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Determinação de Clorofenóis em águas por LC-MS/MS Caso de estudo: 2-amino-4-clorofenol Marta Sofia Tavares da Fonseca Lopes Mourato Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Química Orientadores: Profª. Dra. Margarida Maria Portela Correia dos Santos Romão Engª. Georgina Maria Sarmento Felisberto Júri Presidente: Prof. Dr. Sebastião Manuel Tavares da Silva Alves Orientador: Profª. Dra. Margarida Maria Portela Correia dos Santos Romão Vogal: Engª. Maria Paula Machado de Barros Viana Novembro 2014

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Determinação de Clorofenóis em águas por LC-MS/MS

Caso de estudo: 2-amino-4-clorofenol

Marta Sofia Tavares da Fonseca Lopes Mourato

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Química

Orientadores: Profª. Dra. Margarida Maria Portela Correia dos Santos Romão

Engª. Georgina Maria Sarmento Felisberto

Júri

Presidente: Prof. Dr. Sebastião Manuel Tavares da Silva Alves

Orientador: Profª. Dra. Margarida Maria Portela Correia dos Santos Romão

Vogal: Engª. Maria Paula Machado de Barros Viana

Novembro 2014

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“A persistência é o melhor caminho para o êxito”

Charles Chaplin

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Agradecimentos

A concretização da presente dissertação só foi possível graças à colaboração directa e

indirecta de diversas pessoas.

À Professora Margarida Romão, pela orientação deste trabalho, pelas palavras de incentivo e

pelas sugestões prestadas.

À Engenheira Georgina Sarmento por me ter recebido no Laboratório de Análises do Instituto

Superior Técnico (LAIST) para a realização do estágio, por todos os conhecimentos transmitidos e

por todo o apoio e orientação prestados no decorrer do presente trabalho.

Aos colegas com quem tive o prazer de conviver durante os últimos meses no LAIST, em

particular aos técnicos do núcleo dos Orgânicos, pela recepção calorosa, por todos os conhecimentos

transmitidos e por todo o apoio e amizade demonstrados. Gostaria, no entanto, de realçar o papel

fundamental dos técnicos Hélder Gageiro e Ana Fernandes no acompanhamento de todo o trabalho

experimental efectuado e, deste modo prestar-lhes o meu mais sincero agradecimento.

Ao LAIST por me ter permitido contactar de perto com diversas metodologias utilizadas no

ramo das análises químicas e por ter contribuído para o meu enriquecimento enquanto futura

profissional.

À Márcia por todo o apoio e motivação prestados na sua passagem pelo LAIST.

Aos meus pais, Edmundo e Maria João, à minha irmã Ana, aos meus avós e restante família

agradeço todo o apoio, todas as palavras de incentivo e toda a paciência que tiveram ao longo desta

importante etapa da minha vida.

Por último, mas não menos importante, presto os meus agradecimentos a todos os amigos e

colegas que me acompanharam ao longo deste semestre, em especial à Ana e à Fátima.

A todos os meus mais sinceros agradecimentos.

Marta Sofia Mourato

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Resumo

Os clorofenóis (CP’s) são descritos como possuindo elevada toxicidade, propriedades

carcinogénicas e mutagénicas, consistindo a sua monitorização numa peça-chave para a diminuição

da contaminação do ambiente e dos problemas para a saúde humana.

O objectivo principal do presente trabalho consistiu na implementação de uma nova

metodologia analítica para a determinação de CP’s em águas, focando a sua atenção para um

composto em particular, o 2-amino-4-clorofenol. Os restantes compostos analisados foram 2-

clorofenol, 3-clorofenol, 4-clorofenol, 2,4-diclorofenol, 2,4,5-triclorofenol, 2,4,6-triclorofenol,

pentaclorofenol e 4-cloro-3-metilfenol.

A metodologia desenvolvida envolve a extracção em fase sólida seguida da análise por

cromatografia líquida de alta eficiência acoplada a espectrometria de massa sequencial com

ionização por electrospray (SPE-LC-ESI-MS/MS). A escolha deste método analítico deve-se à

polaridade média a elevada dos compostos em estudo.

O processo de optimização do método inicia-se com a obtenção das condições óptimas de

espectrometria de massa que possibilitam a formação do ião precursor e dos iões produto, seguindo-

se a selecção das condições para a separação cromatográfica, destacando-se a escolha da coluna

cromatográfica e da fase móvel. A técnica de extracção de amostras por SPE com recurso a

cartuchos do tipo SDB (copolímero de estireno e divinilbenzeno) de 6 mL e 200 mg foi desenvolvida

apenas para o composto 2-amino-4-clorofenol.

A metodologia implementada permite apenas quantificar o composto 2-amino-4-clorofenol,

apresentando recuperações de 73%, para 100 mL de água Milli-Q fortificados com padrão de 10

mg/L.

Palavras-chave: Clorofenóis, SPE, HPLC, MS/MS.

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Abstract

Chlorophenols (CP’s) are described as having high toxicity, carcinogenic and mutagenic

properties, consisting their monitoring in a key piece to reduce contamination of the environment and

human health problems.

The main objective of this work is to implement a new analytical methodology for the

determination of CP’s in water, focusing on a particular compound, 2-amino-4-chlorophenol. The

remaining compounds studied are: 2-chlorophenol, 3-chlorophenol, 4-chlorophenol, 2,4-

dichlorophenol, 2,4,5-trichlorophenol, 2,4,6-trichlorophenol, pentachlorophenol and 4-chloro-3-

methylphenol.

The methodology developed involves solid phase extraction followed by analysis by high

performance liquid chromatography coupled to tandem mass spectrometry with electrospray ionization

(SPE-ESI-LS-MS/MS). The choice of this method is due to the properties of the target compounds,

specifically to its high polarity.

The optimization process of the method starts with obtaining the optimum conditions for mass

spectrometry that allow the formation of the parent ion and the product ions, followed by selection of

the conditions for chromatographic separation, especially the choice of chromatographic column and

mobile phase. The sample extraction technique using SPE with 6 mL and 200 mg SDB (styrene

divinylbenzene copolymer) cartridges was designed only for the compound 2-amino-4-chlorophenol.

The proposed methodology allows only quantify the compound 2-amino-4-chlorophenol, with

recoveries of 73% to 100 mL of Milli-Q water fortified with standard of 10 mg/L.

Key words: Chlorophenols, SPE, HPLC, MS/MS.

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Índice

Agradecimentos ................................................................................................................................v

Resumo ........................................................................................................................................... vii

Abstract ............................................................................................................................................ix

Índice de Figuras ........................................................................................................................... xiii

Índice de Tabelas ............................................................................................................................ xv

Lista de Símbolos e Abreviaturas ................................................................................................ xvii

1. Introdução ....................................................................................................................................1

1.1. O Laboratório de Análise do IST .............................................................................................1

1.2. Objectivo ................................................................................................................................1

1.3. Enquadramento ......................................................................................................................2

1.3.1. Clorofenóis ......................................................................................................................2

1.3.2. Origem e Utilizações dos Clorofenóis ..............................................................................3

1.3.3. Propriedades Físicas e Químicas dos Clorofenóis ...........................................................4

1.3.4. Impacto no Ambiente e na Saúde Humana ......................................................................5

1.3.5. Legislação – Limites Legais .............................................................................................6

1.4. Metodologia Analítica .............................................................................................................7

1.4.1. Estado da Arte ................................................................................................................7

1.4.2. Métodos de Preparação de Amostras ..............................................................................8

1.4.3. Cromatografia ............................................................................................................... 11

1.4.4. Cromatografia Gasosa ................................................................................................. 12

1.4.5. Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC) ........................................................... 13

1.4.6. Espectrometria de massa .............................................................................................. 15

1.5. Controlo de Qualidade – Validação de Métodos Analíticos .................................................... 19

1.6. Incerteza do Método ............................................................................................................. 20

2. Parte Experimental ..................................................................................................................... 21

2.1. Reagentes e Padrões ........................................................................................................... 21

2.2. Material ................................................................................................................................ 21

2.3. Equipamento ........................................................................................................................ 21

2.4. Procedimento Experimental .................................................................................................. 23

2.4.1. Segurança .................................................................................................................... 23

2.4.2. Descontaminação do Material ....................................................................................... 23

2.4.3. Preparação das Soluções Padrão e da Fase Móvel ....................................................... 23

2.4.4. Optimização das condições de LC-ESI-MS/MS ............................................................. 24

2.4.5. Amostras ....................................................................................................................... 27

2.4.6. Extracção e pré-concentração das amostras ................................................................. 27

2.4.7. Controlo de Qualidade – Validação de Métodos Analíticos ............................................ 28

3. Apresentação e Discussão dos Resultados ............................................................................. 29

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3.1. Optimização das condições de LC-ESI-MS/MS ..................................................................... 29

3.1.1. Condições de Espectrometria de Massa ........................................................................ 29

3.1.2. Condições Cromatográficas .......................................................................................... 31

3.2. Quantificação – Curvas de Calibração .................................................................................. 34

3.3. Razão Ião de Quantificação/Ião de Qualificação ................................................................... 35

3.4. Selecção do método de extracção ........................................................................................ 35

3.4.1. Extracção líquido-líquido (LLE) ...................................................................................... 35

3.4.2. Extracção em fase sólida (SPE) .................................................................................... 36

3.5. Estabilidade dos Clorofenóis em estudo ............................................................................... 38

3.6. Resultados das amostras ..................................................................................................... 39

4. Conclusões e Perspectivas Futuras ......................................................................................... 42

5. Bibliografia ................................................................................................................................. 44

Anexo I – Procedimento para ligar/desligar o sistema LC-MS/MS ............................................... 48

Anexo II – Estrutura Molecular dos Clorofenóis em estudo ......................................................... 49

Anexo III – Espectros de fragmentação dos Clorofenóis em estudo ........................................... 50

Anexo IV – Cromatograma obtido por injecção de uma solução padrão conjunta, para o ião de

quantificação................................................................................................................................... 54

Anexo V – Tratamento de Resultados ............................................................................................ 55

Anexo VI – Recuperações dos Clorofenóis em estudo obtidas por LLE ..................................... 58

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Índice de Figuras

Figura 1 – Estrutura geral dos CP’s (n – nº de Cl). ..............................................................................2

Figura 2 – Ciclo dos CP’s.[3] ..............................................................................................................3

Figura 3 – Representação da montagem utilizada em LLE.[20] ..........................................................9

Figura 4 – Representação de um cartucho (A) e de um disco (B) de extracção. [19] ...........................9

Figura 5 – Diferentes sistemas de extracção: A-seringa, B-Kitasato e C-Sistema extractor. [19] ....... 10

Figura 6 – (a) Representação do dispositivo utilizado em SPME; (b) Técnicas de SPME por

headspace e imersão directa. ........................................................................................ 11

Figura 7 – Processos cromatográficos. [22] ...................................................................................... 12

Figura 8 – Esquema geral de um cromatógrafo gasoso. ................................................................... 12

Figura 9 – Esquema geral das partes integrantes de um cromatógrafo líquido. [27] .......................... 14

Figura 10 – Esquema geral de um espectrómetro de massa............................................................. 15

Figura 11 – Esquema representativo da fonte de ionização por ESI. [32] .......................................... 16

Figura 12 – Esquema representativo da fonte de ionização por APCI. [32] ....................................... 17

Figura 13 – Esquema representativo da espectrometria de massa sequencial (MS/MS). [33] ........... 18

Figura 14 – Sistema de LC-ESI-MS/MS utilizado para a realização do presente trabalho.................. 22

Figura 15 – Representação esquemática do modo de operação do MS1 e MS2 para obtenção: (a) ião

precursor; (b) iões produto.[39] ...................................................................................... 25

Figura 16 – Janela do software Masslynx 4.0 com o método definido (MS Method). ......................... 26

Figura 17 – Espectro de massa resultante da fragmentação do ião precursor para o 2-A-4-CP. ....... 30

Figura 18 – Procedimento: a – LLE; b – Rotavapor; c – Evaporação sob corrente de N2. .................. 35

Figura 19 – Montagem utilizada na extracção SPE com discos......................................................... 36

Figura 20 – Sistema de extracção SPE com cartuchos utilizado. ...................................................... 37

Figura 21 – Cromatogramas obtidos para a análise em duplicado da amostra de água do Rio Tejo da

zona do Parque Tejo fortificada com (a) e (b) – 4 mg/L e (c) e (d) – 10 mg/L do composto

2-A-4-CP. ...................................................................................................................... 39

Figura 22 – Cromatogramas obtidos para a análise da amostra de água do Rio Tejo da zona da

Chamusca (50 e 100 mL) fortificada com 4 mg/L (a) e (b), e 10 mg/L (c) e (d), do

composto 2-A-4-CP. ...................................................................................................... 41

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Índice de Tabelas

Tabela 1 – Propriedades Físicas e Químicas dos CP’s em estudo.[4],[5],[7]. .......................................4

Tabela 2 – Concentração das soluções padrão dos CP’s analisados. ............................................... 23

Tabela 3 – Condições gerais do espectrómetro de massa para os CP's analisados. ......................... 24

Tabela 4 – Condições operatórias do HPLC para os CP’s analisados ............................................... 25

Tabela 5 – Dados para definição do método, no software Masslynx 4.0, para a análise dos CP’s em

estudo por LC-ESI-MS/MS.. ............................................................................................ 26

Tabela 6 – Procedimento de extracção com cartuchos do tipo SDB de 6 mL e 200 mg de

adsorvente…. .............................................................................................................. 27

Tabela 7 – Ião de Quantificação e Ião de Qualificação para os CP’s em estudo ............................... 30

Tabela 8 – Tempos de retenção para o ião de quantificação referente a cada um dos CP’s em estudo

para as condições cromatográficas optimizadas (Anexo IV)............................................. 33

Tabela 9 – Dados obtidos para a regressão linear, na gama de trabalho de 2 – 10 mg/L, para o 2-A-4-

CP pela metodologia LC-ESI-MS/MS... ........................................................................... 34

Tabela 10 – Cartuchos utilizados e respectivas percentagens de recuperação para a extracção de 50

mL de água Milli-Q fortificada com padrão de 10 mg/L de 2-A-4-CP e acidificada a pH

2… ................................................................................................................................ 37

Tabela 11 – Resultados obtidos para os ensaios de recuperação com os cartuchos SDB (6 mL, 200

mg) para diferentes volumes de água Milli-Q e para uma fortificação de 10 mg/L de 2-A-

4-CP... ......................................................................................................................... 38

Tabela 12 – Resultados obtidos para os ensaios de recuperação com os cartuchos SDB (3 mL, 100

mg) para diferentes volumes de amostra de água do Rio Tejo da zona da Chamusca e

fortificação de 4 e 10 mg/L... ........................................................................................ 41

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Lista de Símbolos e Abreviaturas

%Rec: Percentagem de recuperação

2,4,5-TCP: 2,4,5-triclorofenol

2,4,6-TCP: 2,4,6-triclorofenol

2,4-DCP: 2,4-diclorofenol

2-A-4-CP: 2-amino-4-clorofenol

2-CP: 2-clorofenol

3-CP: 3-clorofenol

4-C-3-MP: 4-cloro-3-metilfenol

4-CP: 4-clorofenol

ACN: Acetonitrilo

APCI: Ionização química à pressão

atmosférica

CC: Curva de calibração

CID: Dissociação induzida por colisão

CP’s: Clorofenóis

ESI: Ionização por Electrospray

FE: Fase estacionária

FM: Fase móvel

GC: Cromatografia gasosa

HPLC: Cromatografia líquida de alta

eficiência

HS: Headspace

IPAC: Instituto Português de Acreditação

IUPAC: União Internacional de Química Pura

e Aplicada

Ka: Constante de dissociação

Kow: Coeficiente de partição no sistema

octanol/água

L.D.: Limite de detecção

L.Q.: Limite de quantificação

LAIST: Laboratório de Análises do Instituto

Superior Técnico

LC-MS/MS: Cromatografia líquida com

detector de espectrometria de

massa sequencial

LLE: Extracção líquido-líquido

MeOH: Metanol

MM: Massa molecular

MRC: Materiais de Referência Certificados

MS: Espectrometria de massa

MS1: 1º Quadrupolo

MS2: 2º Quadrupolo

OMS: Organização Mundial de Saúde

PC: Padrão de controlo

PCP: Pentaclorofenol

Q: Célula de colisão

RSD %: Desvio-padrão relativo

SIM: Monitorização selectiva de iões

SPE: Extracção em fase sólida

SPME: Microextracção em fase sólida

Tr: Tempo de retenção

US-EPA: Agência de Protecção Ambiental

dos Estados Unidos

VMA: Valor máximo admissível

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1. Introdução

1.1. O Laboratório de Análise do IST

O Laboratório de Análises foi criado no final do século XIX (Portaria

de 13 de Dezembro e 1892), pelos Professores Charles LePierre e

Herculano de Carvalho, ainda no Instituto Industrial e Comercial de

Lisboa, o qual deu origem ao Instituto Superior Técnico (IST) mantendo-se

nas mesmas instalações. Em 15 de Julho de 1911 foi publicado o

regulamento do IST e neste a posição do Laboratório é individualizada

como “estação oficial para análises industriais e químicas”. Esta posição manteve-se após a

passagem do IST para as presentes instalações. Actualmente, o Laboratório de Análises do IST

(LAIST), depende directamente do Conselho de Gestão do IST.[1]

O LAIST encontra-se dividido em cinco núcleos analíticos e uma área Administrativa, definidos

de acordo com as suas áreas de actividade (Análises gerais, Orgânicos, Metais e Microbiologia) sob

a orientação de técnicos qualificados e dirigidos por um coordenador técnico. O laboratório possui

acreditação desde 1994, encontrando-se actualmente acreditado segundo a Norma NP EN ISO/IEC

17025 pelo Instituto Português de Acreditação (IPAC).[1]

A posição de destaque que o LAIST tem vindo a assumir deve-se em grande parte às

ferramentas de que dispõe para responder da melhor maneira aos seus clientes, não só no que

respeita à análise de águas, mas também e cada vez mais no que se refere à análise de outras

matrizes (matrizes sólidas, alimentos, detergentes, entre outras). O leque variado de metodologias e

de parâmetros que possui permite dar resposta às exigências legislativas nos diversos tipos de

matrizes.[1]

O estágio que serviu de base à presente dissertação foi desenvolvido no Núcleo II dos

Orgânicos, com a coordenação da Engenheira Georgina Sarmento.

