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1 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Ubatuba BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................. 5 2 - OBJETIVOS DO DIAGNÓSTICO ................................................................................................................................ 6 3 - CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO.............................................................................................................. 6 3.1 - Inserção Regional do Município de Ubatuba .......................................................................... 6 3.2.1 - Crescimento populacional ................................................................................................ 9 3.2.2 - Caracterização Etária e Étnica da População ................................................................. 14 3.3 – Perfis das Rendas Domiciliares e dos Responsáveis pelos Domicílios.................................. 20 3.4 – Domicílios de Uso Ocasional................................................................................................. 26 3.5 – Caracterização da População Flutuante ............................................................................... 34 4. INSTITUCIONALIDADE E DINÂMICA SÓCIO POLÍTICA ............................................................................................ 37 4.1. Relações sociopolíticas em Ubatuba ...................................................................................... 37 4.1.1. A organização e articulação da Sociedade Civil............................................................... 37 4.1.2 Agenda 21......................................................................................................................... 49 4.1.3 Os Espaços de Gestão Participativa.................................................................................. 49 4.2 Leitura Comunitária: Visão do Município e os Desafios para o Desenvolvimento Sustentável75 4.2.1. Gestão Pública e Políticas Públicas em Ubatuba............................................................. 75 4.2.2. A visão sobre a Petrobras no Município.......................................................................... 81 4.2.3. O TURISMO – Potencialidade pouco explorada .............................................................. 83 4.2.5. POTENCIALIDADES E DESAFIOS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ................ 84 4.3. Conclusões e Aspectos Relevantes......................................................................................... 94 5. DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ........................................................................................................................ 97 5.1. Introdução .............................................................................................................................. 97 5.2. Mercado Produtivo - Produção de Bens e Serviços ............................................................. 102 5.2.1. Informações Gerais ....................................................................................................... 102 5.2.2. A estrutura produtiva da economia local ...................................................................... 109 5.2.3. Rede Petros Baia de Santos ........................................................................................... 113 5.2.4 - Infraestrutura ............................................................................................................... 115 5.2.5 Turismo e Pesca .............................................................................................................. 116 5.2.6 Agentes de apoio para o desenvolvimento econômico no município e os investimentos em Infraestrutura Previstos........................................................................................................... 119 5.2.7 - Infraestrutura e mercado de carbono: as potencialidades da economia verde nos municípios da Baixada Santista e Litoral Norte Paulista................................................................................. 120 5.3. Mercado de Trabalho ........................................................................................................... 122 5.3.1 Qualificação Profissional ................................................................................................ 122 5.3.2 - Informalidade do mercado de trabalho: ...................................................................... 125

Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Ubatubalitoralsustentavel.org.br/wp-content/uploads/2013/04/1.-Ubatuba_19... · 10.3 – Promoção pública de habitação de interesse

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    Convnio Petrobras Instituto Plis | Relatrio n 6

    Diagnstico Urbano Socioambiental | Municpio de Ubatuba

    BASE DAS INFORMAES: AT 2012 REVISO DE MARO DE 2013

    INTRODUO .............................................................................................................................................................. 5

    2 - OBJETIVOS DO DIAGNSTICO ................................................................................................................................ 6

    3 - CARACTERIZAO GERAL DO MUNICPIO .............................................................................................................. 6

    3.1 - Insero Regional do Municpio de Ubatuba .......................................................................... 6 3.2.1 - Crescimento populacional ................................................................................................ 9

    3.2.2 - Caracterizao Etria e tnica da Populao ................................................................. 14

    3.3 Perfis das Rendas Domiciliares e dos Responsveis pelos Domiclios.................................. 20 3.4 Domiclios de Uso Ocasional................................................................................................. 26 3.5 Caracterizao da Populao Flutuante ............................................................................... 34

    4. INSTITUCIONALIDADE E DINMICA SCIO POLTICA ............................................................................................ 37

    4.1. Relaes sociopolticas em Ubatuba ...................................................................................... 37 4.1.1. A organizao e articulao da Sociedade Civil ............................................................... 37

    4.1.2 Agenda 21 ......................................................................................................................... 49

    4.1.3 Os Espaos de Gesto Participativa.................................................................................. 49

    4.2 Leitura Comunitria: Viso do Municpio e os Desafios para o Desenvolvimento Sustentvel75 4.2.1. Gesto Pblica e Polticas Pblicas em Ubatuba ............................................................. 75

    4.2.2. A viso sobre a Petrobras no Municpio .......................................................................... 81

    4.2.3. O TURISMO Potencialidade pouco explorada .............................................................. 83

    4.2.5. POTENCIALIDADES E DESAFIOS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL ................ 84

    4.3. Concluses e Aspectos Relevantes ......................................................................................... 94 5. DESENVOLVIMENTO ECONMICO ........................................................................................................................ 97

    5.1. Introduo .............................................................................................................................. 97 5.2. Mercado Produtivo - Produo de Bens e Servios ............................................................. 102

    5.2.1. Informaes Gerais ....................................................................................................... 102

    5.2.2. A estrutura produtiva da economia local ...................................................................... 109

    5.2.3. Rede Petros Baia de Santos ........................................................................................... 113

    5.2.4 - Infraestrutura ............................................................................................................... 115

    5.2.5 Turismo e Pesca .............................................................................................................. 116

    5.2.6 Agentes de apoio para o desenvolvimento econmico no municpio e os investimentos em Infraestrutura Previstos........................................................................................................... 119

    5.2.7 - Infraestrutura e mercado de carbono: as potencialidades da economia verde nos municpios da Baixada Santista e Litoral Norte Paulista................................................................................. 120

    5.3. Mercado de Trabalho ........................................................................................................... 122 5.3.1 Qualificao Profissional ................................................................................................ 122

    5.3.2 - Informalidade do mercado de trabalho: ...................................................................... 125

  • 5.4. Consideraes finais ............................................................................................................. 132 6 - ORDENAMENTO TERRITORIAL ........................................................................................................................... 134

    6.1. Evoluo da Mancha Urbana entre 1970 e 2010 ................................................................. 134 6.2. - Regulao dos princpios e diretrizes de poltica urbana e ordenamento territorial ........ 139

    6.2.1. Regulao do ordenamento territorial ......................................................................... 142

    6.2.2. Ubatuba e o Zoneamento Ecolgico-Econmico do Litoral Norte ................................ 144

    6.3. Regulao das reas de Expanso Urbana ........................................................................... 145 6.4. reas Potenciais para Ocupao Urbana ............................................................................. 147 6.5 Bens da Unio no Municpio de Ubatuba .............................................................................. 149 6.6. Dinmica Imobiliria ............................................................................................................. 152

    6.6.1 - Empreendimentos Imobilirios Verticais ..................................................................... 152

    6.6.2 - Regulao dos Empreendimentos Imobilirios Verticais ............................................. 161

    6.6.3 - Loteamentos e Condomnios Horizontais .................................................................... 163

    6.6.4 - Regulao dos Loteamentos e Condomnios horizontais ............................................ 170

    6.7. Imveis Pblicos ................................................................................................................... 172 6.7.1 Regulao dos Bens da Unio nas Legislaes Municipais e Federais ........................... 172

    6.8. Bens da Unio no Municpio ................................................................................................ 176 6.8.1. Praias, terrenos de marinha e seus acrescidos ................................................................................. 176

    6.9. Patrimnio Histrico Cultural ............................................................................................... 177 7 - ESPAOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS .................................................................................... 180

    7.1. Unidades de conservao institudas no Municpio de Ubatuba ......................................... 180 7.2. Parque Estadual da Serra do Mar ......................................................................................... 183 7.3. O Ncleo Picinguaba do PESM ............................................................................................. 184 7.4. Sobreposio entre o Parque Estadual da Serra do Mar (PESM) e o Parque Nacional da Serra da Bocaina (PNSB) .......................................................................................................................................... 243 7.5. APA Marinha Litoral Norte (APAMLN) ................................................................................. 244 7.6. Estao Ecolgica de Tupinambs ........................................................................................ 272 7.7. Parque Estadual da Ilha Anchieta (PEIA) .............................................................................. 281 7.8. Ocupao urbana em reas de Preservao Permanente .................................................. 296

    7.8.1. Aspectos conceituais ..................................................................................................... 296

    7.8.2. Caractersticas, condies e pontos crticos nas reas de preservao permanente ... 301

    7.9. reas naturais tombadas...................................................................................................... 306 7.9.1. Aspectos conceituais ..................................................................................................... 306

    7.9.2. reas Naturais Tombadas (ANT) no Municpio de Ubatuba ......................................... 306

    7.9.3. Caractersticas, condies e pontos crticos das reas naturais tombadas em Ubatuba311

    8 - GRANDES EQUIPAMENTOS DE INFRAESTRUTURA E LOGSTICA ........................................................................ 313

    8.1. Equipamentos em municpios vizinhos impactantes no municpio. .................................... 313 8.2. Legislao municipal de avaliao de impacto ..................................................................... 320

    9. MOBILIDADE URBANA E REGIONAL .................................................................................................................... 321

    9.1 Demandas por Transportes Coletivos e Melhorias nas Condies de Mobilidade ............... 321 9.1.1 Transporte coletivo municipal ........................................................................................ 325

    9.1.2 Transporte coletivo Intermunicipal ................................................................................ 325

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    Convnio Petrobras Instituto Plis | Relatrio n 6

    Diagnstico Urbano Socioambiental | Municpio de Ubatuba

    BASE DAS INFORMAES: AT 2012 REVISO DE MARO DE 2013

    9.1.3 Cobertura do sistema de transportes ciclovirios .......................................................... 325

    9.2. A Legislao Municipal e a Mobilidade Urbana e Regional .................................................. 325 10. HABITAO E REGULARIZAO FUNDIRIA ..................................................................................................... 327

    10.1 - Assentamentos precrios e informais ............................................................................... 328 10.2 - Necessidades Habitacionais no Municpio de Ubatuba .................................................... 340

    10.2.1 - Dimensionamento da Demanda Prioritria Por Novas Moradias no Municpio de Ubatuba 342

    10.2.2 - Dimensionamento das Moradias Precrias Existentes no Municpio de Ubatuba .... 342

    10.2.3 - Dimensionamento das Demandas Futuras por Novas Moradias no Municpio de Ubatuba 345

    10.3 Promoo pblica de habitao de interesse social ........................................................ 345 10.3.1. Promoo pblica na produo de novas unidades ................................................... 345

    10.3.2. Promoo pblica na regularizao fundiria, urbanizao e melhoria habitacional 348

    10.4. Pontos crticos no atendimento habitacional .................................................................... 350 10.5. A legislao Municipal e a Questo Habitacional............................................................... 351

    11. SANEAMENTO AMBIENTAL ............................................................................................................................... 353

    11.1 O Sistema de Abastecimento de gua Potvel no Municpio de Ubatuba ...................... 353 11.2 O Sistema de Coleta e Tratamento de Esgotos do Municpio de Ubatuba ...................... 387

