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  John Wilkinson, Coordenação Ana Lucia Camphora Francine Damasceno Pinheiro Marcio Ranauro Rio de Janeiro, Janeiro 2011 Rede Desenvolvimento, Ensino e Sociedade PERFIL RURAL/AGRÍCOLA DE MUNICÍPIOS DIRETAMENTE INFLUENCIADOS PELO COMPERJ Diagnóstico Preliminar  

DIAGNÓSTICO preliminar DE TENDÊNCIAS PERFIL RURAL COMPERJ

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PERFIL RURAL/AGRCOLA DE MUNICPIOS DIRETAMENTE INFLUENCIADOS PELO COMPERJ Diagnstico Preliminar

John Wilkinson, Coordenao Ana Lucia Camphora Francine Damasceno Pinheiro Marcio Ranauro Rio de Janeiro, Janeiro 2011

Rede Desenvolvimento, Ensino e Sociedade

PERFIL RURAL /AGRCOLA DE MUNICPIOS DIRETAMENTE INFLUENCIADOS PELO COMPERJ

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SUMRIO

APRESENTAO RESUMO EXECUTIVO INTRODUO I.METODOLOGIA II.BREVE SNTESE DA DINMICA RURAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO III. PERSPECTIVA REGIONAL DA DINMICA RURAL DOS MUNICPIOS SOB INFLUNCIA DO COMPERJ IV.DIAGNSTICO PRELIMINAR DO PERFIL RURAL AGRCOLA DOS MUNICPIOS SOB INFLUNCIA DO COMPERJ IV.1. CACHOEIRAS DE MACACU IV.2. CASIMIRO DE ABREU IV.3. GUAPIMIRIM IV. 4. ITABORA IV.5. MAG IV.6. RIO BONITO IV.7. SILVA JARDIM IV.8. TANGU

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RESUMO EXECUTIVO

O presente Perfil Rural/Agrcola de Municpios Diretamente Influenciados pelo COMPERJ apresenta um retrato das condies atuais de estruturao, dinamizao e gesto do desenvolvimento rural dos municpios de Itabora, Mag, Guapimirim, Cachoeiras de Macacu, Rio Bonito, Tangu, Silva Jardim e Casimiro de Abreu, inseridos na rea de influncia do COMPERJ. Seu foco atende s metas fixadas pelo Convnio de Cooperao Tcnica e Financeira celebrado em 2010 entre a Rede de Desenvolvimento, Ensino e Sociedade (REDES) e a Fundao Banco do Brasil, no mbito do Programa Trabalho e Cidadania. Alteraes socioeconmicas estruturais projetadas para os prximos anos tero impactos decisivos sobre as dinmicas locais e as bases produtivas da economia rural, redefinindo oportunidades e formas de uso do solo na regio. A implantao do Complexo Petroqumico do Estado do Rio de Janeiro (COMPERJ), em fase de instalao no municpio de Itabora e com incio das operaes previsto para 2015, determinar alteraes na dinmica econmica regional, j mapeadas pelo estudo COMPERJ: Potencial de Desenvolvimento Produtivo (FIRJAN, 2008a). Outra alterao decisiva sobre a dinmica de ocupao do solo de alguns dos municpios focalizados neste estudo - especificamente, Mag, Guapimirim e Itabora -, decorre da implantao do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro (AMRJ), em ....?sistema rodovirio de ligao entre importantes eixos rodovirios do Estado, por meio de rodovias perpendiculares que visam integrao do Porto de Itagua ao Norte Fluminense. Cenrios projetados indicam que esses municpios experimentaro inmeros desafios, riscos e oportunidades associados aos impactos gerados pelo potencial de desenvolvimento produtivo associado ao conjunto das atividades industriais, redefinindo a dinmica produtiva da regio. Neste Diagnstico Preliminar foram reunidos dados e informaes referentes dinmica rural dos municpios focalizados, contextualizando aspectos socioeconmicos, ambientais e institucionais relevantes para a gesto territorial regional. Alm da produo agropecuria registrada, diversas iniciativas alternativas em curso na regio merecem anlise especfica. Para complementar e atualizar o levantamento de dados e informaes secundrios, visitas a campo realizadas entre julho e outubro de 2010, proporcionaram reconhecimento dos atores e institucionalidades governamentais e no governamentais de cada municpio, tomando como referncia as secretarias municipais de agricultura, os sindicatos de produtores rurais e escritrios locais da EMATER-Rio, cooperativas, eventos agropecurios e produtores rurais. Devido ao curto perodo de tempo disponvel para a realizao das visitas em todos os municpios, alguns atores relevantes no foram contactados diretamente.

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Consideraes formuladas a partir do conjunto de dados e informaes reunidos no presente Diagnstico Preliminar sero objeto de anlise no Diagnstico de Tendncias, que apresentar mapeamento de tendncias dos atuais sistemas de produo rural, e no reconhecimento de estratgias de programas de planejamento e incentivos ao desenvolvimento local e reordenamento territorial. O foco dessa anlise considerar fatores associados s bases institucionais implicadas no desenvolvimento rural dos municpios, dinmica territorial rural-urbana e suas interfaces com o desenvolvimento rural, tendncias de incorporao de incentivos conservao em terras privadas, atravs de sistemas de pagamento por servios ambientais, cujas bases normativas comeam a ser definidas no Estado do Rio de Janeiro, e possveis impactos ambientais e socioeconmicos gerados pelo COMPERJ sobre a produo rural. Ocupando cerca de 0,5% do territrio nacional, com 43.696,054 km2, o Estado do Rio de Janeiro o segundo plo industrial brasileiro. Cerca de 75% de seus 16 milhes de habitantes, segundo estimativa do IBGE para 2009, concentra-se na Regio Metropolitana, que abarca 17 de seus 92 municpios. O Rio de Janeiro tambm o estado que abriga o maior percentual de remanescentes da Mata Atlntica em seu territrio: cerca de 870.271 ha, ou quase 20% de sua cobertura original (SOSMA/INPE, 2008). Entre 1970 e 2000, a populao rural do Estado apresentou reduo de 47,63%, enquanto sua populao urbana apresentou aumento de 278%, segundo dados dos Censos do IBGE. Entre 1995 e 2006, o Censo Agropecurio (IBGE, 2006) verificou reduo de 367.331 hectares, ou o equivalente a 15,2% da rea dos estabelecimentos agropecurios. A participao da atividade agropecuria no PIB do Estado do Rio de Janeiro vem apresentando resultados decrescentes. Em 1995, seu percentual em relao ao PIB total foi de 0,81%, e em 2008, essa participao no ultrapassa 0,441. , Embora no perodo 1970-2000, o Estado do Rio de Janeiro apresentasse reduo de 47,63% de sua populao rural, o setor agropecurio ainda envolve mais de 400 mil pessoas, ocupando, aproximadamente, 20% do territrio. Diversos fatores associados explicam a pouca expressividade do setor agropecurio fluminense. Em maio de 2010, no 2 Congresso Rio Eco Rural, realizado em Nova Friburgo, pela Comisso de Agricultura, Pecuria e Polticas Rural, Agrria e Pesqueira da Assemblia Legislativa do Rio de Janeiro, foram discutidos os obstculos ao desenvolvimento do agronegcio fluminense. Os principais fatores identificados, e j analisados anteriormente por Giuliani & Castro (1996) e Costa & Clemente (2009), reportam aos seguintes aspectos:

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Percentual da participao das atividades econmicas no valor adicionado bruto a preo bsico, segundo os resultados dos projetos Contas Regionais do Brasil e PIB Municipal, desenvolvidos pelo IBGE atravs da metodologia de Contabilidade Social, que compatibiliza os valores estaduais e municipais com os clculos a nvel nacional. Disponvel no endereo eletrnico http://www.fesp.rj.gov.br/ceep/pib/pib.html, acessado em 22/11/2010.

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Crescente presso do processo de urbanizao das reas perifricas metropolitanas, determinando grande presso social sobre a propriedade fundiria; Limites e descontinuidade dos programas federais e estaduais de incentivo agricultura; Restries climticas e de uso do solo; Falta de assistncia tcnica; Incertezas crnicas associadas ao processo de implantao de agroindstrias; Falta de estradas rurais de acesso s reas de produo; Deficincia de comunicao, incluindo telefonia e internet no campo; Restries de acesso ao ensino fundamental, tcnico e mdio, para jovens e adultos.

Os municpios considerados neste Perfil Rural/Agrcola integram duas regies administrativas do Estado do Rio de Janeiro, a Regio Metropolitana e a Regio das Baixadas Litorneas, conforme a diviso territorial oficial do Estado do Rio de Janeiro, estabelecida pelo IBGE em 1997. A soma das reas dos oito municpios equivale a 4.135 km2, ou 9,46% do territrio fluminense. Com uma densidade demogrfica que corresponde metade da densidade mdia do Estado do Rio de Janeiro, as populaes desses municpios totalizam 718.763 habitantes, ou 4,66% da populao fluminense, segundo estimativa do IBGE para 2009. Uma maior densidade demogrfica verificada nos municpios da Regio Metropolitana, sobretudo em Mag e Itabora. Os maiores municpios em territrio e com as menores densidades demogrficas da regio, Cachoeiras de Macacu e Silva Jardim, esto localizados na Regio das Baixadas Litorneas. Apesar do crescimento das populaes residentes nesses municpios, houve significativa reduo de suas populaes rurais, com exceo do municpio de Rio Bonito, que manteve a estabilidade de sua populao rural. Entre 1970 e 2000, Casimiro de Abreu e Itabora apresentaram reduo de, respectivamente, 70,2% e 80,28% de suas populaes rurais. Outras redues significativas, se comparadas ao crescimento da populao no mesmo perodo, tambm ocorreram em Cachoeiras de Macacu e Mag. Os municpios de Guapimirim e Tangu, criados em 1990 e 1997, respectivamente, participaram pela primeira vez do Censo do IBGE em 2000. A reduo da populao rural observada no Municpio de Itabora deve-se, dentre outros fatores, criao do Municpio de Tangu, a partir da emancipao do 5 Distrito de Itabora. Segundo dados obtidos no Relatrio de Acompanhamento 2007 dos Objetivos do Milnio (UNHABITAT, 2007), a regio que corresponde aos 13 municpios que integram o CONLESTE apresenta maior porcentagem de pobreza (23,24%) do que e mdio do Estado do Rio de Janeiro, com 18,78%. Casimiro de Abreu apresentou nvel de pobreza reduzidos em relao mdia da regio, enquanto Itabora, Mag, Silva Jardim, Guapimirim e Tangu, apresentaram ndices superiores mdia. Quanto a indicadores de mortalidade infantil, o mesmo relatrio revela que os municpios de Guapimirim, Itabora, Mag e Rio Bonito apresentam taxas acima da mdia da regio, que de 14,92

