Upload
nelsonmugabe89
View
48
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Deus
Citation preview
12/15/13 “Deus não morreu. Ele tornou-se Dinheiro” | Entrevista com Giorgio Agamben | Blog da Boitempo
blogdaboitempo.com.br/2012/08/31/deus-nao-morreu-ele-tornou-se-dinheiro-entrevista-com-giorgio-agamben/ 1/13
“Deus não morreu. Ele tornou-se Dinheiro” | Entrevista comGiorgio AgambenPublicado em 31/08/2012 | 39 Comentários
Peppe Salvà entrevista Giorgio Agamben.
“O capitalismo é uma religião, e a mais feroz, implacável e irracional religião que jamais existiu, porque
não conhece nem redenção nem trégua. Ela celebra um culto ininterrupto cuja liturgia é o trabalho e
cujo objeto é o dinheiro”, afirma Giorgio Agam ben, em entrev ista concedida a Peppe Salvà e
publicada por Ragusa News, 16-08-2012.
Giorgio Agamben é um dos maiores filósofos v ivos. Amigo de Pasolini e de Heidegger, foi definido
pelo Times e pelo Le Monde como uma das dez mais importantes cabeças pensantes do mundo. Pelo
segundo ano consecutivo ele transcorreu um longo período de férias em Scicli, na Sicília, Itália, onde
concedeu a entrev ista.
Segundo ele, “a nova ordem do poder mundial funda-se sobre um modelo de governabilidade que se
define como democrática, mas que nada tem a ver com o que este termo significava em Atenas”. Assim,
“a tarefa que nos espera consiste em pensar integralmente, de cabo a cabo, aquilo que até agora
havíamos definido com a expressão, de resto pouco clara em si mesma, “v ida política”, afima Agamben.
12/15/13 “Deus não morreu. Ele tornou-se Dinheiro” | Entrevista com Giorgio Agamben | Blog da Boitempo
blogdaboitempo.com.br/2012/08/31/deus-nao-morreu-ele-tornou-se-dinheiro-entrevista-com-giorgio-agamben/ 2/13
A tradução é de Selvino J. Assm ann, professor de Filosofia do Departamento de Filosofia da
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC [e tradutor de três das quatro obras de Agamben
publicadas pela Boitempo], para o site do Instituto Humanitas Unisinos.
***
O governo Monti invoca a crise e o estado de necessidade, e parece ser a única saída tanto
da catástrofe financeira quanto das form as indecentes que o poder havia assum ido na
Itália. A convocação de Monti era a única saída, ou poderia, pelo contrário, servir de
pretexto para im por um a séria lim itação às liberdades dem ocráticas?
“Crise” e “economia” atualmente não são usadas como conceitos, mas como palavras de ordem, que
servem para impor e para fazer com que se aceitem medidas e restrições que as pessoas não têm motivo
algum para aceitar. “Crise” hoje em dia significa simplesmente “você deve obedecer!”. Creio que seja
ev idente para todos que a chamada “crise” já dura decênios e nada mais é senão o modo normal como
funciona o capitalismo em nosso tempo. E se trata de um funcionamento que nada tem de racional.
Para entendermos o que está acontecendo, é preciso tomar ao pé da letra a ideia de Walter Benjamin,
segundo o qual o capitalismo é, realmente, uma religião, e a mais feroz, implacável e irracional religião
que jamais existiu, porque não conhece nem redenção nem trégua. Ela celebra um culto ininterrupto
cuja liturgia é o trabalho e cujo objeto é o dinheiro. Deus não morreu, ele se tornou Dinheiro. O Banco
– com os seus cinzentos funcionários e especialistas – assumiu o lugar da Igreja e dos seus padres e,
governando o crédito (até mesmo o crédito dos Estados, que docilmente abdicaram de sua soberania),
manipula e gere a fé – a escassa, incerta confiança – que o nosso tempo ainda traz consigo. Além disso,
o fato de o capitalismo ser hoje uma religião, nada o mostra melhor do que o titulo de um grande jornal
nacional (italiano) de alguns dias atrás: “salvar o euro a qualquer preço”. Isso mesmo, “salvar” é um
termo religioso, mas o que significa “a qualquer preço”? Até ao preço de “sacrificar” v idas humanas? Só
numa perspectiva religiosa (ou melhor, pseudo-religiosa) podem ser feitas afirmações tão
ev identemente absurdas e desumanas.
A crise econôm ica que am eaça levar consigo parte dos Estados europeus pode ser v ista
com o condição de crise de toda a m odernidade?
