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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PROEE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA - CCET DIAGNÓSTICO DE FALHAS EM TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA UTILIZANDO SENSORES DE GAS SEMICONDUTORES LUCAS TENÓRIO DE SOUZA SILVA São Cristovão 2012

DIAGNÓSTICO DE FALHAS EM TRANSFORMADORES DE … · circuito de energização utilizado para criar as falhas. Sou grato também ao apoio dos técnicos do departamento e estudantes

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PROEE – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ENGENHARIA ELÉTRICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA - CCET

DIAGNÓSTICO DE FALHAS EM TRANSFORMADORES DE

POTÊNCIA UTILIZANDO SENSORES DE GAS

SEMICONDUTORES

LUCAS TENÓRIO DE SOUZA SILVA

São Cristovão

2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PROEE – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA

ELÉTRICA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA - CCET

DIAGNÓSTICO DE FALHAS EM TRANSFORMADORES DE

POTÊNCIA UTILIZANDO SENSORES DE GAS

SEMICONDUTORES

LUCAS TENÓRIO DE SOUZA SILVA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade

Federal de Sergipe como requisito para a obtenção

do grau de Mestre em Engenharia Elétrica

Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Villacorta Cardoso

São Cristovão

2012

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LUCAS TENÓRIO DE SOUZA SILVA

DIAGNÓSTICO DE FALHAS EM TRANSFORMADORES DE

POTÊNCIA UTILIZANDO SENSORES DE GAS

SEMICONDUTORES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade

Federal de Sergipe como requisito para a obtenção

do grau de Mestre em Engenharia Elétrica

Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Villacorta Cardoso

Aprovado em: _____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________

Prof. Dr. Carlos Alberto Villacorta Cardoso - UFS

(Orientador)

__________________________________________

Prof. Dr. Fernando Augusto Moreira - UFBA

___________________________________________

Prof. Dr. Jugurta Rosa Montalvão Filho- UFS

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, a minha família e aos meus amigos por terem me ajudado a

ultrapassar por mais um obstáculo em minha formação intelectual e por terem compreendido

minha dedicação aos estudos no presente momento.

Agradeço à CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior)

pelo auxílio financeiro, à Energisa pela realização da análise cromatográfica e à Analítica

Ltda pela conversão dos dados da cromatografia, ajudando assim a validar as amostras criadas

em laboratório.

Agradeço ao Professor Dr. Farshad Yazdani por despertar algumas idéias para fazer o

circuito de energização utilizado para criar as falhas. Sou grato também ao apoio dos técnicos

do departamento e estudantes de graduação de Engenharia Elétrica, por me ajudar nos

momentos em que solicitei.

Agradeço de forma especial ao meu orientador, Professor Dr. Carlos Alberto

Villacorta, por ter me proposto o presente tema, por ter me ajudado de diversas maneiras para

o desenvolvimento e entendimento desta pesquisa, e, principalmente, por me motivar nos

momentos em que tive dúvidas relacionadas à pesquisa.

Agradeço, principalmente, a Rosimere Gomes de Sá, minha namorada, por tudo que

passamos juntos durante o mestrado. Nos momentos mais difíceis, de desânimo, desistência e

angustia, ela sempre esteve ao meu lado, me motivando e levantando minha cabeça e meu

espírito. Por estes e vários outros motivos, que dedico esta pesquisa a esta mulher, como

forma de profunda gratidão e reconhecimento dos seus atos.

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RESUMO

Esta dissertação introduz o estudo do uso de uma matriz de sensores de gases de dióxido de

estanho na detecção de falhas em transformadores de potência, através dos gases dissolvidos

no óleo. O objetivo desta pesquisa é analisar os dados obtidos pelos sensores de gás,

utilizando algumas técnicas de reconhecimento de padrão, e desta forma, verificar se o uso da

matriz de sensores possibilita a identificação das falhas. Com o intuito de facilitar o

entendimento da pesquisa, o presente documento foi organizado abordando os seguintes

tópicos: transformadores de potência; óleo mineral isolante; análise e interpretação dos gases

dissolvidos em óleo; sensores de dióxido de estanho e instrumento de aquisição de dados;

técnicas de reconhecimento de padrões; e metodologia de geração de falhas. Ao final desta

dissertação, os dados da matriz de sensores são analisados, a fim de atingir o objetivo de

verificar sua aplicação na identificação das falhas.

Palavras-chaves: Transformador de Potência; Óleo Mineral Isolante; Análise de Gases

Dissolvidos; Sensores de Gás; Extração de Características.

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ABSTRACT

This dissertation introduces the study of the use of tin dioxide gas sensor array applied to fault

detection in power transformers, through dissolved gas-in-oil. The aim of this research is to

analyze the data obtained from gas sensors array, using pattern recognition techniques, and

thus to determine if the use of gas sensor array allows the identification of faults. In order to

facilitate the understanding of this research, the document was organized covering the

following topics: power transformers, mineral insulating oil, analysis and interpretation of

dissolved gás-in-oil, tin dioxide sensors and data acquisition instrument, techniques of pattern

recognition and methodology for generating faults. In the end of this dissertation, the data

from the sensor array are analyzed, in order to achieve the objective of verifying its

application in the identification of faults.

Key words: Power Transformer; Mineral Insulating Oil; Dissolved Gas Analysis; Gas

Sensors; Feature Extraction.

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SUMÁRIO

1 Introdução .............................................................................................................. 1

1.1 Objetivo ....................................................................................................................... 2

1.2 Organização ................................................................................................................. 3

2 Transformador de Potência .................................................................................. 5

2.1 Importância da Manutenção em Transformadores ...................................................... 8

3 Óleo Mineral Isolante ............................................................................................ 9

4 Análise de Gases Dissolvidos no Óleo Isolante .................................................. 11

4.1 Etapas físicas da Analise dos Gases Dissolvidos ....................................................... 11

4.2 Interpretação dos Dados Cromatográficos ................................................................. 13

4.3 Interpretação da Norma IEEE .................................................................................... 13

4.3.1 Método do Gás Chave ........................................................................................ 15

4.3.2 Método das Razões ............................................................................................. 16

4.4 Método da NBR7274 ................................................................................................. 18

4.5 Novas Tecnologias para auxiliar a análise AGD ....................................................... 20

5 Sensores de Dióxido de Estanho (SnO2) ............................................................ 22

5.1 Sistema de aquisição e Coleta dos dados ................................................................... 25

6 Processamento dos Dados ................................................................................... 27

6.1 Reconhecimento de Padrões ...................................................................................... 28

6.1.1 Análise das Componentes Principais .................................................................. 29

6.1.2 Regra do Vizinho Mais Próximo utilizando a métrica de Mahalanobis ............. 30

6.1.3 Redes Neurais Tipo Perceptron Multi-Camadas ................................................ 31

7 Metodologia de Criação das Falhas ................................................................... 35

7.1 Descargas parciais ...................................................................................................... 35

7.2 Arco Elétrico .............................................................................................................. 37

7.3 Celulose Superaquecida ............................................................................................. 37

7.4 Óleo Superaquecido ................................................................................................... 38

7.5 Procedimentos para Geração das Falhas .................................................................... 39

7.5.1 Procedimentos de Descargas Parciais................................................................. 40

7.5.2 Procedimentos de Arco Elétrico ......................................................................... 40

7.5.3 Procedimentos de Sobreaquecimento da Celulose ............................................. 41

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7.5.4 Procedimentos de Sobreaquecimento do Óleo ................................................... 41

8 Resultado e Discussão .......................................................................................... 42

8.1 Interpretação dos Dados Cromatográficos ................................................................. 42

8.1.1 Conclusão sobre a Cromatografia e os Métodos de Interpretação ..................... 43

8.2 Análise dos Dados Coletados pela Matriz de Sensores ............................................. 44

8.2.1 Exploração dos Dados (PCA) e Modelos de Extração da Característica ........... 46

8.2.2 Análise por Regra do Vizinho Mais Próximo (1-NN) ........................................ 49

8.2.3 Análise Utilizando Redes Neurais (MLP) .......................................................... 52

9 Conclusão ............................................................................................................. 58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 61

APÊNDICES ................................................................................................................. 65

APÊNDICE A- Diagrama de Bloco da Análise Cromatográfica utilizada pela norma IEEE

(2008) ................................................................................................................................... 65

APÊNDICE B- Procedimento de coleta de dados ................................................................ 66

APÊNDICE C- Configurações e parâmetros das redes neurais MLP .................................. 68

APÊNDICE D- Análise Cromatográfica .............................................................................. 69

APÊNDICE E- Respostas da Matriz de Sensores ................................................................ 76

APÊNDICE F - Materiais utilizados para gerar amostras .................................................... 83

APÊNDICE G – Ilustrações dos Procedimentos Experimentais .......................................... 84

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Transformadores (4x100MVA; 69KV) da Subestação Jardim – Sergipe. ................. 5

Figura 2 - Rede de Operação Sistêmica do Estado de Sergipe. .................................................. 5

Figura 3 - Esquema básico do sistema elétrico........................................................................... 6

Figura 4 - Características construtivas de um transformador de potência: 1-Núcleo; 2-

Enrolamentos; 3-Tanque principal; 4-Tanque de expansão; 5-Buchas; 6-Comutador sob

Carga; 7-Acionamento do Comutador; 8-Radiadores; 9-Painel de Controle; 10-Secador de ar;

11-Termômetros ......................................................................................................................... 7

Figura 5 - Medição de gás dissolvido em óleo - Método Convencional .................................. 11

Figura 6 - Sistema de extração de gases ................................................................................... 12

Figura 7 - Componentes básicos de um cromatógrafo ............................................................. 12

Figura 8- Concentração típica dos gases resultantes de falhas de Sobreaquecimento do óleo

isolante ...................................................................................................................................... 16

Figura 9 - Concentração típica dos gases resultantes de falha de Sobreaquecimento da celulose

.................................................................................................................................................. 16

Figura 10 - Concentração típica dos gases resultantes de descargas parciais. ......................... 16

Figura 11 - Concentração típica dos gases resultantes de arco elétrico.................................... 16

Figura 12 - Sistema de medição, on-line, da concentração de gás dissolvido em óleo. ........... 21

Figura 13 - Sistema Hydran 201R composto pelo transmissor inteligente e o controlador de

comunicação ............................................................................................................................. 21

Figura 14 - Vista interna do transmissor inteligente................................................................. 21

Figura 15 - Circuito de polarização elétrica dos sensores TGS 26xx ..................................... 25

Figura 16 - Circuito de polarização elétrica do sensor TGS 813.............................................. 25

Figura 17 - Interferência misturador magnético na resposta dos sensores (amostras x sinal

normalizado) ............................................................................................................................. 27

Figura 18 - Modelo do neurônio artificial ................................................................................ 33

Figura 19 – Exemplo de arquitetura da rede neural utilizada nas Análises 1 e 2. .................... 33

Figura 20 - Representação de átomo neutro (à esqueda) e quando este é submentido a um

campo (à direita) ....................................................................................................................... 35

Figura 21 - Processo de surgimento de uma avalanche de elétrons. ........................................ 36

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Figura 22 - Decomposição Térmica da Celulose ..................................................................... 37

Figura 23 – Decomposição Térmica da Celulose ..................................................................... 38

Figura 24 - a) Desenhos técnicos dos recipientes e suas tampas, respectivamente:

aquecimento, arco, padrão.; b) Foto dos recipientes utilizados para aquecer óleo, celulose,

descargas parciais, arco e amostra padrão. ............................................................................... 39

Figura 25 – Monitoramento da tensão entre os eletrodos durante o procedimento de criação da

falha de descargas parciais. ...................................................................................................... 40

Figura 26 - Recipientes utilizados para superaquecimento do óleo e da celulose (a direita).

Monitoração da temperatura do óleo superaquecido (a esquerda). .......................................... 41

Figura 27 - Modelo VD com Vista XY .................................................................................... 46

Figura 28 - Modelo VD com Vista Especial ............................................................................ 46

Figura 29 - Modelo VLog com Vista XY ................................................................................ 47

Figura 30 - Modelo VLog com Vista Especial ......................................................................... 47

Figura 31 - Modelo VDF com Vista XY .................................................................................. 47

Figura 32 - Modelo VDF com Vista Especial .......................................................................... 47

Figura 33 - Modelo VR com Vista XY .................................................................................... 47

Figura 34 - Modelo VR com Vista Especial ............................................................................ 47

Figura 35 – Progressão das amostragens 44, 51, 61 e 71 com o modelo VD (Vista XY)........ 48

Figura 36 - Progressão das amostragens 44, 51, 61 e 71 com o modelo VD (Vista Especial) 48

Figura 37 - Diagrama de Bloco da Análise Cromatográfica utilizada pela norma IEEE

C57.104 .................................................................................................................................... 65

Figura 38 - Diagrama de Blocos do Procedimento de Coleta .................................................. 67

Figura 39 - Recipiente de Descargas Parciais .......................................................................... 84

Figura 40 - Recipiente de Arco Elétrico ................................................................................... 84

Figura 41 - Recipiente de Sobreaquecimento de Celulose ....................................................... 84

Figura 42 - Recipiente de Sobreaquecimento de Óleo ............................................................. 84

Figura 43 - Sistema de Geração de Descargas Parciais e Arco Elétrico. ................................. 84

Figura 44 - Seringas para extração do óleo .............................................................................. 85

Figura 45 - Amostras extraídas dos recipientes de falha .......................................................... 85

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Figura 46 - Sistema de extração de gases ................................................................................. 85

Figura 47 - Retirada da amostra dos gases ............................................................................... 85

Figura 48 - Injeção da mistura de Gases Combustíveis no Cromatógrafo ............................... 85

Figura 49 - Instrumento de aquisição de dados ........................................................................ 86

Figura 50 - Matriz de sensores do Instrumento ........................................................................ 86

Figura 51 - Sistema de aquisição de dados ............................................................................... 86

Figura 52 - Câmara adaptada para as análises .......................................................................... 86

Figura 53 - Sistema de aquisição de dados preparado para iniciar a amostragem ................... 86

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AE Arco Elétrico

AGD Análise dos Gases Dissolvidos

AI Amostra Inicial

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

AP Amostra Padrão

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CIGRÉ Conseil International des Grands Réseaux Électriques

CTeste Conjunto de teste

CTreino Conjunto de Treinamento

DGA Dissolver Gases Analysis

DP Descargas Parciais

GCDT Gases Combustíveis Dissolvidos Totais

IEC International Electrotechnical Commission

IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers

L1 Limite de Doernenburg

LLxx <LL> indica o tipo da amostra criada de óleo; <xx> números indicando

respectivamente a etapa e a coleta das amostragens.

MatLab Matrix Laboratory: software utilizado nas análises

MC Matriz Característica

MLDA Análise de Discriminante Linear de Mahalanobis

MLP Perceptron Multi-Camadas

NBR Norma Brasileira aprovada pela ABNT

NCO Número de Neurônios na Camada Oculta.

OD Circulação Dirigida do Óleo

OF Circulação Forçada do Óleo

ON Circulação Natural do Óleo

PCA Análise das Componentes Principais

PCA-3D Redução para três dimensões aplicando a PCA

PM Matriz dos Pontos Médios

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ppm Parte por milhão

RH Resistência de aquecimento

RL Resistência de Carga

RNA Rede Neural Artificial

RS Resistência do Sensor

Rx Razão (1,2,3,4,5)

SC Sobreaquecimento da Celulose

SnO2 Dióxido de Estanho

SO Sobreaquecimento do Óleo

TA Total de acertos percentuais para cada análise 1 e 2.

TA3 Total de acertos percentuais para a análise 3

TA4 Total de acertos percentuais para a análise considerando AI, AP e DP

amostras normais.

TDCG Total Dissolved Combustible Gas

TNT Explosivo chamado Trinitrotolueno

VC Tensão de polarização do sensor

VD Valor diferencial

VDF Valor diferencial fracionário

VH Tensão de aquecimento

VLog Valor logarítmico

VR Valor relativo

VRL Tensão de saída medida na resistência de carga

XY Vista em duas dimensões

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1 Introdução

A crescente demanda por energia, bem como a necessidade de conservar o meio

ambiente, torna cada vez mais urgente o uso eficiente da energia elétrica. Para isto, o

desenvolvimento de novos equipamentos e procedimentos de manutenção são de extrema

importância para manter o sistema elétrico operando em perfeitas condições.

Com a evolução tecnológica das últimas décadas, principalmente com o surgimento da

automação industrial, houve grandes mudanças e melhorias no gerenciamento de manutenção

de equipamentos essenciais para geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Isto

tem possibilitado transformar energia elétrica em conforto, proporcionando também, às

empresas, rentabilidade, competitividade e desenvolvimento com sustentabilidade.

No sistema elétrico, o transformador de potência é considerado como um dos

equipamentos de maior importância estratégica e de maior investimento. A ocorrência de uma

falha que venha a retirar um transformador de operação para evitar danos maiores ao

equipamento pode causar problemas de ordem política, econômica e social, já que afeta a

estabilidade e a confiabilidade do sistema, deixando inoperantes importantes cargas

(hospitais, metrôs, sistema de trânsito, shoppings centers, agências bancárias, etc.). Além

disto, a empresa responsável pelo equipamento faltoso geralmente é penalizada (advertência,

multa, revogação de autorização, intervenção administrativa, entre outras) de acordo com a

Resolução 63/2004 da ANEEL (ARANTES, 2005; ANEEL - REN 63/2004).

Falhas em transformadores de grande porte muitas vezes são catastróficas e, na

maioria dos casos, origina danos irreparáveis ao mesmo e às instalações ao seu redor

(COSTA, 1999). Um transformador em óleo mineral isolante de 100MVA possui potencial

explosivo equivalente à 0,5 Kg de TNT. Logo, no evento de uma explosão, as ondas de

choque podem comprometer o sistema e o meio ambiente circundante (PONTES, 2001).

Assim, quando uma falha incipiente é detectada, uma política de manutenção correta

minimiza o perigo e os custos. Neste caso, o transformador é avaliado e pode ser reparado ou

mesmo substituído antes que a falha aconteça com suas consequências desastrosas.

Transformadores que possuem resfriamento a óleo mineral isolante normalmente são

monitorados através de um pequeno volume do óleo retirado por uma válvula localizada na

parte inferior do tanque. Esta amostra é utilizada para fazer a análise cromatográfica (análise

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dos gases dissolvidos - AGD) e a análise físico-química (rigidez dielétrica, teor de água,

índice de acidez, entre outros) (COSTA, 1999).

A análise de gases dissolvidos é um método comumente usado na monitoração

periódica de transformadores, cujo resultado contribui para detectar falhas que estão no início

(falhas incipientes) e para acompanhar o envelhecimento da isolação de forma não invasiva

(MILASCH, 1984).

Apesar do grande desenvolvimento tecnológico dos últimos anos, a análise de gases

dissolvidos é executada, há décadas, da mesma forma, e mesmo assim é considerada muito

importante para a confiabilidade e mantenabilidade do transformador.

Embora a AGD seja um método consagrado e fundamental para manutenção em

equipamentos a óleo, alguns estudos mostram que existem alguns fatores que influenciam na

confiabilidade e precisão de seus dados, comprometendo a interpretação dos mesmos e o

diagnóstico das falhas. Por conta disto, vários estudos têm sido realizados a fim de tornar

mais eficiente a manutenção baseada nos gases dissolvidos em óleo isolante.

Estes estudos contribuem para desenvolver equipamentos como cromatógrafos mais

precisos, menores e mais rápidos; e equipamentos de monitoração contínua e on-line como o

Hydran e o TrueGas. Algumas pesquisas também têm como objetivo acelerar e tornar mais

confiável o diagnóstico de falha, como a utilização de redes neurais para interpretar os dados

da cromatografia (ARANTES, 2005; GUARDADO et al; 2001), além de obter mais eficiência

na utilização dos equipamentos, como o uso de um único Hydran201-Ti na monitoração de

múltiplos transformadores (BENEDET, 2008).