    11.2.1 Demandas por Sistemas de Coleta e Tratamento de Esgoto .................................... 387

    11.2.2 - Caracterizao dos Sistemas de Coleta e Tratamento de Esgoto de Ubatuba Existentes e Propostos ................................................................................................................................................. 393

    11.3 - Problemas de drenagem urbana ...................................................................................... 433 11.4. Resduos Slidos ................................................................................................................. 437

    11.4.3 Sistema de coleta, tratamento e destinao convencional ......................................... 437

    11.4.4 Sistema de coleta, tratamento e destinao seletiva .................................................. 437

    11.4.5 Passivo ambiental ......................................................................................................... 439

    11.4.6 Planejamento da Gesto .............................................................................................. 440

    11.4.7 Oramento.................................................................................................................... 440

    11.4.8 Anlise das diretrizes da PNRS cotejando com as aes em andamento .................... 441

    11.4.9 Aes e perspectivas de implantao de sistema de coleta seletiva e logstica reversa441

    11.4.10 Coleta, tratamento e destinao de resduos de sade e da construo civil ........... 444

    11.5. Saneamento e resduos slidos na legislao municipal.................................................... 444 12. SADE E DA SEGURANA ALIMENTAR .............................................................................................................. 447

    12.1. Segurana Alimentar e Nutricional SAN ......................................................................... 447 12.1.1. Rede Operacional de Programas - polticas, programas e aes do setor pblico municipal e sociedade civil segundo os seguintes eixos: acesso alimentao; produo e abastecimento agroalimentar; educao, formao e cultura alimentar; povos e comunidades tradicionais; alimentao e nutrio no nvel da sade. ................................................................................................................................. 448

  • 12.1.2. Sistema de ao poltica conselhos, conferncias e orgointersetorial .................. 461

    12.1.3. Consideraes finais .................................................................................................... 466

    12.2. Sade .................................................................................................................................. 468 12.2.1. Situao de Sade ....................................................................................................... 468

    12.2.2. Diagnstico dos Servios de Sade e dos atendimentos ............................................ 470

    12.2.3. Princpios e Diretrizes Polticas do SUS em Ubatuba .................................................. 473

    12.2.4. O desempenho do SUS-Ubatuba: o IDSUS .................................................................. 481

    12.2.5. Os gastos e investimentos em sade .......................................................................... 482

    12.2.6. Consideraes e aspectos relevantes: os desafios da sade em Ubatuba ................. 483

    13. CULTURA ............................................................................................................................................................ 484

    13.1 Breve histrico..................................................................................................................... 484 13.2 Caracterizao cultural ........................................................................................................ 485 13.3 Comunidades Tradicionais .................................................................................................. 487

    13.3.1 Quilombos de Ubatuba ................................................................................................ 488

    13.3.2 Aldeias Indgenas .......................................................................................................... 496

    13.3.3 Caiaras ........................................................................................................................ 498

    13.4 Gesto cultural do municpio .............................................................................................. 499 13.5 Regulao, Preservao e Uso dos Imveis de Interesse Histrico e Cultural do Municpio.501 13.6 Desafios e potencialidades .................................................................................................. 502

    14. SEGURANA PBLICA ........................................................................................................................................ 503

    14.1 Introduo ........................................................................................................................... 504 14.2 Ubatuba e um quadro geral da criminalidade .................................................................... 504 14.3 Raio X institucional e Marco Legal: primeiros apontamentos ............................................ 514 14.4 Percepo de outros atores do cenrio da Segurana Pblica no municpio ..................... 517 14.5 Consideraes finais ............................................................................................................ 518

    15. FINANAS PBLICAS .......................................................................................................................................... 518

    15.1 O Oramento de Ubatuba - 2010 ........................................................................................ 519 15.2 Receita Oramentria .......................................................................................................... 519

    15.2.1 Receitas Correntes ....................................................................................................... 521

    15.2.2 Receitas de Capital ....................................................................................................... 523

    15.2.3 Receitas Intra Oramentrias ....................................................................................... 524

    15.2.4 Deduo da Receita Corrente ...................................................................................... 524

    15.3 Transferncias de Convnios ............................................................................................... 524 15.3.1 Convnios com o Governo Federal .............................................................................. 524

    15.3.2 Convnios com o Governo do Estado de So Paulo ..................................................... 525

    15.3.3 Operaes de Crdito Caixa Econmica Federal CEF ............................................. 525

    15.4 Despesa Oramentria ........................................................................................................ 526 16. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................................... 537

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    Convnio Petrobras Instituto Plis | Relatrio n 6

    Diagnstico Urbano Socioambiental | Municpio de Ubatuba

    BASE DAS INFORMAES: AT 2012 REVISO DE MARO DE 2013

    INTRODUO

    O presente relatrio apresenta um conjunto de leituras tcnicas sobre as condies e tendncias urbanas e socioambientais do Municpio de UBATUBA

    As leituras sobre as condies urbansticas e socioambientais apresentadas neste relatrio esto articuladas com anlises sobre diferentes aspectos como, por exemplo, o desenvolvimento econmico, a cultura, a segurana alimentar e nutricional, a sade, a segurana pblica, as finanas publicas entre outros. Tais leituras esto articuladas tambm com um exame detido sobre marcos jurdicos relativos s polticas pblicas que incidem nos espaos territoriais daquele Municpio, bem como com a viso de moradores e representantes de entidades sobre o municpio. Os marcos regulatrios e conceituais a nvel federal e estadual foramm tratados no volume 1 do relatrio, e os temas e questes no mbito regional, sero tratados em relatrio especifico.

    Este relatrio faz parte de um conjunto de estudos que abrangem as realidades de 13 municpios do litoral paulista que esto sendo analisados no mbito do convnio entre a Petrobras e o Instituto Polis. Esses relatrios municipais devero servir como base para a consolidao de um estudo regional. Como posto adiante, todos esses estudos tem como objetivo principal formular programas de desenvolvimento local e regional considerando as transformaes que podero ocorrer no litoral paulista em funo de diversos projetos e obras de impacto tais como as exploraes de petrleo e gs nas camadas do pr sal, a ampliao ods portos, duplicao de rodovias, entre outros.

    A organizao dos contedos do presente relatrio segue uma estrutura bsica, constituda pelos seguintes componentes:

    - caracterizao geral do municpio a partir dos seguintes aspectos: (i) insero regional; (ii) dinmicas populacionais, inclusive da populao flutuante; (iii) domiclios de uso ocasional;

    - anlises do ordenamento territorial a partir dos seguintes aspectos: (i) crescimento da mancha urbana no perodo entre 1970 e 2010; (ii) dinmica imobiliria, especialmente da implantao de empreendimentos verticais, loteamentos e condomnios horizontais; (iii) reas potenciais para ocupaes urbanas futuras; (iv) imveis pblicos; (v) imveis de interesse histrico e cultural e (vi) reas com restrio ocupao urbana;

    - anlises sobre os diferentes tipos de necessidades habitacionais, especialmente aquelas existentes em assentamentos precrios e irregulares, e sobre a proviso habitacional recente promovida pelo poder pblico;

    - anlises sobre as demandas e desempenhos relativos ao sistema de saneamento bsico constitudo pelos sistemas de abastecimento de gua, de coleta e tratamento de esgoto, de drenagem urbana e de gesto de resduos slidos;

    - anlises sobre as condies de mobilidade local e regional, especialmente aquelas relacionadas aos problemas relativos aos sistemas virios e s diferentes modalidades de transportes coletivos municipais e intermunicipais;

    - anlises sobre as caractersticas e implicaes dos grandes equipamentos e infraestruturas de logstica existentes e previstos, principalmente as ferrovias, rodovias, armazns, indstrias, portos e aeroportos;

    - anlises sobre os espaos territoriais especialmente protegidos, em especial as diferentes modalidades de unidades de conservao institudas pelos governos federal, estadual e municipal e as reas de interesse ambiental definidas no zoneamento ecolgico-econmico e em zoneamentos municipais;

  • - anlises sobre as questes relativas ao desenvolvimento econmico local, cultura, segurana pblica, segurana alimentar e nutricional e sade;

    - anlises sobre aspectos da gesto pblica e democrtica considerando especialmente as finanas municipais.

    - analises a partir de escutas da sociedade, sobre suas organizaes, a participao em espaos de gesto democrtica e suas vises sobre o municpio e seu desenvolvimento;

    Vale dizer que todas essas anlises se referenciam em polticas e programas pblicos nacionais e estaduais que envolvem atuaes dos governos municipais e incidem nos territrios locais. Nesse sentido, leva-se em conta, entre outras, as seguintes polticas nacionais:

    - poltica nacional e estadual de desenvolvimento urbano, compostas pelas polticas de ordenamento territorial, de habitao, de regularizao fundiria, de mobilidade urbana e de saneamento ambiental;

    - poltica nacional e estadual de resduos slidos;

    - poltica nacional e estadual de segurana alimentar e nutricional.

    - politica nacional e estadual de segurana publica

    - poltica nacional e estadual de sade;

    - poltica nacional e estadual de cultura;

    Ademais, aquelas anlises procuram traar um quadro geral das ofertas e demandas relativas a servios, equipamentos e infraestruturas urbanas em mbitos municipais e regionais a fim de identificar dficits, gargalos e pontos crticos que necessitam ser superados na busca por um desenvolvimento que promova o dinamismo econmico, mas tambm melhore as condies de vida das pessoas e no provoque perdas e desequilbrios ambientais.

    2 - OBJETIVOS DO DIAGNSTICO

    Os principais objetivos do presente diagnstico subsidiar a formulao de programas de desenvolvimento local, regional e no litoral paulista baseados no envolvimento dos diversos agentes governamentais e da sociedade civil. Tais programas devero se referenciar na articulao entre polticas pblicas nacionais j institudas no pas. Devero se referenciar tambm em polticas, programas e aes realizadas pelo Governo do Estado de So Paulo inscritas em diferentes setores. As anlises que compem esse diagnstico no se encerram em si mesmas. Pretendem se constituir em instrumentos que orientem aes estruturantes direcionadas ao ordenamento territorial e ao atendimento de diferentes tipos de necessidades sociais.