A crise atravessada pela Europa não é apenas um problema econômico, como se gostaria que fosse
v ista, mas é antes de mais nada uma crise da relação com o passado. O conhecimento do passado é o
único caminho de acesso ao presente. É procurando compreender o presente que os seres humanos –
pelo menos nós, europeus – são obrigados a interrogar o passado. Eu disse “nós, europeus”, pois me
parece que, se admitirmos que a palavra “Europa” tenha um sentido, ele, como hoje aparece como
evidente, não pode ser nem político, nem religioso e menos ainda econômico, mas talvez consista nisso,
no fato de que o homem europeu – à diferença, por exemplo, dos asiáticos e dos americanos, para quem
a história e o passado têm um significado completamente diferente – pode ter acesso à sua verdade
unicamente através de um confronto com o passado, unicamente fazendo as contas com a sua história.
O passado não é, pois, apenas um patrimônio de bens e de tradições, de memórias e de saberes, mas
12/15/13 “Deus não morreu. Ele tornou-se Dinheiro” | Entrevista com Giorgio Agamben | Blog da Boitempo
blogdaboitempo.com.br/2012/08/31/deus-nao-morreu-ele-tornou-se-dinheiro-entrevista-com-giorgio-agamben/ 3/13
também e sobretudo um componente antropológico essencial do homem europeu, que só pode ter
acesso ao presente olhando, de cada vez, para o que ele foi. Daí nasce a relação especial que os países
europeus (a Itália, ou melhor, a Sicília, sob este ponto de v ista é exemplar) têm com relação às suas
cidades, às suas o bras de arte, à sua paisagem: não se trata de conservar bens mais ou menos preciosos,
entretanto exteriores e disponíveis; trata-se, isso sim, da própria realidade da Europa, da sua
indisponível sobrev ivência. Neste sentido, ao destruírem, com o cimento, com as autopistas e a Alta
Velocidade, a paisagem italiana, os especuladores não nos privam apenas de um bem, mas destroem a
nossa própria identidade. A própria expressão “bens culturais” é enganadora, pois sugere que se trata
de bens entre outros bens, que podem ser desfrutados economicamente e talvez vendidos, como se
fosse possível liquidar e por à venda a própria identidade.
Há muitos anos, um filósofo que também era um alto funcionário da Europa nascente, Alexandre
Kojève, afirmava que o homo sapiens hav ia chegado ao fim de sua história e já não tinha nada diante de
si a não ser duas possibilidades: o acesso a uma animalidade pós-histórica (encarnado pela american
way of life) ou o esnobismo (encarnado pelos japoneses, que continuavam a celebrar as suas
cerimônias do chá, esvaziadas, porém, de qualquer significado histórico). Entre uma América do
Norte integralmente re-animalizada e um Japão que só se mantém humano ao preço de renunciar a
todo conteúdo histórico, a Europa poderia oferecer a alternativa de uma cultura que continua sendo
humana e v ital, mesmo depois do fim da história, porque é capaz de confrontar-se com a sua própria
história na sua totalidade e capaz de alcançar, a partir deste confronto, uma nova v ida.
A sua obra m ais conhecida, Hom o Sacer, pergunta pela relação entre poder político e v ida
nua, e evidencia as dificuldades presentes nos dois term os. Qual é o ponto de m ediação
possível entre os dois pólos?
Minhas investigações mostraram que o poder soberano se fundamenta, desde a sua origem, na
separação entre v ida nua (a v ida biológica, que, na Grécia, encontrava seu lugar na casa) e v ida
politicamente qualificada (que tinha seu lugar na cidade). A v ida nua foi excluída da política e, ao
mesmo tempo, foi incluída e capturada através da sua exclusão. Neste sentido, a v ida nua é o
fundamento negativo do poder. Tal separação atinge sua forma extrema na biopolítica moderna, na
qual o cuidado e a decisão sobre a v ida nua se tornam aquilo que está em jogo na política. O que
aconteceu nos estados totalitários do século XX reside no fato de que é o poder (também na forma da
ciência) que decide, em última análise, sobre o que é uma v ida humana e sobre o que ela não é. Contra
isso, se trata de pensar numa política das formas de v ida, a saber, de uma v ida que nunca seja separável
da sua forma, que jamais seja v ida nua.
O m al-estar, para usar um eufem ism o, com que o ser hum ano com um se põe frente ao
m undo da política tem a ver especificam ente com a condição italiana ou é de algum
m odo inevitável?
