Educação física, desporto e lazer proposta orientadora das ações educacionais

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    EDUCAO FSICA,DESPORTO E LAZER

    Proposta Orientadora

    das Aes

    Braslia, DF julho/2001

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    Ilustrao de capa: MARLIA DE ARAJO SILVA ePRISCILA FREITAS CAVALCANTEAPAE: SO PAULO SP

    Marlia e Priscila construram juntas sua arte para o Concurso de cartazes/2000 e seus talentosforam reconhecidos.

    Um mundo mais feliz o desejo de Marlia, 17 anos, freqenta o programa de EducaoProfissional da escola da APAE de So Paulo.

    Marlia tem um timo relacionamento com seus colegas, por isso tem muitos amigos. Nashoras de folga, gosta de ouvir msica.

    Que no mundo, todos fossem amigos e que as cidades fossem mais limpas e seguras, o sonho de Priscila, da APAE de So Paulo.

    Priscila lder da sua turma, alegre, extrovertida, apreciadora de canes romnticas comoas do grupo KLB. Gosta muito de reunir amigos para falar de seus segredos.

    Parabns, Marlia e Priscila, que a vida lhes propicie um mundo feliz com muitos amigos.

    E24 Educao fsica, desporto e lazer : proposta orientadora das aes educacionais /coordenao geral Ivanilde Maria Tibola. Braslia : Federao Nacional dasAPAEs, 2001.68 p.

    1. Educao especial. 2. Educao fsica. 3. Desporto. 4. Lazer. I. Tibola,Ivanilde Maria. II. Federao Nacional das APAEs.

    CDU: 376

    Programao visual e diagramao da Coleo Educao e AoSamuel Tabosa de Castro

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    Quero o meu lugar ao sol e cedoao sol um lugar no meio de meucorpo, onde me brota a vida

    Freire (1988, p.191)

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    DEDICATRIA

    Dedicamos esta proposta a todas as pessoas portadoras de

    deficincia atendidas pelas APAEs, por acreditarmos em seu

    potencial de aprendizagem e participao, com a certeza de

    estarmos propiciando-lhes igualdade de oportunidades e, com

    isso, elevando suas expectativas existenciais.

    Esperamos que seu contedo possa contribuir para aorganizao da prtica de Educao Fsica Escolar, assim

    como o desenvolvimento de habilidades e competncias

    desportivas, de lazer e de convivncia social.

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    AGRADECIMENTOS

    Agradecemos ao presidente e diretoria da Federao Nacional das APAEs,

    pelo apoio e autonomia de expresso, aos presidentes das Federaes Estaduais

    que estiveram conosco por meio de seus coordenadores, ao Ministrio da Educao,

    por meio da Secretaria de Educao Especial, coordenao pedaggica da Federao

    Nacional das APAEs, aos coordenadores estaduais e regionais, e aos profissionais de

    Educao Fsica que atuam ou no nas APAEs, pelos subsdios e colaborao durante

    todo o processo de elaborao e aprovao desta proposta.

    Agradecemos principalmente a Deus que nos concedeu fora e luz para

    trilharmos nosso caminho. Rogamos que continue a iluminar nossas mentes para

    que possamos aprimorar a cada dia a misso que a ns foi confiada.

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    SUMRIO

    DEDICATRIA ............................................................................................................ 5

    AGRADECIMENTOS.................................................................................................... 7

    APRESENTAO ....................................................................................................... 11

    INTRODUO

    1. EDUCAO FSICA E AS APAES: UM RELATO HISTRICO ............................ 15

    2. EDUCAO FSICA: MARCOS REFERENCIAIS .................................................. 18

    3. A EDUCAO DA PESSOA PORTADORA DE DEFICINCIA: EVOLUO

    HISTRICA .......................................................................................................... 214. A EDUCAO FSICA E AS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICINCIA ........ 25

    5. A PROPOSTA: JUSTIFICATIVA DA EDUCAO FSICA, DESPORTO ELAZER ................................................................................................................... 27

    6. A ESTRUTURAO DA PROPOSTA DE EDUCAO FSICA ........................... 296.1. Objetivos ...................................................................................................... 296.2. Valores e Atitudes ........................................................................................ 296.3. Eixos Estruturadores .................................................................................... 30

    7. EDUCAO FSICA ESCOLAR NAS ESCOLAS DAS APAES .............................. 32

    8. EDUCAO INFANTIL E EDUCAO FSICA ................................................... 348.1. Objetivos ...................................................................................................... 358.2. Aspectos a Serem Considerados no Desenvolvimento da Criana ........... 35

    a) Desenvolvimento do Esquema Corporal ............................................. 36b) Desenvolvimento Psicomotor ............................................................... 36

    8.3. Aspectos Gerais dos Contedos a Serem Aplicados em Cada Fase daCriana na Escola ........................................................................................ 37

    a) 0 a 2 anos: Fase do Despertar do Eu-corporal .................................... 32b) Fase da Descoberta do Eu-corporal ..................................................... 32

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    9. ENSINO FUNDAMENTAL E EDUCAO FSICA ESCOLAR.............................. 399.1. Escolarizao Inicial Fase II ..................................................................... 41

    a) Desenvolvimento do Esquema Corporal ............................................. 41b) Desenvolvimento Psicomotor ............................................................... 41c) Contedos a Serem Trabalhados ......................................................... 42

    9.2. Escolarizao e Profissionalizao Fase III ............................................. 44a) Contedos a serem trabalhados ........................................................... 46

    10. AS MLTIPLAS AES DA EDUCAO FSICA NA ESCOLA DA APAE ........ 4810.1. Conhecimento Corporal ........................................................................... 48

    a) Coordenao Dinmica Geral (Coordenao Motora) ..................... 50b) Coordenao Viso-motora .................................................................. 51c) Motricidade Fina.................................................................................. 51d) Lateralidade ......................................................................................... 51e) Equilbrio ............................................................................................. 52f) Estruturao Espao-temporal............................................................. 52g) Ritmo.................................................................................................... 53h) Tnus da postura ................................................................................ 54

    10.2. Esportes, Jogos e Ginstica ....................................................................... 5510.3. Atividades Rtmicas e Expressivas ............................................................ 56

    11. EDUCAO FSICA, DESPORTO E LAZER: PROJETOS ESPECIAIS ................ 57AVALIAO ......................................................................................................... 60

    CONSIDERAES FINAIS .................................................................................. 63REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ....................................................................... 64

    A CONSTRUO DA PROPOSTA ...................................................................... 66

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    APRESENTAO

    A importncia da prtica esportiva, valorizada desde a Antiguidade, vemmerecendo especial ateno em nossa sociedade atual. Nos tempos modernos, o

    hbito de exerccios regulares e a participao em espaos esportivos favorecemno apenas o corpo, mas tambm a mente, alm de promover a integrao depessoas e o aprimoramento dos grupos sociais.

    No campo da Educao e, particularmente, em nossas escolas especiais, aEducao Fsica vem sendo um agente modificador de comportamento,desenvolvimento e integrao do portador de deficincia mental. Iniciando com asaulas de Educao Fsica e evoluindo para a formao de equipes esportivas queto bem vm representando nossas escolas no Brasil e no exterior o esporte vemsendo a mola propulsora de muitas mudanas, contribuindo, particularmente, paraa melhoria da auto-estima de nossos alunos.

    Considerando tais benefcios e, em cumprimento aos dispositivos da Leide Diretrizes e Bases da Educao, a Federao Nacional das APAEs reuniu umgrupos de profissionais, tcnicos e consultores da rea de Educao Fsica para aelaborao desta proposta de trabalho, que prope a integrao da Educao Fsica Arte e Educao Profissional, como forma de aprimorar o atendimento educacionalem nossas escolas especializadas.

    O presente documento prope a incluso da Educao Fsica escolar Proposta Pedaggica da escola e o aprofundamento e desenvolvimento de aesdas reas de educao fsica, desporto e lazer por meio de projetos especiais, visandoao desenvolvimento de habilidades e competncias recreativas, desportivas, esportivase competitivas como forma de buscar qualidade de vida para o portador dedeficincia, pelo qual tanto lutamos.

    Flavio Arns

    PresidenteGesto 1999/2001

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    INTRODUO

    O documento Educao Fsica, Desporto e Lazer: Proposta Orientadoradas Aes nasce da vontade de propiciar aos dirigentes e profissionais do Movimento

    Apaeano subsdios que orientem as atividades de Educao Fsica, Desporto e Lazer

    desenvolvidas nas APAEs.Inicialmente, feito um relato histrico da Educao Fsica nas APAEs do

    Brasil, apresentando, na seqncia, a caracterizao dos marcos referenciais daEducao Fsica, a evoluo histrica da oferta educacional para as pessoas portadorasde deficincia, assim como da Educao Fsica em termos constitucionais at chegar aatual Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional.

    Contextualizada a evoluo da Educao Fsica, apresentamos a justificativada proposta, os objetivos, os contedos, os eixos estruturadores, assim como aestrutura operacional e funcional da Proposta de Educao Fsica, Desporto e Lazerpara as APAEs, caracterizada em dois segmentos:

    a) Educao Fsica Escolar como componente curricular norteado pela LDBn 9.394/96, integrada Proposta Pedaggica das Escolas das APAEs;

    b) Educao Fsica, Desporto e Lazer desenvolvida pela necessidade daprtica de atividades fsica, esportivas e recreativas de forma a contribuirpara a qualidade de vida das Pessoas Portadoras de Deficincia.

    O primeiro segmento da proposta trata da Educao Fsica Escolar, queinsere seu desempenho na proposta curricular das escolas da APAE conforme nveise modalidades de ensino propostos pela APAE Educadora:

    1 Fase I Educao Fsica para a Educao Infantil (0 a 6 anos)

    2 Educao Fsica para o Ensino Fundamental e Educao Profissional Fase II Escolarizao Inicial 7 a 14 anos Fase III Escolarizao e Profissionalizao acima de 14 anos

    Destacam-se ainda no primeiro segmento trs nveis de atuao para aEducao Fsica Escolar (nvel I, nvel II e nvel III). Independentemente da idadeou da fase escolar em que se encontra, o aluno poder ser inserido em um dos trsnveis, dependendo, portanto, de suas condies momentneas.

