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Informativo Nº 29 Brasília (DF) Dezembro de 2013 InformANDES SINDICATO NACIONAL DOS DOCENTES DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR - ANDES-SN Informativo Nº 29 Brasília (DF) Dezembro de 2013 InformANDES SINDICATO NACIONAL DOS DOCENTES DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR - ANDES-SN RETROSPECTIVA 2013 RETROSPECTIVA 2013

Dezembro de 2013 RETROSPECTIvA 2013 - portal.andes.org.brportal.andes.org.br/imprensa/noticias/imp-inf-419353004.pdf · 2 InformANDES/2013 O ano vai terminando entre as fortes chuvas

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Informativo Nº 29

Brasília (DF) Dezembro de 2013InformANDES

SINDICATO NACIONAL DOS DOCENTES DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR - ANDES-SN

Informativo Nº 29

Brasília (DF) Dezembro de 2013InformANDES

SINDICATO NACIONAL DOS DOCENTES DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR - ANDES-SN

RETROSPECTIvA2013

RETROSPECTIvA2013

InformANDES/20132

O ano vai terminando entre as fortes chuvas do verão que começa e as comemorações ruido-sas das festas de final de ano. Inicia-se, então, um processo de despedida com a expectativa

de um novo ano, deseja-se, mais propício, com muitas alegrias e sucessos. A tendência é jogar para frente, dei-xando para trás o indesejável que passou.

A história não se faz sobre as boas ou más impres-sões. Ela está, sim, essencialmente voltada para os pro-cessos, quer envolvam crises quer não, que indiquem contradições que se traduzam no avanço das forças produtivas e das relações de produção. Podem ser im-perceptíveis, mas estão em movimento.

Em 2013, registraram-se acontecimentos que ates-tam que os movimentos sociais não estão paralisados. Vamos a alguns exemplos. Os esforços dos servidores públicos federais na luta pela pauta de reivindicações, integrados na Cnesf e participando do Fórum Nacional das Entidades dos Servidores Públicos Federais (SPF); a busca de integração conjunta destes mesmos servido-res com outras categorias de trabalhadores, mediados pelas centrais sindicais e participando do Espaço de Unidade de Ação; a luta pela carreira docente, talhada para fazer avançar a universidade pública, configurando o espaço de realização com o ensino, pesquisa e exten-são; a luta dos docentes das universidades, em conjunto com trabalhadores, estudantes e movimentos sociais, contra a Ebserh – “Empresa de gerenciamento da saúde brasileira” -, que desmonta os hospitais universitários, sua estrutura educacional para a saúde pública e sua relação de fortalecimento do SUS, colocando-os à mercê dos interesses privados; a luta contra o Funpresp – si-mulacro de fundo de previdência social dos servidores públicos voltado para os interesses mercantis – modelo em crise no mundo, mas de vento em popa se realizan-do no Brasil; o combate dos professores em diversos estados toma fôlego. Nas universidades, no Ceará, com forte greve das suas três universidades, na Bahia e

no Paraná, em contínua mobilização, que também foi vista em outros estados como São Paulo, Piauí, Pará e Rio de Janeiro, entre outros; o esforço pela rejeição do Acordo Coletivo Especial (ACE) de flexibilização das leis trabalhistas, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (CUT), conseguindo o recuo dos proponentes acuados pela mobilização de trabalhadores de todo o país; a luta nacional pela apuração dos crimes da ditadura civil--militar com a constituição da Comissão da Verdade do ANDES-SN; os esforços na organização e participação no 1º Encontro Nacional do Movimento Mulheres em Luta (MML) e o 1º Encontro Nacional LGBT da CSP-Conlutas, novos marcos de mobilizações para o avanço da luta de classes; a luta pelos direitos das populações originais, dos quilombolas; o apoio à explosão social da juventu-de, dos trabalhadores, da população de um modo geral ocorrida a partir de junho colocando a nu o estado de corrupção no país, o distanciamento da autoridade que exerce o poder pela base social real do país, oferecendo um momento auspicioso do vigor da mobilização social; a luta por 10% do PIB para a Educação Pública Já!, que o governo insiste em postergar para as contendas.

Não foi pouco. É preciso registrar na memória, re-plicando para o conjunto da população essas lutas das quais citamos alguns exemplos.

Para 2014, e para os próximos anos, vamos continuar. O novo não se faz sem o velho. A esperança se constrói com os sucessos e as dificuldades vividas anteriormente. Estamos acumulando para continuar a investir na mu-dança, na transformação, na qualidade que configure o mundo do trabalho hegemonizado pelos que o fazem, os mesmos que constroem forças produtivas e relação de produção integrada para uma nova configuração social, insistimos, humana e harmonizada com a natureza.

Comemoremos as nossas lutas!

Vamos redobrá-las em 2014!

vamos comemorar as nossas lutas e redobrá-las em 2014!

EXPEDIENTEO Informandes é uma publicação do ANDES-SN // site: www.andes.org.br // e-mail: [email protected] responsável: Luiz Henrique SchuchRedação: Renata Maffezoli, Nayane Taniguchi MTb 8228 // Diagramação: Ronaldo Alves DRT 5103-DFFotos: Renata Maffezoli, Seções Sindicais do ANDES-SN e Agência Brasil // Edição: Renata Maffezoli MTb 37322 e Nayane Taniguchi

Editorial

InformANDES/2013 3

Solidariedade e unidade internacional A participação do ANDES-SN no Encontro Internacional de

Sindicalismo Alternativo em março, na França, que reuniu 200 representantes de 22 países, retomou as atividades do Sindicato Nacional em ações e articulações com entidades internacionais. Na ocasião, representantes de organizações e sindicatos discu-tiram os reflexos da crise econômica mundial e a necessidade

da unidade e solidariedade entre os trabalhadores do mundo para fortalecer a luta e a resistência diante do contexto global. O encontro proporcionou o debate sobre a importância da luta conjunta no combate aos planos de cortes e direitos, demissões, privatizações e ataques às conquistas sociais e históricas, que ocorrem no mundo inteiro.

