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DESIGN, INOVAÇÃO TÉCNICA E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO EM VISÃO SISTÊMICA: DOIS ESTUDOS DE CASO DA PRODUÇÃO ARTESANAL EM CAMPINA GRANDE-PB Leiliam Cruz Dantas (UFCG ) [email protected] Luiz Eduardo Cid Guimaraes (UFCG ) [email protected] Tamyris Luana Pedroza Pereira (UFCG ) [email protected] Os pequenos empreendimentos de produção artesanal são bastante significativos no âmbito da economia informal, que vem se mostrando um setor em crescimento tanto nas economias menos industrializadas, quanto nos países mais industrializados. Os artesãos buscam se inserir no mundo capitalista altamente competitivo utilizando as estratégias que estão ao seu alcance, com destaque para o seu processo de inovação, que utiliza pouco capital e tecnologias mais simples. O objetivo do artigo é explorar dois estudos de casos na perspectiva da inovação técnica e da metodologia de design de produto, realizados no município de Campina Grande-PB, em microempreendimentos artesanais da economia informal. O primeiro diz respeito a uma microempresa de calçados e o segundo a um empreendimento solidário de artesanato. No primeiro caso foi utilizado o método da observação sistemática, com vistas a identificar o processo inovativo do microempreendimento e, no segundo, procedeu-se à construção de uma metodologia de design de produto através de metodologias participativas. A visão adotada foi considerada sistêmica por buscar visualizar e intervir no empreendimento sob todos os aspectos: técnico, de organização e de gestão da produção e comercialização do produto. No processo comparativo dos dois casos estudados, os resultados apontaram a necessidade e a eficiência da metodologia de design adotada, tanto no estímulo da inovação, quanto na promoção de melhorias na gestão da produção e nos aspectos organizacionais dos pequenos empreendimentos artesanais. Estes pequenos negócios devem ser alvo de pesquisas e intervenções, bem como de políticas específicas, uma vez que representam uma alternativa de geração de trabalho e renda para as populações menos favorecidas da sociedade. Palavras-chaves: Desenvolvimento de produto. Design. Inovação técnica. Produção artesanal. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

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DESIGN, INOVAÇÃO TÉCNICA E

DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO EM

VISÃO SISTÊMICA: DOIS ESTUDOS DE

CASO DA PRODUÇÃO ARTESANAL EM

CAMPINA GRANDE-PB

Leiliam Cruz Dantas (UFCG )

[email protected]

Luiz Eduardo Cid Guimaraes (UFCG )

[email protected]

Tamyris Luana Pedroza Pereira (UFCG )

[email protected]

Os pequenos empreendimentos de produção artesanal são bastante

significativos no âmbito da economia informal, que vem se mostrando

um setor em crescimento tanto nas economias menos industrializadas,

quanto nos países mais industrializados. Os artesãos buscam se

inserir no mundo capitalista altamente competitivo utilizando as

estratégias que estão ao seu alcance, com destaque para o seu

processo de inovação, que utiliza pouco capital e tecnologias mais

simples. O objetivo do artigo é explorar dois estudos de casos na

perspectiva da inovação técnica e da metodologia de design de

produto, realizados no município de Campina Grande-PB, em

microempreendimentos artesanais da economia informal. O primeiro

diz respeito a uma microempresa de calçados e o segundo a um

empreendimento solidário de artesanato. No primeiro caso foi

utilizado o método da observação sistemática, com vistas a identificar

o processo inovativo do microempreendimento e, no segundo,

procedeu-se à construção de uma metodologia de design de produto

através de metodologias participativas. A visão adotada foi

considerada sistêmica por buscar visualizar e intervir no

empreendimento sob todos os aspectos: técnico, de organização e de

gestão da produção e comercialização do produto. No processo

comparativo dos dois casos estudados, os resultados apontaram a

necessidade e a eficiência da metodologia de design adotada, tanto no

estímulo da inovação, quanto na promoção de melhorias na gestão da

produção e nos aspectos organizacionais dos pequenos

empreendimentos artesanais. Estes pequenos negócios devem ser alvo

de pesquisas e intervenções, bem como de políticas específicas, uma

vez que representam uma alternativa de geração de trabalho e renda

para as populações menos favorecidas da sociedade.

