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8192019 Desocupaccedilotildees do Espaccedilo -pdf
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Documents of 20th-centuryLatin American and Latino ArtA DIGITAL ARCHIVE AND PUBLICATIONS PROJECT AT THE MUSEUM OF FINE ARTS HOUSTON
International Center for the Arts of the Americas | The Museum of Fine Arts Houston
PO Box 983094983096983090983094 Houston TX 983095983095983090 983094983093983085983094 983096983090983094 | httpicaadocsmfahorg
International Center for the Arts of the Americas at the Museum of Fine Arts Houston
ICAA Record ID 1111272
Access Date 2016-02-04
Bibliographic Citation
Salzstein Socircnia Desocupaccedilotildees de espaccedilo Guia das Artes (Satildeo Paulo Brazil) no 89 (1992)
36- 42
Synopsis
Brazilian Socircnia Salzstein discusses the contemporary concepts of ldquosculpturerdquo using the thinking
of the US art historian Rosalind Krauss as a point of departure Salzsteinrsquos objective is to
examine what distinguishes modern sculpture from contemporary sculpture and from there to
develop analogies with the specific case of Brazil The writer points out the specific milieu of her
country where ldquomodernityrdquo began to appear in the 1950s through a link between space and time
that materialized into profiles of something experiential In her opinion contemporary sculpture in
Brazil emerged from an impulsive break with the plane and not as a sculptural tradition in itself
as occurred in Europe and in the United States In addition Salzstein brings two more issues to
bear on the subject On the one hand she points out ldquothe stigma of the constructiverdquo On the
other she identifies the opportunity that arose when contemporary sculpture in Brazil came to
challenge the limits of recent paintingmdashthat is painting rendered in the 1980s To support her
arguments the writer uses examples from the work of the artists Walteacutercio Caldas Lygia Clark
Heacutelio Oiticica Amilcar de Castro Franz Weissmann Seacutergio [de] Camargo Victor Brecheret
Lasar Segall Ernesto De Fiori Bruno Giorgi Nuno Ramos Carlos Alberto Fajardo Tunga Cildo
Meireles and Iole de Freitas
8192019 Desocupaccedilotildees do Espaccedilo -pdf
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36
esocupaccedilotildees e Espaccedilo
nia Salzstein oldberg
Qucst-cc que la scupture moder
ne Natildeo ousaria como fez Margit R
o
we
ll no inventaacute rio-exposiccedilatildeo que orga
nizou cm 1986 pam o Ce
nt r
o G corgcs
P
om
pidou de Pa ri
s
formular essa per
gunta a propoacutesito da cscultum contem
poracircnea mesmo po
rqu
e suspe itando
qu
e talvez
co
nduza a uma falsa respos
ta a de que a escultura contemporacircnea
eacute alguma coisa quando talvez o mais
modesto c estrateacutegico seria indagar so
bre o lugar cm que investe e como o in
veste
Com efei
to
a concepccedilatildeo contempo
racircnea da escul
tura
tenderia a se deslo
car da ideacuteia de um gerenciamento do
espaccedilo de uma relaccedilatildeo transitiva e uniacute
voca para
se
deposit
ar em
suas bordas
e mesmo qua
nd
o o
pr
oblematiza tra
balha por assim dizer em sua perife
ria esgar
ccedila
ndo ao maacute ximo seus lim i
tes Daiacutesua inserccedilatildeo mais propriamen
te topoloacutegica que espacial M eus tra
balhos roccedilam o mundo diz Walteacutercio
Caldas
Ap li
cando ao contexto bras
il
eiro a
re
l
exatildeo de Rosal ind K rauss de
que
a
escultura moderna precisou escavar
co
mo cond iccedilatildeo mesma de sua emergecircn
cia o campo
cm
negativo
do mo
nu
men
t
dissolvendo a l
oacuteg
ica da base
e do pedestal fazendo desmoronar a
destinaccedilatildeo simboacutelica de sua reverecircncia
agrave histoacuteria corroendo implacavelmen
te o
es
paccedilo
cl
aacutessico
da
representaccedilatildeo
er
i
gi
n
do
cm
se
u lugar um corpo autocirc
nomo c nocircmadc c sobretudo chegan
do agrave co
mp
reensatildeo da escult
um
natildeo
mais como
um vo
lume-conteuacutedo (pen
sado
co
mo massa) depositado num
espaccedilo-continente (pensado como va
zio neut
ro
homogecircneo contiacutenuo)
mas como uma int
er
i
or
i
da
de absolu
ta aberta agraves operaccedilotildees mais abstratas
do
pensamento (1
o mode
rn
o
aq
ui
soacute tcra irrompi
do
nos anos 50 princi
palmente atraveacutes das experiecircncias neo
concretas de transgressatildeo do plano c de
instauraccedilatildeo de um espaccedilo-te
mp
o viven
cial rompido com a concepccedilatildeo eucli
diana do espaccedilo
ne
utro e imutaacutevel A
(1) Rejeitamos o vo lume como forma plaacutest ica do
espaccedilo(
)O i
hcm nosso espaccedilo real o que eacute ele semiddot
natildeo u
ma
profundidade contiacutenu
a
A rmamos a pro-
reflexatildeo criacutetica subjacente a uma nova
escultura pa rece ter
se
desencadeado
entatildeo para o meio de arte brasileiro an
t
es
como resultado dos em bat
es
com o
pl
ano do que a pa rtir da afron ta a uma
trad iccedilatildeo propriamente escultoacuterica que
evidentemente natildeo se imp
un
ha Mes
mo os artistas de trabalho estr itame
n
te escultoacuter ico no grupo como Amiacutelcar
de Castro c Fmnz Weissmann parecem
pensar o espaccedilo a
partir
do enfrenta
me n ta com os desdobram entos
espaccedilo-temporais dos planos A cons
ciecircncia moderna radical do trabalho de
arte
precipita-se assim trespassada de
pressupostos contemporacircneos implica
dos p rincipalmente nos trabalhos de
Lygia Clark e Heacutelio O iticica em que
o proacuteprio conceito de
ob
jeto esteacutetico eacute
expandido agrave
sua
intensidade maacutexima
e eacute por assim dizer horizontalizado remiddot
sultando nu ma ideacute ia de campo de vi
vecirc ncia esteacutetica E conquistando para a
escultu ra essa p r
ofundi
dade
do espaccedilo
absoluto a
perda do
peso de sua his
toacuterica
determinaccedilatildeo
vertical apontan
do para a indeterminaccedilatildeo do te r
ri
toacuterio
da
escultura contemporacircnea Se natildeo
houve o tempo e a possibilidade histoacute-
rica
de
constitu ir u ma tradiccedilatildeo a rup
tura neoconcreta
fo
i
ma
rcante para as
produccedilotildees posteriores U ma referecircncia
inaugu ral E o que eacute
ma
is instigante eacute
que trouxe a inteligecircncia do raciociacutenio
construtivo al iada agrave intuiccedilatildeo filosoacute ca
da expressivi
da
de
da
mateacuteria uma ex
pr
essividade
po
rtanto natildeo literaacuter ia
mas substanc ial substantiva arrancada
agrave vivecircncia da reversib
il
idade entre tem
po
7 es
paccedilo
E irresistiacutevel
aq u
i a inserccedilatildeo de um
parecircnteses sobre o estigma
em
que o
termo construtivo se converteu nas
abordagens
da
arte brasileira O cons
tr
uti
vo
eacute
aiacute
habitualmente posto
numa
polaridadeangustiante com as tendecircn
cias informais ou expressivas ele como
a instacircncia
da
asscpsia e do caacutelculo de
u
ma
razatildeo abstrata perfeita e totalitaacute
ria em oposiccedilatildeo agrave instacircncia do exces
so do inconti
da
e do imponderaacutevel que
fundidadc como uacuten ica forma plaacutes tica do espaccedilo
(Nau
m Gaboc Antoine PavanerManifestoRtalista
1920)
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digam respeito ao imperativo dos cor
pos O trabalho de Seacutergio de Cam argo
resiste magnificamente a essa apropr ia-
ccedilatildeo Permitindo ambiguumlamcntc o vis-
lumbre
de uma
s
up
eraccedilatildeo
da
mateacuteria
pela depuraccedilatildeo rigorosa dos corpos -
os maacutermores con
ve
rtidos assim
em
de
licadas membranas de trdllsparecircncia
o espaccedilo para o artista seria se tudo se
estancasse numa boa forma o desenho
de um esquema mental perfeito tota
litaacuterio no domiacutenio seguro de suas for
mas modulares operando em equaccedilotildees
de presenccedilae ausecircncia de ext
er
iorida
de e interioridade No entanto em Seacuter
gio de Camargo a mateacuteria se eacute nega
da eacute simultaneamente reposta agora
natildeo
co
movo lume mas como um aden
samcnto maximal dos corposcm super
fiacuteci
es
ou p
or
outra como
uma
espeacutecie
de intens
ifi
caccedilatildeo
do
espaccedilo
cm
peliacutecu
l
a
Esse movimento r
equer um
tran
s-
curso
um
fluir de tempo
em
cujo des
lizamento o espaccedilo se
dilata-
dando
lugar aos vazios ou se contrai - per
mitindo o acesso denso
da
mateacuteria As
sim a ma teacuteria teraacute sempre
um
antes
um atraacutes natildeo capturaacutevel
numa
pedago
gia
da
forma Estabeleccedila-se pois o cons
trutivo como procedimento pertinen
te aliaacutes a diversas estrateacutegias de escul
tura e natildeo como um atributo da for
ma
Sem duacutevida os postulados concre
tos jaacute haviam se atracado agraves concepccedilotildees
acadecircmicas da escultura afirmando a
autonomia e especificidade
da
lingua-
gem plaacutestica Mas aiacute o raciociacutenio cons
trutivo corria o risco de
se
estancar na
conquista triunfal
da
forma expressa
na
formulaccedilatildeo de
um
espaccedilo plaacutestico
loacutegico-abstrato capaz de fazer a asscp
sia
da
desorganizada c provinciana
vi
sualidade brasilcim de conferir-lhe a
transparecircncia c
ef
icaacutecia dos raciociacutenios
operacionais Ocorre que desde quees-
sa higienizaccedilatildeo natildeo teria os meios his
toacutericos para se cons
um a
r no contexto
brasilei ro essas formulaccedilotildees correriam
o risco de converter a forma
em
estilo
Ou
sej a tendo
determ
i
nado
o real so
cial um social que eacute antes instacircncia tec
noloacutegica de colet ivizaccedilatildeo da informa
ccedilatildeo
confo
rm
e notou Ronaldo Brito) co
mo
o lu
gar em
que a arte se dissolveria
em osmo
se
com esse tecido essas for
mulaccedilotildees
tc r
acirco entatildeo ao mesmo tem
po expropriado como resquiacutecio ro
macircnt
ico o lu
ga
r do s
uj
eito
da
arte con
temporacircnea Ora a forma tmnsitan
do solta e presumidamente apta a im
por registras qualitativos nesse real es
taria de fato destinada ao enrijecimen
to
q
ue a petrifica em estilo) e agrave fetichi
zaccedilatildeo (dado que
na
verdade expressa
uma
visualidade
jaacute
determinada de
an
tematildeo num niacutevel ideoloacutegico pelo pro
cesso de raci
on ali
zaccedilatildeo tecnoloacutegica da
produccedilatildeo) Especula
nd
o
um
pouco
pode-se imaginar que as co
nseq
uumlecircncias
histoacutericas possiacuteveisnessasform
ul
accedilotildees
para a cscultun1
se
riam os objetos luacute
dicos de participaccedilatildeo social
ou
quem
sab
e num
a outra
dir
cccedilatildeo as
exaltaccedilotildees futu rol6gicas dos me ios clc
trocircn icos
Mas
por que num texto sobre escul
tura contemporacircnea natildeo ten tar fazecirc
la derivar no tecido
hi
stoacuterico
ar
remes
sando s
ua
s
or
igens ao modernismo
de
Victor Brcchcrct ou de Lasar Scgall
inaugurando aiacute o legado
da
consciecircn
cia moderna pam a cscultum brasilei
ra E
ainda
perseguirseus antcsceden
tes
na
tradiccedilatildeo expressionista de Ernesto
De
Fiori
ou
no classicismo sinteacute
ti
co
de
Bruno Giorgi
Eacute
cl
aro qu
e
ao
se
refletir sobre a pro
duccedilatildeo ncoconcreta como referecircncia de
cisiva para a emergecircncia
da
consciecircn
cia moderna c contemporacircnea da cs
cultum no Brasil - aiacute onde finalmen
te se apreendeu a liccedilatildeo do cubismo -
natildeo
se
estaacute ignormdo a presenccedila his
toacuterica pioneira de um Brecherct ou de
um
Sega nem
se
resistindo
ao
reco
nhecimento
da
absorccedilatildeo
de
certos lan
ces modernos no trabalho de Ernesto
De
Fiori c Bruno Giorgi ou ainda
em
produccedilotildees esparsas ao longo
da
deacuteca
da
de
40
Mas
o fato eacute que
se
a conquis
ta do moderno se
daacute
pelo atrito impla
caacutevel com
uma
tradiccedilatildeo esse ato exces
si
vo
soacute teraacute tido similar no contexto da
queles artistas Eles que paradoxal
mente reatavam a uma tradiccedilatildeo a cons
trutiva c o que eacute notaacutevel de modo criacute
tico natildeo se contrapunham primordial
mente aos valores
do
passado da arte
mas
se
lanccedilavam temerariamen te agrave
conquista agrave fundaccedilatildeo de um presente
Wolteacutercio ldos disco e
esfera alumiacutenio pintado
7
X
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que
deveria ser se
mpr
e atual Tanto eacute
assim
que
deles se resgata antes o inci-
sivo dos procedimentos
do
que uma
eventual influecircncia de suas obras
Ora
a assimilaccedilatildeo
da
experiecircncia
moderna
na escultura
de
Brecheret e
Segall eacute decorosa metoacutedica
e
no caso
do
primeiro aleacutem disso ecleacutetica
Reconheccedila-se
que
haacute momentos for
mais importantes
em
seus trabalhos c
de natu rezas diversas o primeiro nu
ma compreensatildeo est
ili
zada da tradiccedilatildeo
cubista e o uacuteltimo
nu m
a vivecircncia sin
cera
da
tradiccedilatildeoexpressionista O adel
gaccedilamentodepurado
da
s linhas e a siacuten
tese de planos em deslocamentos de luz
satildeo reveladoresde
uma
inteligecircnciamo
derna
cm
Brccherct encontraacute
vcl
tam
beacutem
cm
suas esculturas dos anos 50 on
de a quacutealidadc maciccedila da mateacuteria de
corre
de uma
siacutentese
brutal em
formas
orgacircnicas como
que por ~
trabalho
incessa
nt
e de erosatildeo do ar E
tambeacutem
inegaacutevel a qualidade
do
trabalho escul
toacuterico
de
Segall com o recorte das
fi-
guras
em
blocos
de
corpore
id
ade poten
cializada c expressiva
Ma
s natildeo fora a
ruptura
neoconcreta a escultura bra
sileira tenderia a se aferrar a
um
mo
delo representacional literaacuterio ou ten-
do superado este a
um
formalismo abs
trato e estetiza
nt
e E que aliaacutes
foi uma
constante
num
sc
t
or da
produccedilatildeo bra
s
il
eira
da deacute
c
ada
de 50
O que tornaria pertinente fazer
emergir agora
uma
discussatildeo sobre
es-
cultura conte
mp
oracircnea
jaacute
que
natildeo
se
trata aqui
de
apresentar
um pa
nora
m
a
de obras ou de fazer
um
recen
seamento de escultores
Natildeo
se deseja
estimular com o texto
qualquer
obser
vaccedilatildeo acerca da vo lta da escultura
(a
esse respeito
cf ar t
i
go de
Alberto Tas
sinari Rese
nde
fecha ciclo
de
escul
turas
no Rio
Folha de S Paulo
01
021988) assim co
mo
haacute algum tem
po se falou equivocadamente na volta
da
pintura
Ora
a escultura
tambeacutem
se
mpre est
eve aiacute
A inserccedilatildeo do tema
tem
en
tretanto
um
interesse pontual
a suposiccedilatildeo de que talvez nesse
momen
to a escultura possa dar o xe
qu
e
-mat
e
a respeito de algumas questotildees estira
das
ao
limite
ju
stamente pela pintura
nos uacuteltimos anos o gesto (codificado
paroacutedi
co
energeacutetico construtivo) o
espaccedilo (topoloacutegico ou empiacuterico gera
do a partir do plano ou absoluto) a for-
ma
(instacircncia
de
imagens ou
ao
con
traacuterio na recusa dessa alteridade lu-
gar
abstrato das superfiacuteciesou dos ma
teriais envolvidos
no
processo do traba
lho)
A escultu ra encontmndo-se
em si-
tuaccedilatildeo
imp
