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DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

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DESIGN E CHIMARRÃO:

CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO

CONTADOS E COMPARTILHADOS

NA WEB

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DESIGN E CHIMARRÃO:

CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO

CONTADOS E COMPARTILHADOS

NA WEB

DIEGO LUIZ DE ALMEIDA MOTTA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTASCENTRO DE ARTES

BACHARELADO EM DESIGN DIGITAL

PELOTAS, 2011

DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHOCONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

DIEGO LUIZ DE ALMEIDA MOTTA

Trabalho acadêmico apresentado ao Centro de Artes para a conclusão do Curso de Graduação em Design Digital da Universidade Federal de Pelotas como requisito parcial à obtenção do Título de Bacharel em Design Digital.

ORIENTADORA: LÚCIA BERGAMASCHI COSTA WEYMAR

BANCA EXAMINADORA:PABLO FABIÃO LISBOA

TOBIAS TESSMANN MÜLLING

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A minha família, em especial mãe e avó, por incentivar os meus estudos e por acreditar em mim.

A Lúcia Weymar, por aceitar me orientar neste projeto e por toda a convivência durante este momento tão importante, sempre serei grato.

A banca, Pablo e Tobias, por todas as considerações que foram e continuarão sendo seguidas ao longo da minha vida acadêmica.

A Flávia Pithan, pela orientação no pré-projeto e por toda a ajuda que se dispôs a fazer e fez, obrigado.

A Norberto Bozzetti, por ter me recebido em sua casa e concedido uma entrevista, foi um grande prazer.

Aos amigos, da faculdade e do trabalho, que colaboraram de alguma forma na construção destes pixels.

AGRADECIMENTOS

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“Você quer passar o resto de sua vida vendendo água com açúcar ou quer ter a chance de mudar o mundo?”

Steve Jobs – em entrevista a John Sculley para o livro “Odyssey: Pepsi to Apple”

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Design e Chimarrão: causos de Design gaúcho contados e compartilha-dos na web é um Trabalho de Conclusão de Curso em Design Digital da Universidade Federal de Pelotas e objetiva a criação de um site/blog sobre o Design gaúcho com o intuito de divulgá-lo e valorizá-lo. Para isto, investi-gamos fragmentos históricos acerca do Design no Rio Grande do Sul, reali-zamos um estudo exploratório na internet sobre perfis sociais que interessem aos Designers e realizamos uma entrevista com o Designer gaúcho Norberto Bozzetti.

Palavras-chave: design gaúcho, design e chimarrão, blog sobre design, design digital.

RESUMO

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“Design e Chimarrão: causos de Design gaúcho contados e compartilhados na web” is a completion of course work in Digital Design of Universidade Federal de Pelotas and aims at creating a site/blog about the “gaúcho” Design in order to promote it and treasure it even more. To investigate this historical fragments about the Design in Rio Grande do Sul we did an exploratory study on the internet about social profiles interesting to Designers and conducted an interview with “gaúcho” Designer Norberto Bozzetti.

Key-words: gaúcho design, design and chimarrão, blog about design, digital design.

ABSTRACT

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PÁGINA INICIAL

CUIA, BOMBA E UM POUCO DE REPERTÓRIO

CAUSO UM: ERA UMA VEZ... UM GAÚCHO CHAMADO DESIGN

CAUSO DOIS: ZEUNER, UM MESTRE MAIS GAÚCHO DO QUE ALEMÃO

CAUSO TRÊS: CINCO BOAS MADRUGADAS

CAUSO QUATRO: DESIGN GAÚCHO EM QUATRO ATOS

CAUSO CINCO: AMIGOS, AMIGOS; NEGÓCIOS EM SOCIEDADE

CAUSO SEIS: NEM AMARELO, NEM AZUL: VERDI

CAUSO SETE: ABDUZEEDO

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MENU

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ERVA-MATE, ÁGUA QUENTE E UM PAPO SOBRE DESIGN

ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

MEIA COLHER DE SOPA DE PIXELS E UM BOCADO DE MÉTODO

DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHOCONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

BRIEFING

PÁGINA FINAL

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FIGURA 01: CHIMARRÃO

FIGURA 02: CUIA, BOMBA E UM POUCO DE REPERTÓRIO

FIGURA 03: ERVA-MATE, ÁGUA QUENTE E UM PAPO SOBRE DESIGN

FIGURA 04: MEIA COLHER DE SOPA DE PIXELS E UM BOCADO DE MÉTODO

FIGURA 05: DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

FIGURA 06: NORBERTO BOZZETTI

FIGURA 07: GAÚCHOS

FIGURA 08: ERNEST ZEUNER - AUTORRETRATO

FIGURA 09: A SEÇÃO DE DESENHO DA EDITORA GLOBO

FIGURA 10: 1ª EDIÇÃO DA MADRUGADA

FIGURA 11: 2ª EDIÇÃO DA MADRUGADA

FIGURA 12: 3ª EDIÇÃO DA MADRUGADA

FIGURA 13: 4ª EDIÇÃO DA MADRUGADA

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FIGURA 14: 5ª EDIÇÃO DA MADRUGADA

FIGURA 15: JOSÉ CARLOS BORNANCINI

FIGURA 16: NELSON IVAN PETZOLD

FIGURA 17: TALHERES

FIGURA 18: GARRAFAS TÉRMICAS

FIGURA 19: PETZOLD NO PRÊMIO BORNANCINI

FIGURA 20: REDESIGN DE MARCA: ITAIPU

FIGURA 21: PROJETO DE EMBALAGEM

FIGURA 22: MARCAS PARA ESTÚDIO DE DANÇA

FIGURA 23: MARCAS

FIGURA 24: FÁBIO SASSO

FIGURA 25: SITE MARIA CULTURA

FIGURA 26: SITE IDEAFIXA

FIGURA 27: MARCAS

FIGURA 28: MARCAS

FIGURA 29: MARCAS

FIGURA 30: MARCAS

FIGURA 31: MARCAS

FIGURA 32: “DIAGRAMA DA ESPERIÊNCIA”

FIGURA 33: MARCA DESIGN & CHIMARRÃO

FIGURA 34: MARCA PICTÓRICA DESIGN & CHIMARRÃO

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FIGURA 35: SITE ABDUZEEDO

FIGURA 36: SITE DESIGN ON THE ROCKS

FIGURA 37: SITE DE2IGN

FIGURA 38: SITE ANTICAST

FIGURA 39: SITE MARCO ZERO

FIGURA 40: SITEMAP

FIGURA 41: WIREFRAME DA TELA BLOG

FIGURA 42: WIREFRAME DA TELA BLOG DETALHE

FIGURA 43: WIREFRAME DA TELA PROJETO

FIGURA 44: WIREFRAME DA TELA CAUSOS

FIGURA 45: WIREFRAME DA TELA CAUSOS DETALHE

FIGURA 46: WIREFRAME DA TELA CURSOS

FIGURA 47: WIREFRAME DA TELA ENTREVISTAS NORBERTO BOZZETTI

FIGURA 48: WIREFRAME DA TELA CONTATO

FIGURA 49: PÁGINA BLOG

FIGURA 50: PÁGINA BLOG DETALHE

FIGURA 51: PÁGINA DESIGN E CHIMARRÃO - PROJETO

FIGURA 52: PÁGINA DESIGN GAÚCHO - CAUSOS

FIGURA 53: PÁGINA DESIGN GAÚCHO - CAUSOS DETALHE

FIGURA 54: PÁGINA ENSINO E PROFISSÃO - CURSOS

FIGURA 55: PÁGINA ENTREVISTAS - NORBERTO BOZZETTI

FIGURA 56: PÁGINA CONTATO

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TABELA 01: PERFIS DE DESIGN

TABELA 02: ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

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LISTA DE TABELAS

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1 A cuia é geralmente produzida a partir do fruto da planta porongo; é o recipiente onde se toma o chimarrão. A bomba, em metal, funciona como um canudo e é usada dentro da cuia para sorver o chimarrão. A erva-mate é uma árvore cujas folhas são misturadas à água com fins de ser sorvida. O chimarrão é bebido quente, mas a água não pode ser fervente para não queimar a erva; por isso ela precisa ser aquecida até “chiar na chaleira”.

O chimarrão ou mate, como é comumente chamado, é uma bebida caracterís-tica da região meridional da América do Sul. Porém, no contexto brasileiro, é bastante característico do Rio Grande do Sul. É um dos elementos que sim-bolizam este estado assim como, por exemplo, o churrasco. Para fazê-lo é necessário ter uma cuia, uma bomba, erva mate e água quente1. Porém, este trabalho não tem a intenção de problematizar sobre o chimarrão, nem de en-sinar a tomá-lo – o que é bem complexo, diga-se de passagem e, acreditem, existem técnicas para tomar um bom chimarrão. Muito menos, o texto tem a intenção de cultuar qualquer espécie de bairrismo. A sugestão é a de utilizar o termo chimarrão como uma metáfora para esta pesquisa enquanto uma in-vestigação que aborda não o gaúcho, mas o Design gaúcho.

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2 Ao longo de seu testemunho no livro Pensando Design (2004), o professor e designer Norberto Bozzetti grafa Design e Designer sempre com letra maiúscula como homenagem à profissão e ao profissional. Considero justa e merecida esta homenagem e estendo-a neste projeto, homenageando quem tanto fez pelo nosso Design.

O chimarrão (Figura 01), em sua origem, tem como significado a paz e o entendimento. Cada pessoa, ao passar o próximo mate à outra, age como se dissesse que a admira e a respeita como pessoa e como cidadã e que, naquele momento de reunião, todos são iguais. O fragmento histórico a seguir sobre o significado do ato de chimarrear vai nos ajudar posteriormente a entender o porquê da sua relação neste trabalho com o Design2

“[...] Primeiro sorveu um velho capitão. Depois um jovem, um pardo decente – o nome do mulato não se deve escrever; depois eu, depois o “spahi”, depois um mestiço de índio e afinal um português, todos pela ordem. Não há nisso, nenhuma preten-são de precedência, nenhum senhor e criado; é uma espécie de serviço divino, uma piedosa obra cristã, um comunismo moral,

uma fraternidade verdadeiramente nobre, espiritualiza-da! Todos os homens se tornam irmãos, todos tomam o mate em comum!” (VIAGEM pelo Sul do Brasil, 1953).

Ao escrever sobre chimarrão, é preciso con-tar que os gaúchos têm como hábito tomá-lo em momentos específicos do seu dia, sozinhos ou acompanhados. Quase como um ritual, nestes momentos cada um tem seu jeito de fazer, tomar e compartilhar seu mate. Mas, o que nos serve de interesse é o fato de que as pessoas gostam de se reunir com amigos e fa-miliares para tomar um chimarrão e compar-tilhar de um bom papo.

Figura 01 – Chimarrão. Fonte: R7 (2011).

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Agora, ao escrever sobre Design, é preciso entender que é uma profis-são ainda nova se comparada a outras áreas mais tradicionais como a engenharia e a medicina, por exemplo. As pessoas ainda não sabem o que significa, o que faz o profissional dessa área – o Designer – e tampouco sabem suas histórias e expoentes. É compreensível que isso aconteça. Hoje, a pa-lavra Design é bastante utilizada entre as pessoas, contudo, essencialmente atribuída à questões apenas estéticas. Em entrevista para Stolarski, Alexandre Wollner3 declara

A maioria dos clientes não sabe o que é design, mas os es-tudantes de design também não. Eu pergunto às vezes: “O que vocês acham que é design?”. Eles me dão respostas incríveis. “É fazer coisas bonitas, desenhos proporcionais”, coisas do tipo (WOLLNER apud STOLARSKI, 2005, p. 53).

O primeiro lugar no qual precisa acontecer uma disseminação acerca do sig-nificado do Design é na universidade. As universidades, os cursos e algu-mas referências bibliográficas existentes sempre estiveram preocupados em passar ao aluno histórias universais acerca do surgimento do Design. Essa é a corrente predominante entre as versões da historiografia. Conhecê-la é necessário e importante, isso resta evidente. Mas, aqui, no contexto brasilei-ro, será que os interessados conhecem histórias de Design? – E focalizando ainda mais, aqui no contexto gaúcho, alguém sabe? Quem estuda ou trabalha com Design no Rio Grande do Sul acredita não ser importante conhecer suas

3 Alexandre Wollner foi um dos pioneiros do Design no Brasil. Aluno da primeira turma do Instituto de Arte Contemporânea do Masp, estudou também na Escola de Ulm, na Alemanha, que serviu como base para o Design brasileiro. Fundou o primeiro escritório de Design do país com Geraldo de Barros, Walter Macedo e Ruben Martins e foi fundador e professor do Instituto de Desenho Industrial do MAM do Rio de Janeiro e da Escola Superior de Desenho Industrial da UERJ, além de ser um dos principais designers de projetos de identidade corpo-rativa no Brasil (STOLARSKI, 2005, p. 11).

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histórias? Essas são questões importantes ao pensarmos o Design como en-sino e profissão. Que futuro o espera, se ninguém se importar em conhecê-lo profundamente e, consequentemente, em divulgá-lo?

O Design gaúcho ainda se apresenta bastante frágil no que diz respeito as suas próprias reflexões. Ainda temos poucas informações registradas e escassos livros que possam servir como referência e pesquisa para os atuais e futuros Designers. E, por outro lado, muitas publicações que são feitas hoje – como artigos e trabalhos de conclusão de curso – ficam em seus locais de origem, sem que as pessoas a elas tenham fácil acesso. Resultado: grandes, bons e relevantes trabalhos ficam restritos e não contribuem com a expansão do co-nhecimento acerca do Design.

[...] Se a cultura do país carece de documentação e reflexão, no caso do design há um fator suplementar para agravar a situação: a chamada “cultura de massa”, consumida cotidianamente por todos nós, raramente recebe atenção das instituições dedicadas à memória nacional. O resultado é que o design permanece es-condido em algumas poucas bibliotecas públicas, em coleções particulares, ou perdido em páginas de revistas de época. Não são raros os casos em que nem as empresas nem os autores dos projetos possuem documentação ou arquivo de sua própria produção. Empresas e profissionais repetem, assim, a desaten-ção das instituições. Falta ao ambiente cultural brasileiro em geral, e ao do design em particular, uma postura de reconheci-mento e valorização da produção nacional (MELO, 2008, p. 26).

Algo que contribui, e muito, com a divulgação do Design é a internet a qual, hoje, a maioria das pessoas tem acesso e pode, em tempo real, ver e opinar acerca da informação que está recebendo. Conforme observamos na citação a seguir, Luli Radfahrer4 cita de forma muito clara as vantagens da internet

4 Luli Radfahrer é Ph.D. em comunicação digital pela ECA-USP, onde também é professor há mais de dez anos (RADFAHRER, 2007).

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A Internet tem vários recursos que os outros meios de comuni-cação não têm. Os dois principais são a personalização – cri-ação de veículos que permitem um contato verdadeiramente individual – e a manipulação, que muita gente adora chamar de interatividade: os documentos se reorganizam e se acumu-lam, o que torna cada contato uma experiência única. Na sua essência, ela é bem parecida com um bate-papo típico: um as-sunto vai levando ao outro, que leva a mais um e assim por di-ante, de forma agradável, de acordo com o interesse do ouvinte (RADFAHRER, 1999, p. 46).

Contudo, isto também não significa que agora há um grande conteúdo à dis-posição de todos. Ao contrário, consideramos que temos relativamente pouca informação científica e de qualidade disponível na internet que problematize o Design5 com seriedade. Sites específicos sobre isso, por exemplo, são raros. O que existe, atualmente, são sites em formatos de blogs de Design6, nos quais há o compartilhamento de opiniões, referências, portfólios e debates bem como espaço para que seus leitores participem ativamente, informando promoções, divulgação de vagas de trabalho, dentre outras ações.

Paula Astiz7 compartilha da opinião de que os Designers de hoje não são mais apenas receptores de informações: “[...] Acredito no design gráfico como formador de opinião, com um discurso ativo na produção de novas formas

5 Existe, por exemplo, um projeto de graduação do Designer Douglas Leonardo da Silva pelo Centro Universitário SENAC – São Paulo, no qual ele transformou o livro História do Design Gráfico de Philip Meggs em um infográfico, disponibilizando-o na internet para consulta e download. Pode ser acessado em: < http://www.dougleonardo.com/hdg/infografico/>.