Acredito que atualmente estamos frente a um fenômeno novo que vai além do desencanto e da
desconfiança recíproca entre os cidadãos e o poder e tem a ver com o planeta inteiro. O que está
acontecendo é uma transformação radical das categorias com que estávamos acostumados a pensar a
política. A nova ordem do poder mundial funda-se sobre um modelo de governamentalidade que se
define como democrática, mas que nada tem a ver com o que este termo significava em Atenas. E que
12/15/13 “Deus não morreu. Ele tornou-se Dinheiro” | Entrevista com Giorgio Agamben | Blog da Boitempo
blogdaboitempo.com.br/2012/08/31/deus-nao-morreu-ele-tornou-se-dinheiro-entrevista-com-giorgio-agamben/ 4/13
este modelo seja, do ponto de v ista do poder, mais econômico e funcional é provado pelo fato de que
foi adotado também por aqueles regimes que até poucos anos atrás eram ditaduras. É mais simples
manipular a opinião das pessoas através da mídia e da telev isão do que dever impor em cada
oportunidade as próprias decisões com a v iolência. As formas da política por nós conhecidas – o Estado
nacional, a soberania, a participação democrática, os partidos políticos, o direito internacional – já
chegaram ao fim da sua história. Elas continuam v ivas como formas vazias, mas a política tem hoje a
forma de uma “economia”, a saber, de um governo das coisas e dos seres humanos. A tarefa que nos
espera consiste, portanto, em pensar integralmente, de cabo a cabo, aquilo que até agora hav íamos
definido com a expressão, de resto pouco clara em si mesma, “v ida política”.
O estado de exceção, que o senhor vinculou ao conceito de soberania, hoje em dia parece
assum ir o caráter de norm alidade, m as os cidadãos ficam perdidos perante a incerteza na
qual v ivem cotidianam ente. É possível atenuar esta sensação?
Vivemos há decênios num estado de exceção que se tornou regra, exatamente assim como acontece na
economia em que a crise se tornou a condição normal. O estado de exceção – que deveria sempre ser
limitado no tempo – é, pelo contrário, o modelo normal de governo, e isso precisamente nos estados
que se dizem democráticos. Poucos sabem que as normas introduzidas, em matéria de segurança,
depois do 11 de setembro (na Itália já se hav ia começado a partir dos anos de chumbo) são piores do
que aquelas que v igoravam sob o fascismo. E os crimes contra a humanidade cometidos durante o
nazismo foram possibilitados exatamente pelo fato de Hitler, logo depois que assumiu o poder, ter
proclamado um estado de exceção que nunca foi revogado. E certamente ele não dispunha das
possibilidades de controle (dados biométricos, v ideocâmeras, celulares, cartões de crédito) próprias
dos estados contemporâneos. Poder-se-ia afirmar hoje que o Estado considera todo cidadão um
terrorista v irtual. Isso não pode senão piorar e tornar impossível aquela participação na política que
deveria definir a democracia. Uma cidade cujas praças e cujas estradas são controladas por
v ideocâmeras não é mais um lugar público: é uma prisão.
A grande autoridade que m uitos atribuem a estudiosos que, com o o senhor, investigam a
natureza do poder político poderá trazer-nos esperanças de que, dizendo-o de form a
banal, o futuro será m elhor do que o presente?
Otimismo e pessimismo não são categorias úteis para pensar. Como escrev ia Marx em carta a Ruge: “a
situação desesperada da época em que v ivo me enche de esperança”.
Podem os fazer-lhe um a pergunta sobre a aula que o senhor deu em Scicli? Houve quem
lesse a conclusão que se refere a Piero Guccione com o se fosse um a hom enagem devida a
um a am izade enraizada no tem po, enquanto outros viram nela um a indicação de com o
sair do xeque-m ate no qual a arte contem porânea está envolvida.
Trata-se de uma homenagem a Piero Guccione e a Scicli, pequena cidade em que moram alguns dos
mais importantes pintores v ivos. A situação da arte hoje em dia é talvez o lugar exemplar para
compreendermos a crise na relação com o passado, de que acabamos de falar. O único lugar em que o
passado pode v iver é o presente, e se o presente não sente mais o próprio passado como v ivo, o museu
e a arte, que daquele passado é a figura eminente, se tornam lugares problemáticos. Em uma sociedade
12/15/13 “Deus não morreu. Ele tornou-se Dinheiro” | Entrevista com Giorgio Agamben | Blog da Boitempo
blogdaboitempo.com.br/2012/08/31/deus-nao-morreu-ele-tornou-se-dinheiro-entrevista-com-giorgio-agamben/ 5/13
que já não sabe o que fazer do seu passado, a arte se encontra premida entre a Cila do museu e
a Caribdis da mercantilização. E muitas vezes, como acontece nos templos do absurdo que são os
museus de arte contemporânea, as duas coisas coincidem.
