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DESPORTO E EDUCAÇÃO FÍSICA EM PORTUGUÊS CIFI²D·Centro de Investigação, Formação, Inovação e Intervenção em Desporto Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

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DESPORTO E EDUCAÇÃO FÍSICA EM PORTUGUÊS

CIFI²D·Centro de Investigação, Formação, Inovação e Intervenção em DesportoFaculdade de Desporto da Universidade do Porto

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«Publicamos para não passarmos a vida a corrigir rascunhos».

Jorge Luís Borges(1899–1986)

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DESPORTO E EDUCAÇÃO FÍSICA EM PORTUGUÊSContributo para o XIII Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física

dos Países de Língua Portuguesa (Maputo: 30 de Março – 2 de Abril de 2010)

CIFI²D·Centro de Investigação, Formação, Inovação e Intervenção em DesportoFaculdade de Desporto da Universidade do Porto

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OrganizadoresJorge Olímpio BentoGo TaniAntónio Prista

EdiçãoCIFI²D·Centro de Investigação, Formação, Inovação e Intervenção em DesportoFaculdade de Desporto da Universidade do Porto

PatrocínioInstituto do Desporto de Portugal

Capa, design e paginaçãoArmando Vilas Boas

ImpressãoMultitema

ISBN 978-972-8687-44-1Depósito legal nº 305113/10

Impresso em Março de 2010

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SUMÁRIO

Luís Bettencourt SardinhaPresidente do Instituto do Desporto de Portugal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Rogério José UthuiReitor da Universidade Pedagógica de Maputo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1. Jorge Olímpio Bento, Helena Cristina Baguinho BentoDesporto e Educação Física — Acerca do ideal pedagógico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2. Go Tani, Cássio de Miranda Meira Júnior, Maria Tereza CattuzzoAprendizagem Motora e Educação Física: Pesquisa e Intervenção . . . . . . . . . . . . . 36

3. António PristaA saúde e o papel interventivo da educação física em países africanos. Uma reflexão breve . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

4. Wagner Wey Moreira, Vilma Lení Nista-PiccoloFormação de Professores de Educação Física e o Projecto Pedagógico da Escola: a busca do pensamento complexo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

5. Isabel MesquitaContributo para uma mudança de paradigma na formação de treinadores: Razões, contextos e finalidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

6. Walter Roberto CorreiaEducação Física Escolar e o Esporte no Brasil: Entre o Insólito e o Impertinente . . 100

7. Teresa Oliveira LacerdaEstética, estética do desporto e educação estética pelo desporto . . . . . . . . . . . . . . . 108

8. Paula Botelho-Gomes, Paula Silva, Paula Queirós, Maria José CarvalhoMulheres e Desporto, e Estudos de Género: contributos da investigação e do associativismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133

9. Ruy Jornada Krebs, Carl Gabbard, Priscila Martins CaçolaO Desenvolvimento Motor e o Modelo Bioecológico de Bronfenbrenner . . . . . . . . 141

10. Umberto Cesar Corrêa, Andrea Michele Freudenheim, Luciano BassoEm Busca da Prática “Ótima” na Aprendizagem de Habilidades Motoras: Reflexões a Partir da Estrutura Constante-Variada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152

11. Fernando TavaresAprender as habilidades nos jogos desportivos na perspectiva do ensino compreensivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159

12. Soares, S., Fernandes, R., Vilas-Boas, J.P.Adaptação ao Meio Aquático em palavras simples: da academia à prática quotidiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172

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13. José A.R. Maia, André Seabra, Rui Garganta, Raquel Chaves, Michele Souza, Daniel SantosFactores Genéticos e Ambientais nos Níveis de Actividades Físico-Desportivas. Um Estudo em Famílias Nucleares Portuguesas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188

14. Dartagnan Pinto Guedes, Mônica Vieira de SouzaAtividade Física Habitual e Fatores Associados em Adolescentes Brasileiros . . . . 217

15. Markus Vinicius Nahas, Mauro Virgilio Gomes de Barros, Maria Alice Altenburg de AssisA Complexidade e a Efetividade da Promoção de Estilos de Vida Saudáveis no Ambiente Escolar: O Projeto Saúde Na Boa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231

16. Rui Proença Garcia, Fátima SantosObesidade: um problema (também) cultural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 243

17. Cláudia Lúcia de Moraes Forjaz, Andréia Cristiane Carrenho Queiroz, Crivaldo Gomes Cardoso JuniorExercício Físico na Hipertensão Arterial: Riscos e Benefícios . . . . . . . . . . . . . . . . . 256

18. Lilian Teresa Bucken Gobbi, Ellen Lirani-Silva, Rodrigo Vitório, Natalia Mada-lena Rinaldi, Marcelo Pinto Pereira, Claudia Teixeira-Arroyo, Fabio Augusto Bar-bieri, Paulo Cezar Rocha dos Santos, Rosangela Alice Batistela, Alline CastelloSalles, Vivian Raile, Ana Paula Teixeira Alves, Luana Carolina de MoraisExercício e Doença de Parkinson: Aspectos da Formação em Educação Física . . 274