1.1 Objetivo

A identificação rápida de falhas incipientes e uma política de manutenção correta são

muito importantes para manter o transformador em perfeito funcionamento, além de ajudar no

planejamento da operação, o que implica em redução de custos. Por este motivo, propor

outras ações mantenedoras ou outros métodos de monitoramento para melhorar ou auxiliar os

já existentes é o objetivo de muitos estudos.

O objetivo principal desta dissertação é introduzir o estudo do uso de um conjunto

(matriz) de sensores de gases de dióxido de estanho, em conjunto com uma técnica de

reconhecimento de padrão, para detectar falhas em transformadores de potência, através dos

gases dissolvidos em óleo mineral isolante. Além disto, esta pesquisa também apresenta uma

metodologia para criação das amostras com as falhas típicas encontradas em um

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transformador; informa quais são os procedimentos para realizar a análise de gases

dissolvidos; apresenta quatro modelos de extração de características utilizados em aquisição

de dados com sensores de gases; e aplica técnicas de reconhecimento de padrão para

distinguir e classificar as amostras, além de avaliar os modelos citados anteriormente.

O estudo dos sensores de dióxido de estanho, aplicado ao sistema de análise vista

neste estudo, pode contribuir para o desenvolvimento de novos instrumentos capazes de

realizar o diagnóstico de falhas mais rápido. Estes instrumentos podem ser futuramente uma

nova alternativa barata em relação aos dispositivos baseados em membranas, atualmente

utilizados em análises on-line em transformadores apenas de grande porte, onde se justifica

sua utilização. O uso destes sensores pode, também, reduzir os custos das análises, quando

comparados com os das práticas convencionais, que utilizam o cromatógrafo.

1.2 Organização

A dissertação é organizada em nove capítulos. O capítulo 2 expõe uma visão geral de

transformadores e algumas características destes. Ainda neste capítulo, a importância da

manutenção nesses equipamentos é justificada.

Nos capítulos 3 e 4, são esclarecidos os principais aspectos do óleo mineral isolante

geralmente utilizado em transformadores de potência. É também descrita a análise

cromatográfica, seus procedimentos e a interpretação dos dados. Adicionalmente são

explicados alguns métodos de diagnóstico de falha; e, ao final, citam-se algumas das novas

tecnologias utilizadas na monitoração dos gases em transformadores de potência.

O capítulo 5 apresenta os sensores de dióxido de estanho – SnO2 – utilizados neste

estudo e as principais características dos mesmos. Além disto, é apresentado o circuito básico

do funcionamento dos sensores; como funciona o sistema de análise utilizado na pesquisa e o

procedimento de coleta dos dados.

No capítulo 6, são apresentados os modelos da extração de características utilizados na

análise dos dados; e as técnicas de reconhecimento de padrão (Análise das Componentes

Principais – PCA, Regra do Vizinho Mais Próximo - 1NN – e Rede Neural tipo Perceptron

Multi-Camadas – MLP) utilizadas para identificação das falhas.

O embasamento teórico e a metodologia para gerar as amostras com as falhas mais

comuns, identificadas pela análise de gases dissolvidos (AGD), são descritos no capítulo 7.

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Os resultados encontrados com o sistema de análise e a discussão sobre os mesmos

encontram-se no capítulo 8.

No último capítulo, é feito um resumo dos resultados e das discussões, concluindo

com sugestões para futuros trabalhos relacionados com o uso dos sensores de dióxido de

estanho na identificação das falhas em transformadores em óleo isolante.

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2 Transformador de Potência

O transformador de potência é um equipamento elétrico estático que, por indução

eletromagnética, transforma tensão e corrente alternada entre dois ou mais enrolamentos, sem

mudança de frequência, e tem como finalidade principal a transformação dos níveis de tensão

entre partes de um sistema de potência (ABNT-NBR 5458, 1986).

Por ser um equipamento de custo elevado e específico, os transformadores de potência

são projetados de acordo com as suas características individuais tais como tensão, potência,

configuração do sistema de distribuição de energia, condições ambientais e nível de ruído

(SIEMENS, 2011).

Para transformadores que não são fabricados em larga escala, a tensão nominal dos

enrolamentos deve ser escolhida, preferencialmente, entre os seguintes valores, em kV: 13,8;

23,1; 34,5; 69; 88; 138; 230; 345; 430; 525 e 765 (ABNT-NBR5356, 1993).

As figura 1 e 2 ilustram, respectivamente, os transformadores da subestação Jardim

localizada no estado de Sergipe e a rede de operação sistêmica do mesmo.

Figura 1- Transformadores (4x100MVA; 69KV)

da Subestação Jardim – Sergipe ( GOES, acesso:

16/08/2011).

Figura 2 - Rede de Operação Sistêmica do Estado

de Sergipe (ONS, acesso: 08/08/2011).

Com relação à potência dos transformadores, geralmente referida em potência

aparente (kVA ou MVA), depende da carga a ser alimentada, podendo ser menor que 300

kVA, a exemplo dos transformadores de distribuição aérea capazes de alimentar algumas

quadras de um bairro; chegando a alcançar até 1000 MVA, a exemplo dos transformadores de

força, utilizados no acoplamento de saída dos sistemas de geração ou para a interconexão

entre redes de transmissão e que são capazes de alimentar grandes cidades (SIEMENS, 2011).

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Os transformadores podem ser denominados de acordo com características estruturais,

por exemplo: Transformadores a seco são os transformadores que utilizam apenas material

celulósico (papel isolante) para fazer o isolamento elétrico da parte ativa; Transformadores

em líquido isolante são transformadores que possuem a parte ativa imersa isolada

eletricamente com líquido isolante e material celulósico.

Os transformadores também podem ser caracterizados pelo tipo de sistema de

resfriamento utilizado, que depende do meio e da forma de resfriamento, tanto dos

enrolamentos como da estrutura externa. Exemplo: Transformador ONAN/ONAF -

resfriamento utilizando óleo com circulação natural com alternativa de resfriamento externo

natural ou forçada (ver tabela 1).

Tabela 1 - Siglas que identificam o tipo de resfriamento do transformador (ABNT-NBR5356, 1993).

Natureza do meio de resfriamento Símbolo

Óleo O

Líquido Isolante Sintético L

Gás G

Água W

Ar A

Natureza da Circulação

Natural N

Forçada sem direção F

Forçada com fluxo dirigido D

O sistema elétrico é subdividido em sistemas: de geração, de transmissão, de

subtransmissão e de distribuição de energia elétrica. Os transformadores também podem ser

denominados de acordo com a função ou sistema a que estão integrados (figura 3), por

exemplo:

Figura 3 - Esquema básico do sistema elétrico (BECHARA, 2010).

a) Transformadores Elevadores são transformadores encontrados no sistema de

geração com objetivo de elevar o nível de tensão produzida pelos geradores. Estes

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7

são geralmente encontrados com níveis de tensão primária até 20 kV e tensão

secundária até 765 kV;

b) Transformadores de Transmissão são encontrados no sistema de transmissão,

utilizados para interligar linhas e sistemas em diferentes níveis de tensão. São mais

encontrados com nível de tensão primária de até 765 kV, e nível secundário até

550 kV e terciário de 13,8 kV ou 69 kV;

c) Transformadores de Subtransmissão são encontrados no sistema de

subtransmissão com objetivo de abaixar o nível de tensão recebido do sistema de

transmissão para alimentar o sistema de distribuição. São transformadores

geralmente com nível de tensão primária de até 138 kV, nível secundário de até

34,5 kV e terciário de 13,8 kV ou 69 kV;

d) Transformadores de Distribuição são transformadores do sistema de distribuição

utilizados para rebaixar os níveis de tensão a fim de alimentar os consumidores

finais. São transformadores de pequeno porte e com níveis de tensão primária de

até 34,5 kV e nível secundário de até 440 V (BECHARA, 2010).

A figura 4 ilustra as características construtivas de um transformador de potência de

grande porte.

Figura 4 - Características construtivas de um transformador de potência: 1-Núcleo; 2-Enrolamentos; 3-Tanque

principal; 4-Tanque de expansão; 5-Buchas; 6-Comutador sob Carga; 7-Acionamento do Comutador; 8-

Radiadores; 9-Painel de Controle; 10-Secador de ar; 11-Termômetros (BECHARA, 2010).

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8

2.1 Importância da Manutenção em Transformadores

Devido à grande importância do transformador de potência no sistema elétrico,

tornou-se necessário e fundamental o monitoramento constante do mesmo, com auxílio de

instrumentos e um sistema de manutenção adequado. O conhecimento prévio do equipamento,

obtido pela monitoração (dados de instrumentos e inspeções), é muito importante para

planejar as futuras manutenções do transformador, reduzindo o perigo iminente e o custo das

mesmas.

A manutenção básica realizada em um transformador de potência em óleo mineral

isolante, considerada pela NBR 7037, baseia-se em inspeções periódicas com objetivo de

obter registros operacionais (valores de temperaturas, de nível do óleo, de carga e de tensão

do transformador); de detectar aquecimento anormal nos conectores, utilizando termovisores;

de verificar as condições do óleo isolante (retirada de amostras para realizar ensaios) e de

verificar o estado de conservação e funcionamento dos acessórios (termômetros do óleo e dos

enrolamentos, controladores de temperatura, dispositivo de alívio de pressão, secador do ar,

indicador de nível de óleo, e outros) (ABNT-NBR7037, 1993).

Essas ações têm como objetivo manter o transformador em condições satisfatórias de

operação, reduzindo principalmente as chances de ocorrerem falhas na parte ativa (núcleo e o

enrolamento) do transformador. Falhas na parte ativa provocam o desligamento e torna-o

indisponível por um bom tempo, por causa da longa duração e custo do reparo (BECHARA,

2010).

Com uma manutenção adequada e eficiente, é possível obter benefícios e dados

(informações) importantes sobre os transformadores como: a redução de custos e tempo de

reparo devido às ações tomadas de forma planejada; a redução da frequência de desligamentos

através da detecção de falhas incipientes; a redução do número de inspeções na subestação; o

controle efetivo de peças sobressalentes; a definição dos equipamentos críticos e a

determinação do ciclo de vida ótimo dos transformadores.

A saúde de um transformador de potência em óleo isolante mineral depende

essencialmente do bom estado de conservação do meio isolante formado pela isolação sólida

(papel) e líquida (óleo), pois estão diretamente associados à rigidez dielétrica entre condutores

que compõem os enrolamentos (BECHARA, 2010).

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9

3 Óleo Mineral Isolante

O óleo mineral isolante, aplicado em transformadores, é regulamentado pela Agência

Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP, através da Resolução ANP

Nº36 (ANP - RANP 36/2008). Nesta, são estabelecidas as especificações dos óleos minerais

isolantes tipo A (a base naftênica) e tipo B (a base parafínica), de origem nacional ou

importada, comercializados em todo território nacional. A principal diferença entre estes óleos

está no ponto de fluidez.

O ponto de fluidez é uma propriedade física que indica a menor temperatura em que o

óleo flui, quando sujeito a resfriamento sob condições determinadas de teste. Esta propriedade

estabelece as condições de manuseio e estocagem do produto, além disto, podem-se

especificar limites variados para esta característica, dependendo das condições climáticas das

regiões, de modo a facilitarem as condições de uso do produto (ANP - RT 3/1999). O óleo

tipo A tem menor ponto de fluidez, igual a -40°C, enquanto o do tipo B tem valor igual a –

12°C (ANP - RANP 36/2008).

A função do óleo mineral, seja ele constituído por hidrocarbonetos parafínicos ou

naftênicos, é garantir o isolamento elétrico e a refrigeração das partes internas através da troca

de calor com a estrutura externa.

O processo de deterioração do óleo mineral está ligado ao envelhecimento e à

contaminação do mesmo. Como consequência deste processo, outras substâncias são

produzidas, as quais também contribuem para continuidade dele. A deterioração do óleo inicia

imediatamente após o enchimento do transformador na fábrica ou em campo (MILASCH,

1984).

Segundo MILASCH e PENA o envelhecimento da isolação do transformador pode ser

acelerado por agentes como: o oxigênio, a umidade e o aumento de temperatura (MILASCH,

1984; PENA, 2003). PENA cita a hidrólise, a pirólise e a oxidação como sendo os três

mecanismos de envelhecimento e degradação do óleo e da isolação celulósica dos

transformadores (PENA, 2003). A degradação hidrolítica é o mecanismo de quebra da

molécula de água dominante em temperaturas, do óleo, superiores a 110ºC e que gera

compostos ácidos e gases (PENA, 2003). A pirólise é uma reação que rompe a estrutura

molecular do óleo e do papel pela ação de altas temperaturas, geralmente provenientes de

descargas elétricas, em um ambiente com pouco ou nenhum oxigênio.

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A oxidação do óleo inicia quando hidrocarbonetos instáveis presentes no óleo entram

em contato com oxigênio (livre no interior e absorvido na celulose) e catalisadores (cobre,

ferro,etc.) (MILASCH, 1984). Junto com as variações de temperatura, reações químicas

proporcionam a formação de: hidroperóxidos; radicais livres; novas moléculas de

hidrocarbonetos; aldeídos; acetonas; ácidos; e ésteres (MILASCH, 1984), além da produção

de gases combustíveis e não combustíveis e da borra. Esta última se dissolve no óleo e

quando satura deposita-se sobre os enrolamentos, núcleo e demais partes internas do

transformador, além de ficar em suspensão no óleo (MILASCH, 1984). A borra possui

características ácidas, que atacam a isolação sólida, e prejudica a troca de calor (COSTA,

1999).

O envelhecimento do óleo é um fenômeno inevitável, já que, durante a vida útil do

transformador, o óleo sofre variações de temperatura e sempre estará em constante oxidação.

A contaminação do óleo geralmente está relacionada com a introdução de umidade do

ambiente, quando o óleo é eventualmente exposto ao ar atmosférico; e com a presença de

partículas de ferro, de cobre e de fibras de celulose deixados durante o processo de fabricação

ou manutenção. No ar atmosférico estão presentes agentes nocivos como o oxigênio e a

umidade, que são facilmente absorvidos pelo óleo mineral (pode chegar até 10% do volume

do óleo) e pela celulose (isolação sólida) (MILASCH, 1984). Os contaminantes agem como

catalisadores e aceleradores do processo de deterioração do óleo (MILASCH, 1984). A

absorção daquele acelera o processo de deterioração e perda das características iniciais da

isolação.

O envelhecimento e a contaminação do óleo são fatores inerentes ao funcionamento

dos transformadores, que devem ser controlados através de análises periódicas, tratamento

físico (recondicionamento: filtragem, desumidificação e desgaseificação) e tratamento

químico (regeneração: remoção de borra e ácidos) do óleo (BECHARA, 2010).

As inspeções periódicas desempenham dois papéis importantes: detectar as condições

da falha, ou seja, antes que ela se desencadeie; e detectar as falhas já deflagradas (ARANTES,

2005). A análise do óleo isolante do transformador é considerada um método convencional e

não invasivo utilizado para detectar as condições ou as falhas. Através dela é possível avaliar

as propriedades físico-químicas do óleo (ensaios físico-químicos); fazer a contagem de

partículas; determinar o grau de deterioração da celulose (teor de furfuraldeído); e

diagnosticar falhas através dos gases dissolvidos no óleo (análise cromatográfica).

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4 Análise de Gases Dissolvidos no Óleo Isolante

4.1 Etapas físicas da Analise dos Gases Dissolvidos

Os esforços térmicos e elétricos que ocorrem internamente no transformador refletem

na geração de gases característicos no óleo isolante. A emissão de gases em transformadores

empregando papel e óleo mineral tem sido, por muitos anos, objeto de diversos estudos. Um

dos primeiros artigos apresentados neste sentido foi escrito por Eschholz, O. H., “Some

Characteristics of Transformers Oils”, datado de 1919 e publicado no “The Eletric Journal”

(COSTA, 1999).

A análise de gases dissolvidos (AGD ou DGA - Dissolver Gases Analysis) no óleo é

um método comumente usado na monitoração periódica dos transformadores, cujo resultado

contribui para detecção de falhas que estão no início (falhas incipientes) e acompanhamento

do envelhecimento da isolação de forma não invasiva (MILASCH, 1984).

A AGD é feita em três etapas: coleta do óleo; extração dos gases da amostra; e análise

dos gases extraídos no cromatógrafo. Na figura 5, é visto com mais detalhes os passos da

análise AGD desde o transformador até a obtenção dos dados cromatográficos.

Figura 5 - Medição de gás dissolvido em óleo - Método Convencional (NOGUEIRA, 2004).

A confiabilidade da análise AGD é diretamente ligada ao procedimento de retirada e

transporte da amostra de óleo e, principalmente, às pessoas responsáveis pela realização da

análise no laboratório (ZYLKA, P.; 1999). O procedimento de retirada de amostra de óleo

isolante em transformadores, estabelecido pela NBR7037, deve levar em conta os seguintes

fatores: as condições ambientais, a exposição do óleo ao ar e à luz, a forma de

armazenamento, os dispositivos e recipientes de amostragem (NBR7037, 1993).

A desgaseificação do óleo é o processo de extração dos gases dissolvidos no mesmo.

Ela é realizada em laboratório com auxílio de sistema de bombeamento, composto por uma

vidraria laboratorial específica de extração de gases, conhecido como bomba de Toepler

(figura 6).

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Figura 6 - Sistema de extração de gases (NOGUEIRA, 2004).

A cromatografia é um método físico-químico de separação de gases, que permite

identificar cada gás e determinar sua concentração (NOGUEIRA, 2004). O cromatógrafo é

composto por: um cilindro de gás de arraste (hélio ou nitrogênio), controlador do fluxo de

gás; regulador de pressão, termostatos; pontos de injeção da amostra de gás, coluna de

absorção, detectores; e um sistema para registrar e imprimir os resultados (MILASCH, 1984).

O sistema básico deste equipamento pode ser visto na figura 7. Este equipamento utiliza o gás

de arraste (fase móvel) para conduzir a mistura pela coluna de absorção (fase estacionária), a

qual fará a separação dos gases, e em seguida cada gás é detectado pelo sensor (detector) do

cromatógrafo. A análise do registro do cromatógrafo considera o instante (tempo) para

identificar o tipo de gás, e a área do pico gerado pelo detector para determinar sua

concentração. O cromatógrafo é um equipamento laboratorial de custo bastante elevado e que

requer cuidados e recursos para um bom funcionamento. Como a análise do seu registro

depende do posicionamento e da área dos picos, a temperatura interna e vazão do gás de

arraste devem ser aferidas utilizando inicialmente uma mistura padrão. Além da mistura

padrão, a medida obtida na etapa de extração dos gases é inserida no programa do

cromatógrafo, para realizar o cálculo da concentração de cada gás.

Figura 7 - Componentes básicos de um cromatógrafo (NOGUEIRA, 2004).

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Os principais gases identificados pelo cromatógrafo, para realizar a AGD, são: o

Hidrogênio (H2), o Metano (CH4), o Etano (C2H6), o Acetileno (C2H2), o Etileno (C2H4), o

Monóxido de Carbono (CO) e o Dióxido de Carbono (CO2).

4.2 Interpretação dos Dados Cromatográficos

A interpretação dos dados cromatográficos baseia-se na análise da concentração e da

taxa de geração dos gases característicos, com o objetivo de encontrar anormalidades no

processo natural de degradação da isolação. A interpretação e o diagnóstico são realizados

geralmente por meio de normas internacionais, como a do IEEE (Institute of Electrical and

Electronics Engineers - Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos) e IEC

(International Electrotechnical Commission - Comissão Eletrotécnica Internacional), ou pela

norma nacional da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

Apesar de existirem valores de concentração e métodos padronizados para

diagnosticar os tipos de falhas, ainda é necessário considerar outros parâmetros como: tipo de

equipamento, fabricante, tensão, idade, tamanho, condições operacionais, tipo de óleo e

histórico de manutenção do transformador (NUNES, 2009; BECHARA, 2010). O uso destas

considerações poderá facilitar a análise e torná-la mais precisa. Por não haver um método que

integre todos estes parâmetros, o diagnóstico depende da experiência e sensibilidade do

profissional laboratorial. Por conta disto, Milasch (MILASCH, 1984) considera a

interpretação dos resultados AGD como se fosse uma arte.

