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Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas,Administrativas e Contábeis de Minas Gerais
DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DE CADEIAS PRODUTIVAS DE BELO
HORIZONTE
Cadeia Produtiva do Comércio
Dezembro/ 2011
www.ipead.face.ufmg.br • [email protected]. Presidente Antônio Carlos, 6.627 • PampulhaFACE/UFMG • Bloco Administrativo • 2° andarSala 2.011 • CEP: 31270 901 • Belo Horizonte/MGTel: (31) 3409 7110 • Fax: (31) 3409 7140
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Fundação IPEAD
Presidente: Prof. Reynaldo Maia MunizVice-Presidente: Profª Paula de Miranda RibeiroDiretor-Executivo: Prof. José Alberto Magno de CarvalhoDiretor Executivo-Adjunto: Prof. Antonio Carlos Ferreira Carvalho
Coordenador Administrativo, Contábil e Financeiro:
Prof. Antonio Carlos Ferreira Carvalho
Coordenador de Pesquisas e Desenvolvimento:
Prof. Wanderley RamalhoCoordenador de Projetos: Prof. Renato Mogiz Silva
Coordenador de Gestão Estratégica e Tecnologia: Marcos Murilo Miranda Rocha
Equipe Técnica: Prof. Wanderley Ramalho (Coordenador) Alexandre Moisés de Sena Eduardo Eustáquio Antunes Elisabeth Pereira dos Santos Nildred Stael Fernandes Martins Thaize Vieira Martins
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Cadeia Produtiva do Comércio
Lista de Figuras
Figura 1 – Setor de Serviços...........................................................................................9
Figura 2 - Formas de Intermediação.............................................................................29
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Cadeia Produtiva do ComércioLista de gráficos
Gráfico 1 - Composição do valor adicionado bruto por setor de atividade, participação
percentual (%) Brasil, 2004 a 2008...............................................................................18
Gráfico 2 – Composição do valor adicionado bruto por segmentos do comércio,
participação percentual (%), Brasil, 2007 a 2009.........................................................19
Gráfico 3 – Participação (%) de Minas Gerais no valor adicionado do setor comercial
brasileiro, 2004 a 2008..................................................................................................19
Gráfico 4 – Participação do setor comercial no valor adicionado total em Minas Gerais
20
Gráfico 5 - Participação da cadeia produtiva do comércio no total dos serviços ........21
Gráfico 6 - Arrecadação Estadual em Belo Horizonte: Participação Percentual do
Setor Comercial, 2007 a 2010.......................................................................................21
Gráfico 7 – Número de autônomos e empresas comerciais por anos de duração, ....26
Gráfico 8 – Cadeia Produtiva do Comércio: Rendimento mensal médio do trabalho
principal para pessoas de 10 anos ou mais, 2006 a 2009, localidades selecionadas
(R$)................................................................................................................................28
Gráfico 9 – Cadeia Produtiva do Comércio: Taxa de Informalidade, 2006 a 2009,
localidades selecionadas...............................................................................................29
Gráfico 10 – Evolução do faturamento e da participação do setor atacadista
distribuidor no setor mercearil , 2010............................................................................36
Gráfico 11 – Participação (%) nas vendas do atacado por linhas de produtos, ..........37
Gráfico 12 – Importância dos canais atendidos no faturamento das empresas
atacadistas, ...................................................................................................................38
Gráfico 13 - Localização das sedes das empresas franqueadoras por Estado, Brasil,
2010...............................................................................................................................45
Gráfico 14 - Distribuição das unidades franqueadas por Estado, Brasil, 2010............46
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Cadeia Produtiva do Comércio
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Comércio: Número de estabelecimentos formais e participação no total dos
setores, localidades selecionadas, 2007 e 2010..........................................................21
Tabela 2 – Cadeia Produtiva do Comércio: Participação percentual do número de
estabelecimentos, localidades selecionadas em relação ao Brasil e Minas Gerais, ...22
Tabela 3 - Cadeia Produtiva do Comércio: Percentual de estabelecimentos por
tamanho do estabelecimento, localidades selecionadas, 2010....................................23
Tabela 4 – Abertura e fechamento de autônomos e empresas comerciais em Belo
Horizonte, 2009 a abril de 2011....................................................................................24
Tabela 5 – Cadeia Produtiva do Comércio: Número de empregos formais e
participação no total dos setores produtivos, localidades selecionadas, 2007 e 2010 26
Tabela 6 – Dados comparativos das empresas do segmento de comércio de veículos,
peças e motocicletas, 2009...........................................................................................31
Tabela 7 - Participação (%) das classes do comércio de veículos, peças e
motocicletas no total do número de estabelecimentos e do emprego no segmento,
Belo Horizonte/MG, 2010..............................................................................................32
Tabela 8 – Dados comparativos das empresas do segmento atacadista, Brasil, 2009
34
Tabela 9 - Participação (%) dos grupos do comércio atacadista no total do número de
estabelecimentos e do emprego no segmento, Belo Horizonte/MG, 2010..................38
Tabela 10 – Dados comparativos das empresas do segmento varejista, Brasil, 2009 39
Tabela 11 – Particpação (%) das classes do comércio varejista no total do número de
estabelecimentos e do emprego no segmento, Belo Horizonte/MG, 2010..................40
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Cadeia Produtiva do Comércio
Sumário
1 APRESENTAÇÃO........................................................................................................7
2 PARTE 1: CONTEXTO MACROECONÔMICO DA CADEIA PRODUTIAV DO
COMÉRCIO.....................................................................................................................8
2.1 Introdução..................................................................................................................8
2.2 Estrutura da Cadeia Produtiva e Caracterização Geral............................................9
2.3 Cenário Internacional e Inserção Brasileira............................................................12
2.4 Importância Econômica: Brasil, Minas Gerais, Região Metropolitana de Belo
Horizonte e Belo Horizonte...........................................................................................16
2.5 Fornecedores..........................................................................................................28
2.6 Produtores...............................................................................................................31
2.7 Consumidores.........................................................................................................48
2.8 Síntese Parte 1........................................................................................................50
3 PARTE 2: PERCEPÇÃO DOS AGENTES QUE INTEGRAM A CADEIA
PRODUTIVA DO COMÉRCIO......................................................................................53
3.1 Pesquisa qualitativa.................................................................................................54
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................80
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................85
APÊNDICE 1 - QUESTIONÁRIO PESQUISA QUALITATIVA......................................87
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Cadeia Produtiva do Comércio
1 APRESENTAÇÃO
O presente relatório apresenta os resultados da pesquisa Diagnóstico Situacional de Cadeias
Produtivas de Belo Horizonte, desenvolvida pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas,
Administrativas e Contábeis de Minas Gerais – IPEAD/UFMG –, no âmbito do estudo
demandado pela Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Informação da Prefeitura
de Belo Horizonte – PBH.
O estudo inclui pesquisas qualitativas em fontes primárias com empresários e representantes de
entidades vinculadas à cadeia produtiva do Comércio, além de levantamento em fontes
secundárias de dados relacionados à cadeia investigada.
O objetivo é obter um melhor conhecimento da problemática dessa cadeia produtiva no
município de Belo Horizonte que permita o desenvolvimento e implementação de projetos de
desenvolvimento econômico e social.
Este relatório está dividido em duas partes. A primeira permite contextualizar a cadeia
produtiva do Comércio no cenário macroeconômico, e a segunda possibilita captar a percepção
dos agentes que integram a cadeia, a partir da análise dos resultados de uma pesquisa de
campo, especificamente desenhada com este propósito.
Particularmente, a primeira parte contempla uma análise da cadeia produtiva têxtil e do
Comércio de Belo Horizonte e sua Região Metropolitana, tendo por pano de fundo os contextos
estadual, nacional e internacional. Adicionalmente, nessa primeira parte, procedeu-se a uma
análise dos indicadores de desempenho econômico do segmento do Comércio em Belo
Horizonte e sua Região Metropolitana. Finalmente, é apresentada uma caracterização mais
detalhada do desempenho dos elos “fornecedor”, “produtor” e “consumidor” que constituem a
cadeia produtiva do Comércio.
A segunda parte do documento, por seu turno, analisa a percepção dos agentes que integram a
cadeia produtiva do Comércio por meio de uma pesquisa qualitativa. Com este objetivo,
elaborou-se um roteiro de entrevistas, que teve, por fundamento, encontros com a equipe
técnica da PBH e representantes de entidades de classe da cadeia produtiva do Comércio. Tal
estratégia permitiu a geração de roteiros mais aderentes à realidade da cadeia.
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Cadeia Produtiva do Comércio
Cumpre finalmente destacar a existência de uma síntese correspondente a cada parte
constitutiva deste relatório, além de uma última seção de “considerações finais” que explicita
os aspectos mais relevantes para o diagnóstico situacional da cadeia produtiva.
Acredita-se que o presente estudo possa funcionar como subsídio a ações gerenciais e de
planejamento para as câmaras setoriais da PBH, constituindo-se, ao fim e ao cabo, em uma
ferramenta para o desenvolvimento de um instrumento de intervenção na realidade.
2 PARTE 1: CONTEXTO MACROECONÔMICO DA CADEIA PRODUTIAV DO
COMÉRCIO
2.1 Introdução
Este relatório contempla a análise da cadeia produtiva do comércio de Belo Horizonte e sua
Região Metropolitana tendo por pano de fundo o contexto estadual, nacional e internacional
que parte de uma síntese de pesquisas e estudos recentes sobre as principais tendências e o
desempenho de tal cadeia no Brasil, inserido no contexto internacional. Esses estudos
constituem a base de análise da cadeia do comércio de Belo Horizonte e da Região
Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
Para elaboração deste relatório, os elos da cadeia produtiva do comércio foram classificados em
três segmentos: fornecedores de insumos, produtores e consumidores. Como “fornecedores de
insumos” foram considerados os diversos produtores de bens duráveis, semiduráveis e não
duráveis comercializados na cadeia. Como produtores foram considerados os três segmentos do
comércio, conforme classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE):
comércio atacadista, comércio varejista e comércio de veículos automotores, peças e
motocicletas. Os consumidores constituem o elo final da cadeia e representam toda a
sociedade.
O relatório está organizado em oito seções, incluindo esta introdução.
A segunda seção descreve e caracteriza a estrutura produtiva da cadeia. Neste caso, procede-se
a uma breve descrição dos elos, em que são contempladas a dinâmica produtiva e a interação
entre os segmentos.
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Cadeia Produtiva do Comércio
A seção 3 faz uma descrição do estado da arte da cadeia no cenário internacional e da inserção
do Brasil neste cenário.
A seção 4 analisa os indicadores de desempenho econômico do comércio em Belo Horizonte e
sua Região Metropolitana, tendo como base de comparação os indicadores de Minas Gerais e
do Brasil. São analisados indicadores de produção, estabelecimentos e emprego.
As seções 5, 6 e 7 fazem a caracterização e análise mais detalhada do desempenho dos elos que
compõem os segmentos dos fornecedores, produtores e consumidores, respectivamente.
A seção 8 apresenta a síntese deste estudo.
2.2 Estrutura da Cadeia Produtiva e Caracterização Geral
O setor comercial é caracterizado pela atividade de revenda de mercadorias e se constitui no elo
final da cadeia de valor de vários produtos. Reúne uma grande variedade de classes que se
agrupam em três segmentos, apresentando características bastante distintas em relação aos
níveis de concentração da produção e do emprego, utilização de tecnologia, estrutura de
mercado e padrões competitivos.
A cadeia produtiva do comércio, entendida neste estudo como o elo final da cadeia de valor de
vários produtos, é classificada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como
constituinte da cadeia produtiva dos serviços, e se divide em três segmentos: comércio
atacadista, comércio varejista e comércio de veículos automotores, peças e motocicletas,
conforme ilustrado na Figura 1.
Figura 1 – Setor de Serviços
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Cadeia Produtiva do Comércio Fonte: Guidolin, 2009
O comércio de veículos, peças e motocicletas compreende as atividades de revenda exercidas
por representantes comerciais e agentes do comércio, por atacado e a varejo, de veículos
automotores, peças e motocicletas, além da venda consignada desses produtos. As empresas
que compõem este segmento podem exercer simultaneamente atividades de atacado, varejo e
oferta de serviços. De acordo com a Classificação CNAE 2.0 adotada pelo IBGE, a definição
de veículos automotores compreende automóveis, veículos utilitários (caminhões), de
transporte coletivo (ônibus) e especiais (ambulâncias, reboques etc.).
O comércio atacadista representa uma etapa intermediária da distribuição de mercadorias e é
caracterizado pela revenda de mercadorias a varejistas, a cooperativas e a agentes produtores
em geral, empresariais e institucionais.
As empresas atacadistas são predominantemente de médio e grande porte, tanto no que se
refere à ocupação de pessoal quanto à geração de valor. O segmento também é composto pela
atividade de representantes e agentes do comércio, que comercializam mercadorias em nome de
terceiros ou fazem intermediação de bens no atacado.
Em termos de representatividade no setor, de acordo com a Pesquisa Anual do Comércio 2009,
o comércio atacadista foi responsável pela maior parcela (43%) da receita operacional líquida
do comércio.
De acordo com a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos
Industrializados (ABAD), existem vários formatos de atacado no Brasil, atualmente. Estes
formatos são classificados de acordo com a sua forma principal de atendimento aos clientes:
atacadista distribuidor, distribuidor exclusivo, distribuidor especializado por categoria,
atacadista de balcão e atacadista de autosserviço.
A principal diferença entre as atividades de atacado e distribuição está relacionada ao vínculo
com o fornecedor. No atacado o agente de distribuição compra e vende produtos de
fornecedores da indústria, com os quais não possui vínculo (formal ou informal) de
exclusividade de produtos e/ou de território. No caso do distribuidor, o agente de distribuição
compra e vende produtos de fornecedores da indústria, com os quais possui vínculo de
exclusividade de produtos e/ou de território.
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Cadeia Produtiva do Comércio
Segundo a ABAD, no mercado brasileiro há diversas empresas que atuam como atacadistas
para um determinado grupo de fornecedores ao mesmo tempo em que atuam como
distribuidores para outro grupo de fornecedores. Essas empresas devem ser caracterizadas
como empresas atacadistas e distribuidores.
O comércio varejista é caracterizado pela atividade de revenda, sem transformação
significativa, de bens de consumo novos e usados ao público em geral, principalmente para o
consumidor final, seja para uso pessoal ou familiar (IBGE, 2009). O segmento é composto por
um número elevado de estabelecimentos, a maioria de pequeno porte. De acordo com IBGE
(2009), o segmento varejista respondeu pelo maior número de empresas e unidades locais,
absorveu a maior parte do pessoal ocupado e apresentou a maior participação nos salários,
retiradas e outras remunerações.
Por ser o elo final da cadeia de valor de vários produtos, a atividade comercial, especialmente o
comércio varejista, vem assumindo importância cada vez maior na competitividade das
empresas. É no comércio varejista, por meio do contato direto com os consumidores, que a
indústria identifica as preferências do mercado, a aceitação do seu produto, ou a sinalização das
necessidades de mudanças para aumentar sua competitividade.
Desse modo, o varejo exerce papel relevante na coordenação de cadeias de valor, incentivando
a qualidade e a competitividade dos fornecedores, criando novas formas de relacionamento
com o consumidor e estimulando o desenvolvimento de novos canais de venda (GUIDOLIN
et.al., 2009).
Existem duas formas básicas de organização de loja no comércio varejista, sendo a primeira o
autosserviço, no qual não há contato pessoal entre consumidor e vendedor (típico de hiper e
supermercados), e a segunda a loja de balcão, na qual há maior interação entre as partes, o que
torna a qualidade do atendimento um item de grande importância. Este último é considerado o
principal formato utilizado pelo comércio especializado.
As empresas do comércio varejista podem atuar de duas maneiras distintas: de forma
independente ou pertencente a alguma modalidade de varejo corporativo, o que envolve desde
grandes grupos varejistas a empresas de menor porte. Podem-se citar alguns dos exemplos de
varejo corporativo:
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• Rede corporativa: duas ou mais lojas pertencem à mesma empresa. Possui um sistema central
de compras, além de padrão de exposição e de vendas de mercadorias.
• Rede voluntária: grande grupo de varejistas independentes se une para fazer compras comuns,
com o patrocínio de um atacadista.
• Cooperativa de varejo: varejistas independentes estabelecem uma central de compras e fazem
esforços conjuntos de vendas.
• Cooperativa de consumidores: empresa que é de propriedade dos clientes, que aportam
recursos para constituir a loja e recebem as sobras de acordo com as políticas de gestão
estabelecidas nas assembleias e seus níveis de consumo.
• Conglomerado de comercialização: corporação que possui mais de uma linha de varejo sob
controle centralizado, integrando, mesmo parcialmente, sistemas de distribuição e
comercialização.
Outra forma de organização que apresenta forte crescimento, em função de custos reduzidos,
são as centrais de negócios, que representam a reunião de comerciantes independentes
operando sob uma mesma marca. Dessa maneira, os comerciantes conseguem manter práticas
comerciais e de marketing comuns, como compras conjuntas, comunicação promocional,
sistemas de informação, práticas gerenciais, logísticas e desenvolvimento de pessoal. Os
comerciantes ganham, portanto, economias de escala e conseguem melhorar sua
competitividade em relação às grandes redes corporativas.
2.3 Cenário Internacional e Inserção Brasileira
2.3.1 Cenário Internacional
O cenário econômico e produtivo atual é caracterizado, entre outras coisas, pelos processos de
abertura dos mercados, disseminação da informação e pela globalização. O que vem, de certa
maneira, alterando as referências do que seja local e global.
Um dos grandes impactos desses processos é a fragmentação das cadeias de valor de diversos
segmentos produtivos, com diferentes etapas da produção sendo desenvolvidas em diferentes
localidades, de acordo com as vantagens oferecidas por elas.
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Neste cenário, a capacidade de coordenação e integração dos elos da cadeia produtiva constitui-
se num importante fator de competitividade, e os canais de distribuição e comercialização
assumem papel de destaque.
Soma-se a este aspecto, o desenvolvimento e o avanço tecnológico dos canais de informação e
comunicação, que permitem o surgimento de um comércio sem fronteiras, intensificando a
concorrência e criando novos padrões de competitividade para as empresas que são locais, mas
que passam a atuar num espaço global.
Este espaço global, caracterizado pelo amplo acesso à informação e a uma diversidade enorme
de produtos e serviços, resulta na formação de consumidores mais conscientes, seletivos e
exigentes. Para se manterem competitivas neste mercado, as empresas precisam seguir um
padrão mínimo de atuação, que passa pela qualidade dos produtos e pela gestão, cada vez mais
exigente e restrito.
A tendência de maior conhecimento do consumidor e da necessidade de adoção de novas
estratégias por parte das empresas culmina em novos desafios, que incluem a gestão de
multicanais de venda, a organização da cadeia de valor, a disputa internacional e o crescimento
na competitividade.
O crescimento da competição entre empresas aumenta a necessidade de estratégias de
diferenciação e de inovação mais ativas, como construção de marcas, diversificação de
produtos e atendimento ao cliente. Não apenas a questão da redução de preços e de custos é
abordada, busca-se também um crescimento da atuação regional a partir da disseminação de
lojas especializadas e do aumento da presença de grupos e cadeias em nível nacional.
Uma das estratégias utilizadas pelas empresas é a criação de um canal de marketing (canal
comercial ou de distribuição), que representa um conjunto de organizações independentes que
tornam disponível para consumo um produto ou serviço, que incluem armazéns,
transportadoras, bancos, agências de publicidade, representantes, atacadistas e varejistas
(KOTLER & KELLER, 2006 apud GUIDOLIN et. al, op.cit.).
Neste contexto, destacam-se como tendências mundiais da cadeia produtiva do comércio:
expansão do sistema de compras online; incorporação de ferramentas de tecnologia da
informação e comunicação em toda a cadeia produtiva; gestão de multicanais de venda;
fortalecimento das grandes redes de comércio; expansão das lojas “mono marcas” e “outlets”; www.ipead.face.ufmg.br • [email protected]. Presidente Antônio Carlos, 6.627 • PampulhaFACE/UFMG • Bloco Administrativo • 2° andarSala 2.011 • CEP: 31270 901 • Belo Horizonte/MGTel: (31) 3409 7110 • Fax: (31) 3409 7140
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expansão dos estabelecimentos de grande porte que comercializam maior variedade de itens;
crescimento dos processos de fusão e aquisição; fortalecimento do sistema de franquias;
internacionalização, consolidação e sofisticação dos diversos segmentos; e a crescente
profissionalização da gestão dos negócios.
2.3.2 Inserção brasileira
No mercado brasileiro, grandes empresas comerciais, em sua maioria estrangeiras, convivem
com pequenas empresas, que possuem foco nos espaços menos atraentes para as grandes
empresas, tendo em vista fatores como densidade populacional, renda e área de influência. Isso
indica a presença dessas pequenas empresas principalmente em cidades menores, uma vez que
nas grandes cidades a concentração é significativamente maior do que nos mercados regionais.
Desde a abertura econômica e da estabilidade monetária estabelecida pelo Plano Real, o
comércio nacional sofreu grandes transformações, por meio da incorporação de tecnologias
(automação de caixas, gestão de suprimentos, novos formatos, maior oferta de produtos, etc.) e
da entrada de produtos e de operadores estrangeiros. Nesse contexto, o país passou a
acompanhar as tendências em produtos, formatos, serviços, gestão e tecnologias oriundas do
mercado internacional. Deste modo, o mercado brasileiro também está sujeito aos desafios
impostos pela sociedade moderna global que atingem o mercado mundial. Nesse sentido, pode-
se citar a diferença de níveis de renda, que dá origem a um mercado interno heterogêneo, com
demanda dos mais diversos formatos voltados para o consumo e a conveniência, bem como
para a competição e a disputa de preços.
A atuação e a influência de grandes grupos estão presentes nessa segmentação de mercado, que
proporciona espaço para o desenvolvimento de micro, pequenas e médias empresas, com área
de ação praticamente restrita àquelas não ocupadas pelos grandes conglomerados,
especialmente em relação ao comércio varejista.
O processo de expansão de grandes redes do comércio engloba complexas questões, que
envolvem logística de distribuição e definição de área de influência, por exemplo. Com isso,
algumas regiões ficam fora do alcance e da influência das grandes redes, e, portanto, sujeitas à
ação de comerciantes menores. Estes lançam mão de vantagens como flexibilidade,
diferenciação, serviço e atendimento para ocupar e manter seu espaço, ao passo que exercem www.ipead.face.ufmg.br • [email protected]. Presidente Antônio Carlos, 6.627 • PampulhaFACE/UFMG • Bloco Administrativo • 2° andarSala 2.011 • CEP: 31270 901 • Belo Horizonte/MGTel: (31) 3409 7110 • Fax: (31) 3409 7140
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um papel relevante ao abastecer o mercado consumidor fora do raio de atuação das grandes
empresas. Para garantir sua fatia de mercado, essas empresas procuram estabelecer parceria
com fornecedores menores e elevar seu nível de profissionalização.