19. Joana CarvalhoEnvelhecimento Activo: recomendações para a prática de exercício físico . . . . . . 294

20. Paulo de Tarso Veras Farinatti, Walace David Monteiro, Pedro Paulo da Silva SoaresAptidão Física, Envelhecimento e Exercício: Uma Abordagem Aplicada . . . . . . . 308

21. Suely Santos, Maria Cecília Oliveira Fonseca, Marcelo Eduardo de Souza Nunes, Mariana Marilia FranzoniIdosos Brasileiros: Um Desafio para a Sociedade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 337

22. Alfredo Faria Junior, Elza Rosa da SilvaMotivação, o Idoso e o Atletismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 345

23. Ana Paula Lima Teixeira, Rodrigo Cavasini, Alberto Reinaldo Reppold FilhoProgramas de Atividades Físicas de Aventura na Natureza para Jovens Infratores:Revisando a Literatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 360

24. Paulo Cesar Montagner, Leopoldo Katsuki HiramaEsporte e Projeto Social na “Favela”: Memórias, Experiências e Valores Educativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 373

25. Antonio Jorge Gonçalves Soares, Tiago Lisboa Bartholo, Leonardo Bernardes Silva de Melo, Hugo Paula Almeida da RochaMercado do Futebol, Juventude e Escola: Primeiras Leituras . . . . . . . . . . . . . . . . . 401

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26. Elsa Pereira, Margarida Baptista, Gustavo PiresDesporto e Turismo: a importância dos eventos desportivos . . . . . . . . . . . . . . . . . 406

27. José Augusto Rodrigues dos SantosAlimentação e Nutrição do Desportista. Hidratação, sobrecarga glicogénica e suplementação ergogénica . . . . . . . . . . . . . 427

28. Alberto Carlos Amadio, João Paulo Vilas-BoasAspectos Metodológicos para o Estudo Biomecânico das Forças Internas ao Aparelho Locomotor: Importância e Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 441

29. J. Paulo Vilas-Boas, Alberto Carlos AmadioConfusões, controvérsias ou modernidades na interpretação da mecânica propulsiva do nadador? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 462

30. Rafael Guimarães BotelhoLiteratura infantil, educação física e desporto: da teoria às possibilidades práticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 470

31. António Fernando Boleto RosadoEducação Olímpica: da Utopia Pedagógica à Didáctica do Olimpismo . . . . . . . . 485

32. Gustavo PiresOlimpismo e “Soft Power”: Desporto é Política . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 497

33. Duarte Freitas, José Maia, António Prista, António Marques, Gil Afonso, Élvio Gouveia, Gaston BeunenMaturação biológica: indicadores, inter-relação e tendência secular . . . . . . . . . . 525

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Literatura Infantil, Educação Física e Desporto: da Teoria às Possibilidades Práticas

Rafael Guimarães Botelho

IntroduçãoElaborar um capítulo no terreno da literatura infantil pode ser considerado demenor valor por parte da comunidade científica de várias áreas do conhecimento. Dita asserção é corroborada pelos que outrora se dedicaram ao tema como, a títulode exemplo, Moreno Verdulla (1994), que ressaltou que a literatura infantil é umaparte da literatura universal comumente ignorada. Uma consulta ao Dicionário das ciências da educação (DICCIONARIO..., 1988) re-vela a pouca atenção que se dá à literatura infantil: “Não resulta fácil definir esteramo da literatura, que durante tanto tempo foi considerado como subliteratura [...]”(p. 874, grifo nosso e tradução nossa).Tatiana Monteiro (2007) confirma que a literatura infantil encontra, desde o seusurgimento no cenário cultural mundial, inúmeros obstáculos à sua legitimação.Pari passu, Carrasco Rodríguez (2005) admite que “até bem pouco tempo atrás a li-teratura infantil não era considerada um campo de investigação digno do mundoacadêmico [...]” (p. III-IV, tradução nossa).Muito mais arriscado é aunar o tema da literatura infantil à Educação Física e aoDesporto, quando se verifica que a tendência das pesquisas brasileiras, seja em umnível de formação inicial ou stricto sensu, é apresentar enfoques biológicos e técni-cos (BOTELHO, OLIVEIRA, 2006; BOTELHO, OLIVEIRA, FARIA JUNIOR, 2007;FARIA JUNIOR, 1987; 1999). Soma-se a esta tendência, o fato dos cursos de Educa-ção Física no Brasil estarem sob a égide das Ciências da Saúde (BRASIL, 1997; DO-CUMENTOS..., 1999; KISS, 1982). Consequentemente, o trabalho em tela pode serconsiderado frívolo por alguns investigadores que se cercearam a uma visão positi-vista da Ciência. Não obstante, e à raiz das asserções apresentadas, este texto tem por objetivos dili-genciar e ilustrar a utilização da literatura infantil no campo da Educação Física edo Desporto.