6 Como por exemplo, pode-se citar: Revista D2sign - <http://www.revistadesign.com.br/2/>; Choco La Design - <http://chocoladesign.com/>; Anticast - <http://anticast.com.br/>.

7 Paula Astiz é arquiteta formada pela FAU-USP, com mestrado em design gráfico pelo Royal College of Art de Londres. Hoje dirige o estúdio Paula Astiz Design, desenvolvendo identidades visuais, projetos editoriais, design de websites e letreiros para cinema (ADG, 2002, p. 217).

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de conhecimento e contribuições significativas à nossa sociedade” (ASTIZ, 2004, p. 22). Radfahrer ainda explica porque o meio digital deveria ser mais utilizado e privilegiado

O meio digital tem várias particularidades que nunca existiram antes e é completamente diferente de todas as outras mídias, mas leva pedaços de todas elas. A web é ágil como o rádio, abran-gente como o jornal, rica como o videogame, envolvente com a TV, em alguns casos móvel como o celular. Também pode ser cativante como a correspondência, profunda como uma consulta a um especialista, imprevisível como um papo de boteco. A web é... a web. Suas limitações tecnológicas e as possibilidades do hipertexto fazem dela uma mídia de texto, por enquanto. Um re-vistão imprevisível, com número e ordem das páginas variáveis (RADFAHRER, 1999, p. 32-33).

Nesta pesquisa, encontramos uma forma de discorrer sobre o que chamamos de histórias, problematizações ou causos relacionados ao Design gaúcho. Em algumas buscas, encontramos citações de certos momentos históricos, publicações como revistas, jornais, periódicos e entrevistas com profissio-nais riograndeses; entretanto, nada que discorra de forma aprofundada sobre o tema. Se quase não existem sites que aprofundem o Design como tema universal, enquanto tema gaúcho existem menos ainda! Falta uma iniciativa como esta, um site que trate de Design, sobre seu ensino e profissão e sobre quem são os grandes nomes que fizeram essa profissão acontecer.

Por esta razão, através do projeto e do desenvolvimento de um site/blog, pre-tendemos escrever e comentar um pouco sobre isto e, quem sabe, contar algo que faça as pessoas se interessarem um pouco mais sobre o Design produzido no Rio Grande do Sul. E não apenas a quem lá nasceu, mas a todos os interes-sados pelo tema. Um site que conte estes causos de uma forma interessante, atingindo estudantes e profissionais e tornando-se um ponto de consulta, pesquisa e compartilhamento de novas informações. Um site interativo, que

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contenha textos, imagens e vídeos; que conte muitas histórias, construindo referências, dividindo opiniões com os leitores, afirmando-se realmente como um espaço em prol da valorização do Design gaúcho.

Sendo assim, o problema que norteia esta pesquisa envolve o seguinte ques-tionamento: como projetar um site/blog sobre o Design gaúcho com o intuito de divulgá-lo e valorizá-lo aliando os quesitos estético-formais com os crité-rios da internet, como usabilidade e acessibilidade por exemplo?

A pesquisa “Design e Chimarrão” é dividida em quatro capítulos: Cuia, bom-ba e um pouco de repertório (Figura 02); Erva mate, água quente e um papo sobre Design (Figura 03); Meia colher de sopa de pixels e um bocado de mé-todo (Figura 04); e Design e Chimarrão: causos de Design gaúcho contados e compartilhados na web (Figura 05).

Figura 02 – Cuia, bomba e um pouco de repertório. Fonte: O autor (2011).

Figura 03 – Erva mate, água quente e um papo sobre Design. Fonte: O autor (2011).

Figura 04 – Meia colher de sopa de pixels e um bocado de método. Fon-te: O autor (2011).

Figura 05 – Design e Chimarrão: causos de Design gaúcho contados e compar-tilhados na web. Fonte: O autor (2011).

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Os três primeiros capítulos se referem à questão teórica da pesquisa e o quar-to, à parte prática. O capítulo inicial, denominado Cuia, bomba e um pouco de repertório, se apresenta em formato de causos8, ou melhor, fragmentos históricos, onde nele é investigado através de pesquisas bibliográficas um pouco da história do Design gaúcho e, sempre que possível, relacionando-os com fatos históricos nacionais do Design. Afinal, assim como afirma Chico Homem de Melo9 “há muito o que aprender com a trajetória do design bra-sileiro. Urge divulgá-la, como meio de alimentar e oxigenar o design que fazemos hoje” (MELO, 2008, p. 27).

O segundo capítulo Erva mate, água quente e um papo sobre Design é um espaço dedicado a uma etapa de pesquisa exploratória feita basicamente através da internet em sites e blogs sobre Design, buscando informações so-bre questões muito importantes a esta pesquisa, como a valorização do De-sign gaúcho. Neste momento, é pesquisado ainda de que modo o Design gaú-cho está sendo tratado pelos meios de comunicação, isto é, como ele é visto e percebido. Também é pesquisada a qualidade de sua divulgação, ou seja, se os eventos, exposições e outras ações têm o devido respeito e atenção por parte das outras pessoas. O capítulo é complementado com uma entrevista metodologicamente definida conforme a citação a seguir

8 Causo é uma expressão popular utilizada no Rio Grande do Sul e significa caso, conto, história.

9 Chico Homem de Melo é designer, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e diretor da Homem de Melo & Troia Design [...] Também é autor de livros, entre ele: “Os Desafios do Designer”, de 2003, “Signofobia” e “Design Gráfico Brasileiro: Anos 60”, ambos de 2006 (ABC Design, s/d).

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A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado as-sunto, mediante uma conversação de natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 178).

A entrevista contempla, nesta pesquisa, o Designer Norberto Bozzetti (Figura 06), conhecido como “o senhor das marcas”. Bozzetti foi um dos primeiros profissionais do Rio Grande do Sul a trabalhar com Design grá-fico. Formado em Arquitetura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, direcionou-

se ao Design desde cedo graças às experiências adquiridas durante a facul-dade as quais o encaminharam para essa área projetual. Atualmente, ele é líder da equipe Bozzetti Design e professor na UniRitter, além de já ter sido coordenador do Núcleo de Design Gráfico da Associação dos Profissionais em Design do Rio Grande do Sul – APDesign.

A ideia da entrevista surgiu por conta de Bozzetti ter acompanhado a história mais recente e poder, ele mesmo, dar o testemunho de quem viveu este mo-mento, pelo fato dele se dedicar à valorização do Design gaúcho e, também, por fazer uso desta preocupação com o Design: “[...] além do meu trabalho como Designer, à frente de uma competente equipe profissional, dedico – como sempre fiz – uma parte do meu tempo ao estudo, ao ensino e à divul-gação do Design” (BOZZETTI, 2004, p. 53).

Figura 06 – Norberto Bozzetti. Fonte: Jornal do Comércio (2010).

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Em termos de metodologia científica, esta entrevista é do tipo estruturada, com um roteiro estabelecido através de perguntas predeterminadas, mas não padronizadas; ou seja, a entrevista dá espaço para que o entrevistado fale abertamente sobre os assuntos, o que suscita questões não pensadas. A entre-vista é gravada em formato de vídeo, audiovisual e disponibilizada no site/blog, afinal, este recurso é uma estratégia para cativar ainda mais as pessoas sobre a importância destes causos e da valorização do Design. Um vídeo tem esse poder, o de tomar a atenção do espectador, fazê-lo viajar e, assim, aproximá-lo das histórias contadas. A este respeito Stolarski afirma

O vídeo, mais ágil que o livro, facilita o contato direto e infor-mal. Com a mudança de formato, muda a forma da narrativa: sai o discurso em primeira pessoa e entra em cena a entrevista, em que as indagações aparecem e ganham força. Muda também o contexto: somos transportados do espaço neutro da página em branco para o cotidiano de uma casa/escritório. Esse novo pano de fundo revela emoções e intenções normalmente escondidas por detrás do discurso grafado, ao mesmo tempo em que permite uma exposição mais vívida de certos dados técnicos e concei-tuais (STOLARSKI, 2005, p. 13).

No terceiro capítulo, intitulado Meia colher de sopa de pixels e um bocado de método, é descrito brevemente o contexto do meio digital, contemplando os assuntos pertinentes a esta pesquisa, como por exemplo, algumas definições de blog bem como, ainda, algumas discussões de cibercultura e redes sociais que nos façam compreender melhor esse meio digital, tão amplo e tão novo. E, por fim, discorro sobre a metodologia projetual em Design digital a ser uti-lizada, a qual se refere ao método de Jesse James Garrett (2003). É um méto-do eficaz e descreve de forma suficientemente detalhada cada etapa projetual, dando sempre ênfase na experiência e na sensação que o produto irá causar em seus usuários. Garrett denomina esta metodologia de “diagrama da ex-periência” e ela é dividida em cinco planos conceituais: plano de estratégia,

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plano de escopo, plano de estrutura, plano de esqueleto e plano de superfície.

O quarto e último capítulo, intitulado Design e Chimarrão: causos de Design gaúcho contados e compartilhados na web é dedicado a prática desta pesqui-sa. Não se pretende descrever aquela velha roda de chimarrão com um grupo de pessoas a discutir e contar causos de Design. Atualmente, a internet e as novas mídias digitais atingem um número massivo de pessoas que, conec-tadas ao mesmo tempo, podem juntas debater sobre todo e qualquer tema e, assim, compartilhar e trocar informações de uma forma mais otimizada. Esta pesquisa tem, no entanto, como objetivo, o projeto e o desenvolvimento de um site/blog (encontram-se também no cd em anexo) que problematize o Design gaúcho, colocando-o em debate e nele deixando registrada uma parte destes causos tão pouco explorados: um site/blog que seja uma troca de ex-periências e conhecimento. Um site para dar conta destas histórias. E um blog para dar conta desta troca de conhecimento entre os usuários, como nas velhas rodas de chimarrão. O blog, metaforicamente, nada mais é do que um diário, a diferença é que, nele, você compartilha com as outras pessoas o conteúdo mais interessante para você mesmo ou para o público ao qual se destina.

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O Rio Grande do Sul é o estado mais meridional do Brasil, tem cerca de dez milhões de habitantes e sua capital é a cidade de Porto Alegre. Todos que no Rio Grande do Sul nascem, tendem a ser chamados de gaúchos, termo gentílico para denominar um tipo folclórico aqui encontrado, originalmente assim definido

Gaúcho é uma denominação dada às pessoas ligadas à atividade pecuária em regiões de ocorrência de campos naturais do Vale do Rio da Prata e do Sul do Brasil, entre os quais o bioma de-nominado pampa, descendente mestiço de espanhóis, indígenas, portugueses e africanos. As peculiares características do seu modo de vida pastoril teriam forjado uma cultura própria, de-rivada do amálgama da cultura ibérica e indígena, adaptada ao trabalho executado nas propriedades denominadas estâncias. É assim conhecido no Brasil, enquanto que em países de língua espanhola, como Argentina e Uruguai é chamado de gaucho (FLICKR, 2010).

O povo gaúcho cultua com muito orgulho seus costumes e suas crenças (Figu-ra 07). Por isto, ele é assim conhecido e reconhecido perante seu próximo. Há, por exemplo, o já citado e famoso churrasco – o qual o gaúcho é quem melhor

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10 Prenda, s. Jóia, relíquia, presente de valor. Em sentido figurado, moça gaúcha (GLOSSÁRIO de termos gauchescos, s/d).

o sabe preparar, que me desculpem os outros povos – e o Centro de Tradições Gaúchas (CTG), onde os gaúchos – com suas botas e bombachas, seus len-

ços e chapéus – dançam com suas prendas10, também vestidas a caráter – com seus vestidos longos e rodados – músicas característi-cas como o vaneirão, o chamamé, a milonga e tantas outras.

O palavreado também se destaca no Rio Grande do Sul no qual as palavras ganham novos nomes em

comparação ao resto do país. Quem nunca pediu um pão cacetinho na padaria? Quem é que não tem um bidê no quarto? E, mais precisamente aquela palavra que vai permear esta pesquisa, quem nunca contou um causo que atire a primeira pedra. As pessoas contam causos, isto é, inúmeros casos e histórias ao longo dos seus dias. Isso já está no sangue do gaúcho. Porém, o causo tem um significado narrativo onde pode ser acrescentado elementos novos que podem ser fantasiosos ou uma reinterpretação da história por parte daquele que narra. E nesta pesquisa nos utilizaremos da palavra como uma simbolização gaúcha, deixando claro que o correto seria utilizarmos a expressão fragmento histórico. Como exemplo de causo temos este, denominado Saudades do Rio Grande

Figura 07 – Gaúchos. Fonte: Cowboys do asfalto (s/d).

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Diz que, tendo vindo o gaúcho passear no Paraná, foi convidado para tomar mate na casa do paranaense.

Este, por sua vez, mais louco para pregar-lhe uma peça, esquen-tou a água até avermelhar o fundo da cambona.

Na hora de servir, desceu a água pela bomba, para que esta fi-casse ainda mais quente. Passou a cuia para o visitante, que ime-diatamente deu-lhe uma sorvida com muita vontade.

O gole, desceu queimando desde o beiço até a alma do gaúcho, que para não perder a compostura, engoliu quieto apertando os olhos, donde escorriam lágrimas de dor.

O paranaense então perguntou:

- O que foi, gaúcho? Por que choras?

E este, com a incrível cara-de-pau que lhe foi legada por Deus, respondeu em forte tom de recordação:

- Saudades do meu Rio Grande...! (NEIS, s/d)

Em se tratando de causos de Design, precisamos também de algumas definições acerca da palavra Design

[...] A origem mais remota da palavra está no latim designare, verbo que abrange ambos os sentidos, o de designar e o de de-senhar. Percebe-se que, do ponto de vista etimológico, o termo já contém nas suas origens uma ambiguidade, uma tensão dinâmi-ca, entre um aspecto abstrato de conceber/projetar/atribuir e outro concreto de registrar/configurar/formar (DENIS, 2000, p. 16).

Design significa projeto, configuração, se distinguindo da pala-vra drawning – desenho, representação de formas por meio de linhas e sombras. Estas distinções estão presentes também no idioma espanhol: diseño para a atividade projetual e dibujo para a realização manual. A palavra design foi assimilada interna-cionalmente, sendo de uso corrente em Portugal (NIEMEYER, 2000, p. 26).

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Como substantivo significa, entre outras coisas, “propósito”, “plano”, “intenção”, “meta”, “esquema maligno”, “conspi-ração”, “forma”, “estrutura básica”, e todos esses e outros signifi-cados estão relacionados a “astúcia” e a “fraude”. Na situação de verbo – to design – significa, entre outras coisas, “tramar algo”, “simular”, “projetar”, “esquematizar”, “configurar”, “proceder de modo estratégico”. [...] Etimologicamente, a palavra design significa algo assim como de-signar (entzeichnen) (FLUSSER, 2007, p. 181).

Essa definição é muito ampla. Tão ampla quanto a origem latina da palavra design. [...] Design, por consequência, é um termo que se refere tanto a atividade projetual quanto a uma técnica de materialização que provoca uma forma sobre uma superfície, por exemplo (KOPP, 2004, p. 40).

Mas, por mais definido que esteja, o Design é permeado por dúvidas, in-certezas e principalmente pela falta de conhecimento por parte das pessoas. Saber o que significa é importante, porém, não basta. Saber de onde veio e quais trajetórias percorreu até chegar aos tempos de hoje pode ser até mais relevante porque, deste modo, temos a possibilidade de discutir e fazer com ele evolua cada vez mais. Porém, perpassar toda uma história, como sabemos, é muito difícil. “Não é possível, evidentemente, abranger em um único vo-lume todas as ramificações de um campo tão vasto em aplicações e variações quanto o design” (DENIS, 2000, p. IX). Por conta disso, não será contada a história propriamente dita, mas histórias que nos ajudem a compreender este Design gaúcho. E falando em Design no Rio Grande do Sul, nada melhor do que contar estes causos. Além disto, escrever sobre Design é tão importante quanto desenhar e/ou projetar algum produto, portanto, nesta pesquisa há os dois tipos: o escrever e o projetar.

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Ler e escrever sobre design são mais que complementos da vida profissional e da vida acadêmica. São essenciais para o cresci-mento pessoal e para a compreensão de nosso papel na socie-dade, e são também o modo mais eficiente de aprender com nosso próprio trabalho (FERLAUTO, 2007, p. 9).

