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DIAGNÓSTICO E ANÁLISE AMBIENTAL DA MICRO BACIA DO CÓRREGO BANDA ALTA EM CORUMBÁ MS. Marileize da Silva Brasil 1 [email protected] Edson Pereira de Souza 2 [email protected] Luciene Deová de Souza Assis 3 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul [email protected] RESUMO: A pesquisa objetivou analisar as características de drenagem e uso e ocupação do solo da micro bacia do Córrego Banda Alta, tributário do Rio Paraguai, localizando-se no município de Corumbá (MS), região Centro-Oeste, delimitado ao sul pela morraria do Urucum; à leste pela morraria do Rabichão, ao norte pela planície pantaneira e a oeste com a Bolívia, por meio da extração da rede de drenagem, curvas de nível e atividades sócio- econômicas. As características de drenagem e uso e ocupação do solo foram efetuadas a partir da interpretação do mapa de uso do solo da área, da carta de Corumbá SE 21-Y-DII-2-NO, da carta topográfica na escala 1:100.000 MIR:2469. O método utilizado foi à delimitação a partir do divisor topográfico da drenagem procedente das precipitações pluviais, cujo escoamento superficial é direcionado para o respectivo sistema fluvial. A pesquisa bibliográfica propiciou o embasamento teórico e os aspectos do meio físico da área de estudo. Foi realizada a extração de informações cartográficas por meio de compilação em papel vegetal e posteriormente pelo software SPRING 4.3 para elaborar um banco de dados pelo Sistema de Informação Geográfica (SIG). Diagnosticamos terrenos com declividade superior a 25º nas encostas e escarpas; a fauna é regulada por forte sazonalidade climática; os solos apresentam aptidão boa para lavouras a aptidão restrita para pastagem natural, a pecuária é desenvolvida de forma ilimitada, pouca utilização das terras para a agricultura. Com estes dados esperamos que o poder público estabeleça diretrizes que apontem ao uso sustentável do solo com o meio ambiente, pois os problemas sociais e ambientais existentes na área estão ligados às condições de vida da população que enfrenta as dificuldades decorrentes do processo econômico. É necessário surgir novos estudos aprofundados que compatibilizem a preservação do meio ambiente e do desenvolvimento social. Palavras-chave: Córrego Banda Alta, Bacia Hidrográfica, Análise Ambiental. ABSTRACT: The research aimed to analyze the characteristics of drainage and the use and occupancy of the soil micro-basin of the Upper Creek Band, tributary of the Paraguay River, located in the municipality of Corumbá (MS), Center-West region, bounded to the south by die of Urucum; to die by the Rabichão east, north and west by the plain Pantanal with Bolivia, through the extraction of drainage network, and level curves of socio-economic activities. The characteristics of drainage and the use and occupation of land were taken from the interpretation of the map of land use in the area, the letter of Corumbá SE 21-Y-DII-2-NO, the 1:100,000 scale topographic maps in the MIR: 2469. The method was used to distinguish 1 Mestre em Geografia pelo Campus de Aquidauana e Fiscal do Meio Ambiente de Corumbá - SEMAC. 2 Acadêmico do 4º ano do curso de Geografia-Bacharelado pelo Campus de Aquidauana e Bolsista de Iniciação Cientifica – PIBIC/CNPQ – 2008-2009. 3 Mestranda em Estudos Fronteiriços pelo Campus do Pantanal e Secretária Executiva do Meio Ambiente de Corumbá – SEMAC.

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DIAGNÓSTICO E ANÁLISE AMBIENTAL DA MICRO BACIA DO CÓRREGO BANDA ALTA EM CORUMBÁ MS.

Marileize da Silva Brasil1

[email protected] Edson Pereira de Souza2

[email protected] Luciene Deová de Souza Assis3

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul [email protected]

RESUMO: A pesquisa objetivou analisar as características de drenagem e uso e ocupação do solo da micro bacia do Córrego Banda Alta, tributário do Rio Paraguai, localizando-se no município de Corumbá (MS), região Centro-Oeste, delimitado ao sul pela morraria do Urucum; à leste pela morraria do Rabichão, ao norte pela planície pantaneira e a oeste com a Bolívia, por meio da extração da rede de drenagem, curvas de nível e atividades sócio-econômicas. As características de drenagem e uso e ocupação do solo foram efetuadas a partir da interpretação do mapa de uso do solo da área, da carta de Corumbá SE 21-Y-DII-2-NO, da carta topográfica na escala 1:100.000 MIR:2469. O método utilizado foi à delimitação a partir do divisor topográfico da drenagem procedente das precipitações pluviais, cujo escoamento superficial é direcionado para o respectivo sistema fluvial. A pesquisa bibliográfica propiciou o embasamento teórico e os aspectos do meio físico da área de estudo. Foi realizada a extração de informações cartográficas por meio de compilação em papel vegetal e posteriormente pelo software SPRING 4.3 para elaborar um banco de dados pelo Sistema de Informação Geográfica (SIG). Diagnosticamos terrenos com declividade superior a 25º nas encostas e escarpas; a fauna é regulada por forte sazonalidade climática; os solos apresentam aptidão boa para lavouras a aptidão restrita para pastagem natural, a pecuária é desenvolvida de forma ilimitada, pouca utilização das terras para a agricultura. Com estes dados esperamos que o poder público estabeleça diretrizes que apontem ao uso sustentável do solo com o meio ambiente, pois os problemas sociais e ambientais existentes na área estão ligados às condições de vida da população que enfrenta as dificuldades decorrentes do processo econômico. É necessário surgir novos estudos aprofundados que compatibilizem a preservação do meio ambiente e do desenvolvimento social.