1.2. Objectivo

Actualmente o LAIST já dá resposta aos seus clientes no que respeita à determinação dos

CP’s (2-CP, 3-CP, 4-CP, 2,4-DCP, 2,4,5-TCP, 2,4,6-TCP, PCP e 4-C-3-MP) em águas de consumo,

águas residuais e águas naturais. Estas análises são efectuadas por microextracção em fase sólida

em headspace com recurso à técnica de cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa

(HS-SPME-GC-MS). Contudo, a determinação do 2-A-4-CP através da metodologia referida não é

possível, devido à sua elevada polaridade.

Assim, o presente trabalho teve como principal objectivo desenvolver uma nova metodologia

analítica por cromatografia líquida de alta eficiência com detecção por espectrometria de massa para

a análise conjunta de CP’s em águas, com especial ênfase no composto 2-A-4-CP. Pretendeu-se

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2

deste modo, alargar o leque de metodologias do LAIST permitindo que o mesmo possa, futuramente,

dar resposta a clientes que solicitem a determinação do 2-A-4-CP em águas.

Para a concretização dos objectivos do presente trabalho foram seguidas as seguintes

directrizes:

- Pesquisa bibliográfica sobre a metodologia de extracção dos CP’s. Avaliação das melhores

condições, nomeadamente as aplicáveis no LAIST;

- Após selecção, implementação da metodologia de extracção mais adequada aos fins em

vista;

- Determinação dos CP’s por cromatografia líquida com detecção por espectrometria de

massa;

- Comparação dos resultados obtidos com os dos métodos existentes e aplicáveis.

1.3. Enquadramento

Nas últimas décadas a descarga para o meio ambiente de elevadas quantidades de compostos

químicos de origem sintética provenientes das actividades industrial, agrícola, médica e doméstica

tem sido prejudicial para os organismos vivos.

Os CP’s enquadram-se no cenário supramencionado, sendo alguns deles considerados

poluentes prioritários por agências governamentais em todo o mundo. Embora com toxicidade

variável todos são descritos como possuindo elevada toxicidade, propriedades mutagénicas e

carcinogénicas. Deste modo a presença de CP’s em águas residuais e de consumo humano é sujeita

a uma apertada legislação.

1.3.1. Clorofenóis

Os CP’s são compostos organoclorados constituídos pelo fenol, cujo anel aromático possui

átomos de cloro que podem ir até cinco (Figura 1). Existem 5 tipos básicos de CP’s: monoclorofenóis,

diclorofenóis, triclorofenóis, tetraclorofenóis e pentaclorofenóis. No total existem 19 CP’s diferentes,

distinguindo-se entre si pelo número de átomos de cloro bem como pela posição ocupada pelos

mesmos face ao grupo hidroxilo (-OH).[2]

Figura 1 – Estrutura geral dos CP’s (n – nº de Cl).

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De entre os compostos fenólicos, os CP’s consistem no maior e mais difundido grupo. A sua

aplicação num leque variado de actividades, desde a agricultura até à indústria, tem contribuído ao

longo das últimas décadas para a dispersão dos mesmos nos ecossistemas, verificando-se a

contaminação de águas superficiais e subterrâneas e, por conseguinte de águas para consumo

humano. A Figura 2 pretende ilustrar o que acima foi referido.[3]

Figura 2 – Ciclo dos CP’s.[3]

1.3.2. Origem e Utilizações dos Clorofenóis

Os CP’s são compostos orgânicos de origem sintética que podem ser obtidos pela cloração do

fenol ou pela hidrólise de clorobenzenos. O processo de branqueamento da polpa de madeira, bem

como toda a indústria da celulose constitui uma das maiores fontes de CP’s. Contudo, estes

compostos podem também surgir no meio ambiente como produtos resultantes da degradação de

alguns pesticidas ou do processo de desinfecção por cloração da água para consumo humano.[4]

De entre os diferentes CP’s, o pentaclorofenol (PCP) tem sido extensamente utilizado como

agente conservante da madeira. Misturas de CP’s, por exemplo, de 2,4,6-triclorofenol e 2,3,4,6-

tetraclorofenol, são também utilizadas com a finalidade de prevenir a infecção fúngica e microbiana

da madeira.[5]

A nível industrial, somente oito dos CP’s existentes (monoclorofenóis, 2,4-diclorofenol, 2,4,6-

triclorofenol, 2,4,5-triclorofenol, 2,3,4,5-tetraclorofenol, 2,3,4,6-tetraclorofenol e pentaclorofenol) têm

sido utilizados. Por exemplo, os compostos 2,4-diclorofenol, 2,4,5-triclorofenol e 2,4,6-triclorofenol

têm sido aplicados como intermediários na síntese de herbicidas ácidos, nomeadamente dos 2,4-D e

2,4,5-T.[4], [5]

O caso de estudo do presente trabalho, o composto 2-amino-4-clorofenol também designado

por 5-cloro-2-hidroxianilina ou p-cloro-o-aminofenol é utilizado como um intermediário para a síntese

de corantes, pigmentos e produtos farmacêuticos, por exemplo o Clorzoxazona que consiste num

relaxante muscular.[6]

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1.3.3. Propriedades Físicas e Químicas dos Clorofenóis

Existe uma grande variabilidade entre os CP’s no que respeita às propriedades físicas e

químicas, sendo a mesma resultante dos diferentes graus de cloração e da posição dos átomos de

cloro relativamente ao grupo OH.

No que respeita ao estado físico dos CP’s, à excepção do 2-CP que é líquido, os restantes

encontram-se no estado sólido à temperatura ambiente.[4]

Em termos de solubilidade, os CP’s em geral dissolvem-se mal em água, mas bem em

solventes orgânicos. A solubilidade em água diminui à medida que o número de átomos de cloro

substituintes aumenta. Este parâmetro apresenta uma extrema importância, uma vez que está

directamente associado ao transporte dos CP’s no meio ambiente.[4]

Os CP’s são considerados compostos ligeiramente ácidos, sendo de notar que a sua acidez é

inferior à do fenol.[4]

Outros parâmetros directamente relacionados com o destino e transporte destes compostos

para o meio ambiente são a constante de dissociação (Ka) e o coeficiente de partição no sistema

octanol/água (Kow). A constante de dissociação depende da estrutura molecular do composto,

destacando-se neste caso a influência do número de átomos de cloro substituintes. Assim, para os

CP’s a constante Ka aumenta (pKa diminui) à medida que o grau de cloração também aumenta.[4]

Por sua vez, os coeficientes de partição no sistema octanol/água aumentam significativamente

com o número de átomos de cloro.[4]

Na Tabela 1 apresentam-se sintetizadas as propriedades físicas e químicas dos CP’s em

estudo.

Tabela 1 – Propriedades Físicas e Químicas dos CP’s em estudo.[4], [5], [7]

Neste ponto interessa referir outra propriedade importante – a toxicidade. Este parâmetro

define-se como a capacidade de um composto químico afectar os sistemas biológicos. A toxicidade

dos CP’s depende do seu grau de cloração, diminuindo à medida que o mesmo aumenta. Depende,

igualmente, da posição dos átomos de cloro relativamente ao grupo hidroxilo (-OH). [4]

Assim, de

acordo com alguns estudos citados na literatura [4], os CP’s com um átomo de cloro na posição 2 do

Composto Fórmula MM

(g/mol)

Ponto de Fusão

(°C)

Ponto de Ebulição

(°C) pKa log Kow

Solubilidade em água a 20°C (g/L)

2-CP C6H5ClO 128,56 9,3 174,9 8,3 – 8,6 2,12 – 2,17 28

3-CP C6H5ClO 128,56 33 – 34 214 8,8 – 9,1 2,48 – 2,50 26

4-CP C6H5ClO 128,56 42 – 44 217 – 219 9,1 – 9,4 2,35 – 2,44 27

2,4-DCP C6H4Cl2O 163,00 45 210 7,5 – 8,1 2,75 – 3,30 4,5

2,4,5-TCP C6H3Cl3O 197,45 67 – 70 sublima 7,0 – 7,7 3,72 – 4,10 0,948

2,4,6-TCP C6H3Cl3O 197,45 69 243 – 249 6,0 – 7,4 3,60 – 4,05 0,434

PCP C6HCl5O 266,34 190 300 4,7 – 4,9 5,01 – 5,86 0,014

4-C-3-MP C7H7ClO 142,58 63 – 65 235 – 239 9,55 3,10 3,9

2-A-4-CP C6H6ClNO 143,57 140 - - 1,24 3

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anel são menos tóxicos do que os restantes. Por sua vez, quando os átomos de cloro se encontram

nas posições 3, 4 e 5 a toxicidade dos CP’s aumenta, verificando-se a situação contrária, caso os

grupos clorados ocupem as posições 2 e 6.

A carcinogenicidade dos CP’s depende do pH e da presença de outros compostos no meio

ambiente. Para o organismo humano, o risco não advém somente da presença de alguns CP’s, mas

também dos compostos com nível de toxicidade superior resultantes do seu metabolismo. [4]

Os CP’s são bioacumuláveis, isto é, acumulam-se em elevadas quantidades nos organismos,

por via directa ou através da cadeia alimentar. [4]

1.3.4. Impacto no Ambiente e na Saúde Humana

Tal como já foi referido anteriormente, os CP’s estão presentes em diversos ecossistemas, tais

como águas subterrâneas e superficiais, sedimentos, ar atmosférico e solos.

As formas de ocorrência dos CP’s dependem não só do pH do meio, mas também das

propriedades físico-químicas dos compostos em particular.[4]

A contaminação dos ambientes

aquáticos contribui para o envenenamento dos organismos aí existentes e, consequentemente dos

que pertencem a níveis tróficos superiores. Esta realidade é agravada pelas características

recalcitrantes dos CP’s, isto é, pelo facto destes compostos poderem permanecer no ambiente com

níveis de toxicidade inalterados durante um longo período de tempo.[8]

No ar atmosférico, os CP’s estão presentes sob a forma de vapores provenientes de

actividades relacionadas com a produção e manufactura de alguns produtos, combustão de resíduos,

carvão ou madeira. Os níveis de concentração de CP’s no ar ambiente é um efeito de fontes de

emissão local.[4]

Nos solos, os CP’s são originados a partir de processos tecnológicos, da biodegradação de

herbicidas e pesticidas e da deposição atmosférica. O transporte de CP’s no solo é afectado por

diversos factores, nomeadamente a sua solubilidade em água, o pH do solo, a precipitação total, o

conteúdo em matéria orgânica, a granulação e permeabilidade do solo, os processos biológicos que

ocorrem no solo, a taxa de evaporação, entre outros.[4]

Os níveis de concentração nos ecossistemas supramencionados variam de forma significativa

e em grande parte dependem da taxa de industrialização da região e das fontes de emissão locais.

Em suma, a contaminação do meio ambiente com CP’s consiste num sério problema ecológico

nos países onde são vulgarmente utilizados como agentes de conservação da madeira e de

protecção de plantas.[4]

No que respeita à saúde humana, os efeitos da exposição aos CP’s dependem de diversos

factores, tais como dose, tempo de exposição e via (inalação, ingestão, contacto dérmico e ocular),

interacções com outros compostos e condições físicas do organismo. Verificam-se diferentes níveis

de intoxicação consoante o grau de cloração dos compostos. Assim, enquanto a exposição a fenóis

mono ou diclorados provoca convulsões, os fenóis mais clorados provocam fosforilação oxidativa que

pode proporcionar o envelhecimento celular e diversas patologias.[4]

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Relativamente à maior fonte de CP’s e produtos relacionados - a indústria – têm vindo a ser

realizados testes a operários, verificando-se que os mesmos têm uma maior probabilidade de serem

portadores de patologias do foro oncológico (cancro de pulmão, linfoma de Hodgkin, entre outros) por

via da sua exposição a este tipo de compostos. Pelas razões enumeradas, certos CP’s (2,4,6-TCP,

2,4,5-TCP e PCP) são classificados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como compostos

passíveis de apresentar propriedades carcinogénicas.[8]

1.3.5. Legislação – Limites Legais

Em todo o mundo, devido aos efeitos adversos dos CP’s no meio ambiente e na saúde humana

têm vindo a ser impostas limitações quanto ao uso e produção deste tipo de compostos.[4]

A descarga de compostos químicos no meio ambiente provenientes de diferentes fontes afecta

a qualidade do ar, água e solo e a saúde humana. A monitorização desses compostos constitui assim

uma ferramenta imprescindível no controlo de qualidade dos diferentes ecossistemas.[4]

Posto isto, as agências governamentais em todo o mundo emitiram declarações políticas não

apenas com o objectivo de preservar a saúde da população mundial mas também o meio ambiente.

Neste ponto, tendo em conta o objectivo do trabalho, é dado especial destaque ao meio

hídrico.

A União Europeia e a Agência de Protecção Ambiental dos Estados Unidos (US-EPA)

classificaram um número de compostos como substâncias perigosas que devem ser monitorizadas

em águas, devido à sua toxicidade e persistência no meio ambiente. Nesse leque estão presentes os

CP’s e substâncias que podem ser convertidas nesses compostos organoclorados.[4]

Por forma a reduzir a utilização de CP’s e assim minimizar as contaminações ambientais e os

riscos para a saúde humana foram estabelecidos limites legais.

A OMS estabelece para águas para consumo humano os valores de referência 9 µg/L e 200

µg/L para os compostos PCP e 2,4,6-TCP, respectivamente. [9]

De acordo com o normativo nacional - Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto - e comunitário -

Directiva 76/464/CEE, de 4 de Maio - é necessário controlar a poluição causada pela descarga de

certas substâncias perigosas no meio aquático. Este documento estabelece, no Anexo XXI, para

águas superficiais o valor máximo admissível (VMA) de 100 µg/L por composto. O Anexo XX deste

Decreto impõe como VMA 2 µg/L para o PCP nos diversos tipos de águas. [10]

A Directiva 76/464/CEE

foi revogada em 2013, passados treze anos após a entrada em vigor da Directiva-Quadro da Água

(2000/60/CE).

O Decreto-Lei nº.103/2010, de 24 de Setembro – transposição da Directiva n.º 2008/105/CE,

de 16 de Dezembro – estabelece, no Anexo III, como norma de qualidade ambiental (NQA) para

águas superficiais o valor de 0,4 µg/L de PCP. Este documento veio revogar as direcções do Decreto-

Lei n.º 236/98 relativas aos CP’s.[11]

A Directiva 2013/39/UE, de 12 de Agosto efectua a revisão da

Directiva n.º 2008/105/CE no que respeita às substâncias prioritárias no domínio da política da água.

Por sua vez, o Decreto-Lei nº 506/99 de 20 de Novembro estabelece os objectivos de

qualidade para águas interiores, estuarinas e de transição para os compostos 4-C-3-MP, 2-CP, 2,4-

DCP e triclorofenóis (2,4,5-TCP e 2,4,6-TCP) em 40, 50, 20 e 1 µg/L, respectivamente.[12]

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7

A US-EPA fixou como concentração máxima admissível de PCP em águas para consumo

humano o valor de 1 µg/L.[13]

Como se verifica, no que respeita à legislação de CP’s não é feita referência ao composto 2-A-

4-CP (caso de estudo).

