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DIAGNÓSTICO E ANÁLISE AMBIENTAL DA MICRO BACIA DO CÓRREGO BANDA ALTA EM CORUMBÁ MS.
Marileize da Silva Brasil1
[email protected] Edson Pereira de Souza2
[email protected] Luciene Deová de Souza Assis3
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul [email protected]
RESUMO: A pesquisa objetivou analisar as características de drenagem e uso e ocupação do solo da micro bacia do Córrego Banda Alta, tributário do Rio Paraguai, localizando-se no município de Corumbá (MS), região Centro-Oeste, delimitado ao sul pela morraria do Urucum; à leste pela morraria do Rabichão, ao norte pela planície pantaneira e a oeste com a Bolívia, por meio da extração da rede de drenagem, curvas de nível e atividades sócio-econômicas. As características de drenagem e uso e ocupação do solo foram efetuadas a partir da interpretação do mapa de uso do solo da área, da carta de Corumbá SE 21-Y-DII-2-NO, da carta topográfica na escala 1:100.000 MIR:2469. O método utilizado foi à delimitação a partir do divisor topográfico da drenagem procedente das precipitações pluviais, cujo escoamento superficial é direcionado para o respectivo sistema fluvial. A pesquisa bibliográfica propiciou o embasamento teórico e os aspectos do meio físico da área de estudo. Foi realizada a extração de informações cartográficas por meio de compilação em papel vegetal e posteriormente pelo software SPRING 4.3 para elaborar um banco de dados pelo Sistema de Informação Geográfica (SIG). Diagnosticamos terrenos com declividade superior a 25º nas encostas e escarpas; a fauna é regulada por forte sazonalidade climática; os solos apresentam aptidão boa para lavouras a aptidão restrita para pastagem natural, a pecuária é desenvolvida de forma ilimitada, pouca utilização das terras para a agricultura. Com estes dados esperamos que o poder público estabeleça diretrizes que apontem ao uso sustentável do solo com o meio ambiente, pois os problemas sociais e ambientais existentes na área estão ligados às condições de vida da população que enfrenta as dificuldades decorrentes do processo econômico. É necessário surgir novos estudos aprofundados que compatibilizem a preservação do meio ambiente e do desenvolvimento social.
Palavras-chave: Córrego Banda Alta, Bacia Hidrográfica, Análise Ambiental.
ABSTRACT: The research aimed to analyze the characteristics of drainage and the use and occupancy of the soil micro-basin of the Upper Creek Band, tributary of the Paraguay River, located in the municipality of Corumbá (MS), Center-West region, bounded to the south by die of Urucum; to die by the Rabichão east, north and west by the plain Pantanal with Bolivia, through the extraction of drainage network, and level curves of socio-economic activities. The characteristics of drainage and the use and occupation of land were taken from the interpretation of the map of land use in the area, the letter of Corumbá SE 21-Y-DII-2-NO, the 1:100,000 scale topographic maps in the MIR: 2469. The method was used to distinguish 1 Mestre em Geografia pelo Campus de Aquidauana e Fiscal do Meio Ambiente de Corumbá - SEMAC. 2 Acadêmico do 4º ano do curso de Geografia-Bacharelado pelo Campus de Aquidauana e Bolsista de Iniciação Cientifica – PIBIC/CNPQ – 2008-2009. 3 Mestranda em Estudos Fronteiriços pelo Campus do Pantanal e Secretária Executiva do Meio Ambiente de Corumbá – SEMAC.
from the divisor topographic drainage of rainwater coming from rainfall, the runoff is directed to the river system. The literature provided the theoretical aspects and the physical environment of the study area. We performed the extraction of cartographic information by compiling the paper plant and in the software SPRING 4.3 to develop a database for the Geographic Information System (GIS). Diagnosed land with slope greater than 25 on the slopes and cliffs, the wildlife is regulated by strong seasonal climate, the soils have good ability to crop the ability restricted to natural grazing, the livestock is developed in a limitless, low use of land for agriculture . With these data we hope that the government establishes guidelines that point to the sustainable use of soil to the environment, because the social and environmental problems in the area are linked to conditions of life that faces the difficulties arising from the economic process. You must see new studies that compatibility between environmental preservation and social development. Keywords: Stream High Band, Watershed, Environmental Analysis.
1 INTRODUÇÃO
Bacia hidrográfica é uma determinada área de terreno que drena água, partículas de
solo e material dissolvido para um ponto de saída comum, situado ao longo de um rio, riacho
ou ribeirão (DUNNE e LEOPOLD, 1978). Portanto, por essa definição podemos concluir que
dentro de uma bacia hidrográfica, podem existir inúmeras micro-bacias (200 Km²) sub-bacias
(200 a 3000 km²) e bacias propriamente ditas em função da área que ocupam.
Para Rocha (1991) a bacia hidrográfica espacialmente corresponde a um território no
qual os escoamentos superficiais drenam até um ponto específico, área ou acidente
geográfico. Esse espaço, por sua vez, corresponde a um sistema espacial no qual se inter-
relacionam e interatuam os recursos naturais, os fatores ambientais que os condicionam e o
homem que valoriza ou deteriora o espaço por meio de seu complexo sistema sócio-
econômico.