Breves considerações a respeito da literatura infantilCarrasco Rodríguez (2005) adverte que “a primeira grande derrota que se sofre aoestudar a literatura infantil é a dificuldade em definir a expressão”. Para a autora,tampouco é fácil encontrar uma definição universalmente aceita da palavra litera-tura. A esta dificuldade, deve-se acrescentar o sobrenome infantil.

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Diversas são as abordagens para conceituar a expressão literatura infantil. Para au-tores de diferentes blocos linguísticos, ela é definida como:

— “O material escrito para crianças desde zero até os 12 ou 13 anos de idade.” (KIM-MEL, 1986, p. 17, tradução nossa).

— “Uma obra estética destinada a um público infantil.” (BORTOLUSSI, 1987, p. 16,tradução nossa).

— “A definição de literatura infantil repousa no coração de seu próprio desígnio: éuma categoria de livros cuja existência depende totalmente das supostas rela-ções com um determinado público leitor: as crianças.” (LESNIK-OBERSTEIN,1996, p. 17, tradução nossa).

— Um ramo da literatura que está dirigido a meninos e meninas que ainda não che-garam à primeira fase da adolescência. Tal literatura apresenta um conjunto defunções: didática, lúdica, literária, sociocultural, axiológica, entre outras, e, ade-mais, divide-se em diferentes categorias: fábulas, contos, novelas, poesia e ou-tras. Os textos destinados à literatura infantil (geralmente são os livros ditosinfantis os que constituem as primeiras experiências leitoras) podem ser escritospor diferentes grupos etários (crianças, jovens, adultos e idosos), mas, sempreterão como público principal as crianças (BOTELHO, 2009a).

Normalmente, os que se dedicam a escrever sobre literatura infantil manifestam anecessidade de explicar por que e para que serve este ramo da literatura. Nesta pers-pectiva, e com base na literatura da área, a seguir são apresentadas as funções maisrecorrentes e visíveis da literatura infantil em seu árduo e longo percurso de desen-volvimento.

Função didática São vários os autores que indicam a existência de uma função didática na literaturainfantil (BORTOLUSSI, 1987; ESCARPIT, 1986; KIMMEL, 1986; RECUERDOS...,1997; SÁNCHEZ CORRAL, 1995). Por exemplo, Escarpit recorda que a literatura di-dática é, em todos os países, a primeira etapa da literatura infantil.

A literatura infantil sempre foi didática. Como adultos, sempre tentamos ensinaràs crianças; é uma relação natural ensinar às crianças o comportamento, e as his-tórias se desenvolvem a partir destas premissas. Nos séculos XVII e XVIII a formade se transmitir esses ensinamentos era bem direta (KIMMEL, 1986, p. 18, tradu-ção nossa).

Um breve apanhado histórico confirma que “a literatura do século XVIII é rica emgêneros de clara intenção didática e pedagógica.” (RECUERDOS..., 1997, p. 36, tra-dução nossa).Segundo Bortolussi, com o desenvolvimento da Pedagogia no século XVIII se acen-tuou a preocupação didática da literatura infantil. “Função didática e função mora-lizadora invadiram o terreno literário, com resultados lamentáveis.” (p. 27, traduçãonossa).

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À função didática da literatura infantil, acrescentam-se as acepções didático-morale didático-pedagógica. Como aponta Sánchez Corral, “ninguém pode negar umaconstante que definiu desde sempre os livros infantis: a finalidade moralizante quegoverna a estrutura final dos textos.” (p. 97, tradução nossa). Em virtude dos aspectos moralizantes presentes nos textos destinados à infância,o surgimento da autêntica literatura infantil foi postergado até o Século XIX, pre-cisamente quando se produziu a transição da expressão didático-moral para a ex-pressão lúdico-estética (SÁNCHEZ CORRAL, 1995) ou “a transição da literaturadidática à verdadeira literatura infantil.” (BORTOLUSSI, 1987, p. 17, tradução nossa).“O século XIX é o período de nascimento de uma literatura infantil em que a preo-cupação imaginativa, estética e recreativa se impõe à preocupação ética e pedagó-gica. Enfim, é o século da fantasia.” (BORTOLUSSI, 1987, p. 31, tradução nossa).

Função lúdicaPor sua vez, há também os autores que chamam a atenção para a existência de umafunção lúdica na literatura infantil (CARRASCO RODRÍGUEZ, 2005; MORENOVERDULLA, 1994).Para Moreno Verdulla, a literatura infantil é um jogo de crianças. A função lúdicada literatura transforma a mensagem em puro jogo, gratuito, sem o pragmatismoda comunicação usual. Esta função é frequentemente utilizada na poesia infantil,na folclórica, nas cantilenas, nos trava-línguas e nas canções.