onderaacutevel oscilando no
campo ampliado
de
que fala Rosalind
Krauss
atuando
a
partir
de
uma
espeacute
cie de natildeo-lugar poderia mob
ilizaram
plamente algumas
qu
es totildees cruciais -
ra a discussatildeo
do
trabalho de arte con
temporacircneo inclusi
ve
as pictoacutericas A
esse respeito eacute significativo n
otar
que
os trabalhos de
Nuno Ramo
s recente
mente expostos
na
Galer ia Seacutergio Mil
liet no Rio tenh
am
feito taacutebula-rasa
de alguns pressupostos da
ima
ge
atraveacutes
do
uso
de um
material ambiacuteguo
como a
cal
oc
upando
e ao mesmo tem
po sendo co
mo que
ocupado pelo
es-
paccedilo que
lh
e inflige seu peso e suas mo
dulaccedilotildees- para agora repor a ativida
de
pictoacuterica a partir
de uma
experiecircn
cia intransigente com o gesto e a for
ma
Aiacute
a mateacuteria pictoacuterica eacute acumu
lada
depo
sitada agrave exaustatildeo
no
supor
te como a flanquear
ao maacuteximo
sua
condiccedilatildeo de imagem test
ar ao
maacutexi
mo essa alteridade
qu
e caso vencida
pa
ssaria a
se
definir como
um
corpo middot
E talvez esse gesto
pr
etenda isso mes-
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mo
um
estado
de
indiferenciaccedilatildeo
em
que o corpo da pintura seja equumlivalen
te ao corpo do sujeito Estrdnhamen
te poder-se-ia dizer
que Nuno
agord
estaria fazendo uma pintura
escultoacuterica
E
haacute ainda
o trabalho latentemente
pictoacuterico de Carlos Alberto Fajardo cu
jo
requisito eacute sempre a demarcaccedilatildeo
de
um lugar ou melhor de
uma
espeacutecie
de desdobramento
planar
do espaccedilo
sempre a mitigar a relaccedilatildeovertical
que
as peccedilas logo desejariam estabelecer
com o olhar Porque
tudo
laacute eacute conver
tido em superfiacutecie
que
vive nessa
am
biguumlidade entre a condiccedilatildeo riacutegida
do
suporte do plano e a sensualidade po
rosadas espessuras A mateacuteria
por
sua
vez eacute magra rarefeita e
quando
sur
ge
eacute convertida
no
registro impessoal
de um procedimento construtivo En
tretanto inversamente tudo
aiacute
aguar
da a mateacuteria os suportes recostados
ao
chatildeo satildeo sempre espectantes algo sem
pre lhes falta e o olho eacute obrigado a con
viver
na
ambiguumlidade insuperaacutevel de
estar aparentemente diante de fatos
de
escultura mas que natildeo chegam nunca
a constituiacute-la E
quando
o artista en
frentou a mateacuteria na insistente e qua-
se exasperante artesanalidade de
um
fi-
lete
de
argila
de
cerca de
17m
deposi
tado ao chatildeo cm instalaccedilatildeo recente ela
era
um
registro em negativo da manua
lidade da sensualidade da mateacuteria pic
toacuterica
Onde
entatildeo o lugar
da
Escul
tura
Enfim esses procedimentos apon
tam
para o territoacuterio imponderaacutevel de
onde opera a escultura contemporacircnea
o que demonstra que seria um anacro
nismo tentar pensar a escultura a par
tir de uma especificidade ontoloacutegica
Dessa maneira a estrateacutegia pam abor
dar a produccedilatildeo contemporacircnea talvez
seja a de tentar reconhecer o lugar abs
trato de onde ostrabalhos miram a praacute
tica da escultura Levando
em
conta
inclusive
que haacute
os
que
satildeo capazes de
problematizar alguns
de
seus pressu
postos sem no entanto poderem ser
qefinidos por uma praacutetica escultoacuterica
E o caso de Walteacutercio Caldas por exem
plo
que
instaura um campo muito es
peciacutefico de objetos e que gerando de
fato objetos paradoxalmente lhes dis
solve o peso o volume a mateacuteria a pic
tural idade
embora eles estejam laacute pa
ra
discutir
justamente
o peso o volu
me a mateacuteria a picturalidade
Enquanto Flora a Borda Tomba
Magneacutetica de Acuacuteleos Zumbidos a Tri
lha Atapetara Aeacuterea Ataraxia Pendu
lar Arrepio Marsupial que Mesmo Ho
miniacutedeo Cabia FcnososPelos ao Loacutebulo
Rastreara Assistecircncia Fractal Hesita
a Animal
de
Niacutequel
Vecircm
o Vocirco Ento
moloacutegico Fecircmea Asculta Cabeccedila Ge
nomas Penetraraacutes O tmbalho de Tun
g
o tiacutetulo acima refere-se ao que foi
apresentado
na
Bienalde Satildeo Paulo
- eacute
uma
espeacutecie
de
laboratoacuterio das
questotildees que potildeem em atrito (e cm rea
ccedilatildeo) os atributos da imagem e da ma
teacuteria com os pressupostos
da
escultu
ra
Haacute um
deslocamento
uma
comu
tabilidade incessante entre esses atribu
tos
quando
defrontados agrave situaccedilatildeo-es
cultura A mateacuteria franca brutal avas
saladora eacute paradoxalmente reduzida
agrave
espessura de uma lacircmina de uma ima
gem de uma iconografia que entretan
to natildeo possui um referente natildeo fala de
algo exterior ao trabalho Conta jus
tamente a faacutebula da eterna e infinite
simal decalagem entre a mateacuteriae o sig
no Ali estaacute o corpo esmagador de al
gumas toneladas de ferro
Mas jaacute
natildeo
eacute
trata-se agora
de uma
cabeleira Es
sa espeacutecie de excessividade imageacutetica
39
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Tungo moquete e instalaccedilatildeo 1987
40
que se transmuta sucessivame
nt
e nu
ma
excessividade
mat
eacuterica eacute gerada na
indiferenciaccedilatildeo
do
sujeito das coisas e
do
mundo - tudo aiacute se equivale e se
comuta - e manteacutem o trabalho sem
pre nesse estado ve rtiginoso sem or e
pouso possiacutev
el
de um significado de um
recobrimento perfeito entre iconogra
fia e a mateacute ria Esc ultura total exces
siva anti-escultura porque deseja iman
tar o sujeito amal
gamaacute
lo em seu dis
positivo de imagem
ou
de mat eacuteria
Co
mo
tantos o
utr
osartistas cujaobra
natildeo necessariament
e escultoacuterica eacute re
levante para a
di
scussatildeo
da
escultura
C ildo Meireles transita num campo li
mi
ar sem
que
qualquer
de
seus traba
lhos
pro
ce
da
de
um
a teacutecnica escultoacuteri
ca Mas em sua produccedilatildeo a noccedilatildeo de
lugar pe
rtin
e
nt
e de um
modo
ou de
outro a ta
nto
s artistas talvez adquira
imp
ortacircncia
ma
is decisiva porque
jaacute
contab
ili
zand
o
de a
nt
ematildeo o parti pris
de
um
lu
gar qu
e
imp
recisamente po
deria ser definido
co
mo socioloacutegico
Se
ja ele in
es
pec
ifi
came
nt
e o dos coacutedigos
coletivos ou mais particularmente o da
m
emoacuter
ia Essa
importacircn
c
iade
lugar eacute
expressa
por
exemplo
no
desejo de
Gil
do
de criar o territoacuterio preciso de
uma
ideacuteia sem passar pela intermediaccedilatildeo
dos processos de formalizaccedilatildeo isto eacute
com o menor grau de resiacuteduo possiacute
vel Desejo-limite evid
en
temente
por
qu
e essa formalizaccedilatildeo deve sempre
existir embora decorre
nd
o
do
proacuteprio
poder expressi
vo
do
s materiais so
ciais
por
assim dize
r que
o artista em
prega Como
no
caso de Desvio para
o Vermelho (apresentada em 1984 no
MAM -RJ e em 1986 no
MAC
SP) na
qual
a accedilatildeo de f
or
malizaccedilatildeo se daacute em
situaccedilatildeo
li
miar
co
mo alteraccedilatildeo
do
s coacute
di
gos perceptivos desencadeada a par
tir
do
estranhamento de pequenos dis
po
siti
vos
cotidianos Ou em sua recente
instalaccedilatildeo motivada pelo tema das mis
sotildees jesuiacuteticas no Rio Gr ande do Sul
em
qu
e o
lu
gar-natildeo-lugar escultoacuteri
co
eacute demarcado segundo dois procedi
men
tos
1) por inte
rm
eacutedio
do en
trecru
zamento dra maacutetico de s
iacutemb
olos cole
tivos - as moedas os ossos de boi as
hoacutestias e o
veacute
u
ne
g
ro qu
e envolve o tra
balho 2) por intermeacutedioacute
do
acuacutemulo
magnifica
do
d
esses
mesmos
el
ementos
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mas agora
com
seus atributos
de
siacutem
bolos reagindo
agrave
sua natureza expres
sivade mateacuteria 600 mil moedas oque
significam 600 mil unidades de metal
geacutelido e inerte 2 000 mil ossos de boi
o que significa
um
estranho corpo de
material orgacircnico e pereciacutevel 800hoacutes
tias o que signigica outro estranho cor
po de material orgacircnico soacute que inver
samente purificado sublimado de mo
do que coincidesua intensidade de ma
teacuteria com a de siacutembolo O campo de en
frentamento
em
relaccedilatildeo agrave escultura tal
vez ocorra aiacute no ponto
em
que sobre
a mateacuteria se imprimem inevitavelmen
te os signos de sua circulaccedilatildeo social ou
coletiva
O recursos mais criacuteticos dispo
sitivos formais da escultura contempo
racircnea desde a produccedilatildeo poacutes-minimal
acionados a partir de
uma
reflexatildeo pre
cisa e pontual
da
proacutepria tradiccedilatildeo es-
cultoacuterica natildeo deixam duacutevidas quanto
agrave natureza do trabalho de Joseacute Resen
de como escultura Em seus uacuteltimos tra
balhos a mateacuteria instaura seu proacuteprio
regime de funcionamento Mas essa
mateacuteria que eacute simultaneamente sujei
to e predicado das accedilotildees desencadea
das natildeo estaacute evidentemente afirman
do
um
atributo de peso ou desejando
estabelecer trocas com o
espaccedilo
Os ma
teriais postos em reaccedilatildeo inscrevem ob
jetivamente sua intervenccedilatildeo no real ati
vados em sua mais intensa expressivi
dade E nesse processo eacute impossiacutevel de
marca r contornos continentes e con
teuacutedos estatildeo sempre a
se
reverter um
no outro sucessivamente Pois
se
satildeo
postos
em
accedilatildeo o couro e a parafina por
exemplo o primeiro
que
equivoca
mente poderia ser tido como suporte
vai sendo estancado no transcurso do Cildo Me ireles Missatildeo missotildees ossos hoacutestias moedas e
filoacute
36m
2
1987
enrijecimentoda parafina Nessa accedilatildeo
de
resultados
natildeo
totalmente previsiacute-
veis na inteligecircnciaconstrutivados tra-
balhos a rigor natildeo
se
poderia falar de
espaccedilo jaacute que as obras deslocando in-
cessantemente seus contornos vatildeo co-
mo quearregaccedilando-o sorvendo-o Em
seu encaminhamento ao reversodoes-
paccedilo entatildeo os trabalhos nada refletem
natildeo precipitam uma membrana de
imagemem superfiacutecie Satildeo de fato um
interior um negativo em expansatildeo E
sugam jaacute pela proacutepria densidade e
4
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42
porosidade dos materiais toda luz tu
do
o que eacute da
ordem da
luz O
olhar
do
espectador E
tambeacutem numa
espeacute
cie
de emp
iria negativa o seu corpo
que eacute do ponto de vista do trabalho a
delimitaccedilatildeo de um vazio a ser ocupado
Se Yole de Freitas de fato
natildeo
expe
rimentou
a convivecircncia
direta com
o
movimento
neoconcreto sua
obra
de
alguma forma o teraacute contabilizado Es
peacutecie de mapeamento dos deslocamen
tos
do
corpo - reatando a artista a suas
experiecircncias anteriores
com
a danccedila e
o trabalho do corpo - a
obra
de
Yole
requer a extensividadeduacutectil das super
fiacutecies Ao contraacuterio do lugar cego ( on
de a l
uz
eacute sorvida pelos materiais) e ab
soluto das peccedilas de Resende essas te
l
as
metaacutelicas que a artista vem produ
zindo dobradas e tensionadas devol
vem ao corpo a imagem integral
de
sua
passagem transluzem Uma torccedilatildeo
Yole e Freitas
sem tiacutetulo ferro
30 X 110 X 40 1986
precaacuteria
manteacutem-nas
estaacuteveis mas pa
recem ter sido estancadas numa fraccedilatildeo
infinitesimal e fortuita de tempo Sabe
se assim
que
nessas dobras e nesse fluir
da
l
uz
pelas tramas haacute
um
atraacutes e tam
beacutem
um entre Como
num antropo
morfismo
natildeo
representacional eles
resgatam ao corpo sua
in
tegral
idad
e
sem a qual ele
natildeo saber
ia se ver
Meus trabalhos roccedilam o mundo
Eacute esse atrito em situaccedilatildeo limiar o lugar
da arte no
mundo
contemporacircneo E
tambeacutem
detecta-se seu ruminar infa
tigaacutevel no movimento invisiacutevel nos cor
pos parados Onde quer queesteja es
se lu
gar
definido porWalteacutercio
Caldas
poderia talvezser pensado como o natildeo
lu
gar
da
escultura contemporacircnea on
de ela seria decididamente desmateria
lizada
a partir
de
seus atributos
de
pe
so e mateacuteria liberada
da
determinaccedilatildeo
da
gravidade e tambeacutem de seus parti
pris
conceituais de natildeo-peso e natildeo-ma
teacuteria Natildeo
se trataria de
forma
algu
ma de um espaccedilo mental da escultu
ra algo assim como seu campo em ne
gativo mas
da
escultura de
um
espaccedilo
mental
convergecircncia de procedimen
tos e relaccedilotildees colocados inauguralmen
te natildeo-metafoacutericos natildeo desdobrados
de um pensamento dado prionmiddot Suas
peccedilas
sustentam-se
positivamente no
real e
simultaneamente demonstram
a
estranha
loacutegica de sua existecircncia
Natildeo
eacute uma simples ironia o fato de que uma
delas
do conjunto apresentado
na ex
posiccedilatildeo
Im ag
inaacute rios Singulares
na
Bienal de Satildeo Paulo chama-se Es
cultura Trata-se de demonstraccedilatildeo de
um
pensamento
escultoacuterico sem escul
tura Esta em tal situaccedilatildeo seria uma
metaacutefora Quest-ce que la scu
lp
ture
contemporaine
Ora Escultura
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36
esocupaccedilotildees e Espaccedilo
nia Salzstein oldberg
Qucst-cc que la scupture moder
ne Natildeo ousaria como fez Margit R
o
we
ll no inventaacute rio-exposiccedilatildeo que orga
nizou cm 1986 pam o Ce
nt r
o G corgcs
P
om
pidou de Pa ri
s
formular essa per
gunta a propoacutesito da cscultum contem
poracircnea mesmo po
rqu
e suspe itando
qu
e talvez
co
nduza a uma falsa respos
ta a de que a escultura contemporacircnea
eacute alguma coisa quando talvez o mais
modesto c estrateacutegico seria indagar so
bre o lugar cm que investe e como o in
veste
Com efei
to
a concepccedilatildeo contempo
racircnea da escul
tura
tenderia a se deslo
car da ideacuteia de um gerenciamento do
espaccedilo de uma relaccedilatildeo transitiva e uniacute
voca para
se
deposit
ar em
suas bordas
e mesmo qua
nd
o o
pr
oblematiza tra
balha por assim dizer em sua perife
ria esgar
ccedila
ndo ao maacute ximo seus lim i
tes Daiacutesua inserccedilatildeo mais propriamen
te topoloacutegica que espacial M eus tra
balhos roccedilam o mundo diz Walteacutercio
Caldas
Ap li
cando ao contexto bras
il
eiro a
re
l
exatildeo de Rosal ind K rauss de
que
a
escultura moderna precisou escavar
co
mo cond iccedilatildeo mesma de sua emergecircn
cia o campo
cm
negativo
do mo
nu
men
t
dissolvendo a l
oacuteg
ica da base
e do pedestal fazendo desmoronar a
destinaccedilatildeo simboacutelica de sua reverecircncia
agrave histoacuteria corroendo implacavelmen
te o
es
paccedilo
cl
aacutessico
da
representaccedilatildeo
er
i
gi
n
do
cm
se
u lugar um corpo autocirc
nomo c nocircmadc c sobretudo chegan
do agrave co
mp
reensatildeo da escult
um
natildeo
mais como
um vo
lume-conteuacutedo (pen
sado
co
mo massa) depositado num
espaccedilo-continente (pensado como va
zio neut
ro
homogecircneo contiacutenuo)
mas como uma int
er
i
or
i
da
de absolu
ta aberta agraves operaccedilotildees mais abstratas