    3 - CARACTERIZAO GERAL DO MUNICPIO

    3.1 - Insero Regional do Municpio de Ubatuba

    Para quem vem da Baixada Santista pela Rodovia Dr. Manoel Hipplyto Rego (SP-055), chega-se ao Municpio de Ubatuba aps ladear a orla martima e atravessar as reas urbanas, inclusive as centrais, dos municpios de So Sebastio e Caraguatatuba. Os principais acessos regionais para a Baixada Santista a partir da Regio Metropolitana de So Paulo so as Rodovias Anchieta (SP-150) e Imigrantes (SP-160). Para quem vem do Vale do Paraba, chega-se ao Litoral Norte pela Rodovia Tamoios (SP-099), que liga o Municpio de Caraguatatuba a So Jos dos Campos, e pela Rodovia Osvaldo Cruz (SP-125), que liga Taubat a Ubatuba. Outra entrada regional para o Litoral Norte encontra-se na divisa com o Estado do Rio de Janeiro, na altura de Parati. Essa entrada ocorre pela Rodovia Rio-Santos (BR-101) que segue para a Baixada Santista com o nome de Rodovia Dr. Manoel Hipplyto Rego (SP-055). O eixo formado por essas duas rodovias atravessa todos os municpios do Litoral Norte,

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    Convnio Petrobras Instituto Plis | Relatrio n 6

    Diagnstico Urbano Socioambiental | Municpio de Ubatuba

    BASE DAS INFORMAES: AT 2012 REVISO DE MARO DE 2013

    exceto Ilhabela, interligando seus vrios bairros urbanos. Nesse eixo h problemas srios de congestionamento de veculos causados, em grande parte, pela sobreposio de trfegos de carter local e regional, principalmente durante a temporada de frias e em feriados prolongados.

    Desse modo, conforme a figura ___ abaixo, o Municpio de Ubatuba se coloca como ponto de acesso ao Litoral Norte para quem vem do Vale do Paraba atravs da Rodovia Osvaldo Cruz (SP-125) e para aqueles que vm do litoral carioca, na altura de Parati, atravs da Rodovia Rio-Santos (BR-101). Caraguatatuba tambm um ponto de acesso ao Litoral Norte a partir do Vale do Paraba, atravs da Rodovia dos Tamoios (SP-099).

    Figura. Regies Metropolitanas de Campinas, So Paulo, Baixada Santista e do Vale do Paraba e Litoral Norte e Aglomerado Urbano de Jundia

    No sculo XIX, Ubatuba possua um porto que teve grande importncia regional, pois servia como ponto de escoamento da produo cafeeira desenvolvida no Vale do Paraba. Esse porto foi suplantado em importncia pelo Porto de Santos que se fortaleceu com a expanso da economia cafeeira para o interior do Estado de So

  • Paulo na primeira metade do sculo XX e com a consolidao das indstrias de Cubato a partir de meados do sculo XX. Hoje o porto de Ubatuba no tem a mesma importncia do passado.

    Em comparao com a Baixada Santista, o Litoral Norte possui configurao urbana em diferente estgio de consolidao e base econmica distinta. As reas urbanas do Litoral Norte so menos consolidadas e apresentam mais descontinuidades e fragmentaes do que as da Baixada Santista. Muito dessa descontinuidade e fragmentao urbana se deve ao relevo e s caractersticas fsicas da regio marcada pela compartimentalizao provocada pela intercalao de morros e praias ao longo da orla martima.

    Alm daqueles acessos regionais terrestres, possvel atingir os municpios do Litoral Norte a partir do mar, nos pontos onde existem marinas e, principalmente, no local onde se encontram as instalaes do Porto de So Sebastio. Atualmente h uma forte polmica em torno da ampliao desse Porto.

    Os principais focos econmicos do Litoral Norte esto em So Sebastio e Caraguatatuba. So Sebastio se destaca por ter um porto de importncia nacional junto ao qual se localiza o Terminal Martimo Almirante Barroso (TEBAR) da Petrobras, responsvel pela movimentao de mais de 60% do petrleo nas Regies Centro-Oeste e Sudeste. Caraguatatuba dever ganhar proeminncia com a concluso da Unidade de Tratamento de Gs (UTGCA), tambm da Petrobras, que dever processar o gs natural extrado do Campo de Mexilho e adjacncias. Desse modo, So Sebastio e Caraguatatuba podero formar um importante sistema econmico e logstico em torno da explorao do gs natural.

    O Litoral Norte, como boa parte do litoral paulista, um importante balnerio cujo turismo baseia-se largamente nas residncias de veraneio, tambm conhecidas como segunda residncia. um destino turstico nacionalmente conhecido pelas suas praias e belezas naturais, pela prtica de esportes nuticos, por sua grande importncia ambiental, pela presena de populaes tradicionais e pescadores artesanais, pelos grandes equipamentos logsticos, pelas casas de veraneio localizadas junto orla martima e pelos diferentes tipos de ncleos urbanos ocupados com as moradias dos grupos sociais de baixa, mdia e alta renda.

    Ubatuba faz divisa com So Luis do Paraitinga a Norte, o Oceano Atlntico a Sul, Parati (RJ) a Leste, Natividade da Serra e Caraguatatuba a Oeste e Cunha a Nordeste. Est na Regio de Governo de Caraguatatuba que faz parte da Regio Administrativa de So Jos dos Campos. As Regies Administrativas do Estado de So Paulo foram institudas pelo Decreto Estadual n 48.162 de 3 de julho de 1967, alterado pelo Decreto Estadual n 52.576, de 12 de dezembro de 1970. A instituio dessas Regies Administrativas visa descentralizar a administrao pblica no Estado de So Paulo buscando melhor articulao entre o governo estadual e os municpios paulistas. Nessa mesma linha, o Decreto Estadual n 22.970, de 29 de novembro de 1984, subdividiu as Regies Administrativas em Regies de Governo.

    Ademais, Ubatuba faz parte da Regio Metropolitana do Vale do Paraba e Litoral Norte, recm-instituda por meio da Lei Estadual Complementar n 1166 de 9 de janeiro de 2012. Essa Regio Metropolitana visa ao fortalecimento de articulaes intermunicipais na busca por solues para problemas de diferentes setores que extrapolam os limites municipais. Est subdividida em cinco Sub-Regies que agrupam os seguintes municpios:

    Sub-Regio Litoral Norte - So Sebastio, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba;

    Sub-Regio So Jos dos Campos - Santa Branca, Paraibuna, Jacare, Jambeiro, Igarat, So Jos dos Campos, Caapava e Monteiro Lobato;

    Sub-Regio Taubat - Natividade da Serra, Redeno da Serra, So Lus do Paraitinga, Taubat, Lagoinha, Trememb, Pindamonhangaba, Santo Antonio do Pinhal, Campos do Jordo e So Bento do Sapuca;

    Sub-Regio Guaratinguet - Cunha, Roseira, Aparecida, Potim, Guaratinguet, Lorena, Canas, Cachoeira Paulista e Piquete;

    Sub-Regio Cruzeiro - Cruzeiro, Lavrinhas, Queluz, Areias, Silveiras, So Jos do Barreiro, Arape e Bananal.

    A Lei Estadual Complementar que institui a Regio Metropolitana do Vale do Paraba e Litoral Norte prev a criao do seu Conselho de Desenvolvimento que poder criar Cmaras Temticas, voltadas para assuntos que

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    afetam os interesses comuns dos municpios, e Cmaras Temticas Especiais, voltadas a programas, projetos e atividades especficas. Ademais, aquela Lei Estadual Complementar prev a criao de Conselhos Consultivos para cada uma das Sub-Regies da Regio Metropolitana do Vale do Paraba e Litoral Norte, de um Fundo de Desenvolvimento e de uma Agncia de Desenvolvimento Metropolitano.

    Os Conselhos Consultivos das Sub-Regies metropolitanas sero compostos por representantes da sociedade civil, dos poderes legislativos municipais, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Metropolitano e por deputados estaduais. Esses Conselhos Consultivos podero elaborar propostas e encaminhar matrias de iniciativa popular a serem submetidas anlise e apreciao do Conselho de Desenvolvimento. Essas matrias de iniciativa popular devero ser respaldadas pela adeso de 0,5% do eleitorado da Sub-Regio correspondente ao respectivo Conselho Consultivo que poder, tambm, propor a criao de Cmaras Temticas no Conselho de Desenvolvimento.

    O Fundo de Desenvolvimento dever ser criado aps a definio de suas diretrizes pelo Conselho de Desenvolvimento. Ser institudo por meio de lei estadual aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado de So Paulo. Esse Fundo dever financiar planos, projetos, programas, servios, obras, entre outras aes, na Regio Metropolitana do Vale do Paraba e Litoral Norte. Os recursos desse Fundo podero ser provenientes, por exemplo, de oramentos estaduais e municipais, transferncias intergovernamentais, doaes de pessoas fsicas ou jurdicas, emprstimos de organismos nacionais ou estrangeiros. Prev-se que as contribuies municipais ao Fundo podero seguir critrios relacionados com receita municipal per capita.

    A Agncia de Desenvolvimento Metropolitano ser uma autarquia criada por meio de uma lei especfica e vinculada Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano. Ser responsvel pela elaborao de projetos de interesse comum envolvendo diferentes municpios e que sejam estratgicos para a Regio Metropolitana do Vale do Paraba e Litoral Norte.

    Um movimento histrico de integrao regional relevante extrapola a divisa politico-administrativa dos Estados de So Paulo e Rio de Janeiro. Trata-se da chamada Costa Verde, rea que contemplaria alm dos quatro Municpios do Litoral Norte e os Municpios fluminenses de Mangaratiba, Itagua, Angra dos Reis e Parati.1 No entanto, vale registrar a lacuna de reconhecimento formal (especialmente normativo, de nvel federal) da dinmica urbana e caracterizao de homogeneidade ambiental da Costa Verde, de maneira a abranger limites territoriais interestaduais.

    3.2.1 - Crescimento populacional

    O municpio de Ubatuba apresentou um alto crescimento populacional entre 1991 e 2000 com taxa geomtrica de crescimento anual (TGCA) de 3,90%a.a., prxima aos demais municpios do litoral paulista quedurante o mesmo perodo, em sua maior parte, tambm apresentaram altas taxas. Na dcada de 2000 a 2010 houve uma diminuio no ritmo de crescimento populacional em toda regio, tendo em Ubatuba passado para 1,72%a.a. Nesse perodo, esse municpio saltou de 66.861 para 78.801 habitantes, conforme tabela ___ abaixo.