Efetivamente, durante anos, longe das salas, onde não havia outra coisa que te-diosos exercícios de gramática ou de história da literatura, sempre houve um re-fúgio para as crianças que gostavam de leitura: um mundo de canções e livrinhos,de contos e, posteriormente, de gibis, que foram lidos ansiosamente, que se recons-truíram diariamente e que se integraram aos jogos infantis até o ponto de perderpágina por página e afetar sua frágil existência. (MORENO VERDULLA, 1994, p.15, tradução nossa).

Carrasco Rodríguez (2005) é outra autora a destacar a função lúdica da literaturainfantil.

Em nossa opinião, a literatura deve produzir prazer e diversão, já que as criançasse chegam ao texto de uma forma diferente, mas vivencial. Como em nenhumaoutra época os livros infantis nos determinam, mergulhamos neles sem preconcei-tos, nos entusiasmam ou nos aborrecem, os adotamos e não os olvidamos. Se umahistória não atrai os leitores, então não é literatura infantil. Se há algo que as crian-ças não toleram é o tédio. Na verdade, deve-se perguntar se não ocorre o mesmocom qualquer obra literária. (CARRASCO RODRÍGUEZ, 2005, p. V, traduçãonossa).

Função literáriaA função literária que se associa à literatura infantil está relacionada à aprendiza-gem, pelas crianças, dos modelos narrativos, teóricos e dramáticos.

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Os autores que têm sua formação inicial na área de Literatura e que escrevem obrasinfantis ou a respeito delas reivindicam que este tipo de livro deveria exercer ex-clusivamente sua verdadeira (ou principal) função: a literária.

A tendência para se escolarizar a literatura infantil e utilizá-la como recurso di-dático, ademais de aproveitá-la como pretexto para o ensino de outras disciplinas,está bastante arraigado em alguns ambientes. E a partir deste erro, às vezes, sãodifundidas determinadas orientações didáticas de caráter administrativo. (CER-VERA, 1989, p. 40, grifo do autor e tradução nossa).

Consequentemente, surge uma discussão de qual seria a real função da literaturainfantil, o que gera tensão entre a função literária e demais funções deste tipo deliteratura, especialmente a didática. Para Cervera (1989), “utilizar a literatura infantil com fins didáticos próximos eimediatos não passa de uma mera instrumentalização da mesma, o que conduz a ex-tinguirem-se os frutos mais importantes que a criança pode extrair de seu contatocom ela.” (p. 38, tradução nossa).

Que o conto esteja vinculado à educação parece que é um fato comprovado, masque deva conter doses tão fortes de didatismo é uma opinião discutível, pois já seviu como em épocas anteriores foi precisamente este o elemento que impediu o es-tabelecimento de uma autêntica comunicação literária, o verdadeiro encontroentre emissor e receptor. (BORTOLUSSI, 1987, p. 43, tradução nossa).

Por conseguinte, rompe-se a função didática que muitos professores e professoras,provenientes de outras áreas de estudo (Biologia, Pedagogia, Matemática, Históriaou Geografia, por exemplo) e que escrevem ou investigam os livros infantis, rei-vindicam para a literatura infantil.

Função socioculturalCervera (1989), apresentando as razões para se incluir a literatura infantil na escola,indica dois objetivos que exemplificam sua função sociocultural:

— “A aproximação à escola da vida, já que a literatura infantil é fruto da culturaque se produz na vida. Introduzir este tipo de leitura na sala de aula é uma formade contiguidade entre ambas realidades.” (p. 39, tradução nossa).

— “O aproveitamento dos elementos folclóricos presentes na literatura infantil.Esta integração do folclore é a garantia de aproximação ao espírito do povo.” (p.39, tradução nossa).

“Nos livros escritos para os mais pequenos predomina o mundo mágico, onde apa-recem cenas e situações da realidade que a criança vivencia em muitos casos.”(SARTO, 1994, p. 65, tradução nossa). Portanto, iniciar o acesso à representação darealidade oferecida por meio da literatura e compartilhada por uma sociedade de-terminada é uma das funções da literatura infantil (COLOMER, 2008).

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Função axiológicaA função axiológica da literatura infantil está relacionada à questão da transmissãode valores e contravalores a partir das narrativas apresentadas pelos autores de obrasinfantis. Sarto (1994) recorda que os livros infantis de hoje deixaram de ser histórias fáceis(onde tudo estava resolvido) e histórias fechadas (das que não se tinha nada mais adizer) para ser histórias abertas (sem resolver) e com uma grande riqueza de valores,que deixam a critério da imaginação da criança a possibilidade de elaborar seu pró-prio juízo crítico.