1.4. Metodologia Analítica

Esta secção do trabalho inicia-se com um breve levantamento das metodologias existentes

para determinação de CP’s. Seguidamente, apresentam-se as técnicas de preparação de amostras

mais utilizadas. Por fim, efectua-se uma breve abordagem ao conceito de cromatografia, bem como

aos tipos de processos cromatográficos existentes, destacando-se a cromatografia gasosa por ser

actualmente a técnica vigente no LAIST para a análise de CP’s e a cromatografia líquida por constituir

o objectivo do presente trabalho juntamente com a espectrometria de massa.

1.4.1. Estado da Arte

Pretende-se neste ponto do trabalho efectuar o levantamento dos métodos existentes para a

determinação de compostos fenólicos.

Estes compostos como já foi referido anteriormente possuem características que tornam a sua

monitorização necessária, sendo por isso de extrema importância a existência de metodologias

analíticas confiáveis e com elevada sensibilidade. [14]

Os métodos analíticos actuais da US-EPA (604, 605 e 8041) para a determinação de

compostos fenólicos baseiam-se na extracção líquido-líquido (LLE) seguida de cromatografia gasosa

(GC) com recurso a diferentes detectores, nomeadamente detector por captura electrónica (ECD),

detector por ionização de chama (FID) ou detector de espectrometria de massa (MS).[15]

Verifica-se, no entanto, uma tendência crescente para a substituição destas técnicas por

extracção em fase sólida (SPE) e cromatografia líquida (LC) com o propósito de evitar o

manuseamento de elevadas quantidades de solventes orgânicos tóxicos e eliminar a necessidade de

derivatização antes da análise.[15]

De entre os vários tipos de adsorventes utilizados em SPE, os materiais poliméricos têm vindo

a assumir uma posição de destaque no que respeita à extracção de compostos fenólicos.

Relativamente à análise por LC, os detectores de UV são os mais utilizados. Porém, a detecção

electroquímica (ED) surge como uma alternativa viável principalmente quando se analisam amostras

limpas, por exemplo água para consumo humano. O desenvolvimento de interfaces à pressão

atmosférica (API), permitiu superar alguns obstáculos associados ao acoplamento LC-MS,

conduzindo a uma maior utilização deste tipo de sistemas para a análise de compostos fenólicos.

Outras abordagens emergentes são a utilização da microextracção em fase sólida (SPME) e a

combinação da SPE com a cromatografia de fluido supercrítico (SFE).[15]

Em alternativa aos métodos clássicos de cromatografia, a electroforese capilar (CE) tem sido

utilizada, nas suas diversas formas, para a determinação de compostos fenólicos. Esta técnica

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8

analítica apresenta, para além da elevada resolução, compatibilidade com detectores MS. [15]

Existem

relatos na literatura sobre a separação dos CP’s, mais concretamente dos isómeros, por electroforese

capilar de zona (CZE) ou por cromatografia electrocinética micelar (MEKC).[16]

As técnicas biológicas, tais como ensaios imunológicos e biossensores surgem da necessidade

de desenvolver tecnologias rápidas, portáteis e económicas que possam ser aplicadas por exemplo

como métodos de rastreio dos analitos de interesse antes da análise cromatográfica. [15]

Um exemplo

do progresso verificado ao nível dos ensaios imunológicos consistiu no desenvolvimento de um

método baseado no teste ELISA (enzyme-linked immunosorbent assay) para a determinação de CP’s

em matrizes aquosas.[17]

Relativamente aos biossensores, o aperfeiçoamento em termos de sensibilidade e estabilidade

dos biossensores amperométricos tem contribuído para a sua utilização com sucesso na análise de

compostos fenólicos.[18]

1.4.2. Métodos de Preparação de Amostras

Neste capítulo descrevem-se de modo sucinto as técnicas de preparação de amostras

aplicadas no presente trabalho, nomeadamente a extracção líquido-líquido (LLE) e a extracção em

fase sólida (SPE). A microextracção em fase sólida (SPME) é aqui também mencionada, uma vez

que constitui a técnica vigente no LAIST para a extracção de CP’s.

As diversas técnicas utlizadas na preparação de amostras têm como principal objectivo isolar

o(s) componente(s) de interesse ou analito(s) de uma matriz complexa, eliminando assim as

substâncias interferentes. As técnicas de LLE e SPE continuam a ser primeira escolha no decorrer da

implementação de novas metodologias analíticas.[19]

A etapa de preparação de amostras é determinante para a precisão e exactidão do método

implementado, sendo de extrema importância a escolha de uma técnica que seja capaz de produzir

recuperações reprodutivas do analito e dessa forma garantir a qualidade dos resultados analíticos.

É importante referir que dependendo do tipo de matriz pode ser ou não necessário o pré-

tratamento das amostras.[19]

1.4.2.1. Extracção líquido-líquido (LLE)

A extracção líquido-líquido é uma técnica cujo princípio de funcionamento assenta na

distribuição do analito entre dois líquidos imiscíveis de acordo com um coeficiente de partição,

utilizando a montagem representada na Figura 3. Desta feita, a LLE requer a escolha de um solvente

extractor adequado e que possua afinidade para com os analitos a extrair, por forma a minimizar-se a

quantidade utilizada do mesmo, sem prejudicar a recuperação do analito.[19]

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9

Figura 3 – Representação da montagem utilizada em LLE.[20]

Consiste numa técnica bastante simples, de baixo custo e elevada versatilidade, sendo a

utilização de elevadas quantidades de solventes orgânicos tóxicos o principal entrave à sua aplicação

como método de extracção.[19]

1.4.2.2. Extracção em fase sólida (SPE)

A extracção em fase sólida (SPE) consiste na adsorção selectiva do analito em materiais

sólidos, designados de adsorventes, seguida da desadsorção com solventes. Apresenta maior

utilização quando se está perante matrizes complexas. De entre a variada gama de adsorventes

destacam-se os derivados de sílica C8 (octil), C18 (octadecil) e CN (ciano). [19]

De acordo com o tipo de adsorvente e com o tipo de utilização, a SPE pode ser classificada em

modo reverso, modo normal e troca iónica. No modo reverso a retenção do analito ocorre devido a

interacções de van der Waals não polares. No que respeita ao modo normal, as interacções são do

tipo ligações de hidrogénio, - e dipolo-dipolo. Por fim, no modo troca iónica observam-se

interacções electrostáticas. [19]

A SPE pode ser efectuada com recurso a cartuchos (colunas) ou discos de extracção,

representados na Figura 4.

Figura 4 – Representação de um cartucho (A) e de um disco (B) de extracção. [19]

Por forma a ser possível efectuar um elevado número de extracções num curto espaço de

tempo utilizam-se sistemas de extracção sob vácuo (Figura 5).

Fase superior

Abertura superior destapada

Aro de suporte

Fase inferior

Torneira

Recipiente de recolha

adsorvente

adsorvente

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Figura 5 – Diferentes sistemas de extracção: A-seringa, B-Kitasato e C-Sistema extractor. [19]

As etapas típicas de um procedimento de extracção por SPE são as seguintes [21]

:

Condicionamento da coluna/disco: utilizam-se volumes definidos de solvente, tendo o

cuidado de não deixar secar a coluna/disco após esta etapa.

Adição da amostra: a amostra deve percolar através do cartucho/disco a um fluxo

constante (menor ou igual a 5 mL/min, no caso dos cartuchos).

Lavagem da coluna/disco: utiliza-se um volume definido de solvente e por fim deixa-se

secar a coluna/disco, se necessário com o auxílio de uma bomba de vácuo por um tempo pré-

determinado.

Eluição dos analitos: utilizam-se alíquotas definidas de solvente para eluir os analitos da

coluna/disco.

1.4.2.3. Microextracção em fase sólida (SPME) [19]

A microextracção em fase sólida é uma técnica associada à análise de compostos por

cromatografia gasosa (GC). Actualmente está também associada à cromatografia líquida de alta

eficiência (HPLC).

A SPME recorre a uma fibra óptica de sílica fundida coberta com um adsorvente adequado. A

fibra encontra-se acondicionada no interior de uma espécie de agulha num amostrador semelhante a

uma seringa (Figura 6 – (a)), sendo exposta apenas no momento da extracção.

O processo de extracção pode ser efectuado de duas formas, por imersão da fibra

directamente na matriz ou através da exposição no espaço confinante, isto é, o designado headspace

(Figura 6 – (b)). A extracção em headspace requer o aquecimento e/ou agitação da matriz, de modo a

promover a passagem dos compostos voláteis para o espaço de cabeça do recipiente, onde ficarão

em contacto com a fibra. Deste modo minimiza-se a contaminação da fibra pela adsorção de

compostos não voláteis presentes na matriz. A extracção por imersão directa da fibra utiliza-se

quando os analitos de interesse são pouco voláteis.

Posteriormente à extracção, o analito é desadsorvido com recurso a aquecimento (GC) ou a

quantidades reduzidas de um solvente adequado (HPLC).

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11

Figura 6 – (a) Representação do dispositivo utilizado em SPME; (b) Técnicas de SPME por headspace e

imersão directa.

1.4.3. Cromatografia

Pretende-se neste ponto do trabalho abordar de um modo sucinto e claro o conceito de

cromatografia, focando alguns aspectos importantes a ele associados.

Assim, o fenómeno designado de cromatografia foi descoberto em 1906 pelo botânico russo

Mikhael Tswett, no decorrer do seu trabalho para obtenção do grau de doutor em ciências,

debruçando-se o mesmo na separação de pigmentos coloridos presentes em vegetais. O termo

cromatografia provém das palavras gregas chroma (cor) e grafein (grafia).[22]

‘I call such a preparation a chromatogram and the corresponding method the chromatographic

method.’ – M.S. Tswett [23]

A IUPAC (International Union of Pure Applied Chemistry, 1993) define cromatografia como um

método físico-químico de separação em que os componentes a separar são distribuídos entre duas

fases, uma das quais é estacionária (fase estacionária) enquanto a outra se move (fase móvel) numa

determinada direcção. A interacção dos componentes de uma mistura com as duas fases acima

mencionadas é influenciada por diferentes forças intermoleculares (iónica, dipolar, apolar) e efeitos

específicos de afinidade e solubilidade. [24]

A cromatografia pode ser utilizada para separar, identificar ou quantificar compostos químicos,

existindo muitas vezes associada a outras metodologias analíticas. [22]

Os métodos cromatográficos podem ser classificados de acordo com o tipo de sistema

cromatográfico, com a fase móvel (FM) e com a fase estacionária (FE), como se indica na Figura 7.[22]

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Figura 7 – Processos cromatográficos. [22]

De entre os diversos processos cromatográficos será dado especial destaque à cromatografia

gasosa e à cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC), por consistirem nas metodologias de

análise vulgarmente utilizadas.

1.4.4. Cromatografia Gasosa [25]

A cromatografia gasosa (GC) é uma técnica que permite a separação e análise de misturas de

substâncias voláteis.

O princípio básico de funcionamento de GC envolve a vaporização da amostra no injector,

sendo a mesma introduzida num fluxo de gás inerte que constitui a FM. Os gases H2, He ou N2 são

geralmente utilizados como gás de arraste. O conjunto amostra vaporizada e gás de arraste

atravessa a coluna cromatográfica que contém a FE e onde ocorre a separação da mistura.

Posteriormente, os componentes separados saem da coluna dissolvidos no gás de arraste e passam

por um detector que gera um sinal eléctrico proporcional à quantidade de composto eluído. O registro

do sinal obtido em função do tempo consiste num cromatograma, no qual se observam picos relativos

a cada composto com áreas proporcionais à sua massa.

Apresenta-se na Figura 8 o esquema geral de um cromatógrafo gasoso.

Figura 8 – Esquema geral de um cromatógrafo gasoso.

Cromatografia

Planar Coluna

Camada Fina

Papel Líquida Fluido

Supercrítico Gasosa

Clássica HPLC

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Relativamente à FE, esta pode consistir num sólido adsorvente ou num filme de líquido pouco

volátil suportado por um sólido inerte ou pela própria parede do tubo. As FE líquidas são as mais

requeridas para GC, sendo necessário que as mesmas preencham alguns requisitos, tais como,

permitirem a boa dissolução dos constituintes da amostra e ao mesmo tempo a obtenção de

solubilidades suficientemente diferentes que possibilitem a separação. Resta salientar, que as FE

devem ser quimicamente inertes em relação à amostra.

Em GC a separação dos componentes de uma mistura é influenciada por dois factores,

nomeadamente a solubilidade na FE anteriormente mencionada e a volatilidade. Assim, quanto maior

a solubilidade de um composto na FE, mais demorada é a sua eluição, isto é, ele atravessa a coluna

mais lentamente. Por sua vez, quanto mais voláteis são os constituintes de uma mistura, maior é a

sua tendência em permanecer vaporizados e, consequentemente mais rápida é a sua eluição.

No que respeita aos detectores usualmente empregues em GC, destacam-se os seguintes:

Detector por Condutividade Térmica (TCD)

Detector de Azoto e Fósforo (NPD)

Detector por Ionização de Chama (FID)

Detector por Captura Electrónica (ECD)

Detector de Espectrometria de Massa (MS)

1.4.5. Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC)

A cromatografia líquida (LC) utiliza partículas sólidas empacotadas num tubo feito de material

inerte que é atravessado pela fase móvel. De acordo com o tipo de interacção, os solutos terão uma

maior afinidade com a FE ou com a FM. As interacções podem ser do tipo forças de Van der Waals,

interacções de dipolo induzido, ligações de hidrogénio, interacções dieléctricas ou interacções

electrostáticas. [26]

A cromatografia líquida de alta eficiência apresenta uma instrumentação mais complexa e

sofisticada do que a cromatografia líquida clássica. Devido às reduzidas dimensões das partículas

usadas (da ordem dos µm) é necessário usar pressões elevadas (da ordem das dezenas de

atmosferas) o que requer sistemas complexos de bombas e de válvulas de injecção. É possível

efectuar por HPLC, separações e análises quantitativas de uma grande variedade de compostos

presentes em diferentes matrizes, num curto espaço de tempo e com elevada resolução, eficiência e

sensibilidade. [26]

Ao contrário do que acontece em GC, os equipamentos em LC são, frequentemente,

modulares o que permite recorrer a diversos fabricantes de acordo com o interesse do utilizador.

De um modo geral, num sistema de HPLC o solvente denominado de eluente ou FM é

conduzido com o auxílio de uma bomba de alta pressão em direcção à coluna cromatográfica. No

decorrer desse processo, a amostra é introduzida na FM (por um sistema automático ou por uma

válvula de injecção) e arrastada para a coluna onde irá ocorrer a separação. O efluente da coluna é

direccionado para um detector que gera um sinal eléctrico proporcional à quantidade de analito. Esse

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sinal é transformado, com recurso a um software apropriado, num cromatograma, tal como acontece

em GC. [26]

Na Figura 9 ilustram-se as partes integrantes de um cromatógrafo líquido.

Figura 9 – Esquema geral das partes integrantes de um cromatógrafo líquido. [27]

Relativamente às fases estacionárias, as mais vulgarmente utilizadas são líquidas,

quimicamente ligadas a um suporte sólido inerte que contém grupos silanóis (Si-OH) que reagem

com compostos contendo grupos polares (Fase Normal) ou não polares (Fase Reversa). Em

cromatografia de Fase Normal os grupos funcionais polares mais comuns são sílica, amino (NH2),

ciano (CN) e diol. Por sua vez, na cromatografia em Fase Reversa, os grupos butil (C4), octil (C8),

octadecil (C18) e fenil são os mais utilizados. [27]

Outro dos parâmetros essenciais para o bom funcionamento de qualquer sistema de HPLC é a

escolha e preparação correcta da fase móvel. Na escolha da FM são tidas em consideração algumas

características, destacando-se a viscosidade, a compatibilidade com o tipo de detector utilizado, a

polaridade e a miscibilidade. O solvente ou mistura de solventes utilizados não devem possuir

elevada viscosidade para não dificultar o bombeamento isocrático ou por gradiente e evitar a queda

de pressão na coluna. [26]

Em fase reversa, a força de eluição aumenta com a diminuição da polaridade da FM,

verificando-se a situação oposta quando se utiliza fase normal (força de eluição aumenta com o

aumento da polaridade da FM). A FM seleccionada deve permitir uma boa dissolução dos compostos

e ao mesmo tempo ser imiscível com a FE. [26]

No que respeita aos detectores, considera-se um detector ideal para HPLC aquele que possua

as seguintes características: alta sensibilidade e baixo limite de detecção, resposta rápida a todos os

solutos, insensibilidade a alterações nas temperaturas e no fluxo da fase móvel, resposta

independente da fase móvel, resposta que aumente linearmente com a quantidade de soluto, não

destruição do soluto, segurança e conveniência de uso, informação qualitativa do pico desejado. [26]

Assim, os detectores vulgarmente utilizados em HPLC são [27]

:

Detectores de UV-Visível (UV-VIS)

Detector de Índice de Refracção (IR)

Detector de Fluorescência (FLD)

Detector de Condutividade (CD)

Detector Electroquímico (ED)

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Detector de Espectrometria de Massa (MS)

No presente trabalho será utilizado o detector de espectrometria de massa, mais

concretamente a espectrometria de massa sequencial ou tandem (MS/MS).