    1 RIO DE JANEIRO (Estado). Lei Complementar n 87, de 16 de dezembro de 1997. Disponvel em <

    http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/contlei.nsf/f25571cac4a61011032564fe0052c89c/623fa9ce62b1c36683256ca6005b080d?Open

    Document > , em 03.04.2013.

    http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/contlei.nsf/f25571cac4a61011032564fe0052c89c/623fa9ce62b1c36683256ca6005b080d?OpenDocumenthttp://alerjln1.alerj.rj.gov.br/contlei.nsf/f25571cac4a61011032564fe0052c89c/623fa9ce62b1c36683256ca6005b080d?OpenDocument

  • Tabela. Municpios do Litoral Paulista - Populao Residente e Taxa Geomtrica de Crescimento Anual - TGCA 1991-2000-2010

    Municpio

    Ano TGCA 1991 - 2000

    TGCA 2000-2010

    1991 2000 2010

    Bertioga - SP 11.426 30.039 47.645 11,34 4,42

    Cubato - SP 91.136 108.309 118.720 1,94 0,96

    Guaruj - SP 210.207 264.812 290.752 2,60 0,93

    Itanham - SP 46.074 71.995 87.057 5,08 1,92

    Mongagu - SP 19.026 35.098 46.293 7,04 2,80

    Perube - SP 32.773 51.451 59.773 5,14 1,52

    Praia Grande - SP 123.492 193.582 262.051 5,12 3,17

    Santos - SP 417.100 417.983 419.400 0,02 0,04

    So Vicente - SP 268.618 303.551 332.445 1,37 0,94

    So Sebastio - SP 33.890 58.038 73.942 6,16 2,48

    Ilhabela - SP 13.538 20.836 28.196 4,91 3,12

    Caraguatatuba - SP 52.878 78.921 100.840 4,55 2,49

    Ubatuba - SP 47.398 66.861 78.801 3,90 1,72

    Fonte: IBGE, Censo 1991, 2000 e 2010.

    Os mapas ___abaixo permitem visualizar as diferenas nessas taxas geomtricas de crescimento anual dos municpios litorneos que esto sendo analisados.

    Figura. Municpios do Litoral Paulista Taxa Geomtrica de Crescimento Anual - TGCA 19912000 e 2000 - 2010

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    De acordo com o IBGE, o municpio de Ubatuba se divide em dois distritos: distrito de Ubatuba, que segue desde a divisa com Caraguatatuba, ao sul, at a praia de Promirim e; o distrito de Picinguaba, que segue at a divisa com o Estado do Rio de Janeiro, ao norte do municpio. Ver figura ___ abaixo.

    Figura. Ubatuba Diviso de distritos

  • O distrito de Ubatuba possui a maior extenso territorial, abrangendo a rea central e concentra a maior parte da populao residente (97,5%). O distrito de Picinguaba concentra apenas 2,5% da populao residente do municpio. Ver tabela___.

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    Tabela. Populao residente por distrito Ubatuba

    Municpio e Distrito

    Ano TGCA 2000 - 2010

    Porcentagem da populao 2000 2010

    Municpio de Ubatuba - SP 66.448 78.801 1,72 100,0%

    Distrito de Ubatuba 64.610 76.840 1,75 97,5%

    Distrito de Picinguaba 1.838 1.961 0,65 2,5%

    Fonte Bsica: Censo Demogrfico IBGE, 2000 e 2010. Elaborao Instituto Plis

    O municpio de Ubatuba possui o maior territrio dentre os municpios da Baixada Santista e do Litoral Norte, com mais de 71 mil hectares, sendo que a maior parte de seu territrio, inserida em unidades de conservao, permanece no ocupada resultando em uma densidade populacional total do municpio bastante baixa, de apenas 1,1 hab/ha. A rea urbanizada ocupa aproximadamente 3,5% do territrio, e sua densidade atinge 32 hab/ha.

    Tabela. Municpios do Litoral Paulista - rea do Municpio e Densidade demogrfica total e da rea urbanizada - 2010

    Municpio Populao rea total do municpio (hectare)

    Densidade demogrfica do municpio (Habitante por hectare)

    rea urbanizada (hectare)

    Densidade demogrfica da rea urbanizada (Habitante por hectare)

    Bertioga - SP 47.645 49.000 1,0 2.723 17,5

    Cubato - SP 118.720 14.240 8,3 3.368 29,9

    Guaruj - SP 290.752 14.290 20,3 2.411 49,2

    Itanham - SP 87.057 59.960 1,5 3.804 76,4

    Mongagu - SP 46.293 14.210 3,3 831 33,9

    Perube - SP 59.773 31.140 1,9 4.948 17,6

    Praia Grande - SP 262.051 14.750 17,8 1.531 30,2

    Santos - SP 419.400 28.110 14,9 3.447 17,3

    So Vicente - SP 332.445 14.890 22,3 3.927 66,7

    So Sebastio - SP 73.942 40.040 1,8 3.507 119,6

    Ilhabela - SP 100.840 34.750 2,9 2.508 29,5

    Caraguatatuba - SP 28.196 48.540 0,6 2.462 135,0

    Ubatuba - SP 78.801 71.080 1,1 2.456 32,1

  • Fonte : Censo Demogrfico IBGE, 2010 e estudo mancha urbana foto area 2009 e 2010.

    A populao residente de Ubatuba est distribuda ao longo da faixa litornea com concentraes um pouco maiores nos bairros centrais, especialmente entre a praia Vermelha e Ponta Grossa. A densidade populacional baixa de um modo geral. Poucos setores censitrios urbanizados apresentam densidade acima de 25hab/ha.

    Figura. Ubatuba - Densidade Demogrfica Segundo Setores Censitrios 2010

    3.2.2 - Caracterizao Etria e tnica da Populao

    O municpio de Ubatuba possui populao bastante jovem, embora a base de sua pirmide etria tenha se estreitado na ltima dcada. A populao jovem, de at 29 anos passou de 59,9% em 2000 para 50,0% da populao total em 2010. Neste perodo, tambm percebe-se um ligeiro envelhecimento da populao com mais de 60 anos que passou de 6% para 9% sobre a populao total, ver figura.

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    Figura. Ubatuba - Pirmides Etrias 2000 e 2010

    -4.500 -3.500 -2.500 -1.500 -500 500 1.500 2.500 3.500 4.500

    0 a 4 anos

    5 a 9 anos

    10 a 14 anos

    15 a 19 anos

    20 a 24 anos

    25 a 29 anos

    30 a 34 anos

    35 a 39 anos

    40 a 44 anos

    45 a 49 anos

    50 a 54 anos

    55 a 59 anos

    60 a 64 anos

    65 a 69 anos

    70 a 74 anos

    75 a 79 anos

    80 anos ou mais

    populao

    faix

    as e

    tri

    as

    Pirmide Etria - Ubatuba 2000

    -4.500 -3.500 -2.500 -1.500 -500 500 1.500 2.500 3.500 4.500

    0 a 4 anos

    5 a 9 anos

    10 a 14 anos

    15 a 19 anos

    20 a 24 anos

    25 a 29 anos

    30 a 34 anos

    35 a 39 anos

    40 a 44 anos

    45 a 49 anos

    50 a 54 anos

    55 a 59 anos

    60 a 64 anos

    65 a 69 anos

    70 a 74 anos

    75 a 79 anos

    80 anos ou mais

    Populao

    Faix

    as E

    tri

    as

    Pirmide Etria - Ubatuba 2010

    Fonte: Censos Demogrficos IBGE, 2000 e 2010.

    Elaborao: Instituto Polis

    Em relao classificao da populao de acordo com as categorias de cor e raa utilizadas pelo IBGE, a populao residente de Ubatuba acompanha parte dos municpios litorneos paulistas onde o percentual da populao parda e negra sobre a populao total est acima do percentual verificado para o Estado de So Paulo. Embora, bastante reduzida a presena de populao indgena no territrio tambm maior do que no Estado de So Paulo, chegando a 0,4% da populao total, ver tabela abaixo.

    Tabela. Estado de So Paulo e Municpios do Litoral Paulista - Populao Residente Segundo Cor ou Raa - 2010

    Unidade da Federao e Municpios

    Cor ou raa

    Total Branca Preta Amarela Parda Indgena

    Estado de So Paulo 41.262.199 63,9% 5,5% 1,4% 29,1% 0,1%

    Bertioga - SP 47.645 47,0% 7,6% 1,1% 43,8% 0,5%

    Cubato - SP 118.720 42,6% 7,7% 0,7% 48,8% 0,2%

    Guaruj - SP 290.752 47,0% 6,7% 0,6% 45,5% 0,2%

    Itanham - SP 87.057 58,4% 5,0% 0,7% 35,5% 0,4%

    Mongagu SP 46.293 58,2% 6,3% 0,6% 34,2% 0,7%

    Perube - SP 59.773 57,8% 6,0% 1,3% 34,1% 0,7%

    Praia Grande SP 262.051 57,1% 5,9% 0,8% 36,1% 0,1%

    Santos - SP 419.400 72,2% 4,7% 1,0% 22,0% 0,1%

    So Vicente SP 332.445 53,5% 7,1% 0,6% 38,7% 0,1%

  • So Sebastio SP 73.942 53,9% 6,4% 0,7% 38,5% 0,4%

    Ilhabela - SP 28.196 52,2% 5,1% 0,7% 41,8% 0,2%

    Caraguatatuba SP 100.840 66,2% 4,4% 0,9% 28,3% 0,1%

    Ubatuba - SP 78.801 59,2% 5,9% 1,0% 33,5% 0,4%

    Fonte: Censo Demogrfico IBGE, 2010.

    Elaborao: Instituto Polis.

    Grfico. Distribuio Percentual da Populao Segundo Cor ou Raa - 2010

    Fonte Bsica: Censo Demogrfico IBGE, 2010.

    Elaborao: Instituto Polis.

    A populao de Ubatuba segundo raa ou cor se apresenta distribuda ao longo do litoral. Verifica-se, no mapa abaixo, que a populao branca tende a se concentrar nas reas mais prximas s faixas litorneas enquanto a populao preta e parda apresenta maiores concentraes nos bairros ao interior da Rodovia SP-55 (Rodovia Dr. Manuel Hyppolito Rego). Chama a ateno a maior concentrao de populao que se declara preta na praia de Picinguaba, onde h uma importante vila de pescadores.

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    Figura. Distribuio, Segundo Setores Censitrios, da Populao Branca 2010

  • Figura. Distribuio, Segundo Setores Censitrios, da Populao Parda 2010

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    BASE DAS INFORMAES: AT 2012 REVISO DE MARO DE 2013

    Figura. Distribuio, Segundo Setores Censitrios, da Populao Residente Preta 2010

    De acordo com dados do censo, h uma concentrao expressiva de populao indgena no territrio prxima praia de Promirim. Trata-se da Terra Indgena Boa Vista do Promirim, criada em 1.987 atravs do decreto federal 94.220 e transformada em Terra Indgena com novos limites pelo decreto federal de 26 de setembro de 2000.

  • Figura. Distribuio, Segundo Setores Censitrios, da Populao Residente Indgena 2010

    3.3 Perfis das Rendas Domiciliares e dos Responsveis pelos Domiclios

    Para analisarmos os perfis de renda no municpio de Ubatuba utilizaremos dois tipos de variveis: a renda mensal do responsvel pelo domiclio; e a renda mensal domiciliar, composta de todos os rendimentos dos moradores. Estes so importantes indicadores da capacidade de consumo das famlias.

    A pessoa responsvel pelo domiclio identificada pelo IBGE como homem ou mulher, de 10 anos ou mais de idade, reconhecida pelos moradores como responsvel pela unidade domiciliar. No Municpio de Ubatuba, 71% das pessoas responsveis por domiclios possuem rendimento mensal de 0 a 3 salrios mnimos, apresentando perfil bastante similar a maior parte dos municpios do litoral paulista analisados no presente trabalho. Dentre esses municpios, apenas Santos se distingue por ter maiores percentuais de responsveis por domiclios que possuem nveis mais altos de renda, conforme grfico___ a seguir.

