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Programa Piloto para a Aplicação de Sistemas Nacionais (Banco Mundial) Diagnóstico de Salvaguardas Sociais e Ambientais Projeto de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil [3 de agosto de 2009] SR22 Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized

Diagnóstico de Salvaguardas Sociais e Ambientaissiteresources.worldbank.org/PROJECTS/Resources/40940-1097257794915/... · Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil [3 de agosto

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Programa Piloto para a

Aplicao de Sistemas Nacionais

(Banco Mundial)

Diagnstico

de

Salvaguardas Sociais e Ambientais

Projeto de Gesto Integrada de Resduos Slidos e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil

[3 de agosto de 2009]

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NDICE

PARTE I - INTRODUO A. Objetivo do Diagnstico de Salvaguardas Sociais e Ambientais B. O Programa Piloto para o Aplicao de Sistemas Nacionais & as Salvaguardas Sociais e Ambientais C. Razo para a Seleo da CAIXA D. Estratura e Metodologia deste Diagnstico PARTE II. ANLISE DE EQUIVALCIA A. Breve Anlise do Marco Legal Aplicvel ao Projeto B. Concluses-Chave de Equivalncia Relacionados ao Marco Socioambiental PARTE III. ANLISE DE DESEMPENHO INSTITUCIONAL A. Estrutura e Capacidade Institucional da CAIXA B. Processos e Procedimentos Internos C. Diagnstico D. Concluses sobre a Avaliao do Desempenho Institucional PARTE IV. PLANO DE AO PROPOSTO PARA MEDIDAS DE PREENCHIMENTO DE LACUNAS PARTE V. CONSULTA PBLICA E COMENTRIOS RECEBIDOS Anexos Anexo 1a: Poltica Operacional do Banco Mundial Uso de Sistemas Nacionais PO 4.00 Anexo 1b: Poltica Operacional do Banco Mundial Uso de Sistemas Nacionais Obetivos e

Princpios - Tabela A1 Anexo 1c: Procedimentos do Banco Uso de Sistemas Nacionais BP 4.00 Anexo 2: Equivalncia do Marco Socioambiental da CAIXA aplicvel com Objetivos e

Princpios Operacionais da PO. 4.00, Quadro A1 Anexo 3: Equivalncia do Marco Socioambiental da CAIXA aplicvel com as Diretrizes

Ambientais, de Sade e Segurana para Gerenciamento de Resduos do Banco Mundial

Anexo 4: Equivalncia do Marco Legal Brasileiro aplicvel com os Objetivos e Princpios Operacionais da PO. 4.00, Quadro A1

Anexo 5: Estrutura Organizacional da CAIXA e Aplicao do Marco Socioambiental Anexo 6: Diretrizes Ambientais, de Sade e Segurana para Gerenciamento de Resduos do

Banco Mundial (em espanhol)

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Anexo 7: Parecer Jurdico A Legalidade da Exigncia de Condies Socioambientais Mais Restritivas que a Legislao Brasileira pela CAIXA

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PARTE I - INTRODUO

A. OBJETIVO DO DIAGNSTICO DE SALVAGUARDAS SOCIAIS E AMBIENTAIS

1. Este Diagnstico de Salvaguardas Sociais e Ambientais (DSSA) o primeiro a ser empreendido em um pas da Amrica Latina sob o Programa Piloto para a Aplicao de Sistemas Nacionais na rea de Salvaguardas Ambientais e Sociais aps aprovao, pelo Conselho Diretor do Banco Mundial no dia 31 de janeiro de 2008, da prorrogao do Programa at dezembro de 2010. Entre as opes apresentadas ao Conselho esta expanso do Programa para o nvel subnacional, em pases grandes e diversos, inclusive para instituies nacionais paraestatais como a CAIXA Econmica Federal (CAIXA).

2. De acordo com a minuta do Documento de Avaliao do Projeto (PAD), a CAIXA, o segundo maior banco pblico do Brasil, e administra um fundo federal dedicado a investimentos do setor privado em projetos saneamento e resduos slidos urbanos. Embora o Fundo tenha sido utilizado de forma adequada para o saneamento, os desembolsos para os projetos de resduos slidos foram reduzidos, devido em parte a: (i) limitaes fiscais e financeiros a nvel municipal que exigem investimentos privados no setor, (ii) problemas com o licenciamento ambiental dos aterros, (iii) as questes sociais relacionadas com a presena de trabalhadores do setor informal ( "catadores de lixo") trabalhando em locais abertos despejo a ser fechado, (iv) a falta de capacidade do governo local para preparar projetos de manejo de resduos slidos e de financiamento de carbono comercialmente viveis para o sector privado; e (v) uma desconfiana geral entre os setores pblico e privado. Foi neste contexto que CAIXA buscou auxlio do Banco para projetos no setor de resduos slidos.

3. No Brasil, o Banco Mundial tem trabalhado com os setores pblico e privado, estando em posio de agir como um valioso intermedirio neste processo, buscando assegurar que as necessidades e preocupaes de todas as partes sejam consideradas. A capacidade tcnica e experincia do Banco sero teis na construo de capacidade do governo local para agilizar os procedimentos burocrticos, a preparao de parcerias pblico-privadas e concesso, a realizao de procedimentos transparentes de licitaes, e garantia da viabilidade tcnica e financeira dos subprojetos. O Banco tambm pode trazer considervel experincia regional no apoio ao setor, atravs de lies aprendidas em operaes semelhantes como por exemplo na Argentina, Colmbia, Mxico. Com sua amplaexperincia em Carbon Finance, o Banco tambm est bem posicionado para auxiliar a integrar e maximizar o potencial de operaes envolvendo carbono no sector de resduos slidos.

4. O objetivo de desenvolvimento do Projeto aprimorar o tratamento e disposio final dos resduos slidos municipais no Brasil. O Projeto proposto voltado para empreendimentos de tratamento e destinao final de resduos slidos urbanos (RSU) e visa contribuir para os seguintes objetivos gerais:

reduo dos impactos ambientais e sanitrios relacionados com a inadequada destinao de resduos slidos urbanos;

reduo da pobreza e melhoria da incluso social dos catadores de resduos slidos urbanos no Brasil, por meio de qualificao profissional e de programas de gerao de trabalho e renda; e,

melhoria da regulamentao institucional e de gesto financeira de resduos slidos urbanos e atrao de mais investimentos privados para o setor.

5. O Projeto ir apoiar as seguintes aes:

a desativao e o fechamento dos lixes a cu aberto, e a implantao de aterros sanitrios, de forma adequada e podendo incluir outras alternativas para a minimizao dos resduos a serem dispostos, por meio da instalao de unidades de triagem, reciclagem ou, ainda, unidades de compostagem;

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a melhoria das prticas de gesto de resduos slidos urbanos; a reduo da pobreza e vulnerabilidade dos catadores de resduos; o aumento da participao privada na prestao de servios de RSU; e, a capacitao da CAIXA para financiar e acompanhar projetos de RSU com Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo (MDL).

6. O objetivo deste diagnstico foi avaliar, dentro dos parmetros estipulados pela Poltica Operacional 4.00 do Banco Mundial Aplicao de Sistemas Nacionais,1 o marco regulatrio e institucional aplicvel ao Projeto proposto, tendo a CAIXA como agncia implementadora. O Projeto, e a anlise subsequente para fins deste exerccio, envolveu as seguintes reas de salvaguardas ambientais e sociais, com respaldo nos princpios constantes do no quadro A1 da Poltica Operacional 4.00:

Avaliao Ambiental (PO 4.01) Habitats Naturais (PO 4.04) Manejo de Pragas (PO 4.09) Propriedade Cultural (PO4.11) Reassentamento Involuntrio (PO 4.12)

B. O PROGRAMA PILOTO PARA A APLICAO DE SISTEMAS NACIONAIS DE SALVAGUARDAS SOCIAIS E AMBIENTAIS

7. Desde maro de 2005, o Banco Mundial tem apoiado um nmero limitado de projetos-piloto onde operaes de crdito vem sendo preparadas e implementadas utilizando os sistemas2 do pas muturio (Programa Piloto para a Aplicao de Sistemas Nacionais) com relao a adoo e implementao de salvaguardas ambientais e sociais, em vez de utilizar as tradicionais polticas operacionais e procedimentos de Banco Mundial governando tais reas. As razes para a aplicao de sistemas nacionais, so, dentre outras, expandir o impacto do investimento no desenvolvimento do pas, formar capacidade institucional, facilitar a harmonizao de procedimentos, e aumentar o custo-benefcio do investimento. Essas operaes pilotos so regidas pela Poltica Operacional PO 4.00 Uso de Sistemas Nacionais.3 Esta Poltica Operacional explica em detalhes o enfoque, enumera os critrios para avaliar os sistemas do pas, e especifica a documentao e os requisitos necessrios para a sua implementao.

8. O Banco Mundial considera o sistema de salvaguardas ambientais e sociais do muturio como equivalente se o sistema aderir aos princpios operacionais aplicveis formulados no quadro A1 da Poltica Operacional 4.00. Como a equivalncia determinada com uma base na anlise de polticas individuais de acordo com quadro A1, o Banco Mundial pode concluir que o sistema do muturio equivalente ao do Banco Mundial em uma rea das salvaguardas mas no em outra.4

9. A Poltica Operacional 4.00 tambm requer que o Banco Mundial avalie o desempenho institucional da entidade implementadora com relao as salvaguardas ambientais e sociais. Nesta etapa, o Banco verifica o histrico de execuo e capacidade institucional, bem como outros requisitos que sero discutidos mais adiante neste Diagnstico.

1 Vide Anexo 1a para o texto completo da OP 4.00. 2 Sistemas Nacionais definido como o marco legal e institucional aplicvel ao projeto, compreendendo leis, regulamentos e procedimentos nacionais, infra-nacionais e setoriais. 3 Vide Anexo 1a. 4 Nesse caso, a poltica de salvaguarda relevante do Banco Mundial sera aplicada ao projeto nas areas onde a equivalncia no puder ter sido determinada.

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10. Finalmente, o ltimo aspecto refere-se ao preenchimento de lacunas onde as solues para o preenchimento das lacunas identificadas no Diagnstico so refletidas no acordo legal e implementadas de forma a assegurar que o projeto seja consistente com os princpios das polticas ambientais e sociais do banco Mundial.

C. RAZO PARA A SELEO DA CAIXA

11. A Caixa Economica Federal foi selecionada como um piloto na iniciativa de Uso de Sistemas Nacionais devido ao grande interesse, por parte da instituio, de participar desta iniciativa do Banco Mundial no contexto da preparao do Projeto de Gesto Integrada de Resduos Slidos e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil, a ser executado em vrios municipios do Brasil. A Superintendncia Nacional de Saneamento e Infra-estrutura da Caixa (SUSAN) j havia iniciado um processo de reviso dos seus processos internos de gesto scioambiental de projetos de crdito em resduos slidos, e viu a participao nesse piloto como uma oportunidade de avanar e concluir efetivamente esse processo.