do
pensamento (1
o mode
rn
o
aq
ui
soacute tcra irrompi
do
nos anos 50 princi
palmente atraveacutes das experiecircncias neo
concretas de transgressatildeo do plano c de
instauraccedilatildeo de um espaccedilo-te
mp
o viven
cial rompido com a concepccedilatildeo eucli
diana do espaccedilo
ne
utro e imutaacutevel A
(1) Rejeitamos o vo lume como forma plaacutest ica do
espaccedilo(
)O i
hcm nosso espaccedilo real o que eacute ele semiddot
natildeo u
ma
profundidade contiacutenu
a
A rmamos a pro-
reflexatildeo criacutetica subjacente a uma nova
escultura pa rece ter
se
desencadeado
entatildeo para o meio de arte brasileiro an
t
es
como resultado dos em bat
es
com o
pl
ano do que a pa rtir da afron ta a uma
trad iccedilatildeo propriamente escultoacuterica que
evidentemente natildeo se imp
un
ha Mes
mo os artistas de trabalho estr itame
n
te escultoacuter ico no grupo como Amiacutelcar
de Castro c Fmnz Weissmann parecem
pensar o espaccedilo a
partir
do enfrenta
me n ta com os desdobram entos
espaccedilo-temporais dos planos A cons
ciecircncia moderna radical do trabalho de
arte
precipita-se assim trespassada de
pressupostos contemporacircneos implica
dos p rincipalmente nos trabalhos de
Lygia Clark e Heacutelio O iticica em que
o proacuteprio conceito de
ob
jeto esteacutetico eacute
expandido agrave
sua
intensidade maacutexima
e eacute por assim dizer horizontalizado remiddot
sultando nu ma ideacute ia de campo de vi
vecirc ncia esteacutetica E conquistando para a
escultu ra essa p r
ofundi
dade
do espaccedilo
absoluto a
perda do
peso de sua his
toacuterica
determinaccedilatildeo
vertical apontan
do para a indeterminaccedilatildeo do te r
ri
toacuterio
da
escultura contemporacircnea Se natildeo
houve o tempo e a possibilidade histoacute-
rica
de
constitu ir u ma tradiccedilatildeo a rup
tura neoconcreta
fo
i
ma
rcante para as
produccedilotildees posteriores U ma referecircncia
inaugu ral E o que eacute
ma
is instigante eacute
que trouxe a inteligecircncia do raciociacutenio
construtivo al iada agrave intuiccedilatildeo filosoacute ca
da expressivi
da
de
da
mateacuteria uma ex
pr
essividade
po
rtanto natildeo literaacuter ia
mas substanc ial substantiva arrancada
agrave vivecircncia da reversib
il
idade entre tem
po
7 es
paccedilo
E irresistiacutevel
aq u
i a inserccedilatildeo de um
parecircnteses sobre o estigma
em
que o
termo construtivo se converteu nas
abordagens
da
arte brasileira O cons
tr
uti
vo
eacute
aiacute
habitualmente posto
numa
polaridadeangustiante com as tendecircn
cias informais ou expressivas ele como
a instacircncia
da
asscpsia e do caacutelculo de
u
ma
razatildeo abstrata perfeita e totalitaacute
ria em oposiccedilatildeo agrave instacircncia do exces
so do inconti
da
e do imponderaacutevel que
fundidadc como uacuten ica forma plaacutes tica do espaccedilo
(Nau
m Gaboc Antoine PavanerManifestoRtalista
1920)
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digam respeito ao imperativo dos cor
pos O trabalho de Seacutergio de Cam argo
resiste magnificamente a essa apropr ia-
ccedilatildeo Permitindo ambiguumlamcntc o vis-
lumbre
de uma
s
up
eraccedilatildeo
da
mateacuteria
pela depuraccedilatildeo rigorosa dos corpos -
os maacutermores con
ve
rtidos assim
em
de
licadas membranas de trdllsparecircncia
o espaccedilo para o artista seria se tudo se
estancasse numa boa forma o desenho
de um esquema mental perfeito tota
litaacuterio no domiacutenio seguro de suas for
mas modulares operando em equaccedilotildees
de presenccedilae ausecircncia de ext
er
iorida
de e interioridade No entanto em Seacuter
gio de Camargo a mateacuteria se eacute nega
da eacute simultaneamente reposta agora
natildeo
co
movo lume mas como um aden
samcnto maximal dos corposcm super
fiacuteci
es
ou p
or
outra como
uma
espeacutecie
de intens
ifi
caccedilatildeo
do
espaccedilo
cm
peliacutecu
l
a
Esse movimento r
equer um
tran
s-
curso
um
fluir de tempo
em
cujo des
lizamento o espaccedilo se
dilata-
dando
lugar aos vazios ou se contrai - per
mitindo o acesso denso
da
mateacuteria As
sim a ma teacuteria teraacute sempre
um
antes
um atraacutes natildeo capturaacutevel
numa
pedago
gia
da
forma Estabeleccedila-se pois o cons
trutivo como procedimento pertinen
te aliaacutes a diversas estrateacutegias de escul
tura e natildeo como um atributo da for
ma
Sem duacutevida os postulados concre
tos jaacute haviam se atracado agraves concepccedilotildees
acadecircmicas da escultura afirmando a
autonomia e especificidade
da
lingua-
gem plaacutestica Mas aiacute o raciociacutenio cons
trutivo corria o risco de
se
estancar na
conquista triunfal
da
forma expressa
na
formulaccedilatildeo de
um
espaccedilo plaacutestico
loacutegico-abstrato capaz de fazer a asscp
sia
da
desorganizada c provinciana
vi
sualidade brasilcim de conferir-lhe a
transparecircncia c
ef
icaacutecia dos raciociacutenios
operacionais Ocorre que desde quees-
sa higienizaccedilatildeo natildeo teria os meios his
toacutericos para se cons
um a
r no contexto
brasilei ro essas formulaccedilotildees correriam
o risco de converter a forma
em
estilo
Ou
sej a tendo
determ
i
nado
o real so
cial um social que eacute antes instacircncia tec
noloacutegica de colet ivizaccedilatildeo da informa
ccedilatildeo
confo
rm
e notou Ronaldo Brito) co
mo
o lu
gar em
que a arte se dissolveria
em osmo
se
com esse tecido essas for
mulaccedilotildees
tc r
acirco entatildeo ao mesmo tem
po expropriado como resquiacutecio ro
macircnt
ico o lu
ga
r do s
uj
eito
da
arte con
temporacircnea Ora a forma tmnsitan
do solta e presumidamente apta a im
por registras qualitativos nesse real es
taria de fato destinada ao enrijecimen
to
q
ue a petrifica em estilo) e agrave fetichi
zaccedilatildeo (dado que
na
verdade expressa
uma
visualidade
jaacute
determinada de
an
tematildeo num niacutevel ideoloacutegico pelo pro
cesso de raci
on ali
zaccedilatildeo tecnoloacutegica da
produccedilatildeo) Especula
nd
o
um
pouco
pode-se imaginar que as co
nseq
uumlecircncias
histoacutericas possiacuteveisnessasform
ul
accedilotildees
para a cscultun1
se
riam os objetos luacute
dicos de participaccedilatildeo social
ou
quem
sab
e num
a outra
dir
cccedilatildeo as
exaltaccedilotildees futu rol6gicas dos me ios clc
trocircn icos
Mas
por que num texto sobre escul
tura contemporacircnea natildeo ten tar fazecirc
la derivar no tecido
hi
stoacuterico
ar
remes
sando s
ua
s
or
igens ao modernismo
de
Victor Brcchcrct ou de Lasar Scgall
inaugurando aiacute o legado
da
consciecircn
cia moderna pam a cscultum brasilei
ra E
ainda
perseguirseus antcsceden
tes
na
tradiccedilatildeo expressionista de Ernesto
De
Fiori
ou
no classicismo sinteacute
ti
co
de
Bruno Giorgi
Eacute
cl
aro qu
e
ao
se
refletir sobre a pro
duccedilatildeo ncoconcreta como referecircncia de
cisiva para a emergecircncia
da
consciecircn
cia moderna c contemporacircnea da cs
cultum no Brasil - aiacute onde finalmen
te se apreendeu a liccedilatildeo do cubismo -
natildeo
se
estaacute ignormdo a presenccedila his
toacuterica pioneira de um Brecherct ou de
um
Sega nem
se
resistindo
ao
reco
nhecimento
da
absorccedilatildeo
de
certos lan
ces modernos no trabalho de Ernesto
De
Fiori c Bruno Giorgi ou ainda
em
produccedilotildees esparsas ao longo
da
deacuteca
da
de
40
Mas
o fato eacute que
se
a conquis
ta do moderno se
daacute
pelo atrito impla
caacutevel com
uma
tradiccedilatildeo esse ato exces
si
vo
soacute teraacute tido similar no contexto da
queles artistas Eles que paradoxal
mente reatavam a uma tradiccedilatildeo a cons
trutiva c o que eacute notaacutevel de modo criacute
tico natildeo se contrapunham primordial
mente aos valores
do
passado da arte
mas
se
lanccedilavam temerariamen te agrave
conquista agrave fundaccedilatildeo de um presente
Wolteacutercio ldos disco e
esfera alumiacutenio pintado
7
X
15 1988
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38
que
deveria ser se
mpr
e atual Tanto eacute
assim
que
deles se resgata antes o inci-
sivo dos procedimentos
do
que uma
eventual influecircncia de suas obras
Ora
a assimilaccedilatildeo
da
experiecircncia
moderna
na escultura
de
Brecheret e
Segall eacute decorosa metoacutedica
e
no caso
do
primeiro aleacutem disso ecleacutetica
Reconheccedila-se
que
haacute momentos for
mais importantes
em
seus trabalhos c
de natu rezas diversas o primeiro nu
ma compreensatildeo est
ili
zada da tradiccedilatildeo
cubista e o uacuteltimo
nu m
a vivecircncia sin
cera
da
tradiccedilatildeoexpressionista O adel
gaccedilamentodepurado
da
s linhas e a siacuten
tese de planos em deslocamentos de luz
satildeo reveladoresde
uma
inteligecircnciamo
derna
cm
Brccherct encontraacute
vcl
tam
beacutem
cm
suas esculturas dos anos 50 on
de a quacutealidadc maciccedila da mateacuteria de
corre
de uma
siacutentese
brutal em
formas
orgacircnicas como
que por ~
trabalho
incessa
nt
e de erosatildeo do ar E
tambeacutem
inegaacutevel a qualidade
do
trabalho escul
toacuterico
de
Segall com o recorte das
fi-
guras
em
blocos
de
corpore
id
ade poten
cializada c expressiva
Ma
s natildeo fora a
ruptura
neoconcreta a escultura bra
sileira tenderia a se aferrar a
um
mo
delo representacional literaacuterio ou ten-
do superado este a
um
formalismo abs
trato e estetiza
nt
e E que aliaacutes
foi uma
constante
num
sc
t
or da
produccedilatildeo bra
s
il
eira
da deacute
c
ada
de 50
O que tornaria pertinente fazer
emergir agora
uma
discussatildeo sobre
es-
cultura conte
mp
oracircnea
jaacute
que
natildeo
se
trata aqui
de
apresentar
um pa
nora
m
a
de obras ou de fazer
um
recen
seamento de escultores
Natildeo
se deseja
estimular com o texto
qualquer
obser
vaccedilatildeo acerca da vo lta da escultura
(a
esse respeito
cf ar t
i
go de
Alberto Tas
sinari Rese
nde
fecha ciclo
de
escul
turas
no Rio
Folha de S Paulo
01
021988) assim co
mo
haacute algum tem
po se falou equivocadamente na volta
da
pintura
Ora
a escultura
tambeacutem
se
mpre est
eve aiacute
A inserccedilatildeo do tema
tem
en
tretanto
um
interesse pontual
a suposiccedilatildeo de que talvez nesse
momen
to a escultura possa dar o xe
qu
e
-mat
e
a respeito de algumas questotildees estira
das
ao
limite
ju
stamente pela pintura
nos uacuteltimos anos o gesto (codificado
paroacutedi
co
energeacutetico construtivo) o
espaccedilo (topoloacutegico ou empiacuterico gera
do a partir do plano ou absoluto) a for-
ma
(instacircncia
de
imagens ou
ao
con
traacuterio na recusa dessa alteridade lu-
gar
abstrato das superfiacuteciesou dos ma
teriais envolvidos
no
processo do traba
lho)
A escultu ra encontmndo-se
em si-
tuaccedilatildeo
imp
onderaacutevel oscilando no
campo ampliado
de
que fala Rosalind
Krauss
atuando
a
partir
de
uma
espeacute
cie de natildeo-lugar poderia mob
ilizaram
plamente algumas
qu
es totildees cruciais -
ra a discussatildeo
do
trabalho de arte con
temporacircneo inclusi
ve
as pictoacutericas A
esse respeito eacute significativo n
otar
que
os trabalhos de
Nuno Ramo
s recente
mente expostos
na
Galer ia Seacutergio Mil
liet no Rio tenh
am
feito taacutebula-rasa
de alguns pressupostos da
ima
ge
atraveacutes
do
uso
de um
material ambiacuteguo
como a
cal
oc
upando
e ao mesmo tem
po sendo co
mo que
ocupado pelo
es-
paccedilo que
lh
e inflige seu peso e suas mo
dulaccedilotildees- para agora repor a ativida
de
pictoacuterica a partir
de uma
experiecircn
cia intransigente com o gesto e a for
ma
Aiacute
a mateacuteria pictoacuterica eacute acumu
lada
depo
sitada agrave exaustatildeo
no
supor
te como a flanquear
ao maacuteximo
sua
condiccedilatildeo de imagem test
ar ao
maacutexi
mo essa alteridade
qu
e caso vencida
pa
ssaria a
se
definir como
um
corpo middot
E talvez esse gesto
pr
etenda isso mes-
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mo
um
estado
de
indiferenciaccedilatildeo
em
que o corpo da pintura seja equumlivalen
te ao corpo do sujeito Estrdnhamen
te poder-se-ia dizer
que Nuno
agord
estaria fazendo uma pintura
escultoacuterica
E
haacute ainda
o trabalho latentemente
pictoacuterico de Carlos Alberto Fajardo cu
jo
requisito eacute sempre a demarcaccedilatildeo
de
um lugar ou melhor de
uma
espeacutecie
de desdobramento
planar
do espaccedilo
sempre a mitigar a relaccedilatildeovertical
que
as peccedilas logo desejariam estabelecer
com o olhar Porque
tudo
laacute eacute conver
tido em superfiacutecie
que
vive nessa
am
biguumlidade entre a condiccedilatildeo riacutegida
do
suporte do plano e a sensualidade po
rosadas espessuras A mateacuteria
por
sua
vez eacute magra rarefeita e
quando
sur
ge
eacute convertida
no
registro impessoal
de um procedimento construtivo En
tretanto inversamente tudo
aiacute
aguar
da a mateacuteria os suportes recostados
ao
chatildeo satildeo sempre espectantes algo sem
pre lhes falta e o olho eacute obrigado a con
viver
na
ambiguumlidade insuperaacutevel de
estar aparentemente diante de fatos
de
escultura mas que natildeo chegam nunca
a constituiacute-la E
quando
o artista en
frentou a mateacuteria na insistente e qua-
se exasperante artesanalidade de
um
fi-
lete
de
argila
de
cerca de
17m
deposi
tado ao chatildeo cm instalaccedilatildeo recente ela
era
um
registro em negativo da manua
lidade da sensualidade da mateacuteria pic
toacuterica
Onde
entatildeo o lugar
da
Escul
tura
Enfim esses procedimentos apon
tam
para o territoacuterio imponderaacutevel de
onde opera a escultura contemporacircnea
o que demonstra que seria um anacro
nismo tentar pensar a escultura a par
tir de uma especificidade ontoloacutegica
Dessa maneira a estrateacutegia pam abor
dar a produccedilatildeo contemporacircnea talvez
seja a de tentar reconhecer o lugar abs
trato de onde ostrabalhos miram a praacute
tica da escultura Levando
em
conta
inclusive
que haacute
os
que
satildeo capazes de
problematizar alguns
de
seus pressu
postos sem no entanto poderem ser
qefinidos por uma praacutetica escultoacuterica
E o caso de Walteacutercio Caldas por exem
plo
que
instaura um campo muito es
peciacutefico de objetos e que gerando de
fato objetos paradoxalmente lhes dis
solve o peso o volume a mateacuteria a pic
tural idade
embora eles estejam laacute pa
ra
discutir
justamente
o peso o volu
me a mateacuteria a picturalidade
Enquanto Flora a Borda Tomba
Magneacutetica de Acuacuteleos Zumbidos a Tri
lha Atapetara Aeacuterea Ataraxia Pendu
lar Arrepio Marsupial que Mesmo Ho
miniacutedeo Cabia FcnososPelos ao Loacutebulo
Rastreara Assistecircncia Fractal Hesita
a Animal
de
Niacutequel
Vecircm
o Vocirco Ento
moloacutegico Fecircmea Asculta Cabeccedila Ge
nomas Penetraraacutes O tmbalho de Tun
g
o tiacutetulo acima refere-se ao que foi
apresentado
na
Bienalde Satildeo Paulo
- eacute
uma
espeacutecie
de
laboratoacuterio das
questotildees que potildeem em atrito (e cm rea
