192
1 SÍLVIA ALBUQUERQUE CORRÊA DE ARAÚJO . DESIGN FOR ENVIRONMENT NOS GRANDES INVESTIMENTOS E MODIFICAÇÕES DE PROJETO / PROCESSO VINCULADO AO SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA DA MONSANTO NORDESTE S/A Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Gerenciamento Ambiental e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo, da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Ambiental. Orientador: Prof. Dr. Asher Kiperstok SALVADOR 2005

Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

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Page 1: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

1

SÍLVIA ALBUQUERQUE CORRÊA DE ARAÚJO

.

DESIGN FOR ENVIRONMENT NOS GRANDES

INVESTIMENTOS E MODIFICAÇÕES DE PROJETO /

PROCESSO VINCULADO AO SISTEMA DE GESTÃO

INTEGRADA DA MONSANTO NORDESTE S/A

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Gerenciamento Ambiental e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo, da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. Asher Kiperstok

SALVADOR

2005

Page 2: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

2

A659d Araújo, Silvia Albuquerque Corrêa de Design for environment nos grandes investimentos e

modificações de projeto / processo vinculado ao Sistema de Gestão Integrada da Monsanto Nordeste S/A. / Silvia Albuquerque Correia de Araújo. – Salvador, 2005.

192p.

Orientador: Prof. Dr. Asher Kiperstok. Dissertação (Mestrado em Gerenciamento e Tecnologias

Ambientais no Processo Produtivo. Ênfase em Produção Limpa) – Departamento de Engenharia Ambiental, Universidade Federal da Bahia, 2005.

Referências, Anexos e Apêndices.

1.Administração da produção 2.Projetos de engenharia 3. Indústria – Gestão Ambiental I. Monsanto Nordeste S/A. II. Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica. III. Kiperstok, Asher. III. Título.

CDD : 658.5

Page 3: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

3

FOLHA/TERMO DE APROVAÇÃO

Page 4: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

4

A

Iury, meu esposo, pelo incentivo e compreensão,

Luis Daniel, meu filho, que nasceu durante a realização

deste trabalho.

Page 5: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

5

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus pela dádiva da vida e do poder de escolha,

Ao meu marido e filho pelo equilíbrio familiar em que vivemos,

Aos meus pais, Edna e Antônio Aurélio (in memorian), por terem me

ensinado a superar desafios,

Aos meus avós (in memorian) pelo exemplo de vida,

Aos meus irmãos, pelos obstáculos que superamos,

À Monsanto, em particular ao Engenheiro Renato Prestes, pela confiança

demonstrada,

Ao corpo técnico do TECLIM, em particular ao professor Asher, pela

orientação e “inspiração ambiental” motivadora,

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para este trabalho.

Page 6: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Técnicas de Prevenção/Redução da Poluição (La Greca,

Buckingham, Evans, 1994)

29

Figura 2: Fluxo de material em um ecossistema industrial (Graedel

e Allenby, 1995)

34

Figura 3: Estágios do ciclo de vida de um produto típico e seus

possíveis impactos associados. (Environment Australia, 2001)

36

Figura 4: Sobreposição das Iniciativas Ambientais (AIChE, 2001) 38

Figura 5: Indicadores para a Sustentabilidade (WBCSD, 2000a) 42

Figura 6: Exemplos de Indicadores de Eco-eficiência da Monsanto

segundo metodologia WBCSD (Monsanto Company, 2002)

45

Figura 7: Fases de um projeto ao longo da vida de um processo 57

Figura 8: Possibilidade de Inserção dos Princípios da Prevenção ao

Longo das Fases de um Processo

60

Figura 9: Etapas de uma Análise de Alternativas 62

Figura 10: Passos para se desenvolver uma CTSA (USEPA;

Tennessee University - Center for Clean Products and Clean

Technologies, 1996)

66

Figura 11: Fluxo de informação de uma CTSA (USEPA; Tennessee

University - Center for Clean Products and Clean Technologies,

1996)

67

Figura 12: Árvore de Substitutos do DfE. (USEPA, 2000) 68

Figura 13: Princípios Hierárquicos da Prevenção da Poluição.

(USEPA, 2000)

85

Figura 14: Unidades de Produção da Monsanto Nordeste e seus

clientes.

89

Page 7: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

7

Figura 15: Unidade do PCl3. 90

Figura 16: Unidade do DSIDA 92

Figura 17: Unidade do PIA 95

Figura 18: Sistema de Coleta de Efluentes Líquidos: Orgânicos e

Não Contaminados 99

Figura 19: Elementos Estratégicos para implementação do DfE 112

Figura 20: Passos Gerais da Proposta para Gestão do Processo de

Implementação do DfE na Monsanto Nordeste

114

Figura 21: Gráficos de Acompanhamento do Grau de Atendimento

aos Requisitos Estabelecidos 132

Figura 22: Representação Gráfica da Avaliação das Funções de

Projeto nas Diversas Fases do Projeto

134

Figura 23: Gráfico de Tendências dos Incrementos Médios

Acumulados de Ações nas Fases do Projeto do Estudo de Caso

137

Page 8: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Cada Paradigma tem um foco distinto. (Little, 2001) 38

Tabela 2 Indicadores de Desempenho Ambiental para Avaliação de

Processos em Indústrias Químicas. (Ruiz, 2000)

46

Tabela 3: Padrões de Projetos de Produtos (Government of Japan,

2001)

77

Tabela 4: Estimativa de Emissões Atmosféricas 97

Tabela 5: Geração de Efluentes Orgânicos. Média em 2002 99

Tabela 6: Geração de Águas Não Contaminadas. Média em 2002 99

Tabela 7: Geração de Resíduos Sólidos. Média 2002 101

Tabela 8: Critérios de Avaliação das Revisões de Saúde,

Segurança e Meio ambiente

131

Page 9: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Acidentes Industriais Relevantes (Attalah, 1994) 26

Quadro 2: Aplicação do DfE através do Ciclo de Vida de um

Produto (RMIT apud Environment Austrália. 2001)

52

Quadro 3: Detalhamento do Primeiro Estágio da Metodologia –

RMIT para implementação do DfE - na Extração e Processamento

de Matéria-Prima. (RMIT apud Environment Australia. 2001)

53

Quadro 4: Passos principais para implementação de um IEMS.

(USEPA, 2000)

83

Quadro 5: Diagnóstico da Monsanto NE – SGI x DfE. Usando

modelo da USEPA (1999)

117

Page 10: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

10

RESUMO

O objetivo desta dissertação é propor uma estratégia de integração do Design for Environment (DfE), ao Sistema de Gestão Integrada (ISO 14.001, ISO 9001-2000, OHSAS 18.001) da Monsanto Nordeste S/A. Esta estratégia é formada por quatro etapas principais: planejamento, execução ou implementação, acompanhamento e verificação e análise crítica e melhoria contínua.

Os aspectos relevantes desta estratégia são a definição de indicadores de desempenho com abordagens em prevenção, controle e remediação e a elaboração de um Guia Básico de Avaliações de Saúde, Segurança e Meio ambiente com foco em Design for Environment (DfE) a ser utilizado durante a elaboração de projetos.

Este guia propõe a utilização de um conjunto sistemático de ações destinado a orientar engenheiros e projetistas no endereçamento de atividades de prevenção, com foco em processos e práticas mais limpas e atividades de controle e remediação com foco na sua análise antecipada.

Como suporte referencial, estão disponibilizadas no guia, listas de verificação com, aproximadamente, 300 aspectos de saúde, segurança e meio ambiente a serem avaliados ou executados durante as diversas fases de execução de um projeto, bem como um critério de mensuração do respectivo grau de atendimento e distribuição destes aspectos utilizando-se uma representação gráfica.

Com o objetivo principal de testar a consistência desta sistemática, optou-se, como estudo de caso, a aplicação retroativa das listas de verificação no projeto da Monsanto Nordeste S/A.

Através dos resultados obtidos, pode-se observar a distribuição e a evolução do perfil de atendimento aos requisitos propostos, durante as fases do projeto. Adicionalmente, das lacunas identificadas, levantaram-se oportunidades de aplicação de tecnologias e práticas mais limpas, tanto nas unidades produtivas como no sistema de gerenciamento dos processos de algumas áreas de suporte, para que sejam posteriormente avaliadas dentro do ciclo de melhoria contínua do Sistema de Gestão Integrada.

Palavras-Chave: Design for Environment, Ecodesign, Projeto, Sistema de Gestão Ambiental, Sistema de Gestão Integrada.

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11

ABSTRACT

This dissertation aims to propose a strategy to integrate the Design for Environment (DfE) approach to the Integrated Management System (ISO 14.001, ISO 9001-2000, OHSAS 18.001) already implemented at Monsanto Nordeste S/A. Four main steps compose this strategy: planning, execution or implementation, tracking and check and critical analysis and continuous improvement.

The relevant aspects of this strategy are the definition of performance indicators considering the prevention, control and remediation perspectives and the preparation of a Basic Guideline for Health, Safety and Environmental Reviews Focusing on Design for Environment (DfE), to be used in project reviews.

This guideline includes a set of systematic actions to guide engineers and designers to address prevention actions, focused on clean processes and practices, as well as control and remediation actions focused on anticipated evaluation.

The proposed guideline includes, as referential support, a set of evaluation forms with approximately 300 items on health, safety and environmental issues to be checked during the project phases as well as a measuring criterion to evaluate the compliance and distribution profile of prevention, control and remediation actions using graphic resources.

Seeking to test the consistency of proposed systematic, it was choose as a case study, its application to the project phase of the Monsanto Nordeste S/A.

The results evidenced the compliance evolution of the prevention, control and remediation requirements established through the project stages. Furthermore, from the identified gaps, were surveyed opportunities to apply clean technologies and practices at the production units and at the management system of support areas processes, to be later on evaluated at the continuous improvement cycle of the Integrated Management System.

Key Words: Design for Environment, Ecodesign, Design, Project, Environmental management System, Integrated management System.

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12

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 16

1.1 CARACTERIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO 16

1.2 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO 20

2 DESIGN FOR ENVIRONMENT (DFE) E OUTRAS INICIATIVAS 22

2.1 INTRODUÇÃO 22

2.2 SEGURANÇA DOS PROCESSOS INDUSTRIAIS 22

2.2.1 Cenário Mundial 22

2.2.2 Cenário Local 27

2.2.3 Prevenção 29

2.2.4 Controle 31

2.2.5 Remediação 32

2.2.6 Programa de Gerenciamento de Riscos 32

2.3 ECOLOGIA INDUSTRIAL 33

2.4 ANÁLISE DO CICLO DE VIDA (ACV) 35

2.5 INTER-RELAÇÃO ENTRE AS INICIATIVAS AMBIENTAIS 37

2.6 INDICADORES DE DESEMPENHO 40

2.7 CONCLUSÃO 48

3 DESIGN FOR ENVIRONMENT (DFE) – O PROCESSO DE

PROJETAR E PRÁTICAS RELEVANTES

49

3.1 INTRODUÇÃO 49

3.2 INSERÇÃO DO DFE EM PROJETOS 49

3.3 DFE – CORRELACIONANDO GANHOS FINANCEIROS

COM GANHOS EM SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

54

Page 13: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

13

3.4 O PROCESSO DE PROJETAR 57

3.5 METODOLOGIAS E FERRAMENTAS DE SUPORTE PARA

ANÁLISE DE ALTERNATIVAS NO PROCESSO DE PROJETAR

61

3.5.1 Estabelecimento e Estruturação do Problema /

Necessidade

62

3.5.2 Coleta de Dados e Informações 63

3.5.3 Geração das Alternativas e Análise dos Dados: 63

3.5.4 Julgamento das Alternativas e Escolha 64

3.5.5 Análise de Sensibilidade 64

3.5.6 Geração do Relatório Final e Divulgação 65

3.6 METODOLOGIA PARA ANÁLISE DE ALTERNATIVAS COM

TECNOLOGIAS LIMPAS – CTSA (CLEANER TECHNOLOGIES

SUBSTITUTES ASSESSMENT). EXEMPLO PRÁTICO DE UMA

METODOLOGIA PARA ANÁLISE DE ALTERNATIVAS

65

3.7 DFE – ALGUMAS ABORDAGENS PRÁTICAS

RELEVANTES

70

3.7.1 Casos Industriais Relevantes 70

3.7.2 Casos de Fomento do DfE nos Estados Unidos,

Dinamarca e Japão

72

3.8 CONCLUSÃO 78

4 DESIGN FOR ENVIRONMENT (DFE) E SISTEMAS DE

GESTÃO

79

4.1 INTRODUÇÃO 79

4.2 SISTEMAS DE GESTÃO 79

4.2.1 Visão Geral 79

4.2.2 Integração 82

Page 14: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

14

4.3 CONCLUSÃO 86

5 MONSANTO NORDESTE: PROCESSO, RESULTADOS E

SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA

88

5.1 INTRODUÇÃO 88

5.2 A FÁBRICA 88

5.2.1 Unidade de Produção do Tricloreto de Fósforo

(PCl3)

90

5.2.2 Unidade de Produção do DSIDA – Ácido DiSódico

Imino DiAcético

92

5.2.3 Unidade de Produção do PIA - Ácido Fosfonometil

Imino DiAcético

95

5.2.4 Emissões atmosféricas 97

5.2.5 Efluentes Líquidos 98

5.2.6 Resíduos Sólidos 101

5.3 SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA DA MONSANTO

NORDESTE S/A

102

5.3.1 Mapeamento dos Processos Internos 105

5.4 SITUAÇÃO ATUAL DO DFE, PRÁTICAS DE PREVENÇÃO,

CONTROLE E REMEDIAÇÃO NA MONSANTO

107

5.4.1 Programas Corporativos 107

5.5 CONCLUSÃO 109

6 ESTRATÉGIA PROPOSTA PARA IMPLEMENTAÇÃO DO

DESIGN FOR ENVIRONMENT (DFE) NA MONSANTO

NORDESTE S/A

111

6.1 INTRODUÇÃO 111

6.2 REQUISITOS FUNDAMENTAIS PARA A IMPLEMENTAÇÃO 111

Page 15: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

15

6.2.1 Ação ou Realização do Produto ou Serviço 112

6.2.2 Gestão do Processo de Implementação 113

6.3 GUIA BÁSICO DE AVALIAÇÕES DE SAÚDE, SEGURANÇA

E MEIO AMBIENTE COM FOCO EM DESIGN FOR

ENVIRONMENT (DFE)

125

6.3.1 Referências 126

6.3.2 Recursos Diferenciais do Guia Básico 127

6.3.3 Estudo de Caso 132

7 CONCLUSÃO 140

REFERÊNCIAS 143

ANEXOS 148

APÊNDICES 190

Page 16: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

16

1. INTRODUÇÃO

1.1. CARACTERIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

Um sistema de gestão ambiental tem o objetivo de prover uma estrutura

de gerenciamento direcionando as empresas na integração das questões

ambientais ao conjunto de atividades do negócio. Esta estrutura requer o

estabelecimento de uma política, objetivos e metas, definição de

responsabilidades, programas internos de capacitação, controle e

verificação das rotinas operacionais, visando a melhoria do seu

desempenho ambiental.

Um exemplo de sistema de gestão ambiental é o sistema ISO 14.001

(ABNT, 1996), desenvolvido pela ISO – International Standards

Organization.

Ao avaliar os resultados do desempenho de empresas que

implementaram sistemas de gestão ambiental ou de saúde e segurança,

percebe-se que apesar de contribuírem com a melhoria do desempenho

nestas questões, não são suficientes no direcionamento das mesmas no

sentido da eliminação dos perigos, da poluição e do resíduo zero, através

do emprego preferencial de processos e tecnologias mais limpas.

O objetivo desta dissertação é propor uma estratégia para a introdução do

conceito de prevenção da poluição, eliminação dos perigos e do uso de

tecnologias mais limpas para a Monsanto Nordeste S/A, tomando-se

como base a abordagem proposta pelo Design for Environment (DfE) e

inserindo-a através do Sistema de Gestão Integrada (SGI) de saúde,

segurança, meio ambiente e qualidade, implantado na unidade.

O Design for Environment (DfE) é uma iniciativa que direciona

considerações ambientais e de saúde e segurança na fase de projeto,

visando evitar ou minimizar os impactos das atividades produtivas ao

longo do seu ciclo de vida, incluindo: extração de matérias-primas,

transporte, manufatura, embalagem e distribuição, uso do produto ou

serviços e disposição final, tendo sido concebido pela USEPA em 1991

Page 17: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

17

como um programa de adoção voluntária pelas indústrias, organizações

governamentais e não governamentais em geral.

Ao endereçar estas considerações já na fase de projeto de seus

processos, as empresas estarão adotando medidas que podem eliminar

ou minimizar os impactos ambientais às pessoas e ao meio ambiente,

trabalhando, preferencialmente, com enfoque de prevenção, ou seja, na

não geração de perigos.

Evitando-se a geração destes perigos, como por exemplo a poluição, não

haverá a necessidade de sistemas de proteção múltiplos que encarecem

o investimento inicial com equipamentos de controle e, futuramente, com

seus respectivos gastos de inspeção e manutenção.

Os processos projetados segundo esta ótica tendem a ser considerados

inerentemente seguros e ter desempenhos ambientais mais expressivos,

do que aqueles que atuam apenas controlando a poluição gerada, ou de

forma mais ampla, controlando os seus perigos, mesmo que sejam

adotados, sistemas de gestão como a ISO 14.001 (ABNT, 1996), OHSAS

18.001 (BSI, 1999) e outras similares1.

Um sistema de gestão integrado ao Design for Environment (DfE) tende a

potencializar o desempenho final da unidade em saúde, segurança e meio

ambiente, pois agrega as vantagens de ambas as iniciativas.

A estratégia proposta para a integração do Design for Environment (DfE)

ao Sistema de Gestão Integrada (SGI) da Monsanto Nordeste, é formada

por quatro etapas principais:

a) Planejamento,

b) Execução ou implementação,

c) Acompanhamento e verificação,

d) Análise crítica e melhoria.

Ressaltam-se três aspectos relevantes nesta estratégia:

1 Para informações complementares acerca destes sistemas de gestão, consultar o Capítulo 4.

Page 18: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

18

a) Definição de indicadores de desempenho com enfoque de

prevenção, controle e remediação,

b) Duas linhas de abordagens paralelas para inserção do Design for

Environment (DfE):

o Através das avaliações de saúde, segurança e meio ambiente

em projetos,

o Através de projetos com ganhos financeiros correlacionados

com os ganhos de saúde, segurança e meio ambiente no

Programa Seis Sigma2,

c) Elaboração de um Guia Básico de Avaliações de Saúde,

Segurança e Meio ambiente com foco em Design for Environment

(DfE), a ser utilizado durante a execução de projetos e destinado a

engenheiros e projetistas. O objetivo deste guia é disponibilizar

uma metodologia orientativa no endereçamento das ações de

prevenção controle e remediação executadas durante as diversas

fases de execução de um projeto. Para tanto, foram propostos:

o Um conjunto de formulários de avaliações contendo,

aproximadamente, 300 aspectos a serem verificados,

o Uma sistemática de mensuração do perfil de ações

endereçadas com enfoque de controle, remediação e

prevenção, bem como sua representação gráfica. Gráficos

do tipo radar são gerados sendo possível visualizar e

comparar graficamente o desempenho do projeto ao longo

das suas etapas.

Existem vários benefícios no uso dessa estratégia, por exemplo:

a) Os aspectos de saúde, segurança e meio ambiente são tratados já

no nascedouro das novas idéias / modificações, evitando-se o

2 Abordagem metodológica que visa a melhoria da qualidade dos produtos e processos com concomitante redução de custos através da otimização, implicando na redução de defeitos buscando-se um nível de qualidade mínimo de 3,4 DPMO (defeitos por milhão de oportunidades), aplicando-se ferramentas de análises e técnicas estatísticas direcionadas.

Page 19: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

19

retrabalho e uso de tecnologias inadequadas, evitando-se o

desgaste de mudar a idéia do autor por não terem sido

considerados os conceitos de prevenção de perigos, tecnologias e

práticas mais limpas na proposta inicial do projeto,

b) O projeto é avaliado pelos próprios elaboradores do projeto e das

modificações (engenheiros e projetistas), propagando o

conhecimento do conceito para fora da área de Saúde, Segurança

e Meio ambiente,

c) Pode ser utilizado por outras unidades da corporação caso se

mostre uma estratégia eficiente e de aplicação ampla.

d) Utiliza os benefícios de um sistema de gestão já implantado,

e) O Design for Environment (DfE) é introduzido de forma integrada.

Uma iniciativa ou ferramenta implementada isoladamente sempre

passa o sentimento de mais trabalho, por não estar

contextualizada,

f) A seleção de projetos com DfE inseridos para participação no

programa Seis Sigma, dará uma projeção positiva unindo ganhos

ambientais e econômicos.

Esta estratégia foi construída considerando as abordagens disponíveis na

literatura pesquisada para o Design for Environment (DfE) e seus temas

correlatos, os programas internos da Monsanto e suas necessidades

atuais, bem como a experiência profissional da autora adquirida em 15

anos de trabalho em indústrias petroquímicas e químicas nas áreas de

engenharia de projetos, processos, manufatura e saúde, segurança e

meio ambiente.

A tradução mais próxima do termo Design for Environment (DfE) para o

Português é Projeto para o Meio ambiente. O termo em Português tende a

expressar a idéia de serem inseridas preocupações com os impactos

gerados sobre o equilíbrio ecológico ao se projetar uma unidade

industrial. O termo original em Inglês, significa inserir nas avaliações de

Page 20: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

20

projetos, além destas questões, considerações sobre saúde e segurança.

Adicionalmente, o termo design tende a expressar uma abrangência maior

que o termo projeto, incluindo no seu contexto, além de projetos de

unidades industriais, o desenho de produtos e embalagens, serviços,

projetos de logística, entre outros. Portanto, considerando a diferença de

abrangência dos termos, sendo a abrangência em Inglês mais apropriada

aos objetivos desta dissertação, e que o termo design já é conhecido no

Brasil, optou-se por manter a expressão inglesa e sua abreviatura

associada, DfE, a partir dos próximos capítulos.

1.2. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação encontra-se estruturada em sete capítulos.

O primeiro capítulo introduz, resumidamente, o tema Design for

Environment (DfE) e a abordagem proposta para incorporação do mesmo

na Monsanto Nordeste S/A.

O segundo capítulo, Design for Environment (DfE) e Outras Iniciativas,

aborda conceitualmente algumas iniciativas próximas ao tema, como,

segurança de processos, ecologia industrial, análise do ciclo de vida e

indicadores de desempenho, contextualizando o tema.

O terceiro capítulo, Design for Environment (DfE) - O Processo de Projetar

e Práticas Relevantes, aborda o tema projetos, detalhando suas fases e

como se dá a inclusão do Design for Environment (DfE) no seu escopo.

Procurando-se exemplificar os ganhos com a aplicação do DfE, estão

apresentados alguns casos na indústria e práticas de divulgação e

fomento nos Estados Unidos, Dinamarca e Japão.

O quarto capítulo, Design for Environment (DfE) e Sistemas de Gestão,

aborda o tema sistemas de gestão e os benefícios de sua integração com

o DfE. Procurando-se exemplificar esta integração, o Sistema de Gestão

Ambiental Integrado da USEPA (IEMS), é apresentado, procurando-se

evidenciar a diferença entre um sistema integrado e um sistema de gestão

convencional.

Page 21: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

21

O quinto capítulo, Monsanto Nordeste: Processo, Resultados e Sistema

de Gestão Integrada, apresenta o processo produtivo e alguns resultados

de geração de resíduos, efluentes e emissões geradas, algumas

oportunidades de aplicação do DfE em projetos específicos, e o Sistema

de Gestão Integrada, sua estruturação e situação atual de inserção do

DfE no seu escopo.

O sexto capítulo, Estratégia Proposta para Implementação do Design for

Environment (DfE) na Monsanto Nordeste S/A, apresenta uma proposta

estruturada baseada no ciclo - PDCA – Plan (planejar) – Do (fazer) –

Check (verificar) – Act (Corrigir e melhorar), destacando-se a etapa de

execução com duas rotas de abordagem (projetos Seis Sigma e

avaliações de saúde, segurança e meio ambiente em projetos), propostas

de indicadores e disponibilização de um Guia Básico de Avaliações de

Saúde, Segurança e Meio ambiente com foco em Design for Environment

(DfE).

Finalmente, o sétimo capítulo, apresenta as conclusões desta dissertação

que consistem na identificação de oportunidades de implementação de

ações de prevenção na Monsanto Nordeste S/A através da estratégia de

integração do Design for Environment (DfE) com o Sistema de Gestão

Integrada frente as lacunas existentes, nos resultados gerais obtidos com

a aplicação da sistemática de avaliação de projetos do guia básico

proposto no estudo de caso, nas limitações desta aplicação e sugestões

para avaliações e trabalhos futuros.

Page 22: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

22

2. DESIGN FOR ENVIRONMENT (DfE) E OUTRAS INICIATIVAS

2.1. INTRODUÇÃO

Este capítulo tem o objetivo de desenvolver uma revisão bibliográfica

sobre o DfE e outras iniciativas correlatas, buscando:

� contextualizar o DfE entre as diversas iniciativas ambientais e de

saúde e segurança existentes, particularmente, a segurança de

processos, ecologia industrial e análise do ciclo de vida, bem como

discutir a aplicabilidade das mesmas,

� Apresentar algumas abordagens relevantes sobre indicadores de

desempenho em saúde, segurança e meio ambiente.

2.2. SEGURANÇA DOS PROCESSOS INDUSTRIAIS

A segurança de processos será abordada apresentando-se sua evolução

no cenário mundial e no cenário local do Pólo Petroquímico de Camaçari.

2.2.1. Cenário Mundial

Até meados da década de 70, a segurança dos processos industriais e

seus impactos ambientais eram tratados no âmbito das empresas sem

maiores interferências externas.

A partir daí, parcelas da sociedade, autoridades governamentais e

membros da própria indústria passaram a mostrar sua insatisfação com o

quadro crescente de poluição e ocorrências de grandes acidentes

industriais.

A nível mundial o início das discussões sobre os problemas ambientais

remonta de meados da década de 70. Alguns dos principais marcos das

discussões ambientais foram:

� 1972: Primeira Conferência Ambiental das Nações Unidas

(Estocolmo): Nesta conferência os problemas ambientais eram

encarados como conseqüência do desenvolvimento econômico.

Page 23: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

23

Acreditava-se que as tecnologias de controle da poluição (end-of-

pipe) eram a solução destes problemas (Dienderen, 2000),

� 1982: Segunda Conferência Ambiental das Nações Unidas

(Nairobi): As discussões sobre desenvolvimento sócio-econômico e

problemas ambientais foram fortalecidas. Concluiu-se que as

tecnologias até então aplicadas, não eram suficientes para resolver

os problemas ambientais globais (Dienderen, 2000),

� 1983: Criação da Comissão Mundial para o Meio ambiente e

Desenvolvimento. As Nações Unidas delegaram a esta comissão a

tarefa de formular um programa universal para reverter o quadro de

impactos ambientais crescentes, fomentando quatro focos

principais (Dienderen, 2000):

o O desenvolvimento de uma política ambiental global de

longo prazo,

o O aumento do processo de colaboração entre os países

industrializados e os países em desenvolvimento,

o O aumento da eficiência das ações das comunidades

internacionais quando problemas ambientais são

detectados,

o A formulação de um programa de ações comum de longo

prazo sobre a resolução das questões ambientais.

� 1987: Elaboração do relatório Nosso Futuro Comum pela Comissão

Mundial para o Meio ambiente e Desenvolvimento. Este relatório

apresentou a visão da comissão sobre os quatro focos levantados

em 1983. O Relatório foi dividido em três partes (Dienderen, 2000):

o A primeira parte, “Nossas Análises de Futuro”, aborda os

principais problemas ambientais do planeta e um pleito para

o estabelecimento de ações rumo ao desenvolvimento

sustentável,

Page 24: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

24

o A segunda parte, “O Desafio Comum”, enfatizou o problema

do crescimento populacional e a produção de alimentos,

bem como a necessidade de políticas para o uso de

energias mais sustentáveis e políticas industriais,

o A terceira parte, “Esforços Comuns”, enfatiza a necessidade

de uma política de aproximação entre os esforços

desenvolvidos pelos países.

� 1987: Protocolo de Montreal. Compromisso assumido em

Conferência das Partes visando a proteção da camada de ozônio

mediante a adoção de medidas cautelatórias para controlar, de

modo eqüitativo, as emissões globais de substâncias que a

destroem, com o objetivo final da eliminação (UNEP, 1987).

� 1989: Convenção da Basiléia. As descobertas de vários casos de

transporte ilegal de resíduos tóxicos oriundos de países

industrializados para países em desenvolvimento ou

subdesenvolvidos provocaram uma reação internacional levando o

PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

(UNEP – United Nations Environment Programme), a preparar uma

proposta de convenção internacional para controlar o transporte

entre fronteiras de resíduos perigosos. Os objetivos principais da

Convenção da Basiléia eram (UNEP, 1989):

o Minimizar a geração de resíduos perigosos considerando-se

os aspectos sociais, tecnológicos e econômicos,

o Controlar e reduzir a movimentação de resíduos perigosos

entre fronteiras, forçando a dispô-los, o mais próximo

possível da fonte geradora em instalações que

proporcionem a segurança adequada ao meio ambiente e a

saúde dos trabalhadores e comunidades,

o Impedir o transporte de resíduos perigosos para países que

tenham legislações internas que o proíbam ou para países

Page 25: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

25

onde haja dúvidas sobre a capacitação para o

gerenciamento adequado da sua disposição,

o Fomentar a troca de informações sobre gerenciamento

adequado de resíduos perigosos, buscando-se minimizar a

ocorrência de transportes ilegais.

� 1990: Promulgação da lei de Prevenção da Poluição – Pollution

Prevention Act dos Estados Unidos, que formalizou uma política

nacional incluindo o comprometimento com a redução da geração

de resíduos, fomentando, primariamente, a adoção de medidas de

prevenção da poluição: redução na fonte, reuso, reciclo entre

outros.

Segundo a USEPA & Centro para Produtos e Tecnologias Limpas

da Universidade do Tennessee – Center for Clean Products and

Clean Technologies (1996), em 1992, as indústrias americanas

gastaram mais de US$ 30 bilhões para se manterem dentro dos

padrões ambientais estabelecidos pela legislação americana em

vigor, mesmo assim ainda lançavam bilhões de toneladas de

produtos tóxicos no ambiente.

Estes dados indicavam para um caminho de busca de tecnologias

limpas ao contrário do tradicional controle de fim de tubo, “sujar

para depois limpar”.

� 1992: Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento e

Meio ambiente – ECO –92, onde os principais assuntos discutidos

foram: desenvolvimento sustentável, proteção das florestas,

mudanças no clima do planeta e biodiversidade.

Nesta conferência foi elaborada a Agenda 21, documento criado

com objetivo estabelecer um programa de ações para o século 21

visando promover o desenvolvimento sustentável em escala

planetária, tentando conciliar o desenvolvimento com preservação

ambiental. Contribuíram para sua elaboração instituições

Page 26: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

26

governamentais e a sociedade civil de, aproximadamente, 172

países (UNEP, 1992).

� 1997: O Protocolo de Kyoto foi o compromisso assumido em

consenso na Conferência das Partes (CP-3) segundo o qual os

países industrializados reduziriam suas emissões combinadas de

gases de efeito estufa em pelo menos 5% em relação aos níveis de

1990 até o período entre 2008 e 2012. Esse compromisso, com

vinculação legal, promete produzir uma reversão da tendência

histórica de crescimento das emissões iniciadas nesses países há

cerca de 150 anos (UNEP, 1997).

