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Dezembro 2005 | FidelidadESPÍRITA Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP ASSINE: 0800 770-5990 1 ASSINE: (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

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Dezembro 2005 | FidelidadESPÍRITA

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 1ASSINE: (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

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SUMÁRIO

4 HISTÓRIA

NOVOS CONHECIMENTOS, NOVAS TRADUÇÕES

A tradução da Bíblia para as principais línguas daEuropa

8 ESCLARECIMENTO

O ESPIRITISMO NO BRASIL

O espiritualismo na Ásia e Europa e a difusão doEspiritismo no Brasil

11 SONHO

O SONHO DE JOSÉ E A ESTRELA DOS MAGOS

Os avisos por meio de sonhos

12 REFLEXÃO

AINDA O ABORTO

Conseqüências físicas e espirituais

14 CAPAH5N1 - O VÍRUS MORTALSaiba mais sobre a gripe asiática que vem seespalhando pelo mundo

20 NATAL

ORDEM DO MESTRE

Resgatando o verdadeiro significado da vinda deJesus à Terra

24 APRENDIZADO

O GATO ESPÍRITA

A importância da transformação moral

27 COM TODAS AS LETRAS

PRONUNCIE CERTO “GRATUITO” E “FLUIDO”Importantes dicas da nossa língua portuguesa

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Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Rua Luís Silvério, 120 – Vila Marieta 13042-010 Campinas/SPCNPJ: 01.990.042/0001-80 Inscr. Estadual: 244.933.991.112

Assinaturas

Assinatura anual: R$45,00(Exterior: US$50,00)

FALE CONOSCO

EDITORIALEdição

Centro de Estudos Espíritas

“Nosso Lar” – Depto. Editorial

Equipe Editorial

Adriana Levantesi

Rafael Dimarzio

Rodrigo Lobo

Sandro Cosso

Thais Cândida

Zilda Nascimento

Jornalista Responsável

Renata Levantesi (Mtb 28.765)

Editoração

Fernanda Berquó Spina

Rafael Augusto D. Rossi

Revisão

Equipe FidelidadEspírita

Administração e Comércio

Elizabeth Cristina S. Silva

Apoio Cultural

Braga Produtos Adesivos

Impressão

Citygráfica

O Centro de Estudos Espíritas

“Nosso Lar” responsabiliza-se

doutrinariamente pelos artigos

publicados nesta revista.

[email protected] (19) 3233-5596

Ninguém mais humilde que Ele, o Divino Governador da

Terra.

Podia eleger um palácio para a glória do nascimento, mas

preferiu sem mágoa a manjedoura simples.

Podia reclamar os princípios da cultura para o seu ministério

de paz e redenção; contudo, preferiu pescadores singelos para

instrumentos sublimes do seu verbo de luz.

Podia articular defesa irresistível a fim de dominar a governança

política; no entanto, preferiu render-se à autoridade, presente em

sua época, ensinando que o homem deve entregar ao mundo o

que ao mundo pertence, e a Deus o que é de Deus.

Podia banir de pronto do colégio apostólico o amigo invigilante,

mas preferiu que Judas conseguisse os seus fins, lamentáveis e

excusos, descerrando-lhe aos pés o caminho melhor.

Podia erguer-se ao Sol da plena vida eterna, sem voltar-se jamais

ao convívio humilhante daqueles que o feriram nos tormentos da

cruz; no entanto, preferiu regressar para o mundo, estendendo de

novo as mãos alvas e puras aos ingratos da véspera.

Podia constranger o espírito de Saulo a receber-lhe as ordens,

mas preferiu surgir-lhe qual companheiro anônimo, rogando-lhe

acordar, meditar e servir, em favor de si mesmo.

Em cristo, fulge sempre a humildade celeste, pela qual

aprendemos que, quanto mais poder, mais amplo o trilho augusto

aberto às nossas almas para que nos façamos, não apenas humildes

pelos padrões da Terra, mas humildes enfim pelos padrões de Deus.

Emmanuel

Antologia Mediúnica do Natal. Pág. 43.

Humildade Celeste

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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2005

HISTÓRIA

Novos Conhecimentos

Novas Traduçõespor Alan Millard

Uma importante realiza

ção da Reforma foi a

tradução da Bíblia para

as principais línguas da Europa. Nos

séculos anteriores, fizeram-se aqui

e ali algumas traduções a partir da

Vulgata latina. A versão inglesa de

John Wycliffe foi uma delas.

Com os novos conhecimentos da

Renascença, mais estudiosos sabi-

am o grego, e assim puderam fazer

traduções diretamente do Novo

Testamento grego. Aquela que

Lutero usou como base para sua

Bíblia alemã, e Tyndale para sua

versão inglesa, foi preparada pelo

famoso erudito Erasmo. Seu Novo

Testamento grego foi o primeiro a

ser impresso e publicado (em 1516).

Ele compôs o texto a partir de

alguns manuscritos que tinha em

mãos. Só um deles trazia o

Apocalipse, e faltava a última pá-

gina, com os seis versículos finais;

assim, Erasmo verteu a Vulgata la-

tina de volta para o grego!

Com algumas correções e mu-

danças, o texto grego de Erasmo foi

impresso seguidas vezes. No século

XVII, um editor holandês referiu-

se a ele como "texto recebido"

(textus receptus), e esse nome fi-

cou. Quando o rei Tiago I da In-

glaterra compôs uma comissão para

produzir uma versão inglesa livre

das parcialidades das anteriores, o

texto grego de Erasmo foi a base do

Novo Testamento.

Embora a edição de Erasmo se

tenha tornado modelar, os estudio-

sos logo mostraram que havia toda

sorte de diferenças entre ela e os

manuscritos gregos, notadamente

os mais antigos. Quando o patriar-

ca Cirilo Lucar deu de presente o

Códice alexandrino ao rei da In-

glaterra, acabou proporcionando

uma cópia mais antiga do que qual-

quer outra conhecida no século

XVII. A Poliglota de Walton, o

Novo Testamento em vários idio-

mas antigos publicado em Londres

em 1657, comentou suas variantes.

Ao longo de todo o século XVIII

continuou o trabalho de exame de

manuscritos do Novo Testamento e

de identificação de suas variantes.

O estudo das diferenças levou a

uma melhor compreensão de como

os escribas cometiam erros (v. "Er-

ros comuns") e à criação de dire-

trizes que orientassem a preferên-

cia de um texto em detrimento de

ouro.

Com a recuperação do Códice

sinaítico por Tischendorf, além das

suas pesquisas sobre outros manus-

critos, e ainda os trabalhos de vári-

O grande erudito renascentistaErasmo percebeu a necessidade deum texto impresso modelar do NovoTestamento grego. Seu trabalho foia basepara a maior parte dastraduções até o século XIX

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HISTÓRIA

O Novo Testamento traduzido por

Erasmo foi o primeiro a ser impresso

e publicado em 1516

os outros estudiosos, o século XIX

presenciou importante mudança de

opinião.

Ficaram claras as limitações do

texto tradicional ou "recebido" de

Erasmo. De fato ele preservara as

palavras dos autores mas depois de

terem sofrido algumas mudanças e

harmonizações. A fim de apresen-

tar ou traduzir com precisão aquilo

que escreveram os autores do Novo

Testamento, esse texto precisava de

algumas revisões que o colocassem

em acordo com manuscritos mais

antigos.

Na Inglaterra, a Versão revisa-

da de 1881 foi a primeira tradução

a romper com o texto tradicional

em determinados trechos. Desde

então, a maioria das traduções tem

feito o mesmo. Para alguns cristãos,

isto é desconcertante. Por que a

Bíblia deveria sofrer essas mudan-

ças? Como é que a igreja pôde exis-

tir por tanto tempo tendo cópias

falhas dos seus documentos funda-

mentais? Será que os manuscritos

muito antigos são realmente supe-

riores ao texto tradicional?

Essas questões foram levantadas

há cem anos e, como persistem ain-

da hoje, merecem atenção. A últi-

ma de delas é fundamental: se a

maioria dos cerca de cinco mil ma-

nuscritos gregos do Novo Testamen-

to, ou partes dele, apresentam tex-

tos como o de Erasmo, por que se

deveria pensar que um pequeno

número discordante é melhor?

Os pregadores têm o intuito de “darvida à Bíblia”. Para ajudar o povoinculto da Idade Média, os escribasacrescentaram ilustrações ao textoda Bíblia. As personagens bíblicasaparecem como se vivessem naIdade Média. No século XII, o Cristoda Bíblia de Winchester aparece“atormentando” o inferno

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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2005

HISTÓRIA

Cópias antigas não são

necessariamente as melhores

Só a idade não pode dar pri-

mazia a essa porção minoritária.

