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ESPERANÇA DO NATAL Um menino, uma mãe e uma árvore 6 coisas que adoro no Natal O que dá sentido ao seu Natal? Consolo e alegria Bom de receber; bom de dar MUDE SUA VIDA. MUDE O MUNDO.

Dezembro de 2012: Natal repleto de amor

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Que o deslumbrante amor de Deus e a alegria da Sua presença façam parte do seu Natal e da sua vida, por meio de Seu filho Jesus, o aniversariante do mês.

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ESPERANÇA DO NATALUm menino, uma mãe e uma árvore

6 coisas que adoro no NatalO que dá sentido ao seu Natal?

Consolo e alegriaBom de receber; bom de dar

MUDE SUA V I DA . MUDE O MUNDO .

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Volume 13, Número 12

C O N TATO P E S S OA L

Pode imaginar alguém demorar 15 anos para abrir um presente de Natal? Foi o que fiz. Todos os anos, abria os outros presentes que ganhava, desfrutava--os por uns minutos ou alguns meses e perdia o

interesse, eles se desgastavam, ou quebravam. Mas demorei para abrir aquele presente. Penso que, quando eu era pequeno, todos os outros pareciam mais divertidos e, depois que fiquei mais velho, achei que já sabia o que tinha dentro e não me interessei. Houve anos em que nem o notei.

Então, numa noite de julho, encontrei alguém que, por incrível que pareça, entregou-me o tal pacote. Desfiz o embrulho mais para agradar o rapaz, que estava todo entusiasmado e absolutamente convencido de que era o que eu precisava. E para minha surpresa, ele tinha razão! De um momento para o outro, todos os demais presentes de todos aqueles anos empalideceram. O que acabara de descobrir era diferente de tudo que até então havia vivenciado. Não era tangível, mas era mais real do que o chão no qual estava pisando. A única palavra que consigo encontrar para descrevê-lo é amor —o amor no seu sentido mais rico, profundo e verdadeiro, amor infinito e incondicional. E era meu! Meu para sempre! Por um momento, senti-me um tolo por não tê-lo aberto antes, mas logo vi que não fazia mais diferença. Era meu!

E tem mais. Esse presente é para todo mundo. Se ainda não desembrulhou o seu, aproveite este Natal. É aquele cujo cartão diz: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna”1.

Todos da sua revista Contato desejamos que você e os seus vivenciem a maravilhosa realidade de um Natal cheio do amor de Jesus.

Mário Sant’AnaPela Contato

1. João 3:16

© 2012 Aurora Production AG.

www.auroraproduction.com

Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil.

Tradução: Mário Sant'Ana e Tiago Sant'Ana

A menos que esteja indicado o contrário, todas as referências

às Escrituras na Contato foram extraídas da “Bíblia

Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição

Contemporânea, Copyright © 1990, por Editora Vida.

Contamos com uma grande variedade de livros, além de CDs, DVDs e outros recursos para alimentar sua alma, enlevar seu espírito, fortalecer seus laços familiares e proporcionar divertidos momentos de aprendizagem para os seus filhos.

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Editor Mário Sant'AnadEsign Gentian Suçidiagramação Angela HernandezProdução Samuel Keating

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A ESPERANÇA DO NATALSally García

Faz dois anos, alguns amigos e eu levamos caixas de alimentos para as famílias desabrigadas desde fevereiro de 2010 pelo terremoto e tsunami que açoitaram a cidade de Constituición, no Chile. Nas caixas incluímos um exemplar da edição de Natal de Conéctate (edição em espanhol da Contato), um CD de música natalina e alguns enfeites de Natal que Margarita, uma das voluntárias, havia coletado no prédio em que trabalhava. Também levamos uma árvore de Natal, doada por um de seus colegas de trabalho, mesmo sem saber o que faríamos com ela.

Enquanto alguns do grupo reuniam as crianças para uma apresentação ao vivo de Natal com música e teatro, outra equipe visitava as várias cabanas que formavam o acampamento. Em uma delas,

dois voluntários encontraram uma mulher à beira das lágrimas. Sua família perdera quase tudo no tsunami e o que sobrou fora recentemente roubado. Ela contou que seu filho ficara olhando as outras famílias montarem suas árvores de Natal e insistia em saber da mãe quando fariam o mesmo. O menino não falava de outra coisa.

A dupla disse que veria o que poderia fazer e correu com tanto entusiasmo para a van que quem visse aqueles dois diria que haviam ganhado na loteria. “Encontramos a família perfeita para a árvore de Natal!” —exclamaram.

