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Sustentabilidade Socioambiental Enangrad Pleno MARCIO SILVA BORGES LÍVIA MARA MATTOS PINTO SALGADO

Sustentabilidade Socioambiental

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SustentabilidadeSocioambiental

Enangrad Pleno

MARCIO SILVA BORGES

LÍVIA MARA MATTOS PINTO SALGADO

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Área Temática 10 – Sustentabilidade Socioambiental

GESTÃO ENERGÉTICA NO MERCOSUL: UMA ANÁLISE SOBRE A INTENSIDADE ENERGÉTICA E EMISSÕES DE CO2

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RESUMO O presente estudo visa alertar sobre a iminente necessidade de preservação ambiental do planeta e para que os hábitos atuais das sociedades sejam repensados, de modo que os recursos naturais sejam utilizados de forma eficiente e racional. Com base em estudos realizados sobre o tema e através de uma pesquisa quantitativa sobre o balanço energético dos países membros do MERCOSUL, este trabalho objetiva apresentar os principais recursos naturais utilizados por cada país do bloco para a geração de energia entre os anos de 1990 e 2015, verificando seus níveis de sustentabilidade e confrontando com os acontecimentos históricos registrados. O artigo realiza uma pesquisa exploratória, bem como apresenta os métodos de procedimento e de cálculo. De acordo com os resultados obtidos, conclui-se que Argentina, Paraguai e Venezuela ainda precisam percorrer um longo caminho para melhorar seus níveis de eficiência energética e emissões de CO2. Brasil e Uruguai já possuem maior credibilidade internacional acerca do tema energia renovável e redução de emissões de gases de efeito estufa. Palavras-chave: Gestão Energética; Índice de Intensidade Energética; Emissões de CO2; MERCOSUL ABSTRACT The present study aims to warn about the imminent need for environmental preservation of the planet and for the current habits of societies to be rethought, so that natural resources are used efficiently and rationally. Based on studies carried out on the subject and through a quantitative research on the energetic balance of the MERCOSUR member countries, this paper aims to present the main natural resources used by each country of the block for the generation of Energy between the years 1990 and 2015, verifying their levels of sustainability and confronting the recorded historical events. The paper performs an exploratory research, As well as presents the methods of procedure and the calculation. According to the results obtained, it is concluded that Argentina, Paraguay and Venezuela still need to go a long way to improve their energy efficiency levels and CO2 emissions. Brazil and Uruguay already have greater international credibility about renewable energy and reduction of greenhouse gas emissions. Keywords: Energy Management; Energy Intensity Index; CO2 Emissions; MERCOSUR.

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1 INTRODUÇÃO A energia é a principal fonte de luz, calor e força do mundo moderno. As

indústrias, agricultura, comércio, dentre outros setores produtivos dependem da energia para funcionar, mantendo assim a dinâmica econômica das cidades, estados e países. Pode-se dizer que a energia é fator determinante no desenvolvimento econômico e social de uma sociedade. Após a revolução industrial, a energia passou a ter sua imagem vinculada à concepção de progresso. Contudo, apesar de ser impossível pensar no mundo moderno sem energia, é importante ressaltar que as fontes de energia, além de gerarem riquezas para os países, também podem gerar muitos danos.

A geração de energia está diretamente ligada à disponibilidade de recursos naturais, o que pode provocar impactos tanto sobre o desenvolvimento econômico quanto sobre a natureza. Segundo Sachs (2005, p. 214), não se deve confundir crescimento econômico com desenvolvimento. Assim, o desenvolvimento não deve se limitar somente aos aspectos econômicos e sociais, mas deve também contemplar a sustentabilidade das civilizações humanas e suas aptidões em fazer bom uso da natureza.

Como cada processo de geração de energia possui suas particularidades, o meio ambiente pode ser impactado de diferentes formas. De acordo com Reis (2000) as fontes primárias para a produção de energia podem ser classificadas em renováveis e não renováveis. Segundo o autor, as renováveis são provenientes de recursos que são repostos pela natureza de forma mais rápida, como a água, o sol, os ventos e a biomassa. Já as não renováveis são derivadas de recursos naturais que levaram milhares de anos para se formar e podem se esgotar em função da alta velocidade de utilização pelo homem, como o petróleo e seus derivados, o gás natural, o carvão e as fontes radioativas de energia. A utilização de petróleo e carvão, por exemplo, ambas fontes de energia não renováveis, ocorre através da queima destes, aumentando as emissões de gases de efeito estufa e causando graves danos ao meio ambiente.

Desta forma, a geração de energia vem se tornando uma grande preocupação, devido às mudanças no clima observadas ao redor de todo o mundo. Além disso, existe o questionamento de como o mundo poderá continuar crescendo, uma vez que parte dos recursos energéticos utilizados são finitos. Devido a estas mudanças climáticas e ao aumento sucessivo da emissão de gases de efeito estufa, o mundo vive em um cenário onde a busca por fontes alternativas para geração de energia tem sido fator importante para uma produção mais limpa e para a redução do aquecimento do planeta.

1- REVISÃO DA LITERATURA Segundo Rocha (2015), o nível de desenvolvimento de um país pode ser

revelado através do desenvolvimento sustentável e a questão ambiental vem se tornando cada vez mais determinante para uma nova definição do termo desenvolvimento. Assim, o desenvolvimento sustentável deve buscar o equilíbrio entre as dimensões econômicas, sociais e ambientais, de modo a satisfazer as necessidades atuais, não deixando um meio ambiente degradado para as gerações futuras. Assim, cabe aos países buscar o equilíbrio entre essas três opções de modo a atingir uma sustentabilidade energética.