12. De sua parte, o Banco Mundial tambm tem grande interesse em ter a Caixa como parceira nesse programa piloto j que a Caixa tem uma carteira significativa de operaes de crdito para projetos que podem contribuir de forma significativa para os objetivos de desenvolvimento sustentvel e reduo da pobreza, incluindo tratamento de resduos slidos (objeto deste piloto), gua e saneamento, e gerao e transmisso de energia. O sucesso deste piloto poder estimular iniciativas semelhantes para esses e outros setores para os quais a Caixa mantm linhas de crdito.

D. ESTRUTURA E METODOLOGIA DESTE DIAGNSTICO

13. Este relatrio ou diagnstico (Diagnstico) consistente com a a estrutura de relatrios anteriores preparados sob as diretrizes da Poltica Operacional 4.00 do Banco Mundial.5 Assim como em ocasies anteriores em outros pases, este Diagnstico foi preparado por especialistas do Banco Mundial na rea de salvaguardas ambientais e sociais, sob a superviso direta das unidades centrais do Banco Mundial que tratam das politicas de salvaguardas (OPCQC) e das questes legais associadas a elas (LEGEN), e contando com o apoio de consultores locais.6

14. A Parte II deste Diagnstico apresenta uma comparao do sistema regulatrio aplicvel ao projeto, examinando sua correspondncia com os princpios das salvaguardas do Banco Mundial estabelecidos no quadro A1 da PO 4.00.7 Esta anlise de equivalncia est centrada no Marco Socioambiental preparado pela Caixa, o qual est em vias de aprovao final pelo seu Conselho Diretor. Uma comparao detalhada do Marco Socioambiental com o quadro A1 da PO 4.00 encontra-se no Anexo 2 deste Diagnstico.

15. Para contextualizar melhor a anlise realizada e orientar exerccios semelhantes no futuro, no contexo brasileiro, uma segunda Anlise de Equivalncia foi preparada comparando os requisitos legais federais e de estados selecionados com os princpios encontrados no quadro A1 da PO 4.00. Esta anlise apresentada nos Anexo 4. Finalmente, no Anexo 3 apresentada uma comparao entre o Guia Setorial

5 Vide Anexos 1a, 1b e 1c. 6 Na rea juridica, este apoio foi dado pelo escritrio Pinheiro Neto Advogados, enquanto na rea institucional, pela empresa NOVOA Planejamento e Consultoria. 7 Vide Anexo 1b.

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do Banco Mundial com diretrizes ambientais, de sade e segurana para o setor de resduos slidos, e o Marco Socioambiental da Caixa8.

16. A Parte III deste Diagnstico examina o desempenho institucional da Caixa, focalizando nos resultados esperados da aplicao do recm adotado Marco Socioambiental. Do ponto de vista metodolgico, um dos desafios encontrados reside no fato que esse novo Marco ainda no pode ser testado na prtica, no tendo sido possvel, portanto, fazer uma anlise de resultados concretos da sua aplicao pela Caixa em projetos de gesto de resduos slidos.

17. A metodologia para a anlise de desempenho institucional da Caixa envolveu as seguintes atividades: (i) anlise detalhada do Marco Socioambiental com foco nas atribuies e responsabilidades das partes envolvidas nas vrias etapas de preparao e aprovao previstas no Marco; (ii) visitas, reunies, e entrevistas com representantes de vrias unidades da Caixa, tanto do escritrio central em Brasilia quanto de unidades regionais/locais; (iii) participao em uma das reunies do Grupo de Trabalho que conduziu a reviso e elaborao do Marco; (iv) participao em reunies de discusso e consulta sobre o Marco; (v) anlise comparativa da estrutura e capacidade institucional existente na Caixa com a demanda que dever decorrer da implementao das vrias etapas de anlise, aprovao, e superviso de projetos previstas no Marco.

18. A Parte IV deste Diagnstico apresenta propostas para o preenchimento de eventuais lacunas identificadas durante este exerccio, e desse modo cumprir os requisitos da PO 4.00. Vale destacar que este Diagnstico no identificou lacunas no mbito da equivalncia regulatria tal como definida pelos princpios do quadro A1 da PO 4.00.

19. Durante a sua preparao, o contedo deste Diagnstico foi discutido com a Caixa e vrios outros interlocutores com interesse potencial neste processo. No dia 16 de junho de 2009, um workshop foi realizado em Braslia onde o contedo deste Diagnstico foi apresentado e discutido com representantes de vrias unidades da Caixa, de vrios ministrios do governo federal, da sociedade civil organizada, e instituies de ensino e pesquisa.

20. Este relatrio ser apresentado aos Diretores-executivos do Banco Mundial como parte do Documento de Avaliao do Projeto para este e quaisquer outros emprstimos futuros CAIXA que sejam propostos para execuo sob a PO 4.00. As medidas identificadas para preencher as lacunas identificadas e acordadas entre o Banco e CAIXA, sero includas em qualquer contrato de financiamento futuro entre o Banco e CAIXA no que se refere a apoio do Banco CAIXA para projetos a serem executadossob a gide da PO 4.00.

PARTE I. ANLISE DE EQUIVALNCIA

A. Breve Anlise do Marco Legal Aplicvel ao Projeto

21. O artigo 170 da Constituio Federal Brasileira (CF) estabelece que a ordem econmica tem por objetivo assegurar a todos uma existncia digna, conforme os ditames da justia social, observando-se a funo social da propriedade, a livre concorrncia, a defesa do meio ambiente, a reduo das desigualdades regionais, a busca do pleno emprego, o tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constitudas sob as leis brasileiras e com sede no pas. Esses princpios e garantias constitucionais

8 O Marco Socioambiental da CAIXA est disponvel no Infoshop do Banco Mundial, e tambm no site da CAIXA:. http://www1.caixa.gov.br/download/asp/download.asp?subCategId=610&CategId=122&subCateglayout=Resduos%20Slidos%20e%20Desenvolvimento%20Limpo&Categlayout=Marco%20Socioambiental

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ganham corpo por meio de legislao infraconstitucional, consistentes em leis, decretos, resolues e outros atos normativos expedidos pelos diversos rgos de controle ambiental, desenvolvimento social e de proteo de minorias. A promoo e proteo dessas garantias so operacionalizadas tanto pela via administrativa como por meio de mecanismos judiciais.

A1. Legislao Ambiental

22. As atividades envolvendo a gesto de resduos slidos a serem financiadas pela CAIXA esto sujeitas a uma srie de regras de natureza ambiental. A Constituio Federal Brasileira promulgada em 1988, que recepcionou diversas normas ambientais j vigentes no pas, possui um captulo inteiro dedicado questo ambiental. No artigo 225, caput, declara que (i) todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, o que quer dizer que se trata de um direito difuso, que de todos mas no pertence a ningum, individualmente; (ii) o meio ambiente bem de uso comum do povo, o que significa ser o meio ambiente um bem pblico (o Cdigo Civil define os bens de uso comum dentre os bens pblicos); (iii) o meio ambiente bem essencial sadia qualidade de vida, o que importa dizer que o meio ambiente item que integra o pilar primeiro do nosso sistema, que o de busca da dignidade da vida humana (CF, art. 1, I); (iv) incumbe ao Poder Pblico e coletividade proteg-lo e preserv-lo, cabendo ao Poder Pblico estabelecer as regras de comando e controle e polticas pblicas de meio ambiente, enquanto que coletividade cabe agir, organizadamente, em favor do meio ambiente (por meio, por exemplo, de aes populares e aes civis pblicas); (v) o meio ambiente deve ser protegido para as presentes e futuras geraes, ou seja, utilizando-se os recursos naturais de forma sustentvel.

23. Nesse sentido, para a execuo coordenada das polticas ambientais, a Lei da Poltica Nacional do Meio Ambiente (Lei n 6.938/81) instituiu o Sistema Nacional do Meio Ambiente SISNAMA, que tem como principais rgos federais o Conselho Nacional de Meio Ambiente CONAMA, como rgo consultivo e deliberativo; o Ministrio do Meio Ambiente MMA, como rgo formulador de polticas e programas ambientais; e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis - IBAMA como rgo executor. Integram ainda o SISNAMA os rgos ambientais estaduais e municipais nas respectivas jurisdies.

24. Dentre os objetivos da Poltica Nacional do Meio Ambiente encontram-se (i) a compatibilizao do desenvolvimento econmico-social com a preservao da qualidade do meio ambiente e do equilbrio ecolgico; (ii) a definio de reas prioritrias de ao governamental relativa qualidade e ao equilbrio ecolgico; (iii) estabelecimento de critrios e padres da qualidade ambiental; (iv) desenvolvimento de pesquisas e tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais; (v) difuso de tecnologias de manejo de meio ambiente; (vi) preservao e restaurao dos recursos ambientais; e (vii) imposio ao poluidor da obrigao de recuperar e/ou indenizar o meio ambiente e ao usurio de contribuir pela utilizao de recursos ambientais com fins econmicos (art. 4, Lei n 6.938/81).

25. Para a consecuo desses objetivos a legislao prev uma srie de instrumentos, dentre os quais: (i) o estabelecimento de padres de qualidade ambiental; (ii) o zoneamento ambiental; (iii) a avaliao de impactos ambientais; (iv) o licenciamento e a reviso de atividades potencialmente poluidoras; (v) a criao de espaos territoriais especialmente protegidos ; (vi) o sistema nacional de informaes sobre o meio ambiente; (vii) instrumentos econmicos como seguro ambiental e servido florestal, e outros (art. 9, Lei n 6.938/81).

26. De extrema relevncia para o projeto que est sendo conduzido com a CAIXA a previso no artigo 225, IV, da Constituio Federal, que determina incumbir ao Poder Pblico exigir na forma da lei, para instalao de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradao do meio ambiente, estudo prvio de impacto ambiental, a que se dar publicidade. Essa avaliao j estava prevista no artigo 9 da Lei n 6.938/81, regulamentada, dentre outras normas, pelas Resolues ns 1/86 e 237/97 do CONAMA.

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27. Assim, para a avaliao dos impactos ambientais dever ser levado em considerao o meio socioambiental, compreendido como o uso dos recursos naturais e a sua relao com a sociedade afetada, assim como a distribuio de nus e benefcios sociais e o monitoramento dos impactos causados ao meio ambiente (Resoluo CONAMA n 1/86). A rigor, o EIA um estudo predominantemente voltado ao meio ambiente, que procura inserir tambm componentes sociais na avaliao do projeto. Dessa forma, esse estudo ter como foco o meio ambiente fsico e cultural, prevendo medidas de mitigao, monitoramento e controle ambiental e medidas compensatrias a serem destinadas a Unidades de Conservao quando se tratar de empreendimento com significativo impacto ao meio ambiente (Art. 36, Lei 9.985/00).