� 2002: Conferência Mundial para o Desenvolvimento Sustentável,

coordenada pelo PNUMA, em Johannesburg, reafirmou os

compromissos assumidos na Agenda 21 e elaborou um plano para

cumprimento das ações remanescentes. (UNEP, 2003)

Sem dúvida que a poluição crescente dos rios, oceanos e do ar

(principalmente das grandes cidades) contribuíram para este quadro de

descontentamento; contudo, as ocorrências de grandes acidentes

ambientais foram um marco na provocação das discussões e das novas

exigências por parte dos órgãos regulatórios.

Estão listados, a seguir, alguns destes principais acidentes:

Flixborough, Inglaterra – 1974: Explosão de nuvem de ciclohexano, aproximadamente 28 mortos, 53 feridos. Danos atingiram aproximadamente 10 Km de raio. Custos de aproximadamente US$ 180.000.000,00.

Seveso – Itália – 1976: Vazamento de dioxina, 500 feridos, Custos de aproximadamente US$ $4.500.000,00

Bhopal – Índia – 1984: Vazamento de gás tóxico: 25t de metil isocianato, 2.300 mortos e 170.000 feridos. Custos superiores a US$ 500.000.000,00

San Juanico – México – 1984: Explosão de uma unidade de armazenamento de gás liquefeito de petróleo, mais de 500 mortos. Custos superiores a US$ 20.000.000,00

Pasadena, Tx – Estados Unidos – 1989: Explosão em uma planta de polietileno devido a um vazamento de eteno, aproximadamente 23 mortos e 130 feridos. Custos superiores a US$ 750.000.000,00.

QUADRO 1: Acidentes Industriais Relevantes (Attalah, 1994)

Page 27: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

27

Em 1992, a Agência de Segurança e Saúde Ocupacional Americana –

OSHA (Occupational Safety and Health Administration), motivada pelas

grandes ocorrências acidentais e pela pressão popular, após o acidente

em Pasadena, publica uma norma para Gerenciamento de Segurança de

Processos, PSM – Process Safety Management - Standard 29 CFR

1910.119 (OSHA, 1992).

O objetivo do PSM era definir os requisitos mínimos de gerenciamento de

riscos para as unidades industriais que operavam com produtos perigosos

em quantidades significativas, visando garantir a proteção dos

trabalhadores, comunidades e do meio ambiente.

2.2.2. Cenário Local

No cenário brasileiro, em particular, os estados de São Paulo e Bahia

regulamentaram a exigência de Programas de Gerenciamento de Riscos

para unidades industriais perigosas. Em São Paulo, a agência ambiental -

CETESB, desenvolveu um manual de orientação para estudos de

análises de risco, onde estão estabelecidos os critérios de

enquadramento de empresas passíveis de possuírem um programa de

gerenciamento de riscos (CETESB, 1999).

No Estado da Bahia, em particular para o processo de licenciamento da

ampliação do Pólo Petroquímico de Camaçari, nos termos da Resolução

CEPRAM 620 de 21 de julho de 1992, regulamentou-se a exigência de

análises de risco das empresas situadas no complexo básico. Em 2001,

além da reavaliação dos riscos das instalações, a Resolução CEPRAM

2878, referente à revisão dos condicionantes da Licença de Operação do

Pólo Petroquímico de Camaçari, no seu artigo 12o exigiu a implantação de

um Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).

Em 13 de setembro de 2002 o COFIC (Comitê de Fomento Industrial de

Camaçari) promoveu um Seminário Internacional sobre Gerenciamento de

Riscos onde o tema foi debatido e algumas empresas como a DuPont,

Dow Química, Braskem e Monsanto apresentaram suas experiências.

Page 28: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

28

Neste seminário, Araújo (2002) ressaltou a necessidade de integrar ao

PGR as demais iniciativas relacionadas à saúde, segurança e meio

ambiente, buscando-se maior ênfase na eliminação dos perigos e na

prevenção da poluição, redirecionando o foco do tratamento das questões

ambientais do tradicional fim de tubo ou end-of-pipe para as ações que

evitem a criação da poluição.

Adicionalmente, a autora também apresentou o gerenciamento de riscos

de processos sendo abordado sob três diferentes níveis de ação:

prevenção, controle e remediação. Para ilustrar esta abordagem foi

utilizada a relação entre riscos, perigos e proteções, conforme se segue:

Proteçõess)financeiro / sinstalaçõe e ambiente-meio pessoas, às ( Perigos

=Risco

O perigo pode ser definido como uma fonte ou uma situação com

potencial para provocar danos em termos de lesão, doença, dano a

propriedade, dano ao meio ambiente ou a uma combinação destes (BSI,

99). O perigo está diretamente associado a natureza intrínseca do

potencial agente causador do dano.

As proteções estão associadas às salvaguardas ou barreiras a serem

colocadas entre os alvos (pessoas, meio ambiente e instalações), de

modo a minimizar a probabilidade de ocorrência de um determinado

cenário acidental. Ou seja, o risco só pode ser eliminado se o perigo for

eliminado. Porém, pode ser diminuído pela minimização dos perigos ou

pela colocação de proteções.Os subitens seguintes 2.2.3 a 2.2.5

detalham os três níveis de ação acima citados e o subitem 2.2.6

contextualiza a necessidade de implementação de um programa de

gerenciamento de riscos com uma abordagem preferencial em prevenção.

Page 29: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

29

2.2.3. Prevenção

Observando-se a relação anterior, percebe-se que a eliminação do risco

às pessoas, meio ambiente e danos materiais, ocorre através da

eliminação dos perigos associados. Ou seja, atuando no numerador da

relação.

Similarmente, o conceito de prevenção da poluição está diretamente

associado à eliminação ou redução preferencial dos perigos ambientais

na fonte geradora.

Uma visão geral das técnicas empregadas visando a prevenção dos

perigos ambientais e para as pessoas encontra-se ilustrada na figura a

seguir:

FIGURA 1: Técnicas de Prevenção/Redução da Poluição (La Greca, Buckingham, Evans, 1994)

Prevenção da Poluição

Sentido de exploraçãoPrimeiro Depois

Relação ambiental Alta Baixa

Redução na Fonte

Mudança de Produtos

-Substituição

-Conservação

-Composição

Controle na Fonte

Inserir mudança nos materiais

-Purificação

-Substituição

Boas Práticas Operacionais

-Procedimentos

-Prevenção de perdas

-Gerenciamento das práticas

-Segregação das correntes de efluentes

-Melhorias no manuseio de materiais

-Cronograma de produção

Mudanças Tecnológicas

-Processos

-Equipamentos e lay-out

-Automação

-Condições operacionais

Recuperação e Reuso

-Retorno ao processo original

-Substituição de matérias-primas por outro processo

Recuperação

-Processamento para recuperação de recursos

-Processamento como um co-produto

- Separação e concentração

-Troca de resíduos

-Recuperação de energia e material

-Incineração

-Disposição final

Reciclagem (dentro e fora da unidade)

Tratamento de Resíduos

Prevenção da Poluição

Sentido de exploraçãoPrimeiro Depois

Relação ambiental Alta Baixa

Prevenção da Poluição

Sentido de exploraçãoPrimeiro Depois

Relação ambiental Alta Baixa

Redução na Fonte

Mudança de Produtos

-Substituição

-Conservação

-Composição

Controle na Fonte

Inserir mudança nos materiais

-Purificação

-Substituição

Boas Práticas Operacionais

-Procedimentos

-Prevenção de perdas

-Gerenciamento das práticas

-Segregação das correntes de efluentes

-Melhorias no manuseio de materiais

-Cronograma de produção

Mudanças Tecnológicas

-Processos

-Equipamentos e lay-out

-Automação

-Condições operacionais

Recuperação e Reuso

-Retorno ao processo original

-Substituição de matérias-primas por outro processo

Recuperação

-Processamento para recuperação de recursos

-Processamento como um co-produto

- Separação e concentração

-Troca de resíduos

-Recuperação de energia e material

-Incineração

-Disposição final

Reciclagem (dentro e fora da unidade)

Tratamento de Resíduos

Page 30: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

30

Comparando a seqüência de técnicas propostas na Figura 1 com a

relação de risco, perigo e proteções, percebe-se que atuando na redução

dos perigos na fonte, como por exemplo, mudanças de produtos,

materiais e tecnologias, bem como a adoção de boas práticas

operacionais na gestão das rotinas, os perigos estão sendo eliminados ou

minimizados, ou seja, está se atuando no numerador da relação

apresentada anteriormente no Item 2.2.2 e, portanto, em técnicas de

prevenção. As demais abordagens apresentadas, reciclagem e tratamento

dos resíduos configuram técnicas de controle, ou seja, está se atuando no

denominador da relação, inserindo-se proteções.

Esta comparação é, particularmente, relevante ao processo de

treinamento e conscientização de engenheiros e técnicos, pois ilustra o

sentido de aplicação de técnicas e práticas de prevenção nas atividades

industriais.

Segundo La Greca, Buckingham e Evans (1994), a prevenção da poluição

tem uma abordagem ampla, incluindo o gerenciamento de produtos

químicos visando a redução dos riscos associados, bem como a

identificação e estimativa de emissões e minimização de resíduos

gerados.

A abordagem da prevenção no gerenciamento de riscos de processos

proposta por Araújo (2002) é igualmente ampla, buscando a eliminação

ou minimização dos perigos às pessoas, ao meio ambiente e danos

financeiros associados a um processo, atuando-se na fonte geradora. Os

processos projetados sob este enfoque tendem a ser inerentemente

seguros. Nos itens 3.5 e 3.6 estão apresentadas algumas técnicas para

seleção de processos e tecnologias mais limpas e, portanto, com o

enfoque de prevenção.

Apesar de mais interessante e viável ambientalmente, este enfoque ainda

não é uma prática corrente nas indústrias. O conhecimento destas

iniciativas ainda encontra-se bastante restrito aos profissionais da área

ambiental não sendo de domínio dos profissionais que gerenciam os

Page 31: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

31

processos produtivos. Difundir este conhecimento deve ser uma

consideração importante no planejamento de atividades dos

departamentos de saúde, segurança e meio ambiente das empresas que

desejem melhorar seus desempenhos associados.

2.2.4. Controle

Considerando-se a relação de risco e perigo citada no Item 2.2.2, o

controle pressupõe a não atuação no numerador (perigos), trabalhando-

se apenas no denominador da relação. Ou seja, no uso de medidas de

proteção/controle. Tradicionalmente, este tem sido o terreno de trabalho

dos técnicos. Observando-se a Figura 1, as abordagens de reciclagem e

tratamento dos resíduos configuram técnicas de controle, ou seja, está se

atuando no denominador da relação, inserindo-se proteções.

São exemplos de medidas de controle: alarmes, intertravamentos, planos

de inspeção, equipamentos de proteção individual, tratamento de

efluentes, auditorias, permissões de trabalho, análises de risco de tarefas

entre outros.

Uma questão importante é, que além da não eliminação dos perigos

devem ser considerados os custos da implantação e manutenção das

proteções e medidas de controle, dos planos de inspeção destas

proteções e das futuras substituições.

Com o objetivo de reforçar a aplicação de tecnologias e práticas mais

limpas, recomenda-se que a definição das medidas de controle só seja

feita após a avaliação das as medidas de prevenção aplicáveis.

Em processos industriais as medidas de controle são necessárias, ainda

que sejam bem aplicadas tecnologias e práticas de prevenção, pois os

perigos são inerentes a natureza dos mesmos.

As medidas de controle podem ser mais eficazes quando avaliadas de

forma planejada ou antecipada. Por exemplo, desenvolvendo-se uma

análise de riscos para a execução de uma tarefa, antecipadamente,

haverá tempo hábil para se avaliar o método de execução proposto, local,

Page 32: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

32

interferências e recursos. Se esta análise é feita próxima a sua realização,

a qualidade desta análise poderá ser comprometida devido ao curto prazo

para análise.

2.2.5. Remediação

A esta ação estão associadas as falhas apresentadas pelas proteções

citadas no tratamento de controle. Aqui estão inseridos: os planos de

emergência, contingência e remediação para o caso de vazamentos,

emissões, liberações, fatalidades, recuperação de solos contaminados,

etc.

Em processos industriais estes planos devem ser previamente

estabelecidos e ter um programa de treinamento associado.

2.2.6. Programa de Gerenciamento de Riscos

Os programas de gerenciamento de riscos atualmente em vigor ainda

estão focados principalmente no controle e nas técnicas de remediação.

Alterar o foco destes programas para a prevenção é uma mudança de

paradigma, em particular no âmbito de conhecimento dos técnicos que

operam os processos produtivos.

Segundo Kiperstok et al (2001, p.19) “a prevenção da poluição representa

um novo paradigma para equacionar o problema da poluição, pois

transfere o eixo da discussão dos limites da fábrica para o interior do

processo produtivo...”

Segundo Graedel and Allenby (1995, p.61) “colocar a discussão num

contexto de ecologia industrial implica em correlacionar a necessidade de

um produto com a sua produção responsável que ainda assim impõe

algum nível de impacto sobre as pessoas, meio ambiente e recursos. A

priorização e escolha entre alternativas devem faze parte deste quadro.

Um conceito crucialmente importante em tomar decisões lógicas sobre

indústria e vida é que o risco não pode ser evitado, ele deve ser aceitável

e priorizado.”

Page 33: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

33

Considerando-se as abordagens apresentadas, um programa de

gerenciamento de riscos deve seguir uma estratégia sustentável,

contemplando:

� Uma abordagem ampla: prevenção, controle e remediação,

� Uma abordagem temporal de riscos dos processos e produtos:

antecipação, gerenciamento da rotina e suas modificações e

desativação ou disposição final,

� O uso de ferramentas adequadas de avaliação de riscos e análise

de sua significância e aceitabilidade,

� A capacitação do corpo técnico,

� O emprego de técnicas de gestão,

� O uso de indicadores representativos (prevenção, controle e

remediação) para avaliação de desempenho.

2.3. ECOLOGIA INDUSTRIAL

O termo ecologia industrial surge da comparação entre os processos da

natureza e os processos produtivos fundamentando-se na manutenção do

equilíbrio / balanço de massa e energia (Graedel e Allenby, 1995).

O objetivo da ecologia industrial é a otimização dos processos industriais,

tipicamente operantes em ciclos abertos: usando matérias-primas e

gerando resíduos, em busca da harmonia dos ciclos fechados

encontrados na natureza onde os resíduos gerados por um componente

do ecossistema são transformados e reaproveitados dentro do mesmo

ambiente. Procura-se fomentar a criação de ecossistemas industriais

harmonizados com o meio ambiente buscando-se eliminar a geração de

resíduos. A figura abaixo busca representar a otimização dos ciclos.

Page 34: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

34

FIGURA 2: Fluxo de material em um ecossistema industrial (Graedel e Allenby, 1995)

A Figura 2 representa a otimização dos ecossistemas industriais. Esta

otimização deve ocorrer, primeiramente, dentro dos próprios processos

(representada pelo ciclos em torno dos processos), onde deve-se buscar

oportunidades internas de otimização dos recursos, minimizando a

geração de resíduos. De forma complementar a otimização dos processos

internos, deve-se promover a inter relação entre os diversos componentes

da cadeia produtiva, fazendo com que os mesmos interajam, excedendo

os seus limites de atuação em busca de oportunidades para o melhor

aproveitamento de matéria-prima e energia.

Estas oportunidades surgem na medida em que se encontra utilização

para os resíduos gerados pelos diversos componentes dos ecossistemas

seja como matérias-primas, insumos ou outra forma de necessidade.

A ecologia industrial procura otimizar os ciclos de materiais, desde as

matérias-primas aos produtos finais, visando a eliminação da disposição

final dos resíduos. (Graedel e Allenby, 1995).

Estes princípios estão alinhados com o DfE. É importante que ao projetar

unidades industriais sejam avaliadas oportunidades de otimizações

Resíduos Limitados

Produtor ou Extrator

Fabricante ou Processador

Processador de resíduos

Consumidor

Recursos Limitados

Page 35: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

35

internas aos processos, ou externas com outras unidades industriais tais

como: economia de energia, aproveitamento de matérias-primas, uso de

resíduos como subprodutos, entre outros.

2.4. ANÁLISE DO CICLO DE VIDA (ACV)

O tema pode ser entendido como uma abordagem do berço ao túmulo

(cradle to grave) dos produtos, processos e serviços oferecidos pelas

companhias, considerando que em todos os estágios do ciclo de vida do

negócio existem impactos econômicos e ambientais associados bem

como oportunidades de melhorias e ganhos integrados.

Esta abordagem extrapola os limites de cada unidade produtiva,

considerando, de fato, toda a cadeia de produção: matérias-primas,

manufatura, transporte, distribuição e assistência técnica, uso / reuso /

reciclagem e gerenciamento de resíduos (efluentes líquidos, resíduos

sólidos, emissões atmosféricas, etc.). A este conceito contextualiza-se o

seu gerenciamento (Environment Australia, 2001).

A Análise do Ciclo de Vida traz uma avaliação dos possíveis impactos

ambientais provocados pelas tomadas de decisão nas companhias acerca

dos diversos estágios do ciclo de vida do seu produto ou negócio. Por

exemplo:

� Quais produtos serão feitos,

� O projeto destes produtos e suas embalagens,

� Fontes de matérias-primas, utilidades, insumos,

� Armazenamento e logística,

� Gerenciamento dos resíduos gerados.

A figura a seguir ilustra os diversos estágios do ciclo de vida a serem

considerados:

Page 36: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

36

FIGURA 3: Estágios do ciclo de vida de um produto típico e seus possíveis impactos associados. (Environment Australia, 2001)

A Figura 3 ilustra a interação entre as fases do ciclo de vida de um

produto e o meio ambiente, através da utilização de recursos naturais e a

devolução dos resíduos gerados no processo produtivo. A otimização das

fases do ciclo de vida em busca de maior eficiência, produtos projetados

com facilidades para reparo, reuso e reciclagem, contribuem para a

minimização dos impactos gerados.

A ISO 14.040 - Environmental Management – Life Cycle Assessment –

Principles and Framework, propõe uma metodologia para realizar uma

análise do ciclo de vida. Os seus passos principais são os seguintes:

geração do inventário de entradas e saídas relevantes de um sistema,

avaliação dos impactos associados a estas entradas e saídas e

interpretação dos resultados.

Extração de matéria-prima

e processamento Manufatura

Embalagem e Distribuição

Uso do Produto

Fim da Vida

Reciclando

Ent

rada Res

íduo

Entr

ada

Res

ídu

oEnt

rada

Res

íduo

Entrada

Resíduo

Entrada

Resíduo

Reparo e reuso

Reciclando

Extração de matéria-prima

e processamento Manufatura

Embalagem e Distribuição

Uso do Produto

Fim da Vida

Reciclando

Ent

rada Res

íduo

Entr

ada

Res

ídu

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rada

Res

íduo

Entrada

Resíduo

Entrada

Resíduo

Extração de matéria-prima

e processamento Manufatura

Embalagem e Distribuição

Uso do Produto

Fim da Vida

Reciclando

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Entrada

Resíduo

Entrada

Resíduo

Entrada

Resíduo

Entrada

Resíduo

Entrada

Resíduo

Entrada

Resíduo

Reparo e reuso

Reciclando

Page 37: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

37

“A ACV ainda está em um estado inicial de desenvolvimento. Algumas

fases desta técnica como a fase de avaliação dos impactos ainda está no

estágio de infância. Um trabalho considerável ainda resta a ser feito e é

necessária a incorporação de experiências práticas visando o

desenvolvimento da técnica e da sua praticidade, portanto, os resultados

obtidos com a ACV devem ser interpretados e aplicados

apropriadamente.” (ISO, 1997, p.3).

2.5. INTER-RELAÇÃO ENTRE AS INICIATIVAS AMBIENTAIS

As iniciativas ambientais possuem especificidades que potencializam

determinados enfoques, não existindo iniciativas completas ou melhores

que outras, mas sim aquelas aplicáveis a cada necessidade.

O Instituto Americano de Engenheiros Químicos (American Institute of

Chemical Engineers – AIChE) avaliou as necessidades dos engenheiros e

técnicos de projetos no que se refere às questões de saúde, segurança e

meio ambiente e optou por criar uma ferramenta própria considerando as

iniciativas ambientais existentes e mais aplicáveis a estas necessidades:

� Prevenção da Poluição: Pollution Prevention (P2)

� Projeto para o Meio-Ambinte: Design for Environment (DfE),

� Segurança Intrínseca: Inherent Safety (SI),

� Química Verde: Green Chemistry (QV), e

� Tecnologia Verde: Green Technology (TV).

Page 38: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

38

Para o AIChE cada abordagem possui componentes próprios e

componentes semelhantes havendo uma sobreposição parcial entre elas,

na forma de abordar várias questões. Graficamente, pode-se verificar na

figura a seguir:

FIGURA 4: Sobreposição das Iniciativas Ambientais (AIChE, 2001)

Ainda segundo o AIChE (2001, p.2), “não obstante haver sobreposição

entre estas ferramentas nenhuma possui a abrangência necessária para

cobrir todos os aspectos de saúde, segurança e meio ambiente, e atender

às necessidades multidisciplinares de químicos, engenheiros,

profissionais de meio ambiente, saúde e segurança e gerentes de

negócios”.

A Little Inc. (2001) em publicação realizada para o AIChE apresenta a

seguinte tabela comparativa entre as iniciativas citadas na Figura 4:

TABELA 1: Cada Paradigma tem um foco distinto. (Little, 2001)

SI

QV

TV

SI

QV

TV

Page 39: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

39

Buscando integrar e potencializar o uso destas iniciativas, a AIChE

desenvolveu uma abordagem denominada MERITT - Maximizing EHS

Returns by Integrating Tools and Talents (Maximizando Saúde,

Segurança e Meio ambiente Integrando Ferramentas e Talentos) que se

propõe a desenvolver uma melhor integração das questões de meio

ambiente, saúde e segurança nas etapas iniciais de um projeto buscando

trazer benefícios econômicos a serem incorporados mais rapidamente do

que as soluções encontradas caso as análises sejam feitas de forma

seqüencial e nas fases posteriores (AIChE, 2001).

Esta abordagem pode ser descrita como um processo orientado que

organiza diversas iniciativas, técnicas e ferramentas de análise de saúde,

segurança e meio ambiente já disponíveis na literatura e que possuem

potencial de serem usadas nas diversas fases de um projeto.

Adicionalmente, a MERITT propõe uma estratégia de implementação para

inserir as análises de saúde, segurança e meio ambiente nas diversas

fases de um projeto, baseada no desenvolvimento de cinco princípios

básicos: comprometimento gerencial, integração entre as especialidades

(áreas / departamentos), comunicação entre os membros do time de

análise, colaboração entre os envolvidos e continuidade entre as diversas

fases do projeto.

A MERITT é uma abordagem interessante para a elaboração de um

projeto, pois o levantamento apresentado de iniciativas e ferramentas de

análise, reflete a multidisciplinaridade de aspectos a serem analisados. No

entanto, há necessidade de consultas a literaturas adicionais sobre a

forma de utilização destas ferramentas. Isto traz dificuldades para

utilização direta por engenheiros de projeto e processos, necessitando um

suporte de especialistas da área de saúde, segurança e meio ambiente.

Portanto, ainda há uma lacuna referente às necessidades de engenheiros

e projetistas das indústrias na elaboração de seus projetos e

modificações, referente a uma ferramenta que lhes proporcione maior

independência na condução das análises de saúde, segurança e meio

Page 40: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

40

ambiente, transferindo para este público maior conhecimento e

responsabilidade pelo desempenho ambiental de seus projetos.

Estas necessidades também refletem uma necessidade interna da

Monsanto Nordeste S/A, estando contempladas nos objetivos desta

dissertação.

Verifica-se, então, uma oportunidade de desenvolvimento de uma

ferramenta potencializada, contemplando:

� Considerações de saúde, segurança e meio ambiente cobertas

pelas diversas iniciativas, eliminando-se as redundâncias,

� Facilidade de utilização direta por engenheiros e projetistas,

� O perfil de ações a serem investidas em prevenção, controle e

remediação,

2.6. INDICADORES DE DESEMPENHO

A definição de indicadores que retratem e comuniquem de forma ampla e

clara o desempenho ambiental, tem sido um grande desafio aos

ambientalistas, governos e empresas.

Cinq-Mars (1997) argumenta que é necessário a definição de indicadores

de desempenho para que haja a consolidação do processo de

comunicação entre ambientalistas e empresários, encontrando uma

linguagem comum, e aproximando comunidades que freqüentemente não

conversam.

A Agência de Proteção Ambiental da Austrália – Environment Australia

apud Furtado (2001a) cita que os indicadores de desempenho precisam

ser: importantes, viáveis, confiáveis, compreensíveis e úteis.

A Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento –

(Organization for Economic Cooperation and Development) OECD (2001)

promoveu um workshop sobre indicadores para a prevenção da geração

de resíduos. A estruturação teórica para organização das discussões,

usou como base o modelo “estado pressão e resposta” (pressure-state-

Page 41: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

41

response). Este modelo considera que as atividades humanas exercem

“pressões” no ambiente (neste caso, geração de resíduos) e muda sua

qualidade e a quantidade de recursos naturais (o estado). A sociedade, o

governo e outros segmentos sociais respondem a essas mudanças

através de políticas ambientais, economia geral e setorial (a sociedade

responde).

Os indicadores de pressão estão vinculados aos padrões de produção e

consumo com duas categorias de indicadores: direta e indireta:

� Pressão direta: Referem-se às tendências ou geração quantitativas

de resíduos. Exemplo: resíduos de embalagens, demolições,

tendências para a geração de resíduos perigosos, conteúdo

energético do resíduo, entre outros.

� Pressão indireta: Referem-se às variáveis que impulsionam as

pressões diretas. Exemplo: tamanho da população, empregos,

consumo de bens duráveis e não duráveis, entre outros.

O estabelecimento destes indicadores visa suportar o estabelecimento de

planos e políticas, estimativas de gastos e investimentos, programas que

promovam mudanças e melhorias tecnológicas, instrumentos

educacionais e mudança comportamental da sociedade.

O Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável - World

Business Council for Sustainable Development – WBCSD (2000a),

apresentou uma abordagem de quatro categorias de indicadores para

direcionar e suportar uma gestão empresarial sustentável. A Figura 5

ilustra esta abordagem.

Page 42: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

42

FIGURA 5: Indicadores para a Sustentabilidade (WBCSD, 2000a)

As quatro categorias de indicadores estão vinculadas aos estágios de

desenvolvimento rumo à sustentabilidade:

� Conformidade: quando as empresas atuam basicamente em

atendimento à legislação,

� Produção mais limpa: quando as empresas atuam preventivamente

evitando a poluição,

� Eco-eficiência3: quando os ganhos ambientais e os benefícios

econômicos são correlacionados,

3 Eco-eficiência: “Disponibilização de bens e serviços a preços competitivos satisfazendo as necessidades humanas, contribuindo para a qualidade de vida e reduzindo progressivamente o impacto ecológico e a intensidade de utilização de recursos ao longo do ciclo de vida, até se atingir um nível compatível com a capacidade de renovação estimada para o planeta Terra.” (WBCSD, 2000b)

Empresariado Responsável

Eco-eficiência

Produção Mais Limpa

Produção Mais Limpa

Conformidade

PegadaEcológica

FatorX

Agenda21

DesenvolvimentoSustentável

Auditoria de Gestão Ambiental

Carta EmpresarialPara o

DesenvolvimentoSustentável

Normas do SistemaDe GestãoAmbiental

Estratégia deSustentabilidade

Legislação

deComando e

Controle

Acordos Econômicos

Instrumentos

Econômicos

Tempo

Sus

tent

abili

dade

Indicadores de Sustentabilidade

Empresariado Responsável

Eco-eficiência

Produção Mais Limpa

Produção Mais Limpa

Conformidade

PegadaEcológica

FatorX

Agenda21

DesenvolvimentoSustentável

Auditoria de Gestão Ambiental

Carta EmpresarialPara o

DesenvolvimentoSustentável

Normas do SistemaDe GestãoAmbiental

Estratégia deSustentabilidade

Legislação

deComando e

Controle

Acordos Econômicos

Instrumentos

Econômicos

Tempo

Sus

tent

abili

dade

Empresariado Responsável

Eco-eficiência

Produção Mais Limpa

Produção Mais Limpa

Conformidade

PegadaEcológica

FatorX

Agenda21

DesenvolvimentoSustentável

Auditoria de Gestão Ambiental

Carta EmpresarialPara o

DesenvolvimentoSustentável

Normas do SistemaDe GestãoAmbiental

Estratégia deSustentabilidade

Auditoria de Gestão Ambiental

Carta EmpresarialPara o

DesenvolvimentoSustentável

Normas do SistemaDe GestãoAmbiental

Estratégia deSustentabilidade

Legislação

deComando e

Controle

Acordos Econômicos

Instrumentos

Econômicos

Tempo

Sus

tent

abili

dade

Indicadores de Sustentabilidade

Page 43: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

43

� Empresariado responsável: quando os vetores de prosperidade

econômica e balanço ecológico estão equilibrados com justiça

social.

Uma abordagem abrangente para a gestão empresarial sustentável

deveria abarcar grupos de indicadores para os estágios acima

mencionados.

Ainda na Figura 5 (círculos), estão apresentadas algumas ferramentas

utilizadas na implementação destes estágios: auditorias de meio

ambiente, saúde e segurança (Environment Health & Safety - EHS), a

Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável da Câmara

Internacional do Comércio (Business Charter for Sustainable Development

of International Chamber of Commerce – ICC) e as normas do Sistema de

Gestão Ambiental – SGA (WBCSD, 2000a).

As elipses da Figura 5 apresentam os progressos políticos destacando-se

a idéia de desenvolvimento sustentável4, transformando-se

posteriormente num programa mais concreto de ação com a Agenda 21 e

seguindo-se o conceito do Fator X5, requerendo objetivos quantificados no

incremento da eco-eficiência e na redução do impacto na economia em

geral. Um quarto passo poderá ser a noção de Pegada Ecológica

(ecological footprint), que argumenta que o espaço disponível para a

atividade humana no planeta é limitado e que deveria ser distribuído mais

eqüitativamente (WBCSD, 2000a)

As setas verticais mostram estágios na evolução de instrumentos

reguladores em direção ao desenvolvimento sustentável, iniciando pela

Legislação de Comando e Controle, passando para acordos reguladores

e incentivos econômicos mais eficientes, para complementar ou, mesmo,

substituir, a confiança anterior na legislação (WBCSD, 2000a).

4 Desenvolvimento Sustentável: Processo de gestão que visa equilibrar o desenvolvimento econômico, balanço ecológico e justiça social em prol da presente e das futuras gerações (WBCSD, 2000a). 5 Fator X: São alvos de eco-eficiência. Exemplo: Fator 4 significa duplicar o rendimento com a metade dos recursos. Ou seja, mais valor com impacto reduzido através da melhoria da eficiência. (WBCSD, 2000a)

Page 44: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

44

O WBCSD (2000b) desenvolveu um guia orientativo para as empresas

avaliarem e divulgarem, mais consistentemente, o desempenho ambiental

de seus processos produtivos, focando em uma abordagem de eco-

eficiência; ou seja, na correlação entre os pilares de ganhos econômicos

e balanço ecológico. Este guia foi denominado: Medir a Eco-eficiência –

Um Guia para Comunicar o Desempenho da Empresa.