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por mil nascidos vivos. As menores taxas de mortalidade infantil foram encontradas nos municpios de Tangu e Silva Jardim. O indicador referente incidncia de tuberculose, endemia diretamente associada a condies de desnutrio e pobreza revelou que a regio do CONLESTE apresenta taxa de incidncia de 75,54 por 100 mil habitantes, superior taxa do Estado do Rio de Janeiro, que era de 62,05 por 100 mil habitantes, em 2007. Mag e Rio Bonito encontravam-se acima do ndice do Estado, com 87,71 e 76,58 por 100 mil habitantes, respectivamente. Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Silva Jardim e Tangu apresentaram taxas inferiores mdia do Estado. As contnuas alteraes no ordenamento territorial fluminense apontam para o dinmismo de sua configurao regional. Aspectos socioambientais, econmicos e tendncias de mudanas que caracterizam a dinmica de ocupao do territrio implicam fortes reestruturaes e descontinuidades no processo de desenvolvimento. Tais mudanas, sobretudo nas regies das Baixadas Litorneas e Serrana, foram atribudas intensificao do processo de urbanizao, expanso das atividades de lazer e turismo sobre as atividades de lavouras, e a mudanas associadas a novas tcnicas de produo e cultivos em processo de expanso (Gonalves,2006)2. No que tange s polticas ambientais, que definem condies para a sustentabilidade da gesto territorial, atravs de princpios e diretrizes para as formas de uso e cobertura das terras nas bacias hidrogrficas desses municpios, a regio tem importante papel na conservao da biodiversidade e manuteno de mananciais hdricos estratgicos para o abastecimento das populaes da Regio Metropolitana e Regio dos Lagos. A regio abriga um total de 58 unidades de conservao de proteo integral e uso sustentvel, federais, estaduais e municipais. Os municpios de Guapimirim, Mag, Itabora, Cachoeiras de Macacu e Silva Jardim encontram-se no domnio territorial do Mosaico da Mata Atlntica Central Fluminense (Portaria MMA N350, de 11 de dezembro de 2006), que ocupa rea total de cerca de 233.710 ha, distribuda em 13 municpios, sendo formado por 22 unidades de conservao e suas zonas de amortecimento. Mosaicos definem modelo de gesto integrada de um conjunto de unidades de conservao, com o objetivo de compatibilizar, integrar e aperfeioar as atividades desenvolvidas em cada unidade de conservao, assim como no planejamento e fiscalizao nas reas de fronteira e na regio do mosaico (Lino & Albuquerque, 2007). A maioria dos municpios focalizados neste estudo encontra-se localizada nos espaos territoriais da APA de Guapimirim, APA da Bacia do Macacu e APA do Rio So Joo Mico-Leo-Dourado, implicando estratgias especficas de manejo e gesto sustentvel da rea rural, a serem tomadas como parmetro auxiliar para o presente Diagnstico. So objetivos bsicos das reas de Proteo Ambiental (APA) proteger a diversidade biolgica, disciplinar o processo de ocupao, assegurar a sustentabilidade dos recursos naturais. Alm disso, parte significativa da regio integra a Reserva da

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O relatrio Produo Agrcola e Pecuria do Estado do Rio de Janeiro 1999/2004 rene informaes sobre a estrutura, o desempenho do setor e sua insero na economia do estado.

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Biosfera da Mata Atlntica, a maior reserva da Rede Mundial do Programa Sobre o Homem e a Biosfera da UNESCO, criada em 1991. A regio abriga um total de 24 RPPNs federais e estaduais. Destas propriedades, 7 desenvolvem atividades agropecurias convencionais e 11 desenvolvem outras alternativas de produo sustentveis (apicultura, orgnicos, artesanato sustentvel, entre outros). Apenas 04 RPPNs foram criadas em grandes propriedades rurais, com mais de 400 hectares3. Silva Jardim o municpio fluminense com maior nmero de RPPNs, com um total de 22. Vises de futuro acerca dos impactos e fragilidades associados aos efeitos do COMPERJ so focalizados neste estudo. As performances dos municpios no rateio do ICMS Ecolgico, principal instrumento de incentivo fiscal ao desenvolvimento sustentvel municipal, reportam s condies de infraestrutura socioambiental definidas atravs do ndice Final de Conservao Ambiental (IFCA), calculado a partir de seis sub-ndices temticos, com os seguintes pesos: tratamento de esgoto (20%); destinao de lixo (20%); remediao de vazadouros (5%); mananciais de abastecimento (10%); reas protegidas, considerando todas as Unidades de Conservao (36%); e reas protegidas, considerando apenas as Unidades de Conservao Municipais (9%). Cachoeiras de Macacu o primeiro colocado no rateio dos benefcios de 2010, e Silva Jardim ocupa a quarta posio no ranking dos municpios fluminenses beneficiados pelo mecanismo. Observa-se, entretanto, que a maioria desses municpios no apresenta critrios de pontuao em ndices temticos decisivos para seu desenvolvimento sustentvel, tais como tratamento de esgoto e remediao de vazadouros. O Fundo de Boas Prticas Socioambientais em Microbacias (FUNBOAS), e o programa de Recuperao da Populao de Micos-Lees-Dourados executado pela Associao Mico-LeoDourado, ambos tendo como rea de abrangncia a Bacia do So Joo, so algumas das principais aes regionais de gesto ambiental desenvolvidas na regio, com desdobramentos decisivos para a sustentabilidade do desenvolvimento rural. Cabe ainda destacar o Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentvel em Microbacias Hidrogrficas do Estado do Rio de Janeiro (RIO RURAL BIRD) que, a partir de 2010, promover adequao dos sistemas produtivos e do apoio a atividades que visam elevar a produtividade e a competitividade da agricultura familiar o desenvolvimento sustentvel do setor rural com diminuio das ameaas biodiversidade, o aumento dos estoques de carbono na paisagem agrcola e a inverso do processo de degradao das terras em ecossistemas crticos da Mata Atlntica. Participaro do RIO RURAL BIRD os municpios de Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Rio Bonito, Silva Jardim, Tangu, Itabora e Mag, que j tm definidas suas micro-bacias pilotos. Para o mapeamento da produo agropecuria regional, foram consideradas distintas fontes de dados (IBGE, EMATER-Rio e CEASA), de modo a mapear os levantamentos disponveis e procedimentos adotados por cada fonte, de modo a assegurar maior visibilidade na anlise sobre a

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Segundo dados disponibilizados pela Associao do Patrimnio Natural, organizao no governamental formada por proprietrios de RPPNS do Estado do Rio de Janeiro.

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dinmica produtiva do setor rural. Alguns resultados apresentados expem discrepncias que refletem as distintas variveis implicadas no levantamento quantitativo da produo rural. O municpio com maior nmero de estabelecimentos agropecurios Cachoeiras de Macacu, seguido de Rio Bonito. Os municpios de Casimiro de Abreu e Guapimirim apresentam as menores concentraes de estabelecimentos agropecurios da regio. Apesar do reduzido nmero de estabelecimentos agropecurios, Silva Jardim apresenta a maior rea em hectares ocupada, indicando maior concentrao fundiria. No total, os oito municpios registram 6,81% dos estabelecimentos agropecurios do Estado do Rio de Janeiro, segundo o Censo Agropecurio (IBGE, 2006). Segundo os Censos Agropecurios do IBGE de 1995 e 2006, a rea total dos estabelecimentos agropecurios do Estado do Rio de Janeiro foi reduzida em cerca de 15%, neste perodo. Nos municpios focalizados neste estudo, as maiores redues so verificadas nos municpios de Rio Bonito (47,5%) e Casimiro de Abreu (34%). Guapimirim foi o nico a apresentar aumento de cerca de 12,6% na rea de estabelecimentos agropecurios. A expresso econmica da atividade agropecuria da regio moderada e no to relevante, se comparada a dos municpios localizados nas regies Serrana e Noroeste Fluminense. De acordo com levantamento realizado por Costa e Clemente (2009) sobre a intensidade da atividade agropecuria fluminense, com base nos dados do IBGE referentes ao perodo de 1996-2004, as maiores redues das reas de cultura permanente ocorreram nos municpios de Itabora, Tangu e Rio Bonito. A maioria da produo agropecuria da regio comercializada pelo sistema CEASA - Centrais de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro S.A - CEASA/RJ (CEASA Central e Unidade de So Gonalo). Alm das culturas permanentes, temporrias e horticultura, alguns municpios tambm comercializam ovos e pescados. O sistema CEASA constitui a principal base para a formao de preos para o produtor, como vetor de indicao de produo, e das condies de diversas culturas quanto a volumes comercializados, procedncia dos produtos e ocorrncias nas zonas de produo, atravs de um Banco de Dados que subsidia a formulao e implementao de programas de produo e abastecimento de hortigranjeiros. Dados referentes produo anual dos municpios, no perodo de 2005 a 2009, disponibilizados pelo Sistema CEASA, em termos da produo, em quilos, destacam Cachoeiras de Macacu, cuja comercializao de produtos agropecurios, em 2006, alcanou o montante de 29.955.832 kgs, muito superior mdia da produo comercializada no perodo, pelos outros municpios. Com base nessas consideraes, o presente Diagnstico apresenta perfil de cada municpio, considerando dados bsicos do setor em termos de produtividade e vocaes, vises geradas no Forum das Agenda 21 locais, mapa discimjnando uso da terra, parmetros institucionais e situao em relao aos recursos provenientes do governo federal.

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INTRODUOA implantao do Complexo Petroqumico do Estado do Rio de Janeiro (COMPERJ), em fase de instalao no municpio de Itabora e com incio das operaes previsto para 2015, determinar significativas alteraes nas atuais condies socioeconmicas e ambientais de sua regio de influncia direta e ampliada. Municpios a localizados experimentaro inmeros desafios, riscos e oportunidades associados aos impactos gerados pelo potencial de desenvolvimento produtivo do empreendimento. Com o propsito de subsidiar reflexes sobre as perspectivas do desenvolvimento rural regional, considerando tais influncias, o presente Perfil Rural/Agrcola de Municpios Diretamente Influenciados pelo COMPERJ busca contribuir com balizamento preliminar das condies atuais de estruturao, dinamizao e gesto do desenvolvimento rural de alguns municpios inseridos na rea de influncia do COMPERJ. O recorte territorial adotado considerou os municpios de Itabora, Mag, Guapimirim, Cachoeiras de Macacu, Rio Bonito, Tangu, Silva Jardim e Casimiro de Abreu, que expressam componentes peculiares quanto a identidades, capacidades, estruturas e desempenho rural. Os municpios focalizados neste Perfil Rural/Agrcola integram o Consrcio Intermunicipal de Desenvolvimento do Leste Fluminense (CONLESTE)4, formalizado para estabelecer e projetar parcerias e alianas intermunicipais visando a solues integradas e compartilhadas perante desafios comuns, a fim de potencializar os aspectos positivos e minimizar aspectos negativos do COMPERJ. Algumas alteraes na dinmica econmica regional, j mapeadas pelo estudo COMPERJ: Potencial de Desenvolvimento Produtivo (FIRJAN, 2008a), identificam uma gama variada de aspectos locais que englobam as condies de logstica e infraestrutura, em termos energticos e comunicacionais, assim como fatores relacionados disponibilidade de rea e mo-de-obra. Nesse contexto, o conjunto das atividades industriais induzidas pelo COMPERJ redefinir a dinmica produtiva da regio que abrigar indstrias consumidoras de insumos petroqumicos, termoplsticos e cadeias produtivas associadas. Decises locacionais para esse grupo de novas empresas induziro intenso e acelerado processo de mudanas, com desdobramentos relacionados a atributos e vulnerabilidades socioeconmicas, institucionais, ambientais e territoriais. A construo de cenrios de futuro, sob tal perspectiva, dever necessariamente considerar implicaes na dinmica rural de alguns dos principais municpios sob influncia do COMPERJ. Outra alterao decisiva sobre a dinmica de ocupao do solo de alguns dos municpios focalizados neste estudo - especificamente, Mag, Guapimirim e Itabora -, decorrem da implantao do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro (AMRJ), que consiste em um sistema rodovirio de ligao entre importantes eixos rodovirios do Estado, por meio de rodovias perpendiculares que visam integrao do Porto de Itagua ao Norte Fluminense (Figura 1).4

O CONLESTE formado por ...

