.4. Vantagem Competitiva Em seu livro Vantagem Competitiva (1985), Porter nos apresenta o conceito de
cadeia de valor, que serve de base para o raciocnio estratgico sobre as atividades
envolvidas em qualquer negcio e a avaliao de seu custo relativo e papel na
diferenciao. A diferena entre valor, ou seja, quanto o consumidor est disposto a
pagar por um produto, e o custo da execuo das atividades envolvidas em sua
criao, determina os lucros. A cadeia de valor funciona como uma forma rigorosa
de entender as origens do valor para o comprador que geraro preos mais altos e
os motivos pelos quais um produto ou servio substitui o outro. Uma estratgia
uma configurao de atividades internamente coerente que distinguem uma
empresa de suas rivais. E para diferenciar-se, uma empresa precisa ser singular em
alguma coisa valiosa para os compradores.
2.1.5. Estratgia de Diferenciao A diferenciao um dos dois tipos de vantagem competitiva que uma empresa
pode dispor. No entanto, Porter diz que as empresas costumam encarar as
possibilidades de diferenciao de maneira muito limitada. Elas vem a
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 63
diferenciao em termos das prticas de marketing ou do produto fsico, ao invs de
considerarem que elas originam-se potencialmente de qualquer ponto da cadeia de
valores. Em geral, as empresas tambm so diferentes, mas no so diferenciadas,
porque buscam formas de singularidade que os compradores no valorizam.
Estratgias de diferenciao de sucesso tm origem nas aes coordenadas de
todas as partes de uma empresa, e no apenas no departamento de marketing.
Para Porter, uma empresa diferencia-se da concorrncia quando oferece alguma
coisa singular valiosa para compradores alm de simplesmente oferecer um preo
baixo. A diferenciao permite que a empresa pea um preo-prmio, venda um
volume maior do seu produto por determinado preo ou obtenha benefcios
equivalentes, como uma maior lealdade do comprador durante quedas cclicas ou
sazonais. O autor ainda afirma que a diferenciao resulta em desempenho superior
se o preo-prmio alcanado ultrapassar qualquer custo adicionado do fato de ser
singular. (Por exemplo, a Brooks Brothers agrada a compradores que desejam
roupas tradicionais, embora muitos compradores considerem suas roupas
demasiado conservadoras). No entanto, uma empresa que decida pela estratgia de
diferenciao tem de saber que o componente final a sustentabilidade. A
diferenciao no resultar em um preo-prmio a longo prazo, a menos que suas
fontes permaneam valiosas para o comprador e no possam ser imitadas pelos
concorrentes. Assim, uma empresa deve encontrar fontes duradouras de
singularidades protegidas por barreiras contra a imitao.
Porter (1985) diz que para uma empresa chegar a uma estratgia de diferenciao
adequada, necessrio conhecer as seguintes etapas:
a) Determinar quem o verdadeiro comprador.
b) Identificar a cadeia de valores do comprador e o impacto da empresa sobre ela.
Uma empresa precisa entender com clareza todas as maneiras como ela afeta ou
poderia afetar a cadeia de valores de seu comprador.
c) Determinar critrios classificados de compra do comprador. Esses critrios de
compra tomam duas formas: critrios de uso e critrios de sinalizao. Algumas
vezes a anlise do valor para o comprador ir sugerir critrios de compra que este
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 64
no percebe atualmente. Os critrios de compra devem ser identificados em termos
operacionais e sua ligao com o valor para o comprador calculada e classificada.
d) Avaliar as fontes existentes e em potencial de singularidade na cadeia de valores
da empresa. Uma empresa deve determinar que atividades de valor afetam cada
critrio de compra. Essa cadeia de valores deve ser comparada a da concorrncia,
para determinar a criao de novas cadeias de valores.
e) Identificar o custo de fontes de diferenciao existentes e potenciais. Certas
formas de diferenciao no so muito dispendiosas, e sua busca pode at mesmo
reduzir o custo de maneiras negligenciadas na empresa. No entanto, uma empresa
deve deliberadamente gastar mais do que teria gasto com outra estratgia para ser
singular.
f) Escolher a configurao de atividades de valor que crie a diferenciao mais
valiosa para o comprador em relao ao custo da diferenciao. Uma
compreenso da relao entre as cadeias de valor da empresa e do comprador
permitir que uma empresa selecione as atividades que criem a maior defasagem
entre o valor para o comprador e o custo de diferenciao.
g) Testar a estratgia de diferenciao escolhida quanto sustentabilidade. A
diferenciao s ter sucesso se for sustentvel contra a eroso ou imitao. A
sustentabilidade surge da seleo de fontes estveis de valor para o comprador e da
diferenciao de formas que envolvam barreiras contra imitao ou quando a
empresa conta com uma vantagem de custo sustentvel na diferenciao.
h) Reduzir o custo em atividades que no afetem as formas de diferenciao
escolhidas. Um diferenciador de sucesso reduz agressivamente o custo em
atividades sem importncia para o valor para o comprador. Isto no s melhorar a
rentabilidade, mas tambm reduzir a vulnerabilidade de diferenciadores ao ataque
de concorrentes orientados para o custo porque o preo-prmio torna-se
demasiadamente alto.
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 65
2.2. DESIGN PARA A COMPETITIVIDADE 2.2.1 Conceituao de Design O termo design tem aparecido constantemente no nosso vocabulrio. Associado a
algo novo no mercado, estilo ou ainda, aparece quando queremos nos referir a algo
que esteja na moda. As interpretaes possveis do termo design so variadas e
esto atreladas muitas vezes ao perfil econmico do momento. interessante
ressaltar que as dificuldades de tal fato no ocorrem somente em pases em
desenvolvimento, como o Brasil, mas, tambm em pases mais avanados, que
encontram dificuldades em definir um consenso, pois a maioria dos conceitos so
amplos e abstratos. Nas ltimas dcadas, o conceito de design foi usado de diversas
maneiras, refletindo as temticas centrais do discurso projetual.