A metodologia apresentada no guia define a seguinte relação para

representar a eco-eficiência:

ambiental Influênciaserviço ou produto do Valor

=eficiência-Eco

Os indicadores de eco-eficiência são divididos em duas categorias:

� Aplicação genérica: podendo ser utilizados de forma abrangente

pelos diversos setores produtivos. O valor do produto ou serviço

pode ser expresso como:

o Quantidade de bens ou serviços produzidos ou fornecidos

aos clientes,

o Vendas líquidas

A influência ambiental na criação do produto ou serviço pode ser

expressa como:

o Consumo de energia

o Consumo de materiais

o Consumo de água

o Emissões de gases com efeito estufa (GEE)

o Emissões de substâncias deterioradoras da camada de

ozônio (SDCO).

� Específicos do negócio: adaptam-se à especificidade de cada

negócio. Estão incluídos nesta categoria os indicadores relativos à

utilização dos produtos ou serviços, tendo a influência ambiental

expressas, por exemplo, como: resíduos das embalagens,

Page 45: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

45

emissões durante a utilização / descarte, consumo de energia no

uso, entre outros.

A Monsanto Company, fez parte deste grupo de desenvolvimento da

metodologia, com o então, chefe executivo mundial de operações,

Hendrick Verfaillie, atuando como co-líder. A Monsanto Company veio a

gerar o seu primeiro relatório de desempenho, segundo estes critérios, em

2000, referente ao ano de 1999.

Segundo Verfaillie (Monsanto Company, 2000, p.2) “a intenção da

Monsanto com este primeiro relatório é oferecer uma visão estatística das

nossas operações e uma janela para os impactos dos nossos produtos no

mundo”.

Uma outra edição do relatório foi emitida em 2002, referente aos anos de

2000 e 2001. Na figura a seguir, pode-se observar alguns exemplos dos

indicadores:

FIGURA 6: Exemplos de Indicadores de Eco-eficiência da Monsanto segundo metodologia WBCSD (Monsanto Company, 2002)

Consumo de Energia

Produção (toneladas) / Influência Ambiental(gigajoules)

Menos Eficiente Mais Eficiente

Consumo de Água

Produção (toneladas) / Influência Ambiental(metros cúbicos)

Menos Eficiente Mais Eficiente

Consumo de Energia

Produção (toneladas) / Influência Ambiental(gigajoules)

Menos Eficiente Mais Eficiente

Consumo de Energia

Produção (toneladas) / Influência Ambiental(gigajoules)

Menos Eficiente Mais Eficiente

Consumo de Água

Produção (toneladas) / Influência Ambiental(metros cúbicos)

Menos Eficiente Mais Eficiente

Consumo de Água

Produção (toneladas) / Influência Ambiental(metros cúbicos)

Menos Eficiente Mais Eficiente

Page 46: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

46

A Figura 6 mostra dois exemplos de indicadores de eco-eficiência de

aplicação genérica: o consumo de energia e o consumo de água. Os

indicadores refletem a relação entre a saída (produção) e a influência

ambiental (consumos). Quanto maior esta relação, mais eficientes são os

processos produtivos; ou seja, produzirem mais com menos.

Ruiz (2000) tabelou alguns tipos de indicadores de desempenho

praticados por empresas químicas para representarem o desempenho

ambiental dos seus processos, conforme tabela a seguir.

Empresa Indicador Ambiental Comentários

Roche Total mássico de resíduos6 gerados

(efluente líquidos, resíduos sólidos e

emissões), antes do tratamento de fim de

tubo, por unidade mássica de produto final

3M Total mássico de resíduos6 gerados como

uma fração da massa total saída de um

processo (incluindo produtos, subprodutos

e resíduos6)

Polaroid Total mássico de produtos químicos ou

resíduos6 em cada uma das cinco

categorias por unidade padrão ou produto

Todos os produtos químicos classificados

como matérias-primas e resíduos foram

classificados em uma das cinco categorias,

com base no perigo relativo destas

substâncias.

Rohm and

Hass

Soma mássica ponderada dos resíduos6

por unidade mássica de produto

Os fatores de ponderação são o produto do

grau de toxicidade (baseado no padrão de

saúde da NFPA) e a “forma de descarte no

meio ambiente”, onde o grau está baseado

em quando e como o resíduo6 é disposto: o

resíduo6 é diretamente descartado, tratado

antes do descarte, reciclado ou reutilizado.

Imperial

Chemical

Industries

Emissões equivalentes em referência a

uma classificação de dez categorias de

impactos ambientais

Os fatores de potência para cada categoria

são desenvolvidos baseados em estudos

publicados e padrões

TABELA 2 Indicadores de Desempenho Ambiental para Avaliação de Processos em Indústrias Químicas. (Ruiz, 2000)

6 O termo resíduo aqui empregado é uma tradução do termo waste e estão incluídos os efluentes líquidos, resíduos sólidos e emissões gasosas.

Page 47: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

47

A Tabela 2 apresenta alguns indicadores que podem ser classificados

como específicos do negócio, tomando-se como base a metodologia do

WBCSD. Os indicadores citados da Roche e da 3M são similares,

relacionando os resíduos gerados com o produto final e o total de

produtos gerados, respectivamente. São indicadores largamente usados

pelas indústrias.

A Polaroid cita um indicador também similar. Porém, categorizando os

produtos ou resíduos pelo seu perigo associado. A Rohm and Hass

também categoriza os seus resíduos em função do seu perigo (toxicidade)

e os correlaciona com o produto final.

A Imperial Chemical Industries cita um indicador de emissões

classificando os poluentes em função dos seus impactos potenciais.

Observando-se a Tabela 2, percebe-se ainda uma forte ênfase em

indicadores que expressam práticas de controle, existindo uma lacuna em

indicadores que expressem mais claramente as práticas de prevenção,

como: uso de tecnologias limpas, eliminação ou minimização de impactos

pelo emprego de técnicas de prevenção em projetos ou modificações,

ganhos financeiros correlacionados com eliminação ou minimização de

impactos ambientais e à saúde, entre outros. O estabelecimento de

indicadores que possam expressar os ganhos em prevenção, é um

requisito fundamental para fomentar a aplicação e o investimento em

ações e iniciativas de prevenção, tais como o DfE entre outras.

Dentro deste enfoque, no Item 6.2.2.1.2, são sugeridos alguns

indicadores de desempenho categorizados em prevenção, controle e

remediação, suportando a estratégia proposta para implementação do

DfE na Monsanto Nordeste S/A.

Page 48: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

48

2.7. CONCLUSÃO

Neste capítulo, buscou-se correlacionar o DfE com outras iniciativas

ambientais que contribuem com o entendimento do assunto: Segurança

de Processos, Ecologia Industrial e Análise do Ciclo de Vida. Pode-se

concluir que apesar de existirem sobreposições entre elas na forma de

tratar algumas questões de saúde, segurança e meio ambiente, não

existem iniciativas melhores que outras, e sim aquelas mais aplicáveis a

cada caso.

Comentou-se que ainda há uma lacuna expressiva no conhecimento por

parte de engenheiros e projetistas no conhecimento e entendimento

destas iniciativas, identificando-se uma oportunidade para o

desenvolvimento de uma ferramenta de uso fácil e independente (sem o

suporte direto de técnicos da área de saúde, segurança e meio ambiente)

na aplicação destas iniciativas nas avaliações de saúde, segurança e

meio ambiente desenvolvidas em projetos e modificações de processos,

contribuindo para a disseminação do conhecimento do DfE.

Considerando-se que as iniciativas de proteção à saúde, segurança e

meio ambiente, possuem ações de prevenção, controle e remediação,

também discutiu-se que as práticas atuais estão focadas, sobretudo, em

ações de controle e remediação, onde o conceito de prevenção não está

claramente entendido pelos técnicos responsáveis pelos projetos e pela

operação dos processos.

Para concluir, apresentou-se alguns tipos de indicadores ambientais

ressaltando-se a necessidade do estabelecimento de indicadores de

desempenho que reflitam o esforço em ações de controle e remediação,

mas, principalmente, ações de prevenção.

No próximo capítulo, serão abordados mais detalhadamente o DfE no

processo de projetar, alguns casos de sucesso na indústria e algumas

práticas relevantes de fomento adotadas pelos governos dos Estados

Unidos, Dinamarca e Japão.

Page 49: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

49

3. DESIGN FOR ENVIRONMENT (DfE) – O PROCESSO DE

PROJETAR E PRÁTICAS RELEVANTES

3.1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste capítulo é contextualizar o DfE, explorando:

� O seu conceito e aplicação em projetos,

� A importância de correlacioná-lo com ganhos financeiros,

� O processo de projetar,

� Alguns casos de aplicação na indústria e algumas formas de

fomentar o DfE adotadas pelos Estados Unidos, Japão e Austrália.

3.2. INSERÇÃO DO DFE EM PROJETOS

Utilizar os conceitos do DfE significa inserir no processo de projetar as

questões de saúde, segurança e meio ambiente, em todas as fases do

ciclo de vida do projeto, enfocando o uso de tecnologias mais limpas e

eliminação ou redução dos perigos ambientais e ocupacionais na fonte.

Segundo Paton (1997, p.349) “DfE é uma iniciativa que fornece

estratégias e técnicas para projetar e produzir produtos ambientalmente

responsáveis com plena capacidade de concorrer no mercado

internacional.”

Segundo Kiperstok (2001, p.13) “A raiz do DfE é o processo de projetar.

Projeto é essencialmente um processo de inovação. Porém, os métodos

de projeto tanto associados ao Desenho Industrial como em outras áreas,

não tem sido inseridos em seus respectivos contextos sociais e

ambientais até então. Tradicionalmente, os fatores de função, aparência e

custos têm dominado quase por completo os processos de projeto.”

Apesar de serem crescentes as inclusões das avaliações de saúde,

segurança e meio ambiente nas modificações de projeto e grandes

investimentos na indústria, percebe-se ainda, serem conduzidas de forma

remediativa. Os projetos são desenvolvidos focando-se, primeiramente, o

Page 50: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

50

atendimento aos requisitos produtivos seguindo-se as análises de saúde,

segurança e meio ambiente. Conseqüentemente, as medidas de

segurança e meio ambiente tendem a se adequar ao processo proposto,

provendo soluções de controle (fim de tubo) para atendimento à

legislação ou a algum padrão corporativo ou internacional mais restritivo.

Talvez um dos fatores que contribua para o estabelecimento desta forma

de condução dos projetos, seja o desconhecimento dos técnicos

envolvidos, sobre as iniciativas ambientais e de segurança mais

inovadoras como a prevenção da poluição e o uso de tecnologias limpas

ou mais limpas, sendo abordadas, sobretudo, nas fases iniciais do projeto.

Segundo Gradell e Allenby apud Kiperstok (2001, p. 13.) “Nas fases

iniciais é normalmente mais fácil alterar o projeto para adequar-se aos

fatores ambientais do que nas fases subseqüentes. Por exemplo, é mais

simples e menos caro reduzir emissões de gases ácidos removendo

compostos de enxofre da matéria-prima do que capturá-los.”

Há ainda, por exemplo, uma crença de que se não violamos parâmetros

ambientais da legislação, se temos bons sistemas de proteção com

redundâncias de intertravamentos, se temos bons equipamentos de

controle e combate a emergências, e se também usamos os EPI’s

adequados, estamos ambientalmente corretos e tratando bem da nossa

saúde.

Para mudar este quadro na indústria, faz-se necessário um esforço dos

representantes das áreas de saúde, segurança e meio ambiente, no

sentido de transferir os conceitos de tecnologias limpas e prevenção da

poluição para os técnicos diretamente responsáveis pela criação e

operação de novos produtos, processos e serviços.

Uma forma de facilitar esta transferência de conhecimentos é inserir as

componentes de saúde, segurança e meio ambiente no conjunto de

análises das funções de projeto desenvolvidas por engenheiros e

projetistas.

Page 51: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

51

Dentro desta visão, Graedel e Allenby (1995) utilizaram uma forma

simplificada para apresentar esta integração entre as funções, denominada

Projeto para X (Design for X – DfX), onde X pode ser substituído por uma

série de “variáveis”:

� DfA (Assembly) – Projeto para montagem: Facilidade de montagem,

uso de peças padronizadas, etc..

� DfM (Manufacturability) – Projeto para Manufatura: Como o projeto

pode facilitar a própria manufatura do produto.

� DfT (Testability) – Projeto para Teste: Projeto que leva em conta a

fase de testes e integração de componentes complexos.

� DfS (Serviciability) – Projeto para Serviços: Projeto que facilita

instalação. Além de manutenção, reparo e modificação futura.

� DfR (Reliability) – Projeto para Confiabilidade: A consideração da

confiabilidade do produto frente aos problemas de cargas

eletrostáticas, corrosão, resistência à ambientes variáveis, etc.

� DfSL (Safety and Liability Prevention) – Projeto para a Segurança e

Prevenção de Passivos: Projeto dentro dos padrões de segurança

para prevenir acidentes e questões de responsabilidade legal.”

Facilmente, então, insere-se a função ambiental nesta sistemática,

trazendo o DfE (Design for Environment).

O Centro Nacional para Projetos do Instituto Real de Tecnologia de

Melbourne, National Centre for Design at the Royal Melbourne Institute of

Technology – RMIT definiu uma metodologia de aplicação do DfE usando

como base o projeto sobre as diversas fases do ciclo de vida dos produtos

/ serviços. (RMIT apud Environment Australia, 2001)

O quadro a seguir ilustra a abordagem proposta por esta metodologia:

Page 52: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

52

QUADRO 2: Aplicação do DfE através do Ciclo de Vida de um Produto (RMIT apud Environment Austrália. 2001)

O quadro anterior descreve o que deve ser considerado nas diversas

fases do ciclo de vida de um produto ao desenvolver um projeto.

Extração e processamento de matéria-prima

•Projeto para a conservação de recursos

•Projeto para materiais de baixo impacto

•Projeto para a conservação de biodiversidade

Manufatura / embalagem e distribuição

•Projeto para a produção limpa

•Projeto para embalagem de baixo impacto

•Projeto para a distribuição eficiente

Uso do Produto

•Projeto para a eficiência energética

•Projeto para a conservação da água

•Projeto para a minimização do consumo

•Projeto para o uso de baixo impacto

•Projeto para o reuso e reparo

•Projeto para a durabilidade

Fim da Vida

•Projeto para o reuso

•Projeto para manufatura

•Projeto para a desmontagem

•Projeto para a reciclagem

•Projeto para o descarte seguro

Extração e processamento de matéria-prima

•Projeto para a conservação de recursos

•Projeto para materiais de baixo impacto

•Projeto para a conservação de biodiversidade

Manufatura / embalagem e distribuição

•Projeto para a produção limpa

•Projeto para embalagem de baixo impacto

•Projeto para a distribuição eficiente

Uso do Produto

•Projeto para a eficiência energética

•Projeto para a conservação da água

•Projeto para a minimização do consumo

•Projeto para o uso de baixo impacto

•Projeto para o reuso e reparo

•Projeto para a durabilidade

Fim da Vida

•Projeto para o reuso

•Projeto para manufatura

•Projeto para a desmontagem

•Projeto para a reciclagem

•Projeto para o descarte seguro

Page 53: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

53

Para melhor exemplificar segue-se um detalhamento do primeiro estágio:

Extração e Processamento de matérias-primas apresentado no quadro a

seguir:

QUADRO 3: Detalhamento do Primeiro Estágio da Metodologia – RMIT para implementação do DfE - na Extração e Processamento de Matéria-Prima. (RMIT apud Environment Australia. 2001)

Exemplos – DfE Estratégias

Reduzindo impactos de matérias-primas

Estratégias para a reduçã o de impactos ambientais da extraçã o e processamento de maté rias-primas podem ser divididas naquelas que se preocupam com a conservaçã o dos recursos usando materiais de baixoimpacto e conservaçã o dabiodiversidade.

Projeto para a conservaçã o de recursos inclui:

•Uso mínimo de material requerido para a funçã o

•Uso de materiais renováveis

•Evitar o uso de materiais que consomem recursos limitados

•Usar materiais reciclados ou recicláveis

•Usar resíduos como produtos

Projeto para materiais de baixo impacto inclui:

•Evitar o uso de materiais feitos com substâncias tóxicas ou perigosas

•Evitar o uso de substâncias que destroem a camada de ozônio

•Minimizar a produçã o de gases que provocam o efeito estufa

•Uso de materiais com baixa energia

•Uso de materiais que são facilmente reutilizados e reciclados

Projeto para a conservaçã o da biodiversidade inclui:

•Evitar o uso de materiais que impactem a biodiversidade

•Uso de materiais que sejam produzidos de forma sustentável

Reduzindo o uso de impactos da manufatura e distribuiçã o

Existem vá rias maneiras pelas quais as companhias podem ajudar a maximizar a eficiência e minimizar os impactos do ciclo de vida do produto durante a manufatura. Isto inclui:

•Minimizaçã o da variedade de materiais

•Evitar a geraçã o de resíduos

•Reduzir o número de componentes e partes

•Integrar funções

•Simplificaçã o de montagens

•Seleçã o de materiais de baixo impacto e processos

O impacto ambiental da distribuiçã opode ser reduzida através:

•Reduzindo o peso dos produtos e suas embalagens para poupar energia no transporte

•Embalagem para o transporte seja reutilizável ou reciclável

•Maximizar a eficiência da embalagem

•Escolha de um sistema de transporte eficiente

Exemplos – DfE Estratégias

Reduzindo impactos de matérias-primas

Estratégias para a reduçã o de impactos ambientais da extraçã o e processamento de maté rias-primas podem ser divididas naquelas que se preocupam com a conservaçã o dos recursos usando materiais de baixoimpacto e conservaçã o dabiodiversidade.

Projeto para a conservaçã o de recursos inclui:

•Uso mínimo de material requerido para a funçã o

•Uso de materiais renováveis

•Evitar o uso de materiais que consomem recursos limitados

•Usar materiais reciclados ou recicláveis

•Usar resíduos como produtos

Projeto para materiais de baixo impacto inclui:

•Evitar o uso de materiais feitos com substâncias tóxicas ou perigosas

•Evitar o uso de substâncias que destroem a camada de ozônio

•Minimizar a produçã o de gases que provocam o efeito estufa

•Uso de materiais com baixa energia

•Uso de materiais que são facilmente reutilizados e reciclados

Projeto para a conservaçã o da biodiversidade inclui:

•Evitar o uso de materiais que impactem a biodiversidade

•Uso de materiais que sejam produzidos de forma sustentável

Reduzindo os impactos damanufatura e distribuição

Existem vá rias maneiras pelas quais as companhias podem ajudar a maximizar a eficiência e minimizar os impactos do ciclo de vida do produto durante a manufatura. Isto inclui:

•Minimizaçã o da variedade de materiais

•Evitar a geraçã o de resíduos

•Reduzir o número de componentes e partes

•Integrar funções

•Simplificaçã o de montagens

•Seleçã o de materiais de baixo impacto e processos

O impacto ambiental da distribuiçã opode ser reduzida através:

•Reduzindo o peso dos produtos e suas embalagens para poupar energia no transporte

•Embalagem para o transporte seja reutilizável ou reciclável

•Maximizar a eficiência da embalagem

•Escolha de um sistema de transporte eficiente

Exemplos – DfE Estratégias

Reduzindo impactos de matérias-primas

Estratégias para a reduçã o de impactos ambientais da extraçã o e processamento de maté rias-primas podem ser divididas naquelas que se preocupam com a conservaçã o dos recursos usando materiais de baixoimpacto e conservaçã o dabiodiversidade.

Projeto para a conservaçã o de recursos inclui:

•Uso mínimo de material requerido para a funçã o

•Uso de materiais renováveis

•Evitar o uso de materiais que consomem recursos limitados

•Usar materiais reciclados ou recicláveis

•Usar resíduos como produtos

Projeto para materiais de baixo impacto inclui:

•Evitar o uso de materiais feitos com substâncias tóxicas ou perigosas

•Evitar o uso de substâncias que destroem a camada de ozônio

•Minimizar a produçã o de gases que provocam o efeito estufa

•Uso de materiais com baixa energia

•Uso de materiais que são facilmente reutilizados e reciclados

Projeto para a conservaçã o da biodiversidade inclui:

•Evitar o uso de materiais que impactem a biodiversidade

•Uso de materiais que sejam produzidos de forma sustentável

Reduzindo o uso de impactos da manufatura e distribuiçã o

Existem vá rias maneiras pelas quais as companhias podem ajudar a

Exemplos – DfE Estratégias

Reduzindo impactos de matérias-primas

Estratégias para a reduçã o de impactos ambientais da extraçã o e processamento de maté rias-primas podem ser divididas naquelas que se preocupam com a conservaçã o dos recursos usando materiais de baixoimpacto e conservaçã o dabiodiversidade.

Projeto para a conservaçã o de recursos inclui:

•Uso mínimo de material requerido para a funçã o

•Uso de materiais renováveis

•Evitar o uso de materiais que consomem recursos limitados

•Usar materiais reciclados ou recicláveis

•Usar resíduos como produtos

Projeto para materiais de baixo impacto inclui:

•Evitar o uso de materiais feitos com substâncias tóxicas ou perigosas

•Evitar o uso de substâncias que destroem a camada de ozônio

•Minimizar a produçã o de gases que provocam o efeito estufa

•Uso de materiais com baixa energia

•Uso de materiais que são facilmente reutilizados e reciclados

Projeto para a conservaçã o da biodiversidade inclui:

•Evitar o uso de materiais que impactem a biodiversidade

•Uso de materiais que sejam produzidos de forma sustentável

Reduzindo o uso de impactos da manufatura e distribuiçã o

Existem vá rias maneiras pelas quais as companhias podem ajudar a maximizar a eficiência e minimizar os impactos do ciclo de vida do produto durante a manufatura. Isto inclui:

•Minimizaçã o da variedade de materiais

•Evitar a geraçã o de resíduos

•Reduzir o número de componentes e partes

•Integrar funções

•Simplificaçã o de montagens

•Seleçã o de materiais de baixo impacto e processos

O impacto ambiental da distribuiçã opode ser reduzida através:

•Reduzindo o peso dos produtos e suas embalagens para poupar energia no transporte

•Embalagem para o transporte seja reutilizável ou reciclável

•Maximizar a eficiência da embalagem

•Escolha de um sistema de transporte eficiente

Exemplos – DfE Estratégias

Reduzindo impactos de matérias-primas

Estratégias para a reduçã o de impactos ambientais da extraçã o e processamento de maté rias-primas podem ser divididas naquelas que se preocupam com a conservaçã o dos recursos usando materiais de baixoimpacto e conservaçã o dabiodiversidade.

Projeto para a conservaçã o de recursos inclui:

•Uso mínimo de material requerido para a funçã o

•Uso de materiais renováveis

•Evitar o uso de materiais que consomem recursos limitados

•Usar materiais reciclados ou recicl

maximizar a eficiência e minimizar os impactos do ciclo de vida do produto durante a manufatura. Isto inclui:

•Minimizaçã o da variedade de materiais

•Evitar a geraçã o de resíduos

•Reduzir o número de componentes e partes

•Integrar funções

•Simplificaçã o de montagens

•Seleçã o de materiais de baixo impacto e processos

O impacto ambiental da distribuiçã opode ser reduzida através:

•Reduzindo o peso dos produtos e suas embalagens para poupar energia no transporte

•Embalagem para o transporte seja reutilizável ou reciclável

•Maximizar a eficiência da embalagem

•Escolha de um sistema de transporte eficiente

Exemplos – DfE Estratégias

Reduzindo impactos de matérias-primas

Estratégias para a reduçã o de impactos ambientais da extraçã o e processamento de maté rias-primas podem ser divididas naquelas que se preocupam com a conservaçã o dos recursos usando materiais de baixoimpacto e conservaçã o dabiodiversidade.

Projeto para a conservaçã o de recursos inclui:

•Uso mínimo de material requerido para a funçã o

•Uso de materiais renováveis

•Evitar o uso de materiais que consomem recursos limitados

•Usar materiais reciclados ou recicláveis

•Usar resíduos como produtos

Projeto para materiais de baixo impacto inclui:

•Evitar o uso de materiais feitos com substâncias tóxicas ou perigosas

•Evitar o uso de substâncias que destroem a camada de ozônio

•Minimizar a produçã o de gases que provocam o efeito estufa

•Uso de materiais com baixa energia

•Uso de materiais que são facilmente reutilizados e reciclados

Projeto para a conservaçã o da biodiversidade inclui:

•Evitar o uso de materiais que impactem a biodiversidade

•Uso de materiais que sejam produzidos de forma sustentável

Reduzindo os impactos damanufatura e distribuição

Existem vá rias maneiras pelas quais as companhias podem ajudar a maximizar a eficiência e minimizar os impactos do ciclo de vida do produto durante a manufatura. Isto inclui:

•Minimizaçã o da variedade de materiais

•Evitar a geraçã o de resíduos

•Reduzir o número de componentes e partes

•Integrar funções

•Simplificaçã o de montagens

•Seleçã o de materiais de baixo impacto e processos

O impacto ambiental da distribuiçã opode ser reduzida através:

•Reduzindo o peso dos produtos e suas embalagens para poupar energia no transporte

•Embalagem para o transporte seja reutilizá

áveis

•Usar resíduos como produtos

Projeto para materiais de baixo impacto inclui:

•Evitar o uso de materiais feitos com substâncias tóxicas ou perigosas

•Evitar o uso de substâncias que destroem a camada de ozônio

•Minimizar a produçã o de gases que provocam o efeito estufa

•Uso de materiais com baixa energia

•Uso de materiais que são facilmente reutilizados e reciclados

Projeto para a conservaçã o da biodiversidade inclui:

•Evitar o uso de materiais que impactem a biodiversidade

•Uso de materiais que sejam produzidos de forma sustentável

Reduzindo os impactos damanufatura e distribuição

Existem vá rias maneiras pelas quais as companhias podem ajudar a maximizar a eficiência e minimizar os impactos do ciclo de vida do produto durante a manufatura. Isto inclui:

•Minimizaçã o da variedade de materiais

•Evitar a geraçã o de resíduos

•Reduzir o número de componentes e partes

•Integrar funções

•Simplificaçã o de montagens

•Seleçã o de materiais de baixo impacto e processos

O impacto ambiental da distribuiçã opode ser reduzida através:

•Reduzindo o peso dos produtos e suas embalagens para poupar energia no transporte

•Embalagem para o transporte seja reutilizável ou reciclável

•Maximizar a eficiência da embalagem

•Escolha de um sistema de transporte eficiente

Page 54: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

54

Uma outra forma de utilizar a proposta do RMIT, exemplificadas nos

Quadros 2 e 3, é considerá-la complementar a proposta de Graedel e

Allenby (1995). Ou seja, ao se inserir a função ambiental (DfE) como

função de projeto, um grande número de questões ambientais precisam

ser avaliadas. Desta forma, a proposta do RMIT detalha o que deve ser

considerado durante as análises usando o enfoque do ciclo de vida do

produto.

3.3. DFE – CORRELACIONANDO GANHOS FINANCEIROS COM

GANHOS EM SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

O DfE é uma iniciativa que direciona não apenas considerações

ambientais, de saúde e segurança na fase de projeto, mas também

considerações como ganhos sociais e financeiros.

Paton (1997) identificou alguns processos que apresentam alto potencial

de ganhos ambientais e financeiros:

� Projeto do Produto: São exemplos: redução na quantidade de

material utilizado, reuso e reciclo bem como toda a logística para

isso.

� Projeto do Processo de Manufatura: Aqui o foco deve ser na

avaliação prévia das questões ambientais e de saúde e segurança

antes de efetuar modificações nos processos e da aquisição de

novas tecnologias e equipamentos, buscando-se minimizar custos

operacionais e de manutenção futuros,

� Gerenciamento de Materiais: A seleção de materiais, eliminação de

materiais perigosos e avaliação da utilização destes produtos são

os pontos principais para viabilizar a minimização dos resíduos e

emissões bem como favorecer o reuso e reciclagem, otimizando

custos com a disposição final,

� Gerenciamento de Fornecedores: Três pontos são fundamentais

para a minimização dos impactos ambientais dos processos e

produtos fornecidos: avaliação dos fornecedores nos requisitos de

Page 55: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

55

saúde, segurança e meio ambiente de seus processos e produtos,

desenvolvimento de relações para o reuso e reciclo e parceria

tecnológica.

� Vendas: Os processos potenciais para minimização dos impactos

são: embalagem dos produtos (projeto para reuso e reciclagem de

embalagens, otimização de materiais, etc.), previsão e

gerenciamento dos inventários e distribuição.

� Serviços e Suporte: A fabricação de produtos de vida curta, como

os produtos descartáveis e de produtos que tenham a necessidade

de troca e peças de reposição abre uma grande oportunidade para

empresas que trabalhem com reuso e reciclagem de materiais. Um

ponto fundamental para a viabilização deste propósito é o

estabelecimento de uma sistemática de coleta.

O emprego conjunto do DfE com o enfoque acima sugerido favorecerá

uma mudança da tradicional visão do corpo gerencial das empresas, ou

seja: a de que projetos ambientais não possuem retorno financeiro e

estão vinculados apenas ao atendimento de um determinado requisito da

legislação ou para atendimento de alguma norma.

Paton (1997) ressalta a importância de se determinar o impacto financeiro

do Design for Environment (DfE). Os requisitos ambientais não podem ser

apenas tratados como gastos no gerenciamento financeiro da empresa.

As oportunidades de conciliação de ganhos ambientais e financeiros

devem ser perseguidas desde a fase de projeto dos processos e

produtos. Por exemplo, produtos que não foram projetados com requisitos

ambientais para reuso ou reciclagem, dificilmente viabilizarão a sua

desmontagem e coleta. Em contra partida, produtos bem projetados

podem ter custos de desmontagem desprezíveis deixando para coleta,

remanufatura, reuso ou reciclo, apenas as partes de alto valor agregado,

viabilizando todo o processo.

Page 56: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

56

A realização de avaliações financeiras de ganhos e de impactos

ambientais é uma tarefa bastante complexa. A USEPA (1996) e Ruiz

(2000) apresentam metodologias que tratam deste tema.

Apesar das companhias estarem cada vez mais conscientes dos aspectos

ambientais em seus negócios, encontram dificuldades em medir estas

considerações, tanto devido às incertezas inerentes a estas avaliações

como também porque as informações, planejamento, e práticas decisórias

atuais não levam estas considerações ambientais suficientemente em

conta.

Segundo a USEPA (1996), algumas companhias estão utilizando técnicas

como:

� Contabilizando Custos no Ciclo de Vida Ambiental - Environmental

Life Cycle Costing (ELCC),

� Análise total de Custos - Total Cost Assessment (TCA)

� Análise do Ciclo de Vida - Life Cycle Assessment (LCA).

Estas técnicas tornam possível a estimativa da viabilidade e retorno

econômico de projetos evitando, principalmente, a geração de passivos

ambientais. A não consideração destes benefícios pode apresentar

investimentos menos atraentes sob o ponto de vista ambiental em relação

ao que eles realmente são.

Segundo a USEPA (1995) detalhar a contabilidade ambiental das funções

de um projeto é fundamental. Alguns custos ambientais podem estar

ocultos na contabilização dos gastos gerais ou de outra forma podem

estar superdimensionados. Uma análise econômica, que considere os

ganhos ambientais, de saúde, segurança e sociais, deve ser conduzida,

apesar da sua complexidade, sob pena de inviabilizar projetos que

possam trazer ganhos reais.

Page 57: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

57

3.4. O PROCESSO DE PROJETAR

O bom entendimento do processo de projetar é fundamental na

implementação do DfE.

