Progresso da Redenção-VanGemeren

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    The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem(O Progresso da Redeno: A histria da Salvao: Da Criao Nova Jerusalm)Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995Traduo por Almir Macrio Barros: Manaus, AM, 27 de maro de 2010 1 de 62ISBN 0-8010-2081-6

    OBSERVAES DO TRADUTOREsta obra busca promover a Escola de Abordagem Histrico Redentora. O leitor

    ir encontrar referencias a telogos como Walter Eichrodt (Escola da Alta Crtica), Von Rad(Escola da Alta Crtica), Brevard S. Childs (Escola da Alta Crtica Crtica Cannica) eoutros. Estes citados pelo nome pertencem a outra escola de abordagem das Escrituras.

    Especialmente a Escola da Alta Crtica, historicamente, se mostrou prejudicial aodesenvolvimento da Teologia genuinamente bblica. No h espao aqui fazer umaexposio detalhada de outras escolas de abordagens no estudo das Sagradas Escrituras; maso tradutor Almir Macrio Barros assume e adota a Abordagem Histrico-Redentiva (ouHistrico-Redentora) a qual tem os pressupostos listados nesta obra de VanGemeren. Porm, necessrio ter cautela com as citaes sobre telogos de outra escola de abordagem Bblia. Visto que esta observao est sendo feita antes da concluso de leitura e anlisedesta obra de VanGemeren, fica apenas o alerta ao leitor de que necessrio ler e analisaresta obra, pois podem haver posies do autor que no sejam de totalmente aprovadas, equanto a citaes de telogos de outras escolas, para o leitor leigo, no bom que estebusque consultar tais telogos, pois estes tm pressupostos diferentes da Escola deabordagem histrico-redentora. Tais pressupostos, conforme se pode constatar neste livro

    traduzido, so essencialmente bblicos e fundamentais para o estudo das Escrituras, enenhum telogo que se diz cristo evanglico reformado pode fugir dos mesmos. Nomomento (12/abril/2010) em que escrevo estas anotaes, traduzi apenas o ndice (detalhadoe ampliado), introduo, e estou iniciando com as figuras e tabelas (o que considero que duma idia do que a obra prope). No observei de que maneira, ou at que ponto, ou porqueVanGemeren usa informaes de telogos (da Escola Crtica) como Walter Eichrodt, VonRad, Brevard Childs (Crtica Cannica) ainda no pesquisei as escolas a que pertencem ostelogos citados na obra. Qualquer informao ou dvida escrever para: Almir MacrioBarros: endereo eletrnico: [email protected] )

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    The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem(O Progresso da Redeno: A histria da Salvao: Da Criao Nova Jerusalm)Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995Traduo por Almir Macrio Barros: Manaus, AM, 27 de maro de 2010 2 de 62ISBN 0-8010-2081-6

    PREFCIO

    com prazer que apresento um estudo do Trabalho de Deus na Redeno,iniciando na Criao, e progredindo at seu pleno e completo desenvolvimento final naNova Jerusalm. Na narrativa da Histria da Redeno, a Bblia revela a progresso doPlano de Deus para seu povo. Tanto Antigo Testamento (AT) como Novo Testamento (NT)testemunham a glria preparada para o povo de Deus em Jesus Cristo. Examinaremos:

    1. A Bblia como o Livro de Deus e o livro do homem.2. Cada fase no desdobramento da histria da Redeno3. Aforma literria correspondente cada fase.4. Afuno cannica, ou significado da passagem como mensagem divina para a

    comunidade para a qual foi entregue.5. A relevncia histrico redentiva ou significncia de cada fase luz dos

    propsitos de Deus em todos os estgios da Redeno.Desta maneira, este livro introduz o leitor:1. No AT.2. No Perodo Intertestamental.3. No Futuro Proftico (Escatologia).O desenvolvimento da Histria da Redeno testemunha:1. Da diversidade na Revelao de Deus.2. Da unidade do seu Plano Redentor (e Criador1).Conforma George Ladd,

    As Escrituras como um todo (AT e NT) encontram sua unidade naquilo que pode ser maisadequadamente denominada como Histria Sagrada (Heilsgeschichte). Ela o registro einterpretao dos eventos nos quais Deus visita os homens na histria com o fim de redimi-los comopessoas e ainda redimi-los tambm na sociedade na histria. No final de tudo, isto significa aRedeno da prpria histria.A diversidade ocorre devido aos estgios distintos ao longo do curso da Redeno e tambm por

    causa das diferentes maneiras pelas quais o evento redentivo pode ser interpretado. Os profetaspercebem este evento a partir da perspectiva da Promessa, com uma forte nfase sobre o significadohistrico e secular daquela visitao divina2.

    Neste livro eu exploro uma ampla gama de tpicos e percebo profundamenteminhas prprias limitaes em tratar adequadamente com cada um deles.ENTRETANTO, EXISTE UMA GRANDE LACUNA NA LITERATURAEVANGLICA ATUAL, POIS POUCOS ESCRITOS INVESTIGAM ODESENVOLVIMENTO PROGRESSIVO DA HISTRIA DA REDENO.

    Devo grandemente ao escritos de Geerhardus Vos3 , cuja obra clebre BiblicalTheology of Old and New Testaments (Teologia Bblica do Antigo e Novo Testamentos)

    1

    Acrscimo do tradutor Almir Macrio Barros: quando falamos do Plano de Deus, precisamos perceber queeste tem dois aspectos, ou apresenta-se em dois Sub-Planos: 1) O Plano Criador com a Primeiro Criao,quando foram criadas todas as coisas coisas: Gn. 1-2, e 2) O Plano Redentor quando em Cristo temos a NovaCriao, ou seja, a Criao Redimida com a Restaurao de todas as coisas. Em resumo, a Primeira Criaocom o Primeiro Ado restaurada em Cristo, o ltimo Ado (Nova Criao, Criao Redimida, ou SegundaCriao como alguns chamam).2 Eldon Ladd: The Patterno of New Testament Truth (O Padro da verdade do N.T.) Grand Rapids: Eerdemans,1968, p. 110-111.3 Obs. Do tradutor, Almir M. Barros: Geerhardus Vos (1862-1948), naturalizado americano, foi professor deTeologia Bblica no Seminrio de Princeton durante cerca de 39 anos; Benjamin Warfield o chamou de oPai da Teologia Bblica Reformada. Com relao abordagem e construo da Teologia Bblica, G. Vos considerado como um dos principais telogos representantes da escola histrico redentora . Osprincipais pontos desta Escola constituem o pressuposto de todo e qualquer Telogo histrico-redentor, eestes so: 1. Existe apenas um nico Plano Redentor de Deus apenas um povo de Deus, constitudo por

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    The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem(O Progresso da Redeno: A histria da Salvao: Da Criao Nova Jerusalm)Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995Traduo por Almir Macrio Barros: Manaus, AM, 27 de maro de 2010 3 de 62ISBN 0-8010-2081-6

    foi impressa h cerca de quarenta anos, e tambm a Edmund P. Clowney e Richard B.Gaffin, Jr, por me introduzirem na abordagem Histrico Redentiva durante meusestudos no Westminster Theological Seminary (Seminrio Teolgico de Westminster).

    Apesar dos erros e omisses neste livro, acredito que a presente obra ajudar ocristo a se alicerar na histria do povo de Deus, servir melhor a Cristo, e se tornar pleno

    do Esprito de restaurao, da mesma maneira que ns olhamos em direo gloriosaRedeno preparada para o povo de Deus na sua Nova Jerusalm.Sou muito agradecido aos meus alunos, no Geneva College (1974-78) (Faculdade

    de Geneva) pelo seu encorajamento; tambm ao Reformed Theological Seminary emJackson (1978-92); e ainda Trinity Evangelical Divinity School (Escola TrinitarianaEvanglica de Divindade), ambas no Cumpus de Deerfield e ainda muitas extenses doCampus (1922 at atualmente). Sou, tambm, agradecido a Jim Weaver of Baker BookHouse (Empresa Baker Book) pelo seu suporte em permitir a publicao deste livro sob osauspcios da Baker Book House. Sou ainda profundamente agradecido a Deus pela minhafamlia, a quem dedico esta obra. Seu sacrifcio, amor constante, e laos espirituais que nosune tm me compreenso da beno de Deus que renova e refresca. Eu oro ao Senhor peloamor de minha esposa, Evona por cerca destes ltimos trinta anos, e pelo seu interesse em

    nossa comunidade internacional no seminrio. Oro ainda pelo crescimento espiritual e boa

    judeus e gentios eleitos em Cristo; 2.Este plano Redentor, projetado antes dos tempos eternos, no seio doDeus Trino, materializado e desenvolvido progressivamente na Histria humana pelo Deus que se revela

    atravs dos seus atos sobrenaturais, constituindo com isto o que chamamos de Histria da Redeno, quevisa: a. Redimir o povo de Deus, os eleitos antes da fundao do mundo, em Cristo e b. Restaurao detodas coisas. 3. Estes atos sobrenaturais pelos quais Deus se revelou na histria foram deforma inerrante einfalvel, fielmente registrados por escrito por homens inspirados pelo Esprito de Deus, resultando da no

    registro escrito das Sagradas Escrituras, AT e NT, a Bblia Sagrada (Revelao Especial) que Deus nosentregou, a ns seu povo. Esta Escola histrico-redentiva se ope frontalmente escola da Alta-Crtica(Escola Crtica: Crtica da Forma, Crtica Cannica, Crtica das Fontes, etc). Alguns dos principais pressupostosda Escola Crtica so (Paulo Anglada: Introduo Hermenutica Reformada, Ed. Cultura Crist, p. 54): 1.(Pretenso de) Objetividade ou iseno (suposio de que o pesquisador uma tabula rasa) e pressupe

    que a Bblia deve ser estudada como um livro qualquer, negando o seu carter sobrenatural de RevelaoSobrenatural de Deus ao seu povo; 2. Racionalismo: a Razo substitui a Revelao passando a ser o critriosupremo da verdade, julgando todas as coisas; 3. Historicismo: As Escrituras no so a Revelao Divina, maso registro histrico das aspiraes religiosas de um povo (Israel e a Igreja); com isto, a Escola Crtica negamuitos milagres das Escrituras. Os pressupostos da Escola histrico redentora, j referidos, soprimariamente aceitos e cridos s e somente pela f. Nesta Escola, a exposio do Plano Redentor de Deus exposto como um todo, com uma estrutura nica, orientada pelas prprias Escrituras, podendo suas fases serlistados da seguinte maneira: FASE I. Antes dos Tempos Eternos: o Deus Trino, e Seu Eterno Conselho:Criao, Providncia e Redeno; Aliana da Redeno entre O Pai e O Filho; FASE II. Tempo histrico daCriao: TEMPO DA PALAVRA PROFTICA: 2.1. Revelao pr-Redentiva Gn. 1-2- antes da Queda; 2.2.Revelao Redentiva Gn. 3-Ap. Perodo do Ps-Queda (principal profecia: Messias iria executar 3 tarefas:a. Encarnao Sobrenatural (ES); b. Expiao Vicria (Ex. V), e c. Ressurreio dentre os mortos (Res.M ):temos neste tempo o Pacto da Graa (PG) sendo administrado na Antiga Dispensao por sombras, figuras,

    tipos e promessas (AT) que apontam para o Jesus Cristo. Temos nesta fase as seguintes Eras: 2.1.1. Era doscomeos: Gn. 1-11; 2.1.2. Era dos Patriarcas; 2.1.3. Era Mosaica; 2.1.4. Era da Conquista de Canaan; 2.1..5.Era da Monarquia: Reino Unido e Reino Dividido; 2.1.6. Era proftica profetas (Cannicos) escritores. 2.2.TEMPO DA CONCRETIZAO DA PALAVRA PROFTICA: ERA MESSINICA: Jesus, o Cristo, o Messias realiza aPalavra (Promessa Messinica) Proftica (AT): 1. ES, 2. Ex.V. e 3. Res.M. (Redeno Objetiva: realizada peloFilho Encarnado, Jesus, sem nenhuma participao do homem, irrepetvel, de uma vez por todas, cobrindotodos os santos, AT e NT) estando estes atos registrados e descritos nos evangelhos, Mt, Mc, Lc e Jo. 2.3. ERAAPOSTLICA: TEMPO DE INTERPRETAO LUZ PALAVRA PROFTICA (AT) DA MISSO REALIZADA PORJESUS, O MESSIAS (ES, Ex.V. e Res.M) (At, cartas e Apocalipse), com encerramento da Revelao Especial emAp; 2.4. ERA DA HISTRIA DA IGREJA: Ps-apostlica, Pais da Igreja, Reforma, Ortodoxia,....at a SegundaVinda; construo da herana da Igreja, sob a iluminao do E. Santo, homens de Deus, atravs das geraesde crentes, constroem as doutrinas bsicas do Cristianismo aliceradas nas Escrituras; 2.5. SEGUNDA VINDA:Juzo Final, Restaurao de todas as coisas; Consumao da Redeno dos santos; 2.6. ESTADO ETERNO:Novo Ces e Nova Terra, Nova Jerusalm.