ccedilatildeo) os atributos da imagem e da ma
teacuteria com os pressupostos
da
escultu
ra
Haacute um
deslocamento
uma
comu
tabilidade incessante entre esses atribu
tos
quando
defrontados agrave situaccedilatildeo-es
cultura A mateacuteria franca brutal avas
saladora eacute paradoxalmente reduzida
agrave
espessura de uma lacircmina de uma ima
gem de uma iconografia que entretan
to natildeo possui um referente natildeo fala de
algo exterior ao trabalho Conta jus
tamente a faacutebula da eterna e infinite
simal decalagem entre a mateacuteriae o sig
no Ali estaacute o corpo esmagador de al
gumas toneladas de ferro
Mas jaacute
natildeo
eacute
trata-se agora
de uma
cabeleira Es
sa espeacutecie de excessividade imageacutetica
39
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Tungo moquete e instalaccedilatildeo 1987
40
que se transmuta sucessivame
nt
e nu
ma
excessividade
mat
eacuterica eacute gerada na
indiferenciaccedilatildeo
do
sujeito das coisas e
do
mundo - tudo aiacute se equivale e se
comuta - e manteacutem o trabalho sem
pre nesse estado ve rtiginoso sem or e
pouso possiacutev
el
de um significado de um
recobrimento perfeito entre iconogra
fia e a mateacute ria Esc ultura total exces
siva anti-escultura porque deseja iman
tar o sujeito amal
gamaacute
lo em seu dis
positivo de imagem
ou
de mat eacuteria
Co
mo
tantos o
utr
osartistas cujaobra
natildeo necessariament
e escultoacuterica eacute re
levante para a
di
scussatildeo
da
escultura
C ildo Meireles transita num campo li
mi
ar sem
que
qualquer
de
seus traba
lhos
pro
ce
da
de
um
a teacutecnica escultoacuteri
ca Mas em sua produccedilatildeo a noccedilatildeo de
lugar pe
rtin
e
nt
e de um
modo
ou de
outro a ta
nto
s artistas talvez adquira
imp
ortacircncia
ma
is decisiva porque
jaacute
contab
ili
zand
o
de a
nt
ematildeo o parti pris
de
um
lu
gar qu
e
imp
recisamente po
deria ser definido
co
mo socioloacutegico
Se
ja ele in
es
pec
ifi
came
nt
e o dos coacutedigos
coletivos ou mais particularmente o da
m
emoacuter
ia Essa
importacircn
c
iade
lugar eacute
expressa
por
exemplo
no
desejo de
Gil
do
de criar o territoacuterio preciso de
uma
ideacuteia sem passar pela intermediaccedilatildeo
dos processos de formalizaccedilatildeo isto eacute
com o menor grau de resiacuteduo possiacute
vel Desejo-limite evid
en
temente
por
qu
e essa formalizaccedilatildeo deve sempre
existir embora decorre
nd
o
do
proacuteprio
poder expressi
vo
do
s materiais so
ciais
por
assim dize
r que
o artista em
prega Como
no
caso de Desvio para
o Vermelho (apresentada em 1984 no
MAM -RJ e em 1986 no
MAC
SP) na
qual
a accedilatildeo de f
or
malizaccedilatildeo se daacute em
situaccedilatildeo
li
miar
co
mo alteraccedilatildeo
do
s coacute
di
gos perceptivos desencadeada a par
tir
do
estranhamento de pequenos dis
po
siti
vos
cotidianos Ou em sua recente
instalaccedilatildeo motivada pelo tema das mis
sotildees jesuiacuteticas no Rio Gr ande do Sul
em
qu
e o
lu
gar-natildeo-lugar escultoacuteri
co
eacute demarcado segundo dois procedi
men
tos
1) por inte
rm
eacutedio
do en
trecru
zamento dra maacutetico de s
iacutemb
olos cole
tivos - as moedas os ossos de boi as
hoacutestias e o
veacute
u
ne
g
ro qu
e envolve o tra
balho 2) por intermeacutedioacute
do
acuacutemulo
magnifica
do
d
esses
mesmos
el
ementos
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mas agora
com
seus atributos
de
siacutem
bolos reagindo
agrave
sua natureza expres
sivade mateacuteria 600 mil moedas oque
significam 600 mil unidades de metal
geacutelido e inerte 2 000 mil ossos de boi
o que significa
um
estranho corpo de
material orgacircnico e pereciacutevel 800hoacutes
tias o que signigica outro estranho cor
po de material orgacircnico soacute que inver
samente purificado sublimado de mo
do que coincidesua intensidade de ma
teacuteria com a de siacutembolo O campo de en
frentamento
em
relaccedilatildeo agrave escultura tal
vez ocorra aiacute no ponto
em
que sobre
a mateacuteria se imprimem inevitavelmen
te os signos de sua circulaccedilatildeo social ou
coletiva
O recursos mais criacuteticos dispo
sitivos formais da escultura contempo
racircnea desde a produccedilatildeo poacutes-minimal
acionados a partir de
uma
reflexatildeo pre
cisa e pontual
da
proacutepria tradiccedilatildeo es-
cultoacuterica natildeo deixam duacutevidas quanto
agrave natureza do trabalho de Joseacute Resen
de como escultura Em seus uacuteltimos tra
balhos a mateacuteria instaura seu proacuteprio
regime de funcionamento Mas essa
mateacuteria que eacute simultaneamente sujei
to e predicado das accedilotildees desencadea
das natildeo estaacute evidentemente afirman
do
um
atributo de peso ou desejando
estabelecer trocas com o
espaccedilo
Os ma
teriais postos em reaccedilatildeo inscrevem ob
jetivamente sua intervenccedilatildeo no real ati
vados em sua mais intensa expressivi
dade E nesse processo eacute impossiacutevel de
marca r contornos continentes e con
teuacutedos estatildeo sempre a
se
reverter um
no outro sucessivamente Pois
se
satildeo
postos
em
accedilatildeo o couro e a parafina por
exemplo o primeiro
que
equivoca
mente poderia ser tido como suporte
vai sendo estancado no transcurso do Cildo Me ireles Missatildeo missotildees ossos hoacutestias moedas e
filoacute
36m
2
1987
enrijecimentoda parafina Nessa accedilatildeo
de
resultados
natildeo
totalmente previsiacute-
veis na inteligecircnciaconstrutivados tra-
balhos a rigor natildeo
se
poderia falar de
espaccedilo jaacute que as obras deslocando in-
cessantemente seus contornos vatildeo co-
mo quearregaccedilando-o sorvendo-o Em
seu encaminhamento ao reversodoes-
paccedilo entatildeo os trabalhos nada refletem
natildeo precipitam uma membrana de
imagemem superfiacutecie Satildeo de fato um
interior um negativo em expansatildeo E
sugam jaacute pela proacutepria densidade e
4
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42
porosidade dos materiais toda luz tu
do
o que eacute da
ordem da
luz O
olhar
do
espectador E
tambeacutem numa
espeacute
cie
de emp
iria negativa o seu corpo
que eacute do ponto de vista do trabalho a
delimitaccedilatildeo de um vazio a ser ocupado
Se Yole de Freitas de fato
natildeo
expe
rimentou
a convivecircncia
direta com
o
movimento
neoconcreto sua
obra
de
alguma forma o teraacute contabilizado Es
peacutecie de mapeamento dos deslocamen
tos
do
corpo - reatando a artista a suas
experiecircncias anteriores
com
a danccedila e
o trabalho do corpo - a
obra
de
Yole
requer a extensividadeduacutectil das super
fiacutecies Ao contraacuterio do lugar cego ( on
de a l
uz
eacute sorvida pelos materiais) e ab
soluto das peccedilas de Resende essas te
l
as
metaacutelicas que a artista vem produ
zindo dobradas e tensionadas devol
vem ao corpo a imagem integral
de
sua
passagem transluzem Uma torccedilatildeo
Yole e Freitas
sem tiacutetulo ferro
30 X 110 X 40 1986
precaacuteria
manteacutem-nas
estaacuteveis mas pa
recem ter sido estancadas numa fraccedilatildeo
infinitesimal e fortuita de tempo Sabe
se assim
que
nessas dobras e nesse fluir
da
l
uz
pelas tramas haacute
um
atraacutes e tam
beacutem
um entre Como
num antropo
morfismo
natildeo
representacional eles
resgatam ao corpo sua
in
tegral
idad
e
sem a qual ele
natildeo saber
ia se ver
Meus trabalhos roccedilam o mundo
Eacute esse atrito em situaccedilatildeo limiar o lugar
da arte no
mundo
contemporacircneo E
tambeacutem
detecta-se seu ruminar infa
tigaacutevel no movimento invisiacutevel nos cor
pos parados Onde quer queesteja es
se lu
gar
definido porWalteacutercio
Caldas
poderia talvezser pensado como o natildeo
lu
gar
da
escultura contemporacircnea on
de ela seria decididamente desmateria
lizada
a partir
de
seus atributos
de
pe
so e mateacuteria liberada
da
determinaccedilatildeo
da
gravidade e tambeacutem de seus parti
pris
conceituais de natildeo-peso e natildeo-ma
teacuteria Natildeo
se trataria de
forma
algu
ma de um espaccedilo mental da escultu
ra algo assim como seu campo em ne
gativo mas
da
escultura de
um
espaccedilo
mental
convergecircncia de procedimen
tos e relaccedilotildees colocados inauguralmen
te natildeo-metafoacutericos natildeo desdobrados
de um pensamento dado prionmiddot Suas
peccedilas
sustentam-se
positivamente no
real e
simultaneamente demonstram
a
estranha
loacutegica de sua existecircncia
Natildeo
eacute uma simples ironia o fato de que uma
delas
do conjunto apresentado
na ex
posiccedilatildeo
Im ag
inaacute rios Singulares
na
Bienal de Satildeo Paulo chama-se Es
cultura Trata-se de demonstraccedilatildeo de
um
pensamento
escultoacuterico sem escul
tura Esta em tal situaccedilatildeo seria uma
metaacutefora Quest-ce que la scu
lp
ture
contemporaine
Ora Escultura
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digam respeito ao imperativo dos cor
pos O trabalho de Seacutergio de Cam argo
resiste magnificamente a essa apropr ia-
ccedilatildeo Permitindo ambiguumlamcntc o vis-
lumbre
de uma
s
up
eraccedilatildeo
da
mateacuteria
pela depuraccedilatildeo rigorosa dos corpos -
os maacutermores con
ve
rtidos assim
em
de
licadas membranas de trdllsparecircncia
o espaccedilo para o artista seria se tudo se
estancasse numa boa forma o desenho
de um esquema mental perfeito tota
litaacuterio no domiacutenio seguro de suas for
mas modulares operando em equaccedilotildees
de presenccedilae ausecircncia de ext
er
iorida
de e interioridade No entanto em Seacuter
gio de Camargo a mateacuteria se eacute nega
da eacute simultaneamente reposta agora
natildeo
co
movo lume mas como um aden
samcnto maximal dos corposcm super
fiacuteci
es
ou p
or
outra como
uma
espeacutecie
de intens
ifi
caccedilatildeo
do
espaccedilo
cm
peliacutecu
l
a
Esse movimento r
equer um
tran
s-
curso
um
fluir de tempo
em
cujo des
lizamento o espaccedilo se
dilata-
dando
lugar aos vazios ou se contrai - per
mitindo o acesso denso
da
mateacuteria As
sim a ma teacuteria teraacute sempre
um
antes
um atraacutes natildeo capturaacutevel
numa
pedago
gia
da
forma Estabeleccedila-se pois o cons
trutivo como procedimento pertinen
te aliaacutes a diversas estrateacutegias de escul
tura e natildeo como um atributo da for
ma
Sem duacutevida os postulados concre
tos jaacute haviam se atracado agraves concepccedilotildees
acadecircmicas da escultura afirmando a
autonomia e especificidade
da
lingua-
gem plaacutestica Mas aiacute o raciociacutenio cons
trutivo corria o risco de
se
estancar na
conquista triunfal
da
forma expressa
na
formulaccedilatildeo de
um
espaccedilo plaacutestico
loacutegico-abstrato capaz de fazer a asscp
sia
da
desorganizada c provinciana
vi
sualidade brasilcim de conferir-lhe a
transparecircncia c
ef
icaacutecia dos raciociacutenios
operacionais Ocorre que desde quees-
sa higienizaccedilatildeo natildeo teria os meios his
toacutericos para se cons
um a
r no contexto
brasilei ro essas formulaccedilotildees correriam
o risco de converter a forma
em
estilo
Ou
sej a tendo
determ
i
nado
o real so
cial um social que eacute antes instacircncia tec
noloacutegica de colet ivizaccedilatildeo da informa
ccedilatildeo
confo
rm
e notou Ronaldo Brito) co
mo
o lu
gar em
que a arte se dissolveria
em osmo
se
com esse tecido essas for
mulaccedilotildees
tc r
acirco entatildeo ao mesmo tem
po expropriado como resquiacutecio ro
macircnt
ico o lu
ga
r do s
uj
eito
da
arte con
temporacircnea Ora a forma tmnsitan
do solta e presumidamente apta a im
por registras qualitativos nesse real es
taria de fato destinada ao enrijecimen
to
q
ue a petrifica em estilo) e agrave fetichi
zaccedilatildeo (dado que
na
verdade expressa
uma
visualidade
jaacute
determinada de
an
tematildeo num niacutevel ideoloacutegico pelo pro
cesso de raci
on ali
zaccedilatildeo tecnoloacutegica da
produccedilatildeo) Especula
nd
o
um
pouco
pode-se imaginar que as co
nseq
uumlecircncias
histoacutericas possiacuteveisnessasform
ul
accedilotildees
para a cscultun1
se
riam os objetos luacute
dicos de participaccedilatildeo social
ou
quem
sab
e num
a outra
dir
cccedilatildeo as
exaltaccedilotildees futu rol6gicas dos me ios clc
trocircn icos
Mas
por que num texto sobre escul
tura contemporacircnea natildeo ten tar fazecirc
la derivar no tecido
hi
stoacuterico
ar
remes
sando s
ua
s
or
igens ao modernismo
de
Victor Brcchcrct ou de Lasar Scgall
inaugurando aiacute o legado
da
consciecircn
cia moderna pam a cscultum brasilei
ra E
ainda
perseguirseus antcsceden
tes
na
tradiccedilatildeo expressionista de Ernesto
De
Fiori
ou
no classicismo sinteacute
ti
co
de
Bruno Giorgi
Eacute
cl
aro qu
e
ao
se
refletir sobre a pro
duccedilatildeo ncoconcreta como referecircncia de
cisiva para a emergecircncia
da
consciecircn
cia moderna c contemporacircnea da cs
cultum no Brasil - aiacute onde finalmen
te se apreendeu a liccedilatildeo do cubismo -
natildeo
se
estaacute ignormdo a presenccedila his
toacuterica pioneira de um Brecherct ou de
um
Sega nem
se
resistindo
ao
reco
nhecimento
da
absorccedilatildeo
de
certos lan
ces modernos no trabalho de Ernesto
De
Fiori c Bruno Giorgi ou ainda
em
produccedilotildees esparsas ao longo
da
deacuteca
da
de
40
Mas
o fato eacute que
se
a conquis
ta do moderno se
daacute
pelo atrito impla
caacutevel com
uma
tradiccedilatildeo esse ato exces
si
vo
soacute teraacute tido similar no contexto da
queles artistas Eles que paradoxal
mente reatavam a uma tradiccedilatildeo a cons
trutiva c o que eacute notaacutevel de modo criacute
tico natildeo se contrapunham primordial
mente aos valores
do
passado da arte
mas
se
lanccedilavam temerariamen te agrave
conquista agrave fundaccedilatildeo de um presente
Wolteacutercio ldos disco e
esfera alumiacutenio pintado
7
X
15 1988
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38
que
deveria ser se
mpr
e atual Tanto eacute
assim
que
deles se resgata antes o inci-
sivo dos procedimentos
do
que uma
eventual influecircncia de suas obras
Ora
a assimilaccedilatildeo
da
experiecircncia
moderna
na escultura
de
Brecheret e
Segall eacute decorosa metoacutedica
e
no caso
do
primeiro aleacutem disso ecleacutetica
Reconheccedila-se
que
haacute momentos for
mais importantes
em
seus trabalhos c
de natu rezas diversas o primeiro nu
ma compreensatildeo est
ili
zada da tradiccedilatildeo
cubista e o uacuteltimo
nu m
a vivecircncia sin
cera
da
tradiccedilatildeoexpressionista O adel
gaccedilamentodepurado
da
s linhas e a siacuten
tese de planos em deslocamentos de luz
satildeo reveladoresde
uma
inteligecircnciamo
derna
cm
Brccherct encontraacute
vcl
tam
beacutem
cm
suas esculturas dos anos 50 on
de a quacutealidadc maciccedila da mateacuteria de
corre
de uma
siacutentese
brutal em
formas
orgacircnicas como
que por ~
trabalho
incessa
nt
e de erosatildeo do ar E
tambeacutem
inegaacutevel a qualidade
do
trabalho escul
toacuterico