Palavras-chaves: Desenvolvimento de produto. Design. Inovação

técnica. Produção artesanal.

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1. Introdução

As atividades produtivas inseridas na economia informal têm crescido não só nos países em

desenvolvimento, como também naqueles em transição e até nos países desenvolvidos

(CHEN, 2012). A realidade brasileira não é diferente. Nos empreendimentos informais, os

produtores enfrentam toda a sorte de problemas, mas buscam alternativas para concorrer com

a economia formal, inclusive no que tange à inovação. Os pequenos empreendimentos são os

que mais necessitam da atenção governamental no sentido de facilitar sua implantação e bom

funcionamento, pois existem em número significativo no país. O Nordeste está entre as

regiões que mais apresentam desigualdades sociais e de renda no país, onde se destaca o

estado da Paraíba, considerado com um dos menos desenvolvidos e com menor crescimento

econômico.

O artigo tem como objetivo mostrar dois estudos de casos na perspectiva da inovação técnica

e da metodologia de design de produto, realizados no município de Campina Grande-PB, em

microempreendimentos artesanais da economia informal. O primeiro diz respeito a uma

microempresa de calçados e o segundo a um empreendimento solidário de artesanato.

A pesquisa realizou um comparativo entre os dois casos específicos: em um deles foi apenas

observada a maneira como seus gestores inovam e no outro foi realizada uma intervenção

sistêmica do design com vistas a estimular a inovação técnica. Para introduzir um método de

design de produtos, os pesquisadores tomaram como base metodologias participativas, em que

os diversos atores da situação, inclusive os próprios pesquisadores, agiram conjuntamente na

detecção dos problemas e suas soluções com o objetivo de desenvolver novos produtos e/ou

promover diferenciação nos produtos existentes. A visão adotada considerou o

empreendimento sob os aspectos técnico, de organização e de gestão da produção e

comercialização, caracterizando a intervenção do design como sistêmica.

Como referencial para a pesquisa realizada, o artigo inicia com breves considerações acerca

do design, da inovação técnica e do conhecimento para a inovação, sobretudo o tácito. Em

seguida, trata da metodologia de design de produto aplicada à gestão da produção artesanal, já

que a pesquisa se propôs a desenvolver um método de intervenção que abarcasse todos os

aspectos da produção e enfatizasse a participação dos produtores e dos pesquisadores no

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processo inovativo. Por fim, os casos estudados são relatados e são tecidas considerações a

respeito dos mesmos em uma perspectiva comparativa.

2. Design, inovação técnica e conhecimento na produção de artesanato

A produção de artefatos artesanais sempre se baseou no uso de poucas ferramentas e mais

habilidade manual. A partir dela originou-se a produção industrial no contexto capitalista.

Entretanto, o surgimento e o desenvolvimento da indústria não deslocaram a produção de

determinados produtos que ainda são fabricados sob os moldes artesanais, levando em

consideração conhecimentos oriundos da tradição local.

Os artesãos, caracterizados como pequena unidade produtiva, abarcam todas as funções

relacionadas à realização da sua atividade, desde concepção do produto, design, execução e,

muitas vezes, criação e produção das ferramentas necessárias para o trabalho. Além disso,

ainda se ocupam da divulgação e da distribuição comercial do seu produto. Isto ocorre porque

os artesãos, geralmente, encontram-se inseridos no contexto da economia informal e, para se

estabelecerem no mercado competitivo, têm que se desdobrar nos vários aspectos da produção

e comercialização dos seus artefatos.

A intervenção do design na produção e comercialização de artesanato pode representar um

avanço significativo, considerando a conjuntura em que operam. O papel do design na

concepção e produção dos artefatos artesanais mantém relação estreita com a inovação. Neste

sentido, trata-se aqui da inovação técnica, que se refere às mudanças de produto ou de

processo em atividades produtivas que utilizam tecnologias mais simples e acessíveis às

atividades produtivas menos complexas. Conforme Dosi (1988, p. 222), a inovação pode ser

definida como qualquer mudança (no produto ou no processo de sua produção), descoberta,

experimentação, desenvolvimento, imitação, além de novas configurações organizacionais.