À mesma velocidade, voltaram para a cabana daquela família e, não demorou, o pinheiro estava deco-rando o único cômodo daquele lar improvisado. A mulher viu o sonho

de seu filho se tornar realidade.Quando o rapaz e sua irmã volta-

ram da programação de Natal, a mãe lhes disse para fecharem os olhos e os guiou para dentro de casa. Ao ver a árvore, o garoto gritou de alegria e soubemos que Deus nos guiara à família certa.

Meses depois, outra voluntária, na mesma vila, conversava com alguns que ali estavam vivendo, quando uma mulher contou que certa vez havia chegado ao seu limite e sentia que não podia mais viver, mas então alguém do nada apareceu em sua casa com a árvore de Natal que seu filho tanto queria. E naquele dia decidiu não desistir.

Sally Gabriel é educadora, missionária e membro da Família Internacional no Chile. ■

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A maioria das pessoas tem algumas coisas que tornam o Natal especial para elas. Estas são algumas que me encantam:

O espírito de doaçãoAdoro o espírito de doação que permeia o Natal. É muitas vezes um tempo em que até o menos generoso abre a mão. É quando as crianças podem aprender a alegria que vem de dividir o que têm. É uma época em que todos têm algo para dar, mesmo que seja pouco, e se sentem recompensados por isso.

Dar é também uma parte do Natal para mim, desde a infância. Meu pai era pastor de uma congregação

e alguns meses antes do Natal, as famílias daquela paróquia compravam gelatina e pudim instantâneo, uma caixa para cada membro de suas famílias. O que eles queriam mais do que o conteúdo eram as pequenas embalagens, as quais embrulha-vam com papéis com motivos natalinos para depois fazerem uma pequena incisão com um estilete, transformando-as em um cofrinho. Alguns meses antes do fim de ano, poupávamos o que podíamos —os adultos de seus salários e as crianças de suas mesadas— e adicionávamos essas economias ao nosso pequeno banco de Natal para o aniversário de Jesus.

No culto da noite de véspera de Natal, cada pessoa trazia sua caixi-nha decorada, com o dinheiro que haviam economizado, e a depositava sob a árvore, como um presente para Jesus. O valor arrecadado era

então enviado para os missionários apoiados pela igreja.

Isso, que fazíamos todos os anos, era uma tradição revestida de muito significado para mim e que me levava a pensar mais em Jesus naquela época do ano. Ajudava-me a pensar que quando damos aos outros, estamos dando a Jesus e não havia nada que O deixasse mais feliz.1 Também me ensinou a dar o que me fosse possível, pois esse é o espírito do Natal. Ainda hoje, sempre que vejo uma árvore de Natal, lembro daquela experiência anual que deixou uma impressão tão forte em mim.

Compartilhar JesusAdoro o fato de o Natal ser a época em que falar sobre Jesus se torna mais natural e muitas vezes mais valori-zado, mesmo em meio ao aspecto comercial do feriado. Como a maior

Seis coisas que adoro no

NatalMaria Fontaine

1. Ver Mateus 25:34–40.

2. João 14:6

3. João 10:9

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parte do mundo celebra o Natal de alguma forma, é uma oportunidade ideal explicar a razão das festividades para os que ainda não a conhecem. É a hora perfeita para dizer que Jesus é o presente de Deus, enviado para fazer a ponte entre Deus e nós, que Ele é “o caminho, a verdade e a vida”2 e “a porta” para salvação.3 A época de Natal e Jesus estão profundamente ligados.

Dar de siAdoro ver como os presentes de Natal levam em si um pouco de quem o dá. Quando eu era criança, era muito comum meus pais darem de presente para mim e minhas irmãs coisas que precisávamos, como roupas ou sapatos, mas sempre ten-távamos nos dar algo mais, um extra, coisas que sabiam que queríamos e consideraríamos especiais.

Acho que minhas experiências com o Natal me deixaram com uma visão muito prática e pragmática com respeito a dar presentes. Quando presenteio alguém, tento dar algo que seja adequado à pessoa e que tenha significado e valor para ela. Às vezes isso se torna um exercício de criatividade, mas é o que dá valor aos presentes e os torna difíceis de esquecer. Como Henry van Dyke disse, “O melhor presente de Natal não é o mais caro, mas o que é embrulhado com mais amor.”

Encontros e atividadesSempre adorei as reuniões de familiares e amigos na época de Natal. Quando éramos crianças e na adolescência, sempre participávamos nas peças teatrais de nossa igreja, no coral, ou recitávamos poemas.