A palavra design intensamente usada na publicidade com um atributo de
qualidade, de diferencial de valor entre os produtos. O entendimento mais
convencional do design associado a valores estticos, entretanto no contexto
atual, crescente a viso do design para outros aspectos, que permitam entender o
design como o processo criativo, inovador e provedor de solues a problemas, de
importncia fundamental no apenas para as esferas produtiva, tecnolgica e
econmica, mas tambm social, ambiental e cultural. O processo do design
demanda de conhecimentos, num meio multidisciplinar, que vo desde a etapa de
concepo de novos produtos, desenvolvimento, produo, marketing at seu
descarte. Ao se analisar um determinado produto ou servio, pode-se perceber a
presena do design no s em sua forma de apresentao e utilizao, como
tambm na embalagem, no manual de uso, nos impressos e materiais promocionais,
na forma de venda do produto, na marca e logomarca. Atividades especficas no
design ganham classificao prpria e propiciam o desenvolvimento em ramos de
concentrao como design de engenharia, design de produto, design de
embalagens, design grfico, design de servios, design de moda, design de
interiores e design de ambientes externos.
Alm das citadas acima, existem outras reas de atuao do design que, ao
apresentarem rpido crescimento recente, vem ganhando configurao prpria,
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 66
refletida inclusive na criao de associao de profissionais e cursos de formao
especializados, como ecodesign, design de softwares e design social.
As vrias e dinmicas dimenses das funes e atributos do design so
responsveis pelas diferentes perspectivas encontradas tanto fora quanto dentro das
empresas. Dentre estas, so discutidas as seguintes: criatividade, capacidade de
resoluo de problemas, criao de novos estilos, diminuio de custos de
produo, melhoria da qualidade, desempenho, funcionalidade, segurana, e
facilidade de uso dos produtos, diferenciao, maior atratividade esttica e
agregao de valor aos produtos, aumento de produtividade, lucratividade e
competitividade, melhoria da imagem dos bens e servios, assim como das
empresas e pases responsveis por sua produo.
Lendo as publicaes de design e observando os eventos de mdia, pode-se dizer
hoje que o design est em evidncia. Nunca antes se conseguiu entender o design
como fator decisivo nas discusses sobre eficincia e competitividade de empresas
e economias. Simultaneamente, porm, registramos a contradio entre a
popularizao deste termo e seu dficit nos aspectos tericos. O design hoje um
fenmeno no pesquisado a fundo, um domnio ainda sem fundamentos, a despeito
de sua onipresena na vida cotidiana e na economia.
Os termos inovao e design superpem-se parcialmente, muito embora no
sejam sinnimos. Design se refere a um tipo especial de ao inovadora, que cuida
das preocupaes de uma comunidade de usurios. Design sem componente
inovador , obviamente, uma contradio. Porm, ao inovadora que produz algo
novo no condio suficiente para caracterizar o design em sua plenitude.
(Bonsipe 1997)
2.2.2 Histrico do Design A histria do design est relacionada diretamente com a histria da sociedade
industrial. O processo industrial comeou a disseminar-se por toda Europa ainda no
final do sculo XVIII. Ao mesmo tempo em que crescia o processo de
desenvolvimento da indstria, iniciavam-se tambm os primeiros debates sobre essa
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 67
nova era e questionamentos sobre o novo mundo industrial. Trs foram os
movimentos que marcaram o incio da evoluo industrial: Arts and Crafts, Art
Nouveu e Werkbund. Levantando crticas e propondo novas relaes de produo e
desenvolvimento de novos produtos.
Nas primeiras dcadas do sculo XX, uma variada gama de produtos eram j
produzidos em srie com projetos previamente concebidos. Esses mesmos produtos
eram marcados pela rigidez de produo, uma vez que no havia ainda a
flexibilidade de trocas de ferramentas por meios automticos e as possibilidades de
mudanas de operaes dirigidas pela prpria mquina. Os desenhos dos produtos
eram elaborados de maneira a facilitar sua confeco.
O incio da Primeira Grande Guerra mundial influenciou todo o processo do
desenvolvimento industrial. A Alemanha, que saiu derrotada e destruda da guerra,
viveu, em todos os sentidos, uma expectativa de reconstruo e de recuperao de
seu parque industrial. Nesse quadro de ps-guerra e reconstruo da Alemanha,
deu-se, em 1919, em Weimar, a fundao da Bauhaus. Seria a tentativa, atravs do
ensino, de unir a arte aplicada e as belas-artes. Seria uma escola para o estudo e a
pesquisa de melhor qualidade da produo industrial e da experincia do novo.
(Dijon De Moraes, 1997)
A Bauhaus em determinado momento voltou-se para a organizao do ensino de
design, para a estruturao de metodologias de projetos e para a nfase ao aspecto
social do design. Conhecimentos estes que ainda influenciam o ensino atual do
design. Como reflexo final a Bauhaus propunha como filosofia uma integrao
entre Arquitetura e Design, reas estas de muitas convergncias.
Nos anos 30 a cadeia de montagem j havia sido difundida e o slogan predominante
era Tempo dinheiro. A modalidade de uso, a funcionalidade, a prestao de
servio, a simplificao de produo e a tipologia formal comeavam a ser
difundidas e consideradas pelas indstrias no desenvolvimento de seus produtos. Ao
mesmo tempo, esses conceitos eram vistos como elementos diferenciadores diante
da competitividade do mercado. Surgiram, ento, sustentadas pelas pesquisas do
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 68
mundo cientfico, a aerodinmica e a hidrodinmica, com suas formas orgnicas e
naturais. O emprego do conceito original em avies, automveis e submarinos
propagou-se por todos os objetos. Sua aplicao era sinnimo de dinamismo e
modernidade, sendo utilizado, ento, como referncia esttica dos objetos. Segundo
Moraes, o Styling, movimento que surge logo aps a crise de 1929, era uma
resposta e uma esperana para a retomada da economia americana. O mercado
consumidor j no era segmentado em faixas. Nasciam, assim, a pesquisa de
mercado, o marketing e o status symbol. A forma do produto, por sua vez, no mais
necessariamente seguia a funo, e materiais moldveis como o baquelite e os
plsticos fenlicos comeavam a ser utilizados em diversos produtos.
