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Publicação BIMESTRAL N.º 253 maio-junho 2018 ISSN 0871-5688 O PREÇO - 0,10 (IVA incluído) P. e Dário Balula Chaves [email protected] Deus continua a chamar N uma conversa com crianças de uma paróquia de Roma, o Papa Francis- co respondeu a várias perguntas. Um menino, chamado Edoardo, quis saber: «Como se sentiu quando o elegeram papa?» E o papa respondeu: «Só senti que Deus queria isso, levantei-me e fui em frente.» Tão simples e inspiradoras são as suas palavras! Perante as dúvidas e medos voca- cionais, podemos responder que Deus continua a chamar, mas o chamamento do Senhor não se manifesta de mesmo modo que estamos habituados a ex- perimentar as outras coisas na nossa vida diária. Ele comunica connosco de maneira diferente. Não levanta a voz, não faz publicidade, não usa microfone, não faz barulho. Fala connosco de forma silenciosa e discreta, sem se impor à nos- sa liberdade. A nós é pedido o mesmo na concretização da vocação recebida: humildade e simplicidade na resposta, coragem e ternura na sua vivência. Pode acontecer, todavia, que a voz de Deus fique sufocada pelas muitas inquietações e solicitações que ocupam a nossa mente e o nosso coração. Na mensagem para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, celebrado a 22 de abril passado – quarto domingo da Páscoa e Domingo do Bom Pastor –, o Papa Francisco indicou três atitudes fundamentais para que o chamamento de Deus aconteça na nossa vida: escutar, discernir e viver. Para descobrirmos o projeto que Deus pensou para nós realizarmos em cada etapa da nossa existência, é preci- so, antes de mais, saber dar-Lhe tempo e pormo-nos à escuta para ser capazes de ler os acontecimentos da nossa vida com os olhos da fé e manter-nos sempre abertos às surpresas do Espírito. Além disso, nunca poderemos realizar a mis- são pessoal que Deus tem para cada um de nós na Igreja e no mundo, se conti- nuarmos fechados em nós mesmos, no nosso comodismo e na nossa apatia, sem sermos capazes de sonhar em grande e de nos tornarmos protagonistas daquela história única e original que Deus quer escrever connosco. Se quisermos fazer experiência de uma profunda amizade com Deus, não podemos ficar passiva- mente à espera que as coisas aconteçam de forma automática. Nunca chegare- mos a experimentar no nosso coração a alegria do Evangelho «se ficarmos debruçados à janela, com a desculpa de continuar à espera da melhor oca- sião», sublinha o papa. É preciso ter a coragem e a ousadia de nos pormos a caminho e de arriscar tudo pelos valores do Evangelho. Como diz Francisco, «o Senhor con- tinua hoje a chamar para O seguir. Não temos de ficar à espera de ser perfeitos para dar como resposta o nosso generoso “eis-me aqui”, nem nos devemos assus- tar com as nossas limitações, mas acolher a voz do Senhor com coração aberto». Maria, a jovem menina que escutou, acolheu e viveu a Palavra de Deus no seu coração, nos acompanhe no nosso caminho. Ela, que disse «sim» e foi fiel até ao fim, nos ajude a fazer o mesmo na nossa vida. Lusa

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Publicação BIMESTRAL

N.º 253 maio-junho 2018

ISSN 0871-5688 PREÇO - 0,10 (IVA incluído)

P.e Dário Balula [email protected]

Deus continua a chamar

Numa conversa com crianças de uma paróquia de Roma, o Papa Francis-

co respondeu a várias perguntas. Um menino, chamado Edoardo, quis saber: «Como se sentiu quando o elegeram papa?» E o papa respondeu: «Só senti que Deus queria isso, levantei-me e fui em frente.» Tão simples e inspiradoras são as suas palavras!