Lembro-me de quando fiquei com caxumba e não pude participar

da programação de Natal. Tomei muito sorvete e meus pais não pouparam carinho e atenção para mim, mas, ainda assim, senti muito a falta dos eventos natalinos. Toda a programação, quando dávamos nossos presentes a Jesus, era algo que esperava com grande antecipação e um dos pontos altos do ano para mim. Não participar de tudo isso me parecia o fim do mundo!

É uma dádiva preciosa se reunir no Natal e fazer algo especial com aqueles que você quer bem, para algum tipo de convívio espiritual e celebrarmos juntos. Aquele que é digno de toda celebração. Não precisa ser algo sofisticado, mas tem de ter sentido.

MúsicaOutra coisa que adoro no Natal é a música. Tantos coros natalinos

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contêm verdades tão profundas. Poesias e melodias igualmente inspiradoras. Gosto dos coros religiosos de antigamente, mas também dos contemporâneos. Qualquer canção que traz à lembrança a maior de todas as dádivas é maravilhosa.

Eu estava escutando algumas dessas canções em inglês quando uma amiga, que não fala o idioma muito bem apareceu. Ela não conseguia entender as letras, mas reconheceu a maioria das melodias. Isso porque muitos coros natalinos foram traduzidos para vários idiomas, o que permite que sejam cantados em todo o mundo.

Faz muitos anos, participei da Missa do Galo, em Israel, celebrada em árabe, à luz de velas. Foi uma

experiência muito bonita adorar com os cristãos lá, ouvir as mesmas canções que eu conhecia e amava, apesar de não entender a letra nem poder cantar junto. A noite estava incrivelmente fria, mas desfrutar daqueles lindos coros com aqueles irmãos na fé aqueceu meu coração.

LuzesAdoro as luzes de Natal. Sei que muitos gostam dessas decorações, mas eu sou vidrada nelas! Eu pode-ria mantê-las penduradas na minha casa o ano inteiro e foi o que fiz algumas vezes. No passado, quando viajei na época de Natal, cheguei a levar um pisca-pisca, para não correr o risco de ficar sem algum enfeite onde quer que eu fosse. Adoro como brilham.

Gosto de todos os tipos de luzes de Natal: brancas, douradas, do tipo pingente e das embutidas no meu

pequeno pinheiro de fibra ótica. Gosto de ver as árvores e os arbustos enfeitados com as mangueiras de luzes natalinas nas casas e nas ruas.

E falando em luzes, oro que você leitor, tenha um Natal cheio de amor e luz, e que cada um de nós faça sua parte para iluminar a vida dos outros com o amor de Jesus. Luz é algo de que o nosso mundo precisa e muito!

Acendam-se mil luzes de Natal,Sobre a terra nesta noite escuraMil luzes, mil luzes a brilhar,Para os céus então acender.Ele veio para nos trazer amor e luzTrazer paz para a Terra.Acendam, homens, suas velas,E celebrem com júbilo e alegria.4

Maria Fontaine e seu marido, Peter Amsterdam, são diretores da Família Internacional, uma comunidade cristã. ■

4. Coro tradicional sueco, autor

anônimo

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“Mamãe, acho que a senhora gosta desses brinquedos mais do que nós.” Lembro-me de dizer isso à minha mãe uma vez numa loja de saldos. Pela maneira como ela cuidadosamente examinava cada brinquedo, a atenção com que lia cada livro, contava as peças dos quebra-cabeças e conferia os com-ponentes dos jogos (é típico encontrar artigos incompletos em liquidação), eu estava convencida de que ela gostava dos presentes muito mais do que nós, crianças. Ela estava sempre atenta às liquidações, para ela e o meu pai batalhador poderem colocar presentes debaixo da árvore de Natal para nós.

Mas eles nos davam muito mais que coisas. Às vezes, os presentes vinham em forma de “atividades”, como quando nos levaram a um par-que para brincar de um jogo do qual gostávamos muito, ou fizeram uma caminhada conosco num bosque ou visitamos juntos um lugar histórico.

Hoje, vejo que meus pais não amavam os brinquedos e todo o resto tanto quanto eu pensava que amas-sem. Gostavam era de dar, algo que sempre faziam. Davam-nos seu tempo, atenção, ajudavam com as tarefas escolares, ou com algum projeto, estavam sempre prontos para escutar e nunca paravam de dar de coração.

