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FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE MATO GROSSO (FAMATO) FUNDO DE APOIO À BOVINOCULTURA DE CORTE (FABOV) DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA AGROINDUSTRIAL DA BOVINOCULTURA DE CORTE DO ESTADO DE MATO GROSSO Cuiabá, outubro de 2007.

DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA AGROINDUSTRIAL DA ... · Tecnologia ... Local de aquisição da carne ... Análise da competitividade do segmento de abate e processamento da bovinocultura

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FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE MATO GROSSO (FAMATO)

FUNDO DE APOIO À BOVINOCULTURA DE CORTE

(FABOV)

DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA AGROINDUSTRIAL DA

BOVINOCULTURA DE CORTE DO ESTADO DE MATO GROSSO

Cuiabá, outubro de 2007.

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“Não está na natureza das coisas que um único homem realize um

descobrimento súbito e inesperado; o conhecimento avança passo a passo e cada

homem depende do trabalho dos seus pares e de seus predecessores".

Sir Ernest Rutherford

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

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EQUIPE Coordenação Luiz Carlos Meister (Coordenador-Geral - FAMATO) Altair Dias de Moura (Coordenador-Técnico - UFV) Equipe Técnica Adriano Marcos Rodrigues Figueiredo (UFMT) Alberto Martins Rezende (UFV) José Manuel Carvalho Marta (UFMT) Marília Fernandes Maciel Gomes (UFV) Sandra Cristina de Moura Bonjour (UFMT) Viviani Silva Lirio (UFV) Consultores ad hoc Alexander Estermann Amado de Oliveira Filho Luciano de Souza Vacari Equipe Técnica Complementar Anamaria Gaudencio Martins (IMEA/FAMATO) Ângelo Antônio Ferreira (UFV) Beatriz de Assis Junqueira Nívea Maria Loures de Oliveira Estagiários Aline Beatriz Mucellini Daniel Ávila Andrade de Azevedo Daniel Carneiro de Abreu Ellenise Elsa Emídio Bicalho Pedro Del Bianco Benedeti Rebecca Impelizieri Moura da Silveira

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SUMÁRIO

Página LISTA DE TABELAS .............................................................................. xi LISTA DE FIGURAS ............................................................................... xvii IDENTIFICAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES EXECUTORAS .................... 1 IDENTIFICAÇÃO DA EQUIPE DE TRABALHO ................................. 5 CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO .............................................................. 8 1.1. O problema e sua importância ............................................................ 10 1.2. Organização do trabalho ..................................................................... 15 CAPÍTULO II – SETOR EXTERNO ....................................................... 17 2.1. Alterações recentes na demanda de carne bovina .............................. 19 2.2. Mercados preponderantes para o Brasil e Mato Grosso ..................... 22 2.3. Padrão (cortes etc.) ............................................................................. 25 2.4. Barreiras tarifárias e não-tarifárias ..................................................... 27 2.5. Cotas ................................................................................................... 34

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Página 2.6. Subsídios ............................................................................................ 35 2.7. Ação nacional ..................................................................................... 40 CAPÍTULO III – REFERENCIAL CONCEITUAL ................................. 44 3.1. Definição e delimitação da cadeia a ser estudada .............................. 49 CAPÍTULO IV – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................. 51 4.1. Dados e procedimentos empíricos ...................................................... 54

4.1.1. Variáveis escolhidas e tratamento dos dados ........................... 57

CAPÍTULO V – CARACTERIZAÇÃO DA BOVINOCULTURA DE CORTE NO ESTADO DE MATO GROSSO .......................................... 61 5.1. Introdução ........................................................................................... 61 5.2. Macrozoneamento fundiário de Mato Grosso .................................... 63 5.3. Características históricas da pecuária de Mato Grosso ...................... 66 5.4. O sistema madeira-arroz-pecuária de corte ........................................ 68 5.5. Regiões de planejamento e a pecuária ................................................ 70

5.5.1. Região Alta Floresta ................................................................. 73 5.5.2. Região Matupá ......................................................................... 79 5.5.3. Região Sinop ............................................................................ 82 5.5.4. Região Juína ............................................................................. 83 5.5.5. Região Lucas do Rio Verde ..................................................... 87 5.5.6. Região Cuiabá .......................................................................... 93 5.5.7. Região Cáceres ......................................................................... 97 5.5.8. Região Rondonópolis ............................................................... 102

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Página 5.5.9. Região Barra do Garças ........................................................... 104 5.5.10. Região São Félix do Araguaia ................................................ 108 5.5.11. Região Barra do Bugres ......................................................... 109 5.5.12. Região Pontes e Lacerda ........................................................ 112

CAPÍTULO VI – AMBIENTE INSTITUCIONAL .................................. 116 6.1. Modificações recentes da estrutura regulatória .................................. 117 6.2. O mercado informal ............................................................................ 126 6.3. Sistemas diferenciados de produção de bovinos de corte .................. 127 6.4. Fundo de Apoio à Bovinocultura de Corte (FABOV) ....................... 130 6.5. Pró-couro ............................................................................................ 133 6.6. Sisbov ................................................................................................. 134 6.7. Prommepe ........................................................................................... 135 6.8. Programa de Integração Lavoura-Pecuária (FCO) ............................. 137 6.9. Prodeic ................................................................................................ 139 6.10. Prodei e Fundei ................................................................................. 140 6.11. Tributação e condições macroeconômicas ....................................... 141 6.12. Legislação sanitária .......................................................................... 147 6.13. Crédito .............................................................................................. 158 6.14. Pesquisa, desenvolvimento e formação de pessoas .......................... 166 6.15. Sistemas de informações e dados estatísticos ................................... 169 CAPÍTULO VII – SEGMENTO DE INSUMOS ...................................... 170 7.1. Mão-de-obra ....................................................................................... 172

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Página 7.2. Nutrição, sanidade animal e genética ................................................. 175 7.3. Combustível e energia ........................................................................ 184 7.4. Pastagem e cercas ............................................................................... 186 7.5. Análise dos direcionadores de competitividade – insumos – “antes

da porteira” ......................................................................................... 188

7.5.1. Tecnologia ................................................................................ 188 7.5.2. Gestão interna ........................................................................... 191 7.5.3. Estrutura de mercado ................................................................ 197 7.5.4. Relações de mercado ................................................................ 201 7.5.5. Ambiente institucional ............................................................. 207

CAPÍTULO VIII – SEGMENTO DE PRODUÇÃO ................................ 212 8.1. Caracterização dos sistemas produtivos ............................................. 212

8.1.1. Fases de produção da bovinocultura de corte .......................... 214 8.2. Tecnologia .......................................................................................... 218

8.2.1. Adoção de pastagens cultivadas ou formadas .......................... 218 8.2.2. Alimentos suplementares, semiconfinamento e confinamento 220 8.2.3. Controle sanitário ..................................................................... 221 8.2.4. Práticas de castração ................................................................ 223 8.2.5. Manejo reprodutivo .................................................................. 224 8.2.6. Índices de produtividade .......................................................... 228

8.3. Insumos .............................................................................................. 230 8.4. Relações de mercado .......................................................................... 231

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Página

8.4.1. Relação entre pecuaristas e frigoríficos ................................... 232 8.4.2. Evolução da cotação da arroba e formação de preços .............. 238 8.4.3. Rastreabilidade ......................................................................... 250 8.4.4. Relações com fornecedores e grau de inadimplência .............. 254

8.5. Estrutura de mercado .......................................................................... 255

8.5.1. Evolução do efetivo bovino, distribuição espacial do rebanho no Estado de Mato Grosso, grau de desconcentração e tamanho médio das propriedades ............................................ 256

8.5.2. Disponibilidade e qualidade das vias de escoamento da

produção .................................................................................. 263 8.5.3. Especificidades da caracterização fundiária mato-grossense ... 271 8.5.4. Organização dos produtores ..................................................... 277

8.6. Gestão ................................................................................................. 278

8.6.1. Disponibilidade e qualidade da mão-de-obra ........................... 278 8.6.2. Controle dos custos de produção e capacidade de investimen-

to .............................................................................................. 280 8.6.3. Gestão da rastreabilidade e certificação ................................... 282 8.6.4. Controle zootécnico e de pastagens ......................................... 283

8.7. Ambiente institucional ....................................................................... 284

8.7.1. Política e fiscalização tributária e trabalhista ........................... 285 8.7.2. Política e fiscalização ambiental .............................................. 290 8.7.3. Política e fiscalização sanitária ................................................ 291 8.7.4. Atuação e representatividade das instituições .......................... 292 8.7.5. Legislação oficial e regulamentação fundiária ......................... 293

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Página CAPÍTULO IX – SEGMENTO DE ABATE E PROCESSAMENTO ..... 295 9.1. Introdução ........................................................................................... 295 9.2. Caracterização do setor no Brasil e em Mato Grosso ........................ 296 9.3. Evolução dos confinamentos em Mato Grosso .................................. 306 9.4. Tecnologia .......................................................................................... 309 9.5. Insumos .............................................................................................. 311 9.6. Relações de mercado .......................................................................... 312 9.7. Estrutura de mercado .......................................................................... 314 9.8. Gestão ................................................................................................. 316 9.9. Ambiente institucional ....................................................................... 318 9.10. Entidades representativas ................................................................. 323 CAPÍTULO X – O SEGMENTO DE DISTRIBUIÇÃO DE CARNE BOVINA ................................................................................................... 324 10.1. Introdução ......................................................................................... 324 10.2. Caracterização dos segmentos de distribuição da carne bovina no

Mato Grosso .................................................................................... 327

10.2.1. Tecnologia ........................................................................... 328 10.2.2. Insumos ............................................................................... 331 10.2.3. Relações de mercado ........................................................... 335 10.2.4. Características da demanda ................................................. 339 10.2.5. Estrutura de mercado ........................................................... 342 10.2.6. Gestão .................................................................................. 343 10.2.7. Ambiente institucional ........................................................ 352

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Página 10.3. Consumo ........................................................................................... 353

10.3.1. Local de aquisição da carne ................................................. 359 10.3.2. Caracterização do consumo ................................................. 360 10.3.3. Elasticidade-renda ............................................................... 363 10.3.4. Projeções de consumo ......................................................... 364

CAPÍTULO XI – SÍNTESE DOS DIRECIONADORES ......................... 367 11.1. Análise da competitividade do segmento de insumos da bovi-

nocultura de corte do Estado de Mato Grosso ................................. 368 11.2. Análise da competitividade do segmento de produção da bovi-

nocultura de corte do Estado de Mato Grosso ................................. 373 11.3. Análise da competitividade do segmento de abate e processamento

da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso ..................... 388 11.4. Análise da competitividade do segmento de distribuição da bovi-

nocultura de corte do Estado de Mato Grosso ................................. 393 CAPÍTULO XII – AÇÕES PROPOSTAS PARA A MELHORIA DA COMPETITIVIDADE DA CADEIA DE BOVINO-CULTURA DE CORTE DO ESTADO DE MATO GROSSO ................ 399 12.1. Propostas de âmbito geral passíveis de atuação direta dos agentes

da cadeia produtiva .......................................................................... 400 12.2. Propostas de âmbito geral ligadas a decisões de escopo político e

macroeconômico ............................................................................. 407 12.3. Propostas para o segmento de insumos ............................................ 409 12.4. Propostas para o segmento de produção ........................................... 412

12.4.1. Tecnologia ........................................................................... 412 12.4.2. Relações de mercado ........................................................... 416

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x

Página 12.4.3. Gestão .................................................................................. 416 12.4.4. Ambiente institucional ........................................................ 419

12.5. Propostas para o segmento de abate e processamento ..................... 419 12.6. Propostas para o segmento de distribuição ....................................... 423 CAPÍTULO XIII – RESUMO E CONCLUSÕES .................................... 428 REFERÊNCIAS CONSULTADAS........................................................... 433 ANEXOS ................................................................................................... 451 ANEXO A – ROTEIRO DE ENTREVISTAS .......................................... 452 ANEXO B – QUESTIONÁRIO PARA PECUARISTAS ........................ 483 ANEXO C – INSTRUÇÃO NORMATIVA ............................................. 504 ANEXO D – LISTA DE ENTREVISTADOS .......................................... 508 ANEXO E – MAPAS ................................................................................ 512 ANEXO F – DADOS ADICIONAIS ........................................................ 516

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LISTA DE TABELAS

Página 1.1 Produção, rebanho e abate de bovinos no Brasil – 1996 a 2007 .. 11 1.2 Distribuição da produção e abate por região do Brasil – 2007

(projeção) ..................................................................................... 12 2.1 Exportações brasileiras de carne bovina – 1995 a 2006 ............... 18 2.2 Consumo mundial de carne bovina (milhões toneladas em

equivalente-carcaça) – 2001 a 2006 ............................................ 20 2.3 Consumo mundial per capita de carne bovina

(kg/habitante/ano) – 2002 a 2007 ................................................. 21 2.4 Principais importadores de carne brasileira – 2005 a 2006 .......... 23 2.5 Produtos cárneos exportados por Mato Grosso em 2006 ............. 25 2.6 Exigências dos principais países importadores ............................ 29 2.7 Valores médios de CSE e PSE do período 1995-2004, países

selecionados ................................................................................. 39 5.1 Projetos fundiários – INCRA-MT – 1970 a 1992 ........................ 64 5.2 Colônias agrícolas estaduais de Mato Grosso – 1940 a 1960 ...... 66

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Página 5.3 Região Alta Floresta: rebanho bovino e propriedades – 2006 ..... 76 5.4 Região Alta Floresta: distribuição fundiária – 1995 (em %) ....... 77 5.5 Alta Floresta: ocupação fundiária – 1998 .................................... 78 5.6 Matupá: rebanho bovino e propriedades – 2006 .......................... 79 5.7 Sinop: rebanho bovino e propriedades – 2006 ............................. 82 5.8 Juína: distribuição fundiária – 1998 ............................................. 85 5.9 Juína: número de propriedades, rebanho bovino, vacas ordenha-

das – 2006 ..................................................................................... 87 5.10 Lucas do Rio Verde: rebanho bovino e propriedades – 2006 ...... 89 5.11 Cuiabá: rebanho bovino e propriedades – 2006 ........................... 96 5.12 Cáceres: rebanho bovino e propriedades – 2006 .......................... 99 5.13 Rondonópolis: rebanho bovino e propriedades – 2006 ................ 105 5.14 Barra do Garças: rebanho bovino e propriedades – 2006 ............ 106 5.15 São Félix do Araguaia: rebanho bovino e propriedades – 2006 .. 110 5.16 Barra do Bugres: rebanho bovino e propriedades – 2006 ............ 110 5.17 Pontes e Lacerda: rebanho bovino e propriedades – 2006 ........... 113 6.1 Resumo de atributos de diferentes subsistemas de produção e

carne bovina em Mato Grosso do Sul .......................................... 128 6.2 Áreas de fronteira de Mato Grosso .............................................. 131 6.3 Sumário de decretos e leis estaduais que envolvem segmentos

do sistema produtivo de bovinos de corte .................................... 143 6.4 Alíquotas do ITR segundo o grau de utilização e o tamanho do

imóvel rural .................................................................................. 146 6.5 Preços da coordenadoria de controle de doenças dos animais ..... 154

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Página 6.6 Preços da coordenadoria de inspeção de produtos e

subprodutos de origem animal ..................................................... 157 6.7 Principais exigências dos mercados externos na compra da

carne bovina brasileira in natura .................................................. 158 6.8 FCO empresarial: resumo das condições de financiamento ......... 159 6.9 Distribuição percentual do orçamento do FCO para 2007 ........... 160 6.10 Recursos previstos para o FCO em 2007, em R$ milhões ........... 161 6.11 Recursos previstos para o FCO, por estado, em 2007 (em R$

mil) ............................................................................................... 162 6.12 Quadro resumo de linhas de crédito do BNDES .......................... 164 6.13 Programação e aplicação de recursos do crédito rural no Brasil,

safras 2003/2004 a 2007/2008, em milhões de reais .................... 165 7.1 Estatísticas de produção de fosfato bicálcico (mil toneladas) –

2002 a 2007 .................................................................................. 177 7.2 Estratégias para a suplementação e controle da pressão de

pastejo em épocas de seca ............................................................ 178 7.3 Taxas geométricas médias (TGC) de crescimento da razão entre

o preço do fator e o preço recebido pela arroba do boi gordo em Mato Grosso – fev./2003-jun./2007 ............................................. 180

7.4 Quantidades de embriões coletados, transferidos e congelados

no Brasil – 2003 a 2005 ................................................................ 182 7.5 Evolução do rebanho com registro definitivo no Brasil – 1939 a

2006 .............................................................................................. 183 7.6 Quantidades de embriões coletados, transferidos e congelados –

Escritório Técnico Regional de Cuiabá – 2005 ............................ 184 7.7 Importações de defensivos agrícolas no Brasil – 2001 a 2005 .... 187 7.8 Participação percentual do segmento de produção animal no

merca-do veterinário brasileiro .................................................... 198

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Página 7.9 Razão de preços de gado magro por arroba de boi gordo –

Cáceres-MT e Rondonópolis-MT ................................................ 207 8.1 Índices médios de produtividade da bovinocultura de corte de

Mato Grosso – 2007 ..................................................................... 229 8.2 Distribuição percentual dos 10 principais municípios mato-

grossenses hierarquizados em termos de efetivo bovino – 2006 a 2007 .............................................................................................. 260

8.3 Relação dos 15 principais municípios mato-grossenses, ran-

queados em termos de número de propriedades produtoras de gado – 2006 .................................................................................. 261

8.4 Evolução da média de animais por propriedade em regiões

selecionadas – 2002 a 2005 .......................................................... 262 8.5 Distâncias entre o município-sede e Cuiabá, em km ................... 266 8.6 Distância entre Cuiabá e os principais portos de escoamento da

produção mato-grossense, em km ................................................ 266 9.1 Evolução do abate nacional de bovinos por região brasileira –

1997 a 2007 .................................................................................. 298 9.2 Volume e abates de bovinos (n.o de cabeças) por estado

brasileiro – 2000 e 2007 ............................................................... 299 9.3 Relação de frigoríficos e capacidade de abate diário para o

Estado de Mato Grosso, em julho e setembro de 2007, através de levantamentos do MAPA e Centro-Boi, respectivamente ....... 303

9.4 Localização das plantas exportadoras de carne bovina no Estado

de Mato Grosso e suas capacidades de abate por dia ................... 304 9.5 Projeção da ampliação total da capacidade de abate de bovinos

no Estado de Mato Grosso, através da ampliação da capacidade instalada dos frigoríficos e construção de novas unidades industriais ..................................................................................... 305

10.1 Participação nas vendas na seção de perecíveis, em São Paulo –

2003 .............................................................................................. 326

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Página 10.2 Consumo per capita de carne bovina, frango e suínos no Brasil

(kg/pessoa/ano) ............................................................................. 355 10.3 Atributos considerados pelos consumidores na escolha da carne 357 10.4 Ranking dos atributos que definem a qualidade da carne bovina 360 10.5 Aquisição domiciliar per capita anual em quilogramas de carnes

no Brasil com base nos dados da POF de 2002/03 ...................... 361 10.6 Aquisição alimentar domiciliar per capita anual, em quilogra-

ma, com base nos dados da POF 2002/03 .................................... 362 10.7 Coeficientes de elasticidade-renda do consumo físico de carne

bovina – 2002 a 2003 ................................................................... 364 10.8 Projeções de consumo de carne bovina no Brasil, considerando-

se três cenários de crescimento da economia (mil toneladas equivalente-carcaça) ..................................................................... 366

11.1 Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores

utilizados na análise do segmento de insumos da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso – 2007 .................................. 369

11.2 Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores

utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região do Pantanal – Mato Grosso – 2007 ................. 375

11.3 Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores

utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Sudoeste – Mato Grosso – 2007 ..................... 376

11.4 Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores

utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Centro-Sul – Mato Grosso – 2007 .................. 377

11.5 Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores

utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Leste – Mato Grosso – 2007 ........................... 378

11.6 Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores

utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Norte – Mato Grosso – 2007 .......................... 379

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Página 11.7 Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores

utilizados na análise do segmento de abate e processamento da bovinocultura de Mato Grosso – 2007 ......................................... 389

11.8 Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores

utilizados na análise do segmento de distribuição da bovinocul-tura de Mato Grosso – 2007 ......................................................... 395

1D Lista de entrevistados .................................................................. 504 1F Quadro mundial de suprimento de carne bovina– posição

(abril/2007) (mil toneladas equivalente-carcaça) ..................... 517

2F Quadro brasileiro de suprimento de carne bovina– posição (janeiro/2007) (mil toneladas equivalente-carcaça) .................. 517

3F Preços médios de mercado – posição (13 ago. 2007) ............... 518

4F Produção nacional de rações (composição: em mil toneladas por espécie) ......................................................................... 518

5F Exportações do complexo carnes - Carne bovina (NCM 0201.00.00 a 0202.30.00) quantidades (mil toneladas) ..............

519

6F Exportações do complexo carnes - Carne bovina (NCM 0201.00.00 a 0202.30.00) – valores (US$/tonelada) ...................

519

7F Estratificação das propriedades de bovinocultura de corte em 2006 (nº cabeças) .........................................................................

520

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LISTA DE FIGURAS

Página 1.1 Evolução da produção brasileira de carne bovina em mil

toneladas de equivalente-carcaça – 1996 a 2007 ......................... 11 1.2 Esquema representativo da proposta de melhoria do funciona-

mento e competitividade de uma cadeia produtiva ...................... 14 2.1 Regionalização dos municípios habilitados para exportação no

Estado de Mato Grosso segundo UE ............................................ 31 2.2 Regionalização dos municípios habilitados para exportação no

Brasil segundo OIE ...................................................................... 32 2.3 Subsídios brasileiros da agricultura .............................................. 36 2.4 Estimativas de apoio ao produtor (PSE) e ao consumidor (CSE)

de carne bovina, 1995-2004, países selecionados ........................ 38 3.1 Apresentação esquemática da cadeia produtiva da bovinocultura

de corte do Estado de Mato Grosso .............................................. 50 4.1 Divisão regional utilizada na pesquisa (levantamento primário e

análise dos dados), Mato Grosso – Brasil .................................... 56 5.1 Divisão regional utilizada pelo INDEA-MT, Mato Grosso –

Brasil ............................................................................................ 72

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

xviii

Página 6.1 Esquema simplificado do sistema agroindustrial da bovinocultu-

ra de corte ..................................................................................... 118 6.2 Sistemas de produção, industrialização e comercialização de

carne bovina no Brasil .................................................................. 119 6.3 Fluxograma organizacional do Sistema CNA Brasil ................... 123 6.4 Fluxograma organizacional do Sistema CNA Brasil ................... 123 6.5 Áreas habilitada (em laranja) e não habilitada (verde) à exporta-

ção de carne in natura a países membros da União Européia ...... 132 6.6 Evolução nominal dos recursos programados para crédito rural

oficial no Brasil, para as safras de 2003/2004 a 2007/2008 ......... 166 6.7 Exemplo do estande do açougue modelo ..................................... 168 7.1 Frações do custo operacional total (COT) da bovinocultura de

corte de Mato Grosso, média de janeiro-maio/2007 .................... 171 7.2 Relação entre o índice do valor da arroba do boi gordo a prazo

em Mato Grosso (IAB) e o índice de preços pagos para mão-de-obra no Brasil (IPP MO) .............................................................. 173

7.3 Índice da razão entre o preço do fator e o preço recebido pela

arroba do boi gordo em Mato Grosso – fev./2003-jun./2007 (ago. 2003= 100) .......................................................................... 181

7.4 Razão entre o índice do valor recebido pela arroba do boi gordo

em Mato Grosso e o índice de preços pagos com combustíveis no Brasil – jan./1996-fev./2007 (fev./1999=1) ............................. 185

7.5 Razão de preços de gado magro por arroba de boi gordo –

Cáceres-MT – fev./2003-fev./2007 .............................................. 206 7.6 Razão de preços de gado magro por arroba de boi gordo –

Rondonópolis-MT – fev./2003-fev./2007 .................................... 206 8.1 Apresentação esquemática do funcionamento da balança do pro-

jeto PESEBEM ............................................................................. 233

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

xix

Página 8.2 Evolução dos preços da arroba de boi gordo, entre os anos de

1994 e 2007 .................................................................................. 239 8.3 Evolução dos preços médios da arroba de boi gordo, entre os

anos de 1994 e 2007 ..................................................................... 241 8.4 Variação dos preços da arroba de boi gordo, entre os anos de

1994 e 2007 (até o mês de agosto) ............................................... 242 8.5 Variação dos preços médios da arroba de boi gordo, entre os

anos de 1994 e 2007 ..................................................................... 243 8.6 Evolução das cotações de Boi Gordo e Vaca Gorda para o ano

de 2005, média do Estado de Mato Grosso, em R$/@ ................. 247 8.7 Evolução das cotações de Boi Gordo e Vaca Gorda para o ano

de 2006, média do Estado de Mato Grosso, em R$/@ ................. 247 8.8 Evolução das cotações de Boi Gordo e Vaca Gorda, em R$/@,

por praça de comercialização, Mato Grosso, média das cotações entre julho e agosto de 2007 ......................................................... 249

8.9 Evolução do efetivo bovino do Estado de Mato Grosso, em

número de cabeças – 1990 a 2006 ................................................ 257 8.10 Evolução do efetivo bovino dos Estados de Mato Grosso, Mato

Grosso do Sul e Goiás, em milhares de cabeças – 1990 a 2005 .. 258 8.11 Infra-estrutura rodoviária no Estado de Mato Grosso – 2005 ...... 264 8.12 Infra-estrutura rodoviária em atendimento para obras de manu-

tenção e emergência no Estado de Mato Grosso .......................... 268 8.13 Distribuição espacial das reservas indígenas em Mato Grosso .... 273 8.14 Distribuição espacial das unidades de conservação em Mato

Grosso – 2003 ............................................................................... 276 9.1 Evolução mensal dos abates bovinos para o Estado de Mato

Grosso para os anos de 2003 a 2007 ............................................ 300 9.2 Evolução de abate acumulado de fêmeas e machos de janeiro a

agosto, nos anos de 2003 a 2007 .................................................. 301

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

xx

Página 10.1 Canais de distribuição institucional da indústria da alimentação,

em volume .................................................................................... 325 10.2 Canais de distribuição institucional de carne bovina no Estado

de Mato Grosso ............................................................................ 345 10.3 Consumo per capita de carnes – Brasil – 1994 a 2006 ................ 356 10.4 Índices de variação de preços da arroba do boi gordo e traseiro

com osso e arroba do boi gordo e picanha ................................... 358 11.1 Direcionadores de competitividade do segmento de insumos da

bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso – 2007 .......... 371 11.2 Direcionadores de competitividade do segmento de produção da

bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, por regiões – 2007 .............................................................................................. 380

11.3 Direcionadores de competitividade do segmento de abate e

processamento da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso – 2007 ............................................................................... 390

1E Corredores de exportação ............................................................. 513

2E Estradeiro internacional ................................................................ 514

3E Corredor logístico.........................................................................

515

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IDENTIFICAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES EXECUTORAS

Na construção do Diagnóstico sobre a Bovinocultura de Corte do Estado

de Mato Grosso, optou-se pelo desenvolvimento de pesquisa multiinstitucional e

multidisciplinar, que pôde ser efetivada graças ao consórcio realizado entre a

Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a Universidade Federal de Mato Grosso

(UFMT), com o apoio de consultores ad hoc da Federação da Agricultura e

Pecuária do Estado de Mato Grosso (FAMATO), contratante e coordenadora

geral do trabalho, sendo a instituição financiadora da pesquisa o Fundo de Apoio

à Bovinocultura de Corte (FABOV).

O estabelecimento deste consórcio permitiu a agregação de competências

na formação de uma equipe ampla para a realização do estudo. É relevante

destacar que foram preservadas, dentro do possível, as aptidões de vantagens dos

participantes em cada uma das suas áreas preferenciais de atuação. A fim de

ampliar o conhecimento sobre as principais referências das universidades

parceiras e da FAMATO, segue-se breve histórico de suas atividades.

A Universidade Federal de Viçosa1 originou-se da Escola Superior de

Agricultura e Veterinária (ESAV), em 28 de agosto de 1926. Em 1927, foram

iniciadas as atividades didáticas, com a instalação dos Cursos Fundamental e

1 Esse texto de referência, na íntegra, bem como diversas informações adicionais, pode ser encontrado no

site da UFV (www.ufv.br).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

2

Médio e, no ano seguinte, do Curso Superior de Agricultura. Em 1932, foi a vez

do Curso Superior de Veterinária.

Visando ao desenvolvimento da Escola, em 1948, o Governo do Estado

transformou-a em Universidade Rural do Estado de Minas Gerais (UREMG), que

era composta da Escola Superior de Agricultura, da Escola Superior de

Veterinária, da Escola Superior de Ciências Domésticas, da Escola de

Especialização (Pós-Graduação), do Serviço de Experimentação e Pesquisa e do

Serviço de Extensão. Graças à sua sólida base e a seu bem estruturado

desenvolvimento, a Universidade adquiriu renome em todo o País, o que motivou

o Governo Federal a federalizá-la, em 15 de julho de 1969, com o nome de

Universidade Federal de Viçosa.

A Universidade Federal de Viçosa vem acumulando, desde sua fundação,

larga experiência e tradição em ensino, pesquisa e extensão, que formam a base

de sua filosofia de trabalho.

Desde seus primórdios, a UFV tem se preocupado em promover a

integração vertical do ensino. Neste sentido, trabalha de maneira efetiva,

mantendo, atualmente, além dos cursos de graduação e pós-graduação, o Colégio

Universitário (Ensino Médio Geral), a Central de Ensino e Desenvolvimento

Agrário no campus de Florestal – MG (Ensino Médio Técnico e Médio Geral), a

Escola Estadual Effie Rolfs (Ensino Fundamental e Médio Geral), o Laboratório

de Desenvolvimento Humano (4 a 6 anos) e, ainda, a Creche, que atende a

crianças de 3 meses a 6 anos. Atualmente, conta com extensões efetivas em Rio

Paranaíba e Florestal, além de outros núcleos de aperfeiçoamento.

Por tradição, a área de Ciências Agrárias é a mais desenvolvida na UFV,

sendo conhecida e respeitada no Brasil e no Exterior. Apesar dessa ênfase na

agropecuária, a Instituição vem assumindo caráter eclético, expandindo-se

noutras áreas do conhecimento, tais como Ciências Biológicas e da Saúde,

Ciências Exatas e Tecnológicas e Ciências Humanas, Letras e Artes. Trata-se de

uma postura coerente com o conceito da moderna universidade, tendo em vista

que a interação das diversas áreas otimiza os resultados.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

3

Integrando o Centro de Ciências Agrárias da UFV, o Departamento de

Economia Rural oferece 54 disciplinas, em nível de mestrado e doutorado, e

outras 62, em nível de graduação, que atendem a diferentes cursos do setor. É

responsável pelos cursos de Bacharelado em Gestão de Cooperativas e de Gestão

do Agronegócio. Além destes, integram-se cursos variados de extensão e o MBA

em Gestão do Agronegócio.

A Fundação Arthur Bernardes (FUNARBE), na qualidade de gestora de

projetos da UFV, dispõe de excelente estrutura para o exercício de suas ações de

suporte. Trata-se de atividades exercidas por professores da UFV, contratadas

por órgãos públicos, empresas privadas, associações de classe e organismos

internacionais, entre outros clientes e parceiros. O apoio ao gerenciamento dos

projetos é possibilitado pela manutenção de uma equipe administrativa que se

encarrega das atividades de compras de materiais permanentes e de consumo,

planejamento de viagens, contratação de serviços de terceiros e execução

financeira dos contratos, entre outras tarefas auxiliares.

A Universidade Federal de Mato Grosso2, criada em 1970, é a única

universidade pública federal no estado. Com seus quatro campi (Cuiabá – sede,

Rondonópolis, Sinop, Pontal do Araguaia – Barra do Garças), seus 58 cursos de

graduação (77 turmas) mais 23 turmas especiais em sete municípios distintos

daqueles dos campi, possui cerca de 13 mil alunos matriculados na graduação.

Oferece ainda cursos à distância (especialização e graduação pela Universidade

Aberta), 17 cursos de mestrado e 1 de doutorado (agricultura tropical), somando

cerca de 920 estudantes de pós-graduação stricto sensu. A UFMT está, portanto,

presente em todos os municípios do estado, numa visão de futuro de Tornar-se referência nacional e internacional como instituição multicampi de qualidade acadêmica, consolidando-se como marco de referência para o desenvolvimento sustentável da região central da América do Sul, na confluência da Amazônia, do cerrado e do pantanal (UFMT, 2006:46).

O Departamento de Economia oferece o curso de graduação em Ciências

Econômicas com cerca de 400 alunos em seus dois turnos. É responsável pela

oferta do curso de especialização à distância (MBA Executivo em Gestão e 2 Informações adicionais sobre a UFMT podem ser obtidas no site da universidade (www.ufmt.br).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

4

Negócios do Desenvolvimento Regional Sustentável, em Convênio com o Banco

do Brasil) a 17 cidades pólos nas regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e

Nordeste do Brasil, além do Mestrado Acadêmico em Agronegócios e

Desenvolvimento Regional, na área de concentração em economia.

A Fundação de Apoio e Desenvolvimento da UFMT – Fundação Uniselva

– tem sido gestora dos projetos da UFMT, similarmente à Funarbe para a UFV.

Os convênios, contratos e outros serviços de cooperação facilitam a interação dos

servidores da UFMT com a sociedade em geral. A Fundação auxilia nos

controles de custos e execução dos projetos, dando transparência às ações dos

servidores envolvidos. Também oferece apoio aos programas de pós-graduação

da UFMT.

A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso

(FAMATO) é uma entidade privada sem fins lucrativos que representa os

produtores rurais do Estado de Mato Grosso. Sua missão é desenvolver estudos,

coordenar projetos, buscar e apontar soluções para garantir a sustentabilidade do

setor nos aspectos econômico, ambiental e social.

A fim de cumprir seu papel, divide suas ações entre o Serviço Nacional

de Aprendizagem Rural (SENAR-MT), os 80 Sindicatos Rurais no Estado e o

Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (IMEA).

Essas três entidades juntas formam o Sistema FAMATO que atua em

diversas frentes para defender a classe produtora e fortalecer o sistema sindical.

Sua trajetória lhe garantiu, nesses 40 anos de existência, respeito e credibilidade

junto à sociedade e ao poder público.

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IDENTIFICAÇÃO DA EQUIPE DE TRABALHO

Coordenação Luiz Carlos Meister (Coordenador Geral)

Consultor em pecuária de corte e indústria de produtos de origem animal

(FAMATO)

Médico Veterinário

Dr. Altair Dias de Moura (Coordenador Técnico)

Professor Adjunto do Departamento de Economia Rural (DER/UFV).

Engº Agrônomo, Ph.D. em Gestão do Agronegócio (Lincoln University – Nova

Zelândia)

Equipe Técnica Dr. Adriano Marcos Rodrigues Figueiredo

Professor do Departamento de Economia (UFMT)

Bacharel em Ciências Econômicas e Engenharia Civil, Doutor em Economia

Aplicada (UFV).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

6

Alberto Martins Rezende

Professor Titular do Departamento de Economia Rural (DER/UFV)

Engº Agrônomo, Mestre em Economia Rural (UFV)

Dr. José Manuel Carvalho Marta

Professor do Departamento de Economia (UFMT)

Bacharel em Ciências Econômicas, Doutor em Planejamento de Sistemas

Energéticos (UNICAMP).

Dra. Marília Fernandes Maciel Gomes

Professora Associada do Departamento de Economia Rural (DER/UFV)

Bacharela em Matemática, Doutora em Economia Rural (UFV)

Dra. Sandra Cristina de Moura Bonjour

Professora do Departamento de Economia (UFMT)

Bacharela em Zootecnia, Doutora em Economia Aplicada (UFV).

Dra. Viviani Silva Lírio

Professora Adjunta do Departamento de Economia Rural (DER/UFV)

Bacharela em Ciências Econômicas, Doutora em Economia Rural (UFV)

Consultores ad hoc Alexander Estermann

Estermann Consultoria

Médico Veterinário, Especialista em Gestão do Agronegócio (Lincoln

University/Nova Zelândia)

Amado de Oliveira Filho

Consultor

Bacharel em Ciências Econômicas, especialista em Mercados de Commodities

Agropecuárias e Direito Ambiental.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

7

Luciano de Souza Vacari

Chefe de operações de mercados futuros do Frigorífico Quatro Marcos Ltda.

Gestor de Agronegócios

Equipe Técnica Complementar Anamaria Gaudencio Martins (IMEA/FAMATO)

Economista do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola – IMEA da

Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso – FAMATO

Bacharela em Ciências Econômicas (UFV)

Ângelo Antônio Ferreira (UFV)

Zootecnista, Departamento de Economia Rural – UFV

Bacharel em Zootecnia e Ciências Econômicas, Mestrado em Economia Rural

Beatriz de Assis Junqueira

Técnica do Ministério da Agricultura (MAPA)

Bacharela em Zootecnia, Mestra em Economia Aplicada (UFV)

Nívea Maria Loures de Oliveira

Bacharela em Gestão do Agronegócio (UFV)

Estagiários Aline Beatriz Mucellini

Daniel Ávila Andrade de Azevedo

Daniel Carneiro de Abreu

Ellenise Elsa Emídio Bicalho

Pedro Del Bianco Benedeti

Rebecca Impelizieri Moura da Silveira

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CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

A economia mundial vem sofrendo intensas transformações desde

meados da década de 1980, dentre as quais se destacam os processos de

globalização financeira e econômica, a consolidação de blocos de comércio e as

buscas para a formação de novos “megamercados”. Esses processos foram

induzidos por fortes pressões políticas e comerciais, e, no caso dos países em

desenvolvimento, como o Brasil, tais pressões foram relacionadas,

principalmente, à crise da dívida externa. As obrigações referentes às

amortizações e juros têm feito com que os países em desenvolvimento busquem,

freqüentemente, superávits em seus balanços de conta-corrente com freqüente

opção pela contração da demanda interna.

Desse processo de globalização econômica resultou um novo padrão de

competição, caracterizado, entre outros aspectos, pela maior adaptação da

produção às necessidades da demanda, em substituição à oferta generalizada de

produtos padronizados. Esse novo modelo concorrencial surgiu em decorrência

das medidas tomadas em busca de maior integração entre as economias, calcadas

em um modelo de maior liberalização comercial. O principal objetivo dessas

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

9

medidas foi reduzir o nível de proteção dos setores produtivos nacionais para

favorecer o intercâmbio comercial entre países, estimulando a concorrência e a

transferência de tecnologia. Essa competição passou, gradualmente, a ser mais

abrangente, com novos competidores, novos conceitos em produtos e processos e

acessibilidade a novas tecnologias.

Dentro deste contexto, os fatores condicionantes da competitividade no

mercado externo passaram a ter crescente importância, principalmente para os

países em desenvolvimento. Devido a essa orientação política, surgiram alguns

problemas, como por exemplo, os relacionados ao crescimento econômico, em

conseqüência da crescente dependência de fatores externos. Com isso, os países

passaram, então, a buscar melhor alocação dos recursos disponíveis, na tentativa

de retomar este crescimento.

A competitividade, porém, tem gerado muitas controvérsias. Na verdade,

existem duas correntes principais em relação a esse fator. A primeira trata a

competitividade como uma variável ex-post, ou seja, uma medida de desempenho

que é expressa, fundamentalmente, pelo indicador de participação no mercado de

uma firma ou indústria em certo período no tempo. A segunda corrente trata a

competitividade como um fenômeno ex-ante, ou seja, o produtor é que a define

ao escolher as técnicas de produção que utiliza, dadas as restrições tecnológica,

gerencial, financeira e comercial.

Deve-se considerar, ainda, que fatores externos à empresa e à indústria

influenciam na capacidade competitiva destas. Dois exemplos importantes são: a

existência de uma infra-estrutura adequada para o funcionamento dos sistemas

produtivos, que melhora a competitividade dos produtos da economia como um

todo, e a interferência governamental, que causa distorções na competitividade a

partir de políticas setoriais como concessão de subsídios, entre outras.

De forma mais estruturada, esses fatores externos podem ser

classificados em ambiente macroeconômico3, infra-estrutura econômica4 e infra-

3 Envolvendo: taxa de inflação, taxa de juros, taxa de câmbio, estrutura tributária, política salarial, entre

outros. 4 Engloba, entre outros, transporte de carga, armazenagem, sistema portuário, energia e comunicações.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

10

estrutura técnico-científica e educacional5, sendo o desenvolvimento conjunto

destes fatores fundamental para o desenvolvimento da competitividade das

empresas e da nação. Assim, a competitividade deve ser compreendida como

uma variável de caráter sistêmico, ou seja, resultante da combinação de múltiplos

fatores e não da ação de fatores isolados. Essa visão abrangente e integrada é que

norteia, portanto, a proposta de análise da competitividade da cadeia produtiva

agroindustrial da pecuária de corte no Estado de Mato Grosso.

1.1. O problema e sua importância

A pecuária nacional apresenta diversos sistemas de produção e grande

variação dos níveis de produtividade como conseqüência da diversidade regional.

Essas variações ocorrem, principalmente, em razão da fertilidade dos solos, do

clima e, em especial, do tipo de tecnologia empregada.

Entre os anos de 1996 e 2007, a produção brasileira passou de um

quantum correspondente a 6.045 mil toneladas de equivalente-carcaça para 9.200

mil, o que representa crescimento de aproximadamente 52% (Figura 1.1).

Comparativamente, a produção nacional apresenta crescimento maior

que o aumento do consumo doméstico; assim, o Brasil dispõe de um excedente

que está sendo absorvido pelas exportações (BRASIL, 2006).

Em termos numéricos, o Brasil possui o maior rebanho comercial do

mundo, estimado em aproximadamente 207,2 milhões de cabeças para o ano de

2007, e um abate da ordem de 45 milhões anuais (Tabela 1.1).

5 Caracterizado pelos seguintes fatores: ensino básico e superior, institutos e centros de pesquisa,

laboratórios, instituições de normalização e certificação de qualidade, ensino técnico especializado, etc.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

11

* Valor preliminar; ** Estimativa. Fonte: Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC) (2007). Figura 1.1 – Evolução da produção brasileira de carne bovina em mil toneladas

de equivalente-carcaça – 1996 a 2007.

Tabela 1.1 – Produção, rebanho e abate de bovinos no Brasil – 1996 a 2007

Ano Produção1 Variação

acumulada (%)

Rebanho2 Variação

acumulada (%)

Abate2 Variação

acumulada (%)

1996 6.045 - 153,1 - 31,0 - 1997 5.820 3,87 156,1 1,92 29,1 -6,53 1998 6.040 -0,08 157,8 2,98 30,2 -2,65 1999 6.270 3,59 159,2 3,83 31,3 0,96 2000 6.650 9,10 164,3 6,82 32,5 4,62 2001 6.900 12,39 170,6 10,26 33,8 8,28 2002 7.300 17,20 179,2 14,56 35,5 12,68 2003 7.700 21,49 189,1 19,04 37,6 17,55 2004 8.350 27,60 197,8 22,60 41,4 25,12 2005 8.750 30,91 202,7 24,47 43,1 28,07 2006* 8.950 32,46 204,7 25,21 44,4 30,18 2007** 9.200 34,29 207,2 26,11 45,0 31,11

Fonte: Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC) (2007). Obs.: * Valor preliminar; ** Estimativa; 1 em mil toneladas em equivalente-carcaça; 2 milhões.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

12

Quanto ao padrão espacial, a produção de bovinos de corte está

distribuída em todo o território nacional; porém, concentra-se nas regiões Centro-

Oeste e Sudeste, com, respectivamente, 32,16% e 25,65% da produção. No caso

do abate, a distribuição possui padrão bastante similar, com 31,79% no Centro-

Oeste e 26,30% no Sudeste, conforme mostrado na Tabela 1.2.

Tabela 1.2 – Distribuição da produção e abate por região do Brasil – 2007 (proje-ção)

Região Produção* (%) Abate** (%)

Norte 1.201.162 14,78 6.419.439 14,64 Nordeste 1.036.584 12,76 5.702.943 13,00 Sudeste 2.084.502 25,65 11.535.650 26,30 Sul 1.190.314 14,65 6.261.413 14,28 Centro-Oeste 2.613.571 32,16 13.942.685 31,79 Total 8.126.134 43.862.130

Fonte: Anualpec (2007). * Toneladas de equivalente-carcaça, ** cabeças.

Deve-se salientar que as regiões Sul e Sudeste alcançaram os limites de

expansão de área e apresentam possibilidades de abertura de fronteiras muito

limitadas. Desse modo, a aumento do rebanho ocorre através da substituição de

outras atividades pela bovinocultura de corte ou intensificação do sistema

produtivo, ao contrário das regiões Centro-Oeste e Norte, que têm se destacado

pelo crescimento do rebanho em termos territoriais. Em âmbito estadual, o

Estado de Mato Grosso concorre em igualdade com o Estado de Mato Grosso do

Sul, sendo estes os maiores produtores de carne bovina no país.

Destaca-se que a proposta de realização da referida pesquisa teve suas

origens na percepção de que o estado, embora ocupe destacada posição no

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

13

ranking nacional de produção de carne bovina, possui entraves importantes à

manutenção e ampliação de sua competitividade.

Em virtude da posição no cenário produtivo e da exportação da carne

bovina, um retrato do quadro atual do desempenho desta cadeia produtiva

contribui significativamente em vários aspectos. Em primeira instância, como

não há diagnósticos sistêmicos específicos para o Mato Grosso, na área de

bovinocultura de corte, objetiva-se estabelecer um ponto inicial, a partir do qual

ações futuras poderão ser definidas e avaliadas. Em adição, uma diagnose

específica para o estado é capaz de indicar as condições locais favoráveis e

desfavoráveis ao desenvolvimento da cadeia produtiva analisada, propiciando a

construção de ações para minimização dos problemas encontrados e exploração

do potencial de cada segmento. Assim, a motivação para a realização da pesquisa

decorreu de cinco fatores essenciais:

• A ocorrência de mudanças estruturais significativas no setor, sobretudo em

âmbito internacional.

• A grande heterogeneidade e o restrito conhecimento do perfil da atividade no

estado.

• A vocação exportadora do estado, que lhe confere exigências de produto e

processos mais consistentes e sustentáveis.

• A identificação de espaços para aumento significativo da competitividade.

• A crescente pressão pela consideração dos fatores ambientais e legais.

O diagnóstico sistêmico, metodologia escolhida para nortear a pesquisa,

é uma ferramenta básica para que programas de desenvolvimento setoriais

ganhem enfoque consistente e de sustentabilidade ao longo do tempo. Sem

diagnósticos periódicos de avaliação do setor, todos os processos de investimento

ficam sem parâmetros de referência, dificultando o convencimento dos agentes

envolvidos (governo, produtores, processadores, exportadores, etc.) em relação à

seriedade e importância desses projetos de desenvolvimento setoriais. A

perspectiva é, portanto, a da manutenção dos processos de monitoramento,

mesmo após a realização da pesquisa e hierarquização das propostas de ação,

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

14

como forma de assegurar o comprometimento e o bom andamento das medidas

selecionadas (Figura 1.2).

Fonte: Silva (2000b).

Figura 1.2 – Esquema representativo da proposta de melhoria do funcionamento e competitividade de uma cadeia produtiva.

Nesse contexto, os objetivos da pesquisa podem ser classificados em três

grandes grupos:

a) Caracterização da estrutura e do funcionamento da cadeia produtiva

agroindustrial da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, em

âmbito global e regionalizado.

b) Identificação e avaliação dos principais direcionadores que condicionam o

funcionamento e a competitividade da cadeia produtiva analisada.

c) Proposição de políticas públicas e estratégias empresariais para a melhoria do

funcionamento e competitividade de cada um dos elos da cadeia, de forma a

permitir ganhos sistêmicos que beneficiem a todos os agentes envolvidos e,

por decorrência, a economia estadual.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

15

Espera-se, com a realização da pesquisa, que haja maior envolvimento e

mobilização de todos os participantes da cadeia, a fim de que as propostas

indicadas possam, de fato, encontrar espaço de aplicação. De forma

sistematizada, pode-se, portanto, indicar como resultados esperados:

• Maior conhecimento efetivo sobre a cadeia produtiva agroindustrial da

bovinocultura de corte em Mato Grosso.

• Mobilização coletiva dos agentes envolvidos na cadeia.

• Minimização de atritos entre segmentos com melhoria da coordenação.

• Aumento dos fluxos de informação entre os elos.

• Ganhos em rentabilidade.

• Ampliação da visão de futuro.

• Aumento da competitividade setorial e da cadeia produtiva como um todo.

1.2. Organização do trabalho

Este documento é composto por 13 seções. Em seguida a esta introdução,

segue-se um capítulo que descreve o mercado internacional da carne bovina, que

congrega informações importantes sobre os padrões de comercialização externa e

as principais restrições encontradas à carne brasileira (e mato-grossense) no

mercado internacional.

Os capítulos III, IV e V constituem-se o cerne metodológico da pesquisa.

O terceiro discute os fundamentos teóricos; o quarto explicita, detalhadamente,

os passos realizados na pesquisa; o quinto, por sua vez, dedica-se à

caracterização do estado, um esforço fundamental, considerando a

heterogeneidade das condições de produção em Mato Grosso.

Em seqüência, o Capítulo VI trata do ambiente institucional que permeia

e no qual se insere a cadeia produtiva. Os Capítulos VII a X trazem os resultados

da pesquisa para cada um dos elos analisados: setor de insumos, produção

primária, abate e processamento, e distribuição. Nesses capítulos, são discutidas

as informações coletadas a campo, a partir do levantamento primário.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

16

O décimo primeiro capítulo, por sua vez, sumariza as informações de

forma organizada (tabelas e gráficos com os direcionadores e subfatores

utilizados na análise), e o Capítulo XII descreve as principais propostas de ação,

coletivas e por segmento.

Por fim, são apresentadas as conclusões da pesquisa (Capítulo XIII) e as

referências bibliográficas. Nos Anexos, são disponibilizados os roteiros de

entrevista (Anexo A), questionário aplicado junto ao pecuarista (criador) (Anexo

B), a lista com os nomes dos agentes entrevistados (Anexo D) e bases de dados

mais importantes (Anexo F).

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CAPÍTULO II

SETOR EXTERNO

A cadeia agroindustrial da pecuária de corte, principalmente nos últimos

10 anos, tem se destacado na economia e no comércio internacional. O

crescimento das exportações (Tabela 2.1) tem contribuído para gerar crescentes

superávits da balança comercial brasileira, embora cerca de 80% da produção de

carne bovina seja destinada para o consumo interno (SABADIN, 2006).

Ainda no que se refere ao mercado externo, notam-se algumas mudanças

estruturais importantes6, principalmente quanto ao aumento de exigências por

parte dos consumidores, o que não só ampliou a complexidade no setor

produtivo, como também apontou novas oportunidades. Assim, mecanismos

foram criados para assegurar essas novas exigências, como o Serviço Brasileiro

de Identificação e Certificação da Origem da Carne Bovina e Bubalina

(SISBOV).

6 A mudança estrutural refere-se a diversas relações tecnológicas ou de comportamento. Segundo

Andrade (1996), as alterações estruturais estão relacionadas com a observação do comportamento do consumo, investimento e uso de insumos intermediários; sob a ótica da demanda final.

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iagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de C

orte do Estado de Mato G

rosso

Tabela 2.1 – Exportações brasileiras de carne bovina – 1995 a 2006

Tipo de carne 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Industrializada com osso (1.000 t eq.-carcaça) 225 209 204 234 292 245 172 204 235 286 375 276

In natura com osso (1.000 t eq.-carcaça) 44 52 70 109 170 210 460 529 819 1110 1235 1225

Total com osso (1.000 t eq.-carcaça) 269 261 274 343 462 455 632 733 1054 1386 1610 1501

Industrializada sem osso (milhões US$) 287 233 224 279 304 218 145 160 182 294 430 691

In natura sem osso (milhões US$) 158 159 196 277 366 405 674 704 1118 1730 2033 1802

Total sem osso (milhões US$) 445 392 420 556 670 623 819 864 1300 2024 2463 2493 Fonte: MDIC, adaptado por ABIEC (2007).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

19

Além da expansão das vendas externas, nota-se que ao longo desses 10

anos ocorreu significativa inversão no volume de exportação de carne

industrializada para carne in natura. Em 1995, as exportações brasileiras de carne

industrializada foram de 225 mil toneladas (84%) e as de carne in natura

correspondiam a 44 mil toneladas (16%). Dez anos depois, em 2006, as vendas

de carne industrializada passaram a 276 mil toneladas (18%) e as de carne in

natura representaram 1.125 mil toneladas (81%). Neste período, a taxa

geométrica de crescimento em valor nas exportações de carne in natura e carne

industrializada foi de 47% e 35%, respectivamente.

Essa mudança pode ser explicada, em grande parte, pela adequação do

rebanho às normas sanitárias internacionais, pela abertura de novos mercados e

pelos problemas sanitários enfrentados decorrentes dos rebanhos de outros países

exportadores. O agravamento da doença da vaca louca7 na União Européia, em

2001, contribuiu para essa inversão, ou seja, o embargo das exportações

européias de carne bovina levou países compradores da União Européia, como

Egito, Filipinas e Irã, a comprar carne brasileira.

Outro fato que influenciou esta inversão refere-se ao padrão dos

frigoríficos nacionais, que de uma forma geral, ainda apresentam baixo nível de

desenvolvimento tecnológico de produtos industrializados (SABADIN, 2006).

Por este motivo, Miranda e Motta (2001) afirmaram que se deve investir em uma

linha de produção que se adapte melhor ao mercado internacional para que possa

aumentar o percentual de carne industrializada.

2.1. Alterações recentes na demanda de carne bovina

Analisando a demanda mundial, verifica-se que ocorreu importante

crescimento do consumo, conforme ilustram os dados da Tabela 2.2.

7 A Encefalopatia espongiforme bovina, vulgarmente conhecida como doença das vacas loucas ou BSE

(do acrônimo inglês Bovine Spongiform Encephalopathy) é uma doença neurodegenerativa que afeta o gado doméstico bovino.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

20

Tabela 2.2 – Consumo mundial de carne bovina (milhões toneladas em equiva-lente-carcaça8) – 2001 a 2006

Países 2001 2002 2003 2004 2005 2006

EUA 12,35 12,74 12,34 12,67 12,75 13,23 União Européia 7,66 8,19 8,31 8,22 8,19 8,20 China 5,43 5,82 6,27 6,70 7,11 7,55 Brasil 6,19 6,44 6,27 6,40 6,60 6,80 México 2,34 2,41 2,31 2,37 2,42 2,50 Argentina 2,51 2,36 2,43 2,51 2,29 2,28 Rússia 2,40 2,45 2,38 2,31 2,20 2,19 Índia 1,40 1,39 1,52 1,63 1,61 1,62 Japão 1,42 1,32 1,37 1,18 1,22 1,23 Canadá 0,97 0,99 1,06 1,05 1,05 1,06 Austrália 0,65 0,70 0,79 0,75 0,75 0,75 Outros 5,38 5,47 3,96 3,95 3,94 4,03 Total 48,70 50,28 49,01 49,74 50,13 51,44 Fonte: USDA (2007).

Dentre as modificações ocorridas, destaca-se o crescimento expressivo

na China, que pode vir a ser um potencial mercado consumidor da carne bovina

brasileira. No Japão ocorreu um pequeno decréscimo no consumo devido às

exigências sanitárias. Todavia, os frigoríficos brasileiros podem se adaptar às

exigências para atender a esse potencial consumidor. Em relação ao consumo per

capita, nota-se que há grande dispersão no consumo (Tabela 2.3).

Analisando o ano de 2006, os principais destaques ficam com a Índia,

que teve um consumo de 1,5 kg/habitante/ano; China, de 5,6 kg/habitante/ano;

Argentina, de 65,2 kg/habitante/ano; e Rússia, com um consumo intermediário de

15,7 kg/habitante/ano.

8 Equivalente-carcaça é medida-padrão e, segundo Secex (2007), a conversão equivalente-carcaça é feita

da seguinte forma: carne industrializada é multiplicada por 2,5; carne in natura com osso deve ser multiplicada por 1; e carne in natura sem osso deve ser multiplicada por 1,3.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

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Tabela 2.3 – Consumo mundial per capita de carne bovina (kg/habitante/ano) – 2002 a 2007

Países 2002 2003 2004 2005 2006(p) 2007(e)

Argentina 61,6 62,6 64,2 61,8 65,2 63,3 Austrália 35,6 39,8 37,5 36,6 36,5 36,9 Brasil 35,8 34,5 34,8 36,4 36,9 37,8 Bulgária 9,8 9,9 10,1 13,7 12,5 11,9 Canadá 31,1 33,1 32,5 33,7 32,2 31,7 China 4,5 4,9 5,2 5,4 5,6 5,9 UE 18,0 18,0 18,2 17,8 18,0 18,0 Egito 8,4 7,5 8,2 9,0 8,7 8,6 Hong Kong 12,6 13,8 13,9 15,4 15,3 15,3 Índia 1,3 1,4 1,5 1,5 1,5 1,5 Japão 10,4 10,7 9,0 9,4 9,3 9,9 Coréia do Sul 12,7 12,6 9,6 9,0 8,6 9,5 México 23,0 22,1 22,4 22,6 23,1 23,1 Nova Zelândia 31,5 37,5 31,5 31,2 29,4 31,6 Filipinas 4,1 4,1 4,5 4,0 4,0 4,0 Romênia 7,1 6,7 8,9 10,6 10,8 10,9 Rússia 16,7 16,2 15,7 17,1 15,7 15,6 África do Sul 14,3 13,9 15,0 15,8 15,5 15,6 Taiwan 4,2 4,6 3,7 4,2 4,5 4,5 Turquia 9,5 9,4 9,2 9,0 8,8 8,7 Ucrânia 11,2 8,6 10,8 11,2 11,9 11,5 EUA 44,3 42,5 43,2 42,8 42,9 43,2 Uruguai 49,4 37,0 39,7 35,4 39,3 40,6 Fonte: USDA (2007). p = preliminar; e = estimativa.

Segundo Moraes (2007), em 2006, o Brasil exportou carne bovina para

160 países, e pode conquistar um mercado ainda maior. No entanto, para que isso

se torne realidade, é preciso conhecer as peculiaridades de alguns países, como

costumes, renda e hábitos alimentares. O autor cita, como exemplo, o engano de

se pensar que a Índia não come carne bovina por motivo religioso, pois o grande

problema do mercado indiano em relação à carne bovina não é a religião e, sim, a

baixa renda.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

22

De fato, assim como para outros grupos alimentares, o preço e a renda

são fatores prioritários no consumo de carne bovina nos países; entretanto, nos

países desenvolvidos, outros fatores, como qualidade e sanidade, têm

influenciado de forma crescente o consumo. Isso pode ser verificado analisando-

se o consumo do Japão, que decresceu com os problemas sanitários mundiais em

2004 (incidência de vaca louca na Europa).

2.2. Mercados preponderantes para o Brasil e Mato Grosso

Em se tratando dos principais países importadores da carne brasileira, os

três maiores são a Rússia, o Egito e o Reino Unido (Tabela 2.4).

Outro mercado que merece destaque é Hong Kong, o maior comprador

em volume de miúdos do Brasil. Segundo Baptista (2007), os chineses e os

japoneses apreciam degustar no happy hour petiscos à base de miúdos de boi.

Para a indústria frigorífica, a exportação de miúdos, juntamente com o couro,

tripas, cartilagens e outros subprodutos, é fundamental para assegurar a

rentabilidade do negócio.

Baptista (2007) ainda afirma que a África (países da parte oriental como

Gabão e Costa do Marfim) consome rins, coração e rabo, enquanto os

consumidores peruanos têm preferência pelo coração. No Brasil, os

consumidores não têm o hábito de consumir miúdos regularmente, sendo estes

mais utilizados para a preparação de pet food (comida para cães, gatos e outros

animais domésticos).

Em termos de volume, as exportações de carne brasileira cresceram em

2006, em relação a 2005. A Holanda teve participação importante no ano de

2006, devido a contatos feitos com uma cooperativa de carne daquele país que

mostraram favoráveis à importação de carne bovina principalmente da raça

holandesa (TRENTIN, 2007). Assim, empresários no Estado de Santa Catarina se

reuniram e viabilizaram este comércio. Ainda segundo esse autor, o preço pago

pelo filé mignon na Holanda chega a ser quatro vezes maior que no Brasil.

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iagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de C

orte do Estado de Mato G

rosso

Tabela 2.4 – Principais importadores de carne brasileira – 2005 a 2006

In natura Industrializada Miúdo Total Ano/importadores Volume Valor Volume Valor Volume Valor Volume Valor

2006 Rússia 318.323 743.187 1.815 2.897 10.139 18.937 330.277 765.021 Egito 198.146 364.185 3.115 7.650 6.039 5.180 207.300 377.015 Reino Unido 62.406 189.577 51.244 139.678 97 224 113.747 329.479 EUA 393 668 92.976 273.310 893 2.787 94.262 276.765 Hong Kong 27.598 61.122 916 1.151 40.923 50.683 69.437 112.956 Holanda 45.749 253.554 15.563 46.060 1.311 4.605 62.623 304.219 Itália 48.845 232.553 8.805 36.220 1.197 2.650 58.847 271.423 2005 Rússia 294.653 555.272 1.328 2.314 7.704 9.588 303.685 567.174 Egito 146.444 252.714 2.621 5.392 3.473 3.738 152.538 261.844 Reino Unido 65.936 181.661 52.510 130.399 89 220 118.535 312.280 Chile 66.596 139.981 810 848 54 41 67.460 140.870 Venezuela 9.142 19.277 57.620 46.956 0 0 66.762 66.233 Hong Kong 22.204 43.738 1.089 1.243 31.971 30.287 55.264 75.268 Itália 46.893 152.685 8.201 31.319 94 122 55.188 184.126 EUA 149 292 51.613 205.682 81 110 51.843 206.084 Fonte: MDIC, adaptado por ABIEC (2007). Os volumes são toneladas em equivalente-carcaça e os valores em mil dólares.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

24

No que se refere aos canais de comercialização mais comumente

utilizados, cerca de 95% das vendas da carne no exterior são realizadas por

traders (atravessadores) e o pagamento é à vista, ou seja, o recebimento é feito

quando a mercadoria chega ao destino. Cabe ressaltar que não existem contratos

de garantia de preços futuros ou de fornecimento. A maior parte do volume

exportado pelas empresas (80%) é de carne in natura resfriada ou congelada. A

carne industrializada tem como principais destinos os EUA e o Reino Unido,

mercados responsáveis pela compra de 90% do volume de carne industrializada

brasileira. Os miúdos são destinados para a Ásia. Os outros mercados compram

carne in natura do dianteiro ou traseiro do animal. Os frigoríficos trabalham com

cortes específicos para alguns países ou mercados (SABADIN, 2006). Devido às

barreiras sanitárias, os EUA não adquirem carne bovina brasileira in natura, mas,

segundo Secex (2007), confirmados pela Abiec (2007), em 2006 os EUA

compraram um pequeno volume de carne in natura brasileira, correspondendo a

0,09% do total de carne in natura exportado. Assim, nota-se que a maior parte da

carne exportada para os EUA é industrializada com maior valor agregado.

Em Mato Grosso, segundo Secex (2007), a empresa que mais se destacou

no setor de carne em 2006 foi o Grupo JBS Friboi, que comercializou

241.882.767 US$ FOB, representando 5,58% do total exportado pelo estado. Em

Mato Grosso, o FRIBOI tem unidades em Araputanga, Barra do Garças, Pedra

Preta e Cáceres, que comercializam carne in natura, extrato de carne, carne

cozida e congelada, estômago congelado, miúdos e tendão desidratado, dentre

outros subprodutos.

A carne cozida congelada tem como principais mercados Europa, Japão e

EUA. O tendão desidratado é todo comercializado para o Japão e o estômago

congelado vai para a UE. Hong Kong, Paraguai, Uruguai e Emirados Árabes são

também compradores de miúdos.

Quanto ao couro, as empresas Durlicouros e BMZ couros representaram,

em 2006, 0,75% e 0,55%, respectivamente, do valor exportado pelo estado. Os

principais produtos são peles whet blue e tiras de couro. Segundo a

Courobusiness (2007), a Durlicouros e a BMZ couros estão entre as 32 maiores

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

25

empresas exportadoras de couros e peles do Brasil, sendo as mais representativas

em Mato Grosso. Os principais importadores do couro do estado são Itália, China

e Hong Kong. Embora Mato Grosso participe da exportação mundial de couro, o

processo de acabamento do couro no estado, o qual agrega maior valor, ainda é

muito incipiente.

2.3. Padrão (cortes etc.)

Com relação aos cortes, observa-se que a participação da carne

desossada congelada representou 68,9% das exportações da cadeia produtiva de

bovinos de corte em Mato Grosso no ano de 2006. A carne desossada resfriada

ou in natura representou 17%, contra 14,1% de todos os outros produtos. Assim,

verifica-se que o produto carne é o mais representativo na exportação da cadeia

de bovino de Mato Grosso (Tabela 2.5).

Tabela 2.5 – Produtos cárneos exportados por Mato Grosso em 2006

Produtos Valor (US$ FOB)

Participação (%)

Volume (kg)

Carnes desossadas de bovino congeladas 395.309.293 68,75 165.910.603Carnes desossadas de bovino frescas ou refrigeradas 97.893.275 17,03 17.092.976Preparações alimentícias e conservas de bovinos 32.960.925 5,73 9.605.283Outros couros bovinos, inclusive búfalos, n/div. úmidos preparados 29.216.859 5,08 11.973.353Outras miudezas comestíveis de bovino congeladas 7.103.472 1,24 6.191.599Outros couros/peles, int. bovinos, preparadas etc. 4.794.343 0,83 292.668Outros couros/peles, bovinos, inclusive búfalos, úmidos 1.295.904 0,23 1.301.643Rabos de bovino congelados 1.207.786 0,21 687.915Fígados de bovino congelados 1.197.692 0,21 1.004.289Línguas de bovino congeladas 1.066.651 0,19 504.532Tripas de bovinos frescas, refrigeradas, congeladas, salgadas 974.790 0,17 475150Outras peças não-desossadas de bovino congeladas 722.274 0,13 513.172Outros produtos de animais impróprios para alimentação 397.416 0,07 502.752Outros couros/peles int. bovinos preparados 391.980 0,07 51.547Farinhas, pós e "pellets" de carne impróprias para alimentação 156.306 0,03 813.327Couros/peles int. bovinos preparadas s<=2,6m2 118.992 0,02 12.368Carnes de bovinos salgadas em salmoura/secas 108.816 0,02 25.005Outros couros/peles bovinos, secos, pena flor 76.061 0,01 6.849Total 574.992.835 100,00 216.965.031

Fonte: Secex (2007).

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26

Os cortes preferidos pela União Européia são filé mignon, alcatra e

contra-filé. Já os países do Oriente Médio desejam cortes como lagarto, coxão

mole e coxão duro.

As transações com os países árabes são realizadas através de traders e

são considerados mercados mais fiéis na compra da carne bovina brasileira,

sendo menos exigentes que os europeus em termos de embalagens, marcas e

cortes diferenciados. Entretanto, as exportações da carne in natura devem

obedecer aos rituais islâmicos de abate, por meio do Certificado de Abate

Islâmico denominado Halal9. Esse sistema diminui o ritmo de abate e é

acompanhado por equipes dos países importadores, que fiscalizam o

procedimento. Já o mercado judeu impõe restrições de ordem religiosa, exigindo

carnes do dianteiro dos bois, segundo o preceito de kasher10 (MIRANDA, 2001).

Em geral, os países desenvolvidos preferem os cortes nobres do traseiro

do boi, gerando um processo de diferenciação dos produtos exportados para esses

mercados, o que faz com que os frigoríficos procurem fugir das características de

commodity do produto, por meio de variações nos tipos de cortes, marcas, rótulos

e embalagens.

Howells (2000) ressalta que a confiança dos consumidores internacionais

foi conquistada com as marcas que oferecem autenticidade e alta segurança.

Afirma, ainda, que os consumidores estão trocando quantidade por qualidade, e

em virtude disso cresce o interesse por meio ambiente e bem-estar animal, dando

maior apreço à palatabilidade dos alimentos.

Ferreira (2000) confirma que as marcas nos cortes nobres têm como

função realçar as características valorizadas pelos consumidores. Assim, as

marcas e rótulos trazem informações relativas à sanidade, valores nutricionais e

benefícios à saúde, que são valorizados pelo consumidor internacional.

9 Consiste no abate por degola completa, executado ou supervisionado por representantes islâmicos

selecionados, em horários específicos impostos pela religião islâmica (MIRANDA, 2001). 10 Abate de bovinos segundo os preceitos da religião judaica, onde o animal é abatido por degola, sendo

usado uma faca longa, que corta carótidas, jugular, esôfago, traquéia e nervos.

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27

Neste contexto, percebe-se que a marca brasileira Brazilian beef 11 é

importante, pois à segurança e confiabilidade aos cortes brasileiros no mercado

internacional.

Em Mato Grosso, a carne comercializada pelo grupo FRIBOI JBS tem

usado as seguintes marcas: Sola, Anglo Swift, Organic Beef Friboi, Friboi

Carnes in natura – cortes tradicionais, Friboi Export Division e a Linha

Churrasco Maturatta em seus diversos produtos que são exportados.

2.4. Barreiras tarifárias e não-tarifárias

No mercado externo, diferentes formas de protecionismo têm

influenciado o segmento carnes, gerando transformações em seus processos

produtivos. Os entraves decorrentes das políticas protecionistas praticadas pelos

países podem ser resumidos em três grupos mais comuns:

a) Barreiras tarifárias (tarifas de importação, outras taxas e valoração aduaneira).

b) Barreiras não-tarifárias (restrições quantitativas, licenciamento de

importações, procedimentos alfandegários, medidas antidumping e

compensatórias).

c) Barreiras técnicas12 (normas e regulamentos técnicos, regulamentos

sanitários13, fitossanitários e de saúde animal).

Vale ressaltar que nem sempre as barreiras são registradas nas bases da

Organização Mundial de Comércio (OMC), o que gera a inexistência de registros

oficiais. Como exemplo tem-se a suspensão das importações por países não-

membros, que criam transtornos importantes sem que se tenha efetivo registro.

Na comercialização do Brasil com os EUA, as principais barreiras são de

ordem técnica, não existindo acordos sanitários para comercialização. Entre as

11 Marca criada pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) em 2001, com

objetivo de estimular a exportação de carne bovina brasileira, ressaltando a qualidade do produto nacional e considerando diferenciais de mercado como a alimentação do rebanho bovino a pasto.

12 Formalmente, as BNTs englobam as barreiras técnicas. Todavia, por questão didática e para facilitar a segmentação e o entendimento, o MAPA e outras instituições, inclusive o INMETRO, ponto focal brasileiro nestas questões, têm mantido a segmentação em três grupos.

13 Para as exportações brasileiras, a questão sanitária é apontada como um dos mais importantes entraves.

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28

barreiras tarifárias, destacam-se a Taxa de Processamento de Mercadoria14,

fixada em 0,21%, com valor máximo de US$ 485 e mínimo de US$ 25, e a Taxa

de Manutenção Portuária15, uma taxa ad valorem de 0,125%. Além dessas taxas,

que incidem em todos os produtos, aplica-se aos produtos de origem animal tarifa

média de 6,6% e máxima de 28%. Como barreira não-tarifária, o mercado norte-

americano exige licenciamento de importação, assim o maior problema para a

exportação da carne bovina brasileira para os EUA são as barreiras técnicas, pois

não há equivalência de processos de verificação sanitária nem reconhecimento de

áreas livres ou de baixa intensidade de enfermidades (SABADIN, 2006).

Em relação à UE, apesar de o Brasil ter privilégios tarifários por estar no

Sistema Geral de Preferências da União Européia, ocorrem dificuldades de

entrada da carne brasileira, decorrentes das barreiras sanitárias e fitossanitárias,

tarifas altas, cotas tarifárias e subsídios (a UE concede benefícios a produtos que

destinam parte de recursos para causas sociais).

Na China, a dificuldade está relacionada às questões institucionais, pois

o país se integrou à OMC apenas em 2002. As tarifas para os produtos de origem

animal variam de 20,2% a 50%.

Os países árabes impõem maiores restrições de ordem religiosa e

burocrática e menores restrições sanitárias. As exportações brasileiras têm

crescido para esse mercado, mostrando que as barreiras não-tarifárias não

proporcionam dificuldades para a comercialização.

Em contrapartida, o Japão só compra carne bovina in natura de países

livres de febre aftosa sem vacinação, sendo proibidas importações de carnes in

natura (com osso ou desossada) ou mesmo sêmen de bovinos brasileiros. Assim,

existe grande barreira sanitária desse mercado para com as exportações

brasileiras.

Nota-se que cada país importador tem suas exigências específicas, como

demonstrado na Tabela 2.6.

14 Em inglês, Merchandise Processing Fee (MFP). 15 Em inglês, Harbour Maintenance Fee (HMT).

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29

Tabela 2.6 – Exigências dos principais países importadores

Países Exigências Países da União Européia Rastreabilidade, SIF, aprovação para comercialização,

diferentes especificações de corte, selos de qualidade, APPCC16, BRC17, DG/SAMCO18, EUREPGAP19, entre outros.

Países do Oriente Médio APPCC, ritual religioso do Halal e Kosher (ritual judaico),

alguns países requerem apenas SIF; outros, como Arábia Saudita, requerem habilitação e documentação específica.

Países da Ásia

Varia conforme o país. Os requisitos são basicamente SIF, APPCC e ritual religioso do Halal.

Rússia e Europa Oriental SIF

Fonte: Sabadin (2006).

Observa-se que a Rússia demonstra menor exigência, sendo o principal

importador da carne bovina brasileira. Assim, para o Brasil diferenciar seu

mercado, é necessário adequar-se às exigências específicas de cada país

importador.

A febre aftosa ainda é uma barreira sanitária determinante para o Brasil

em relação à conquista de novos mercados. Os casos confirmados de febre aftosa

no Mato Grosso de Sul, em 2005, e no Paraná, em 2006, reduziram as

exportações, provocando dificuldades da entrada da carne proveniente desses

estados na Rússia e na União Européia.

Os países mais desenvolvidos empregam a utilização maior das barreiras

não-tarifárias do que as barreiras tarifárias. As Medidas Sanitárias e

Fitossanitárias firmadas na Rodada do Uruguai permitiram a regionalização do

reconhecimento do status de “livre de doenças ou pragas” que, devido à extensão 16 APPCC significa Análise dos Riscos e Pontos Críticos de Controle. 17 British Retail Consortium (BRC) é uma certificação para empresas de alimentos que fornecem produtos

embalados, demonstrando atendimento aos requisitos legais. 18 Sistema Europeu de Inspeção de Segurança de Alimento. 19 Certificação para boas práticas de produção. Em português, Boas Práticas de Fabricação (BPF).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

30

do território brasileiro, foi uma medida benéfica, ou seja, o País foi dividido em

circuitos quanto à questão do tratamento da febre aftosa.

Segundo Lima et al. (2005), a adoção do princípio da regionalização,

principalmente para países de grande extensão territorial como o Brasil, viabiliza

o comércio internacional, já que estabelece os requisitos necessários para que o

País controle a doença e crie as áreas reconhecidas como livres, com ou sem

vacinação. Miranda (2001) afirma ainda que a divisão do Brasil em circuitos

sanitários tem amenizado a queda nas exportações quando se tem um foco de

aftosa, ou seja, o efeito de redução das exportações é proveniente somente

daquele circuito sanitário específico e não do País como um todo.

A habilitação para exportação em Mato Grosso ocorre de duas formas:

segundo a OIE e segundo a UE. Segundo a UE, o estado tem a regionalização

descrita na Figura 2.1.

Percebe-se que somente a região Norte (divisa com os Estados do Pará e

Amazonas) e a região Sul (região do Pantanal) são áreas não-habilitadas para

exportação segundo a UE.

De acordo com Lyra e Silva (2004) e Souza (2004), o Brasil foi dividido

em cinco circuitos sanitários segundo a OIE: Sul, Centro-Oeste, Norte, Nordeste

e Leste. O Estado de Mato Grosso está localizado no circuito Centro-Oeste.

Em 30 de setembro de 2005, a OIE suspendeu o status sanitário de “zona

livre de aftosa com vacinação” da região do Brasil que compreende os Estados de

Mato Grosso do Sul, Tocantins, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo,

Bahia e Sergipe, em conseqüência do encontrado no Mato Grosso do Sul. Com o

foco de aftosa no Estado do Paraná, a OIE suspendeu o status sanitário de “zona

livre de aftosa com vacinação” da região do Brasil que compreende os Estados

do Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal, desde 21 de

outubro de 2005 (OIE, 2007). Cabe ressaltar que em 28 de junho de 2007 uma

nova sistematização de definição de foco de aftosa foi adotada pela OIE,

conforme Figura 2.2.

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31

Área de exportação Área de proibição

1 – CUIABÁ 2 – CÁCERES 3 – LUCAS DO RIO VERDE 4 – RONDONÓPOLIS 5 – BARRA DO GARÇAS

01 – Cuiabá 02 – Santo Antônio de Leverger 03 – Rosário Oeste 04 – Nobres 05 – Acorizal 06 – Várzea Grande 07 – Nossa Senhora do Livramento 08 – Jangada 09 – Poconé 10 – Chapada dos Guimarães 11 – Barão de Melgaço 17 – Campo Verde 18 – Nova Brasilândia 19 – Planalto da Serra

20 – Cáceres 21 – Porto Espiridião 22 – Mirassol do Oeste 23 – São José dos Quatro Marcos 24 – Glória do Oeste 25 – Araputanga 26 – Reserva do Cabaçal 27 – Jauru 28 – Indiavaí 29 – Figueirópolis d’Oeste 30 – Rio Branco 31 – Salto do Céu 32 – Lambari do Oeste 33 – Pontes e Lacerda 34 – Vila B. da S. Trindade 35 – Comodoro 124 – Campos de Julho 125 – Nova Lacerda

37 – Nova Mutum 38 – Lucas do Rio Verde 39 – Tapurah 40 – Sorriso 41 – São José do Rio Claro 42 – Nova Maringá

43 – Rondonópolis 44 – Pedra Preta 45 – São José do Povo 46 – Jaciara 47 – Juscimenra 48 – Dom Aquino 49 – São Pedro da Cipa 50 – Paranatinga 51 – Primavera do Leste 52 – Alto Araguaia 53 – Alto Garças 54 – Alto Taquari 55 – Itiquira 56 – Poxoréu 57 – Guiratinga 58 – Tesouro 122 – Nova Ubiratan 123 – Gaúcha do Norte

59 – Barra do Garças 60 – Pontal do Araguaia 61 – General Carneiro 62 – Araguaiana 63 – Canarana 64 – Ribeirão Cascalheira 65 – Querência 66 – Água Boa 67 – Campinápolis 68 – Cocalinho 69 – Novo São Joaquim 70 – Nova Xavantina 71 – Torixoréu 72 – Ponte Branca 73 – Araguainha 74 – Ribeirãozinho

6 – SINOP 7 – SÃO FRANCISCO DO ARAGUAIA 8 – BARRA DO BUGRES 9 – ALTA FLORESTA 10 – JUINA 75 – Sinop 76 – Cláudia 77 – Vera 78 – Marcelândia 79 – Santa Carmem 80 – Juara 81 – Porto dos Gaúchos 82 – Novo Horizonte do Norte 83 – Tabaporã 84 – Colíder 85 – Itaúba 86 – Nova Guarita 87 – Terra Nova do Norte 88 – Guarantã do Norte 89 – Matupá 90 – Peixoto de Azevedo 119 – Novo Mundo 120 – Feliz Natal 121 – União do Sul

91 – São Francisco do Araguaia 92 – São José do Xingu 93 – Alto da Boa Vista 94 – Luciara 95 – Porto Alegre do Norte 96 – Confresa 97 – Canabrava do Norte 98 – Vila Rica 99 – Santa Terezinha

100 – Barra do Bugres 101 – Nova Olímpia 102 – Denise 103 – Porto Estrela 104 – Tangará da Serra 105 – Campo N. do Parecis 107 – Arenápolis 108 – Alto Paraguai 109 – Nortelândia 110 – Nova Marilândia 111 – Santo Afonso 36 – Diamantino 126 – Sapezal

112 – Monte V. do Norte 113 – Apiacas 114 – Nova Bandeirantes 115 – Paranaita 116 – Alta Floresta 117 – Nova Canaã do Norte 126 – Carlinda

12 – Juina 13 – Castanheira 14 – Cotriguaçu 15 – Juruena 16 – Aripuanã 106 – Brasnorte

Fonte: Adaptado de FEFA (2007) e INDEA-MT (2007). Figura 2.1 – Regionalização dos municípios habilitados para exportação no Esta-

do de Mato Grosso segundo UE.

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32

Risco desconhecido20 Área livre de febre aftosa com vacinação21 Área livre de febre aftosa sem vacinação Área livre de febre aftosa com vacinação22 Médio risco ou zona tampão23

Fonte: INDEA-MT (2007).

Figura 2.2 – Regionalização dos municípios habilitados para exportação no Bra-sil segundo OIE.

20 Não tem classificação para febre aftosa. 21 Reconhecida internacionalmente pela OIE. 22 Reconhecida nacionalmente, com status internacional suspenso temporariamente. 23 Querem o reconhecimento nacional.

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33

A instrução normativa de n.º 25, de 28 de junho de 2007, inclui na zona

livre de febre aftosa com vacinação, com reconhecimento internacional, a região

Centro-Sul do Estado do Pará, constituída pelos municípios e partes de

municípios relacionados (Anexo C).

Apesar de o princípio da regionalização contribuir para que o Brasil

continue exportando para alguns mercados, mesmo não tendo erradicado a

doença em todo seu território, alguns mercados-chave para o comércio da carne

bovina, como é o caso do Japão, que importa carne e cortes de alta qualidade, e

os EUA, que importam grandes volumes de carne dianteira para fabricação de

hamburguers, não são atendidos pelo Brasil, uma vez que esses países só

adquirem carne in natura de regiões livres de aftosa sem vacinação. Assim para

esses mercados o princípio da regionalização não é válido.

Já o mercado europeu importa o produto brasileiro com barreiras

baseadas em cotas preestabelecidas, além dos certificados de saúde pública

exigidos pela própria União Européia (APPCC, BRC, DG/SAMCO,

EUREPGAP). Esse mercado tem aceitado a carne brasileira proveniente de

regiões livres de febre aftosa. Nas regiões brasileiras em que ocorreram focos da

doença a exportação foi interrompida.

Outro acordo que deve ser elucidado é o Acordo de Barreiras Técnicas

sobre o Comércio visando garantir normas técnicas e de certificação que

acarretou aumento de custos, mas proporcionou maior confiabilidade na origem e

qualidade do produto no mercado internacional.

Segundo Baptista et al. (2007), em julho de 2007, Mato Grosso recebeu

visita do diretor da O’Connor and Company, Jogi Humberto Oshiai, que trabalha

com a comercialização da América Latina com a União Européia. Oshiai

declarou que Mato Grosso está se adequando ao mercado internacional e que há

deficiências que não dependem apenas desse estado, mas também do governo

federal. Afirmou ainda que a rastreabilidade não deve ser entendida como custo,

mas como benefício, com agregação de valor e segurança alimentar. Assim,

precisa atender às exigências do mercado externo e negociar melhor os preços,

adequando a produção de carne bovina brasileira para que o Brasil não seja

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34

apenas o maior exportador de carne bovina em volume, mas em qualidade

juntamente com a rastreabilidade.

2.5. Cotas

As cotas de maior importância para o mercado de carne bovina são:

Hilton, GATT e A&B.

A cota Hilton é a que a União Européia distribui entre os países que

exportam carne bovina in natura fresca, resfriada ou congelada para esse

mercado, pelos prejuízos causados por suas políticas agrícolas protecionistas,

variando de acordo com cada país. Essas cotas possuem uma taxa de importação

de 20% ad valorem24. A cota brasileira é de 5 mil toneladas anuais que são

distribuídas entre as empresas, conforme a Portaria n.o 13, de 20 de junho de

200625. Dessa forma, envolve cortes selecionados com altos preços; de maneira

geral, uma tonelada de carne da cota Hilton equivale a várias toneladas de outras

carnes de qualidade inferior. Enquanto o Brasil conta com apenas 5 mil t de cota

Hilton, a Argentina tem 28 mil t e o Uruguai, 8,3 mil t. Participam também da

cota Hilton a Austrália, a Nova Zelândia, os EUA e o Canadá, entre outros

países.

A cota Hilton exige carne especial de novilhos precoces, de até 30 meses

de idade e 450 kg de peso vivo. Para essa cota aproveita-se apenas 8% do peso da

carcaça dos novilhos.

A cota GATT, estabelecida pelo GATT (Acordo Geral de Tarifas e

Comércio) surgiu na década de 1970, quando a Europa restringiu a importação de

carne in natura congelada em 54.000 toneladas, variando de acordo com as

necessidades dos países que compõem a União Européia. Conforme Miranda

(2001), 80% dessa cota é dividida entre os importadores europeus, com o

objetivo de premiar os importadores tradicionais, restando aos novos

24 Tarifa que incide sobre o valor da mercadoria. 25 Portaria que define a cota Hilton e a distribuição entre as empresas nacionais do contingente exportável

de 5.000 toneladas de carne bovina in natura, na modalidade “cota Hilton”, concedida pela União Européia ao Brasil, através do Regulamento (CE) n.º 936/97, de 27 de maio de 1997.

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35

importadores à divisão do restante. A distribuição da cota ocorre por licenças de

importação, e as empresas podem comprar a carne bovina de qualquer país. Essa

cota é menos valorizada que a cota Hilton, pois inclui outros cortes do quarto

traseiro de qualidade inferior, admitindo animais mais pesados de 480 kg.

A cota A&B, que vigorou até o início de 1980, sendo substituída pela

Autônoma Extra entre 1988 e 1993, foi reintroduzida na década de 1990 e incide

sobre a carne congelada da indústria exportadora. O Brasil detém

aproximadamente 5 mil toneladas, do total de 50 mil toneladas, em peso

equivalente-carcaça da cota.

A variação de cotas entre os países tem provocado restrições nas

exportações de carne bovina brasileira. Enquanto nos EUA predomina uma cota

global para a carne bovina em torno de 700 mil toneladas, na Austrália, cotas de

380 mil toneladas, e na Nova Zelândia, de 210 mil toneladas, o Brasil tem que

competir com outros países por uma cota de 65 mil toneladas.

No Japão, a cota para couros é de 848 metros quadrados, e as

importações intracota estão sujeitas a tarifas entre 6,8 e 9% e a extracota, a 30%

(FRIGOLETO, 2007).

Acordos sanitários bilaterais têm facilitado o acesso ao mercado dos

Estados Unidos. Ao Uruguai e à Argentina foram concedidas cotas de 20 mil

toneladas.

As cotas, de forma geral, resultaram na formação de um mercado

secundário, sendo comum os importadores, detentores das licenças,

comercializarem-nas com outras empresas.

2.6. Subsídios

Os subsídios recebidos pelos países desenvolvidos têm prejudicado o

acesso ao mercado com uma concorrência desleal, fazendo com que produtores

competitivos sejam excluídos do comércio internacional. Estudo da OCDE

(2007) aponta que países ricos subsidiam o setor de carnes de forma direta ou

indiretamente em US$ 38,5 bilhões, perdendo apenas para o setor lácteo, que é

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subsidiado em US$ 50,1 bilhões. A UE é apoiada por uma série de medidas, que

vão desde o preço mínimo até seis diferentes tipos de programas de subsídios. No

setor da carne bovina, a UE tem um sistema de subsídios para armazenamento e

compra dos excedentes de carne bovina, assim como outras transferências ao

setor, a fim de que o sistema funcione de forma consistente e garanta renda

adequada aos produtores. Nos Estados Unidos, o protecionismo é efetivado

através de entraves técnicos e sanitários. Como não há acordo de equivalência

técnica e sanitária, incluindo avaliação de risco, entre o Brasil e os EUA, foram

impostas exigências que praticamente inviabilizam as exportações brasileiras de

carne in natura. Além das barreiras técnicas e sanitárias, existem subsídios

maiores que os brasileiros.

No Brasil, o apoio à agricultura é mais modesto quando comparado ao de

outros países competidores. Segundo a OCDE, o setor de carne bovina brasileiro

representa apenas 1,9% da receita bruta na agricultura como subsídios (Figura

2.3).

Fonte: OCDE (2006).

Figura 2.3 – Subsídios brasileiros da agricultura.

17,2

12,3

6,1 5,83 2,4 2,3 1,9 1,7 1,2 1,2

0 2 4 6 8

1012141618

Arroz Algodão Trigo Milho Café Soja LeiteCarne bovina

Cana de acúcar Carne suínaCarne avícola

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37

A Estimativa de Apoio ao Produtor (Producer Support Estimate – PSE) é

um indicador do valor monetário anual das transferências brutas dos

consumidores e pagadores de impostos para os pecuaristas, medidos em nível de

porteira da fazenda, as quais são oriundas de medidas de políticas de apoio à

produção pecuária, independentemente de sua natureza, objetivos ou impactos na

produção ou renda da atividade. Inclui suporte a preços de mercado e

pagamentos orçamentários, como aqueles com base em produção corrente,

número de animais, históricos de titulação, uso de insumos, restrições de insumos

e renda em geral da propriedade. A PSE percentual (PSE%) mede estas

transferências como parcela das receitas agrícolas brutas dos produtores como

um todo.

Já a Estimativa de Apoio ao Consumidor (Consumer Support Estimate –

CSE) é um indicador do valor monetário anual das transferências brutas para os

consumidores de commodities agrícolas (neste caso, carne bovina) medidos em

nível da porteira da fazenda, oriundos de medidas de políticas de apoio à

produção pecuária, independentemente de sua natureza, objetivos ou impactos no

consumo de produtos agrícolas. Se negativa, a CSE mede o peso das políticas

agrícolas sobre os consumidores, de preços mais elevados ou taxas ao consumo,

ou, se positiva, os subsídios que reduzam os preços aos consumidores. A CSE

percentual mede a taxa implícita (ou subsídio, se a CSE é positiva) sobre os

consumidores como uma parcela das despesas de consumo em nível da porteira

da fazenda (Figura 2.4).

Observando as PSEs, verifica-se que para o produtor brasileiro de carne

bovina ocorreu um apoio médio (2002 a 2004) de apenas 1,9% da receita

agrícola bruta brasileira, abaixo da média geral de outros produtos agrícolas

brasileiros, que foi de 3% no mesmo período. Se considerarmos o período 1995-

2004, esta média foi ainda menor, de apenas 1,26% para a PSE.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

38

-80,00

-70,00

-60,00

-50,00

-40,00

-30,00

-20,00

-10,00

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Anos

PSE%

e C

SE%

Australia PSE Australia CSE Canada PSE Canada CSEUnião Européia PSE União Européia CSE Japão PSE Japão CSEEstados Unidos PSE Estados Unidos CSE Brasil PSE Brasil CSEChina PSE China CSE Russia PSE Russia CSE

União Européia PSE

Russia PSE

Japão PSE

Russia CSE

União Européia CSE

Japão CSE

Canadá PSE

Fonte: OCDE (2007).

Figura 2.4 – Estimativas de apoio ao produtor (PSE) e ao consumidor (CSE) de carne bovina, 1995-2004, países selecionados.

Fazendo uma comparação com países selecionados, que são potenciais

competidores e, ou, compradores da carne brasileira (Austrália, Canadá, União

Européia, Japão, Estados Unidos, China e Rússia), a PSE é destacadamente

elevada na Rússia (15,03%), no Japão (33,78%) e na União Européia (66,95%),

considerando-se as médias do período 1995-2004; o Canadá também apresenta

elevada PSE após 2001 (em média 21%). Os Estados Unidos e a Austrália

apresentaram PSE média de 3,85% e 3,64%, respectivamente, no período 1995-

2004, enquanto a China teve uma PSE média de apenas 0,09%.

Para o apoio médio ao consumidor no período 1995-2004 (Tabela 2.7),

as estimativas de CSE evidenciam desincentivos (taxação) da ordem de 52,64%

para os consumidores da União Européia, de 29,23% para os do Japão e de

1,78% para os russos. Já os consumidores norte-americanos são subsidiados em

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

39

seu consumo com CSE média de 10,12%. As CSEs para a China, Austrália,

Brasil e Canadá são menores que 0,25%.

Tabela 2.7 – Valores médios de CSE e PSE do período 1995-2004, países sele-cionados

País Tipo de suporte Valor

Estados Unidos CSE 10,12 China CSE 0,08 Austrália CSE 0,00 Brasil CSE 0,00 Canadá CSE -0,24 Rússia CSE -1,78 Japão CSE -29,23 União Européia CSE -52,64 União Européia PSE 66,95 Japão PSE 33,78 Rússia PSE 15,03 Canadá PSE 11,60 Estados Unidos PSE 3,85 Austrália PSE 3,64 Brasil PSE 1,26 Fonte: OCDE (2007).

Segundo Rocha (2006), a UE em junho de 2006 reduziu os export

refunds, um reembolso que funciona como subsídio da carne bovina exportada

pelos países do bloco. A redução varia entre 10 e 11% para carnes com osso,

desossada e vitelo. Isto ocorreu porque o produto estava em falta na Europa, e

com a queda do export refunds, a Europa perdeu competitividade no mercado

russo, dando oportunidade para as carnes da América do Sul, incluindo a

brasileira.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

40

Segundo Gazeta Mercantil (2007), aproveitando a oportunidade, a

Argentina em 2007 publicou um programa de subsídios à produção de carne

bovina, ajudando o setor que vinha prejudicado com a política econômica de

Kirchner26. Com esse programa de subsídio argentino, a carne brasileira pode ser

prejudicada, visto que a Argentina é um concorrente direto da carne bovina

brasileira.

Assim, as políticas de restrição às importações, como cotas, tarifas e

subsídios, causam desvios de comércio significativos para este mercado. Para se

defender o setor é necessário adotar medidas com programas que o promovam.

2.7. Ação nacional

Através da Associação Brasileira de Marketing Rural (ABMR), da

Associação de Criadores de Nelore do Brasil (ACND) e do Fundo de

Desenvolvimento da Pecuária do Estado de São Paulo (FUNDEC), em 2001 foi

criado o Serviço de Informação da Carne (SIC), para informar ao consumidor as

características da qualidade e os benefícios da carne bovina. Os principais

objetivos do SIC são: melhorar o conhecimento do público em relação à carne

bovina; divulgar informações corretas sobre a carne bovina, com base no

conhecimento científico e voltadas tanto para os formadores de opinião como

para os consumidores; orientar o consumidor na escolha de alimentos; esclarecer

mitos e preconceitos sobre a carne bovina. No mercado externo, os principais

programas exigidos, são: rastreabilidade, Análise de Perigos e Pontos Críticos de

Controle de Qualidade (APPCC) e Boas Práticas de Fabricação (BPF).

A APPCC ou HACCP (sigla em inglês) é um sistema de controle que

aborda a segurança do alimento através da análise e controle dos riscos físicos,

químicos e biológicos, desde a produção da matéria-prima, suprimento e

manuseio, fabricação, distribuição e consumo do produto acabado. Esse sistema é

baseado nos seguintes princípios: executar uma análise de risco; determinar os

26 Para manter a taxa de inflação inferior a 10%, ocorreu um controle dos preços dos alimentos internos

limitando as exportações de alguns produtos inclusive da carne bovina.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

41

pontos críticos de controle (PCCs); estabelecer os limites críticos; estabelecer os

procedimentos de monitoramento; estabelecer ações corretivas; estabelecer os

procedimentos de verificação; e estabelecer os procedimentos de registro e

documentação.

As BPF abrangem um conjunto de medidas que devem ser adotadas

pelas indústrias de alimentos a fim de garantir a qualidade sanitária e a

conformidade dos produtos alimentícios com os regulamentos técnicos. A

legislação sanitária federal regulamenta essas medidas em caráter geral, aplicável

a todo tipo de indústria de alimentos e específico, voltadas às indústrias que

processam determinadas categorias de alimentos, garantido qualidade às

exportações.

Existem outros programas de qualidade com menor exigência no

mercado internacional, mas que têm sido utilizados em alguns frigoríficos

brasileiros, proporcionando melhor qualidade à carne, como o ISO (qualidade,

meio ambiente e responsabilidade social); o Procedimento de Padrão de Higiene

Operacional (PPHO)27; o Gerenciamento da Rotina de Trabalho do Dia-a-Dia; o

Gerenciamento pelas Diretrizes; a Manutenção Preventiva/Preditiva; e o

Gerenciamento Matricial.

Outro programa de importância é a Garantia de Origem para carne

bovina, da rede de supermercados Carrefour, que foi lançado em Cuiabá no ano

de 2000, o qual considera a produção dos animais de maneira ecológica e

socialmente correta, proporcionando um diferencial de qualidade no mercado.

Além desses programas citados, a Associação Brasileira da Indústria

Exportadora de Carne (ABIEC) e a Agência de Promoção de Exportação e

Investimento (APEX) têm desenvolvido um programa denominado Brazilian

Beef, que visa à divulgação da carne bovina brasileira no mercado externo.

Apesar de tímido, o programa tem promovido estratégias de Marketing

Institucional para o mercado externo, com a criação de marcas e embalagens, que

tem sido uma forma de assegurar mercado.

27 PPHO são Procedimentos-Padrão de Higiene Operacional, que devem ser desenvolvidos e

implementados em todos os estabelecimentos do setor alimentar. Há quatro requisitos regulamentares para os PPHOs. São eles: implementação e monitoramento, manutenção, ações corretivas e registro.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

42

Outra entidade de defesa da carne bovina é a Associação Brasileira da

Pecuária (ABRAPEC), que visa a produção de carne bovina de qualidade, através

de prêmios recebidos pelos produtores do Frigorífico Bertin que podem variar de

2 a 6% sobre o preço da arroba.

O Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados (SINDICARNE), que

existe em vários estados, como Paraná, Santa Catarina, Goiás e Maranhão, tem

combatido as práticas desleais de comércio, incentivando a livre concorrência e o

perfeito entrosamento com os trabalhadores que colaboram para o

desenvolvimento do setor. O SINDICARNE vem empenhando-se em prol do

progresso econômico da indústria de carnes brasileira, objetivando a melhoria

das condições nutricionais da população e a valorização contínua dos produtos de

origem animal. Através da busca incessante de um melhor entrosamento com os

demais elos da cadeia produtiva, o SINDICARNE também tem contribuído para

a obtenção de novos mercados e empenhado-se na busca da excelência sanitária e

da qualidade total, premissas básicas para o desenvolvimento sustentado do

nosso setor em um novo ambiente globalizado.

A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), que representa

cerca de 15 mil associados (no Brasil e no exterior), é uma entidade nacional que

coordena e centraliza todas as atividades relacionadas ao zebu nas áreas técnica,

política e econômica. Na área internacional, a cada ano, a ABCZ aumenta o seu

relacionamento, seja por intercâmbio com os embaixadores de todo o mundo,

seja pelo trabalho em conjunto com a Federação Internacional dos Criadores de

Zebu (FICEBU) e Confederación Interamericana de Ganaderos (Ciaga),

entidades que se reúnem para discutir assuntos de interesse da classe. Em 2003,

a ABCZ, juntamente com outras empresas e entidades do setor, criou o consórcio

de exportação Brazilian Cattle Genetics. O objetivo é divulgar a genética

zebuína, gerar negócios e agregar valor à pecuária zebuína brasileira.

No setor de couros, o governo de Mato Grosso incentiva a cadeia

produtiva do couro por meio do Programa de Desenvolvimento Regional para

estimular as pequenas e médias indústrias de artefatos de couro, promover o

desenvolvimento da economia do estado e fortalecer a competitividade, a

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

43

diversificação e a agregação de valor, através de incentivos fiscais. Há ainda o

Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), no segmento

empresarial, à disposição dos empresários.

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CAPÍTULO III

REFERENCIAL CONCEITUAL

Nesta pesquisa, optou-se por seguir, como metodologia de análise

fundamental, o enfoque sistêmico de produto (Commodity Systems Approach -

CSA). De forma adicional, complementa-se essa abordagem com as

contribuições teóricas do Supply Chain Management (SCM). A opção por essa

análise conjunta deve-se, fundamentalmente, à adequação dos modelos e ao fato

de, em experiências anteriores, a complementaridade entre essas abordagens

teóricas ter favorecido significativamente a realização de outros estudos sobre

cadeias produtivas agroindustriais28.

Dentre os trabalhos desenvolvidos no país, destaca-se a pesquisa sobre a

cadeia produtiva agroindustrial da bovinocultura de corte brasileira, realizada

entre 1999 e 2000, sob a coordenação da Universidade Federal de Viçosa (UFV)

e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), tendo por instituições

28 O termo Cadeia Produtiva (ou Cadeia de Produção) refere-se, na percepção de Batalha et al (1997, p.

26) a “uma sucessão de operações de transformação dissociáveis, capazes de ser separadas e ligadas entre si por um encadeamento técnico” ou “ um conjunto de relações comerciais e financeiras que estabelecem, entre todos os estados de transformação, um fluxo de troca, situado a montante e a jusante, entre fornecedores e clientes”. Nesta pesquisa, que tem por objeto de análise a bovinocultura de corte, utiliza-se a denominação Cadeia Produtiva Agroindustrial (CPA), Cadeia Produtiva (subentendendo-se tratar de setor agroindustrial) ou mesmo Cadeia Agroindustrial.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

45

financiadoras o Instituto Evaldo Loddi (IEL), o Serviço Brasileiro de Apoio às

Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e a Confederação Nacional da

Agricultura e Pecuária (CNA).

A pesquisa, que mobilizou amplo número de agentes, foi um marco

conceitual e empírico que alavancou a realização de outras análises sobre cadeias

agroindustriais. Sob a coordenação técnica dos professores Carlos Arthur

Barbosa da Silva (UFV) e Mário Otávio Batalha (UFSCar), a equipe de docentes

e técnicos envolvidos no projeto, de ampla formação básica, conseguiu

identificar gargalos importantes e propor alternativas sólidas de melhoria das

condições de eficiência e competitividade da cadeia da bovinocultura de corte em

âmbito nacional. Por conseguinte, o escopo analítico utilizado serve, nesta

pesquisa, como referência fundamental.

De fato, a utilização conjunta desses dois modelos é interessante, porque

o primeiro (CSA) está mais relacionado à observação macro do sistema e as

medidas de regulação dos mercados, geralmente implementadas por órgãos

governamentais, enquanto o segundo (SCM) enfoca os mecanismos de

coordenação do sistema implementados por seus próprios integrantes (empresas

privadas).

De acordo com Silva e Batalha (1999), a abordagem sistêmica do CSA

está fundamentada em estudos originalmente desenvolvidos nas ciências

biológicas e engenharias, que encontraram receptividade em outras disciplinas a

partir da década de 1940. Em sua definição clássica, “um sistema é compreendido por dois aspectos: uma coleção de elementos e uma rede de relações funcionais, as quais atuam em conjunto para o alcance de algum propósito determinado. De forma geral, esses elementos interagem por meio de ligações dinâmicas, envolvendo o intercâmbio de estímulos, informações ou outros fatores não específicos, tal como ocorre na área das ciências sociais” (SEBRAE, 2000).

Ainda de acordo com Silva e Batalha (1999), a principal característica

dessa definição é que a interdependência dos componentes é reconhecida e

enfatizada. Como exemplo, os autores citam que em análises sobre o

desempenho de sistemas não é incomum a identificação de problemas que,

embora aparentes apenas em determinado componente, tenham sua origem em

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

46

outros componentes remotamente localizados no espaço ou no tempo. É nesse

aspecto que as considerações de Staaz (1997) ganham relevância. Segundo a

autora, citada de forma destacada por Silva e Batalha (1999), as inter-relações

dos elementos de um sistema, geralmente, envolvem mecanismos de propagação

e realimentação, os quais dificultam a identificação de ciclos de causa-efeito ou

de estímulo-resposta, a partir de análises tradicionais segmentadas por elementos.

O enfoque sistêmico do produto é guiado por cinco conceitos-chave:

1) Verticalidade – significa que as condições em um estágio são provavelmente

influenciadas fortemente pelas condições em outros estágios do sistema.

2) Orientação por demanda – a idéia aqui é que a demanda gera informações que

determinam os fluxos de produtos e serviços através do sistema vertical.

3) Coordenação dentro dos canais – as relações verticais dentro dos canais de

comercialização, incluindo o estudo das formas alternativas de coordenação,

como contratos, mercado aberto etc., são de fundamental importância, motivo

pelo qual serão consideradas em maiores detalhes mais adiante.

4) Competição entre canais – um sistema pode envolver mais que um canal (por

exemplo, exportação e mercado doméstico), restando à análise sistêmica de

produto entender a competição entre os canais e examinar como alguns canais

podem ser criados ou modificados para melhorar o desempenho econômico.

5) Alavancagem – a análise sistêmica tenta identificar pontos-chave na seqüência

produção-consumo, em que ações podem ajudar a melhorar a eficiência de

grande número de participantes da cadeia de uma só vez.

A partir do final dos anos de 1960, quando se ampliou a necessidade de

melhor compreender as formas de organização das cadeias agroalimentares

norte-americanas, que, à época, passavam por transformações significativas nos

padrões de controle e coordenação vertical, vários estudos de cadeias produtivas

foram realizados. De acordo com SEBRAE (2002), essa mesma perspectiva

orientou também, na década de 1970, uma série de estudos, visando à melhoria

das cadeias de comercialização de produtos agroalimentares na América Latina,

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

47

incluindo o Brasil29. Esses estudos, mais recentemente, vêm servindo de

referência para novos estudos de comercialização e segurança alimentar na

América Latina e África30.

Ainda com base em orientações de Silva e Batalha (1999), outra

característica fundamental do enfoque sistêmico é que o sistema não se constitui

a mera soma das partes de um todo. Admite-se que o sistema expresse uma

totalidade composta dos seus elementos constituintes, como, no caso desta

pesquisa, produtores de carne de Mato Grosso (individuais e suas associações),

frigoríficos, sindicatos etc. Entretanto, “a noção de sistema é maior do que a

soma das partes, ou seja, deve-se demonstrar que o sistema se caracteriza pelos

padrões de interações das partes e não apenas pela agregação destas”.

Em face dessa visão, pode-se assegurar que a identificação dos

elementos, juntamente com as suas propriedades isoladas, não é suficiente para

expressar um sistema. Nessa estrutura conceitual, o sistema agroindustrial

provém de padrões sistemáticos de interação dos produtores, sindicatos, usinas,

indústrias de alimentos e farmacêutica, varejo, consumidores etc. e não da

agregação de propriedades desses componentes.

Recentemente, dentro da mesma lógica de sucessão de etapas produtivas,

logísticas e comerciais definindo um espaço de análise interessante para

incrementar a eficiência do sistema, foi desenvolvida a noção de Supply-Chain

Management (SCM) ou Gestão da Cadeia de Suprimentos. A noção básica dessa

abordagem se aproxima muito da estabelecida pela CSA. Segundo Bowersox e

Closs (1996), o SCM baseia-se na crença de que a eficiência ao longo do canal

de distribuição pode ser melhorada pelo compartilhamento de informação e

planejamento conjunto entre seus diversos agentes. Canal de distribuição aqui

poderia ser entendido como todo o percurso pelo qual passa a carne bovina desde

a propriedade rural até o destino final, ou seja, a mesa do consumidor. Esse

conceito é relevante para o estudo de cadeias produtivas, pois tem como foco a

29 Esses estudos estão publicados na série “Marketing in Developing Communities Series”, da Michigan

State University. 30 Alguns desses trabalhos estão resumidos no livro “Prices, Products and People”, editado por Gregory

Scott (Lynne Rienner Publishers, Boulder, 1995).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

48

coordenação e a integração de atividades relacionadas ao fluxo de produtos,

serviços e informações entre os diferentes agentes.

Das questões básicas que afetam a cadeia agroindustrial aqui estudada, a

noção de Supply-Chain Management será importante nas discussões que

envolvem problemas de coordenação entre os elos/agentes das cadeias,

redistribuição de tarefas entre os elos e os novos padrões de consumo que

envolvem o valor que o consumidor (intermediário e final) percebe como

diferenciais na decisão de compra. O conjunto de idéias ligado às noções de CSA

e de filière (cadeia produtiva) vem tendo grande sucesso na comunidade

acadêmica, governamental e empresarial como ferramenta de compreensão do

funcionamento das cadeias agroindustriais. No entanto, ao mesmo tempo em que

estas idéias são de grande utilidade na elaboração de políticas setoriais públicas e

privadas e aplicáveis ao conjunto de atores de dada cadeia produtiva, elas têm-se

revelado menos eficientes em apontar às empresas ferramentas gerenciais que

permitam operacionalizar ações conjuntas que aumentem o nível de coordenação

da cadeia.

A aplicação dos conhecimentos ligados a noção de SCM como forma de

aumentar o nível de coordenação da cadeia ainda é, portanto, pouco explorada no

Brasil e no exterior. Dessa forma, este trabalho, no âmbito do estudo proposto,

pode caracterizar-se como a aplicação de uma nova ferramenta de análise ao

problema da competitividade da bovinocultura de corte mato-grossense,

possibilitando novos resultados e proposição de ações.

Elemento de destaque, neste referencial, diz respeito ao espaço – a

territorialidade – e à dimensão dos agentes – pequenos, médios e grandes – não

só pelas implicações que trazem para a coordenação da cadeia como para a

análise da competição entre canais, reconhecendo-se uma fragilidade maior, ao

estabelecer essas relações, das pequenas e médias empresas.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

49

3.1. Definição e delimitação da cadeia a ser estudada

Para melhor compreensão de uma cadeia produtiva agroindustrial,

observe a Figura 3.1, que mostra que enquanto o produto flui desde a produção

de insumos até o consumo, existe um fluxo de informações em sentido contrário.

Além da eficiência dentro de cada elo da cadeia produtiva, outros três elementos,

contidos nessa figura, são essenciais para a sua avaliação. São eles: o consumo, o

ambiente institucional/atividades de apoio e as relações de mercado entre os elos.

O consumo é o direcionador da cadeia; dele originam-se os sinais que

devem embasar o processo de decisão de todos os seus participantes. Todavia, os

sinais somente serão adequadamente recebidos e processados pelos agentes se as

relações de troca permitirem sua transmissão.

Por último, destaca-se o ambiente institucional/atividades de apoio que,

por meio de leis e instituições, pode tanto alavancar quanto limitar o

funcionamento da cadeia produtiva.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

50

Fonte: Adaptado de Wiazóvsky e Lírio (2002).

Figura 3.1 – Apresentação esquemática da cadeia produtiva da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso.

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CAPÍTULO IV

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

De acordo com a literatura sobre estudos de cadeias agroalimentares,

diversos métodos de busca de informações e análise têm sido empregados,

isoladamente ou de forma combinada para compreender seu funcionamento.

Embora nem sempre a justificativa pela opção metodológica esteja explicitada

em tais estudos, algumas considerações de caráter geral podem ser inferidas,

permitindo a determinação de fatores críticos a serem avaliados a esse respeito.

A diversidade de objetivos dos estudos de cadeias agroalimentares e a

multiplicidade de questões relacionadas com recursos físicos, financeiros e

humanos, disponíveis para os estudos, impedem uma recomendação universal de

opção metodológica para a busca de informações. Em geral, métodos mais

precisos de coleta de informações são mais caros e demorados. De acordo com

Silva e Batalha (1999), em alguns casos, quando o objetivo principal do trabalho

é buscar medidas de intervenção que melhorem o desempenho da cadeia, é

preferível abrir mão do rigor estatístico dos dados em razão de vantagens como

redução de custo e rapidez. Considerando-se as diretrizes e os objetivos do

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

52

presente estudo, o método empírico aqui proposto enquadra-se neste último

enfoque.