4.3 Interpretação da Norma IEEE

A norma IEEE utiliza uma rotina de avaliação que compara os valores de

concentração dos Gases Combustíveis Dissolvidos Totais (GCDT) e as concentrações

individuais de cada gás com os valores estabelecidos pela tabela 2 (IEEE, 2008). Após esta

comparação, cada amostra é classificada em uma condição de acordo com a concentração do

GCDT. A primeira comparação deve ser realizada, segundo a norma IEEE, com o valor de

concentração de Gases Combustíveis Dissolvidos Totais (GCDT).

Tabela 2 - Limites de Concentração de Gases Combustíveis em ppm (IEEE, 2008).

Condição H2 CH4 C2H2 C2H4 C2H6 CO CO2 GCDT

1 100 120 1 50 65 350 2500 720

2 101-700 121-400 36-50 51-100 66-100 354-570 2501-4000 721-1920

3 701-1800 401-1000 51-80 101-200 101-150 571-1400 4001-10000 1921-4630

4 1800 1000 80 200 150 1400 10000 4630

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A primeira comparação classificará os transformadores em quatro condições:

a) Condição 1: indica que o transformador está operando de forma satisfatória e que

não há necessidade de uma investigação, exceto no caso de qualquer gás esteja

individualmente acima do limite dele;

b) Condição 2: indica que o nível de gases combustíveis está acima do normal e que

qualquer gás acima do limite desta condição deve ser investigado;

c) Condição 3: indica que o óleo está com elevado nível de degradação e que

medidas devem ser tomadas para recuperar o transformador;

d) Condição 4: indica que o estado de degradação do óleo é excessivo e que a

continuidade da operação pode danificar o transformador;

Qualquer amostra que obtenha valores de concentração do GCDT ou de concentração

individual do gás acima do que é estabelecido na tabela 2 para primeira condição é

considerada como suspeita. Após esta constatação, a taxa de geração de gases é calculada,

utilizando o histórico das amostras do transformador, e analisada utilizando a tabela 3.

Tabela 3 - Taxa de geração dos Gases Combustíveis em ppm (IEEE, 2008). Erro! Fonte de referência não

encontrada.

Condições

Nível do

GCDT

(μL/L)

Taxa do GCDT

(μL/L/dia)

Intervalo de amostra e Procedimento de Operação

para taxa de geração do gás

Intervalo de

amostra Procedimento de Operação

Condição 4 >4630

>30 Diário Considere a remoção de serviço.

Aconselha consultar o fabricante. 10 à 30 Diário

<10 Semanal

Muita Cautela.

Analisar gases individuais.

Plano de interrupção.

Aconselha consultar o fabricante.

Condição 3 1921 to 4630

>30 Semanal Muita Cautela.

Analisar gases individuais.

Plano de interrupção.

Aconselha consultar o fabricante. 10 à 30 Semanal

<10 Mensal

Condição 2 721 to 1920

>30 Mensal Cautela.

Analisar gases individuais.

Determinar a dependência de carga. 10 à 30 Mensal

<10 Trimestral

Condição 1 ≤720

>30 Mensal Cautela.

Analisar gases individuais.

Determinar a dependência de carga.

10 à 30 Trimestral Continua com operação normal.

<10 Anual

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Com a análise comparativa da taxa de geração, os procedimentos de manutenção

podem ser intensificados reduzindo o período de amostragem e utilizando os procedimentos

sugeridos pela IEEE. De qualquer maneira, após a análise da taxa de geração, a norma indica

a aplicação de métodos de investigação. Os métodos apresentado pela IEEE são: método do

gás chave, método da razão de Doernenburg e o método da razão de Rogers. A rotina de

análise da norma IEEE STD C57.104 pode ser seguida pelo diagrama de bloco apresentado no

apêndice A.

4.3.1 Método do Gás Chave

O Método do Gás Chave é um dos métodos de identificação de falhas recomendado

pela norma IEEE (IEEE, 2008). Este método simplifica a análise e a identificação da falha,

pois leva em consideração que cada tipo de falha produzirá, em maior concentração

percentual, um gás combustível especifico, e assim apresentará um padrão de concentração

para cada falha. O gás combustível que identifica o padrão é chamado de Gás Chave. O

Método do Gás Chave permite diagnosticar quatro tipos de falhas que podem ser

desenvolvidas em transformadores a óleo mineral isolante. As falhas indicadas são:

a) Sobreaquecimento do Óleo (figura 8) – É uma falha térmica e o gás chave desta

falha é o etileno (C2H4), uma vez que se encontra em maior proporção. Na

sequência, com menor concentração, estão os gases etano (C2H6), metano (CH4) e

hidrogênio (H2).

b) Sobreaquecimento da Celulose (figura 9) - A degradação do material celulósico

está diretamente ligada ao aumento de temperatura, que resulta na produção do gás

monóxido de carbono (CO) - gás chave - em maior proporção, com geração

também de dióxido de carbono (CO2) e outros gases em baixíssima proporção.

c) Descargas Parciais (figura 10) – são sinais elétricos pulsantes incompletos,

intermitentes e rápidos, da ordem dos nanosegundos que produzem em grande

proporção o gás hidrogênio (H2), sendo este considerado o gás chave, e em menor

quantidade o gás metano (CH4). O surgimento de gases pode gerar bolhas no óleo

que facilitaram surgimento de novas descargas parciais.

d) Arco Elétrico (figura 11) – são descargas elétricas de intensidade e de duração

muito maior que a das descargas parciais. O gás chave desta falha é o acetileno

(C2H2), mesmo em uma proporção menor que a do hidrogênio (H2).

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A norma NBR 7274 também utiliza o método do gás chave para identificação das

falhas e ainda inclui uma falha chamada eletrólise, a qual é associada a decomposição da água

ou da água associada com a ferrugem, resultando na geração de hidrogênio (H2) em grande

proporção e desprezando a quantidade dos demais gases (MILASCH, 1984).

Figura 8- Concentração típica dos gases

resultantes de falhas de Sobreaquecimento do óleo

isolante [BECHARA, 2010].

Figura 9 - Concentração típica dos gases

resultantes de falha de Sobreaquecimento da

celulose [BECHARA, 2010].

Figura 10 - Concentração típica dos gases

resultantes de descargas parciais [BECHARA,

2010].

Figura 11 - Concentração típica dos gases

resultantes de arco elétrico [BECHARA, 2010].

4.3.2 Método das Razões

Os Métodos das Razões são métodos que utilizam as razões de concentrações entre

dois gases para identificar o tipo de falha. Os métodos comumente utilizados são: Método de

Doernenburg, Método de Rogers e a norma NBR 7274 (IEEE, 2008; MILASCH, 1984). O

diagnóstico por estes métodos é considerado empírico, pois se baseia no resultado de vários

testes que correlacionam as análises de gases de muitas unidades com um tipo de falha,

posteriormente atribuída como a causa de perturbação ou falha, quando a unidade foi

examinada (IEEE, 2008).

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Existem cinco razões, sendo que a norma NBR 7274 e o Método de Rogers aplicam as

razões R1, R2 e R5 e o Método de Doernenburg usa as razões R1, R2, R3 e R4. As razões

são:

a) Razão 1 (R1): CH4/H2

b) Razão 2 (R2): C2H2/C2H4

c) Razão 3 (R3): C2H2/CH4

d) Razão 4 (R4): C2H6/C2H2

e) Razão 5 (R5): C2H4/C2H6

4.3.2.1 Método de Doernenburg

A metodologia aplicada pelo método de Doernenburg, apresentada pela norma IEEE,

inicia comparando as concentrações dos gases obtidas pela cromatografia com os valores da

tabela 4, que são as mesmas para condição 1, da tabela 2. Para confirmar a suspeita de falha, o

limite de concentração de pelo menos um dos quatro primeiros gases apresentados na tabela 4

(H2, CH4, C2H2 e C2H4) deve ultrapassar duas vezes o limite L1 e os outros dois gases, C2H6 e

CO, pelo menos um deve exceder o limite L1. Caso não ocorra, o equipamento é considerado

normal. Caso a suspeita não seja comprovada, por não satisfazer uma das duas condições

limites, o método aconselha realizar uma nova coleta.

Tabela 4 - Limite de Concentração – L1 de Doernenburg (IEEE, 2008).

Gás Combustível Limite de Concentração - L1

(ppm = μL/L)

Hidrogênio (H2) 100

Metano (CH4) 120

Acetileno (C2H2) 1

Etileno (C2H4) 50

Etano (C2H6) 65

Monóxido de Carbono (CO) 350

Quando as condições limites de concentração são ultrapassadas, as razões R1, R2, R3

e R4 são calculadas e analisadas, nesta respectiva ordem, comparando com a tabela 5. O

Método de Doernenburg divide o diagnóstico em apenas três falhas, sendo: falha por

Decomposição Térmica, falha por Descargas Parciais e falha por Arco Elétrico.

Para os casos em que o valor de alguma das razões não pertença a um dos três

intervalos estabelecido na tabela 5, ou mesmo não apresente uma das três combinações das

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razões, o diagnóstico será dado como “falha não identificada” e aconselha-se realizar uma

nova coleta e refazer a análise desde o inicio.

Tabela 5 - Razões e Diagnóstico de Doernenburg (IEEE, 2008).

Análise dos

Gases

Dissolvidos

Sugestão de

Diagnóstico

Decomposição

Térmica

Descargas

Parciais

Arco Elétrico (Alta

intensidade de DP)

R1(CH4/H2) > 1 < 0,1 0,1 < R1 < 1

R2(C2H2/C2H4) < 0,75 Não significante > 0,75

R3(C2H2/CH4) < 0,3 < 0,3 > 0,3

R4(C2H6/C2H2) > 0,4 > 0,4 < 0,4

4.3.2.2 Método de Rogers

O Método de Rogers, também apresentado pela norma IEEE, consegue identificar

cinco situações de falha e quando o equipamento se encontra sem falha (unidade normal).

Este método é aplicado quando o equipamento estiver com alguma suspeita de falha, ou seja,

algum gás combustível tem concentração superior ao apresentado para condição 1, da tabela

2. Com isto, as razões de Rogers (R1, R2 e R5) podem ser calculadas e analisadas na seguinte

ordem R2, R1e R5, utilizando a tabela 6.

Tabela 6 - Razões e Diagnóstico de Rogers (IEEE, 2008).

Razões R2 -

(C2H2/C2H4)

R1 -

(CH4/H2)

R5 -

(C2H4/C2H6) Sugestão de Diagnóstico

Casos

< 0,1 0,1 < R1 < 1 < 1 Unidade Normal

< 0,1 < 0,1 < 1 Descargas P. e Arco - Baixa

intensidade

0,1 < R2 < 3 0,1 < R1 < 1 > 3 Arco Elétrico de Alta intensidade

< 0,1 0,1 < R1 < 1 1 < R5 < 3 Falha térmica de baixa temperatura

< 0,1 > 1 1 < R5 < 3 Falha térmica <700°C

< 0,1 > 1 > 3 Falha térmica >700°C

Para os casos em que o valor de alguma das razões não pertença a um dos três

intervalos estabelecido na tabela 6, ou mesmo não apresente uma das seis combinações das

razões, não haverá diagnóstico. Por conta disto, aconselha-se realizar uma nova coleta, para

refazer a análise DGA.

4.4 Método da NBR7274

A norma NBR 7274 é baseada na norma IEC 599 de 1978 (ZURN, 2005). Este

método é similar ao método de Rogers, uma vez que utiliza as mesmas razões para análise,

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mas diferencia em alguns intervalos de suas razões. Além disso, este consegue classificar o

equipamento com nove diagnósticos, sendo um destes como unidade normal.

A norma NBR 7274 deve ser utilizada após análise das concentrações dos gases e a

classificação em uma das condições de degradação do óleo. Caso haja alguma suspeita de

falha, indicada pela concentração anormal de pelo menos um gás, as razões devem ser

calculadas e codificadas utilizando a tabela 7:

Tabela 7 - Tabela de codificação das razões da NBR 7274, x =1,2 e 5 (MILASCH, 1984).

Intervalo das razões Código das Razões

R1 = CH4/H2 R2 = C2H2/C2H4 R5 = C2H4/C2H6

Rx 0,1 1 0 0

0,1 Rx 1 0 1 0

1 Rx 3 2 1 1

Rx 3 2 2 2

Após codificar as razões, o código deve ser identificada na tabela 8 para diagnosticar o

tipo de falha presente no equipamento.

Tabela 8 - Tabela de identificação de falhas usada pela NBR 7274 (MILASCH, 1984).

Caso Falha característica

Códigos

Exemplos Típicos R1 R2 R5

A Operação Normal 0 0 0 Envelhecimento Normal

B Descargas Parciais de baixa

energia 1 0 0

Descargas nas bolhas de gás resultantes de

impregnação incompleta, de supersaturação

ou de alta umidade

C Descargas Parciais de alta

energia 1 1 0

Como acima, porém provocando

arvorejamento ou perfuração da isolação

D Arco de baixa energia 0 1-2 1-2

Centelhamento contínuo no óleo devido a

más conexões de diferente potenciais ou

potenciais flutuantes. Ruptura dielétrica do

óleo entre materiais sólidos

E Arco de alta energia 0 1 2

Descargas de potência. Arco. Ruptura

dielétrica do óleo entre enrolamentos, entre

espiras ou entre espiras e massa, corrente de

interrupção do seletor

F Falha Térmica leve

(T<150°C) 0 0 1

Aquecimento generalizado de condutor

isolado

G

Falha Térmica de baixa

temperatura

(150°C<T<300°C)

2 0 0 Sobreaquecimento local do núcleo devido a

concentração de fluxo. Pontos quentes de

temperatura crescentes, desde pequenos

pontos no núcleo devido a correntes de

Foucault, sobreaquecimento do cobre, maus

contatos (formação de carbono por pirólise)

até pontos quentes devido a correntes de

circulação entre núcleo de carcaça.

H

Falha Térmica de média

temperatura

(300°C<T<700°C)

2 0 1

I Falha Térmica de alta

temperatura (T>700°C) 2 0 2

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20

Este método também apresenta combinações que não possuem diagnóstico definido

(ZURN, 2005). Neste caso, aconselha-se fazer a análise por outro método, ou fazer uma nova

coleta e aplicar novamente o método.

4.5 Novas Tecnologias para auxiliar a análise AGD

A análise dos gases dissolvidos é considerada uma técnica convencional muito

importante para monitoração do transformador, mesmo apresentando alguns problemas que

influenciam na confiabilidade e precisão dos diagnósticos de falha.

Durante a extração da amostra nas subestações, o transporte da subestação para o

laboratório e a desgaseificação do óleo no próprio laboratório, é possível que haja alterações

nas informações contidas na amostra. Isto se dá porque os resultados da análise dos gases

dissolvidos em óleo mineral, feitas em laboratório, são extremamente dependentes da

concentração dos gases contidos no óleo. Avaliações dos laboratórios, feitas ao redor do

mundo pela TF11 da CIGRÉ (Conseil International des Grands Réseaux Électriques -

Conselho Internacional de Grandes Sistemas Elétricos), mostram que, para valores de

concentração acima de 10 ppm de hidrocarbonetos, poucos laboratórios conseguem erro

menor que 5% e que a média de erro para essa concentração fica em torno de 15 %. O

valor do erro piora rapidamente para 35%, quando a concentração de gases presentes na

amostras está entre 2 ppm a 10 ppm. Abaixo desta concentração, o erro ultrapassa o valor de

100% (NUNES; et al, 2009).

Além disso, o período de amostragem do óleo pelo método convencional não pode ser

muito curto, por causa do custo da análise de cada amostra, e nem muito longo, a ponto de

tornar a manutenção do transformador muito mais cara. Somando a esses fatos, o

equipamento utilizado nas análises convencional, o cromatógrafo, tem custo elevado;

necessita de recursos, como gás de arraste; precisa controlar a temperatura interna e a vazão

do gás de arraste e ainda ser aferido com gás padrão para funcionamento correto.

Para minimizar alguns desses problemas novos sistemas de medição, como o TrueGas

e o Hydran, foram criados para ser instalados em transformadores e fazer o monitoramento

on-line dos gases. Com isto, eles são capazes de realizar a pré-análise dos gases dissolvidos

no óleo e enviar as informações para um computador (figura 12), onde estas já podem ser

analisadas, reduzindo assim o custo por análise, o custo com hora-homem, o risco de

acidentes em subestações e, principalmente, alterações nas amostras de óleo, melhorando

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assim a confiabilidade da análise. Entretanto, estes instrumentos são muito caros e geralmente

instalados em um único transformador.

Figura 12 - Sistema de medição, on-line, da concentração de gás dissolvido em óleo (NOGUEIRA, 2004).

O sistema Hydran 201E é um equipamento desenvolvido para monitoração contínua e

on-line de gases dissolvidos em óleo mineral isolante. Ele é composto por dois módulos:

transmissor inteligente Hydran 201 Ti e o controlador de comunicação Hydran 201 Ci-1

(figura 13). Este sistema tem como princípio de operação a extração dos gases dissolvidos no

óleo através de uma membrana permeável e a detecção por um sensor de gás (figura 14), o

qual detecta os gases na seguinte proporção (considerando o total dado pela cromatografia):

100% para o hidrogênio (H2); 18% para o monóxido de carbono (CO); 8% acetileno (C2H2); e

1,5% de etileno (C2H4). Na tabela 9, é apresentado alguns exemplos de indicação do Hydran.

Tabela 9 - Exemplos de Indicação do Hydran (NOGUEIRA, 2004).

Resultado da Cromatografia (ppm) Indicação do

Hydran 201 Ti

(ppm) Hidrogênio (H2) M. de Carbono (CO) Acetileno (C2H2) Etileno (C2H4)

100 0 0 0 100

100 1000 0 0 280

100 100 0 0 118

100 100 50 0 122

100 100 50 200 125

Figura 13 - Sistema Hydran 201R composto pelo

transmissor inteligente e o controlador de

comunicação (NOGUEIRA, 2004).

Figura 14 - Vista interna do transmissor inteligente

(NOGUEIRA, 2004).

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5 Sensores de Dióxido de Estanho (SnO2)

Os sensores de Dióxido de Estanho são sensores de estado sólido que variam suas

propriedades elétricas em função da composição de uma mistura gasosa. Estes sensores são

componentes compostos por uma junção de material semicondutor tipo p-n exposta ao

ambiente, ou seja: sem o encapsulamento (JACK, 1999).

O princípio de funcionamento do sensor de dióxido de estanho baseia-se na variação

de sua condutância. Em altas temperaturas, ocorrem reações químicas de oxidação ou redução

envolvendo as moléculas gasosas presentes em suspensão. Estas reações, que acontecem na

superfície da junção, dependem do tipo de sensor semicondutor, da temperatura de

aquecimento e da substância gasosa do meio.

Sob condições ambientais, a camada de óxido de estanho absorve quimicamente o

oxigênio, criando-se uma região de depleção e aumentando a resistência elétrica do material.

Na presença de um gás capaz de promover reação de oxidação e com o aquecimento do

sensor, este libera oxigênio absorvidos da superfície, reduzindo a região de depleção e

diminuindo a resistência elétrica, ou seja, o sensor de óxido de estanho comporta-se como

uma resistência variável. A velocidade das reações químicas entre a mistura de gases e os

sensores depende da temperatura de funcionamento deste, e assim, a resposta do mesmo pode

variar com a polarização da resistência de aquecimento presente no sensor (VEGA, 1998).

O desenvolvimento de equipamentos utilizando sensores de óxido metálico já tem

aceitação em diversas aplicações de monitoração e análise de gases, isto porque estes sensores

possuem algumas vantagens como:

Comercialmente, são sensores de baixo custo e existe uma boa variedade de

sensores, que detectam mais de 150 tipos de gases diferentes;

Apresentam diferentes características de resposta alterando as técnicas de

processamento (fabricação) e a temperatura de funcionamento do sensor, sendo

esta última uma possível forma de controle para identificação;

Longevidade, que é a principal característica dos sensores semicondutores. Sua

expectativa de vida é longa, com durabilidade normalmente de 10 anos,

podendo se aumentada quando são realizadas limpeza;

Alta sensibilidade, por possuir capacidade de detectar ambos os níveis (faixas),

tanto de baixa concentração de gases em ppm, bem como de alta concentração.