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Efeitos projetados a curto e longo prazo sugerem a acelerao do processo de urbanizao das reas prximas ao AMRJ. Conforme apontado no relatrio Avaliao dos Impactos Logsticos e Socioeconmicos da Implantao do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro Resumo Executivo, alm do aumento do fluxo de transporte de carga em trechos da BR-101/RJ, BR-116/RJ e BR-040/RJ, com reduo dos custos de transporte, sua construo induzir a uma reordenao do espao urbano com efeitos sobre a urbanizao, mercado de trabalho e outras variveis scio econmicas (FIRJAN, 2008b:5). A incidncia dos impactos derivados das alteraes socioeconmicas estruturais sobre as dinmicas locais ainda no foi devidamente projetada. Aspectos crticos associados ao aumento dos custos de oportunidade da terra e mo-de-obra, e seus possveis efeitos sobre a economia rural convencional sugerem um reexame das polticas e programas de planejamento e gesto direcionadas para a regio, sem descartar a possibilidade de redefinio das estratgias de produo e formas de uso do solo, com nfase na capacidade adaptativa da agricultura familiar. A redefinio dos sistemas produtivos rurais da Amrica Latina, tem como demanda determinante uma maior eficincia socioeconmica, conforme observa Perico (2009). Contrastes entre territrios de paisagem, que caracterizam os espaos rurais, e territrios das pessoas, que reportam aos espaos urbanos, ganham evidncia nas polticas de planejamento e nos programas e aes setoriais direcionados a questes de segurana, excluso social, renda e desemprego, e de reduo das desigualdades regionais. Nesses territrios, a integrao dos espaos pressupe a desprimarizao da economia rural, na medida em que mais da metade da atual renda das populaes rurais depende de atividades noagropecurias. Maior diversificao da atividade econmica, do investimento e do consumo expressam diferentes formas de integrao econmica e de articulao de cadeias produtivas, que favorecem a agregao de valor. Tradicionalmente o rural foi definido em oposio ao urbano, bem como produo agrcola da produo industrial e de servios. Por um lado, foi visto como tendo uma dinmica prpria e por outro como sendo uma fonte de alimentos, matria prima e mo de obra para o mundo urbanoindustrial. Hoje, mesmo que esses aspectos possam ainda ser identificados, o rural assume uma dinmica bem distinta. Em primeiro lugar, as fronteiras entre o rural e o urbano tm ficado menos claras. Crescentemente, o rural beneficirio, tanto quanto o urbano, dos mesmos servios do Estado infraestrutura, meios de comunicao, sade, educao. Nesse processo, a distncia cultural entre o rural e urbano diminui. Essa integrao, por sua vez, traz maiores expectativas e tambm maiores custos. Para a maioria, a renda das atividades agrcolas se mostra cada vez menos capaz de cobrir os crescentes custos da integrao scio-poltico do mundo rural. Por outro lado, essa integrao que oferece maiores perspectivas de empregos alternativas ou suplementares, fazendo com que hoje em muitos casos a renda das atividades agrcolas se torna minoritria no oramental das famlias rurais. O prprio espao rural adquire novos usos, como objeto de lazer e de moradia da populao urbana. Isso traz, tambm, novas oportunidades de emprego, mas ao mesmo tempo aumenta o preo da terra o que pode abrir perspectivas de ganho de curto prazo mas ameaa inviabilizar as atividades agrcolas, pelo menos as atividades tradicionais

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no longo prazo. A crescente sofisticao da demanda, tanto na prpria zona rural quanto da nova classe mdia urbana, abre perspectivas para novas atividades rurais em torno de produtos de maior valor agregado. Algumas vezes, os agricultores tradicionais ou seus filhos, agora com mais educao, aproveitam dessas oportunidades. As maiores exigncias desse tipo de produo tambm estimulam a entrada de novos rurais com capacidade empresarial na produo agrcola. Ao mesmo tempo, os recursos rurais se tornam cada vez mais centrais para a sociedade como um todo como fonte de gua, de biodiversidade e de opes reais e factveis contra os efeitos de estufa. Aqui de novo, o rural incorpora novas atividades econmicas, agora relacionadas a servios ambientais. Este Perfil Rural/Agrcola dos municpios que sero diretamente impactados pelo COMPERJ se esfora para incorporar a complexa realidade que define o rural hoje. Este Diagnstico Preliminar parte de um enfoque regionalizado dos aspectos relevantes para a formulao do Perfil Rural/Agrcola dos municpios focalizados, visando aos seguintes objetivos:

Definir aportes para a sistematizao e difuso de conhecimentos e dados, algumas vezes dispersos e fragmentados, sobre as dinmicas rurais locais; Identificar programas, aes e iniciativas pblicas e privadas com rebatimento na gesto rural, implementados e em processo de implementao; Dimensionar potencialidades e vulnerabilidades que dizem respeito relevncia da produo rural na microeconomia local, regional e estadual, como parmetros auxiliares nos processos decisrios associados elaborao e implementao de programas e polticas voltadas para a gesto e o desenvolvimento rural; Sugerir uma abordagem regional do desenvolvimento rural desses municpios, a partir da caracterizao de componentes integrados s iniciativas produtivas locais, estratgias de conservao da biodiversidade, gesto hdrica, e possveis vulnerabilidades da produo rural, projetadas a partir dos impactos ambientais e sociais decorrentes do COMPERJ; Traar consideraes ponderadas quanto magnitude, tendncias e dinmicas dos atuais sistemas de produo rural, de modo a auxiliar no planejamento de aes e programas estratgicos de desenvolvimento local e reordenamento territorial.

Os resultados obtidos a partir dessa pesquisa foram sistematizados em dois relatrios sequenciais: o presente estudo, que consiste no Diagnstico Preliminar, e o Diagnstico de Tendncias, estudo conclusivo elaborado a partir dos dados reunidos no presente Diagnstico Preliminar, para o mapeamento de tendncias e ponderaes sobre a magnitude dos atuais sistemas de produo rural, estratgias de programas de planejamento e incentivos ao desenvolvimento local e reordenamento territorial. Os dados primrios e secundrios reunidos no presente estudo abrangem aspectos socioeconmicos, mais especificamente, sobre a dinmica da propriedade rural; e parmetros institucionais de

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regulao do uso do solo e de gesto dos recursos naturais que influenciam, muitas vezes de forma determinante, a lgica da produo rural de cada municpio. Nesse sentido, o presente estudo vem cumprir com as metas fixadas pelo Convnio de Cooperao Tcnica e Financeira celebrado entre a Rede de Desenvolvimento, Ensino e Sociedade (REDES) e a Fundao Banco do Brasil, no mbito do Programa Trabalho e Cidadania. Os propsitos vislumbrados convergem com os objetivos do Acordo de Cooperao Tcnica e Financeira firmado entre a Fundao Banco do Brasil e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social: promover o desenvolvimento territorial integrado, de forma inclusiva, atravs da estruturao de empreendimentos urbanos e rurais e suas cadeias produtivas; replicao de tecnologias sociais com foco na gerao de trabalho e renda, segurana alimentar e melhoria das condies de saneamento bsico, em colaborao com os governos federal, estaduais e municipais. Nossa equipe gostaria de expressar agradecimentos aos parceiros que colaboraram com a realizao deste estudo. Nosso reconhecimento especial ao apoio concedido por Alberico Mendona, Assessor da Presidncia da EMATER-RIO; Andra Franco de Oliveira, Gerncia de Geoprocessamento e Estudos Ambientais do Instituto Estadual do Ambiente INEA; Carlos Pereira, Prefeito de Tangu e Presidente do CONLESTE; Jos Marcelino Lima de Souza, Presidente da COOPERCRAMMA; Luiz Eutlio, Cia. do Leite (Cachoeiras de Macacu); Rodolfo Tavares, Presidente da FAERJ; Tin Almeida, coordenadora tcnica do projeto Oleiros & Olarias: Tradio da Arte Cermica de Itabora; Wilson Luiz Nicodemos, Supervisor Regional da EMATER; Sindicatos de Produtores Rurais; e Secretarias Municipais de Agricultura.

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I.

METODOLOGIA

O Perfil Rural/Agrcola de Municpios Diretamente Influenciados pelo COMPERJ consiste em mapeamento preliminar que objetiva conferir visibilidade a interesses, conflitos e expectativas sobre antigos e novos impasses associados ao desenvolvimento rural dos municpios em foco. Considerando que a abordagem do rural diz respeito a um conjunto de fatores que ultrapassam a mera contradio rural/urbano, ou a concepo estrita de agronegcio, dimension-lo implica considerar interfaces entre a produtividade rural face aos fatores econmicos, ambientais, culturais e sociais que constroem e consolidam identidades territoriais locais. Tais referncias agregam componentes associados aos ecossistemas de interesse em polticas de conservao, sistemas de gesto de bacias hidrogrficas, e outros programas e polticas que influenciam diretamente a conformao socioeconmica de gesto do territrio. Para tanto, focalizamos os diversos aspectos que norteiam a lgica da produo rural de cada municpio a partir do levantamento de informaes e dados secundrios e primrios que propiciassem olhar abrangente sobre as condies de uso e gesto desses territrios. Entre julho de 2010 e janeiro de 2011, foram levantadas e analisadas bases bibliogrficas e documentais disponveis referentes interface entre iniciativas produtivas, aspectos socioeconmicos e institucionais, estratgias de conservao da biodiversidade, gesto hdrica, zoneamento ambiental, e potenciais vulnerabilidades ambientais e sociais na regio de influncia do COMPERJ. No que confere ao perfil socioeconmico desses municpios, foram levantados os dados censitrios e demogrficos gerados pelo IBGE nos quatro ltimos censos demogrficos, Censo Agropecurio de 20065 e a pesquisa Produo Agrcola Municipal (IBGE, 2008), que constituem referncia quanto produtividade do setor agropecurio de cada municpio, em termos de ocupao territorial e produtividade dos estabelecimentos agropecurios. Para informaes complementares, foram analisados os Estudos Socioeconmicos dos Municpios do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ, 2009). Foram tambm consideradas as sries de evoluo dos PIBs municipais anuais do perodo 2002-2007, referentes s atividades do setor agropecurio. O Produto Interno Bruto dos municpios do Estado do Rio de Janeiro revela a distribuio regional da atividade econmica dos municpios fluminenses, e calculado pelo IBGE e a Fundao Centro Estadual de Estatsticas, Pesquisas e Formao de Servidores Pblicos do Rio de Janeiro (CEPERJ/CEEP). Para complementar e atualizar os cenrios do IBGE, foram considerados os dados constantes nas tabelas de Acompanhamento Sistemtico da Produo Agrcola ASPA, referentes ao perodo 20052009, disponibilizadas pela EMATER-Rio. O ASPA consiste em levantamento da produo comercial da propriedade rural de cada municpio. O levantamento dos dados era elaborado bimensalmente, com a participao de tcnicos do IBGE e Banco do Brasil, para subsidiar previses de safra e consolidao das colheitas em cada municpio. Atualmente, os levantamentos so realizados5

Ver detalhamento dos procedimentos adotados no endereo eletrnico http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/pesquisas/ca/default.asp?z=p&o=2#12, acessado em 10 de setembro de 2010.