Ruiz (2000, p.42) cita que “projetar é uma atividade complexa, cujas

entradas são descrições abstratas dos desejos de uma organização e as

saídas uma descrição detalhada de um produto concreto, seu processo

ou sistema satisfazendo os desejos da organização”.

De uma maneira geral, pode-se apresentar as fases de um projeto ao

longo da vida de um processo, conforme figura a seguir:

FIGURA 7: Fases de um projeto ao longo da vida de um processo

Gerenciar Rotina

Fim da Vida Útil do

Produto

Fim da Vida Útil do

Processo

Fase F

inal

Pesquisa

Pré-projeto

Projeto Detalhado

Montagem

Gerenciar Rotina

Não Sim

Revisõ

es de S

aúd

e, Seg

uran

ça e Meio

-Am

bien

te

Fase d

e Pro

jetoF

ase de O

peraçãoMudanças?

Partida

AB

C

Gerenciar Rotina

Fim da Vida Útil do

Produto

Fim da Vida Útil do

Processo

Fase F

inal

Fim da Vida Útil do

Produto

Fim da Vida Útil do

Processo

Fase F

inal

Pesquisa

Pré-projeto

Projeto Detalhado

Montagem

Gerenciar Rotina

Não Sim

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e, Seg

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peraçãoMudanças?

Partida

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BC

Page 58: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

58

O fluxo geral da vida útil de um processo, ilustrado na Figura 7, apresenta

três fases: projeto, operação e final da vida útil do processo e dos

produtos produzidos.

A fase de projeto (A) apresenta as etapas de: pesquisa, pré-projeto,

projeto detalhado, montagem e partida do processo.

Após a fase de projeto, segue-se a fase de operação (B) ou gestão da

rotina. Aqui estão inseridas atividades, tais como:

� Operação e manutenção,

� Suporte: logística, controle de qualidade, gestão de saúde,

segurança e meio ambiente, etc.

� Vendas e assistência técnica. Estas atividades devem ser

desenvolvidas de forma orientada sobre: uso seguro, reposição,

reciclagem e descarte.

Dentro desta fase é bastante comum a necessidade de se efetuar

mudanças no processo ou nas atividades buscando-se melhorias.

A última fase do fluxo é denominada fase final (C), onde estão inseridos o

final da vida útil do processo produtivo e do produto.

O final da vida útil de um processo através de sua desativação está

associado ao custo benefício para mantê-lo operando. A desativação

parcial ou total de um processo, seja ela temporária ou permanente, deve

ser objeto de avaliação para que seja conduzida de forma segura. Um

processo não deve simplesmente ser parado devido aos riscos de futuros

acidentes para o pessoal da fábrica e para a comunidade com

possibilidades de serem criados passivos ambientais.

Um exemplo que pode ser associado a uma desativação inadequada foi o

caso da fonte radioativa de Césio 137 do Instituto Goiano de

Radioterapia, que ao desativar suas operações nas instalações

localizadas na Avenida Paranaíba, centro de Goiânia, não removeu a

bomba de césio que se encontrava obsoleta, já tendo sido usada para a

prestação de serviços radiológicos. O prédio passou a ser demolido pelo

Page 59: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

59

novo comprador, não havendo precauções sobre a segurança do

equipamento radiológico. O prédio foi acessado por catadores de sucata

que removeram a bomba de césio e revenderam para um ferro-velho. O

equipamento foi violado expondo o cloreto de césio. Este acidente,

ocorrido em setembro de 1987, foi o maior acidente radioativo do Brasil

com 4 vítimas e, aproximadamente, 14 toneladas de lixo radioativo.

(Justiça federal, 2000)

Fora dos domínios da fábrica, mas não menos importante, está a

disposição final dos produtos produzidos e suas embalagens. Os produtos

devem ser projetados de forma a minimizarem os seus impactos, por

exemplo: facilitando a reposição de peças defeituosas, reuso e reciclo.

Para todas estas fases, é obrigatória a realização de avaliações de saúde,

segurança e meio ambiente, por uma equipe multidisciplinar, onde o rigor

e profundidade dependerão da complexidade da mudança necessária.

A fase de projeto é o momento ideal para se inserir as questões

ambientais, de saúde e segurança, caracterizando, propriamente, a

inserção do DfE.

Nas etapas iniciais do projeto, mais particularmente na etapa de pesquisa,

o uso dos princípios e ferramentas de tecnologias limpas, análise do ciclo

de vida e ecologia industrial aumentam a chance de se obter melhores

desempenhos em segurança e meio ambiente, pois as premissas ainda

estão sendo estabelecidas e as avaliações das alternativas existentes

passam a incluir os componentes ambientais, de saúde e segurança.

Assim, o DfE é efetivamente inserido no nascedouro das idéias.

Nas etapas seguintes do projeto, os princípios do DfE ainda são aplicados

com eficiência, porém o foco fica cada vez mais voltado para o controle

(atendimento à legislação e a elaboração dos programas e planos de

gestão das questões de saúde, segurança e meio ambiente). Este fato se

deve a menor flexibilidade de alteração de escopo que passa a existir a

medida que o projeto evolui.

Page 60: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

60

Após a partida do processo, os princípios do DfE ainda podem ser usados

a medida que ocorram modificações no processo existente.

FIGURA 8: Possibilidade de Inserção dos Princípios da Prevenção ao Longo das Fases de um Processo

A Figura 8 expressa que a medida que o projeto se desenvolve até a

operação do processo e sua desativação, as possibilidades de serem

inseridos os princípios da prevenção através do emprego de tecnologias

limpas e ferramentas como o DfE e Análise do Ciclo vida se tornam

menores. Nas fases iniciais de pesquisa e pré-projeto, a tecnologia a ser

empregada e o seu processo são definidos. Portanto, é possível

considerar os princípios de prevenção e efetuar escolhas de tecnologias e

de rotas de processos com menores impactos ambientais e ocupacionais.

Estas possibilidades diminuem a medida que o projeto é detalhado para

montagem e partida. Nestas fases as atividades de controle dos impactos

ambientais e ocupacionais do processo escolhido são mais relevantes,

tais como o atendimento à legislação e o desenvolvimento de programas

de gestão ambiental e de saúde e segurança.

Pesquisa Pré-Projeto Projeto Detalhado Montagem Partida Produção Final da Vida Útil

DfE, Tecnologias Limpas, Análise do Ciclo de Vida, Ecologia Industrial, etc.

Atendimento à Legislação, programas de gestão, etc.

Pos

sibi

lidad

e de

Inse

rção

Pesquisa Pré-Projeto Projeto Detalhado Montagem Partida Produção Final da Vida Útil

DfE, Tecnologias Limpas, Análise do Ciclo de Vida, Ecologia Industrial, etc.

Atendimento à Legislação, programas de gestão, etc.

Pesquisa Pré-Projeto Projeto Detalhado Montagem Partida Produção Final da Vida Útil

DfE, Tecnologias Limpas, Análise do Ciclo de Vida, Ecologia Industrial, etc.

Atendimento à Legislação, programas de gestão, etc.

Pos

sibi

lidad

e de

Inse

rção

Page 61: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

61

3.5. METODOLOGIAS E FERRAMENTAS DE SUPORTE PARA

ANÁLISE DE ALTERNATIVAS NO PROCESSO DE PROJETAR

Dentro da fase de projeto, a etapa de pesquisa engloba todos os estudos

relativos às análises de alternativas existentes: tecnologias disponíveis,

substâncias, rotas reacionais, etc., tendo como produto de saída um

projeto conceitual.

Segundo Ruiz (2000, p.59), “a questão central em um processo de análise

de alternativas dentro de uma estrutura de projeto ambientalmente

adequado, é equilibrar os objetivos ambientais com os demais objetivos

do projeto”.

A estruturação do problema tem um impacto significativo nesta fase.

Quando o problema é estruturado, as decisões são tomadas respeitando-

se os objetivos para os quais o projeto deve evoluir, e em particular, sobre

as funções que traduzirão os dados produzidos durante as etapas de

coleta e análise, integrando indicadores que possam ser usados para

otimizar e classificar as alternativas.”

De uma maneira geral, para a fase de pesquisa, pode-se estruturar os

passos para a análise de alternativas, conforme figura a seguir:

Page 62: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

62

FIGURA 9: Etapas de uma Análise de Alternativas na Fase de Pesquisa de um Projeto

A seguir são apresentados alguns comentários sobre as etapas

individuais do fluxo proposto na Figura 9.

3.5.1. Estabelecimento e Estruturação do Problema /

Necessidade

Aqui são estabelecidos: o escopo do projeto, objetivos, restrições, critérios

de avaliação, metodologias a serem usadas, limites do estudo, etc.

Segundo Ruiz (2000, p.42), “é uma etapa crítica, e que normalmente é

negligenciada.”

Estabelecimentoe Estruturação do

Problema / necessidade

Geração de Alternativas e

Análise de dados

Coleta de dados e informações

3.5.1

3.5.2

3.5.3

Julgamento eEscolha

Análise deSensibilidade

Relatório Final e Divulgação

3.5.4

3.5.5

3.5.6

Estabelecimentoe Estruturação do

Problema / necessidade

Estabelecimentoe Estruturação do

Problema / necessidade

Geração de Alternativas e

Análise de dados

Coleta de dados e informações

3.5.1

3.5.2

3.5.3

Julgamento eEscolha

Análise deSensibilidade

Relatório Final e Divulgação

3.5.4

3.5.5

3.5.6

Julgamento eEscolha

Análise deSensibilidade

Relatório Final e Divulgação

3.5.4

3.5.5

3.5.6

Page 63: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

63

A Agência de Proteção Ambiental Americana, Environmental Protection

Agency (USEPA, 1996) sugere que antes de iniciar uma análise de

alternativas proceda-se uma estruturação do trabalho que consiste da

definição da equipe de trabalho, da seleção das alternativas potenciais,

escopo e restrições do projeto.

Também é nesta etapa que se define, por exemplo, a utilização da análise

do ciclo de vida.

3.5.2. Coleta de Dados e Informações

Nesta etapa busca-se coletar dados que suportem a construção das

alternativas, tais como: tecnologias e equipamentos disponíveis, dados

físicos, químicos e toxicológicos de substâncias, recursos energéticos e

naturais disponíveis, entre outros.

3.5.3. Geração das Alternativas e Análise dos Dados:

Esta etapa implica na geração, avaliação e estruturação dos dados

através do uso de métodos de análise e técnicas de engenharia, modelos,

etc., para caracterização das alternativas.

Deve-se escolher alguns indicadores preliminares que caracterizem os

desempenhos individuais das alternativas em análise, principalmente para

os pontos críticos tais como: indicadores econômicos, competitividade,

benefícios sociais, de saúde, segurança e meio ambiente tais como:

toxicidade de substâncias, persistência, mobilidade ambiental, risco, etc.

Curzons (2001) selecionou 10 categorias de indicadores que incluem,

basicamente, aspectos de consumo energético, potenciais danos

ambientais, potenciais danos à saúde, segurança de processos e

existência de solventes. Constable et al (2001), selecionaram alguns

indicadores para processos em bateladas visando auxiliar projetistas e

químicos na seleção de novas rotas e modificações.

Goedkoop et al (1996) desenvolveu um manual para projetistas com eco-

indicadores para suporte em análise de projetos.

Page 64: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

64

A empresa de consultoria ambiental Pre-consultants7 desenvolveu um

software denominado ECO-IT (2001) que pode ser utilizado como suporte

a análise de alternativas. Este software utiliza como base metodológica a

análise do ciclo de vida.

É nesta etapa que os arcabouços das alternativas são gerados. A

geração, análise e estruturação dos dados das alternativas devem

contemplar os aspectos que tenham significância no processo de

julgamento, como por exemplo: riscos, atendimento a requisitos legais,

competitividade, custos, benefícios sociais, indicadores de desempenho,

entre outros.

3.5.4. Julgamento das Alternativas e Escolha

O primeiro passo antes de se iniciar o julgamento das alternativas, é a

definição do critério de julgamento.

Nesta etapa uma análise quantitativa deve ser conduzida. As informações

relativas às alternativas individuais devem ser sumarizadas e avaliadas a

luz dos indicadores de desempenho, citados, por exemplo, no item

anterior.

As alternativas em julgamento devem ser classificadas e um relatório

contendo as justificativas das escolhas efetuadas deve ser preparado.

3.5.5. Análise de Sensibilidade

A etapa seguinte é a de análise de sensibilidade, onde são identificadas

as maiores contribuições para as funções-objetivo, robustez, etc.

Nesta etapa as funções de projeto são analisadas sob diferentes

cenários, trazendo para a pauta das discussões a resposta destas

funções ao variar-se determinados parâmetros de interesse e verificando-

se viabilidade das alternativas em análise nestas diferentes condições.

7 Fabricante do software SimaPro, um dos programas mais utilizados para ACV.

Page 65: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

65

Este tipo de análise é muito importante, principalmente, para serem

estabelecidas as estratégias de médio e longo prazo para darem

sustentação à alternativa escolhida.

3.5.6. Geração do Relatório Final e Divulgação

A última etapa é a geração do relatório final e da documentação

pertinente.

Deve-se montar uma estratégia de divulgação para o mercado ou para as

partes interessadas, sobre os ganhos ambientais do novo produto, serviço

ou atividade. Deve-se procurar passar informações precisas aos usuários,

clientes ou partes interessadas. Sugere-se avaliar a possibilidade de

desenvolver parcerias com empresas especializadas, no sentido de

promover junto às partes interessadas uma sensibilidade ambiental para

que se perceba os ganhos obtidos.

3.6. METODOLOGIA PARA ANÁLISE DE ALTERNATIVAS COM

TECNOLOGIAS LIMPAS – CTSA (CLEANER TECHNOLOGIES

SUBSTITUTES ASSESSMENT). EXEMPLO PRÁTICO DE UMA

METODOLOGIA PARA ANÁLISE DE ALTERNATIVAS

Este subitem apresenta um exemplo de metodologia estruturada para

análise de alternativas desenvolvida pela USEPA.

A CTSA - Cleaner Technologies Substitutes Assessment é uma

metodologia para análise de alternativas orientando os projetistas em

escolhas que empreguem preferencialmente tecnologias e processos

mais limpos.

É uma ferramenta de comparação entre processos químicos de produção

com tecnologias convencionais e processos produtivos alternativos onde

são consideradas as questões de saúde e risco ao meio ambiente,

competitividade (desempenho, custos, etc.) e conservação dos recursos

entre outros.

Page 66: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

66

Segundo a Agência de Proteção Ambiental Americana, Environmental

Protection Agency (USEPA, 1996, cap.1,p.3), “A CTSA não recomenda

alternativas. Ao contrário disto, visa promover a elaboração de

informações que integrem dados de riscos, desempenho e custos

provendo o processo decisório dos negócios com informações de fácil

acesso.”

Os passos da análise podem ser sumarizados no fluxo a seguir:

FIGURA 10: Passos para se desenvolver uma CTSA (USEPA; Tennessee University - Center for Clean Products and Clean Technologies, 1996)

Coletar informações químicas e de processo

Obter dados de risco,desempenho

e custos

Desenvolver metodologiaPara análise de dados

Análise dos dados

Avaliar as questões-chaves de saída

-Benefícios sociais / análise de custos-Sumário das informações da decisão

Desenvolver a CTSA

-Preparar uma proposta-Desenvolver uma revisão / análise-Publicar o documento

Coletar informações químicas e de processo

Obter dados de risco,desempenho

e custos

Desenvolver metodologiaPara análise de dados

Análise dos dados

Avaliar as questões-chaves de saída

-Benefícios sociais / análise de custos-Sumário das informações da decisão

Desenvolver a CTSA

-Preparar uma proposta-Desenvolver uma revisão / análise-Publicar o documento

Page 67: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

67

Comparando-se os passos gerais da CTSA apresentados na Figura 10

com o fluxo geral de alternativas proposto na Figura 9, percebe-se uma

similaridade entre ambos, com alguns passos iguais: coleta de dados,

análise de alternativas, julgamento e geração de relatório.

A Figura 11 apresenta mais detalhes das etapas de coleta e análise dos

dados e avaliação das saídas ou julgamento.

FIGURA 11: Fluxo de informação de uma CTSA (USEPA; Tennessee University - Center for Clean Products and Clean Technologies, 1996)

Informações de Processo e Químicas

•Propriedades químicas

•Processo de manufatura química e formulação do produto

•Sumário das tendências ambientais

•Sumário de perigos à saúde das pessoas

•Sumário de perigos ambientais

•Uso de produtos químicos e descrição do processo

•Informações de mercado

•Informações internacionais

Risco

•Práticas de trabalho e fontes de vazamentos

Competitividade

•Situação do atendimento aos requisitos legais

•Avaliação de performance

•Análise de custos

Conservação

•Impacto energético

•Conservação de recursos

Escolha entre alternativas

•Risco, competitividade e sumário dos dados de conservação

•Benefícios sociais / análise de custo

•Sumário das informações da decisão

Oportunidades adicionais de melhoria ambiental

•Prevenção da poluição

•Controle tecnológico

Avaliação das saídas

Análise dos dados

Coleta de dados

Informações de Processo e Químicas

•Propriedades químicas

•Processo de manufatura química e formulação do produto

•Sumário das tendências ambientais

•Sumário de perigos à saúde das pessoas

•Sumário de perigos ambientais

•Uso de produtos químicos e descrição do processo

•Informações de mercado

•Informações internacionais

Informações de Processo e Químicas

•Propriedades químicas

•Processo de manufatura química e formulação do produto

•Sumário das tendências ambientais

•Sumário de perigos à saúde das pessoas

•Sumário de perigos ambientais

•Uso de produtos químicos e descrição do processo

•Informações de mercado

•Informações internacionais

Risco

•Práticas de trabalho e fontes de vazamentos

Risco

•Práticas de trabalho e fontes de vazamentos

Competitividade

•Situação do atendimento aos requisitos legais

•Avaliação de performance

•Análise de custos

Conservação

•Impacto energético

•Conservação de recursos

Conservação

•Impacto energético

•Conservação de recursos

Escolha entre alternativas

•Risco, competitividade e sumário dos dados de conservação

•Benefícios sociais / análise de custo

•Sumário das informações da decisão

Escolha entre alternativas

•Risco, competitividade e sumário dos dados de conservação

•Benefícios sociais / análise de custo

•Sumário das informações da decisão

Oportunidades adicionais de melhoria ambiental

•Prevenção da poluição

•Controle tecnológico

Oportunidades adicionais de melhoria ambiental

•Prevenção da poluição

•Controle tecnológico

Avaliação das saídas

Análise dos dados

Coleta de dados

Page 68: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

68

Na coleta de dados são levantadas as características dos produtos e seus

perigos potenciais ao meio ambiente e à saúde, bem como informações

de processo e mercado relevantes.

Na etapa de análise, algumas funções de projeto julgadas relevantes são

analisadas; por exemplo, risco, competitividade e conservação.

Nesta etapa, pode-se utilizar a Árvore de Substitutos para organização

das alternativas, conforme ilustrado na figura a seguir.

FIGURA 12: Árvore de Substitutos do DfE. (USEPA, 2000)

A Árvore de Substitutos da USEPA é uma ferramenta orientativa que

contempla técnicas de prevenção e redução de perigos dado que se

tenha estabelecido uma questão ambiental a ser resolvida.

Exemplificando o seu uso, tomemos um caso apresentado pela USEPA &

Tennessee University - Center for Clean Products and Clean

Technologies. (1996), relativo à substituição do percloroetileno (PCE)

utilizado como solvente em lavagem de roupas a seco. O percloroetileno é

suspeito de ser carcinogênico.

Questão ambiental

Descrever Função

Usar Prod. Químico Alternativo

Opção 1

Avaliar impactos

ambientais

Desempenho

Custos

Opção 2

Opção 3 Modificar processo

Alternativa Tecnológica

Práticas de trabalho alternativas Outros

Page 69: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

69

Esta árvore pode ser mais ou menos abrangente dependendo de como a

questão ambiental e a função do processo em análise são estabelecidas.

Os casos a seguir ilustram esta questão:

- Formulando o problema como:

� Questão ambiental: Substituir o PCE nas lavagens a seco

� Função do processo: Lavagem a seco a base de solventes

O próximo passo relativo à busca de alternativas fica muito restrito, pois a

função limita a um processo de lavagem a seco a base de solventes.

- Formulando o problema como:

� Questão ambiental: Eliminar o PCE das lavagens a seco

� Função do processo: Lavagem a seco

Diminuindo-se as restrições da função do processo, é possível uma busca

mais abrangente de alternativas, que vão desde outras opções de

solventes a alternativas tecnológicas. Para este exemplo, avaliaram-se

alternativas tais como: HCFC’s em desenvolvimento, solventes menos

voláteis, novas tecnologias como injeção de nitrogênio e limpeza com

oxigênio sob vácuo.

A magnitude desta abrangência deve ser avaliada de modo a tornar o

estudo atrativo dentro de prazos viáveis.

Na etapa de avaliação das saídas o julgamento das alternativas é

realizado juntamente com a análise de sensibilidades.

Os casos de utilização da CTSA em parceria com a USEPA vêm

conduzindo resultados positivos em termos de ganhos ambientais e

econômicos para as companhias envolvidas. Um exemplo deste tipo de

trabalho foi o projeto PWB - Printed Wiring Board (placa para circuito

impresso) desenvolvido pela USEPA em parceria com as indústrias do

setor. (USEPA, 1997).

Page 70: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

70

3.7. DFE – ALGUMAS ABORDAGENS PRÁTICAS RELEVANTES

A seguir serão apresentados alguns casos relevantes de implementação

na indústria bem como algumas formas interessantes de fomento do tema

adotadas pelos governos dos Estados Unidos, Dinamarca e Japão.

3.7.1. Casos Industriais Relevantes

Alguns casos de utilização dos princípios de prevenção de perigos

ambientais e ocupacionais na fase de projeto são referenciados a seguir:

A. MONSANTO:

Em 1991 a Monsanto desenvolveu um novo processo para produção do

DSIDA (Disódioiminodiacético), produto intermediário para a produção do

herbicida Roundup®. O processo anterior utilizava ácido cianídrico,

amônia e formalin (formaldeído, 37% w/w), bem como os efluentes gerados

eram depositados em poços profundos. Com a crescente demanda para a

produção do Roundup® as preocupações com os impactos ambientais

relativos a geração de efluentes, e manipulação de HCN aumentaram,

impulsionando a necessidade de desenvolver uma nova rota para a

produção do DSIDA. O novo processo utiliza a soda cáustica e a

dietanolamina em presença de catalisador. Praticamente não gera

efluentes e produz uma corrente gasosa rica em hidrogênio, que pode ser

queimada em flare (tocha), misturada com gás natural para queima em

caldeiras ou mesmo vendido. (D. Little, 2001).

B. NOVARTIS CROP PROTECTION AG:

A Novartis Crop Protection AG, desenvolveu um programa de avaliação

dos solventes intermediários de seus processos. Aproximadamente 30

tipos de solventes eram manipulados. O critério de avaliação incluiu

considerações tais como: tratabilidade, toxicidade no ar ambiente,

aspectos de higiene (carcinogenicidade, limites de exposição, toxicidade,

etc.), energia necessária para evaporação, habilidade para reciclagem

Page 71: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

71

interna no processo, preferência por compostos não halogenados, entre

outras.

A conclusão da avaliação indicou a utilização de nove solventes

preferenciais. Equipamentos e tancagens foram alterados para

adequação a nova realidade. Apenas em uma unidade piloto, a economia

obtida chegou a US$ 33.000,00/ano. (D. Little, 2001).

C. USEPA:

Outros casos de implementação do DfE, foram desenvolvidos pela

indústria em parceria com a USEPA. Uma listagem que resume os

principais projetos e as pessoas de contato encontra-se disponível no

documento Programa DfE - Design For Environment Program. (USEPA,

2001). A seguir estão listados alguns destes projetos:

� Projeto PWB - Printed Wiring Board (placa para circuito impresso),

buscando-se a minimização dos impactos no processo de

manufatura, reduzindo-se os consumos de água e energia, bem

como a substituição de produtos químicos tóxicos (USEPA, 1997).

� Projeto Industrial / Institucional de Formulações para Limpeza,

buscando-se desenvolver juntamente com as indústrias produtoras

de detergentes, formulações menos impactantes ao meio

ambiente,

� Indústria de Mobiliário: Estudos para substituição de solventes e

adesivos na industria de mobiliários que trabalham com espumas,

visando a minimização dos impactos ambientais e ocupacionais.

D. ENVIRONMENT AUSTRALIA:

A agência ambiental australiana também possui um programa de parceria

e fomento do DfE. Alguns casos relevantes podem ser encontrados no

documento, “A Vantagem Verde. Uma Introdução ao DfE para os

Negócios Australianos” - The Green Advantage. An Introduction to Design

Page 72: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

72

for Environment for Australian Business, (ENVIRONMENT AUSTRALIA,

2001). A seguir estão apresentados alguns destes casos:

� Caroma Australia Company: Redução do consumo de água em

banheiros e minimização dos impactos de disposição final através

do redesenho de válvulas de descarga,

� Reln Plastics Ltd: Modificações nas embalagens de produtos

domésticos para redução de resíduos sólidos,

� Fugi Xerox: Redesenho de máquinas de escritório (máquinas

copiadoras, por exemplo) visando a remanufatura dos

equipamentos e suas partes individuais, sob um processo de

restauração deixando-os “como novo”. Este enfoque visa minimizar

os impactos no processo de manufatura.

3.7.2. Casos de Fomento do DfE nos Estados Unidos,

Dinamarca e Japão

Este item tem o objetivo de apresentar três formas diferentes de fomentar

a implementação do DfE, não se afirmando aqui, serem estas as únicas

ações adotadas pelos governos destes países na abordagem do tema.

Estas estratégias de fomento são interessantes, pois utilizam diferentes

canais de comunicação para despertar o interesse das empresas:

� Estados Unidos, através da criação de um programa de adoção

voluntária com parceria governo / empresas,

� Dinamarca, através de parcerias entre governo e empresas para a

criação de programas de capacitação de engenheiros e projetistas,

� Japão, através de um programa de incentivo econômico, a

“Compra Verde”, onde foram estabelecidos padrões para

minimização dos impactos ambientais de materiais, mobiliário e

equipamentos a serem fornecidos aos órgãos do governo.

Page 73: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

73

A. ESTADOS UNIDOS

No início da década de 90, a Agência de Proteção Ambiental Americana,

United States Environmental Protection Agency – USEPA, passou a

reconhecer a importância de se desenvolver programas com enfoque em

tecnologias limpas e seguras em parceria com as indústrias, no projeto de

produtos, processos e tecnologias ambientalmente corretas e

competitivas.

A USEPA procurou fomentar a inserção de considerações de saúde,

segurança e meio ambiente no nascedouro das idéias, nos novos

projetos, operações e processos, um conceito também conhecido como

Química Verde, promovendo a pesquisa, desenvolvimento e

implementação de tecnologias químicas inovadoras que prevenissem

impactos sob um ponto de vista científico e viável economicamente.

(USEPA, 2001).

Em 1991, A USEPA criou o programa Design for Environment (DfE). O

programa foi criado em caráter voluntário com o objetivo de fomentar o

projeto e o uso de processos mais limpos e seguros. Os princípios do DfE

incluíam:

� A redução do risco através da prevenção da poluição,

� Dar poder às indústrias de articular e definir metas ambientais,

� Integrar objetivos econômicos e desempenho ambiental no

redesign dos sistemas de gerenciamento e de processos

produtivos,

� Criar uma nova parceria entre governo e setor privado.

Dentro destes princípios pode-se perceber a intenção da USEPA em

fomentar a idéia de que “preservar dá dinheiro”, trazendo para o programa

o enfoque econômico, tornando-o mais atrativo para os dirigentes de

empresas.

Page 74: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

74

Também se verifica que a USEPA procurou tornar a implantação mais

fácil adotando correlações com outros programas e entidades. Por

exemplo:

� Articulação com o Programa de Gerenciamento de Riscos da

OSHA (Occupational Safety and Health Administration), o PSM

(Process Safety Management),

� Coordenação das ações com os setores industriais, governos e

grupos acadêmicos que suportam a prevenção da poluição. Isto

aumenta a participação e o comprometimento com os diversos

setores da sociedade.

� Identificação de incentivos que encorajem investimentos na

prevenção da poluição. Novamente o enfoque econômico,

fomentando junto aos órgãos de desenvolvimento do governo e

setor privado a iniciativa de pensar em melhorias ambientais como

um negócio lucrativo.

� Criação de produtos de informação de fácil uso, como cases,

artigos, sites na internet, etc. A criação de material técnico e

institucional de propaganda, além de fácil acesso às informações

facilitam o contato com o programa.

� Facultando às empresas a implementarem o programa segundo

suas peculiaridades.

O Programa DfE da USEPA promove uma sistematização do processo de

implementação, incluindo:

� Identificação de um leque de tecnologias, produtos e processos

que podem ser usados para desenvolver uma função particular

com a indústria e as oportunidades de prevenção da poluição

correlatas.

� Avaliar e comparar riscos, desempenho, e alternativas econômicas,

� Disseminar informações relevantes na comunidade industrial,

Page 75: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

75

� Promover a melhoria contínua.

Mesmo estando em implantação desde 1992, pode-se perceber que ainda

há um caminho razoável a ser percorrido no que se refere ao uso desta

iniciativa de forma ampla. Discutindo-se esta abrangência com

engenheiros e técnicos da área de saúde, segurança e meio ambiente,

durante o Seminário Internacional sobre Gerenciamento de Riscos

verificou-se que a aplicação destes princípios ainda tende a estar mais

concentrada nas avaliações realizadas pelos técnicos da área ambiental,

inclusive em corporações americanas. O conceito ainda não se encontra

claramente adotado através de procedimentos ou guidelines, nem está

disseminado ao nível dos engenheiros de segurança, de projetos e de

processos (Araújo, 2002).

B. DINAMARCA

Em 1996 a Agência de Proteção Ambiental Dinamarquesa, juntamente

com a Confederação das Indústrias Dinamarquesas, o Instituto para o

Desenvolvimento de Produtos e cinco grandes companhias

desenvolveram um programa para a criação de metodologias e

ferramentas para o projeto de produtos ambientalmente mais amigáveis.

Estas ferramentas foram criadas com o objetivo de auxiliar os projetistas a

desenvolverem avaliações comparativas de produtos.

Estas ferramentas foram denominadas EDIP - Environmental

Development of Industrial Products (Desenvolvimento Ambiental de

Produtos Industriais).

Em 1998, visando disseminar a inserção das considerações ambientais

no projeto de novos produtos, vários seminários foram promovidos pela

Agência de Proteção Ambiental Dinamarquesa, onde projetistas tiveram a

oportunidade de conhecer e discutir métodos e tecnologias disponíveis,

tais como:

� Aspectos ambientais no desenvolvimento de produtos,

� Condições para a proteção ambiental na indústria,

Page 76: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

76

� Uso da Análise do Ciclo de Vida,

� Análise de impactos ambientais.

Apesar de não se evidenciar a adoção de um amplo programa de Design

for Environment, em todos as fases do ciclo de vida do processo

produtivo, a estratégia adotada pela Danish EPA para fomentar o projeto

de produtos ambientalmente menos impactantes é muito relevante, pois

tem o foco na transferência de conhecimentos diretamente para os

projetistas.

Esta estratégia vem exemplificar uma forma de disseminação da iniciativa

diretamente para o nível dos executantes, requisito já citado

anteriormente como um dos fatores para o sucesso da implementação

dos conceitos de prevenção dos perigos ambientais, ocupacionais e do

emprego de tecnologias mais limpas na indústria.

