30

Dia a Dia com Santa Teresinha · de Carvalho e Ana Catarina Matos. Agradeço especialmente aos membros da Comuni-dade Santa Teresa ... dúvida, um incentivo para conhecer a vida de

Embed Size (px)

Citation preview

CARLOS VARGAS

Dia a Dia com Santa Teresinha

O Calendário de uma Família

EDITORA LTDA.© Todos os direitos reservados

Rua Jaguaribe, 571CEP 01224-003São Paulo, SP – BrasilFone (11) 2167-1101www.ltreditora.com.brJunho, 2018

Versão Impressa — LTr 6052.1 — ISBN 978-85-361-9667-1Versão Digital — LTr 9402.5 — ISBN 978-85-361-9733-3

Índices para catálogo sistemático:1. Calendário : Família : Santa Teresinha do Menino

Jesus : Biografia 922.2

Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Vargas, Carlos Dia a dia com Santa Teresinha : o calendário de uma família / Carlos Vargas. -- São Paulo : LTr, 2018.

Bibliografia.

1. Biografia cristã 2. Família - Aspectos religiosos 3. Novenas 4. Teresa do Menino Jesus, Santa, 1873-1897 - Família I. Título.

18-15205 CDD-922.2

“Tudo tem seu tempo. Há um momento oportuno

para cada coisa debaixo do céu”Eclesiastes 3, 1.

Este livro é dedicado a todas as pessoas que querem

viver, a cada dia, o pequeno caminho da união com Deus.

- 9 -

AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus pelas graças recebidas. Agradeço a todos os familiares que apoiaram a re-

dação deste livro, especialmente minha esposa Adineia, meus filhos, Luiz Antônio e José Eduardo, e meus pais, Miguel e Sirlene.

Agradeço a todos os freis carmelitas descalços (OCD), especialmente o trabalho incansável e profético do Frei Patrício Sciadini e a oração dos freis Rafael San-tamaria, Davi de Maria Imaculada, Ari, Gabriel, Lucas, Igor, Gilberto, Nelson, Ivo, Marcos, Marcelo, Evandro, José Natal, Raphael, Gentil, Xavier, Washington e Tiago.

Agradeço a todos os carmelitas descalços seculares (OCDS), especialmente os provinciais Sidnei Santos e Luciano Dídimo, assim como os demais presidentes e formadores comunitários. Também agradeço as suges-tões enviadas pelas carmelitas seculares Juliana Arantes de Carvalho e Ana Catarina Matos.

Agradeço especialmente aos membros da Comuni-dade Santa Teresa (OCDS): Mário, Beatriz, José Alcides, Marly, Giovana, Heverson, Matheus, Andréia, Mari, Vi-nícius, Joaquim, Nelson, Suely, Camila, Marcelo, Adi-neia, Nadir, Vera e Volnei.

Agradeço as orações de todas irmãs carmelitas des-calças, especialmente o Carmelo Nossa Senhora da As-sunção e São José (Curitiba) e o Carmelo de Lisieux, pela autorização do uso das imagens de Santa Teresinha.

- 10 -

Agradeço a todos amigos e amigas que me ajudaram, especialmente Valdemir Chiquito, João Domingos Mi-lano, Saulo Marques (OTC), Alex Sandro, os ministros (MESCs) da Igreja da Ordem e os padres Juarez Rangel, Antônio Luciano, Waldir Júnior, Luiz Alberto Kleina, Márcio Fernandes, Valdirlei Chiquito, Danilo e Clodo-aldo.

Agradeço também às editoras que publicaram as obras de Santa Teresinha e permitiram a publicação de trechos das suas obras, especialmente a LTr Editora, Edi-tora Santuário, Editora Paulus, Editora Vozes e Editora Loyola.