A Segunda Guerra Mundial serviu como um teste para a capacidade produtiva e o
poder de adaptao da indstria. Ps-se em prova, nesse perodo, a eficincia da
cadeia de montagem, a intercambialidade de componentes, a potencialidade e a
reciclagem produtiva e a produo em massa em um curto perodo de tempo. A
guerra fez com que a indstria fizesse uso de uma simplicidade construtiva e de
montagem dos seus produtos, o que, mais uma vez, exigiu do design uma rigidez
formal em detrimento de uma j crescente esttica decorativa. A ergonomia, a
pesquisa antropomtrica, os estudos dos postos de trabalho na tentativa de evitar a
fadiga dos operrios passaram a ser seriamente considerados e difundidos entre
diversas empresas.
Conforme explica Gui Bonsipe em seu livro Do Material ao Digital, nos anos 50 o
discurso projetual concentrou-se na racionalizao, na produtividade e na
padronizao. A produo industrial exemplarmente realizada no Fordismo
fornece o modelo para diferenciar o design do campo da arte e das artes aplicadas e
para fornecer credibilidade nova disciplina do design nas empresas.
Os polmeros trouxeram uma grande contribuio para a evoluo da indstria e
para a cultura do design. Isso se deu em funo da agilidade de produo adquirida
junto ao uso desse material e das novas possibilidades de explorao esttico-
formal dos produtos concebidos. Aps os polmeros, os objetos, principalmente os
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 69
de uso dirio, deixaram de ter uma face mecnico-industrial e passaram a
apresentar-se com mais liberdade e variao de forma, de acabamento e de cor.
Nos anos 60 os questionamentos eram a tnica do momento, contestaes de estilo,
processos e vida cotidiana marcaram praticamente todos os segmentos da
sociedade. Crtica sociedade de consumo, onde havia a esperana de uma
alternativa de design, uma nova cultura de produtos e novas possibilidades nas
economias planificadas. Parecia plausvel que uma sociedade organizada de acordo
com outros critrios poderia tambm criar uma outra cultura material, um mundo do
consumo, porm no de consumismo. A Itlia, por meio do Bel Design e da sua
indstria, mostrou para o mundo a to esperada harmonia entre a forma e a
produo. O designer e terico Attilio Marcolli, no seu livro Designer Italiani,
descreve: So trs as caractersticas mais salientes do design industrial italiano; a
primeira, e a mais evidente de todas, a de um design de protagonistas, ou seja, de
personagens que possuem personalidades distintas e potica prpria. A segunda, a
mais reconhecida no contexto internacional, aquela de ser um design no
normativo, mas icnico. A terceira caracterstica, enfim a mais oculta, mas de grande
incidncia operativa, dada presena de empreendedores ou industriais
iluminados, que escolheram o design como aspecto mais significativo da cultura
industrial e como fundamento da poltica industrial.
A tecnologia apropriada entrou no discurso projetual nos anos 70. Discutia-se de
forma universalista a Boa Forma ou do Bom Design. Acreditava-se que deveria
existir um design prprio para o Terceiro Mundo. (Gui Bonsiepe, 1997)
O contraste scio-econmico entre pases centrais e pases perifricos levaram a
questionar a validade de interpretaes do design que at ento estavam
exclusivamente radicadas nas economias industrialmente avanadas. O PIB que
sempre foi um fator de classificao entre os pases em dois grandes grupos, era
tambm compardo com uma anlise do efeito corrosivo da industrializao. A
sociedade orientada por uma minoria, ao modelo de consumo dos pases centrais.
Nesta questo, o debate do design nos pases perifricos assume um carter poltico
e menos tcnico-profissional.
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 70
A dcada seguinte marcada pela crtica ao racionalismo e ao funcionalismo. A
relevncia social do design sede lugar para as discusses sobre estilo e forma. O
grande impulsionador deste momento foi o design italiano. Marcadamente aberto a
diversas experimentaes, questionamentos e reflexes sobre o sentido do design
at ento praticado. A dcada de 80 ficou marcada pelo produto contestador,
irnico, ldico, amigo e soft. Era a oportunidade de criticar o estilo moderno
predominante e ainda o conformismo esttico da produo seriada. Os produtos
pertinentes a esses movimentos procuravam salientar os aspectos semiticos,
subjetivos, culturais e comportamentais do ser humano, em detrimento aos
tecnolgicos e funcionais. Objetos de design foram levados ao status de objetos de
culto.
Os anos 90 se apresentaram questes sobre compatibilidade ambiental e a gesto
do design. J no se falou apenas de desenvolvimento, mas sim de
desenvolvimento sustentvel. Este termo se relaciona com a temtica da tecnologia
apropriada dos anos 70, advogando um desenvolvimento orientado s necessidades
dos pases, levando em conta as possibilidades tcnicas e financeiras locais. (Gui
Bonsiepe, 1997)
O mundo e principalmente Alemanha, Japo e Estados Unidos, vem passando por
profundas transformaes que no so apenas industriais e econmicas, que so
visveis e mensurveis, mas englobam uma forte tendncia de modificao de
referncias geogrficas como regies geradoras de fora de trabalho e de novas
diretrizes tecnolgicas e culturais a serem seguidas. (Dijon de Moraes, 1997)
A nova sociedade da informao e da eletrnica elege, por fim, novos smbolos
urbanos, novas regies e novas cidades e, sobretudo, determina os novos atores
sociais. Esses novos profissionais a servio da era ps-industrial sero marcados
por suas capacidades inovadoras e criativas.
Bonsiepe diz que o futuro o espao do design: o passado j passou e portanto
est excludo de atos projetuais. O design somente possvel num estado de
confiana e esperana. Onde domina a resignao no h design.
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 71
2.2.3. Design e Economia Global A insero do Brasil em uma economia de escala global, a partir da dcada de 90,
tem provocado uma ampla reestruturao do mercado interno. Esse novo ambiente,
mais aberto e integrado obriga as empresas a profundas transformaes
gerenciais e tecnolgicas para tornarem-se mais competitivas. Direcionar os
esforos para aumentar a competitividade condio si ne qua non para a
sobrevivncia.