De seguida efectua-se uma breve abordagem ao método de detecção supramencionado,

destacando-se algumas particularidades associadas ao acoplamento entre HPLC e este tipo de

sistema.

1.4.6. Espectrometria de massa

A IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry) define de forma clara e sucinta a

espectrometria de massa como o estudo da matéria pela formação de iões em fase gasosa, com ou

sem fragmentação, que são posteriormente caracterizados de acordo com o seu rácio massa/carga

(m/z) e intensidades relativas, sob a forma de espectro de massas. [28]

Na Figura 10 referem-se os principais constituintes de um espectrómetro de massa.

Figura 10 – Esquema geral de um espectrómetro de massa.

A espectrometria de massa (MS) possui um elevado potencial analítico, nomeadamente em

termos de sensibilidade, selectividade e velocidade de análise. [28]

A técnica MS surge geralmente associada a sistemas de cromatografia. Este acoplamento

permite combinar o melhor de dois mundos, nomeadamente a elevada selectividade e eficiência de

separação associadas à cromatografia com a capacidade de fornecer informação estrutural, massa

molecular e adicionar selectividade inerentes à espectrometria de massa. [29]

Como referido anteriormente, o presente trabalho utiliza a espectrometria de massa associada

a HPLC. Um entrave a este acoplamento consiste no estabelecimento de uma interface com o

sistema de HPLC e no elevado custo associado ao espectrómetro de massa comparativamente com

outros tipos de detectores utilizados. Tendo em conta os fluxos muito elevados que se utilizam em

HPLC não é possível bombear directamente a fase móvel para o interior da fonte do espectrómetro

de massa que opera a pressões de cerca de 10-4

Pa. Este inconveniente é ultrapassado pela criação

de uma interface entre os dois sistemas, HPLC e MS, com o propósito de eliminar na totalidade ou

em parte a fase móvel. [29]

De acordo com as características dos compostos a analisar por HPLC foram desenvolvidas

interfaces ou fontes de ionização, com a particularidade de operarem à pressão atmosférica. [29]

A

ionização à pressão atmosférica (API) consiste numa técnica suave de ionização que fornece

informação quasi-molecular. De entre os tipos de API destacam-se os mais utilizados,

nomeadamente a ionização por electrospray (ESI) e a ionização química à pressão atmosférica

(APCI).[30]

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Neste ponto será dado particular relevo a ionização por electrospray (ESI), uma vez que

consiste na interface utilizada no presente trabalho.

Fonte de Ionização por ESI

O princípio básico do processo de ESI consiste na geração de iões em fase gasosa a partir da

conversão dos analitos em solução. É, assim, de importância vital quando estamos perante um

sistema deste tipo, a escolha adequada da fase móvel utilizada em HPLC. [30], [31]

Primeiramente, o eluente do HPLC contendo os analitos é pulverizado por meio de um gás de

nebulização aquecido (normalmente N2) através de um capilar metálico de pequenas dimensões que

é mantido a um potencial elevado e à pressão atmosférica. Á saída do capilar formam-se pequenas

gotas altamente carregadas (aerossol) que são dessolvatadas com recurso a um fluxo contínuo de

gás inerte aquecido (gás de dessolvatação), geralmente N2. O tamanho das gotas é reduzido há

medida que a dessolvatação ocorre, até que a força de repulsão entre as cargas semelhantes supere

as forças de coesão da fase líquida (tensão superficial). Atingido esse momento, seguem-se uma

série de explosões até se obterem iões do analito isentos de solvente. Estes iões são posteriormente

encaminhados por um conjunto de dispositivos de focalização (lentes) para o analisador de massas.

[30], [31]

Dependendo das características dos analitos, a ionização pode ocorrer em modo positivo ou

negativo. No caso de ESI positivo podem adicionar-se ácidos voláteis (geralmente ácido fórmico ou

acético) para promover a protonação do analito. No que respeita a ESI negativo pode recorrer-se a

hidróxido de amónio para favorecer a desprotonação, caso seja necessário. Em alternativa, podem

utilizar-se tampões voláteis (usualmente acetato ou formato de amónio) para controlar o pH do

meio.[28]

A Figura 11 pretende ilustrar o funcionamento da fonte de ionização por ESI.

Figura 11 – Esquema representativo da fonte de ionização por ESI. [32]

A técnica de ESI é particularmente adequada para compostos orgânicos polares termicamente

lábeis que não podem ser analisados por GC-MS. [31]

Um dos inconvenientes em trabalhar com este

tipo de interface consiste na possibilidade de ocorrer supressão (ion supression) ou enriquecimento

(ion enhancement) iónico. Estes efeitos são causados pela competição existente entre os iões

ejectados durante a dessolvatação. [32]

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De um modo sucinto, a supressão iónica é uma alteração na resposta para uma dada

concentração de analito resultante da presença de outros componentes na matriz. Uma forma de

minimizar este problema consiste em utilizar diferentes procedimentos de limpeza na preparação das

amostras. [32]

De acordo com a informação presente em diversas bibliografias, a determinação de CP’s em

amostras ambientais por cromatografia líquida acoplada a espectrometria de massa é efectuada na

maioria das vezes com recurso a fonte de ionização por APCI. Como tal, considerou-se oportuno

efectuar uma breve descrição do processo de ionização acima mencionado.

Fonte de Ionização por APCI

A APCI surge como técnica complementar a ESI, sendo adequada para a análise de

compostos polares e não polares termicamente estáveis e de pequenas dimensões. [31]

Neste processo, o eluente do HPLC contendo o analito é pulverizado através de um

vaporizador aquecido (250-400 °C). [32]

Primeiramente, as moléculas de solvente em fase gasosa são ionizadas pelos electrões

descarregados da agulha de corona. Por conseguinte os iões do solvente ionizam os analitos por

transferência de carga, sendo os iões resultantes encaminhados para o analisador de massas. [32]

A Figura 12 pretende ilustrar o funcionamento da fonte de ionização por APCI.

Figura 12 – Esquema representativo da fonte de ionização por APCI. [32]

O processo de APCI permite a utilização em HPLC de tampões com concentrações elevadas,

uma vez que o efeito de supressão iónica não é tipicamente uma preocupação quando se trabalha

com este tipo de interface. Contudo, como referido anteriormente, os compostos a analisar têm de ser

termicamente estáveis e voláteis, uma vez que a ionização ocorre em fase gasosa. [32]

Após a breve abordagem efectuada aos dois tipos de fontes de ionização mais utilizados,

interessa referir outra parte essencial, o “coração” de um espectrómetro de massas, nomeadamente o

analisador.

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Analisador de massas

A função de qualquer analisador de massas consiste em separar e seleccionar os iões de

acordo com a sua razão massa/carga (m/z). Existem diversos tipos de analisador, sendo o mais

utilizado em análises quantitativas, o do tipo Quadrupolo. Este consiste num conjunto de quatro

bastões colocados em paralelo, aos quais são aplicadas diferentes voltagens (DC e RF) que

possibilitam a transmissão selectiva dos iões consoante a razão m/z. Um quadrupolo pode operar em

modo de varrimento contínuo (Full Scan) e em modo de monitorização selectiva de iões (SIM). [28]

O presente trabalho teve como particularidade a utilização da técnica de espectrometria de

massas sequencial (MS/MS). Esta difere da técnica convencional pelo facto de recorrer a mais do

que um nível de análise de massas (analisador). O tipo de configuração MS/MS utilizada consistiu em

dois analisadores do tipo quadrupolo separados por uma célula de colisão (hexapolo).

No primeiro quadrupolo (MS1), de entre os iões em fase gasosa provenientes da fonte de

ionização, selecciona-se o ião precursor de acordo com o seu rácio m/z. Esse ião é encaminhado

para a célula de colisão (Q) onde sofre fragmentação, tipicamente por dissociação induzida por

colisão (CID) com um gás inerte denominado de gás de colisão (geralmente árgon, Ar). Os iões

produto gerados são direccionados para o segundo quadrupolo (MS2) onde ocorre o varrimento das

massas para a obtenção do espectro de massas. [29]

Na Figura 13 apresenta-se um esquema representativo da espectrometria de massa

sequencial.

Figura 13 – Esquema representativo da espectrometria de massa sequencial (MS/MS). [33]

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1.5. Controlo de Qualidade – Validação de Métodos Analíticos

Após o desenvolvimento e optimização de um método analítico é necessário efectuar a sua

validação. De acordo com a norma NP EN ISO/IEC 17025, segundo a qual o LAIST é acreditado,

este procedimento pretende assegurar que o método desenvolvido possui os requisitos necessários

para impor qualidade nos resultados obtidos.

‘A Validação de métodos é um aspecto vital da garantia da qualidade analítica’ [34]

Apresentam-se de seguida os parâmetros a analisar no decorrer do processo de validação do

método analítico [35]

:

Especificidade/Selectividade: o primeiro termo refere-se à capacidade de um método

analítico discriminar o analito relativamente a outras substâncias que possam estar presentes na

amostra; a selectividade, por sua vez, define-se como a capacidade de um método identificar e

distinguir um analito em particular numa mistura complexa sem interferência dos outros componentes.

Gama de Trabalho: consiste na gama entre os limites de quantificação superior e inferior

de um método analítico. É definido aquando da confirmação de que o método é exacto, preciso e

apresenta linearidade quando aplicado a amostras com quantidades de substância dentro do

intervalo especificado. Pode ser avaliada por um método estatístico que consiste no teste de

homogeneidade de variâncias.

Linearidade: refere-se à capacidade que o método apresenta para fornecer resultados

directamente proporcionais à concentração do analito em amostra, numa determinada gama de

concentrações. [34]

A juntar ao critério do coeficiente de correlação a linearidade pode ser avaliada

através de um modelo estatístico, nomeadamente o teste de Mandel ou de Fisher/Snedecor.

Limite de Detecção (L.D.): corresponde à menor quantidade do analito de interesse que

pode ser detectada, mas não necessariamente quantificada. Encontram-se descritos no Guia Relacre

Nº13 [35]

os diferentes modos de estimativa deste parâmetro.

Limite de Quantificação (L.Q.): corresponde à menor concentração medida a partir da qual

é possível quantificar o analito com precisão e exactidão aceitáveis dentro das condições

experimentais estabelecidas. Tal como descrito no Guia Relacre Nº13 [35]

, este parâmetro pode ser

determinado de diversas formas.

Precisão (Fidelidade[36]

): traduz o grau de concordância dos resultados entre ensaios

independentes, repetidos sobre uma mesma amostra, amostras semelhantes ou padrões, em

condições definidas. Pode ser medida através da repetibilidade, da precisão intermédia e da

reprodutibilidade. A primeira envolve ensaios realizados sobre uma mesma amostra, em condições

idênticas ou estáveis, nomeadamente a utilização do mesmo analista, do mesmo equipamento, entre

outros. A precisão intermédia é uma medida da concordância entre os resultados obtidos pelo mesmo

laboratório mas em dias diferentes, com analistas diferentes e/ou equipamentos diferentes. A

reprodutibilidade, por sua vez, é uma medida da precisão de um método realizado em condições

diferentes, tais como diferentes analistas, diferentes equipamentos, entre outros.

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Exactidão (Veracidade[36]

): constitui uma medida da concordância entre os resultados de

um ensaio e o valor de referência aceite como convencionalmente verdadeiro. Pode ser avaliada

através de MRC, ensaios interlaboratoriais, testes comparativos e ensaios de recuperação.

Robustez: é uma medida da capacidade de um método analítico resistir a pequenas

variações das condições analíticas.

1.6. Incerteza do Método

A Norma NP EN ISO/IEC 17025, pela qual o LAIST se encontra acreditado refere a

necessidade de se efectuar a estimativa da incerteza associada a uma medição.[37]

Essa, por sua vez,

deve ser reportada sempre que o cliente o solicite.

Assim, após a implementação e validação do método analítico dever-se-á efectuar o cálculo da

incerteza associada, seguindo para tal as directrizes presentes no guia do IPAC OGC007.[38]

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2. Parte Experimental

Nesta secção apresenta-se a descrição pormenorizada do trabalho experimental realizado ao

longo do estágio no núcleo dos Orgânicos do LAIST.

2.1. Reagentes e Padrões

Reagentes:

Acetato de Amónio, C2H7NO2 (p.a., Pureza 98%)

Acetonitrilo, C2H3N (HPLC, Pureza 98%)

Ácido fórmico, CH2O2 (p.a., Pureza 98%)

Ácido fosfórico, H3PO4 (p.a., 85%)

Água Milli-Q, sistema Millipore

Cloreto de sódio, NaCl (Pureza 99,5%)

Metanol, CH4O (HPLC, Pureza 99,9%)

Padrões:

2-amino-4-clorofenol, C6H6ClNO (Pureza = 97%, Acros)

2-clorofenol, C6H5ClO (Pureza = 99,3%, Fluka)

3-clorofenol, C6H5ClO (Pureza = 98,1%, Fluka)

4-clorofenol, C6H5ClO (Pureza = 99,3%, Fluka)

2,4-diclorofenol, C6H4Cl2O (Pureza = 99,4%, Fluka)

4-cloro-3-metilfenol, C7H7ClO (Pureza = 99,3%, Aldrich)

2,4,5-triclorofenol, C6H3Cl3O (Pureza = 99,6%, Fluka)

2,4,6-triclorofenol, C6H3Cl3O (Pureza = 99,6%, Fluka)

Pentaclorofenol, C6HCl5O (Pureza ~ 99%, Fluka)

2.2. Material

Material de uso corrente de laboratório

Microseringas de vidro de 25 µL, 50 µL, 100 µL, 500 µL e 1000 µL

Micropipeta de 1000 µL

Cartuchos de extracção de 6 mL com 200 mg de adsorvente do tipo SDB (copolímero de

estireno e divinilbenzeno), Telos

2.3. Equipamento

Balanças analíticas: Sartorius e Mettler Toledo

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Sistema de obtenção de água ultra pura, modelo Milli-Q Integral 3, Millipore

Medidor de pH, modelo pH-Meter Basic 20+, Crison

Banho ultrassónico, Elma

Vórtex, modelo REAX top, Heidolph

Sistema extractor de SPE, modelo Variant.

Bomba de vácuo V-800, Büchi

HPLC, modelo Waters 2695 Separations Module, Waters, equipado com:

- Desgaseificador

- Bomba quaternária

- Injector automático

- Compartimento termostatizado para a coluna cromatográfica

Espectrómetro de massa sequencial (MS/MS), modelo Waters – Micromass Quattro Micro

API, Waters equipado com:

- Sonda de Ionização por Electrospray (ESI)

- Analisador de triplo quadrupolo

- Fotomultiplicador

O sistema LC-ESI-MS/MS utilizado (Figura 14) está equipado com o software Masslynx 4.0,

Micromass Ltd.

Figura 14 – Sistema de LC-ESI-MS/MS utilizado para a realização do presente trabalho.

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2.4. Procedimento Experimental

2.4.1. Segurança

De acordo com as propriedades físico-químicas dos compostos manuseados foram respeitadas

as medidas de segurança necessárias para evitar qualquer tipo de incidente. Assim, para além do

uso de bata e de luvas, o manuseamento dos compostos foi efectuado em locais bem ventilados

(hottes).

2.4.2. Descontaminação do Material

O material de vidro utilizado no presente trabalho foi lavado e descontaminado de acordo com

o procedimento vigente no LAIST. Após a descontaminação do material (não graduado) com a

mistura cromossulfúrica, preparada no Laboratório, o mesmo foi descontaminado com o solvente

utilizado na preparação das soluções, neste caso com acetonitrilo (ACN).

2.4.3. Preparação das Soluções Padrão e da Fase Móvel

Soluções Padrão

Inicialmente, procedeu-se à preparação de soluções-mãe com aproximadamente 1 g/L dos

CP’s em estudo, utilizando como solvente o metanol (MeOH).

A partir das soluções-mãe prepararam-se as soluções padrão individuais para infusão no

espectrómetro de massa (injecção directa no espectrómetro de massa) de cerca de 0,5 mg/L e, numa

fase posterior uma solução intermédia de cerca de 50 mg/L com todos os CP’s em estudo.

Por sua vez, as soluções para calibração com as concentrações pretendidas foram obtidas por

diluições sucessivas a partir da solução intermédia. Convém realçar que os padrões de calibração

foram preparados na primeira linha do gradiente utilizado no sistema LC-ESI-MS/MS.