Um dos desafios para as empresas de menor porte é buscar formas de gestão alternativas para
sua cadeia de valor, uma vez que seu desempenho e seu fortalecimento dependem
significativamente de redes de distribuição e de logística eficientes, além da diferenciação do
serviço, seja através de maior valor agregado do serviço ou da participação em centrais de
negócios, cooperativas de varejo ou redes voluntárias.
Neste sentido, destaca-se a tendência apresentada pelo segmento atacadista distribuidor, de
crescente atuação como parceiro e consultor do varejista. Como exemplo desta atuação, muitas
empresas atacadistas treinam sua equipe de vendas para ajudar o pequeno comerciante a
encontrar o mix de produtos ideal, a desenhar o melhor layout de loja e aperfeiçoar a prestação
de serviços ao cliente final.
Outra tendência importante apresentada pela cadeia produtiva do comércio, especialmente pelo
comércio varejista, de caráter mais conjuntural, está relacionada aos mecanismos de expansão
do acesso ao crédito. Além do crédito concedido diretamente pelos bancos, observa-se
crescimento nas parcerias estabelecidas entre o setor financeiro e o varejo. Bancos comerciais,
financeiras e seguradoras atuam conjuntamente com as redes de varejo, bem como as próprias
redes varejistas possuem financeiras para atender aos clientes, como forma de estimular as
vendas tanto do varejo quanto dos produtos financeiros (LAFIS, 2005 apud GUIDOLIN et.al.,
op. cit.).
Os varejistas oferecem crédito pessoal, cartões associados a programas de fidelidade, seguros,
garantia estendida, assistência técnica, dentre outros. De acordo com a ABECS (Associação
Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), o número de cartões de crédito de
lojas e de redes saltou de 50 milhões em 2001 para 225 milhões em 2010, enquanto o valor das
transações passou de R$12,7 milhões em 2001 para R$68 milhões no ano de 2010.
Isso exemplifica que, a despeito dos riscos e dos entraves presentes na concessão de crédito, o
varejo se utiliza de seu relacionamento com o cliente para atuar na venda de produtos
financeiros. Esse tipo de oferta acarreta no aumento da frequência e da regularidade de visitas
às lojas para pagamento dos carnês. Entre outras consequências positivas para o varejo pode-se
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citar: fidelidade do ponto de venda; aumento do ciclo de compras e vendas; com consequente
aumento das vendas totais. Já para o consumidor, a associação entre mercadorias e produtos
financeiros cria um conceito de facilidade e conveniência com o varejo.
Considerando-se um cenário de taxas de juro elevadas, a concessão de crédito também é um
bom negócio para os varejistas, que contam com a adoção de grande parte dos clientes. Outra
tática utilizada por algumas empresas é a criação de parcerias com bancos ou a criação de
bancos próprios, de forma a centralizar os serviços financeiros da empresa.
2.4 Importância Econômica: Brasil, Minas Gerais, Região Metropolitana de Belo Horizonte e Belo Horizonte.
2.4.1 ProduçãoA participação da atividade comercial na composição do valor adicionado bruto – VAB -
brasileiro apresentou expansão no período 2004-2008, quando passou de 11% em 2004 para
12,5% em 2008. Tal participação seguiu a tendência de crescimento apresentada pelo setor de
serviços como um todo, do qual o comércio é parte integrante.
O Gráfico 1 mostra que, neste período, o setor de serviços e o comércio expandiram suas
participações na geração de riqueza no país, quando passaram de 52% e 11% para 53,7% e
12,5% respectivamente. Concomitantemente, a indústria e a agropecuária perderam
participação na geração da riqueza nacional, quando passaram de 30,1% e 6,9% para 27,9% e
5,9% respectivamente.
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Cadeia Produtiva do ComércioGráfico 1 - Composição do valor adicionado bruto por setor de atividade, participação
percentual (%) Brasil, 2004 a 2008
6,9 5,7 5,5 5,6 5,9
30,1 29,3 28,8 27,8 27,9
52,0 53,8 54,3 54,5 53,7
11,0 11,2 11,5 12,1 12,5
0%
20%
40%
60%
80%
100%
2004 2005 2006 2007 2008
Agropecuária Indústria Outros serviços Comércio
Fonte: IBGE, 2008
No setor comercial o segmento varejista respondeu pela maior parcela do valor adicionado
bruto gerado pelo setor, a qual equivaleu a 51,4% em 2009. Foi seguida pelo seguimento
atacadista com 36,1% e pelo comércio de veículos automotores e motocicletas com 12,5%.
Entre 2007 e 2009 o comércio varejista aumentou sua participação na geração de riqueza no
setor, em detrimento do atacado e do comércio de veículos e motocicletas.
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Gráfico 2 – Composição do valor adicionado bruto por segmentos do comércio, participação percentual (%), Brasil, 2007 a 2009
Fonte: IBGE – Pesquisa Anual de Comércio, 2007, 2008, 2009. Elaborado pelo IPEAD/UFMG
Entre 2004 e 2008 a participação de Minas Gerais no valor adicionado do setor comercial
brasileiro apresentou relativa oscilação. Em 2004 equivaleu a 8,9%, caiu para 8,6% em 2005,
atingiu 9,4% em 2006, voltou para 8,9% em 2007 e fechou em 2008 equivalendo a 8,8%.
Gráfico 3 – Participação (%) de Minas Gerais no valor adicionado do setor comercial brasileiro, 2004 a 2008
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Coordenação de Contas Nacionais (CONAC), Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatísticas e Informações (CEI). Elaborado pelo IPEAD/UFMG
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No que se refere à participação do comércio no total dos serviços da economia mineira, esta
apresentou expansão no período 2004-2008. Passou de 11,4% em 2004 para 12,6% em 2008,
após ter alcançado 12,7% em 2006 e 2007. Este indicador revela que a contribuição do
comércio para a geração de riqueza no Estado de Minas Gerais (Gráfico 4) é maior que no
Brasil (Gráfico 1).
Gráfico 4 – Participação do setor comercial no valor adicionado total em Minas Gerais
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Coordenação de Contas Nacionais (CONAC), Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatísticas e Informações (CEI). Elaborado pelo IPEAD/UFMG
Em relação à participação do setor comercial na geração de riqueza em Belo Horizonte e sua
Região Metropolitana não foram encontrados indicadores passíveis de comparação com os
analisados anteriormente.
Deste modo, foram utilizados como proxy os dados referentes à participação do comércio no
total dos serviços em Belo Horizonte e a participação da contribuição do setor comercial no
total dos tributos arrecadados pelo Estado em Belo Horizonte.
De acordo com os dados publicados pela Secretaria Municipal de Finanças da Prefeitura de
Belo Horizonte, a participação do comércio no total dos serviços municipais apresentou queda
entre 2005 e 2009, quando passou de 2,77% para 2,32%. Em 2010 este indicador apresentou
crescimento e fechou o ano equivalendo a 3,52%.
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Gráfico 5 - Participação da cadeia produtiva do comércio no total dos serviços em Belo Horizonte,2005 a 2010
2,77%2,56% 2,49% 2,38% 2,32%
3,52%
0,00%
0,50%
1,00%
1,50%
2,00%
2,50%
3,00%
3,50%
4,00%
2005 2006 2007 2008 2009 2010
Fonte: Prefeitura de Belo Horizonte – PBH, Secretaria Municipal de Finanças – SMF, Elaborado pelo IPEAD/UFMG
O segundo indicador analisado mostra que atividade comercial apresenta participação
expressiva na arrecadação estadual, oscilando em torno dos 15% entre 2007 e 2010 (Gráfico 6).
Gráfico 6 - Arrecadação Estadual em Belo Horizonte: Participação Percentual do Setor Comercial, 2007 a 2010
Fonte: Sistema Informatizado de Controle da Arrecadação e Fiscalização DGI/DFINS/SAIF/SEF-MG).
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Se considerarmos tal indicador como proxy da participação da produção do setor comercial na
economia de Belo Horizonte (média de 15,5% em 2008) e se compararmos tal indicador com a
participação do setor comercial no total do valor adicionado brasileiro (12,5%), verifica-se que
tal segmento, em Belo Horizonte, tem participação superior à brasileira quando comparado
com o total da produção das respectivas economias. Trata-se, porém, apenas de um exercício de
comparação que objetiva suprir a falta de indicadores mais precisos para uma conclusão mais
efetiva.
2.4.2 Estabelecimentos
Os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), divulgados pelo Programa de
Disseminação de Estatísticas do Trabalho (PDET) do Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE), revelam que, em 2010, existiam 1.350.525 estabelecimentos formais do setor comercial
no Brasil, os quais representaram 39,7% do total de estabelecimentos formais brasileiros.
Destes, 164.932 pertenciam ao segmento “comércio e reparação de veículos automotores e
motocicletas”, 128.632 ao segmento “comércio por atacado, exceto veículos automotores e
motocicletas” e 1.056.961 ao segmento “comércio varejista”.
Como pode se observar na Tabela 1, tais dados retratam um crescimento do número de
estabelecimentos formais do setor comercial, quando comparados com os dados de 2007,
apesar da queda de participação em relação ao total de estabelecimentos da economia como um
todo.
Tabela 1 - Comércio: Número de estabelecimentos formais e participação no total dos setores, localidades selecionadas, 2007 e 2010
Atividade Brasil Minas Gerais RMBH BH2007 2010 2007 2010 2007 2010 2007 2010
Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas 136.191 164.932 16.115 19.847 4.307 5.169 2.857 3.206Comércio por atacado, exceto veículos automotores e motocicletas 112.955 128.632 11.726 13.254 4.193 4.777 2.852 3.206Comércio varejista 921.948 1.056.961 116.210 132.081 26.470 30.112 17.315 19.025Total Comércio 1.171.094 1.350.525 144.051 165.182 34.970 40.058 23.024 25.437Total Setores 2.935.448 3.403.448 399.951 454.061 95.691 110.324 66.442 74.808Partcipação comércio/total 39,9% 39,7% 36,0% 36,4% 36,5% 36,3% 34,7% 34,0%Fonte: MTE- RAIS, 2007 e 2010. Elaborado pelo IPEAD/UFMG
Em Minas Gerais o setor comercial respondeu por 36,4% do total de estabelecimentos formais
do Estado em 2010, percentual superior ao apresentado em 2007, que equivaleu a 36,0%.www.ipead.face.ufmg.br • [email protected]. Presidente Antônio Carlos, 6.627 • PampulhaFACE/UFMG • Bloco Administrativo • 2° andarSala 2.011 • CEP: 31270 901 • Belo Horizonte/MGTel: (31) 3409 7110 • Fax: (31) 3409 7140
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Belo Horizonte e sua Região Metropolitana apresentaram queda da participação do número de
estabelecimentos comerciais formais no total de estabelecimentos entre 2007 e 2010, apesar do
aumento do número de estabelecimentos em todos os segmentos. Em 2010, a participação do
número de estabelecimentos comerciais formais no total de estabelecimentos equivaleu a 34%
em Belo Horizonte e a 36,3% na Região Metropolitana.
Em todas as localidades o segmento varejista apresentou maior número de estabelecimentos.
Em 2010, equivaleu a 78% dos estabelecimentos comerciais no Brasil, 80% em Minas Gerais e
75% em Belo Horizonte e na sua Região Metropolitana.
A Tabela 2 mostra a participação percentual do setor comercial de Minas Gerais no total de
estabelecimentos comerciais no Brasil, e também, a participação deste setor em Belo Horizonte
e sua Região Metropolitana no total de estabelecimentos comerciais de Minas Gerais.
Tabela 2 – Cadeia Produtiva do Comércio: Participação percentual do número de estabelecimentos, localidades selecionadas em relação ao Brasil e Minas Gerais,
2007 e 2010Localidade Setor Participação
2007 2010
Minas Gerais/Brasil
Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas 11,8% 12,0%Comércio por atacado, exceto veículos automotores e motocicletas 10,4% 10,3%Comércio varejista 12,6% 12,5%Total 12,3% 12,2%
RMBH/MG
Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas 26,7% 26,0%Comércio por atacado, exceto veículos automotores e motocicletas 35,8% 36,0%Comércio varejista 22,8% 22,8%Total 24,3% 24,3%
BH/MG
Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas 17,7% 16,2%Comércio por atacado, exceto veículos automotores e motocicletas 24,3% 24,2%Comércio varejista 14,9% 14,4%Total 16,0% 15,4%
Fonte: MTE – RAIS, 2007 e 2010, Elaborado pelo IPEAD/UFMG
Entre 2007 e 2010, a participação dos estabelecimentos comerciais mineiros no total de
estabelecimentos comerciais brasileiros passou de 12,3% para 12,2%, mantendo-se
relativamente estável. A perda de participação resultou das perdas de participação apresentadas
pelos segmentos “comércio atacadista” (passou de 10,4% para 10,3%) e “comércio varejista”
(passou de 12,6% para 12,5%).
Dentro do Estado, a Região Metropolitana de Belo Horizonte manteve sua participação no total
de estabelecimentos comerciais, a qual equivaleu a 24,3% no período. A queda de participação
apresentada pelo segmento “comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas” www.ipead.face.ufmg.br • [email protected]. Presidente Antônio Carlos, 6.627 • PampulhaFACE/UFMG • Bloco Administrativo • 2° andarSala 2.011 • CEP: 31270 901 • Belo Horizonte/MGTel: (31) 3409 7110 • Fax: (31) 3409 7140
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(passou de 26,7% para 26,0%) foi compensada pelo aumento da participação do segmento
“comércio atacadista” (passou de 35,8% para 36%).
Por sua vez, Belo Horizonte apresentou queda da participação dos estabelecimentos comerciais
no total do estado, passando de 16,0% em 2007 para 15,4% em 2010. Tal perda de participação
foi resultante da perda de participação de todos os segmentos do setor.
Em relação ao porte médio dos estabelecimentos, a Tabela 3 revela que predominam os
pequenos, com até 4 empregados, para os três segmentos da cadeia produtiva do comércio, nas
quatro localidades analisadas. No Brasil, 61,5% dos estabelecimentos da classe “comércio e
reparação de veículos automotores e motocicletas”, 49,4% do comércio atacadista e 59,3% do
comércio varejista possuíam até 4 empregados em 2010. Em Minas Gerais estes percentuais
equivaleram a 61,5%, 50,7% e 62,0% respectivamente. Em Belo Horizonte e sua Região
Metropolitana estes percentuais foram relativamente menores que no Brasil e Minas Gerais.
Em Belo Horizonte equivaleram a 55,3%, 48,9% e 53%, respectivamente. Na Região
Metropolitana corresponderam a 56,4%, 45,5% e 55,1%, respectivamente.
Tabela 3 - Cadeia Produtiva do Comércio: Percentual de estabelecimentos por tamanho do estabelecimento, localidades selecionadas, 2010
Tamanho estabelecimento
Percentual de participação dos estabelecimentos por segmento (%)Brasil Minas Gerais RMBH Belo Horizonte
Veic. eMot. Atacado Varejo Veic. e
Mot. Atacado Varejo Veic. eMot. Atacado Varejo Veic. e
Mot. Atacado Varejo
ZERO 10,7 10,7 11,3 10,6 11,6 11,6 10,4 10,1 10,4 10,0 10,5 10,2ATE 4 61,5 49,4 59,3 61,5 50,7 62,0 56,4 45,5 55,1 55,3 48,9 53,0DE 5 A 9 15,7 17,5 16,8 7,1 17,5 15,8 18,9 18,7 18,7 19,6 19,1 19,7DE 10 A 19 7,1 11,4 8,2 0,3 10,3 7,1 8,4 12,4 9,8 8,6 11,1 10,7DE 20 A 49 3,5 7,2 3,3 3,4 6,5 2,7 4,2 8,9 4,4 4,5 7,3 4,7DE 50 A 99 1,0 2,3 0,7 0,0 1,9 0,5 1,0 2,3 1,1 1,1 1,7 1,2DE 100 A 249 0,4 1,2 0,3 16,4 1,1 0,2 0,7 1,6 0,4 0,8 1,0 0,4DE 250 A 499 0,0 0,2 0,1 0,8 0,3 0,0 0,1 0,4 0,1 0,1 0,2 0,1DE 500 A 999 0,0 0,1 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 0,1 0,01000 ou mais 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: MTE – RAIS, 2010, Elaborado pelo IPEAD/UFMG
Nota-se que em 2010, nenhuma das localidades analisadas apresentou estabelecimentos com
1000 ou mais empregados e apenas 0,1% possuía entre 500 e 999 empregados. Os dados
mostram que a grande maioria das empresas da cadeia se concentrava na faixa com até 49
empregados.
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Cadeia Produtiva do Comércio
Em relação à abertura e fechamento das empresas em Belo horizonte, dados da Secretaria
Municipal de Finanças da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) mostram que, entre 2009 e abril
de 2011, foram abertos 9 estabelecimentos autônomos e 15.198 empresariais. Neste período
foram fechados 4 estabelecimentos autônomos e 3.010 empresariais. O ano de 2010 concentrou
o maior número de empresas abertas, totalizando 8.227, as quais representaram 29,22% das
empresas abertas em Belo Horizonte neste ano. Foi também o ano em que mais empresas
encerraram suas atividades (2.198).
Tabela 4 – Abertura e fechamento de autônomos e empresas comerciais em Belo Horizonte, 2009 a abril de 2011
Classificação Abertura/ Fechamento
2009 2010 2011 (01/11 a 04/11)
Número Percentual Número Percentual Número Percentual
AutônomosAbertura 7 0,24% 1 0,04% 1 0,11%
Fechamento 2 0,28% 2 0,19% 0 0,00%
EmpresasAbertura 4.773 30,22% 8.227 29,22% 2.198 28,02%
Fechamento 1.385 38,22% 1.571 30,22% 54 38,57%
Fonte: PBH – Prefeitura de Belo Horizonte, Secretaria Municipal de Finanças, Elaborado pelo IPEAD/UFMG
Uma análise sobre o tempo de duração dos 3.014 estabelecimentos, entre autônomos e empresariais, que fecharam no período revela que 30% apresentaram duração de até 2 anos, conforme ilustrado no Gráfico 7.
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Cadeia Produtiva do ComércioGráfico 7 – Número de autônomos e empresas comerciais por anos de duração,
Belo Horizonte/MG
Fonte: PBH – Prefeitura de Belo Horizonte, Secretaria Municipal de Finanças, Elaborado pelo IPEAD/UFMG
O maior índice de fechamento das empresas comerciais nos primeiros dois anos pode estar
relacionado à maior facilidade de abertura de tais empresas, devido aos baixos investimentos
iniciais e inexpressivas barreiras à entrada, o que incentiva a abertura de novas firmas. No
entanto, depois de abertas, as empresas, especialmente as confecções, enfrentam forte
concorrência, e muitas vezes não têm condições financeiras, técnicas e gerenciais de
competirem no mercado.
2.4.3 Emprego
A análise dos dados da RAIS, referentes aos empregos criados pelo setor comercial no período
2007-2010, revela um aumento do número de empregos formais no período e aumento da
participação destes em relação ao total da economia, em todas as localidades analisadas.
A Tabela 5 mostra que, em 2010, o setor comercial gerou 8.312.829 empregos formais no
Brasil, representando 18,9% do total de empregos formais da economia brasileira. Em 2007 tal
participação foi equivalente a 18,2% e os empregos criados pelo setor comercial somaram
6.849.108.
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Cadeia Produtiva do Comércio
Os três segmentos comerciais apresentaram crescimento do emprego no período. O segmento
varejista respondeu pela maior parcela dos empregos gerados pelo setor. Em 2010 equivaleu a
72,2% dos empregos criados pelo comércio, foi seguido pelo segmento atacadista com 16,6% e
pelo segmento de comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas com 11,2%.
Tabela 5 – Cadeia Produtiva do Comércio: Número de empregos formais e participação no total dos setores produtivos, localidades selecionadas, 2007 e 2010
Atividade Brasil Minas Gerais RMBH Belo Horizonte2007 2010 2007 2010 2007 2010 2007 2010
Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas 750.128 927.538 87.258 104.509 30.472 35.852 20.186 23.271Comércio por atacado, exceto veículos automotores e motocicletas 1.124.309 1.380.202 105.727 134.682 48.550 61.463 24.454 32.485Comércio varejista 4.974.671 6.005.089 536.095 644.710 167.802 206.637 116.740 133.049Total Comércio 6.849.108 8.312.829 729.080 883.901 246.824 303.952 161.380 188.805Total Setores 37.607.430 44.068.355 4.036.203 4.646.891 1.665.625 1.907.583 1.215.157 1.356.769Partcipação comércio/total 18,2% 18,9% 18,1% 19,0% 14,8% 15,9% 13,3% 13,9%
Fonte:MTE – RAIS, 2007 e 2010, Elaborado pelo IPEAD/UFMG
Minas Gerais, Belo Horizonte e sua Região Metropolitana seguiram a tendência brasileira de
crescimento do emprego e da participação deste no total da economia brasileira. Em Minas
Gerais, o indicador referente à participação do emprego gerado pela atividade comercial no
total dos empregos criados no Estado revelou-se próximo ao indicador brasileiro, equivalendo a
19,0% em 2010. Em Belo Horizonte e na sua Região Metropolitana este indicador apresentou
resultado inferior aos apresentados por Minas Gerais e pelo Brasil. Em Belo Horizonte tal
indicador equivaleu a 13,9%, em 2010, e na Região Metropolitana a 15,9%.
Em relação ao rendimento mensal do trabalhador do setor comercial, dados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD – publicados pelo IBGE, revelam que Belo
Horizonte apresentou remuneração superior às apresentadas pela Região Metropolitana, Minas
Gerais e Brasil, no período 2006-2009, apesar da queda verificada no período.
O Gráfico 8 mostra que, entre 2006 e 2009, Belo Horizonte e Região Metropolitana, ainda que
com rendimentos superiores aos apresentados por Minas Gerais e pelo Brasil, apresentaram
tendência de queda do rendimento mensal médio do setor comercial. Enquanto Minas Gerais e
Brasil mostraram crescimento deste indicador no período, apesar da queda entre 2008 e 2009.
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Em 2009 o rendimento mensal médio do trabalho principal para pessoas com 10 anos ou mais,
alocadas no setor comercial, equivaleu a R$1.195,2 em Belo Horizonte, R$1.010,4 na Região
Metropolitana de Belo Horizonte, R$914,0 no Brasil e R$892,7 em Minas Gerais.