Para melhor compreender os objetivos do estudo, sua abrangência e a

limitação do período de execução, recomenda-se, como enfoque metodológico, o

chamado método de pesquisa rápida (rapid assessment ou quick appraisal). Este

enfoque tem sido utilizado em análises de sistemas agroalimentares quando as

restrições de tempo ou de recursos financeiros impedem a realização de

avaliações baseadas em métodos convencionais de pesquisa amostral (surveys),

ou quando o interesse está em obter conhecimento amplo sobre os componentes

do sistema estudado (USAID, 1996; SEBRAE, 2000).

Trata-se, na verdade, de um enfoque bastante objetivo, que utiliza, de

forma combinada, métodos de coleta de informação convencionais e no qual o

rigor estatístico é flexibilizado, em favor da eficiência operacional. Sua

associação ao referencial conceitual sistêmico tem orientado diversos estudos de

sistemas agroalimentares em países em desenvolvimento31. O enfoque proposto é

caracterizado por três elementos principais:

a) O uso maximizado de informações de fontes secundárias.

b) A condução de entrevistas informais e semi-estruturadas com “elementos

chave” da cadeia estudada.

c) A observação direta dos estágios que a compõem.

Os trabalhos foram iniciados pelo exame de informações das fontes

secundárias, o que permitiu uma primeira descrição da organização da cadeia

agroindustrial da bovinocultura de corte, bem como a avaliação do

comportamento passado de algumas variáveis relacionadas com seu desempenho.

O produto desta fase inicial foi um diagnóstico preliminar, que permitiu

a definição mais precisa das necessidades de busca de informações adicionais em

trabalho de campo. Um aspecto importante do enfoque metodológico, nessa fase

inicial, é a preocupação com o questionamento das noções prevalecentes sobre os

aspectos funcionais e de desempenho da cadeia estudada. Há a preocupação em

examinar as hipóteses conhecidas, à luz das evidências identificadas no processo

31 Ver, a respeito, Morris (1995) e Holtzman (1993).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

53

de análise. Assim, geram-se novos conhecimentos e não a mera compilação de

resultados de avaliações anteriores. Para tanto, é necessário complementar os

trabalhos com levantamentos e observações de campo (SEBRAE, 2002;

WORLD BANK, 2007).

Complementando as informações de fontes secundárias, a equipe

executora realizou um amplo processo de observação participativa nas principais

regiões produtoras do Estado de Mato Grosso. A partir da identificação das

principais áreas produtoras, foram mapeados os fluxos físicos, desde a produção

primária até o mercado varejista, observando-se o funcionamento do sistema. Os

atores-chave da cadeia foram identificados neste processo combinado de análise

de informações secundárias e observação participativa.

Em princípio, esses atores são produtores, intermediários, empresas

processadoras, atacadistas, varejistas, associações de classe e outros indivíduos

ou instituições que atuam na cadeia. Pequenas amostras destes agentes foram,

então, definidas para a condução de entrevistas realizadas por grupos de

pesquisadores. O uso de roteiros estruturados de entrevista garantiu a

uniformidade da coleta de informações, mas permitiu aos pesquisadores

flexibilidade, sempre que alguma linha interessante de questionamento seja

revelada nas entrevistas.

Naturalmente, foi preciso desenhar roteiros para cada um dos segmentos

da cadeia agroindustrial da carne bovina (Anexo A). No entanto, privilegia-se,

nessa abordagem metodológica, o caráter sistêmico da análise. Ademais,

manteve-se rigor na coordenação e integração entre as equipes, com constante

troca de informações, garantindo a complementaridade nos processos de coleta e

análise.

Foram, também, realizadas reuniões periódicas entre os membros da

equipe (Viçosa e Cuiabá), sendo também regular o uso dos recursos da internet

(via lista de discussão), teleconferências entre outras estratégias de manutenção

do intercâmbio permanente de informações.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

54

4.1. Dados e procedimentos empíricos

Do ponto de vista prático, a realização da pesquisa requereu bastante

ênfase nos processos de coordenação. Por tratar-se de cadeia produtiva muito

complexa, constituiu-se uma equipe técnica abrangente, composta por

especialistas em Economia, Agronomia, Zootecnia, Medicina Veterinária

Matemática e Administração de Empresas. Esta equipe dividiu-se em subequipes,

de acordo com a vantagem comparativa de seus membros, para a coleta de

informações sobre os diferentes elos da cadeia estudada, a saber: produção de

insumos básicos para a produção, produção primária, abate e processamento e

distribuição (incluído os aspectos relacionados ao consumo).

Coletadas as informações específicas sobre cada elo da cadeia, os

membros da equipe se reuniram para a elaboração do diagnóstico preliminar e

para a definição de busca adicional de informações sobre cada um dos elos da

cadeia. Definidas as novas informações a serem buscadas, as subequipes

realizaram o levantamento a campo, em busca dessas informações utilizadas na

elaboração do relatório final.

Em complementação ao levantamento bibliográfico, portanto, foram

utilizados questionários e entrevistas (semi-estruturadas). Uma das vantagens

desse procedimento refere-se ao fato de que, com esta prática, a coleta de

informações é relativamente rápida. Entretanto, é preciso destacar que o

levantamento de informações, através dessa prática metodológica, possui

também algumas limitações: como os métodos de avaliação ocorrem após os

eventos, os participantes podem esquecer-se de informações importantes ou, se o

questionário é muito extenso, os participantes podem responder superficialmente

(TROCHIM, 2002).

É importante considerar que, no caso da bovinocultura de corte, por ser

uma cadeia produtiva bastante heterogênea, sobretudo no segmento de produção,

não foi possível uma análise agregada. O estado foi dividido em cinco grandes

áreas de análise que, embora possuam algum grau de aderência com a divisão

tradicional (Figura 4.1), foram fruto do agrupamento dos municípios,

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

55

considerando-se fundamentalmente os aspectos edafoclimáticos, de relevo e de

intensidade de uso de tecnologia na produção pecuária. Assim sendo, iniciou-se

com a divisão regional já disponível e, a partir daí, construiu-se uma proposta de

aglutinação dessas regiões, considerando os aspectos já destacados. O resultado

foi a identificação de cinco grandes regiões, nas quais foram realizadas pesquisas

primárias com produtores previamente identificados como agentes-chave,

representativos de cada um de seus locais de origem. Tem-se, portanto, a

seguinte classificação32:

a) Norte-nordeste – engloba as regiões Norte (2), Nordeste (3), Noroeste 1 e 2 (1

e 11), Centro (10) e Centro Norte (12) (Figura 4.1).

b) Centro-sul – engloba as regiões Sudeste (5), Sul (6), Oeste (8), Centro-Oeste

(9) (Figura 4.1).

c) Pantanal – foi analisado em separado, em virtude de suas especificidades

ambientais.

d) Sudoeste – engloba a região de Cáceres (7).

e) Leste – envolvendo a região de mesma nominação (4) (Figura 4.1).

Ao todo, foram entrevistados 59 agentes, sendo 12 representantes do

segmento de insumos, 24 produtores, 5 representantes de abatedouros e

frigoríficos, 5 agentes de distribuição e 13 representantes de agências e

instituições. Além das entrevistas, foram encaminhados, com a finalidade de

aprimorar o levantamento, questionários para os sindicatos e cooperativas em

funcionamento no Estado de Mato Grosso33.

32 Destaca-se que as regiões 9 e 10 não foram visitadas in loco por ocasião do levantamento primário de

dados. No entanto, antevendo essa necessidade, os entrevistados das regiões circunvizinhas foram chamados a prestar esclarecimentos e comentar sobre a realidade dessas localidades.

33 Foram recebidos 76 questionários.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

56

Fonte: Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral de Mato

Grosso (2007).

Figura 4.1 – Divisão regional utilizada na pesquisa (levantamento primário e análise dos dados), Mato Grosso – Brasil.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

57

Após o levantamento primário, na avaliação dos padrões de eficiência da

cadeia produtiva, o estudo tomou por base a metodologia originalmente proposta

por Van Duren et al. (1991), adaptada por pesquisadores da Universidade Federal

de Viçosa (UFV) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Nesse

enfoque, já utilizado em diagnósticos de cadeias produtivas agroindustriais,

considerou-se que a eficiência em um sistema produtivo é determinada por

fatores diversos, sobre os quais é possível, ou não, o exercício de controle pelas

empresas ou pelo governo. Assim, no primeiro passo, cada elemento foi

classificado como controlável, quase controlável ou não-controlável pelos

agentes que participam da cadeia produtiva analisada34.

4.1.1. Variáveis escolhidas e tratamento dos dados

Para a avaliação dos padrões de competitividade da cadeia foi

considerado que a eficiência em um sistema produtivo é determinada por fatores

diversos, sobre os quais é possível ou não o exercício de controle pelas empresas

ou pelo governo. Assim, conforme reportado na seção anterior, cada elemento foi

primeiramente classificado como controlável, quase-controlável ou não-

controlável pelos agentes que participam da cadeia produtiva analisada.

Em seguida estes fatores, aqui classificados como direcionadores, foram

agrupados em seis grandes blocos: tecnologia, gestão, relações de mercado,

insumos, estrutura de mercado e ambiente institucional. A partir de então os

direcionadores foram desdobrados em subfatores, que foram identificados e

analisados quanto à intensidade em que contribuem, favorável ou

desfavoravelmente, para a eficiência dos setores. Assim sendo, o direcionador

tecnologia no âmbito da produção foi, por exemplo, desdobrado nos subfatores,

tecnologia disponível, qualidade das pastagens etc.

34 O grau de controlabilidade varia de acordo com a capacidade de controle que o agente pertencente a

cada um dos elos tem sobre as tomadas de decisão setoriais. Diz-se que a variável é controlável, quando sua condução deriva integralmente da conduta do agente; quase controlável, quando há alguma interferência de outro elo, ou do ambiente em que se insere; controlável pelo governo (quando a decisão é governamental); ou incontrolável, quando não é possível prever ou conduzir os movimentos (aleatórios) da variável sob avaliação.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

58

A partir das informações coletadas nas entrevistas e na pesquisa

preliminar (revisão de literatura), cada subfator recebeu uma pontuação. Na soma

final, os subfatores de cada direcionador têm que somar peso 1,00. A pontuação

dada a cada direcionador orienta-se pela escala de Likert, que varia de –2 a 2,

sendo que a pontuação –2 classifica o direcionador como Muito Desfavorável, –1

como Desfavorável, 0 como Neutro, 1 como Favorável e 2 como Muito

Favorável.

De acordo com Trochim (2002), a escala de Likert (LIKERT, 1932)

apresenta um “jogo de indicações da atitude”. Os assuntos são medidos para

expressar o acordo ou o desacordo dos indivíduos em relação ao objeto de

estudo. A cada grau de acordo ou desacordo, ou seja, a cada resposta dos

indivíduos, é dado um valor numérico dentro da escala, que varia de –2 a 2. Essa

escala é um método unidimensional, em que devem ser seguidas algumas etapas

básicas para seu desenvolvimento:

a) Definir o foco: a primeira etapa é definir o objeto a ser medido.

b) Gerar a base da escala (direcionadores e subfatores): pode ser criada pelo

pesquisador, baseada na compreensão íntima do objeto estudado ou

desenvolvida com base em pesquisas já realizadas sobre o assunto35.

c) Avaliar a escala: a etapa seguinte é fazer uma avaliação dos direcionadores e

subfatores que caracterizam a escala. Nesse caso, como comentado, a escala

varia de –2 a 2, em que a pontuação –2 classifica o direcionador como muito

desfavorável, –1 como desfavorável, 0 como neutro, 1 como favorável e 2

como muito favorável.

d) Verificar as inter-relações entre direcionadores: a etapa seguinte é computar

as inter-relações entre todos os pares dos artigos, com base nas avaliações

feitas na etapa anterior.

e) Administrar a escala: esta é a etapa em que a escala de Likert se encontra

pronta para ser utilizada.

35 Essa foi a opção da pesquisa. A base da escala (direcionadores e subfatores) foi escolhida tendo por

referência trabalhos já publicados para as cadeias agroindustriais desenvolvidos pelo SEBRAE Nacional.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

59

Dessa forma, na pesquisa, o procedimento consistiu em etapas

organizadas: os direcionadores foram desdobrados em subfatores, que foram

identificados e analisados de acordo com a intensidade com que contribuem,

favorável ou desfavoravelmente, para a competitividade do sistema36. A partir

das informações coletadas nas entrevistas (pesquisa de campo) e na pesquisa

preliminar (revisão de literatura), cada subfator recebeu uma pontuação, e a

análise realizada para cada direcionador orientou-se pela escala de Likert,

agregando as avaliações dos subfatores ao nível dos direcionadores. A escala

qualitativa, então, recebeu uma transformação numérica no intervalo de –2 a +2,

com gradação unitária. Atribuíram-se, ainda, pesos diferenciados aos subfatores,

pois se sabe que esses possuem impactos não uniformes sobre o resultado da

avaliação de cada direcionador. Com esse procedimento, a avaliação final dos

direcionadores é dada pela fórmula:

∑=

=n

iiiWZY

1

em que Y é avaliação final do direcionador; Zi, avaliação dada ao subfator i; Wi,

peso atribuído ao subfator i; e n, número de subfatores constituintes do

direcionador.

A partir desse procedimento, tornou-se possível a elaboração de gráficos

que ilustram, de forma condensada, os resultados finais da avaliação. Na verdade,

o cruzamento dos dados disponíveis na forma tabular e sua posterior formatação

gráfica permitem a identificação dos principais estrangulamentos na cadeia

produtiva e a construção de proposições para sua superação. Conforme

observado por Silva e Batalha (1999), “deve ser ressaltado que, a rigor, a utilização de escalas como a empregada neste diagnóstico permite, tão somente, o ordenamento e classificação relativa da intensidade dos subfatores analisados, não sendo totalmente apropriado o tratamento quantitativo dos valores atribuídos. No entanto, é prática usual nas Ciências Sociais a suposição que medidas ordinais, como a aqui adotada, são aproximações de intervalos iguais de medição. Aceitando-se essa premissa, pode-se então tratá-las quantitativamente. Exemplos de estudos que utilizam

36 Maiores informações podem ser encontradas em SEBRAE (2001).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

60

combinações quantitativas de valores ordinais são freqüentes nas áreas de localização industrial e análises de impactos ambientais.”

Feita esta exposição, discute-se, em seqüência, as especificidades

regionais da atividade de bovinocultura de corte no Estado de Mato Grosso e os

aspectos mais relevantes do Ambiente Institucional no qual se insere a cadeia

produtiva em análise.

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CAPÍTULO V

CARACTERIZAÇÃO DA BOVINOCULTURA DE CORTE NO ESTADO DE MATO GROSSO

5.1. Introdução

A pecuária é caracterizada nas instâncias institucionais brasileiras como

a atividade do processo produtivo no qual se trata dos animais vivos

domesticados de toda a natureza, a saber: cavalares, bovinos, ovinos e caprinos,

suínos e aves. Para este estudo caracteriza-se a atividade produtora de bovinos

em geral e seus reprodutores de raças puras, fêmeas prenhes ou cria ao pé, ou

seja, toda subclasse 01.512/01 do Código Nacional de Atividades Econômicas –

CNAE 2.0. Portanto, a cadeia produtiva da pecuária de corte conceitualmente é

aquela na qual se encontra a criação de bovinos para corte ou trabalho, além da

produção de sêmen bovino.

A atividade de bovinocultura em Mato Grosso responde por diferentes

aspectos do processo histórico e econômico relativo à ocupação do território e

sua manutenção, mesmo considerando as diferentes porções desmembradas,

como em Mato Grosso do Sul e Rondônia, onde continua sendo uma importante

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62

atividade. Essa evidência pode ser ressaltada levando-se em conta que o rebanho,

em 1995, ocupava a maior porção de terras do estado, detendo 21 milhões de

hectares (SEPLAN-MT, 1998). Em 2006, o rebanho foi estimado em 26.172.578

cabeças, das quais 99,45% foram vacinadas, nas 105.961 unidades com atividade

pecuária, das 125.185 propriedades instaladas no estado (INDEA-MT, 2006). A

principal forma de criação é a extensiva, havendo, todavia, outras técnicas como:

confinada, semiconfinada, aquela desenvolvida pela “agricultura familiar”, entre

outras. Porém, a mais representativa é a extensiva.

Mais recentemente, na busca de eficiência, os produtores passaram a

modernizar seus processos produtivos com o uso da biomassa, racionalização de

pastos e manejo de raças. Em razão das pressões ambientais, exercidas por

legislação do comércio exterior, os países compradores passaram a exigir o “selo

verde” como certificação da origem para fornecimento de carne. Na mesma

direção, o espaço estadual é considerado “livre de aftosa com vacinação”, pela

OIE – “Circuito Internacional Epizootias”, instituição ligada a ONU

(Organização das Nações Unidas) para o comércio internacional de produtos de

origem animal, reunindo-se assim aos estados brasileiros como São Paulo,

Paraná, Minas Gerais e Goiás. Essa certificação permite exportar carne de origem

bovina para países da União Européia, EUA e Ásia.

É preciso compreender que as atividades de pecuária em MT e, talvez, as

de agricultura estão condicionadas a um processo de colonização, usualmente

confundido com reforma agrária (IANNI, 1979), que lhes dão características

fundiárias, culturais e infra-estruturais específica de cada região ou zona de

planejamento.

Dessa forma, na próxima seção tem-se uma descrição geral da política de

terras do estado, como um todo, para posteriormente ser apresentada a

caracterização de cada área.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

63

5.2. Macrozoneamento fundiário de Mato Grosso

A definição do espaço do atual Estado de Mato Grosso pode ter como

referência a ocupação dada para os assentamentos do processo de colonização,

ocorrido através da orientação das instâncias estaduais e federais segundo a

legislação vigente, após 1964, relativa ao Estatuto da Terra, que considerava dois

pressupostos: aspectos agrários e viários: as áreas situadas às margens das rodovias do Sistema Rodoviário Nacional-SRN, na Amazônia Legal, numa extensão de 100 km de cada lado do seu eixo, bem como nas áreas situadas ao longo da fronteira internacional, cuja administração competia também ao Conselho de Segurança Nacional (CSN) (Decreto 1414/75).

Dessa maneira, deu-se, na prática, a ocupação territorial de Mato Grosso,

em tempos recentes, com o objetivo de destinar terras à Colonização, depois de

um processo caótico de ocupação que ocorrera, até então, com o Departamento

de Terras do estado (MORENO, 2007). A rigor expandiam-se áreas com o

objetivo de descomprimir pressões sociais por terra pelas populações de todas as

regiões do Brasil e, dessa forma, atender à expansão do capital da região

hegemônica, em direção ao Centro-Oeste e Amazônia.

Assim, as áreas laterais ao eixo da BR-163 foram ocupadas, propiciando

a região no trecho Cuiabá-Santarém, definida como Rodovia Longitudinal no

SRN, e em Mato Grosso ocupa o espaço central do estado desde a capital até o

norte do estado, onde se desenvolveram os Projetos Fundiários PF-6 e parte dos

PF-1 e PF-4.

Da mesma maneira, ao longo do eixo da BR-158, a extensão desde Barra

do Garças a São Felix do Araguaia foi ocupada desde o Rio Araguaia até regiões

interiores em aproximadamente 100 km, no PF-3.

O trecho que articula Cuiabá à Barra do Garças, a rodovia radial BR-070,

se constituiu em prioridades para a ocupação, nos PF-1 e 3. Todavia, ao norte

desses 500 km, ficavam algumas regiões sob a responsabilidade do Estado,

limitadas por reservas indígenas.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

64

Ao longo da rodovia diagonal BR-364, que articula Cuiabá a Porto

Velho, passando por Diamantino, imensas áreas eram reservadas para

assentamentos às margens da rodovia, que tinham jurisdição do INCRA como

PF-4.

Não é desprezível, como se sabe, a extensão da linha de fronteira entre o

Brasil e a Bolívia, deixando extensa área de fronteira cujo destino, segundo o

Estatuto, foi a Colonização. A sistematização e o ordenamento desses espaços

também estiveram a cargo do INCRA37 que, para tanto, desenvolveu o PF-2.

Na Tabela 5.1 são mostrados os projetos fundiários, a portaria e ano de

criação, o espaço jurisdicionado, a área discriminada, a efetivamente arrecadada

e titulada que foram estabelecidos pelo INCRA-MT, entre 1970 e 1992, em todo

Estado de Mato Grosso.

Tabela 5.1 – Projetos fundiários – INCRA-MT – 1970 a 1992

Projeto fundiário Portaria de criação

Jurisdição (ha)

Discriminada (ha)

Arrecadada (ha)

Titulada (ha)

Remanescente (ha)

PF-1 Cuiabá 1260/73 15.000.000 827.206 1.512.949 852.773 660.176 PF-2 Cáceres 1243/73 5.358.205 2.257.415 617.635 412.999 204.636 PF-3 Araguaia 207/74 9.580.000 2.168.860 773.391 324.659 440.732 PF-4 Diamantino 207/74 10.600.000 4.166.810 1.893.727 1.312.726 581.000 PF-5 Guaporé 11/82 5.915.000 2.2299.710 1.710.742 695.457 1.015.284 PF-6 Norte MT 36/82 10.030.000 1.999.415 546.771 9.240 537.531

Fonte: Incra, citado por Moreno (2007).

Note-se que a jurisdição do INCRA atinge 56.383.205 hectares, ou

563.832,05 km², ou seja, 62,72% da área do estado estavam sujeitos ao trabalho

de colonização que os projetos do INCRA direcionavam às colonizadoras

contratadas para a ocupação. Dessa área, 33.719.416 hectares foram 37 Esse organismo tinha origem na fusão promovida pelo Governo Militar do Instituto Nacional de

Desenvolvimento Agrário (INDA) e do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRA), sucessor da Superintendência de Política Agrária (SUPRA), 1962, e do Grupo Executivo de Reforma Agrária (GERA).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

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discriminados e aproximadamente 10% titulados. Eram projetos de colonização

executados no eixo da BR 163. O que se constata é a predominância dos Projetos

Integrados de Colonização (PIC). O órgão oficial na condução e fiscalização do

PIC elaborou várias modalidades de ocupação: (1) PAD – Projeto de

Assentamento Dirigido; (2) PAR – Projeto de Assentamento Rápido; (3) PEA –

Projeto Especial de Assentamento; (4) PEC – Projeto Especial de Colonização e

(5) PAC – Projeto de Assentamento Conjunto. Entretanto, nenhum deles tratava

sobre o uso da terra.

Restavam ainda, além daquela da pequena área acima referida, a imensa

área do Aripuanã e o processo de venda de lotes e glebas, anteriormente iniciado,

quando da implantação das colônias agrícolas.

Na Tabela 5.2, são mostradas as Colônias Agrícolas Estaduais, criadas

entre 1940 e 1960. Tais colônias tinham destinação agropecuária, ainda que não

houvesse uma política expressa quanto ao uso da terra – agrícola ou pecuário –,

porém, a atividade dominante era a criação de gado de corte e pequena

agricultura, objetivando o abastecimento das poucas cidades, mal articuladas ao

espaço econômico nacional.

A indefinição quanto ao uso da terra, assim como o baixo custo da

implantação dos projetos de pecuária – derrubada, implantação de pasto e

compra de bezerros – em relação à agricultura, possibilitou a grande quantidade

de unidades produtoras. Porém, considerando a tradição da criação de pecuária

de corte em território mato-grossense, principalmente no Pantanal, reafirmaram-

se as potencialidades dessa categoria econômica.

O tópico a seguir trata de alguns aspectos que facilitam a compreensão

sobre a atividade nas diferentes regiões do estado, considerando aspectos

históricos que auxiliam na determinação dos elementos formadores da pecuária

no estado.

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Tabela 5.2 – Colônias agrícolas estaduais de Mato Grosso – 1940 a 1960

Colônia Município atual Ano de criação

Área total N.º lotes Implantação Titulação

Couto Magalhães Pte. Branca/Araguainha 1940 28.491 593 1940-1960 1960 Rio Paraíso Poxoreu 1943 8450 822 1952-1960 1958 Pascoal Ramos Cuiabá 1944 726 1062 1950-1960 1958 Leonor Cuiabá 1945 2.600 51 1945-1970 1970 Fátima S. Lourenço Jaciara 1947 18.000 712 1948-1960 1960 Ribeirão Ponte Cuiabá 1947 296 17 1948-1960 1957 Retiro Rosário 1947 2.337 120 1950-1960 1960 Paulista Rondonópolis 1948 3.212 130 1950-1960 1955 Macacos Rondonópolis 1948 9.171 327 1952-1960 1952 Alto Coité Poxoreu 1948 1.794 780 1949-1960 - Coronel Ponce D.Aquino/Campo Verde 1948 867 40 1950-1960 1966 Naboeiro Rondonópolis 1949 8.000 144 1950-1960 1957 Jarudore Poxoreu 1951 3.600 141 1950-1960 1957 Antonio João Poconé 1952 2.528 504 1950-1960 1965 Lambari Poxoreu 1952 3.002 130 1950-1960 1965 Rio Branco R.Branco-S.Céu-Cabaçal 1953 200.000 9.320 1955-1970 1965 Jamacá Chapada 1953 2.573 141 1953-1960 1960 Melgueira Alto Paraguai 1953 3.600 40 1950-1960 Prata Jucimeira 1956 618 20 1950-1960 1965 Figueira Poconé 1962 1.257 130 1960-1970 1965 Bauxi Rosário Oeste 1963 4.000 175 1960-1970 - Barroso D.Aquino 1965 3.000 237 1966-1970 1975 Vila Nova Guiratinga 1965 997 27 1960-1970 1978

Fonte: Intermat/Codemat, citado por Moreno (2007).

5.3. Características históricas da pecuária de Mato Grosso

A tradição da criação extensiva da pecuária em Mato Grosso, utilizando

pastos naturais do Pantanal e pequenos capões de mata, permitiu maior produção

de rebanhos, desde o século XVI, quando foi introduzido o gado em terras além-

Paraná, por Aleixo Garcia, buscando os “Caminhos de Peabiru”, até os tempos

atuais, quando o Estado de Mato Grosso conta com mais de 26 milhões de

cabeças.

Todavia, a pecuária, de maneira oficial, foi reconhecida no Cerrado

mato-grossense no século XVIII, quando houve necessidade de carne para

abastecer os trabalhadores que construíam a estrada que ligava Cuiabá a Vila

Boa, de Goiás, em 1750. Dessa forma, compreende-se que, além da alimentação

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

67

da população residente praticante de extrativismo mineral, como principal

atividade econômica da Capitania, a pecuária tinha a função de abastecer os

demais moradores (BORGES, 1991).

A introdução da bovinocultura extensiva pode ser, portanto, considerada

um marco histórico da atividade econômica em Mato Grosso, ainda no século

XVIII, dentro de um processo de produção descrito com base na derrubada de

vegetação para o plantio de pasto, sendo a carne, produto dessa atividade,

destinada ao abastecimento da população, assim como o couro, que era utilizado

na fabricação de material de transporte, como bruacas, alforjes e silos.

Dessa maneira, a abertura de terras do Cerrado, em torno dos garimpos

de ouro, destinava-se ao abastecimento – seja humano ou animal –, e pode ser

identificado nos diversos trabalhos de historiadores relativos aos períodos que

vão desde a fundação de Cuiabá, em 1720, passando pela manutenção do

território mato-grossense durante os séculos XVIII e XIX, até os anos recentes

quando é retomada, considerando-se a sustentabilidade de diferentes regiões do

estado.

A pecuária e seus produtos, em todos os períodos históricos de Mato

Grosso, tiveram importante participação na economia, tanto como produtora de

bens necessários à alimentação da população quanto como justificativa de uso e

manutenção das terras, bem como reserva de valor (FIGUEIREDO, 1994;

ALEIXO, 1995; VOLPATO, 1987; BORGES, 1991).

Quando da decisão governamental de abertura e ocupação do Cerrado,

nos anos de 1970, do século XX, foram criadas políticas públicas, visando

organizar o sistema produtivo em moldes capitalistas, incorporando-o à

economia mato-grossense e articulando-o aos centros hegemônicos do Centro-

Sul. Com isso, houve imensa derrubada de áreas para transformação em

pastagens para o gado de corte.

Durante dezenas de anos a abertura era realizada por técnicas

rudimentares e, de certa maneira, ainda o é. O processo de implantação das

pastagens incluía a derrubada e o fogo. Desse modo, dependendo do período do

ano, criavam-se, após a derrubada, clareiras expostas ao clima. Assim a terra

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

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ficava degradada e nasceria uma vegetação natural, chamada genericamente

capoeira, na qual se criava o gado. A produtividade dessa atividade era bastante

baixa, aliada às perdas em transporte em pé para frigoríficos distantes.

Essa maneira de produzir ainda é comum em algumas regiões de Mato

Grosso, como no Pantanal; por exemplo, o fogo é utilizado para “limpar pastos”.

Desnecessário, por evidente que essa forma de limpeza trazia, como ainda traz,

conseqüências ambientais danosas, destruindo ou afastando espécies vivas, bem

como queimando cercas, bretes e, às vezes, residências e, portanto, gerando

novas despesas.

A sustentabilidade da terra passou, portanto, a exigir adequada técnica

para a ocupação e uso do solo, incorporada ao longo dos anos de 1970 e 1980, do

século passado. Isso implicou no bioma Cerrado. A correção do solo com

calcário para quebrar a acidez do terreno, criando-se, dessa maneira, um processo

de amansamento do solo em relação às ervas e a conseqüente formação de

capoeiras, bem como a reconstrução produtiva de algumas terras degradadas.

Com a introdução da agricultura moderna em Mato Grosso, cujo modelo

tecnológico passou a propor a neutralização da acidez natural do solo, com o uso

de calcário, e a mecanização do processo produtivo, a pecuária passou a utilizar o

espaço rural em áreas cuja topografia fosse ondulada ou quebrada. No Cerrado,

antecipando a agricultura e os pastos plantados, o plantio de arroz historicamente

permitia “amansar a terra”, ou seja, reduzir ervas daninhas. O exemplo da

agricultura passava a ser utilizado na pecuária: articulada ao desmate, um sistema

que pode ser conhecido como: madeira-arroz-pecuária de corte, se implantava. A

seguir mostram-se alguns detalhes desse sistema.

5.4. O sistema madeira-arroz-pecuária de corte

A madeira é o primeiro elemento do sistema. Naturalmente, é parte do

processo de derrubada e compõem-se quando espécies vegetais apresentam

madeira como produto comercial. Outras espécies não comerciais ou com

necessidade de um processo de elaboração, como palmeiras, plantas ornamentais,

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plantas medicinais e frutíferas, são totalmente destruídas pela ação da derrubada

mecânica e ação do fogo.

As espécies de madeira comercial, com maior volume de cerne, são

negociadas com as serrarias regionais. Essa negociação implica, em geral,

permuta de madeira bruta (em toras), recebendo o proprietário da área o produto

final: madeira serrada, destinada à construção de currais, bretes, pontes, casas. O

serviço prestado pelas serrarias de desdobramento das toras é pago em matéria-

prima, dependendo da disponibilidade.

Outras espécies madeiráveis, com irregularidades na constituição –

ocadas, tortuosas, em parte ardida –, são retiradas antes da derrubada, embora

possa ser também conseguida em catação nas leiras. Essa parte da madeira

extraída é destinada à construção de cerca da propriedade, e é conhecida como

lascas, em virtude da sua forma de produção – madeira lascada –, que permitem

fazer o alinhamento da cerca, constituída pelas lascas, oitões, esticadores dos fios

de arame.

Os pastos são formados com o plantio de sementes, geralmente realizado

em conjunto com o segundo ou terceiro plantio de arroz (amansador da terra),

constituindo-se no segundo elemento do sistema madeira-arroz-pecuária de corte.

Para a realização deste plantio é solicitado financiamento de custeio à rede

bancária para o plantio do arroz, permitindo assim uma redução nos custos de

investimento para plantio do capim. Normalmente ocorre um processo

associando a pastagem ao plantio de arroz, cujo objetivo é reduzir os custos e o

financiamento da etapa de plantio de capim. Não se trata exatamente de um

procedimento exclusivo de “formação de pastagem” com a derrubada da mata e o

plantio de sementes. Inicialmente, as conseqüências podem ser a redução do

desempenho esperado dessa pastagem quando comparada à técnica exclusiva da

sua formação. Todavia, o objetivo desse processo utilizado por todas as

categorias de produtores agropecuaristas do Cerrado é o financiamento da

ocupação.

Nessa perspectiva, criam-se, além do pasto, outros elementos de fixação

como cercas, currais, postes, edificações de propriedade, bem como infra-

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estrutura básica, com custos subestimados na fase de investimento. Ressalte-se,

nesse aspecto, que a meta é criar elemento de fixação para posterior solicitação

legal das “terras devolutas”.

Historicamente, o baixo custo do insumo principal, o bezerro ou as vacas

sem origem (tucuras) permitem uma ocupação da terra e uma “atividade

produtiva” na fronteira pioneira. Isso implica dizer que há um rebanho com

grande quantidade de vacas, sem procedência genética, em que os usuários da

terra procuram se estabelecer.

Com o tempo, definidas as características da região e suas facilidades,

estabelecem-se os empreendimentos especializados em cria, recria e engorda.

Permitindo a referência: “o que abre a fronteira e a propriedade é a pata da vaca”.

5.5. Regiões de planejamento e a pecuária

As regiões de planejamento são unidades homogêneas constituídas por

municípios, cujas características físicas, humanas e sociais são razoavelmente

semelhantes. Tal homogeneidade, interna às regiões, nasceu em Mato Grosso em

dois distintos momentos de colonização: o primeiro, no século XVIII, cuja base

econômica e de sustentabilidade social foi a mineração e, depois, a pecuária

extensiva. Essa atividade proporcionou relativa estagnação à economia em geral,

sendo retomada nos anos de 1970 do século XX. Essa retomada, aqui

considerada, representa o segundo momento desse processo conhecido como

colonização recente, e está definida nas suas linhas institucionais no Estatuto da

Terra, lei n.o 4.504, de 30 de novembro de 1964, indicando prioridade para

colonização “nas regiões ao longo das rodovias implantadas ou planejadas dentro

do Plano Nacional Rodoviário existente em 1964”.

A colonização recente, realizada no âmbito público e privado, define-se

pela venda ou alienação de lotes em regiões de vegetação natural, onde se

assentam colonos migrantes de diversas regiões brasileiras. Esse processo

provocou a transferência de população, em razão de fenômenos sociais como o

conflito de falta de terra para produção em estrutura minifundiarista decorrente

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da seqüencial partilha familiar de pequenas áreas; e da desapropriação, com fins

públicos, de diversas regiões brasileiras destinadas à demarcação de terras

indígenas38 ou devido ao alagamento de propriedades por represamento de usinas

hidrelétricas39.

Há, portanto, certo padrão interno aos assentamentos de colonização,

impropriamente chamado de reforma agrária, no qual, em geral, os colonos

assentados estão aptos para a atividade da chamada agricultura familiar, cujas

características de ocupação mantêm o sistema da derrubada da mata existente nos

lotes adquiridos e o subseqüente plantio de sementes de arroz junto com

brachiaria (capim predominante), após um primeiro plantio do arroz.

Desse sistema, a pecuária é a atividade seqüencial, decorrente do baixo

investimento e da alocação no processo de animais sem origem ou outros

aspectos tecnológicos, instalados em pastos de baixo rendimento. O interesse

para o futuro pecuarista é a legitimação e fixação da propriedade. Em outros

casos, encontram-se sobrevivência e falta de alternativa para outros processos

produtivos, decorrentes da qualidade da terra ou da falta de recursos financeiros

ou humanos.

Assim, a heterogeneidade do padrão da atividade da pecuária de corte em

Mato Grosso pode ser avaliada a partir dos aspectos históricos, logísticos, da

produtividade da terra, tipo de relevo, formação fundiária, entre outros.

Dependendo dos objetivos aos quais se propõe o diagnóstico, pode-se construir

um zoneamento, cuja definição é atender ao planejamento ou ordenamento de

serviços como saúde, segurança, situação fundiária ou outros serviços públicos,

como o de vacinação do rebanho bovino. Assim, está proposto pela SEPLAN-

MT, desde 2002, o Zoneamento Agroecológico e Econômico de Mato Grosso

(ZEE) que ordena o estado em 12 regiões, a saber: ZEE 1 Noroeste – Aripuanã,

ZEE 2 Norte – Alta Floresta, ZEE 3 Nordeste – Vila Rica, ZEE 4 Leste – Barra

do Garças, ZEE 5 Sudeste – Rondonópolis, ZEE 6 Sul Cuiabá – Várzea Grande,

ZEE 7 Sudoeste – Cáceres, ZEE 8 Oeste – Tangará da Serra, ZEE 9 Centro –

38 Nonoai, Ronda Alta-RS. 39 Hidrelétrica de Itaipu.

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Sorriso, ZEE 10 Noroeste 2 – Juara, ZEE 11 Centro-Oeste – Diamantino, ZEE 12

Centro-Norte – Sinop, cujo objetivo é ordenar e disciplinar a ocupação e a

apropriação das potencialidades naturais, possibilitando o conhecimento dos

potenciais existentes, dos tipos de manejo e utilização, dos problemas emergentes

decorrentes de intervenções inadequadas e as melhores alternativas de

apropriação, cotejando os interesses sociais, econômicos e a conservação natural.

Todavia, a necessidade logística de atendimento da vacinação do gado

bovino, pelo Instituto de Defesa Agropecuário, ao longo dos anos, permitiu

àquele Instituto estabelecer 12 regiões no Estado de Mato Grosso: Alta Floresta,

Cuiabá, Cáceres, Lucas do Rio Verde, Rondonópolis, Barra do Garças, Sinop,

São Félix do Araguaia, Barra do Bugres, Juína, Pontes e Lacerda, e Matupá.

Fonte: INDEA-MT (2007).

Figura 5.1 – Divisão regional utilizada pelo INDEA-MT, Mato Grosso – Brasil.

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No âmbito do Zoneamento Agroecológico e Econômico de Mato Grosso,

o PRODEAGRO (Programa de Desenvolvimento Agroambiental de Mato

Grosso) realizou um estudo com o objetivo de avaliar o desenvolvimento da

situação fundiária no estado e distribuir o território de Mato Grosso em 13

regiões. Em algumas zonas consideradas nos zoneamentos anteriormente aqui

considerados apresentam-se como sub-regiões das Zonas de vacinação.

Dessa maneira, levando-se em conta os objetivos – conhecer os processo

de intervenção ambiental e a situação fundiária em relação à introdução da

pecuária nos espaços regionais – optou-se por um zoneamento de 12 regiões,

considerando a vacinação realizada pelo INDEA-MT, em 2006. A seguir,

incorporaram-se as informações da formação regional do Diagnóstico

Socioeconômico e Ecológico (DSEE), acatando a distribuição da ZEE, quanto

aos aspectos históricos e da bovinocultura de corte. Também foram adaptadas

como informações gerais as fundiárias com base nos estudos de 1998, realizado

pelo Prodeagro.

5.5.1. Região Alta Floresta

Esta região está constituída pelos municípios Colider, Nova Canaã do

Norte, Alta Floresta, Paranaita, Nova Guarita, Nova Bandeirantes, Nova Monte

Verde, Apiacás e Carlinda. Verifica-se parcialmente a ZEE 1 Noroeste –

Aripuanã, anteriormente referido, acrescidos os municípios de Colíder, Nova

Canaã do Norte, Alta Floresta, Paranaita, Nova Guarita, Nova Bandeirante, Nova

Monte Verde do Norte e Apiacás.

Do ponto de vista da logística, o eixo principal é a MT-220, cuja função

é o escoamento até a BR-163, à qual está articulado em Santa Helena; essa

rodovia liga Alta Floresta, Carlinda, Nova Canaã, Colider. A MT-208 permite a

ligação entre Alta Floresta e as demais localidades da região, alcançando o rio

Juruena.

A região está localizada no extremo norte de Mato Grosso, na divisa,

tem-se o Pará e o Amazonas. É configurada pelas bacias do Teles Pires e

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Juruena, formadores do Tapajós, no ponto extremo norte do estado, em pleno

bioma Amazônico.

Os municípios considerados núcleos pioneiros e pólos sub-regionais são

Alta Floresta e Colider, por apresentarem infra-estrutura urbana mais bem

estruturada que os demais municípios da região, considerando a existência de

equipamentos urbanos na área social – educação, saúde, postos da previdência,

comarca –, na atividade produtiva – prestação de serviços de manutenção,

frigoríficos, laticínios, curtumes, além de terem sido pioneiros no processo de

colonização e referência no planejamento viário implantado e sua conservação a

partir dos anos de 1970.

Dentro dessa região, pode-se ainda diferenciar a colonização realizada

em lotes ocupados por agricultura familiar, a partir daqueles anos, cujo objetivo

produtivo é a pequena lavoura de abastecimento e a pequena pecuária, onde se

destaca a produção leiteira em alguns municípios como Colíder, Carlinda, Alta

Floresta, Nova Guarita, atendidas por laticínios regionais. Outra região, com

grandes unidades produtivas, com pecuária de corte, é Nova Monte Verde. Nova

Bandeirante ainda se encontra em processo de abertura.

Há ainda vários municípios que, durante os anos de 1980, tiveram a

atividade produtiva baseada no garimpo de ouro. Atualmente, esses municípios

estão em processo de migração para a pecuária de corte, tendo passado um longo

período de crise. Neles a bovinocultura vem se destacando como alternativa de

renda para as populações, como é o caso de Apiacás e Paranaita. Decorrente

daquele processo, muitas áreas ficaram degradadas e grandes extensões de terra

sem ocupação produtiva, além da população desempregada. Como se sabe,

durante aqueles anos, houve intensa migração de população de diversas origens

em busca de trabalho na atividade de mineração, sem qualquer controle, criando

áreas de garimpo. Todavia, com o refluxo de produção decorrente da baixa dos

preços internacionais e do aumento dos custos com as necessárias mudanças de

tecnologia, grande parte da população retornou à origem, outros viram seu

patrimônio perder o valor devido à falta de atividade básica de produção.

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A colonização nesta região deu-se como fruto de empreendimentos

realizados por colonizadoras, por exemplo, a que implantou Alta Floresta,

denominada Colonizadora Indeco, que também colonizou Apiacás, Carlinda e

Paranaita.

Outras cidades como Nova Monte Verde, Nova Bandeirantes resultaram

da colonização, pela venda parcelada de lotes, desdobrados de grandes glebas de

terra de empresários da Região Sudeste, ou de projetos de assentamento

coordenados pelo INCRA. Da mesma maneira, a Colonizadora Líder atuou na

venda de lotes onde se encontram principalmente Colider e Nova Canaã do

Norte.

Na área de colonização da Colider, os assentamentos foram

disponibilizados aos colonos, com o objetivo de produzir café – cultura

conhecida daqueles migrantes em suas regiões de origem, principalmente Paraná.

Em razão disso, os moradores pioneiros denominaram-na Cafezal, quando da sua

fundação. Entretanto, a falta de condições edafoclimáticas para produção de café

arábica ou catuai e os preços possíveis pela comercialização exigiram a

erradicação e a transformação das áreas produtoras de café em pecuária de corte

e leite. A implantação de frigoríficos, laticínio e curtumes na região, a partir da

década de 1990, estimulou a ampliação da atividade pecuária.

A região de Alta Floresta, portanto, disponibiliza um rebanho bovino em

torno de 3,02 milhões de cabeças, o que corresponde a aproximadamente 11,6%

(Tabela 5.3). A partir dos dados da vacinação é possível considerar que o

rebanho, em 2006, teve 99% de cobertura vacinal nas 16.600 propriedades rurais

da região nas quais 76,84% contam com rebanho bovino de corte e, ou, de leite.

Observa-se, na Tabela 5.3, que a média é de 238,20 cabeças por

propriedade. Assim, nos municípios da região, bem como nas áreas de ocupação,

observa-se, pelos indicadores, que em Colider, Carlinda e Nova Guarita os

rebanhos médios são inferiores a 200 cabeças por propriedade. É interessante

mencionar que a maioria dos pequenos proprietários são praticantes de

agricultura familiar, que trabalham nos dois segmentos: corte e leite. Todavia, há

predominância de gado destinado ao abate, com criação extensiva.

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O mesmo ocorre em Alta Floresta, área de colonização com pequenas

propriedades e outras com grandes propriedades. Em ambas tem-se desenvolvido

a atividade pecuária. Naqueles municípios onde a pequena propriedade é

dominante, a pecuária leiteira é desenvolvida de forma associada aos laticínios,

como em Colider, Alta Floresta e Nova Guarita.

Tabela 5.3 – Região Alta Floresta: rebanho bovino e propriedades – 2006

Município N.° propriedade Rebanho existente

Cabeças/ propriedade

% vacas ordenhadas

Colider 2.739 345.165 166,34 3,51 Nova Canaã do Norte 1.963 390.292 234,69 0,74 Alta Floresta 2.435 748.850 352,44 1,69 Paranaita 2.170 336.579 221,93 0,76 Nova Guarita 1.012 131.783 149,81 2,65 Nova Bandeirante 1.573 296.674 233,02 0,40 Nova Monte Verde 1.353 344.625 339,86 0,70 Apiacas 1.479 202.019 245,76 0,60 Carlinda 1.876 225.082 171,29 2,00 Total 16.600 3.021.069 238,20

Fonte: INDEA-MT (2006).

Os demais municípios podem ser caracterizados por rebanhos criados em

grandes propriedades, de maneira extensiva. Em todos eles há pequenos rebanhos

leiteiros, que representam menos de 1% do rebanho total do município.

A região Alta Floresta pode ser descrita quanto à dimensão das

propriedades, conforme a Tabela 5.4, que mostra o número de imóveis, a

dimensão da área ocupada por categoria, considerando mini, pequenas, médias e

grandes propriedades.

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Tabela 5.4 – Região Alta Floresta: distribuição fundiária – 1995 (em %)

Imóvel Área

Minifúndio 69,25 7,37 Pequena 18,86 7,59 Média 5,51 10,24 Grande 5,66 74,05 Não classificado 0,72 0,75 Total 100,00 100,00

Fonte: SEPLAN-MT (1998).

Dessa maneira, 7,37% da área considerada correspondem a 69,25% das

propriedades, na região de Alta Floresta. Portanto, há predominância de

minifúndios na quantidade de imóveis. Deduz-se que a grande maioria das

propriedades está em processo de produção familiar. No outro extremo, na

mesma região, entretanto, a grande propriedade, representada por 5,66% dos

imóveis, detém 74,05% da área em expansão em regiões próximas à mata. A

dispersão dessas propriedades atende aos expostos anteriores, evidenciando que

as terras de fronteira são de grandes extensões, em geral, ocupadas pela pecuária,

como forma de legitimar a terra.

Há certamente uma relação desse processo de ocupação com a legislação

ambiental vigente, na região Amazônica, que permite a derrubada de 20% da

área das propriedades. Assim, o valor da terra na região, associado ao fator

ambiental, faz com que fazendeiros tentem abrir a totalidade da área legal

rapidamente, pressionando por novos limites acima de 20%. O restante, 80%,

destina-se à conservação da natureza ou à coleta. Pela Tabela 5.5 são mostradas

as áreas que permitem que um quinto de sua área seja de mata.

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Tabela 5.5 – Alta Floresta: ocupação fundiária – 1998

Imóvel Área

< 50 ha 35,94 2,48 50-500 ha 54,16 14,18 500-2.000 ha 4,86 11,70 2.000-10.000 ha 4,64 41,32 > 10.000 ha 0,40 30,32 Total 100,00 100,00

Fonte: SEPLAN-MT (1998).

Ainda do ponto de vista fundiário, pode-se observar na Tabela 5.5, uma

região com 35,94% dos imóveis rurais com até 50 hectares, o que constitui

2,48% da área. Os imóveis entre 50 e 500 hectares, considerados pequenos na

região, são a maioria absoluta das propriedades. Eles representam 54,16% dos

imóveis e 14,18% das áreas, incorporadas ao sistema produtivo daquele

território. O estrato seguinte, entre 500 e 2.000 hectares, representa 4,86% dos

imóveis e 41,32% da área. Semelhantemente ao anterior é a participação do

número de imóveis entre 2.000 hectares e 10.000 unidades de medida. Por

exemplo, 30,32% do território de Alta Floresta contam com 0,40% dos imóveis e

têm acima de 10.000.

Considerando-se o uso atual da terra e a criação de gado leiteiro,

participação de vacas ordenhadas exposto na Tabela 5.3 é possível verificar, em

alguns municípios, grande número de fêmeas. Esse elemento de análise tem dois

motivos: a implantação de atividade pecuária, com gado sem origem racial; a

dimensão da área, com aproveitamento de 20%; e a grande quantidade de

pequenas propriedades, que indica a existência de gado de leite, prioritariamente,

considerando a existência de laticínios em grande parte dos municípios da região.

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5.5.2. Região Matupá

Composta pelos municípios de Terra Nova do Norte, Guarantã do Norte,

Matupá, Peixoto de Azevedo e Novo Mundo, esta região conta com rebanho de

1.337.841 cabeças de bovinos, cuja grande maioria destina-se ao abate (Tabela

5.6).

Tabela 5.6 – Matupá: rebanho bovino e propriedades – 2006

Municípios Propriedades Com bovinos Rebanho Cab. méd.

Terra Nova do Norte 1.818 1.818 270.320 147,94 Guarantã do Norte 2.115 1.826 272.351 128,71 Matupá 1.312 1.134 196.056 148,04 Peixoto de Azevedo 2.167 1.928 274.347 124,21 Novo Mundo 1.782 1.396 324.767 179,28 Total 9.194 8.102 1.337.841 144,01 Fonte: INDEA-MT (2007).

Estes municípios, em sua maioria, são originários de processos de

colonização, nos quais o Estado de Mato Grosso esteve envolvido após os anos

de 1970. A rigor, esta região, como outras, recebeu intensa migração, como

alternativa aos conflitos de terra decorrentes de diversos problemas em outras

regiões, como demarcação de terras indígenas, alagamento de áreas,

minifundiarismo.

Terra Nova do Norte teve origem com a migração de colonos gaúchos,

antigos moradores das regiões gaúchas de Nonoai, Planalto, Tenente Portela,

Miraguaí e Guarita, expulsos das terras indígenas kaingang, em 1978. A solução

encontrada foi transferi-los para Mato Grosso. A preparação da infra-estrutura,

transporte do Rio Grande do Sul até Cuiabá e da capital até a região e

assentamento dos colonos foram coordenados pela Cooperativa Agrária de

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Canarana. Para tanto, foram destinados 435 mil hectares de terras. A Coopercana,

Cooperativa Canarana, abriu 1.062 lotes em nove agrovilas. A única via de

acesso para as famílias residentes naquelas agrovilas era a BR-163, que se

encontrava na época em fase de abertura e implantação.

O núcleo central dos assentamentos foi chamado "Terra Nova",

considerando a região amazônica. Nos anos de 1980 descobriu-se ouro na nova

terra. Os garimpos ocuparam a mão-de-obra, desorganizaram a economia local,

desmontando as frágeis estruturas colonizadoras ainda em fase embrionária. A

malária ceifou vidas de forma brutal. Em 1981, a agrovila Esteio ficou reduzida a

16 famílias, e a três a de Xanxerê. Com o refluxo dos garimpos, a pecuária

leiteira e a de corte passaram a ter importância naqueles núcleos populacionais.

Terra Nova do Norte foi criada em 1986, com território desmembrado do

município de Colider, tendo como referência a BR-163, como eixo logístico para

escoamento da produção, principalmente com Matupá, onde está instalado o

frigorífico destinado ao abate.

A mesma referência pode ser feita para o município de Peixoto Azevedo,

que se originou a partir de 1980 quando teve início o Projeto de Assentamento de

Colonos Peixoto de Azevedo (PAC). Tratava-se de assentamento de agricultores

desapropriados de terras no Rio Grande do Sul, no local da barragem do rio

Jacuí. O Incra e a Cooperativa Tritícola de Erexim (COTREL) se uniram para

trasladar os colonos do Rio Grande do Sul para Mato Grosso. Ao mesmo tempo o

Incra de Mato Grosso se preparava para socorrer famílias brasileiras migradas

para o Paraguai, “os brasiguaios”, que haviam perdido arrendamento de terras e

não tinham para onde ir. Em 1981, formou-se o PAC Braço Sul, para assentar os

migrantes brasiguaios e sem-terras do Vale do Jacuí. O Incra procedeu ao

registro das terras dos gaúchos e dos brasiguaios, resolvendo assim o problema

fundiário.

Guarantã do Norte origina-se do povoado Cotrel (Cooperativa Tritícola

de Erexim), que entendia que o processo de colonização era necessário, em razão

do minifundiarismo comum no sul, em decorrência dos parcelamentos de

heranças, principalmente de seus colonos. A Lei de 1981 criou o distrito já com o

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nome de Guarantã40, porém, em maio de 1986, foi criado o município de

Guarantã do Norte. Adotou-se o termo "do Norte" para diferenciar a cidade

mato-grossense de outra, denominada Guarantã, no Estado de São Paulo.

As origens do município de Peixoto de Azevedo se incrustam no tempo

da abertura da rodovia Cuiabá-Santarém, na década de 1970. Nessa época, foram

expulsos desta região os índios Panará, outrora chamados Krên-aka-rorê, que

viviam na área desde tempos imemoriais. Em 1979, o ouro aflorou no solo

peixotense. A lide garimpeira transtornou a vida da comunidade. Tal era a

desorganização social, que foi necessária a intervenção de uma colonizadora para

ajudar na regularização fundiária no INCRA. Foi elaborada uma planta da futura

cidade, salvando-a das tortuosas vielas garimpeiras. O município foi criado em

1986. O começo da povoação deu-se a partir de uma “corrutela” garimpeira. A

procura de ouro a partir de 1979 propiciou grande fluxo de famílias de diferentes

regiões brasileiras para essa área. A cidade surgiu a partir da abertura da rodovia

Cuiabá-Santarém, onde se instalava a Fazenda Cachimbo, do Grupo Ometto, na

confluência da BR-080, que foi desdobrada em diferentes etapas. Matupá41 foi

uma dessas etapas. O objetivo era criar uma cidade que sintonizasse as condições

ambientais, integrando-se ao quadro natural da floresta e do rio, e que ao mesmo

tempo mantivesse as tradições urbanas.

Na paisagem regional, em sua maciça cobertura vegetal original da

Amazônia, assentavam-se, portanto, novos núcleos urbanos de apoio e vias de

penetração, a partir de vetores constituídos pelas rodovias e infra-estrutura de

beneficiamento da matéria-prima, como serrarias, frigorífico, laticínios,

beneficiamento de arroz. O município foi criado em 1988.

O nome Novo Mundo, de certa forma, provém da Mineradora Ouro

Novo, que operava garimpos na região. Por algum tempo, a povoação ficou

conhecida por Vila Ouro Novo. O núcleo urbano e a zona rural de Novo Mundo

foram colonizadas, em parte, por famílias brasileiras retornadas do Paraguai, “os

40 O nome Guarantã vem da árvore típica da região, com o nome científico de Esenbeckia leiocarpa, da

família das rutáceas. 41 Massa compacta de capim aquático encontrado à beira dos rios e lagos e em terra flutuante, desgarrada

da margem ribeirinha pela ação de enchentes e rolam água abaixo.

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brasiguaios”. A denominação Novo Mundo surgiu após uma reunião entre os

pioneiros do lugar. Para eles, esse nome designava um novo Eldorado, um

mundo novo, ainda a ser conquistado. O município foi criado em 1995.

5.5.3. Região Sinop

É formada pelos municípios de Sinop, Claudia, Vera, Marcelândia,

Itaúba, Santa Carmem, União do Sul, Feliz Natal, Nova Santa Helena. Essa

região contava com 661.148 cabeças em 2006, o que corresponde

aproximadamente a 2,5% do total do rebanho estadual (Tabela 5.7).

Tabela 5.7 – Sinop: rebanho bovino e propriedades – 2006

Municípios Propriedades Com bovinos Rebanho Cabeças

médias

Vacas ordenhadas/

rebanho Sinop 1.005 769 62.364 62,05 5,33 Cláudia 308 246 43.873 142,44 1,82 Vera 215 180 18.387 85,50 1,36 Marcelândia 799 615 190.381 237,66 0,96 Itaúba 190 165 125.552 660,80 0,89 Santa Carmem 120 118 32.634 271,95 0,90 União do Sul 103 95 40.218 390,47 1,98 Feliz Natal 136 122 14.453 106,21 1,72 Nova Santa Helena 607 371 133.286 219,58 Total 3.483 2.681 661.148 189,68

Fonte: INDEA-MT (2007).

A região como um todo soma 3.483 propriedades, das quais 77%

desenvolvem a pecuária bovina. A produção leiteira do rebanho é relativamente

baixa, considerando que o maior é o de Sinop, cuja relação vacas

ordenhadas/rebanho total é de 5,33%.

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83

A colonização da região foi iniciada graças à construção da BR-163 e a

determinação de construir uma cidade a 500 km da capital, ao longo da Estrada.

Região de transição entre a Amazônia e o Cerrado, a principal atividade é a

madeira, entendendo-se tal produção como uma primeira etapa de um processo

de industrialização que já tem desenvolvido outros elementos como frigorífico e

laticínios, atendendo à oferta de pecuária de corte e leite do rebanho.

O processo de ocupação aconteceu pela iniciativa privada, sob a

supervisão do INCRA, sendo o nome da cidade o mesmo da colonizadora –

Sociedade Imobiliária do Noroeste do Paraná (SINOP). Essa colonização

possibilitou que glebas fossem comercializadas e pequenos lotes disponibilizados

para a população migrante, principalmente do Paraná. Dessa maneira, as

atividades afeitas aos migrantes – produção de café – tentaram ser reproduzidas

nos primeiros anos, não sendo possível viabilizá-las. A colonizadora tentou, em

virtude da disponibilidade de programas incentivados pelo Governo Federal,

anos mais tarde, implantar uma usina de álcool de mandioca, sem sucesso.

Muitos migrantes perderam suas terras, ocorrendo assim alguma

reconcentração de áreas. Outros erradicaram o café e partiram para atividades

que exigiam pouca mão-de-obra, como a bovinocultura. Dessa maneira, a

pecuária bovina na região passou a fortalecer a produção de pecuária de corte.

5.5.4. Região Juína

Esta região está constituída pelos municípios de Juína, Castanheira,

Aripuanã, Brasnorte, Juruena, Cotriguaçu e Colniza. Contava com um rebanho,

em 2006, de 2.187.381 cabeças, representando aproximadamente 12,3% do

rebanho bovino estadual. O município de Juína é o maior da região como um

todo, considerando seu rebanho, com 24,43% do plantel regional.

É necessário destacar que a formação desta região se desenvolveu a

partir dos projetos da colonização de terras públicas, implantados pelo Instituto

de Terras de Mato Grosso (INTERMAT) e pela Companhia de Desenvolvimento

de Mato Grosso (CODEMAT), desde os anos de 1970, quando grandes glebas

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foram vendidas pelo Governo do Estado e outras anteriormente comercializadas,

foram abertas em processo de pecuarização ou de colonização.

Nessa perspectiva, na década de 1970, iniciou-se um processo de

colonização a partir das glebas vendidas, que deram origem a Juruena e

Cotriguaçu em processo licitatório que comercializou mais de dois milhões de

hectares de terra. Essas glebas, junto com outras de menor porte, na mesma

região, permitiram ao Estado a construção de prédios destinados ao Centro

Político Administrativo (CPA) e para atender a outras necessidades

governamentais de custeio.

Castanheira e Juína foram colonizadas pela CODEMAT. O projeto

original contava com 411 mil hectares de terras nas bacias do Alto Aripuanã e do

Juína Mirim, ao longo de 100 km da estrada AR-1 (Aripuanã 1)42.

A implantação de Juína teve início a partir de 1978, inclusive com a

criação do núcleo urbano pioneiro, onde foram instaladas diversas serrarias e

olarias, tendo início a venda de lotes e a abertura das matas. Castanheira teve sua

colonização iniciada nos anos de 1980, quando o “sucesso” do projeto Juína era

noticiado.

A venda de glebas em Brasnorte teve início em 1974, com a divisão de

grande área originalmente pertencente às casas Anglo Brasileiras – o “Mappin”

–, de São Paulo, e duas outras: a fazenda Cravari e outra, dividida em lotes

urbanos e rurais, iniciando-se o núcleo pioneiro de Brasnorte. Nesse município,

atualmente, podem-se encontrar projetos com tecnologia Voisin na região (com

piquetes de dois hectares e módulos de pastoreio) como resposta a alguns

problemas ambientais de ocupação como o crescimento de “tabocas” em meio ao

capim formado. Neste município e em Juruena, a colonização comercializou

lotes com dimensões superiores a 1.000 ha, permitindo estabelecer propriedades

de grandes dimensões.

42 O projeto desta estrada ligaria a BR-163 a BR-364, como acesso da Amazônia meridional mato-

grossense, desde Alta Floresta até Vilhena, em Rondônia. Entretanto, atualmente está implantada como MT-208, desde Alta Floresta até o rio Juruena. Após, na continuação, de Juruena à Colniza, está implantada a MT-170 (sentido Norte-Sul) e depois de Aripuanã a MT-208 e a MT-416 e novamente a MT-206 até a Mineração São Francisco, na divisa com Rondônia.

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Como nos outros processos de ocupação, também por intervenção do

estado, ao longo dos anos de 1980, mas principalmente nos anos de 1990 se

desenvolveu com maior vigor a colonização da região noroeste, onde estão os

municípios de Aripuanã e Colniza.

A rigor, Aripuanã é um município criado ainda nos anos de 1950,

todavia, como fronteira agropecuária, apenas recentemente passou a ser

colonizado, tendo ficado isolado até então. Com a reestruturação do sistema

viário na região e o desmembramento dos municípios de Colniza, Rondolândia e

Cotriguaçu, do antigo município de Aripuanã, após ano 2000, a bovinocultura

passou a ser importante componente de abertura e fixação da propriedade

privada, como de resto em outras regiões de fronteira em formação.

A região, tratada no estudo sobre a situação fundiária de Mato Grosso,

mostra que apenas 2,52% das áreas representam aproximadamente 45% das

propriedades. A grande propriedade, que corresponde a 11,36% das unidades

fundiárias, detém aproximadamente 80% das terras, indicando que a pecuária

está implantada em grandes extensões (Tabela 5.8).

Tabela 5.8 – Juína: distribuição fundiária – 1998

Imóvel Área

Minifúndio 44,98 2,52 Pequena 32,19 6,56 Média 10,43 10,05 Grande 11,36 79,65 Não classificado 1,03 1,23 Total 100,00 100,00

Fonte: SEPLAN-MT (1998).

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O outro componente importante nesse processo de diversificação da

fronteira agropecuária de Mato Grosso foi a implantação de assentamentos na

região, cuja jurisdição para tal é do Estado, através do Instituto de Terras de

Mato Grosso (Intermat). Nesse aspecto, esses assentamentos ocorreram a partir

dos anos de 1980, especialmente após a implantação da MT-170, ligando aquela

região a BR-364 (Campo Novo dos Parecis) e a Tangará da Serra, pela MT- 338,

que permite o transporte da produção até os mercados e o exterior pelas rodovias

de escoamento de Mato Grosso.

Em todos os municípios, a abertura de unidade de produção pecuária

bovina atende à seqüência da abertura tradicional: desmatamento, com queimada;

preparo do solo – calcariamento e adubação –, plantio de lavouras ou formação

de pastos.

O município de Juína conta com a criação de animais como uma das

atividades incluída no rol da produção rural, na qual a agricultura é bastante

diversificada e com criações diversas, inclusive a pecuária de leite. A perspectiva

de pecuarização parece ser uma alternativa promissora, do ponto de vista

regional, com o asfaltamento da MT-170, alcançando Juína, ligando aquela

cidade ao mercado nacional, viabilizando a construção de frigorífico.

Na Tabela 5.9 é mostrado o número de propriedades por município.

Considerando-se aquelas que contam com criação de bovinos e rebanho vacinado

pelo Instituto de Defesa Agropecuária do Estado (INDEA-MT), é interessante

construir a média de rebanho por propriedade. Na mesma tabela pode-se observar

a existência de pequeno rebanho leiteiro, cujo produto, em geral, destina-se ao

consumo regional.

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Tabela 5.9 – Juína: número de propriedades, rebanho bovino, vacas ordenhadas – 2006

Municípios Propriedades Com bovinos Rebanho Cabeça média

Vacas ordenhadas/

rebanho Juína 2.397 2.021 534.463 222,51 1,13 Castanheira 1.208 1.085 363.173 300,15 1,52 Aripuana 1.452 1.250 430.864 296,09 1,27 Brasnorte 1.210 1.039 320.483 263,72 0,33 Juruena 962 786 153.971 160,01 0,55 Cotriguacu 2.080 1.507 187.381 89,70 0,97 Colniza 2.862 2.550 197.046 68,41 1,08 Total 12.171 10.238 2.187.381 179,22

Fonte: INDEA (2007).

Segundo o INDEA-MT, das 12.171 propriedades existentes na região,

10.238 contavam com bovinos, ou seja, 84,11%. Desses, mais de 98% foram

vacinados. Ao considerar as características regionais dos municípios de

Castanheira, Aripuanã, Brasnorte e Juína, o rebanho bovino é criado em grandes

propriedades, principalmente a de gado de corte. Nessa perspectiva, o padrão

médio de ocupação com bovinocultura está em propriedades superiores a 500

hectares. Portanto, com criações em áreas maiores que 100 hectares dada a

legislação ambiental.

5.5.5. Região Lucas do Rio Verde

É constituída pelos municípios de Nova Mutum, Lucas do Rio Verde,

Tapurah, Sorriso, São José do Rio Claro, Juara, Porto dos Gaúchos, Novo

Horizonte do Norte, Nova Maringá, Tabaporã, Nova Ubiratã e Santa Rita

Trivelato.

Essa região conta com um rebanho de 1.836.700 cabeças distribuídas nas

6.742 propriedades que tiveram seu gado vacinado. O total de propriedades na

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região é de 8.891; portanto, a participação da bovinocultura é de 76% no total de

propriedades. Esse rebanho representa no conjunto do estado aproximadamente

6,9%. A razão da baixa participação da bovinocultura no conjunto das

propriedades, ao contrário de outras regiões do estado, é a grande utilização da

terra destinada à agricultura moderna, sendo o município o maior produtor de

soja do estado, havendo complementação com milho.

Até a década de 1970, a maioria dos municípios que compõem essa

região não existia. A sede deles era Chapada dos Guimarães, Diamantinho,

considerados os maiores do mundo em extensão, e Porto dos Gaúchos. São,

portanto, resultado da colonização ocorrida no estado desde aquele período.

Três sub-regiões podem ser, portanto, identificadas nesse conjunto de

municípios, em geral, em razão da infra-estrutura viária e, naturalmente, da

situação fundiária decorrente de sua colonização, mas certamente devido ao

processo histórico, no qual se têm desmembramentos, incorporações e outros

processos.

Dessa maneira, uma sub-região configurada por Nova Mutum, Lucas do

Rio Verde e Sorriso está implantada ao longo da BR-163. A sub-região de

Tapurah, Juara, Porto dos Gaúchos, Novo Horizonte do Norte articula-se à

mesma estrada pela MT-338 – durante muito tempo conhecida como estrada da

Baiana –, articulada entre Nova Mutum e Lucas do Rio Verde. Outra sub-região,

definida pelos municípios de São José do Rio Claro, Nova Maringá, está ligada a

BR-364, pela MT-010. Estes municípios eram distrito de Diamantino.

Na sub-região 1, Lucas do Rio Verde e Sorriso foram desmembrados de

Chapada dos Guimarães. Nova Mutum, por sua vez, separou-se de Diamantino.

A segunda sub-região era originalmente o município de Porto dos Gaúchos,

sendo a terceira desmembrada de Diamantino.

A região é configurada por uma vegetação básica, a mata de transição. E

um divisor de águas entre as bacias do Prata e Amazônica, com grandes áreas de

planalto e predominância de solos pobres. Entretanto, as grandes extensões

planas permitem a mecanização, destinadas à agricultura e pecuária extensiva.

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A estrutura fundiária é decorrente de um processo de colonização

ocorrido ao longo dos anos de 1980 e 1990, quando diversas glebas foram

implantadas, na maior parte das vezes devidas à iniciativa privada, sob

supervisão do INCRA.

Como em toda a região do planalto, além da serra de Nobres, o

município de Nova Mutum, antigo território de Diamantino, teve originalmente

as terras cobertas por seringais, nativos na região. Com a decadência dessa

atividade, ao longo do século XX, a região manteve-se em relativa estagnação.

Todavia, a literatura registra que desde o século XVIII têm havido movimentos

em direção ao rio Arinos em busca de articulação com o Pará.

A região de Lucas do Rio Verde conta com rebanho bovino de 1.836.700

cabeças, representando 7% do total criado (Tabela 5.10). Esse total está sendo

produzido em 6.742 propriedades, que representam 75% das propriedades da

região, em virtude da forte participação da agricultura moderna.

Tabela 5.10 – Lucas do Rio Verde: rebanho bovino e propriedades – 2006

Municípios Propriedades Com bovinos Rebanho Cabeças médias

Nova Mutum 950 542 114.637 120,67 Lucas do Rio Verde 368 248 16.864 45,83 Tapurah 677 677 105.740 155,37 Sorriso 1.037 581 64.164 60,43 São José do Rio Claro 633 525 85.617 134,96 Juara 2.048 1.698 888.915 430,20 Porto dos Gaúchos 521 390 140.032 268,76 Novo Horizonte do Norte 710 629 88.517 124,48 Nova Maringá 405 227 80.097 197,68 Tabapora 790 681 180.396 228,35 Nova Ubiratã 645 486 47.305 69,18 Santa Rita do Trivelato 107 58 24.416 228,19 Total 8.891 6.742 1.836.700 205,12

Fonte: INDEA-MT (2007).

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No atual município de Nova Mutum, as facilidades oferecidas pelo

estado atraíram um grupo de empresários ligados à empresa Sobloco de São

Paulo, que adquiriram aproximadamente 169 mil hectares, no município de

Diamantino, visando constituir uma Agropecuária, a Mutum S/A. Esse projeto

teve aprovação na SUDAM, cujo objetivo era a produção pecuária em área de

120 mil hectares, sendo 54 mil de pastagens e 60 mil para reservas florestais,

restando 56 mil para futuras ampliações. O processo consistia em cria, recria e

engorda de bovinos, implantado definitivamente, em 1981, em dois grandes

núcleos: Arinos e Mutum.

Uma vez que a área era muito grande, surgiu a idéia de se gerar

oportunidade para novos pioneiros, sendo desenvolvidos experimentos com

arroz, milho e soja em 1974. A empresa destacou então 100 mil hectares para a

colonização, implantando as duas primeiras etapas (hoje constituídas pelas

comunidades de Santo Antônio, São Carlos e Nova Esperança).

A necessidade de colonizar fez com que houvesse a comercialização de

terras em várias regiões do Estado. Na mesma época da colonização de Mutum,

estavam sendo colonizadas para pequenos e médios agricultores outras regiões,

como São Manuel, Pacoval, Trivelato, Lucas do Rio Verde, Tapurah, Ranchão

etc.

Eram lotes vendidos conforme a disponibilidade financeira dos

compradores, em geral entre 150 e 400 hectares. Elaborou-se o projeto que criou

a Colonização de Nova Mutum, em 1977, definindo o espaço urbano e a infra-

estrutura básica para que o essencial pudesse funcionar. Foram reservados 551

hectares para essa área urbana. Quem adquirisse um lote rural recebia de

bonificação dois terrenos urbanos. Instalou-se a “primeira pica-pau (serraria) na

região, serrando madeira para as construções que surgiam no povoado e

fazendas” (site da Prefeitura de Nova Mutum).

Em 1978, o colonizador do município adquiriu as terras para implantar o

Projeto de Colonização Mutum. Esse projeto foi dividido em duas etapas: uma,

parcelada, foi comercializada em lotes onde se desenvolveu a cultura da soja, a

outra se manteve com a atividade agropecuária, denominada Fazenda Mutum. No

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meio delas, foi destinada uma terceira, para a futura cidade de Mutum. Como em

outras regiões, havia grande expectativa, surgindo assim crises entre a população

e a firma colonizadora. Como Nova Mutum, Lucas do Rio Verde era

originalmente um seringal. Quando da construção da BR-163, serviu como

acampamento na década de 1970, do 9.º BEC (Batalhão de Engenharia e

Construção), por ocasião da abertura da rodovia Cuiabá-Santarém – o

acampamento Lucas. Por volta de 1976, a Coordenaria Regional do Incra, em

Mato Grosso, iniciou a discriminação judicial da Gleba Lucas do Rio Verde,

abrangendo um perímetro de mais de 210 mil hectares. Em 1980, a área foi

declarada prioritária para fins de reforma agrária, através de Decreto Federal,

servindo de assentamento para famílias de agricultores vindos de Ronda Alta, no

Estado do Rio Grande do Sul.

Para a fundação de Santa Rita do Trivelato, em 1999, a proposta

legislativa apresentava como justificativa para a emancipação o texto que

garantia sua sobrevivência socioeconômica, cuja preocupação iniciara-se ainda

nos anos de 1970: "... dispondo dos requisitos exigidos e de um potencial

socioeconômico-financeiro capaz de garantir e assegurar a sobrevivência e a

expansão de seu crescimento e desenvolvimento, com base em atividade

pecuária de leite e de corte moderna; num comércio pleno, numa indústria de

semitransformação, com aproveitamento calcado no extrativismo vegetal, além

de outras potencialidades capazes de gerar riquezas e impostos".

São José do Rio Claro sofreu em 1953, a primeira tentativa de

colonização, com a formação de fazendas. No ano seguinte, alguns lotes foram

adquiridos ao Estado, ocasião em que se instalou a Gleba Massapé. Pouco

depois, esta passou a se denominar São José do Rio Claro. Quatro anos mais

tarde (1958), iniciou-se o desmatamento da região, surgindo as primeiras

construções locais. Em 1966, os proprietários da Gleba delinearam e lotearam a

área urbana. Com a comercialização desses lotes, houve sensível aumento

populacional. A partir de 1972 foi implantado o Programa de Incentivo à

Produção de Borracha Natural (PROBOR), com grande aceitação pelos

agricultores locais. Formaram-se vastos seringais, acrescidos às árvores nativas e

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deram à cidade o título de “Capital da Borracha”. Em 1976, constituiu-se em

Distrito de Diamantino e, três anos depois, foi criado o município. Contudo, não

implicando em sua instalação, que continuou sob jurisdição político-

administrativa da Prefeitura Municipal de Diamantino, até 1981.

A fundação de Juara, o município de maior produção individual do

estado, deu-se em 1971, quando os lotes comercializados pela Sociedade

Imobiliária da Bacia Amazônica (SIBAL), adquiridos como gleba de 35.900

hectares, com fins de colonização, passaram a ser comercializados. Assim um

grupo de pessoas partiu das margens do Ribeirão Caracol, chegando ao córrego

Água Boa, ponto inicial da colonização, chamando a localidade de Gleba

Taquaral que, mais tarde, denominou-se Juara. A referência de colonização de

onde se estabeleceu a primeira vila da colônia era a cidade de Porto dos Gaúchos,

fundada em 1963, por migrantes de Santa Rosa-RS, daí seu nome.

Ainda em 1971 começaram a chegar as primeiras famílias ao Taquaral e,

em 1973, o primeiro marco da futura sede foi colocado. Nessa época, já havia

chegado à região cerca de 38 famílias que plantavam arroz, milho e feijão

naquele terreno bastante cansado, cujo padrão de renda era muito baixo. As

difíceis condições de escoamento da produção não permitiam aos agricultores

transportar a produção. Assim, a empresa colonizadora finalmente comprou toda

a safra colhida, transportando-a na entressafra, quando as condições de

escoamento permitiam. O armazenamento da primeira produção da região foi em

barracão de madeira de 300 metros quadrados Era uma forma de minimizar os

problemas enfrentados com o escoamento do produto colhido na lavoura. Nesse

tempo, em período de chuvas, as viagens eram feitas pelo rio Arinos, sendo os

produtos comestíveis e farmacêuticos vindos de Cuiabá. No período da seca, a

viagem era feita por um caminho diferente do atual. O antigo traçado desviava do

atual município de Tapurah e passava pela célebre “Baiana”43, na estrada da

mata. Essa via, atual MT-338, encurtaria, mais tarde, a distância entre Juara e

Cuiabá. Em 1978, foram repartidos os lotes das antigas Glebas. Assim sendo, 85

43 O nome Baiana refere-se a uma senhora que habitava a região e deu nome a estrada. Certo dia foi

atacada pelos índios do povo Kayabí, desesperados com a invasão de suas terras. Mas a baiana superou a crise e os índios fizeram as pazes.

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famílias foram instaladas em Mundo Novo, 118 em Águas Claras e 200

adquiriram lotes pequenos, não superiores a 12l hectares, em Jacu. Em razão da

facilidade de acesso à Juara, foram abertos 130 lotes em Catuaí, atualmente

distrito do município.

5.5.6. Região Cuiabá

A região de Cuiabá está constituída pelo município da capital do estado e

Santo Antonio do Leverger, Rosário Oeste, Nobres, Acorizal, Várzea Grande,

Nossa Senhora do Livramento, Jangada, Poconé, Chapada dos Guimarães, Barão

de Melgaço, Campo Verde, Nova Brasilândia, Planalto da Serra.

Os municípios configurados nesta região representam aproximadamente

8,1% do rebanho estadual, considerando os dados de vacinação do INDEA-MT,

que atingiu 98,0%. Os municípios com maior rebanho são aqueles do Pantanal,

principalmente Santo Antonio do Leverger e Poconé. Há, entretanto, alguns

municípios cujo rebanho leiteiro é representativo, em face do rebanho total, por

exemplo: Campo Verde, com 3,49%; Nobres, com 3,00%; Nova Brasilândia,

com 2,19%; e Chapada dos Guimarães, com 2,08%.

Esse território origina-se da “antiga capitania de Cuyabá”, núcleo

pioneiro da fundação do Estado de Mato Grosso, no século XVIII. Essa fundação

origina-se de dois fatores importantes à época: o aprisionamento do gentio nativo

para trabalho escravo, e o ouro, como elemento de demonstração da riqueza

mercantil do sistema então vigente. Todavia, é o abastecimento das atividades

básicas que é responsável pela fixação da população da capitania, província e

estado. Daí o destino de Cuiabá de ser entreposto comercial de gêneros para a

população de Mato Grosso.

A decadência da atividade básica na economia mercantil, a produção de

ouro, ainda em meados dos anos de 1950 do século XVIII, fizeram com que a

população e a coroa buscassem alternativas para a manutenção do território,

diante da colônia da Espanha, limítrofe de Mato Grosso – Vice reino do Peru e

Vice reino do Prata. Nesse mister, ampliou-se a produção pecuária, considerando

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aspectos geográficos relativos a continuidade do Pantanal e o Chaco Boliviano e

Paraguaio.

Dessa maneira, foi a pecuária de corte, com suas funções abastecedoras

de proteína animal, através de carne e miúdos, mas principalmente como

fornecedora de matéria-prima para equipamentos de transporte, essencialmente

baseada no couro e destinada à produção de alforjes, bruacas, silos, selas,

cabeçada, cabrestos, baixeiros, canastras ou jacas, cangalhas, quem manteve a

atividade produtiva e estatal da região distante. Há ainda a considerar que na

região também se desenvolvia uma produção de animais de transporte e manejo

de gado também característico nas áreas de pastagem.

Essa função comercial e estratégica, mantida desde a colonização por

Cuiabá e alguns municípios da região, considerando-se o norte da bacia do Prata

e do Pantanal, eram também fortes demandantes de artefatos de material de

transporte, levando-se em conta as características das regiões cruzadas a cavalo

ou por barcos, dependendo do material específico, ou seja, o que não permitisse a

ação do sol, da chuva e dos inúmeros rios a serem transpostos em lombo de

animais de carga, barcaças ou pirogas ou mesmo conduzidos pela força dos

trabalhadores escravos ou libertos.

Cronistas da época informam que muitas vezes na região do Pantanal

houve abates para a pura extração de couro destinada ao processo de curtimento,

abandonando-se a carne aos animais ao tempo para as aves de rapina.

A região de Cuiabá está caracterizada por três sub-regiões distintas: a

montante do rio Cuiabá apresenta solo pobre – com muita pedra e seixo rolado –

e irregular distribuição fundiária, decorrente de sesmarias e projetos de

colonização inconclusos, não permitindo a sustentabilidade de bovinocultura

extensiva. Entretanto, a propriedade com atividade pecuária, em geral, é pequena,

havendo maiores com baixa profissionalização, considerando que muitas

propriedades pertencentes a pessoas diversas atividades profissionais, como

ganhos excedentes. Essa sub-região pode ser caracterizada pelos municípios de

Cuiabá, Rosário Oeste, Nobres, Acorizal, Várzea Grande, Jangada, ou seja, às

margens do rio Cuiabá no sentido norte, a partir da capital.

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Diferente é a sub-região do Pantanal, onde estão os municípios de Santo

Antonio do Leverger, Nossa Senhora do Livramento, Barão de Melgaço e

Poconé, também na calha do Cuiabá, apresentam condições mais favoráveis de

vegetação natural e adaptação ambiental dos bovinos, mas principalmente onde

se origina historicamente a bovinocultura de corte mato-grossense como pecuária

extensiva.

Os municípios de Planalto da Serra, Nova Brasilândia (1979) e Chapada

dos Guimarães têm como características a ocupação produtiva recente, sendo os

dois primeiros criados como municípios na década de 1990, com propriedades

médias e grandes, havendo, portanto grandes extensões de terra e pecuária

extensiva em algumas regiões de melhor solo. Planalto da Serra apresenta

terrenos ondulados e pouco favoráveis à implantação de agricultura mecanizada,

sendo assim passou a ter uso do solo destinado à pecuária e a colonização feita

com famílias de colonos que se dispuseram a trabalhar em fazendas e puderam

comprar lotes, cujo ponto de referência era o rio Manso. Iniciada a venda de

lotes, ocorreram muitas críticas, em razão da falta de infra-instrutura. O Capão

Grande e depois Vinagre, como o chamaram inicialmente, manteve-se estagnada

durante anos. A partir de 1970, com incentivos do governo federal, houve o

crescimento, em 1990, que propiciou a emancipação.

O núcleo que originou Nova Brasilândia teve início nas fazendas de gado

instaladas na região desde o século passado, principalmente São Manoel e

Rancharia. A comercialização do gado era feita no Estado de Goiás. Na década

de 1960, as fazendas abasteciam os garimpos de diamantes de Paranatinga.

Na Fazenda Rancharia formou-se uma povoação que absorveu seu nome.

Em 1964, foi criado o Distrito de Paz de Rancharia, jurisdicionada à Chapada dos

Guimarães. Entre 1970 e 1971, na região do Vale do Fica-Faca, a três

quilômetros do Rio Fica-Faca, foi criado um povoado com o nome de

Brasilândia, em homenagem a Fazenda Brasil. Em 1976, foi criado o distrito,

absorvendo Rancharia. O município foi criado em 1979, com nome de Nova

Brasilândia. O município de Campo Verde foi desmembrado de Cuiabá em 1988,

principalmente em virtude do desenvolvimento de atividades de parceleiros em

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projeto de criação de pequenos animais da Sadia, bem como do plantio de soja.

Assim, desenvolveram-se no município duas atividades básicas: a agricultura

mecanizada, com soja, milho e algodão, e a produção familiar, com produção de

pequenos animais – suínos e aves –, e a produção leiteira. Como rotação de

culturas e áreas não apropriadas à mecanização, ocorre a bovinocultura de corte.

Entre 2001 e 2005 a taxa média de participação da pecuária de leite no total da

pecuária foi 3,49%, tendo iniciado com 2,9% em 1990 e alcançando, em 1995,

5,3%, permitindo à pecuária de corte transformar-se em atividade produtiva

juntamente com outras produções agrícolas e aves. Em 2006, contava-se um

rebanho próximo a 2,1 milhões de cabeças na região (Tabela 5.11).

Tabela 5.11 – Cuiabá: rebanho bovino e propriedades – 2006

Municípios Propriedades Com bovinos Rebanho Cabeça média

Cuiabá 1.971 1.227 114.932 57,19 Santo Antônio do Leverger 1.497 1.432 411.175 271,08 Rosário Oeste 1.223 1.138 215.194 174,71 Nobres 695 519 105.082 148,52 Acorizal 484 469 43.194 89,14 Várzea Grande 669 551 26.314 38,65 Nossa Senhora do Livramento 1.145 1.096 128.671 109,13 Jangada 571 524 61.325 106,25 Poconé 1.570 1.409 386.092 244,38 Chapada dos Guimarães 1.194 1.067 160.848 133,34 Barão de Melgaço 641 588 150.251 233,77 Campo Verde 813 691 79.001 94,89 Nova Brasilândia 625 543 142.460 226,07 Planalto da Serra 269 262 86.074 318,84 Total 13.367 11.516 2.110.613 156,13 Fonte: INDEA-MT (2007).

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Chapada dos Guimarães conta com pequeno rebanho, considerando os

diversos projetos de colonização e os cuidados ambientais necessários,

caracterizados pelo Parque Nacional de Chapada, constituindo assim pequenas

propriedades e grande quantidade de chácaras de lazer.

Também é necessário acrescentar que há frigoríficos em Várzea Grande

e Cuiabá atendendo a oferta dessa produção que estimulam a criação animal.

5.5.7. Região Cáceres

A região de Cáceres apresenta características bastante complexas, sendo

uma das mais importantes na produção pecuária do Estado de Mato Grosso, em

virtude principalmente da profissionalização da atividade, caracterizada na

existência de cadeias produtivas – de corte, de leite e couro –, cujos elos estão

constituídos naquele território. Essa importância regional ocorre pelo simbolismo

do seu rebanho na economia, representado no rebanho estadual por 2,5 milhões

de cabeças ou 9,4% do rebanho estadual, além da concentração de frigoríficos,

curtumes e laticínios dos quais dispõe, o que lhe revela uma posição estratégica

na atividade pecuária.

Também se devem destacar outros aspectos da logística regional. A

região, devido a sua formação, conta com eixo rodoviário principal, a BR-174 e a

BR-070, articulando o interior da região à Cáceres, principal centro urbano e

Cuiabá, capital do Estado. Além de grande quantidade de estradas estaduais e

vicinais que permitem um escoamento das matérias-primas e da produção para o

consumo.

A característica da história recente na região está articulada à fundação

de Brasília e à abertura de estradas no Centro-Oeste, a partir da década de 1960.

Nessa perspectiva, o negócio de colonização em Mato Grosso tornou-se

promissor e atingiu a região. Apoiados por incentivos federais e pela facilidade

de obtenção de grandes áreas próprias para a colonização, grande número de

empresas imobiliárias, principalmente do Sul e Sudeste do país, e com

experiência em outros empreendimentos semelhantes, lançou-se ao novo negócio

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

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da colonização. Essa atuação empresarial foi decisiva para a mudança do

contexto econômico e social em diversas regiões de Mato Grosso.

As características físicas da região podem ser consideradas inadequadas

à mecanização agrícola. Portanto, com restrições à produção dos produtos

destinados à exportação como soja, algodão, entre outros. Dessa maneira, a

pecuária passou a ser utilizada como alternativa de produção. Reforçada assim a

tendência de ocupação com a pecuária, estimulando-se a atividade de criação de

bovinos destinados ao abate, a produção de leite e geração de bezerros. Há,

entretanto, áreas nos municípios que compõem a região, cuja grande maioria foi

desmembrada do antigo município de Cáceres, evolução dos processos de

assentamentos e colonização privados, além do simples parcelamento da terra,

reconcentração de terras e grandes áreas abertas.

O rebanho regional, em 2006, contava com 2.484.596 cabeças,

representando aproximadamente 9,37% do rebanho estadual, distribuído em

9.487 propriedades fortemente concentradas no município de Cáceres, com

37,5% do total, especialmente nas áreas de Pantanal, onde existem propriedades

de grande extensão. A relação rebanho regional e numero de propriedades

permite estimar um rebanho médio de 221,55 cabeças por propriedade. Na

Tabela 5.12 são mostrados detalhes dessas afirmações.

A cidade de Cáceres foi fundada em 1778, como ponto de controle e

fiscalização da coroa portuguesa dos produtos entre a então capital Vila Bela,

Cuiabá e Goiás, bem como sobre o rio Paraguai e o Pantanal. É nesse município

onde se localiza a o maior rebanho da região e um dos maiores do estado, em

razão de suas características físicas – grande extensão de Pantanal e a Morraria.

Em ambos os ambientes, desenvolve-se a pecuária como atividade principal. Na

antiga região da grande Cáceres foi desenvolvido um processo assim constituído:

primeiro, liberar grandes glebas destinadas à colonização, pela iniciativa privada

e os projetos no âmbito da Colônia Agrícola Rio Branco. Depois, a instalação de

distritos na Grande Cáceres e, a seguir, a criação dos municípios. Algumas

localidades, todavia, tinham um processo histórico autônomo e mereceram esse

tratamento.

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Tabela 5.12 – Cáceres: rebanho bovino e propriedades – 2006

Municípios Propriedades Com bovinos Rebanho Cabeça média Cáceres 3.006 3.006 933.425 304,98 Porto Esperidião 1.423 1.080 495.861 346,33 Mirassol D'Oeste 1.639 1.140 140.453 85,29 S.J. Quatro Marcos 1.260 1.185 173.718 137,87 Araputanga 863 698 196.180 227,21 Reserva do Cabacal 306 227 29.980 97,97 Indiavai 190 173 59.202 311,59 Rio Branco 287 287 53.674 187,02 Salto do Céu 484 484 125.763 259,74 Gloria D'Oeste 438 394 87.002 198,63 Lambari D'Oeste 476 393 139.965 292,67 Curvelândia 747 420 49.373 66,10 Total 11.119 9.487 2.484.596 221,55 Fonte: INDEA-MT (2007).

As origens históricas de Porto Esperidião ligam o município à atividade

pecuária. Quando se deu a ocupação da região, a localidade era chamada Porto

Salitre, no qual a Missão Rondon instalou um posto telegráfico às margens do rio

Jauru. Essa denominação referia-se à região de salinas, onde estava o

ancoradouro. Tratava-se de um barreiro, onde os animais lambiam em busca de

sal, conhecido desde as primeiras expedições que entraram na região, ainda no

século XVIII.

Mirassol d’Oeste, por sua vez, foi criada como município em 1976, cuja

colonização iniciara-se na década de 1950, com lotes vendidos na região de

Mirassol e São José do Rio Preto, no Estado de São Paulo.

A origem de Glória d’Oeste relaciona-se ao parcelamento de áreas

destinadas a assentamentos nos quais ocorre a chamada agricultura familiar. A

pecuária leiteira, ali implantada, teve estímulo inicial de um pequeno laticínio

que adquiria a produção. Essa pecuária representa 4,21% do rebanho do

município, com média aproximada de 1.300 litros por cabeça/ano, marco acima

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100

da média de outras participações municipais no estado, mostrando a importância

do setor no município.

Essa importância com relação à pecuária também pode ser verificada em

Curvelândia, cuja primitiva denominação do lugar era Curva do Boi. Sobre essa

denominação conta-se a história que "(...) vinha uma comitiva de bois da região

de Rio Branco, (...) quando na curva surgiu um ônibus, atropelando nove bois, a

partir deste fato, o ponto passou a ser conhecido como Curva do Boi".

Em Rio Branco e Salto do Céu, houve a atuação inicial de um programa

conhecido como Colônias Agrícolas Estaduais e depois transferido à Codemat –

Cia. de Desenvolvimento de Mato Grosso. Rio Branco originou-se da extração da

poaia, não havendo memória escrita daquele período. Entretanto, a partir de

1940, com a instalação das Colônias Agrícolas Estaduais, diversas regiões do

estado passaram a realizar assentamentos. Em 1953, instala-se a Colônia Rio

Branco, implantada diretamente pela ação do governo do Estado numa área de

200 mil hectares, em maio de 1953. Essa Colônia abriu 9.320 lotes, originando

Rio Branco, Santo do Céu e Reserva do Cabaçal. Tal processo de colonização foi

desenvolvido pela Comissão de Planejamento da Produção, que buscava assentar

colonos que tiveram problemas em Dourados e Jaciara. Assim, Rio Branco deu

nome à cidade. O Distrito de Paz de Rio Branco foi criado em 1978,

jurisdicionado ao município de Cáceres. Em 1979 foi criado o município. Salto

do Céu, como se viu, tem a mesma origem do municipal – a Colônia Rio Branco

–, e do desdobramento dos assentamentos da Colônia Rio Branco, a partir de

1960. Dessa forma, houve prosseguimento da demanda por áreas em glebas aptas

para produção de cereais e, nesse mister, penetrou em terrenos acima do Rio

Branco, entrando em região de mata intocada. O município foi criado em

dezembro de 1979.

Com o início da colonização, em 1962, São José dos Quatro Marcos foi

colonizado pela Imobiliária Mirassol, quando extensas áreas de terra foram

comercializadas. Tais áreas, “abertas no facão e na foice”, permitiram a abertura

da mata, sendo realizado o desmatamento, ainda com machado, onde forram se

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101

implantando fazendas destinadas à pecuária. O povoado teve início em 1966,

sendo criado o município em 1979.

O município de Araputanga e Indiavaí teve origem entre 1953 e 1955,

quando um agrimensor, acompanhando o padrão da época, foi destacado para

medir as terras entre os rios Jauru e Cabaçal. Realizada a medição, separou para

si áreas de terras no Vale das Pitas, do Bugre, da Água Suja e no Córrego

Grande. Posteriormente, nos anos de 1957-58, foram vendidas a um grupo de

imigrantes coreanos e japoneses na região do atual área urbana de Araputanga, a

fim de implantar uma colonização modelo. Denominaram o lugar de Ituinópolis.

Porém, aquele projeto não teve continuidade. Uma das famílias remanescentes

iniciou um processo de colonização em 1963, fundando um patrimônio chamado

Paixão, cuja denominação perdurou anos. Foi esse o segundo núcleo

populacional que veio a ser a atual Araputanga44, criada em 1973, devido a

grande quantidade de mogno existente na região.

O município de Indiavaí foi criado em 1986 e teve seu território

desmembrado de Araputanga. A origem municipal da região pode ser

identificada em 1961, quando as áreas compreendidas entre o rio Jauru e o

ribeirão Água Suja foram comercializadas em grandes extensões. À época, na

região, algumas famílias alemãs cultivavam café, onde ocorreu a abertura do

núcleo de colonização em fevereiro de 1962. A primeira denominação do

povoado, Água Suja, era uma referência ao curso d’água que cortava o local,

devido a coloração barrenta da água. Este nome permaneceu até 1966,

aproximadamente, sendo substituída por Patrimônio Nova Esperança, que

perdurou até meados de 1970.

A origem em 1967 da Reserva do Cabaçal foi a busca de terra por 150

diaristas que trabalhavam nas propriedades da região e verificaram a existência

de terras devolutas, que foram apossadas para o trabalho como proprietários.

Como colonos posseiros, mantiveram-se à espera da legalização dos terrenos

pelo governo estadual. A área destinava-se a uma reserva do governo, que

44 Araputanga, ou mogno: madeira de cor vermelha, bastante apreciada para fabricação de móveis, em

processo de extinção.

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pretendia fundar um povoado. Face à sua localização, às margens do Rio

Cabaçal, denominaram-na Reserva do Cabaçal.

Lambari d’Oeste originou-se da Gleba Cerejeira da qual foram vendidas

áreas destinadas ao assentamento de famílias, semelhante a outras grandes áreas

da região. A Colonizadora Rio Branco comercializou terras durante muitos anos

no Vilarejo do Lambari, depois transformado em município.

5.5.8. Região Rondonópolis

A região de Rondonópolis está constituída pelos municípios de

Rondonópolis, Pedra Preta, Jaciara, Jucimeira, D.Aquino, Paranatinga, Primavera

do Leste, Alto Garças, Alto Taquari, Itiquira, Poxoreu, Guiratinga, Tesouro, Alto

Araguaia, São José do Povo, São Pedro da Cipa, Santo Antonio do Leste.

A área onde se encontram os municípios da região pode ser considerada

tradicional, dado o trajeto da rodovia que liga Cuiabá a Vila Boa, antiga capital

Goiana, desde o século XVIII, onde se iniciou a criação extensiva da pecuária de

Mato Grosso. A instalação desses municípios, todavia, pode ser reconhecida a

partir do final da década de 1930: Alto Araguaia e Poxoreu.

Do ponto de vista do relevo, as regiões são caracterizadas de planalto,

com áreas de meseta, nas quais foram implantadas agricultura de soja, milho e

algodão. E aquelas onde ocorre a pecuária, cujos terrenos são em formato de

serras e próprios para a pecuária de corte e leite.

A região, considerando o escoamento da produção, pode ter

estabelecidas sub-regiões, em razão da logística e dos eixos viários como a BR-

163, BR-364, BR-070, que permite o escoamento de matérias-primas e produção

final. Há, ainda, estradas estaduais e vicinais que permitem adequada logística,

favorecendo a comercialização da pecuária de corte e leite dos produtores com os

quatro frigoríficos, oito laticínios regionais e os demais no estado.

Dessa maneira, Rondonópolis caracteriza-se como o grande

entroncamento regional estrategicamente instalado sobre o rio Vermelho, que

divide o território. Na direção noroeste de Rondonópolis, encontram-se

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Jucimeira, Jaciara, São Pedro da Cipa, Dom Aquino e até mesmo Poxoreu,

municípios cuja característica principal é a pecuária de leite, produção de

bezerros e outros produtos da pecuária, além da produção agrícola de cana-de-

açúcar destinada à produção de açúcar e álcool em Jaciara e São Pedro da Cipa,

eventualmente articulada à pecuária e nas regiões de planalto, soja, milho e

algodão.

Rondonópolis teve sua colonização iniciada no princípio do século XX,

quando a Missão Rondon estabeleceu um acampamento às margens do rio

Vermelho, em frente aos assentamentos de trabalhadores das fazendas próximas.

Nos anos de 1950, a região desenvolveu o plantio de algodão, com

tecnologia tradicional, isto é, com plantio e colheita manual. Mais tarde, inseriu-

se o plantio de arroz e feijão, principalmente no Vale do Jurigue, onde as terras

são de boa qualidade. Nos anos de 1980, o plantio de soja estabelece-se como

alternativa à pecuária e a agricultura tradicional.

Toda a região de Jaciara é originária da venda de pequenas parcelas

comercializadas pela empresa Colonizadora Industrial Pastoril Agrícola (CIPA),

cujo início ocorreu nos anos de 1950, em que existia o Fundão ou Cabeceira do

Olho de Boi, denominações dadas pelos moradores da região do rio Brilhante,

nas cercanias desde o final do século XIX. Em 1950, a empresa imobiliária

iniciou a implantação de um projeto de colonização, sendo criados em 1953, o

distrito, subordinado à Cuiabá, havendo áreas retiradas de Poxoreu.

Com a construção da BR-364, em 1958, o distrito foi elevado a

município. Em 1962, foi criada a Usina Jaciara, com recursos do governo do

Estado, definindo a região como produtora sucroalcooleira. Da mesma maneira, a

origem da migração e da população assentada, em algumas regiões do município,

permitiu o desenvolvimento da atividade da pecuária leiteira.

Jucimeira é um dos principais municípios com rebanho leiteiro, em

virtude da cooperativa e de laticínio ali instalado, pois recebem matéria-prima

dos municípios próximos. Seu rebanho tem uma participação aproximada de

5,5% do estado, e sua pecuária de leite está entre 2001 e 2005, ou seja, uma

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participação média de 4,81% do rebanho total. Esse município é grande produtor

de cana-de-açúcar, mas o relevo de planalto não permite a mecanização.

Por volta de 1920, aventureiros procedentes de Poxoreu abriram

garimpos em Pombas e Cel. Ponce, iniciando uma povoação no território, atual

município de Dom Aquino. A primeira denominação da localidade foi Mutum45.

Outros imigrantes foram chegando, formando-se pequeno povoado, que recebeu

o nome de Mutum. Em 1952, criou-se o Patrimônio da Colônia Agrícola de

Mutum, ainda no município de Poxoreu, atraindo grande contingente

populacional originário de Minas Gerais, trazendo consigo a tradição do trabalho

na pecuária leiteira. Desde então a pecuária leiteira sempre esteve presente na

economia local. Em 1958, Mutum foi criado como município, mas, em 1965,

passou a ser chamado Dom Aquino. As atividades econômicas deste município

eram: extrativismo do palmito, água mineral, produção de cana-de-açúcar, soja,

algodão, milho, arroz, banana, coco-da-bahia; pecuária leiteira, indústria

alimentícia e outras atividades em menor escala.

Em 2006, na região contavam-se 2,4 milhões de cabeças em cerca de

11.466 propriedades, ou seja, em média 213,67 cabeças por propriedade (Tabela

5.13).

5.5.9. Região Barra do Garças

Formada pelos municípios: Água Boa, Araguaiana, Araguainha, Barra do

Garça, Campinápolis, Canarana, Cocalinho, Gaúcha do Norte, General Carneiro,

Nova Nazaré, Nova Xavantina, Novo São Joaquim, Pontal do Araguaia,

Querência, Ribeirão Cascalheira, Ribeirãozinho, Torixoreu.

A região apresenta o maior rebanho bovino do Estado de Mato Grosso,

com participação aproximada de 13,7% ou cerca de 3,6 milhões de cabeças

(Tabela 5.14).

45 Pássaros galiformes da família dos cracídeos - os mutuns

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Tabela 5.13 – Rondonópolis: rebanho bovino e propriedades – 2006

Municípios Propriedades Com bovinos Rebanho Cabeça média

Rondonópolis (1953) 2.156 1.930 289.216 133,75 Pedra Preta (1976) 840 747 253.919 302,28 Jaciara (1958) 368 309 67.861 183,04 Juscimeira (1979) 973 890 136.279 136,02 Dom Aquino (1965) 740 459 99.494 134,24 Paranatinga (1979) 1.281 1.047 473.658 369,76 Primavera do Leste (1986) 460 202 52.685 114,53 Alto Garças (1953) 171 171 57.636 337,05 Alto Taquari (1986) 161 118 25.577 158,86 Itiquira (1953) 369 369 215.765 584,73 Poxoreu (1939) 1.460 1.367 291.535 198,35 Guiratinga (1943) 655 655 134.741 204,67 Tesouro (1953) 240 240 80.978 332,85 Alto Araguaia (1938) 705 631 159.073 222,24 São José do Povo (1989) 657 635 61.109 91,53 São Pedro da Cipa (1991) 119 99 14.377 120,70 Santo Antonio do Leste (1991) 111 106 48.833 437,79 Total 11.466 9.975 2.462.736 213,67 Fonte: INDEA-MT (2007).

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106

Tabela 5.14 – Barra do Garças: rebanho bovino e propriedades – 2006

Municípios Propriedades Com bovinos Rebanho Cabeça média

Água Boa 1.059 1.059 420.341 395,17 Araguaiana 281 271 253.798 903,20 Araguainha 77 77 27.708 359,84 Barra do Garças 866 743 421.623 485,87 Campinápolis 774 632 240.615 310,87 Canarana 586 586 321.945 548,74 Cocalinho 329 329 349.910 1063,56 Gaúcha do Norte 439 439 180.981 406,89 General Carneiro 348 348 105.538 303,27 Nova Nazaré 239 239 75.039 313,24 Nova Xavantina 979 979 260.056 263,80 Novo São Joaquim 707 707 224.173 317,03 Pontal do Araguaia 413 358 112.940 273,46 Ponte Branca 120 120 24.533 204,44 Querência 678 678 193.743 284,14 Ribeirão Cascalheira 987 900 264.616 265,69 Ribeirãozinho 117 117 27.305 233,38 Torixoreu 393 380 126.813 322,68 Total 9.392 8.962 3.631.677 385,52 Fonte: INDEA-MT (2007).

A atividade pecuária principal é a de corte. Alguns municípios

apresentam índices importantes de produção leiteira, como Torixoreu, Ponte

Branca e Ribeirãozinho, cuja participação na relação vacas ordenhadas/rebanho

está acima de 2%. Isso se deve, em parte, aos aspectos físicos e fundiários dos

municípios. Essa região, originalmente fez parte da Colônia Agrícola Estadual

Couto Magalhães, criada em 1940, com área de 28.491 ha. Por alguns anos

desenvolveu-se a atividade garimpeira. Porém, com a redução da renda dos

garimpeiros, como alternativa implantou-se um laticínio em Ponte Branca,

polarizando a produção leiteira.

A região como um todo é resultado de dois fatores que influenciaram a

colonização regional: a “Marcha para o Oeste”, institucionalizada a partir dos

anos de 1940 com a instalação de alguns núcleos de ocupação, onde se

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107

instalaram serrarias, empresas de beneficiamento de arroz etc. Esses

empreendimentos depois foram se tornando viáveis pela Fundação Brasil

Central, nos anos de 1950, que implantou estradas, construiu pontes ao longo do

Araguaia e demais infra-estruturas regionais. O outro fator é a migração

garimpeira, principalmente na região do Alto Araguaia, limitado ao norte pelo rio

Garças, em cuja barra está a cidade de Barra do Garças.

Com a colonização, ao longo dos anos de 1970, foram instalados novos

núcleos e reativados antigos, no vale do rio Araguaia e ao longo da BR-158. No

primeiro caso, encontram-se municípios como Araguaiana, Cocalinho, às

margens do rio Araguaia. Em razão da rodovia, surgiram os municípios de Água

Boa, Nova Nazaré, Canarana e Ribeirão Cascalheira. Alguns desses municípios

têm sido desmembrados dos mais antigos e se constituído de maneira autônoma,

como Campinápolis, Gaúcha do Norte e Querência. Há ainda, aqueles que estão

nas proximidades do núcleo polarizador, como General Carneiro e Novo São

Joaquim.

Os municípios ao longo da BR-158 foram colonizados de acordo com os

moldes de ocupação do cerrado pelo sistema madeira-arroz-pecuária/agricultura

moderna. Desse modo, no final dos anos de 1970 e 1980, a região era uma

intensa área de colonização com sede em Barra do Garças. Considerando os

conhecimentos disponíveis à época, os agricultores vindos do sul iniciaram um

processo de derrubada do Cerrado e plantio de arroz. Entendiam-se como

produtores de arroz e assim se estabeleceram por mais de cinco anos.

Naturalmente, o impacto pelo uso da gramínea por longo período, como naquela

oportunidade, apresentou resultados óbvios: necessidade de rotação com

leguminosa. Uma vez que os agricultores estavam descapitalizados e

endividados, as áreas foram leiloadas.

Dessa maneira duas novas atividades surgiram para os novos produtores:

uma parte passou a produzir soja, nas áreas que assim permitiram, ou seja, onde

havia terrenos planos e passíveis de mecanização, e outra parte desenvolveu a

pecuária de corte, em terras “amansadas pelo arroz”.

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108

Assim, essa região, como um todo, como outras do estado, tem as

características gerais de um sistema produtivo no qual ocorre o desmatamento,

sucedido pelo calcariamento e depois pelo plantio do arroz, gerando-se nas

regiões de planalto em meseta o plantio de agricultura mecanizada e nos terrenos

mais dobrados de pecuária de engorda.

É necessário considerar que a região conta com quatro frigoríficos, cuja

capacidade de abate auxilia a estimular a produção regional.

5.5.10. Região São Félix do Araguaia

Contando com 13 municípios, a região de São Félix do Araguaia está

localizada nas divisas com Tocantins e Pará. Esta é composta pelos municípios

de São José do Xingu, São Cruz do Xingu, Vila Rica, Porto Alegre do Norte,

Santa Terezinha, Canabrava do Norte, Alto Boavista, Luciara, São Felix do

Araguaia, Bom Jesus do Araguaia, Serra Nova Dourada e Novo Santo Antônio.

Essa região tem como referência geográfica o rio Araguaia, limite leste

da região, às margens do qual está instalado o principal pólo que é São Félix do

Araguaia e as cabeceiras do rio Xingu, onde estão os municípios que usam a

toponímia do rio, especialmente São José do Xingu e Santa Cruz do Xingu.

A região sul desse território marcou presença no programa federal da

“Marcha para o Oeste”, na década de 1940. Aquela marcha permitiu a abertura

do Cerrado regional e a ocupação de alguns núcleos de povoamento que se

criaram para atender às agropecuárias, que passaram a se instalar a partir do final

dos anos de 1950, normalmente financiadas pela SUDAM.

O processo de abertura da fronteira, com a formação de pastagens para o

gado bovino, foi semelhante ao de ocupação nas demais regiões de Cerrado ou de

mata de transição. Esse processo caracterizava-se pelo manejo da mata, para

extração madeireira, com a posterior implantação de agropecuária de arroz e a

seqüente pecuária de corte. Essa evidência pode ser reconhecida pelo primeiro

nome da localidade de Porto Alegre do Norte – Cedrolândia –, devido à grande

quantidade de cedro ali encontrada, derrubado para a formação de pasto.

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109

É curioso observar como a referência à evolução produtiva do município

reforça a idéia de ocupação na seqüência de um processo econômico, cuja

pecuária parece ser uma etapa constante. Essa evidência está na lei de criação de

um dos municípios da região, quando afirma: ... a região do Rio Xingu é considerada, sem a menor dúvida, uma das mais promissoras de nosso Estado, com uma riqueza ímpar em extrativismo vegetal, agricultura e criação de gado de corte.

A região assim caracterizada contava, em 2006, com aproximadamente

10% do rebanho estadual e pode ser considerada uma área de abertura de

fronteira agropecuária, na transição do Cerrado para a Amazônia, com

predominância de pecuária de corte, levando-se em conta as condições de fluxo

comercial para outros produtos em razão da infra-estrutura viária, cujo eixo

principal implantado é a BR-158, BR-080 e BR-242. Outras estradas estaduais e

vicinais encontram-se na região, todavia, todas sem pavimentação.

Em 2006, eram cerca de 2,5 milhões de cabeças em 11.839 propriedades,

ou seja, em média 216,93 cabeças por propriedade (Tabela 5.15).

5.5.11. Região Barra do Bugres

A região de Barra do Bugres é constituída pelos municípios de

Diamantino, Barra do Bugres, Nova Olímpia, Denise, Tangará da Serra, Campo

Novo dos Parecis, Areanápolis, Nortelândia, Alto Paraguai, Nova Marilândia,

Porto Estrela, Santo Afonso.

A região, tradicional bacia leiteira, conta com 1,18 milhões de cabeças

de gado destinados ao abate e à pecuária de leite (Tabela 5.16).

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110

Tabela 5.15 – São Félix do Araguaia: rebanho bovino e propriedades – 2006

Municípios Propriedades Com bovinos Rebanho Cabeça média

São Félix do Araguaia 664 613 222.162 329,25 Luciara 265 252 40.763 153,82 Porto Alegre do Norte 737 656 109.425 148,37 Vila Rica 1.753 1.753 616.575 351,73 Santa Terezinha 629 618 165.946 263,57 São José do Xingu 503 434 358.196 712,12 Confresa 4.970 4.970 409.655 79,39 Canabrava 852 730 223.768 262,64 Alto Boa Vista 590 489 101.541 167,11 Serra Nova Dourada 259 246 51.874 196,49 Bom Jesus do Araguaia 663 578 139.264 201,81 Novo Santo Antônio 305 251 19.427 60,63 Santa Cruz do Xingu 276 249 109.586 397,05 Total 12.466 11.839 2.568.182 216,93

Fonte: INDEA-MT (2007).

