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Encontro do Presbitério: 03 e 04 de Dezembro de 2013 Conferencista: Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues Arcebispo Metropolitano da Arquidiocese de Sorocaba/SP

Dgae da igreja no brasil, dom eduardo 2

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Encontro do Presbitério: 03 e 04 de Dezembro de 2013Conferencista: Dom Eduardo Benes de Sales RodriguesArcebispo Metropolitano da Arquidiocese de Sorocaba/SP

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Objetivo: mostrar o caminho feito pelo CELAM e pela CNBB até as atuais Diretrizes bem como a palavra do papa sobre paróquia e catequese.

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A) O Concílio quis ser eminentemente pastoral ocupado em oferecer aos cristãos as indispensáveis orientações para uma presença evangelizadora no mundo. Para tal retomou, em formulação nova, os elementos essenciais de nossa fé e procurou explicitar, sobretudo através dos documentos chamados decretos, os caminhos de renovação da vida eclesial.

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O Papa Paulo VI se fez presente e, na ocasião, alertou para a tentação de recurso à violência como forma de promover a justiça social bem como à visão marxista da sociedade como ferramenta de interpretação da história. Os frutos da Conferência de Medellin se traduziram em forte acento na opção preferencial pelos pobres com a consequente busca de fazer do evangelho uma força libertadora das opressões por eles sofridas. Ganharam força as CEBs e a TL).

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O documento de Puebla (ano de 1979), “Evangelização no Presente e no Futuro da América latina”, fruto da Terceira Conferência Geral do Episcopado Latino- Americano, significou um passo adiante, com as devidas correções, na busca de novos caminhos para a evangelização na América latina. A Exortação Apostólica de Paulo VI “Evangelii Nuntiandi”(ano de1975) e a palavra de João Paulo II na abertura iluminaram os trabalhos da Terceira Conferência...

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João Paulo II foi categórico em afirmar a necessidade de anunciar: a) a verdade sobre Jesus Cristo, obscurecida por releituras insuficientes e distorcidas do evangelho; b) a verdade sobre a missão da Igreja; c) a verdade sobre o Homem. Nesse último ítemabordou a temática da libertação, prevenindo sobre posições que tendiam a reduzir a libertação cristã a uma libertação puramente temporal, como já havia advertido Paulo VI na Exortação Apostólica sobre a evangelização do mundo contemporâneo em 1975. O eixo teológico-pastoral que ilumina o documento de Puebla é o binômio “Comunhão e Participação”.

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Dentro do horizonte de “Comunhão e Participação”, tendo a

Trindade como fonte e modelo, é que se desenvolvem as

ricas e abrangentes orientações pastorais do documento que

contribuíram de modo significativo para a evangelização de

nosso Continente( Cf. DP 211 a 219). O contexto social e político

da América latina, entretanto, estava ainda muito marcado

pela luta ideológica que atingia também a vida da Igreja,

razão pela qual o documento trata da questão das ideologias

e procura retomar o ensinamento de Paulo VI a respeito das

relações entre evangelização e libertação, ressaltando a

importância das pequenas comunidades – CEBs – e

procurando definir-lhes sua identidade eclesial.

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Importa, destacar a reflexão nele desenvolvida sobre “Evangelização e Cultura” assim introduzida: “Nova e valiosa contribuição pastoral da exortação EvangeliiNuntiandi está no chamado de Paulo VI a que se enfrente a tarefa da evangelização da cultura e das culturas” (EN 20).

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Concentra a atenção em Jesus Cristo e afirma com João Paulo II a urgência de uma Nova Evangelização: “Nova Evangelização, Promoção Humana e Cultura Cristã”. E o anúncio é este: “Jesus Cristo ontem, hoje e sempre” (Hb 13,8).

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“Por outra parte, os novos tempos exigem que a mensagem cristã chegue ao homem de hoje, mediante novos métodos de apostolado, e que seja expressada numa linguagem e forma acessíveis ao homem latino-americano, necessitado de Cristo e sedento do Evangelho: como tornar acessível, penetrante, válida e profunda a resposta ao homem de hoje,

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sem alterar ou modificar em nada o conteúdo da mensagem evangélica? Como chegar ao coração da cultura que queremos evangelizar? Como falar de Deus num mundo em que está presente um processo crescente de secularização?”(João Paulo II).