Cópias antigas não são necessari-

amente melhores. Algumas pesso-

as sustentam que manuscritos

como o Códice sinaítico sobrevi-

veram porque eram cópias ruins.

Pouco usadas, não foram lidas à

exaustão como as boas que, por

isso mesmo, acabaram desapare-

cendo.

Três linhas de argumento res-

pondem a essas questões. Primei-

ra: se existissem somente duas ou

três cópias do século IV, como os

códices do Sinai ou do Vaticano,

sua sobrevivência como cópias

falhas relegadas a armários som-

brios seria uma explicação acei-

tável. Mas acontece que seu tes-

temunho é corroborado por todas

as outras cópias de idade igual ou

superior. Nos trechos em que há

diferenças em relação ao texto

tradicional, eles freqüentemente

as partilham; raramente um de-

les sustenta a forma tradicional

nessas passagens. Seu número e

as circunstâncias das descobertas

tornam estatisticamente imprová-

vel que todos fossem cópias rejei-

tadas e que toda cópia "boa" te-

nha perecido completamente.

Segunda: não há democracia

nos estudos textuais; a voz da mai-

oria não prevalece. O conheci-

mento dos hábitos dos escribas e

da história da cópia deixa isso

bem claro. Quase todos os manus-

critos do Novo Testamento foram

feitos depois do século IV. Qual-

quer um que provenha de data

anterior demanda investigação

especial. Eles revelam as formas

dos livros do Novo Testamento

correntes nos primeiros séculos da

vida da igreja. Se os métodos nor-

mais de estudo de textos antigos

mostrarem que esses têm carac-

terísticas de textos mais antigos

em comparação ao texto tradici-

onal, então obviamente terão pre-

ferência.

Durante 1400 anos os escribascristãos copiaram seus livrossagrados à mão, como João o faznesse evangelho grego do século XI.A invenção da imprensa permitiuque Erasmo e os reformadorespopularizassem a Bíblia de modomuito mais fácil e barato

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Dezembro 2005 | FidelidadESPÍRITA

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 7ASSINE: (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

HISTÓRIA

Todos os manuscritos do Novo

Testamento sofrem das falhas dos seus

copistas humanos

Fonte:

MILLARD, Alan. Descobertas dos Tempos

Bíblicos. Págs. 342 - 345. VIDA. São Paulo/

SP. 1999.

Terceira: há um conjunto dis-

tinto de provas bastante

reveladoras. Passagens do Novo

Testamento aparecem com fre-

qüência nos livros dos primeiros

mestres e estudiosos cristãos (os

pais). Esses homens citavam de

memória as passagens mais curtas;

as mais longas podem ter sido co-

piadas de manuscritos - embora

suas memórias fossem provavel-

mente melhores do que muita

gente imagina hoje. O notável é

que essas citações tendem a con-

cordar com os textos mais antigos,

e não com o tradicional, nos tre-

chos em que há diferenças. Se o

texto tradicional estivesse em uso

na época, certamente os líderes

cristãos o teriam citado!

Esses argumentos são todos

válidos. O texto tradicional pre-

cisa ser avaliado pelos parâmetros

aplicados a todos os textos e ma-

nuscritos antigos. É absurdo ale-

gar que o Novo Testamento for-

ma uma categoria isolada só por

ser Escritura. Todos os manuscri-

tos do Novo Testamento, seja qual

for o texto que tragam, sofrem das

falhas dos seus copistas humanos.

Casos de acréscimos e harmoni-

zações são típicos de um texto tar-

dio, e isso facilmente se vê no tex-

to tradicional do Novo Testamen-

to grego. Os evangelhos são can-

didatos óbvios à harmonização.

Um caso evidente está em

Lucas 23.38: "E por cima fixou-se

também uma inscrição em letras

gregas, latinas e hebraicas" (Ver-

são autorizada [do rei Tiago]). As

traduções modernas omitem a lis-

ta de "letras". Essas palavras ocor-

rem em várias cópias em ordens

diferentes, e estão ausentes do

Papiro de Bodmer (início do sé-

culo III) e do Códice vaticano. A

melhor explicação para isso é que

as palavras talvez não fizessem

parte do texto original de Lucas,

mas foram inseridas nele por ana-

logia com o relato de João. Se as

palavras pertenciam a Lucas ori-

ginariamente, não há como expli-

car essa omissão ou confusão.

Mudanças de tendências reli-

giosas também influenciaram os

copistas. Onde o texto tradicio-

nal dá: "José e sua mãe admira-

ram-se das coisas que dele se di-

ziam" (Lucas 2.33), as cópias mais

antigas trazem: "O pai e mãe do

menino" (compare com Versão

modelar revisada, Bíblia na lin-

guagem de hoje e Nova versão

internacional). À medida que

crescia dentro da igreja a impor-

tância de Maria, os copistas pas-

saram a sentir necessidade de eli-

minar qualquer coisa que pudes-

se lançar dúvida sobre a doutrina

do nascimento virginal de Jesus.

Os passos dados pelos estudio-

sos no século XIX rumo à revela-

ção da história do texto grego do

Novo Testamento faziam parte de

um processo mais amplo. Cópias

de famosos clássicos gregos e la-

tinos, encontradas entre os papi-

ros do Egito, tiveram efeitos se-

melhantes sobre o estudo desses

textos. Em conseqüência, os er-

ros dos escribas puderam ser cor-

rigidos, as linhas omitidas pude-

ram ser restauradas e as expres-

sões impropriamente acrescenta-

das puderam ser eliminadas, ge-

rando textos mais próximos às pa-

lavras escritas pelos autores.

Isolar o Novo Testamento des-

se processo seria um grande erro.

Antes, todos os que o apreciam

deveriam alegrar-se ao ver que ele

pode ser tratado do mesmo modo

que textos de idade equivalente.

Dessa forma seu estudo torna-se

mais preciso. Num aspecto ele so-

bressai aos outros. Em muitos dos

clássicos os estudiosos precisam

propor mudanças nas palavras a

fim de dar sentido a versos e fra-

ses. O texto do Novo Testamento

foi tão bem preservado que ne-

nhuma passagem demanda tal

tratamento. O texto do Novo Tes-

tamento bem como todas as tra-

duções feitas por estudiosos com-

petentes merecem confiança. �

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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2005

O Espiritismo no Brasil

por Chico Xavier

ESCLARECIMENTO

Numerosos companhei-

ros de Allan Kardec

já haviam regressado

às luzes da espiritualidade, quan-

do inúmeras entidades do servi-

ço de direção dos movimentos es-

píritas no planeta deliberaram

efetuar um balanço de realizações

e de obras em perspectiva, nos ar-

raias doutrinários, sob a benção

misericordiosa e augusta do Cor-

deiro de Deus.

Vivia-se, então, no linear do

século XX, de alma aturdida ante

as renovações da indústria e da

ciência, aguardando-se as mais

proveitosas edificações para a vida

do Globo.

Falava-se aí, nesse conclave do

plano invisível, com respeito a

programação de nova fé, em to-

das as regiões do mundo, procu-

rando-se estudar as possibilidades

de cada país, no tocante ao grande

serviço de restauração do Cristia-

nismo, em fontes simples e puras.

Após várias considerações, em

torno do assunto, o diretor espiri-

tual da grande reunião falou com

segurança e energia:

"Irmãos de eternidade: no

mundo terrestre, de modo geral,

as doutrinas espiritualistas, em

sua complexidade e transcendên-

cia, repousam no coração da Ásia

adormecida; mas, precisamos con-

siderar que o Evangelho do Divi-

no Mestre não conseguiu ainda

harmonizar essas variadas corren-

tes de opinião do espiritualismo

oriental com a fraternidade per-

feita, em vista de as nações do

Oriente se encontrarem cristali-

zadas na sua própria grandeza, há

alguns milênios.

Em breve as forças da violên-

cia acordaram esses países que

dormem o sono milenário do or-

gulho, numa injustificável aristo-

cracia espiritual, afim de que se

integrem na lição de da solidari-

edade verdadeira, mediante os

Em todos as regiões do mundo

procurava-se restaurar o Cristianismo

em fontes simples e puras

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Dezembro 2005 | FidelidadESPÍRITA

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 9ASSINE: (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

Sobre as ruínas das civilizações ocidental,

deverá florescer uma sociedade nova,

com base na solidariedade e na paz

ensinamentos do senhor!... Urge,

pois, nos voltemos para a Europa

e para a América, onde se

campeiam as inquietações e

anseios, existe um desejo real de

reforma, em favor da grande coo-

peração pelo bem comum da co-

letividade. Certo, essa renovação

é sinônima de muitas dores e dos

mais largos tributos de lágrimas e

de sangue; mas, sobre as ruínas

das civilização ocidental, deverá

florescer no futuro uma socieda-

de nova, com base na solidarie-

dade e na paz, em todos os cami-

nhos dos processos humanos...