Tabela 5.16 – Barra do Bugres: rebanho bovino e propriedades – 2006

Municípios Propriedades Com bovinos Rebanho Cabeça média

Diamantino 877 702 93.199 103,53 Barra do Bugres 817 651 214.788 261,86 Nova Olímpia 325 301 67.890 206,63 Denise 355 316 68.217 192,16 Tangara da Serra 1.285 1.275 275.421 211,67 Campo Novo do Parecis 355 144 35.615 100,32 Arenápolis 422 258 36.231 85,86 Nortelândia 538 444 47.988 89,20 Alto Paraguai 594 551 74.633 120,33 Nova Marilândia 344 241 91.692 266,55 Porto Estrela 664 527 104.783 156,70 Santo Afonso 319 239 76.641 240,25 Total 6.895 5.649 1.187.098 170,53 Fonte: INDEA-MT (2007).

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111

A região tem características apropriadas para a atividade, considerando o

rebanho municipal, assim: Barra do Bugres, Tangará da Serra, Porto Estrela,

Denise, Nova Olímpia e Nova Marilândia apresentam rebanho destinado à

produção leiteira e gado para abate. Os municípios de Diamantino, parte de

Tangará e Campo Novo dos Parecis desenvolvem agricultura moderna e pequena

produção de pecuária de corte. Areanápolis, Nortelândia, Alto Paraguai, Santo

Afonso são municípios que tiveram uma atividade garimpeira importante, mas

atualmente desenvolvem pecuária leiteira.

Barra do Bugres originou-se do fluxo migratório, advindo com a

extração da essência florestal destinada a farmacopéia, conhecida como poaia46,

iniciado a partir do final do século XIX, quando, em 1878, ergueu-se um rancho

às margens do rio dos Bugres, dando início à exploração da espécie até a

extinção. O lugar inicialmente era conhecido por Barra do Rio dos Bugres, sendo

inserido nos mapas cartográficos da Missão Rondon. Em 1910, o estado

desapropriou aproximadamente dois mil hectares de terra pertencente a Manoel

de Campos Borges, para constituir o patrimônio da povoação. Em 1926, passou

pela Barra do Rio dos Bugres a Coluna Prestes, rumo à Bolívia. Em 1927, foi

feita a reserva de uma área de terras consideradas devolutas para patrimônio da

povoação. O Decreto de 1938 determinou que a localidade de Barra do Rio dos

Bugres passasse a denominar-se Barra do Bugres. O município, com o nome de

Barra do Bugres, foi criado a 31 de dezembro de 1943. A retomada do

crescimento deu-se em virtude da exploração madeireira e da abertura à pecuária,

principalmente leiteira, nos anos de 1970. Na década de 1980 foram implantadas

Usinas de Álcool, dando nova dinâmica ao município. Entretanto, alguns anos

depois ocorreram os desmembramentos de Tangará da Serra, Denise e Nova

Olímpia, restando uma Usina de açúcar e álcool no município.

Areanápolis é o núcleo urbano no qual se transformou o garimpo do

Ribeirão Areias, tão antigo quanto o histórico município regional de Diamantino,

ambos na bacia do Alto Rio Paraguai, remonta, ambos, ao século XVIII. A

46 A ipecacuanha, ipeca ou poaia é uma espécie florestal (Psychotria ipecacuanha), era à época produzida

em áreas naturais em solos drenados de boa qualidade sob a cobertura de plantas arbóreas como o mogno.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

112

cidade iniciou-se a partir de 1936, quando garimpeiros devassaram a área da

margem direita do Rio Santana, abaixo da confluência com o ribeirão Areias à

cata do diamante. Por volta de 1940, batearam as primeiras gemas às margens do

Areias, atraindo novos garimpeiros. Em 1953, foi criado o município. A

denominação foi alterada para Arenápolis sem tirar o sentido da origem

referência ao rio Areias. Do rebanho aproximado de 36 mil cabeças, 10%

referem-se à pecuária leiteira.

5.5.12. Região Pontes e Lacerda

Constituída pelos municípios de Jauru, Figueirópolis, Pontes e Lacerda,

Vila Bela da Santíssima Trindade, Comodoro, Rondolândia, Sapezal, Campos de

Julio, Nova Lacerda, Conquista do Oeste, Vale de São Domingos. Atendida para

escoamento da produção pela BR-174. Essa região conta com rebanho de 2,6

milhões de cabeças, cuja média por propriedade é de 264,49. O maior rebanho

está no Vale do Rio Guaporé, em Vila Bela da Santíssima Trindade, com 35% do

rebanho (Tabela 5.17). Os terrenos daquela região são dobrados e, portanto, com

boa aptidão para a atividade de criação e engorda.

A maior parte desses rebanhos está em áreas com grandes extensões,

cujo uso produtivo se encontra em terrenos como aqueles caracterizados para a

pecuária, dobrados, e quando em meseta se destinam ao plantio da soja, cana de

açúcar e milho.

Naturalmente, nos municípios onde ocorreram assentamentos planejados

com venda de terras de glebas e colonização com pequena propriedade destinada

à agricultura familiar, como Jauru, Figueirópolis, Conquista do Oeste, a maior

parte da produção é destinada à pecuária leiteira. Em outros, na Chapada dos

Parecis, essa realidade é diferente.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

113

Tabela 5.17 – Pontes e Lacerda: rebanho bovino e propriedades – 2006

Municípios Propriedades Com bovinos Rebanho Cabeça média

Jauru 1.152 1.152 174.461 151,43 Figueirópolis 729 525 124.301 170,51 Pontes e Lacerda 2.135 1.713 620.426 290,31 Vila Bela da Santíssima Trindade 1.819 1.564 872.346 479,54 Comodoro 1.758 1.125 279.076 158,46 Rondolândia 465 437 268.206 576,79 Sapezal 215 82 38.601 179,54 Campos de Julio 101 64 16.757 165,91 Nova Lacerda 826 486 148.376 179,51 Conquista do Oeste 322 290 54.557 169,43 Vale São Domingos 619 575 86.430 139,63 Total 10.141 8.013 2.683.537 264,49

Fonte: INDEA-MT (2007).

O nome Jauru é referência ao rio do mesmo nome, que banha o território

do município e deságua no rio Paraguai. O nome está inscrito na história da

América como marco limite entre os reinos de Portugal e Espanha, assim

definido pelo Tratado de Madrid em 1750. A colonização recente do território

teve início nos primeiros anos da década de 1950, quando a Companhia de Terras

Sul Brasil adquiriu área de 250 mil hectares, no município de Cáceres, entre os

rios Guaporé e Jauru destinados à colonização. A área, dividida em quatro outras,

permitiu em uma delas formar a área sede do município, nomeada de Gleba

Paulista, posteriormente alterada para Cidade de Deus. Por fim, lhe deram a

denominação de Jauru.

O relevo do município pode ser caracterizado pela depressão do rio

Paraguai, na calha do rio Jauru, com 30% de sua área com topografia acidentada,

sendo o restante ondulado ou plano. Por todo o município verifica-se a presença

indígena na antiguidade, o que pode ser confirmado pela existência de cacos de

cerâmica indígena e machados de pedra.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

114

No período colonial, o rio Jauru apresentava intensa movimentação, em

razão de se prestar como via de transporte entre a antiga capital – Villa Bella da

Santíssima Trindade – e o rio Paraguai. Entretanto, podia ser considerada uma

região somente de passagem, levando-se em conta o relativo isolamento e

pequeno povoamento. A partir de 1946, a região passou a ser povoada. Em

virtude da colonização e do favorecimento legal, foram vendidas áreas grandes a

baixo preço. Compravam-se terras apenas pelo mapa, desconhecendo totalmente

a realidade. Dois fatores marcaram o crescimento do Jauru: a instalação de

serrarias para o aproveitamento da madeira regional e a chegada, no ano de 1964,

vinda da Espanha, da imagem de Nossa senhora do Pilar, padroeira do local, que

dava uma opção religiosa ao turismo.

O conflito da terra também deu origem à Nova Lacerda, pois com a

invasão de áreas na região, a propriedade da terra estabeleceu-se para famílias

instaladas em áreas rurais, mas não tituladas de forma regular. Essa comunidade

instalou-se em um povoado. Com o tempo, os então posseiros tiveram seus

documentos de propriedade concedidos pelo Estado, sendo fundada Nova

Lacerda, transformada em município em 1995, com território desmembrado dos

municípios de Comodoro e Vila Bela da Santíssima Trindade.

Como outros municípios da região, Figueirópolis d’Oeste surge do

“promissor negócio, que foi a colonização em Mato Grosso” apoiado por

incentivos federais e pela facilidade de obtenção de grandes áreas para a

colonização para o qual grande número de empresas, principalmente do sul do

país, participaram. Em 1978, foi criado o distrito de Figueirópolis, transformado

em município em 1986, desmembrando-se de Jauru.

Os municípios de Pontes e Lacerda tiveram como primeiros habitantes os

índios nambikwára. Algumas tribos ainda vivem na região, na reserva Sararé. A

primeira carta geográfica dos rios da região foi elaborada ainda no século XVIII,

quando era capital Villa Bela. O município sempre acompanhou o movimento

dos garimpeiros em Vila Bela da Santíssima Trindade, do qual foi desmembrado,

para constituir município autônomo em 1979. Na região também esteve a

Comissão de Linhas Telegráficas Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas,

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

115

denominada Comissão Rondon. O município está no vale do Rio Guaporé e, ao

longo da BR-364, cuja principal atividade é a pecuária com um dos maiores

rebanhos bovinos de corte do estado, estimulado pela presença dos frigoríficos na

região.

Em geral, a estrutura fundiária nos municípios obedece à regionalização.

Há pequenas unidades com agricultura familiar em parte da região, cuja

ocupação se deu em virtude da venda de lotes destinados ao uso para pequena

lavoura de café, e, mais tarde, para produção de algodão cultivado de maneira

artesanal, sendo substituído pela pecuária leiteira, que predomina atualmente. Na

região, podem-se ainda identificar pelo menos quatro frigoríficos, oito laticínios

e duas cooperativas.

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CAPÍTULO VI

AMBIENTE INSTITUCIONAL

O ambiente institucional refere-se às regras formais (leis, portarias,

decretos, resoluções e outras), arranjos culturais, costumes e tradições que, de

certa forma, moldam ou restringem as decisões dos agentes ao longo da cadeia

agroindustrial da bovinocultura de corte.

Algumas vezes esses arranjos institucionais geram custos ou mesmo

surgem no sentido de reduzi-los, como custos fiscais, custos para atendimento das

normas de defesa sanitária, ou custos de transações.

Dessa forma, devem-se estudar as modificações recentes da estrutura

regulatória, os aparatos legais e institucionais relacionados aos programas de apoio

à produção, aos fundos especiais de fomento, à produção orgânica, à

rastreabilidade, às certificações de qualidade entre outros aspectos. Da mesma

maneira, a análise da legislação tributária, ambiental e sanitária e as relações de

crédito, pesquisa e desenvolvimento devem ser abordadas, na tentativa de analisar

aspectos que impactam a produção, o processamento e a distribuição da carne.

Espera-se obter, nesta seção, indicações que apóiem a avaliação dos

subfatores do direcionador de competitividade associado aos aspectos

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

117

institucionais na análise cadeia produtiva agroindustrial da bovinocultura de corte

de Mato Grosso. O estudo de Silva e Batalha (1999) apontou para a pecuária

brasileira apenas três subfatores, a saber: tributação, política sanitária e linhas de

crédito.

Seguem-se, portanto, seções que objetivam esclarecer possíveis

subfatores, com relação à estrutura regulatória, os programas de incentivo a

diferentes sistemas de produção, tributação, legislação inspeção e fiscalização

sanitária, legislação ambiental, e crédito.

6.1. Modificações recentes da estrutura regulatória

A organização do complexo agroindustrial da bovinocultura de corte é

normalmente vista como um conjunto de cadeias que envolvem, de modo mais

geral, a carne como produto principal, o couro e outros como subprodutos. Deve-

se lembrar que na análise do complexo ou, de modo mais abrangente, do sistema

agroindustrial, consideram-se as idéias da verticalidade, da orientação por

demanda, da coordenação dentro dos canais, da competição entre os canais e a

alavancagem, como expressam Silva e Batalha (1999).

Na Figura 6.1, apresentada por Neves et al. (2001), é ilustrada a

complexidade do sistema da pecuária de corte.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

118

Fonte: Neves et al. (2001).

Figura 6.1 – Esquema simplificado do sistema agroindustrial da bovinocultura de corte.

Como se pode observar na Figura 6.1, o sistema envolve empresas de

insumos modernos como produtos veterinários, sêmen e materiais de

inseminação, fornecedores de produtos para alimentação/nutrição animal, cuja

atividade básica é transacionar com grupos de produtores (pequenos e grandes).

Esses, por sua vez, se relacionam com os frigoríficos e abatedouros. Ao fazer

uma classificação dos produtos manufaturados, a carne é apresentada como

produto principal. O couro é considerado subproduto e, junto a outros que

recebem o mesmo rótulo, terão uma destinação multidirecional que, em algumas

Impacto das Variáveis Macroambientais (incontroláveis)

Político-legal, Econômico/Natural, Sócio/Cultural e Tecnológico

Outras Redes – Subprodutos, Resíduos, Reciclagem, Retorno de Produtos

Empresa VET1

Empresa VET1

Empresa Inseminação

Outros Fornecedores

Grupo de Produtores A

Grupo de Produtores B

Grandes Produtores

Frigorífico A

Frigorífico B

Frigorífico C

Empresas de Serviços de Alimentação

Varejista A

Rede de Franquias de

Carne A

Outras Redes – Subprodutos, Resíduos, Reciclagem, Retorno de Produtos

Empresas Facilitadoras (não estão no eixo central, pois não têm direito de propriedade). Ex.: operadores logísticos, transportadoras,

armazenadores, bancos, seguradoras,certificadoras.

C O N S U M I D O R E S

Fluxo de Pagamentos, Pedidos e Informações

Fluxo de Produtos, Serviços e Comunicações

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

119

situações, retorna ao segmento de insumos, como exemplo, podem-se citar as

farinhas residuais utilizadas em suplementação alimentar animal. No caso da

carne, segue para os segmentos de distribuição, atacado e varejo e, finalmente,

tem-se o consumo final. Em Mato Grosso, o esquema também é semelhante. O

couro constitui-se, assim, o objeto de análise de outra cadeia produtiva.

A coordenação no agronegócio da carne, conforme Zylbersztajn e

Machado Filho (2000) e IPARDES/UFSCAR/IBPQ (2002) e Figura 6.2,

apresenta um misto de coordenação contratual de um subsistema de baixa

qualidade, no qual a carne é uma commodity, as relações comerciais estabelecem-

se por contato pessoal entre o açougue e o consumidor, sem garantias de origem

ou qualidade, sendo o preço o principal direcionador dos negócios, e açougues e

feiras os principais locais de venda.

Fonte: IPARDES/UFSCAR/IBQP (2002). Figura 6.2 – Sistemas de produção, industrialização e comercialização de carne

bovina no Brasil.

Pecuária

Tecnificada

Pecuária Não -

Tecnificada

Frigorífico

Moderno

Mercado Externo

Boutiques de

Carne

Supermercados

Consumidor mais

exigente

Frigorífico

Tradicional

Clandestino Frig. Municipal

Pequeno

Comércio

Açougues

Feiras Livres

Consumidor

menos exigente

Sistema A

Sistema B

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

120

Em outro subsistema, considerado de alta qualidade, com maior grau de

informação em poder do consumidor, as transações dos frigoríficos ocorrem com

o distribuidor (varejista/atacadista). A comercialização é realizada com o produto

carne muitas vezes desossado e empacotado, havendo pressões por atributos de

qualidade como cor, textura, maciez e segurança do produto, e os preços estariam

refletindo estes atributos. Os atacadistas apresentam-se como alternativa de

comércio, mas com grande expansão de redes supermercadistas.

A transação entre o abatedouro/frigorífico e o atacadista/varejista no

subsistema de menor qualidade dar-se-ia sem troca de opiniões com o

consumidor final, vendas de carcaças inteiras e com intermediários compradores.

No subsistema de maior qualidade, existirá contato direto com o varejista e,

assim, com possibilidade de fluxo de informações entre o frigorífico e o

consumidor final, negociando carne desossada e empacotada e com pressões por

qualidade.

Entre os pecuaristas e o frigorífico, no subsistema de baixa qualidade, o

rebanho é o principal ativo. Há pouca informação, e normalmente assimétrica,

entre os agentes. Existem poucos incentivos para melhorar a qualidade e a

produtividade. Para o subsistema de alta qualidade, o rebanho é um fator de

produção com genética e outros valores incorporados. Existem mais informações,

menores margens de comércio (e, portanto, maior agressividade nos processos de

negociação), mais incentivos para qualidade e ainda um mercado informal

competidor. Nem sempre os frigoríficos remuneram adequadamente todos os

atributos que o produtor julga ter incorporado ao animal abatido.

A relação entre os produtores e a indústria de insumos também se

diferencia nestes dois subsistemas. No subsistema de menor qualidade, não se

observam serviços atrelados à negociação. Há uma visão estreita da pesquisa e

desenvolvimento de produtos e insumos, sem orientação de custo/benefício para

a tecnologia negociada. As vendas nesse subsistema são, em geral, de

comerciantes não especializados e sem investimentos em inseminação artificial,

genética e embriões. No subsistema de maior qualidade, surgem melhores níveis

de serviços, compromisso com os resultados econômicos do produtor e maior

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

121

preocupação com canais de distribuição e logística. As empresas de produtos

veterinários disponibilizam especialistas e serviços associados aos produtos, em

alguns casos, com contratos de médio e longo prazos de acompanhamento no uso

dos produtos.

No rol de agentes facilitadores, podem ser mencionados os arranjos

políticos, associações de classes e categorias, representações em comissões entre

outras. Podem ser relacionados os principais grupos organizados que atuam

apoiando os diferentes elos do sistema: comissões e câmaras temáticas;

federações, sindicatos e associações; e instituições sanitárias, controle e

capacitação.

Entre as comissões e câmaras temáticas destacam-se algumas

internacionais, outras nacionais e ainda estaduais:

• Coordenação Geral de Apoio às Câmaras Setoriais e Temáticas (CGAC),

órgão subordinado à Secretaria Executiva do MAPA.

• Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Carne Bovina do Conselho do

Agronegócio do Conselho Nacional de Política Agrícola.

• Conselho de Desenvolvimento Agrícola do Estado de Mato Grosso (CDA-

MT).

• Câmara de Política Agrícola e Crédito Rural (CPACR/CDA-MT).

• Comissão de Defesa Sanitária Vegetal de Mato Grosso (CDSV-MT).

• Comissão Estadual de Sementes e Mudas de Mato Grosso (CESM-MT).

• Comissão Técnica da Pecuária de Corte em Mato Grosso (CTPC-MT/

FAMATO).

• Comissão Permanente de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e

Desenvolvimento Rural da Câmara Federal do Brasil (CAPADR).

O Conselho Agropecuário do Sul (CAS) é um órgão formado por

ministros e secretários de Agricultura de Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai,

Chile e Bolívia que, recentemente, em março de 2007, decidiu criar Zonas de

Alta Vigilância nas fronteiras entre o Brasil e o Paraguai, o Paraguai e a Bolívia e

a Argentina e o Paraguai, por serem consideradas de maior risco para a

incidência de febre aftosa entre bovinos e bubalinos.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

122

Entre as federações, sindicatos e associações, conforme o nível de

atuação entre agentes do complexo pecuário tem-se:

a) Insumos

• Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (SINDIRAÇÕES).

• Associação Nacional das Indústrias de Fosfato na Alimentação Animal

(ANDIFÓS).

• Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (ASBRAM).

• Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola

(SINDAG).

• Associação Brasileira dos Defensivos Genéricos (AENDA), anteriormente

denominada Associação das Empresas Nacionais de Defensivos Agrícolas.

• Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (APROSMAT).

• Associação Brasileira de Sementes e Mudas (ABRASEM).

• Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (SINDAN).

b) Produtores

• Sistema CNA (Confederação Nacional da Agricultura) (Figura 6.3).

• Federação de Agricultura de Mato Grosso (FAMATO) (Figura 6.4).

• Sindicatos Rurais.

• Associação de Produtores Rurais de Mato Grosso (APR-MT).

• Associação dos Criadores de Mato Grosso (ACRIMAT).

• Associação Brasileira dos Criadores de Zebuínos (ABCZ).

• União Democrática Ruralista (UDR).

• Federação dos Trabalhadores na Agricultura (FETAGRI).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

123

Fonte: Famato (2007).

Figura 6.3 – Fluxograma organizacional do Sistema CNA Brasil.

Fonte: Famato (2007).

Figura 6.4 – Fluxograma organizacional do Sistema CNA Brasil.

É possível relacionar a participação da FAMATO, ou seja, da

representação dos produtores em diversas comissões:

a) Na FAMATO

• Comissão Técnica de Pecuária de Corte.

• Comissão Técnica de Pecuária de Leite.

• Comissão de Meio Ambiente.

• Comissão de Assuntos Fundiários e Indígenas.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

124

b) Na CNA

• Amazônia Legal.

• Assuntos de Pequena Propriedade.

• Assuntos Fundiários e Indígenas.

• Caprinocultura.

• Comércio Exterior.

• Crédito Rural.

• Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte.

• Meio Ambiente.

• Mercosul.

• Pecuária de Leite.

c) Em outras entidades

• Conselho de Desenvolvimento Agrícola, vinculado à SEDER-MT e à

Câmara de Política Agrícola e Crédito Rural (CPACR). Dentre outras

atividades, esta Câmara define recursos do FCO para a Agropecuária.

• Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável (CEDRS-MT),

vinculado à SEDER-MT.

• Câmara Técnica de Agricultura Familiar.

• Câmara Técnica de Crédito Fundiário.

• Conselho Estadual do Meio Ambiente, vinculado à SEMA.

• Câmara Técnica de Empreendimento Agropecuário, Colonização,

Assentamentos e Recursos Florestais.

• Câmara Técnica de Gestão Florestal.

• Comitê Estadual de Prevenção e Controle às Queimadas e ao Combate a

Incêndios Florestais (SEMA).

• Câmara Técnica de Agrotóxicos (CTA/INDEA-MT).

• Grupo Técnico do Planejamento Estratégico do MT + 10.

• Conselho do MT Florestas.

• Núcleo Estadual de Trabalho dos Arranjos Produtivos Locais (NET).

• Grupo de Trabalho para elaboração do Projeto de Lei do Código Ambiental.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

125

• Câmara Técnica de Gestão Florestal.

• Conselho Deliberativo dos Programas de Desenvolvimento do Estado de

Mato Grosso (CONDEPRODEMAT). Este conselho define os incentivos

fiscais para todos os setores da economia mato-grossense, inclusive a da

pecuária.

c) Processamento

• Sindicato das Indústrias de Frigoríficos do Estado de Mato Grosso

(SINDIFRIGO).

• Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC).

• Sindicato Intermunicipal das Indústrias da Alimentação de Mato Grosso

(SIAMT).

• Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (FIEMT).

• Sindicato das Indústrias de Curtimento de Couros, Peles e Afins do Estado

de Mato Grosso (SINCURT-MT).

d) Varejo

• Associação dos Supermercadistas de Mato Grosso (ASMAT).

• Associações comerciais municipais.

• Federação do Comércio do Estado de Mato Grosso (FECOMÉRCIO-MT).

• Federação das Associações Comerciais do Estado de Mato Grosso

(FACMAT). Esta federação tem as Associações Comerciais Municipais

como entidades filiadas.

• Federação dos Clubes de Dirigentes Lojistas de Mato Grosso (FCDL-MT).

Esta federação congrega os clubes de dirigentes lojistas de MT. Surgiu em

virtude de uma cisão entre representantes e representados do segmento

comercial.

Entre as instituições sanitárias, de controle e de capacitação, tem-se:

• Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-MT).

• Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (IMEA).

• Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

126

• Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (EMPAER-MT).

• Instituto de Defesa Agropecuária (INDEA-MT).

• Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural (SEDER-MT).

• Agência Estadual de Regulação (AGER-MT).

• Estação Aduaneira do Interior (EADI).

6.2. O mercado informal

Uma discussão à parte é necessária para se considerar o mercado

informal. Em geral, é este o mercado que atende aos consumidores menos

informados e, portanto, menos exigentes quanto à qualidade da mercadoria,

sendo essas questões resolvidas via barganha e preço.

Bankuti (2000) estudou a nova economia institucional e os abates

clandestinos. No estudo, é citada a Lei 7.889, que modificou a forma de

fiscalizar os abates, descentralizando a operação entre estados, municípios e

Governo Federal. Também se deve mencionar a Portaria MAPA n.o 304, de 22 de

abril de 1996, que objetiva a modernização e a racionalização dos sistemas de

abates, a obtenção da carne, a preparação e a comercialização nos

estabelecimentos com inspeção sanitária oficial. A partir de 15 de julho de 1996,

as Portarias n.o 89 e 90 ampliam a Portaria 304, estabelecendo a prévia

embalagem e identificação das carnes, ao invés da desossa obrigatória no local de

abate, como previsto anteriormente na Portaria 304.

A Portaria n.o 145 exige a desossa em todo o país, autorizando esse

procedimento para matadouros-frigoríficos, entrepostos comerciais com qualquer

nível de inspeção, e aos varejistas que possuírem habilitação da Inspeção Federal,

Estadual e Municipal.

Bankuti (2002) trabalhou os custos e benefícios do abate clandestino aos

pecuaristas, aos frigoríficos e ao varejista. Os custos da carne clandestina seriam

cerca de 30-35% menores. Para os pecuaristas as principais desvantagens estão

associadas à perda de poder de barganha perante os abatedouros clandestinos e

menor possibilidade de recorrer a instâncias judiciais se necessário. No caso dos

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

127

abatedouros, estes ficam mais restritos quanto ao acesso a supermercados

maiores, butiques de carnes e hipermercados. No caso específico de Mato

Grosso, pode-se ainda acrescentar que os clandestinos perdem o acesso aos

benefícios tributários. A partir de 2003, perde mesmo o incentivo à

clandestinidade em face da redução nas alíquotas de ICMS. Para os varejistas, os

custos da carne clandestina estão associados ao risco de ser multado por

fiscalização sanitária.

Bankuti (2002) também apresenta alguns benefícios desse tipo de

atividade informal, em geral associados apenas à redução de custos por

eventualmente deixar de adotar vacinações ou tratamentos exigidos pela

legislação sanitária, evitando também as taxas de Guias de Trânsito de Animais e

ICMS, mas que representam grandes perdas para a sociedade organizada.

6.3. Sistemas diferenciados de produção de bovinos de corte

A produção de bovinos de corte está longe de ser um sistema homogêneo

de produção e, em Mato Grosso, não é diferente. Como mostrado por Caleman

(2005), para o Mato Grosso do Sul, é possível descrever vários subsistemas de

produção como: carne commodity; carne certificada Eurepgap; carne de

qualidade; aliança mercadológica; carne orgânica. Cada subsistema tem suas

características como resumidas na Tabela 6.1.

O subsistema carne commodity é aquele mencionado anteriormente,

tipicamente dominado pela competição de preços, sem maiores incentivos para a

diferenciação do produto, classificação da carcaça ou qualidade do couro.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

128

Tabela 6.1 – Resumo de atributos de diferentes subsistemas de produção e carne bovina em Mato Grosso do Sul

Fonte: Caleman (2005).

O subsistema carne certificada Eurepgap (European Retailer Produce

Working Group - Good Agricultural Practices) “é um sistema de certificação de

qualidade envolvendo questões de Boas Práticas Agrícolas (BPA), bem-estar

animal, responsabilidade social e ambiental” (CALEMAN, 2005, p. 136). Neste,

o acabamento da carne é extremamente importante, bem como a idade e o peso

do animal, e as relações muitas vezes são contratuais. É fruto da demanda

européia e, portanto, tem relação estreita com a capacidade de exportar para

aquele bloco econômico. O processo deve ser certificado em conformidade com

o protocolo EUREPGAP-IFA (Integrated Farm Asssurance), o qual pressupõe o

conceito de Boas Práticas de Agricultura, padrões globais de segurança do

alimento, o método HACCP (Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle),

preservação do ambiente, saúde, segurança dos funcionários e bem-estar animal.

Neste caso, é normal uma remuneração especial ao produto certificado.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

129

O subsistema da carne de qualidade trabalha com a idéia de

diferenciação do produto, remunerando a carne conforme idade e peso, mas

considerando também raças e cruzamentos desejáveis. Objetiva-se a produção de

um animal que garanta uma carne padronizada e de qualidade, de modo a

satisfazer o consumidor quanto ao sabor, maciez e textura da carne bovina.

Requer um considerável fluxo de informações entre os agentes e o conhecimento

das necessidades de cada tipo de consumidor. A remuneração diferenciada é

facilitada por contratos formais.

No subsistema com Aliança Mercadológica, uma empresa varejista

estabelece alianças e parcerias com produtores individuais ou mesmo

associações, como é o caso do novilho precoce em Mato Grosso do Sul. Os

atributos observados para a carne se assemelham aos do subsistema carne de

qualidade: peso e idade dos animais; acabamento de gordura; distância de

transporte; rastreabilidade; condições de estresse dos animais; homogeneidade do

lote; e condições de abate, entre outros. Existe uma relação contratual e

possibilidade de remuneração diferenciada pela qualidade. A característica maior

neste caso é que a empresa varejista disponibilizará os cortes em formatos

específicos e com marcas da rede varejista ou de seus conveniados. Em geral,

este sistema enfrenta dificuldades iniciais de convencimento do produtor acerca

da necessidade de se seguirem as regras impostas com perfeição, obter os

benefícios em momentos futuros e com a redução do risco do sistema.

O subsistema de carne orgânica deve seguir os preceitos da produção

orgânica com rígidas regras de certificação. Em muitos casos, a percepção da

qualidade não se traduz diretamente em preços melhores e o modelo requer a

confiança na certificação. A certificadora de renome e credenciada

internacionalmente facilita a confiabilidade no processo. As regras internacionais

do IFOAM (International Federation of Organic Agriculture Movements)

auxiliam a certificação, mas nem sempre os países adotam estas regras.

Em geral, os sistemas mais avançados tecnicamente requerem adoção de

práticas as quais exigem supervisão, controle e certificação, seja via contratos e

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

130

fiscalização da própria empresa líder do sistema, seja pelos requisitos de

demanda.

O Estado de Mato Grosso apresenta algumas peculiaridades que

requerem cautela. Uma delas envolve as chamadas áreas de fronteira. O estado

divide com a Bolívia, Paraguai e outros estados que ainda não estão livres da

aftosa. Dessa forma, muitas vezes é penalizado com zoneamentos contrários à

exportação de carne bovina para mercados com melhores remunerações do

produto. As áreas consideradas de fronteira de Mato Grosso, conforme

classificação do IBGE, são apresentadas na Tabela 6.2. Estas áreas de fronteira,

especialmente em situações de risco sanitário, são consideradas prioridades

especiais para aplicação de recursos do FCO.

Além destas áreas, tem-se também a de restrição devido à febre aftosa,

que, embora já esteja controlada em MT há 11 anos, mas, pelo fato de fazer

divisas com áreas infectadas, é empecilho e motivo para a existência de “áreas

não habilitadas” para exportação para a União Européia (Figura 6.5). A área

alaranjada é a habilitada para exportação de carne in natura para a União

Européia.

6.4. Fundo de Apoio à Bovinocultura de Corte (FABOV)

O Fundo de Apoio à Bovinocultura de Corte (FABOV) foi criado pela

Lei n.o 8.432, de 30 de dezembro de 2005. É um recurso destinado a financiar as

ações voltadas ao apoio e desenvolvimento da bovinocultura de corte e

organização do respectivo sistema de produção, através de entidades

representativas desse segmento. Tem recolhimento de 1,26% do valor da UPF-

MT, vigente no período, por cabeça de gado transportada para o abate.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

131

Tabela 6.2 – Áreas de fronteira de Mato Grosso

Município INCRA IBGE

Araputanga 902080 5101258 Barão de Melgaço 904023 5101605 Barra do Bugres 903035 5101704 Cáceres 902012 5102504 Campos de Júlio 902179 5102686 Comodoro 902128 5103304 Conquista D'Oeste 902195 5103361 Curvelândia 902209 5103437 Figueirópolis D'Oeste 902101 5103809 Glória D'Oeste 902152 5103957 Indiavaí 902144 5104500 Jauru 902047 5105002 Lambari D'Oeste 902160 5105234 Mirassol D'Oeste 902039 5105622 Nossa Senhora do Livramento 904040 5106109 Nova Lacerda 902187 5106182 Poconé 904058 5106505 Pontes e Lacerda 902071 5106752 Porto Esperidião 902110 5106828 Porto Estrela 903094 5106851 Reserva do Cabaçal 902136 5107156 Rio Branco 902055 5107206 Salto do Céu 902063 5107750 São José dos Quatro Marcos 902098 5107107 Tangará da Serra 903051 5107958 Vale do São Domingos 902217 5108352 Vila Bela da Santíssima Trindade 902020 5105507

Fonte: IBGE (2007) e INCRA (2007).

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132

Fonte: INDEA-MT (2007).

Figura 6.5 – Áreas habilitada (em laranja) e não habilitada (verde) à exportação de carne in natura a países membros da União Européia.

O FABOV é administrado por um Conselho Gestor, presidido por um

dos membros titulares, eleito bienalmente, seu diretor-executivo, a quem

compete fixar normas, definir critérios e celebrar convênios para a aplicação dos

recursos destinados ao fundo. É composto pelos seguintes representantes: I – 1

membro titular e 1 membro suplente do Poder Público Estadual, representado

pela Secretaria de Desenvolvimento Rural (SEDER-MT); II – 2 membros

titulares e 2 membros suplentes da Federação da Agricultura e Pecuária do

Estado de Mato Grosso (FAMATO); III – 1 membro titular e 1 membro suplente

da Associação dos Criadores do Estado de Mato Grosso (ACRIMAT); IV – 1

membro titular e 1 membro suplente da Secretaria de Fazenda (SEFAZ-MT).

Constituem receitas do FABOV: I – arrecadação equivalente a 1,26 (um

inteiro e vinte e seis centésimos por cento) do valor da UPF-MT vigente no

período, por cabeça de gado transportada para o abate, nas operações internas

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

133

albergadas pelo diferimento do ICMS e que incidam contribuição ao Fundo de

Transporte e Habitação (FETHAB), inclusive em decorrência de saídas

interestaduais ou para exportação de gado em pé destinado ao abate, cria, recria e

engorda; II – recursos decorrentes de convênios firmados com outros entes

públicos e privados; III – contribuições e doações de pessoas jurídicas de direito

público e privado; IV – contribuições, doações e convênios de financiamentos

efetuados por organismos internacionais de cooperação para aplicação no sistema

produtivo da bovinocultura; V – repasses de recursos financeiros oriundos do

Fundo de Transporte e Habitação (FETHAB), de forma a garantir a paridade

monetária em face dos recolhimentos em decorrência do estatuído no inciso IV,

do §1.º do artigo 10 do presente ato.

6.5. Pró-couro

A Lei n.º 7.216, de 17 de dezembro de 1999, instituiu o Programa de

Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Boi – Carne, Couro, Calçados e

Artefatos de Couro – Pró-Couro, vinculado à Secretaria de Estado de Indústria,

Comércio, Minas e Energia (SICME), com o objetivo de estimular o processo de

agregação de valor e melhoria da qualidade e produtividade dos produtos

derivados da pecuária de corte. Constitui-se basicamente em incentivo financeiro

aos produtores rurais a título de crédito fiscal, por animal abatido em valor não

superior ao equivalente a 0,878% do valor do ICMS devido na operação. Às

indústrias de curtume, calçados e artefatos de couro concede-se um incentivo

fiscal de até 85% do valor do ICMS devido nas operações de comercialização de

produtos industrializados, respeitando os seguintes percentuais: I – 29% do valor

do crédito fiscal, no estágio de wet blue; II – 57% do valor do crédito fiscal, no

estágio semi-acabado; III – 70% do valor do crédito fiscal, no estágio acabado;

IV – 100% do valor do crédito fiscal, para a indústria de calçados e, ou, artefatos

de couro.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

134

6.6. Sisbov

O Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e

Bubalina (SISBOV) é o conjunto de procedimentos adotados para caracterizar a

origem, o estado sanitário, a produção e a produtividade da pecuária nacional e a

segurança dos alimentos provenientes dessa exploração econômica.

Aplica-se, em todo o território nacional, às propriedades rurais de criação

de bovinos e bubalinos, às agroindústrias que processam esses animais, às

entidades credenciadas pelo MAPA como certificadoras e as empresas

produtoras de elementos de identificação.

No Brasil, o princípio do rastreamento surgiu em 2002, através da

Instrução Normativa n.º 1, de 9 de janeiro de 2002, que instituiu o SISBOV,

visando: a) caracterizar o rebanho bovino e bubalino no território nacional; b)

oferecer maior segurança aos produtos; e c) atender às exigências mercadológicas

internacionais. As principais normas são: IN Ministerial n.º 1, de 9 de janeiro de

2002; que institui o SISBOV; e IN SDA n.º 21, de 2 de abril de 2004, que aprova

as Normas Operacionais do SISBOV.

Em 2006, o chamado Sisbov Novo foi introduzido pela Instrução

Normativa n.° 17, de 14 de julho de 2006, que prevê a adesão voluntária,

cadastrando-se o estabelecimento rural no sistema. É submetido a vistorias

periódicas da certificadora. Todos os animais bovinos e bubalinos do

estabelecimento deverão ser identificados individualmente, cadastrados na Base

Nacional de Dados e controlados todos os insumos utilizados em sua criação.

A partir de 2009, o ingresso de animais bovinos nos Estabelecimentos

Rurais só será permitido se oriundos de outros estabelecimentos na mesma

condição. O calendário previsto, conforme cartilha do ministério (BRASIL,

2007, p. 6), será:

a) 12 de setembro de 2006: data em que entra em vigor a Instrução Normativa n.o

17, de 13 de julho de 2006, que regulamenta o novo SISBOV;

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

135

b) 30 de novembro de 2006: data-limite para os produtores que já tenham

animais cadastrados no SISBOV cadastrem novos animais na Base Nacional

de Dados pelas regras do SISBOV antigo (Obs. § Único do art. 75);

c) 31 de dezembro de 2007: data-limite para que os produtores, inscritos no

antigo SISBOV, abatam ou comercializem seus animais cadastrados na Base

Nacional de Dados sob as regras antigas, sem perder a rastreabilidade desses.

Data, a partir da qual, ficam revogadas as Instruções Normativas e Portarias

que regulamentavam o antigo SISBOV;

d) 31 de dezembro de 2008: data-limite para que os Estabelecimentos Rurais

Aprovados no SISBOV (ERAS) adquiram animais de estabelecimentos não

aprovados; a partir de 1.º de janeiro de 2009, todos os animais que ingressarem

no Estabelecimento Rural Aprovado no SISBOV devem ser originários de

outro Estabelecimento Rural Aprovado no SISBOV. Após esta data, só serão

ingressados de animais não provenientes de ERAS, se destinados

exclusivamente à reprodução.

A identificação será por meio de uma numeração única de 15 dígitos do

SISBOV, e o produtor poderá escolher uma das seguintes opções: a) Um brinco e

um botton-padrão; b) Um brinco ou um botton-padrão e um dispositivo

eletrônico; c) Um brinco-padrão em uma orelha e uma tatuagem na outra; d) Um

brinco-padrão e o número de manejo do SISBOV marcado a fogo; e) Um

dispositivo único com identificação visual e eletrônica; e f) Somente um brinco-

padrão.

6.7. Prommepe

O Programa Mato-Grossense de Melhoramento da Pecuária

(PROMMEPE), instituído pela Lei n.º 6.171, de 6 de janeiro de 1993, visava

basicamente elevar os índices de produtividade do rebanho bovino do estado por

meio de: I – fornecimento de informações, em nível de pecuária, sobre

alimentação, manejo e sanidade; II – treinamento e qualificação de técnicos e

inseminadores com credenciamento para atuar no programa; III – promoção do

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

136

melhoramento genético da raça Nelore; IV – orientação sobre cruzamento

industrial, visando aumentar os índices de desfrute e estimular a produção de

animais precoce; V – formação de um rebanho leiteiro; e VI – vinculação de

programas voltados a pecuária. Atualmente, não está mais em efeito, mas auxilia

a entender algumas demandas detectadas na pesquisa.

Eram metas básicas do PROMMEPE: I – elevar, a curto e médio prazos,

o padrão socioeconômico do rebanho geral através da utilização de inseminação

artificial, touros registrados, reprodutores e matrizes melhoradores, oriundos do

programa; II – introduzir e aprimorar orientações sobre manejo, alimentação e

sanidade, visando aumentar, e de imediato, os índices de desfrute e a oferta de

carne; III – introduzir o Calendário Sanitário, de forma que concretize o processo

profilático e haja controle das principais doenças que ocorrem no estado; IV –

possibilitar aos pecuaristas a introdução e melhorias para: aumento do índice de

natalidade, redução do índice de mortalidade, redução de idade do 1.º parto e

redução da idade de abate; V – fornecer um esquema de alimentação no período

da seca que permita ganhos e peso, usando as seguintes técnicas: uso racional das

pastagens, suplementação a campo, uso de uréia, uso de capineiras, uso de

silagem, uso de fenação, semiconfinamento; e confinamento; VI – incentivar a

utilização e o cruzamento industrial, com o objetivo de se obter um produto

precoce e de maior peso para o abate; VII – possibilitar melhorias de

desempenho da pecuária leiteira, através de formação de rebanho leiteiro e

melhorar a eficiência reprodutiva com o uso de melhor alimentação, controle das

doenças da reprodução e manejo reprodutivo.

Este programa foi importante para a melhoria qualitativa do rebanho do

estado, traduzindo em resultados positivos para a competitividade da cadeia

produtiva na década de 1990 e no início dos anos 2000.

O Ministério do Planejamento e Orçamento, por meio da Secretaria

Especial de Políticas Regionais, Secretaria Executiva do Condel/FCO,

Proposição n.º 02/98 e Resolução n.º 011, de 27 de maio de 1998, disciplinou a

assistência com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-

Oeste (FCO) ao Prommepe e Novilho Precoce.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

137

O Programa de Apoio à Criação de Gado para o Abate Precoce –

Novilho Precoce, vinculado ao Prommepe, conforme Lei n.º 6.116, de 23 de

novembro de 1992, estimulou a adoção de práticas que reduzam a idade de abate

dos animais, conferindo melhor qualidade da carne, reduzindo o tempo de cria-

recria-engorda e oferecendo melhor giro do capital.

A resolução n.o 33, de 22 de setembro de 2003, do Conselho Estadual de

Desenvolvimento Rural Sustentável (CEDRS-MT), disciplinou o financiamento

de matrizes e reprodutores para a pecuária de corte no Pronaf, as quais devem

atender aos requisitos do Prommepe.

6.8. Programa de Integração Lavoura-Pecuária (FCO)47

Entende-se por “integração lavoura-pecuária” os sistemas de produção

que integrem atividades de agricultura e pecuária realizadas em rotação,

consorciação e, ou, sucessão sobre uma mesma área, com a finalidade de

intensificar e diversificar o uso da terra, trazendo benefícios tanto para a

agricultura quanto para a pecuária e proporcionando ganhos ambientais e

econômicos (FCO, 2007).

Estão no FCO Rural 2007, para MT, os Programas de Desenvolvimento

Rural, de Desenvolvimento de Irrigação e Drenagem, de Integração Rural, de

Integração Lavoura-Pecuária, Pronatureza, de Retenção de Matrizes na Planície

Pantaneira, Pescart e Proaqüa. Os valores, no orçamento de 2007, são: R$ 39.717

mil para pequenos (R$ 80 mil < renda bruta anual < R$ 160 mil) e micros (renda

bruta anual < R$ 80 mil); e, R$ 237.332 mil para médios (R$ 160 mil < renda

bruta anual < R$ 1 milhão) e grandes (renda bruta anual > R$ 1 milhão).

Os encargos financeiros nas operações rurais são: I – Miniprodutores,

suas cooperativas e associações – taxa fixa de juros de 5% ao ano; II – Pequenos

produtores, suas cooperativas e associações – taxa fixa de juros de 7,25% ao ano;

III – Médios produtores, suas cooperativas e associações – taxa fixa de juros de 47 Esta subseção está em grande parte baseada na íntegra do relatório de Programação do FCO para 2007,

disponível em: <http://www.mi.gov.br/fundos/fundos_constitucionais/index.asp?area=FCO-Programa ção 2007>.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

138

7,25% ao ano; IV – grandes produtores e suas cooperativas – taxa fixa de juros

de 9% ao ano.

Seus objetivos são:

a) Intensificar o uso da terra em áreas já desmatadas, por meio da disseminação

de sistemas de produção sustentáveis e que integrem agricultura e pecuária.

b) Disponibilizar recursos para investimentos necessários à implantação de

sistemas de integração de agricultura com pecuária.

c) Aumentar a produção agropecuária em áreas já desmatadas, a oferta interna e

a exportação de carnes, produtos lácteos, grãos, fibras e oleaginosas.

d) Estimular a adoção do plantio direto.

e) Diversificar a renda do produtor rural.

f) Estimular a adoção de sistemas de produção sustentáveis do ponto de vista

econômico e ambiental.

g) Assegurar condições para o uso racional e sustentável das áreas agrícolas e de

pastagens, reduzindo problemas ambientais causados pela utilização da prática

de queimadas, pela erosão, monocultura, redução do teor da matéria orgânica

do solo e outros.

h) Diminuir a pressão por desmatamento de novas áreas.

Tem como finalidade o financiamento de itens de investimento fixo e

semifixo e de custeio associado, vinculados ao projeto de adoção de sistemas de

integração de agricultura com pecuária.

Os beneficiários são os produtores rurais, na condição de pessoa física ou

jurídica, suas cooperativas de produção e associações de produtores, desde que se

dediquem à atividade produtiva no setor rural.

Entre os itens financiáveis têm-se os bens e serviços necessários ao

empreendimento, como:

a) Preparo do solo, aquisição, transporte, aplicação e incorporação de corretivos

agrícolas (calcário e outros), construção de terraços e realocação de estradas.

b) Aquisição de sementes e mudas.

c) Plantio de lavouras, pastagens e de culturas de cobertura do solo.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

139

d) Construção e modernização de benfeitorias e instalações destinadas à

produção no sistema de integração.

e) Aquisição de máquinas e equipamentos para a agricultura e, ou, pecuária,

associados ao projeto de integração objeto do financiamento.

f) Adequação ambiental da propriedade rural à legislação vigente

g) Aquisição de matrizes bovinas e ovinas para reprodução.

h) Aquisição de reprodutores, sêmen e embriões de bovinos e ovinos.

i) Aquisição de bezerros desmamados padrão novilho precoce, para terminação.

j) Custeio associado ao investimento.

O prazo varia conforme o uso do recurso:

a) Investimento fixo: I – Adubação, correção do solo e formação e reforma de

pastagens – até 6 anos, incluído o período de carência de até 2 anos; II –

Demais – até 12 anos, incluído o período de carência de até 3 anos;

b) Investimento semifixo: I – Máquinas e equipamentos – até 10 anos, incluído o

período de carência de até 3 anos, observada a vida útil do bem financiado; II

– Aquisição de animais para terminação – até 18 meses, incluído o período de

carência de até 6 meses, com fixação do cronograma de reembolso às épocas

de obtenção das respectivas receitas; III – Demais – até 6 anos, incluído o

período de carência de até 2 anos.

c) Custeio associado ao projeto de investimento – até 3 anos, incluído o período

de carência de até 1 ano.

6.9. Prodeic

A instituição do Prodeic dá-se na Lei n.º 7.958, de 25 de setembro de

2003, e em seu artigo 8.º: O módulo Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (PRODEIC) terá por finalidade precípua alavancar o desenvolvimento das atividades econômicas definidas como estratégicas, destinadas à produção prioritária de bens e serviços no Estado, considerando os aspectos sociais e ambientais, no intuito de melhorar o Índice de Desenvolvimento Humano e o bem-estar social da população.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

140

O PRODEIC, como modalidade, é um Programa de Benefício Fiscal,

consiste na concessão da redução de base de cálculo, crédito presumido ou

diferimento do ICMS. O Programa, além disso, com 7% do valor do benefício

fiscal, recolhido pelo beneficiário, cria um fundo denominado FUNDEIC (Fundo

de Desenvolvimento Industrial e Comercial do Estado de Mato Grosso),

destinado ao financiamento de projetos, pesquisa e difusão tecnológica,

treinamento de mão-de-obra, promoção, divulgação e outras ações.

Dessa forma, o PRODEIC é um instrumento que possibilita a instalação

de indústrias do SAG da Pecuária de Corte, ou seja, empresas de rações, insumos

em geral e mesmo indústrias de processamento, curtumes, alimentação,

embalagem e outras.

6.10. Prodei e Fundei

O Programa de Desenvolvimento Industrial do Estado de Mato Grosso

(PRODEI), instituído pela Lei n.o 5.323, de 19 de julho de 1988, e alterado pela

Lei n.o 6.896, de 20 de junho de 1997, tinha como objetivo o fomento ao

desenvolvimento industrial, incentivando a implantação, ampliação e

recuperação das indústrias. Para tanto, estabelecia prazo especial para pagamento

de ICMS em investimentos fixos e em capital de giro. Alterado pela Lei n.o

7.367, de 20 de dezembro de 2000, estabelece prazo especial para pagamento de

ICMS também em investimentos fixos e em capital de giro.

O PRODEI é um programa de postergação do recolhimento do ICMS,

com limite aplicável de até 70% sobre o ICMS a ser recolhido. Concede prazo de

até 15 anos para o recolhimento desse tributo. O beneficiário ainda recolhe 5%

do ICMS devido (normal) para o FUNDEI (Fundo de Desenvolvimento

Industrial de Mato Grosso).

A partir de 1996, o governo do estado suspendeu o ingresso de novas

empresas nos programas de incentivo industrial até 1998, mantendo apenas

aquelas inscritas e beneficiadas. A partir de então, a política de incentivos passou

a ser direcionada para alguns segmentos específicos, mantendo-se o PRODEIC e

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

141

FUNDEIC48, transferidos como instrumentos de incentivo visando à atração de

empresas para o Estado de Mato Grosso, delegando à Secretaria de Indústria,

Comércio, Minas e Energia (SICME), através da Lei n.º 6.896/97, a função de

gestora dos recursos, em virtude da desativação do antigo gestor, o Banco do

Estado de Mato Grosso S/A (BEMAT).

6.11. Tributação e condições macroeconômicas

A tributação é usualmente uma dificuldade para as atividades

econômicas brasileiras e não seria diferente para Mato Grosso. Os tributos

normalmente são os mesmos entre os estados (ITR, Imposto de Renda de Pessoa

Física – IRPF ou Imposto de Renda por Pessoa Jurídica – IRPJ, ICMS e Fundo

de Assistência ao Trabalhador Rural – FUNRURAL), com pequenas alterações

quando se tratam de contribuições para fundos específicos como, no caso de

Mato Grosso, para o FETHAB, FEFA e FABOV. Surgem ainda despesas com

Guia de Trânsito Animal, frete e rastreabilidade.

Serão realizadas descrições mais detalhadas para aqueles tributos com

características mais específicas para Mato Grosso e descrições mais gerais

daqueles tributos não menos importantes, mas de características mais parecidas

com os de outros estados e já caracterizados em estudos nacionais ou estaduais.

Brugnaro et al. (2003) trabalharam a tributação na agropecuária brasileira

no período 1995/2002 e mostraram que em Mato Grosso a arrecadação de ICMS

da agropecuária chegava, em 2002, 4,89%.

A Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso (SEFAZ-MT),

entretanto, divulga a diminuição efetivada de carga tributária de 2004 a 2006,

com isenção do ICMS da cesta básica e, especificamente, de todas as carnes,

passando, portanto de 12% para 0%. Há ainda algumas simplificações e reduções

tributárias no período 2003-2006, aqui se citando apenas aquelas relacionadas à

pecuária de corte, exportação/importação de insumos, máquinas ou equipamentos

48 A Lei n.º 7.310, de 31 de julho de 2000, alterou a denominação de Fundo de Desenvolvimento

Industrial (FUNDEI) para Fundo de Desenvolvimento Industrial e Comercial (FUNDEIC).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

142

utilizados no SAG, assim como incentivos a Estação Aduaneira do Interior

(Tabela 6.3).

Deve-se observar, também, a isenção de ICMS para exportação direta,

conforme a Lei Kandir. Ressalta-se que existe grande descontentamento por parte

do setor público, uma vez que o Governo do Estado deveria receber a restituição

do imposto isentado nesta lei, o que nem sempre ocorre.

O ITR passou por uma reformulação a partir de 1997, conforme

Brugnaro et al. (2003). Seu cálculo é feito com base no Valor da Terra Nua

(VTN). VTN é o valor do imóvel, excluídos os valores das construções,

instalações e benfeitorias; das culturas permanentes e temporárias; das pastagens

cultivadas e melhoradas; e das florestas plantadas. Assim:

o tributaçãà sujeita áreaalíquota××

=

haVTNITR

As alíquotas do ITR variam segundo o grau de utilização da terra e a

dimensão da área total do imóvel rural (Tabela 6.4). Existe uma progressividade

do ITR com o tamanho do imóvel, de modo a incentivar o uso da terra e

desestimular a posse especulativa. A área sujeita à tributação (área aproveitável)

é a área total do imóvel rural, retirando-se aquelas áreas de preservação

permanente e reservas legais.

Em Mato Grosso, um entrave relevante é que o valor do imóvel tem

sofrido grandes oscilações com a descoberta de novas técnicas de utilização do

Cerrado e áreas de matas, assim como com a expansão da fronteira agrícola, a

realização de novas infra-estruturas rodoferroviárias e a emancipação de novos

municípios. Dessa forma, existe uma preocupação com o ITR, com o valor

declarado e, muito mais preocupante, com a possibilidade de desapropriação ante

as ameaças do Movimento dos Sem-Terra (MST).

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143D

iagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de C

orte do Estado de Mato G

rosso

Tabela 6.3 – Sumário de decretos e leis estaduais que envolvem segmentos do sistema produtivo de bovinos de corte

Decreto/Lei Descrição

Decreto 01/03 Isenção do ICMS nas saídas internas da produção mato-grossense de arroz, feijão, carnes e miudezas comestíveis das espécies bovina, bufalina, suína e de aves.

Lei 7.901/03 Aumenta o valor da contribuição do FETHAB incidente nas operações com óleo diesel.

Lei 8.351/05 Revisão de critérios para contribuição ao FETHAB – crédito presumido do ICMS nas saídas interestaduais de gado em pé.

Lei 7.958/03 e Decreto 1.432/02 Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso: Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (PRODEIC) – obediência aos objetivos e às diretrizes da política de desenvolvimento industrial, comercial, mineral e energético do estado.

Lei 7.969/03 Ampliação do prazo de recolhimento do ICMS incentivado – PRODEI.

Lei 8.421/05 Reformulação do Programa de Desenvolvimento Industrial – PRODEI.

Decreto 463/03 Implantação do Programa ICMS Garantido Integral para peças, partes e acessórios de veículos, de máquinas e equipamentos industriais, e de máquinas, equipamentos e implementos agrícolas.

Decreto 717/03 Ampliação do Programa ICMS Garantido Integral – ferramentas em geral.

Decreto 1.738/03 Ampliação do Programa ICMS Garantido Integral – inclusão de novos segmentos econômicos (tecidos, confecções, calçados e acessórios, gêneros alimentícios, bebidas e outras mercadorias).

Decreto 185/03 Redução de base de cálculo do ICMS nas prestações de serviços de transporte, dentro do território nacional, correspondentes a saídas de mercadorias do Estado para exportação ou a remessas de mercadorias para formação de lote com fins específicos de exportação (bc = 70,588% do valor da prestação → carga tributária = 12%).

Decreto 468/03 Autoriza a concessão de parcelamento do diferencial de alíquotas devido por empresas prestadoras de serviços de transporte rodoviário interestadual e intermunicipal, devidamente inscritas no Cadastro de Contribuintes do Estado, na aquisição de caminhões para seu ativo imobilizado (10 parcelas fixas).

Continua...

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144D

iagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de C

orte do Estado de Mato G

rosso

Tabela 6.3, Continuação

Decreto/Lei Descrição

Decreto 5.805/05 Isenção de ICMS incidente na importação de bens para o ativo imobilizado aos contribuintes beneficiários com o Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária (REPORTO), instituído pela Lei n.° 11.033, de 21 de dezembro de 2004, para utilização exclusiva em porto localizado em território mato-grossense.

Lei 7.958/03 e Decreto 1.432/02 Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso: Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial Mato Grosso (PRODEIC) – obediência aos objetivos e às diretrizes da política de desenvolvimento industrial, comercial, mineral e energético do Estado. Oferece tratamento diferenciado para o setor da mineração.

Decretos 1.480/03, 4.301/04, 5.805/05, 7.122/06 e 7.123/06

Inclusão de novos produtos no rol de insumos agrícolas favorecidos com os benefícios do Convênio ICMS 100/97(redução de base de cálculo nas operações interestaduais e isenção nas operações internas)

Decreto 6.302/05 Extensão da isenção do ICMS nas saídas internas de insumos agropecuários arrolados no Convênio ICMS 100/97 às saídas de sementes de campos de produção.

Decreto 6.986/06 Ampliação do rol dos insumos agrícolas alcançados pelo diferimento do ICMS na importação 17) 2 9SEFAZ-MT Reduzir a carga tributária sobre insumos agrícolas e sobre alimentos, como estratégia para diminuir os custos de produção e os preços dos alimentos.

Decreto 54/03

Instituição do regime de estimativa para frigoríficos, relativamente às saídas interestaduais de carnes e miudezas comestíveis das espécies bovina/bubalina – definição do valor anual do imposto pelo segmento – encerramento da cadeia tributária.

Decreto 1.775/03

Amplia o rol de beneficiários para concessão de parcelamento do diferencial de alíquotas, para incluir estabelecimentos industriais e estabelecimentos agrícolas, respectivamente, na aquisição de máquinas e equipamentos industriais e máquinas, equipamentos e implementos agrícolas (10 parcelas fixas) 18) 2 10 SEFAZ-MT Revisar a política fiscal, visando a redução da carga tributária.

Continua...

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145D

iagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de C

orte do Estado de Mato G

rosso

Tabela 6.3, Continuação

Decreto/Lei Descrição

Decreto 2.629/03

Reformulação do regime de estimativa para frigoríficos, relativamente às saídas interestaduais de carnes e miudezas comestíveis, frescas, refrigeradas ou congeladas, bem como charque, carne cozida enlatada e corned beef das espécies bovina/bubalina –definição do valor anual do imposto pelo segmento – encerramento da cadeia tributária.

Decreto 2.824/04 Reformulação do regime de estimativa para frigoríficos, relativamente às saídas interestaduais de carnes e miudezas comestíveis, frescas, refrigeradas ou congeladas, bem como charque, carne cozida enlatada e corned beef das espécies bovina/bubalina, para alcançar também a espécie suína, bem como as carnes de aves e peixes.

Decreto 4.955/04

Reformulação do regime de estimativa para frigoríficos, relativamente às saídas interestaduais de carnes e miudezas comestíveis, frescas, refrigeradas ou congeladas, bem como charque, carne cozida enlatada e corned beef das espécies bovina/bubalina e suínas – excluídas as carnes de aves e peixes.

Decreto 5.805/05 Isenção de ICMS na importação de tratores agrícolas, conforme especificação.

Lei 8.351/05 e Decreto 6.105/05 Crédito presumido nas saídas interestaduais de gado em pé, promovidas por produtores rurais (carga tributária = 3%).

Decreto 6.936/05 Reformulação do regime de estimativa para frigoríficos, relativamente às saídas interestaduais de carnes e miudezas comestíveis, frescas, refrigeradas ou congeladas, bem como charque, carne cozida enlatada e corned beef das espécies bovina/bubalina e suínas, para alcançar também os subprodutos do abate, exceto couro bovino e bubalino.

Decreto 7.410/06 Reformulação da concessão de crédito presumido nas saídas interestaduais de gado em pé, promovidas por produtores rurais (carga tributária = 7%).

Decreto 7.457/06 Redução de base de cálculo nas saídas interestaduais de carne e demais produtos comestíveis frescos, resfriados, congelados, salgados, secos ou temperados, resultantes do abate de aves, leporídeos e gado bovino, bufalino, caprino, ovino e suíno.

Decreto 186/03 Dispensa de regime especial para exportação cujo desembaraço aduaneiro seja processado em recinto de EADI, instalada no território mato-grossense.

Fonte: SEFAZ-MT (2007)

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

146

Tabela 6.4 – Alíquotas do ITR segundo o grau de utilização e o tamanho do imóvel rural

Grau de utilização (GU) (em %) Área total do imóvel

(ha) Maior que 80

Maior que 65 até 80

Maior que 50 até 65

Maior que 30 até 50 Até 30

Até 50 0,03 0,20 0,40 0,70 1,00 Maior que 50 até 200 0,07 0,40 0,80 1,40 2,00 Maior que 200 até 500 0,10 0,60 1,30 2,30 3,30 Maior que 500 até 1.000 0,15 0,85 1,90 3,30 4,70 Maior que 1.000 até 5.000 0,30 1,60 3,40 6,00 8,60 Acima de 5.000 0,45 3,00 6,40 12,00 20,00

Fonte: IEA, citado por Brugnaro et al. (2003).

O Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL), é um

tributo mais específico do produtor rural, descontado quando se efetuam vendas a

industriais e comerciantes. O recolhimento é feito pelo comprador. O

FUNRURAL foi criado pela Lei Complementar n.o 11, de 25 de maio de 1971.

Posteriormente, a Lei n.o 10.256, de 9 de outubro de 2001, modificou o sistema

de contribuição social, para o segmento produtivo rural, já alterado anteriormente

pela Emenda Constitucional n.o 20, de 1998, que estabeleceu uma alíquota de

2,6% sobre o faturamento da empresa agropecuária. Já o empregador rural –

pessoa física e segurado especial – as alíquotas foram estabelecidas em 2,1% do

faturamento para o FUNRURAL, adicionado de 0,1% do faturamento destinado

ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), totalizando 2,2% do

faturamento. Em 2001, com nova regulamentação do tributo, para os produtores

rurais (pessoa física), manteve-se a alíquota destinada ao FUNRURAL em 2,1%

e elevou-se a alíquota destinada ao SENAR para 0,2% do faturamento,

totalizando 2,3% do valor do faturamento bruto da propriedade rural

(BRUGNARO et al., 2003).

Alguns encargos como PIS/Pasep, Cofins, CPMF, CSLL e IPI são

comuns aos diferentes estados e com pequena autonomia para incentivos

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

147

estaduais específicos. De qualquer forma, representam importantes custos para os

diferentes agentes do SAG pecuária de corte e reduzem a competitividade geral

do sistema.

A Lei n.o 7.263, de 27 de março de 2000, criou o Fundo de Transporte e

Habitação (FETHAB), regulamentado pelo Decreto n.o 1.261, de 30 de março de

2000, que estabeleceu condições para o diferimento do ICMS em operações

internas com produtos agropecuários e fixou obrigações para os contribuintes

substitutos nas operações com combustíveis. O fundo é vinculado à Secretaria de

Estado de Infra-Estrutura, com a finalidade básica de financiar o planejamento,

execução, acompanhamento e avaliação de obras e serviços de transportes e de

habitação em todo o território mato-grossense. Embora represente uma despesa

aos agentes que emitem nota fiscal, tem por resultados esperados os ganhos com

infra-estruturas. A contribuição será de 24,78% do valor da UPFMT, vigente no

período, por cabeça de gado transportada (valor da UPF para janeiro a junho

2007, R$ 26,27), paga no momento da retirada da Guia de Transporte Animal

(GTA)49, quando será expedida a Guia de Recolhimento ao FETHAB

(GRFETHAB).

O processo operacional muitas vezes sofre críticas, pelo fato de nem

todos os municípios possuírem sistemas informatizados de controle e emissão da

GRFETHAB, o que dificulta o controle e o repasse automáticos de valores.

O FABOV tem recolhimento de 1,26% do valor da UPF-MT, vigente no

período, por cabeça de gado transportada para o abate, que será creditado na

conta do FABOV, criado pela Lei n.o 8.432, de 30 de dezembro de 2005.

6.12. Legislação sanitária

A Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA/MAPA) tem em sua

estrutura orgânica uma Divisão de Cooperação Técnica e Acordos Sanitários

Internacionais (DCTA), com a responsabilidade de coordenar, no âmbito da

SDA, as relações internacionais relativas à Defesa Agropecuária. 49 Em alguns documentos é denominada Guia de Trânsito Animal (GTA).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

148

No âmbito internacional regulado pela OMC, alguns acordos foram

acolhidos na legislação brasileira pelo Decreto Legislativo n.º 030, de 16 de

dezembro de 1994, e pelo Decreto n.º 1.355, de 30 de dezembro de 1994, entre os

quais se destacam:

• Acordo Geral de Tarifas e Comércio, de 1994

• Acordo sobre Agricultura

• Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio

• Acordo sobre Inspeção Pré-Embarque

• Acordo sobre Procedimentos para Licenciamento de Importações

• Acordo sobre Regras de Origem

Estes acordos obrigam os estados-membros à observação e ao

cumprimento das cláusulas acordadas, funções da Divisão de Cooperação

Técnica e Acordos Sanitários Internacionais (DCTA, da SDA/MAPA). Alguns

órgãos especializados, como o Escritório da Organização Internacional de

Epizootias (OIE), a Convenção Internacional de Proteção dos Vegetais (CIPV) e

o Codex Alimentarius (FAO/ONU) passaram a representar papéis na definição

das normas de controle que causam impacto sobre a organização das atividades

econômicas do setor agroprodutivo e no redesenho das novas políticas sanitárias.

Algumas legislações vigentes no Brasil devem ser ressaltadas:

• Decreto n.º 69.502, de 5 de novembro de 1971, dispõe sobre o registro, a

padronização e a inspeção de produtos vegetais e animais, inclusive os

destinados à alimentação humana. Compete ao Ministério da Agricultura o

registro, a padronização e a inspeção de produtos vegetais e animais, inclusive

na fase de sua industrialização, em consonância com os objetivos da política

de desenvolvimento agroindustrial.

• Lei n.º 1.283, de 18 de dezembro de 1950, dispõe sobre a inspeção industrial e

sanitária dos produtos de origem animal. Estabelece a obrigatoriedade da

prévia fiscalização, do ponto de vista industrial e sanitário, de todos dos

produtos de origem animal, comestíveis e não-comestíveis, adicionados ou

não de produtos vegetais, preparados, transformados, manipulados, recebidos,

acondicionados, depositados e em trânsito. São sujeitos à fiscalização prevista

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

149

nesta lei os animais destinados à matança, seus produtos e subprodutos e

matérias-primas. A fiscalização dar-se-ia, entre outros locais previstos na lei,

nos estabelecimentos industriais especializados e nas propriedades rurais com

instalações adequadas para a matança de animais e o seu preparo ou

industrialização, sob qualquer forma, para o consumo; nos entrepostos que, de

modo geral, recebam, manipulem, armazenem, conservem ou acondicionem

produtos de origem animal; nas propriedades rurais; nas casas atacadistas e

nos estabelecimentos varejistas. Nenhum estabelecimento industrial ou

entreposto de produtos de origem animal poderá funcionar no país sem que

esteja previamente registrado, na forma da regulamentação.

Uma importante legislação é relacionada ao Regulamento da Inspeção

Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA), pelo Decreto

30.691, de 29 de março de 1952. As principais alterações para fins deste trabalho

foram realizadas por meio de Decreto n.º 1.255, de 25 de junho de 1962; Decreto

n.º 1.236, de 2 de setembro de 1994; e Decreto n.º 2.244, de 4 de junho de 1997.

Dentre as alterações tem-se que só é permitido o sacrifício de animais de açougue

por métodos humanitários, utilizando-se de prévia insensibilização com base em

princípios científicos, seguida de imediata sangria. Os métodos empregados para

cada espécie de animal de açougue deverão ser aprovados pelo órgão oficial

competente, cujas especificações e procedimentos serão disciplinados em

regulamento técnico. É facultado o sacrifício de bovinos de acordo com preceitos

religiosos (jugulação cruenta), desde que sejam destinados ao consumo por

comunidade religiosa que os requeira ou ao comércio internacional com países

que façam essa exigência.

A Circular n.º 192/98/DCI/DIPOA, de 1.o de julho de 1998, trata da

exportação de carne bovina brasileira para a União Européia. Refere-se a uma

instrução relativa ao controle sistemático da obtenção até a expedição e a

preservação da origem destacada no rótulo do produto final colocado no mercado

comunitário.

Em razão do disposto nos Regulamentos n.o 820/97/CE, de 21 de abril de

1997, e n.o 1.141/97/CE, de 23 de junho de 1997, baixados pelas autoridades da

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

150

União Européia (UE), tem-se a Norma de Implementação do Sistema de

Rotulagem de Carne Bovina do Brasil, permitindo assegurar ao consumidor

comunitário uma confiável correlação entre o produto adquirido no comércio e o

animal do qual foi obtida a matéria-prima, através de rótulo contendo o Código

de Rastreabilidade, também conhecido pela expressão inglesa Traceability Code.

De acordo com os regulamentos, a carne destinada à exportação para os países-

membros da UE deve ser embalada e contendo rótulo com pelo menos as

seguintes informações: razão social do estabelecimento produtor e endereço;

número de controle veterinário do estabelecimento de abate (n.º do SIF); a

expressão Brazilian Beef, significando que a carne é proveniente de animais

nascidos, criados e abatidos no Brasil, e tipo de produto; denominação do corte

data de produção, data ou prazo de validade; e, o código de rastreabilidade

contendo o seguinte: número de controle veterinário (n.º do SIF) do

estabelecimento de abate, data do abate, número do lote, sexo e idade dos

animais.

A instrução apresenta uma descrição sucinta da seqüência de

procedimentos que devem ser adotados pelos estabelecimentos brasileiros de

abate de bovinos, aprovados pelas autoridades veterinárias da União Européia, os

quais se iniciam na compra, transporte e recepção dos animais no matadouro

passando por todas as fases de produção e culmina com o produto embalado e

pronto para ser expedido para o mercado comunitário.

A norma é aplicada, pelo menos inicialmente, no caso de produção de

cortes de carne de bovinos destinados ao consumo direto (mercado varejista) e de

carne bovina cozida congelada com países-membros da UE que optarem por esse

sistema. A partir de 1.o de janeiro de 2000, este sistema deve ser de aplicação

compulsória para todas as exportações de carne bovina para países comunitários.

O Sistema de Rotulagem de Carne Bovina do Brasil é garantido pela

Secretaria de Defesa Agropecuária (DAS), através dos Departamentos de

Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) e da Defesa Animal (DDA).

Ao Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA)

cabe a responsabilidade pela aplicação do programa, através de seus Serviços de

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

151

Inspeção Federal (SIFs) junto aos estabelecimentos de abate e de transformação

de carne bovina aprovados para a UE.

É de responsabilidade do Departamento de Defesa Animal (DDA) o

controle da emissão das Guias de Trânsito Animal (GTAs), da importação de

animais vivos (exigência da identificação e de registro dos bovinos no país de

origem) e de material de multiplicação animal (sêmen e embriões).

A auditoria do Sistema de Rotulagem nos matadouros será realizada por

Médicos Veterinários da equipe nacional de supervisão de estabelecimentos

exportadores do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal

(DIPOA/DAS).

Os estabelecimentos exportadores de carne bovina e de produtos à base

de carne bovina para União Européia somente podem utilizar-se do Sistema de

Rotulagem com autorização prévia concedida pelo DIPOA/SDA.

Segue a seqüência dos procedimentos para a certificação: compra dos

bovinos; transporte dos bovinos; desembarque nos alojamentos dos animais e

currais; inspeção ante-mortem; período de descanso, jejum e dieta hídrica;

operações de abate e de manipulação de carne; insensibilização; sangria; esfola;

identificação, seleção e codificação dos lotes; evisceração, divisão (fendagem),

inspeção post-mortem, toalete, colocação dos carimbos oficiais do Serviço

Veterinário de Inspeção, pesagem e lavagem da carcaça; seleção e cortes das

peças; preparação, embalagem dos cortes; embalagem, identificação e lacração

das caixas; maturação e congelamento dos cortes; embarque (expedição); e

certificação sanitária.

A Portaria n.º 368, de 4 de setembro de 1997, aborda o Regulamento

Técnico sobre as Condições Higiênicas Sanitárias e Boas Práticas de Fabricação

para estabelecimentos elaboradores, industrializadores de alimentos. A Portaria

371/1997 – MA, de 4 de setembro de 1997, aborda o Regulamento Técnico para

Rotulagem de Produtos Embalados.

Em Mato Grosso, a defesa sanitária está ligada, em nível estadual, ao

Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (INDEA-MT), o

qual desenvolve atividades de controle e fiscalização. Em âmbito federal, o

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

152

Sistema de Inspeção Federal (SIF) é responsável pela fiscalização de carnes a

serem comercializadas no país e no exterior.

O Decreto n.º 4.384, de 7 de abril de 1994, estabelece o Regulamento da

Inspeção Sanitária e Industrial dos Produtos de Origem Animal no Estado de

Mato Grosso, as normas que regulam, em todo o Estado de Mato Grosso, a

Inspeção e Reinspeção Industrial e Sanitária dos Produtos de Origem Animal, na

forma da Lei n.o 6.338, de 3 de dezembro de 1993. A inspeção a que se refere é

privativa do Serviço de Inspeção Sanitária Estadual (SISE-MT), do Instituto de

Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (INDEA-MT), sempre que se

tratar de produtos destinados ao comércio municipal e intermunicipal. A

concessão do registro de inspeção pelo Serviço de Inspeção Sanitária Estadual do

Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso isenta o

estabelecimento de qualquer outra fiscalização industrial ou sanitária, estadual ou

municipal.

Uma característica interessante, observada por Azevedo e Bankuti

(2005), em estudo sobre a clandestinidade no SAG de carne bovina, é que muitas

vezes o abatedouro/frigorífico, sem conformidade com o SIF, atende à

regulamentação estadual ou municipal.

A comercialização de produtos de uso veterinário é regulada por Decreto

Estadual (Decreto n.º 5.053, de 22 de abril de 2004, que regulamenta a

comercialização de produtos de uso veterinário), devendo o estabelecimento

possuir licença anual para comercializar produtos de uso veterinário, fornecida

pelo MAPA, demonstrando que este estabelecimento é acompanhado por um

Médico Veterinário, registrado no Conselho Regional de Medicina Veterinária

do Estado de Mato Grosso. A Lei n.o 7.138, de 13 de julho de 1999, estabelece a

Defesa Sanitária Animal do Estado de Mato Grosso, alterada pelas Leis n.o 7.539

e 7.575.

A Coordenadoria de Inspeção Sanitária de Produtos de Origem Animal

(CISPOA) adota o “Manual de Procedimentos e Normas Técnicas para Registro

de Estabelecimentos que Manipulam e Industrializam Produtos de Origem

Animal e seus Derivados”, subordinado ao INDEA-MT. Este manual prevê uma

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

153

série de requisitos a serem atendidos para fins de registro, como documentos da

empresa, projetos de engenharia das construções e layout dos equipamentos a

serem utilizados, registro no Conselho Regional de Medicina Veterinária,

memorial econômico-sanitário do estabelecimento de carnes e derivados,

memorial descritivo econômico e sanitário da construção, licença ambiental da

SEMA, atender às normas para construção de abatedouro de bovinos, laudos de

vistoria e outros.

Nas Tabelas 6.5 e 6.6 são mostrados os preços estabelecidos pelo

INDEA-MT.

Para a fabricação de suplementos minerais para bovinos e suplementos

protéicos, tem-se a Instrução Normativa MAPA n.º 12, de 30 de novembro de

2004, o Decreto n.º 4.629, de 21 de março de 2003, e o Decreto n.º 76.986, de 6

de janeiro de 1976, que aprovam o Regulamento Técnico Sobre Fixação de

Parâmetros e das Características Mínimas dos Suplementos Destinados a

Bovinos.

Os suplementos poderão ser assim denominados:

a) Suplemento mineral: quando possuir na sua composição macro e, ou,

microelemento mineral, podendo apresentar, no produto final, valor menor que

42% de equivalente protéico;

b) Suplemento mineral com uréia: quando possuir na sua composição macro e,

ou, microelemento mineral e, no mínimo, 42% de equivalente protéico;

c) Suplemento mineral protéico: quando possuir na sua composição macro e, ou,

microelemento mineral, pelo menos 20% de proteína bruta (PB) e fornecer, no

mínimo, 30 gramas de proteína bruta (PB) por 100 kg de peso corporal; e

d) Suplemento mineral protéico energético: quando possuir na sua composição

macro e, ou, microelemento mineral, pelo menos 20% de proteína bruta,

fornecer, no mínimo, 30 gramas de proteína bruta e 100 gramas de nutrientes

digestíveis totais (NDT) por 100 kg de peso corporal.

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154D

iagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de C

orte do Estado de Mato G

rosso

Tabela 6.5 – Preços da coordenadoria de controle de doenças dos animais

Especificação Unidade monetária Valor

Realização de eventos (leilões, rodeio, prova de laço, vaquejada) UPF 10,000 Termo de vistoria e contagem de rebanho bovino e bubalino, eqüídeo, suídeo, caprinos e ovinos para qualquer finalidade por visita (acrescentar taxa de deslocamento) UPF 5,440

Taxa de licenciamento anual de revenda de produtos veterinários UPF 6,000 Vacinação contra brucelose em rebanho maior que 40 cabeças, por cabeça (acrescentar taxa de deslocamento) UPF 0,124 Vacinação contra brucelose em rebanho total até 40 cabeças, por cabeça - Custo da vacina Desdobramento de GTA para médicos veterinários credenciados, por bloco UPF 0,825

Vacinação contra febre aftosa realizada pelo INDEA-MT, por cabeça UPF Conforme Lei 7.138/99

Visita à propriedade, para acompanhamento de coleta e certificação para brucelose por certificado (acrescentar taxa de deslocamento) UPF 5,440 Desinfecção de veículos (por veículo) UPF 0,210 Colocação de lacre (por lacre) UPF 0,130 Emissão de documentos sanitários (GTA) Guia de Trânsito Animal (GTA) destinado à transferência entre propriedades do mesmo proprietário ou arrendamento comprovado para todas as espécies, em qualquer meio de transporte e quantidade de animais UPF 0,210

Guia de Trânsito Animal (GTA) para comercialização de bovinos, bubalinos, ovinos, caprinos e suínos, por veículo UPF 0,410 Guia de Trânsito Animal (GTA) para comercialização de bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos tangidos a pé, por lote ou fração de até 10 cabeças UPF 0,120 Guia de Trânsito Animal (GTA) para abate de bovinos, bubalinos, ovinos, caprinos e suínos UPF 0,600 Certificado de Inspeção Sanitária (CIS) modelo E, para subprodutos de origem animal, por tonelada UPF 0,180 Bloco de GTA, com 25 jogos R$ 15,00 Diagnóstico laboratorial Anemia infecciosa eqüina, por animal UPF 0,410 Raiva dos herbívoros e carnívoros UPF 0,590 Raiva dos herbívoros e carnívoros (OCZ e Secretaria de Saúde) UPF Gratuito Raiva com diagnóstico diferencial (BSE, bacteriológico, isolamento viral) UPF 1,450 Brucelose (Prova Lenta + 2 Mercapto Etanol) por animal, até 500 cabeças UPF 0,600 Brucelose (Prova Lenta + 2 Mercapto Etanol) por animal, acima de 500 cabeças UPF 0,410 Brucelose (Prova do Mercaptoetanol) por animal UPF 0,410 Febre aftosa (isolamento viral-foco) (quando há suspeita de foco) UPF Gratuito Bacteriológico (isolamento) UPF 1,450

Continua...

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155D

iagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de C

orte do Estado de Mato G

rosso

Tabela 6.5, Continuação

Especificação Unidade monetária Valor

Bacteriológico (pesquisa de toxina botulinica) UPF 0,590 Parasitológico (OPG/LPG/BAERMAM), por amostra UPF 0,590 Parasitológico (fezes pequenos animais), por amostra UPF 0,590 Parasitológico (hematozoários), por animal UPF 0,590 Neospora (técnica de Elisa) UPF 1,000 Neospora (isolamento em cultivo de células) UPF 1,000 Camundongo (por unidade) UPF 0,500 Cobaia (por unidade) UPF 0,500 Leptospirose por macroaglutinação, por amostra UPF 0,180 Leptospirose por microaglutinação, por amostra UPF 0,340 IBR (Sorologia Triagem-Elisa), por amostra UPF 0,590 IBR (Sorologia Vírus Neutralização), por amostra UPF 0,590 BVD (Sorologia Elisa), por amostra UPF 0,590 PSC (Sorologia Triagem-Elisa), por amostra UPF 0,590 Aujeszky (Sorologia Elisa), por amostra UPF 0,590 Aujeszky (Sorologia Vírus-Neutralização), por amostra UPF 0,590 Aujeszky (Isolamento) UPF 0,590 Leucose Bovina (Elisa), por amostra UPF 0,750 HBV-5 (Isolamento) UPF 0,350 Exame Sorológico para Febre Aftosa (Técnica IDGA), por amostra UPF 0,200 Exame Sorológico para Febre Aftosa (Técnica de EITB), por amostra UPF 1,780 Exame em Peixes (Necropsia, Parasitológico, Bacteriológico) UPF 1,450 Exame de Tuberculose (Tubeculinização intradérmica), por animal UPF 0,180 Exame de Brucela ovis (Técnica IDGA), por amostra UPF 0,470 Exame Histopatológico UPF 1,350 Brucelose (Acid. Tamponada), por animal até 100 cabeças UPF 0,160 Brucelose (Acid. Tamponada), por animal acima de 100 cabeças UPF 0,100 Penalidades Não notificado caso de enfermidade - Lei 7.138/99 Não realização de vacinação obrigatória e, ou, compulsória - Lei 7.138/99 Não desinfecção de veículo e, ou, meio de transporte - Lei 7.138/99

Continua...

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156D

iagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de C

orte do Estado de Mato G

rosso

Tabela 6.5, Continuação

Especificação Unidade monetária Valor

Trânsito para abate sem documento sanitário - Lei 7.138/99 Trânsito para cria, recria, reprodução, para exposições ou leilões sem documentação sanitária - Lei 7.138/99 Realização de leilões sem autorização - Lei 7.138/99 Comercialização de produtos veterinários sem licença - Lei 7.138/99 Reincidência por conduzir veículo transportando animais em trânsito sem documentação sanitária (por cabeça) - Lei 7.138/99 Trânsito de eqüídeos a pé, sem documentação sanitária - Lei 7.138/99 Reincidência de trânsito de eqüídeos, a pé, sem documentação sanitária - Lei 7.138/99 Deixar de comprovar a vacinação até 5 dias após a data marcada pelo Instituto - Lei 7.138/99 Dificultar ou tentar impedir a vacinação, a fiscalização e a execução dos serviços do Instituto - Lei 7.138/99 Deixar de cumprir as exigências legais estabelecidas pelo Instituto para ingresso de animais em eventos públicos - Lei 7.138/99 Receber ou abater animais sem documentação sanitária (por cabeça) - Lei 7.138/99 Receber leite de fornecedor que não estiver em dia com vacinação (por fornecedor) - Lei 7.138/99 Convênios FEFA (abate em frigorífico credenciado) 0,1% por cabeça, conforme pauta da SEFAZ-MT - - FEFA (abate em frigorífico não credenciado) 0,2% por cabeça, conforme pauta da SEFAZ-MT - - FEFA (abate fora do estado) 0,2% por cabeça, conforme pauta da SEFAZ-MT - - FEFA/leilões até 300 reses @ Boi Gordo 1,000 FEFA/leilões de 300 a 600 reses @ Boi Gordo 2,000 FEFA/leilões acima de 600 reses @ Boi Gordo 3,000 FUSASMAT – 125 gramas de carne suína por animal abatido dentro do Estado de Mato Grosso R$ 0,140 FUSASMAT – 250 gramas de carne suína por animal abatido fora do Estado de Mato Grosso R$ 0,280 ACRISMAT – por animal abatido dentro ou fora do estado R$ 0,500 FETHAB – por cabeça de gado transportado embarcado (Lei n.º 7.263/00, alterada pela Lei 7.869/02) UPF 0,2478

Fonte: INDEA-MT (2007).

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157

Tabela 6.6 – Preços da coordenadoria de inspeção de produtos e subprodutos de origem animal

Especificação Unidade monetária Valor

Grupo 'A' - Carne Bovinos/Bubalinos (cabeça) UPF 0,045 Suínos/Ovinos/Caprinos (cabeça) UPF 0,025 Aves (centena de cabeça ou fração) UPF 0,066 Jacarés (cabeça) UPF 0,013 Grupo 'B' – Registro de estabelecimento Instalação de SISE (estabelecimento) UPF 12,100 Registro de produto rótulo (produto) UPF 12,100 Taxa de renovação de registro UPF 6,000 Alteração da razão social UPF 3,000 Taxa de vistoria técnica (será acrescida a taxa de deslocamento) UPF 3,000

Fonte: INDEA-MT (2007).

Os suplementos serão assim classificados, quanto à sua forma de uso:

a) Pronto uso: quando se apresentar pronto para ser fornecido ao animal;

b) Para mistura: deverá ser misturado ao cloreto de sódio (sal comum) ou a

outros ingredientes para ser fornecido ao animal.

O Anexo II da Instrução Normativa MAPA n.º 12 traz os requisitos

básicos e níveis de garantia exigidos para a formulação de suplementos animais.

Com relação ao mercado de sementes de forrageiras, o Decreto n.o 2.366,

de 5 de novembro de 1997, regulamenta a Lei n.o 9.456, de 25 de abril de 1997,

que institui a Proteção de Cultivares e dispõe sobre o Serviço Nacional de

Proteção de Cultivares (SNPC), conforme orienta a APROSMAT, recomendando

manter a marca e a propriedade intelectual registradas no Instituto Nacional de

Propriedade Intelectual (INPI). Estabelece a existência do Cadastro Nacional de

Cultivares.

Na Tabela 6.7 são mostradas as exigências de países ou de blocos

econômicos na compra de carne bovina.

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158

Tabela 6.7 – Principais exigências dos mercados externos na compra da carne bovina brasileira in natura

Mercados Exigências

Países da União Européia

Rastreabilidade, SIF, aprovação para comercialização, diferentes especificações de corte, selos de qualidade, APPCC, BRC*, EFSIS (no caso de orgânico), EUREPGAP, entre outros

Países do Oriente médio

Análise dos Riscos e Pontos Críticos de Controle (APPCC,) ritual religioso do Hatal. Alguns países requerem apenas SIF, outros, como Arábia Saudita requer habilitação e documentação específica

Países da Ásia Varia conforme o país. Os requisitos são basicamente SIF,

APPCC e ritual religioso do Hatal Rússia e Europa Oriental SIF

Fonte: Sabadin (2006). Obs.: * British Retail Consortium (BRC) é uma certificação para empresas de alimentos que fornecem produtos

embalados, demonstrando atendimento aos requisitos legais, EFSIS (Sistema Europeu de Inspeção de Segurança de Alimentos), EUREPGAP (Certificação para Boas Práticas Agrícolas) e APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle de Qualidade) ou, em inglês, Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP), o qual garante a produção de alimentos seguros à saúde do consumidor, contribuindo para a competitividade das empresas.

6.13. Crédito

O crédito para as atividades rurais é visto em geral como uma

preocupação. Como citado anteriormente, o Estado de Mato Grosso apresenta

algumas alternativas como programas de incentivos que reduzem a tributação e,

dessa forma, auxiliam o produtor. Na concessão de crédito de modo mais

específico, podem-se mencionar os recursos que são alocados por meio do Fundo

de Desenvolvimento da Amazônia (FDA) e do Fundo Constitucional do Centro-

Oeste (FCO). O Estado de Mato Grosso se enquadra em ambos (Quadro 11.8).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

159

Tabela 6.8 – FCO empresarial: resumo das condições de financiamento

Programas Composição Participação máxima

Prazo

Desenvolvimento Industrial Financia bens e serviços necessários à implantação, ampliação, modernização, adequação ou relocalização de empreendimentos industriais e agroindustriais, com ou sem capital de giro associado

Micro: 8,75% a.a. Pequeno porte: 10% a.a.Médio porte: 12% a.a. Grande porte: 14% a.a.

Investimento Fixo: 70% a 90% Capital de Giro Associado: 30%

Investimento fixo: até 12 anos, com até 3 anos de carência Capital de giro: até três anos, com até um ano de carência

Infra-Estrutura Econômica Financia bens e serviços necessários à implantação, ampliação, modernização e reforma de infra-estrutura econômica, nas áreas de energia, comunicação, transporte, armazenagem, usinas, aterros sanitários etc.

Micro: 8,75% a.a. Pequeno porte: 10% a.a.Médio porte: 12% a.a. Grande porte: 14% a.a.

Investimento Fixo: 70% a 90%

Investimento fixo: até 12 anos, com até três anos de carência

Fonte: BNDES (2007).

O FDA é regido pela Medida Provisória n.o 2.146-1, de 4 de maio de

2001, que cria as Agências de Desenvolvimento da Amazônia e do Nordeste,

extingue a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e a

Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e estabelece a

Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA). O Plano de

Desenvolvimento da Amazônia abrange os Estados do Acre, Amapá, Amazonas,

Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e a parcela do Estado do

Maranhão, que se situa a Oeste do Meridiano, 44º de Longitude Oeste.

A partir de 2003 e até o exercício de 2013, a alocação anual de recursos

do Tesouro Nacional para o Fundo de Desenvolvimento da Amazônia será

equivalente a R$ 440.000.000,00 (quatrocentos e quarenta milhões de reais),

atualizada pela variação acumulada da receita corrente líquida da União.

O Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), por

sua vez, foi instituído pela Lei n.o 7.827, de 27 de setembro de 1989, com o

objetivo de promover o desenvolvimento econômico e social da Região Centro-

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

160

Oeste (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás e o Distrito Federal), por

intermédio de programas de financiamento aos setores produtivos.

No FCO Empresarial, incidem encargos financeiros de 8,75% anuais

para a microempresa, 10% a.a. para as de pequeno porte, 12% a.a. para as de

médio porte e 14% a.a. para as de grande porte. O pagamento em dia das

prestações do financiamento confere um direito a um bônus de adimplência de

15% sobre os juros a serem pagos.

No FCO Rural têm-se as linhas do Programa de Desenvolvimento Rural,

do Programa de Desenvolvimento de Irrigação e Drenagem, do Programa de

Desenvolvimento de Sistema de Integração Rural (FCO-CONVIR) e do

Programa de Integração Lavoura-Pecuária.

No FCO Rural – Desenvolvimento Rural incidem encargos financeiros

de 5% anuais para a microempresa, 7,25% a.a. para as de pequeno porte, 7,25%

a.a. para as de médio porte e 9% a.a. para as de grande porte. O pagamento em

dia das prestações do financiamento confere um direito a um bônus de

adimplência de 15% sobre os juros a serem pagos.

A previsão de alocação dos recursos em 2007 é esta evidenciada nas

Tabelas 6.9 e 6.10.

Tabela 6.9 – Distribuição percentual do orçamento do FCO para 2007

Setor DF GO MT MS Percentual de distribuição

Recursos distribuídos 17,10 26,10 26,10 20,70 90,00 FCO Rural 6,84 15,66 15,66 10,35 48,51 FCO Empresarial 10,26 10,44 10,44 10,35 41,49 Recursos a distribuir - - - - 10,00 Pronaf-RA - - - - 10,00 Total - - - - 100,00

Fonte: Ministério da Integração Nacional (2007).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

161

Tabela 6.10 – Recursos previstos para o FCO em 2007, em R$ milhões

Origem de recursos Valor

Repasses do Tesouro Nacional 1.037,1 Retornos de financiamentos 714,7 Resultado operacional 225,3 Disponibilidades ao final do exercício anterior 1.060,8 Recursos comprometidos com parcelas a liberar de operações contratadas em exercícios anteriores (254,3)

Total 2.783,6

Fonte: Ministério da Integração Nacional (2007).

A previsão de alocação entre os estados está evidenciada na Tabela 6.11.

Para o FCO Integração lavoura-pecuária, são financiados os bens e

serviços necessários ao empreendimento, conforme descritos subseqüentemente:

a) Preparo do solo, aquisição, transporte, aplicação e incorporação de corretivos

agrícolas (calcário e outros), construção de terraços e realocação de estradas;

b) Aquisição de sementes e mudas;

c) Plantio de lavouras, pastagens e de culturas de cobertura do solo;

d) Construção e modernização de benfeitorias e instalações destinadas à

produção no sistema de integração;

e) Aquisição de máquinas e equipamentos para a agricultura e, ou, pecuária,

associados ao projeto de integração objeto do financiamento;

f) Adequação ambiental da propriedade rural à legislação vigente;

g) Aquisição de matrizes bovinas e ovinas para reprodução;

h) Aquisição de reprodutores, sêmen e embriões de bovinos e ovinos;

i) Aquisição de bezerros desmamados padrão novilho precoce, para terminação;

e,

j) Custeio associado ao investimento.

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162

Tabela 6.11 – Recursos previstos para o FCO, por estado, em 2007 (em R$ mil)

Programas DF GO MT MS Região Distribuição (%)

Mini, micro e pequenos tomadores programas FCO Empresarial 130.106 132.389 132.389 131.248 526.132 18,90 Industrial 43.369 90.025 80.757 65.624 279.775 Infra-estrutura 10.842 13.239 - 26.250 50.331 Turismo 21.684 15.886 10.591 13.124 61.285 Comércio e serviços 54.211 13.239 41.041 26.250 134.741 FCO Rural 86.738 198.584 198.584 131.248 615.154 22,10 Pronaf demais 23.800 119.150 158.867 31.692 333.509 Demais rurais 62.938 79.434 39.717 99.556 281.645 Subtotal 216.844 330.973 330.973 262.496 1.141.286 41,00 Pronaf –RA 278.362 10,00

1.419.648 51,00 Médios e grandes tomadores FCO Empresarial 155.493 158.221 158.221 156.857 628.792 22,59 Industrial 51.831 107.590 61.706 78.429 299.556 Infra-estrutura 12.958 15.822 72.782 31.371 132.933 Turismo 25.915 18.987 4.747 15.686 65.335 Comércio e serviços 64.789 15.822 18.986 31.371 130.968 FCO Rural 103.662 237.332 237.332 156.857 735.183 26,41 Subtotal 259.155 395.553 395.553 313.714 1.363.975 49,00

1.363.975 49,00 Resumo geral FCO Empresarial 285.599 290.610 290.610 288.105 1.154.924 41,49 Industrial 95.200 197.615 142.463 144.053 579.331 Infra-estrutura 23.800 29.061 72.782 57.621 183.264 Turismo 47.599 34.873 15.338 28.810 126.620 Comércio e serviços 119.000 29.061 60.027 57.621 265.709 FCO Rural 190.400 435.916 435.916 288.105 1.350.337 48,51 Pronaf demais 23.800 119.150 158.867 31.692 333.509 Demais rurais 166.600 316.766 277.049 256.413 1.016.828 Subtotal 475.999 726.526 726.526 576.210 2.505.261 90,00 Pronaf -RA 278.362 10,00 Total 2.783.623 100,00

Fonte: Ministério da Integração Nacional (2007) e SEDER-MT (2007).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

163

O prazo varia conforme o item financiado, e os encargos financeiros são

no FCO Rural Integração Lavoura-Pecuária de: 5% anuais para a microempresa,

7,25% a.a. para as de pequeno porte, 7,25% a.a. para as de médio porte e 9% a.a.

para as de grande porte. O pagamento em dia das prestações do financiamento

confere um direito a um bônus de adimplência de 15% sobre os juros a serem

pagos.

O Fundeic foi mencionado anteriormente e representa alternativa para

pequenas empresas obterem crédito. Os processos são avaliados pela MT

Fomento, agência de fomento do Estado de Mato Grosso, a qual concede

recursos com limites variados conforme a utilização.

Os programas tradicionais do sistema financeiro normalmente envolvem

linhas de crédito do BNDES. O BNDES atende às necessidades de investimento

de empresas. São diferentes programas regionais do BNDES, com o objetivo de

aumentar os níveis de investimentos em regiões/setores menos desenvolvidos. O

Programa da Região Centro-Oeste integra Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do

Sul e Distrito Federal. Algumas linhas de financiamento são mais relevantes

(Tabela 6.12).

Para o produtor rural, especificamente tem-se o recurso via Sistema

Nacional de Crédito Rural, conforme Tabela 6.13. Em geral, os mais importantes

para a pecuária são o Moderfrota e o Moderagro, que permitem a captação de

recursos para a aquisição de máquinas e implementos, formação, reforma ou

manutenção de pastagens, bem como para recuperação do solo.

Observa-se uma elevação nominal nos recursos programados no período

2003/2004 a 2007/2008, como evidenciado na Figura 6.6.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

164

Tabela 6.12 – Quadro resumo de linhas de crédito do BNDES

BNDES Automático Financiamentos de até R$ 10 milhões para projetos de implantação, expansão e modernização, incluída a aquisição de máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional, credenciados pelo BNDES, e capital de giro associado

TJLP + juros de 1% a 4,0% a.a. + spread do

agente 60% a 90% Negociado

FINEM Financiamentos superiores a R$ 10 milhões para projetos de implantação, expansão e modernização, incluída a aquisição de máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional, credenciados pelo BNDES e capital de giro associado

TJLP (a) ou LIBOR (b) + juros de 1% a

4,5% a.a. + spread do agente

60% a 80% Negociado

FINAME Financiamentos, sem limite de valor, para aquisição isolada de máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional, credenciados pelo BNDES, através de instituições financeiras credenciadas

TJLP + juros de 1% a 4,0% a.a. + spread do

agente 80% a 90%

48 a 72 meses, prazo

negociado para valores acima

de R$ 10 milhões

FINAME Agrícola Financiamentos, sem limite de valor, para aquisição de máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional, credenciados pelo BNDES e destinados ao setor agropecuário, através de instituições financeiras credenciadas

TJLP + juros de 1% a 4,0% a.a. + spread do

agente 100% Até 90 meses

Fonte: BNDES (2007).

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165D

iagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de C

orte do Estado de Mato G

rosso

Tabela 6.13 – Programação e aplicação de recursos do crédito rural no Brasil, safras 2003/2004 a 2007/2008, em milhões de reais

Fonte de recursos/Programas 2003/2004

Programação jul./03 a jun./04

2004/2005 Programação

jul./04 a jun./05

2005/2006 Programação

jul./05 a jun./06

2006/2007 Programação

jul./06 a jun./07

2007/2008 Programação

jul./07 a jun./08 1. Custeio e comercialização 21.400 28.750 35.200 41.400 49.100 1.1. Juros controlados 16.400 17.700 22.900 30.100 36.450 1.2. Juros livres 5.000 11.050 12.300 11.300 12.650

Poupança rural (MCR 6-4) 3.000 5.750 5.000 6.000 2.500 Recursos livres 1.000 2.300 2.300 2.300 - BB-CPR-Aval/Compra 1.000 2.000 5.000 3.000 - BB-FAT Agroindústria - 1.000 - - -

2. Investimento 5.750 10.700 11.150 8.600 8.900 2.1.Programas do BNDES 4.000 8.100 8.550 6.100 6.100

Moderfrota 2.000 5.500 5.500 3.000 3.000 Moderagro (Prosolo, Propasto,Sisvárzea) 600 900 1.200 1.200 1.850 Prodefruta (Prodevinho,Profruta e Procacau) 240 200 200 150 - Prodeagro (Prodecap, Prodamel, Aqüicultura, Prodeflor) 60 200 300 500 - Moderinfra (Proazem,Proirriga) 500 700 700 500 500 Propflora 50 50 100 100 100 Prodecoop 450 550 550 450 450 Prolapec (2006) [Proleite (Incorp. ao Prodeagro)] 100 - - 200 200

2.2. Demais linhas/programas 1.750 2.600 2.600 2.500 2.800 Fundos Constit. (6% a 10,75% a.a.) 1.000 2.000 2.000 2.200 2.500 FINAME Agrícola Esp. (13,95% a.a.) 500 500 500 200 200 Proger (BB) 250 100 100 100 100

3. Agricultura empresarial (1+2) 27.150 39.450 46.350 50.000 58.000 4. Agricultura familiar - (Pronaf) 5.400 7.000 9.000 10.000 12.000 5. Total crédito rural (3 + 4) 32.550 46.450 55.350 60.000 70.000

Fonte: BRASIL (2007) e BACEN (2007). Dados trabalhados.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

166

-

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

80.000

2003/2004 2004/2005 2005/2006 2006/2007 2007/2008

Custeio e comercialização Investimento Agricultura Empresarial

Agricultura Familiar Total Crédito Rural

Fonte: BRASIL (2007) e BACEN (2007). Dados trabalhados.

Figura 6.6 – Evolução nominal dos recursos programados para crédito rural ofi-cial no Brasil, para as safras de 2003/2004 a 2007/2008.

Com exceção do investimento nominal programado, que não apresentou

significância estatística para a taxa geométrica de crescimento (TGC), todos os

demais tiveram TGC positiva no período de 2003/2004 a 2007/2008. Embora

graficamente pareça haver maior crescimento nominal dos valores de ‘custeio e

comercialização’, ‘agricultura empresarial’ e ‘total do crédito rural’,

respectivamente com TGC anuais de 22,4%, 19,2%, e 19,6%, são valores quase

na mesma grandeza que para a ‘agricultura familiar’, que teve TGC anual de

21,6%.

6.14. Pesquisa, desenvolvimento e formação de pessoas

No que se refere à pesquisa e ao desenvolvimento, a Fundação de

Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT) realiza editais

periódicos para financiar a pesquisa em diferentes áreas do conhecimento. As

universidades no estado são habilitadas aos editais, com possibilidade de

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

167

obtenção de recursos de consumo, investimento e mesmo bolsas de pesquisa ou

publicação.

Existe o apoio a eventos científicos, e a Fapemat tem acesso aos recursos

federais como os de editais do CNPq, CAPES, MCT, MDIC, entre outros. É,

portanto, importante fonte de recursos para as pesquisas e estudos no estado.

As universidades no estado são a Universidade Federal de Mato Grosso

(UFMT) e a Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat). Há ainda as

privadas, Universidade de Cuiabá (UNIC) e o Centro Universitário (UNIVAG).

Destacam-se os cursos de mestrado em Agronegócios e

Desenvolvimento Regional, em Ciência Animal, e o programa da Agricultura

Tropical (MS e DS). Têm-se ainda os cursos de graduação em Veterinária,

Agronomia, Zootecnia, Engenharia de Alimentos, Engenharia Mecânica,

Engenharia Agrícola, Ciências Econômicas, Administração, Ciências Contábeis e

outros que contribuem com a formação de pessoas para o SAG de pecuária de

corte, além dos cursos tecnológicos do CEFET no estado. No período de 2004-

2006, foram defendidas na UFMT 83 dissertações de Mestrado em Agricultura

Tropical. Em 2006, havia 109 matriculados neste Mestrado e 30 no Doutorado

em Agricultura Tropical. Somam-se a estes 16 matriculados no Mestrado em

Ciência Animal e 12 no Mestrado em Agronegócios e Desenvolvimento

Regional.

O SETEC-MT, SENAR-MT, SEBRAE-MT, SENAI-MT oferecem

formação mais básica para trabalhadores rurais e urbanos, com cursos para

vaqueiros, tratoristas, inseminadores, cursos básicos de sanidade animal, dias de

campo, formação de pessoas para a indústria de abate, alimentação, fabricação de

embutidos entre outros. Um programa interessante é o de formação de pessoas

qualificadas para as atividades relativas às casas de carne ou açougues, com a

propagação da idéia do ‘açougue modelo’, difundido em exposições como a

TecnoCarne 2007. A idéia tem sido propagada numa iniciativa do Sindicato do

Comércio Varejista de Carnes Frescas de São Paulo, junto ao Senac daquele

estado. Naquele evento aconteceram cursos de capacitação de Boas Práticas na

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

168

Fabricação de embutidos, hambúrgueres e espetinhos, e gestão de açougues. Na

Figura 6.7 é mostrado um exemplo daquela iniciativa.

Fonte: TecnoCarne (2007).

Figura 6.7 – Exemplo do estande do açougue modelo.

Em 2002, ocorreu em Cuiabá uma iniciativa do SENAI-MT, chamada

“Açougue do Futuro”. Esse projeto, com o apoio do Departamento Nacional,

tinha como objetivo capacitar trabalhadores para a atividade de manipulação de

carnes e seus derivados. Utilizando carretas, fazia deslocamento para bairros de

Cuiabá, atuando na comunidade. Atualmente, estão em desenvolvimento na

unidade do Senai-Cuiabá dois cursos técnicos: Alimentos da Cadeia Frigorífica, e

outro, da mesma natureza, denominado “Logística de Produção de Segurança do

Alimento”. Para o ano de 2008, projeta o mesmo organismo o desenvolvimento

de curso de “Tecnologia em Processamento de Carnes”, que objetiva atuar em

todas as áreas da pecuária bovina, inclusive laticínios.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

169

6.15. Sistemas de informações e dados estatísticos

Os principais sistemas de informação no estado estão localizados nas

instituições públicas e em associação de classe como: SEPLAN-MT, SEDER-

MT, EMPAER-MT, INDEA-MT, SICME-MT, IMEA/FAMATO, APR-MT,

ACRIMAT, SINDAN, SINDAG, ABIEC, Ícone e APROSMAT. Existem ainda

as agências locais do IBGE, CONAB e MAPA, além de outras fontes fora do

estado, mas que também realizam pesquisas e sistematizam informações como

FNP, IPEA, MDIC/ALICEWEB, CEPEA/USP e BMF. Também é importante

relacionar as corretoras de comercialização como CENTROBOI e outras

empresas privadas que tentam organizar ações em mercados de futuro e a termo.

Os dados em geral são escassos, muitas vezes com conflitos entre fontes

diferentes e é comum ocorrerem interrupções nas séries de coletas das

informações ou serem médias para o estado que não refletem as especificidades

locais. O estado é muito grande geograficamente e a produção animal é dispersa

em todo o território, dificultando a coleta dessas informações com confiabilidade

e periodicidade. Em geral, as bases não cobrem todos os municípios, mas apenas

aqueles mais representativos economicamente.

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CAPÍTULO VII

SEGMENTO DE INSUMOS

O setor de insumos envolve todos os agentes que estão à montante da

fazenda, considerando-se o complexo agroindustrial da bovinocultura de corte.

Dessa maneira, entendem-se como insumos tudo o que o pecuarista compra para

permitir sua produção: mão-de-obra, nutrição, medicamentos, itens de reforma de

pastagem, combustível etc.

A característica básica em Mato Grosso é a participação de grandes

empresas do mercado nacional de insumos veterinários em boa parte de capital

estrangeiro, as quais se utilizam de ampla rede de distribuição e lojistas presentes

no comércio de todas as cidades mato-grossenses. Analisando a última década

(1996-2006), verificou-se a ampliação da utilização de insumos na intensificação

da atividade, principalmente na utilização de sal mineral e ração.

Dados da pesquisa CNA/CEPEA-USP indicam que os principais

insumos da pecuária mato-grossense são, para a média do Custo Operacional

Total (COT) de janeiro a maio de 2007, em ordem decrescente de importância:

mão-de-obra, suplementação (ou nutrição animal), formação de pastagem (que

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171

inclui fertilizantes, defensivos e sementes), energia e manutenção da pastagem

(Figura 7.1).

28,51%

15,87%

12,33%

6,54%

5,90%

5,09%

2,99%

2,74%

1,92%1,16%

1,16%

15,79%

Mão-de-obra

Suplementação

Formação Pastagem

Energia

Manutenção Pastagem

Manut. de Benfeitorias, Máq. Impl.

Compra de Animais

Recuperação Pastagem

Vacina

Controle Parasitário

Administrativos

Outros

Fonte: CNA/CEPEA (2007) (Indicadores Pecuários Regionais – Mato Grosso).

Figura 7.1 – Frações do custo operacional total (COT) da bovinocultura de corte de Mato Grosso, média de janeiro-maio/2007.

Segundo a CNA, os custos da pecuária de corte no Brasil subiram 4,76%

em 2006, enquanto o preço do boi gordo subiu 1,04%. Isto comprova que o

pecuarista tem perdido com as relações de troca, ocorrendo depreciação nos

fatores de produção da fazenda. Em quatro anos, constatou-se que a pecuária

perdeu 42% de margem da atividade, pois os custos aumentaram 32%, enquanto

o preço da arroba reduziu 9,5%. Custos mais altos e inflação superior ao aumento

do preço do boi em 2006 fizeram com que o PIB (Produto Interno Bruto) da

pecuária recuasse 3,64% entre janeiro e setembro do mesmo ano. Somente dentro

da porteira se acumulou perda de 3,3%, sendo o pior indicador a retração de

3,27% no segmento de insumos pecuários.

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172

Apesar da classificação descrita, o presente trabalho seguirá uma

classificação um pouco diferente, mas que se assemelha a outros trabalhos já

realizados no Paraná50, Mato Grosso do Sul51 e Brasil52.

Pode-se dividir o segmento de insumos em: mão-de-obra, nutrição

(rações, sais minerais etc.), sanidade animal (medicamentos, antiparasitários,

vacinas etc.) e genética (sêmen, embriões etc.), combustível e energia, pastagem

(fertilizantes, adubos e sementes) e cercas.

Cabe ressaltar que os insumos pecuários apresentam-se muitas vezes

envolvidos dentro da agricultura sem separação específica para pecuária de corte,

o que dificulta a análise.

7.1. Mão-de-obra

Segundo dados do IMEA (Instituto Mato-grossense de Economia

Aplicada), a mão-de-obra nos municípios de Barra do Garças e Pontes Lacerda

representam, respectivamente, 7,5% e 6,7% do custo total da pecuária, enquanto

em Paranatinga a mão-de-obra absorve 33% do custo de produção. Assim,

observa-se que no Estado de Mato Grosso existe heterogeneidade quanto aos

custos da mão-de-obra sobre o custo total.

Segundo CEPEA (2006), o custo da mão-de-obra costuma estar indexado

ao salário mínimo. O maior problema é que os reajustes estão desvinculados da

produtividade que ela gera. O empregador apenas repassa o valor que o governo

estabelece para o salário mínimo. Logo em seguida vem o impacto sobre os

custos, sem a contrapartida de melhora dos serviços. O ideal seria que o

funcionário recebesse de forma atrelada à rentabilidade da atividade. Se ela vai

bem, recebe aumento; se vai mal, perde igualmente. Para a realidade brasileira,

porém, esse modelo é um pouco utópico.

A qualidade da mão-de-obra em Mato Grosso é questionada pelos

produtores que alegam ser baixa, apesar de o Serviço Nacional de Aprendizagem 50 IPARDES (2002). 51 AGRICON (2001). 52 IEL (2000).

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173

Rural (SENAR) junto ao governo do referido estado virem promovendo cursos

de vaqueiros. Esta mão-de-obra é prejudicada pela concorrência com a mão-de-

obra das lavouras, ou seja, os trabalhadores preferem operar tratores nas lavouras

a cuidar de animais. Além disso, a agricultura remunera melhor os funcionários,

devido à maior rentabilidade e à necessidade de mão-de-obra mais intensa que a

pecuária.

Analisou-se o comportamento da relação entre um índice do valor da

arroba do boi gordo a prazo em Mato Grosso (IAB) e o índice de preços pagos

para mão-de-obra no Brasil (IPP MO) (uma aproximação53 em face da escassez

de dados específicos para MT), no período jan../1996-mar./2007, cujo resultado

está na Figura 7.2. Valores menores dessa relação indicam perda de rentabilidade

comparada entre o valor recebido e o valor pago em mão-de-obra.