Retrospectiva 2013

A classe trabalhadora mostrou, durante todo o ano de 2013, disposição para defender os direitos da população e para

lutar por acesso a serviços públicos de qualidade, que deveriam ser garantidos pelo Estado. Em um ano histórico de mobilizações, as ruas assistiram a conti-nuidade das manifestações protagoniza-das ainda em 2012, que denunciavam a retirada de direitos e a política do governo em favor do capital.

Já no início do ano, em março, os do-centes participantes do 32º Congresso do ANDES-SN integraram a Marcha em Defesa do Ensino Público, que reuniu milhares de professores e técnicos da rede básica e fundamental, além de estu-dantes, no centro do Rio de Janeiro, para denunciar a mercantilização da Educação pública. O ato marcou a retomada, em 2013, das manifestações de rua em de-fesa da Educação pública de qualidade, por melhores condições de trabalho e contra a privatização do espaço público.

A força do movimento este ano, ca-racterizado pela unidade e organização da classe trabalhadora, foi expressa na Marcha do dia 24 de abril em Brasília, que reuniu mais de 20 mil trabalhadores de várias categorias na Esplanada dos Ministérios. Os manifestantes demos-traram a insatisfação com as medidas empreendidas pelo governo e com a falta de diálogo e disposição para negociar com o movimento.

Representantes do campo e da cida-de, servidores públicos federais e da iniciativa privada, do setor petroleiro, gráficos, metalúrgicos, professores; jo-

vens, aposentados, indígenas, negros, homoafetivos, homens, crianças e mu-lheres integraram a luta pela educação, saúde, transporte, moradia de qualidade, melhores condições de vida e salários, garantia aos direitos trabalhistas e de aposentadoria, contra a criminalização dos movimentos sociais, além de outras pautas que compõem as bandeiras defen-didas pelos trabalhadores e movimentos sociais.

A insatisfação crescente da população teve, em junho, sua maior expressão, com milhões de brasileiros nas ruas, em todo o país, para mostrar o grau de desconten-tamento com o governo. De norte ao sul do Brasil, centenas de cartazes expuseram os problemas vividos pela população, que em sua maioria revelavam as mesmas pautas já defendidas pelos movimentos organizados. A população se somou a esta luta, e fortaleceu as mobilizações.

O crescimento das manifestações trouxe, em contrapartida, o aumento da

repressão policial e a intensificação da criminalização dos movimentos sociais. A população, ameaçada e agredida por expor sua indignação, foi duramente reprimida por um governo que passou a utilizar cada vez mais o aparato policial para impedir as mobilizações. Agressões, ferimentos por balas de borracha, sprays de pimenta e até mesmo tiros e prisões foram instrumentos desta repressão. A liberdade de expressão foi ameaçada, jornalistas foram agredidos, e o Estado utilizou da violência para ‘tentar manter a ordem’. A população passou a ser chama-da de vândala e criminosa, para justificar a truculência da polícia e enfraquecer o movimento.

Em julho, as oito centrais sindicais brasileiras - CSP-Conlutas, CUT, UGT, Força Sindical, CGTB, CTB, CSB e NCST -, juntamente com outros setores arti-culados no Espaço de Unidade de Ação, promoveram o Dia Nacional de Lutas com Greves e Mobilizações. A redução das

E o povo foi às ruas

InformANDES/20134

tarifas e melhoria da qualidade dos transportes públicos; o aumento nos investimentos da saúde pública; a posição contrária ao PL 4330/2004 e aos leilões de petróleo; o fim do fator previden-ciário e pela valorização das aposentadorias; a redução da jornada de trabalho; e a Reforma Agrária integraram a pauta de reivindicações, que já haviam sido apresentadas à presidente Dilma Rousseff em reunião realizada em junho, com os representantes destas entidades.

As centrais sindicais e os movimentos sociais continuaram as mobilizações em agosto, com atos nos dias 6 e 30. A posição contrária ao PL 4330/2004, que prevê a terceirização dos ser-viços no setor público e privado e consolida a precarização das relações de trabalho ampliando a retirada de direitos, foi a pauta central das manifestações do dia 6. Já no dia 30, chamado de Dia Nacional de Luta com Paralisação, as cate-

gorias dos setores público e privado paralisaram as atividades para reivindicar investimentos nos serviços públicos, melhores condições de trabalho, reforma agrária, entre outras pautas, distribuídas em oito eixos unificados.

Apesar de toda a violência utilizada pelos governos estaduais e federais, a população resistiu. Em vários estados brasileiros, de-monstrações de força surgiram em toda parte. Os professores e estudantes deram o exem-plo e permaneceram nas ruas, em defesa da Educação Pública. As mobilizações foram des-taques no segundo semestre, com ocupações de prédios públicos, atos e protestos no Rio de Janeiro e Pará, por exemplo. Em outubro,

Retrospectiva 2013

Em defesa do direito de greve

O ANDES-SN integrou, juntamente com ou-tras entidades, atos e manifestações pelo di-reito de greve do servidor público. Com a pre-visão da votação da proposta de regulamen-tação do direito de greve, que na prática visa restringir tal direito, foram organizados vários protestos pela CSP-Conlutas e as demais cen-trais e entidades sindicais, representativas dos servidores públicos. Desde o início deste de-bate, a CSP-Conlutas atuou dentro fórum das Centrais Sindicais e participou das reuniões com o relator do PL para garantir a posição da entidade, e dos sindicatos a ela filiados, de que não há necessidade de regulamentar o direito de greve dos servidores públicos, uma vez que a greve deve ser irrestrita, sem a interferência do Estado. Após pressão do movimento, a dis-cussão sobre o PL foi adiada para 2014.