    Nvel I Estimulao motora:

    Desenvolvimento do sistema motor global por meio da estimulaodas percepes motora, sensitiva e mental com experincias vividas domovimento global.

    Desenvolvimento dos movimentos fundamentais.

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    Nvel II Estimulao das Habilidades Bsicas

    Melhoria da execuo e aumento da capacidade de combinao dos

    movimentos fundamentais. Desenvolvimento de atividades ldicas coletivas, visando adoo de

    atitudes cooperativas e solidrias, sem discriminar os colegas pelodesempenho ou por razes sociais, fsicas, sexuais ou culturais.

    Nvel III Estimulao Especfica e Iniciao Desportiva

    Aprendizagem e desenvolvimento de habilidades especficas, visando iniciao desportiva.

    Treinamento de habilidades esportivas especficas de forma ldica,visando identificao de habilidades e potencialidades para a

    participao em treinamentos e competies.Para a Educao Infantil (Fase I), que compreende a faixa etria de 0 a 6

    anos, recomenda-se a insero do aluno no Nvel I (Estimulao Motora).

    O segundo segmento desta proposta caracteriza os Projetos Especiais, quedispem sobre a Educao Fsica, Desporto e Lazer fora do contexto escolar, econtemplam as seguintes atividades:

    1. Educao Fsica tem o objetivo de desenvolver, promover e manterhbitos saudveis, pela prtica de atividades fsicas, que visem qualidade de vida do praticante. Esto inclusas nesse programa

    caminhadas, aulas de ginstica, hidroginstica, natao, jud, capoeiraetc.

    2. Lazer tem o objetivo de promover atividades recreativas, comogincanas, jogos recreativos, danas, passeios, acampamentos etc.

    3. Treinamento Desportivo visam a iniciativas com atividades quepropiciem a iniciao e o treinamento de atletas para competieslocais, regionais, nacionais e internacionais.

    4. Outros programas que estejam de acordo com os objetivos epossibilidades da instituio mantenedora APAE.

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    1. EDUCAO FSICA E AS APAES: UM RELATO HISTRICO

    Jos Cndido Maes Borba1

    A primeira APAE fundada no Brasil, em 1954, comeou a funcionar emum prdio velho, cedido pelo diretor do Instituto Lafayette, localizado na rua HadockLobo, na Tijuca, Rio de Janeiro.

    Foi l que, durante os seis primeiros anos de criao das APAEs, suaDiretoria e seu Conselho se reuniam para decidir sobre a traduo de trabalhosestrangeiros e de livros especializados, que traziam informaes sobre deficinciamental e integrao dos portadores de deficincia.

    Naquela ocasio, ainda no havia nenhuma organizao escolar nas APAEs,que reproduzisse o que estava sendo feito na Europa, Estados Unidos ou Canad.

    Aps 1960, foi criada uma escolinha no poro desse mesmo prdio daRua Hadock Lobo. Assim foi o incio do aprendizado escolar nas APAEs.

    Na poca, procurava-se dar aos portadores de deficincia mental noesdas atividades do dia-a-dia. No estvamos preocupados em oferecer conhecimentosde leitura e escrita, mas hbitos para se levar uma vida normal.

    Nessa mesma ocasio, foi organizada a primeira equipe tcnicamultidisciplinar para estabelecer um diagnstico inicial que precedesse o tratamentoe o processo educacional nas APAEs.

    Por volta de 1967/68, sentimos a necessidade de oferecer tambm aulasde Educao Fsica para nossos alunos, o que nos levou a contratar dois profissionais.Nosso objetivo ao oferecermos a educao fsica na APAE era facilitar a integraosocial dos alunos, fazer com que eles achassem a escola mais alegre e divertida,facilitando a sociabilizao.

    Fizemos questo que o professor de Educao Fsica fosse parte da equipetcnica de Avaliao e Diagnstico do comportamento da criana.

    A partir de ento, vrias APAEs introduziram a Educao Fsica nos currculosde suas escolas, muitas delas at com profissionais especializados.

    1 Ex-Presidente da Federao Nacional das APAEs Gesto 1967-1977 e Presidente da Federao dasAPAEs do Estado do Rio de Janeiro Gesto 1999-2001.

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    Com isto, os portadores de deficincia atendidos nas APAEs passaram apraticar vrias modalidades esportivas: basquete, handebol, futebol de salo, futebol

    de campo, atletismo, natao, entre outras.Em 1972, j como presidente da Federao Nacional das APAEs, participei

    de um Congresso Internacional, em Paris, de Pessoas Portadoras de Retardo Mental.Tive a oportunidade de assistir a um desfile de jovens portadores de deficinciamental que estavam disputando os Jogos Olmpicos para Portadores de DeficinciaMental.

    Entusiasmado com o que vi, trouxe a idia de realizar uma competio domesmo gnero no Brasil e a submeti aprovao da Diretoria da Federao Nacionaldas APAEs.

    Depois da aprovao da idia, partimos para o processo de tornar osonho realidade. A primeira pessoa que se engajou na idia foi a minha esposa,

    Yvonne Borba, que j participara de vrios campeonatos esportivos. Com ela e coma ajuda dos tcnicos da Secretaria de Educao Fsica do Exrcito, comeamos amontar o nosso evento.

    No incio, sofremos muita presso por parte dos nossos especialistas, queachavam que poderamos expor os alunos ao ridculo perante o pblico.

    Na poca, eu dizia a todos que o objetivo das APAEs com essa promooera realmente mostrar a todos a capacidade do portador de deficincia: falava-se

    muito neles, mas quem eram? S os pais ou as pessoas prximas que sabiam.Elaboramos um regulamento, estipulamos as provas que poderiam ser

    disputadas, procuramos os recursos que julgvamos necessrios e solicitamos oapoio do Exrcito, do Ministrio da Educao e de empresrios do Rio de Janeiro.

    Nosso objetivo no era somente a disputa esportiva, tnhamos um idealmaior, que era o de reunir os jovens de todo o Brasil para congraamento e integrao.

    O Exrcito, alm de pessoal tcnico, nos cedeu toda a praa de esportesda Escola de Educao do Exrcito e um clube especial.

    Conseguimos a hospedagem das delegaes estaduais no antigo prdio

    da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. As delegaes se deslocaram de seusEstados de nibus.

    Nosso grande desafio, ento, seria o de verificar como se comportariamesses jovens afastados de seus familiares e de seus hbitos normais.

    Para participar da I Olimpada Nacional das APAEs e InstituiesEspecializadas em 1973, vieram mais de dois mil jovens de todos os Estados brasileiros.

    Nossos atletas se mostraram capazes de tudo e se comportaram da maneiramais brilhante possvel, surpreendendo a todos ns.

    Aps dez dias de disputas esportivas, realizamos a festa de encerramentono Tijuca Tnis Clube, que nos foi gentilmente cedido para realizarmos um baile.

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    Todas as despesas de transporte das delegaes, alimentao, uniformespara os atletas, medalhas e trofus foram pagas pela Federao Nacional das

    APAEs, com o patrocnio do Ministrio da Educao e de vrias outras organizaes.Durante a olimpada, conseguimos que uma equipe de basquete de

    paraplgicos, de cadeiras de rodas, dos Estados Unidos, viessem ao Brasil disputaralguns jogos contra uma equipe que existia no Rio de Janeiro, como demonstraodo que os portadores de deficincia fsica eram capazes.

    Um ano depois da realizao da nossa olimpada, a organizao da SpecialOlympics, da Fundao Kennedy, que realizaria a Olimpada Internacional na Cidadede Michigan, Estados Unidos, nos fez um convite para que participssemos comuma delegao no evento.

    O Brasil foi representado por 15 atletas integrantes das APAEs dePernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paran. Nossos atletas se destacaramnas provas que disputaram com os atletas de outros pases.

    A partir da primeira olimpada, a Diretoria da Federao Nacional dasAPAEs resolveu instituir a realizao do evento a cada dois anos, sempre nos anospares, uma vez que nos mpares, realizamos o Congresso Nacional das APAES.

    Assim para fazermos esse enquadramento, realizamos no ano seguinte,em 1974, a II Olimpada Nacional, em Braslia, e a terceira edio em Belo Horizonte,em 1976, depois a quarta competio em 1982, em Belm, no Par, e assimsucessivamente, chegamos ao ano de 2000 XV Olimpada Nacional das APAEs,

    realizada em Blumenau, em Santa Catarina.

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    2. EDUCAO FSICA: MARCOS REFERENCIAIS

    A Educao Fsica entrou na escola brasileira em 1851, adotada nosmunicpios da corte. Ainda com o nome de Ginstica, foi inserida no incio dosculo nos currculos dos Estados de So Paulo, Minas Gerais, Cear, Pernambuco,

    Bahia e Distrito Federal.De 1890 a 1960, a Educao Fsica andou de mos dadas com o

    militarismo, em virtude dos movimentos ginsticos europeus (mtodos sueco, alemoe francs) que tinham conotao militarista. Tambm foi o sistema militar que maisforneceu profissionais para a Educao Fsica nesse perodo.

    Na dcada de 30, passou a ser reconhecida como disciplina e foi includanos currculos como prtica educativa obrigatria. Porm, existiam interessesdiferenciados na implantao da Educao Fsica no sistema escolar brasileiro.O Estado pretendia desenvolver valores referentes moral e ao civismo e ideologiadominante na poca. Os educadores da escola nova vendiam a idia dodesenvolvimento integral do aluno, relacionado ao fsico, higiene e sade.Educadores conservadores pregavam uma Educao Fsica que ajudasse o corponas atividades mentais e tivesse a mente como controladora. J os militares viam aEducao Fsica relacionada eugenia2, que valorizava a higiene e a sade, visando preparao do corpo para a defesa da nao e ao aprimoramento da raa humanapor meio das atividades fsicas.

    No final da dcada de 40 e incio de 50, inicia-se o fenmeno esportivoque dar novas formas Educao Fsica, tornando-a atraente. Esse modelo passou

    valores relacionados ao esprito competitivo, coeso nacional em torno do esporte e

    promoo do Brasil no exterior, alm de moral e civismo, senso de ordem e disciplina.Nesse perodo, a ginstica e o esporte passam a trabalhar com os mesmos objetivos.