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mensalmente, exclusivamente a partir dos levantamentos realizados nos escritrios locais da EMATER-Rio. Tambm foram tomados como referncia os dados gerados para anlise mensal do mercado atacadista de produtos hortigranjeiros do Sistema de Informao de Mercado Agrcola (SIMA), da PESAGRO-RIO6, para a Cesta do Mercado Atacadista do Rio de Janeiro. Trata-se de avaliao sobre a variao mensal dos produtos, especificando a contribuio dos principais municpios produtores, a partir da cesta de mercado dos produtos mais comercializados na CEASA. A ttulo ilustrativo, foram considerados dados da comercializao no ms de dezembro de 2009. Para obter cenrios de produo anual de cada municpio, foram levantados os dados relativos quantidade de produtos, por quilograma, comercializada em todas as unidades da CEASA, no perodo de 2005 a 2009. Contudo, os dados obtidos a partir dos relatrios de anlise mensal do SIMA e a quantidade de produtos produzida por municpio, atravs do banco de dados da CEASA, devem ser considerados com cautela, como referncia da produo agrcola municipal. Os valores obtidos a partir do relatrio mensal do SIMA, referente ao mes de dezembro de 2009, refletem influncias de inmeras variveis associadas periodicidade da safra de cada produto, podendo determinar variaes de preo significativas, mes a mes. Os dados referentes produo anual dos municpios, disponibilizados pelo Sistema CEASA, refletem outras discrepncias, no caso da comercializao de determinado produto ocorrer em outro municpio que no o de sua origem. Ou seja, um produto produzido em determinado municpio pode ser comercializado em outro municpio, onde recebe nota fiscal. Dessa forma, o lugar da comercializao passa a ser considerado como seu municpio de origem da produo. Segundo o Supervisor Regional da EMATER, Wilson Luiz Nicodemos, esta discrepncia pode ocorrer com alguma frequncia, em produtos como milho e banana. Tambm era verificada enquanto Itabora sediava o pavilho de beneficiamento de laranja (packing house), que recebia as produes oriundas dos municpios de Rio Bonito, Silva Jardim e Araruama, que eram comercializadas com nota fiscal de Itabora. Este pavilho de beneficiamento estava sediado na antiga fazenda CIAPAM, de 500 alqueires, localizada na atual rea de instalao do COMPERJ. Com base em tais ponderaes, os valores e nmeros disponibilizados so ilustrativos da atual dinmica da produo rural municipal, sugerindo maior aprofundamento analtico no que diz respeito expresso do estabelecimento agropecurio na economia local. Para uma viso abrangente da atual realidade socioambiental de cada municpio, incorporamos os resultados referentes vocao e viso de futuro, formulados atravs de diagnsticos participativos realizados por cada municpio, no mbito do projeto Agenda 21 Petrobras, com o envolvimento dos diversos segmentos locais (governo, empresas, ONGs e comunidades)7.

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Disponvel no endereo eletrnico http://www.pesagro.rj.gov.br/downloads/sima/cesta_sima_dez09.pdf, acessado em 19/11/2010.7

O detalhamento dos atores que participaram do processo e dos procedimentos adotados para a elaborao do diagnstico encontram-se disponveis no endereo eletrnico http://www.agenda21comperj.com.br/.

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Tambm cabe destacar o processo de definio dos objetivos, metas e indicadores, definidos em 2008 para a regio do CONLESTE, em alinhamento s Metas do Milnio, no mbito do Programa das Naes Unidas para os Assentamentos Humanos UM-HABITAT, com a participao do CONLESTE, Petrobrs e Universidade Federal Fluminense. O Programa busca estabelecer aproximao mxima dos indicadores sugeridos pela ONU, passveis de atualizao e reviso peridica, com srie histrica disponvel a partir de 1990 e metodologias consolidadas (UN-HABITAT, 2007). O projeto de observao internacional sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milnio da regio do COMPERJ abarca a constituio de um banco de dados georeferenciado com informaes socioeconmicas e ambientais, o desenvolvimento de competncias locais e regionais, acompanhamento dos indicadores,da evoluo das cadeias produtivas locais, fluxo escolar das redes pblicas de ensino, indicadores de sade materna, mortalidade infantil, doenas de maior incidncia e de violncia, evoluo dos assentamentos precrios, do uso e ocupao do solo, das condies de saneamento ambiental e das reas de preservao ambiental. Para o propsito deste diagnstico, o acesso a distintas bases de dados permite no apenas mapear as diversas abordagens disponveis, como dar visibilidade aos procedimentos adotados nos distintos levantamentos, de modo a permitir consideraes sobre os dados atualmente disponveis para dimensionar a dinmica produtiva do setor rural. Por meio de uma anlise sinttica dos ordenamentos institucionais municipais que norteiam as aes e polticas de desenvolvimento rural (Leis Orgnicas e Planos Diretores), foram esboadas correspondncias, algumas vezes precrias, entre preceitos normativos, estrutura administrativa e desdobramentos nas formas de organizao do rural. A sistematizao desse conjunto de dados e informaes foi complementada com o levantamento de informaes secundrias, obtidas por meio de entrevistas, visitas a campo e registro de imagens (fotos digitais, disponibilizadas em base digitalizada, reunidas no Banco de Imagens, que corresponde ao produto 2 deste estudo). As visitas a campo, realizadas entre julho e novembro de 2010, proporcionaram o reconhecimento dos atores e institucionalidades governamentais e no governamentais de cada municpio, tomando como referncia as secretarias municipais de agricultura, os sindicatos de produtores rurais e escritrios locais da EMATER-Rio. Foram realizados contatos com alguns produtores rurais, atravs de visitas a propriedades e em eventos agropecurios. Devido ao curto perodo de tempo disponvel para a realizao das visitas em todos os municpios, no foi possvel contatar diretamente todos os os atores relevantes. Para a composio desse conjunto de dados, em atendimento aos objetivos que orientam o presente estudo, foram gerados tres produtos complementares: o presente Diagnstico Preliminar, Banco de Imagens e o Diagnstico de Tendncias. No presente Diagnstico, so apresentados aspectos gerais e preliminares que caracterizam a regio, e que dizem respeito a potencialidades e vulnerabilidades da produo rural na microeconomia local e regional. Tambm so caracterizados os componentes associados a estratgias de conservao da

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biodiversidade, gesto hdrica, e possveis vulnerabilidades da produo rural, com detalhamento dos aspectos especficos de cada municpio. No estudo seguinte, que compreende o Diagnstico de Tendncias, so traados parmetros auxiliares, com base na anlise dos dados e informaes reunidas neste Diagnstico Preliminar. A partir dessa anlise, so apresentadas consideraes ponderadas quanto magnitude, tendncias e dinmicas dos atuais sistemas de produo rural. Tal abordagem busca auxiliar processos decisrios associados elaborao e implementao de programas e polticas voltadas para a gesto e o desenvolvimento rural, tendo em vista o exame das potencialidades e vulnerabilidades da produo rural na microeconomia local. Contudo, a elaborao deste Perfil Rural/Agrcola evidencia lacunas que sugerem aprofundamento complementar e revises, sobretudo, no que tange evoluo e tendncias no planejamento e gesto de polticas voltadas para o desenvolvimento rural da regio. A falta de uma base de dados integrada sobre o desenvolvimento rural do Estado do Rio de Janeiro atesta o carter preliminar e parcial do propsito de dar conta das diversas dimenses que definem o perfil rural do Estado. A insuficincia e, em alguns casos, a ausncia de dados e informaes atualizados e compartilhados para a construo de um cenrio integrado e preciso, conferiu desafios significativos no curto prazo de execuo deste estudo.

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II.

BREVE SNTESE DA DINMICA RURAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Ocupando cerca de 0,5% do territrio nacional, com 43.696,054 km2, o Estado do Rio de Janeiro o segundo plo industrial brasileiro. Cerca de 75% de seus 16 milhes de habitantes, segundo estimativa do IBGE para 2009, concentra-se na Regio Metropolitana, que abarca 17 de seus 92 municpios. Nos ltimos anos, o PIB dos municpios fluminenses indica desconcentrao espacial da atividade produtiva da Regio Metropolitana, cujo PIB revela-se preponderante, porm declinante, com 70,5% em 2007 e 67,8% em 2008. Por outro lado, verifica-se aumento do PIB das regies Norte Fluminense, Mdio Paraba e Baixadas Litorneas (CEPERJ, 2010). O Rio de Janeiro tambm o estado que abriga o maior percentual de remanescentes da Mata Atlntica em seu territrio: cerca de 870.271 ha, ou quase 20% de sua cobertura original (SOSMA/INPE, 2008). Parte dessas florestas esto protegidas, no interior de unidades de conservao federais, estaduais e municipais, enquanto outra grande parte encontra-se distribuda em pequenos fragmentos, localizados no interior de propriedades rurais. Segundo dados dos Censos do IBGE, entre 1970 e 2000, a populao rural do Estado apresentou reduo de 47,63%, enquanto sua populao urbana apresentou aumento de 278%. Entre 1995 e 2006, o Censo Agropecurio (IBGE, 2006) verificou reduo de 367.331 hectares, ou o equivalente a 15,2% da rea dos estabelecimentos agropecurios. Segundo o Coordenador de Comunicao da EMATER-Rio, Jorge Lopes8, 94% das propriedades rurais do Estado do Rio de Janeiro tm menos de 100 hectares. A participao da atividade agropecuria no PIB do Estado do Rio de Janeiro vem apresentando resultados decrescentes. Em 1995, seu percentual em relao ao PIB total foi de 0,81%, e em 2008, essa participao no ultrapassa 0,449. Os maiores PIBs por atividade econmica, do setor agropecurio, em 2008, foram verificados nos municpios do Rio de Janeiro (3,9%), Campos dos Goytacazes (6,22%), So Francisco de Itabapoana (4,12%), Sumidouro (4,79%), Terespolis (8,81) e Nova Fribrurgo (3,53%).

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Em matria intitulada Agronegcio: Agricultura familiar fazendo crescer o campo. Revista RIOECONOMIA, Ano 1, n2, set 2008, Instituto Magna (pg. 110).99

Percentual da participao das atividades econmicas no valor adicionado bruto a preo bsico, segundo os resultados dos projetos Contas Regionais do Brasil e PIB Municipal, desenvolvidos pelo IBGE atravs da metodologia de Contabilidade Social, que compatibiliza os valores estaduais e municipais com os clculos a nvel nacional. Disponvel no endereo eletrnico http://www.fesp.rj.gov.br/ceep/pib/pib.html, acessado em 22/11/2010.