- 11 -

SUMÁRIO

Abreviaturas 13

Prefácio do Frei Patrício Sciadini 15

Introdução 21

1. Janeiro 27

2. Fevereiro 39

3. Março 49

4. Abril 61

5. Maio 71

6. Junho 81

7. Julho 93

8. Agosto 103

9. Setembro 113

10. Outubro 123

11. Novembro 133

12. Dezembro 143

13. Novena de Santa Teresinha do Menino Jesus

e da Sagrada Face 153

14. Mensagem Final 165

15. Referências para Futuras Pesquisas 169

Anexo 175

Sobre o Autor 179

- 13 -

ABREVIATURAS

C – Cartas de Santa Teresinha.

Ma – Manuscrito autobiográfico A de Santa Teresinha.

Mb – Manuscrito autobiográfico B de Santa Teresinha.

Mc – Manuscrito autobiográfico C de Santa Teresinha.

O – Orações de Santa Teresinha.

OCD – Ordem Carmelita Descalça.

OCDS – Ordem Carmelita Descalça Secular.

P – Poesias de Santa Teresinha.

PS – Poesias Suplementares de Santa Teresinha.

RP – Recreações Poéticas de Santa Teresinha.

UC – Últimos Colóquios de Santa Teresinha.

- 15 -

PREFÁCIO

Frei Patrício Sciadini1, OCD

A família é o coração da humanidade, da Igreja, da sociedade e de Deus. O nosso Deus não é um Deus solitário, mas é família: Pai, Filho e Espírito Santo. E tudo nasce desta família que não é apenas santa, mas é Santíssima. Tudo o que a Igreja faz para as famílias é pouco. Tudo o que o Estado pode fazer para manter unida a família é pouco. Devemos nos unir, homens e mulheres de boa vontade, para salvar a família. Quando a família perde a sua unidade e a sua força de amor, o crime e a violência entram e destroem os valores mais 1 Frei Patrício Sciadini é sacerdote e missionário da Ordem Carmelita Des-calça (OCD). Nascido na Itália, mora no Egito, mas é apaixonado pelo Brasil. Pregador de cursos e retiros espirituais, publicou dezenas de livros. Colaborou na divulgação e organização, em língua portuguesa, das obras de Santa Teresa de Jesus, São João da Cruz, Santa Teresinha do Menino Jesus, Santa Edith Stein (Irmã Teresa Benedita da Cruz), Santa Teresa dos Andes e Santa Elisabeth da Trindade.

- 16 -

sagrados dos seres humanos: a sociedade, a pátria e a Igreja.

A família não é algo de acessório ou opcional, que se possa descartar e jogar fora. Podem nascer muitas crianças fora da família que nós chamamos tradicional, mas nunca poderia nascer uma criança sem a cooperação de um homem e de uma mulher. E uma criança que não encontra, no seu nascer, o apoio de algum adulto é destinada à morte. A vida humana é a vida mais frágil entre os animais. O gato nasce e depois já começa a andar por aí. O pintinho nasce e já vai buscar o seu alimento. A criança nasce e precisa de um longo tempo de assistência especial para sobreviver.

E não é só a sobrevivência, mas também é necessário carinho, amor e afeto para que o ser humano seja inserido na sociedade, na família, na Igreja e na comunidade de uma forma harmônica. Se a criança não recebe este amor com o leite e com a comida terá, um dia, problemas e não viverá uma vida digna. Hoje, a psicologia e as ciências humanas se veem obrigadas, mesmo contra a vontade, a recuar e reconhecer o valor fundamental na educação da família. O Estado e nenhuma outra sociedade podem dar à criança o afeto familiar de um pai e de uma mãe.

A Família Se nós lemos os livros da Antiguidade, vemos sempre,

no centro, a preocupação educacional, seja na sociedade grega, romana e em todos os povos. Mais exatamente, nós, católicos, deveríamos voltar o nosso olhar para a Bíblia Sagrada, o livro do povo de Deus, que é um conjunto de famílias. Lá podemos buscar, na Palavra

- 17 -

Eterna, o amor que Deus Pai tem com seus filhos e como Jesus é o Educador que, pela força do Espírito Santo, nos ensina o caminho da comunhão e da vida. A teologia da família é, antes de tudo, uma teologia de amor, diálogo e vida. Quando uma família quer se extinguir, se recusa a gerar filhos. Quando uma família quer aumentar, toma o caminho da fecundidade e do amor familiar.