    Em 1971, o Decreto n 69.450 fixa objetivos para a Educao Fsica,enfatizando o aspecto biopsicossocial como fator a ser desenvolvido nas aulas. Osprogramas de Educao Fsica Escolar passaram ento a estimular o esporte derendimento. As aulas eram desenvolvidas no sentido de buscar a performance dosalunos. Da resulta a definitiva esportivao da Educao Fsica Escolar, o quedesfavorecia a participao dos menos dotados e das Pessoas Portadoras deDeficincia.

    2 Eugenia uma ao que visa ao melhoramento gentico da raa humana, utilizando-se para tanto deesterilizao de deficientes, exames pr-nupciais e proibio de casamentos consangneos.

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    Na dcada de 80, com a crise do sistema educacional, a Educao Fsicatambm entra em crise e busca superar o modelo baseado em resultados esportivos.

    Verifica-se a inexistncia de uma proposta para as sries iniciais (educao infantil eeducao bsica 1 e II ciclos). Os profissionais estavam voltados para aaprendizagem de habilidades esportivas, sem observar princpios relacionados aocrescimento e desenvolvimento infantil.

    At o incio dos anos 80, os profissionais de Educao Fsica trabalhavamcom nfase no rendimento e na performance e com preocupaes mdicas, semuma formao pedaggica mais intensa para exercer funo educativa. Ento forampropostas novas nfases para a Educao Fsica para que pudesse atender, de maneiramais efetiva, s novas necessidades que se apresentavam com a separao doesporte de rendimentoda Educao Fsica Escolar.

    Iniciou-se a a reflexo sobre a utilidade social da Educao Fsica e seupapel nas transformaes sociais, enfatizando sua funo no desenvolvimento dacriatividade e do pensamento crtico e consciente, buscando desencadear mudanasde atitudes, idias e sentimentos e no simplesmente ensinar movimentospredeterminados, mecnicos e sem funo objetiva fora da prtica esportiva.

    Mas, ainda assim, a Educao Fsica continuou a sofrer com uma visoque a considerava desvinculada do processo educacional, sendo tratada comomarginal, que pode, por exemplo, ter seu horrio empurrado para fora do perodoque os alunos esto na escola ou alocada em horrios convenientes para outras

    reas e no de acordo com as necessidades de suas especificidades. Outra situaoem que essa marginalidade se manifesta no momento de planejamento, discussoe avaliao do trabalho, no qual raramente a Educao Fsica integrada (Brasil,1997, p. 24).

    Essa viso existia em funo da no-valorizao dos aspectos pedaggicosda Educao Fsica, o que levava os professores a trabalharem de forma isolada,sem se envolverem com as aes da escola.

    A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educao (Lei n 9.394), promulgadaem 20 de dezembro de 1996, ocorre uma mudana na concepo de Educao

    Fsica, que passa a ser obrigatria em todo o ensino fundamental, inclusive nos doisprimeiros ciclos. No seu art. 26, 3, ela dispe que:

    A Educao Fsica, integrada proposta pedaggica da escola, componente curricular da educao bsica, ajustando-se s faixas etrias es condies da populao escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos(Brasil, 1999, p. 17).

    Assim, a Educao Fsica, como parte integrante do sistema educacional,com suas aulas includas na grade horria curricular, passa a ter seu valor eimportncia reconhecida, e ser vista como parte efetiva do processo sociopoltico e

    cultural que, alm de ensinar mtodos e tcnicas desportivas, contribui efetivamentepara a educao dos alunos.

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    EDUCAO FSICA, DESPORTO E LAZER:Proposta Orientadora das Aes

    O Manifesto Mundial da Educao Fsica FIEP 2000, no seu artigo 5,proclama que:

    A Educao Fsica deve ser assegurada e promovida durante toda a vidadas pessoas, ocupando um lugar de importncia nos processos de educaocontinuada, integrando-se com os outros componentes educacionais, semdeixar, em nenhum momento, de fortalecer o exerccio democrtico expressopela igualdade de condies oferecidas nas suas prticas (FIEP, 2000).

    Nascem assim uma nova concepo e novos olhares sobre a EducaoFsica que, segundo Vago & Sousa (1997, p. 8), vem tentando construir um ensinoque possa participar da produo da cultura escolar como um tempo e um espaode conhecer, de provar, de criar e recriar as prticas corporais produzidas pelos seres

    humanos ao longo de sua histria cultural, como os jogos, os brinquedos, asbrincadeiras, os esportes, as danas, as formas de ginstica, as lutas. Fazendo isso, oensino da educao fsica se configura como um lugar de produzir cultura, sendo osprofessores e os alunos os sujeitos dessa produo.

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    3. A EDUCAO DA PESSOA PORTADORA DE DEFICINCIA:EVOLUO HISTRICA

    A anlise histrica mostra que houve um tempo em que pessoas portadorasde deficincia eram sacrificadas. Gradativamente a rejeio transformou-se em

    compaixo, proteo e caridade, o que felizmente hoje vem sendo substitudo pelaconquista de dignidade, direito e cidadania.

    No Brasil, as constituies de 1824 e 1891 somente garantiam o direito igualdade. Com uma viso mais social, a Constituio de 1934, no seu artigo 138,determinava que:

    Art. 138 Incumbe Unio, aos Estados e aos Municpios, nos termos dasleis respectivas:

    a) assegurar amparo aos desvalidos, criando servios especializados eanimando os servios sociais, cuja orientao procuraro coordenar;b) estimular a educao eugnica;c) proteger a juventude contra toda explorao, bem como contra oabandono fsico, moral e intelectual;

    A Constituio de 1937 permanece estacionria quanto ao texto daConstituio de 1934, repetindo basicamente o mesmo contedo no seu artigo 127:

    Art. 127 A infncia e a juventude devem ser objeto de cuidados egarantias especiais por parte do Estado, que tomar todas as medidasdestinadas a assegurar-lhes condies fsicas e morais de vida s e de

    harmonioso desenvolvimento das suas faculdades.

    J na Constituio de 1946, artigo 141, pargrafo primeiro, manteve-se odireito igualdade, mas, no inciso XVI do artigo 157, cita-se o direito previdnciapara o trabalhador que ficar invlido.

    Mudanas considerveis e definitivas so implementadas a partir daDeclarao Universal dos Direitos Humanos, em 1948, que diz:

    Todo ser humano elemento valioso, qualquer que seja a idade, sexo,nvel mental, condies emocionais e antecedentes culturais que possua,

    ou grupo tnico, nvel social e credo a que pertena. Seu valor inerente natureza do homem e s potencialidade que traz em si.

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    Todo ser humano tem direito de reivindicar condies apropriadas devida, aprendizagem e ao, de desfrutar de convivncia condigna e de

    aproveitar das experincias que lhe so oferecidas para se desempenharcomo pessoa e membro atuante de uma comunidade.

    Esses princpios apontam para caminhos e atitudes que promovam acidadania sem qualquer discriminao. Nesse sentido, a Constituio de 1967, almde manter os direitos adquiridos pelos portadores de deficincia nas constituiesanteriores, faz a primeira meno especfica quanto proteo e educao destes:

    Art. 175 A famlia constituda pelo casamento e ter direito proteodos poderes pblicos.

    Pargrafo quarto Ser elaborada lei especial sobre a assistncia maternidade, infncia e adolescncia e sobre a educao deexcepcionais.

    Em 1971, a Assemblia Geral das Naes Unidas proclama Os Direitosdas Pessoas Mentalmente Retardas e em 1975 a Declarao dos Direitos doDeficiente. No Brasil, a Lei 5.692/71, das Diretrizes e Bases do Ensino de 1 e 2graus, em seu artigo 9, confere destaque ao atendimento a pessoas deficientes esuperdotadas.

    A partir da dcada de 70, inicia-se uma nova tendncia na educao

    mundial com a introduo da individualizao do ensino, na qual se procura respeitare aceitar as diferentes necessidades de cada indivduo, buscando no processo ensino-aprendizagem atend-las particularmente. Esse processo ganha fora a cada dia nabusca de aes no-discriminadoras, baseadas nos princpios da normalizao,integrao e individualizao, que vm subsidiar as aes de Educao Especial noBrasil.

    A Educao Especial passa ento a atender queles alunos que, porapresentar necessidades prprias e diferentes dos demais alunos no domnio dasaprendizagens curriculares referentes sua idade, requerem recursos pedaggicos emetodologias educacionais diferenciadas.

    Em 1973, foi criado o Centro Nacional de Educao Especial CENESP, noMinistrio da Educao e Cultura, para subsidiar a formao da Poltica Nacional deEducao Especial. Carmo (1991, p. 101) afirma que o CENESP pode ser consideradoo primeiro passo por parte do Estado no sentido de traar planos polticos de mbitonacional na rea da Educao Especial, pois, at a sua criao, ocorriam eventosisolados e aes casusticas de assistncia educacional a pessoas deficientes.O Plano Nacional de Educao Especial PLANESP, 77/79 priorizou o ensino regularaos excepcionais, buscando assegurar igualdade de oportunidades pessoa comdeficincia.

    Em 1978, outros ganhos foram assegurados por meio da emenda n 12 Constituio de 1967, que consagrava:

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    Artigo nico assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiosocial e econmica especialmente mediante:

    I Educao especial e gratuita;II assistncia, reabilitao e reinsero na vida econmica e social doPas;III proibio de discriminao, inclusive quanto admisso ao trabalhoou ao servio pblico e a salrios;IV possibilidade de acesso a edifcios e logradouros pblicos .

    Em 1986, o CENESP foi transformado em Secretaria de Educao Especial SEESP e foi criada a Coordenadoria Nacional para Integrao da Pessoa Deficiente CORDE, poca ligada diretamente Secretaria de Planejamento da Presidnciada Repblica SEPLAN-Pr, atualmente vinculada ao Ministrio da Justia, responsvel

    pelas articulaes de iniciativas que promovam o cumprimento dos direitos da pessoacom deficincia.