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    BASE DAS INFORMAES: AT 2012 REVISO DE MARO DE 2013

    Grfico. Distribuio Percentual das Pessoas Responsveis por domiclios Segundo Faixas de Renda Mensal 2010

    Fonte: Censo Demogrfico IBGE, 2010.

    Elaborao: Instituto Polis.

    Grfico. Municpios do Litoral Paulista Distribuio Percentual das Pessoas Responsveis Segundo Faixas de Renda Mensal 2010

  • Fonte: Censo Demogrfico IBGE, 2010. Elaborao: Instituto Polis.

    Com o objetivo de observar a distribuio espacial dos domiclios e dos responsveis domiciliares segundo os nveis de renda, somamos o valor do rendimento nominal mensal de todos os responsveis pelos domiclios em cada setor censitrio. O resultado foi dividido pelo nmero total de responsveis pelo domiclio do prprio setor. Com isso se obteve o rendimento mdio dos responsveis pelos domiclios segundo os setores censitrios.

    A espacializao desse indicador segundo diferentes faixas de renda (conforme mapa____ abaixo) permite visualizar as desigualdades socioespaciais existentes em Ubatuba. Verificamos maior presena de responsveis domiciliares com os maiores nveis de rendimento na orla martima, no Centro, na Lagoinha, Lzaro e no Saco da Ribeira, onde boa parte dos setores censitrios possuem renda entre R$ 1.866,00 e R$ 3.732,00. Conforme mapa ___ abaixo, no h concentraes expressivas de setores de responsveis com mais de 10 salrios mnimos.

    J a populao de mdia renda, entre R$ 622,00 e R$ 1.866,00, se concentra espalhada em diferentes pontos do territrio. Interessante observar que os setores onde esse indicador fica abaixo de R$ 622,00 esto mais afastados da orla martima e prximos Serra do mar.

    Mapa. Rendimentos Nominais Mdios dos Responsveis pelos Domiclios Segundo Setores Censitrios R$ - 2010

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    BASE DAS INFORMAES: AT 2012 REVISO DE MARO DE 2013

    J os responsveis por domiclios sem rendimento esto concentrados em setores afastados da orla martima, na limite com Caraguatatuba e junto Serra do Mar, especialmente na sada para a Rodovia Oswaldo Cruz (SP 125), conforme pode ser visto no mapa ___ abaixo.

    Mapa. Percentuais de Responsveis por Domiclios Sem Rendimentos Segundo Setores Censitrios 2010

  • Como visto anteriormente, 71% dos responsveis por domiclios de Ubatuba possuem renda at 3 s.m. Este grupo social se distribui em praticamente todo o territrio municipal. Interessante observar que a maior parte dos setores com mais de 75% dos responsveis pelos domiclios com renda at 3 s.m. est localizada entre a Rodovia SP-55 e a Serra do Mar .

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    BASE DAS INFORMAES: AT 2012 REVISO DE MARO DE 2013

    Mapa. Distribuio, Segundo Setores Censitrios, do percentual de concentrao da pessoa responsvel com rendimento nominal mensal de at 3 Salrios Mnimos 2010

    Outra importante varivel de rendimento observada a renda domiciliar que corresponde somatria da renda individual dos moradores de um mesmo domiclio. Como dito antes, este indicador tem relao com a capacidade de consumo da famlia e deve ser considerado para a definio de critrios para a formulao e implementao de diversas polticas pblicas, especialmente no setor habitacional.

    Foram adotadas as faixas de renda utilizadas pelo IBGE nas tabulaes realizadas. Desse modo, foram consideradas as seguintes faixas: sem rendimentos, de 0 a 2s.m.;mais de 2 a 5 s.m.; mais de 5 a 10 s. m. e mais de 10 s.m. O municpio de Ubatuba possui 39% dos domiclios com renda at 2 salrios mnimos, 40% dos domiclios com renda entre 2 e 5 salrios mnimos e 13% com renda domiciliar entre 5 e 10 salrios mnimos.

  • Grfico. Distribuio Percentual dos Domiclios Segundo Faixas de Renda Domiciliar Mensal 2010

    Fonte: Censo Demogrfico IBGE, 2010.

    Elaborao: Instituto Polis.

    3.4 Domiclios de Uso Ocasional

    Segundo dados censitrios do IBGE, o Municpio de Ubatuba passou de 46.251domiclios em 2000 para 59.996 domiclios em 2010, acompanhando o crescimento populacional ocorrido neste mesmo perodo. De acordo com dados do Censo 2010, 50% dos domiclios recenseados de Ubatuba so de uso ocasional. Domiclio de uso ocasional o domiclio particular permanente que serve ocasionalmente de moradia, geralmente usado para descanso nos fins de semana, frias, entre outras finalidades.

    Estes dados so condizentes com a condio do municpio de grande atividade turstica baseada em residncias de veraneio. A existncia de desse tipo de imveis e da existncia expressiva de hotis e pousadas no municpio, tem relao direta com a significativa populao flutuante analisada adiante. Essa populao ocupa o municpio principalmente no vero, durante a temporada de frias e feriados. No caso de Ubatuba, como pode-se observar no grfico ___, a seguir, os domiclios de uso ocasional ultrapassam em termos percentuais os domiclios de uso permanente ocupados , fato que implica na ociosidade da maior parte do parque domiciliar do municpio em grande parte do ano.

    Grfico. Distribuio Percentual dos Domiclios Recenseados Segundo Condio de Ocupao - 2010

    Fonte: Censo Demogrfico IBGE, 2010.

    Elaborao: Instituto Polis.

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    BASE DAS INFORMAES: AT 2012 REVISO DE MARO DE 2013

    A maior parte dos domiclios recenseados est localizada no distrito de Ubatuba, que concentra quase 98% dos domiclios, sendo que 50% destes domiclios so de uso ocasional, ou seja, constitudos por casas de veraneio. O distrito de Picinguaba concentra apenas 2% dos domiclios, mas mantm um alto ndice de domiclios de uso ocasional (42%).

    Tabela. Domiclios Recenseados Segundo Condio de Ocupao 2010

    Fonte: Censo Demogrfico IBGE, 2010.

    Elaborao: Instituto Polis.

    A quantidade de imveis de uso ocasional bastante significativa em Ubatuba e percebe-se que, ao contrrio de outros municpios do litoral que tem apontado um maior crescimento no nmero de domiclios ocupados em detrimento de domiclios ocasionais, demonstrando uma fixao da populao, em Ubatuba ambos os tipos de domiclios crescerem em proporo similar entre 2000 e 2010. (ver tabela___abaixo) .

    Tabela. Municpios do Litoral Paulista Variao no Percentual de Domiclios Particulares Permanentes Ocupados, de Uso Ocasional e Vagos 2000-2010

    Municpios

    Crescimento (%) entre os anos de 2000 e 2010

    Domiclios ocupados permanentes

    Domiclios no ocupados - uso ocasional

    Domiclios no ocupados vagos

    Bertioga - SP 13,05% 27,18% 1,72%

    Caraguatatuba - SP 15,00% 4,80% -0,23%

    Cubato - SP 16,76% -0,24% -2,15%

    Domiclios recenseados- dados 2010

    Municpio e distritos

    Total recenseados Particular - ocupado

    Particular - no ocupado - uso ocasional

    Particular - no ocupado - vago Coletivos

    N N

    % do total de domiclios N

    % do total de domiclios N

    % do total de domiclios N

    % do total de domiclios

    Municpio de Ubatuba - SP

    59.996 25.101 41,84% 30.036 50,06% 4.568 7,61% 291 0,49%

    Distrito de Ubatuba

    58.792 24.515 41,70% 29.521 50,21% 4.471 7,60% 285 0,48%

    Distrito Picinguaba

    1.204 586 48,67% 515 42,77% 97 8,06% 6 0,50%

  • Guaruj - SP 9,15% 0,99% -1,52%

    Ilhabela - SP 22,32% 6,72% 4,15%

    Itanham - SP 11,44% 12,07% 0,63%

    Mongagu - SP 11,32% 9,91% -0,47%

    Perube - SP 11,92% 6,69% 1,49%

    Praia Grande - SP 14,29% 5,82% -0,10%

    Santos - SP 7,54% -0,42% -2,76%

    So Sebastio - SP 16,99% 6,69% 0,17%

    So Vicente - SP 14,76% -2,31% -2,39%

    Ubatuba - SP 11,25% 10,07% 1,62%

    Fonte: Censos Demogrficos IBGE, 2000 e 2010.

    Elaborao: Instituto Polis.

    Em Ubatuba, os domiclios ocupados, que servem de moradia para a populao residente, esto mais concentrados nos bairros mais afastados da orla martima, para o interior da Rodovia SP-55 (Rodovia Dr. Manuel Hyppolito Rego), ficando a faixa litornea reservada para a maior concentraao de domiclios de uso ocasional, conforme mapas____e____.

    Figura. Distribuio Percentual dos Domiclios Particulares Permanentes Ocupados Segundo Setores Censitrios 2010

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    BASE DAS INFORMAES: AT 2012 REVISO DE MARO DE 2013

  • Figura. Ubatuba Distribuio Percentual dos Domiclios de Uso Ocasional Segundo Setores Censitrios 2010

    Em relao ao tipo de domiclio, ou seja, se so casas ou apartamentos, o Censo 2010 classifica somente os domiclios particulares permanentes ocupados. Vale dizer que os domiclios particulares permanentes de uso ocasional que correspondentes a 50% do total de domiclios de Ubatuba, no foram computados nessa classificao.

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    BASE DAS INFORMAES: AT 2012 REVISO DE MARO DE 2013

    Grfico. Ubatuba Distribuio Percentual dos Domiclios Particulares Permanentes Ocupados Segundo Tipo 2010

    Fonte: Censo Demogrfico IBGE, 2010.

    Elaborao: Instituto Polis.

    O resultado disso que o Censo 2010 computou somente 1% dos domiclios de Ubatuba como casas em vilas e condomnios, o que pode estar bastante subdimensionado, pois o universo da contagem deixa cerca de 50% dos domiclios de fora. Estas casa em vilas computadas aparecem com maiores concentraes em Toninhas e no serto do distrito de Pincinguaba, perto da Serra do Mar.

    Mas adiante analisaremos as condies dos condomnios no municpio de forma mais detralhada.

  • Figura. Ubatuba Distribuio Percentual de casas de vila ou condomnio segundo Setores Censitrios 2010

    O Censo 2010 tambm computou apenas 6% dos domiclios do municpio como apartamento, o que, mais uma vez, pode estar bastante subdimensionado.