Característica única dos sensores de estado sólido;

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23

Baixa seletividade, porque são mais suscetíveis à interferência de gases que os

outros tipos de sensores. Mas isto também é positivo, pois com um único

sensor é possível monitorar vários gases e, assim, minimizar o uso de

tecnologias com múltiplos sensores seletivos (JACK, 1999).

O hardware utilizado para aquisição dos dados tem capacidade para instalação de até

cinco sensores, porém, para esta pesquisa, utilizou-se apenas quatro sensores de gases do tipo

dióxido de estanho (TGS813, TGS2600, TGS2602 e TGS2620). Estes sensores são

conhecidos como Sensores de Gás Tagushi (TGS) e são fabricados pela empresa japonesa

Figaro (FIGARO, 2005a). Na tabela 10, verificam-se, segundo as informações do fabricante

(FIGARO, 2002; 2005b; 2005c; 2005d), os principais gases detectados por estes sensores.

Tabela 10 - Sensibilidade dos sensores TGS utilizados na coleta de dados (FIGARO, 2002; 2005b; 2005c;

2005d).

Sensores Tagushi Sensibilidade aos Gases:

TGS813 Gases Combustíveis: Metano, Propano e Butano

TGS2600 Monóxido de Carbono, Hidrogênio e Etanol

TGS2602 Tolueno, Etanol, Amônia e Sulfeto de Hidrogênio

TGS2620 Etanol, Monóxido de Carbono, Hidrogênio e Solventes Orgânicos

A relação entre a resistência do sensor e a concentração de gases é expressa pela

equação (5. 1):

(5.1)

Onde:

Rs: Resistência elétrica do sensor;

A: Constante;

C: Concentração do gás;

b: Inclinação da curva Rs.

De acordo com a equação 5.1 e com as figuras 15, 16, 17 e 18 apresentadas a seguir, a

relação entre a resistência dos sensores e a concentração do gás poderá ser aproximadamente

linear para uma escala logarítmica, em um intervalo de valores de concentração (SANTOS,

2009). Apesar de a linearidade contribuir para a análise das respostas dos sensores, a mesma

não pode ser considerada neste estudo, pois os valores de concentração encontrados nas

amostras variam entre valores de 0 a pouco mais de 2000 ppm, fazendo com que as respostas

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dos sensores deixem de ser linear. Além disto, as análises desta dissertação são feitas

utilizando misturas de gases, o que torna o comportamento dos sensores ainda menos linear.

Figura 15 - Curva de sensibilidade do sensor

TGS813 com relação à concentração dos gases.

Figura 16 - Curva de sensibilidade do sensor

TGS2600 com relação à concentração dos gases.

Figura 17 - Curva de sensibilidade do sensor

TGS2602 com relação à concentração dos gases.

Figura 18 - Curva de sensibilidade do sensor

TGS2620 com relação à concentração dos gases.

A polarização básica dos sensores de gás Tagushi é feita por meio de um divisor de

tensão, sendo que a resistência do sensor esta em série com uma resistência de carga.

A figura 19 e a figura 20 apresentam as polarizações básicas para sensores com quatro

e seis terminais, respectivamente. Observe que a resistência do sensor (RS) é medida

indiretamente com a variação de tensão (VRL) sobre a resistência de carga (RL). Outro

detalhe desta configuração é que a redução da resistência do sensor (RS), provocada por um

gás capaz de promover reação de oxidação, aumenta o valor da tensão sobre a resistência de

carga. O valor da resistência do sensor pode ser encontrada pela equação 5.2:

(5.2)

Onde:

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VRL: Tensão de saída medida na resistência de carga;

VC: Tensão de polarização do sensor;

RL: Resistência de Carga;

RS: Resistência do Sensor.

Figura 19 - Circuito de polarização elétrica dos

sensores TGS 26xx (SANTOS, 2009).

Figura 20 - Circuito de polarização elétrica do

sensor TGS 813 (SANTOS, 2009).

A matriz de sensores, utilizada neste estudo, foi configurada com os resistores 2,2 kΩ,

2,2 kΩ, 1,8 kΩ e 2,2 kΩ como as Resistências de Carga (RL) dos sensores TGS813,

TGS2600, TGS2602, e TGS2620, respectivamente. O valor de tensão aplicada ao Circuito

(VC) e às Resistências de Aquecimento (RH) foi igual a 5 Volts DC.

As principais especificações técnicas dos sensores Tagushi, como a variação de

resistência, a potência, a resistência de aquecimento e o limite de resistência de carga, podem

ser vistas na tabela 11.

Tabela 11 - Especificações técnicas dos sensores TGS (SANTOS, 2009).

Características TGS 813 TGS 2600 TGS 2602 TGS 2620

Resistência do sensor (RS) 5kΩ a 15kΩ (1000 ppm CH4)

10kΩ a 90kΩ (no ar)

10kΩ a 100kΩ (no ar)

1kΩ a5 kΩ (1000 ppm CH4)

Potência máxima de RS 15 mW 15 mW 15 mW 15 mW

Resistência de Aquecimento (RH) 30,0Ω±3,0Ω Aprox. 83,0Ω Aprox. 53,0Ω Aprox. 83,0Ω

Potência Máxima de RH 835 mW 210 mW 280 mW 210 mW

Tensão de aquecimento (VH) 5,0±0,2 V

(AC ou DC)

5,0±0,2 V

(AC ou DC)

5,0±0,2 V

(AC ou DC)

5,0±0,2 V

(AC ou DC)

Tensão de circuito (VC) Max. 24 V

(DC)

5,0 ±0,2 V

(DC)

5,0 ±0,2 V

(DC)

5,0 ±0,2 V

(DC)

Resistência carga (RL) Min.

0,45 kΩ

Min.

0,45 kΩ

Min.

0,45 kΩ

Min.

0,45 kΩ

5.1 Sistema de aquisição e Coleta dos dados

O sistema completo de aquisição e análise dos gases contidos no óleo é composto por

um equipamento contendo uma matriz de sensores (instrumento) e um computador de mesa.

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O sistema completo foi inspirado no equipamento conhecido como nariz eletrônico.

Este é composto por um hardware (matriz de sensores sensíveis e com baixa seletividade e

um sistema de aquisição de dados) e um software (algoritmo de aquisição dos dados e de

reconhecimento de padrões), que tenta imitar, rudimentarmente, o sistema olfativo humano. O

funcionamento dos arranjos de sensores é comparado ao conjunto de células olfativas e o

algoritmo de reconhecimento ao cérebro (MARTINS, 2011).

Nesta dissertação, o hardware utilizado foi desenvolvido por um grupo de pesquisa do

departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Sergipe com intuito de

utilizá-lo para diversos propósitos de sensoriamento de gases (SANTOS, 2009). O software

utilizado para análise dos dados foi instalado em um computador e não no mesmo

equipamento com os sensores de gás.

No computador, utilizou-se o programa de interface com a placa de sensores,

desenvolvido para este instrumento; e o programa MatLab, para análise dos dados. Foi neste

programa, com suas instruções e seus blocos de ferramentas, que foram utilizados os

algoritmos de reconhecimento de padrões com objetivo de identificar as amostras.

Para obter os dados, foi criado um procedimento de coleta especificando o tempo de

limpeza e estabilização inicial, o momento da injeção do óleo na câmara e tempo de

estabilização final dos sensores e gravação dos dados. O objetivo principal deste

procedimento é padronizar as amostragens e, desta forma, obter características semelhantes e

as mesmas quantidades de dados no mesmo intervalo de tempo. O procedimento de coleta é

descrito no apêndice B.

O instrumento foi programado para coletar os dados com uma taxa de amostragem de

quatro amostras por segundo, registrando o estado inicial, o transitório da injeção do óleo e o

momento de estabilização dos sensores, totalizando ao final de cada coleta aproximadamente

3400 dados para cada sensor. O controlador digital de sinal do próprio instrumento possui um

conversor analógico digital de 10 bits, que converte o valor de tensão do resistor de carga em

um valor digital entre 0 e 1023 e envia-o para o programa de interface do instrumento. No

computador, este valor é normalizado e visualizado pelo programa de interface do

instrumento.

Os dados e os gráficos obtidos pelas respostas dos sensores são salvos pelo mesmo

programa. Assim, os arquivos podem ser facilmente acessados para análises futuras.

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6 Processamento dos Dados

A análise dos dados gerados pelo protótipo foi realizada em um computador com o

programa MatLab, versão 7.8.0 - R2009a. Esta análise pode ser dividida em quatro etapas: a

seleção dos dados; o pré-processamento, o processamento e a análise dos resultados. A análise

considerou apenas os dados de quatro sensores.

A conversão analógica-digital (AD - 10 bits), que representa o valor de tensão na

resistência de carga, disponibilizou os dados no intervalo entre 0 e 1023. Ao realizar o

procedimento de coleta, o instrumento obtém cerca de 3400 dados, mas as análises utilizaram

apenas dados dos instantes estacionários (inicial e final) dos sensores. Desta forma, na etapa

de seleção dos dados, foram selecionadas as 100 amostras antes do início da injeção e as 100

últimas amostras colhidas pelo protótipo. Inicialmente, houve a intenção de analisar o

transitório da resposta dos sensores, durante a injeção do óleo, mas não foi possível

padronizar a injeção e controlar a formação do vórtex causado pelo misturador magnético. O

surgimento deste vórtex pode ser identificado pelo segundo salto da resposta dos sensores

mostrado na figura 21.

Figura 21 - Interferência misturador magnético na resposta dos sensores (amostras x sinal normalizado)

Apesar de acionar o misturador magnético praticamente no mesmo instante em todas

as coletas, a formação do vórtex ocorreu sempre em momentos diferentes, mesmo para o

mesmo tipo de amostra de óleo.

Na etapa de pré-processamento os dados, uma reta de aproximação (regressão linear)

foi calculada com os dados colhidos nos instantes estacionários de cada sensor. Ainda nessa

etapa, a matriz característica (MC) dos sensores foi calculada levando em consideração quatro

modelos (extratores de características) utilizados em processamento de sensores de gás, de

acordo com Gardner (GARDNER; et al, 1994). Os modelos utilizados foram:

Influência do vórtex

no óleo

100 amostras

100 amostras

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Modelo VD: valor diferencial - diferença entre o valor final e o inicial:

(6.1)

Modelo VR: valor relativo - valor final dividido pelo valor inicial

(6.2)

Modelo VDF: valor diferencial fracionário – diferença entre o valor final e

inicial, dividido pelo valor inicial:

(6.3)

Modelo VLog: valor logarítmico - log da diferença entre o valor final e o valor

inicial:

(6.4)

A matriz composta pelos valores de x, da equação dos modelos acima, é chamada, a

partir deste momento, como Matriz Característica (MC). O valor inicial, que representa o

instante estacionário inicial, é chamado de Baseline.

Segundo Gardner (GARDNER; et al, 1994), existem evidências que os modelos VR e

VDF podem ajudar na compensação da sensibilidade do sensor em relação à temperatura e o

modelo VLog pode ser utilizado para linearizar a dependência da concentração altamente não

linear.

6.1 Reconhecimento de Padrões

Nesta dissertação, foram analisadas seis grupos de amostragem de óleo mineral

isolante em situações diferentes, são elas: Amostra Inicial (amostragens de óleo antes do

procedimento de geração de falhas), Amostra Padrão (amostragens de óleo após o

procedimento de geração de falhas, mas estas estiveram inerte, sem procedimento de falhas),

Descargas Parciais (amostragens geradas pelo procedimento de descargas parciais), Arco

Elétrico (amostragens geradas pelo procedimento de arco elétrico), Sobreaquecimento da

Celulose (amostragens geradas pelo procedimento de sobreaquecimento da celulose) e

Sobreaquecimento do Óleo (amostragens geradas pelo procedimento de sobreaquecimento do

óleo). Destes, os quatro últimos possuem suspeita de falhas, por conta dos procedimentos de

geração de falha; e somente os grupos de Amostras Iniciais e de Amostra Padrão são

considerados como grupos sem falhas. As análises feitas por esta dissertação consideraram

estas informações e também as obtidas pela análise dos gases dissolvidos.

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A Matriz Característica, calculada por cada modelo extrator de características, foi

analisada através de três técnicas de reconhecimento de padrão, estas técnicas foram: análise

das componentes principais (PCA), regra do vizinho mais próximo (1-NN) e as redes neurais

tipo Perceptron Multi-Camadas (MLP).

A análise tipo PCA foi utilizada inicialmente nesta pesquisa para reduzir a dimensão

dos dados e explorar, de forma visual, o conjunto total de amostragens, com intuito de saber

se haveria possibilidades de distinguir os grupos com e sem falhas e, também, em seis grupos

de amostragens. Isto possibilitou selecionar dois dos quatro modelos para serem aplicados

pelas outras duas técnicas.

A análise utilizando regra do vizinho mais próximo (1-NN), utilizando a distância

Mahalanobis, teve como objetivo avaliar de forma quantitativa a capacidade de discriminação

das falhas. Os resultados das análises feitas por este método foram comparados com os

resultados da análise AGD, para confirma se há compatibilidade com a mesma.

De forma similar às análises usando vizinho mais próximo, as redes neurais MLP

foram testadas como uma alternativa no processo de classificação das amostras. Os resultados

das redes neurais também foram comprados com os resultados da AGD.

6.1.1 Análise das Componentes Principais

A Análise das Componentes Principais (PCA) é um método não supervisionado que

tem sido largamente utilizado por várias pesquisas para analisar a resposta de um nariz

eletrônico para odores simples ou complexos (exemplo: alcoóis, bebidas e café) (HINES; et

al, 2003).

Análise das Componentes Principais, conhecida também como transformação de

Karhunen-Loève; transforma o conjunto original de tal forma que o novo conjunto de dados

pode ser representado por um número reduzido de características efetivas e ainda reter a

maioria do conteúdo de informação intrínseco dos dados (HAYKIN, 2001). A análise PCA

pode ser entendida, também, como a seleção de novos eixos considerando a variância dos

dados.

Para utilizar a técnica PCA, inicialmente os dados são subtraídos pela média. Isto faz

com que a origem dos novos eixos seja posicionada no ponto médio dos dados originais. Após

os dados serem centralizados, a matriz covariância é encontrada e são calculados os

autovalores e autovetores da mesma. Os autovalores estão diretamente ligados à variância dos

dados, assim como os autovetores indicam a direção de variabilidade daqueles. Deste modo, a

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primeira componente principal, que será o novo eixo principal, estará na direção do autovetor

correspondente ao maior autovalor; e a segunda componente, correspondente ao segundo

eixo, é ortogonal ao eixo principal e tem a mesma direção do autovetor correspondente ao

segundo maior autovalor. Seguindo a lógica, os dados serão reescritos em um novo conjunto

de eixos ortogonais, o qual apresenta seus eixos de acordo com a variabilidade dos dados. Isto

é a transformação, a qual também pode ser entendida como transformação de rotação de

eixos.

Para visualizar os dados em três ou duas dimensões, faze-se a projeção dos dados em

apenas três ou dois eixos principais do novo sistema de coordenadas.

(6.5)

Onde:

Y: é a nova matriz de dados, com dimensão reduzida;

A: é a matriz dos autovetores selecionados para a projeção dos dados;

X: é a matriz característica, com os dados originais.

A análise PCA pode ser aplicada aos conjuntos de dados de alta dimensionalidade para

explorar a natureza do problema de classificação em aplicações com sensores de gás e

determinar a separabilidade linear dos vetores respostas (HINES; et al, 2003).

6.1.2 Regra do Vizinho Mais Próximo utilizando a métrica de Mahalanobis

A regra do Vizinho Mais Próximo é um classificador não linear que utiliza uma

métrica para encontrar a amostragem conhecida mais próxima da que se deseja classificar. A

partir disto, amostragem desconhecida será classificado com a amostra conhecida. Este

método é considerado sub-ótimo, pois sua utilização normalmente obtém uma taxa de erro

maior do que a taxa de erro de Bayes (mínimo possível), mas nunca é pior do que duas vezes

a mesma (DUDA; et al, 2000; THEODORIDIS; et al, 2009). A análise pela regra do Vizinho

mais Próximo considerou os resultados da AGD e pressupôs, nesta dissertação, que os pontos

médios dos grupos de amostragens eram conhecidos. Por conta disto, este método pode ser

conhecido com regra de Um Vizinho mais Próximo (1-NN)

A métrica de Mahalanobis foi utilizada para encontra a distância entre a amostragem

desconhecida e os pontos médios dos grupos. Esta métrica é considerada como uma medida

de dissimilaridade, pois quanto maior for o valor dela, menor será a semelhança entre os

dados (ALBUQUERQUE, 2005). A equação de Mahalanobis é dada por:

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(6.6)

Onde:

dM: é a Distância de Mahalanobis;

X: é o vetor de amostragem desconhecida, que se deseja classificar;

: é o vetor médio de um dos grupos de amostragem conhecida.

S: Matriz de Covariância do grupo de classificação de X

Para efetuar o cálculo da distância de Mahalanobis, foi considerado que os dados

apresentados pela Matriz Característica, calculada pelos modelos selecionados, apresentam

distribuição multinormal. Ainda para o cálculo da métrica, os vetores médios e a matriz

covariância de cada grupo foram introduzidos na equação de Mahalanobis, no caso: Amostra

Inicial, Amostra Padrão, Descargas Parciais, Arco Elétrico, Sobreaquecimento da Celulose e

Sobreaquecimento do Óleo.

Com a aplicação da Regra do Vizinho mais próximo, as amostragens desconhecida

poderão ser associadas a um dos seis grupos. Com o conhecimento de outras amostragens, é

possível utilizar a extensão dessa regra para a regra de K Vizinhos mais Próximos (K-NN,

com K maior que um).

6.1.3 Redes Neurais Tipo Perceptron Multi-Camadas

Uma rede neural é um processo distribuído e massivamente paralelo que tem uma

tendência natural para armazenar conhecimento experimental e fazer uso disto. Isto se

assemelha ao cérebro em dois aspectos:

a) O conhecimento é adquirido pela rede através de um processo de aprendizagem;

b) Os pesos das conexões inter-neurônios, conhecidas como pesos sinápticos, são

usados para armazenar o conhecimento (HAYKIN, 2001).

As redes neurais são técnicas bastante utilizadas para reconhecimento de padrões de

odores, porque são capazes de aprender através de exemplos, geralmente fornecem resultados

rápidos e são eficientes com o processamento de informações. No entanto, é difícil escolher

os parâmetros ideais da rede e o procedimento de treinamento (HINES; et al, 2003).

As principais vantagens de utilizar uma rede neural no reconhecimento de padrões

são:

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a) Conhecimento empírico: o aprendizado a partir de exemplos é feito de uma

maneira bastante simples e permite uma aquisição de conhecimentos de forma

automática;

b) Adaptabilidade à degradação progressiva: Em geral, as redes obtêm uma boa

generalização dos conhecimentos presentes na base de aprendizado e sendo assim

são menos sensíveis a “perturbações e distorções”;

c) Não linearidade e manipulação de dados quantitativos: As redes neurais são

menos vulneráveis aos dados aproximativos e à presença de dados distorcidos ou

incorretos que possam estar presentes na base de aprendizado. Esta capacidade de

manipular dados aproximados e até mesmo inexatos é mais difícil de ser

encontrada em outros métodos de reconhecimento;

d) Paralelismo em larga escala: as redes neurais são compostas de um conjunto de

unidade de processamento de informações que podem trabalhar em paralelo

(OSÓRIO, 2000).

As redes neurais apresentam também alguns inconvenientes, do mesmo modo que os

outros tipos de métodos de classificação. No caso específico das redes, têm-se limitações tais

como: dificuldade na definição da melhor arquitetura, parâmetros e forma de codificação dos

dados; problemas de aprendizado ligados a uma inicialização ruim dos pesos; dificuldade em

se compreender e visualizar os conhecimentos adquiridos, entre outros (OSÓRIO, 2000).