Nos livros escritos para meninos e meninas podem encontrar-se todos os temas dasociedade: imigração, separação dos pais ou divórcio, pobreza, solidariedade, tra-balho e desemprego, velhice, marginalização, xenofobia, racismo, família, doenças,morte, injustiça, delinquência, droga etc. (SARTO, 1994, p. 65, tradução nossa).

Peter Hunt (1999), em seu livro Entendendo a literatura infantil, ratifica a funçãoaxiológica deste tipo de literatura:

Direta ou indiretamente os livros infantis tiveram e ainda têm influências sociais,culturais e históricas. Estes livros têm uma grande importância educacional. Suaimportância apresenta consequências que vão mais além da cultura, alcançandoa língua e a política. Muitos adultos, e decerto a maioria dos que estão em posiçãode poder e influência, leram livros infantis durante a infância, o que leva a crerque as ideologias subjacentes a estes livros tenham, de alguma maneira, influen-ciado o desenvolvimento dessas pessoas. (p. 1, tradução nossa).

O estágio incipiente na identificação e análise da literatura infantil com temática relacionada à Educação Física e ao Desporto no BrasilAlguns campos do conhecimento têm preterido a literatura infantil enquanto ob-jeto de estudo ou como material literário pertencente à atividade escolar. A Educa-ção Física, neste aspecto, é uma disciplina que pouco tem feito para acercar à suaprática este tipo de literatura, recurso tão relevante, próprio e cativante para ascrianças. Pode-se, inclusive, falar-se de uma não-literaturização dos conteúdos es-colares de grande parte da Educação Física no Brasil. Esta não-literaturização, que significa a falta de iniciativa ou até mesmo a resistênciana utilização de materiais literários pela maior parte do professorado de EducaçãoFísica, ficou evidente num anúncio veiculado em um jornal de grande circulaçãono Estado do Rio de Janeiro, cujo principal objetivo era a venda de uma coleção declássicos da literatura. Para isto, a parte mais destacada do anúncio (em azul) exibiuo título seguinte: “9 em cada 10 professores recomendam esses livros. O outro dáaula de educação física.” A partir de uma mensagem cujo propósito foi menoscabar a disciplina, os professo-res de Educação Física foram dissociados de qualquer prática teórica e literária.Outro problema verificado foi uma dificuldade na identificação de materiais de li-teratura infantil com temática relacionada à Educação Física e ao Desporto no Brasil.

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Por exemplo, Amarílio Ferreira Neto (2005), registrando o histórico das publicaçõesbrasileiras periódicas de ensino, técnicas e magazines na área, apresenta a seguinteasserção:

[...] Se a Educação Física obteve seu espaço legal com a contribuição dos impressosde ensino e técnico, sua legitimidade, no século XXI, requer impressos de ensinovoltados para a orientação da intervenção pedagógica na escola, tanto com chan-cela da esfera pública como de caráter comercial. (p. 776).

Com o escopo de identificar materiais literários para a área, foram realizadas trêsbuscas (nos meses de março, maio e dezembro de 2009) na base Esporte & Arte:Diálogos –projeto desenvolvido na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)e subvencionado por diferentes agências de fomento– e verificou-se que esta im-portante base continha unicamente dois livros com temática relacionada à EducaçãoFísica e ao Desporto registrados na categoria literatura infanto-juvenil.Uma consulta em diferentes livrarias brasileiras (Saraiva, Livraria Pontes, Livros de

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Figura 1. Anúncio para a venda de clássicos da lite-ratura veiculado no Jornal Extra (NOVE EM

CADA 10 PROFESSORES..., 2004).

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Futebol, por exemplo), a importantes bibliografias sobre literatura infantil (BI-BLIOGRAFIA BRASILEIRA DE LITERATURA INFANTIL E JUVENIL..., 2001, 2004)e ao Dicionário crítico da literatura infantil e juvenil brasileira (COELHO, 2006) in-dica a existência de livros infantis com temática relacionada à Educação Física e aoDesporto. Não obstante, estes livros estão dispersos, o que dificulta as iniciativasde professores e investigadores desse campo do conhecimento.Tarefa ainda mais árdua é desenvolver diferentes análises e avaliações nestes livrospara que os professores, antes de oferecê-los aos alunos e alunas durante as ativi-dades práticas da Educação Física e do Desporto, possam conhecê-los e selecioná-los, evitando qualquer informação incorreta ou até mesmo ofensiva. A questão da necessidade de se efetuarem análises em materiais de literatura infan-til que apresentam temática relacionada ao Desporto ganhou destaque nos meiosde comunicação brasileiros a partir do problema que afetou as escolas públicas doEstado de São Paulo (LIVROS APREENDIDOS, 2009).Este livro –intitulado Dez na área, um na banheira e ninguém no gol– apresenta imagensde conotação sexual, diálogos grosseiros, além de conteúdo eivado de estereótipos,preconceitos e discriminações, todos negativos (MARTINS; SEINCMAN, 2002). Cada exemplar desse livro custou ao governo R$ 21 reais e 86 centavos. Foram com-prados 1.700 livros e já se havia distribuído às escolas um total de 1.216 exemplares(NAVEGA, 2009). Esse material foi adquirido sem uma prévia análise, uma avaliação por parte dosfuncionários e especialistas do Governo de São Paulo. Esse livro em tempo algumdeveria ter sido recomendado para alunos, independentemente se estão no nívelfundamental ou médio.Decerto, a problemática ora descrita caracteriza-se como um fator interveniente àconstituição de um corpus teoricus voltado ao alunato na disciplina da Educação Fí-sica no Brasil. Esta iniciativa, para os mais desavisados, para os que se preocupamtão-somente em quantificar o tempo de movimento das aulas, e, também, para osentusiastas e defensores da desportivização, não significa diminuir o tempo de prá-tica; pelo contrário, o que se sugere é agregar fundamentação ao movimento, é ofe-recer aos alunos a oportunidade de ter contato com o movimento por via doconhecimento (seja científico ou literário) inerente à Educação Física e ao Desporto.Para sustentar esse argumento e disseminá-lo aos que hoje estudam para ensinaramanhã e também aos que já ensinam, mas que continuam estudando, apresentar-se-ão, a seguir, algumas propostas de uso da literatura infantil que foram baseadasna investigação acadêmica e na prática escolar.