C. JAPÃO

Uma outra forma prática de fomentar a implementação do DfE é através

de incentivos econômicos. Este tipo de estratégia, já foi citado

anteriormente ao comentar-se a Figura 5 no que se referia a instrumentos

reguladores em direção ao desenvolvimento sustentável, iniciando pela

Legislação de Comando e Controle evoluindo-se para acordos

reguladores e incentivos econômicos.

Este tipo de prática pode ser exemplificada através da política básica para

a compra verde adotada pelo governo japonês.

O Japão possui uma população bastante numerosa com uma estrutura de

espaço restrita e extremamente consumidora de bens duráveis, como os

equipamentos eletro-eletrônicos, o que representa um problema na

geração de resíduos sólidos e um desafio no projeto de produtos

ambientalmente menos impactantes.

A política para a compra verde define que os órgãos governamentais

devem adquirir produtos com baixo impacto ambiental. Para tanto, são

definidos padrões para diversos produtos (Government of Japan, 2001).

Page 77: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

77

A seguir, pode-se ver um exemplo de padrões mínimos de projetos que

devem ser observados pelos órgãos governamentais para adquirirem

seus produtos:

TABELA 3: Padrões de Projetos de Produtos (Government of Japan, 2001)

Na Tabela 3 estão apresentados os requisitos mínimos de projeto para

peças de mobiliário: cadeiras, mesas, prateleiras, etc.

Ao apresentar estes requisitos mínimos para fornecimento de bens

duráveis para suas instalações, o governo japonês impulsiona o mercado

nos seguintes pontos principais:

� Reestruturação dos processos produtivos das empresas que se

propõe a fornecer para o governo. Uma vez que estes processos

foram alterados ou novos processos foram construídos para

produzir produtos menos impactantes, um novo perfil de produtos

passará a ser ofertado no mercado,

� Desperta uma mudança no perfil de consumidores de bens

duráveis, alertando para o problema da disposição final destes

produtos,

Page 78: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

78

� Sinaliza uma nova forma de tratar o problema da geração de

resíduos, através da redução dos impactos na fonte.

3.8. CONCLUSÃO

Neste capítulo, procurou-se ressaltar que o bom entendimento do

processo de projetar é fundamental na implementação do DfE, pois as

oportunidades de inserção tornam-se mais claras.

Discutiu-se ainda que dentre as várias fases do projeto, é na etapa de

pesquisa que as oportunidades de inserção do DfE tornam-se mais

relevantes, com ênfase nos aspectos de prevenção, ou seja, no emprego

de tecnologias, processos e práticas mais limpas, onde a escolha de uma

tecnologia ou processo deve ser conduzida utilizando-se metodologias

adequadas para análise de alternativas aumentando as chances de

viabilizar projetos ambientais com um bom retorno financeiro.

Para finalizar, foram apresentados alguns exemplos de implementação do

DfE na indústria americana e australiana, bem como algumas ações de

fomento do tema adotadas pelos Estados Unidos através da criação de

um programa de adoção voluntária com parceria governo / empresas;

Dinamarca, através de parcerias entre o governo e empresas para a

criação de programas de capacitação de engenheiros e projetistas; e

Japão através de um programa de incentivo econômico, a “Compra

Verde”.

Tendo-se concluído o entendimento do DfE no processo de projetar e

vislumbrando-se os ganhos potenciais com a sua aplicação, o próximo

passo será então, iniciar as discussões sobre estratégias de

implementação.

O próximo capítulo inicia esta abordagem focando a discussão em uma

implementação integrada do DfE a um sistema de gestão, considerando

que esta é a estratégia proposta nesta dissertação para inserção do DfE

na Monsanto Nordeste S/A.

Page 79: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

79

4. DESIGN FOR ENVIRONMENT (DfE) E SISTEMAS DE GESTÃO

4.1. INTRODUÇÃO

No capítulo anterior apresentou-se o DfE no processo de projetar, e

alguns casos de aplicação com ganhos ambientais e financeiros que

evidenciam a potencialidade da iniciativa.

Vislumbrando-se estes benefícios e considerando-se que uma

implementação inadequada pode reprimir estes ganhos, neste capítulo,

será apresentada uma estratégia de implementação do DfE integrada a

um sistema de gestão ambiental.

Este tipo de abordagem integrada tem como vantagens principais, a

integração com uma iniciativa que já faz parte da gestão do negócio como

também a sua potencialização, considerando-se que serão contempladas

as vantagens das iniciativas individuais.

O objetivo deste capítulo é abordar a integração numa empresa dos

princípios do DfE com um sistema de gestão ambiental pré-existente,

considerando-se que será esta a rota proposta para inserir o DfE na

Monsanto Nordeste S/A. Para exemplificar este tipo de estratégia,

apresenta-se a experiência prática da USEPA, através do seu Sistema de

Gestão Ambiental Integrado (IEMS).

4.2. SISTEMAS DE GESTÃO

4.2.1. Visão Geral

Um sistema de gestão ambiental tem o objetivo de prover uma estrutura

de gerenciamento direcionando as empresas na integração das questões

ambientais ao conjunto de atividades do negócio, visando a melhoria do

seu desempenho ambiental.

Um exemplo de sistema de gestão ambiental é o proposto pela norma

ISO 14.001, desenvolvido pela organização internacional de normas, ISO

Page 80: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

80

– International Standards Organization que, em linhas gerais, possui os

seguintes requisitos:

� Desenvolvimento de uma política ambiental que exponha o

compromisso da empresa em relação ao desempenho ambiental,

� Elaboração de um planejamento das ações através do

estabelecimento dos objetivos e metas considerando os seus

impactos ambientais e o atendimento à legislação,

� Organização e estruturação das atividades operacionais.

Recomendando-se uma estrutura de responsabilidades, programa

de treinamento, elaboração de procedimentos e controle de

documentos, controle operacional, preparação e atendimento a

emergências e comunicação,

� Verificação e ação corretiva contemplando o monitoramento e

medição, a definição do tratamento das não conformidades, ações

corretivas e preventivas, registros necessários para evidenciar o

atendimento aos requisitos e o estabelecimento de um programa

de auditorias,

� Análise crítica.

Estruturas simulares são propostas por outros sistemas de gestão como,

por exemplo:

� BS 8.800 – Sistema de Gestão de Saúde Ocupacional e

Segurança: “Occupational Health and Safety Management

Systems”.

� OHSAS 18.001 – Série de Avaliação de Segurança e Saúde no

Trabalho: “Occupational Health and Safety Management Systems”.

� NBR ISO 9.001:2.000 – “Sistemas da Qualidade: Modelo para

Garantia da Qualidade em Desenvolvimento, Produção, Instalação

e Serviços Associados”.

Page 81: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

81

Em busca de aumentar competitividade no mercado, verifica-se uma

demanda crescente das empresas pela obtenção de certificações nestes

sistemas.

Segundo a QSP - Centro da Qualidade, Segurança e Produtividade para

o Brasil e América Latina (2003), até setembro de 2003 a quantidade de

empresas certificadas, no Brasil eram:

� ISO 9001.2000 (Sistema de Gestão da Qualidade): 3.337

empresas

� ISO 14.001 (Sistema de Gestão Ambiental): 632 empresas

� OSHAS 18.001 / BS 8.800 (Sistemas de Gestão de Saúde e

Segurança): 107 empresas

Conforme citado no Capítulo 1, os sistemas de gestão, mesmo

contribuindo para a melhoria do desempenho ambiental das empresas,

não são suficientes para direcioná-las no sentido da eliminação dos

perigos, da poluição e do resíduo zero.

Segundo Furtado (2001b, p.1) “A certificação não qualifica a empresa

para a PL ou P+L, mas a adoção das duas últimas dará substancial

aumento no perfil de excelência, do ponto de vista da responsabilidade

ambiental e em relação à concorrência, se complementada pela obtenção

da ISO 14.001”.

Um Programa de DfE fornece as ferramentas e orientações mais

específicas para se buscar a excelência ambiental através da prevenção

da poluição. Adicionalmente, o DfE encoraja as empresas a considerarem

as questões ambientais e de saúde e segurança no nascedouro dos

projetos focando no uso de tecnologias mais limpas.

Por que, então, não integrar estas iniciativas e assegurar um melhor

desempenho ambiental?

Na verdade, o que se busca aqui é a utilização de um sistema de gestão

mais robusto e voltado para a prevenção dos perigos e da poluição, bem

Page 82: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

82

como integrado com as demais iniciativas das empresas como os

sistemas de gerenciamento de saúde, segurança e qualidade.

Um sistema de gestão deve ter esta abrangência sob pena de perder

prematuramente sua eficácia.

A necessidade desta abrangência é vista por Vianna apud Souza e

Andrade (1996, p.165), “o gerenciamento ambiental pode ser definido

como a integração dos sistemas organizacionais e programas a fim de

permitir: o controle e a redução dos impactos no meio ambiente devido a

operações e produtos; cumprimento das leis e normas ambientais,

desenvolvimento e uso de tecnologias apropriadas para minimizar ou

eliminar resíduos industriais; monitoramento e avaliação dos processos e

parâmetros ambientais, eliminação ou redução dos riscos ao meio

ambiente; utilização de tecnologias limpas com o objetivo de minimizar os

gastos de energia e de materiais; melhoria do relacionamento com a

comunidade e o governo; antecipação de questões ambientais que

possam causar problemas ao meio ambiente, particularmente à saúde

humana.”

4.2.2. Integração

A implementação dissociada dos sistemas de gestão de saúde,

segurança, meio ambiente e da qualidade geram problemas de aceitação

pelo público interno das organizações, que recebe vários “pacotes” sem a

preocupação de serem coerentes entre si, representando, na prática,

várias peças de um “quebra-cabeças”.

A integração entre as iniciativas ambientais, de saúde, segurança e

qualidade parece ser o caminho mais coerente para a obtenção de

melhores resultados nos aspectos de gerenciamento.

A implementação de um sistema de gestão integrada, potencializado pela

inserção do DfE, torna-o mais “orientado para o resultado” enfatizando a

prevenção da poluição, eliminação e redução do risco para as pessoas e

Page 83: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

83

para o meio ambiente, gerenciamento inteligente dos recursos e mais

competitividade econômica.

Considerando a base de um Sistema de Gestão Ambiental proposto pela

ISO 14.001 já implementado por uma série de empresas nos Estados

Unidos, e os princípios do DfE foi possível para a USEPA propor um

sistema integrado denominado IEMS (Integrated Environmental

Management System).

A experiência da USEPA está aqui apresentada, em função do seu grau

de estruturação e por já estar sendo largamente aplicada.

A USEPA (2002), recomenda a implementação de um IEMS através dos

seguintes passos principais:

QUADRO 4: Passos principais para implementação de um IEMS. (USEPA, 2000)

Page 84: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

84

O quadro apresenta os passos gerais para implementação do IEMS pela

USEPA. Para facilitar o entendimento dos passos propostos, adicionou-se

a primeira coluna agrupando-os segundo a abordagem do ciclo PDCA –

Plan (planejar) – Do (fazer) – Check (verificar) – Act (Corrigir e melhorar).

A USEPA através de dois documentos-base propõe o processo de

implementação:

� Guia de Implementação – Sistema de Gestão Ambiental Integrado

(Integrated Environmental Management Systems - Implementation

Guide), que apresenta os detalhes da estratégia de implementação

do IEMS. (USEPA, 2000).

� Sistema de Gestão Ambiental – Incorporando o DfE na sua Política

Ambiental – Proposta (Environmental Management Systems -

Incorporating DfE Into Your Environmental Policy—DRAFT).

USEPA (1999a)

O IEMS, devido a sua integração com o DfE, diferencia-se dos sistemas

de gestão tradicionais, particularmente, nos passos: 5, 7 e 10 do Quadro

2, conforme detalhado a seguir:

a) Passo 5 do IEMS, onde deve-se escolher indicadores de

desempenho que reflitam o esforço empregado, principalmente em

ações de prevenção. Este assunto será abordado com mais

detalhes no Item 6.2.2.1.2.

b) Passo 7 do IEMS. No passo de execução, o DfE deve contribuir

dando um caráter mais objetivo no uso de práticas, processos e

tecnologias mais limpas. Para isso, deve-se utilizar ferramentas

que suportem estas ações.

A USEPA (2000) ressalta, no seu guia de implementação, o uso de

alguns princípios e ferramentas, tais como:

� Identificar e comparar alternativas tecnológicas e avaliar os

seus impactos externos ao negócio (sociais, regulatórios,

etc.),

Page 85: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

85

� Usar técnicas de análises de alternativas em novos projetos.

Os itens 3.5 e 3.6 desta dissertação abordam este tema.

� Usar os princípios hierárquicos da prevenção da poluição

para avaliar e enfocar tratamentos de questões ambientais.

A figura a seguir é apresentada no guia de implementação

da USEPA, realçando a prioridade das ações de redução na

fonte:

FIGURA 13: Princípios Hierárquicos da Prevenção da Poluição. (USEPA, 2000)

Este mesmo enfoque é apresentado por La Greca, Buckingham

e Evans (1994) estando apresentado no Item 2.2.1, Figura 1.

Redução na Fonte

Substitutos

Mudança no processo

Gerenciamento das práticas de trabalho

Reuso / Reciclagem

Controle Tecnológico

Disposição

Redução na Fonte

Substitutos

Mudança no processo

Gerenciamento das práticas de trabalho

Reuso / Reciclagem

Controle Tecnológico

Disposição

Page 86: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

86

� Integrar as considerações ambientais nas decisões diárias

incluindo desempenho e custos de forma a prover uma

solução competitiva,

� Trabalhar em parceria com as partes interessadas e com a

participação dos empregados na avaliação e escolha de

alternativas, encorajando uma comunicação aberta.

� Promover a melhoria contínua do processo de avaliação de

alternativas, buscando soluções inovadoras e promovendo a

capacitação de seus técnicos.

c) Passo 10 do IEMS, onde o processo de melhoria contínua deve ser

claramente identificado pela verificação do resultados atingidos

através das metas e indicadores, procurando-se correlacionar com

os benefícios econômicos obtidos. Este passo diferencia-se dos

sistemas de gestão tradicionais pois há um compromisso mais

objetivo com os princípios da prevenção, tais como: evitar geração

de resíduos, exploração sustentável das fontes de matérias-primas

e recursos naturais e o uso de indicadores que representem estas

melhorias. (Furtado, 2001b).

4.3. CONCLUSÃO

Neste capítulo discutiu-se sobre a integração do DfE com um sistema de

gestão ambiental, destacando-se as diferenças para um sistema de

gestão convencional.

O que se espera como resultado desta integração é um sistema de gestão

mais robusto e tendo a sua melhoria contínua mais orientada para o

resultado.

Ressaltaram-se os passos de:

� Definição de indicadores de desempenho com ênfase em

prevenção,

Page 87: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

87

� Execução dos projetos e das rotinas operacionais orientadas para

o emprego de tecnologias, processos e práticas mais limpas,

Com o objetivo de apresentar uma experiência prática, utilizou-se o IEMS

– Sistema de Gestão Integrada da USEPA, para demonstrar o perfil dos

passos da integração.

No próximo capítulo apresenta-se a Monsanto Nordeste S/A, o processo

produtivo e seu Sistema de Gestão Integrada visando a identificação de

oportunidades de aplicação dos princípios da produção mais limpa e do

DfE.

Page 88: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

88

5. MONSANTO NORDESTE: PROCESSO, RESULTADOS E SISTEMA

DE GESTÃO INTEGRADA

5.1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste capítulo é apresentar de forma geral a Monsanto

Nordeste S/A visando contextualizar o ambiente onde se deseja

implementar o DfE, o Sistema de Gestão Integrada, bem como o enfoque

dado pela empresa às questões de prevenção de perigos e da poluição.

5.2. A FÁBRICA

A Monsanto Nordeste S/A é subsidiária da Monsanto do Brasil Ltda. É o

maior complexo industrial da Monsanto no Brasil e o primeiro a produzir,

fora dos Estados Unidos, a matéria-prima básica (Ácido Fosfonometil

Imino DiAcético) do herbicida RoundUp, produto comercializado em mais

de 100 países e líder no mercado. Com essa fábrica o Brasil não só deixa

de importar matérias primas como também passa a exportar,

principalmente para a Argentina.

Concebida em 1998, iniciou suas operações em outubro de 2001. As

matérias-primas e insumos são fornecidos como se segue:

� Fósforo: Produto importado, vem em isotanques. Os fornecedores

são a própria Monsanto e a Thermophos.

� Cloro: Fornecido através de tubovia (cloro gás). O fornecedor é a

Braskem – Vinílicos – Cloro/Soda – Bahia.

� Soda Cáustica: Fornecida através de tubovia. O fornecedor é a

Braskem – Vinílicos – Cloro/Soda – Bahia.

� Formaldeído: Fornecido através de tubovia. O fornecedor é a

Copenor.

� Dietanolamina: Produto importado. Recebido e estocado na

Brasterminais e na Monsanto. Transportado do terminal à

Monsanto através de carretas-tanque.

Page 89: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

89

� Catalisador: Produto recebido em tambores de 200 litros. Fornecido

pela Degussa.

� Utilidades: Fornecidas em tubovias pela Braskem – Unidade de

Insumos Básicos.

A fábrica está instalada em um terreno de 631 mil metros quadrados no

Pólo Petroquímico de Camaçari, tendo três unidades de produção de

insumos químicos para a produção do Herbicida RoundUp:

PCl3 – Tricloreto de Fósforo

DSIDA – Ácido DiSódico Imino DiAcético

PIA – Ácido Fosfonometil Imino DiAcético

FIGURA 14: Unidades de Produção da Monsanto Nordeste e seus clientes.

Os fluxogramas das unidades individuais estão ilustrados nas figuras a

seguir.

Ao longo da realização deste trabalho foram identificadas oportunidades

de produção mais limpa e serão apresentadas nos itens das descrições

dos processos das unidades de processos.

Unidade

PCl3

Unidade

PCl3

Unidade

DSIDA

Unidade

DSIDA

Unidade

CT

Unidade

PIA

PCL3 - Tricloreto

de Fósforo

DSIDA

PIA Glifosato

DEA - Dietanolamina

NaOH - Soda Caústica

CH2O - Formaldeido

Cl2 - Cloro

P4 - Fósforo

Catalisador

Unidades de São José

dos Campos-S.P. e

Zarate - Argentina

Planta de Camaçari

Unidade

A&F

Unidade

PCl3

Unidade

PCl3

Unidade

DSIDA

Unidade

DSIDA

Unidade

CT

Unidade

PIA

PCL3 - Tricloreto

de Fósforo

DSIDA

PIA Glifosato

DEA - Dietanolamina

NaOH - Soda Caústica

CH2O - Formaldeido

Cl2 - Cloro

P4 - Fósforo

Catalisador

Unidades de São José

dos Campos-S.P. e

Zarate - Argentina

Planta de Camaçari

Unidade

A&F

Page 90: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

90

5.2.1. Unidade de Produção do Tricloreto de Fósforo (PCl3)

FIGURA 15: Unidade do PCl3.

O tricloreto de fósforo é produzido através da reação, em um processo

contínuo, entre fósforo elementar e cloro gás em presença de um leito de

PCl3.

Durante a fase de projeto desta unidade, optou-se pela compra de cloro

gás ao invés de cloro líquido e não instalação de vasos de estocagem,

atuando-se na prevenção e reduzindo-se os perigos na fonte, conforme

os princípios do DfE. Para exemplificar, nas condições em que o cloro gás

é enviado na tubovia, a sua massa específica é de aproximadamente 13,4

Kg/m3. Caso o cloro fosse enviado no estado líquido a sua massa

específica seria de 1194 Kg/m3, nas condições de processo. Portanto, em

CLOROGÁS

CONDENSAÇÃO E

PURIFICAÇÃO

ESTOCAGEM DE PRODUTO

PCL3

TANQUE DE RESÍDUOS

LAVADOR

DESCARGA / ESTOCAGEM DE

FÓSFORO

REATOR

LAVADOR

Emissão gasosa

CETREL

CETRELCETREL

Emissão gasosa

Efluente Líquido

CLOROGÁS

CONDENSAÇÃO E

PURIFICAÇÃO

ESTOCAGEM DE PRODUTO

PCL3

TANQUE DE RESÍDUOS

LAVADOR

DESCARGA / ESTOCAGEM DE

FÓSFORO

REATOR

LAVADOR

Emissão gasosa

CETREL

CETRELCETRELCETRELCETREL

Emissão gasosa

Efluente Líquido

Page 91: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

91

caso de vazamentos na tubovia uma quantidade, aproximadamente, 90

vezes maior de cloro seria liberado se o transporte fosse feito no estado

líquido.

O PCl3 produzido é vaporizado no reator, sendo posteriormente

recuperado em um sistema de condensadores e enviado para os tanques

de estocagem.

O produto, nos tanques de estocagem, é mantido em atmosfera inerte de

nitrogênio e bombeado para a unidade de produção de N-Fosfonometil

Iminodiacético (PIA) de acordo com as necessidades de produção

daquela unidade (ver Figura 17).

Os gases provenientes do sistema de condensação-purificação são

enviados para um sistema de lavagem de gases de processo e os

efluentes líquidos desta operação, são enviados para o sistema de

efluentes de processo e posteriormente para o tanque de equalização

(Sistema Orgânico-SO) e Cetrel – Central de Tratamento de Efluentes do

Pólo Petroquímico de Camaçari.

As emissões atmosféricas desta unidade, na saída do lavador de

processos é composta, basicamente, de vapores de água e traços de HCl.

A eficiência de remoção dos vapores de HCl produzidos é de 99,99%.

O efluente líquido do lavador é gerado pela água de abatimento de gases,

onde há uma adição de soda cáustica para otimizar o processo de

remoção. A vazão desta corrente é de aproximadamente 600 Kg/h e

enviada à Cetrel.

Com periodicidade trimestral o reator é parado para limpeza, quando são

removidos contaminantes que acompanham o fósforo. As linhas

pontilhadas do fluxo ilustram este fluxo. O efluente líquido gerado é

enviado ao tanque de resíduos, seguindo para a Cetrel.

Dentro do enfoque de produção mais limpa, verifica-se uma oportunidade

de atuação junto aos fornecedores de P4 (fósforo), no sentido de

aumentarem a pureza do mesmo, o que poderia propiciar a redução na

Page 92: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

92

freqüência de paradas bem como eliminar ou reduzir a presença de

arsênico no efluente orgânico.

5.2.2. Unidade de Produção do DSIDA – Ácido DiSódico Imino

DiAcético

FIGURA 16: Unidade do DSIDA

O DSIDA (disódioiminodiacético) é produzido em bateladas. A reação

ocorre pela adição de hidróxido de sódio e dietanolamina na presença do

catalisador CuPtC (cobre-platina suportado em carvão). Como se trata de

uma reação endotérmica, adiciona-se vapor d’água à jaqueta do reator de

forma controlada. O produto vaporizado no reator, é condensado e

retorna ao reator. Durante a fase reacional hidrogênio é produzido e

queimado em tocha ou “flare”. Apesar de não se ter a composição real

desta emissão, estima-se que, aproximadamente, 56 t/ano de hidrogênio

são geradas e lançadas para queima, não sendo aproveitadas.

ESTOCAGEM DE DEA

ESTOCAGEM DE SODA

CÁUSTICA

ESTOCAGEM DE CATALISADOR

REATORES

TOCHA (FLARES)

SISTEMA DE FILTRAÇÃO

ESTOCAGEM DE CATALISADOR

RECICLADO

COLETOR DE ÁGUA DE LAVAGEM

Emissão Gasosa

CATALISADORP/ RECICLAGEM

ESTOCAGEM DE PRODUTO

DSIDA

CETRELCETREL

ESTOCAGEM DE DEA

ESTOCAGEM DE SODA

CÁUSTICA

ESTOCAGEM DE CATALISADOR

REATORES

TOCHA (FLARES)

SISTEMA DE FILTRAÇÃO

ESTOCAGEM DE CATALISADOR

RECICLADO

COLETOR DE ÁGUA DE LAVAGEM

Emissão Gasosa

CATALISADORP/ RECICLAGEM

ESTOCAGEM DE PRODUTO

DSIDA

CETRELCETRELCETRELCETRELCETRELCETREL

Page 93: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

93

Após concluída a reação, água de refrigeração é adicionada à mesma

jaqueta, de modo a obter-se o DSIDA a uma temperatura adequada para

o processo de filtração subseqüente, separando o DSIDA do catalisador.

Após lavagem com água de processo em sistema fechado, o catalisador

em meio aquoso, é reutilizado como matéria-prima para o reator. Após

alguns ciclos de reutilização, o catalisador é enviado ao fornecedor para

reprocesso e recuperação da atividade.

O produto filtrado (DSIDA) é resfriado e enviado para os tanques de

estocagem de produto acabado.

Considerando-se as emissões geradas nesta unidade, o hidrogênio

formado durante a reação pode configurar alguma oportunidade para o

desenvolvimento de estudos de alternativas eco-econômicas que

viabilizem a sua utilização.

Algumas possíveis alternativas a serem consideradas para esta corrente

são:

a. Utilização como terminador de cadeia em reações de polimerização

na produção de resinas termoplásticas.

Considerando-se o Pólo Petroquímico como base de clientes

potenciais, estima-se uma necessidade atual de 30 t/ano – 35 t/ano

de hidrogênio com alto grau de pureza.

O preço de venda do hidrogênio para este fim, varia entre R$

1,73/Nm3 (tubovias) a R$ 2,3/Nm3 (cilindros).

O ganho potencial com a venda deste hidrogênio, considerando-se

56 t/ano e fornecimento em tubovia é de R$ 1.150.000,00/ano, o

que poderia viabilizar a instalação de uma unidade de purificação e

demais equipamentos intermediários que evitem interferências no

processo reacional.

Page 94: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

94

b. Utilização como gás de queima em células combustíveis para a

produção de vapor. A Monsanto consome cerca de 4.400 t/mês de

vapor de 42 Kgf/cm2 e 2.700 t/mês de vapor de 15 Kgf/cm2. O

máximo ganho energético possível representaria,

aproximadamente, 3,5% da energia mensal consumida,

representado uma economia potencial máxima de R$

150.000,00/ano. Seriam necessários investimentos em

equipamentos intermediários para captação da corrente e não

interferir no processo reacional, bem como em equipamentos para

geração de vapor.

c. Utilização como gás de queima para o oxidador térmico do PIA. O

que poderia representar uma economia potencial de R$

100.000,00/ano. Seriam necessários investimentos em

equipamentos intermediários conforme citado no item anterior.

Será necessário desenvolver-se uma avaliação técnico-financeira mais

detalhada para determinar a atratividade destes projetos.

Page 95: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

95

5.2.3. Unidade de Produção do PIA - Ácido Fosfonometil Imino

DiAcético

FIGURA 17: Unidade do PIA

O processo é composto pelas seguintes etapas:

• Hidrólise do Tricloreto de Fósforo (PCl3) / Acidificação do DSIDA

PCl3 é hidrolisado a ácido fosforoso (H3PO3) na presença de uma solução

aquosa de DSIDA. Esta reação é exotérmica e os vapores gerados são

resfriados em um condensador externo e retornados ao hidrolisador. Os

incondensáveis, ricos em HCl (ácido clorídrico) são enviados para o

sistema de recuperação onde 99,95% do HCl é abatido. Originalmente, o

efluente (HCl) era enviado para os tanques de equalização onde

juntamente com os outros efluentes líquidos da fábrica, era neutralizado

com NaOH (hidróxido de sódio)e posteriormente enviado para Cetrel

(Sistema Orgânico-SO).

Um projeto para aproveitamento desta corrente foi desenvolvido e a

Monsanto vem trabalhando em parceria com a Universidade Federal da

HYDROLIZADORESREATORES

CRISTALIZADORES

SISTEMA DE CENTRIFUGAÇÃO

SJC eZARATE

OXIDADOR TÉRMICO LAVADOR

DESCARGA/ESTOCAGEM DE

FORMALIN

PCl3

VENT

LAVADOR

VENT

SODACÁUSTICA

PCl3

CETRELCETREL

CETRELCETREL

CETRELCETRELSODA

CAUSTICA

DSIDA

HYDROLIZADORESREATORES

CRISTALIZADORES

SISTEMA DE CENTRIFUGAÇÃO

SJC eZARATE

OXIDADOR TÉRMICO LAVADOR

DESCARGA/ESTOCAGEM DE

FORMALIN

PCl3

VENT

LAVADOR

VENT

SODACÁUSTICA

PCl3

CETRELCETRELCETRELCETRELCETRELCETREL

CETRELCETRELCETRELCETRELCETRELCETREL

CETRELCETRELCETRELCETRELCETRELCETRELSODA

CAUSTICA

DSIDA

Page 96: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

96

Bahia através da rede MHEN8 no sentido de desenvolver uma utilização

para a corrente ácida oriunda da área do PIA. Esta corrente tem um teor

de HCl da ordem de 26%- 33%.

O potencial de redução de efluente é da ordem de 55.000 m3/ano com

benefícios econômicos que podem atingir R$ 5,7M/ano.

• Reação de Fosfonometilação / Neutralização

O ciclo do reator de fosfonometilação é iniciado com a carga de uma

batelada do hidrolisador. Esta carga contém H3PO3 (ácido fosforoso), IDA

(imino diacético), NaCl (cloreto de sódio), HCl (ácido clorídrico) e H2O

(água). Em seguida são adicionados o formaldeído (formalin) e o restante

da solução de DSIDA requerida pelo processo.

O formaldeído reage com o IDA e o H3PO3 para formar o PIA (ácido

fosfonometiliminodiacético). A reação é mantida a uma temperatura de

100oC através de um controle de temperatura com vapor de baixa

pressão circulando na jaqueta. O N-Fosfonometil Iminodiacético (PIA)

gerado, precipita no reator gerando uma lama (slurry).

Durante a reação, os vapores gerados são condensados e devolvidos ao

reator. Os gases incondensáveis são enviados para o lavador de gases

antes de serem enviados para o oxidador térmico.

O Oxidador Térmico utilizando gás natural como combustível, incinera

(~980°C) as correntes ricas em compostos orgânicos voláteis, geradas

nos reatores. Em caso de detecção de qualquer problema em seu

funcionamento, as correntes são automaticamente enviadas para o

Scrubber de Processo (Lavador de Gases), sendo abatidas com soda

cáustica em solução aquosa sendo o efluente aquoso direcionado para a

Cetrel.

8 Rede baiana para a otimização ambiental e controle de processos, tendo como instituição líder a Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, tendo como tema central a o desenvolvimento de metodologias, métodos, aplicação industrial e capacitação de recursos humanos em tecnologias de redes simultâneas de transferência de massa e energia, visando uma maior eco-eficiência nos processos produtivos da indústria baiana.

Page 97: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

97

• Cristalização / Centrifugação

A batelada do reator é descarregada por gravidade nos cristalizadores e

resfriada a 50oC. Para evitar a precipitação de NaCl é adicionada água ao

sistema.

Do cristalizador a lama é transferida para os tanques de alimentação das

centrífugas. O N-Fosfonometil Iminodiacético (PIA) é separado do liquor-

mãe e lavado com água numa centrífuga horizontal de velocidade

variável. O efluente é enviado para os tanques de equalização e

posteriormente enviados para CETREL (Sistema Orgânico-SO).

Após a centrífuga o N-Fosfonometil Iminodiacético (PIA), é acondicionado

em sacos plásticos de 23 toneladas dentro de contentores para envio a

outras unidades industriais da Monsanto.