Além disso, para que rede tenha uma boa generalização, é necessário obter um grande número

de amostras para a realização do treinamento.

A rede neural tipo MLP, com três camadas e treinada com o algoritmo de

retropropagação do erro (back-propagation), é o arranjo de neurônios mais popular na

classificação de odores e a primeira rede aplicada em um nariz eletrônico (HINES; et al,

2003).

Este tipo de rede é composto tipicamente de uma camada de entrada (que não possui

pesos sinápticos ajustáveis), uma ou mais camada ocultas e uma camada de saída

(FERREIRA, 2004). O número de nós de entrada é tipicamente determinado para

corresponder ao número de sensores utilizados. O número de neurônios da camada oculta é

determinado de forma experimental e o número de características analisadas geralmente

determina o número de neurônios de saída. Nesta dissertação, o número de neurônios na

entrada foi igual a quatro e o de neurônios ocultos e de saída dependeu do tipo análise feita.

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As figuras 22 e 23 ilustram respectivamente um neurônio artificial e um exemplo de

arquitetura de rede neural.

Figura 22 - Modelo do neurônio artificial

(HAYKIN, 2001).

Figura 23 – Exemplo de arquitetura da rede neural

utilizada nas Análises 1 e 2.

O algoritmo back-progagation padrão é um dos algoritmos mais conhecido para

treinamento de redes neurais. Desde a sua criação, várias modificações deste algoritmo têm

sido propostas com objetivo de reduzir o tempo de treinamento e melhorar o desempenho na

classificação de padrões (FERREIRA, 2004). Uma destas modificações é o algoritmo

conhecido como Levenberg-Marquardt, utilizado como padrão de treinamento de redes

neurais no MatLab.

O algoritmo de Levenberg-Marquardt combina o método do gradiente e com o de

Gauss-Newton, herdando a vantagem da velocidade do algoritmo de Gauss-Newton e da

estabilidade do método do gradiente. Mais detalhes sobre este algoritmo poderá ser

encontrado em (YU, H.; et al, 2011).

Para realizar o treinamento das redes neurais, o conjunto de dados é dividido em dois

grupos, sendo que um é utilizado na fase de treinamento da rede, chamado de Conjunto de

Treinamento (CTreino), e outro na fase de simulação da rede, definido com Conjunto de teste

(CTeste).

A fase de treinamento é a etapa que a rede aprende a reconhecer as características do

problema. Após esta etapa, os dados de CTeste são utilizado para simulação da rede. A

capacidade desta para responder corretamente aos dados CTeste, sendo que estes valores não

apresentados na fase de treinamento, é chamada de generalização da rede (OSÓRIO, 2000 ;

FIGUEIREDO, 2007).

A análise das redes foi realizada com auxílio do programa MatLab, utilizando a

ferramenta nntool. Esta interface gráfica simplifica a criação de diversos tipos de rede e a

X1

X4

X2

X3

Y1

Y1

tgh

tgh

tgh

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34

realização dos treinamentos. Além disto, permite analisar o desempenho do treinamento,

através da janela Neuro Network Training, e simular o uso da rede para outros dados. A

condição de escolha da rede treinada foi baseada no resultado dos gráficos de regressão

(plotregression), ao atingir o limite do gradiente. Estes gráficos comparam os resultados da

rede para partes dos dados utilizados no treinamento com a saída ótima (desejada).

Depois da criação e do treinamento da rede, os dados de teste (CTeste) foram

introduzidos na entrada da rede, na aba Simulate presente na janela principal da rede. Após

simulação da rede, é gerado um arquivo na tela inicial da ferramenta nntool, no espaço

destinado para dados de saída (Output Data). As configurações e os parâmetros utilizados

para a criação, o treinamento e a simulação das redes neurais podem ser encontrados no

apêndice C.

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7 Metodologia de Criação das Falhas

A inexistência regional de transformadores com diagnóstico positivo para falha motivou

o desenvolvimento de uma metodologia para criação de amostras de óleo isolante, que

possibilitassem a identificação de falha através dos gases gerados. Esta metodologia se baseou

nas condições de confinamento do óleo encontrado no transformador e nas características de

cada falha. Para isto, recipientes de vidro foram adaptados com circuitos elétricos e alguns

procedimentos de manuseio foram criados para padronizar o processo.

A metodologia para criação das amostras levou em consideração os quatro tipos de falhas

encontradas no método do gás chave, as quais são: Descargas Parciais (DP), Arco Elétrico

(AE), Sobreaquecimento da Celulose (SC) e Sobreaquecimento do Óleo (SO).

7.1 Descargas parciais

Segundo CARVALHO, descargas parciais são fenômenos ocasionados pelo rompimento

localizado da rigidez dielétrica do material isolante, e são originadas pelo processo de

ionização de um meio gasoso submetido a um elevado campo elétrico (CARVALHO; et al,

2009). Para Cuenca, descargas parciais podem ser sintetizadas como sinais elétricos pulsantes

incompletos, intermitentes e rápidos, da ordem de nanosegundos, que ocorrem pela

proximidade entre duas partes condutoras de eletricidade e o meio isolante, através do efeito

de ionização em cavidades gasosas, no interior dos materiais isolantes e nas interfaces

condutor-isolante ou isolante-isolante (CUENCA, 2005).

Cuenca, em sua pesquisa, explica o processo de ionização, avalanche de elétrons e a

geração da descarga parcial (CUENCA, 2005). Estes se desenvolvem da seguinte maneira:

a) Ionização – é o processo em que moléculas e átomos neutros perdem ou ganham

elétrons. A ionização dos materiais dielétricos (óleo mineral) e dos gases presentes

no mesmo é causada pelo intenso campo elétrico entre as partes internas do

transformador (figura 24).

Figura 24 - Representação de átomo neutro (à esquerda) e quando este é submetido a um campo (à direita)

(CUENCA, 2005).

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b) Avalanche de elétrons – após acontecer o processo de ionização, os elétrons

arrancados dos átomos são acelerados pelo campo elétrico e sua colisão com

átomos neutros pode retirar outros elétrons, que serão também acelerados. Este

processo é conhecido como avalanche de elétrons (figura 25).

Figura 25 - Processo de surgimento de uma avalanche de elétrons (CUENCA, 2005).

c) Descarga Parcial - Os elétrons e íons positivos provenientes deste processo são

suficientes para conduzir corrente entre os eletrodos e absorver uma quantidade

relativamente grande de potência da fonte, fazendo com que uma centelha surja

entre os eletrodos. Quando ocorre o centelhamento, diz-se que há uma ruptura do

material dielétrico. Como essa centelha normalmente não atravessa completamente

o material dielétrico entre os eletrodos, então ela é chamada de descarga parcial.

A ocorrência de descargas parciais produz em grande proporção o gás hidrogênio (H2),

sendo este considerado como o gás chave, e em menor quantidade o gás metano (CH4). O

surgimento de gases pode gerar outras bolhas no óleo que facilitam o surgimento de novas

descargas parciais.

Alguns parâmetros podem influenciar a ocorrência das descargas parciais, entre eles os

principais são: permissividade relativa do meio dielétrico (óleo tem maior permissividade do

que o ar, desta forma o campo elétrico dentro da bolha é maior, favorecendo a ocorrência de

descargas parciais) e geometria dos eletrodos (o gradiente de tensão aumenta quanto menor

for a área do eletrodo, assim, se o formato do eletrodo for uma ponta, o gradiente de tensão é

alto e a intensidade do campo elétrico é maior).

Os tipos de descargas localizadas em líquidos (óleo mineral), segundo Cuenca, são as

descargas tipos coronas (ocorrem em eletrodos tipo ponta ou condutores finos conectados a

um alto potencial ou à terra, particularmente em instalações isoladas com ar/gás ou com

materiais isolantes líquidos) e descargas internas (em cavidades de ar em líquidos - bolhas)

(CUENCA, 2005). Ainda de acordo com Cuenca, descargas parciais podem produzir luz,

ruído audível, ozônio, além de originar a outros efeitos, como:

a) Elevação da temperatura do material dielétrico.

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b) Perda de potência e perda de energia nas cavidades do material isolante.

c) Geração de radiação ultravioleta.

d) Agentes oxidantes como oxigênio e ozônio.

e) Absorção ou geração de gás.

f) Em materiais isolantes líquidos as descargas parciais podem gerar gases

inflamáveis especialmente acetileno e metano causando a diminuição das

propriedades dielétricas e assim a vida útil deste material, obrigando a fazer

substituições desses isolantes com mais freqüência.

7.2 Arco Elétrico

Falhas identificadas como Arco Elétrico, que são descargas elétricas de intensidade e de

duração muito maior que a das descargas parciais, ocorrem geralmente quando a degradação

dos materiais isolantes (tanto sólido como líquido) está acentuada, pela evolução das

descargas parciais e por eventuais sobretensões. Este tipo de falha proporciona a carbonização

do óleo e da celulose, além de gerar grande quantidade de Acetileno (C2H2) e Hidrogênio (H2).

7.3 Celulose Superaquecida

A degradação do material celulósico é proporcionada pela elevação da temperatura nos

enrolamentos. A norma IEEE sugere que a temperatura máxima do óleo em um transformador

com operação contínua e que possui o papel Kraft comum, seja no máximo 110°C (IEEE,

2008; ASSUNÇÃO, 2007). O efeito do aquecimento da celulose, mesmo na ausência de

agentes oxidantes, e a umidade tendem a quebrar ligações glicosídicas e abrir anéis de glicose.

Essa reação produz moléculas de glicose livre, umidade, monóxido e dióxido de carbono e

ácidos orgânicos (figura 26).

Figura 26 - Decomposição Térmica da Celulose (PENA, 2003).

Segundo Assunção, quando a celulose é submetida a temperaturas entre 20°C a 80°C, a

mesma produz de água, monóxido e dióxido de carbono (ASSUNÇÃO, 2007). Em

temperaturas acima de 120°C, há produção e degradação simultânea dos compostos furânicos

(observar figura 27).

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Figura 27 – Decomposição Térmica da Celulose (ASSUNÇÃO, 2007).

7.4 Óleo Superaquecido

O diagnóstico de Óleo Superaquecido demonstra que o óleo alcançou altas temperaturas.

Geralmente causado por pontos quentes situado nas conexões internas e por deficiência no

resfriamento do transformador.

De acordo com a resolução da ANP (ANP – RANP 36/2008), o ponto de fulgor, que é a

menor temperatura na qual um líquido combustível desprende vapores, para os óleos minerais

isolantes, tanto parafínico como naftênico, tem valor igual a 140°C.

Tabela 12- Tabela de limites de elevação de temperatura (NBR5356, 1993):

Tipos de

Transformadores

Limites de elevação de temperatura (°C) (A)

Dos enrolamentos

Do

óleo

Das partes metálicas

Método da variação

da resistência Do

ponto

mais

quente

Em contato com

a isolação sólida

ou adjacente a

ela

Não em contato

com a isolação

sólida e não

adjacente a ela Circulação

ON ou OF

Circulação

OD

Em

óle

o

Sem

conservador

ou sem gás

inerte acima

do óleo

55 60 65 50(B)

Não devem

atingir

temperaturas

superiores à

máxima

especificada

para o ponto

mais quente da

isolação

adjacente ou em

contato com esta

A temperatura

não deve atingir,

em nenhum caso,

valores que

venham a

danificar estas

partes, outras

partes ou

materiais

adjacentes

Com

conservador

ou com gás

inerte acima

do óleo

55

65(D)

60

70(D)

65

80(D)

55(C)

65(D)

(A) Os materiais isolantes, de acordo com experiência prática e ensaios, devem ser adequados para o

limite de elevação de temperatura em que o transformador é enquadrado.

(B) Medida próxima à superfície do óleo.

(C) Medida próxima à parte superior do tanque, quando tiver conservador, e próxima à superfície do

óleo, no caso de gás inerte.

(D) Quando é utilizada isolação de papel, este deve ser termoestabilizado.

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A norma NBR 5356/93 informa que, durante o funcionamento normal, o transformador

não deve exceder os limites de variação de temperatura, em relação a temperatura média do

ambiente, especificados na tabela 12 (NBR5356, 1993).

7.5 Procedimentos para Geração das Falhas

Os procedimentos utilizados para geração de falhas foram criados baseando-se no

conhecimento obtido por livros, artigos e normas. A partir desses documentos, foi possível

desenvolver um método simplificado utilizando recipientes de vidro e alguns equipamentos

elétricos para criar amostras, que simulem falhas ocorridas em transformadores de potência.

Como inicialmente foi dito, foram criadas quatro amostras (DP, AE, SC e SO). Além destas,

uma amostra foi armazenada em um recipiente idêntico aos das falhas e foi mantido

confinado para realizar um comparativo entre amostras e para verificar a taxa de geração de

gás. Esta foi chamada de Amostra Padrão (AP).

Todos os experimentos partiram da consideração de que os recipientes utilizados na

criação das amostras são similares a um transformador sem conservador ou sem gás inerte

acima do óleo, com circulação do óleo natural ou forçada sem fluxo de óleo dirigido. Todas as

amostras foram criadas dentro de recipientes vedados de 1,3 litros, que possuíam válvulas

para realizar amostragem de óleo (figura 28).

a)

b)

Figura 28 - a) Desenhos técnicos dos recipientes e suas tampas, respectivamente: aquecimento, arco, padrão.; b)

Foto dos recipientes utilizados para aquecer óleo, celulose, descargas parciais, arco e amostra padrão.

Os recipientes que sofreram aquecimento foram envolvidos com uma manta para evitar a

troca térmica e evitar que os mesmos trincassem com a mudança de temperatura durante o

procedimento de aquecimento. A temperatura foi monitorada utilizando um termopar

conectado a um multímetro e o ponto de medição foi fixado na parede externa do recipiente

ao nível do óleo. A diferença de temperatura entre o óleo e a parede do recipiente, encontrada

experimentalmente, é por volta de 12°C.

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Os recipientes das falhas de descargas elétricas (Descargas Parciais e Arco Elétrico)

utilizaram um sistema de elevação de tensão composto por um transformador (2400W) e um

dobrador de tensão. A tensão utilizada para ligar o circuito foi 127V e a saída do sistema

fornecia aos eletrodos tensão igual a 3,4 kV de forma contínua.

7.5.1 Procedimentos de Descargas Parciais

O desenvolvimento da falha conhecida como descargas parciais (DP) foi baseado na tese

de Cuenca e no artigo de Zylka (CUENCA, 2005; ZYLKA, 2005). No primeiro, é mostrado o

recipiente onde são geradas as descargas parciais e é explicado o processo de ionização e

avalanche de elétrons para provocá-la. Zylka informa que o processo de geração de descargas

parciais é longo e a produção do gás hidrogênio é muito baixa (ZYLKA, 2005). Duval reforça

esta informação dizendo que apenas atividades mais severas de descargas parciais são

detectadas pela DGA (DUVAL, 2002). Para criar a falha de descargas parciais, dois eletrodos,

sendo um dos dois um parafuso com uma agulha conectada na extremidade e o outro uma

placa, foram colocados a uma distância de aproximadamente 1mm e energizados com tensão

igual a 3,4 kV durante 2 horas. Este procedimento foi repetido nove vezes em duas semanas,

totalizando 18 horas de simulação. A figura 29 mostra a monitoração da tensão durante o

procedimento de descargas parciais.

Figura 29 – Monitoramento da tensão entre os eletrodos durante o procedimento de criação da falha de descargas

parciais.

7.5.2 Procedimentos de Arco Elétrico

A geração da falha de Arco Elétrico utilizou um recipiente com dois eletrodos, assim

como para a falha de descargas parciais. A distância entre os eletrodos foi reduzida até o

surgimento do arco elétrico de forma não instantânea, rompendo a isolação líquida (óleo) e

sólida (papel). Os eletrodos foram energizados com 3,4kV por um minuto e, durante este

tempo, foi registrada a quantidade de arcos elétricos. Cada simulação do procedimento

limitou aquela quantidade em 10 arcos. Esta foi repetida cinco vezes durante uma semana.

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7.5.3 Procedimentos de Sobreaquecimento da Celulose

A falha de Sobreaquecimento da Celulose foi criada utilizando um aquecedor

(127V/1000W) envolvido com papel Kraft. A temperatura pretendida baseou-se na

dissertação de Assunção (2007). Esta informa que quando a celulose esta submetida a

temperaturas entre 20°C a 80°C produz de água, monóxido e dióxido de carbono (gases

pretendidos para identificação da falha). Além desta informação, baseado no artigo de Duval e

na norma NBR5356, a temperatura pretendida do topo do óleo, no ponto mais quente, estaria

por volta dos 90°C (temperatura ambiente:25°C + ponto quente:65°C) (DUVAL, 2002;

NBR5356, 1993). Este procedimento foi realizado apenas cinco vezes, uma vez por dia.

7.5.4 Procedimentos de Sobreaquecimento do Óleo

Para criar a amostra da falha de Sobreaquecimento do Óleo, foi utilizado apenas um

aquecedor (127V/1000W). Inicialmente, levou-se em conta o ponto de fulgor do óleo, que é

por volta de 150°C, mas, através do artigo de Duval, percebeu-se que amostras produzidas à

150°C em laboratórios poderiam ser confundidas e diagnosticadas como a falha de

sobreaquecimento de celulose (DUVAL, 2002). Desta forma, procurou-se atingir valores de

temperaturas acima de 200°C. Dentro deste recipiente, além de um litro de óleo, foi colocado

um aquecedor e um cabo de cobre envolvido com papel Kraft no fundo do recipiente, sem

contato com o aquecedor. O aquecimento do óleo foi realizado de forma progressiva. Este

procedimento foi realizado uma vez por dia, durante uma semana. A figura 30 mostra os

recipientes utilizados para superaquecimento do óleo e da celulose e a monitoração da

temperatura.

Figura 30 - Recipientes utilizados para superaquecimento do óleo e da celulose (a direita). Monitoração da

temperatura do óleo superaquecido (a esquerda).

Por conta da dificuldade para obter o óleo mineral isolante, o número de conjuntos de

amostras criadas foi limitado em apenas dois. Após a sequência de procedimentos de criação,

foi realizada a análise cromatográfica. A sequência de coleta com o sistema só foi realizada

no dia seguinte ao da AGD.

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8 Resultado e Discussão

Este capítulo iniciará apresentando os resultados da análise cromatográfica para as

amostras criadas em laboratório, com o intuito de validá-las. Ainda nesta seção também serão

apresentados os resultados obtidos utilizando o protótipo, com a matriz de sensores de dióxido

de estanho e com as amostras já analisadas pela AGD. A partir destes resultados, é possível

verificar o desempenho da matriz de sensores na detecção de falhas em transformadores de

potência e avaliar a classificação das mesmas.

8.1 Interpretação dos Dados Cromatográficos

A Análise Cromatográfica foi feita pela empresa de distribuição de energia, Energisa, e

realizada no mesmo dia da extração das amostras de óleo dos recipientes. Por conta da

similaridade dos resultados cromatográficos das duas análises cromatográficas, apenas o

resultado da segunda será apresentada nesta dissertação. A análise cromatográfica foi

realizada na seguinte sequência: Amostra Padrão (AP); amostra de Descargas Parciais (DP);

amostra de Sobreaquecimento de Celulose (SC); amostra de Sobreaquecimento do Óleo (SO);

e amostra de Arco Elétrico (AE).

A análise inicial utilizando a norma IEEE (2008), avaliação do limite de concentração do

GCDT e dos gases individualmente, classifica apenas as amostras AP e DP na condição 1,

onde a degradação do óleo é considerada normal. As outras três amostras são classificadas nas

condições 2 e 3 (ver tabela 2 e tabela 25).

Com a Taxa de Geração de Gases, é possível avaliar a evolução do processo de

degradação da isolação. Os equipamentos que possuem óleo com características similares às

amostras AE e SC, SO, são classificados pela Taxa de Geração de Gases como preocupante.