Com a chegada do Natal, são inevitáveis as lembranças e a admi-ração por aqueles presentes singelos e repletos de amor. Não me lembro muito bem dos presentes em si, mas jamais esquecerei o amor entusiasta que meus pais transmitiam ao dar!

Dar presentes é uma tradição muito antiga e uma maneira maravilhosa de demonstrar amor que emociona em especial as crianças. Talvez fosse isso que nosso Pai celestial tinha em mente há muito tempo quando, no primeiro Natal, nos demonstrou Seu amor da maneira que sabia que entenderíamos

melhor. Ele nos deu o presente mais precioso, e permanente, de uma forma simples e humilde — o Seu amor e Espírito na forma de um terno bebê. Jesus foi e ainda é o maior presente de Natal que Deus deu a todos nós.

Os comerciantes modernos inven-taram um monte de dias especiais a ser celebrados com presentes, são tantos e tão próximos uns dos outros que chega a ser difícil lembrar para qual estamos fazendo compras ou por quê. Mas pare por um momento e pense nos presentes mais memoráveis que já recebeu e por que lhe são tão especiais. Foram as coisas visíveis e tangíveis, ou o amor que as embrulhava?

Que neste Natal e sempre, o exemplo de nosso Pai celestial seja o seu modelo de dar.

Linda Salazar é voluntária em tempo integral da Família Internacional nos EUA. ■

GUIa parapresentearLinda Salazar

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Yumi e Akio Matsuoka, com 10 de seus 12 filhos e 5 de seus 8 netos.

“Eu sabia que vocês viriam!” —disse a frágil idosa apertando minha mão.

Era tempo de Natal. Meus filhos e eu visitávamos lares de idosos e orfanatos, como costumávamos havia alguns anos. Nos orfanatos, procurávamos organizar brincadeiras, fazíamos apresentações musicais e distribuíamos pequenos presentes doados por nossos patrocinadores. Também dávamos presentes para os idosos, mas, a presença de meus filhos era o bastante para fazer a ale-gria daqueles que moravam naqueles lares. “Que crianças adoráveis!” —repetiam várias vezes.

Fiz isso vários anos e acumulei memórias preciosas. Uma cena, contudo, jamais esquecerei. Uma mulher já nos seus oitenta, achou que eu fosse seu filho e, segurando minha mão, repetia em meio às lágrimas “Eu sabia que você viria! Eu sabia que você viria!”

Enquanto meus filhos faziam o que haviam ensaiado, fiquei ali com aquela senhora, segurando sua mão e sor-rindo. Não havia como lhe dizer que eu não era quem ela pensava. Uma cuidadora que estava por perto acenou com a cabeça em aprovação e fez sinal

D E U S N Ã O T E M M Ã O S Annie Johnson Flint

Cristo só tem nossas mãos para fazer seu trabalho hoje;

Somente tem nossos pés para fazer com que os homens sigam pelo Seu caminho;

Somente dispõe de nossa língua para contar aos homens como morreu e não tem outra ajuda a não ser a nossa para levá-los ao seu coração. ■

para que eu continuasse consolando aquela querida e solitária anciã.

Eu não a conhecia, mas, para ela, eu era o filho querido, que ela amava de todo o coração e, parecia, havia muito que ansiava por vê-lo. Não faço ideia de por que ele não a havia visitado, mas, independentemente do motivo, ela precisava se sentir lembrada e amada. Acredito que Deus providenciou nosso encontro porque queria que eu lhe mostrasse que Ele a amava e que não lhe havia esquecido.

Todos anseiam por um toque do amor divino, inclusive os que não O conhecem ou não acreditam nEle. Deus vê essa necessidade e ama profundamente cada um, mas precisa que sejamos Suas mãos, Seus pés e Sua voz para transmitir Seu amor e desvelo às pessoas. Esse é o papel que nós, que encontramos o amor de Deus em Jesus, somos chamados a desempenhar. Que cada um de nós seja um instrumento do Seu amor nesta época de Natal.

Akio Matsuoka é missionário e faz trabalho voluntário há 35 anos, no Japão, onde nasceu, e em outros países. Vive atualmente em Tóquio. ■

Desempenhando um papelAkio Matsuoka

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Eiko pesava 31 quilos naquele Natal. Sua pele se esticava sobre o rosto e mesmo as volumosas roupas de inverno não disfarçavam sua extrema magreza. Tinha apenas 13 anos e sofria de um grave distúrbio alimentar desde os nove. Meus pais e nós, seus irmãos, não percebemos muito bem suas dificuldades quando começaram,

mas agora o impacto era por demais gritante.