Examinemos os resultados dos pri-

meiros esforços do Consolador no

velho mundo!..."

E os representantes dos exér-

citos de operários, que laboram

nos diversos países da Europa e da

América,começaram a depor, so-

bre os seus trabalhos, no congres-

sos do plano invisível,

elucidando-o sinteticamente:

"A França - exclamava um de-

les -, berço do grande missionário

e codificador da doutrina, desve-

la-se pelo esclarecimento da ra-

zão, ampliando os setores da ci-

ência humana, positivando a re-

alidade de nossa sobrevivência,

através dos mais avançados mé-

todos de observação e de pesqui-

sa. Lá se encontram ainda nume-

rosos mensageiros do Alto, como

Denis, Flammarion e Richet, cla-

reando ao mundo os grandes ca-

minhos filosóficos e científicos do

provir".

"A Grã-Bretanha - afirma ou-

tro - multiplica os seus centros de

estudos e observação, intensifi-

cando as experiências de Crookes

e dissolvendo antigos preconcei-

tos".

"A Itália - asseverava novo

mensageiro - teve em Lombroso o

início das experiências decisivas.

O próprio Vaticano se interessa

pela movimentação das idéias

espiritistas no seio das classes so-

ciais, onde foi estabelecido rigo-

roso critério de análise no comér-

cio dos planos invisíveis com o

homem terrestre".

"A Rússia, bem como outras

regiões do Norte - prosseguia ou-

tro emissário -, conseguira com

Aksakof a difusão de novas ver-

dades consoladoras. Até a corte

do Czar se vem interessando nas

experimentações fenomênicas da

Doutrina".

"A Alemanha - afirmava um

outro - possui numerosos físicos

que se preocupam cientificamen-

te com os problemas da vida e da

morte, enriquecendo os nossos

esforços de novas expressões de

experiência e cultura..."

Iam as exposições nesta altu-

ra, quando uma luz doce e mise-�

ESCLARECIMENTO

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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2005

ricordiosa inundou o ambiente da

reunião de sumidades do plano es-

piritual. Todos se calaram, tomados

de emoção indizível, quando uma

voz augusta e suave, falou, através

das vibrações radiosas de que se to-

cava a grande assembléia:

"Amados meus, não tendes,

para a propagação da palavra do

Consolador, senão os recursos da

falível ciência humana? Esque-

cestes que os excessos de

raciocínio prejudicaram

o coração das ovelhas

desgarradas do

grande rebanho?

Não haverá ver-

dade sem hu-

mildade e sem

amor, porque

toda a realida-

de do univer-

so e da vida

deve chegar

ao pensamento

humano, antes

de tudo, pela fé,

ao sopro dos seus

resplendores eter-

nos e divinos!... Pro-

curai a nação da frater-

nidade e da paz, onde se

movimenta o povo mais

emotivo do globo terrestre, e

iniciai ali uma nova tarefa. Se o

Cristo edificou a sua igreja sobre

pedra segura e inabalável da fé

que remove montanhas e se o

Consolador significa a doutrina

luminosa e santa de esperança e

redenção suprema das almas, to-

dos os seus movimentos devem

conduzir a caridade, antes de

tudo, porque sem caridade não

haverá paz nem salvação para o

mundo que se perde!..."

Uma copiosa efusão de luzes,

como bençãos do divino mestre,

desceu do Alto sobre a grande as-

sembléia, assim que o apóstolo do

senhor terminou a sua exortação

comovida e sincera, luzes essas

que se dirigiam, como aluvião de

claridades, para a terra generosa e

grande que repousa sob a luz glori-

osa da constelação do Cruzeiro.

E foi assim que a carida-

de selou, então, todas as

atividades do Espiri-

tismo brasileiro.

Seus núcleos, em

todo o país, co-

meçaram a re-

presentar os

centros de

e u c a r i s t i a

divina para

todos os de-

sesperados e

para todos os

sofredores .

Mult ipl ica-

ram-se as ten-

das de trabalho

do Consolador,

em todas as suas

cidades prestigiosas,

e as receitas mediúni-

cas, os conselhos morais,

os postos de assistências, as

farmácias homeopáticas gratuitas,

os passes magnéticos, multiplica-

ram-se, em todo o Brasil, para a

fusão de todos os trabalhadores, no

mesmo ideal de fraternidade e re-

denção pela caridade mais pura. �

Fonte:

XAVIER, Francisco C. Novas Mensagens.

ESCLARECIMENTO

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Dezembro 2005 | FidelidadESPÍRITA

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 11ASSINE: (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

SONHO

Os avisos por meio de sonhos

desempenham grande papel nos li-

vros sagrados de todas as religiões.

Sem garantir a exatidão de todos

os fatos narrados e sem os discutir,

o fenômeno em si mesmo nada tem

de anormal, sabendo-se, como se

sabe, que, durante o sono, é quan-

do o Espírito, desprendido dos la-

ços da matéria, entra momentane-

amente na vida espiritual, onde se

encontra com os que lhe são co-

nhecidos. É com freqüência essa a

ocasião que os Espíritos protetores

aproveitam para se manifestar a seus

protegidos e lhes dar conselhos

mais diretos. São numerosos os ca-

sos de avisos em sonho, porém, não

se deve inferir daí que todos os so-

nhos são avisos, nem, ainda menos,

que tem uma significação tudo o

que se vê em sonho. Cumpre se in-

clua entre as crenças supersticio-

sas e absurdas a arte de interpretar

os sonhos.

Estrela dos MagosDiz-se que uma estrela apareceu

aos magos que foram adorar a Je-

sus; que ela lhes ia à frente indi-

cando-lhes o caminho e que se

deteve quando eles chegaram. (S.

Mateus, 2:1 a 12.)

Não se trata de saber se o fato

que S. Mateus narra é real, ou se

não passa de uma figura indicativa

de que os magos foram guiados de

forma misteriosa ao lugar onde es-

tava o Menino, dado que não há

meio algum de verificação; trata-

se de saber se é possível um fato de

tal natureza.

O que é certo é que, naquela

circunstância, a luz não podia ser

uma estrela. Na época em que o fato

ocorreu, era possível acreditassem

que fosse, porquanto então se cria

O Sonho de José e a estrela

dos Magospor Allan Kardec

serem as estrelas pontos luminosos

pregados no firmamento e suscetí-

veis de cair sobre a Terra; não hoje,

quando se conhece a natureza das

estrelas.

Entretanto, por não ter como

causa a que lhe atribuíram, não

deixa de ser possível o fato da apa-

rição de uma luz com o aspecto de

uma estrela. Um Espírito pode apa-

recer sob forma luminosa, ou trans-

formar uma parte do seu fluido

perispirítico em foco luminoso.

Muitos fatos desse gênero, moder-

nos e perfeitamente autênticos, não

procedem de outra causa, que nada

apresenta de sobrenatural. �

SonhosJosé, diz o Evangelho, foi avisa-

do por um anjo, que lhe apare-

ceu em sonho e que lhe acon-

selhou fugisse para o Egito com

o Menino. (S. Mateus, 2:19 a 23.)

Fonte:

KARDEC, Allan. A Gênese. Cap. XV

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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2005

REFLEXÃO

Ainda o Abortopor Eliseu Rigonatti

Casais de semblantes apreensivos

aguardavam sua vez; ambiente tenso

e asfixiante

Em minhas andanças pela

noite adentro, semiliber-

to do corpo, encontrei

meu amigo e companheiro O. F.

acompanhado de uma senhora.

O.F apresentou-ma:

- Esta irmã, em suas horas de

liberdade parcial, dedica-se à no-

bre tarefa de combater o aborto,

procurando desviar desse crime os

casais que são tentados a

perpetrá-lo. Vamos agora visitar uma clínica "fazedora de anjos".

Quer vir?

A clínica situava-se num anti-

go bairro aristocrático, hoje em

completa decadência; seus velhos

palacetes transformaram-se em ca-

sas de cômodos, ou pensões de ter-

ceira classe. Paramos diante de um

deles, de linhas clássicas, rodeado

de arvoredo, dando a impressão de

completo abandono; grossas grades

enferrujadas o cercavam.

- É aqui, entremos.