    O que se observa na atual Constituio, promulgada em 1988, amanuteno dos ganhos obtidos nas constituies anteriores, como o princpio daigualdade, de forma fracionada em vrios artigos. Dentre eles, destaca-se o artigo205, que assegura o direito educao especial, e o inciso III do artigo 208, quedetermina a obrigatoriedade de ensino especializado s pessoas portadoras dedeficincia.

    A Poltica Nacional de Educao Especial do Ministrio da Educao (Brasil,1994, p. 37) determinou que a Educao Especial passasse a trabalhar segundo osprincpios bsicos de:

    Normalizao preparao das pessoas para a vida em condies decidadania, consideradas suas diferenas individuais.

    Individualizao pressupe adequar o atendimento educacional snecessidades de cada aluno respeitando suas diferenas individuais;

    Integrao processo que implica aes interativas, exercidasmutuamente entre duas ou mais pessoas ou instituies.

    Construo do real entendida como resultado da conciliao entre o

    que possvel fazer e o que necessrio ser feito. Legitimidade entendida como a participao das pessoas portadoras

    de deficincia, de problemas de conduta e superdotados ou de seusrepresentantes legais na elaborao e formulao de polticas pblicas,planos e programas.

    Esses princpios baseiam-se na aceitao da Pessoa Portadora de Deficinciae na criao de condies para seu desenvolvimento, ensejando experinciascompatveis com suas necessidades para que possam ter possibilidade de participaoativa no ambiente familiar, educacional e de trabalho, bem como nos acontecimentossociais, culturais e religiosos.

    Em 1994, realizada na Espanha a Conferncia Mundial sobre NecessidadesEducativas Especiais, com a participao de 92 pases, entre eles o Brasil, da qual

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    resulta a Declarao de Salamanca. Nesse encontro, reafirmou-se o direito educaopara todas as pessoas, independentemente de diferenas e necessidades especficas

    que tenham, enfatizando que a educao de crianas e jovens portadores dedeficincias parte integrante do sistema educacional.

    Seguindo essa tendncia, a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, queestabelece as diretrizes e bases da educao nacional, nos seus artigos 58, 59 e 60,garante a oferta de educao escolar para portadores de deficincia a partir do seunascimento, com currculos, mtodos, tcnicas, recursos educativos e organizaesespecficas para atender a suas necessidades. No inciso III do art. 59, enfatiza-se queos sistemas de ensino asseguraro aos educandos professores com especializaoadequada para atendimento especializado, bem como professores do ensino regularcapacitados para a integrao destes.

    Prope ainda, no seu artigo 58, a oferta de Educao Especialpreferencialmente na rede regular e a oferta de servios especializados sempre queno for possvel a sua integrao nas classes do ensino comum.

    Pode-se verificar que, constitucionalmente, houve uma evoluo naconquista dos direitos humanos das pessoas com deficincia, e esses mesmos direitospassaram por um processo de discusso que levou a um sistema educacional quebusca promover a cidadania sem discriminaes, preconizando a educao comoum direito de todos.

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    4. A EDUCAO FSICA E AS PESSOAS PORTADORASDE DEFICINCIA

    No que diz respeito Educao Fsica, pouco se v em termos legais,apesar de sua gradativa insero nos programas de Educao Especial. Parte-se

    de leis, como a Portaria Ministerial n 13, de 1.2.1938, combinada com oDecreto n 21.241/38, Artigo 27, letra b, item 10, que estabelece a proibio damatrcula em estabelecimento de ensino secundrio de aluno cujo estado patolgicoo impea, permanentemente, das aulas de Educao Fsica (Cantarino Filho, 1982,p. 145), que simplesmente eliminava da escola pessoas que no pudessem praticarEducao Fsica dentro do modelo proposto poca.

    Somente em 1984, quando da realizao do II Congresso Brasileiro deEsporte para Todos (EPT), em Belo Horizonte, a Secretaria de Educao e Desportopercebe a falta de uma poltica voltada para a Educao Fsica para Pessoas Portadorasde Deficincia.

    Criou-se ento o Projeto Integrado entre a Secretaria de Educao eDesporto (SEED) e o Centro Nacional de Educao Especial (CENESP), que tinhacomo objetivo investigar a ausncia de uma poltica nacional de Educao Fsica,Desporto e Esporte para todos, ajustada com as necessidades desta prtica comexcepcionais (Arajo, 1998).

    Esse projeto levou realizao do I Frum Nacional O Excepcional e aPoltica de Educao Fsica, Desporto e Esporte para Todos, que tratou dos problemase dificuldades dos professores de Educao Fsica com relao s pessoas portadorasde deficincia.

    Percebeu-se que havia algumas discusses referentes Educao Fsica

    para pessoas portadoras de deficincias. As discusses foram provocadas por umarealidade concreta, advinda de profissionais e entidades que j promoviam o esportepara pessoas com deficincia, caso da Federao Nacional das APAEs que, j em1973, antecipando-se no tempo, promovia sua primeira olimpada nacional, nacidade do Rio de Janeiro.

    Remeteu-se ento s faculdades de Educao Fsica a necessidade defundamentao terica, calcada no conhecimento cientfico, e de pesquisas quefavorecessem o desenvolvimento da Educao Fsica para pessoas portadoras dedeficincia.

    A partir da, as faculdades de Educao Fsica passaram a inserir em seuscurrculos disciplinas relacionadas ao atendimento s pessoas portadoras de deficincia,

    visando preparar os novos profissionais para atender a essa clientela.

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    A Lei n 9.394/96 coloca a Educao Fsica como componente curricular,integrada proposta pedaggica da escola. Portanto, entende-se a Educao Fsica

    como parte integrante do Ensino Especial, j que este constitui modalidade deeducao escolar. A Educao Fsica passa a ser garantida tambm s pessoasportadoras de deficincia. Nesse sentido, a rea passa a rever seus conceitos nabusca de um processo pedaggico que vise ao desenvolvimento integral do aluno,respeitadas suas limitaes e potencialidades, alm de trabalhar na direo da melhoriada qualidade de vida dos indivduos. Rosadas (1994, p.30) afirma que o objetivoda Educao Fsica, enquanto processo educacional, no a simples aquisio dehabilidades, mas sim contribuir para o desenvolvimento das potencialidades humanas.No aspecto social, ajudar a criana a estabelecer relaes com as pessoas e com omundo; no aspecto filosfico, ajudar a criana a questionar e compreender o mundo;no aspecto biolgico, conhecer, utilizar e dominar o seu corpo; no aspecto intelectual,auxiliar no seu desenvolvimento cognitivo.

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    5. A PROPOSTA: JUSTIFICATIVA DA EDUCAO FSICA,DESPORTO E LAZER

    Considerando que:

    A Federao Nacional das APAEs um movimento de pais, amigos epessoas portadoras de deficincia, de excelncia e referncia no pas,na defesa de direitos e prestao de servios. Sua misso promover earticular aes de defesa de direitos, preveno, orientao, prestaode servios, apoio famlia, direcionados melhoria da qualidade de

    vida da pessoa portadora de deficincia e construo de uma sociedadejusta e solidria;

    A Educao Fsica, pelo seu conceito e abrangncia, deve serconsiderada como parte do processo educativo das pessoas, seja dentroou fora do ambiente escolar, por constituir-se na melhor opo de

    experincias corporais sem excluir a totalidade, criando estilos de vidaque incorporem o uso de variadas formas de atividades fsicas que,com fins educativos, nas suas possveis formas de expresso, (...)constituem-se em caminhos privilegiados de Educao (FIEP, 2000);

    A Educao Fsica deve ser assegurada e promovida durante toda avida das pessoas, ocupando um lugar de importncia nos processos deeducao continuada, integrando-se com os outros componenteseducacionais, sem deixar, em nenhum momento, de fortalecer o exercciodemocrtico expresso pela igualdade de condies oferecidas nas suasprticas (FIEP, 2000);

    H necessidade de criao de estilo de vida ativo, no qual os indivduosadotem comportamentos de sade, com atividade fsica, boa utilizaodo tempo com atividades culturais e de lazer, hbitos alimentaressaudveis, preveno de comportamentos sexuais de risco;

    A atividade fsica um comportamento para a preveno de doenas emanuteno de sade que deve enfatizar a participao, a deciso, aautonomia e no a dependncia;

    A Federao Nacional das APAEs, buscando a garantia do direito satividades de Educao Fsica Escolar, Desporto e Lazer s pessoas portadoras de

    deficincias, cria esta Proposta Orientadora das Aes, voltada para duas linhas deao. A primeira, integrada Proposta Pedaggica orientada pela APAE Educadora,

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    em que a Educao Fsica tratada como componente curricular, ou seja, a EducaoFsica Escolar, com contedos, objetivos e estratgias metodolgicas orientadas pelo

    Referencial Curricular Nacional de Educao Infantil (RCN) e Parmetros CurricularesNacionais (PCNs) para o ensino fundamental e mdio. A segunda, por meio deProjetos Especiais, fora do contexto da APAE Educadora, que tem por objetivodesenvolver, promover e manter hbitos saudveis, pela prtica de Educao Fsica,Desporto e Lazer, visando qualidade de vida do praticante, assim como o preparopara treinamentos e participaes competitivas e recreativas.

    Figura 1 - Estrutura da Proposta Educao Fsica, Desporto e Lazer para o Movimento

    Apaeano.

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    6. A ESTRUTURAO DA PROPOSTA DE EDUCAO FSICA

    A Educao Fsica oferecida pelas escolas das APAEs deve incluir o corpo,o movimento e a ludicidade como aspectos educacionais indissociveis, e ofereceroportunidades educacionais adequadas ao desenvolvimento integral e manuteno

    da sade na busca de uma efetiva participao e integrao social. Em funo disso,a proposta tem como base objetivos, valores, atitudes e eixos estruturadores.

    6.1. Objetivos

    a) Objetivo Geral Contribuir com o processo de construo da cultura corporal, por

    meio da participao em atividades de Educao Fsica que valorizema realizao do homem, respeitando todos os aspectos da dimensohumana e do meio ambiente.

    b) Objetivos Especficos Favorecer o acesso e a participao de todos nas atividades inerentes

    Educao Fsica, ao Desporto e ao Lazer; Estimular a interao de todos, favorecendo a construo de valores

    e atitudes por meio da cooperao e solidariedade; Desenvolver a conscincia e expresso corporal, de forma ldica e

    criativa, mediante a participao no processo de planejamento,realizao e avaliao das atividades;

    Desenvolver e treinar habilidades esportivas visando a participaoem competies colegiais, regionais, estaduais, nacionais e

    internacionais; Expandir e aprofundar a conscincia crtico-social transformadora

    da realidade; Permitir a compreenso sobre a natureza e importncia da

    corporeidade, como meio de acesso e interferncia no mundo vivido(GDF, 2000, p. 90).