Nossa irmã que outrora fora a alegria da família, mal podia sorrir. Em vez disso, trazia um olhar sério de isolação. Quanto mais a encorajávamos a comer, mais nos repelia. Meus pais assistiam, impotentes, aos quilos caírem de sua figura já tão magra. Passávamos horas em oração e em longas conversas noite adentro, na tentativa de ajudar Eiko a enxergar a realidade da situação: se ela não começasse a comer, logo ela desvaneceria.

Nossos pais, assim como seus filhos já crescidos, éramos voluntários cristãos em tempo integral. Os natais até então sempre foram cheios de emoção, alegria e preparativos para as apresentações que fazíamos para crianças e idosos em insti-tuições de caridade. Mas o Natal daquele ano estava diferente. As preparações se arrastavam e o ambiente, festivo dos outros finais de ano, daquela vez era tenso e carregado. Estávamos desesperados. O tempo se esgotava para a Eiko.

Foi quando surgiu a semente de mudança na forma de uma ideia que ocorreu a meu pai enquanto orava. Passar o Natal em Niigata para participar dos esforços de ajuda humanitária. E convidar Eiko para vir conosco.

A necessidade era inegável, pois Niigata fora atingida por forte terre-moto, e muitas famílias ainda estavam em abrigos provisórios. Mas será que Eiko aguentaria uma missão desse tipo?

Quando a convidamos surgiu em seus olhos, pela primeira vez, depois de muito tempo, um brilho de interesse.

Durante a viagem de cinco dias, visitamos os ginásios das escolas que estavam sendo usados para abrigar centenas de pessoas. Nessas visitas, fazíamos esculturas em balões infláveis para crianças, idosos e distribuíamos literatura inspiradora para todos. Conforme nos doávamos aos outros, o espírito do Natal se despertou. Eiko sentiu o mesmo. A cura havia começado.

Em uma semana, ela estava comendo mais do que o fizera em muito, mas muito tempo. Em Niigata redescobrimos o segredo dos natais felizes. Na verdade, o segredo para a felicidade diária: dar de si renova a alma.

Tomoko Matsuoka mora em Chiba, no Japão. É conteudista do site cristão voltado para a formação de caráter My Wonder Studio1 ■

Cura no Natal Tomoko Matsuoka

1. www.mywonderstudio.com

Tomoko, a segunda da direita para a esquerda, na segunda fila Eiko, no centro da segunda fila.

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Todos conhecemos a história do nas-cimento de Jesus. Também já o vimos ilustrado nos cartões e presépios natalinos —Maria, com seu traje típico, tudo ao seu redor muito arrumadinho e a criança envolta em cueiros alvíssimos ou azul-bebê. Mas como foi, na verdade, o primeiro Natal? Sempre me perguntei isso e acho que agora sei.

O Natal de 2004 estava às portas. Alguns amigos e eu fizéramos a longa viagem de Kampala, Uganda, para uma região remota no norte daquele país. Levávamos medicamentos, materiais escolares e rádios para um povo criador de cabras, conhecido como Ik. Nunca estive em uma situação mais afastada da civilização moderna.

Os trajes daquela gente não poderiam ser mais simples —colares de contas e pedaços de panos crus enrolados no corpo. Suas casas são mucambos. Armamos nossas barracas dentro dos limites de suas vilas, rodeadas por cercas feitas com paus da região.

Todos os dias, seguíamos a pelas trilhas usadas pelas cabras para outra vila, onde as pessoas se reuniam para orar, contar e ouvir histórias.

Na terceira vila em que estivemos, uma mulher acabara de dar à luz. Bati à porta da “clínica”, que consistia de nada mais que quatro paredes de barro socado.

No interior, sob o sufocante ar abafado, sobre uma esteira no chão, do lado de alguns carvões em brasa, estava sentada uma mulher magra que se esforçava para amamentar o recém-nascido, que mantinha embrulhado em uma toalha. A mãe me olhou cheia de ansiedade: "Não tenho leite" —disse em seu dialeto, gesticulando para o bebê que em vão sugava-lhe a teta.

Uma brecha na parede fazia o papel da única janela e permitia a entrada de um faixo de luz. Olhei em volta, tentando imaginar o que seria ter um filho naquelas circunstâncias, enquanto os sons da vila penetravam o quarto: balidos de cabras, risos das crianças brincando e a música fraca dos mal sintonizados rádios à manivela.

Saí dali para chamar Katerina, uma linguista e jornalista tcheca que viera para produzir um documentário sobre os Ik. Decidimos dar à mãe o que havia sobrado do leite que trouxéramos.