No processo de globalizao, a vantagem competitiva fator essencial para o
desempenho das empresas, j que em ambientes de concorrncia altamente
acirrada so poucas as possibilidades de se manter altas margens de lucro a mdio
e longo prazo. Os produtos com poucos diferenciais so logo copiados pela
concorrncia, fazendo com que os preos e margens de lucro sejam reduzidas. Ter
qualidade e preos baixos j no o bastante. preciso acrescentar elementos que
diferenciem os produtos e servios de seus concorrentes. Assim, a estratgia da
diferenciao faz com que as empresas atinjam grandes mercados com demanda
relativamente constante. Esta estratgia visa consumidores dispostos a pagar mais
para ter produtos diferenciados. (Porter, 1985)
Novos sistemas de produo e non price factors Paulatinamente a produo de escala passa a dar lugar para sistemas de produo
flexvel, com produtos diferenciados e customizados de alto valor agregado.
Aumenta a importncia dos non price factors fatores ligados no apenas
qualidade, mas tambm a outras caractersticas subjetivas dos produtos. Dentre
esses fatores non price, o design vem sendo considerado como um dos mais
importantes.
O conceito de flexible manufacturing (mtodos de produo mais flexveis) tambm
vem se difundindo, o que possibilitou a atuao do design inclusive nas indstrias
maduras. Antes essas indstrias se caracterizavam pela produo em larga escala
com processos amplamente automatizados, porm extremamente rgidos. Isso
dificultava uma resposta mais rpida a mudanas e restringia os processos de
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 72
inovao, design e desenvolvimento de novos produtos. As recentes tecnologias
flexibilizaram a produo, e permitiram fabricar produtos customizados em perodos
mais curtos. (CNI, 1996)
Assim, no momento em que os modelos de produo em massa mostram sinais de
declnio, o design surge como uma maneira consistente de diferenciar produtos e
servios. Essas exigncias nos padres de consumo foram a rea de design a
aprofundar suas funes tradicionais como: a simplificao e otimizao de
processos de produo e barateamento dos custos de fabricao, o aumento da
qualidade e agregao de valor aos bens e servios. Ao mesmo tempo, o design
amplia seu campo de atuao com novas tarefas: como a capacidade de estimular a
criatividade; prover solues de problemas especficos; aumentar a flexibilidade dos
processos produtivos e de marketing; estreitar as relaes intra-empresas e entre
produtores, agentes de P&D, fornecedores e clientes; e reduzir o tempo de
desenvolvimento e lanamento de novos produtos.
Esta concepo mais ampla do design, assim como de sua relevncia estratgica,
vem se refletindo na postura das empresas ao consider-lo como instrumento de
importncia vital para a promoo da competitividade. Da a palavra de ordem entre
os especialistas da rea: design or die.
2.2.4. Polticas de promoo da competitividade Nos ltimos anos vem crescendo o consenso entre empresas e governos da
importncia estratgica do design nas polticas para promoo da competitividade.
Embora os primeiros programas governamentais de fomento tenham surgido nos
anos 40, no Reino Unido e Canad, foi s nas dcadas de 80 e 90 que o design foi
colocado como um dos pontos centrais das polticas pela competitividade. A luta
pela competitividade envolve no s os pases industrializados como tambm os de
industrializao recente (NICs- Newly Industrialized Countries). As concepes
sobre sua rea de abrangncia e potencial variam de pas para pas, assim como as
formas de polticas de desenvolvimento e os incentivos de fomento ao design.
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 73
GRFICO 1 CRESCIMENTO DE PROGRAMAS DE PROMOO DO DESIGN NO MUNDO
FONTE: Lastres e Lemos,1996 NOTA: Em cada dcada o nome de alguns pases mais representativos
Estudos econmicos realizados em 1996 por Lastros na Coria e Japo constatam
que o design absorve em mdia 15% dos custos, mas compromete cerca de 85%
dos investimentos no desenvolvimento de um novo produto. O estudo tambm
mostra que as taxas de retorno nessa rea, em geral, so maiores que em outros
tipos de investimento. Nesses 2 pases tambm foram pesquisadas as formas de
insero do design nas empresas, a relevncia e os benefcios gerados pela
atividade. Nestes quesitos podemos destacar:
i) as diferentes concepes de cada empresa para o termo design variando de um
simples elemento ligado aparncia visual at uma viso mais ampla e integrada,
envolvendo aspectos de marketing, eficincia, qualidade, competitividade, entre
outros;
j) a atividade de design ocorre em empresas de todos os portes pequena, mdia e
grande;
k) o design no possui lugar definido na estrutura organizacional das empresas,
podendo ser desenvolvido por departamentos como: marketing, produo ou P&D,
ou ainda realizado conjuntamente por diferentes departamentos da empresa.
l) uma grande variao de atitudes e estratgias de design, mesmo entre empresas do
mesmo porte e setor de atuao;
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 74
J na Inglaterra uma pesquisa realizada pelo Design Innovation Group ( The role of
design and inovation in competitive product development - 1997) revela os impactos
comerciais do design no mercado. O estudo envolveu 220 pequenas e mdias
empresas inglesas que receberam apoio do governo para a contratao de uma
consultoria de design com o objetivo de desenvolverem novos produtos. Com esse
trabalho ficou constatado que o investimento gerou rpido retorno na grande maioria
das empresas e que um pequeno incentivo, atravs da incorporao das atividades
de design, pode representar significativa melhora do desempenho das mesmas.