Ha uma fecundidade humana, que nasce da sexua-lidade, e há uma fecundidade espiritual, que nasce do Espírito. Pensemos a fecundidade de Santa Teresinha do Menino Jesus e contemplemos como esta família se ampliou e se amplia todos os dias, mais e mais. Não posso escrever um prefácio que seja mais longo do que o livro, mas gostaria de colocar em evidência quatro coisas.

1. Todas as pastorais são úteis e necessárias, mas a pastoral familiar é uma das mais úteis e mais necessárias se amamos a Igreja. Sem a família é impossível formar uma Igreja viva. O Papa Francisco, com o documento sinodal Amoris Laetitia2 (A Alegria do Amor), manifesta todo o seu amor, mesmo sendo incompreendido pela família. Uma família é um centro de amor, solidariedade e diálogo. Vamos nos unir para salvar a família à luz do evangelho.

2. O Carmelo tem uma espiritualidade da família, que devemos saber aproveitar na nossa evangelização. As famílias dos Santos do Carmelo são modelos de vivência e de superação dos conflitos.

2 FRANCISCO, Papa. Exortação Apostólica Pós-Sinodal Amoris Lætitia. Roma: Libreria Editrice Vaticana, 2016.

- 18 -

A família de Santa Teresa de Ávila foi uma família onde não faltaram problemas e dificuldades, mas teve uma orientação séria, seja por parte do Pai, que se casou duas vezes ou por parte da mãe de Santa Teresa, Dona Beatriz.

A família de São João da Cruz era uma família pobre, que se viu obrigada a se dividir por causa da pobreza, mas que sempre procurou a unidade da fé.

A família de Santa Teresa Margarida Redi, onde o pai foi um autêntico diretor espiritual da filha.

A família de Santa Edith Stein, onde a mãe era uma fervorosa judia e não conseguia compreender a conversão da filha.

A família de Santa Teresa dos Andes era uma família rica, que teve momentos difíceis na sua vida econômica.

E a família de Santa Teresinha do Menino Jesus… uma família simples, de classe média, que teve sempre a educação das filhas como uma prioridade absoluta e que, mesmo nas dificuldades, soube viver a própria fé. É importante poder acompanhar a evolução da família de Santa Teresinha do Menino Jesus e ver como é sempre possível dedicar-se ao trabalho e à vivência da fé.

3. O Carmelo deve saber aproveitar a Ordem Secular para realizar também uma Pastoral Familiar à luz das famílias dos Santos do Carmelo. Criar famílias carmelitanas onde a oração, a missão, a unidade e o trabalho sejam prioridades. A fé não deve ser vivida de maneira individualista. Sabemos como Santa Teresa de Ávila se preocupava com a vida espiritual do seu pai e dos seus irmãos, como São João da Cruz teve um amor

- 19 -

especial pela sua família, que era pobre e necessitada, e como Santa Teresinha do Menino Jesus recebeu a atenção particular do seu pai, São Luís Martin. Ela mesma teve muita preocupação pela doença do seu pai... Os membros da Ordem Secular devem ser, antes de tudo e sobretudo, evangelizadores das próprias famílias.

4. A mística da família, a partir da espiritualidade dos Santos do Carmelo, desenvolve-se, de maneira orgânica, mediante retiros, cursos que tenham como tema a espiritualidade familiar, a oração na família, a missão... O voluntariado das famílias da Ordem Secular no serviço missionário é uma presença marcante dentro da comunidade paroquial, especialmente na seara das vocações e das famílias. O livro de Carlos Vargas é, sem dúvida, um incentivo para conhecer a vida de Santa Teresinha do Menino Jesus, mas é uma ideia brilhante com o calendário desta família.