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    The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem(O Progresso da Redeno: A histria da Salvao: Da Criao Nova Jerusalm)Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995Traduo por Almir Macrio Barros: Manaus, AM, 27 de maro de 2010 5 de 62ISBN 0-8010-2081-6

    ndice da Introduo

    A. Eventos antigos e a f do cristo modernoB. Exegese bblica e Tradies teolgicasC. O lugar da f na interpretao da Escritura

    D. A relao entre os dois testamentosd.1. Lei e Evangelhod.2.Promessa e Cumprimentod.3. Figura e realidade

    E. O centro teolgico da EscrituraF. A interpretao da Bblia

    f.1. A arte do estudo da Bbliaf.2.. Anlise e sntese: Uma abordagem trifocal ao Texto bblicof.3. Estilo literriof.4. Funo cannicaf.5. Relevncia Histrico RedentivaTabela 1: Doze perodos da Histria Redentiva

    G. Interpretao bblica e transformaog.1. Interpretao na comunidadeg.2. Interpretao em dilogo

    Concluso

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    The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem(O Progresso da Redeno: A histria da Salvao: Da Criao Nova Jerusalm)Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995Traduo por Almir Macrio Barros: Manaus, AM, 27 de maro de 2010 6 de 62ISBN 0-8010-2081-6

    INTRODUO

    A Bblia o livro de Deus e do homem. Deus fala atravs das bocas de homens ehomens e mulheres ouvem a voz de Deus. Apesar do homem, Deus falou intensamenteatravs de milnios atrs e a Igreja ainda ouve a sua voz. Sua maneira de ouvir, entretanto,

    depende da sua prpria situao histrica. Desde o sculo dezenove, srios desafios inspirao, canonicidade e inerrncia da Bblia tm surgido. Estudiosos olham para osurgimento da abordagem crtica como um divisor de guas e se referem literatura anteriore posterior a tal desenvolvimento como pr e ps crtica. A abordagem crtica tem afetadoprofundamente a maneira de estudo da Bblia nas universidades, bem como sua exposionas igrejas. Crticos bblicos tm sido acusados de levarem a igreja a um exlio babilnico a erudio que pratica exegese debate pontos sutis de interpretao, enquanto o povo deDeus permanece sedento da Palavra de Deus.

    Evanglicos tm respondido gradualmente a tais desafios. Ainda que eles tenhamsido acusados de elevar a Palavra de Deus ao status de orculos de Deus, e de mostrar poucaconsiderao pelos aspectos: histrico, literrio, e cultural, no qual a Bblia veio at ns, osmesmos tm cuidadosa preocupao com relao aos aspectos referidos. Neste livro, alm

    de eu explicar a Bblia tanto de uma maneira realstica como relevante, eu apresento nestelivro aABORDAGEM HISTRICO REDENTIVA. Esta abordagem Bblia:1. Mostra uma apreciao da Palavra de Deus tal como ela veio a ns no

    tempo e no espao.2. feita dando devida ateno anlise histrica e gramatical.3. Tambm d a devida ateno s funes cannica e literria.Este mtodo de interpretao da Bblia inicia com a pressuposio de que a Bblia

    tanto Palavra de Deus como palavra do homem. Como Palavra de Deus a Bblia revela oDeus Trino e seu Plano de Salvao e vida para os seres humanos relacionados ao seugrande desgnio de renovao de cus e terra.

    Como palavra do homem, a Bblia a coleo de trabalhos literrios escritos peloshomens de Deus inspirados pelo Esprito de Deus. Estes tesouros literrios foram escritos

    em linguagens humanas atravs de muitos sculos, refletindo diferentes convenesliterrias e culturas. Semelhantemente, as Escrituras esto relacionadas a culturasespecficas. Deus falou a escritores na linguagem de acomodao ou ajustamento, e eleainda nos fala de uma maneira que podemos entender. A CONFISSO DE UMCOMPROMETIMENTO TEOLGICO COM A BBLIA COMO ESCRITURA NOCONSTITUI IMPEDIMENTO PARA SUA COMPREENSO, MAS SIM UMAUXLIO NA COMPREENSO DAS ESCRITURAS, ASSIM COMOCONSTITUEM TAMBM AUXLIOS AS NFASES:

    1. No estilo literrio.2. Na funo cannica da Escritura.3. Na sucesso de continuidade e descontinuidade atravs da histria da Redeno.A preocupao com ambos os aspectos divino e humano da Escritura cria tenses

    que se relacionam mais basicamente questo de interpretao: Entendemos realmente oque lemos? A resposta a tal questo conduz a sete questes adicionais, a saber:

    A. Como pode um evento descrito na Bblia ser relevante para o cristo dosculo vinte?

    B. Qual a relao entre uma tradio teolgica ou declarao confessional ea necessidade contnua de uma leitura e estudo atuais (contextualizao)da Bblia?

    C. Qual o lugar da f na leitura e estudo das Escrituras, incluindo o AT?D.

    De que maneira esto AT e NT relacionados entre si?

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    The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem(O Progresso da Redeno: A histria da Salvao: Da Criao Nova Jerusalm)Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995Traduo por Almir Macrio Barros: Manaus, AM, 27 de maro de 2010 7 de 62ISBN 0-8010-2081-6

    E. Qual o centro teolgico ou o tema dominante da Bblia?F. Quais elementos de uma interpretao que de forma vital envolvem o

    intrprete?G. Como fazer exegese bblica ser aplicada vida prtica? Como a Bblia

    conduz a uma transformao contnua?

    Apresentamos a seguir, ainda nesta introduo, um breve sumrio sobre os seteitens acima citados a serem explorados mais detalhadamente no corpo deste livro4.

    A. Eventos antigos e a f do cristo modernoComo fazer o texto bblico, estabelecido em seu antigo contexto, ter relao

    conosco atualmente?A questo da relevncia to antiga quanto a Bblia, porm foi levantada mais

    explicitamente por Hegel, um filsofo alemo de histria do sculo XIX. Ele postulou oconceito de esprito na histria com o elo que liga presente e passado. Para Hegel, o eventoem si insignificante; somente sua conexo com outros eventos assume relevncia. Somente

    o processo relevador. A relevncia do passado depende de sua relao com o presente. Porconseguinte, na perspectiva de Hegel, eventos bblicos e histria so relevantes somente namedida da sua relao com o presente.

    A separao de f da histria resultou numa postura negativa com relao histriado AT e subseqente eroso da autoridade do AT5. Estudiosos do NT extraram o JesusHistrico da interpretao teolgica do Jesus na Igreja Primitiva. A questo para o JesusHistrico levou Bultmann a introduzir o conceito de demitologizao, em um esforo paraseparar Jesus de Nazar, ou o ncleo histrico, do Jesus da F. O mtodo crtico dissecoucada livro da Bblia individualmente segundo fragmentos literrios produzidos por umamultiplicidade de tradies. Klug expressou apropriadamente a reao dos evanglicos aodilema crtico: Os prticos da abordagem histrico crtica tornaram-se a si mesmosagentes do funeral e sepultamento da Palavra de Deus6.

    O processo de interpretao nunca deve produzir uma separao entre o intrprete eo texto, entre o evento antigo e o sculo XX. O hegelianismo cria semelhante separao. OAlto Criticismo acentua tal diferena. certo que existem diferenas, mas o processo deinterpretao envolve o leitor moderno da Bblia. A interpretao genuna reflete amensagem antiga para cada leitor da Bblia em uma maneira similar, porm no idntica.Deus tem falado e ainda fala a homens e mulheres pela operao do Esprito Santo. Arevelao de Deus por Moiss, os Profetas, Nosso Senhor e os Apstolos ainda testemunhano contexto moderno cada um que abre seus ouvidos voz de Deus. Jesus disse que suasovelhas ouvem sua voz (Jo. 10.1-5), e que tal voz vem a ns pelas Sagradas Escrituras. Osque crem no Cristo de Deus so inseridos na histria dos atos de Deus, assim eles podemexclamar com o salmista:

    Grande o Senhor e mui digno de ser louvado; a sua grandeza e insondvel.Uma gerao louvar a outra gerao as tuas obras e anunciar os teus poderosos feitos.Meditarei no glorioso esplendor da tua majestade e nas tuas maravilhas.Falar-se- do poder dos teus feitos tremendos, e contarei a tua grandeza.Divulgaro a memria de tua muita bondade e com jbilo celebraro a tua justia (Sl. 145.3-7).

    B. Exegese bblica e Tradies teolgicas4

    Frase indicativa do contedo da introduo inserida pelo tradutor Almir Macario Barros para melhorcompreenso do leitor.5

    Para uma viso geral, ver: Alan R. Millard, Approaching the Old Testament Themelios 2 (1977): 34-39.6

    Eugene F. Klug, Prefcio de The End of the Historical Critical Method (A Extino do Mtodo historico crtico) por Gerhard Maier, St. Louis, Concordia. 1977, p. 9.

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    The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem(O Progresso da Redeno: A histria da Salvao: Da Criao Nova Jerusalm)Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995Traduo por Almir Macrio Barros: Manaus, AM, 27 de maro de 2010 8 de 62ISBN 0-8010-2081-6

    Ao longo da histria da Igreja, a Bblia tem estado solidamente conectada vida eensino da mesma. A prtica e ensino atuais podem ter-se desviado em um ou outro ponto,mas em nenhum tempo a Bblia foi completamente substituda. O lugar da Bblia, entretanto,est em contnua tenso com as tradies da Igreja ou denominao. Esta tenso foi

    aumentada durante a Reforma, e desde aquele momento suas deliberaes tm dado origema muitas denominaes7. A tradio tem uma funo na vida da igreja porque cada geraono pode reviver as tenses, questes teolgicas e problemas prticos das geraesanteriores. Ns somos herdeiros dos Pais da Igreja, quem trabalhou as frmulas doutrinriasda Trindade. Somos herdeiros da Reforma, com suas nfases sobre Cristo (versus a igreja),

    justificao pela F, salvao pela graa, o sacerdcio de todos os crentes, e a primazia daEscritura (versus a igreja). Alm disso, muitas igrejas evanglicas um credo, confisso,pacto, ou declarao de crena pela qual os crentes esto ligados uns aos outros. A tradiod um sentimento de continuidade histrica, identidade e solidariedade. Alm disso, a de umpr-entendimento (isto , uma abordagem condicionada culturalmente) em umainterpretao bblica ajuda o leitor da Bblia a se guardar contra erros e equvocos8.