de
Segall com o recorte das
fi-
guras
em
blocos
de
corpore
id
ade poten
cializada c expressiva
Ma
s natildeo fora a
ruptura
neoconcreta a escultura bra
sileira tenderia a se aferrar a
um
mo
delo representacional literaacuterio ou ten-
do superado este a
um
formalismo abs
trato e estetiza
nt
e E que aliaacutes
foi uma
constante
num
sc
t
or da
produccedilatildeo bra
s
il
eira
da deacute
c
ada
de 50
O que tornaria pertinente fazer
emergir agora
uma
discussatildeo sobre
es-
cultura conte
mp
oracircnea
jaacute
que
natildeo
se
trata aqui
de
apresentar
um pa
nora
m
a
de obras ou de fazer
um
recen
seamento de escultores
Natildeo
se deseja
estimular com o texto
qualquer
obser
vaccedilatildeo acerca da vo lta da escultura
(a
esse respeito
cf ar t
i
go de
Alberto Tas
sinari Rese
nde
fecha ciclo
de
escul
turas
no Rio
Folha de S Paulo
01
021988) assim co
mo
haacute algum tem
po se falou equivocadamente na volta
da
pintura
Ora
a escultura
tambeacutem
se
mpre est
eve aiacute
A inserccedilatildeo do tema
tem
en
tretanto
um
interesse pontual
a suposiccedilatildeo de que talvez nesse
momen
to a escultura possa dar o xe
qu
e
-mat
e
a respeito de algumas questotildees estira
das
ao
limite
ju
stamente pela pintura
nos uacuteltimos anos o gesto (codificado
paroacutedi
co
energeacutetico construtivo) o
espaccedilo (topoloacutegico ou empiacuterico gera
do a partir do plano ou absoluto) a for-
ma
(instacircncia
de
imagens ou
ao
con
traacuterio na recusa dessa alteridade lu-
gar
abstrato das superfiacuteciesou dos ma
teriais envolvidos
no
processo do traba
lho)
A escultu ra encontmndo-se
em si-
tuaccedilatildeo
imp
onderaacutevel oscilando no
campo ampliado
de
que fala Rosalind
Krauss
atuando
a
partir
de
uma
espeacute
cie de natildeo-lugar poderia mob
ilizaram
plamente algumas
qu
es totildees cruciais -
ra a discussatildeo
do
trabalho de arte con
temporacircneo inclusi
ve
as pictoacutericas A
esse respeito eacute significativo n
otar
que
os trabalhos de
Nuno Ramo
s recente
mente expostos
na
Galer ia Seacutergio Mil
liet no Rio tenh
am
feito taacutebula-rasa
de alguns pressupostos da
ima
ge
atraveacutes
do
uso
de um
material ambiacuteguo
como a
cal
oc
upando
e ao mesmo tem
po sendo co
mo que
ocupado pelo
es-
paccedilo que
lh
e inflige seu peso e suas mo
dulaccedilotildees- para agora repor a ativida
de
pictoacuterica a partir
de uma
experiecircn
cia intransigente com o gesto e a for
ma
Aiacute
a mateacuteria pictoacuterica eacute acumu
lada
depo
sitada agrave exaustatildeo
no
supor
te como a flanquear
ao maacuteximo
sua
condiccedilatildeo de imagem test
ar ao
maacutexi
mo essa alteridade
qu
e caso vencida
pa
ssaria a
se
definir como
um
corpo middot
E talvez esse gesto
pr
etenda isso mes-
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mo
um
estado
de
indiferenciaccedilatildeo
em
que o corpo da pintura seja equumlivalen
te ao corpo do sujeito Estrdnhamen
te poder-se-ia dizer
que Nuno
agord
estaria fazendo uma pintura
escultoacuterica
E
haacute ainda
o trabalho latentemente
pictoacuterico de Carlos Alberto Fajardo cu
jo
requisito eacute sempre a demarcaccedilatildeo
de
um lugar ou melhor de
uma
espeacutecie
de desdobramento
planar
do espaccedilo
sempre a mitigar a relaccedilatildeovertical
que
as peccedilas logo desejariam estabelecer
com o olhar Porque
tudo
laacute eacute conver
tido em superfiacutecie
que
vive nessa
am
biguumlidade entre a condiccedilatildeo riacutegida
do
suporte do plano e a sensualidade po
rosadas espessuras A mateacuteria
por
sua
vez eacute magra rarefeita e
quando
sur
ge
eacute convertida
no
registro impessoal
de um procedimento construtivo En
tretanto inversamente tudo
aiacute
aguar
da a mateacuteria os suportes recostados
ao
chatildeo satildeo sempre espectantes algo sem
pre lhes falta e o olho eacute obrigado a con
viver
na
ambiguumlidade insuperaacutevel de
estar aparentemente diante de fatos
de
escultura mas que natildeo chegam nunca
a constituiacute-la E
quando
o artista en
frentou a mateacuteria na insistente e qua-
se exasperante artesanalidade de
um
fi-
lete
de
argila
de
cerca de
17m
deposi
tado ao chatildeo cm instalaccedilatildeo recente ela
era
um
registro em negativo da manua
lidade da sensualidade da mateacuteria pic
toacuterica
Onde
entatildeo o lugar
da
Escul
tura
Enfim esses procedimentos apon
tam
para o territoacuterio imponderaacutevel de
onde opera a escultura contemporacircnea
o que demonstra que seria um anacro
nismo tentar pensar a escultura a par
tir de uma especificidade ontoloacutegica
Dessa maneira a estrateacutegia pam abor
dar a produccedilatildeo contemporacircnea talvez
seja a de tentar reconhecer o lugar abs
trato de onde ostrabalhos miram a praacute
tica da escultura Levando
em
conta
inclusive
que haacute
os
que
satildeo capazes de
problematizar alguns
de
seus pressu
postos sem no entanto poderem ser
qefinidos por uma praacutetica escultoacuterica
E o caso de Walteacutercio Caldas por exem
plo
que
instaura um campo muito es
peciacutefico de objetos e que gerando de
fato objetos paradoxalmente lhes dis
solve o peso o volume a mateacuteria a pic
tural idade
embora eles estejam laacute pa
ra
discutir
justamente
o peso o volu
me a mateacuteria a picturalidade
Enquanto Flora a Borda Tomba
Magneacutetica de Acuacuteleos Zumbidos a Tri
lha Atapetara Aeacuterea Ataraxia Pendu
lar Arrepio Marsupial que Mesmo Ho
miniacutedeo Cabia FcnososPelos ao Loacutebulo
Rastreara Assistecircncia Fractal Hesita
a Animal
de
Niacutequel
Vecircm
o Vocirco Ento
moloacutegico Fecircmea Asculta Cabeccedila Ge
nomas Penetraraacutes O tmbalho de Tun
g
o tiacutetulo acima refere-se ao que foi
apresentado
na
Bienalde Satildeo Paulo
- eacute
uma
espeacutecie
de
laboratoacuterio das
questotildees que potildeem em atrito (e cm rea
ccedilatildeo) os atributos da imagem e da ma
teacuteria com os pressupostos
da
escultu
ra
Haacute um
deslocamento
uma
comu
tabilidade incessante entre esses atribu
tos
quando
defrontados agrave situaccedilatildeo-es
cultura A mateacuteria franca brutal avas
saladora eacute paradoxalmente reduzida
agrave
espessura de uma lacircmina de uma ima
gem de uma iconografia que entretan
to natildeo possui um referente natildeo fala de
algo exterior ao trabalho Conta jus
tamente a faacutebula da eterna e infinite
simal decalagem entre a mateacuteriae o sig
no Ali estaacute o corpo esmagador de al
gumas toneladas de ferro
Mas jaacute
natildeo
eacute
trata-se agora
de uma
cabeleira Es
sa espeacutecie de excessividade imageacutetica
39
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Tungo moquete e instalaccedilatildeo 1987
40
que se transmuta sucessivame
nt
e nu
ma
excessividade
mat
eacuterica eacute gerada na
indiferenciaccedilatildeo
do
sujeito das coisas e
do
mundo - tudo aiacute se equivale e se
comuta - e manteacutem o trabalho sem
pre nesse estado ve rtiginoso sem or e
pouso possiacutev
el
de um significado de um
recobrimento perfeito entre iconogra
fia e a mateacute ria Esc ultura total exces
siva anti-escultura porque deseja iman
tar o sujeito amal
gamaacute
lo em seu dis
positivo de imagem
ou
de mat eacuteria
Co
mo
tantos o
utr
osartistas cujaobra
natildeo necessariament
e escultoacuterica eacute re
levante para a
di
scussatildeo
da
escultura
C ildo Meireles transita num campo li
mi
ar sem
que
qualquer
de
seus traba
lhos
pro
ce
da
de
um
a teacutecnica escultoacuteri
ca Mas em sua produccedilatildeo a noccedilatildeo de
lugar pe
rtin
e
nt
e de um
modo
ou de
outro a ta
nto
s artistas talvez adquira
imp
ortacircncia
ma
is decisiva porque
jaacute
contab
ili
zand
o
de a
nt
ematildeo o parti pris
de
um
lu
gar qu
e
imp
recisamente po
deria ser definido
co
mo socioloacutegico
Se
ja ele in
es
pec
ifi
came
nt
e o dos coacutedigos
coletivos ou mais particularmente o da
m
emoacuter
ia Essa
importacircn
c
iade
lugar eacute
expressa
por
exemplo
no
desejo de
Gil
do
de criar o territoacuterio preciso de
uma
ideacuteia sem passar pela intermediaccedilatildeo
dos processos de formalizaccedilatildeo isto eacute
com o menor grau de resiacuteduo possiacute
vel Desejo-limite evid
en
temente
por
qu
e essa formalizaccedilatildeo deve sempre
existir embora decorre
nd
o
do
proacuteprio
poder expressi
vo
do
s materiais so
ciais
por
assim dize
r que
o artista em
prega Como
no
caso de Desvio para
o Vermelho (apresentada em 1984 no
MAM -RJ e em 1986 no
MAC
SP) na
qual
a accedilatildeo de f
or
malizaccedilatildeo se daacute em
situaccedilatildeo
li
miar
co
mo alteraccedilatildeo
do
s coacute
di
gos perceptivos desencadeada a par
tir
do
estranhamento de pequenos dis
po
siti
vos
cotidianos Ou em sua recente
instalaccedilatildeo motivada pelo tema das mis
sotildees jesuiacuteticas no Rio Gr ande do Sul
em
qu
e o
lu
gar-natildeo-lugar escultoacuteri
co
eacute demarcado segundo dois procedi
men
tos
1) por inte
rm
eacutedio
do en
trecru
zamento dra maacutetico de s
iacutemb
olos cole
tivos - as moedas os ossos de boi as
hoacutestias e o
veacute
u
ne
g
ro qu
e envolve o tra
balho 2) por intermeacutedioacute
do
acuacutemulo
magnifica
do
d
esses
mesmos
el
ementos
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mas agora
com
seus atributos
de
siacutem
bolos reagindo
agrave
sua natureza expres
sivade mateacuteria 600 mil moedas oque
significam 600 mil unidades de metal
geacutelido e inerte 2 000 mil ossos de boi
o que significa
um
estranho corpo de
material orgacircnico e pereciacutevel 800hoacutes
tias o que signigica outro estranho cor
po de material orgacircnico soacute que inver
samente purificado sublimado de mo
do que coincidesua intensidade de ma
teacuteria com a de siacutembolo O campo de en
frentamento
em
relaccedilatildeo agrave escultura tal
vez ocorra aiacute no ponto
em
que sobre
a mateacuteria se imprimem inevitavelmen
te os signos de sua circulaccedilatildeo social ou
coletiva
O recursos mais criacuteticos dispo
sitivos formais da escultura contempo
racircnea desde a produccedilatildeo poacutes-minimal
acionados a partir de
uma
reflexatildeo pre
cisa e pontual
da
proacutepria tradiccedilatildeo es-
cultoacuterica natildeo deixam duacutevidas quanto
agrave natureza do trabalho de Joseacute Resen
de como escultura Em seus uacuteltimos tra
balhos a mateacuteria instaura seu proacuteprio
regime de funcionamento Mas essa
mateacuteria que eacute simultaneamente sujei
to e predicado das accedilotildees desencadea
das natildeo estaacute evidentemente afirman
do
um
atributo de peso ou desejando
estabelecer trocas com o
espaccedilo
Os ma
teriais postos em reaccedilatildeo inscrevem ob
jetivamente sua intervenccedilatildeo no real ati
vados em sua mais intensa expressivi
dade E nesse processo eacute impossiacutevel de
marca r contornos continentes e con
teuacutedos estatildeo sempre a
se
reverter um
no outro sucessivamente Pois
se
satildeo
postos
em
accedilatildeo o couro e a parafina por
exemplo o primeiro
que
equivoca
mente poderia ser tido como suporte
vai sendo estancado no transcurso do Cildo Me ireles Missatildeo missotildees ossos hoacutestias moedas e
filoacute
36m
2
1987
enrijecimentoda parafina Nessa accedilatildeo
de
resultados
natildeo
totalmente previsiacute-
veis na inteligecircnciaconstrutivados tra-
balhos a rigor natildeo
se
poderia falar de
espaccedilo jaacute que as obras deslocando in-
cessantemente seus contornos vatildeo co-
mo quearregaccedilando-o sorvendo-o Em
seu encaminhamento ao reversodoes-
paccedilo entatildeo os trabalhos nada refletem
natildeo precipitam uma membrana de
imagemem superfiacutecie Satildeo de fato um
interior um negativo em expansatildeo E
sugam jaacute pela proacutepria densidade e
4
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42
porosidade dos materiais toda luz tu
do
o que eacute da
ordem da
luz O
olhar
do
espectador E
tambeacutem numa
espeacute
cie
de emp
iria negativa o seu corpo
que eacute do ponto de vista do trabalho a
delimitaccedilatildeo de um vazio a ser ocupado
Se Yole de Freitas de fato
natildeo
expe
rimentou
a convivecircncia
direta com
o
movimento
neoconcreto sua
obra
de
alguma forma o teraacute contabilizado Es
peacutecie de mapeamento dos deslocamen
tos
do
corpo - reatando a artista a suas
experiecircncias anteriores
com
a danccedila e
o trabalho do corpo - a
obra
de
Yole
requer a extensividadeduacutectil das super
fiacutecies Ao contraacuterio do lugar cego ( on
de a l
uz
eacute sorvida pelos materiais) e ab
soluto das peccedilas de Resende essas te
l
as
metaacutelicas que a artista vem produ
zindo dobradas e tensionadas devol
vem ao corpo a imagem integral
de
sua
passagem transluzem Uma torccedilatildeo
Yole e Freitas
sem tiacutetulo ferro
30 X 110 X 40 1986
precaacuteria
manteacutem-nas
estaacuteveis mas pa
recem ter sido estancadas numa fraccedilatildeo
infinitesimal e fortuita de tempo Sabe
se assim
que
nessas dobras e nesse fluir
da
l
uz
pelas tramas haacute
um
atraacutes e tam
beacutem
um entre Como
num antropo
morfismo
natildeo
representacional eles
resgatam ao corpo sua
in
tegral
idad
e
sem a qual ele
natildeo saber
ia se ver
Meus trabalhos roccedilam o mundo
Eacute esse atrito em situaccedilatildeo limiar o lugar
da arte no
mundo
contemporacircneo E
tambeacutem
detecta-se seu ruminar infa
tigaacutevel no movimento invisiacutevel nos cor
pos parados Onde quer queesteja es
se lu
gar
definido porWalteacutercio
Caldas
poderia talvezser pensado como o natildeo
lu
gar
da
escultura contemporacircnea on
de ela seria decididamente desmateria
lizada
a partir
de
seus atributos
de
pe
so e mateacuteria liberada
da
determinaccedilatildeo
da
gravidade e tambeacutem de seus parti
pris
conceituais de natildeo-peso e natildeo-ma
teacuteria Natildeo
se trataria de
forma
algu
ma de um espaccedilo mental da escultu
ra algo assim como seu campo em ne
gativo mas
da
escultura de
um
espaccedilo
mental
convergecircncia de procedimen
tos e relaccedilotildees colocados inauguralmen
te natildeo-metafoacutericos natildeo desdobrados
de um pensamento dado prionmiddot Suas
peccedilas
sustentam-se
positivamente no
real e
simultaneamente demonstram
a
estranha
loacutegica de sua existecircncia
Natildeo
eacute uma simples ironia o fato de que uma
delas
do conjunto apresentado
na ex
posiccedilatildeo
Im ag
inaacute rios Singulares
na
Bienal de Satildeo Paulo chama-se Es
cultura Trata-se de demonstraccedilatildeo de
um
pensamento
escultoacuterico sem escul
tura Esta em tal situaccedilatildeo seria uma
metaacutefora Quest-ce que la scu
lp
ture
contemporaine
Ora Escultura
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38
que
deveria ser se
mpr
e atual Tanto eacute
assim
que
deles se resgata antes o inci-
sivo dos procedimentos
do
que uma
eventual influecircncia de suas obras
Ora
a assimilaccedilatildeo
da
experiecircncia
moderna