Na Tabela 2 indicam-se as concentrações das várias soluções padrão dos CP’s analisados.

Tabela 2 – Concentração das soluções padrão dos CP’s analisados.

Composto Conc. Sol.

Mãe (g/L)

Conc. Sol. Intermédia

(mg/L)

Conc. Soluções de Calibração (mg/L)

2-CP 1,230 49,2 0,25 0,49 0,98 2,0 3,9 5,9 7,9 9,8

3-CP 1,470 51,4 0,26 0,52 1,0 2,1 4,1 6,2 8,2 10

4-CP 7,110 49,8 0,25 0,50 1,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10

2,4-DCP 2,090 52,2 0,26 0,52 1,0 2,1 4,2 6,3 8,4 10

2,4,5-TCP 1,160 52,2 0,26 0,52 1,0 2,1 4,2 6,3 8,4 10

2,4,6-TCP 2,810 49,2 0,25 0,49 0,98 2,0 3,9 5,9 7,9 9,8

PCP 2,010 50,2 0,25 0,50 1,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10

4-C-3-MP 1,480 51,8 0,26 0,52 1,0 2,1 4,1 6,2 8,3 10

2-A-4-CP 1,045 52,2 2,1 4,2 6,3 8,4 10

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Fase Móvel

A fase móvel utilizada consistiu em (A) solução tampão de acetato de amónio 2,5 mM (pH 6,8)

e (B) ACN. A solução tampão de acetato de amónio foi preparada antes de cada sessão de trabalho.

Após preparação, a solução foi colocada no banho ultrassónico durante um certo período de tempo

que permitisse a completa dissolução do acetato de amónio.

A solução tampão bem como o ACN foram colocados em frascos próprios e devidamente

rotulados.

Quando se utilizam soluções tampão, como acontece no presente trabalho, o contacto das

mesmas com o sistema para além do período de análise deve ser evitado, devido a cristalização de

sais na região do pistão da bomba. [29]

Assim, após cada sessão de trabalho efectuou-se a limpeza do

sistema, deixando os filtros em solvente.

2.4.4. Optimização das condições de LC-ESI-MS/MS

Como mencionado anteriormente, o sistema de análise utilizado na realização do presente

trabalho consistiu num equipamento de HPLC acoplado a um espectrómetro de massa sequencial

(MS/MS) equipado com uma sonda de ESI.

Começou-se por optimizar as condições de espectrometria de massa recorrendo para tal à

infusão de padrões individuais dos CP’s em estudo, com uma concentração de aproximadamente 0,5

mg/L. Seguidamente para umas condições iniciais de voltagem de cone, energia de ionização e modo

de ionização (positivo ou negativo) efectuou-se o MS Scan (aquisição em Full Scan), com o objectivo

de obter o sinal correspondente ao ião precursor ou ião molecular. Nesta fase apenas o primeiro

quadrupolo (MS1) foi requerido (Figura 15). Este procedimento foi efectuado para cada composto

individualmente, efectuando-se a lavagem do capilar com MeOH entre as diferentes infusões.

O processo de optimização das condições MS/MS consistiu em efectuar, para cada um dos

CP’s analisados, os ajustes ou alterações necessárias aos parâmetros supramencionados por forma

a obter-se o maior sinal (mais intenso) para o ião precursor com o menor ruído da linha de base.

Na Tabela 3 encontram-se presentes as condições pré-definidas que se mantiveram ao longo

de todo o processo de optimização do método LC-ESI-MS/MS.

Tabela 3 – Condições gerais do espectrómetro de massa para os CP’s analisados.

Gás de nebulização, dessolvatação e de cone Azoto (N2)

Gás de colisão Árgon (Ar)

Ionização Electrospray

Extractor 2 V

Radiofrequência 0,5 V

Temperatura da fonte 120°C

Temperatura de dessolvatação 270°C

Fluxo do gás de dessolvatação 450 L/h

Fluxo do gás de cone 60 L/h

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O passo seguinte consistiu na obtenção dos iões produto ou iões-filho pela fragmentação

induzida do ião precursor por colisão com o árgon (gás de colisão utilizado). Nesta fase a aquisição

efectuou-se em modo Daughter Scan, isto é, verificou-se o varrimento em Full Scan no segundo

quadrupolo (MS2), tal como é evidenciado na Figura 15.

Figura 15 - Representação esquemática do modo de operação do MS1 e MS2 para obtenção: (a) ião precursor;

(b) iões produto.[39]

O parâmetro a optimizar, nesta fase, consistiu na energia de colisão.

Após reunidas as condições óptimas para o espectrómetro de massas, procedeu-se à

optimização das condições cromatográficas (fase móvel, coluna cromatográfica, temperatura da

coluna e fluxo). Para tal, procedeu-se à injecção de 50 µL de soluções padrão individuais de 10 mg/L,

bombeadas a um fluxo de 0,2 mL/min. Na Tabela 4 apresentam-se as condições de operação

definidas para o HPLC.

Tabela 4 – Condições operatórias do HPLC para os CP’s analisados.

Nesta fase, os quadrupolos encontravam-se em modo SIM, servindo apenas para monitorizar o

ião precursor e os iões produto, referentes aos CP’s em estudo, durante um período de tempo mais

longo, conferindo ao método uma maior sensibilidade e selectividade.[40]

Após a optimização das condições cromatográficas, injectou-se uma solução padrão conjunta

de 10 mg/L, por forma a estabelecer-se a ordem de eluição. Na Tabela 5 encontram-se sintetizados

Coluna cromatográfica XBridgeTM

Phenyl 3,5 µm 2,1150 mm

Fluxo 0,2 mL/min

Volume de injecção 50 µL

Temperatura da coluna 40°C

Fase móvel (A) Solução tampão de acetato de amónio 2,5 mM (pH 6,8)

(B) Acetonitrilo

Gradiente

Tempo (min) % A % B

0 90 10

20 20 80

22 20 80

27 90 10

30 90 10

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os dados necessários para a definição, no software Masslynx 4.0, do método a utilizar para a análise

dos CP’s por LC-ESI-MS/MS.

Tabela 5 – Dados para definição do método, no software Masslynx 4.0, para a análise dos CP’s em estudo por

LC-ESI-MS/MS.

Composto Modo de Ionização

Janela de retenção (min)

Ião precursor

(m/z)

Voltagem de cone (V)

Energia de colisão

(eV)

Iões produto

(m/z)

2-A-4-CP Positivo 0.00-15.00 144 27

15 35

15 126

5 144

4-CP Negativo 10.00-17.00 127 37 15 35

17 91

3-CP Negativo 10.00-16.00 127 27 15 35

15 91

2-CP Negativo 10.00-17.00 127 30 20 35

15 91

PCP Negativo 10.00-17.00 263 50 5 35

5 263

4-C-3-MP Negativo 12.00-19.00 141 35 20 35

20 105

2,4-DCP Negativo 12.00-18.00 161 35

15 35

20 89

15 125

2,4,5-TCP Negativo 14.00-22.00 195 30

20 35

27 123

15 159

2,4,6-TCP Negativo 14.00-22.00 195 40

20 35

25 123

20 159

Apresenta-se na Figura 16 o método de análise definido no software Masslynx 4.0, sendo

possível visualizar as janelas de retenção relativas a cada um dos CP’s em estudo (barras verdes). A

monitorização dos fragmentos dos CP’s em estudo não foi efectuada ao longo de toda a corrida

cromatográfica, mas apenas no período referente a cada uma das janelas de retenção. Pretendeu-se,

deste modo, aumentar significativamente a sensibilidade do método.

Figura 16 – Janela do software Masslynx 4.0 com o método definido (MS Method).

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27

2.4.5. Amostras

A água Milli-Q para os testes de recuperação foi recolhida do sistema Milli-Q da Millipore no

próprio dia do ensaio experimental. Analisaram-se duas amostras de água do Rio Tejo. Uma das

amostras foi colhida na zona do Parque Tejo, tendo sido transportada até ao LAIST em frascos de

vidro de 2,5 litros condicionados a baixa temperatura. A outra água utilizada consistiu numa amostra

que já se encontrava no LAIST para análise de outros parâmetros, sendo proveniente da zona da

Chamusca.

2.4.6. Extracção e pré-concentração das amostras

Nesta fase do trabalho, testaram-se diferentes técnicas de extracção de amostra, tais como a

LLE e a SPE com recurso a discos e a cartuchos. Contudo, apenas para o método de SPE com

cartuchos se teve sucesso no que respeita ao caso de estudo (2-A-4-CP).

De acordo com o que se encontra na literatura [41], a acidificação das amostras é necessária

para evitar a desprotonação parcial dos CP’s.

Apresenta-se na Tabela 6 o procedimento efectuado para o tipo de extracção optimizado,

nomeadamente SPE com cartuchos de 6 mL e 200 mg de adsorvente do tipo SDB (copolímero de

estireno e divinilbenzeno).

Tabela 6 – Procedimento de extracção com cartuchos do tipo SDB de 6 mL e 200 mg de adsorvente.[42]

Etapas Solventes

Lavagem/Condicionamento

2 mL Água Milli-Q

2x 2 mL MeOH

2 mL Água Milli-Q

2 mL Água a pH 2

Adição da amostra(*)

-

Lavagem 3x 2 mL Água Milli-Q

Eluição 5x 2 mL MeOH

A passagem da água Milli-Q (ponto 1 da etapa de lavagem/condicionamento) é forçada com

auxílio de uma bomba de vácuo. Do mesmo modo, a amostra é forçada a percolar através do

cartucho a um fluxo controlado.

A água a pH 2 foi preparada por acidificação da água Milli-Q com uma solução aquosa de

ácido fosfórico (1:1).

Utilizaram-se volumes de 50 e 100 mL de amostra acidificada a pH 2 também com a solução

aquosa de ácido fosfórico (1:1).

O eluato contendo o analito foi recolhido num vial e evaporado sob corrente de azoto, até se

obter um volume de cerca de 100 µL. Perfez-se o volume com 900 µL de solução tampão de acetato

de amónio 2,5 mM (pH 6,8), reconstituindo assim a primeira linha do gradiente.

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28

2.4.7. Controlo de Qualidade – Validação de Métodos Analíticos

Neste ponto pretende-se apresentar o procedimento efectuado para a definição de alguns

parâmetros de qualidade necessários à validação da metodologia analítica implementada.

Primeiramente, aquando da optimização das condições operatórias do LC-ESI-MS/MS, avaliou-

se a selectividade do método para com os isómeros (2-CP, 3-CP, 4-CP, 2,4,5-TCP e 2,4,6-TCP).

Para tal, preparou-se uma solução com esses compostos em diferentes concentrações, por forma a

averiguar se o método os consegue distinguir, uma vez que como se tratam de isómeros, possuem as

mesmas massas.

Procedeu-se ao traçado das curvas de calibração (CC) de modo a ser possível quantificar os

CP’s em estudo. Considerou-se o limite de quantificação para cada composto como sendo o primeiro

ponto das CC, tal como é efectuado em diferentes metodologias analíticas no LAIST.

Utilizaram-se padrões de controlo por forma a verificar a existência de alguma alteração nas

condições de análise e, por conseguinte para validar as CC traçadas.

Efectuou-se o estudo da variação da razão Ião de Quantificação/Ião de Qualificação, que

consiste num parâmetro utilizado para qualificar os analitos. Este é vulgarmente utilizado quando se

trabalha com espectrometria de massa sequencial.

Em cada sessão de trabalho foi preparado um branco que consiste num vial com 1 mL da fase

móvel nas proporções correspondentes à primeira linha do gradiente.

Efectuaram-se ensaios de recuperação, por forma a avaliar a exactidão do método. Os

mesmos consistiram na fortificação da amostra com um padrão de concentração conhecida.

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29

3. Apresentação e Discussão dos Resultados

Nesta secção apresentam-se os resultados obtidos ao longo de todo o trabalho experimental

para implementação do método de análise, bem como a discussão pormenorizada dos mesmos.

3.1. Optimização das condições de LC-ESI-MS/MS

3.1.1. Condições de Espectrometria de Massa

No que respeita ao processo de optimização das condições de espectrometria de massa, mais

concretamente à obtenção do ião precursor, o primeiro parâmetro a optimizar foi o modo de

ionização. Nesta fase foi necessário ter em conta a estrutura molecular dos CP’s em estudo (Anexo

II). Para todos os compostos, à excepção do 2-A-4-CP, efectuou-se a análise em modo de ionização

negativa ([M – H]-) como referido na literatura [14]. No caso do 2-A-4-CP começou-se por

experimentar a ionização em modo negativo. Contudo, tendo em conta a existência de um grupo

amino (NH2) passível de sofrer protonação, procedeu-se à preparação de uma solução padrão de 0,5

mg/L, mas desta feita com 1% de ácido fórmico. Verificou-se que a intensidade do sinal

correspondente ao ião precursor aumentou ao efectuar-se a ionização em modo positivo ([M – H]+).

Para o composto 4-C-3-MP efectuou-se o mesmo procedimento que o referido para o caso de

estudo. Contudo, efectuando a aquisição em modo MS Scan não se constatou a presença de

qualquer sinal referente ao ião precursor, o que seria de esperar uma vez que o grupo metil não sofre

protonação.

Após a definição do tipo de ionização, testaram-se diferentes voltagens de cone tendo como

objectivo estabelecer as condições óptimas para os CP’s analisados, isto é, os parâmetros

operatórios que permitem obter o maior sinal para o ião precursor, com o menor ruído da linha de

base. Na Tabela 5 (página 26) encontram-se reunidas as condições óptimas para obtenção do ião

precursor para cada um dos CP’s analisados.

Para a obtenção dos iões-filho, aplicaram-se diferentes energias de colisão por forma a

determinar o valor que permite respeitar o compromisso estabelecido, isto é, obter os iões produto

com boa intensidade do sinal e ao mesmo tempo garantir que pelo menos 10% da intensidade do ião

precursor se mantém. Verificou-se, por vezes, que um ligeiro aumento na energia de colisão resultou

não só na fragmentação do ião precursor, mas também dos iões-filho contribuindo desse modo para

o aumento do nível de ruído. O cenário oposto também foi observado, isto é, a aplicação de energias

de colisão incapazes de induzir a fragmentação do ião precursor.

Apresentam-se na Tabela 5 (página 26) as condições óptimas para obtenção dos iões produto

para os CP’s analisados. Para a maioria dos CP’s, os iões produto obtidos sugerem a perda na

estrutura do ião precursor de um ou mais HCl. No que respeita ao caso de estudo, o ião filho com m/z

igual a 126 sugere a perda da amina protonada. Uma vez que nos encontramos na presença de

compostos clorados, na selecção dos iões produto entrou-se em linha de conta com a abundância

isotópica Cl35

e Cl37

.

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30

A análise da maioria dos CP’s em estudo foi efectuada através da selecção de dois iões

produto, um para quantificação (o mais intenso) e outro para qualificação (o segundo mais intenso),

tal como é evidenciado na Tabela 7.

Tabela 7 – Ião de Quantificação e Ião de Qualificação para os CP’s em estudo.

Composto Ião de Quantificação Ião de Qualificação

2-A-4-CP 144 126

4-CP 91 35

3-CP 91 35

2-CP 91 35

PCP 263 -

4-C-3-MP 105 35

2,4-DCP 125 89

2,4,5-TCP 159 123

2,4,6-TCP 159 123

Por observação da Tabela 7 constata-se que os iões de quantificação para o PCP e para o 2-

A-4-CP correspondem aos respectivos iões precursores após a aplicação de uma energia de colisão

baixa. No que respeita ao composto 2-A-4-CP seleccionou-se como ião para qualificação o ião

produto com m/z igual a 126, uma vez que para o ião produto com m/z igual a 35 não se obteve um

sinal distinguível do ruído existente na linha de base.

Quanto ao PCP foi difícil definir uma energia de colisão que não conduzisse à fragmentação

total do ião molecular e dos próprios iões produto (ruído da linha de base muito elevado). Não foi

possível seleccionar um ião para qualificação, uma vez que não se conseguiu obter um ião produto

com sinal distinguível do ruído da linha de base.

A título de exemplo, apresenta-se na Figura 17 o espectro de fragmentação referente ao

composto 2-A-4-CP. No Anexo III encontram-se os espectros referentes aos restantes CP’s

analisados.

Figura 17 – Espectro de massa resultante da fragmentação do ião precursor para o 2-A-4-CP.

Cone 27V Col 15V

m/z110 112 114 116 118 120 122 124 126 128 130 132 134 136 138 140 142 144 146 148 150 152 154 156 158

%

0

100

DGSCAN_2A4CP_ESIPOS_3 1 (2.022) Daughters of 144ES+ 2.22e6144.07

126.12

109.23 127.06

Ião de

Quantificação

Ião de

Qualificação

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Do ponto de vista da espectrometria de massa os objectivos foram cumpridos, isto é,

obtiveram-se os iões característicos (ião precursor e iões produto) dos CP’s em estudo com boa

intensidade de sinal.