Gráfico 8 – Cadeia Produtiva do Comércio: Rendimento mensal médio do trabalho principal para pessoas de 10 anos ou mais, 2006 a 2009, localidades selecionadas (R$)
Fonte: IBGE – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), 2006 a 2010, Elaborado pelo IPEAD/UFMG
Em relação à participação do segmento informal, dados da PNAD revelam que a taxa de
informalidade é bastante elevada no setor comercial. O Gráfico 9 mostra a evolução de tal
indicador entre 2006 e 2009, no Brasil, Minas Gerais, Belo Horizonte e sua Região
Metropolitana.
Observa-se que Belo Horizonte apresentou as menores taxas de informalidade no período e foi
seguida pela Região Metropolitana, Minas Gerais e Brasil.
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Gráfico 9 – Cadeia Produtiva do Comércio: Taxa de Informalidade, 2006 a 2009, localidades selecionadas
Fonte: IBGE – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), 2006 a 2010, Elaborado pelo IPEAD/UFMG
Entre 2006 e 2009, o Brasil apresentou queda da taxa de informalidade do setor comercial, a
qual passou de 53,9% em 2006 para 48,7% em 2009. Tal movimento foi seguido pelas demais
localidades, apesar destas apresentarem tendência de aumento das taxas entre 2008 e 2009.
Em 2009, as taxas de informalidade equivaleram a 48,7% no Brasil, 41% em Minas Gerais,
38,7% na Região Metropolitana de Belo Horizonte e 37,9% em Belo Horizonte.
Cabe destacar que a informalidade do setor comercial se expressa não apenas no emprego
precário, mas também nas microempresas sem registro, na sonegação de impostos e no
contrabando de mercadorias. Tal aspecto caracteriza uma concorrência desleal entre as
empresas, diminuindo as possibilidades de crescimento do setor e deteriorando as relações de
trabalho.
2.5 Fornecedores
O elo “fornecedores” da cadeia produtiva do comércio é composto pelos diversos produtores de
bens duráveis, semiduráveis e não duráveis comercializados na cadeia. Apresenta
características, relacionadas à forma de organização, distribuição, armazenamento e
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comercialização, bastante heterogêneas, de acordo com o porte dos estabelecimentos e com o
segmento em que atua.
A Figura 2 ilustra as diferentes formas de intermediação do produto ou serviço entre produtores
e consumidores. Na primeira forma, talvez a mais tradicional, a indústria vende seus produtos
para atacadistas e distribuidores, que atendem a varejistas e estes ao consumidor final. Na
segunda forma, o produtor vende seus produtos diretamente ao varejista para posterior venda
ao consumidor final. E finalmente, na terceira forma, o produtor vende diretamente para o
consumidor.
Figura 2 - Formas de Intermediação
Fonte: Guidolim et.al. (2009)
A função de atacadista/distribuidor pode ser internalizada pelo varejista ou pelo produtor,
dependendo do seu porte, caracterizando as formas 2 e 3 descritas anteriormente. Segundo
Guidolin et.al. (2009), na forma 2 a relação será mais favorável a quem tiver maior capacidade
de estabelecer as condições de contrato.
A frequência de contato com o consumidor, o nível de envolvimento do cliente, a força das
marcas transacionadas e a competitividade dos fornecedores determinam o poder do varejo em
relação à indústria. Dessa maneira, o segmento de varejo de maior poder é o de hiper e
supermercados, em função das compras constantes e da fidelidade do consumidor. Ele é
seguido pelo vestuário e calçados, cuja força está baseada na marca, pelos móveis e
eletrodomésticos, que possuem produtos padronizados, pelas farmácias e drogarias, que
buscam a fidelização de clientes, pelos materiais de construção, que possuem pouco poder em
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relação às indústrias e pelos veículos e autopeças, cuja marca do fabricante é mais
representativa do que o varejista (CNC, 2008).
De acordo com Kotler e Keller (2006), apud Guidolin et. al. (2009), o investimento em canais
próprios é indicado quando pode gerar um retorno maior que o do investimento no negócio
principal da indústria. A opção de estabelecer um canal direto com o consumidor irá depender
de quanto o controle do canal de marketing é relevante para o produtor, visto que esta é uma
forma de valorizar o produto e a marca, mantendo maior controle do canal de marketing por
meio de lojas próprias, franquias ou licenciamento de marca (Guidolin et. al., op. cit.).
Por sua vez, o varejo vem utilizando estratégias como as centrais de negócios pelos varejistas
independentes e a incorporação ou coordenação de atividades produtivas por parte das grandes
redes.
Outra tendência apresentada nessa relação entre fornecedores e comerciantes é a realização de
parcerias, que abrangem a reposição de produtos com funcionários das empresas fornecedoras,
o compartilhamento de informações para lançamento de novos produtos ou para promoções, o
monitoramento do nível de estoques, a fabricação de produtos destinados a marcas próprias,
entre outros.
As formas de estruturação destas parcerias dependem da capacidade de negociação dos
fornecedores e comerciantes. Assim como os consumidores, os comerciantes também estão
cada vez mais informados e exigentes e os fornecedores são avaliados em termos de
pontualidade de entrega, garantia de qualidade dos produtos e ampliação dos serviços
prestados, além de preços e formas de pagamento.
A comercialização de produtos com marca própria é uma estratégia que vem sendo adotada
pelas grandes redes. Tal estratégia, além de fortalecer a rede varejista, beneficia os
fornecedores e fabricantes independentes e as pequenas empresas produtoras, eleva o poder de
compra com os fornecedores tradicionais, e ainda cria um mecanismo de lealdade do
consumidor para com a rede varejista (Guidolin et. al., op.cit.).
Em Belo Horizonte e sua Região Metropolitana, seguindo a tendência brasileira e mundial,
verificam-se as três formas de intermediação entre produtores e consumidores, as quais variam
de acordo com as classes do comércio em que atuam e o porte dos estabelecimentos.
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Cadeia Produtiva do Comércio
As grandes redes de super e hipermercados e as lojas de departamento vem apresentando, por
exemplo, tendência crescente de comercialização de marcas próprias. Por sua vez, os pequenos
mercados de bairro são bastante dependentes da intermediação dos atacadistas.
2.6 Produtores
2.6.1 Comércio de veículos automotores, peças e motocicletas
De acordo com a Pesquisa Anual do Comércio, em 2009 o segmento de comércio de veículos,
peças e motocicletas representou 15,1% da receita operacional líquida, 12,5% do valor
adicionado, 11,4% dos salários, retiradas e outras remunerações, 9,7% do pessoal ocupado e
9,8% do número de empresas do setor comercial brasileiro (Tabela 6).
Dentro do segmento a classe “comércio de veículos automotores” respondeu pela maior parcela
da receita operacional líquida (70,6%) e do valor adicionado (48,7%). A classe “comércio de
peças para veículos” apresentou o maior número de empresas (73,9%), a maior parcela de
pessoal ocupado (59,2%) e também a maior parcela dos salários, retiradas e outras
remunerações (46,9%). A classe “comércio de motocicletas, peças e acessórios” apresentou as
participações menos significativas do segmento, conforme ilustra a Tabela 6.
Tabela 6 – Dados comparativos das empresas do segmento de comércio de veículos, peças e motocicletas, 2009
Divisões, grupose
classes de atividades
Dados comparativos das empresas comerciais (participação percentual)
Receitaoperacional
líquida
Valoradicionado
Salários, retira-das e
outras re-muneraçõe
s
Pessoalocupado
em 31.12
Númerode
empresas
Comércio veículos, peças e motocicletas/comércio total 15,1% 12,5% 11,4% 9,7% 9,8%Veículos automotores/comércio veículos, peças e motoc. 70,6% 48,7% 44,2% 30,0% 15,3%Peças para veículos/comércio veículos, peças e motoc. 22,6% 42,7% 46,9% 59,2% 73,9%Motocicletas, peças e acessórios/comércio veículos, peças e motoc. 6,8% 8,6% 8,9% 10,8% 10,7%
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Serviços e Comércio, Pesquisa Anual de Comércio, 2009. Elaborado pelo IPEAD/UFMG
A classe de comercialização de veículos automotores trabalha com a revenda dos produtos de
maior valor agregado do segmento e sua dinâmica está bastante atrelada à dinâmica da
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indústria automobilística como um todo. A natureza da relação com a indústria automobilística,
de certa maneira, conduz a uma maior concentração desta classe em um número menor de
empresas, visto que estas comercializam, predominantemente, veículos exclusivos de uma
determinada montadora. De acordo com estudo realizado pelo CNC (2008),
“[...] essa relação tende a diminuir o poder de barganha das concessionárias e
incentiva a formação de grupos econômicos que possuem mais de uma “bandeira”
de concessionária (grupos multimarcas). Isso permite maior poder de negociação na
contratação das condições comerciais de longo prazo com os fabricantes de
automóveis, ao mesmo tempo em que permite a oferta de uma gama de opções mais
ampla aos seus consumidores.” (CNC, 2008)
Em Belo Horizonte existem 402 empresas formais de comercialização de veículos automotores,
as quais empregam 7.922 pessoas. Representam 12,5% dos estabelecimentos formais e 34% da
mão de obra empregada no segmento. Seguindo a tendência brasileira, as classes que
apresentam as maiores participações no número de estabelecimentos do segmento são
“manutenção e reparação” (38,6%) e “comércio de peças e acessórios” (41,5%) para veículos
automotores. São também, juntamente com comércio de veículos automotores (34%), as que
mais empregam, 23,2% e 37,4%, respectivamente.
Tabela 7 - Participação (%) das classes do comércio de veículos, peças e motocicletas no total do número de estabelecimentos e do emprego no segmento, Belo Horizonte/MG,
2010Classe CNAE 2.0 Estabelecimentos Emprego
Comércio a varejo e por atacado de veículos automotores 12,5% 34,0%Representantes comerciais e agentes do comércio de veículos automotores 0,8% 0,3%Manutenção e reparação de veículos automotores 38,6% 23,2%Comércio de peças e acessórios para veículos automotores 41,5% 37,4%Comércio por atacado e a varejo de motocicletas, peças e acessórios 5,5% 4,6%Representantes comerciais e agentes do comércio de motocicletas,peças e acessórios 0,2% 0,0%Manutenção e reparação de motocicletas 0,8% 0,3%Fonte: MTE – RAIS, 2010. Elaborado pelo IPEAD/UFMG
O desempenho do setor tem sido positivamente afetado pelas facilidades de crédito, descontos
e prazos de pagamento. Este bom desempenho tem incentivado a disseminação das
concessionárias e lojas de revenda de carros pelo município, que se caracteriza pela
concentração de tais atividades em determinadas regiões da cidade.
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Cadeia Produtiva do Comércio
Destacam-se o comércio de veículos novos e usados nas Avenidas Cristiano Machado, Carlos
Luz e Pedro II, o comércio de veículos importados na Avenida Raja Gabaglia e o comércio de
peças e motocicletas na Avenida Pedro II.
2.6.2 Comércio por atacado
Em 2009 o comércio atacadista respondeu por 43,0% da receita operacional líquida, 36,1% do
valor adicionado, 26,6% dos salários, retiradas e outras remunerações, 16,9% do pessoal
ocupado e 10,8% do número de empresas do setor comercial (Tabela 8).
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Tabela 8 – Dados comparativos das empresas do segmento atacadista, Brasil, 2009
Divisões, grupose
classes de atividades
Dados comparativos das empresas comerciais(participação percentual)
Receitaoperacional
líquida
Valoradicionado
Salários, retira-das e
outras re-muneraçõe
s
Pessoalocupado
em 31.12
Númerode
empresas
Atacado/comércio total 43,0% 36,1% 26,6% 16,9% 10,8%Representantes e agentes do comércio (exceto de veículos e motocicletas) /atacado 1,0% 5,8% 3,7% 6,7% 35,1%Comércio de matérias-primas agrícolas e animais vivos /atacado 6,9% 5,6% 4,2% 5,1% 2,3%Comércio especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo/atacado 16,6% 15,4% 18,7% 24,6% 17,1%Comércio de equipamentos e artigos de uso pessoal e doméstico/atacado 16,0% 25,1% 22,1% 20,5% 17,2%Tecidos, artefatos de tecidos e de armarinho, vestuário, calçados e artigos de viagem/atacado 1,7% 2,6% 3,2% 4,1% 4,7%Produtos farmacêutico, médico, ortopédico, odontológico e veterinário/atacado 10,3% 16,4% 11,9% 9,0% 4,8%Artigos de escritório e de papelaria; livros, jornais e outras publicações/atacado 1,2% 1,8% 2,2% 2,2% 1,5%Outros equipamentos e artigos de uso pessoal e doméstico/atacado 2,8% 4,3% 4,9% 5,2% 6,3%Comércio de produtos intermediários, resíduos e sucatas/atacado 38,4% 24,6% 23,4% 20,4% 17,4%Combustíveis e lubrificantes/atacado 26,7% 9,9% 7,9% 3,0% 1,3%Madeira, ferragens, ferramentas, material elétrico e material de construção/atacado 3,8% 5,8% 5,7% 6,9% 5,2%Produtos químicos, adubos e fertilizantes/atacado 3,9% 3,8% 3,5% 2,7% 2,0%Produtos siderúrgicos e metalúrgicos/atacado 1,2% 1,1% 1,5% 1,2% 0,5%Papel e papelão em bruto e de embalagens/atacado 0,4% 0,5% 0,8% 1,2% 1,4%Resíduos, sucatas e outros produtos/atacado 2,4% 3,6% 4,0% 5,6% 7,0%Comércio de equipamentos e produtos TIC/atacado 3,4% 3,8% 5,6% 2,5% 1,2% Comércio de máquinas, aparelhos e equipamentos (exceto de TIC) /atacado 6,2% 10,7% 12,7% 8,9% 6,8%Comércio não especializado/atacado 11,5% 9,0% 9,7% 11,4% 2,9%Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Serviços e Comércio, Pesquisa Anual de Comércio, 2009. Elaborado pelo IPEAD/UFMG
A Tabela 8 mostra que, dentro do segmento, os destaques foram os grupos “comércio de
produtos intermediários, resíduos e sucatas”, “comércio especializado em produtos
alimentícios, bebidas e fumo” e “comércio de equipamentos e artigos de uso pessoal e
doméstico”, os quais mostraram as maiores participações nas variáveis analisadas. A exceção
foi o grupo “representantes e agentes do comércio (exceto veículos automotores e
motocicletas)” que apresentou a maior participação no número de empresas do segmento
(35,1%).www.ipead.face.ufmg.br • [email protected]. Presidente Antônio Carlos, 6.627 • PampulhaFACE/UFMG • Bloco Administrativo • 2° andarSala 2.011 • CEP: 31270 901 • Belo Horizonte/MGTel: (31) 3409 7110 • Fax: (31) 3409 7140
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O Gráfico 10 mostra que, de acordo com o “Ranking ABAD/Nielsen 2011”, o segmento
atacadista distribuidor registrou crescimento real de 8,2% em 2010 em relação ao ano anterior,
atingindo faturamento de R$ 151,2 bilhões. A participação do atacado nas vendas tem
permanecido estável e significativa, acima dos 50%, no últimos seis anos. Em 2010, o
segmento correspondeu a 52,8% do mercado mercearil brasileiro e atendeu a 1.024.293 pontos
de venda.
Gráfico 10 – Evolução do faturamento e da participação do setor atacadista distribuidor no setor mercearil , 2010
Fonte: Ranking ABAD 2011 – ABAD/Nielsen
Segundo o referido Ranking, em 2010, Minas Gerais possuía 4 empresas da modalidade
“atacado/distribuidor” dentre as 10 maiores do Brasil: Martins (1º), Tambasa (3º), Megafort
(4º) e Atacado Vila Nova (9º). Destas, a Tambasa e a Megafort estão localizadas no Município
de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Nas categorias “balcão” e “operador” o Estado não apresentou empresas entre as 10 maiores do
país.
Na categoria “autosserviço”, Minas Gerais apresentou 4 empresas entre as 10 maiores do país:
Vilefort Atacadista (6º), Apoio Mineiro (7º), Mart Minas Atacadista (8º) e Tonin (10º), das
quais as três primeiras apresentam unidades em Belo Horizonte e ou na sua Região
Metropolitana. O crescimento desta categoria é uma tendência verificada no segmento
atacadista. De acordo com CNC (2008), as lojas de autosserviço, caracterizadas como um www.ipead.face.ufmg.br • [email protected]. Presidente Antônio Carlos, 6.627 • PampulhaFACE/UFMG • Bloco Administrativo • 2° andarSala 2.011 • CEP: 31270 901 • Belo Horizonte/MGTel: (31) 3409 7110 • Fax: (31) 3409 7140
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misto entre varejo e atacado, estão cada vez mais comuns, principalmente quando situadas em
zonas de alta concentração residencial ou que sejam circundadas por cidades pequenas muito
próximas. Ainda segundo o estudo, “...as embalagens menores e menos sofisticadas tornam os
preços mais atrativos ao consumidor, apesar do mix muitas vezes mais reduzido de produtos
oferecidos e das poucas modalidades de pagamento.” (CNC, op. cit.)
A comercialização de produtos de marca própria vem ganhando participação no segmento
atacadista, entretanto, ainda é pouco representativa. De acordo com o “Ranking ABAD/Nielsen
2011”, em 2010 representou 29% dos produtos comercializados.
Em relação às linhas de produtos comercializados, alimentos e higiene pessoal respondem por
aproximadamente 55% destes. Os produtos relacionados à saúde são os menos
comercializados, apesar de um pequeno aumento da participação entre 2009 e 2010, quando
passou de 2,95% para 3,04%). (Gráfico 11)
Gráfico 11 – Participação (%) nas vendas do atacado por linhas de produtos, Brasil, 2009 e 2010
Fonte: Ranking ABAD 2011, ABAD/NIELSEN
Em relação à importância dos canais atendidos no faturamento das empresas atacadistas
consideradas no “Ranking ABAD 2011”, em 2010 predominavam aquelas relacionadas ao
varejo alimentar independente (34,2%), seguidas pelos transformadores (bares, lanchonetes,
padarias, restaurantes, hotéis, hospitais e casas noturnas) (17,8%), pelos supermercados e lojas
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de conveniência (15,9%), por outros (14,2%), pelos supermercados médios (7,0%), pelas
drogarias (6,0%) e pelos grande e hiper supermercados (5%).
Gráfico 12 – Importância dos canais atendidos no faturamento das empresas atacadistas, Brasil, 2009 e 2010
Fonte: Ranking ABAD 2011, ABAD/NIELSEN
Entre 2009 e 2010 destaca-se o crescimento da participação de supermercados pequenos e lojas
de conveniência, a qual passou de 14,9% para 15,9%. Tal movimento vem sendo apontado, por
especialistas do setor, como um dos principais aspectos do bom desempenho do segmento
atacadista atualmente, especialmente devido à expansão do poder de compra e do consumo das
classes C, D e E. Segundo a Nielsen, 95% dos supermercados pequenos (de um a quatro
checkouts) e 40% dos supermercados médios (de cinco a dezenove checkouts) são abastecidos
por empresas atacadistas distribuidoras. E o pequeno e o médio varejo são os que mais atendem
os consumidores das classes C, D e E.
Em Belo Horizonte, predomina o comércio atacadista de produtos de consumo não alimentar,
respondendo por 34,3% dos estabelecimentos e 29,4% dos empregos do segmento.
Considerando a variável número de estabelecimentos, é seguido, de maneira mais significativa,
pelo grupos “representantes comerciais e agentes do comércio” (18,8%), “comércio atacadista
especializado em outros produtos” (10,7%) e “comércio atacadista especializado em produtos
alimentícios, bebidas e fumo” (10,3%). Entretanto, quando se considera a variável número de
empregos, é seguido, predominantemente, pelos grupos “comércio atacadista especializado em
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produtos alimentícios, bebidas e fumo” (19,6%), “comércio atacadista de madeira, ferragens,
ferramentas, material elétrico e material de construção” (13,4%) e comércio atacadista
especializado em outros produtos (11,9%). (Tabela 9)
Tabela 9 - Participação (%) dos grupos do comércio atacadista no total do número de estabelecimentos e do emprego no segmento, Belo Horizonte/MG, 2010
Grupos CNAE 2.0 Estabelecimentos EmpregosRepresentantes comerciais e agentes do comércio, exceto de veículos automotores e motocicletas 18,8% 9,9%Comércio atacadista de matérias primas agrícolas e animais vivos 2,0% 1,0%Comércio atacadista especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo 10,3% 19,6%Comércio atacadista de produtos de consumo não alimentar 34,3% 29,4%Comércio atacadista de equipamentos e produtos TIC 3,3% 3,2%Comércio atacadista de máquinas, aparelhos e equipamentos, exceto TIC 9,3% 9,6%Comércio atacadista de madeira, ferragens, ferramentas, mat. elétrico e mat. construção 9,0% 13,4%Comércio atacadista especializado em outros produtos 10,7% 11,9%Comércio atacadista não especializado 2,3% 2,1%
Fonte: MTE – RAIS, 2010. Elaborado pelo IPEAD/UFMG
Cabe destacar que muitos dos estabelecimentos atacadistas comercializam uma cesta bastante
diversificada de produtos e são conhecidos como pertencentes ao gênero “atacado generalista”.
As empresas Tambasa e Megafort, citadas anteriormente, pertencem a este gênero. A Tambasa
foi considerada o 2º maior atacado distribuidor generalista do Brasil.
6.3) Comércio varejista
Em 2009 o comércio varejista respondeu por 41,9% da receita operacional líquida, 51,4% do
valor adicionado, 61,9% dos salários, retiradas e outras remunerações, 73,4% do pessoal
ocupado e 79,4% do número de empresas do setor comercial (Tabela 10).