na escultura
de
Brecheret e
Segall eacute decorosa metoacutedica
e
no caso
do
primeiro aleacutem disso ecleacutetica
Reconheccedila-se
que
haacute momentos for
mais importantes
em
seus trabalhos c
de natu rezas diversas o primeiro nu
ma compreensatildeo est
ili
zada da tradiccedilatildeo
cubista e o uacuteltimo
nu m
a vivecircncia sin
cera
da
tradiccedilatildeoexpressionista O adel
gaccedilamentodepurado
da
s linhas e a siacuten
tese de planos em deslocamentos de luz
satildeo reveladoresde
uma
inteligecircnciamo
derna
cm
Brccherct encontraacute
vcl
tam
beacutem
cm
suas esculturas dos anos 50 on
de a quacutealidadc maciccedila da mateacuteria de
corre
de uma
siacutentese
brutal em
formas
orgacircnicas como
que por ~
trabalho
incessa
nt
e de erosatildeo do ar E
tambeacutem
inegaacutevel a qualidade
do
trabalho escul
toacuterico
de
Segall com o recorte das
fi-
guras
em
blocos
de
corpore
id
ade poten
cializada c expressiva
Ma
s natildeo fora a
ruptura
neoconcreta a escultura bra
sileira tenderia a se aferrar a
um
mo
delo representacional literaacuterio ou ten-
do superado este a
um
formalismo abs
trato e estetiza
nt
e E que aliaacutes
foi uma
constante
num
sc
t
or da
produccedilatildeo bra
s
il
eira
da deacute
c
ada
de 50
O que tornaria pertinente fazer
emergir agora
uma
discussatildeo sobre
es-
cultura conte
mp
oracircnea
jaacute
que
natildeo
se
trata aqui
de
apresentar
um pa
nora
m
a
de obras ou de fazer
um
recen
seamento de escultores
Natildeo
se deseja
estimular com o texto
qualquer
obser
vaccedilatildeo acerca da vo lta da escultura
(a
esse respeito
cf ar t
i
go de
Alberto Tas
sinari Rese
nde
fecha ciclo
de
escul
turas
no Rio
Folha de S Paulo
01
021988) assim co
mo
haacute algum tem
po se falou equivocadamente na volta
da
pintura
Ora
a escultura
tambeacutem
se
mpre est
eve aiacute
A inserccedilatildeo do tema
tem
en
tretanto
um
interesse pontual
a suposiccedilatildeo de que talvez nesse
momen
to a escultura possa dar o xe
qu
e
-mat
e
a respeito de algumas questotildees estira
das
ao
limite
ju
stamente pela pintura
nos uacuteltimos anos o gesto (codificado
paroacutedi
co
energeacutetico construtivo) o
espaccedilo (topoloacutegico ou empiacuterico gera
do a partir do plano ou absoluto) a for-
ma
(instacircncia
de
imagens ou
ao
con
traacuterio na recusa dessa alteridade lu-
gar
abstrato das superfiacuteciesou dos ma
teriais envolvidos
no
processo do traba
lho)
A escultu ra encontmndo-se
em si-
tuaccedilatildeo
imp
onderaacutevel oscilando no
campo ampliado
de
que fala Rosalind
Krauss
atuando
a
partir
de
uma
espeacute
cie de natildeo-lugar poderia mob
ilizaram
plamente algumas
qu
es totildees cruciais -
ra a discussatildeo
do
trabalho de arte con
temporacircneo inclusi
ve
as pictoacutericas A
esse respeito eacute significativo n
otar
que
os trabalhos de
Nuno Ramo
s recente
mente expostos
na
Galer ia Seacutergio Mil
liet no Rio tenh
am
feito taacutebula-rasa
de alguns pressupostos da
ima
ge
atraveacutes
do
uso
de um
material ambiacuteguo
como a
cal
oc
upando
e ao mesmo tem
po sendo co
mo que
ocupado pelo
es-
paccedilo que
lh
e inflige seu peso e suas mo
dulaccedilotildees- para agora repor a ativida
de
pictoacuterica a partir
de uma
experiecircn
cia intransigente com o gesto e a for
ma
Aiacute
a mateacuteria pictoacuterica eacute acumu
lada
depo
sitada agrave exaustatildeo
no
supor
te como a flanquear
ao maacuteximo
sua
condiccedilatildeo de imagem test
ar ao
maacutexi
mo essa alteridade
qu
e caso vencida
pa
ssaria a
se
definir como
um
corpo middot
E talvez esse gesto
pr
etenda isso mes-
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mo
um
estado
de
indiferenciaccedilatildeo
em
que o corpo da pintura seja equumlivalen
te ao corpo do sujeito Estrdnhamen
te poder-se-ia dizer
que Nuno
agord
estaria fazendo uma pintura
escultoacuterica
E
haacute ainda
o trabalho latentemente
pictoacuterico de Carlos Alberto Fajardo cu
jo
requisito eacute sempre a demarcaccedilatildeo
de
um lugar ou melhor de
uma
espeacutecie
de desdobramento
planar
do espaccedilo
sempre a mitigar a relaccedilatildeovertical
que
as peccedilas logo desejariam estabelecer
com o olhar Porque
tudo
laacute eacute conver
tido em superfiacutecie
que
vive nessa
am
biguumlidade entre a condiccedilatildeo riacutegida
do
suporte do plano e a sensualidade po
rosadas espessuras A mateacuteria
por
sua
vez eacute magra rarefeita e
quando
sur
ge
eacute convertida
no
registro impessoal
de um procedimento construtivo En
tretanto inversamente tudo
aiacute
aguar
da a mateacuteria os suportes recostados
ao
chatildeo satildeo sempre espectantes algo sem
pre lhes falta e o olho eacute obrigado a con
viver
na
ambiguumlidade insuperaacutevel de
estar aparentemente diante de fatos
de
escultura mas que natildeo chegam nunca
a constituiacute-la E
quando
o artista en
frentou a mateacuteria na insistente e qua-
se exasperante artesanalidade de
um
fi-
lete
de
argila
de
cerca de
17m
deposi
tado ao chatildeo cm instalaccedilatildeo recente ela
era
um
registro em negativo da manua
lidade da sensualidade da mateacuteria pic
toacuterica
Onde
entatildeo o lugar
da
Escul
tura
Enfim esses procedimentos apon
tam
para o territoacuterio imponderaacutevel de
onde opera a escultura contemporacircnea
o que demonstra que seria um anacro
nismo tentar pensar a escultura a par
tir de uma especificidade ontoloacutegica
Dessa maneira a estrateacutegia pam abor
dar a produccedilatildeo contemporacircnea talvez
seja a de tentar reconhecer o lugar abs
trato de onde ostrabalhos miram a praacute
tica da escultura Levando
em
conta
inclusive
que haacute
os
que
satildeo capazes de
problematizar alguns
de
seus pressu
postos sem no entanto poderem ser
qefinidos por uma praacutetica escultoacuterica
E o caso de Walteacutercio Caldas por exem
plo
que
instaura um campo muito es
peciacutefico de objetos e que gerando de
fato objetos paradoxalmente lhes dis
solve o peso o volume a mateacuteria a pic
tural idade
embora eles estejam laacute pa
ra
discutir
justamente
o peso o volu
me a mateacuteria a picturalidade
Enquanto Flora a Borda Tomba
Magneacutetica de Acuacuteleos Zumbidos a Tri
lha Atapetara Aeacuterea Ataraxia Pendu
lar Arrepio Marsupial que Mesmo Ho
miniacutedeo Cabia FcnososPelos ao Loacutebulo
Rastreara Assistecircncia Fractal Hesita
a Animal
de
Niacutequel
Vecircm
o Vocirco Ento
moloacutegico Fecircmea Asculta Cabeccedila Ge
nomas Penetraraacutes O tmbalho de Tun
g
o tiacutetulo acima refere-se ao que foi
apresentado
na
Bienalde Satildeo Paulo
- eacute
uma
espeacutecie
de
laboratoacuterio das
questotildees que potildeem em atrito (e cm rea
ccedilatildeo) os atributos da imagem e da ma
teacuteria com os pressupostos
da
escultu
ra
Haacute um
deslocamento
uma
comu
tabilidade incessante entre esses atribu
tos
quando
defrontados agrave situaccedilatildeo-es
cultura A mateacuteria franca brutal avas
saladora eacute paradoxalmente reduzida
agrave
espessura de uma lacircmina de uma ima
gem de uma iconografia que entretan
to natildeo possui um referente natildeo fala de
algo exterior ao trabalho Conta jus
tamente a faacutebula da eterna e infinite
simal decalagem entre a mateacuteriae o sig
no Ali estaacute o corpo esmagador de al
gumas toneladas de ferro
Mas jaacute
natildeo
eacute
trata-se agora
de uma
cabeleira Es
sa espeacutecie de excessividade imageacutetica
39
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Tungo moquete e instalaccedilatildeo 1987
40
que se transmuta sucessivame
nt
e nu
ma
excessividade
mat
eacuterica eacute gerada na
indiferenciaccedilatildeo
do
sujeito das coisas e
do
mundo - tudo aiacute se equivale e se
comuta - e manteacutem o trabalho sem
pre nesse estado ve rtiginoso sem or e
pouso possiacutev
el
de um significado de um
recobrimento perfeito entre iconogra
fia e a mateacute ria Esc ultura total exces
siva anti-escultura porque deseja iman
tar o sujeito amal
gamaacute
lo em seu dis
positivo de imagem
ou
de mat eacuteria
Co
mo
tantos o
utr
osartistas cujaobra
natildeo necessariament
e escultoacuterica eacute re
levante para a
di
scussatildeo
da
escultura
C ildo Meireles transita num campo li
mi
ar sem
que
qualquer
de
seus traba
lhos
pro
ce
da
de
um
a teacutecnica escultoacuteri
ca Mas em sua produccedilatildeo a noccedilatildeo de
lugar pe
rtin
e
nt
e de um
modo
ou de
outro a ta
nto
s artistas talvez adquira
imp
ortacircncia
ma
is decisiva porque
jaacute
contab
ili
zand
o
de a
nt
ematildeo o parti pris
de
um
lu
gar qu
e
imp
recisamente po
deria ser definido
co
mo socioloacutegico
Se
ja ele in
es
pec
ifi
came
nt
e o dos coacutedigos
coletivos ou mais particularmente o da
m
emoacuter
ia Essa
importacircn
c
iade
lugar eacute
expressa
por
exemplo
no
desejo de
Gil
do
de criar o territoacuterio preciso de
uma
ideacuteia sem passar pela intermediaccedilatildeo
dos processos de formalizaccedilatildeo isto eacute
com o menor grau de resiacuteduo possiacute
vel Desejo-limite evid
en
temente
por
qu
e essa formalizaccedilatildeo deve sempre
existir embora decorre
nd
o
do
proacuteprio
poder expressi
vo
do
s materiais so
ciais
por
assim dize
r que
o artista em
prega Como
no
caso de Desvio para
o Vermelho (apresentada em 1984 no
MAM -RJ e em 1986 no
MAC
SP) na
qual
a accedilatildeo de f
or
malizaccedilatildeo se daacute em
situaccedilatildeo
li
miar
co
mo alteraccedilatildeo
do
s coacute
di
gos perceptivos desencadeada a par
tir
do
estranhamento de pequenos dis
po
siti
vos
cotidianos Ou em sua recente
instalaccedilatildeo motivada pelo tema das mis
sotildees jesuiacuteticas no Rio Gr ande do Sul
em
qu
e o
lu
gar-natildeo-lugar escultoacuteri
co
eacute demarcado segundo dois procedi
men
tos
1) por inte
rm
eacutedio
do en
trecru
zamento dra maacutetico de s
iacutemb
olos cole
tivos - as moedas os ossos de boi as
hoacutestias e o
veacute
u
ne
g
ro qu
e envolve o tra
balho 2) por intermeacutedioacute
do
acuacutemulo
magnifica
do
d
esses
mesmos
el
ementos
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mas agora
com
seus atributos
de
siacutem
bolos reagindo
agrave
sua natureza expres
sivade mateacuteria 600 mil moedas oque
significam 600 mil unidades de metal
geacutelido e inerte 2 000 mil ossos de boi
o que significa
um
estranho corpo de
material orgacircnico e pereciacutevel 800hoacutes
tias o que signigica outro estranho cor
po de material orgacircnico soacute que inver
samente purificado sublimado de mo
do que coincidesua intensidade de ma
teacuteria com a de siacutembolo O campo de en
frentamento
em
relaccedilatildeo agrave escultura tal
vez ocorra aiacute no ponto
em
que sobre
a mateacuteria se imprimem inevitavelmen
te os signos de sua circulaccedilatildeo social ou
coletiva
O recursos mais criacuteticos dispo
sitivos formais da escultura contempo
racircnea desde a produccedilatildeo poacutes-minimal
acionados a partir de
uma
reflexatildeo pre
cisa e pontual
da
proacutepria tradiccedilatildeo es-
cultoacuterica natildeo deixam duacutevidas quanto
agrave natureza do trabalho de Joseacute Resen
de como escultura Em seus uacuteltimos tra
balhos a mateacuteria instaura seu proacuteprio
regime de funcionamento Mas essa
mateacuteria que eacute simultaneamente sujei
to e predicado das accedilotildees desencadea
das natildeo estaacute evidentemente afirman
do
um
atributo de peso ou desejando
estabelecer trocas com o
espaccedilo
Os ma
teriais postos em reaccedilatildeo inscrevem ob
jetivamente sua intervenccedilatildeo no real ati
vados em sua mais intensa expressivi
dade E nesse processo eacute impossiacutevel de
marca r contornos continentes e con
teuacutedos estatildeo sempre a
se
reverter um
no outro sucessivamente Pois
se
satildeo
postos
em
accedilatildeo o couro e a parafina por
exemplo o primeiro
que
equivoca
mente poderia ser tido como suporte
vai sendo estancado no transcurso do Cildo Me ireles Missatildeo missotildees ossos hoacutestias moedas e
filoacute
36m
2
1987
enrijecimentoda parafina Nessa accedilatildeo
de
resultados
natildeo
totalmente previsiacute-
veis na inteligecircnciaconstrutivados tra-
balhos a rigor natildeo
se
poderia falar de
espaccedilo jaacute que as obras deslocando in-
cessantemente seus contornos vatildeo co-
mo quearregaccedilando-o sorvendo-o Em
seu encaminhamento ao reversodoes-
paccedilo entatildeo os trabalhos nada refletem
natildeo precipitam uma membrana de
imagemem superfiacutecie Satildeo de fato um
interior um negativo em expansatildeo E
sugam jaacute pela proacutepria densidade e
4
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42
porosidade dos materiais toda luz tu
do
o que eacute da
ordem da
luz O
olhar
do
espectador E
tambeacutem numa
espeacute
cie
de emp
iria negativa o seu corpo
que eacute do ponto de vista do trabalho a
delimitaccedilatildeo de um vazio a ser ocupado
Se Yole de Freitas de fato
natildeo
expe
rimentou
a convivecircncia
direta com
o
movimento
neoconcreto sua
obra
de
alguma forma o teraacute contabilizado Es
peacutecie de mapeamento dos deslocamen
tos
do
corpo - reatando a artista a suas
experiecircncias anteriores
com
a danccedila e
o trabalho do corpo - a
obra
de
Yole
requer a extensividadeduacutectil das super
fiacutecies Ao contraacuterio do lugar cego ( on
de a l
uz
eacute sorvida pelos materiais) e ab
soluto das peccedilas de Resende essas te
l
as
metaacutelicas que a artista vem produ
zindo dobradas e tensionadas devol
vem ao corpo a imagem integral
de
sua
passagem transluzem Uma torccedilatildeo
Yole e Freitas
sem tiacutetulo ferro
30 X 110 X 40 1986
precaacuteria
manteacutem-nas
estaacuteveis mas pa
recem ter sido estancadas numa fraccedilatildeo
infinitesimal e fortuita de tempo Sabe
se assim
que
nessas dobras e nesse fluir
da
l
uz
pelas tramas haacute
um
atraacutes e tam
beacutem
um entre Como
num antropo
morfismo
natildeo
representacional eles
resgatam ao corpo sua
in
tegral
idad
e
sem a qual ele
natildeo saber
ia se ver
Meus trabalhos roccedilam o mundo
Eacute esse atrito em situaccedilatildeo limiar o lugar
da arte no
mundo
contemporacircneo E
tambeacutem
detecta-se seu ruminar infa
tigaacutevel no movimento invisiacutevel nos cor
pos parados Onde quer queesteja es
se lu
gar
definido porWalteacutercio
Caldas
poderia talvezser pensado como o natildeo
lu
gar
da
escultura contemporacircnea on
de ela seria decididamente desmateria
lizada
a partir
de
seus atributos
de
pe
so e mateacuteria liberada
da
determinaccedilatildeo
da
gravidade e tambeacutem de seus parti
pris
conceituais de natildeo-peso e natildeo-ma
teacuteria Natildeo
se trataria de
forma
algu
ma de um espaccedilo mental da escultu
ra algo assim como seu campo em ne
gativo mas
da
escultura de
um
espaccedilo
mental
convergecircncia de procedimen
tos e relaccedilotildees colocados inauguralmen
te natildeo-metafoacutericos natildeo desdobrados