Borges (2011) realizou um estudo para construir um modelo de sustentabilidade energética, no segmento de energia elétrica, para o ramo industrial do estado brasileiro do Pará. A ideia do autor era a de que esse modelo pudesse ser

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capaz de orientar as decisões de investimento em energia elétrica voltadas para a sustentabilidade.

Segundo Borges (2011), os indicadores de sustentabilidade permitem uma análise comparativa entre os países, sobre a situação atual e os avanços em direção a um desenvolvimento sustentável no ramo energético. Desta forma, os indicadores devem ser capazes de fornecer informações para a criação de políticas públicas que sustentem um desenvolvimento econômico limpo. O consumo de energia elétrica é uma variável de desenvolvimento socioeconômico importante e um baixo consumo pode representar baixos índices de desenvolvimento, porém um alto consumo de energia não significa necessariamente que há um alto nível de desenvolvimento, tendo em vista que existem populações com diferentes níveis de consumo e padrões de vida parecidos. Assim, é importante analisar o comportamento do consumo energético e sua influência sobre o desenvolvimento econômico.

Di Bartolo (2008) analisou a relação entre o índice de intensidade energética e a evolução das emissões de CO2 no Brasil entre os anos de 1980 e 2005. A autora utilizou a teoria de desenvolvimento de Kuznets para avaliar a relação da evolução das emissões de CO2 em função do desenvolvimento econômico. Ainda segundo a autora, a curva ambiental de Kuznets tem a finalidade de relacionar variáveis ambientais, como as emissões de CO2, com a evolução da renda per capita. De acordo com Di Bartolo (2008), em 2005, a matriz energética mundial apresentava-se 87% dependente de combustíveis fósseis, um percentual preocupante para a realidade ambiental do planeta.

Os resultados obtidos pela autora levam à conclusão de que os países desenvolvidos estabilizaram o consumo de energia, apresentando um índice de intensidade energética cada vez mais baixo, o que significa que são mais eficientes na geração de energia. Esse resultado mais eficiente atribuído aos países industrializados se deve a uma redução e estabilização do consumo de energia combinadas a uma elevação na taxa de crescimento do produto interno bruto (PIB). Já nos países em desenvolvimento, observou-se um cenário contrário, com um aumento sucessivo do índice de intensidade energética. Segundo Di Bartolo (2008), esse resultado se deve ao fato de esses países estarem em estágios de desenvolvimento econômico inferiores, necessitando de um maior consumo de energia para a construção de sua infraestrutura. O problema decorrente dessa elevação no consumo energético é a escassez de reservas energéticas, colocando em risco o abastecimento energético futuro.

No que diz respeito às emissões de gases poluentes, Di Bartolo (2008) concluiu que nos países desenvolvidos, os elevados níveis de renda possibilitam mudanças tecnológicas, possibilitando uma geração de energia mais limpa, diminuindo a velocidade de degradação. Assim, os países desenvolvidos vêm se tornando eficazes através da diminuição do índice de intensidade energética e da emissão de CO2. Já nos países em desenvolvimento ocorre o contrário e a degradação ambiental aumenta conforme cresce o consumo de energia, tendo em vista que nessas nações não há um entrosamento entre as políticas ambiental e energética.

2- PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Para definir o delineamento da pesquisa, este estudo realiza uma pesquisa

exploratória, a qual permitirá aprofundar o conhecimento sobre a temática da energia nos países do bloco econômico do MERCOSUL. Segundo Beuren (2006, p.80), o estudo exploratório permite conhecer o assunto com maior profundidade, tornando-o mais claro e construindo questões importantes para a condução da pesquisa. A intenção é buscar uma visão geral sobre o assunto para em seguida analisar os dados

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coletados, formulando hipóteses e aprofundar a investigação de acordo com o contexto de cada país analisado.

Este estudo utiliza como métodos de procedimento a pesquisa bibliográfica, baseada em livros e monografias sobre o tema, bem como em jornais que ofereçam informações sobre o contexto energético, econômico, político e histórico para a interpretação dos resultados obtidos. Assim, este tipo de procedimento utiliza a contribuição de vários autores sobre o tema pesquisado, como publicações avulsas, artigos, boletins, jornais, livros, monografias, teses ou dissertações que já tenham abordado a temática energética no bloco econômico do MERCOSUL e que também tenham realizado estudos sobre os indicadores de intensidade energética e de emissões de CO2.

Para compreender as diferenças entre cada país do bloco e suas respectivas dificuldades no que diz respeito à geração de energia, será utilizado o método comparativo. Segundo Lakatos e Marconi (2003, p.107), o método comparativo ocupa-se da explicação dos fenômenos e permite analisar o dado concreto, deduzindo desse os elementos constantes, abstratos e gerais.