O vestíbulo era espaçoso; cir-

cundavam-no poltronas aconche-

gantes; afigurou-nos uma sala de

espera de consultório médico.

Casais de semblantes apreensi-

vos aguardavam sua vez; emanações

evolavam-se do alto dos cérebros

deles, indicando a que tipo de pen-

samentos se entregavam.

Ambiente tenso e asfixiante.

Olhamos para nossa companheira

interrogativamente.

- Isto, meus amigos, não é plano

espiritual; é terreno mesmo, existe

aqui em São Paulo. É uma clínica

de abortos que trabalha nas ma-

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Dezembro 2005 | FidelidadESPÍRITA

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 13ASSINE: (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

REFLEXÃO

...vimos o bebê ser arrancado vivo do

útero materno, e ser mergulhado num

vidro de álcool

drugadas. As pessoas que vocês

vêem aí sentadas são moças e seus

amantes, maridos e suas esposas,

enfim casais que querem livrar-se

do filho que vive no seio de suas

já mãezinhas.

Visitamos o palacete; cami-

nhamos por um corredor em cujos

lados haviam pequenas salas,

umas prontas para receber as pa-

cientes, outras fechadas por cor-

tinas espessas, e dentro das quais

se ouvia o manusear de instru-

mentos cirúrgicos.

A senhora que até aí nos acom-

panhara, desapareceu; tomou o seu

lugar um nosso instrutor espiritual,

que nos empurrou para dentro de

um desses cubículos, sofrivelmente

higienizado, e onde se processava

uma operação de aborto.

Naquele momento, em nosso cor-

po espiritual, sofremos um choque

tremendo: vimos o bebê ser arranca-

do vivo do útero materno, movendo

seus membrozinhos, sua boquinha, e

ser mergulhado num vidro de álcool,

desses que se usam para guardar con-

servas. Agitou-se ainda um pouco,

engasgou-se e morreu. E o vidro foi

colocado na prateleira ao lado de al-

guns outros, cujos ocupantes tinham

sido extirpados nessa noite.

Horrorizados, agrupamo-nos em

torno de nosso instru-

tor, que nos disse:

- Não temam.

Vocês assistiram ao

que se passa material-

mente nessas espelun-

cas, onde assassinos

com alto título acadê-

mico matam impune-

mente, com o que acu-

mulam consideráveis e

nojentas fortunas.

Vocês verão agora a

parte espiritual disso,

aquilo que os olhos hu-

manos não vêem.

Estendendo mãos

espalmadas sobre nos-

sas cabeças, aumen-

tou-nos a visão espiri-

tual. E ouvimos atormentado cho-

ro de bebês: choravam os Espíritos

enxotados do colo materno. E de

permeio a essa vozearia, escutáva-

mos distintamente: "Assassinos, as-

sassinos, assassinos... pais assassinos

e gozadores...".

Por detrás do médico operante

e da enfermeira que o ajudava, pos-

tavam-se Espíritos obsessores, vam-

piros de horrendo aspecto, os quais

sugavam avidamente a placenta,

saciando-se dos fluidos vitais que

ela continha. E demonstrando am-

plo conhecimento cirúrgico, aplica-

vam suas mãos às do médico, e tra-

balhavam agilmente com ele.

Retiramo-nos nauseados da-

quela sala sangrenta, e encontra-

mos uma jovem que se retirava de

outra, cambaleando. Um moço cor-

reu a ampará-la. Colado ao abdô-

men da operada, da altura dos sei-

os até o baixo ventre, um Espírito

em forma infantil, com seus

bracinhos, abraçava a mãe que o

enjeitara; sua cabecinha erguida

fitava-lhe o rosto e flebilmente

murmurava:

- Eu tanto que necessito renas-

cer...

Finalizando, nosso instrutor ex-

plicou-nos:

- Não temos o direito de inter-

ferir no livre-arbítrio de quem quer

que seja. O aborto criminoso amon-

toa carma sobre carma nos ombros

dos responsáveis por ele; e o resga-

te será sempre difícil e penoso. �

Fonte:

RIGONATTI, Eliseu. O Evangelho das Re-

cordações. Págs. 88 - 90. Pensamento. São

Paulo/SP

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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2005

Talvez a mutação do vírus, que lhe

permitiria saltar de um humano para

outro humano, nunca se processe

Estamos tão acostumados

com o vírus da gripe que

não nos damos conta de

que cerca de 30 milhões a 60 mi-

lhões de norte-americanos são

infectados a cada ano. Desse nú-

mero, aproximadamente 36 mil pes-

soas, grande parte idosas,

desencarnam vitimadas pela doen-

ça. Estima-se de 10 mil a 15 mil

mortes em nosso país ao ano.

O vírus passa por um processo

constante de mutação e ninguém se

torna completamente imune; em con-

seqüência, uma nova vacina, a cada

ano, necessita ser desenvolvida.

Isso, porém, para a gripe comum,

isto é, aquela para a qual nosso cor-

po já desenvolveu algum tipo de

proteção. Mas, a doença que está

matando no Sudeste Asiático não

é uma gripe ordinária. Inicialmen-

te, suas vítimas foram as galinhas;

um número superior a 100 milhões

de aves foram mortas pelo próprio

vírus como, também, pelas tentati-

vas, quase sempre ineficazes, de

controle da epidemia.

Robert Webster, do Hospital In-

fantil de Pesqui-

sas St. Jude, em

Mênfis, estudioso

do vírus da gripe

há 40 anos, nun-

ca presenciou

nada semelhante

ao tipo viral que

está matando na

Ásia.

"Mesmo em

sua forma origi-

nal, esse é o pior

vírus de gripe, em

termos de capaci-

dade patogênica,

que já pesquisei", afirma Webster.

Algumas horas após serem

infectadas as galinhas morrem in-

chadas e com hemorragia. O vírus

terrível também ataca mamíferos e

seres humanos.

Especialistas prevêem uma ca-

tástrofe promovida pelo agente in-

feccioso, identificado como H5N1;

esse vírus não se mostrou muito

hábil para se transportar das aves

para os homens, muito menos de

uma pessoa para outra.

Talvez a mutação do vírus, que

lhe permitiria saltar de um huma-

no para outro humano (como as

gripes comuns aprenderam a fazer),

nunca se processe. Quem sabe, esse

tipo de doença não seja, essencial-

mente, capaz de promover essa al-

teração ou, ainda, os esforços em

prol da erradicação do vírus te-

nham êxito. Entretanto, os especi-

alistas alertam as autoridades mun-

diais para o pior.

O médico da Universidade de

Oxford, Jeremy Farrar, que traba-

lha no combate contra a gripe

aviária no Hospital para Doenças

Tropicais de Ho Chi Minh, no

Vietnã, afirma que os conhecimen-

tos sobre os vírus e suas capacida-

des de mutação, que lhes permitem

transpor fronteiras entre as espéci-

es, conduzem a seguinte convicção:

H5N1 - O vírus mortal

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15Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596

Dezembro 2005 | FidelidadESPÍRITA

Em 2001, uma cepa letal de H5N1

apareceu nos mercados de Hong Kong

e a cidade teve de matar suas aves

mesmo que esse vírus não atinja a

população mundial, é provável que,

em algum momento, um vírus se-

melhante sofra uma transformação

genética que lhe permita espalhar-

se de uma pessoa para outra. "Mais

cedo ou mais tarde, isso vai acon-

tecer. E, quando chegar a hora, o

mundo irá enfrentar uma pandemia

horrível". Como já aconteceu no

passado!

A gripe espanhola de 1918:Por ocasião da primeira grande

guerra mundial os soldados come-

çaram a morrer por algum tipo de

mal não definido. Ninguém sabe ao

certo quando e onde surgiu a gripe

espanhola, entretanto, pouco pro-

vável que tenha sido na Espanha.

Em maio de 1918 foram divulgados,

naquele país, as primeiras notícias

sobre a epidemia, daí, foi, impro-

priamente, batizada como gripe es-

panhola. Na realidade, a epidemia

já se disseminava por ambos os la-

dos das frentes combatentes na

Europa. Depois de contaminar os

soldados e os navios de transportes

de tropas européias, atingiu a po-

pulação civil de cidades industri-

ais e portuárias. "Todas as pessoas

do planeta entraram em contato

com o vírus, e metade delas ficou

doente", diz Jeffery Taubenberger,

do Instituto de Patologia das For-

ças Armadas, em Maryland, em-

penhado em desvendar o motivo

que tornou esse vírus mortal para

mais de 50 milhões de pessoas em

todo mundo (vitimando três ve-

zes mais que a guerra). Os espe-

cialistas daquele período não sus-

peitavam que a enfermidade cei-

feira de tantas vidas fosse uma

espécie de gripe!