O estudo de micro-bacias é extremamente importante, considerando que estas
unidades geográficas possuem diferentes características físicas e sócio-econômicas, que vão
desde regiões de altitudes mais elevadas, onde estão localizadas as nascentes dos riachos e
córregos, áreas de encostas, cujas águas escoam com maior velocidade até áreas de baixadas
nas quais se verificam nitidamente os efeitos do manejo impróprio realizado nas áreas
elevadas.
A ocupação de áreas, sem o conhecimento das modificações ocorridas e os limites de
uso, geralmente acarretam desequilíbrio ao meio natural, ensejando prejuízos ambientais e até
mesmo sociais. Esses desequilíbrios resultam da falta de informações relacionadas ao meio
físico. Desta forma cabe destacar a importância do mapeamento do uso e da ocupação do solo
de uma região, para compreensão dos padrões de organização do espaço, fornecendo
subsídios às ações de planejamento regional, municipal e setorial.
Estas informações são indispensáveis para se compreender as relações existentes entre
os componentes, do espaço territorial, e auxilia nos processos de planejamento de uso e
ocupação do solo. Segundo Rocha (1991) o que se deve planejar em uma bacia é o uso,
manejo e conservação dos recursos naturais em função do desenvolvimento da população que
deles dependem.
Isquierdo (1997) chama a atenção para a necessidade de estudos mais profundos,
dispondo de preceitos técnico-científicos e propostas com vistas ao melhor gerenciamento dos
recursos naturais. Outro fator indispensável para o monitoramento do uso e ocupação do solo
é o sensoriamento remoto, na medida em que propicia inúmeras informações espaciais
preciosas para o entendimento da dinâmica ambiental de uma bacia.
Por isso, perfaz-se objeto de estudo a micro-bacia do Córrego Banda Alta, tributária
do Rio Paraguai, localizado no município de Corumbá-MS, que está delimitado pela
coordenadas geográficas 19°03’45” S e 57°41’15” O, região Centro-Oeste, delimitado ao sul,
pela morraria do Urucum; ao leste pela morraria do Rabichão; ao norte a planície pantaneira e
a oeste pela Bolívia.
A micro-bacia do Córrego Banda Alta situa-se próxima à sub-bacia Lagoa Negra
inserida na Bacia do Alto Paraguai, possui 496.000km², abrangendo parte dos estados
brasileiros de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, situado na coordenada geográfica
19º05’58” S e 57º33’25” O (Figura 1).
Figura 1: Micro-bacia do Córrego da Banda Alta em Corumbá-MS.
Dessa forma, objetivaram-se analisar as características de drenagem, do uso e
ocupação do solo da micro-bacia do Córrego Banda Alta, pela extração da rede de drenagem,
curvas de nível e atividades sócio-econômicas. A micro-bacia do Córrego Banda Alta que está
assentada sobre os terrenos elevados do Planalto Residual do Urucum, sobre as terras baixas
da Planície do Pantanal e, também abrange a zona de transição entre estes dois ambientes
distintos. A seguir estaremos apresentando características da micro-bacia do Córrego Banda
Alta:
Quanto ao clima, adotamos a compreensão de Koppen, que classifica o clima da
região em Aw - tropical úmido, com seca no inverno e chuva no verão, com temperatura
elevada o ano todo, exceto alguns dias no período de maio e agosto. Recebe pouca influência
marítima, o que provoca situações extremas de temperatura. Mas, Valverde (1972) ressalta
que “a feição de continentalidade do clima pantaneiro transparece antes nas temperaturas
máximas e mínimas que nas médias”. O Pantanal é uma das áreas do Brasil que possui as
maiores amplitudes térmicas.
Quanto à geologia, a micro-bacia do Córrego Banda Alta encontra-se entre a base da
escarpa dos morros que compõem o Maciço do Urucum e os sedimentos da Formação
Pantanal4. A unidade geológica identificada é de depósitos detríticos. As acumulações tidas
como depósitos quaternários antigos foram formadas sob condições climáticas distintas da
atual. Suas origens remontam provavelmente à época da abertura da depressão do Rio
Paraguai e da elaboração do pediplano pliopleistocênico. É possível que tenham desenvolvido
ou sofrido também, durante a época pleistocênica interferências de processos erosivos em
conseqüência das oscilações climáticas.
Os colúvios da região do Maciço do Urucum são formados por fragmentos
dominantemente angulosos, com tamanhos que variam de seixos a matações, compostos,
sobretudo de sedimentos ferríferos oriundos da Formação Santa Cruz5. Os fragmentos mais
comuns são de hematita fitada, de jaspelito ferruginoso e outros de árcoseo ferruginoso.