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Tabela 10 – Dados comparativos das empresas do segmento varejista, Brasil, 2009
Divisões, grupose
classes de atividades
Dados comparativos das empresas comerciais
Receitaoperacional
líquida
Valoradicionado
Salários, retira-das e
outras re-muneraçõe
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Pessoalocupado
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Númerode
empresas
Comércio varejista/comércio 41,9% 51,4% 61,9% 73,4% 79,4%Comércio não especializado/varejo 32,5% 24,6% 25,0% 24,0% 16,7%Hipermercados e supermercados/varejo 24,6% 16,3% 16,2% 14,1% 1,0%Outros tipos de comércio não especializado com predominância de produtos alimentícios/varejo 4,5% 4,8% 6,0% 7,8% 14,5%Comércio não especializado sem predominância de produtos alimentícios/varejo 3,4% 3,4% 2,7% 2,1% 1,2%Comércio especializado/varejo 67,5% 75,4% 75,0% 76,0% 83,3%Comércio de produtos alimentícios, bebidas e fumo/varejo 3,1% 4,2% 6,3% 8,0% 10,0%Tecidos e artigos de armarinho/varejo 1,1% 1,7% 2,0% 2,6% 4,2%Artigos do vestuário e complementos/varejo 6,8% 10,0% 11,5% 12,7% 15,8%Calçados, artigos de couro e viagem/varejo 2,1% 3,5% 3,3% 3,6% 2,5%Combustíveis e lubrificantes/varejo 19,2% 10,4% 6,2% 5,2% 2,4%Produtos farmacêuticos, perfumaria e cosméticos e artigos médicos, ortopédicos e de óptica/varejo 7,5% 9,3% 9,8% 8,8% 8,7%Eletrodomésticos, equipamentos de áudio e vídeo, instrumentos musicais e acessórios/varejo 4,5% 4,4% 4,8% 3,1% 1,2%Móveis, artigos de iluminação, peças e acessórios e outros artigos de uso doméstico/varejo 3,7% 4,7% 5,3% 5,2% 5,3%Material de construção/varejo 9,6% 12,9% 11,7% 12,0% 10,8%Equipamentos de informática e comunicação/varejo 2,1% 3,2% 3,3% 3,3% 4,2%Artigos culturais, recreativos e esportivos/varejo 2,5% 3,3% 3,6% 3,8% 5,5%Gás liquefeito de petróleo (GLP)/varejo 1,5% 1,3% 0,9% 0,8% 1,5%Outros produtos novos (5)/varejo 3,9% 6,3% 6,2% 6,7% 11,2%Comércio de artigos usados/varejo 0,0% 0,1% 0,1% 0,1% 0,2%
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Serviços e Comércio, Pesquisa Anual de Comércio, 2009. Elaborado pelo IPEAD/UFMG
Dentro do segmento, o grupo do comércio não especializado respondeu por 32,5% da receita
operacional líquida, 24,6% do valor adicionado, 25,0% dos salários, retiradas e outras
remunerações, 24,0% do pessoal ocupado e 16,7% dos estabelecimentos.
Por sua vez, o grupo do comércio especializado respondeu por 67,5% da receita operacional
líquida, 75,4% do valor adicionado, 75,0% dos salários, retiradas e outras remunerações, 76,0%
do pessoal ocupado e 83,3% dos estabelecimentos.
No comércio não especializado os hiper e supermercados apresentaram uma estrutura mais
concentrada, representaram apenas 1,0% do número de empresas, entretanto responderam por
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24,6% da receita operacional líquida, 16,3% do valor adicionado, 16,2% dos salários , retiradas
e outras remunerações e 14,1% do emprego do segmento varejista.
O comércio especializado, com um número maior de classes, apresentou uma estrutura mais
distribuída e diversificada. Predominaram o comércio de combustíveis e lubrificantes em
termos de receita operacional líquida (19,2% do total do varejo), o comércio de material de
construção em termos do valor adicionado (12,9% do varejo), o comércio de material de
construção e o comércio de artigos do vestuário em termos dos salários retiradas e outras
remunerações (11,7% e 11,5% do varejo, respectivamente) e do pessoal ocupado (12,0% e
12,7% do varejo, respectivamente), e o comércio de artigos do vestuário em termos do número
de estabelecimentos (15,8% do varejo).
Diante dessa configuração, nota-se que existem classes com maior concentração do mercado
varejista em poucas empresas e classes com a participação de um número maior de atores.
Verifica-se que a concentração é mais intensa no segmento de hiper e supermercados, no qual
as cinco maiores empresas possuem 40,6% do faturamento registrado (IBGE, 2009). Apesar da
concentração, o valor ainda é baixo em comparação a outros países.
Em Belo Horizonte, considerando as variáveis número de estabelecimentos e empregos1
formais divulgados pela RAIS, apresentados na Tabela 11, verificou-se uma grande
diversidade e uma distribuição relativamente equilibrada das variáveis analisadas dentre as
classes do comércio varejista.
Em relação ao número de estabelecimentos, a classe “comércio varejista de artigos do vestuário
e acessórios” se destacou, respondendo por 17,6% do total de estabelecimentos do segmento
varejista. Foi seguida pela classe “comércio varejista de outros produtos novos não
especificados anteriormente” com participação de 11,3%, pela classe “comércio varejista de
ferragens, madeira e materiais de construção” com participação de 6,9% e pela classe
“comércio varejista de produtos de padaria, laticínio, doces, balas e semelhantes” com
participação de 6,7%. As demais classes apresentaram participações que variaram entre 0,2%
(instrumentos musicais e acessórios) e 4,8% (produtos farmacêuticos para uso humano e
veterinário).
Tabela 11 – Particpação (%) das classes do comércio varejista no total do número de estabelecimentos e do emprego no segmento, Belo Horizonte/MG, 2010
1 Os demais indicadores analisados anteriormente não são disponibilizados no nível de abrangência municipalwww.ipead.face.ufmg.br • [email protected]. Presidente Antônio Carlos, 6.627 • PampulhaFACE/UFMG • Bloco Administrativo • 2° andarSala 2.011 • CEP: 31270 901 • Belo Horizonte/MGTel: (31) 3409 7110 • Fax: (31) 3409 7140
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Cadeia Produtiva do ComércioClasse CANE 2.0 Estabelecimento Emprego
Comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios hipermercados e supermercados 1,8% 15,5%Comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios minimercados, mercearias e armazéns 3,7% 2,5%Comércio varejista de mercadorias em geral, sem predominância de produtos alimentícios 0,9% 2,1%Comércio varejista de produtos de padaria, laticínio, doces, balas e semelhantes 6,7% 9,0% Comércio varejista de carnes e pescados açougues e peixarias 2,6% 1,6% Comércio varejista de bebidas 1,6% 0,9% Comércio varejista de hortifrutigranjeiros 1,8% 2,2% Comércio varejista de produtos alimentícios em geral ou especializado em produtos alimentícios não especificados anteriormente 2,4% 1,6%Comércio varejista de combustíveis para veículos automotores 1,7% 2,9%Comércio varejista de lubrificantes 0,1% 0,2%Comércio varejista de tintas e materiais para pintura 0,8% 0,6%Comércio varejista de material elétrico 0,8% 0,7%Comércio varejista de vidros 0,9% 0,7%Comércio varejista de ferragens, madeira e materiais de construção 6,9% 5,9%Comércio varejista especializado de equipamentos e suprimentos de informática 2,7% 2,4%Comércio varejista especializado de equipamentos de telefonia e comunicação 1,4% 1,3%Comércio varejista especializado de eletrodomésticos e equipamentos de áudio e vídeo 1,4% 2,3%Comércio varejista especializado de móveis, colchoaria e artigos de iluminação 4,2% 2,5%Comércio varejista especializado de tecidos e artigos de cama, mesa e banho 4,0% 3,0%Comércio varejista especializado de instrumentos musicais e acessórios 0,2% 0,2%Comércio varejista especializado de peças e acessórios para aparelhos eletroeletrônicos para uso doméstico, exceto informática e comunicação 0,4% 0,2%Comércio varejista de artigos de uso doméstico não especificados anteriormente 1,7% 1,0%Comércio varejista de livros, jornais, revistas e papelaria 3,6% 2,9%Comércio varejista de discos, CDs, DVDs e fitas 0,3% 0,1%Comércio varejista de artigos recreativos e esportivos 1,7% 1,3%Comércio varejista de produtos farmacêuticos para uso humano e veterinário 4,8% 7,1%Comércio varejista de cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal 2,2% 1,9%Comércio varejista de artigos médicos e ortopédicos 0,8% 0,6%Comércio varejista de artigos de óptica 2,1% 1,2%Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios 17,6% 12,8%Comércio varejista de calçados e artigos de viagem 4,3% 3,8%Comércio varejista de joias e relógios 1,1% 0,6%Comércio varejista de gás liquefeito de petróleo (GLP) 1,0% 0,4%Comércio varejista de artigos usados 0,4% 0,2%Comércio varejista de outros produtos novos não especificados anteriormente 11,3% 7,8%
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Serviços e Comércio, Pesquisa Anual de Comércio, 2009. Elaborado pelo IPEAD/UFMG
A variável número de empregos mostrou distribuição semelhante à apresentada pela variável
número de estabelecimentos, com exceção da classe “comércio varejista de mercadorias em
geral, com predominância de produtos alimentícios hipermercados e supermercados” que
apresentou a maior participação nos empregos gerados no segmento em 2010, a qual equivaleu
a 15,5%. De fato, os super e hipermercados, apesar do menor número de estabelecimentos, por
atuarem com escalas de comercialização e atendimento bastante superiores às demais classes,
constituem-se em importantes geradores de emprego no segmento varejista.
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As formas de organização e distribuição do comércio varejista, tanto em termos setoriais como
locacionais, estão relacionadas, especialmente, aos padrões competitivos conformados pelo
mercado (e que por isso são dinâmicos), às características específicas dos produtos
comercializados pelas classes varejistas e às preferências do consumidor (que estão, de certa
maneira, relacionadas aos padrões competitivos do mercado).
Com base nesses aspectos, as classes do comércio varejista se organizam de diferentes formas,
em que se destacam os shopping centers, as franquias, as galerias, as empresas sem endereço e
as tradicionais lojas de vizinhança.
Os shoppings centers se destacam pela diversidade de mercadorias e serviços ofertados em um
mesmo lugar, aliados aos conceitos de comodidade e conforto proporcionados por um ambiente
mais seguro e moderno. No Brasil, este é considerado um fenômeno ainda recente, se
comparado, por exemplo, aos EUA. O primeiro shopping brasileiro foi inaugurado em 1966 em
São Paulo. Nos EUA , o primeiro shopping foi criado em 1828.
Segundo a ABRASCE (Associação Brasileira de Shoppings Centers), em 2011 foram
registradas 426 unidades em operação no Brasil. Em 2010, o segmento de shopping centers
empregou 720.641 pessoas no país, e seu faturamento foi da ordem de 18% do total do varejo2.
A Região Sudeste concentra 56,1% do total de shoppings do país, o equivalente a 239
unidades, das quais 145 estão em São Paulo, 55 no Rio de Janeiro, 36 em Minas Gerais e 4 no
Espírito Santo.
Dos 36 shoppings localizados em Minas Gerais, 20 estão em Belo Horizonte, o que classifica o
município como o terceiro maior em número de shoppings do país, atrás dos municípios de São
Paulo (53) e do Rio de Janeiro (32).
Em Belo Horizonte, seguindo a tendência brasileira, predominam os shoppings regionais,
caracterizados pela oferta de diversas mercadorias e serviços completos e possuem lojas de
departamento e hipermercados. Em geral são fechados e com lojas voltadas para um mall
interno. O BH Shopping, o Shopping Del Rey, o Minas Shopping, o Shopping Cidade, o
Boulevard Shopping e o Via Shopping Barreiro são alguns exemplos desta categoria na
capital.
2 Exclui venda de combustíveis e GLPwww.ipead.face.ufmg.br • [email protected]. Presidente Antônio Carlos, 6.627 • PampulhaFACE/UFMG • Bloco Administrativo • 2° andarSala 2.011 • CEP: 31270 901 • Belo Horizonte/MGTel: (31) 3409 7110 • Fax: (31) 3409 7140
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Outro tipo de shopping presente em Belo Horizonte são os especializados, caracterizados por
agruparem lojas de um determinado grupo de atividades, como moda, móveis e decoração,
automóveis, entre outros. São exemplos desta categoria, o Casa Raja Shopping, o Minas Casa,
o Ponteio Lar Shopping, o Pampulha Car Shopping, o Portal Auto Shopping, entre outros.
Os shoppings de vizinhança constituem uma categoria que tem se expandido no município.
Atuam com escala inferior aos shoppings regionais e são caracterizados pela conveniência na
compra de necessidades do dia-a-dia dos consumidores. Constituem exemplos desta categoria,
o Shopping Plaza Anchieta, o Falls Shopping, o Shopping Paragem, entre outros.
Em Belo Horizonte, duas outras categorias merecem destaque: os shoppings populares e os
centros comerciais. Ambas as categorias localizam-se, predominantemente, na região central do
município.
Os shoppings populares comercializam uma maior diversidade de produtos, especialmente
produtos eletrônicos, e surgiram com o objetivo de abrigar os vendedores ambulantes que
trabalhavam nas calçadas das ruas e avenidas do centro da cidade. São exemplos desta
categoria os shoppings Oiapoque, Uai, Tupinambás, Xavantes, Popular Kaetés, entre outros.
Os centros comerciais, cujo exemplo mais difundido na cidade são as feiras shopping,
comercializam produtos mais populares, predominantemente, roupas, calçados e acessórios
direcionados ao público feminino. De acordo com informações publicadas no site do
empreendimento, a FeiraShop é uma empresa de criação e manutenção de centros comerciais
varejistas e atualmente possui mais de 20 unidades na Região Metropolitana de Belo Horizonte,
conta com mais de 1300 lojistas e recebe mais de um milhão e duzentas mil visitas por mês.
As franquias representam “um sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito
de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de
produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação
e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador,
mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo
empregatício” (LEI 8.955/94).
De acordo com CNC (2008), os benefícios das franquias são diversos, podendo-se citar:
aceitação de mercado do produto; padrão locacional; investimento em divulgação; custos
unitários de compra centralizada são reduzidos em relação a lojas individuais; ganhos nas www.ipead.face.ufmg.br • [email protected]. Presidente Antônio Carlos, 6.627 • PampulhaFACE/UFMG • Bloco Administrativo • 2° andarSala 2.011 • CEP: 31270 901 • Belo Horizonte/MGTel: (31) 3409 7110 • Fax: (31) 3409 7140
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atividades de suporte e treinamento; financiamento de equipamentos; dentre outros. Diante
desse contexto, apenas 3% das lojas franqueadas não chegam a dois anos de funcionamento,
percentual bastante inferior ao observado para micro e pequenas empresas em geral.
De acordo com dados publicados pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), no ano de
2010 foram registradas 1.855 redes de franquias, com um total de 86.365 unidades. Estes
indicadores apresentam-se bastante superiores aos de 2001, os quais equivaleram a 600 redes
de franquias e 51.000 unidades.
Em 2010, o Estado de São Paulo sediou 56,9% das sedes das empresas franqueadoras no
Brasil. Foi seguido pelo Rio de Janeiro com 13,4%, pelo Paraná com 6,8% e por Minas Gerais
com 4,6%. Os demais Estados apresentaram participações inferiores a 4%. (Gráfico 13)
Gráfico 13 - Localização das sedes das empresas franqueadoras por Estado, Brasil, 2010
Fonte: Associação Brasileira de Franchising, 2010
No que diz respeito às unidades franqueadas, o Gráfico 14 mostra que a distribuição pelos
estados brasileiros revelou-se menos concentrada que a apresentada pelas sedes das empresas
franqueadoras. São Paulo respondeu por 37,6% das unidades franqueadas, foi seguida pelo Rio
de Janeiro (12,2%), por Minas Gerais (7,7%) e pelo Paraná (6,1%). Os demais estados
apresentaram participação inferior a 5%.
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Cadeia Produtiva do ComércioGráfico 14 - Distribuição das unidades franqueadas por Estado, Brasil, 2010
Fonte: Associação Brasileira de Franchising, 2010
Em algumas classes do comércio varejista a adoção do sistema de franquias é relativamente
comum e constitui umas das principais formas de comercialização e expansão dos
empreendimentos. Redes de cosméticos, fast-foods, lojas de chocolates e combustíveis são
alguns destes exemplos.
Em outras, o fenômeno de expansão das franquias tem alterado, de certa maneira, os padrões
concorrenciais dessas classes. As grandes redes de farmácias e drogarias, de comercialização
de móveis e eletrodomésticos e de supermercados constituem os exemplos mais visíveis deste
fenômeno em Belo Horizonte.
As farmácias, drogarias e supermercados são empreendimentos tipicamente relacionados ao
comércio de vizinhança. Caracterizados por pequenos estabelecimentos, comercializam bens de
consumo corrente e tendem a acompanhar a distribuição da população pelo espaço urbano. A
disseminação das grandes redes tem alterado os padrões concorrenciais desses
empreendimentos, tornando cada vez mais difícil a sobrevivência das micro e pequenas
empresas no mercado.
As grandes redes possuem maior poder de negociação, maior eficiência gerencial (maior
utilização de sistemas de TI e de controle de estoques), oferecem um mix de produtos melhor e www.ipead.face.ufmg.br • [email protected]. Presidente Antônio Carlos, 6.627 • PampulhaFACE/UFMG • Bloco Administrativo • 2° andarSala 2.011 • CEP: 31270 901 • Belo Horizonte/MGTel: (31) 3409 7110 • Fax: (31) 3409 7140
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mais diversificado, mais formas de pagamento, têm maior capacidade de investimento e de
promover convênios com entidades públicas e privadas.
Por sua vez, as pequenas unidades locais isoladas são mais dependentes do comércio atacadista,
possuem menor capacidade de negociação e investimento e procuram se ater a vantagens como
flexibilidade, diferenciação, serviço e atendimento para ocupar e manter seu espaço, exercendo
um papel relevante ao abastecer o mercado consumidor fora do raio de atuação das grandes
empresas. (CNC, op. cit.)
Outra forma de organização do comércio varejista é constituída por lojas em galerias,
caracterizadas por pequenos comércios, bancas de jornal, perfumarias, farmácias, etc.,
localizados usualmente em hipermercados, atraídos pelas vantagens em relação à elevada
circulação de clientes. Podem apresentar também setores de serviços, como lavandeiras,
agências de viagens, salões de beleza, além de restaurantes. Nesse tipo de organização os
custos operacionais chegam a 30% a menos que os de shopping centers, em função de aluguéis
e condomínios mais baratos. Em compensação, essas lojas estão sujeitas a menos exposição ao
público, tendo em vista não se beneficiarem do esforço publicitário de grandes agentes.
Em Belo Horizonte este é um tipo de organização comercial que tem se disseminado,
acompanhando o aumento do número de hipermercados pelo município.
As empresas sem endereço, por sua vez, podem ser divididas em dois tipos: vendas diretas e
lojas virtuais. As vendas diretas diferem do varejo tradicional por não possuir estoque local, o
que requer um esforço de logística maior para entregas. Os contatos são feitos em atendimentos
porta-a-porta, através de catálogos e por eventos nos quais o vendedor reúne os potenciais
compradores (este é menos comum no Brasil).
Algumas empresas estão adotando a prática de vendas porta-a-porta como um esforço de
expansão de vendas, sendo o principal foco nas classes C e D, as quais vão a shopping centers
com menos frequência. As classes média e alta estão cada vez menos resistentes aos produtos
ofertados por esse tipo de organização, devido ao aumento da qualidade das mercadorias, a
qualificação de revendedores e a preocupação com a imagem do produto. Outra característica
das vendas diretas é seu bom desempenho em períodos de recessão, uma vez que muitas
pessoas buscam fontes de rendas alternativas. O comércio de cosméticos e produtos de beleza
constitui o principal exemplo do comércio por meio de vendas diretas.
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As lojas virtuais também estão se tornando cada vez mais comuns, tendo em vista as
facilidades oferecidas, como baixo custo de um comércio via internet, menor mão de obra
associada e menor volume de estoque. Dessa forma, o comércio eletrônico, que inicialmente
era apenas mais uma alternativa para empresas com espaço físico estabelecido, agora está se
desenvolvendo a partir de empreendimentos que atuam exclusivamente por esse canal. O Brasil
está entre os 20 países com maior número de pessoas que realizaram compras através de lojas
virtuais. Além das lojas virtuais, os clubes de compras e os sites de compra coletiva também
são alternativas do comércio eletrônico.
De acordo com o Estudo “WebShoppers” publicado pela Empresa “e-bit”, no primeiro
semestre de 2011 foram faturados R$ 8,4 bilhões em bens de consumo via web, valor 24%
superior ao apresentado no primeiro semestre de 2010, o qual equivaleu a R$ 6,8 bilhões.
Dentre as categorias de produtos mais vendidas, o estudo revelou que se destacaram os
eletrodomésticos (13%), informática (12%), saúde, beleza e medicamentos (11%), livros e
assinaturas de jornais e revistas (8%) e eletrônicos (6%).
Além dessas formas de organização do comércio apresentadas anteriormente, o comércio
varejista de Belo Horizonte apresenta algumas peculiaridades que merecem ser destacadas:
- Algumas classes comercias se destacam em Belo Horizonte pela aglomeração em
determinados bairros e regiões. Destacam-se as aglomerações do comércio de móveis na Av.
Silviano Brandão, do comércio do vestuário e acessórios no Barro Preto e no Prado, e do
comércio de automóveis nas Avenidas Pedro II, Carlos Luz, Cristiano Machado e Raja
Gabaglia.
- O Município é conhecido nacionalmente como a cidade brasileira com maior número de bares
e botecos. Realiza anualmente o “Festival Comida di Buteco”, em que participam vários
estabelecimentos e que vem atraindo muitos turistas para Belo Horizonte.
- Em muitos bairros são realizadas feiras de artesanato, alimentos, flores, entre outros,
semanalmente. A maior e mais famosa é a Feira Hippie que acontece aos domingos da Avenida
Afonso Pena, no Hipercentro de Belo Horizonte.
De uma maneira geral, o comércio varejista da capital é bastante diversificado, tem se
desenvolvido em consonância com as tendências brasileiras e mundiais, e cumpre a função de
atender a um público bastante heterogêneo e exigente. Por ser a capital do Estado, é referência www.ipead.face.ufmg.br • [email protected]. Presidente Antônio Carlos, 6.627 • PampulhaFACE/UFMG • Bloco Administrativo • 2° andarSala 2.011 • CEP: 31270 901 • Belo Horizonte/MGTel: (31) 3409 7110 • Fax: (31) 3409 7140
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de consumo e atende a consumidores de diversos municípios mineiros e em algumas classes,
como vestuário, atrai compradores de todo o país.
2.7 Consumidores
O desempenho da cadeia produtiva do comércio está diretamente relacionado ao poder de
compra e às preferências dos consumidores.
O primeiro, de caráter conjuntural, é determinado, predominantemente, pelo nível de renda,
riqueza, taxa de juros e disponibilidade de crédito. O crescimento econômico vivenciado pelo
Brasil nos últimos anos possibilitou a expansão do poder de compra das famílias, resultante,
principalmente, da maior geração de empregos e do consequente aumento da massa salarial
disponível, da ascensão de parcela considerável da população à classe C e do aumento do
acesso ao crédito.
Em relação às preferências do consumidor, estas se refletem nos padrões e nas tendências
mundiais do consumo e exercem influência mais relacionada à conformação estrutural da
atividade comercial. Neste sentido, esta seção focará sua análise nos atuais padrões mundiais
do consumo e nas principais estratégias adotadas pelos canais de distribuição e comercialização
para atender a consumidores cada vez mais exigentes.
O estudo “Retail Trend 2012”, conduzido pelo The Future Laboratory, sobre as tendências
mundiais do consumo, aponta as crises econômicas, o impacto das novas tecnologias e o
questionamento sobre a sustentabilidade, como determinantes do surgimento dos novos padrões
de consumo.
Estes novos padrões estão relacionados à preferência por produtos sustentáveis; à ética; à
utilização da internet e das redes sociais para pesquisas, compras e trocas de opinião; e à busca
pelo conforto, autenticidade, praticidade e simplicidade.