3.1.2. Condições Cromatográficas

Tendo reunidas as condições de operação do espectrómetro de massa sequencial, procedeu-

se à optimização das condições do HPLC, destacando-se como peças chave para um bom

desempenho cromatográfico, a escolha da coluna cromatográfica a utilizar bem como da sua

temperatura de funcionamento, da fase móvel e tipo de eluição.

Neste ponto do trabalho experimental foi necessário proceder à injecção de padrões individuais

com uma determinada concentração que permitisse a detecção dos compostos e, a partir daí

efectuaram-se diferentes testes para averiguar quais as condições óptimas para a análise

cromatográfica dos CP’s em estudo.

Como ponto de partida utilizaram-se soluções padrão para injecção de 50 µg/L. Contudo, não

se detectaram quaisquer picos referentes aos compostos em estudo. Optou-se, então, pela injecção

de padrões individuais com uma concentração de 10 mg/L. Como resultado, observaram-se picos

com boa intensidade de sinal.

Apresenta-se de seguida o procedimento efectuado para a optimização dos parâmetros

anteriormente referidos.

Escolha da Coluna Cromatográfica e sua Temperatura

Efectuou-se a escolha da coluna que permitiu a separação dos CP’s em estudo assegurando

uma boa resolução e definição dos picos e um tempo de corrida razoável.

Testaram-se quatro colunas cromatográficas com diferentes características, nomeadamente:

1. Atlantis® HILIC Silica, 3 µm, 2.1x150 mm

2. XBridgeTM

Amide, 3,5 µm, 2.1x150 mm

3. Atlantis® T3, 5 µm, 2.1x150 mm

4. XBridgeTM

Phenyl, 3,5 µm, 2.1x150 mm

Convém realçar que as colunas foram testadas para as mesmas condições de operação,

tendo-se utilizado como fase móvel o par (A) solução tampão de acetato de amónio 10 mM: (B) ACN.

Ao utilizar a coluna HILIC Silica (cromatografia de interacção hidrofílica) obtiveram-se picos mal

definidos e com baixa intensidade de sinal. Os resultados obtidos podem ser justificados pelo facto

deste tipo de colunas ser utilizado, geralmente, para a retenção de bases muito polares que não

podem ser retidas usando cromatografia de fase reversa. [43]

Para a coluna cromatográfica Amide (sílica ligada a grupo funcional amida, interacção

hidrofílica), apesar de se terem obtido picos definidos e com elevada intensidade, verificou-se uma

má resolução dos mesmos (2,08 < Tr (min) < 2,35).

Com a coluna T3 (sílica ligada a grupo funcional C18) obtiveram-se picos bem definidos, com

elevada intensidade e boa resolução. Os resultados eram expectáveis, uma vez que o tipo de coluna

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utilizado é bastante apropriado para a retenção e separação de compostos polares e apresenta

elevada compatibilidade com fases aquosas.[43]

Contudo, apesar dos bons resultados obtidos, não foi possível escolher a coluna T3 para a

realização do presente trabalho, devido à sua utilização em análises de rotina no LAIST.

Por fim, testou-se a coluna Phenyl (sílica ligada ao grupo funcional fenil-hexil) por possuir

grande afinidade para com os compostos aromáticos. A utilização desta coluna conduziu à obtenção

de picos definidos com elevada intensidade e boa resolução. A título de exemplo, verificou-se para o

composto 2-A-4-CP uma intensidade de sinal da mesma ordem de grandeza obtida aquando da

utilização da coluna T3, porém constatou-se uma pior definição dos picos. Verificou-se a diminuição

em cerca de 1 minuto nos tempos de retenção obtidos com a coluna Phenyl comparativamente com a

coluna T3. Posto isto, a coluna utilizada nas fases posteriores do trabalho foi a XBridgeTM

Phenyl, por

permitir a obtenção de picos definidos e intensos, com boa resolução e um tempo de corrida razoável.

Após a escolha da coluna cromatográfica a utilizar, procedeu-se à optimização da temperatura

de funcionamento da mesma, tendo-se testado as temperaturas de 30, 40 e 45°C. De acordo com os

resultados obtidos optou-se pela temperatura de 40°C, pois comparativamente com a de 30°C os

picos obtidos apresentaram maior intensidade e resolução. Quando se utilizou a temperatura de

45°C, não se observaram grandes diferenças no que respeita à forma dos picos e à intensidade dos

mesmos. Assim, optou-se por utilizar a temperatura mais baixa que conduziu a melhores resultados,

logo os 40°C, com objectivo de aumentar o tempo de vida útil da coluna.

Escolha da Fase Móvel e Tipo de Eluição

Como ponto de partida utilizaram-se as condições empregues pelo LAIST na determinação dos

pesticidas diquato e paraquato, isto é, utilizou-se como fase móvel o par (A) solução tampão de

formato de amónio: (B) ACN em modo de eluição isocrático. Contudo, não se observaram quaisquer

picos referentes aos CP’s em estudo.

Posteriormente, de acordo com a informação presente na literatura [14] testou-se como eluente

o par (A) solução tampão de acetato de amónio 10 mM: (B) ACN e a eluição por gradiente, tendo-se

obtido bons resultados. Como referido anteriormente, utilizaram-se estas condições para a selecção

da coluna cromatográfica.

Concluída essa fase, efectuaram-se testes com soluções tampão de acetato de amónio com

diferentes concentrações, nomeadamente 5, 2,5 e 1 mM. Este procedimento teve como objectivo

reduzir a probabilidade de entupimento do capilar por precipitação do acetato de amónio e também a

supressão iónica, sendo este um efeito característico do tipo de interface utilizado no presente

trabalho (ESI).

Constatou-se que a concentração de 2,5 mM é a que permite obter, para a maioria dos CP’s

em estudo incluindo o 2-A-4-CP, picos com intensidade de sinal mais elevada. Contudo, verificou-se

que há medida que se diminuiu a concentração do tampão, os picos apresentaram mais cauda

(tailing). A dissolução dos analitos pode provocar alterações no pH da FM, sendo este efeito

minimizado pelo aumento da concentração do tampão. Num meio sem controlo de pH, o grau de

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ionização dos CP’s em estudo varia ao longo da banda cromatográfica, resultando normalmente em

picos com caudas.[44]

Posto isto, apesar do pequeno efeito de tailing que se fez notar, optou-se por utilizar uma

solução tampão de acetato de amónio de 2,5 mM (pH 6,8), por permitir a obtenção de um bom sinal

para os CP’s em estudo, em particular para o 2-A-4-CP e ao mesmo tempo por diminuir o risco de

degradação de constituintes essenciais ao bom funcionamento do equipamento e minimizar o efeito

de supressão iónica.

Tendo reunidas as condições cromatográficas (Tabela 4, página 25) procedeu-se à injecção de

uma solução padrão conjunta de 10 mg/L, por forma a definir a ordem de eluição dos CP’s em

estudo. Os resultados obtidos apresentam-se na Tabela 8.

Tabela 8 – Tempos de retenção para o ião de quantificação referente a cada um dos CP’s em estudo para as

condições cromatográficas optimizadas (Anexo IV).

Composto Tr (min)

2-A-4-CP 10,14

4-CP 12,97

3-CP 12,98

2-CP 12,99

PCP 13,31

4-C-3-MP 14,78

2,4-DCP 15,38

2,4,5-TCP 16,98

2,4,6-TCP 17,00

Por observação dos resultados obtidos, verificou-se que os isómeros 2-CP, 3-CP e 4-CP

eluíram praticamente ao mesmo tempo, tal como aconteceu com os compostos 2,4,5-TCP e 2,4,6-

TCP. Nesta fase averiguou-se a selectividade do método implementado para com os CP’s referidos,

tendo-se procedido para tal à injecção de uma solução contendo os mesmos em concentrações

diferentes. Constatou-se que a metodologia desenvolvida não é selectiva no que respeita aos

isómeros em estudo, uma vez que não os consegue separar.

Concluiu-se do ponto de vista da separação cromatográfica que as condições utilizadas

permitiram obter picos definidos e intensos e evidenciaram uma boa separação dos CP’s em estudo,

à excepção dos isómeros.

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34

3.2. Quantificação – Curvas de Calibração

Para ser possível quantificar os CP’s em amostras procedeu-se ao traçado de CC. Estas foram

obtidas a partir do método de padronização externa, representando a resposta do sistema analítico

(área) em função da concentração do analito.

Apresentam-se na Tabela 9 os parâmetros relativos às CC obtidas por regressão linear para o

2-A-4-CP, num total de 12 sessões de trabalho. Para os restantes CP’s em estudo como a

metodologia implementada não permite a quantificação dos mesmos, os valores de calibração

obtidos estão apresentados no Anexo V.

Tabela 9 – Dados obtidos para a regressão linear, na gama de trabalho de 2 – 10 mg/L, para o 2-A-4-CP, pela

metodologia LC-ESI-MS/MS.

Coef. de Determinação, R

2 Declive

Ordenada na origem/10

-3

Dia 1 0,9986 6,1(7) 0,4(2) -1 3

Dia 2 0,9996 5,2(6) 0,1(9) 4 1

Dia 3 0,9996 4,3(4) 0,1(7) -7 1

Dia 4 0,9734 3,0(2) 0,9(2) -6 6

Dia 5 0,9868 4,3(6) 0,9(3) -9 6

Dia 6 0,9969 2,4(8) 0,2(6) -4 2

Dia 7 0,9993 5,2(7) 0,2(5) -1 2

Dia 8 0,9880 6,7(5) 1,3(6) -9 9

Dia 9 0,9945 6,7(4) 0,9(2) -12 6

Dia 10 0,9942 3,1(6) 0,4(4) -6 3

Dia 11 0,9988 4,6(5) 0,3(0) -6 2

Dia 12 0,9990 9,5(3) 0,5(4) -0 4

Por observação dos dados referentes às regressões lineares e analisando os resultados

obtidos para o Teste de Mandel ou de Fisher/Snedecor (Anexo V) pode constatar-se que as CC

apresentam na sua grande maioria boa linearidade para o composto 2-A-4-CP na gama de

concentrações 2 – 10 mg/L.

A calibração diária justifica-se pela ausência de reprodutibilidade de uma sessão de trabalho

para outra, traduzida pelas diferenças verificadas nos valores de declive (Tabela 9).

De acordo com os critérios de qualidade do LAIST, considerou-se que o limiar analítico

corresponde ao limite de quantificação e que o mesmo equivale ao primeiro ponto da curva de

calibração, ou seja, L.Q. igual a 2 mg/L. O primeiro ponto da curva de calibração foi estabelecido com

base no critério de que a razão sinal/ruído deve ser superior a 10, para fins de quantificação. [45]

Por interpolação das áreas obtidas na curva de calibração referente ao 2-A-4-CP obtiveram-se

os valores de concentração respectivos, procedendo-se deste modo à quantificação do composto.

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3.3. Razão Ião de Quantificação/Ião de Qualificação

A razão ião de quantificação/ião de qualificação é utilizada para a qualificação do analito. Foi

avaliada a sua variação ao longo da gama linear de trabalho para o composto 2-A-4-CP, tendo-se

obtido o valor médio de 6,0 e um desvio-padrão relativo de 1,9%. De acordo com o resultado obtido

pode concluir-se que existe boa repetibilidade.

3.4. Selecção do método de extracção

Apresenta-se nesta fase do trabalho o procedimento efectuado bem como a discussão dos

resultados obtidos ao longo do processo de selecção da técnica de extracção de amostras.

3.4.1. Extracção líquido-líquido (LLE)

Como ponto de partida efectuou-se a extracção líquido-líquido de 1 L de água Milli-Q fortificada

com uma solução padrão conjunta de cerca de 6 mg/L e acidificada a pH 2 com uma solução aquosa

de ácido fosfórico (1:1). Utilizou-se o procedimento vigente no LAIST para a extracção de pesticidas

que aplica o diclorometano como solvente extractor (3x 40 mL). Concentrou-se o extracto a 1 mL

reconstituindo o mesmo na primeira linha do gradiente para posterior análise no LC-ESI-MS/MS.

Na Figura 18 encontram-se representadas as diferentes fases do procedimento de preparação

da amostra, desde a LLE até à concentração do extracto.

Figura 18 – Procedimento: a – LLE; b – Rotavapor; c – Evaporação sob corrente de N2.

Após injecção da amostra no equipamento de LC-ESI-MS/MS, por observação dos resultados

constatou-se que a partir do procedimento efectuado não se conseguiu extrair o composto 2-A-4-CP.

Tal facto pode ser devido à elevada polaridade do composto e por isso à elevada afinidade que o

mesmo tem para com o meio onde se encontra (água).

Obtiveram-se para os restantes compostos percentagens de recuperação entre 45 e 78%

(Anexo VI).

Efectuou-se então um outro ensaio de recuperação por LLE seguindo o mesmo procedimento,

mas acrescentando à água Milli-Q uma certa quantidade de sal (neste caso, cloreto de sódio), de

modo a baixar a solubilidade dos CP’s na fase aquosa.[46]

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36

Não se verificaram quaisquer alterações quanto ao caso de estudo (2-A-4-CP), observando-se

contudo para os restantes CP’s um ligeiro aumento nas percentagens de recuperação.

Deste modo, efectuaram-se diversas experiências utilizando outra técnica de extracção,

nomeadamente a extracção em fase sólida (SPE). Pretendeu-se acima de tudo optimizar uma técnica

que permitisse a extracção do 2-A-4-CP, independentemente de se poder comprometer a extracção

dos restantes.

3.4.2. Extracção em fase sólida (SPE)

Efectuaram-se, nesta fase, ensaios de recuperação utilizando a técnica de SPE com recurso a

discos e a cartuchos de extracção. Existe um leque variado de adsorventes no mercado para SPE

com características diferentes que os tornam adequados para diferentes tipos de análise. Neste

trabalho os adsorventes testados foram os existentes no LAIST.

Discos

Assim, utilizaram-se discos do tipo SDB-XC (matriz de poliestireno divinilbenzeno) e do tipo

Envi-18 (matriz de fibra de vidro poroso contendo sílica ligada ao grupo funcional C18). A Figura 19

ilustra a montagem utilizado para as experiências de SPE com discos.

Figura 19 – Montagem utilizada na extracção SPE com discos.

Com o disco SDB-XC utilizou-se o procedimento de extracção SPE vigente no LAIST para os

pesticidas, com uma pequena alteração na etapa de eluição, nomeadamente a adição de 5 mL de

diclorometano. Para o segundo tipo de discos (Envi-18) o procedimento consistiu em condicionar com

5 mL de diclorometano, 10 mL de MeOH e 20 mL de água Milli-Q adicionados sequencialmente e,

após a adição da amostra, eluir os analitos com duas alíquotas de 5 mL de MeOH.

Com os discos SDB-XC os testes foram realizados fortificando as amostras com padrão

conjunto e acidificando-as a pH 2 com solução aquosa de ácido fosfórico (1:1). Utilizaram-se

diferentes volumes de água Milli-Q (250, 500 e 1000 mL) para verificar a possível saturação dos

discos. Obtiveram-se recuperações não quantificáveis para todos os CP’s analisados, não tendo sido

possível retirar qualquer conclusão acerca da saturação dos discos.

Quanto ao disco Envi-18, optou-se por fortificar a amostra apenas com o composto 2-A-4-CP,

mas de novo não se obteve recuperação do composto.

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37

A eficiência da extracção com discos depende muito da etapa de condicionamento. Este facto

contribui para dificultar a operação desta técnica. Assim, uma das justificações para os resultados

obtidos pode ter consistido no incorrecto condicionamento dos discos de extracção.

Para as experiências seguintes, procedeu-se à fortificação da água Milli-Q novamente com o

composto 2-A-4-CP.

Cartuchos

A Figura 20 pretende ilustrar o sistema de extracção utilizado nas experiências de SPE com

recurso a cartuchos.

Figura 20 – Sistema de extracção SPE com cartuchos utilizado.

Os cartuchos testados encontram-se presentes na Tabela 10. Estes possuem características

adequadas à extracção de compostos de polaridade média a elevada. O procedimento de extracção

para cada tipo de cartucho foi retirado da literatura.[42]

,[47],[48],[49],[50]

Efectuaram-se ensaios de recuperação para os diferentes cartuchos utilizando 50 mL de água

Milli-Q fortificada com padrão de 10 mg/L de 2-A-4-CP e acidificada a pH 2 com solução aquosa de

ácido fosfórico (1:1).

Tabela 10 – Cartuchos utilizados e respectivas percentagens de recuperação para a extracção de 50 mL de

água Milli-Q fortificada com padrão de 10 mg/L de 2-A-4-CP e acidificada a pH 2.