Quanto à geomorfologia, levando-se em conta a natureza estrutural e a composição
litológica foi possível analisar que a unidade geomorfológica da micro-bacia em estudo
4 Formação Pantanal são os depósitos aluvionares compostos de vasas, areias e argilas de deposição recente do Pantanal Mato-Grossense. A localidade-tipo situa-se na Depressão do Mato Grosso, Bacia do Alto Paraguai, estado do Mato Grosso (OLIVEIRA e LEONARDOS, 1943). 5 A Formação Santa Cruz se estende por aproximadamente 130 km², dos quais 86%, (112 km²) ocorrem a sul das cidades de Corumbá e Ladário. Suas rochas sustentam as morrarias da região de Corumbá (morrarias do Urucum, da Tromba dos Macacos, do Jacadigo, de Santa Cruz, São Domingos, Grande e do Rabichão), sob a forma de morros residuais de bordas escarpadas e topos aplainados. No restante da área, situada a NE daquelas localidades, sustentam baixas elevações que sobressaem na planície pantaneira (LACERDA FILHO, 2004, p. 35).
corresponde a superfície aplainada de Corumbá. Nas palavras de Isquerdo (1997) corresponde
à área que se situa entre a Planície do Pantanal e as áreas mais elevadas do Maciço do
Urucum e da Morraria de Corumbá, constituindo-se em uma rampa que se inclina suavemente
na direção norte, com cotas altimétricas que variam entre 100 e 200m.
Quanto à hidrografia, Isquerdo (1997) enfatiza que é por meio da preservação da
qualidade das águas dos rios, lagos e águas subterrâneas que as diversas atividades
econômicas subsistem. Como exemplo: a pesca; agricultura; turismo e o abastecimento
público cujos dependem da qualidade e da quantidade das águas para a sua manutenção. Os
principais cursos d’água do Maciço do Urucum e adjacências (Córrego Banda Alta) nascem
na morraria do Urucum, sendo o Córrego Piraputanga o de maior vazão. A precipitação
pluviométrica média anual total é uma das menores da Bacia do Alto Paraguai.
O regime pluviométrico apresenta uma sazonalidade bem definida. Cerca de dois
terços (68%) da precipitação total anual ocorrem nos meses de novembro a março e o restante
nos meses de abril a outubro. As águas da micro-bacia do Córrego Banda Alta por ter
apresentado condutividade elétrica inferior a 250 mohm, foi classificada como águas de
salinidade. Essas águas, portanto, podem ser usados para irrigação com poucas chances de
salinizar os solos.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Para a realização deste trabalho foi feita uma análise da área ocupada pelo micro-bacia
do Córrego Banda Alta no município de Corumbá-MS. Esse córrego situa-se numa região
pouco povoada e relativamente explorada com relação aos seus recursos naturais. Os
materiais empregados para a realização deste trabalho foram:
Carta topográfica da Diretoria Serviço Geográfico (DSG) do Ministério do
Exército, escala 1:100.000 MIR:2469. Carta de Corumbá SE 21-Y-DII-2-NO;
Folhas de papel vegetal em formato A4;
Folhas de papel milimetrado em formato A4;
Software Microsoft Office Excel 2003;
SIG´s (Sistema de informações Geográficas) SPRING 4.3.3
A primeira etapa consistiu na delimitação da área da micro-bacia do Córrego Banda
Alta, na carta topográfica de Corumbá. O método utilizado foi à delimitação da mesma a
partir do divisor topográfico da drenagem procedente das precipitações pluviais, cujo
escoamento superficial resultante é direcionado para o respectivo sistema fluvial. Em seguida,
foi realizada a extração de informações cartográficas através de compilação em papel vegetal
posteriormente, pelo SIG SPRING 4.3.3 da rede de drenagem, curvas de nível, uso e
ocupação do solo da micro-bacia do Córrego Banda Alta.
Também foi realizado um levantamento bibliográfico referente aos procedimentos
metodológicos, visando o embasamento teórico quanto aos aspectos físicos da área estudada.
Após o procedimento de compilação, foram elaborados os perfis: longitudinal e transversal da
micro-bacia em folha vegetal. Num segundo momento, os elementos extraídos sofreram uma
análise de acordo com os seguintes procedimentos:
- Classificação de drenagem (sistema de classificação dos rios, forma, tipo e padrão do
curso principal), através de suas características morfológicas (RICCOMINI et.al, 2000);
- Classificação genética, geométrica e sua dinâmica fluvial;
- Quanto à erosão fluvial, transporte e deposição de sedimentos.
- Análise do relevo, por meio de atributos morfométricos das vertentes e do relevo,
formas e condicionantes litoestruturais.
Estes procedimentos adotados serviram para caracterizar as formas aferidas in loco de
uso e ocupação do solo que intensificam uma série de processos gerados pela ação antrópica -
erosão, assoreamento, contaminação das águas, do solo e do ar - assim, obtivemos
informações referentes ao meio biofísico e sócio organizacional para se considerar de forma
integrada as restrições, susceptibilidades e vocação da terra, buscando mitigar as
conseqüências que estão e/ou podem influenciar no equilíbrio dos sistemas ambientais e na
qualidade de vida da população que os habitam (CARVALHO, 2007).
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A carta de declividade ou clinográfica, conforme De Biasi (1992), foi obtida a partir
das folhas topográficas editadas pela DSG, na escala 1:100. 000, com eqüidistância entre
curvas de nível de 40. Isquierdo (1997) aponta que segundo De Biasi (1970) e Simelli (1981),
a escolha das classes de declividade depende do uso do mapa, em função disso a área foi
mapeada segundo as categorias de declividade conforme a abaixo.