Exemplos de utilização da literatura infantil na Educação Física e no Desporto: das propostas internacionais às de língua portuguesaA utilização da literatura infantil como um recurso de apoio às aulas de EducaçãoFísica pode ser, para muitos investigadores e professores brasileiros, uma ação re-cente ou até mesmo inovadora. Não obstante, a prévia revisão de trabalhos publi-cados em língua inglesa indica que a partir de meados da década de 1950 autorescomo Arthur Miller e Virginia Whitcomb (1957) já consideravam os livros infantiscom temática relacionada ao Desporto um importante material literário para a dis-ciplina de Educação Física.

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Por meio da linguagem as crianças aprendem a escutar, falar, ler, escrever e sole-trar. Da mesma maneira que em outras áreas da aprendizagem, os fundamentosda linguagem podem ser aprendidos mais facilmente por intermédio de experiên-cias que as crianças já conhecem e já desfrutaram. Muitas destas experiênciasforam originadas a partir dos jogos, e, na escola, o jogo é desenvolvido por meioda Educação Física. (MILLER; WHITCOMB, 1957, p. 277, tradução nossa).

Os autores em seu livro elaboraram uma lista de cinco páginas que reuniu 86 livrosinfantis organizados segundo critérios de nível escolar e também por categoriascomo histórias desportivas específicas para meninas; histórias escritas para meninos emeninas sobre estrelas do desporto; e livros de habilidades e conhecimentos.O exemplo ora destacado decerto representa um grande avanço da Educação Física per-tencente ao bloco anglófono e, por sua vez, revela uma visão prospectiva em relação àimportância da utilização de materiais específicos da literatura infantil na disciplina.Ainda nesse contexto linguístico, Ritchie Gabbei e Heidi Clemmens (2005) utili-zaram livros infantis para desenvolver aspectos relacionados à expressão corporalna disciplina de Educação Física. Para os autores, fontes literárias, como livros pu-blicados ou mesmo estórias e poemas criados pelos alunos, podem ser utilizadaspara desenvolver sequências de movimento e de dança em aulas de Educação Física. Utilizando a técnica de mímica, Gabbei e Clemmens uniram linguagem e movi-

mento por meio da literatura, e utilizaram um esquema de aula com quatro fases:a primeira constitui a fase de mímica das ações contidas nos livros infantis; a se-gunda compreende a divisão da turma em grupos, a destinação de partes da narra-tiva do livro infantil para cada grupo e a criação de uma breve sequência de dançabaseada na narrativa; a terceira fase é composta por movimentos mais subjetivos eabstratos, que explorem diferentes posturas cênicas; e a quarta constitui a organi-zação lógica de uma sequência de dança e a apresentação do produto final. Igual ao caráter pioneiro no uso da literatura infantil na área, os primeiros trabalhosacadêmicos que empregaram a análise de conteúdo nos livros infantis tambémforam originados no âmbito da língua inglesa, exemplos são os textos Sexismo naliteratura de educação física das séries iniciais: uma análise de conteúdo (HIL-DRETH, 1979) e Impotência feminina adquirida no esporte: uma análise da litera-tura infantil (WEILLER; HIGGS, 1989). Somente quase quatro décadas depois do trabalho de Miller e Whitcomb (1957) foipublicado na Espanha o trabalho Contos motores (CONDE CAVEDA, 1994). Nestelivro, foram incluídos 25 contos para que os professores possam lê-los aos alunos etambém aplicá-los às aulas de Educação Física. Nessa obra de dois volumes, todos os contos estão estruturados e organizados pormeio de um quadro sinóptico, que inclui a idade sugerida para a aplicação do conto,o número de alunos, o local, os materiais, os objetivos gerais, a proposta, os conteú-dos e alguns desenhos ilustrativos. O conto motor, que também pode ser denominado conto para brincar e jogar, é umtipo de conto que apresenta características e objetivos próprios, podendo ser clas-sificado como uma variante do conto cantado e do conto representado (CONDE CA-VEDA, 1994).