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Observação: O Pontificado de João Paulo II

“É precisamente aqui neste ponto, caríssimos Irmãos, Filhos e Filhas, que se impõe uma resposta fundamental e essencial, a saber: a única orientação do espírito, a única direção da inteligência, da vontade e do coração para nós é esta: na direção de Cristo, Redentor do homem; na direção de Cristo, Redentor do mundo. Para Ele queremos olhar, porque só n'Ele, Filho de Deus, está a salvação, renovando a afirmação de Pedro: « Para quem iremos nós, Senhor? Tu tens as palavras de vida eterna »”(RH)

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O grande tema Exortação pós-sinodal “Ecclesia in America” foi: “O Encontro com Jesus Cristo vivo, caminho para a conversão, a comunhão e a solidariedade na América.” A Carta Apostólica NMI, 2001, não é outra coisa senão a reafirmação quase como mensagem final de seu pontificado, de tudo o que significou seu empenho de Pastor universal: a contemplação do rosto de Cristo para, partindo dele, em processo permanente de santificação, testemunhar no novo milênio o amor de Deus.

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A “mudança de época” coloca desafios novos para a Igreja. Donde a necessidade de formar verdadeiros discípulos de Jesus. Nesse sentido as atuais Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil indicam para nós o caminho para tornar realidade as propostas do documento de Aparecida.

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“Conhecer Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria”(n. 29).

O DAp pede uma profunda conversão pastoral de toda a Igreja insistindo de forma especial nas paróquias:

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“A paróquia precisa ser o lugar onde se assegure a iniciação cristã e terá como tarefas irrenunciáveis: iniciar na vida cristã os adultos batizados e não suficientemente evangelizados; educar na fé as crianças batizadas em um processo que as leve a completar sua iniciação cristã; iniciar os não batizados que, havendo escutado o querigma, querem abraçar a fé. Nessa tarefa, o estudo e a assimilação do Ritual de Iniciação Cristã de Adultos é referência necessária e apoio seguro.. Assumir essa iniciação cristã exige não só uma renovação de modalidade catequética da paróquia.

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Propomos que o processo catequético de formação adotado pela Igreja para a iniciação cristã seja assumido em todo o Continente como a maneira ordinária e indispensável de introdução na vida cristã e como a catequese básica e fundamental. Depois, virá a catequese permanente que continua o processo de amadurecimento da fé; nela se deve incorporar o discernimento vocacional e a iluminação para projetos pessoais de vida”(293 e 294).

O DAp insiste na necessidade de Setorizar a Paróquia e de multiplicar as pequenas comunidades.

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As Diretrizes desde o PPC (1966-1970) se organizavam em torno de seis linhas, depois chamadas de dimensões com pequenas variações em sua formulação: Unidade visível; Ação missionária; Ação catequética; Ação Litúrgica; Ação ecumênica; Melhor inserção do Povo de deus como fermento na Construção de um mundo segundo os desígnios de Deus.

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Essas seis linhas deram origem às comissões episcopais que foram se desdobrando e hoje são 13. Algumas atendem a determinadas situações, enquanto outras derivam da própria compreensão da natureza e missão da Igreja.

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A partir de 1995 entra de forma mais acentuada nas Diretrizes o desafio da Inculturação bem como se fala, diante das situações culturais em mutação da necessidade de uma Nova evangelização.

Explicitam-se as exigências intrínsecas da evangelização: serviço, diálogo, anúncio e testemunho de comunhão.

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As Diretrizes de 1999-2002 reforçam estas questões, tendo como pano de fundo a forte “emergência da subjetividade” na cultura e retoma as 4 exigências intrínsecas da evangelização na sua relação com a Pessoa, com a Comunidade e com a sociedade.