Palavras-chave: Córrego Banda Alta, Bacia Hidrográfica, Análise Ambiental.

ABSTRACT: The research aimed to analyze the characteristics of drainage and the use and occupancy of the soil micro-basin of the Upper Creek Band, tributary of the Paraguay River, located in the municipality of Corumbá (MS), Center-West region, bounded to the south by die of Urucum; to die by the Rabichão east, north and west by the plain Pantanal with Bolivia, through the extraction of drainage network, and level curves of socio-economic activities. The characteristics of drainage and the use and occupation of land were taken from the interpretation of the map of land use in the area, the letter of Corumbá SE 21-Y-DII-2-NO, the 1:100,000 scale topographic maps in the MIR: 2469. The method was used to distinguish 1 Mestre em Geografia pelo Campus de Aquidauana e Fiscal do Meio Ambiente de Corumbá - SEMAC. 2 Acadêmico do 4º ano do curso de Geografia-Bacharelado pelo Campus de Aquidauana e Bolsista de Iniciação Cientifica – PIBIC/CNPQ – 2008-2009. 3 Mestranda em Estudos Fronteiriços pelo Campus do Pantanal e Secretária Executiva do Meio Ambiente de Corumbá – SEMAC.

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from the divisor topographic drainage of rainwater coming from rainfall, the runoff is directed to the river system. The literature provided the theoretical aspects and the physical environment of the study area. We performed the extraction of cartographic information by compiling the paper plant and in the software SPRING 4.3 to develop a database for the Geographic Information System (GIS). Diagnosed land with slope greater than 25 on the slopes and cliffs, the wildlife is regulated by strong seasonal climate, the soils have good ability to crop the ability restricted to natural grazing, the livestock is developed in a limitless, low use of land for agriculture . With these data we hope that the government establishes guidelines that point to the sustainable use of soil to the environment, because the social and environmental problems in the area are linked to conditions of life that faces the difficulties arising from the economic process. You must see new studies that compatibility between environmental preservation and social development. Keywords: Stream High Band, Watershed, Environmental Analysis.

1 INTRODUÇÃO

Bacia hidrográfica é uma determinada área de terreno que drena água, partículas de

solo e material dissolvido para um ponto de saída comum, situado ao longo de um rio, riacho

ou ribeirão (DUNNE e LEOPOLD, 1978). Portanto, por essa definição podemos concluir que

dentro de uma bacia hidrográfica, podem existir inúmeras micro-bacias (200 Km²) sub-bacias

(200 a 3000 km²) e bacias propriamente ditas em função da área que ocupam.

Para Rocha (1991) a bacia hidrográfica espacialmente corresponde a um território no

qual os escoamentos superficiais drenam até um ponto específico, área ou acidente

geográfico. Esse espaço, por sua vez, corresponde a um sistema espacial no qual se inter-

relacionam e interatuam os recursos naturais, os fatores ambientais que os condicionam e o

homem que valoriza ou deteriora o espaço por meio de seu complexo sistema sócio-

econômico.

O estudo de micro-bacias é extremamente importante, considerando que estas

unidades geográficas possuem diferentes características físicas e sócio-econômicas, que vão

desde regiões de altitudes mais elevadas, onde estão localizadas as nascentes dos riachos e

córregos, áreas de encostas, cujas águas escoam com maior velocidade até áreas de baixadas

nas quais se verificam nitidamente os efeitos do manejo impróprio realizado nas áreas

elevadas.

A ocupação de áreas, sem o conhecimento das modificações ocorridas e os limites de

uso, geralmente acarretam desequilíbrio ao meio natural, ensejando prejuízos ambientais e até

mesmo sociais. Esses desequilíbrios resultam da falta de informações relacionadas ao meio

físico. Desta forma cabe destacar a importância do mapeamento do uso e da ocupação do solo

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de uma região, para compreensão dos padrões de organização do espaço, fornecendo

subsídios às ações de planejamento regional, municipal e setorial.

Estas informações são indispensáveis para se compreender as relações existentes entre

os componentes, do espaço territorial, e auxilia nos processos de planejamento de uso e

ocupação do solo. Segundo Rocha (1991) o que se deve planejar em uma bacia é o uso,

manejo e conservação dos recursos naturais em função do desenvolvimento da população que

deles dependem.

Isquierdo (1997) chama a atenção para a necessidade de estudos mais profundos,

dispondo de preceitos técnico-científicos e propostas com vistas ao melhor gerenciamento dos

recursos naturais. Outro fator indispensável para o monitoramento do uso e ocupação do solo

é o sensoriamento remoto, na medida em que propicia inúmeras informações espaciais

preciosas para o entendimento da dinâmica ambiental de uma bacia.

Por isso, perfaz-se objeto de estudo a micro-bacia do Córrego Banda Alta, tributária

do Rio Paraguai, localizado no município de Corumbá-MS, que está delimitado pela

coordenadas geográficas 19°03’45” S e 57°41’15” O, região Centro-Oeste, delimitado ao sul,

pela morraria do Urucum; ao leste pela morraria do Rabichão; ao norte a planície pantaneira e

a oeste pela Bolívia.

A micro-bacia do Córrego Banda Alta situa-se próxima à sub-bacia Lagoa Negra

inserida na Bacia do Alto Paraguai, possui 496.000km², abrangendo parte dos estados

brasileiros de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, situado na coordenada geográfica

19º05’58” S e 57º33’25” O (Figura 1).

Figura 1: Micro-bacia do Córrego da Banda Alta em Corumbá-MS.