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Segundo Conde Caveda, este tipo de conto reúne todas as condições para ser utili-zado como uma alternativa válida de se ensinar jogando, uma vez que sua inerentequalidade lúdica é um fator que favorece o aprendizado da criança. Uma revisão não exaustiva da literatura, ainda que ampla, identificou algumas ini-ciativas que relacionaram os contos motores ou propriamente o conto às atividadespróprias da Educação Física e do Desporto (ARTEAGA CHECA; ZAGALAZ SÁN-CHEZ; CEPERO GONZÁLEZ, 1999; CIDONCHA FALCÓN; DÍAZ RIVERO, 2009;GONZÁLEZ PIÑERO; MENDOZA PEÑA, 2007ab; HERNÁNDEZ; GÓMEZ LECUM-BERRI, 2008, 2009; HERRERA RUIZ, 2008; JIMÉNEZ ORTEGA; VELÁZQUEZ ME-JÍAS; JIMÉNEZ ROMÁN, 2008; LAS AVENTURAS DE PIENSANTODO YCABEZAHUECA..., 2008; MARTÍNEZ CALLE, 2007; ROVIRA DE RIVAS, 2003). Nesse contexto, Ruiz Omeñaca (2008, 2009) apresenta à comunidade acadêmica oque denominou de contos motores cooperativos, uma variante do conto motor, que,como o próprio nome indica, apresenta relação com as atividades físicas cooperativas.

Quando falamos sobre conto motor cooperativo nos referimos, basicamente, a umrelato que nos remete a um cenário imaginário onde os personagens cooperamentre si, dentro de um contexto de desafio e aventura, com o fim de alcançarum objetivo compartilhado, com o qual os meninos e meninas podem identifi-car-se. Deste relato originam-se propostas em que os alunos e alunas participam,por meio da atividade motriz cooperativa, imitando os personagens do próprioconto. (RUIZ OMEÑACA, 2008, p. 3-4, grifo do autor).

Segundo Ruiz Omeñaca (2008), o conto motor cooperativo pode ser um excelentereferencial, uma vez que: a) propicia um marco idôneo para a interdisciplinaridade;b) favorece uma educação baseada no conjunto das características pessoais dos alunos;c) estimula o desenvolvimento da criatividade em sua acepção mais ampla; d) possuium caráter flexível em relação ao tratamento dos aspectos ligados ao conhecimentocorporal; e) permite integrar atividades, jogos, desafios e opções metodológicas de ca-ráter cooperativo; f) vai ao encontro da idéia de uma educação intercultural; g) podefavorecer a discussão sobre valores em um rico cenário educacional.Outra proposta interessante foi a desenvolvida por Gil Madrona (2006), na qual oautor e seus colaboradores utilizaram, nas aulas de Educação Física, os jogos popu-lares que aparecem na ilustre obra Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. Estes jogosforam trabalhados também de forma interdisciplinar e de modo teórico-prático comoutras áreas de ensino, como Língua, Ciências e História. Numa primeira fase, foramidentificados quais eram os jogos motores populares que apareciam na obra de Cer-vantes. Em uma segunda etapa, adaptaram esses jogos às características de cada con-texto escolar para, finalmente, desenharem uma proposta de intervençãoeducativa. Uma das finalidades do projeto foi permitir, por intermédio desta obraimortal da literatura universal, que os alunos compreendessem o contexto socio-cultural em que vivem.Rafael Guimarães Botelho (2009b), revisando parte da literatura infantil em línguacastelhana, assinala três maneiras de se utilizar esta literatura em uma EducaçãoFísica voltada para a paz, a saber: 1ª livros infantis podem contribuir à Educação