Democratização da Comunicação como instrumento de luta

Em agosto, foi lançado nacionalmente o Projeto de lei de Iniciativa Popular da Mídia Democrática (PLIP), que busca a democratiza-ção das comunicações, passo importante para consolidação do processo democrático no país. O ANDES-SN deliberou, no 58º Conad, o apoio do Sindicato Nacional na coleta de assi-naturas. Já no III Encontro Nacional de Comu-nicação, as Seções Sindicais foram orientadas a debater a importância da democratização junto à base, e promover ações do sentido de fortalecer a Campanha nos estados e nos am-bientes acadêmicos.

InformANDES/2013 5Retrospectiva 2013

Referência de luta da classe trabalhadora, a Central Sindical e Popular Conlutas – CSP-Conlutas, comemorou, no dia 6 de junho, três anos de trajetória, marcada pela intensa atuação na defesa do direitos dos trabalhadores, a partir da organização e participação em atividades, atos, campanhas e jornadas em todo o país

Pela PEC 555Em setembro, o ANDES-SN

integrou, juntamente com ou-tras entidades, ato promovido pelo Movimento dos Servidores Públicos Aposentados e Pensio-nistas (Mosap) na Câmara dos Deputados em Brasília, pela inclusão da PEC 555/2006 na pauta do Congresso Nacional, que prevê o fim gradativo da contribuição previdenciária dos servidores públicos aposentados e pensionistas.

centenas de petroleiros e trabalhadores foram às ruas protestar contra a maior demonstração de priorização do capi-tal pelo atual governo, com o leilão do Campo de Libra, das privatizações, e o avanço do capital estrangeiro sobre as riquezas naturais do país.

A integração dos vários setores da classe trabalhadora também foi demostrada nas campanhas e atos promovidos ao longo em 2013. Em fevereiro, o Fórum dos Servidores Públicos Federais (SPF) lançou a campanha unificada de 2013, com ato em frente ao Ministério do Planejamento. O Espaço de Unidade de Ação aprovou, no início do ano, a plataforma de lutas uma campanha contra o Acordo Coletivo Especial. O ANDES-SN e demais entidades, em conjunto com a Auditoria Cidadã da Dívida, encabeçaram, no mesmo período, a Campanha Pela Anulação da Reforma da Previdência, que coletou assinaturas a fim de reivindicar sua anulação.

Fórum dos sPF deFine calendário de ações Para camPanha salarial de 2014

No final de outubro, o Fórum dos SPF definiu um calendário de ações com ati-vidades previstas já para o início de 2014. Confira:13 de novembro

Reunião Ampliada do Fórum 22 de janeiro

Lançamento da Campanha Salarial 2014 nos estados

5 de fevereiroMarcha em Brasília para Lançamento da Campanha Nacional

6 de fevereiroSeminário da Auditoria Cidadã da Dívida

7 de fevereiroReunião Ampliada do Fórum para discutir as lutas de março

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InformANDES/20136Retrospectiva 2013

Docentes ampliam a organização e vão à luta

Os desafios postos pela atual conjuntu-ra, caracterizada por um governo que implementa cada vez mais políticas em favor do capital, retira direitos dos

servidores e não garante os serviços públicos que a população necessita, foram enfrentados de forma organizada ao longo de 2013, a partir de discussões e debates que envolveram todo Sindicato Nacional, da base em suas Seções Sindicais à diretoria e instâncias nacionais.

As estratégias para o enfrentamento, tanto das lutas específicas protagonizadas pelo conjunto de docentes quanto das lutas gerais desenvolvidas com as demais categorias, foram planejadas de-mocraticamente, a partir das deliberações do 32º Congresso do ANDES-SN, realizado em março no Rio de Janeiro, e do 58º Conad, promovido em ju-lho em Santa Maria (RS). Já no segundo semestre, o Sindicato Nacional, por meio do VII Encontro Intersetorial, deu continuidade aos debates e às análises relacionadas às lutas empreendidas pela categoria ao longo do ano, também como forma de prepara-la para as ações em 2014, que serão deliberadas no 33º Congresso, a ser realizado em fevereiro, em São Luís (MA).

Os Seminários e Encontros Nacionais (confira a seguir) contribuíram ainda para dar continui-dade à concretização das propostas definidas, além de fazer um balanço sobre a atuação do Sindicato Nacional e apontar os desafios para a classe trabalhadora no próximo ano. A par-ticipação dos docentes das Seções Sindicais de todo o país nos eventos colaboraram ainda para o fortalecimento da representatividade do ANDES-SN e além de nortear as ações e estra-tégias para o período, também aprofundaram as discussões sobre as pautas defendidas pelo ANDES-SN, auxiliaram na compreensão da conjuntura à qual se inserem os movimentos organizados e a população, além de fomentar a continuidade de ações e estratégias em busca de melhorias para os docentes e para a classe trabalhadora do país.