    Por outro lado, tradio perigosa quanto ela independente do princpio da

    Reforma de primazia da Escritura (Sola Scriptura). Os Solas da Reforma (somente Cristo,somente a F, somente a Graa, e somente a Escritura) foram estabelecidos em contraste stradies teolgica e eclesistica. Os Reformadores adotaram de todo corao o princpio daprimazia da Escritura. A partir da Escritura eles sustentavam suas posies a suficincia deCristo para salvao e a apropriao imediata dos seus benefcios atravs da f e da graa contra as autoridades eclesisticas. A despeito da fora da tradio e do poder de Roma,osReformadores retornaram Palavra de Deus como principal fonte de sua f. O perigo existecontinuadamente, em uma vida de comodismo, com nossas formulaes teolgicas, semconhecimento de um estmulo ou desafio de uma interpretao atualizada. Por conseguinte,Barr encoraja a um retorno interpretao bblica como uma maneira de apropriaodaquela herana. Com respeito a grande parte do trabalho interpretativo, a qualidade de serrecente no significar ruptura com tradio...mas reapropriao da mesma com maior

    profundidade de compreenso9.Nossa situao atual no muito diferente do perodo antes da Reforma. A Idade

    Mdia foi unida pela aceitao das Regras de F, tais como ensinadas e transmitidas pelaigreja. A Escritura era de importncia secundria em relao igreja. Os modos deinterpretao eram irrelevantes para o ensino da igreja. O perigo para o Cristianismoevanglico moderno est na extrao de valores da Bblia sem um devido cuidado de ouvi-lae atend-la cuidadosamente. Emil Brunner lamenta o fato de que muitos no atendem o textobblico, nem o aplicam apropriadamente, e outros buscam um significado espiritualescondido. Ele adequadamente argumenta que o caos resultante de um manuseio equivocadoda Bblia no tem alicerces na Reforma, mas reminiscncia do Perodo pr-Reforma: Nspodemos apenas alertar o povo mais urgentemente contra esta confuso de pensamento, oqual inevitavelmente nos faz regredir a uma postura religiosa que os Reformadores tinhamsuperado; verdadeiramente, tal vitria constitua a prpria Reforma10.

    C. O lugar da F na interpretao da Escritura7 G. Ebeling, Word and Faith, trans. James W. Leitch, (Philadelphia: Fortress, 1963), p. 308.8 Para discusses complementares ver: Anthony C. Thiselton, Hermeneutics and Theology: The legitimacyand necessity of Hermeneutics, in The two Horizons: New Testament Hermeneutics and PhilosophicalDescription (Grand Rapids: Eerdmans, 1980), p. 85-114; Roger Lundin, AnthonyC. Thiselton, e ClarenceWalhout, The Responsibility of Hermeneutics (Grand Rapids: Eerdemans, 1985).9

    James Barr: Old and New in Interpretation (Antigo e Novo na interpretao), New York: Harper & Row, 1966,p. 190.10

    Emil Brunner, The Christian Doctrine of Creation and Redemtion (A Doutrina Crist de: Criao e Redeno)vol. 2 de Dogmatics, Philadelphia: Westminster, 1952, p. 213.

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    The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem(O Progresso da Redeno: A histria da Salvao: Da Criao Nova Jerusalm)Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995Traduo por Almir Macrio Barros: Manaus, AM, 27 de maro de 2010 9 de 62ISBN 0-8010-2081-6

    O mundo da erudio bblica est em contraste com o tradicionalismo. A erudiobblica moderna tem apenas cerca de cem anos de idade, mas seu impacto sobre aabordagem, profundidade e amplitude dos estudos inegvel. Um dos fascinantes resultadosda erudio do AT no ltimo sculo foi a proliferao de artigos, monografias e comentrios

    integrando os resultados de estudos amplos do Antigo Oriente Prximo e o texto do AT. Acomparao de um comentrio do incio do sculo XIX de qualquer livro do AT com umcomentrio do mesmo, datado da metade do sculo XX mostrar estas diferenas (impacto)acima referido. Comentrios do perodo do Cristianismo primitivo, a era Medieval e daReforma eram estabelecidos com sustentao de ensaios de Filosofia, Filologia, Religiocomparada, arqueologia e Histria. Unido rejeio do passado, estava a incessante buscapor novidades.

    A Comunidade erudita no pretendia necessariamente retirar a Bblia da igreja. Aerudio crtica objetivava a reconstruo dos contextos originais nos quais os livrosbblicos surgiram e assumiam que mais informaes resultariam numa mensagem maisclara. O resultado, entretanto, foi diverso, conforme Childs observa: A simples aquisio demais conhecimento histrico e literrio no resulta em maior habilidade para compreenso

    do texto bblico11

    .O estudo da Bblia diferente do estudo de qualquer texto literrio ou religioso. Elepressupe uma f pessoal e uma chamada a um comprometimento total do ser. Sempreocupao com a reivindicao autoritativa (cannica) da Bblia e sob a luz das tradies

    judeu-crists atravs dos sculos, o estudante da Bblia pode e deve se da Bblia com umcompromisso de f.

    Esta pressuposio tem duas implicaes: Primeira: Ningum pode desprezararbitrariamente o testemunho dos Pais, dos Reformadores, dos Puritanos ou de quaisqueroutros leitores retos e honestos do texto bblico. leitor consciente do texto bblico. Nssomos parte de uma continuidade histrica. O conhecimento no comeou conosco, nemcessar conosco. Conforme Childs observa: O termo `pr-crtico` tanto ingnuo quantoarrogante12.

    Segundo: estudantes cristos do AT devem passar obrigatoriamente pela cruz deJesus Cristo nas suas abordagens ao ATde tal maneira que nunca percam suas identidadescomo Cristos. A chamada de Childs a um retorno uma compreenso teolgica do AT, temalertado a comunidade erudita. Em seu artigo Interpretao na F, ele mostrou que o errofundamental da erudio crtica foi era encontrar em sua pressuposio comum que o fim daexegese era objetividade. Ao invs, ele argumentava por uma maneira razovel de umretorno ao modelo da Reforma:

    Os Reformadores liam o AT no propsito de ouvir a Palavra de Deus. Eles iniciavam com apressuposio da F Crist que AT e NT testemunham de um nico propsito de Deus para com o seupovo...Eles liam as Escrituras com f de que este testemunho era direcionado a todo aquele que tinhafeito semelhante coisa.

    Childs, desta maneira, prope um retorno a exegese segundo o contexto teolgico.Ele sustenta que se pode obter compreenso teolgica somente se entrarmos no ciclohermenutico da exegese genuna13.

    O mtodo de Childs prov um modo de proclamao da mensagem bblica na igrejamoderna. A hermenutica afirma que:

    11B. S. Childs, On reading the Elijah narratives, Interpretation 34 (1980) p. 128.

    12B. S. Childs, The Book of Exodus, OTL, x.

    13B.S. Childs, Interpretation in Faith, Interpretation 18 (1964), p. 437, 438. A teoria hermeneutica cada vez

    mais reconhece o lugar do individual na interpretao.

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    The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem(O Progresso da Redeno: A histria da Salvao: Da Criao Nova Jerusalm)Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995Traduo por Almir Macrio Barros: Manaus, AM, 27 de maro de 2010 11 de 62ISBN 0-8010-2081-6

    a igreja no era uma mera continuao de Israel com seus rituais clticos e exigncias civis.Mas a igreja uma comunidade espiritual composta por todo o povo de Deus que professa af em Jesus Cristo. O ensino bblico enfatiza a novidade da nova era (uma melhor aliana), ocumprimento e consumao na obra de Jesus; deste modo, era provido slidas razes para serejeitar as reivindicaes de Roma de continuidade entre AT e NT. Os Reformadores

    corretamente as distintas diferenas entre as comunidades da Antiga Aliana e aquelas daNova Aliana. Cristos eram encorajados a lanar fora a servido de Roma e desfrutarem aliberdade do homem cristo.

    Os Anabatistas negavam completamente o AT e o consideravam inferior revelaodo NT. Contra eles, Calvino manteve com limitaes, uma tolerncia relativa relevncia daLei do AT. Ele teve prestimosa considerao funo de Israel e do AT na sua exegese. Nacompreenso de Calvino, Deus fez uma aliana com Abrao e sua semente, tendo esta umanatureza redentiva peculiar.O AT e NT so duas formas de uma nica administrao dagraa, a qual inclui todas as alianas especficas (descritas no AT)19. AS ALIANAS EAMBOS OS TESTAMENTOS ESTO DE MANEIRA SIGNIFICATIVA,ALICERADAS SOBRE UM FUNDAMENTO: CRISTO, O MEDIADOR DAALIANA (I Tm. 2.5. Porquanto h um s Deus e um s Mediador entre Deus e os

    homens, Cristo Jesus, homem), quem cumpre as promessas do AT ao mesmo tempo em queassegura completo cumprimento na sua vinda gloriosa. Calvino sustentava tanto a imutvelnatureza de Deus como a descrio do que a Escritura fornece de vrios estgios redentivoscomo sendo algo complementar. Desta maneira, Calvino percebia o equilbrio entre oaspecto esttico (isto , o aspecto eterno da Redeno) e o aspecto dinmico (a dimensohistrica da Redeno) na sua compreenso da Revelao.

    A posio de Calvino, relativamente branda, tornou-se mais solidamente estabelecidanas abordagens especficas de dois telogos do sculo XVII: Cocceius e Voetius20. Osdiscpulos de Cocceius enfatizavam o apego de Calvino pela teologia bblica e exegtica. Osdiscpulos de Voetius enfatizavam a habilidade de Calvino na sistematizao. Os pontos detenso de Calvino tm se tornado polarizados at os dias de hoje. Tais tenses podem sermais bem representadas igualmente por lei e evangelho, promessa e cumprimento, figura e

    realidade.

    d.1. Lei e Evangelho

    Na Teologia de Calvino, a diferena entre os dois Testamentos repousa na distinoentre lei e evangelho, a qual reflete no perodo histrico respectivo de cada um: a lei foi dadano AT, e o evangelho no NT. Calvino entende por Lei muito mais do que os aspectoslegais e demandas dadas na lei de Deus a administrao da Aliana no AT. O AT no meramente preparatrio para a vinda de Cristo. uma revelao da Redeno cujaessncia a promessa do Messias, o centro da Aliana. O AT tambm o perodo da Leicomo uma expresso do Pacto da Graa, estendida ao perdo, adoo e privilgios daAliana sobre a base da obra consumada de Cristo. Em outras palavras, O Evangelhoaponta com o dedo o que a Lei prefigura atravs de tipos21.

    A Lei contrasta com o Evangelho no aspecto em que a primeira, na melhor dashipteses, constitui um guia para Cristo. A Lei, com suas exigncias e cdigo penal, prega acondenao em oposio ao Evangelho que traz a liberdade pelo Esprito. A Lei preparapara a vinda de Cristo, que o objetivo da Lei. Desta maneira, a Lei, com Cristo como suaessncia, tem um lugar prprio na administrao da Aliana da Graa. As exigncias da Lei

    19Calvino: Institutes 2.9.11; Anthony Hoekema, The Covenant of Grace in Calvins Teaching, Calvin

    Theological Journal2 (1967): p. 133-61.20

    Ver: VanGemeren: Perspectives on Continuity (Perspectivas sobre Continuidade).21

    Calvin, Institutes 2.9.3.