Fonte: CONAB (2007), dados trabalhados pelos autores.

Figura 7.2 – Relação entre o índice do valor da arroba do boi gordo a prazo em Mato Grosso (IAB) e o índice de preços pagos para mão-de-obra no Brasil (IPP MO).

53 Uma vez que existe grande indexação entre os salários pagos e o valor do salário mínimo fixado para o

País, esta aproximação se alteraria em nível, mas não em variabilidade, permitindo assim esta aproximação.

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174

Dessa forma, após o pico em novembro de 2003, a relação se deteriorou

continuamente em prejuízo do pecuarista, numa política clara de distribuição de

renda promovida pelo governo federal.

No período de janeiro de 2003 a março de 2007, foi detectada uma taxa

geométrica de decrescimento significativo de 1,18% ao mês, ou seja, de perda de

rentabilidade comparada à mão-de-obra.

A análise ampla do período 1996-2007 revela, observando a linha

vermelha na Figura 7.2, que após março/2005 têm-se valores semelhantes aos do

período anterior a agosto/199954. Esta perda de rentabilidade terá efeito não

apenas na demanda por mão-de-obra pelo pecuarista, como também na demanda

de outros insumos como sais, medicamentos e outros.

Alguns fatores que geram maiores custos aos pecuaristas também podem

estar relacionados às exigências para atender aos requisitos do Ministério do

Trabalho e Emprego, principalmente aqueles para evitar dificuldades associadas

ao trabalho em condições indesejáveis para o trabalhador, ou menção em listas de

trabalho escravo55 afetando diretamente o segmento de produção.

É preciso esclarecer que existem salários diferenciados entre os tipos de

mão-de-obra, mas em geral se observa relação próxima ao comportamento do

salário mínimo. No segmento fabricante de alimentos animais, a mão-de-obra

requer conhecimentos específicos para o manuseio dos ingredientes e operação

de equipamentos associados à atividade. Nesse caso, a mão-de-obra em geral é

capacitada nas empresas, algumas vezes com atuação de sindicatos, e o ensino

técnico agrícola é primordial para o ganho de competitividade.

A mão-de-obra para o comerciante, no entanto, requer algum

conhecimento sobre o produto negociado, normalmente com explicações de

profissionais de ciências agrárias em nível superior, e participação dos

representantes dos grandes laboratórios. Cursos de negociação e vendas

oferecidos pelo sistema Sebrae e Senac auxiliam a formação dessa mão-de-obra,

54 Lembrar que, apenas no ano de 1999, o IPP MO teve aumento de 22%, enquanto a arroba do boi gordo

teve crescimento de 37% em termos nominais, elevando a relação após agosto de 1999. 55 Existem muitos questionamentos acerca do que pode ser considerado trabalho escravo, que fogem aos

objetivos deste diagnóstico.

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175

com maior ênfase nas grandes cidades. As escolas agrotécnicas também auxiliam

nesta formação.

As leis trabalhistas têm afetado todas as regiões, tanto para comerciantes

de insumos como para fábricas de alimentos animais, e isso tem aumentado o

emprego informal. As empresas têm empregado menos em decorrência de a

legislação trabalhista ser vista com tendência favorável para o empregado. O

custo do funcionário tem ficado muito proibitivo para as empresas.

7.2. Nutrição, sanidade animal e genética

Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa

Agrícola (SINDAG), existem em Mato Grosso 185 empresas atacadistas/

distribuidores/revendedores que comercializam em 139 municípios e 9

cooperativas, com uma participação de 7,38% em relação ao Brasil. As

importações desses insumos têm aumentado, apontando um incremento de 68%

no período de 2001 a 2005.

O uso de rações e produtos industriais de alimentação animal tem

crescido, e o segmento antes da fazenda tem se organizado. Esse consumo

continuará crescendo, graças ao aumento do número de propriedades que tem

feito a suplementação na pecuária de corte. Podem-se classificar os agentes de

alimentação animal conforme as atividades e categorias de produtos, a saber:

• Fabricante: alimento, ração, concentrado, ingrediente, suplemento e aditivo.

• Remisturador: concentrado e suplemento.

• Fracionador: alimento, ração, concentrado, ingrediente, suplemento e aditivo.

• Importador: alimento, ração, concentrado, ingrediente, suplemento e aditivo.

• Remanipulador: alimento, ração, concentrado, ingrediente, suplemento e

aditivo.

• Fracionador Limitado: alimento, ração, concentrado, ingrediente, suplemento

e aditivo.

• Distribuidor Comerciante: alimento, ração, concentrado, ingrediente,

suplemento e aditivo.

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176

Atualmente, a importância dos minerais para o melhor resultado em

saúde animal, ganho de peso e reprodução das fêmeas é de conhecimento dos

pecuaristas e pesquisadores em nutrição animal. Os macroelementos essenciais

são: cálcio, fósforo, cloro, sódio, potássio, magnésio e enxofre. Já os principais

microelementos são: cobalto, cobre, ferro, iodo, manganês, selênio, zinco, cromo

e molibdênio.

O uso desses elementos minerais na formulação de sais, rações e

suplementos alimentares é de fundamental importância para a pecuária moderna,

e o domínio dessas técnicas, assim como a organização e oferta desses elementos

a preços menores, representará ganhos de competitividade para a produção na

pecuária de corte.

Uma função dos minerais no corpo animal é dar suporte ao esqueleto.

Somente pequenas frações de cálcio, magnésio e fósforo e a maior parte do

sódio, potássio e cloro estão presentes nos órgãos e músculos (OLIVEIRA, s.d.).

O uso desses elementos é normatizado no Brasil pelas Portarias do

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA/SDR 20), de 6 de

junho de 1997, e MAPA/SARC 006, de 4 de fevereiro de 2000. O uso de

fosfatados tem sido uma constante nos formulados de sais minerais, protéicos e

proteinados utilizados na alimentação de bovinos.

Em relação ao consumo de ração, a pecuária de corte representou 3,39%

do consumo nacional de ração em 2006, segundo o Sindicado Nacional da

Indústria de Alimentação Animal (Sindirações). Embora o consumo de ração

para pecuária seja modesto, comparado ao consumo de outros animais como aves

e suínos, o consumo de ração na pecuária de corte tem apresentado um

incremento maior que outros animais; de 2003 a 2006 cresceu aproximadamente

32%, enquanto o consumo de ração de aves e suínos cresceu, respectivamente,

17% e 6%. O Brasil lidera o ranking na produção de rações com 48,2%, quando

comparado a outros países da América Latina. Em segundo lugar, vêm o México,

25,2%, e a Argentina, 5,9%.

Estatísticas da Associação Nacional das Indústrias de Fosfato na

Alimentação Animal (Andifós) apontam uma produção média mensal de 70 mil

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177

toneladas de fosfato bicálcico no Brasil (Tabela 71). A produção média mensal

do primeiro semestre esteve, no período 2002-2007, entre 66 mil e 76 mil

toneladas mensais, média esta que esteve na ordem de 79 mil toneladas mensais

no período março/junho de 2007.

Tabela 7.1 – Estatísticas de produção de fosfato bicálcico (mil toneladas) – 2002 a 2007

Mês 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Janeiro 64,0 61,8 82,7 69,8 70,8 70,9 Fevereiro 59,8 63,4 67,9 69,8 63,3 70,9 Março 62,6 62,6 77,1 82,5 70,7 81,8 Abril 68,9 64,4 73,0 80,3 62,3 79,5 Maio 69,5 76,9 70,5 73,5 74,6 76,5 Junho 71,4 69,0 79,0 68,5 77,0 78,2 Julho 77,2 76,9 78,3 66,3 76,5 Agosto 74,3 76,0 78,3 73,4 78,9 Setembro 67,6 80,1 69,0 71,1 76,5 Outubro 70,2 75,4 67,0 71,0 68,8 Novembro 64,0 71,8 66,6 66,0 63,5 Dezembro 48,9 55,0 65,1 58,8 70,8 Total 798,4 833,3 874,5 851,0 853,7 457,8 Média no ano 66,5 69,4 72,9 70,9 71,1 76,3 Média jan./jun. 66,0 66,4 75,0 74,1 69,8 76,3 Média jul./dez. 67,0 72,5 70,7 67,8 72,5 Fonte: Andifós (2007).

Este elemento tem sido pesquisado com intensidade, e existem relatos de

que Mato Grosso teria potencial para produzi-lo com qualidade; mas ainda

necessita-se de estudos sobre esta assertiva. Matérias veiculadas na mídia local

indicam uma jazida de fosfato que poderia ser utilizada para fertilizantes em

Planalto da Serra-MT, cerca de 300 km de Cuiabá, com teor de fosfato da ordem

de 30%. Esta jazida poderia abastecer as necessidades agropecuárias do estado

durante décadas (AGROLINK, 2006) e seria uma das maiores do País.

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178

Para entender melhor a questão da suplementação ou nutrição animal,

julgou-se adequado mostrar o quadro de estratégias da seca para o melhor

manejo da pastagem e decisão sobre a suplementação (Tabela 7.2).

Tabela 7.2 – Estratégias para a suplementação e controle da pressão de pastejo em épocas de seca

Estratégias Vantagens Desvantagens

Sal com uréia

Facilidade Visa à manutenção de peso vivo Tem baixo custo Sem investimento

Ganho de peso quase nulo Depende totalmente da qualidade do pasto.

Sal proteinado

Facilidade Visa à manutenção ou ganho de peso vivo Tem custo competitivo

Exige investimento em cochos e maior qualidade de pasto.

Vedação de pasto Facilidade Tem baixo custo Sem investimento

Limita a taxa de lotação da fazenda Resultado muito variável em função da qualidade do pasto.

Suplementação com volumoso (silagens, fenos e capineiras)

Bom para elevados consumos diários de matéria seca Tem custo competitivo Tem boa versatilidade Reduz bem a pressão de pastejo

Investimento em cochos e comedouros Exige tecnologia Para produtividade (silagens e fenos)

Semiconfinamento (concentrado)

Bom ganho de peso Reduz a pressão de pastejo

Custo maior, dificuldade no controle de peso Exige mínimo de pastagem e tecnologia de nutrição

Confinamento

Alto desempenho Elevado nível de controle Alto rendimento de carcaça Reduz pressão de pastejo a zero

Exige investimento Domínio de tecnologia para produção de volumoso, nutrição e logística

Fonte: Lacorte e Lacorte (2000).

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179

Estas estratégias fazem parte do dia-a-dia do pecuarista moderno, que

deve avaliar cada situação e o respectivo custo de oportunidade. Uma grande

dificuldade em Mato Grosso é obter séries de preços longas para os diferentes

insumos animais, suplementos minerais, rações e sal mineral com diferentes

formulações. Em geral, as informações são particulares da empresa e nem sempre

abertos à consulta pública.

Conforme se observa na Tabela 7.2, todas as estratégias apresentam

vantagens e desvantagens. Algumas têm em geral maiores custos, como as

estratégias de criação confinada ou semiconfinada, as quais também exigem

técnicas mais modernas. Normalmente, o nível de investimento aumenta quando

se caminha na Tabela 7.2 da estratégia de Sal com Uréia para a de Confinamento,

à exceção da estratégia de vedação de pasto. As empresas fabricantes e

remanipuladoras, principalmente na região Sul de Mato Grosso, apresentam

produção compatível com as estratégias de suplementação, sal proteinado,

concentrado e confinamento, aproveitando-se da competitividade advinda da

proximidade da matéria-prima para esses produtos de alimentação animal.

Segundo CEPEA (2006), o setor pecuário pode melhorar o investimento

nas suplementações minerais, pelo fato de os preços desses insumos serem

estáveis, e o uso da suplementação mineral ter mostrado elevar a produtividade

significativamente. Com o Real valorizado no mercado internacional, as

indústrias de minerais encontraram condições favoráveis para a importação de

fosfato bicálcico.

O grupo de vacinas chamou a atenção com o reajuste de 9,2% no ano de

2006, já a cesta para o controle parasitário e o grupo dos medicamentos em geral

tiveram ligeiros reajustes de 0,7 e 1,8%, respectivamente. Os medicamentos são

provenientes de grandes laboratórios e empresas como Bayer, Schering, Merial,

Fatec, Fort Dodge, Bio-vet, Vaccinar, Mogivet e Vetnil Group, em geral

provenientes de São Paulo (ANUÁRIO..., 2006). A empresa Matsuda fornece a

linha de suplementos minerais, e a empresa Vitafort, localizada em São José do

Rio Preto-SP, fornece produtos como Aminofort (estimulador hormonal) e

Florafort (probiótico).

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180

No primeiro semestre de 2007, a Scot Consultoria alerta para aumentos

nos preços de suplementos minerais da ordem de 6,8% e de 8,1% para o conjunto

dos suplementos para bovinos (SUPLEMENTOS..., 2007).

A análise de preços de alguns produtos específicos revela, para a razão

entre o preço do fator e o valor da arroba do boi gordo, no período de fevereiro

de 2003 a junho de 2007, taxas geométricas de crescimento significativas e

positivas entre 0,05% ao mês e 0,74% ao mês (Tabela 7.3).

Tabela 7.3 – Taxas geométricas médias (TGC) de crescimento da razão entre o preço do fator e o preço recebido pela arroba do boi gordo em Mato Grosso – fev./2003-jun./2007

Fator produtivo TGC (% ao mês)* Adubo 20-05-20 0,40 Antibiótico Agrovet 5 milhões 25 ml 0,59 Cipermetrina Barrage 0,05 Ivermectina Ivomec 500 ml 0,21 Mata Bicheira Cyanamid 600 ml 0,68 Sal Mineral 88 g (Potensal) 30 kg 0,74 Vacina Febre Aftosa 0,74

Fonte: CEPEA (2007), dados trabalhados pelos autores. * Os valores foram estatisticamente significativos a 1%, com exceção da variação para Cipermetrina

Barrage, que foi não-significativa.

A partir dos dados da Tabela 7.3, observa-se que, em um cenário de

queda dos preços da arroba, as taxas médias relativizadas dos insumos caem

menos que proporcionalmente, ou até mesmo se elevam. Isto revela uma relação

desfavorável em termos da lucratividade da atividade.

O comportamento dos preços no período pode ser visualizado na Figura

7.3, relativizados para o valor da arroba do boi gordo em MT. O mata-bicheira, a

vacina de febre aftosa e o sal mineral tiveram as maiores TGC, atuando

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181

desfavoravelmente para a cadeia. A Cipermetrina Barrage seria o de menor TGC

entre os analisados.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

Indice do Preço do insumo relativo ao valor da arroba do boi gordo

ago2003 = 100

mes/ano

Ivermectina Ivomec 500ml Cipermetrina barrage Sal Mineral 88gr (Potensal) 30Kg Mata Bicheira Cyanamid 600ml

Adubo 20-05-20 Vacina Febre Aftosa Antibiótico Agrovet 5 milhões 25ml Fonte: CEPEA (2007) (dados trabalhados pelos autores).

Figura 7.3 – Índice da razão entre o preço do fator e o preço recebido pela arroba do boi gordo em Mato Grosso – fev./2003-jun./2007 (ago. 2003= 100).

Caso houvesse maior disponibilidade de insumos importados ou de

insumos genéricos para o pecuarista, haveria a chance de que a competição no

mercado revertesse esse cenário, mas sujeita à variação no câmbio. Iniciativas de

alterações na legislação relativa ao uso de insumos genéricos para animais já

aparecem no Congresso Nacional. Contudo, o segmento de insumos entrevistado

não evidenciou que o cenário reverteria com essas alternativas de obtenção dos

insumos.

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182

Considerando-se a parte de genética, a Associação Brasileira dos

Criadores de Zebu (ABCZ) faz o controle dos registros de animais por meio de

uma estrutura de escritórios técnicos regionais (ETR). Em Mato Grosso existe

apenas um ETR, que se situa em Cuiabá. É possível detectar o maior uso de

fertilização in vitro e transferência de embriões no País no período 2003-2005

(Tabela 7.4). Destacam-se a raça nelore entre o total de todas as raças e o gado

puro de origem (PO) em relação ao gado do tipo livro aberto (LA).

Tabela 7.4 – Quantidades de embriões coletados, transferidos e congelados no Brasil – 2003 a 2005

Descrição 2003 2004 2005 2006

TOTAL PO* Coletados 114.821 140.479 199.991 267.293 Transferidos 92.817 123.928 181.235 254.283 Congelados 22.004 16.551 18.762 13.010 TOTAL LA Coletados - 1.244 3.148 2.260 Transferidos 973 1.072 3.003 2.205 Congelados 852 172 145 55 NELORE PO Coletados 93.979 120.391 102.939 199.545 Transferidos 74.841 105.758 90.920 189.963 Congelados 19.138 14.633 12.019 9.582 NELORE LA Coletados 792 932 888 761 Transferidos 677 778 872 745 Congelados 115 154 16 16

Fonte: ABCZ (2007). * Gado Puro de Origem (PO) e Livro Aberto (LA), valor total se refere a todas as raças e valores para

raça nelore apenas.

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183

O rebanho registrado no País tem aumentado consideravelmente

conforme se observa na Tabela 7.5, com uma média histórica de 70%,

destacando-se as raças Nelore e Nelore Mocha.

Tabela 7.5 – Evolução do rebanho com registro definitivo no Brasil – 1939 a 2006

Ano Total de animais Nelore e Nelore Mocha no total (%)

1939 a 1994 2.212.198 67

1995 81.204 73 1996 86.209 70 1997 82.153 73 1998 108.877 71 1999 114.480 69 2000 127.853 71 2001 181.556 71 2002 247.918 70 2003 298.874 69 2004 280.080 70 2005 228.183 69 2006 203.210 68

Fonte: ABCZ (2007).

Também é possível detectar um uso considerável no estado, identificado

nos registros de Cuiabá para o ano de 2005 (Tabela 7.6).

Cerca de 11% dos animais Nelore PO e 8% dos LA foram registrados no

ETR Cuiabá em 2005. A predominância é de animais PO, tanto Nelore como as

demais raças.

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184

Tabela 7.6 – Quantidades de embriões coletados, transferidos e congelados – Escritório Técnico Regional de Cuiabá – 2005

Raças Descrição

Todas Nelore PO Coletados 11.943 11.638 Transferidos 12.516 10.366 Congelados 1.427 1.272 LA Coletados 153 74 Transferidos 146 74 Congelados 7 -

Fonte: ABCZ (2007).

7.3. Combustível e energia

As principais fontes de energia utilizadas são: eletricidade, gás GLP,

óleo diesel, gasolina, carvão vegetal, álcool e querosene. Os de maior utilização

são a eletricidade e o óleo diesel. A energia no custo total de produção representa

em média 3% do custo total.

Conforme Campos (2006), a eletricidade é a principal fonte de energia

para o desenvolvimento das atividades no campo, porém existem alternativas

para a sua obtenção, como a geração de energia a partir de dejetos de animais e

vegetais, na produção do biogás. No Brasil, o biodigestor é pouco utilizado, mas

na pecuária de corte poderia ser uma alternativa, considerando-se que cerca de

18% do peso vivo do animal é formado de fezes e urina, matéria-prima

disponível para a produção do biogás. Este autor afirma ainda que a produção de

energia através do biodigestor tem custo inferior em comparação à implantação

de redes de energia elétrica, podendo ser uma fonte de energia mais econômica.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

185

Segundo estimativas realizadas pela Unesp, para um confinamento de 50

vacas pode-se produzir diariamente 50 m³ de gás, ou seja, cada vaca produz uma

média de aproximadamente 1 m³ de gás por dia. Para implantação dessa

estrutura, seria necessário um investimento inicial de R$ 6.300,00 com um custo

de manutenção considerado baixo de aproximadamente R$ 180,00 a cada três

anos, tendo uma durabilidade de 30 anos em média.

Outra grande vantagem desse processo de geração de energia é a

produção dos biofertilizantes a partir da matéria líquida e sólida que sobra nos

biodigestores. Essa matéria substitui os adubos químicos e pode ser usada nas

lavouras e na adubação das pastagens.

O combustível mais relevante na agropecuária é o óleo diesel. Uma

análise aproximada utilizando um índice do valor da arroba do boi gordo em

Mato Grosso, dividido pela proxy do índice de preços pagos com combustíveis

no Brasil, revela a relação de troca desfavorável para o pecuarista (Figura 7.4).

Fonte: IMEA (2007) e CONAB (2007), dados trabalhados pelos autores.

Figura 7.4 – Razão entre o índice do valor recebido pela arroba do boi gordo em Mato Grosso e o índice de preços pagos com combustíveis no Brasil – jan./1996-fev./2007 (fev./1999=1).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

186

Detecta-se uma clara tendência decrescente na razão, o que indica uma

distorção prejudicial ao pecuarista, principalmente após fevereiro de 1999,

mesmo num cenário em que o país se tornava auto-suficiente na produção de

petróleo.

7.4. Pastagem e cercas

Segundo CEPEA (2006), os defensivos agrícolas foram um dos itens

mais valorizados em 2006, com alta de 7,9% nos preços. Os adubos e corretivos,

que registraram aumentos preocupantes ao longo do ano, tiveram, entretanto,

média ponderada a alta de 1,4% no acumulado do ano.

As sementes forrageiras seguiram a tendência de forte alta, também

observada em 2005. A valorização de 8,4% desse insumo, no acumulado de

2006, confirmou o aquecimento das vendas, impulsionadas principalmente pela

prática agrícola comumente chamada de “integração lavoura-pecuária”.

A reforma de pastagens é uma atividade importante para o setor de

produção da pecuária de corte. Segundo Yokoyama (1999), os benefícios da

recuperação dos pastos variaram de 70% a 95%, sendo uma atividade lucrativa e

imprescindível para esse setor.

Já com relação aos defensivos agrícolas, existe grande dificuldade em

separar o setor que atende ao pecuarista daquele que atende ao agricultor. Esta

relação fica ainda mais complexa quando se estimula a integração agricultura-

pecuária para recuperar pastagens degradadas. Para o Brasil, o SINDAG divulga

as importações de defensivos agrícolas (Tabela 7.7).

Verifica-se grande aumento nas importações de herbicidas, fungicidas e

inseticidas, principalmente no período 2002-2004. A queda nos valores em 2005

pode ser associada às menores margens de lucratividade no setor agrícola em

geral.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

187

Tabela 7.7 – Importações de defensivos agrícolas no Brasil – 2001 a 2005

Quantidade (kg/l) Classes

2001 2002 2003 2004 2005 Total 76.453.968 64.354.689 100.384.033 164.833.119 128.490.997 Herbicidas 44.619.269 33.640.989 57.180.577 98.257.419 76.961.177 Fungicidas 9.527.199 11.181.079 18.771.031 31.496.201 21.209.170 Inseticidas 17.309.837 14.815.515 21.358.398 31.570.649 28.057.354 Acaricidas 4.232.674 4.094.484 2.388.355 2.481.996 1.760.058 Outros 764.989 622.622 685.672 1.026.854 503.238 Fonte: SINDAG (2007).

Os problemas da degradação das pastagens, da perda da fertilidade, do

superpastoreio, das queimas periódicas e da ocorrência de plantas indesejáveis

podem em parte ser corrigidos com manejo adequado, técnicas de calagem e

fertilização, com respectivo aumento da produção de forragem das pastagens.

Segundo o SINDAG, com relação aos herbicidas para a pastagem, a

empresa Dow Agro Sciences lidera o mercado, com os princípios ativos triclopyr,

picloram e fluxipir, conhecidos comercialmente como Garlon 480 BR, Grazon

BR, Mannejo, Padron Plenum e Tordon BR. Em relação aos inseticidas esta

empresa continua liderando o mercado com o princípio ativo fipronil, com

Reagent 20 G como nome comercial.

Em relação a máquinas e implementos, o CEPEA (2006) registra um

crescimento de 7,3% nos preços, no ano de 2006, em Mato Grosso. Mesmo num

cenário de concessão de crédito para investimento pecuário, no panorama de

presença de pragas e morte súbita das pastagens, com pressão ambiental para

recuperação de pastagens degradadas, o crescimento dos preços de máquinas,

combustíveis e taxa de juros elevada trazem grandes dificuldades para a reforma,

conservação e formação de pastagens de alta qualidade e capacidade de suporte.

Segundo CEPEA (2006), os preços de arame tiveram queda em 2006 de

12% em relação a 2005; mas, apesar disso, o pecuarista não foi favorecido, pois a

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188

relação de troca piorou, ou seja, houve queda nos preços do arame, mas a queda

no preço da arroba ainda foi maior.

A análise recente de preços de arame revela relativa estabilidade de

preços desses insumos nos últimos anos, embora com aumentos de preços acima

da inflação nos últimos meses (1.º semestre de 2007).

7.5. Análise dos direcionadores de competitividade – insumos – “antes da porteira”

Nesta seção, trata-se da contextualização dos principais entraves e

posterior identificação dos direcionadores de competitividade no segmento de

insumos, assim como de seus subfatores.

Esta seção foi dividida com base nos resultados de entrevistas realizadas

nas empresas de fabricação e comercialização de alimentação animal, comércio

de produtos veterinários em geral e em levantamentos bibliográficos nos

direcionadores, a saber: 1. tecnologia; 2. gestão interna; 3. estrutura de mercado;

4. relações de mercado; e 5. ambiente institucional.

7.5.1. Tecnologia

A tecnologia não exatamente constitui um gargalo para o setor de

insumos pecuários, mas requer uma atenção voltada para o contínuo

aperfeiçoamento e aumento do nível competitivo. Podem-se mencionar os

principais subfatores apontados nas entrevistas: a) embalagens e b) pesquisa e

desenvolvimento.

Embalagens

A parte das embalagens dos insumos em geral constitui importante

tópico quanto às regras sanitárias acerca dos resíduos e embalagem de

agrotóxicos. Não é citada como um problema em si, uma vez que as empresas

fabricantes de alimentos animais possuem inspeção constante e fazem um

tratamento de seus resíduos.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

189

Com relação aos medicamentos e outros produtos comercializados, na

maioria dos casos, o tratamento dos resíduos e embalagens fica sob a

responsabilidade do pecuarista e, neste caso, os sindicatos rurais atuam no

recolhimento das embalagens utilizadas quando os pecuaristas não utilizam

outros meios de desova destas embalagens.

Existe a necessidade de ações mais claras no intuito de engajar o

pecuarista nas políticas de coleta de embalagens usadas, o que já é bastante

conscientizado pelos agricultores.

As empresas fabricantes de produtos animais, veterinários ou de

alimentação, já utilizam embalagens reaproveitadas.

Os pecuaristas em muitos casos também utilizam as embalagens de sal

para embalar seus produtos, os quais poderiam retornar ao ciclo produtivo com

reaproveitamento, caso fosse dada maior ênfase a este reaproveitamento, que,

suspeita-se, possibilitaria a redução dos custos e, dessa forma, propiciaria maior

competitividade ao setor.

As embalagens de produtos veterinários e agrotóxicos, muitas vezes na

forma de vidros e plásticos, necessitam tratamento adequado e estão sujeitas à

legislação sanitária e de defesa agropecuária.

Um caso típico, com um dos insumos mais vendidos, é o Tordon, que foi

mencionado como um produto com mercado garantido e que representa uma

tecnologia muito usada para limpeza dos pastos, mas traz consigo a necessidade

de reaproveitamento das embalagens, cuidados no manejo (saúde do trabalhador)

e questões ambientais ligadas à exterminação de variedades do cerrado. Neste

caso, pesquisas devem ser desenvolvidas com produtos menos danosos ao meio

ambiente, sem prejuízos a saúde do trabalhador e que permitam o resultado em

termos de formação da pastagem.

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190

Pesquisa e desenvolvimento

A pesquisa e desenvolvimento, ou geração de tecnologias, têm efeito

importante sobre o setor de insumos. O desenvolvimento de alimentos animais e

o uso de medicamentos, vacinas, vermífugos, entre outros, permitiram uma

grande melhora nos indicadores zootécnicos em termos de ganhos de

produtividade, e a pesquisa contínua é fator determinante para a inovação no

segmento de insumos.

A rastreabilidade, muitas vezes, pode não agradar ao pecuarista, mas

impõe práticas que direcionam para a adoção de técnicas mais modernas,

inclusive no sistema de identificação que passa da usual marcação no couro para

identificações com brincos, tatuadores ou chips eletrônicos, os quais trazem

implícitos a utilização de troncos de contenção, balanças e computadores e

exigem uma formação profissional específica. Dessa forma, tem-se, assim como

na agricultura, a adoção de pacotes tecnológicos e se facilita a aplicação de

medicamentos, uma vez que o animal já estaria no curral.

Uma questão bastante mencionada é que deve haver seriedade e

confiabilidade no processo de certificação em geral, adequando-se ao mercado

tanto doméstico como internacional. A pesquisa visando facilitar e, ao mesmo

tempo, dar confiabilidade tecnológica à rastreabilidade permitirá melhores

controles dos insumos utilizados desde sua fabricação.

Fica bastante claro que, quando se tem crise na pecuária, há demanda por

tecnologias mais baratas, numa preocupação nem sempre voltada para a

produtividade, mas sim para o custo associado. Assim, as distribuidoras buscam

disponibilizar tecnologias alternativas, produtos diferenciados e de menor custo.

Por exemplo, o sal mineral está perdendo mercado para o sal branco em épocas

de crise.

Alguns componentes que são muito caros na formulação de produtos

veterinários não podem ser vendidos no Brasil, pois não se têm preços de

mercado que possibilitem a adoção da tecnologia existente.

Nas entrevistas realizadas, a informação passada é que a pecuária

brasileira não usa 30% da tecnologia existente por falta de condições financeiras

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191

e de rentabilidade no setor. A média de utilização de minerais em todo o Estado

de Mato Grosso é de 70%, mas na região do Pantanal cai para 40%. Este é um

fator preocupante, pois os rumos evidenciados são de que a pecuária deve se

intensificar e melhorar os indicadores zootécnicos e econômicos. A pesquisa e

desenvolvimento podem atuar na geração de produtos mais eficientes

economicamente, considerando principalmente a particularidade da região

pantaneira.

É sabido, entretanto, que a geração de tecnologias por si só não resolve o

problema. Deve haver alianças mercadológicas que de algum modo facilitem a

adoção da tecnologia de modo duradouro.

Existem informações de uma jazida de fosfato natural em Planalto da

Serra, a 300 km de Cuiabá, que poderia ser industrializada, mas que enfrenta uma

disputa entre as tradings ADM, Bunge, Cargil, Coimbra e Amaggi, além de

disputas com a Petrobras e uma questão de concessão do Departamento Nacional

de Produção Mineral (DNPM). As pesquisas deveriam direcionar-se para a

viabilização não apenas desta jazida, mas investigar possíveis jazidas ainda

desconhecidas.

7.5.2. Gestão interna

Com relação ao direcionador de gestão interna do segmento de insumos,

os subfatores apontados foram: gestão de estoques, sistema de informação,

preços, marketing, distribuição de insumos, crédito e assistência técnica.

Gestão de estoques

Os estoques de insumos são regulados de forma a não ocorrer oscilações

de preços, devido aos desequilíbrios de oferta e demanda. Não se têm problemas

de falta de produtos e, caso não haja produto para pronta entrega, em 24 horas

este estará disponível. As fábricas de alimentação animal em grande parte se

situam em Mato Grosso, dependendo um pouco mais de antecedência apenas

para os medicamentos e agrotóxicos produzidos fora do estado.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

192

No caso de alimentos animais, as empresas em muitos casos trabalham

com agentes que realizam visitas periódicas que permitem regular o estoque para

o pecuarista. Tais visitas conciliam também a assistência técnica in loco.

A regulação de estoque é feita pelo histórico recente de vendas. Diz-se

ter uma margem de erro bem pequena e, quando necessário, recorre-se aos

produtos substitutos e, posteriormente, aos estoques dos concorrentes de modo a

suprir a demanda. Muitos insumos têm sua demanda sazonal, em épocas

específicas do ano, facilitando a previsão e o controle do estoque.

Em geral, não se observaram problemas de falta de produto, e os agentes

comerciantes em muitos casos atuam em grandes áreas do estado, concentrando a

sede em Cuiabá ou Rondonópolis.

Sistemas de informação

Alguns agentes entrevistados declararam que a sobrevivência da empresa

vai depender, em futuro próximo, de sua capacidade administrativa contábil e

tributária, que requer um sistema de informações bem ajustado. Existe o controle

da carteira de clientes com quantidade comprada por indivíduo. Assim, são feitas

visitas periódicas para fornecer os insumos, trabalhando-se com agendamento

uma semana antes da visita. Há, em muitos casos, demonstração (ou teste) da

eficácia dos insumos junto aos pecuaristas, com avaliação do custo-benefício.

Na região de Rondonópolis e Cuiabá as empresas declararam possuir

cadastros de clientes com o perfil e detalhe de cada insumo utilizado pelos

clientes.

O sistema de informação foi declarado, portanto, ser de grande

importância, e as soluções são encontradas por cada empresa ao seu modo e com

sigilo das informações para preservar mercado.

Preços

No que se referem aos preços dos insumos, estes têm sido vistos como

muito importantes na aquisição pelos pecuaristas. Para estes, no entender das

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193

empresas de insumos, o preço é muito relevante, pois seus lucros estão cada vez

mais estreitos e o preço dos insumos influencia diretamente o seu rendimento.

Acredita-se numa concorrência grande, mas os resultados da pesquisa

indicam características de mercado de competição monopolística (tanto na

produção de alimentação animal como na parte de comércio de insumos para

pecuária), com a busca na diferenciação do produto e dos serviços a ele

vinculados e que, muitas vezes, se refletem nos preços praticados. Existe

razoável liberdade para entrada e saída de novas empresas no mercado, mas o

mercado é caracterizado por grandes empresas que comercializam para todo o

estado utilizando-se de agentes comissionados ou parcerias implícitas para venda

dos produtos nas regiões mais distantes. Assim, a diferença de preços de

diferentes regiões foi verificada apenas em relação ao frete quando requer

deslocamento do produto, mas os grandes laboratórios e fabricantes de fora em

geral colocam o produto ao mesmo preço dentro do estado.

A diferenciação do produto nem sempre é percebida com clareza, mas

principalmente se dá via preço. Normalmente existem os produtos semelhantes,

quase substitutos, que, contudo, podem ser classificados em primeira e segunda

linha. Os de segunda linha em geral possuem preços melhores e não

necessariamente apresentam resultados diferentes daqueles mais caros por serem

de primeira linha, mas talvez considerando as características do rebanho, da

pastagem e da forma de aplicação. Neste caso, seria necessário mais informação

para caracterizar precisamente a relação custo-benefício, bem como a forma e o

momento de utilização de cada produto para seu uso mais eficiente. Esta

característica estaria desse modo tanto ligada ao preço, aos sistemas de

informação como à pesquisa econômica acerca da eficiência no uso do produto.

Rondonópolis é o município que produz grande volume de ração com

preços menores em função da disponibilidade de grãos utilizados na alimentação

animal. Inclusive, detectou-se a venda de alimentos animais para o Estado de

Goiás, com ração comprada em Rondonópolis e que, mesmo incluindo o frete,

chegaria a GO cerca de 10% mais barato que seu concorrente local.

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194

Algumas empresas trabalham até com sistemas que evitam o pagamento

de impostos para ter preços melhores a serem repassados para o pecuarista.

Fazem compra de componentes da ração em nome dos pecuaristas para não

pagarem impostos.

Dessa forma, este subfator é um importante componente da

competitividade no segmento, suscetível de algum ajustamento nos produtos

fabricados em Mato Grosso, mas submetidos apenas à adição de uma margem

quase fixa sobre os produtos fabricados em outros estados, principalmente no

caso de medicamentos produzidos por grandes indústrias de produtos

veterinários, muitas vezes multinacionais.

Marketing

O marketing, no sentido de divulgação, publicidade e atividades que

auxiliam a comercialização do produto, é feito com demonstrações da eficácia

dos produtos. Em muitos casos, as próprias indústrias disponibilizam promotores

de vendas fazendo demonstrações que se assemelham aos dias de campo comuns

na agricultura.

Os pecuaristas seriam, conforme as entrevistas realizadas, avessos a

mudanças e muito críticos quanto à real eficácia do produto e sua relação com o

preço.

Uma política útil como instrumento de marketing é aquela associada ao

prazo de pagamento, e este é em geral repassado de acordo com o negociado na

aquisição dos produtos veterinários das indústrias, em geral fora do estado. O

prazo seria, em períodos de crise, fundamental para continuar comprando os

insumos mesmo em épocas de preços da arroba abaixo do desejável. Também é

importante, considerando-se as escalas de abate e as defasagens entre o momento

do abate e o recebimento por parte dos pecuaristas.

Existe um trabalho importante de recomendação do produto de acordo

com a necessidade do pecuarista – um tipo de consultoria realizada pelo

promotor de vendas, o qual indica o produto para cada fim, de acordo com as

condições de clima, solo, animais etc. Este trabalho acaba sendo fundamental

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195

instrumento de atração e manutenção do cliente, que, praticado por várias

empresas, acaba sendo uma prática comum e exigida pelo pecuarista, tanto na

venda como na pós-venda.

Algumas ações que podem ser vistas como instrumentos de marketing é

o empréstimo de equipamentos para aplicação de produtos, sem custos adicionais

ao pecuarista. Por exemplo, foi mencionado o equipamento para aplicação de

herbicidas em pastagens. Estas práticas foram constatadas mesmo em regiões

distantes da capital, mas é importante reforçar que estas ações são fortalecidas

dependendo do tamanho e potencial de produto a ser vendido, ou seja, ações

coordenadas de grupos de pecuaristas podem gerar mais interesse dos

comerciantes de produtos animais.

Distribuição

A distribuição não foi apontada como entrave. Há certa facilidade, pois

as empresas se organizam para que os produtos estejam nas lojas na época de seu

uso. Em geral, existem épocas definidas para a aquisição dos produtos e, fazendo

o controle das vendas e dos clientes, tem-se sempre o produto para pronta

entrega: o pecuarista compra e leva, ou faz-se entrega na propriedade em caso de

cargas maiores ou a combinar com a empresa.

Quando se trata de outras regiões, há vendedores externos e pontos de

vendas. Em alguns casos, as fabricantes de alimentos animais observam

inadimplência dos comerciantes do local, parceiros na venda. O que se tem

procurado é fazer a venda direta para o pecuarista até para melhorar a

rentabilidade da empresa (sem intermediários).

Na maior parte dos casos, os comerciantes de produtos para pecuária

fazem compra em grandes centros, direto das fábricas e laboratórios, os quais

praticam preço único para entrega em Mato Grosso, seja em Cuiabá ou Alta

Floresta. Nos casos que requerem frete, este é calculado separadamente,

indiferente do preço do produto posto na loja.

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196

Em geral, os custos de transporte são dos fornecedores. Existem

empresas especializadas no transporte de cada tipo de produto, como a Luft e a

Carmona. Os produtos têm origens diversas, em geral no Sudeste e Sul do País.

Os clientes do Pantanal são considerados mais complicados e só

compram quando há grande necessidade.

Crédito

As lojas de insumos têm buscado nas indústrias um crédito para o

pecuarista, pois são elos dependentes, ou seja, se as distribuidoras de insumos

não vendem, as indústrias também não vendem. Então, está havendo incentivo

com maiores condições de crédito para que o pecuarista possa adquirir o produto.

O crédito conseguido na indústria é repassado ao pecuarista.

O crédito das distribuidoras para os pecuaristas é verificado por meio de

boletos bancários e duplicata mercantil e na forma de cartão de crédito.

O prazo é variado, produtos em épocas de campanha de vacinação

chegam a ter prazo de 180 dias; fora de campanha, de 60 dias. Nessa época de

vacinação, o pecuarista aproveita para fazer todo o manejo do gado, adquirindo

todo tipo de insumo.

A inadimplência é mínima, e em geral o pecuarista ainda trabalha com a

maior parte de recursos próprios.

O crédito é visto como importante, mas não exatamente na forma

de empréstimos, mas sim na forma de prazos e condições de pagamento mais

flexíveis.

Assistência técnica

A assistência técnica também é vista como estratégia para garantir a

venda do produto. Ela é verificada ao ponto de as distribuidoras de insumos

emprestarem equipamentos para aplicação de produtos, regulando esse

equipamento para melhor eficácia do produto e garantindo, assim, a venda.

Muitos clientes pedem recomendações às distribuidoras de insumos, e

estas mostram o custo-benefício de se usar cada insumo para o pecuarista decidir.

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197

As indústrias fazem demonstrações dos produtos para ajudar a venda do

distribuidor, realizando um trabalho de extensão rural.

As empresas possuem veterinários, agrônomos, técnicos agrícolas que

orientam os produtores. Na região de Nova Mutum, verificou-se a assistência

técnica de forma mais precária. Nas regiões de Vila Rica e de Matupá, a

assistência técnica também é prejudicada devido à distância e às condições das

estradas.

Mesmo assim, é comum mencionar que o pecuarista usa pouco insumo e

não consegue perceber a vantagem da adoção da tecnologia, ou esta vantagem

fica obscurecida pelo custo associado e pelo preço da arroba do boi, usado como

baliza para a análise do benefício.

7.5.3. Estrutura de mercado

Concentração de mercado

Existe uma concorrência grande com características de competição

monopolística, ou seja, uma relativa diferenciação de produtos que podem ser

substitutos entre si e com liberdade para entrada e saída do mercado de insumos.

Pode-se dividir o segmento de insumos para melhor interpretação. O

mercado de alimentos animais é controlado por algumas empresas principais:

Novanis, Zoofort, Zootec, Agroamazônia, Tortuga, Matsuda, Navimix, Premix e

Nutrisul. Existem, entretanto, outras empresas que realizam inserções em regiões

específicas do estado. Também existem pecuaristas mais organizados e

estruturados, que fabricam seus alimentos animais, principalmente, considerando

técnicas como rações e silagens. Assim, o mercado de sal mineral e suplementos

proteinados-protéicos é visto como concentrado.

A parte de distribuição e comércio de produtos veterinários e de

alimentação animal é menos concentrada no sentido de que existe uma fácil

entrada no mercado, principalmente em municípios menores ou mais distantes da

capital. Em geral, os comerciantes negociam todo o espectro de insumos para

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pecuária, seja para pastagem, cercas, currais, bem como para alimentação ou para

o rebanho.

Aqui também se observa, entretanto, a atuação de grupos maiores com

atuação em todo o estado. Dessa forma, o mercado seria fracamente concentrado

do ponto de vista do número de agentes, mas, se observado o poder de mercado,

pode-se ter um resultado diferente, principalmente se se considerarem a distância

e o acesso ao mercado, o que às vezes inibirá geograficamente a concorrência.

Além disso, antes do comerciante existe a concentração do mercado de

fabricantes, indústrias e laboratórios de produtos veterinários, para o conjunto

dos animais bovinos ou não, dominado por: Vetnil Univet, Tortuga, Schering

Plough, Merial, Fatec, Fort Dodge, Bio-Vet, Vaccinar Nutrição Saúde Animal,

Mogivet. Segundo o Anuário do Agronegócio (2006), estas nove empresas

apresentaram em 2005 uma receita total de R$ 1.559,8 milhões, que, confrontado

com o faturamento total do ano divulgado pelo Sindan para o mercado

veterinário brasileiro de 2005, de R$ 2.210,8 milhões, perfazem 70,55%. Deste

total do mercado veterinário, os bovinos representavam 56,6% em 2005 e 2006,

contra 50,7% em 2002 (Tabela 7.8).

Tabela 7.8 – Participação percentual do segmento de produção animal no merca-do veterinário brasileiro

Tipo de animal 2002 2003 2004 2005 2006 Aves 25,3 23,3 21,7 18,1 15,4 Bovinos 50,7 55,3 55,6 56,6 56,7 Eqüinos 3,3 2,6 2,6 3,0 2,8 Ovinos e caprinos 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 Pets 8,7 8,6 9,3 10,1 11,3 Suínos 9,0 7,2 7,8 9,2 10,9

Fonte: SINDAN (2007). Dados trabalhados.

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Neste ambiente, as empresas comerciantes negociam com os laboratórios

em desvantagem e muitas vezes praticam contratos de exclusividade de modo a

obter vantagens adicionais, mas apenas repassam os preços aos pecuaristas. Foi

mencionado que o laboratório é que determina os preços, muitas vezes com

aumentos, ignorando a rentabilidade do pecuarista.

Os produtos vistos como de segunda linha pelos pecuaristas, geralmente

são linhas alternativas, estratégias de um mesmo laboratório que busca conquistar

o pecuarista de menor renda. Essas estratégias são conhecidas pelos

comerciantes, e apenas se apontou a sugestão de regular o mercado de genéricos

para a pecuária como alternativa para atrair outras empresas.

Importação

As empresas entrevistadas na maioria dos casos compram os produtos

provenientes do exterior por meio das importadoras. Para importação direta, os

comerciantes ou fábricas de alimentos animais teriam que fazer grandes

negociações e possuir elevados estoques, o que não é visto com interesse. Na

maioria dos casos não se conhece o Porto Seco de Cuiabá (Estação Aduaneira do

Interior), que poderia ser alternativa para a importação direta.

Não se comenta a importação de remédios e produtos veterinários em

geral, mas sabe-se que existem produtos estrangeiros que poderiam ser adotados

para o rebanho doméstico.

O sal branco é importado, ou seja, é proveniente de outro estado, e vem

do Nordeste, de Mossoró. O fosfato vem de Cajati-SP (uma das principais

empresas exploradoras do fosfato de Cajati é a Serrana, do Grupo Bunge) ou de

Minas Gerais. A uréia é proveniente da Petrobras (regulação estatal) da Bahia –

Camaçari.

Outros insumos provêm de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. A

maioria dos medicamentos é proveniente de São Paulo. Arame e aço em geral

vêm da Bahia (Belgo). Já a ração é de fabricação local, do próprio Estado de

Mato Grosso.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

200

Alianças mercadológicas

Não há aliança formal entre comerciantes, indústrias e laboratórios, e

pecuaristas.

Os sistemas de compras em grupos de comerciantes foram identificados

como práticas incipientes, mas que oferecem certa margem de discussão dos

preços com os grandes laboratórios.

Já os clubes de compras de pecuaristas são muito desorganizados e não

apresentam até o momento resultados que interfiram na distribuição de produtos

ou mesmo nas práticas no setor.

Foi mencionado, entretanto, que estratégias de compras em grupo de

pecuaristas podem gerar demandas para a negociação dos comerciantes com

maior barganha com os laboratórios e as indústrias, havendo repasse das

condições negociadas para o grupo.

Transporte

Não há problemas de entrega, pois as empresas negociam com as

transportadoras. Em geral, o transporte é terceirizado. Existem transportadoras

especializadas para o transporte de agrotóxicos. Geralmente, o preço do

transporte é pago pelo fornecedor. Em alguns casos, o fornecedor tem uma

isenção fiscal de ICMS. Existem empresas de transporte e armazenamento em

Cuiabá que armazenam os produtos para não faltarem; assim, quando o

pecuarista precisa do produto, o fornecedor de fora do estado somente emite a

nota, pois o produto já está em Cuiabá.

Na região de Vila Rica há dificuldade de transporte, em algumas épocas

ocorreu interrupção da rodovia BR-158 devido à destruição de três pontes. Na

região de Cáceres, o que tem causado impacto no transporte é o movimento dos

sem-terra e de índios fechando as estradas.

O transporte representa um gargalo, mas não vem gerando grandes

transtornos em face das soluções adotadas pelos próprios comerciantes, os quais

já consideram os possíveis entraves quando planejam seus estoques. Entretanto,

deve-se considerar que um transporte mais eficiente teria o efeito de reduzir

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

201

estoques e tempo de entrega com ganhos em todo o segmento. Em geral, o setor

de insumos preocupa-se mais com a venda e retirada na loja. Em regiões mais

afastadas como Vila Rica e Matupá, os pecuaristas é que têm de resolver a

questão do transporte.

7.5.4. Relações de mercado

Contratos e cooperação

Há uma cooperação informal das indústrias para o distribuidor que diz

repassar benefícios aos pecuaristas, mas nada formalizado.

No caso da vacina contra a aftosa, existe acordo das indústrias quanto ao

preço desta principalmente na época de vacinação, assim como previsão de

produção para atender a esse período.

Há uma distribuidora na região de Rondonópolis que faz parceria com o

produtor na fase de terminação, em que o pecuarista entra com a propriedade e os

animais, e a distribuidora, com os insumos.

A cooperação normalmente se dá na relação venda e pós-venda, de modo

a fidelizar o cliente, mas não exatamente para a adoção de tecnologia com

aquisição de insumos. No modelo de confinamento já aparecem iniciativas de

parcerias para ter maior controle da alimentação a ser disponibilizada aos

animais, tanto de qualidade como de quantidade de nutrientes, visando garantir o

ganho de peso esperado.

Transporte até a fazenda

O transporte até a fazenda é realizado sem problemas, pois o volume de

insumos comprado pelo pecuarista é pequeno e, assim, ele mesmo o transporta.

No caso de maior volume, as empresas têm caminhões e muitas delas, filiais no

interior, o que facilita o processo. Ainda, o pessoal da assistência técnica

transporta o produto, aproveitando para fazer o acompanhamento na sua

aplicação (suspeita-se que, conhecidas as condições das estradas do estado, os

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

202

pecuaristas não devem achar que não têm problemas para transportar seus

insumos).

Na região de Vila Rica, o transporte de carga pesada é prejudicado pela

precariedade das estradas. Muitas vezes, o pecuarista tem de levar a carga em

pequenas quantidades no próprio veículo, pois algumas estradas não têm acesso a

caminhões. Assim, elevam-se os custos, já que a carga, ao invés de ser

transportada em veículos maiores com ganhos de escala, acaba sendo

transportada em frações. Isso acabará induzindo a aquisição de veículos

utilitários de médio porte por parte dos pecuaristas, que nem sempre terão

utilização eficiente em todo o ciclo de vida do veículo.

Na região de Cáceres, os pecuaristas do Pantanal têm alguma dificuldade

no período das águas, mas isso tem sido contornado com planejamento do

transporte. Considera-se um acesso razoavelmente bom em comparação às

regiões do norte do estado.

Marca e confiança

A marca e a confiança, aliadas à tradição das distribuidoras de insumos,

têm conseguido “manter” a clientela que já está no ramo da pecuária há algum

tempo. Os novos clientes pecuaristas buscam apenas preço e não tanto a

qualidade.

Existem insumos de segunda linha, em que a eficácia é mais lenta. Há

pecuaristas que compram esse tipo de produto, mas já avisados de que se trata de

qualidade inferior. Essa venda de produto de segunda linha é proporcional ao

preço da arroba, ou seja, quando o preço da arroba do boi gordo está baixo, o

consumo de insumos de segunda linha cresce. Um exemplo é o IVOMEC, cujas

vendas aumentam em novembro, quando historicamente o preço da arroba é

maior.

A confiança de alguns laboratórios é importante para garantir a eficácia

do produto, garantindo as vendas.

Nas propriedades, cujos administradores têm maior escolaridade, preza-

se a qualidade, através da marca e confiança. Já na propriedade em que o

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

203

administrador possui menor nível de escolaridade, a qualidade é menos

importante e o preço passa a ser o fator principal.

As distribuidoras consideram a satisfação econômica do pecuarista,

observando-se que existem produtos para cada perfil deste. Os produtos

aditivados não terão retorno se o manejo for ruim. Nesta situação, as

distribuidoras não sugerem sua aquisição, pois o pecuarista que não sabe utilizar

o produto não terá satisfação garantida e isto prejudicaria as distribuidoras de

insumos.

Fidelização

O comércio de produtos pecuários está mais competitivo e detecta-se que

a fidelização está reduzindo. Contudo, existem clientes fiéis às empresas,

principalmente devido ao atendimento e assistência técnica na venda e pós-

venda.

A tradição da empresa nas regiões tem impacto na fidelização. O cliente

é mais fiel à empresa de maior tradição no município (região).

Nesta estratégia, as empresas necessitam do atendimento de balcão para

fidelizar o pecuarista. Uma vez fidelizado, os contatos poderiam ser por meio

telefônico e com sistemas eletrônicos de cobrança.

Não se observam outras práticas de fidelização costumeiras em outros

setores da economia, como premiação, pontos e práticas de descontos pela

fidelização.

Organização dos pecuaristas para compra direta de insumos

Na região de Cuiabá e Rondonópolis, os pecuaristas estão se

organizando, mas de forma incipiente ainda, e estão pensando muito em preço,

não levando em consideração a qualidade, além de driblar a tributação, às vezes

levando multas altíssimas, o que inviabiliza essa organização. Poderia funcionar

melhor se montassem uma cooperativa com emissão de notas em separado ou até

mesmo com isenção.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

204

Alguns problemas surgem com relação à tecnologia adotada pelos

pecuaristas, no caso de desejarem adotar tecnologias diferentes e compras em

conjunto, uma vez que dificilmente se obterá consenso no insumo a ser comprado

em maior escala. Regiões de pequenos produtores apresentam maior dificuldade

de cooperação, embora estejam em maior desvantagem em face de seus

tamanhos. Dessa forma, um pecuarista deseja um tipo de insumo, enquanto outro

deseja outro tipo.

As distribuidoras de insumos estão visualizando estas organizações e

brigando pelo mercado. Assim, há organização das distribuidoras, que estão

comprando em conjunto, com maior poder de compra, de barganha e de

negociação. Para os distribuidores, a organização é positiva, pois poderiam

barganhar melhor o preço com as indústrias devido ao volume. Muitas vezes o

pecuarista não pode comprar direto da indústria, em razão de contratos de

exclusividade com o distribuidor. Assim, ele poderia fazer uma parceria com o

distribuidor onde os dois teriam benefícios. A exclusividade neste caso diminui a

concorrência.

Em Cáceres não foram detectadas organizações de pecuaristas, pois eles

compram das revendas, uma vez que estas simbolizam um ponto de apoio. Em

Canarana, este tipo de organização é desconhecido. Na região de Tangará da

Serra, alguns pecuaristas tentaram se organizar, mas não tiveram sucesso. Em

Nova Mutum, alguns representantes vendem direto aos pecuaristas, e este tipo de

ação tem prejudicado os distribuidores de insumos. Na região de Vila Rica, a

organização é dificultada pela mentalidade dos pecuaristas que não chegam ao

consenso. Além disso, há uma desconfiança do pecuarista em relação à

administração destas associações, pois já ocorreram na região alguns casos de

associações quebrarem por causa de fraudes financeiras.

Para organizar melhor o setor, o governo poderia incentivar a compra de

ração antecipada do pecuarista, assim o setor de insumos iria comprar melhor os

grãos (safrinha – mais barato) e todos ganhariam.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

205

Renda do pecuarista

A renda do pecuarista foi destacada como a de maior influência no setor

de insumos pecuários. Quando o preço da matriz está melhor, a venda de

insumos para vaca também é melhor. Já quando é o preço do bezerro, as vendas

são direcionadas para bezerro, e assim também com animais para abate.

Os pecuaristas têm consciência de que têm de investir no uso de

insumos, mas não têm renda disponível suficiente para esse investimento. A falta

de rentabilidade do pecuarista afeta o setor de insumos, pois há redução da

compra destes ou a adoção de pacotes tecnológicos menos eficientes, ou com

insumos de segunda linha.

Em Mirassol d’Oeste, com a ampliação da Usina de Rio Branco e

reabertura da Usina de Mirassol d’Oeste, percebe-se a migração de pecuária para

cana-de-açúcar.

Existe um consenso de que parte da redução da rentabilidade do

pecuarista esteve relacionada com o aumento dos preços de insumos e outra

parte, relacionada com a queda dos preços do animal gordo.

Observando as razões entre os índices de preços da arroba do boi gordo e

de preços pagos no Brasil (utilizou-se esta primeira aproximação para avaliar a

queda de rentabilidade alegada) no agregado, para mão-de-obra e para

combustíveis – itens relevantes para a pecuária – têm-se quedas inequívocas das

razões nos últimos anos (os picos foram em novembro de 1999 para o IPP no

agregado, novembro de 2003 para IPP mão-de-obra e fevereiro de 1999 para IPP

combustíveis).

Fazendo a análise mais relevante, que é a relação entre os preços da

arroba do boi gordo, do boi magro e do bezerro, especificamente para as regiões

de Mato Grosso, é possível contextualizar melhor esta perda de rentabilidade,

uma vez que a maior parte dos custos associados ao pecuarista se dá com

reposição de animais magros.

As Figuras 7.5 e 7.6 mostram as razões entre o preço do gado magro e o

da arroba do boi gordo. Diante das limitações na obtenção de dados,

expressaram-se dados apenas de Cáceres e Rondonópolis, no período de

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

206

fevereiro de 2003 a fevereiro de 2007. Para comparação, também é apresentada a

tabela com os valores médios destas razões para o período todo.

Fonte: IMEA (2007). Dados trabalhados pelos autores. Figura 7.5 – Razão de preços de gado magro por arroba de boi gordo – Cáceres-

MT – fev./2003-fev./2007.

Fonte: IMEA (2007). Dados trabalhados pelos autores. Figura 7.6 – Razão de preços de gado magro por arroba de boi gordo – Rondonó-

polis-MT – fev./2003-fev./2007.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

207

Observa-se na Tabela 7.9 que, embora a razão de preços do boi magro e

a do garrote estejam crescendo no período recente, ficando um pouco acima da

média de fevereiro/2003 a fevereiro/2007, existem oscilações em torno do seu

valor médio, com o desvio-padrão variando de 6,7% a 13,5% dessa média do

período todo.

Tabela 7.9 – Razão de preços de gado magro por arroba de boi gordo – Cáceres-MT e Rondonópolis-MT

Média 2003-2007 Média dos últimos 12 meses Tipo de gado magro

Cáceres Rondonópolis Cáceres Rondonópolis Garrote ate 24 meses 9,00 9,57 8,71 9,46 Novilha ate 24 meses 6,91 6,84 7,29 6,66 Desmama fêmea 4,36 4,20 4,11 4,19 Desmama macho 6,39 6,42 6,31 6,7 Boi magro 10,60 10,96 10,95 11,02 Matriz prenha 10,25 9,64 9,26 8,43

Fonte: IMEA (2007). Dados trabalhados pelos autores.

7.5.5. Ambiente institucional

Fiscalização

A análise das características da fiscalização no segmento de insumos

pecuários revelou que ela está sendo satisfatória em todo o estado. Há

fiscalização estadual, federal e municipal.

Os principais órgãos fiscalizadores são: CREA, INDEA-MT, SEFAZ-

MT, SEMA-MT, Vigilância Sanitária e Inmetro. Nos segmentos de comércio, a

preocupação maior é da SEFAZ-MT com relação aos tributos e do INDEA-MT

com respeito às vacinas e medicamentos. No segmento de fábricas de nutrição

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

208

animal, a fiscalização maior é do CREA, INDEA-MT, Inmetro e da Vigilância

Sanitária.

Reclama-se de não haver uma fiscalização igualitária. Os maiores são

mais e os informais são menos fiscalizados. Esta é uma característica comum em

casos em que se tenta maior eficiência na fiscalização considerando os agentes

que realizam mais operações. Os informais seriam os que conseguem fazer

algum tipo de sonegação tributária.

Quanto à Vigilância Sanitária, as empresas que não cumprem as normas

ambientais têm retenção do alvará pela prefeitura.

Os entrevistados em regiões de fronteira com o Pará e Tocantins

reclamam da falta de fiscalização de empresas irregulares, o que prejudica a

atividade daquele que trabalha regularizado.

Logística, transporte

Não se mostra nenhum problema de transporte na região de

Rondonópolis e Cuiabá. Já as regiões ao norte de Mato Grosso têm problemas

em conseqüência da precariedade das estradas. Canarana se encontra numa

região prejudicada quanto ao transporte, o que tem afetado o preço final dos

insumos que vêm de Goiás, São Paulo e Minas Gerais, pois estes têm de passar

por Barra do Garças, aumentando 300 quilômetros.

O problema logístico é atualmente um grande entrave institucional que

hoje é repassado aos pecuaristas, uma vez que estes devem retirar seus produtos

na loja. Acabam reduzindo as compras ou fracionando a carga de modo a

transportar os insumos em seus próprios veículos, geralmente caminhonetes.

Organização setorial

O ambiente institucional no que se refere à organização setorial foi

identificado como pouco organizado. As empresas de insumos participam de

associações como o Sindan e Sindirações; contudo não se perceberam grandes

iniciativas desses sindicatos nas entrevistas realizadas.

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209

As empresas em geral pouco atuam de modo organizado, mas apenas

preocupam na relação cliente e empresa e não necessariamente entre empresas.

Linhas de financiamento

O pecuarista não tem buscado crédito, pois trabalha em geral com

recursos próprios e os juros não são condizentes com a rentabilidade do setor.

Empréstimos da forma que estão sendo efetuados não têm efeito para o

pecuarista. A carência deveria ser mais prolongada, visto que o ciclo pecuário é

médio a longo (cria-recria-engorda).

Linhas de crédito são abertas/oferecidas para incentivar o uso de

tecnologia, independentemente do tamanho da propriedade, para melhorar a

qualidade da carcaça e não aumentar a produção, pois aumento de produção gera

queda no preço.

Na região de Rondonópolis, mencionou-se o convênio Banco do Brasil-

BBAgro, com taxas de juros menores e com todas as partes de custeio de

produção. Alguns distribuidores são conveniados, facilitando o financiamento de

insumos aos pecuaristas. O Sicredi também tem linha de financiamento para a

compra de ração.

Na região de Tangará da Serra e no norte do estado, o problema do

financiamento é agravado pela falta de garantias dos pecuaristas aos agentes

financiadores, ou porque as terras não têm documento, impossibilitando o

financiamento.

Câmbio

O câmbio não tem afetado o setor como as taxas de juros. O câmbio afeta

o pecuarista mais no preço do boi para valorização do real. Verifica-se que a

desvalorização é usada como argumento para aumentos dos preços de insumos,

mas a valorização do real não provoca efeito de queda nesses preços.

Legislação

As leis trabalhistas têm afetado todas as regiões, e isso vem aumentando

o emprego informal. As empresas têm empregado menos pelo fato de a

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

210

legislação trabalhista ter tendência favorável para o empregado. O custo do

funcionário tem ficado muito caro para as empresas.

As empresas têm se enquadrado nas leis sanitárias, com inspeção do

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e isso não tem causado

problemas. Existem custos para se adequar, mas, realizados os investimentos,

essas leis não causam problemas. As empresas trabalham com normas das

prefeituras e impostos territoriais urbanos.

Na região de Tangará da Serra e Vila Rica, as leis ambientais estão

restringindo o setor da pecuária para aumentar a ocupação, e esta não-expansão

da pecuária estaria afetando negativamente as vendas de insumos.

Na região de Cáceres ocorre uma dificuldade junto à SEMA e aos órgãos

ambientais devido ao uso de madeira própria para a construção de cercas.

Tributação

Os tributos de insumos são monofásicos, ou seja, têm apenas um

recolhimento; contudo, para que isso aconteça, precisa haver uma organização

contábil para a transferência. No setor, isso muitas vezes não acontece. Alguns

fazem sonegações desnecessárias, enquanto os maiores são mais tributados

devido à maior fiscalização.

Se o ICMS baixasse poderia haver melhores vendas. Esta argumentação

é de difícil verificação, uma vez que os insumos vêm em muitos casos de outros

estados, pagando imposto já na origem. Em outros casos, o ICMS é pago mesmo

sem vender o produto (ainda em estoque), e isso tem impactado negativamente as

distribuidoras de insumos, pois o tributo já vem faturado da indústria.

Incentivo fiscal

Existe incentivo fiscal do tipo renúncia fiscal via programas PRODEIC e

PRODEI, mas, na grande maioria dos casos, os agentes desconheciam estes

programas. De qualquer modo, para acessar tais programas as empresas precisam

de uma organização contábil e jurídica que no interior do estado nem sempre se

observa.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

211

Existem alguns incentivos, porém muito pequenos, para compra de

ferragens e arames com crédito de ICMS, dependendo do estado de origem do

insumo.

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CAPÍTULO VIII

SEGMENTO DE PRODUÇÃO

Objetiva-se, neste capítulo, contextualizar uma discussão acerca dos

direcionadores avaliados na pesquisa, os quais possibilitam retratar com clareza o

desempenho do segmento de produção da cadeia produtiva de bovinos de corte

do Estado de Mato Grosso. Para tanto, são usados os seguintes direcionadores:

tecnologia, insumos, relações de mercado, estrutura de mercado, gestão e

ambiente institucional.

É importante, inicialmente, uma caracterização dos sistemas produtivos

de bovinos de corte, com vistas ao melhor entendimento das diferenças e

especificidades das regiões mato-grossenses em análise.

8.1. Caracterização dos sistemas produtivos

Em face da ampla extensão de área e da grande diversidade

agroecológica no Brasil, é possível a coexistência de diferentes tipos de sistema

de produção de gado de corte; sistemas estes que variam desde o uso de baixa

tecnologia até o de alta tecnologia. Assim, a atividade de pecuária de corte ocorre

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

213

sob variadas condições tecnológicas, agroecológicas, culturais e

socioeconômicas, apresentando, dessa forma, variações nos indicadores técnicos

e econômicos nas diferentes regiões produtoras (AMARAL, 2000).

Os diferentes sistemas de produção resultam das distintas formas de

combinar os recursos genéticos (raças, tipos etc.), os recursos ambientais e

socioeconômicos disponíveis, associados ainda às práticas de manejo utilizadas e

das possíveis interações entre estes. Os sistemas de produção mais eficientes são,

em geral, aqueles que aperfeiçoam os recursos genéticos, ambientais e

socioeconômicos e as práticas de manejo em todo o processo de produção

(BARBOSA, 2007).

No Mato Grosso, a atividade de pecuária de corte detém, de modo

similar, o comportamento observado no país, sistemas produtivos com diferentes

níveis tecnológicos e, em conseqüência, indicadores técnicos e econômicos

diferenciados. Esses sistemas encontram-se distribuídos nas distintas regiões do

Estado, apresentando-se em maior intensidade em umas regiões e em menor grau

em outras.

Na tentativa de se conseguir melhor caracterização dos sistemas

produtivos de bovinos de corte no Estado de Mato Grosso, verificou-se a

necessidade de se usarem na análise cinco regiões previamente definidas e que

apresentam particularidades similares, são elas: Pantanal, Oeste, Centro-Sul,

Norte-Nordeste e Leste. A região do Pantanal mereceu avaliação à parte, em

razão de suas especificidades no que se refere ao seu ecossistema.

No Estado de Mato Grosso, a bovinocultura de corte é predominante nas

regiões Norte-Noroeste (Juara, Juína e Alta Floresta); Sudoeste (Cáceres, Pontes

e Lacerda, Porto Esperidião e Vila Bela da Santíssima Trindade); Leste (Barra do

Garças e Paranatinga) e Nordeste (Vila Rica) (IMEA, 2007).

O sistema de produção de bovino de corte constitui-se de distintas etapas

de criação: cria (produção de bezerros), recria (cria de bezerros e novilhos) e

engorda (terminação de animais para abate). Há, ainda, sistemas em que ocorre

integração entre as fases de recria e engorda e, em alguns casos, a fase de recria

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214

pode ser reduzida ou suprimida – programa de novilho precoce, e sistemas de

ciclo completo – cria, recria e engorda.

De acordo com a opinião dos entrevistados da pesquisa, na região do

Pantanal mato-grossense há predominância das fases de cria e recria e, em

reduzida intensidade, a de engorda. Essa última quando ocorre é em razão de

fatores conjunturais de preço e oferta de pasto abundante, em regiões que em

geral estão expostas a fortes inundações. Já na região Oeste (Cáceres), o ciclo

completo predomina, ou seja, ocorrem as três fases de criação: cria, recria e

engorda.

Na região Centro-sul, verifica-se a forte presença das fases de recria e

engorda em Tangará da Serra; cria e ciclo completo em Rondonópolis; cria e

recria em Paranatinga e em menor intensidade o ciclo completo.

Na região Norte-Nordeste do estado tem-se a predominância do ciclo

completo. No entanto, há fortes evidências de crescimento da especialização em

cria no Norte, cria ou recria em Juína e Cotriguaçu, e cria e recria em Juara.

A adoção dos diferentes sistemas, em que o ciclo completo apresenta

maior expressividade, é justificada pela disponibilidade de terra nas distintas

regiões mato-grossenses.

8.1.1. Fases de produção da bovinocultura de corte

Fase de cria

Essa fase, de grande influência na eficiência produtiva dos animais,

engloba do nascimento do(a) bezerro(a) ao desmame, podendo se estender

esporadicamente até 12 meses.

Constitui-se de um rebanho de reprodutores, vacas, novilhas de reposição

e bezerros(as) em aleitamento, rebanho esse que não tem se beneficiado na

mesma intensidade das tecnologias incorporadas ao processo produtivo

comparativamente àqueles participantes da fase de recria e engorda.

Em geral, essa fase ocorre em regime extensivo a pasto, com pastagens

nativas ou cultivadas. Com vistas a aumentar a produtividade nesse período de

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

215

criação, alguns produtores utilizam a suplementação com concentrado, em cocho

privativo, para os bezerros em amamentação, manejo esse definido como creep

feeding. Com esse manejo, os bezerros podem alcançar melhor vigor, ou seja,

podem obter melhor ganho de peso até a desmama e redução nas exigências das

mães no fornecimento de leite, e, em conseqüência, menor intervalo entre partos,

dado que as mães não apresentam grande desgaste e não há comprometimento da

fertilidade. Nas regiões mato-grossenses essa prática tem sido utilizada por um

número reduzido de propriedades de gado de corte, sendo mais usual na pecuária

leiteira.

Na fase de cria, a suplementação protéica energética, essencial aos

bovinos em período de pastagens ruins, é pouco utilizada nas regiões em análise.

Tal comportamento tem acentuado as carências nutricionais dos animais,

impedindo que a taxa de natalidade média do rebanho apresente a mesma

evolução observada nas demais fases de produção. A fase de cria ocupa posição

de destaque na bovinocultura de corte da área do Pantanal e do Cerrado mato-

grossense (BARROS; VASQUEZ, 2004).

Dos 138.183 km2 de área do Pantanal, 35% pertencem ao Mato Grosso,

ou seja, 48.364 km2, e as regiões distintas que o constitui, segundo as

características hidrológicas, solo e vegetação, são: Cáceres, Poconé e Barão de

Melgaço, Santo Antônio de Leverger, Livramento e Itiquira (ABREU et al.,

2001).

A fase de cria no Pantanal é desenvolvida em sistema de produção

extensivo, e o manejo empregado leva em consideração o período de enchente. A

alimentação dos animais é proveniente quase que unicamente de pastagens

nativas: capim-mimoso (Axonopus), Mesosetum loliforme e grama-do-

caramdazal (Panicum laxum) (ABREU et al., 2001).

Fase de recria

A fase de recria abrange o período que vai da desmama até o início da

reprodução da fêmea ou de engorda dos machos. Em geral, é explorada em áreas

de terras de fertilidade média e alta.

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216

O animal, na fase de recria, é mantido por maior período de tempo no

sistema, principalmente em se tratando do subsistema tradicional de produção. A

recria pode perdurar por até 30 meses em animais abatidos com quatro anos de

idade.

Há na fase de recria maior direcionamento de tecnologias, de forma

distinta da fase de cria, principalmente no tocante à melhoria da nutrição animal.

Essa é uma fase de significativa importância para o produtor, em razão da

presença da grande liquidez comercial, que, por sua vez, possibilita a adequação

da lotação dos animais em períodos distintos no ano e,ou, eventual necessidade

de formação de caixa na atividade. Em se tratando da região do Pantanal,

segundo Abreu; Moraes; e Siedl (2001), a fase de recria ocorre basicamente para

novilha de reposição.

Fase de engorda

A fase de engorda é aquela que termina o animal para abate. De modo

similar à fase de recria, essa recebe maior aporte de tecnologia comparativamente

à fase de cria.

A fase de engorda pode ser realizada em regime de confinamento,

semiconfinamento e extensivo (pasto), e esses são diferenciados segundo os

níveis tecnológicos usados (LAZZARINI NETO; NEHMI FILHO, 1994).

O sistema confinado é intensivo, em que os animais são limitados a

pequeno espaço, recebem suplementação alimentar, concentrado (ração) e

volumoso (silagem ou feno), sem pastejo. Segundo os entrevistados, no Estado

de Mato Grosso, em regiões onde a agricultura de grãos é praticada de maneira

intensiva, a disponibilidade de resíduos agrícolas permite o confinamento à base

de Ração Total de maneira econômica, modalidade essa de uso crescente no

Estado.

O semiconfinamento, por sua vez, é um sistema em que a atividade de

engorda acontece tanto a pasto quanto em confinamento. Ou seja, é fornecido

nesse sistema somente concentrado em cochos disponibilizados em pastos, e o

pastejo é livre.

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217

O sistema extensivo ou a pasto é aquele que o animal recebe somente sal

e pasteja totalmente livre, em que o pasto é a única fonte de alimento para ele.

Em um sistema tradicional, ou seja, em que a produção é desenvolvida em

pastagens extensivas, o período de engorda é de seis a oito meses.

O avanço na genética animal bem como o uso de minerais proteinados

no sistema de confinamento, segundo Bonjour (2000), têm propiciado melhor

desempenho dos bovinos, contribuindo sobremaneira para o crescimento no

referido sistema.

Fase de recria e engorda

A integração das fases recria e engorda é usual em grande número de

propriedades produtoras de bovinos de corte no Brasil e, no Estado de Mato

Grosso, conforme citado anteriormente, é predominante em Tangará da Serra

(região Centro-sul), sendo o aporte de novas tecnologias direcionadas a essa fase

substancial. Dentre essas, pode-se citar o programa de produção de novilho

precoce.

Uma gama de programas de produção de novilho precoce tem sido

implementada no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Novilho Precoce –

ABNP (1988), 63,5% das 6.685 propriedades pertencentes ao programa

encontram-se na região Centro-Oeste. No entanto, a participação hoje das

propriedades de Mato Grosso no referido programa nacional é ínfima, segundo

comentários emitidos pelos entrevistados, que complementam mencionando que

o Estado já teve o seu Programa Estadual de Novilho Precoce, e esse foi extinto

em virtude da má condução desse Programa. Há, entretanto, uma Associação

Mato-grossense de Novilho Precoce em processo de inanição. Mesmo com o fim

do Programa, a prática de comercializar novilho precoce tornou-se comum,

sinalizando que o programa estadual atingiu o seu propósito.

No caso de novilho precoce, o período de retenção pode ser reduzido

para 10 a 12 meses. E essa fase pode ser suprimida em caso de produção de

novilhos superprecoces, uma vez que o abate ocorre de 12 a 15 meses de idade

(IEL/CNA/SEBRAE, 2000).

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218

Fase de cria, recria e engorda

As fases de cria, recria e engorda, ou seja, a verticalização da produção,

são realizadas por pouco mais da metade de produtores de pecuária de corte no

país. Ressalta-se, no entanto, que o sistema dificilmente é puro (CEPEA, 2007).

Esse tipo de sistema é predominante nas regiões Oeste, Norte/Nordeste e

Centro-Sul do Estado de Mato Grosso.

8.2. Tecnologia

O direcionador tecnologia, que revela o estado da arte da bovinocultura

de corte de Mato Grosso, ou seja, os aspectos que englobam a tecnologia

adotada, o manejo utilizado na produção e os índices zootécnicos são avaliados

segundo os elementos ou subfatores: qualidade das pastagens, sistema de

criação e manejo nutricional, genética do rebanho e sanidade do animal.

As tecnologias utilizadas, adaptadas às condições vigentes nos sistema

de produção, têm como objetivo o aumento produtivo dos rebanhos e,

conseqüentemente, a rentabilidade da atividade. Essas tecnologias, associadas ao

manejo na produção, interferem nos índices zootécnicos dos diferentes sistemas

de produção. A melhoria da eficiência produtiva, um dos objetivos-alvo de

qualquer pecuarista, deve perpassar por variáveis associadas às pastagens,

suplementação alimentar em pasto, confinamento, potencial genético, além dos

aspectos sanitários.

8.2.1. Adoção de pastagens cultivadas ou formadas

As pastagens naturais e formadas constituem a forma mais prática e

econômica de alimentar os bovinos.

A área com pastagens formadas tem sido ampliada no Estado de Mato

Grosso e é predominante em quase todas as regiões do Estado, excetuando a

região do Pantanal, em razão das especificidades inerentes à região, ou seja, do

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219

seu ecossistema. A justificativa para esse crescimento tem sido apontada em

virtude de maiores produtividades e ganho de rendimento.

Dentre os cultivares adaptados e mais produtivos encontram-se as

braquiárias decumbens e humídicola e o braquiarão (Brachiária brizanta), e em

menor uso, o mombaça, tanzânia e jaraguá. A ampliação de área com pastagens

formadas é resultante da adoção de melhores técnicas de plantio, manejo

adequado e do uso de sementes melhoradas.

No Estado de Mato Grosso, de acordo com os entrevistados, o sistema de

pastagens mais usado é o pastejo contínuo, também definido como o tradicional,

enquanto a rotação de pastagens56 tem sido uma prática utilizada por poucos

produtores.

De modo similar à rotação de pastagens, o consórcio de gramíneas com

leguminosas quase inexiste nas distintas regiões. Alguns testes têm sido

realizados na região Centro-Sul, porém ocorrem em número muito reduzido de

propriedades. Foi citada a existência de alguns casos de consórcios de gramíneas

com estilosantes.

Segundo Corrêa e Santos (2007), a boa formação de pastos é um dos

fatores-chave para o sucesso de sistemas de produção de animal em pastagens, e

que o custo de formação de novas áreas com pastagens é o dobro do de

recuperação. Em quase todas as regiões do Estado, as pastagens encontram-se, de

modo geral, em estado de degradação, e tal fato é resultante de uma atividade que

vem se descapitalizando ao longo do tempo, com maior agravamento nos últimos

anos. A recuperação das pastagens, quando ocorre, se dá por meio da interação

entre culturas (grãos) e pastagens (integração – agricultura pecuária), e, nesse

caso, os custos de formação da pastagem são reduzidos com a produção de grãos.

A degradação da área de pastagens ocorre também devido ao aumento na

taxa média de lotação de animal (UA/ha). Segundo Souza, Zen e Ponchio (2006),

essa cresceu no Brasil, na região Centro-Oeste e no Mato Grosso do Sul,

passando de 0,89, 0,85 e 0,95 em 1996 para 1,10, 1,12 e 1,14, em 2003,

56 Rotação de pastagens – o animal pastoreia uma forrageira por um a três dias e conduzido a outra área

de pastagens, de modo a deixar a forrageira a recuperar suas raízes em um período de 20 a 36 dias.

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220

respectivamente. Já, no Estado de Mato Grosso, em 2005, essa taxa de lotação

encontrava-se em torno de 1,15, 1,30, 1,35 e 0,2, nas regiões Leste (Barra do

Garças), Norte (Alta Floresta), Sudoeste (Pontes Lacerda) e Poconé (Pantanal),

respectivamente (FNP, 2006).

A morte súbita das pastagens é outro fenômeno que se apresenta como

ponto crítico no processo produtivo, afetando a rentabilidade da produção. A

causa ainda não está bem definida; entretanto, tem sido indicado que essa está

associada a áreas de altas variações de umidade de solo. Segundo a Empresa

Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em seu diagnóstico acerca da

referida situação, encontram-se entre as causas desse problema que hoje afeta o

Brasil Central Pecuário a seca prolongada, a baixa fertilidade do solo, a falta de

um manejo de manutenção adequado e, possivelmente, o ataque de cigarrinhas

das pastagens em algumas regiões.

Em se tratando do Estado de Mato Grosso, esse fenômeno foi citado

como ocorrente nas distintas regiões e apontado como crescente, sendo ressaltada

a necessidade urgente de maior estudo sobre o problema.

8.2.2. Alimentos suplementares, semiconfinamento e confinamento

Na atividade de gado de corte na fase de recria, durante o período de

seca, uma das alternativas utilizadas para suplementar a alimentação animal, em

razão da escassez de pastagens, é o uso de misturas minerais proteinadas com

adição de uréia e de suplementos proteinados enriquecidos com fontes

energéticas.

Esses suplementos incorporados, utilizados em quantidades adequadas,

minimizam ou corrigem a deficiência nutricional das pastagens, elevando o

consumo e a digestibilidade, contribuindo para um ganho de peso moderado do

animal ou diminuição da perda de peso e, por conseguinte, propiciando redução

na idade de abate e do primeiro parto.

Em se tratando do sistema de semiconfinamento, é dado aos animais, na

fase de engorda, no período de seca, maiores quantidades de suplemento

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221

protéico-energético, em torno de 1% do peso vivo do animal. Esses animais, que

permanecem em pastos, auferem ganho diário de 0,7 a 1,0 kg, e tem ainda a

possibilidade de serem abatidos precocemente na entressafra.

Já no sistema de confinamento, os animais são engordados em área

restrita e recebem suplementação de dietas balanceadas a base de alimentos

volumosos e concentrados, permitindo a engorda e o abate precoce destes. Nesse

sistema, é possível engordar grande número de animais em pequena área.

Quanto ao sistema de cria, pode-se dizer que os animais não recebem

suplementação, e quando acontece, é em pequeno número, via adição de sal

proteinado.

Na região do Pantanal mato-grossense, o que se verifica é a ocorrência

de sistema de criação a pasto (nativo e plantado), em maior proporção a

pastagem nativa, suplementado com sal mineral. Já nas regiões Oeste, Leste e

Centro-Sul constata-se, além da presença dominante de criação a pasto (pastagem

formada) suplementado com sal mineral ao longo do ano, a suplementação com

sal proteinado em determinadas propriedades em período de seca.

O padrão da terra bem como a disponibilidade da mesma são fatores

decisórios quanto ao sistema de criação definido pelos produtores.

8.2.3. Controle sanitário

A clínica curativa tem sido preferida à profilática na pecuária de corte,

em razão do tamanho do rebanho e do tipo de manejo. A criação a pasto dificulta

a observação individual do animal comparativamente ao que se observa na

pecuária leiteira. A movimentação de animais entre regiões tem sido variável de

forte peso na maior disseminação de doenças entre os animais, principalmente a

virótica. Uma das maneiras de controlar essas doenças é mediante a vacinação,

ou seja, pela prevenção. O pecuarista hoje é obrigado a vacinar o seu plantel

contra febre aftosa, brucelose, raiva bovina e carbúnculo sintomático. As duas

últimas, apesar de não terem obrigatoriedade em alguns estados, são

indispensáveis para se produzir em determinadas regiões (AFONSO, 2007).

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222

Um bom controle sanitário tem sido um dos quesitos necessários à

ampliação da competitividade da bovinocultura de corte, e esse, por sua vez, está

associado a um calendário profilático.

Na bovinocultura de corte, as doenças e vacinas mais comuns são a febre

aftosa, brucelose, tuberculose, raiva bovina, clostridiose, botulismo, leptospirose,

salmonelose, pasteurelose, IBR, BVD, PI3 e BRSV, e o combate a ectoparasitas

e endoparasitas (AFONSO, 2007).

O controle das doenças dos animais tem sido uma preocupação constante

no Estado de Mato Grosso, e a febre aftosa é a que estimula maiores atenções,

dado que a sua presença em um estado ou região prejudica as exportações de

carne in natura e, por conseguinte, contribui para redução da entrada de divisas

no país.

A febre aftosa, ainda não erradicada em algumas regiões do Brasil,

voltou a ser detectada em regiões consideradas livre da doença, e o Mato Grosso

foi uma das exceções. Esse Estado possui sistema de vigilância sanitário

eficiente, e o seu território é todo coberto pelo Programa de Erradicação da Febre

Aftosa. Segundo Estermann (2000), a febre aftosa foi a doença que teve o maior

peso como barreira sanitária, constituindo-se em obstáculo às exportações

brasileiras.

A cisticercose é, dentre as zoonoses, a mais freqüente em todas as

regiões do Brasil, seguida pela raiva bovina, que é também uma outra doença que

tem causado sérios problemas em várias regiões. A vacinação contra essa

zoonose é obrigatória em locais onde são encontrados focos da doença, devendo

ser aplicada a todos os animais do rebanho anualmente.

O carbúnculo sintomático, doença septicêmica, tem apresentado grande

incidência no rebanho bovino. Seu controle tem sido mediante a vacinação em

todos os animais da propriedade com idade inferior a 18 meses.

As doenças viróticas IBR (diarréia viral bovina) e BVD (rinotraqueite

infecciosa bovina) também requerem controle, assim como a brucelose e outras

doenças que afetam a reprodução.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

223

Quanto à sanidade do rebanho no Estado de Mato Grosso, segundo os

agentes-chave entrevistados, não há maiores problemas com relação às doenças e

epidemias. A brucelose, na região Norte/Nordeste, foi citada como doença de

maior impacto econômico, apesar de essa não oferecer maiores preocupações,

sendo a vacina contra ela aplicada em fêmeas, em uma única dose. Indicações

foram dadas ainda sobre problemas com o carbúnculo, clostridium e raiva. Na

região oeste, inferências foram feitas acerca da presença da mosca de chifre,

berne e carrapato. Salientado ainda que é obrigatório vacinar as fêmeas de 2-4

meses contra brucelose, dada a exigência do GTA (Guia de Transporte Animal).

Já no pantanal, a brucelose, a raiva e o carbúnculo foram os principais problemas

sanitários apontados. Nas demais regiões, nenhum problema sanitário de maior

importância foi ressaltado.

8.2.4. Práticas de castração

Os animais jovens não castrados apresentam maior potencial de ganho de

peso e melhor eficiência na utilização de alimentos quando comparados aos

castrados. Oferecerem, também, carne de boa qualidade se alimentados com

ração balanceada e abatidos em idade precoce.

No Estado de Mato Grosso, os bovinos, em sua maioria, são castrados

nas fases de cria e recria; no entanto, é crescente a oferta para abate de animais

não castrados (inteiros). O produtor opta, nesse último caso, por maior potencial

de ganho de peso do bovino, em detrimento de maior preço, que poderia receber

ao vender o animal castrado. Em geral, o que ele deixa de ganhar atinge até 10%

do preço do boi inteiro. Muitos criadores, para se beneficiarem do ganho de peso

com animais inteiros, têm castrado o rebanho 30 a 40 dias antes do abate, e essa

prática só é possível em animais com idade de 30 meses. Naqueles mais erados,

essa prática não é recomendada pelo fato de a carcaça apresentar aspectos mais

escuros, caracterizando-os como tourunos.

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224

8.2.5. Manejo reprodutivo

Melhoramento genético

Maior rentabilidade em um sistema produtivo de bovino de corte pode

ser alcançada por meio do melhoramento genético dos animais. Entretanto,

qualquer estratégia de mudança deve ter em vista os objetivos a serem

alcançados, ou seja, deve atender à demanda em específico.

O melhoramento genético dos animais, com vistas a aumentar a

freqüência de combinações gênicas favoráveis a um conjunto de características

relacionadas a um dado sistema de produção, tem como conseqüência o aumento

da eficiência econômica.

A constituição genética de um rebanho pode ser alterada primeiramente

via seleção de animais, ou seja, pela escolha dos que serão os pais da próxima

geração e, depois, mediante a introdução de características genéticas de raças

diferentes.

Nos programas de cruzamento deve-se levar em conta também a seleção

dos animais, principalmente quando são utilizados animais mestiços para a

reprodução. A seleção, no referido processo, deve ser feita considerando-se o

mérito genético do animal.

Os touros são avaliados com base na diferença esperada na progênie

(DEP), ou seja, é a diferença esperada na média do desempenho das progênies

futuras de um touro em relação à média das diferenças futuras das progênies de

todos os touros que participam da mesma avaliação, quando todos são acasalados

com vacas que tenham o mesmo potencial genético. Touro com DEP mais

elevado para a característica que se deseja seria então o escolhido

(IEL/CNA/SEBRAE, 2000, p. 219).

Segundo entrevistados, o melhoramento genético de bovinos de corte

ocorre no Estado de Mato Grosso em proporção reduzida. É uma atividade

comum em determinadas propriedades especializadas na venda de animais para

reprodução. Percebe-se, portanto, a necessidade de inclusão de touros

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225

melhorados no rebanho, com vistas a ampliar a eficência de produção do rebanho

e, em conseqüência, a maior rentabilidade.

Inseminação artificial

A inseminação artificial é uma técnica usada com o objetivo de se

conseguir a melhoria da base genética do rebanho mediante a utilização de sêmen

de reprodutores com elevada capacidade reprodutiva e com habilidade de

transmitir características econômicas desejáveis. Citam-se como outras vantagens

de seu uso o controle de doenças da esfera reprodutiva, a introdução de raças

européias e disponibilidade de registros reprodutivos, essenciais para análise do

desempenho produtivo (VALLE et al., 1998).

A prática da inseminação artificial (IA) tem sido muito pouco utilizada

no país, e, em Mato Grosso, é adotada por um número reduzido de propriedades,

em que apenas 2,5% do rebanho do estado são inseminados. A grande

dificuldade verificada na implementação dessa prática está associada ao manejo

reprodutivo, que se torna mais difícil em propriedades com grande rebanho.

A não adoção dessa prática constitui-se, portanto, em um gargalo para

o segmento de produção. Portanto, são necessárias medidas que ampliem tal

utilização.

Estação de monta

A adoção de uma estação de monta natural é uma das alternativas para

viabilizar o controle sobre a atividade reprodutiva do rebanho, influenciando no

manejo dos animais e, por conseguinte, na taxa de natalidade. O estabelecimento

de uma estação de monta contribui para a melhoria da fertilidade e da

produtividade do rebanho.

A estação de monta possibilita que o nascimento dos animais concentre

em determinado período do ano, ou seja, no início do período das chuvas, o que

coincide com maior disponibilidade de alimentos para o rebanho, propiciando

vantagens tanto econômicas quanto do manejo do rebanho. Com a utilização de

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226

estação de monta, os bezerros apresentarão idades mais uniformes, permitindo a

criação de lotes mais homogêneos destinados à engorda e, ou, venda.

Outros benefícios oriundos da adoção da estação de monta, além da

elevação da taxa de natalidade, são: a possibilidade de oferecer maior assistência

aos bezerros recém-nascidos, melhor controle sanitário e aplicação de vacinas

nos momentos adequados, reduzindo assim a taxa de mortalidade.

Quanto ao tempo de duração de uma estação de monta, o período

estabelecido é que seja de 60 a 90 dias para vacas adultas, não devendo

ultrapassar 45 dias para novilhas, com vistas a atender tanto a melhor condição

fisiológica dos animais quanto produtiva das forrageiras tropicais. No Estado de

Mato Grosso, o período observado é de 90 a 120 dias para vacas adultas e de 60 a

90 dias para novilhas.

A estação de monta, no entanto, é uma pratica realizada por pequeno

número de produtores mato-grossenses, segundo os entrevistados. Assim, urge a

necessidade de ações esclarecedoras e incentivadoras dos benefícios dessa

prática, para aumentar a eficiência reprodutiva do rebanho.

Cruzamento industrial e manejo alimentar

A nutrição é um dos fatores que mais influencia o desempenho

reprodutivo do animal, principalmente na fase de cria. Os níveis de proteína,

energia, minerais e vitaminas devem atender às exigências nutricionais em todas

as fases reprodutivas.

O monitoramento do estado nutricional do animal, prática que

complementa a estação de monta, tem crescido no Brasil de modo similar àquele

observado nos países detentores de pecuária avançada. No Estado de Mato

Grosso, segundo informações obtidas com os agentes-chave do setor de

produção, essa prática é adotada em número reduzido de propriedades.

O monitoramento corporal é uma prática muito útil no manejo

reprodutivo, pelo fato de ele refletir o nível nutricional do animal em

determinado momento, devendo ser realizado em períodos distintos: no parto, no

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227

início e fim da estação de monta e na fase de desmama do bezerro (VALLE et

al., 1998).

Além do nível nutricional deficiente, a constituição genética do rebanho

de corte, no Brasil e no Estado de Mato Grosso, é outro fator que afeta o

desempenho produtivo dos animais. O rebanho brasileiro é constituído, em

grande parte, por zebuínos (85%) e, em Mato Grosso, apresenta percentual

superior a 90%. No caso de baixo nível nutricional, a amamentação nos zebuínos

apresenta efeito contrário ao reinício precoce da atividade pós-parto,

contribuindo para alongar o período de anestro (IEL/CNA/SEBRAE, 2000).

No Brasil tem sido realizado cruzamento de raças européias de corte com

as zebuínas (principalmente Nelore), visando alcançar melhor desenvolvimento

ponderal dos animais em fase de crescimento e melhor desempenho reprodutivo

das fêmeas (FAVARET FILHO; PAULA, 1997).

O cruzamento entre indivíduos de raças diferentes, em que o touro é de

raça pura, é realizado com o intuito de se conseguir maior eficiência na produção

de carne e reduzir a idade do primeiro parto. No cruzamento, procura-se

combinar as qualidades desejáveis das raças parentais, com o propósito de se

obter uma progênie superior. É usual combinar as características da

adaptabilidade das vacas zebu e o ganho de peso, precocidade sexual e de

acabamento das raças taurinas européias.

No Brasil Central, tem-se observado cruzamento de raças Red Angus,

Aberdeen Angus, Limousin, Simental e Canchin, entre outras raças utilizadas. A

expansão dos cruzamentos tem sido inibida pela dificuldade de implantação de

programas eficientes de inseminação artificial, devido a uma gama de fatores,

dentre os quais citam-se a mão-de-obra não especializada, falta de controle da

atividade reprodutiva do rebanho e o caráter extensivo da exploração.

No Estado de Mato Grosso, segundo os entrevistados, atualmente pouco

tem sido feito em termos do cruzamento industrial. Porém, esse ocorre a uma

proporção maior do que a transferência de embrião e a inseminação artificial.

Num passado recente, existia no estado um programa de incentivo ao uso

do cruzamento industrial, e o insucesso desse, segundo entrevistados, deveu-se a

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228

um manejo alimentar e sanitário não adequado aos animais originários desse

cruzamento. Assim, é premente que ações sejam implementadas para aumentar e

fortalecer a produção de animais oriundos dessa técnica, visando à ampliação da

competitividade da cadeia de bovino de corte de Mato Grosso. Portanto, o papel

a ser desempenhado pelos frigoríficos é fundamental, à medida que os animais

cruzados têm potencial para produzir melhores carcaças e, em conseqüência,

receber preços diferenciados.

8.2.6. Índices de produtividade

A produtividade da bovinocultura de corte está associada diretamente aos

índices zootécnicos, que mensuram a produtividade de um rebanho ou conjuntos

de rebanhos.

De acordo com informações obtidas nas entrevistas realizadas com os

agentes-chave do setor da pecuária, os índices de produtividade do rebanho

bovino do Estado de Mato Grosso apresentaram mudanças significativas nos

últimos anos, sinalizando melhorias no nível tecnológico no sistema de produção.

Os índices médios de produtividade indicados pelos agentes-chave da

cadeia produtiva de bovino de corte de Mato Grosso podem ser visualizados na

Tabela 8.1.

Em geral, constata-se, excetuando a região do pantanal, certa

homogeneidade na idade média do primeiro parto, na idade média de abate e no

peso médio ao nascer, entre as distintas regiões do Estado.

A mudança na idade de abate pode ser devido ao melhoramento do

manejo nutricional, das pastagens, sanitário e genético do rebanho.

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Tabela 8.1 – Índices médios de produtividade da bovinocultura de corte de Mato Grosso – 2007

Índices Pantanal Oeste Centro-sul Norte-nordeste Leste

Idade do primeiro parto (meses) 40 30 a 36 36 30 a 36 30 a 36 Intervalo entre partos (meses) 15 10 a 12 16 12 a 15 16 Idade média de abate (meses) 48 a 50 30 a 42 30 a 42 30 a 42 30 a 42 Peso médio de abate (@) 16 (M) e 13 (F) 15 (M) e 10 a 12 (F) 16 a 18 17 a 18 17 a 18 Taxa de desfrute (%) 15 20 20 20 a 22 22 Idade de desmama (meses) 10 8 a 9 7 a 8 7 a 8 7 a 10 Peso ao nascer (kg) 25 a 30 30 a 35 30 a 35 30 a 35 30 a 35 Taxa de mortalidade (%) 10 3 3 7 a 10 1

Fonte: Dados de pesquisa.

Quanto ao intervalo de parto, esse compreende o período de gestação

seguinte (geralmente apresenta média de 290 dias para as raças zebuínas e 282

dias para as européias) e o período de serviço (que vai do parto ao início da nova

gestação), período esse em torno de 350 dias na média, segundo recomendações

técnicas, ou seja, por meio de manejo reprodutivo adequado. Nas diferentes

regiões do Estado de Mato Grosso o intervalo entre partos é, em média, de 420

dias, ou seja, 14 meses.

Segundo IEL, CNA e SEBRAE (2000), o nível nutricional é um fator

que afeta mais fortemente o desempenho reprodutivo da bovinocultura de corte,

mas outros fatores contribuem para aumentar o intervalo do parto, entre eles

citam-se: constituição genética do rebanho; e ocorrência de doenças ligadas à

reprodução, manejo não adequado do rebanho etc.

Um dos principais índices usados para avaliar a produtividade do

rebanho é a taxa de desfrute, que expressa a relação entre o número total de

animal abatido e o número total de animal no rebanho no ano anterior. Nas

diferentes regiões mato-grossenses, verificou-se que essa taxa se encontra em um

nível abaixo daquele considerado ideal. No Brasil, a taxa de desfrute está em

torno de 22%, bem aquém da de outros países produtores como Estados Unidos,

União Européia, Austrália e China, cujas taxas são de 37%, 32%, 41% e 31%,

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230

respectivamente. No entanto, vale ressaltar que este índice pode ser melhorado

caso haja redução na idade de abate e na do primeiro parto, por meio da adoção

de boas técnicas de manejo.

8.3. Insumos

Em se tratando do direcionador insumos, que compreende os meios

utilizados pelo homem para produzir determinado produto, no caso em análise a

carne bovina, cuja quantidade, freqüência e rendimento variam de acordo com o

sistema de produção e o nível de tecnologia adotado, este mostrou pequena

diferenciação entre as regiões analisadas.

Os insumos definidos como de ação direta englobam os concentrados

(protéicos e energéticos) usados na ração e os medicamentos (vermífugos,

antibióticos, vacinas e carrapaticidas) veterinários. Constituem-se em insumos

indiretos as sementes, os fertilizantes, os herbicidas e os corretivos empregados

na produção de pastagens.

O direcionador insumos foi avaliado segundo os subfatores:

disponibilidade, qualidade e preço.

Foi consenso, em todas as regiões estudadas, que os insumos se

encontram disponíveis, e que a facilidade de comunicação tem contribuído para

que cheguem no tempo e no local desejado pelo pecuarista. Foi ressaltado, ainda,

por alguns entrevistados que essa facilidade está associada à disponibilidade de

recursos. E, segundo fala de alguns deles: “Quem tem dinheiro compra”.

No tocante ao subfator qualidade, foi observada, nas distintas regiões,

homogeneidade na percepção dos pecuaristas quanto à qualidade dos insumos,

fato esse que pode contribuir para ampliar a competitividade desse segmento e

repercutir nos demais elos da referida cadeia.

Por último, aborda-se o subfator preço de insumos. Verificam-se

diferenças na percepção dos pecuaristas nas cinco regiões em análise.

Primeiramente, foi constatado que em alguns regiões do estado (Norte/Nordeste e

Leste) os preços dos insumos foram considerados elevados, em virtude do custo

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

231

do frete e,ou, localização, ou seja, o denominado efeito localização. Nas demais

regiões, o preço não foi apontado nem como favorável nem desfavorável na

produção, ou seja, foi definido como neutro.

Segundo depoimento de alguns pecuaristas da região Norte-Nordeste há

insatisfação geral com relação ao preço dos insumos. Uma vez que esses se

encontram em região não habilitada para exportação para a União Européia, eles

recebem preços menores por seus animais – o que impacta fortemente a receita

da propriedade e pagam um preço relativamente maior pelos insumos (por causa

dos custos com frete). É imperativo que alternativas sejam avaliadas de modo a

eliminar esse problema caracterizado pelo descontentamento dos produtores.

8.4. Relações de mercado

O direcionador relações de mercado engloba todas as variáveis que, por

suas características, permeiam mais de um elo da cadeia produtiva. Por

conseguinte, sua avaliação depende não apenas da observação do segmento em

análise (no caso dessa seção, a produção de bovinos para corte), mas também dos

elos anteriores e subseqüentes.

Os elementos (subfatores) considerados como relevantes na composição

deste direcionador foram: relação entre pecuaristas e frigoríficos, evolução da

cotação e formação de preços, rastreabilidade, relação com fornecedores e grau

de inadimplência.

É importante considerar que, à exceção da formação de preços e

rastreabilidade, não foram percebidas diferenças significativas entre as regiões

analisadas. Conforme comentado, é fundamental que nas análises sejam

consideradas as possíveis distinções de origem nos problemas detectados, para

que a ações propostas tenham possibilidades reais de implantação; todavia, no

caso das relações de mercado, observou-se que a maior parte dos entraves possui

motivação e origem comuns.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

232

8.4.1. Relação entre pecuaristas e frigoríficos

Na análise desse subfator, procurou-se considerar os elementos capazes

de alterar, de forma imparcial, a relação entre os dois elos da cadeia: pecuaristas

e frigoríficos. Na pesquisa, ficou claro que os elementos mais relevantes, nesse

quesito, são: a pesagem dos animais nos frigoríficos, o processo de toalete e a

falta dos procedimentos de tipificação/classificação dos animais.

Historicamente, a relação entre pecuaristas e frigoríficos é marcada por

grande tensão. De um lado, os pecuaristas se queixam da falta de transparência

nos processos de pesagem, toalete e formação de preços; de outro, os frigoríficos

afirmam que a grande heterogeneidade dos animais retrai as possibilidades de

ampliação de mercados e de melhor remuneração. Naturalmente, como em

qualquer embate entre agentes de uma mesma cadeia produtiva, há falácias e

verdades em ambas as percepções. Todavia, ao que se pôde perceber ao longo da

realização deste diagnóstico existem, de fato, espaços importantes para a

melhoria da transparência nos procedimentos de pesagem e abate dos animais e,

simultaneamente, é clara a ausência de padronização dos animais.

Em relação à perspectiva dos pecuaristas, uma das ações mais efetivas

até agora implantadas foi o Projeto PESEBEM. Essa proposta, segundo

informações da própria Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato

Grosso (FAMATO), tem como objetivo principal a implantação de um sistema informatizado de pesagem frigorífica que interaja com o módulo digital da balança de tendal da empresa Toledo com a função de coletar os dados de pesagem das carcaças bovinas, e assim administrar e gerenciar esses dados gerando relatórios de controle por lote, contendo os pesos individualizados com o total do lote em kilogramo e em arroba, com a finalidade de aferir as pesagens dos frigoríficos (http://www.famato.org.br/pesebem).

A adesão do frigorífico e dos pecuaristas é voluntária, e a proposta

consiste em instalar em linha, ao lado da balança do frigorífico, uma balança

aferida e avalizada pela FAMATO, em parceria com os sindicatos locais;

permitindo a imediata conferência do peso da carcaça (ver esquema apresentado

na Figura 8.1). De início, a proposta envolvia a cobrança de R$ 1,00 do

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233

pecuarista; todavia, a título de estímulo e reforço de parceria, em Mato Grosso,

esse valor será custeado integralmente pelo FABOV.

Fonte: Projeto PESEBEM-PR (2007).

Figura 8.1 – Apresentação esquemática do funcionamento da balança do projeto PESEBEM.

Atualmente, vários estados já aderiram à idéia, a exemplo do Paraná,

Mato Grosso do Sul, Goiás e Rio Grande do Sul. Em Mato Grosso, nove

unidades frigoríficas já acataram a proposta. São elas57:

• Frigorífico Arantes – unidade Pontes e Lacerda.

• Frigorífico Friboi – unidades Araputanga, Barra do Garças, Cáceres e Pedra

Preta.

• Frigorífico Marfrig – unidades Paranatiga e Tangará da Serra.

• Frigorífico Sadia – unidade Várzea Grande.

• Frigorífico Mataboi – unidade Rondonópolis.

É importante considerar, entretanto, que apesar das vantagens de

transparência na pesagem e de se tratar de programa de apoio à antiga demanda

dos produtores, a adesão dos pecuaristas ainda é baixa, mesmo levando-se em

conta a facilidade de adesão e o custeio pelo FABOV. Essa constatação,

confirmada pelos levantamentos regulares realizados pela FAMATO, preocupa

57 A itemização dos frigoríficos considera as informações obtidas até a finalização deste diagnóstico.

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234

seus coordenadores e sinaliza para a necessidade de entendimento de que esse

movimento representa um importante avanço nas relações com os frigoríficos.

É óbvio que há produtores mais conscientes e mobilizados, mas que

ainda não conseguem servir, apenas com o seu exemplo, de agentes

multiplicadores. Na percepção dos pecuaristas entrevistados, a adesão ao

programa sinaliza, ao produtor, que a unidade frigorífica atua com idoneidade e

abre espaço ao aprimoramento nas relações entre as partes. Por outro lado, a não-

adesão, considerando a ausência de custos para a indústria, seria um indicativo

senão da intenção de prejuízo, pelo menos da relativa indiferença aos problemas

decorrentes das relações precárias entre os dois agentes: pecuaristas e

frigoríficos.

Segundo os produtores, ainda que se aceite o discurso de que por se

tratar de propriedade privada, a decisão de aderir ao programa não possa sofrer

pressão, há intenção de mobilizar-se em prol da preferência pelos frigoríficos

vinculados ao PESEBEM.

Embora se deva buscar a imparcialidade, de fato esse é um projeto que,

ao facilitar o envolvimento entre as partes, minimiza problemas de

relacionamento conhecidos e complexos. Já no ano de 1998, estudo realizado

pelo BNDES indicava que a competitividade da cadeia da carne bovina depende

crucialmente do estabelecimento de uma nova forma de coordenação, em que as

relações de mercado desenvolvidas em moldes tradicionais sejam substituídas ou

complementadas por aquelas mais cooperativas.

Também podem ser citados muitos outros documentos (teses, relatórios,

papers etc.) sobre o tema. Como exemplo tem-se o trabalho de Vinhollis (1999),

que analisou as possibilidades de construção de alianças mercadológicas para os

agentes pertencentes à cadeia da bovinocultura de corte; o estudo de Silva e

Vasquez-Ortiz (2004), que analisa as alianças mercadológicas, especificamente

para a região do Pantanal; a pesquisa de Vieira et al. (2006), que trata do atual

estágio de coordenação da pecuária de corte em comparação com a avicultura, e a

proposta de Newmann e Barcellos (2006) sobre estratégias de coordenação para a

bovinocultura de corte a partir de experiências de sucesso já consolidadas.

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235

Essas pesquisas, assim como várias outras, reforçam, individual e

coletivamente, a necessidade de serem criadas novas formas de relacionamento

entre os agentes, de modo a ampliar o leque de confiança entre as partes. Nesse

sentido, também merecem destaque os problemas relacionados à toalete, à

necessidade de criação de sistemas de tipificação e classificação das carcaças de

bovinos, para que seja possível uma remuneração mais adequada.

No que se refere à toalete, segundo Jacewicz (2006), essa é uma questão

que gera grande controvérsia. Segundo o autor, o tema é polêmico porque, de um

lado Os pecuaristas comentam que a indústria retira massas musculares, gordura e até ossos além dos limites estipulados pelas normas tecnológicas que regulam a obtenção da carcaça influindo no peso, o qual fornece a base de remuneração.

e, de outro, a carcaça engloba a idéia do conjunto constituído de músculos, gordura e ossos o qual se traduz pela carne. Assim, após a maturação e a desossa obtemos os cortes de carne que poderão se apresentar com osso, sem osso, com gordura ou sem gordura.

O dilema, portanto, consiste na identificação do não cumprimento das

normas58 disponíveis e na criação de modelos que inibam esse tipo de ação. O

problema é complexo: de acordo com o autor, na plataforma, são retiradas as

partes afetadas pela sangria, as lesões provocadas pelas vacinas, abscessos,

contusões, fraturas, enfim toda e qualquer alteração, seja fruto de manejo

inadequado do pecuarista, seja devido a problemas de transporte. Como

conseqüência, não apenas o exagero na toalete é questionado pelos produtores,

mas também o fato de que não existe controle adequado sobre as perdas no

transporte, sob a tutela do próprio frigorífico. Embora essa seja uma questão

fundamental para o pecuarista, em virtude de envolver mais de um segmento será

novamente abordada no tratamento, em razão de fatores logísticos e mesmo da

análise do segmento de abate e processamento.

58 Portarias do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento regulam e determinam o que pode ser

retirado do corpo do novilho para transformá-lo em carcaça. São elas, a de n.º 5, de 8 de novembro de 1988, que aprovou a Padronização dos Cortes de Carne Bovina e a de n.º 612, de 5 de outubro de 1989, que aprovou o Sistema Nacional de Tipificação de Carcaças Bovinas.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

236

Quanto à tipificação e classificação de carcaças, permanecem as

dificuldades de entendimento entre a indústria frigorífica e os pecuaristas. A

indústria sente-se penalizada pela ausência de maiores esforços, por parte dos

produtores, em padronização dos animais; os pecuaristas, sentindo-se

desestimulados pela não diferenciação das remunerações – por ausência de

critérios definidos – restringe esforços de melhoria dos padrões de uniformização

dos animais. Assim, da mesma forma que os problemas envolvendo a pesagem e

a toalete, as questões relativas à tipificação e classificação têm dois lados, com

itens de veracidade e parcialidade.

Em termos de definição, de acordo com Felicio (2007a), a proposta de

tipificar as carcaças animais data do começo do século XX, e surgiram da

necessidade de se criarem parâmetros de avaliação em apoio à comercialização.

Segundo o autor, A tipificação é formada de duas partes, sendo a primeira de classificação dos lotes por sexo, pela maturidade e pela faixa de peso do gado, de modo que as carcaças serão agrupadas por categoria, como por exemplo: “macho castrado – jovem”, ou seja, novilho; e “fêmea - jovem”, isto é, novilha, ou ainda “fêmea – adulta”, portanto, vaca; nessa parte, embora de maneira nem sempre evidente, o peso certamente é um fator restritivo importante. A segunda parte é a tipificação propriamente dita, que consiste em alocar as carcaças das principais categorias, como novilho ou novilha, em “tipos” ordenados de melhor a pior, segundo outros indicadores tradicionalmente utilizados nos julgamentos de gado de corte em exposições, como a conformação e a quantidade de gordura (acabamento). Em tese as carcaças dos melhores tipos dariam carne de melhor qualidade, preferivelmente associada a maiores rendimentos de desossa.

Já a “classificação de carcaças”, é uma idéia mais recente, que data do

final da década de 1960. Trata-se de um esquema desenvolvido no Reino Unido e

na França, que serviu de base para os sistemas em uso na União Européia e na

Nova Zelândia. Também no Brasil um sistema de simples classificação chegou a

ser aprovado e publicado pelo governo brasileiro em maio de 200459.

59 Segundo Felicio (2005), “o novo sistema, cuja IN – Instrução Normativa, de n,º 9, foi assinada pelo

Ministro Roberto Rodrigues, da Agricultura Pecuária e Abastecimento, no dia 4 de maio de 2004, deveria ter sido instituído em todo o território nacional logo após sua regulamentação que estava agendada para até o dia 31 de dezembro de 2004. A partir de 1.o de janeiro de 2005, sua aplicação passaria a ser obrigatória nos estabelecimentos de abate sob Inspeção Federal, sendo que a avaliação das carcaças teria que ser feita por profissionais habilitados, credenciados pelo Mapa e pagos pelo setor privado. No entanto, em novembro de 2004, em reunião de representantes do Fórum Nacional da Pecuária de Corte com o Diretor do DIPOA, ficou decidido que o Mapa deveria adiar a data de início da vigência, passando essa a vigorar apenas a partir de fins do ano de 2006.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

237

A proposta, no caso brasileiro, consiste na opção por um modelo de

classificação simples ou “classificação pura e simples”. Na visão de especialistas,

essa opção, distinta da de outros países, se adequa à grande heterogeneidade do

rebanho brasileiro e mesmo do mercado consumidor nacional. Além disso, na

visão de Felicio (2005a) “representa um avanço, também, por tornar obrigatória a

classificação de uma mercadoria agropecuária, o que deve ser visto como um

direito do produtor rural que passará a ser respeitado pelas indústrias”.