Tais tendências têm demandado dos gestores de marcas e produtos a criação de novas fórmulas
de relacionamento com o consumidor, as quais exigem, de acordo com especialistas, uma
reinvenção do varejo.
As crises econômicas levaram as pessoas a procurarem um estilo de vida mais simples. Em
geral é uma tendência aderida pelo público mais velho e por classes sociais de padrão de vida
mais elevado, com reflexos em outras camadas sociais.
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O impacto das novas tecnologias, especialmente as tecnologias de informação e comunicação,
possibilita ao consumidor um amplo acesso a informações e produtos, tornando-o mais seletivo
e discriminador. O maior acesso à internet, ainda que prevaleça na faixa etária até 30 anos e nas
classes sociais de maior poder aquisitivo, tem se difundido por todas as idades e classes sociais.
Tal fator, associado à tendência crescente das pessoas optarem por ficarem cada vez mais em
casa, têm impulsionado as compras online e o sucesso do e-commerce.
De acordo com especialistas do setor, o mundo está diante de uma nova geração de e-
compradores. O avanço tecnológico vem incentivando a migração do varejo online dos
computadores para os smartphones, caracterizando o m-commerce. De acordo com o estudo
“Retail Trend 2012”, até 2015, os consumidores de todo o mundo devem gastar cerca de US$
119 bilhões em bens e serviços adquiridos via celular.
Diante da imensa oferta e diversidade de produtos, o “varejo sem fronteiras” cria uma pressão
competitiva, em que é preciso superar as expectativas dos consumidores, em preço, qualidade e
serviços. Esta tendência sinaliza para a importância dos gestores das lojas “convencionais”
atentarem para a necessidade de inserção dos seus empreendimentos no universo virtual.
A preocupação com o meio ambiente, que se reflete na preferência pelo consumo de bens
sustentáveis, prevalece na faixa etária até 30 anos e nas classes sociais mais elevadas, por terem
maior acesso à informação e ao conhecimento. As decisões de compra estão, também, cada vez
mais relacionadas aos princípios éticos e de valorização da cultura local. Os consumidores
procuram informações sobre a procedência do produto e sobre o ambiente e as relações de
trabalho em que foram produzidos, por exemplo.
A busca por conforto e praticidade por parte dos consumidores tem levado ao crescimento da
importância dos shoppings e das grandes lojas de departamento nas grandes cidades, como
opções de comercialização. Já nas áreas residenciais e nas cidades de menor porte verifica-se a
presença de pequenas lojas independentes e de revendedores.
Nesse sentido, GUIDOLIN et. al. (2009) destaca que “... outro movimento está na valorização
do tempo: pessoas dispõem de menos tempo para compras, o que aumenta a demanda por lojas
de conveniência (fácil acesso a produtos e serviços em áreas residenciais e comerciais), lojas
que fiquem abertas em horário estendido ou 24 horas e lojas com maior variedade de
produtos”. Dessa forma, a autora conclui que o grande desafio do comércio atual está em
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atender pessoas mais informadas, mais exigentes e com menor tempo disponível para compras,
ofertando proximidade, variedade e atendimento.
2.8 Síntese Parte 1
O setor comercial é caracterizado pela atividade de revenda de mercadorias e se constitui no elo
final da cadeia de valor de vários produtos. Reúne uma grande variedade de classes que se
agrupam em três segmentos: comércio atacadista; comércio varejista; e comércio de veículos
automotores, peças e motocicletas. Estes segmentos e suas classes apresentam características
bastante distintas em relação aos níveis de concentração da produção e do emprego, utilização
de tecnologia, estrutura de mercado e padrões competitivos.
Este estudo mostrou que no Brasil o setor comercial representou 12,5% do valor adicionado
bruto em 2008, indicador próximo ao apresentado por Minas Gerais que equivaleu a 12,6%. No
caso de Belo Horizonte, o indicador relativo à participação do comércio na arrecadação
estadual no município foi utilizado como proxy da participação do comércio na geração da
riqueza municipal e equivaleu a 15,5% em 2008.
Em relação à participação do número de estabelecimentos comerciais no total de
estabelecimentos, em 2010, estes equivaleram a 39,7% no Brasil, 36,4% em Minas Gerais,
36,3% na RMBH e 34% em Belo Horizonte. Cabe destacar o fato de que, entre 2007 e 2010,
Belo Horizonte apresentou queda da participação dos estabelecimentos comerciais no total do
estado, passando de 16,0% para 15,4%. Tal perda de participação foi resultante da perda de
participação de todos os segmentos do setor e pode ser um indicador da perda de centralidade
da capital.
Em relação ao porte médio dos estabelecimentos, predominam os pequenos, com até 4
empregados, para os três segmentos da cadeia produtiva do comércio, no Brasil, Minas Gerais,
RMBH e Belo Horizonte.
A análise dos dados da RAIS, referentes aos empregos criados pelo setor comercial no período
2007-2010, revelou um aumento do número de empregos formais no período e aumento da
participação destes em relação ao total da economia. Em 2010, tal participação equivaleu a
18,9% no Brasil, 19,0% em Minas Gerais, 15,9% na RMBH e 13,9% em Belo Horizonte.
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Em relação à informalidade do setor comercial, Belo Horizonte (37,9%) apresentou as
menores taxas de informalidade no período, foi seguida pela Região Metropolitana (38,7%),
Minas Gerais (41,0%) e Brasil (48,7%).
A análise mais específica em relação aos elos da cadeia produtiva do comércio mostrou que no
elo fornecedor, em Belo Horizonte e sua Região Metropolitana, seguindo a tendência brasileira
e mundial, as formas de intermediação entre fornecedores e consumidores variam de acordo
com as classes do comércio em que atuam e o porte dos estabelecimentos. As grandes redes de
super e hipermercados e as lojas de departamento vêm apresentando, por exemplo, tendência
crescente de comercialização de marcas próprias. Por sua vez, os pequenos mercados de bairro
são bastante dependentes da intermediação dos atacadistas.
No elo produtor, o desempenho do segmento “comércio de veículos automotores, peças e
motocicletas” tem sido positivamente afetado pelas facilidades de crédito, descontos e prazos
de pagamento. Este bom desempenho tem incentivado a disseminação das concessionárias e
lojas de revenda de carros pelo município, que se caracteriza pela concentração de tais
atividades em determinadas regiões da cidade. Destacam-se o comércio de veículos novos e
usados nas Avenidas Cristiano Machado, Carlos Luz e Pedro II, o comércio de veículos
importados na Avenida Raja Gabaglia e o comércio de peças e motocicletas na Avenida Pedro
II.
No segmento atacadista, predominam em Belo Horizonte, o comércio atacadista de produtos de
consumo não alimentar, respondendo por 34,3% dos estabelecimentos e 29,4% dos empregos
do segmento. Considerando a variável número de estabelecimentos, é seguido, de maneira mais
significativa, pelo grupos “representantes comerciais e agentes do comércio” (18,8%),
“comércio atacadista especializado em outros produtos” (10,7%) e “comércio atacadista
especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo” (10,3%). Entretanto, quando se
considera a variável número de empregos, é seguido, predominantemente, pelos grupos
“comércio atacadista especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo” (19,6%),
“comércio atacadista de madeira, ferragens, ferramentas, material elétrico e material de
construção”(13,4%) e comércio atacadista especializado em outros produtos (11,9%). Cabe
destacar que Belo Horizonte e sua Região Metropolitana abrigam estabelecimentos atacadistas
de grande destaque no cenário nacional.
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No segmento varejista, verificou-se uma grande diversidade e uma distribuição relativamente
equilibrada do número de estabelecimentos e do emprego dentre as classes.
Em relação ao número de estabelecimentos, a classe “comércio varejista de artigos do vestuário
e acessórios” se destacou, respondendo por 17,6% do total de estabelecimentos do segmento
varejista. Foi seguida pela classe “comércio varejista de outros produtos novos não
especificados anteriormente” com participação de 11,3%, pela classe “comércio varejista de
ferragens, madeira e materiais de construção” com participação de 6,9% e pela classe
“comércio varejista de produtos de padaria, laticínio, doces, balas e semelhantes” com
participação de 6,7%. As demais classes apresentaram participações que variaram entre 0,2%
(instrumentos musicais e acessórios) e 4,8% (produtos farmacêuticos para uso humano e
veterinário).
A variável número de empregos mostrou distribuição semelhante à apresentada pela variável
número de estabelecimentos, com exceção da classe “comércio varejista de mercadorias em
geral, com predominância de produtos alimentícios hipermercados e supermercados” que
apresentou a maior participação nos empregos gerados no segmento em 2010, a qual equivaleu
a 15,5%.
No elo consumidor, apesar da falta de indicadores locais que permitam a comparação com as
tendências brasileiras e mundiais, algumas constatações permitem inferir sobre a adoção destas
tendências por Belo Horizonte. A expansão do número de shopping centers, das franquias, a
abertura das lojas exclusivas de marcas importantes no mercado, a expansão das grandes redes
e das lojas departamento, o crescimento da utilização das redes sociais e dos canais de compra
pela internet, são algumas tendências do comércio e do consumo observadas na capital.
De uma maneira geral, a cadeia produtiva do comércio da capital é bastante diversificada, tem
se desenvolvido em consonância com as tendências brasileiras e mundiais, e cumpre a função
de atender a um público bastante heterogêneo e exigente. Por ser a capital do Estado, é
referência de consumo e atende a consumidores de diversos municípios mineiros e em algumas
classes, como vestuário, atrai compradores de todo o país.
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3 PARTE 2: PERCEPÇÃO DOS AGENTES QUE INTEGRAM A CADEIA
PRODUTIVA DO COMÉRCIO
O objetivo desta parte foi captar o modo como os agentes da cadeia produtiva percebem a
problemática desta, mediante uma pesquisa qualitativa.
A pesquisa de campo demandou duas etapas:
- Elaboração de um roteiro de entrevistas, a partir de reuniões com representantes da PBH e de
entidades de classe da cadeia do comércio. Tais encontros permitiram definir os aspectos
relevantes que foram investigados: exame das principais características, tendências,
importância econômica, expectativas do comércio em BH e entraves, potencialidades e
sugestões de políticas públicas para o setor. (Ver Apêndice 1)
- Realização de entrevistas em profundidade (EP’s, utilizando entrevistas semiestruturadas,
gravadas em áudio e transcritas), com representantes de entidades do setor do comércio.
Objetivando evitar viés decorrente da influência do pesquisador de campo e obter o máximo de
padronização dos conceitos utilizados, procedeu-se a um treinamento abordando,
fundamentalmente, os seguintes aspectos:
Modo adequado de os entrevistadores e coordenadores de campo abordarem os
entrevistados.
Esclarecimento do sentido e da importância de ressaltar aos entrevistados a garantia de
confidencialidade dos dados.
Exame minucioso, com os pesquisadores de campo, de cada tópico do roteiro,
explicitando seus objetivos e todos os conceitos utilizados.
As entrevistas foram realizadas entre os dias 14 e 16 de setembro de 2011. Durante os trabalhos
de campo, procedeu-se ao acompanhamento das entrevistas, objetivando assegurar que o
instrumento de pesquisa estivesse sendo corretamente aplicado e verificar se os tópicos que
constituem o roteiro das entrevistas semiestruturado orientavam adequadamente a entrevista.
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3.1 Pesquisa qualitativa
A pesquisa qualitativa, mediante entrevistas semiestruturadas, em profundidade, objetivou
permitir aos agentes da cadeia explicitarem todos os aspectos por eles considerados
merecedores de ênfase especial.
3.1.1 Principais características da cadeia do comércio em Belo Horizonte
Entre os entrevistados, predomina a visão de que o comércio de Belo Horizonte se caracteriza
pela diversidade de áreas de atuação e pela descentralização que promoveu o crescimento do
comércio em bairros menos tradicionais. O que se observou nas últimas décadas foi uma
adequação à cultura do consumidor mineiro, marcado pela pessoalidade e resistência a
mudanças. Os problemas relacionados ao trânsito e à falta de estacionamento são apontados por
praticamente todos os entrevistados como uma marca negativa do comércio de Belo Horizonte.
Esses problemas de mobilidade aparecem ora relacionados com o deslocamento e conforto dos
consumidores, ora como problema para abastecimento das lojas.
Para o representante do CDL HIPERCENTRO, as principais características positivas do
comércio de Belo Horizonte são a grande diversidade de produtos, o atendimento diferenciado
e cortês e uma classe empresarial que participa ativamente das entidades de classe. A
gastronomia é um destaque, na opinião do entrevistado. Os aspectos negativos que são
apontados estão relacionados mais à cidade e aos seus problemas do que propriamente ao setor
comercial. Assim, a falta de estacionamento, o trânsito muito intenso e mal planejado, uma
cultura muito tradicionalista que reclama de barulho e festa e uma legislação muito severa são
as entraves ao setor mais citadas pelo entrevistado.
“Nós temos uma característica de atendimento que o nosso lojista, o mineiro, a questão da pessoalidade de atendimento. Você tem um contato muito próximo, o mineiro é muito cativante para atender.”
“O comércio de Belo Horizonte, principalmente no que tange a gastronomia, pode atender a todos os gostos, porque o mineiro adora uma cozinha”.
“A nossa grande dificuldade é com trânsito e estacionamento. Isso é o que eu acho que dificulta, principalmente para o lojista de rua. O nosso cliente quando ele vem, tem uma dificuldade grande em estacionar o seu veículo e ter um atendimento bom, por causa da forma que cresceu a cidade”.
“Você coloca uma música ambiente talvez um pouco mais alta todo mundo reclama. Então, isso é uma dificuldade que nós temos que vencer para ter um comércio ativo e diversificado. Tem que fazer uma mudança de cultura mesmo. (...) Agora os bares que eles poderiam usar as calçadas, não são permitidos, a legislação hoje não permite.”
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Para o presidente da SICAGEN, uma característica marcante do comércio de Belo Horizonte é
a forte presença da intermediação dos atacadistas. Segundo o entrevistado, o comerciante não
tem acesso direto à indústria ou ao produtor, que não contam com logística de distribuição para
atender a imensa capilaridade do comércio local. Dentro da rede de atacadistas, o participante
destaca o papel do CEASA, responsável pelo abastecimento não só do comércio da Região
Metropolitana de Belo Horizonte como também de todo o interior de Minas. A característica
negativa do comércio de Belo Horizonte, na opinião do entrevistado, é a dificuldade para a
mobilidade de carga, devido ao trânsito.
“Os produtores, a indústria, não têm logística para atender o pequeno, aquela padaria da esquina, a rede de supermercado. A logística desses atacadistas é mais consolidada, pois eles são preparados para isso, eles recebem a mercadoria da indústria e fazem essa distribuição. É preciso integração entre os elos da cadeia”.
“O CEASA tem uma importância significativa para BH, região metropolitana e no Estado de Minas, pois é do CEASA que drena os produtos para outras cidades do Estado (...)Para ter uma ideia, numa segunda-feira, que é o dia mais movimentado, a população do CEASA chega a 700 mil pessoas”.
Para o representante da CDL SAVASSI, existe uma cultura do povo mineiro, muito exigente e
conservador, exigindo do comerciante local flexibilidade e boa capacidade de negociação. Para
caracterizar o comércio de Belo Horizonte, o entrevistado propõe a distinção entre comércio de
rua e comércio de shoppings. A primeira modalidade é marcada pela grande variedade e
diversidade e a modalidade comércio de shopping é marcada pela padronização, reproduzindo
em todos os lugares as mesmas lojas. O entrevistado entende ter sido uma perda o
deslocamento do servidor público para o Centro Administrativo, comprometendo o comércio
da Savassi e região. Acredita, porém, que a chegada do Circuito Cultural da Praça da Liberdade
pode reverter essa perda.
“As características do comércio de Belo Horizonte, eu acho que espelham um pouco o mineiro. Ou seja, de um lado, tem um pouco de conservadorismo, mas, do outro, tem um pouco de novidade. De um lado, tem um público muito exigente. Do outro, também, tem aquela desconfiança típica de mineiro. Portanto, pesquisa antes de escolher, não é como um paulista que pode ir comprar, sem nem pechinchar muito. O mineiro gosta da cultura de negociar, chorar. Mas, apesar da desconfiança mineira, tem também uma grande receptividade, tem uma grande veia acolhedora, digamos assim, que acho uma coisa muito positiva”.“São duas óticas diferentes, são horários diferentes, com determinados públicos diferentes. O comércio de rua é muito diversificado, com muitas opções, e tem tradição muito forte na moda. Já o que você encontra em um shopping, 70% daquelas lojas você encontra no outro shopping. (...) Essa padronização não é boa porque tira a diversidade
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Cadeia Produtiva do Comércioque poderia trazer a maior concorrência, a maior competitividade e maiores opções. Por outro lado, as pessoas podem achar determinadas lojas, chamamos de âncora, em todos os shoppings. Não precisa se deslocar para o outro lado da cidade para achar determinadas lojas”.“Tínhamos um público diferente. Aquela classe que tem o salário seguro, dia cinco todo mês, o funcionalismo público. Que agora, infelizmente para nós, inclusive da Savassi, saiu da Praça da Liberdade e foi lá para a região Norte, na Cidade Administrativa. Agora, com o Circuito Cultural pode ser uma potencialidade nova, de um público diferente, até mais culto. Não só de turista de outras cidades, mas do próprio belorizontino, que para vir aqui, para aproveitar a parte artística da Praça da Liberdade, possa descobrir ou redescobrir, aproveitar da Savassi. Portanto, pode amenizar, ou quem sabe até ampliar a perda que nós tivemos com a ida do funcionalismo público.”
De acordo com a entrevistada da FECOMÉRCIO, as principais características do comércio de
BH são a grande diversificação, um grande espaço para crescimento tanto em função da
economia nacional e local quanto pela existência de espaços físicos com potencial de
crescimento, como a Pampulha e o Belvedere e a descentralização para os comércios de bairro
oferecendo bastante qualidade. A entrevistada afirma que o comércio de Belo Horizonte está se
modernizando, e cita o Mercado Central como uma estrutura que buscou se adequar às novas
tendências. A revitalização do Centro da capital é apontada como uma ação importante, que já
está trazendo resultados. Aponta como ponto negativo os problemas de mobilidade,
especialmente de trânsito, vagas para estacionamento, e uma fiscalização muito severa, que
penaliza o comerciante com multas.
“O comércio de Belo Horizonte é muito diversificado e cresceu de forma assustadora nos últimos anos. Ele acompanha a economia mineira e a economia nacional. (...) O ponto bom é que a gente ainda tem espaço, tem mercado. Belo Horizonte tem sido vista como lugar de novas oportunidades, nós temos uma boa estrutura de amparo a novos investimentos, a própria localização de Belo Horizonte permite que um empreendedor criativo construa o seu comércio com base diferenciada. (...) Você não pode dizer que o comércio está na Savassi, ou no Hipercentro. Eu acho que essa é a riqueza da nossa cidade, permitiu ter comércio descentralizado. Você tem comércio em menor número espalhado por todos os bairros.”
“O Mercado Central, você poderia falar que é a identidade de um comércio mineiro, mas é um comércio que se modifica, se repagina e se formata dentro de outra realidade”.
“Houve muito esforço sem dúvida alguma, por parte da própria Prefeitura, o projeto de revitalização do Centro da cidade que foi realmente um grande desafio, porque ao longo da década de 90 acabou-se com o comércio do Centro. Pelo menos nós estancamos algo de ruim, e hoje é um local que tem uma pujança econômica muito forte”.
“Eu acho que o ponto ruim está na nossa mobilidade, que é muito ruim e isso acaba desestimulando o próprio consumidor. O comércio de rua sofre com a mobilidade, ele não vai ter condição de oferecer estacionamento. O comércio não vive só de dentro pra fora, é uma atividade econômica que diferente da indústria, ela precisa do externo, ela precisa da infraestrutura, ela precisa de um bom ambiente externo”.
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Cadeia Produtiva do Comércio“Você tem uma fiscalização muito forte, que aplica multa demais. Houve uma discussão muito grande com a questão de estacionamento, questão de carga e descarga que fazem parte da realidade do comércio. Como você vai vender se você não consegue colocar mercadoria dentro do comércio?”
Segundo o representante do CDL FLORESTA, o comércio em Belo Horizonte é caracterizado pela regionalização dos comércios em bairros tradicionais, como a Floresta, e também por um consumidor que mantém uma relação pessoal com os estabelecimentos e seus proprietários. O entrevistado afirma que essa característica, que positivamente significa uma fidelização dos consumidores, traz alguns problemas como uma resistência grande à profissionalização da gestão das empresas. Quanto ao perfil do comércio de BH, o entrevistado acrescenta que predominam as pequenas empresas do setor de varejo, com até 4 funcionários. Por último, o participante afirma existir alguns aspectos da cultura do mineiro, como a resistência à inovação, que dificulta o crescimento e a modernização do setor.
“Tem bairros de comércio tradicional, como o Floresta, onde existe uma fidelização do cliente. Uma coisa típica da regionalização do comércio é você saber o nome de todo mundo, aqui no Floresta é assim. Agora o regionalismo por um lado é ruim, isso remete à falta de profissionalismo, o cliente entra na loja e quer ser atendido pelo dono. Mas a gente não pode ficar sempre atrás do balcão. Ou então o cliente quer assim; 'ah eu vou pegar aqui e você anota ai na caderneta'. Não dá mais, ele tem que entender que agora eu posso gerar uma boleta bancária e ele vai receber na casa dele”.
“Belo Horizonte é tipicamente o comércio varejista. É a lojinha com até 4 funcionários. Uma loja igual a nossa de 15 funcionários já sai do padrão, acho que a identidade do comércio da cidade está no pequeno varejo”.
“Nós fomos fazer uma viagem ao exterior pelo CDL e que conclusão que a gente chegou: não se consegue implantar algumas coisas aqui por causa da cultura muito fechada. É um comércio retraído para novidade. Um exemplo prático: um tempo atrás eu comecei a transformar uma das minhas lojas em autoatendimento, nós temos aqui quase 18 mil e 500 itens diferentes, mas o cliente entra e quer ser atendido, quer que alguém converse com ele.”
O representante da CDL DUAS RODAS focaliza toda sua análise da caracterização do
comércio de Belo Horizonte para o setor de motociclismo. O comércio de duas rodas se
caracteriza por uma concentração das empresas em avenidas como a Pedro II e Centro da
capital. As empresas são, em sua maioria, familiares, e os empresários do ramo são
frequentemente mecânicos que já trabalharam em grandes concessionárias de moto. Na opinião
do entrevistado, o mercado continua crescendo mesmo com a interrupção de grandes eventos
do motociclismo que aconteciam na capital mineira. Esse crescimento pode ser explicado pelo
aumento de motos em circulação, tanto para trabalho quanto para locomoção embora o
motociclismo esportivo, que era marca de Belo Horizonte, está perdendo espaço.