InformANDES/2013 7

Realizado em meio às mobilizações de rua intensificadas a partir de junho, que revelaram o grau de insatisfação da popula-ção brasileira em relação às políticas de governo e expuseram as dezenas de pautas já defendidas pelos movimentos sociais e sin-dicais organizados, o 58º Conad teve como um dos desafios ana-lisar esta conjuntura, além de observar a importância do papel dos docentes nas manifestações e definir a atuação do Sindicato Nacional a partir desse cenário, com a avaliação e atualização do plano de lutas, geral e dos setores, aprovado no 32º Congresso. Entre as deliberações, o 58º Conad aprovou jornada de lutas contra o Funpresp, Ebserh, manifestações, atos e a realização de encontros no segundo semestre, além de ações de fortaleci-mento do Sindicato Nacional junto à base, a poio ao projeto de lei de iniciativa popular da Comunicação Social Eletrônica – Lei da Mídia Democrática, e a composição da Comissão da Verdade, cuja criação foi aprovada no 32º Congresso.

A disposição para a luta foi destacada ao longo de todo 58º Conad, desde as plenárias até as atividades culturais que, por meio da música, poesia e da dança, abordaram a atual con-juntura do país e mostraram a força da classe trabalhadora brasileira, que historicamente reivindica melhores condições de vida. Santa Maria (RS), cidade marcada pela tragédia da boate Kiss, que sediou o Conad, inspirou ainda mais a luta dos docentes, ao mostrar a força e o esforço em busca de justiça, por meio da mobilização. O 58º Conad reuniu representantes de 53 Seções Sindicais, e contou com a participação de 49 delegados, 77 observadores, 34 diretores e dois convidados. Na ocasião, o professor Edmundo Fernandes Dias foi home-nageado pelo ANDES-SN, pela sua atuação incansável na luta por transformação social e pelo que o docente contribuiu na formação do Sindicato Nacional.

Três publicações inéditas também foram lançadas durante o 58º Conad: a 52ª edição da Revista Universidade e Sociedade, o livro em quadrinhos As aventuras do indiozinho Bretã, resultado de parceria entre a Sedufsm – Seção Sindical do ANDES-SN – e a Aldeia Três Soitas – Kentyiugtgtu, localizada em Santa Maria (RS), e o livro Financie um candidato: compre um político, do profes-sor da UFPel, Althen Teixeira Filho.

Instância máxima deliberativa do ANDES-SN, o 32º Congresso do Sindicato Nacional, realizado em março no Rio de Janeiro, foi o segundo maior da história da entidade em número de participantes e um dos mais marcantes do ponto de vista político, com a representação de 71 Seções Sindicais, 356 delegados, 111 observadores, 35 diretores e três convidados.

Como Centralidade da Luta, os delegados definiram “Defesa do caráter público e gratuito da educação, con-dições de trabalho, salários dignos e carreira para os do-centes, ampliando a organização da categoria no ANDES – Sindicato Nacional e a unidade classista dos trabalhadores”. O 32º Congresso também fez importantes avaliações sobre a greve histórica protagonizada pelos docentes federais em 2012, com duração de 124 dias, além de ressaltar o ganho político conquistado pelo Sindicato Nacional durante as pa-ralisações nas estaduais, sendo identificado como o legítimo representante da categoria docente em todo o país.

A importância da unidade classista e do trabalho de base também foi destacada durante as plenárias do Congresso, que aprovou diversos instrumentos para a defesa da classe trabalhadora.

Os lançamentos da 4ª Edição Revisada e Atualizada do Caderno 2, da Campanha de Sindicalização do ANDES-SN, da 51ª edição da Revista Universidade e Sociedade e da nova logomarca do ANDES-SN mostraram o potencial do Sindicato Nacional na produção impressa e nas ações de mobilização, além de dar mais visibilidade às bandeiras de-fendidas pelo ANDES-SN, relacionadas à proposta para a universidade brasileira.

Retrospectiva 2013

32º Congresso

58º Conad

InformANDES/20138

Brasília, DF

Encontro Intersetorial

ANDES-SN

Os desafios político-organizativos do ANDES-SN

V Encontro Nacional do ANDES-SNsobre Saúde do Trabalhador

Brasília, DF 4 6 Outubro dea

COMUNICAÇÃO ENCONTRO NACIONAL DE

ANDES-SN DO III

1 e 2 de NovembroDourados (MS)

Seminário Nacional sobre Povos Indígenas e

Quilombolas no Brasil

Apoio:

29 e 30 de novembro Recife (PE)

do ANDES-SN

As novas configuraçõesdo mundo do trabalho e os desafios paraas mulheres

Apoio:

Retrospectiva 2013

Cursos de Formação Sindical

De agosto a dezembro, o ANDES-SN promoveu Cursos de Formação Sindical nas cinco regiões brasileiras, sediados em Niterói (RJ), Recife (PE), Florianópolis (SC), Goiânia (GO) e Manaus (AM). Voltado para os docentes recém-ingressos na carreira, a capacitação teve como objetivo proporcionar me-lhor compreensão sobre a história, organização e atuação do Sindicato Nacional e do movimento sindical em geral, além de discutir os desafios atuais do ANDES-SN.

VII Encontro IntersetorialA ampla participação, com 144 docentes e 62 Seções Sindicais representadas, permitiu o

avanço no debate sobre os desafios políticos e organizacionais do Sindicato Nacional durante o VII Encontro Intersetorial, realizado em outubro em Brasília, que sinalizou 2014 como o ano de luta em defesa da Educação pública, gratuita e de qualidade, envolvendo a articulação de vá-rios setores dos movimentos sindicais e sociais nas diversas ações e na construção do Encontro Nacional de Educação.