O que teria transformado esse

vírus em algo tão fatal? Não se

sabe ainda! Os pesquisadores afir-

mam, porém, que o vírus da gripe

espanhola teria conseguido cru-

zar a barreira das espécies, vindo

de algum animal não identifica-

do, surpreendendo as vítimas hu-

manas.

Robert Webster e seus co-

legas conseguiram responder a

uma questão crucial: De onde

vêm os vírus da gripe? Inegavel-

mente das aves selvagens do mun-

do, das aves aquáticas

(mergulhões, patos, maçaricos).

Dezenas de subvírus, inofen-

sivos, em sua maioria, para seus

hospedeiros e outras criaturas,

habitam as entranhas das aves. Às

vezes, porém, um deles consegue

infectar as aves domésticas e, ra-

ramente, incorpora-se ao estoque

bem mais restrito do vírus tipo A

que infecta os seres humanos.

Mas, em 1997, uma cepa do

H5N1 atingiu a espécie humana.

Na região rural de Hong Kong, no

início daquele ano, um surto de

gripe dizimou várias galinhas, nin-

guém suspeitou que pudesse atin-

gir pessoas.

Em 2001, mais uma cepa letal

de H5N1 apareceu nos mercados

de Hong Kong e a cidade teve de

matar suas aves, mas, em 2002, as

galinhas tornaram a morrer por

conta da gripe. Apesar de todas

as providências não conseguiram

erradicar a origem do mal que

Mercados de aves vivas, como este em Hanói, aceleram a difusão do vírus deuma granja a outra. Os criadores levam de volta as aves não vendidas - juntocom os vírus que tenham contraído

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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2005

Por enquanto, o vírus é transmitido

de uma ave para um ser humano, mas

não de uma pessoa para outra�

estava fora, do lado aposto da

fronteira entre a cidade e o sul

da China.

Milhões de galinhas, patos e

gansos fervilham por hortas, la-

vouras e lagos na província chi-

nesa de Guangdong. Nesse ocea-

no de aves domésticas os vírus

caem como chuva, podendo se pro-

pagar e trocar genes freneticamen-

te, criando mutações como o H5N1,

que deu origem a gripe aviária.

Ano após ano ele se desenvol-

veu permutando genes com outros

vírus, criando uma multidão de

novas variantes do H5N1 que vem

assediando Hong Kong. Propa-

gou-se da China para a Coréia do

Sul e o Japão e alcançou a

Indonésia.

Por enquanto, o vírus é trans-

mitido de uma ave infectada para

um ser humano, mas não de uma

pessoa para outra. Teme-se que a

doença consiga adaptar-se às con-

dições humanas e encontre um

modo de se proliferar de uma para

outra pessoa. Se isso acontecer te-

remos uma epidemia universal,

isto é, uma pandemia!

Em Hong Kong varias atitudes

já foram tomadas como vacinar

todos os frangos e realizar testes

regulares em galinhas, aves sel-

vagens e de estimação; fechar,

duas vezes por mês, centenas de

barracas que comercializam aves

vivas para desinfetá-las; entretan-

to, os cientistas acreditam que

medidas como essas se asseme-

lham a segurar um muro que pesa

a cada dia e tende a desmoronar

a qualquer momento.

Ea Khamjean põe em risco a própria saúde ao sugar o sangue das feridas de seu galo após uma luta. Na Tailândia,milhares de galos de briga morreram de gripe aviária ou foram exterminados para conter a disseminação - epelo menosum indivíduo morreu após contrair o vírus de suas valiosas aves.

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17Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596

Dezembro 2005 | FidelidadESPÍRITA

Os paises ricos preparam-se

para o pior. Os governos estão am-

pliando os estoques de Tamiflu, o

medicamento capaz de prevenir e

tratar a gripe. O fabricante, po-

rém, (a Roche, uma empresa suí-

ça) não tem como atender à de-

manda. O reino Unido solicitou

doses para cerca de 15 milhões de

pessoas, um quarto de sua popu-

lação; a França a mesma quanti-

dade, os Estados Unidos optaram

por uma quantidade menor, sufi-

ciente para cerca de 2.3 milhões

de pessoas.

Ninguém sabe, ao certo, o que

pode acontecer; se de fato o vírus

conseguirá a temida mutação.

Mas, de uma coisa os especialista

têm certeza: um dia, talvez não

muito distante, irá eclodir uma

nova pandemia e a perspectiva é

que na modernidade, num mun-

do globalizado, as vítimas sejam

de 7.4 a 180 milhões, o que já é

um número assustador de mortos,

mas a previsão de mortes por in-

fecção exponencial numa epide-

mia mundial é de 360 milhões de

mortos. Outra certeza que se tem

é que a possível pandemia, se efe-

tivamente instalada, também ter-

minará, isto é, pela própria capa-

cidade do nosso sistema

imunológico de domá-la. Como

aconteceu no passado. A gripe

comum e passageira que envolve

muitos brasileiros e com poucos

comprimidos vai embora é, muito

provavelmente, uma variante da

gripe espanhola de 1918, que se

tornou um dos vírus mais fracos

existentes hoje e que, no auge de

sua epidemia ceifou cerca de 50

a 100 milhões de vidas.

A gripe aviária é um castigodivino?Certamente não!

Quando a natureza é abalada

em seu equilíbrio surgem os proble-

mas ambientais, biológicos, etc.

Parece ser mais um abuso do ho-

mem do que um castigo divino. É a

lei de Causa e Efeito ensinando-nos

a respeitar e não interferir tanto no

equilíbrio natural do mundo.

Sabe-se que na Tailândia, por

Visão Espírita das doenças

O Espiritismo explica que nossa na-

tureza corpórea é grosseira e necessá-

ria ao nosso desenvolvimento e evolu-

ção. Habitamos a Terra, que é um pla-

neta de provas e expiações porque ainda necessitamos das experi-

ências que esse planeta nos pode ofertar. Se enfrentamos doenças

físicas como as epidemias, por exemplo, isso se deve ao nosso pou-

co estágio evolutivo que ainda não aprendeu a educar a população

mundial, com vistas aos hábitos mínimos de higiene que nos poderi-

am livrar de várias doenças.

Num mundo globalizado, não será mais possível que um país cres-

ça menosprezando e explorando outro, pois que os fatores econô-

micos, sociais, políticos, climáticos, biológicos, etc, formam uma

espécie de efeito em cadeia. Assim, observamos que Deus age de

maneira muito sábia. Em princípio, a lei de fraternidade deveria equi-

librar os fatores acima citados, isto é, com atitudes fraternas os

povos deveriam aproveitar melhor os recursos econômicos, a polí-

tica deveria ser exercida com ética, a indústria farmacêutica ao al-

cance de todos... Mas o contrário também leva à fraternidade. Veri-

ficamos que a partir dos interesses econômicos, por exemplo, o

homem sente-se, quase que obrigado, a respeitar o outro, para que

o outro, se doente, desequilibrado, marginalizado o afete em sua

saúde social, biológica, econômica e política. Assim, num futuro não

muito distante, a fraternidade será uma relação social necessária e

obrigatória para o equilíbrio do mundo.

exemplo, milhares de galos de bri-

ga morreram de gripe aviária. Pa-

rece ser comum, aos proprietários

dos referidos galos, sugarem o san-

gue das feridas de suas preciosas

aves, machucadas nas populares

rinhas, almejando curá-las. Isso

explicaria um modo de como o ví-

rus H5N1saiu das aves para os se-

res humanos.

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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2005

PANDEMIA HIPOTÉTICA: 180 DIAS (exemplificada em 2000)

O espírita preocupa-se com os

acontecimentos sociais, mas evita o

desespero

Será que a gripe chegará aoBrasil?Nada podemos afirmar! O que

sabemos é que se chegar será um

convite ao exercício da solidari-

edade, do desenvolvimento cien-

tífico, que certamente virá, e da

resignação diante daquilo que

não puder ser mudado.

O espírita, como qualquer ou-

tro cidadão, preocupa-se com os

acontecimentos sociais, mas evi-

ta o desespero e os comentários

menos edificantes.

Esclarecidos pela Doutrina

procuremos fazer o melhor para

evitar qualquer tipo de epidemia

e a tudo suportemos com fé, paci-

ência e resignação.

Necessário lembrar que Espí-

ritas notáveis souberam enfrentar

situações como essas com absolu-

to senso de caridade e renúncia.