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Dessa forma, objetivaram-se analisar as características de drenagem, do uso e

ocupação do solo da micro-bacia do Córrego Banda Alta, pela extração da rede de drenagem,

curvas de nível e atividades sócio-econômicas. A micro-bacia do Córrego Banda Alta que está

assentada sobre os terrenos elevados do Planalto Residual do Urucum, sobre as terras baixas

da Planície do Pantanal e, também abrange a zona de transição entre estes dois ambientes

distintos. A seguir estaremos apresentando características da micro-bacia do Córrego Banda

Alta:

Quanto ao clima, adotamos a compreensão de Koppen, que classifica o clima da

região em Aw - tropical úmido, com seca no inverno e chuva no verão, com temperatura

elevada o ano todo, exceto alguns dias no período de maio e agosto. Recebe pouca influência

marítima, o que provoca situações extremas de temperatura. Mas, Valverde (1972) ressalta

que “a feição de continentalidade do clima pantaneiro transparece antes nas temperaturas

máximas e mínimas que nas médias”. O Pantanal é uma das áreas do Brasil que possui as

maiores amplitudes térmicas.

Quanto à geologia, a micro-bacia do Córrego Banda Alta encontra-se entre a base da

escarpa dos morros que compõem o Maciço do Urucum e os sedimentos da Formação

Pantanal4. A unidade geológica identificada é de depósitos detríticos. As acumulações tidas

como depósitos quaternários antigos foram formadas sob condições climáticas distintas da

atual. Suas origens remontam provavelmente à época da abertura da depressão do Rio

Paraguai e da elaboração do pediplano pliopleistocênico. É possível que tenham desenvolvido

ou sofrido também, durante a época pleistocênica interferências de processos erosivos em

conseqüência das oscilações climáticas.

Os colúvios da região do Maciço do Urucum são formados por fragmentos

dominantemente angulosos, com tamanhos que variam de seixos a matações, compostos,

sobretudo de sedimentos ferríferos oriundos da Formação Santa Cruz5. Os fragmentos mais

comuns são de hematita fitada, de jaspelito ferruginoso e outros de árcoseo ferruginoso.

Quanto à geomorfologia, levando-se em conta a natureza estrutural e a composição

litológica foi possível analisar que a unidade geomorfológica da micro-bacia em estudo

4 Formação Pantanal são os depósitos aluvionares compostos de vasas, areias e argilas de deposição recente do Pantanal Mato-Grossense. A localidade-tipo situa-se na Depressão do Mato Grosso, Bacia do Alto Paraguai, estado do Mato Grosso (OLIVEIRA e LEONARDOS, 1943). 5 A Formação Santa Cruz se estende por aproximadamente 130 km², dos quais 86%, (112 km²) ocorrem a sul das cidades de Corumbá e Ladário. Suas rochas sustentam as morrarias da região de Corumbá (morrarias do Urucum, da Tromba dos Macacos, do Jacadigo, de Santa Cruz, São Domingos, Grande e do Rabichão), sob a forma de morros residuais de bordas escarpadas e topos aplainados. No restante da área, situada a NE daquelas localidades, sustentam baixas elevações que sobressaem na planície pantaneira (LACERDA FILHO, 2004, p. 35).

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corresponde a superfície aplainada de Corumbá. Nas palavras de Isquerdo (1997) corresponde

à área que se situa entre a Planície do Pantanal e as áreas mais elevadas do Maciço do

Urucum e da Morraria de Corumbá, constituindo-se em uma rampa que se inclina suavemente

na direção norte, com cotas altimétricas que variam entre 100 e 200m.

Quanto à hidrografia, Isquerdo (1997) enfatiza que é por meio da preservação da

qualidade das águas dos rios, lagos e águas subterrâneas que as diversas atividades

econômicas subsistem. Como exemplo: a pesca; agricultura; turismo e o abastecimento

público cujos dependem da qualidade e da quantidade das águas para a sua manutenção. Os

principais cursos d’água do Maciço do Urucum e adjacências (Córrego Banda Alta) nascem

na morraria do Urucum, sendo o Córrego Piraputanga o de maior vazão. A precipitação

pluviométrica média anual total é uma das menores da Bacia do Alto Paraguai.

O regime pluviométrico apresenta uma sazonalidade bem definida. Cerca de dois

terços (68%) da precipitação total anual ocorrem nos meses de novembro a março e o restante

nos meses de abril a outubro. As águas da micro-bacia do Córrego Banda Alta por ter

apresentado condutividade elétrica inferior a 250 mohm, foi classificada como águas de

salinidade. Essas águas, portanto, podem ser usados para irrigação com poucas chances de

salinizar os solos.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização deste trabalho foi feita uma análise da área ocupada pelo micro-bacia

do Córrego Banda Alta no município de Corumbá-MS. Esse córrego situa-se numa região

pouco povoada e relativamente explorada com relação aos seus recursos naturais. Os

materiais empregados para a realização deste trabalho foram:

Carta topográfica da Diretoria Serviço Geográfico (DSG) do Ministério do

Exército, escala 1:100.000 MIR:2469. Carta de Corumbá SE 21-Y-DII-2-NO;

Folhas de papel vegetal em formato A4;

Folhas de papel milimetrado em formato A4;

Software Microsoft Office Excel 2003;

SIG´s (Sistema de informações Geográficas) SPRING 4.3.3

A primeira etapa consistiu na delimitação da área da micro-bacia do Córrego Banda

Alta, na carta topográfica de Corumbá. O método utilizado foi à delimitação da mesma a

partir do divisor topográfico da drenagem procedente das precipitações pluviais, cujo

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escoamento superficial resultante é direcionado para o respectivo sistema fluvial. Em seguida,

foi realizada a extração de informações cartográficas através de compilação em papel vegetal

posteriormente, pelo SIG SPRING 4.3.3 da rede de drenagem, curvas de nível, uso e

ocupação do solo da micro-bacia do Córrego Banda Alta.