Enquanto Katerina buscava o leite, pedi para segurar a criança. A mulher sorriu e me entregou o nenê. Quando o tomava nos braços, vi que ainda não havia sido lavado dos resíduos do parto e o cordão umbilical permanecia pendurado do umbigo.

Uma brisa se esgueirou pela minúscula janela. A mãe tremeu e se enrolou com o pano que lhe cobria os ombros.

Lembrei-me da minha infância. Se eu tivesse encon-trado o Menino Jesus na estrebaria, o que Lhe daria?

Nyx Martinez

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As similaridades entre a situação diante de mim e o primeiro de todos os natais eram gritantes.

Não —raciocinei— que paralelo absurdo. Aquela não criança não era o Cristo e eu não estava em Belém de dois mil anos atrás!

Aquela voz interior se tornou ainda mais forte. Fazia diferença aquela criança não ser alguém “especial”? Fazia diferença aquela mulher ser apenas o membro de uma tribo cuja existência poucos no mundo sabiam e menos ainda se importavam? Afinal, cada detalhe daquele nascimento era importante para Deus. E aquele era provavelmente um retrato mais preciso do mundo para o qual Jesus nascera do que o idealizado e ilustrado na maioria dos cartões natalinos, dos presépios e das pinturas.

O que eu Lhe teria dado? O pensamento teimou em minha mente, dessa vez acompanhado pelas seguintes palavras dos Evangelhos: “Quem tem duas túnicas dê uma a quem não tem nenhuma; e quem tem comida faça o mesmo.”1

Eu estava usando duas camisetas por causa do frio e muitas outras me esperavam em casas. Eu não precisava de tanto. E eu tinha nos braços uma representação do maravilhoso nascimento celebrado

por bilhões. Ali estava minha chance de dar ao Senhor algo real no Natal!

Tirei uma das camisetas e gentilmente embrulhei o menino com ela. Ficou tão bonito! E a mãe tão orgulhosa, com um sorriso que refletia no semblante a gratidão do coração.

A música vinda do rádio ganhou força —era uma canção de Natal! “Povos, cantai! Nasceu Jesus. Recebe, ó terra, o Rei.”

Ali estava Ele. Não era uma encenação feita por atores vestidos a caráter. Era real! Não poderia ser mais real e jamais vira de tão perto como provavel-mente fora o primeiro Natal.

Outra canção veio logo a seguir. "No primeiro Natal, o anjo cantou a alguns pobres pastores, nos pastos onde estavam..."

Naquele lugar, longe da civilização e do costumeiro bri-lho do Natal, com humildes criadores de cabras das distantes montanhas ugandenses, vivenciei meu “Primeiro Natal”.

(Tradução do texto publicado em Chicken Soup for the Soul: Christmas Magic, 2010)

Nyx Martinez é apresentadora de viagens no Canal Living Asia. Siga suas viagens em www.nyxmartinez.com. ■1. Lucas 3:11

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Todo ano, pouco antes do Natal, costumava ir a um escritório tratar de questões burocráticas, um trabalho facilitado pela Judy, funcionária daquele departamento.

Em uma dessas ocasiões, depois de alguns minutos de conversa, Judy desatou a chorar. Havia algum tempo, seu marido fora submetido a uma cirurgia para a remoção de um tumor no fígado, mas a dor voltou e os médicos lhe deram pouco tempo de vida. “Thomas tem apenas 42 anos” — desabafou— “e nossos dois filhos são tão jovens!”

Orei com ela para que Deus a tranquilizasse e o curasse, se assim fosse a Sua vontade. Ela sorriu e me agradeceu por ter conversado e orado com ela.

Quando lhe telefonei no dia seguinte, contou-me que o marido ia fazer um exame em algumas semanas, quando então teriam uma ideia melhor de quanto mais ainda viveria. Combinamos voltar a conversar quando eu retornasse ao seu escritório para terminar de resolver a minha papelada de fim de ano.

O Natal já havia passado, mas a canção natalina “Vinde Adoremos” não me saía da cabeça, enquanto eu reunia um material para Judy e Thomas lerem. Peguei coisas como folhetos e um livreto com pensamentos reconfortantes e promessas para pessoas que estão à beira da morte ou de luto, intitulado “Vislumbres do Céu”. Eles vão precisar de muita coragem e da força da Palavra de Deus — ponderei.

Ao chegar ao escritório, vi que Judy não estava à sua mesa. Imaginei que estivesse com o marido, pois, afinal, era muito mais necessária ao seu lado do que ali.