“É um perfil de comércio com característica quase que familiar, eles trabalham entre família”.
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Cadeia Produtiva do Comércio“A identidade desse comércio de duas rodas descaracterizou muito. Aqui tiveram grandes eventos, eu trabalhei na época com Dirceu Pereira, o ‘Churrascando’, era espetacular, e vinha gente do Brasil inteiro, e eu vejo que a Prefeitura hoje não incentiva eventos. Quando você vai fazer um evento em BH, você tem inúmeros empecilhos. Antigamente tinha um glamour, os encontros eram na Praça da Liberdade, hoje acho que nem é viável fazer um evento na Praça porque não comporta mais, esse tipo de evento morreu. Belo horizonte também perdeu o mundial de Motocross que movimentava muito dinheiro na cidade. Isso compromete as vendas do nosso setor, pois quando tinha o mundial de Motocross, minha loja ficava repleta de clientes de outros estados, a gente atinge outros estados. A gente tem muita historia e muito respeito em outros estados. O Enduro da Independência, 7 de setembro, é um evento que tem 29 anos, no Brasil não existe um evento de motociclismo tão antigo. Eu volto a insistir, o mercado de BH tem muito a expandir, mas precisa ter mais eventos de esportes relacionados a moto na cidade.”
3.1.2 Principais tendências do setor do comércio (mundiais, brasileiras, mineiras e de
Belo Horizonte)
Entre os entrevistados, as tendências mais citadas são o fortalecimento das grandes redes de
comércio e a ampliação do sistema de compras online. A estratégia utilizada pelos
comerciantes locais para enfrentar o primeiro aspecto levantado é a fusão dos comerciantes
locais, inclusive com a utilização da modalidade Sociedade de Propósito Específicos (SPE), no
qual empresas de menor porte se unem para otimizar os recursos nos processos de compra e
venda de mercadorias. Em relação às compras online, os entrevistados afirmam que o perfil do
consumidor de Minas Gerais e também de Belo Horizonte é muito conservador. Desse modo, o
avanço do comércio online não chegará ao ponto de substituir totalmente o comércio
presencial.
Para o representante do CDL HIPERCENTRO, as principais tendências do setor de comércio
(mundiais e também no Brasil e em Minas Gerais) podem ser resumidas em três: crescimento
da participação das grandes redes de lojas no mercado, a ampliação das compras online e a
incorporação de ferramentas da tecnologia de informação em toda a cadeia produtiva do
comércio. Em relação ao crescimento das empresas de rede de grandes lojas, o entrevistado
afirma que esse fenômeno é mundial e que se reproduz no mercado nacional e também no
mineiro. Ele afirma, no entanto, que os pequenos lojistas são muito importantes para o
mercado, pela sua capilaridade reduzindo os impactos dos problemas de mobilidade urbana e
pela sua capacidade de gerar empregos. Em relação à tendência do crescimento das compras
online, o entrevistado afirma que em Minas Gerais, especialmente em Belo Horizonte, esse
movimento será mais lento que em outras capitais, em função do perfil do consumidor médio www.ipead.face.ufmg.br • [email protected]. Presidente Antônio Carlos, 6.627 • PampulhaFACE/UFMG • Bloco Administrativo • 2° andarSala 2.011 • CEP: 31270 901 • Belo Horizonte/MGTel: (31) 3409 7110 • Fax: (31) 3409 7140
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local, que é conservador e ainda considera positivo a compra presencial, na qual pode manter
relações pessoais diretas com o varejista. A incorporação de ferramentas da informática é
descrita pelo entrevistado como um processo irreversível e que deve produzir importantes
transformações gerenciais e na relação com os fornecedores e distribuidores.
“Está havendo um crescimento muito grande com relação às grandes redes. Lá fora também tem esse crescimento, mas viu-se a importância do pequeno comércio porque ele é o que mais emprega, ele está localizado nos pequenos pontos, você tem acesso fácil”.
“As compras online crescem a cada dia, mas, aqui em Minas Gerais cresce um pouco devagar, pelo fato de o mineiro gostar de pechinchar, pegar na mercadoria e conversar com o vendedor, e isso a compra online não permite”
“A última tendência que está nos EUA, e ainda não está aqui, mas vai chegar é a compra feita através do número do celular. O cliente não precisa usar o cartão de crédito, basta fornecer o número do seu celular, a compra é feita e a conta vem na própria fatura do celular. Ele manda informação pelo computador, a informação chega ao almoxarifado e automaticamente está de baixo do balcão, completamente informatizado, isso eu acho que é uma tendência que vai acontecer.”
Para o representante do SICAGEN, as tendências do setor de comércio são o fortalecimento da
estrutura das redes de atacadistas, a incorporação da tecnologia de informação e uma maior
exigência de qualidade de produtos por parte dos consumidores. Segundo o entrevistado, o
setor de atacado está se fortalecendo tanto internacionalmente como nacionalmente e também
no Estado de Minas Gerais. Esse processo se explica pela impossibilidade de o comerciante
manter grandes estoques e administrar uma logística complexa de distribuição dos produtos,
aspectos que o setor atacadista tem para oferecer. Em relação à informatização dos processos, o
entrevistado afirma que isso se deve tanto ao desenvolvimento dos recursos tecnológicos
oferecidos quanto pelas exigências legais, como a emissão de notas fiscais eletrônicas. Por fim,
o entrevistado considera que existe uma tendência de mudança no perfil do consumidor, que
cada vez exige mais qualidade dos produtos. Especificamente em relação à tendência do
comércio de Belo Horizonte, o entrevistado afirma que as obras que estão acontecendo na
cidade irão fortalecer ainda mais essa tradição do comércio da capital.
“É uma tendência mundial de grande crescimento, expansão [da rede atacadista], e Minas e o Brasil acompanham em todos os sentidos. Pegue o exemplo da padaria: um abastecimento quase que diário. Que grande indústria conseguiria fazer essa distribuição? As padarias recebem produtos duas vezes por semana, (...) com muita eficácia na distribuição. O atacado precisa crescer para prestar esse serviço”.
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Cadeia Produtiva do Comércio“É uma coisa natural do desenvolvimento, todas as empresas já estão informatizadas, hoje é obrigatório ter a nota fiscal eletrônica, o setor deve-se inserir nessa evolução da informação”.
“E a tendência de os consumidores estarem se tornando mais exigentes, o que obriga o atacadista a melhorar seus serviços, beneficiando a cadeia inteira. Pode notar a rede de supermercado Verde Mar é um exemplo para o mundo, qualidade dos serviços, gerado pelas exigências dos clientes e adequação às tecnologias da informação”.
“A tendência é que as obras na cidade melhorarem cada vez mais, vai ficar cada vez mais moderno. As obras que a cidade vem ganhando como na Pampulha, Savassi e outros, refletem o crescimento e a evolução da cidade.”
Para o representante do CDL FLORESTA, a tendência mundial para o setor de comércio é o
predomínio de estabelecimentos de grande porte, com grande variedade de itens, mas com um
número reduzido de opção de marcas e modelos para cada item. Esses estabelecimentos são
marcados pelo autoatendimento, poucos funcionários e um sistema informatizado, inclusive
com monitoramento por câmeras bem desenvolvido. Segundo o entrevistado, essa tendência já
está se reproduzindo no Brasil, em Minas e começa a ser pensada em Belo Horizonte,
promovendo a fusão de estabelecimentos menores, que uma vez unidos, conseguem reduzir
custos operacionais e de marketing. No entanto, o entrevistado afirma que, por motivos
culturais, a tendência do autoatendimento tem muita resistência em Minas Gerais e em Belo
Horizonte. A compra online é outra tendência do comércio que, na opinião do entrevistado,
ainda enfrenta resistência no mercado de Belo Horizonte, em função do perfil cultural dos
consumidores mais “desconfiados”. Outras duas tendências que já estão se consolidando no
mercado de Belo Horizonte, segundo o entrevistado, são as lojas monomarcas e as outlet – que
são as grandes lojas que trabalham com marcas de renome internacional, mas com preços
baixos.
“Nos últimos seis meses, eu estive nos Estados Unidos fazendo um estudo do varejo americano e identifiquei que as tendências são lojas enormes que vendem de tudo, tipo assim, em uma papelaria lá, o cara vende cadeira, móvel de escritório, com margens reduzidas. Você vê loja de 4 mil metros quadrados com 4 funcionários apenas, mas tem 40 câmeras de circuito interno, não se atende, não chega perto de você, não se vigia”.
“Outra tendência que eu identifiquei foi o conceito de trabalhar com pouca variedade de modelos, por exemplo, eu tenho aqui aproximadamente uns 20 modelos de grampeador, lá você tem três. Isso é o novo conceito do cliente americano, menos opções para confundir o consumidor”.
“A grande tendência aqui é união, é cooperativismo. É o que vai salvar o pequeno comércio, porque hoje as grandes redes quebram os pequenos comerciantes. Essas fusões possibilitam reduzir os custos, principalmente na administração, na gestão, e também para construir a imagem, fazer propagandas. Isso é muito caro para o pequeno fazer
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Cadeia Produtiva do Comérciosozinho, não tem como ele bancar investimentos em áreas como a de recursos humanos e a de marketing.”
“O Brasil está muito na vanguarda do ponto de vista do uso da internet para a compra virtual. Diria que grandes empresas como Lojas Americanas e Supermercado Extra têm hoje maior peso na compra online do que nas compras físicas. Às vezes o mineiro, por ser um pouco desconfiado, demora mais para avançar em algumas coisas, são mais resistentes”.
“Existe há um ano em Belo Horizonte as lojas que preferem não misturar a marca, são as monomarcas. Em BH está havendo essa tendência, por exemplo, loja da Adidas, da Calvin Clain. Está caminhando para isso como uma forma de vender o produto, é uma loja conceito. É importante ter uma loja conceito, no sentido do nome da marca”.
“E nova tendência é a outlet, lojas enormes que vendem determinadas marcas que costumam ser caríssimas e vendem com até 40% de desconto. É uma tendência que dará certo no mercado mineiro. O mineiro olha o nome da marca e se ele puder associar com preço, fica melhor ainda.”
Para o representante do CDL DUAS RODAS, o setor de comércio mundial vive uma retração
nas vendas em função da crise econômica, com os consumidores renovando seus produtos em
intervalos de tempo maiores. Em relação à tendência nacional e de Minas Gerais, o
entrevistado afirma que ela é de crescimento acelerado e redução de preços. Ele informa que
diversos fabricantes de motocicletas transferiram para o Brasil seus parques produtivos,
especialmente em Manaus, aumentando a concorrência e reduzindo os preços. Também afirma
que o crescimento da renda e do emprego no Brasil é um importante componente na tendência
de crescimento do setor. Outra tendência percebida pelo entrevistado é o crescimento das
vendas online e que as empresas estão se adequando a essa modalidade, inclusive no setor de
motocicletas.
“Na Europa e nos Estados Unidos está acontecendo o seguinte: está havendo uma diminuição do comércio, porque os países de fora estão em crise, hoje a pessoa pega uma motocicleta e fica mais tempo com ela, não tem aquela rotatividade mais como no passado. Só que lá eles têm um transporte público muito perfeito.".
"A tendência do mercado no Brasil, que são os olhos do mundo, é todo mundo vir montar aqui. A Ducatti está com fábrica no Brasil, a MV Augusta e a BMW estão montando em Manaus, os preços têm caído. Essas vendas estão crescendo bastante aqui em relação a outros países".
" Hoje todo mundo pode comprar uma moto. Uma empregada doméstica quer ter uma moto pra ir trabalhar. Você pode ver nas obras das Seis Pistas, por exemplo, verá muitas motos paradas em frente a obra e são dos pedreiros, carpinteiros, bombeiros hidráulicos.”.
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Para a representante da FECOMÉRCIO, as principais tendências no comércio mundial, e
também no Brasil e em Belo Horizonte, são a necessidade de uma profissionalização da gestão
dos negócios, uma vez que não há mais lugar para o comerciante amador, e o fortalecimento do
sistema de franquias. Em relação às compras online, a entrevistada afirma que ela é uma
realidade, mas que não compromete o comércio de “portas abertas” de Belo Horizonte. Existe
também uma expectativa em relação à Copa de 2014 como um impulsionador do comércio de
Belo Horizonte, na opinião da entrevistada, mas que pode ser comprometido por falta de
espaço físico para atender à demanda.
“Belo Horizonte tem que rever seu papel dentro da cadeia produtiva .Hoje o comércio, tem que se inserir nele, tem que estar atento ao que está acontecendo no mundo. Tem algumas pessoas que dizem que o comércio físico vai morrer dentro de um curto espaço de tempo e eu não acredito, eu acredito que a nossa tendência é esse comércio cada vez mais de portas abertas".
" Acredito convictamente nas franquias. Franquia é uma tendência de expansão de novos negócios".
"Vou te falar como será o comércio de BH, com os eventos de 2014 e com esse capital agressivo e inovador em busca de oportunidades, eu acredito que só podemos esbarrar em uma coisa: falta de espaço, esse é o gargalo que nós temos.”
O representante do CDL SAVASSI considera que o comércio brasileiro e mineiro é mais
avançado e inovador que o europeu, exemplificando que em Roma, há 15 anos, havia apenas
um Shopping Center, e mesmo assim pequeno. Em relação a Belo Horizonte, o entrevistado
afirma que a tendência é o fortalecimento do comércio da Savassi, com o prolongamento do
horário de funcionamento, e atribui à região a expressão “shopping a céu aberto”. Em relação
às obras de revitalização da Savassi, ele admite ser favorável, mas alerta para a necessidade de
se aprimorar o transporte coletivo, principalmente o metrô e estacionamentos subterrâneos,
para garantir que o consumidor possa chegar até as lojas.
“Pode- se dizer que o Brasil e Minas Gerais estão bem, diria mais, comparado a Europa com o Brasil, a Europa está atrasada no sentido de inovação comercial para determinadas coisas, por exemplo, em Roma há 15 anos atrás tinha um Shopping e um pouco maior que o 5ª Avenida. Nesse sentido entendo que Belo Horizonte acompanha muito mais avançadamente a tendência dos outros continentes"
" A Savassi pode deslanchar muito ainda. Até demos o slogan que apareceu recentemente, shopping a céu aberto, sobre a Savassi. Pode- se chamar de tendência é esticar o horário, esta é uma questão para dar outra alternativa ao belorizontino. A idéia da requalificação da Savassi é justamente dar prioridade ao pedestre. Ótimo. Assino embaixo. A CDL é sempre a favor da requalificação, etc. Agora, nós temos que fazer o pedestre ir até a
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Cadeia Produtiva do ComércioSavassi. Belo Horizonte é a única grande capital que não tem metrô. Não tem qualidade de transporte, pois chamar aquilo de metrô é inviável para a população mineira.”
3.1.3 Participação do comércio na economia de Belo Horizonte
Existe uma grande divergência entre os entrevistados a respeito da participação do comércio na
economia de Belo Horizonte. No entanto, todos concordam que o setor de comércio é muito
importante na economia da capital mineira e que está crescendo bastante, principalmente na
última década.
Para o presidente do CDL HIPERCENTRO, a participação do comércio na economia de Belo
Horizonte deve significar 80%, percentual que reflete o crescimento das últimas décadas, mas
que tem potencial para crescer ainda mais. Como fatores que favoreceram o crescimento, o
entrevistado cita a retirado dos camelôs das ruas e a revitalização do Centro, inclusive com o
sistema Olho Vivo. Segundo o entrevistado, a Copa do Mundo já está atraindo investimentos e
projetos que irão contribuir para o crescimento do comércio.
“Nós temos que dar um credito também ao ex-prefeito Fernando Pimentel que tirou esse pessoal da rua e também a segurança, com o projeto olho vivo. Porque a pessoa tinha medo de vir ao Centro, hoje nós temos um índice relativamente baixo de assalto no Centro em relação a outras capitais, isso valoriza o nosso Centro."
" A Copa do Mundo está sendo um alavancador enorme para a participação do comércio, tanto na forma de pensar como na estrutura para receber o turista. Esse legado será deixado depois para nós. Nós temos a perspectiva de 29 hotéis que irão sair até a Copa do Mundo. Ai nós teremos um número de serviço muito maior. O Mercado Central pensa em expandir até 2014 também. A expansão será criar seis andares, um centro de convenção para 2 mil pessoas para feiras e eventos e mais 2 mil vagas de estacionamentos.”
O representante da SICAGEN considera difícil mensurar a participação do comércio na
economia de Belo Horizonte, mas acredita que é significativa. Suas informações são relativas
ao comércio atacadista, mais concentrado na região do Ceasa, que pertence ao município de
Contagem, mas ainda assim afirma que o setor na Região Metropolitana de Belo Horizonte é
cada vez mais importante para a economia local, em função da situação positiva da economia
nacional e local que melhorou a capacidade de consumo da população.
“Difícil de mensurar tecnicamente, mas é um bom volume. O CEASA vende 100 milhões por mês, seria 1bilhão e 200 por ano, não sei o quanto representa para a cidade de BH e o percentual da venda por tipo de mercadoria. A arrecadação do CEASA é para a Prefeitura de
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Cadeia Produtiva do ComércioContagem. (...) RMBH é como se fosse hibrido, a cidade se junta, formando quase uma coisa só. Não tem como separar as cidades nos entornos de BH, há muita inter-relação entre elas".
Para o representante da CDL SAVASSI, a participação do comércio na economia de Belo
Horizonte é muito grande, representando cerca de 70%. Em sua opinião, isso gera uma
preocupação, uma vez que significa uma dependência a um único setor e, quando o comércio
sofre pressões como redução de crédito, afeta toda a economia da cidade.
“Não temos fábricas, não temos grandes empresas em Belo Horizonte, portanto, o que movimenta? Comércio e serviços. É muito grande o quanto o comércio representa, não tenho em números isso aqui comigo, mas é o que movimenta a economia da cidade".
" Em momentos de crise, o comércio é mais sensível à crise que uma fábrica como a FIAT. Ultimamente, todo mundo sabe, a União está restringindo o acesso ao crédito, por medo da inflação. Isso prejudica demais o comerciante, porque a pessoa vai comprar menos. Então, quem você acha que seria mais afetado? Belo Horizonte, que tem 70% no comércio. O Rio de Janeiro tem muito turismo, ou seja, tem outras entradas, tem outras fontes.”
Para a representante da FECOMÉRCIO, a participação do comércio no PIB de Belo Horizonte
cresceu bastante na última década em função das ações da Prefeitura na revitalização da área
central da cidade.
“Houve um esforço por parte da Prefeitura que desenvolveu o projeto de revitalização da cidade, porque na década de 90 praticamente acabou o comércio no Centro da cidade, mas esse projeto ajudou a estancar os pontos negativos, como a visão das pessoas que enxergavam o Centro da cidade como um lugar violento, sujo, sem atrativo".
O representante do CDL FLORESTA afirma que a participação do comércio na economia de
Belo Horizonte vem crescendo, principalmente em função da estabilidade econômica, mas
depende de profissionalismo na gestão dos negócios.
“É a maior fonte de renda, é o comércio. Belo Horizonte, é a cidade mais comercial varejista do Brasil e acho que vem crescendo, apesar de toda dificuldade. Essa sensação de estabilidade que a economia criou pelo governo do Lula, então assim, tá sempre abrindo loja, (...). Tem espaço e quem vier com profissionalismo, capacidade e condição de fazer um trabalho legal, ele fica.”
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3.1.4 Importância econômica (em %) do segmento atacadista, varejista e do comércio
de veículos e peças e avaliação sobre esta distribuição econômica
A pesquisa indica que os representantes dos diversos segmentos entrevistados têm pouca ou
nenhuma informação sobre os demais segmentos. Essa limitação é verificada na divergência
dos números apresentados ou pela incapacidade de construir a distribuição econômica dos
segmentos citados.
Para o representante do CDL HIPERCENTRO, a distribuição percentual entre os segmentos
propostos é de 10% para o atacadista, 70% para o varejista e 20% para a comercialização de
veículos e peças. Ele acrescenta que o segmento de comércio varejista inclui também a
comercialização de serviços, e que o comércio atacadista perdeu parte de sua importância pela
aproximação entre a indústria e o comercio varejista, mas em relação a grãos, principalmente
no Ceasa e região, o segmento de atacado tem uma grande relevância nacional.
“ A cidade BH tem hoje o acesso fácil ao produto. Esse atacado hoje está levando o produto naquele que tem mais dificuldade de acesso, que é o interior"
"O comércio atacadista de BH, o comércio de grãos do CEASA é o maior do Brasil, ganha de todos os outros.”
O representante do SICAGEN conclui que o segmento de atacado é o que tem a melhor
estrutura e por isso tem grande importância.
“Não consigo fazer essa relação da representação do comércio, do varejo e do setor de peças de veículos, foge muito da realidade de que acompanho. A grande força desse varejo que nós temos vem do comércio atacadista. O CEASA está sempre ampliando, segurando boa parte do mercado, por ter mais estrutura para isso.”
Para o representante do CDL SAVASSI, a distribuição entre os segmentos pode ser descrita
como 60% para o varejista, 25% para o atacadista e 15% para veículos e peças. A importância
do varejo é realçada com base na compreensão de sua proximidade com o consumidor final e
consegue perceber as necessidades do mercado, mas também reconhece que o segmento do
atacado fornece as condições para o varejo se desenvolver.
“Pela minha experiência, eu arriscaria 60% de varejo e 25% de atacadista e 15% veículos e peças. O comércio entra no varejo. (...) É a ponta da lança, eu diria que é a coisa principal, porque é o que tem contato com o público. O atacadista não tem contato com o público. Então, o varejista, sabe até mais das tendências, sabe até mais da importância do pós venda, do atendimento que normalmente é muito bom no Brasil".
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Cadeia Produtiva do Comércio" É claro que se nós temos na nossa região, Belo Horizonte, um comércio atacadista forte, para o lojista é mais fácil ter um melhor preço, e de conseqüência, uma concorrência melhor.”
Para o representante do CDL FLORESTA, a maior participação do atacado no setor comercial
está relacionada à sua capacidade de crescer e também por estar comercializando diretamente
com o consumidor final.
“Os atacados hoje estão só ampliando, estão segurando boa parte do mercado. (...) No meu segmento, o atacadista hoje representa 50%, hoje criou a figura do 'atacarejo', antes o atacado era atacado, hoje a mãe de um aluno, no final de ano, vai até um atacado e compra o material escolar da criança. Um montante de venda hoje, acho que 50% vai para o comércio e 50% atacadista.”
Para o representante do CDL DUAS RODAS, existe uma relação muito forte entre o comércio
de veículos e a venda de peças e acessórios, e como o comércio está crescendo, o segmento de
peças acompanha esse crescimento.