A eficiência energética de cada país na geração de energia será analisada através do Indicador de Intensidade Energética (IIE). Segundo Pinto Jr. (2007), a comparação internacional entre o nível de consumo de energia e o PIB revela grandes diferenças entre países e é um dos indicadores mais usados em estudos comparativos. O IIE expressa quanto de energia é necessário para a produção de uma unidade monetária do PIB, sendo também considerada uma medida de eficiência da utilização da energia para a geração de riqueza. Assim, quanto maior o IIE significa que o país utiliza uma quantidade alta de energia para gerar cada unidade do PIB, e quanto mais próximo de zero seu resultado, mais eficiente é o país na geração de energia. Logo, a eficiência energética de um país aumenta quando se consegue alcançar o mesmo nível de bem-estar com menor uso de energia.

Segundo Di Bartolo (2008), a elevação do consumo de energia está fortemente relacionada à produção de poluentes como o CO2. As emissões de CO2, por sua vez, são influenciadas por variáveis como população, PIB e consumo de energia. As variações na intensidade energética (IIE), no padrão de consumo e na magnitude do consumo de cada grupo de renda afetam a intensidade de degradação ambiental e influenciam a intensidade de emissão de CO2. Assim, este trabalho também pretende

ainda medir o valor da intensidade de emissão de CO2 (𝐶𝑂2

𝑃𝐼𝐵) de cada país do bloco.

Serão utilizadas quatro variáveis para realizar este estudo, que são: consumo energético, PIB de cada país e emissões de CO2 de cada país em sua totalidade. A análise se concentra entre os anos de 1990 e 2015, períodos importantes para as discussões mundiais acerca das mudanças no clima e será demonstrada através do IIE e do valor da intensidade de emissão de CO2 de cada país.

Rocha (2015) ressalta que o IIE não está relacionado apenas à utilização eficiente dos recursos energéticos, mas também se estende às dimensões econômica e ambiental. Desta forma, este indicador pode ser útil para avaliar a sustentabilidade ambiental na matriz energética de um país. Já o indicador de intensidade de carbono permite analisar as relações entre a produção de bens e serviços de uma economia e suas emissões de gases poluentes. É um indicador importante, pois além de ser diretamente ligado à sustentabilidade, permite avaliar se o país é eficiente do ponto de vista do IIE, porém à custa de altas emissões de poluentes.

Logo, as matrizes energéticas de cada país serão desmembradas, a fim de verificar seus respectivos impactos sobre o meio ambiente e de visualizar como os recursos naturais vêm sendo utilizados para a geração de energia nos países do

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MERCOSUL. De posse destes dados, será possível relacionar os indicadores de intensidade energética e de emissão de CO2 com o cenário econômico e político de cada país no que diz respeito ao ramo de energia.

3- RESULTADOS E DISCUSSÃO As análises das matrizes energéticas representam toda a energia que é

disponibilizada, transformada, distribuída e consumida nos processos produtivos de um país. Ou seja, é uma representação quantitativa da oferta interna de energia, da quantidade de recursos energéticos disponíveis para utilização interna. Serão apresentadas as matrizes energéticas de cada país membro do MERCOSUL, demonstrando em que proporção esses países vêm utilizando os seus recursos energéticos.

Essa análise permite verificar se os recursos naturais para a geração de energia estão sendo utilizados de forma racional, através de um bom planejamento do setor energético. A partir da matriz energética de cada país podem-se visualizar suas principais fontes para a geração de energia, analisando ainda se os países vêm investindo em geração de energia limpa. 3.1. Argentina

Segundo Sodré (2017), o país apresenta uma infraestrutura energética sucateada e carente de investimentos, o que pode ser reflexo ainda da alta inflação e deterioração econômica do início dos anos 2000. De acordo com Aizen (2015), o país apresentou, na COP21, uma proposta nada ambiciosa para a redução das emissões de CO2. Segundo a autora, nas últimas décadas, a Argentina dobrou a produção de gases poluentes, colocando o país entre os 20 maiores emissores do mundo.

A Figura 3 demonstra a evolução da matriz energética argentina. Pode-se observar que a Argentina aumentou consideravelmente a utilização do gás natural, que é uma fonte de energia não renovável, demostrando a incapacidade de o país investir em fontes de energia limpas e alternativas. Segundo Díaz e Vassalo (2016), o impacto da forte dependência de hidrocarbonetos é notório na balança comercial do país, sendo esta uma das principais causas para o déficit fiscal.

Figura 3 – Oferta Total de Energia Primária na Argentina Fonte: Elaboração própria a partir dos dados IEA – International Energy Agency. Argentina TPES Energy Balance. Paris, 2018. Acessado em: 01 de março de 2018.

Ainda segundo Díaz e Vassalo (2016), o país busca implementar uma política voltada para a diversificação da matriz energética, com expansão da potência instalada, redução dos custos de geração, além da contribuição para mitigar o avanço das mudanças climáticas no mundo. A meta do país é alcançar até 20% de participação de fontes de energia renováveis até 2025, porém as perspectivas econômicas e políticas do país não favorecem este objetivo. 3.2. Brasil

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O país tem investido em fontes mais limpas e alternativas de energia, como as centrais eólicas, as termelétricas à biomassa e as hidrelétricas. Segundo Tolmasquin (2011), o país possui 46% de matriz renovável, enquanto o restante do mundo tem apenas 14% de energia renovável e nos países ricos, apenas 7% são renováveis. Contudo, o grande desafio do Brasil é conseguir crescer mantendo essa liderança mundial, tendo em vista que o país vem passando por um contexto de crise econômica, ajustes fiscais e desinvestimentos. Segundo estudo realizado pelo IPEA (2015) faz-se necessário promover um ambiente para atrair investimentos do capital privado, criar regulamentações adequadas e consistentes, além de um planejamento de longo prazo que garanta a alocação eficiente dos recursos do setor público no setor energético.