Originalmente, os contentores transportavam 20 toneladas. Um trabalho

de otimização foi feito propiciando o transporte de 23 toneladas,

otimizando os custos com transporte e com incineração dos sacos

plásticos. Ainda pode-se verificar oportunidades para otimização desta

embalagem final, desde a não utilização ao seu reuso, reciclo.

5.2.4. Emissões atmosféricas

TABELA 4: Estimativa de Emissões Atmosféricas. Valores obtidos em 2002.

Page 98: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

98

Conforme já observado anteriormente há oportunidades atrativas de

minimização / eliminação das emissões de hidrogênio através da

reutilização da mesma.

A Tabela 4 apresenta as principais emissões atmosféricas da unidade.

As emissões de NOx provêm das reações de queima na tocha (flare) e no

oxidador térmico.

A estimativa de emissões do formaldeído foi obtida através de

amostragens no lavador de gases de processo do PIA.

A estimativa de emissões do HCl foi obtida através de amostragens nos

lavadores de gases de processo do PIA e do PCl3.

A estimativa de emissões de CH3Cl foi obtida na saída do oxidador

térmico. Avaliou-se a sua eficiência sendo encontrado 99,999999% para

destruição do cloreto de metila.

A estimativa de emissão de CO2 foi realizada por balanço de massa com

base no consumo anual de gás natural para queima na tocha (flare) e no

oxidador térmico.

5.2.5. Efluentes Líquidos

A rede de efluentes líquidos da unidade encontra-se representada na

Figura 18.

Page 99: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

99

FIGURA 18: Sistema de Coleta de Efluentes Líquidos: Orgânicos e Não Contaminados

Os efluentes gerados são classificados em orgânicos (SO) e efluentes de

águas não contaminadas (SN). Os valores médios de geração para 2002

encontram-se nas Tabelas 5 e 6:

TABELA 5: Geração de Efluentes Orgânicos. Média em 2002

TABELA 6: Geração de Águas Não Contaminadas. Média em 2002

Efluentes de Processo

Diques nas Areas de Processo

Area de Processo - Indus.(pisos,canaletas e ruas)

Torre de refrigeração(blowdown)Purgadores

Area Administrativa incluíndo telhados

Telhados e coberturasnas areas de processo

Area não utilizada

Area de Tancagem (diques) e Area de Des-

carregamento

Bacia ou Tanque deEqualização eEmergência

Bacia de Retenção(30 minutos de Chuvas)

Efluentes de sanitários eCozinha Industrial

Drenagem Natural

Sistema não-contamina-do CETREL

Sistema Orgânico -CETREL

Após 30 minutos abrir para sistemanão contaminado

Sem contaminantes

Sem contaminantes

Contaminada

Contaminada

Efluentes de Processo

Diques nas Areas de Processo

Area de Processo - Indus.(pisos,canaletas e ruas)

Torre de refrigeração(blowdown)Purgadores

Area Administrativa incluíndo telhados

Telhados e coberturasnas areas de processo

Area não utilizada

Area de Tancagem (diques) e Area de Des-

carregamento

Bacia ou Tanque deEqualização eEmergência

Bacia de Retenção(30 minutos de Chuvas)

Efluentes de sanitários eCozinha Industrial

Drenagem Natural

Sistema não-contamina-do CETREL

Sistema Orgânico -CETREL

Após 30 minutos abrir para sistemanão contaminado

Sem contaminantes

Sem contaminantes

Contaminada

Contaminada

Page 100: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

100

Os efluentes orgânicos (SO) são gerados a partir dos efluentes sanitários

e cozinha industrial e das unidades de processo.

Um tanque de coleta de efluentes em cada unidade produtiva recebe as

correntes de purga do processo, águas de lavagem e chuva. Destes

tanques os efluentes são direcionados aos tanques de equalização para

controle de pH e posteriormente para o Sistema Orgânico (SO) da Cetrel.

Aproximadamente, 95% do efluente orgânico é oriundo da unidade do PIA

sendo que a corrente de HCl, atualmente em fase de estudos para

desenvolvimento de mercado, representa aproximadamente 10% da

vazão de efluente orgânico gerado, já se considerando a soda cáustica

necessária à neutralização da mesma.

Os tanques de equalização são operados em série e mantidos no nível de

25% do seu volume. Neste sistema, há controle cáustico e ácido em linha

para ajuste do pH nos limites de 6 a 9.

O sistema de águas não contaminadas (SN) é composto pelas purgas das

torres de refrigeração e pelos efluentes oriundos das águas pluviais não

contaminadas.

As águas de chuvas oriundas dos telhados das áreas de produção e das

áreas administrativas (telhados e áreas asfaltadas) são direcionadas para

o sistema de coleta de águas pluviais da fábrica, e delas para o sistema

de águas não contaminadas (SN) da Cetrel.

Todo o material coletado nas áreas de contenção dos tanques de

estocagem e nas áreas de descarregamento são retidas até a interrupção

das chuvas e então amostradas e analisadas. Em caso de contaminação,

o material será bombeado para os efluentes do Sistema Orgânico (SO).

Caso contrário, será enviado para o Sistema de Águas Não

Contaminadas (SN).

A bacia de retenção de águas de chuva com capacidade de 7000m3, foi

dimensionada considerando uma recorrência (precipitação pluviométrica)

de 25 anos, durante um evento de 30 minutos. Após os 30 minutos

Page 101: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

101

iniciais, as águas são conduzidas para o Sistema de Águas Não

Contaminadas (SN) da Cetrel. Após o desvio para o Sistema de Águas

Não Contaminadas (SN), o material da bacia de retenção de águas

pluviais será amostrado e analisado. Se os resultados forem considerados

dentro dos limites, serão então bombeados para o SN. Se estiverem

acima dos limites permitidos, o conteúdo será bombeado o Sistema

Orgânico (SO).

Observando-se a Tabela 6, pode-se verificar que existem oportunidades

de utilização das águas pluviais, particularmente oriundas dos telhados

das edificações e áreas administrativas, retidas na bacia de água de

chuva, totalizando um volume anual de aproximadamente 16.000 m3, sem

grandes investimentos, através do redirecionamento das mesmas para

tanques de coleta, com utilização potencial em irrigação de jardins,

reabastecimento da bacia de incêndio entre outros, em complementação /

substituição a água potável oriunda de poço interno da unidade.

Outras oportunidades para utilização das correntes de purga de torres de

refrigeração e das águas pluviais oriundas dos diques de processos

devem ser melhor investigadas.

5.2.6. Resíduos Sólidos

TABELA 7: Geração de Resíduos Sólidos. Média 2002

A tabela anterior apresenta a geração média anual dos resíduos sólidos

da unidade.

Page 102: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

102

Os resíduos sólidos enviados para incineração são oriundos

principalmente: das atividades de pintura tais como: trapos e resíduos de

tintas e solventes contaminados; produtos químicos de laboratório;

resíduos de EPI’s contaminados com fósforo e sacos plásticos de

embalagem de PIA contaminados com o produto.

Os resíduos industriais são oriundos, principalmente, de EPI’s inutilizados,

resíduos de isolamentos, madeiras de pallets e embalagens de

equipamentos, sacos plásticos de peças e equipamentos, juntas, gaxetas,

entre outros.

Os resíduos ordinários são oriundos principalmente das atividades

administrativas e de refeitório.

O óleo enviado para reciclagem é oriundo das atividades de lubrificação e

as lâmpadas de mercúrio também são enviadas para uma empresa

recicladora.

Está em fase de implantação um programa de organização e limpeza com

vistas à redução dos resíduos sólidos gerados bem como um programa

de reciclagem dos resíduos ordinários e industriais.

O primeiro passo para a implementação do programa foi a criação de um

comitê e o levantamento detalhado dos resíduos gerados.

Os passos seguintes focarão na busca de alternativas para eliminação /

redução dos impactos, usando como referência o princípio hierárquico da

prevenção da poluição citado por La Greca, Buckingham e Evans (1994)

e ilustrado na Figura 1 desta dissertação.

5.3. SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA DA MONSANTO

NORDESTE S/A

A Monsanto Nordeste S/A, possui um Sistema de Gestão Integrada (SGI)

tendo como objetivo definir os meios, as inter-relações e organização

necessária para que se desenvolva, de forma consistente, um sistema de

gestão onde os aspectos de qualidade, meio ambiente, saúde e

segurança sejam identificados, monitorados e melhorados.

Page 103: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

103

O escopo normativo contempla as seguintes normas internacionais de

referência:

� NBR ISO 9001:2000 – “Sistemas da Qualidade: Modelo para

Garantia da Qualidade em Desenvolvimento, Produção,

Instalação e Serviços Associados”;

� NBR ISO 14001:1996 - “Sistema de Gestão Ambiental -

Especificação e Diretrizes para Uso”;

� OHSAS 18001 – Série de Avaliação de Segurança e Saúde no

Trabalho: “Occupational Health and Safety Management

Systems”.

Além destas normas internacionais, foram utilizados as seguintes

diretrizes corporativas e programas voluntários em andamento a nível

mundial na Monsanto:

� Programa de Atuação Responsável (AR), junto à ABIQUIM -

Associação Brasileira das Indústrias;

� Monsanto ESH (Environment, Safety and Health) Fundamental

Requirements – Requisitos Fundamentais de Saúde, Segurança e

Meio ambiente da Monsanto, conjunto de diretrizes elaboradas pela

equipe técnica corporativa da companhia, no intuito de

representarem os requisitos mínimos exigidos para cumprimento

por todas as unidades da corporação;

� Monsanto OM (Occupational Medicine) Fundamental Requirements

– Requisitos Fundamentais de Medicina Ocupacional da Monsanto,

conjunto de diretrizes elaboradas pela área técnica corporativa de

Medicina Ocupacional da companhia no intuito de representarem

os requisitos mínimos exigidos para cumprimento;

� Process Documentation and Management of Changes –

Documentação de Processo e Gerenciamento de Mudanças,

diretriz da Monsanto onde são apresentados os requisitos mínimos

Page 104: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

104

para gerenciamento do acervo tecnológico incluindo ações de

organização, gerenciamento de mudanças e guarda;

� QA - Quality Assurance Guideline – Guia de Garantia da Qualidade

da Monsanto onde são apresentados os requisitos para garantia da

qualidade do produto;

A Política Integrada de saúde, segurança, meio ambiente e qualidade da

Monsanto Nordeste preconiza:

Integrar a cadeia de produtos agrícolas de forma sustentável, gerenciando

os processos de trabalho em atendimento aos requisitos de qualidade,

meio ambiente, segurança e saúde, visando:

� Assegurar a base das operações buscando a excelência em

custos, volumes e qualidade dos produtos;

� Assegurar a liberdade de operação através do cumprimento pleno

das legislações, regulamentos aplicáveis, assim como prevenção,

controle e remediação dos perigos/riscos e aspectos/impactos que

resultem em danos às pessoas, ao meio ambiente e perdas

materiais.

� Assegurar um crescimento sustentável através de investimentos e

projetos que visam melhorar continuamente o desempenho do

negócio.

� Manter um ambiente vencedor através do envolvimento,

capacitação, diversidade e reconhecimento das pessoas.

Os objetivos do Sistema de Gestão Integrada bem como o escopo do

processo de gestão propriamente dito, encontram-se sumarizados no

Manual do Sistema de Gestão Integrada e, de forma descendente

imediata em 4 procedimentos, denominados procedimentos de sistema:

� Controle de Documentos e Registros e Identificação e Acesso aos

Requisitos Legais e Outros Requisitos

� Comunicação com as Partes Interessadas

Page 105: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

105

� Auditorias Internas

� Gerenciamento de Riscos

5.3.1. Mapeamento dos Processos Internos

A ISO 9001-2000 promove a adoção de uma abordagem de processo

para o desenvolvimento, implementação e melhoria da eficácia do sistema

de gestão da qualidade de uma organização.

Uma atividade que usa recursos e que é gerenciada de forma a

possibilitar transformação de entradas em saídas pode ser considerada

um processo. Freqüentemente a saída de um processo é a entrada para o

processo seguinte. Em uma organização, as áreas ou departamentos,

podem ser considerados “processos”.

Pode-se identificar algumas vantagens neste tipo de abordagem:

� Controle contínuo sobre a ligação entre os processos individuais

dentro do sistema de processos, bem como sua combinação e

interação.

� Entendimento das necessidades internas,

� Identificação de gargalos e retrabalho,

� Melhoria contínua de processos baseada em medições objetivas

A Monsanto Nordeste S/A, possui 14 processos internos (áreas):

� Processo de Produção

� Processo de Planejamento e Controle da Produção (PCP)

� Processo de Logística

� Processo de Aquisição

� Processo de Almoxarifado

� Processo de Manutenção

� Processo de Engenharia

� Processo de Automação

Page 106: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

106

� Processo de Laboratório

� Processo de Tecnologia

� Processo de Tecnologia da Informação (TI)

� Processo de Recursos Humanos (RH)

� Processo de Controladoria

� Processo de Gestão da Qualidade, Meio Ambiente, Segurança e

Saúde (QESH)

Para o ano de 2003 a empresa definiu 9 indicadores estratégicos,

vinculados à política, e 24 indicadores de processos que fazem parte do

acompanhamento periódico do desempenho da unidade, através das

análises críticas do SGI.

Os resultados de 2003 indicaram que, aproximadamente, 79% das metas

estabelecidas para estes indicadores foram atingidas. As metas não

atingidas estarão sendo reavaliadas na próxima análise crítica do sistema.

O Sistema de Gestão Integrada foi auditado pela BVQI - Bureau Veritas

Quality International em Dezembro de 2003 e tendo sido recomendada a

sua certificação. Nenhuma não conformidade foi encontrada.

Em 2002 e 2003 também ocorreram auditorias de saúde, segurança e

meio ambiente conduzidas pela área técnica corporativa da companhia

buscando-se evidenciar o cumprimento aos requisitos fundamentais.

Nenhuma não conformidade foi encontrada, e algumas sugestões de

melhoria foram apresentadas pelo grupo usando como referência boas

práticas realizadas em outras unidades da corporação.

Apesar dos princípios do DfE relacionados ao uso preferencial de

tecnologias e práticas mais limpas, fazerem parte das diretrizes da

unidade expressas no Manual do SGI, as potencialidades de ganhos

através do uso dos princípios desta iniciativa ainda não são de domínio e

conhecimento pleno entre os técnicos e engenheiros. Os próximos itens

Page 107: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

107

detalham este assunto e introduzem as oportunidades de integração do

DfE ao SGI.

5.4. SITUAÇÃO ATUAL DO DFE, PRÁTICAS DE PREVENÇÃO,

CONTROLE E REMEDIAÇÃO NA MONSANTO

A documentação técnica de saúde, segurança e meio ambiente, seja ela

corporativa ou da Unidade de Camaçari, refletem a aplicação dos

princípios do DfE através de práticas de prevenção e planejamento das

práticas de controle e remediação. No entanto, não apresentam uma

diferenciação clara entre estes conceitos, nos termos citados no Item 2.2

desta dissertação. Deste modo, os ganhos com as ações de prevenção

não são claramente visíveis, bem como os gastos adicionais com ações

de inspeção e manutenção nas práticas de controle. Por exemplo, ao se

instalar um equipamento de controle de poluição, haverá necessidade de

intertratamentos, alarmes, detectores de gases, entre outros, havendo

conseqüentemente, necessidade de planos de manutenção, inspeção,

auditorias e sistemas para controle destes mesmos planos e suas

pendências.

5.4.1. Programas Corporativos

A área técnica corporativa de saúde, segurança e meio ambiente da

Monsanto utiliza os princípios do DfE. Isto, porém, não está formalmente

caracterizado como um programa específico da companhia a ser aplicado

em todas as unidades industriais. No entanto, algumas destas diretrizes

estão refletidas em programas corporativos.

Estes programas visam a prevenção de futuros danos às pessoas, meio

ambiente e às instalações e a conseqüente geração de passivos através

de avaliações de antecipação em seus negócios. Estes programas

principais são:

� Avaliação inicial dos riscos de negócios adquiridos:

Avaliações antecipativas de terrenos, unidades produtivas, impactos

sócio-culturais, entre outros, com vistas à identificação, avaliação e

Page 108: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

108

documentação dos riscos envolvidos na aquisição de empreendimentos

nos termos do Programa 10: Avaliações de Saúde, Segurança e Meio

ambiente em Propriedades e Negócios em Aquisição - ESH Reviews of

Divestitures or Acquisitions of Property and / or Business (2001). De uma

forma geral este tipo de análise, dado a sua magnitude financeira, é

coordenada pela área técnica corporativa da Monsanto, responsável pela

geração de padrões de saúde, segurança e meio ambiente.

� Avaliação dos riscos de processo nos projetos de maior

investimento:

O processo produtivo proposto tem seu risco avaliado antes da partida da

unidade e, a partir daí, segundo uma freqüência pré-estabelecida de

acordo com as características dos produtos manipulados, nos termos do

Programa 2: Segurança das Instalações - Facility Safety (2001).

Para o projeto de novas unidades ou modificações nas instalações

existentes são requeridas avaliações de segurança nos termos do

procedimento corporativo No. 18: Avaliações para Prevenção de Perdas e

Segurança em Projetos (Project Safety and Loss Prevention Review).

Este documento aborda os aspectos relevantes a serem considerados

nas diversas fases de um projeto, contemplando ações de prevenção,

controle e remediação. É recomendado que cada planta desenvolva seu

procedimento local visando atender suas necessidades específicas e que,

no geral, reflita as diretrizes deste documento.

White (1998), membro da equipe técnica corporativa ambiental,

desenvolveu um formulário de verificação a ser utilizado em projetos de

maior investimento financeiro (projetos de capital), para a consideração de

aspectos ambientais.

Este documento apresenta considerações a serem revisadas nas diversas

fases de um projeto. Na fase de pesquisa, há a inclusão de considerações

compatíveis com os princípios da produção mais limpa, tais como:

substituição por materiais ambientalmente menos agressivos,

desenvolvimento de processos que elevem os índices de produção,

Page 109: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

109

inovações tecnológicas que reduzam a geração de efluentes, eficiência

energética, entre outros.

� Avaliação Inicial dos Processadores Externos:

Os processadores externos de resíduos e produtos intermediários são

avaliados conforme o Programa 7 da Monsanto, Avaliação de

Processadores Externos (Outside Processors Assessment) ,

considerando a capacidade e responsabilidade dos processadores

externos no tratamento dos resíduos da Monsanto.

� Avaliação Inicial das Distribuições:

As diretrizes de saúde, segurança e meio ambiente para o gerenciamento

adequado do transporte das matérias-primas e dos produtos da Monsanto

bem como das empresas responsáveis pelo armazenamento externo

temporário são cobertas pelo Programa 5: Distribuição – Distribution

(2001). O programa estabelece a realização de auditorias inicial e

periódicas para avaliação.

5.5. CONCLUSÃO

Apesar dos princípios do DfE relacionados ao uso preferencial de

tecnologias e práticas mais limpas, caracterizadas dentre outras como

ações preventivas, fazerem parte das diretrizes da unidade expressas no

Manual do SGI e, mais especificamente, do Procedimento de

Gerenciamento de Riscos, ainda não é clara para a comunidade interna a

real diferença entre ações de prevenção e de controle. Isto pode ser

evidenciado no enfoque dado dentro do SGI em ações de controle, tais

como: planos de inspeção e manutenção, controle e atendimento a

requisitos legais, planos de auditorias, controle operacional, sistemas de

proteção, etc.

As principais razões para isto decorrem de:

� A unidade só possuir dois anos de operação onde o foco desde a

partida da planta em outubro de 2001, estava direcionado para o

Page 110: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

110

“controle” visando o atendimento à legislação, particularmente aos

condicionantes da licença de operação,

� A implantação do SGI ainda é muito recente,

� Esta abordagem diferenciada entre prevenção e controle, bem

como seus benefícios, não são claramente explicitados na

documentação de rotina,

� Esta abordagem ainda está sendo inserida na documentação

operacional,

� Ainda haver a visão de que atender os padrões da legislação

garante um bom desempenho.

Para reverter-se este quadro propõe-se iniciar o processo de inserção do

DfE nos termos propostos no Capítulo 6 desta dissertação.

Pode-se perceber que existem várias oportunidades no processo

produtivo, conforme identificado no Item 5.2, para introdução dos

princípios de tecnologias e práticas mais limpas através do DfE. A

estratégia para implementação destas iniciativas e outras similares

também está contemplada no Capítulo 6.

Page 111: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

111

6. ESTRATÉGIA PROPOSTA PARA IMPLEMENTAÇÃO DO DESIGN

FOR ENVIRONMENT (DfE) NA MONSANTO NORDESTE S/A

6.1. INTRODUÇÃO

O sucesso ou insucesso de um programa está relacionado, dentre alguns

fatores, a real necessidade de sua implementação. Para tanto, devem ser

identificados as perspectivas de ganho e os recursos necessários a esta

implementação.

Questões como visão de futuro e sobrevivência da empresa,

competitividade nos mercados locais e internacionais, imagem da

empresa, responsabilidade social e balanço financeiro (investimentos,

gastos e ganhos) devem ser avaliados.

A realização de um diagnóstico inicial é fundamental para se estabelecer

os recursos e se avaliar a viabilidade de implementação, sob pena do

programa não fazer parte da vontade e do negócio da empresa. A

existência de outros programas e sistemas de gestão (ambiental saúde,

segurança, entre outros) devem ser pensados buscando-se otimizar

recursos e potencializar as iniciativas existentes.

O objetivo deste capítulo é apresentar uma proposta de estratégia de

implementação do DfE para a Monsanto Nordeste S/A.

6.2. REQUISITOS FUNDAMENTAIS PARA A IMPLEMENTAÇÃO

A estratégia de implementação do DfE é o ponto crucial para o seu

sucesso.

As questões iniciais a serem consideradas são as demais iniciativas

correlatas já implementadas, especialmente o SGI - Sistema de Gestão

Integrada por já ter estabelecido uma estratégia de gestão das questões

de saúde, segurança, meio ambiente e qualidade.

A estratégia de implementação proposta para integrar o DfE ao SGI está

baseada no ciclo PDCA - Plan (planejar) – Do (fazer) – Check (verificar) –

Act (Corrigir e melhorar), conforme figura a seguir:

Page 112: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

112

FIGURA 19: Elementos Estratégicos para implementação do DfE

A Figura 19 busca ilustrar a dinâmica dos processos produtivos onde o

DfE será utilizado, através da ação ou realização do produto (centro da

figura) e uma proposta de gestão do processo de implementação do DfE

(borda da figura) utilizando os elementos tradicionais de gestão do SGI:

planejamento, execução ou implementação, acompanhamento e

verificação e análise crítica e melhoria. Os sub-itens seguintes

apresentam maiores detalhes desta proposta.

6.2.1. Ação ou Realização do Produto ou Serviço

A ação ou realização do produto ou serviço representa a dinâmica do

processo produtivo, onde o DfE pode ser empregado. Os principais

elementos deste processo são:

Planejamento

Acompanhamento e Verificação

ProcessoEntradas Saídas

Materiais

Requisitos do Mercado e Partes

Interessadas

Recursos

Produto Final e Resíduos

Ação ou Realização do Produto

Execu

ção o

u

Imp

lemen

taçãoAn

ális

e C

ríti

ca

e M

elh

ori

aPlanejamento

Acompanhamento e Verificação

ProcessoEntradas SaídasProcessoEntradas Saídas

Materiais

Requisitos do Mercado e Partes

Interessadas

Recursos

Produto Final e Resíduos

Ação ou Realização do Produto

Execu

ção o

u

Imp

lemen

taçãoAn

ális

e C

ríti

ca

e M

elh

ori

a

Page 113: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

113

� Entradas: Representadas, de forma global, pela introdução de

materiais (matérias-primas, insumos, utilidades, etc.), os requisitos

do mercado e partes interessadas. Aqui há um vasto campo de

aplicação dos princípios do DfE. Por exemplo, no Item 3.3 citam-se

oportunidades de ganhos no gerenciamento de materiais e de

fornecedores, e no guia básico de implementação do DfE,

apresentado no Anexo 1, também estão apresentadas questões

específicas sobre compras, logística e manipulação de produtos

segundo abordagens de controle e prevenção.

� Saídas: Representadas pelos produtos, serviços, e resíduos

gerados. Da mesma forma que no item anterior o DfE tem

aplicações na gestão de vendas, serviços e suporte, projeto do

produto, logística final, entre outros.

� Recursos: Representados pelas necessidades que suportam as

transformações, por exemplo, recursos humanos, financeiros,

ambientais, entre outros.

Aqui também há possibilidade de aplicação dos princípios do DfE.

Investimentos em treinamento de pessoal, melhoria da qualidade

de vida das comunidades e parcerias com entidades de pesquisa

para o desenvolvimento de novas tecnologias, são alguns

exemplos de ações de prevenção. No Item 6.2.2.3.2 são propostos

alguns indicadores que englobam estas questões.

6.2.2. Gestão do Processo de Implementação do DfE

A proposta de gestão do processo de implementação do DfE pode ser

representada, de forma seqüenciada pela figura a seguir:

Page 114: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

114

FIGURA 20: Passos Gerais da Proposta para Gestão do Processo de Implementação do DfE na Monsanto Nordeste

Os sub-itens a seguir detalham o conteúdo da Figura 20.

6.2.2.1. Planejamento

Propõem-se os seguintes passos para comporem o planejamento da

implementação do DfE:

6.2.2.1.1. Definição da Implementação do DfE pela Alta

Direção

A definição da implementação está relacionada com o entendimento dos

ganhos potenciais e, conseqüente, comprometimento gerencial frente à

alocação dos recursos necessários. Para tanto, recomenda-se:

Definir a necessidade

Avaliar as oportunidades de

ganho

Definir Responsável pela

Coordenação

Prover Treinamento e Sensibilização

Avaliações de Novos Projetos /

Mudanças

Definir Objetivos e MetasDefinir Indicadores

Avaliar Recursos Necessários

Selecão / Execução de Projetos

(Seis Sigma)

Guia Básico de Avaliações de

Saúde, Segurança e Meio-Ambiente

Acompanhamento e Auditorias

Análise Crítica

Realizar Diagnóstico

Guia Básico de Avaliações de

Saúde, Segurança e Meio-Ambiente

Definição da Implementação

Diagnóstico e Planejamento da Execução

Execução

(6.2.2.2)

Acompanhamento e Verificação

(6.2.2.3)

Planejamento da Implementação

(6.2.2.1)

Análise Crítica e Melhoria

(6.2.2.4)

Retroalimentação

Definir a necessidade

Avaliar as oportunidades de

ganho

Definir Responsável pela

Coordenação

Definir Responsável pela

Coordenação

Prover Treinamento e Sensibilização

Avaliações de Novos Projetos /

Mudanças

Definir Objetivos e MetasDefinir Indicadores

Avaliar Recursos Necessários

Selecão / Execução de Projetos

(Seis Sigma)

Guia Básico de Avaliações de

Saúde, Segurança e Meio-Ambiente

Acompanhamento e Auditorias

Análise Crítica

Realizar Diagnóstico

Guia Básico de Avaliações de

Saúde, Segurança e Meio-Ambiente

Definição da Implementação

Diagnóstico e Planejamento da Execução

Execução

(6.2.2.2)

Acompanhamento e Verificação

(6.2.2.3)

Planejamento da Implementação

(6.2.2.1)

Análise Crítica e Melhoria

(6.2.2.4)

Retroalimentação

Page 115: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

115

a) Definir a Necessidade

É fundamental que a diretoria e o nível gerencial da empresa entendam

os ganhos potenciais com a inserção do DfE no Sistema de Gestão

Integrada e no desenvolvimento de projetos em conjunto com o Programa

Seis Sigma, para que apóiem a sua implementação tornando-o parte do

planejamento do negócio e da cultura da unidade.

É particularmente importante que sejam entendidos os conceitos de

prevenção, controle e remediação, para que se tornem visíveis os ganhos

com as ações de prevenção, bem como devem ser explicitados os gastos

adicionais nas práticas de controle com ações de inspeção, auditorias e

sistemas para controle destes mesmos planos e suas pendências,

conforme explicitado nos itens 2.2 e 5.4. Recomenda-se que estes custos

e suas reduções potenciais com o emprego do DfE, sejam levantadas

para apresentação e discussão.

Como forma de sensibilização, pode-se utilizar alguns casos de aplicação,

tais como os citados no Item 3.7, os casos desenvolvidos pela USEPA

(2001) e pelo RMIT (Environment Austrália, 2001).

Sugere-se que a implementação do DfE seja sugerida como um fator

potencializador para a melhoria contínua do SGI, podendo este assunto

ser apresentado em reunião de análise crítica do SGI pelo nível gerencial.

b) Avaliar as Oportunidades de Ganho

A estimativa de potenciais ganhos financeiros e necessidade de recursos

devem ser considerados. A definição destes processos potenciais é

importante para que sejam identificados os focos de atuação.

Estes ganhos potenciais devem ser comunicados aos envolvidos visando

facilitar o processo de implementação.

Page 116: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

116

6.2.2.1.2. Diagnóstico e Planejamento da Execução

O diagnóstico e o planejamento estão relacionados a uma avaliação das

lacunas existentes no Sistema de Gestão Integrada visando incorporar o

DfE. Após identificação das lacunas deve-se estabelecer um plano de

ação e sua inclusão nos objetivos e metas. As etapas deste passo são:

a) Realizar um Diagnóstico

Deve-se conduzir um diagnóstico inicial confrontando-se o Sistema de

Gestão frente aos princípios do DfE. Questões como política,

procedimentos, programas, comprometimento gerencial e envolvimento

dos empregados devem ser avaliados.

Uma referência de diagnóstico é apresentada pela USEPA (1999), no

documento: Ferramenta de Diagnóstico – Incorporando DfE ao seu

Diagnóstico – Proposta (Gap Analysis Tool - Incorporating DfE Into Your

Gap Analysis — DRAFT).

Uma amostragem das questões abordadas neste documento está

apresentada no quadro a seguir. Para esta amostragem, inseriu-se, como

exemplo, o diagnóstico do SGI.

Page 117: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

117

QUADRO 5: Diagnóstico da Monsanto NE – SGI x DfE. Usando modelo da USEPA (1999)

O Quadro 5 apresenta uma análise preliminar de alguns requisitos do DfE

a serem inseridos no Sistema de Gestão Integrada, tomando-se como

base o documento de diagnóstico da USEPA. Verifica-se que a maioria

dos itens avaliados necessita de ajustes para completa adequação e

devem ser discutidos para o estabelecimento de um plano de ações.

Mesmo o documento da USEPA contemplando vários requisitos

importantes na integração do DfE a um sistema de gestão, deve ser

criticado pela equipe de implementação e complementado com base nas

necessidades estabelecidas nos objetivos e metas.

b) Definir Objetivos e Metas

A integração do DfE com o Sistema de Gestão Integrada deve fazer parte

dos objetivos e Metas da corporação. Estes objetivos e metas devem ser

Page 118: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

118

distribuídos pelas áreas e pelos empregados envolvidos fazendo parte de

suas avaliações de desempenho.

Os objetivos e metas devem ser estabelecidos após a realização de um

diagnóstico inicial e suas implicações no processo de implementação,

bem como a definição do momento mais adequado para a inserção,

considerando-se os objetivos da corporação e os recursos necessários.

c) Definição dos Indicadores

Conforme abordado nos itens 2.2.6 e 2.6 um programa de gerenciamento

sustentável deve possuir indicadores de desempenho, considerando-se

uma abordagem ampla dos processos através dos estágios de

desenvolvimento rumo à sustentabilidade (conformidade, produção mais

limpa, eco-eficiência e empresariado responsável). Porém, é fundamental

que estes indicadores sejam agrupados e classificados de acordo com

seus focos em: prevenção, controle e remediação, de modo a evidenciar

os esforços empregados em práticas e produção mais limpas, como

também o balanceamento adequado de esforços nestas três abordagens.