“São 20% na importância do atacadista em Belo Horizonte, a venda de veículos é muito grande. Eu acredito que o comércio de venda de motocicleta é mais de 50%. (...) Eu preciso da venda de motocicletas para vender minhas peças e meus acessórios e cada vez que é vendida uma motocicleta eu tenho a possibilidade de vender um acessório, um capacete.”
3.1.5 Expectativas em relação ao desempenho futuro do comércio em Belo Horizonte
Em geral, os entrevistados demonstram muito otimismo em relação ao desempenho futuro do
comércio em Belo Horizonte. As justificativas apresentadas para essa posição são a melhoria
da renda da população e as mudanças estruturais que a cidade está implementado como a
revitalização da Savassi. Apenas um dos entrevistados demonstra uma certa desconfiança com
relação ao futuro, em função dos altos tributos cobrados e de uma política de fiscalização muito
severa.
Para o representante do CDL HIPERCENTRO, o comércio de BH deve continuar em
crescimento, e aponta como fator que contribui para isso a melhora do poder aquisitivo da
população.
“Ouvi dizer na televisão que hoje Belo Horizonte tem um grande público de veiculo marca Ferrari. Isso mostra a melhora do poder aquisitivo das pessoas. A vida do brasileiro melhorou muito e isso potencializa enormemente as nossas expectativas.”
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Para o representante do SICAGEN, a expectativa é de crescimento do mercado varejista em
Belo Horizonte, o que impulsiona o segmento atacadista e exige melhorias em termos de
qualidade de atendimento e de logística.
“Quanto mais o varejo cresce, mais oportunidade para o atacado e isso está acontecendo. E o atacado tem que se preparar para prestar um bom serviço, atendimento, e a logística.”
Para o representante do CDL SAVASSI, a expectativa para o futuro do comércio de Belo
Horizonte é positiva, com crescimento e constante busca por inovação através não só do
aprimoramento da tecnologia, mas também com qualidade de produtos.
“Tende a crescer e inovar cada vez mais, não só com tendências e lojas modernas no sentido tecnológico puramente, mas que realmente possa ser um atrativo (...). O próprio público, quanto mais viaja, compara, fica mais exigente. E um cidadão mais exigente é importante, não somente para o comércio, mas para o desenvolvimento geral, sociologicamente, para toda a sociedade. Portanto, é fundamental que em Belo Horizonte tenha lojas conceitos, lojas novas, sempre mais voltadas para a inovação.”
Para a representante da FECOMÉRCIO, a expectativa do setor comercial de Belo Horizonte é
de crescimento com mudanças de valores, principalmente fortalecendo a sustentabilidade
ambiental.
“A expectativa do futuro é um comércio mais sustentável, que busque boas práticas sustentáveis também, então, nós temos hoje a lei que aboliu o uso das sacolas plásticas, nós temos que optar pelo biodegradável e com certificado. Essa é uma nova postura do comércio.”
Para o representante do CDL FLORESTA, as expectativas em relação ao comércio de Belo
Horizonte não são muito favoráveis, em vista dos altos encargos e uma fiscalização muito
severa, o que constitui restrições a um clima mais otimista para o setor.
“A minha expectativa é que a Prefeitura e o Estado deem uma importância maior na questão tributaria porque eu te digo: no meu caso, eu tenho estrutura para me favorecer a crescer, já não sei o outro. Tem dia que vem mais fiscal da Prefeitura na loja da gente, do que cliente. (...) Hoje gira em torno de 40, 50, 45, 38% da mercadoria que eu vendo é imposto que eu pago pro Estado.”
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Para o representante do CDL DUAS RODA, o crescimento do setor é uma realidade que tende
a permanecer. No setor de motocicletas, ele atribui esse otimismo ao aumento da capacidade de
consumo e às dificuldades no trânsito que potencializam o uso das motos.
“É crescente, mesmo a pessoa que tem uma moto de grande cilindrada e que usa apenas no final de semana para lazer, essa mesma pessoa está usando a moto para trabalhar, porque tem dificuldade de ele parar o carro perto do escritório, no trabalho.”
3.1.6 Desafio do setor do comércio atualmente
Para a grande maioria dos entrevistados, os principais desafios estão relacionados a impostos elevados e
legislação muito restritiva. Apenas a representante da FECOMÉRCIO apresenta uma análise das
mudanças no perfil do consumidor que exigirá mudanças no comportamento e nas estratégias do setor
de comércio.
De acordo com a percepção do representante do HIPERCENTRO, o grande desafio do setor do
comércio é lidar com a instabilidade em relação ao futuro da economia e com a oscilação nas vendas,
provocada por eventos que fogem ao controle do comerciante.
“O desafio maior é esperar que todo esse crescimento que o Brasil teve, vai continuar. O que vai acontecer nos próximos anos? Vai vir uma nova crise? O grande desafio hoje é lidar com a instabilidade".
"As nossas vendas oscilam muito, por exemplo, em um dia de manifestação das professoras nas principais avenidas da cidade, são os nossos piores dias de venda, porque ninguém se arrisca a sair em um dia de greve e passeata nas ruas, isso reflete diretamente no faturamento do comércio.”
Para o representante do CDL SAVASSI, o grande desafio do setor de comércio, especialmente
da região da Savassi, é criar atrativos para captar o público de shopping fazendo com que as
pessoas retornem às ruas e se sintam confortáveis e seguras para usufruir da cidade.
“Criar na região uma cultura de shopping a céu aberto, no sentido das pessoas poderem passear num local mais agradável, seguro, limpo. A cidade é feita para o cidadão poder viver, aproveitar, fluir. Belo Horizonte ainda pouco caminha nesse sentido. E que as pessoas possam mudar um pouco de conceito, de somente ir a shopping, mas poder realmente aproveitar, reaproveitar da cidade.”
Para a representante da FECOMÉRCIO, existem muitos desafios para o setor. Resistir à
concorrência das grandes redes e do mercado virtual, aprimorar os mecanismos de gestão e se
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adaptar a um novo tipo de consumidor mais moderno, que exige outras modalidades de
comércio e atendimento são alguns deles.
“O maior desafio do comércio é crescer dentro desse conjunto de concorrência desleal, forte tributação, a necessidade de gestão eficiente, de novos processos tecnológicos, de adequação aos nossos padrões de fiscalizações do próprio governo. Trabalhar dentro de um mercado de concorrência virtual é um desafio. Pensar em como conquistar o novo consumidor, essa nova geração, o público jovem, conseguir falar com ele com rapidez também é um desafio. (...) A falta de espaço físico, o aumento do mercado imobiliário, (...) a questão ainda da violência crescente tudo isso é um desafio para o setor.”
Para o representante do CDL FLORESTA, os dois principais desafios do setor do comércio são
a carga tributária e uma legislação inflexível que inviabiliza as atividades do comerciante.
Superar a falta de mão de obra também é citado como um desafio para o setor.
“O desafio é lidar com os encargos e falta de mão de obra. Isso é o desafio de todo o comércio, porque o cliente é pingado ou não, mas ele está ai, o que trava hoje é a mão de obra e a questão da lei. Tem dia que vem mais fiscal na loja do que cliente. Você põe um banner na porta da loja chega um e te multa. O cara [fiscal] deveria me incentivar, eu vou gerar emprego e tal. Se não mudarem essas normas, essas leis, o comércio afunda. (...) A questão dos impostos, hoje gira em torno de 40 a 45% da mercadoria que eu vendo é imposto que eu pago para o Estado, fora de cogitação.”
Para o representante do CDL DUAS RODAS, o principal desafio do setor de motocicletas é
resgatar o turismo de esporte, que já foi a marca da cidade.
“O maior desafio é trazer de novo turismo de eventos de moto de BH, porque o comércio vai continuar crescendo, mas BH não tem autódromo, não realiza mais os grandes eventos de moto. Não temos mais aquele público de fora que movimentava com muita intensidade a economia do setor no aspecto turístico ligado aos eventos”
Para o representante do SICAGEN, os desafios estão relacionados, principalmente à tributação,
que considera elevada, aos juros altos praticados pelo setor bancário e as dificuldades do
tráfego de caminhões.
“Não vejo muita dificuldade. As dificuldades encontradas são as do dia-a-dia, impostos altos, juros altos, dificuldade de tráfego. Os desafios são grandes no sentido de lidar com os encargos tributários altos, as taxas de financiamento também são altas, o que dificulta o comerciante adquirir algum empréstimo para investir nos seus negócios.”
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3.1.7 Percepção sobre os três elos da cadeia produtiva em Belo Horizonte:
FORNECEDOR, PRODUTOR, CONSUMIDOR (Aspectos dificultadores e
perspectivas de solução)
Cada entrevistado possui uma visão diferenciada dos aspectos dificultadores e das respectivas
soluções. Essa diversidade de visões pode ser compreendida em função de cada um abordar a
questão sob a ótica do seu universo e do segmento que representa.
Segundo o representante do CDL HIPERCENTRO, o principal aspecto dificultador para a
cadeia produtiva como um todo está no transporte da mercadoria. Segundo o entrevistado, a
ligação entre o fornecedor e o comerciante está comprometida por estradas ruins e deficientes
sistemas de armazenamento e embalagem dos produtos, que causa muita perda e onera o preço
final das mercadorias. Outro dificultador citado pelo entrevistado é a alta rotatividade da mão
de obra que, segundo o entrevistado, é estimulada pelo seguro desemprego. As perspectivas de
solução estão, segundo ele, na introdução de novos materiais como caixas de plástico, que
protegem melhor os produtos e melhoria nas estradas. O entrevistado cita também como
aspecto dificultador a diferença tributária entre os estados, mas não apresenta perspectivas de
solução para esse aspecto.
“ A dificuldade das nossas estradas, os fretes fazem com que os preços fiquem altos com relação ao preço do produto. Os produtos chegam deteriorados porque as estradas estão ruins, têm os pedágios altíssimos, tudo faz com que o valor daquele produto chegue bem mais alto aqui, no comércio varejista".
"Tenho percebido também que as dificuldades que nós estamos falando, tem sido muito sobre a mão de obra, o trabalhador hoje tem trabalhado para receber o seguro desemprego, ele fica um tempo no emprego, sai, recebe e depois volta ao mercado de trabalho com o mesmo objetivo."
" As perspectivas de solução, uma delas é a embalagem, essa semana houve uma inauguração no CEASA, um lançamento, de acabar com as caixas de madeiras, usando caixas de plástico, além de serem mais resistentes, protege mais o produto. A produção tem que ter essa integração de logística, saber embalar, receber e repassar. Se houver essa conciliação, nós teremos requalificação e com certeza sempre pensando na ponta final, que é o menor preço para chegar ao consumidor.”
O representante do SICAGEN não percebe dificuldades na cadeia do comércio, principalmente
no que se refere ao comércio por atacado.
“Qual é a função básica do atacadista? É fazer a ligação entre a indústria e o varejo. Onde a indústria não consegue atender, o atacado vai fazer a distribuição. A força de venda do atacado é o varejo. Nessa ponte que existe entre o fabricante e o consumidor, o
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Cadeia Produtiva do Comércioatacadista faz o papel de intermediar e eu não percebo nenhuma dificuldade, nenhum aspecto difícil. Não sei pontuar nada de dificultador.”.
Para o representante do CDL SAVASSI, existem vários dificultadores, mas os principais são os
impostos elevados, que reduzem a margem de lucro dos comerciantes e as taxas cobradas pelas
operadoras de cartão de crédito. Como perspectiva de solução, o entrevistado afirma que só
com a legalização dos shoppings populares será possível solucionar a questão da concorrência
que ele considera desleal. A ampliação do teto do Simples (enquadramento tributário) também
é apontado como uma perspectiva de solução.
“Os dificultadores são os impostos e os juros. Impostos absurdos, juros absurdos. Isto facilita o comércio ou não? Claro que não. A percentagem de ganho também é diminuída, porque os impostos aumentam, e não dá para repassar tudo ao cliente. Portanto, quem fica no meio? Justamente o lojista"
"Em qualquer lugar do mundo, a taxa que o cartão de crédito cobrada é de 1% ou 2%, no máximo, sobre o valor da venda. E mais, entram na sua conta, exagerando, 48 horas depois. Aqui é 4%, 5%, e entra 30 depois".
" O Simples já foi uma vitória, já foi um avanço muito bom. A idéia é aumentar um pouco o teto do Simples, e outra coisa é regularizar todo mundo, principalmente os shoppings populares. Vamos pagar impostos todo mundo. Mas um pouco menos para sobreviver.”
Para a representante da FECOMÉRCIO, existem dificultadores em todos os elos da cadeia
produtiva. Em relação aos fornecedores, a entrevistada aponta dificuldades em fornecer
produtos com qualidade, preço, prazo. Em relação ao elo do produtor, os dificultadores citados
estão relacionados à falta de mão de obra, ao mercado com forte concorrência e a falta de união
da classe. O consumidor, por sua vez, tem uma dependência muito forte de questões que lhe
são externas, como emprego, renda, de forma que o comerciante não tem segurança nessa
capacidade de consumo. Segundo a entrevistada, as perspectivas de solução passam pelo poder
público, que tem as ferramentas para fomentar ou inibir a cadeia produtiva, seja do ponto de
vista econômico ou mesmo cultural.
“O fornecedor, eu identifico as dificuldades de qualidades dos suprimentos. E tem o preço, tem que ter um prazo bom, mas tem também os impostos".
" O produtor, que é o comerciante, esse tem dificuldades com a qualificação da mão de obra, tem a pressão da concorrência, que se ele não for profissional, não tiver gestão, ele não sobrevive. Ele precisa se fortalecer como categoria, ser mais unido."
"O consumidor muitas vezes não conhece os seus direitos, depende da renda, ele vai depender do emprego, então é uma característica do comércio. Ele precisa do consumidor, mas esse pode estar em condição de consumir ou não".
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Cadeia Produtiva do Comércio"Perspectivas de solução para esses aspectos problemáticos dependem do governo. Em todos os elos, o governo está presente, pois é ele quem cria o ambiente, para fomentar, para inibir e para manter. Ao ambiente não só econômico, mas também ambiente cultural, social, o comércio tem essa característica, ele não está restrito só ao ambiente econômico, ele depende da cultura, do social, depende das inovações locais, ele depende do desenvolvimento local.”
Para o representante do CDL FLORESTA, existe um desarranjo na estrutura da cadeia, uma
vez que está se tornando freqüente o produtor se relacionar diretamente com o consumidor.
Segundo sua opinião, a perspectiva de solução está na união dos varejistas para pressionarem
os produtores que comercializam direto com o consumidor.
“Tem uma dificuldade ai, estão saltando etapas, os três elos. Por exemplo, hoje tem fornecedor de insumo, indústria de transformação que vem direto no consumidor final. Muitas vezes ele salta o comércio varejista e vai ao consumidor. Esses três elos não têm cumprido o ciclo. Eu não sou um grande entusiasta do comércio pela internet, não. Devido à internet hoje, você chega aqui na minha loja e acha legal Maxprint, ai você entra na internet e entra no site da fábrica. Isso é um dificultador dessa cadeia. O que a indústria vende direto, ela está prejudicando os dois".
"As perspectivas de solução é organização por parte principalmente do varejista. A bomba estoura sempre pelo lado mais fraco, tudo eu acho que está na mão do varejista com o consumidor final, vou te dar um exemplo claro disso: o cara que vende para o consumidor final, a gente não compra mais dele, um boicote contra ele. Em algum momento eu soube que o vendedor de mochila vendeu 50 mochilas diretas para a escola, ai eu paro de comprar dele, ele me atravessou.”
Para o representante do CDL DUAS RODAS, o principal dificultador é a inexistência de
produtores locais de insumos, de peças e artigos de segurança para o mercado de motocicletas,
o que onera os produtos em função do frete. Outro dificultador apresentado é a alta carga
tributária que limita a capacidade de financiamento de crescimento do setor. A solução,
segundo o entrevistado, seria a criação de um centro industrial em Minas onde esses insumos
pudessem ser produzidos e fornecidos a um preço melhor.
“As dificuldades começam com os fornecedores, porque 90% desses fornecedores de insumo estão em outros estados, tudo é difícil, o frete que se paga, a entrega com agilidade, essas são as dificuldades".
"Os impostos impedem muito o nosso crescimento, você fica muito limitado a outros investimentos por conta de gastos com tributos. Eu gostaria muito de estar investindo mais no meu segmento, na formação de pilotos e que esses pilotos fossem reproduzir na formação de novos pilotos".
"Se o Estado de Minas Gerais tivesse interesse em montar um centro industrial nesse tipo de segmento, eu acho que seria o ideal. Aqui só tem fábrica de acessório e de forma muito
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Cadeia Produtiva do Comércioartesanal, nada para grande escala. Se a gente trouxer uma indústria para cá, que vai gerar emprego vai ter uma logística melhor, um produto mais barato e vou atender meu cliente com preço melhor, todo mundo vai sair ganhando.”
3.1.8 Percepção sobre os três elos da cadeia produtiva em Belo Horizonte:
FORNECEDOR, PRODUTOR, CONSUMIDOR (Potencialidades)
Para a grande maioria dos entrevistados, a cadeia produtiva do comércio tem como
característica uma integração muito grande entre seus elos, o que dificulta identificar qual tem
maior potencial, mas em algumas entrevistas o consumidor é apontado como o grande motor de
todo o setor.
Para o presidente do CDL HIPERCENTRO, a grande potencialidade da cadeia produtiva do
comércio em Belo Horizonte está relacionada à localização central de Minas Gerais e de Belo
Horizonte, fazendo da cidade um ponto obrigatório de passagem. Essa posição geográfica
alimenta seu otimismo.
“Nós estamos numa região que é central do país, com a maior malha rodoviária do país, todo mundo que vai a um lugar passa aqui. Então, o potencial é um sem limite. Apesar de termos a maior malha rodoviária, ela não tem em alguns pontos uma qualidade para fazer um transporte seguro. (...) A percepção de uma forma geral é crescer, nós temos um mercado, temos público, temos o recurso financeiro.”
Para o representante do SICAGEN, existe uma relação direta ente todos os elos, que dependem
do consumidor. Essa ponta da corrente é responsável pelo crescimento das outras duas,
inclusive do setor atacadista.
“O comércio precisa de consumo. Se tiver um varejo bom e atuante, o povo comprando, o atacadista só cresce com isso. Não vejo dificuldade. O que nós do atacado fazemos força e temos todo interesse é que o varejo da RMBH cresça para o atacado continuar forte.”
Para o representante do CDL SAVASSI, o elo que apresenta a maior potencialidade é o que se
encaixa no conceito “produtor”, o elo intermediário. Em sua opinião, o comércio varejista de
Belo Horizonte tem um papel muito importante na cidade e se apresenta com qualidade para
cumprir esse papel.
“É sabido que o comércio de BH é a parte maior dessa cadeia, em maiores detalhes eu não saberia. (...) O comércio varejista hoje em Belo Horizonte é a grande potência no cenário. Possui lojas de bom gosto com vitrines e pessoas charmosas no comércio de Beagá.”
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De acordo com a representante da FECOMÉRCIO, a potencialidade da cadeia produtiva do
comércio está ligada ao desenvolvimento da economia do Brasil e de Belo Horizonte e afirma
ainda que não seja possível avaliar separadamente os elos da cadeia em termos de
potencialidade, uma vez que são muito interligados.
“Potencialidade está ligada ao desenvolvimento da economia como um todo. Está ligada a própria atividade da economia como um todo, a própria expertise e o desejo de engajar. A economia está boa, então todos os elos se fortalecem e ganham marca de desempenho comum a todos. Não tem como destacar um elo sendo que um está interligado ao outro.”
Para o representante do CDL FLORESTA, ente os elos da cadeia produtiva do comércio, o
consumidor é o que tem maior potencialidade, uma vez que todos os demais envolvidos na
cadeia dependem desse consumo para crescer.
“Se a gente for falar de potencialidade, a maior potencia é o final, sem ele não existe os outros, ele que vai demandar. O que o fornecedor de insumo vai fazer se não tem gente pra comprar?”
3.1.9 Sugestão de Políticas Públicas para incentivar o desenvolvimento e
fortalecimento da cadeia produtiva
Para a quase totalidade dos entrevistados, as políticas públicas que precisam ser implementadas
para o desenvolvimento e fortalecimento do setor de comércio de Belo Horizonte estão
relacionadas a redução da carga tributária, seja nos impostos propriamente ditos, seja nos
encargos trabalhistas. Ações para qualificação de mão de obra, aumento de linhas de crédito,
melhoria das estradas, fortalecimento do modelo de Parcerias Público Privadas (PPP) também
foram citadas como sugestões de políticas públicas.
O representante do CDL HIPERCENTRO apresenta duas sugestões: redução da carga tributária
e revisão na legislação trabalhista. Esses dois pontos, que já haviam sido abordados
anteriormente, são aspectos que, segundo o entrevistado, mais comprometem o
desenvolvimento do setor. Ações no sentido de desonerar a cadeia produtiva são visto como
possíveis e necessários.
“As nossas leis trabalhistas são muito protecionistas, e, além disso, hoje um funcionário da gente vale dois na folha de pagamento, isso tem que ser desonerado. Outra coisa: temos que rever a nossa política tributária, tem que ser facilitada, ela é muito difícil, a pessoa para ser especialista, ela tem que dormir acordar e respirar sobre política tributaria. A quantidade de impostos, esse efeito em cascata, isso tem que ser revisto. O governo tem que se preocupar mais em reduzir os seus gastos e fazer política para que fomente a atividade comercial e a cadeia produtiva esteja fortalecida.”
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O representante do SICAGEN apresenta como sugestões a redução de impostos, o
fortalecimento de políticas públicas relacionadas ao aumento do crédito e melhoria das
estradas.
“Para você investir, você não pode ter uma carga tributaria alta. O vice presidente José Alencar falava com muita propriedade, que os nossos impostos são os impostos mais altos do mundo, o que faz ser uma luta constante. Se o poder público não puder ajudar, que não atrapalhe. Qual é a função do poder público? Facilitar linhas de credito, juros baixos, estradas. O trafego é muito importante que se pense nele, chega a época de chuva tem muito prejuízo de perda e atraso de entrega de produtos por conta às vezes da qualidade das estradas.”
O representante do CDL SAVASSI apresenta como sugestão para o desenvolvimento do setor a
ampliação do modelo das Parcerias Público Privadas, como a melhor solução para os
investimentos que são necessários. Ele cita o exemplo de sucesso da requalificação da Savassi,
que está sendo custeada pelo modelo de PPP, uma obra necessária, mas que não se justifica por
consumir os recursos da Prefeitura em uma região que já é privilegiada em relação a outros
bairro mais necessitados.
“Eu acredito muito nas PPP's. A Prefeitura nunca fez nada pela Savassi. Desta vez que fez, 80% do valor veio do Pátio Savassi. O famoso estacionamento subterrâneo que agora dizem que vai sair para a Savassi, também deveria ser uma PPP. (...) E nem seria justo investir muito numa região como a Savassi, que é uma região privilegiada. Tem que investir mais nas periferias mesmo.”