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O setor agropecurio envolve mais de 400 mil pessoas, ocupando, aproximadamente, 20% do territrio. A maior intensidade da atividade agropecuria fluminense concentra-se na Regio Agropecuria dos Rios Pomba, Muria e Itabapoana; na Regio Serrana e na Regio do Mdio Paraba10. Nessas regies, destacam-se o cultivo de cana-de-acar em Campos dos Goytacazes; de hortalias, legumes e especiarias hortcolas, em Terespolis e Petrpolis; de flores e plantas ornamentais em Nova Friburgo, Terespolis e Petrpolis; e de frutas ctricas em Rio Bonito. Com base em informaes anteriores, oriundas da Relao Anual de Informaes Sociais (RAIS), produzidos para o ano de 2001 pela Secretaria de Polticas de Emprego e Salrio do Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE), as atividades de agricultura, pecuria, silvicultura, explorao florestal e servios associados a estas atividades registravam 21.605 empregos, ou 0,78% do total dos registros do Estado11. O Estado ocupa o 13 lugar no ranking da produo leiteira nacional, com taxa de crescimento inferior mdia de crescimento da produo nacional, e atendendo a apenas 20% da demanda fluminense. Valena, Itaperuna, Campos dos Goytacazes e Barra Mansa so os principais municpios produtores (FAERJ/SEBRAE, 2010). Diversos fatores associados explicam a pouca expressividade do setor agropecurio fluminense. Em maio de 2010, no 2 Congresso Rio Eco Rural, realizado em Nova Friburgo, pela Comisso de Agricultura, Pecuria e Polticas Rural, Agrria e Pesqueira da Assemblia Legislativa do Rio de Janeiro, foram discutidos os obstculos ao desenvolvimento do agronegcio fluminense. Os principais fatores identificados, e j analisados anteriormente por Giuliani & Castro (1996) e Costa & Clemente (2009), reportam aos seguintes aspectos:

Crescente presso do processo de urbanizao das reas perifricas metropolitanas, determinando grande presso social sobre a propriedade fundiria; Limites e descontinuidade dos programas federais e estaduais de incentivo agricultura; Restries climticas e de uso do solo; Falta de assistncia tcnica; Incertezas crnicas associadas ao processo de implantao de agroindstrias; Falta de estradas rurais de acesso s reas de produo; Deficincia de comunicao, incluindo telefonia e internet no campo;

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De acordo com o relatrio Produo Agrcola e Pecuria do Estado do Rio de Janeiro 1999/2004 (Gonalves, 2006).11

Dados disponveis no endereo eletrnico http://www.sebraerj.com.br/main.asp?TeamID=&ViewID=%7B5A3FD41C%2D34B5%2D4D2A%2D8C3C%2DB17 595518FEE%7D&params=itemID=%7B8EE62194%2DAFB4%2D4F1F%2DB4C0%2DABA64BC66AC6%7D%3B&UIP artUID=%7BA9795F38%2DD393%2D45C1%2D8663%2D487474ABA870%7D&u=u , acessado em 28/11/2010.

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Restries de acesso ao ensino fundamental, tcnico e mdio, para jovens e adultos.

Segundo Giuliani & Castro (op.cit.), a decadncia das culturas tradicionais foi acompanhada por um processo de diversificao da agricultura. Para a Federao da Agricultura, Pecuria e Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FAERJ) so consideradas reas estratgicas de planejamento a produo de eucalipto, a pesca, a pecuria leiteira, o caf e a cana-de-acar. As principais entidades governamentais e algumas organizaes dos agricultores , assim como suas esferas de atuao especficas, encontram-se identificadas no quadro abaixo:

Quadro 1. Principais entidades e organizaes atuantes no setor rural do Estado do Rio de Janeiro Entidade/Organizao Objetivos e rea de Interveno empresa responsvel pela assistncia tcnica e extenso rural no Estado do Rio de Janeiro, e tem como atribuies: Colaborar com os rgos competentes nos mbitos Federal, Estadual e Municipal, na formalizao e execuo de programas e projetos de Assistncia Tcnica e Extenso Rural do Estado do Rio de Janeiro; Planejar, coordenar e executar programas de assistncia tcnica e extenso rural, visando difuso de conhecimento de natureza tcnica, econmica e social, para aumento da produo e da produtividade agropecuria e a melhoria das condies de vida do meio rural do Estado do Rio de Janeiro; Pugnar pela preservao do meio ambiente, visando um equilbrio ecolgico entre homens, plantas e animais; Prestar, aos produtores rurais, servios necessrios produo agropecuria; Elaborar e propor planos, programas e projetos relativos s obras pblicas e de saneamento e acompanhar as aes referentes sua execuo. desenvolve alternativas tecnolgicas poupadoras de insumos para promover o aumento da produo e da produtividade, resguardando a necessidade de uma tecnologia adequada ao pequeno produtor para sua efetiva participao na economia estadual. As atividades so desenvolvidas em parcerias com outras instituies, nos laboratrios e reas das Estaes Experimentais de Seropdica, Paty do Alferes, Nova Friburgo, Itaocara e Campos. A Estao Experimental de Seropdica produz sementes bsicas de olercolas sob manejo orgnico, com certificao orgnica da Associao de Produtores Biolgicos do Estado do Rio de Janeiro ABIO. A produo de sementes orgnicas de espcies olercolas (tomate, alface, feijo-de-vagem, abbora, rcula, pimento, ervilha e quiabo) busca beneficiar primeira e diretamente os agricultores familiares, horticultores e consumidores.

EMATER RIO

Empresa de Pesquisa Agropecuria do Estado do Rio de Janeiro (PESAGRO RIO)

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Federao da Agricultura, Pecuria e Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FAERJ)

Superintendncia Regional do Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria (INCRA)

criada em 1951, integra o Sistema Sindical da Confederao da Agricultura e Pecuria do Brasil (CNA-Brasil), e a representao legal da Categoria Patronal Rural Fluminense. Em sua base esto os Sindicatos Rurais Patronais, formados por produtores rurais dos setores da agricultura, pecuria, pesca, extrativismo, florestal e da agroindstria ligada as atividades primrias. O rgo tem por misso implementar a reforma agrria, a democratizao do acesso terra com a criao e implantao de assentamentos rurais sustentveis, regularizao fundiria de terras pblicas, de forma participativa segundo princpios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia, contribuindo para a capacitao dos(as) assentados(as), o fomento da produo agro-ecolgica de alimentos e a insero nas cadeias produtivas.

O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), criado em 1996, visa o fortalecimento da agricultura familiar, mediante apoio tcnico e financeiro, para promover o desenvolvimento rural sustentvel, fortalecer a capacidade produtiva da agricultura familiar; contribuir para a gerao de emprego e renda nas reas rurais e melhorar a qualidade de vida dos agricultores familiares. So objetivos especficos do PRONAF promover o ajuste de polticas pblicas de acordo com a realidade dos agricultores familiares; viabilizar a infraestrutura necessria melhoria do desempenho produtivo dos agricultores familiares; elevar o nvel de profissionalizao dos agricultores familiares atravs do acesso aos novos padres de tecnologia e de gesto social; e estimular o acesso desses agricultores aos mercados de insumos e produtos. Os principais programas dirigidos para o desenvolvimento rural do Estado do Rio de Janeiro, no mbito da Secretaria de Agricultura, Pecuria, Pesca e Abastecimento encontram-se sumariamente descritos no Quadro 2, abaixo:

Quadro 2. Programas estruturantes do setor rural no Estado do Rio de JaneiroRio Gentica: melhoramento gentico dos rebanhos pecurios do Estado, democratizando o acesso tecnologia gentica e fazendo com que a qualidade e o resultado estejam ao alcance de todos. Entre os objetivos esto o aumento da produo; Rio Rural: para alternativas sustentveis de desenvolvimento a partir do planejamento e de interveno em microbacias hidrogrficas, para a recuperao da qualidade da gua, conservao do solo, recomposio da cobertura vegetal, infra-estrutura e saneamento rural, entre outros, com recursos do BIRD GEF, Governo do Estado, e a parceria de entidades ambientais; Estradas da Produo: para recuperao e manuteno das estradas vicinais das regies produtoras, facilitando o escoamento da produo e trnsito da populao rural; Sanidade Rio: Promoo, manuteno e recuperao da a sade dos animais e vegetais produzidos no Estado ou que transitam no territrio fluminense, para assegurar a qualidade da produo e a segurana alimentar da populao; Crdito Fundirio: oportunidades para trabalhadores rurais, arrendatrios, parceiros e meeiros, que no dispem de recursos, para adquirir a prpria terra para o desenvolvimento de atividades agrcolas; Eletrificao Total: Proporcionar condies para que a oferta de energia no meio rural seja generalizada,

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com utilizao de ICMS e financiamento da Eletrobrs. Programa Mais Alimentos: programa federal, com recursos do PRONAF, com o objetivo de equipar

e fortalecer a agricultura familiar brasileira. O Ministrio do Desenvolvimento Agrrio (MDA), tem como meta alcanar um excedente (o que quer dizer isso?) de produo de 18 milhes de toneladas por ano, atravs de uma linha de crdito de at R$ 100 mil para beneficiar um milho de produtores rurais at 2010, com um prazo de 10 anos para quitao, com 3 anos de carncia, e juros de 2% ao ano.

Cabe ressaltar que, a partir de 2010, o Programa RIO RURAL BIRD investir US$79 milhes em aes sustentveis em 270 microbacias hidrogrficas de 59 municpios at 2015, sendo US$39,5 milhes investidos pelo Estado do Rio de Janeiro e a outra metade financiada pelo Banco Internacional para a Reconstruo e o Desenvolvimento (BIRD). O Programa, j implementado nas Regies Norte e Noroeste fluminense, promover adequao dos sistemas produtivos e do apoio a atividades que visam elevar a produtividade e a competitividade da agricultura familiar. O foco das intervenes orientado para o desenvolvimento sustentvel do setor rural, visando diminuio das ameaas biodiversidade e aumento dos estoques de carbono na paisagem agrcola, invertendo o processo de degradao das terras em ecossistemas crticos da Mata Atlntica.

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III.

PERSPECTIVA REGIONAL DA DINMICA RURAL DOS MUNICPIOS SOB INFLUNCIA DO COMPERJ

III.1. Perfil Demogrfico e Extenso Territorial

A diviso territorial oficial do Estado do Rio de Janeiro, estabelecida pelo IBGE em 1997, define oito regies (Costa Verde, Mdio Paraba, Metropolitana, Baixadas Litorneas, Centro Sul-Fluminense, Serrana, Noroeste Fluminense e Norte Fluminense) que partilham de um conjunto similar de caractersticas territoriais, econmicas, sociais e ambientais. Este o modelo territorial adotado para a composio de cenrios e adoo de estratgias e polticas de planejamento. Sob esta configurao regional, os municpios considerados neste Perfil Rural/Agrcola integram duas regies administrativas do Estado do Rio de Janeiro, a Regio Metropolitana e a Regio das Baixadas Litorneas. A soma das reas dos oito municpios equivale a 4.135 km2, ou 9,46% do territrio fluminense. Com uma densidade demogrfica que corresponde metade da densidade da mdia do Estado do Rio de Janeiro, as populaes desses municpios totalizam 718.763 habitantes, ou 4,66% da populao fluminense, segundo estimativa do IBGE para 2009. A Tabela 1, abaixo, apresenta a populao de cada municpio, conforme estimativa do IBGE para 2007, assim como rea e densidade demogrfica mdia de cada municpio e o percentual total em relao ao Estado do Rio de Janeiro.

Tabela 1. rea, habitantes e densidade demogrfica dos municpios sob influncia direta do COMPERJ em relao ao Estado do Rio de Janeiro Estado/Municpio Estado do Rio de Janeiro Mag Guapimirim Itabora Tangu Cachoeira de Macacu Rio Bonito Silva Jardim Casimiro de Abreu Total dos Municpios rea em KM 43.696,0542

Habitantes 15.420.375

Densidade Demogrfica 2 (hab/km ) 352,90 632,98 137,80 540,08 207,69 59,93 119,15 23,69 66,31 173,82 (mdia dos municpios)

Regio Metropolitana 386 244.334 361 49.748 424 228.996 147 30.531 Regio da Baixada Litornea 956 57.300 462 55.051 938 22.230 461 30.572 4.135 718.763 9,46% do Estado 4,66% do Estado**

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Os dados evidenciam maior densidade demogrfica nos municpios da Regio Metropolitana, sobretudo em Mag e Itabora. Os maiores municpios em territrio e com as menores densidades demogrficas da regio, Cachoeiras de Macacu e Silva Jardim, esto localizados na Regio das Baixadas Litorneas.