28. No que tange ao licenciamento ambiental propriamente dito, geralmente este feito pelo rgo ambiental estadual, na forma prevista na Resoluo CONAMA n 237/97. No caso dos resduos slidos, h previso expressa de que esto sujeitos a licenciamento ambiental o seu tratamento e destinao9. O nvel de detalhamento do licenciamento depender da complexidade e porte do empreendimento, do grau de impacto potencial ao meio ambiente e da rea em que estiver situado, existindo procedimentos mais simplificados, em especial para aterros sanitrios/controlados considerados de pequeno porte (Resoluo CONAMA n 404/08), na tentativa de regular a situao dos Municpios (principalmente de pequeno porte), que encontram dificuldades para gerenciar seus resduos em razo da falta de recursos financeiros/humanos e de conhecimento tcnico. O tratamento de resduos de sade, assim como gerados por aeroportos, portos e rodovirias10, deve seguir regulamentao especfica em virtude das caractersticas inerentes ao setor.

29. Os estudos devem ser elaborados por equipe multidisciplinar e tecnicamente habilitada11, devendo se dar publicidade ao processo de licenciamento, com a realizao de audincia pblica, quando couber, nos casos de empreendimentos com significativo impacto ao meio ambiente (Resoluo CONAMA 9/87). Para que a audincia pblica ocorra necessrio que tenha sido requerida por ao menos 50 pessoas, Ministrio Pblico ou rgo ambiental e que o empreendimento tenha potencial de significativo impacto ambiental.

30. Para os demais procedimentos de licenciamento ambiental, dar-se- publicidade por meio da publicao do pedido de licena e disponibilizao dos documentos nos rgos ambientais, desde que observado o sigilo industrial. uma tendncia ainda recente no pas a maior participao da sociedade civil na rea ambiental, de modo que no raramente exigido um Plano de Comunicao Social para projetos que possam afetar significantemente a comunidade civil, para que a sua participao seja assegurada durante a fase de planejamento, implantao e operao do empreendimento.

31. Alm das normas de licenciamento ambiental, a instalao de atividade potencialmente degradadora da qualidade ambiental deve se conformar s demais regras de proteo do meio ambiente e de uso e ocupao do solo. Assim, a localizao do empreendimento um dos primeiros itens para examinar a sua viabilidade, tendo em vista que existem locais que no comportam determinadas atividades, ou que podem inviabilizar o projeto em virtude de condies mais restritivas para a ocupao

9 Resoluo CONAMA 237/97, Anexo I: Atividades ou Empreendimentos Sujeitos ao Licenciamento Ambiental. Servios de

utilidade: interceptores, emissrios, estao elevatria e tratamento de esgoto sanitrio; tratamento e destinao de resduos industriais (lquidos e slidos); tratamento/disposio de resduos especiais tais como: de agroqumicos e suas embalagens usadas e de servio de sade, entre outros; tratamento/disposio de resduos tratamento/disposio de resduos slidos urbanos, inclusive aqueles provenientes das fossas; recuperao de reas contaminadas e degradadas. Resoluo CONAMA 1/86. Art. 2, X: Dependero da elaborao de EIA/RIMA aterros sanitrios, processamento e destino final de resduos txicos ou perigosos.

10 Resolues CONAMA 5/93 e 358/05. 11 O texto inicial da legislao brasileira previa que os estudos deveriam ser elaborados por equipe independente (resoluo

CONAMA 1/86). Com a Resoluo CONAMA 237/97 ficou previsto que os estudos sero custeados pelo empreendedor, o que tem sido alvo de crticas por alguns autores, tendo em vista o vnculo que os tcnicos teriam com o empreendedor. De qualquer forma, os estudos tcnicos devero passar pela avaliao independente dos rgos ambientais competentes.

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da rea. Essas limitaes podem decorrer da criao de reas protegidas, tais como reas de proteo ambiental, parques e estaes ecolgicas (Lei n 9.985/00), de restries criadas pelo zoneamento ecolgico e econmico ou pelo Plano Diretor do Municpio.

32. A competncia para legislar e fiscalizar em matria ambiental complexa, devendo ser observadas normas federais, estaduais e municipais. Especialmente tratando-se de matria de interesse local, tal como a gesto dos resduos slidos domiciliares, tem o Municpio competncia para desenvolver polticas para o setor, desde que respeitadas as regras federais e estaduais. Dessa forma, podero ser exigidas autorizaes e impostos requisitos adicionais que aqueles previstos nas normas federais e estaduais, para tratamento e destinao de resduos urbanos.

33. Tambm existe no sistema legal brasileiro um mecanismo repressivo de proteo ambiental, previsto na Constituio Federal, estabelecendo a responsabilizao cumulativa, nas esferas administrativa, cvel e criminal para as condutas lesivas ao meio ambiente e/ou que gerem danos aos recursos naturais e culturais. Alm da via administrativa preventiva e repressiva, em que as atividades so controladas pelos rgos integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente SISNAMA; por meio de ao civil pblica possvel tutelar a ameaa ou a ocorrncia de leso ao meio ambiente, e de bens com valor arqueolgico, ambiental, paisagstico e cultural (Lei n 7.345/85).

34. Por se tratar de um pas com intensas atividades agrcolas e de ocupao do solo, o Brasil conta com um substancioso arcabouo jurdico para o uso de agrotxicos e controle de pragas e vetores transmissores de doenas (e.g. Lei 7.802/89, Decreto 4.074/02, etc). O mesmo pode ser dito com relao ao meio ambiente do trabalho, compreendendo a sade ocupacional dos trabalhadores, cujo controle da execuo das leis e normas tcnicas feito pelo Ministrio do Trabalho e respectivas Secretarias, havendo previso sobre Programas de Sade Ocupacional e remunerao adicional em virtude das condies de insalubridade e periculosidade12. O Ministrio Pblico, assim como para as questes ambientais, legitimado a adotar as medidas cabveis para assegurar condies seguras de trabalho.

A2. Legislao Social

35. O sistema normativo brasileiro no possui um arcabouo normativo equivalente O.P. 4.12 do Banco com relao ao reassentamento involuntrio, especificamente para evitar ou minimizar o reassentamento involuntrio e, quando tal no for possvel, auxiliar as pessoas desalojadas a melhorar ou reconstruir seus meios de vida e padres de vida em termos reais em relao aos nveis anteriores ao desalojamento ou aos nveis prevalecentes antes do incio da implementao do projeto, dependendo de qual for maior.

36. Historicamente a questo social vem sendo tratada de forma pontual pela legislao federal com polticas pblicas voltadas a setores especficos, tal como reassentamento rural atrelado reforma agrria. Os Estados e os Municpios tambm participam das polticas de reassentamento, na medida em que possuem competncia comum com a Unio para combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizao, promovendo a integrao social dos setores desfavorecidos (art. 23, X, CF). Por se tratar de assunto de interesse local, tm os Municpios competncia para legislar sobre reassentamento que afete a rea sob sua administrao (art. 30, CF).

37. A questo do reassentamento tratada em maior detalhe com relao s comunidades que ocupam reas ambientalmente protegidas. Tratando-se de comunidade tradicional que habite rea transformada em Unidade de Conservao, a legislao prev que, ao ser criada uma Unidade de Conservao, as populaes tradicionais ali residentes, cuja permanncia no seja autorizada, sero indenizadas ou compensadas pelas benfeitorias existentes e devidamente realocadas pelo Poder Pblico

12 E.g.: Normas Tcnicas 7 e 9 do Ministrio do Trabalho.

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em local e condies acordados entre as partes (art. 42, Lei 9985/00). O processo indenizatrio respeitar o modo de vida e as fontes de subsistncia das populaes tradicionais (art. 35, Decreto 4340/02). O rgo fundirio competente, quando solicitado pelo rgo executor, deve apresentar, no prazo de 6 meses, a contar da data do pedido, programa de trabalho para atender as demandas de reassentamento das populaes tradicionais com definio de prazos e condies para a sua realizao (art. 38, Decreto 4340/02).

38. Com relao s comunidades indgenas, a Constituio Brasileira limita de forma significativa as hipteses de reassentamento. As terras indgenas, de propriedade da Unio, so inalienveis e indisponveis. A remoo dos grupos indgenas de suas terras depende de autorizao do Congresso Nacional e possvel somente nos casos de catstrofes ou epidemias que ponham em risco sua populao, ou no interesse da soberania do Pas, aps deliberao do Congresso Nacional, garantido, em qualquer hiptese, o retorno imediato logo que cesse o risco (art. 231, par. 5, CF).

39. Tendo em vista que os aterros no so geralmente localizados em reas protegidas, sensveis e/ou ocupadas por comunidades tradicionais, esse sistema de proteo acaba por no ser colocado, na maioria das vezes, em prtica no projeto em questo. No Brasil, a questo do reassentamento urbano na rea de resduos assume relevncia, tendo em vista o contingente de moradores em lixes, a maioria chamada de catadores, que coletam os materiais que possam ser reaproveitados (lixo inorgnico consistente em papelo, latas de alumnio, etc.). De alguns anos para c, os diversos Estados e So Paulo de uma forma pioneira tm conjugado a instalao de aterros sanitrios e controlados com a desativao paulatina de lixes.

40. Em que pese no haver um marco federal quanto s questes de reassentamento urbano, o Projeto de Poltica Nacional de Resduos Slidos trata da questo dos catadores, procurando a sua reinsero no mercado de trabalho como forma de mitigar os impactos sociais das atividades envolvendo resduos slidos municipais. Contudo, as previses legais e normativas em vigor so ainda tmidas, exigindo, quando muito, que seja realizado programa de educao ambiental com orientaes sobre coleta e reciclagem dos resduos, mas no se exige o treinamento e capacitao das comunidades afetadas como parte do programa (Resoluo CONAMA 404/08).

41. Nesse ponto, tem cabido aos rgos ambientais, valendo-se do poder discricionrio de que gozam, exigir durante o estudo de impacto ambiental a adoo de medidas e programas sociais, priorizando principalmente a comunidade diretamente afetada pelo encerramento do lixo e pela instalao do aterro sanitrios e de outros centros de tratamento e disposio de resduos (e.g. usinas de compostagem e reciclagem). Para outros setores, como o de estradas, o Departamento de Estrada de Rodagem criou um Termo de Referncia para Reassentamento envolvendo a construo e ampliao de estradas, o que poderia servir de modelo para o setor de resduos slidos.

42. Diante da ausncia de um marco legal quanto ao reassentamento decorrente de projetos com impacto ambiental, aplicam-se as normas previstas na Constituio Federal sobre desapropriao. Verificada a utilidade pblica ou interesse social, a desapropriao est autorizada, mediante justa e prvia indenizao (art. 5, XXIV). Somente a Unio pode legislar especificamente sobre desapropriao (art. 22, II, CF). Em que pese reassentamento no se confundir com o instituto da desapropriao, o pagamento de indenizao uma das poucas garantias legais previstas na legislao para as comunidades que se vejam obrigadas a abandonar determinada localidade em decorrncia da instalao de empreendimento na rea ocupada por moradores e/ou em seu entorno, o que ser discutido em detalhe ao longo deste Estudo.