Perante as dúvidas e medos voca-cionais, podemos responder que Deus continua a chamar, mas o chamamento do Senhor não se manifesta de mesmo modo que estamos habituados a ex-perimentar as outras coisas na nossa vida diária. Ele comunica connosco de maneira diferente. Não levanta a voz, não faz publicidade, não usa microfone, não faz barulho. Fala connosco de forma silenciosa e discreta, sem se impor à nos-sa liberdade. A nós é pedido o mesmo na concretização da vocação recebida: humildade e simplicidade na resposta, coragem e ternura na sua vivência.

Pode acontecer, todavia, que a voz de Deus +que sufocada pelas muitas inquietações e solicitações que ocupam a nossa mente e o nosso coração.

Na mensagem para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, celebrado a 22 de abril passado – quarto domingo da Páscoa e Domingo do Bom Pastor –, o Papa Francisco indicou três atitudes fundamentais para que o chamamento de Deus aconteça na nossa vida: escutar, discernir e viver.

Para descobrirmos o projeto que Deus pensou para nós realizarmos em cada etapa da nossa existência, é preci-so, antes de mais, saber dar-Lhe tempo e pormo-nos à escuta para ser capazes de ler os acontecimentos da nossa vida

com os olhos da fé e manter-nos sempre abertos às surpresas do Espírito. Além disso, nunca poderemos realizar a mis-são pessoal que Deus tem para cada um de nós na Igreja e no mundo, se conti-nuarmos fechados em nós mesmos, no nosso comodismo e na nossa apatia, sem sermos capazes de sonhar em grande e de nos tornarmos protagonistas daquela história única e original que Deus quer escrever connosco. Se quisermos fazer experiência de uma profunda amizade com Deus, não podemos +car passiva-mente à espera que as coisas aconteçam de forma automática. Nunca chegare-mos a experimentar no nosso coração a alegria do Evangelho «se ficarmos debruçados à janela, com a desculpa de continuar à espera da melhor oca-

sião», sublinha o papa. É preciso ter a coragem e a ousadia de nos pormos a caminho e de arriscar tudo pelos valores do Evangelho.

Como diz Francisco, «o Senhor con-tinua hoje a chamar para O seguir. Não temos de +car à espera de ser perfeitos para dar como resposta o nosso generoso “eis-me aqui”, nem nos devemos assus-tar com as nossas limitações, mas acolher a voz do Senhor com coração aberto».

Maria, a jovem menina que escutou, acolheu e viveu a Palavra de Deus no seu coração, nos acompanhe no nosso caminho. Ela, que disse «sim» e foi +el até ao +m, nos ajude a fazer o mesmo na nossa vida.

Lusa

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2 FAMÍLIA COMBONIANA

JUSTIÇA E PAZ

Resistir é criar – resistir é transformar

Nós, leigos, irmãs, irmãos e padres missionários combo-nianos, que participámos no

Fórum Social Mundial (FSM) e no Fó-rum Comboniano (FC), saudamos-vos a partir de Salvador, terra de resistência negra e de culturas afrodescendentes, com um coração cheio de gratidão e de esperança. De 10 a 19 de março de 2018, vivemos juntos uma experiência forte e única ao participar no FSM, que tinha como tema «Resistir é criar – re-sistir é transformar» e no VIII FC com o tema « Ministerialidade e trabalho em rede/colaboração na Família Com-

boniana e com as outras organizações».A nossa participação foi relevante e

numerosa: 53 pessoas provenientes de África, Europa e América. Experimen-támos a grande riqueza do nosso caris-ma na variedade dos nossos empenhos. Rea7rmamos o empenho de envolver cada vez mais as pessoas em formação e os formadores sobre os temas da jus-tiça, paz e integridade da criação e nas dinâmicas do FSM e do FC.