    6.2. Valores e atitudes

    Justia Liberdade Autonomia Respeito

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    Cooperao Fraternidade

    Participao Criatividade Igualdade

    6.3. Eixos Estruturadores

    Ludicidade-aprendizagem

    A ludicidade um componente indispensvel da existncia humana que,situado na esfera do simblico e vinculado aos fenmenos da curiosidade e daintencionalidade do homem, manifesta-se pelo brincar, como processo criativo da

    estruturao do comportamento humano (GDF, 2000, p. 91).Um contedo significativo para o aluno relaciona-se com seus interesses,

    identidade e impulsos de realizao. Nesse sentido, destaca-se a importncia doprazer, da brincadeira e do jogo, como fatores relevantes da aprendizagem e dosimpulsos libertadores do potencial criador, principalmente quando orientados paraum objetivo determinado. Tal a importncia do binmio ludicidade-aprendizagem,que tem sido determinante na transmisso da cultura dos povos (GDF, 1993, p. 342).

    Individualidade-sociabilidade

    Refere-se observncia das diferenas individuais, respeitando as limitaes

    e estimulando as potencialidades do homem. O aluno necessita de liberdade pararefletir e decidir, para que tome conscincia dos seus atos, assuma responsabilidadese busque autonomia no pensar e no agir.

    O respeito s diferenas individuais ponto fundamental na prticaeducativa e permite que o indivduo se socialize, respeitando-se e respeitando ogrupo de que faz parte. Por isso, no se deve comparar ou rotular qualquer indivduoem funo de modelos preestabelecidos para que no se fragmentem o indivduo eo grupo.

    importante ressaltar que no necessrio que todas as pessoas cheguemno mesmo lugar ao mesmo tempo, mas que todos tenham o direito de achar o seuprprio lugar no seu tempo (Boato, 1996, p. 48)

    Competitividade-cooperatividade

    O esporte e o jogo devem ser norteados por princpios que observem ovalor educativo de suas prticas. O primeiro princpio consiste em uma prtica comequilbrio de capacidade entre competidores. O segundo o de se organizarem asregras em funo das necessidades do desenvolvimento, seguindo um processocontnuo de progressividade. O terceiro o de se organizar a competio no sentidode resolver os provveis conflitos que surjam no grupo e, mais que isso, ser acompetio elemento motivacional de cooperatividade e celebrao ldica entre os

    membros dos grupos e entre os prprios grupos que competem entre si (GDF,1993, p. 343).

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    Progressividade-continuidade

    Quando se fala em desenvolvimento humano, antes de tudo, h de se

    ressaltar que este um processo e, portanto, dinmico e contnuo, e no estanquee limitado. O desenvolvimento humano implica transformaes contnuas queocorrem atravs da interao dos indivduos entre si e com o meio em que vivem,estendendo-se por toda a vida (Boato, 1996, p. 47).

    Nas vrias fases do desenvolvimento, a motricidade, a afetividade, asociabilidade e a inteligncia passam por modificaes e apresentam caractersticasdiferenciadas em cada momento. O que difere de pessoa para pessoa a intensidadertmica desse desenvolvimento e, por isso, importante que o professor, conhecendoo momento histrico do desenvolvimento dos alunos, adeqe suas atividades econtedos, de maneira a atender s necessidades momentneas de cada um.

    Heteronomia-autonomia

    Inicialmente, a criana totalmente dependente da atuao do outro paraatender a suas necessidades. A forma de comunicao inicial so reaes reflexastnico-emocionais. Progressivamente, ela vai descobrindo-se e reconhecendo-se,adquirindo novas informaes do meio, e aprendendo a interagir pelas suas prpriasaes, passando de simples receptor a atuante e, posteriormente, a transformador.Por volta dos 12 anos de idade, a independncia motora de base estar pronta. Masessa independncia construda por meio da incorporao de atitudes, modelos ecomportamentos prprios do meio em que a criana vive. Da a importncia deoferecer a ela um universo diversificado de experincias motoras, pois quanto maiore mais diversificado for o mundo de suas vivncias, maior ser o domnio corporale maiores sero as possibilidades de aprendizagem e aprimoramento das formas eexpresses culturais do movimento.

    Orientao-criatividade

    necessrio orientar o aluno para a proposio de descobertas de novosmovimentos, procurando no culp-lo pelo erro. O erro deve ser visto como parteintegrante do processo de desenvolvimento e obstculo natural que pode servir dealavanca para realizar o indito e para aprimorar o j conhecido. A criana, diante

    de situaes nas quais ela tem liberdade para ousar, afirma em si a autoconfiana eo reconhecimento de suas potencialidades. A satisfao cria o desejo de novasdescobertas, mantendo-a interessada e imaginativa diante das situaes de ensino-aprendizagem.

    Totalidade-sinergia

    A ao educativa no atinge sua eficcia mxima se no se colocar emjogo todo o conjunto do aparelho neurolgico, incluindo a os centros motores, deintegrao emocional e de regulao tnica. Nesse sentido, a Educao Fsica nose pode ater simplesmente ao ensino-aprendizagem de habilidades motoras ou de

    cultura desportiva, sem considerar a totalidade psicomotora do aluno que se desenvolve,simultaneamente, em mltiplos aspectos sinergticos (GDF, 1993, p. 344).

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    7. EDUCAO FSICA ESCOLAR NAS ESCOLAS DAS APAEs

    A Educao Fsica Escolar pode sistematizar situaes de ensino e deaprendizagem que garantam aos educandos o acesso a conhecimentos prticos econceituais.

    A Educao Fsica Escolar deve oportunizar a todos os alunos,independentemente de suas condies biopsicossociais, o desenvolvimento de suaspotencialidades de forma democrtica e no-seletiva, visando a seu aprimoramentocomo seres humanos.

    O processo de ensino e aprendizagem, a despeito dos contedos escolhidosdevem considerar as caractersticas dos alunos em todas as suas dimenses (cognitivas,corporal, afetiva, tica, esttica, de relao interpessoal e insero social). No serestringe a simples exerccio de certas habilidades e destrezas, mas de capacitar oindivduo para refletir sobre suas possibilidades corporais e exerc-las com autonomiade maneira social e culturalmente significativa.

    De acordo com os Parmetros Curriculares Nacionais de Educao Fsica PCNs (p. 24) tarefa da Educao Fsica Escolar garantir o acesso dos alunos sprticas de cultura corporal, contribuir para a construo de um estilo pessoal deexerc-las e oferecer instrumentos para que sejam capazes de apreci-las criticamente.

    A Educao Fsica Escolar no contexto da APAE Educadora divide-se em:

    Educao Fsica escolar para a Educao Infantil (0 a 6 anos) Fase I Educao Fsica escolar para o Ensino Fundamental e Educao

    Profissional para os ciclos de:

    Escolarizao Inicial Fase II 7 a 14 anos Escolarizao e Profissionalizao Fase III acima de 14 anos

    A formao de turmas para o atendimento em Educao Fsica Escolarproposta pela APAE Educadora dever observar, alm da idade cronolgica doaluno para insero nas respectivas fases, o seu padro funcional e capacidades decompreenso dos estmulos e de execuo dos movimentos propostos.

    Nas fases II (Escolarizao Inicial) e III (Escolarizao e Profissionalizao),haver trs nveis de atuao da Educao Fsica Escolar (Nvel I, Nvel II eNvel III), e para insero do aluno dever-se- considerar suas condies fsicas

    momentneas.

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    Nvel I Estimulao Motora Desenvolvimento do sistema motor global por meio da estimulao das

    percepes motora, sensitiva e mental com experincias vividas domovimento global. Desenvolvimento dos movimentos fundamentais.

    Nvel II Estimulao das Habilidades Bsicas Melhoria da execuo e aumento da capacidade de combinao dos

    movimentos fundamentais. Desenvolvimento de atividades ldicas coletivas, visando adoo de

    atitudes cooperativas e solidrias, sem discriminar os colegas pelodesempenho ou por razes sociais, fsicas, sexuais ou culturais.

    Nvel III Estimulao Especfica e Iniciao DesportivaAprendizagem e desenvolvimento de habilidades especficas, visando

    iniciao esportiva. Treinamento de habilidades esportivas especficas, visando participao

    em treinamentos e competies.

    Para o programa de Educao Infantil, que compreende a faixa etria de0 a 6 anos, o aluno ser sempre inserido no Nvel I (Estimulao Motora).

    Figura 2 Estrutura da Proposta Educao Fsica Escolar Componente Curricular.

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    8. EDUCAO INFANTIL E EDUCAO FSICA

    Na proposta orientadora das aes educacionais da APAE Educadora, aEducao Infantil considerada a primeira etapa da Educao Bsica (LDB ttulo

    V, captulo II, seo II, art. 29), e tem como finalidade o desenvolvimento integralda criana at seis anos de idade. A Educao Infantil proposta pela APAE Educadora

    segue a mesma estrutura organizacional orientada pelo RCN Referencial CurricularNacional/MEC da Educao Infantil.

    A Educao Infantil proposta pela APAE Educadora compreende doisprogramas:

    A) Educao Precoce, para a faixa etria de 0 a 3 anosB) Educao Pr-escolar, para a faixa etria de 4 a 6 anos

    importante ressaltar que as atividades e sugestes de contedos devemconsiderar as fases de desenvolvimento e condies peculiares de cada criana.