III.2. Perfil Socioeconmico Para estimar as condies de pobreza da regio, o Relatrio de Acompanhamento 2007 dos Objetivos do Milnio (UN-HABITAT, 2007) considerou a extrapolao da varivel renda do Censo Demogrfico IBGE de 2000 para 2007, com base na variao do PIB de cada um dos 11 municpios do CONLESTE. Verificou-se, na regio, maior porcentagem de pobreza (23,24%) do que no Estado do Rio de Janeiro como um todo, com 18,78% (UN-HABITAT, 2007). O critrio utilizado foi definido pelo Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (IPEA), que estabelece para o Estado do Rio de Janeiro os seguintes valores, para o ano de 2000, para definir a linha da pobreza: R$117,34 (regio metropolitana), R$99,56 (regio urbana) e R$89,61 (regio no-urbana). Casimiro de Abreu apresentou nvel de pobreza reduzidos em relao mdia da regio, enquanto Itabora, Mag, Silva Jardim, Guapimirim e Tangu, apresentaram ndices superiores mdia, conforme exposto no Grafico X.

Grfico 1. Percentual da populao abaixo da linha de pobreza nos municpios do CONLESTE (2007)

Fonte: UN-HABITAT (2007:9)

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Ainda com base no Relatrio de Acompanhamento 2007 dos Objetivos do Milnio (UN-HABITAT, 2007), indicadores de mortalidade infantil revelam que os municpios de Guapimirim, Itabora, Mag e Rio Bonito apresentam taxas acima da mdia da regio, que de 14,92 por mil nascidos vivos. As menores taxas de mortalidade infantil foram encontradas nos municpios de Tangu e Silva Jardim, conforme exposto no Grfico X, a seguir. Esse indicador expressa condies de desenvolvimento socioeconmico e infraestrutura ambiental associadas desnutrio infantil e infeces associadas. Tambm reflete a qualidade dos recursos do setor de sade determinantes nesse tipo de mortalidade.

Grfico 2. Taxa de mortalidade infantil dos municpios do CONLESTE em 2007 (por 1.000 nascidos vivos)

Fonte: UN-HABITAT (2007:18)

O indicador referente incidncia de tuberculose, endemia diretamente associada a condies de desnutrio e pobreza revelou que os 13 municpios do CONLESTE apresentam taxa de incidncia de 75,54 por 100 mil habitantes, superior taxa do Estado do Rio de Janeiro, que era de 62,05 por 100 mil habitantes, em 2007. Mag e Rio Bonito encontravam-se acima do ndice do Estado, com 87,71 e 76,58 por 100 mil habitantes, respectivamente. Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Silva Jardim e Tangu apresentaram taxas inferiores mdia do Estado, conforme exposto no Grfico X, a seguir.

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Grfico 3. Taxa de incidncia de tuberculose nos municpios do CONLESTE em 2007 (por 100 mil habitantes)

III. 3. Populao Rural e Urbana O IBGE elabora projees anuais baseadas em contagens da populao e censos anteriores, atravs de recortes especficos, que no detalham, por exemplo, variaes de populaes rurais e urbanas, sobretudo no nvel municipal. Essas estimativas so tomadas como base de calculo para repasse de verbas do governo federal para os municpios, para subsidiar o Tribunal de Contas da Unio (TCU) no processo de fiscalizao. Neste tipo de avaliao indireta so comparadas cifras censitrias entre si e indicadores que representam a dinmica populacional calculados sobre a base dos prprios censos e/ou de outras fontes de dados (IBGE, 2008). As populaes rural e urbana do Estado do Rio de Janeiro e de cada um dos municpios focalizados neste estudo, segundo dados dos Censos do IBGE de 1970, 1980, 1991, 2000, encontram-se discriminadas na Tabela 2, abaixo. Entre 1970 e 2000, o Estado do Rio de Janeiro apresentou reduo de 47,63% de sua populao rural.

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Tabela 2. Populao Urbana e Rural do Estado do Rio de Janeiro e Municpios nos Censos de 1970, 1980, 1991 e 2001

Estado/ Municpio

1970

1980

Total 1991

2000(e mais recente?)14.391.282 48.543 22.152 37.952 187.479 205.830 49.691 21.265 26.057

19703.654.700 10.402 3.994 14.110 83.668 17.747 3.647 -

1980

Urbana 199112.199.641 32.036 30.386 147.249 172.255 27.165 9.793 -

200013.821.466 41.117 18.337 25.593 177.260 193.851 32.450 14.215 22.448

19701.088.184 23.391 12.805 51.802 29.355 16.687 13.543 -

Rural 1980* 1991*923.244 16.772 8.452 90.897 2.673 17.924 11.954 608.065 8.172 3.459 15.493 19.479 17.996 8.348 -

2000569.816 7.426 3.815 12.359 10.219 11.979 17.241 7.050 3.609

Rio de Janeiro 4.742.884 11.291.631 12.807.706 33.793 35.871 40.208 Cachoeiras de Macacu 16.799 22.161 33.845 Casimiro de Abreu Guapimirim 65.912 114.542 162.742 Itabora 113.023 166.603 191.734 Mag 34.434 40.038 45.161 Rio Bonito 17.190 16.828 18.141 Silva Jardim Tangu

10.368.387 19.099 13.709 23.645 163.930 22.114 4.874 -

Fonte: IBGE - Censos Demogrficos

*Os nmeros indicados pelos Censos de 1980 e 1991, para os municpios de Mag e Casimiro de Abreu, respectivamente, podem indicar possvel erro de levantamento no detectado na tabela de origem.

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Apesar do crescimento das populaes residentes nesses municpios, houve significativa reduo de suas populaes rurais, com exceo do municpio de Rio Bonito, que manteve a estabilidade de sua populao rural. Entre 1970 e 2000, Casimiro de Abreu e Itabora apresentaram reduo de, respectivamente, 70,2% e 80,28% de suas populaes rurais. Outras redues significativas, se comparadas ao crescimento da populao no mesmo perodo, tambm ocorreram em Cachoeiras de Macacu e Mag. Os municpios de Guapimirim e Tangu, criados em 1990 e 1997, respectivamente, participaram pela primeira vez do Censo do IBGE em 2000. A reduo da populao rural observada no Municpio de Itabora deve-se, dentre outros fatores, criao do Municpio de Tangu, a partir da emancipao do 5 Distrito de Itabora.

III.2. Outros Reordenamentos Regionais do Territrio Fluminense

O cenrio de influncia do COMPERJ considera que as influncias do empreendimento, no que diz respeito aos impactos do seu potencial produtivo afetam, de forma especfica, a Regio de Influncia Direta e a Regio de Influncia Indireta (FIRJAN, 2008). No mapa X abaixo, esto discriminados os municpios localizados na Regio de Influncia Direta (em amarelo) e os municpios localizados na Regio de Influncia Direta (em azul). No presente diagnstico, apenas os municpios de Silva Jardim e Casimiro de Abreu no esto situados na Regio de Influncia Direta.

Mapa 1. Municpios da Regio de Influncia Direta e Regio de Influencia Ampliada do COMPERJ

Fonte: FIRJAN (2008: 15)

As contnuas alteraes no ordenamento territorial fluminense apontam para uma concepo dinmica de sua configurao regional. Aspectos socioambientais, econmicos e tendncias de mudanas que caracterizam a dinmica de ocupao do territrio traduzem condies dispersas, reestruturaes e descontinuidades presentes no processo de desenvolvimento. Tais mudanas, sobretudo nas regies das Baixadas Litorneas e Serrana, foram atribudas intensificao do processo de urbanizao, expanso das atividades de lazer e turismo sobre as atividades de lavouras, e a mudanas associadas a novas tecnologias e cultivos em processo de expanso (Gonalves,2006)12.12

O relatrio Produo Agrcola e Pecuria do Estado do Rio de Janeiro 1999/2004 rene informaes sobre a estrutura, o desempenho do setor e sua insero na economia do estado.

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Mais recentemente, Saraa et all (2009) defendem que o processo de reordenamento espacial da economia fluminense sugere outra diviso regional, distinta do modelo oficial adotado pelo IBGE. Tal proposio reflete mudanas nas formas de ocupao do territrio e novas estruturas produtivas que redefinem as peculiaridades territoriais da economia fluminense, assim como estratgias regionais de conservao e de uso sustentvel dos recursos. Sob esta perspectiva, os municpios que integram este Perfil Rural/Agrcola comportam especificidades regionais de tres regies: Petrleo e Gs Natural, Urbano-Industrial e Turstica dos Lagos Fluminenses, cujas principais caractersticas so apresentadas na Tabela 3, a seguir13:

Tabela 3. Configurao regional alternativa dos municpios sob influncia direta do COMPERJ, segundo Saraa et all (2009)

Configurao regional (Saraa et all, 2009) Regio de Petrleo e Gs Natural

Especificidades Regionais

Regio UrbanoIndustrial

Regio Turstica dos Lagos Fluminenses

municpios afetados pelas atividades petrolferas da Bacia de Campos, com visvel crescimento demogrfico e urbanizao desordenada. Nos municpios mais elevados, como Casimiro de Abreu, encontram-se os maiores fragmentos florestais. So imprescindveis medidas de minimizao dos impactos das presses antrpicas sobre os municpios de base agrcola. nesses municpios est a maior concentrao populacional do Estado, embora sejam encontrados espaos rurais significativos ao norte e leste da Baa de Guanabara (Mag, Guapimirim, Cachoeiras de Macacu e Rio Bonito), assim como fragmentos florestais de maior extenso na Serra do Mar e Macios Costeiros. Nessas reas h decisiva correlao entre a conservao da cobertura florestal e proteo dos mananciais hdricos que abastecem as reas urbanas. Nas reas de baixada, manguezais e campos inundveis, so frequentes os impactos de eventos de derramamento de leo na Baa de Guanabara, que podem assumir propores mais crticas com a expanso do setor petroqumico na regio. nessa regio, as plancies aluviais passaram por obras de drenagem para assegurar a produo agrcola, sobretudo na Bacia do So Joo. A lagoa de Juturnaba, no municpio de Silva Jardim, atende ao abastecimento de gua da populao da regio. Apesar de sua vocao agrcola, Silva Jardim tende a se incorporar Regio Urbano-Industrial, por sua localizao estratgica na BR-101, a meio caminho da Bacia de Campos e da nova rea de processamento petroqumico, em Itabora.

13

Segundo Saraa et all (2009), tais regies abrangem os seguintes municpios: Regio de Petrleo e Gs Natural (Caperebus, Campos dos Goytacazes, Casimiro de Abreu, Conceio de Macabu, Maca, Quissam, Rio das Ostras, So Francisco de Itapaboana e So Joo da Barra); Regio Urbano-Industrial (Belford Roxo, Duque de Caxias, Cachoeiras de Macacu, Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Itabora, Mag, Rio Bonito, Tangu, Itagua, Japeri, Mesquita, Nilpolis, Niteri, Nova Iguau, Paracambi, Queimados, Rio de Janeiro, So Gonalo, So Joo de Meriti e Seropdica); e Regio Turstica dos Lagos Fluminenses (Araruama, Armao dos Bzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba Grande, Maric, So Pedro da Aldeia, Silva Jardim e Saquarema).