Duchamp talvez tenha sido o primeir o a dar-se conta do beco sem saída em que a arte se meteu. O que
faz Duchamp quando inventa o ready-made? Ele toma um objeto de uso qualquer, por exemplo, um
vaso sanitário, e, introduzindo-o num museu, o força a apresentar-se como obra de arte. Naturalmente
– a não ser o breve instante que dura o efeito do estranhamento e da surpresa – na realidade nada
alcança aqui a presença: nem a obra, pois se trata de um objeto de uso qualquer, produzido
industrialmente, nem a operação artística, porque não há de forma alguma uma poiesis, produção – e
nem sequer o artista, porque aquele que assina com um irônico nome falso o vaso sanitário não age
como artista, mas, se muito, como filósofo ou crítico, ou, conforme gostava de dizer Duchamp, como
“alguém que respira”, um simples ser v ivo.
Em todo caso, certamente ele não queria produzir uma obra de arte, mas desobstruir o caminhar da
arte, fechada entre o museu e a mercantilização. Vocês sabem: o que de fato aconteceu é que um
conluio, infelizmente ainda ativo, de hábeis especuladores e de “v ivos” transformou o ready-made em
obra de arte. E a chamada arte contemporânea nada mais faz do que repetir o gesto de Duchamp,
enchendo com não-obras e performances em museus, que são meros organismos do mercado,
destinados a acelerar a circulação de mercadorias, que, assim como o dinheiro, já alcançaram o estado
de liquidez e querem ainda valer como obras. Esta é a contradição da arte contemporânea: abolir a obra
e ao mesmo tempo estipular seu preço.
***
Leia também A crise infindável como instrumento de poder. Uma conversa com Giorgio Agamben e
Quando a religião do dinheiro devora o futuro, de Giorgio Agamben, no Blog da Boitempo.
***
12/15/13 “Deus não morreu. Ele tornou-se Dinheiro” | Entrevista com Giorgio Agamben | Blog da Boitempo
blogdaboitempo.com.br/2012/08/31/deus-nao-morreu-ele-tornou-se-dinheiro-entrevista-com-giorgio-agamben/ 6/13
Sobre o autor
Giorgio Agam ben nasceu em Roma em 1942. É um dos principais intelectuais de sua geração, autor
de muitos livros e responsável pela edição italiana das obras de Walter Benjamin. Deu cursos em várias
universidades europeias e norte-americanas, recusando-se a prosseguir lecionando na New Y ork
University em protesto à política de segurança dos Estados Unidos. Foi diretor de programa no Collège
International de Philosophie de Paris. Mais recentemente ministrou aulas de Iconologia no Istituto
Universitario di Architettura di Venezia (Iuav), afastando-se da carreira docente no final de 2009. Sua
obra, influenciada por Michel Foucault e Hannah Arendt, centra-se nas relações entre filosofia,
literatura, poesia e, fundamentalmente, política. Entre seus principais livros destacam-se Homo
sacer (2005), Estado de exceção (2005), Profanações (2007 ), O que resta de Auschwitz (2008) e O
reino e a glória (2011), os quatro últimos publicados no Brasil pela Boitem po Editorial.
ebooks
Todos os títulos de Giorgio Agamben publicados no Brasil pela Boitempo já estão disponíveis
em ebooks, com preços até m etade do preço do livro im presso. Confira:
Estado de exceção [Homo Sacer, II, 1] * PDF (Travessa | Google)
O reino e a glória [Homo Sacer, II, 2] * ePub (Amazon | Travessa)
Opus Dei [Homo Sacer, II, 5] * epub (Amazon | Travessa | Google)
O que resta de Auschwitz [Homo Sacer, III] * PDF (Travessa | Google)
Profanações * PDF (Travessa | Google)
12/15/13 “Deus não morreu. Ele tornou-se Dinheiro” | Entrevista com Giorgio Agamben | Blog da Boitempo
blogdaboitempo.com.br/2012/08/31/deus-nao-morreu-ele-tornou-se-dinheiro-entrevista-com-giorgio-agamben/ 7/13
Compartilhe:
Imprimir
Curtir isso:
6 bloggers like this.
Gosto
39 RESPOSTAS PARA “DEUS NÃO MORREU. ELE TORNOU-SE DINHEIRO” | ENTREVISTA COM
GIORGIO AGAMBEN
Facebook 10K+ Twitter 193 Google LinkedIn 3 Email
Relacionado
Um “Império latino” contra a híp… O sacro dilema do inoperoso: a … A crise infindável como instrum…
Em "Colaborações especiais" Em "Antonio Negri" Em "Entrevistas"
Esse post foi publicado em Entrev istas, Giorgio Agamben. Bookmark o link permanente.
serge | 31/08/2012 às 23:27 | Resposta
1 . amigo de heiddeger (um nazista notório) não deve ser referência para ninguém sobretudo
quando se é italiano. 2. de fato, a Itália foi v ítima de um golpe branco dos mercados.
berlusconi era talvez um “palhaço obsceno”, mas era eleito. se BOBBIO estivesse v ivo, acho
que defenderia o velho silv io…quem diria? 3. a teoria crítica está mais do que nunca de
atualidade. adorno, horkeimer e benjamin precisam ser “retomados”. 4. estamos v ivendo o
fim de um modelo político que consegui mesclar a economia e a política num pacto entre
capitalista e trabalhadores mediantes o papel conciliar do estado capitalista democrático. a
economia política parece perder qualquer relevância teórica. hoje, v ivemos a ditadura da
finança.