Outros importantes resultados foram:
m) cerca de 90% dos projetos implementados geraram lucros e o perodo mdio de
recuperao do investimento realizado foi de 15 meses a partir do lanamento do
produto;
n) 48% dos projetos implementados recuperaram seus custos totais, incluindo
equipamentos, em at um ano a partir do lanamento do produto;
o) nos casos em que foi possvel fazer comparao com produtos anteriores, as vendas
cresceram em mdia 41%;
p) mais de 40% das vendas resultantes de projetos de design de engenharia
conjugados a design industrial foram para exportao;
q) 25% dos projetos abriram novos mercados domsticos;
r) outros benefcios identificados abrangeram desde a reduo dos custos de
fabricao at melhorias na imagem externa da empresa e economia de estoques;
s) nos projetos implementados, os riscos financeiros foram baixos para todos os tipos
de design;
t) mais da metade das empresas analisadas aumentou a contratao de designers,
tanto que a contratao de consultores melhorou a utilizao do design em sua
estrutura organizacional.
Segundo Lastros (1995), nos pases da Amrica Latina e do Leste Asitico, onde a
industrializao recente (NICs) existem poucos estudos sobre o papel do design
no setor. Nesses pases o design usado de formas diversas envolvendo desde a
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 75
imitao at a melhoria efetiva dos produtos. Nos NICs asiticos o design vem
ganhando importncia na medida em que reduz custos pela simplificao dos
processos produtivos. A competitividade conseguida na racionalizao da produo
torna-se uma alternativa vivel ao tradicional emprego da mo-de-obra barata. Vale
destacar tambm que nesses pases o design possui presena mais forte nos
setores voltados exportao, com papel decisivo para as indstrias de eletrnicos,
brinquedos e equipamentos esportivos. O processo de subcontratao comercial
(OEM original equipment manufacturing) outro fator que influencia o
desenvolvimento do design nos NICs da sia. Neste tipo de contrato o design
nacional tem seu papel reduzido, j que praticamente todo o projeto do produto
determinado pela empresa estrangeira contratante. J na Amrica Latina a atividade
de design ficou vinculada imitao de produtos estrangeiros e adaptao de
tecnologias realidade nacional. Concentrou suas foras basicamente em indstrias
voltadas ao consumo interno como a moveleira, a de brinquedos e a de vidros.
Amrica Latina e Leste Asitico tambm se diferenciam com relao ao tamanho
das empresas onde o design atua. Nos NICs latino-americanos predominam as
pequenas e mdias empresas. Em contraposio, nos NICs asiticos so as
grandes corporaes as responsveis pelo desenvolvimento do design.
Nesses pases de industrializao recente, incluindo o Brasil, possvel afirmar que
os perfis, com relao ao papel do design, tendem a se modificar rapidamente como
resultado da recente abertura das economias e do surgimento de novas polticas
governamentais. (CNI, 1996)
2.2.5. Experincias internacionais na promoo do design Um estudo feito pelo Ncleo de Design da Confederao Nacional da Indstria
(1996) analisou as experincias internacionais com a promoo do design em
dezenove pases: Canad, Colmbia, EUA, Mxico, Coria, Japo, Malsia, Taiwan,
Alemanha, ustria, Dinamarca, Espanha, Frana, Holanda, Itlia, Noruega, Portugal,
Reino Unido e Austrlia.
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 76
Constatou-se que a maioria destes pases possuem polticas oficiais ou programas
especficos de design coordenados por rgos de governo, geralmente atravs do
Ministrio da Indstria e da Economia. Tambm envolvem diversos agentes pblicos
e privados de promoo, execuo, regulamentao, normatizao, fomento, P&D, e
ensino, alm do setor produtivo.
Dos pases analisados, apenas Austrlia, EUA e Itlia no possuem polticas ou
atuao oficiais de promoo do design (at 1996). Os dois primeiros encaminharam
propostas recentes de programas de design a seus respectivos Parlamento e
Congresso que no foram aprovadas. A Itlia um caso interessante, pois
considerado um dos pases de referncia para a rea, mas no possui poltica
nacional de promoo do design.
Com o passar do tempo, em alguns desses pases a formao de rgos e a
definio de polticas industriais especficas para promoo do design sofreram
importantes reformulaes que, em alguns casos, envolveram descontinuidades e
redimensionamentos; e, em outros, significou mais propriamente o fortalecimento do
apoio oficial dado rea.
Na maioria dos casos existem rgos criados especificamente para promoo,
principalmente nas figuras de conselhos de design, que so organizados com base
em duas configuraes principais:
u) Conselho de membros selecionados entre representantes de instituies e reas
afins, que se rene periodicamente, define as diretrizes gerais da poltica para a
rea e exerce atividade executiva, apoiando-se em estrutura fsica permanente, e
atua tanto na promoo quanto na implementao das mesmas. Neste caso se
incluem os conselhos de design do Reino Unido, Alemanha, Noruega e Malsia.
v) Separao entre conselho e rgos executivos. O conselho permanece responsvel
pelas atividades deliberativas, enquanto a execuo fica ao encargo de centros,
institutos, como na Dinamarca, Japo e Coria.
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 77
Diferentemente desses dois modelos, outros pases possuem em sua estrutura de
promoo apenas centros ou institutos de design, como o caso da ustria,
Holanda, Espanha, Portugal e Taiwan.
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 78
TABELA 1 - INSTITUIES PROMOTORAS DO DESIGN MINISTRIOS DA INDSTRIA Alemanha Conselho Alemo de Design e Centros Regionais de Design ustria Cmaras de Economia Austracas e Instituto Austraco de Design - OIF Canad Design Exchange Ministrios da Economia Colmbia Instituto de Fomento Industrial - IFI Coria Diviso de Poltica para o Design e Instituto Coreano de Design Industrial e
Embalagem - KIDPO Dinamarca Conselho Dinamarqus de Design; Centro Dinamarqus de Design Espanha Sociedade Estatal para o Desenvolvimento do Design Industrial DDI
Centros Regionais de Design Frana Agncia para a Promoo da Criao Industrial APCI;
Rede Design de Centros Regionais Japo Conselho de Promoo do Design e
Organizao Japonesa de Promoo do Design Industrial JIDPO Noruega Conselho Noruegus de Design Portugal Centro Portugus de Design - CPD Reino Unido Conselho de Design Taiwan Bureau de Desenvolvimento Industrial e
Conselho Chins de Desenvolvimento do Comrcio Externo EM OUTROS MINISTRIOS Holanda Ministrio da Sade, Bem-Estar e Cultura / Instituto de Design Holands Malsia Ministrio da Cincia, Tecnologia e Meio Ambiente
Conselho de Design da Malsia
FONTE: Lastres e Lemos 1996 2.2.6. Objetivos da promoo do design Apesar das caractersticas peculiares a cada um dos pases, as aes para a
promoo do design tm em comum o objetivo de aumentar a competitividade ou de
alcanar alguma meta subordinada, tal como: a agregao de valor, a melhoria da
qualidade e da imagem dos produtos, servios, indstrias, setores e do prprio pas.