A Figura 4 retrata a evolução da matriz energética brasileira ao longo dos anos 1990 até 2015, no que diz respeito à produção de energia primária. Os dados do gráfico são baseados na oferta interna de energia, no fornecimento total de energia primária disponível no balanço energético nacional, demonstrando a quantidade de energia disponível para uso em um país.

Figura 4 – Oferta Total de Energia Primária no Brasil Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do IEA – International Energy Agency. Brazil TPES Energy Balance. Paris, 2018. Acessado em: 01 de março de 2018.

Pode-se observar que o petróleo e o gás natural ampliaram sua participação

na produção de energia primária. Observa-se que a produção de petróleo praticamente duplicou ao longo dos anos, e a de gás natural triplicou, ambas fontes de energia não renováveis. Segundo Pinto Jr (2007), é interessante observar o processo de diversificação das fontes de energia primária no país. Com o passar dos anos, a energia hidráulica, os produtos da cana, o gás natural e o urânio, ainda que em menor escala, atingiram uma importância ainda maior na matriz energética nacional.

A produção de biocombustíveis, fonte de energia renovável, também registrou um crescimento significativo na matriz energética do país, o que pode ajudar a diminuir a dependência do petróleo e seus derivados. Além disso, a partir de 2010 observa-se também o início da produção de energia geotérmica, solar e eólica, ainda com discreta participação, porém, com forte potencial de geração e de sustentabilidade. 3.4. Paraguai

O Paraguai é parceiro importante do Brasil no que diz respeito à energia. Os países possuem uma parceria no setor energético, através de um acordo bastante conhecido, que é o Tratado de Itaipú, firmado em 1973. Em 2017 o acordo energético entre os países, que prevê cessão de energia por parte do Paraguai ao Brasil, além do pagamento de royalties, pagos pela exploração do Rio Paraná para a geração de energia, completou 44 anos. Segundo Pierry (2017), o Brasil estuda rever o tratado

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com o Paraguai, pois, atualmente, a energia gerada pela usina só pode ser comercializada entre os dois países. De acordo com a autora, a intenção do Brasil é permitir que a energia gerada pela Itaipú Binacional seja comercializada com qualquer país, o que favoreceria a integração energética na América Latina.

De acordo com a Figura 5, pode-se observar que o Paraguai possui uma matriz energética renovável, em sua maioria, com forte potencial hidrelétrico. De acordo com o Ministério de Minas e Energia do país (2014), a matriz energética paraguaia se caracteriza por grande oferta de energia primária de fontes renováveis, potencial especificamente hidrelétrico e de biomassa. No ano de 2012, por exemplo, a oferta de energia interna registrada no balanço energético nacional correspondia a 57% de hidroeletricidade e 27% de biomassa (lenha, carvão e resíduos vegetais). Vale ressaltar que o Paraguai é um grande exportador de energia, o que proporciona importantes retornos financeiros para a economia do país.

Figura 5 – Oferta Total de Energia Primária no Paraguai Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do IEA – International Energy Agency. Paraguay TPES

Energy Balance. Paris, 2018. Acessado em: 01 de março de 2018. 3.5. Uruguai

A partir da Figura 6, pode-se observar um aumento significativo entre 2010 e 2015 no que diz respeito às fontes de energia geotérmica, solar e eólica. De acordo com a Administração Nacional de Usinas e Transmissões Elétricas (UTE, 2018), empresa de energia do Uruguai, o país vem ampliando cada vez mais a geração de energia elétrica a partir dos parques eólicos, tendo atingido no mês de janeiro de 2018 um total de 33% de toda a energia elétrica gerada no país.

De acordo com Ogereau (2015), de toda a energia consumida no Uruguai, 50% já são provenientes de fontes renováveis. Atualmente, cerca de 3% do PIB uruguaio é reinvestido anualmente no setor da energia, representando um investimento maciço desde 2008. Em apenas dois anos, 2,5 bilhões foram investidos em parques eólicos. Segundo o autor, a estabilidade política do país favorece a atração de investidores, o que permite vislumbrar um caminho virtuoso para o alcance da meta de independência energética até 2030.

Segundo a World Wide Fund for Nature (WWF) (2014, p.16), o Uruguai tem buscado estabilidade econômica a longo prazo, inclusão social e sustentabilidade ambiental e através da sua boa governança, foi capaz de alcançar mudanças reais nos campos da educação, energia, meio ambiente e segurança. De acordo com o relatório da WWF, em 2008, o país aprovou sua estratégia nacional de política energética. Através desta estratégia, o Uruguai avançou significativamente em direção a um futuro limpo e duradouro, definindo tendências globais no investimento em energia renovável.

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Figura 6 – Oferta Total de Energia Primária no Uruguai Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do IEA – International Energy Agency. Uruguay TPES Energy Balance. Paris, 2018. Acessado em: 01 de março de 2018.