A amostra de DP é considerada como amostra com evolução normal de degradação.

Aplicando o método do Gás Chave, é possível identificar com precisão apenas a amostra

SC. No entanto, as demais amostras não obtêm compatibilidade com este método, apesar dos

procedimentos de criação de falhas ocorrerem de forma ativa, para causá-las.

Os métodos das razões, considerados pelas normas IEEE (2008) e pela NBR7274, são

deficientes para a identificação de falhas que envolvem a celulose, pois os principais gases

(CO e CO2) gerados por esta falhas não são avaliados pelas razões e nem os métodos possuem

esta falha especificada com um dos diagnósticos. O método de Doernenburg consegue

identificar a amostra SO, classificando-a com falha térmica, e a amostra AE, classificando-a

como Arco Elétrico apenas quando desconsidera a segunda condição para aplicação do

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método. Ainda aplicando este método, a amostra DP é identificada como sem falha, mesmo

desconsiderando os limites iniciais de Doernenburg.

O método de Rogers identifica apenas a amostra SC, mas classificou como sendo a

amostra de DP. Este diagnóstico pode ser considerado errado, já que este método não avalia

os gases de maior concentração, que são o CO e CO2. A não identificação das amostras pode

ser justificada pelo pequeno número de diagnósticos associado as razões, os quais são

identificados apenas por seis combinações, sendo que uma destas representa a situação normal

de degradação.

O último método das razões, NBR7274, consegue identificar a falha térmica entre 150°C

e 300°C (SO) e a falha por arco elétrico (AE) de acordo com o procedimento de criação de

amostra. Pela NBR7274, a amostra DP não é identificada e a amostra SC é classificada como

sendo a amostra de DP. Novamente, este diagnóstico obtido pela amostra SC pode ser

considerado errado, por não avaliar os gases de maior concentração (CO e CO2). Outro

detalhe que contribui para esta consideração é a forma como foi gerada a falha SC.

No apêndice D, todo o processo da análise dos dados cromatográficos e os diagnósticos

obtidos pelos métodos são explicados e apresentados em tabelas.

8.1.1 Conclusão sobre a Cromatografia e os Métodos de Interpretação

Tabela 13 - Resultados da Analise de Gases Dissolvidos

Métodos Amostras e Diagnóstico

Interpretação e Métodos DP AE SC SO

GCDT Condição 1 Condição 3 Condição 2 Condição 2

Gases Individuais C2H2 H2, CH4, C2H2e

C2H4 CO e CO2

CH4, C2H6 e

CO

Monitoração (T.G.) Anual Semanal Mensal Mensal

Gás Chave Sem

Identificação

Sem

Identificação Celulose

Aquecida

Sem

Identificação

Doernenburg ** Sem falha Arco Elétrico Sem falha* Falha Térmica

Rogers Sem

Identificação

Sem

Identificação

Descargas

Parciais*

Sem

Identificação

NBR7274 Sem

Identificação Arco Elétrico

Descargas

Parciais* Falha Térmica

Laudo Técnico

Descarga de

baixa

intensidade Arco Elétrico Falha Térmica Falha Térmica

Resultados Finais Sem

Identificação Arco Elétrico

Celulose

Aquecida Falha Térmica

*Celulose Aquecida é identificada com a concentração dos gases CO e CO2, os quais não são

utilizados nos métodos das razões.

**Diagnóstico excluindo a segunda consideração de concentração dos gases.

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Observando a tabela 13, conclui-se que apenas três das quatro amostras podem ser

consideradas como amostras contendo falha. A amostra de SO é identificada pelo método de

Doernenburg e pela norma NBR7274, além de ser diagnosticada pelo laudo entregue pela

Energisa. A amostra de AE é identificada pelo método da norma NBR7274, pelo método de

Doernenburg, quando desconsidera o segundo limite para aplicação deste, e pelo laudo da

Energisa. A amostra SC é identificada pelo método do Gás Chave e, também, pelo laudo. É

importante lembrar que os métodos das razões não utilizam os gases característicos da falha

de Sobreaquecimento de Celulose e, por conta disto, esta não é identificada por eles.

A partir dos resultados vistos na tabela 13, as amostras criadas são classificadas e

consideradas de acordo com o que é apresentado na tabela 14.

Tabela 14 - Resultados e considerações sobre as amostras criadas.

Amostras Classificação e os métodos de comprovação

AP Amostras Padrão – sem procedimento de criação

DP Amostras sem falha – Todos os métodos não identificaram como amostra contendo falha;

AE Amostra de Arco Elétrico –NBR7274, Doernenburg**, Laudo e Procedimento de criação

de Arco Elétrico.

SC Amostra de Sobreaquecimento de Celulose* – Método do Gás chave e Procedimento de

criação de Sobreaquecimento de Celulose.

SO Amostra de Sobreaquecimento de Óleo - Doernenburg, NBR7274, Laudo e

Procedimento de criação de Sobreaquecimento do Óleo.

*Os métodos das razões não consideram os gases CO e CO2, que são os indicadores de falhas na

isolação celulósica.

**Diagnóstico excluindo a segunda consideração de concentração dos gases.

8.2 Análise dos Dados Coletados pela Matriz de Sensores

A análise destes dados foi feita em quatro etapas: seleção dos dados; pré-processamento,

processamento e impressão. Na fase de seleção dos dados, 100 dados iniciais e 100 dados

finais foram selecionados de cada amostragem, para o cálculo dos modelos de extração de

características (Extratores). Como resultado do pré-processamento, obteve-se a Matriz

Característica (MC - 6500X4) contendo quatro vetores, referentes a quatro sensores, contendo

6500 dados das 65 amostragens. No total, foram feitas 13 coletas, sendo que duas delas para

verificar o estado inicial do óleo obtendo, 10 amostragens de Amostra Inicial (AI - amostras

sem falha); e mais 11 coletas após os procedimentos de criação de amostras, totalizando em:

11 amostragens da Amostra Padrão (AP – amostra comparativa); 11 amostragens de Arco

Elétrico (AE), 11 amostragens de Descargas Parciais (DP); 11 amostragens de

Sobreaquecimento de Celulose (SC); e 11 amostragens de Sobreaquecimento do Óleo (SO).

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Na tabela 15, são identificados os termos utilizados nesta dissertação, como: amostragem,

que é a aquisição de dados de uma única amostra; coleta, que é definida como o conjunto de

cinco amostragens, cada qual de uma amostra (AP, DP, AE, SC, SO); e etapas, que é o ciclo

de coleta(s).

Tabela 15 - Amostras e Seleção dos Dados

Eta

pa

s

Co

leta

s

**

Amostragens***

Dados

Selecionados

(Iniciais e

Finais)

Matriz

Caracterí

stica

1 1 *AI11=(AP11, AE11, DP11, SC11 e SO11) 1000 500X4

2

1 AP21, AE21, DP21, SC21 e SO21 1000 500X4

2 AP22, AE22, DP22, SC22 e SO22 1000 500X4

3 AP23, AE23, DP23, SC23 e SO23 1000 500X4

4 AP24, AE24, DP24, SC24 e SO24 1000 500X4

3 1 *AI20=(AP31, AE31, DP31, SC31 e SO31) 1000 500X4

4

1 AP41, AE41, DP41, SC41 e SO41 1000 500X4

2 AP42, AE42, DP42, SC42 e SO42 1000 500X4

3 AP43, AE43, DP43, SC43 e SO43 1000 500X4

4 AP44, AE44, DP44, SC44 e SO44 1000 500X4

5 1 AP51, AE51, DP51, SC51 e SO51 1000 500X4

6 1 AP61, AE61, DP61, SC61 e SO61 1000 500X4

7 1 AP71, AE71, DP71, SC71 e SO71 1000 500X4

Total 65 amostragens 13000 6500X4

*Amostra Inicial (AI)

**1 coleta = 5 Amostragens

***1 Amostragem=3400 dados (amostras)

LLxx: <LL> indica o tipo da amostra criada de óleo; <xx> números indicando

respectivamente a etapa e a coleta das amostragens. Ex.: AP24: Amostra Padrão, obtido

pela 2ª etapa 4ºcoleta.

As primeiras amostras (AP, DP, AE, SC, SO) dos recipientes de falha foram coletadas em

duas etapas, sendo que a primeira coleta, na Etapa 1, foi realizada antes de se aplicar os

procedimentos de criação de falhas, e as outras quatro coletas foram realizadas após a

primeira cromatografia na Etapa 2. O segundo conjunto de amostras dos recipientes também

foi coletado em duas etapas (3 e 4) de forma similar à primeira, sendo que a 4ª etapa foi

realizada após a segunda cromatografia. As outras três etapas (5, 6 e 7) foram realizadas com

as amostras da segunda cromatografia, mas, entre estas etapas, os procedimentos de criação

foram novamente realizados para cada falha. Estas três ultimas etapas possibilitou a

investigação da progressão das mesmas. As amostragens colhidas nas etapas 1 e 3 são

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46

chamada de amostras iniciais (AI), por representarem o estado inicial das amostras de óleo, ou

seja, antes de realizar os procedimentos de criação de falhas.

Na fase de processamento, a Matriz Característica foi analisada por três técnicas de

reconhecimento de padrões: PCA, 1-NN, e RNA-MLP. Antes de avaliar a capacidade de

identificação das falhas utilizando a regra do vizinho mais próximo e a rede neural MLP,

utilizou-se da análise PCA para explorar e avaliar os quatro modelos de extração de

característica comumente utilizados em sistemas de identificação de odores (GARDNER; et

al, 1994; HINES; et al, 2003). Durante a exploração dos dados foram observados dois

aspectos: a formação de grupos correspondendo às amostras com e sem falhas; e a

proximidade ou sobreposições entre os mesmos.

8.2.1 Exploração dos Dados (PCA) e Modelos de Extração da Característica

Os modelos (VD, VR, VDF e VLog) utilizados para extração das características (ver

capítulo 6) apresentam dados com valores numéricos bastante distintos e, por este motivo,

estes foram convertidos (normalizados) para valores entre 0 e 1. Esta conversão permitiu

avaliar os modelos e os aspectos visualmente.

A visualização dos grupos através de gráficos de dois e três eixos foi possível aplicando a

técnica PCA, abordada na seção 6.1.1. Todos os dados da Matriz Característica foram

utilizados no cálculo da matriz covariância, mas somente os valores médios de cada

amostragem (65 pontos) foram projetados nos eixos e visualizados nos gráficos.

Nas figuras, à esquerda, são vistos os gráficos com os 65 pontos médios projetados em

duas dimensões (XY – 2D). Nas figuras à direita, são apresentadas as perspectivas que

permitem visualizar a separação das falhas, projetando apenas os 33 pontos em três dimensões

(Vista Especial – 3D), correspondentes as falhas observadas na figura à esquerda.

Figura 31 - Modelo VD com Vista XY

Figura 32 - Modelo VD com Vista Especial

Sem

Falhas

Com

Falhas

S.Óleo

A.Elétrico

S.Celulose

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47

Figura 33 - Modelo VLog com Vista XY

Figura 34 - Modelo VLog com Vista Especial

Figura 35 - Modelo VDF com Vista XY

Figura 36 - Modelo VDF com Vista Especial

Figura 37 - Modelo VR com Vista XY

Figura 38 - Modelo VR com Vista Especial

Legendas

Sem

Falhas

Com

Falhas

S.Óleo

A.Elétrico

S.Celulose

Sem

Falhas

Com

Falhas

S.Óleo

A.Elétrico

S.Celulose

Sem

Falhas

Com

Falhas

S.Óleo

A.Elétrico

S.Celulose

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48

As retas e as curvas na cor preta foram feitas nas figuras de forma manual, com intuito de

ressaltar a separação entre os grupos de amostragens.

Analisando as figuras (31 à 38), por meio da redução de dimensões aplicada pela técnica

PCA, é possível observar que os modelos VDF e VR são similares, isto é justificado pela

normalização que, ao ser feita, reduz a diferença de uma unidade para aproximadamente de

zero.

Ainda sobre as figuras dos modelos, é perceptível que a utilização dos modelos VD e

VLog facilita a separação e, assim, a identificação dos agrupamentos, tanto para amostras

com e sem falha, quanto entre as amostras com falhas reconhecidas pela AGD (tabela 15). Os

resultados para os modelos VD e VLog são positivos, pois ambos lidam com a diferença entre

os instantes de estabilização ( ), sendo influenciados apenas pela variação

(aumento) de concentração do meio, provocado pelos gases dissolvidos no óleo. Enquanto os

outros dois modelos, por utilizarem, em suas equações, o instante inicial ( ) como

divisor, tornam os dados característicos da mesma falha mais dispersos.

Por conta da análise gráfica obtida, os modelos VD e VLog foram selecionados para o

cálculo das Matrizes Características utilizadas pelas outras duas técnicas de reconhecimento

de padrões desta dissertação.

Figura 39 – Progressão das amostragens 44, 51, 61 e

71 com o modelo VD (Vista XY)

Figura 40 - Progressão das amostragens 44, 51, 61 e

71 com o modelo VD (Vista Especial)

Legendas

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49

As figuras 39 e 40 mostram o comportamento evolutivo das falhas durante a ocorrência

seguidamente das mesmas falhas. Após a analise das figuras, observa-se que as falhas por

Arco-Elétrico e por Sobreaquecimento do Óleo tendem a direções distintas com a ocorrência

seguida da mesma falha. Nota-se que a falha de celulose aquecida progride de forma mais

lenta, quando é comparada com aquelas duas falhas. É observável também que, com o

progresso da geração de falhas, os grupos tendem a se separar, tornando sua identificação

mais fácil.

A partir destas análises iniciais, nota-se também que, com o conhecimento prévio dos

grupos de amostragens, a classificação de uma nova amostragem qualquer desconhecida já

pode ser feita aplicando a análise PCA, ao projetar seus os dados nos novos eixos.

8.2.2 Análise por Regra do Vizinho Mais Próximo (1-NN)

A Regra do Vizinho mais Próximo classifica todas as amostragens utilizando a métrica de

Mahalanobis. Esta métrica calcula a distância entre as amostragens e os centros de cada

grupo, considerando os dados apresentados pelos modelos (VD e VLog). Para aplicação desta

técnica, considerou-se inicialmente que todas as amostras estavam de acordo com o

procedimento de criação das amostras, ou seja: 10 amostragens de AI, 11 amostragens de AP,

11 amostragens de DP, 11 amostragens de AE, 11 amostragens de SC e 11 amostragens de

SO. A regra 1-NN foi aplicada em quatro análises, sendo que: as duas primeiras separam as

amostragens em dois grupos (Sem e Com falha), a terceira análise divide as amostragens em

seis grupos (AI, AP, DP, AE, SC e SO) e a quarta em quatro grupos (SF, AE, SC e SO, sendo

SF composta pelos grupos AI, AP e DP).

A primeira análise utilizou dois centróides, sendo um o ponto médio entre os grupos das

amostragens de AI e de AP, e outro o ponto médio entre os grupos das amostragens DP, AE,

SC e SO. A segunda análise considerou os resultados da AGD (tabela 15) e assim utilizou

como centróides os pontos médios entre AI, AP e DP e entre AE, SC e SO. A terceira análise

utilizou seis pontos médios como centróides, considerando cada grupo de amostra

individualmente e a quarta considerou o ponto médio entre AI, AP e DP e os centróides de

cada um dos demais grupos (AE, SC e SO).

Para calcular a distância de Mahalanobis, uma matriz covariância foi calculada para cada

grupo de amostra (AI, AP, DP, AE, SC e SO). A partir disto, foi calculada a distância dos

centróides dos grupos a cada um dos 65 pontos médios das amostragens.

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50

A classificação por 1-NN possibilitou avaliar o desempenho do protótipo quanto à

capacidade de discriminação das amostragens, identificando quais estavam com e sem falhas.

Além disso, possibilitou verificar a compatibilidade com os resultados da cromatografia.

A tabela 16 apresenta os resultados da 1ª Análise e da 2ª Análise utilizando a regra do

Vizinho Mais Próximo, considerando os dois modelos selecionados na seção 8.2.1 e dois tipos

de dados (PM e PM – PCA 3D), sendo um com quatro vetores e outro com três e aplicando a

análise PCA. A Matriz Característica foi representada pela matriz PM (65x4) dos pontos

médios das amostragens.

Tabela 16 – Percentuais de acertos da 1ª e 2ª Análise – Regra do Vizinho Mais Próximo (1-NN)

Da

do

s

VD (65X4) VLog(65X4)

PM PM- PCA 3D PM PM- PCA 3D

Análises Análises

1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª

AI 50,00 90,91 50,00 90,00 70,00 100,00 60,00 100,00

AP 72,73 100,00 90,91 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

DP 63,64 72,73 54,55 81,82 81,82 100,00 81,82 100,00

AE 100,00 90,91 100,00 90,91 100,00 90,91 100,00 90,91

SC 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

SO 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

TA 81,54 92,31 83,08 93,85 92,31 98,46 90,77 98,46

1ª Análise considera apenas AI e AP como amostragens normais para o cálculo da distância de

Mahalanobis e as demais como amostragens com falha.

2ª Análise considera AI, AP e DP como amostragens normais para o cálculo da distância de Mahalanobis

e as demais como amostragens com falha.

PM: Matriz composta com os pontos médios de cada amostragem (65x4).

PM- PCA 3D: Matriz composta com os pontos médios projetados em 3 dimensões (65x3).

TA: Total de acertos percentuais para cada análise.

Observando a tabela 16, constata-se que a segunda análise obteve maior taxa de acerto

por amostragem em comparação com a primeira, com exceção apenas para amostragem do

Arco Elétrico (AE). Isto é um indicativo de que a amostra de Descargas Parciais pode ser

classificada como uma amostra normal, de acordo com a segunda análise.

É possível também verificar, através dos resultados da primeira análise, que a

identificação das amostragens de AI obteve maior taxa de erro, igual a 50% para o modelo

VD. Este é um diagnóstico contraditório, pois as amostragens de AI foram coletadas antes dos

procedimentos de criação de falhas, sendo considerada como marco inicial sem falha. Isto

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51

contribui para que a primeira análise, que considera as amostragens de DP como amostras

contendo falha, não seja considerada correta.

Considerando os resultados da tabela 16 e os resultados da análise cromatográfica,

apresentados na tabela 14, pode-se concluir que o diagnóstico da segunda análise é válido e a

amostra DP, criada em laboratório, tem grandes chances de ser uma amostra normal (sem

falha), indicando que o procedimento de geração de falha não obteve o resultado esperado.

Observando o Total Acertos (TA), o modelo VLog obtém melhores resultados entre os

modelos comparados, com 98,46%. Os resultados são os mesmos com ou sem redução da

dimensão da matriz PM utilizando a análise PCA (PM - PCA 3D). Assim, dentre os modelos

analisados, provavelmente o VLog com PM - PCA 3D responde de forma mais satisfatória

para identificação das falhas.

Tabela 17 - Percentuais de acertos da 3ª e 4ª Análise - Regra do Vizinho Mais Próximo (1-NN)

Mo

del

os

Am

ost

ras

cria

da

s Amostras Pretendidas (%) Resultados (%)

AI AP DP AE SC SO TA3 TA4

VD

- P

M

AI 70,00 0,00 10,00 20,00 0,00 0,00

84,62 90,76

AP 18,18 63,64 18,18 0,00 0,00 0,00

DP 0,00 0,00 81,82 18,18 0,00 0,00

AE 0,00 0,00 9,09 90,91 0,00 0,00

SC 0,00 0,00 0,00 0,00 100,00 0,00

SO 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 100,00

VD

– P

M -

P

CA

3D

AI 50,00 10,00 30,00 10,00 0,00 0,00

76,92 90,76

AP 9,09 63,64 27,27 0,00 0,00 0,00

DP 0,00 18,18 63,64 18,18 0,00 0,00

AE 0,00 0,00 9,09 90,91 0,00 0,00

SC 0,00 0,00 0,00 0,00 100,00 0,00

SO 0,00 0,00 0,00 0,00 9,09 90,91

VL

og

- P

M AI 80,00 0,00 20,00 0,00 0,00 0,00

78,46 95,38

AP 27,27 63,64 9,09 0,00 0,00 0,00

DP 9,09 27,27 45,45 18,18 0,00 0,00

AE 0,00 0,00 9,09 90,91 0,00 0,00

SC 0,00 0,00 0,00 0,00 100,00 0,00

SO 0,00 0,00 0,00 9,09 0,00 90,91

VL

og

PM

-

PC

A 3

D

AI 70,00 10,00 20,00 0,00 0,00 0,00

75,38 93,85

AP 9,09 72,73 18,18 0,00 0,00 0,00

DP 9,09 45,45 27,27 18,18 0,00 0,00

AE 9,09 0,00 9,09 90,91 0,00 0,00

SC 0,00 0,00 0,00 0,00 100,00 0,00

SO 0,00 0,00 0,00 9,09 0,00 90,91

3ª Análise: considera seis centróides identificando cada grupo de amostras.