A importância de se compartilhar o acúmulo das discussões do Intersetorial na base do Sindicato Nacional a fim de enriquecer os debates, além de auxiliar na elaboração de propostas que serão levadas ao 33º Congresso, e da unidade da categoria em busca do fortalecimento do ANDES-SN também foram destacadas no Encontro, que aprofundou as discussões sobre a atuação do Sindicato Nacional e a orga-nização da categoria nas instituições multicampi, entre outras questões.

Os professores Osvaldo de Oliveira Maciel e Edmundo Fernandes Dias foram homenageados durante o Intersetorial, com o descerramento das placas que dão o nome dos docentes ao Centro de Documento e à sala de reuniões do ANDES-SN, conforme decidido em encontros anteriores do Sindicato Nacional (30º Congresso e 58º Conad, respectivamente). No encontro também foram realizados dois pré-lançamentos: da cartilha de sindicalização do ANDES-SN e da segunda edição da Revista Dossiê Nacional 3: Precarização das Condições de Trabalho 2.

III Seminário Estado e Educação

A partir de discussões sobre o Plano Nacional de Educação (PNE), carreira e formação docente e finan-ciamento da Educação, entre outros temas, o III Seminário, realizado em Viçosa (MG) em setembro, deu início aos preparativos e à definição dos eixos do Encontro Nacional de Educação, que será reali-zado no segundo semestre de 2014, para retomar a agenda de luta pela Educação pública e gratuita e resgatar o papel da sociedade brasileira na elaboração de propostas para a Educação. O Seminário, que reuniu cerca de 100 re-presentantes da comunidade acadêmica, entre docentes, estudantes e técnicos, tam-bém aprofundou as discussões sobre as políticas públicas e o papel do Estado no que diz respeito ao financiamento e responsabilidade em relação à educação básica, superior e pós-graduação.

V Encontro Nacional do ANDES-SN sobre Saúde do Trabalhador

O V Encontro, realizado no Ceará em setembro, possibi-litou o aprofundamento do debate, com a participação de mais de 90 pessoas e 29 Seções Sindicais, sobre a influência do produtivismo na intensificação e precarização do traba-lho docente, e a forma como este modo de exploração con-tribui para a redução da qualidade social da universidade e para o adoecimento dos professores. Além de reafirmar as lutas em curso protagonizadas pelo ANDES-SN, o Encontro encaminhou uma série de ações, como a discussão sobre o enfrentamento do adoecimento docente relacionado ao tra-balho, a saúde mental do professor, a realização de diagnós-ticos relacionados ao tema, entre outros, e debateu temas como precarização das condições de trabalho, insalubrida-de, periculosidade, privatizaçÍ o do espaço público, as con-sequências da Ebserh e a retirada de direitos dos servidores na aposentadoria, com a criação do Funpresp.

InformANDES/2013 9Retrospectiva 2013

III Encontro Nacional de Comunicação

O avanço do setor de Comunicação do ANDES-SN foi destacado durante o III Encontro Nacional, que reuniu em outubro em Brasília 23 Seções Sindicais, representadas por profis-sionais da Comunicação, diretores e coordenadores do Grupo de Trabalho Comunicação e Artes (GTCA), além de professores que atuam na área e jornalistas do Sindicato Nacional. A atividade nacional foi precedida de Encontros Regionais de Comunicação, que apontaram os eixos para os deba-tes e foram pautados pelos desafios e possibilidades do ANDES-SN na atuação enquanto imprensa sindical e na luta pela democratização das co-municações, deliberada no 58º Conad. O Encontro ainda discutiu o papel da imprensa sindical como forma de dar mais visibilidade às bandeiras e plano de lutas dos docentes, além de ava-liar, em busca de aperfeiçoamento, o Plano Nacional de Comunicação do Sindicato Nacional, implementado há dois anos, desde aprovação no 30º Congresso do ANDES-SN, em Uberlândia (MG), em 2011.

Seminário Nacional sobre Povos Indígenas e Quilombolas no Brasil

II Seminário de Mulheres do ANDES-SN

A reflexão e compreensão sobre como a diferença de gênero incide no cotidiano da base do ANDES-SN, a fim de contribuir para um avanço na luta contra o machismo dentro e fora da universidade, foi uma das propostas do Seminário, que reuniu docentes de várias Seções Sindicais e diretores do Sindicato Nacional em Recife, nos dias 29 e 30 de novem-bro. As discussões foram norteadas pelo tema “As novas configurações do mundo do trabalho e os desafios para as mulheres”. Questões como os vários tipos de violência sofri-dos pelas mulheres e o Estatuto do Nascituro foram alguns dos temas que pautaram os debates.

Em 2013, a CSP-Conlutas fez história ao promover

o primeiro encontro de uma central sindical

para debater formas de enfrentamento da opressão

aos trabalhadores e trabalhadoras LGBT. Sob

o tema “A organização dos trabalhadores LGBT

no Brasil: Desafios e Perspectivas” o evento

reuniu 180 delegados e observadores de 16

estados brasileiros, na cidade de São Paulo, entre

28 e 30 de junho

O 1º Encontro Nacional do Movimento Mulheres em Luta (MML) reuniu, entre os dias 4 e 6 de outubro, em Minas Gerais, 2.300 lutadoras de todo o Brasil e convidadas internacionais. O Encontro proporcionou três dias de intensos debates, que abordaram os desafios das mulheres no contexto nacional e mundial. Como tarefa principal para o próximo período, o Encontro aprovou a realização da Campanha Nacional Contra a Violência à Mulher, que foi lançada no dia 20 de novembro

Sob o tema central “O Estado contra as nações indígenas e quilombolas: a questão da Terra”, o Seminário reuniu representan-tes e militantes dos movimentos docente, indígena e quilombola entre os dias 1 e 2 de novembro em Dourados (MS), e teve como um dos objetivos avançar na compreensão da luta destes povos, diretamente relacionadas à atuação e história do ANDES-SN. O Seminário foi realizado em um momento no qual se acentuam os ataques aos direitos dos indígenas e quilombolas, em questões relacionada às demarcações de terras, com greves conflitos ocorrendo em todo o país.

