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RESENHA CRÍTICA DO LIVRO “DEVER DO ADVOGADO” DE RUI BARBOSA Rui Barbosa é nosso velho conhecido no Curso de Direito porque não são poucos os professores que o tem como guia e mestre. Do que entendemos do livro, o assunto é sobre um crime passional que ocorreu em meio à Candidatura de Hermes da Fonseca. O acusado era Mendes Tavares, que procurou os serviços do advogado Evaristo de Morais, que por sua vez consultou um antigo colega chamado Rui Barbosa sobre as dificuldades que estava tendo em aceitar o caso. Sendo assim, o livro se divide em consulta, carta, resposta e observações, cada parte se tratando de uma abordagem sobre o mesmo assunto: a ética profissional. Desde aquele tempo isso já era um assunto cheio de polêmicas e ainda o é! Quanto ao caso que Evaristo foi consultado a defender, o seu temor era aceitar lealmente defender aquele que poderia ter encomendado um crime tão terrível e hediondo. Contudo, Rui Barbosa, como mestre, lhe observou que se Evaristo era mesmo um advogado, não deveria escolher causa ou cliente e sim defender quem invocava o seu auxílio profissional, mesmo sabendo ser o seu cliente culpado. A observação é que, mesmo sendo o criminoso, todo mundo tem direito a defesa, e o advogado tem a função de se fazer presente e ser a voz do seu cliente. Se formos ‘parar para pensar’, as coisas como estão hoje e a profissão como está também, não tem porque ficarmos escolhendo cliente. Onde é que já se viu, pegar ou não o

Dever do advogado + crítica

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RESENHA CRÍTICA DO LIVRO “DEVER DO ADVOGADO” DE RUI BARBOSA

Rui Barbosa é nosso velho conhecido no Curso de Direito porque não são poucos os

professores que o tem como guia e mestre. Do que entendemos do livro, o assunto é sobre um

crime passional que ocorreu em meio à Candidatura de Hermes da Fonseca.

O acusado era Mendes Tavares, que procurou os serviços do advogado Evaristo de

Morais, que por sua vez consultou um antigo colega chamado Rui Barbosa sobre as

dificuldades que estava tendo em aceitar o caso. Sendo assim, o livro se divide em consulta,

carta, resposta e observações, cada parte se tratando de uma abordagem sobre o mesmo

assunto: a ética profissional.

Desde aquele tempo isso já era um assunto cheio de polêmicas e ainda o é! Quanto ao

caso que Evaristo foi consultado a defender, o seu temor era aceitar lealmente defender aquele

que poderia ter encomendado um crime tão terrível e hediondo. Contudo, Rui Barbosa, como

mestre, lhe observou que se Evaristo era mesmo um advogado, não deveria escolher causa ou

cliente e sim defender quem invocava o seu auxílio profissional, mesmo sabendo ser o seu

cliente culpado.

A observação é que, mesmo sendo o criminoso, todo mundo tem direito a defesa, e o

advogado tem a função de se fazer presente e ser a voz do seu cliente.

Se formos ‘parar para pensar’, as coisas como estão hoje e a profissão como está

também, não tem porque ficarmos escolhendo cliente. Onde é que já se viu, pegar ou não o

cliente porque ele é culpado ou não? Uma coisa é não pegar um cliente porque sabe que vai só

se incomodar, que não vai receber e enfim, que não ‘vale o trabalho’... outra coisa é julgar o

cliente e não querer defendê-lo porque ele é culpado.

O dever do advogado é defender ou acusar. Tanto faz. Se é contratado, aceitou o

contrato, e sendo assim tem que cumprir o contrato do início ao fim e ponto final, sem essa

história de ficar se polemizando se é certo ou se é errado defender um ladrão de galinha ou

um estuprador. A lei é a lei. A letra da lei diz o que deve ser feito e qual o direito a ser

aplicado. Não tem mistério. Agora, se o advogado achar que, por aceitar a causa, vai ‘deitar a

cabeça no travesseiro’ e não vai conseguir dormir, então nem aceite um serviço que não vai

dar conta!

Ora, me poupe essa conversa de dilema ético da profissão. Ninguém está pedindo para

o advogado se prostituir. É para defender alguém que precisa e pronto.

É o que penso. “E tenho o dito”!

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Letícia Padilha Ribeiro, Lages, 2009.