TA3: Total de acertos percentuais para a análise 3.

TA4: Total de acertos percentuais para a análise 4, considerando AI, AP e DP amostras

normais.

PM: Matriz composta com os pontos médios de cada amostragem (65x4).

PM- PCA 3D: Matriz composta com os pontos médios projetados em 3 dimensões (65x3).

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O resultado da terceira Análise pode ser visualizado na tabela 17. Através desta, constata-

se que: o modelo VD, sem aplicação da análise PCA, obtém melhor desempenho na

classificação de cada amostragem como sendo integrante do seu grupo. Com este modelo, a

taxa de total de acertos (TA3) atinge 84,62%. Mas, quando se considera o grupo das

amostragens AI, AP e DP como um único grupo (amostras sem falhas), a taxa de acerto com o

modelo VLog foi superior a do VD, com total de acertos (TA4) igual a 95,38%. Desta forma,

percebe-se que 15,92% dos erros do modelo VLog, identificados com a taxa TA3 (separação

em seis grupos), são devidos às amostragens AI, AP e DP, que têm características dispersas e,

ao mesmo tempo, são misturadas. Isto pode ser visto nos gráficos deste modelo com Vista

XY.

A partir disto e da maior taxa de acerto TA4, também se entende que a aplicação do

modelo VLog faz com que os grupos com as mesmas características estejam mais próximos e

os com características diferentes mais distantes.

Considerando os resultados da AGD e os apresentados nas tabelas 16 e 17, conclui-se que

o reconhecimento utilizando a Regra do Vizinho mais Próximo (1-NN), aplicado aos dados

gerados por sensores de dióxido de estanho, consegue obter resultados favoráveis. O modelo

VLog junto com a aplicação da técnica PCA pode ser considerado como a melhor sugestão

para identificação das falhas utilizando 1-NN.

8.2.3 Análise Utilizando Redes Neurais (MLP)

A rede neural artificial é uma das técnicas mais aplicada no reconhecimento de padrões

de dados gerados por narizes eletrônicos (SCOTT; et al, 2007; HINES; et al, 2003;

GARDNER; et al, 1994). Este trabalho utiliza as redes Perceptron Multi-Camadas ( Multi-

Layer Perceptron - MLP), treinadas com o algoritmo Levenberg-Marquardt (algoritmo de

backpropagation que combina o método do gradiente com o algoritmo de Gauss-Newton),

para avaliar a capacidade de classificação das falhas utilizando os dados do protótipo. Para

esta finalidade, apenas foram utilizados os dados obtidos pelos modelos VD e VLog.

Para realizar o treinamento utilizaram-se 8 amostragens de cada grupo, ou seja 800

dados, totalizando 4800 dados para o treinamento. A simulação da rede utilizou 17

amostragens que não participaram do treinamento da rede. No conjunto de dados de

simulação foram inclusos também 65 pontos correspondentes aos valores médios de cada

amostragem. A separação das amostras para treinamento e simulação pode ser vista na tabela

18.

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53

Tabela 18 – Seleção das Amostragens para Treinamento e Teste da rede MLP

Etapa - Coletas Amostragens de Treinamento Amostragens de Teste

11 AE11, DP11, SC11 e SO11 AP11

21 AE21, DP21 e SC21 AP21 e SO21

22 AP22, DP22, SC22 e SO22 AE22

23 AP23, AE23, SC23 e SO23 DP23

24 AP24, AE24, DP24 e SO24 SC24

31 AE31, DP31, SC31 e SO31 AP31

41 AP41, AE41, DP41 e SO41 SC41

42 AE42, DP42 e SC42 AP42 e SO42

43 AP43, DP43, SC43 e SO43 AE43

44 AP44, AE44, SC44 e SO44 DP44

51 AP51, AE51, DP51 e SC51 SO51

61 AP61, SC61 e SO61 DP61 e AE61

71 AE71, DP71 e SO71 AP71 e SC71

Extra - 65 Pontos Médios (PM) de Cada

Amostra

Total 48 amostragens 17 amostragens + 65 PM

Nº de Dados 4800 dados 1765 dados

As redes foram construídas com apenas uma camada oculta e sua análise foi subdividida

em outras quatro, sendo similares às feitas pela Regra do Vizinho Mais Próximo. As

configurações das redes na fase de treinamento podem ser vista nas tabelas 22, 23 e 24, no

apêndice C. A primeira considera as amostragens de Descargas Parciais como amostra com

falha. A segunda é similar à primeira análise, e diferencia desta por considerar as amostragens

de DP como amostra sem falha. A terceira análise busca classificar cada grupo de

amostragem, sendo assim, apresenta seis tipos de saídas (AI, AP, DP, AE, SC e SO). A última

análise utiliza três redes neurais treinadas para separar as amostras em quatro grupos (SF, AE,

SC, SO). Ela considera as amostragens AI, AP e DP iguais a amostragens sem falha (SF). Os

resultados destas análises podem ser vistos nas tabelas 19, 20 e 21.

A tabela 19 retrata os resultados da primeira e segunda análise, a qual leva em

consideração o número de neurônios na camada oculta e a matriz característica dos modelos

VD e VLog. Nota-se, através da mesma, que os melhores resultados são obtidos na segunda

análise, que considera a amostra de Descargas Parciais como amostra normal. Ao considerar o

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54

acerto médio de cada análise, a segunda obtém 97,3%, enquanto a primeira acerta 89,6%, ao

simular as redes com 10, 5 e 2 neurônios ocultos e com ambos os modelos.

Ao comparar os resultados de cada modelo, diferentemente do resultado da análise por

Regra do Vizinho Mais Próximo, o melhor resultado foi obtido com o modelo VD, com

acerto médio de 95,3%, considerando ambas as análises e as redes contendo 10, 5 e 2

neurônicos ocultos. O modelo VLog obteve média igual a 91,7% de acerto, com as mesmas

considerações.

Tabela 19 – Percentuais de acertos da 1ª e 2ª Análise - MLP

Mo

del

o V

D

NCO AI AP DP AE SC SO Total

An

ali

se 1

10 89,5% 100,0% 67,2% 100,0% 100,0% 100,0% 93,0%

5 100,0% 75,6% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 95,7%

2 100,0% 100,0% 35,7% 100,0% 100,0% 100,0% 88,7%

Acerto Médio da Análise 1 com o modelo VD 92,47%

An

ali

se 2

10 100,0% 100,0% 100,0% 99,7% 100,0% 100,0% 99,9%

5 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

2 100,0% 100,0% 100,0% 67,2% 100,0% 100,0% 94,2%

Acerto Médio da Análise 2 com o modelo VD 98,0%

Acerto Médio do Modelo 95,3%

Mo

del

o V

Lo

g

NCO AI AP DP AE SC SO Total

An

ali

se 1

10 100,0% 67,5% 67,2% 96,5% 100,0% 100,0% 87,9%

5 100,0% 67,5% 100,0% 95,8% 100,0% 100,0% 93,5%

2 100,0% 67,5% 35,7% 76,8% 100,0% 100,0% 78,9%

Acerto Médio da Análise 1 com o modelo VLog 86,8%

An

ali

se 2

10 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

5 100,0% 100,0% 67,5% 100,0% 100,0% 100,0% 94,3%

2 62,9% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 95,6%

Acerto Médio da Análise 2 com o modelo VLog 96,6%

Acerto Médio do Modelo 91,7%

Acerto Médio da Análise 1 89,6%

Acerto Médio da Análise 2 97,3%

1ª Análise: Separa as amostras em dois grupos: com e sem falha. Considera apenas AI e AP

como amostras normais e as demais como amostras com falha.

2ª Análise: Separa as amostras em dois grupos: com e sem falha. Considera AI, AP e DP como

amostras normais e as demais como amostras com falha.

NCO: número de Neurônios na Camada Oculta.

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Sobre a quantidade de neurônios na camada oculta, a tabela 19 mostra que a segunda

análise obteve melhores resultados de classificações, em ambos os modelos. As quantidades

de neurônios escondidos para obter os melhores resultados foram: 5 neurônios para VD e 10

neurônios para VLog.

Considerando que a velocidade de processamento da análise é inversamente proporcional

a quantidade de neurônios, então a melhor escolha para utilizar as redes neurais, como técnica

de reconhecimento de padrão para distinguir amostras com e sem falha, é utilizando o modelo

VD com apenas 5 neurônios na camada oculta. Este resultado não é definitivo. O uso da rede

neural é bastante subjetivo, pois, a cada treinamento, novos pesos sinápticos podem ser

utilizados para iniciá-lo, alterando a eficiência da classificação. Além disto, é necessária uma

grande quantidade de dados para obter uma boa generalização da rede.

Tabela 20 - Percentuais de acertos da 3ª Análise - MLP

Os resultados da terceira análise podem ser visualizados na tabela 20. Por meio dela,

podem-se analisar a respostas das redes neurais para classificar as amostragens em seis

grupos, utilizando os dados dos modelos selecionados anteriormente e alterando a quantidade

de neurônios na camada oculta. Após a simulação das redes, notou-se que algumas respostas

apresentadas pela rede não estavam presentes no conjunto de respostas desejadas. Estas foram

denominadas como respostas conflituosas ou, simplesmente, como conflitos.

Mo

del

o

Neu

rôn

ios

Ocu

lto

s

Total de

Acertos (%)

Erro de

Classificação

(%)

Conflitos (%) Erro Total (%)

VD

12 81,93% 11,44% 6,63% 18,07%

10 75,86% 7,76% 16,37% 24,13%

6 77,11% 6,06% 16,83% 22,89%

Acerto Médio do Modelo VD 78,30%

VL

og

12 71,39% 15,92% 12,69% 28,61%

10 80,91% 13,09% 6,01% 19,10%

6 72,97% 13,71% 13,31% 27,02%

Acerto Médio do Modelo VLog 75,09%

3ª Análise: Separa as amostras em seis grupos: AI, AP, DP, AE, SC e SO.

Conflitos: Conflito na resposta da rede, ou seja, a rede apresenta o código de saída diferente

daqueles que foi utilizado na identificação dos grupos.

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56

As médias do total de acertos encontrada para os dois modelos são muito próximas,

sendo que o VD obteve 78,30%, enquanto o modelo VLog conseguiu 75,09% de acerto.

Observando os resultados considerando o número de neurônios na camada oculta, os

melhores resultados obtidos são com: 12 neurônios para o VD e 10 neurônios para o VLog.

Novamente, a escolha de uma rede neural utilizando os dados do modelo VD para efetuar

o treinamento é indicada como sendo mais satisfatória, quando comparada com outra rede que

utiliza o modelo VLog. Apesar disto, os resultados obtidos com o modelo VLog podem ser

considerados satisfatórios, pois esses foram próximos aos do modelo VD.

Tabela 21 - Percentuais de acertos da 4ª Análise - MLP

A quarta análise dos dados utilizando redes neurais é feita considerando as amostragens

AI, AP e DP como sendo o mesmo grupo e, sendo assim, todas são consideradas sem falha. A

partir desta consideração, as redes foram treinadas e simuladas, obtendo os resultados

apresentados pela tabela 21.

Através da tabela 21, observa-se que o acerto médio indica que o modelo Vlog obtém

melhores resultados na classificação das amostras, obtendo 93,98% de acertos. O modelo VD

também apresenta um bom resultado, mas inferior, com média de total de acertos igual a

91,80%.

Mo

del

o

Neu

rôn

ios

Ocu

lto

s

Total de

Acertos (%)

Erro de

Classificação

(%)

Conflitos (%) Erro Total (%)

VD

10 94,22 0,00 5,78 5,78

8 92,69 6,23 1,08 7,31

4 88,50 5,72 5,78 11,5

Acerto Médio do Modelo VD 91,80%

VL

og

10 100,00 0,00 0,00 0,00

8 94,56 0,00 5,44 5,44

4 87,37 7,71 4,93 12,64

Acerto Médio do Modelo VLog 93,98%

4ª Análise: Separa as amostras em quatro grupos: Sem falha, AE, SC e SO. Considera AI,

AP e DP como amostras normais e as demais como amostras com falha.

Conflitos: Conflito na resposta da rede, ou seja, a rede apresenta o código de saída diferente

daqueles que foi utilizado na identificação dos grupos.

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57

Para ambos os modelos, as redes com 10 neurônicos obtêm resultados mais eficientes,

destacando a classificação do VLog com 100% de acerto.

Diferentemente das outras análises utilizando redes neurais, a quarta análise indica que a

rede neural com 10 neurônios ocultos, treinada e simulada com os dados do modelo VLog, é a

mais eficiente na classificação das amostragens. Apesar disso, deve-se lembrar: que os

resultados obtidos por ambos os modelos foram próximos e que o treinamento foi realizado

com 48 amostragens, ou seja, com uma quantidade pequena de dados. Além disto, sabe-se que

a escolha das redes neurais é feita de forma experimental e subjetiva atendendo às condições

de escolhas de quem realiza o treinamento da rede.

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58

9 Conclusão

O trabalho apresentado nesta dissertação teve como objetivo principal estudar a

potencialidade do uso de uma matriz de sensores de gases de dióxido de estanho, em conjunto

com técnicas de reconhecimento de padrão, na detecção de falhas em transformadores de

potência através de gases dissolvidos em óleo mineral isolante.

As análises desta dissertação foram feitas com base em amostras criadas em laboratório.

Apesar disto, a análise AGD (cromatografia e interpretação) demonstrou que das quatro, três

delas foram compatíveis com algum dos métodos de interpretação convencionais.

Uma vez que os métodos de análise AGD tradicionais validaram, separadamente, quase

todas as amostras com falha, com exceção da amostra que deveria ser de Descargas Parciais,

foi possível considerar que as amostras de Arco Elétrico, Sobreaquecimento de Celulose e

Sobreaquecimento de Óleo apresentavam características similares às das falhas reais. Para o

caso das Descargas Parciais o procedimento deverá ser revisto e melhorado para obter

compatibilidade com a falha real.

Em geral, as análises dos dados coletados, realizadas com as técnicas de reconhecimento

de padrão, foram consideradas satisfatórias. Uma vez que as análises permitiram verificar a

separabilidade de amostragens em grupos, demonstrando que as respostas da matriz de

sensores apresentam diferentes padrões para as amostras (AI, AP, DP, AE, SC e SO), foi

possível observar que existe compatibilidade com os resultados apresentados pela análise

convencional (AGD).

Com os dados coletados, foi possível inicialmente aplicar a análise das componentes

principais (PCA) para reduzir a dimensão da matriz de dados. Isto permitiu que os dados

fossem explorados visualmente e, assim, escolher os modelos de extração de características,

entre: VD, VR, VDF e VLog, que oferecessem a melhor separação entre os grupos de

amostras, já conhecidos. Os modelos escolhidos, de forma visual, foram: VD e o VLog.

O uso da análise PCA permitiu também que fosse visualizada a progressão das falhas,

após dias consecutivos alternando os procedimentos de coleta das amostragens e de criação

das falhas. Com isto, observou-se que os grupos tenderam a se desenvolver, com a progressão

da falha, em direções distintas.

As análises feitas com a Regra do Vizinho mais Próximo (1-NN) permitiram avaliar tanto

o grau de similaridade entre as amostragens do mesmo grupo, quanto a possibilidade de

classificar as amostragens de Descargas Parciais (DP) como uma falha ou como uma amostra

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normal. Todas as análises que classificaram as amostragens de Descargas Parciais como

normal obtiveram taxas de acerto superiores, concordando com a análise de gases dissolvidos.

A Regra do Vizinho mais Próximo foi utilizada também para avaliar os dois modelos

escolhidos (VD e VLog). Os resultados demonstraram que o modelo VLog com aplicação da

técnica PCA(3D) respondeu de forma satisfatória para separação das amostragens em dois

grupos (com e sem falha), com percentual de acerto igual a 98,46%.

Quando a Regra do Vizinho mais Próximo foi utilizada para avaliar a separação das

amostras em quatro grupos (Sem Falha, Arco Elétrico, Sobreaquecimento de Celulose e

Sobreaquecimento do Óleo), concordando com a AGD, o modelo VLog utilizando a análise

PCA 3D obteve o melhor resultado, com 93,85% de acertos. Por conta da capacidade de

reduzir a dimensão da matriz característica, este modelo foi também considerado satisfatório

para o objetivo desta análise.

A utilização das redes neurais, na classificação dos dados, mostrou que os melhores

resultados de classificação foram obtidos quando se consideram as amostragens de Descargas

Parciais como sendo amostras normais. Além disto, as redes neurais permitiram também

avaliar os modelos VD e VLog, de acordo com a quantidade de neurônios na camada oculta

utilizada. O modelo VD foi considerado mais eficiente para classificação das amostras em

dois (normais e com falha) e em seis (AI, AP, DP, AE, SC e SO) grupos, com 95,25% e

78,30% de média de acertos, respectivamente. Apesar disto, quando se desejou classificar as

amostras em quatro grupos (SF, AE, SC e SO), o modelo VLog obteve o melhor resultado,

com média de acertos igual a 93,98%.

Sobre as redes neurais, é necessário observar que para obter resultados mais precisos será

necessário utilizar uma quantidade maior de amostras no momento do treinamento. Outro

detalhe que poderá modificar um pouco os resultados de acerto dos modelos VD e VLog será

a condição de escolha (condição de parada do algoritmo de treinamento) da rede e a

introdução dos pesos sinápticos iniciais.

De forma geral, os resultados obtidos pelos dados coletados indicaram que existem boas

possibilidades de identificar que tipo de falha está presente no equipamento, analisando os

gases dissolvidos no óleo mineral isolante com uma matriz de sensores de dióxido de estanho

e uma técnica de reconhecimento de padrões.

A confirmação dos resultados obtidos por esta dissertação será mais expressivo com a

utilização de amostras reais de falhas de transformadores de potência no sistema de análise

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proposto. Uma alternativa interessante para confirmar a aplicação do sistema será refazer os

procedimentos de criação de falha, apresentado nesta dissertação, utilizando outros materiais

(recipientes, eletrodos, sistema de energização, aquecedores, medidores) a fim de melhorá-los.

Além disto, desenvolver outra metodologia para geração das Descargas Parciais ou melhorar a

proposta nesta pesquisa será desejável.

Com relação ao sistema de aquisição de dados, será possível implementar melhorias ao

mesmo para que sua análise seja automática e mais rápida. Opções para isso serão: melhorar o

sistema de introdução e retirada da amostra da câmara utilizando válvulas hidráulicas e

sistema de bombeamento; utilizar uma bomba de vácuo para, junto com o misturador

magnético, acelerar o processo de desgaseificação do óleo dentro da câmara; construir uma

câmara para facilitar a introdução das amostras e evitar que o gás escape; e, a principal,

colocar um número maior de sensores, com respostas diferentes entre si, facilitando ainda

mais a identificação das amostras.

Além do instrumento, o desenvolvimento de outros algoritmos de análise de dados

poderá facilitar a classificação das amostras, assim como a utilização de outros modelos para

extração de características. A utilização de outras redes neurais poderá ser também uma opção

para melhorar os resultados da classificação das amostras.