Como afirma Cláudio Ferlauto11, “sem conhecer o passado não dá” (FERLAUTO, 2007, p. 19). Por esta razão, alguns causos que representam e simbolizam o Design gaúcho são discorridos nos fazendo compreender me-lhor quem somos e o que fazemos. Acreditamos que para discutir todas estas histórias, a opção pelos formatos dos causos é interessante porque não torna as histórias massivas e cansativas. São causos leves, rápidos e instrutivos. A forma de memorização e recordação é mais alta. Sem contar que, em nosso caso, o Design gaúcho nos instiga a descobrir sempre mais, pois são lugares às vezes conhecidos, momentos próximos. É o mundo do qual nós fazemos parte. E estes são apenas alguns causos, porém, infinitos serão, afinal, o Design gaúcho está em constante construção. Nesta pesquisa eles vão sendo contados sem uma ordem específica. A partir de agora, sintam-se à vontade para tomar um chimarrão enquanto os apreciam.

11 Cláudio Ferlauto se formou em Arquitetura pela UFRGS e trabalha com Design desde 1960. Hoje é um grande editor de coleções de Design da Editora Rosari em São Paulo.

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O Design gaúcho propriamente dito se iniciou em meados de 1952 com a cri-ação da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (BOZZETTI, 2004). Até então, os outros cursos existentes de arquitetura em Porto Alegre faziam uma clara diferenciação entre a arte e a engenharia e, portanto, separavam a forma da função. A partir da UFRGS, o Curso de Ar-quitetura passa a conciliar estas duas vertentes contemplando uma atividade projetual – muito utilizada, hoje, como Design. Mas, quando se pensa em arquitetura e Design, considera-se que são campos distintos, que um não tem absolutamente nada a ver com o outro. Muitos ainda pensam assim. Porém, sempre existiu inúmeros elementos e formas de trabalho que são comuns, até hoje, tanto ao Design quanto à arquitetura.

Norberto Bozzetti, ressalta a peculiar visão dos arquitetos, ori-entada para a projetação. Já nos seus dias de universitário, os professores falavam em partido geral, anteprojeto e análise do problema a resolver, aspectos metodológicos que também inte-gram o aporte teórico dos designers (CURTIS; COSSIO, 2008, p. 2768).

CAUSO UM: ERA UMA VEZ... UM GAÚCHO CHAMADO DESIGN

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Contudo, antes de 1952 já havia Design no estado, ou melhor, existiam ativi-dades que hoje nós poderíamos chamar de Design ou, parafraseando Rafael Cardoso, poderíamos denominar Design gaúcho antes do Design. Naquele tempo, os desenhos, as ilustrações e até mesmo os projetos já se faziam pre-sentes. “[...] Sem dúvida, há certa dose de anacronismo em descrever como “designer” alguém que provavelmente não reconheceria o sentido da palavra e talvez nem soubesse pronunciá-la” (CARDOSO, 2005, p. 7).

O que veio a contribuir, e muito, para o futuro do Design no estado foi a Seção de Desenho da Editora Globo em Porto Alegre, responsável pelos tratamentos gráficos dos livros editados naquela época, por volta de 1930 e 1950, por esta importante editora. “O departamento foi criado em 1929 devido ao surgimen-to da Revista do Globo (1929-1967) e diante da expectativa de um aumento considerável da demanda de impressos” (RAMOS, s/d, p. 2). A partir disto, o Design chegou ao patamar que vivenciamos hoje, reconhecido, mas não regulamentado.

CAUSO UM: ERA UMA VEZ... UM GAÚCHO CHAMADO DESIGN

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Em 1985, na Alemanha, nascia Carl Ernest Zeuner (Figura 08), um artista gráfico que em 1922 foi para o Rio de Janeiro e, através de contatos com gráficas e editoras cariocas em busca de trabalho, ficou sabendo que no Rio

Grande do Sul exista a Globo, uma im-portante editora em um estado com forte imigração germânica.

[...] No mês de outubro de 1922 Ernest Zeuner chegou a Porto Alegre e procurou a Livraria do Globo, no centro da cidade. Seu currículo im-pressionou os proprietários da firma, o portu-guês Laudelino Pinheiro Barcellos, fundador da casa, e o sócio-gerente José Bertaso, que de ime-diato o contratam. Radicado na capital gaúcha, Ernest Zeuner ali permaneceu até a sua morte, em 1967, aos 72 anos (CARDOSO, 2005, p. 244).

Figura 08 – Ernest Zeuner - autorretrato. Fonte: Scarinci (1982, p. 47).

CAUSO DOIS: ZEUNER, UM MESTRE MAIS GAÚCHO DO QUE ALEMÃO

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Zeuner era o chefe da Seção de Desenho da Editora Globo em Porto Alegre e, mesmo sendo alemão, foi um dos grandes colaboradores das artes gráficas no Rio Grande do Sul. A Seção de Desenho da Globo (Figura 09) era um lugar de grande aprendizado, afinal, naquele tempo, haviam poucos espaços de formação profissional e eram raras as pessoas que trabalhavam com as atividades relacionadas ao Design. Como Zeuner tinha bastante experiência, acabou como um verdadeiro professor de seus colegas de trabalho.

[...] Era um lugar em que os funcionários mais jovens e igno-rantes (entre os quais me alinhava afoitamente) podiam dispensar o uso de dicionários e enciclopédias. Ficava bem mais cômodo e muito mais proveitoso usar e abusar do grande saber dos huma-nistas que ali mourejavam, em regime de oito horas de trabalho, como se fossem comerciários. [...] Me detinha a tecer fantasias,

como a de transformar o local numa Faculdade de Letras ou de Filosofia. Havia elementos de sobra para a metamorfose. E a Seção de Desenho e de planejamento gráfico, dirigida por Ernest Zeuner, não ficava longe de uma Escola de Belas Artes (REVERBEL apud RA-MOS, 2007, p. 110).

Alguns dos nomes que fizeram parte da Seção de Desenho foram João Fahrion (1898-1970) e João Farias Viana (1909-

1975) – que já trabalhavam na editora – depois Edgar Koetz (1914-1969), Sotéro Cosme12 (1896-1937) e Francis Pelichek (1896-1937) entraram para o time, e mais tarde, Vitório Gheno (1925) e Gastão Hofstetter (1917-1986).

Figura 09 – A Seção de Desenho da Editora Globo. Fonte: Scarinci (1982, p. 47).

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12 Existem divergências quanto à grafia do nome de “Sotéro Cosme”. A família Cosme grafa o sobrenome desta forma: “Cosme”, sem acentuação. Em ilustrações de época, Sotéro assinou das duas formas, tanto o primeiro, quanto o segundo nome, com acento, ou seja: “Sotéro Cósme”; mas também encontramos assinaturas suas sem nenhum acento: “Sotero Cosme”. Há, ainda, uma terceira forma: “Sotéro Cosme”. É esta última que vamos adotar ao longo do trabalho (RAMOS, 2007, p. 112).

Esses profissionais criavam não apenas as capas, ilustrações, ca-pitulares e vinhetas de livros e revistas, como também anúncios publicitários, cartazes e tudo o mais que houvesse de demanda em se tratando de desenho e de projeto gráfico. Deles era espe-rado criatividade, inovação, bom acabamento (RAMOS, 2007. p. 113).

No relato de Leonardo Menna Barreto Gomes, a seguir, podemos perceber o quão importante foi o ensinamento e a convivência com Zeuner para os De-signers da época, os quais eram chamados de ilustradores e/ou capistas

O talento dos colaboradores da Seção de Desenho, citados ainda hoje como “os artistas da Globo”, revelou-se na diversidade de suas atuações na carreira profissional, marcada pelo aprendizado e a convivência com Zeuner. De fato, João Fahrion tornou-se, além de pintor, professor na Escola de Belas Artes de Porto Alegre; Nelson Boeira Faedrich foi para o Rio, para retornar à Porto Alegre com a experiência redobrada que o permitiu ilustrar com maestria a obra Lendas do Sul, de Simões Lopes Neto; João Mottini transferiu-se para Buenos Aires e destacou-se como de-senhista de histórias em quadrinhos; Vitório Gheno tornou-se exímio aquarelista e reconhecido decorador; Clara Pechansky, que vinha de uma formação de Belas Artes de Pelotas e rece-bera orientação de Zeuner, passou a atuar como artista plástica e como capista freelance da Globo (GOMES, 2005, p. 253).

Zeuner, como um bom mestre, sabia extrair dos seus aprendizes aquilo que de melhor eles tinham. Ele não generalizava, ele explorava o talento de cada um dos ilustradores, o que o tornou tão querido e lembrado até hoje.

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Os profissionais de produção gráfica no Rio Grande do Sul, no período de 1920 a 1960, em geral não tinham formações tradicionais e, portanto, se tor-navam autodidatas. Oscar Boreira Faedrich, por exemplo, pela influência de seu tio Oscar Boeira, pintor impressionista, acabou enveredando para o lado artístico. Fez mais de vinte e seis capas para a Revista do Globo e inúmeras ilustrações para diversos livros. Ele utilizava, para estas capas, o formato de um cartaz, o que acabava por impressionar ainda mais o público.

A exuberância das imagens, em seu surpreendente tratamento de linha e cores, deve ter provocado um grandioso impacto junto ao público. Impacto não apenas instantâneo, em vista do encanto das imagens, mas, principalmente, no que tange ao desenvolvi-mento de uma nova forma de olhar (RAMOS, s/d, p. 6).

A década de 1920, não só no estado do Rio Grande do Sul como no país in-teiro, foi marcada por grandes revistas e por seus projetos gráficos. Traçando um paralelo, se no estado faziam sucesso Madrugada, Mascara, Kosmos e A Illustração Pelotense, no Rio de Janeiro a revista ilustrada A Maçã foi seu grande destaque. Ela foi lançada em fevereiro de 1922 por Humberto de

CAUSO TRÊS: CINCO BOAS MADRUGADAS

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Campos ou, como assinava, Conselheiro xx (xis-xis). Considerada transgres-sora para a época, era dirigida ao público masculino.

[...] Além de literatura, o semanário incluía seções satíricas, ou-tras sobre cinema e teatro de revistas, nas quais marcavam pre-sença constante a noção de pecado e a imagem de Eva e a maçã. As ilustrações sempre representavam cenas provocantes e es-candalosas para a época. Os assuntos preferidos eram os tabus: relacionamentos extraconjugais, tanto por parte dos homens quanto das mulheres, ascensão social das prostitutas, emanci-pação feminina, desejo e traição (HALUCH, 2005, p. 100).

Nesta época, se sobressaíram ainda nomes como Calixto Cordeiro (ou K.lixto), Raul Pederneiras e J. Carlos, e este último merece um destaque especial.

J. Carlos foi, em sua época, o melhor exemplo de um designer moderno, demonstrando uma capacidade de síntese e elegância impressionantes, mesmo para os parâmetros de hoje. Traba-lhou em estreita proximidade com as novas tecnologias gráficas e fotográficas, projetando revistas, livros, cartazes, montando ex-posições. Sua esfera de atuação – abrangendo caricaturas, char-ges, ilustrações, letras, capitulares, adornos, vinhetas, logotipos, desenhos infantis e de publicidade [...] (SOBRAL, 2005, p. 128).

A Revista Madrugada teve apenas cinco edições (Figuras 10 a 14). Surgiu em Porto Alegre em 1926 e é fonte de pesquisa acerca de seu conteúdo, da sociedade porto-alegrense e da sua questão gráfica além é claro, de ter sido muito elogiada.

CAUSO TRÊS: CINCO BOAS MADRUGADAS

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Moderna, elegantíssima, com um jeito de rapariga que nem está ligando a morte de Rudolph Valentino, apareceu em Porto Alegre uma revista. Chama-se “Madrugada”. E vem lindamente acompanhada. Pertence à turma na qual sorriem, pensam, dizem e fazem coisas J. M. de Azevedo Cavalcanti, Theodemiro Tostes, Augusto Meyer, João Sant’Anna, Dr. Miranda Netto, Sotéro Cósme. “Madrugada” é tão bonita, tão inteligente, que excita o bairrismo dos seus patrícios afastados das cismas do Guaíba e dos crepúsculos daquele céu sem fim. Vendo-a, mostrando-a aos outros, cada um diz, vaidoso: “É da minha terra... Ela nasceu lá onde eu nasci...” (PARA TODOS apud TRAÇA, s/d).

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Figura 10 – 1ª edição da Madrugada. Fonte: Traça (s/d).

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Figura 11 – 2ª edição da Madrugada. Fonte: Traça (s/d).

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Figura 12 – 3ª edição da Madrugada. Fonte: Traça (s/d).

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Figura 13 – 4ª edição da Madrugada. Fonte: Traça (s/d).

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Figura 14 – 5ª edição da Madrugada. Fonte: Traça (s/d).

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Em um momento mais recente do Design gaúcho, os estudantes que fizeram a faculdade de arquitetura e que vieram a se tornar Designers muito provavel-mente a escolheram porque era a área mais livre e criativa que havia.

Quando entrei no Científico, que duraria três anos, já havia optado pela arquitetura. Até porque não conhecia qualquer outra Faculdade que tratasse de criatividade não meramente artística. E era com criatividade, desenho, comunicação visual e tecnolo-gia que eu desejava vir a trabalhar. Não pretendia ser pintor ou escultor, nem engenheiro. Escolhi, por isso, a arquitetura (BOZ-ZETTI, 2004, p. 31).

Creio que, para entender essa influência da Faculdade de Ar-quitetura da UFRGS da época em tantos dos seus alunos que optaram pelo Design, é necessário conhecer o cenário e as cir-cunstâncias. E isso me parece válido, para uma apreciação do Design gaúcho. Pois foi naquele espaço e naquela época que se identificou a vocação e se produziu a formação básica de muitos dos nossos Designers (BOZZETTI, 2004, p. 31).

Bozzetti (2004) declara que existem quatro momentos históricos para o De-sign gaúcho. O primeiro momento seria mais primitivo, no qual as pessoas

CAUSO QUATRO: DESIGN GAÚCHO EM QUATRO ATOS

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criavam objetos de forma espontânea de acordo com suas necessidades. Um segundo momento aconteceu no período entre guerras (1919-1939) no qual as escolas de belas artes teriam influenciado o Design de hoje.

[...] A incipiente indústria gaúcha começava a demandar soluções de Design, atendida, quase sempre, por “práticos”. Muitos des-ses participavam também da vida artística do Rio Grande e re-cebiam as influências de uma estética europeia ainda dominante nos círculos culturais gaúchos (BOZZETTI, 2004, p. 32).

O terceiro momento do Design gaúcho surge entre as décadas de 1920 e 1950. Naquele período, as empresas e fábricas se preocupavam não mais apenas com questões estéticas, mas também técnicas e formais. A função era impor-tante. Porém, devido à baixa condição financeira, acabavam por construir as máquinas que auxiliariam na produção, ao invés de importá-las.

[...] Se com essas máquinas e com as nossas limitações de toda ordem não se podia produzir nos mesmos padrões dos produ-tos antes importados, que a criatividade local tratasse de gerar produtos viáveis naquelas condições técnicas. Essa demanda por uma criatividade local, focada na tecnologia possível, conduziu à formação de um pólo de Design nas escolas técnicas e na en-genharia. Desses centros formadores vieram importantes nomes gaúchos do Design de produto (BOZZETTI, 2004, p. 33).

O quarto momento, citado por Bozzetti, aconteceu na Faculdade de Arquitetu-ra da UFRGS, pois ali existia preocupação com arte e com técnica e os futuros Designers não necessitavam mais buscar um lugar nas escolas de belas artes ou de engenharia. Era ali o melhor lugar para eles! Esta faculdade, no início dos anos 1960, era a única do Rio Grande do Sul que aliava os estudos de forma-função e de arte-técnica, tornando-se, então, referência para a história do Design gaúcho.