De toda sorte, em todas as entrevistas realizadas foi possível perceber

que essa é uma demanda importante e que, na visão dos pecuaristas, a adoção de

sistemas transparentes de tipificação/classificação, minimizaria bastante os

problemas de relacionamento entre as partes.

Ademais, foi marcante a lembrança, por parte dos entrevistados, do

Programa de Novilho Precoce no estado. De fato, Mato Grosso, já experimentou

a vigência de propostas formais de classificação, a partir da Lei n.º 6.116, de 23

de novembro de 1992, que instituía o Programa de Apoio à Criação de Gado para

o Abate Precoce – Novilho Precoce. O Programa, vinculado ao PROMMEPE

(Programa Mato-grossense de Melhoramento da Pecuária) objetivava estimular

os produtores pecuários de Mato Grosso à criação e desenvolvimento de animais

que pudessem ser abatidos precocemente. Para tanto, foram criados um cadastro

de adesão e um incentivo financeiro ao produtor pecuário por animal abatido, em

decorrência do Programa, de até 5% (cinco por cento) do valor da operação que o

destine ao abatedouro pago nas condições, limites e prazos fixados pelo Poder

Executivo. Esta instrução foi revogada, posteriormente: instituiu-se o fator

conformação e capa de gordura além da idade e peso ao programa, sendo a lei

efetivamente revogada em dezembro de 2002.

Sem pretender avaliar os critérios utilizados para a revogação da Lei, o

fato é que houve unanimidade, entre os entrevistados, sobre a validade da idéia, e

igual unanimidade quanto ao fato de que a gestão do processo foi o principal

elemento que comprometeu o efetivo alcance dos resultados propostos.

Assim, a experiência leva, na visão dos pecuaristas, à possibilidade de

serem criadas novas propostas, mais amplas e transparentes, de forma que toda a

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

238

classe produtiva e industrial seja beneficiada pela adoção de critérios organizados

e respeitados de pesagem, toalete, tipificação e classificação das carcaças dos

animais.

8.4.2. Evolução da cotação da arroba e formação de preços

Nessa subseção, consideraram-se diferentes aspectos: evolução dos

preços, bases da sua formação, conhecimento dos procedimentos adotados para

a definição das cotações, transparência do processo e poder de barganha.

Em relação à evolução dos preços, entre os anos de 1994 e 2007, os

dados mostram, apesar das grandes oscilações, tendência ascendente (Figura 8.2).

A principal modificação nesse padrão ocorre entre 2004 e 2006.

A compilação dos preços em séries históricas permite o cálculo da

volatilidade, que é uma das mais importantes ferramentas para quem atua no

mercado, pois permite a observação da sua direção e velocidade. Assim, em certo

sentido, a volatilidade é uma medida da velocidade do mercado, pois os que se

movem lentamente são os de baixa volatilidade e os que se movem rapidamente

são mercados de alta volatilidade. Teoricamente, o número “volatilidade”

associado ao preço de uma mercadoria é a variação de preço referente a um

desvio-padrão, expresso em porcentagem, ao fim de um período de tempo.

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239D

iagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de C

orte do Estado de Mato G

rosso

0

10

20

30

40

50

60

707/

6/19

94

7/12

/199

4

7/6/

1995

7/12

/199

5

7/6/

1996

7/12

/199

6

7/6/

1997

7/12

/199

7

7/6/

1998

7/12

/199

8

7/6/

1999

7/12

/199

9

7/6/

2000

7/12

/200

0

7/6/

2001

7/12

/200

1

7/6/

2002

7/12

/200

2

7/6/

2003

7/12

/200

3

7/6/

2004

7/12

/200

4

7/6/

2005

7/12

/200

5

7/6/

2006

7/12

/200

6

7/6/

2007

Data de referência

R$

/ @

Valor à Vista - Arroba Valor a Prazo - Arroba

* Média dos preços até o mês de agosto.

Fonte: CEPEA (2007). Figura 8.2 – Evolução dos preços da arroba de boi gordo, entre os anos de 1994 e 2007*.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

240

No caso do preço nacional médio da arroba do boi gordo, obteve-se, para

o período compreendido entre janeiro de 1994 e agosto de 2007, uma volatilidade

de 13,63. Naturalmente, esse valor altera-se, significativamente, de acordo com a

série utilizada, do modo que, para melhor observação do comportamento dos

preços, procedeu-se à seguinte periodização:

1. Entre janeiro de 1994 e dezembro de 1996, período em que vigorou a paridade

Real-Dólar: volatilidade histórica de 2,64%.

2. Entre janeiro de 1997 e dezembro de 1998, período de gradual

desacoplamento do câmbio até a desvalorização: volatilidade histórica de

1,37%.

3. Entre janeiro de 1999 e dezembro de 2003, período que engloba os efeitos da

desvalorização, as sucessivas intervenções e, em termos do setor bovino, o

Brasil se consagra como principal exportador: volatilidade histórica de 9,51%.

4. Entre janeiro de 2004 e dezembro de 2005, período de recuperação gradual da

economia e identificação dos focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul:

volatilidade histórica de 4,25%.

5. Entre janeiro de 2006 e agosto de 2007, período de recuperação mais recente:

volatilidade histórica de 4,45%.

Os dados apresentados mostram que o período de maior volatilidade

coincide com a fase de expressivo ganho do Brasil no cenário internacional da

carne bovina já que, desde início de 2000, os problemas climáticos da Austrália

somados aos casos de BSE na Europa ampliaram a visibilidade brasileira no

mercado externo.

Além dessa segmentação, uma visão mais agrupada, em médias anuais,

permite a observação mais clara do comportamento dos preços, em termos

nacionais. Na Figura 8.3 é possível ver, claramente, a retração nos preços

ocorrida em 2005 e 2006 (fruto da identificação de focos febre aftosa em Mato

Grosso do Sul, com ampla repercussão sobre todo o País) e a recente recuperação

dos preços em 2007.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

241

R$ 0,00

R$ 10,00

R$ 20,00

R$ 30,00

R$ 40,00

R$ 50,00

R$ 60,00

R$ 70,00

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Ano

Preç

o M

édio

da

Arro

ba (R

$)

Valor à Vista - Arroba (Média anual) Valor a Prazo - Arroba (Média anual)

* Média dos preços até o mês de agosto. Fonte: CEPEA (2007). Figura 8.3 – Evolução dos preços médios da arroba de boi gordo, entre os anos

de 1994 e 2007*.

Em relação às diferenças entre os preços à vista e a prazo, este oscilou

em torno de R$ 1,00/@ (a maior para os preços a prazo), entre os anos de 1994 e

2007: o menor valor observado ocorreu no ano de 1997, quando chegou a apenas

R$ 0,64/@; o maior valor, por sua vez, deu-se em 2004, atingindo a R$ 2,24/@.

Em termos de variação (preço do período em relação ao imediatamente

anterior), houve grande oscilação, sendo possível, no entanto, perceber maior

volatilidade até fins de 1996 e entre final de 2004 e início de 2006 (Figura 8.4).

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242D

iagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de C

orte do Estado de Mato G

rosso

0,95

0,97

0,99

1,01

1,03

1,05

1,07

7/6/

1994

7/9/

1994

7/12

/199

4

7/3/

1995

7/6/

1995

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1995

7/12

/199

5

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1996

7/6/

1996

7/9/

1996

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6

7/3/

1997

7/6/

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1997

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/199

7

7/3/

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7/9/

1998

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/199

8

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1999

7/9/

1999

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/199

9

7/3/

2000

7/6/

2000

7/9/

2000

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/200

0

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2001

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/200

1

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7/6/

2002

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2002

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/200

2

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3

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2004

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7/6/

2006

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2006

7/12

/200

6

7/3/

2007

7/6/

2007

Data de referência

Var

iaçã

o tn

/t(n-

1)

Variação (preço à vista) Variação (preço à prazo) Fonte: CEPEA (2007).

Figura 8.4 – Variação dos preços da arroba de boi gordo, entre os anos de 1994 e 2007 (até o mês de agosto).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

243

Todavia, da mesma forma que para a análise dos valores absolutos, uma

observação da variação das médias anuais favorece a visualização. Fica nítido,

pela observação dos dados disponíveis na Figura 8.5, que as variações foram

positivas em praticamente todo o período analisado, sendo destacadamente

superiores nos anos de 1999 e 2003, tanto para o preço à vista quanto para o

preço a prazo da arroba do boi gordo.

-0,15

-0,1

-0,05

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Ano

Var

iaçã

o em

rela

ção

à m

édia

do

ano

ante

rio

Variação (Preço à vista) Variação (Preço à prazo)

* Média dos preços até o mês de agosto. Fonte: CEPEA (2007).

Figura 8.5 – Variação dos preços médios da arroba de boi gordo, entre os anos de 1994 e 2007*.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

244

Especificamente, em relação ao Estado de Mato Grosso, as informações

disponíveis permitem entrever algumas importantes diferenças de padrão

comportamental, além das naturais defasagens de preço, relacionadas aos

deságios por frete. Destaque-se, em relação a este último item, que as bases de

dados disponíveis mostram uma variação expressiva e mais que proporcional,

chegando, em alguns casos, a cerca de R$ 5,00 de deságio na arroba do boi.

Esse fato ganha maior vulto ao se comparar as variações do deságio em

Mato Grosso com municípios de distância equivalente às praças paulistas, o que

indica haver mais elementos em análise e consideração no mercado do que os

fretes e associações. De fato, uma das questões que penaliza o pecuarista na hora

da comercialização é a baixa freqüência no uso de instrumentos como a

comercialização a futuro.

De acordo com reportagem recente, para o presidente da Federação da

Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (FAMATO), Homero Pereira,

de fato “a comercialização do boi no mercado futuro é um modelo muito novo”.

Na entrevista, o Sr. Homero reconhece que mesmo Mato Grosso detendo o maior rebanho bovino do País [...] ainda está como os produtores de soja e algodão, extremamente eficientes da porteira para dentro e perdendo espaço no mercado da porteira para fora, por não saber vender a produção.

De fato, no levantamento realizado a campo percebeu-se que os

pecuaristas conhecem muito pouco sobre o processo de formação de preços da

arroba do boi e creditam aos compradores (frigoríficos) a decisão pelo preço a ser

pago. Essa discrepância de informações contribui para as já referidas dificuldades

de relacionamento entre os pecuaristas e a indústria frigorífica e é uma dos

pontos em que mais se demanda transparência.

Como observado no caso das questões envolvendo os fatores de abate e

processamento (pesagem, toalete, tipificação e classificação de carcaças), ambas

as partes têm argumentação consistente, embora parcial. O frigorífico afirma,

com razão, não ser capaz de decidir os preços pagos, na medida em que apenas

pratica as cotações disponíveis e sobre elas incide os eventuais deságios relativos

ao frete e aos problemas de qualidade dos animais.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

245

O pecuarista, por sua vez, também argumenta de forma coerente: embora

a indústria frigorífica não defina os preços individualmente, como o

levantamento dos indicadores mapeia as informações de padrão de preços junto a

esses agentes, de forma indireta existe uma intervenção. De fato, o Indicador de

Preço Disponível do Boi Gordo ESALQ/BM&F é um indicador diário dos preços

do boi gordo no Estado de São Paulo, representando uma média ponderada dos

mesmos nas principais regiões produtoras. O padrão do produto-objeto da

pesquisa atende às especificações do Contrato Futuro de Boi Gordo negociado na

BM&F.

De acordo com as informações obtidas no CEPEA-Esalq/USP, os dados

são levantados diariamente nas principais regiões relevantes para a formação de

preços. Para tanto, o Estado de São Paulo foi subdividido em quatro grandes

regiões: Presidente Prudente; Araçatuba; Bauru/Marília; São José do Rio

Preto/Barretos. Em cada uma destas regiões do Estado de São Paulo, as

informações são levantadas a partir de grande número de informantes, sobretudo

frigoríficos, escritórios de compra e venda e grandes pecuaristas. As cotações em

reais dos preços praticados por arroba de boi gordo correspondem a preço posto

na fazenda, incluindo FUNRURAL, mas livre de ICMS.

A partir dessa base de dados, disponibilizada nacionalmente, são

realizados os ágios e deságios, de acordo com as particularidades do rebanho e da

localização de cada praça de negociação, nos diferentes estados brasileiros. O

que se percebe, portanto, é que a discussão mais organizada dos mecanismos de

formação de preços (cotação da arroba) e mesmo a divulgação acompanhada dos

instrumentos de comercialização disponíveis seria bastante benéfica às relações

de mercado, no elo de produção primária.

Ademais, nas entrevistas realizadas, ficou clara a preocupação dos

pecuaristas com a ampliação da capacidade de abate dos frigoríficos. Na

percepção dos entrevistados, o poder de barganha, que já é desbalanceado,

tenderá a tornar-se ainda mais desequilibrado, uma vez que mesmo um grande

produtor, com alta taxa de desfrute e bastante regularidade, encaminha, em um

mês, o que uma unidade de abate é capaz de processar em um dia.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

246

Essa visualização, somada à desarticulação da cadeia, sobretudo do elo

de produção, efetivamente sinaliza para uma ampliação da capacidade de pressão

da indústria frigorífica – e de forma natural – uma vez que a estrutura de mercado

tende à oligopolização, no segmento de abate e processamento, mantendo-se

competitivo no segmento de produção.

Em termos de evolução dos preços, em Mato Grosso, é interessante

mencionar o esforço recente das instituições, com destaque para o IMEA, com o

propósito de manter uma base de dados atualizada sobre o setor. Todavia, por se

tratar de esforço ainda relativamente recente, as séries históricas encontram-se

dispersas, o que impede uma análise mais precisa. Entretanto, para um período

mais recente, há boa provisão de informações sobre preços, em termos de médias

estaduais e de forma segmentada.

Informações disponibilizadas pelo Instituto Mato-grossense de Economia

Aplicada (IMEA), para os anos de 2005 e 2006 (cotações de boi gordo e vaca

gorda), indicam que há bastante aderência no comportamento de ambas as

cotações, sendo maiores os níveis de preço observados no ano de 2005 (Figuras

8.6 e 8.7).

Esse padrão é aderente ao comportamento dos preços em nível nacional

(Figura 8.8), sendo ainda reflexo dos problemas com a febre aftosa e com a

descapitalização do produtor, que optou por encaminhar animais para abate como

forma de manutenção da atividade (o que incluiu, inclusive, o abate de fêmeas).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

247

Fonte: Dados básicos – IMEA (2007).

Figura 8.6 – Evolução das cotações de Boi Gordo e Vaca Gorda para o ano de 2005, média do Estado de Mato Grosso, em R$/@.

Fonte: Dados básicos – IMEA (2007).

Figura 8.7 – Evolução das cotações de Boi Gordo e Vaca Gorda para o ano de 2006, média do Estado de Mato Grosso, em R$/@.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

248

Calculando-se as perdas nas cotações médias entre os anos de 2005 e

2006, para a arroba de boi gordo e vaca gorda, encontram-se retrações de -16%

para o Boi Gordo e -17,5% para a Vaca Gorda (Figura 8.8).

Para 2007, os dados indicam visível recuperação dos preços, para todas

as praças disponibilizadas. Segundo os dados disponibilizados pelo IMEA, houve

ganhos em relação aos dois últimos anos. Enquanto os preços médios do boi

gordo não ultrapassaram os R$50,00/@ , em Mato Grosso, em 2006, os valores

para 2007 indicam alta de quase R$10,00/@ para o mesmo período (Figura 8.8).

Ainda em relação aos preços praticados no Mato Grosso, observou-se

que as formas de pagamento variaram bastante, não havendo, por região de

análise, segmentação ou predominância que pudesse ser julgada consistente.

Todavia, foi importante a constatação de que, para o pecuarista,

independentemente da região, a escolha do frigorífico envolve significativamente

a confiança na sua capacidade de pagamento.

Em relação aos ágios e deságios pela qualidade do animal, em média, foi

declarada a preferência pelo animal castrado, com deságio médio de R$1,00/@

no caso de animais inteiros. Tal prática, segundo os entrevistados, só não é

efetiva quando o frigorífico necessita, com urgência, de animais terminados para

embarque imediato ou para cumprimento de contratos.

Na composição do preço, também incide o fato de o animal ser ou não

oriundo de área habilitada para exportação (para a União Européia). Em matéria

divulgada em junho do corrente ano, era clara para representantes de várias

instituições de apoio à pecuária de corte em Mato Grosso a preocupação com o

tema. Segundo as referências destacadas, “mais de 50% de todo o rebanho

bovino mato-grossense concentra-se hoje em áreas não habilitadas, com ênfase

para as regiões norte/noroeste, Araguaia e Pantanal. Essas regiões – que

concentram 54 municípios – respondem por mais de 13,5 milhões de cabeças de

bovinos”.

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249D

iagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de C

orte do Estado de Mato G

rosso

R$ 0,00

R$ 10,00

R$ 20,00

R$ 30,00

R$ 40,00

R$ 50,00

R$ 60,00

Boi Gordo Vaca Gorda

Boi Gordo R$ 53,73 R$ 58,53 R$ 52,30 R$ 54,00 R$ 56,93 R$ 52,40 R$ 58,17 R$ 58,83 R$ 58,03 R$ 52,43

Vaca Gorda R$ 47,97 R$ 51,20 R$ 48,13 R$ 48,33 R$ 51,97 R$ 46,57 R$ 48,10 R$ 49,90 R$ 49,27 R$ 45,70

Alta Floresta

Barra do Garças

Cáceres Colíder Cuiabá Juína Paranatinga Pedra Preta Tangará da Serra

Vila Rica

Fonte: Dados básicos – IMEA (2007).

Figura 8.8 – Evolução das cotações de Boi Gordo e Vaca Gorda, em R$/@, por praça de comercialização, Mato Grosso, média das cotações entre julho e agosto de 2007.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

250

Segundo estimativas do IMEA, apenas a região norte do estado possui

um rebanho estimado em 11,34 milhões de bovinos, e os cálculos da instituição,

quanto às perdas pela não habilitação da área, chegam a cifras próximas aos

R$ 77 milhões. O cálculo foi realizado a partir da contabilização do déficit de

R$ 1,98 por arroba, descontando-se o frete, que gira em torno de R$ 3,00 por

arroba (considerando o deslocamento Sinop – Cuiabá). Levando-se em conta que

na região não habilitada são “abatidas cerca de 1,95 milhões de cabeças, e que há

um excedente de 315,92 mil de animais que saem para abate em outras regiões, o

total do prejuízo para os pecuaristas é de R$ 76,84 milhões por ano”.

Também se verificou deságio no pagamento do boi não rastreado. Na

realidade, ao invés de observar-se um adicional consistente de preços para o boi

rastreado, o que se percebe – na declaração enfática dos pecuaristas – é o deságio

pelo não rastreamento, de modo que a diferença paga não chega a cobrir os

gastos totais com o processo. Esse tema foi percebido como de grande

importância e constituiu-se um dos subfatores mais relevantes na análise da

cadeia da pecuária de corte em Mato Grosso.

8.4.3. Rastreabilidade

De início, é preciso destacar que a rastreabilidade, enquanto tema de

análise, não é uma questão pontual, específica de uma cadeia ou de um estado.

Na realidade, trata-se de um novo padrão de exigências dos consumidores, com

regras mais explícitas, cujo cerne reside na cobrança por acesso a informações de

qualidade sobre o que se consome, sobretudo quando se trata de alimentos.

Segundo os padrões internacionais (ISO 8402), rastreabilidade é definida

como a “habilidade de descrever a história, aplicação, processos ou eventos e

localização de um produto a determinada organização, por meios de registros e

identificação”.

No caso da bovinocultura de corte, em virtude das próprias

especificidades dessa cadeia, em termos de amplitude e heterogeneidade,

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

251

naturalmente a proposição de regras coletivas é complexa. No Brasil, a pressão

pela construção de um padrão de referência culminou na construção do Serviço

de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (SISBOV).

Na prática, a maior pressão partiu da União Européia, principal cliente

do país, que exige que a carne comprada seja rastreada desde o nascimento ao

abate do animal. De acordo com Rocha (2007), “até junho (2007), o mercado

europeu foi responsável por 33% das exportações de carne “in natura”

brasileira, o equivalente a 191,7 mil toneladas”. Além disso, o autor ressalta que

“os embarques brasileiros para os países da Europa de carne industrializada

representou 45% do total das vendas do Brasil”.

Na prática, em sua versão inicial, em vigor desde 2002, o SISBOV não

conseguia atender a todos os requisitos europeus, principalmente em relação aos

prazos. Rocha (2007) destaca que o antigo sistema rastreou 72,9 milhões de

animais, mas com critérios mais flexíveis: “não havia prazo para comunicar a

movimentação do gado e o monitoramento não era completo”.

Como decorrência, o Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (MAPA), visando estabelecer normas para a produção de carne

bovina com garantia de origem e qualidade, publicou a Instrução Normativa n.°

17, em 14 de julho de 2006, com nova estrutura operacional para o Serviço de

Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (SISBOV).

As modificações foram amplas, embora alguns critérios tenham

permanecido. O novo sistema, assim como a proposta anterior, é de adesão

voluntária, permanecendo a obrigatoriedade de adesão para a comercialização

para mercados que exijam a rastreabilidade, a exemplo do Europeu.

Todavia, foram feitas adequações importantes, aqui descritas

sumariamente, de forma transcrita e integral, de acordo com as referências

disponíveis no Ministério da Agricultura60. Segundo as novas regras, todos os

bovinos e bubalinos dos Estabelecimentos Rurais Aprovados no SISBOV serão,

60 Melhores informações podem ser obtidas junto ao MAPA que, em parceria com a CNA, elaborou um

manual simplificado – Cartilha SISBOV – que instrui os agentes da cadeia produtiva da pecuária de corte sobre as regras fundamentais do novo sistema.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

252

obrigatoriamente, identificados individualmente, cadastrados na Base Nacional

de Dados, com o registro de todos os insumos utilizados na propriedade durante

o processo produtivo.

Trata-se de um grande avanço, uma vez que, a partir de 2009, só será

permitido o ingresso de bovinos e bubalinos nos Estabelecimentos Rurais

Aprovados no SISBOV se oriundos de outros Estabelecimentos na mesma

condição. As datas mais relevantes nesse processo são:

• 12 de setembro de 2006: data em que entrou em vigor a Instrução Normativa

n.o 17, de 13 de julho de 2006, que regulamenta o Serviço de Rastreabilidade

da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (SISBOV) ou NOVO SISBOV.

• 30 de novembro de 2006: data-limite para que os produtores que já possuíam

animais cadastrados no SISBOV cadastrem novos animais na Base Nacional

de Dados pelas regras do SISBOV antigo.

• 31 de dezembro de 2007: data-limite para que os produtores inscritos no

antigo SISBOV abatam ou comercializem seus animais cadastrados na Base

Nacional de Dados sob as regras antigas, sem perder a rastreabilidade desses

animais. Data, a partir da qual, ficam revogadas as Instruções Normativas e

Portarias que regulamentavam o antigo SISBOV.

• 31 de dezembro de 2008: data-limite para que os Estabelecimentos Rurais

Aprovados no SISBOV (ERAS) adquiram animais de estabelecimentos não

aprovados; a partir de 1.º de janeiro de 2009, todos os animais que ingressarem

no Estabelecimento Rural Aprovado no SISBOV devem ser originários de

outro Estabelecimento Rural Aprovado no SISBOV. Após esta data, só serão

ingressados animais não provenientes de ERAS se destinados exclusivamente

à reprodução.

Em relação aos prazos para o produtor rural, destaca-se que o prazo para

inclusão na Base Nacional de Dados dos elementos de identificação adquiridos

pelo produtor será de, no máximo, 24 meses a partir da data da nota fiscal de

compra desses elementos. Além disso:

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

253

• Animais nascidos no Estabelecimento Rural Aprovado no SISBOV devem ser

identificados na desmama ou, no máximo, até os 10 meses de idade, sempre

antes da primeira movimentação.

• Quando adquiridos animais de estabelecimento não aprovado, o

Estabelecimento Rural Aprovado no SISBOV deve identificá-los

imediatamente ou até 31 de dezembro de 2008.

• O Estabelecimento Rural Aprovado no SISBOV deve comunicar todas as

movimentações de entrada de animais à certificadora e ao Órgão Executor da

Sanidade Animal em, no máximo, 30 dias do vencimento da GTA (Guia de

Trânsito Animal) correspondente. Utilizar o formulário de entrada.

• Quando os animais forem transferidos para um estabelecimento não aprovado

ou para abate em frigoríficos com inspeção estadual ou municipal, o

Estabelecimento Rural Aprovado no SISBOV deve comunicar a

movimentação de saída à certificadora e ao Órgão Executor da Sanidade

Animal em no máximo 15 dias. Utilizar o formulário de saída.

• O Estabelecimento Rural Aprovado no SISBOV deve comunicar à

certificadora as mortes e sacrifícios de animais no máximo nas datas das

vistorias periódicas.

É importante considerar, nesse contexto, que a percepção dos pecuaristas

em relação à rastreabilidade é bastante diversa e, até certo ponto, encontra-se

intimamente atrelada à região em que se encontra. Embora tenham sido obtidos

depoimentos de produtores, localizados em áreas não habilitadas, que apóiam o

processo e se mostram motivados, a grande maioria dos entrevistados ainda vê a

rastreabilidade apenas como mais uma exigência a ser cumprida.

Esse é um ponto importante porque a proposta do rastreamento depende,

em larga medida, do comprometimento dos agentes com uma “causa” coletiva,

cujos benefícios vão além do simples atendimento a mais um conjunto de

“requisitos para exportação”. Trata-se, na verdade, de um amplo processo de

aprimoramento da eficiência, dos relacionamentos e do fluxo de informações

dentro da cadeia, capaz de reduzir atritos e ampliar os ganhos.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

254

Ademais, observou-se que, embora sejam declaradas como realizadas as

atividades relativas à rastreabilidade, ainda são várias as falhas no processo: há

dúvidas quanto aos procedimentos, os equipamentos e estruturas de rastreamento

nem sempre são de boa qualidade (às vezes muito pesados), há falhas nos

sistemas de acompanhamento e dificuldades de proceder à colocação dos brincos

nos animais. Além disso, a separação dos animais e o controle com as

transferências nem sempre seguem um padrão rigoroso, o que compromete todo

o processo.

Certamente, as expectativas quanto à implantação do novo sistema –

novo SISBOV – divide opiniões. Há pecuaristas que vêem, no novo modelo, uma

proposta mais exeqüível e aderente à realidade dos produtores; porém, existem

aqueles que não acreditam na viabilidade do novo programa e têm por

expectativa sua substituição próxima por novos modelos.

De toda sorte, o fato é que a rastreabilidade ainda está distante de estar

em modelo adequado no Estado de Mato Grosso, em quaisquer de suas regiões.

Naturalmente, nos locais em que a exportação para a União Européia é regular, a

própria coordenação dos frigoríficos melhora o cumprimento dos procedimentos

de rastreamento dos animais. Todavia, mesmo nestas regiões ainda não existe

grande conscientização sobre o tema.

Assim, a pesquisa aponta importante espaço de construção de um novo

olhar sobre esse tema, de modo a tornar claro, para os pecuaristas, que a

rastreabilidade tem benefícios que extrapolam o acesso a mercados, chegando a

afetar, de maneira direta, a eficiência dos processos de gestão das empresas

rurais.

8.4.4. Relações com fornecedores e grau de inadimplência

Dentre os subfatores analisados na composição do direcionador relações

de mercado, as relações com fornecedores e o grau de inadimplência foram os

que apresentaram melhor avaliação.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

255

Em todas as regiões analisadas, os pecuaristas afirmaram que as relações

com os fornecedores de insumos são bastante tranqüilas, objetivas, sem que tenha

sido identificado qualquer problema que merecesse destaque.

Mesmo o preço dos insumos, que poderia ser um motivo de complicação

nas relações dos pecuaristas com os agentes do elo imediatamente anterior, não

foi colocado como um problema. Nem mesmo os pecuaristas situados nas regiões

mais ao norte do estado, que têm que arcar com o ônus do frete e o deságio da

arroba do boi, colocaram esse fato como empecilho ao bom relacionamento entre

as partes.

Aliás, a concessão de crédito, parcelamento e os prazos concedidos

foram identificados como elementos favoráveis ao relacionamento. Citou-se,

inclusive, por mais de uma vez, que os vendedores de insumos freqüentemente

esforçavam-se por facilitar as vendas e manter o bom relacionamento.

Em relação à inadimplência, esta praticamente não existe. Apenas em

uma das entrevistas foi citado o caso de um frigorífico que, falindo, não

conseguiu honrar com os compromissos assumidos, ficando em débito com

vários produtores; entretanto, de acordo com os relatos dos pecuaristas, essa não

é uma ocorrência comum. Mesmo considerando a relativa freqüência com que

abatedouros e frigoríficos “mudam de nome ou de mãos”, há consenso quanto ao

fato de que os casos de inadimplência efetiva são a exceção, e não a regra, em

Mato Grosso.

8.5. Estrutura de mercado

As questões pertinentes à estrutura de mercado do segmento de

produção de bovinos de corte em Mato Grosso afetam, de forma bastante

significativa, a competitividade da cadeia como um todo. Estão presentes, além

das tradicionais análises de evolução do efetivo bovino, distribuição espacial do

rebanho e tamanho médio das propriedades, fatores ligados à logística e

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

256

qualidade das rodovias, existência e ampliação das reservas (indígenas ou

ecológicas), e a organização dos produtores.

Ao contrário do observado para o direcionador relações de mercado, no

caso da estrutura de mercado existem diferenças significativas entre as regiões,

para todos os subfatores analisados.

8.5.1. Evolução do efetivo bovino, distribuição espacial do rebanho no Estado de Mato Grosso, grau de desconcentração e tamanho médio das propriedades

Em relação ao efetivo bovino61, observa-se, pelos dados disponíveis na

Figura 8.9, a grande expansão da atividade de bovinocultura no Estado de Mato

Grosso, sobretudo a partir de 1994. Destacam-se, simultaneamente, a expressiva

taxa de crescimento do rebanho até 2005 e a retração do número de cabeças em

2006. De acordo com Nehmi (2007), isso ocorreu por que Amargando valores baixos de negociação nos últimos três anos, o setor havia elevado o volume de abate de animais, principalmente de fêmeas. Esses abates fizeram com que a última supersafra de bezerros tivesse ocorrido em 2004; esses bezerros estiveram prontos para o abate neste ano (2007). A partir do próximo, haverá uma queda acentuada na oferta de gado pronto para o abate, o que deve puxar ainda mais os preços para cima.

Embora se tenha percebido indícios de recuperação no que se refere à

reposição do rebanho, esse não é um movimento automático e a percepção dos

pecuaristas é de que haverá, por algum tempo, manutenção dos efeitos benéficos

da retração da oferta sobre os preços.

Em termos numéricos, as estimativas do IMEA, com base nas

informações do INDEA-MT, são de que o rebanho estadual, em 2006, compõe-se

de 26,07 milhões de cabeças de gado. Na parte continuamente ascendente da

61 É preciso considerar que os números aqui apresentados foram fornecidos pelo IMEA, com base nos

dados disponibilizados pelo INDEA-MT. Comparações com as bases de dados de outras instituições, a exemplo da FNP Consultoria, permitem observar enorme disparidade de informações. Como, na pesquisa, era necessário realizar uma opção, preferiu-se a disponibilizada pelas instituições do Mato Grosso, apenas dispondo, em Anexo F, os dados da FNP.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

257

figura, entre os anos de 1990 e 2005, a taxa de crescimento do rebanho foi de

173,21%, sendo 107% o equivalente de expansão a partir de 1994.

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Anos

Cab

eças

de

gado

Fonte: Dados até 2005 (IBGE, 2007). Informações para o ano de 2006 (INDEA-

MT, 2007).

Figura 8.9 – Evolução do efetivo bovino do Estado de Mato Grosso, em número de cabeças – 1990 a 2006.

Interessante observar que a expansão da pecuária bovina em Mato

Grosso deu-se de forma relativamente harmônica ao longo de mais de dez anos, a

despeito das importantes ocorrências de âmbito macroeconômico ocorridas no

período. Como exemplo pode-se citar o cambio, que sofreu importantes

oscilações no período analisado. A esse respeito, Abritto62 destaca, em análise

recente sobre a pecuária nacional, que O câmbio exerceu influência expressiva no resultado da agroindústria, em 2006. [...] ele, uma vez valorizado, reduz as exportações, prejudica a rentabilidade do

62 O economista Fernando Abritto faz parte do quadro funcional do IBGE e teceu essas considerações em

entrevista concedida, em fevereiro de 2007, à Agência Brasil.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

258

agronegócio e desincentiva a produção. Porém, alguns setores, apesar do câmbio, continuaram a exportar. Um exemplo é a pecuária bovina, cuja exportação de carnes congeladas experimentou alta de 21,3% no ano de 2006.

Em termos comparativos, em relação aos demais estados do Centro-

Oeste63, observa-se que a dinâmica da evolução do rebanho em Mato Grosso foi

bastante ostensiva (Figura 8.10), tendo o estado adquirido a posição de possuidor

de maior rebanho no ano de 2004.

As taxas de crescimento no período (1990-2006) mostram que enquanto

os rebanhos de Mato Grosso do Sul e Goiás permaneceram relativamente

estáveis entre os anos considerados – incrementos de 27% e 17%,

respectivamente – o rebanho mato-grossense cresceu 194% no mesmo período.

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Mato Grosso Mato Grosso do Sul Goiás

Fonte: IBGE (2007) e IMEA (2007).

Figura 8.10 – Evolução do efetivo bovino dos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, em milhares de cabeças – 1990 a 2005.

63 Desconsidera-se, aqui, o Distrito Federal, em virtude de sua participação insipiente no total da

produção da região.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

259

Em relação ao número de propriedades, o Mato Grosso engloba,

segundo informações do IMEA, cerca de 110 mil propriedades ligadas à

bovinocultura. Destas, aproximadamente 500 possuem entre 5.000 e 20.000

cabeças e poucas têm mais de 20.000 cabeças de gado. Isso delineia um perfil

interessante para a atividade no estado: distante do perfil tradicional de grandes

propriedades, usual em outras culturas, no caso da pecuária de corte verifica-se

que esta se encontra caracteristicamente ligada à pequena propriedade64. Foi

possível identificar, ainda, que as maiores propriedades encontram-se próximas

às regiões de Cáceres, Juína e Juara, tendo sido identificada uma única

propriedade com mais de 90.000 cabeças de gado.

Sob a perspectiva desse documento, fica clara a necessidade de avaliação

cuidadosa dos diferentes perfis de produção, uma vez que estruturas tão variadas

possuem requisitos de apoio naturalmente distintos. As ações, quando

pretendidas pelos responsáveis pela condução das linhas gerais da atividade no

estado deverão, conseqüentemente, observar essa dicotomia tecnologia, de custos

e, provavelmente, de perfil de gestão65. Todavia, além da análise acerca da

distribuição dos animais nas diferentes regiões do estado, percebe-se que embora

dispersa em praticamente todas as regiões do estado, a atividade ganha destaque

em alguns municípios.

Dados recentes, disponibilizados (avaliação completa para 2006 e parcial

para o ano de 2007) a partir das informações coletadas nas campanhas de

vacinação do INDEA-MT, mostram os mesmos municípios como detentores de

maiores rebanhos bovinos. A única alteração percebida foi na colocação dos

municípios de Alta Floresta e Barra do Garças, tendo este último atingido, em

2007, o segundo lugar.

64 Não se realiza, nesse ponto, nenhuma estratificação formal entre pequena, média ou grande

propriedade. Todavia, considerando o padrão regional do Centro-Oeste e a existência de muitas propriedades de maior porte, a concentração em propriedades de até 500 cabeças retrata um perfil mais voltado à pequena escala de produção. A tabela com os dados completos encontra-se disponível no Anexo F.

65 Não se pretende, aqui, inferir sobre fatos de forma antecipada à visita a campo; todavia, a disparidade das informações é de tal sorte que há clara indicação de diferenças de perfil de gestão e condução da atividade, com naturais reflexos sobre o manejo, a qualidade sanitária, entre outros itens relevantes.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

260

O ranking apresentado mostra, também, a já descrita representatividade

das regiões mais ao norte do estado. No que se refere ao efetivo bovino dentre os

10 municípios destacados, mais de 43% estão localizados nessa região, o que

reforça a pertinência da queixa dos produtores a respeito da definição dos

recortes das áreas habilitada e não-habilitada para exportação para a Europa.

Analogamente, as Tabelas 8.2 e 8.3 mostram que a concentração do

efetivo bovino distribui-se de forma aproximada à observada para o número de

propriedades, com poucas exceções.

Tabela 8.2 – Distribuição percentual dos 10 principais municípios mato-grossen-ses hierarquizados em termos de efetivo bovino – 2006 a 2007

Região de referência 2006 Ranking 2006 2007 Ranking 2007 Barra do Garças 14,00 3.º 14,76 2.º Alta Floresta 16,00 2.º 13,00 3.º São Félix 9,00 5.º 11,00 5.º Rondonópolis 10,00 4.º 11,00 4.º Juína 8,00 7.º 8,77 7.º Cáceres 19,00 1.º 18,00 1.º Lucas do Rio verde 7,00 8.º 7,28 8.º Cuiabá 9,00 6.º 8,83 6.º Barra do Bugres 5,00 9.º 4,82 9.º Sinop 3,00 10.º 2,55 10.º Total* 100,00 100,00

Fonte: INDEA-MT (2007). * Refere-se ao total do efetivo bovino dos 10 principais municípios do estado.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

261

Tabela 8.3 – Relação dos 15 principais municípios mato-grossenses, ranqueados em termos de número de propriedades produtoras de gado – 2006

Municípios (região de planejamento) N.º propriedades 1 Confresa (Vila Rica) 4.970 2 Cáceres (Cáceres) 3.006 3 Alta Floresta (Alta Floresta) 2.131 4 Juína (Juína) 2.021 5 Vila Rica (Vila Rica) 1.753 6 Pontes e Lacerda (Cáceres) 1.713 7 Juara (Juara) 1.698 8 Nova Canaã do Norte (Alta Floresta) 1.663 9 Vila Bela da Santíssima Trindade (Cáceres) 1.564 10 Santo Antonio do Leverger (Cuiabá) 1.432 11 Aripuanã (Juína) 1.250 12 Porto Esperidião (Cáceres) 1.080 13 Água Boa (Barra do Garças) 1.059 14 Paranatinga (Rondonópolis/Sinop) 1.047 15 Barra do Garças (Barra do Garças) 743

Fonte: INDEA-MT (2007).

No que se refere à média de animais por propriedade, segundo dados

do INDEA-MT, as maiores concentrações de animais/propriedade encontram-se

nos municípios situados nas regiões de Barra do Garças, Barra do Bugres, Lucas

do Rio Verde e Cáceres. Como dito anteriormente, embora a média regional

destaque o perfil característico do estado – propriedades de até 500 animais – há

algumas discrepâncias entre os dados locais e a média, com destaque para os

municípios de Juína e Juara, que não aparecem em destaque na Tabela 8.4, mas

possuem grandes propriedades.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

262

Tabela 8.4 – Evolução da média de animais por propriedade em regiões selecio-nadas – 2002 a 2005

2002 2003 2004 2005

Alta Floresta 217 205 188 188 Barra do Bugres 253 418 210 194 Barra do Garças 398 279 420 398 Cáceres 274 287 297 260 Cuiabá 245 234 182 170 Juína 216 236 227 202 Lucas do Rio Verde 326 317 275 247 Rondonópolis 292 300 237 236 São Félix do Araguaia 248 249 222 239 Sinop 173 221 183 201 Média geral 262 267 242 231

Fonte: INDEA-MT (2007).

Destaque-se, aqui, que no levantamento primário realizado, não foram

observadas modificações importantes quanto ao grau de concentração do setor.

De acordo com os entrevistados, houve pouca movimentação de compra e venda

de propriedades e apenas onde a cultura da cana-de-açúcar expandiu-se de forma

mais que proporcional foram percebidos movimentos de arrendamento acima da

média usual.

Os entrevistados consideram esse movimento natural, na medida em que

alguns produtores, muito descapitalizados, encontram no arrendamento de suas

propriedades uma alternativa viável, principalmente nas regiões que a expansão

dessa cultura é crescente e sustentável. As dificuldades de manutenção das

propriedades, ressaltam os pecuaristas, compromete a sobrevivência do

pecuarista, que prefere ceder seu empreendimento a outra atividade do que ter

que “vender aos poucos” a propriedade.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

263

8.5.2. Disponibilidade e qualidade das vias de escoamento da produção

No que se refere à disponibilidade e qualidade da infra-estrutura de

escoamento disponível no estado, é notória queixa dos produtores mato-

grossenses, não apenas dos pecuaristas. Em períodos recentes tem havido grande

movimentação de produtores rurais, com o apoio de diferentes instituições no

estado, para mobilizar esforços em melhoria da qualidade das estradas de acesso

e escoamento. Segundo reportagem recente, disponibilizada pelo Conselho

Federal de Economia (COFECON), os prefeitos dos municípios que compõem o

chamado “Nortão” de Mato Grosso66, acompanhados por diferentes

representantes locais, reuniram-se, no dia 9 de fevereiro de 2007, em Sinop (500

km ao norte de Cuiabá), com o objetivo principal de discutir reivindicações

relacionadas à infra-estrutura.

De fato, não apenas essa região, mas todo o estado carece de infra-

estrutura adequada ao escoamento. Diferentes estudos e levantamentos

institucionais mostram que não somente a qualidade e disponibilidade da rede

rodoviária são insatisfatórias, mas também há carência de modais mais

adequados e de melhoria da inteligência logística de escoamento da produção

(Figura 8.11).

Em Mato Grosso, as rodovias federais compreendem as principais vias

de escoamento e integração, cujo tráfego é formado por 70% de veículos

pesados. Uma das principais alternativas é o transporte rodoviário, com destaque

para a utilização das rodovias MT 235, BR 364 (que liga o Acre ao Estado de

São Paulo) e BR 163 (que liga o Pará ao Rio Grande do Sul)67.

66 A região conhecida por “Nortão” é composta por 38 municípios localizados ao norte do Estado de Mato

Grosso, com uma área de aproximadamente 255 mil km2. Responde por um terço da produção de soja, milho, arroz e algodão produzidos no estado, além de contar com um rebanho bovino de aproximadamente 7 milhões de cabeças (COFECON, 2007).

67 Outros mapas ilustrativos encontram-se no Anexo E deste documento.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

264

Fonte: SEPLAN-MT (2007).

Figura 8.11 – Infra-estrutura rodoviária no Estado de Mato Grosso – 2005.

BR 163

BR 364

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

265

Uma alternativa seria o transporte rodoferroviário, com a utilização da

BR 36468, a Ferronorte e a Ferroban, do grupo Brasil Ferrovias. Entretanto, não

existe a cultura desse perfil de escoamento para produção pecuária69, o mesmo

ocorrendo para as propostas multimodais, pródigas em minimização de custos.

Uma terceira via seria o uso do transporte rodo-hidroviário, utilizado

atualmente para escoar a produção de grãos do norte do estado, utilizando a BR-

364 até Porto Velho (RO) e, em seguida, a hidrovia do rio Madeira até Itacoatiara

(AM); entretanto, mantém-se a carência de estrutura e perfil desse padrão de

escoamento para a pecuária, a despeito de suas descritas vantagens em termos de

custo70. De acordo com ABAG (2002, p. 4), Outro ponto importante relacionado à Hidrovia do Madeira é a estratégica inversão no tradicional sentido do escoamento da produção para os mercados internacionais. Antes do uso dessa via, a maioria do fluxo da exportação se processava através de malha rodoviária (BRs 163/364), percorrendo mais de 2.000 km, com destino aos mercados do Sudeste e do Sul do País, ou aos Portos de Santos e de Paranaguá. O uso do sistema multimodal voltado para a Hidrovia do Madeira reduz em 50% os custos de transportes. Por outro lado, no sentido inverso do fluxo de exportação (ou seja, no frete de retorno), são transportados fertilizantes que chegam às fazendas com preços reduzidos em até US$ 40,00 por tonelada, por conta da redução das distâncias e dos custos de transportes.

Além da carência de malha viária de qualidade, é preciso considerar as

distâncias. O Estado de Mato Grosso possui grande extensão territorial: são 141

municípios distribuídos em 903.357,908 km2. Comparativamente aos demais

estados da região centro-oeste, sua malha viária é exígua, a despeito das grandes

distâncias entre os principais pólos de produção agropecuária e a Capital e portos

de escoamento da produção (Tabelas 8.5 e 8.6).

68 Destaque-se que, o principal eixo viário da região Centro-Oeste, a BR-364, representa a mais

importante via de integração entre o Sudeste, o Centro-Oeste e o Norte do País, e contribui decisivamente para a consolidação dos principais núcleos urbanos do Mato Grosso: Cuiabá e Rondonópolis. A partir dessa via, esses núcleos se conectaram com Rondônia e Acre e com o Triângulo Mineiro, respectivamente (ABAG, 2002).

69 Levantamento realizado pelo Ministério dos Transportes não indica qualquer demanda dessa natureza nos últimos três anos.

70 Em 2007, o Estado do Pará tornou-se importante exportador de boi gordo em pé, por via marítima, o que demonstra a alta competitividade em custos do modal. Além do mais, não se pode desconsiderar o fato de MT ter importantes rios com potencial de navegação.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

266

Tabela 8.5 – Distâncias entre o município-sede e Cuiabá, em km

CUIABÁ – municípios-sede km

Cuiabá - Alta Floresta 819 Cuiabá - Barra do Garças 509 Cuiabá - Cáceres 216 Cuiabá - Diamantino 412 Cuiabá - Juara 800 Cuiabá - Juína 724 Cuiabá - Rondonópolis 216 Cuiabá - Sinop 506 Cuiabá - Sorriso 423 Cuiabá - Tangará da Serra 246 Cuiabá - Várzea Grande 9 Cuiabá - Vila Rica 1.253

Fonte: DNIT (2007).

Nota: As distâncias foram estimadas pelos padrões de uso regular da rede rodoviária.

Atualmente, segundo informações do DNIT, vários trechos estão em obras ou sem uso, devido às condições precárias, o que implica alteração das quilometragens aqui apresentadas.

Tabela 8.6 – Distância entre Cuiabá e os principais portos de escoamento da produção mato-grossense, em km

CUIABÁ – portos km

Cuiabá - Imbituba (SC) 2.061 Cuiabá - Itajaí (SC) 1.894 Cuiabá - Paranaguá (PR) 1.774 Cuiabá - Rio de Janeiro (RJ) 1.998 Cuiabá - Santos (SP) 1.713 Cuiabá - São Luís (MA) 2.956 Cuiabá - São Paulo (SP) 1.641

Fonte: DNIT (2007).

Nota: As distâncias foram estimadas pelos padrões de uso regular da rede rodoviária.

Atualmente, segundo informações do DNIT, vários trechos estão em obras ou sem uso, devido às condições precárias, o que implica alteração das quilometragens aqui apresentadas.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

267

Naturalmente, é preciso que se façam alguns destaques, principalmente

ressaltando a heterogeneidade das condições de escoamento. Embora seja clara a

precariedade média das estradas no Estado de Mato Grosso, há trechos em boas

condições, sobretudo na região localizada em torno do município de

Rondonópolis. Por outro lado, a partir de proximidades de Tangará da Serra, as

vias ficam bastante comprometidas, intercalando trechos de boa qualidade com

outros, praticamente intransitáveis.

No que tange aos esforços pela melhoria desse cenário, existe extenso

conjunto de informações nos sites ministeriais e de órgãos adjuntos, que

descrevem detalhadamente as recentes atuações governamentais para melhoria

das condições das estradas em âmbito federal. Todavia, ainda há dúvidas quanto

à adequação dessas propostas e, ao mesmo tempo, questiona-se a necessidade

real da expansão da rede em detrimento da melhoria da qualidade das rodovias e

da implantação de sistemas multimodais de escoamento. Na Figura 8.12 são

mostradas as principais obras em andamento no Estado de Mato Grosso: uma

rápida comparação dessas informações com a visualização da malha rodoviária

(Figura 8.11) destaca claramente a condição precária das rodovias, em áreas de

importante produção agropecuária.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

268

Fonte: Ministério dos Transportes (2007).

Figura 8.12 – Infra-estrutura rodoviária em atendimento para obras de manuten-ção e emergência no Estado de Mato Grosso.

Há que se ressaltar, também, os problemas de tráfego. De acordo com os

levantamentos primários realizados, esse é um problema importante, que penaliza

não apenas os produtores, mas toda a cadeia produtiva. De acordo com os

pecuaristas, os problemas viários (qualidade e tráfego) pioram as condições de

transporte dos animais e, quanto maior a distância percorrida entre a propriedade

e o frigorífico, maiores as perdas estimadas nesse processo. Como o ônus das

perdas ocorridas no transporte fica sob a responsabilidade do produtor (vide

questão da toalete), os produtores do centro-norte mato-grossense queixam-se de

serem mais penalizados que os localizados em regiões mais próximas aos centros

de abate e escoamento para os centros consumidores.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

269

Aliás, na percepção desses entrevistados, a penalização é múltipla: eles

sofrem com o deságio do frete; perdem com os problemas de transporte por

ocasião da toalete dos bovinos; arcam com maiores custos de produção, já que os

insumos chegam mais caros à região; e, em adição, por estarem em região não-

habilitada, sofrem retração no preço da arroba.

Essa queixa também encontra espaço entre os pecuaristas localizados na

região de Cáceres (e seu entorno). Na região, não apenas a precariedade das

estradas é destacada, mas também a inexistência de propostas de escoamento –

mesmo rodoviário – que contemplem os problemas naturais das cheias em parte

importante do ano. Uma vez que alguns desses produtores também não estão em

regiões habilitadas, o discurso da múltipla perda mantém-se embora, nesse caso,

haja unanimidade em relação ao fato de os insumos não chegarem a

comprometer (por causa do frete) a continuidade da produção pecuária.

Para além dessas questões existem, naturalmente, argumentos que

envolvem preferências políticas e pressão por parte dos pecuaristas. Entretanto,

como o levantamento primário dos dados para a realização do diagnóstico

necessitou de deslocamento efetivo da equipe, pôde-se confirmar, de fato, que as

queixas são procedentes e que é preciso que se estabeleça algum tipo de

atendimento emergencial aos produtores do norte e leste do estado.

Ainda em relação ao escoamento, uma referência adicional deve ser

feita: a dificuldade de fiscalização acerca da qualidade do transporte de animais

no estado.

Há poucos dados formais (institucionais) sobre esta questão, mas existem

informações individuais que remetem à dificuldade (principalmente por

problemas relacionados à carência de técnicos) de se manter sob controle todo o

trânsito de animais no estado. Não se fala, aqui, apenas em termos do

deslocamento envolvendo as naturais preocupações sanitárias, mas sim a respeito

da qualidade dos veículos, acondicionamento dos animais, dentre outras questões

relevantes à qualidade da carne. Este não é, naturalmente, um problema

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

270

exclusivo de Mato Grosso, sendo um entrave nacional ao desenvolvimento do

setor. Segundo Ciocca et al. (2006, p. 1), a grande maioria dos animais destinados ao abate é transportada em caminhões por rodovias. A rede de rodovias no Brasil tem mais de 1,6 milhões de quilômetros, sendo 1,3 milhões de rodovias municipais, 230 mil de rodovias estaduais e 73 mil de rodovias federais. Apenas 10% das rodovias federais são pavimentadas. De acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT, 2006), apenas 11% das rodovias pavimentadas estão em ótimas condições e 17% em boas condições.

No caso de Mato Grosso, especificamente, os produtores localizados nas

regiões mais ao norte são unânimes em afirmar que o modelo atual não consegue

atingir o padrão ideal de fiscalização. Destacam, inclusive, que não se trata de

incapacidade técnica ou falta de esforço das instituições, mas da incapacidade de

atendimento e da precariedade de aparato infra-estrutural para essas mesmas

instituições.

Segundo os pecuaristas entrevistados – e aqui se estende a assertiva para

todo o estado – o modelo de gestão do controle não é eficiente. Há necessidade

de serem modernizados os serviços e aprimorados os sistemas, para facilitar o

controle das bases de dados e mesmo a movimentação adequada dos animais.

As perdas decorrentes da não observação dos procedimentos adequados

de manejo dos animais para embarque, e no próprio transporte, são tão efetivos

que a quantidade de pesquisas sobre o tema é vasta. De acordo com Pereira

(2006), “em relação ao embarque de animais, o que ocorre na maioria das vezes

nesta etapa é que os responsáveis por embarcar os animais nos caminhões de

transporte não têm nenhum conhecimento acerca dos princípios básicos do bem-

estar”. Ademais, segundo Filho e Silva (2004), é comum a utilização de ferrões

ou choques elétricos (que comprometem a qualidade da carcaça), durante o

processo “forçado” de condução e entrada dos animais no caminhão de

transporte. Ainda segundo o autor, o transporte é considerado o evento mais estressante para bovinos. Na maioria dos países produtores de carne bovina, os caminhões são as principais formas de transporte dos bovinos para o abate. Após o embarque, é importante que se observem os animais transportados até o abatedouro, neste ponto é necessário que se atente para aspectos como: a densidade de carga do caminhão, tempo de viagem até o abatedouro (horas), tempo de restrição alimentar e de água,

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271

condições ambientais da viagem (temperatura, UR% e velocidade do vento) e condições das rodovias (trepidações e solavancos).

Em estudo recente, Braggion e Silva (2004), constataram que o

transporte representou a segunda maior causa de lesões em carcaças, “devido à

alta densidade de carga associada com maior reação de estresse, risco de

contusão e números de quedas. As outras causas (chifradas, coices, pisoteio,

tombos etc.) normalmente estão ligadas a problemas de manejo”.

É certo que há um conjunto expressivo de estudos disponíveis sobre o

tema, não apenas em termos da identificação dos problemas – já conhecidos –

mas também com sugestões interessantes e propostas alternativas de manejo. O

fato é que é preciso considerar efetivamente essas pesquisas, uma vez que a

tendência de requisitos, ao lado da exigência pelo rastreamento dos animais, é a

de que se tenha controle do nível de estresse pré-abate, com efeitos positivos

sobre a qualidade da carne ofertada.

Essa realidade é evidente, principalmente no mercado europeu, onde se

organizam grupos de relatores com vistas a providenciar – não de forma

normativa, mas regulamentar – os limites de PH na carne, além das questões

envolvendo o abate mais zeloso e menos sofrido dos animais. Considerando que

o mercado europeu é predominante nas exportações de carne bovina mato-

grossense, a melhoria da qualidade do embarque e transporte dos animais traria

efeitos positivos para todos os agentes envolvidos na atividade de bovinocultura

de corte71.

8.5.3. Especificidades da caracterização fundiária mato-grossense

Ainda no quesito estrutura de mercado no segmento de produção

animal, é preciso levar-se em conta as especificidades do Estado de Mato Grosso

em termos fundiários. Por abrigar um número expressivo de Reservas Indígenas

71 Esse problema de qualidade poderia ser minimizado se os frigoríficos tivessem maior rigor no processo

de dieta hídrica pré-abate.

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272

(Figura 8.13) e Unidades de Conservação (Figura 8.14), boa parte dos manejos

tradicionais cede espaço a ações e tecnologias mais específicas.

Esse é, aliás, um dos subfatores que mais claramente exige análise

segmentada entre as sub-regiões de análise. As condições são muito distintas não

apenas em relação às reservas, mas, também, quanto aos ecossistemas sensíveis.

No caso das reservas indígenas, observa-se (Figura 8.13) que a maior

concentração ocorre ao norte do estado, distribuindo-se de maneira não uniforme

nas regiões leste e oeste de Mato Grosso. Como conseqüência, o posicionamento

dos entrevistados foi diverso em relação às reservas.

No Pantanal, os pecuaristas afirmaram não haver nenhum problema

dessa natureza, até mesmo porque a incidência de reservas é baixa. Já nas regiões

de Cáceres e Centro-sul, segundo avaliação dos entrevistados, a relação dos

pecuaristas com os índios não é boa, comprometendo a competitividade do

segmento produtivo. Foram citados episódios em que houve necessidade de

mobilização institucional, e os pecuaristas declararam não haver confiança entre

as partes: há desconfiança em relação a roubo de animais, ao controle efetivo da

vacinação dos rebanhos, no que se refere à possibilidade de entrave ao

escoamento da produção, entre outras questões.

Foi nas regiões norte e leste, no entanto, que esse tema provocou maior

desconforto. Embora já fossem esperadas maiores manifestações contrárias, pela

própria localização espacial das reservas, as queixas dos produtores foram

bastante enfáticas.

Unanimemente, os pecuaristas dessas regiões afirmaram que as

preocupações são muitas e de variada natureza. Os atritos com os índios chegam,

em alguns casos, a embates efetivos, onde a presença policial e institucional é

frequentemente requisitada. Vários relatos de interrupção (ocupação) de estradas

foram feitos e, segundo os entrevistados a prática da cobrança de pedágios pelos

índios chega a ser regular. Esse relato também é feito por produtores rurais de

outros estados, com destaque para o Mato Grosso do Sul e Pará e reforçado por

agricultores, além dos pecuaristas.

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Fonte: SEPLAN-MT (2003). Figura 8.13 – Distribuição espacial das reservas indígenas em Mato Grosso.

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274

É fato que em algumas regiões, apesar do pedágio, existe boa

convivência. Em Chapadão do Parecis, numa das principais vias de escoamento,

o pedágio é cobrado nos dois sentidos, mas esta é, na percepção do grupo “a

única fonte de renda dos índios”.

Em outras regiões, entretanto, as relações são mais tensas. Recentemente,

índios de sete etnias bloquearam a ponte do rio Juruena, na MT-170, por três dias

(entre 31 de maio e dois de junho de 2007). Um grupo de aproximadamente 30

índios esteve no mesmo local, a 60 km de Juína. De acordo com informações

disponibilizadas pela imprensa estadual, o bloqueio que começou por volta das

17 horas gerou um congestionamento de dezenas de carretas e caminhões de

ambos os sentidos da rodovia.

O argumento indígena reside no fato de que, sabedores de que o

escoamento da produção é fundamental e que seu impedimento gera um ônus

expressivo, os embates em torno das redovias cria espaço para a negociação de

pleitos ainda não atendidos. Outro caso que retrata essa alternativa foi o

“levante” em Tangará da Serra, no qual os índios manifestaram-se

ostensivamente, tendo por argumento central a necessidade de melhores

condições de atendimento médico e nutricional.

De fato, as condições são precárias – afirmam os produtores

entrevistados – mas a percepção coletiva é que a produção pecuária (privada) não

pode arcar com os custos de problemas de gestão pública.

Além disso, segundo os pecuaristas entrevistados, existem outros

problemas. Apesar dos esforços e da divulgação das ações de vacinação

(sobretudo da aftosa), os produrores não confiam totalmente no processo.

Segundo os relatos coletados, nem sempre o rebanho é deixado à mostra,

porque algumas cabeças de gado não são de propriedade dos índios e, portanto,

devem ser mantidas a distância. Sem entrar efetivamente no mérito dessa

discussão, ampla, densa e complexa, o fato é que a preocupação existe e a tensão

é evidente entre as partes.

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275

Há, também, preocupação com o avanço dos assentamentos. Mais uma

vez, as queixas dividem-se: há os fatores relacionados à sanidade dos animais

nesses locais, as queixas relativas ao não atendimento dos assentamentos dos

requisitos de reservas legais, cumprimento das normas relativas às Áreas de

Preservação Permanente e os riscos de embates entre produtores e assentados.

De acordo com o levantamento primário, no caso dos controle do

desmatamento (atendimento à regulamentação ambiental) não existe fiscalização

regular. A visualização dos pecuaristas, nesse caso, é corroborada por algumas

pesquisas. De acordo com trabalho recente, 132 assentamentos de Rondônia, por

exemplo, devastaram 71% de suas florestas, que originalmente ocupavam 41.860

quilômetros quadrados. O mesmo estudo mostra que Mato Grosso vem em

terceiro lugar, com 48% de destruição em 34.766 km2 de glebas.

No que se refere aos ecossistemas sensíveis, esse é um problema

estrutural, de difícil superação, segundo os entrevistados. Na percepção destes, o

que é preciso é a mudança na perspectiva de atuação: não se deve brigar com a

natureza; é preciso aprender a conviver com ela. Na prática da pesquisa de

campo realizada, os produtores localizados no Pantanal e nas regiões Norte e

Leste foram os que mais expressaram essa necessidade.

Na Figura 8.14 é mostrada a distribuição das reservas e dos ecossistemas

sensíveis no Estado de Mato Grosso.

Embora não se destaque, na Figura 8.14, a existência de regulamentação

específica (reservas) em número mais que proporcional na região do Pantanal, é

certo que existem importantes demandas por parte dos produtores. O regime das

chuvas e a peculiaridade dos manejos, que não podem ser os mesmos utilizados

em regiões menos sensíveis, inviabilizam práticas tradicionais e aumentam os

custos.

No caso das regiões ao norte do estado, o fator de entrave reside na

modificação da reserva legal e nas atuais exigências da Legislação Ambiental

Única (LAU) que modificaram os padrões originalmente utilizados pelos

produtores rurais. Esse tema, bastante complexo, será mais bem tratado por

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276

ocasião das discussões sobre o Ambiente Institucional da cadeia produtiva, sob a

perspectiva do produtor.

Fonte: SEPLAN-MT (2003). Figura 8.14 – Distribuição espacial das unidades de conservação em Mato Gros-

so – 2003.

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277

8.5.4. Organização dos produtores

A baixa organização dos produtores rurais é um problema recorrente no

meio rural brasileiro, e permeia de forma ostensiva as mais diferentes atividades

produtivas. Ainda nos modelos em que a adesão é praticamente compulsória –

caso dos sindicatos rurais – a freqüência às reuniões é pequena e a atuação pouco

positiva.

Em Mato Grosso, observou-se que a participação dos pecuaristas junto às

suas entidades representativas é pouco expressiva, sendo recorrente o

reconhecimento de que a desorganização tem efeitos perniciosos em toda a

cadeia produtiva, sendo os pecuaristas os principais atingidos. Segundo os

entrevistados, de forma comparativa, os pecuaristas são ainda mais

desarticulados e agem com maior individualismo que outros produtores rurais.

Os entrevistados creditam esse comportamento a fatores históricos e

culturais de difícil modificação; todavia, há consenso em termos da disposição

por participar de ações concretas que minimizem esse problema. Para os

pecuaristas entrevistados, esse quadro tende a modificar-se porque os produtores

estão percebendo, cada dia mais, que a baixa organização prejudica o poder de

negociação da categoria.

Entre as regiões visitadas, predominou a avaliação bastante negativa das

atuais condições de organização. Merecem ressalva, contudo, a região de

Rondonópolis e o norte do estado. No caso de Rondonópolis, segundo os

entrevistados, a ação efetiva do Sindicato tem auxiliado na mobilização dos

pecuaristas. No norte, por sua vez, a percepção é de que as dificuldades comuns

têm criado espaço para maior aproximação entre os bovinocultores.

Isso, contudo, não invalida a percepção geral de que são necessários

esforços para a melhoria da organização dos pecuaristas do estado. Essas

medidas, na visão dos entrevistados, devem iniciar por uma revisão dos modelos

de relação entre os sindicatos e os produtores e passar por um levantamento sobre

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278

os fatores capazes de motivar e, ou, desmotivar os pecuaristas quanto à adição de

práticas de coordenação entre eles.

8.6. Gestão

A gestão da atividade pecuária, no Estado de Mato Grosso, foi

praticamente inexistente, mesmo no que se refere aos procedimentos mais

elementares. Naturalmente, cada produtor entrevistado descreveu a forma como

conduz suas atividades, mas em nenhum momento foi observado o uso regular de

instrumentos de gestão. Em termos formais este foi, inclusive, o direcionador que

recebeu a pior avaliação, entre todos os analisados no segmento de produção de

pecuária de corte.

Foram considerados, na composição deste direcionador, os seguintes

subfatores: disponibilidade e qualidade da mão-de-obra, controle de custos de

produção e capacidade de investimento, gestão da rastreabilidade e certificação,

e controle zootécnico e de pastagens.

8.6.1. Disponibilidade e qualidade da mão-de-obra

Existe, em Mato Grosso, relativo consenso quanto à falta de qualificação

do trabalhador em atividades agropecuárias; todavia, em uma visão mais ampla,

percebe-se que essa é uma preocupação de diversos outros setores. Essa carência

de qualificação resulta em um paradoxo, apontado em diferentes artigos:

enquanto as empresas muitas vezes “importam” trabalhadores de outras regiões,

no estado, muitos profissionais necessitados de colocação profissional não

conseguem emprego.

No caso da atividade pecuária, o panorama levantado não foi diferente.

Em todas as regiões, os pecuaristas queixaram-se da falta de qualificação dos

profissionais disponíveis – sobretudo para as atividades técnicas – quando não a

própria disponibilidade de mão-de-obra.

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279

Nas regiões norte-nordeste e leste, adicionaram-se as queixas sobre a

disponibilidade, sobretudo no caso das atividades gerenciais. De acordo com os

entrevistados, há pouco conhecimento prático, sendo freqüente a sensação de que

mesmo os técnicos têm dificuldade em lidar com as peculiaridades do estado.

Questionados sobre a atuação do SENAR no Estado de Mato Grosso, a

maior parte dos entrevistados (principalmente os do centro-sul) foram pródigos

em elogiar a atuação desta instituição; entretanto, na região de maior carência o

SENAR não foi lembrado da mesma forma. É certo, contudo, que os

entrevistados afirmaram que o problema da capacitação não está localizado nas

instituições de apoio: muitas vezes há baixa articulação por parte dos sindicatos,

para estruturarem as listas de demanda por treinamentos; a adesão é baixa e, às

vezes, o próprio pecuarista esquiva-se de liberar o funcionário em dias de

treinamento.

Assim, o que se observa é que um conjunto de fatores responde pela

precariedade das condições de oferta e qualidade da mão-de-obra no Estado. Por

finalidade didática, destacam-se, a seguir, os fatores tidos como mais relevantes:

a) Dificuldade em manter o jovem (quase sempre filho de funcionários da

fazenda) motivado para a prática da atividade pecuária: mais de um

entrevistado ressaltou a preocupação com a crescente urbanização desses

jovens, que preferem remunerações inferiores à capacitação para a atuação nas

atividades rurais. Por tratar-se de problema multifacetado, que envolve

aspectos socioculturais, de formação familiar e ordem econômica, os

pecuaristas não se sentem à vontade para lidar com a situação e, embora se

preocupem, preferem, a princípio, a contratação de mão-de-obra de outras

regiões. No entanto, todos os entrevistados mostraram-se dispostos a investir

em ações que objetivassem minimizar esses problemas.

b) Carência de oferta local de mão-de-obra qualificada: essa foi uma assertiva

mais vigorosa nas regiões norte-nordeste e leste. No entanto, foi citada em

outras regiões, como o Pantanal.

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280

c) Falta de qualificação: como já destacado, os pecuaristas afirmam que a

qualidade da mão-de-obra está aquém do desejado. No caso dos serviços que

requerem maior competência técnica (zootecnistas, agrônomos, veterinários,

gestores), a ausência é ainda mais significativa. Segundo a visão dos

produtores rurais entrevistados, seria importante ampliar o leque de cursos

técnicos no interior do estado, como forma de aumentar a oferta local de

trabalhadores.

8.6.2. Controle dos custos de produção e capacidade de investimento

A gestão agropecuária é, atualmente, um dos pontos mais relevantes na

construção da competitividade de uma cadeia produtiva. De acordo com

Gonçalves (2006, p. 1), a gestão da agropecuária moderna converteu-se na prática de gestão financeira na sua plenitude, inclusive incorporando rentabilidades das aplicações nos períodos de sobras de caixa. Não faz mais sentido o clássico sistema de gestão, com base nos antigos custos de produção que pouco dizem sobre a realidade.

De fato, ainda são freqüentes as reduções das práticas de gestão à análise

e enquadramento dos custos da propriedade; todavia, ao que se percebeu no

Estado de Mato Grosso, nem mesmo os procedimentos mais tradicionais vêm

sendo colocados em prática. No levantamento primário, foi freqüente a menção

ao chavão “o controle de custos é no canhoto do cheque”, descrição que

evidencia a distância do acompanhamento das despesas da atividade.

Diversos autores têm se movimentado na tentativa de melhor

compreender a origem da resistência dos agricultores em atentar para a

legitimidade e pertinência de se aprimorar o processo de gestão nas propriedades.

Machado et al. (2006, p. 2) destacam que “para que o empreendimento rural seja

bem sucedido, é necessário que o controle e o planejamento da produção

incorporem, além da tecnologia utilizada no processo de produção, o uso de

técnicas de gestão administrativas”. Ainda segundo os autores, entre os fatores

que contribuem para a falta de controle do processo de produção, destacam-se as

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281

variáveis climáticas, os baixos níveis tecnológico e educacional dos produtores,

além da distância geográfica entre os agentes de uma cadeia produtiva.

Nas diferentes regiões do estado, a pesquisa de campo comprovou a

necessidade urgente de aprimoramento dos processos de gestão da atividade

pecuária. É importante ressaltar que havia a expectativa de que fossem

encontradas diferenças significativas no controle de custos das propriedades entre

regiões e chegou-se mesmo a considerar que os agentes entrevistados seriam

parâmetros distorcidos, já que foram identificados como relevantes à cadeia.

Todavia, salvo duas menções, todos afirmaram que em suas regiões de origem

(eles inclusos) a prática do controle organizado dos custos de produção não era

regular.

Considerando que a capacidade de investimento depende diretamente da

observação organizada das condições econômico-financeiras da atividade e do

potencial de inserção no mercado, a ausência de controle interno reprime a

capacidade de investimento. Somando-se a esse fato a vigência de intensa crise

para o setor, o resultado esperado – e que se confirmou – foi a flagrante

descapitalização dos pecuaristas mato-grossenses.

De fato, é importante lembrar que o produtor rural de hoje precisa tornar-

se um empreendedor capacitado. As próprias tomadas de decisão sobre a

produção devem lastrear-se em variáveis múltiplas (preço corrente, previsão de

safra e estoques, condições de concorrência, cotação a futuro) e, para tanto, é

necessário que o pecuarista tenha informações consistentes que o auxiliem.

Ainda se tem por distante a perspectiva de uso regular – na pecuária – de

softwares de apoio à tomada de decisão, desenvolvidos de forma particularizada.

Todavia, não se deve perder de vista que ações concretas nascem da percepção

de que a eficiência de uma atividade expande-se de maneira mais que

proporcional, se criadas condições para tal.

Ainda que se considere a perspectiva otimista dos produtores de Mato

Grosso, que julgam já ter superado a crise em sua fase mais aguda, não se pode

esperar por nova crise. É justamente no momento que as condições tornam-se um

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282

pouco favoráveis que se cria espaço para a construção (ou uso) de instrumentos

de apoio à gestão rural que permitam ao produtor ampliar sua rentabilidade.

8.6.3. Gestão da rastreabilidade e certificação

A rastreabilidade é, conforme mencionado anteriormente, uma prática

que permite acompanhar o processo de fabricação de um produto através de

registros e base documental. Em Mato Grosso, no segmento de produção de

bovinos de corte, a prática da rastreabilidade ainda encontra-se aquém do

desejável: do ponto de vista técnico, o país dispõe de regulamentação específica

para o setor; todavia, a capacitação para a prática da rastreabilidade é quase

incipiente. Do ponto de vista da gestão, a rastreabilidade pode ser o passo inicial

para o pecuarista sistematizar os fatores de produção, tanto do ponto de vista de

custos como de desempenho produtivo e zootécnico dos animais.

Em praticamente todas as entrevistas realizadas, ficou claro, de um lado,

o conhecimento sobre os requisitos e, de outro, a baixa motivação dos

produtores. Na realidade, o argumento central reside na necessidade de

atendimento aos mercados consumidores mais exigentes; todavia, a não

conscientização leva a práticas espúrias, capazes de inviabilizar anos de esforço

coletivo.

Em recente reportagem divulgada em Cuiabá (setembro de 2007),

noticiou-se que a identificação de irregularidades nos procedimentos de

rastreabilidade por parte de alguns frigoríficos, com a conivência de pecuaristas,

poderá chegar a comprometer as exportações de todo o estado.

No momento que Mato Grosso prepara-se para pleitear a inclusão das

regiões não habilitadas para exportação junto ao comitê de avaliação europeu,

esse fato, aliado ao descredenciamento de várias certificadoras, põe em cheque as

reais condições estaduais de atestar a qualidade da carne exportada.

Deve-se lembrar que a exclusão do estado como potencial exportador

para a União Européia compromete o país como um todo e cria sinalizações

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

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capazes de retrair ainda mais o preço pago pela carne brasileira no mercado

internacional. Será preciso, e urgente, um grande esforço de reversão do impacto

desse fator de risco, para que se possa criar espaço para a negociação em bases

tranqüilas e imparciais.

No caso da certificação, embora os procedimentos de gestão estejam

igualmente abaixo do desejável, os impactos são menores por se tratar de

atendimento a requisitos específicos. Várias demandas somam-se às da

rastreabilidade, sobretudo as de ordem ambiental, e assim os produtores sentem-

se cada vez mais pressionados à adoção de certificações. No entanto, os custos

associados a esses procedimentos e a não extensão do aceite (nem sempre uma

certificadora exigida em um país é aceita em outro) praticamente inviabilizam as

eventuais vantagens comerciais (a ampliação das vendas externas).

8.6.4. Controle zootécnico e de pastagens

Ainda são muitas as lacunas observadas no controle zootécnico e de

pastagens em Mato Grosso; entretanto, os produtores possuem clara percepção

das vantagens que a adoção de controles mais severos traria para a atividade

e,conseqüentemente, para sua rentabilidade.

Já foi tratado, neste documento, o problema relativo à tecnologia

disponível para a melhoria dos índices zootécnicos e da qualidade das pastagens,

todavia, a adoção das práticas recomendadas não é regular. Há, de fato, um

importante argumento relacionado à descapitalização; no entanto, a pesquisa de

campo mostrou que o problema é mais amplo.

No caso das pastagens existe, de fato, um problema ainda sem solução: o

da morte súbita das pastagens. Já têm sido realizadas várias pesquisas acerca do

assunto pelo escritório da Embrapa localizado em Campo Grande-MS;

entretanto, ainda não se pode dizer que esta é uma questão finalizada. Os

prejuízos decorrentes da morte súbita e os dilemas envolvidos na tomada de

decisão por uma ou outra alternativa de solução preocupam e oneram os

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

284

produtores rurais. Existe uma solução a vista para a efetiva introdução de

leguminosas adaptadas ao sistema de pastoreio, o que com certeza ao se efetivar

determinará uma verdadeira revolução na atividade.

Já no caso do controle zootécnico, os argumentos são vastos e nem

sempre com respaldo técnico-científico. Há pecuaristas que afirmaram preferir

este ou aquele padrão de controle sem que tenha havido justificativa prévia

(técnica) para isso. Outros se queixam da baixa disponibilidade – ou divulgação –

de tecnologias adequadas às realidades locais.

De toda sorte, a questão aqui retratada não consiste na adoção, ou não, de

tecnologia, mas no pouco controle dos indicadores zootécnicos da propriedade.

Percebe-se, claramente, a competência dos pecuaristas quando questionados

sobre os principais índices (em termos de médias regionais); entretanto, a

indicação foi de que, regionalmente, esse tipo de controle praticamente inexiste,

ou seja, o pecuarista não mede e quando mede não armazena os dados de maneira

sistematizada.

8.7. Ambiente institucional

Nas análises sobre cadeias produtivas agroindustriais, a observação dos

elementos componentes do ambiente onde se colocam os agentes é fundamental,

uma vez que as atividades econômicas encontram-se reguladas por um conjunto

de normas e leis que determinam seus limites de atuação e criam regras que

podem apoiar ou comprometer seu desenvolvimento e competitividade.

Esse aparato institucional se desdobra, portanto, em diversos elementos,

tendo sido considerados, na construção do direcionador ambiente institucional

para o segmento de produção, os seguintes subfatores: política e fiscalização

tributária e trabalhista, política e fiscalização ambiental, política comercial,

política creditícia, política e fiscalização sanitária, atuação e representatividade

das instituições, legislação oficial e regulamentação fundiária.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

285

8.7.1. Política e fiscalização tributária e trabalhista

De modo geral, o levantamento primário sobre a percepção dos

empresários acerca da quantidade, qualidade e destinação de recursos originados

dos tributos incidentes sobre a atividade econômica é um tema bastante

polêmico. O conhecido peso da carga tributária no país é de tal ordem que as

queixas são o padrão comportamental mais esperado. Entretanto, essa não foi a

característica mais evidente nos relatos dos pecuaristas do Estado de Mato

Grosso.

No levantamento primário, dois fatores ficaram bem evidentes.

Primeiramente, a maioria dos pecuaristas desconhece as alíquotas e, embora se

queixe da tributação, não atribui a ela a perda de sua competitividade. Em

segundo lugar, há expressivo desconhecimento sobre o perfil de várias taxas

impostas ao setor produtivo e, além disso, há verdadeira indignação quanto à

falta de transparência dos recursos auferidos.

Não houve menção específica a vantagens ou desvantagens fiscais para o

desenvolvimento da atividade em Mato Grosso, comparativamente a outros

estados. As sugestões, nesse sentido, direcionam-se mais à adequação do perfil

creditício, que será tratado oportunamente. No que se refere às taxas e

contribuições mais relevantes, foram destacados na análise:

Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural (FUNRURAL)

Em relação ao FUNRURAL, ficou claro que esse é o recolhimento que

mais intriga o pecuarista. Entre todos os questionamentos sobre os percentuais

pagos, esse foi o único de conhecimento geral. Na visão dos pecuaristas, o

problema não reside especificamente no pagamento do tributo, e sim no seu

formato de recolhimento.

De acordo com os depoimentos, o valor é sempre recolhido pelos

frigoríficos (descontado), mas não há controle do repasse desse recurso. Foi

citado, inclusive, que a descrição antes clara nas notas fiscais, atualmente nem

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

286

sempre consta do documento, o que dificulta ainda mais o “controle” e não dá

garantias, aos pecuaristas, de que o repasse é feito adequadamente e, ou,

completamente.

Na realidade, esse é um tema complexo. De acordo com a Assessoria

Jurídica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais

(FAEMG), o Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural

(FUNRURAL) foi criado pela Lei n.º 4.214, no ano de 1963. Era um sistema de

previdência específico para os trabalhadores da área rural, com benefícios e

formas próprias de custeio. O FUNRURAL, nesse modelo inicial, foi extinto em

1977, com a incorporação ao Sistema Nacional de Previdência e Assistência

Social (SINPAS), que passou a receber as contribuições devidas sobre a

comercialização e a conceder benefícios.

Sendo assim, porque ainda é descontada nas notas fiscais porcentagem

sobre a comercialização para a previdência? Segundo informações oficiais, aqui

transcritas integralmente, “estas contribuições são descontadas e recolhidas,

única e exclusivamente, para custear o sistema da seguridade social (saúde,

amparo assistencial e previdência social), conforme a Constituição Federal de

1988”. Assim, do produtor rural, pessoa física, deve-se descontar e recolher:

2,0% para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e 0,1% para o Seguro de

Acidente do Trabalho (SAT). Já o produtor rural, pessoa jurídica, o recolhimento

é de 2,5% para o INSS e mais 0,1% para o SAT.

No caso do produtor rural, pessoa física, há ainda o desconto de mais

0,2% como contribuição devida ao custeio do Sistema SENAR, que deverá ser

descontado e recolhido pela empresa adquirente, para a Previdência Social no

momento em que a produção é comercializada.

É exatamente nos pontos relatados (desconhecimento da estrutura do

imposto e da destinação) que recaem as queixas dos produtores. Assim, seria

importante construir estruturas de esclarecimento e, simultaneamente,

oportunizar maior transparência na destinação dos valores das retenções por parte

da indústria frigorífica.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

287

Fundo de Apoio à Bovinocultura de Corte (FABOV)

O Fundo de Apoio à Bovinocultura de Corte (FABOV) (Lei n.º 8.432, de

30 de dezembro de 2005), foi criado com o intuito de estabelecer uma base de

apoio financeira ao desenvolvimento de ações e projetos visando à melhoria da

competitividade da pecuária de corte no Estado de Mato Grosso. A diferença da

proposta reside, fundamentalmente, na sua estrutura de gerenciamento: o fundo é

administrado por um Conselho Gestor, presidido por um dos membros titulares

eleitos, bienalmente, e “composto por representantes do setor a quem compete

fixar normas, definir critérios e celebrar convênios para a aplicação dos recursos

destinados ao fundo”.

No levantamento primário, é explícito o desconhecimento dos produtores

sobre o Fundo, até certo ponto compreensível, uma vez que o Fundo foi

regulamentado em 2006 e iniciou sua atuação praticamente a partir do último

trimestre daquele ano. Alguns poucos afirmaram ter algum conhecimento, mas

sem maior aprofundamento. Não houve queixa explícita em relação ao

diferimento, mas todos os entrevistados mostraram-se interessados em maior

divulgação dos propósitos e ações do Fundo.

Fundo Emergencial da Febre Aftosa (FEFA)

O Fundo Emergencial da Febre Aftosa é uma entidade civil mantida pelos pecuaristas, indústrias frigoríficas e empresas de leilões, em parceria com os governos federal e estadual, por meio da Delegacia de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (DFA-MT) e do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (INDEA-MT), órgão responsável pela execução do programa de erradicação da Febre Aftosa (FAMATO, 2007).

A constituição do Fundo deu-se pela percepção de que o risco da

reincidência da Febre Aftosa no estado era importante, e os prejuízos seriam

graves e de difícil composição (a exemplo de eventuais ações de indenização).

Os produtores rurais entrevistados foram unânimes no apoio ao Fundo.

Não houve queixa no repasse dos valores e foi freqüente o elogio à ação do

INDEA-MT. Entretanto, muitos questionaram a real “vocação” do Fundo que,

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

288

embora seja para composição de reserva emergencial, tem financiado sucessivas

ações de prevenção.

Destaca-se que esse questionamento não criou um ambiente de queixa

por parte dos pecuaristas, mas de dúvida sobre o fato de os recursos estarem

sendo canalizados fora dos propósitos originais de sua criação. Em outras

palavras, qual a distribuição de uso? Permanece a composição de uma base

apenas para emergências? Quem delibera sobre a destinação dos valores

arrecadados? A quem é feita a prestação de contas e quem responde, em caso de

emergência?

Essas e outras perguntas foram recorrentes por ocasião da realização das

entrevistas e deixam claro que é importante que se amplie, junto aos pecuaristas,

a base de esclarecimentos sobre o tema.

Fundo Estadual de Transporte e Habitação (FETHAB)

O Fundo Estadual de Transporte e Habitação foi criado pela Lei n.°

7.263, de 27 de março de 2000, e, posteriormente regulamentado pela Lei 7.882,

de 30 de dezembro de 2002. De acordo com informações da Secretaria de Infra-

estrutura do Estado de Mato Grosso, o Fundo tem por objetivo “financiar o

planejamento, execução, acompanhamento, bem como a avaliação dos serviços

nos setores de transporte e habitação em todo o Estado de Mato Grosso”. A

arrecadação se dá por meio de imposto, que incide sobre o valor do frete, do

diesel e das atividades agrícola e pecuária. Atualmente, segundo a SINFRA,

cerca de 30% dos valores arrecadados destinam-se à construção de casas

populares e 70% para obras nas rodovias estaduais.

A percepção dos pecuaristas sobre FETHAB é tão polêmica quanto a

percebida em relação ao FUNRURAL. Há grande queixa, muito mais

relacionada à transparência que à efetiva cobrança. Em todas as entrevistas

percebeu-se a indignação quanto ao uso efetivo dos recursos que, na visão dos

produtores, beneficiam principalmente os residentes no meio urbano. Para eles, o

imposto funciona como uma espécie de “repasse encoberto”, uma vez que a

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

289

qualidade das estradas – sobretudo as vicinais – em Mato Grosso, é bastante

precária, e, por outro lado, são freqüentes as divulgações de construção de casas

populares, asfaltamento de ruas e avenidas urbanas com recursos do Fundo.

Representação – Sindicatos e FAMATO

A percepção dos pecuaristas em relação à representação – local e

estadual é bastante diferenciada. De acordo com o levantamento, o

relacionamento com os sindicatos difere muito em todo o estado e adquire, no

mais das vezes, caráter pessoal. Assim, quando a equipe que coordena (preside) o

sindicato tem características pró-ativas, dinâmicas e de bom relacionamento, os

produtores vêm nesse espaço uma liderança importante. Todavia, quando por

motivos diversos o grupo de coordenação é disperso, o produtor se queixa do

Sindicato. Assim, o problema, ao que se percebe, não está no movimento ou na

representação em si, mas nos representantes.

Essa constatação, embora não seja inovadora, traz consigo um problema

bastante conhecido e de difícil superação: como fazer para que os membros

participem mesmo quando a direção não é positiva? E mais, como criar espaço

para que o grupo diretor veja, entre os associados, parceiros na busca de

vantagens coletivas?

Por outro lado, no caso da Federação, a manifestação dos entrevistados

foi bastante diversa, afirmando sentirem-se “em casa” quando vão à instituição.

Essa sensação de acolhimento é muito importante porque constrói,

simultaneamente, espaço para o diálogo e para a participação.

Assim sendo, não se pode dizer que o levantamento primário indicou

problemas de representação, mas, sim, de organização. A identificação e a

mobilização de lideranças reais tornam-se, portanto, fundamentais à melhoria das

relações entre os trabalhadores, de modo a criar espaço para o esforço coletivo

em torno de problemas comuns. Observa-se que seria interessante o SENAR

implementar ações de treinamento e desenvolvimento de jovens lideranças, com

o intuito de promover a constante renovação das bases da liderança.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

290

Quanto à fiscalização, os pecuaristas afirmaram que, do ponto de vista

dos tributos, ela segue o padrão regular de observação, não tendo sido

apresentadas queixas específicas em relação a um ou outro fator.

No caso da legislação e fiscalização trabalhista, percebeu-se, no

levantamento primário, bastante desconforto da maioria dos pecuaristas. A

principal reclamação reside no fato de que, segundo eles, a ação dos fiscais

extrapola os limites legais e compromete injustamente a imagem de vários

produtores.

Esse fato ficou mais evidente nas entrevistas realizadas com pecuaristas

das regiões Norte-Nordeste e Leste, uma vez que as denúncias de trabalho

escravo são razoavelmente freqüentes nas regiões. Segundo os entrevistados,

unânimes na negativa pelo emprego do termo (trabalho escravo), há relatos reais

de exploração de mão-de-obra. Todavia, na maioria das vezes, o que ocorrem são

denúncias programadas, feitas por trabalhadores que dividem, a posteriori,

recursos com os próprios denunciantes.

Nesta pesquisa, não há espaço para investigações dessa natureza ou a

perspectiva de conclusões sobre o tema. Entretanto, ficou clara a necessidade de

abrir espaço saudável para a discussão do tema, uma vez que é freqüente o

tratamento como “tabu”. Alguns entrevistados, inclusive, preferiram tratar do

tema discretamente, ainda que nunca tivesses tido problema dessa natureza.

8.7.2. Política e fiscalização ambiental

As questões ambientais são o cerne das preocupações legais dos

produtores de Mato-Grosso. De acordo com os entrevistados, as modificações

recentes na regulamentação e nas exigências criaram espaço para grandes

questionamentos.

Em Mato Grosso, o Código Florestal (Lei Federal n.º 4.771/65, com as

alterações promovidas pela Medida Provisória 2.166-67/01), determina que a

reserva legal seja de 80% do imóvel rural em áreas cobertas por florestas

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

291

(incluídas as chamadas florestas de transição) e de 35% nos cerrados72.

Atualmente, o sistema vigente no estado permite a fiscalização e o

acompanhamento da evolução dos desmatamentos, com posterior cruzamento das

informações em bases de dados múltiplas.

De acordo com Lima et al. (2005), Mato Grosso implantou em 2000 o

sistema de Licenciamento Ambiental em Propriedades Rurais (SLAPR), que

utiliza informações derivadas de sensores orbitais, bases cartográficas e de

informações de campo gerenciadas e, ou, processadas por softwares de

geoprocessamento e por gerenciadores de bancos de dados espaciais. O sistema tem por objetivo o controle das atividades de desmatamento e a regularização das propriedades, em face das regras do Código Florestal por meio da localização exata para definição de conservação ou recuperação das áreas de preservação permanente (margens de rios, lagos e nascentes) e de reservas legais (percentual do imóvel rural onde é proibido o corte raso, sendo apenas permitido manejo florestal ou outras atividades sustentáveis) (LIMA et al., 2005).

Apesar de visualizarem, positivamente, a proteção ao meio ambiente, os

entrevistados afirmam que o formato, mais que o processo em si, tem gerado

vários problemas. Dentre os mais relevantes destaca-se a morosidade das

tramitações e a dificuldade em obter o mapa de georreferenciamento. Além disso,

os valores envolvidos no pagamento de taxas para licenciamento são muito altos

e dificultam ainda mais a capacidade de investimento em ampliação da atividade

ou a implantação de sistemas como o confinamento de bovinos.

8.7.3. Política e fiscalização sanitária

A política e fiscalização sanitária, em Mato grosso, foram avaliadas

como satisfatórias pelos pecuaristas. Segundo os relatos, os esforços recentes

pela manutenção da sanidade do rebanho beneficiaram bastante toda a cadeia

72 Há que se considerar que na complexidade do tema, um elemento básico não tem até o momento uma

definição clara, justamente o que é, onde começa e onde termina o BIOMA DA FLORESTA AMAZÔNICA.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

292

produtiva. Todavia, percebeu-se que há dúvidas, ainda, em relação a três

aspectos:

a) procedimentos de vacinação nas reservas indígenas;

b) procedimentos de vacinação nos assentamentos; e

c) procedimentos de vacinação e esforços de defesa sanitária nas regiões de

fronteira.

Dessa forma, é importante avaliar a possibilidade de ampliar o leque de

divulgação das ações realizadas, de modo a criar no produtor rural um senso de

organização.

O único aspecto que merece atenção especial, além das citações, está

ligado à manutenção dos esforços realizados pelos pecuaristas da região norte do

estado. As informações coletadas nas entrevistas mostram que vários produtores

sentem-se penalizados pelo fato de realizarem os procedimentos com maior

despesa (por causa dos fretes) e arcarem com deságio na compra dos animais.

Esse fato deve ser considerado importante porque um descuido nas regiões de

fronteira compromete todo o estado e não apenas uma região específica.

8.7.4. Atuação e representatividade das instituições

A questão da baixa organização dos bovinocultores de corte em Mato

Grosso já foi tratada anteriormente. Todavia, aqui, o que se destaca é a

capacidade de representação dos sindicatos e, ou, até que ponto os produtores

sentem-se representados pelas instituições.

Constata-se, pelo levantamento, que, via de regra, mesmo considerando a

capilaridade da rede de sindicatos no estado, os pecuarista não se sentem

representados por estas entidades. Compõe essa percepção o fato de os próprios

produtores, ao declararem-se pouco mobilizados e pouco atuantes, não

conseguirem explicar a baixa mobilização da categoria. Esses dois fatos – baixa

adesão/participação e pouca representatividade – possuem alta correlação e

precisam ter suas origens mais bem compreendidas.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

293

No caso da Federação, a percepção é diferente: a declaração unânime é a

de que a FAMATO representa a agropecuária estadual e fala em nome do

produtor. Conclui-se, portanto, por um aparente paradoxo, já que o pecuarista

afirma sentir-se representado pelo todo, mas não pela parte.

Aparentemente, isso decorre da cultura do julgamento do Sindicato (e

sua capacidade de representação) a partir da avaliação exclusiva das

características de liderança dos presidentes dos sindicados. Assim, onde há

liderança mais espontânea junto aos pecuaristas, a declaração de

representatividade é um pouco melhor, ocorrendo o contrário nos locais em que o

presidente não é considerado – pelos bovinocultores – uma liderança no setor.

Além disso, ficou clara a necessidade de se criar e, ou, adaptar um

modelo de representação diferenciada. A Federação, com sua rede de sindicatos,

é capaz de formar e aprimorar representatividade institucional. Todavia, o

pecuarista precisa encontrar um espaço para a representação de seu negócio.

Esse modelo, já adotado para a soja e para o algodão, dentre outras

culturas, parece funcionar com maior eficiência e alcance de resultados,

permitindo aos produtores saber a quem dirigir-se para realizar um pleito e

deverá favorecer a sensação de representatividade.

8.7.5. Legislação oficial e regulamentação fundiária

Entre os produtores entrevistados, a preocupação com os temas

relacionados com as alterações fundiárias no estado é grande. Destacam-se, no

conjunto, os indicadores de produtividade do INCRA, os pleitos de criação e, ou,

expansão de reservas indígenas e os aspectos relacionados à classificação do

estado como membro da Amazônia Legal, com repercussões importantes nas

possibilidades de uso da terra.

No caso dos indicadores de produtividade do INCRA, pode-se dizer que

há ampla não aceitação desses. As críticas são várias: modelo de construção dos

indicadores, legalidade das avaliações considerando a média mínima

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

294

estabelecida, critérios de avaliação e enquadramento, dentre outras. Por

conseqüência, houve demanda expressiva pela realização de uma avaliação

desses índices, e também a contestação desses pelos organismos e pelas

instituições competentes.

No caso das reservas, a preocupação, além das questões de área,

relaciona-se à origem dos fatos. Reconhece-se a necessidade de apoio às

comunidades indígenas, da mesma forma que se compreende a situação

complexa em que vivem e se relacionam. Todavia, o que se receia é que a

precariedade de suas condições estimule a busca por novas áreas e que,

conjuntamente, ampliem-se os atritos envolvendo as passagens (pedágios) e os

riscos de sanidade animal.

Além disso, uma vez que o problema com os índios não é homogêneo no

estado, vários entrevistados mostraram-se preocupados com a possibilidade de a

questão ser classificada como um problema esporádico ou pontual, sem maiores

atenções.

Por fim, quanto à questão do uso da terra, os entrevistados afirmaram

sentir-se envolvidos em situação de impasse. Por um lado, existem as pressões

ligadas à preservação ambiental e o reconhecimento de sistemas sensíveis. Por

outro, o produtor, enquanto empresário rural, precisa viver sobre regras razoáveis

de condução de sua atividade, que permitam atingir o ponto ótimo de eficiência

produtiva.

Para eles, as modificações nas regras, à revelia de uma consulta mais

ampla, criam espaço para a identificação de vieses políticos e de ‘juízo de valor’.

Decerto, os pecuaristas compreendem a ‘dívida ambiental’ da atividade; mas não

aceitam ser apontados como os remanescentes de um padrão de empresários

sem maiores preocupações com o meio ambiente.

Será preciso, portanto, criar e, ou, ampliar padrões de discussão a esse

respeito, de forma a garantir que uma atividade com o porte da bovinocultura no

Estado de Mato Grosso, eleve-se ao patamar de representatividade que realmente

possui.

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CAPÍTULO IX

SEGMENTO DE ABATE E PROCESSAMENTO

9.1. Introdução

Como parte dos esforços de entendimento e análise da cadeia produtiva

da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, procedeu-se,

primeiramente, a uma revisão bibliográfica referente ao segmento de abate e

processamento de carne bovina, seguido de um levantamento de campo, em que

especialistas do setor e empresas frigoríficas foram consultados, resultando nas

informações discutidas neste capítulo, o qual é dividido em duas seções.

Primeiramente, é feita uma descrição geral das características da

indústria frigorífica em nível nacional e, mais especificamente, para o Estado de

Mato Grosso. Na segunda seção, desenvolve-se uma caracterização dos vários

direcionadores que afetam a competitividade do segmento de abate e

processamento da cadeia de bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso e

seus respectivos subfatores.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

296

De acordo com IEL, CNA e SEBRAE (2000), o segmento de abate e

processamento apresenta deficiências relacionadas, principalmente, aos seguintes

fatores:

• Baixa confiança e aos freqüentes atritos entre pecuaristas e frigoríficos.

• Crescente aumento no poder de barganha e pressão das grandes redes de

supermercados.

• Aumento no consumo de outros tipos de carne, substitutas à carne bovina.

• Excessiva carga tributária e conflitos fiscais entre estados.

De modo geral, este diagnóstico mostrou que essas tendências gerais

percebidas em nível nacional também ainda se apresentam com tendências

importantes para o caso específico do Estado de Mato Grosso.

Em nível nacional, o segmento de abate e processamento apresenta

grande concorrência entre empresas, que podem ser classificadas em dois grupos:

o primeiro é composto por aquelas que atendem a mercados mais exigentes,

como o mercado externo (exportação) e as grandes redes supermercadistas. O

segundo grupo compreende aqueles estabelecimentos que atendem às

necessidades de mercados regionais, em que o preço é o principal fator de

concorrência (BRASIL, 2006).

No presente diagnóstico, identificaram-se, também, dois tipos de

estabelecimentos: aqueles voltados para exportação e outros que se dedicam ao

fornecimento de carne bovina para o mercado interno brasileiro. Neste último,

foram identificados frigoríficos com inspeção SIF, focados nos fornecimento de

carne para as grandes cidades e outros estados brasileiros e os frigoríficos com

inspeção SISE, que visam o mercado regional.

9.2. Caracterização do setor no Brasil e em Mato Grosso

Considerando os abates de bovinos em nível nacional (Tabela 9.1),

percebe-se que enquanto as regiões Sul e Sudeste mantiveram patamares de

abates anuais relativamente estáveis, a região Centro-Oeste mostrou crescimento

acelerado no período de 1997 a 2007. Tal evolução deve-se à migração dos

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

297

frigoríficos da região Centro-Sul para o Centro-Oeste, na tentativa de

acompanhar a tendência de aumento da produção bovina nessa região. Quanto às

demais regiões, observa-se a baixa capacidade anual de abate bovino nas regiões

Norte e Nordeste se comparadas com as regiões Sudeste e Centro-Oeste. No

entanto, é visível o crescimento na região Norte e, em razão disso, tem ocorrido,

nessa região, novos investimentos frigoríficos recentes.

Mais especificamente no caso de Mato Grosso, este tem ganhado

destaque no ranking dos estados que mais abatem bovinos no Brasil entre 1997 e

2007 (Tabela 9.2). O estado ocupou por três anos consecutivos, de 1997 a 1999,

a sexta posição no ranking brasileiro. Sua pior posição (7.a) ocorreu no ano de

2001, abatendo 3.212.162 cabeças. A partir e então, o estado mostrou uma

tendência de crescimento no número de abates, passando pela 5.a posição nos

anos 2003, 2004 e 2005 e alcançando a 4.a posição em 2006 e nas estimativas

para o ano de 2007. A expansão do número de abates bovinos no Estado de Mato

Grosso fica evidente quando se observam os patamares crescentes de abates

mensais para cada ano, de 2003 até 2007 (Figura 9.1).

Mais especificamente em relação à proporção entre abates de machos e

fêmeas no Estado de Mato Grosso, considerando os abates acumulados entre os

meses de janeiro e agosto, para os anos de 2003 a 2007 (Figura 9.2), percebe-se

uma tendência importante que ocorreu na pecuária do estado nos últimos quatro

anos.

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298D

iagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de C

orte do Estado de Mato G

rosso

Tabela 9.1 – Evolução do abate nacional de bovinos por região brasileira – 1997 a 2007

Regiões 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007**

Norte 3.072.934 3.200.802 3.408.239 3.743.514 4.184.640 4.725.697 5.236.000 5.825.386 6.652.912 6.419.439

Nordeste 5.180.823 4.821.122 4.766.504 4.893.696 5.159.089 5.256.296 5.258.875 5.397.523 5.764.748 5.702.943

Sudeste 10.331.901 9.974.625 9.889.039 9.951.965 9.885.040 10.150.026 10.829.516 11.723.397 12.652.063 11.535.650

Sul 6.544.611 6.283.330 6.371.960 6.812.352 6.757.613 6.931.918 7.067.421 7.432.630 7.089.466 6.261.413

Centro-Oeste 10.391.903 10.534.539 10.294.323 10.549.683 11.088.445 11.745.437 12.439.458 13.629.757 14.984.618 13.942.685

Brasil 35.522.171 34.814.419 34.730.065 35.951.209 37.074.828 38.809.376 40.831.271 44.008.692 47.143.806 43.862.130

Fonte: Anualpec (2007).73 * Estimativa do total de cabeças abatidas em cada estado, incluindo o gado comprado em outros estados. ** Projeção.

73 Considerando-se que há várias fontes de dados sobre abates de bovinos para o Brasil e que há uma divergência de estatísticas entre elas, o que é, de certa forma, um

fato normal para vários produtos do agronegócio brasileiro, optou-se pelos dados do Anualpec, por considerar-se que esta fonte é aquela que mais retrata a realidade atual da bovinocultura de corte brasileira.

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299D

iagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de C

orte do Estado de Mato G

rosso

Tabela 9.2 – Volume e abates de bovinos (n.o de cabeças) por estado brasileiro – 2000 e 2007

Estados 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007**

RO 641.033 764.293 889.975 1.068.445 1.265.742 1.473.782 1.720.124 2.025.640 2.447.465 2.257.011AC 138.346 154.339 166.949 173.500 185.002 202.000 220.110 240.788 275.370 285.877AM 285.116 248.310 219.316 247.494 249.475 282.791 292.475 307.407 330.792 345.700RR 64.863 69.534 72.261 73.731 74.934 80.398 85.526 88.336 91.939 96.502PA 833.119 923.394 1.035.529 1.230.614 1.394.906 1.541.732 1.671.865 1.834.951 2.077.772 2.077.149AP 68.012 56.212 47.061 28.200 19.933 25.518 28.222 27.038 25.425 23.223TO 1.042.445 984.721 977.149 921.530 994.648 1.119.476 1.217.679 1.301.227 1.404.148 1.333.977MA 604.781 532.547 548.143 607.730 658.781 697.090 721.905 744.609 847.410 779.647PI 293.673 270.486 269.256 264.536 275.050 292.048 304.695 308.582 332.021 306.027CE 519.121 455.464 447.732 483.501 521.118 516.426 495.020 527.882 544.078 558.431RN 182.469 162.897 167.771 177.732 193.758 196.369 188.928 200.342 207.718 213.615PB 249.867 219.972 227.069 242.471 264.200 268.673 265.389 273.464 281.064 290.784PE 900.237 810.109 799.066 781.372 857.899 832.055 746.217 715.073 745.730 808.236AL 191.676 175.555 176.579 192.441 216.223 220.150 222.813 228.578 242.778 240.437SE 161.040 150.184 155.855 166.436 182.692 181.271 188.839 197.708 214.895 213.839BA 2.077.959 2.043.909 1.975.033 1.977.478 1.989.368 20.52.215 2.126.069 2.201.284 2.349.055 2.291.928MG 4.140.965 4.187.113 4.047.263 4.106.930 4.243.699 4.506.709 4.849.472 5.300.215 5.924.335 5.438.716ES 362.455 375.758 385.514 399.133 405.479 398.107 400.739 434.143 465.941 439.508RJ 493.935 480.700 483.167 515.673 531.764 533.117 571.991 613.263 633.003 626.410SP 5.334.546 4.931.054 4.973.095 4.930.229 4.704.099 4.712.093 5.007.314 5.375.775 5.628.783 5.031.017PR 2.666.655 2.675.840 2.739.878 2.950.133 2.657.744 2.703.923 2.780.227 2.947.037 2.999.692 2.599.863SC 802.726 738.375 782.846 862.652 883.994 878.506 876.323 970.002 920.870 824.877RS 3.075.229 2.869.115 2.849.236 2.999.567 3.215.875 3.349.490 3.410.870 3.515.591 3.168.904 2.836.672MS 4.103.762 4.386.167 4.121.752 4.429.518 4.593.445 4.686.171 4.789.423 5.164.713 5.741.290 5.174.347MT 2.622.750 2.745.266 2.845.439 2.843.476 3.037.495 3.383.502 3.733.612 3.967.633 4.056.997 4.042.953GO 3.616.800 3.357.099 3.271.697 3.222.957 3.413.088 3.633.268 3.873.305 4.452.808 5.139.894 4.680.414DF 48.591 46.006 55.435 53.732 44.417 42.497 43.119 44.603 46.437 44.971BRASIL 35.522.171 34.814.419 34.730.065 35.951.209 37.074.828 38.809.376 40.831.271 44.008.692 47.143.806 43.862.130

Fonte: Anualpec (2007). * Estimativa do total de cabeças abatidas em cada estado, incluindo o gado comprado em outros estados. ** Projeção.

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300

* Número de cabeças abatidas até agosto de 2007.

Fonte: INDEA-MT, setembro de 2007.

Figura 9.1 – Evolução mensal dos abates bovinos para o Estado de Mato Grosso para os anos de 2003 a 2007*.

Observa-se, por exemplo, que o número de abates de machos, acumulado

de janeiro a agosto, passou de 1.241.817 (em 2003) para 1.345.298 animais (em

2004), definindo um aumento de 8,33% no volume de abate de machos de um

ano para outro. Comparando-se as porcentagens de aumento de abate acumulado

de machos e fêmeas, nota-se que entre 2003 e 2007 houve crescimento muito

maior de abate de fêmeas (170,74%) do que de abate de machos (45,89%) em

Mato Grosso. Tal fenômeno retrata claramente a crise que a pecuária do estado

enfrentou nos últimos quatro anos, quando os pecuaristas foram obrigados a

reduzir o plantel de fêmeas para obtenção de receitas, a fim de cumprir seus

compromissos financeiros. Considerando o ciclo biológico dos animais da

pecuária bovina, a redução drástica de fêmeas nesses anos significa redução no

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301

número de animais nascidos nos anos seguintes e, conseqüentemente, menor

disponibilidade de animais para abate no futuro próximo (2 a 3 anos). Este efeito

já está sendo percebido em meados de 2007, quando se observa redução na oferta

de animais para abate no estado.

Fonte: Dados básicos disponibilizados pelo INDEA-MT. Elaboração realizada

por IMEA, setembro de 2007.

Figura 9.2 – Evolução de abate acumulado de fêmeas e machos de janeiro a agosto, nos anos de 2003 a 2007.

Atualmente, o Estado de Mato Grosso tem uma capacidade instalada de

abate bovino de 22.189 animais diários (Tabela 9.3). Destes, 12.875 animais são

destinados ao mercado exterior (Tabela 9.4). A situação atual do estado, em

termos de capacidade instalada das indústrias frigoríficas, revela um setor em

expansão, com projetos de ampliação em plantas já estabelecidas e implantação

de novas unidades industriais no estado (Tabela 9.5). Tal fato indica que, no

momento não há, praticamente, ociosidade de abate nos frigoríficos do estado,

uma vez que todos estão operando muito próximo ou até além do seu limite

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302

estabelecido. Esse processo de expansão da capacidade de abate bovino procura

atender ao extenso rebanho bovino do estado e também é influenciada pela

possibilidade de otimização da intermodalidade de transporte, a qual é meta do

Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Por esse plano, a conclusão das BR-

158 e BR-163 e a construção da BR-242, interligando as duas primeiras de

Sorriso a Ribeirão Cascalheira, tornará a carne bovina produzida no estado

extremamente competitiva no mercado internacional.

Estes dados revelam previsão de grande expansão na capacidade de abate

de bovinos no estado, partindo-se de 22.189 abates diários em setembro de 2007

(Centro-boi – Tabela 9.3) para um total de 45.389, aproximadamente, 105% de

expansão. Em termos anuais, este número representa um incremento de

aproximadamente 6,96 milhões de abates por ano74, em relação ao nível atual.

Vale ressaltar, também, que as novas plantas estão instaladas ou sendo

implantadas em áreas importantes de produção, quer seja em relação ao rebanho

da região, quer em áreas que contam com logística que possa alcançar outros

mercados a partir do Estado de Goiás. Adicionalmente, a expansão das plantas

frigoríficas ou implantação de novas unidades se dá em áreas antropizadas, não

gerando, portanto, incremento significativo nos níveis de desmatamento no

Estado de Mato Grosso.

74 Considerando 300 dias de abate no ano (365 dias menos domingos e feriados federais).

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303

Tabela 9.3 – Relação de frigoríficos e capacidade de abate diário para o Estado de Mato Grosso, em julho e setembro de 2007, através de levanta-mentos do MAPA e Centro-Boi, respectivamente

Sif/Sise Município Frigorífico MAPA (jul. 07)

Centro Boi (set. 07)

3743 Canarana Arantes Alimentos 500 500 4393 Vila Rica Quatro Marcos 700 700 58 Fricentro Ltda. – Paralisado - -

1751 Tangará da Serra Marfrig 1.250 1.500 2500 Paranatinga Marfrig 1.050 1.050 2979 Araputanga Friboi 1.000 1.000 3964 Friboi 1.270 1.500 42 Barra do Garças Margem 600 600

2819 Cáceres Friboi 500 500 4121 Água Boa Bertin 600 600 2019 Pedra Preta Friboi 600 600 47 A R Silva Frigorela 100

200 Juara Quatro Marcos 825 825 3962 Pontes e Lacerda Vale Guaporá 750 750 11 Bombonatto Ind. Frigobom 200

2819 Fri Alto 600 600 3348

Sinop Rodopa 350 350

2601 Quatro Marcos 800 800 4268 Colíder Nova Carne 467 500 16 Alves e Weirich Ltda. 800 800

2015 Sadia 1.000 1.000 4656 Frical 300 400 585

Várzea Grande

Frigorífico Pantanal 500 850 1751 Cuiabá Quatro Marcos 850 500 62 Vale do Teles Pires 200 57 Frigocar Ind. Frigorífica Carnes 100

4302 Alta Floresta

Quatro Marcos 600 600 2911 Mirassol do Oeste Frigo Safra 550 550 4323 Frimat 100 100 4490 Matupá Frigo Vale Grande 500 500 2937 Nova Canaã Frigo Vale Grande 464 464 3031 Quatro Marcos Quatro Marcos 1.050 1.050 60 R. Veronese 150

2942 Juína Juína Frig 500 500 40 Frigorífico Rondonópolis 150 150

4466 Mercosul 500 500 1886

Rondonópolis Mata Boi 500 500

2345 Nova Xavantina Olhos D'Água 400 400 54 Barra do Bugres Abatedouro Vale do Bugres 200

Capacidade para abates 20.626 22.189

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304

Fonte: Preparado pelos autores com dados do MAPA (2007) e CENTROBOI

(2007).

Tabela 9.4 – Localização das plantas exportadoras de carne bovina no Estado de Mato Grosso e suas capacidades de abate por dia

Localidade Nome SIF Abate por dia

Alta Floresta Quatro Marcos 4302 600 Araputanga Friboi 2979 1.000 Barra dos Garças Friboi 42 1.500 Barra dos Garças Margem 3964 600 Cáceres Friboi 2837 500 Canarana Arantes Alimentos 3743 500 Colider Quatro Marcos 2601 800 Cuiabá Quatro Marcos 826 500 Juara Quatro Marcos 200 825 Paranatinga Marfrig 2500 1.050 Pontes e Lacerda Frig. Guaporé 3962 750 S. J. dos Quatro Marcos Quatro Marcos 3031 1.050 Tangará da Serra Marfrig 1751 1.500 Várzea Grande Sadia 2015 1.000 Vila Rica Quatro Marcos 4393 700 Capacidade instalada de abate para exportação 12.875

Fonte: ABIEC (2007), atualizado em setembro de 2007 com base nos dados do

CENTROBOI (2007).