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As duas configuraes regionais para os municpios focalizados neste diagnstico encontram-se discriminadas na Tabela 4, abaixo:Tabela 4. Localizao dos municpios focalizados neste diagnstico segundo as divises regionais oficial e alternativa para o Estado do Rio de Janeiro Diviso Regional Alternativa Saraa et all (2009) 1.Regio de Petrleo e Gs Natural Casimiro de Abreu 2. Regio Urbano-Industrial Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Itabora, Mag, Rio Bonito, Tangu 3. Regio Turstica dos Lagos Fluminenses Silva Jardim Diviso Regional Oficial (IBGE, 1997) 1.Regio Metropolitana Itabora, Tangu, Guapimirim e Mag 2.Regio das Baixadas Litorneas Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Rio Bonito e Silva Jardim

Esses modelos de regionalizao no esgotam outras possveis configuraes estruturadas a partir de indicadores adotados para o planejamento turstico, gesto dos recursos hdricos, gesto e conservao da biodiversidade.

III.2.1. Regies Tursticas Segundo o Mapa das Regies Tursticas (PRODETUR, 2006), 03 regies tursticas abrangem os municpios considerados neste estudo: Costa do Sol, Caminhos da Mata e Serra Verde Imperial, conforme indicado na Tabela 5, a seguir.

Tabela 5. Localizao dos municpios diretamente influenciados pelo COMPERJ em relao s Regies Tursticas do Estado do Rio de Janeiro (Mapa das Regies Tursticas, 2006) Regio Turstica Costa do Sol Municpios Araruama, Armao dos Bzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Carapebus, Casimiro de Abreu, Iguaba Grande, Maca, Maric, Quissam, Rio das Ostras, So Pedro da Aldeia e Saquarema Itabora, Rio Bonito, So Gonalo, Silva Jardim e Tangu Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Nova Friburgo, Petrpolis e Terespolis*

Caminhos da Mata Serra Verde Imperial

* Em 2009, a formao original da regio Serra Verde Imperial foi reduzida, tendo sido excludo o municpio de Mag, dentre outros.

O Plano de Desenvolvimento Integrado e Sustentvel do Estado do Rio de Janeiro (PDITS, 2010), coordenado pela Fundao Getlio Vargas com objetivo de desenvolver e integrar os plos tursticos fluminenses no cenrio turstico nacional, configura o planejamento do turismo a partir de 12 regies tursticas prioritrias ou estratgicas.

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Segundo critrios adotados pelo PDITS (op.cit.), considerados fatores de atratividade, caracterstica da oferta turstica, estgio do ciclo de vida do destino e posicionamento geogrfico, foram considerados tres grupos estratgicos de municpios, em ordem de prioridade (A, B e C), visando ao desenvolvimento integrado dos plos tursticos Litoral e Serra. O municpio de Casimiro de Abreu um dos municpios estratgicos do grupo B (Plo Litoral), e os municpios de Cachoeiras de Macacu e Guapimirim foram considerados estratgicos no grupo C (Polo Serra).

III.2.2. Regies Hidrogrficas O Estado do Rio de Janeiro comporta 10 regies hidrogrficas para a execuo das polticas de gesto descentralizada, atravs dos comits de bacia, que tm poder consultivo, normativo e deliberativo. A configurao regional que baliza a Poltica Estadual de Recursos Hdricos contempla mecanismos de planejamento, por meio dos planos de recursos hdricos e enquadramento dos corpos de gua segundo seus usos preponderantes; mecanismos de outorga de direito de uso dos recursos hdricos e penalidades; e mecanismos de cobrana pelo uso dos recursos hdricos. Conforme exposto na Tabela 6, os municpios ora estudados situam-se nas seguintes regies hidrogrficas:

Tabela 6. Localizao dos municpios sob influncia direta do COMPERJ, segundo Regio Hidrogrfica Regio Hidrogrfica Baa de Guanabara Municpios Itabora, Tangu, Guapimirim e Mag; e parcialmente, Rio Bonito e Cachoeiras de Macacu. Silva Jardim; e parcialmente, Cachoeiras de Macacu, Rio Bonito e Casimiro de Abreu Parcialmente, Casimiro de Abreu

Lagos de So Joo Maca e das Ostras

O Estudo da Coordenadoria de Usos e Potencialidades Agrcolas da regio hidrogrfica dos rios Guapi-Macacu e Caceribu-Macacu, realizado no mbito do Projeto Macacu, (UFF)14, apresenta clculo da estimativa de demanda hdrica para a produo agrcola e pecuria dos municpios de Guapimirim, Cachoeiras de Macacu, Itabora, Rio Bonito, So Gonalo e Tangu.

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Disponvel no endereo eletrnico

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III.3. Gesto Ambiental e Dinmica Rural

Parmetros estabelecidos atravs de polticas ambientais balizam estratgias de sustentabilidade para a gesto territorial. Correlaes entre atividades rurais e efeitos sobre a biodiversidade podem ser mapeadas a partir das bases institucionais que definem princpios e diretrizes para as formas de uso e cobertura das terras nas bacias hidrogrficas desses municpios. A Lei 9.995/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservao (SNUC) estabelece parmetros de conservao e uso sustentvel dos recursos naturais protegidos, a partir das Reservas de Biosfera, Mosaicos, e unidades de conservao das categorias de proteo integral e uso sustentvel. Cada rea protegida impe implicaes especficas sobre as atividades econmicas realizadas nas reas de entorno (zonas de amortecimento de unidades de conservao de proteo integral) e planos de manejo de unidades de conservao, que contribuem para uma avaliao detalhada das condies socioambientais, em termos de ocupao do solo, sistemas hidrolgicos, crescimento demogrfico e levantamento bitico.

III.3.1. Unidades de Conservao federais, estaduais e municipais implantadas na regio A maioria dos municpios focalizados neste estudo encontra-se localizada nos espaos territoriais da APA de Guapimirim, APA da Bacia do Macacu e APA do Rio So Joo Mico-Leo-Dourado, implicando estratgias especficas de manejo e gesto sustentvel da rea rural, a serem tomadas como parmetro auxiliar para o presente Diagnstico. So objetivos bsicos das reas de Proteo Ambiental (APA) proteger a diversidade biolgica, disciplinar o processo de ocupao, assegurar a sustentabilidade dos recursos naturais. Nesse sentido, os planos de manejo dessas unidades de conservao definem bases de planejamento estratgico para nortear decises sobre formas de uso do solo e gesto territorial. O Zoneamento Agroecolgico15 da bacia hidrogrfica Guapi-Macacu, elaborado pelo Plano de Manejo da APA da Bacia do Rio Macacu (IBIO, 2009), indica a ocorrncia e distribuio de reas passveis de explorao agrcola sustentvel, bem como aquelas com necessidades especiais de recuperao e preservao (Tabela 9, abaixo). Alm disso, esses municpios abrigam diversas outras categorias de unidades de conservao, conforme exposto abaixo, e parte significativa da regio integra a Reserva da Biosfera da Mata Atlntica16, a maior reserva da Rede Mundial do Programa Sobre o Homem e a Biosfera da UNESCO, criada em 1991.15

A FAO (Organizao das Naes Unidas para Agricultura e Alimentao, 1997), define o Zoneamento Agroecolgico como zonas homogneas com base na combinao das caractersticas dos solos, da paisagem e do clima, em parmetros climticos e edficos dasculturas e no sistema de manejo adotado. Zoneamentos agroecolgicos promovem a organizao sistmica dos conhecimentos adquiridos sobre recursos naturais e scio-econmicos, e o estabelecimento das vocaes agroecolgicas dos geoambientes (Silva et al., 1993).16

O Conselho Estadual da RBMA-RJ (Decreto n42.151), reativado em 2009, constitudo, de forma paritria, por representaes do poder pblico e da sociedade civil organizada, e tem por misso orientar o poder pblico no estabelecimento de polticas, normas e procedimentos para a proteo e conservao da biodiversidade, promover a

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Sua rea total corresponde a 42% do territrio do estado, com cerca de 18.476 km2, que abrange quase 2/3 dos municpios fluminenses, conforme verifica-se no Mapa 2, abaixo. O zoneamento da RBMA define:

Quadro 3. Zoneamento da Reserva de Biosfera com funo de proteo da biodiversidade, Zonas Ncleo formada, basicamente, por unidades de conservao de proteo integral situadas no entorno das zonas ncleo, para Zonas de minimizar impactos negativos sobre as zonas Amortecimento ncleo e promover a qualidade de vida das e populaes da rea, especialmente as Conectividade comunidades tradicionais; e , destinadas s aes de monitoramento e educao para a integrao da Reserva da Biosfera com seu entorno (reas urbanas, industriais e agrcolas). Zona de Sob essa configurao, a RBMA abrange as Transio e condies de complexidade ambiental, social, Cooperao cultural e econmica, em uma viso de conjunto que enfatiza a flexibilidade e a participao social

A regio abriga um total de 58 unidades de conservao de proteo integral e uso sustentvel, federais, estaduais e municipais, conforme listado na Tabela 7. Importante destacar que as unidades de conservao exercem influncia em suas reas de entorno e zonas de amortecimento, de modo a integrar e compatibilizar sustentabilidade socioeconmica com a gesto da conservao da biodiversidade. Os municpios de Guapimirim, Mag, Itabora, Cachoeiras de Macacu e Silva Jardim encontram-se no domnio territorial do Mosaico da Mata Atlntica Central Fluminense (Portaria MMA N350, de 11 de dezembro de 2006), que ocupa rea total de cerca de 233.710 ha, distribuda em 13 municpios, sendo formado por 22 unidades de conservao e suas zonas de amortecimento.

difuso dos conhecimentos cientficos e tradicionais associados ao seu uso sustentvel e conservao, fomentar sua gesto participativa, atuar na cooperao internacional para projetos e programas de conservao no estado, articular setores governamentais e no governamentais.

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Mapa 2. Reserva de Biosfera da Mata Atlntica no Rio de Janeiro

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Mosaicos definem modelo de gesto integrada de um conjunto de unidades de conservao, com o objetivo de compatibilizar, integrar e aperfeioar as atividades desenvolvidas em cada unidade de conservao, assim como no planejamento e fiscalizao nas reas de fronteira e na regio do mosaico (Lino & Albuquerque, 2007). A regio abriga um total de 24 RPPNs federais e estaduais. Destas propriedades, 7 desenvolvem atividades agropecurias e 11 desenvolvem outras alternativas de produo sustentveis (apicultura, orgnicos, artesanato sustentvel, entre outros). Apenas 04 RPPNs foram criadas em grandes propriedades rurais, com mais de 400 hectares18. Silva Jardim o municpio fluminense com maior nmero de RPPNs, com um total de 22.