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    The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem(O Progresso da Redeno: A histria da Salvao: Da Criao Nova Jerusalm)Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995Traduo por Almir Macrio Barros: Manaus, AM, 27 de maro de 2010 12 de 62ISBN 0-8010-2081-6

    mudam na experincia da libertao, conforme cs crentes que voluntariamente obedecem aseu Pai celestial.

    d.2. Promessa e Cumprimento

    Outra maneira de distino entre os dois testamentos no pensamento de Calvino ade Promessa e Cumprimento. Em ambos os casos, salvao o ponto de contato. Assimsendo, a revelao do NT no simplesmente cumprimento e o AT, tambm no simplesmente Promessa; os dois Testamentos so complementares. Os santos do AT jtinham experimentado a salvao, despeito de esperarem uma salvao plena por vir.Calvino, de maneira moderada, nos relembra que em nossa era, nossa posio atual similaraos santos do AT na poca deles:

    Logo, ainda que no evangelho Cristo nos oferea a atual plenitude de bnos espirituais, contudo aconcretizao jaz sempre sob a custdia da esperana, at que, despojados da carne corruptvel,sejamos transfigurados na glria daquele que via nossa frente22.

    A natureza da Revelao bblica como um todo :1.A proclamao e experincia daRedeno prometida no presente e2.A antecipao de um grande cumprimento no futuro. Esta verdade refletida na

    imagem de figura no AT e realidade no NT. Esta ltima realidade,entretanto, por sua vez, apequenada pela promessa do grande cumprimentoreservado para os filhos de Deus em sua glorificao final.

    d.3. Figura e realidadeAt este ponto, temos observado que a compreenso de Calvino no era de uma

    distino radical entre AT e NT; ao invs disto, so mostradas diferentes nfases. Calvinopostulava a experincia de Israel como a infncia da Igreja:

    A mesma igreja havia entre eles, porm at ali na sua infncia; por essa razo, o Senhor os mantevesob esta tutela, de sorte que no lhes deu as promessas espirituais, e explcitas, mas prefiguradas em

    certa medida, por promessas terrenas. Por essa razo, Quando o Senhor introduziu Abrao, Isaac ,Jac e seus descendentes esperana da imortalidade, ele lhes prometeu a terra de Canaan comouma herana. Esta promessa terrena no era para ser objeto final de suas esperanas, mas umexerccio e confirmao deles na contemplao em esperana, de suas verdadeiras heranas, umaherana no ainda manifesta a eles23.

    H, pois, neste caso, uma natureza espiritual vinculada s bnos terrenas. Ocrente do AT recebeu os benefcios de Deus como uma figura de sua shalom ou paz, comDeus: Ento, ele adicionou a promessa da terra, somente como smbolo de suabenevolncia e como um tipo da herana celestial. Esta exposio explica a linguagemproftica, com seus quadros e representaes das bem-aventuranas terrenas no estgio decomplementao:

    Ainda que os profetas representem com mais freqncia as bem-aventuranas da era porvir atravsde tipos que eles recebiam do Senhor...Ns percebemos que todas estas coisas no podem seaplicadas de modo apropriado Terra da nossa peregrinao, ou a Jerusalm terrena, mas verdadeira ptria dos crentes, aquela cidade celestial na qual O Senhor tem ordenado sua beno evida para todo sempre (Sl. 133.3)24.

    22Calvino, Institutas, 2.9.3.

    23Calvino, Institutas 2.11.1.

    24Calvino, Institutas 2.11.2.

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    The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem(O Progresso da Redeno: A histria da Salvao: Da Criao Nova Jerusalm)Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995Traduo por Almir Macrio Barros: Manaus, AM, 27 de maro de 2010 13 de 62ISBN 0-8010-2081-6

    E. O Centro Teolgico das EscriturasHaver alguma unidade literria e histrica nas tradies de Israel e da Igreja? As

    nfases e temas da Bblia esto de tal modo entrelaadas mostrando uma variaosignificativa de poca para poca e de livro para livro, especialmente do AT para o NT, que

    difcil perceber qualquer unidade. O amor de Deus pela diversidade evidenciado naCriao e na sua Revelao. No obstante, ns achamos conveniente mostrar preferncia porharmonia, integrao e direo tanto no mundo da natureza (cincia) quanto no estudo daPalavra de Deus. Surge da a indagao por um tema unificador ou centro.

    A histria da Teologia Bblica fornece poucas possibilidades a estudantes quevenham a concordar com um centro nico25.

    1. Eichrodt26 postulou a Aliana como conceito unificador.2. Sellin props a santidade de Deus como centro do AT.3. Kolher props a soberania do Deus de Israel. Outros tm sugerido igualmente as

    mais variadas possibilidades, tais como:4. Reino de Deus.5. O Povo de Yahweh6. A relao de Yahweh com seu povo.Von Rad27 rejeitou sumariamente quaisquer construes simplistas de Teologia do

    AT em prol de uma variedade de nfases que venham se expressar na histria de Israel.Definio e acordo em torno de um centro preocupam igualmente estudiosos

    evanglicos28. O interesse de Kaiser com um centro surge de sua convico que a Escriturarevela o Plano de Deus. Alm desta sua preocupao, ele desenvolveu uma Teologia do ATem torno do tema promessa:

    A promessa divina aponta para uma semente, uma raa, uma famlia, um homem, uma terra, e umabeno de propores universais tudo garantido, segundo Gn. 17, como sendo eterno. Nestepropsito reside o plano nico de Deus. Tambm neste plano singular, repousa capacidade deabraar diversidade e variedade tal como o progresso da Revelao e da histria podem produzir.Nesta unidade de propsito e mtodo desdobrou-se uma seqncia de eventos, os quais os escritores

    descrevem, e numa serie de interpretaes interconectadas, eles do mesmo modo e ousadamente,anunciaram perspectivas normativas de Deus sobre aqueles eventos para aquelas geraes e para asque haveriam de vir29.Centros teolgicos tais como promessa (Kaiser), Aliana (Robertson;

    McCommiskey), e Reino (Van Ruler) tm a vantagem de servirem como princpiosorganizadores a partir dos quais a revelao bblica pode ser abordada. O reconhecimento deum centro teolgico destaca um aspecto do plano de Deus em relao aos outros. Deus um

    25Para uma discusso relativo ao centro bblico na Teologia Bblica, consultar: Kaiser, TOTT, (Toward Old

    Testament Theology, Sobre Teologia do AT), p. 20-32. Gerhard Hasel, Old Testament Theology (Teologia doAT) (Grand Rapids: Eerdmans, 1972), p. 123-30. Sobre o problema da Teologia Bblica, ver: Brevard S. Childs,

    Bblical Theology in Crisis (Philadelphia: Westminster, 1970). Para uma reavaliao e contribuio, ver idem,Old Testament Theology in a Canonical Context (Teologia do AT num contexto cannico) (Philadelphia:Fortress, 1986), p. 1-17.26

    Eichrodt pertence Escola Crtica (Alta Crtica, sc. XVIII), a qual adota pressupostos de certa maneira, queesto em conflito com os pressupostos da Escola Histrico Redentiva. fica o alerta ao leitor: No significaque todos os autores citados nesta obra estejam em harmonia com a Abordagem Histrico Redentora,portanto, necessrio que o leitor permanea atento s referencias, telogos citados, etc feitas nesta obra,no sentido de no aderir a idias que no faam jus s Escrituras.27 Observao do Tradutor: Observe-se que Von Rad pertence Escola Crtica. Portanto, o leitor desta obradeve estar atento a referncias s suas obras, caso estas estejam em conflito com a Escola de AbordagemHistrico Redentiva.28

    Bruce C. Birch, Biblical Hermeneutics in Recent Discussion: Old Testament, (Hermeneuticas bblicas emdebates recentes: AT) Religious Studies Review 10 (1984): p. 1-7.29

    Kaiser, TOTT (Toward Old Testament Theology), p. 39; ver tambm p. 32-40.

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    The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem(O Progresso da Redeno: A histria da Salvao: Da Criao Nova Jerusalm)Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995Traduo por Almir Macrio Barros: Manaus, AM, 27 de maro de 2010 14 de 62ISBN 0-8010-2081-6

    Deus de ordem. Ele tem um propsito para todas as coisas. Alm desta convico, euproponho focalizar sobre Jesus como o centro.Jesus a revelao da salvao de Deus.

    A histria da Redeno mostra progresso (ao longo da histria) no trabalho doPlano de Deus de Redeno que se mostrar completamente desenvolvido na restaurao detodas as coisas. Todas as bnos, promessas, alianas e expresses do Reino so reflexos

    ou sombras da grande salvao em Cristo Jesus que vir no fim dos tempos. Em outraspalavras, o AT e NT, juntos, testemunham da grande salvao como restaurao. Santos doAT e Cristos compartilham a experincia comum de recebimento da graa de Deus emCristo Jesus. O desfrutar da experincia da salvao aumenta tal qual a revelao de Deusilumina a natureza do Messias e a era messinica.

    Os intrpretes cristos do AT no podem limitar seus focos a um nico dos muitostemas referidos30; tambm no podem isolar o AT do NT. Nas suas abordagens do AT, elesdevem ter em mente que eles mesmos permanecem numa tradio que regride ao pontomdio da histria da Redeno, especificamente, a Encarnao, Morte e Ressurreio deCristo, o Messias:

    A Igreja Crist confessa encontrar testemunho acerca de Jesus Cristo tanto no AT como no NT...A

    constituio da Bblia crist...reivindica toda Escritura como testemunho autoritativo do propsito deDeus em Jesus Cristo para Igreja e para o mundo...O AT interpretado pelo NT e o NT entendidoatravs do AT, mas a unidade de seu testemunho alicerada num nico Senhor31.

    O anelo pela essncia das Escrituras tem aumentado rapidamente desde a vinda deJesus. Os autores do NT mostram profundo interesse e ardor em suas pregaes e escritossobre a nova era que foi introduzida desde a ressurreio de Jesus. Ver Pedro comoexemplo: At. 2.22-24; 4.11-12; 10.42-43; I Pe. 1.12; ou Estevo em At. 7.52; ou Paulo emAt. 13.32-33; 17.30-31; 26.22-24; 28.28; II Co. 1.19-20; Fp. 1.18. O CENTRO DA BBLIA

    A ENCARNAO E GLORIFICAO DE CRISTO, POR QUEM TODAS ASCOISAS SERO RENOVADAS. TODOS OS ATOS DE DEUS, TODA REVELAODE SUAS PROMESSAS E ALIANAS, TODA PROGRESSIDADE DO SEU REINOE TODOS OS BENEFCIOS DA SALVAO ESTOEM CRISTO32.

    Todos os atos e bnos de Deus em qualquer era esto, deste modo, alicerados namorte de Cristo em antecipao nova era. No sabemos a exata natureza daquela era,porque os profetas e apstolos falam em metforas e parbolas. Ns sabemos que a Era dasalvao estabelecer completa liberdade a partir da morte, tribulao e julgamento quecaracteriza o mundo presente. Desde ento o mundo estranho para os crentes antes edepois da primeira vinda de Cristo (e isto glorioso); portanto, todos os crentescompartilham em comum esperana e f (Hb. 11). Pela esperana no mundo de justiaporvir (Gl. 5.5; II Pe. 3.13), a f se concentra em Cristo, o Rei da Glria, em que sombra,figura e promessa se tornaro claros, realidade e cumprimento. Num amplo panorama daexistncia de todos os santos de Deus, desde Ado at o presente, seria presuno para nsreduzir os atos graciosos de Deus, suas revelaes, alianas e promessas a meras sombras.

    Ns, tambm, estamos vivendo ainda na sombra da grande era porvir.F. A interpretao da BbliaExegese a arte e cincia bblica da interpretao segundo as regras da

    hermenutica. Hermenutica se refere maneira pela qual ouvimos o texto, o relacionamoscom outros textos, e o aplicamos. Hermenutica requer uma disciplina de mente e corao,pelas qual o estudante da Escritura pode pacientemente estudar o texto bblico em seus

    30Ver P. D. Hanson, The Divesity of Scripture (A Diversidade da Escritura) (Philadelphia: Fortress, 1982).

    31Brevard S. Childs: IOTS, 671; comparer com Fritz Stolz: Interpreting the Old Testament(London: SCM, 1975),

    p. 140-43.32

    Veja: Kaiser: Toward Rediscovering, (Rumo Redescoberta) p. 101-20.