Também foi realizado um levantamento bibliográfico referente aos procedimentos

metodológicos, visando o embasamento teórico quanto aos aspectos físicos da área estudada.

Após o procedimento de compilação, foram elaborados os perfis: longitudinal e transversal da

micro-bacia em folha vegetal. Num segundo momento, os elementos extraídos sofreram uma

análise de acordo com os seguintes procedimentos:

- Classificação de drenagem (sistema de classificação dos rios, forma, tipo e padrão do

curso principal), através de suas características morfológicas (RICCOMINI et.al, 2000);

- Classificação genética, geométrica e sua dinâmica fluvial;

- Quanto à erosão fluvial, transporte e deposição de sedimentos.

- Análise do relevo, por meio de atributos morfométricos das vertentes e do relevo,

formas e condicionantes litoestruturais.

Estes procedimentos adotados serviram para caracterizar as formas aferidas in loco de

uso e ocupação do solo que intensificam uma série de processos gerados pela ação antrópica -

erosão, assoreamento, contaminação das águas, do solo e do ar - assim, obtivemos

informações referentes ao meio biofísico e sócio organizacional para se considerar de forma

integrada as restrições, susceptibilidades e vocação da terra, buscando mitigar as

conseqüências que estão e/ou podem influenciar no equilíbrio dos sistemas ambientais e na

qualidade de vida da população que os habitam (CARVALHO, 2007).

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A carta de declividade ou clinográfica, conforme De Biasi (1992), foi obtida a partir

das folhas topográficas editadas pela DSG, na escala 1:100. 000, com eqüidistância entre

curvas de nível de 40. Isquierdo (1997) aponta que segundo De Biasi (1970) e Simelli (1981),

a escolha das classes de declividade depende do uso do mapa, em função disso a área foi

mapeada segundo as categorias de declividade conforme a abaixo.

Tabela 1 - Área ocupada pelas diferentes categorias de declividade Categorias Área em há %

Até 2º 6380 20,7

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2 – 5º 15215 49,4

5 – 10º 3539 11,5

10- 15º 1863 6,0

15-25º 1785 5,8

Acima de 25º 2018 6,5

A partir das informações existentes na carta topográfica e inseridas no software

SPRING 4.3.3, foram compiladas da carta as seguintes informações: cerrado/campo sujo,

agricultura, pecuária, mata/cerrado. Em seguida esses dados foram digitalizados, obtendo,

desta forma, como produto final uma carta de uso e ocupação do solo.

Para a interpretação da imagem, utilizou-se das técnicas e fundamentos descritos por

Garcia (1982) e Novo (1992), que se baseiam nas características físicas e espectrais dos alvos,

tais como: tonalidade, cor, textura, sombra, forma, entre outras. Houve a checagem das

informações e a elaboração final do mapa de uso e ocupação do solo da micro-bacia do

Córrego Banda Alta (Figura 2).

3.1 Rede de Drenagem da micro-bacia do Córrego Banda Alta

A água é um recurso natural de importância vital para todos os seres vivos, portanto é

um recurso para cuja utilização o planejamento deve ter o máximo de cautela possível

(ISQUIERDO, 1997).

Strahler afirma em sua análise sobre bacias hidrográficas que os menores canais, sem

tributários, são considerados como de primeira ordem, estendendo-se desde a nascente até a

confluência, os canais de segunda ordem surgem da confluência de dois canais de primeira

ordem, e só recebem afluentes de primeira ordem, os canais de terceira ordem surgem da

confluência de dois canais de segunda ordem, podendo receber afluentes de segunda e de

primeira ordem, os canais de quarta ordem surgem da confluência de dois canais de terceira

ordem, podendo receber tributários das ordens diferentes.

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Figura 2: Uso e ocupação do solo Carta DSG 1:100.00 - MIR: 2469

Os principais cursos d'água do Maciço do Urucum e adjacências, córregos das Pedras,

Banda Alta, Piraputanga, São Domingos e Urucum, nascem nas morrarias do Maciço do

Urucum. O córrego que possui a maior vazão é o Piraputanga. A drenagem é relativamente

pobre se comparada com a hidrografia das demais áreas altas da Bacia do Alto Paraguai

(BAP)

O Rio Paraguai é a principal fonte de água para o abastecimento urbano das cidades de

Corumbá e Ladário. Além disso, as águas desse rio apresentam um alto potencial de uso pelas

atividades rurais. Inclusive está sendo proposto um projeto de irrigação para atender dois

assentamentos de Corumbá, utilizando água do Canal do Tamengo. Na época cheia, as águas

do Rio Paraguai podem contornar quase que totalmente a região. Apenas o limite noroeste da

área, que faz divisa com a Bolívia, não é inundado.

A micro-bacia do Córrego Banda Alta também faz parte da sub-bacia Lagoa Negra,

cuja, as nascentes descem em filetes d’água, percorrem os terrenos da superfície aplanada,

onde se unem formando os córregos. Deságuam nas lagoas que estão na planície flúvio-

lacustre, durante o período das cheias do Rio Paraguai é invadido pelas águas, integrando-se

como um todo à planície do Pantanal.

Na planície flúvio-lacustre, sucedem-se períodos de cheia e de seca, controlados pelas

águas do rio Paraguai, com oscilações do nível de água que podem ultrapassar 6m.

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Atualmente, durante o período das secas, a água permanece nas lagoas e canais. As lagoas

estão interligadas entre si e com o Rio Paraguai por intermédio de canais conhecidos na região

por corixos. Estes corixos tem seu fluxo e vazão controlada pelo nível das águas do Rio

Paraguai e são responsáveis pela entrada e saída de águas das lagoas. (ISQUIERDO, 1997).