Ricardo Moreno de Melo | 29/03/2013 às 15:48 | Resposta
Serge, sua análise é boa, menos o fato de descartar Agamben por conta da amizade co
Heidegger. Isso me pareceu simplista. De todo modo posso também estar sendo simplista
por emitir juízo sem saber que tipo de amizade era essa. Mas alguém que renuncia a um
espaço acadêmico nos EUA, como fez Agamben, demonstra muita coerência
principalmente quando se sabe que este é o maior estado terrorista em ativ idade na
história recente do mundo. Abraços!
Ana | 09/07/2013 às 23:00 | Resposta
Nossa que historia é essa de ainda por cima italiano? Nazista esta parecendo ser você!
Credo!
Pedro Gabriel | 28/09/2013 às 22:04 | Resposta
12/15/13 “Deus não morreu. Ele tornou-se Dinheiro” | Entrevista com Giorgio Agamben | Blog da Boitempo
blogdaboitempo.com.br/2012/08/31/deus-nao-morreu-ele-tornou-se-dinheiro-entrevista-com-giorgio-agamben/ 8/13
As recentes tentativas de rejeitar Heidegger como “filósofo nazista” assemelham-se às
tentativas nazistas de rejeitar a teoria da relativ idade de Einstein como “física judaica”.
Em ambos os casos, pede-se que confrontemos um corpo de pensamento, não a outros
corpos de pensamento, mas a algo de mais facilmente acessível — nossas intuições morais.
Se você estiver de antemão convencido de que a própria noção de relativ idade é fruto da
decadência cultural, terá fugido ao esforço de, primeiro, atravessar um sem-número de
equações, para só então decidir se os fenômenos físicos podem ser explicados de modo
não-relativ ístico. Se você estiver certo de que as próprias idéias de “experiência
autêntica” ou de “nostalgia pela voz do Ser” são inerentemente fascistas, ter-se-á poupado
o trabalho de comparar a versão heideggeriana da história da filosofia ocidental às
versões de Hegel, Dewey , Popper e Blumenberg, entre outros; isso para não falar das
etimologias fantasiosas e dos neologismos idiossincráticos do autor alemão. E, afora tudo
isso, você estará livre para deixar de lado os livros daqueles que se deixaram influenciar
por Heidegger — Derrida, De Man, Foucault —, incluindo-os sob a rubrica de tralha
desacreditada.
(Richard Rorty )
Bruno | 01/09/2012 às 18:27 | Resposta
Realmente, hoje v ivemos a ditadura da finança. Uma ditadura que só é possível porque o
Estado, as corporações midiáticas e as religiões (num menor grau) lhe dão uma ampla base
de sustentação.
Leopoldo Thiesen | 04/09/2012 às 15:13 | Resposta
Trata-se do exercício da força e da exploração através do direito da propriedade privada dos
recursos naturais e dos meios de produção, tornada líquida e com renda cumulativa
automática no capital financeiro, que hoje poem de joelhos não apenas indiv íduos e
empresas, mas também os Estados e já não apenas os Estados pobres e subdesenvolv idos.
Nada há de novo nisso. É apenas o desdobramento histórico do direito ilimitado de
propriedade privada. E não sairemos disso, enquanto reverenciarmos e nos submetermos a
este ícone.
Rita de Cássia | 04/09/2012 às 18:49 | Resposta
Rita de Cássia 04/09/2012
Não devemos confundir política financeira e religião. Ambas fazem parte de nossas v idas
mas, são assuntos diferenciados. Minha opinião é que se alguns religiosos se infiltrarem na
política, assim acredito que teremos muitos problemas, porque irão usar a religião para
desfrutarem de votos para suas campanhas eleitoreiras. Temos que ficar atentos a essas
coisas e, buscarmos estudar mais sobre a VIDA e DEUS.
Jean De Mulder F. | 08/09/2012 às 18:36 | Resposta
Ditadura de finanças….sim …!! ¿ Quem tá na frente da economía ? Entoe, ¿ quem nao debe dar
tregua a supremacía da economía das finanças ? A política….!! Ergo, a questao, é altura moral
12/15/13 “Deus não morreu. Ele tornou-se Dinheiro” | Entrevista com Giorgio Agamben | Blog da Boitempo
blogdaboitempo.com.br/2012/08/31/deus-nao-morreu-ele-tornou-se-dinheiro-entrevista-com-giorgio-agamben/ 9/13
da política, iso que deve ser elevado…
Acho que Bobbio nao defendería a Berlusconi, ( sim duvida nao concordaría pelo menos nas
festas bacanais ) . Nao fiz o mesmo Sarkosy tirando a eleitores um orologio de mas de EUR
3000?). Penso que Bobbio apenas diría que foi democráticamente eleito……
Será que os mesmos presidentes sao inconscientes o nao sabem como donduzir-se com
altura, frente a este tipo de ditaduras, sendo presas eles mismos primero.