É o caso do apóstolo de Sacramen-

to, Eurípedes Barsanulfo, que

Universidade de Maryland, inocula em Christopher Tate, voluntário, uma vacinaexperimental contra o H5N1. Em agosto, o governo americano anunciou que avacina parecia eficaz

Hong

Kong

Sydney

Bangcoc Mumbai

(Bombaim)São Paulo

Lagos

Caracas

HavanaTeerã

XangaiRoma

Washington

Hong

KongBangcoc Mumbai

(Bombaim) TeerãWashin

ÚLTIMAEPIDEMIA, EM 1968:342 DIAS

UM VÍRUS VIAJANDO A JATOA última pandemia, em 1968, levou um ano para se alastrar pelo mundo. Hoje, viagens aéreas poderiamreduzir pela metade esse tempo - limitando a chance de frear a propagação por meio de uma vacina

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Dezembro 2005 | FidelidadESPÍRITA

desencarnou em 01 de novembro

de 1918, vitimado pela gripe es-

panhola socorrendo os infectados.

Salvou muitas vidas e continua

vivo em espírito e verdade ampa-

rando a humanidade.

Em momentos de experimenta-

ções coletivas o homem torna-se

mais solidário, diante da ameaça

da saúde física é comum valori-

zarmos mais o corpo e revermos

todos os nossos valores morais e

espirituais.

É lamentável que a humanida-

de ainda necessite de coisas do-

lorosas para despertar. Contudo,

dia chegará em que, mais evoluí-

dos e desenvolvidos, saberemos

agir mais e melhor diante da vida

evitando doenças pandêmicas.

Por ora, trabalhemos confian-

tes, otimistas, orando e servindo,

para que o melhor aconteça em

benefício de toda humanidade.

Vejamos a explicação deAllan Kardec:"As doenças fazem parte das pro-

vas e das vicissitudes da vida

terrena; são inerentes à grosseria da

nossa natureza material e à inferi-

oridade do mundo que habitamos.

As paixões e os excessos de toda

ordem semeiam em nós germens

malsãos, às vezes hereditários. Nos

mundos mais adiantados, física ou

moralmente, o organismo humano,

ngton

RomaSydney

São PauloHavana

CaracasLagos

Xangai

mais depurado e menos

material, não está sujeito

às mesmas enfermidades e

o corpo não é minado

surdamente pelo corrosivo

das paixões. Temos, assim,

de nos resignar às conse-

qüências do meio onde nos

coloca a nossa inferiorida-

de, até que mereçamos

passar a outro. Isso, no en-

tanto, não é de molde a

impedir que, esperando

tal se dê façamos o que de

nós depende para melho-

rar as nossas condições atu-

ais. Se, porém, malgrado

aos nossos esforços, não o

conseguirmos, o Espiritis-

mo nos ensina a suportar

com resignação os nossos passagei-

ros males.

Se Deus não houvesse querido

que os sofrimentos corporais se dis-

sipassem ou abrandassem em cer-

tos casos, não houvera posto ao nos-

so alcance meios de cura. A esse

respeito, a sua solicitude, em con-

formidade com o instinto de con-

Bibliografia:

NATIONAL GEOGRAPHIC. Outubro

2005. Ano 5. Nr. 67.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o

Espiritismo. Cap. XXVIII. Seção V, item 77.

Eurípedes Barsanulfo desencarnou

vitimado pela gripe espanhola

socorrendo os infectados

servação, indica que é dever nosso

procurar esses meios e aplicá-los".

(O Evangelho Segundo o Espiritismo,

cap. XXVIII) �

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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2005

Ordem do Mestre

Uma promessa de paz desabrochava

para todas as coisas com o vosso

aparecimento sobre o mundo

NATAL

Avizinhava-se o Natal,

havia também no céu

um rebuliço de alegri-

as suaves. Os anjos acendiam es-

trelas nos cômoros de neblinas dou-

radas e vibravam no ar as harmoni-

as misteriosas que encheram um dia

de encantadora suavidade a noite

de Belém. Os pastores do paraíso

cantavam e, enquanto as harpas

divinas tangiam suas cordas sob o

esforço caricioso dos zéfiros da

imensidade, o Senhor chamou o

discípulo bem-amado ao seu tro-no de jasmins matizados de estre-las.

O vidente de Patmos não tra-zia o estigma da decrepitude comonos seus últimos dias entre asEspórades. Na sua fisionomia pai-rava aquela mesma candura ado-lescente que o caracterizava noprincípio do seu apostolado.

- João, disse-lhe o Mestre, lem-bras-te do meu aparecimento naTerra?

- Recordo-me, Senhor. Foi noano 749 da era romana, apesar daarbitrariedade de frei Dionísio, quecolocou erradamente o vosso nata-lício em 754, calculando no séculoVI da era cristã.

- Não, meu João, retornou do-cemente o Senhor, não é a questãocronológica que me interessa em teargüindo sobre o passado. É quenessas suaves comemorações vematé mim o murmúrio doce das lem-branças!...

- Ah! Sim, Mestre amado, re-trucou pressuroso o discípulo, com-preendo-vos. Falais da significaçãomoral do acontecimento. Oh!... Seme lembro... a manjedoura, a es-trela guiando os poderosos ao está-bulo humilde, os cânticos harmo-niosos dos pastores, a alegria resso-ante dos inocentes, afigurando-se-nos que os animais vos compreen-diam mais que os homens, aos quaisofertáveis a lição da humildade como tesouro da fé e da esperança.Naquela noite divina, todas as po-tências angélicas do paraíso se in-clinaram sobre a Terra cheia de�

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Dezembro 2005 | FidelidadESPÍRITA

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NATAL

gemidos e de amargura para exal-tar a mansidão e a piedade doCordeiro. Uma promessa de pazdesabrochava para todas as coi-sas com o vosso aparecimento so-bre o mundo. Estabelecera-se umnoivado meigo entre a Terra e océu e recordo-me do júbilo comque vossa mãe vos recebeu nosseus braços feitos de amor e demisericórdia. Dir-se-ia, Mestre,que as estrelas de ouro do paraísofabricaram, naquela noite de aro-mas e de radiosidades indefiníveisum mel divino no coração piedo-so de Maria!

Retrocedendo no tempo, meuSenhor bem amado, vejo o trans-curso da vossa infância, sentindoo martírio de que fostes objeto; oextermínio das crianças de vossaidade, a fuga aos braços carinho-sos da vossa progenitora, os tra-balhos manuais em companhia deJosé, as vossas visões maravilho-sas no infinito, em comunhãoconstante com o vosso e nosso Pai,preparando-vos para o desempe-nho da missão única que vos fezabandonar por alguns momentosos palácios de sol da mansão

celestial para descer sobre as la-mas da Terra...

- Sim, meu João, e, por falar nosmeus deveres, como seguem nomundo as coisas atinentes à minhadoutrina?

- Vão mal, meu Senhor. Desdeo concílio ecumênico de Nicéia,efetuado para combater o cisma deÁrio em 325, as vossas verdades sãodeturpadas. Ao arianismo seguiu-seo movimento dos inconoclastas em787 e tanto contrariaram os homenso vosso ensinamento de pureza e desimplicidade, que eles próprios nun-ca mais se entenderam na interpre-tação dos textos evangélicos.

- Mas não te recordas, João, quea minha doutrina era sempre aces-sível a todos os entendimentos?Deixei aos homens a lição do ca-minho, da verdade e da vida semlhes haver escrito uma só palavra.

- Tudo isso é verdade, Senhor,mas logo que regressastes aos vos-sos impérios resplandecentes, reco-nhecemos a necessidade de legar àposteridade os vossos ensinamentos.Os evangelhos constituem a vossabiografia na Terra; contudo, os ho-mens não dispensam, em suas ati-vidades, o véu da matéria e do sím-bolo. A todas as coisas puras daespiritualidade adicionam a extra-vagância de suas concepções. Nemnós e nem os evangelhos podería-mos escapar. Em diversas basílicasda Rávena e de Roma, Matteus érepresentado por um jovem, Mar-cos por um leão, Lucas por um tou-ro e eu, Senhor, estou ali sob o sím-bolo estranho de uma águia.

- E os meus representantes, João,que fazem eles?

- Mestre, envergonho-me de odizer. Andam quase todos mergulha-

...os homens não dispensam,

em suas atividades, o véu da matéria

e do símbolo

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dos nos interesses da vida material.Em sua maioria, aproveitam-se dasoportunidades para explorar o vossonome e, quando se voltam para ocampo religioso, é quase que apenaspara se condenarem uns aos outros,esquecendo-se de que lhes ensinas-tes a se amarem como irmãos.