3.1.1 Forma

Segundo Riccomini et al (2000), a maioria dos estudos sobre sistemas fluviais

emprega uma classificação baseada em quatro padrões básicos de canais designados de

retilíneo, meandrante, entrelaçado e anastomosado, e todas podem ocorrer associadas em uma

única bacia de drenagem. A micro-bacia do Córrego Banda Alta se enquadra na forma de

canais meandrante, onde a sinuosidade é definida como a relação entre o comprimento do

talvegue e o comprimento do vale.

3.1.2 Tipo e padrão de drenagem

Consideram-se duas classificações: genética e geométrica. Em relação á classificação

genética, baseada na sua disposição relacionada á atitude das camadas geológicas, a drenagem

da micro-bacia Banda Alta caracteriza-se como obsequentes, que tem seu fluxo no sentido

oposto à declividade das camadas, normalmente são de pequena extensão, descem escarpas e

desembocam em rios subseqüentes.

Para Riccomini et al (2000) as drenagens observadas em uma carta topográfica,

fotografia aérea ou imagem de satélite, apresentam os padrões bastante característicos em

função do tipo de rocha e das estruturas geológicas presentes no substrato da bacia, no qual o

arranjo da drenagem assemelha-se à distribuição dos galhos de uma árvore e ocorre quando a

rocha dos substratos é homogênca, como um granito, por exemplo, ou ainda no caso de rochas

sedimentares com estratos horizontais.

Um segundo padrão é o paralelo, desenvolvido em regiões com declividade acentuada,

onde as estruturas do substrato orientam-se paralelamente ao mergulho do terreno. Nos casos

em que a drenagem distribui-se em todas as direções a partir de um ponto central, como um

cone vulcânico ou uma feição dômica, tem-se o padrão radial.

Quando a drenagem exibe em planta um arranjo retangular, mas com os tributários

paralelos entre si, ocorre o padrão em treliça, típico de regiões com substrato rochoso onde se

alternam rochas mais ou menos resistentes em faixas paralelas com planos de fraqueza

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ortogonais, como no caso de regiões dobradas de relevo do tipo Apalachiano. Um exemplo

deste último padrão ocorre ao longo da Faixa Paraguai, no Mato Grosso. Naturalmente

existem padrões intermediários entre estes casos extremos ou ainda a mudança de padrão ao

longo de um rio ou bacia de drenagem, os quais recebem denominações específicas.

Com base no critério geométrico da disposição espacial dos rios e seus afluentes, sem

qualquer conotação genética, a drenagem da micro-bacia do Córrego Banda Alta pode ser

classificada como dendrítica, que segundo Jorge & Uehara (1998) ocorre tipicamente sobre

rochas de resistência uniforme ou em rochas estratificadas horizontais. Os rios que constituem

este padrão de drenagem confluem em ângulos relativamente agudos, o que permite

identificar o sentido geral da drenagem, pela observação do prolongamento da confluência.

3.1.3 A dinâmica Fluvial

De acordo com Riccomini et al (2000), do ponto de vista geológico, a morfologia dos

canais e o principal atributo considerado na classificação dos rios. A morfologia dos canais

fluviais é controlada por uma série de fatores autocíclicos (próprios da bacia de drenagem,

mas toda a região onde ela está inserida), com relações bastante complexas.

Como fatores autocíclicossão considerados a descarga (tipo e quantidade), a carga de

sedimentos transportada, a largura e a profundidade do canal, a velocidade de fluxo, a

declividade, a rugosidade do leito, a cobertura vegetal nas margens e ilhas. Esses, por sua vez,

são condicionados pelos fatores alocíclicos, como variáveis climáticas (pluviosidade,

temperatura) e geológicas (litologia, falhamentos).

Villela (1975) retrata que a declividade dos terrenos de uma bacia controla em boa

parte a velocidade com que se dá o escoamento superficial, afetando, portanto o tempo que

leva a água da chuva para concentrar-se nos leitos fluviais que constituem a rede de drenagem

das bacias.

3.1.4 Relevo da micro-bacia do Córrego Banda Alta

Isquierdo (1997) destaca que o relevo exerce papel fundamental no estudo do meio

ambiente, pois influi diretamente nas condições ecológicas locais. Com isso, as formas de

relevo, definidas pelo arranjo espacial de superfícies geneticamente homogêneas,

correspondem à unidade taxonômica básica para a descrição do relevo. Esta unidade tem

dimensões que variam desde algumas centenas de metros quadrados até centenas de

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quilômetros quadrados, sendo diferenciadas pela amplitude, declividades do perfil das

encostas, que são os critérios que permitem diferenciar as formas do relevo.

O relevo de uma bacia hidrográfica tem grande influência sobre os fatores

meteorológicos e hidrológicos, pois a velocidade do escoamento superficial é determinada

pela declividade do terreno, enquanto que a temperatura, a precipitação, a evaporação são

funções da altitude da bacia. É de grande importância, portanto, a determinação de curvas

características do relevo de uma bacia hidrográfica.

A superfície aplanada de Corumbá corresponde à área que se situa entre a planície do

pantanal e as áreas, mas elevadas do maciço do Urucum e da morraria de Corumbá,

constituindo-se em uma rampa que se inclina suavemente na direção norte, com portas

altimétricas que variam entre cem e duzentos metros.

A área foi referida por Brasil (1982) como depressão do Rio Paraguai, onde foi

descrita como sendo “extensas superfícies aplainadas que por vezes apresentam formas

pedimentadas, porém, em sua maior parte 3, as superfícies são recobertas por sedimentos

recentes. Secundariamente, ocorrem formas dissecadas de topo planas, convexas e aguçadas,

da depressão emergem formas residuais, identificadas como inselbergs”.