Como indicadores de prevenção sugere-se:

� Investimentos anuais em projetos de prevenção,

� Quantidade de modificações geradas no processo e nos serviços

internos com objetivo de minimização de impactos ambientais e

ocupacionais com abordagem de redução da fonte, substituição de

produtos por outros de menor toxicidade, mudanças de

procedimentos e práticas, reuso e reciclagem,

� Investimentos anuais em parcerias com entidades de pesquisa

para o desenvolvimento e uso de tecnologias mais limpas,

� Investimentos com a melhoria da qualidade de vida da

comunidade,

� Ganhos financeiros obtidos com os projetos integrados Seis Sigma

/ DfE,

Page 119: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

119

� Percentagem de homem-hora treinado em relação ao Homem-hora

trabalhado,

� Relação entre oportunidades e incidentes (OI).

1000×Incidentes + Melhoria de desOportunida

Incidentes=OI

Este indicador busca incentivar a identificação de oportunidades de

ganhos e melhorias, preferencialmente, eliminando-se os perigos ou

mesmo controlá-los, evitando-se a ocorrência de eventos indesejados

(incidentes).

Como indicadores de controle sugere-se:

� Indicadores de Eco-eficiência, conforme descrito no Item 2.5,

Figura 5, para consumo de matérias-primas, energia elétrica,

vapor, gás natural e água. Como indicadores de controle, devem

ser calculados mensalmente, buscando-se manter os consumos

conforme as metas estabelecidas.

Estes indicadores podem ser considerados de prevenção, caso

sejam utilizados para expressar mudanças nos processos. Com

esta finalidade devem ser calculados em base anual, por exemplo.

� Indicador de eco-toxicidade. Sugere-se avaliar o indicador usado

pela Rohm and Hass, citado no Item 2.6, Tabela 2. Como ponto de

partida pode-se considerar os resíduos classe 1 e os produtos

químicos com potencial de dano à saúde níveis 3 e 4, conforme

critério estabelecido pela Associação Nacional de Proteção contra

Incêndios (National Fire Protection Association) através de sua

norma NFPA 704. Da mesma forma que os indicadores de eco-

eficiência, podem ser utilizados como indicadores de prevenção.

Os indicadores de remediação já em uso, sugere-se que sejam mantidos

(Monsanto, 2003a):

� Taxa de freqüência de incidentes pessoais em relação ao total de

homens-hora trabalhadas,

Page 120: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

120

� Violações legais,

� Vazamentos ou emissões em quantidades reportáveis. Para a

identificação destas quantidades deve-se consultar o Manual de

Registro de Emissões da Monsanto (Monsanto Release Reporting

Manual Rev.: Sep. 15, 1998)

� Taxa de incidentes de logística relacionadas à embalagem,

armazenagem e transporte em função da quantidade de viagens,

� Geração de resíduos Classe 1,

� Geração de efluentes.

Com a proposta de integração do DfE ao SGI, sugere-se reavaliar os

atuais indicadores de desempenho de modo a melhor refletir o

desempenho da unidade em relação ao seu compromisso com os

princípios da prevenção, dado que para 2003 contabilizou-se,

aproximadamente, 12% com abordagem de prevenção, 64% de controle e

24% de remediação (Monsanto, 2003a).

Além dos indicadores acima sugeridos, recomenda-se que o grupo de

coordenação do SGI avalie o processo da qualidade sob uma ótica de

prevenção, atuando com um enfoque de melhoria da produtividade dos

processos das áreas apresentados no Item 5.3.1, definindo indicadores

que saiam do tradicional foco de atuação do controle das operações do

processo produtivo, produto final e gestão das ações corretivas e

preventivas.

d) Avaliar Recursos Necessários

A viabilização da integração está diretamente relacionada ao

equacionamento dos recursos existentes, sejam eles financeiros ou de

pessoal. O estabelecimento destes recursos deve ser feito com o

envolvimento de todas as áreas. Recomenda-se também uma consulta

direta aos empregados envolvidos.

Page 121: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

121

e) Definir Responsável pela Coordenação

É necessário que haja uma equipe designada para administrar este

processo de integração. Coordenando atividades tais como: treinamentos,

acompanhamento da execução dos projetos e participação nas revisões

de saúde, segurança e meio ambiente, visando treinar os diversos

envolvidos nas ferramentas do DfE. Dentre os membros desta equipe

recomenda-se a designação de um coordenador que deverá liderá-la e

desenvolver um elo de comunicação com o corpo gerencial.

Este coordenador deverá ser devidamente treinado para adquirir

conhecimentos e capacitar-se sobre os princípios da prevenção e DfE nas

questões de saúde, segurança e meio ambiente. Recomenda-se uma

avaliação dos cursos de pós-graduação disponíveis no mercado e que o

perfil deste coordenador seja previamente discutido e estabelecido pelo

corpo gerencial.

Recomenda-se que a base desta equipe seja a mesma base que

coordena o SGI e que, adicionalmente, sejam incluídos: o coordenador

dos projetos Seis Sigma, um representante da área de projetos e o líder

de segurança de processos da unidade.

6.2.2.2. Execução

A etapa de execução contempla desde a capacitação e fomento do tema

à implementação de campo sob duas abordagens paralelas: inserção do

DfE em novos projetos e modificações no processo original e em projetos

Seis Sigma. As etapas propostas são:

6.2.2.2.1. Prover Treinamento e Sensibilização

Caberá ao coordenador programar os treinamentos necessários para

todos os envolvidos. Os treinamentos de sensibilização são essenciais

para os gerentes, supervisores e líderes em geral, para que estes possam

coordenar a implantação em suas áreas. O conteúdo programático e a

carga horária deste treinamento de sensibilização devem considerar o

nível de envolvimento com o processo de implementação. No Anexo 2,

Page 122: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

122

consta um quadro contendo uma proposta dos assuntos a serem

abordados e carga horária em função do público alvo.

A forma de capacitação dos empregados deve contemplar desde

treinamentos formais a campanhas de sensibilização e informação.

6.2.2.2.2. Seleção de Projetos (Seis Sigma) / Guia

Básico de Avaliações de Saúde, Segurança e Meio

ambiente com foco em Design for Environment (DfE)

Para promover e fomentar a implementação do DfE, deve-se selecionar

alguns projetos com bom potencial de ganhos ambientais e financeiros e

aplicar as técnicas de DfE.

Sugere-se buscar com estes projetos os ganhos obtidos pelo emprego de

uma abordagem de prevenção, utilizando-se o enfoque metodológico dos

projetos Seis Sigma.

Breyfogle (1999), propõe a seguinte seqüência de passos para a

implementação de um projeto Seis Sigma:

� Criar um processo de avaliação de projetos candidatos,

� Desta lista de projetos candidatos estimar as oportunidades de

ganhos financeiros,

� Escolher um projeto de porte suficiente que tenha importância para

o negócio da empresa,

� Caso um projeto, após ser iniciado, torne-se grande ou pequeno

demais, deve-se procurar refazer o escopo do mesmo,

� Deve-se formar uma equipe de trabalho, coordenada por alguém

com domínio em técnicas estatísticas,

� Deve-se escolher coordenadores que tenham responsabilidade

sobre o processo em questão, facilitando a evolução dos trabalhos,

� A equipe deve revisar periodicamente o projeto e seu plano de

trabalho,

Page 123: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

123

� Após conclusão dos trabalhos todo o material gerado deve ser

adequadamente documentado.

Um exemplo prático de utilização do Seis Sigma integrado a estudos de

melhoria de eco-eficiência, é o caso da Noranda Aluminum que criou um

grupo de trabalho para atendimento ao Protocolo de Kyoto, visando

identificar oportunidades de melhorias tecnológicas e de redução do

consumo de energia em conjunto com a USEPA (Five Winds International,

2000).

As ferramentas técnicas recomendadas como referência são:

� O Guia Básico de Avaliações de Saúde, Segurança e Meio

ambiente com foco em Design for Environment (DfE)

proposto no Item 6.3,

� As técnicas estatísticas dos projetos Seis Sigma. Breyfogle

(1999),

� Metodologias e ferramentas para Análise de Alternativas,

conforme descrito no Item 3.5 desta dissertação.

Estes projetos devem ser bem divulgados para o público interno e para as

partes interessadas.

6.2.2.2.3. Avaliações de Novos Projetos e Mudanças /

Guia Básico de Avaliações de Saúde, Segurança e

Meio ambiente com foco em Design for Environment

(DfE)

Conforme estabelecido em documentação corporativa da companhia, nos

termos do procedimento corporativo No. 18: Avaliações para Prevenção

de Perdas e Segurança em Projetos (Project Safety and Loss Prevention

Review), cabe às unidades desenvolverem seus procedimentos locais

para avaliações de seus projetos e modificações. Na unidade de

Camaçari este requisito foi atendido através do procedimento QESH-IT-

04-004: Gerenciamento de Mudanças – MOC.

Page 124: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

124

Conforme já citado no Item 5.4, os documentos técnicos atuais apesar de

considerarem algumas ações de prevenção e ações de controle e

remediação, não apresentam uma diferenciação clara destes conceitos,

não sendo evidentes, para engenheiros e projetistas, os benefícios das

práticas de prevenção e os custos associados às práticas de controle.

Com o objetivo de preencher esta lacuna, desenvolveu-se o guia básico

de avaliações (Anexo 1), a ser utilizado como referência por engenheiros

e projetistas, em projetos de novas unidades ou armazéns de produtos

químicos e novas instalações prediais, modificações dos processos que

manipulem materiais perigosos classificados como HHM (High Hazards

Materials) conforme definido no Procedimento de Gerenciamento de

Mudanças da Monsanto Nordeste S/A ou modificações que impliquem em

mudanças significativas nas classificações dos riscos atuais, ou seja, que

recaiam na região de severidade crítica ou catastrófica, conforme

estabelecido na matriz de riscos do Procedimento de Análise de Risco

Integrada do SGI (Apêndice 1).

No Item 6.3 pode-se obter informações sobre sua utilização.

6.2.2.3. Acompanhamento e Verificação do Desempenho

6.2.2.3.1. Acompanhamento e Auditorias

Cabe ao coordenador da implementação elaborar o acompanhamento

dos trabalhos.

Sugere-se que seja elaborado um relatório mensal com a tendência dos

indicadores sugeridos no Item 6.2.2.1.2.c., o andamento dos projetos DfE

e uma visão geral das revisões de saúde, segurança e meio ambiente

realizadas.

É importante a divulgação do relatório em todos os níveis da empresa.

Para garantir a integração, itens relacionados a DfE devem ser inseridos

no Plano de Auditorias do SGI. Os auditores devem ser treinados nos

Page 125: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

125

princípios do DfE. Recomenda-se que recebam o mesmo treinamento

proposto para engenheiros e gerentes conforme proposto no Anexo 2.

6.2.2.3.2. Análise Crítica

O ciclo de análise crítica do SGI deve inserir o processo de integração

com o DfE.

Como itens desta análise sugere-se avaliar o plano de implementação

frente aos prazos estabelecidos.

Para a etapa de execução, após o estabelecimento dos novos

indicadores, o desempenho do sistema de gestão integrada da unidade

deve ser avaliado. Recomenda-se evidenciar os ganhos obtidos com a

integração SGI e DfE.

6.3. GUIA BÁSICO DE AVALIAÇÕES DE SAÚDE, SEGURANÇA E

MEIO AMBIENTE COM FOCO EM DESIGN FOR ENVIRONMENT

(DFE)

O guia básico (Anexo 1) é um documento destinado a auxiliar

engenheiros e projetistas nas avaliações de saúde, segurança e meio

ambiente de seus projetos e como conseqüência permear conhecimento

sobre os princípios de prevenção para os responsáveis pela operação,

refletindo-se em boas práticas operacionais.

Estão disponíveis neste guia:

� Um fluxo de ações a serem consideradas durante as avaliações de

saúde, segurança e meio ambiente nas diversas fases de um

projeto,

� Uma sistemática de avaliação comparativa do grau de ações

ligadas a controle & remediação frente às ações de prevenção.

Para tanto, foram propostos:

o Um conjunto de formulários de avaliações contendo,

aproximadamente, 300 itens a serem verificados,

Page 126: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

126

o Uma sistemática de mensuração do perfil de atendimento

aos requisitos de controle / remediação e prevenção, bem

como sua representação gráfica.

6.3.1. Referências

Para a elaboração deste guia básico usou-se como referências:

� O procedimento corporativo No. 18: Avaliações para Prevenção de

Perdas e Segurança em Projetos (Project Safety and Loss

Prevention Review) e suas referências. Este documento apresenta,

de forma detalhada, os aspectos tais como: eliminação / redução

dos perigos através da escolha de tecnologias menos impactantes,

substituição de produtos químicos, avaliação de erros humanos,

análises de riscos, verificações em equipamentos,

intertravamentos, sistemas elétricos, entre outros. Este

procedimento cita, ainda, a importância de serem envolvidos

técnicos da área de higiene ocupacional e de meio ambiente, que

devem preparar relatórios específicos.

� O Procedimento de Gerenciamento de Mudanças da Monsanto

Nordeste. Este procedimento define o ciclo de aprovações e as

considerações técnicas a serem avaliadas nos projetos cujo porte

recaem sob responsabilidade da unidade. As questões de saúde,

segurança e meio ambiente são verificadas através dos Checklists

de Risco Maior e Risco Menor, cobrindo aspectos de: controle,

instrumentação e automação, sistemas elétricos, programas de

gestão ambiental, legislação, atendimento e combate a

emergências, segurança do produto, segurança pessoal e saúde,

segurança de processos, análises de risco, projeto de

equipamentos, condições de operação dos processos. Possuem,

aproximadamente, 130 itens de verificação. São bastante

completos considerando-se uma abordagem de controle. Porém,

não possuem um bom enfoque de prevenção nem uma avaliação

numérica e gráfica para estimativa do perfil de atendimento.

Page 127: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

127

� Os checklists de Design for Environment disponíveis em Graedel &

Allenby (1998) cobrem aspectos de geração e uso de recursos

naturais, minimização da geração de resíduos, efluentes e

emissões, seleção de materiais, distribuição, manutenção, entre

outros. Possuem, aproximadamente, 125 itens verificação, e uma

proposta de mensuração dos impactos ao longo do ciclo de vida

do processo ou do produto. Os aspectos de prevenção não estão

separados dos aspectos de controle e remediação.

� Os checklists de auditoria interna da Industry Canada (2001). Estes

checklists cobrem aspectos de gerenciamento, projeto de produtos,

compras, controladoria, comunicação e marketing, produção e

distribuição, programas de gerenciamento ambiental. Estes

checklists possuem 60 itens de verificação e uma sistemática para

estimar o perfil de eco-eficiência e priorização através do custo

benefício das ações propostas. Os itens de verificação não são tão

completos quando comparados com os anteriormente citados,

porém a sistemática de avaliação é uma boa ferramenta gerencial.

6.3.2. Recursos Diferenciais do Guia Básico

Considerando-se as referências pesquisadas, as atuais necessidades dos

engenheiros e projetistas da Monsanto e a presente proposta de

integração do DfE ao SGI, buscou-se desenvolver um guia com os

seguintes recursos:

a) Inclusão dos aspectos de saúde, segurança e meio ambiente em

um único documento,

b) Além de serem consideradas as fases de pesquisa, pré-projeto,

projeto, montagem e partida, inseriu-se também a fase de

desativação,

c) As avaliações de saúde, segurança e meio ambiente foram

divididas sob dois enfoques tornando possível avaliar o perfil do

projeto ao longo do ciclo de vida do processo:

Page 128: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

128

� Ações de controle e remediação: Através do atendimento a

requisitos da legislação, programas e planos de gerenciamento e

controle,

� Ações de prevenção: através da verificação do emprego de

tecnologias, processos e práticas operacionais mais limpas,

análises do ciclo de vida, entre outras iniciativas.

d) Os aspectos de saúde, segurança e meio ambiente levantados,

não estão restritos ao processo produtivo. Foram inseridas

algumas funções de projeto com caráter de gerenciamento,

permeando para o pós-partida, uma gestão da rotina considerando-

se o conceito da prevenção,

e) Procurou-se considerar as funções de projeto mais importantes

para o negócio da unidade. Para tanto, as listas de verificação

foram divididas da seguinte forma:

e.1) Controle e Remediação:

Este enfoque está sub-dividido em 5 categorias contendo

aproximadamente 235 itens de verificação:

� Projeto para a Manutenção e Serviços:

Aqui foram inseridos os aspectos relativos à confiabilidade operacional,

instalação e operação dos equipamentos de processo; planos de

manutenção, inspeção e testes; lay-out e infraestrutura para liberação de

serviços.

� Projeto para a Saúde:

Aqui foram inseridos os aspectos relativos ao controle e identificação de

produtos químicos e higiene industrial.

� Projeto para a Segurança Industrial e de Processos:

Aqui foram inseridos os aspectos relativos às normas de engenharia para

projetos de equipamentos, dispositivos de segurança, intertravamentos,

segurança de equipamentos elétricos, instrumentação, análises de risco,

Page 129: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

129

sinalização de segurança, condições inseguras e atendimento a

emergências.

� Projeto para Compras e Logística:

Aqui foram inseridos os aspectos relativos a aquisição de materiais e

serviços de terceiros, programa de gestão de contratados na unidade,

qualificação de fornecedores, inspeção prévia, condições físicas de

almoxarifados, programa de auditorias em transportadoras e terminais

portuários, inspeção em tubovias, planos de emergência e simulados no

transporte e em tubovias.

� Projeto para a Gestão e Controle da Poluição:

Aqui foram inseridos os aspectos relativos ao atendimento à legislação,

programas de gerenciamento ambiental, controle e inspeção dos

efluentes líquidos, emissões atmosféricas, resíduos sólidos e águas

subterrâneas.

e.2) Prevenção:

O enfoque da prevenção está direcionado para o emprego de tecnologias,

processos e práticas operacionais mais limpas. Esta verificação foi

denominada Projeto para Produção mais Limpa e foram levantados,

aproximadamente, 65 itens de verificação.

Aqui estão contemplados os aspectos relativos a:

� Conservação de energia e recursos naturais:

Aqui estão contemplados os aspectos relativos a projetos de processos e

instalações prediais visando a minimização do consumo de energia,

aquisição de bens duráveis de baixo consumo, otimização de balanços

energéticos, programas de conservação de energia e recursos naturais,

qualidade e pureza das matérias-primas e programas de reciclo e reuso,

entre outros.

Page 130: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

130

� Manufatura do produto:

Aqui foram contemplados os aspectos de utilização da análise do ciclo de

vida do produto / processo como referência, índices operacionais,

eliminação / minimização de efluentes e resíduos, eficiência de

equipamentos, otimização de embalagens e seu reuso e reciclo, projetos

com inovações tecnológicas, ente outros.

� Equipamentos de Processos:

Aqui foram contemplados os aspectos de lay-out de tubulações

enterradas visando a proteção das águas subterrâneas e de

dimensionamento de equipamentos de processos buscando aumento de

eficiência.

� Segurança dos Produtos Manipulados:

Aqui foram contemplados os aspectos de riscos dos produtos

manipulados, procurando-se soluções de substituição, minimização de

inventários, testes entre outros.

� Compra de Materiais e Logística:

Aqui foram considerados os aspectos de elaboração de políticas de

compra verde, desenvolvimento de parcerias com outras indústrias para

identificação de utilizações potenciais dos efluentes gerados internamente

e / ou de resíduos de outras empresas como insumos, desenvolvimento

regional de fornecedores alternativos, otimização das rotas de transporte

de matérias-primas, embalagens para o transporte sendo encaminhadas

para reuso ou reciclagem, entre outros.

Page 131: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

131

� Controladoria:

Aqui estão contemplados os aspectos de identificação dos custos de

saúde, segurança e meio ambiente no produto final, definição de

indicadores para o acompanhamento periódico, comunicação dos custos

com saúde, segurança e meio ambiente aos envolvidos, entre outros.

f) Definição de uma sistemática de mensuração do perfil de

atendimento aos requisitos de controle / remediação e prevenção,

bem como sua representação gráfica.

Para todas as fases do processo as listas de verificação são preenchidas,

conforme critério abaixo:

TABELA 8: Critérios de Avaliação das Revisões de Saúde, Segurança e Meio ambiente

Deve-se realizar um acompanhamento do percentual de atendimento dos

requisitos estabelecidos para todas as fases em avaliação.

Os gráficos de acompanhamento são gerados para cada fase avaliada. O

gráfico apresentado na figura a seguir é um exemplo gerado para a fase

de pesquisa.

12345

NAAtendido

Não aplicável ao projeto

LegendaNão atendido

Fracamente atendidoAtendido parcialmente

Razoavelmente atendido

Page 132: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

132

FIGURA 21: Gráficos de Acompanhamento do Grau de Atendimento aos Requisitos Estabelecidos

Pode-se observar na figura acima que quanto mais uniforme for a figura e

mais próxima ao hexaedro de 100%, o projeto estará mais próximo ao

atendimento aos requisitos de controle e prevenção.

É esperado que a figura evolua a medida que o projeto siga o seu

andamento.

6.3.3. Estudo de Caso

O objetivo do estudo de caso foi o de testar a consistência da sistemática

proposta no guia básico para avaliação comparativa do grau de ações

ligadas a controle & remediação frente às ações de prevenção conforme

disposto no Item 6.3.2.

Utilizou-se como base de aplicação o projeto da Monsanto Nordeste S/A

em operação no Pólo Petroquímico de Camaçari, Brasil, desde Outubro

de 2001. Esta escolha deveu-se basicamente, a ser este um projeto de

grandes dimensões, facilitando a verificação da consistência da

sistemática proposta e dado o acompanhamento da autora desde as

fases iniciais de projeto.

As limitações deste estudo de caso estão refletidas, principalmente:

Avaliação da Fase de Pesquisa

20

35

38

2021

20

0

50

100Manutenção & Serviços

Saúde

Segurança Industrial e Processos

Compras e Logística

Gestão & Controle da Poluição

Produção mais Limpa

Page 133: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

133

� Na aplicação desenvolvida exclusivamente pela autora, estando

baseada em sua experiência profissional e acompanhamento

desde as fases iniciais de projeto da Monsanto Nordeste S/A.

� Na aplicação retroativa da sistemática proposta. O projeto da

unidade desenvolveu-se entre 1999 e 2001.

Um ganho adicional esperado deste estudo de caso foi a possibilidade de

identificação de oportunidades de melhoria no processo e práticas atuais

através do emprego de técnicas de produção mais limpa tomando-se

como referência os requisitos propostos.

6.3.3.1. Desenvolvimento

O primeiro passo do estudo de caso foi preencher os formulários de

verificação para todas as fases do projeto. Os formulários preenchidos

encontram-se disponíveis no Anexo 3.

O segundo passo foi a avaliação dos gráficos gerados para cada fase do

projeto, conforme descrito a seguir.

Page 134: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

134

FIGURA 22: Representação Gráfica da Avaliação das Funções de Projeto nas Diversas Fases do Projeto

Monsanto Nordeste S/A.

Avaliação da Fase de Pesquisa

20

35

38

2021

20

0

50

100Manutenção & Serviços

Saúde

Segurança Industrial e Processos

Compras e Logística

Gestão & Controle da Poluição

Produção mais Limpa

Avaliação da Fase de Pré-Projeto

25

212047

45 28

0

50

100Manutenção & Serviços

Saúde

Segurança Industrial e Processos

Compras e Logística

Gestão & Controle da Poluição

Produção mais Limpa

Avaliação da Fase de Projeto Detalhado

6150

69

67

8792

0

50

100Manutenção & Serviços

Saúde

Segurança Industrial e Processos

Compras e Logística

Gestão & Controle da Poluição

Produção mais Limpa

Avaliação da Fase de Montagem

52

69

73

64

87 920

50

100Manutenção & Serviços

Saúde

Segurança Industrial e Processos

Compras e Logística

Gestão & Controle da Poluição

Produção mais Limpa

Avaliação da Fase de Partida

54

71

9494

7880

0

50

100Manutenção & Serviços

Saúde

Segurança Industrial e Processos

Compras e Logística

Gestão & Controle da Poluição

Produção mais Limpa

Page 135: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

135

Na fase de pesquisa pode-se observar uma componente de 38% de

atendimento para os requisitos de prevenção (produção mais limpa) e

uma média de 23% para os requisitos de controle e remediação

representados pelas funções: manutenção e serviços, saúde, segurança

industrial e de processos, compras e logística e gestão e controle da

poluição.

Nesta fase, várias definições conceituais elevaram a componente de

prevenção, tais como: o tipo de tecnologia a ser utilizada buscando a

minimização dos efluentes gerados, maior eficiência no consumo

energético e nos índices de processo, escolha de matérias-primas com

menos contaminantes, inovações propostas no processo de enchimento

dos contentores de produto final, estudos de tratabilidade de efluentes,

etc.

A componente de 23% de controle deveu-se, basicamente, a identificação

dos itens de controle, que apesar de não serem enfocados nesta fase,

deveriam ser avaliados em algumas das fases posteriores, conforme

orientação explicitada na metodologia proposta.

Na fase de pré-projeto a componente de prevenção sobe para 45% e a

componente média de controle para 28%. Nesta fase algumas definições

conceituais de prevenção continuaram, tais como: definição básica de

alguns equipamentos de melhor desempenho operacional disponíveis no

mercado, definição preliminar de lay-out visando a otimização de

transporte entre os processos, não utilização de tubulações enterradas,

definição preliminar de um fluxograma de processos visando otimização

energética, entre outros. A componente de controle não apresentou um

incremento relevante.

Na fase de projeto detalhado a componente de prevenção sobe para 50%

onde as ações relevantes decorreram dos levantamentos de impactos nos

transportes de matérias-primas visando a definição das melhores rotas e

avaliações detalhadas das eficiências dos equipamentos de processos e

suas respectivas garantias. A componente média de controle apresenta

Page 136: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

136

um crescimento expressivo subindo para 75%, já superando,

percentualmente, os requisitos de prevenção. As ações de controle

relevantes foram decorrentes de se iniciarem as definições dos planos de

inspeção, programas gestão de saúde, segurança e meio ambiente,

detalhamento das instalações dos equipamentos visando facilidades

operacionais e de manutenção, análises de riscos, levantamento de:

EPI’s, equipamentos de segurança e proteção contra incêndios, início da

preparação dos procedimentos de testes de equipamentos, sinalização de

tubulações, entre outros.

Na fase de montagem os crescimentos das componentes de prevenção e

controle foram discretos subindo para 52% e 77%, respectivamente,

quando ocorreram, basicamente, ações de continuidade.

Na fase de partida as componentes de prevenção e controle subiram para

54% e 83%, respectivamente. Dentro da prevenção pode-se destacar a

aquisição de bens duráveis com requisitos de minimização de consumo

energético e definição das alocações dos custos ambientais, de saúde e

segurança e responsabilidades pelo gerenciamento estabelecidas,

preferencialmente, pelas áreas geradoras dos impactos.

Um ponto interessante a ser ressaltado é que a despeito da planta ter

sido projetada sob o conceito de prevenção a pontuação máxima obtida

foi 54%. Isto deve-se, principalmente, ao fato de que os checklits ora

propostos incorporam novas tendências deste conceito no projeto de

práticas gerenciais como por exemplo, logísitica e controladoria

extrapolando o campo de aplicação da “tecnologia limpa” para além dos

projetos de plantas industriais. As ações de controle de maior relevância

foram: conclusão dos procedimentos operacionais e de saúde, segurança

e meio ambiente, obtenção das licenças operacionais, aquisição de:

EPI’s, equipamentos de combate, equipamentos de liberação de serviços,

equipamentos de monitoramento pessoal, avanços nos planos de

inspeção de equipamentos, aquisição de equipamentos de manutenção e

Page 137: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

137

a finalização do processo de qualificação dos fornecedores de serviços

com contrato fixo na unidade.

Ao analisar a evolução do atendimento aos requisitos de prevenção e

controle e remediação, neste estudo de caso, foi possível constatar, as

afirmações relacionadas à Figura 8, ou seja, que nas fases iniciais do

projeto, as ações de prevenção são mais relevantes, pois como o projeto

conceitual ainda está em discussão há uma maior liberdade para

alterações no sentido de serem usadas tecnologias mais limpas, o que vai

diminuindo com o andamento das fases do projeto, dando lugar às ações

de controle. O próximo gráfico ilustra esta constatação.

FIGURA 23: Gráfico de Tendências dos Incrementos Médios Acumulados de Ações nas Fases do Projeto do Estudo de Caso

Os valores pontuais da fase de pesquisa são os pontos de partida para

cálculo do primeiro incremento percentual para o pré-projeto. Os demais

incrementos seguem calculados de forma acumulada. As retas

apresentadas foram ajustadas aos pontos com o objetivo de tornar a

constatação apresentada de mais fácil visualização.

Gráfico de TendênciasIncremento Médio Acumulado de Ações Durante o Projeto

Estudo de Caso

38

615

5260

1412

5

54

23

0

20

40

60

80

100

Pesquisa Pré-projeto Projeto Detalhado Montagem Partida

Fases do Projeto

%

Incremento médio de ações de prevenção Incremento médio de ações de controle

Linear (Incremento médio de ações de prevenção) Linear (Incremento médio de ações de controle)

Page 138: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

138

6.3.3.2. Oportunidades Identificadas na Função Produção

mais Limpa

Avaliando-se a lista de verificações da função Produção mais Limpa e as

potenciais oportunidades de ganhos ambientais e financeiros citadas no

Item 5.2, sugere-se que os itens listados a seguir sejam avaliados como

projetos potenciais para serem inseridos no Programa Seis Sigma como

projetos DfE:

� Reutilização das águas pluviais.

Água para uso em descargas sanitárias (sistema de tubulação

separado de torneiras,chuveiros, etc.), reinserção no solo de águas

pluviais não contaminadas, entre outros.

� Reutilização das águas de purga das torres de refrigeração,

� Utilização interna ou venda da corrente gasosa, rica em

hidrogênio, oriunda dos reatores do DSIDA,

� Reavaliação do sistema de iluminação de prédios administrativos

e área operacional visando redução de consumo e substituição das

lâmpadas a base de mercúrio,

� Programa para avaliação das embalagens de materiais fornecidos

visando redução de resíduos e seus custos,

� Reuso ou reciclo das embalagens plásticas do produto final (PIA),

ou outro tipo de embalagem com menor impacto e custos para

incineração,

� Desenvolvimento de uma política de compra verde,

� Desenvolver um programa de auditorias em fornecedores visando

qualificá-los e desenvolver parcerias para reuso, reciclo e

desenvolvimento tecnológico,

� Desenvolvimento de uma sistemática de acompanhamento

mensal dos custos ambientais associados à produção, incluindo: os

monitoramentos das emissões e monitoramentos de higiene

Page 139: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

139

ocupacional, disposição de resíduos, tratamento de efluentes,

custos de atendimento a requisitos legais, entre outros. Esta

sistemática deve considerar os custos associados com saúde e

segurança e meio ambiente. Avaliar a possibilidade de criação de

indicador,

� Cálculo do custo do produto final considerando o real custo

ambiental durante o ciclo seu ciclo de vida: Sugere-se avaliar a

referência: Total Cost Assessment Methodology Manual, AIChE

Center for Waste Reduction Technology, June 1999.