Designação Adsorvente % Rec

Carbon Carvão activado -

Elut C18 Sílica ligada a grupo C18 34

RP-18 Sílica ligada a grupo C18 42

HLB Polidivinilbenzeno-co-N-vinilpirrolidona 60

SDB Copolímero de estireno e divinilbenzeno 72

Como se indica na Tabela 10, a utilização do cartucho do tipo Carbon não permitiu a

recuperação do composto de interesse. No que respeita aos cartuchos do tipo HLB, RP-18 e Elut C18

obtiveram-se recuperações de cerca de 60, 42 e 34%, respectivamente.

Os melhores resultados em termos de recuperação do composto 2-A-4-CP foram obtidos para

os cartuchos do tipo SDB.

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38

Posteriormente, efectuaram-se ensaios de recuperação com os cartuchos SDB, utilizando

diferentes volumes de água Milli-Q (50 mL e 100 mL). Na Tabela 11 apresentam-se para cada volume

testado e para um grau de fortificação de 10 mg/L do composto 2-A-4-CP, a média das percentagens

de recuperação obtidas num total de quatro ensaios (n=4) e o desvio-padrão relativo.

Tabela 11 – Resultados obtidos para os ensaios de recuperação com os cartuchos SDB (6mL, 200 mg) para

diferentes volumes de água Milli-Q e para uma fortificação de 10 mg/L de 2-A-4-CP.

Volume de amostra (mL) % Rec (n=4) RSD %

50 72 6

100 73 4

Por observação dos resultados obtidos, constatou-se que é indiferente utilizar um volume de 50

ou 100 mL de amostra quando se está a utilizar este tipo de cartucho com estas características.

Como tal, optou-se por utilizar um volume de amostra de 100 mL, de modo a baixar o limite de

quantificação do método para o 2-A-4-CP (assumindo uma recuperação de 73%, obteve-se como

L.Q. do método o valor de 27 µg/L). Não foi possível efectuar mais ensaios para volumes de água

Milli-Q superiores devido à limitada quantidade de cartuchos disponíveis.

Efectuou-se um ensaio de recuperação com o disco do tipo SDB-XC, utilizando o mesmo

procedimento de extracção presente na Tabela 6 (página 27). De novo, não se obteve qualquer

recuperação do composto de interesse. Caso se tivesse obtido um resultado semelhante ao dos

cartuchos SDB, a utilização dos discos iria permitir trabalhar com volumes de amostra muito

superiores contribuindo desse modo para a diminuição do L.Q. do método para o 2-A-4-CP.

Em suma, o método de extracção por SPE com recurso a cartuchos do tipo SDB de 6 mL e

com 200 mg de adsorvente apresentou-se como sendo o mais robusto, isto é, o que permite obter

resultados confiáveis e reprodutíveis. Os ensaios de recuperação contribuíram para avaliar a

exactidão do método.

3.5. Estabilidade dos Clorofenóis em estudo

Por forma a averiguar a estabilidade dos CP’s em estudo, efectuaram-se testes que

consistiram em levar 1 mL de uma dada solução padrão conjunta à secura, sob corrente de azoto

(N2). Após reconstituição na primeira linha do gradiente e posterior análise verificaram-se perdas

totais da maioria dos compostos. As excepções consistiram no caso de estudo, o 2-A-4-CP, e no PCP

para os quais se observaram perdas de cerca de 20 e 30%, respectivamente.

Assim, foi possível concluir que para assegurar a qualidade dos resultados para além da

selecção de um procedimento adequado de extracção, deve garantir-se numa fase posterior que os

extractos obtidos não são conduzidos à secura.

Page 57: Determinação de Clorofenóis em águas por LC-MS/MS · Determinação de Clorofenóis em águas por LC-MS/MS Caso de estudo: 2-amino-4-clorofenol Marta Sofia Tavares da Fonseca

39

3.6. Resultados das amostras

Quanto a amostras reais, tendo em conta o limite de quantificação obtido para o composto 2-A-

4-CP e o factor de concentração baixo, escolheu-se analisar de entre os diferentes tipos de água

existentes, águas superficiais.

Efectuou-se a colheita de uma amostra de água do Rio Tejo próximo da zona do Parque Tejo.

A colheita foi realizada em baixa-mar, para minimizar a diluição da amostra por junção com a água do

mar. Filtrou-se a amostra com o objectivo de eliminar a matéria em suspensão.

Procedeu-se à extracção para um volume de amostra de 100 mL seguindo o procedimento

presente na Tabela 6 (página 27). Realizaram-se ensaios de recuperação em duplicado para cada

nível de fortificação (4 mg/L e 10 mg/L).

Adicionalmente, efectuou-se uma análise por cromatografia iónica para determinar a

quantidade de cloretos presentes na amostra, tendo-se obtido um valor bastante elevado, cerca de 26

g/L.

Apresentam-se na Figura 21 os cromatogramas obtidos a partir da análise cromatográfica para

o ião de quantificação do composto 2-A-4-CP.

(a)

(b)

(c)

(d)

Figura 21 - Cromatogramas obtidos para a análise em duplicado da amostra de água do Rio Tejo da zona do

Parque Tejo fortificada com (a) e (b) – 4 mg/L e (c) e (d) – 10 mg/L do composto 2-A-4-CP.

min

2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0

%

0

100

F1:MRM of 3 channels,ES+

144 > 126

20140918_8 Smooth(Mn,1x2)

Teste41_AmostraFiltrada_100mL_4mgL

1.742e+0024.043.52

3.37

0.02

0.581.53 2.81

7.444.56

6.01 6.737.86

8.70 11.808.989.71

12.34

14.26

min

%

0

100

F1:MRM of 3 channels,ES+

144 > 144

20140918_8 Smooth(Mn,1x2)

Teste41_AmostraFiltrada_100mL_4mgL

2.885e+0031.77

0.01

1.600.44

8.346.893.993.49

3.00

6.664.295.7814.36

8.80

9.20 12.279.85

11.5213.71

min

2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0

%

0

100

F1:MRM of 3 channels,ES+

144 > 126

20140918_9 Smooth(Mn,1x2)

Teste42_AmostraFiltrada_100mL_4mgL

2.442e+0028.33

3.67

3.53

3.12

2.901.720.93

4.465.81 6.09 7.15 11.37

9.868.93 10.38 14.2612.88

min

%

0

100

F1:MRM of 3 channels,ES+

144 > 144

20140918_9 Smooth(Mn,1x2)

Teste42_AmostraFiltrada_100mL_4mgL

3.107e+0031.74

0.01

0.80

8.743.713.54

2.51

6.554.23

6.29

7.16 14.459.45 13.0211.809.76

min

2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0

%

0

100

F1:MRM of 3 channels,ES+

144 > 126

20140918_10 Smooth(Mn,1x2)

Teste43_AmostraFiltrada_100mL_10mgL

2.090e+0023.92

3.772.91

2.820.01

0.572.00

4.87

4.55 6.565.01

7.44 9.118.14 13.1611.719.97

10.80

min

%

0

100

F1:MRM of 3 channels,ES+

144 > 144

20140918_10 Smooth(Mn,1x2)

Teste43_AmostraFiltrada_100mL_10mgL

3.033e+0031.75

0.01

1.63

0.60

4.073.58

3.02

8.217.81

6.686.34

4.17 5.09 8.84 9.09 13.4312.209.7910.66

min

2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0

%

0

100

F1:MRM of 3 channels,ES+

144 > 126

20140918_11 Smooth(Mn,1x2)

Teste44_AmostraFiltrada_100mL_10mgL

1.854e+0023.783.57

2.88

2.501.800.58

6.914.10

5.265.61

7.99

7.5011.569.21

8.79

9.87 10.71 13.4312.54 13.71

min

%

0

100

F1:MRM of 3 channels,ES+

144 > 144

20140918_11 Smooth(Mn,1x2)

Teste44_AmostraFiltrada_100mL_10mgL

2.616e+0031.80

0.01

1.620.94

7.093.643.54

2.93

6.984.51

4.91 8.44 14.368.82

12.139.77 11.33

12.88

Page 58: Determinação de Clorofenóis em águas por LC-MS/MS · Determinação de Clorofenóis em águas por LC-MS/MS Caso de estudo: 2-amino-4-clorofenol Marta Sofia Tavares da Fonseca

40

Por observação dos cromatogramas obtidos, verificou-se a inexistência de qualquer sinal

referente ao composto 2-A-4-CP. Este resultado pode, eventualmente, dever-se à presença de

compostos na matriz analisada que possam interferir na extracção do analito. Sabe-se que o

mecanismo de retenção da fase estacionária utilizada (copolímero de estireno divinilbenzeno)

consiste na adsorção. Como tal, pensa-se que os sítios disponíveis do adsorvente possam ter

interagido tanto com a molécula do analito e/ou com as substâncias interferentes. Assim, a elevada

quantidade de cloretos na matriz analisada e a possibilidade de existência de substâncias (por

exemplo, susbtâncias húmicas bastante comuns em águas de estuário) que interagem com o analito

podem ter contribuído para a insucesso da extracção do mesmo. De acordo com a literatura a

salinidade, o pH e a presença de susbtâncias húmicas podem afectar a recuperação do analito

quando se utiliza SPE.[51], [52]

Seguidamente, analisou-se outra amostra de água superficial, sendo esta proveniente também

do Rio Tejo mas da zona da Chamusca. A quantidade de cloretos presente foi muito inferior ao

verificado para a outra amostra, cerca de 22 mg/L. Efectuou-se o mesmo procedimento de extracção,

mas devido à quantidade limitada de cartuchos de SPE do tipo SDB 6mL e 200 mg de adsorvente

recorreu-se a cartuchos com o mesmo tipo de adsorvente mas com metade da capacidade (3 mL e

100 mg de adsorvente).

Assim, por se utilizarem outros cartuchos testaram-se novamente dois volumes de amostra (50

e 100 mL) efectuando-se quatro ensaios de recuperação, para 50 e 100 mL fortificados com 4 mg/L e

50 e 100 mL fortificados com 10 mg/L, apresentando-se na Figura 22 os cromatogramas obtidos.

(a)

(b)

(c)

min

2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0

%

0

100

F1:MRM of 3 channels,ES+

144 > 126

20140925_8 Smooth(Mn,1x2)

Teste45_AmostraRTChamusca_cartucho100mg_50mL_4mgL

2.331e+0032_amino_4Clorofenol

10.52

1495.51

2254

36.68

4.412.621.63 6.045.66

6.95 8.98

min

%

0

100

F1:MRM of 3 channels,ES+

144 > 144

20140925_8 Smooth(Mn,1x2)

Teste45_AmostraRTChamusca_cartucho100mg_50mL_4mgL

1.417e+0042_amino_4Clorofenol

10.47

9006.00

12752

7.72

2.080.012.46

3.17

5.93 7.517.05

min

2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0

%

0

100

F1:MRM of 3 channels,ES+

144 > 126

20140925_10 Smooth(Mn,1x2)

Teste47_AmostraRTChamusca_cartucho100mg_100mL_4mgL

7.428e+0022_amino_4Clorofenol

10.47

423.17

669

7.85

2.512.031.54

3.992.97

5.17 7.567.376.52 8.679.01 11.85 12.34 13.30

min

%

0

100

F1:MRM of 3 channels,ES+

144 > 144

20140925_10 Smooth(Mn,1x2)

Teste47_AmostraRTChamusca_cartucho100mg_100mL_4mgL

5.251e+0032_amino_4Clorofenol;10.52;2856.07;3982;1.36

1.98

0.01

0.480.61

2.10

2.652.75

4.284.40 6.09 7.05 7.36 8.709.86 13.5712.27

min

2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0

%

0

100

F1:MRM of 3 channels,ES+

144 > 126

20140925_9 Smooth(Mn,1x2)

Teste46_AmostraRTChamusca_cartucho100mg_50mL_10mgL

9.270e+0032_amino_4Clorofenol

10.38

6011.71

9193

159.70

min

%

0

100

F1:MRM of 3 channels,ES+

144 > 144

20140925_9 Smooth(Mn,1x2)

Teste46_AmostraRTChamusca_cartucho100mg_50mL_10mgL

5.646e+0042_amino_4Clorofenol

10.38

36278.12

55517

26.13

2.03

Page 59: Determinação de Clorofenóis em águas por LC-MS/MS · Determinação de Clorofenóis em águas por LC-MS/MS Caso de estudo: 2-amino-4-clorofenol Marta Sofia Tavares da Fonseca

41

(d)

Figura 22 – Cromatogramas obtidos para a análise da amostra de água do Rio Tejo da zona da Chamusca (50 e

100 mL) fortificada com 4 mg/L (a) e (b), e 10 mg/L (c) e (d), do composto 2-A-4-CP.

Pode observar-se, a partir da Figura 22, a presença de sinal referente ao analito para os dois

níveis de fortificação utilizados. Este resultado parece estar relacionado com o facto da matriz

apresentar na sua constituição uma concentração de cloretos bastante inferior à da amostra

analisada anteriormente, apresentando-se na Tabela 12 as percentagens de recuperação obtidas

para os ensaios efectuados.

Não tendo sido possível repetir estes ensaios, devido a já não se dispor de mais cartuchos é

difícil retirar conclusões a partir dos valores apresentados na Tabela 12. Por outro lado, a utilização

de cartuchos com metade do volume e da quantidade de adsorvente, isto é, com capacidade de

retenção inferior pode contribuir para recuperações mais baixas do analito, quando comparadas com

os valores presentes na Tabela 11.

Mas podem também estar afectados pela interferência dos cloretos que embora numa

concentração muito inferior à encontrada no estuário do Tejo podem ainda competir com o analito

para o adsorvente.

Tabela 12 - Resultados obtidos para os ensaios de recuperação com os cartuchos SDB (3 mL,100 mg) para

diferentes volumes de amostra de água do Rio Tejo da zona da Chamusca e fortificação de 4 e 10 mg/L.

Volume de amostra (mL)

% Rec para fortificação de 4 mg/L

% Rec para fortificação de 10 mg/L

50 23 37

100 7 22

Caso se tivesse à disposição uma maior quantidade de cartuchos do tipo SDB de 6 mL e 200

mg de adsorvente seria oportuno efectuar ensaios, em condições de repetibilidade, com diferentes

volumes de amostra para encontrar o volume que permitisse diminuir o L.Q. do método para o

composto 2-A-4-CP sem comprometer a recuperação do mesmo. Consoante o volume estabelecido,

caso se conseguisse diminuir o L.Q. do método, poderia apostar-se na análise de outro tipo de águas.

min

2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0

%

0

100

F1:MRM of 3 channels,ES+

144 > 126

20140925_11 Smooth(Mn,1x2)

Teste48_AmostraRTChamusca_cartucho100mg_100mL_10mgL

6.576e+0032_amino_4Clorofenol

10.47

3849.74

6466

98.92

min

%

0

100

F1:MRM of 3 channels,ES+

144 > 144

20140925_11 Smooth(Mn,1x2)

Teste48_AmostraRTChamusca_cartucho100mg_100mL_10mgL

3.740e+0042_amino_4Clorofenol

10.47

21894.70

35843

12.20

1.99

Page 60: Determinação de Clorofenóis em águas por LC-MS/MS · Determinação de Clorofenóis em águas por LC-MS/MS Caso de estudo: 2-amino-4-clorofenol Marta Sofia Tavares da Fonseca

42

4. Conclusões e Perspectivas Futuras

Este estudo mostra que que é possível determinar o 2-amino-4-clorofenol através da

metodologia implementada de SPE-LC-ESI-MS/MS, o que constitui um resultado importante face a

não ser possível quantificá-lo através da metodologia de análise de CP’s vigente no LAIST (HS

SPME-GC-MS)

O método cromatográfico de LC-ESI-MS/MS desenvolvido apresenta boa linearidade, traduzida

por bons coeficientes de determinação e de acordo com os resultados obtidos pelo teste de Mandel.

A gama linear de trabalho obtida para o composto 2-A-4-CP situa-se entre 2 e 10 mg/L, sendo o L.Q.

igual a 2 mg/L.

Do estudo efectuado à variação da razão Ião de Quantificação/Ião de Qualificação conclui-se

que a mesma se mantém estável (desvio-padrão relativo de 1,9%) ao longo de toda a gama linear de

trabalho para o composto 2-A-4-CP.

No que respeita à técnica de extracção em fase sólida (SPE) de acordo com os resultados

obtidos conclui-se que os cartuchos do tipo SDB (copolímero de estireno e divinilbenzeno) com 6 mL

e 200 mg de adsorvente são os que permitem recuperar o analito de interesse (2-A-4-CP). O

procedimento de extracção é bastante simples e rápido e recorre a pequenas quantidades de

solvente o que constitui uma vantagem sob o ponto de vista ambiental. A recuperação obtida, em

condições de repetibilidade, para o limite máximo da curva de calibração nos testes com água Milli-Q

(100 mL) foi de 73%.