Estes fatores colocam o Uruguai como o país mais avançado da região no

quesito energia limpa. Recentemente, o país passou a exportar energia elétrica para a Argentina e para o Brasil, fazendo com que o Uruguai se torne um potencial exportador de energia limpa na região. 3.6. Venezuela

Sua economia se baseia na exportação de petróleo, porém, a queda de preços internacional da commodity no ano de 2015 fez com que os cenários político e econômico se agravassem no país. De acordo com a Figura 7, pode-se observar a forte presença do petróleo na matriz energética venezuelana, seguido pelo gás natural, ambas fontes de energia não renováveis. A Venezuela possui um importante potencial hidrelétrico, porém o país é considerado hostil para a atração de investimentos externos. O país vem passando por fortes crises energéticas ao longo dos anos, agravando ainda mais a situação econômica do país. O governo venezuelano resolveu investir em usinas termoelétricas, defasadas e geradoras de CO2, para evitar o colapso energético.

A falta de investimentos externos, combinada com uma crise política e inflação elevada, permite dizer que a perspectiva venezuelana para uma recuperação econômica e inovação da sua matriz energética somente será possível caso ocorra uma mudança política no país. O estado brasileiro de Roraima vem passando por apagões elétricos recentes, tendo em vista que a Venezuela é responsável por parte de seu abastecimento energético. Estes problemas são ocasionados pela falta de manutenção no sistema energético do país, mais um dos grandes problemas os quais o país vem enfrentando.

Figura 7 – Oferta Total de Energia Primária na Venezuela Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do IEA – International Energy Agency. Venezuela TPES Energy Balance. Paris, 2018. Acessado em: 01 de março de 2018.

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3.7. Análise dos indicadores Segundo Di Bartolo (2008), o indicador de intensidade energética é de grande

utilidade para avaliar o nível de desenvolvimento atual de um país, podendo ser utilizado tanto para países desenvolvidos, quanto para os em desenvolvimento, como é o caso deste estudo. Segundo a autora, a melhoria da eficiência energética pode ajudar na redução do consumo energético, na substituição de tecnologias obsoletas por outras mais modernas, na redução das emissões de gases de efeito estufa e na diminuição da dependência energética externa, ou seja, na autossuficiência energética. Para que um país seja eficiente do ponto de vista energético, ele deve ser capaz de produzir um bem ou realizar um serviço gastando a menor quantidade de energia possível. Ou seja, a eficiência energética de uma nação aumenta quando se gasta menos energia e obtém-se o mesmo rendimento e nível de bem-estar.

Ainda de acordo com a autora, outro fator que pode aumentar o índice de intensidade energética dos países em desenvolvimento é o elevado crescimento populacional. Uma vez que a população aumenta, o consumo de energia também tenderá a aumentar. Como o IIE é calculado através do consumo dividido pelo PIB do país, caso o consumo aumente e o PIB não acompanhe esse crescimento, ou até mesmo diminua, o IIE tenderá a aumentar. Isso ocorre porque o país precisará gastar mais para atender essa demanda de energia crescente. Justamente por isso, é que os países precisam diversificar sua matriz energética, adotando fontes de energia eficientes, que possam atender à demanda crescente sem exigir ainda mais da economia do país.

Já as emissões de CO2 são resultantes da queima de combustíveis fósseis e também do desmatamento das florestas. Segundo Di Bartolo (2008), postergar a mitigação da emissão de gases poluentes pode trazer custos elevados para o futuro da sociedade. Ainda segundo a autora, caso os governantes não se empenhem para implantar instrumentos para reduzir as emissões ou adotar a utilização de tecnologias de baixo carbono, os custos das mudanças climáticas podem ser cada vez mais preocupantes para a economia mundial. Isso ocorre porque a emissão de gases poluentes altera a composição química da atmosfera, podendo levar ao aumento da temperatura média do planeta, ao desequilíbrio ambiental, resultando no efeito estufa e aquecimento global.

Segundo Werneck (2015), o Protocolo de Quioto representa um marco importante na história mundial, no que diz respeito à redução das emissões de gases poluentes. Desde então, alguns países vêm buscando formas de se desenvolver, mantendo um meio ambiente saudável.

O avanço na tecnologia limpa e sustentável de modo a reduzir as emissões de poluentes atmosféricos, é essencial para que continuemos no caminho do desenvolvimento afetando cada vez menos o meio ambiente. Este deve ser o objetivo comum dentre as nações. (WERNECK, 2015).

Assim, a Figura 8 apresenta os resultados para o indicador de intensidade energética dos países membros do MERCOSUL, enquanto a Figura 9 demonstra os resultados para o indicador de intensidade de emissão de CO2, ambas no período de 1990 a 2015.

Os países do MERCOSUL são poucos representativos quanto à emissão de CO2 se comparados ao resto do mundo. A partir dos resultados obtidos, pode-se concluir que o país mais eficiente do bloco, sob o ponto de vista energético e das emissões de CO2 é o Uruguai. Segundo Pinto Jr. (2007), a comparação internacional entre o IIE dos países pode revelar fortes discrepâncias, devido às diferentes dotações

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de recursos energéticos, os hábitos de consumo de energia, o clima, o nível de desenvolvimento tecnológico, etc.

Figura 8 – Resultados dos Indicadores de Intensidade Energética Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do IEA – International Energy Agency. Argentina, Brazil, Paraguay, Uruguay e Venezuela Key Indicators. Paris, 2018. Acessado em: 01 de março de 2018.