Apesar dos resultados desta dissertação serem animadores, estudos mais aprofundados

devem ser realizados, inclusive com amostras de óleo de transformadores reais, pois existem

possibilidades de que os sensores de dióxido de estanho possam se tornar uma alternativa

viável para monitoramento de transformadores de potência, melhorando e auxiliando os

métodos de análises existentes.

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APÊNDICES

APÊNDICE A- Diagrama de Bloco da Análise Cromatográfica utilizada pela norma IEEE (2008)

Figura 41 - Diagrama de Bloco da Análise Cromatográfica utilizada pela norma IEEE (2008)

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APÊNDICE B- Procedimento de coleta de dados Estabeleceu-se o seguinte padrão:

1. Realizar o procedimento de limpeza:

a. Limpeza da câmara: Ativar função de limpeza com o cooler do instrumento;

b. Limpeza manual das mangueiras com uso de óleo novo

c. Limpeza do recipiente que recebe o óleo com sabão neutro;

2. Configurar o protótipo

a. Colocar o recipiente na câmara

b. Encaixar as mangueiras e o sistema de bombeamento na câmara;

3. Ativar a função de Análise e Limpeza do instrumento com escotilhas abertas

a. Marca o início da estabilização inicial dos sensores;

4. Fechar as escotilhas após 3 minutos de análise;

a. Função de Limpeza é desativada

5. Programa: limpar o gráfico e os dados com 8 minutos de análise;

a. Início da gravação dos dados

6. Injeção de 140 ml de óleo no recipiente da câmara com 10 minutos de análise

a. Fim da Estabilização Inicial – Início da Injeção;

7. Ligar o misturador magnético logo após o término da injeção do óleo

a. Fim da Injeção – Início da Estabilização Final;

8. Parar a análise com 22 minutos ou 3400 dados:

a. Fim da Estabilização Final;

9. Programa: salvar os dados e o gráfico da análise

A injeção é feita no item 6, após 10 minutos de análise. O sistema de bombeamento

citado no item 2.b é o responsável pela injeção do óleo na câmara. Ele composto por uma

seringa de plástica de 60 ml e foram necessárias três injeções consecutivas para atingir a

marcação de feita no recipiente, colocado dentro da câmara, identificando o valor de 140 ml.

A quantidade de óleo injetada foi definida com base nos testes preliminares de detecção dos

gases e, também, para evitar respingos de óleo nos sensores causado pela proximidade e a

movimentação do líquido. A seguir, o procedimento de amostragem do óleo é mostrado por

um digrama de bloco (figura 42).

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Figura 42 - Diagrama de Blocos do Procedimento de Coleta

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APÊNDICE C- Configurações e parâmetros das redes neurais MLP

Tabela 22 - Dados de Entrada e de Saída Desejada utilizados pela rede neural

Dados de Entrada

C.Treino 73% da Matriz Característica; quantidade: 8 amostragens de cada

grupo.

C.Teste 27% da Matriz Característica; quantidade: 3 amostragens que não

estavam presentes no treinamento.

Dados de Saída Desejada

1ª e 2ª Análises Amostra sem Falha:[0 1];

Amostra com Falha: [1 0]

3ª Análise

Amostras Iniciais: [0 0 0 0 0 1];

Amostra Padrão: [1 0 0 0 0 0];

Descargas Parciais: [0 1 0 0 0 0];

Arco Elétrico: [0 0 0 0 1 0];

Sobreaquecimento da Celulose: [0 0 1 0 0 0];

Sobreaquecimento do Óleo: [0 0 0 1 0 0];

4ª Análise

Amostra sem Falha:[0 0 0 1];

Arco Elétrico:[1 0 0 0];

Sobreaquecimento Celulose:[0 1 0 0];

Sobreaquecimento Óleo:[0 0 1 0];

Tabela 23 - Parâmetros utilizados na criação da rede MLP com a ferramenta nntool

Parâmetros de Criação das Redes:

Tipo de Rede Feed-Forward backprop

Dado entrada D.Treinamento

Dados de saída desejada depende da análise

Função de Treinamento TRAINLM – (backpropagation tipo Levenberg-Marquardt )

Função de Aprendizado para

pesos e bias

LEARNGDM (Algoritmo de aprendizado gradiente descendente com

momento)

Função de desempenho MSE (erro médio quadrático)

Número de Neurônios ocultos

1ª e 2ª Analise: 10, 5, 2 neurônios

3ª Analise: 12, 10, 6 neurônios

4ª Analise: 10, 8, 4 neurônios

Função de Ativação TANSIG – ( tangente hiperbólica sigmóide)

Tabela 24 - Parâmetros utilizados durante o treinamento da rede MLP com a ferramenta nntool

Parâmetros de treinamento

Numero de épocas (epochs) 1000

Objetivo (goal) 0

Máximo número de falhas no conjunto de validação (Max_fail) 5

Parâmetro é usado para controlar a quantidade de memória usada pelo algoritmo (men_reduc)

1

Valor mínimo do Gradintes (min_grad) 1.0000e-10

Parâmetro da função de correção dos pesos e bia (mu) 1.0000e-03

Valor de decréscimo do parâmetro mu (mu_dec) 0.1000

Valor de acréscimo do parâmetro mu (mu_inc) 10

Valor máximo do parâmetro mu 10.000e+10

Duração do treinamento (time) infinito

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69

APÊNDICE D- Análise Cromatográfica

Cromatografia

O resultado da cromatografia gasosa encontra-se na tabela 25. Nesta tabela, observam-se

os valores de concentração Gases Combustíveis Dissolvidos Totais (GCDT) e a Concentração

Individual de cada gás, a fim de classificar o estado da isolação do equipamento de acordo

com a tabela de limites de concentração estabelecida pela norma IEEE (ver tabela 2):

Tabela 25 - Cromatografia da amostras criadas em laboratório

Gases Amostras e Concentrações (ppm)

AP DP AE SC SO

Hidrogênio (H2) 2,819 5,795 489,849 52,793 63,060

Metano (CH4) 10,022 5,617 184,921 1,912 480,499

Acetileno (C2H2) 0,000 12,651 2700,814 0,000 0,076

Etileno (C2H4) 8,277 8,668 281,618 40,277 20,920

Etano (C2H6) 37,606 31,104 45,335 59,648 88,321

Monóxido de

Carbono (CO) 15,435 23,950 87,244 1669,643 485,468

Dióxido de

Carbono (CO2) 1019,996 789,331 857,275 5632,069 2125,549

GCDT* 74,159 87,785 3789,781 1824,273 1138,344

Classificação Condição 1 Condição 1 Condição 3 Condição 2 Condição 2

Legenda

GCDT*: Gases Combustíveis Dissolvidos Totais

Limite de Concentração na Condição-1

Limite de Concentração na Condição-2

Limite de Concentração na Condição-3

Limite de Concentração na Condição-4

Taxa de Geração

A Taxa de Geração indica o aumento ou redução da quantidade de gases combustíveis

produzidos durante certo tempo. A análise considerou as datas de início dos procedimentos da

criação das amostras e a data da cromatografia. Na tabela 26 são encontrados: a quantidade de

gases produzidos subtraindo os valores de concentração dos gases de cada falha pela a de

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amostra AP e o tempo de geração de falha (dias contados do início da geração ao dia da

cromatografia).

Tabela 26 - Taxa de Geração de Gases das Amostras

Gases Amostras e Taxa de Geração de Gases (ppm)

AP DP AE SC SO

Hidrogênio (H2)

0,135 20,293 2,173 8,606

Metano (CH4) -0,200 7,287 -0,353 67,211

Acetileno (C2H2) 0,575 112,534 0,000 0,011

Etileno (C2H4) 0,018 11,389 1,391 1,806

Etano (C2H6) -0,296 0,322 0,958 7,245

Monóxido de

Carbono (CO) 0,387 2,992 71,922 67,148

Classificação Condição 1 Condição 1 Condição 3 Condição 2 Condição 2

Monitoração Anual Anual Semanal Mensal Mensal

Legenda

Dias: DP(22 dias); AE (24 dias); CS(23 dias); OS(7 dias)

Taxa de geração de gás abaixo de 10 ppm/dia

Taxa de geração de gás entre 10 e 30 ppm/dia

Taxa de geração de gás acima de 30 ppm/dia

A análise da taxa de geração, utilizada pela norma IEEE (2008), possibilita classificar

tanto a situação do equipamento, como também obter algumas diretrizes para realizar a

monitoração dos mesmos através da taxa de geração das amostras.

O equipamento que possuir o comportamento similar ao apresentado pela amostra SO é

classificado na condição 2, por conta da concentração GCDT. Além disto, a mesma amostra

apresenta a concentração dos gases CH4, C2H6 e CO com valores acima dos limites

estabelecidos pela norma. A taxa de geração dos gases CH4 e CO é considerada preocupante

pela norma, e esta aconselha monitorá-lo mensalmente.

O transformador, cujo óleo apresenta padrão similar a da amostra SC, também é

classificado na condição 2. Esta amostra apresenta a concentração individual dos gases CO e

CO2 acima dos limites pré-estabelecidos. Apesar disso, apenas a taxa de geração do gás CO é

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considerada alta para os padrões. Neste caso, a norma também aconselha a monitoração

mensal.

Apesar de a amostra DP conter o gás C2H2 acima do limite da condição 1, esta foi

classificada na Condição 1 pela taxa GCDT. Além disto, a taxa de geração dos gases foi

considerada normal e a monitoração do equipamento, que tem o óleo na mesma situação da

DP, pode ser realizada de forma anual.

Para os casos que possuam comportamento similar a amostra AE, a norma aconselha a

monitoração semanal, a consulta do fabricante do equipamento e o planejamento de uma

possível interrupção. Esta amostra foi classificada na condição 3 e apresenta quatro gases (H2,

CH4, C2H2 e C2H4), acima dos valores limites. A da taxa de geração dos gases H2, C2H2, C2H4

é considerada muito preocupante, principalmente a do acetileno.

Diagnóstico pelo Método do Gás Chave:

O método Gás Chave baseia-se na concentração relativa dos gases para identificar a

falhas através dos gases de maior concentração.

Tabela 27 - Método do Gás Chave

Gases Amostras e Porcentagem relativa (%)

AP DP AE SC SO

Hidrogênio (H2)

6,601 12,926 2,894 5,540

Metano (CH4) 6,399 4,879 0,105 42,210

Acetileno (C2H2) 14,411 71,266 0,000 0,007

Etileno (C2H4) 9,874 7,431 2,208 1,838

Etano (C2H6) 35,432 1,196 3,270 7,759

Monóxido de

Carbono (CO) 27,283 2,302 91,524 42,647

Diagnóstico Normal Não Há Não Há S. Celulose Não Há

Legenda

Porcentagens Menores

2ª Maior Porcentagem de Concentração

1ª Maior Porcentagem de Concentração

É possível, também, fazer um comparativo entre os gráficos, apresentado pela norma

IEEE (2008) na seção 4.3.1, e constatar que a única amostra identificada foi a SC.

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Tabela 28 – Comparativo gráfico das falhas pelo Método do Gás Chave

Gráficos da Amostras Criadas Gráficos da Norma IEEE C57.104

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

H2 CH4 C2H2 C2H4 C2H6 CO

DP

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

H2 CH4 C2H2 C2H4 C2H6 CO

DP - IEEE

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

H2 CH4 C2H2 C2H4 C2H6 CO

AE

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

H2 CH4 C2H2 C2H4 C2H6 CO

AE - IEEE

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

H2 CH4 C2H2 C2H4 C2H6 CO

SC

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

H2 CH4 C2H2 C2H4 C2H6 CO

SC - IEEE

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

H2 CH4 C2H2 C2H4 C2H6 CO

SO

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

H2 CH4 C2H2 C2H4 C2H6 CO

SO - IEEE

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Diagnóstico pelo Método do Doernenburg:

O Método de Doernenburg utiliza quatro razões: R1, R2, R3 e R4 para investigar a falha.

Antes de investigar as razões, inicialmente é feito uma comparação entre os dados da

cromatografia e os valores limites dos gases definidos por Doernenburg, para confirmar a

necessidade da investigação.

Tabela 29 - Método do Doernenburg

Gases Amostras e Razões

AP DP AE SC SO

R1 - (CH4/H2)

0,969 0,378 0,036 7,620

R2 - (C2H2/C2H4) 1,460 9,590 0,000 0,004

R3 - (C2H2/CH4) 2,252 14,605 0,000 0,000

R4 - (C2H6/C2H2) 2,459 0,017 59648,000 1162,118

1ª Gases > 2xL1 - C2H2 C2H2, H2,

C2H4 - CH4

2ª Gases > L1 - - - CO CO e C2H6

Diagnóstico: Sem falha Sem falha Sem falha Sem falha Falha

Térmica

Diagnóstico

desconsiderando os

limites de

Doernenburg:

Sem falha Sem falha Arco

Elétrico

Descargas

Parciais Falha

Térmica

A análise das amostras pelo método de Doernenburg, apresentada na tabela 30,

identificou duas falhas. O diagnóstico apresentados para estas falhas é compatível com o

procedimento adotado para a criação da amostra.

É preciso considerar que este método não utiliza os gases característicos da falha de

sobreaquecimento de celulose, e desta forma não é possível identificá-la corretamente, mesmo

desconsiderando os limites de Doernenburg. A amostra DP não é identificada, mesmo

desconsiderando os limites iniciais de Doernenburg.

Diagnóstico pelo Método Rogers:

O Método de Rogers utiliza apenas três razões: R1, R2 e R5 para investigar que tipo de

falha esta ocorrendo. A investigação é feita na seguinte sequência: R2 - R1 - R5.

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Tabela 30 - Método de Rogers

Gases Amostras e Razões

A.Padrão D.Parciais A. Elétrico S. Celulose S. Óleo

R2 - (C2H2/C2H4)

1,460 9,590 0,000 0,004

R1 - (CH4/H2) 0,969 0,378 0,036 7,620

R5 -(C2H4/C2H6) 0,279 6,212 0,675 0,237

Diagnóstico: Sem falha ñ tem ñ tem Descargas

Parciais ñ tem

Apesar do limite de concentração GCDT e taxa de geração indicarem que existe suspeita

de falha em três amostras de óleo, este método diagnosticou apenas a amostra S.Celulose, de

forma errônea, como sendo amostra com descargas parciais. Isto pode ser explicado pela

utilização das razões, as quais não utilizam os principais gases (CO e CO2) gerados em falhas

envolvendo a celulose.

Diagnóstico pelo Método da NBR7274:

Tabela 31 - Método utilizado pela NBR7274

Gases Amostras e Razões

AP DP AE SC SO

R2 - (C2H2/C2H4)

1,460 9,590 0,000 0,004

R1 - (CH4/H2) 0,969 0,378 0,036 7,620

R5 -(C2H4/C2H6) 0,279 6,212 0,675 0,237

dig

o

1 2 0 0

0 0 1 2

0 2 0 0

Diagnóstico: Sem falha ñ tem Arco Elétrico

- Baixa

intensidade

Descargas

Parciais

Baixa

temperatura

150°C -

300°C

O método da NBR7274 utiliza as mesmas razões do método de Rogers: R1, R2, R5 para

investigar a falha. A investigação é feita na seguinte sequência: R2 - R1 - R5. As razões são

codificadas e a combinação das três razões identifica nove condições sendo uma delas é

classificada como normal (sem falha).

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Os resultados da análise utilizando a norma NBR7274 são apresentados na tabela 31, na

qual é possível observar dois diagnósticos compatíveis com o procedimento de criação das

falhas. A não identificação da falha de Sobreaquecimento de Celulose é explicada também

por causa das razões analisadas, as quais não possuem os gases característicos (CO e CO2).

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APÊNDICE E- Respostas da Matriz de Sensores

AMOSTRAS INICIAIS

LEGENDA

TGS 2602 TGS2600

TGS2620 TGS813

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AMOSTRAS PADRÕES

LEGENDA

TGS 2602 TGS2600

TGS2620 TGS813

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78

DESCARGAS PARCIAIS

LEGENDA

TGS 2602 TGS2600

TGS2620 TGS813

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79

ARCO ELÉTRICO

LEGENDA

TGS 2602 TGS2600

TGS2620 TGS813

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80

SOBREAQUECIMENTO DE CELULOSE

LEGENDA

TGS 2602 TGS2600

TGS2620 TGS813

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SOBREAQUECIMENTO DO ÓLEO

LEGENDA

TGS 2602 TGS2600

TGS2620 TGS813

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82

EVOLUÇÃO DA FALHA

ARCO ELÉTRICO S. CELULOSE S. ÓLEO

LEGENDA

TGS 2602 TGS2600

TGS2620 TGS813

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APÊNDICE F - Materiais utilizados para gerar amostras

Materiais Quant.

Óleo mineral isolante 5 l

Recipientes de Vidro com capacidade para 1,3 litros de óleo 5 u.

Tampa feitas com placas de vidro (12cm x 12cm) adaptada 5 u.

Aquecedores de água inox com potência de 1000W e tensão 127V. 2 u.

Papel Kraft comum, que foi enrolado nos aquecedor do recipiente de celulose superaquecida 0,5 m2

Termopar tipo “K” de níquel-cromo com limite de temperatura de 250°C para trabalho

contínuo. 1u.

Multímetro Icel MD-6110, com escala para temperatura de –40°C a 1000°C , resolução de

1°C. 1u.

Parafusos com cabeça arredondada (comprimento: 18cm; diâmetro: 1cm), que servirão de

eletrodos 2 u.

Porcas, para fixar os eletrodo e conectá-los circuitos elétricos 6 u.

Espalhador de chama de fogão de alumínio cromado, para ser utilizado como eletrodo. 2u.

Circuito utilizando um transformador (2,5KW; entrada: 127/220 V, 20/10; saída: 2KV/4KV)

e um circuito dobrador de tensão permitindo atingir valores de tensão igual a 3,5KV/7,0KV 1u.

Circuito de centelhamento utilizado em fogão (usina de acendimento automático), com

capacidade de gerar picos de tensão entre 10KV e 15KV. 1u.

Interruptor de 250V/10A, para fazer o controle do aquecimento dos recipientes e da usina de

centelhamento. 1 u.

Registros de alta pressão do tipo agulha, para permitira encher o recipiente e retira amostras

do óleo. 10 u.

Suportes de madeira para apoiar os recipientes 5 u.

Barras tipo parafuso (comprimento: 20cm; diâmetro: 0,5cm) para fixar a tampa em cada

recipiente; 20 u.

Porcas e arruela, para fixar a barra no apoio 20 u.

Porcas tipo borboleta e arruelas, para fixar as tampas ao recipiente 20 u.

Silicone de alta temperatura tipo bisnaga (300°C) para fixar os registros nos recipientes e nas

tampas. 2 u.

Emborrachado tipo EVA de 3 mm, para vedar o contado do recipiente com a tampa do

mesmo. 0,5 m²

Cabo flexível elétrico de 2,5mm², com isolamento de 1000V, para conectar os circuitos

elétricos à rede elétrica 8 m

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APÊNDICE G – Ilustrações dos Procedimentos Experimentais

RECIPIENTES DE CRIAÇÃO DE FALHAS

Figura 43 - Recipiente de Descargas Parciais

Figura 44 - Recipiente de Arco Elétrico

Figura 45 - Recipiente de Sobreaquecimento de

Celulose

Figura 46 - Recipiente de Sobreaquecimento de

Óleo

Figura 47 - Sistema de Geração de Descargas Parciais e Arco Elétrico.

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CROMATOGRAFIA

Figura 48 - Seringas para extração do óleo

Figura 49 - Amostras extraídas dos recipientes de

falha

Figura 50 - Sistema de extração de gases

Figura 51 - Retirada da amostra dos gases

Figura 52 - Injeção da mistura de Gases Combustíveis no Cromatógrafo

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SISTEMA DE AQUISIÇÃO DE DADOS

Figura 53 - Instrumento de aquisição de dados

Figura 54 - Matriz de sensores do Instrumento

Figura 55 - Sistema de aquisição de dados

Figura 56 - Câmara adaptada para as análises

Figura 57 - Sistema de aquisição de dados preparado para iniciar a amostragem