    Nesse sentido, amparados pelo Referencial Curricular Nacional para a

    Educao Infantil/MEC, que visa contribuir para a implantao ou implementaode prticas educativas de qualidade que possam promover e ampliar as condiesnecessrias para o exerccio da cidadania das crianas, a proposta referencia osprincpios abaixo:

    respeito dignidade e aos direitos das crianas, considerando suasdiferenas individuais, sociais, econmicas, culturais, tnicas, religiosas,etc.;

    direito das crianas a brincar, como forma particular de expresso,pensamento, interao e comunicao infantil;

    acesso das crianas aos bens socioculturais disponveis, ampliando o

    desenvolvimento das capacidades relativas expresso, comunicao,interao social, pensamento, tica e esttica;

    socializao das crianas por meio de sua participao e insero nasmais diversificadas prticas sociais, sem discriminao de espcie alguma;

    atendimento aos cuidados essenciais associados sobrevivncia e aodesenvolvimento de sua identidade.

    O Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil, volume I,p. 35, apresenta ainda algumas consideraes quanto ao processo de incluso dessascrianas no ensino regular, no qual deve-se observar:

    grau de deficincia e as potencialidades de cada criana; idade cronolgica;

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    disponibil idade de recursos humanos e materiais existentes nacomunidade;

    condies socioeconmicas e culturais da regio; estgio de desenvolvimento dos servios de educao especial jimplantados nas unidades federadas.

    8.1. Objetivos

    A prtica da educao infantil deve ser organizada de modo que as crianaspossam:

    desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez

    mais independente, com confiana em suas capacidades e percepode suas limitaes; descobrir e conhecer progressivamente seu prprio corpo, suas

    potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hbitos decuidado com a prpria sade e bem-estar;

    estabelecer vnculos afetivos e de troca com adultos e crianas,fortalecendo sua auto-estima e ampliando gradativamente suaspossibilidades de comunicao e interao social;

    estabelecer e ampliar cada vez mais as relaes sociais, aprendendoaos poucos a articular seus interesses e pontos de vista com os demais,respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda ecolaborao;

    observar e explorar o ambiente com atitudes de curiosidade, percebendo-se cada vez mais como integrante e agente transformador do meioambiente, valorizando atitudes que contribuam para sua conservao;

    brincar, expressando emoes, sentimentos, pensamentos, desejos enecessidades;

    utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plstica, oral e escrita)ajustadas s diferentes intenes e situaes de comunicao, de formaa compreender e ser compreendido, expressar suas idias, sentimentos,necessidades e desejos e avanar no seu processo de construo designificados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva;

    conhecer algumas manifestaes culturais, demonstrando atitudes deinteresse, respeito e participao frente a elas e valorizando a diversidade(RCN).

    8.2. Aspectos a Serem Considerados no Desenvolvimento da Criana

    Os referenciais apresentados abaixo constituem-se em uma adaptaodo modelo do Currculo de Educao Bsica das Escolas Pblicas do Distrito Federal

    Educao Fsica (Boato, 1996).Com relao aos aspectos do desenvolvimento, destacam-se:

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    a) Desenvolvimento do Esquema Corporal

    a.1) 0 a 1 ano Etapa do Corpo Submisso

    Nessa etapa, os movimentos so automticos e dependentes da bagageminata (reflexos e automatismos). As manifestaes emocionais so mal controladas efortes.

    a.2) 1 a 3 anos Etapa do Corpo Vivido

    Os movimentos so globais e a criana age dentro do mtodo de ensaio eerro. Nessa fase, a criana imita o adulto e essa imitao, com suas experinciasmotoras, lhe permite formar o primeiro esboo do esquema corporal. Nessa etapa, o

    meio que fornece criana matria para explorao de movimentos.A criana ao final dessa etapa j possui um certo domnio do corpo, mas

    dissocia seus movimentos. Aqui, no to importante que a criana saiba o nomedas partes de seu corpo, mas que possa movimentar-se livremente por todos osespaos possveis, passando pelo maior nmero de experincias motoras que afaam utilizar e sentir todo o seu corpo.

    a.3) 4 a 5 anos Etapa do Corpo Descoberto

    A criana comea a tomar conscincia das caractersticas corporais e descobreos segmentos corporais. Em funo das experincias vividas, verbaliza as partes do

    corpo e comea a refletir sobre os movimentos. Portanto importante enfatizarsempre o que a criana est fazendo e com que parte do seu corpo.

    b) Desenvolvimento Psicomotor

    b.1) 0 a 1 ano Fase Neuromotora(Desenvolvimento do Sistema deRespostas Inatas)

    Nessa fase, as respostas do corpo so globais, e os movimentos programadosgeneticamente e controlados inconscientemente (descargas motoras).

    b.2) 1 a 2 anos Fase Sensrio-motora(Desenvolvimento do SistemaMotor Global)

    Nessa fase, aparecem as primeiras formas de movimentos voluntrios e jexiste um controle tnico-postural. Os movimentos deixam de ser descargas motorase passam a ser significativos para criana.

    A criana tende a repetir vrias vezes os movimentos, o que proporcionamaior eficincia dos gestos. A posio bpede permite a liberao das mos que voauxiliar na manipulao de objetos por meio da coordenao viso-motora quecomea a instalar-se.

    A criana, para expressar-se, dependente do adulto no aspecto afetivo,mas j manipula (pegar, receber e arremessar) e movimenta-se (rolar, rastejar,quadrupediar, andar) s que de maneira ainda rudimentar.

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    b.3) 2 a 6 anos Fase Perceptivo-Motora (Desenvolvimento dosSistemas de Locomoo, Preenso e Viso-motor)

    Os movimentos passam a ser mais eficientes e complexos e so consideradosfundamentais para o relacionamento com o meio, embora ainda sejam realizadosseparadamente.

    A criana realiza os movimentos locomotores (andar, correr, arrastar, rolar,saltar, trepar, saltitar), no-locomotores (flexionar, estender, torcer, girar, levantar,sentar) e manipulativos (lanar, pegar, bater, rebater, chutar, quicar, receber).

    Nessa fase, a criana deve conhecer e experienciar o maior nmero possvelde movimentos fundamentais e explorar o ambiente e os objetos que a cercam. Atos cinco anos, aproximadamente, a imitao e o jogo simblico so fundamentais

    para o desenvolvimento da inteligncia. Por meio deles, a criana integra, por iniciativaprpria, um modelo social. Entre 6-7 anos, por meio de uma recriao, capaz detransformar a realidade.

    No final dessa fase, a criana deixa de ser mera receptora-reprodutora epassa para a fase da recriao do modelo social, tendo uma representao mentalde seu corpo, por meio da tomada de conscincia das caractersticas corporais e dossegmentos do corpo.

    8.3. Aspectos Gerais dos Contedos a Serem Aplicados em Cada Faseda Criana na Escola

    a) 0 a 2 anos: Fase do Despertar do Eu-corporal

    Contedos: Elementos de estruturao do domnio corporal; Relaes ludo-afetivo-sociais com o objeto, com o outro e com o meio; Elementos cognitivos.

    b) Fase da Descoberta do Eu-corporal

    b.1) 2 a 6 anos:

    Contedos: Elementos de estruturao do domnio corporal; Controle da inibio voluntria; Relaes ludo-afetivo-sociais com o objeto, com o outro e com

    o meio; Elementos ludo-simblicos; Elementos ludo-cognitivos.

    a) 2 a 4 anos:

    Conhecimento do corpo (percepo e dominao das partes do corpo); Conhecimento do espao imediato; Primeiros jogos de lateralidade.

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    b) 4 a 5 anos

    Conhecimento do corpo (reproduo da figura humana, noes corporais,

    discriminao visual); Apurao dos sentidos; Conhecimento de diversas posies corporais e reproduo destas; Jogos de lateralidade; Reproduo de formas, tamanhos, movimentos; Desenvolvimento de orientaes seguindo trajetos, partindo de pontos

    de referncia; Desenvolvimento da discriminao visual e da memria perceptiva; Conhecimento do sentido de ordem e sucesso (antes-depois, ontem-

    hoje);

    Conhecimento da durao de tempo (curto-longo, dia-noite, cedo-tarde); Ritmo (tocar instrumentos adaptados ou no, acompanhar msicas, danar,

    marchar etc.); Exerccios visando a escrita (desenhar livremente, pintar desenhos, fazer

    traos horizontais, verticais, circulares, desenhar formas geomtricas importante nessa fase no se dar tanta importncia preciso das formasdesenhadas, pintadas ou escritas , moldar objetos na argila etc.).

    c) 5 a 6 anos

    Reconhecimento, expresso e reproduo de diversas posies corporais

    (graficamente e pelo prprio corpo); Associao de objetos a parte do corpo; Percepo, correo e reproduo de diversos movimentos; Mmicas; Refinamento de movimentos; Agrupamento de movimentos similares; Expresso de movimentos e aes pensadas; Organizao em funo da lateralidade em relao a si prprio e a

    outros; Orientao em relao ao espao;

    Jogos de trajetos e mapas; Execuo de dobradura; Previso de trajetos para alcanar um fim; Compreenso de relaes espaciais (perto-longe, em cima-embaixo etc.); Memorizao de ordens e seqncias lgicas; Compreenso da durao do tempo (velocidade, durao); Reproduo de ritmos escritos.

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    9. ENSINO FUNDAMENTAL E EDUCAO FSICA ESCOLAR

    A proposta da APAE Educadora caracteriza os objetivos do EnsinoFundamental de forma que se concretizem as intenes educativas, de capacidadesdos alunos ao longo de sua escolaridade. Esses objetivos podem ser definidos em

    termos de habilidades e competncias de ordem cognitiva, fsica, afetiva, de relaointerpessoal e insero social, tica e esttica, tendo em vista a formao ampla doeducando portador de deficincia.

    O artigo 32 da Lei n 9.394/96 define como objetivos do Ensino Fundamental:

    I O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meiosbsicos o pleno domnio da leitura, da escrita e do clculo;II A compreenso do ambiente natural e social, do sistema poltico, datecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;III O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista

    a aquisio de conhecimentos e habilidades e a formao de atitudes evalores;IV O fortalecimento dos vnculos de famlia, dos laos de solidariedadehumana e de tolerncia recproca em que se assenta a vida social.

    Para o aluno portador de deficincia, cujo desenvolvimento no permite opleno domnio da leitura, escrita e clculo, a APAE Educadora prope considerar odesenvolvimento de sua capacidade de aprender por meio de diferentes formas deexpresso, como desenho, expresso corporal, linguagem oral, pintura etc.

