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96 UNIVERSIDADE E SOCIEDADE #54
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O Brasil na era da ditadura
Com a suposta ideia de colonização da Amazônia e de instalar 500 mil
colonos em agrovilas, a Rodovia Transamazônica foi um projeto
faraônico da ditadura militar
Agradecimento ao site http://memoriasoswaldohernandez.blogspot.com.br/, de onde as imagens e as informações para as legendas foram retiradas.
97 ANDES-SN n agosto de 2014
O golpe militar de 1964, em si, foi muito rápido na sua execução pelos militares, em articulação com os civis, notadamente o empresariado. Malgrado uma distante comparação, foi quase como a queda do Império e a chegada da República, a que o povo assistiu e recebeu, no
primeiro momento, aparvalhado ou totalmente alheio, como ocorreu em muitos rincões do nosso país continental.Não obstante ter sido deflagrado num átimo, alguma coisa como do dia para a noite, o malfadado golpe, consolidado numa sangrenta ditadura militar, teve uma longa duração difícil de compreender e muito pior de conviver, ainda que por adesões, por oposições ou simplesmente deixando que o tempo se encarregasse de esvaziá-lo.
General Médici e General Meira Mattos - Academia Militar das Agulhas Negras, 1970
O presidente Garrastazu Médici (ao centro), junto com ministros, inaugura em 9 de outubro de 1970, no Pará, os trabalhos de construção da Rodovia Transamazônica
Foto: Jornal do Brasil
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A ditadura militar de Médici usou a conquista
do campeonato de futebol em 1970 como parte da
campanha publicitária “Pra frente Brasil” (jogador ao
lado de Médici: Carlos Alberto Torres)
Para ser bem preciso, o golpe militar de 31 de março de 1964 conseguiu se sustentar – sem se legitimar, apesar das vãs tentativas via parlamento – por mais de duas décadas, ao fim das quais deu-se por vencido, embora não de forma expressa, quando aceitou a eleição indireta de Tancredo Neves acenando para o surgimento de novos ares democráticos no Brasil.
1. Capa da revista O Cruzeiro, junho de 19702. Slogan de campanha do governo Médici, 19703. Frase copiada da campanha de Richard Nixon, veiculada em 1968 nos Estados Unidos: “America, love it or leave it”4. Propaganda no governo Médici sobre a Semana da Pátria
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Esses longos 21 anos deixaram sequelas multiformes, quase impossíveis de serem apagadas de qualquer memória. Foram anos de mudanças abruptas, de censura generalizada, de torturas, mortes, prisões e desaparecimentos, insistentemente negados e de estatísticas manipuladas, em favor de um engodo dirigido à população por meio da publicidade mais primária, que lembrava muito a propaganda de massas do nazismo. Tudo está compilado, às claras ou sub-repticiamente, nas diversas mídias que se sustentaram no período. Mas, seguindo a atual voz corrente, é muito importante lembrar da época para evitar sua repetição.
Helenira R. de Souza Nazareth (PCdoB), desaparecida em 1972
Ísis Dias de Oliveira (ALN), desaparecida
em 1972
Concentração do movimento Custo de Vida
em São Paulo, 1978
Comício em São Paulo, 1974 - A partir do governo Geisel, foi iniciada uma gradativa abertura política e manifestações públicas eram permitidas
Foto
: Ros
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udita
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Desde manchetes objetivas de jornais, como no caso da edição do hediondo Ato Institucional nº 5, até os espaços na imprensa ocupados por poemas ou receitas culinárias, tudo foi feito para legitimar o golpe, de um lado, e para calar a oposição, de outro. As manchetes arquivadas não deixam que as mentiras prosperem, assim como os slogans, pretensamente criativos, não passam de mensagens surreais, meras tentativas de encobrir a verdade que se escondia por trás do autoritarismo e da violência que gerava o medo.
As imagens, as manchetes e a imprensa dita alternativa deixaram guardados para sempre os rastros do golpe, o cansaço/enfraquecimento dos golpistas e o caminho da anistia, que ensejou a volta dos brasileiros exilados e a recomposição do tecido social. Foram anos de lutas, de sofrimentos, de resistência e de renascimento.
Na manhã de 15 de abril de 1971, o empresário Henning Albert Boilesen foi executado a tiros por cinco militantes
de grupos de terrorismo. Ele era presidente da empresa Ultragaz e fundador do órgão Operação Bandeirante
(OBAN), embrião do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações-Coordenação de Defesa
Interna). Segundo relatos de militares e militantes da época, o empresário tinha o sádico hábito de assistir às
sessões de torturas realizadas pela Operação.
General Geisel, Rio de Janeiro
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Foto: Luiz Humberto