    Os apartamentos identificados esto concentrados entre a regio central e a Praia Grande, ver mapa____.

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    BASE DAS INFORMAES: AT 2012 REVISO DE MARO DE 2013

    Figura. Ubatuba Distribuio Percentual dos Apartamentos Segundo Setores Censitrios 2010

    Segundo o Censo 2010, o maior percentual (93%) de domiclios est classificado como tipo casa, se concentrando ao longo de todo territrio municipal.

  • Figura. Ubatuba Distribuio Percentual de casas Segundo Setores Censitrios 2010

    3.5 Caracterizao da Populao Flutuante

    Dentre as diversas formas de turismo, a modalidade balneria um dos segmentos mais significativos da economia regional, contribuindo efetivamente para o crescimento do setor tercirio. No entanto, h um grave desequilbrio provocado pela adoo, ao longo do sculo XX, de um modelo de turismo baseado na sazonalidade, e na criao de um significativo parque de residncias de veraneio, em todas as cidades litorneas de So Paulo.

    A modalidade de turismo denominada de segunda residncia traz enormes inconvenientes e desafios. Em Ubatuba e nos demais municpios litorneos paulistas, a modalidade turstica baseada em meios de hospedagem menos importante do que o turismo baseado na comercializao de unidades habitacionais. Este segundo tipo de turismo demanda a implantao de infraestrutura urbana para atender os picos das temporadas de veraneio, deixando-a ociosa grande parte do ano.

    Assim, os sistemas de saneamento bsico, de fornecimento de energia eltrica, de transportes e trnsito, alm de servios de sade e do tercirio, devem estar dimensionados de forma a atender populao muito superior residente. Esta dinmica, historicamente, implicou em investimentos estatais necessrios ao atendimento desta demanda, os quais sempre foram realizados em nvel insuficiente, produzindo significativo passivo socioambiental.

    Para uma avaliao dos impactos da sazonalidade do turismo sobre a infraestrutura de saneamento dos municpios do Litoral Norte, em especial quanto ao aumento da demanda por abastecimento de gua e por coleta e tratamento de esgotos, vale examinar o Plano de Bacias Hidrogrficas do Litoral Norte 2008-2011 (CBH-LN, 2009), produzido pelo Comit de Bacias Hidrogrficas do Litoral Norte.

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    BASE DAS INFORMAES: AT 2012 REVISO DE MARO DE 2013

    importante ressaltar que no existem sries histricas da populao flutuante dos municpios do Litoral Norte. Atualmente, esses dados vm sendo coletados em funo da demanda dessa populao por servios pblicos e privados nos municpios. Os servios que tradicionalmente apresentam maior demanda so os de saneamento bsico, energia eltrica, telecomunicaes, transportes e trnsito.

    O Relatrio Qualidade das Praias Litorneas no Estado de So Paulo 2010 (CETESB, 2011) apresenta estimativa da populao flutuante no litoral paulista. De acordo com o Relatrio Qualidade das Praias Litorneas no Estado de So Paulo 2010, a populao flutuante de Ubatuba prxima de 100.000 pessoas (grfico ___ abaixo.

    Grfico. Municpios do Litoral Paulista - Populao Fixa e Flutuante 2010

    Fonte: Fundao Seade apud Relatrio Qualidade das Praias Litorneas no Estado de So Paulo 2010 (CETESB, 2011, p.19).

    A metodologia utilizada pela Fundao Seade para clculo da populao flutuante nos municpios tursticos de So Paulo, litorneos ou no, considera os dados censitrios sobre os domiclios de uso ocasional, com ndice de ocupao domiciliar correspondente mdia do Estado de So Paulo. Nessa metodologia considera-se que todos os domiclios de uso ocasional estejam ocupados e ao mesmo tempo. Contudo, a metodologia no considera os numerosos turistas que vo para o litoral apenas para passar o dia e retornam para suas cidades de residncia noite.

    O Relatrio Final (Reviso 3) do Plano Diretor de Saneamento Bsico dos Municpios Operados pela Companhia de Saneamento Bsico do Estado de So Paulo (SABESP), apresenta projees da populao fixa e flutuante, inclusive da populao pico, para o perodo entre 2009 e 2040.

    Conforme a tabela abaixo, no municpio de Ubatuba, a populao flutuante esperada para 2010 era de 117.900 pessoas, o que corresponde a 59,9% da populao total. Este percentual de populao flutuante, no municpio de Ubatuba, se relacional com a alta proporo dos domiclios de uso ocasional que correspondem a 50% dos domiclios recenseados de acordo com os dados do censo 2010, conforme apresentado anteriormente.

  • Conforme a tabela abaixo, que contm projees para estes dados, no municpio de Ubatuba, espera-se um acrscimo de 44,8% da soma da populao fixa e flutuante, enquanto a previso de aumento da populao fixa de 47,7%, e para a populao flutuante, isoladamente, espera-se um acrscimo de 42,9%, no mesmo perodo. Portanto, projeta-se crescimento maior para a populao fixa, provavelmente como decorrncia da implantao dos empreendimentos da Petrobras em Caraguatatuba. No que respeita ao acrscimo de populao de pico, projeta-se um aumento de 47,7%, para este municpio, e na soma de todos os tipos de populao um acrscimo de 45,7%, at 2040.

    Tabela. Litoral Norte: Evoluo da populao (2009 2040).

    Fonte: Plano Diretor de Saneamento Bsico dos municpios operados pela SABESP na Bacia Hidrogrfica do Litoral Norte (SABESP, 2011a).

    O Relatrio Final (Reviso 3) do Plano Diretor de Saneamento Bsico dos Municpios Operados pela Companhia de Saneamento Bsico do Estado de So Paulo (SABESP) tambm projetou o crescimento do nmero de domiclios nos municpios do litoral norte para o mesmo perodo. Na tabela ___ abaixo, apresenta-se estes dados, conforme

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    BASE DAS INFORMAES: AT 2012 REVISO DE MARO DE 2013

    os quais, para o municpio de Ubatuba, espera-se acrscimos de 57,4% dos domiclios totais, sendo 78,0% dos domiclios permanentes e 42,9% dos domiclios ocasionais e vagos.

    Tabela. Litoral Norte: Evoluo do nmero de domiclios (2009 2040).

    Fonte: Plano Diretor de Saneamento Bsico dos municpios operados pela SABESP na Bacia Hidrogrfica do Litoral Norte (SABESP, 2011a).

    4. INSTITUCIONALIDADE E DINMICA SCIO POLTICA

    4.1. Relaes sociopolticas em Ubatuba

    4.1.1. A organizao e articulao da Sociedade Civil

    O mapeamento das organizaes da sociedade civil de Ubatuba identificou 98 organizaes civis, das quais 15 foram entrevistadas em abril de 2012, e 20 pessoas de 13 diferentes organizaes estiveram presentes na oficina, realizada no dia 24 do mesmo ms. Dentre elas encontram-se ONGs e Institutos, associaes de moradores de bairro, entidades representativas de categorias profissionais, Agenda 21, colnia de pescadores, associaes de pescadores, associaes de classe regionais, comunidades quilombolas, aldeias indgenas, Ponto de Cultura, centros comunitrios e redes scio-assistenciais, organizaes religiosas, entre outras.

  • Com base nas conversas, entrevistas, informaes pblicas disponveis e debates estabelecidos junto a essa gama de atores que fazemos as ponderaes e anlises a respeito da sociedade civil organizada de Ubatuba. Veja abaixo tabela com informaes sobre as entidades entrevistadas e participantes da Oficina:

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    BASE DAS INFORMAES: AT 2012 REVISO DE MARO DE 2013 Sociedade Civil Organizada de Ubatuba

    Entidades Entrevistadas e Participantes da Oficina

    Tempo de existncia

    Motivo de sua criao Nmero de associados

    Como funciona a organizao

    Temas e demandas que articula

    Espaos pblicos de participao Articulao com organizaes da sociedade civil locais/ regionais

    Associao de Moradores da Maranduba

    Desde 1992

    Organizar os moradores da comunidade para pleitear assistncia mdica prefeitura

    De 20 a 30 Reunies mensais paralisadas h um ano

    Meio ambiente, sade (lutar por postos de sade na comunidade), segurana, desenvolvimento comunitrio local

    No No

    Enseada do Mar Virado

    Desde 2002

    Associao criada com foco no turismo de baixa temporada

    Cerca de 35 Est em fase de articulao e retomada das atividades

    Acionamento do turismo de baixa temporada.

    No Transparncia Ubatuba

    Eco Trip Hostel Desde 2009

    Promover o turismo voluntrio e comunitrio

    5 Em fase de planejamento e estudo

    Receptivo de turistas e encaminhamento dos mesmos para estadias em vistas a comunidades e famlias locais

    No Fundao Alavanca; Instituto da rvore; Dacnis

    Fundao Alavanca de Ubatuba

    Desde 2007

    Contribuir para o desenvolvimento humano sustentvel

    15 Varia de acordo com a demanda

    Educao, Cultura, Meio Ambiente, Sade, Assistncia Social.

    No Ns Ambiente; Fora do Eixo; Instituto da rvore; Projeto Guri

    Associao de Engenheiros e Arquitetos de Ubatuba

    Desde 1975

    Unio para obteno de objetivos comuns categoria profissional

    160

    O escritrio funciona diariamente e conta tambm com Reunies mensais ordinrias que contam com a participao relativa dos associados

    Sustentabilidade com progresso

    Conselho Municipal de Turismo; OAB; CREA; CONFEA; MTE

    Instituto Costa Brasilis

    Desde 2005

    Tem por finalidade o desenvolvimento

    32 associados

    Diretoria executiva rene-se uma vez por

    Realiza pesquisas em biologia

    Cadastrada junto ao Conselho Nacional de Entidades Ambientais

    Associao Scio ambientalista Somos

  • socioambiental, integrando o desenvolvimento socioeconmico com a preservao do patrimnio natural, social e cultural da regio costeira.

    ms. A assembleia geral e o conselho fiscal renem-se duas vezes por ano.

    marinha na costa do Estado de So Paulo

    (CNEA), Conselho Estadual de Meio Ambiente do Estado de So Paulo (CONSEMA) e Cadastro das Entidades Ambientalistas do Estado de So Paulo (CadEA); membro do Comit de Bacias Hidrogrficas Litoral Norte (CBH-LN); membro integrante da Agenda 21, do Grupo Setorial de Gerenciamento Costeiro (GERCO), do Colegiado de Entidades Ambientalistas do Litoral Norte (REALNORTE), Coletivo de Entidades Ambientais de Ubatuba (CEAU) e Comit de Dilogo para a Sustentabilidade do Litoral Norte (Comdial).

    Ubatuba

    Associao de pescadores e Maricultores da Barra da Maranduba e Regio Sul de Ubatuba

    Desde 2005

    Defender os direito e interesses dos pescadores e suas famlias; fortalecer a voz da comunidade dos pescadores da regio.