A Família é uma comunidade pascalA família, por meio do seu caminho histórico, passa

sempre por dificuldades, paixão, morte e ressurreição. Mas é fundamentalmente uma comunidade pascal, onde a presença de Jesus é o centro do caminho da evangelização. A família deve ser uma chama de alegria e de esperança. Seguindo o caminho do calendário da família de Santa Teresinha, encontramos muitos momentos de alegria, mas também de dor e sofrimento. Contudo, a força da fé nunca permite que esta família excepcional desanime.

- 20 -

Seria muito bom insistir, segundo o meu parecer, que o Carmelo desse mais atenção à pastoral familiar no estilo carmelitano: vida de comunhão, de oração, de obras de caridade e de missão.

E a nossa família, como vai?Não devemos pensar que seja possível uma família

ideal, sem dificuldades e sem conflitos... Só a Família da Santíssima Trindade foi assim. Todas as outras famílias tiveram conflitos, até mesmo a família de Nazaré. Devemos pensar em diminuir esses conflitos: isto é possível com uma forte espiritualidade e o Carmelo pode oferecer isto. A família de Santa Teresinha teve dificuldades de relacionamento entre São Luiz Martin e Santa Zélia Guérin, que foram canonizados, entres as filhas e, mesmo com Leônia, a filha que tinha dificuldades de relacionamento e de inserção na família. Tudo foi superado no amor e com amor. Este é o caminho que devemos ter presente na pastoral familiar: não é o idealismo da família sem problemas, mas é a consciência de que a cruz amada nos ajuda a caminhar para ser uma família que, apesar de tudo, pode viver a alegria do Evangelho e da comunhão.

Desde o Egito,

Abuna Batrik3, o.c.d.

3 Desde 2010, o Frei Patrício Sciadini mora, como missionário carmelita, na cidade do Cairo, no Egito, onde é conhecido como “Abuna Batrik”.

- 21 -

INTRODUÇÃO

“Para Vós, o Tempo não é Nada.Um único dia é como se fossem mil anos4”

Santa Teresinha

Um dos temas mais importantes do mundo contemporâneo é a família. São João Paulo II (1981, 86) já havia alertado: “o futuro da humanidade passa pela família”. E o Carmelo também tem algo a nos ensinar para a espiritualidade dos leigos que querem construir uma família de acordo com a aquela Rocha verdadeira que é Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Mt 7 21-27). Quando o

4 TERESA DO MENINO JESUS E DA SANTA FACE, Santa. Obras com-pletas: escritos e últimos colóquios. Tradução: Paulus Editora com a colabora-ção das monjas do Carmelo do Imaculado Coração de Maria e Santa Teresinha. São Paulo: Paulus, 2002, p. 834.

- 22 -

Papa Francisco canonizou o casal Luís e Zélia, foi dado um grande incentivo para a importância da vivência da santidade nos casais e nas famílias do mundo inteiro.

Era o dia 15 de outubro de 2015, pela primeira vez na história da Igreja, um casal foi canonizado junto, na mesma cerimônia: “os Santos esposos Luís Martin e Maria Zélia Guérin viveram o serviço cristão na família, construindo dia após dia um ambiente cheio de fé e amor; e, neste clima, germinaram as vocações das filhas, nomeadamente a de Santa Teresinha do Menino Jesus” (FRANCISCO, 2015).

O casal Luís e Zélia Martin marcou a minha vida. Eu e minha esposa Adineia casamos na semana em que eles completariam 150 anos de casados. Era o ano de 2008, quando o Papa Bento XVI beatificou este casal que trouxe tantos frutos para a vida de toda a Igreja. O Frei Davi de Maria Imaculada, OCD, nos ajudou a fazer uma singela homenagem para aquele casal, levando um quadro deles no ofertório da Santa Missa em que casamos. O testemunho dos pais de Santa Teresinha nos enchia de esperança para construir a história da nossa família conforme a graça divina.