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A3 Anlise Detalhada da Equivalncia entre a Legislao Federal Brasileira e as Polticas Operacionais previstas na O.P. 4.00 43. O Anexo 4 deste relatrio contm uma matriz com anlise detalhada dos comandos previstos Legislao Federal Brasileira13 em relao aos Objetivos e Princpios Operacionais descritos na O.P. 4.00, para as polticas de salvaguarda ambientais e sociais referentes a (A) Avaliao Ambiental; (B) Habitats Naturais; (C) Manejo de Pragas; (D) Propriedade Cultural; e (E) Reassentamento Involuntrio. O Anexo [ ] tambm indica as medidas para preencher a equivalncia entre a Legislao Federal Brasileira e os Princpios e Objetivos Operacionais da O.P 4.00.

44. Descrevemos abaixo as principais concluses sobre a equivalncia da Legislao Federal Brasileira com relao aos Objetivos e Princpios Operacionais (O.P. 4.00) para cada uma das 5 polticas de salvaguarda. Para cada Objetivo ou Princpio Operacional da O.P. 4.00, a anlise classifica a Legislao Federal Brasileira como equivalente, equivalncia parcial ou no equivalente. A anlise completa, com os fundamentos e referncias s leis, normas, instrues normativas e jurisprudncia aplicveis O.P 4.00, pode ser encontrada no Anexo [ ] deste Relatrio.

A4 Avaliao Ambiental 45. A Legislao Federal Brasileira totalmente equivalente aos seguintes objetivos e princpios operacionais da O.P 4.00 com relao Avaliao Ambiental:

Objetivos

Auxiliar a assegurar a integridade e sustentabilidade social e ambiental de projetos de investimento. Apoiar a integrao de aspectos ambientais e sociais dos projetos ao processo decisrio. Princpios Operacionais

Assim que possvel, utilizar um processo de triagem para cada projeto proposto para determinar a abrangncia e o tipo da avaliao ambiental (EA) adequado, de modo que estudos apropriados sejam realizados, proporcionais aos riscos potenciais e a impactos diretos, e, quando relevante, indiretos, cumulativos e associados. Utilizar a avaliao ambiental setorial ou regional quando adequado (Princpio 1).

Avaliar a adequao do marco legal e institucional aplicvel, incluindo acordos ambientais internacionais aplicveis, e confirmar que os mesmos estabeleam que o governo cooperante no financie atividades de projeto que transgridam tais obrigaes internacionais (Princpio 3).

Quando aplicvel ao tipo de projeto apoiado, aplicar normalmente o Manual de Preveno e Reduo de Poluio (PPAH). Justificar desvios quando alternativas para as medidas enunciadas no PPAH forem selecionadas (Princpio 5).

Divulgar a verso preliminar da EA em momento oportuno, antes que a avaliao do projeto se inicie formalmente, em um lugar acessvel e de forma compreensvel para os principais interessados (Princpio 11).

46. A Legislao Federal Brasileira parcialmente equivalente aos seguintes princpios operacionais da O.P 4.00 com relao Avaliao Ambiental:

Avaliar os potenciais impactos do projeto proposto sobre os recursos fsicos, biolgicos, scio-

13 A anlise examina tambm a legislao mais relevantes dos Estados de So Paulo, Rio de Janeiro e Cear.

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econmicos e fsico-culturais, inclusive questes trans-fronteirias e globais, bem como impactos potenciais sobre a sade e a segurana humana (Princpio 2)

Providenciar a avaliao de alternativas de financiamento, tcnicas e de localizao viveis, incluindo a alternativa nenhuma ao, impactos potenciais, viabilidade de mitigar tais impactos, seus custos de capital e recorrentes, sua convenincia nas condies locais, e as necessidades institucionais, de treinamento e de monitoramento a elas associadas (Princpio 4).

Prevenir e, quando no for possvel prevenir, pelo menos minimizar ou compensar os impactos adversos do projeto e maximizar os impactos positivos atravs do manejo e do planejamento ambiental que incluam as medidas de mitigao propostas, monitoramento, medidas de desenvolvimento da capacidade institucional e de treinamento, cronograma de implementao e estimativas de custo (Princpio 6).

Envolver to logo possvel as partes interessadas (stakeholders), inclusive grupos afetados pelo projeto e organizaes no-governamentais locais no processo de elaborao e assegurar que suas vises e preocupaes sejam conhecidas e consideradas pelos tomadores de deciso. Prosseguir com as consultas ao longo de todo o projeto, conforme necessrio, para tratar dos assuntos relacionados ao EA que os afetam (Princpio 7).

Usar especialistas independentes na elaborao do EA, quando apropriado. Usar painis consultivos independentes durante a elaborao e implementao de projetos que tenham altos riscos ou sejam controversos ou que envolvam interesses ambientais e/ou sociais srios e multidimensionais (Princpio 8).

Fornecer medidas para vincular o processo de avaliao ambiental e suas constataes aos estudos de anlise econmica, financeira, institucional, social e tcnica de um projeto proposto (Princpio 9).

47. O seguinte princpio operacional da O.P 4.00 com relao a Avaliao Ambiental no aplicvel Legislao Federal Brasileira:

Cuidar para que os princpios desta Tabela sejam aplicados aos subprojetos e atividades intermedirias financeiras (Princpio 10).

A5 Habitats Naturais 48. A Legislao Federal Brasileira totalmente equivalente aos seguintes objetivos e princpios operacionais da O.P 4.00 com relao a Habitats Naturais: Objetivos

Promover o desenvolvimento ambientalmente sustentvel, apoiando a proteo, conservao, manuteno e reabilitao de habitats naturais e suas funes. Princpios Operacionais

Usar o princpio da precauo no manejo de recursos naturais, assegurando oportunidades para o desenvolvimento ambientalmente sustentvel. Determinar se os benefcios do projeto so substancialmente maiores do que os potenciais custos ambientais (Princpio 1).

Evitar a converso ou degradao significativa de habitats naturais crticos, inclusive aqueles habitats que so (a) legalmente protegidos, (b) propostos oficialmente para proteo, (c) identificados por fontes respeitadas pelo seu alto valor de conservao ou (d) reconhecidos como protegidos por comunidades locais tradicionais (Princpio 2).

Sempre que possvel, dar preferncia localizao de projetos em terras j convertidas (Princpio 4).

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Consultar os principais interessados, inclusive organizaes no-governamentais locais e comunidades locais, e envolver estas pessoas no desenho, implementao, monitoramento e avaliao de projetos, inclusive no planejamento da mitigao (Princpio 5).

Assegurar o uso de conhecimento especializado apropriado para a elaborao e a implementao de planos de mitigao e monitoramento (Princpio 6).

Divulgar a verso preliminar do plano de mitigao em momento oportuno, antes que a avaliao do projeto seja formalmente iniciada, em lugar acessvel e de forma compreensvel para os principais interessados (Princpio 7).

49. A Legislao Brasileira Federal apresenta equivalncia parcial com o seguinte princpio operacional da O.P 4.00 envolvendo Habitats Naturais:

Quando os projetos afetarem habitats naturais no-crticos, prosseguir somente se no houver disponibilidade de alternativas viveis, e se medidas adequadas de conservao e mitigao, inclusive as exigidas para manter os servios ecolgicos por elas fornecidos, estiverem disponveis. Incluir tambm medidas de mitigao que minimizem perdas de habitat e estabeleam e mantenham protegida uma rea ecologicamente similar (Princpio 3).

A6 Manejo de Pragas 50. A Legislao Brasileira Federal totalmente equivalente aos seguintes objetivos e princpios operacionais da O.P 4.00 com relao a Manejo de Pragas: Objetivo Minimizar e gerenciar os riscos ambientais e para a sade associados ao uso de agrotxicos e promover e apoiar o manejo de pragas seguro, efetivo e ambientalmente correto. Princpios Operacionais

Adquirir agrotxicos com base na avaliao da natureza e do grau de riscos associados, levando em considerao o uso proposto e os usurios previstos. No adquirir produtos formulados pertencentes s Classes IA e IB da OMS, ou formulaes de produtos da Classe II a no ser que haja restries que provavelmente iro negar o uso ou o acesso a pessoal leigo e a outras pessoas sem treinamento ou equipamento apropriado. Referncia: Classificao Recomendada de Agrotxicos por Perigo e Diretrizes de Classificao da OMS (IOMC, 2000-2002).(Princpio 2)

Seguir recomendaes e padres mnimos descritos no Cdigo Internacional de Conduta sobre a Distribuio e o Uso de Agrotxicos (Roma, 2003) da Organizao para a Alimentao e a Agricultura (FAO) das Naes Unidas e somente adquirir agrotxicos que sejam fabricados, rotulados, manuseados, armazenados, aplicados e eliminados de acordo com padres aceitveis, como descritos nas Diretrizes para Armazenamento, Rotulao e Disposio da FAO (Roma, 1985) (Princpio 3)

Divulgar a verso preliminar do plano de mitigao em momento oportuno, antes que a avaliao do projeto seja formalmente iniciada, em lugar acessvel e de forma compreensvel para os principais interessados (Princpio 5).

51. A Legislao Brasileira Federal parcialmente equivalente ao seguinte princpio operacional da O.P 4.00 com relao a Manejo de Pragas.

Promover o uso de prticas biolgicas ou ambientais de manejo de pragas ecologicamente embasadas e baseadas na demanda (Manejo Integrado de Pragas [IPM] em projetos agrcolas e o

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Manejo Integrado de Vetores [IVM] em projetos de sade pblica), e reduzir a dependncia por agrotxicos qumicos sintticos. Incluir a avaliao de questes de manejo de pragas, dos seus impactos e riscos no processo da EA (Princpio 1).

Apoiar reformas de polticas e o desenvolvimento da capacidade institucional para (a) aumentar a implementao do manejo de pragas baseado no IPM e no IVM e (b) regulamentar e monitorar a distribuio e o uso de agrotxicos. (Princpio 4)

A7 Propriedade Cultural 52. A Legislao Federal Brasileira totalmente equivalente aos seguintes objetivos e princpios operacionais da O.P 4.00 com relao a Propriedade Cultural: Objetivo

Auxiliar na preservao de recursos culturais fsicos (PCR) e evitar sua destruio ou danificao. Os PCR incluem stios arqueolgicos, paleontolgicos, histricos e sagrados, inclusive cemitrios e valores naturais singulares. Princpios Operacionais

Utilizar um processo de avaliao ambiental (EA) ou procedimento equivalente na identificao de PCRs de modo a evitar ou minimizar ou compensar os impactos adversos e ressaltar impactos positivos sobre os PCR, por meio da seleo dos stios e o planejamento do local (Princpio 1)

Como parte do EA, caso necessrio, realizar verificao de campo atravs de especialistas qualificados (Princpio 2).

Assegurar o uso de procedimentos de encontros ocasionais que incluam uma abordagem pr-aprovada de manejo e conservao para materiais que possam ser descobertos durante a implantao do projeto (Princpio 4).