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Podemos fazer um paralelo da criação da Faculdade de Arquitetura da UFRGS, em meados de 1952, com a inauguração da primeira escola de Design no país, a Escola Superior de Desenho Industrial, fundada no Rio de Janeiro, em 1963. Considerada o principal marco para o Design no Brasil. “[...] A Escola Supe-rior de Desenho Industrial (ESDI) surgiu como o espaço institucional em que seria produzida a identidade nacional dos produtos” (NIEMEYER, 2000, p. 87). Assim, percebemos que, enquanto estava sendo inaugurada a primeira instituição de Design no país, aqui no estado a faculdade de arquitetura da UFRGS já funcionava há dez anos e era o curso mais próximo que tínhamos, então, do Design.

[...] Quando a ESDI iniciou as suas atividades em 1963, con-tava com um grupo seleto relativamente pequeno de professores, muitos dos quais com pouca ou quase nenhuma experiência, tanto de ensino superior quanto de exercício profissional do de-sign. [...] Incorporada definitivamente à UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) em 1975, a ESDI permanece hoje uma referência de inegável importância para o design brasileiro, em-bora raramente tenha atingido uma produção condizente com a expectativa que cercou sua criação (DENIS, 2000, p. 174-175).

CAUSO CINCO: AMIGOS, AMIGOS; NEGÓCIOS EM SOCIEDADE

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Dois dos professores da ESDI foram Alexandre Wollner e Aloísio Magalhães, considerados pioneiros do Design no país. Enquanto isto, aqui no sul, dois dos pioneiros foram José Carlos Bornancini e Nelson Ivan Petzold (Figuras

15 e 16). A dupla se conheceu em 1951 quando Petzold prestava vestibular para o curso de Ar-quitetura da Escola de Engenharia da Univer-sidade do Rio Grande do Sul – atual UFRGS. Bornancini, naquela época, era professor do curso. Só que Petzold acabou não passando no vestibular, mesmo tendo a certeza que havia acertado todas as questões. Tal erro foi admitido por Bornancini mas, mesmo assim, sua vaga não foi garantida, o que só veio a acontecer no ano seguinte. Anos depois, vieram a se tornar parcei-ros de trabalho.

[...] no início da década de 1960, Bornancini e Petzold começaram a trabalhar juntos na área de projeto de produ-to. Os primeiros trabalhos em Desenho Industrial foram realizados juntos às Metalúrgicas Wallig e Jackwal. Na década de 1970, até meados dos anos de 1980, seus tra-balhos foram compartilhados com o colega da Escola de Engenharia, Henrique Orlandi Junior, que, após algum tempo, interrompeu sua atividade para se dedicar a negó-cios da família (ELLWANGER; LIMA, 2008, p. 1417).

A partir de 1985, com a colaboração de Paulo de Tarso Muller – então professor da PUC-RS – começaram a trabalhar juntos e, em 1994 for-malizaram a parceria do escritório Bornancini, Petzold & Muller, localizado em Porto Alegre. Bornancini, ao longo de sua vida profissional

Figura 15 – José Carlos Bornancini. Fonte: ap-Design (2010).

Figura 16 – Nelson Ivan Petzold. Fonte: apDesign (2010).

CAUSO CINCO: AMIGOS, AMIGOS; NEGÓCIOS EM SOCIEDADE

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ganhou, juntamente com Petzold, Orlandi Junior e Muller, vinte e seis prê-mios nacionais e internacionais. Dentre seus produtos mais famosos estão aqueles feitos para a Zivi-Hércules (Figura 17), uma empresa de cutelaria e de talheres do Rio Grande do Sul, e para a Termolar (Figura 18).

Na parte de talheres e acessórios de mesa, o exemplo do talher CAMPING, exposto no MOMA em Nova Iorque, e o conjunto COMER BRINCANDO, que consistiu em talheres para crianças, personalizadas na “princesinha colher”, no “príncipe garfi-nho” e no “cão faquinha” (BORNANCI-NI, 2004, p. 61).

Na Termolar, nossa primeira contribuição foi a criação da rolha GIROMAGIC, que resolveu o problema das garrafas térmicas da época, que usavam rolhas de expan-são ou de rosca que, em ambos os casos, obrigava a retirá-las para servir. O dis-positivo da tampa GIROMAGIC foi de-senvolvido para que bastasse um pequeno giro para abri-la ou fechá-la como uma torneira. Uma das nossas últimas criações para a empresa foi a de uma garrafa tér-mica com bomba MAGIC PUMP, lançada como a primeira garrafa desse tipo, dotada de um exclusivo sistema que evita pingos após servir (BORNANCINI, 2004, p. 61).

Petzold é sócio honorário da Asso-ciação dos Profissionais em Design do Rio Grande do Sul, a APDesign. Bornancini, enquanto vivo, tam-bém foi sócio honorário e, desde 2006, por conta de uma home-nagem da APDesign, dá nome ao

Figura 17 – Talheres da Zivi Hércules: Com-er Bricando e Camping. Fonte: Bornancini (2004, p. 60).

Figura 18 – Garrafas da Termolar: Magic Pump e Perfeita. Fonte: Bornancini (2004, p. 61).

CAUSO CINCO: AMIGOS, AMIGOS; NEGÓCIOS EM SOCIEDADE

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concurso que premia vencedores em diferentes categorias do Design, o Prê-mio Bornancini (Figura 19).

Figura 19 – Petzold no Prêmio Bornancini. Fonte: apDesign (s/d).

CAUSO CINCO: AMIGOS, AMIGOS; NEGÓCIOS EM SOCIEDADE

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Falar da Verdi Design é falar dos irmãos Luiz Mário e José Antônio Verdi. Nascidos em Porto Alegre, Luiz Mário inicialmente pertencia ao universo das artes gráficas, isso por volta dos anos 1980 (CURTIS et. al., s/d).

Abri meu negócio na mesma época que entrei no curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda da UFRGS (1990-1998, não concluiu). Não tinha curso de design em Porto Alegre, só em Santa Maria, mas essa informação não chegava. Na passagem pela publicidade conheci pessoas de destaque: Geraldo Canali, Joaquim Fonseca e Flávio Cauduro. Entramos muito cedo na faculdade e as disciplinas iniciais - Comunicação Comparada, Sociologia, Semiótica - são as mais importantes, no entanto só entendemos isso anos depois. Tinha vontade de fazer muitas coisas, então montei a Verdi junto com meu irmão, em maio de 1995 (VERDI apud CURTIS et. al., 2010).

Já José Antônio começou sua carreira em uma pequena gráfica onde aprendeu um vasto conteúdo. Graduando-se, assim como seu irmão, em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda na UFRGS, em 2001. A Verdi Design foi fundada em 1995 e teve como marco inicial o projeto de identidade visual para a Stemac Grupos Geradores, que se estendeu até 1999.

CAUSO SEIS: NEM AMARELO, NEM AZUL: VERDI

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No ano seguinte, Luiz Mário viaja para os Estados Unidos, fi-cando José Antônio como responsável pelo gerenciamento do escritório e dos projetos. Isto significou uma ênfase em proces-sos administrativos, como controles financeiros e de recursos humanos. Ele ressalta que os cursos feitos no SEBRAE, assim como sua relação com as entidades de classe foram fundamen-tais para o aprimoramento em gestão (CURTIS et. al., s/d).

Após esse período, José Antônio Verdi foi presidente da Associação dos Jovens Empresários do Rio Grande do Sul – AJERS (2000) e diretor da As-sociação dos Profissionais em Design do Rio Grande do Sul – Apdesign na gestão 2003-2004, o que lhe proporcionou amizades como Bornancini e Bozzetti. Veja alguns dos trabalhos feitos pela Verdi Design (Figuras 20 a 23):

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Figura 20 – Redesign de marca: Itaipu. Fonte: Verdi Design (2009).

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Figura 21 – Projeto de embalagem. Fonte: Verdi Design (2009).

Figura 22 – Marcas para Estúdio de dança. Fonte: Verdi Design (2009).

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Figura 23 – Marcas. Fonte: Verdi Design (2009).

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Este não é nenhum causo de ufologia. É a história de um porto-alegrense chamado Fábio Sasso (Figura 24). Formado em 2003 pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) em Desenho Industrial com Habilitação em Pro-gramação Visual, Sasso acabou se tornando conhecido em 2006 por criar o blog de Design Abduzeedo. Antes ele tinha um escritório chamado Zee e, naquele ano, houve um roubo o qual ocasionou a perda de todos os seus tra-balhos. Laptops, discos de backup e experimentos no Photoshop foram todos levados.

“Fiquei chocado e a primeira coisa que pensei foi em começar a mover toda minha vida digital para ambiente online. Nada offline, pois caso isso acontecesse eu não teria perdido nada além dos bens materiais”, revelou Sasso em entrevista publicada no Baguete em 2009 (NEVES, 2011).

Este fato o fez entrar de vez no mundo da web 2.0. O Abduzeedo passa a ser, então, o lugar onde ele guardava e compartilhada as suas experiências e inspirações, suas abduções diárias. “O nome do blog vem de uma brincadeira com palavras. Zee é o nome da minha empresa de design, então começamos

CAUSO SETE: ABDUZEEDO

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a criar nomes com palavras que tinha o som ZEE em alguma sílaba, assim surgiu Abduzeedo (Abduzido)” (SASSO, s/d).

O site conta com colaboradores e leitores do mundo inteiro, são mais de dois milhões de visitas mensais e tem como intuito a troca de opiniões e ideias entre os usuários (ABDUZEEDO, s/d). Hoje, Fábio Sasso é Designer gráfico sênior no Google desde fevereiro de 2011, e mora na Califórnia.

Figura 24 – Fábio Sasso. Fonte: Escola de Criação (2010).

CAUSO SETE: ABDUZEEDO

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Causos e mais causos, conte e compartilhe um você também! Não esqueça de encher novamente a garrafa térmica com água quente porque a partir de ago-ra, apresentamos uma entrevista com Norberto Bozzetti e, posteriormente, a criação e o desenvolvimento de um site/blog sobre Design gaúcho.

CUIA, BOMBA E UM POUCO DE REPERTÓRIO

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No capítulo anterior o que permeava o conteúdo era o repertório histórico (daí o uso das metáforas cuia e bomba), mas agora percebemos que é chegado o momento da transformação do homem na natureza, ou seja, é o homem quem faz esta cuia e esta bomba, e é ele também quem vivencia estes fragmentos históricos, quem os constrói. Neste capítulo, já não há mais um contexto de transformação e, sim, de complementação e troca constante. O preparo de um chimarrão necessita basicamente de dois ingredientes: erva-mate e água. Para o mate precisamos colocar a erva, e a cada mate sorvido abastecemos com água.

No Design, precisamos também deste constante complemento e troca de con-teúdo. No caso desta pesquisa, após apresentarmos os fragmentos históricos, outros conteúdos também precisam ser complementados para sua total com-preensão. Portanto, depois de parte desta história ser um pouco compreen-dida, ou seja, seu passado, passamos a nos ater ao hoje e ao que é necessário para a construção de uma nova história, para a nossa história.

ERVA-MATE, ÁGUA QUENTE E UM PAPO SOBRE DESIGN

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Algumas das informações, por exemplo, que fazem com que o Designer gaú-cho fique bem informado são: Quais exposições estão acontecendo no Rio Grande do Sul? Onde elas acontecem? Quais eventos estão por vir? Quanto vão custar? Existem vagas de trabalho? Estas são curiosidades do Design que vão enriquecer nosso repertório, enfim, são uma gama de informações necessárias para nossa construção como profissional. Mas, a pergunta que fica é: Onde e como obter tais informações?

Geralmente ficamos muito presos ao lugar em que estamos. Por exemplo, temos muito acesso ao mural de informações que a nossa faculdade tem, e ali são divulgadas muitas coisas do nosso interesse. Mas só nós temos acesso a este mural porque um estudante do outro lado do estado não o tem. Com a in-ternet, tudo se aproxima, qualquer evento ou qualquer exposição já possuem um website que divulgue seus conteúdos. O que precisamos é que as pessoas divulguem estes eventos, comentem com os amigos, utilizem-se das redes sociais para curtir e divulgar ainda mais. Isto é o que tem acontecido atual-mente, e por conta disto, desenvolvemos para esta pesquisa um breve estudo exploratório de como e onde este tipo de informação é obtido.

Um site muito atento ao que acontece no Rio Grande do Sul é o Maria Cultu-ra (Figura 25). Através dele e das redes sociais Twitter e Facebook o que de mais importante acontece está sendo divulgado.

A Maria Cultura é uma casa de comunicação e criação voltada para a cultura e seus desdobramentos. Ela atua junto a empre-sas que investem em cultura, agentes culturais e instituições culturais. Pensamos a cultura como ferramenta de comunicação criativa na construção de produtos e marcas fortes. O foco da Maria Cultura é no desenvolvimento de atitudes culturais que interajam com anseios do mundo atual: inclusão social, sus-tentabilidade, educação, tecnologia, entretenimento (MARIA CULTURA, 2011).

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No site há a divulgação dos mais variados eventos como o início da Feira do Livro em Porto Alegre, uma batalha de Design digital, o Cut&Paste; sorteios de ingressos, exposições e tantas outras ações que ajudam a construir um repertório. O Maria Cultura talvez seja um dos principais espaços de cultura voltado somente ao Rio Grande do Sul e pode ser acessado em <http://www.mariacultura.com.br/>.

Outro site bastante importante na internet é o IdeaFixa (Figura 26), um ca-nal que costuma divulgar em nível nacional os melhores eventos, exposições e concursos que acontecem no Brasil. Também postam muito curiosidades, charges e tudo mais que julgam importantes à nossa área. É um site nacional, mas eventos gaúchos são sempre divulgados sendo, na maioria das vezes, ligados a Porto Alegre.

Figura 25 – Site Maria Cultura. Fonte: Maria Cultura (2011).

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Trabalhamos com Curadoria, Conteúdo, Eventos, Projetos Espe-ciais e Editoriais junto a Comunidade principalmente da área de artes visuais, também realizamos e apoiamos diversos projetos e ações. Promovemos ideias, talentos, iniciativas e compartilha-mos referências em ilustração, design, fotografia, moda, artes plásticas, animação, motion, cinema, assim como os melhores profissionais (IDEAFIXA, 2011).

IdeaFixa também é uma revista. Surgiu em 2006 como a primeira revista brasileira online de arte, e hoje é uma referência no Design. É possível enviar trabalho para as edições da revista. O site divulga com antecedência o tema da edição, para que as pessoas enviem seus trabalhos baseados nesse tema. É um bom espaço para procura de informações e construção de portfólio, afinal, ter um projeto seu nesta revista é um grande chamariz. O IdeaFixa pode ser acessado em <http://www.ideafixa.com/>.

Estes são dois importantes espaços que ajudam a contribuir com o Design gaúcho da forma mais regular possível respeitando não só a profissão, mas, sobretudo, o profissional que precisa se abastecer destes conteúdos. Os di-

Figura 26 – Site IdeaFixa. Fonte: IdeaFixa (2006).

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versos blogs de Design existentes raramente divulgam alguma coisa ligada ao nosso estado, com exceção dos grandes eventos que acontecem por aqui mas que atinjem a região ou o país. Existem poucos espaços gaúchos que contribuem com a disseminação deste tipo de informação.