Na história do Carmelo, temos muitos exemplos de famílias santas, destacando-se aquela que se formou a partir desse casal São Luís Martin (1823-1894) e Santa Zélia Guérin (1831-1877). Eles tiveram dois filhos e sete filhas, sendo que uma delas se tornou uma das santas mais populares da história desses mais de dois mil anos de cristianismo no mundo inteiro: Maria Francisca Teresa Martin (1873-1997). Ela tornou-se monja carmelita descalça com o nome de irmã Teresa do Menino Jesus e da

- 23 -

Sagrada Face. Neste livro, a chamaremos simplesmente de Santa Teresinha, como ela se tornou conhecida.

Cada Santo expressa um pouco da misericórdia de Deus. Quando falamos de um Santo, atualizamos a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, presente e real na vida da Igreja, que é o seu Corpo Místico (cf. 1Cor 12, 11-27). Talvez seja por isso que é tão interessante falar sobre os santos e santas do Povo de Deus, desde São José e Nossa Senhora até aqueles que estão vivos no meio de nós. Com Santa Teresinha e sua família não é diferente: ela provoca interesse e curiosidade de todos aqueles que querem saber mais sobre a união com Deus por meio do pequeno caminho da pequenez e da humildade espiritual.

O Santo Evangelho é sempre novo e atual, especial-mente nesse ano do Laicato proclamado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O Brasil precisa do nosso testemunho leigo, que começa na família. A vida dos santos sempre pode ser atualizada em nosso dia a dia. Tudo aquilo que aconteceu na vida da família Santa Teresinha nos chama atenção pela semelhança com nossa realidade contemporânea. O objetivo desse calendário de Santa Teresinha é apresentar fatos relacionados com a sua vida, distribuídos entre o dia primeiro de janeiro e o dia 31 de dezembro.

Espera-se que esse livro seja um recurso para compreender melhor a importância da santidade nas famílias, colaborando na vivência da espiritualidade carmelitana. Espera-se que as famílias brasileiras encon-trem aqui um livro de cabeceira, consultando os fatos de cada dia e rezando a partir desses acontecimentos.

- 24 -

Hoje em dia, esse livro adquire mais importância ainda, como suporte para aqueles que trabalham nos meios de comunicação, divulgando a vida de Santa Teresinha e o carisma carmelitano. Aqui está um livro de referência para o conhecimento da espiritualidade dessa santa família.

Sem ser teólogo, quero deixar aqui essa contribuição para aqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre Santa Teresinha e sua família. Como membro da Ordem Carmelita Descalça Secular, percebo um interesse crescente em tudo aquilo que se relaciona com a espiritualidade carmelitana, especialmente quando se trata das canonizações mais recentes, como a de São Luís Martin e de Santa Zélia Guérin.

Eu li a autobiografia de Santa Teresinha, pela pri-meira vez, em 1998. Foi uma experiência que marcou a minha vida espiritual. Contudo, a ideia de escrever esse calendário surgiu, inesperadamente, quando, quase 20 anos depois, eu fui comprar um livro sobre a história do futebol para o meu filho mais velho. Encontrei um livro que apresentava um calendário com um fato esportivo para cada dia do ano. Coloquei a mão na consciência e pensei: se o futebol mereceu um calendário de fatos, por que a vida de Santa Teresinha e de sua família não merecem? Afinal, os leigos também têm o direito de conhecer a espiritualidade carmelitana retratada na vida dessa santa família de Lisieux. Relembrando diariamente os fatos da vida de Santa Teresinha, cada um estará motivado para colocar em prática esses ensinamentos de fé, amor e esperança.

- 25 -

Esse livro nunca chegaria a ser escrito sem as orações das irmãs carmelitas de Curitiba. Também agradeço especialmente a amizade e o apoio dos freis carmelitas. Este livro surgiu a partir do dia a dia da nossa vivência na Ordem Carmelita Descalça Secular, mas boa parte da inspiração veio da obra e das mensagens do Frei Patrício Sciadini, carmelita descalço. Ele preparou o caminho para a divulgação dos santos e das santas carmelitas, com suas dezenas de livros. Agradeço a Deus pela oportunidade que eu e minha família tivemos de conhecê-lo pessoalmente em Aparecida, no ano de 2015, quando foi realizado o “Fórum Santa Teresa de Jesus – 500 anos”.