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305

Tabela 9.5 – Projeção da ampliação total da capacidade de abate de bovinos no Estado de Mato Grosso, através da ampliação da capacidade insta-lada dos frigoríficos e construção de novas unidades industriais

PROJETOS DE AMPLIAÇÃO

Ordem Frigorífico Cap. anterior

Cap. pós ampliação ∆

01 Arantes Alim.-Canarana 500 2.300 1.800 02 Bertin Água Boa 600 1.300 700 03 Pontes e Lacerda - Guaporé 750 2.300 1.550 04 Sadia Várzea Grande 1.000 3.500 2.500 05 Perdigão – Frigossafra Mirassol D’Oeste 550 2.000 1.450 06 Olhos D’Água - N. Xavantina 400 1.500 1.100 Total ............................................................................ 3.800 12.900 9.100

PROJETOS DE CONSTRUÇÃO

Ordem Frigorífico Capacidade de abate

01 Nova Carne Confresa 1.500 02 Margem Ribeirão Cascalheira 1.000 03 Coodenorte Novo Mundo 600 04 Pantanal – Juruena (Luiz Antônio) 400* 05 Nova Monte Verde (Aderbal) 1.200 06 Tabaporã – Milton Belicanta 700 07 Bertin – Diamantino 2.000 08 Friboi – Sorriso 6.000 06 Tabaporã – Milton Belicanta 700

Total ................................................................................................... 14.100

RESUMO DO AUMENTO DA CAPACIDADE DE ABATE/DIA Por expansão da capacidade instalada 9.100 Por implantação de novas unidades de abate 14.100 Total ................................................................................................... 23.200

Fonte: Dados da pesquisa. * Iniciará com 400 cabeças dias e chegará a 1.200 cabeças/dia.

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306

9.3. Evolução dos confinamentos em Mato Grosso

A evolução da implantação de confinamentos de bovinos de corte no

Estado de Mato Grosso foi um aspecto importante detectado nessa pesquisa.

Segundo especialistas e representatividades do setor, o crescimento dos

confinamentos é um fenômeno inevitável e é importante que os agentes da cadeia

de bovinocultura de corte de Mato Grosso avaliem as reais possibilidades de sua

implantação e suas conseqüências, uma vez que, entre outros fatores, aumenta-se

a oferta de bois com carcaça de qualidade (4 a 6 mm de camada de gordura) em

determinados períodos do ano.

Uma vez que o aceleramento do crescimento dos confinamentos de

bovinos de corte no Brasil é um fenômeno relativamente recente, há carência de

estatísticas abrangentes que mostrem a situação desta atividade, tanto no

território nacional, quanto, principalmente, no Estado de Mato Grosso. No

entanto, os dados levantados pela ASSOCON (Associação Nacional dos

Confinadores) em abril, junho e julho de 2007 retratam as tendências desse

setor75.

Segundo as tendências levantadas, é esperado um crescimento no

confinamento para acabamento de bovinos, entre 2006 e 2007, da ordem de 12%

a 18%, tanto em termos nacionais, quanto para o Estado de Mato Grosso.

O avanço no número de confinamentos no território nacional e no Estado

de Mato Grosso aponta para alguns aspectos importantes. Percebe-se claramente,

ao longo dos últimos 14 anos (de 1990 até 2004), uma tendência de aumento da

pecuária de corte nas áreas tradicionais (Rio Grande do Sul e a região em torno

do Triângulo Mineiro, oeste de São Paulo e Paraná e Mato Grosso do Sul), e uma

migração em direção ao Mato Grosso (sudoeste, leste e norte), Rondônia, sudeste

do Pará e noroeste de Tocantins (ASSOCON, 2007a). Tal fenômeno retrata

75 As estatísticas da Assocon originam-se das pesquisas de intenção junto aos seus associados e análises

do mercado e conjuntura ligados ao setor de abate de bovinos, lembrando que os associados desta entidade forneceram, em 2006, o equivalente a cerca de 18,4% dos animais oriundos de confinamentos abatidos no território nacional (422,6 mil animais abatidos de uma estimativa total de 2,3 milhões de animais abatidos em 2006).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

307

claramente migração das áreas de confinamento para regiões próximas das

grandes áreas produtoras de grãos (milho e soja). Portanto, espera-se um

incremento importante no número de confinamentos no Estado de Mato Grosso

para os próximos anos.

Em termos gerais, ao se considerar um abate anual de 44 milhões de

cabeças para o Brasil no ano de 2006, com 30076 dias de abate no ano serão

totalizados 146.666 cabeças abatidas por dia. Numa estimativa aproximada, se o

número dos bovinos confinados anualmente chegar a 2,8 milhões por ano, tal

valor equivaleria a dezenove (19) dias de abate. Em termos nacionais, esse valor

não é muito significativo, mas considerando que poderá haver concentração dos

confinamentos, principalmente onde há disponibilidade de alimento, ou seja, nos

Estados de Goiás, Mato Grosso e vizinhos, essa evolução nos confinamentos

pode trazer impactos regionais importantes para a oferta de animais terminados

no mercado.

Pela tendência geral percebida no estado, o confinador é um

agropecuarista (o agricultor cultivador de grãos, que não tem histórico de

participação na atividade pecuária e, portanto, não pratica cria e recria de

bovinos), o qual precisa adquirir bois magros a serem engordados pelo

confinamento. O acesso ao boi magro pode acontecer através de parcerias com

pecuaristas que praticam cria e recria de bovinos ou compra desses animais no

mercado. De qualquer forma, a aquisição dos bois magros para engorda retiram

esses animais do pasto e aceleram a terminação deles, que seria para dezembro e

janeiro, a pasto, passando para setembro a novembro, no cocho. Portanto,

prevalecendo a tendência de expansão expressiva do número de bois confinados

no Estado de Mato Grosso, espera-se que haja maior equilíbrio entre a oferta de

bois ao longo do ano, reduzindo a oferta no período de safra (em torno de

dezembro e janeiro) e aumentando a oferta no período de entressafra (em torno

de setembro a novembro), sustentando melhor o preço ao longo do ano. Tal

comportamento poderá favorecer, também, o pecuarista que engorda os bois a

76 Descontando-se de um ano (365 dias) os domingos e feriados nacionais.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

308

pasto, que poderá encontrar um melhor preço no período considerado de safra do

animais terminados.

Especificamente no caso de Mato Grosso, a tendência de implantação

dos confinamentos no chamado circuito de produção de grãos parece ser clara e

procura trazer a engorda para locais onde a alta disponibilidade de resíduos da

agricultura permita um custo de produção menor. Neste caso, essa tendência

causaria certo temor em razão do tamanho dos confinamentos que podem vir a se

instalar nessas áreas de produção de grãos.

Por outro lado, em nível estadual, não há informações concretas a

respeito dos números de bois resultantes do confinamento a serem ofertados no

mercado entre agosto e novembro. As estimativas são bastante díspares, havendo

bases de dadso que variam de 500 mil a 800 mil cabeças. Se confirmados esses

números e outros fatores que afetam a oferta de animais terminados, como o

regime de chuvas, se comportarem de forma normal, espera-se escalas de abate

extremamente longas para várias regiões produtoras do estado, uma vez que a

expansão da capacidade de abate ainda é limitada, mesmo contando com as

previsões de aumento para o ano de 2008, em virtude da implantação de novas

plantas e expansão das já existentes. Considerando que na pecuária de corte há

uma relação estreita entre escalas de abate e preços dos animais terminados, se as

previsões de longas escalas se concretizarem, haverá quedas acentuadas no preço

pago ao pecuarista pelo animal terminado nas regiões de concentração dos

confinamentos.

Outro aspecto importante que merece a atenção dos agentes da cadeia de

bovinocultura de corte de Mato Grosso são os arranjos entre confinadores e

frigoríficos, utilizando-se os contratos a termo. Nesta modalidade de transação, o

frigorífico compromete-se a pagar certo valor pela arroba do boi na época do

abate, enquanto o pecuarista compromete-se a entregar os animais terminados.

De modo geral, duas modalidades de contrato a termo estão sendo praticadas em

Mato Grosso.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

309

Na primeira modalidade, o frigorífico compromete-se a pagar uma base,

registrada no contrato, mais uma margem que se baseia no preço BMF/ESALQ

do dia anterior ao abate dos animais. Nesta modalidade, o contrato a termo não

oferece vantagens ao pecuarista, uma vez que o frigorífico garante sua escala de

abate, mas o pecuarista fica à mercê do comportamento do mercado às vésperas

do abate.

Em outra modalidade, o frigorífico estipula, no ato da assinatura do

contrato, o preço a ser pago pela arroba do boi no dia da entrega dos animais,

através de uma estimativa de preços que leva em conta, entre outros fatores, as

cotações do preço futuro do boi gordo. Neste caso, o risco é mais equilibrado

entre as partes, uma vez que ambos se comprometem a praticar os preços do

contrato, independentemente da flutuação do mercado às vésperas da entrega e

abate dos animais.

9.4. Tecnologia

Em termos de tecnologia de abate e processamento, de modo geral, os

estabelecimentos mais tecnificados e orientados para mercados mais exigentes

apresentam sistemas modernos e informatizados, enquanto aqueles menos

tecnificados encontram-se tecnologicamente defasados e em condições precárias

(BRASIL, 2006). Em comparação ao nível tecnológico dos frigoríficos

estrangeiros, os brasileiros estão em igual patamar, havendo somente maior

defasagem para o caso dos processos produtivos, principalmente relacionados

aos subprodutos do boi (FARINA; NUNES, 2003).

Em certo nível, o levantamento do setor de abate e processamento para o

Estado de Mato Grosso possui características gerais semelhantes às descritas nos

trabalhos ora citados. Percebe-se, em Mato Grosso, um grupo de unidades

frigoríficas mais tecnificado e voltado para exportação e outro grupo menos

tecnificado que atende ao mercado interno.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

310

No que diz respeito à disponibilidade de máquinas, equipamentos e

instalações para dar suporte aos processos produtivos, o setor tem ao seu dispor

tecnologia relativa aos insumos disponíveis, que, como afirmado anteriormente,

coloca-o em igual nível de competitividade com as indústrias frigoríficas

estrangeiras. Da mesma forma, a indústria beneficia-se com a disponibilidade de

tecnologia e conhecimento voltados para aprimoramento dos processos de

produção, da preparação e manipulação da carne, de seus derivados e

subprodutos. No entanto, apesar da disponibilidade de conhecimento para

aprimoramento dos processos de produção e das características dos produtos e

subprodutos, ressalta-se o potencial de avanço que a indústria frigorífica da

bovinocultura de corte tem, uma vez que muito ainda pode ser feito para atingir o

nível de sofisticação e diversificação de produtos derivados de outros tipos de

carne, principalmente, aqueles oriundos do setor de suínos e aves.

No tocante aos processos e tecnologia para tratamento de resíduos e

efluentes oriundos da indústria frigorífica, o setor dispõe de tecnologia

apropriada para este fim, não havendo, portanto, reclamações a respeito da

disponibilidade tecnologia nesta área.

Ainda em relação ao aspecto tecnológico, percebeu-se uma situação

desfavorável no tocante ao baixo nível de pesquisa e desenvolvimento (P&D)

dentro das unidades frigoríficas de modo geral. A P&D existe nos frigoríficos

exportadores, mas é praticamente nula no grupo de frigoríficos fornecedores para

o mercado interno, os quais são maioria no estado. De acordo com o diagnóstico,

praticamente não existem esforços por parte desse último grupo em desenvolver

ou aprimorar os processos e, ou, equipamentos envolvidos no abate e

processamento de carne bovina. No caso dos frigoríficos voltados para o

mercado nacional, os avanços nessa área se devem ao esforço de fabricantes e

fornecedores de insumos para o setor de abate e processamento.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

311

9.5. Insumos

Optou-se, neste diagnóstico, por dar maior ênfase à principal matéria-

prima do setor de abate e processamento, ou seja, o animal terminado. O Estado

de Mato Grosso tem o maior rebanho bovino do país e tal condição permite uma

disponibilidade quantitativa de animais para o setor de abate. Considera-se que

houve certa superioridade da oferta de animais em relação à capacidade de abate

(procura por animais terminados) nos finais de 2006 e início de 2007, e, nessa

condição, os frigoríficos encontraram-se em uma situação favorável, uma vez

que, dentro da grande disponibilidade de animais no mercado, é possível, até

certo limite, escolher e comprar os melhores animais.

Adicionalmente, nesta situação de maior oferta de animais em relação à

demanda, houve favorecimento ao segmento frigorífico quanto aos preços de

compra destes. Porém, em um estágio mais atual, desde meados de 2007,

percebeu-se uma inversão significativa deste ciclo de superoferta de animais

terminados para o abate. Tal fato decorreu de elevado abate de matrizes iniciado

em 2003, o que culminou, em 2006, com o abate de 50% de animais machos e

50% de fêmeas, implicando na redução de fêmeas em todas as faixas etárias da

bovinocultura (0-12 meses, 13 - 24 meses; 24- 36 meses e acima de 36 meses).

Quanto à qualidade dos animais, percebe-se, considerando o grupo de

animais ofertados no mercado como um todo, que predomina a oferta de animais

de média qualidade. Tal situação se deve à precária uniformidade dos animais

em termos de sexo, idade, conformação de carcaça e acabamento. São ofertados

no mercado desde vacas com 10@ até bois de 25@. Em ambos os casos, é

predominante animais com má conformação de carcaça e acabamento.

Quando se consideram os outros insumos de produção do setor de abate

e processamento, ou seja, aditivos, embalagens e envoltórios, o setor tem

disponibilidade adequada desses em termos de quantidade e qualidade. Dentre

estes, destacam-se as embalagens, as quais têm sofrido importantes

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

312

aprimoramentos com o objetivo de melhorar a conservação e o

acondicionamento das carnes bovinas.

9.6. Relações de mercado

Dentro desta seção, procurou-se investigar os fatores que influenciam os

contatos e relacionamentos que os demais agentes da cadeia de bovinocultura de

corte do Estado de Mato Grosso estabelecem com as empresas do segmento de

abate e processamento. Primeiramente, é importante ressaltar a crítica situação

do relacionamento estabelecido entre pecuárias e frigoríficos desse estado.

Segundo Sabadin (2006), as negociações entre frigoríficos e pecuaristas ocorrem

basicamente no mercado aberto (spot) e a falta de uma coordenação e de um

sistema claro que sinalize o processo de formação de preço causa desconfianças e

conflitos entre esses dois elos da cadeia produtiva.

No caso do Estado de Mato Grosso, maior cuidado no processo de

transporte dos animais terminados para o abate, transparência no processo de

pesagem e toalete e a não adoção de um sistema de classificação e tipificação de

carcaça bovina parecem ser as grandes causas dos conflitos que ocorrem entre

estes dois elos da cadeia produtiva. Vale ressaltar que este conflito marcado por

desconfiança e oportunismo de ambos os lados é responsável pelo maior prejuízo

da cadeia de bovinocultura de corte de Mato Grosso em termos de

competitividade.

No que diz respeito ao relacionamento entre frigoríficos e fornecedores

de insumos, que não os pecuaristas, foi identificada uma situação relativamente

tranqüila, sem a presença de conflitos e empecilhos ao desempenho competitivo

da produção de carne bovina.

Por sua vez, o relacionamento entre frigoríficos e compradores de carne,

apesar de marcado por uma situação de desbalanço de poder em favor dos

últimos, está em melhores condições do que o relacionamento frigoríficos-

pecuaristas. Foi geral a queixa das unidades frigoríficas consultadas quanto à

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313

situação de barganha e poder que, principalmente, grandes redes de distribuição

de carnes, entre elas supermercados, têm em relação aos estabelecimentos

frigoríficos. Segundo estes, os compradores de carne têm uma posição de compra

privilegiada, em razão da grande oferta de produto no mercado, o que faz com

que eles ditem condições de preço, pagamento e qualidade. Tal aspecto é devido

à concentração dos estabelecimentos compradores de carne na mão de um

número relativamente inferior em comparação às unidades frigoríficas produtoras

de carne.

Considerando-se a rastreabilidade como um sistema que influencia as

relações de mercado, constatou-se que as unidades frigoríficas exportadoras a

praticam como exigência dos mercados compradores, mas as unidades que

fornecem carne para o mercado brasileiro poderiam tirar mais proveito das

informações que ela pode oferecer. Ela se apresenta como uma ferramenta de

grande potencial para melhoria do sistema de gestão de marketing dos

frigoríficos. Se feita com sucesso nos elos anteriores ao frigorífico, a

rastreabilidade pode oferecer a possibilidade de segmentação de mercado,

indicando os ajustes a serem implementados na linha de produção para

atendimento a mercados com exigências específicas.

Todavia, apesar de os frigoríficos exportadores fazerem uso dessa

ferramenta para seu processo de estratégia de marketing, de modo geral, os

frigoríficos de Mato Grosso voltados para o mercado interno, parecem não

explora a contento as possibilidades que as informações oferecidas pela

rastreabilidade dos animais bovinos permitem. Provavelmente, tal evidência

esteja ligada à constatação do diagnóstico da pecuária brasileira realizado em

2000, que indicou que os frigoríficos nacionais, de modo geral, não expressaram

preocupação sistematizada com relação a esta questão, uma vez que do ponto de

vista dos abatedouros e frigoríficos, o consumidor brasileiro ainda não está

sensibilizado para exigência desse tipo de informação e, portanto, se o

estabelecimento o faz, isso tem que ocorrer sem ônus para o consumidor nacional

(IEL, CNA e SEBRAE, 2000).

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314

9.7. Estrutura de mercado

Considerando-se os últimos 30 e 40 anos, o setor de abate passou por um

processo importante de mudança na localização das suas unidades em termos

nacionais, em que as instalações que se concentravam na região Sul e Sudeste

(em meados dos anos 1970 tais regiões possuíam 70% das instalações de abate e

processamento (IEL, CNA e SEBRAE, 2000)) migraram para as regiões Centro-

Oeste e Norte, acompanhando a expansão da pecuária para esta fronteira de

produção.

Com esta migração dos frigoríficos para o centro-norte do País, aqueles

que permaneceram no Sudeste tendem a se aproveitar da maior proximidade dos

centros consumidores (varejistas), especializando-se nas etapas de produção que

favorecem a exploração de segmentos de mercado de maior valor, através do

desenvolvimento de alianças estratégicas com foco na diferenciação do produto.

De modo geral, os custos logísticos indicam que o abatedouro tende a se localizar

próximo ao rebanho bovino, enquanto a indústria processadora junto à

distribuição de seus produtos (BRASIL, 2006).

A tendência aqui identificada é mais uma realidade no caso do Estado de

Mato Grosso, uma vez que há perspectivas de avanço nos modais de transporte,

permitindo que a carne produzida no estado seja competitiva no mercado externo

através do uso de portos mais próximos, localizados na região Norte e

Nordeste77. Este fato faz com que as indústrias frigoríficas do estado estejam

numa posição privilegiada, ou seja, não somente próximas do grande rebanho

bovino (i.e., favorecendo o abate dos animais), mas também em posição

estratégica para exportação da carne produzida (i.e., favorecendo o

processamento da carne).

Em termos da estrutura de mercado, atualmente, os frigoríficos

encontram-se num estágio de concentração que favorece a atuação destes dentro

do estado. Por sua vez, a capacidade de abate é crescente, o que mostra que a 77 No Anexo E, são disponibilizados alguns mapas para visualização dessas possibilidades.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

315

escala de produção é favorável e pode ser ainda mais benéfica se for aumentada.

Tais indícios são, provavelmente, conseqüência do já citado histórico de maior

oferta de animais do que a capacidade que a indústria frigorífica pode absorver, o

que coloca o segmento em uma situação de expansão, apresentando uma

ausência de ociosidade da capacidade instalada de abate.

Quanto à organização das unidades frigoríficas do estado em

instituições representativas, percebeu-se certo nível de desagregação dos

frigoríficos, o que mostra a necessidade de melhor organização e congregação

dos estabelecimentos em entidades que possam atuar em busca de melhorias para

o setor. Puderam-se perceber, inclusive, divergências de interesses entre os

frigoríficos exportadores e aqueles voltados para o fornecimento do mercado

interno.

A logística de insumos foi focada na logística de entrada dos animais

terminados nas unidades frigoríficas e na logística de saída da carne produzida.

Em termos gerais, a situação da qualidade das rodovias federais, estaduais e

municipais do Estado de Mato Grosso pode ser considerada precária, o que

desfavorece tanto o transporte de animais terminados para os frigoríficos quanto

a distribuição das carnes produzidas.

No entanto, percebe-se que mesmo com a precariedade das rodovias, a

logística de saída é mais eficiente e de melhor qualidade do que a logística de

entrada. Isto se deve ao fato de que mesmo com estradas precárias, a distribuição

da carne produzida conta com um manejo de frio eficiente e maior qualidade dos

caminhões frigoríficos, além de o transporte de carnes fluir, geralmente, por vias

federais e estaduais de melhor infra-estrutura.

No caso da logística de entrada, apontam-se vários fatores que

determinam um estágio desfavorável para a competitividade dos segmentos de

abate e processamento e, em conseqüência, para a cadeia como um todo.

Primeiramente, a condição de manutenção das carrocerias dos caminhões

boiadeiros é precária de modo geral, uma vez que farpas e outras partes

pontiagudas, irregularidades no piso e, muitas vezes, descuidado do condutor do

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316

veículo são causas de freqüentes danos ao couro e à carcaça dos animais. Além

disso, uma vez que a malha viária que dá acesso às fazendas produtoras é

geralmente composta por estradas não pavimentadas ou pavimentadas em estado

ruim, o transporte torna-se demorado e oneroso, em razão das quebras e da

necessidade de reposição de peças e manutenção dos veículos.

9.8. Gestão

Em termos de gestão, IEL, CNA e SEBRAE (2000) indicaram que o

setor de abate e processamento de carnes voltado para o mercado interno, possui

uma administração ainda pouco eficiente do ponto de vista empresarial,

principalmente considerando-se a gestão relacionada à utilização de sistemas de

custeio, de finanças, de qualidade e de apoio à decisão, adoção de índices de

produtividade, política de gestão de pessoas e orientação e planejamento

estratégico. Segundo esses autores, os frigoríficos, em sua maioria, originaram de

pecuaristas ou açougueiros que expandiram verticalmente seus negócios e,

portanto, estes estabelecimentos apresentam uma administração familiar pouco

especializada, principalmente naquelas empresas de pequeno porte. Sabadin

(2006) observou que os estabelecimentos voltados para exportação, em razão das

exigências dos compradores e concorrência internacional, adotam ferramentas

mais avançadas em termos de gerenciamento administrativo, recursos humanos,

controle ambiental e estratégias de marketing.

O levantamento deste diagnóstico, realizado em indústrias frigoríficas de

Mato Grosso, detectou nível de gestão superior nas empresas exportadoras em

relação àquelas focadas no mercado interno, como indica Sabadin (2006); no

entanto, identificou-se nível de gestão, nos frigoríficos voltados para o mercado

interno, superior àqueles descritos por IEL, CNA e SEBRAE (2000). Constatou-

se que, de modo geral, tais frigoríficos também procuram adotar ferramentas de

gestão financeira e contábil e gestão de marketing e de produção. A gestão

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

317

financeira e contábil foi considerada adequada nos frigoríficos, uma vez que eles

mantêm sistemas de registros e análises contábeis.

A gestão de marketing foi considerada pouco favorável. Primeiramente,

o marketing institucional foi taxado de desfavorável à competitividade e precisa

ser reforçado, uma vez que o consumo per capita de carne bovina no Brasil tem

caído constantemente ao longo dos anos e percebe-se a necessidade de divulgar

os benefícios do consumo deste tipo de carne. Já o marketing dos frigoríficos foi

considerado favorável, em razão dos esforços para melhorar a aparência das

carnes e suas embalagens, além da iniciativa de vários deles de promover uma

imagem e marca dos seus produtos. Por sua vez, a gestão da produção destaca-se

pelo esforço de adoção de processos de gestão da qualidade e certificação, além

da gestão ambiental.

De modo geral, identificou-se, no caso de Mato Grosso, uma deficiência

na disponibilidade de mão-de-obra, muitas vezes em termos de quantidade, mas,

predominantemente, em termos de qualidade e treinamento. Em entrevistas a

alguns frigoríficos, principalmente nas unidades localizadas no interior do estado,

observou-se que a mão-de-obra disponível é aquela que não obteve trabalho nos

maiores centros urbanos do estado ou de estados vizinhos por falta de

qualificação, ou, se a tem, são pessoas com menor capacidade, que também não

permitiu o sucesso de emprego delas em cidades mais próximas dos grandes

centros urbanos. Portanto, principalmente em nível operacional, os empregados

são destreinados e, se tem treinamento, não são assíduos ao trabalho ou não

seguem corretamente as normas estabelecidas.

As empresas frigoríficas do Estado de Mato Grosso usualmente oferecem

programas de qualificação e treinamento da mão-de-obra contratada. No entanto,

é comum, após o período de treinamento, o trabalhador deixar a empresa para

buscar emprego em outro frigorífico, mais próximo a um centro urbano maior ou

que oferece melhores condições de trabalho. Há, portanto, alta volatilidade da

mão-de-obra, devido ao constante fluxo de entrada e saída de funcionários. A

deficiência da gestão de pessoal no tocante à disponibilidade de mão-de-obra

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318

treinada ficou evidente não somente em termos de funções operacionais, mas

também de cargos técnicos dentro do nível de produção. A gestão interna de

pessoal dentro dos frigoríficos foi considerada adequada, mas com necessidade

de melhorias em aspectos como assistência médica e odontológica e estruturação

de plano de carreira.

De modo geral, foi constatada uma capacidade de investimento dos

frigoríficos na atividade, indicada, principalmente pela tendência de expansão

das unidades existentes ou mesmo implantação de novas unidades pertencentes

às empresas que já atuam no estado.

9.9. Ambiente institucional

Foram identificados, neste diagnóstico, vários aspectos fundamentais

ligados ao ambiente institucional, os quais influenciam sobremaneira a

competitividade do setor de abate e processamento da cadeia de bovinocultura de

corte de Mato Grosso.

A primeira questão relevante é relativa à legislação que rege o

funcionamento do setor de abate e processamento de carnes no Brasil, associada

às Portarias 30478 e 14579. Estas Portarias são consideradas um fator positivo de

competitividade para o setor, desde que seguidas com rigor, pois permitiram um

processo de adequação das indústrias frigoríficas no tocante aos processos de

desossa, transporte, identificação e conservação.

Segundo IEL, CNA e SEBRAE (2000), estas Portarias favoreceram

empresas que buscaram a melhoria da tecnificação e organização da gestão e

desfavoreceram aquelas menos tecnificadas ou clandestinas que não visavam um

produto de maior qualidade. Detectou-se neste diagnóstico que praticamente

78 A Portaria 304, de 23 de abril de 1996, criada pelo Ministério da Agricultura, contempla aspectos

fundamentais à manutenção da qualidade higiênico-sanitária das carnes obtidas nos estabelecimentos sob inspeção sanitária oficial, principalmente com enfoque no controle de temperatura no processo de comercialização de carnes e miúdos (MAPA, 2007).

79 A Portaria 145, de 2 de setembro de 1998, implantou definitivamente a obrigatoriedade da desossa, corte, embalagem e rotulagem com informações a respeito do peso, tipo de carne e prazo de validade (MAPA, 2007).

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319

todos os estabelecimentos frigoríficos do Estado de Mato Grosso já se adequaram

às exigências das Portarias 304 e 145 do Ministério da Agricultura (MAPA).

Outro aspecto importante diz respeito ao sistema de inspeção sanitária.

Até 1989, dentro da vigência da Lei 5.760/71, este sistema era considerado

burocrático, mas, ainda assim, tinha certo nível de eficiência e crédito pelos

agentes da cadeia produtiva de bovinocultura de corte. A partir de 1989, com a

instituição do Decreto 7.889/89, houve a descentralização da inspeção sanitária, a

qual colocou a cargo dos órgãos estaduais, na época pouco estruturados, a

fiscalização para a carne destinada a mercados dentro do próprio estado (sistemas

de inspeção estadual, no caso do MT, o SISE), ficando a inspeção federal (i.e.

SIF) somente aplicada aos derivados de carne destinados a mercados de outros

estados ou à exportação (BANKUTI; AZEVEDO, 2001; IEL/CNA/SEBRAE,

2000).

No âmbito municipal, criou-se o SIM, que regulamenta a inspeção dentro

do município. Detectou-se neste diagnóstico que o problema da fiscalização

sanitária nos estabelecimentos frigoríficos é uma questão que compromete a

competitividade da cadeia da bovinocultura de corte de Mato Grosso. Em nível

estadual e municipal, a inspeção é deficitária, e em nível federal há também

deficiência, principalmente pela falta de quantidade de pessoal qualificado para

desenvolver todas as atribuições do fiscal sanitário nos frigoríficos e deficiência

de normas técnicas de inspeção e abate de bovinos mais atuais, que venham

substituir as que estão em vigência. O setor não dispõe de normas e padrões para

a operação de toalete bovino durante o abate e, portanto, carece de uma

padronização para esse processo de limpeza.

Por sua vez, a norma vigente para classificação e tipificação de carcaça

bovina nacional é a Portaria Ministerial n.º 612, de 5 de outubro de 1989, a qual

define um sistema que parte dele se refere à classificação e parte à tipificação de

carcaças e, por questões de complexidade e dificuldades de operacionalização,

nunca foi implementada na prática, exceto para atender à Cota Hilton e aos

programas de novilhos precoces (FELÍCIO, 2001 e 2003b).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

320

A Portaria n.º 88, de 19 de dezembro de 2003, foi uma tentativa de

estabelecer mudanças na Portaria anterior, visando simplificar o processo de

classificação e tipificação, sendo submetida à consulta pública. No entanto,

algumas falhas importantes foram identificadas nesta tentativa (JACEWICZ et

al., 2004) e, efetivamente, não se chegou ainda a uma situação de uso e

implementação de uma norma de classificação e tipificação de carcaças bovinas

no Brasil, o que dificulta, sobremaneira, o processo de comercialização de

bovinos terminados e iniciativas de melhorias de qualidade dos animais e das

carcaças produzidas pela cadeia de bovinocultura nacional. Como conseqüência,

cada estabelecimento frigorífico põe em prática sua própria classificação de

carcaça, de acordo com os seus mercados compradores.

Quanto à tributação (política e fiscalização tributária), IEL, CNA e

SEBRAE (2000) mostraram que, na visão do próprio setor, o modelo de

tributação era antigo, ineficiente, complicado, onerando muito a produção. Além

disso, apontou-se o sistema de tributação como um dos aspectos que

favoreceriam os matadouros clandestinos e um alto índice de sonegação fiscal,

criando competição desleal. Segundo o diagnóstico desenvolvido por IEL, CNA

e SEBRAE (2000), na opinião acerca do segmento de abate e processamento, o

ICMS, sozinho, não era o problema, mas sim o conjunto de impostos, como o

PIS, FUNRURAL, CONFINS etc., que soma uma carga tributária próxima a

25% ao longa da cadeia produtiva. Também foi citada, como ponto negativo de

competitividade, a guerra fiscal entre os estados, uma vez que estes apresentavam

isenção ou diferentes taxas de ICMS do boi em pé, o que dificultava o transito de

animais dentro do país.

É mostrado, no diagnóstico para o Estado de Mato Grosso, que o cenário

para a questão tributária ainda é crítico e os problemas apontados pelo setor em

2000 e suas reivindicações continuam as mesmas. Os representantes e

especialistas do setor de abate e processamento de carne bovina de Mato Grosso

reclamam do excesso de carga tributária e do seu modelo antiquado de cobranças

ao longo da cadeia, o que causa um custo com tributação superior a 20%, além

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

321

das deficiências na fiscalização. Todos esses aspectos prejudicam o setor e causa

perda de competitividade para a cadeia como um todo, além de continuar

favorecendo o abate clandestino e a sonegação fiscal.

No que se refere ao abate clandestino de bovinos em Mato Grosso, não

há dados estatísticos que comprovem o nível desta atividade. No entanto, ele

existe, principalmente nas pequenas cidades do estado e, muitas vezes, é

responsável pelo abate de animais que não seguem as exigências sanitárias de

vacinação. Portanto, além de constituir-se em prejuízo para os frigoríficos

legalizados pela perda de fatia de mercado, mesmo que pequena, os abates

clandestinos não seguem nenhum padrão de higiene e segurança. Portanto, os

abatedouros clandestinos são uma ameaça para a competitividade da

bovinocultura de Mato Grosso, pois além de prejudicar comercialmente o setor

de abate e processamento, representam uma ameaça também à saúde humana e à

condição sanitária do rebanho bovino da região.

De modo geral, em termos das questões ambientais ligadas ao segmento

de abate e processamento, identificou-se uma situação positiva. Os frigoríficos

com SISE e, ou, SIF seguem todas as normas técnicas exigidas pelos órgãos de

fiscalização ambiental do estado, e tal status representa uma boa imagem para

esse segmento junto a compradores estrangeiros.

No entanto, foram motivos de reclamação dos gestores das indústrias

frigoríficas a constante cobrança e a elevação nos níveis de exigências

estabelecidos pelos órgãos responsáveis. No que se refere à questão trabalhista,

houve também reclamações do ponto de vista das leis trabalhistas e da

fiscalização que, muitas vezes, prejudicam a própria condição do emprego e da

manutenção das vagas disponíveis no setor, devido aos encargos pesados e à

fiscalização excessiva e, às vezes, abusiva.

Um ponto importante detectado neste diagnóstico foi a situação crítica da

divisão do estado em uma área habilitada para exportação para a União Européia

(UE) e uma área não-habilitada. A primeira zona compreende a região ao sul do

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

322

paralelo 13, que corta o estado, enquanto a não-habilitada corresponde à região

ao norte deste paralelo e ao pantanal.

A divisão do estado em duas regiões representa um problema comercial,

pois, além das conseqüências para o segmento de produção pecuária, também há

um desequilíbrio no setor de abate e processamento, pois enquanto os

abatedouros e frigoríficos da área habilitada exportam seguindo os padrões

exigidos pela União Européia, aqueles localizados na área não-habilitada focam

no mercado interno ou exportação para países de lista geral, como Rússia e

países do Golfo Pérsico. Dessa forma, os frigoríficos da área não-habilitada não

têm incentivos para elevar seus padrões de qualidade e processos em virtude da

proibição das exportações para os países europeus, além de se sentirem

descriminados, pois julgam que esta divisão não tem fundamento técnico, mas

somente comercial e político.

No tocante à política creditícia, mesmo embora tenha havido a comum

reclamação dos dirigentes das indústrias frigoríficas sobre os altos juros e

necessidade de melhor adequação da política de crédito, este tem favorecido o

setor nas últimas décadas, permitindo um avanço tecnológico significativo.

Por último, dentro da questão institucional, foi identificada a necessidade

de as entidades representativas do setor de abate e processamento atuam de

forma mais significativa em prol das empresas do segmento. Provavelmente, tal

reclamação tem uma ligação estreita com a situação de pouca participação e

união das empresas nas entidades representativas da classe. Portanto, maior

participação e atuação das empresas dos segmentos nas entidades de classe e

atuação dessas entidades em prol do setor foram dois pontos importantes

identificados e que necessitam ser melhorados para o favorecimento da

competitividade geral da cadeia de bovinocultura de corte de Mato Grosso.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

323

9.10. Entidades representativas

O levantamento feito no estado indicou que os estabelecimentos de abate

e processamento de carne se faziam representar pelos seguintes entidades de

classe em nível nacional e regional:

• Associação Brasileira de Indústria Frigorífica (ABIF).

• Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC).

• Associação Brasileira da Indústria de Armazenagem Frigorífica (ABIAF).

• Sindicatos Estaduais da Indústria de Carnes e Derivados.

• Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Estado de Mato Grosso

(SINDIFRIGO).

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CAPÍTULO X

O SEGMENTO DE DISTRIBUIÇÃO DE CARNE BOVINA

10.1. Introdução

O segmento de distribuição de carne bovina do Estado de Mato Grosso

está voltado tanto para o atendimento do mercado interno como do externo. O

diagnóstico do sistema permite identificar os vários entraves ou desacertos,

comuns em economias dinâmicas e, ou, em desenvolvimento, e derivar ações

corretivas para seu aperfeiçoamento e ampliação da sua competitividade.

Os canais de comercialização físicos e não-físicos são úteis para retratar

os sistemas de distribuição em uma determinada época ou a evolução destes

através dos anos. Desse modo, é possível acompanhar as mudanças que ocorrem,

por exemplo, em termos da permanência ou não de agentes tradicionais

envolvidos na cadeia produtiva, verificar queda ou aumento da participação de

cada agente e analisar as formas mais usuais de comando e, ou, organização que

nela atuam. A identificação dos canais de comercialização também permite

melhor visualização e determinação dos possíveis pontos críticos que

estrangulam o funcionamento harmônico da cadeia, como: ausência de

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concorrência, má logística distributiva, ausência de rastreabilidade, falta de

organização e integração e coordenação entre os agentes.

O processo de distribuição de carnes no Brasil difere de região para

região, em decorrência de aspectos locacionais, culturais e econômicos. No

entanto, se assemelham, genericamente, nos níveis tecnológico e

profissionalizante, conforme identificados por Sabadin (2006) e IEL, CNA e

SEBRAE (2000). De acordo com Soares (2007), excluindo os aspectos de

origem-destino, apenas seguindo os fluxos institucionais, no Brasil, o processo de

distribuição de carnes se apresenta como apresentado na Figura 10.1.

Observa-se que 63% das carnes são vendidas através de redes

supermercadistas. O varejo tradicional – açougues - representa 18,6%. A venda

institucional, incluindo churrascarias, hotéis, restaurantes, butiques e outros,

representa 8,1%, a realizada através do segmento atacadista representa 10,1%. A

mesma pesquisa identificou que nas grandes redes de supermercado, a

participação das carnes in natura é de 12,5% do total de vendas.

Supermercados63%

Açougue19%

Institucional8%

Atacadista10%

Fonte: Decisão Consultoria, citado por Soares (2007).

Figura 10.1 – Canais de distribuição institucional da indústria da alimentação, em volume.

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Comparativamente, em relação a outros produtos perecíveis vendidos

nos supermercados, observa-se que a seção de açougues ou carnes ocupa o

segundo lugar (8%) depois de frios e laticínios (14,7%), num total de 34,9% de

perecíveis. De outro modo, carnes representam 23% do total de perecíveis

(Tabela 10.1).

Tabela 10.1 – Participação nas vendas na seção de perecíveis, em São Paulo – 2003

Seções Participação relativa (%)

Frios e laticínios 14,7 Açougues 8,2 Hortifrutis 6,4 Padaria e confeitaria 3,2 Comida pronta 1,4 Peixaria 1,0 Total de perecíveis 34,9

Fonte: Fundação Abras/ACNielsen (2003), citado por Soares (2007).

Nos açougues localizados dentro dos supermercados, a carne de boi

destaca-se como a mais importante, tendo uma participação de 60% no valor total

das vendas de carne, seguida pela carne de aves, 34%, carne de porco, 5%, e

outras, 1%. Ainda de acordo com Abras (2003), citado por Soares (2007), a carne

bovina é comprada em maior volume e com maior freqüência em todas as classes

sociais. A carne bovina também responde por 45% do total de carnes compradas

nos supermercados. A carne de frango vem em segundo lugar com 36% do total,

a de porco, em terceiro, com 6% e a de peixe com 13%. Outro dado que mostra a

importância da carne bovina para os supermercados é o que se refere à freqüência

com que ela é requisitada, ou seja, a cada 2,4 dias. A carne de frango, a cada três

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dias, a carne de peixe, a cada 7,8 dias, e a de porco, a cada 14 dias. Assim,

constata-se a importância para o supermercado em utilizar a carne de boi como

elemento forte na atração de clientes e na formulação de promoções diversas, de

acordo com Abras (2003), citado por Soares (2007). Os dados dessa pesquisa

referem-se a São Paulo.

10.2. Caracterização dos segmentos de distribuição da carne bovina no Mato Grosso

Embora o conhecimento dos canais de comercialização seja de grande

importância, são poucos os estudos e, ou, bases de dados atuais que identifiquem

os fluxos de origem e destino na distribuição das carnes da pecuária de corte do

Estado de Mato Grosso. Já com relação ao destino dos demais tipos de carne e,

principalmente, para o mercado interno, as quantidades e percentuais carecem de

maiores investigações. No entanto, quanto à distribuição institucional de carne

para os mercados do estado, verificou-se que esta, de fato, se assemelha àquelas

identificadas de acordo com IEL, CNA e SEBRAE (2000) para o Brasil

conforme apresentada na Figura 10.1, com adaptações.

As peculiaridades regionais e o caráter informal da atividade em algumas

dessas regiões tornam difícil afirmar quanto do produto segue por cada um dos

fluxos. No entanto, visitas locais e percepções dos pesquisadores, a partir de

entrevistas com os principais agentes que atuam na cadeia durante esse

diagnóstico, mostram que os formatos de distribuição no estado de fato se

assemelham, em muito, aos padrões dos sistemas de distribuição observados em

outros estados do país. Na análise a seguir, dos principais direcionadores de

competitividade, são identificados aqueles que contribuem positivamente para

seu desempenho e os que contribuem negativamente.

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10.2.1. Tecnologia

Cadeia do frio e equipamentos de manuseio da carne

No Mato Grosso, vencer longas distâncias é uma necessidade imperiosa,

condicionada pela sua localização no interior do país, distante dos principais

portos e mercados consumidores internos da carne produzida no estado. Há

necessidade de uma infra-estrutura de caminhões, câmaras e balcões frigoríficos,

automação, informação e mecanismos de controle capazes de manter a qualidade

da carne nessa cadeia de frio até o seu destino final, dentro e fora do estado.

De modo geral, o diagnóstico revela o segmento de distribuição e dispõe

de uma cadeia de frio suficiente para o atendimento e, ou, abastecimento dos

principais mercados, do estado e fora do estado, ocorrendo sua operacionalização

praticamente sem reclamações, porém, atuando dentro de limites bem estreitos,

carecendo de maiores investimentos se uma possível expansão de mercado e, ou,

exportação vier a ocorrer no futuro próximo. Os frigoríficos e supermercados,

especialmente no caso das grandes redes, dispõem geralmente de boa infra-

estrutura distributiva. Na maioria deles, o setor de carne tornou-se um dos mais

bem aparelhados e, ou, tecnologicamente equipados para sustentar a gestão de

suprimentos e atendimento aos compradores.

Tecnologia e sistemas de informações

De acordo com as informações levantadas, não se conseguiu identificar

um sistema de informação perfeitamente ajustado aos moldes apregoados pelos

Supply Chain Management. Porém, é crescente o uso de informações em

interesse e, ou, benefício próprio e, ou, para troca entre alguns segmentos da

cadeia, em níveis variados. Alguns supermercadistas entrevistados afirmam já

dispor de sistemas informatizados para troca de informações. Com isso,

procuram fazer contatos com os fornecedores para programar abastecimento de

suas unidades, o mais rápido possível, a fim de evitar a formação de grandes

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estoques, e garantir a disponibilidade da carne sem interrupções, num processo

totalmente automatizado.

O sistema de informação em termos de equipamentos para pesagem,

embalagem, venda de carnes, informatização, como uso de código de barras,

balanças eletrônicas, cortes especiais e outros equipamentos, apesar de não

apresentar grandes inovações, mostrou-se satisfatório para o nível de

atendimento atualmente praticado nos supermercados e, mais intensamente, na

exportação.

Quanto ao processamento das informações geradas por essas operações,

por exemplo, para aferição da satisfação dos consumidores com os serviços e

com a qualidade da carne adquirida, verificou-se que esse é ainda de uso restrito.

Em adição, notou-se crescimento na utilização de sistemas de informação nos

açougues evidenciado por maior profissionalização desses pontos de venda. Seria

interessante que houvesse maior empenho de todos os segmentos da cadeia

produtiva em ampliar o uso desses instrumentos.

Uma experiência nesse sentido é relatada por Pitelli (2004) ao falar do

Sistema de Informação da Carne (SIC), criado, em São Paulo, pela Associação

Brasileira de Marketing Rural (ABMR), pela Associação de Criadores de Nelore

do Brasil (ACNB) e pelo Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Estado de

São Paulo (Fundepec). Tal sistema constituiu uma iniciativa importante para

sinalizar melhorias no relacionamento entre os consumidores e os demais elos da

cadeia produtiva da pecuária de corte. De acordo com Marques (2004), citado

por Pitelli (2004), o SIC é muito importante para mostrar a segurança do produto

e seu valor, apressar a rastreabilidade e reduzir a clandestinidade.

A idéia de melhorar a integração na gestão da cadeia de gado de corte,

através do ECR ou Efficient Consumer Response, ainda é pouco difundida e

avançou muito pouco nos últimos anos, haja vista as poucas informações e

estudos sobre essa prática. No entanto, a concretização de alianças

mercadológicas entre os agentes da cadeia, no Mato Grosso, mostra que avanços

têm ocorrido.

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Silva e Vasquez (2007) comentam sobre a necessidade da implantação

de mecanismos de controle na cadeia produtiva, através de alianças

mercadológicas na pecuária de corte do Pantanal como único meio facilitador e

fiscalizador de qualidade e aporte tecnológico para aquela região. Isso é evidente

para todas as cadeias e se constata maior interesse no uso desses mecanismos de

controle e coordenação na pecuária de Mato Grosso. No entanto, são nítidas as

dificuldades de se efetivarem esses mecanismos, em face das relações e inter-

relações de mercado, pouco desenvolvidas, horizontal e verticalmente,

verificadas nos diversos elos da cadeia produtiva no estado.

Destinação de resíduos graxos/cárneos

Os restos de carne, aparas, sebo e ossos precisam de destinação

adequada, para evitar uma série de impactos ambientais e de problemas

relacionados à saúde pública. Esses resíduos são gerados tanto em nível de abate

e processamento como de distribuição e consumo.

A maior parte desses dejetos é gerada no abate e processamento, e menor

parte nos supermercados, açougues, hotéis e hospitais. Podem ter vários destinos,

por exemplo, como lixo urbano, aterros, enterramento, compostagem, queima,

incineração e reciclagem ou industrialização. Segundo Barros e Licco (2007), o

problema da destinação de resíduos tem recebido pouca atenção das autoridades

públicas, tanto nos aspectos de pesquisa, regulamentação sanitária e de meio

ambiente, e de como tratar e dispor dos mesmos, evitando seus perigos e

conseqüências. O mesmo autor conscientiza sobre a necessidade de se buscar

uma gestão e destinação adequadas desses resíduos para que não se tornem num

gargalo à produção e comercialização do produto nobre e, economicamente

importante, que lhes dão origem – as carnes.

Segundo entrevistados, nesse diagnóstico, a destinação de resíduos

graxos e, ou, cárneos, em nível de distribuição no Estado de Mato Grosso, é

relativamente pouco significativa, ficando mais afeita aos frigoríficos essa

preocupação. Porém, pode-se constatar que, com relação a essa parcela de

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resíduos, tida como pouco significante pelos agentes do segmento de

distribuição, não há uma preocupação mais séria, levando a crer que essa tenha

destino pouco recomendável constituindo, portanto, fator limitante ao

desempenho do segmento nesse particular.

10.2.2. Insumos

Disponibilidade de carne

A disponibilidade e a diversidade de produtos é uma das características

de economias desenvolvidas, provando que os sistemas produtivos são capazes

de produzir e comercializar com eficiência esses produtos, atendendo aos desejos

e às necessidades das populações por meio de um suprimento contínuo. Nas

diversas praças e instituições visitadas nesse diagnóstico, no Estado de Mato

Grosso, verificou-se que não há problemas quanto à disponibilidade dessas no

fornecimento, não se constituindo, portanto, fator restritivo para o abastecimento

e atendimento do consumo tanto para o mercado interno quanto para o externo. O

estado é capaz de suprir todas as demandas atuais e futuras, na opinião de vários

agentes do setor.

Qualidade da carne

No que diz respeito à qualidade da carne, que pode ser definida sobre

vários aspectos, como uniformidade no abate (raça, sexo e idade de animais),

rastreabilidade, tipos de corte, principalmente da carne vendida para o mercado

interno, constatou-se que há muito a desejar. Mesmo, para a carne que segue

para o exterior, considerada de boa qualidade, em face de seu regime de

produção a pasto, ainda assim, segundo Oshiai (2007), comparada a de outros

países como a carne da Irlanda, Escócia, Argentina e a do Brasil,

particularmente, ainda é vendida como uma commodity, tendo, portanto, muito

que melhorar ou diferenciar. Esta é uma opinião confirmada por outros agentes

da pecuária de corte do Estado de Mato Grosso entrevistados neste diagnóstico.

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Preço da carne

O preço da carne não representa um problema na distribuição, ou seja,

não afeta negativamente o desempenho do sistema. Há, no entanto, opiniões

divergentes no setor quanto ao que o preço possa representar para o consumidor

de carne bovina. Alguns consideram que a carne tem um preço baixo e pouco

afetaria no orçamento dos consumidores, e que os problemas surgidos no

consumo, redução, por exemplo, derivam-se de hábitos culturais. Por outro lado,

segundo outros, a carne é um produto nobre e caro para os padrões de renda de

grande parte dos consumidores brasileiros, que reduzem o consumo

sensivelmente, caso haja elevação de seu preço. Analisando os preços,

identificaram-se taxas geométricas de crescimento de 0,08% semanais para o

traseiro com osso (boi e vaca), e de 0,14% semanais para o traseiro sem osso

(boi), no período de fevereiro de 2005 a maio de 2007, para as médias móveis

quadrissemanais do preço real deflacionado pelo IGP-DI para o fim do período.

Já o dianteiro, tanto com osso, como sem osso (boi e vaca), apresentou

decréscimo da taxa geométrica da ordem de 0,20% semanais no mesmo período.

Embalagens

As mudanças no setor de embalagens ocorrem como conseqüência direta

de avanços tecnológicos e de resposta às novas tendências de consumo e às

exigências das novas formas de comercialização, tanto no atacado como no

varejo, levando-se em conta mais do que nunca a preocupação com a segurança

alimentar, principalmente do ponto de vista de sanidade e conveniência do

produto, segundo IEL, CNA e SEBRAE (2000).

A obrigatoriedade das Portarias Ministeriais n.o 304, de 22 de abril de

1996, e n.o 145, de 1.o de setembro de 1998, que exigem a comercialização de

carnes já desossadas e embaladas para o setor varejista, tem se consolidado e

transformado o processo de comercialização de carnes no estado e no país.

Segundo IEL, CNA e SEBRAE (2000), as principais dificuldades

enfrentadas por processadores e distribuidores estão relacionadas à mão-de-obra

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não especializada, custo de implantação da desossa e equipamentos de

embalagem, descarte de ossos, sebos e subprodutos e falta de informação e

esclarecimento do consumidor final sobre aspectos de conservação e preparo das

carnes embaladas. Alguns pontos de venda são receosos em comercializar

produtos, como no caso dos embalados a vácuo, por temor à falta de informação

do consumidor, que pode vir a correlacionar sua aparência a uma eventual má

qualidade e, por sua vez, identificar negativamente a marca.

De início pode-se afirmar que o processo de adoção de embalagens no

varejo seria uma tendência irreversível e esse traria melhoria de competitividade

para o setor, porém, isso parece não acontecer na velocidade desejada. Segundo

entrevista com supermercadista de Mato Grosso, grande parte da carne que

procede dos frigoríficos para os supermercados vem sendo entregue em caixas, já

desossadas, embora também ocorra na forma de peças inteiras, porém, em menor

proporção.

No varejo, há aparente preferência por carne embalada em bandejas,

geralmente com pouco volume de carne processada ou já em cortes específicos

para atender a consumidores cujas famílias são cada vez menores e, ou, em que o

número de pessoas vivendo sozinhas ou solteiras e, ou, separadas cresce, e que

dispõem cada vez de menos tempo para cozinhar. Também, é crescente a

preferência por carnes frescas, para consumo imediato, ou seja, que não sejam

congeladas e, ou, estocadas.

Há, ainda, a procura tradicional, com essas mesmas características,

porém, para a carne preparada na presença do cliente e depois pesada e

embalada. Essa procura por carne embalada e, ou, preparada no açougue ocorre

simultaneamente dentro de um quadro de ‘conflito’ na mente do consumidor, em

decorrência de dois fatores: o fator cultural e o fator renda.

O fator cultural leva o cliente pela procura da carne a ser preparada no

momento da compra ou na sua presença, já que gosta de carne limpa, sem

gordura e sebo. Porém, não querem pagar pela limpeza, ou seja, querem que a

carne escolhida seja pesada após a toalete, e só, então, embalada, já que

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consideram que a carne é um produto caro para seu nível de renda. Por outro

lado, o supermercado tenta oferecer a carne já limpa e embalada em bandejas

tentando agradar outro tipo de consumidor. O consumidor olha o preço da carne

embalada e tenta comparar com as vantagens que teria se ela fosse pedida no

balcão. A decisão entre uma e outra quase sempre vai depender do preço final

surgido dessa comparação. Como essa comparação, muitas vezes é difícil, pois o

cliente quase sempre acaba preferindo o processo de preparação da carne sob sua

vista. A não ser que outros fatores como pressa e, ou, aparência e, ou, experiência

façam o consumidor optar pela carne embalada. Esse conflito, ao que parece, está

longe de ser resolvido, devendo prevalecer, por enquanto, o pedido de preparo de

carne na presença do consumidor.

Energia

A preocupação com o meio ambiente reflete cada vez mais sobre a

questão do uso da energia que resulte numa maior preservação da natureza. Para

tanto, há necessidade de se buscarem fontes alternativas energéticas que, além da

preservação ambiental, dêem sustentabilidade à atividade econômica. Na

distribuição de carne, o uso de energia é intenso, tanto no transporte como na

armazenagem, ambos dependentes de energia para a locomoção em si e para

refrigeração dos ambientes ou containers para conservação.

O custo crescente da energia elétrica requer uma gestão do transporte e

armazenagem cada vez mais eficiente. O Estado de Mato Grosso, por estar

logisticamente distante de portos e dos mercados centrais, depende fortemente da

disponibilidade e do uso racional de energia. Segundo se constatou nesse

diagnóstico, o custo com esse importante insumo no estado preocupa os

empresários do setor, já que afetam negativamente o desempenho e a

competitividade do segmento, requerendo ações que resultem não somente na

busca de tecnologias e processos poupadores de energia, mas de alternativas

energéticas que priorizem o uso de energia renovável.

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10.2.3. Relações de mercado

Relações com frigoríficos, distribuidores e consumidores

No segmento de distribuição, merece destaque o comportamento dos

agentes e as relações de negócios que estabelecem entre si nos diferentes elos da

cadeia produtiva. Nesse particular, constatou-se, no Estado de Mato Grosso, que

as relações dos supermercados, principais distribuidores no varejo, com os

frigoríficos e com os consumidores mostram um quadro geral de pouca

amistosidade e, ou, interesse, não justificável, em face da grande importância

comercial da carne bovina representa para todos esses agentes.

Segundo IEL, CNA e SEBRAE (2007), Siffert Filho e Faveret Filho

(1998) e Sabadin (2006), a cadeia bovina é a menos integrada se comparada com

a de aves e suínos. Na cadeia de aves e suínos prevalecem sistemas de relações

contratuais entre os agentes, o que lhes confere maior controle sobre custos,

qualidade e quantidade da matéria-prima e produtos e rapidez na difusão de

inovações, conferindo maior competitividade a essas em relação à de bovinos. Na

cadeia de carne bovina prevalece relações de mercado entre fornecedores e

processadores, com reduzida utilização de contrato, tornando mais lenta a

introdução de progresso técnico e mais difícil a redução de custos e a

diferenciação de produtos. O nível de integração contratual é baixíssimo

comparado com o de outros países, segundo Jank (1996).

Deve-se ressaltar, contudo, que os programas de melhoria de qualidade,

integração e rastreabilidade têm efetivamente introduzido mudanças nas relações

de mercado na cadeia produtiva da pecuária de corte no país com os incentivos

do FUNDEPEC, e com as iniciativas das grandes redes de supermercados

atuando em vários estados da federação, como do Grupo Pão de Açúcar e do

Carrefour, principalmente nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul

(PAIVA; GUIMARÃES, 2007).

Outro programa que revela avanços nas relações de mercado e na

organização da cadeia produtiva da pecuária de corte do Brasil e também de

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Mato Grosso, com apoio da Tortuga e da Associação Brasileira de Criadores de

Nelore do Brasil (ACNB), é o programa de Qualidade Nelore Natural, surgido

em 1999 e vigorando até os dias de hoje. Trata-se de um programa de aplicação

simples e prática ao alcance de qualquer pecuarista, independentemente do

tamanho de seu rebanho. A ACNB funciona como órgão gestor do processo e

aglutinador da cadeia, em que cada elo tem a sua participação. Parcerias com

empresas de insumos do setor são feitas com o intuito de levar informações e

novas tecnologias ao pecuarista.

Para informar e nortear o trabalho dentro das fazendas foram criados, em

1999, os julgamentos de carcaça, que, em 2003, culminou na criação de um

campeonato nacional, anual, de qualidade, denominado Circuito Boi Verde de

Julgamento de Carcaças, que passou a vigorar todos os anos, estimulando ainda

mais a participação dos pecuaristas. Avaliaram-se, nesses quatro anos, 10.972

animais, do quais, 10.578 foram aprovados. Até 2005 ocorreram 58 abates,

envolvendo 751 pecuaristas, 34.723 animais inscritos e 33.450 aprovados. Além

dos objetivos de integração, o programa prevê a produção de carne diferenciada,

partir de animais padronizados, e obtenção, da mesma forma, de um produto com

marca e preços melhores.

O programa também criou um selo de qualidade. De acordo com Bonfin

(2007): o gado nelore é a primeira raça produzida no estado com garantia de

origem reconhecida pelo Governo. A raça recebeu o selo Qualidade MT durante

a premiação da 6.ª etapa do Campeonato do Circuito Boi Verde, promovido pela

Associação de Criadores de Nelore do Brasil. A certificação do nelore com o selo

Qualidade MT é uma das ações do Programa Mato-grossense de Melhoramento

da Pecuária (Prommepe) da SEDER-MT. As Associações de Criadores de Nelore

do Brasil e de Criadores de Nelore de Mato Grosso foram as primeiras

instituições a serem beneficiadas com a certificação do gado nelore, em razão do

convênio assinado com a Secretaria de Desenvolvimento Rural em agosto de

2002. Para a certificação do gado nelore produzido em Mato Grosso, o

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Prommepe considerou o processo de criação do gado a pasto, também chamado

boi de capim ou carne saudável.

As relações de mercado com supermercados têm forçado a formação de

alianças mercadológicas para fidelizar relação com supridores ou fornecedores.

Mesmo com importadores isso acontece, ou seja, a relação de fidelização. Isso

pode ser feito para se obter sempre o mesmo tipo de corte e, ou, tamanho de

peças, ou seja, do tipo de um filé com mais ou menos gordura e outras ações

semelhantes. A aliança ou a parceria é uma tendência forte por questões

puramente mercadológicas e constitui uma condição essencial para o sucesso

tanto dos frigoríficos quanto dos supermercados e dos importadores. Segundo

dirigentes de supermercados entrevistados, até há pouco tempo estes compravam

carne de qualquer frigorífico. Uma vez que atualmente os clientes começaram a

reclamar da qualidade da carne, devolvendo-as, eles não tinham como repassar

essa reclamação, já que não olhavam a origem daquela carne. Agora, viram que

se fizerem um acordo ou fidelizarem ou prestigiarem um numero menor de

frigoríficos, mais habilitados, eles sairão ganhando ou poderão repassar queixas

e, ou, negociar melhores condições de preços, qualidade e espaço na gôndola.

Agora compartilham os ganhos e os prejuízos mais de perto. O problema é dos

dois, o que é muito importante. Outro aspecto que tem contribuído para melhor

coordenação na cadeia é a necessidade que os frigoríficos têm de fazer lotes

uniformes para exportação e, para isso, têm que premiar ou relacionar bem com

aqueles pecuaristas que oferecem ou podem oferecer lotes uniformes e, ou, de

animais mais bem acabados.

A fidelização e, ou, as parcerias estão crescendo entre o frigorífico e os

supermercados, por causa das novas exigências dos consumidores. Os

supermercados estão cedendo mais e não impondo condições como sempre

fizeram. As negociações estão ficando mais favoráveis a ambos. Siffert (2003),

citado por Pitteli (2004), no entanto, enfatiza o problema da falta de coordenação

nas relações entre os elos da cadeia e mostra que ela ocorre mais freqüentemente

via preço que por qualquer outra forma.

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Com relação ao mercado externo, observa-se que o Brasil já possui

várias marcas de carne, todas com um diferencial, que pode ser nos tipos de corte

especiais para clientes especiais; pode ser preço, pode ser logística,

rastreabilidade e muitas outras coisas. O setor importador faz exigências

diferentes para cada frigorífico. Comparada, porém, às carnes de outros países, a

carne brasileira exportada, segundo Oshiai (2007), ainda deixa a desejar. A carne

da Irlanda, num supermercado, é vendida por 48 euros, a da Escócia, por 38

euros, a da Argentina, por 25 a 30 euros, enquanto a carne do Brasil é vendida

por 20 euros. No entender do autor, o Brasil vende uma carne commodity,

devendo, portanto, continuar o processo de diferenciação e melhoria de qualidade

para conquistar melhores condições de negociação e venda.

Formação de preços

A formação de preços é um processo complexo que depende da estrutura

de mercado, do poder de negociação das firmas, da oferta e da demanda, dos

concorrentes, localização, condições climáticas e locacionais, dentre outras.

Segundo entrevistados neste diagnóstico, a formação dos preços no segmento de

distribuição no Estado de Mato Grosso não representa um entrave maior ao

funcionamento da cadeia. No entanto, sabe-se que os supermercados realmente

têm um poder maior de impor condições. Porém, constatou-se, a partir das

entrevistas com lideranças do setor e supermercadistas, que a liderança dos

supermercados não é tão absoluta e que novas formas de negociação entre as

partes são crescentes, sendo cada caso um caso. As negociações entre as partes

têm sido incrementadas. Não são mais somente os supermercados que comandam

a negociação entre os elos, pois há situações em que ora os frigoríficos impõem

condições de preço e quantidade, e outras em que são obrigados a aceitar

condições. Mas, a negociação é crescente e não há contrato nem aliança, porque

não há ainda uma continuidade no processo.

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339

Rastreabildade

A rastreabilidade no segmento da distribuição é importante para dar

continuidade a um processo que parte do consumidor vai até o produtor e volta

na distribuição que deve concretizar ou fechar o círculo.

No Estado de Mato Grosso, percebe-se que a rastreabilidade na

distribuição é uma realidade mais voltada para a exportação e menos para o

mercado interno. Nos supermercados, há uma preocupação com uma

rastreabilidade parcial, voltada para atender alguns clientes mais exigentes que

expressam alguma preocupação com a origem da carne. Essa preocupação

também já se verifica em açougues, em menor proporção, e em casas de carne ou

butiques que valorizam bastante esse quesito. No entanto, percebe-se que a

rastreabilidade como pretendida ou proposta ainda tem um espaço muito grande

para ser percorrido, para que o atendimento de todos os seus critérios seja

plenamente satisfeito no estado.

10.2.4. Características da demanda

As características da demanda foram, neste diagnóstico, levantadas na

ótica do agente ofertante e não em consulta direta ao consumidor. Dessa forma,

reflete o ponto de vista dos supermercadistas, butiques e casas de carne.

O subfator imagem inclui qualidade; higiene e limpeza; saúde/nutrição;

atendimento personalizado ou diferenciado; responsabilidade socioambiental. A

imagem do produto cárneo foi detectada desfavorável para a competitividade da

cadeia. Em geral, os consumidores mato-grossenses ainda preferem cortes e

preparos no balcão do açougue ao invés de comprar os produtos disponibilizados

no auto-atendimento (ou gôndolas). Existe algum descontentamento quanto ao

formato disponibilizado, e as informações remetem sempre ao balcão enquanto

produto de maior qualidade para o consumidor final. Existe a crença de que o

consumidor mato-grossense ainda estaria num estagio inicial acerca da

consciência e responsabilidade socioambiental, não remunerando estes atributos.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

340

O atendimento personalizado confere vantagem ao consumidor que procura o

balcão do açougue, prática mais presente em casas de carne ou butiques de carne.

O atendimento e entrega em domicílio é uma prática que contribui para

a competitividade do segmento, mas com pequeno peso, considerada uma prática

de marketing do agente. Normalmente, existe um valor mínimo do cupom fiscal

para que esta entrega seja realizada e, no caso dos supermercados, está associada

à venda de outros produtos além dos cárneos.

A diversidade de produtos cárneos e complementares ainda é vista

como pequena, em geral, e padronizada entre os agentes, não se observando uma

oferta relevante de produtos como carne orgânica ou com atributos que

conferissem nichos de mercado. Práticas de venda de produtos como ‘espetinhos’

prontos foram mencionadas, mas com resultados pífios para os seus vendedores.

Existe prática regular de promoção de produtos cárneos,

principalmente nos supermercados da capital, com diferentes mídias. Em geral,

as práticas promocionais e os descontos acontecem de modo coordenado com os

frigoríficos, associando a disponibilidade de carne às necessidades previstas no

período da promoção. Estas práticas conferem competitividade à cadeia via

preços menores e ampliação do consumo. Existem também algumas práticas de

degustação, normalmente associada aos embutidos com carnes bovinas

associadas às carnes de outras espécies animais.

O preço da carne teve resultado desfavorável na competitividade da

cadeia. Em Cuiabá, os preços reais (deflacionados pelo IGP-DI para maio de

2007, médias móveis centradas quadrisemanais) de carne bovina tiveram

elevações estatisticamente significativas no período de fevereiro de 2005 a maio

de 2007, com exceção da costela. As carnes com maiores elevações de preços

reais representadas pela taxa geométrica de crescimento semanal foram: picanha

(0,27% semanais); patinho (0,20% semanais); filé (0,18% semanais); e alcatra

(0,17% semanais). Um segundo grupo de carnes pode ser representado por coxão

duro, coxão mole, contrafilé e maminha, com taxas de crescimento da ordem de

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341

0,12% semanais. O terceiro grupo, representado por músculo, lagarto, acém e

fraldinha, teve taxa de crescimento de 0,06% semanais.

Em termos de informação ao consumidor, o resultado foi muito

desfavorável à competitividade da cadeia. Em geral, não se sabe se a carne vem

de animais machos ou de fêmeas, e não se tem identificação da origem e

classificação de qualidade. Normalmente, as informações restringem-se àquelas

obrigatórias pela Lei de Defesa do Consumidor, principalmente peso e validade.

A rastreabilidade não é repassada aos agentes de distribuição, que

alegaram não ser uma informação remunerada diferentemente pelo consumidor

final. Assim, as encomendas são feitas no frigorífico, onde são conferidos a

qualidade e estado geral da carne recebida sem, no entanto, exigir a

rastreabilidade. Portanto, este item atua desfavoravelmente para a

competitividade da cadeia.

Em termos de crédito ao consumidor, as práticas nos supermercados

estão associadas ao uso de cartões de fidelização, uso do cheque pré-datado para

clientes previamente cadastrados, ou cartões de crédito de bandeiras nacionais. Já

para as casas de carne, ainda são comuns cadernetas e cartões de crédito.

O quesito renda do consumidor foi avaliado pelos supermercadistas e

casa de carne como baixo e significativamente importante para o consumo de

carne bovina, atuando desfavoravelmente para a competitividade da cadeia.

O preço de outros produtos cárneos surge como concorrentes da carne

bovina, como é o caso dos preços de carne suína, aves e peixes. Estes

apresentam, em geral, preços menores que os de carne bovina, e, ante aumentos

de seus preços, relativamente maiores que a renda, causam decréscimos na

demanda por carne bovina. Além disso, estratégias agressivas de marketing,

como degustação e propaganda, têm sido adotadas pelas cadeias produtivas de

carne de suínos e de aves, aumentando o consumo dessas em detrimento da carne

bovina.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

342

10.2.5. Estrutura de mercado

Concentração, escala e barreira à entrada

O processo de concentração na distribuição varejista já é uma realidade

no Brasil, de acordo com Soares (2007), acontecendo o mesmo na pecuária de

corte no Brasil (SABADIN, 2006). Segundo Gazeta Mercantil (1998), citado por

IEL, CNA e SEBRAE (2000), estima-se que a distribuição do produto para o

consumidor final seja: supermercado/hipermercados/restaurantes/hotéis/refeições

industriais (65%); açougues (30%); butiques de carne (5%). Estes valores

alteraram-se nos últimos anos, a favor dos setores de atacado e varejo, conforme

Sabadin (2006) confirma. Aguiar e Silva (2002), citados por Pitelli (2004),

reforçam o poder de concentração maior na cadeia dos supermercados, também

pelo fato de terem o domínio da informação e por estarem mais perto dos

consumidores.

Uma mudança ainda pouco significativa, mas que vem ocorrendo nos

canais de distribuição, é a formação de parcerias e alianças estratégicas entre

indústria, atacadistas e varejistas. No Mato Grosso, essa mudança ainda acontece

de forma mais incipiente ainda, pelo que se tem constado, porém de forma

crescente entre vários segmentos da cadeia produtiva. A concentração e o

crescimento dos supermercados permitem que se obtenham economias de escala

na aquisição de carne bovina, o que lhes conferem maior poder de mercado.

Logística

De acordo com os levantamentos realizados durante a compilação deste

diagnóstico, percebeu-se que é crescente a preocupação das redes de

supermercados no que se refere à criação de um centro de distribuição atacadista

de carnes no estado para desossa, preparação e obtenção de carnes padronizadas,

de melhor qualidade para melhor atender a seus clientes. Outro objetivo seria

obter menor custo e uma logística mais adequada de entrega a todas as lojas da

rede. Isso, por um lado, além de alterar os formatos de distribuição, criando

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343

novas alternativas de distribuição, pode significar maior eficiência distributiva e

conferir maior agilidade e competitividade ao segmento, se de fato houver

competição no setor. Essas alterações podem, contudo, acabar fortalecendo e, ou,

criando barreiras à entrada e sustentando a tendência de concentração no

segmento.

Do mesmo modo, como verificado por IEL, CNA e SEBRAE (2000),

também se comprovou, com este diagnóstico, a tendência de modernização e, ou,

transformação dos açougues tradicionais no Mato Grosso, através de um

processo de diferenciação de serviços e produtos, para evitar a concorrência

excessiva na venda de carne bovina.

É comum encontrar, portanto, açougues que vendem não somente carnes,

mas também oferecendo produtos complementares à carne, como temperos,

carvão, farinha/farofa, sal, espetos e outros utensílios para preparação e consumo

de carne. Além da disponibilização desses produtos, podem-se verificar como

instrumentos de diferenciação entre pontos de vendas questões relacionadas à

atmosfera/ambiente do ponto de venda e higiene. Alguns pontos de venda

diferenciam-se pelo oferecimento de produtos com marcas “fortes” e

informações ao consumidor sobre os produtos e o modo correto de prepará-los.

As churrascarias, segundo entrevistados neste diagnóstico, têm alterado,

ainda que de forma incipiente, a estrutura de distribuição de carnes no país e no

estado, ao constituir uma rede alternativa para comercialização institucional de

carne, que cresce significativamente.

10.2.6. Gestão

Formato de ponto de venda

O atual diagnóstico confirma a participação dos agentes identificados por

outros estudos na distribuição da carne na cadeia da bovinocultura de corte de

Mato Grosso e traz informações que apenas redefinem ou reforçam os papéis dos

agentes e, ou, fluxos já identificados e apresentados na Figura 10.2. Os

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344

supermercados representam, de fato, o principal agente do segmento de

distribuição de carne bovina no estado. Sua participação pode chegar a cerca de

80% do total de carne comercializada, segundo um dos supermercadistas

entrevistados, e com tendência a ocupar um espaço cada vez maior. As setas em

vermelho, na Figura 10.2, indicam o principal caminho percorrido na distribuição

de carnes no estado, ou seja, aquele que se origina nos frigoríficos e segue para

os supermercados, e desses para os consumidores. Os açougues ocupam, em

ordem de importância, o segundo lugar como agente distribuidor de carne no

estado. Por último, sem se poder especificar percentuais, vêm butiques de carnes

e, ou, casas especializadas e distribuidores institucionais, quais sejam: as

churrascarias, os hotéis e os hospitais. Constatou-se ser crescente o papel das

churrascarias que tendem a tornarem-se cada vez mais importantes no processo

distributivo de carne bovina no estado e no país. Já com relação às butiques, que

procuram atender nichos de mercado, segundo alguns entrevistados, representam

menos de 1% na distribuição de carnes no estado.

Tanto os supermercados como os hipermercados possuem parte da

comercialização de carne como um auto-serviço, e parte ainda no formato de

varejo tradicional ou como açougue, para agradar a todos os tipos de cliente.

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345

Fonte: IEL, CNA e SEBRAE (2007), adaptado para o Estado de Mato Grosso e

para o ano de 2007.

Figura 10.2 – Canais de distribuição institucional de carne bovina no Estado de Mato Grosso.

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346

Gestão de pessoas do setor cárneo

A análise da gestão interna das empresas de distribuição revela os

recursos e, ou, equipamentos que estas dispõem e o modo como os usam para

operarem e atingir seus objetivos, conferindo-as maior ou menor competência e,

ou, eficiência como elo da cadeia produtiva. Nessa busca pela gestão perfeita, é

interessante observar os aspectos considerados relevantes por algumas empresas

nessa direção. Assim, é importante salientar a preocupação recente de

supermercados quanto às exigências para gestão e qualificação de fornecedores

e, ou, pessoas do setor cárneo, de acordo com Elanco (2007), citados por Soares

(2007):

1) possuir uma empresa regularmente constituída de acordo com a legislação

específica ao seu ramo de atividade; habilitada a emitir nota fiscal de venda,

e que também recolha os impostos e encargos cabíveis;

2) capacidade do produtor de manter o fornecimento de maneira consistente e,

ou, constante;

3) confiabilidade do produtor em relação ao cumprimento dos contratos;

4) possibilidade de incrementar a capacidade produtiva sem detrimento dos

demais aspectos da sustentabilidade;

5) capacidade de cumprimento do prazo de entrega;

6) vulnerabilidade da produção aos fatores naturais e de mercado;

7) obedecer a todas as leis nacionais, estaduais e municipais, às exigências

administrativas e aos tratados e acordos internacionais entre os quais o

Brasil é signatário;

8) estar a empresa em dia com a situação tributária, fiscal e social (impostos

federais, estaduais, municipais, INSS e FGTS);

9) respeito às normas relacionadas à saúde e à segurança dos trabalhadores;

10) não possuir títulos desabonados na praça;

11) ter os produtos registrados nos órgãos competentes, atendendo às normas

técnicas em vigor e ter definida uma política da qualidade, com base nas

Boas Práticas de Produção (BPP);

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347

12) ser uma empresa comprometida com ações de responsabilidade social;

13) possuir método produtivo moderno e eficaz;

14) certificação e segurança dos alimentos são essenciais;

15) adequação às regras determinadas pelo varejista na produção e

processamento;

16) produto de qualidade, de acordo com os critérios avaliados pelo comprador;

17) possuir preço competitivo;

17) entrega e logística desenvolvidas (no prazo e qualidade estipulados);

18) escala de acordo com as necessidades do cliente (frigoríficos);

19) respeito a contratos;

20) os produtos orgânicos devem continuar crescendo, mas permanecerão com

uma parcela reduzida do mercado;

21) as redes de varejo procuram formas de diferenciar-se e atender às

necessidades do consumidor. A tendência é aumentar a busca por

diferenciação, seja em produtos, serviços ou custos; e,

22) inovar em parcerias pode ser uma solução (novos produtos, promoções,

marcas diferenciadas).

De acordo com visitas e entrevistas realizadas, com representantes de

algumas redes de supermercados no Estado de Mato Grosso, constatou-se que

essas medidas vêm sendo, de forma mais ou menos precisa, incorporadas e, ou,

requeridas por alguns supermercados no estado. Alguns desses têm avançado,

fortemente, na busca desses critérios, principalmente nos aspectos de marketing

e, ou, estratégias de venda e na gestão da cadeia de suprimentos.

Segundo Sabadin (2006) e IEL, CNA e SEBRAE (2000), quanto à gestão

de pessoas do setor cárneo, empregadas nos segmentos de distribuição, o fator

que mais preocupa é o nível de profissionalização dos agentes que trabalham no

preparo das carnes e no contato direto com os consumidores. Os supermercados,

em geral, são os que têm mais investido em recursos humanos, oferecendo

treinamento técnico, e em gestão de compra e venda. Os açougues têm também

procurado evoluir, investindo em treinamento de pessoal e marketing. No

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348

entanto, segundo visitas aos supermercados e aos açougues no desenvolvimento

deste diagnóstico, no Mato Grosso, particularmente no que se refere à gestão de

pessoas, pode se constatar que esses atuam ainda de forma deficiente, com

bastante espaço para melhorias.

Marketing de venda de carne bovina

Segundo Faveret Filho e Paula (1997), citados por Pitelli (2004), os

frigoríficos não trabalham com marcas, e os produtores não entregam animais

diferenciados (idade, sexo, gordura etc.). Tal fato cria dificuldades para tornar a

carne um produto diferenciado na distribuição, ficando a diferenciação mais na

mão do varejista no momento de atender à solicitação dos clientes no balcão dos

açougues. Barcellos e Ferreira (2003), citados por Pitelli (2004), enfatizam o

caráter commodity da carne distribuída no mercado interno, em relação às demais

carnes, um produto sem diferenciação, e, portanto sem muito valor agregado.

No contexto atual, no entanto, ocorrem mudanças, porém, ainda, tímidas

e, ou, capazes de sustentar iniciativas mais ousadas na elaboração de um

marketing consistente e permanente. Os supermercados e as casas de carnes

especializadas se enquadram nessa categoria, pois procuram ser cuidadosos na

busca de locais mais apropriados para instalar pontos de vendas, obviamente,

onde existe um mercado consumidor ainda não completamente ou corretamente

atendido por outros pontos de venda. Procuram oferecer o produto de acordo com

o tipo de cliente que freqüenta a loja. Em alguns casos, existe uma preocupação

constante com o desenvolvimento ou a aquisição de produtos de marca ou com

selo de qualidade. É o caso, por exemplo, descrito por Martinho (2002) que diz o

seguinte: O setor pecuarista do Estado de Mato Grosso começou a se envolver numa primeira experiência de venda de carne com o Selo de Qualidade Nelore Natural de Mato Grosso para a rede de supermercado Bom Marché do Rio de Janeiro. Ao todo serão comercializadas 30 toneladas de carne por semana do frigorífico Friboi.

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349

Visitas recentes feitas a diversos supermercados no Mato Grosso,

durante este diagnóstico, confirmam investimentos crescentes em ações de

marketing por parte do setor como elemento de atração e fidelização de clientes.

Constatou-se, pela pesquisa, que os supermercados cada dia se preocupam mais

em atender clientes ou consumidores de carne que desejam saber a marca da

carne, a origem, a qualidade, o modo de preparo, a higiene, a limpeza e outros

atributos. Na opinião dos varejistas, estas mudanças têm ocorrido com bastante

freqüência e rapidez.

Muitos consumidores já consideram a origem ou procedência da carne

como um fator indispensável. Segundo este diagnóstico, os frigoríficos estão

investindo cada vez mais em marketing direcionado, principalmente para os

supermercados. O que os frigoríficos fazem é tentar criar um diferencial que

pode estar na marca, no nome do frigorífico, no preço, na qualidade, na

fidelidade etc., acirrando a competição entre eles.

Com relação a preço, por exemplo, obviamente as butiques cobram um

preço maior, uma vez que oferecem produtos especiais para um público especial.

No caso dos supermercados, o que se observou é que esses têm procurado

oferecer um mix de produtos, que atendam a uma gama maior de consumidores

de vários níveis e, ou, classes sociais, através de cortes especiais, marcas e

atendimento pessoal ou sob encomenda, entrega em domicílio e crédito.

Conforme se constatou, os açougues no Estado de Mato Grosso têm

investido, ainda que de forma limitada, em algumas estratégias de venda e, ou,

marketing, principalmente no design externo e interno das lojas, e na

modernização dos equipamentos para operacionalizar o processamento e a venda

da carne. Além disso, procuram dar atendimento mais personalizado aos clientes,

bem como estabelecer estratégias promocionais. Porém, há ainda um longo

caminho a percorrer para se alcançarem níveis mais satisfatórios de marketing

efetivo em termos de mais conveniências, qualidade e atendimento.

Com relação às feiras-livres, o marketing decorre das características

próprias que cercam essa forma de comércio como a sua localização,

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

350

normalmente em bairros importantes, pelo atendimento cordial e pelo papel, até

certo ponto folclórico, que exerce sobre os consumidores. O grande diferencial

das feiras costumava ser o preço, geralmente bem mais baixo que os praticados

noutros pontos de venda, o que nem sempre se verifica mais, principalmente

comparada com as carnes vendidas em supermercados em maior volume e

melhor qualidade.

Gestão da cadeia de suprimentos de carne bovina

Algumas grandes redes afirmam dispor de frigoríficos cadastrados para

fornecimento de carnes dentro dos critérios que consideram importantes, e esses

critérios, ao que parece, começam a predominar nas relações entre frigorífico e

supermercados, haja vista a necessidade de maior compromisso e, ou, controle da

qualidade da carne fornecida. A facilidade de entrega, em face da maior e melhor

disponibilidade de infra-estrutura de distribuição e o aumento no número de

frigoríficos e, ou, fornecedores fazem com que alguma forma de fidelização se

torne necessária. Acordo sobre preços e formas de pagamento também não são

bem conhecidos. O que ocorre é uma parceria implícita, em que os varejistas

procuram oferecer um padrão específico de produtos e tentam obter dos

fornecedores as condições que melhor atendam às suas necessidades na aquisição

desses produtos. Neste diagnóstico observou-se que comumente se trocam

informações com os fornecedores e se discutem preço e qualidade, e se elege um

ou dois parceiros especializados em determinados tipos de carne.

Na opinião de alguns, em um futuro próximo, as grandes redes vão ter

contratos claros sobre as quantidades que compram e sobre prazos. No Mato

Grosso, foram constatados casos em que o frigorífico dispõe de pontos de venda

de carne próprios em rede de lojas, e, ou, casas de carne e, ou, redes de açougues

espalhados pela cidade. Esses pontos distribuem não somente a carne do

frigorífico, mas de outros frigoríficos e de outras marcas. Alguns açougues se

tornaram pontos de venda de carne, através de forte esquema publicitário, por

exemplo, atraindo os clientes com cartazes que promovem tipos e, ou, cortes de

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

351

carnes com preços reduzidos. Nesses pontos de venda (açougue) é possível

encontrar carne de vários outros frigoríficos, e, ou, marcas, além de produtos

complementares e, ou, de suporte a festas e, ou, a churrascos. Esses oferecem

serviços de orientação ao consumidor como forma de fidelização dos mesmos.

No Estado de Mato Grosso conseguiu-se identificar que, embora não

muito comum, existem redes de casas especializadas e, ou, butiques que operam

com um custo operacional muito elevado, ao contrário do acontece com os

supermercados que têm esse custo diminuído. Essas butiques procuram trabalhar

ao máximo na diferenciação do produto, especialmente por meio de carnes

especiais ou de melhor qualidade, e através de cortes especiais. Para atingir um

público restrito e especial, priorizam a aquisição de alguns poucos fornecedores

que, normalmente, têm uma marca forte e, ou, podem oferecer carnes segundo

critérios por elas estabelecidos. Há preocupação, por exemplo, com origem, sexo

e idade de abate dos animais. Algumas butiques adquirem carnes já desossadas e,

ou, manipuladas dos frigoríficos, mas outras adquirem carne para manipulação e,

ou, desossa, para produzirem cortes sofisticados. Embora adquiram carne de

marcas conhecidas, ao que parece, a maior parte das butiques e, ou, casas de

carnes, preferem trabalhar com marca própria, já que dispõem de equipamentos

mais elaborados de manipulação e desossa e processamento. De modo geral,

adquirem carnes na medida da necessidade sem nenhum acordo prévio e por

preços negociados.

Nas feiras livres, tanto nas cidades maiores como nas menores e do

interior, os vendedores de carne fazem sua aquisição a partir de abatedouros e,

ou, matadouros, onde os cuidados sanitários deixam muito a desejar, e a origem

quase sempre é desconhecida. Não há preocupação com cortes e, ou, padrões de

qualidade. Geralmente, nessas os preços são menores, mas também os volumes

comercializados tendem a cair cada vez mais.

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352

10.2.7. Ambiente institucional

Legislação sanitária

As Portarias n.° 304 e 145 continuam impactando a cadeia produtiva da

pecuária de corte no país, conforme previsto e, ou, esperado que acontecesse.

Estudos recentes mostram tendência de mudanças em todos os elos da cadeia,

embora não ainda na intensidade desejada. As limitações para que os impactos

sejam maiores decorrem tanto de restrições dos segmentos de processamento

quanto dos próprios consumidores, muitos deles arraigados nos hábitos de

consumo. Os impactos são mais evidentes nos frigoríficos, supermercados e

butiques de carnes e menos nos açougues, embora alguns venham fazendo

ajustes para melhorarem o visual, higiene e layout dos pontos de venda. Sabadin

(2006) e IEL, CNA e SEBRAE (2000). No Estado de Mato Grosso, os efeitos das

Portarias 304 e 145 já se consolidaram, com resultados bastante positivos para a

competitividade da cadeia.

Fiscalização sanitária

Praticamente não se constataram problemas de fiscalização no segmento

de distribuição, principalmente no que diz respeito aos pontos de vendas de carne

no Estado de Mato Grosso, que possa representar alguma ameaça ao desempenho

do setor. Segundo entrevistados neste diagnóstico, no Brasil, os frigoríficos estão

cada dia mais ajustados com relação às exigências institucionais, legais e

tributárias. Abate clandestino é uma prática cultural dentre outras causas, como

tributária. Mesmo em áreas desenvolvidas é difícil achar carne sifada.

Exigências de rastreabilidade

Entrevistas com supermercados revelam que estes têm se preocupados

com a rastreabilidade, em razão da qualidade e segurança requeridas pelos novos

clientes. Estes dizem que procuram trabalhar com poucos frigoríficos, justamente

para atender a esse quesito. No entanto, verificou-se que, de modo mais geral,

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

353

nos supermercados e açougues, apesar dos avanços obtidos, a prática da

rastreabilidade ainda deixa a desejar, sendo, portanto, necessárias ações mais

incisivas para que seu uso seja mais efetivo. Nas regiões mais tradicionalmente

exportadoras, a rastreabilidade é uma preocupação mais visível e praticada.

Paiva e Guimarães (2007), informando sobre programas de grandes redes

de supermercados que atuam na produção e comercialização através de alianças

mercadológicas no Estado de Mato Grosso, afirmam que trabalham com

rebanhos rastreados, porém, ainda numa forma resumida. A expectativa é, no

entanto, de se fazer investimentos crescentes por parte das empresas envolvidas

para atender mais plenamente à demanda, com selo de garantia, tanto para o

mercado interno quanto externo.

10.3. Consumo

As alterações na dieta alimentar nos grandes países consumidores de

carne tem proporcionado uma transição do consumo de carne bovina para outras

carnes consideradas, pelo mercado consumidor, como mais saudáveis, as

chamadas carnes brancas, entre elas o frango e o peixe. Ademais, problemas

sanitários como a crise do “mal da vaca louca”, ocorrida em 1990 e 2000, além

das mudanças nos preços relativos das carnes concorrentes, alterações na renda e

na preferência do consumidor, têm intensificado essa alteração no consumo

mundial de carnes. Comportamento similar é observado no Brasil.

Desde a década de 1950, principalmente, dois fenômenos têm sido

responsáveis pelas alterações nos hábitos alimentares dos brasileiros: a

urbanização, que faz com que as pessoas passem a fazer suas refeições

predominantemente fora de casa; e a globalização, que introduziu diferentes

produtos e formas de aproveitamento destes.

A necessidade de introduzir novas tecnologias, à busca de mais

eficiência na produção, exigiu o desenvolvimento de ensaios para aprimoramento

de raças e manejos, assim como a introdução de rações e insumos. Nesse aspecto,

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354

a adição de resíduos animais em rações bovinas, na Europa, foi responsável pelo

chamado “mal da vaca louca”. A conseqüência foi a estigmatização da carne

bovina em diversas regiões do mundo, por algum tempo.

No Brasil, tem havido, nos últimos 40 anos, mudanças no foco das

questões relativas à alimentação das populações, não apenas pelas razões

apontadas, como também decorrente da compreensão da disponibilidade e preços

caracterizada na quantificação e na relação com a qualidade, considerando os

aspectos nutricionais dos alimentos, valor protéico e aparência.

Estrategicamente, alguns desses valores têm sido enfatizados por

campanhas de marketing da carne suína e de aves, especialmente frangos, em

face de problemas sanitários ou de outra natureza.

Na Tabela 10.2 mostrada a evolução do consumo per capita de carne

bovina, suína e de frango nos últimos anos. Observa-se que apesar de algumas

oscilações, o consumo de carne bovina vem se mantendo a patamares

semelhantes ao ano de 1996, chegando a apresentar redução em determinados

períodos. Todavia, o consumo per capita de carne de frango aumentou

consideravelmente nos últimos 10 anos. Esse aumento do consumo de carne de

frango pelos brasileiros esta diretamente relacionada à manutenção do preço

desse bem, além do aumento do poder de compra pelos consumidores diante do

controle inflacionário possibilitado pelo Real a partir de 1994. Não restam dúvidas de que o mercado de frango no Brasil está consolidado, mas não-saturado. Uma questão importante nesse caso é o “efeito graduação”, caracterizado por um movimento de ascensão dos consumidores de uma classe de renda para outra, o que gera a adoção de padrões de consumo mais sofisticados, além do efeito derivado de uma renda disponível superior. Isso pode ocorrer em função do crescimento da taxa do emprego e da renda, gerando substituição de uma carne por outra (CARVALHO, 2007).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

355

Tabela 10.2 – Consumo per capita de carne bovina, frango e suínos no Brasil (kg/pessoa/ano)

Ano Bovina Suína Frango

1996 38,0 9,56 22,05 1997 35,8 9,26 23,83 1998 35,8 9,98 26,31 1999 35,3 10,7 29,14 2000 36,3 14,3 29,91 2001 35,3 14,3 31,82 2002 36,6 13,7 33,81 2003 36,4 12,4 33,34 2004 36,4 11,8 33,89 2005 36,5 11,5 35,48 2006 37,0 12,7 35,48

Fonte: ABEF (2007), ABIEC (2007) e ABIPECS (2007).

A partir de 1999, houve importante crescimento no consumo da carne

suína, em decorrência de investimentos e de marketing. Também a adoção de um

sistema de produção intensiva permitiu um preço mais competitivo no mercado.

Certamente, os investimentos em controle sanitário e bem-estar animal

auxiliaram no processo de divulgação da melhoria, o que possibilitou aumento de

modo significativo do consumo até 2001. Entretanto, apesar de todo o esforço na

produção, visando estimular o aumento do consumo desse tipo de carne, o hábito

alimentar dos brasileiros continua retraído em relação ao consumo de carne

suína. Além disso, o preço similar ao da carne bovina e o superior ao da carne de

frango continuam sendo fatores de retração do consumo de carne suína no Brasil.

Verifica-se na Tabela 10.2 que há um crescimento positivo no consumo

de carne de frango, estável na carne bovina e oscilante na carne suína. Nota-se,

portanto, uma linha ascendente do consumo de carnes no Brasil, conforme pode

ser visualizado na Figura 10.3.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

356

30

40

50

60

70

80

90

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

ano

kg/h

ab/a

no

Fonte: ABEF (2007), ABIEC (2007) e ABIPECS (2007).

Figura 10.3 – Consumo per capita de carnes – Brasil – 1994 a 2006.

O consumo de carnes no Brasil pode ser caracterizado pelo seguinte

pressuposto: a população de baixa renda, cujo determinante é preço, está

preocupada com quantidade de carne que poderá adquirir, ao passo que para a

população de alta renda, a preocupação é visivelmente com a qualidade do

produto adquirido, e o preço não interfere na decisão.

Essa pressuposição é parcialmente validada pelo levantamento realizado

pela empresa de Consultoria Decisão (SOARES, 2007), como pode ser

observado na Tabela 10.3. De acordo com esse levantamento, realizado com uma

amostra de 500 consumidores na cidade de São Paulo, o preço é citado pelos

consumidores de classe A e B em 42% dos entrevistados, ao passo que para

consumidores de menor renda (classes C, D e E), o preço é citado por 58% dos

entrevistados como atributo importante na escolha da carne. O item qualidade do

produto, no entanto, tem importância similar para todas as faixas de renda.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

357

Tabela 10.3 – Atributos considerados pelos consumidores na escolha da carne

AB CDE

1 Aparência geral: cor e frescor da carne 74% 73% 2 Higiene e limpeza do estabelecimento 65% 60% 3 Qualidade 59% 58% 4 Data de validade dos produtos 44% 62% 5 Preço 42% 58% ... 7 Ter o carimbo do SIF 32% 18% ... 9 Origem e procedência 27% 13%

Fonte: Decisão Consultoria, citado em Soares (2007).

Outra informação importante retirada desse levantamento é o que o item

mais lembrado pelos consumidores refere-se à aparência geral da carne (cor e

frescor), sendo salientado por 74% nas classes A e B e 73% nas classes C, D e E.

Outro aspecto importante a ser considerado quando se analisa o consumo

de carnes no Brasil é a relação entre os preços desses produtos no atacado e

varejo, e da arroba do boi gordo. No Estado de Mato Grosso, essa comparação

pode ser feita mediante dados de evolução da arroba do boi gordo e cortes no

atacado, fornecidos pelo IMEA (Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola)

e de cortes de carne no varejo, disponibilizados pela APR (Associação de

Produtores Rurais). Todos os dados foram deflacionados pelo IGP-DI, base

agosto de 2004, da FGV (Figura 10.4).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

358

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

18,00

23-fe

v-05

6-abr-

05

20-m

ai-05

1-jul-

05

11-ag

o-05

22-se

t-05

4-nov

-05

16-de

z-05

26-ja

n-06

10-m

ar-06

20-ab

r-06

1-jun

-06

13-ju

l-06

24-ag

o-06

5-out-

06

16-no

v-06

28-de

z-06

8-fev

-07

22-m

ar-07

3-mai-

07

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

Indice boi/tcsIndice boi/picanhaLinear (Indice boi/tcs)Linear (Indice boi/picanha)

Fonte: IMEA e APR, dados trabalhados pelos autores.

Figura 10.4 – Índices de variação de preços da arroba do boi gordo e traseiro com osso e arroba do boi gordo e picanha.

A linha de tendência indica que a relação entre a evolução da arroba do

boi gordo em Cuiabá é acompanhada pela evolução do preço da carne no atacado

(relação boi/traseiro com osso – TCS), ao passo que a relação do mercado de boi

gordo com o preço no varejo não apresenta tendência linear, essa é decrescente,

ou seja, a variação do preço da carne no varejo (picanha) é superior à da arroba

do boi gordo ao longo de dois anos.

Esses dados justificam a queda no consumo per capita de carne bovina

no Brasil. Apesar da ausência de série de preço do frango no atacado e varejo em

Mato Grosso para comparar com a evolução do preço da carne bovina,

empiricamente esse foi um dos principais fatores de alteração no consumo.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

359

10.3.1. Local de aquisição da carne

Como citado anteriormente, supermercados/hipermercados/restaurantes/

hotéis/refeições industriais, açougues e boutiques de carnes são os principais

locais de aquisição de carne bovina, com tendência para concentração na

primeira classe de estabelecimentos (IEL, CNA e SEBRAE, 2000; CARVALHO,

2007), fazendo com que os frigoríficos prefiram fornecer para as redes de

super/hipermercados.

Alguns frigoríficos, contudo, têm percebido que essa sistemática de

venda tem feito com que eles se tornem vulneráveis, já que grande parte de suas

produções tem como destino um só cliente.

Quanto aos atributos que definem a qualidade da carne bovina, esses

foram pesquisados pela Consultoria Decisão em Soares (2007) em uma amostra

constituída de 50 locais de venda, em que 30 eram formados por supermercados

de grande/médio porte, 14 compreendiam aqueles de pequeno porte, além de seis

açougues e três maiores redes em São Paulo, de acordo com a Tabela 10.4.

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360

Tabela 10.4 – Ranking dos atributos que definem a qualidade da carne bovina

Ranking Atributos

1 Cor 2 Procedência 3 Frescor 4 Tipo de criação 5 Teor de gordura 6 Maciez 7 Consistência 8 Temperatura do caminhão que faz o transporte 9 Data de validade 10 Aparência 11 Segurança alimentar da carne que consome 12 Brilho 13 Sabor 14 Odor/cheiro

Fonte: Decisão Consultoria em Soares (2007).

Assim, para os consumidores finais, o atributo xor (que na pesquisa com

os consumidores entra no item aparência) é o principal item que define a

qualidade da carne bovina vendida nos supermercados, açougues e boutiques de

carne, na seqüência estão a procedência e o frescor da carne. Os itens sabor, odor

e cheiro foram considerados, pelos entrevistados, pouco importantes na definição

da qualidade da carne.

10.3.2. Caracterização do consumo

Dados da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) mostram que o

Brasil exporta atualmente em torno de 20% da produção nacional de carne

bovina, e que a quase totalidade (80%) é destinada ao consumo interno. Tais

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

361

percentuais refletem a importância do consumidor interno na cadeia produtiva

desse produto. Assim, maior conhecimento acerca do segmento de consumo de

carne bovina nos estados brasileiros é extremamente relevante quando se objetiva

ampliar a competitividade dessa cadeia.

Almeida (2006) afirma, ainda, que, do ponto de vista das políticas

públicas, o conhecimento da demanda por alimentos permite não somente fazer

inferência sobre a qualidade de vida das famílias, mas também auxilia a indústria

ofertante a direcionar suas estratégicas e políticas de investimentos.

Na Tabela 10.5 é apresentado o consumo per capita de carnes na área

urbana e rural nas regiões brasileiras, segundo dados estimados pela POF

2002/03 (IBGE). A diferença em relação às estimativas da ABEF, ABIEC e

ABIPEC está relacionada ao fato de as estimativas do IBGE serem feitas

somente com o consumo domiciliar, através da POF (Pesquisa de Orçamento

Familiar), ao passo que as estimativas das associações levam em consideração

também o consumo institucional (restaurantes etc.).

Tabela 10.5 – Aquisição domiciliar per capita anual em quilogramas de carnes no Brasil com base nos dados da POF de 2002/03

Regiões Bovina de primeira

Bovina de segunda Suína Frango

Centro-Oeste 7,006 7,398 2,542 11,829 Nordeste 5,128 5,944 0,892 13,741 Norte 9,995 10,944 1,073 17,524 Sudeste 6,485 6,271 2,477 13,483

Urbana

Sul 6,332 9,48 4,816 14,806

Centro-Oeste 5,917 7,544 5,669 15,765 Nordeste 3,375 7,013 2,782 9,621 Norte 4,268 8,787 6,521 15,095 Sudeste 3,847 4,426 4,556 13,37

Rural

Sul 5,567 12,506 16,138 25,047

Fonte: IBGE – Pesquisa de Orçamento Familiar (2003).

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362

Os dados mostram que a região Centro-Oeste apresenta o maior consumo

per capita de carne bovina de primeira, tanto na área urbana como na rural. As

regiões Sul e Sudeste mostram similaridades no consumo de carne bovina de

primeira na área urbana, mas o mesmo não ocorre na área rural.

Outra característica interessante é que o consumo per capita de carne

bovina de segunda na região Sul do Brasil é consideravelmente superior ao

consumo da carne de primeira em ambas as áreas.

Não foi possível a coleta de dados oficiais a respeito dos estados de

destino da carne produzida no Estado de Mato Grosso, mas, empiricamente, o

principal estado comprador da carne mato-grossense é São Paulo, seguido por

Minas Gerais e Rio de Janeiro, todos pertencentes à região Sudeste do Brasil.

Diante da importância do consumo nessas regiões, apresentou-se na

Tabela 10.6 o consumo per capita de carne bovina de primeira e segunda nos

Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e também de Mato Grosso.

De acordo com os resultados, Mato Grosso lidera com maior consumo per capita

de carne bovina, ainda que o consumo de carne bovina de segunda seja

ligeiramente superior ao consumo de carne bovina de primeira.

Tabela 10.6 – Aquisição alimentar domiciliar per capita anual, em quilograma, com base nos dados da POF 2002/03

Item da POF São Paulo Minas Gerais Rio de Janeiro Mato Grosso

Total de carne bovina 16,475 11,414 15,879 19,601 Carne bovina de primeira 6,841 4,531 7,427 7,292 Carne bovina de segunda 7,518 4,306 4,673 8,583 Outras carnes bovinas 1,586 2,187 2,807 3,300 Vísceras bovinas 0,530 0,396 0,972 0,426

Fonte: IBGE – Pesquisa de Orçamento Familiar (2003).

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

363

Através dessas estimativas de consumo per capita de carne bovina é

possível fazer inferências sobre a elasticidade-renda do consumo de carnes. De

acordo com Bertasso (2000), o conhecimento do impacto das variações da renda

sobre a demanda por carnes, expresso pelas elasticidades, é de suma importância

para a formulação de estratégias de oferta do produto a médio e longo prazos,

bem como para o planejamento de políticas sociais voltadas a suprir carências

nutricionais, sempre necessárias em países com grande contingente de pobres.

Martins (2003) afirma que a representatividade da carne bovina no

contexto econômico nacional e na dieta do consumidor brasileiro faz com que a

implementação de análises sobre o consumo desse alimento seja de grande

importância, podendo auxiliar os agentes do setor na tomada de decisão quanto à

produção e comercialização. O conhecimento das elasticidades-renda de carne

bovina possibilita que sejam feitas análises sobre o seu consumo interno, o que

permite a identificação de sobejos exportáveis. Ainda assim, estudos dessa

natureza podem sustentar a formulação de políticas setoriais.

10.3.3. Elasticidade-renda

A estimativa da elasticidade-renda do consumo mostra a variação

percentual do consumo em relação à variação percentual da renda, mantidas

demais influências constantes. Sintetizando, mostra o quão sensível é o consumo

em face das variações na renda. Hoffmann (2007) estimou a elasticidade-renda

do consumo de carne bovina no Brasil no ano de 2003. Moraes (2007) estimou a

elasticidade-renda do consumo de carne bovina para Mato Grosso, região Centro-

Oeste e para o Brasil, também com dados da POF de 2002/03.

Apesar de os resultados dos autores apresentarem pequena diferença na

elasticidade para o Brasil, os dados para a carne bovina de primeira mostram que

a elasticidade do consumo de carne bovina é positiva e que, de acordo com

Hoffmann, o aumento de 10% na renda da população em geral provoca um

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

364

acréscimo de 5,2 % no consumo de carne de primeira e apenas 1,1% no consumo

de carne de segunda.

Moraes (2007) estima um aumento de 5% no consumo de carne bovina

de primeira e 0,6% na carne segunda, em face do aumento de 10% na renda da

população do Estado de Mato Grosso (Tabela 10.7).

Tabela 10.7 – Coeficientes de elasticidade-renda do consumo físico de carne bovina – 2002 a 2003

Pesquisadores Regiões Bovina de primeira Bovina de segunda

Hoffmann Brasil 0,520 0,110

Brasil 0,630 0,250 Centro-Oeste 0,630 0,170 Moraes Mato Grosso 0,509 0,068

Fonte: Elaborado a partir de Hoffman (2007) e Moraes (2007).

10.3.4. Projeções de consumo

Através das estimativas de elasticidade-renda é possível fazer projeções

de consumo futuro de carne bovina através de simulações com vários cenários de

crescimento da economia Brasileira. IEL, CNA e SEBRAE (2000) afirmam que a

maneira mais comum de projeção de demanda alimentar envolve a taxa de

crescimento populacional, a taxa de crescimento da renda e a elasticidade-renda,

conforme a fórmula:

( )

+

+−

⋅+=+⋅+= rr

rrrj

rj

rrrj

rj

rjt p

ppPIBCpCC

111 ,0,0, ηγη

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

365

em que rjtC , é quantidade consumida do produto j projetada para o ano t, na

região r; rjC ,0 , quantidade efetivamente consumida no ano-base selecionado; r

jη ,

elasticidade-renda da demanda do produto j, na região r; rγ , taxa esperada de

crescimento da renda per capita, na região r, entre o ano-base e o ano t; rp , taxa

de crescimento da população na região r, entre o ano base e o ano t; e rPIB , taxa

de crescimento do produto interno bruto da região r (País), entre o ano base e o

ano t.

Para o cálculo das projeções de consumo foram considerados três

cenários para o crescimento da economia através das estimativas do PIB (Produto

Interno Bruto). Para o cenário pessimista, considerou-se o crescimento do PIB de

3%, cenário moderado com crescimento de 5% e cenário otimista crescimento de

7%. Na quantidade consumida, considerou-se a estimativa de consumo nacional

obtido no Anualpec 2007, ou seja, de 6.507 toneladas equivalente-carcaça.

No caso da elasticidade-renda, uma vez que ela é variável para diferentes

tipos de carne, considerou-se o índice de 0,5. De acordo com IEL, CNA E

SEBRAE, esse valor pode ser baixo para alguns tipos de carne mais preferidas e

também para consumidores de menor renda, mas é uma boa variável para o

agregado de corte de carnes e para um suposto consumidor representativo. Para a

estimativa de crescimento populacional também utilizou-se a mesma estimativa

empregada por IEL, CNA E SEBRAE, de 1,2% ao ano.

De posse desses números, foram realizados os cálculos e as projeções,

que são apresentados na Tabela 10.8.

Considerando um cenário pessimista de crescimento da economia em

torno de 3% ao ano, chega-se em 2010 com um consumo estimado em torno de

7,2 milhões de toneladas equivalente-carcaça e, em 2017, o consumo ultrapassará

8,722 milhões de toneladas. Para um cenário de crescimento da economia

moderado (em torno de 5%), as estimativas de aumento de consumo aproximam-

se de 43%, de 6,747 em 2007 para 9,703 milhões em 2017.

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366

Tabela 10.8 – Projeções de consumo de carne bovina no Brasil, considerando-se três cenários de crescimento da economia (mil toneladas equiva-lente-carcaça)

Cenários Ano

Pessimista Moderado Otimista

2007 6.682,6890 6.747,7590 6.812,8290 2008 6.863,1216 6.997,4261 7.133,0320 2009 7.048,4259 7.256,3308 7.468,2845 2010 7.238,7334 7.524,8151 7.819,2938 2011 7.434,1792 7.803,2332 8.186,8006 2012 7.634,9020 8.091,9529 8.571,5803 2013 7.841,0444 8.391,3551 8.974,4445 2014 8.052,7526 8.701,8353 9.396,2434 2015 8.270,1769 9.023,8032 9.837,8669 2016 8.493,4717 9.357,6839 10.300,2466 2017 8.722,7954 9.703,9182 10.784,3582

Fonte: Resultados da pesquisa. * Cenário pessimista: crescimento médio de 3% ao ano; Cenário moderado: crescimento médio de 5% ao

ano; Cenário otimista: crescimento médio de 7% ao ano.

As estimativas mostram que mesmo com crescimento pessimista ou

moderado, a produção de carne bovina deverá aumentar consideravelmente, para

acompanhar o aumento na renda da população brasileira. No cenário otimista, a

variação no consumo durante esse período poderá chegar a 58%.

Para uma análise mais prática, ao transformar esses números de consumo

em aumento de animais abatidos, considerando-se que cada animal da raça nelore

(predominante no Brasil) pese em média 16 arrobas (120 kg de carcaça), os

abates deverão aumentar em 17 milhões de cabeças no cenário pessimista, 24,6

milhões no cenário moderado e 33 milhões de cabeças no cenário otimista.

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CAPÍTULO XI

SÍNTESE DOS DIRECIONADORES

Nesta seção estão resumidos os principais resultados obtidos sobre o

funcionamento e a competitividade da cadeia produtiva da bovinocultura de corte

do Estado de Mato Grosso, em uma perspectiva sistêmica. Por finalidade didática

e no intuito de mostrar objetivamente os principais fatores de avaliação, optou-se

pela apresentação de resultados por segmento da cadeia: insumos para a

produção da bovinocultura de corte, produção primária, indústria frigorífica

(abate e processamento) e distribuição (conforme Figura 3.1 apresentada no

Capítulo III).

Em cada uma das seções, apresenta-se a desagregação da avaliação em

tabelas, que explicitam claramente os subfatores considerados na análise dos

direcionadores de competitividade de cada um dos segmentos80 analisados, a

saber: tecnologia, insumos, relações de mercado, estrutura de mercado, gestão

e ambiente institucional. Em seqüência, a síntese dos resultados é apresentada

em gráficos-resumos, que explicitam o comportamento de cada um dos seis

direcionadores analisados. A pontuação gráfica de cada direcionador varia em 80 Neste documento, por finalidade didática, os termos “elo” e “segmento” são utilizados como

sinônimos, definindo cada um dos níveis componentes de uma cadeia produtiva.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

368

consonância com a metodologia proposta, que é de +2 a –2, ou seja, de “muito

favorável” a “muito desfavorável”. Essa avaliação permite hierarquizar as

vantagens e desvantagens setoriais, facilitando o estabelecimento das ações e a

definição de prioridades.

Destaca-se, adicionalmente, que algumas subdivisões importantes foram

feitas na modelagem de análise dos segmentos, o que permitiu expansões não

consideradas no modelo original descrito em IEL/SEBRA/CNA (2000). Em

primeiro lugar, em relação aos insumos para a produção pecuária, no âmbito da

tecnologia, diferenciaram-se os insumos ligados à alimentação animal dos

relativos à parte de sanidade. Em segundo, como já citado, houve necessidade de

realizar a análise da produção de maneira regionalizada. Por fim, em terceiro,

embora não tenha sido parte fundamental da pesquisa, incluiu-se, no segmento de

distribuição, um item relacionado às condições da demanda.

11.1. Análise da competitividade do segmento de insumos da bovi-nocultura de corte do Estado de Mato Grosso

O diagnóstico do segmento de insumos81 para produção de bovinos de

corte do Estado de Mato Grosso revelou direcionadores positivos para a

competitividade da cadeia pecuária de bovinos de corte nos itens de tecnologia e

gestão. Devem-se buscar ações para reverter a avaliação negativa para insumos,

relações de mercado, estrutura de mercado e ambiente institucional.

Na Tabela 11.1 é mostrada a decomposição de cada um dos

direcionadores em subfatores de análise, que são, em última instância, as

variáveis de referência para a identificação dos pontos positivos ou restritivos do

desempenho do setor de insumos para a produção de bovinos de corte do Estado

de Mato Grosso. Na Figura 11.1, por sua vez, os resultados são apresentados de

forma sintética (gráfico de avaliação em escala Likert).