No FSM apresentámos como Famí-lia Comboniana em Rede (Comboni Network) quatro ateliês: açabarca-mento de terras, extração mineira, situação sociopolítica da RD do Congo e do Sudão do Sul, superação da vio-lência e discriminação de género. Isto permitiu-nos partilhar na metodolo-gia do FSM o nosso empenho como missionários e missionárias por um outro mundo possível. Uma banca, preparada por nós, permitiu-nos fazer animação missionária, encontrar e dia-logar com muitas pessoas e darmo-nos a conhecer. Entre os numerosos ateliês

propostos pelo FSM, acompanhámos com interesse os seguintes: Os novos paradigmas, teologia da libertação, jovens, resistência dos povos originá-rios e afrodescendentes, e migrações. Durante o desenvolvimento do fórum, participámos também na assembleia mundial das mulheres.

O Fórum Comboniano realizou-se em espírito de continuidade com os encontros precedentes. As jornadas foram intercaladas por momentos in-culturados de espiritualidade, durante os quais celebrámos a vida, os sofri-mentos e as esperanças, em sintonia com as realidades dos países de pro-veniência e com aquelas encontradas no fórum. Interrogámo-nos sobre a necessidade de aprofundar a re<exão

acerca dos novos paradigmas da mis-são, de consolidar esta experiência como Família Comboniana e de poder dar maior espaço de participação aos leigos e às leigas. Nesta re<exão fomos acompanhados e animados por Marce-lo Barros, monge beneditino, escritor e teólogo, que partilhou o estado atual da teologia da libertação, e Moema Miranda, diretora do Instituto Brasi-leiro de Análises Sociais e Económicas (Ibase), que, depois de uma análise da realidade mundial, indicou algumas luzes para o caminho propostas pela encíclica Laudato Si’. Perante um neoliberalismo sem limites, o convite lançado foi pôr em diálogo os pobres e consolidar a fé na presença do Espírito de Deus que caminha connosco.

Os participantes no Fórum Social Mundial e no Fórum Comboniano escreveram

uma mensagem no final dos encontros, reafirmando o empenho da família

comboniana na construção de um mundo melhor.

© A

lém

-Mar

Leigos, irmãs, irmãos e padres missionários combonianos no Fórum Social Mundial, em

Salvador da Bahia, Brasil

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FAMÍLIA COMBONIANA 3

para a missão em portugal e na europa

P.e Francisco Machado Gana

Os Cenáculos de Oração Mis-sionária nasceram da inspi-ração de S. Daniel Comboni.

Iluminados pelo seu carisma missio-nário, seguem os passos dele, no hoje da Igreja que se renova pela missão e para a missão.

Células do corpo eclesial nas paró-quias e noutros ambientes (famílias, ONG, escuteiros, infância e adoles-cência missionária, por exemplo), os COM são uma força de renovação missionária da Igreja local. Possuem o dinamismo que guia e impele a sair de olhos abertos e coração ardendo com o fogo do Espírito, em direção aos que 7caram à margem da evangelização. O seu objetivo? Fazer com que cada discípulo e discípula possa situar-se no coração do movimento de Jesus, na oração missionária comunitária e no testemunho pessoal, alegre e con-7ante na força dos valores do Reino de Deus; um testemunho que toca, traz novidade e convida a acolher e transformar a vida que nos é oferecida pelo bom Deus.

O dinamismo missionário que vi-vemos e cultivamos nos COM não nos deixa numa vida indiferente e cómoda; brota com força de uma vida alimentada pelo Evangelho que lemos, meditamos, partilhamos e rezamos em cenáculo; vida fortalecida na fé que dá rumo ao nosso caminhar e nos ajuda a descobrir sempre de novo a beleza e a responsabi-lidade para com a nossa Casa Comum. A isso nos conduz a leitura e partilha sobre os factos e desa7os da missão.

A leitura missionária feita no COM mostra que somos peregrinos numa caminhada comum. Esta, passando embora pelo sofrimento e a escuridão, leva a uma realidade muito concreta e bela: a vida de comunhão com o próprio Deus por, em e com Jesus, Luz das nações, e com as pessoas. Ao con-templarmos a Fonte do nosso batismo, sabemo-nos unidos com Cristo vivo e vivi7cador, que nos envia em missão ao mundo, a fazer como Ele fez. Isto traduz-se em abertura e colaboração com os outros, sobretudo com os mais pobres e desanimados.