Tabela 1 - Área ocupada pelas diferentes categorias de declividade Categorias Área em há %
Até 2º 6380 20,7
2 – 5º 15215 49,4
5 – 10º 3539 11,5
10- 15º 1863 6,0
15-25º 1785 5,8
Acima de 25º 2018 6,5
A partir das informações existentes na carta topográfica e inseridas no software
SPRING 4.3.3, foram compiladas da carta as seguintes informações: cerrado/campo sujo,
agricultura, pecuária, mata/cerrado. Em seguida esses dados foram digitalizados, obtendo,
desta forma, como produto final uma carta de uso e ocupação do solo.
Para a interpretação da imagem, utilizou-se das técnicas e fundamentos descritos por
Garcia (1982) e Novo (1992), que se baseiam nas características físicas e espectrais dos alvos,
tais como: tonalidade, cor, textura, sombra, forma, entre outras. Houve a checagem das
informações e a elaboração final do mapa de uso e ocupação do solo da micro-bacia do
Córrego Banda Alta (Figura 2).
3.1 Rede de Drenagem da micro-bacia do Córrego Banda Alta
A água é um recurso natural de importância vital para todos os seres vivos, portanto é
um recurso para cuja utilização o planejamento deve ter o máximo de cautela possível
(ISQUIERDO, 1997).
Strahler afirma em sua análise sobre bacias hidrográficas que os menores canais, sem
tributários, são considerados como de primeira ordem, estendendo-se desde a nascente até a
confluência, os canais de segunda ordem surgem da confluência de dois canais de primeira
ordem, e só recebem afluentes de primeira ordem, os canais de terceira ordem surgem da
confluência de dois canais de segunda ordem, podendo receber afluentes de segunda e de
primeira ordem, os canais de quarta ordem surgem da confluência de dois canais de terceira
ordem, podendo receber tributários das ordens diferentes.
Figura 2: Uso e ocupação do solo Carta DSG 1:100.00 - MIR: 2469
Os principais cursos d'água do Maciço do Urucum e adjacências, córregos das Pedras,
Banda Alta, Piraputanga, São Domingos e Urucum, nascem nas morrarias do Maciço do
Urucum. O córrego que possui a maior vazão é o Piraputanga. A drenagem é relativamente
pobre se comparada com a hidrografia das demais áreas altas da Bacia do Alto Paraguai
(BAP)
O Rio Paraguai é a principal fonte de água para o abastecimento urbano das cidades de
Corumbá e Ladário. Além disso, as águas desse rio apresentam um alto potencial de uso pelas
atividades rurais. Inclusive está sendo proposto um projeto de irrigação para atender dois
assentamentos de Corumbá, utilizando água do Canal do Tamengo. Na época cheia, as águas
do Rio Paraguai podem contornar quase que totalmente a região. Apenas o limite noroeste da
área, que faz divisa com a Bolívia, não é inundado.
A micro-bacia do Córrego Banda Alta também faz parte da sub-bacia Lagoa Negra,
cuja, as nascentes descem em filetes d’água, percorrem os terrenos da superfície aplanada,
onde se unem formando os córregos. Deságuam nas lagoas que estão na planície flúvio-
lacustre, durante o período das cheias do Rio Paraguai é invadido pelas águas, integrando-se
como um todo à planície do Pantanal.
Na planície flúvio-lacustre, sucedem-se períodos de cheia e de seca, controlados pelas
águas do rio Paraguai, com oscilações do nível de água que podem ultrapassar 6m.
Atualmente, durante o período das secas, a água permanece nas lagoas e canais. As lagoas
estão interligadas entre si e com o Rio Paraguai por intermédio de canais conhecidos na região
por corixos. Estes corixos tem seu fluxo e vazão controlada pelo nível das águas do Rio
Paraguai e são responsáveis pela entrada e saída de águas das lagoas. (ISQUIERDO, 1997).
3.1.1 Forma
Segundo Riccomini et al (2000), a maioria dos estudos sobre sistemas fluviais
emprega uma classificação baseada em quatro padrões básicos de canais designados de
retilíneo, meandrante, entrelaçado e anastomosado, e todas podem ocorrer associadas em uma
única bacia de drenagem. A micro-bacia do Córrego Banda Alta se enquadra na forma de
canais meandrante, onde a sinuosidade é definida como a relação entre o comprimento do
talvegue e o comprimento do vale.
3.1.2 Tipo e padrão de drenagem
Consideram-se duas classificações: genética e geométrica. Em relação á classificação
genética, baseada na sua disposição relacionada á atitude das camadas geológicas, a drenagem
da micro-bacia Banda Alta caracteriza-se como obsequentes, que tem seu fluxo no sentido
oposto à declividade das camadas, normalmente são de pequena extensão, descem escarpas e
desembocam em rios subseqüentes.
Para Riccomini et al (2000) as drenagens observadas em uma carta topográfica,
fotografia aérea ou imagem de satélite, apresentam os padrões bastante característicos em
função do tipo de rocha e das estruturas geológicas presentes no substrato da bacia, no qual o
arranjo da drenagem assemelha-se à distribuição dos galhos de uma árvore e ocorre quando a
rocha dos substratos é homogênca, como um granito, por exemplo, ou ainda no caso de rochas
sedimentares com estratos horizontais.