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    The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem(O Progresso da Redeno: A histria da Salvao: Da Criao Nova Jerusalm)Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995Traduo por Almir Macrio Barros: Manaus, AM, 27 de maro de 2010 15 de 62ISBN 0-8010-2081-6

    vrios contextos, incluindo o histrico, gramatical, literrio e cultural. Esta abordagem mais bem conhecida comoanlise histrica gramatical33.

    A referida anlise, entretanto, no pode ser separada da interpretao na f. ABblia requer contnua submisso do nosso intelecto aquilo que o Esprito de Deus inspirou(o texto das Sagradas Escrituras), I Co. 2.12-15 e requer tambm uma transformao

    pessoal, aplicao e alterao de nossas pressuposies. Cada intrprete do texto bblicoaborda o significado do texto bblico no sentido teolgico, e existencial ou psicolgico comoum fenmeno literrio34. O entendimento anterior, entretanto, deve permanecercontinuamente sob o poder transformador do Esprito de Deus, testemunhando atravs daPalavra de Deus. A interpretao da Bblia exige submisso do esprito da intrprete aoEsprito Santo, um andar com Deus, um estudo diligente da Palavra e uma sinceridade eclareza de critrio e compreenso dos outros crentes. Deus fala e ns devemos ouvir.

    f.1. A arte de estudo da BbliaO estudo da Bblia em muitos aspectos se assemelha ao estudo de um trabalho de

    Arte uma obra prima literria, ou mais adequadamente, uma coleo de obras primas deliteratura. A Arte pode ser inspiradora, mas a Bblia inspirada. A Arte pode elevar

    intelectualmente, mas a Bblia pode transformar. Seu poder para transformar no independente de disciplina e estudo diligente. Conseqentemente, o estudo da Bblia requermais, e no menos, do que o estudo de qualquer pea de Arte. Poderamos afirmar que aArte captura o esprito do artista, mas a Bblia o trabalho do Esprito Santo. OSESTUDANTES DA BBLIA DEVEM SE CERCAR COM LIVROS BBLICOS DEREFERNCIA E ESTUDAR DILIGENTEMENTE A HISTRIA DA REDENO EA TEOLOGIA BBLICA. Eles podem e devem dominar com maestria a histria do AntigoOriente Prximo, as linguagens e literaturas semticas, Porm, se eles no tm o Esprito deDeus, a Bblia (para eles35) passa a ser uma mera coleo de livros que podem ou no serinspirados. O Esprito Santo o autor das Escrituras e ensina as profundezas de Deusqueles que o buscam (I Co. 2.10-16; II Pe. 1.21). QUANDO O ESTUDANTE DABBLIA ABORDA AS ESCRITURAS COM UM CORAO ABERTO AO

    ESPRITO SANTO, ESTE MESMO ESPRITO SANTO TESTEMUNHA DAAUTORIDADE DA PALAVRA, ILUMINA E TRANSFORMA A SUA VIDA, E LHECONCEDE DE MODO CRESCENTE UM APROFUNDAMENTO NACOMPREENSO DAS RELAES ENTRE OS LIVROS BBLICOS, BEM COMODESENVOLVIMENTOS TEMTICOS E HISTRICOS.

    A presena do Esprito, entretanto, no desculpa para qualquer negligencia noestudo diligente da Bblia. Freqentemente, o estudante da Bblia abre a Palavra de Deussomente no propsito de encontrar a resposta para um problema imediato. Contexto erelacionamentos so desprezados. Muitos estudantes da Palavra so semelhantes a pessoasque conhecem pouco acerca da Arte e que se conduzem atravs de um museu, reagindosomente com seus afeies e averses. AINDA COMPARATIVAMENTE AO ESTUDODA ARTE, NO ESTUDO DA BBLIA O ESTUDANTE DEVE SE APROFUNDAR NAESTRUTURA DO PENSAMENTO BBLICO. Uma vez que o estudante possa perceber aessncia dos livros pela compreenso do seu pano de fundo cultural, histrico e literrio,bem como entender como uma poro das Escrituras se relaciona com outras partes da

    33 Consultar E. D. Hirsch, Jr., The Aims of Interpretation (O objetivo da interpretao) (Chicago: Imprensa daUniversidade de Chicago, 1976); L. Berkhof, Principles of Biblical Interpretation (Grand Rapids: Baker, 1950);G. B. Caird, The Language and Imagery of the Bible (Philadelphia: Westminster, 1980). Para um avaliao douso e limitaes deste mtodo, ver a contribuio de vrios pontos positivos em Donald K. McKIm, Ed., AGuide to Contemporary Hermeneutics: Major Trends in Bblical Interpretation (Gran Rapids: Eerdmans, 1986).34

    Bernard Ramm, Who can Best interpret the Bible? (Quem pode melhor interpreter a Bblia?) Eternity,Novembro, 1979, vol. 30, PP. 25,28, 43.35

    Acrscimo do Tradutor Almir Macrio Barros.

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    The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem(O Progresso da Redeno: A histria da Salvao: Da Criao Nova Jerusalm)Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995Traduo por Almir Macrio Barros: Manaus, AM, 27 de maro de 2010 16 de 62ISBN 0-8010-2081-6

    mesma, ele poder melhor compreender e apreciar o livro. Se no estudo das Artes e daCincia, a compreenso das relaes estruturais tem grande importncia, de muito maiorimportncia ser para o estudante da Bblia aprender a apreciar a Estrutura do pensamento eexpresso bblicos. Doutra forma, o leitor ocidental da Bblia pode chegar a conclusessignificativamente diferentes daqueles leitores do Terceiro Mundo. Assim, considerando que

    a Bblia estudada em diferentes culturas e subculturas, devemos trazer harmonia aosnossos estudos da Bblia com pesquisas por aquelas estruturas do pensamento bblico queesto inerentes na prpria Escritura. De acordo com Torrance:

    H estruturas do pensamento e discursos bblicos encontrados no AT, os quais tm valorpermanente, tanto para o NT como para a Igreja Crist. Isto explica porque a Igreja no edificadasomente sobre o fundamento dos Apstolos, mas tambm dos Profetas; alm disso, a fim de que, asEscrituras do AT estejam agora reunidas conjuntamente com o NT (no Cnon). Assim , pois, paramunir a revelao do NT com as estruturas bsicas, as quais so usadas em articulao com oEvangelho; e uma vez que tais estruturas derivadas de Israel tenham sido tomadas e transformadasem Cristo36.

    f.2. Anlise e Sntese: Uma abordagem trifocal ao Texto Bblico

    Para caminharmos em direo ao fechamento da estrutura do pensamento bblico,devemos aprender a estudar pacientemente as interrelaes (relaes mtuas) entre AT eNT, bem como cada livro da Bblia, autores, povo, terra, histria e geografia. Atravs doestudo dos vrios componentes do texto (anlise) e suas relaes mtuas (sntese) asestruturas do pensamento bblico se exprimem a ns atualmente de maneira vigorosa ( verfigura 1 Interpretao integral, no incio da Parte I, no pargrafo 1.1. Uma PerspectivaTeocntrica sobre a Criao).

    AAnlise aquela parte da interpretao do texto, em que o estudante se preocupacom o significado (palavras, frases, gramtica, e sintaxe), relaes (versos e pargrafos), e aquesto da crtica textual (relativa a Manuscritologia37). Complementarmente anlise depalavras, frases e versos, o analista tambm examina o uso do texto em passagens paralelas

    ou em citaes em outras partes do AT ou NT. Como parte de uma cuidadosa anlise, oestudante da Escritura deve estudar o pano de fundo cultural, scio-econmico, geogrfico ehistrico do texto.

    Equipado como enciclopdias e dicionrios referentes ao material do referido panode fundo e com a semntica lingstica, e informao textual, o estudante da Bblia deveter um mnimo de conhecimento das partes constituintes do texto. O problema com omtodo histrico gramatical, entretanto, que estudantes da Palavra podem ser tentados apensar que eles tm o controle sobre o texto quando tiverem concludo tais tarefas (examinaras partes constituintes do texto). Porm, qual realmente ser a compreenso que eles tm damensagem do texto? Somente depois de ver como as partes se encaixam umas s outras ecomo eles mesmos percebem o relacionamento com o resto do livro em questo e com todoo resto da Escritura, o estudante poder se apropriar da explicao da mensagem do texto.

    Por essa razo, a Teologia Exegtica exige uma sntese.Sntese a parte da interpretao do texto que considera seus significado e sentido

    dentro do contexto do livro e da Escritura como um todo (AT e NT38). O processo de sntese o ingrediente mais importante na verdadeira compreenso do texto bblico. Exegetas,entretanto, depois do devido reconhecimento da subjetividade envolvida em busca doscomponentes do texto, conjuntamente com um modelo holstico, freqentemente sesatisfazem em ser meros observadores do texto. O texto est l, entretanto, no somente paraser analisado, mas tambm para ter um impacto no homem e mulher modernos. A conexo

    36Thomas F. Torrance, The Mediation of Christ(Grand Rapids: Eerdmans, 1984) p. 27.

    37Acrscimo do tradutor.

    38Acrscimo do tradutor.

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    The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem(O Progresso da Redeno: A histria da Salvao: Da Criao Nova Jerusalm)Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995Traduo por Almir Macrio Barros: Manaus, AM, 27 de maro de 2010 17 de 62ISBN 0-8010-2081-6

    entre o texto do AT como um evento historicamente condicionado, e o cristo do sculo XX complicada por eventos subseqentes na Histria Redentiva, especialmente a vinda deJesus Cristo. Existem ainda complicaes adicionais que provm das vrias pressuposiesteolgicas que ns trazemos para o texto e que formam uma estrutura interpretativa.Devemos, portanto, fazer esforo para ouvir o texto de uma maneira honesta e metodolgica.

    Devemos, tambm, resistir tentao de desprezar o significado pretendido pelo autor como fim de usarmos a passagem como texto-prova. Finalmente, devemos evitar uma leituraexagerado do NT no AT, quer seja para aplicao do texto no sentido cristolgico,tipolgico ou existencial.

    Os trs aspectos da exegese sinttica fornecem uma ligao entre um texto e ocorpo de escritos que o cercam. Todos os elementos trifocais se revestem da importncia evalor do prprio mtodo histrico gramatical e apontam para o fato de que a revelaobblica, enquanto divinamente inspirada, tambm historicamente condicionada. A Bbliano um orculo de Deus, mas a Palavra de Deus mediada no tempo e comunicada emlinguagem humana. A Palavra de Deus infalvel em tudo aquilo que afirma, porm nssomos limitados em nossa percepo. Por conseguinte, o estudo da Bblia objetiva refletir ospensamentos de Deus conforme a constituio de sua boa vontade para determinar

    1. O estilo literrio (isto , o estilo humano de comunicao escrita).2. O Contexto Cannico (isto , a funo do estilo literrio dentro da comunidadeque recebeu a Palavra de Deus registrada como tal).

    3. A progressividade da Histria Redentiva (isto , o fluir metdica eordenadamente dos atos e da revelao de Deus na histria).

    f.3. Estilo Literrio

    Cada livro da Bblia tem um propsito, e todo texto deve ser lido luz do propsitodo livro respectivo a que pertence o texto. No propsito de descobrir como o texto emconsiderao contribui para o argumento do livro como um todo, o texto anterior deve serlido como uma expresso literria separada dentro do livro em questo. H um estiloliterrio ou gnero, que requer especial ateno, uma vez que o tal estilo est sempre

    relacionado com o contedo. O leitor deve comparar aquela passagem com outras que tmum estilo literrio similar. Ao permitir que passagens do mesmo gnero interpretem o textoem questo, o leitor permite que Escritura interprete Escritura39.

    f.4. Funo Cannica

    A percepo quanto funo cannica inicia com o simples reconhecimento que aBblia como ns a temos agora foi desenvolvida durante um longo perodo de tempo. OCnon antigamente era de um conceito dinmico visto que as vrias partes vieram a serreunidas juntas sob a inspirao e providencia do Esprito Santo.