- As discussões e os símbolos,meu querido, disse-lhe suavemen-te o mestre, não me impressionamtanto. Tiveste, como eu, necessida-de destes últimos para aspredicações e, sobre a luta das idéi-as, não te lembras quanta autori-dade fui obrigado a despender,mesmo depois da minha volta daTerra, para que Pedro e Paulo nãose tornassem inimigos? Se entre osmeus apóstolos prevaleciam seme-lhantes desuniões, como podería-mos eliminá-las do ambiente doshomens, que não me viram, sem-pre inquietos nas suas indaga-ções?... O que me contrista é oapego dos meus missionários aosprazeres fugitivos do mundo!

- É verdade, Senhor!- Qual o núcleo de minha dou-

trina que detém no momento mai-or força de expressão?

- É o departamento dos bisposromanos, que se recolheram den-tro de uma organização admirávelpela sua disciplina, mas altamenteperniciosa pelos seus desvios daverdade. O vaticano, Senhor, quenão conheceis, é um amontoadosuntuoso das riquezas das traças edos vermes da Terra. Dos seus pa-lácios confortáveis e maravilhososirradia-se todo um movimento deescravidão das consciências. En-quanto vós não tínheis uma pedra�

NATAL

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onde repousar a cabeça, dolorida,os vossos representantes dormem asua sesta sobre almofadas de velu-do e de ouro; enquanto trazíeis osvossos pés macerados nas pedras docaminho escabroso, quem se incul-ca como vosso embaixador traz avossa imagem nas sandálias mati-zadas de pérolas e de brilhantes. Ejunto de semelhantes superfluida-des e absurdos, surpreendemos ospobres chorando de cansaço e defome; ao lado do luxo nababesco dasbasílicas suntuosas, erigidas nomundo como um insulto à glória davossa humildade e do vosso amor,choram as crianças desamparadas,os mesmos pequeninos a quem

estendíeis os vossos braços com-passivos e misericordiosos. Enquan-to sobram as lágrimas e os soluços en-tre os infortunados, nos templos, ondese cultua a vossa memória, transbor-dam moedas em mãos cheias, pare-cendo, com amarga ironia, que o di-nheiro é uma defecação do demôniono chão acolhedor da vossa casa.

- Então, meu discípulo, não po-deremos alimentar nenhuma espe-rança?

- Infelizmente, Senhor, é preci-so que nos desenganemos. Por umestranho contraste, há mais ateusbenquistos no céu do que aquelesreligiosos que falavam em vossonome na Terra.

Fonte:

XAVIER, Francisco Cândido/ CAMPOS,

Humberto. Palavras do Infinito. Págs. 42-

46. 2ª Ed. LAKE. São Paulo/ SP. 1936.

- Entretanto, sussurravam os lá-bios divinos docemente, consagroo mesmo amor à humanidade so-fredora. Não obstante a negativados filósofos, as ousadias da ciên-cia, o apôdo dos ingratos, a minhapiedade é inalterável... Que suge-res, meu João, para solucionar tãoamargo problema?

- Já não dissestes, um dia, Mes-tre, que cada qual tomasse a suacruz e vos seguisse?

- Mas prometi ao mundo umConsolador em tempo oportuno!...

E os olhos claros e límpidos, pos-tos na visão piedosa do amor de seuPai celestial, Jesus exclamou:

- Se os vivos nos traíram, meuDiscípulo Bem amado, se traficamcom o objeto sagrado da nossa casa,profligando a fraternidade e o amor,mandarei que os mortos falem naTerra em meu nome. Deste Natalem diante, meu João, descerrarásmais um fragmento dos véus miste-riosos que cobrem a noite triste dostúmulos para que a verdade ressur-ja das mansões silenciosas da Mor-te. Os que já voltaram pelos cami-nhos ermos da sepultura retornarãoà Terra para difundirem a minhamensagem, levando aos que sofrem,com a esperança posta no céu, asclaridades benditas do meu amor!...

E desde essa hora memorável,há mais de 148 anos , o Espiritismoveio, com as lições prestigiosas, fe-licitar e amparar na Terra a todasas criaturas. �

Se os vivos nos traíram, mandarei

que os mortos falem na Terra

em meu nome

NATAL

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APRENDIZADO

...aqui no Centro também têm gatos

que fazem Evangelização?

Domingo é dia de

Evangelização em nos

sa Casa Espírita. Cri-

anças de todas as idades vão che-

gando com grande alarido, seme-

lhantes a bando de andorinhas fa-

zendo vôo rasante. Correm de um

lado para outro, gritam, pulam e

dão gostosas gargalhadas, mesmo

ouvindo inúmeros pissius...

Meus dois filhos também fre-

qüentaram a Evangelização, con-

sidero uma benção de Deus te-rem tido essa oportunidade. Nelaaprenderam, de forma didática ecarinhosa, as leis do Pai Criadorque nos regem e o respeito e amor

que devemos ter para com o nos-so próximo e tudo o que existe noUniverso.

Estávamos sentados no corre-dor, aguardando o início das au-

las. Minha filha entretinha-se,conversando com uma amiga aomeu lado, enquanto meu filhomais novo de quatro anos dis-traía-se contando em voz alta ascadeiras enfileiradas no corredor.

De repente, deixei de ouvirsua voz e ao voltar-me para ele,observei curiosidade em seu olhar.Foi logo me perguntando: - "Ma-mãe, aqui no Centro também têmgatos que fazem Evangelização?Pois, eu estou ouvindo um miadobem fininho!"

Antes que eu pudesse respon-der-lhe, saiu procurando o donodo miado. Olhou debaixo das ca-deiras, entrou em várias salas,atrás das portas, nas escadas eatrás do piano do salão, sem nadaencontrar; aproximou-se desapon-tado. Sugeri que talvez o gatinho

O Gato EspíritaTeddy Nilson

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APRENDIZADO

“Reconhece-se o verdadeiro espírita

pela sua transformação moral...

estivesse no palco, atrás da corti-na, pois já havia acontecido deuma gata ter dado cria ali. Malouvira minha sugestão, subiu ra-pidamente a escadinha lateral,varou por baixo da cortina e vol-tou carregando um gatinho, comuns dois ou três dias de vida, ecom a gata-mãe miando por que-rer o filho de volta..

Após muita relutância, meu fi-lho devolveu o gatinho à sua mãee depois de pensar alguns segun-dos, perguntou-me: " Mamãe,gato que nasce no Centro Espíri-ta é espírita também?"

Essa pergunta tão inocentedespertou-me para enorme medi-tação.

É verdade, nascer ou freqüen-tar diariamente o Centro Espíritaou qualquer outra agremiação re-ligiosa, sem praticar aquilo que éensinado, não dá direito da pessoase dizer seu verdadeiro adepto.

Assim afirmou Kardec: "Reco-nhece-se o verdadeiro espíritapela sua transformação moral, epelos esforços que faz para domi-nar suas más inclinações". ("OEvangelho", cap. XVII, item 4).

O caseiro que mora na Facul-dade de Medicina, não se tornamédico, simplesmente porque alireside. Quantas pessoas assistempalestras, participam de trabalhosmediúnicos, aplicam passes, fazementrevistas, e ao saírem dali, pas-sam de largo quando encontramalguém caído na calçada. Assimtambém fizeram o sacerdote e olevita quando viram o homem fe-rido, vítima dos assaltantes. (Pa-rábola: "O Bom Samaritano").

A atitude do "Bom Samaritano"

precisa ser fixada em nossa mente,para poder transformar-se em açãoatravés dos nossos esforços diári-os, como recomendam os bons es-píritos. Vale pouco sermos gentis,educados e sorridentes no tratocom as pessoas dentro do Centroe fora dele, nas ruas, no trabalho,no trânsito ou em nossos lares,demonstrarmos aquilo que real-mente somos: rancorosos, exigen-tes, impacientes, etc.

Seria bem melhor construirmosa paz e a harmonia dentro do nossolar, através do cultivo das virtu-des que nos faltam, para que nos-sas atitudes dentro da Casa Espí-rita sejam realmente verdadeiras.

Gentilezas para com todos, acomeçar pelos simples e

pobrezinhos, estes são os maioresnecessitados de carinho e aten-ção. Ter amizade com os dirigen-tes da Casa, com os médiuns, tra-balhadores em geral é agradávele construtivo, entretanto, semexageros inconvenientes. Conhe-cemos pessoas que se vangloriamde conviverem ou terem convivi-do com espíritas famosos, e, mui-to orgulhosos, dizem-se íntimosdeles, embora não tenham apro-veitado a oportunidade paraaprender algo de útil para bene-ficiar sua evolução.