Cabe destacar tambm que alguns pases possuem diretrizes claras no sentido de
privilegiar questes consideradas importantes em nvel global. Na Europa, por
exemplo, o design visto como um instrumento de harmonia e integrao do ser
humano com seu meio ambiente, assim a questo dos impactos ambientais tm sido
fortemente considerada. O Japo e outros do sudeste asitico vm incorporando
tambm essa tendncia.
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 79
Na proposta de poltica norte-americana, observa-se, alm dos objetivos
consensuais, a preocupao em desenvolver o design social e para a cidadania,
com o objetivo de integrar melhor os cidados a seus ambientes.
O estudo da CNI tambm fez uma anlise dos slogans e frases de impacto usadas
nos diferentes pases para conscientizao de empresas e outros agentes sobre o
papel e importncia do design: O Japo e a Coria demonstram claramente a
importncia do design como elemento estratgico-chave para o sculo XXI. Na frase
britnica so marcadas as possibilidades que o design propicia de diferenciao dos
produtos. Very well made in Taiwan indica o objetivo de aumentar e melhorar a
qualidade e a imagem dos produtos e tambm das empresas e do prprio pas. Na
Noruega, o convencimento sobre a importncia do tema se faz indicando como a
incorporao do design pode auferir lucros para as empresas. J na Dinamarca, a
frase destaca o talento inerente rea. E por fim, a frase da ustria ressalta a
dimenso do design, associando-o identidade, imagem e ao sucesso.
2.2.7. Estratgias e aes para a promoo do design A estratgia mais usual empregada pelos pases analisados a conscientizao da
importncia do design para as empresas e para a sociedade. Neste sentido,
destaca-se particularmente a nfase dada pelo MITI japons no relatrio preparado
por solicitao de seu Centro de Promoo do Design sobre polticas para a rea
nos anos 90: enquanto o design for considerado como elemento importante para a
melhoria da aparncia dos produtos e, portanto, um objetivo secundrio a ser
perseguido , ser absolutamente crucial educar consumidores, produtores,
investidores e a sociedade em geral sobre a importncia e contribuio do design
para a economia e vida nacionais.
Segue a descrio das principais estratgias usadas pelos programas de
conscientizao dos pases estudados no relatrio da CNI.
2.2.7.1. Fomento a atividades de desenvolvimento do design Engloba, entre outras aes, o suporte formao da estrutura de design nos
pases, atravs do apoio direto a redes de instituies de design para atendimento
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 80
s empresas, realizao de consultorias, diagnsticos e estudos, o financiamento
a projetos de desenvolvimento e a definio de sistemas de proteo do design.
As informaes recebidas sobre os programas governamentais de fomento mostram
que atualmente o apoio dado aos diversos pases enfatiza grupos variados de
setores e empresas, refletindo as diferentes potencialidades nacionais, assim como
os objetivos especficos da poltica de desenvolvimento econmico e industrial.
Na Espanha, por exemplo, a poltica para design iniciou-se com o apoio a alguns
setores mais influenciados pela moda; posteriormente, passou-se a privilegiar todos
os setores da economia; e mais recentemente, com o programa atual, a nfase est
no desenvolvimento de design em setores mais resistentes e tradicionais da
economia, incluindo sempre o apoio especfico s pequenas e mdias empresas.
Postura semelhante foi adotada pelo Japo e Tigres Asiticos que com a poltica
de promoo do design articulada com a poltica industrial galgaram fases
diferenciadas, onde inicialmente eram priorizados os setores produtivos de bens de
consumo e, progressivamente, foram sendo focalizados os setores de bens de
capital e aqueles mais intensivos em tecnologias (atualmente, informtica e
comunicaes). Da mesma forma, as aes nesses pases evoluram da orientao
ao desenvolvimento de design voltado a produtos de exportao, para atualmente
focalizarem, como o caso do Japo, o estabelecimento de novas metodologias de
design, o desenvolvimento de design original nas empresas japonesas e o apoio ao
desenvolvimento e consolidao do setor de design no pas.
J na Coria, apoia-se no desenvolvimento de tecnologias genricas de design em
setores industriais selecionados; a realizao de pesquisa cooperativa; o
estabelecimento de incubadoras de escritrios de design; a busca de solues para
gargalos pr-competitivos; o aumento das formas de articulao dos escritrios de
design com o setor industrial; e o aprimoramento do sistema de proteo do design
de forma coordenada com as aes dos pases mais avanados.
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 81
No Reino Unido, aes atuais de fomento ao desenvolvimento do design para o
sucesso competitivo incluem: levantamento, anlise e seleo das melhores formas
de utilizao de tecnologias de informao em projetos de design; estudo sobre
gesto do design em organizaes empresariais; estudo sobre gesto, explorao e
transferncia de conhecimentos em redes de inovao e design; estudo sobre a
contribuio das informaes de mercado de produtos para a definio de projetos
de design; desenvolvimento de indicadores e padres para permitir s empresas
mensurarem seus desempenhos; estudo do papel dos padres industriais no design,
focalizando especificamente o caso da ISO 9.000.
2.2.7.2. Premiao
Estratgia utilizada por todos os pases analisados. Envolve geralmente estudantes,
empresas e profissionais atuando em design industrial de produtos, servios, design
grfico e na gesto do design, visando aumentar a competitividade e qualidade dos
mesmos. De forma geral, os critrios para estes tipos de premiao so pautados na
criatividade, qualidade, agregao de valor, diminuio de custos e esttica contidas
nos produtos e servios.