    Primeiro, necessrio estar atento s relaes cannicas. Em outras palavras,devem-se considerar cada livro dentro do seu respectivo lugar e funo no Cnon, quer sejaPentateuco (Torah), Profetas ou Escritos). A seguir a Cnon Hebraico e seus livros40:

    1. Pentateuco (a Torah com Genesis, xodo, Levtico, Nmeros eDeuteronmio).

    2. Profetas com: Profetas Anteriores: Josu a II Reis; e39 Ver John Barton, Reading the Old Testament: Method in Biblical Study (Lendo o AT: Mtodo no EstudoBblico) (Philadelphia: Westminster, 1984); Peter W. Macky, The Coming Revolution: The New LiteraryApproach to New Testament Interpretation, (A Revoluo porvir: A Nova abordagem literria Interpretao do NT) Theological Educator 9 (1979); p. 32-46; Robert Alter, The Art of Biblical Narrative (NewYork: Basic, 1981); idem, The Art of Biblical Poetry (New York: Basic, 1985). Tremper Longman III, Literary

    Approaches to Biblical Interpretation (Grand Rapids: Zondervan, 1987).40

    Estes detalhes so acrscimo do tradutor Almir Macrio Barros, para melhor compreenso do leitor. OCnon apresentado segundo a ordem e classificao hebraica.

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    The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem(O Progresso da Redeno: A histria da Salvao: Da Criao Nova Jerusalm)Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995Traduo por Almir Macrio Barros: Manaus, AM, 27 de maro de 2010 18 de 62ISBN 0-8010-2081-6

    Profetas Posteriores: Os profetas maiores: de Isaas a Ezequiele os doze profetas menores.

    3. Escritos: Salmos, J, Provrbios, os Cinco Rolos: Ruth, Cantares, Eclesiastes,Lamentaoes e Ester; Daniel, Esdras-Neemias (considerado um s livro pelos

    judeus), e Crnicas (1 e 2).

    4.Evangelhos: Mt, Mc, Lc, Jo.5. Atos dos Apstolos.

    6. Epistolas7. Apocalipse.A sensibilidade s relaes cannicas tambm inclui o tempo no qual o povo de

    Deus recebeu aquele escrito especfico. Pela relao de um texto com o livro inteiro, pode-sechegar compreenso sinttica completa da mensagem como um todo.

    Segundo: a percepo dafuno cannica do texto valoriza o contexto histrico noquo o povo de Deus recebeu originalmente o livro especfico. As necessidades do seu povovariavam de poca para; podemos, pois, olhar para o Cnon bblico como uma coleo decnons constitudos por livros individuais dados a um povo especfico que recebeu cada umdeles como Palavra de Deus. Brevard S. Childs fez um inestimvel contribuio por colocar

    em destaque a sensibilidade erudita para a importncia da funo cannica de cada livro. Deacordo com Childs, falar de funo cannica olhar o livro partir da perspectiva de umacomunidade cujas necessidades religiosas e confisses teolgicas esto sendo dirigidas pelapalavra divina. O intrprete da Bblia deve perceber com rigor aqueles sinais dentro dolivro bblico que revelam a funo do prprio livro dentro da comunidade de f. nossatese...que a diversidade de funo tem sido cuidadosamente estruturada dentro do livro nopropsito de estabelecer diretrizes para sua funo autoritativa no seio da comunidade daf41.

    f.5. Relevncia Histrico - Redentiva

    A Revelao Bblica interpreta as atividades de Deus na histria humana e revela aresposta graciosa de Deus s necessidades dos seres humanos. A Histria do envolvimento

    do Prprio Deus atravs de seus Atos Redentivos e de Revelao, forma a essncia do assimchamado Histria Redentiva ou Histria da Redeno. A abordagem histrico redentivaassume ou pressupe que a Bblia foi primariamente dada no para comunicar histrias oulies de moral, mas para registro da fidelidade de Deus s Naes, aos Patriarcas, a Israel e Igreja de Jesus Cristo. Atravs de um estudo da Histria Redentiva, o propsito de Deusem Cristo se torna mais evidente. Este mtodo prov uma estrutura para conectar as partesda Escritura em um todo coerente, mas ela tambm exibe os muitos temas como ummosaico. A variedade e harmonia da Escritura so sustentadas em tenso pela pressuposiode que agora ns conhecemos em parte e pela confiana de que Deus conhece a consumaodesde o incio de todas as coisas.

    41Childs, IOTS, 533.

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    The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem(O Progresso da Redeno: A histria da Salvao: Da Criao Nova Jerusalm)Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995Traduo por Almir Macrio Barros: Manaus, AM, 27 de maro de 2010 19 de 62ISBN 0-8010-2081-6

    A Abordagem Histrico Redentiva dedica especial ateno:1. AO TEXTO,2. AO PERODO HISTRICO REDENTIVO42 ESPECFICO, E3. RELAO DO REFERIDO PERODO COM A VINDA DE JESUS

    COMO SALVADOR E RESTAURADOR DOS CUS E DA TERRA. Aqueles que

    adotam a Abordagem Histrico Redentiva na sua Exegese, reconhecem que eles mesmos

    42Observao do tradutor: Para melhor compreenso do leitor, a seguir um resumo dos Perodos histricos

    redentivos: resumem-se em 3 perodos: I. CONSELHO ETERNO DO DEUS TRINO (CEDT) E ALIANA DAREDENO (AR); II. ALIANA DAS OBRAS (AO), Gn.1-2; e III. ALIANA DA GRAA (AG). Gn.3-Ap. Estes estodistribudos e subdivididos da seguinte maneira: I. CEDT: Reunio das Pessoas da Trindade (Pai, Filho, E.Santo, planejando e decretando-Doutrina do Eterno Decreto- todas as coisas sobre: 1. Criao; 2.Providncia e Redeno); a seguir, no contexto do CEDT acontece a ALIANA DA REDENO: Realizadoantes dos tempos eternos entre Deus O Pai e Deus O Filho (Lc.22.29 confiou - no grego - pactuou; Ef.1.4,5;II Ts.2.13; II Tm.1.9; Tt.1.2) - (ler 2 primeiros captulos de As duas Naturezas do Redentor, Heber Campos);obs: ningum pode entrar nos arcanos do Conselho de Deus; assim, tomando o ensino das Escrituras, osegmento reformado usa como recurso didtico a exposio deste primeiro perodo acima descrito: (Mt.10.28-30. No temais os que matam o corpo e no podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazerperecer no inferno tanto a alma como o corpo. 29. No se vendem dois pardais por um asse? E nenhum delescair em terra sem o consentimento de vosso Pai; 30. E, quanto a vs outros, at os cabelos todos da cabeaesto contados; Am.3.7. Suceder algum mal cidade sem que o Senhor o tenha feito? Certamente, o SenhorDeus no far coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas. Rugiu o leo,quem no temer? Falou o Senhor Deus, quem no profetizar? Jr. 23.18. Porque quem esteve no Conselhodo Senhor, e viu, e ouviu a sua palavra? Quem esteve atento sua palavra e a ela atendeu? Is. 45.6-7,12,18,23. Para que se saiba, at ao nascente do sol e at ao poente, que alm de mim no h outro; eu sou oSenhor, e no h outro. 7. Eu formo a luz e Ciro as trevas; fao a paz e crio o mal; eu, o Senhor, fao todasestas coisas; 12. Eu fiz a terra e criei nela o homem; as minhas mos estenderam os cus, e a todos os seusexrcitos dei as minhas ordens. 18. Porque assim diz o Senhor, que criou os cus, o Deus que formou a terra,que a fez e a estabeleceu; que no a criou para ser um caos, mas para ser habitada: Eu sou o Senhor, e no h

    outro; 23. Por mim mesmo tenho jurado; da minha boca saiu o que justo, e a minha palavra no tornaratrs. Diante de mim se dobrar todo joelho e jurar toda lngua...); II. ALIANA DAS OBRAS, entre Deus e oPrimeiro Ado, Gn. 1-2: o Primeiro Ado desobedece a Aliana e traz morte, culpa e pecado totalidade dahumanidade; III. : ALIANA DA GRAA (AG) (Perodo Ps-Queda) entre Deus e o pecador eleito em Cristotendo Jesus Cristo homem (O ltimo Ado, I Co.15.45-49) como Mediador (I Tm. 2.5). Esta AG funciona desdeGn. 3.15 a Ap. funcionando por toda eternidade. Deus ministra a AG sob dois regimes consecutivos. 1. Oregime da Antiga Dispensao ou Antiga Aliana, perodo histrico em que so revelados as EscriturasHebraicas atravs dos profetas, conhecidas por ns como Antigo Testamento, AT. e 2. O regime da NovaDispensao ou Nova Aliana em que revelado o Novo Testameto, NT . Vejamos os sub-perodos da AG:Aliana da Graa (AG) na Antiga Dispensao (Ps-Queda): 3.1.1. 1 administrao da AG: Inaugurao daAG com a introduo da promessa messinica na histria humana em Gn. 3.15, conhecida como Proto-Evangelho; 3.1.2. 2 administrao da AG: Aliana Noica, Gn.6-9; 3.1.3. 3 Administrao da AG: AlianaAbramica, Gn.15; 3.1.4. 4 Administrao da AG: Aliana Mosaica: x. 24.1-11; 3.1.5. 5 Administrao da

    AG: Aliana Davdica, II Sm.7 (encerra-se as ministraes da AG sob regime da Antiga Dispensao ou AntigaAliana. No devemos, porm, esquecer que a Antiga Dispensao s vai findar quando da Ressurreio deJesus. com a vinda de Cristo se inicia o perodo em que a AG administrada sob a Nova Dispensao ou NovaAliana no sangue de Cristo: este segundo perodo da AG se divide em: 3.2.1. Era Messinica: MinistrioTerreno de Jesus: Ministrao da AG sob o regime da Nova Dispensao: Nova Aliana no sangue de Cristocom a concretizao (de uma vez por todas, de forma irrepetvel, sem nenhuma participao do homempecador) da Promessa Messinica pelo Deus e Homem, Jesus, O Cristo, de: Encarnao, Expiao eRessurreio (Redeno Objetiva). Mt. 26.26. 3.2.2. Era Apostlica: Ministrio de Jesus atravs do E. Santo,ou Ministrio Terreno do E. Santo com a Incluso dos gentios na AG no regime da Nova Aliana eencerramento do perodo de Revelao com fechamento do Cnon, AT e NT; 3.2.3. Era da Igreja (Ps-Apostlica): Histria da Igreja, Iluminao do E. Santo (construo de Doutrinas, Credos, Confisses). 3.2.4.Segunda Vinda: Vinda gloriosa de Cristo: Consumao da Redeno dos santos; Juzo Final, Restaurao detodas as coisas; 3.2.5. Estado Eterno: Novo Cus e Nova Terra; Nova Jerusalm; Emanuel: Deus habitandoconosco.

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    The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem(O Progresso da Redeno: A histria da Salvao: Da Criao Nova Jerusalm)Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995Traduo por Almir Macrio Barros: Manaus, AM, 27 de maro de 2010 20 de 62ISBN 0-8010-2081-6

    no tm obtido uma compreenso total das Escrituras (AT e NT), mas eles se esforam embusca da mesma como uma comunidade de exegetas em direo meta final43.

    Portanto, a indagao do intrprete deve ser:1. Qual a relao do texto sagrado em anlise com

    a.Avinda de Jesus eb.

    Com a nossa esperana na Restaurao de todas as coisas na suaSegunda Vinda.