InformANDES/201310

De 20 a 24 de maio de 2013com PARALISAÇÃO

em 22 de maio

De 20 a 24 de maio de 2013com PARALISAÇÃO

em 22 de maioParticipe!

Um a mais é muito mais!Reunindo forças, conquistamos

nossos direitos.

Jornada de Lutapor melhores condições detrabalho e reestruturação

da carreira docente nas IFE

Jornada de Lutapor melhores condições detrabalho e reestruturação

da carreira docente nas IFE

De 22 a 24 de novembroLocal: Secretaria Regional São Paulo ANDES-SN (abertura)e Apropuc - Rua Bartira, 407, Perdizes (sábado e domingo) São Paulo (SP)

CONDIÇÕES DE TRABALHO E DIREITOS DOS DOCENTES NAS INSTITUIÇÕES PARTICULARES DE ENSINO SUPERIOR

ENCONTRO DO SETOR DAS

DE ENSINO

INSTITUIÇÕES Ç

SUPERIOR

Retrospectiva 2013

A importância da unidade da categoria e do papel do docente, tanto nas universidades quanto em movimen-tos organizados como o ANDES-SN,

foi ressaltada nas várias ações realizadas pelo Sindicato Nacional como essencial para a luta da categoria. Entre as estratégias que contribuem para o fortalecimento, o ANDES-

ANDES-SN fortalece as lutas em defesa da categoriaConcentração de esforços na defesa de direitos e serviços públicos demandados pela população contribuiu ainda mais para a consolidação do ANDES-SN como representante da categoria e entidade atuante na defesa da classe trabalhadora

InformANDES/2013 11Retrospectiva 2013

Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes)

SN intensificou, ao longo deste ano, a Campanha de Sindicalização, a partir da produção de vários materiais – banner, cartaz, cartilha, camisetas, folder, entre outros - lançados durante 2013, que apresentam o Sindicato Nacional aos docentes, recém-ingressos e ainda não sindicalizados, em mais de 30 anos de história de luta.

Sob o mote “Somos fortes pela base e a base é você”, a campanha reforça o papel do ANDES-SN como espaço que representa a categoria enquanto organização de trabalhadores e mostra a importância da participação de cada docente no fortalecimento do Sindicato.

Importante instrumento de luta do ANDES-SN que apresenta as propostas do Sindicato Nacional para a universida-de brasileira, a 4ª edição atualizada do Caderno 2 foi lançada no 32º Congresso do Sindicato Nacional. A partir de um formato mais sintético e projeto gráfico diferenciado, a publicação apresenta as concepções do ANDES-SN que pautam os princípios do Sindicato, além de abordar, em um novo capítulo, as diretrizes para a definição de políticas acadêmicas de Ciência e Tecnologia e apresenta um con-traponto ao Plano Nacional da Educação (PNE), que esteve em votação ao longo do ano no Congresso Nacional.

O PNE está na contramão da propos-ta do ANDES-SN para a Universidade Brasileira e vai de encontro às ações em defesa da Educação pública, gratuita e de qualidade. As discussões sobre o tema e as articulações que envolvem outras entidades da Educação compuseram as estratégias de luta do ANDES-SN em 2013, entre elas a rearticulação do Comitê “10% do PIB para a Educação Pública Já!” e a realização de debates e seminários que nortearão a construção do Encontro Nacional de Educação em 2014, na defesa do PNE da sociedade brasileira, elaborado na década de 90, como importante instrumento para o combate aos ataques do governo que fragilizam a Educação do país.

As bandeiras do Sindicato Nacional ganharam força em 2013 também com o acúmulo político conquistado pelo ANDES-SN na greve das federais em 2012 e durante as paralisações nas estaduais, e a partir de diversas ações protagonizadas pelo Sindicato e Seções Sindicais durante este ano. Os três setores que compõem o ANDES-SN – Ifes, Iees/Imes e Ipes – se organizaram ainda mais e avançaram em importantes lutas, específicas de cada setor.

Os docentes das Instituições Federais de Ensino protagonizaram, em 2013, a luta permanente contra a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), contra a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp), e em defesa da carreira única, da autonomia universitária e por condições de traba-lho, com a realização de atos, manifestações e paralisações em todo o país.

Por meio de um trabalho iniciado ainda na greve de 2012, com o levantamento da situação precária vivida pelos docentes do setor com a implementação do proje-to de expansão do governo federal, o Reuni, os professores denunciaram a realida-de das Instituições Federais de Ensino no País, a partir da elaboração e lançamento de duas edições da Revista Dossiê Nacional 3 – Precarização do Trabalho docente I e II, em abril e dezembro deste ano (confira box).

A Jornada de Lutas nas Ifes, de 20 a 24 de maio, com paralisação no dia 22, rei-vindicou condições de trabalho e a reestruturação da carreira, além de organizar agenda concreta de luta para o setor. O empenho dos docentes na luta contra a Ebserh em todo o país ao longo do ano, que privatiza a saúde e retira a autono-mia das universidades, entre outros prejuízos, também fizeram parte das grandes mobilizações de 2013, juntamente com a realização do Plebiscito Nacional sobre a Ebserh, organizado pelo ANDES-SN em conjunto com outras entidades.