Três anos depois, a Província São José está organi-zando um Fórum sobre Santa Teresinha que será realizado na cidade de Aparecida, em 2018. Este livro vai ao encontro dessa iniciativa da Ordem Carmelita Descalça Secular. A mensagem de Santa Teresinha precisa ser renovada a cada geração. Recentemente, comemoramos o aniversário de 20 anos do doutorado de Santa Teresinha. Em 1997, São João Paulo II a proclamou como a terceira doutora na História da Igreja e a segunda na história do Carmelo. Espero que esse livro seja um incentivo e uma ajuda especial para a família carmelitana: irmãs, freis e seculares. Acredito que ainda ouviremos falar muito mais de São Luís Martin, Santa Zélia Guérin e das irmãs de Santa Teresinha: Maria, Paulina, Celina e Leônia, que já está em processo de canonização.

Santa Teresinha, com toda sua humildade, se mostrou muito humana e muito jovem. A sua mensagem vai

- 26 -

além desses aspectos históricos. Que esse “Calendário” desperte a chama do Amor Divino que somente o Espírito Santo pode acender em cada coração. Afinal, “o Espírito sopra onde quer” (Jo 3, 8). No final deste livro, se encontra um roteiro de novena ou celebração para aqueles que mais precisam da intercessão da Santa que tem distribuído rosas do Céu.

Por último e não menos importante, deixo uma breve observação metodológica. As citações bíblicas do livro são feitas de acordo com a Edição da CNBB5, pois é a versão adotada na liturgia católica no Brasil. A maioria dos fatos citados e dos textos citados segue o volume das obras completas de Santa Teresinha publicado pela Editora Paulus em 2002, conforme consta nas referências bibliográficas. Esse livro não pretende esgotar todas as datas envolvendo Santa Teresinha e sua família. Espero que a leitura dessa obra estimule a curiosidade sobre a espiritualidade carmelitana e a vivência da santidade na família.

Em cada data, procurou-se fazer uma relação mais ou menos direta com Santa Teresinha ou com seus pais. Cada fato não foi escolhido por sua grandiosidade. Pelo contrário, quando se trata de Santa Teresinha, um suspiro voltado para o Céu já é sublime, pois já pode se tornar uma oração contemplativa. Nada é pequeno quando é feito com amor. Ou melhor, diante de Santa Teresinha tudo que é pequeno pode-se tornar-se divino, porque tem a bênção do Menino Jesus, o Verbo que se encarnou no ventre da Virgem Maria.

5 CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DOS BRASIL. Bíblia Sagra-da — Tradução da CNBB. Disponível em: <http://www.pr.gonet.biz/biblia.php>.

- 27 -

1. JANEIRO

“Para mim, o primeiro dia do ano é um mundo de recordações6...”

Santa Teresinha

1No dia primeiro de janeiro de 1888, Santa Teresinha

recebeu a sua esperada resposta positiva, mas o Carmelo de Lisieux adiou a entrada da adolescente para depois da Quaresma (Ma 189).

6 TERESA DO MENINO JESUS E DA SANTA FACE, Santa. Obras comple-tas: escritos e últimos colóquios. Tradução: Paulus Editora com a colaboração das monjas do Carmelo do Imaculado Coração de Maria e Santa Teresinha. São Paulo: Paulus, 2002, p. 321.

- 28 -

2No dia 2 de janeiro de 1873, Santa Teresinha nasceu

em Alençon, na França, filha de São Luís e Santa Zélia Martin.

No dia 2 de janeiro de 1841, nasceu Isidoro Vítor Maria Guérin, em Gandelain, na França. Foi a terceira criança do casal Isidoro Guérin e Luísa Joana Macé. Isidoro, caçula da família, foi o primeiro menino do casal, recebendo um nome que presta homenagem ao seu pai. Outra coincidência é que ele comemorava o aniversário de nascimento no mesmo dia de sua famosa sobrinha, Santa Teresinha.