Divulgar verses preliminares dos planos de mitigao em momento oportuno, antes do incio formal da avaliao do projeto, em lugar acessvel e de forma compreensvel para os principais interessados (Princpio 5)

53. A Legislao Federal Brasileira da CAIXA apresenta equivalncia parcial com o seguinte objetivo e princpio operacional da O.P 4.00 envolvendo Propriedade Cultural: Princpios Operacionais

Consultar moradores locais ao documentar a presena e a significncia dos PCR, avaliando a natureza e a extenso de impactos potenciais sobre tais recursos, planejando e implementando planos de mitigao (Princpio 3).

A8 Reassentamento Involuntrio 54. A Legislao Federal Brasileira no apresenta total equivalncia em relao a nenhum objetivo e/ou princpio operacional da O.P 4.00 com relao a Reassentamento Involuntrio. 55. A Legislao Federal Brasileira da CAIXA apresenta equivalncia parcial com os seguintes princpios operacionais da O.P 4.00 envolvendo Reassentamento Involuntrio. Princpios

Avaliar todos os desenhos alternativos do projeto para evitar, quando possvel, ou minimizar o

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reassentamento involuntrio (Princpio 1) Atravs de censos ou levantamentos scio-econmicos sobre a populao afetada, identificar,

avaliar e abordar os potenciais impactos econmicos e sociais do projeto que so causados pela tomada involuntria de terras (p. ex., realocao ou perda de abrigo, perda de bens ou de acesso a eles, perda das fontes de renda ou dos meios de vida, caso a pessoa afetada tenha ou no que se mudar para outra localidade) ou restrio involuntria de acesso a parques e reas protegidas legalmente estabelecidas (Princpio 2).

Identificar e abordar impactos tambm se eles resultarem de outras atividades que sejam (a) direta e significantemente relacionadas com o projeto proposto, (b) necessrias para atingir seus objetivos e (c) realizadas ou planejadas para serem realizadas concomitantemente ao projeto (Princpio 3).

Consultar pessoas afetadas pelo projeto, comunidades anfitris e organizaes no-governamentais locais, conforme apropriado. Assegurar-lhes oportunidades para participar do planejamento, da implementao e da inspeo do programa de reassentamento, especialmente do processo de desenvolvimento e implementao dos procedimentos para determinar a elegibilidade para fins de benefcios compensatrios e assistncia ao desenvolvimento (como documentado em um plano de reassentamento), e para estabelecer mecanismos apropriados e acessveis para o processamento de queixas/reclamaes. Prestar especial ateno s necessidades de grupos vulnerveis entre os desalojados, sobretudo queles abaixo da linha de pobreza, os sem-terra, idosos, mulheres e crianas. Povos indgenas, minorias tnicas ou outras pessoas desalojadas que possam no ser protegidas por meio da legislao nacional de compensao territorial (Princpio 4).

Divulgar verses preliminares de planos de reassentamento, inclusive a documentao do processo de consulta, em momento oportuno, antes que a avaliao do projeto seja formalmente iniciada, em lugar acessvel e de forma compreensvel para os principais interessados (Princpio 8).

Elaborar, documentar e divulgar, antes da avaliao de projetos envolvendo restries involuntrias ao acesso a parques e reas protegidas legalmente estabelecidas, um processo participativo para: (a) preparar e implementar componentes do projeto; (b) estabelecer critrios de eligibilidade; (c) acordar sobre medidas de mitigao que ajudem a melhorar ou restaurar os meios de vida de modo a manter a sustentabilidade do parque ou da rea protegida; (d) resolver conflitos; e (e) monitorar a implementao (Princpio 10).

Implementar todos os planos de reassentamento pertinentes antes do trmino do projeto e providenciar os direitos de reassentamento antes de deslocamento ou da restrio de acesso. Para projetos envolvendo restries de acesso, impor as restries de acordo com o cronograma estabelecido no plano de ao (Princpio 11).

Avaliar se os objetivos do instrumento foram alcanados, ao trmino do projeto, levando em conta as condies iniciais e os resultados do monitoramento do reassentamento (Princpio 12).

56. A Legislao Federal Brasileira da CAIXA no apresenta equivalncia com os seguintes objetivos e princpios operacionais da O.P 4.00 envolvendo Reassentamento Involuntrio. Objetivos

Evitar ou minimizar o reassentamento involuntrio e, quando tal no for possvel, auxiliar as pessoas desalojadas a melhorar ou reconstruir seus meios de vida e padres de vida em termos reais em relao aos nveis anteriores ao desalojamento ou aos nveis prevalecentes antes do incio da implementao do projeto, dependendo de qual for maior.

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Princpios

Informar as pessoas desalojadas sobre seus direitos, consult-las sobre opes e fornecer-lhes alternativas tcnicas e economicamente viveis de reassentamento e a assistncia necessria, inclusive (a) compensao imediata ao custo completo de reposio por perda de bens atribuda ao projeto; (b) se houver realocao, fornecer assistncia durante a realocao e estabelecimento de moradia residenciais, ou locais de moradia, ou reas rurais de potencial produtivo equivalente, conforme necessrio; (c) apoio e assistncia ao desenvolvimento para a transio, tais como preparo da terra, facilidades de crdito, treinamento ou oportunidades profissionais, conforme necessrio, alm de medidas compensatrias; (d) compensao em espcie pela terra quando o impacto da aquisio de terra sobre os meios de vida for mnimo; (e) proviso de infra-estrutura cvica e de servios comunitrios, conforme necessrio (Princpio 5).

Dar preferncia a estratgias de reassentamento baseadas na terra para pessoas desalojadas cujos meios de vida sejam baseados na terra (Princpio 6).

queles sem direitos legais formais a terras ou reivindicao por tal terra que possam ser reconhecidos pelas leis do pas, fornecer assistncia para seu reassentamento, ao invs de compensao pela terra, de modo a ajudar a melhorar ou pelo menos restaurar seus meios de vida (Princpio 7).

O seguinte princpio operacional da O.P 4.00 com relao a Reassentamento Involuntrio no aplicvel Legislao Federal Brasileira:

Aplicar os princpios descritos na seo de reassentamento involuntrio desta Tabela, conforme for aplicvel e relevante, a subprojetos que requeiram aquisio de terra (Princpio 9).

B Concluses-Chave de Equivalncia Relacionados ao Marco Socioambiental B1. O Marco Socioambiental da Caixa Econmica Federal Aplicvel ao Projeto 57. O Marco Socioambiental da Caixa Econmica Federal (CAIXA) instrumento que visa assegurar a sustentabilidade socioambiental dos projetos desenvolvidos com recursos da linha de financiamento da CAIXA voltada ao tratamento e destinao final de resduos slidos. Como se poder depreender desta anlise o Marco Socioambiental da CAIXA inteiramente equivalente com os princpios constante do quadro A1 da PO 4.00 do Banco Mundial.

58. Essa linha de financiamento da CAIXA possui vocao eminentemente socioambiental. Os projetos por ela contemplados tm por objetivo reduzir os impactos da disposio inadequada dos resduos mediante a implementao de mecanismos que tratem adequadamente os resduos slidos urbanos e visem reduzir a pobreza e melhoria da incluso social dos catadores de resduos slidos urbanos, por meio da gerao de trabalho e de renda (item 2.1. do Marco).

59. Alm das normas socioambientais previstas na legislao e na regulamentao brasileira, o desenvolvimento, implementao e acompanhamento dos projetos devem observar os normativos internos da CAIXA, que internalizam regras e polticas aprovadas pelos Ministrios do Governo, notadamente da Cidade, Saneamento e Infra-Estrutura.

60. Os projetos so classificados em 3 categorias (A, B e C), dependendo do impacto socioambiental a ser causado. Como padro mnimo deve ser apresentado o Relatrio de Impacto ao Meio Ambiente - RIMA pelo empreendedor, sendo as licenas ambientais requisito essencial aprovao do projeto. Dependendo do nvel de impacto sero exigidos estudos complementares de avaliao ambiental. Em qualquer hiptese devero ser examinados os impactos sobre os recursos fsicos, biolgicos, scioeconmicos e fsico-culturais, e o estudo ambiental indicar necessariamente as alternativas locacionais e tcnica-operacionais do projeto (Anexo 2 ao Marco).

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61. O Marco claramente se prope a ir alm da legislao brasileira com relao a diversos aspectos da anlise socioambiental. Diferentemente do sistema normativo brasileiro, o programa da CAIXA considera - para fins de avaliao do projeto - questes ambientais globais, principalmente o aquecimento global, assim como obrigaes assumidas internacionalmente pelo Brasil independentemente de terem sido incorporadas ao ordenamento jurdico brasileiro.

62. Medidas de mitigao esto previstas para todas as fases do projeto, conforme Anexo 7 ao Marco, sendo a adequada escolha do local um dos principais meios para reduzir os impactos do projeto. O plano de monitoramento chave para acompanhar a sustentabilidade ambiental do projeto (Anexo 9 ao Marco).

63. Ao lado da proteo dos recursos naturais, qualquer projeto que venha a ser desenvolvido com recursos dessa linha de financiamento da CAIXA dever preservar o patrimnio cultural, histrico e arqueolgico identificado na rea de abrangncia do empreendimento, inclusive com a participao da populao local na hiptese de serem identificados objetivos de valor cultural na regio.

64. A participao pblica estimulada durante todas as etapas do projeto, com a interao dos principais stakeholders desde a concepo do projeto at o seu monitoramento. Para tanto, a CAIXA exige do empreendedor o desenvolvimento de um Programa de Comunicao Social, ao lado da criao de uma ouvidoria, que ser um dos principais canais de comunicao contnua com o pblico, sem prejuzo de outros mecanismos que visem solucionar conflitos que surjam ao projeto, em linha com os Principles for Implementing Grievance Mechanism (Anexo 5 ao Marco e itens 5.2.4 e 5.4.2 do Marco).

65. O meio ambiente do trabalho dos projetos financiados deve contar com condies totalmente adequadas e de salubridade para os seus trabalhadores e quaisquer pessoas que venham a adentrar nas instalaes do empreendimento. Nesse sentido o projeto dever se adequar s Diretrizes Ambientais, Sociais e de Sade e Segurana da CAIXA, que seguem as boas prticas mundiais e so baseadas no Environmental, Health and Safety Guidelines for Solid Waste Management Facilities do IFC (Anexo 8 ao Marco). Nesse contexto que o controle da propagao de vetores nos aterros dever se dar preferencialmente por meio de mtodos de manejo em detrimento utilizao de agrotxicos e outros componentes qumicos.

66. As polticas da CAIXA so orientadas para uma avaliao holstica do Projeto em que deve haver a amarrao dos componentes socioambientais e econmicos da atividade financiada. O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL tido como uma maneira de agregar valor e sustentabilidade econmica operao dos sistemas de tratamento de resduos. Em paralelo, um percentual entre 1% e 3% do valor do investimento dever ser destinado para o atendimento de questes socioambientais do projeto, considerando o impacto ambiental e social que o empreendimento provocar na regio de abrangncia do mesmo (Anexo 4 ao Marco).