Acho que muitas coisas da ditadura das finanças está na inmaduritá mesma dos presidentes…
ainda democráticamente eleitos: certamente nao podem se chamar “Jefes do
Estado”…….categoría superior…. que poucos logram ser reconhocidos asim pelos cidadaos.
vilmar trevisol | 22/09/2012 às 19:27 | Resposta
Não sou especialista no assunto tão gigante. No entanto, desde as cruzadas até nossos dias o
dinheiro é um entrave a pseudo democracia que é postulada. Direitos iguais onde? Como já
mencionei no face: única democracia que é eficaz é a da patologia, digo melhor, o câncer, as
neoplasias malignas elas abraçam a todos, amarelos, branco, verde. A inquisição é uma bela
amostra da isonomia de crenças. O capitalismo crava o punhal até sangrar. Basta entender
quem assassinou Jesus Cristo? Logo Poder política e Igreja são farinha da mesma bolsa. Li
um livro, em 1981, ” de Léu Uberman, Onde o mesmo fazia um paralelo entre a igreja e o
poder.(” a história e a riqueza do homem”), se não estou enganado.A igreja mente quando diz
que não há reencarnação, quando na ressurreição Jesus reencarnou, única diferença que foi
no seu próprio corpo.
Francisco Carlos Lopes | 27/03/2013 às 18:01 | Resposta
Fundamental. São coisas assim que precisamos ler, o tempo todo.
Oscar Cox | 27/03/2013 às 20:43 | Resposta
Salvo engano, Agamben está citando Walter Benjamin no primeiro parágrafo. (o fragmento
7 4, “Capitalismo como Religião”)
Tony | 28/03/2013 às 0:56 | Resposta
Filosofia americana ” Money talks, bullshit walks”
Ema | 28/03/2013 às 12:25 | Resposta
Quando vejo a publicação de uma obra de arte “importante”, “significativa”, com os dizeres
“Acervo particular” me remete à gaiola com um pássaro preso.
Manuel Fernando Alves | 29/03/2013 às 0:12 | Resposta
Agamben v ive e respira dentro da obra de Benjamin. Benjamin e certo esta cada vez mais
actual, e a historia lhe vai dando razao. Nesta entrev ista Agamben cita muita vez Benjamin
sem lhe dar credito. Muita da obra de Agamben e uma tentativa de explicar melhor
Benjamin, que e um filosofo enigmatico e denso. O capitalismo e uma religiao por muitos
Seguir
Seguir “Blog daBoitempo”
Obtenha todo post novo
entregue na sua caixa de
entrada.
Junte-se a 1.053 outrosseguidores
Insira seu endereço de e-mail
Cadastre-me
Tecnologia WordPress.com
12/15/13 “Deus não morreu. Ele tornou-se Dinheiro” | Entrevista com Giorgio Agamben | Blog da Boitempo
blogdaboitempo.com.br/2012/08/31/deus-nao-morreu-ele-tornou-se-dinheiro-entrevista-com-giorgio-agamben/ 10/13
motivos, e porque a sua base ideologica e no fundo teologica. Promete-nos redencao atraves
de uma ideia terrea de sucesso. Sucesso esse medido pela acomulacao de dinheiro. Se formos
a ver e a ideia protestante que rege o mundo hoje. A redencao nao atraves da graca mas sim
atraves das obras,
Júlio Andrade | 29/03/2013 às 1:30 | Resposta
Muuuuuuiiiiiittttttttooooooooooo
BBBBBBBBBBOOOOOOOOOOOOOOOMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM!!!!!
Ana Paula Fitas | 29/03/2013 às 11:22 | Resposta
Levei para o meu blogue “A Nossa Candeia” – com a dev ida indicação da fonte,
naturalmente! Obrigada pela partilha
Pingback: Entrevista com Giorgio Agamben: Deus não morreu, transformou-se em dinheiro | Hum Historiador
Adriana Maria Albuquerque Frota | 29/03/2013 às 19:40 | Resposta
Necessitamos sempre dessas leituras desses textos de conteúdo e significância
contemporânea.