Esta concepção, mais geral, pode ser aplicada tanto à inovação tecnológica quanto à inovação

técnica.

No desenvolvimento da inovação importa ressaltar a fonte da inovação e a origem do

conhecimento necessário à sua realização. Quanto às fontes da inovação, Von Hippel (1988,

p.3) aponta vários caminhos: a inovação pode ser desenvolvida pelos usuários da mesma;

pode ocorrer a partir dos fornecedores de componentes, insumos e materiais relacionados com

a inovação e, ainda, há a visão tradicional de que os fabricantes dos produtos podem ser os

verdadeiros inovadores, os que de fato concebem a inovação.

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No que se refere ao conhecimento para a inovação alguns aspectos merecem ser considerados.

Dois tipos de conhecimento são relacionados no campo das organizações: o explícito e o

tácito. O conhecimento explícito é aquele dominado por todos através da sua codificação e

difusão, enquanto o conhecimento tácito é específico e não formalizado, difícil de ser

transmitido (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). Por suas características peculiares e importância

no processo inovativo nas pequenas unidades produtivas, o conhecimento tácito se destaca.

Polanyi (1962), considerado um referencial no estudo do conhecimento, julga o conhecimento

tácito muito mais complexo do que o explícito, ao afirmar que “there are things that we know

but cannot tell”.

Nonaka e Takeuchi (1997) consideram que todo conhecimento é fundado a partir da interação

entre o conhecimento tácito e o explícito. Há quem enfatize o conhecimento como uma

construção social possuidora de uma dimensão temporal/histórica e de outra

espacial/territorial, ressaltando o conhecimento tácito, na perspectiva de Polanyi, como um

diferencial de competitividade e uma das principais fontes de inovação (ALBAGLI;

MACIEL, 2004). Nesta mesma direção situa-se a percepção de Bartholomaei (2005),

destacando a realização de estudos situados, apoiados em pesquisas participativas, no sentido

de compreender a construção do conhecimento, sobretudo o tácito, dentro de seu contexto

específico, inclusive verificando a possibilidade de sua deslocalização e reconstrução em

outro contexto. A visão deste autor, mesmo apontada como geral, também pode ser

compreendida como a construção do conhecimento voltada para o processo inovativo. Para

Albagli e Maciel (2004), parafraseando Yoguel (1998), a capacidade de processar e recriar

conhecimento é tão importante ou mais do que produzir um conhecimento novo. Porém, o

fundamental é a transformação deste conhecimento em ação, no que consiste o processo de

inovação.

Para que esse processo de inovação ocorra, a interação entre os dois tipos de conhecimento se

torna essencial. Dentro deste contexto, o papel do design de produto se sobressai e, neste

artigo, o foco se direciona para o desenvolvimento de uma metodologia sistêmica e

participativa, visando o processo interativo de construção do conhecimento para a inovação.

3. Metodologia de projeto de produto aplicada à gestão da inovação na produção

artesanal

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A literatura sobre inovação mostra que esse processo, seja no caso da inovação tecnológica ou

na técnica, mostra-se bastante específico. No que se refere à inovação técnica em pequenos

empreendimentos, sobretudo de produção artesanal, as especificidades são mais marcantes.

Nesse contexto, merece destaque o processo de construção do conhecimento localizado para a

inovação, através da interação dos conhecimentos explícitos e tácitos.

O Grupo de Pesquisa Design e Desenvolvimento Sustentável – GDDS, da Universidade

Federal de Campina Grande, Paraíba, tem realizado pesquisas no sentido de construir uma

metodologia de design de produto voltada para a produção de artesanato nesta localidade.

Esta metodologia possui duas características principais: a participação dos atores envolvidos

no processo e a visão sistêmica, que permite a consideração de todos os aspectos relativos à

produção, organização e distribuição dos produtos.