67. O Programa da CAIXA possui um vis fortemente social, medida em que busca promover a erradicao de lixes, concomitantemente ao desenvolvimento de um Plano de Incluso Social de Catadores (PISCA), previsto no Anexo 4 ao Marco. Tal plano tem por principal objetivo mitigar os impactos decorrentes da interrupo das atividades produtivas dos catadores de materiais reciclveis, na cadeia de resduos slidos, que poder ocorrer em virtude da implantao de projeto financiado pela CAIXA.

68. O projeto dever buscar a promoo da insero dessa populao mais vulnervel no mercado de trabalho, com capacitao dos catadores em suas funes tcnicas e tambm de gesto administrativa, financeira, de segurana do trabalho e primeiros socorros. Para atingir esses resultados, sugere-se a adoo de arranjos institucionais, inclusive com o fomento e apoio s aes de cooperativismo e tambm de capacitao dos agentes pblicos nos projetos de MDL (Anexo 7 ao Marco).

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69. Ainda no que diz questo social, o Marco possui um anexo inteiro (Anexo 3) desenvolvendo o chamado Plano de Reassentamento Involuntrio (PRI), endereado principalmente ao atendimento de (i) pessoas que comprovadamente possuem moradia em lixes que sero encerrados pelo projeto, (ii) moradores das reas a serem adquiridas para a implantao de aterro sanitrio, e (iii) pessoas que tiverem suas atividades produtivas interrompidas em decorrncia da implantao do projeto, desde que estas atividades estejam relacionadas aos resduos slidos urbanos.

70. Em ltima anlise, a concepo do projeto, associada ao PRI, dever evitar ou minimizar o reassentamento involuntrio e, quando tal no for possvel, auxiliar as pessoas desalojadas a melhorar ou reconstruir seus meios de vida e padres de vida em termos reais, em relao aos nveis anteriores ao desalojamento ou aos nveis prevalecentes antes do incio da implementao do projeto, dependendo de qual for maior, em conformidade com as Polticas Operacionais do Banco Mundial aplicveis in casu.

B2 Anlise Detalhada da Equivalncia entre o Marco Socioambiental da Caixa Econmica Federal e as Polticas Operacionais previstas na O.P. 4.00 71. O Anexo 2 deste relatrio contm uma matriz com anlise detalhada das orientaes previstas no Marco Socioambiental da CAIXA em relao aos Objetivos e Princpios Operacionais descritos na O.P. 4.00, para as polticas de salvaguarda ambientais e sociais referentes a (A) Avaliao Ambiental; (B) Habitats Naturais; (C) Manejo de Pragas; (D) Propriedade Cultural; e (E) Reassentamento Involuntrio. O Anexo 2 tambm indica as medidas para preencher a equivalncia entre o Marco Socioambiental e os Princpios e Objetivos Operacionais da O.P 4.00.

72. Descrevemos abaixo as principais concluses sobre a equivalncia do Marco Sociambiental com relao aos Objetivos e Princpios Operacionais (O.P. 4.00) para cada uma das 5 polticas de salvaguarda. Para cada Objetivo ou Princpio Operacional da O.P. 4.00, a anlise classifica o Marco Socioambiental como equivalente, equivalncia parcial ou no equivalente. A anlise completa, com os fundamentos e referncias aos captulos e anexos ao Marco Sociambiental aplicveis O.P 4.00, pode ser encontrada no Anexo 2 deste Relatrio.

B3 Avaliao Ambiental 73. O Marco Socioambiental da CAIXA totalmente equivalente aos seguintes objetivos e princpios operacionais da O.P 4.00 com relao Avaliao Ambiental:

Objetivos

Auxiliar a assegurar a integridade e sustentabilidade social e ambiental de projetos de investimento. Apoiar a integrao de aspectos ambientais e sociais dos projetos ao processo decisrio. Princpios Operacionais

Assim que possvel, utilizar um processo de triagem para cada projeto proposto para determinar a abrangncia e o tipo da avaliao ambiental (EA) adequado, de modo que estudos apropriados sejam realizados, proporcionais aos riscos potenciais e a impactos diretos, e, quando relevante, indiretos, cumulativos e associados. Utilizar a avaliao ambiental setorial ou regional quando adequado (Princpio 1).

Avaliar os potenciais impactos do projeto proposto sobre os recursos fsicos, biolgicos, scio-econmicos e fsico-culturais, inclusive questes trans-fronteirias e globais, bem como impactos potenciais sobre a sade e a segurana humana (Princpio 2)

Avaliar a adequao do marco legal e institucional aplicvel, incluindo acordos ambientais internacionais aplicveis, e confirmar que os mesmos estabeleam que o governo cooperante no

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financie atividades de projeto que transgridam tais obrigaes internacionais (Princpio 3). Providenciar a avaliao de alternativas de financiamento, tcnicas e de localizao viveis,

incluindo a alternativa nenhuma ao, impactos potenciais, viabilidade de mitigar tais impactos, seus custos de capital e recorrentes, sua convenincia nas condies locais, e as necessidades institucionais, de treinamento e de monitoramento a elas associadas (Princpio 4).

Quando aplicvel ao tipo de projeto apoiado, aplicar normalmente o Manual de Preveno e Reduo de Poluio (PPAH). Justificar desvios quando alternativas para as medidas enunciadas no PPAH forem selecionadas (Princpio 5).

Prevenir e, quando no for possvel prevenir, pelo menos minimizar ou compensar os impactos adversos do projeto e maximizar os impactos positivos atravs do manejo e do planejamento ambiental que incluam as medidas de mitigao propostas, monitoramento, medidas de desenvolvimento da capacidade institucional e de treinamento, cronograma de implementao e estimativas de custo (Princpio 6).

Envolver to logo possvel as partes interessadas (stakeholders), inclusive grupos afetados pelo projeto e organizaes no-governamentais locais no processo de elaborao e assegurar que suas vises e preocupaes sejam conhecidas e consideradas pelos tomadores de deciso. Prosseguir com as consultas ao longo de todo o projeto, conforme necessrio, para tratar dos assuntos relacionados ao EA que os afetam (Princpio 7).

Usar especialistas independentes na elaborao do EA, quando apropriado. Usar painis consultivos independentes durante a elaborao e implementao de projetos que tenham altos riscos ou sejam controversos ou que envolvam interesses ambientais e/ou sociais srios e multidimensionais (Princpio 8).

Fornecer medidas para vincular o processo de avaliao ambiental e suas constataes aos estudos de anlise econmica, financeira, institucional, social e tcnica de um projeto proposto (Princpio 9).

Divulgar a verso preliminar da EA em momento oportuno, antes que a avaliao do projeto se inicie formalmente, em um lugar acessvel e de forma compreensvel para os principais interessados (Princpio 11).

71. O Princpio 10 (cuidar para que os princpios desta Tabela sejam aplicados aos subprojetos e atividades intermedirias financeiras) no se aplica ao Projeto. B5. Habitats Naturais 72. O Marco Socioambiental da CAIXA totalmente equivalente aos seguintes objetivos e princpios operacionais da O.P 4.00 com relao a Habitats Naturais: Objetivos

Promover o desenvolvimento ambientalmente sustentvel, apoiando a proteo, conservao,

manuteno e reabilitao de habitats naturais e suas funes. Princpios Operacionais

Usar o princpio da precauo no manejo de recursos naturais, assegurando oportunidades para o desenvolvimento ambientalmente sustentvel. Determinar se os benefcios do projeto so substancialmente maiores do que os potenciais custos ambientais (Princpio 1).

Evitar a converso ou degradao significativa de habitats naturais crticos, inclusive aqueles habitats que so (a) legalmente protegidos, (b) propostos oficialmente para proteo, (c) identificados por fontes respeitadas pelo seu alto valor de conservao ou (d) reconhecidos como protegidos por comunidades locais tradicionais (Princpio 2).

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Quando os projetos afetarem habitats naturais no-crticos, prosseguir somente se no houver disponibilidade de alternativas viveis, e se medidas adequadas de conservao e mitigao, inclusive as exigidas para manter os servios ecolgicos por elas fornecidos, estiverem disponveis. Incluir tambm medidas de mitigao que minimizem perdas de habitat e estabeleam e mantenham protegida uma rea ecologicamente similar (Princpio 3).

Sempre que possvel, dar preferncia localizao de projetos em terras j convertidas (Princpio 4).

Consultar os principais interessados, inclusive organizaes no-governamentais locais e comunidades locais, e envolver estas pessoas no desenho, implementao, monitoramento e avaliao de projetos, inclusive no planejamento da mitigao (Princpio 5).

Assegurar o uso de conhecimento especializado apropriado para a elaborao e a implementao de planos de mitigao e monitoramento (Princpio 6).

Divulgar a verso preliminar do plano de mitigao em momento oportuno, antes que a avaliao do projeto seja formalmente iniciada, em lugar acessvel e de forma compreensvel para os principais interessados (Princpio 7).

B6. Manejo de Pragas 73. O Marco Socioambiental da CAIXA totalmente equivalente aos seguintes objetivos e princpios operacionais da O.P 4.00 com relao a Manejo de Pragas: Objetivo: Minimizar e gerenciar os riscos ambientais e para a sade associados ao uso de agrotxicos e promover e apoiar o manejo de pragas seguro, efetivo e ambientalmente correto. Princpios Operacionais:

Promover o uso de prticas biolgicas ou ambientais de manejo de pragas ecologicamente embasadas e baseadas na demanda (Manejo Integrado de Pragas [IPM] em projetos agrcolas e o Manejo Integrado de Vetores [IVM] em projetos de sade pblica), e reduzir a dependncia por agrotxicos qumicos sintticos. Incluir a avaliao de questes de manejo de pragas, dos seus impactos e riscos no processo da EA (Princpio 1).

Adquirir agrotxicos com base na avaliao da natureza e do grau de riscos associados, levando em considerao o uso proposto e os usurios previstos. No adquirir produtos formulados pertencentes s Classes IA e IB da OMS, ou formulaes de produtos da Classe II a no ser que haja restries que provavelmente iro negar o uso ou o acesso a pessoal leigo e a outras pessoas sem treinamento ou equipamento apropriado. Referncia: Classificao Recomendada de Agrotxicos por Perigo e Diretrizes de Classificao da OMS (IOMC, 2000-2002).(Princpio 2)

Seguir recomendaes e padres mnimos descritos no Cdigo Internacional de Conduta sobre a Distribuio e o Uso de Agrotxicos (Roma, 2003) da Organizao para a Alimentao e a Agricultura (FAO) das Naes Unidas e somente adquirir agrotxicos que sejam fabricados, rotulados, manuseados, armazenados, aplicados e eliminados de acordo com padres aceitveis, como descritos nas Diretrizes para Armazenamento, Rotulao e Disposio da FAO (Roma, 1985) (Princpio 3)

Apoiar [reformas de polticas e]14 o desenvolvimento da capacidade institucional para (a) aumentar a implementao do manejo de pragas baseado no IPM e no IVM (...) (Princpio 4)

Divulgar a verso preliminar do plano de mitigao em momento oportuno, antes que a avaliao do projeto seja formalmente iniciada, em lugar acessvel e de forma compreensvel para

14 Apoio a reformas polticas no aplicvel ao Projeto.

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os principais interessados (Princpio 5). 74. O Marco Socioambiental da CAIXA no aplicvel ao seguinte princpio operacional da O.P 4.00 com relao a Manejo de Pragas

Apoiar reformas de polticas e o desenvolvimento da capacidade institucional para (...) (b) regulamentar e monitorar a distribuio e o uso de agrotxicos. (Princpio 4)

B7. Propriedade Cultural 75. O Marco Socioambiental da CAIXA totalmente equivalente aos seguintes objetivos e princpios operacionais da O.P 4.00 com relao a Propriedade Cultural: Objetivo:

Auxiliar na preservao de recursos culturais fsicos (PCR) e evitar sua destruio ou danificao. Os

PCR incluem stios arqueolgicos, paleontolgicos, histricos e sagrados, inclusive cemitrios e valores naturais singulares.