    Em torno de 40

    Reunies mensais e reunies extraordinrias quando necessrio

    Direitos e interesses dos pescadores; meio ambiente e cultura

    Conselho Municipal de Sade Associaes amigos de bairros locais, quilombolas

    Projeto

    TAMAR Ubatuba

    Desde 1991

    Conservao das tartarugas marinhas, tendo Ubatuba como rea de alimentao e interao com a pesca

    Cerca de 40 funcionrios na base de Ubatuba

    O projeto gere 23 bases de pesquisa, manejo e educao ambiental.

    Tartaruga marinha (pesquisa e manejo); Incluso social e educao ambiental; projeto e programas

    Conselhos Municipais de Meio Ambiente, de Agricultura e Pesca e de Assistncia social; APA Marinha LN

    ASSU; AUS; Blablabl Positivo; Cunhambebe; Ipema; Associaes de Bairro; Instituto Argonauta Fundao Florestal; Ecosurf; Conselho de Entidades Ambientalista de Ubatutuba

    Agenda 21 de Ubatuba e Litoral Norte

    Desde 2005

    Sua criao foi motivada pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) e Comit de Bacias Hidrogrficas do Litoral Norte (CBH-LN)

    20 Atualmente esto paradas as reunies

    Melhoria da qualidade de vida local

    No. O Frum est paralisado. Agendas 21; Prefeitura e ONGs

    Associao Scio-ambientalista Somos Ubatuba

    Desde 1997

    Vontade de contribuir para o desenvolvimento sustentvel de Ubatuba e regio

    Em torno de 30

    Reunies institucionais mensais e cronograma de atividades especficos de cada projeto

    Recursos hdricos; saneamento bsico;

    Educao ambiental; resduos slidos

    GTEA (CBH); Conselho Municipal de Meio Ambiente

    Real norte; CDS; CONDIAL; Instituto Argonauta; Tamar; Cunhambebe; Bicho Preguia; Gondwana; Ps no Cho;

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    BASE DAS INFORMAES: AT 2012 REVISO DE MARO DE 2013

    Costa Brasilis

    Colnia de pescadores Z-10

    Desde 1939

    Na poca em que foi criada objetivava ajudar a marinha a monitorar a rea; Criada tambm para representar e o organizar o setor pesqueiro e os pescadores enquanto categoria profissional;

    2463 Gesto pelo sistema de diretoria eleita; assembleias

    Pesca, meio ambiente; polticas pblicas

    APA Marinha; GERCO; PGA do Pq. Estadual da Ilha de Anchieta; CBH

    Colnias de pescadores, associaes, sindicatos

    IPEMA - Instituto de Permacultura da Mata Atlntica

    Atuando desde 1999

    Fomentar e difundir a permacultura para a criao de assentamentos humanos sustentveis

    15 membros

    Reunies quinzenais

    Capacitao de pessoas para as reas de permacultura, ecovilas, bioconstruo e atividades correlatas, promovendo a tica da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia

    Conselhos Municipais de Agricultura e Pesca e de Meio Ambiente

    Ecovillage network of the Americas; Rede Permear de Permacultores; Petrobras Ambiental; Rede Juara; TAMAR; Acarui

    Organizao Direitos humanos do Vale e Litoral Norte de SP

    Desde 2012

    Surgiu da necessidade da defesa do cidado perante os abusos e descriminao da grande parte da populao

    8 Reunies mensais e audincias pblicas

    Direitos humanos Informao indisponvel

    OAB; Organizaes quilombolas e indgenas; Assembleia legislativa de SP

    Fazenda Marafunda

    Desde 1970

    Tornar-se um ncleo de produo sustentvel Produo de palmito

    6 famlias Informao indisponvel

    Agricultura biodinmica; agroflorestas; produo de palmito; beneficiamento de sementes nativas

    Informao indisponvel Informao indisponvel

    Instituto Argonauta

    Desde 1998

    Para captao de recursos 98 pessoas na diretoria

    Informao indisponvel Informao indisponvel

    Informao indisponvel Parcerias com Universidade (USP- Oceangrafos), ASSU,

    http://novo.ipemabrasil.org.br/sobre/permaculturahttp://novo.ipemabrasil.org.br/sobre/ecovilashttp://novo.ipemabrasil.org.br/sobre/bioconstrucao

  • Tamar

    Associao dos Sindicatos dos Servidores e trabalhadores de Ubatuba

    7 anos Criar benefcios e sustentao para servidores

    1400 associados; 2600 servidores

    Reunies realizadas conforme a demanda

    Assistncia de convenio e necessidades dos funcionrios.

    Conselhos de Turismo, Trnsito, Desenvolvimento, Assistncia Social e Sade

    No

    Comunidades tradicionais e possivelmente impactadas

    Tempo de existncia

    Motivo de sua criao Nmero de associados

    Como funciona a organizao

    Temas e demandas que articula

    Espaos pblicos de participao

    Articulao com organizaes da sociedade civil locais/ regionais

    Ponto de Cultura Escolinha Jambeiro/ Associao de Quilombos do Camburi

    12 anos Pelo reconhecimento do Quilombo

    40 famlias

    A associao promove reunies administrativas semanais, e a cada 15 dias para tratar dos projetos

    Reconhecimento, resgate da cultura, desenvolvimento sustentvel local, ecoturismo, agricultura e pesca,

    Conselho de Agricultura e Pesca

    IPEMA, Parque Estadual da Serra do Mar Ncleo Picinguaba.

    Ponto de Cultura Olhares de Dentro/ Associao de Quilombos da Fazenda

    2001

    Reagir s expropriaes ocorridas aps a criao do parque, lutando para permanecer na terra

    50 famlias dentro do quilombo, e 300 aguardando licena para construir

    Reunies quinzenais Reconhecimento da terra, para dar andamento aos projetos

    No

    IPEMA, Universidades So Judas Tadeu e Furnas

    Associao de Quilombo do Serto de Itamambuca

    8 anos

    Formalizar legalmente o territrio quilombola conforme demanda a legislao

    40 famlias no local

    Reunies ocorrem conforme demanda, bimestral ou trimestralmente.

    Preservao ambiental - APP do Quilombo

    No Associao do Quilombo Caandoca

    Associao do Quilombo Caandoca

    Desde 1987

    Formalizar legalmente o territrio quilombola conforme demanda a legislao; promover o trabalho e ao coletiva dos

    53 famlias

    Determinam-se reunies mensais, porm, tem ocorrido conforme a demanda.

    Produo de suco do Juara; cerco de pesca.

    Subcomisso Parlamentar de Direitos Humanos e Comisses Nacional e Estadual de Quilombos, Associao da Mulher Assentada e Quilombola do Estado de So

    Quilombos Serto de Itamambuca, Fazenda da Piciguaba e Camburi, entre outros, em funo

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    Convnio Petrobras Instituto Plis | Relatrio n 6

    Diagnstico Urbano Socioambiental | Municpio de Ubatuba

    BASE DAS INFORMAES: AT 2012 REVISO DE MARO DE 2013

    quilombolas. Paulo. da representao nacional e estadual.

    Associao do Quilombo Caandoquinha

    2001 Lutando pela regularizao da terra

    25 a 30 famlias

    Reunies ocorrem semanalmente

    Desenvolvimento do quilombo, transmisso da cultura quilombola para os jovens da comunidade

    Conselhos de Agricultura e Pesca, de Sade, e do Desenvolvimento Sustentvel das Comunidades Quilombolas e Indgenas

    Federao estadual de quilombos

    Aldeia Boa Vista Informao indisponvel

    Informao indisponvel Informao indisponvel

    Informao indisponvel

    Informao indisponvel Informao indisponvel Informao indisponvel

    Aldeia renascer

    - APM Escola Estadual Indgena Aldeia Renascer

    A aldeia existe desde 1998; a APM, desde 2004

    Criada para cumprir a exigncia comum a qualquer escola estadual, para receber recursos escolares, subsidiar projetos, prestar auxlio comunidade

    12 membros na APM; 100 pessoas na aldeia

    Assemblias trimestrais

    Definio da destinao dos recursos da escola e alguns dos recursos da aldeia

    Fundao Nacional de Sade; No

  • Num primeiro momento a sociedade civil organizada de Ubatuba pareceu dispersa, com baixo nvel de articulao e mobilizao, mas demonstraram durante Oficina que esto envolvidos em iniciativas locais de participao social.

    Nas entrevistas realizadas teve-se a impresso de que cada instituio mantm-se focada em suas demandas e atividades internas e articula parcerias com outras entidades de acordo com necessidades especficas.

    A Associao faz parte do Conselho Municipal de Turismo, mas se ressente da falta de participao dos associados na vida da cidade... Poucos querem carregar o piano.

    Contudo, o engajamento demonstrado pelas organizaes que participaram da Oficina Pblica foi dissolvendo essa primeira impresso. Nessa ocasio a participao dos presentes foi bastante ativa, aqueles que compareceram pareciam entusiamados pela oportunidade de estar ali, de trazer suas opinies e serem escutados. Alm disso, a oficina realizada em Ubatuba foi a de maior quorum entre os eventos similares realizados por este projeto no Litoral Norte.

    O que pareceu comun aos participantes da Oficina e aos entrevistados o fato de no haver uma agenda prioritria que caracterize e mobilize a atuao da sociedade civil organizada como um todo. Este aspecto tambm transpareceu na pesquisa qualitativa quando os entrevistados, convidados a projetar o futuro da cidade, no vislumbraram grandes perspectivas, pelo menos no plano mais imediato das aes/ caminhos possveis. O tom geral, se no era de pessimismo, de apreenso e cautela.

    Quanto articulao das diferentes organizaes civis pode-se dizer que Ubatuba dialoga com as demais organizaes da regio por meio do Real Norte, um colegiado de 17 entidades ambientalistas dos quatro municpios do Litoral Norte. Estas mesmas entidades firmaram um convnio com a Petrobras e Unisantos, compondo o COMDIAL-Comit de Dilogo do Litoral Norte que, por meio do Centro de Experimentao em Desenvolvimento Sustentvel CEDs, sediado em So Sebastio, debatem as questes estratgicas acerca do desenvolvimento do Litoral Norte, executam projetos e promovem cursos de formao e palestras sobre desenvolvimento sustentvel. No tivemos contudo, relatos especficos sobre como essa articulao com a sociedade civil dos outros municpios do Litoral Norte vem se dando atualmente.

    A relao de entidades da sociedade civil com a poltica partidria parece interferir na sua organizao e na sua autonomia. Falam da existncia de organizaes que servem a determinados interesses polticos. As relaes com a prefeitura seriam permeadas pelo tipo de relao e de proximidade poltica estabelecida entre esta e as organizaes da sociedade civil. Ou seja, a depender do partido apoiado a relao pode ser mais ou menos prxima.