Tabela 7. Unidades de Conservao Federais, Estaduais e Municipais implantadas nos 8 Municpios* rea da UC no municpio (ha) 3.729 22.500 10.226 6.183 25 1.415 32.538 1.412 31 509 ha 472 20 60 977 1.214 2.734 1.897

UNIDADE DE CONSERVAO

Municpio Cachoeiras de Macacu Cachoeiras de Macacu Cachoeiras de Macacu Cachoeiras de Macacu Casimiro de Abreu Casimiro de Abreu Casimiro de Abreu Casimiro de Abreu Casimiro de Abreu Casimiro de Abreu Casimiro de Abreu Casimiro de Abreu Casimiro de Abreu Guapimirim Guapimirim Guapimirim Guapimirim

ESTACAO ECOLOGICA DO PARAISO PARQUE ESTADUAL DOS TRES PICOS APA DO MACACU APA DO SO JOAO MICO-LEAO-DOURADO RESERVA BIOLOGICA DE POO DAS ANTAS RESERVA BIOLOGICA UNIAO APA DO SO JOAO MICO-LEO- DOURADO APA MACAE DE CIMA RPPN Fazenda da Tis RPPN Fazenda Tres Marias RPPN Fazenda Bom Retiro RPPN Fazenda Crrego da Luz RPPN Matumbo ESEC GUANABARA ESEC PARAISO Parque Nacional da Serra dos rgos Parque Estadual dos Trs Picos18

Segundo dados disponibilizados pela Associao do Patrimnio Natural, organizao no governamental formada por proprietrios de RPPNS do Estado do Rio de Janeiro.

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APA GUAPIMIRIM APA PETROPOLIS APA MACACU ESTAO ECOLOGICA DA GUANABARA APA GUAPIMIRIM APA DO RIO MACACU PARQUE NACIONAL DA SERRA DOS ORGAOS APA GUAPMIRIM APA PETROPOLIS APA MACACU Reserva de Desenvolvimento Sustentvel Municipal Vu das Noivas APA Municipal Estrela APA Municipal Suru RPPN El Nagual RPPN Reserva Querencia RPPN Campo Escola Geraldo Hugo Nunes APA DO RIO SAO JOAO MICO LEAO DOURADO Parque Natural Municipal Verde Vale Parque Natural Municipal Morada dos Correas Parque Embratel 21 Parque Natural Municipal da Caixa Dgua RESERVA BIOLOGICA DE POO DAS ANTAS PARQUE ESTADUAL DOS TRES PICOS APA DO RIO SO JOAO MICO LEAO DOURADO RPPN Fazenda Arco ris RPPN Floresta Alta RPPN Gavies RPPN Granja Redeno RPPN Reserva Serra Grande RPPN Reserva Unio RPPN Stio Cachoeira Grande RPPN guas Vertentes RPPN Cachoeirinha RPPN Lenois RPPN Cisne Branco RPPN Quero-Quero RPPN Rabicho da Serra RPPN Taquaral RPPN Boa Esperana RPPN Santa F Parque Municipal Natural da Serra do Barboso

Guapimirim Guapimirim Guapimirim Itabora Itabora Itabora Mag Mag Mag Mag Mag Mag Mag Mag Mag Mag Rio Bonito Rio Bonito Rio Bonito Rio Bonito Rio Bonito Silva Jardim Silva Jardim Silva Jardim Silva Jardim Silva Jardim Silva Jardim Silva Jardim Silva Jardim Silva Jardim Silva Jardim Silva Jardim Silva Jardim Silva Jardim Silva Jardim Silva Jardim Silva Jardim Silva Jardim Silva Jardim Silva Jardim Tangu

3.366 3.076 3.003 744 1.016 771 1.847 892 10.148 25 3.760 4.372 14.100 17 6 21 9.900 13 6 3 1 5.021 3.403 82.077 46 524 117 34 250 343 14 12 24 18 5 16 62 17 39 32 878

*Dados da Subsecretaria de Poltica e Planejamento Ambiental da Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro

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III.3.2. A Regio na Distribuio do ICMS Ecolgico 2010

Vises de futuro acerca dos impactos e fragilidades associados aos efeitos do COMPERJ reportam s condies de infraestrutura socioambiental dos municpios focalizados neste estudo. Suas performances no rateio do ICMS Ecolgico19, principal instrumento de incentivo fiscal ao desenvolvimento sustentvel municipal, so definidas atravs do ndice Final de Conservao Ambiental (IFCA), calculado a partir de seis sub-ndices temticos, com os seguintes pesos:

Tratamento de Esgoto: 20% Destinao de Lixo: 20% Remediao de Vazadouros: 5% Manaciais de Abastecimento: 10% reas Protegidas - todas as Unidades de Conservao UC: 36% reas Protegidas Municipais - apenas as UCs Municipais: 9%

A incluso de dados ambientais entre os critrios de distribuio do ICMS proporcionalmente redimensionada com base nos ndices percentuais de populao, de rea e de receita prpria dos municpios. Dependendo do tipo de poltica que adotar em prol do meio ambiente, o municpio ter direito a maior repasse do imposto, composto da seguinte forma: 45% para unidades de conservao; 30% para qualidade da gua; e 25% para a administrao dos resduos slidos. As prefeituras que criarem suas prprias unidades de conservao tm acesso a 20% dos 45% destinados manuteno de reas protegidas. Segundo os dados da Subsecretaria de Poltica e Planejamento Ambiental da Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro, referentes aos componentes requeridos para o pleno acesso do municpio aos recursos do ICMS Ecolgico20, todos os municpios contam com rgo executor da poltica ambiental e conselho municipal de meio ambiente. Apenas o municpio de Guapimirim no conta com Fundo Municipal de Meio Ambiente, e apenas o municpio de Casimiro de Abreu dispe de guarda municipal.19

No Brasil, o instrumento vem sendo implementado pelos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Roraima, Acre, Amazonas, Tocantins, Piau, Cear, Pernambuco, Minas Gerais, So Paulo, Paran, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Em 1995, o ICMS Ecolgico foi considerado pela IUCN como uma das sete experincias exitosas para a conservao da biodiversidade, na Amrica Latina e no Caribe. Em 1996, a Fundao Getlio Vargas incluiu o instrumento entre as cem experincias mais importantes em administrao pblica no Brasil. Tambm foi considerado pelo Ministrio do Meio Ambiente como uma das cem experincias exitosas em gesto ambiental para o desenvolvimento sustentvel, durante a Rio+5. Neste mesmo ano, em 1997, recebeu o prmio Henry Ford de Conservao Ambiental, na Categoria Negcios em Conservao, organizado pela Conservao Internacional do Brasil CI, com apoio da Ford do Brasil Ltda.20

No Estado do Rio de Janeiro, a Lei do ICMS Ecolgico (N 5.100/2007), regulamentada pelo Decreto N41.844/2009, define como componentes requeridos dos municpios a implementao do Sistema Municipal de Meio Ambiente, no que diz respeito existncia de rgo gestor da poltica ambiental; conselho municipal de meio ambiente; fundo municipal de meio ambiente e guarda municipal.

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Em 2010, o montante do repasse de ICMS Ecolgico aos municpios fluminenses foi estimado em R$ 73 milhes. A Tabela 8 apresenta a distribuio desses recursos na regio, especificando a destinao de recursos para cada um dos critrios de gesto ambiental, referentes ao ano de 2010. Cabe ressaltar que Cachoeiras de Macacu o primeiro colocado e Silva Jardim ocupa a quarta posio no ranking dos municpios fluminenses beneficiados pelo mecanismo. Observa-se, entretanto, que a maioria desses municpios no apresenta critrios de pontuao em ndices temticos decisivos para seu desenvolvimento sustentvel, tais como tratamento de esgoto e remediao de vazadouros.

Tabela 8. Performance dos municpios sob influncia direta do COMPERJ nos critrios de distribuio do ICMS-Ecolgico 2010 (R$ 1,00)Municpio Cachoeiras de Macacu Casimiro de Abreu Guapimirim Itabora Mag Rio Bonito Silva Jardim Tangu Valor do Repasse Mananciais de abastecimento Tratamento de esgoto Destinao de lixo Remediao de vazadouros Unidades de Conservao Ucs municipais

3.140.122 1.694.089 1.899.057 493.949 1.506.177 617.568 2.927.546 497.053

1.351.187 283.884 450.199 72.247 2.907 229.721 803.679 -

49.023 646.453 62.618

491.006 147.302 98.201 98.201

107.588 107.588 -

1.788.935 919.200 1.448.858 117.789 881.403 178.443 1.477.414 101.540

621.867 3.615 230.152

Dados da Subsecretaria de Poltica e Planejamento Ambiental da Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro

III.3.3. Gesto ambiental: principais aes regionais governamentais e no governamentais

Fundo de Boas Prticas Socioambientais em Microbacias (FUNBOAS): institudo pelo Comit de Bacia Lagos-So Joo, foi eleito o melhor projeto no Prmio de Boas Prticas do Consrcio Intermunicipal de Desenvolvimento da Regio Leste Fluminense (CONLESTE), promovido pelo Programa das Naes Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF), o Centro de Informaes do Complexo Petroqumico do Rio de Janeiro (COMPERJ) e o CONLESTE. O projeto piloto do FUNBOAS, em Silva Jardim, selecionou seis pequenos agricultores localizados na microbacia do rio Cambucais contribuinte da Barragem de Juturnaba para ter acesso ao Fundo, com cotas de cinco mil reais, a ttulo de incentivo por servios ambientais, em razo de suas prticas de conservao ambiental, tais como a produo agroflorestal, saneamento, plantio de mata ciliar etc. Os progressos alavancados pelo fundo sero objeto de monitoramento e avaliao.

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PERFIL RURAL /AGRCOLA DE MUNICPIOS DIRETAMENTE INFLUENCIADOS PELO COMPERJ

Os pequenos produtores dessas reas que se candidatam a acessar o FUNBOAS so avaliados, e quando alcanam 50% de boas prticas scio-ambientais podem dispor dos recursos para melhorar o manejo da paisagem. Aos classificados acima de 70% facultada a utilizao de parte dos recursos para melhoria da gerao de renda e da qualidade de vida. Os recursos repassados pelo FUNBOAS so a fundo perdido e os produtores podem acess-lo a cada dois anos, desde que tenham melhorado sua avaliao do nvel de boas prticas socioambientais. O FUNBOAS est alinhado com o Programa Estadual de Microbacias, adotando seus critrios de seleo das reas prioritrias. O fundo formado com um percentual do pagamento pelo uso da gua da bacia, mas ele aberto e pode receber contribuio de ONGs, empresas e outros parceiros.

Recuperao da Populao de Micos-Lees-Dourados: desde o incio da dcada de 90, a Associao Mico-Leo-Dourado (AMLD), ONG com sede em Casimiro de Abreu, desenvolve programas de recuperao da populao de micos-lees-dourados na Bacia do Rio So Joo. O objetivo consiste em alcanar a meta de repovoamento mnimo de 2.000 espcimes, at 2025, nas unidades de conservao dos municpios de Casimiro de Abreu e Silva Jardim (Reserva Biolgica Unio, Reserva Biolgica de Poo das Antas e rea de Proteo Ambiental da Bacia do So Joo/Mico-Leo-Dourado), e atravs da criao de corredores de conexo entre os fragmentos florestais existentes em propriedades rurais (Oliveira et all, 2008). Em cinco regies prioritrias distritos de Imba, Bananeiras e Aldeia Velha, em Silva Jardim, e localidades de Matumbo e Morro de So Joo, em Casimiro de Abreu -, a participao ativa dos proprietrios rurais vem sendo conduzida por uma linha de incentivo criao de RPPNs, implantao de corredores florestais, averbao de reservas legais, recuperao de reas de preservao permanente (APPs) e desenvolvimento do ecoturismo (ver Quadro 3).

Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentvel em Microbacias Hidrogrficas do Estado do Rio de Janeiro - RIO RURAL BIRD: a partir de 2010, o RIO RURAL BIRD promover adequao dos sistemas produt