Princpios Operacionais:

Utilizar um processo de avaliao ambiental (EA) ou procedimento equivalente na identificao

de PCRs de modo a evitar ou minimizar ou compensar os impactos adversos e ressaltar impactos positivos sobre os PCR, por meio da seleo dos stios e o planejamento do local (Princpio 1)

Como parte do EA, caso necessrio, realizar verificao de campo atravs de especialistas qualificados (Princpio 2).

Consultar moradores locais ao documentar a presena e a significncia dos PCR, avaliando a natureza e a extenso de impactos potenciais sobre tais recursos, planejando e implementando planos de mitigao (Princpio 3).

Assegurar o uso de procedimentos de encontros ocasionais que incluam uma abordagem pr-aprovada de manejo e conservao para materiais que possam ser descobertos durante a implantao do projeto (Princpio 4).

Divulgar verses preliminares dos planos de mitigao em momento oportuno, antes do incio formal da avaliao do projeto, em lugar acessvel e de forma compreensvel para os principais interessados (Princpio 5)

B8. Reassentamento Involuntrio 76. O Marco Socioambiental da CAIXA totalmente equivalente a todos os objetivos e princpios operacionais da O.P 4.00 com relao a Reassentamento Involuntrio, listados a seguir. Objetivos

Evitar ou minimizar o reassentamento involuntrio e, quando tal no for possvel, auxiliar as pessoas desalojadas a melhorar ou reconstruir seus meios de vida e padres de vida em termos reais em relao aos nveis anteriores ao desalojamento ou aos nveis prevalecentes antes do incio da implementao do projeto, dependendo de qual for maior. Princpios Operacionais:

Avaliar todos os desenhos alternativos do projeto para evitar, quando possvel, ou minimizar o

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reassentamento involuntrio (Princpio 1) Atravs de censos ou levantamentos scio-econmicos sobre a populao afetada, identificar,

avaliar e abordar os potenciais impactos econmicos e sociais do projeto que so causados pela tomada involuntria de terras (p. ex., realocao ou perda de abrigo, perda de bens ou de acesso a eles, perda das fontes de renda ou dos meios de vida, caso a pessoa afetada tenha ou no que se mudar para outra localidade) ou restrio involuntria de acesso a parques e reas protegidas legalmente estabelecidas (Princpio 2).

Identificar e abordar impactos tambm se eles resultarem de outras atividades que sejam (a) direta e significantemente relacionadas com o projeto proposto, (b) necessrias para atingir seus objetivos e (c) realizadas ou planejadas para serem realizadas concomitantemente ao projeto (Princpio 3).

Consultar pessoas afetadas pelo projeto, comunidades anfitris e organizaes no-governamentais locais, conforme apropriado. Assegurar-lhes oportunidades para participar do planejamento, da implementao e da inspeo do programa de reassentamento, especialmente do processo de desenvolvimento e implementao dos procedimentos para determinar a elegibilidade para fins de benefcios compensatrios e assistncia ao desenvolvimento (como documentado em um plano de reassentamento), e para estabelecer mecanismos apropriados e acessveis para o processamento de queixas/reclamaes. Prestar especial ateno s necessidades de grupos vulnerveis entre os desalojados, sobretudo queles abaixo da linha de pobreza, os sem-terra, idosos, mulheres e crianas. Povos indgenas, minorias tnicas ou outras pessoas desalojadas que possam no ser protegidas por meio da legislao nacional de compensao territorial (Princpio 4).

Informar as pessoas desalojadas sobre seus direitos, consult-las sobre opes e fornecer-lhes alternativas tcnicas e economicamente viveis de reassentamento e a assistncia necessria, inclusive (a) compensao imediata ao custo completo de reposio por perda de bens atribuda ao projeto; (b) se houver realocao, fornecer assistncia durante a realocao e estabelecimento de moradia residenciais, ou locais de moradia, ou reas rurais de potencial produtivo equivalente, conforme necessrio; (c) apoio e assistncia ao desenvolvimento para a transio, tais como preparo da terra, facilidades de crdito, treinamento ou oportunidades profissionais, conforme necessrio, alm de medidas compensatrias; (d) compensao em espcie pela terra quando o impacto da aquisio de terra sobre os meios de vida for mnimo; (e) proviso de infra-estrutura cvica e de servios comunitrios, conforme necessrio (Princpio 5).

Dar preferncia a estratgias de reassentamento baseadas na terra para pessoas desalojadas cujos meios de vida sejam baseados na terra (Princpio 6).

queles sem direitos legais formais a terras ou reivindicao por tal terra que possam ser reconhecidos pelas leis do pas, fornecer assistncia para seu reassentamento, ao invs de compensao pela terra, de modo a ajudar a melhorar ou pelo menos restaurar seus meios de vida (Princpio 7).

Divulgar verses preliminares de planos de reassentamento, inclusive a documentao do processo de consulta, em momento oportuno, antes que a avaliao do projeto seja formalmente iniciada, em lugar acessvel e de forma compreensvel para os principais interessados (Princpio 8).

Aplicar os princpios descritos na seo de reassentamento involuntrio desta Tabela, conforme for aplicvel e relevante, a subprojetos que requeiram aquisio de terra (Princpio 9).

Elaborar, documentar e divulgar, antes da avaliao de projetos envolvendo restries involuntrias ao acesso a parques e reas protegidas legalmente estabelecidas, um processo participativo para: (a) preparar e implementar componentes do projeto; (b) estabelecer critrios de eligibilidade; (c) acordar sobre medidas de mitigao que ajudem a melhorar ou restaurar os meios de vida de modo a manter a sustentabilidade do parque ou da rea protegida; (d) resolver conflitos; e (e) monitorar a implementao (Princpio 10).

Implementar todos os planos de reassentamento pertinentes antes do trmino do projeto e

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providenciar os direitos de reassentamento antes de deslocamento ou da restrio de acesso. Para projetos envolvendo restries de acesso, impor as restries de acordo com o cronograma estabelecido no plano de ao (Princpio 11).

Avaliar se os objetivos do instrumento foram alcanados, ao trmino do projeto, levando em conta as condies iniciais e os resultados do monitoramento do reassentamento (Princpio 12).

PARTE. III - AVALIAO DO DESEMPENHO INSTITUCIONAL A. Estrutura e Capacidade Institucional da CAIXA 74. A anlise da capacidade de implementao da CAIXA passa primeiramente pelo entendimento do papel dos rgos envolvidos nos processos de anlise socioambiental de projetos de tratamento de resduos slidos e de MDL.

A1 Resduos Slidos

75. Segundo a Constituio Federal, a gesto dos resduos slidos urbanos, incluindo os servios de limpeza pblica, coleta e destinao final, atribuio das administraes municipais. Cabe ressaltar, no entanto, que o estabelecimento de diretrizes nacionais para o saneamento bsico competncia privativa da Unio. s atribuies especficas para o planejamento e execuo de aes no setor de saneamento bsico, somam-se competncias afetas gesto integrada de resduos slidos, a saber: (i) a competncia concorrente dos entes federados em matria ambiental, cabendo Unio to-somente fixar leis gerais; (ii) a competncia comum material de todos os entes federados para proteo da sade e do meio ambiente, assim como ao combate s causas da pobreza; e, finalmente, (iii) a competncia municipal para a promoo do adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso do solo.

76. A Lei de Saneamento Bsico atribui ao titular dos servios pblicos de saneamento bsico a organizao, a regulao, a fiscalizao e a prestao desses servios. A atividade de regulao, assim como a de fiscalizao, poder ser exercida diretamente pelo Municpio ou delegada a ente descentralizado, desde que a entidade reguladora seja constituda dentro dos limites do respectivo Estado.

77. A prestao dos servios pblicos se d de forma direta ou delegada, podendo ser por meio de contratao de servios, seja por meio de concesso pblica ou ainda por meio de parcerias pblico-privadas (PPPs). No caso da prestao de servios de limpeza urbana e manejo de resduos slidos de forma regionalizada, as atividades de regulao e fiscalizao podero ser exercidas por ente da Federao ao qual o Municpio tenha delegado essas funes ou por meio de convnio de cooperao ou por consrcio pblico de direito pblico, em obedincia Lei dos Consrcios Pblicos. Os consrcios podero ser contratados pela Administrao Direta ou Indireta dos entes federados, dispensada a licitao, sendo permitida a delegao das obras ou servios pblicos pelo consrcio a terceiros, mediante concesso, permisso ou autorizao.

A2 Licenciamento Ambiental

78. O licenciamento ambiental de atividades consideradas potencialmente poluidoras ou capazes de causar degradao ambiental, como o caso dos sistemas de tratamento e disposio final de resduos slidos, depende de prvio licenciamento ambiental do rgo estadual competente, integrante do SISNAMA.

79. A Resoluo CONAMA 237/97, lista entre os empreendimentos e atividades sujeitos ao licenciamento ambiental: (i) tratamento e destinao de resduos industriais (lquidos e slidos); (ii) tratamento/disposio de resduos especiais tais como: de agroqumicos e suas embalagens usadas e de

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servio de sade, entre outros; (iii) tratamento e destinao de resduos slidos urbanos, inclusive aqueles provenientes de fossas. A Resoluo CONAMA 404/08 estabelece procedimentos simplificados para o licenciamento ambiental de aterros sanitrios de pequeno porte (com capacidade para at 20 toneladas de disposio final diria de resduos slidos urbanos).

80. A competncia pelo licenciamento ambiental desses empreendimentos dos rgos ambientais estaduais, que estabelecero os estudos ambientais necessrios para sua avaliao.

A3 Papel da CAIXA na avaliao socioambiental de projetos de tratamento de resduos slidos

81. A CAIXA o principal agente das polticas pblicas do governo federal. Ao priorizar setores como habitao, saneamento bsico, infraestrutura e prestao de servios, a CAIXA exerce um papel fundamental na promoo do desenvolvimento urbano e da justia social no pas, contribuindo para melhorar a qualidade de vida da populao.