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para a não-violência no Desporto; 2ª contos com temática relacionada ao Desportopodem discutir valores na educação escolar; 3ª contos motores cooperativos podemser utilizados para o desenvolvimento das atividades físicas cooperativas. No âmbito brasileiro, foi identificada a interessante proposta de José Maurício Ca-pinussú de Souza (1979), que deu status acadêmico às histórias em quadrinhos bra-sileiras com temática relacionada ao Desporto quando, em sua dissertação demestrado, analisou O ensino dos fundamentos desportivos através da história em qua-drinhos, uma forma de literatura de massa.Permeada pelo mesmo debate, Carraro (1992) publicou o artigo Maurício de Sousa eseus personagens visitam a escola. Qual é a mensagem que eles transmitem? Neste tra-balho, Carraro propõe aos professores de Educação Física a utilização das revistasem quadrinhos (RQ) enquanto recurso didático que possibilite aos alunos uma lei-tura crítica da realidade ao correlacionar a mensagem subjacente nas Histórias emQuadrinhos com situações do cotidiano.“Na utilização das RQ, os alunos têm a oportunidade de discutir o conteúdo das his-tórias, alterando, reconstruindo ou criando novos diálogos e desfechos. Fazendomontagens teatrais; recorte e colagem; debates [...]” (CARRARO, 1992, p. 282).Estas duas experiências confirmam que, além da leitura de gibis e histórias em qua-drinho ser uma fonte prazerosa, as crianças sempre os utilizam de forma autônoma.Além disso, outra vantagem para a utilização deste tipo de material em aulas deEducação Física é o seu baixo preço, sua elevada e contínua produção no Brasil e seufácil acesso (presente em quase todas as bancas de jornais). Maristela Vicente de Paula (2003) investigou o uso de materiais bibliográficos porum grupo de 27 professores que ministravam aulas de Educação Física nos ensinosfundamental e médio. Deste grupo, apenas um professor não utilizava materiaisbibliográficos. No entanto, quando se analisou qual era o tipo de material usado,apenas dois professores do grupo investigado declaram que fizeram uso de livrosde literatura infantil. Com o escopo de diligenciar a possibilidade de uso da literatura infantil na área, des-creve-se resumidamente, a partir de um relato de experiência do autor deste capí-tulo, a aplicação de um livro infantil em uma aula de Educação Física.

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Referência: PIMENTEL, P. Tito: um professor muito especial. 2. ed. IlustraçõesAndré David Tortato Corso, Reinaldo Vigenati. São Paulo: Phorte, 2000.

Capa do livro Exemplo de uma página (PIMENTEL, 2000, p. 19).

Tipo de texto do livro: narrativo.Assunto: educação postural.Enfoque: saúde.Suporte: papel.Versão e língua da publicação: original em língua portuguesa.Breve relato da atividade: Foram elaboradas, pelo professor, brincadeiras a partir da nar-rativa do livro Tito: um professor muito especial. As brincadeiras tinham como objetivoexplicar aos alunos a anatomia e a mecânica da coluna vertebral. Durante as atividades,que reuniram duplas de alunos do primeiro ciclo do ensino fundamental, foram utili-zados amortecedores de tênis novos e usados para simular os discos intervertebrais ecomo estes recebiam impacto durante uma caminhada e um salto. Nos primeiros cincominutos de aula procedeu-se à leitura de trechos do livro para, posteriormente, inicia-rem-se as atividades práticas. Nestas, cada dupla caminhava e saltava com um amor-tecedor na mão; depois, cada aluno sentava de costas para seu companheiro,juntando-as, e faziam movimentos para cima e para baixo com a finalidade de sentiras diferentes regiões da coluna vertebral. Durante a volta à calma, foram lidas pelo pro-fessor e por um aluno e discutidas com os demais alunos algumas páginas do livro. Apartir destas atividades, os alunos e alunas, sempre que pensavam nos personagens danarrativa, recordavam os temas abordados durante esta aula, que aconteceu em 2004.

Figura 2. Breve relato de aplicação da literatura infantil em uma aula de Educação Física.

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A modo de conclusão A primeira ideia que se conclui é que o professorado de Educação Física não podepreterir uma manifestação tão importante como a da literatura infantil em seu dia-a-dia. Que o campo da Educação Física e do Desporto sofre influência de diferentes áreasé tema já discutido. No entanto, descurar as diferentes manifestações que o campoda Literatura oferece a esta área de estudo é uma atitude que visa a cercear cultu-ralmente a prática da disciplina. A Educação Física e o Desporto no Brasil carecem de iniciativas acadêmicas queidentifiquem e analisem materiais de literatura infantil de lavra própria e que reúnaestas informações em uma base de dados voltada aos que se dedicam à Educação Fí-sica e ao Desporto em seus diversos níveis de ensino e pesquisa.

NotasRafael Guimarães Botelho. Licenciado em Educação Física (2002) e Mestrado em Educação (2006)– Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Aperfeiçoamento em Metodologia da Pesquisa (2003) e Es-pecialização em Ética Aplicada e Bioética (2003) – Fundação Oswaldo Cruz. Mestrado em Iniciação àPesquisa em Educação Física e Esporte: didática e desenvolvimento profissional (2009), Diploma de Es-tudos Avançados em Didática da Expressão Corporal (2009) e doutorando em Educação Física e Esporte:didática e desenvolvimento profissional (2007-) – Universidade Autônoma de Barcelona.

“Este trabalho foi elaborado com o apoio do Programa Alßan, Programa de bolsas de alto nível da UniãoEuropéia para América Latina, bolsa número E07D403960BR.”

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