A representante da FECOMÉRCIO apresenta como sugestões de políticas públicas uma
desoneração do setor, com redução de impostos, compensação em tributos como IPTU e
iluminação pública. Em sua opinião, com políticas de estimulo à atividade econômica, o poder
público fomentará o setor e a economia como um todo.
“Primeiro é a exoneração. Há uma carga tributaria muito elevada, que acaba incidindo sobre esses investimentos. A Prefeitura deveria trabalhar numa forma de estimular atividade econômica, quanto mais desonerar seria melhor, em termos de compensação de IPTU, iluminação pública.”
O representante do CDL FLORESTA apresenta diversas sugestões de políticas públicas que
envolvem programas de qualificação profissional, inclusive incorporando nas disciplinas
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oferecidas no ensino básico matérias ligadas ao empreendedorismo, desoneração dos encargos
trabalhistas e revisão na legislação que regula a publicidade do setor.
“Programa ou incentivo da qualificação profissional, cursos, palestras motivacionais, trocas de experiências, trazer uma parte da população da escola pública para conhecer outra realidade, igual nós temos lá no CDL a Fundação CDL Pró-criança, pra ele entender, no início da escolha de uma profissão, o que é ser um lojista, o que é ser um vendedor, isso com o apoio do governo, ficaria bem mais fácil. Implantar na grade curricular uma matéria de empreendedorismo seria um incentivo à qualificação profissional"
"A outra questão é a legislação trabalhista, todos, sem exceção, todos que eu conheço do varejo tem necessidade de mão de obra e não contratam porque é muito oneroso. Tem que ser a redução dos encargos trabalhistas de uma forma benéfica para as parte. Sou totalmente a favor da organização, não pode virar bagunça, tem que ter lei e lei tem que se cumprida. (...) Agora, o fiscal me multa porque eu estou com plotter na minha vitrine a menos de 50 centímetros do limite de altura da porta!“
Para o representante do CDL DUAS RODAS, a sugestão de políticas públicas necessária é a
redução da carga tributária.
“Se tivesse uma carga tributaria menor, com certeza isso já seria um grande avanço. É um passo, mas o governo não está disposto a negociar’
3.1.10 Avaliação da atuação da Prefeitura de Belo Horizonte no setor do comércio
Para a grande maioria dos entrevistados, a avaliação da atuação da Prefeitura ainda deixa a
desejar, e entre os vários problemas citados, a rigidez do Código de Posturas, que limita as
ações dos lojistas, seja na utilização das calçadas, seja em ações de marketing, é o mais citado.
Outro problema citado por mais de um entrevistado foi a deficiência no estabelecimento de um
diálogo efetivo com as entidades de classe. Positivamente, foram mencionadas as obras de
revitalização do Centro e as novas obras de requalificação da Savassi, ainda que essa última
com ponderações.
Para o representante do CDL HIPERCENTRO, a avaliação da atuação da Prefeitura de Belo
Horizonte em relação ao setor de comércio é muito positiva, e identifica mudanças nas duas
últimas gestões, como a revitalização do Centro da capital como um bom exemplo das ações
que merecem reconhecimento.
“Eu tenho tido uma perspectiva muito feliz com a Prefeitura nos últimos anos, ela tem feito muito boas ações, tem requalificado o Centro, tem feito uma cidade mais viva e mais ativa. Belo horizonte ficou largada muitos anos. Nós não temos avenidas largas, nós não
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Cadeia Produtiva do Comérciotemos um cronometro de semáforos, por quê? A cidade ficou muito largada e nessas duas últimas gestões ela deu uma alavancada muito significante.”
O representante do SINCAGEN afirma que, como o segmento do atacado está concentrado em
Contagem, ele não tem como avaliar a atuação da Prefeitura de Belo Horizonte.
“Não tem uma participação, eu diria que é inócua. Inócua no sentido de dispersão. No atacado não tem a participação direta, no varejo tem, mas no atacado não tem.”
O representante do CDL SAVASSI concentra sua avaliação da atuação da Prefeitura de Belo
Horizonte nas obras que estão sendo realizadas atualmente na Savassi. Segundo o entrevistado,
as obras sempre causam transtornos e mesmo assim eram uma demanda dos lojistas da região.
No entanto, alguns procedimentos precisam ser revistos ou evitados para não aumentar ainda
mais os transtornos típicos de obras de requalificação. Resguardar melhor a segurança dos
pedestres, planejar melhor a obra para não isolar totalmente uma parte da região são algumas
sugestões.
“A CDL Savassi tem que levantar pontualmente os problemas e dar soluções. (...) O que nós sempre exigimos e levamos perante a Prefeitura é tentar minimizar o transtorno e amenizar a situação. Portanto, houve queda de vendas? Houve, com certeza. Provavelmente mais do que se esperava, porque a Prefeitura para tentar dar mais rapidez à obra, quebrou os quatro lados de uma vez. Agora, um paradoxo, a obra foi toda feita justamente em função para o pedestre. Mas durante a obra quem está mais prejudicado com toda a obra é o pedestre. Tanto é que foram atropeladas, recentemente, duas pessoas, porque não sabem nem aonde ir. Os semáforos são deficientes, ou são muito rápidos, ou não estão onde deveriam estar para o pedestre. Estão em função de carro, e às vezes nem isso.”
A representante da FECOMÉRCIO apresenta algumas críticas à atuação da Prefeitura de Belo
Horizonte, transcritas a seguir, que indicam dificuldades na comunicação entre as entidades de
classe do setor comercial, refletindo uma cultura de oposição entre o poder público municipal e
os empresários. Ainda segundo a entrevistada, o ritmo da Prefeitura na adoção de medidas, na
busca de soluções para os problemas é muito lento, em descompasso com a necessidade do
setor.
“O que eu sei é pela boca dos empresários, que o descontentamento é sempre geral. A questão do IPTU ainda é muito forte, a fiscalização de placas, calçadas, a questão da Prefeitura com relação à segurança, estacionamento. Existe uma cultura muito grande de valorização do segmento de engenharia. Todos são importantes, todos formam um conjunto de habilidade econômica fundamental para dar vida ao município. Um dos
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Cadeia Produtiva do Comérciosegmentos que mais gera oportunidade de trabalho é o comércio, então falta um pouco essa proximidade. Eu acredito que a Prefeitura deveria trabalhar mais junto às entidades de classes representativas tentando fomentar o próprio crescimento da cidade".
"Um dos grandes problemas é não ter estacionamento, a questão de carga e descarga também, isso faz parte da rotina do comércio. Ninguém quer benevolência. A gente sempre trabalha com possibilidades de solução. Entretanto, há um questionamento que isso é feito de mão única, então, por exemplo, o IPTU abusivo, a lei do inquilinato, são alguns aspectos que acabam, de certa forma, agindo como se o empresário não fosse um grande parceiro da Prefeitura. Eu acho que o grande mau, há certo preconceito por parte da Prefeitura em relação ao empresário. Ele está sempre querendo tirar algum proveito de algum beneficio coletivo ou privado, e na verdade eu acho que deveria pensar criar, outro tipo de conceito".
"Os empresários reclamam, a Prefeitura está fazendo a revitalização da Savassi e as pessoas acham que está muito lento, que está prejudicando e está sim. Porque quando você está mexendo com investimento, você tem que trabalhar dentro de uma realidade mais rápida, porque o comércio é rápido, os negócios são rápidos. Então é preciso ter outra leitura, ninguém reclama pelo investimento em si, mas pela lentidão da execução. O setor privado é mais rápido, ele exige respostas mais rápidas, ele trabalha com margem estreita porque o mercado é muito competitivo. (...) ter a segurança, isso é o papel do governo, ele que tem que dar o ambiente fora da loja, isso é muito importante.”
Para o representante do CDL FLORESTA, a avaliação da Prefeitura é bastante negativa,
principalmente em relação ao Código de Posturas e à fiscalização. Embora elogie alguns
gestores municipais que demonstram sensibilidade e abertura para o diálogo com os
empresários, o entrevistado afirma que a legislação é muito rígida, favorecendo a “indústria de
multas”. Segundo o entrevistado, situações como a presença diária de fiscais nos
estabelecimentos, exigências de aprovação de projeto de engenharia para fixação de placas
publicitárias, entre outras, que impedem o comerciante de desenvolver ações de gestão de
negócios, ocupando todo o tempo na resolução de conflitos com a legislação.
“A Prefeitura se mostra interessada. Acontecem fatos interessantes, a própria secretária da Regional ligar para gente discutir melhorias, mas infelizmente ela não tem poder de decisão porque tem a lei".
" Eu gastei quase 8 mil Reais por causa da lei da placa, ai eu fui e arranquei a placa, adoro andar na lei, o histórico da minha empresa mostra isso, arranquei a placa e coloquei uma pequena e vieram me notificando que a nova não estava se enquadrando dentro de não sei o quê e tal, arranquei de novo. Fiquei 4 meses sem placa, como um comércio com 17 anos de vida num lugar igual a esse aqui pode não ter placa? Veja a minha situação, eu corro atrás, eu vou à Prefeitura e fala que isso pode e amanha não pode. Um vizinho aqui, abre a loja, vende o carro pra montar a loja, faz um banner: 'venha conhecer a minha loja', ai vem a Prefeitura e multa o cara. Que tipo de incentivo a Prefeitura está dando para fomentar o comércio? Tá vindo Copa do Mundo, enquanto tá todo mundo fazendo e acontecendo pra se envolver em tudo, a Prefeitura fazendo isso ninguém vai ganhar nada. Para eu colocar uma publicidade na porta da minha loja, eu tenho que contratar um engenheiro para assinar um projeto. Como é que você trabalha?
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Cadeia Produtiva do ComércioCusta a vir cliente, em uma manhã vem o fiscal da Prefeitura, do Trabalho, do IBAMA, da Policia Florestal, vem todo mundo, e como é que incentiva a gente a trabalhar? Eu tiro nota fiscal de tudo, eu ando 100% dentro da lei, o fiscal aparece toda hora. A revolta que a gente tem é essa!”
Para o representante do CDL DUAS RODAS, a avaliação da atuação da Prefeitura é bastante
negativa, e o entrevistado justifica sua avaliação a partir da falta de manutenção nas estruturas
viárias da capital. Ainda segundo o entrevistado, falta uma atuação mais eficaz para melhorar o
transporte público. Positivamente, o entrevistado aponta a nova campanha da BHTRANS que,
diferente das campanhas anteriores que tentava intimidar os motociclistas, busca a
conscientização dos usuários de moto, valorizando as medidas de segurança.
“A Prefeitura é decepcionante, veja o caso das tampas de bueiros, umas ficam abaixo outras acima do nível da rua, cada recapagem que fazem é sempre isso. A Prefeitura precisa fazer a conta do que gasta com acidentes, e ver que se melhorassem as condições de trânsito, das vias e principalmente o transporte público, sai mais barato, é mais inteligente".
" Essa campanha nova da BHTRANS, junto com a ONU, que escolheu 5 capitais do Brasil pra fazer a campanha mundial de acidentes e, ao contrário do que acontecia antes em BH, que tinha propagandas em ônibus com imagens feias de acidentados. Hoje a Prefeitura de BH junto com a BHTRANS mudou esse discurso, porque não adianta tentar tirar o condutor de cima da motocicleta, ou o estado proporciona um transporte digno ou o cenário de acidentes permanece o mesmo.”
3.1.11 Síntese da pesquisa qualitativa
O setor do comércio de Belo Horizonte atual, segundo os entrevistados, é marcado pela
diversidade de produtos, descentralização geográfica e uma forte tendência de concorrência
com grandes redes varejistas nacionais que se estabelecem na capital mineira, exigindo
processos de fusão de empresas menores. As questões relacionadas à mobilidade urbana, alta
carga tributária e uma legislação municipal muito rígida e punitiva (especialmente com o novo
Código de Posturas) são apontadas como os principais aspectos que limitam o crescimento do
comércio de Belo Horizonte.
Cabe ao poder público, inclusive municipal, ainda segundo os entrevistados, buscar solução
para os problemas do transporte público, dar continuidade aos processos de revitalização
urbana, como o em execução na Savassi e o já finalizado no Hipercentro e promover
mecanismos de incentivos fiscais para ampliar a capacidade de crescimento e competitividade
das empresas locais que atuam no comércio.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cadeia produtiva do comércio de Belo Horizonte é bastante diversificada, tem se
desenvolvido em consonância com as tendências brasileiras e mundiais, e cumpre a função de
atender a um público bastante heterogêneo e exigente.
No elo “fornecedores” o estudo revelou que, em Belo Horizonte e sua Região Metropolitana,
coexistem as três formas de intermediação entre produtores e consumidores (produtor-
atacadista-varejista-consumidor, produtor-varejista-consumidor e produtor-consumidor), as
quais variam de acordo com as classes do comércio em que atuam e com o porte dos
estabelecimentos.
As grandes redes de super e hipermercados e as lojas de departamento vêm apresentando, por
exemplo, tendência crescente de comercialização de marcas próprias (relação produtor-
varejista-consumidor). Por sua vez, os pequenos mercados de bairro são bastante dependentes
da intermediação dos atacadistas.
A pesquisa qualitativa mostrou que, na percepção dos entrevistados, a relação direta entre
produtores e consumidores não é bem vista pelos empresários do setor. Entretanto, esta forma
de intermediação é ainda recente e pouco significativa no mercado da capital.
De acordo com os entrevistados, existe uma forte presença da intermediação dos atacadistas,
visto que o comerciante não tem acesso direto à indústria ou ao produtor, que, por sua vez, não
conta com logística de distribuição para atender à imensa capilaridade do comércio local.
Contudo, os entrevistados mostram-se preocupados em relação às condições da infraestrutura
de transporte e armazenamento das mercadorias. As estradas ruins, as deficiências no
armazenamento e embalagens dos produtos foram citados como aspectos que oneram o setor
impactando negativamente a qualidade, o preço e o prazo de entrega dos produtos.
No elo “produtores”, composto por representantes do comércio atacadista, do comércio
varejista e do comércio de veículos automotores, peças e motocicletas, o município apresenta
grande diversidade de classes e de formas de organização.
No comércio atacadista, Belo Horizonte e sua Região Metropolitana abrigam estabelecimentos
de grande destaque no cenário nacional, especialmente nas categorias “atacado-distribuidor” e
“autosserviço”. Os dados da RAIS mostraram que predomina o comércio atacadista de
produtos de consumo não alimentar, o qual respondeu por 34,3% dos estabelecimentos e 29,4% www.ipead.face.ufmg.br • [email protected]. Presidente Antônio Carlos, 6.627 • PampulhaFACE/UFMG • Bloco Administrativo • 2° andarSala 2.011 • CEP: 31270 901 • Belo Horizonte/MGTel: (31) 3409 7110 • Fax: (31) 3409 7140
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dos empregos do segmento em 2010. Na percepção dos entrevistados, existe uma tendência de
fortalecimento da estrutura das redes atacadistas na capital.
No comércio de veículos, peças e motocicletas tem ocorrido uma disseminação das
concessionárias e lojas de revenda de carros pelo município, que se caracteriza pela
concentração de tais atividades em determinadas regiões da cidade. Destacam-se o comércio de
veículos novos e usados nas Avenidas Cristiano Machado, Carlos Luz e Pedro II, o comércio
de veículos importados na Avenida Raja Gabaglia e o comércio de peças e motocicletas na
Avenida Pedro II.
No comércio varejista, verificou-se uma grande diversidade e uma distribuição relativamente
equilibrada do número de estabelecimentos e do emprego entre as classes. Os dados
secundários e a pesquisa qualitativa mostraram que este é o principal segmento do comércio em
Belo Horizonte.
Na percepção dos entrevistados, o comércio varejista de Belo Horizonte é caracterizado pelo
predomínio dos pequenos estabelecimentos, pela diversidade de áreas de atuação, pela
descentralização que promoveu o crescimento do comércio em bairros menos tradicionais, pelo
atendimento diferenciado e cortês e por uma classe empresarial que participa ativamente das
entidades de classe.
O consumidor, elo final da cadeia produtiva do comércio, é caracterizado, na percepção dos
entrevistados, como “muito exigente” e “conservador”, mas ao mesmo tempo “moderno”.
Tais características se alinham a um mercado que, ao mesmo tempo em que preza a
manutenção da tradição mineira, se ajusta às atuais tendências e padrões mundiais.
Destacam-se como tendências mundiais da cadeia produtiva do comércio: a expansão do
sistema de compras online; a incorporação de ferramentas de tecnologia da informação e
comunicação em toda a cadeia produtiva; a gestão de multicanais de venda; o fortalecimento
das grandes redes de comércio; a expansão das lojas “monomarcas” e “outlets”; a expansão dos
estabelecimentos de grande porte que comercializam maior variedade de itens; o crescimento
dos processos de fusão e aquisição; o fortalecimento do sistema de franquias; a
internacionalização, consolidação e sofisticação dos diversos segmentos; e a crescente
profissionalização da gestão dos negócios.
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Neste sentido, a expansão do número de shopping centers, das franquias, a abertura das lojas
exclusivas de marcas importantes no mercado, a expansão das grandes redes e das lojas de
departamento, o crescimento da utilização das redes sociais e dos canais de compra pela
internet, são algumas tendências da cadeia produtiva do comércio observadas na capital.
Por outro lado, os entrevistados apontam como pontos negativos, ou empecilhos ao
desenvolvimento da cadeia em Belo Horizonte, os problemas de mobilidade urbana
relacionados ao deslocamento e conforto dos consumidores e abastecimento das lojas (como
trânsito congestionado e falta de estacionamento), a resistência à inovação por parte dos
consumidores e empresários, e a existência de legislação muito severa.
Diante deste cenário, os principais desafios da cadeia, na percepção dos entrevistados,
consistem em resistir à concorrência das grandes redes e do mercado virtual; aprimorar os
mecanismos de gestão; adaptar a um novo tipo de consumidor, mais moderno, que exige outras
modalidades do comércio e atendimento; e superar a falta e a alta rotatividade da mão de obra.
Adicionalmente, somam-se outros problemas de base estrutural que permeiam o cotidiano das
empresas. As dificuldades tributárias e de acesso a financiamentos (principalmente as micro e
pequenas empresas), as altas taxas de juros cobradas pelos bancos e pelos cartões de crédito, as
questões de ordem trabalhista e a necessidade de redução da informalidade, e os problemas
logísticos e de infraestrutura, são alguns deles.
Recentemente, o governo federal lançou o Plano Brasil Maior, que constitui a política
industrial, tecnológica, de serviços e de comércio exterior para o período 2011 a 2014. O Plano
tem como objetivo o estímulo à inovação e produção nacional.
As principais políticas do Plano Brasil Maior estão relacionadas ao fortalecimento das cadeias
produtivas, à proteção nacional contra práticas comerciais ilícitas, ao investimento em
formação e qualificação de mão de obra e à desoneração (folha de pagamentos, dos
investimentos e das exportações). Soma-se a esta política o Programa de Aceleração do
Crescimento – PAC, também do governo federal, que tem direcionado recursos para o
desenvolvimento da infraestrutura do país.
Diante desta breve descrição, são sugeridas a seguir, algumas possíveis estratégias de ação em
prol do desenvolvimento da cadeia produtiva do comércio em Belo Horizonte e sua Região
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Metropolitana, de maneira complementar às políticas existentes e em consonância com os
diversos estudos consultados.
(1) Constituição de um arranjo institucional, no qual participem a administração pública
(federal, estadual e municipal), as empresas, universidades e centros de pesquisa,
articulados com o sistema educacional e de financiamento. Um arranjo dessa natureza
permitiria tanto um aumento da competitividade da cadeia produtiva do comércio em
Belo Horizonte como sua inserção sustentável no mercado nacional e internacional.
(2) Elaboração e manutenção de um sistema de indicadores que permita o
acompanhamento do desempenho dos diversos segmentos da cadeia. Este é um
instrumento essencial para os processos de elaboração, de implantação, de
acompanhamento, de gestão e planejamento de políticas em prol do desenvolvimento da
cadeia;
(3) Fortalecimento do modelo de parcerias publico privadas para realização de obras de
melhoria e revitalização urbanas.
(4) Investimento em formação de mão de obra qualificada para atender a demanda do
setor.
(5) Criação de linhas de crédito específicas para micro, pequenas e médias empresas.
(6) Capacitação dos gestores: Promoção de cursos de gerenciamento por meio de
instituições de suporte às empresas. A adoção de práticas e de “organização da
produção” mais modernas visa garantir espaço em um novo cenário em que a
concorrência enfatiza a importância da gestão das empresas e sua capacidade em traçar
estratégias, assim como a busca de eficiência da cadeia varejo-fornecedor.
(7) Incentivo à constituição de consórcios e parcerias entre as micro e pequenas
empresas, para que estas se fortaleçam e se tornem mais competitivas, por meio da
união de esforços nas compras, vendas e promoção (marketing). Parcerias constituem
uma estratégia eficiente de inovar, abrir espaços e defender mercados.
(8) Incentivo à incorporação de ferramentas de tecnologia da informação e
comunicação pelos empresários. Tais tecnologias permitem uma melhor gestão das
informações dos clientes; inovação de formatos de autoatendimento; redução de custos;
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ampliação do acesso a informações sobre os produtos; melhoramento da gestão da
cadeia de suprimentos – as relações com fornecedores, a gestão de estoques, dos centros
de distribuição e as operações logísticas.
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E-BIT. WebShoppers: 24ª Edição. Disponível em < http://www.ebitempresa.com.br/>. Acesso em 23/09/2011
FEDERAÇÃO DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO DO ESTADO DE MINAS GERAIS – FECOMÉRCIO/MG. Comércio em números. Belo Horizonte, outubro de 2011. Disponível em < http://www.fecomerciomg.org.br/pdfs/economia_numeros_11_10.pdf>. Acesso em 01/12/2011.
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__________. PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2006
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KOTLER, P.; KELLER, K. Administração de Marketing. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2006. apud GUIDOLIN, S.M. et.al., op. cit., (2009)
LAFIS. Comércio Varejista – Geral. Relatório Setorial, 12 de julho de 2005. apud GUIDOLIN, S.M. et.al., op. cit., (2009)
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PESQUISA internacional Retail Trend 2012 revela o surgimento de uma nova geração de consumidores. Printec Comunicação, 30/11/2011. Disponível em http://portal.secrel.com.br/news.ver.php?id=683606. Acesso em 07/12/2011
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Sites consultados:- Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito – ABECS: <http://www.abecs.org.br/site/>
- Associação Brasileira de Franchising – ABF: <http://www.portaldofranchising.com.br/site/content/home/index.asp?LarguraTela=1276&>
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APÊNDICE 1 - QUESTIONÁRIO PESQUISA QUALITATIVA
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