    A Abordagem histrico-redentiva demonstra respeito e considerao com os meiosde comunicao e civilizao humanas atravs de seus cuidados no tratar com o texto dadono seu contexto original de histria, cultura, literatura e comunidade de f. Tal mensagemresultante considerada como cristolgica no sentido em que toda a Bblia (AT e NT) secentraliza sobre Jesus, o Messias, que restaurar todas as coisas para o Deus Trino, Pai,Filho e Esprito Santo. Entretanto, enquanto esta restaurao ainda no tiver acontecido, aperspectiva histrico-redentiva contempla o processo luz da revelao do final ou daconsumao da Histria da Redeno. A Progresso da Redeno no tem seu clmax44 naPrimeira Vinda de Jesus, mas antecipa a Vinda de Cristo em Glria, quando ele inaugurar aEra da Consumao no Novo Cus e Nova Terra. Por essa razo, a interpretao tanto

    Cristolgica como Escatolgica. Se tal interpretao tem seus limites ou referencial nocumprimento com a Primeira Vinda de Jesus, ela tende a contrastar o AT com o NT. Se,

    43Sidney Greidanus, Sola Scriptura: Problems and Principles in Preaching Historical Texts (Sola Scriptura:

    Problemas e Princpios na Pregao de Textos Histricos) (Kampen: Kok, 1970); Theodore Platininga, Readingthe Bble as History(Lendo a Bblia como Histria) (Burlington, Ont.: Welch, 1980).44

    Obs. Do tradutor Almir Macario Barros: O autor VanGemeren praticamente apresenta uma proposta deno considerar o clmax da histria da Redeno como estando na Primeira Vinda de Cristo. Vejamos quenesta Primeira Vinda, Jesus homem realizou a Principal Promessa do Pai, ou seja, a Promessa Capital(Promessa Messinica) que permeia todo o AT, sendo esta resumida em: 1. Encarnao Sobrenatural, 2.Expiao Vicria e 3. Ressurreio dentre os mortos seguida de Exaltao e Glorificao direita do Pai, deonde ele, Jesus Cristo (verdadeiro Deus e verdadeiro Homem) Governa todas as coisas e voltar em Glriapara buscar a sua Igreja, restaurar todas as coisas, e julgar o mundo. Esta tarefa realizada por Cristo na sua

    Primeira Vinda constitui o que conhecemos como Redeno Objetiva (RO) que a Redeno realizada peloFilho, em favor do pecador eleito em Cristo, tendo acontecido a dois mil anos atrs, de uma vez por todas,de maneira irrepetvel, sem absolutamente nenhuma participao do homem pecador e nela Cristoconquistou todos, absolutamente todos os mritos, galardes, bnos, etc a serem aplicados ao pecadorarrependido (o eleito em Cristo) durante o tempo de sua existncia terrena pelo Esprito Santo. Jesus, pois,estava ali na Cruz do Calvrio, absolutamente sozinho representando o Remanescente de Israel com ossantos do AT, Hb.11, e os santos do NT; at o Pai, por um breve momento, abandonou o Jesus Homem (Mt.27.46. meu Deus, meu Deus, porque me desamparaste?). Houve, portanto, um momento em que o povo deDeus como um todo (AT e NT) estava representado por um homem, e apenas um s homem: Jesus Cristo (Oltimo Ado, I Co. 15.45-49, em contraste com o Primeiro Ado, que s trouxe morte, culpa e pecado, I Co.15.21,22,45) (I Tm. 2.5. Porquanto, h um s Deus, e um s Mediador entre Deus e os homens, Cristo JesusHomem). O comeo do final dos tempos estava se iniciando com a Ressurreio de Cristo e o Pentecostes (At.2) (At.2.17. e acontecer nos ltimos dias que derramarei do meu Esprito sobre toda a carne...). Da em

    diante, o Esprito Santo, como o Outro Consolador (Jo. 14.16) aplica aos pecadores arrependidos os mritosconquistados por Jesus na Cruz, durante o tempo de existncia terrena do pecador. Tal aplicao destesmritos conhecida como Redeno Subjetiva. Entre os mritos conquistados por Jesus na cruz, em favor dopecador esto aqueles conhecidos como ORDO SALUTIS (Regenerao, Arrependimento, F, Santificao,etc...). Observe que a Redeno Objetiva foi decisiva, pois nela ficaram determinadas e garantidas todas ascoisas que haveriam de vir. Considerando estes elementos, o tradutor Almir Macrio Barros no concordacom a proposta de VanGemeren de no colocar a Primeira Vinda como o centro da Histria da Redeno.Juntamente com O. Robertson Palmer (Cristo dos Pactos), Gerard Van Groningen (Criao e Consumao, v.1,2,3 e Revelao Messinica do AT), Geerhard Vos (Bblical Theology), e outros telogos histrico-redentores, este tradutor considera, pois, o centro da histria da Redeno como sendo Cristo Jesus no seuministrio terreno quando concretizou a Redeno Objetiva (Encarnao, Expiao e Ressurreio). Aocontrrio do que sugere VanGemeren, para estudos escatolgicos no necessrio mudar o foco dacentralidade da Primeira Vinda de Cristo, pois ela o referencial que permeia todo o NT, a Primeira Vindadeterminante para a Segunda.

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    The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem(O Progresso da Redeno: A histria da Salvao: Da Criao Nova Jerusalm)Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995Traduo por Almir Macrio Barros: Manaus, AM, 27 de maro de 2010 21 de 62ISBN 0-8010-2081-6

    entretanto, ela focalizar na Restaurao de todas as coisas como o objetivo da Histria daRedeno, ento AT e NT so trazidos juntos um do outro como testemunhas da esperanaque este Jesus tem estabelecido de fazer todas as coisas sujeitas ao Deus, O Pai (At. 2.34-36;I Co. 15.25; Hb. 1.13; 2.8; 10.13; Ap. 2.27; 12.5; 19.15).

    Com esta preocupao em mente, eu descrevo neste livro doze perodos da Histria

    da Redeno. Cada perodo distinto e se relaciona organicamente com o anterior e pocasque a sucedem. Cada perodo revela elementos de continuidade e descontinuidade econtribui para uma valorizao e reflexo sobre o Plano de Deus como um todo (VejaTabela 1: Doze Perodos da Histria da Redeno).

    Os doze perodos servem como divisores convenientes ao longo do desenrolar daHistria da Redeno. Ao invs de olhar para os atos de Deus de uma maneira genrica, oleitor da Bblia pode descobrir certos marcos pontos relevantes ou divisores de gua naprogresso da Salvao de Deus. O nmero doze arbitrrio, mas a preocupao pelacontinuidade e descontinuidade relevante para a compreenso de como ler a Bblia e comorelacionar um texto em particular a todos o movimentos dos atos de Deus. relativamentefcil focalizar em apenas um tema ou centro, tais como Aliana ou Pacto, Promessa, mas osdoze perodos juntos provem muitas avenidas de relacionamentos, todos convergindo para

    Jesus. Da Criao Nova Criao, o Senhor est realizando o seu propsito de criar umahumanidade renovada para desfrutar de sua Criao Restaurada. A integrao Redeno comCriao revela uma preocupao superior de Deus como Criador Redentor Rei. Cadaestgio da histria da Redeno revela os atos graciosos de Deus despeito do desinteresse,desobedincia e rebelio humanas. O Conselho do Grande Rei permanece, e seu amor nopode ser frustrado pelo homem. O conflito entre o Reino de Deus e o reino do homem temsubsistido por milhares de anos, o resultado final j est assegurado. A pacincia e amor deDeus evidente no seu cuidado e bnos com toda a sua Criao. Entretanto, o amor deDeus equilibrado com a sua ira. O Deus que redime tambm vinga e faz justia. Ao longoda Histria da Redeno o Senhor intervm com bnos e julgamento e desse modo lembraa todas as pessoas do Grande Dia quando Ele finalmente e no tempo certo estabelecer o seu

    Reino.

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    The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem(O Progresso da Redeno: A histria da Salvao: Da Criao Nova Jerusalm)Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995Traduo por Almir Macrio Barros: Manaus, AM, 27 de maro de 2010 22 de 62ISBN 0-8010-2081-6

    TABELA 1: DOZE PERODOS DA HISTRIA DA REDENOIncio

    aproxim.Perodo Escritura Temas

    --- Criao emharmonia

    Gn.1-2 Yahweh Criador Rei; homem vice-regente do Grande Rei; Aliana com a

    Criao---- Criao emalienao

    Gn.3-11 Rebelio contra a Soberania de Deus;estado de alienao; dois reinos: Reino deDeus e reino do homem; Aliana Noica.

    2000 A.C. Eleio e Promessa Gn.12-50 Promessa; Aliana Abramica e f.1400 A.C. Uma Nao Santa x Js Consagrao de Israel; Aliana Mosaica;

    presena de Yahweh; Reino de Deus emIsrael

    1200 A.C. Uma Nao como asoutras Naes

    Jz1-I Sm.15 Rebelio de Israel e a Soberania deYahweh; necessidade de um reinadohumano em Israel.

    1000 A.C. Uma Nao Real I Sm. 16-IRs.11

    I Cr.1-II Cr.9

    Aliana Davdica; a glria da comunidadeteocrtica e a presena de Yahweh no

    Templo931 A.C. Uma Nao

    Dividida45I Rs.12-IIRs.25IICr.10-36

    A rebelio de Israel e a indeciso de Jud;o fracasso da Dinastia Davdica; amensagem proftica: o Remanescente; oDia do Senhor; o Exlio; e a Restaurao.

    538 A.C. Uma NaoRestaurada

    Ed; Ne;Profetas (ps-Exlicos46)

    Restaurao: Renovao das Alianas

    4 A.C. Jesus e o Reino Evangelhos Proclamao de Jesus; milagres; Morte eRessurreio: Presena do Reino Gloriosono Filho; renovao das Alianas; novopovo de Deus; preparao para a Vinda deJesus em Glria.

    29 A.C. A Era Apostlica Atos;Epstolas

    Governo de Jesus; sua presena no EspritoSanto; avano da Igreja; transmissoapostlica da Tradio: Escritos do NT.

    100 A.C. O Reino e a Igreja ------- Progresso da Igreja: Desafio de ser umpovo santo e real no mundo.

    --- A Nova Jerusalm Gen.3.1 Ap. Transformao e Restaurao: um NovoCes e Nova Terra; um povo santo; apresena benigna e governo de Deus e doseu Messias.

    45 Observao do tradutor Almir Macrio Barros: No foram referidos por VanGemeren: 1. O Perodo dossetenta anos do Exlio Babilnico de Jud; 2. O perodo proftico que aconteceu em paralelo com odesenvolvimento da Monarquia, Exlio, Restaurao. Deveriam, pois, ser citados pelos termos tradicionais:Profetas pr-Exlicos no Reino Dividido; Profetas Exlicos no Exlio Babilnico e ps-Exlicos no Perodo deRestaurao de Jud. Este ltimo faltou ser citado pelo termo ps-Exlicos.46

    O termo ps-Exlicos foi acrescentado pelo tradutor Almir Macario Barros, visto que VanGemeren noreferiu os profetas no perodo pr-Exlico (Reino Dividido), Exlico (Exlio Babilnico) e ps-Exlico(Restaurao de Jud).