Missão transformadora

A minha experiência cheia de vida e bela com muitos cenáculos de oração missionária ajudou-me a compreender melhor que a missão que surge do «Ide e sede minhas testemunhas» é um ideal

Cenáculos missionários:dar vigor à alma missionáriaO P.e Francisco Machado fundou e animou muitos cenáculos de oração

missionária (COM) na diocese do Porto. Do Gana, enviou-nos uma reflexão sobre

esses grupos, para dar aos leitores da Família Comboniana a coragem de fundar

cenáculos nas suas comunidades.

entusiasmante, que se torna realidade sempre que me deixo tocar e transfor-mar por Jesus e pelo irmão e a irmã de que me aproximo. Este deixar-se tocar e transformar é aliás a marca do cristão.

Esta minha experiência dos COM não foi tão longa como eu hoje gostaria que tivesse sido: apenas três anos. No entanto, foi su7ciente para me mostrar com toda a clareza que cada cenáculo e cada um dos seus membros, de uma forma simples e humilde, é uma marca viva da presença de Deus. Cada cená-culo é uma presença missionária na comunidade diocesana local e, cada encontro é um sinal vivo e regenera-dor da presença e do amor de Deus para com toda a criação, para com a humanidade e para com Igreja.

© A

lém

-Mar

D. Teresa Lúcio (à direita), animadora do cenáculo de oração missionaria de Carnaxide

(Lisboa)

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6 FAMÍLIA COMBONIANA

linha direta

Frutos da missão no Vietname

Os Missionários Combonianos inau-guraram a presença no Vietname já neste século xxi, para promover as vocações entre os jovens. Esta obra está agora a dar os primeiros frutos. Há dois postulantes do Vietname a terminar o primeiro ano, um aspirante entrará no seminário em junho e mais dois que irão para Manila (Filipinas) para o aspirantado.

Ter os jovens no coraçãoA Família Comboniana em Portugal tem como tema no

presente ano pastoral «São Daniel Comboni: desa7o para os jovens de hoje». Está, deste modo, em sintonia com a Igreja universal que, guiada pelo Papa Francisco, prepara o sínodo dos bispos sobre «Os jovens, a fé e o discernimento vocacional». Este sínodo decorrerá no Vaticano de 3 a 28 de outubro próximo.

Que provocações faz São Daniel Comboni aos jovens de hoje? Os jovens tinham um lugar especial no coração dele.

Os Missionários Combonianos estão no Vietname para promover as vocações

entre os jovens

A palavra «jovens» aparece 321 vezes nos seus escritos, «jo-vem» consta 191 vezes e «juventude» 43 vezes.

E o que escreve Comboni? Muitas e variadas coisas sobre os jovens africanos, os jovens missionários e a sua própria juventude. Nota que os primeiros convertidos eram quase todos jovens; alegra-se com o progresso dos jovens; resgatou cinco jovens oromos (chama-lhes galas) no mer-cado de escravos de Adém; nota com alegria que as jovens africanas bordaram um paramento valioso para o papa; inclui no Plano para a Regeneração da África o trabalho dos jovens catequistas; denuncia o trá7co de jovens africanos; procura «por todos os meios ganhar o coração dos jovens»; encomenda-se à oração dos jovens do Instituto; quer que apressem a preparação «de jovens corajosos, habituados a toda a espécie de agruras, morti7cações e sacrifícios: tal deve ser o apóstolo da África, o qual deve pôr-se inteiramente nas mãos da Providência», e vê-os com esperança: «Esta juven-tude, na qual depositamos as maiores esperanças, representa um conforto para o coração do missionário, que a rodeia de amorosos cuidados.»

Comboni também se preocupa com «a libertinagem e corrupção da juventude moderna», mas escreve: «A juventude está sujeita a certas crises inevitáveis, não nos devemos admirar; chegado o tempo da maturidade, as coi-sas acalmam-se»; e proclama: «Mas a juventude é sempre juventude».