Page 140: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

140

7. CONCLUSÃO

Utilizar os conceitos do Design for Environment (DfE) significa inserir no

processo de projetar as questões de saúde, segurança e meio ambiente,

em todas as fases do ciclo de vida do projeto, enfocando o uso de

tecnologias mais limpas e eliminação ou redução dos perigos ambientais

e ocupacionais na fonte.

Esta dissertação propõe uma estratégia para implementação do DfE

integrado ao Sistema de Gestão Integrada – SGI da Monsanto Nordeste

S/A, baseada em 4 elementos fundamentais: planejamento, execução,

acompanhamento e verificação e análise crítica e melhoria contínua. Os

pontos principais desta proposta são:

� Definição de indicadores de desempenho classificados em

prevenção, controle e remediação,

� Disponibilização de uma ferramenta básica de referência para

engenheiros e projetistas, o Guia Básico de Revisões de Saúde,

Segurança e Meio ambiente com foco em DfE.

Este guia, a ser utilizado nas fases de projeto para avaliação das

questões de saúde, segurança e meio ambiente, apresenta uma proposta

de avaliação comparativa do grau de ações ligadas a controle e

remediação frente às ações de prevenção, estando disponíveis:

� Um conjunto de formulários de avaliações contendo,

aproximadamente, 300 itens a serem verificados,

� Uma sistemática de mensuração do perfil de atendimento aos

requisitos de controle / remediação e prevenção, bem como sua

representação gráfica.

Desenvolveu-se um estudo de caso visando-se testar a consistência da

sistemática proposta.

Page 141: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

141

Utilizou-se como base de aplicação o projeto da Monsanto Nordeste S/A

em operação no Pólo Petroquímico de Camaçari, Brasil, desde Outubro

de 2001. Esta escolha deveu-se basicamente, a ser este um projeto de

grandes dimensões, facilitando a verificação da consistência da

sistemática proposta e o acompanhamento pela autora desde as fases

iniciais de projeto.

As limitações deste estudo de caso estão refletidas, principalmente:

� Na aplicação desenvolvida exclusivamente pela autora, estando

baseada em sua experiência profissional e no seu

acompanhamento desde as fases iniciais de projeto da Monsanto

Nordeste S/A.

� Na aplicação retroativa da sistemática proposta. O projeto da

unidade desenvolveu-se entre 1999 e 2001.

Mesmo considerando-se estas limitações, pode-se constatar, através dos

resultados obtidos, a evolução do perfil de atendimento aos requisitos de

prevenção, controle e remediação ao longo das fases do projeto, bem

como foi possível levantar oportunidades de aplicação de tecnologias e

práticas mais limpas no processo produtivo.

Ganhos adicionais foram obtidos por terem sido inseridas nas listas de

verificações, funções de projeto com caráter de gerenciamento, tais como,

compras, logística e controladoria. Dado que a sua implementação será

integrada ao SGI, os princípios do DfE são, também transferidos para a

gestão do sistema, implicando na adoção de práticas de prevenção no

gerenciamento dos processos das áreas e na definição de melhores

indicadores de desempenho.

Como estudos complementares futuros, sugere-se que:

� A sistemática seja aplicada e validada por engenheiros e projetistas

da Monsanto Nordeste S/A,

� As oportunidades levantadas na função produção mais limpa sejam

classificadas em função do seu custo x benefício e disponibilizadas

Page 142: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

142

como projetos potenciais a serem avaliados no programa Seis

Sigma x DfE, dentro do ciclo de melhoria contínua do Sistema de

Gestão Integrada.

� Os requisitos listados nas funções de controle sejam avaliados com

o objetivo de otimizar as práticas e programas atuais.

Page 143: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

143

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147

USEPA – United States Environmental Protection Agency. Design for Environment Program, 2001. Disponível em <http://www.epa.gov/dfe>. Acesso em 17 mar. 2002.

USEPA – United States Environmental Protection Agency. Design for Environment – Publications List, 2002. Disponível em <http://www.epa.gov/opptintr/library/ppicdist.htm>. Acesso em 17 mar. 2002.

USEPA – United States Environmental Protection Agency. Environmental Management Systems Incorporating DfE Into Your Environmental Policy—DRAFT, 1999a.

USEPA – United States Environmental Protection Agency. Gap Analysis Tool - Incorporating DfE Into Your Gap Analysis — DRAFT, 1999b.

USEPA – United States Environmental Protection Agency. Integrated Environmental Management Systems - Implementation Guide, 2000.

USEPA – United States Environmental Protection Agency. Printed Wiring Board - Pollution Prevention and Control Technology: Analysis of Updated Survey Results, 1997.

WBCSD - World Business Council for Sustainable Development. Criar Mais Valor com Menos Impacto, 2000a.

WBCSD - World Business Council for Sustainable Development. Medir a Eco-eficiência: Um Guia para Comunicar o Desempenho da Empresa, 2000b.

WHITE, Randy. Checklist for Environmental Aspects of LP & EC Reviews. 1998.

Page 148: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

148

ANEXOS

Page 149: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

149

ANEXO 1

Guia Básico de Revisões de Saúde, Segurança e Meio ambiente com foco em Design for

Environment (DfE)

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150 Mestrado Profissional em Gerenciamento Ambiental e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo, da Universidade Federal da Bahia

Documento de Referência:

Design For Environment nos grandes investimentos e Modificações de Projeto / Processo vinculado ao Sistema de Gestão Integrada da Monsanto Nordeste S/A

Guia Básico de Avaliações de Saúde, Segurança e Meio ambiente com foco em

Design for Enviroment (DfE).

ANEXO 1

1 - Objetivo:

Estabelecer um guia orientativo para a realização de avaliações de saúde,

segurança e meio ambiente com foco na prevenção dos perigos e da

poluição através da abordagem do Design for Environment (DfE), a ser

utilizado na concepção e elaboração de novos projetos e produtos e suas

mudanças posteriores até a desativação do processo e disposição final

dos produtos.

2 – Definições Básicas:

2.1. Abordagem:

A abordagem do DfE, neste guia, foi preparada sob dois enfoques:

Controle e Remediação e Prevenção, totalizando, aproximadamente, 300

itens de análise dispostos em um conjunto de formulários de verificação

propostos.

Para tanto, foram elaborados formulários de análise divididos em:

a) Controle e Remediação: através do atendimento à requisitos da

legislação, programas e planos de gerenciamento e controle.

O enfoque de controle está dividido em:

� Projeto para a Manutenção e Serviços,

� Projeto para a Saúde,

� Projeto para a Segurança Industrial e de Processos,

� Projeto para Compras e Logística,

� Projeto para a Gestão e Controle da Poluição,

Page 151: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

151 Mestrado Profissional em Gerenciamento Ambiental e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo, da Universidade Federal da Bahia

Documento de Referência:

Design For Environment nos grandes investimentos e Modificações de Projeto / Processo vinculado ao Sistema de Gestão Integrada da Monsanto Nordeste S/A

Guia Básico de Avaliações de Saúde, Segurança e Meio ambiente com foco em

Design for Enviroment (DfE).

ANEXO 1

b) Prevenção: através da verificação do uso dos conceitos de

tecnologias limpas, análises do ciclo de vida, entre outras

iniciativas inseridas nos formulários de verificação propostos. O

enfoque da prevenção denominou-se:

� Projeto para a Produção mais Limpa.

2.2. Fases de um Projeto:

As fases de um projeto ou mudança onde serão feitas as avaliações são:

pesquisa, pré-projeto, projeto detalhado, montagem, partida e

desativação.

2.3. Acompanhamento:

Para todas as fases do projeto os formulários deverão ser preenchidos.

Os gráficos são automaticamente gerados. As pendências da fase

anterior devem ser verificadas.

2.4. Mudanças:

Qualquer alteração realizada nas instalações, nos equipamentos, nos

procedimentos, inventários e produtos que modifiquem o escopo

documentado do arquivo tecnológico.

2.5. Avaliação Econômica:

Recomenda-se o cálculo da estimativa da viabilidade econômica dos

projetos considerando-se os ganhos em saúde, segurança e meio

ambiente, nos termos das referências citadas nos itens 5.10 e 5.11.

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152 Mestrado Profissional em Gerenciamento Ambiental e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo, da Universidade Federal da Bahia

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Guia Básico de Avaliações de Saúde, Segurança e Meio ambiente com foco em

Design for Enviroment (DfE).

ANEXO 1

3 - Descrição:

Novo projeto / produto ou modificação (3.1)

Projeto DfE Selecionado

Fase de Pesquisa

BREYFOGLE, Forrest W. Six Sigma Overview and Implementation. In: Implementing Six Sigma: Smarter Solutions Using Statistical Methods.

EPA – United States Environmental Protection Association. Valuing Potential Environmental Liabilities for Managerial Decision-Making: A Review of Available Techniques

RUIZ, Jose A. C. Decision Support Tools for Environmentally Conscious Chemical Process Design.

Fase de Pré-projeto

Fase de Projeto Detalhado

Fase de Montagem

Fase de Partida

Formulários de Avaliações de Saúde, Segurança e Meio ambiente

Fase de Desativação

Page 153: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

153 Mestrado Profissional em Gerenciamento Ambiental e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo, da Universidade Federal da Bahia

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Guia Básico de Avaliações de Saúde, Segurança e Meio ambiente com foco em

Design for Enviroment (DfE).

ANEXO 1

3.1) Avaliações de Saúde, Segurança e Meio ambiente:

As avaliações devem ser realizadas para projetos de novas unidades ou

armazéns de produtos químicos e novas instalações prediais,

modificações dos processos que manipulem materiais perigosos

classificados como HHM (High Hazards Materials) conforme definido no

Procedimento de Gerenciamento de Mudanças da Monsanto Nordeste

S/A, ou modificações que impliquem em mudanças significativas nas

classificações dos riscos atuais, ou seja, que recaiam na região de

severidade crítica ou catastrófica, conforme estabelecido na matriz de

riscos do Procedimento de Análise de Risco Integrada do SGI

(Documentação Monsanto Nordeste S/A: SGI-IT-03-001).

Deve-se eleger uma equipe multidisciplinar para efetuar as avaliações.

Desta equipe devem fazer parte: algum representante da área de saúde,

segurança e meio ambiente, o engenheiro ou coordenador responsável

pelo projeto, os demais membros devem ser convidados de acordo com o

escopo do projeto.

Para todas as fases os formulários disponíveis em anexo devem ser

preenchidos eletronicamente. Os formulários estão confeccionados em

planilhas excel e um gráfico de percentual de atendimento é

automaticamente gerado.

Estes formulários são preenchidos segundo o critério estabelecido na

legenda a seguir:

12345

NAAtendido

Não aplicável ao projeto

LegendaNão atendido

Fracamente atendidoAtendido parcialmente

Razoavelmente atendido

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154 Mestrado Profissional em Gerenciamento Ambiental e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo, da Universidade Federal da Bahia

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Design for Enviroment (DfE).

ANEXO 1

Caso um item não seja pertinente para uma fase específica, mas que

venha a ser em uma fase seguinte, não deve ser preenchido com NA,

mas sim com 1 para que a evolução no projeto seja percebida.

3.2. Fases do Projeto:

As seis avaliações devem ser realizadas nas seguintes fases:

3.2.1. Pesquisa:

A etapa de pesquisa engloba todos os estudos relativos às análises de

alternativas existentes: tecnologias disponíveis, substâncias, rotas

reacionais, etc., tendo como produto de saída um projeto conceitual.

Nesta fase, recomenda-se utilizar as referências blibliográficas

apresentadas no fluxo anterior.

De uma maneira geral, as etapas gerais da fase de pesquisa pode ser

representadas pelo fluxo seguinte:

Estabelec im ento e Estru turaç ão do Problem a

/ nec essidade

G eraç ão de A lternativas e A nális e

Anális e das A lternativas

Julgam ento e Esc olha

Análise de S ensibilidade

C oleta de dados e inform aç ões

R elatório Final e D ivulgaç ão

Estabelec im ento e Estru turaç ão do Problem a

/ nec essidade

G eraç ão de A lternativas e A nális e

G eraç ão de A lternativas e A nális e

Anális e das A lternativasAnális e das A lternativas

Julgam ento e Esc olhaJulgam ento e Esc olha

Análise de S ensibilidade

Análise de S ensibilidade

C oleta de dados e inform aç ões

C oleta de dados e inform aç ões

R elatório Final e D ivulgaç ão

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155 Mestrado Profissional em Gerenciamento Ambiental e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo, da Universidade Federal da Bahia

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Guia Básico de Avaliações de Saúde, Segurança e Meio ambiente com foco em

Design for Enviroment (DfE).

ANEXO 1

7.1. ESTABELECIMENTO E ESTRUTURAÇÃO DO PROBLEMA /

NECESSIDADE

Aqui são estabelecidos: o escopo do projeto, objetivos, restrições, critérios

de avaliação, metodologias a serem usadas, limites do estudo, etc.

Antes de iniciar uma a análise de alternativas proceda-se uma

estruturação do trabalho que consiste da definição da equipe de trabalho,

da seleção das alternativas potenciais, escopo e restrições do projeto.

Também é nesta etapa que se define, por exemplo, a utilização da análise

do ciclo de vida.

7.2. COLETA DE DADOS E INFORMAÇÕES

Nesta etapa busca-se coletar dados que suportem a construção das

alternativas, tais como: tecnologias e equipamentos disponíveis, dados

físicos, químicos e toxicológicos de substâncias, recursos energéticos e

naturais disponíveis, entre outros.

7.3. GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS E ANÁLISE DOS DADOS:

Esta etapa implica na geração, estruturação e avaliação dos dados

através do uso de métodos de análise e técnicas de engenharia, modelos,

etc., para caracterização das alternativas.

Deve-se escolher alguns indicadores preliminares que caracterizem os

desempenhos individuais das alternativas em análise, principalmente para

os pontos críticos tais como: indicadores econômicos, competitividade,

benefícios sociais, de saúde, segurança e meio ambiente tais como:

toxicidade de substâncias, persistência, mobilidade ambiental, risco, etc.

Para o estabelecimento dos indicadores sugere-se consultar as

referências 5.5 a 5.8.

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156 Mestrado Profissional em Gerenciamento Ambiental e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo, da Universidade Federal da Bahia

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Design for Enviroment (DfE).

ANEXO 1

A empresa de consultoria ambiental Pre-consultants desenvolveu um

software denominado ECO-IT, referência 5.9, que pode ser utilizado como

suporte a análise de alternativas. Este software utiliza como base

metodológica a análise do ciclo de vida.

7.4. JULGAMENTO DAS ALTERNATIVAS E ESCOLHA

O primeiro passo antes de se iniciar o julgamento das alternativas, é a

definição do critério de julgamento.

Nesta etapa uma análise quantitativa deve ser conduzida. As informações

relativas às alternativas individuais devem ser sumarizadas e avaliadas a

luz dos indicadores de desempenho, citados, por exemplo, no item

anterior.

As alternativas em julgamento devem ser classificadas e um relatório

contendo as justificativas das escolhas efetuadas deve ser preparado.

7.5. ANÁLISE DE SENSIBILIDADE

A etapa seguinte é a de análise de sensibilidade, onde são identificadas

as maiores contribuições para as funções-objetivo, robustez, etc.

Nesta etapa as funções de projeto são analisadas sob diferentes

cenários, trazendo para a pauta das discussões a resposta destas

funções ao variar-se determinados parâmetros de interesse e verificando-

se viabilidade das alternativas em análise nestas diferentes condições.

Este tipo de análise é muito importante, principalmente, para serem

estabelecidas as estratégias de médio e longo prazo para darem

sustentação à alternativa escolhida.

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157 Mestrado Profissional em Gerenciamento Ambiental e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo, da Universidade Federal da Bahia

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Design for Enviroment (DfE).

ANEXO 1

7.6. GERAÇÃO DO RELATÓRIO FINAL E DIVULGAÇÃO

A última etapa é a geração do relatório final e da documentação

pertinente.

Deve-se montar uma estratégia de divulgação, no mercado ou com as

partes interessadas, os ganhos ambientais do novo produto, serviço ou

atividade. Deve-se procurar passar informações precisas aos usuários,

clientes ou partes interessadas. Sugere-se avaliar a possibilidade de

desenvolver parcerias com empresas especializadas, no sentido de

promover junto às partes interessadas uma sensibilidade ambiental para

que se perceba os ganhos obtidos.

3.2.2. Pré-projeto:

A documentação de referência a ser buscada visando possibilitar o

preenchimento do formulário é: descrição da operação, descrição do

processo, fluxogramas de processos, layout preliminar dos equipamentos,

lista de equipamentos, MSDSs (Material Safety Data Sheets) e lista de

efluentes ou resíduos, etc.

3.2.3. Projeto Detalhado: (substancialmente completo):

Os documentos mínimos necessários são: fluxogramas de engenharia,

fluxogramas de processos, balanços de massa e energia, layout definitivo,

lista e classificação de interlocks, folhas de dados e desenhos dos

equipamentos, recomendações do Pré-Projeto, estratégia de montagem,

entre outros.

3.2.4. Montagem:

Os documentos de referência desta fase são os documentos da fase

anterior e todos os licenciamentos necessários. Os documentos a serem

produzidos são: registros de testes e inspeções de qualidade dos

Page 158: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

158 Mestrado Profissional em Gerenciamento Ambiental e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo, da Universidade Federal da Bahia

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Guia Básico de Avaliações de Saúde, Segurança e Meio ambiente com foco em

Design for Enviroment (DfE).

ANEXO 1

equipamentos, tubulações, instrumentos, etc. fluxogramas atualizados,

etc.

3.2.5. Partida:Os documentos de referência são: recomendações das

fases anteriores, fluxogramas de engenharia “as built”, relatórios de

“punch-lists”, manual de operação, plano de emergência, status do

treinamento dos funcionários, entre outros.

3.2.6. Desativação:Nesta fase deve-se verificar todas as questões

relativas a licença de operação e todas as comprovações legais

necessárias para que se assegure uma desativação segura, bem como

procedimentos para parada e bloqueio.

Questões como interação com outras plantas e processo, licenças,

integridade de lacres, sinalizações, entre outros devem ser avaliadas.

Sinalização clara e comunicação devem ser efetuadas a todos os

envolvidos. Segurança Patrimonial deve ser provida se necessário.

4 - Responsabilidades:

4.1. Gerente de Planta:

- Garantir que as recomendações das avaliações, uma vez acordadas

entre os envolvidos, sejam cumpridas.

- Prover os recursos necessários para o gerenciamento adequado dos

riscos.

4.2. Gerentes das Áreas:

- Guiar sua equipe com uma visão prevencionista, tendo como foco a

minimização e/ou eliminação de seus impactos.

Page 159: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

159 Mestrado Profissional em Gerenciamento Ambiental e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo, da Universidade Federal da Bahia

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Design for Enviroment (DfE).

ANEXO 1

- Prover treinamento sobre gerenciamento de riscos para a sua equipe.

4.3. Coordenador das Avaliações:

- Coordenar as avaliações e os projetos nos termos deste documento.

- Disponibilizar treinamentos e capacitação para todos os envolvidos.

5 - Referências:

5.1. BREYFOGLE, Forrest W. Six Sigma Overview and Implementation.

In: Implementing Six Sigma: Smarter Solutions Using Statistical

Methods. Austin: John Wiley & Sons, 1999. cap. 1, p. 23-24.

5.2 EPA – United States Environmental Protection Association;

Tennessee University - Center for Clean Products and Clean

Technologies. Cleaner Technologies Substitutes Assessment – A

Methodology & Resource Guide, 1996. Disponível em

<http://www.epa.gov/opptintr/dfe/tools/ctsa/notack.htm>. Acesso em 17

mar. 2002.

5.3. EPA – United States Environmental Protection Association. Valuing

Potential Environmental liabilities for Managerial Decision-Making: A

Review of Available Techniques, 1996.

5.4. RUIZ, Jose A. C. Decision Support Tools for Environmentally

Conscious Chemical Process Design. Massachusetts Institute of

Technology, 2000.

5.5. CURZONS, Alan D. et al. So you think your process is green, how do

you know? Using principles of sustainability to determine what is green. A

Corporate Perspective. The Royal Society of Chemistry, mar.2001.

Page 160: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

160 Mestrado Profissional em Gerenciamento Ambiental e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo, da Universidade Federal da Bahia

Documento de Referência:

Design For Environment nos grandes investimentos e Modificações de Projeto / Processo vinculado ao Sistema de Gestão Integrada da Monsanto Nordeste S/A

Guia Básico de Avaliações de Saúde, Segurança e Meio ambiente com foco em

Design for Enviroment (DfE).

ANEXO 1

5.6. CONSTABLE, David J. C.. Green chemistry measures for process

research and development. The Royal Society of Chemistry, mar.2001.

5.7. GOEDKOOP, M.; DEMMERS, M.; COLLIGNON M.. The Eco-

indicator 95, 1996.

5.8 FIVE WINDS INTERNATIONAL - The Role of Eco-efficiency: Global

Challenges and Opportunities in the 21st Century Part 1: Overview

and Analysis, 2000.

5.9. ECO-IT Eco-indicator Tool, version 1.1. Pre-consultants, 2001.

Software.

5.10. USEPA – United States Environmental Protection Agency. An

Introduction to Environmental Accounting As A Business

Management Tool: Key Concepts And Terms, 1995.

5.11. USEPA – United States Environmental Protection Agency. Valuing

Potential Environmental Liabilities for Managerial Decision-Making: A

Review of Available Techniques, 1996.

6. ANEXOS:

- Formulários de Avaliações de Saúde, Segurança e Meio ambiente

Page 161: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

161

Projeto para Manutenção e serviços

Projeto No.: Título do Projeto12

Data Responsável (is) pela Análise 345

NA

Pesquisa Pré-Projeto Projeto Detalhado Montagem Partida DesativaçãoPontuação Pontuação Pontuação Pontuação Pontuação Pontuação

(1-5) (1-5) (1-5) (1-5) (1-5) (1-5)Equipamentos de Processo

1

Foram considerados bloqueios individuais nos headers de suprimentos de utilidades das unidades e headers de venteio de gases de processos propiciando testes e serviços de forma individualizada sem necessariamente parar as demais unidades?

2Foram consideradas a instalação de pontos de suprimento de energia na área para a utilização de equipamentos elétricos?

3

Avaliou-se a necessidade de instalação de linhas de recirculação / dispositivos necessários em caso de obstruções/bloqueios? Caso positivo serão/foram instalados?

4Existe espaço e bloqueios necessários para o caso de manutenção dos equipamentos e liberações de serviços?

6Estão especificados para os flanges: a) especificação do torque de aperto, b) juntas conforme especificações?

7Gaxetas / caixas de gaxetas compatíveis com o fluido de processo, pressão e temperatura?

8Os equipamentos possuem instruções de parada, partida, manutenção, limpeza e operação?

9

Avaliou-se o impacto da mudança nas instalações não alteradas tipo instrumentação, suportes, bases e fundações, equipamentos a montante/jusante, unidades vizinhas devido a alterações no novo nível de pressão de operação/projeto, alteração do tipo de fluxo para pulsante, novo nível de temperatura de operação / projeto, vibração, etc?

Planos de Manutenção, Inspeção e Teste

10A legislação aplicável e normas correlacionadas foram consideradas (NR-13, ANSI, ASME, etc.) para elaboração dos planos?

11

Os planos de inspeção consideraram critério de criticidade de equipamentos como: intertravamentos, alarmes, equipamentos de controle da poluição e que estejam correlacionados com a licença de operação, equipamentos de combate a emergências, etc.?

12O programa de manutenção contempla uma listagem especificando a frequência da manutenção/inspeção?

13A forma de evidenciar/registrar as inspeções foi definida? Definiu-se a temporalidade e local de guarda destas evidências?

14Há plano para avaliação do isolamento elétrico (Testes "Megger", corrente de fuga "HIPOT", etc.) ?

15 Listagem dos equipamentos com registros para rodízio?

16Especificou-se o método de inspeção e testes de juntas antes da instalação no campo?

17Testes e instalações dos dispositivos de segurança/alívio de vácuo/pressão conforme:ASME, API-RP (2000/2001)?

18

Registros para Inspeções/Programa de Manutenção, especificando a frequência de manutenção dos dispositivos de segurança/alívio considerando a legislação específica e o histórico em unidades similares?

19

Estabeleceram-se requisitos para testes de vazamentos? Deve-se elaborar procedimentos operacionais para testes de vazamentos após serviços de manutenção em equipamentos e tubulações que trabalham com hidrocarbonetos acima do seu ponto de fulgor e produtos perigosos.

20 Existe um plano para avaliação periódica dos purgadores de vapor?

Não atendidoFracamente atendidoAtendido parcialmente

Razoavelmente atendidoAtendido

Não aplicável ao projeto

Item Descrição

Legenda

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162

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163

Page 164: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

164

Projeto para Segurança Industrial e de Processos

Projeto No.: Título do Projeto12

Data Responsável (is) pela Análise 345

NA

Pesquisa Pré-Projeto Projeto Detalhado Montagem Partida DesativaçãoPontuação Pontuação Pontuação Pontuação Pontuação Pontuação

(1-5) (1-5) (1-5) (1-5) (1-5) (1-5)Equipamentos

1

Os padrões de engenharia (confiabilidade, normas de projeto, testes, especificações de equipamentos, critérios de aceitabilidade, especificações de produtos) foram definidos para todas as fases do projeto? Estão atualizados? Foram verificadas as normas do país? Há incompatibilidades?

2As bases e suportação dos novos equipamentos em relação às instalações existentes foram avaliados e estão seguros?

3Os bloqueios dos equipamentos foram projetados imaginando futuras entradas (espaço confinado) para inspeções?

4Máxima pressão admissível de trabalho "MAWP" do equipamento de acordo com as normas técnicas recomendadas?

5

Sistema de selagem novo ou modificado adequado? Tais como selos de bombas e agitadores: a) características de compatibilidade entre o fluido e o processo b) sinalização / identificação dos tubos de "flush" de selagem para assegurar correta montagem após manutenção.c) refrigeração do selo, considerando possibilidade de aquecimento em caso de bloqueio indevido d) Procedimentos de operação e folha de dados dos equipamentos com as informações de selos revisados e instalados e) Potencial de falha do selo: riscos de vazamento para processo ou ambiente, estilhaçamento, etc f) Fornecedores dos selos importados possuem condição de suprimento adequada?

6Flúidos de selagem compatíveis? Avaliou-se possibilidade de contaminação cruzada com o processo? Está seguro?

7Avaliou-se se estão adequados mangotes e juntas de expansão: a) classe de pressão, b) testes e inspeções?

8Avaliou-se as tubulações, vasos e os seus suportes considerando dilatação, contração, vibração, etc.? Estão seguros?

9Dispositivos de proteção dos equipamentos rotativos/ partes móveis conforme as regulamentações existentes?

10

Capacidade de alívio dos dispositivos de segurança e alívio de pressão e vácuo considerando: a) bloqueio indevido, b) perda de utilidades, c) expansão térmica, d) fogo externo: vaporização,picos e variações de processo, incluindo parada/partida, carregamento, descarreg., resfriamento de tanques, etc. e) falhas em válvulas, tubulações, tubos de troc. de calor, d) potencial de vácuo devido a resfriamento/ou condensação brusca?

11Considerou-se contra-pressão na tubulação de descarga e/ou coletores ("headers") de alívio no projeto dos dispositivos de segurança/alívio ?

12

Tubulações de descarga dos dispositivos de segurança / alívio de vácuo / pressão possuem: a) direcionamento para "local seguro", considerando afastamento de locais de acesso (plataformas, passarelas, escadas, etc.), b) suportes adequados para estas tubulações c) previsão de drenos ou furos de drenagem?

13

Considerado no projeto potencial de obstrução do dispositivo de segurança / alívio de pressão / vácuo especialmente em serviços com fluidos incrustrantes ou que se solidificam a temperatura ambiente?

14Considerado no projeto potencial para ocorrência de "golpe de ariete", escoamento de mistura bifásica, tipo água/vapor, etc.?

15

O projeto considera a instalação de indicadores de pressão entre os discos de ruptura e as válvulas de segurança?

16

Foram adquiridos dispositivos de trava, lacre e identificação (LOTO), para válvulas, chaves seccionadoras, etc.?

Item Descrição

AtendidoNão aplicável ao projeto

Atendido parcialmenteRazoavelmente atendido

LegendaNão atendido

Fracamente atendido

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165

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Page 169: Design for Enviroment nos Grandes Investimentos e Modificação de

169

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170

Projeto para Tecnologia Limpa

Projeto No.: Título do Projeto12

Data Responsável (is) pela Análise 345

NA

Pesquisa Pré-Projeto Projeto Detalhado Montagem Partida DesativaçãoPontuação Pontuação Pontuação Pontuação Pontuação Pontuação

(1-5) (1-5) (1-5) (1-5) (1-5) (1-5)Conservação de Energia e Recursos Naturais

1Os circuitos de iluminação foram projetados visando evitar o exesso de lâmpadas?

2

Consumo de energia proveniente de iluminação de prédios controlado por "timer" ou sistema similar evitando desperdícios? Iluminação externa controlada por fotosensores?

3

Foram consideradas a utilização de energia solar para pequenas utilizações, exemplo: refeitório, pequenas estações distantes visando inclusive a economia com passagem de cabos?

4

Instalações físicas construídas maximizando a utilização da iluminação, ventilação natural e materiais das paredes usando nova tecnologia de concretos tipo isolante-térmico de baixo custo visando diminuir o consumo com ar condicionado?

5Utilização de motores de CC / variadores de velocidades para controle de fluxo em substituição a válvulas de controle para controle de vazão?

6O projeto de iluminação considerou o uso de lâmpadas econômicas e que não sejam preferencialmente a base de compostos de mercúrio?

7 Os monitores de vídeo possuem sistema de "screen saver"?

8Os equipamentos internos dos prédios foram adquiridos considerando, também, os requisitos de baixo consumo de energia?

9

O balanço energético da planta está otimizado? Correntes aquecidas de processo (gases de exaustão de chaminés, por exemplo) foram consideradas como fontes de aquecimento para correntes frias a serem aquecidas? Haverá impacto no status atual com a modificação sugerida?

10

O combustível de queima da caldeira, fornos, oxidadores térmicos, etc., consideraram a utilização de resíduos, correntes de processo, correntes ou resíduos gerados internamente ou externamente à planta?

11As unidades de processo foram localizadas considerando minimizar os gastos de energia com o transporte de correntes de processo?

12

O projeto contemplou a utilização das águas pluviais? Ex.: Água para uso em descargas sanitárias (sistema de tubulação separado de torneiras,chuveiros, etc.), reinserção no solo de águas pluviais não contaminadas, etc.

13O projeto contemplou a reutilização das águas de purga das torres de resfriamento?

14Foi desenvolvido um programa de conservação de recursos naturais (energia, água, matérias-primas, insumos e utilidades) para o pós-partida deste projeto?

15

Há um programa de utilização de matérias-primas, insumos e outros produtos de suprimento preferencialmente renováveis e de maior pureza visando minimizar a geração de efluentes?

16Há um programa de reuso, reciclo ou reprocesso (interno ou externo) de resíduos, emissões ou efluentes gerados?

Item Descrição

AtendidoNão aplicável ao projeto

LegendaNão atendido

Fracamente atendidoAtendido parcialmente

Razoavelmente atendido

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ANEXO 2

Treinamento de Sensibilização do Processo de Integração DfE x SGI

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ANEXO 3

Formulários do Estudo de Caso

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APÊNDICES

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APÊNDICE 1

Matriz de Aceitabilidade de Riscos da Monsanto Nordeste S/A

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