A partir de agosto, as atividades foram pautadas pela agenda temática defi-nida em reunião do setor e que trazia questões como Autonomia Universitária, Estatuinte, Defesa dos Direitos na Aposentadoria e a luta contra o contra os fatores que levam ao adoecimento dos docentes, entre outros.

A campanha contra o Funpresp desenvolvida pelo ANDES-SN no segundo semes-tre revelou mais uma manobra utilizada pelo governo para a retirada de direito dos servidores, e orientou os docentes sobre os riscos da adesão a este fundo de previdência privada. Entre os materiais desenvolvidos e divulgados pelo Sindicato, a cartilha publicada, já em segunda edição, chamou a atenção do governo pelos re-sultados produzidos, como a baixa adesão dos professores ao Funpresp.

InformANDES/201312Retrospectiva 2013

Instituições Estaduais e Ensino Superior/ Instituições Municipais de Ensino Superior (Iees/Imes)

O ano de 2013 foi marcado pela luta por financiamento para as IEES/IMES, com greves, mo-bilizações e protestos em todo o país em instituições estaduais distintas contra o não cumpri-mento dos acordos, os ataques à autonomia, à democracia e à precarização do trabalho.

Em 29 de maio, o Dia Nacional de Lutas mobilizou o setor em defesa do financiamento e da autonomia destas instituições, com paralisações, greves e atos públicos em vários estados. Os docentes também aprofundaram o debate sobre autonomia, federalização, democracia, car-reira e contrarreforma da Previdência durante o XI Encontro Nacional do Setor das Iees/Imes, que reuniu representantes de 25 Seções Sindicais e duas entidades convidadas em Brasília, em setembro, teve como foco traçar uma proposta de pauta de luta unificada para 2014, a partir dos problemas experimentados pelos docentes deste setor. Entre os problemas comuns en-frentados pelos docentes estão estrangulamento orçamentário, que compromete as condições de trabalho, assédio moral, falta de democracia e autonomia nas IEES/IMES.

A quebra de acordos e cortes por parte dos governos estaduais relacionados aos orçamen-tos destinados a estas instituições também motivaram a realização de grandes atos e greves no segundo semestre. Para 2014, docentes da Bahia e Paraná ameaçam cruzar os braços caso governos mantenham cortes nos orçamentos.

InformANDES/2013 13Retrospectiva 2013

O fortalecimento do setor, por meio do levantamento de dados sobre os docentes das IPES, da realização do Encontro Nacional e da intensificação das denúncias sobre a situação destes professores, como a precariedade das condições de traba-lho, perda de direitos trabalhistas e demissões injustificadas, foram algumas das ações realizadas em 2013.

Em junho, o 58º Conad reafirmou a necessidade de dar continuidade à luta política do ANDES-SN como legítimo represen-tante dos docentes das IPES.

Realizado em São Paulo em novembro, o Encontro Nacional do Setor das Ipes possibilitou, a partir da discussão sobre a pre-carização do trabalho nas IPES, traçar estratégias para fortalecer a luta dos docentes deste setor. O resultado do Encontro nor-teará os debates e deliberações sobre o plano de lutas específico do setor no 33º Congresso do ANDES-SN.

Instrumento de luta e de denúncia da realidade vivida pelos docentes nas Federais, a publicação aborda mais de 20 temáticas, em formato jornalístico, e foi dividida em dois volumes: a primeira com nove e a segunda com 10 matérias. Os temas Cargos, vagas e Reuni: os efeitos da expansão quantitativa da educação federal e Na defesa da educação pública e de qualidade são abordados nos volumes 1 e 2, respectivamente. Ao todo, as duas publicações somam 190 páginas

Instituições Particulares de Ensino Superior (Ipes)

InformANDES/201314Entrevista

Como você avalia o ano de 2013 para a luta da classe trabalhadora?Marinalva Oliveira: O ano de 2013 foi marcado

por um conjunto de ataques à classe trabalhado-ra, tentativas de retirada de direitos históricos e um processo crescente de pauperização e espo-liação da vida, com privatização das políticas so-ciais como ações por parte do Estado que estão a favor dos interesses do capital. Como resposta a esses ataques, ocorreram grandes manifesta-ções, como a marcha à Brasília no dia 24 de abril, organizada pela CSP-Conlutas e outros setores, que reuniu mais de 20 mil pessoas. Greves dos professores de universidades estaduais e da edu-cação básica. O povo esteve nas ruas em grandes manifestações em 2013 e as bandeiras eram por educação de qualidade, saúde pública de qualida-de, transporte e moradias. Por parte do governo, tivemos repressão e adoção de mecanismos de controle sobre as organizações a fim de retirar os direitos, como por exemplo, a Lei de Greve e a Lei Antiterrorismo. As manifestações desse ano surgiram num patamar superior de lutas, carac-terizado pela intensificação das ações e greves ocorridas em 2012, particularmente aquelas que brotaram no serviço público, das quais o ANDES--SN foi protagonista importante.