Fala de três situações de urgência: a dos católicos não-praticantes; a dos cidadãos sem religião (secularismo e indiferentismo; a dos não cristãos de algumas religiões brasileiras (indígenas emigrantes orientais).

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Igreja em estado permanente de missão

Igreja: casa da iniciação à vida cristã

Igreja: lugar de animação bíblica da vida e da pastoral

Igreja: comunidade de comunidades

Igreja a serviço da vida plena para todos

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Nossas atuais Diretrizes da Ação Evangelizadora condensam de maneira objetiva aquilo que é a missão essencial da Igreja, colocando nas urgências os passos do processo evangelizador, que devem ser pensados como formando um círculo virtuoso: missão-anúncio, iniciação (inserção na comunhão eclesial), comunidades concretas (visibilização da comunhão) e missão-serviço à vida plena (testemunho acompanhado do anúncio explícito).

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Tocadas pelo testemunho e pelo anúncio querigmático haverá outras pessoas que passarão pelo processo de iniciação, e, inseridas na comunidade, se tornarão por sua vez discípulas e testemunhas a serviço da vida plena. O processo integral é alimentado pela Palavra, que deve animar toda a vida da Igreja. Aqui não se trata de prioridades, trata-se da Prioridade, ou seja, da tarefa essencial da Igreja.

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A urgência de implantar esse processo na prática da Igreja é, sem dúvida, um apelo do Espírito. Imaginemos uma Paróquia em que um grupo de pessoas, já participantes da vida da Igreja, refaçam a experiência do encontro com Cristo pela acolhida do querigma, “fio condutor de um processo que culmina na maturidade do discípulo de Cristo”( DAp 278) e que, em razão dessa experiência se disponha a formar uma pequena comunidade de vida, que se reúne periodicamente para orar, aprofundar o conhecimento da fé e partilhar as experiências de vida. Imaginemos os membros dessa comunidade assumindo a tarefa da visitação mensal em um determinado setor da paróquia, em espírito de solidariedade e com a disposição de oportunamente anunciar Jesus.

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Imaginemos que muitas, ou algumas pessoas, se interessem pela vida cristã e se disponham a viver a mesma experiência, formando assim uma nova pequena comunidade que faça a experiência da comunhão eclesial e cujos membros comecem em outro setor da paróquia a visitação missionária. Imaginemos esse processo caminhando lenta e firmemente, superando os inevitáveis obstáculos que se colocam no caminho dos operários do Reino, e, então poderemos sonhar com a construção de uma Igreja de discípulos missionários, comunidade de comunidades, a serviço da vida plena, para a glória de Deus e a salvação do mundo. Esse é o caminho proposto pelo documento de Aparecida e pelas nossas Diretrizes da Ação Evangelizadora.

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Não ignoro que hoje os documentos não suscitam o mesmo interesse que noutras épocas, acabando rapidamente esquecidos. Apesar disso sublinho que, aquilo que pretendo deixar expresso aqui, possui um significado programático e tem consequências importantes. Espero que todas as comunidades se esforcem por atuar os meios necessários para avançar no caminho duma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como estão. Neste momento, não nos serve uma «simples administração». Constituamo-nos em «estado permanente de missão», em todas as regiões da terra(25)

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“Sonho com uma opção missionária capaz de

transformar tudo, para que os costumes, os

estilos, os horários, a linguagem e toda a

estrutura eclesial se tornem um canal

proporcionado mais à evangelização do

mundo atual que à auto-preservação. A

reforma das estruturas, que a conversão

pastoral exige, só se pode entender neste

sentido: fazer com que todas elas se tornem

mais missionárias, que a pastoral ordinária

em todas as suas instâncias seja mais

comunicativa e aberta, que coloque os

agentes pastorais em atitude constante de

«saída» e, assim, favoreça a resposta positiva

de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua

amizade. Como dizia João Paulo II aos Bispos

da Oceania, «toda a renovação na Igreja há-de

ter como alvo a missão, para não cair vítima

duma espécie de introversão eclesial”(27).