de um pensamento dado prionmiddot Suas
peccedilas
sustentam-se
positivamente no
real e
simultaneamente demonstram
a
estranha
loacutegica de sua existecircncia
Natildeo
eacute uma simples ironia o fato de que uma
delas
do conjunto apresentado
na ex
posiccedilatildeo
Im ag
inaacute rios Singulares
na
Bienal de Satildeo Paulo chama-se Es
cultura Trata-se de demonstraccedilatildeo de
um
pensamento
escultoacuterico sem escul
tura Esta em tal situaccedilatildeo seria uma
metaacutefora Quest-ce que la scu
lp
ture
contemporaine
Ora Escultura
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mo
um
estado
de
indiferenciaccedilatildeo
em
que o corpo da pintura seja equumlivalen
te ao corpo do sujeito Estrdnhamen
te poder-se-ia dizer
que Nuno
agord
estaria fazendo uma pintura
escultoacuterica
E
haacute ainda
o trabalho latentemente
pictoacuterico de Carlos Alberto Fajardo cu
jo
requisito eacute sempre a demarcaccedilatildeo
de
um lugar ou melhor de
uma
espeacutecie
de desdobramento
planar
do espaccedilo
sempre a mitigar a relaccedilatildeovertical
que
as peccedilas logo desejariam estabelecer
com o olhar Porque
tudo
laacute eacute conver
tido em superfiacutecie
que
vive nessa
am
biguumlidade entre a condiccedilatildeo riacutegida
do
suporte do plano e a sensualidade po
rosadas espessuras A mateacuteria
por
sua
vez eacute magra rarefeita e
quando
sur
ge
eacute convertida
no
registro impessoal
de um procedimento construtivo En
tretanto inversamente tudo
aiacute
aguar
da a mateacuteria os suportes recostados
ao
chatildeo satildeo sempre espectantes algo sem
pre lhes falta e o olho eacute obrigado a con
viver
na
ambiguumlidade insuperaacutevel de
estar aparentemente diante de fatos
de
escultura mas que natildeo chegam nunca
a constituiacute-la E
quando
o artista en
frentou a mateacuteria na insistente e qua-
se exasperante artesanalidade de
um
fi-
lete
de
argila
de
cerca de
17m
deposi
tado ao chatildeo cm instalaccedilatildeo recente ela
era
um
registro em negativo da manua
lidade da sensualidade da mateacuteria pic
toacuterica
Onde
entatildeo o lugar
da
Escul
tura
Enfim esses procedimentos apon
tam
para o territoacuterio imponderaacutevel de
onde opera a escultura contemporacircnea
o que demonstra que seria um anacro
nismo tentar pensar a escultura a par
tir de uma especificidade ontoloacutegica
Dessa maneira a estrateacutegia pam abor
dar a produccedilatildeo contemporacircnea talvez
seja a de tentar reconhecer o lugar abs
trato de onde ostrabalhos miram a praacute
tica da escultura Levando
em
conta
inclusive
que haacute
os
que
satildeo capazes de
problematizar alguns
de
seus pressu
postos sem no entanto poderem ser
qefinidos por uma praacutetica escultoacuterica
E o caso de Walteacutercio Caldas por exem
plo
que
instaura um campo muito es
peciacutefico de objetos e que gerando de
fato objetos paradoxalmente lhes dis
solve o peso o volume a mateacuteria a pic
tural idade
embora eles estejam laacute pa
ra
discutir
justamente
o peso o volu
me a mateacuteria a picturalidade
Enquanto Flora a Borda Tomba
Magneacutetica de Acuacuteleos Zumbidos a Tri
lha Atapetara Aeacuterea Ataraxia Pendu
lar Arrepio Marsupial que Mesmo Ho
miniacutedeo Cabia FcnososPelos ao Loacutebulo
Rastreara Assistecircncia Fractal Hesita
a Animal
de
Niacutequel
Vecircm
o Vocirco Ento
moloacutegico Fecircmea Asculta Cabeccedila Ge
nomas Penetraraacutes O tmbalho de Tun
g
o tiacutetulo acima refere-se ao que foi
apresentado
na
Bienalde Satildeo Paulo
- eacute
uma
espeacutecie
de
laboratoacuterio das
questotildees que potildeem em atrito (e cm rea
ccedilatildeo) os atributos da imagem e da ma
teacuteria com os pressupostos
da
escultu
ra
Haacute um
deslocamento
uma
comu
tabilidade incessante entre esses atribu
tos
quando
defrontados agrave situaccedilatildeo-es
cultura A mateacuteria franca brutal avas
saladora eacute paradoxalmente reduzida
agrave
espessura de uma lacircmina de uma ima
gem de uma iconografia que entretan
to natildeo possui um referente natildeo fala de
algo exterior ao trabalho Conta jus
tamente a faacutebula da eterna e infinite
simal decalagem entre a mateacuteriae o sig
no Ali estaacute o corpo esmagador de al
gumas toneladas de ferro
Mas jaacute
natildeo
eacute
trata-se agora
de uma
cabeleira Es
sa espeacutecie de excessividade imageacutetica
39
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Tungo moquete e instalaccedilatildeo 1987
40
que se transmuta sucessivame
nt
e nu
ma
excessividade
mat
eacuterica eacute gerada na
indiferenciaccedilatildeo
do
sujeito das coisas e
do
mundo - tudo aiacute se equivale e se
comuta - e manteacutem o trabalho sem
pre nesse estado ve rtiginoso sem or e
pouso possiacutev
el
de um significado de um
recobrimento perfeito entre iconogra
fia e a mateacute ria Esc ultura total exces
siva anti-escultura porque deseja iman
tar o sujeito amal
gamaacute
lo em seu dis
positivo de imagem
ou
de mat eacuteria
Co
mo
tantos o
utr
osartistas cujaobra
natildeo necessariament
e escultoacuterica eacute re
levante para a
di
scussatildeo
da
escultura
C ildo Meireles transita num campo li
mi
ar sem
que
qualquer
de
seus traba
lhos
pro
ce
da
de
um
a teacutecnica escultoacuteri
ca Mas em sua produccedilatildeo a noccedilatildeo de
lugar pe
rtin
e
nt
e de um
modo
ou de
outro a ta
nto
s artistas talvez adquira
imp
ortacircncia
ma
is decisiva porque
jaacute
contab
ili
zand
o
de a
nt
ematildeo o parti pris
de
um
lu
gar qu
e
imp
recisamente po
deria ser definido
co
mo socioloacutegico
Se
ja ele in
es
pec
ifi
came
nt
e o dos coacutedigos
coletivos ou mais particularmente o da
m
emoacuter
ia Essa
importacircn
c
iade
lugar eacute
expressa
por
exemplo
no
desejo de
Gil
do
de criar o territoacuterio preciso de
uma
ideacuteia sem passar pela intermediaccedilatildeo
dos processos de formalizaccedilatildeo isto eacute
com o menor grau de resiacuteduo possiacute
vel Desejo-limite evid
en
temente
por
qu
e essa formalizaccedilatildeo deve sempre
existir embora decorre
nd
o
do
proacuteprio
poder expressi
vo
do
s materiais so
ciais
por
assim dize
r que
o artista em
prega Como
no
caso de Desvio para
o Vermelho (apresentada em 1984 no
MAM -RJ e em 1986 no
MAC
SP) na
qual
a accedilatildeo de f
or
malizaccedilatildeo se daacute em
situaccedilatildeo
li
miar
co
mo alteraccedilatildeo
do
s coacute
di
gos perceptivos desencadeada a par
tir
do
estranhamento de pequenos dis
po
siti
vos
cotidianos Ou em sua recente
instalaccedilatildeo motivada pelo tema das mis
sotildees jesuiacuteticas no Rio Gr ande do Sul
em
qu
e o
lu
gar-natildeo-lugar escultoacuteri
co
eacute demarcado segundo dois procedi
men
tos
1) por inte
rm
eacutedio
do en
trecru
zamento dra maacutetico de s
iacutemb
olos cole
tivos - as moedas os ossos de boi as
hoacutestias e o
veacute
u
ne
g
ro qu
e envolve o tra
balho 2) por intermeacutedioacute
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mas agora
com
seus atributos
de
siacutem
bolos reagindo
agrave
sua natureza expres
sivade mateacuteria 600 mil moedas oque
significam 600 mil unidades de metal
geacutelido e inerte 2 000 mil ossos de boi
o que significa
um
estranho corpo de
material orgacircnico e pereciacutevel 800hoacutes
tias o que signigica outro estranho cor
po de material orgacircnico soacute que inver
samente purificado sublimado de mo
do que coincidesua intensidade de ma
teacuteria com a de siacutembolo O campo de en
frentamento
em
relaccedilatildeo agrave escultura tal
vez ocorra aiacute no ponto
em
que sobre
a mateacuteria se imprimem inevitavelmen
te os signos de sua circulaccedilatildeo social ou
coletiva
O recursos mais criacuteticos dispo
sitivos formais da escultura contempo
racircnea desde a produccedilatildeo poacutes-minimal
acionados a partir de
uma
reflexatildeo pre
cisa e pontual
da
proacutepria tradiccedilatildeo es-
cultoacuterica natildeo deixam duacutevidas quanto
agrave natureza do trabalho de Joseacute Resen
de como escultura Em seus uacuteltimos tra
balhos a mateacuteria instaura seu proacuteprio
regime de funcionamento Mas essa
mateacuteria que eacute simultaneamente sujei
to e predicado das accedilotildees desencadea
das natildeo estaacute evidentemente afirman
do
um
atributo de peso ou desejando
estabelecer trocas com o
espaccedilo
Os ma
teriais postos em reaccedilatildeo inscrevem ob
jetivamente sua intervenccedilatildeo no real ati
vados em sua mais intensa expressivi
dade E nesse processo eacute impossiacutevel de
marca r contornos continentes e con
teuacutedos estatildeo sempre a
se
reverter um
no outro sucessivamente Pois
se
satildeo
postos
em
accedilatildeo o couro e a parafina por
exemplo o primeiro
que
equivoca
mente poderia ser tido como suporte
vai sendo estancado no transcurso do Cildo Me ireles Missatildeo missotildees ossos hoacutestias moedas e
filoacute
36m
2
1987
enrijecimentoda parafina Nessa accedilatildeo
de
resultados
natildeo
totalmente previsiacute-
veis na inteligecircnciaconstrutivados tra-
balhos a rigor natildeo
se
poderia falar de
espaccedilo jaacute que as obras deslocando in-
cessantemente seus contornos vatildeo co-
mo quearregaccedilando-o sorvendo-o Em
seu encaminhamento ao reversodoes-
paccedilo entatildeo os trabalhos nada refletem
natildeo precipitam uma membrana de
imagemem superfiacutecie Satildeo de fato um
interior um negativo em expansatildeo E
sugam jaacute pela proacutepria densidade e
4
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porosidade dos materiais toda luz tu
do
o que eacute da
ordem da
luz O
olhar
do
espectador E
tambeacutem numa
espeacute
cie
de emp
iria negativa o seu corpo
que eacute do ponto de vista do trabalho a
delimitaccedilatildeo de um vazio a ser ocupado
Se Yole de Freitas de fato
natildeo
expe
rimentou
a convivecircncia
direta com
o
movimento
neoconcreto sua
obra
de
alguma forma o teraacute contabilizado Es
peacutecie de mapeamento dos deslocamen
tos
do
corpo - reatando a artista a suas
experiecircncias anteriores
com
a danccedila e
o trabalho do corpo - a
obra
de
Yole
requer a extensividadeduacutectil das super
fiacutecies Ao contraacuterio do lugar cego ( on
de a l
uz
eacute sorvida pelos materiais) e ab
soluto das peccedilas de Resende essas te
l
as
metaacutelicas que a artista vem produ
zindo dobradas e tensionadas devol
vem ao corpo a imagem integral
de
sua
passagem transluzem Uma torccedilatildeo
Yole e Freitas
sem tiacutetulo ferro
30 X 110 X 40 1986
precaacuteria
manteacutem-nas
estaacuteveis mas pa
recem ter sido estancadas numa fraccedilatildeo
infinitesimal e fortuita de tempo Sabe
se assim
que
nessas dobras e nesse fluir
da
l
uz
pelas tramas haacute
um
atraacutes e tam
beacutem
um entre Como
num antropo
morfismo
natildeo
representacional eles
resgatam ao corpo sua
in
tegral
idad
e
sem a qual ele
natildeo saber
ia se ver
Meus trabalhos roccedilam o mundo
Eacute esse atrito em situaccedilatildeo limiar o lugar
da arte no
mundo
contemporacircneo E
tambeacutem
detecta-se seu ruminar infa
tigaacutevel no movimento invisiacutevel nos cor
pos parados Onde quer queesteja es
se lu
gar
definido porWalteacutercio
Caldas
poderia talvezser pensado como o natildeo
lu
gar
da
escultura contemporacircnea on
de ela seria decididamente desmateria
lizada
a partir
de
seus atributos
de
pe
so e mateacuteria liberada
da
determinaccedilatildeo
da
gravidade e tambeacutem de seus parti
pris
conceituais de natildeo-peso e natildeo-ma
teacuteria Natildeo
se trataria de
forma
algu
ma de um espaccedilo mental da escultu
ra algo assim como seu campo em ne
gativo mas
da
escultura de
um
espaccedilo
mental
convergecircncia de procedimen
tos e relaccedilotildees colocados inauguralmen
te natildeo-metafoacutericos natildeo desdobrados
de um pensamento dado prionmiddot Suas
peccedilas
sustentam-se
positivamente no
real e
simultaneamente demonstram
a
estranha
loacutegica de sua existecircncia
Natildeo
eacute uma simples ironia o fato de que uma
delas
do conjunto apresentado
na ex
posiccedilatildeo
Im ag
inaacute rios Singulares
na
Bienal de Satildeo Paulo chama-se Es
cultura Trata-se de demonstraccedilatildeo de
um
pensamento
escultoacuterico sem escul
tura Esta em tal situaccedilatildeo seria uma
metaacutefora Quest-ce que la scu
lp
ture
contemporaine
Ora Escultura
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Tungo moquete e instalaccedilatildeo 1987
40
que se transmuta sucessivame
nt
e nu
ma
excessividade
mat
eacuterica eacute gerada na
indiferenciaccedilatildeo
do
sujeito das coisas e
do
mundo - tudo aiacute se equivale e se
comuta - e manteacutem o trabalho sem
pre nesse estado ve rtiginoso sem or e
pouso possiacutev
el
de um significado de um
recobrimento perfeito entre iconogra
fia e a mateacute ria Esc ultura total exces
siva anti-escultura porque deseja iman
tar o sujeito amal
gamaacute
lo em seu dis
positivo de imagem
ou
de mat eacuteria
Co
mo
tantos o
utr
osartistas cujaobra
natildeo necessariament
e escultoacuterica eacute re
levante para a
di
scussatildeo
da
escultura
C ildo Meireles transita num campo li
mi
ar sem
que
qualquer
de
seus traba
lhos
pro
ce
da
de
um
a teacutecnica escultoacuteri
ca Mas em sua produccedilatildeo a noccedilatildeo de
lugar pe
rtin
e
nt
e de um
modo
ou de
outro a ta
nto
s artistas talvez adquira
imp
ortacircncia
ma
is decisiva porque
jaacute
contab
ili
zand
o
de a
nt
ematildeo o parti pris
de
um
lu
gar qu
e
imp
recisamente po
deria ser definido
co
mo socioloacutegico
Se
ja ele in
es
pec
ifi
came
nt
e o dos coacutedigos
coletivos ou mais particularmente o da
m
emoacuter
ia Essa
importacircn
c
iade
lugar eacute
expressa
por
exemplo
no
desejo de
Gil
do
de criar o territoacuterio preciso de
uma
ideacuteia sem passar pela intermediaccedilatildeo
dos processos de formalizaccedilatildeo isto eacute
com o menor grau de resiacuteduo possiacute
vel Desejo-limite evid
en
temente
por
qu
e essa formalizaccedilatildeo deve sempre
existir embora decorre
nd
o
do
proacuteprio
poder expressi
vo
do
s materiais so
ciais
por
assim dize
r que
o artista em
prega Como
no
caso de Desvio para
o Vermelho (apresentada em 1984 no
MAM -RJ e em 1986 no
MAC
SP) na
qual
a accedilatildeo de f
or
malizaccedilatildeo se daacute em
situaccedilatildeo
li
miar
co
mo alteraccedilatildeo
do
s coacute
di
gos perceptivos desencadeada a par
tir
do
estranhamento de pequenos dis
po
siti
vos
cotidianos Ou em sua recente
instalaccedilatildeo motivada pelo tema das mis
sotildees jesuiacuteticas no Rio Gr ande do Sul
em
qu
e o
lu
gar-natildeo-lugar escultoacuteri
co
eacute demarcado segundo dois procedi
men
tos
1) por inte
rm
eacutedio
do en
trecru
zamento dra maacutetico de s
iacutemb
olos cole
tivos - as moedas os ossos de boi as
hoacutestias e o
veacute
u
ne
g
ro qu
e envolve o tra
balho 2) por intermeacutedioacute