Relativamente às amostras de água do Rio Tejo analisadas não foi possível retirar conclusões,

tendo em conta o número reduzido de ensaios realizados. Contudo, a presença de elevadas

quantidades de cloretos e possivelmente de outras substâncias interferentes na matriz pode ter

contribuído para o insucesso dos ensaios realizados para a água do Rio Tejo proveniente da zona do

Parque Tejo.

As agências responsáveis pela protecção do ambiente e da saúde humana presentes em todo

o mundo impõem diferentes limites para os CP’s em águas. Assim, de acordo com esta realidade e

tendo em conta que não existe legislação implementada para o 2-A-4-CP, não se pode inferir se o

limite de quantificação obtido para este composto é ou não elevado.

No caso de se dispor de uma quantidade razoável de cartuchos de SPE do tipo SDB com 6 mL

e 200 mg de adsorvente, deveriam efectuar-se testes para diversos volumes de amostra por forma a

averiguar qual o máximo de capacidade dos cartuchos. Tentaríamos desse modo estabelecer um

compromisso entre o volume de amostra que não comprometesse a recuperação do analito de

interesse e que ao mesmo tempo permitisse baixar o limite de quantificação do método, alargando

desse modo o leque de águas a analisar.

Outra opção poderia passar pela aquisição de discos de extracção adequados ao tipo de

analitos analisados que permitissem a utilização de um volume de amostra superior ao utilizado com

os cartuchos, por exemplo SDB-RPS (copolímero de poli-estireno e divinilbenzeno modificado com

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43

grupos de ácido sulfónico), que de acordo com a informação presente na literatura permitem obter

bons resultados no que respeita à extracção de compostos fenólicos.[15]

Para os restantes CP’s em estudo, o intervalo de linearidade obtido foi 0,25-10 mg/L.

Constatou-se que o método não é selectivo para com os isómeros 2-CP, 3-CP, 4-CP e 2,4,5-TCP,

2,4,5-TCP. Verifica-se que os limites obtidos são superiores aos que se obtêm pela metodologia de

GC-MS vigente no LAIST. Por outro lado, por GC-MS só não se conseguem separar os isómeros 3-

CP e 4-CP. Assim, conclui-se que o método cromatográfico implementado não é adequado para a

determinação dos CP’s em estudo, à excepção do 2-A-4-CP.

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44

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[21] http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/17855/000273236.pdf?...1, consultado a

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46

[34] Barros, Cleide B., “Palestra: Validação de Métodos Analíticos”, CPTI – Tecnologia &

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Português de Acreditação

[39] http://www.ucl.ac.uk/ich/services/lab-services/mass_spectrometry/metabolomics/hplc, consultado

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47

[50] “C18 Solid Phase Extraction Cartridges: Bond Elut C18. Technical Overview”, Agilent

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[51] http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-40422007000300010&script=sci_arttext, consultado a

26/10/2014

[52] Cunha, Ana C.; Dissertação para obtenção do título de Doutor em Química: “Desenvolvimento de

Procedimento Analítico para determinação de Fármacos e Pesticidas em Amostra Aquosas

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48

Anexo I – Procedimento para ligar/desligar o sistema LC-MS/MS

Ligar:

1) Ligar o equipamento de HPLC no botão.

2) Ligar o azoto (N2) no MS Tune (software Masslynx 4.0).

3) Em Inlet Method carregar no símbolo de uma torre para se comandar a partir do HPLC.

4) No HPLC, em Menu/Status ligar o desgaseificador (Degasser).

5) Carregar em Diag e de seguida em Prime Seal Wash e Start (+/- 2 minutos, é desligado

por nós carregando em Halt).

6) Carregar em Diag e de seguida em Prime Needle Wash (está gravado 1 minuto; efectua-se

duas vezes, sendo necessário carregar novamente no Start após o primeiro minuto). Depois carregar

em Close.

7) Efectuar a purga dos 4 canais. Para tal, ir a Menu/Status, Direct Function, Wet prime (3

minutos) e carregar em OK.

8) Efectuar a purga do sistema. Faz-se passar 12 a 18 vezes no loop, já nas percentagens

correspondentes à primeira linha do gradiente. Colocar o Flow a 0,05 mL/min e ir aumentando

lentamente até aos 0,2 mL/min.

9) Em Inlet Method, carregar em Load Method e de seguida no símbolo de uma torre para se

iniciar o comando directamente no software Masslynx 4.0. Ligar o árgon e carregar em Press to

operate no MS Tune.

Desligar:

1) Em Inlet Method, pressionar o símbolo de uma torre para se comandar a partir do HPLC.

2) Lavar o sistema e deixar os filtros em solvente.

3) Desligar o desgaseificador (Degasser).

4) Desligar o HPLC no botão.

5) No software Masslynx 4.0, carregar em Press to standby.

6) Abrir a pasta Shutdown e escolher Shutdown 20C.

7) Desligar o azoto (N2) e o árgon (Ar)

Nota: No que já foi purgado colocamos o valor zero e carregamos em Enter

até os 100% passarem para o canal seguinte. Repetir o passo 7.

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49

Anexo II – Estrutura Molecular dos Clorofenóis em estudo

2-amino-4-clorofenol

2-clorofenol

3-clorofenol

4-clorofenol

2,4-diclorofenol

4-cloro-3-metilfenol

2,4,5-triclorofenol

2,4,6-triclorofenol

Pentaclorofenol

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50

Anexo III – Espectros de fragmentação dos Clorofenóis em estudo

Apresentam-se os espectros de fragmentação para os CP’s em estudo com indicação dos iões

de quantificação e de qualificação. No que respeita aos isómeros (2-CP, 3-CP e 4-CP; 2,4,5-TCP e

2,4,6-TCP), optou-se por apresentar a título de exemplo os espectros para um dos compostos, uma

vez que as transições são as mesmas, variando apenas as condições de obtenção das mesmas.

2-clorofenol

Condicao inicial Cone 30V Col 15V

m/z60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 115 120

%

0

100

DGSCAN_2CP_3 1 (2.022) Daughters of 127ES- 2.30e491.12

67.5362.07

59.56

60.94 62.70 65.08

70.79

68.9790.87

85.2372.61

83.09

73.81 82.9075.5680.14

87.11

86.1790.69

94.07

92.51

106.81

100.35

99.9195.39

103.11103.86

113.02

110.26

109.88 112.90

118.35114.53

115.15

120.61

Condicao inicial Cone 30V Col 20V

m/z20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60

%

0

100

DGSCAN_2CP_4 1 (2.022) Daughters of 127ES- 2.64e435.15

34.71

31.5128.49

22.85

20.1521.09

23.35 25.6124.10 27.49

29.50

34.52

32.57

55.04

38.98

36.97

49.65

46.4443.3741.1739.67 45.7545.25

49.4648.39

53.60

50.52 52.34 54.29

55.86

57.9357.24 59.12 59.50

Ião de

Quantificação

Ião de

Qualificação

[M-H-HCl]-

[Cl]-

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51

2,4-diclorofenol

4-cloro-3-metilfenol

Cone 35V Col 20V

m/z70 75 80 85 90 95 100 105 110 115 120 125 130 135 140 145 150 155 160 165 170 175 180

%

0

100

DGSCAN_24DCP_02 1 (2.022) Daughters of 161ES- 9.69e5125.07

89.05

161.01

Cone 35V Col 20V

m/z50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105

%

0

100

DGSCAN_24DCP_02 1 (2.022) Daughters of 161ES- 2.08e589.05

61.19

Cone 35V Col 20V

m/z90 92 94 96 98 100 102 104 106 108 110 112 114 116 118 120 122 124

%

0

100

DGSCAN_4C3MP_02 1 (2.022) Daughters of 141ES- 1.94e4105.12

90.56

100.7997.15

92.6991.06 93.7695.08 96.83

97.46

100.22

98.15

104.80103.11

105.30

108.44

105.74

106.06

112.58

110.14

109.38

111.01123.50

117.04114.97114.40 120.68117.85

122.18123.62 125.38

Ião de

Qualificação

Ião de

Quantificação

Ião de

Quantificação

[M-H-HCl]-

[M-H-2HCl]-

[M-H-HCl]-

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52

2,4,6-triclorofenol

Cone 35V Col 20V

m/z20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 72 74 76

%

0

100

DGSCAN_4C3MP_02 1 (2.022) Daughters of 141ES- 3.24e435.21

35.02

34.58

21.97 31.0123.41 30.0626.55

32.51

53.66

52.2241.30

38.9137.1645.1944.31

48.08 50.52

69.1059.18

58.4354.04 63.2060.69 65.46 68.54 70.17 73.62 74.18

Cone 40V Col 20V

m/z115 120 125 130 135 140 145 150 155 160 165 170 175 180 185 190

%

0

100

DGSCAN_246TCP_02 1 (2.022) Daughters of 195ES- 1.68e5159.19

123.12

122.75

116.03144.64

129.14125.69 140.75137.17

147.84154.43

173.49170.67

168.41 183.65192.12

Cone 40V Col 25V

m/z102 104 106 108 110 112 114 116 118 120 122 124 126 128 130 132 134 136 138 140 142 144 146

%

0

100

DGSCAN_246TCP_03 1 (2.022) Daughters of 195ES- 4.45e4123.19

119.80

109.76

109.07101.67

107.50

113.59

111.26 118.54116.97115.53

122.43

131.15

129.02124.50 126.13132.97

138.87135.67 141.19 146.15142.13

Ião de

Qualificação

Ião de

Qualificação

Ião de

Quantificação

[M-H-HCl]-

[M-H-2HCl]-

[Cl]-

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53

Pentaclorofenol

TS120 TDS270 Col 5V

m/z60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 400 420 440 460 480 500 520 540 560 580 600 620 640

%

0

100

DGSCAN_PCP_ESINEG_1 1 (2.022) Daughters of 263ES- 3.40e6263.08

Ião de

Quantificação

[M-H]-

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54

Anexo IV – Cromatograma obtido por injecção de uma solução

padrão conjunta, para o ião de quantificação

O cromatograma seguinte foi obtido por injecção de uma solução padrão conjunta de 10 mg/L,

para o ião de quantificação referente a cada composto, aquando da definição do método de análise

por LC-ESI-MS/MS. Permitem estabelecer a ordem de eluição.

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55

Anexo V – Tratamento de Resultados

Teste de Mandel ou de Fisher/Snedecor [35]

O teste de Mandel ou de Fisher/Snedecor é uma ferramenta estatística útil para avaliar a

linearidade da curva de calibração.

Assim, procede-se inicialmente à determinação de duas funções de calibração, uma linear e

outra polinomial de segundo grau, a partir do conjunto de resultados obtidos, nomeadamente dos

valores de áreas e de concentração.

Para cada função de calibração calculam-se os respectivos desvios-padrão relativos a partir

das equações 1 e 2.

Sy/x=√∑(yi-y)2

N-2 Equação 1

𝑆𝑦2 = √∑(𝑦𝑖 − 𝑦)2

𝑁 − 3 Equação 2

Sendo, y o valor estimado a partir da função de calibração ajustada e N o número de pontos da curva

de calibração.

Posteriormente efectua-se a determinação do valor de teste (VT ou PG) através da equação 4,

sendo necessário para tal calcular primeiramente a diferença de variâncias (DS2) a partir da equação

3.

𝐷𝑆2 = 𝑆𝑦/𝑥2 × (𝑁 − 2) − 𝑆𝑦2

2 × (𝑁 − 3) Equação 3

𝑉𝑇 =𝐷𝑆2

𝑆𝑦22 Equação 4

Por fim, o valor teste (VT) é comparado com o valor da distribuição F de Fisher/Snedecor,

para um grau de confiança de 95%. Caso se verifique VT inferior ou igual a F, conclui-se que a

função de calibração é linear. Caso contrário constata-se que a função é não linear, devendo avaliar-

se a possibilidade de reduzir a gama de trabalho.

Apresentam-se de seguida, a título de exemplo, para os CP’s em estudo (à excepção do 2-

amino-4-clorofenol), os dados referentes a duas das curvas de calibração obtidas para cada

composto (Tabela 1).

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56

Tabela 1 – Dados obtidos a partir da regressão linear para os CP’s em estudo efectuando a metodologia LC-

MS/MS.

Composto Gama Linear de Trabalho

(mg/L)

Coeficiente de Correlação, R

2

Declive Ordenada na

origem L.Q.

(mg/L)

2-CP 0,25 - 10 Dia 1: 0,9991 Dia 1: 0,64 Dia 1: -43,27

0,25 Dia 2: 0,9966 Dia 2: 0,79 Dia 2: 13,38

3-CP 0,25 - 10 Dia 1: 0,9986 Dia 1: 0,58 Dia 1: 172,44

0,25 Dia 2: 0,9986 Dia 2: 0,66 Dia 2: 79,81

4-CP 0,25 - 10 Dia 1: 0,9989 Dia 1: 0,81 Dia 1: 190,15

0,25 Dia 2: 0,9990 Dia 2: 0,89 Dia 2: 98,25

PCP 0,25 - 10 Dia 1: 0,9972 Dia 1: 91,38 Dia 1: 19318

0,25 Dia 2: 0,9993 Dia 2: 97,03 Dia 2: 584,18

4-C-3-MP 0,25 - 10 Dia 1: 0,9980 Dia 1: 0,53 Dia 1: 94,90

0,25 Dia 2: 0,9987 Dia 2: 0,60 Dia 2: 2,00

2,4-DCP 0,25 - 10 Dia 1: 0,9988 Dia 1: 0,56 Dia 1: -134,29

0,25 Dia 2: 0,9983 Dia 2: 0,62 Dia 2: -93,57

2,4,5-TCP 0,25 - 10 Dia 1: 0,9996 Dia 1: 26,39 Dia 1: -6800,1

0,25 Dia 2: 0,9997 Dia 2: 28,16 Dia 2: -5227,7

2,4,6-TCP 0,25 - 10 Dia 1: 0,9994 Dia 1: 31,85 Dia 1: 446,66

0,25 Dia 2: 0,9998 Dia 2: 37,45 Dia 2: -7577,7

Seguidamente encontram-se sumarizados (Tabela 2) os resultados obtidos para o teste de

Mandel também para as curvas traçadas em duas sessões de trabalho.

Tabela 2 - Resultados obtidos para o teste de Mandel ou de Fisher/Snedecor para os CP’s em estudo.

CC – Dia 1 CC – Dia 2

Composto Valor teste (VT) Valor teste (VT) Valor F Tabelado Função de calibração

2-CP 0,06 0,08 6,61 Linear

3-CP 1,38 0,03 6,61 Linear

4-CP 1,80 1,44 6,61 Linear

2,4-DCP 1,22 2,06 6,61 Linear

2,4,5-TCP 1,30 0,34 6,61 Linear

2,4,6-TCP 0,65 3,41 6,61 Linear

PCP 0,37 6,58 6,61 Linear

4-C-3-MP 2,51 0,91 6,61 Linear

2-A-4-CP 0,09 1,72x10-3 18,51 Linear

Ensaios de Recuperação

Para a determinação da percentagem de recuperação (%Rec) utiliza-se a equação 5.

% 𝑅𝑒𝑐 =𝐶𝑜𝑛𝑐. 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑓𝑜𝑟𝑡𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎 − 𝐶𝑜𝑛𝑐. 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑡𝑎𝑙 𝑒 𝑞𝑢𝑎𝑙

𝐶𝑜𝑛𝑐. 𝑎𝑑𝑖𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑑𝑎 Equação 5

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57

Ensaios de Repetibilidade

Por forma a averiguar a repetibilidade dos resultados procede-se ao cálculo do desvio-padrão

relativo (RSD) utilizando para tal a equação 6.

𝑅𝑆𝐷 % =𝑆

�̅�× 100 Equação 6

Sendo S o desvio-padrão absoluto e �̅� a média dos resultados obtidos.

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58

Anexo VI – Recuperações dos Clorofenóis em estudo obtidas por

LLE

Apresentam-se na Tabela 3 as percentagens de recuperação obtidas para a extracção líquido-

líquido de 1 L de água Milli-Q fortificado com solução padrão conjunta de 6 mg/L e acidificado a pH 2

com uma solução aquosa de ácido fosfórico (1:1).

Tabela 3 – Resultados obtidos para o ensaio de recuperação efectuado por LLE, para os CP’s estudados.

Composto % Rec

2-CP 45

3-CP 46

4-CP 46

2,4-DCP 75

2,4,5-TCP 78

2,4,6-TCP 77

PCP 73

4-C-3-MP 65

2-A-4-CP -

A técnica LLE utilizada permitiu obter resultados satisfatórios para a maioria dos CP’s em

estudo, à excepção do 2-A-4-CP.