Figura 9 – Indicador de Intensidade de Emissão de CO2 – MERCOSUL Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do IEA – International Energy Agency. Argentina, Brazil, Paraguay, Uruguay e Venezuela Key Indicators. Paris, 2018. Acessado em: 01 de março de 2018.

O Uruguai vem demonstrando ser um exemplo a ser seguido, quando se trata

de políticas energéticas. O país mostrou ao mundo que é possível se tornar autossuficiente em energia, gerando energia limpa e reduzindo os danos causados ao meio ambiente. Segundo Grisotto apud The Guardian (2015), o Uruguai chamou atenção na conferência sobre o clima em Paris, a COP-21, pelo progresso na mudança de sua matriz energética e pelas constantes reduções nas emissões de carbono. Ainda segundo a autora, na ocasião, o país apresentou uma das metas mais ambiciosas da conferência, comprometendo-se a reduzir em 88% as emissões de carbono até o ano de 2017.

Desta maneira, é possível concluir que o Uruguai é um país com uma boa condução do seu sistema energético combinando com o cuidado com o meio ambiente, tornando-se uma referência em geração de energia limpa no MERCOSUL. É verdade que o país possui um território pequeno e uma população média, o que torna mais eficaz e rápida as inovações tecnológicas, pois há uma melhor integração dos setores e uma regulação eficaz. Contudo, esse sucesso energético e ambiental do país se deve também à sua estabilidade econômica e política, as quais possibilitam aumentar a credibilidade no cenário internacional, atraindo investimentos para o setor.

O Brasil, por sua vez, ocupa a segunda colocação no ranking de eficiência energética entre os países do MERCOSUL, mantendo o seu IIE e os níveis de emissão de carbono de certa forma estáveis ao longo do período analisado. Sua extensão territorial de parâmetros continentais permite que o país possua uma disponibilidade de recursos e fontes de energia muito ricas. A energia renovável vem

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ganhando cada vez mais espaço na matriz energética do Brasil, aumentando a participação de energias limpas, como a solar, eólica e biomassa.

De acordo com o MME (2017), durante a COP-21, o Brasil assumiu o compromisso de elevar o percentual de fontes renováveis na oferta interna de energia para 33% até 2030. O compromisso inclui aumentar a participação da energia eólica, biomassa e solar na matriz energética nacional. Ainda segundo o MME, considerando os leilões de geração e transmissão realizados em dezembro de 2017, foram contratadas um total de 89 usinas geradoras de energia. Dessas 88 usinas contratadas, 51 correspondem a centrais eólicas, 20 solares, 8 termelétricas à biomassa, 2 termelétricas a gás natural e 8 centrais hidrelétricas pequenas, que correspondem à contratação de 4.516,1 MW de potência instalada, diversificando ainda mais a matriz energética brasileira. De acordo com Maia (2018), em 2017, o Brasil atingiu o oitavo lugar no ranking mundial de energia eólica, ultrapassando até mesmo o Canadá.

Em relação às reduções das emissões de gases de efeito estufa, o Brasil, assumiu, em 2015, o compromisso de reduzir as emissões em 37% até 2025 e em 43% até 2030, usando como base o ano de 2005. De acordo com o governo federal (2015), o país estabeleceu o prazo para até 2100 promover a descarbonização completa da economia. O objetivo do Brasil é reduzir as emissões sem comprometer o desenvolvimento econômico do país. Contudo, essas contribuições brasileiras para conter as mudanças climáticas só serão bem-sucedidas se o governo e a sociedade forem ágeis na implementação das medidas. Caso contrário, os cumprimentos dos prazos acordados e das metas de redução poderão ficar comprometidos.

Enquanto isso, o Paraguai possui o maior IIE dos países do MERCOSUL, demonstrando possuir uma baixa eficiência energética. Apesar de possuir uma matriz energética tipicamente limpa, o país produz um PIB baixo, fazendo com que este indicador aumente. Isso significa que muita energia é gasta para gerar apenas uma unidade monetária do PIB, tornando-o menos eficiente energeticamente. Assim, a demanda crescente por energia, combinada com um baixo PIB tende a provocar um aumento do indicador, evidenciando uma baixa eficiência no campo energético. Vale ressaltar que o Paraguai e o Uruguai são os menores países do bloco, e ocupam os extremos opostos quando o assunto é eficiência energética, sendo o Uruguai o país mais eficiente e o Paraguai o menos eficiente. Quando o assunto é emissão de CO2, o indicador coloca o Paraguai como o 3º maior emissor de gases poluentes entre os cinco países do MERCOSUL. Mais uma vez o indicador é prejudicado pela economia do país, uma vez que o indicador é calculado a partir das emissões de CO2 divididas pelo PIB.

Pode-se dizer que o Paraguai é um país pobre, com forte economia informal, o que acaba afetando a economia local e também as vizinhas. A economia do país acaba sendo o principal gargalo para o desenvolvimento, uma vez que o cenário é composto por incerteza política, corrupção, falta de reformas, dívidas externas e internas, além da falta de infraestrutura, prejudicando a atratividade para investimentos externos. A usina de Itaipú representa fatia significativa no orçamento nacional, devido à parte da energia comercializada com o Brasil.

Segundo o CAF – Banco de Desenvolvimento da América Latina (2016), o Paraguai publicou seu primeiro plano de eficiência energética em 2015, o qual buscou inspiração nos programas de países como Chile, Colômbia e Brasil. De acordo com o estudo, o país visa implementar um plano de gestão energética para tentar melhorar os seus indicadores no segmento da energia.