do
acuacutemulo
magnifica
do
d
esses
mesmos
el
ementos
1111272 This electronic version copy 2015 ICAA | MFAH
8192019 Desocupaccedilotildees do Espaccedilo -pdf
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mas agora
com
seus atributos
de
siacutem
bolos reagindo
agrave
sua natureza expres
sivade mateacuteria 600 mil moedas oque
significam 600 mil unidades de metal
geacutelido e inerte 2 000 mil ossos de boi
o que significa
um
estranho corpo de
material orgacircnico e pereciacutevel 800hoacutes
tias o que signigica outro estranho cor
po de material orgacircnico soacute que inver
samente purificado sublimado de mo
do que coincidesua intensidade de ma
teacuteria com a de siacutembolo O campo de en
frentamento
em
relaccedilatildeo agrave escultura tal
vez ocorra aiacute no ponto
em
que sobre
a mateacuteria se imprimem inevitavelmen
te os signos de sua circulaccedilatildeo social ou
coletiva
O recursos mais criacuteticos dispo
sitivos formais da escultura contempo
racircnea desde a produccedilatildeo poacutes-minimal
acionados a partir de
uma
reflexatildeo pre
cisa e pontual
da
proacutepria tradiccedilatildeo es-
cultoacuterica natildeo deixam duacutevidas quanto
agrave natureza do trabalho de Joseacute Resen
de como escultura Em seus uacuteltimos tra
balhos a mateacuteria instaura seu proacuteprio
regime de funcionamento Mas essa
mateacuteria que eacute simultaneamente sujei
to e predicado das accedilotildees desencadea
das natildeo estaacute evidentemente afirman
do
um
atributo de peso ou desejando
estabelecer trocas com o
espaccedilo
Os ma
teriais postos em reaccedilatildeo inscrevem ob
jetivamente sua intervenccedilatildeo no real ati
vados em sua mais intensa expressivi
dade E nesse processo eacute impossiacutevel de
marca r contornos continentes e con
teuacutedos estatildeo sempre a
se
reverter um
no outro sucessivamente Pois
se
satildeo
postos
em
accedilatildeo o couro e a parafina por
exemplo o primeiro
que
equivoca
mente poderia ser tido como suporte
vai sendo estancado no transcurso do Cildo Me ireles Missatildeo missotildees ossos hoacutestias moedas e
filoacute
36m
2
1987
enrijecimentoda parafina Nessa accedilatildeo
de
resultados
natildeo
totalmente previsiacute-
veis na inteligecircnciaconstrutivados tra-
balhos a rigor natildeo
se
poderia falar de
espaccedilo jaacute que as obras deslocando in-
cessantemente seus contornos vatildeo co-
mo quearregaccedilando-o sorvendo-o Em
seu encaminhamento ao reversodoes-
paccedilo entatildeo os trabalhos nada refletem
natildeo precipitam uma membrana de
imagemem superfiacutecie Satildeo de fato um
interior um negativo em expansatildeo E
sugam jaacute pela proacutepria densidade e
4
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porosidade dos materiais toda luz tu
do
o que eacute da
ordem da
luz O
olhar
do
espectador E
tambeacutem numa
espeacute
cie
de emp
iria negativa o seu corpo
que eacute do ponto de vista do trabalho a
delimitaccedilatildeo de um vazio a ser ocupado
Se Yole de Freitas de fato
natildeo
expe
rimentou
a convivecircncia
direta com
o
movimento
neoconcreto sua
obra
de
alguma forma o teraacute contabilizado Es
peacutecie de mapeamento dos deslocamen
tos
do
corpo - reatando a artista a suas
experiecircncias anteriores
com
a danccedila e
o trabalho do corpo - a
obra
de
Yole
requer a extensividadeduacutectil das super
fiacutecies Ao contraacuterio do lugar cego ( on
de a l
uz
eacute sorvida pelos materiais) e ab
soluto das peccedilas de Resende essas te
l
as
metaacutelicas que a artista vem produ
zindo dobradas e tensionadas devol
vem ao corpo a imagem integral
de
sua
passagem transluzem Uma torccedilatildeo
Yole e Freitas
sem tiacutetulo ferro
30 X 110 X 40 1986
precaacuteria
manteacutem-nas
estaacuteveis mas pa
recem ter sido estancadas numa fraccedilatildeo
infinitesimal e fortuita de tempo Sabe
se assim
que
nessas dobras e nesse fluir
da
l
uz
pelas tramas haacute
um
atraacutes e tam
beacutem
um entre Como
num antropo
morfismo
natildeo
representacional eles
resgatam ao corpo sua
in
tegral
idad
e
sem a qual ele
natildeo saber
ia se ver
Meus trabalhos roccedilam o mundo
Eacute esse atrito em situaccedilatildeo limiar o lugar
da arte no
mundo
contemporacircneo E
tambeacutem
detecta-se seu ruminar infa
tigaacutevel no movimento invisiacutevel nos cor
pos parados Onde quer queesteja es
se lu
gar
definido porWalteacutercio
Caldas
poderia talvezser pensado como o natildeo
lu
gar
da
escultura contemporacircnea on
de ela seria decididamente desmateria
lizada
a partir
de
seus atributos
de
pe
so e mateacuteria liberada
da
determinaccedilatildeo
da
gravidade e tambeacutem de seus parti
pris
conceituais de natildeo-peso e natildeo-ma
teacuteria Natildeo
se trataria de
forma
algu
ma de um espaccedilo mental da escultu
ra algo assim como seu campo em ne
gativo mas
da
escultura de
um
espaccedilo
mental
convergecircncia de procedimen
tos e relaccedilotildees colocados inauguralmen
te natildeo-metafoacutericos natildeo desdobrados
de um pensamento dado prionmiddot Suas
peccedilas
sustentam-se
positivamente no
real e
simultaneamente demonstram
a
estranha
loacutegica de sua existecircncia
Natildeo
eacute uma simples ironia o fato de que uma
delas
do conjunto apresentado
na ex
posiccedilatildeo
Im ag
inaacute rios Singulares
na
Bienal de Satildeo Paulo chama-se Es
cultura Trata-se de demonstraccedilatildeo de
um
pensamento
escultoacuterico sem escul
tura Esta em tal situaccedilatildeo seria uma
metaacutefora Quest-ce que la scu
lp
ture
contemporaine
Ora Escultura
8192019 Desocupaccedilotildees do Espaccedilo -pdf
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mas agora
com
seus atributos
de
siacutem
bolos reagindo
agrave
sua natureza expres
sivade mateacuteria 600 mil moedas oque
significam 600 mil unidades de metal
geacutelido e inerte 2 000 mil ossos de boi
o que significa
um
estranho corpo de
material orgacircnico e pereciacutevel 800hoacutes
tias o que signigica outro estranho cor
po de material orgacircnico soacute que inver
samente purificado sublimado de mo
do que coincidesua intensidade de ma
teacuteria com a de siacutembolo O campo de en
frentamento
em
relaccedilatildeo agrave escultura tal
vez ocorra aiacute no ponto
em
que sobre
a mateacuteria se imprimem inevitavelmen
te os signos de sua circulaccedilatildeo social ou
coletiva
O recursos mais criacuteticos dispo
sitivos formais da escultura contempo
racircnea desde a produccedilatildeo poacutes-minimal
acionados a partir de
uma
reflexatildeo pre
cisa e pontual
da
proacutepria tradiccedilatildeo es-
cultoacuterica natildeo deixam duacutevidas quanto
agrave natureza do trabalho de Joseacute Resen
de como escultura Em seus uacuteltimos tra
balhos a mateacuteria instaura seu proacuteprio
regime de funcionamento Mas essa
mateacuteria que eacute simultaneamente sujei
to e predicado das accedilotildees desencadea
das natildeo estaacute evidentemente afirman
do
um
atributo de peso ou desejando
estabelecer trocas com o
espaccedilo
Os ma
teriais postos em reaccedilatildeo inscrevem ob
jetivamente sua intervenccedilatildeo no real ati
vados em sua mais intensa expressivi
dade E nesse processo eacute impossiacutevel de
marca r contornos continentes e con
teuacutedos estatildeo sempre a
se
reverter um
no outro sucessivamente Pois
se
satildeo
postos
em
accedilatildeo o couro e a parafina por
exemplo o primeiro
que
equivoca
mente poderia ser tido como suporte
vai sendo estancado no transcurso do Cildo Me ireles Missatildeo missotildees ossos hoacutestias moedas e
filoacute
36m
2
1987
enrijecimentoda parafina Nessa accedilatildeo
de
resultados
natildeo
totalmente previsiacute-
veis na inteligecircnciaconstrutivados tra-
balhos a rigor natildeo
se
poderia falar de
espaccedilo jaacute que as obras deslocando in-
cessantemente seus contornos vatildeo co-
mo quearregaccedilando-o sorvendo-o Em
seu encaminhamento ao reversodoes-
paccedilo entatildeo os trabalhos nada refletem
natildeo precipitam uma membrana de
imagemem superfiacutecie Satildeo de fato um
interior um negativo em expansatildeo E
sugam jaacute pela proacutepria densidade e
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porosidade dos materiais toda luz tu
do
o que eacute da
ordem da
luz O
olhar
do
espectador E
tambeacutem numa
espeacute
cie
de emp
iria negativa o seu corpo
que eacute do ponto de vista do trabalho a
delimitaccedilatildeo de um vazio a ser ocupado
Se Yole de Freitas de fato
natildeo
expe
rimentou
a convivecircncia
direta com
o
movimento
neoconcreto sua
obra
de
alguma forma o teraacute contabilizado Es
peacutecie de mapeamento dos deslocamen
tos
do
corpo - reatando a artista a suas
experiecircncias anteriores
com
a danccedila e
o trabalho do corpo - a
obra
de
Yole
requer a extensividadeduacutectil das super
fiacutecies Ao contraacuterio do lugar cego ( on
de a l
uz
eacute sorvida pelos materiais) e ab
soluto das peccedilas de Resende essas te
l
as
metaacutelicas que a artista vem produ
zindo dobradas e tensionadas devol
vem ao corpo a imagem integral
de
sua
passagem transluzem Uma torccedilatildeo
Yole e Freitas
sem tiacutetulo ferro
30 X 110 X 40 1986
precaacuteria
manteacutem-nas
estaacuteveis mas pa
recem ter sido estancadas numa fraccedilatildeo
infinitesimal e fortuita de tempo Sabe
se assim
que
nessas dobras e nesse fluir
da
l
uz
pelas tramas haacute
um
atraacutes e tam
beacutem
um entre Como
num antropo
morfismo
natildeo
representacional eles
resgatam ao corpo sua
in
tegral
idad
e
sem a qual ele
natildeo saber
ia se ver
Meus trabalhos roccedilam o mundo
Eacute esse atrito em situaccedilatildeo limiar o lugar
da arte no
mundo
contemporacircneo E
tambeacutem
detecta-se seu ruminar infa
tigaacutevel no movimento invisiacutevel nos cor
pos parados Onde quer queesteja es
se lu
gar
definido porWalteacutercio
Caldas
poderia talvezser pensado como o natildeo
lu
gar
da
escultura contemporacircnea on
de ela seria decididamente desmateria
lizada
a partir
de
seus atributos
de
pe
so e mateacuteria liberada
da
determinaccedilatildeo
da
gravidade e tambeacutem de seus parti
pris
conceituais de natildeo-peso e natildeo-ma
teacuteria Natildeo
se trataria de
forma
algu
ma de um espaccedilo mental da escultu
ra algo assim como seu campo em ne
gativo mas
da
escultura de
um
espaccedilo
mental
convergecircncia de procedimen
tos e relaccedilotildees colocados inauguralmen
te natildeo-metafoacutericos natildeo desdobrados
de um pensamento dado prionmiddot Suas
peccedilas
sustentam-se
positivamente no
real e
simultaneamente demonstram
a
estranha
loacutegica de sua existecircncia
Natildeo
eacute uma simples ironia o fato de que uma
delas
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na ex
posiccedilatildeo
Im ag
inaacute rios Singulares
na
Bienal de Satildeo Paulo chama-se Es
cultura Trata-se de demonstraccedilatildeo de
um
pensamento
escultoacuterico sem escul
tura Esta em tal situaccedilatildeo seria uma
metaacutefora Quest-ce que la scu
lp
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contemporaine
Ora Escultura
8192019 Desocupaccedilotildees do Espaccedilo -pdf
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porosidade dos materiais toda luz tu
do
o que eacute da
ordem da
luz O
olhar
do
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tambeacutem numa
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cie
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iria negativa o seu corpo
que eacute do ponto de vista do trabalho a
delimitaccedilatildeo de um vazio a ser ocupado
Se Yole de Freitas de fato
natildeo
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rimentou
a convivecircncia
direta com
o
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neoconcreto sua
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alguma forma o teraacute contabilizado Es
peacutecie de mapeamento dos deslocamen
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do
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experiecircncias anteriores
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a danccedila e
o trabalho do corpo - a
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de
Yole
requer a extensividadeduacutectil das super
fiacutecies Ao contraacuterio do lugar cego ( on
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uz
eacute sorvida pelos materiais) e ab
soluto das peccedilas de Resende essas te
l
as
metaacutelicas que a artista vem produ
zindo dobradas e tensionadas devol
vem ao corpo a imagem integral
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passagem transluzem Uma torccedilatildeo
Yole e Freitas
sem tiacutetulo ferro
30 X 110 X 40 1986
precaacuteria
manteacutem-nas
estaacuteveis mas pa
recem ter sido estancadas numa fraccedilatildeo
infinitesimal e fortuita de tempo Sabe
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nessas dobras e nesse fluir
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atraacutes e tam
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num antropo
morfismo
natildeo
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resgatam ao corpo sua
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tegral
idad
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natildeo saber
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Meus trabalhos roccedilam o mundo
Eacute esse atrito em situaccedilatildeo limiar o lugar
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tambeacutem
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tigaacutevel no movimento invisiacutevel nos cor
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Caldas
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lizada
a partir
de
seus atributos
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determinaccedilatildeo
da
gravidade e tambeacutem de seus parti
pris
conceituais de natildeo-peso e natildeo-ma
teacuteria Natildeo
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algu
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gativo mas
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espaccedilo
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convergecircncia de procedimen
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te natildeo-metafoacutericos natildeo desdobrados
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peccedilas
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loacutegica de sua existecircncia
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Bienal de Satildeo Paulo chama-se Es
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escultoacuterico sem escul
tura Esta em tal situaccedilatildeo seria uma
metaacutefora Quest-ce que la scu
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Ora Escultura