    Numa cidade pequena como Ubatuba parece que a sociedade civil organizada enfrenta mais dificuldade para mater uma atuao independente da conjuntura poltica partidria local. Aquelas que tecem crticas gesto dizem ter sido alijada dos espaos de gesto participativa ou terem-lhes sido negadas possibilidades de participao nos espaos de gesto participativa, ou mesmo apoio a suas atividades. Nesse contexto, as entrevistas mostraram que certas organizaes podem servir como trampolim para a vida poltica e como base eleitoral de candidatos ao Poder Legislativo e ao Executivo.

    ... Quando o Eduardo Cesar (prefeito) assumiu, em 2005, existia o Sindicato dos Servidores que era visto como oposio prefeitura. O prefeito entendeu que seria preciso dar fora a sua administrao ento, ajudou a fundar a Associao para ser um apoio e um contraponto ao Sindicato...

    De outro modo, na Oficina Pblica os participantes demonstraram ter um perfil crtico a gesto local. Isto , identificou-se, no entanto, que Ubatuba tambm possui um grupo de organizaes que se consideram autonomas e que almejam atuaes desvinculadas do poder executivo.

    As comunidades tradicionais

    Comunidades de remanescentes de quilombos

    Ubatuba possui ao menos cinco comunidades de remanescentes de quilombos em seu territrio. Quatro destas comunidades foram visitadas: Quilombo Cambury, Quilombo da Fazenda, Quilombo do Serto de Itamambuca e o Quilombo Caandoca.

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    Convnio Petrobras Instituto Plis | Relatrio n 6

    Diagnstico Urbano Socioambiental | Municpio de Ubatuba

    BASE DAS INFORMAES: AT 2012 REVISO DE MARO DE 2013

    Os habitantes dessas comunidades vivenciam um conflito territorial desde a criao do Parque Estadual da Serra do Mar (1997). Tiveram que abandonar o cultivo da terra e a agricultura de subsistncia, sua principal fonte econmica, uma vez que o Parque, ao ser declarado como uma rea de conservao de uso integral, alegou que no seria permitido o plantio, nem mesmo para culturas de subsistncia como a mandioca.

    Queriam formar um parque em cima de ns, o prefeito queria arrancar ns daqui de l pra fora. Num lugar que a gente mora aqui h quantos anos? Mais de 500 anos, nascidos e criados aqui. Agora voc acha ns vamos sair do lugar que estamos morando? E morar l na cidade imprensados, sem condies? Que nem um passarinho sai do mato pra morar l...porque ns somos livres.

    A alimentao mudou muito a partir do momento que isso virou um parque e aqui no pode plantar.

    Antes na cidade era s pra comprar o sal e a querosene, o resto era tudo na roa, hoje no, antes tinha de tudo na roa, tinha porco, galinha.

    A comida era o azul marinho, o pescado, fazia farinha, plantava cana e fazia o caf da cana. Com dois a trs anos tinha a roa, quando a terra ficava canada eles mudavam de lugar, tinha outra terra para trabalhar, para deixar descansar a outra. Mas com o parque no deu para fazer isto por que o guarda multava. Eles no criaram outra alternativa.

    A ameaa de expulso ou o impedimento de uso de suas terras fez com que os grupos buscassem se organizar para reivindicar seus direitos territoriais. A principal luta destas comunidades o auto-reconhecimento das comunidades enquanto quilombolas (a certificao de auto-reconhecimento feita da Fundao Cultural Palmares) e a criao de associaes de remanescentes de quilombos. A criao destas um requisito para a titulao das terras, pois o ttulo, quando emitido, sai em nome da associao. Neste processo de reconhecimento, demarcao e regularizao fundiria dos territrios quilombolas, se destaca o protagonismo de rgos das instncias estadual e federal, enquanto h pouca atuao e apoio da esfera municipal.

    Com a chegada do parque aconteceram muitos conflitos, eu quiz organizar uma associao com as 07 comunidades. Eu at desmaiei um dia a noite para juntar a comunidade e brigar pelas terras.

    E associao pra isso n?! Poder reivindicar os direitos.

    Como comunidade Quilombolas as portas se abrem com o governo federal e estadual. A prefeitura consegue ficar l no cantinho dela, s consegue gerenciar male male a educao, a parte cultural fraqussima, digamos que assim, ela no se estende pros bairros, a gente tenta divulgar alguma coisa no consegue.

    Ainda bem que a gente tem amigos, porque pessoas que conheciam o lugar que ajudaram acabaram fazendo uma ponte muito grande pra acelerar a questo do reconhecimento, mas porque a gente mexeu com mdia, com ministro l de cima. Enfim, tiveram pessoas que ajudaram na articulao, porque seno, pro reconhecimento.... o [Quilombo do] Campinho levou 20 anos, 5 pro estado e 10 pro INCRA. O processo lento.

    Somos reconhecidos pela Itesp, Fundao Palmares e pelo INCRA. O INCRA que federal j est tudo certo, s falta essa titulao.

    Hoje as associaes de remanescentes de quilombos funcionam enquanto instncias de organizao poltica destas comunidades. Contudo o grau de mobilizao e articulao varia de uma entidade/comunidade para a outra. Sua criao surge da necessidade de organizao das famlias de cada comunidade neste formato associativo para o requerimento da titulao de suas terras.

    Ento, a associao se rene quase toda quinta feira aqui, a gente funciona com conselhos deliberativos que so o conselho dos ancies, depois vem o conselho executivo que o protagonismo que t entrando agora e h a associao e os scios. Ento geralmente a gente t sentando de quinta feira pra articulao poltica embora se dividam em alguns grupos de trabalho como o grupo do turismo, o grupo dos

  • arteses, agricultura - ento cada um tem seu diretor. S no conselho deliberativo ns temos quase dez conselheiros.

    Tudo passou pela associao, foi atravs dela. Tudo, os processos de desapropriao, os processos de discriminatria, a energia eltrica, porque quando voc uma comunidade quilombola voc tem certos benefcios que o governo cede. (energia rural). Foram tantas as conquistas que se a gente for ver .. muita coisa

    A prpria organizao e o reconhecimento [foi a conquista] maior, a questo econmica com o ecoturismo acho que ela foi determinante, o prprio enraizamento deles aqui... Essa coisa de sair trabalhar... Acho que a associao t agora com pequenos projetos e consegue manter um maior nmero [de pessoas] aqui, consegue dar uma evaso maior pra um transporte pra um estudo melhor... Enfim..

    Antes da criao das associaes as comunidades possuam, em maior ou menor grau, uma organizao social baseada nos laos de parentesco, compadrio e vizinhana que hoje se soma a organizao poltica dos grupos que lutam pelos direitos territoriais das comunidades de remanescentes de quilombos. Menciona-se, inclusive, que a estrutura social baseada nas relaes de parentesco e os padres de residncia e de cultivo da terra, adotados tradicionalmente, vm sofrendo alteraes devido implantao do PESM.

    [A terra] era tudo das famlias, mas metade dos moradores venderam tudo e foram embora, ns que ficamos sustentando o lugar, fomos ns. Meu pai e minha av nasceram aqui, minha bisav nasceu e morreu aqui, era escrava, minha bisav era escrava, trabalhou na escravido ai, meu av, minha v conta que chegaram at a apanhar. Meu bisav era escravo, foi at vendido, judiado e espancado. Depois nasceu minha av, minha av tambm pegou escravido ainda. S que quando meu pai nasceu no existia mais n?! Antes voc subia l tinha um amontoado de covas uma atrs da outra que matavam os escravos e enterravam, no sabia disso ai. Ento quer dizer, morreu tudo, ai ns aqui, faz mais de 500 anos que ns mora aqui pegando meu bisav com meu pai, mais de 500 anos, o meu irmo ele tem 63. Ento voc v h quantos anos ns mora aqui. Tendo uma raiz firme na terra como o pessoal vai querer levar a gente pra l? No tem como, no tem como, isso ai no tem jeito. como pegar um p de banana dali e plantar aqui, se tirou ele dali acabou, morreu.

    as questes de luta pela terra passam de pai para filho. Os mais jovens entram na luta e abraam a causa por amor

    Tinha o costume de quando o filho casava fazia casa em volta da gente. Agora no pode mais (). Perdeu o costume de plantar

    Em alguns casos, essa nova modalidade de organizao poltica no acontece sem que haja conflitos de posies entre os habitantes das comunidades quilombolas :

    Antes era uma nica assoaciao, Caandoca e Caandoquinha. Eu mesmo j fui presidente e secretrio da associao de Caandoca e agora sou da Caandoquinha. Por conta de picuinha separou. Mas na verdade uma coisa s. Eu conversei com a presidente para a gente trabalhar junto

    A comunidade no passado era melhor do que agora mas pode melhorar muito, ter mais comunicao entre as pessoas e parar de brigar por bobeira

    Para organizar as questes da comunidade fazemos reunies, tudo decidido na reunio; fazemos mutires tambm, junta a comunidade para ajudar e construir juntos

    Antes era uma coisa s, agora tem separao, at Puruba. Associao de quilombos e de moradores.

    Outro conflito que transpassa esse processo de auto-reconhecimento o conflito identitrio. Isto , o fato de uma comunidade decidir se auto-reconhecer como quilombola, adotar essa classificao perante o Estado, a fim de conquistar seus direitos territoriais, traz tona questes relativas ao preconceito de raa, a busca por elementos de uma cultura e de uma identidade que foram se transformando com o passar dos sculos, dentre outras coisas. Alm disso, h o medo de que uma vez tidos como quilombolas possam perder benefcios e direitos desenhados para outros segmentos da sociedade.

    No comeo [do processo de auto-reconhecimento] a gente at brincava, o que quilombo?.

    Ento, o auto-reconhecimento difcil, metade da populao no se reconhece.

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    BASE DAS INFORMAES: AT 2012 REVISO DE MARO DE 2013

    Voc tem que explicar o que so os quilombos, o que uma comunidade quilombola, que seu tatarav esteve l e foi escravo. At porque, na oralidade muita coisa foi perdida, dificulta o processo de resgate. Voc tem que ser quilombola para voc permanecer na terra. Como assim eu tenho que ser quilombola?. Da voc mostra estudo: voc por conta disso e daquilo. Dai entra o preconceito: Eu no sou negro, sou moreno clarinho..meu pai era ndio. Mas casado com quilombola...

    No processo de reconhecimento tanto da comunidade como do territrio metade resolveu se reconhecer como comunidade quilombola, outra metade no, resolveu ficar como caiara

    Se a organizao interna das comunidades um desafio, a articulao com entidades externas seria um segundo passo ou um processo que deve correr em paralelo para potencializar a luta das comunidades cuja qualidade deriva do nvel de organizao alcanado internamente. O nvel de articulao dessas comunidades com outras organizaes da sociedade civil e mesmo com outros quilombos da regio variado. Isto , se por um lado algumas comunidades encontram dificuldade de estabelecer contato com a sociedade fora do Territrio Quilomb