Um segundo padrão é o paralelo, desenvolvido em regiões com declividade acentuada,
onde as estruturas do substrato orientam-se paralelamente ao mergulho do terreno. Nos casos
em que a drenagem distribui-se em todas as direções a partir de um ponto central, como um
cone vulcânico ou uma feição dômica, tem-se o padrão radial.
Quando a drenagem exibe em planta um arranjo retangular, mas com os tributários
paralelos entre si, ocorre o padrão em treliça, típico de regiões com substrato rochoso onde se
alternam rochas mais ou menos resistentes em faixas paralelas com planos de fraqueza
ortogonais, como no caso de regiões dobradas de relevo do tipo Apalachiano. Um exemplo
deste último padrão ocorre ao longo da Faixa Paraguai, no Mato Grosso. Naturalmente
existem padrões intermediários entre estes casos extremos ou ainda a mudança de padrão ao
longo de um rio ou bacia de drenagem, os quais recebem denominações específicas.
Com base no critério geométrico da disposição espacial dos rios e seus afluentes, sem
qualquer conotação genética, a drenagem da micro-bacia do Córrego Banda Alta pode ser
classificada como dendrítica, que segundo Jorge & Uehara (1998) ocorre tipicamente sobre
rochas de resistência uniforme ou em rochas estratificadas horizontais. Os rios que constituem
este padrão de drenagem confluem em ângulos relativamente agudos, o que permite
identificar o sentido geral da drenagem, pela observação do prolongamento da confluência.
3.1.3 A dinâmica Fluvial
De acordo com Riccomini et al (2000), do ponto de vista geológico, a morfologia dos
canais e o principal atributo considerado na classificação dos rios. A morfologia dos canais
fluviais é controlada por uma série de fatores autocíclicos (próprios da bacia de drenagem,
mas toda a região onde ela está inserida), com relações bastante complexas.
Como fatores autocíclicossão considerados a descarga (tipo e quantidade), a carga de
sedimentos transportada, a largura e a profundidade do canal, a velocidade de fluxo, a
declividade, a rugosidade do leito, a cobertura vegetal nas margens e ilhas. Esses, por sua vez,
são condicionados pelos fatores alocíclicos, como variáveis climáticas (pluviosidade,
temperatura) e geológicas (litologia, falhamentos).
Villela (1975) retrata que a declividade dos terrenos de uma bacia controla em boa
parte a velocidade com que se dá o escoamento superficial, afetando, portanto o tempo que
leva a água da chuva para concentrar-se nos leitos fluviais que constituem a rede de drenagem
das bacias.
3.1.4 Relevo da micro-bacia do Córrego Banda Alta
Isquierdo (1997) destaca que o relevo exerce papel fundamental no estudo do meio
ambiente, pois influi diretamente nas condições ecológicas locais. Com isso, as formas de
relevo, definidas pelo arranjo espacial de superfícies geneticamente homogêneas,
correspondem à unidade taxonômica básica para a descrição do relevo. Esta unidade tem
dimensões que variam desde algumas centenas de metros quadrados até centenas de
quilômetros quadrados, sendo diferenciadas pela amplitude, declividades do perfil das
encostas, que são os critérios que permitem diferenciar as formas do relevo.
O relevo de uma bacia hidrográfica tem grande influência sobre os fatores
meteorológicos e hidrológicos, pois a velocidade do escoamento superficial é determinada
pela declividade do terreno, enquanto que a temperatura, a precipitação, a evaporação são
funções da altitude da bacia. É de grande importância, portanto, a determinação de curvas
características do relevo de uma bacia hidrográfica.
A superfície aplanada de Corumbá corresponde à área que se situa entre a planície do
pantanal e as áreas, mas elevadas do maciço do Urucum e da morraria de Corumbá,
constituindo-se em uma rampa que se inclina suavemente na direção norte, com portas
altimétricas que variam entre cem e duzentos metros.
A área foi referida por Brasil (1982) como depressão do Rio Paraguai, onde foi
descrita como sendo “extensas superfícies aplainadas que por vezes apresentam formas
pedimentadas, porém, em sua maior parte 3, as superfícies são recobertas por sedimentos
recentes. Secundariamente, ocorrem formas dissecadas de topo planas, convexas e aguçadas,
da depressão emergem formas residuais, identificadas como inselbergs”.
A partir da observação do perfil longitudinal (Figura 3) da micro-bacia do Córrego
Banda Alta verificou-se fraco grau de dissecação nas rampas e colinas e altimetria, oscilando
entre 500 a 300 metros, o segundo, com altitudes entre 300 a 200 metros e o terceiro de 200 a
100 metros, com fraca dissecação e competência fluvial.
De acordo com Cunha (1991) o perfil longitudinal de um rio expressa a relação entre
seu comprimento e sua altimetria, que significa o gradiente. O perfil típico é côncavo, com
declividades maiores em direção à nascente, e cursos de água que apresentam tal morfologia
são considerados em equilíbrio, assumido quando há relação de igualdade entre a atuação da
erosão, do transporte e da sedimentação.
Entretanto a forma do perfil longitudinal reflete o ajuste do rio a diferentes fatores,
com distintas flutuações e a propagação das ações erosivas e deposicionais para montante, que
tendem a alterar a declividade e a forma do canal. A forma do perfil do rio procura atingir o
equilíbrio entre a carga que entra e a que é transportada, representada por um perfil côncavo e
liso.