3Do final de 1891 até o começo de 1892, o Carmelo

de Lisieux foi atingido por uma epidemia de gripe. Três irmãs da comunidade morreram com essa doença, entre os dias 2 e 7 de janeiro (Ma 224): irmã São José (2/1), irmã Febrônia (4/1) e irmã Madalena do Santíssimo Sacramento (7/1).

4No dia 4 de janeiro de 1873, a recém-nascida Santa

Teresinha foi batizada em Alençon, pelo padre Luciano Dumaine. A menina teve como madrinha a sua irmã mais velha, Maria, que tinha 12 anos. O padrinho foi o adolescente Paulo Alberto Boul, de 13 anos, amigo da família7.

7 DE MEESTER, Conrad (org.). Teresa de Lisieux: Vida – Doutrina – Am-biente. Trad.: Manuel Reis (OCD). Avessadas: Edições Carmelo, 2004, p. 26.

- 29 -

5Em 1889, Santa Teresinha, aos dezesseis anos de

idade, iniciou seu retiro preparatório para a tomada de hábito no Carmelo de Lisieux. O retiro ocorreu entre os dias 5 e 10 de janeiro (C 74-79).

6No dia 6 de janeiro de 1888, Leônia Martin, irmã de

Santa Teresinha, saiu do mosteiro da Visitação de Caen, aos 24 anos de idade, retornando para a casa da família em Lisieux.

7No início de janeiro de 1889, Santa Teresinha, aos

16 anos, escreveu uma carta para sua irmã, Maria do Sagrado Coração. O padre Pichon havia apelidado a irmã Maria de “Leão” e Santa Teresinha se chamava de “Cordeirinho”. A monja adolescente faz metáforas com a imagem de um cordeirinho com sede (C 75). Santa Teresinha fala de uma sede de felicidade que não pode ser saciada na terra por nenhuma criatura. A jovem carmelita decide saciar sua sede em outra nascente, que “é o sofrimento conhecido só por Jesus8”.

8 TERESA DO MENINO JESUS E DA SANTA FACE, Santa. Obras com-pletas: escritos e últimos colóquios. Tradução: Paulus Editora com a colabora-ção das monjas do Carmelo do Imaculado Coração de Maria e Santa Teresinha. São Paulo: Paulus, 2002, p. 293.

- 30 -

8Em 1889, São Luís Martin tinha visitado o Carmelo

de Lisieux para levar os presentes para “Sua Rainhazinha” que tomaria o hábito carmelita nos próximos dias. Santa Teresinha agradeceu a visita e os presentes com uma carta escrita no dia 8 de janeiro (C 77). Ela atribui sua vocação carmelita aos méritos de seu pai, que ela considerava um santo: “os anjos ficarão admirados ao ver um Pai tão agradável a Deus, e Jesus prepara uma coroa, que irá juntar a todas aquelas que meu Rei já juntou9”.

9No dia 9 de janeiro de 1897, Santa Teresinha, aos 24

anos, escreveu uma carta para sua irmã, Madre Inês de Jesus, fazendo, pela primeira vez, alusão à proximidade da própria morte, a qual ocorreu naquele ano (C 216).

10Em 1889, Santa Teresinha, aos 16 anos, vestiu o

hábito carmelita no dia 10 de janeiro, quinta-feira, assu-mindo o nome de irmã Teresa do Menino Jesus. Mais tarde, ela acrescentaria “da Sagrada Face” ao seu nome religioso. Naquele dia marcado pela neve, São Luís Martin participou da cerimônia, presidida pelo Bispo de Bayeux, Dom Flaviano Hugonin (Ma 203-205). Iniciou-se o noviciado de Santa Teresinha que durou até a sua tomada de véu no dia 24.9.1890.

9 Ibidem, p. 295.