    A Educao Fsica Escolar, nesse contexto, torna-se meio privilegiado de

    ao, pois atua de maneira integral, abordando o homem na sua totalidade eprocurando desenvolver os aspectos motor, cognitivo, afetivo, emocional e criativo.

    Objetivos Gerais para a Educao Fsica correspondente ao EnsinoFundamental

    Os Parmetros Curriculares Nacionais para a Educao Fsica (Brasil, 1998,p. 63) descrevem como objetivos gerais para a Educao Fsica para o EnsinoFundamental que o aluno, ao final deste, seja capaz de:

    participar de atividades corporais, estabelecendo relaes equilibradase construtivas com os outros, reconhecendo e respeitando caractersticasfsicas e de desempenho de si prprio e dos outros, sem discriminaopor caractersticas pessoais, fsicas, sexuais ou sociais;

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    repudiar qualquer espcie de violncia, adotando atitudes de respeitomtuo, dignidade e solidariedade nas prticas da cultura corporal de

    movimento; conhecer, valorizar, respeitar e desfrutar da pluralidade de manifestaes

    de cultura corporal do Brasil e do mundo, percebendo-as como recursovalioso para a integrao entre pessoas e entre diferentes grupos sociaise tnicos;

    reconhecer-se como elemento integrante do ambiente, adotando hbitossaudveis de higiene, alimentao e atividades corporais, relacionando-os com os efeitos sobre a prpria sade e de melhoria da sade coletiva;

    solucionar problemas de ordem corporal em diferentes contextos,regulando e dosando o esforo em um nvel compatvel com aspossibilidades, considerando que o aperfeioamento e o desenvolvimentodas competncias corporais decorrem de perseverana e regularidade eque devem ocorrer de modo saudvel e equilibrado;

    reconhecer condies de trabalho que comprometam os processos decrescimento e desenvolvimento, no as aceitando para si nem para osoutros, reivindicando condies de vida dignas;

    conhecer a diversidade de padres de sade, beleza e desempenhoque existem nos diferentes grupos sociais, compreendendo sua inserodentro da cultura em que so produzidos, analisando criticamente ospadres divulgados pela mdia e evitando o consumismo e o preconceito;

    conhecer, organizar e interferir no espao de forma autnoma, bem

    como reivindicar locais adequados para promover atividades corporaisde lazer, reconhecendo-as como uma necessidade do ser humano eum direito do cidado, em busca de uma melhor qualidade de vida.

    Objetivos Especficos para a Educao Fsica correspondentes s 1 e 2fases do Ensino Fundamental.

    Espera-se que ao final do 1 ciclo os alunos sejam capazes de:

    participar de diferentes atividades corporais, procurando adotar uma

    atitude cooperativa e solidria, sem discriminar os colegas pelodesempenho ou por razes sociais, fsicas, sexuais ou culturais; conhecer algumas de suas possibilidades e limitaes corporais de forma

    a poder estabelecer algumas metas pessoais (qualitativas e quantitativas); conhecer, valorizar, apreciar e desfrutar de algumas das diferentes

    manifestaes de cultura corporal presentes no cotidiano; organizar autonomamente alguns jogos, brincadeiras ou outras atividades

    corporais simples. (Brasil, 1997, p. 65)

    Para atingir tais objetivos, a APAE Educadora prope a oferta do ensinofundamental em dois ciclos:

    A) Escolarizao Inicial Fase II: para educandos portadores de deficinciamental e outras associadas a esta na faixa etria de 7 a 14 anos;

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    B) Escolarizao e Profissionalizao Fase III: para educandos portadoresde deficincia mental e outras associadas a esta na faixa etria acima

    de 14 anos nos programas de: a) Escolarizao de Jovens e Adultos,b) Formao Profissional e c) Programas Pedaggicos Especficos.

    9.1. Escolarizao Inicial Fase II

    As questes apresentadas abaixo so uma adaptao do modelo doCurrculo de Educao Bsica das Escolas Pblicas do Distrito Federal EducaoFsica (Boato, 1996).

    Com relao aos aspectos do desenvolvimento, destacam-se:

    a) Desenvolvimento do Esquema Corporal

    a.1) 6 a 10 anos Fase do Corpo Representado

    A criana tem um controle voluntrio das atitudes corporais e j conseguedissociar os movimentos mais precisos. Ela adquire o esquema postural e tem umaimagem esttica do corpo.

    Aqui, j associam-se movimentos fundamentais que antes eram executadosseparadamente.

    a.2) 10 a 12 anos Fase do Corpo OperatrioNessa etapa, a criana desempenha de forma mais consciente sua

    motricidade por meio de uma imagem antecipatria dos movimentos em seqncia.A imagem do corpo dinmica e a criana j consegue dominar habilidadesespecficas, pois j tem domnio corporal.

    Nessa fase, a criana ter uma conscincia de si em forma de imagem nodecorrer de uma ao e poder chegar aquisio inteligente de tcnicas.

    Aos 12 anos de idade, o esquema corporal est basicamente formado.

    b) Desenvolvimento Psicomotor

    b.1) 7 a 12 anos Fase Psicomotora(Desenvolvimento dos sistemas delocomoo, preenso, viso-motor e audio-motor)

    As experincias motoras j so mais complexas, e a criana que aqui jdeve ter sua organizao espacial pronta e entra na fase da estruturao espao-temporal consegue combinar movimentos fundamentais vivenciados na fase anterior,com uma melhoria na qualidade da execuo.

    A criana comea a dominar habilidades especficas. As mos j estomais geis para execuo de tarefas mais precisas como desenhar e escrever em

    virtude do desenvolvimento da coordenao culo-manual, das relaes espaciais eda identificao de formas.

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    A criana j representa verbal ou graficamente experincias vividas e hum aumento da capacidade de ateno e memria, que permite a ampliao das

    atividades cognitivo-motoras.O domnio desses esquemas so fundamentais para uma disposio afetiva

    que se expressa por meio do interesse, criatividade, expressividade e sociabilidade.

    Ao final dessa fase (12 anos) a personalidade est basicamente formada,mesma poca em que se d a estruturao do Esquema Corporal.

    c) Contedos a Serem Trabalhados

    c.1) 7 a 9 anos Fase da expanso da conscincia e expresso doeu-corporal

    Contedos propostos pela APAE Educadora Elementos de estruturao do domnio corporal; Controle da inibio voluntria; Relaes ludo-afetivo-sociais com o objeto, com o outro,

    com o meio e com o grupo; Elementos ludo-simblicos; Elementos ludo-cognitivos; Reproduo grfica de situaes vividas ou lidas; Desenhos de movimentos; Adaptao de textos a uma ilustrao.

    Contedos propostos pelos Parmetros Curriculares Nacionais(Brasil, 1997, p. 63)

    Participao em diversos jogos e lutas, respeitando as regrase no discriminando os colegas;

    Explicao e demonstrao de brincadeiras aprendidas emcontextos extra-escolares;

    participao e apreciao de brincadeiras ensinadas peloscolegas;

    resoluo de situaes de conflito por meio do dilogo,com a ajuda do professor; discusso das regras dos jogos; utilizao de habilidades em situaes de jogo e luta, tendo

    como referncia de avaliao o esforo pessoal; resoluo de problemas corporais individualmente.

    Objetivos Especficos de acordo com os Parmetros CurricularesNacionais correspondentes 1 fase do Ensino Fundamental.

    Espera-se que ao final da fase os alunos sejam capazes de:

    participar de atividades corporais, reconhecendo erespeitando algumas de suas caractersticas fsicas e de

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    desempenho motor, bem como as de seus colegas, semdiscriminar por caractersticas pessoais, fsicas, sexuais ou

    sociais; adotar atitudes de respeito mtuo, dignidade e solidariedade

    em situaes ldicas e esportivas, buscando solucionar osconflitos de forma no-violenta;

    conhecer os limites e as possibilidades do prprio corpo deforma a poder controlar algumas de suas atividades corporaiscom autonomia e a valoriz-las como recurso paramanuteno de sua prpria sade;

    conhecer, valorizar, apreciar e desfrutar de algumas dasdiferentes manifestaes da cultura corporal, adotando uma

    postura no-preconceituosa ou discriminatria por razessociais, sexuais ou culturais; organizar jogos, brincadeiras ou outras atividades corporais,

    valorizando-as como recurso para usufruto do tempodisponvel;

    analisar alguns dos padres de esttica, beleza e sadepresentes no cotidiano, buscando compreender sua inserono contexto em que so produzidos e criticando aquelesque incentivam o consumismo (Brasil, 1997, p. 71 e 72).

    c.2) 10 a 12 anos Fase de afirmao do eu-corporal e introduo cultura ludo-sociomotora.

    Contedos propostos pela APAE Educadora:

    Elementos de estruturao do domnio corporal; Controle da inibio voluntria; Relaes ludo-afetivo-sociais com o objeto, com o outro,

    com o meio e com o grupo; Elementos ludo-cognitivos.

    Contedos propostos pelos Parmetros Curriculares Nacionais(Brasil, 1997, p. 63):

    Participao em atividades competitivas, respeitando as regrase no discriminando os colegas, suportando pequenasfrustraes, evitando atitudes violentas;

    Observao e anlise do desempenho dos colegas, deesportistas, de crianas mais velhas ou mais novas;

    Expresso de opinies pessoais quanto a atitudes eestratgias a serem utilizadas em situaes de jogos, esportese lutas;

    Apreciao de esportes e lutas considerando alguns aspectostcnicos, tticos e estticos;

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    Reflexo e avaliao de seu prprio desempenho e dosdemais, tendo como referncia o esforo em si, prescindindo,

    em alguns casos, do auxlio do professor; Resoluo de problemas corporais individualmente e em

    grupos; Participao na execuo e criao de coreografias simples; Participao em danas pertencentes a manifestaes

    culturais da coletividade ou de outras localidades, queestejam presentes no cotidiano;

    Apreciao e valorizao de danas pertencentes localidade;

    Valorizao das danas como expresses da cultura, semdiscriminaes por razes culturais, sociais ou de gnero;

    Acompanhamento de uma dada estrutura rtmica comdiferentes partes do corpo, em coordenao;

    Participao em atividades rtmicas e expressivas; Anlise de alguns movimentos e posturas do cotidiano a

    partir de elementos socioculturais e biomecnicos; Percepo do prprio corpo e busca de posturas e

    movimentos no-prejudiciais nas situaes do cotidiano; Utilizao de habilidades motoras nas lutas, jogos e danas; Desenvolvimento de capacidades fsicas dentro de lutas,

    jogos e danas, percebendo limites e possibilidades; Diferenciao de situaes de esforo aerbico, anaerbico

    e repouso; Reconhecimento de alteraes corporais, mediante a

    percepo do prprio corpo, provocadas pelo esforo fsico,tais como excesso de excitao, cansao, elevao debatimentos cardacos, efetuando um controle dessassensaes de forma autnoma e com o auxlio do professor.