A partir da observação do perfil longitudinal (Figura 3) da micro-bacia do Córrego

Banda Alta verificou-se fraco grau de dissecação nas rampas e colinas e altimetria, oscilando

entre 500 a 300 metros, o segundo, com altitudes entre 300 a 200 metros e o terceiro de 200 a

100 metros, com fraca dissecação e competência fluvial.

De acordo com Cunha (1991) o perfil longitudinal de um rio expressa a relação entre

seu comprimento e sua altimetria, que significa o gradiente. O perfil típico é côncavo, com

declividades maiores em direção à nascente, e cursos de água que apresentam tal morfologia

são considerados em equilíbrio, assumido quando há relação de igualdade entre a atuação da

erosão, do transporte e da sedimentação.

Entretanto a forma do perfil longitudinal reflete o ajuste do rio a diferentes fatores,

com distintas flutuações e a propagação das ações erosivas e deposicionais para montante, que

tendem a alterar a declividade e a forma do canal. A forma do perfil do rio procura atingir o

equilíbrio entre a carga que entra e a que é transportada, representada por um perfil côncavo e

liso.

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0

100

200

300

400

500

600

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Figura 3: Perfil longitudinal da micro bacia do córrego Banda Alta

A região foi compartimentada nas principais unidades de relevo

(denudacional/estrutural, denudacional e de acumulação) fundamentais para a identificação

das principais unidades ambientais naturais.

O perfil longitudinal da micro-bacia do Córrego Banda Alta se enquadra como

montanha suave, de acordo com a classificação das formas de relevo, com base na amplitude

(KUDRNOVSKÁ, 1948 e 1969 e DEMECK, 1972) (Tabela 2).

Tabela 2 - Classificação das formas de relevo, com base na amplitude.

As formas de relevo podem se diferir das quanto à sua origem em: erosivas (rampas,

colinas, morrotes, morros, montanhas, escarpas, etc) e deposicionais (planícies, cones de

dejeção, corpos de tálus e outros.

Em algumas situações, a separação entre os tipos de formas não é nítida, podendo-se

descrever o relevo como uma associação de formas como, por exemplo, colinas pequenas e

morrotes ou morros e morrotes paralelos, sendo o primeiro, nome dado para o tipo de forma

predominantemente (PIRES NETO, 1992). Com relação ao ângulo de declividade e gradiente

a classificação do relevo é branda (3,6%), conforme mostra o quadro abaixo (Tabela 3).

AMPLITUDE(m) TIPOS DE RELEVO

0 a 30 Plano

30 a 75 Colina suavemente ondulada

75 a 150 Colina dissecada

150 a 200 Morro suavemente ondulado

200 a 300 Morro dissecado

300 a 450 Montanha Suave

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Tabela 3 - Classificação do relevo com relação ao ângulo de declividade e gradiente

ÂNGULO GRADIENTE CLASSIFICAÇÂO

< 2 < 2 % Plano

2 a 5 3,49 a 8,75% Brando

5 a 10 8,75 a 17,6% Moderado

10 a 18 17,6 a 30% Pouco Íngreme

18 a 10 30 a 57,7% Íngreme

30 a 45 54,7 a 100% Muito íngreme

> 45 > 100% Penhasco

De acordo com a classificação de formas de relevo, segundo a amplitude e gradiente

(IPT, 1981) a micro-bacia do Córrego Banda Alta se classifica como montanha (Tabela 4).

Tabela 4 - Classificação de formas de relevo segundo a amplitude e gradiente

AMPLITUDE

LOCAL

GRADIENTE PREDOMINANTE FORMAS DE RELEVO

< 100 < 5%

5 a 15%

Rampa

Colina

100 a 300 5 a 15%

> 15%

Morro com encosta suave

Morro

> 300 > 15% Montanha

Na representação das unidades de relevo do Maciço do Urucum e adjacências foi

adotado o critério utilizado por Florenzano (IN KURKDJIAN ET.AL., 1992), que considera as

formas de relevo como: de origem denudacional estrutural, denudacional e de acumulação. As

principais unidades de relevo presentes na área de estudo (escarpas, colinas, tabuleiros,

rampas, planícies e planície de inundação) foram geradas a partir de processos denudacional

estrutural, denudacional e de acumulação.

Os relevos denudacionais/estruturais Estão localizados, principalmente, a sul da cidade

de Corumbá, e são compostos predominantemente pelas morrarias do Urucum, de Santa Cruz,

de São Domingos, Grande, do Rabichão e da Tromba dos Macacos, que constituem o Maciço

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do Urucum, e das morrarias do Zanetti, do Mato Grande, e de Albuquerque. Todas essas

morrarias foram alçadas tectonicamente no Terciário (FRANCO & PINHEIRO, 1982).

Entre as morrarias ocorrem vale aluvionais profundos, drenados por córregos de

pequena competência erosiva. Os topos dessas morrarias são comumente do tipo tabular com

altitudes entre 640 e 890 m e declividades entre 20% e 40% e superiores a 40% (morrarias da

Tromba dos Macacos, do Urucum e sul da Morraria de Santa Cruz). Contudo, esses topos

tabulares apresentam variações morfológicas (colinosos e em rampas).