Haha_haha | 29/03/2013 às 19:46 | Resposta
Filósofo de férias?!…..hahahhahaha…………pelo menos vcs alegram meu dia!
jovic | 30/03/2013 às 9:29 | Resposta
Politica e religão estão de braço dado.Ambas situações se aproveitam uma da outra.Existem
vários casos em todo o mundo e em Portugal há o exemplo do Partido que se define como
democrata cristão (CDS) que em campanhas eleitorais se aproveitam dos valores da religião
para convencerem os mais incautos a caírem em armadilha
jandira leite titonel | 30/03/2013 às 11:40 | Resposta
TEMPLO É DINHEIRO
Ou dá ou desce,ele diz…
Ou dá ou desce!
Dê TUDO,que vc vai ser feliz!
Ou dá ou desce,ele diz…
Ou dá ou desce!
Dê TUDO,que vc vai ser feliz!
Deio TUDO porque tinha muita fé!
E agora,seu pastor,como é que é?
Estou numa de horror
Me diga,por favor…
12/15/13 “Deus não morreu. Ele tornou-se Dinheiro” | Entrevista com Giorgio Agamben | Blog da Boitempo
blogdaboitempo.com.br/2012/08/31/deus-nao-morreu-ele-tornou-se-dinheiro-entrevista-com-giorgio-agamben/ 11/13
Não tenho nem dinheiro pro café!
Fui a primeira vez,ele mandou eu dar…
Fui a segunda vez,ele mandou eu dar…
Agora,vejam onde é que eu fui parar!!
Raveli | 30/03/2013 às 16:03 | Resposta
Excelente obra a altura do filósofo italiano que com grande lucidés e clareza de pensamento
nos leva a entender os ritos-mecanismos destrutivos da nova religião mundial. Recomendo!
Eliandro | 30/03/2013 às 20:17 | Resposta
A Nova ordem mundial consiste na manipulição da mente através da telev isão e meios de
comunicação em geral.vamos aproveitar a liberdade da internet enquanto ainda temos.E que
Deus nos ajude.
Emanuel Andrade | 30/03/2013 às 22:07 | Resposta
Eis que a picaretagem reina em todos os lares.
Rick | 06/04/2013 às 13:20 | Resposta
Eu dôo sangue….mas só pelo lanche.
...AVOA! Núcleo Artístico | 10/06/2013 às 3:50 | Resposta
Republicou isso em …AVOA! Núcleo Artístico.
Roberto Luis Costa | 12/06/2013 às 20:58 | Resposta
Caralho ,percebi quase isso, o deus que destroi e cria uma nova civ ilizaçao ao seu bel prazer,
o dinheiro.
Roberto Luis Costa | 12/06/2013 às 21:00 | Resposta
O mundo que livra do passado e de sua historia , e cria uma nova sociedade
global,destruindo a arte e a natureza , ultrpassadas e cria a nova paisagem global.
Pingback: Deus não morreu. Ele tornou-se Dinheiro
Pingback: GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS DE GEOGRAFIA HISTÓRICA
Mauricio | 15/07/2013 às 16:35 | Resposta
Como a democracia atual poderia ser idêntica à q v igorava em Atenas? A imensa
complexidade e escala das sociedades atuais não tem paralelo com a Antiguidade e a Grécia
12/15/13 “Deus não morreu. Ele tornou-se Dinheiro” | Entrevista com Giorgio Agamben | Blog da Boitempo
blogdaboitempo.com.br/2012/08/31/deus-nao-morreu-ele-tornou-se-dinheiro-entrevista-com-giorgio-agamben/ 12/13
Arcaica. Mas Atenas felizmente ainda serve como modelo, mas não para ser copiado tal e
qual, obv iamente, como parece pretender o autor. E tampouco o regime de Sólon parece
serv ir de modelo para grande parte da humanidade. Serve apenas para EUA, Europa
Ocidental, Japão, Índia, Austrália, NZ, Israel, 2 ou 3 países da América Latina, África do Sul e
Canadá. Para os demais serve apenas de fachada, ou nem mesmo isso.
Falando nisso, ele afirma q o Estado nacional está obsoleto. Só se for na Europa, pq na
América Latina, Ásia e Oriente Médio ele é muito maior do q deveria ser.