Mas ela logo apareceu com um sorriso de orelha a orelha. Toda emocionada, explicou que os mesmos médicos que examinaram Thomas na vez anterior à nossa oração pela sua cura e consta-taram na ultrassonografia a imagem nítida de um tumor canceroso fizeram uma nova bateria de exames, mas, desta vez, não detectaram nenhum sinal da doença. O câncer desaparecera comple-tamente e os médicos não sabiam como explicar.

Judy e Thomas estavam maravilhados. Queriam me ligar para contar a notícia, mas não consegui-ram encontrar meu número. Eu e ela, muitos felizes, agradecemos a Deus ali mesmo no escritório.

Quando olhei para o livro Vislumbres do Céu, ainda na minha mão, percebi quão pequena havia sido minha fé de que Deus atenderia nossas orações. Fiquei constrangido, mas muito feliz por Ele ter dado àquele casal o mais fabuloso presente de Natal: a dádiva da vida.

Michael Palace é professor e trabalha com os povos tribais de taiwan. ■

A dadivada vida

Michael Palace

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Eu estava hospedado na casa minha avó, nas proximidades de Atlanta, no estado da Georgia. Tudo estava indo muito bem, exceto que eu tinha de fazer um trabalho e para isso precisava acesso à Internet. Pouco antes do Natal, deveria responder a alguns e-mails importantes. Decidi então ir ao ponto de Wi-Fi mais próximo, para depois fazer umas coisas no comércio e tomar um bom café.

Não consegui acesso no primeiro ponto. No segundo, consegui acesso, mas não enviar e-mail. Impaciente, decidi ir para o Starbucks.

Depois de alguns minutos tentando encontrar lugar para estacionar, já atrasado, decidi abrir o notebook bem ali no carro, usar a Wi-Fi da lanchonete e enviar os e-mails dali mesmo. Ao terminar,

o que o senhor desejasse ao seu pedido.

— Sendo assim… Duas doses. Pode ser? —solicitei incrédulo.

— Sim, senhor. Só um minuto.Quando chegou com meu

pedido, perguntei: — O que a pessoa do carro atrás

de mim pediu?— Um café duplo e uma donut.— Quero pagar essa conta. Diga

a quem quer que seja que lhe desejo Feliz Natal

— Sim, senhor. Pode deixar.— E Feliz Natal para você

também!E voltei para a casa de minha

avó, relaxado, sorridente e com meu pequeno mundo de novo em perspectiva.

Scotty Crowe é ator e vive em Los Angeles, na Califórnia. ■

Dose dupla de espírito

O que na verdade me acordou no StarbucksScotty Crowe

preferi utilizar o serviço drive-thru do Starbucks para evitar a fila da cafeteria, que, dava para ver, tinha dez pessoas, enquanto havia apenas um carro no drive-thru.

Chegou a minha vez e pedi um Venti Redeye —uma copo grande com uma dose de expresso. A atendente anunciou o valor da minha conta e dei à volta. Quando cheguei ao guichê, a moça perguntou:

—Quantas doses o senhor quer no seu café?

— Como assim? Não é sempre uma? —questionei agitado e confuso.

— Sim, mas alguns clientes pedem mais. E as pessoas do carro antes do seu pagaram sua bebida e disseram para lhe desejar Feliz Natal

— É mesmo?— Sim, senhor. Disseram para

lhe desejar Feliz Natal e adicionar

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É Natal toda vez que você deixa Deus amar os outros por seu intermédio. Sim, é Natal toda vez que você sorri para seu irmão e lhe oferecer a mão. —Madre Teresa (1910–1997)

Bendita a estação que envolve o mundo numa conspiração de amor. —Hamilton Wright Mabie (1846–1916)

Cristo não veio para desfazer o sofrimento nem para explicá-lo, mas para enchê-lO com a Sua presença. —Paul Claudel (1868–1955)

A dobradiça da história é a que prende a porta de um estábulo em Belém. —W. S. Sacman, religioso do século 19

O Natal não é uma data. É um estado de espírito. —Mary Ellen Chase (1887–1973)

Para Pensar

É bom ser criança às vezes. No Natal é ainda melhor, quando o Grande Fundador é, Ele pró-prio, criança. —Charles Dickens (1812–1870)

É o Natal no coração que faz com que o Natal esteja no ar. —W. T. Ellis (1845–1925)

No Natal, o único cego que existe é a pessoa que não tem o Natal no coração. —Helen Keller (1880–1968)