Segundo dados bibliográficos, no alto das morrarias de Santa Cruz e do Rabichão

ocorrem vales suspensos, com pequenos cursos de águas cataclinais, que drenam o interior da

morraria. Esses vales parecem ser restos de um sistema de drenagem anterior às últimas

manifestações tectônicas que atingiram a região quando da Orogenia Andina. Hoje eles

estariam conservados por terem sido talhados nos jaspelitos e camadas de hematita compacta

da Formação Santa Cruz. Os relevos residuais indicam intensa fragmentação tectônica do

assoalho, com a provável presença de terrenos abatidos recobertos pela sedimentação recente.

Entre as unidades de relevo do tipo denudacional estrutural há também as rampas e

colinas que apresentam graus de dissecação fracos e moderados. As rampas com fraco grau de

dissecação encontram-se ao redor das morrarias que compõem o Maciço do Urucum.

Apresentam altitudes entre 120 e 600m, e declividades entre 10% e 20% e 20% e 40%

(predominantemente), podendo chegar a ter até mais de 40%. Já as de moderado grau de

dissecação situam-se nas proximidades das morrarias de Santa Cruz, Grande e do Rabichão, e

apresentam altitudes entre 100 e 800m e declividades entre 20% e 40%.

Os relevos colinosos, com graus variados de dissecação (fraco, moderado e forte),

encontram-se na Morraria do Zanetti, na porção sul e sudoeste de Corumbá e na parte

noroeste da área de estudo. Os relevos colinosos fracamente dissecado apresentam altitudes

entre 200 e 600 m e declividades superiores a 40%. Os moderadamente dissecados

apresentam altitudes entre 200 e 400 m e declividades entre 20% e 40% e superiores a

40%,enquanto os relevos colinosos fortemente dissecados apresentam altitudes

indeterminadas pela carta topográfica e declividades inferidas entre 10% e 20%.

O relevo dissecado do tipo colinoso (De) é sustentado pelos calcários Bocaina e

situam-se principalmente nas porções norte, sul e sudeste da área de estudo. Tal unidade é

dividida em duas subunidades, de acordo com o grau de dissecação. A subunidade De I, com

baixo grau de dissecação, localizam-se na região sudeste (Morraria de Albuquerque) e

apresentam altitudes entre 200 e 380 m, declividades normalmente superiores a 40% e vales

em forma de "V".

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A subunidade Dc2, com moderado grau de dissecação, encontra-se distribuída nas

porções norte, sudeste e sul da área de estudo (sul de Corumbá, Morraria de Albuquerque,

limite com a escarpa, e Morraria Pelada, respectivamente), bem como em outras porções

isoladas. Essa subunidade apresenta altitude variável, entre 120 e 330m, e declividades entre

10% e 20% e superiores a 40%.

O perfil transversal da nascente da bacia (Figura 4) apresenta certa convexidade,

exatamente por estar próximo á nascente. Ainda segundo Cunha (1991) velocidade das águas

de um rio depende de fatores como declividade do perfil longitudinal, volume das águas,

forma da secção transversal, coeficiente de rugosidade do leito e viscosidade da água, tais

fatores fazem com que a velocidade tenha caráter dinâmico ao longo do canal e na própria

secção transversal. Os elementos que alteram a velocidade podem-se citar: mudanças na

declividade, na rugosidade do leito e na eficiência do fluxo.

Ao longo do perfil transversal, a velocidade e a turbulência das águas são também

variáveis, definindo locais preferenciais de erosão e deposição de partículas. Abaixo da

superfície da água, situa-se a área de maior velocidade e turbulência, onde qualquer sedimento

em suspensão é transportado pelas águas. Na superfície, o atrito com o ar reduz os valores da

velocidade e turbulência, que também são modificados de acordo com as formas dos canais.

Figura 4: A – Perfil Transversal da Nascente Margem Direita. B - Transversal da Nascente Margem Esquerda.

Perfil Transversal da nascente

400360

280320

400

050

100150200250300350400450

1 2 3 4 5

A

Perfil Transversal da foz

12080 70 80

120

0

50

100

150

1 2 3 4 5

B

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3.1.5 Uso e ocupação do solo da micro-bacia do Córrego Banda Alta

É de suma importância o levantamento do uso e ocupação do solo para se entender as

formas de organização espacial de um território. Segundo Peixoto (1995) foi possível

identificar três tipos de sítios arqueológicos (quais são?) nessa área, com quatro tipos

diferentes (que tipos) que lá habitavam.

Isquierdo (1997) enfatiza que a colonização das planícies pantaneiras e de suas áreas

adjacentes iniciou-se em meados do século XVIII: a principal atividade econômica desde

então tem sido a pecuária extensiva, que se adaptou muito bem ao ambiente.

Podemos observar na carta de uso e ocupação do solo os seguintes tipos de uso atual

na micro-bacia do Córrego Banda Alta: Campo Cerrado/ Campo Sujo, Agricultura, Pecuária,

Mata/Cerrado (Tabela 5).

Tabela 5 - Área ocupada e percentual das classes de uso e ocupação do solo da micro-

bacia do Córrego Banda Alta

Classe Área ocupada em há % em relação á área

Campo cerrado/ campo

sujo

22.739 17,3

Agricultura 145 0,5

Pecuária 6637 21,5

Mata/Cerrado 15550 50,5

De acordo com a EMPRAPA, há poucas informações específicas sobre a vegetação no

Maciço do Urucum e adjacências. Segundo Pott et al. (1997), a flora nos planaltos que

circundam o Pantanal é pouco conhecida, por ser escassamente coletada e estudada, devendo

existir muitas espécies não arroladas.

A riqueza de espécies na área é alta, em virtude das ocorrências de vários tipos de

fisionomias vegetais e influências fitogeográficas. As principais fitofisionomias ocorrentes

são Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual e, em menor proporção,

Savana (cerrado) e Savana Estépica (chaco), ocorrendo ainda áreas de transição entre as

principais fitofisionomias e áreas com formações secundárias (capoeiras).