0
100
200
300
400
500
600
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Figura 3: Perfil longitudinal da micro bacia do córrego Banda Alta
A região foi compartimentada nas principais unidades de relevo
(denudacional/estrutural, denudacional e de acumulação) fundamentais para a identificação
das principais unidades ambientais naturais.
O perfil longitudinal da micro-bacia do Córrego Banda Alta se enquadra como
montanha suave, de acordo com a classificação das formas de relevo, com base na amplitude
(KUDRNOVSKÁ, 1948 e 1969 e DEMECK, 1972) (Tabela 2).
Tabela 2 - Classificação das formas de relevo, com base na amplitude.
As formas de relevo podem se diferir das quanto à sua origem em: erosivas (rampas,
colinas, morrotes, morros, montanhas, escarpas, etc) e deposicionais (planícies, cones de
dejeção, corpos de tálus e outros.
Em algumas situações, a separação entre os tipos de formas não é nítida, podendo-se
descrever o relevo como uma associação de formas como, por exemplo, colinas pequenas e
morrotes ou morros e morrotes paralelos, sendo o primeiro, nome dado para o tipo de forma
predominantemente (PIRES NETO, 1992). Com relação ao ângulo de declividade e gradiente
a classificação do relevo é branda (3,6%), conforme mostra o quadro abaixo (Tabela 3).
AMPLITUDE(m) TIPOS DE RELEVO
0 a 30 Plano
30 a 75 Colina suavemente ondulada
75 a 150 Colina dissecada
150 a 200 Morro suavemente ondulado
200 a 300 Morro dissecado
300 a 450 Montanha Suave
Tabela 3 - Classificação do relevo com relação ao ângulo de declividade e gradiente
ÂNGULO GRADIENTE CLASSIFICAÇÂO
< 2 < 2 % Plano
2 a 5 3,49 a 8,75% Brando
5 a 10 8,75 a 17,6% Moderado
10 a 18 17,6 a 30% Pouco Íngreme
18 a 10 30 a 57,7% Íngreme
30 a 45 54,7 a 100% Muito íngreme
> 45 > 100% Penhasco
De acordo com a classificação de formas de relevo, segundo a amplitude e gradiente
(IPT, 1981) a micro-bacia do Córrego Banda Alta se classifica como montanha (Tabela 4).
Tabela 4 - Classificação de formas de relevo segundo a amplitude e gradiente
AMPLITUDE
LOCAL
GRADIENTE PREDOMINANTE FORMAS DE RELEVO
< 100 < 5%
5 a 15%
Rampa
Colina
100 a 300 5 a 15%
> 15%
Morro com encosta suave
Morro
> 300 > 15% Montanha
Na representação das unidades de relevo do Maciço do Urucum e adjacências foi
adotado o critério utilizado por Florenzano (IN KURKDJIAN ET.AL., 1992), que considera as
formas de relevo como: de origem denudacional estrutural, denudacional e de acumulação. As
principais unidades de relevo presentes na área de estudo (escarpas, colinas, tabuleiros,
rampas, planícies e planície de inundação) foram geradas a partir de processos denudacional
estrutural, denudacional e de acumulação.
Os relevos denudacionais/estruturais Estão localizados, principalmente, a sul da cidade
de Corumbá, e são compostos predominantemente pelas morrarias do Urucum, de Santa Cruz,
de São Domingos, Grande, do Rabichão e da Tromba dos Macacos, que constituem o Maciço
do Urucum, e das morrarias do Zanetti, do Mato Grande, e de Albuquerque. Todas essas
morrarias foram alçadas tectonicamente no Terciário (FRANCO & PINHEIRO, 1982).
Entre as morrarias ocorrem vale aluvionais profundos, drenados por córregos de
pequena competência erosiva. Os topos dessas morrarias são comumente do tipo tabular com
altitudes entre 640 e 890 m e declividades entre 20% e 40% e superiores a 40% (morrarias da
Tromba dos Macacos, do Urucum e sul da Morraria de Santa Cruz). Contudo, esses topos
tabulares apresentam variações morfológicas (colinosos e em rampas).
Segundo dados bibliográficos, no alto das morrarias de Santa Cruz e do Rabichão
ocorrem vales suspensos, com pequenos cursos de águas cataclinais, que drenam o interior da
morraria. Esses vales parecem ser restos de um sistema de drenagem anterior às últimas
manifestações tectônicas que atingiram a região quando da Orogenia Andina. Hoje eles
estariam conservados por terem sido talhados nos jaspelitos e camadas de hematita compacta
da Formação Santa Cruz. Os relevos residuais indicam intensa fragmentação tectônica do
assoalho, com a provável presença de terrenos abatidos recobertos pela sedimentação recente.
Entre as unidades de relevo do tipo denudacional estrutural há também as rampas e
colinas que apresentam graus de dissecação fracos e moderados. As rampas com fraco grau de
dissecação encontram-se ao redor das morrarias que compõem o Maciço do Urucum.
Apresentam altitudes entre 120 e 600m, e declividades entre 10% e 20% e 20% e 40%
(predominantemente), podendo chegar a ter até mais de 40%. Já as de moderado grau de
dissecação situam-se nas proximidades das morrarias de Santa Cruz, Grande e do Rabichão, e
apresentam altitudes entre 100 e 800m e declividades entre 20% e 40%.