E em relação específica à categoria docente, organizada no ANDES-SN?Marinalva Oliveira: As ações governamen-

tais em favor dos interesses do capital também refletem dentro da educação. Há um processo de ação contínua de privatização dos hospitais universitários através da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares e a retirada de direitos dos docentes, com a adoção do Funpresp como fundo de pensão. No ano de 2012, os docentes recuperaram a identidade coletiva para a luta e realizaram mobilização histórica. A greve foi vi-toriosa como elemento político na reorganização da base e fortalecimento do nosso Sindicato, mas a nossa pauta não foi atendida. E hoje temos o ambiente de trabalho mais degradado, a implan-tação de uma carreira desestruturada e de cunho produtivista, que resulta em piores condições de trabalho, mais suscetível ao assédio moral e esse quadro, consequentemente, tem levado ao adoecimento docente. Publicamos recentemente um dossiê sobre a precarização das condições de trabalho que mostra que em nada melhoraram as condições de trabalho dos docentes. Apesar das inúmeras tentativas de diálogo com os governos federal e estaduais, não houve avanço na nego-ciação da pauta dos docentes. Não há medidas,

Durante o ano de 2013, se intensificou o descontentamento da população com as políticas governamentais de retirada de direitos sociais e falta de investimentos nas políticas públicas como educação,

saúde e transporte. O ano começou com os trabalhadores ocupando a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e teve sequência com uma série de manifestações que levou milhares paras as ruas de todo o país. Os governos agiram com autoritarismo e violência, reprimindo e criminalizando os movimentos. Os docentes organizados no ANDES-SN participaram ativamente das mobilizações e também compareceram a todos os encontros realizados pela entidade, ampliando o debate, fortalecendo o Sindicato e reafirmando a legitimidade do ANDES-SN. Para fazer uma análise sobre o desenrolar de 2013 e as expectativas para o próximo ano, o InformANDES entrevistou a presidente do Sindicato, Marinalva Oliveira. Confira.

InformANDES/2013 15Entrevista

por parte dos governos, que signifiquem maior investimento na educação pública ou valorização dos profissionais envolvi-dos, pelo contrário, todas as ações vão na direção de repassar ou conceder benesses às entidades privadas. A expansão do sis-tema de educação continua ocorrendo em base orçamentárias insuficientes e sem considerar a autonomia universitária, com a concepção do modelo gerencial, “oti-mizando” o espaço físico e humano. Por outro lado, ocorreram resistências e lutas a esse modelo.

Dessas lutas, quais poderíamos destacar?Marinalva Oliveira: No setor das Federais

vivenciamos uma onda de discussões sobre temáticas como autonomia, estatuinte, democracia, aposentadoria e adoecimento docente. Já no setor das Estaduais, além de mobilizações e paralisações, tivemos greve em alguns estados. Toda essa mobilização teve como central a defesa da ampliação de financiamento público para a educação pú-blica. Vale ressaltar a luta contra a Ebserh, o Funpresp e o Plano Nacional de Educação (PNE) - legislação para os próximos 10 anos que legitima toda a política implementada pelo governo e o Estado capitalista se de-sobriga do compromisso com a Educação pública e gratuita e incentiva a capitalização realizando a expansão através de parcerias publico privadas e ou “otimizando” o espaço físico e humano das Instituições de ensino. Por isso, a importância na construção do En-contro Nacional de Educação para o próxi-mo ano. A categoria docente está resistindo a todo esse processo com muita mobilização e atenta ao que virá em 2014. A disposição de lutar continua numa onda crescente.

Diante desse quadro e das experiências vividas em 2013, o que podemos esperar para 2014?Marinalva Oliveira: Na análise de con-

juntura da Diretoria para o 33º Congresso, feita cerca de três meses antes do Congres-so, nós avaliamos que as manifestações de junho foram muito importantes porque colocaram nas ruas as bandeiras que nós já trabalhamos há algum tempo, como a luta por Educação pública e de qualida-de, por saúde pública e de qualidade, por moradia, por transporte, e tantos outros direitos sócias que vêm sendo retirados da população, precarizando cada dia mais as condições de vida do povo. E ano que vem tudo isso irá se intensificar, porque os governantes estão desviando os recursos e instrumentos públicos para os megaeven-tos, teremos eleições presidenciais, a infla-

ção está subindo, o nível de desemprego também vai subir, ou seja, as condições das pessoas vão piorar e muito. Em 2014, a exi-gência política para enfrentar esse projeto antissocial e privatista, que em sua lógica tende a se acentua, será estabelecer e uma grande unidade classista, entre todos os setores dos movimentos sociais, populares e sindicais. Acredito que será um ano de grandes mobilizações. Além de estarmos na rua com outros movimentos por melhores condições de trabalho, de salário, de polí-ticas sociais efetivas como parte do direito dos trabalhadores, teremos que avançar em nossas pautas específicas da categoria docente e estamos propondo realizar o En-contro Nacional de Educação. Esse Encon-tro vai ter como objetivo central fortalecer a articulação no campo dos movimentos populares e classistas, e a construção de uma agenda reafirmando o Plano Nacional da Educação da sociedade brasileira, cons-truído na década de 90 como uma propos-ta alternativa ao projeto do governo, e que logicamente foi engavetado. No próximo ano, o governo seguirá implementando seu projeto de desmonte da Educação pública e gratuita e dos direitos sociais e para forta-lecermos a resistência estamos fazendo um chamado à unidade de ação como instru-mento decisivo para fortalecer as mobiliza-ções e, na luta, avançarmos no processo de reorganização, tanto da categoria docente como da classe trabalhadora de forma mais ampla. Discutiremos no 33º Congresso do ANDES-SN, que ocorrerá em São Luís no mês de fevereiro, ter como centralidade da luta a defesa do nosso projeto de Educação pública. A Educação estará no centro da discussão, como condições de trabalho, carreira e salário.

InformANDES/201316330 Congresso