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Na área foram a encontrados dois sub-grupos de formação simples: Savana Arborizada

(campo cerrado, cerrado e cerrado aberto) e Savana Gramíneo Lenhosa.A Savana Arborizada

representa 0,14% ou 185 ha da área. Foi mapeada uma única mancha no topo da Morraria São

Domingos numa altitude acima de 600m, em relevo denudacional / estrutural sobre tabuleiro e

tabuleiro /colina, fracamente dissecado, com declividade entre 20% e 40%.

Há algumas manchas em área de relevo denudacional sobre rampa com declividade

entre 20% e 40% e altitude entre 90 e 300m na Morraria do Jacadigo; manchas em área de

relevo denudacional sobre colina com declividade entre 10% e 20% e altitude entre 120 e

240m, nas morrarias de Santa Maria e Albuquerque, e próximo à estação ferroviária de Maria

Coelho. A agricultura é praticada exclusivamente nos assentamentos, com produção de feijão,

arroz, milho, mandioca, frutas e hortaliças. Para garantir a produção e seu escoamento, é

necessária mais infra-estrutura (treinamento de mão-de-obra, assistência técnica, organização,

crédito, maquinaria e insumos).

Os solos utilizados muitas vezes não são aptos para lavoura, embora quimicamente

férteis, porque muitos são rasos ou de argilas que endurecem com a aração. Deve ser dada

preferência às culturas permanentes, como fruticultura e manejo florestal. O uso da pastagem

cultivada é direcionado para pecuária de corte e leite, podendo estar em pequenas

propriedades, menores que 30 ha, e nas grandes, acima de 1.000 ha.

A extração Mineral refere-se às áreas destinadas à extração de ferro, manganês,

calcário e areia. Na área localiza-se uma das maiores jazidas de manganês do mundo,

estimado em 30 milhões de toneladas, de origem sedimentar. Tem sido mapeada apenas área

maior onde ocorre a extração de calcário, areia, ferro e manganês. Há 13 indústrias de

extração e/ ou beneficiamento de minérios, sendo que as mais importantes estão plotadas no

mapa de cobertura vegetal e uso da terra.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As unidades ambientais naturais e as unidades ambientais sócio-econômicas são

regiões presumivelmente homogêneas do ponto de vista ambiental ou do ponto de vista sócio-

econômico, delimitadas e caracterizadas por meio das correlações e cruzamentos das

informações. Caracteriza-se por apresentar uma superfície de topografia horizontal ou com

declives suaves, com a ocorrência de uma ampla diversidade de solos. Destaca-se a ocorrência

de forma dispersa em toda a unidade das seguintes classes de solos: Podzólico Vermelho-

Escuro eutrófico, Podzólico Vermelho-Amarelo distrófico, Brunizém Avermelhado,

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Brunizém, Solonetz Solodizado, Cambissolo eutrófico, Regossolo eutrófico e Vertissolo

eutrófico. O potencial erosivo é muito fraco. Há existência de poços com profundidades (79,5

m) e vazões (12.293 l/h) intermediárias. Aqüíferos com salinidade de média a alta e com

concentrações baixas a médias de sódio. Essa área possui a segunda maior ocorrência de sítios

arqueológicos, porém foram observados todos os tipos de sítios encontrados na região, a

saber: de Tradição Tupi-Guarani, com petroglifos, de Tradição Pantanal, Missão de Nossa

Senhora do Bom Conselho e não classificados.

As atividades faunísticas são reguladas por forte sazonalidade climática com

ocorrência de aves de ambientes xéricos. Quanto ao uso agrícola, os solos apresentam desde

aptidão boa para lavouras a aptidão restrita para pastagem natural, dependendo da classe de

solo em questão e de suas limitações específicas.

A pecuária é desenvolvida de forma limitada, tanto a pecuária de corte quanto a

leiteira. Na área dos assentamentos é insignificante, inclusive com relação à criação de outros

animais, basicamente utilizados para consumo. As fazendas empregam baixo nível de

tecnologia em geral. O manejo pecuário (critérios de descarte, aquisição, estação de monta) é

deficiente. A utilização de mão-de-obra especializada (técnicos) é incipiente. As condições de

trabalho na área rural são precárias, com baixa remuneração. A atividade pecuária utiliza

pouca mão-de-obra, embora 95% das propriedades utilizem mão-de-obra temporária.

Em geral, há uma utilização ineficiente da terra, com as grandes propriedades

(concentradas na pecuária de corte) subutilizando a terra. A utilização mais eficiente de áreas

férteis (para agricultura) e a adoção de técnicas e sistemas de produção mais modernos

poderão contribuir para o desenvolvimento econômico. Mudanças na estrutura de posse da

terra também poderão contribuir para uma utilização mais eficiente das áreas produtivas, com

atividades mais rentáveis. Por outro lado, as pequenas propriedades (pecuária de corte)

enfrentam problemas de escala que dificultam a redução dos custos de produção.

A partir dos resultados obtidos, a intenção é contribuir para que o poder público

estabeleça diretrizes que apontem o uso compatível com o meio ambiente, através de medidas

que tenham embasamento técnico que visem à correção e prevenção dos problemas existentes.

O tipo de ocupação que está ocorrendo é de forma desordenada, e a extensão tende a tornar

mais grave ainda a alteração no quadro ambiental.

Os problemas sociais e ambientais existentes na área estão ligados ás condições de

vida da população que enfrenta as dificuldades decorrentes do processo econômico. É

necessário surgir novas propostas de estudos aprofundados que compatibilizem a preservação

do meio ambiente e do desenvolvimento social.

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