O ponto de partida para o desenvolvimento de uma metodologia de design de produto junto

aos artesãos de Campina Grande foi a constatação de que as intervenções dos designers em

micro e pequenas firmas ocorrem “de cima para baixo”. As pesquisas verificaram que pouco

se tem feito para estimular a capacidade de inovação interna das empresas, uma vez que os

profissionais atuam sem qualquer interação com os produtores diretos de artesanato

(GUIMARÃES, 2010).

Nas micro e pequenas empresas a inovação se apresenta como um problema, geralmente

resolvido através de cópias e adaptações e até de criações originais, sendo estas últimas

ocorrências mais raras. É comum essa atividade ser realizada fora dos horários “normais” da

gestão das empresas. Curiosamente isso foi verificado também em pesquisas realizadas em

empresas britânicas (GUIMARÃES, 2002) e em várias pesquisas em empresas do Nordeste,

especificamente no estado da Paraíba (GUIMARÃES, 1995; GUIMARÃES, 1999;

GUIMARÃES; DANTAS, 2006; GUIMARÃES, 2010).

A maioria dos produtos resultava de adaptações de produtos existentes, ajustados pelos

próprios empresários ou por pessoas que trabalham na produção. Essa adaptação parece

representar uma importante forma de acumular conhecimento técnico, explícito e/ou tácito. O

envolvimento de profissionais da área de design industrial era mínimo. Outros aspectos

relacionados a esta área, como a ergonomia, eram negligenciados. Em geral, existia uma

diferenciação de produtos, mas constatou-se que a maioria copiava os produtos da

concorrência ou utilizava produtos que já eram de domínio público.

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A metodologia de design desenvolvida junto e para os artesãos do município de Campina

Grande baseou-se em um processo de capacitação voltado para o desenvolvimento de

produtos. Ocorreu através da intervenção participativa dos profissionais da área de design e da

área de economia. A interação das duas áreas neste processo caracterizou-o como sistêmico,

uma vez que não se preocupou apenas com o aspecto técnico da atividade, mas também com o

aspecto econômico e o organizacional. O caráter participativo deveu-se à atuação “de baixo

para cima”, por parte dos pesquisadores, permitindo que os beneficiários da ação tomassem

parte em todas as etapas da intervenção, desde a concepção até a execução, na medida em que

seu conhecimento permitia.

A intervenção sistêmica, para o desenvolvimento da metodologia de design do produto, sob a

forma de capacitação dos artesãos, ocorreu nos seguintes aspectos: artesanato e identidade

local; design; mercado; segurança no trabalho; fotografia; marca e embalagem; custo e preço

de venda do produto; organização da produção com ênfase na economia solidária. A

metodologia desenvolvida teve como objetivo estimular mudanças significativas na produção

dos produtos artesanais. Para isto, a cada etapa das capacitações mencionadas, os artesãos

eram solicitados a participarem, dentro das suas possibilidades. Entretanto, a maior

participação destes artesãos ocorria no processo de criação dos produtos artesanais, no

concernente ao próprio design de produto, à maneira de um exercício.

A ideia da participação provém tanto das metodologias participativas, a exemplo da

metodologia da pesquisa-ação, como do design participativo. Apesar da existência de alguns

enfoques sobre design participativo, faz-se necessário ressaltar que sua adoção deve ser feita

de acordo com a situação e o contexto em que esta se encontra, a exemplo do que afirmam

Hussain, Sanders and Steinert (2012): “we suggest that participatory design approaches used

in the Western, developed world cannot be transferred directly to developing countries”.

Para ilustrar e comparar os resultados e o alcance da metodologia adotada foram estudados

dois casos: o primeiro não passou pela intervenção do design, mas apresentou elementos

interessantes em termos de inovação técnica, em que se adotou como procedimento

metodológico a observação sistemática do processo inovativo; o segundo mostrou as

mudanças oriundas da intervenção sistêmica, baseada na participação de todos os atores

envolvidos na produção de artesanato, que englobaram as áreas de design, economia e

engenharia de produção.