Os relevos colinosos, com graus variados de dissecação (fraco, moderado e forte),
encontram-se na Morraria do Zanetti, na porção sul e sudoeste de Corumbá e na parte
noroeste da área de estudo. Os relevos colinosos fracamente dissecado apresentam altitudes
entre 200 e 600 m e declividades superiores a 40%. Os moderadamente dissecados
apresentam altitudes entre 200 e 400 m e declividades entre 20% e 40% e superiores a
40%,enquanto os relevos colinosos fortemente dissecados apresentam altitudes
indeterminadas pela carta topográfica e declividades inferidas entre 10% e 20%.
O relevo dissecado do tipo colinoso (De) é sustentado pelos calcários Bocaina e
situam-se principalmente nas porções norte, sul e sudeste da área de estudo. Tal unidade é
dividida em duas subunidades, de acordo com o grau de dissecação. A subunidade De I, com
baixo grau de dissecação, localizam-se na região sudeste (Morraria de Albuquerque) e
apresentam altitudes entre 200 e 380 m, declividades normalmente superiores a 40% e vales
em forma de "V".
A subunidade Dc2, com moderado grau de dissecação, encontra-se distribuída nas
porções norte, sudeste e sul da área de estudo (sul de Corumbá, Morraria de Albuquerque,
limite com a escarpa, e Morraria Pelada, respectivamente), bem como em outras porções
isoladas. Essa subunidade apresenta altitude variável, entre 120 e 330m, e declividades entre
10% e 20% e superiores a 40%.
O perfil transversal da nascente da bacia (Figura 4) apresenta certa convexidade,
exatamente por estar próximo á nascente. Ainda segundo Cunha (1991) velocidade das águas
de um rio depende de fatores como declividade do perfil longitudinal, volume das águas,
forma da secção transversal, coeficiente de rugosidade do leito e viscosidade da água, tais
fatores fazem com que a velocidade tenha caráter dinâmico ao longo do canal e na própria
secção transversal. Os elementos que alteram a velocidade podem-se citar: mudanças na
declividade, na rugosidade do leito e na eficiência do fluxo.
Ao longo do perfil transversal, a velocidade e a turbulência das águas são também
variáveis, definindo locais preferenciais de erosão e deposição de partículas. Abaixo da
superfície da água, situa-se a área de maior velocidade e turbulência, onde qualquer sedimento
em suspensão é transportado pelas águas. Na superfície, o atrito com o ar reduz os valores da
velocidade e turbulência, que também são modificados de acordo com as formas dos canais.
Figura 4: A – Perfil Transversal da Nascente Margem Direita. B - Transversal da Nascente Margem Esquerda.
Perfil Transversal da nascente
400360
280320
400
050
100150200250300350400450
1 2 3 4 5
A
Perfil Transversal da foz
12080 70 80
120
0
50
100
150
1 2 3 4 5
B
3.1.5 Uso e ocupação do solo da micro-bacia do Córrego Banda Alta
É de suma importância o levantamento do uso e ocupação do solo para se entender as
formas de organização espacial de um território. Segundo Peixoto (1995) foi possível
identificar três tipos de sítios arqueológicos (quais são?) nessa área, com quatro tipos
diferentes (que tipos) que lá habitavam.
Isquierdo (1997) enfatiza que a colonização das planícies pantaneiras e de suas áreas
adjacentes iniciou-se em meados do século XVIII: a principal atividade econômica desde
então tem sido a pecuária extensiva, que se adaptou muito bem ao ambiente.
Podemos observar na carta de uso e ocupação do solo os seguintes tipos de uso atual
na micro-bacia do Córrego Banda Alta: Campo Cerrado/ Campo Sujo, Agricultura, Pecuária,
Mata/Cerrado (Tabela 5).
Tabela 5 - Área ocupada e percentual das classes de uso e ocupação do solo da micro-
bacia do Córrego Banda Alta
Classe Área ocupada em há % em relação á área
Campo cerrado/ campo
sujo
22.739 17,3
Agricultura 145 0,5
Pecuária 6637 21,5
Mata/Cerrado 15550 50,5
De acordo com a EMPRAPA, há poucas informações específicas sobre a vegetação no
Maciço do Urucum e adjacências. Segundo Pott et al. (1997), a flora nos planaltos que
circundam o Pantanal é pouco conhecida, por ser escassamente coletada e estudada, devendo
existir muitas espécies não arroladas.
A riqueza de espécies na área é alta, em virtude das ocorrências de vários tipos de
fisionomias vegetais e influências fitogeográficas. As principais fitofisionomias ocorrentes
são Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual e, em menor proporção,
Savana (cerrado) e Savana Estépica (chaco), ocorrendo ainda áreas de transição entre as
principais fitofisionomias e áreas com formações secundárias (capoeiras).
Na área foram a encontrados dois sub-grupos de formação simples: Savana Arborizada
(campo cerrado, cerrado e cerrado aberto) e Savana Gramíneo Lenhosa.A Savana Arborizada
representa 0,14% ou 185 ha da área. Foi mapeada uma única mancha no topo da Morraria São
Domingos numa altitude acima de 600m, em relevo denudacional / estrutural sobre tabuleiro e
tabuleiro /colina, fracamente dissecado, com declividade entre 20% e 40%.