Por conta desta lacuna, algo que precisamos considerar são os perfis do Twitter e Facebook de universidades locais, de cursos e dos próprios profis-sionais e estudantes que divulgam aquilo que não apenas lhe interessam, mas que também possa interessar aos seus amigos de rede social. Ter um perfil em uma rede, hoje, é de extrema importância para que possamos estar conectados com o mundo e com aquilo que provavelmente não teríamos acesso de uma forma real. Com o Twitter, seguir os perfis que nos interessam é, em nossa opinião, vital para que estejamos sempre atualizados. E com o Facebook, curtir e/ou compartilhar aquilo que julgamos interessante também é uma forma de disseminação. Abaixo (Tabela 01) listamos alguns perfis em ordem aleatória que podem nos interessar, seja por tratarem de Design gaúcho seja por abordarem Design em geral:

NOME LOCAL ASSUNTO URL

@LOGOBR Campinas/SP

Branding, design estratégico e graphic design. http://logobr.org

@cutedrop Rio de Ja-neiro/RJ

Blog visual e inspiracional. De-sign, tech, moda, música, games e até culinária.

http://www.cut-edrop.com.br

@logotomiabr O universo do Design em doses diárias de intervenção criativa.

http://www.logoto-mia.com.br/

@caligraffiti Rio de Ja-neiro/RJ

Caligraffiti é como o design grá-fico: se comporta e se apresenta sendo a união entre o projeto e a arte, a caligrafia e o graffiti.

http://www.caligraf-fiti.com.br

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@fabriciota-rouco

Porto Alegre/RS

Designer, Professor e Doutorando em Comunicação.

http://www.face-book.com/fabricio-tarouco

@openjobs

Openjobs é um site de empregos. Com uma proposta simples e difer-enciada, nosso objetivo é chegar ao alcance das pessoas mais talentosas e antenadas do mercado.

http://openjobs.com.br

@designbrasil

Mais do que um rico canal de informações, o Design Brasil é um ponto de encontro na web para profissionais, estudantes, em-presários, consumidores e interes-sados

http://www.design-brasil.org.br

@pensoev-entos Sorocaba/SP

Amamos Design! Eventos e cursos que possam capacitar cada vez mais na área do Design, Arte e Comunicação!

http://eventos.pen-sodesign.com.br/

@perestroika Porto Alegre/RS Escola de atividades criativas. http://www.pere-

stroika.com.br

@cadesignuf-pel Pelotas/RS

Twitter oficial do Centro Acadêmi-co dos cursos de Design do Centro de Artes/UFPel.

http://cadesignufpel.wordpress.com/

@Maria_Cultura

Porto Alegre/RS Comunicação Cultural http://www.mari-

acultura.com.br

@Bookman-Editora

Porto Alegre/RS

Selo do @GrupoAEducacao espe-cializado em livros de negócios, design, arquitetura, engenharia e mais. Parceira da Wharton School, Adobe e Microsoft Press.

http://www.face-book.com/book-maneditora

@livrosdede-sign

Livros e tão somente livros de design!

http://www.livrosd-edesign.com.br

@designufpel Pelotas/RS

Cursos de Design Gráfico e Design Digital do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas/RS (Brasil).

http://iad.ufpel.edu.br/design

@AgendaT Eventos de tipografia, design e arte pelo Brasil e mundo.

http://www.agen-daT.com.br

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@abcdesign_ Para boas ideias, um ótimo con-teúdo.

http://www.abcde-sign.com.br

@DesignU-nisinos

São Leopol-do – Porto Alegre/RS

Escola de Design Unisinos. Gradu-ação, Especialização, Mestrado Acadêmico e integração com empresas.

http://www.unisi-nos.br/design

@filosofiade-sign Curitiba/PR

O design não é uma profissão sem filosofia. É uma filosofia em busca de uma profissão.

http://filosofiadode-sign.wordpress.com/

@blogdesign-erd

http://www.design-erd.com.br

@Apdesign-poa

Porto Alegre/RS

A Apdesign congrega e representa profissionais e estudantes das di-versas áreas do design no RS. Tam-bém realiza desde 2006 o Prêmio Bornancini e Salão APDESIGN.

http://apdesign-rs.blogspot.com/

@designrs Rio Grande do Sul

Um ponto de encontro e referência para os Designers gaúchos e todos que no RS se estabelecem e con-tribuem com o Design do estado.

https://www.facebook.com/designchimarrao

@designon-therock Jacareí/SP

Blog premiado de design que serve de vitrine para inspiração, com trabalhos e tendências do mundo todo.

http://www.designontherocks.com.br

@adgbr São Paulo/SP

Associação dos Designers Gráficos do Brasil

http://www.adg.org.br

@trampos Vagas de emprego na área de comunicação. http://sushi.st

@DADFeev-ale

Novo Ham-burgo/RS

Nós somos o Diretório Acadêmico do Design da Feevale.

http://designfeevale.com.br

@Design_Univates

Acompanhe aqui as últimas novi-dades e tendências no mundo do Design. Univates, investir em você é uma grande ideia.

http://facebook.com/design.univates

@Desig-nUniritter

Porto Alegre/RS

Informações, dúvidas e sugestões do Centro de Design Uniritter.

http://www.uniritter.edu.br/centrodede-sign/blog

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@designulbra Perfil do Curso de Design Ulbra. http://www.designulbra.com.br

@designfeev-ale

Novo Ham-burgo/RS

Twitter oficial do curso de Design da Feevale.

http://designfeevale.wordpress.com

@anticastde-sign

Podcast de Design, Comunicação & Cultura.

http://www.anticast.com.br

@daduniritter Porto Alegre/RS

Diretório Acadêmico do Curso de Design Uniritter.

http://www.dadun-iritter.com.br

@cadeufrgs Porto Alegre/RS

Centro Acadêmico do Design UFRGS.

http://www.ufrgs.br/deg/cade

@C_Design-Feevale

Novo Ham-burgo/RS

Laboratório dos cursos de Design e Moda da Universidade Feevale.

http://centrodesign-feevale.wordpress.com

@designucs Bento Gon-çalves/RS

Twitter dos Cursos de Design da UCS/CARVI.

http://designucs.wordpress.com

É preciso lembrar que citamos apenas alguns perfis – provavelmente há mui-tos outros que também sejam tão ou mais interessantes – porém, esta foi uma forma de você conhecer um pouco mais do que acontece em Design. Continue curtindo, seguindo, compartilhando informações e outros perfis. Construa suas referências e olhe as dos outros. Nunca é demais.

Tabela 01 – Perfis de Design. Fonte: O autor (2011).

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Escrever sobre alguém que muito fez pelo nosso Design é e será sempre mui-to importante, não apenas como homenagem, mas também como forma de jamais esquecer tudo o que somos e compreender realmente o quê fazemos e porquê fazemos.

Este alguém é, neste momento Norberto José Pinheiro Bozzetti. Natural de Rio Grande e morador de Porto Alegre, atualmente Bozzetti leciona Ética e Legislação no Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter). Graduado em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pós graduado em Teoria da Informação pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), também é Especialista em Marketing para Executivos e Planejamento de Embalagens. Já lecionou na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), além da própria UniRitter. E assim como ele mesmo gosta de dizer

ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

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Até por ter sido, acredito, o primeiro designer gráfico no RS, o primeiro a montar um escritório de design (já que o Bornan-cini e o Petzold, meus professores, que me antecederam e com quem trabalhei, quando estudante de arquitetura, não tiveram um escritório, propriamente dito), o idealizador/realizador do primeiro curso superior de design do sul do Brasil, sendo tam-bém o primeiro professor universitário de design no RS (UFSM e UFRGS), tendo organizado as duas publicações existentes so-bre este tema (Pensando Design 1 e Pensando Design 2) (BOZ-ZETTI, 2011).

Bozzetti ama o que faz, ama o Design. E quer que os profissionais e estudantes de hoje também amem. Ele é conhecido como o “Senhor das Marcas”. Junto com sua empresa, a Bozzetti Design, atuante desde 1969, já realizou mais de um mil projetos de marca e de identidade visual, como podemos apreciar a seguir (Figuras 27 a 31):

Figura 27 – Marcas. Fonte: Bozzetti Design (2011).

ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

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Figura 28 – Marcas. Fonte: Bozzetti Design (2011).

ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

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Figura 29 – Marcas. Fonte: Bozzetti Design (2011).

ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

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Figura 30 – Marcas. Fonte: Bozzetti Design (2011).

ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

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Figura 31 – Marcas. Fonte: Bozzetti Design (2011).

ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

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Bozzetti nos concedeu uma entrevista em sua casa, na Zona Sul de Porto Alegre, no dia nove de novembro de 2011 afim de contar um pouco sobre sua história e sua relação com a história do Design no Rio Grande do Sul. Do ponto de vista técnico, foi uma entrevista em profundidade:

A entrevista em profundidade é um recurso metodológico que busca, com base em teorias e pressupostos definidos pelo in-vestigador, recolher respostas a partir da experiência subjetiva de uma fonte, selecionada por deter informações que se deseja conhecer (DUARTE; BARROS, 2005, p. 62).

Foi ainda uma entrevista com perguntas semi-abertas. “As abertas e semi-abertas são do tipo em profundidade, que se caracterizam pela flexibilidade e por explorar ao máximo determinado tema, exigindo da fonte subordinação dinâmica ao entrevistado [...]” (DUARTE; BARROS, 2005, p. 64).

Uma entrevista semi-aberta geralmente tem algo entre quatro e sete questões, tratadas individualmente como perguntas abertas. O pesquisador faz a primeira pergunta e explora ao máximo cada resposta até esgotar a questão. Somente então passa para a se-gunda pergunta. Cada questão é aprofundada a partir da resposta do entrevistado, como um funil, no qual perguntas gerais vão dando origem a específicas. O roteiro exige poucas questões, mas suficientemente amplas para serem discutidas em profun-didade sem que haja interferências entre elas ou redundâncias (DUARTE; BARROS, 2005, p. 66).

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A seguir, apresentamos o roteiro de perguntas realizadas durante a entrevista (Tabela 02).

Entrevista Semiaberta sobre o Design no Rio Grande do Sul com Norberto Bozzetti, pelo acadêmico Diego Motta, da UFPEL. Este questionário faz parte de uma entrevista sobre Design gaúcho realizada como parte de Trabalho de Conclusão do Curso de Design Digi-tal. Obrigado!

Designer: Norberto Bozzetti.

Diálogo introdutório: O acadêmico discorre acerca de seu Trabalho de Conclusão de Curso em desenvolvimento.

Questão 1 – Qual foi o caminho traçado até você decidir que queria ser um Designer? Fale um pouco sobre a Faculdade de Arquitetura da UFRGS e sua relação com o Design, naquela época.

Questão 2 – Você foi o pioneiro em diversos momentos do Design tanto no âmbito profis-sional como acadêmico no Rio Grande do Sul. Como foram esses momentos? Você tam-bém foi o pioneiro na publicação de textos técnicos de Design no Rio Grande do Sul. Qual a importância dessas publicações, hoje?

Questão 3 – Como você avalia o Design gaúcho ao longo do tempo? O design é uma área suficientemente valorizada no RS? Se não, o que nos falta?

Questão 4 – O que caracteriza um bom Designer?

Questão 5 – Qual a sua relação com o meio digital? Como você aproxima a internet e as redes sociais do seu trabalho?

Questão 6 – O que você está fazendo atualmente e o que ainda planeja para o futuro? Al-guma mensagem final para os estudantes de Design?

Eu, Norberto Bozzetti, autorizo o estudante de graduação Diego Motta a utilizar os dados acima (entrevista audiovisual gravada) para sua monografia na UFPEL.

Assinatura e data:

Tabela 02 – Entrevista semiaberta com Norberto Bozzetti. Fonte: O Autor (2011).

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A entrevista, de qualquer outro ponto de vista, foi emocionante. Bozzetti estava a nossa disposição, e assim ficou até o final. Fala de/sobre Design com tanta facilidade e paixão que nos faz admirá-lo ainda mais. Acompanhe abaixo, parte desta entrevista:

Design & Chimarrão – Qual foi o caminho traçado até você decidir que queria ser um Designer? Fale um pouco sobre a Faculdade de Arquitetura da UFRGS e sua relação com o Design, naquela época.

Norberto Bozzetti – Eu recordo que com quatro, cinco anos a minha casa tinha as paredes riscadas pelo geninho do lápis de cor que saía a riscar tudo dentro de casa. E eu decidi que ia ser desenhista, então, minha profissão origi-nal. E com nove anos eu estava em São Paulo ajudando a fazer história em quadrinho, que foi uma paixão. Depois como dava muito trabalho eu passei para o cartoon que era mais sintético. Mas de qualquer maneira era um gosto pelo Design. Depois de alfabetizado e leitor voraz, eu comecei a me encantar pela literatura e decidi então que queria ser escritor. Depois pensei em ser militar também, e até fui durante um tempo. E não encontrava realmente que vestibular atendesse esse monte de loucura. Me liguei a música durante muito tempo e com quinze anos eu já era músico profissional. Tudo conduzindo para alguma coisa que eu não sabia que chamava Design. Eu brinco que realizei todas as minhas vontades, eu sou detetive, eu sou desenhista e eu sou escritor porque eu sou Designer. Só não consegui pôr música, mas ainda assim eu faço trilha para algumas coisas que eu apresento.

De qualquer maneira, não havia um curso de Design na época. Havia a ESDI, recém fundada no Rio de Janeiro e eu arranjava um dinheirinho e ia conhecer. E consegui anos depois ser o criador do primeiro curso de Design no Rio Grande do Sul, em Santa Maria, era o meu grande sonho. E entrei no que

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era mais parecido, a Faculdade de Arquitetura, e que era na época um centro cultural fantástico aqui no Rio Grande do Sul. O que se fez nos anos 60 na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Rio Grande do Sul foi fantás-tico. Dentro da Faculdade de Arquitetura, e ai começa então a tomar forma alguma coisa. Alguns dos professores que eu tinha, como no caso do Petzold, como era o caso do Araújo e outros professores, ficaram encantados com a experiência que eu tinha em fazer Design de logotipos, como chamavam na época, embalagens e coisas desse tipo. E o Araújo me pôs em contato com o pessoal da ESDI, foi quando eu conheci Aloísio Magalhães. E ouvi pela primeira vez a palavra Design, que na época se confundia e ainda se confunde com Desenho Industrial, dentro dessa polêmica tão antiga e chata.

Eu consegui, já dentro da faculdade, me envolver com vários projetos de algum porte. O Araújo me colocou em projetos de arquitetura enquanto eu resolvia a parte visual, era o projetista de sinalização, identificação e etc. E o Petzold me pôs em contato com os clientes dele e do Bornancini. E conhecer o Bornancini pra mim foi uma festa. Tanto que quando eu senti que ele estava com um problema de saúde bem grave e teria pouco tempo de vida eu lutei feito um cão para criar um prêmio gaúcho como o nome dele. O Petzold me agradeceu com lágrimas nos olhos essa homenagem ao parceiro dele porque realmente se alguém merece, se tu vais fazer história do Rio Grande do Sul, do Design, começa pelo Bornancini, ali nasceu tudo. E uma pessoa fantás-tica, tanto que o trabalho dele está no MOMA e está espalhado pelo mundo. Eu acho que é uma honra pra nós e diria que ele é o patrono do Design no Rio Grande do Sul. Mas tivemos outros ícones importantes aos quais eu me liguei. Inclusive na moda com o Rui. Eram os grandes nomes da criatividade.

E quando eu vi eu estava me formando, e recebi um convite para trabalhar na faculdade de ciências econômicas. Primeiro emprego que eu tive como

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professor foi na Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS onde eu ouvi falar no tal do marketing, então eu comecei a me envolver com questões de administração de empresas e talvez tenha sido um dos primeiros a falar em marketing aqui no Rio Grande do Sul. Com isso eu comecei a pensar em criar um escritório, porque o Bornancini não queria, ele desenhava na mesa da co-zinha. E eu tinha visto alguns dos melhores escritórios e era meu sonho fazer alguma coisa assim aqui. Consegui chegar ao ponto de ter quase cinquenta funcionários dentro da equipe, que nasceu com o nome de Norberto Bozzetti de Arquitetura, porque ainda era o que eu podia registrar, como arquiteto. A nossa profissão já era e continua sendo não reconhecida e isso é um problema gravíssimo, e talvez esteja sendo subestimado pelas pessoas. As razões pelas quais nós temos a nossa profissão efetivada, reconhecida, se deve boa parte dela aos Designers, quer dizer, quem não quer reconhecer são os Designers, ai fica mais difícil, com o inimigo na trincheira, a coisa é complicada.

D&C – Você foi o pioneiro em diversos momentos do Design tanto no âm-bito profissional como acadêmico no Rio Grande do Sul. Como foram esses momentos? Você também foi o pioneiro na publicação de textos técnicos de Design no Rio Grande do Sul. Qual a importância dessas publicações, hoje?

NB – Tem duas visões, a visão que eu tinha na época, do que estava acontecendo e a visão que eu tenho hoje, uma retrospectiva histórica. E acho que em ambos os momentos achei maravilhoso e continuo achando. Apesar de uma profissão totalmente desconhecida, apesar de nós termos limitações sérias na aplicação dos princípios básicos do Design, apesar da dificuldade da parceria, eu tinha que formar pessoal pra trabalhar comigo. O primeiro es-critório de Design nós tivemos que inventar. Então eu fiz um somatório de um escritório de arquitetura que eu já tinha tido com uma agência de propaganda que eu também já tinha tido. Com isso eu consegui encontrar a fórmula ideal

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na época, para um escritório de Design. Tinha um pouco de agência com os jobs sendo abertos, os briefings sendo montados com uma coordenação, o fluxo de serviço, os pedidos de serviço, os pedidos de produção, e isso era típico de uma agência. E tinha da arquitetura, os anteprojetos, os tipos de ar-quivamento que se fazia de pranchas, assinaturas em selos, memorial descri-tivo, memorial justificativo. Esse misto funcionou, e de certa forma continua funcionando. Se vocês notarem, os escritórios de Design mais organizados são exatamente uma evolução disso.