2.2.7.3. criao de datas nacionais de design
Podem ser expressas em dias, semanas, meses ou anos do design. Alguns pases como
o Japo e os Tigres Asiticos possuem dia, ms e ano nacional do design. Nessas
ocasies, promove-se forte divulgao do design, atravs da mdia e da realizao de
concursos e outros eventos, como exposies, feiras, simpsios e conferncias.
2.2.7.4. Realizao de eventos e divulgao
Envolve, alm das atividades j relacionadas acima, programas de demonstrao, com
apresentao de casos de sucesso de desenvolvimento de design. Na Coria, por
exemplo, uma ao para divulgao do design industrial fez o termo passar a ser um
dos mais utilizados na mdia. No Reino Unido, destaca-se a contratao de uma srie
de estudos patrocinados pelo Design Council visando o desenvolvimento de
argumentos e dados analticos e quantitativos sobre a importncia do design naquele
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 82
pas e no mundo, para auxiliar na tarefa de conscientizao. Recentemente, sublinha-se
o apoio aos seguintes projetos: desenvolvimento de indicadores para facilitar a
percepo do design de produtos como investimento ao invs de custo; formas atuais
de avaliao de investimentos em design; proposio de uma estrutura de avaliao de
processos de desenvolvimento de produtos e de ferramentas de apoio ao investimento
em design e produo; e uso do poder de compra do setor pblico como estmulo ao
desenvolvimento de design.
2.2.7.5. Formao e treinamento de recursos humanos
As aes visam ampliar a capacitao na rea, envolvendo o incentivo incluso do
design como disciplina bsica dos cursos mdios, a criao e reforo de cursos de
design de nvel superior e de ps-graduao e o treinamento da mo-de-obra das
empresas, atravs de cursos, seminrios, apresentao de casos de sucesso. Destaca-se
ainda o apoio formao e treinamento de recursos humanos dentro da perspectiva de
promover a articulao com experincias prticas e cursos completos de design
industrial, que incluam vises integradas de planejamento estratgico empresarial,
mercadolgicas, ambientais e sociais.
2.2.7.6. Cooperao regional
Vrios pases consideram o design como meio de promover o desenvolvimento
regional, pois estimula as empresas a fazerem o melhor uso possvel das tradies,
caractersticas e cultura especficas de cada regio. Nestes casos, as aes polticas
objetivam principalmente:
a) promover a introduo do design nas pequenas e mdias empresas, por meio de
projetos de aconselhamento e consultoria prtica, seminrios, etc;
b) fomentar projetos cooperativos;
c) encorajar o desenvolvimento de recursos humanos com talento;
d) conscientizar as sociedades locais, atravs da realizao de mostras e palestras.
So exemplos de cooperao regional dois projetos apoiados no Japo:
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 83
w) New Japanese Style Research Project que rene empresas de diversos setores
para um projeto cooperativo baseado num tema especfico de interesse de todas,
objetivando aumentar as capacidades individuais de desenvolvimento de produtos.
x) Integral Design System visa introduzir know-how e mtodos de design em um
grupo de empresas que atuam em setores de baixo dinamismo. O projeto comea
por informar e reformar as estruturas empresariais e por fomentar o
desenvolvimento de pessoal com talento, subseqentemente chegando a promover
a transio das empresas das suas reas de atuao para outras consideradas mais
promissoras e competitivas.
No Reino Unido tambm um conjunto de aes vem sendo apoiado, em particular
atravs da participao de PMEs. Salienta-se a Design Link Initiative rede ligando
capacitaes e recursos locais com os conselheiros dos Business Links, tambm
usada para mobilizar atividades regionais de promoo do design.
2.2.7.7. Cooperao internacional Destaca-se a cooperao realizada por pases de diferentes regies, particularmente
os europeus e asiticos. Na Unio Europia, o Programa Sprint (Programa
Estratgico para a Inovao e Transferncia de Tecnologia) tem como objetivo a
promoo de inovaes e a transferncia de tecnologia para as pequenas e mdias
empresas, atravs do apoio realizao de parcerias. O design com capacidade
de promover o desenvolvimento de inovaes conjuntas tambm contemplado
dentre as reas prioritrias desse programa.
No mbito dos pases do Pacfico, o Japo, desde 1990, atravs da Fundao de
Design Japonesa, vem conduzindo o Plano de Intercmbio Pan-Pacfico em Design.
Este plano articula os pases com os quais o Japo tem laos comerciais,
econmicos, geogrficos e histricos estreitos (Indonsia, Malsia, Filipinas,
Singapura, Tailndia, China, Hong Kong e Taiwan). O objetivo contribuir para o
conhecimento mtuo das diferentes culturas e tradies e desenvolver capacitaes
conjuntas em design.