Tal como S. Comboni e o Papa Francisco, a Família Com-boniana leva os jovens no coração, acredita neles em tempo de grande carência vocacional e cuida da sua realização, rezando e apoiando-os para que continuem a ser generosos a responder aos desa7os que a missão lhes coloca.

P.e José VieiraA Família Comboniana quer que, durante este ano, os jovens

conheçam S. Daniel Comboni e se entusiasmem com o seu carisma

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FAMÍLIA COMBONIANA 7

Missão no país das sete mil ilhas

Aqui salta à vista a imagem de arranha--céus, centros comerciais, mansões, carros topo de gama lado a lado com bairros de lata e pessoas a fazer da rua as suas casas. E percebe-se bem que as Filipinas são um país desigual eviden-ciando sinais de riqueza ostentada por uma minoria, enquanto quase metade da população se considera pobre.

É nesta megacidade de contrastes que nós, Missionários Combonianos, temos duas comunidades. Dedicamo--nos à animação missionária e vocacio-nal e à formação de jovens para a vida missionária. Também colaboramos

O P.e António Carlos, de

Vagos, está nas Filipinas,

onde é diretor da revista

comboniana.

Nas Filipinas, o povo cultiva uma religiosidade popular em que preva-lecem a devoção a Nossa Senhora, a Cristo cruci7cado e ao Menino Jesus. Num país constantemente fustigado por furacões e desastres naturais, as pessoas necessitam de uma âncora espiritual onde se possa suster em momentos de calamidade.

A minha primeira tarefa após a chegada a esta nação-arquipélago, em agosto de 2015, foi a aprendizagem do tagalo, o segundo idioma, depois do inglês. Para continuar a prática da nova língua, fui enviado para uma paróquia num contexto rural. Ali, conheci as pessoas, as suas práticas religiosas, as suas vivências do dia a dia. Por exemplo, o culto aos mortos é deveras original e sentido, acompanhado de um sem-número de tabus e crenças.

A etapa seguinte foi a transição para uma metrópole de dez milhões de ha-bitantes, Manila, capital das Filipinas.

no ministério pastoral das paróquias. A mim, foi-me pedido que assumis-se a direção da nossa revista World Mission. Produzir mensalmente uma publicação com conteúdos católicos e missionários de alguma qualidade é tarefa exigente.

Todos os 7ns de semana, um dos nossos missionários sai com a sua equipa de voluntários para promover a revista nas paróquias. As pessoas aderem à nossa proposta assinando ou renovando a sua assinatura. É deste modo que a revista se mantém.

António Carlos

P.e António Carlos, à direita, em convívio com amigos e funcionários da revista comboniana

das Filipinas World Mission

© A

lém

-Mar

O P.e José Manuel Brites

celebrou as bodas de

prata de consagração

perpétua às missões.

Em abril de 1993, na missão de Muatala, diocese de Nampula (Mo-çambique), consagrei a minha vida a Deus para sempre ao serviço da missão segundo o carisma de São Daniel Com-boni. Naquela terra africana aprendi a coragem do testemunho cristão, pois o povo, em situação de extrema pobreza e numa guerra civil devastadora, não abandonava a fé, mas enfrentava o

Vinte e cinco anos de entrega totalperigo e as distâncias enormes para se reunir, celebrar e formar-se!

Agradeço a Deus o tempo que pas-sei em Moçambique, depois os primei-ros seis anos de missão em Portugal, ao serviço da animação missionária vocacional e juvenil em Coimbra. Em 1999, fui destinado ao Brasil, sendo o meu trabalho também maioritaria-mente com a juventude.

Agradeço a Deus estes vinte e cinco anos de entrega total, com muitas coi-sas boas e também de muitas fragili-dades, como é próprio do ser humano.