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4. Estudos de caso

4.1. Calçados Marcos

A pequena empresa denominada “Calçados Marcos” é uma microunidade de produção que

fabrica sandálias femininas adultas de solado baixo, chamadas de “rasteiras”. A microempresa

funciona há 15 anos no espaço denominado “Fabricão”, uma associação dos pequenos

fabricantes de calçados e artefatos de couro de Campina Grande-PB. A denominação Fabricão

é oriunda de um projeto desenvolvido pelo Centro de Tecnologia do Couro e do Calçado,

implementado pela prefeitura da cidade no início da década de 80, voltado para estes

pequenos empresários.

O micronegócio é totalmente informal e funciona diariamente, de segunda a sábado, em um

espaço de quatro por seis metros. É composto por quatro operários, sendo um deles o

proprietário e três trabalhadores informais que atuam em diferentes setores produtivos, sem

uma clara divisão de tarefas. Quando a demanda por produtos aumenta, os trabalhadores

produzem à noite e aos domingos. Apesar do espaço exíguo no qual funciona, o negócio

consegue produzir 96 pares de sandálias por dia, fabricando cerca de 10 modelos diferentes

(Figura 1). Sua produção volta-se para o mercado local, mas já vendeu os estados do Acre,

Rio Grande do Norte, Pernambuco e Ceará, com vendas somente no atacado, a partir de doze

pares.

Figura 1 – Modelos produzidos por Calçados Marcos

Fonte: Arquivo GDDS (2012)

As sandálias possuem etiqueta referente ao nome do negócio, que foi criada pela gráfica

(também informal) que imprimiu as mesmas. Os gastos do microempreendimento são com

compra de matéria-prima, energia elétrica e R$ 10,00 semanais para o vigilante do Fabricão.

Apesar de haver uma fábrica de injeção em plástico no mesmo Fabricão, o dono prefere

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comprar no Distrito Industrial ou no centro da cidade, por ser mais barato. A compra de

material é realizada no varejo, em lojas especializadas, chamadas “casas de couro”. Ele não

consegue realizar a compra dos insumos no atacado por não ser formalizado.

O próprio dono do negócio cria os modelos de calçados. Para isto, ele rabisca o que pretende

fazer, desenha o molde, faz um protótipo, realiza as alterações devidas e confecciona as peças.

O principal público que compra a produção são lojas populares, camelôs e vendedores

informais. O preço das sandálias varia de R$ 60,00 a R$ 84,00 a dúzia de pares, cerca de R$

5,00 a R$ 7,00 por par. Esses valores variam de acordo com o número de acessórios inseridos

nos produtos.

O local de produção possui diversos problemas: layout, organização, ergonomia e higiene.

Todos trabalham sem proteção ou uso de equipamentos de segurança, apesar de manusearem

cola com substâncias tóxicas e fogo para a secagem da cola. Não há sistema hidráulico na

fábrica, a água utilizada é armazenada em tonéis devidamente tampados. Por ser um espaço

reduzido e haver necessidade de trabalhar com fogo, o local é bastante quente, fazendo com

que os trabalhadores do sexo masculino trabalhem sem camisa, expostos a intempéries e calor

excessivo.

A produção é organizada em série, com utilização de apenas uma máquina de costura

industrial. Cada trabalhador produz uma parte da sandália, desde o corte manual do material, a

colagem e a montagem até a costura e acabamento final com colagem da etiqueta.

Muitas das ferramentas utilizadas na produção foram criadas e confeccionadas pelo

fabricante, a partir de resíduos sólidos provenientes da metalúrgica vizinha à sua fábrica

(Figura 2).

Figura 2 – Estilete confeccionado pelo dono do empreendimento “Calçados Marcos”

Fonte: Arquivo GDDS (2012)

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Um espaço maior ao lado da fábrica, com cerca de 36 metros quadrados, foi cedido à

microempresa informal Calçados Marcos, o qual será utilizado para melhorar o conforto e a

segurança dos trabalhadores e para estocagem de material e produtos prontos. Esse espaço

não está sendo utilizado ainda por necessitar de reforma no piso e no telhado.