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 84
TABELA 2 - OBJETIVOS DAS POLTICAS PARA O DESIGN Alemanha Implementar e promover medidas visando assegurar design de alta qualidade aos
produtos e servios alemes. Austrlia* Posicionar o design como disciplina estratgica e essencial para o futuro industrial
e comercial ustria Conscientizar e intensificar a cooperao entre agentes visando o bom design, a
diferenciao do produto e o aumento da competitividade Canad Promover o design como recurso que agrega valor e aumenta a competitividade
dos produtos e servios Colmbia Contribuir para aumentar a qualidade e competitividade dos produtos Coria Aumentar a competitividade, melhorar a qualidade e a imagem dos produtos, das
empresas e do pas Dinamarca Promoo do bom design industrial visando contribuir para a competitividade dos
produtos e para aumentar as exportaes Espanha Facilitar a incorporao do design nas PMEs, para elevar o design, qualidade e
imagem dos produtos e aumentar a competitividade interna e externa EUA* Competir atravs do design, incentivando a colaborao entre produtores,
designers e investidores em reas-chaves inovao. Frana Favorecer a integrao do design em todos os nveis das empresas Holanda Aumentar a qualidade do design e estimular o interesse e o debate na rea. Japo Reestruturao e consolidao do setor de design colocado como chave na
inaugurao da nova era econmica do sculo 21 Malsia Aumentar a competitividade internacional, melhorar a capacidade das empresas e
apoiar a educao profissionalizante Noruega Promover o uso do design no desenvolvimento de produtos e de imagem,
objetivando aumentar a competitividade e lucratividade da indstria Portugal Promover o aproveitamento dos recursos do design para a modernizao e
desenvolvimento do tecido industrial, na concepo, produto e embalagem Reino Unido Aumentar a competitividade no cenrio globalizado e divulgar imagem de
excelncia internacional em inovao e design. Taiwan Aumentar a competitividade e melhorar a qualidade e a imagem dos produtos, das
empresas e do pas * propostas de poltica apresentadas em 1994 e 1995, respectivamente
FONTE: Lastres e Lemos, 1996
2.2.8. A promoo do Design no Brasil No Brasil, as aes de promoo do design apoiam-se fundamentalmente, nas
iniciativas e nos recursos dos prprios agentes econmicos, bem como nos meios
disponibilizados pelos organismos e programas governamentais, como BNDES,
FINEP, CNPq, CAPES, PACTI, RHAE, entre outros.
Para estabelecer um conjunto de iniciativas para o desenvolvimento do design
brasileiro, o Governo Federal lanou em 1995, sob a coordenao do Ministrio da
Indstria, do Comrcio e do Turismo, o Programa Brasileiro do Design PBD. O
programa visa o maior conhecimento sobre os fundamentos das polticas de apoio
ao desenvolvimento do design utilizadas em outros pases. E no futuro poder
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 85
resultar na formulao de propostas adequadas ao nosso pas, no fortalecimento
das possibilidades atualmente existentes e na criao de novos mecanismos e
instrumentos de apoio, fomento e financiamento.
Em conjunto com o PBD funciona a Rede Design Brasil, que um frum virtual de
abrangncia nacional, com permanente troca de informaes, interao, integrao
e montagem de parcerias e oportunidades de negcios, caracterizadas pela
cooperao intensiva, na busca de sinergia para o desenvolvimento qualitativo do
Design no Brasil. A Rede tem o objetivo de promover o aumento dos canais de
interao entre Empresa e Design, tendo por referncia os objetivos e estratgias do
Programa Brasileiro do Design PBD.
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 86
2.3. DESIGN E INOVAO
Como diz Garyl Hamel, guru norte-americano autor de Liderando a Revoluo, a
prosperidade das empresas est vinculada inovao. A maioria das empresas j
exauriu as possibilidades de aumentar o lucro por meio de corte de custos,
reengenharias e melhora da eficincia. Se quiser gerar riquezas a empresa tem de
inovar.
2.3.1. Definies de inovao Segundo Blackwell (1968) a definio geralmente aceita de que inovao
qualquer idia ou produto percebido pelo adotante potencial como sendo novo. No
entanto, uma definio subjetiva da inovao, j que derivada de uma estrutura
de pensamento de um indivduo em particular. Para uma definio mais objetiva,
com base em critrios externos ao adotante, Blackwell diz que inovaes so idias,
comportamentos ou coisas que so qualitativamente diferentes de formas existentes.
Esta definio tambm tem seus problemas devido discordncia sobre o que
constitui uma diferena qualitativa.
Nos EUA, a Federal Trade Comission aprova abordagem, mas limita o uso do novo
propaganda de produtos que estejam disponveis no mercado h menos de 6
meses. Inovaes freqentemente so definidas operacionalmente como produtos
introduzidos recentemente que no atingiram 10% de sua participao de mercado
final.
Segundo o INPI, no Brasil as inovaes em um produto podem ser classificadas e
protegidas de duas formas possveis:
y) como patentes: a inveno, propriamente dita; o certificado de adio de inveno
e modelo de utilidade
z) como registro: o desenho industrial
A inveno uma concepo resultante do exerccio da capacidade de criao do
homem, que represente uma soluo para um problema tcnico especfico, dentro
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMPETITIVIDADE 87
de um determinado campo tecnolgico e que possa ser fabricada ou utilizada
industrialmente. O certificado de adio de inveno um aperfeioamento ou
desenvolvimento introduzido no objeto de determinada inveno. A proteo
cabvel para o depositante ou titular da inveno anterior a que se refere (Art. 76 da
LPI).
O desenho industrial a forma plstica ornamental de um objeto ou o conjunto
ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando
resultado visual novo e original na sua configurao externa e que possa servir de
tipo de fabricao industrial (Art. 95 da LPI).
2.3.2. Inovao e competitividade Para avaliar o grau de inovao tecnolgica de um pas o indicador mais usado o
nmero de patentes concedidas a suas empresas pelo Escritrio de Patentes e
Marcas. Por esse ndice, segundo a revista Exame, em 1990, o Brasil era o 28 pas
do mundo em nmero de patentes. Uma dcada depois, passada toda abertura da
economia, havia cado para a 29 posio. O nmero de patentes concedidas
aumentou de 45, em 1990, para 125 no ano passado. No mesmo perodo, no
entanto a Coria do Sul saltou de 290 para 3763, e Taiwan, de 861 para 6545.
Com a abertura da economia brasileira nos anos 90, as empresas nacionais
iniciaram um processo de adaptao aos padres internacionais. No entanto, a
maior parte das corporaes do pas conserva o velho hbito de copiar modelos de
fora, algo que funcionou bem no passado, mas tende a no dar certo com o
aprofundamento da globalizao.
Outra razo para o desenvolvimento de novos produtos o papel que a liderana de
mercado representa na lucratividade da empresa. Pesquisas indicam que empresas
que so lderes de mercado, geralmente tm o retorno mais alto sobre o
investimento. A taxa de retorno em mdia 3 vezes maior que empresas com baixa
participao de mercado.
Ser uma das primeiras empresas a comercializar um novo produto num mercado
emergente tambm leva ao que chamado de vantagem do pioneiro. A empresa
INOVAO ATRAVS DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA COMP