Esnobismo japonês? Eles renunciaram a todo conteúdo histórico? Mas não mesmo! Ele não
deve ter muitas notícias do Japão ultimamente. E ademais, o q queria o autor? Q os japoneses
se v ingassem da derrota de 1945? Eles escolheram o sábio caminho do recomeço…
Até concordo com a idolatria q hoje há em relação ao dinheiro. Porém o materialismo de
forma alguma é “capitalista”, apenas, como aliás afirma a própria auto-denominação
“materialismo histórico”. Os regimes socialistas tb perseguiram (e perseguem) o crescimento
econômico a qq preço – literalmente, mesmo se tratando de v idas humanas (o q na China,
aliás, sempre foi o item mais descartável…). Só q o fazem sem deixar nenhum espaço para a
auto-expressão, a criativ idade e o progresso do indiv idual. Na verdade, sabemos q o
socialismo foi e permanece sendo apenas um capitalismo de Estado, um “atalho”
autoritário/totalitário para o industrialismo e a poluição, mas sem direito a contestação, e
cheio de razão…
E sobre os comentários… Bem, o do Vilmar Trev isol é muito louco, cara… E aos q acham q
ser amigo de Heidegger é uma credencial ruim, lembrem-se de q Hannah Arendt foi mais do q
sua amiga. E ela LEU Heidegger. Acho q ser amigo de Pasolini é bem pior. Já conseguiram
assistir os filmes dele?
Pingback: Cristianismo como religião: a vocação messiânica | Blog da Boitempo
Pingback: A crise infindável como instrumento de poder: uma conversa com Giorgio Agamben | Blog daBoitempo
Rita Da Silva Camillo | 17/07/2013 às 20:33 | Resposta
“Se o mundo que v ivêssemos não fosse materialista alimentos (nutrição), v iver, estudar,
crescer seria diferente. Muito estranho pensarmos em “Deus” desv inculado do dinheiro que
é o meio para alcançarmos qualidade de v ida, conforto, paz interior e jamais o fim. Estar feliz
tem um custo todos sabemos: Internet, telefone, livros, músicas, roupas, v iagens, lazer,
gerar filhos e sustentá-los. A maioria de nós não nasceremos numa tribo ou grupo aborígene
que consegue se autossustentar com a ajuda do trabalho coletivo e as dádivas da natureza
Então reconhecer um “Deus” no planeta Terra não material penso… seria não nascermos,
nem corrermos em direção ao óvulo no momento da fecundação. Uma mulher saudável
precisa se cuidar e cuidar de seu bebê e é um ato de amor. O dinheiro? Foi apenas um meio de
trazer um humano bem cuidado… o sentimento de dever cumprido. Cada um gasta o quanto
quer em sua religião, o quanto pode sabendo que o valor em si gasto não é pra “Deus” e sim
para sua melhor sabedoria e compreensão em livros e filosofias correspondentes a sua fé e
ética moral.”
12/15/13 “Deus não morreu. Ele tornou-se Dinheiro” | Entrevista com Giorgio Agamben | Blog da Boitempo
blogdaboitempo.com.br/2012/08/31/deus-nao-morreu-ele-tornou-se-dinheiro-entrevista-com-giorgio-agamben/ 13/13
Blog no WordPress.com. O tema Coraline.
Diogo Romanov | 17/07/2013 às 21:10 | Resposta
Como todo filósofo, Agamben nos leva à reflexão. Se concordamos, ou discordamos; se
entendemos e compreendemos as suas raízes epistemológicas e os paradigmas conceituias
históricos que lhe são próprios; ou se podemos complementar e aperfeiçoar às suas teses ou
confirmar ou desmentir às suas hipóteses, o importante, em tudo isso, é que ao fazê-lo
estamos saindo do conforto anestésico da inanição social e reflexiva e nos colocando no
caminho produtivo e necessário de pensar o mundo atual e teorizar explicações que nos
ajudem indiv idual e coletivamente a sairmos das sombras políticas nas quais se encontram
hoje toda a Humanidade. Aparentemente temos liberdade. Mas uma liberdade condicionada
pelo modelo capitalista e por seu principal agente: o mercado financeiro. Este age e reage
para influenciar e determinar às ações governamentais (na gestão administrativa, na
processo legislativo e até nas decisões das cortes de justiça), tanto na paz como na guerra,
deixando pouco ou nenhum espaço para o exercício cív ico e coletivo (partidário ou não) da
Soberania popular ou da sobreposição de regras éticas e humanistas sobre o seu modus
operandii na relação sociológica Estado-mercado. Encontrar uma forma simples e objetiva
de introduzir o terceiro elemento nessa relação, para que ela deixe-se de dual, é o grande
desafio que temos pela frente, o qual consiste em: como fazer com que a Sociedade Civ il
tenha meios práticos e diretos, dentro das instituições representativas e de regulamentação
econômica, de se fazer ouvir e obedecer tanto pelo Estado quanto pelo mercado, a fim de
resgatarmos à verdadeira soberania nacional, regional, local e cív ica que se tornou lendária
em Atenas, há mais de 2.500 anos.
Pingback: Benjamin e o capitalismo | Blog da Boitempo
Pingback: C o o l tura
Pingback: Benjamin e il capitalismo | Baierle & Co.
Pingback: Estado de exceção se tornou regra na política, como a crise virou regra na economia, diz filósofoitaliano | O Escriba