Há algumas manchas em área de relevo denudacional sobre rampa com declividade
entre 20% e 40% e altitude entre 90 e 300m na Morraria do Jacadigo; manchas em área de
relevo denudacional sobre colina com declividade entre 10% e 20% e altitude entre 120 e
240m, nas morrarias de Santa Maria e Albuquerque, e próximo à estação ferroviária de Maria
Coelho. A agricultura é praticada exclusivamente nos assentamentos, com produção de feijão,
arroz, milho, mandioca, frutas e hortaliças. Para garantir a produção e seu escoamento, é
necessária mais infra-estrutura (treinamento de mão-de-obra, assistência técnica, organização,
crédito, maquinaria e insumos).
Os solos utilizados muitas vezes não são aptos para lavoura, embora quimicamente
férteis, porque muitos são rasos ou de argilas que endurecem com a aração. Deve ser dada
preferência às culturas permanentes, como fruticultura e manejo florestal. O uso da pastagem
cultivada é direcionado para pecuária de corte e leite, podendo estar em pequenas
propriedades, menores que 30 ha, e nas grandes, acima de 1.000 ha.
A extração Mineral refere-se às áreas destinadas à extração de ferro, manganês,
calcário e areia. Na área localiza-se uma das maiores jazidas de manganês do mundo,
estimado em 30 milhões de toneladas, de origem sedimentar. Tem sido mapeada apenas área
maior onde ocorre a extração de calcário, areia, ferro e manganês. Há 13 indústrias de
extração e/ ou beneficiamento de minérios, sendo que as mais importantes estão plotadas no
mapa de cobertura vegetal e uso da terra.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As unidades ambientais naturais e as unidades ambientais sócio-econômicas são
regiões presumivelmente homogêneas do ponto de vista ambiental ou do ponto de vista sócio-
econômico, delimitadas e caracterizadas por meio das correlações e cruzamentos das
informações. Caracteriza-se por apresentar uma superfície de topografia horizontal ou com
declives suaves, com a ocorrência de uma ampla diversidade de solos. Destaca-se a ocorrência
de forma dispersa em toda a unidade das seguintes classes de solos: Podzólico Vermelho-
Escuro eutrófico, Podzólico Vermelho-Amarelo distrófico, Brunizém Avermelhado,
Brunizém, Solonetz Solodizado, Cambissolo eutrófico, Regossolo eutrófico e Vertissolo
eutrófico. O potencial erosivo é muito fraco. Há existência de poços com profundidades (79,5
m) e vazões (12.293 l/h) intermediárias. Aqüíferos com salinidade de média a alta e com
concentrações baixas a médias de sódio. Essa área possui a segunda maior ocorrência de sítios
arqueológicos, porém foram observados todos os tipos de sítios encontrados na região, a
saber: de Tradição Tupi-Guarani, com petroglifos, de Tradição Pantanal, Missão de Nossa
Senhora do Bom Conselho e não classificados.
As atividades faunísticas são reguladas por forte sazonalidade climática com
ocorrência de aves de ambientes xéricos. Quanto ao uso agrícola, os solos apresentam desde
aptidão boa para lavouras a aptidão restrita para pastagem natural, dependendo da classe de
solo em questão e de suas limitações específicas.
A pecuária é desenvolvida de forma limitada, tanto a pecuária de corte quanto a
leiteira. Na área dos assentamentos é insignificante, inclusive com relação à criação de outros
animais, basicamente utilizados para consumo. As fazendas empregam baixo nível de
tecnologia em geral. O manejo pecuário (critérios de descarte, aquisição, estação de monta) é
deficiente. A utilização de mão-de-obra especializada (técnicos) é incipiente. As condições de
trabalho na área rural são precárias, com baixa remuneração. A atividade pecuária utiliza
pouca mão-de-obra, embora 95% das propriedades utilizem mão-de-obra temporária.
Em geral, há uma utilização ineficiente da terra, com as grandes propriedades
(concentradas na pecuária de corte) subutilizando a terra. A utilização mais eficiente de áreas
férteis (para agricultura) e a adoção de técnicas e sistemas de produção mais modernos
poderão contribuir para o desenvolvimento econômico. Mudanças na estrutura de posse da
terra também poderão contribuir para uma utilização mais eficiente das áreas produtivas, com
atividades mais rentáveis. Por outro lado, as pequenas propriedades (pecuária de corte)
enfrentam problemas de escala que dificultam a redução dos custos de produção.
A partir dos resultados obtidos, a intenção é contribuir para que o poder público
estabeleça diretrizes que apontem o uso compatível com o meio ambiente, através de medidas
que tenham embasamento técnico que visem à correção e prevenção dos problemas existentes.
O tipo de ocupação que está ocorrendo é de forma desordenada, e a extensão tende a tornar
mais grave ainda a alteração no quadro ambiental.
Os problemas sociais e ambientais existentes na área estão ligados ás condições de
vida da população que enfrenta as dificuldades decorrentes do processo econômico. É
necessário surgir novas propostas de estudos aprofundados que compatibilizem a preservação
do meio ambiente e do desenvolvimento social.
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