    9.2. Escolarizao e Profissionalizao Fase III

    De acordo com a proposta APAE Educadora, o Ensino Fundamentalcompreende tambm a Fase III e desenvolve seus objetivos e contedos de EducaoFsica por meio dos seguintes programas: Escolarizao de Jovens e Adultos, FormaoProfissional e Programas Pedaggicos Especficos.

    Os programas desta fase destinam-se aos educandos com idade superior a14 anos, com defasagem nas reas cognitiva, emocional e social e que, porconseguinte, no foram legveis para o encaminhamento para o ensino regular,necessitando naquele momento, permanecer na Escola da APAE para continuidadedo desenvolvimento de sua escolarizao e iniciao, qualificao, e insero nomundo do trabalho.

    Tais programas objetivam a garantia da oferta de contedos do EnsinoFundamental por meio de adaptaes curriculares ou currculo funcional visando

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    concluso da escolarizao em nvel do 1 e 2 ciclo do Ensino Fundamental comcertificao especfica.

    O atendimento em Educao Fsica na Fase III da APAE Educadoracontempla os objetivos e contedos dos Parmetros Curriculares Nacionaiscorrespondentes ao 3 e 4 ciclo do Ensino Fundamental, e os objetivos do EnsinoMdio, tambm contemplados nos Parmetros Curriculares Nacionais do EnsinoMdio, que propem que os alunos sejam capazes de:

    Participar de atividades de natureza relacional, reconhecendo erespeitando suas caractersticas fsicas e de desempenho motor, bemcomo a de seus colegas, sem discriminar por caractersticas pessoais,fsicas, sexuais ou sociais. Apropriar-se de processos de aperfeioamentodas capacidades fsicas, das habilidades motoras prprias das situaes

    relacionais, aplicando-os com discernimento em situaes-problema quesurjam no cotidiano;

    Adotar atitudes de respeito mtuo, dignidade e solidariedade na prticados jogos, lutas e dos esportes, buscando encaminhar os conflitos deforma no-violenta, pelo dilogo, e prescindindo da figura do rbitro.Saber diferenciar os contextos amador, recreativo, escolar e o profissional,reconhecendo e evitando o carter excessivamente competitivo emquaisquer desses contextos;

    Conhecer, valorizar, apreciar e desfrutar de algumas das diferentesmanifestaes da cultura corporal, adotando uma postura despojadade preconceitos ou discriminaes por razes sociais, sexuais ou culturais.Reconhecer e valorizar as diferenas de desempenho, linguagem eexpressividade decorrentes, dessas mesmas diferenas culturais, sexuaise sociais. Relacionar a diversidade de manifestaes da cultura corporalde seu ambiente e de outros, com o contexto em que so produzidas e

    valorizadas; Aprofundar-se no conhecimento dos limites e das possibilidades do

    prprio corpo, de forma a poder controlar algumas de suas posturas eatividades corporais com autonomia e a valoriz-las como recurso paramelhoria de suas aptides fsicas. Aprofundar as noes conceituais deesforo, intensidade de freqncia por meio do planejamento e

    sistematizao de suas prticas corporais. Buscar informaes para seuaprofundamento terico de forma a construir e adaptar alguns sistemasde melhoria de sua aptido fsica;

    Organizar e praticar atividades corporais, valorizando-as como recursopara usufruto do tempo disponvel, bem como ter a capacidade dealterar ou interferir nas regras convencionais, com o intuito de torn-lasmais adequadas ao momento do grupo, favorecendo a incluso dospraticantes. Analisar, compreender e manipular os elementos quecompem as regras como instrumentos de criao e transformao;

    Analisar alguns dos padres de beleza, sade e desempenho presentesno cotidiano, e compreender sua insero no contexto sociocultural emque so produzidos, despertando para o senso critico e relacionando-os com as prticas da cultura corporal de movimentos;

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    Conhecer, organizar e interferir no espao de forma autnoma, bemcomo reivindicar locais adequados para promoo de atividades

    corporais e de lazer, reconhecendo-as como uma necessidade do serhumano e um direito do cidado, em busca de uma melhor qualidadede vida (Brasil, 1998, p. 89, 90).

    Oportunizar o acesso e a participao efetiva de todos os alunos nasatividades inerentes Educao Fsica Escolar, considerando o processode valorizao e preservao do homem em todas as suas dimenses edo meio ambiente;

    Favorecer a construo de valores e atitudes fundamentados nacooperao e na solidariedade;

    Favorecer o desenvolvimento e a valorizao da ludicidade comoelemento constitutivo da natureza humana;

    Estimular o desenvolvimento da criatividade e a formao dopensamento crtico de todos os alunos, mediante a sua participao noprocesso de planejamento, realizao e avaliao das atividades.

    Possibilitar a interao entre todos os alunos como um dos principaiselementos na construo da linguagem;

    Permitir a compreenso sobre a natureza e a importncia da corporeidade,como meio de acesso e interferncia no mundo vivido (GDF, 2000,p. 90).

    Com relao ao desenvolvimento psicomotor, a partir dos 12 anos de

    idade, o indivduo entra na fase sociomotora, que apresenta as seguintes caractersticas: Aprimoramento dos sistemas da fase anterior. Desenvolvimento dos sistemas cinestsico-simblico e udio-simblico.

    A execuo de habilidades especficas melhorada e j h uma maiordiversificao e aprimoramento de movimentos culturalmente determinados, sendoque o indivduo j corporalmente capaz de ampliar seu universo de experincias,expandir seu conhecimento e compreenso das relaes significativas do corpo.

    a) Contedos a serem trabalhados

    a.1) A partir dos 12 anos (Fase de ampliao e especificao daexpresso da cultura ludo-sociomotora)

    Contedos propostos pela APAE Educadora:

    Elementos do domnio corporal; Relaes ludo-afetivo-sociais com o objeto, com o outro,

    com o grupo e com o meio social; Elementos ludo-cognitivo-sociais.

    Contedos propostos pelos Parmetros Curriculares Nacionais:

    Conceitos, procedimentos e atitudes; Conhecimento sobre o corpo;

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    Esportes, jogos, lutas e ginsticas; Atividades rtmicas e expressivas;

    Conhecimentos sobre o corpo;Obs.: A partir da Fase II da APAE Educadora, a qualquer momento em que

    o aluno apresentar condies, poder ser includo nos programas de iniciao etreinamento desportivo propostos nos Projetos Especiais sem, contudo, deixar departicipar das aulas de Educao Fsica Escolar.

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    10. AS MLTIPLAS AES DA EDUCAO FSICANA ESCOLA DA APAE

    Os contedos da Educao Fsica nas Escolas das APAEs podem serorganizados em trs blocos: Conhecimento Corporal Esportes, Jogos e

    Ginsticas Atividades Rtmicas e Expressivas, que devero ser distribudos edesenvolvidos de acordo com o projeto pedaggico, as especificidades e ascaractersticas dos educandos de cada escola e de cada regio.

    As atividades devero ser distribudas de forma a contemplar a incluso detodos os alunos, aproveitando as diferenas individuais para troca e enriquecimentode todos.

    Segundo os Parmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, p. 68) Ostrs blocos articulam-se entre si. O bloco Conhecimento Corporal tem contedosque esto includos nos demais, mas que tambm podem ser abordados e tratadosem separado. Os outros dois guardam caractersticas prprias e mais especficas,

    mas tambm tm inseres e fazem articulaes entre si.Deve-se levar em conta o prazer e a satisfao do aluno na participao

    das atividades, buscando apresentar propostas ldicas, recreativas e significativaspara o mesmo. A Educao Fsica torna-se assim, um dos meios de educao para olazer e para a ocupao do tempo livre de maneira consciente, crtica e criativa.

    10.1. Conhecimento Corporal

    Este tpico aborda os conhecimentos e conquistas individuais referentess prticas corporais que do recursos para o indivduo gerenciar sua atividade

    corporal e suas relaes com ele mesmo, com os outros e com o meio, de formaautnoma, crtica e criativa.

    Os Parmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, p. 75) propem osseguintes conceitos e procedimentos:

    Identificao das capacidades fsicas bsicas. Compreenso dos aspectos relacionados com a boa postura. Compreenso das relaes entre a capacidade fsica e as prticas da

    cultura corporal de movimento. Compreenso das tcnicas de desenvolvimento e manuteno de

    capacidades fsicas bsicas. Vivncia de diferentes formas de desenvolvimento das capacidades

    fsicas bsicas.

  • 8/2/2019 Educao fsica, desporto e lazer proposta orientadora das aes educacionais

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    EDUCAO FSICA, DESPORTO E LAZER:Proposta Orientadora das Aes

    Identificao das funes orgnicas relacionadas s atividades motoras. Vivncias corporais que ampliem a percepo do corpo sensvel e do

    corpo emotivo. Conhecimento dos efeitos que a atividade fsica exerce sobre o organismo

    e a sade. Compreenso dos mecanismos e fatores que facilitam a aprendizagem

    motora. Compreenso dos fatores fisiolgicos que incidem sobre as caractersticas

    da motricidade masculina e feminina.

    Alm disso, deve-se observar a importncia da aquisio e desenvolvimentode hbitos e atitudes saudveis para melhor qualidade de vida. Devem ser levadosem considerao ainda a educao sexual e o desenvolvimento de hbitos de

    higiene.Visando trabalhar esses aspectos, foram descritas algumas caractersticas

    do desenvolvimento psicomotor e do esquema cor