82. A CAIXA possui diversos produtos e servios que contribuem para a melhoria da qualidade de vida, reduzindo impactos sobre o meio ambiente. Ao financiar e repassar recursos para o saneamento ambiental, a infra-estrutura, a habitao e as aes socioambientais com a comunidade, a CAIXA promove o desenvolvimento sustentvel e contribui para o alcance das metas nacionais dos "Objetivos do Milnio".

83. A Poltica Ambiental da instituio parte do Projeto Corporativo de Responsabilidade Social, que busca desenvolver a cultura organizacional de sustentabilidade e adotar um comportamento proativo junto aos empregados, clientes, fornecedores e parceiros da CAIXA, para consolidar seu posicionamento de empresa pblica socialmente responsvel. A busca da ecoeficincia, eliminao de desperdcios, eficincia energtica e estmulo ao uso de materiais reciclados so exemplos de aes que atingem o pblico interno e externo.

84. Ao financiar a implantao e operao de sistemas de tratamento e destinao final de resduos slidos, a CAIXA deve respeitar a legislao ambiental vigente e se assegurar que seus muturios estejam igualmente atendendo a esta legislao minimizando assim os riscos de no cumprimento das condies contratuais. Isto por que seu descumprimento pode resultar em uma ordem de fechamento de atividade, e conseqente incapacidade de pagamento dos dbitos.

85. Some-se a isto, que como agente de financiamento do desenvolvimento social, a CAIXA deve garantir que as condies de sustentabilidade socioambiental sejam adequadamente respeitadas. Assim, embora no seja sua atribuio o licenciamento e a fiscalizao ambiental de empreendimentos de tratamento de resduos slidos, deve atentar para o efetivo cumprimento da legislao e atendimento s condicionantes ambientais estabelecidas pelos rgos competentes e a adoo de melhores prticas operacionais.

86. Atualmente esta avaliao ainda feita de forma pouco estruturada e no normatizada, deixando muitas vezes a CAIXA exposta a situaes de no conformidade legal, ainda que indiretamente, principalmente em funo da falta de estruturao de procedimentos e capacitao profissional das regionais para proceder a essa avaliao de conformidade e cumprimento da legislao.

87. A documentao ambiental solicitada em pedidos de financiamento de empreendimentos voltados ao tratamento de resduos slidos se limita s licenas ambientais cabveis, sem anlise crtica do cumprimento das condicionantes ambientais estabelecidas, nem de sua suficincia para a garantia da sustentabilidade socioambiental.

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88. A avaliao socioambiental se faz ainda de forma no padronizada e desarticulada, no integrando a avaliao tcnica-ambiental avaliao social. Estas so feitas por diferentes profissionais das regionais sem a necessria integrao, podendo incorrer em conflitos e contradies.

A4 Estrutura organizacional da CAIXA para avaliao de projetos de tratamento de resduos slidos 89. Os projetos de tratamento de resduos slidos so financiados para Superintendncia Nacional de Saneamento e Infraestrutura SUSAN, subordinada Vice Presidncia de Governo (VIGOV).

VP GovernoVIGOV

SN Saneamento eInfra-estrutura - SUSAN

GN Produtos de Financiamento de Governo e Infra-estrutura

GESAN

Presidncia

GN Operaes Descentralizadas em Saneamento e Infra-estrutura

GEOSI

GN Controle e Acompanhamento de Operaes de Saneamento e

Infra-estrutura - GECOA

Conselho de Administrao - CA Conselho Fiscal - CF

90. A misso da SUSAN Apoiar a implantao, ampliao e a melhoria de servios de saneamento ambiental e de infra-estrutura voltada para o desenvolvimento urbano, por meio de repasses e financiamentos convencionais ou estruturados, com equilbrio econmico-financeiro e maximizao de resultados. 91. A SUSAN tem por objetivo Desenvolver, implantar, manter e operar solues de melhoria de servios de saneamento ambiental e de infra-estrutura voltadas para o desenvolvimento sustentvel. 92. Dentro da SUSAN existem trs Gerencias Nacionais GESAN, GEOSI e GECOA responsveis pelo desenvolvimento, monitoramento e controle das operaes, respectivamente. As funes de cada uma destas gerncias so conforme segue:

GESAN: desenvolver, implantar e manter operaes de crdito destinadas a saneamento e infra-estrutura; definir a estrutura financeira das operaes de saneamento e infraestrutura.

GEOSI: gerir a contratao das operaes de saneamento e infraestrutura. GECOA: administrar e controlar as operaes de saneamento e infraestrutura.

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GEOSIExecuo

. Contratar . Monitorar condicionantes ao primeiro

desembolso

GESANPlanejamento

. Captar . Formatar produtos . Elaborar normas

SUSANGECOA

Controle

. Monitorar / controlar desembolso e amortizao

93. Cabe ressaltar, no entanto, que apenas operaes de grande porte so analisadas e gerenciadas pela SUSAN. As operaes centralizadas de grande porte so em geral aquelas que excedem o valor de R$10milhes (outros parmetros so considerados quando da solicitao do financiamento nas filiais). Para tipos de projetos j normatizados pela CAIXA, as operaes de crdito so descentralizadas. 94. As operaes descentralizadas so conduzidas pelas Gerncias de Filial ou Representao de Filial GIDUR/REDUR, integrantes da Superintendncia Nacional de Assistncia Tcnica e Desenvolvimento Sustentvel SUDES.

VP GovernoVIGOV

SN Saneamento eInfra-estrutura - SUSAN

Gerncia de Filial Apoio ao Desenvolvimento Urbano

GIDUR

Representao de Filial Apoio ao Desenvolvimento

UrbanoREDUR

GN Gesto de Execuo e Controle - GERED

SN Assistncia Tcnica e Desenvolvimento

Sustentvel - SUDES

Presidncia

GN Gesto Padronizao e Normas Tcnicas - GEPAD

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95. A SUDES tem por objetivo implementar solues e prestar servios tcnicos especializados para o desenvolvimento econmico, social e ambiental. As Gerncias Nacionais tm as seguintes funes:

GERED: gerenciar e controlar a execuo dos programas de desenvolvimento sustentvel, administrando as Filiais de Apoio ao Desenvolvimento Urbano (GIDUR/REDUR);

GEPAD: definir normas tcnicas para todas as atividades da CAIXA, em conjunto com as reas envolvidas na sua implementao.

As GIDUR/REDUR constituem o brao operacional da SUDES, e so responsveis pela execuo das atividades em nvel regional, sob a coordenao da estrutura central.

B. Processos e Procedimentos Internos 96. Para melhor compreender o procedimento de anlise de projetos ser apresentado a seguir o processo de acesso ao crdito dentro da CAIXA.

97. Um potencial tomador se dirige Superintendncia Regional (SR) da CAIXA para solicitar um financiamento para projetos de infra-estrutura ou saneamento. Todo o relacionamento Cliente-CAIXA centralizado nas SRs. Eventualmente um potencial tomador pode se dirigir diretamente GIDUR/REDUR, dado que j possui relacionamentos anteriores. Neste caso a GIDUR/REDUR envolver a SR no processo.

98. Atualmente, os projetos de saneamento inseridos no Programa de Acelerao do Crescimento PAC so financiados pela CAIXA com recursos do FGTS por meio do Programa Saneamento para Todos, do Ministrio das Cidades. O proponente se cadastra via site do Programa enviando sua Carta Consulta relativa ao projeto em questo, e envia uma cpia impressa desta mesma Carta Consulta CAIXA (no caso sua SR da CAIXA). Aps a validao dos documentos encaminhados a proposta encaminhada para anlise.

99. A anlise da proposta de financiamento tem incio com a apresentao do Pedido de Financiamento, composto dos documentos e elementos tcnicos a seguir descritos e observa, alm da anlise tcnica do empreendimento, o atendimento das autorizaes legais do BACEN, da STN e do Gestor da Aplicao. Assim, todo pedido de financiamento em saneamento ambiental e infra-estrutura, formulado CAIXA, submete-se, necessariamente, s seguintes etapas de anlise:

anlise de projeto, com o foco de verificar sua viabilidade tcnica (incluindo anlise

socioambiental); anlise institucional, realizada pelas SRs com foco na instituio proponente como um todo e seu

relacionamento com a CAIXA; anlise jurdica/legal, com foco na verificao de impedimentos jurdicos para o endividamento; e anlise de risco (econmica/financeira), com foco na avaliao da capacidade de pagamento do

proponente.

100. A anlise de projetos realizada por tcnicos da GIDUR (Gerncia de Filial - Apoio ao Desenvolvimento Urbano) ou REDUR (Representao de Filial - Apoio ao Desenvolvimento Urbano) e REJUR (Representao de Filial - Jurdico).

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101. Os JURIR e REJUR so responsveis pela anlise jurdica/legal dos projetos. A anlise legal cobre os aspectos legais, tais como constituio legal, violao de regulamentaes ambientais, sade, legalidade das reas de interveno e outros aspectos locais.

102. A anlise financeira orienta-se pelos custos e benefcios do empreendimento, o que inclui fluxo de caixa, anlise de receitas, custos, ndices de cobertura, perdas fsicas e de faturamento. Ela considera tambm algumas condies que so indispensveis sustentabilidade dos projetos (anlise dos fatores mitigadores).

103. A anlise de risco inclui a anlise institucional e a capacidade de pagamento. Contudo, os itens avaliados diferem em funo da natureza do tomador, conforme eles representem os estados, municpios, empresas pblicas no dependentes ou empresas privadas.

104. A anlise de risco empreendida pelos tcnicos da rea de risco, o que inclui as GIRIS, no mbito das filiais e as GERIS (Gerncia Nacional de Gesto de Rede de Filiais de Risco) e GERIC (Gerncia Nacional e Modelagem de Risco de Crdito de Operaes Pessoa Jurdica), estas localizadas na Matriz da CAIXA, em Braslia.

105. A Formalizao do Pedido de Financiamento ser feita mediante apresentao de toda a documentao necessria anlise de risco de crdito definida conforme a natureza do proponente, alm de outros documentos tcnicos, incluindo o Projeto Bsico e a Proposta Preliminar para Anlise de Viabilidade Social e projeto de trabalho social, alm das licenas ambientais pertinentes.

106. Todo projeto apresentado CAIXA e enquadrado como ao financivel, submete-se anlise/aprovao da GIDUR, da GESAN, no mbito da SUSAN, na matriz em Braslia, seguindo, posteriormente para aprovao final, dentro do limites de aladas, que vincula os valores de pedidos de financiamento ao nvel decisrio de aprovao final, que pode chegar Matriz da CAIXA, em Braslia.

107. Para que seja encaminhado ao mbito da alada decisria para deliberao, o projeto deve ter sua avaliao jurdica e de risco concluda favoravelmente, bem como o proponente operao tambm deve ter sua anlise de risco aprovada.

B1 Diretrizes para a Anlise e Aprovao de Projetos

108. As GIDUR e REDUR so responsveis pela anlise dos pedidos de financiamento quanto aos as