Paz na Terra virá para ficar,Quando vivermos o Natal todos os dias. —Helen Steiner Rice (1900–1981)

O Natal é mais verdadeiramente Natal quando o celebramos dando a luz do amor àqueles que mais precisam. —Ruth Carter Stapleton (1929–1983)

O Natal levanta uma vara de condão sobre o mundo e, de repente, tudo fica mais suave e bonito. —Norman Vincent Peale (1898–1993)

Esta é a mensagem do Natal: Jamais estaremos sozinhos. —Taylor Caldwell (1900–1985)

Minha ideia de Natal, seja antiga ou moderna, é muito simples: amar os outros. Pensando bem, por que temos de esperar o Natal para fazer isso? —Bob Hope (1903–2003)

A alegria de iluminar a vida dos outros, de nos ajudarmos uns aos outros com nossas cargas e preen-cher corações e vidas vazias com presentes generosos é para nós a mágica no Natal. —W. C. Jones

Viver o Natal é a melhor maneira de presentear no Natal. —Richard Van Dyke (nascido em 1925) ■

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O foco visual deste exercício espiritual é a mais famosa obra do pintor britânico William Holman Hunt (1827–1910), “A Luz do Mundo.”

Vemos aí uma única pessoa, Jesus. Já havia ressuscitado, veste uma túnica branca, traz na cabeça uma coroa de espinhos e está revestido de luz. Jesus era muito mais que um bom homem ou um professor sábio: era Deus em carne.

“Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”1

Observe agora as trevas e a desolação retra-tadas à Sua volta. Ele está na frente de uma porta, semibloqueada por ervas e embaraços que ali cresceram.

"A [semente] que caiu entre espinhos são os que ouviram [a Palavra de Deus] e, com o passar dos dias, são sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida, e seus frutos não chegam a amadurecer.”2

Olhe com atenção a porta à qual Jesus bate. Não se vê maçaneta. Simboliza a porta do seu coração, a qual só pode ser aberta de dentro. Você já abriu sua vida a Jesus? Ele não forçará a entrada. Você mesmo deve abrir a porta.

1. João 3:16

2. Lucas 8:14

3. Apocalipse 3:20

"Eis que estou à porta, e bato. Se alguém ouvir a Minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.”3

Passamos agora para a última parte do nosso exercício. Se já convidou Jesus para entrar em sua vida, quão bem-vindo você O faz sentir? Que lugar você Lhe dá agora?

Para ajudá-lo a responder esta pergunta, pense nas outras pessoas com quem você mora. (Se não morar com ninguém, lembre da sua infância.) Você os cumprimenta de manhã. Tem interesse na felicidade e bem-estar deles. Você não pinta as paredes da casa sem antes pedir sua opinião. Quando recebe amigos, apresenta-os. Quando alguém chega com as compras ou ajuda com os afazeres de casa, você agradece. Sentam juntos para conversar. Comem à mesma mesa. Seria uma grande falta de educação ignorá-los ou esquecer da sua presença.

Este mês, ao se lembrar do nascimento de Jesus, pense no lugar que Ele tem na casa da sua vida.

Abi F. May é educadora e escritora britânica e articulista para a Contato. ■

ABRA A PORTAUm exercício espiritualAbi F. May

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O primeiro Natal foi exclusivamente para você. Foi o presente de amor de Meu Pai para o mundo, mas também foi o que Ele deu especificamente para você — um presente que se renova.

Para os que viram em primeira mão a estrela, o coral de anjos e o bebê na manjedoura, foi uma experiência espiritual inesperada e incrível. Para os poucos abençoados que reconheceram que aquele neném era o Messias, foi um sonho que se realizou. Para todos esses e para os muitos milhões desde então que de alguma forma vieram a acreditar, tem sido a porta para a vida eterna. E é o mesmo hoje. Se você festejar o Natal em espírito e verdade, poderá partilhar da mesma sensação da mesma promessa e da mesma alegria indescritível.

Mas agora o Natal é muito mais. É mais que um presente de amor do Meu Pai para você. É um momento especial para se embeber do Meu amor e reviver a maravilha do primeiro Natal, mas também é uma oportunidade para Mim, pois você dedica mais tempo para Me amar, agradecer e louvar por tudo o que fiz na sua vida. Talvez seja difícil entender e acreditar, mas preciso do seu amor e ele é tão importante para Mim quanto o Meu é para você. Então, se ainda não souber o que Me dar neste Natal, isto é o que quero: vamos fazer este Natal especial dando um ao outro o melhor presente que existe — nosso amor.