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A paróquia não é uma estrutura caduca; precisamente porque possui uma grande plasticidade, pode assumir formas muito diferentes que requerem a docilidade e a criatividade missionária do Pastor e da comunidade. Embora não seja certamente a única instituição evangelizadora, se for capaz de se reformar e adaptar constantemente continuará a ser «a própria Igreja que vive no meio das casas dos seus filhos e das suas filhas». Isto supõe que esteja realmente em contato com as famílias e com a vida do povo, e não se torne uma estrutura complicada, separada das pessoas, nem um grupo de eleitos que olham para si mesmos.

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A paróquia é presença eclesial no território, âmbito para a escuta da Palavra, o crescimento da vida cristã, o diálogo, o anúncio, a caridade generosa, a adoração e a celebração. Através de todas as suas atividades, a paróquia incentiva e forma os seus membros para serem agentes da evangelização. É comunidade de comunidades, santuário onde os sedentos vão beber para continuarem a caminhar, e centro de constante envio missionário. Temos, porém, de reconhecer que o apelo à revisão e renovação das paróquias ainda não deu suficientemente fruto, tornando-se ainda mais próximas das pessoas, sendo âmbitos de viva comunhão e participação e orientando-se completamente para a missão.(28)

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Consideremos agora a pregação dentro da Liturgia, que requer uma séria avaliação por parte dos Pastores. Deter-me-ei particularmente, e até com certa meticulosidade, na homilia e sua preparação, porque são muitas as reclamações relacionadas com este ministério importante, e não podemos fechar os ouvidos. A homilia é o ponto de comparação para avaliar a proximidade e a capacidade de encontro de um Pastor com o seu povo.

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De fato, sabemos que os fiéis lhe dão muita importância; e, muitas vezes, tanto eles como os próprios ministros ordenados sofrem: uns a ouvir e os outros a pregar. É triste que assim seja. A homilia pode ser, realmente, uma experiência intensa e feliz do Espírito, um consolador encontro com a Palavra, uma fonte constante de renovação e crescimento.(135).

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Voltamos a descobrir que também na catequese tem um papel fundamental o primeiro anúncio ou querigma, que deve ocupar o centro da atividade evangelizadora e de toda a tentativa de renovação eclesial. O querigma é trinitário. É o fogo do Espírito que se dá sob a forma de línguas e nos faz crer em Jesus Cristo, que, com a sua morte e ressurreição, nos revela e comunica a misericórdia infinita do Pai.(164)

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Não se deve pensar que, na catequese, o querigma é deixado de lado em favor duma formação supostamente mais «sólida». Nada há de mais sólido, mais profundo, mais seguro, mais consistente e mais sábio que esse anúncio. Toda a formação cristã é, primariamente, o aprofundamento do querigmaque se vai, cada vez mais e melhor, fazendo carne, que nunca deixa de iluminar a tarefa catequética, e permite compreender adequadamente o sentido de qualquer tema que se desenvolve na catequese.(165).

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Outra característica da catequese, que se desenvolveu nas últimas décadas, é a iniciação mistagógica, que significa essencialmente duas coisas: a necessária progressividade da experiência formativa na qual intervém toda a comunidade e uma renovada valorização dos sinais litúrgicos da iniciação cristã.(166).

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É bom que toda a catequese preste uma especial atenção à «via da beleza (via pulchritudinis)». Anunciar Cristo significa mostrar que crer n’Ele e segui-Lo não é algo apenas verdadeiro e justo, mas também belo, capaz de cumular a vida dum novo esplendor e duma alegria profunda, mesmo no meio das provações.(167)

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Temos uma proposta: catequese para a transmissão da Fé. As orientações do Sínodo devem ser colocadas em prática.

Qual o caminho para envolver rodo o Povo de deus no processo?

Tornar missionários os que vêm para nossas celebrações.

Como?

Formação tendo como fio condutor o querigma. Setorizar a paróquia e começar as visitas missionárias, criando pequenas comunidades que devem nascer do querigma e se tornarem, por sua vez missionárias. Eis o círculo virtuoso.