Pouco tempo atrás nós comemoramos 40 anos do Curso de Design de Santa Maria. Estive lá para comemorar com o pessoal, foi muito animador, mas uma das coisas que me sensibilizou foi que encontrei folhas amarelas escritas em IBM com a ementa das disciplinas do curso e com todo o plano do curso guardado com carinho e seguido, com pequenos ajustes ao longo do tempo, pelo curso de Design que tínhamos lá.

Esse abrir caminhos, ser pioneiro, exigia um pouco de perseverança, de en-frentar desafios. Até alguns deboches, eu tive professores dizendo: vem cá, tu e um arquiteto brilhante, tá te metendo a fazer desenhinho. Então para alguns aquilo era desenho, o meu trabalho de conclusão de curso gerou uma revolução dentro da faculdade de arquitetura porque pela primeira vez eles estão julgando trabalho de Design na faculdade de arquitetura. Era meio com-plicado, isso gerou um quebra-pau violento dos professores, alguns queriam me reprovar, outros queriam me dar dez, eram opostos.

Com relação ao mercado, ao contrário, só alegrias. Os empresários ficavam encantados em ver alguém que tinha uma visão multifacetada da criatividade que precisava na sua empresa e da comunicação da sua empresa. Na época eu escrevia, botava em revista e jornal, então era muito publicado. Montei até um

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manual da organização de empréstimos dentro de uma empresa com o pessoal da Fundação Getúlio Vargas. Fiz uma série de trabalhos que eram pioneiros. Fiz um manual da embalagem para exportação. Foi muito bacana, e tinha uma coisa maravilhosa na época e hoje começa a ficar um pouco mais difícil, que era o contato direto do Designer com o cliente, sem intermediários. Eu tra-tava com o presidente da FIERGS, eu tratava com o presidente da Excelsior, com o presidente da Springer. Almoçávamos e jantávamos juntos, fazíamos os planos juntos. E isso nos leva hoje a tratar muito com intermediários, e não só não tem conhecimento total, não tem poder decisão, te passa um briefing muitas vezes errado e há um turn over muito grande de executivos, então é possível que durante um ano tu fale com três executivos diferentes dentro da mesma empresa. Esse é um obstáculo sério que a gente vem enfrentando hoje em dia. Eu diria até que nós deveríamos encontrar uma solução para isso. Não vejo como fazer um bom Design tendo meio briefing. Sou adepto daquela ideia de que conhecer um problema é metade da solução. E nós não conseguimos às vezes conhecer efetivamente o problema, e principalmente afetar a decisão, uma decisão tomada a distância por alguém que não parti-cipou do processo é uma decisão subjetiva, sabe Deus baseada em quê. Tanto que eu criei um curso chamado Apresentação de Projeto. Projetar é parte do processo, apresentar o projeto é talvez tão ou mais importante do que projetar.

D&C - Como você avalia o Design gaúcho ao longo do tempo? O design é uma área suficientemente valorizada no RS? Se não, o que nos falta?

NB – O Rio Grande do Sul pela sua colocação geográfica e pela sua etnia teve em determinado momento que criar seu Design. Os tropeiros que vieram pra cá tinham que produzir seus próprios móveis que não eram os móveis nor-destinos e tinham semelhanças com algumas coisas da Espanha e Portugal, e também eles tinham que resolver os bens não produzidos industrialmente

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porque não existia uma indústria abastecendo esse mercado espaço. E isso fez com que alguns italianos, alemães, poloneses e outros muitos que fizeram esse caldo que nós chamamos de gauchismo trouxessem seus ancestrais. A partir da sociedade industrial instalada, o Brasil era mais uma das colôni-as consumidoras dos produtos industriais europeus e assim seguiam até a primeira guerra mundial. Eu diria que a primeira guerra mundial desencadeou o Design gaúcho, porque nós não tínhamos mais como importar os produtos que nós estávamos acostumados a usar. Os mais simples inclusive. A partir daí nós tínhamos que resolver. E criamos uma indústria incipiente, mas ten-távamos substituir produtos importados por produtos nossos. É o período que surgem as primeiras grandes indústrias do Rio Grande do Sul. Nós começa-mos a criar mobiliário, criar uma série de objetos de uso cotidiano com um plano e produzidos inclusive industrialmente. Então a indústria começa a dar os primeiros passos e a indústria significa que precisa ter um projetista.

Eu sempre falei para os meus clientes que eu não projetava para eles. Eu pro-jetava para os clientes dos meus clientes. Eu sempre estava olhando quem ia usar o objeto que eu estava criando. Acho que isso é Design, caso contrário é puxa-saquismo de cliente. Não posso dizer que o Design seja valorizado porque não é nem reconhecido. Sempre tive muito respeito pela minha profis-são e boto banca. Eu sou Designer. Eu sou a pessoa capacitada pra resolver, e resolvo. Nada melhor do que comprovar na prática, aquilo que se fala na teo-ria. Felizmente tenho um respeito muito grande por parte dos meus clientes, das pessoas que trabalham ao meu redor, assim como eu respeito eles.

D&C – O que caracteriza um bom Designer?

NB – Eu acredito que nem os Designers podem fazer uma afirmação porque são tantos fatores e muitas vezes tu estás atendendo uma das características

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do bom Designer e desatendendo duas. É difícil tu afirmar que existe um bom Designer absoluto. Ele tem tantas condicionantes que vão afetar essa nota dez. Eu coloco como uma das prioridades tu ter uma consciência social do teu trabalho.

D&C - Qual a sua relação com o meio digital? Como você aproxima a inter-net e as redes sociais do seu trabalho?

NB – Eu tenho um pensamento cartesiano, por exemplo, enquanto que o digi-tal pede um pensamento randômico. Mas eu me adapto. Eu sou um camaleão, tento me adaptar as condições. E realmente acho que estou fazendo bem o meu randômico. Exige esforço. Eu não sei operar os programas, por exemplo, mas eu sei o que pode ser feito neles. O meu celular, eu utilizo só o feijão com arroz. Acho que aqueles que mexem bastante bem nessa área muitas vezes desconhece o que estão mexendo, como estão fazendo. Não estou tirando o melhor resultado da ferramenta que eles dispõem. Eu hoje pesquiso na inter-net muito melhor que os meus alunos em geral. Eu encontro o que eu quero na internet. Sei separar o lixo enorme do que realmente presta. Estou recebendo informação todos os dias das últimas ferramentas que estão surgindo. Sei montar uma interface amigável. Não é realmente o meu fator diferenciador. E estou cercado de profissionais de ótima qualidade, em cada área destas que começa a se especializar.

D&C - O que você está fazendo atualmente e o que ainda planeja para o fu-turo? Alguma mensagem final para os estudantes de Design?

NB – Uma coisa que eu planejo para o futuro é estimular essa bandeira do De-sign e o reconhecimento que nós estamos como a bola da vez. Eu fico muito orgulhoso de ver que nós estamos hoje passando por um momento em que o Design é valorizado sim. Mas no seu sentido mais amplo. Nós estamos tendo

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o reconhecimento dessa capacidade de um pensamento macro. No momento o que eu estou fazendo é um novo tipo de escritório de Design. Não acredito em como o escritório é ou pelo menos como foi até aqui. Hoje estamos tendo uma experiência muito maluca, mas que está dando certo por enquanto. Que é de manter a liberdade da equipe, ou seja, a minha equipe é um conjunto de equipes. E nós trabalhamos basicamente à distância. A Bozzetti Design é um conjunto de vários Designers integrados dentro de um pensamento, de uma filosofia.

A mensagem que eu deixo, muito pretensiosamente, é: valorizem o Design. Tem gente que está fazendo o curso de Design e três meses depois vai fazer um de medicina, depois de agronomia, quer dizer, o Design é um acidente de percurso. E eu não posso imaginar Design como acidente de percurso. A gente já nasce Designer e está pronto pra viver isso, ama isso. Ame a sua profissão e respeite-a. Amando vai ficar bem mais fácil de se trabalhar e evo-luir como profissional. Cultive a história.

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Em se tratando de um Trabalho de Conclusão de Curso cuja prática é digital, é importante salientarmos algumas questões voltadas a este meio que possam elucidar ainda mais nosso pensamento. Pode-se dizer que o Design digital surgiu em meados de 1970 e 1980 com a prática da editoração eletrônica ou do chamado desktop publishing (DTP) (CAUDURO, 1997). De lá para cá, o meio digital se tornou incontrolável. Está em constante construção e evolução. Mas a seguir, vamos definir algumas questões que permeiam este projeto.

Segundo Baltazar e Aguaded (2005), o termo blog vem de weblog, sendo web (rede) e log (diário de bordo), ou seja, blog é um diário na rede no qual as pes-soas escrevem e compartilham para que os outros possam acessá-lo. A grande maioria dos blogs contém links para outros blogs formando uma espécie de corrente em que todos envolvidos trocam ideias e informações. Tudo isto está ligado a ciberespaço e à cibercultura, assim definidos

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O ciberespaço (que também chamarei de “rede”) é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos com-putadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura mate-rial da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo “cibercultura”, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço (LÉVY, 1999, p. 17).

Outra definição importante que precisamos para o entendimento de nossa pesquisa é a de rede social. Segundo Recuero (2010) rede social é uma fer-ramenta que ajuda a perceber e a identificar um grupo de pessoas, também chamado de tribos.

Dois termos que ainda necessitamos definir são usabilidade e acessibilidade. “Usabilidade é a capacidade, em termos funcionais humanos, de um siste-ma ser usado facilmente e com eficiência pelo usuário” (SHACKEL apud MEMÓRIA, 2005, p. 6). Segundo Royo (2008) acessibilidade é tornar a in-terface acessível a qualquer tipo de público, ou seja, permitir que qualquer pessoa consiga utilizá-la independente de sua condição.

Metodologia Projetual

Como metodologia projetual para a prática desta pesquisa utilizamos o mé-todo adotado por Jesse James Garrett (2003). Seu método é chamado de “Dia-grama da Experiência” (Figura 32) e é lido e interpretado de forma sequencial de baixo para cima. Consideramos que o ideal seja que uma etapa se encerre para dar início à próxima, o que não impede que se possa voltar em alguma etapa anterior e corrigir qualquer inconsistência.

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Figura 32 – Diagrama da Experiência. Fonte da imagem: Latão Design Unisul (2009). Fonte: O autor (2011).

O método de Garrett define alguns planos que são as etapas pelas quais um determinado projeto precisa passar até chegar ao seu produto final. O plano de estratégia compreende os objetivos do site e as necessidades do usuário. É o momento de o cliente dizer o que e quem ele pretende alcançar com o site, e isto pode ser diagnosticado através de um briefing, ou seja, de uma coleta de dados com o cliente para que o Designer consiga extrair dele todas as infor-mações necessárias para a criação do projeto. Um briefing bem preparado e bem executado é fundamental em qualquer trabalho. E é nele que procuramos saber o que os usuários precisam e quais são as suas necessidades para que o site consiga supri-las e passe a conquistá-los. Este momento pode ser ob-tido através de questionários quantitativos e/ou qualitativos com os possíveis

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usuários a fim de se alcançar, com maior precisão, tais necessidades.

Métodos qualitativos são mais adequados para satisfazer as ne-cessidades do usuário acerca de comportamentos, funcionali-dades, melhoria de objetivos, enquanto os quantitativos são mais recomendados a resolver problemas de usabilidade e interface (MÜLLING, 2010, p.74).

No plano de escopo são abordados os requisitos de conteúdo e as especifi-cações funcionais. Depois de verificar o que o cliente quer obter com o site e o que os usuários necessitam, reúnem-se todas as informações coletadas e parte-se para um desenvolvimento mais técnico, no qual é preciso que se i-nicie a busca pelos conteúdos e pelas funções que o site vai abrigar de forma a sanar qualquer dúvida e a suprir qualquer necessidade.

[ ]...o tamanho esperado de cada uma das características do site é decisivo na experiência do usuário. Você deve prever o tama-nho ou tipo de cada característica: áreas para textos dinâmicos, dimensões de pixel das imagens, tamanho dos arquivos para download, assim como a utilização de áudio e vídeo, ou ainda prever thumbnails ou fotografias em tela inteira (GARRETT apud MÜLLING, 2010, p.79).

O plano de estrutura é responsável pelos ítens design de interação e ar-quitetura da informação os quais possibilitam que se concretize todas as in-formações obtidas até então. Este plano ainda é responsável por organizar to-das as informações da melhor forma possível, fazendo com que a experiência de navegação do usuário atenda as suas necessidades e expectativas. É neste plano que se definem todas as interações que o site vai conter, isto é, é neste momento que se pensa de que forma o site irá conversar com o usuário.

Organizar, classificar, analisar uma informação visando o acesso e compreensão do usuário e prezando pelas informações indis-pensáveis, evitando assim uma sobrecarga cognitiva são atribu-tos da arquitetura de informação (MÜLLING, 2010, p. 81).

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A base de uma arquitetura de informação bem executada é a sua organização através da hierarquização. Está é uma estrutura pre-sente em nossa sociedade desde a criação, onde existe a relação pai/filho, avô/pai, como uma árvore genealógica, caracterizan-do-se como abordagem de cima para baixo de organização da informação. (MÜLLING, 2010, p. 83).

No plano de esqueleto é compreendido o design da interface, o design da in-formação e o design da navegação. Esse plano é mais conhecido como wire-frame13 do projeto. É neste plano que projetamos o quê vai e para onde, como volta para tal lugar, o que faz ou deixa de fazer com cada ação, link ou infor-mação contida no site. E, também, como apresentar de forma visual todas as informações e fazer com que o usuário saiba identificar sua importância. Esta é uma etapa muito importante para a definição dos elementos antes do plano final. Uma boa navegação, combinada com a hierarquização tanto dos con-teúdos diversos quanto das informações, já é um excelente indício de que o site irá funcionar como deveria e que irá atender às necessidades dos usuários.

Por fim, plano de superfície é o que compreende o design visual. É a cara do site, no qual o Designer – com base no wireframe desenvolvido anteriormente – transforma-o em elementos de criação ou em elementos visuais. Também denominado direção de arte, é o momento no qual surge a preocupação por questões voltadas à estética, como a cor, a tipografia, as imagens, as ilus-trações, etc.

Após todas essas etapas realizadas, chega-se ao produto final, isto é, ao produto enquanto projeto de interface. Com o layout pronto, o programador

13 Wireframe é um desenho básico, é o esqueleto do projeto final, como um boneco no ramo editorial, porém, o wireframe é aplicado no meio digital.

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está apto a fazer uso dos seus conhecimentos e partir para a implementação do site.

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Com o tema escolhido, uma justificativa sólida, a pesquisa planejada os obje-tivos delimitados partimos, então, para a criação do nome e para a construção da marca deste Trabalho de Conclusão de Curso.

Um bom nome influencia o sucesso da marca, do produto ao qual ele repre-senta ou do serviço que ele presta. Ele precisa ser simples, de fácil pronúncia e original, afinal, a criatividade hoje em dia é um dos quesitos mais importantes. Vivemos em um mundo cheio de produtos, cada qual com seu nome. Achar um nome que se diferencie dos existentes, inclusive no mesmo segmento, é essencial. Especificamente para esta pesquisa, que trata de Design gaúcho, procurou-se um nome que pudesse retratar estes dois mundos envolvidos, o Design e o Rio Grande do Sul. A palavra Design é muito difícil de ser substituída por qualquer outra que expresse o mesmo significado. Portanto, optou-se por mantê-la e, então, complementá-la com uma mais diferenciada. Adicionar uma expressão que fosse representativa não só para os gaúchos, mas para as pessoas de fora do estado também. E, uma expressão que re-

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presentasse não só essa ideia, mas também o conceito de blog, de conversa e de compartilhamento seria, em nossa opinião, a palavra chimarrão. Assim, o título da pesquisa passa a ser “Design e Chimarrão”.