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A Argentina é o segundo país com menor eficiência energética do MERCOSUL e o maior em emissões de carbono, disputando essa vaga com a Venezuela. O país apresentou recorrentes apagões elétricos devido a uma infraestrutura energética sucateada e com pouco interesse das empresas externas em investir no país. Segundo Marcos (2017), o país vem enfrentando um caminho árduo para tentar recuperar sua autossuficiência energética e este tema tem estado cada vez mais presente nos debates sobre políticas públicas. De acordo com o autor, para que este objetivo seja alcançado, a matriz energética nacional requer tempo e investimentos consideráveis e um dos principais desafios do país é melhorar sua competitividade e aumentar sua produtividade energética.

No que diz respeito à inserção de energia renovável na matriz energética argentina, o que ajudaria a melhorar o nível de eficiência energética de um país e a redução das emissões de CO2, a falta de infraestrutura é o principal fator impeditivo. É um país com boa capacidade para implantar a energia renovável, porém com opção ainda de baixo apelo.

Conforme a matriz energética do país, atualmente, a Argentina é grande dependente das energias não renováveis, como o petróleo e o gás natural. Este é, possivelmente, o principal fato que corrobora para que o país seja o maior emissor de gás carbônico dos cinco países do MERCOSUL. Segundo Pontes e Welle (2017), a Argentina é responsável por cerca de 10% das emissões da América Latina, emitindo 4,7 toneladas por habitante.

Recentemente, o país apresentou uma meta pouco ambiciosa na Conferência de Paris, propondo-se a reduzir as emissões de gases poluentes em apenas 15% até 2030. Para alcançar tal objetivo, um dos planos do governo do país é inserir a eletricidade no lugar dos combustíveis fósseis. A meta de redução apresentada pelo país é uma das menos exigentes apresentadas pelos países da região, considerando que o país possui uma matriz energética tipicamente não renovável. Pode-se dizer que o governo argentino adotou uma posição pouco colaborativa com a causa do aquecimento global, não assumindo sua responsabilidade ambiental como deveria.

Por fim, a Venezuela é o terceiro país menos eficiente energeticamente do bloco econômico do MERCOSUL e o segundo maior emissor de gases de efeito estufa. O país vem enfrentando fortes crises políticas e econômicas ao longo dos anos, o que faz com que esse indicador aumente cada vez mais. Segundo o International Monetary Fund (IMF, 2018), o país deve fechar o ano de 2018 com uma inflação de mais de 1.000.000% e uma queda no PIB de 18%, fatores que impactam significativamente os resultados do IIE. A produção de petróleo no país vem diminuindo consideravelmente, a qual é responsável por grande parte da receita do país. Diante da crise econômica pela qual o país vem passando, torna-se difícil vislumbrar qualquer perspectiva de melhora ou de investimento em fontes de energia renováveis.

Assim como a Argentina, a Venezuela está entre os países da América Latina que registraram as maiores emissões por habitante. O país não apresenta nenhuma meta percentual específica para a redução de emissão dos gases. Ao contrário disso, o país vem planejando evitar o colapso energético através de usinas termoelétricas antigas e ultrapassadas, podendo aumentar ainda mais as emissões de CO2. Segundo Rojas (2015), após 195 países se comprometerem a reduzir as emissões de gases de efeito estufa durante a COP21, em 2015, a Venezuela se comprometeu, a reduzir suas emissões em 20% até 2030 desde que os países desenvolvidos assumam seu papel histórico na mudança climática. Ainda segundo a autora, as

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autoridades venezuelanas declararam que seu compromisso de redução depende de doações financeiras e da transferência de tecnologia de nações ricas.

4- CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo teve como objetivo analisar as matrizes energéticas dos países

membros do MERCOSUL, de modo a verificar o nível de sustentabilidade destas. Cada matriz foi analisada em separado, confrontando com os acontecimentos históricos registrados durante o período analisado, 1990 a 2015. Também foram analisados os indicadores de intensidade energética e de emissões de CO2 de cada um, avaliando a consistência dos resultados perante os dados econômicos e diante do cenário internacional em que os membros do MERCOSUL estão inseridos.

De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que três países do MERCOSUL ainda precisam enfrentar uma longa caminhada para melhorar seus níveis de eficiência energética e emissões de CO2, que são: Argentina, Paraguai e Venezuela. Esses países não têm perspectiva ou planos concretos para que a situação energética melhore. Ademais, os cenários político e econômico também não os favorecem. Já o Brasil e Uruguai possuem mais credibilidade mundial quando o assunto é energia renovável e redução das emissões. O Brasil ainda é um pouco criticado por suas metas de redução, tendo em vista que é um país rico em recursos naturais e de possibilidades de implementação de energia limpa. Já o Uruguai demonstrou que é possível ser autossuficiente em energia, diminuindo suas emissões, desde que os recursos sejam corretamente administrados e empregados em prol do desenvolvimento.