José Manuel G. Brites

P.e José Manuel Brites é natural de

Riachos, Torres Novas, e já fez missão em

Moçambique e Brasil

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lém

-Mar

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Jovens em missão (JIM)

FAMÍLIA COMBONIANAPropriedade: Missionários Combonianos do Coração de Jesus Pessoa Colectiva n.º 500139989Diretor: Bernardino Frutuoso (CP 10020)Redação: Fernando Félix (CP 2838)/Carlos Reis (CP 4073)Gra%smo: Luís Ferreira Arquivo: Amélia NevesRevisão: Helder Guégués

Redação e Administração: Calç. Eng. Miguel Pais, 91249-120 LISBOARedação: Tel. 213 955 286 E-mail: [email protected]: Manuel Ferreira HortaAdministração: Fax: 213 900 246E-mail: [email protected]

N.º de registo: 104210Depósito legal: 7937/85

Impressão: Jorge Fernandes, Lda.Rua Quinta do Conde Mascarenhas, 92825-259 CHARNECA DA CAPARICATiragem: 27 500 exemplares

Páscoa Jovem 2018

O JIM-Jovens em Missão viveu a Páscoa Jovem em dois grupos, um no Norte, em Arouca, outro no Sul, em Lamarosa (Coruche).

O grupo da Lamarosa era formado por seis membros, uns mais jovens que outros: Filipe, Gabriel, Laura, Ronaldo, Rute e P.e Carlos Nunes. O Filipe recebeu-os na sua terra natal e desdobrou-se em esforços para or-ganizar a estada e as atividades. O JIM está-lhe muito grato e à sua família e a toda a gente de Lamarosa.

Tríduo Pascal missionário

Propusemo-nos viver em grupo os mistérios da nossa salvação de uma forma mais profunda, rezada e medita-da. Isso ajudou cada um a crescer na fé!

Partilhar a experiência de fé em Jesus que sofreu, morreu e ressuscitou por cada um e por nós todos foi a nossa missão nas celebrações, no contacto com quem encontrámos na rua e nas visitas aos doentes e aos idoso no lar.

Lamarosa é terra de gente boa e generosa e não faltam os homens já reformados que se sentam diariamente no coberto do parque com vista para a igreja. Quando nos aproximámos desses cerca de quinze homens sentados, em aberta cavaqueira ou apenas olhando

para o céu, provocámo-los: «Meus senhores, que tal se em vez de estarem aqui sentados todo o dia, fossem sentar--se na igreja… sempre ouviam qualquer coisa diferente.» A resposta foi pronta: «Bem, até podia ser. Mas olhe que ir para a igreja é mais para as mulheres, não tanto para nós.» Rimos. No lar, en-contrámos vários homens idosos cheios de fé e esperança em Deus.

Anunciar Cristo ressuscitado…

Em cada casa onde entrámos, o anún-cio que 7zemos foi: «Cristo Ressus-citou, aleluia, aleluia!» Pela primeira vez houve visita pascal às famílias em

Grupo JIM-Jovens em Missão que realizou o Páscoa Jovem em Lamarosa, Coruche

Lamarosa. Inesperadamente, encon-trámos portas abertas e gente à espera da nossa visita. Mesas postas e coração cheio de alegria para receber a visita do Cristo ressuscitado. O tempo passava impiedoso e não conseguimos chegar a todas. Todavia, foi belo o que realizá-mos. Encerrámos o dia e o Páscoa Jo-vem com a celebração da Eucaristia de Páscoa e um convívio 7nal com todos em espírito de cristãos da ressurreição.

Voltámos a nossas casas agradeci-dos com todos os que nos ajudaram a viver uma experiência pascal nova e profunda, felizes por termos partilhado a fé em missão.

P.e Carlos Alberto Nunes, [email protected]

Jovens testemunhas da ressurreição

Somos «cristãos da ressurreição» e não «cristãos de Sexta-Feira Santa». Somos

missão, anunciando Jesus Ressuscitado com os seus dons de paz, alegria,

misericórdia, esperança... A nossa alegria é evangelizar!Alé

m-M

ar