81 Chama-se a atenção para o fato de que, na análise realizada, estudou-se o segmento de insumos para

produção, que possui, entre seus direcionadores de análise, um item também chamado “insumos”.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

369

Tabela 11.1 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de insumos da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso – 2007

Direcionadores NC QC CG CF Indicador Peso CálculoTecnologiaProdutos veterináriosEmbalagens X X F 0,1 0,1Reciclagem de embalagens X X D 0,2 -0,2Estocagem e conservaçao X X F 0,4 0,4P & D X F 0,3 0,3

1 0,6

Nutrição AnimalEmbalagens X X F 0,15 0,15Estocagem e conservaçao X X F 0,25 0,25P & D X X MF 0,6 1,2

1 1,6

InsumosDisponibilidade X F 0,2 0,2Qualidade X X F 0,2 0,2Preço X D 0,2 -0,2Disp.de Produtos genéricos e/ou importados X MD 0,4 -0,8

1 -0,6Relações de MercadoRelações com fornecedores X N 0,25 0Relações com pecuaristas X F 0,3 0,3Rastreabilidade/certificaçao X X D 0,1 -0,1Formação de preços X D 0,35 -0,35

1 -0,15Estrutura de MercadoGrau de Concentração X F 0,1 0,1Logística X X MD 0,4 -0,8Organização dos comerciantes X D 0,3 -0,3Escala X F 0,2 0,2

1 -0,8GestãoGestão de estoques X F 0,1 0,1Uso da tecnologia de informação X N 0,1 0Capacidade de investimento na atividade X X D 0,3 -0,3Controle de custos X F 0,2 0,2Marketing X F 0,2 0,2Gestão de pessoas X N 0,1 0

1 0,2Ambiente InstitucionalPolítica e fiscalização tributária e trabalhista X D 0,3 -0,3Política e fiscalizaçao ambiental X D 0,1 -0,1Política e fiscalização sanitária X F 0,2 0,2Política comercial X D 0,25 -0,25Política creditícia X X D 0,15 -0,15

1 -0,6 Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

370

Em virtude das especificidades de cada grupo de produtos sob análise, o

direcionador tecnologia foi separado em dois subgrupos: produtos veterinários e

produtos de nutrição animal. No caso de produtos veterinários, as tecnologias

associadas às embalagens, estocagem e conservação de produtos, assim como sua

pesquisa e desenvolvimento (P&D), apresentaram resultados favoráveis à

competitividade da cadeia. Entretanto, a reciclagem de embalagens foi vista

como um fator desfavorável, em face da incipiente reciclagem realizada neste

segmento.

Com relação à tecnologia de produtos de nutrição animal, os subfatores

embalagens, estocagem, conservação e P&D tiveram uma posição favorável à

competitividade da cadeia, com destaque para a P&D realizada nas empresas

locais instaladas em importantes pólos agrícolas, sendo o Estado de Mato Grosso

o principal pólo produtor de rações animais do Brasil.

Na Figura 11.1, as informações desagregadas na Tabela 11.1 são

agrupadas por direcionador, a fim de permitir uma avaliação coletiva dos

resultados de cada um dos grupos de subfatores analisados.

O direcionador insumos inclui os produtos comprados dos laboratórios e

indústrias de produtos veterinários e os elementos constituintes da nutrição

animal. Observou-se que existem boa disponibilidade e qualidade dos insumos

utilizados pelas revendas de produtos veterinários, assim como das fábricas de

alimentos animais, rações e suplementos minerais.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

371

Fonte: Resultados da pesquisa.

Figura 11.1 – Direcionadores de competitividade do segmento de insumos da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso – 2007.

Em contrapartida, aparecem desfavoravelmente o item preço e, muito

desfavoravelmente, a disponibilidade de produtos genéricos e, ou, importados,

levando a um indicador de competitividade da cadeia negativo. A análise dos

preços mensais de alguns insumos pagos pelo pecuarista, para o período 2003-

2007, revelou taxas geométricas médias (relativizadas para a arroba do boi

gordo) variando entre 0,2 e 0,75%, o que significa que no cenário de decréscimo

do preço da arroba do boi gordo, o preço do insumo decresce menos ou até

mesmo aumenta. Isso revela uma relação desfavorável em termos da

lucratividade da atividade. Caso houvesse maior disponibilidade de insumos

importados ou de insumos genéricos para o pecuarista, haveria a chance de a

competição no mercado reverter esse cenário, desde que não ocorressem

variações desfavoráveis no câmbio.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

372

As relações de mercado, que envolvem as relações a montante e a

jusante desse elo da cadeia, tiveram resultado fracamente desfavorável à

competitividade (-0,15), em razão da quase ausente rastreabilidade e das

dificuldades na formação de preços no setor. Essa situação foi compensada

parcialmente por indicações de relações favoráveis do setor com seus

fornecedores (laboratórios, indústrias e outros) e pecuaristas.

As maiores dificuldades observadas no segmento de insumos da cadeia

produtiva estão relacionadas ao fato de poucas e grandes indústrias de produtos

veterinários estarem fixando preços, os quais são repassados ao longo do

segmento. Nas entrevistas, ficou clara a percepção de que os preços de insumos a

montante muitas vezes aumentam de modo a reduzir a rentabilidade do

pecuarista e o revendedor de insumos estaria prejudicado, pois os pecuaristas

reduzem suas compras, como exposto no parágrafo anterior. A rastreabilidade

surge como um importante item, pois a fiscalização internacional tem vistoriado

o controle em nível de revenda agropecuária ou na indústria de sais e rações.

A estrutura de mercado aparece desfavorável para a competitividade da

cadeia pela deficiente logística, principalmente de estradas. O baixo grau de

concentração das revendas agropecuárias e dos fabricantes de rações e

suplementos minerais é visto como fator favorável à competitividade da cadeia.

A escala de trabalho das empresas de revenda agropecuária foi vista como

adequada à cadeia e às relações com os pecuaristas. Entretanto, a organização dos

comerciantes para compra dos fornecedores poderia auxiliar na barganha em

grandes laboratórios e indústrias de produtos veterinários, mas ainda é incipiente

e tem sido praticada apenas no sul do estado.

No tocante à gestão, existem controles de estoques, algum uso de

informática, controles de custos, marketing e gestão de pessoas, que geram

alguma competitividade para a cadeia produtiva. Em oposição, surge a pouca

capacidade de investimento na atividade, principalmente por dificuldades no

acesso ao crédito e a taxas de juros competitivas. Os esforços de marketing, que

englobam os serviços de assistência técnica e apoio à venda, são vistos como

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

373

favoráveis. A tecnologia de informação e a gestão de pessoas foram avaliadas

como neutras, ou seja, não favorecem nem desfavorecem a competitividade da

cadeia.

O ambiente institucional apresentou resultado favorável apenas no

subfator associado à política e fiscalização sanitária. Os demais subfatores foram

desfavoráveis. O mais prejudicial foi a política e fiscalização tributária e

trabalhista, seguida pela comercial (esta última, associada às restrições à

importação de insumos). As políticas ambientais e creditícias também foram

consideradas desfavoráveis, embora a primeira seja menos relevante para o

segmento insumos.

Observa-se, pelo panorama geral do segmento de insumos da cadeia de

bovinocultura de corte de Mato Grosso, que os dois itens mais desfavoráveis e

que merecem maior atenção dos agentes envolvidos nas tomadas de decisão

setoriais foram a deficiente malha logística e a falta de disponibilidade de

produtos genéricos e, ou, importados. Na seqüência, têm-se: a incipiente

organização dos comerciantes, a baixa capacidade de investimento na atividade,

e a política e fiscalização tributária e trabalhista.

11.2. Análise da competitividade do segmento de produção da bovino-cultura de corte do Estado de Mato Grosso

Nesta seção, realiza-se breve discussão acerca dos direcionadores

avaliados na pesquisa, que compõem a performance da produção primária da

cadeia produtiva da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso. Da mesma

forma que para o segmento de insumos, as informações desagregadas sobre cada

um dos indicadores é apresentada em tabelas, explicitando as variáveis

(subfatores) de referência, enquanto as análises agregadas são disponibilizadas

em figura, a fim de permitir uma observação conjunta e mais direta dos

resultados.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

374

Em virtude de grandes distinções entre as regiões selecionadas, as

análises dos direcionadores de competitividade foram feitas para cada uma,

isoladamente. Assim, é fundamental observar que, embora muitas vezes os

resultados (em termos dos resultados numéricos) sejam semelhantes entre as

regiões, isso não indica que ações idênticas sejam capazes de atingir os mesmos

objetivos, nas diferentes regiões. Ao que se pode observar, as diferenças

culturais, as especificidades de solo, clima e relevo, os fatores logísticos, a

presença de ecossistemas sensíveis e mesmo as condições de desenvolvimento

das culturas competitivas nas diferentes regiões irão requerer ações distintas,

conquanto integradas.

Assim, nas Tabelas 11.2 a 11.6, são apresentadas as análises detalhadas

para cada uma das regiões selecionadas no referido estado. A Figura 11.2, por

sua vez, traz informações compiladas, sistematizadas em um único local.

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375

Tabela 11.2 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região do Pantanal – Mato Grosso – 2007

Direcionadores NC QC CG CF Indicador Peso Cálculo

Tecnologia Qualidade das pastagens X MD 0,25 -0,5 Sistemas de criação e manejo nutricional X MD 0,2 -0,4 Genética do rebanho X F 0,2 0,2 Manejo reprodutivo X D 0,1 -0,1 Sanidade do animal X X F 0,25 0,25 1 -0,55 Insumos Disponibilidade X F 0,25 0,25 Qualidade X F 0,25 0,25 Preço X N 0,5 0 1 0,5 Relações de mercado Relações com fornecedores X MF 0,1 0,2 Relações com frigoríficos e abatedouros X MD 0,4 -0,8 Grau de inadimplência X F 0,05 0,05 Formação de preços X D 0,2 -0,2 Rastreabilidade X X D 0,25 -0,25 1 -1 Estrutura de mercado Grau de concentração X X D 0,15 -0,15 Escala de operação X D 0,1 -0,1 Logística e qualidade das rodovias X D 0,35 -0,35 Organização dos produtores X MD 0,25 -0,5 Existência e ampliação de reservas X N 0,15 0 1 -1,1 Gestão Mão-de-obra X X D 0,2 -0,2 Capital de investimento na atividade X MD 0,1 -0,2 Controle de custos de produção X MD 0,3 -0,6 Gestão da rastreabilidade e certificação X X D 0,2 -0,2 Controle zootécnico e pastagens X D 0,2 -0,2 1 -1,4 Ambiente institucional Política e fiscalização, tributária e trabalhista X X D 0,21 -0,21 Política e fiscalização ambiental X X MD 0,21 -0,42 Política comercial X X MD 0,07 -0,14 Política creditícia X X D 0,07 -0,07 Política e fiscalização sanitária X X F 0,21 0,21 Representatividade das instituições X X D 0,03 -0,03 Legislação oficial e reg. fundiária X N 0,2 0 1 -0,66

Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.

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376

Tabela 11.3 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Sudoeste – Mato Grosso – 2007

Direcionadores NC QC CG CF Indicador Peso CálculoTecnologiaQualidade das pastagens X D 0,25 -0,25Sistemas de criação e manejo nutricional X D 0,2 -0,2Genética do rebanho X F 0,2 0,2Manejo reprodutivo X D 0,1 -0,1Sanidade do animal X X F 0,25 0,25

1 -0,1InsumosDisponibilidade X MF 0,25 0,5Qualidade X F 0,25 0,25Preço X N 0,5 0

1 0,75Relações de MercadoRelações com fornecedores X MF 0,1 0,2Relações com frigoríficos e abatedouros X MD 0,4 -0,8Grau de inadimplência X F 0,05 0,05Formação de preços X D 0,2 -0,2Rastreabilidade X X MD 0,25 -0,5

1 -1,25Estrutura de MercadoGrau de concentração X X D 0,15 -0,15Escala de operação X D 0,1 -0,1Logística e qualidade das rodovias X D 0,35 -0,35Organização dos produtores X MD 0,25 -0,5Existência e ampliação de reservas X D 0,15 -0,15

1 -1,25GestãoMão-de-obra X X D 0,2 -0,2Cap. de investimento na atividade X MD 0,1 -0,2Controle de custos de produção X MD 0,3 -0,6Gestão da rastreabilidade e certificação X X MD 0,2 -0,4Controle zootécnico e pastagens X D 0,2 -0,2

1 -1,6Ambiente InstitucionalPolítica e fiscalização, tributária e trabalhista X X D 0,21 -0,21Política e fiscalizaçao ambiental X X D 0,21 -0,21Política comercial X X D 0,07 -0,07Política creditícia X X D 0,07 -0,07Política e fiscalização sanitária X X F 0,21 0,21Atuação e representatividade das instituições X X D 0,03 -0,03Legislação oficial e reg. fundiária X D 0,2 -0,2

1 -0,58 Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.

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377

Tabela 11.4 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Centro-Sul – Mato Grosso – 2007

Direcionadores NC QC CG CF Indicador Peso CálculoTecnologiaQualidade das pastagens X D 0,25 -0,25Sistemas de criação e manejo nutricional X D 0,2 -0,2Genética do rebanho X F 0,2 0,2Manejo reprodutivo X D 0,1 -0,1Sanidade do animal X X F 0,25 0,25

1 -0,1InsumosDisponibilidade X MF 0,25 0,5Qualidade X F 0,25 0,25Preço X N 0,5 0

1 0,75Relações de MercadoRelações com fornecedores X MF 0,1 0,2Relações com frigoríficos e abatedouros X MD 0,4 -0,8Grau de inadimplência X F 0,05 0,05Formação de preços X D 0,2 -0,2Rastreabilidade X X MD 0,25 -0,5

1 -1,25Estrutura de MercadoGrau de concentração X X D 0,15 -0,15Escala de operação X D 0,1 -0,1Logística e qualidade das rodovias X D 0,35 -0,35Organização dos produtores X D 0,25 -0,25Existência e ampliação de reservas X D 0,15 -0,15

1 -1GestãoMão-de-obra X X D 0,2 -0,2Cap. de investimento na atividade X MD 0,1 -0,2Controle de custos de produção X MD 0,3 -0,6Gestão da rastreabilidade e certificação X X MD 0,2 -0,4Controle zootécnico e pastagens X N 0,2 0

1 -1,4Ambiente InstitucionalPolítica e fiscalização, tributária e trabalhista X X D 0,21 -0,21Política e fiscalizaçao ambiental X X D 0,21 -0,21Política comercial X X D 0,07 -0,07Política creditícia X X D 0,07 -0,07Política e fiscalização sanitária X X F 0,21 0,21Atuação e representatividade das instituições X X F 0,03 0,03Legislação oficial e reg. fundiária X D 0,2 -0,2

1 -0,52 Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.

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378

Tabela 11.5 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Leste – Mato Grosso – 2007

Direcionadores NC QC CG CF Indicador Peso Cálculo

Tecnologia Qualidade das pastagens X D 0,25 -0,25 Sistemas de criação e manejo nutricional X D 0,2 -0,2 Genética do rebanho X F 0,2 0,2 Manejo reprodutivo X D 0,1 -0,1 Sanidade do animal X X F 0,25 0,25 1 -0,1 Insumos Disponibilidade X F 0,25 0,25 Qualidade X F 0,25 0,25 Preço X D 0,5 -0,5 1 0 Relações de mercado Relações com fornecedores X MF 0,1 0,2 Relações com frigoríficos e abatedouros X MD 0,4 -0,8 Grau de inadimplência X F 0,05 0,05 Formação de preços X D 0,2 -0,2 Rastreabilidade X X M D 0,25 -0,5 1 -1,25 Estrutura de mercado Grau de concentração X X D 0,15 -0,15 Escala de operação X D 0,1 -0,1 Logística e qualidade das rodovias X MD 0,35 -0,7 Organização dos produtores X D 0,25 -0,25 Existência e ampliação de reservas X MD 0,15 -0,3 1 -1,5 Gestão Mão-de-obra X X D 0,2 -0,2 Capital de investimento na atividade X MD 0,1 -0,2 Controle de custos de produção X MD 0,3 -0,6 Gestão da rastreabilidade e certificação X X D 0,2 -0,4 Controle zootécnico e pastagens X D 0,2 -0,2 1 -1,6 Ambiente institucional Política e fiscalização, tributária e trabalhista X X D 0,21 -0,21 Política e fiscalização ambiental X X D 0,21 -0,21 Política comercial X X D 0,07 -0,07 Política creditícia X X D 0,07 -0,07 Política e fiscalização sanitária X X F 0,21 0,21 Representatividade das instituições X X D 0,03 -0,03 Legislação oficial e reg. fundiária X MD 0,2 -0,4 1 -0,78

Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

379

Tabela 11.6 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Norte – Mato Grosso – 2007

Direcionadores NC QC CG CF Indicador Peso Cálculo

Tecnologia Qualidade das pastagens X D 0,25 -0,25 Sistemas de criação e manejo nutricional X D 0,2 -0,2 Genética do rebanho X F 0,2 0,2 Manejo reprodutivo X D 0,1 -0,1 Sanidade do animal X X F 0,25 0,25 1 -0,1 Insumos Disponibilidade X F 0,25 0,25 Qualidade X F 0,25 0,25 Preço X D 0,5 -0,5 1 0 Relações de mercado Relações com fornecedores X F 0,1 0,1 Relações com frigoríficos e abatedouros X MD 0,4 -0,8 Grau de inadimplência X F 0,05 0,05 Formação de preços X MD 0,2 -0,4 Rastreabilidade X X D 0,25 -0,25 1 -1,3 Estrutura de mercado Grau de concentração X X D 0,15 -0,15 Escala de operação X MD 0,1 -0,2 Logística e qualidade das rodovias X MD 0,35 -0,7 Organização dos produtores X D 0,25 -0,25 Existência e ampliação de reservas X MD 0,15 -0,3 1 -1,6 Gestão Mão-de-obra X X D 0,2 -0,2 Capital de investimento na atividade X MD 0,1 -0,2 Controle de custos de produção X MD 0,3 -0,6 Gestão da rastreabilidade e certificação X X D 0,2 -0,2 Controle zootécnico e pastagens X D 0,2 -0,2 1 -1,4 Ambiente institucional Política e fiscalização, tributária e trabalhista X X MD 0,21 -0,42 Política e fiscalização ambiental X X MD 0,21 -0,42 Política comercial X X MD 0,07 -0,14 Política creditícia X X D 0,07 -0,07 Política e fiscalização sanitária X X F 0,21 0,21 Atuação e representatividade das inst. X X N 0,03 0 Legislação oficial e reg. fundiária X MD 0,2 -0,4 1 -1,24

Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.

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380D

iagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de C

orte do Estado de Mato G

rosso

-2

-1

0

1

2

Tecnologia Insumos Relações de Mercado Estrutura de Mercado

Gestão Ambiente Institucional

-0,55

0,5

-1-1,1

-1,4

-0,66

-0,1

0,75

-1,25 -1,25

-1,6

-0,58

-0,1

0,75

-1,25

-1

-1,4

-0,52

-0,1

0

-1,3

-1,6-1,4

-1,24

-0,1

0

-1,25

-1,5-1,6

-0,78

Pantanal Oeste Centro-Sul Norte-Nordeste Leste

Fonte: Resultados da pesquisa. Figura 11.2 – Direcionadores de competitividade do segmento de produção da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso,

por regiões – 2007.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

381

Em se tratando do direcionador tecnologia, que revela o estado da arte da

produção de bovinos de corte em Mato Grosso, foi constatado que, na média, em

todas as regiões em estudo esse subfator se apresentou desfavorável à

competitividade da cadeia produtiva (Figura 11.2). Pesaram na composição desse

resultado a qualidade das pastagens; a precariedade do uso tecnológico nas

práticas de sistemas de criação e manejo nutricional; e o manejo reprodutivo. Já

a genética do rebanho e as condições de sanidade dos animais foram avaliadas

como favoráveis, mesmo considerando que essas práticas foram prejudicadas

pela crise de rentabilidade acentuada a partir do ano de 2004.

Em quatro regiões, a qualidade das pastagens foi considerada ruim (em

termos de formação e de baixa perspectiva de recuperação), devido,

principalmente, à crise de rentabilidade enfrentada pelos produtores. Os sistemas

de criação e o manejo nutricional, que se constituem, em sua grande maioria, na

cria – recria – engorda, com pouca ou quase nenhuma suplementação alimentar,

e o manejo reprodutivo, em que pouco se utiliza a estação de monta ou adoção de

inseminação artificial, são vistos como fatores que contribuem

desfavoravelmente para a competitividade da produção de bovinos de corte no

Mato Grosso.

No que se refere à tecnologia, ressalta-se que a região do Pantanal

apresentou pontuação abaixo das demais, em razão das condições das pastagens e

dos sistemas de criação e manejo nutricional serem, em média, substancialmente

inferiores aos modelos praticados nas demais regiões, inclusive por se tratar de

ecossistema sensível e exigir ações específicas de baixo impacto. Destaca-se,

mais uma vez, que esta pesquisa não tem condições de captar especificidades,

informando as condições relativas de cada região analisada.

Quanto ao direcionador insumos, esse se mostrou favorável em três

regiões analisadas: Pantanal (0,5), Oeste (0,75) e Centro-Sul (0,75) e neutro em

duas: Norte-Nordeste e Leste. Esse resultado decorreu dos aspectos positivos

relacionados à qualidade e disponibilidade desses na região, apesar de o preço

dos insumos ter sido avaliado como ponto crítico na produção de bovinos de

corte nas referidas regiões.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

382

Nas regiões em que esse direcionador foi neutro, verificou-se que,

embora a qualidade e disponibilidade fossem variáveis positivamente avaliadas,

o preço é um fator crítico. A diferença pode ser creditada ao efeito da

localização, ou seja, ao maior custo do frete, em razão de maiores distâncias.

Quanto aos direcionadores relações de mercado, estrutura de mercado e

gestão, pode-se observar, pelas pontuações destacadas na Figura 11.2, que esses

são temas que demandam análise bastante cuidadosa, já que, ainda que com

pequenas variações, todas as regiões apresentaram resultados muito aquém do

desejável.

No caso das relações de mercado, a principal variável que prejudica o

desempenho desse direcionador é a relação entre os pecuaristas e os frigoríficos.

Em todas as regiões analisadas e em todos os depoimentos coletados, é óbvia a

necessidade de se construir uma ampla revisão do modelo de relacionamento

entre as partes: durante a pesquisa de campo, a preocupação e a desconfiança

foram marcantes, evidenciando a necessidade de maior transparência nos

procedimentos de compra e venda.

Também foi avaliada com baixa pontuação a formação dos preços, já

que os pecuaristas se sentem envolvidos em um sistema de barganha

desbalanceada, em que os frigoríficos “decidem” o preço da arroba do boi. A

rastreabilidade, por sua vez, também foi considerada desfavorável em todas as

regiões. Percebeu-se que, embora haja relativo conhecimento dos procedimentos

técnicos envolvidos na rastreabilidade (e que, via de regra, não são integralmente

cumpridos), ainda observa-se ampla dúvida quanto aos benefícios potenciais

advindos da implantação efetiva do sistema. Assim, como ocorre na questão do

relacionamento entre frigoríficos e pecuaristas, há grande espaço para a

implantação de medidas que visem à melhoria das condições de uso das

ferramentas e processos disponíveis.

As demais variáveis analisadas nas relações de mercado – relações com

fornecedores e grau de inadimplência – foram bem avaliadas, mostrando que não

se constituem impeditivos ao desenvolvimento da competitividade setorial.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

383

No caso da estrutura de mercado foram analisadas as seguintes

variáveis: grau de concentração, escala de operação, logística e qualidade das

rodovias, organização dos produtores e a existência e ampliação das reservas

(indígenas ou ecológicas), os quais serão descritos subseqüentemente.

O grau de concentração foi considerado baixo, tendo pontuação

desfavorável, por não contribuir para a melhoria das condições de barganha dos

produtores. Naturalmente, sob a perspectiva do elo seguinte (abate e

processamento) e mesmo dos consumidores finais, a baixa concentração é

desejável; todavia, sob a perspectiva do segmento de produção, a contribuição é

negativa.

A escala de operação foi considerada desfavorável em todas as regiões.

A percepção é a de que as propriedades encontram-se operando aquém da escala

ótima, devido, entre outras questões, à incapacidade de ampliar investimentos

(quando o caso) ou à pouca percepção e conhecimentos gerenciais capazes de

alertá-los sobre esse problema.

O item logística e qualidade das rodovias, pontuado como muito

desfavorável, mostrou-se como grande entrave, embora exista grande disparidade

na qualidade das rodovias entre as regiões analisadas. As piores situações

encontradas foram nas regiões Norte-Nordeste e Leste, onde as longas distâncias

e a precariedade das rodovias criam situações de entrave não existentes em outras

regiões de Mato Grosso. Segundo os entrevistados, o referido estado dispõe de

malha viária aquém do necessário, a qualidade das estradas é precária (sobretudo

as vicinais) e não há, ainda, modais alternativos eficientes.

Ainda foram relatadas diversas dificuldades no embarque dos animais

(acesso aos caminhões), nas condições de transporte e no tráfego, bastante

complexo em algumas regiões. Por tratar-se de transporte de carga viva, esses

fatores ganham dimensão ainda maior, retraindo a competitividade global da

cadeia.

No caso da organização dos produtores, o consenso, entre os

entrevistados de todas as regiões, é de que este é um dos pontos que mais

prejudica o desempenho do setor. Há grande desunião entre os pecuaristas, pouca

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

384

adesão às iniciativas propostas e, via de regra, os casos contrários a esse padrão

constituem-se apenas salutares exceções. As piores avaliações para esse aspecto

ocorreram nas regiões do Pantanal e Cáceres, sendo, nas demais, classificado

como desfavorável. Essa diferença de avaliação resultou dos diferentes graus de

entrosamento (ainda que todos estivessem aquém do ideal). Em Rondonópolis, a

atuação do Sindicato foi várias vezes lembrada como positiva, e, nas regiões

Norte-Nordeste e Leste, a indicação é de que a própria necessidade coletiva tem

favorecido um comportamento mais pró-ativo e coordenado entre os produtores.

O benefício dessa percepção baseia-se no fato de que a quase totalidade

dos pecuaristas entrevistados trouxe, para dentro da própria categoria, a

responsabilidade pelas condições atuais de organização. Foram ressaltados

fatores culturais, sociais e mesmo psicológicos para isso, mas, considerando a

precariedade da coordenação horizontal do segmento, observou-se a necessidade

de mudanças, o que foi bastante positivo.

No caso da ampliação das reservas, último dos itens abordados no

direcionador estrutura de mercado, houve significativa diferença entre as

regiões. No Pantanal, a classificação foi neutra; nas regiões de Cáceres e Centro-

Sul, desfavorável; no Leste e Norte-Nordeste, muito desfavorável. A variação das

avaliações desse subfator já era esperada, uma vez que as reservas indígenas e

ecológicas se distribuem heterogeneamente no estado.

O quesito gestão foi o de pior avaliação em todas as regiões, à exceção

da Norte-Nordeste, em que a estrutura de mercado recebeu a pior pontuação.

Sua composição envolveu aspectos relacionados à disponibilidade e qualidade

da mão-de-obra; capacidade de investimento; controle de custos de produção;

gestão da rastreabilidade e certificação; e controle zootécnico e de pastagens.

A mão-de-obra foi classificada, em todas as regiões, como elemento que

compromete a eficiência e competitividade da cadeia produtiva da bovinocultura

de corte mato-grossense. Segundo os entrevistados, em algumas regiões, além da

escassez de trabalhadores, existe flagrante desqualificação somada, quase

sempre, à baixa adesão aos já eventuais cursos e treinamentos. A situação,

segundo o levantamento primário, torna-se mais crítica quanto se trata das

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

385

demandas por mão-de-obra técnica gerencial: faltam profissionais e, embora

tenham qualificação formal, a maior parte carece de conhecimento prático sobre

a condução das atividades pecuárias, com destaque para a bovinocultura de corte,

tratada neste documento.

Em seqüência, a capacidade de investimento na atividade foi claramente

muito desfavorável. Salvo em algumas situações pontuais, em todo o Estado de

Mato Grosso o que se observa é a descapitalização severa do produtor, com

graves e múltiplas conseqüências. Muitos produtores optam (na realidade, sequer

têm alternativa) por adquirir produtos de segunda linha, abdicar de reforma de

pastagens e postergar projetos de manutenção de infra-estrutura da propriedade,

quando não se decidem por abandonar a atividade.

Por fim, no que se refere ao ambiente institucional, foram abordados os

seguintes itens: política e fiscalização tributária e trabalhista; política e

fiscalização ambiental; política comercial; política creditícia; política e

fiscalização sanitária; atuação e representatividade das instituições; legislação

oficial; e regulamentação fundiária.

Nesse direcionador, assim como ocorreu em outros no segmento

produção, embora todos os itens tenham tido somatório negativo, as variações no

resultado decorreram de motivos distintos em cada uma das regiões. No caso da

política e fiscalização tributária e trabalhista, em todas as regiões, à exceção da

Norte-Nordeste, esse foi um subfator classificado como desfavorável, uma vez

que houve freqüentes queixas em relação aos tributos pagos, além de flagrante

desconhecimento sobre as taxas em termos de alíquota, motivação e destino dos

recursos auferidos. Com relação à região Norte-Nordeste, além dessa

constatação, observou-se que os problemas envolvendo a fiscalização trabalhista

são superiores àqueles das demais regiões analisadas. Segundo os entrevistados,

não são raras as denúncias de trabalho escravo, ainda que sem comprovação

específica.

Naturalmente, considerando o restrito conhecimento de tais causas

trabalhistas, não se pretende, aqui, realizar juízo de valor; todavia, foi evidente o

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

386

descontentamento dos pecuaristas em relação aos critérios adotados pelos

organismos responsáveis e mesmo quanto às providências adotadas.

No caso da política e fiscalização ambiental, esta foi considerada, nos

moldes atualmente vigentes, desfavorável à eficiência e competitividade da

cadeia produtiva da bovinocultura de corte de Mato Grosso, chegando a receber

em duas regiões – Pantanal e Norte-Nordeste – classificação muito desfavorável.

Esta pior avaliação deveu-se ao fato de as duas regiões destacadas se

encontrarem em áreas de ecossistema sensível, de modo que sobre elas incidam,

de maneira mais ostensiva, todos os procedimentos de fiscalização.

De forma análoga, também houve diferenças importantes para o quesito

política comercial. Embora não tenha tido nenhuma avaliação positiva, nas

regiões habilitadas para exportação para o mercado europeu, não ocorreram

maiores queixas; todavia, os produtores localizados em zonas não-habilitadas

mostraram-se bastante insatisfeitos com os padrões atualmente vigentes e foram

veementes quanto à necessidade de maior transparência em relação aos

procedimentos adotados.

Com relação à política creditícia, houve praticamente unanimidade entre

todos os entrevistados: há recursos, mas o formato de apresentação do crédito

não atende às expectativas do setor. Segundo levantamento realizado, o ciclo da

atividade não é respeitado quando da determinação dos prazos de amortização da

dívida e, por não existirem padrões de crédito específicos, os produtores optam

por evitar o endividamento.

No caso da política e fiscalização sanitária, este foi o subfator que

recebeu melhor avaliação (favorável em todas as regiões). Ficou patente a

percepção do esforço (e dos resultados) para o controle de enfermidades no

estado. Destaca-se, inclusive, que a única taxa que os entrevistados julgaram

fundamental foi a que compõe o Fundo Emergencial de Febre Aftosa do Estado

de Mato Grosso (FEFA). Naturalmente, sempre há apontamentos que indicam a

necessidade de melhoria de ações, mas, em geral, a percepção é positiva.

O item seguinte, atuação e representatividade das instituições, foi

considerado desfavorável na região do Pantanal, Cáceres e Leste. Na região

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

387

Norte-Nordeste, julgou-se que a situação atual não chega a comprometer a

competitividade da cadeia, o que levou a uma pontuação neutra. Na região

Centro-Sul, em virtude da representatividade superior dos sindicatos e da

mobilização percebida, a pontuação foi favorável.

Por fim, em relação à legislação oficial e regulamentação fundiária, as

queixas foram bastante evidentes. Apenas na região do Pantanal é que esse item

foi classificado como neutro. Nas regiões de Cáceres e Centro-Sul, a pontuação

foi desfavorável e, nas regiões Norte-Nordeste e Leste, muito desfavorável. Na

realidade, a preocupação com o Licenciamento Ambiental Único (LAU) e com a

morosidade dos processos foi o tema central de várias entrevistas, de modo que

foram reiteradas as demandas por uma participação mais efetiva (e ostensiva) das

entidades de apoio ao setor, no que tange à defesa pela transparência e agilidade

nesses procedimentos.

Observa-se, portanto, que as questões ambientais constituem ponto

crítico, uma vez que o não-atendimento às exigências internacionais, relativas a

esse tema, pode trazer prejuízos significativos para a imagem da bovinocultura

de corte do Estado de Mato Grosso.

Dessa forma, em linhas gerais, percebe-se que o segmento de produção

primária é marcado por uma seqüência de entraves à sua competitividade, em

praticamente todos os direcionadores analisados. Todavia, por questões

relacionadas à controlabilidade e aos efeitos multiplicadores, esforços em favor

de melhorias nos processos de gestão das propriedades (incluindo o uso

adequado da tecnologia disponível), da organização dos produtores

(coordenação) e do aumento da eficiência nas relações entre os elos (sobretudo

com os frigoríficos) trariam grandes benefícios à competitividade de toda a

cadeia produtiva.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

388

11.3. Análise da competitividade do segmento de abate e processamen-to da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso

Considerando a indústria de abate e processamento da cadeia de

bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, o comportamento dos

direcionadores de competitividade pode ser observado na Tabela 11.7 e Figura

11.3. De maneira geral, este segmento apresenta maior número de direcionadores

favoráveis (positivos) do que desfavoráveis (negativos). No entanto, esse

comportamento geral favorável deve ser visto com cautela, pois pontos críticos e

restritivos para a competitividade da cadeia de bovinocultura de corte de Mato

Grosso apresentam-se nesse segmento, como discutido a seguir.

Focando a tecnologia, este direcionador apresenta-se favorável, com

uma pontuação de 0,8 num máximo de 2 (Tabela 11.7), na escala Likert. O

comportamento favorável à tecnologia deve-se às contribuições dos seguintes

subfatores: eficiência e qualidade das máquinas, equipamentos e instalações

utilizados neste segmento e as características dos processos de produção, do

produto carne e seus derivados (produtos), dos subprodutos e do processo de

tratamento de resíduos. Por sua vez, o único fator considerado desfavorável foi a

pesquisa e desenvolvimento (P&D) de novos produtos, processos, máquinas e

equipamentos.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

389

Tabela 11.7 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de abate e processamento da bovinocultura de Mato Grosso – 2007

Direcionadores NC QC CG CF Indicador Peso CálculoTecnologiaMaquinas, equipamentos e instalações X X F 0,2 0,2Processos X X X F 0,2 0,2Produto (carne) X X F 0,25 0,25Subprodutos X X F 0,15 0,15Trat. resíduos e efluentes (Questão Ambiental) X X F 0,1 0,1Pesquisa e desenvolvimento X X D 0,1 -0,1

1 0,8Insumos Disponibilidade animais X MF 0,25 0,5Qualidade de animais X D 0,25 -0,25Preço de animais X MF 0,45 0,9Demais insumos X F 0,05 0,05

1 1,2Relações de MercadoRelação com Pecuarista X MD 0,4 -0,8Relações com demais fornecedores insumos X F 0,15 0,15Relação com compradores de carne X D 0,3 -0,3Rastreabilidade X X F 0,15 0,15

1 -0,8Estrutura de MercadoConcentração X X F 0,15 0,15Logística de entrada (Bovinos) X X D 0,2 -0,2Logística de saída (Carnes) X X F 0,2 0,2Ociosidade X F 0,1 0,1Escala de Produção X F 0,25 0,25Organização setorial X D 0,1 -0,1

1 0,5GestãoGestão de Pessoas X X D 0,15 -0,15Gestão da Produção X X F 0,25 0,25Gestão de Marketing X X F 0,15 0,15Gestão Financeira e Contábil X X F 0,25 0,25Capacidade de investimento na atividade X X F 0,2 0,2

1 0,7Ambiente InstitucionalPolítica e fiscalização tributária X X MD 0,22 -0,44Política e fiscalização ambiental X F 0,07 0,07Política comercial X X D 0,14 -0,14Política e fiscalização trabalhista X D 0,14 -0,14Política creditícia X F 0,14 0,14Fiscalização sanitária X D 0,22 -0,22Entidades representativas X D 0,07 -0,07

1 -0,8 Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

390

Tecnologia Insumos Relações deMercado

Estrutura deMercado

Gestão AmbienteInstitucional

0,8

1,2

-0,8

0,50,7

-0,8

-2

-1

0

1

2

Tecnologia Insumos Relações deMercado

Estrutura deMercado

Gestão AmbienteInstitucional

Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 11.3 – Direcionadores de competitividade do segmento de abate e proces-samento da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso – 2007.

Entende-se que os frigoríficos exportadores estão investindo e têm uma

P&D bastante favorável. Porém, os frigoríficos que visam ao mercado interno

estão em uma situação bastante desfavorável pela quase ausência de unidades de

P&D. Tendo em vista que grande parte da carne do Estado de Mato Grosso vai

para mercado interno (i.e., passa por frigoríficos não-exportadores), considera-se

que essa área está aquém da exigência do setor, apresentando-se, portanto,

desfavorável à competitividade da cadeia.

Em relação aos insumos para o segmento de abate e processamento, este

direcionador apresenta-se como o mais favorável entre todos avaliados (1,2 ponto

na escala Likert), uma vez que os abatedouros e frigoríficos têm à sua disposição

grande número de animais terminados para o abate, a preços favoráveis, e,

adicionalmente, também adquirem outros insumos de produção (embalagens,

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

391

condimentos etc.) em condições favoráveis de disponibilidade82, qualidade e

preço. O único aspecto que causa decréscimo na competitividade desse segmento

em relação a insumos é a qualidade dos animais terminados que não é favorável,

em virtude da não-uniformidade dos lotes de animais em termos de peso, sexo,

idade de abate e, principalmente, da baixa qualidade do acabamento de carcaça.

O direcionador relações de mercado apresenta-se desfavorável (-0,8) à

competitividade da indústria de abate e processamento. Dentro desse

direcionador, destaca-se como favorável à relação entre frigoríficos e

fornecedores de insumos de produção, com exceção ao relacionamento entre

frigoríficos e pecuaristas. A rastreabilidade dentro dos frigoríficos também é um

fator favorável à competitividade do segmento, principalmente quando se

considera a disponibilidade de tecnologia para a prática de rastreabilidade dentro

dos frigoríficos exportadores. Deve-se, no entanto, ressaltar que esse aspecto não

atinge o grau “muito favorável” por causa da baixa adoção de práticas efetivas de

rastreabilidade dentro dos frigoríficos que visam ao mercado brasileiro.

Quanto aos subfatores desfavoráveis dentro de relações de mercado,

destaca-se a relação dos frigoríficos com os pecuaristas e com os compradores de

carne. Em termos relativos, a relação entre os frigoríficos e os pecuaristas

apresenta-se como mais crítica (muito desfavorável) do que a relação entre os

frigoríficos e os compradores de carne (simplesmente desfavorável). Tal fato

deve-se à maior desconfiança e atrito e à menor transparência entre frigoríficos e

pecuaristas, mesmo considerando que a relação entre frigoríficos e compradores

de carne seja marcada também por imposições e domínio a favor dos

compradores.

Em termos de estrutura de mercado, a situação geral é favorável a este

direcionador (0,5 ponto). Nesse caso, alguns subfatores podem ser apontados

como favoráveis. A concentração do número de empresas do setor, a logística de

saída da carne que se destina ao segmento de distribuição, a baixa ociosidade do

setor em Mato Grosso e a escala de produção são subfatores considerados

82 Vale ressaltar que houve no passado recente uma fase de maior disponibilidade de animais terminados

no mercado, mas em meados de 2007 esta condição reverteu-se drasticamente.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

392

favoráveis à competitividade da indústria de abate e processamento. A

concentração dos negócios em mãos de, relativamente, poucas empresas, mostra-

se favorável para que os ganhos de escala aconteçam. Por sua vez, a baixa

ociosidade implica que os custos fixos são diluídos pelo volume de produção, o

que gera uma eficiência econômica no setor.

A logística de saída de carne dos frigoríficos para os distribuidores de

carne é considerada favorável graças à tecnologia empregada atualmente na

gestão de logística (i.e., controle das operações, rastreamento da frota e controle

de frios etc.) e à qualidade da frota de veículos, apesar da situação desfavorável

da estrutura de transporte (rodovias) e portos. Porém, a logística de entrada de

bovinos nos frigoríficos é desfavorável, principalmente em razão da precariedade

das estradas vicinais, estaduais e federais utilizadas para esse tipo de transporte e

das condições precárias dos caminhões boiadeiros.

Uma situação desfavorável foi atribuída também à questão do baixo nível

de organização setorial, o qual apresenta, ainda, certo grau de divergência de

interesses entre entidades representativas de grupos dentro do segmento,

principalmente entre aquelas que representam os interesses dos exportadores e as

que congregam os frigoríficos fornecedores para o mercado interno.

A gestão dos abatedouros e frigoríficos apresenta-se como um aspecto

favorável à competitividade (0,7 ponto). Vale ressaltar que a maioria dos

subfatores que compõem este direcionador é favorável, mas há espaços para

ganhos de eficiência. Os subfatores gestão financeira, gestão da produção e de

marketing e a capacidade de investimento na atividade mostraram-se favoráveis,

sendo a gestão de pessoas o único fator desfavorável. Este último aspecto assume

tal perfil, principalmente, em virtude da falta de disponibilidade de pessoas

qualificadas para as várias funções operacionais, o que causa a necessidade de

altos investimentos em treinamento e também alta evasão de pessoas treinadas

pelas empresas para outras regiões e estabelecimentos do Brasil. Percebe-se,

ainda, considerável carência de pessoal técnico para gestão da produção.

Juntamente com o direcionador relações de mercado, o ambiente

institucional também apresenta uma situação desfavorável à competitividade do

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393

segmento de abate e processamento (-0,8 ponto). Dentre os subfatores

levantados, a política e fiscalização ambiental e a política creditícia são

consideradas favoráveis à competitividade da cadeia, pois o rigor com as

questões ambientais confere credibilidade aos compradores externos e há

disponibilidade de crédito para investimento no setor. Por sua vez, os aspectos do

ambiente institucional, que se apresentam como entraves relevantes, são a

política e fiscalização tributária, considerada muito desfavorável ao setor, e a

política comercial, a política e fiscalização trabalhista, a fiscalização sanitária e

as entidades representativas, consideradas aspectos desfavoráveis em razão dos

problemas e empecilhos que estes trazem para a gestão dos abatedouros e

processadores de carne bovina, pela ineficiência e burocracia e, ou, fiscalização

excessiva e abusiva.

Sumarizando a análise dos direcionadores para esse segmento, destaca-se

a situação favorável da tecnologia utilizada nos frigoríficos e da compra de

insumos de produção. No entanto, uma questão crítica a ser tratada é a relação

dos agentes com os pecuaristas e, em segundo grau de importância, a relação dos

frigoríficos com os distribuidores. Esses esforços para melhoria da coordenação

do segmento frigorífico com os demais podem trazer grandes ganhos de

competitividade para a cadeia como um todo.

11.4. Análise da competitividade do segmento de distribuição83 da bo-vinocultura de corte do Estado de Mato Grosso

O diagnóstico atual do segmento de distribuição de carne bovina em

Mato Grosso mostra que este possui bom nível tecnológico, gestão conduzida

com razoável eficiência, estrutura de mercado favorável a melhorias e

atendimento às exigências legais, ambientais e sanitárias.

83 Na análise do segmento de distribuição da cadeia de bovinocultura de corte de Mato Grosso,

considerou-se que a maior parte da carne produzida no estado destina-se a outros estados ou ao exterior. Portanto, quando se refere ao segmento de distribuição, manteve-se o foco na distribuição dentro de Mato Grosso e naquela que leva a carne deste estado para outros estados e países. No tocante às características da demanda, discutidas mais à frente nesta seção, optou-se por fazer uma análise geral em nível estadual e nacional, utilizando o conhecimento da equipe técnica e dos consultores.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

394

Apesar desses aspectos favoráveis, revela-se deficiente nas relações com

fornecedores e consumidores, oferecendo amplo espaço para melhorias no que se

refere à ampliação da competitividade da cadeia produtiva e aumento do

consumo de carne bovina no estado e no País. Uma apresentação visual da

performance dos direcionadores de competitividade e dos subfatores que os

afetam, conforme identificados no diagnóstico, são apresentados na Tabela 11.8 e

na Figura 11.4.

Foi possível observar, ao longo da pesquisa, que de modo geral as

tecnologias empregadas pelo segmento de distribuição de carnes, no Estado de

Mato Grosso, encontram-se em bom nível, porém ainda distante do que se

poderia considerar ideal. A cadeia do frio, os equipamentos de manuseio e as

tecnologias e sistemas de informação, principalmente nos setores de

supermercados e de exportação, são todos favoráveis à competitividade da

cadeia. A destinação dos resíduos graxos e cárneos, no entanto, é um subfator

que contribui desfavoravelmente para a composição do resultado final do

direcionador tecnologia.

Os insumos usados no segmento de distribuição apresentam-se em

situação de equilíbrio entre fatores favoráveis e desfavoráveis (neutro). A

disponibilidade e o preço da carne e as embalagens contribuem favoravelmente

para a composição do direcionador. No entanto, a qualidade da carne e as

restrições para o insumo energia contrapõem os fatores favoráveis. Portanto, vê-

se, por um lado, que qualquer descuido nesse segmento pode retirar o mesmo do

estado de neutralidade e levá-lo a um patamar de redução de competitividade;

por outro lado, investimentos direcionados, principalmente para alavancar os

subfatores desfavoráveis (qualidade de carne e energia), podem elevar essa

competitividade de modo significativo.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

395

Tabela 11.8 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de distribuição da bovinocul-tura de Mato Grosso – 2007

Direcionadores NC QC CG CF Indicador Peso Cálculo

Tecnologia Cadeia do frio X X F 0,45 0,45 Equipamentos de manuseio da carne X F 0,1 0,1 Tecnologia e sistemas de informações X X F 0,35 0,35 Destinação de resíduos graxos/cárneos X X MD 0,1 -0,2 1 0,7 Insumos Disponibilidade de carne X F 0,15 0,15 Qualidade da carne X X D 0,35 -0,35 Preço da carne X F 0,25 0,25 Embalagem X F 0,1 0,1 Energia X D 0,15 -0,15 1 0 Relações de mercado Relações com frigoríficos X D 0,3 -0,3 Relações com outros distribuidores X D 0,15 -0,15 Relação com consumidores finais X D 0,25 -0,25 Formação de preços X F 0,2 0,2 Rastreabilidade X X D 0,1 -0,1 1 -0,6 Características da demanda Imagem X D 0,08 -0,08 Atendimento e entrega em domicílio X F 0,05 0,05 Diversidade de prod. cárneos e complement. X D 0,1 -0,1 Promoção e desconto X F 0,16 0,16 Preço da carne X D 0,16 -0,16 Informação ao consumidor X MD 0,1 -0,2 Rastreabilidade X X D 0,1 -0,2 Crédito ao consumidor X X F 0,04 0,04 Renda do consumidor X X D 0,16 -0,16 Preços de outros produtos cárneos X D 0,12 -0,12 1 -0,6 Estrutura de mercado Concentração X X F 0,4 0,4 Escala X F 0,2 0,2 Barreiras à entrada X X N 0,1 0 Logística X X D 0,3 -0,3 1 0,3 Gestão Formato de ponto de venda X F 0,2 0,2 Gestão de pessoas do setor cárneo X X D 0,25 -0,25 Marketing de venda de carne bovina X F 0,25 0,25 Gestão da cadeia de supr. de carne bovina X F 0,3 0,3 1 0,5 Ambiente institucional Legislação sanitária X X F 0,3 0,3 Fiscalização sanitária X F 0,5 0,5 Exigência de rastreabilidade X X D 0,2 -0,2 1 0,6

Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

396

Fonte: Resultados da pesquisa.

Figura 11.4 – Direcionadores de competitividade do segmento de distribuição da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso – 2007.

As relações de mercado entre os agentes, a jusante e a montante, podem

ser consideradas o fator crítico do desempenho da distribuição de carne no

Estado de Mato Grosso, uma vez que afeta desfavoravelmente a sua

competitividade. Isso acontece em decorrência, principalmente, de relações

desfavoráveis entre o varejo e os frigoríficos, entre o varejo e os demais

distribuidores e entre o varejo e os consumidores. Portanto, configura-se um

conjunto de relações conflituosas e, ou, pouco transparentes que precisam ser

melhoradas. A rastreabilidade deficiente ou inexistente agrava o quadro

desfavorável do direcionador relação de mercado e, conseqüentemente, da

competitividade da cadeia. Apenas a formação de preço é favorável à

composição desse direcionador. Há, portanto, um caminho longo a ser percorrido

pelos agentes para estabelecerem relações mais satisfatórias que se traduzam em

maiores benefícios para a competitividade da cadeia, principalmente para os

negócios voltados ao atendimento do mercado interno.

Tecnologia Insumos Relações deMercado

Carac. dademanda

Estrutura deMercado

Gestão AmbienteInstitucional

0,7

0

-0,6 -0,6

0,30,5 0,6

-2

-1

0

1

2

Tecnologia Insumos Relações deMercado

Carac. dademanda

Estrutura deMercado

Gestão AmbienteInstitucional

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

397

De modo semelhante e diretamente atrelado à distribuição no varejo,

uma análise das características da demanda revela um direcionador desfavorável

à competitividade da cadeia na quase totalidade dos itens avaliados. A falta de

informações aos consumidores com respeito às carnes bovinas comercializadas

destaca-se como o subfator mais importante a influir negativamente no

desempenho do direcionador. Em menor grau de importância, mas também

afetando negativamente o desempenho desse segmento da cadeia, estão a

imagem negativa que os consumidores fazem da carne de boi, o preço da carne e

de outros produtos cárneos; e os problemas de renda enfrentados pelos

consumidores, pouca diversidade de produtos cárneos de origem bovina e

rastreabilidade.

O atendimento e a entrega em domicílio, as promoções e, ou, descontos

mais o crédito disponível para aquisição da carne, no entanto, contribuem

favoravelmente para a competitividade desse direcionador. Residem, portanto,

nesses subfatores, oportunidades para estratégias e, ou, ações corretivas

institucionais e, ou, privadas provocarem mudanças que resultem principalmente

na alavancagem do consumo da carne bovina no País.

A estrutura de mercado do segmento de distribuição apresenta-se, em

geral, favorável à competitividade da cadeia da bovinocultura de corte do Estado

de Mato Grosso. O nível atual de concentração das firmas no segmento de

distribuição contribui favoravelmente para seu desempenho. A economia de

escala alcançada nas operações de distribuição reforça positivamente o quadro

geral de eficiência desse segmento. Porém, a logística na distribuição de carne

produzida no estado apresenta-se desfavorável e compromete a competitividade

da cadeia. A estrutura de mercado favorável como um todo tem ainda espaço

para que formas novas e mais efetivas de negociação e, ou, organização dos

agentes se concretize e resultados mais expressivos de competitividade, no médio

e no longo prazo, sejam alcançados.

A gestão interna das firmas que formam o segmento de distribuição pode

ser considerada um ponto forte de competitividade da cadeia. Os modernos

formatos dos pontos de venda em evidência, o marketing de venda da carne, a

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

398

gestão da cadeia de suprimentos colaboram favoravelmente para o bom

resultado desse direcionador de competitividade. Apenas cabe ressaltar a

contribuição negativa do subfator gestão de pessoas do setor cárneo, uma vez

que se acredita que as pessoas envolvidas na venda da carne bovina ao

consumidor deveriam ser mais bem qualificadas. Mesmo apresentando um

quadro favorável à competitividade da cadeia, a gestão do segmento de

distribuição carece de métodos e, ou, técnicas mais avançadas de gerenciamento

para aprimorar ainda mais os indicadores de eficiência administrativa.

Com relação ao ambiente institucional relativo às leis, normas e

regulamentos que envolvem o segmento de distribuição no Estado de Mato

Grosso, há clara evidência de que estes evoluíram favoravelmente e

consolidaram mudanças significativas para o fortalecimento de todos os demais

elos da cadeia produtiva. O atendimento e, ou, cumprimento tanto da legislação

sanitária quanto da fiscalização sanitária colaboraram para o bom êxito do

desempenho desse direcionador. As exigências de rastreabilidade, embora

constatadas como uma preocupação bastante evidente, ainda não surtem os

efeitos desejados, mostrando-se, nesse segmento, desfavoráveis à

competitividade da cadeia, nesse particular.

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CAPÍTULO XII

AÇÕES PROPOSTAS PARA A MELHORIA DA COMPETITIVIDADE DA CADEIA PRODUTIVA

AGROINDUSTRIAL DA BOVINOCULTURA DE CORTE DO ESTADO DE MATO GROSSO

Considerando-se as discussões a respeito das características dos vários

segmentos da cadeia de bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso e seus

direcionadores e subfatores, buscou-se, através da ampla discussão dentro da

equipe técnica e com representantes dos vários segmentos da cadeia, a

identificação de ações que objetivassem a melhoria de competitividade desta

cadeia. Estas ações propostas são apresentadas a seguir.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

400

12.1. Propostas de âmbito geral passíveis de atuação direta dos agentes da cadeia produtiva

1) Realizar estudos qualitativos e quantitativos sobre a situação atual

e prospectiva dos confinamentos e suas conseqüências para o setor de

bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso

Justificativa: O presente diagnóstico mostra forte tendência do

crescimento de confinamentos em várias regiões de Mato Grosso. Este processo

causa importantes impactos na cadeia de bovinocultura de corte do estado. Foi

manifestado o desejo de vários frigoríficos em desenvolverem confinamentos que

tenham como base parcerias com pecuaristas para que ambos participem do

empreendimento. Pelo lado da produção, percebe-se que algumas regiões estão

se especializando no fornecimento de animais oriundos da cria e da recria para

invernistas e, ou, confinadores. Adicionalmente, a expansão dos confinamentos

pode alterar as forças de mercado, gerando maior oferta de animais terminados

em determinados períodos, reduzindo, assim, os seus preços. Portanto, o

crescimento dos confinamentos no estado implica mudanças estruturais

importantes para o mercado e, principalmente, para os pecuaristas. Assim, um

estudo da situação atual e do avanço dos confinamentos em Mato Grosso e suas

conseqüências para a cadeia de bovinocultura de corte podem gerar informações

importantes para guiar os pecuaristas no seu processo de decisão em relação ao

seu negócio. Por outro lado, também deverão ser objeto de estudo as

conseqüências para o segmento da pecuária da oferta de boi gordo pelo sistema

de integração lavoura-pecuária, realizada por produtores rurais de soja que

aderiram à pecuária em função de queda de renda em suas atividades.

Agentes responsáveis: Entidades representativas dos interesses dos

pecuaristas, Centro Boi.

Agentes impactados: Pecuaristas e indústrias frigoríficas.

Grau de prioridade: Alta/curto prazo.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

401

2) Consolidar o Centro de Inteligência da Bovinocultura de Corte de

Mato Grosso

Justificativa: De modo geral, foi identificada a necessidade de maior

fluxo de informações entre os elos da cadeia produtiva de bovinocultura de corte

de Mato Grosso. A natureza da informação necessitada é vasta, compreendendo

desde informações de mercado de insumos e produtos (preços, estoques etc.),

passando por artigos, publicações e informações sobre hábitos de consumo de

carne bovina, chegando, em um estágio mais avançado do Centro, ao

desenvolvimento de ferramentas de apoio à gestão e comercialização da

atividade. A consolidação e, ou, ampliação do escopo de atuação do Centro de

Inteligência voltado para a bovinocultura de corte (aprimoramento do existente

vinculado à FAMATO), vinculado à internet e de acesso público, permitiria que

se centralizassem as informações importantes em um local em comum, onde os

agentes da cadeia pudessem consultar uma gama de informações técnicas e de

mercado, tendências e conjunturas econômicas, além de participarem de

discussões sobre temas atuais e importantes para a cadeia. Permitirá, ainda,

melhores gestões sobre crédito e seguros, uma vez que se tem maior

transparência da cadeia, com aspectos positivos sobre a confiança entre os

agentes.

Agentes responsáveis: Entidades representativas dos interesses dos

fornecedores de insumo, pecuaristas, frigoríficos, distribuidores e varejistas.

Agentes impactados: Todos os agentes da cadeia inclusive o

consumidor final.

Prioridade: Alta/curto prazo.

3) Desenvolver um diagnóstico da cadeia produtiva do couro do

Estado de Mato Grosso

Justificativa: O desenvolvimento do presente diagnóstico da

bovinocultura de corte no Estado de Mato Grosso teve como principal enfoque a

produção de carne e derivados, mas mantendo-se em mente que o couro é um

importante produto oriundo do sistema de criação de bovinos de corte. Dessa

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

402

forma, alguns questionamentos a respeito desse produto foram incluídos nas

entrevistas e questionários de pecuaristas e frigoríficos. As informações

levantadas e as opiniões dos especialistas consultados revelam que avanços na

coordenação da cadeia produtiva do couro podem oferecer ganhos para

pecuaristas e frigoríficos. Adicionalmente, constatou-se que o processo de

remuneração do couro ou de sua contabilização nos preços pagos ao pecuarista

pela arroba do animal terminado é um processo que carece de transparência e que

causa conflitos entre pecuaristas e indústrias frigoríficas. Considerando o

potencial de contribuição da cadeia de couro, tanto para o estado quanto para

pecuaristas e frigoríficos, julga-se necessário um diagnóstico específico para

analisar as potencialidades e os principais problemas relacionados à produção e

comercialização do couro oriundo do Estado de Mato Grosso.

Agentes responsáveis: Instituições representativas de pecuaristas,

indústria frigorífica, curtumes e governo do estado.

Agentes impactados: Pecuaristas, indústria frigorífica, curtumes e

demais agentes envolvidos na cadeia do couro.

Grau de prioridade: Médio/médio prazo.

4) Promover grande mobilização estadual quanto à necessidade de

discutir os procedimentos de rastreamento e o SISBOV

Justificativa: A rastreabilidade, dentre os requisitos internacionais para

aquisição de carne bovina (destaque para a União Européia), é um dos itens que

mais tem sido destacado como imprescindível à competitividade setorial. Mais

do que apenas apresentar a importância da rastreabilidade como pré-requisito

para as vendas internacionais, é preciso que se analise se existem ganhos reais

(financeiros inclusive) advindos da implantação deste procedimento. As

melhorias na coordenação e na eficiência dos processos de produção, portanto,

adicionam-se à possibilidade de participação no mercado internacional,

compondo importante modificação no padrão atual de uso dessa ferramenta. A

pecuária também tem sido vista como improdutiva, com desmatamento

exagerado e danos ambientais. Assim, a rastreabilidade deve ser encarada, junto

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

403

à questão ambiental, como argumento favorável de que foram cumpridas as

exigências internacionais (tanto sanitárias como ambientais e trabalhistas),

possibilitando angariar outras vantagens além do acesso aos mercados, como

crédito, taxas de juros diferenciadas e outros aspectos que auxiliam o ganho de

competitividade. Dessa forma, a presente proposta de ação desmembra-se em:

a) Realização de dias de campo, a fim de ampliar o conhecimento real sobre

todos os procedimentos requeridos na rastreabilidade.

b) Divulgação, através dos sindicatos, de todas as modificações previstas na nova

proposta do SISBOV, de modo a ampliar o conhecimento dos pecuaristas com

esta questão.

c) Realização de estudos técnicos, visando verificar a relação custo-benefício –

em distintas regiões do estado e para distintos cenários da implantação da

rastreabilidade nas propriedades de bovinocultura de corte, bem como

quantificar as perdas potenciais advindas da não adequação dos produtores

brasileiros às regulamentações da rastreabilidade, nos moldes hoje vigentes.

Agentes responsáveis: Governo federal, governo estadual, associação de

produtores, sindicatos, instituições de pesquisa, ensino e extensão.

Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

5) Realizar ampla divulgação, junto aos pecuaristas, dos benefícios

que os procedimentos de certificação podem trazer, enquanto sinalizadores

de qualidade.

Justificativa: Foi percebido, na pesquisa realizada, que existe grande

desconhecimento sobre os processos envolvidos nos trâmites legais da

certificação das propriedades. O conhecimento de grande parte dos pecuaristas

restringe-se a questões superficiais, que não chegam a estimulá-lo ou convencê-

los dos benefícios da prática da certificação. Ademais, é importante informar que

o Ministério da Agricultura responde pela certificação (via certificadoras

selecionadas), tendo, atualmente, 48 empresas certificadoras no seu cadastro de

parceiros (dentre elas a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária –

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

404

CNA, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne – ABIEC e a

Associação das Certificadoras de Animais – ACERTA).

Agentes responsáveis: Governo estadual, instituições de apoio à

bovinocultura de corte no Estado de Mato Grosso, associações de classe.

Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva.

Grau de prioridade: Médio/médio prazo.

6) Promover a gestão da sustentabilidade ambiental nas

propriedades rurais

Justificativa: O controle ambiental no Estado de Mato Grosso é

realizado desde 1998 através da “licença ambiental única” (LAU), que é

gerenciada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA), entidade

responsável pelo licenciamento, preservação e desenvolvimento sustentável das

propriedades rurais do estado, por meio do “sistema de licenciamento ambiental

de propriedades rurais” (SLAPR). Apesar de representar custos adicionais aos

proprietários rurais, o sistema de licenciamento ambiental é a garantia de eles se

colocarem diante da sociedade consumidora e das instituições públicas e privadas

com um documento que os garantam quanto à sustentabilidade ambiental de sua

produção, o que implica dizer garantia de mercados neste quesito, considerando

que o meio ambiente é um tema que interessa a todas as nações. Hoje, verifica-se

em Mato Grosso grande convergência entre os principais atores responsáveis

pela sustentabilidade ambiental. O governo estadual, por intermédio da SEMA,

vem buscando parcerias com diversas cadeias do agronegócio, com o objetivo

reduzir índices de desmatamento e, por conseguinte, evitar a emissão de carbono.

Nesse sentido, as instituições de representação deverão, através de suas entidades

de classe, ter como meta formalizar diante das autoridades públicas um pacto que

possa no decorrer do tempo alcançar a plena sustentabilidade ambiental das

propriedades.

Agentes responsáveis: Governo estadual, FAMATO, associação de

produtores, sindicatos, ONGs.

Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

405

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

7) Buscar alternativas para reduzir questões de conflitos de ordem

fundiária

Justificativa: Mato Grosso possui, além dos tradicionais problemas de

ordem fundiária, problemas diferenciados, como o de faixa de fronteiras,

caracterizado pelo não-reconhecimento de títulos e posses mandas e pacíficas dos

atuais detentores das áreas de faixas de fronteiras de segurança nacional.

Entretanto, o INCRA no estado tem uma atuação pífia e vem, inclusive,

orientando os proprietários rurais a acioná-lo judicialmente para a obtenção de

documentos cuja emissão é de sua responsabilidade, como o

georreferenciamento. Outro aspecto em se tratando de questões fundiárias é a

criação de novas reservas indígenas e quilombolas, por simples deliberação da

FUNAI no caso dos indígenas. Torna-se imperativo que todos estes assuntos

sejam remetidos ao Congresso Nacional.

Agentes responsáveis: Governo federal, câmara dos deputados, governo

estadual, FAMATO, associação de produtores, sindicatos.

Agentes impactados: Pecuaristas.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

406

8) Criar uma Associação dos Criadores de Mato Grosso, com

enfoque de atuação nos aspectos mercadológicos da atividade e com vice-

presidências ligadas a cada uma das atividades

Justificativa: Cabe à FAMATO e a seus sindicatos rurais associados

defender o produtor rural enquanto aspectos institucionais, enquanto as

associações representam o negócio. O modelo já funciona com extrema

competência na APROSOJA (produtores de soja) e AMPA (produtores de

algodão).

Agentes responsáveis: FABOV/FAMATO e entidades organizadas do

setor (ACRIMAT/ACRISMAT/sindicatos rurais).

Agentes impactados: Setor produtivo.

Prioridade: Alto/curto prazo.

9) Organizar o diagnóstico do meio ambiente de Mato Grosso ligado

à atividade dos pecuaristas

Justificativa: Avaliar os impactos do desmatamento sobre os biomas e

por sub-bacias hidrográficas e de seu avanço na linha do tempo (base

legal/políticas de crédito e programas de desenvolvimento oficiais/

desenvolvimento de Mato Grosso), considerando a época de implantação de

pastagens, bem como a situação atual das pastagens (grau de degradação).

Agentes responsáveis: Entidades de toda a cadeia (com recursos do

FABOV/Fundo da Carne e Fundo do Couro).

Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva, uma vez que a questão

ambiental está se tornando cada vez uma barreira não-tarifária, passa a ser

exercida com rigor crescente pelos mercados consumidores externos.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

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407

10) Criar o Fórum Permanente da Bovinocultura de Corte de Mato

Grosso

Justificativa: Considerando a necessidade de organização da cadeia e

melhoria do relacionamento entre os diferentes elos, a criação de um Fórum

Permanente facilitaria o controle e gestão das iniciativas, bem como a

organização e hierarquização das ações propostas e em implantação.

Agentes responsáveis: FABOV/FAMATO e entidades organizadas do

setor (ACRIMAT/ACRISMAT/Sindicatos Rurais).

Agentes impactados: Setor de produtivo.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

12.2. Propostas de âmbito geral ligadas a decisões de escopo político e macroeconômico

1) Fazer gestões no CADE para regulação dos preços de

medicamentos nos laboratórios nos produtos obrigatórios

Justificativa: Foram detectadas variações expressivas nos preços de

medicamentos veterinários, em um mercado concentrado e que requer a

participação de maior número de agentes. O CADE é o organismo de controle e

defesa da concorrência. As gestões devem auxiliar o organismo a ter melhor

atuação com benefícios em toda a cadeia.

Agentes responsáveis: Representações de classe.

Agentes impactados: Laboratórios de medicamentos veterinários,

comerciantes, pecuaristas.

Grau de prioridade: Alto/médio prazo.

2) Explicitar o real uso dos recursos do FETHAB na melhoria das

estradas no Estado de Mato Grosso

Justificativa: Os recursos do FETHAB são em parte destinados à

recuperação de estradas no estado. Entretanto, é necessária maior clareza da

destinação deste fundo para tal fim, de modo que se realizem sugestões de

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

408

aplicação dos recursos e de atendimento aos anseios dos agentes envolvidos. As

estradas continuam, mesmo com a atuação do Fundo, sendo criticadas devido a

seu estado de conservação, inexistências de rodovias pavimentadas em vários

municípios e rodovias não-pavimentadas, em muitos casos sem condições de

tráfego.

Agentes responsáveis: Secretarias de estado, fundos de apoio e

representações de classe.

Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva, inclusive o consumidor

final.

Grau de prioridade: Alta/curto prazo.

3) Mobilizar a classe política de Mato Grosso para efetivar ações

previstas no Plano de Aceleração de Crescimento

Justificativa: Um gargalo importante para o ganho de competitividade

está relacionado com investimentos em infra-estrutura em geral e estrutura

educacional, e os projetos contemplados no Plano de Aceleração de Crescimento

para o estado seriam grandes promotores do desenvolvimento regional. Dessa

forma, a mobilização da classe política seria um esforço com benefícios que

transcendem às filiações partidárias.

Agentes responsáveis: Representações sindicais, secretarias de estado e

bancada federal.

Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva, inclusive o consumidor

final.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

409

12.3. Propostas para o segmento de insumos

1) Estabelecer o marco legal para a reciclagem das embalagens de

insumos animais

Justificativa: A agricultura já realiza avanços importantes na reciclagem

das embalagens de agrotóxicos, herbicidas, inseticidas e outros químicos

utilizados nas lavouras. A bovinocultura de corte, contudo, ainda convive com

pouca reciclagem de embalagens de produtos veterinários e de alimentação

animal. Ao lado do desenvolvimento da consciência e da responsabilidade dos

pecuaristas e lojistas para a reciclagem das embalagens de insumos animais, é

preciso que se estabeleçam regulamentos e procedimentos que permitam ganhos

com essa atividade e maior competitividade da cadeia.

Agentes responsáveis: Entidades representativas de fornecedores de

insumos e pecuaristas.

Agentes impactados: Todos os agentes da cadeia.

Grau de prioridade: Médio/médio prazo.

2) Realizar campanha de conscientização para a reciclagem das

embalagens de insumos animais

Justificativa: A agricultura já tem consciência acerca da reciclagem das

embalagens de agrotóxicos, herbicidas, inseticidas e outros químicos utilizados

nas lavouras. A bovinocultura de corte, em toda a cadeia, necessita desenvolver a

consciência e a responsabilidade de todos os agentes da cadeia, para a reciclagem

das embalagens de insumos animais.

Agentes responsáveis: Todos os agentes da cadeia.

Agentes impactados: Todos os agentes da cadeia.

Grau de prioridade: Médio/médio prazo.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

410

3) Acompanhar sistematicamente preços e quantidades dos

diferentes insumos pecuários em Mato Grosso

Justificativa: Existe a necessidade de realizar o acompanhamento

sistemático dos preços dos insumos pecuários como parte de um

acompanhamento sistemático das evoluções dos custos de produção e, ainda,

permitir um sistema de gestão mais eficiente para os pecuaristas. Este

acompanhamento, que poderia valer-se, solucionaria o gargalo associado à

excessiva pulverização dos dados, atualmente não-coordenados, de modo a

construir uma base de dados comum, abrangente e disponível a toda a cadeia

produtiva, especificamente para as diferentes regiões do estado, levando em

consideração as especificidades dos diferentes tipos de insumos para a produção

pecuária.

Agentes responsáveis: Associações de classe dos diferentes segmentos,

instituições de pesquisa e instituições públicas correlatas.

Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva, inclusive o consumidor

final.

Grau de prioridade: Médio/médio prazo.

4) Construir instrumento legal para equalizar tarifas tributárias de

insumos pecuários

Justificativa: A tributação incidente sobre alguns insumos animais é

maior que sobre outros produtos e insumos da agricultura. Dessa forma, é

importante haver uma legislação tributária que não penalize a bovinocultura de

corte, comparativamente a outras atividades.

Agentes responsáveis: SEFAZ-MT, FAMATO, Ministério da Fazenda.

Agentes impactados: Lojistas, indústrias de nutrição animal e

pecuaristas.

Grau de prioridade: Alto/médio prazo.

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411

5) Realizar campanha de valorização do uso de insumos produzidos

em Mato Grosso

Justificativa: Os empresários locais normalmente enfrentam as

deficiências infra-estruturais do estado e a concorrência com empresas de fora do

estado, estabelecendo, em muitos casos, relações técnicas importantes com os

pecuaristas. A valorização desses produtos poderia representar ganhos de bem-

estar internalizados no estado, gerando emprego e renda, bem como melhorar a

adequação dos insumos às necessidades locais, observando a heterogeneidade

existente no estado.

Agentes responsáveis: Representantes do segmento de insumos e

governo do estado.

Agentes impactados: Empresas do segmento de insumos, sociedade em

geral.

Grau de prioridade: Alto/médio prazo.

6) Realizar campanha de divulgação para o uso de sementes de

forrageiras de maior pureza

Justificativa: O Estado de Mato Grosso apresenta elevados percentuais

de pastagens degradadas que necessitam reforma. A utilização de sementes de

maior pureza representaria vantagens na formação de melhores pastagens, que,

argumenta-se, gerariam ganhos econômicos aos pecuaristas e aos produtores de

sementes locais.

Agentes responsáveis: Governo do estado, representantes dos

produtores de sementes e instituições de pesquisa.

Agentes impactados: Pecuaristas e agentes do segmento de insumos.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

412

7) Qualificar mão-de-obra para aplicação, fabricação e

desenvolvimento de insumos pecuários

Justificativa: Foi detectada, em todos os níveis de educação, uma

carência de mão-de-obra para manuseio e fabricação de insumos pecuários. Os

lojistas acusam falta de pessoas para trabalhos de aplicação de produtos, e os

fabricantes, falta de pessoas qualificadas para o desenvolvimento de novos

insumos, assim como para o manuseio dos elementos constituintes dos insumos

fabricados, máquinas e implementos associados.

Agentes responsáveis: Setor público, representantes dos pecuaristas e

agentes do segmento de insumos, universidades e instituições de pesquisa.

Agentes impactados: Pecuaristas e agentes do segmento de insumos.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

12.4. Propostas para o segmento de produção

12.4.1. Tecnologia

1) Ampliar os procedimentos de difusão de informações sobre riscos

de sanidade animal, refletindo principalmente a insatisfação presente na

área não-habilitada

Justificativa: Os riscos originários da sanidade animal podem afetar a

competitividade das exportações da carne bovina brasileira e, em conseqüência,

reduzir a rentabilidade do produtor. Assim, torna-se relevante disseminar

informações acerca dos cuidados associados com a sanidade animal, no que se

refere às necessidades inerentes ao rebanho todo, a certas categorias de animais,

selecionando idade e sexo (como é o caso das vacinações contra o carbúnculo

sintomático e a brucelose). Essa ação deve ser reforçada, principalmente, na

região Norte do Estado pelo fato de os produtores sentirem-se menos

beneficiados com essa prática, por estarem em região não-habilitada para

exportação para a Europa, além de o preço da vacina ser variável de

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

413

descontentamento do produtor, em virtude de sua distância até o centro de

aquisição.

Agentes responsáveis: Governos federal e estadual, indústrias de

vacinas e instituições de pesquisa, ensino e extensão.

Agentes impactados: A cadeia produtiva como um todo.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

2) Agilizar estudo sobre a morte súbita de pastagens e cigarrinha

Justificativa: As pastagens naturais ou formadas constituem a forma

mais prática e de menor custo de alimentação de bovinos. No Estado de Mato

Grosso, grande parte do sistema de pastagens usado é de manejo contínuo e essas

se apresentam em estado de degradação decorrente da descapitalização do

produtor. A morte súbita de pastagens tem sido observada em diferentes regiões

e apresenta-se como ponto crítico no processo produtivo, afetando a rentabilidade

da produção. Assim, faz-se necessário agilizar estudos que visem detectar as

causas desse evento. Já há um projeto da EMBRAPA, em mãos da FAMATO,

que será encaminhado ao governador do estado para aprovação e liberação de

recursos via FAPEMAT para sua execução (EMBRAPA Gado de Corte).

Agentes responsáveis: Governo estadual, instituições de pesquisa,

ensino e extensão.

Agentes impactados: Produtores.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

3) Ampliar os recursos para maior adoção de práticas de

inseminação artificial e aquisição de animais melhoradores

Justificativa: Maior eficiência reprodutiva é uma das metas

vislumbradas pelos produtores de bovinos, de modo a obter maior rentabilidade

na atividade, que pode ser alcançada pelo uso de várias técnicas de multiplicação

animal, dentre elas a inseminação artificial. É uma técnica já desenvolvida há

várias décadas e que apresenta facilidade de uso; no entanto, o seu nível de

adoção é reduzido na atividade.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

414

Agentes responsáveis: Governo federal, governo estadual, instituições

de pesquisa, ensino e extensão.

Agentes impactados: Produtores, indústrias e comércios de insumos

veterinários, sêmen e embriões.

Grau de prioridade: Médio/médio prazo.

4) Desenvolver e, ou, aprimorar os projetos de viabilização da

integração agricultura pecuária

Justificativa: No Estado de Mato Grosso, a agricultura detém maior

domínio científico e tecnológico comparativamente à bovinocultura de corte.

Sendo assim, é indiscutível a relevância da integração da bovinocultura de corte

com a agricultura, com vistas a reduzir o risco de produção e, em conseqüência,

ampliar a rentabilidade e competitividade da atividade da pecuária de corte.

Também, a pecuária atualmente é vista como vilã ambiental, ao ocupar áreas

desmatadas com produção extensiva de baixa produtividade e pastos degradados.

A integração lavoura-pecuária possibilita recuperar as áreas degradadas, adotar

técnicas ambientalmente superiores, reduzir a pressão sobre o desmatamento e

até mesmo viabilizar credenciamento de projetos para pagamento por

desmatamento evitado.

Agentes responsáveis: Governos federal e estadual, instituições de

pesquisa, ensino e extensão.

Agentes impactados: Produtores agrícolas e pecuaristas.

Grau de prioridade: Médio/médio prazo.

5) Adotar um modelo de difusão tecnológica, baseado na utilização

de propriedades-piloto, com ênfase ao adequado manejo alimentar,

reprodutivo e na formação de pastagens

Justificativa: Práticas adequadas de manejo alimentar, reprodutivo e de

formação de pastagens são técnicas que ampliam a produtividade e a eficiência

reprodutiva do rebanho. Podem ser incentivadas por meio de ação similar à que

esta sendo usada na sojicultura no estado, ou seja, mediante a adoção de

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

415

propriedades como benchmarking – efeito demonstração –, e obtendo ganhos em

informações sobre a produção.

Agentes responsáveis: Governo estadual, associação de produtores,

sindicatos, instituições de pesquisa, ensino e extensão.

Agentes impactados: A cadeia produtiva como um todo.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

6) Criar um grupo de estudo para investigar as alternativas

existentes (soluções mercadológicas) para a consolidação e aperfeiçoamento

da bovinocultura pantaneira, considerando as especificidades locais e

valorizando os aspectos regionais e ambientais

Justificativa: O Pantanal, em razão de suas particularidades com relação

ao seu ecossistema e pelo menor nível tecnológico apresentado

comparativamente às demais regiões do estado, necessita de (desenvolvimento)

maior divulgação das pesquisas específicas para a região. Embora tenha sido

observado que a qualidade do rebanho pantaneiro é, em média, menor que a de

outras regiões representativas, é importante ressaltar que o próprio Pantanal

possui simbologia própria, que poderia ser utilizada como marca específica de

valorização da origem do produto bovino da região. Todavia, como as questões a

serem consideradas são muitas, faz-se necessário agrupar especialistas em áreas

multidisciplinares que possam estudar a atividade na região e propor,

criativamente, alternativas para o produtor local.

Agentes responsáveis: Governo federal, governo estadual, associação de

produtores, sindicatos, instituições de pesquisa, ensino e extensão e organizações

não-governamentais.

Agentes impactados: Produtores da região.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

416

12.4.2. Relações de mercado

7) Identificar, contatar e chamar as principais lideranças da

bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso para um fórum de

investigação sobre as causas reais da baixa participação dos pecuaristas

junto aos sindicatos rurais aos quais se acham vinculados

Justificativa: A bovinocultura de corte mato-grossense, assim como a

nacional, é bastante heterogênea e pouco organizada. Dessa forma, a existência

de entidades representativas “fortes” e reconhecidas pelos produtores auxilia

muito a coordenação da cadeia produtiva como um todo, já que ações de

melhoria, uma vez propostas, podem ser propagadas e geridas por essas mesmas

instituições. Na ausência desse reconhecimento e representação, muitas ações

perdem a continuidade em virtude de não possuírem um “núcleo central”.

Portanto, é fundamental que se investiguem, com profundidade, os motivos que

levaram grande parte dos pecuaristas a não considerar representativas as

instituições às quais se vinculam, de modo a ser possível, de fato, a construção de

ações corretivas.

Agentes responsáveis: Instituições de apoio e representação da

bovinocultura de corte no Estado de Mato Grosso.

Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

12.4.3. Gestão

8) Construir um Programa de Aperfeiçoamento da Gestão para

Bovinocultura de Corte no Estado de Mato Grosso, no modelo de um

protocolo de gestão para a pecuária de corte

Justificativa: os problemas de gestão da atividade produtiva constituem

a origem de vários entraves da bovinocultura de corte no Estado de Mato Grosso.

No levantamento realizado, foi constatado que a utilização das ferramentas

tradicionais de gestão para acompanhamento da rentabilidade e planejamento

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

417

praticamente inexistem. Nesse ambiente, pouco se realiza quanto ao controle de

custos, avaliação de depreciação de ativos, acompanhamento de termos de troca e

controle zootécnico, dentre outras ações. Naturalmente, sabe-se que a crise

recente em muito retraiu a rentabilidade do produtor; todavia, é preciso ter em

mente que tais instrumentos de gerenciamento são ainda mais importantes nos

períodos graves, em que é preciso saber onde e como agir, mantendo regular a

atividade desenvolvida. Assim, propõe-se, de forma enfática a construção de um

Programa de Aperfeiçoamento da Gestão para a Bovinocultura de Corte no

Estado de Mato Grosso, ação esta que trará amplos e positivos efeitos

multiplicadores.

Agentes responsáveis: instituições representativas dos bovinocultores e

SENAR.

Agentes impactados: bovinocultores.

Grau de prioridade: alto/curto prazo.

9) Realizar discussão das grades curriculares (e capacitação dos

docentes) dos cursos de graduação em Ciências Agrárias e Sociais Aplicadas

nas Universidades (federal e campi, e particulares) no intuito de aprimorá-

las e atualizá-las para as realidades de Mato Grosso

Justificativa: a presença de técnicos capacitados para o desenvolvimento

da atividade de bovinocultura de corte foi considerada baixa (aquém do

necessário) pela maior parte dos pecuaristas entrevistados na pesquisa. Também

se observou que parcela significativa desses profissionais não possui boa

compreensão das especificidades de Mato Grosso. Dessa forma, a ampliação de

cursos voltados para atender à demanda por mão-de-obra qualificada (em níveis

médio e superior) seria bastante benéfica, tanto pela ampliação e qualificação da

oferta de profissionais no estado quanto pela perspectiva de construção de

núcleos de qualificação interiorizados, que valorizem a mão-de-obra local.

Ressalta-se que os níveis de qualificação requisitados são vários, envolvendo

aspectos técnicos tradicionais e, também, a capacitação nas áreas de gestão e

planejamento da atividade rural.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

418

Agentes responsáveis: Fovernos federal, estadual e municipal,

instituições de ensino (médio e superior) do Estado de Mato Grosso.

Agentes impactados: A cadeia como um todo.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

10) Realizar levantamento e caracterização das propriedades rurais

a fim de se conhecer melhor a realidade local e melhorar o direcionamento

das ações e, ou, políticas de desenvolvimento setorial

Justificativa: A melhoria da gestão da propriedade rural, com

conseqüentes efeitos benéficos nos âmbitos da rentabilidade do produtor e da

capacidade de investimento na atividade, é ação prioritária para a cadeia

produtiva da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso. Todavia, para

que se possa proceder eficientemente a essa melhoria de gestão, é fundamental

conhecer melhor a realidade da atividade pecuária mato-grossense, de forma

regionalizada e por porte, a fim de que as medidas adotadas sejam eficientes e

aderentes à capacidade de atendimento do bovinocultor.

Agentes responsáveis: Entidades representativas dos bovinocultores de

corte do Estado de Mato Grosso.

Agentes impactados: Bovinocultores de corte.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

11) Construir cenários de viabilidade de investimento (ampliação e

recuperação da atividade), de modo a garantir a preservação da

bovinocultura de corte como uma das mais importantes atividades

econômicas do Estado de Mato Grosso

Justificativa: A retração na rentabilidade, as restrições de acesso ao

crédito e a concorrência com outras culturas, dentre outros fatores, criou, em

Mato Grosso, um ambiente de flagrante descapitalização dos pecuaristas. Ainda

que, segundo os entrevistados, o auge da crise já tenha passado, são visíveis as

conseqüências na deterioração das pastagens e na baixa utilização de tecnologia

de manejo e alimentar. Com vistas a recuperar a capacidade de investimento de

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

419

forma segura e uma vez realizado o levantamento e a caracterização das

propriedades rurais (regionalizadas e por porte), a ação mais efetiva seria a

construção de cenários realísticos de investimento que indicassem aos produtores

as opções mais adequadas para a melhoria de sua rentabilidade.

Agentes responsáveis: Entidades representativas dos bovinocultores de

corte do Estado de Mato Grosso.

Agentes impactados: Bovinocultores de corte.

Grau de prioridade: Alto/médio prazo.

12.4.4. Ambiente institucional

12) Promover a divulgação sistemática da destinação dos recursos

auferidos com as principais taxas/contribuições pagas pelos pecuaristas

Justificativa: A falta de informações sobre a finalidade das taxas e a

pouca transparência nas informações sobre a destinação dos recursos têm gerado

dificuldades de relacionamento importantes entre os agentes da cadeia (caso do

FUNRURAL).

Agentes responsáveis: Entidades representativas dos bovinocultores de

corte do Estado de Mato Grosso.

Agentes impactados: Bovinocultores de corte.

Grau de prioridade: Médio/médio prazo.

12.5. Propostas para o segmento de abate e processamento

1) Desenvolver um protocolo e normas para a toalete executada

dentro dos abatedouros

Justificativa: A toalete foi um dos temas mais críticos apontados pelos

pecuaristas nas entrevistas da fase de levantamento de informações do

diagnóstico. A ausência de normas e padrões para esse procedimento causa um

grande e constante atrito entre pecuaristas e frigoríficos, enfraquecendo ainda

mais essa relação tão conflitante. A criação de um conjunto de normas para este

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

420

fim, bem como sua imediata implementação, trará inúmeros benefícios para a

bovinocultura de corte de Mato Grosso. O fato de não haver uma padronização

na toalete abre uma lacuna para que cada frigorífico a faça de acordo com sua

vontade, ou seja, de acordo com seu mercado final; na prática, dependendo do

destino final da carne, a indústria poderá fazer uma limpeza maior ou menor na

carcaça do animal, sendo que o razoável seria uma limpeza-padrão, e depois uma

especificação para cada destino.

Agentes responsáveis: Instituições responsáveis pelos interesses dos

pecuaristas, indústria frigorífica e MAPA.

Agentes impactados: Pecuaristas e indústrias frigoríficas.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

2) Desenvolver um programa de classificação e tipificação de

carcaças bovinas

Justificativa: A adoção de um sistema-padrão de classificação, seguido

de um de tipificação de carcaças bovinas pode trazer inúmeros benefícios para a

cadeia da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, entre eles maior

transparência nos processos de compra e abate de animais terminados. Uma vez

que a legislação oficial para tipificação de bovinos no Brasil (Portaria Ministerial

n.º 612, de 5 de outubro de 1989) não é adotada na prática, seria interessante

começar-se com o desenvolvimento de uma classificação básica, estabelecendo

parâmetros mínimos referentes às carcaças que poderiam permitir a

operacionalização e adoção do sistema pelos agentes da cadeia. Uma vez

estabelecido o processo de classificação, poderia ser promovido, em uma

segunda fase, o desenvolvimento de um processo de tipificação das carcaças,

definindo, assim, tipos e hierarquia de carcaças em termos de qualidade,

adotando parâmetros quantitativos e, ou, qualitativos. Em ambos os casos, a

cadeia como um todo é beneficiada em função da maior padronização, ganho de

transparência no processo de comercialização de bovinos para abate, incentivo a

melhoria da qualidade das carcaças, assim como a possibilidade de organizá-las

visando atender a diferentes mercados consumidores.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

421

Agentes responsáveis: Instituições responsáveis pelos interesses dos

pecuaristas, indústria frigorífica e MAPA.

Agentes impactados: Pecuaristas, indústria e consumidor.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

3) Dar continuidade e aprimorar o programa de aferição do peso dos

animais nos frigoríficos: Programa PESEBEM

Justificativa: As questões relacionadas ao peso dos animais abatidos é

outro grande fator de conflitos entre indústria e pecuaristas. As informações

levantadas junto aos agentes da cadeia revelam que há casos em que ambas as

partes, pecuaristas e frigoríficos, não são fiéis ao peso do animal terminado. Por

um lado, pode haver falhas no sistema de balança; por outro, o pecuarista muitas

vezes peca por não ter maior cuidado no manejo do animal às vésperas do abate.

De uma forma ou de outra, tais percepções geram grande insatisfação de ambos

os lados. O programa PESEBEM tem se mostrado uma interessante ferramenta

de aferição no momento da pesagem do animal, trazendo maior transparência

para o processo. Considerando que este programa está em andamento e apresenta

alguns aspectos que poderiam ser melhorados, sugere-se uma avaliação deste e

definição de ajustes que sejam necessários para torná-lo mais eficaz.

Agentes responsáveis: Instituições responsáveis pelos interesses dos

pecuaristas.

Agentes impactados: Pecuaristas e indústrias frigoríficas.

Grau de prioridade: Médio/curto prazo.

4) Desenvolver um programa de melhorias no transporte de animais

terminados da fazenda para o abate

Justificativa: Nos levantamentos do diagnóstico, identificaram-se pontos

críticos no transporte dos animais terminados das fazendas para os frigoríficos,

tais como: más condições de conservação dos caminhões boiadeiros, os quais

podem apresentar farpas, pontas metálicas e outras imperfeições que danificam a

carcaça e couro do animal; e falta de cuidado do motorista durante o transporte,

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

422

além das condições ruins das estradas de modo geral. Este último problema é

uma questão mais geral e conjuntural, que foge ao controle direto das empresas

pertencentes à cadeia da bovinocultura de corte. No entanto, aspectos

diretamente ligados ao transporte dos animais podem ser melhorados. Uma

questão importante a ser levantada diz respeito ao fato de que os frigoríficos são

responsáveis pelo transporte, mas quem paga pelas perdas durante este processo

é o pecuarista. No entanto, acredita-se que há espaço para negociação, uma vez

que os prejuízos na operação afetam também os frigoríficos, pois carcaças

danificadas impedem a possibilidade de eles agregarem valor ao produto.

Algumas melhorias já têm sido feitas por frigoríficos, mas o produtor não tem

visto, talvez por falta de maior divulgação. Portanto, um estudo voltado para

definição de ações operacionais que aperfeiçoassem as condições de transporte e,

conseqüentemente, a qualidade dos animais que chegam ao abate, traria

melhorias para a carne produzida e comercializada pela cadeia.

Agentes responsáveis: Instituições responsáveis pelos interesses dos

pecuaristas e indústria frigorífica.

Agentes impactados: Pecuaristas e indústrias frigoríficas.

Grau de prioridade: Médio/médio prazo.

5) Regulamentar o Fundo da Carne do Estado de Mato Grosso

Justificativa: O Estado de Mato Grosso conta com o Fundo da Carne, o

qual é responsável por uma arrecadação da ordem de R$ 5.000.000 anualmente.

No entanto, tal recurso ainda não se encontra disponível para ser usado em prol

dos agentes da cadeia da bovinocultura de corte de Mato Grosso, pois este não

está constituído legalmente. Em função da demanda por melhorias ao longo de

toda a cadeia da bovinocultura do estado, faz-se necessária a regulamentação do

Fundo da Carne para agilização da liberação de recursos que podem fomentar

ações de melhorias ao longo de toda a cadeia.

Agentes responsáveis: Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e

Energia do Estado de Mato Grosso e entidades representativas dos vários agentes

da cadeia de bovinocultura de corte do estado.

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423

Agentes impactados: Todos os agentes envolvidos na cadeia de

bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

12.6. Propostas para o segmento de distribuição

1) Estimular a participação do comércio varejista de açougues e

casas de carnes em redes de relacionamento

Justificativa: Embora haja aparente redução no papel dos açougues

tradicionais, este ainda é importante na distribuição de carne bovina no estado,

tanto na recepção de carnes vindas de abatedouros e frigoríficos, como na

revenda ou entrega direta aos consumidores, principalmente nas periferias das

grandes cidades e nos municípios de pequeno porte. A formação e a

modernização de redes de distribuição, através de grupos de compra conjunta,

permitiriam economias de escala por meio de operações padronizadas e

informatizadas e do transporte de maior volume de produtos, otimizando a

logística e a gestão de suprimentos.

Agentes responsáveis: Entidades representativas de pecuaristas, de

indústrias frigoríficas e varejistas; governos federal, estadual e municipal.

Agentes impactados: Varejistas, frigoríficos e pecuaristas.

Grau de prioridade: Médio/médio prazo.

2) Estimular e dar continuidade à modernização do comércio

varejista de açougues e casas de carnes por meio da capacitação da mão-de-

obra que opera no segmento

Com relação aos recursos humanos usados nos segmentos de distribuição,

o fator que preocupa é o nível de profissionalização dos agentes que trabalham no

preparo das carnes e no contato direto com os consumidores. Apesar de alguns

esforços, por parte de supermercados e açougues, de investimento em recursos

humanos, como treinamento técnico e gestão, percebe-se, em Mato Grosso, que

estes atuam ainda de forma deficiente, com bastante espaço para melhorias. Sabe-

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

424

se que houve iniciativas nessa direção tomadas pelo SENAI, como a do programa

“Açougue do Futuro”, em 2002, e de outros cursos de desenvolvimento

tecnológico, em perspectiva. Acredita-se que iniciativas como essas e outras

devem ser apoiadas e estimuladas por todos os segmentos da cadeia, a exemplo do

abate e processamento, que se beneficiaria diretamente com os resultados positivos

a serem obtidos.

Agentes responsáveis: Entidades representativas de pecuaristas, de

indústrias frigoríficas e varejistas; governos federal, estadual e municipal.

Agentes impactados: Varejistas, frigoríficos e pecuaristas.

Grau de prioridade: Médio/médio prazo.

3) Promover estímulos financeiros de suporte à modernização do

comércio varejista de açougues e casas de carnes para aquisição ou adoção

de equipamentos mais adequados e, ou, tecnologicamente mais avançados

para processamento de carnes

Justificativa: Uma vez que se investe em treinamento de mão-de-obra

para processamento de carnes e para gestão mais aprimorada de açougues e casas

de carnes, e se está convencido da importância do uso de equipamentos

tecnologicamente mais avançados, faz-se necessário tornar mais facilmente

disponíveis e, ou, acessíveis os recursos financeiros que estimulem a adoção das

práticas e dos equipamentos recomendados.

Agentes responsáveis: Entidades representativas de pecuaristas, de

indústrias frigoríficas e varejistas; governos federal, estadual e municipal;

instituições financeiras.

Agentes impactados: Varejistas, frigoríficos e pecuaristas.

Grau de prioridade: Médio/médio prazo.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

425

4) Promover estudos sobre hábitos alimentares dos consumidores

acerca dos atributos estimuladores e desestimuladores do consumo de carne

bovina de Mato Grosso e em praças compradoras da carne bovina do estado

Justificativa: As percepções sobre os fatores que estimulam ou

desestimulam o consumo da carne bovina, como sabor, praticidade de preparo,

variedade, valor nutricional, preços, cor, higiene, validade, controle, origem e

procedência, e devem ser, continuamente, avaliadas e repassadas para todos os

agentes da cadeia produtiva. De posse delas, os agentes devem modificar e

ajustar seus métodos produtivos, industriais e comerciais para outros mais

estimuladores do consumo de carne bovina. Essas informações geradas podem

ser veiculadas por meio de comunicação que atinja vários elos da cadeia, como,

por exemplo, um centro de inteligência da bovinocultura de corte, e, através de

jornais e impressos ligados às entidades representativas da bovinocultura de corte

no estado.

Agentes responsáveis: Entidades representativas de pecuaristas, de

indústrias frigoríficas e varejistas; governos federal, estadual e municipal.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

5) Realizar campanha publicitária de caráter institucional com o

objetivo de informar aos consumidores sobre as reais características da

carne bovina e suas vantagens para a saúde humana

Justificativa: Atualmente, o consumidor carece de informações seguras

sobre as reais características e benefícios do consumo de carne bovina. Esse

desconhecimento tem favorecido a difusão de informações equivocadas sobre o

processo de produção e comercialização da carne bovina, ressaltando, apenas,

pontos desfavoráveis, naturais a qualquer atividade agropecuária. Portanto, é

preciso que se providencie uma estratégia de esclarecimento ao consumidor,

ressaltando as características favoráveis do consumo de carne bovina e sua

contribuição efetiva para saúde humana.

Agentes responsáveis: Entidades representativas de pecuaristas, de

indústrias frigoríficas e varejistas; governos federal, estadual e municipal.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

426

Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva, inclusive o consumidor

final.

Grau de prioridade: Alto/médio prazo.

6) Criar mecanismos de controle efetivo do destino dos produtos da

bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso

Justificativa: Um conhecimento sistematizado sobre os principais

destinos dos produtos originados numa determinada região permite aos

produtores identificar os principais fluxos de acesso a esses destinos e conhecer

as dificuldades de infra-estrutura e informação, por exemplo, a que os fluxos de

comercialização para esses destinos estariam expostos. Permitiria, também, que

se entendesse melhor o público-alvo e se focalizasse melhor nas suas exigências.

Atualmente, pouco ou nada se sabe sobre o destino da produção da bovinocultura

de corte do Estado de Mato Grosso, além das dificuldades de se obterem

estatísticas de destinos e quantidades das carnes oriundas do estado. Esse

conhecimento, sobretudo, daria suporte a políticas de ampliação de comércio, de

melhoria de infra-estrutura e logística no estado.

Agentes responsáveis: Entidades representativas de pecuaristas, de

indústrias frigoríficas e varejistas; governos federal, estadual e municipal.

Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva, inclusive o consumidor

final.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

7) Estimular a busca e centralização de informações sobre

alternativas de se produzir maior variedade de produtos cárneos, de origem

bovina, em termos, por exemplo, de praticidade de preparo, de cortes mais

atraentes, visando a maior competitividade com outros tipos de carne

Justificativa: Grande parte dos consumidores dispõe cada vez mais de

menos tempo para preparar alimentos. Por outro lado, é cada vez mais intenso o

uso de componentes de marketing, como a embalagem, para atrair consumidores.

A carne bovina é uma das que requer maior atividade de pré-preparo e que

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

427

apresenta mais dificuldades com relação a embalagens que atraiam a atenção dos

consumidores e a aquisição do produto.

Agentes responsáveis: Universidades, instituições de pesquisa,

entidades representativas de pecuaristas, de indústrias frigoríficas e varejistas;

governos federal, estadual e municipal.

Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva, inclusive o consumidor

final.

Grau de prioridade: Médio/médio prazo.

8) Pesquisar o reaproveitamento dos resíduos de carne bovina

gerados no elo de distribuição

Justificativa: A atividade de toalete e, ou, preparo da carne bovina em

nível de açougues e supermercados e em outros pontos de processamento e

distribuição, no atacado e varejo, resulta na produção de uma quantidade

significativa de resíduos que acabam se perdendo ou tendo uso pouco rentável.

Considerando o enorme volume de carne que é processada todos os dias no País,

é de se pensar também no grande desperdício que isso pode representar. Além

disso, há as preocupações dos consumidores com a sustentabilidade social e

ambiental. Juntos, esses dois argumentos indicam a necessidade de ações no

sentido de pesquisar o reaproveitamento dos resíduos para gerar novas fontes de

renda e reduzir as perdas mencionadas.

Agentes responsáveis: Universidades, instituições de pesquisa,

entidades representativas de pecuaristas, de indústrias frigoríficas e varejistas;

governos federal, estadual e municipal.

Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva, inclusive o consumidor

final.

Grau de prioridade: Média/médio prazo.

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CAPÍTULO XIII

RESUMO E CONCLUSÕES

A bovinocultura de corte é, atualmente, uma das mais importantes

atividades desenvolvidas no Estado de Mato Grosso. Todavia, a despeito de sua

representatividade, inclusive em relação às vendas externas de carne bovina, não

havia, até a realização desta pesquisa, diagnósticos sistêmicos específicos para o

Mato Grosso para esta atividade. Considerando a existência desta lacuna e a

percepção de importante espaço para expansão da competitividade setorial, a

FAMATO, com o suporte financeiro do FABOV, organizou um consórcio entre a

Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a de Mato Grosso (UFMT), com a

participação de consultores ad hoc, a fim de que se pudesse realizar um amplo

diagnóstico da cadeia produtiva agroindustrial da bovinocultura de corte no

Estado.

A opção pela realização de pesquisa dessa magnitude deveu-se ao

entendimento de que o sucesso de um segmento produtivo depende das

vantagens associadas e das relações com os demais elos da cadeia e mesmo com

o ambiente no qual se acha inserido. Entretanto, avaliar cadeias produtivas

agroindustriais é sempre uma atividade complexa. Em primeiro lugar, porque

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

429

envolve a análise de grande número de agentes, com perfis e interesses distintos

e, em segundo, porque esses mesmos agentes têm visões significativamente

diferentes a respeito do que se espera ser a condução ideal dos mecanismos de

coordenação da cadeia à qual se vinculam.

No caso da cadeia produtiva agroindustrial da pecuária de corte, essas

considerações ganham dimensão maior que a observada para muitas outras

cadeias, uma vez que a heterogeneidade dos atores, mesmo dentro de cada um

dos elos da cadeia, é grande.

Em Mato Grosso, essas variações de perfil se fazem ainda mais visíveis

no segmento de produção primária. São aproximadamente 110 mil propriedades

envolvidas na pecuária de corte e convivem, em um mesmo ambiente

competitivo, produtores de porte variado (de 10 a 90.000 cabeças de gado),

localizados em áreas com características edafoclimáticas particulares e níveis de

formação e relevância da atividade que vão desde aqueles que têm formação

básica, e dependem da atividade como fonte preferencial de renda, até aqueles

que vêem na atividade pecuária apenas um investimento.

Nos demais segmentos – insumos, abate e distribuição – permanece a

dicotomia entre os atores da cadeia; todavia, por serem em menor número, as

dificuldades de harmonização são igualmente reduzidas.

Essa multiplicidade de aspectos traz consigo a necessidade de uma

abordagem metodológica que permita compreender, simultaneamente, os

aspectos mais relevantes em termos agregados, e as especificidades de cada

segmento produtivo. Assim, a opção natural foi pelo uso de uma abordagem

sistêmica, que tem como referência principal o enfoque sistêmico de produto

(Commodity Systems Approach – CSA), complementada pelo suporte teórico do

gerenciamento da cadeia de suprimentos (Supply Chain Management – SCM).

Essa base teórica, já utilizada na construção de outros diagnósticos de cadeias

produtivas, tem se mostrado bastante útil e adequada a esse tipo de análise.

Deve-se, entretanto, destacar que o diagnóstico teve como ponto focal de

análise o segmento de produção primária. Todavia, por tratar-se abordagem que

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

430

considera a importância da orientação pela demanda e sendo esta uma avaliação

sistêmica, todos os segmentos foram contemplados e considerados.

Do ponto de vista prático, o processo de realização da pesquisa dividiu-

se em etapas distintas e seqüenciadas: realização de levantamento bibliográfico,

para construção do pré-diagnóstico; mapeamento e regionalização, para

identificação dos agentes-chave; levantamento primário; compilação dos dados e

construção dos indicadores; e elaboração do relatório final.

O diagnóstico apontou, claramente, diferentes questões capazes de,

isolada ou conjuntamente, comprometer todo o desempenho da cadeia (como

exemplo, podem-se citar as questões de gestão tributária e fiscal, trabalhista,

ambiental, de infra-estrutura e logística, entre outras).

Em primeiro lugar, é preciso considerar que o setor produtivo é bastante

heterogêneo em Mato Grosso, e tentou-se, neste diagnóstico, por questões

práticas, identificar aspectos que afetam a coletividade. Em muitos casos, os

problemas que se manifestam de forma semelhante nas diferentes regiões do

estado precisam ser solucionados de maneira diferenciada, em razão das

condições da região (solo, clima, ecossistemas sensíveis – com destaque para o

Pantanal) ou de fatores ligados à cultura local e, ou, padrão de formação.

Como observado ao longo de todo o texto do diagnóstico, foram muitas

as observações; todavia, serão aqui destacados os elementos mais representativos

e que, no entendimento da equipe, são os principais responsáveis pelos entraves

de competitividade da cadeia da bovinocultura de corte em Mato Grosso.

Destaca-se, de início, a visível demanda por capacitação em todos os elos

da cadeia produtiva da bovinocultura de corte no Estado de Mato Grosso. Há

carência crítica de práticas de gestão na grande maioria das empresas rurais, com

ausência de controle zootécnico eficiente, registro de animais, fluxo de caixa,

análise de custos, entre outros, o que compromete severamente a competitividade

da cadeia.

Além disso, há a percepção de espaço para a intensificação da produção,

com possibilidade de ampliação dos confinamentos e da integração lavoura-

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

431

pecuária, com possível aproveitamento dos resíduos do algodão, cana, restos de

cervejaria, soja, milho e arroz como parte da alimentação animal.

Em termos estruturais, para todos os segmentos percebeu-se que há

relevantes problemas de logística e transporte, que vão além das condições das

rodovias, e que envolvem, em maior ou menor grau, aspectos relacionados ao

embarque e desembarque dos animais, manejo, condições dos caminhões etc.

Também foi marcante a necessidade de formação de parcerias e, ou, acordos

estratégicos entre os elos, com vistas à redução de riscos e dos custos de

transação entre os agentes.

Um dos pontos mais críticos foi o relacionado à baixa transparência dos

fluxos produtivos, que prejudica a confiança entre os agentes ao longo de toda a

cadeia. Nesse particular, como pontos críticos, observou-se:

a) Pouca interação, transparência e baixo fluxo de informação ao longo da

cadeia, principalmente nos elos de produção-abate e abate-compradores de

carne.

b) Falta de participação de agentes da cadeia em suas entidades de classe, com

destaque para os pecuaristas que precisam de maior participação nos

sindicatos e na federação.

c) Necessidade de se trabalhar em âmbito institucional – federal, estadual e

municipal –, para solucionar entraves importantes nas áreas de legislação para

normatização das atividades da cadeia (normas para toalete, tipificação,

fiscalização sanitária, entre outras), questões ambientais, tributárias,

comerciais e trabalhistas.

Outra questão importante é a dispersão das informações, ou seja, estas se

encontram muito desorganizadas e dispersas entre as instituições. Essa má

coordenação das bases de dados dificulta as tomadas de decisão e prejudica

severamente os processos, uma vez que algumas medidas tornam-se praticamente

inviáveis sem a possibilidade de acompanhamento periódico de todos os

segmentos da cadeia.

A melhoria nas bases de dados e o aumento na transparência dos fluxos

de informação favoreceriam, inclusive, a organização dos agentes da cadeia de

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

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bovinocultura de corte de Mato Grosso em relação a questões críticas – a

exemplo das ambientais – sobretudo nas regiões que compõem a Amazônia

Legal (ao norte do estado) e o Pantanal.

Também foi destacada a necessidade de acordos comerciais com outros

países e blocos econômicos, para melhor adequação dos circuitos sanitários, bem

como a revisão do padrão de tratamento para a questão comercial de divisão do

estado em área habilitada e não-habilitada para exportação para a União

Européia.

Além destas questões, é preciso que os agentes partícipes da cadeia se

conscientizem da necessidade de se manterem engajados e ativos, para que as

ações propostas no diagnóstico, e outras que surjam durante esse processo, sejam

divulgadas, discutidas e executadas. Para tal, a sugestão de criação de um fórum

permanente para a bovinocultura de corte de Mato Grosso, composto de

especialistas, consultores, agentes representativos e autoridades políticas, deve

ser apreciada com especial atenção.

É, pois, fundamental, que os representantes políticos da cadeia de

bovinocultura de corte do estado dêem apoio e pressionem, se necessário, o

Governo, para que as obras do PAC sejam executadas, permitindo ao estado o

escoamento dos derivados cárneos (e outros produtos), através de portos que os

tornem mais competitivos em termos de preços no mercado externo.

As propostas deste diagnóstico são, portanto, eminentemente pró-ativas.

Uma análise de cadeia produtiva requer uma visão sistêmica, para que se alcance

um resultado realístico e, naturalmente, os mecanismos de ação propostos

deverão ser compreendidos e ter o suporte de cada elemento que compõem esse

elo, pois sem essa ação coletiva se perderá boa parte do potencial de crescimento

e sustentação da cadeia, com perdas significativas para cada uma das partes.

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VELOSO, P.R.; GOMES, M.F.M.; CAMPOS, A.C.; RUFINO, J.L.S. Fatores condicionantes da competitividade da industria de abate e processamento de carne suína do Estado de Minas Gerais. Revista de Economia e Sociologia Rural, Brasília, v. 39, n. 1, jan./mar. 2001.

VIEIRA, A, CAPACLE, V. H.; BELIK, W. Estrutura e Organização das Cadeias produtivas das Carnes de Frango e Bovina no Brasil: reflexões sob a ótica das instituições. Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado. Porto Alegre, 1006. Anais Porto alegre: UFRGS, DZ, NESPRO, 2006.

VINHOLIS, M. M. B. Uma análise da aliança mercadológica da carne bovina baseada nos conceitos da economia dos custos das transações. Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado. Porto Alegre, 1006. Anais Porto alegre: UFRGS, DZ, NESPRO, 2006.

VOLPATO, L.R.R. A conquista da terra no universo da pobreza. São Paulo: Hucitec, 1987.

WORLD BANK. Agricultural market and agribusiness assessments. In: WORLD BANK. Guide to developing agricultural markets and agro-enterprises. Disponível em: <http://go.worldbank.org/1DBLU3WAQ0>. Acesso em: 23 out. 2007.

YOKOYAMA, L.P.; VIANA FILHO, A.; BALBINO, L.C.; OLIVEIRA, A.; BARCELOS, A.O. Avaliação econômica de técnicas de recuperação de pastagens. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 34, n. 8, 1999.

ZYLBERSZTAJN, D.; MACHADO FILHO, C.A.P. Competitiveness of meat agribusiness chain in Brazil and extensions for Latin America. Ribeirão Preto: FEA-RP/USP, 2000. (Série Working Papers, 10).

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ANEXOS

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ANEXO A

ROTEIRO DE ENTREVISTAS

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453

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURAL

Diagnóstico da Pecuária de Corte do Estado de Mato Grosso

ROTEIRO DE ENTREVISTAS

SETOR DE INSUMOS

Confidencial

Identificação da Unidade

Nome/Razão Social: _____________________________________________________

Endereço: ______________________________________________________________

Bairro: __________________________________ Cidade: ______________________

CEP: ___________-________________________ UF: _________________________

Tel: _______________ Fax: ____________ E-mail: ____________________________

Nome do entrevistado: ____________________________________________________

Cargo que ocupa: ________________________________________________________

Região Levantada: ______________________________________________________

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1. Identificação da Empresa

1.1 Quais são as atividade da empresa.

Ramos de insumo (lista de insumos CEPEA) Número de lojas e localidades/ Regiões Atendidas no estado Número de empregados

2. Tendências

2.1 Qual é o panorama atual, os gargalos e as sugestões de políticas para o setor de

insumos para bovinocultura de corte?

3. Relações de Mercado

3.1 Como você descreveria as relações entre o setor de distribuição de insumos e os

pecuaristas em sua região?

Considerar questões de cooperação Assistência técnica Formas de pagamento e financiamento Fidelização

3.2 Quais são os fatores levados em consideração na sua decisão na hora de vender os

insumos de produção?

Conquista de mercado Marca e confiança Concorrência/ preços Condições de pagamento Assistência técnica Disponibilidade Qualidade do produto Proximidade e localização

3.3 Na sua percepção, quais são os fatores levados em consideração na decisão do

pecuarista na hora de comprar de insumos de produção?

Marca e confiança Preço Condições de pagamento Assistência técnica Disponibilidade Produtividade/ qualidade do produto Proximidade e localização

3.4 Quais os fatores levados em conta par a definir as diferenças de preços entre as

regiões servidas pela empresa?

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455

3.5 Você tem percebido a organização dos produtores em relação a compra de insumos?

Como isso pode impactar o seu negócio e o do produtor? Esta organização é um aspecto positivo ou negativo? De que forma?

3.6 Você observa vantagens da organização dos distribuidores em relação a compra de

insumos?

Como isso pode impactar o seu negócio e o do produtor? Esta organização é um aspecto positivo ou negativo? De que forma?

4. Estrutura de Mercado

4.1 Qual é a estrutura logística para aquisição dos insumos que você comercializa?

Disponibilidade e qualidade das vias de transporte, transportadoras, localização insumos, importação de máquinas etc.

Problemas e restrições

4.2 Qual é a estrutura logística para entrega dos insumos aos pecuaristas?

Disponibilidade e qualidade das vias de transporte, transportadoras, localização insumos e compradores

5. Ambiente Institucional

5.1 De que modo a variação cambial e a taxa de juros têm afetado o seu negócio?

(como, em que magnitude etc.?)

5.2 Quais são as leis que incidem no seu negócio e como elas afetam o desempenho da

empresa?