O desenvolvimento econômico e social de um país não é possível sem o suprimento de energia. Por isso, faz-se essencial a participação do Estado na regulamentação, na formulação e no fomento de políticas energéticas robustas. É preciso permitir a democratização desta atividade econômica para que cada país possa criar uma política energética local eficiente e que proporcione bons resultados ambientais e sociais. É necessário que a sociedade como um todo compreenda que a energia deve ser utilizada de forma racional, preocupando-se sempre em minimizar os impactos ambientais decorrentes das atividades desenvolvidas, através de uma exploração adequada dos recursos naturais disponíveis. A verdade é que alguns países ainda temem que a substituição do petróleo por fontes de energia mais limpas, prejudique o crescimento econômico e dificulte o desenvolvimento do país.

No que diz respeito ao MERCOSUL, o bloco poderia se tornar mais ágil, mais atuante, moderno e dinâmico, de modo a proporcionar a diminuição das restrições acerca do intercâmbio energético na América do Sul, facilitando as trocas entre os países. Pode-se dizer que a integração energética entre os países do bloco ainda é muito incipiente, dificultando um desenvolvimento sustentável integrado. Isso só será possível quando todos os países membros, aqui analisados, se comprometerem verdadeiramente em transformar suas matrizes energéticas em renováveis, consequentemente reduzindo os níveis de emissões de gases poluentes. Em sua maioria, até o presente momento, os projetos energéticos implementados pela maior parte dos países analisados, demonstram preocupação exclusiva com o aumento da capacidade de geração, transmissão e distribuição de energia. É difícil observar nestes projetos uma proposta de integração regional, mas sim os benefícios que cada país poderá aferir.

Como limitação do estudo, a pesquisa por se basear em dados coletados em publicações públicas e privadas, pode não retratar na prática políticas energéticas que venho sendo desenvolvidas na prática pelos próprios agentes públicos e/ou sociedade

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civil em âmbito local em cada nação analisada. Possivelmente, práticas exitosas estão sendo praticadas em seus países e isto poderia ser aferido e estudado.

Sugere-se, portanto, desenvolver pesquisas futuras com foco em mecanismos que possibilitem a operacionalização dos papéis validados nesse estudo de cada país em prol da integração regional propriamente dita e avaliem seus impactos efetivos. Por meio delas, poderá ser possível monitorar os avanços de políticas públicas do setor e do desenvolvimento sustentável pleno da região. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Aizen, M. (2015). Argentina lleva una propuesta poco ambiciosa a la cumbre de París. Buenos Aires: Clarín. Disponível em: <https://www.clarin.com/cambio-climatico/cambio_climatico-cumbre_de_paris-co2-carbon-energia-indc-emisiones_0_BJUMXQKDmg.html>. Acesso em: 12 de abril de 2018. Beuren, I. (2006). Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 200. Bonnefoy, P. (2016). Argentina: la expropriación de Repsol-YPF. Revista Estudios Internacionales, Chile, v.48, n.184, 39-73, mai. / ago. Borges, F. (2011). Indicadores de sustentabilidade energética: uma proposta para tomada de decisão a partir do setor industrial do estado do Pará. Revista de Economia e Administração, São Paulo, v.10, n. 3, 366-392, jul. / set. Brasil (2015). Com proposta mais ambiciosa, Brasil chega à COP21 como importante negociador, negociador do clima. Brasília. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2015/11/com-proposta-mais-ambiciosa-Brasil-chega-a-COP21-como-importante-negociador-mundial-do-clima>. Acesso em: 25 de abril de 2018. CAF – Banco de Desarrollo de América Latina (2016). Eficiencia energética en Paraguay: identificación de oportunidades. Caracas. Disponível em: < http://scioteca.caf.com/bitstream/handle/123456789/995/Reporte%20EE%20en%20Paraguay.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 15 de abril de 2018. Calixto, B. (2017). Trump sai do Acordo de Paris. Ruim para o planeta, pior para os EUA. Revista Época: São Paulo. Disponível em: <https://epoca.globo.com/ciencia-e-meio-ambiente/blog-do-planeta/noticia/2017/06/trump-sai-do-acordo-de-paris-ruim-para-o-planeta-pior-para-os-eua.html>. Acesso em: 30 de março de 2018. Díaz, O.; Vassallo, R. (2016); Energías renovables en Argentina. Pasado, presente y futuro. Argentina: KPMG. Recuperado em 02 de maio de 2018, em: https://home.kpmg.com./ar/es/home/Tendencias/2016/10/energia-renovables-en-argentina-pasado-presente-futuro.html. Dos Reis, L. (2011). Geração de Energia Elétrica. 2. ed. Barueri: Manole. IMF (2008). República Bolivariana de Venezuela – Executive Board Calendar. Recuperado em 22 de outubro de 2018, em: https://www.imf.org/en/Countries/VEN.html. Global Wind Energy Council (2017). Global Wind Report: Annual Market Update 2017. Bruxelas. Disponível em: <http://files.gwec.net/files/GWR2017.pdf?ref=PR>. Acesso em: 22 de outubro de 2018. Grisotto, R. Aborto, maconha, casamento gay e, agora, quase 100% de energia elétrica de fontes limpas – é o Uruguai. São Paulo: Época Negócios, 2015. Disponível em: <https://epocanegocios.globo.com/Mundo/noticia/2015/12/aborto-maconha-casamento-gay-e-agora-quase-100-de-energia-eletrica-de-fontes-limpas-e-o-uruguai.html>. Acesso em: 13 de abril de 2018. IEA – International Energy Agency (2018). Our Mission. Paris. Disponível em: < https://www.iea.org/about/ourmission/>. Acesso em: 12 de dezembro de 2018.

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