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    The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem(O Progresso da Redeno: A histria da Salvao: Da Criao Nova Jerusalm)Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995Traduo por Almir Macrio Barros: Manaus, AM, 27 de maro de 2010 23 de 62ISBN 0-8010-2081-6

    G. Interpretao Bblica e Transformaog.1. Interpretao na Comunidade

    Eruditos bblicos conservadores e da escola crtica tm igualmente percebido anecessidade de deixar o testemunho bblico da antiguidade nos falar atualmente. A primeiraquesto no como as Escrituras podem ser relevantes, mas como ns podemos desenvolver

    uma metodologia que nos permita ouvir a voz de Deus e respond-la. Evanglicos tmdesafiado em suas pregaes s suas prprias comunidades a tomarem a Bblia seriamente47.Intrpretes da Bblia esto envolvidos no processo de interpretao como um membro dacomunidade do povo de Deus. Eles podem no se satisfazer em nutrir suas prprias almas,mas como um cristo, eles valorizam a unidade da Escritura, a orientao pelo testemunhointerno do Esprito Santo e as palavras de Deus em seus coraes e vidas.

    No evanglicos, tambm, desafiam suas comunidades a ouvir o texto. Stuhlmacheropta por uma hermenutica do consentimento, na qual o exegeta afirma a conexo entretexto e tradio espiritual. A questo no primariamente como ns podemos nosrelacionar com os textos e como os textos...podem ser ordenados segundo um contextoantigo de eventos, mas tambm qual reivindicao ou verdade sobre o homem, seumundo, e transcendncia ns ouvimos a partir destes textos. Pelo exame do texto histrico,

    exegetas podem envolver-se com o que Stuhlmacher chama um dilogo crtico com atradio. As concluses devem sempre ser passveis de verificao e confirmao. Ametodologia no deve contradizer a postura do consenso, mas deve permitir aos leitoresmodernos redescobrir e recapturar dimenses da existncia as quais tem sido esquecidas eaceitas para serem extraviadas. Com esta postura, a exegese permanece comunicvel e nopode se tornar uma viso intuitiva, limitada a um indivduo ou grupo48.

    Com respeito a diferenas teolgicas, tanto evanglicos (Kaiser e Maier) comoStuhlmacher, conduzem a exegese com o intento de interpretar o texto bblico emcomunidade. Ambos desenvolvem uma hermenutica do consentimento, de ouvir a Palavrade Deus. Ambos se opem a exegese individual. Ambos almejam ser fiis ao Credo dosApstolos (Eu creio em Jesus Cristo). A principal diferena est na:

    1. Valorizao relativa colocada sobre a histria,2. Idem sobre a pesquisa histrica e,3. Idem na relao entre o passado e o presente.O isolamento da Bblia da vida da Igreja tem produzido, nas palavras de

    Stuhlmacher, um vcuo que freqentemente preenchido com uma interpretao ilegtima.

    Entre os antigos e novos telogos em trabalho na igreja, este efeito de distanciamento acompanhado por um enorme e s vezes alarmante incerteza em seus tratamentos com aEscritura...Para eles o criticismo bblico tem produzido um vcuo que os leva a desistir daspossibilidades de um interpretao histrico-crtica das Escritura que seja til, e ainda em partedeixa os telogos substitutos assustados49.

    O conceito de vcuo descreve a compulso para satisfazer a sede espiritualindividual semconsiderao com os meios. Tanto o subjetivismo como o pragmatismo tmnos deixado desprovidos de eruditos bblicos. Desconfiando da orientao dos eruditos,estudantes da Bblia tm redescoberto a necessidade do Esprito Santo, o sacerdcio de

    47 Walter Kaiser, The Old Testament in Contemporary Preaching (O AT na Pregao Contempornea) (GrandRapids: Baker, 1973); idem, Toward an Exegetical Theology (Sobre uma Teologia Exegtica) (Grand Rapids:Baker, 1981); G. Maier, The End of Historical-Critical Method (O Fim do Mtodo Histrico-Crtico)(St. Louis:Concordia, 1977).48

    Peter Stuhlmacher, Historical Criticismand Theological Interpretation: Towards a Hermeneutics of Consent(Criticismo Histrico e Interpretao Teolgica: Sobre uma hermenutica de Consentimento), trad. Roy A.Harrisville (Philadelphia: Fortress, 1977), p. 85-87. Ver tambm: James D. Smart, The Strange Silence of theBible in the Church (Philadelphia: Westminster, 1970).49

    Stuhlmacher, Historical Criticism, p. 65.

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    The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem(O Progresso da Redeno: A histria da Salvao: Da Criao Nova Jerusalm)Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995Traduo por Almir Macrio Barros: Manaus, AM, 27 de maro de 2010 24 de 62ISBN 0-8010-2081-6

    todos os crentes e a perspicuidade (clareza) das Escrituras, no propsito de entender aPalavra de Deus. A espiritualidade na interpretao bblica muito importante, mas a pressapor resultados imediatos e pragmticos tem resultado num impacto prejudicial sobre oEvangelicalismo, da mesma maneira que o criticismo tem sido prejudicial ao liberalismo.

    Os judeus no Exlio, fora de Jerusalm e o Templo foram alienados de Deus; da

    mesma forma, os Cristos hoje em dia podem se sentir igualmente abandonados quando aBblia permanece como um livro fechado a eles, ou quando o seu valor reduzido a ser umtesouro de textos-prova ou pensamentos inspirados. O vcuo tem sido preenchido pornfases sobre experincias pessoais, prticas devocionais e estudos bblicos pessoais. Acomunidade adora, mas as pessoas alimentam individualmente suas prprias almas. Apolarizao do comunitrio e do individual lamentvel e pode conduzir somente a umempobrecimento da comunidade Crist. O dilogo real acontece quando igreja como umtodo e a pessoa Crist se relacionam no mesmo nvel do texto bblico.

    g.2. Interpretao em dilogoRichard L. Rohrbaugh apresenta um exemplo de como um pastor pode ser

    envolvido exegeticamente. Ele define hermenutica paroquial como uma ministrao quetenta tomar a literatura bblica como um parceiro srio no desenvolvimento do dilogo do

    Povo de Deus. Hermenutica no um processo no qual o erudito bblico toma um texto ed a interpretao singular correta do texto, depois do que o pastor transforma a exposioem proclamao. Rohrbaugh que quebrar a cadeia que liga exegese somente a erudito.

    ... o pastor, como aquele que mais regular e freqentemente interpreta a Escritura na vida da igreja,quem se torna uma ligao na cadeia hermenutica que se estende desde a literatura bblica em si,passando atravs do processo variado de eruditos que surgem nas questes citadas acima, efinalmente ao indivduo em particular, para quem est sendo feita a interpretao na igreja...Ocontexto e a pessoa que est fazendo a interpretao uma chave de ligao no processo derecriao do significados das Escrituras na Igreja50.

    Gerhard Ebeling, como um representante da nova hermenutica, complementa comum valioso ensaio com respeito em como iniciar o processo de dilogo. Para ele, o sermo

    no exatamente uma exposio da experincia de Deus no passado; o evento deve serrecriado de tal modo que o ministro ajude o povo a experimentar Deus no presente como opovo de Deus o fez no passado; semelhante a um sermo de proclamao!51. Atravs dosermo, o ministro tem como meta ajudar o povo de Deus a experimentar a transformaopelo poder da Palavra de Deus. O intrprete est envolvido com o contexto do texto, masdeve mostrar uma igual preocupao pelo povo de Deus num contexto diferente.Interpretao tem sido comparado a dois horizontes: O passado e o presente; masinterpretao tambm funde estes dois horizontes52. Esta fuso deve capturar cuidadosa ecorretamente a clareza do significado da Escritura53.

    Um estudo de natureza evanglica da Bblia deve ser vigoroso e relevante,refletindo interpretao cuidadosa (anlise e sntese). A transformao resultante peloEsprito de Deus exalta e glorifica a Deus. A interpretao no baseada na inteno doEsprito, mas motivado por uma bem planejada e diligente busca por valores redentivos quepodem conduzir o povo de Deus a declarar:

    Ns no podemos explicar a Bblia como o nosso Ministro, ele... bastante habilidoso e capaz,podendo encontrar Cristo em todas as partes da Bblia!. Isto significa que o povo provavelmentefar uma ou outra coisa: em qualquer caso eles se entregaro s suas prprias leituras individuais

    50Richard L. Rohrbaugh, The Biblical Interpreter: An Agrarian Bible in an Industrial Age (O Intrprete Bblico:

    Uma Bblia Agrria em uma Era Industrial) (Philadelphia: Fortress: 1978), p. 7-9.51

    Ebeling, Word and Faith, p. 311.52

    Thiselton, The Two Horizonts (Os Dois Horizontes).53

    Chicago Statement of Biblical Hermeneutics (Declarao de Chicago sobre Hermenutica Bblica).

  • 8/7/2019 Progresso da Redeno-VanGemeren

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    The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem(O Progresso da Redeno: A histria da Salvao: Da Criao Nova Jerusalm)Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995Traduo por Almir Macrio Barros: Manaus, AM, 27 de maro de 2010 25 de 62ISBN 0-8010-2081-6

    Bblia de modo geral; ou tentaro imitar seu Ministro; neste caso, eles certamente se inclinaro oposio e perder-se-o em vos de todo tipo de alegoria54.

    Para ser relevante, o estudante da Bblia deve permanecer com um p no mundoda Bblia e com na sociedade de hoje. O estudo da Bblia um trabalho que requer umenvolvimento pessoal. Seus ensaios podem lanar nova luz sobre opinies e convices55.Porm, o final, a comunidade do povo de Deus e o crente individualmente se beneficiagrandemente por permitir que o Esprito do Cristo Vivo fale atravs das Sagradas Escriturasno nosso contexto moderno.

    Concluso

    Para o crente em Cristo, a Bblia o Livro de Deus e do homem. O Senhoradaptou-se aos seres humanos em suas diferentes culturas e pocas histricas remotas,masem cada caso, o mesmo Deus falou (Hb. 1.1-3). Tanto no AT como no NT a Bblia expe oPlano de Deus, com seus atos na Criao e na Redeno, testemunhando do seu amor edeterminao. O registro inspirado da fidelidade de Deus desafia a sociedade moderna e a

    igreja a olhar para Deus e Pai de Jesus Cristo como Redentor do mundo. Ele completar oque planejou desde a fundao do mundo.Como este Plano se desenvolve objeto de interpretao bblica isto , o processo

    de estudo da Bblia em que so relacionados entre si as vrias partes da Bblia e o textoantigo em estudo aplicado s circunstncias modernas. Interpretao tanto uma arte comouma disciplina. O intrprete da Escritura estuda o texto bblico na presena do Cristo Vivoque opera no crente pelo poder do Esprito de Deus. A interpretao dinmica, assim comoa Bblia convoca a uma transformao contnua. A viso de Deus tem um impacto sobre anossa cosmoviso e da criao de Deus. O estudo da Bblia requer um comprometimento def com o Deus Trino. Ao invs de abordar qualquer livro da Bblia somente a partir dasituao histrica daquele livro, os leitores devem admitir explicitamente que eles seaproximam da leitura do referido livro como que com culos de vrias matizes. Eles vivem

    entre o tempo da Ressurreio de Cristo e sua gloriosa apario na Segunda Vinda, mastambm entre o horizonte de seus tempos e o tempo daqueles livros antigos. Mas Deus lhesfala dentro de seu prprios ambientes cultuais, incluindo sua prpria estrutura confessional.A Bblia fala porque Deus fala!

    A postura vantajosa a partir da qual o estudante da Bblia se chega Escrituradetermina o que o texto pode ou no pode falar. Histria Bblica e o estudo de eventospassados parecem no se relacionar com homem e mulher do sculo XX, mas para o Cristoeles compem uma parte da histria dos atos especiais de Deus no desenvolvimento do seuPlano de Redeno. Os Cristos do sculo XX no podem se postar a si mesmos, como queindependentes e livres de aproximadamente dois mil anos de histria da igreja, tomandocomo desculpa as presses das questes modernas, ou as suas prprias estruturas teolgicas(denominacionais); mas eles podem renovar seu compromisso cristo, auto-compreenso e

    convices teolgicas atravs de um estudo atualizado e contextualizado (exegese) daPalavra de Deus. A medida que o estudo