Pode-se perceber, no caso relatado, que o microempreendimento de calçados artesanais tem

potencial para inovar, baseado nos seus conhecimentos tácitos para o desenvolvimento de

suas atividades. Essa situação ocorre rotineiramente com esses gestores que precisam inovar

para sobrevivência do próprio negócio. O gestor dedica parte de seu tempo para desenvolver

um novo design, através de conversas informais com os clientes, do que vê nas novelas da

televisão e dos novos materiais que encontra disponíveis no mercado, caracterizando como

um levantamento de dados do processo de design. O uso das ferramentas utilizadas, adaptadas

pelo próprio fabricante, evidencia um tipo de inovação de processo cujo conhecimento se

caracteriza pela vivência na atividade coureiro-calçadista.

O microempreendimento opera em condições precárias e sem noção de segurança e saúde dos

trabalhadores, bem como das exigências trabalhistas legais para seu funcionamento. O seu

mercado é promissor, mas poderia ser mais proveitoso se houvesse organização tanto na

produção quanto na distribuição dos produtos. O caso mostra-se como um campo propício

para uma intervenção do design, porém de maneira sistêmica, em que outras áreas são

também privilegiadas, e não só a capacidade inovativa, uma vez que a microempresa necessita

de uma mudança amplo alcance para funcionar adequadamente.

4.2. Associação de Mulheres Artesãs de Campina Grande – AMA-CG

Este caso trata de um grupo, formado por seis artesãs, que se dedica à produção de acessórios

femininos, utilizando o patchwork (trabalho que consiste na reunião de peças de tecido de

várias cores, padrões e formas, costuradas entre si, formando desenhos geométricos) como

técnica de costura. São produzidas carteiras, bolsas, nécessaires e outros. Não possui um

mercado tão promissor como o de calçados, mas tem se estabelecido e buscado inovar em

seus produtos. O grupo de artesãs produzem em um atelier localizado nos fundos da casa de

uma delas e escoam sua produção para o mercado local, em um espaço de vendas denominado

“Vila do Artesão”, administrado pela Prefeitura Municipal de Campina Grande-PB.

O grupo se submeteu à intervenção sistêmica do design e isto resultou em algumas mudanças

significativas no pequeno negócio, permitindo a geração de uma renda satisfatória para as

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artesãs. Aos poucos a produção estabeleceu uma identidade para seus produtos e este foi um

aspecto que os designers incentivaram. Seus tecidos, estampados e multicoloridos,

conquistaram o público consumidor de suas peças, dando margem para que desenvolvam

produtos novos, acompanhando as tendências com maior facilidade.

Neste caso estudado, houve intervenção dos pesquisadores, através da metodologia de design

empregada, a partir de uma capacitação em design e um acompanhamento pós-capacitação

para a compreensão das dificuldades e relevâncias do método empregado. A capacitação foi

dividida em seis módulos (mencionados acima) com duração de quatro horas cada,

ministrados uma vez por semana. No primeiro módulo, discutiu-se o conceito de artesanato,

ícones e no exercício proposto percebeu-se o diferencial deste grupo. Baseadas em algum

ícone regional, as artesãs produziram um artefato de sua escolha, no caso, um candeeiro

(utensílio de formatos variados, contendo líquido combustível e provido de mecha ou torcida,

que se destina a iluminar), prontamente transformado em uma bolsa para transporte de

aparelho celular (Figura 3 e 4). Enquanto executavam a atividade, as artesãs já demonstraram

interesse em desenvolver uma linha de produtos regionais.

Figuras 3 e 4 – Projeto e confecção de um porta-celular

Fonte: Arquivo GDDS (2012)

Os profissionais do design aproveitaram a criatividade das integrantes da AMA-CG para

redefinir as atividades dos módulos, uma vez que se tentava dissociar o produto exigido nos

exercícios do produto comercializado pelos artesãos participantes. O objetivo era estimular o

raciocínio e a criatividade dos mesmos, que livres de vícios, pudessem executar a peça

utilizando as técnicas e informações que eles possuíam (conhecimento tácito) e aquelas

repassadas pelos profissionais (conhecimento explícito). O grupo assimilava imediatamente as

informações e tentava aplicá-las à sua realidade, gerando novos produtos ou modificando os

já existentes com argumentos bem fundamentados. Do segundo módulo em diante passou-se a

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trabalhar com o universo de seu público alvo e com produtos que as artesãs pudessem

produzir e vender. Em paralelo ao andamento dos módulos, uma vez percebida a carência na

estrutura do ponto de venda das artesãs no espaço da Vila do Artesão, decidiu-se,

conjuntamente, por uma intervenção no layout do quiosque que dividem com outro grupo.