Pode-se conviver com alguématé por uma vida inteira, se não

nos esforçarmos para nos tornamosmelhores, não será a convivênciaque irá nos contaminar com taisvirtudes. Contaminação de qua-lidade e osmose de bondade nãoexistem; o esforço e o trabalho temque partir de nós.

Em O Livro dos Espíritos,cap. XII, questão 918, encontra-mos proveitosos ensinamentos re-ferentes ao tema em estudo. Alémde "Caracteres do homem de bem",verdadeiro roteiro para nossa ava-liação moral, ainda Santo Agosti-nho nos aconselha o seguinte:

"- Fazei o que eu fazia quandovivi na Terra: no fim de cada diainterrogava minha consciência,passava em revista o que havia fei-to e me perguntava a mim mesmo

se não tinha faltado ao cumpri-mento de algum dever, se nin-guém teria tido motivo para sequeixar de mim.

Foi assim que cheguei a me co-nhecer e ver o que em mim ne-cessitava de reforma (...)

O conhecimento de si mesmoé, portanto, a chave do melhora-mento individual. Mas, direis,como julgar a si mesmo?

Não se terá a ilusão do amor-próprio, que atenua as faltas e astorna desculpáveis? O avaro sejulga simplesmente econômico eprudente, o orgulhoso se consideratão somente cheio de dignidade.

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APRENDIZADO

São inúmeras as mensagens de Santo

Agostinho, sempre nos incentivando

para o caminho do bem

Fonte:

Revista Internacional do Espiritismo, N° 2,

maio de 1972.

Tudo isto é muito certo, mastendes um meio de controle quenão vos pode enganar. Quandoestais indecisos quanto ao valorde uma de vossas ações, perguntaicomo a qualificaríeis se tivessesido praticada por outra pessoa.Se a censurardes em outros, ela

não poderia ser mais legítima paravós, porque Deus não usa de duasmedidas para a justiça (...)".

Santo Agostinho, esse exce-lente exemplo, nasceu no séculoIV, filho de pai pagão e mãe cris-tã. Aos 32 anos converteu-se aocristianismo e, desde a codificação,

é um dos maiores divulgadores doEspiritismo, isto sem renegar suafé como apóstolo cristão.

Quando vivia na Terra, julga-va as coisas segundo os conheci-mentos que possuía; mas quandono mundo espiritual, uma nova luzse fez para ele, passou a ver comos olhos do espírito o que não po-dia ver como homem. São inúme-ras suas mensagens, sempre nosincentivando para o caminho dobem. Foi influenciado pelosensinamentos de Sócrates, porisso referia-se sempre ao "Conhe-ce-te a ti mesmo", como observa-mos na mensagem acima descrita.

Viveu na Terra com todas asdificuldades que enfrentamoshoje, com certeza maiores ainda,e conseguiu através do auto-exa-me conquistar virtudes que o ele-vou a categoria superior no cam-po evolutivo.

Seguindo seu conselho e con-tando com os esclarecimentos quea Doutrina Espírita têm nos ofe-recido, talvez nossa experiênciase torne mais amena. Avaliandono final de cada dia nossas ações,para sermos mais sinceros e ver-dadeiros no relacionamento como nosso próximo. �

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Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 27Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596

Fonte:

MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras.

Pág. 49. Editora Moderna. São Paulo/SP,

1999.

COM TODAS AS LETRAS

Pronuncie certo

“Gratuito” e “Fluido”

por Eduardo Martins

Nos três casos, a opção correta é a primeira, por mais

que se ouçam com maior freqüência ensino "gratuíto",

distribuir alimentos "gratuítamente", "circuíto" de

Silverstone, "curto-circuíto", "fluído para freios". Habitue-se, por-

tanto, a dizer gratuito (úi), gratuitamente (úi), circuito (úi) e flui-

do (úi), da mesma forma que intuito (úi) e fortuito (úi). Fluído só

existe como particípio de fluir: O trânsito tinha fluído bem.

Em outra situação, a existência de vogais abertas e fechadas em

palavras com o mesmo sentido é que provoca dúvidas. O fato suce-

de com controle e interesse. Os substantivos têm som fechado. As-

sim: controle (ô) dos nervos, perder o controle (ô), interesse (ê)

pela leitura, perder interesse (ê). O som é aberto apenas na flexão

verbal: É preciso que ele controle (ó) os nervos, a situação. / Quero

que você controle (ó) os gastos. / É indispensável que ele se inte-

resse (é) pelo trabalho. / Espero que a proposta lhes interesse (é).

Não são apenas esses, no entanto, os casos em que a dificuldade

de pronúncia reside no som aberto ou fechado. Por exemplo, deve-

se dizer téxtil ou têxtil? Embora no próprio setor da fabricação de

tecidos se ouça falar em "téxtil", a pronúncia é têxtil (ê). E o x tem

valor de s: "têstil" e não "têcstil".

O prefixo ex e a palavra extra, redução de extraordinário, tam-

bém devem ser pronunciados com som fechado e com o x soando

como s. Portanto: ex-presidente ("ês-presidente" e não "écs-presi-

dente"), hora extra ("êstra" e não "éstra"), horas extras ("êstras").

Ainda com relação ao som aberto ou fechado: afinal, "pêgo" ou

"pégo"? Embora o dicionário Aurélio admita as duas formas, o Vo-

cabulário Ortográfico, da Academia Brasileira de Letras, registra

apenas "pêgo". Prefira esta pronúncia, portanto, a "pégo", a mais

comum no Rio, por exemplo.

Se as famosas listas dos "dez mais" ainda estivessem na moda,

pelo menos três palavras com terminações semelhantes teriam lugar

garantindo no capítulo da pronúncia errada. Faça o teste. Como

você pronuncia: gratúito ou gratuíto, circúito ou circuíto, flúido

para freios ou fluído para freios?

O som de máximo

Procure também distin-guir as palavras com x: máxi-mo e derivados têm som dessi: máximo (ssi), maximizar(ssi), maximização (ssi) emáxima (ssi). O prefixo maxitem som de csi: maxissaia(csi), maxidesvalorização(csi), maxivestido (csi), etc.Já com o tóxico, o som é ape-nas de csi: tóxico (csi), into-xicar (csi), toxina (csi), etc.

Evite por fim vícios depronúncia muito comuns,como "douze", "poude","bouca", "nouvo", "toudo","loco", "poco", "saingue","tambéin", "parabéins","mermo", "pobrema","poblema", "más" (em vez demais), "mãs" (em vez demas), etc.

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Chico Xavier - Emmanuel

Vinha de Luz

A vida moderna, com suas realidades brilhantes, vai ensinando às comunidades religiosas doCristianismo que pregar é revelar a grandeza dos princípios de Jesus nas próprias ações diárias.

O homem que se internou pelo território estranho dos discursos, sem atos correspondentes àelevação da palavra, expõe-se, cada vez mais, ao ridículo e à negação.

Há muitos séculos prevalece o movimento de filosofias utilitaristas. E, ainda agora, não escasseiamorientadores que cogitam da construção de palácios egoísticos à base do magnetismo pessoal e psicó-logos que ensinam publicamente a sutil exploração das massas.

É nesse quadro obscuro do desenvolvimento intelectual da Terra que os aprendizes do Cristo sãoexpoentes da filosofia edificante da renúncia e da bondade, revelando em suas obras isoladas aexperiência divina dAquele que preferiu a crucificação ao pacto com o mal.

Novos discípulos, por isso, vão surgindo, além do sacerdócio organizado. Irmãos dos sofredores, dossimples, dos necessitados, os espiritistas cristãos encontram obstáculos terríveis na cultura intoxicadado século e no espírito utilitário das idéias comodistas.

Há quase dois mil anos, Paulo de Tarso aludia ao escândalo que a atitude dos aprendizes espalha-va entre os judeus e à falsa impressão de loucura que despertava nos ânimos dos gregos.

Os tempos de agora são aqueles mesmos que Jesus declarava chegados ao Planeta; e os judeus egregos, atualizados hoje nos negocistas desonestos e nos intelectuais vaidosos, prosseguem na mesmaposição do início. Entre eles, surge o continuador do Mestre, transmitindo-lhe o ensinamento com overbo santificado pelas ações testemunhais.

Aparecem dificuldades, sarcasmos e conflitos...O aprendiz fiel, porém, não se atemoriza.O comercialismo da avareza permanecerá com o escândalo e a instrução envenenada demorar-se-

á com os desequilíbrios que lhe são inerentes. Ele, contudo, seguirá adiante, amando, exemplificandoe educando com o Libertador imortal.

Aos discípulos"Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus

e loucura para os gregos."

Paulo (I Coríntios, 1:23.)