A marca é a promessa, a grande ideia e as expectativas que resi-dem na mente de cada consumidor a respeito de um produto, de um serviço ou de uma empresa. As pessoas se apaixonam pelas marcas, confiam nelas, são fiéis a elas, compram e acreditam na sua superioridade. A marca é como a escrita manual. Ela repre-senta alguma coisa (WHEELER, 2008, p. 12).

A marca, assim como afirma Costa (2008), é um signo sensível, é a junção dos signos verbal e visual. É um signo verbal porque a marca precisa existir, ela precisa ser denominada pelas pessoas. Por isto a marca é, antes de tudo, e em sua gênese, um signo linguístico e assim deve ser, necessariamente, para que todos possamos designá-la, verbalizá-la, escrevê-la e interiorizá-la (COSTA, 2008, p. 18). É também um signo visual porque qualquer marca precisa ser vista, precisa ser notada. Seu logo, seu símbolo e sua cor têm que ser a tradução do nome escolhido.

Na marca desenvolvida (Figura 33) há a presença do balão de conversa, mui-to utilizado nos quadrinhos e na linguagem web. Significa que algo foi dito por alguém. No caso, que o nome Design & Chimarrão está sendo expres-sado pelas pessoas. Se nos reportarmos para o significado do chimarrão e do blog – que é a conversa, o compartilhamento de informações – veremos que esta marca traduziu nos seus elementos uma forma coerente de signifi-car algo e contém, dentro deste balão, o logotipo, que é a escrita da marca, o seu texto. A palavra Design aparece em branco, contrastando com o preto do balão. Aparece em bold, ou seja, tem um peso acentuado e forte. A expressão & Chimarrão apresenta-se em verde, remetendo ao Rio Grande do Sul e ao

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próprio mate. Quanto à tipografia es-colhida para o logotipo, optamos por uma sem serifa, em caixa baixa e com cantos que se mesclam entre o reto e o arredondado, o que lhe confere contemporaneidade e um caráter hu-manista. Tal tipografia foi projetada baseada na família Advent Pro.

A marca acima é o que chamaríamos de marca-mãe, ou marca principal. Há ainda, a marca do tipo pictórica (Figura 34). Uma marca pictórica usa uma imagem literal e reconhecí-vel. A imagem em si pode aludir ao nome da empresa ou à sua missão, ou pode ser o símbolo de um atributo da marca (WHEELER, 2008, p. 68). Neste caso, traduzimos em forma de pictograma, a cuia e a bomba do chi-marrão dentro do mesmo balão da marca-mãe. Para caracterizar ainda mais a questão do Design Digital

escolhemos desenvolver, neste picto-grama, o que chamamos de pixel art,

ou seja, um tipo de desenho característico do mundo digital.

Após a definição da marca, partimos para o desenvolvimento do objeto, ou

Figura 33 – Marca Design & Chimarrão. Fonte: O autor (2011)

Figura 34 – Marca pictórica Design & Chi-marrão. Fonte: O autor (2011)

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seja, para o projeto do site/blog.

De acordo com o “Diagrama da Experiência” de Garrett (2003), o primei-ro passo a seguir é o plano de estratégia, no qual é preciso saber quais os objetivos do site e quais as necessidades dos usuários. Para descobrir esses objetivos, seguir o briefing14, ou seja, a coleta de dados, é o caminho mais adequado para tal conhecimento e, principalmente, para que futuramente o projeto não tenha inconsistências. Vamos a ele.

14 O modelo de briefing apresentado a seguir, foi extraído da disciplina de Design da Infor-mação, lecionada pela Professora Ana Bandeira, no Curso de Design Digital da Universidade Federal de Pelotas, em 2010.

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Identificação: Trata-se de um site/blog com o Design gaúcho como tema central. Um espaço na web que conte alguns causos do Design riograndense levando conhecimento a todos que aqui estudam e trabalham. Além de ser um espaço de compartilhamento de informações e experiências entre os usuários, com o intuito de divulgar e ressaltar o Design gaúcho e todos que fazem esse Design acontecer.

Cliente: Diego Motta.

Problema / Necessidade – Justificativa: O Design gaúcho é carente de co-nhecimento acerca de suas histórias. Todos que estão envolvidos com Design não tiveram até hoje acesso a isto que estamos chamando de causos. Como Designers gaúchos, precisamos de um espaço que nos valorize e que nos di-vulgue no qual troquemos informações e experiências a fim de termos um maior e mais integrado contato. Precisamos de um espaço como ponto de encontro e referência e a web é hoje é o melhor local para que várias pessoas possam estar juntas ao mesmo tempo e, assim, compartilhar seus causos.

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Definição de canais / Peças para a transmissão da mensagem: O site/blog será veiculado através da internet onde qualquer pessoa que tenha o interesse possa acessar. É uma forma de abrigar conteúdo vasto, podendo chegar a muita gente; além de ser gratuito, não precisando que as pessoas gastem ou se locomovam para a ela ter acesso.

Adequação das peças ao público alvo: O meio escolhido foi o digital porque é a melhor forma de levar um grande conteúdo ao maior número de pessoas ao mesmo tempo; e também porque o meio digital, no caso do Design, se faz muito necessário, já que quem estuda ou trabalha com Design se utiliza da internet e das suas possibilidades, seja para divulgar seu trabalho, seja para buscar referência ou, ainda, para outras formas de utilização.

Imagem desejada: Que o site/blog tenha um caráter informativo no qual o objetivo é a informação, a transmissão dos causos de Design. E também um caráter colaborativo, pois o compartilhamento de conteúdo é o que fará com o site/blog se perpetue e desperte o interesse das pessoas.

Diferencial: O principal diferencial do projeto é o tema central, já que quase não temos espaços que tratem do Design gaúcho e divulguem vagas de traba-lho, falem de eventos e de curiosidades, contem causos, apresentem entrevis-tas; enfim, espaços que abranjem um vasto conteúdo. Que neste site/blog seja possível ter acesso a tudo isso, tornando-se referência a todos os Designers.

Pontos positivos do serviço e/ou produto apresentado: O próprio tema já é um ponto positivo a ser considerado. Ter um espaço como este disponível para consulta e troca de informações, é bastante positivo. Por ser digital e contar com a internet, pode atingir o maior número possível de pessoas ao mesmo tempo; além de que pode ser acessado a qualquer momento e em qualquer lugar, independente de onde a pessoa resida.

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Pontos negativos: Para que o site/blog seja acessado, as pessoas precisam ter internet seja no computador ou no celular o que pode impedir o uso em algum momento ou lugar sem conexão. Outro ponto negativo a ser con-siderado é o lado efêmero da internet que pode fazer com que o site e as próprias informações fiquem ultrapassadas ou que, devido ao acúmulo, não tenham a devida atenção que mereçam.

Influências ambientais, culturais e geográficas: O Rio Grande do Sul é bastante conhecido por seus bons Designers. Não estamos no eixo Rio-São Paulo onde os acontecimentos são maiores, mas no Sul temos bons eventos e momentos que devem ser divulgados e registrados. Temos, aqui, um número considerável de instituições com cursos de Design que podem influenciar positivamente.

Sazonalidade: O site/blog não tem um tempo específico. Ele permanece na internet enquanto seu domínio e sua hospedagem estiverem ativos. Seus a-contecimentos ficam reféns do modo pelo qual está sendo conduzido o De-sign. Por exemplo, com muitos eventos, exposições e notícias, o site/blog passa a ter uma maior atualização.

Mercado: O site/blog tem como tema central o Design gaúcho e tem como intenção maior atingir o mercado do Design no Rio Grande do Sul. Porém, a internet pode atingir a qualquer um, não somente a quem aqui reside. Além disto, o conteúdo é voltado para o Design gaúcho, mas não somente a ele, o que pode muito bem servir de interesse a todos, gaúchos ou não.

Concorrentes: Visto que é um projeto com um assunto relativamente novo não há um concorrente específico. Mas existem concorrentes do mesmo gênero, ou seja, alguns blogs de Design que têm o intuito de compartilhar informações e que acabam virando referência para um trabalho de qualidade.

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Elucidando, temos os casos: Abduzeedo: http://www.abduzeedo.com; Design on the rocks: http://www.designontherocks.xpg.com.br/; De2ign: http://www.revistadesign.com.br/2/; Anticast: http://www.anticast.com.br/; (Figuras 35 a 38) entre outros. Não podemos deixar de contar que existe um projeto pare-cido para o Nordeste, mais especificamente para Pernambuco, que chama-se Marco Zero: http://marcozero.rec.br/ (Figura 39).

Figura 35 – Site Abduzeedo. Fonte: Abduzeedo (2006).

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Figura 36 – Site Design on the rocks. Fonte: Design on the rocks (s/d).

Figura 37 – Site De2ign. Fonte: De2ign (2003).

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Figura 38 – Site Anticast. Fonte: Anticast (2011).

Figura 39 – Site Marco Zero. Fonte: Marco Zero (2011).

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Consumidor / Público-Alvo

Quem utiliza os serviços: O conteúdo do site voltado ao Design gaúcho será utilizado em sua grande maioria por estudantes e profissionais de Design que tenham interesse no assunto. Provavelmente a maior parte será de pessoas gaúchas ou residentes neste estado o que, claro, não impede que outros pos-sam acessar. Com relação ao conteúdo do blog, que é um conteúdo mais livre, deverá ser, de certa forma, dividido. Quando tiver tópicos mais regionais, por exemplo, eventos que estejam se realizando no Rio Grande do Sul, o blog será mais voltado a quem aqui estiver. Mas no geral, o conteúdo de um blog é amplo e aberto a todos que tenham interesse pelo Design, afinal são posts de dicas, referências, curiosidades e tantas outras ações que atingem toda e qualquer pessoa.

Hábitos e atitudes: Aqueles que irão se utilizar do site/blog tem, por si só, in-teresse pelo Design. Interesse por esses causos que fazem o Design acontecer. São estudantes e profissionais que se interessam por internet, que não tenham preguiça e que sejam curiosos para estar sempre buscando referências, sem-pre pesquisando alguma coisa. Mas, o ideal é que sejam pró-ativos, ou seja, que não busquem apenas conteúdo, mas contribuam também, opinando, dis-cutindo, criticando e sugerindo pauta.

Quem decide pela utilização ou não do serviço: A decisão de utilizar ou não o site/blog é única e exclusiva do usuário. A internet tem essa facilidade de permitir que cada um faça suas escolhas. Então, ele escolhe se quer ou não acessar e, principalmente, o momento para isto já que tem este controle.

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Razões de “compra” (utilização) do serviço

O apelo utilizado na campanha é racional ou emocional? Por quê? Há os dois tipos de apelo utilizados. O apelo racional justamente por querer passar o caráter informativo, o de informar o usuário sobre Design gaúcho. E o apelo emocional por conta dos causos contados, das imagens visualizadas e tudo mais o que faz ser próximo ao usuário: lugares conhecidos e, histórias que fazem parte da nossa vida.

Quais os benefícios que o consumidor espera ao utilizar o serviço ofereci-do? O usuário espera um conteúdo de qualidade. Espera que qualquer assunto postado sobre o Design gaúcho seja verdadeiro e suficiente. Por ser voltado ao Design, espera que tenha um visual atrativo. O usuário espera que o site aborde diversas questões como dicas de eventos, palestras, cursos, vagas de trabalho, curiosidades, entrevistas, enfim, tudo que seja interessante e que sirva como fonte de referência.

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Após ter os objetivos do site delimitados, o próximo passo, de acordo com o “Diagrama da Experiência” de Garrett (2003), é saber quais as necessi-dades dos usuários a serem atingidos com o produto. Precisa-se descobrir, então, quais os seus desejos e do que precisam e isto é de extrema importância para um projeto consistente e duradouro. Poderia-se então, fazer uma série de questionários quantitativos e/ou qualitativos com os prováveis usuários para se chegar a esta questão. Mas, como estudante e profissional de Design, o cli-ente tem condições de saber o que as outras pessoas nos mesmos parâmetros dos seus necessitam. Portanto, questionários não se fazem necessários neste primeiro momento.

Já estão claras as razões pelas quais esta pesquisa se faz presente e, portanto, não iremos nos repetir. Mas algumas coisas ainda precisam ser consideradas, algumas especificidades que são necessárias em um trabalho como este.

Nos blogs, geralmente há uma segmentação de conteúdo, para que o usuário possa escolher se quer assim ou de forma tradicional, ou seja, sem segmen-tação. Estas separações por assunto podem ser feitas através de palavras-chave que o usuário define para determinado post ou, ainda, podem ser encontradas digitando determinada palavra no campo busca. Os blogs costumam ter, em suas laterais, esta segmentação; ou a cada mês, ou por assunto, ou pelos as-suntos mais buscados, ou pelos mais recentes. Enfim, existem diversos tipos de segmentação que facilitam o usuário. Caso não se interesse por determi-nado assunto, ele vai diretamente ao que lhe interessa.

Porém, como o assunto Design gaúcho é relativamente novo, pelo menos no que se refere a publicações ou registros, o ideal é que haja essa segmentação para que o usuário identifique de que se tratam os assuntos a serem abordados

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para que alguém que não se interesse por algo não fique saturado com tal con-teúdo. Os posts nos blogs costumam ficar organizados de forma decrescente, o que foi postado hoje está acima do que foi postado ontem e, assim, suces-sivamente. É eficiente ter como opção esta separação de assuntos, sobretudo como critério de organização. Os eventos são separados das dicas, que são separados dos cursos... Então, opção é a palavra que funciona na internet e faz com que o usuário tenha o controle. Ele tem a opção de dizer sim ou dizer não, se quer ou se não quer alguma coisa. É esta possibilidade que hoje nós, usuários, temos: a de opinar e a de escolher.

Com o plano de estratégia estabelecido, Garrett (2003) define como próxi-mos passos as especificações funcionais e os requisitos de conteúdo, que an-dam juntos e fazem parte do plano de escopo. Analisando todas as necessi-dades, que nós estudantes e profissionais de Design aqui do estado temos, estabelecemos seis ítens que o site precisa ter e que acabam sendo os itens de menu: blog, design e chimarrão, design gaúcho, ensino e profissão, entrevista e contato.

O item blog refere-se a uma questão de repertório visual e compartilhamento de referências e opiniões. Ele será a página inicial do site tornando-o, assim, mais prático a quem acessa. Por ser o item de maior atualização e, provavel-mente, de acesso, mostrá-lo primeiro faz com que o tempo perdido por parte do usuário seja menor. O blog geralmente é amplo, abrange diversos con-teúdos, não só o Design em si, mas tudo o que o Designer se interessa, ou tudo que contenha Design. Além das separações por meses – típicas de um blog – usar as separações por assuntos como fotografia, ilustração, produto, moda, gráfico, editorial e digital pode ser uma ótima forma de classificar as

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postagens, as chamadas tags15. Isto permite que as pessoas escolham se elas querem ver tudo ou somente aquilo que lhes interessam. Vale lembrar que cada post do blog proporciona o comentário do usuário se, assim, ele o dese-jar. E, além disto, de conter os ícones referentes às redes sociais permitindo compartilhar/recomendar determinado post aos seus amigos.

O item design e chimarrão é dedicado ao projeto de Design em si. É um es-paço para dizer ao usuário do que trata, como foi realizado e o seu porquê. É um espaço para explicar a importância do assunto e incentivar a pesquisa e o interesse, para que muitos outros causos sejam contados. Além de explicar o projeto, é um espaço para mostrar também quem o fez – não apenas Diego Motta enquanto Designer, mas quem ajudou e quem ajuda a mantê-lo – e, posteriormente, quem sabe, as pessoas que ajudarão a fazer deste um grande projeto, colaboradores que postam sobre Design no blog e pessoas que se in-teressam em pesquisar o Design gaúcho. Como conteúdo deste item, também apresentamos a identidade visual do projeto de Design e o manual da marca, para que assim aqueles interessados em utilizá-la possam fazer o download e saber qual a forma correta de aplicá-la. É um projeto livre, dentro de um limite de conteúdo, a ser definido pelo dono do site, para que qualquer inte-ressado possa participar e compartilhar conhecimentos e experiências. Além disto, é um espaço publicitário para que quem tenha interesse anuncie no site, há também um espaço para parcerias, muito comum em blogs de Design. Geralmente as parcerias são feitas com os próprios blogs de Design para que um blog recomende os outros com mesmo conteúdo.