Figuras 5 e 6 – Modificações no layout da loja

Fonte: Arquivo GDDS (2012)

Além das mudanças no layout da loja, modificações no atelier também foram essenciais para

melhorar e acelerar o processo de produção. Com ajuda das artesãs, o espaço foi

completamente modificado, tornando mais confortável, visualmente limpo e atrativo para

visita de clientes (Figuras 7 e 8).

Figura 7 – Atelier antes das mudanças

Fonte: Arquivo GDDS (2012)

Figura 8 – Atelier após mudanças

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Fonte: Arquivo GDDS (2012)

Neste caso, pode-se perceber as mudanças ocorridas nos aspectos técnicos da produção que

levaram ao aprimoramento do processo de inovação, através da comunhão entre o

conhecimento tácito das artesãs e o conhecimento explícito dos especialistas. Além disso,

outras mudanças significativas, a exemplo do cálculo do custo e do preço de venda dos

produtos, foram implementadas pelo Grupo AMA-CG, bem como a melhoria da organização

da produção e da distribuição dos seus produtos baseados na economia solidária. Por abarcar

diversos aspectos, tanto técnicos quanto econômicos e organizacionais, a metodologia de

intervenção do design é considerada sistêmica. Esta metodologia permite atacar os diversos

pontos fracos através da interação entre os especialistas envolvidos e os beneficiários das

ações, em que todos participam do processo, e crescem no mesmo, dentro de suas

possibilidades de conhecimento da situação.

5. Conclusões

A partir do que foi estudado e constatado, a pesquisa revelou que a atividade dessas

microunidades de produção informal é bastante significativa, capaz de promover a geração de

trabalho e renda para as populações menos favorecidas e excluídas do mercado de trabalho

formal.

Apesar da metodologia de design de produto não ter sido aplicada no primeiro caso, pois o

objetivo foi a observação para fins comparativos, o microempreendimento apresenta

características específicas de inovação no desenvolvimento e na produção dos produtos. Sob

este aspecto pode-se considerar que o fabricante, ao inovar, busca adaptar as tecnologias

existentes à sua atividade, uma vez que não possui qualquer subsídio ou recurso financeiro

para investir na aquisição de tecnologias mais sofisticadas para o desenvolvimento de suas

atividades produtivas. Dentro do seu nível de conhecimento tácito, o fabricante do primeiro

empreendimento apresentado busca se munir do arsenal do design que se encontra ao seu

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Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

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alcance com vistas a projetar, construir o protótipo e fazer as modificações requeridas em seu

produto.

No segundo caso apresentado, em que ocorreu a intervenção do design, percebe-se a melhoria

tanto em termos da produção, quanto da organização e distribuição dos produtos ao

consumidor final. O potencial inovador das artesãs foi estimulado e isto ocasionou um

aumento nas vendas. As próprias artesãs do grupo participaram ativamente do processo de

intervenção, permitindo a troca de conhecimentos tão necessária ao sucesso do

empreendimento. A metodologia de intervenção sistêmica do design, implementada de forma

participativa, reafirmou a sua eficiência, neste caso, para detectar e solucionar problemas

relacionados ao desenvolvimento de produtos, procurando visualizar o empreendimento como

um todo. Cabe ressaltar que os resultados obtidos neste caso não pretendem ser generalizados,

pois há que se levar em consideração as especificidades de cada caso estudado e da

particularidade que permeia cada processo de intervenção realizado.

Políticas públicas de apoio a esses estabelecimentos informais devem ser estimuladas como

solução mitigadora dos problemas decorrentes dos altos impostos e do sistema nas quais estão

inseridas. É preciso uma intervenção participativa, uma mudança significativa de apoio à

pesquisa e incentivos fiscais neste sentido.

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