Leis trabalhistas Leis ambientais Leis de transporte Leis de produção

5.3 Quais os tipos de fiscalização que mais impactam o seu negócio?

5.4 Qual são os efeitos da política tributária no seu negócio?

5.5 Existe algum tipo de incentivo fiscal para o seu negócio?

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456

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURAL

Diagnóstico da Pecuária de Corte do Estado de Mato Grosso

ROTEIRO DE ENTREVISTAS

SETOR DE PRODUÇÃO

Confidencial

Dados Cadastrais

Nome do Produtor: ______________________________________________________

Nome da Propriedade: ____________________________________________________

Localidade: ____________________________________________________________

Município: _____________________________________________________________

Endereço para contato: Rua, Av. ____________________________________________

Tel.: ____________________ Cidade: _________________________ Estado: _______

Região Levantada: ______________________________________________________

Abril – 2007

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1. Tendências

1.1 Qual é o panorama atual para o setor de produção de pecuária de corte?

Os gargalos: elementos controláveis e não controláveis As sugestões de políticas Taxa de câmbio

2. Tecnologia

2.1 Em sua opinião qual é a predominância de utilização de pastagens para a

bovinocultura de corte em sua região?

Pastagens naturais, formadas, forrageiras para corte etc. Vantagens e desvantagens

2.2 Quais as principais capim (forrageiras) utilizadas na região?

Braquiária, capim elefante, sorgo, colonião, capim meloso (gordura)

2.3 Na sua região qual é a estratégia típica par enfrentar a seca?

Redução de plantel, arrendamento de pasto, semi-confinamento, confinamento, ou uso pasto vedado nas águas/feno em pé

2.4 Em relação ao manejo de pastagens, favor comentar sobre:

Sistema de pastejo utilizado (contínuo ou rotacionado) Consórcio (gramíneas com leguminosas) Formação e recuperação Pragas e doenças Suplementação volumosa Creep-feeding e creep-grazing

2.5 Em sua região, quais são as raças de bovinos de corte predominantes?

Vantagens e desvantagens de cada raça

2.6 Em sua região, como se pode caracterizar:

Idade do primeiro parto Intervalo entre partos Idade média de abate Peso médio de abate Taxa de desfrute Idade de desmame Peso ao nascer Taxa de mortalidade do bezerro Critérios de descarte e reposição de matrizes Práticas de castração (deságio no preço, idade etc.)

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2.7 Em sua região, quais os principais sistemas de produção utilizados? (vantagens e

desvantagens)

Cria, recria, engorda

2.8 Em sua região, quais os principais sistemas de criação utilizados? (vantagens e

desvantagens)

Criação a pasto + sal mineral; criação a pasto+ sal mineral+ outros suplementos; semi-confinado; confinamento.

2.9 Em relação aos aspectos sanitários:

Quais os principais problemas enfrentados na região? (raiva, manqueira, brucelose, entre outras).

Como é o manejo sanitário em termos de vacinação, controle de entrada de animais no estado/região, documentos exigidos no transporte etc.

Como é observada a questão da classificação de áreas como área habilitada e não habilitada?

2.10 Em relação ao manejo reprodutivo da região, comente sobre:

Práticas de inseminação artificial, aquisição de animais melhoradores, adoção de estações de monta, monta natural, transferência de embrião etc.

Cruzamento industrial, manejo alimentar e medicamentoso para melhorar desempenho reprodutivo de fêmeas.

3. Insumos (sementes, medicamentos etc.)

3.1 Como são as condições relacionadas aos vários tipos de insumo para a produção em

termos de disponibilidade, origem e distância dos fornecedores etc.?

Insumos para formação de pastagens (semente, adubos, corretivos etc.) Insumos nutricionais (sal mineral, vitaminas e concentrados) Produtos médico-veterinários Equipamentos e maquinários Pedir para comentar sobre os mais problemáticos e o porquê (preços,

condições de pagamento, prazo, crédito etc.)

3.2 Como é adquirido o insumo (venda direta , representantes etc.)

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4. Relações de Mercado

4.1 Como você descreveria as relações entre pecuaristas e fornecedores de insumos em

sua região?

Considerar questões de cooperação, rivalidade, oportunismo, inadimplência Arranjos contratuais, acordos, parcerias, alianças etc.. Formas de pagamento

4.2 Quais são os agentes que atuam na comercialização da produção da pecuária de

corte na região?

Leiloeiros, frigoríficos, corretores, marchante O porquê da infreqüência de leilões no estado/região Quais os mais importantes e forma de atuação?

4.3 Como você descreveria as relações entre pecuaristas e compradores de animais

(frigoríficos, marchantes etc.) em sua região?

Considerar questões de cooperação, rivalidade, oportunismo, inadimplência Arranjos contratuais, acordos, parcerias e alianças etc.. Formas de pagamento Limpeza da carcaça e transparência do peso do animal

4.4 Quantos frigoríficos na sua região quebraram nos últimos cinco anos?

4.5 Quantos frigoríficos na sua região trocaram de nome ou dono nos últimos cinco

anos?

4.6 Quais são os fatores levados em consideração na decisão da venda dos animais da

região?

Quais seriam os mais importantes (preço do boi gordo, relações de troca, clima, necessidade – fluxo de caixa, etc.)

4.7 Quais são os principais praças onde se comercializa os animais produzidos?

4.8 Como você descreveria a prática da rastreabilidade em sua região?

Nível de conhecimento dele a respeito de rastreabilidade/SISBOV Ágio e deságio Agentes da cadeia que organizam essa iniciativa Problemas e restrições encontradas

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4.9 Os preços do boi gordo da sua região diferem significativamente dos preços

praticados em outras regiões? Por que e em que época do ano?

4.10 Existem incentivos para se produzir couro de qualidade na região?

Se existem, quais são e que manejos são utilizados

5. Estrutura de Mercado

5.1 Como tem sido a tendência de compra, venda ou troca de propriedades de

bovinocultura de corte na sua região?

Parcelamento de propriedade para crédito, reforma agrária

5.2 Qual é a estrutura logística para aquisição de insumos de produção ( aquisição de

animais, medicamentos etc.) e venda de animais?

Disponibilidade e qualidade das vias de transporte, transportadoras, localização insumos

Problemas e restrições

5.3 Qual é o efeito da presença e, ou, ampliação/demarcatória de reservas indígenas e

ecológicas e sistemas sensíveis84 na sua região na atividade de pecuária de corte?

Há cobrança de pedágio? Descrever os efeitos e as modificações recentes ocorridas

5.4 Quais são as formas de organização dos pecuaristas na região? (explorar bem o

caso)

Qual é a mais comum? Ocorre com que grau de adesão? Quais os problemas enfrentados?

84 Áreas protegidas ou de uso restrito.

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6. Gestão

6.1 Em relação à mão-de-obra da sua região (vaqueiros e nível gerencial), favor

comentar sobre: (verificar se há contrato, carteira assinada etc.)

Disponibilidade/ sazonalidade Qual a relação vaqueiro/cabeça de gado? Qualificação Remuneração básica + incentivos Treinamentos regulares ou não (quem?) Como é a atuação do SENAR na região?

Levantar problemas principais

6.2 Quais são as práticas mais comuns na gestão das propriedades de pecuária de corte

da região, em termos de:

Controle de custos de produção – como é feito (anotação, planilhas softwares etc.)

Atendimento a programas específicos de qualidade e certificação Planejamento da produção (plano de venda, nascimentos, alimentar) Controle pluviométrico Nível de uso do computador no controle nas fazendas da região Levantar problemas principais Há contratação de terceiros para tal função

6.3 Quais são as principais formas de assistência técnica utilizadas pelos pecuaristas da

região:

Contratada, estadual, associação e sindicatos de produtores, vendedores de insumos, instituições de pesquisa

6.4 Em sua região qual o estado de manutenção das fazendas de produção:

Benfeitorias e maquinário Pastagens – limpeza e roçadas Pastagens – degradação da pastagem Descapitalização

7. Ambiente Institucional

7.1 Em relação à política fiscal e tributária quais são os aspectos importantes?

Tipos de impostos Incentivos fiscais Diferenças preponderantes em relação a outros estados e, ou, regiões Problemas decorrentes e possíveis sugestões

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7.2 Qual é a percepção dos pecuaristas da sua região em relação ao FUNRURAL?

Como ele é recolhido? Qual é a taxa e se é destacado da nota?

7.3 Qual é a percepção dos pecuaristas da sua região em relação ao FABOV?

Conhece o FABOV? Qual é o valor da contribuição? Tem conhecimento dos benefícios?

7.4 Qual é a percepção dos pecuaristas da sua região em relação ao FEFA?

Conhece o FEFA? Qual é o valor da contribuição? Tem conhecimento dos benefícios?

7.5 Qual é a percepção dos pecuaristas da sua região em relação ao FETHAB?

Conhece o FETHAB? Qual é o valor da contribuição? Tem conhecimento dos benefícios?

7.6 Qual é a percepção dos pecuaristas da sua região em relação à contribuição sindical:

É conhecida a distribuição e uso do recurso? Conhece como é atribuído o valor da contribuição sindical?

7.7 Como é percebida a representação do Sindicato Rural?

7.8 Como é percebida a representação da FAMATO?

7.9 Quais as conseqüências da reserva legal para a expansão da pecuária de corte?

7.10 Os produtores estão aderindo ao licenciamento ambiental (LAU)? (sim, não e por

quê?)

7.11 Em relação à fiscalização (trabalhista, ambiental, contábil etc.):

Quais são as implicações e conseqüências? O que está sendo feito para melhorar esses aspectos? Qual é o impacto na região do conceito de trabalho escravo?

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463

7.12 Em relação à fiscalização da sanidade do rebanho:

Como ela ocorre? Quais são as implicações e conseqüências? Como afeta a remuneração do setor e conquista de mercados? O que está sendo feito para melhorar esses aspectos?

7.13 Quais as fontes disponíveis de crédito?

Qual é a forma mais usual de captação de recursos para a produção? FCO/FINAME/PROPASTO/Custeio Pecuário Cheque especial CPR Outros

Quais as dificuldades de acesso ao crédito? O pecuarista procura o crédito oficial?

7.14 Em relação à legislação oficial e regularização fundiária:

Quais são aquelas mais impactantes na pecuária? Como isso acontece? LAU Georeferenciamento Grau de utilização da terra (índice INCRA) Reserva legal Trabalho escravo

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464

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURAL

Diagnóstico da Pecuária de Corte do Estado de Mato Grosso

ROTEIRO DE ENTREVISTAS

SETOR DE ABATE E PROCESSAMENTO

Confidencial

Identificação da Unidade

Nome/Razão Social: _____________________________________________________

Endereço: ______________________________________________________________

Bairro: __________________________________ Cidade: ______________________

CEP: ___________-________________________ UF: _________________________

Tel: _______________ Fax: ____________ E-mail: ____________________________

Nome do entrevistado: ____________________________________________________

Cargo que ocupa: ________________________________________________________

Região Levantada: ______________________________________________________

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1. Identificação da Empresa

1.1 Atividade da empresa:

De acordo com as atividades classificadas abaixo, qual o item que caracteriza a

planta no estado e fora do estado: no estado ________ no país _________

a) Abate e comercialização de quartos e miúdos; b) Abate, desossa, comercialização de quartos resfriados com osso e cortes

desossados; c) Abate, desossa e comercialização de cortes desossados e miúdos; d) Abate, desossa, comercialização de cortes desossados, miúdos e

industrialização (corned beef/extrato de carne); e) Abate, desossa, comercialização de cortes desossados, miúdos e

industrialização (corned beef/extrato da carne e cooked frozen beef, hambúrguer e outros industrializados).

- Números de unidades produtoras: na planta/estado ______ no país _________ - Capacidade de abates/diário/mês/ano: no estado ________ no país _________ - Toneladas produtos desossados dia/mês/ano: no estado________ no país ________ - Idem dos miúdos: no estado ________ no país _________ - De industrializados: no estado ________ no país _________ - Número de funcionários: no estado ________ no país _________

1.2 Tempo de atuação da empresa no ramo: ____ ____ anos

2. Tendências

2.1 Qual é o panorama atual para o setor de abate e processamento de pecuária de corte?

Gargalos e as sugestões de políticas Listar em ordem de importância os gargalos

2.2 Discutir sobre o risco sanitário no estado, país e outros continentes.

2.2.1 Especificamente sobre a febre aftosa, qual o impacto desta enfermidade no seu

negócio, no estado, Brasil, outros países e continentes?

Apresenta sugestões para minimizar esses problemas Acredita que o Mato Grosso poderia pleitear o status sanitário de estado

livre de febre aftosa sem vacinação? Neste caso direcionaria parte do seu faturamento para viabilizar uma

vigilância sanitária efetiva?

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466

2.2.2 No caso da conquista de status de área livre de febre aftosa sem vacinação,

você acha que poderíamos atingir mercados como Estados Unidos, Japão,

Coréia do Sul etc.?

Em caso positivo considera plausível uma ação efetiva de todos os elos da cadeia produtiva?

Quem seriam estes agentes?

3. Tecnologia

3.1 No que tange o leque de produtos de carne bovina, quais seriam os entraves para

maior diversidade de produtos com carne bovina?

Comparar com carne de aves e suínos

3.2 Qual é o estado da arte, os gargalos e as sugestões de políticas para a tecnologia de

abate e processamento de pecuária de corte?

Há alguma tecnologia que tem impactado a qualidade e produtividade nos últimos anos

3.3 Como você avalia o posicionamento da sua empresa em relação às outras em termos

de tecnologia?

3.4 Tem havido investimentos em automação, modernização, ampliações, novas

instalações e especialização da produção?

Processos

3.5 Dentre os procedimentos adotados nas operações de abate e processamento, existe

algum que gera maiores restrições ou dificuldades de execução? (pedir para seguir

o fluxo físico da chegada do animal ao final do processo)

Descanso em curral ante-mortem Dieta hídrica Sangria Evisceração Inspeção dos órgãos, vísceras e carcaça Lavagem das meias carcaças Resfriamento, desossa e estocagem

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Instalações

3.6 Você dispõe de todas as instalações necessárias para o processo eficiente de abate e,

ou, processamento?

Unidades de frigorificação Unidades de desossa Unidade de tratamento de água e efluentes Unidade de processamento Unidades laboratoriais Abatedouros sanitários e sala de necrópsia Lembrar processos especiais para judeus e muçulmanos

Automação

3.7 Como você descreve os níveis de automação e informatização da produção adotados

pela sua empresa?

Sistemas de informação e gerenciamento Estocagem de produtos Rastreabilidade Embalagem e etiquetagem

Subprodutos e efluentes

3.8 Como se dá o manejo de subprodutos do abate e processamento?

Sangue Osso Vísceras Sebo – O que o industrial pensa no aproveitamento do sebo na produção de

biodiesel (e outros usos) e das farinhas (que possuem preço muito abaixo do mercado) na alimentação das fornalhas das caldeiras do próprio estabelecimento

3.9 Como se dá o manejo de efluentes do abate e processamento?

Descrição do sistema de tratamento

Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)

3.10 Há investimento em pesquisa e desenvolvimento?

Em quais áreas principais? Existem parceiros externos? Há referência percentual (sobre faturamento, lucro....) de quanto se investe em

P&D?

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4. Insumos

Matéria-prima (animais)

4.1 Quais são as principais formas de aquisição de animais?

4.2 Quem é o responsável pela compra dos animais?

Comprador próprio Terceiros

4.3 Qual é a prática de pagamento?

Determinação de preço Peso vivo Avaliação da carcaça Prazos etc.

4.4 Existe algum programa ou preocupação para a melhoria do animal que vai ser

adquirido e abatido?

Idade Sexo Raça Preço médio Procedência Quais as ferramentas de gestão disponíveis

4.5 Em relação ao processo de classificação e tipificação de carcaça:

O frigorífico implanta este sistema? Quais os principais aspectos e barreiras que dificultam a implantação deste

sistema?

4.6 Há algum programa de assistência técnica e, ou, acompanhamento de produtores

visando à melhoria de qualidade dos animais?

Como pecuarista é informado do resultado do abate? É classificado de acordo com os padrões

Em relação aos confinamentos, tem havido aumento da comercialização de bois confinados?

Frigorífico tem participação no incentivo aos confinamentos

4.7 Quais são as condições relacionadas ao transporte para aquisição dos animais em

termos de:

Distâncias médias percorridas? Custos de transporte e pagamento destes custos? Forma de transporte e perdas envolvidas? Características da frota?

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469

Estratifique o seu meio de transporte em Toco, Truck, Carreta? Própria , terceirizada, tipos caminhões

Água e energia

4.8 Quais são as fontes de água e tratamentos utilizados?

4.9 Quais são as fontes de energia utilizadas?

Aditivos e ambalagens

4.10 Qual é o nível de utilização de aditivos no processamento?

Emulsificadores Espessantes Condimentos Conservantes etc.

4.11 Como tem sido a utilização de embalagens no processamento?

Disponibilidade, origem

5. Relações de Mercado

5.1 Como você descreveria as relações entre frigoríficos e pecuaristas em sua região?

Considerar questões de cooperação, rivalidade, oportunismo Arranjos contratuais, acordos, parcerias, alianças etc.. Formas de pagamento e responsabilidades das perdas

5.2 Como você descreveria as relações entre frigoríficos e distribuidores de carne

bovina (distribuidores, redes varejistas etc.) em sua região?

Considerar questões de cooperação, rivalidade, oportunismo, inadimplência Arranjos contratuais, acordos, parcerias e alianças etc. Formas de pagamento e responsabilidades das perdas

5.3 Quais são os fatores levados em consideração na decisão da venda dos produtos

originados nos frigoríficos?

Quais seriam os mais importantes

5.4 Para onde se destina a maior parte dos produtos dos frigoríficos da região?

Exportação, mercado local e regional e nacional

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470

5.5 Quais são os principais agentes que atuam na compra de carne na região?

Distribuidores, corretores, supermercados, açougues, casas de carnes, butiques, traders

5.6 Como você descreveria a prática da rastreabilidade em sua região?

Ágio e deságio Agentes da cadeia que organizam essa iniciativa Problemas e restrições encontradas

6. Estrutura de Mercado

6.1 Qual é a estrutura logística para aquisição de insumos de produção (animais etc.)?

Disponibilidade e qualidade das vias de transporte, transportadoras, localização insumos, importação de máquinas etc.

Problemas e restrições

6.2 Qual é a estrutura logística para distribuição no mercado interno dos produtos

produzidos pelo frigorífico?

Disponibilidade e qualidade das vias de transporte, transportadoras, localização insumos e compradores

6.3 Qual é a estrutura logística para exportação dos produtos produzidos pelos

frigoríficos?

Disponibilidade e qualidade das vias de transporte, transportadoras, localização insumos e compradores, estrutura portuária e alfandegária

Monitoramento de condições de transporte (gestão de frio, etc.) Meios de comunicação utilizados Problemas e restrições

6.4 Quais são as formas de organização dos frigoríficos em nível local, regional,

estadual e nacional?

Qual é a mais comum Quais os problemas enfrentados

6.5 Como a localização de frigoríficos nesta região do Estado de Mato Grosso afeta o

desempenho da atividade?

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471

6.6 Qual é o nível de uso da capacidade instalada, a escala operacional ideal (relação

tamanho versus custo)?

Safra e entressafra

7. Gestão

7.1 Há planejamento estratégico formal para a empresa?

Como acontece (matriz ou filial), que estágio está etc. Estratégias competitivas Planejamento de marketing (marcas, publicidade, etc.)

7.2 Em termos de gestão de qualidade, como tem sido os esforços da sua empresa?

Quais os sistemas implantados (HACCP, TQC, ISO’S, 5s’s ) Qual o nível de satisfação e impactos essa implantação trouxe

7.3 Há sistemas de controle de custos? Qual(is)?

7.4 Há sistemas de acompanhamento do uso de insumos?

Uso de insumos, mão-de-obra (coeficientes técnicos)

7.5 Em relação à gestão da mão-de-obra, favor comentar sobre:

Disponibilidade Qualificação e tipos de treinamentos Segurança no trabalho Assiduidade, absenteísmo e rotatividade

7.6 Qual é nível de uso de instrumentos de tecnologia de informação na gestão de

sistemas de informação, de apoio à decisão etc.?

7.7 A empresa faz uso de controles financeiros? (fluxos de caixa, análises de

investimentos, etc.)

7.8 Como é a necessidade e uso de crédito pela empresa?

Que tipos necessita (giro/investimento/exportação, têm tido acesso)

7.9 Qual é a capacidade de investimento da empresa?

Tem planos de expansão

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472

8. Ambiente Institucional

8.1 Quais são as condições de acesso e disponibilidade de crédito para a empresa?

Quais as linhas de créditos disponíveis

8.2 A desvalorização cambial e a atual taxa de juros têm afetado o seu negócio? (como,

em que magnitude etc.)

8.3 Qual é o efeito da legislação, em geral, nos negócios da empresa?

Efeitos da portarias 304 e 145 (investimento em sala de desossa, embalagem, distribuição/logística, entrepostos, terceirização ou novos agentes na atividade de transporte e distribuição)

8.4 Qual são os efeitos da política tributária no seu negócio?

Estadual e federal Quais as expectativas quanto à reforma tributária? Redução de impostos/abate clandestino

8.5 De que modo o abate clandestino afeta o seu negócio?

Quais as causas Quais medidas poderiam reduzir esse problema

8.6 Quais são as ações da fiscalização municipal/estadual/federal e como elas impactam

o seu negócio?

Vantagens e desvantagens da fiscalização Necessidades de melhorias no sistema de fiscalização

8.7 Em relação ao FEFA, qual é a sua contribuição anual e sua percepção sobre a

eficiência da sua aplicação?

8.8 Você aderiu ao programa PESEBEM?

Em caso negativo, qual é a sua opinião?

9. Couro

9.1 Qual é a sua percepção em relação à cadeia do couro?

Importância como negócio

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473

9.2 Existem incentivos para se fazer um manejo adequado do couro nas suas

instalações?

Ágio/ deságio pelo couro vendido pelo frigorífico Como se dá o pagamento entre frigorífico e curtume ou frigorífico e

exportador? (aprofundar, formação de preços, prazo de pagamento, contratos)

9.3 Qual é o produto final do frigorífico com relação ao couro? (couro cru, salgado ou

com algum tipo de processamento e essa agregação de valor é própria)

Dentro do frigorífico, quais os cuidados para evitar danos ao couro do boi (desde o recebimento do animal, o abate e o armazenamento da pele) e quais as etapas de processamento são realizadas dentro das instalações (classificação, separação da flor e vaqueta, salgado, wet blue)?

9.4 O frigorífico incentiva o pecuarista a produzir um animal com couro de qualidade?

O couro brasileiro numa classificação internacional de 1 a 10 (1 para o top e 10 para o pior) situa-se nos níveis de 6 a 10. No entanto, melhorias nesse conceito se deveriam a ajustes dentro da fazenda (40%) e fora da fazenda (60%). Sendo isso um fato verdadeiro, perde o produtor, o frigorífico e a indústria coureira. O que fazer para romper esse ciclo vicioso?

Forma de pagamento (ágio no preço do animal, repasse do valor etc.) Orientação técnica – quais?

9.5 O frigorífico já teve (ou tem) experiência de terceirização ou parceira com algum

curtume para o processamento do couro?

9.6 Existe fidelidade de entrega entre frigorífico e curtume ou exportador?

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474

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ROTEIRO DE ENTREVISTAS

SETOR DE DISTRIBUIÇÃO E VAREJISTAS

Confidencial

Identificação da Unidade

Nome/Razão Social: _____________________________________________________

Endereço: ______________________________________________________________

Bairro: __________________________________ Cidade: ______________________

CEP: ___________-________________________ UF: _________________________

Tel: _______________ Fax: ____________ E-mail: ____________________________

Nome: ________________________________________________________________

Cargo do responsável pelo preenchimento deste: _______________________________

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475

Tendências

1. Qual é o panorama atual, os gargalos e as sugestões de políticas para o setor de

distribuição e varejo de carne bovina?

A questão da participação dos supermercados, açougues, casas de carne e boutiques?(individuais e em rede)

Preferências do consumidor: tipo (in natura e processada); cortes e exigências em termos de higiene e segurança alimentar (qualidade em geral)

2. Qual a importância do produto carne bovina para sua empresa?

Qual o papel da carne bovina como estratégia de comercialização (em relação aos outros produtos) - estratégia de localização do balcão de vendas?

Qual a porcentagem em termos de faturamento? Margem de lucro

Relação Varejista – Frigorífico

3. Como está funcionando a estrutura logística para a aquisição e distribuição de carne

dos frigoríficos segundo aspectos abaixo?

Disponibilidade Qualidade das vias de transporte Empresa de transporte Cadeia do frio Formas de comunicação Distâncias e preço

4. Quais são as formas de relacionamento com o frigorífico?

Contratos Conflitos e restrições (trabalhistas, ambiental, aftosa) Parcerias Alianças mercadológicas (características) Outros (especificar) Há marca preferencial?Por quê? Há atributos preferenciais?(boi verde, boi orgânico...)

5. Quem “comanda” as alianças mercadológicas? Existe marca própria?

6. Além da aliança mercadológica, existe a venda de outras marcas que não estão

contempladas na aliança?

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476

7. Formação de preços: qual a influência do varejista na formação do preço de aquisição

da carne junto aos frigoríficos?

Restrição vertical (o supermercado tem poder de pressão sobre os preços e marcas de aquisição?)

Prazo de validade Distância Promoção

8. Na hora da aquisição da carne pelo varejista há preocupação com o sexo do animal?8

Em caso afirmativo, há pagamento diferenciado em virtude de ser macho? Qual o valor do ágio?

9. Sua empresa (supermercado, boutique,...) exige a rastreabilidade?

10. Sua empresa paga mais por uma carne rastreada?

Em caso afirmativo, qual o tamanho do ágio (prêmio) Há exclusão de carnes não rastreada?

Oferta

11. Existe o problema de sazonalidade e quais são as estratégias do seu negócio para

tratar a sazonalidade?

12. Existe sempre disponibilidade dos diferentes cortes comercializados durante todo o

ano?

Definir influência da exportação Excesso de oferta vs promoção

Tecnologia

13. Há projetos de compartilhamento de informações com fornecedores?

Se existe, qual o formato? Qual o tipo de informação (qualidade, estoque, padronização de carcaça,

estrutura, ...) Caderneta, pedidos...

14. Quais os sistemas eletrônicos de intercâmbio de informação são utilizados (intranet,

ECR, SCM, etc.)?

15. Como avalia a questão da rastreabilidade (impactos, necessidades de investimentos,

custo/benefício)?

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477

16. Qual tem sido o impacto da Portaria 304 (carnes desossadas, embaladas e resfriadas)

sobre questões operacionais e tecnológicas no varejo?

17. Como avalia sua tecnologia em relação ao padrão disponível no mercado

(especialmente nas áreas de frio, embalagens, exposição do produto, etc.).

Automação Etiquetagem Leitura ótica Pesagem eletrônica

Relação Varejista – Consumidor

18. Como fica a concorrência supermercado x outros agentes de venda, com a Portaria

304?

Houve algum tipo de adequação por parte dos agentes, além dos supermercados?

Os supermercados levaram algum tipo de vantagem (desvantagem) nesse processo?

19. Quais as estratégias utilizadas para aumentar/manter a participação no mercado?

Preço Promoção Propaganda Distribuição Embalagem

20. Quais os principais elementos/atributos levados em conta na fixação dos preços para

o consumidor?

Cortes diferenciados, embalagens, margem, política de preços, público alvo, ambiente de localização, preço do concorrente, etc.

21. Em sua opinião, quais os três atributos de qualidade melhor percebidos pelo

consumidor na aquisição da carne bovina?

Aparência, conveniência, limpeza da carne, palatabilidade, origem, marca, preço, saúde, segurança e higiene.

22. O consumidor está propenso a pagar mais por carne de melhor qualidade e garantia?

Em caso afirmativo, quais os aspectos considerados?

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478

23. Você pratica preço diferenciado (junto ao consumidor) em virtude do sexo do

animal?

Em caso afirmativo, qual o valor do ágio/deságio?

24. Qual é a proporção de vendas de carne embalada versus carne in natura?

25. Qual é a proporção de vendas de carne de boi versus carne de vaca?

26. Qual é o tipo de carne mais procurada (em relação às carnes de primeira/segunda e

cortes)?

27. Que tipo de perdas de carne bovina ocorre nesse estabelecimento (data de validade,

limpeza, estocagem, deterioração por má conservação, cortes...)?

Ambiente Institucional (focado na carne bovina)

28. Quais são as leis que incidem no seu negócio e como elas afetam o desempenho da

empresa?

Leis trabalhistas Leis ambientais Leis de transporte

29. Quais os tipos de fiscalização que mais impactam o seu negócio?

Freqüência Rigor

30. Qual são os efeitos da política tributária no seu negócio?

31. Qual a sua percepção em relação ao abate clandestino?

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ROTEIRO DE ENTREVISTAS

ASPECTOS INSTITUCIONAIS

Confidencial

Identificação da Unidade

Nome/Razão Social: _____________________________________________________

Endereço: ______________________________________________________________

Bairro: __________________________________ Cidade: ______________________

CEP: ___________-________________________ UF: _________________________

Tel: _______________ Fax: ____________ E-mail: ____________________________

Nome: ________________________________________________________________

Cargo do responsável pelo preenchimento deste: _______________________________

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480

1. Tributação e Incentivos

1.1. Como os diferentes produtos (boi vivo, garrote, carcaças, etc.) da cadeia são

tributados no Estado?

1.2. Quais os incentivos fiscais recebidos pelos frigoríficos? E qual a importância

destes incentivos na decisão da localização dos projetos?

Redução de ICMS (abate clandestino) Incentivo fiscal, isenção de impostos, disponibilidade área e infra-estrutura

1.3. Os frigoríficos possuem créditos acumulados de ICMS?

1.4. De que forma estes tributos interferem na comercialização (de gado/carcaças)

entre os agentes de estados diferentes?

1.5. O que a instituição espera da reforma tributária?

1.6. O que a instituição propõe para a reforma tributária?

Redução de ICMS Alíquotas iguais entre estados

2. Novilho Precoce, Aliança Mercadológica, Programa de Certificação

2.1. Existem iniciativas institucionais para a promoção da carne, abertura de novos

mercados etc.?

2.2. Quais programas da pecuária de corte existentes são utilizados pelo setor no Estado?

Qual a abrangência desses programas? Quais vantagens e desvantagens desses

programas?

Programa de assistência ao produtor, frigorífico, etc. Novilho precoce, aliança mercadológica, programa de certificação Área, número de propriedades

2.3. Quais são as políticas mais importantes para o setor da pecuária de corte?

Incentivo fiscal Aumento do market-share Oferta do produto diferenciado Ocupação da capacidade ociosa Tecnológicas

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481

2.4 Quais são as razões para o sucesso e insucesso do programa?

3. Legislação Sanitária

3.1. Como as empresas vem se adaptando às portarias 304 e 145? (investimentos em

salas de desossa, embalagem, distribuição/logística, entrepostos, terceirização ou

novos agentes nas atividades de transporte e distribuição, etc.).

3.2. Quais estratégias os frigoríficos/distribuidores usam para atender aos pequenos

municípios, em função dos custos de transporte e baixos volumes adquiridos por

pequenos varejistas?

3.3. Qual é o impacto esperado (em termos de preços, vendas e aquisição de gado) da

possível declaração deste estado (ou estados vizinhos) como área livre de febre

aftosa sem vacinação?

3.4. Dados os últimos casos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul e na Bolívia, como

está a questão da fiscalização das fronteiras, principalmente as fronteiras

“clandestinas” ou fronteiras secas, onde a passagem é feita praticamente sem

vistoria?

3.5. Quais as ações recentes que vêm sendo implementadas como forma de impedir a

entrada da febre aftosa e o avanço das demais doenças em Mato Grosso (raiva,

carbúnculo, brucelose, entre outras)?

3.6. Quais os principais entraves que a Defesa Sanitária Estadual (INDEA-MT) tem

encontrado para manter adequados níveis de proteção e fiscalização?

Ministério da Agricultura (DIPOA, Secretaria de Defesa Sanitária, SIF), FUNDEPEC, EMBRAPA e Órgãos Estaduais de Promoção

(quando pertinente, adaptar a questão ao agente)

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482

4. Cortes nos Gastos Públicos

4.1. Quais foram as políticas relacionadas com a cadeia de carne bovina afetadas pelos

cortes nos gastos públicos?

Contratação de fiscais Reforma da Secretaria de Defesa Sanitária Combate à febre aftosa

5. Comércio Exterior

5.1. Existe mapeamento freqüente (com formação de bases de dados e registros

estaduais) em termos de: países de destino, cortes principais, restrições técnicas e

sanitárias?

5.2. Os agentes da cadeia possuem representação junto aos órgãos responsáveis pela

discussão e definição sobre as providências a serem tomadas resultantes das

exigências (técnicas e sanitárias) dos países importadores?

6. Outras Instituições

6.1. O Serviço de Informação da Carne (SIC) vem sendo utilizado de forma regular

pelos agentes da cadeia de pecuária de corte em Mato Grosso?

6.2. Como o Centro Boi já é utilizado como referência para informações locais? Qual o

seu diferencial em relação aos demais programas?

6.3 Quais os esforços/investimentos em pesquisa e desenvolvimento associadas à cadeia

da pecuária de corte?

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ANEXO B

QUESTIONÁRIO PARA PECUARISTAS

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484

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QUESTIONÁRIO

Confidencial

Identificação

Número do questionário: ________________________________ (favor não preencher)

Nome do Produtor: ______________________________________________________

Nome da Propriedade: ____________________________________________________

Localidade: ____________________________________________________________

Município: _____________________________________________________________

Endereço para contato: Rua, Av. ____________________________________________

Cidade: __________________________________ Estado: ______________________

Telefone: Fixo: ( ) _______________/Móvel: ( ) ______________________________

Região Levantada: ______________________________________________________

Maio 2007

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485

1. Caracterização do produtor

1.1. Idade: (anos) ______

1.2. Sexo: (Masculino = 1, Feminino = 2) _____

1.3. Há quantos anos está na atividade? (anos) _____

1.4. Escolaridade (descrever): _____________________________________________

2. Tecnologia

Utilização de Pastagem

2.1. Qual o tipo de pastagem predominante em sua região para bovinocultura de corte?

(pastagem natural = 1; pastagem formada = 2) ____

2.2. Quais as vantagens deste tipo de pastagem?

1.ª _______________________________________________________________

2.ª _______________________________________________________________

2.3. Quais as desvantagens deste tipo de pastagem?

1.ª _______________________________________________________________

2.ª _______________________________________________________________

2.4. Quais os principais capins utilizados nas pastagens da região? (colocar em ordem

de importância)

1.º _______________________________________________________________

2.º _______________________________________________________________

3.º _______________________________________________________________

4.º _______________________________________________________________

2.5. Na sua região quais são as estratégias típicas para enfrentar a seca?

1.ª _______________________________________________________________

2.ª _______________________________________________________________

2.6. Qual sistema de pastejo utilizado? (contínuo = 1, rotacionado = 2) _____

2.7. Na sua região é utilizado consórcio (uso gramíneas e leguminosas) de pastagens

(sim = 1, não = 2): _____

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486

2.8. Na sua região, para formação e, ou, recuperação de áreas degradadas, é utilizado

associação de pastagens e culturas anuais? (sim = 1, não = 2): ____

2.9. Em sua região, de modo geral, qual o período em que se utiliza suplementação de

forrageira (milho, camerum, napier, cana etc.) no trato dos animais: (período da

seca = 1, durante todo ano = 2) ____

2.10. Qual é a intensidade de uso de forrageiras para corte na sua região? (alta = 1,

média = 2; baixa = 3)

2.11. Qual é o tipo de forrageira de corte predominante na sua região?

_________________________________________________________________

2.12. Em sua região, há utilização de algum produto (aditivo) que melhora o valor

nutritivo da forragem picada? (sim = 1, não = 2): ____

2.13. Em sua região, há utilização do sistema creep-feeding85 e, ou, creep-grazing86 para

suplementação alimentar de bezerros? (sim = 1, não = 2): ____

2.14. Existe a ocorrência de pragas e doenças nas pastagens? (sim = 1, não = 2) ____

2.15. Se sim, quais?

1.ª _______________________________________________________________

2.ª _______________________________________________________________

3.ª _______________________________________________________________

2.16. A morte de pastos de braquiária em sua região é um problema: _____

1. Ausente 2. Fraco 3. Moderado 4. Acentuado

85 Suplementação de concentrado (cocho) no pasto para animais em amamentação. 86 Suplementação de forragem em pasto separado para animais em amamentação.

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487

3. Considerações sobre manejo do rebanho

3.1. Em sua propriedade, qual é a raça de bovinos de corte predominante?

__________________________________________________________________

3.2. Quais são as vantagens dessa raça?

1.ª _______________________________________________________________

2.ª _______________________________________________________________

3.ª _______________________________________________________________

3.3. Quais são as desvantagens dessa raça?

1.ª _______________________________________________________________

2.ª _______________________________________________________________

3.ª _______________________________________________________________

3.4. Informações gerais sobre eficiência do sistema de produção de bovinos de corte?

1. Idade de primeiro parto: (mês) ______ 2. Intervalo de parto: (mês) ______ 3. Idade média de abate: (mês) ______ 4. Peso médio de abate: (@) ______ 5. Taxa de desfrute: (%) ______ 6. Idade de desmame: (mês) ______ 7. Peso médio ao nascer: (kg) ______ 8. Taxa de mortalidade de bezerro: (%) ______

3.5. Quais os critérios utilizados para descarte de matrizes?

1.º _______________________________________________________________

2.º _______________________________________________________________

3.º _______________________________________________________________

3.6. Quais os critérios utilizados para reposição de matrizes?

1.º _______________________________________________________________

2.º _______________________________________________________________

3.º _______________________________________________________________

3.7. Utiliza a prática de castração no manejo de seu rebanho? (sim=1, não=2) _____

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488

3.8. Se sim, com qual idade? (ano) _____

3.9. Existe o deságio no preço do boi inteiro? (sim=1, não=2) _____

3.10. Se sim, qual o percentual? (%) ____, ____

3.11. Qual o sistema de produção utilizado na propriedade? ____

1. Cria 2. Recria 3. Engorda 4. Cria, recria, engorda 5. Cria e recria 6. Recria e engorda 7. Outro: (especificar) _____________________________________ ____ ____

3.12.Quais são as vantagens de adotar esse sistema de produção?

1.ª _______________________________________________________________

2.ª _______________________________________________________________

3.ª _______________________________________________________________

3.13.Quais são as desvantagens de adotar esse sistema de produção?

1.ª _______________________________________________________________

2.ª _______________________________________________________________

3.ª _______________________________________________________________

3.14. Em sua região, quais os sistemas de criação e suplementação predominantes

(enumerar os três mais importantes): 1º ___; 2º ___; 3º ___

1. Criação a pasto nativo + sal comum 2. Criação a pasto nativo + sal mineral 3. Criação a pasto plantado + sal comum 4. Criação a pasto plantado + sal mineral 5. Criação a pasto + sal proteinado nas águas 6. Criação a pasto + sal proteinado na seca 7. Criação a pasto + sal proteinado nas águas e na seca 8. Semi-confinado 9. Confinamento 10.Outros: (especificar) _____________________________________________

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489

3.15. Quais as razões de adoção do sistema de criação e suplementação indicado no item

anterior?

1.ª _______________________________________________________________

2.ª _______________________________________________________________

3.ª _______________________________________________________________

3.16. Qual o do sistema de criação e suplementação menos utilizado na região?

__________________________________________________________________

3.17. Por quê? __________________________________________________________

3.18. O(A) senhor(a) conhece a técnica ou a prática de cruzamento industrial? (sim=1,

não=2) ____

3.19. Se sim, existem produtores que fazem o cruzamento industrial da sua região?

(sim=1, não=2) ____

3.20. Se sim, quais cruzamentos mais utilizados (raças)? (Especificar)

__________________________________________________________________

3.21. Quais as vantagens de utilização prática?

1.ª _______________________________________________________________

2.ª _______________________________________________________________

3.ª _______________________________________________________________

3.22. Quais as desvantagens de utilização prática?

1.ª _______________________________________________________________

2.ª _______________________________________________________________

3.ª _______________________________________________________________

3.23. Você acha que poderia agregar maior valor a sua produção com essa prática?

(sim=1, não=2) ____

3.24. Se não, gostaria de conhecê-la? (sim=1, não=2) ____

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490

3.25. Existe algum confinamento de bovinos na região? (sim = 1, não = 2) ____

3.26. Se sim, esses confinamentos são parcerias entre produtores e frigoríficos? (sim =

1, não = 2) ____

3.27. Como você vê o aumento do número de confinamentos praticados entre

produtores e frigoríficos em sua região? (vantagem = 1, desvantagem = 2) ____

3.28. Por quê?

1.ª _______________________________________________________________

2.ª _______________________________________________________________

3.ª _______________________________________________________________

3.29. Você concordaria em participar da parceria (confinamento) de engorda com os

frigoríficos? (sim=1, não=2): ____

3.30. Se sim, descrever o tipo de parceria.

__________________________________________________________________

3.31. Se não, por quê?

__________________________________________________________________

3.32. Quais as principais doenças da pecuária de corte que ocorrem na região? (assinalar

sim = 1).

1. Brucelose ____ 2. Raiva ____ 3. Carbúnculo Sintomático (“mal de ano” ou “manqueira”) ____ 4. Paratifo ____ 5. Botulismo ____ 6. Clostridiose ____ 7. Outras doenças: ___________________________________________________ 8. Outras doenças: ___________________________________________________

3.33. Existe na região adoção de práticas de melhoramento genético do rebanho? (sim =

1, não = 2): ____

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491

3.34. Em caso afirmativo, quais as principais?

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

3.35. Na pecuária de corte, em sua região, é comum a adoção de estação de monta? (sim

= 1, não = 2): ____

3.36. Se sim, qual o período? Do mês de_________________ ao __________________.

3.37. É usual a prática de suplementação alimentar das vacas e novilhas visando

aumentar a taxa de fertilidade do rebanho? (sim = 1, não = 2): ____

3.38. Se sim, qual? _______________________________________________________

3.39. Na pecuária de corte em sua região, é comum o uso da prática de inseminação

artificial? (sim = 1, não = 2) ____

4. Insumos

4.1. Na sua região, quais os principais insumos utilizados na pecuária de corte?

Insumo Há disponibilidade? (sim=1, não=2) Origem** Distância do

fornecedor (km) Combustíveis e lubrificantes ___ ___ ___ ___ ___ ___ Adubos ___ ___ ___ ___ ___ ___ Corretivo ___ ___ ___ ___ ___ ___ Sementes ___ ___ ___ ___ ___ ___ Inseminação artificial ___ ___ ___ ___ ___ ___ Touros e matrizes ___ ___ ___ ___ ___ ___ Insumos para construção em geral (benf. cercas etc.) ___ ___ ___ ___ ___ ___ Máquinas agrícolas ___ ___ ___ ___ ___ ___ Implementos agrícolas ___ ___ ___ ___ ___ ___ Mão-de-obra ___ ___ XXXXXXX Rações e concentrados ___ ___ ___ ___ ___ ___ Minerais ___ ___ ___ ___ ___ ___ Sal comum ___ ___ ___ ___ ___ ___ Sal mineral ___ ___ ___ ___ ___ ___ Concentrado mineral ___ ___ ___ ___ ___ ___ Premix ___ ___ ___ ___ ___ ___ Vacinas e remédios ___ ___ ___ ___ ___ ___

** Mercado local = 1, Mercado regional = 2, Mercado nacional = 3.

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492

4.2. Quais os principais problemas enfrentados na aquisição dos insumos de produção?

(enumerar em ordem decrescente de importância):

( ) Preço ( ) Condições de pagamento ( ) Prazo de entrega ( ) Estocagem (conservação a frio) ( ) Outros: ________________________________________________________

4.3. Comente sobre o principal problema:

__________________________________________________________________

5. Relações de Mercado

5.1. Há casos de inadimplência (cano) por parte dos compradores dos animais? (sim = 1,

não = 2) ____

5.2. Se sim, que tipos de compradores?

1. Corretor ____ 2. Frigorífico ____ 3. Pecuarista ____ 4. Açougueiro ____ 5. Outro: (especificar) ________________________________________ ____

5.3. O fato de ter ocorrido febre aftosa nos estados vizinhos, acarretou impactos nos

preços da arroba de boi na região? (sim = 1, não = 2): ____

5.4. Se sim, qual foi a variação no preço da arroba?(R$) ____

5.5. Em sua região qual tipo de relacionamento predomina entre os pecuaristas e

fornecedores de insumos básicos de produção? (imparcial = 1, cooperativo = 2,

conflitante = 3) ____

5.6. Em sua região qual tipo de relacionamento predomina entre os pecuaristas e

compradores da produção (boi)? (imparcial = 1, cooperativo = 2, conflitante = 3)

____

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493

5.7. Como você considera a limpeza da carcaça e transparência do peso do animal feita

no frigorífico?

__________________________________________________________________

5.8. Quantos frigoríficos na sua região quebraram nos últimos cinco anos? ____

5.9. Quantos frigoríficos na sua região trocaram de nome ou dono nos últimos cinco

anos? ____

5.10. Quais são os três fatores mais importantes na tomada de decisão na venda dos seus

animais? 1.º ____; 2.º ____; 3.º ____. De acordo com a numeração abaixo:

1. Relação de troca ou reposição (relação boi vendido x bezerro adquirido) 2. Taxa de juros 3. Taxa de câmbio 4. Escala de abate do frigorífico 5. Fidelidade ao comprador 6. Forma de pagamento 7. Outros: _________________________________________________________

5.11. Quais são as principais praças onde comercializa a produção pecuária (bois)?

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

5.12. Tipo de agente através do qual ocorre a comercialização da produção pecuária de

corte (enumerar os três mais importantes).

Agente Ordem de importância

1. Por conta própria (sem intermediação) ___ 2. Através de corretores ___ 3. Através de corretores do frigorífico ___ 4. Através de Marchante ___ 5. Através de cooperativas ou associação de produtores ___ 6. Através de leiloeiro ___ 7. Aliança mercadológica (acordo produtor/frigorífico/supermercado) ___ 8. Outros (especificar): ______________________________________ ___

5.13. Forma de pagamento? (à vista = 1, a prazo = 2) ____

5.14. Você sabe qual a finalidade da rastreabilidade? (sim=1, não=2) ____

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494

5.15. Se sim, qual? _______________________________________________________

__________________________________________________________________

5.16. A prática da rastreabilidade tem sido efetivamente implementada na região?

(sim=1, não=2): ____

5.17. Percentual estimado de animais rastreados: ____

5.18. Qual é o ágio médio do boi rastreado na região? (R$) ____

5.19. As instituições de apoio à pecuária de corte em sua região têm divulgado

informações sobre a rastreabilidade? (sim=1, não=2) ____

5.20. Se sim, qual instituição: ______________________________________________

5.21. Tem dificuldades de implantar o sistema de rastreabilidade em sua propriedade?

(sim=1, não=2) _____

5.22. O preço do boi da sua região difere significativamente do preço praticados em

outras regiões? (sim=1, não=2) ____

5.23. Se sim, por quê? ____________________________________________________

__________________________________________________________________

5.24. Você conhece a comercialização via mercados futuros? (sim = 1, não = 2): _____

5.25. Se sim, você a pratica? (sim = 1, não = 2): _____

5.26. Se não, por quê? (sim = 1)

( ) Por receio ( ) Custo operacional alto ( ) Dificuldade de acesso ( ) Outro (especificar) ______________________________________________

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495

5.27. Você conhece a comercialização via mercado a termo ou venda antecipada?

(sim=1, não=2): ____

5.28. Se sim, você a pratica? (sim=1, não=2): ____

5.29. Se não, por quê?

( ) Por receio ( ) Dificuldade de acesso ( ) Outro (especificar) ______________________________________________

5.30. Você conhece a comercialização via internet? (sim=1, não=2): ____

5.31. Se sim, você a pratica? (sim=1, não=2): ____

5.32. Se não, por quê? (sim=1)

( ) Por receio ( ) Dificuldade de acesso ( ) Outro (especificar) ______________________________________________

5.33. Você concordaria em participar de comercialização de bovinos em grupos?

(sim=1)

( ) Sim, através da FAMATO ( ) Sim, através de outras entidades ( ) Não

5.34. Você concordaria em participar de compra de insumos em grupo?

( ) Sim, através da FAMATO ( ) Sim, através de outras entidades ( ) Não

5.35. Existem incentivos para se produzir couro de qualidade?(sim=1, não=2) _____

5.36. Se existe, qual incentivo?

__________________________________________________________________

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496

6. Estrutura de Mercado

6.1. Existe a tendência de concentração de propriedades (terra) na sua região? (sim=1,

não=2) ____

6.2. Existe a tendência de parcelamento de propriedades (terra) na sua região? (sim=1,

não=2) ____

6.3. Os produtores da sua região enfrentam dificuldades com relação aos aspectos

logísticos citados a seguir? (enumerar em ordem de importância, 1 = mais

importante até 4 = menos importante):

( ) Qualidade das vias de transporte ( ) Qualidade da transportadora ( ) Localização de fornecedores de insumos ( ) Localização de compradores de animais ( ) Outros: ________________________________________________________

6.4. Existem, na sua região, limitações à expansão da pecuária de corte relacionadas

aos seguintes itens? (sim=1):

( ) Reservas indígenas ( ) Sistemas sensíveis de Mato Grosso (áreas protegidas ou de uso restrito) ( ) Reservas ecológicas ( ) Expansão de outras culturas ( ) Outros: ________________________________________________________

6.5. Como se organizam os pecuaristas em sua região?

Forma de organização Presença (sim=1, não=2)

Atuação (forte=1, moderada=2, fraca=3)

1. Cooperativas ___ ___ 2. Sindicatos ___ ___ 3. Associações ___ ___ 4. Câmara setorial ___ ___ 5. Nenhuma ___ ___ 8. Outros (especificar): ________________________ ___ ___

7. Gestão

7.1. Qual o tipo de mão-de-obra predominante nas propriedades de pecuária de corte em

sua região?(sim=1)

( ) Contratada permanente ( ) Contratada temporária ( ) Familiar

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497

7.2. Em relação à mão-de-obra para as propriedades de pecuária de corte da região,

existem dificuldades em termos de: (sim=1).

( ) Disponibilidade de vaqueiros ( ) Qualificação dos vaqueiros ( ) Disponibilidade de gerentes/administradores ( ) Qualificação dos gerentes/administradores ( ) Outros: ________________________________________________________

7.3. Forma de remuneração da mão-de-obra da propriedade? (salário mínimo = 1,

salário mínimo + incentivo = 2, mais que o salário mínimo = 3) ____

7.4. Em relação ao treinamento da mão-de-obra gerencial, há treinamentos regulares?

(sim=1, não=2): ____

7.5. Se sim, qual a periodicidade: ___________________________________________

7.6. O SENAR é atuante na sua região? (sim=1, não=2) ____

7.7. Em sua região, é comum a prática de: (sim=1).

( ) Controle de custos de produção ( ) Atendimento a programas específicos de controle de qualidade e, ou, certifica-

ção ( ) Planejamento da produção ( ) Marketing ( ) Outros: __________________________________

7.8. O pecuarista da região recebe assistência técnica? (sim=1, não=2) ____

7.9. Se sim, de quem? (sim = 1)

( ) Contratada ( ) Estadual ( ) Federal ( ) Associação de produtores, sindicatos ( ) Cooperativa ( ) Fornecedores de insumos ou vendedores ( ) Outros: ________________________________________________________

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498

7.10. Em sua região qual o estado de manutenção das fazendas de produção pecuária:

(bom = 1, regular = 2, ruim = 3)

( ) Benfeitorias (casa sede, casa de colono, currais, etc.) ( ) Cercas ( ) Máquinas ( ) Pastagens

8. Ambiente Institucional

8.1. Em sua região a pecuária de corte em nível de produtor recebe algum incentivo

fiscal? (sim=1, não=2) ____

8.2. Se sim, cite o principal incentivo: _______________________________________

8.3. Existem limitações ao desempenho da atividade de pecuária de corte na sua região

em termos de: (alta = 1, média = 2, baixa = 3):

( ) Tributação ( ) Fiscalização ( ) Políticas de crédito para financiamento ( ) Regulamentos e portarias ( ) Outros: ________________________________________________________

9. Percepção dos pecuaristas da sua região em relação ao FUNRURAL

9.1.Conhece o FUNRURAL? (sim=1, não=2) ____

9.2. Qual é a taxa destacada na nota?(%) ____, ____

10. Percepção dos pecuaristas da sua região em relação ao FABOV

10.1.Conhece o FABOV?(sim = 1; não = 2) ____

10.2. Qual é o valor da contribuição? (%) ____, ____

10.3. Tem conhecimento dos benefícios desse fundo? (sim = 1; não = 2) ____

10.4. Se sim, quais benefícios?

1.º _______________________________________________________________

2.º _______________________________________________________________

3.º _______________________________________________________________

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499

11. Percepção dos pecuaristas da sua região em relação ao FEFA

11.1. Conhece o FEFA?(sim = 1; não = 2) ____

11.2. Qual é o valor da contribuição? (%) ____, ____

11.3. Tem conhecimento dos benefícios? (sim = 1; não = 2) ____

11.4. Se sim, quais benefícios?

1.º _______________________________________________________________

2.º _______________________________________________________________

3.º _______________________________________________________________

12. Percepção dos pecuaristas da sua região em relação ao FETHAB

12.1. Conhece o FETHAB?(sim = 1; não = 2) ____

12.2. Qual é o valor da contribuição? (%) ____, ____

12.3. Tem conhecimento dos benefícios? (sim = 1; não = 2) ____

12.4. Se sim, quais benefícios?

1.º _______________________________________________________________

2.º _______________________________________________________________

3.º _______________________________________________________________

13. Percepção dos pecuaristas da sua região em relação a contribuição sindical

13.1. É conhecidos a distribuição e uso desse recurso? (sim = 1; não = 2) ____

13.2.Conhece como é atribuído o valor da contribuição sindical? (sim=1; não=2) ____

13.3. Como é percebida a representação do Sindicato Rural? (muito atuante = 1; pouco

atuante = 2) ____

13.4. Como é percebida a representação da FAMATO? (muito atuante = 1; pouco

atuante = 2) ____

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500

13.5. Quais as conseqüências da reserva legal para a expansão da pecuária de corte?

1.a _______________________________________________________________

2.a _______________________________________________________________

13.6. Os produtores estão aderindo ao licenciamento ambiental (LAU)? (sim=1, não=2)

____

14. Em relação à fiscalização

14.1.Existe fiscalização trabalhista na região? (sim = 1, não = 2) ____

14.2.Quais as conseqüências dessa fiscalização para o produtor?

1.a _______________________________________________________________

2.a _______________________________________________________________

14.3. O que está sendo feito para melhorar a legislação/produtor?

1.a _______________________________________________________________

2.a _______________________________________________________________

14.4. Existe fiscalização ambiental na região? (sim = 1, não = 2) ____

14.5. Quais as conseqüências dessa fiscalização para o produtor?

1.a _______________________________________________________________

2.a _______________________________________________________________

14.6. O que está sendo feito para melhorar a legislação/produtor?

1.a _______________________________________________________________

2.a _______________________________________________________________

14.7. Existe fiscalização tributária na região? (sim = 1, não = 2) ____

14.8. Quais as conseqüências dessa fiscalização para o produtor?

1.a _______________________________________________________________

2.a _______________________________________________________________

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501

14.9.O que está sendo feito para melhorar a legislação/produtor?

1.a _______________________________________________________________

2.a _______________________________________________________________

14.10. Existe trabalho escravo na região? (sim = 1, não = 2) ____

14.11. Qual é o impacto na região do conceito de trabalho escravo para o produtor?

1.a _______________________________________________________________

2.a _______________________________________________________________

14.12. Existe fiscalização da sanidade animal na região? (sim = 1, não = 2) ____

14.13. Se sim, com que freqüência ela ocorre? ____

1. Mensal 2. Bimensal 3. Trimensal 4. Semestral 5. Anual 6. Esporádico

14.14. Quais as implicações e conseqüências dessa fiscalização?

1.a ______________________________________________________________

2.a ______________________________________________________________

3.a ______________________________________________________________

14.15. Como os problemas devido à sanidade do rebanho afetam a remuneração do

setor e conquista de mercado?

1.a ______________________________________________________________

2.a ______________________________________________________________

3.a ______________________________________________________________

14.16. O que tem sido feito para melhorar esses aspectos devidos à sanidade do

rebanho?

1.a ______________________________________________________________

2.a ______________________________________________________________

3.a ______________________________________________________________

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502

15. Crédito

15.1. Existe disponibilidade de crédito para pecuária de corte? (sim = 1, não = 2) ___

15.2. O pecuarista procura ou necessita de crédito oficial para produção? (sim=1,

não=2) ___

15.3. Qual é a forma mais usual de captação de recursos para a produção? (sim = 1)

1. FCO ___ 2. FINAME ___ 3. PROPASTO ___ 4. Custeio pecuário ___ 5. Cheque especial ___ 6. CPR ___ 7. Recurso próprio ___ 8. Outros: (especificar) _______________________________________ ___

15.4. Quais as dificuldades de acesso ao crédito?

1.a _______________________________________________________________

2.a _______________________________________________________________

3.a _______________________________________________________________

15.5. Enumere, por ordem de importância, os principais problemas relacionados ao

crédito rural para a pecuária de corte:

( ) Juros elevados ( ) Recursos disponibilizados não suficientes ( ) Burocracia na captação de recursos ( ) Dificuldade de prorrogação das dívidas quando o setor passa por dificuldades

de liquidez ( ) Outros: (especificar) ______________________________________________

16. Legislação

16.1. Em relação à legislação oficial e regularização fundiária, quais são aquelas mais

impactantes na pecuária?

1. LAU 2. Georeferenciamento 3. Grau de utilização da terra (índice INCRA) 4. Reserva legal 5. Trabalho escravo

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16.2. Como isso acontece?

1.a _______________________________________________________________

2.a _______________________________________________________________

3.a _______________________________________________________________

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ANEXO C

INSTRUÇÃO NORMATIVA

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505

Instrução Normativa N.º 25, DE 28 DE JUNHO DE 2007

Situação: Vigente

Publicado no Diário Oficial da União de 02/07/2007 , Seção 1 , Página 2

Ementa: Inclui na zona livre de febre aftosa com vacinação, com

reconhecimento internacional, a região centro-sul do Estado do Pará,

constituída pelos municípios e partes de municípios relacionados.

Histórico:

Revoga a Instrução Normativa nº 31 de 16/06/2006

Altera a Instrução Normativa nº 61 de 18/08/2003

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO.

SECRETARIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA

INSTRUÇÃO NORMATIVA SDA N.º 25, DE 28 DE JUNHO DE 2007

O SECRETÁRIO DE DEFESA AGROPECUÁRIA, DO MINISTÉRIO DA

AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, no uso das atribuições que lhe

conferem os arts. 9.º e 42, do Anexo I, do Decreto n.º 5.351, de 21 de janeiro de 2005,

tendo em vista o disposto na Resolução n.º XXI, adotada pelo Comitê Internacional da

Organização Mundial de Saúde Animal - OIE, de 22 de maio de 2007, na Portaria

MAPA n.º 43, de 10 de fevereiro de 2006, na Instrução Normativa SDA no- 82, de 20

de novembro de 2003, e o que consta do Processo n.º 21000.004337/2007-41, resolve:

Art. 1.º – Incluir na zona livre de febre aftosa com vacinação, com

reconhecimento internacional, a região centro-sul do Estado do Pará, constituída pelos

municípios e partes de municípios relacionados no Anexo desta Instrução Normativa.

Art. 2.º – Para a região centro-sul do Estado do Pará de que trata o art. 1o-

desta Instrução Normativa, serão adotadas as normas para o ingresso de animais

suscetíveis à febre aftosa, seus produtos e subprodutos de que trata a Instrução

Normativa SDA n.º 82, de 20 de novembro de 2003.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

506

§ 1.º Para o ingresso de animais suscetíveis à febre aftosa, seus produtos e

subprodutos na região centro-sul do Estado do Pará, oriundos das unidades da

Federação com reconhecimento internacional de zona livre de febre aftosa com

vacinação suspenso pela Organização Mundial de Saúde Animal aplicam-se, no que

couber, o disposto na Instrução Normativa SDA n.º 82, de 20 de novembro de 2003.

§ 2.º Para os animais suscetíveis à febre aftosa, seus produtos e subprodutos

oriundos dos municípios de Eldorado, Japorã e Mundo Novo, do Estado de Mato

Grosso do Sul, mantêm-se as restrições em vigor.

Art. 3.º – Ficam revogados os incisos I, II e III, do art. 1º, da Instrução

Normativa SDA n.º 61, de 18 de agosto de 2003, e a Instrução Normativa SDA n.º 31,

de 16 de junho de 2006.

Art. 4.º – Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

INÁCIO AFONSO KROETZ

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

507

Relação de municípios e partes de municípios localizados na região centro-sul do Estado do Pará livres de febre aftosa com vacinação,

com reconhecimento internacional

1. Água Azul do Norte 24. Palestina do Pará 2. Altamira 25. Parauapebas 3. Anapu 26. Pau D'arco 4. Aveiro 27. Piçarra 5. Baião1 28. Placas 6. Bannach 29. Porto de Moz3 7. Brasil Novo 30. Redenção 8. Brejo Grande do Araguaia 31. Rio Maria 9. Canaã dos Carajás 32. Rurópolis 10. Conceição do Araguaia 33. Santa Maria das Barreiras 11. Cumaru do Norte 34. Santana do Araguaia 12. Curionópolis 35. São domingos do Araguaia 13. Eldorado dos Carajás 36. São Félix do Xingu 14. Floresta do Araguaia 37. São Geraldo do Araguaia 15. Itaituba 38. São João do Araguaia 16. Itupiranga 39. Sapucaia 17. Jacareacanga 40. Senador José Porfírio 18. Marabá2 41. Trairão 19. Medicilândia 42. Tucumã 20. Novo Progresso 43. Tucuruí 21. Novo Repartimento 44. Uruará 22. Ourilândia do Norte 45. Vitória do Xingu 23 Pacajá 46. Xinguara 1 Baião: inclui apenas a área representada pela margem esquerda do Rio Tocantins até a altura da Estrada PA 156,

próxima à localidade de Joana Peres, junto ao posto fixo de fiscalização do serviço estadual de defesa agropecuária.

2 Marabá: exceto a área localizada à margem direita do Rio Tocantins. 3 Porto de Moz: inclui apenas a área representada pela margem direita do Rio Jarauçu e margem esquerda do Rio

Xingu.

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ANEXO D

LISTA DE ENTREVISTADOS

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509D

iagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de C

orte do Estado de Mato G

rosso

Tabela 1D – Lista de entrevistados

Endereço para contato Telefone e-mail Nome/cargo Região levantada

Insumos Agro Amazonia Produtos Agropecuários Ltda FAX Av. Ten. Cel Duarte, 1777, Porto78015-501 Cuiabá

- MT (65) 3319-2027/2000 [email protected] Carlos Bezerra dos Santos/Repres Tecnico

Comercial Atuação em todo o estado

Agroboi Rua Dom Pedro II, 700, Centro78700-220 Rondonópolis - MT

(66)3411-5900 [email protected] Joao Romulo Fagundes de Freitas/Diretor Rondonopolis/Cuiabá

Agrobom Ltda Av. Rio Grande do Sul, 36, Centro78640-000 Canarana-MT

(66)3478-1887 [email protected]/[email protected]

Floriano Barbosa/Proprietario Canarana

Agropecuaril Ltda Rua dos Cedros, 315, Centro 78450-000 Nova Mutum - MT

(65)3308-1200 [email protected] Giovani Faccio/Proprietario Nova Mutum

Berrante Produtos Agropecuarios Rua Dom Pedro II, 103478700-220 Rondonópolis - MT

(66)3423-4747 [email protected] Ricardo Lima Carvalho/Proprietario Rondonopolis

Campomix Av. Marechal Rondon, 1472, Centro78250-000 Pontes e Lacerda - MT

(65)3266-4004 [email protected] Túlio Roncalli B. Costa Vale do Guaporé

Comercial Da Roca Ltda Rua Padre Cassemiro, 1156, Centro78220-000 Cáceres - MT

(65)3223-2122 [email protected] Amarildo Merotti Cáceres

Forte Agricola e Pecuaria Ltda Rua General Osório, 1230, Centro78200-000 Cáceres - MT

(65)3223-0125/0123 [email protected] Alicio Francisco de Paula/Diretor Cáceres

Garimpao Agropecuaria Rua dos Cajueiros, 458, Centro78520-000 Guarantã do Norte - MT

(66)3552-1616 [email protected] Mercidio Panosso/Proprietário Guarantã do Norte

Novanis Animal Ltda BR364 - Km198 Distrito Industrial Vetorasso - CxPostal335 Rondonopolis 78700-970

(66)2101-0600/92114036 [email protected] Arlindo Vilela Rondonópolis

Pelissari Comércio e Representações Matsuda Rua Alair Alves Fernandes, 51 Vila Rica-MT (66)9906-1861/3554-1386 Ivan Pelissari/Proprietario Vila Rica Zoofort Suplementacao Animal Rua Fernando Correa, 1724Vila Marnópolis78205-

600 Rondonópolis - MT (66)3411-1234 [email protected] Marcelo Vendrame/proprietario Rondonópolis

Pecuaristas Região levantada Alexander Estermann Rua Rio Branco, 282 Centro - Cep 78700-180

Rondonópolis (66) 8111 1211 [email protected] Fazenda Gratidão Rondonópolis

Amado de Oliveira Filho BR 364 - Km 363 8 km à esquerda (65) 9982- 3662 [email protected] Faz. Júnior Neto Cuiabá Amarildo Merotti Rua Padre Cassemiro, 1156, Centro78220-000

Cáceres - MT (65)3223-2122 [email protected] Faz. Cáceres

Artêmio Richter/Arnaldo de Campos/Cláudio Adão de Faria

3 vicinal leste, lote 02 quadra 4 cotriguaçu 78330-000 cx postal 8

66 3555 1141 [email protected] Fazenda São Lucas Cotriguaçú

Cristovão Afonso daSilva Rua Desembargador José Mesquita, 649/ap 503, Araés78005-190 Cuiabá - MT

65 9962 2219 [email protected] Faz. Sta Tereza e Faz. Quatro Irmãos Poconé

Dair Deitos Rua j4, n 5 Setor j cx postal 86 Alta Floresta 78580-000

(66)3521-2600 [email protected] Fazenda Estancia Miura Alta Floresta

Danilo de Melo Rod. BR 158 - KM 682, Zona RuralFazenda Nova Viena, Cx postal 10278690-000 Nova Xavantina - MT

66 3468 1182 Fazenda Santa Rita Água Boa

Edmar Bojas Marechal Rondon, 680,ROD MT 130 - KM 136 Cx Postal 3478070-000 Paranatinga - MT

66 3573 1129 Faz Agro Chapada Paranatinga

Eduardo Moura Rod br 158, km 682 zona rural faz nova viena 78690-000 nova xavantina cx postal 102

66 3438 1101 [email protected] Marca Agropecuária Nova Xavantina

Eliseu Macedo Cx Postal 9,Estrada do Indé 78260-000 Araputanga - MT

(65)3261-1160 [email protected] Fazenda Fortuna Vale do Jaurú

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510D

iagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de C

orte do Estado de Mato G

rosso

Continua...

Tabela 1D, Continuação

Endereço para contato Telefone e-mail Nome/cargo Região levantada

Hermes Bergamin Rua 3 Vicinal, Lote 02, Qdra 4,Cx postal 8 78330-

000 Cotriguaçu - MT 66 9997 2291 [email protected] Fazenda Brilhante Juína

Invaldo Weiss/Galvan Rua dos Manacás, 2105, Setor Industrial 78550-000 Sinop - MT

(66)3531-1162 [email protected] Fazenda Esperança/Fazenda Dacar Sinop

Ivan Augusto Pelissari Rua Alair Alvares Fernandes, 51, Centro 78645-000 Vila Rica - MT

66 3554 1386 Fazenda Esperança Vila Rica

João Alberto Conti Av Rio Arinos, 1588, Ed ServeCenter,Sala5 78575-000 Juara - MT

(66)3556-1529/9991-3281 [email protected] Fazenda Estrela do sangue Juara

José Renato L. Meirelles Rua 11,n 59 S, apto 707, Tangará da Serra, CEP 78.300-000, Centro

(65)3326-4875 [email protected] Fazenda Santa Amália do Tangará Tangará da Serra

Laércio Fassoni Projeto Jaraguá MT 240, KM 75 66 9988 7198 Fazenda Repebal Água Boa Luiz Antônio Felippe Av Historiador Rubens de Mendonça, 2254, Sala

602, Bosque da Saúde78050-000 Cuiabá MT (65)3642-6396 [email protected] Arrossensal Agropecuária e Industrial s/a (Grupo

Camargo) Tangará da Serra

Luiz Carlos Meister Rodovia 163/364 Trevo do Lagarto Sentido Jangada Km 476,2 - Acorizal - MT

(65) 3626-2848 [email protected] Kamayura Acorizal

Mauro Ivoglo Av. São Paulo, 85478285-000 São José dos Quatro Marcos-MT

(65)3251-1136/3667-1684 [email protected] Posto Real Quatro Marcos

Nilton César de Oliveira Rua Manoel F. Pereira, 943, Centro78250-000 Pontes e Lacerda - MT

(65)3266-1406 [email protected] Fazenda Santa Inês Pontes e Lacerda

Olavo Aguiar Paiva BR 364 - Km 207, Vila Goulart78745-200 Rondonópolis - MT

(66)3423-1100 [email protected] Fazenda Morro Alto Rondonópolis

Olímpio Risso de Brito Rua Manoel Leopoldino, 155, AP 301 78005-180 Cuiabá - MT

(65) 9983-0999 [email protected] Fazenda Kangayana Baixada cuiabana

Sebastião Panici Caixa Postal 6378840-000 Campo Verde - MT (66)3419-5087 Agropecuária Limeira/Lagoa Funda Nova Brasilândia Waldir José Duarte Soares Av. Presidente Kennedy, 2138 78700-300

Rondonópolis - MT (66)3423-1818 [email protected] Inforboi Rondonópolis

Wilson Villela Rua João Elias Ribeiro, 34, Centro78275-000 Rio Branco - MT

(65)3257-1142 Fazenda Ninja Cáceres

Frigoríficos Bertin ROD MT 240 a 7 KM da BR 158, Zona Rural, Cx

Postal 15878635-000 Água Boa - MT 66 34682100 [email protected] Eurides Araújo/compra de animais Água boa

Fricaceres Rua dos Marinheros, 24, Bacavalhada 78200-000 Cáceres - MT

(65)3224-1042 vagneralbertogouveia@!hotmail.com Wagner Norberto Gouveia Cáceres

Frialto Rod BR 163 - KM 814, Setor IndustrialCx Postal 33478550-000 Sinop - MT

(66)3511-8000 [email protected] Rodrigo Aguiar

Frigorífico Pantanal Rua 7 de Setembro, 678, Vila Birigui 78700-300 Rondonópolis - MT

(66)9984-5170 [email protected] Luiz Antônio Freitas Martins/Presidente do Sindifrigo

Várzea Grande

Juinafrig Rod MT 170 - KM 6, Zona rural 78320-000 Juína - MT

66 35668200 [email protected] Geraldo Navarro de Moraes Juína

Continua...

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511D

iagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de C

orte do Estado de Mato G

rosso

Tabela 1D, Continuação

Endereço para contato Telefone e-mail Nome/cargo Região levantada

Distribuição Supermercados Modelo Ltda Av Gov Julio Campos, 600078150-000 Várzea

Grande - MT (65)3619-2061 [email protected] Altevir Pierozan Magalhães/Proprietario

Casa de Carne Tia Maria Ltda Av Presidente kennedy, 2435 78700-300 Rondonópolis - MT

(66)3423-3727 [email protected] Angela Ferreira Pedroso/Ger Administrativa Rondonópolis

Casa de Carne Rosada Ltda Av Dom Bosco, 1876-E78050-020 Cuiabá - MT (65)3624-5976 Clovis Dutra/proprietario Cuiabá Giros Mercantil de Alimentos Rua Proletário 2, Quadra 3, Casa 24 Santa Amália (65)9287-0307 Edilson Correa/Supervisor setor carnes Grande Cuiabá Churrascaria Recanto Gaucho Av Hist Rubens de Mendonça, 121378050-000

Cuiabá - MT (65)3642-5159 José Roque/Proprietário Cuiabá

Institucional Dimas Gomes Neto/Coordenador do FCO Rural Rua 02, s/nº Ed. Ceres, 3º AndarCentro Político

Administrativo – CPA78058-250 Cuiabá - MT 65)3613-6200 [email protected] SEDER/FCO Cuiabá

Elizete Araújo Ramos/Chefe Dpt jurídico Rua B s/nº - Esquina com a Rua 02 Centro Político e Administrativo CEP: 78.050-970 Cuiabá - MT

(65) 617-4404 [email protected] FAMATO Cuiabá

Jorge Antônio Pires de Miranda/Presidente Av. Beira Rio s/n, Dom Aquino78015-000 Cuiabá - MT

(65) 3623-1093 [email protected] ACRIMAT Cuiabá

José Antônio de Ávila/Presidente Alameda DR. Annibal Molina s/n Porto 78115-901 Várzea Grande - MT

(65)3685-3524 [email protected] FEFA Cuiabá

Júlio César Ferraz Rocha/Presidente Av. Beira Rio s/n, Dom Aquino78015-000 Cuiabá - MT

(65) 30231092 FABOV Cuiabá

Kleiber L. Pereira/Presidente SIE e vice presidente do FEFA

Rua Dom Bosco, 101, Centro 78130-260 Várzea Grande - MT

(65)9976-1033 [email protected] SIE Leilões Cuiabá

LucianoVacari/Consultor Rua B s/nº - Esquina com a Rua 02 Ed FAMATO - CPA Cuiabá-MT

(65) 3617-4405 [email protected] Centroboi Cuiabá

Luiz Carlos Meister/Presidente Rua B s/nº - Esquina com a Rua 02 Ed FAMATO - CPA Cuiabá-MT

(65) 3617-4405 [email protected] Comissão de Pecuária de Corte-FAMATO Cuiabá

Maria Auxiliadora P. R. Diniz/Diretora técnica Av. B Ed. Ceres s/n - 2° andar Centro Pol Administrativo - CPA 78050-970 Cuiabá - MT

(65) 3613-6006 [email protected] INDEA-MT Cuiabá

Normando Corral/2º vice-presidente Rua B s/nº - Esquina com a Rua 02 Centro Político e Administrativo CEP: 78.050-970 Cuiabá - MT

(65) 617-4403 [email protected] FAMATO Cuiabá

Paulo Antônio da Costa Billego/Superintendente Alameda DR.Annibal Molina s/n Porto 78115-901 Várzea Grande - MT

(65)3685.2230 [email protected] MAPA Cuiabá

Paulo Ediberto Rezende Av. Hist Rubens de Mendonça, 2254 Ed América Center, Sala 304, Bosque da Saúde 78050-000 Cuiabá - MT

(65) 3642-6357 APR Cuiabá

Paulo Silva Costa/Amélia/Economistas Ed. Edgar Prado Arze Centro Político Administrativo - CPA78050-970 Cuiabá - MT

(65)3613-6628 [email protected] SINFRA Cuiabá

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ANEXO E

MAPAS

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

513

Fonte: Pagot (2007). Figura 1E – Corredores de exportação.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

514

Fonte: Pagot (2007). Figura 2E – Estradeiro internacional.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

515

Fonte: Pagot (2007). Figura 3E – Corredor logístico.

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ANEXO F

DADOS ADICIONAIS

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

517

SUMÁRIO EXECUTIVO

Complexo Carne Tabela 1F – Quadro mundial de suprimento de carne bovina– posição

(abril/2007) (mil toneladas equivalente-carcaça)

Ano Produção Importação Consumo Exportação

2000 50.311 4.973 49.565 5.755 2001 49.646 4.972 48.708 5.672 2002 51.241 5.242 50.277 6.274 2003 50.095 5.074 49.049 6.339 2004 51.327 4.891 49.875 6.496 2005 52.454 5.423 50.851 7.092 20061 53.838 5.215 52.580 7.273 20072 54.796 5.409 52.641 7.571

Fonte: USDA (2007). Notas: 1 Preliminar. 2 Previsão.

Tabela 2F – Quadro brasileiro de suprimento de carne bovina– posição

(janeiro/2007) (mil toneladas equivalente-carcaça)

Ano Rebanho (mil cabeças)

Produção carne (mil t eq.-carcaça)

Importação (mil t eq.-carcaça)

Exportação (mil t eq.-carcaça)

Disponibilidade interna (mil t eq.-

carcaça)

População (milhões de

hab)

Disponibilidade per capita

(kg/hab/ano)

2000 169.876 6.578,8 76,5 580,7 6.074,6 169,5 35,8 2001 176.389 6.823,6 42,2 821,9 6.043,9 172,4 35,1 2002 185.347 7.139,3 73,8 964,8 6.248,3 174,6 35,8 2003 195.551 7.568,5 65,5 1.259,2 6.374,8 176,9 36,0 2004 197.745 8.673,9 54,9 1.370,0 7.358,8 181,6 40,5

2005 1(a) 205.130 9.455,0 52,5 1.923,1 7.584,4 184,3 41,2 2006 2(b) 209.233 9.927,8 48,7 2.019,3 7.957,2 187,6 42,4

Fonte: IBGE (2007) e Secex (2007). Notas: 1 Preliminar. 2 Previsão.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

518

Tabela 3F – Preços médios de mercado – posição (13 ago. 2007)

Boi gordo (R$/@) 30 dias Frango vivo (R$/kg) Suíno vivo (R$/@)

Sudoeste – GO 63,00 PR – Ponta Grossa (21 dias) 1,85 PR – Oeste (14 dias) 27,00 Uberaba – MG 62,00 RS – Integração (21 dias) 1,95 RS – Interior (14 dias) 24,00 Dourados – MS 62,00 SP – São Paulo (CIF) (15 dias) 1,90 SP – CIF Frigorífico (28 dias) 43,50 Cuiabá – MT 60,00 SC – Integração (21 dias) 1,90 SC – Interior (15 dias) 28,50 Araçatuba – SP 65,50 CE – Fortaleza (8 dias) 2,25 Rondonópolis – MT (30 dias) 22,50 Barreiras 64,00 PE – Recife (8 dias) 2,30 Campo Grande – MS (14 dias) 24,00

Fonte: FNP (2007).

Tabela 4F – Produção nacional de rações (composição: em mil toneladas

por espécie)

Tipo 2002 2003 2004 2005 20061 20071

Avicultura 23.145 24.190 24.924 26.771 27.015 28.889

Corte 19.195 20.250 20.842 22.856 23.392 25.029 Postura 3.950 3.940 4.082 3.915 3.623 3.860

Suinocultura 12.590 13.222 12.554 12.393 13.136 13.799 Bovinocultura 3.620 3.880 5.165 5.375 5.321 5.641 Pet food 1.234 1.300 1.431 1.562 1.680 1.800 Eqüinocultura 360 378 300 300 344 344 Aqüicultura 202 248 260 218 227 227 Outros 443 470 300 589 640 700 TOTAL 41.594 43.687 44.933 47.209 48.363 51.400

Fonte: SINDAN (2007) Notas: 1 Previsão.

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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso

519

Tabela 5F – Exportações do complexo carnes - Carne bovina (NCM

0201.00.00 a 0202.30.00) quantidades (mil toneladas)

Mês 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Jan 31.389 37.657 52.027 49.163 54.675 65.579 80.918 108.398 Fev 30.705 31.884 50.218 54.761 54.202 62.613 71.203 115.395 Mar 33.804 46.090 57.572 49.433 71.037 82.004 93.982 125.516 Abr 36.036 45.402 50.047 51.967 66.609 94.403 75.555 105.738 Mai 43.253 52.197 51.368 43.258 72.756 109.320 106.778 138.238 Jun 44.847 46.925 51.105 47.313 82.213 115.116 107.660 105.399 Jul 41.392 49.943 64.120 48.390 80.190 128.336 115.447 97.474 Ago 38.568 64.343 59.837 43.291 95.297 125.515 128.797 Set 31.847 61.005 62.977 53.362 92.811 93.847 106.111 Out 33.974 67.776 63.343 65.126 87.910 71.941 111.744 Nov 34.659 61.822 55.222 57.506 91.442 70.907 121.589 Dez 34.999 51.816 67.531 56.549 75.930 66.009 105.630 TOTAL 435.475 616.859 685.367 620.117 925.072 1.085.590 1.225.413 796.158

Fonte: SECEX (2007).

Tabela 6F – Exportações do complexo carnes - Carne bovina (NCM

0201.00.00 a 0202.30.00) – valores (US$/tonelada)

Mês 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Jan 69.992 76.640 102.298 76.132 110.172 140.595 180.676 260.202 Fev 71.860 66.500 103.427 84.495 114.407 140.269 154.620 280.553 Mar 79.799 99.188 115.803 82.213 157.519 176.636 215.817 306.565 Abr 84.682 96.959 100.261 83.678 145.631 204.147 192.100 266.951 Mai 101.042 111.770 103.033 71.236 163.617 242.499 281.474 355.743 Jun 103.339 96.086 100.605 82.258 182.654 258.425 281.295 272.789 Jul 95.316 101.505 120.274 91.608 176.775 278.041 290.994 262.350 Ago 89.105 126.110 111.291 81.893 198.351 282.017 328.948 Set 74.746 120.226 117.815 111.957 192.942 209.757 293.549 Out 76.178 132.891 112.644 144.407 180.237 153.946 319.900 Nov 82.091 116.997 95.906 126.863 184.842 170.791 334.669 Dez 78.914 98.128 110.619 117.768 155.918 161.977 260.393 TOTAL 1.007.064 1.243.001 1.293.976 1.154.509 1.963.066 2.419.100 3.134.435 2.005.153

Fonte: SECEX (2007).

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520D

iagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de C

orte do Estado de Mato G

rosso

Tabela 7F – Estratificação das propriedades de bovinocultura de corte em 2006 (nº cabeças) Até 10 cab. De 11 a 20 De 21 a 30 De 31 a 40 De 41 a 50 De 51 a 100 De 101 a 250 De 251 a 500 De 501 a 1000 De 1001 a 5000 De 5001 a 10000 De 10001 a 20000 Mais de 20000 Total

Municipio Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr.

Acorizal 876 132 1.613 101 1.316 50 1.249 35 1.086 23 3.112 42 8.558 52 5.759 17 6.809 10 9.265 6 0 0 0 0 0 0 39.643 468Água Boa 916 139 2.486 150 3.960 150 3.323 92 3.892 83 13.281 177 26.598 162 41.261 114 49.757 69 158.195 81 64.006 9 35.943 3 21.150 1 424.768 1.230Alta Floresta 993 165 2.736 168 3.654 140 5.766 160 5.125 110 29.885 403 78.446 490 80.077 225 109.685 155 270.785 134 98.834 15 11.556 1 30.580 1 728.122 2.167Alto Araguaia 447 64 1.024 59 1.307 47 1.427 39 1.742 37 8.528 112 19.485 122 33.879 92 50.523 72 47.360 29 0 0 0 0 0 0 165.722 673Alto Boa Vista 226 34 1.089 67 1.419 53 1.560 43 1.523 33 10.037 135 17.081 109 11.503 33 19.210 26 30.043 13 19.993 3 13.328 1 0 0 127.012 550Alto Garças 62 9 164 10 228 8 302 8 334 7 2.234 30 6.501 39 9.722 26 17.942 25 16.030 8 0 0 0 0 0 0 53.519 170Alto Paraguai 610 80 1.756 105 1.563 58 1.656 44 1.146 24 5.977 83 9.846 61 12.064 35 19.787 29 36.884 35 7.500 1 0 0 0 0 98.789 555Alto Taquari 120 18 213 13 287 11 306 8 232 5 1.106 16 2.043 13 7.303 19 9.878 14 4.223 3 0 0 0 0 0 0 25.711 120Apiacas 490 88 1.112 68 1.775 68 1.793 50 2.092 45 11.991 161 28.381 173 30.776 85 32.743 46 67.045 33 17.273 3 0 0 0 0 195.471 820Araguaiana 92 16 308 17 259 10 257 7 570 12 2.860 36 6.438 38 21.881 56 44.699 62 133.813 65 44.156 8 40.360 3 0 0 295.693 330Araguainha 16 3 72 5 81 3 110 3 49 1 1.253 17 3.637 20 3.917 12 5.518 8 12.471 6 0 0 0 0 0 0 27.124 78Araputanga 300 45 1.000 62 1.448 57 2.245 62 2.807 60 11.779 167 22.920 146 18.237 50 20.241 27 74.745 35 28.964 4 10.511 1 0 0 195.197 716Arenápolis 381 64 392 23 549 21 510 14 605 13 3.346 43 8.417 50 7.716 21 7.560 10 8.337 6 0 0 0 0 0 0 37.813 265Aripuana 469 68 1.692 99 2.046 78 2.222 61 3.387 72 20.048 267 48.004 293 51.095 145 72.718 104 139.242 68 35.083 5 15.284 1 0 0 391.290 1.261Barão de Melgaço 689 85 1.464 82 1.801 66 1.879 50 2.616 54 8.739 113 11.543 70 6.397 17 10.358 15 60.755 25 32.990 5 27.313 2 0 0 166.544 584Barra do Bugres 815 119 1.668 102 1.905 74 1.735 38 1.438 31 4.521 60 17.062 97 24.053 62 35.235 52 87.415 47 24.053 4 13.318 1 0 0 213.218 687Barra do Garças 533 79 1.331 79 1.417 56 1.165 32 1.491 32 7.382 97 20.666 123 35.628 96 52.207 74 163.726 80 66.620 10 37.895 3 25.248 1 415.309 762Bom Jesus do Araguaia 127 13 847 47 1.442 52 1.985 52 2.037 43 10.912 142 25.933 161 23.430 68 22.264 31 57.694 24 23.046 3 13.292 1 0 0 183.009 637Brasnorte 474 76 1.671 101 3.270 124 2.377 67 3.200 71 18.057 238 34.644 221 25.529 71 43.829 59 95.745 56 29.895 4 55.847 4 20.462 1 335.000 1.093Cáceres 2.258 313 7.335 455 9.184 351 9.097 250 9.077 195 38.916 533 75.654 473 94.064 268 144.164 207 378.137 186 73.789 11 59.237 5 25.730 1 926.642 3.248Campinápolis 34 4 190 11 77 3 183 5 136 3 1.151 16 3.217 21 6.054 16 8.830 12 24.629 13 12.080 2 0 0 0 0 56.581 106Campo Novo do Parecis 208 46 181 11 226 9 68 2 178 4 1.343 17 2.749 16 3.919 12 14.550 20 15.838 11 0 0 0 0 0 0 39.260 148Campo Verde 1.303 205 2.046 127 1.878 74 1.986 55 892 19 5.324 75 12.206 74 8.560 25 12.615 19 24.743 14 0 0 0 0 0 0 71.553 687Campos de Júlio 74 11 103 7 135 5 0 0 174 4 1.177 15 1.543 8 3.510 10 3.562 5 7.007 3 0 0 0 0 0 0 17.285 68Cana Brava do Norte 214 28 1.049 66 1.872 74 1.964 56 2.428 53 12.505 173 27.068 171 19.345 55 12.626 19 31.551 19 27.531 4 0 0 39.900 1 178.053 719Canarana 239 43 288 19 650 25 647 18 901 19 5.593 73 24.294 145 48.333 133 61.993 86 142.526 73 18.456 3 12.200 1 0 0 316.120 638Carlinda 2.319 328 6.360 388 7.677 291 8.176 228 8.175 176 31.511 433 49.658 313 36.428 101 44.676 64 115.574 63 33.938 5 0 0 0 0 344.492 2.390Castanheira 532 73 1.629 99 2.430 93 2.964 80 3.360 72 15.431 210 35.551 227 37.493 105 38.348 54 112.420 62 51.365 7 24.324 2 0 0 325.847 1.084Chapada dos Guimarães 1.358 209 3.302 199 3.009 115 2.907 81 2.707 58 10.694 145 25.583 153 21.996 64 40.693 56 52.276 33 0 0 0 0 0 0 164.525 1.113Cláudia 303 49 626 38 522 20 886 24 607 13 2.531 35 7.922 48 9.052 24 9.736 14 15.239 9 0 0 0 0 0 0 47.424 274Cocalinho 87 13 277 15 336 12 564 15 530 11 2.798 36 10.492 59 19.730 53 36.383 50 148.099 78 78.977 12 11.985 1 45.385 2 355.643 357Colider 949 143 3.574 219 5.539 209 7.028 194 7.434 161 35.656 497 66.321 418 49.622 143 59.841 85 73.558 42 15.204 2 0 0 0 0 324.726 2.113Colniza 2.927 444 9.027 557 11.681 448 8.892 247 8.293 181 27.984 386 38.561 248 24.434 69 20.913 33 35.822 21 5.888 1 0 0 0 0 194.422 2.635Comodoro 407 60 1.700 103 3.228 120 4.161 114 5.118 109 23.894 322 29.346 198 18.814 55 24.795 36 68.339 38 71.929 11 26.996 2 0 0 278.727 1.168Confresa 984 125 6.077 345 13.416 500 12.079 326 12.658 266 55.560 742 101.861 649 62.670 178 37.886 56 68.483 31 20.702 3 0 0 0 0 392.376 3.221Conquista do Oeste 142 22 554 33 836 32 1.210 33 1.595 34 6.913 96 11.698 72 8.609 25 3.511 6 15.417 8 11.330 2 0 0 0 0 61.815 363Cotriguaçu 1.110 154 4.890 293 6.737 256 5.784 160 4.581 99 17.304 239 31.091 200 25.553 71 19.274 29 56.999 28 5.863 1 0 0 0 0 179.186 1.530Cuiabá 2.648 423 3.621 224 2.766 105 2.400 66 2.861 61 8.416 116 16.840 105 18.696 52 17.189 25 24.358 12 5.492 1 0 0 0 0 105.287 1.190Curvelândia 287 42 785 50 1.606 61 1.714 46 1.343 29 6.870 97 10.162 64 6.596 19 7.291 10 13.595 7 0 0 0 0 0 0 50.249 425Denise 191 29 1.003 61 1.406 54 913 25 894 20 2.454 35 7.559 45 8.325 24 15.627 23 30.837 17 0 0 0 0 0 0 69.209 333Diamantino 975 141 2.423 148 2.208 85 2.594 71 1.963 42 5.851 83 10.560 65 12.761 37 21.671 31 23.896 15 16.765 2 0 0 0 0 101.667 720Dom Aquino 287 40 782 46 1.002 37 1.400 38 1.733 37 7.437 100 16.128 101 17.132 49 15.198 22 35.993 22 0 0 0 0 0 0 97.092 492Feliz Natal 278 44 379 25 357 13 218 6 403 9 879 12 1.615 9 3.297 10 4.895 7 1.337 1 0 0 0 0 0 0 13.658 136Figueirópolis D'Oeste 114 17 644 39 1.179 45 1.105 30 2.071 44 8.794 120 19.826 127 22.471 62 20.569 30 29.299 18 7.398 1 11.855 1 0 0 125.325 534Gaúcha do Norte 164 24 504 30 748 26 560 15 847 18 4.011 56 24.147 144 26.387 73 34.367 46 80.879 46 17.631 3 0 0 0 0 190.245 481General Carneiro 216 36 992 62 926 36 637 17 660 14 3.125 42 10.115 58 15.465 42 23.612 32 31.924 21 0 0 19.402 1 0 0 107.074 361Gloria D'Oeste 120 21 284 19 939 36 1.299 36 1.196 26 4.984 69 14.277 87 21.971 61 23.335 32 18.221 10 0 0 0 0 0 0 86.626 397Guaranta do Norte 972 136 3.012 177 4.718 178 4.159 114 5.832 125 32.819 441 66.015 418 49.615 142 55.868 77 47.884 34 0 0 0 0 0 0 270.894 1.842Guiratinga 382 55 977 59 1.242 48 1.046 29 1.938 42 8.812 118 18.011 116 26.000 72 22.533 33 45.757 26 0 0 0 0 0 0 126.698 598Indiavai 97 17 226 14 509 19 432 12 899 20 2.061 28 5.462 35 5.763 14 5.779 8 30.344 15 12.855 2 0 0 0 0 64.427 184Itauba 112 23 231 14 149 6 232 7 269 6 1.042 13 7.801 46 8.112 22 18.406 25 75.385 36 21.865 3 0 0 0 0 133.604 201Itiquira 156 19 626 37 903 34 578 16 930 20 5.636 75 13.649 83 27.586 73 34.934 50 90.918 49 28.596 4 36.974 2 0 0 241.486 462Jaciara 28 6 57 4 165 6 107 3 143 3 1.194 15 1.971 12 2.072 6 5.780 7 8.407 5 0 0 0 0 0 0 19.924 67Jangada 1.252 195 1.712 110 1.580 60 1.242 34 761 16 2.173 28 6.538 40 4.707 15 12.412 18 17.596 9 16.823 2 0 0 0 0 66.796 527Jauru 285 38 1.301 79 2.771 105 3.559 96 4.566 98 18.324 245 32.649 208 24.204 69 21.847 30 41.407 22 5.004 1 0 0 25.349 1 181.266 992

Continua...

Page 542: DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA AGROINDUSTRIAL DA ... · Tecnologia ... Local de aquisição da carne ... Análise da competitividade do segmento de abate e processamento da bovinocultura

521D

iagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de C

orte do Estado de Mato G

rosso

Continuação

Até 10 cab. De 11 a 20 De 21 a 30 De 31 a 40 De 41 a 50 De 51 a 100 De 101 a 250 De 251 a 500 De 501 a 1000 De 1001 a 5000 De 5001 a 10000 De 10001 a 20000 Mais de 20000 Total Municipio

Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr.

Juara 745 112 1.415 85 1.874 71 2.529 69 3.011 64 18.900 253 68.328 410 87.469 242 133.194 187 355.153 170 98.492 14 81.612 7 0 0 852.722 1.684Juína 1.798 298 3.501 220 5.173 199 5.719 159 5.747 126 29.616 407 84.135 525 89.388 254 85.304 124 142.618 76 23.621 3 58.923 4 0 0 535.543 2.395Juruena 769 116 2.204 136 2.907 111 2.354 66 2.297 50 7.537 105 18.779 117 15.694 43 15.770 22 46.160 30 14.048 2 12.471 1 23.139 1 164.129 800Juscimeira 851 106 2.310 139 2.707 101 1.964 53 3.178 68 12.472 165 23.759 143 20.783 61 19.363 27 50.842 27 0 0 0 0 0 0 138.229 890Lambari D'Oeste 236 37 745 45 1.203 46 1.046 29 1.596 34 5.968 82 8.128 53 10.951 31 25.135 35 69.120 33 20.930 3 0 0 0 0 145.058 428Lucas do Rio Verde 674 106 902 57 357 14 298 8 510 11 1.177 16 2.226 15 2.050 6 3.127 4 5.108 2 0 0 0 0 0 0 16.429 239Luciara 61 19 367 22 614 24 863 23 1.166 25 3.618 50 6.795 44 8.917 24 6.173 9 8.726 6 0 0 0 0 0 0 37.300 246Marcelandia 761 121 1.621 100 1.526 58 2.086 57 1.804 39 7.304 98 18.336 107 22.367 61 32.259 43 75.992 43 20.664 3 0 0 0 0 184.720 730Matupa 1.347 231 2.985 186 3.256 128 3.373 93 2.967 65 13.458 182 19.761 127 19.192 56 24.964 35 65.572 33 16.759 3 23.624 2 0 0 197.258 1.141Mirassol D'Oeste 1.156 163 3.367 207 4.044 153 3.621 98 5.088 110 15.071 209 26.006 159 23.102 64 21.842 30 32.453 15 5.513 1 0 0 0 0 141.263 1.209Nobres 589 80 1.880 107 2.193 83 1.933 53 2.329 49 7.866 107 10.511 66 11.327 32 13.615 20 42.918 22 10.812 2 0 0 0 0 105.973 621Nortelândia 633 98 1.625 105 1.816 72 1.063 30 1.129 24 3.086 43 6.740 42 7.178 21 3.951 5 2.143 2 0 0 17.577 1 0 0 46.941 443Nossa Senhora do Livramento 42 7 140 9 183 7 285 8 520 11 2.035 28 8.422 48 9.111 25 15.391 21 33.038 15 0 0 0 0 0 0 69.167 179Nova Bandeirantes 675 95 2.479 149 3.777 145 3.882 107 4.103 89 19.556 269 41.333 265 46.510 137 36.665 53 80.432 46 22.999 3 19.715 1 26.539 1 308.665 1.360Nova Brasilândia 333 42 721 40 1.208 44 1.565 42 2.394 51 10.896 144 14.477 91 15.539 45 19.496 29 56.728 26 36.001 5 0 0 0 0 159.358 559Nova Canaã do Norte 706 96 3.154 184 4.555 171 4.692 128 5.980 127 28.504 390 50.688 326 53.292 153 42.507 61 120.494 62 34.949 5 10.990 1 21.024 1 381.535 1.705Nova Guarita 562 85 1.403 84 2.343 90 2.702 74 2.557 55 14.870 203 29.996 183 21.570 62 33.188 48 22.093 13 0 0 0 0 0 0 131.284 897Nova Lacerda 216 30 526 31 926 34 1.193 33 1.883 41 10.474 142 21.942 138 13.803 38 27.640 38 66.928 30 5.500 1 26.619 2 0 0 177.650 558Nova Marilândia 122 25 284 17 412 16 437 12 388 8 2.847 37 7.024 46 15.331 43 32.438 47 34.802 18 0 0 0 0 0 0 94.085 269Nova Maringá 228 41 354 22 456 17 351 10 369 8 2.116 28 4.807 29 9.494 27 15.483 22 46.876 28 0 0 0 0 0 0 80.534 232Nova Monte Verde 539 89 1.659 102 2.175 85 2.386 66 4.342 94 12.998 177 31.113 192 37.690 105 53.301 73 112.808 59 59.570 9 35.270 3 0 0 353.851 1.054Nova Mutum 1.112 188 1.743 110 1.338 53 1.275 36 1.492 32 3.283 49 5.936 34 4.623 12 9.954 14 50.756 20 15.584 2 25.856 2 0 0 122.952 552Nova Nazaré 53 9 326 18 655 24 706 19 980 21 4.090 55 7.501 47 8.653 24 13.415 19 20.062 8 22.766 3 0 0 0 0 79.207 247Nova Olímpia 208 34 693 43 1.355 52 1.528 42 888 19 3.247 44 7.136 44 9.433 25 13.711 18 31.392 17 7.522 1 0 0 0 0 77.113 339Nova Ubiratã 1.369 239 1.617 103 1.262 48 1.004 27 1.157 25 5.228 73 8.840 56 10.827 29 8.321 13 21.080 8 11.307 2 0 0 0 0 72.012 623Nova Xavantina 630 86 2.253 133 2.593 99 2.782 75 3.478 74 14.898 203 27.705 179 33.751 94 26.161 38 90.680 49 31.567 4 18.470 1 0 0 254.968 1.035Novo Horizonte do Norte 429 68 958 59 1.798 69 2.283 64 2.400 52 10.345 144 18.830 117 12.111 35 12.956 19 26.279 13 0 0 0 0 0 0 88.389 640Novo Mundo 913 131 3.376 210 3.935 152 3.978 109 4.398 95 20.405 273 46.626 292 38.734 108 54.148 78 120.907 64 32.685 5 11.224 1 0 0 341.329 1.518Novo Santo Antônio 110 12 276 16 447 17 326 9 525 11 1.719 24 2.478 17 3.045 8 962 1 6.922 5 0 0 0 0 0 0 16.810 120Novo São Joaquim 538 109 1.342 76 1.639 58 1.357 36 2.236 47 10.634 145 17.657 113 20.613 61 33.820 48 117.051 56 11.898 2 25.165 2 0 0 243.950 753Paranaita 733 113 2.769 169 5.201 203 5.364 150 4.716 103 20.285 280 39.700 248 51.933 142 66.440 94 144.593 76 18.078 3 12.776 1 0 0 372.588 1.582Paranatinga 531 76 1.757 103 1.793 68 1.987 55 1.799 38 11.299 152 39.172 235 50.582 143 61.840 87 186.409 93 71.636 10 0 0 37.321 1 466.126 1.061Pedra Preta 683 105 1.521 90 1.962 74 1.563 44 2.449 52 6.396 85 20.307 122 24.325 66 43.930 65 107.303 53 36.036 5 13.861 1 0 0 260.336 762Peixoto de Azevedo 482 70 1.521 88 1.596 59 1.705 46 1.727 37 6.101 83 13.265 82 7.699 22 15.552 22 35.861 16 25.399 4 17.543 1 42.768 1 171.219 531Planalto da Serra 87 13 266 16 604 22 705 19 843 18 4.926 65 11.595 70 8.344 24 7.273 11 22.860 12 5.373 1 0 0 20.106 1 82.982 272Poconé 1.793 241 3.801 227 3.907 145 2.919 78 2.587 54 13.321 175 31.840 190 55.782 154 83.188 117 171.227 88 21.011 3 0 0 0 0 391.376 1.472Pontal do Araguaia 159 25 544 31 850 31 523 14 1.040 22 4.154 56 15.247 86 18.157 49 25.286 37 43.129 24 5.232 1 0 0 0 0 114.321 376Ponte Branca 76 11 206 12 213 8 223 6 575 12 1.803 24 2.052 12 9.200 25 6.086 9 3.261 2 0 0 0 0 0 0 23.695 121Pontes e Lacerda 633 101 2.131 131 3.319 123 5.500 152 5.604 121 27.675 374 57.401 357 54.538 154 75.063 106 235.790 117 77.163 11 38.235 3 28.414 1 611.466 1.751Porto Alegre do Norte 277 32 832 48 1.554 57 1.450 40 2.171 47 13.209 171 27.925 176 17.045 49 17.723 26 21.687 10 0 0 0 0 0 0 103.873 656Porto dos Gaúchos 241 34 435 29 533 21 943 26 693 15 4.919 68 18.908 112 16.099 43 24.732 33 81.284 37 11.698 2 0 0 0 0 160.485 420Porto Esperidião 478 72 1.523 94 1.859 70 2.526 69 2.819 61 13.133 178 36.477 224 49.316 136 73.468 103 183.783 88 54.099 7 34.533 3 25.778 1 479.792 1.106Porto Estrela 741 136 1.568 100 1.236 48 1.497 41 1.449 31 6.625 91 9.466 59 11.769 33 18.981 26 51.836 24 9.687 1 0 0 0 0 114.855 590Poxoreo 1.041 146 3.527 206 4.504 167 4.431 121 5.464 117 17.344 236 41.274 250 47.738 131 77.169 110 103.729 56 0 0 0 0 0 0 306.221 1.540Primavera do Leste 276 43 550 35 677 26 335 9 582 12 1.541 22 3.219 20 3.445 9 8.286 13 30.959 14 8.703 1 0 0 0 0 58.573 204Querência 874 125 2.397 146 2.919 109 2.936 81 2.865 61 10.055 142 12.387 77 7.938 24 11.682 17 41.683 17 12.758 2 0 0 86.262 1 194.756 802Reserva do Cabacal 94 15 418 26 605 23 634 17 781 17 4.782 63 5.990 38 7.807 23 3.802 6 4.858 4 0 0 0 0 0 0 29.771 232Ribeirão Cascalheira 301 41 1.191 67 2.527 91 2.409 64 3.479 73 13.806 186 35.748 223 34.072 96 35.575 52 98.716 51 32.414 4 0 0 0 0 260.238 948Ribeirãozinho 10 1 102 6 322 11 153 4 530 11 2.187 28 5.015 29 5.026 16 3.192 5 8.132 5 0 0 0 0 0 0 24.669 116Rio Branco 101 15 488 31 507 19 992 27 894 19 5.399 73 9.737 61 10.590 31 9.842 13 14.093 10 0 0 0 0 0 0 52.643 299Rondolândia 137 18 721 44 1.089 42 1.222 34 1.263 27 6.051 84 12.714 82 11.605 32 15.799 21 88.123 40 39.486 6 0 0 84.539 3 262.749 433Rondonópolis 1.792 269 5.504 335 7.096 266 6.096 166 6.723 144 21.411 295 40.456 253 46.817 134 53.514 76 91.233 51 6.300 1 0 0 0 0 286.942 1.990Rosário Oeste 1.918 285 3.562 220 2.826 108 2.126 59 1.967 42 9.343 126 20.981 125 34.854 96 50.292 70 92.857 52 0 0 13.475 1 0 0 234.201 1.184

Continua...

Page 543: DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA AGROINDUSTRIAL DA ... · Tecnologia ... Local de aquisição da carne ... Análise da competitividade do segmento de abate e processamento da bovinocultura

522D

iagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de C

orte do Estado de Mato G

rosso

Continuação Até 10 cab. De 11 a 20 De 21 a 30 De 31 a 40 De 41 a 50 De 51 a 100 De 101 a 250 De 251 a 500 De 501 a 1000 De 1001 a 5000 De 5001 a 10000 De 10001 a 20000 Mais de 20000 Total

Municipio Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr. Anim. Propr.

Salto do Céu 139 21 657 38 1.360 50 1.247 35 1.574 33 8.390 110 17.816 111 19.145 53 18.738 28 47.365 26 10.827 2 0 0 0 0 127.258 507Santa Carmem 187 30 245 15 450 18 352 10 463 10 1.185 16 1.591 11 2.952 8 8.188 11 19.776 10 0 0 0 0 0 0 35.389 139Santa Cruz do Xingu 88 21 381 24 677 25 536 15 745 16 2.550 36 8.377 51 9.612 27 10.998 15 76.577 35 9.197 1 0 0 0 0 119.738 266Santa Helena 170 28 468 30 788 30 1.106 30 1.143 25 5.896 81 14.246 89 18.565 52 17.207 24 74.230 35 20.336 3 10.598 1 0 0 164.753 428Santa Rita do Trivelato 50 9 64 4 111 4 206 6 226 5 243 3 886 5 2.792 7 7.002 9 9.571 5 0 0 0 0 0 0 21.151 57Santa Terezinha 351 46 1.312 75 2.590 94 2.910 79 2.840 59 14.213 190 29.998 185 24.359 69 20.602 29 56.518 29 35.311 5 0 0 0 0 191.004 860Santo Afonso 105 15 361 20 482 18 803 22 1.171 25 4.844 64 9.366 59 8.105 22 14.922 20 36.265 16 6.500 1 0 0 0 0 82.924 282Santo Antônio do Leste 118 20 207 13 161 6 68 2 190 4 758 10 1.595 10 2.868 8 12.364 18 22.846 12 5.733 1 0 0 0 0 46.908 104Santo Antônio do Leverger 1.632 246 4.270 268 3.421 134 3.650 101 3.543 76 15.525 212 28.844 170 37.351 103 38.831 57 144.482 76 83.882 12 47.563 4 36.082 1 449.076 1.460São Félix do Araguaia 669 85 2.283 136 2.784 105 2.667 73 3.943 83 16.102 228 22.522 146 22.233 64 26.772 38 107.516 43 58.989 9 20.794 2 26.675 1 313.949 1.013São José do Povo 1 1 39 2 76 3 34 1 142 3 663 9 2.057 13 3.030 9 3.574 5 8.249 3 0 0 0 0 0 0 17.865 49São José do Rio Claro 812 126 1.804 114 2.032 79 1.971 54 1.889 41 7.256 99 15.943 94 14.449 41 19.349 27 35.762 19 5.431 1 0 0 0 0 106.698 695São José do Xingu 147 22 493 28 794 29 642 17 928 20 5.731 78 13.167 82 12.634 35 28.278 38 203.000 82 56.985 9 49.701 4 0 0 372.500 444São José dos Quatro Marcos 673 99 2.003 122 3.577 135 4.766 131 5.206 111 18.462 253 35.757 227 29.597 86 35.424 50 36.295 24 0 0 0 0 0 0 171.760 1.238São Pedro da Cipa 9 1 29 2 42 2 72 2 48 1 449 6 1.438 8 420 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2.507 23Sapezal 54 9 298 18 180 7 33 1 93 2 614 9 2.791 17 2.084 5 5.065 7 22.864 11 14.232 2 0 0 0 0 48.308 88Serra Nova Dourada 707 240 893 55 1.514 59 1.480 42 1.119 24 3.954 57 6.661 42 6.914 20 5.876 8 19.590 10 5.720 1 0 0 0 0 54.428 558Sinop 1.453 251 2.717 176 2.173 86 2.677 73 1.932 42 5.782 82 9.473 58 7.365 22 11.444 17 17.709 9 0 0 0 0 21.501 1 84.226 817Sorriso 1.243 230 1.502 97 1.711 67 922 25 971 21 3.461 47 6.194 38 7.293 23 13.290 19 28.894 16 0 0 0 0 0 0 65.481 583Tabaporã 483 70 1.421 86 1.946 74 2.105 58 2.482 54 8.228 114 22.336 133 15.381 45 22.811 32 63.833 34 5.653 1 31.990 3 0 0 178.669 704Tangará da Serra 1.225 185 3.393 212 3.975 154 3.802 106 3.312 72 15.923 221 23.557 148 29.911 85 46.149 64 92.781 47 46.533 6 0 0 0 0 270.561 1.300Tapurah 1.174 192 1.691 109 1.555 59 1.206 33 2.390 52 5.230 71 11.371 70 12.113 35 19.103 29 52.254 30 0 0 0 0 0 0 108.087 680Terra Nova do Norte 1.312 187 3.125 189 4.200 160 5.048 139 5.748 123 28.823 390 59.798 386 45.757 131 40.211 58 46.892 26 0 0 0 0 0 0 240.914 1.789Tesouro 86 12 215 12 344 13 407 11 757 16 2.768 37 11.741 73 10.252 29 26.062 38 28.112 15 0 0 0 0 0 0 80.744 256Torixoréu 135 23 345 20 395 15 682 18 711 15 3.923 52 17.198 104 22.395 62 36.848 54 39.539 22 0 0 0 0 0 0 122.171 385União do Sul 75 9 179 10 158 6 107 3 338 7 694 10 3.212 19 7.420 21 7.792 12 17.812 9 6.795 1 0 0 0 0 44.582 107Vale do São Domingos 155 21 680 41 1.281 47 1.623 45 2.471 53 13.583 177 30.389 193 17.528 51 10.126 15 12.403 4 0 0 0 0 0 0 90.239 647Várzea Grande 1.434 224 2.071 133 1.931 75 983 27 1.035 23 3.684 51 2.836 18 3.968 11 1.178 2 11.407 4 0 0 0 0 0 0 30.527 568Vera 503 86 564 36 483 19 281 8 322 7 1.452 20 1.800 12 4.187 11 3.338 5 7.779 4 0 0 0 0 0 0 20.709 208Vila Bela da Santíssima Trindade 725 105 2.846 173 3.384 130 4.560 125 4.679 100 19.792 276 48.019 295 57.150 157 87.347 124 337.395 153 152.597 21 131.123 10 25.578 1 875.195 1.670Vila Rica 481 64 1.863 106 3.407 126 3.795 102 5.635 118 29.880 392 78.340 481 92.980 264 102.874 143 218.492 113 56.300 9 0 0 0 0 594.047 1.918Total 80.907 12.411 213.384 12.974 278.742 10.578 283.219 7.765 315.503 6.763 1.376.256 18.678 2.930.553 18.200 3.067.612 8.608 3.911.404 5.541 9.224.214 4.709 2.571.175 377 1.267.328 98 739.530 25 26.259.827 106.727

Fonte: INDEA-MT (2007)