15 Tags são forma de classificar um conteúdo, de dizer que ele faz parte de determinado as-sunto.

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O item dedicado ao design gaúcho se refere ao espaço no qual os causos são contados, tais como aqueles já apresentados no primeiro capítulo. Esta parte está sempre em construção e é dividida em postagens nas quais cada uma con-terá um causo. É um espaço parecido com o do blog, com a diferença que é dedicado exclusivamente a contar o causo. Um espaço que sirva de referência para consulta, com a possibilidade das pessoas postarem comentários. Mas, vale lembrar, que pretendemos verificar os comentários para que o conteúdo do site/blog permaneça dentro da proposta.

No item ensino e profissão pensamos, primeiramente, em algo mais ligado aos cursos disponíveis no estado que possam servir de referência aos, quem sabe, futuros estudantes bem como aos que já estudam e querem se aprimorar através de especializações, mestrados e doutorados, além de cursos extras que eventualmente surgem e que por muitas vezes não têm grande divulgação. Com relação à profissão, esta é uma ideia mais a longo prazo; e compreende-ria um espaço dedicado a listar as empresas que trabalham com Design aqui no Rio Grande do Sul e que, assim, possam ajudar os estudantes e profissio-nais a saber onde podem construir uma carreira.

Entrevista do site é um item dedicado a pessoas relevantes que têm algo im-portante a falar e a disseminar. É sempre bom ouvir uma entrevista com al-guém interessante, é curioso saber sobre sua vida, quanto sobre suas referên-cias teóricas. Saber a trajetória de uma pessoa é sempre estimulante, e nos faz pensar acerca da nossa. Os entrevistados podem não ter uma relação direta com o nosso estado, mas que tenham então, importância para o Design e que acrescentem conhecimento. À medida em que as entrevistas forem sendo fei-tas serão acrescentadas no site.

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O último item do site refere-se ao contato. É um espaço para informar as redes sociais nas quais o projeto de Design se encontra, além de email e for-mulário de contato para quem quiser elogiar, criticar, tirar dúvidas e tudo mais que desejarem.

Os próximos passos do “Diagrama da Experiência” de Garrett (2003) que fazem parte do plano de estrutura são o design de interação e a arquitetura de informação. O design de interação é o momento de se definir como os usuários vão de um lugar a outro do site. E a arquitetura de informação com-preende o modo de como organizar o conteúdo de forma que o projeto fique consistente.

O item blog, a página inicial do site, tem como opção de conteúdo os diversos posts dos mais variados temas e oferece como possibilidade a visão completa de cada notícia. Geralmente, e neste caso, o primeiro nível de um blog mostra apenas um aperitivo de cada notícia, deixando ao usuário a opção de querer ou não ver mais. Podendo o usuário comentar tal notícia e/ou compartilhá-la nas redes sociais às quais participa.

O item design e chimarrão, que é dedicado ao projeto, não chega a ser uma página em si. É o nome de um grupo, que no caso, compreende cinco itens: projeto, autor, identidade visual, parceria e anúncio. Estes cinco ítens tem apenas um nível de conteúdo e oferece a possibilidade de espaço para comen-tário e para o compartilhamento do conteúdo.

Design gaúcho compreende os itens causos e links. Causos é um primeiro nível, mas assim como o blog, oferece a possibilidade de ver de forma com-pleta cada causo. E links tem somente um primeiro nível de conteúdo, com igual possibilidade de comentário e compartilhamento (funções estas que es-

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tão disponíveis em quase todo o site).

Ensino e profissão também compreende alguns itens: cursos, graduação, pós-graduação e empresas. Como já declarado, este é um espaço a ser cosntruído a longo prazo; portanto, neste momento, listamos alguns cursos ou empresas que se fazem presentes aqui no Rio Grande do Sul e pode, posteriormente, ser mais trabalhado.

A seção entrevistas também compreende itens, mais precisamente o nome dos entrevistados. No momento apresenta apenas um, o de Norberto Bozzetti. Aqui será apresentada a entrevista em formato audiovisual, além de seu breve relato.

O item contato contém um formulário para que as pessoas se comuniquem com os organizadores do site. Este é o único item que não permite comentário na página tampouco compartilhamento de informações.

É importante ressaltar que, em todo o site, a estética é a de um blog, o que proporciona ao usuário o comentário nas páginas. Barras verticais à direita aparecem em todo se projeto. Estas são duas, a primeira dependendo da pá-gina dá a opção de ver os outros links do grupo ao qual faz parte, e no caso de causos e do próprio blog, oferece a opção de buscar o conteúdo por área, assunto, nome, os mais populares, buscar por tags, enfim, o que otimiza uma possível busca e melhora a experiência do usuário. Com relação à barra mais à direita, esta é fixa em todo o site/blog e o conteúdo não muda. Ela contém a publicidade do site, ou seja, os patrocínios eventuais e as parcerias com os outros blogs e sites de Design.

Após a definição do design de interação do projeto partimos para a arquitetu-

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ra de informação a qual apresenta, de forma gráfica e simples, através de um fluxograma como acontece esta hierarquia, isto é, a organização de níveis de conteúdo. A arquitetura de informação também é chamada de sitemap ou mapa do site. E ajuda a deixar ainda mais claro onde a pessoa está e para onde ela pode ir. Veja como ficou o sitmap do site/blog (Figura 40):

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Figura 40 – Sitemap. Fonte: O autor (2011)

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O próximo e penúltimo passo, denominado plano de esqueleto compreende os ítens design da interface, design de navegação e design da informação. É o momento onde o projeto toma forma. Através dos wireframes é que defini-mos algumas questões importantes que vão permear o projeto, deixando-o mais consistente e unificado. O projeto conta com cerca de oito tipos de telas diferentes e, com base nelas, é possível desenvolver todas as demais.

Na tela blog (Figura 41), a página inicial do site, podemos perceber a estrutu-ra definida para cada elemento. Na parte superior percebemos os elementos referentes ao menu do site, o espaço dedicado à marca e uma grande imagem conceitual. Esta área conceitual do site tende a chamar bastante atenção por conta do seu tamanho e, se bem utilizada, é um ponto positivo para cativar os usuários. Os ítens de menu foram pensados para serem respeitados os seus tamanhos, aproveitando o espaço. Na área central do site, que é a parte de conteúdo, uma grid de três colunas foi respeitada: uma maior dando destaque ao conteúdo em si, uma segunda e menor valorizando a questão de busca e segmentação de conteúdo – muito necessário em blogs e sites com conteúdo extenso – e a terceira, fixa em todo o projeto, e dedicada a patrocínios e parce-rias. E por fim o rodapé, que se configura mais em uma questão de créditos do site e preve ainda a divulgação das redes sociais ao qual o projeto participa.

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Figura 41 – Wireframe da tela blog. Fonte: O autor (2011).

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A próxima tela escolhida é blog detalhe (Figura 42). Quando uma pessoa clica em um post, a notícia aparece por completo. A partir deste momento al-guns elementos se repetem, e é isto também que faz com que um projeto tenha consistência e unidade. Por exemplo, a parte do topo do site permanece igual. Neste detalhe do blog, as duas colunas à direita da tela continuam iguais tam-bém. O que muda é a parte de conteúdo. Em uma notícia por completo o texto é mais extenso, mostram-se outras imagens da postagem e dá-se espaço aos comentários.

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Figura 42 – Wireframe da tela blog detalhe. Fonte: O autor (2011).

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Outra que ilustra bem o projeto é a tela do projeto (Figura 43), dentro de de-sign e chimarrão. Como já foi citado, toda a estética do site/blog é a de um blog realmente. Esta tela segue a mesma linha da que foi mostrada anterior-mente com a diferença que, em vez da segunda coluna na parte do conteúdo dedicada à segmentação de conteúdo por ser extenso e sofrer muita atua-lização, esta foi projetada, então, para divulgar os outros itens pertencentes ao grupo design e chimarrão.

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Figura 43 – Wireframe da tela projeto. Fonte: O autor (2011)

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A próxima tela escolhida é causos (Figura 44) e pertence ao grupo design gaúcho. Esta tela se aproxima em sua funcinalidade a do blog. Em vez de posts, são mostrados causos, mas sem uma atualização tão grande quando a de um blog. Porém, a forma como estas informações são apresentadas é semelhante, inclusive na tela causos detalhe (Figura 45). Isto mostra o quão consistente está o projeto, o que impede a confusão do usuário, e permite que ele ao acessar uma ou duas páginas, já saiba como fazer nas próximas. Na coluna de segmentação, temos não apenas a busca por conteúdo, mas também a divulgação das demais páginas do grupo.

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Figura 44 – Wireframe da tela causos. Fonte: O autor (2011)

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Figura 45 – Wireframe da tela causos detalhe. Fonte: O autor (2011)

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A página escolhida referente ao grupo ensino e profissão é cursos (Figura 46). E é semelhante à tela projeto. Com relação à tela entrevistas Norberto Bozzetti (Figura 47), também mantém a mesma linha com a diferença que, como há apenas uma entrevista, a coluna do meio que divulgaria outras en-trevistas, no momento não existe.

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Figura 46 – Wireframe da tela cursos. Fonte: O autor (2011)

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Figura 47 – Wireframe da tela entrevista Norberto Bozzetti. Fonte: O autor (2011)

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E, para finalizar a tela contato (Figura 48), é parecida, em sua estrutura, com a tela entrevistas, tendo, como particularidade, o formulário para contato em seu conteúdo.

Figura 48 – Wireframe da tela contato. Fonte: O autor (2011)

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Como última etapa do método de Garrett (2003), temos o plano de superfície e o design visual, também conhecidos como direção de arte, nos quais onde são definidos os elementos gráficos e visuais do projeto. Se antes o projeto es-tava tomando forma, agora ele definitivamente se transforma. Neste momento são escolhidos cor, tipografia, formas, imagens e todos os demais elementos que definem visualmente o projeto.

Antes de especificar questões gráficas, é importante defender a sua forma mais ampla. Em se tratando de um site gaúcho sobre Design, salientamos que o projeto do site/blog foi planejado para ser elegante, culto e, ao mesmo tempo contemporâneo.

De forma geral foi definido um tom rosado ao site, com determinados pontos em vermelho representando o Rio Grande do Sul. Isto confere também um misto de sobriedade – por conta dos variados tons – e um pouco de destaque, não apenas do vermelho, mas também das imagens o que chama a atenção do usuário. Foi definido, também, um fundo fixo e padrão para todo projeto, no mesmo tom rosado e com uma textura leve, o que dá movimento e também modernidade.

Cada elemento presente na parte central do site encontra-se em caixas separa-das. O conteúdo está numa, a busca noutra, os posts mais populares em outra, e assim nos demais. Cada caixa destas, tem duas divisões separadas por cor, a do título e a do seu conteúdo.

As imagens, tanto a da área conceitual como as do conteúdo contêm o título da mesma na parte de cima, ou seja, na cor preta com fundo vermelho, além de um grafismo, aludindo a pixels. Fora as imagens complementares de cada post onde apenas a altura varia, todas as utilizadas no conteúdo têm o mesmo

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tamanho.

Com relação à tipografia, utilizamos duas, uma mais personalizada para tí-tulos e botões, e é a mesma da marca. A outra, para funcionar como fonte de sistema para os conteúdos, é a Arial. É necessário usar uma fonte de sistema para que todos os navegadores abram o site e ele esteja da mesma forma o que melhora, assim, a usabilidade e a acessibilidade por parte dos usuários. Nos títulos e botões não se faz necessário tal uso porque os botões e títulos podem ser transformados em imagens.

O site/blog tem uma importante área de respiro em seu conteúdo. Isto ajuda o usuário a não cansar da interface. A altura das colunas e seus conteúdos contribuem para este respiro.

Acompanhem agora a direção de arte e, ao longo da explanação, exclare-cemos outras coisas que se fazem necessárias.

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Figura 49 – Página blog. Fonte: O autor (2011)

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Podemos perceber que os ítens de redes sociais pensados para o rodapé acabaram mudando de lugar. Fica mais coerente com o projeto que isto se torne parte do conteúdo, junto à parte fixa do site, ou seja, à terceira coluna.

Importante lembrar também que a área conceitual, a da imagem, é um flash randômico, no qual as imagens/destaques vão passando e, caso o usuário queira ver de forma mais rápida, ele pode clicar na seta pixelada à direita na imagem.

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Figura 50 – Página blog detalhe. Fonte: O autor (2011)

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Figura 51 – Página design e chimarrão – projeto. Fonte: O autor (2011)

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Figura 52 – Página design gaúcho – causos. Fonte: O autor (2011)

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Figura 53 – Página design gaúcho – causos detalhe. Fonte: O autor (2011)

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Figura 54 – Página ensino e profissão – cursos. Fonte: O autor (2011)

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Figura 55 – Página entrevistas – Norberto Bozzetti. Fonte: O autor (2011)

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Figura 56 – Página contato. Fonte: O autor (2011)

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Nas demais páginas do site não há nenhuma outra diferença gráfica ou pro-jetual a ser aqui apresentada. Sua mudança é apenas de conteúdo e de in-formações e tem o mesmo tratamento já apresentado nestas páginas. O que acabamos de apresentar foi o projeto de um site/blog. Sua execução e imple-mentação se dará a curto prazo no endereço <www.designechimarrao.com.br>.

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Como já apresentamos, “o principal motivo para se colocar um site no ar – e que deve também orientar seu conteúdo – é muito simples: relevância” (RADFAHRER, 1999, p. 70). E, relevância, provamos que o Design gaúcho tem. Em nosso levantamento teórico, podemos perceber que ele é bastante rico em conteúdo e história. O que nos parece é que falta um pouco de consi-deração por parte dos próprios Designers, acerca deste Design! Uma história não merece ficar esquecida e/ou guardada em qualquer lugar sem que as pes-soas tenham fácil acesso. Reafirmamos também, que isto pode acontecer, en-tre outras coisas, porque a profissão do Designer ainda não é regulamentada. Wollner afirma: “eu não consigo sequer registrar meu ISS como designer – apenas como artista comercial” (WOLLNER apud STOLARSKI, 2005, p. 66). Creio que essa valorização fará com que o Design seja tratado com o respeito a que tem direito, não só pelos estudantes das mais variadas áreas, como por todas as pessoas.

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A entrevista com o Designer gaúcho Norberto Bozzetti foi muito satisfatória para admirarmos ainda mais o seu trabalho e a sua participação nesta história. Começar, com ele, esta linha de entrevistas foi de grande ajuda para esta pes-quisa e, além disso agregou um valor e credibilidade ao projeto. E permite que aconteçam outras entrevistas. Sem esquecer que a internet está aí para que nos utilizemos dela da melhor maneira possível, seja navegando, utilizando suas redes sociais, seja enfim, aproveitando o que está ao nosso alcance.

Na prática da pesquisa, foi importante nos envolvermos com uma metodologia específica para o meio digital, e, podermos ver como se comporta cada etapa ao desenvolvermos o projeto do site/blog. Precisamos futuramente, com o projeto desenvolvido, replicá-lo para as telas restantes e prepará-lo para que o programador faça o seu trabalho. É importante ressaltar que este projeto pode funcionar como uma empresa, para isto, é necessária uma dedicação maior, parcerias com outros profissionais, como redatores, publicitários, administra-dores e tantos outros que podem ajudar a fazer deste um grande espaço para conhecimento e compartilhamento de informações.

Design e Chimarrão: causos de Design gaúcho contados e compartilhados na web aborda, em nossa opinião, um assunto que será sempre importante e em constante construção, que gera ainda maior relevância na medida em que sempre dá margens para novas pesquisas. Como percebemos ao longo desta investigação ainda pouco existe sobre Design gaúcho disponibilizado na web. Precisamos de mais, muito mais.

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Cólofon

O texto deste Trabalho de Conclusão de Curso foi composto em Times New Roman. Os títulos e paginação em Helvética. O corpo do texto, títulos e pagi-nação em tamanho 12pt com entrelinhas 18pt, citações e notas de rodapé em tamanho 10pt e entrelinhas 12pt. Impresso em sulfite branca 90g/m2, capa e contracapa em sulfite 240g/m2.

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